Jornalismo Badjeco Levado a Sério! Nº 5 Informativo do Projeto Voz Nativa - Ilha Grande, Angra dos Reis / RJ - Associação Civil Alternativa Terrazul - Junho de 2015
Jovens Monitores
Projeto Jovens Monitores desenvolve lideranças no Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega em parceria com o Projeto Voz Nativa
Associação Civil Alternativa Terrazul Conselho Diretor Presidente Regina Maria Sousa Chaves Diretor Financeiro Pedro Piccolo Contesini Diretora Técnica Camila Ribeiro Soares
Jornalismo Badjeco Levado à Sério!
EDITORIAL “Sonho que se sonha só é só um sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade.” É assim que Raul Seixas nos dá um recado que vivenciamos na prática todos os dias. Para realizar projetos de cunho social, ambiental, cultural ou educacional, que tenham de fato resultados significativos para um grupo de pessoas, seja de um bairro, de uma cidade ou de uma vila, é preciso unir forças e acreditar que, em conjunto, pode se fazer uma grande diferença. Neste exercício diário de transformar o lugar em que se vive em um lugar melhor para todos, valorizando os saberes individuais, a cultura local, a história, a memória e as perspectivas de futuro, é preciso, antes de tudo, dialogar, trocar ideias e chegar a objetivos comuns. O Projeto Voz Nativa vive isso no dia a dia de trabalho, no Abraão e em toda a Ilha Grande. Por meio de parcerias com restaurantes, agências de turismo, pousadas, empresas, Colégios Estaduais, Escolas Municipais, Casa de Cultura, Parque Estadual da Ilha Grande e outros, é possível realizar um trabalho realmente efetivo e agregador. Mesmo com todas as dificuldades de se criar e executar um projeto de cunho social, através das ideias, serviços e, principalmente, apoio e confiança destes parceiros é que conseguimos realizar nossas atividades em todo o território. Mais do que qualquer instituição, contamos, em primeiro lugar, com cada um dos moradores, nativos, não nativos, crianças, jovens, adultos e idosos, que confiam no nosso trabalho e fazem ele acontecer, participando das atividades, apoiando as iniciativas, construindo o jornal, dando opiniões e divulgando nossas ações. Nessa edição agradecemos. Agradecemos a todas as pessoas, empresas e instituições que acreditam no projeto, contribuem para sua execução e nos ajudam a tornar esse sonho realidade. Muito obrigado, Equipe Voz Nativa Realização
Projeto Voz Nativa Juventude Protagonista da Ilha Grande Coordenação Geral Marcio Ranauro Coordenação de Comunicação Marina Rotenberg Coordenação Administrativa Arnaldo Augusto Assistentes: Ana Laíse, Guaraci Lage, Assistente de Campo Luísa Sobral Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social – UFRJ Coordenação Pedagógica Ivan Bursztin Coordenação Multimídia André Paz Jornal Voz Nativa Coordenação Marcio Ranauro e Marina Rotenberg Diagramação e Arte Guaraci Lage Fotos Contribuição Guia Ecológico João Pontes Endereço Espaço Voz Nativa Alameda Meu Santo, 250 / Vila do Abraão, Ilha Grande – Angra dos Reis/RJ CEP: 23968-000 Telefones (24)99903-5776 (WhatsApp) projetovoznativa@gmail.com Facebook: Voz Nativa Ilha Grande Site: www.voznativa.eco.br Associação Civil Alternativa Terrazul Rua Floriano Peixoto, 1440 / Centro – Fortaleza/CE - CEP: 60.025-131 www.alternativaterrazul.org.br Tiragem 5.000 Distribuição Gratuita Este jornal é uma iniciativa do Projeto Voz Nativa, sua intenção é dar visibilidade e voz aos jovens nativos da Ilha Grande. As opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do Terrazul e das instituições parceiras.
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www.altalternativaterrazul.org.br
Foto: Guia Ecológico João Pontes, Praia Brava
Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega Jovens Monitores: liderança e participação O projeto Jovens Monitores é desenvolvido por um grupo de alunos do Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega que se destaca pela liderança e protagonismo na construção do novo perfil pedagógico e político do colégio junto a gestão e corpo docente. É um grupo de jovens que propõe, planeja e executa, eventos e ações sociais na comunidade local. O projeto surgiu da necessidade de promover o protagonismo nos jovens alunos da Ilha Grande, tornando-os pró-ativos e contribuir para a formação de cidadãos capazes de enfrentar os desafios da sociedade gia ativa. Semanalmente os Jovens se reúnem com pós-moderna. a gestão, professores e colaboradores para propor e No Projeto Jovens Monitores trabalhamos para que planejar ações e eventos que são realizadas no colégio o papel principal, o protagonismo, seja desempenha- e/ou na comunidade. As reuniões são presididas pedo pelos jovens não apenas na escola, mas principal- los próprios Jovens, eles propõem as ações, dividem mente nos processos sociais. A atitude protagonista as tarefas e apresentam suas ideias, enquanto os prorelaciona-se diretamente à formação para a cidadania, fessores, a gestora e colaboradores assumem o papel onde o jovem torna-se capaz de enfrentar situações de orientação, acompanhamento e busca por oportureais na escola, na comunidade e na vida social através nidades de capacitação. O Projeto Jovem Monitores conta com a parceria do Projeto Voz Nativa. de iniciativas, liberdade e compromisso. A proposta de desenvolvimento do protagonismo juvenil com a qual o Projeto Jovens Monitores trabalha, pressupõe um novo modelo de relacionamento do mundo adulto com as novas gerações. Esse relacionamento baseia-se na não imposição de posturas e ações que eles, os jovens devem desenvolver no contexto social. Ao contrário, a partir das regras básicas da democracia, da cidadania e através do diálogo, o jovem vai atuar e aprender, para em algum momento de seu futuro posicionar-se no contexto político e social de forma mais amadurecida e esclarecida, com base não só em ideias, mas, principalmente, em suas experiências e vivências concretas proporcionadas pela educação escolar e em face da realidade.
