Adoração Cristocêntrica

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Rio de Janeiro, RJ

Adoração cristocêntrica:

O culto moldado pelo evangelho

Traduzido do original em inglês: Christ-Centered Worship: Letting the Gospel Shape Our Practice

Copyright © 2009 Bryan Chapell

Publicado originalmente por Baker Academic, um selo Baker Publishing Group www.bakeracademic.com www.bakerpublishinggroup.com

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por PRO NOBIS EDITORA

Rua Professor Saldanha 110, Lagoa, Rio de Janeiro-RJ, 22.461-220

1ª edição: 2024

ISBN: 978-65-81489-59-5

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo citações breves, com indicação da fonte.

Gerência editorial

Judiclay Silva Santos

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Judiclay Santos

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Paulo Valle

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Leandro Peixoto

Supervisão editorial: Cesare Turazzi

Tradução: Pro Nobis Editora

Preparação de texto: Rafael Costa

Revisão de provas: Thalles Araujo

Capa: Luis de Paula Diagramação: Marcos Jundurian

Nesta obra, as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA), salvo informação em contrário.

As opiniões representadas nesta obra são de inteira responsabilidade do autor e não necessariamente representam as opiniões e os posicionamentos da Pro Nobis Editora ou de sua equipe editorial.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Chapell, Bryan

Adoração cristocêntrica: o culto moldado pelo evangelho/Bryan Chapell; [tradução Pro Nobis Editora]. – Rio de Janeiro: Pro Nobis Editora, 2024.

Título original: Christ-Centered worship.

ISBN 978-65-81489-59-5

1. Cristianismo 2. Deus (Cristianismo) - Adoração e amor 3. Culto público 4. Eclesiologia 5. Liturgia 6. Protestantismo 7. Teologia I. Título. 24-224560 CDD-264

Índices para catálogo sistemático: 1. Culto público : Cristianismo 264

Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415

Tel.: (21) 2527-5184 contato@pronobiseditora.com.br www.pronobiseditora.com.br

Adoração cristocêntrica convida o leitor a ir além da “adoração contemporânea” e sem ser polêmico. Esta obra leva a sério as tradições históricas da adoração, mas usa o próprio evangelho a fim de analisar e planejar a liturgia. Este livro é completo, equilibrado e extremamente prático. Este será o primeiro livro que indicarei, ou consultarei, sobre a prática de compreender, planejar e liderar a adoração comunitária.

Tim Keller

Este livro, rico em teoria e aplicação, é um recurso essencial para líderes de louvor, diretores, pastores ou qualquer pessoa envolvida no planejamento da adoração coletiva. Ele nos conecta à história da adoração e nos ajuda a pensar com mais clareza sobre o que comunicamos no contexto do culto. Chapell nos dá um modelo e um vocabulário para pensar, planejar e avaliar nossa adoração.

Andrea Hunter

Infelizmente, muitos livros sobre adoração presumem que a estrutura ou o padrão da adoração não é importante, sem perceber que algum padrão é inevitável e que nenhum padrão é neutro. Este livro é uma exceção maravilhosa. Ele irradia gratidão pelo evangelho de Jesus. Promove tanto a ortodoxia confessional quanto a piedade vital, mas também investiga de que maneiras padrões e estruturas bem fundamentados podem se tornar fontes para uma renovação da adoração fiel, sustentável e vibrante.

John D. Witvliet

O excelente livro de Chapell Pregação cristocêntrica tornou-se um dos principais textos sobre pregação em seminários evangélicos. Agora, líderes de igreja podem receber uma obra complementar. Chapell pressionou a igreja a repensar sua abordagem à adoração e nos lembrou de que o culto não diz respeito a nós ou a nossas preferências, mas a Cristo e sua glória.

Michael Duduit

Verdadeiramente excepcional. Juntamente com sua pesquisa sobre a história da liturgia, acompanhada por algumas tabelas magníficas, Chapell fornece recursos de culto e adoração para aqueles que desejam desfrutar dos cultos de domingo com as práticas litúrgicas da igreja.