O projeto Jovens Monitores pretende desenvolver o protagonismo dos jovens estudantes do Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega, localizado na Vila do Abraão, Ilha Grande, Angra dos Reis, de forma a contribuir com a formação de cidadãos responsáveis capazes de assumir responsabilidades em ações individuais, coletivas e sociais mais amplas, com compromisso e respeito a diversidade, participação ativa na resolução de problemas sociais de diferentes amplitudes, autonomia intelectual e moral, capacidade de lidar com mudanças, solidariedade, cooperação, aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades sociais e intelectuais que permitam à formação de um ser humano pleno.
O Projeto Jovens Monitores desenvolve um método de trabalho cooperativo fundamentado na pedago-
Kelly Pereira, Diretora do Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega
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Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega Jovens Monitores é um projeto que surgiu no 2º encontro Voz Nativa em parceria com o Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega. Tem como objetivos trazer oportunidades para os jovens e toda comunidade. Os Jovens Monitores criam eventos para melhoria do colégio e da comunidade, trazendo oportunidades de conhecimentos e de novas culturas e artes. No 2º Encontro, os jovens monitores ajudaram, junto com os professores das oficinas, no monitoramento dos grupos. Tivemos também o evento em comemoração à semana do meio ambiente, produzimos gincanas e realizamos uma caminhada no Parque Estadual da Ilha Grande, juntamente com alguns jovens e professores do Colégio Estadual Nazira Salomão, com os pesquisadores da UFRJ e com um guia do Parque. Ana Clara Martins, Jean Santos e Victória Cerqueira
SER JOVEM MONITOR É....
O QUE O JOVEM MONITOR FAZ:
Trazer coisas novas para a Escola e para a comunidade. Coisas que nunca se viu e se fez por aqui.”
- Organiza eventos para melhoria da escola e da comunidade;
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Ana Clara Martins
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É uma forma de ajudar a comunidade. De olhar para as problemas e tentar melhorar, com eventos e atividades novas que não tinham na Ilha.” Jean Santos
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- Cria matérias para o jornal para divulgar atividades; - Incentiva outros jovens a participarem das atividades comunitárias.
Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2015 Foto: Guia Ecológico João Pontes, Matariz
Foto: Guia Ecológico João Pontes
Espaço Longa
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Cachoeira da Longa: Ah! Que falta que faz!
A água da cachoeira está fazendo muita falta para os moradores da Praia da Longa. Antes a cachoeira era tão cheia que a barra atravessava na praia com tanta pressão que nós brincávamos de pique na barra, subíamos numa árvore que tem perto e a gente brincava muito lá. Hoje a cachoeira está seca e não tem mais onde brincar de pique quando chove, porque a barra enche, mas é muito pouca água que nem dá para brincar, por isso a cachoeira faz tanta falta para a comunidade da praia da Longa.
Letícia, 9º ano Melissa, 7º ano Ryan, 7º ano Bruno, 6º ano
Amanda, 9º ano Rayanne, 7º ano Henrique, 6º ano Luan, 6º ano
# ILHAGRAM Participe do Concurso de fotografias no Instagram e concorra a prêmios, seguindo @ilhagram e postando fotos do seu dia-a-dia na ilha com a hashtag #ilhagram
*fotos tiradas por turistas e moradores com a hashtag #ilhagram
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Foto: Marcio Ranauro
Espaço Araçatiba Escola: o meu, o seu, o nosso papel é CUIDAR!
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No que a escola precisa melhorar:
Ter mais professores. Ter mais zeladores. Só tem um. Ter mais merendeiras. Arrumar o portão. Aumentar o pátio. Botar ar condicionado. Ter mais passeios. Uma quadra com cerca para a bola não passar e não quebrar a lâmpada e cair nos alunos. Arrumar a janela. Aumentar o pátio. Arrumar os ventiladores.
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O que a gente precisa fazer para melhorar a escola: Não pintar as carteiras ________________________ _______________________ Não rabiscar as paredes Não sair de sala de aula________________________ ________________________ Não jogar lixo no chão Respeitar os professores _______________________ __________________________ Não brigar na escola Não sujar o banheiro _________________________ Fofos: Marina Rotenberg, Voz Nativa
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Alunos da Escola Municipal Sylvestre Travassos, moradores de Araçatiba
A vida de quem voltou a estudar
A vida aqui na Araçatiba já foi muito difícil. As famílias viviam da roça e da pesca, tudo era muito simples, não tinha luz elétrica, a luz nas casas era de lampião a querosene ou piriquita. Hoje nossa comunidade ainda é bem preservada, mas já temos luz elétrica, posto de saúde, água tratada e escola com ensino até o nono ano. Viver aqui é maravilhoso e tranquilo. Hoje estamos tendo a oportunidade de aprender mais um pouco. A leitura é muito importante na nossa vida, com o projeto Malê nós estamos aprendendo e nos divertindo. Tem sido muito bom! 6
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Alunos do projeto Malê, de educação de jovens e adultos
A conquista do
Foto: Guia Ecológico João Pontes, Lagoa Verde
Barco Escola
para crianças e jovens de Araçatiba
“ O Barco Escola aqui na Ilha, como a maioria das pessoas diz, começou no ano de 1992. Concluir o ensino fundamental era um desejo e um sonho dos jovens nessa época, porque as escolas só ofereciam estudos até a 4ª série (atual 5º ano) e poucas eram as famílias que tinham condições de colocar os filhos para estudar em Angra. Era uma reivindicação antiga dos alunos ao governo, mas a turma da escola General Sylvestre Travassos teve a ideia de escrever uma carta para o secretário educação. A professora Selma Martins deu todo apoio e ainda levou nossa carta ao secretário, que, gentilmente, não só leu como veio conversar conosco e trouxe a ideia de ter um barco que pegasse os alunos pelas praias, começando pelo Bananal e vindo pela costa até o Provetá, onde a escola era maior pois lá e a segunda maior comunidade da ilha. Com isso, mais alunos iam ter a oportunidade de continuar estudando.
Foto: Saionara Maciel
Foi maravilhoso ter essa oportunidade, muitos daqueles alunos que iniciaram a primeira turma de 6º ano lá na escola Pedro Soares são formados e alguns até trabalham na rede municipal de educação. Apesar de todas as dificuldades inicias, nós conseguimos, com muita coragem, força de vontade e determinação, pois era um sonho concluir o ensino fundamental. Fiz o ensino superior e escolhi voltar e viver nessa maravilha que é a Araçatiba. Fernanda Carvalho, professora do projeto Malê
O Projeto Malê,
desenvolvido pela ONG Semear, em parceria com a Eletronuclear, é um projeto voltado para a alfabetização e capacitação profissional na área de artesanato voltado ao turismo. Presente em 12 comunidades nos Municípios de Angra dos Reis e Parati, englobando duas comunidades da Ilha Grande - Araçatiba e Provetá - o projeto tem o objetivo principal de valorizar as pessoas e suas capacidades, para além do saber formal.
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Foto: Guia Ecológico João Pontes
Espaço Matariz
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O que fizeram com a Fábrica de Sardinha?
Na praia de Matariz tem uma antiga fábrica de sardinha que os moradores têm medo que desabe. Dentro da fábrica têm vários tanques que antigamente salgavam a sardinha mas agora está tudo tão abandonado que a fábrica já não tem mais telhado e os tanques já estão cheios de água parada. Os moradores têm medo da dengue, o que pode gerar problemas para os moradores, para os turistas e para todos que chegam na ilha. Precisamos acabar com isso.
Foto: jovens autores da matéria
Foto: Guia Ecológico João Pontes
Jamilly Carvalho, 6º ano Arlana Dias, 7º ano Samantha Nunes, 6º ano
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Campo de futebol virou campo de mato A foto ao lado mostra o estado do campo grande de futebol da Praia de Matariz, desativado há dois anos por falta de manutenção. O campo desativado, como vocês podem ver, está coberto de mato. Antes aconteciam campeonatos com todas as praias, mas com o ocorrido ficou difícil participar de qualquer coisa no local. Os moradores estão jogando no campo menor.
Foto: Matheus Cristianes, 9º ano
Taiane Rodrigues, 6º ano Chirley Rodrigues, 7º ano
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Curso de Jornalismo Comunitário mobiliza jovens moradores de diversas praias Entre os dias 27 e 30 de abril, a Escola Municipal Sylvestre Travassos, em Praia Grande de Araçatiba, abriu as portas para o Curso de Jornalismo Comunitário do Voz Nativa e fez alunos de diferentes praias soltarem a voz. Com participação de cerca de 50 jovens das comunidades de Araçatiba, Praia Vermelha, Enseada do Sitio Forte, Bananal, Praia da Longa, Matariz, Ponta do Pilão e Passaterra, o curso abordou diferentes assuntos sobre comunicação e foi o ponto de partida para que os jovens escrevessem as matérias que você lê nesse jornal. Ministrado pela jornalista e editora do ‘Maré de Notícias’, jornal comunitário da Comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, o curso levantou temas como o monopólio das grandes empresas de comunicação, as diferenças entre a comunicação comunitária e a comunicação de massa, a importância do jornalismo comunitário para gerar a reflexão, senso crítico e cidadania, entre outros. “Contribuir para uma comunicação democrática, participativa e a favor dos moradores da Ilha Grande é um dos objetivos do Projeto Voz Nativa e os cursos de jornalismo comunitário são uma forma dos jovens trabalharem a importância da mídia local e criarem coletivamente o Jornal.” Diz Marina Rotenberg, coordenadora de comunicação do Projeto. Para Seu Bené, parceiro do Voz Nativa e presidente da associação de moradores de Araçatiba, o curso é muito importante pois “A Comunicação comunitária é a comunicação pelos nossos olhos e nossa fala. A comunicação está em todo lugar, até mesmo no bar, nas escolas, nas conversas.” Fotos: Luisa Sobral, Voz Nativa
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2º Encontro Voz Nativa O 2º Encontro Voz Nativa, que aconteceu nos dias 17, 18 e 19 de abril, na Casa de Cultura Constantino Cokotós, trouxe para nós alunos do Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega e Pedro Soares muitas novidades e conhecimentos. As oficinas nos mostraram novas técnicas de conhecimento nas áreas de grafiti, fotografia, design, percussão, gastronomia, teatro, instagram, entre outras. As oficinas que tiveram mais adesão foram Grafite e Percussão.
Percussão – o professor ensinou diferentes técnicas e ritmos com instrumentos recicláveis. Grafiti – o professor ensinou muitas técnicas de grafitar e os alunos adoraram as novas descobertas sobre Nós jovens monitores tivemos oportunidades de a prática. aprender e conhecer novas coisas coletivamente e os
jovens de Provetá, Araçatiba, Praia da Longa, Praia Vermelha e Matariz vieram ao Abraão para participar do Projeto e alguns alunos de Araçatiba lançaram o livro Cultura Caiçara da Ilha Grande. Jovens Monitores – Elizangela Guedes, Ana Clara Martins,
Fotos: João Pontes
Jean Santos, Rafael Marques e Victória Cerqueira.
O livro ‘Cultura Caiçara da Ilha Grande – pelos jovens da Ilha’ A grande importância de um livro como esse é permitir que os alunos sejam autores da própria história. Na criação do livro os alunos trabalharam o desenvolvimento intelectual, o resgate da memória e o próprio empoderamento, pois puderam perceber que são capazes de executar tudo aquilo que desejarem.
O livro conta a história da Ilha Grande, dividido por diferentes praias e a partir do olhar dos próprios jovens moradores, através de entrevistas e pesquisas. Anderson Pontes, diretor do Colégio Estadual Pedro Soares
Agradecimentos O Voz Nativa agradece a parceria da Casa de Cultura Constantino Cokotós, dos Colégios Estaduais Brigadeiro Nóbrega e Pedro Soares, além da Equipe Athos, Objetiva, Pães e Cia, Barco Escola de Provetá, PEIG e Banda Prata da Casa para a realização e sucesso do evento. 10
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Espaço Voz Nativa Fotografia Técnicas e macetes importantes na hora de tirar uma fotografia bela e artística. Grafiti Spray na mão e criatividade para fora. O professor ensinou história e técnicas do grafiti Instagram Instagram não é só diversão. Os jovens aprenderam como utilizar a ferramenta para impulsionar empreendimentos, ideias e marcas. Gastronomia Cozinhar pode ser fácil e divertido! A oficina ensinou receitas fáceis e baixo custo, que podem ser feitas para consumo próprio ou para a venda. Percussão Além da apresentação das técnicas de música, a oficina incluiu a construção dos próprios instrumentos, a partir de material reciclável. Criação Musical Instrumentos, vozes, ideias e musicalidade eram bem vindos na oficina, que apresentou as técnicas de composição, por meio da criatividade. Design Técnica e prática do design, desde história até criação de stencil para aplicação em paredes e outras superfícies. Teatro A oficina de teatro conectou os jovens entre si e com a natureza, a partir da encenação teatral e do improviso. 14
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Jackson, um jovem sanfoneiro e seu amor pelo Calango da Ilha Grande Fale um pouco de você… Sou Jackson dos Santos Pires, tenho 21 anos, sou apaixonado por música, minha mãe é nativa da Ilha Grande, da Praia do Morcego, e meu pai é do Rio de Janeiro. Eu não nasci aqui, mas sinto como se fosse natural da Ilha. Na verdade, é porque eu fui feito aqui. E como a música começou na sua vida? Com quatro anos ganhei minha primeira sanfona de brinquedo. No começo eu não me interessava, e deixei ela de lado. Mais ou menos com seis anos comecei a prestar atenção ao som e no jeito que o Constantino, grande sanfoneiro da Ilha Grande, tocava a sanfona dele e comecei a pegar gosto. Acabei aprendendo sozinho e gostando muito. E qual é a música que você toca? E por quê? Eu nunca gostei muito de escola. Minha história é mesmo com a música. Desde os seis anos de idade me interessei pela música daqui, que é o Calango. O Calango tem uma batida parecida com o forró e usa o pandeiro, o reco-reco e a sanfona. O calango conta a história da Ilha e faz parte da nossa cultura.
Qual a importância de se manter o Calango na Ilha Grande? Para mim, as músicas contam sobre a história dos lugares e o Calango conta sobre a história da Ilha Grande. A música fala do passado, da cultura, da história. É isso que eu quero preservar, por isso cumpro meu papel fazendo festas na minha casa, dando continuidade ao conjunto Pratas da Casa e tocando em festas na Ilha. Sou apaixonado por esse lugar e não quero que a história se perca! Fofos: Marina Rotenberg, Voz Nativa
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Descobrindo a ilha grande Um evento em homenagem ao dia do meio ambiente
Fotos: Guaraci Lage, Marina Rotenberg, Voz Nativa
Pesquisas e Saberes da Ilha
Nos dias 02 e 03 de junho a Vila do Abraão homenageou o Dia do Meio Ambiente (comemorado mundialmente dia 05 de junho) no evento “Descobrindo a Ilha Grande”, realizado pelo Projeto Voz Nativa, em parceria com o Parque Estadual da Ilha Grande, o CEADS (Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável)/UERJ e os Colégios Brigadeiro Nóbrega, do Abraão, Pedro Soares, de Provetá, e Nazira Salomão, de Angra dos Reis. No dia 02 de junho, Cátia Callado e Marcos Bastos, do CEADS, apresentaram para a comunidade pesquisas desenvolvidas na Ilha Grande, riquezas sobre o território, a fauna e a flora e dados fundamentais para aqueles que trabalham com turismo e são curiosos sobre a Ilha. Para João Pontes, guia que trabalha há mais de 20 anos na Ilha, essa foi uma iniciativa muito importante. “Como eu queria isso, pois assim nós [sociedade civil ] ficamos a par das atividades e pesquisas feitas aqui na Ilha Grande e podemos passar as informações mais corretas para os turistas” diz.
Ciência de jovem para jovem No dia 3 de junho aconteceu no Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega o evento ‘Ciência de Jovem para Jovem’. A atividade contou com a participação dos alunos do Colégio Estadual Nazira Salomão e com três pesquisadores do CEADS, entre eles dois botânicos e um oceanógrafo. Na palestra, os pesquisadores explicaram como acontecem suas pesquisas na Ilha Grande e destacaram também o projeto de criação de um jardim botânico no Vila de Dois Rios.
Além da palestra houve também a caminhada na trilha da Praia Preta. Os Jovens monitores ajudaram na organização e falaram um pouco sobre a história da Ilha para os alunos que ali estavam presentes. Houve também uma gincana sobre o meio ambiente entre os alunos das duas escolas. Ao final do evento teve a premiação do concurso #ILHAGRAM. Érica Soares e Elizângela Guedes
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– Limpeza na Praia da Grumixama – O Parque cuidando da Ilha Praia de grande beleza, de areia fina e clara, com águas tranquilas e transparentes, ideal para mergulho, banho de mar ou relaxar aproveitando o visual, a Praia da Grumixama possui esse nome porque tem em sua enseada exemplares da Grumixameira, uma árvore nativa da Mata Atlântica e ameaçada de extinção. A praia é visitada em sua grande parte por pessoas que chegam através de embarcações. Não é difícil notar que ali não há coleta de lixo, por isso é dever de todos manter a praia limpa e retornar com seu lixo. Dia 15 de maio a equipe do PEIG retirou 139kg de lixo da Praia da Grumixama na ação do “Clean Up Day“, já chamando atenção para a semana do meio ambiente inteiro que teve início em 27 de maio, Dia da Mata Atlântica.
Fotos: Pedro Caetano – Acervo PEIG
– Fauna endêmica da Ilha Grande – A importância da Ilha para o Mundo! Entre os exemplos de endemismo de escala reduzida em anfíbios, há o caso do sapo de riacho Hylodes fredi, ou “sapo-de-Fred”, espécie exclusivamente encontrada na Ilha Grande. O sapo-de-Fred foi formalmente descrito apenas em 2007 pelos pesquisadores do Museu Nacional (UFRJ), sendo uma singela homenagem
ao professor Dr. Carlos Frederico Rocha (Ecologia – UERJ), por suas contribuições aos estudos de anfíbios e répteis na ilha. A espécie ocupa apenas riachos limpos e conservados, uma vez que é muito sensível a alterações na qualidade da água dos riachos, desaparecendo se a qualidade é modificada. A proteção da espécie Hylodes fredi pelo Parque Estadual da Ilha Grande e pela Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, assim como os riachos em que ocorre, é de fundamental importância, uma vez que ela é uma espécie bioindicadora da qualidade da água dos rios e pouco se conhece a real condição da população da espécie em toda a Ilha Grande. (texto de Tatiana Motta Tavares, bióloga, pesquisadora da espécie)
Foto: Tatiana Motta Tavares
Participe dos próximos Conselhos Consultivos do PEIG: 25 ago, 27 out, 08 dez 14
Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2015
Cinzeiros Ecológicos: Simplicidade e Eficiência Arnaldo Ricardo Paz nasceu em 1961, em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, mas desde 1993 mora na Ilha Grande. “Sou um filho adotado da Ilha Grande. Sou apaixonado por esse lugar e cuido dele, pois é minha casa.” Diz ele, quando perguntado sobre a Ilha. Segundo suas próprias palavras, é “guia, artista, músico e produtor”. Apaixonado por arte e pela natureza, Paz desenvolveu em 1994 o ‘Cinzeiro Ecológico’, simples pedaço de bambu cortado com furos, que serve para os fumantes colocarem as bitucas de cigarro dentro. “Um objeto que faz bem para o meio ambiente e para os fumantes, que nem sempre têm onde colocar suas bitucas”, explica. Paz, que trabalha há 20 anos como guia na Ilha Grande, teve a ideia de desenvolver o cinzeiro durante um passeio na praia de Lopes Mendes, considerada uma das cinco praias mais bonitas do mundo, quando viu um grupo de pessoas fumando cigarros e enterrando as bitucas na areia. “Estava olhando a cena e fiquei pensando em como isso poderia acabar. Vi um pedaço de bambu por perto, peguei uma faca, fiz um furo e levei até eles. A ideia deu certo e eu não parei mais de fazer.” Com muitos anos de prática e aprimorando o material, Paz viu uma oportunidade de garantir a continuidade e qualidade do cinzeiro, através do investimento de parceiros e patrocinadores. Começou, então, a fazer cinzeiros temáticos, com nomes e logomarcas, além de escrever a palavra ‘cinzeiro’ em seis línguas diferentes, para que turistas de todos os lugares possam entender e utilizar o objeto. Usar os cinzeiros ecológicos é uma forma de preservar a natureza e de estimular o trabalho de quem cuida da Ilha. Até hoje os cerca de 30 cinzeiros espalhados pela Ilha já recolheram mais de 20 mil bitucas. “Preciso cuidar da natureza, porque além de ser apaixonado, ela é também meu ganha pão, minha sobrevivência”. Diz ele, apontando para o cinzeiro, orgulhoso de seu trabalho.
Fotos: Marina Rotenberg
Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2015 15
Ilha Grande às escuras O problema da falta de luz é uma constante na Ilha Grande. Em diferentes praias, moradoras e moradores sofrem as consequências da falta de energia, de manutenção e de reparo em postes e fios, seja em suas atividades domésticas, em seus trabalhos, em seus empreendimentos ou estudos.
A seguir, diversos pontos de vista sobre esse mesmo problema: Ilha Grande anda às escuras!
Praia Vermelha
Bananal
Estão faltando várias lâmpadas nos postes, lâmpadas queimadas e postes que acendem e apagam na Praia Vermelha. Essa situação é perigosa para alguns moradores que passam por esses lugares, há pessoas que passam com crianças pequenas e isso pode ser muito perigoso para a população. Por isso é preciso que seja tomada uma providência para a segurança dos moradores e também dos turistas que passam pelas trilhas a noite. Deveria ser feita a manutenção dos postes frequentemente e a troca das lâmpadas.
Nas trilhas da enseada do Sítio Forte e Bananal a base dos postes apodrecem e a chuva e o vento fazem muitos postes cairem. Desta forma podem ocorrer acidentes com moradores. Corremos riscos também de postes caírem e atingirem casas, além dos fios de alta tensão que têm perto do chão e podem machucar alguma criança.
Alunos da Escola Municipal Sylvestre Travassos, moradores da Praia Vermelha
Sítio Forte a Passaterra Perigo! Poste caído deixa fio de alta tensão no meio do caminho entre Sítio Forte e Passaterra. Nesta trilha, há quatro postes no chão.
Foto: Jorge Luis Conceição da Silva Filho, 8º ano
Os moradores precisam de ajuda. Em Bananal, conforme mostra Brian Quissaman na foto acima, moradores e turistas precisam se abaixar para não bater a cabeça no poste caído bem no meio da trilha que leva às casas e ao mirante Visual da enseada de Bananal. Foto: Igor Costa da Silva, do 8º ano
Igor Costa da Silva, 8º ano; Elunai Jordão Maia, 8º ano; A foto mostra o ex-morador Demerval, que hoje mora no continente e estava passando uns dias na Emanuel Case, 7º ano; Jorge Luis Conceição da Silva Filho, 8º ano; Brian Ouviaman, 8º ano terra natal, em abril.
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Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2015
Foto: Guaraci Lage
Araçatiba Sobre o fornecimento de energia da região: ao se percorrer as longas trilhas da Ilha Grande o que mais chama a atenção é: como ainda temos luz? Postes caídos, emendas inúmeras, árvores debruçadas nos cabos, enfim, um total despreparo de uma empresa que cobra de nós talvez o maior custo de energia do estado. Só entre fevereiro e abril deste ano de 2015, faltou 43 dias de luz na região! Uma tremenda falta de respeito e negligência com as compras perecíveis que se perdem na geladeira e freezer dos habitantes, pousadeiros e donos de restaurante. Haverá um dia em que a população Ilha Grandense irá perceber que se faz urgente uma retomada de pulso do governo em torno deste paraíso e de todo o seu potencial turístico e econômico para a região. Enquanto isso, só nos resta a mobilização da sociedade, em ação conjunta para fazer o governo e a concessionária de energia entenderem que existe vida inteligente além mar. Luiz Augusto Ribeiro, dono de restaurante em Praia Grande de Araçatiba
Abraão A falta de luz aqui na Ilha sempre foi um problema sério, que vem sendo agravado cada vez mais que cresce o número de empreendedores na ilha, prejudicando principalmente em alta temporada, onde nós necessitamos da luz e tem o maior número de turistas. O nível do negócio fica muito prejudicado, tanto que proprietários de restaurantes e pousadas estão comprando geradores, para o cliente não ficar descontente.
Quando estamos sem luz, os turistas ficam à luz de velas e lanternas, e sofrem com a falta de ventilação. Eu tive que comprar um gerador para atender os meus clientes. Hoje o gerador atende à luz e TV, mas por ser de pequeno porte e ter custado 2000 reais ele não atende a chuveiros e nem ar condicionado. Willian Teixeira, proprietário de Hostel na Vila do Abraão. Por Gustavo Gomes
Retorno da Ampla A equipe do Voz Nativa entrou em contato com a distribuidora de energia da região da Ilha Grande, a Ampla, com o intuito de dar um retorno à comunidade em relação à recorrente falta de luz. Veja abaixo a resposta: A Ampla informa que realizou várias ações nos últimos anos para melhoria da rede de distribuição na região da Ilha Grande, em Angra dos Reis, como a instalação de equipamentos para melhoria na qualidade de tensão e substituição de condutores comuns por condutores protegidos em pontos da Vila de Abraão, que tem refletido nos indicadores de qualidade. A empresa esclarece que no início de 2015 um cabo submarino que atende a Ilha Grande, foi rompido por embarcações, o que afetou o serviço no local. Como solução para evitar novos rompimentos, a companhia está desenvolvendo projeto de instalação de novo ponto de travessia submarina, aguardando ainda a análise e liberação da Capitania do Portos e Gestores ambientais bem como esclarece que projeto de melhorias para rede de distribuição da Ilha Grande e execução de podas aguardam liberação ambiental. A distribuidora acrescenta que solicitou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a autorização para instalação de painéis fotovoltaicos, que contribuirá de forma significativa para melhoria da qualidade do fornecimento dos clientes desta localidade. Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2015 17
Foto: Guia Ecológico João Pontes
Espaço Badjeco Trecho escolhido do livro “Cura, Sabor e Magia nos Quintais da Ilha Grande”, com organização da Alba Costa Maciel e Neuseli Cardoso e produzido pelo Comitê de Defesa da Ilha Grande (CODIG), vinculado ao Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (CEADS- UERJ). O trecho apresenta um banco de dados sobre as plantas de uso mais frequente na Ilha Grande para curas, temperos, magias e amor. Selecionamos para essa edição algumas plantas com a letra A.
pepo - Cucurbita Abóbora Trecho do Bando de Dados sobre as L. - Cucurbitaceae. A flor da pode macerada abóbora plantas mais utilizadas na ilha paraser cu-pingada morna no ouvido otites. As sementes torradas são ótimas para os para asmagias ras, temperos, vermes instentinais. Aipim - Manihot palmata Mull. Arg – Euphorbiaceae. Também é conhecida como mandioca-doce. As folhas tenras do aimpim bem picadinhas, misturadas na comida, são um ótimo remédio contra a anemia. Da raíz, fazem-se os mais deliciosos pratos. Para os índios brasileiros, é planta sagrada. Aperta-ruão – Piper aduncum L. – Piperaceae. Fazer um infuse de suas folhas para vários tipos de doenças da boca, em especial nas dores de dente. Os dentes devem ser banhados, bochechando o chá várias vezes ao dia, sem engoli-lo. Arruda – Ruta graveolens L. – Rutuceae. Planta etrapêutica e mágica. Enquanto terapêutica, pode ser utilizada em forma de garrafadas para falta de menstruação. Mulheres no período de resguardo também podem tomá-la. A avó de D. Maria, que viveu no século XIX, fazia uma garrafada para essas mulheres, que tinha como base o vinho branco misturado à arruda, erva-cidreira, erva-desão-joão, cebola, abútua e alevante. Alguns informantes mencionam sua utilização como abortive, enquanto outros indicam a mistura de arruda e fumo para embeber a cabeça das pessoas infestadas por piolhos. O uso mágico desta erva refere-se à proteção que recebem as pessoas que usam um raminho de arruda perto do corpo.
18 Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2015 Foto: Guia Ecológico João Pontes, Parnaioca
Dicionário Badjeco de Termos e Manias Refega Rajadas de ventos fortes repentinas, pode durar o tempo de segundos, pode durar trinta minutos ou mais. Ou quem sabe né, as vezes dentro do vento de uma frente fria vinha rajadas de ventos mais fortes as vezes com chuvas, a isso chamavam “refega”. Refega de ventos. A palavra Refega foi uma contribuição de Fabio Souza Santos
Fulu Tomar susto com notícia ruim, medo de descobrir coisa errada, pessoa esbranquiçada.
Lambetiça Dar confiança a alguém.
Conhece mais termos? Encaminhe e publicamos!
Um Passado Não Muito Distante Ao escrever este artigo, me recordo saudosista de um tempo em que vivíamos apaixonados por uma ilha, em que mesmo sem luz elétrica, vivíamos mais próximos e felizes. Que doce lembrança trago na recordação da minha infância, em que após aquecida a água no fogo à lenha, tomávamos nosso banho de bacia. E depois, após o jantar à luz de velas ou de lampião, íamos forrar um pano e fazer o nosso travesseiro com um monte de areia, que ficava abaixo do lençol na altura da cabeça e deitar na praia para ouvir as histórias que nossos pais e avós contavam. Muitas vezes, antes de deitarmos, corríamos na praia para brincar de pique esconde, roda, salada mista Lembro que era época de presídio, mas para alguns (como era bom e inocente brincar de salada mista, moradores até o famoso “preso” no mato não nos asmesmo sob à luz do Luar)! sustava. Não para nós crianças...dava um friozinho na barriga, mas era a oportunidade de dormirmos todos E o namoro escondido, na juventude...os pais saíam em uma só casa. Nos protegíamos assim. atrás das mocinhas, mesmo com um lampião a gás e levávamos muitas “broncas”, que na hora doía, mas Quando o presídio foi desativado a ilha se uniu para valia à pena o esforço de sair às escondidas e encon- obter a energia elétrica. Conseguimos, tivemos mais trar com nosso amado namorado! conforto, os turistas foram chegando e os recebemos de braços abertos. Talvez tivéssemos abraçado demais, Lembro quando minha mãe ia para roça com minha talvez fosse a novidade de receber pessoas novas, eu avó e lá colhiam guando (espécie de feijão), colhiam não sei. Só sei que a ilha não estava preparada, não também batata doce, cana, café, mandioca para fa- havia se organizado para receber tantas pessoas. Víazer farinha. Nossa! A farinha feita no forno, saindo mos com a chegada do turismo um futuro promissor, quentinha e o beiju delicioso para tomar aquele café mas a falta de estrutura e talvez a inocência dos mode cana. radores, foram o suficiente para nos entregarmos ao progresso. Mas, todo progresso tem suas consequências, a verdade é que fomos surpreendidos e oprimidos por muitas Leis que proibiam e proíbem o morador de realizar na sua simplicidade o que mais gostava de fazer. A verdade é que muitos jovens se desviaram por caminhos que, por ilusão ou por satisfação, se entregaram e assim abandonam de vez a sua raiz, a sua cultura. A cultura de um lugar é a nossa história e ela jamais pode ser esquecida.
Saionara Maciel, Diretora da Escola Municipal Sylvestre Travassos
Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2015
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projetovoznativa@gmail.com / (24) 99903-5776 Depoimentos de quem conhece o Projeto Voz Nativa Este espaço é aberto, envie o seu também
SAIONARA MACIEL
ERICA MOTA EDUCADORA E DIRETORA DO SEPE ANGRA
DIRETORA DA ESCOLA MUNICIPAL SYLVESTRE TRAVASSOS
É certo que o projeto Voz Nativa, encarnado nas pessoas que o gerenciam, tem trazido reais oportunidades de desenvolvimento das potencialidades dos moradores, porque ele agrega tanto nos cursos, nos eventos, como na disponibilização do espaço. Os participantes têm se organizado, viabilizando, assim, o sentimento de pertença ao lugar em que vivem. Que o sol brilhe para todos, ainda mais se tratando de um lugar tão especial como a Ilha Grande! Vida longa a esse projeto que valoriza o ser humano e suas potencialidades voltadas para a construção do coletivo!
Voz Nativa, o nome já diz tudo. A voz Dos nativos. O grito que ecoa na garganta. Voz Nativa: Nat- natureza- ativa. Voz Nativa, foi uma porta que se abriu, no esconderijo. Os moradores da Ilha Grande aguardavam uma fresta de luz e ela chegou como um raio de sol, que vem aos poucos clareando: clareando as mentes, visões de mundo, o intelecto. Os cursos estão sendo de grande valia. Todos muito bem estruturados, inovadores essenciais. Buscando atender às exigências dos cursandos. Seja sempre bem vindo, Voz Nativa! Só temos agradecer.
Apoio:
Parceiros:
Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega
Realização:
www.alternativaterrazul.org.br
Colégio Estadual Pedro Soares
João Pontes
Guia Ecológico
Patrocínio: Projeto Juventude Protagonista Ilha Grande
Foto: Guia Ecológico João Pontes, Araçatiba
Parque Estadual da
Ilha Grande