Scot McKnight

Prefácio à edição em português

A igreja de Cristo vive dias de extrema confusão quanto à adoração. Pessoas buscam igrejas com cultos “inspirativos”, com um louvor animado e uma pregação emocionante, onde se sentirão bem. Só falta os consumidores de igreja darem nota aos elementos do culto enquanto avaliam se, na semana seguinte, voltarão ou se visitarão a igreja da outra esquina. Por mais que todo pastor e dirigente de louvor afirme que Cristo seja o foco da adoração, o fato é que isto se traduz pouco na prática. Cultos ou se tornaram shows, ou uma coletânea aleatória de elementos sem lógica nem nexo. Falta clareza e intencionalidade para que Cristo seja adorado em espírito e em verdade. A confusão se manifesta no planejamento (ou falta dele) dos cultos. Em alguns contextos, não há nenhuma preocupação com uma sequência coesa. Músicas, avisos, apresentações, etc. são organizados como que por um liquidificador. Não há nenhuma ligação entre a “primeira parte” do culto (louvor e outros elementos) com o sermão. Pastores dão liberdade quase que completa às bandas para selecionarem as músicas que quiserem. Os mais piedosos o fazem desejando levar a congregação à adoração. Porém, outros se baseiam mais em gostos pessoais de arranjos. Não se pensa em falar de “liturgia”, pois temem que remeta a uma raiz católica romana! Espontaneidade é entendida como sinônimo de criatividade e louvor autêntico. Infelizmente, não se percebe que, sem intencionalidade e preparo, caímos inadvertidamente na valeta da mesmice. Dirigentes sempre introduzem músicas do mesmo jeito com repetições previsíveis.

No outro extremo, encontramos cultos tão minuciosamente elaborados e cronometrados, que geram uma alta produção com cheiro de artificialidade.

O foco se torna o palco e a performance. A congregação fica de lado como espectadores, e não adoradores. O culto se torna o feudo dos profissionais de “worship”. Perde-se o sentimento de família reunida para adorar o Pai que nos salvou e adotou.

A confusão de nossos dias também se demonstra nos extremos emocionais. O culto de muitas igrejas tradicionais se tornaram secos e sonolentos. Outras igrejas adotam o princípio de que o culto sempre precisa ser emocionalmente empolgante e alegre. Músicas são escolhidas meramente pelo seu valor de animar a igreja. Não há nenhuma preocupação em encontrar os crentes onde estão, depois de uma semana de altos e baixos, para conduzir seus corações a Cristo com a riqueza de exaltação, confissão, lamento, gratidão e petição.

Como devemos adorar? Será possível planejar uma liturgia, sem perder a autenticidade? Como evitar os perigos do humanismo, shows e estagnação? Adoração cristocêntrica, de Bryan Chapell, nos aponta na direção certa. Muitos leitores já devem conhecer o primeiro livro do autor, Pregação cristocêntrica, em que as implicações do evangelho são aplicadas à pregação expositiva para o preparo e a entrega de sermões redentores. Com o presente livro, o autor estende o seu argumento para o culto como um todo.

Diante da confusão sobre adoração de nossos dias, o Dr. Chapell nos chama de volta ao evangelho como o enredo básico da ordem do culto. No evangelho, aprendemos quem Deus é, quem nós somos em nossos pecados, o que Cristo fez para nos redimir e como devemos viver em resposta à sua graça.

Estes e outros temas do evangelho são o solo fértil para cultivar uma riqueza de expressões no culto. O autor nos incentiva a tecer músicas, orações, leituras bíblicas, sermão e outras partes do culto para conduzir a igreja por estas verdades do evangelho. Declarações do caráter e da obra de Deus devem ser seguidas por respostas apropriadas da igreja.

Assim, criam-se momentos no culto para exaltação a Deus, confissão de pecados, reconhecimento do perdão pela obra de Cristo, gratidão pela salvação, ensino para uma vida santa e clamor por socorro num mundo caído. Desta maneira, os elementos do culto público são intencionalmente combinados em torno da história do evangelho. A multiforme riqueza da obra de Cristo é exibida e exaltada de tal modo a apascentar o coração de cada pessoa em qualquer situação para perto do Bom Pastor.

O Dr. Chapell sustenta sua proposta ao conduzir seus leitores pelos corredores da história da igreja e provando que recebemos este grande legado

ADORAÇÃO CRISTOCÊNTRICA

da adoração cristocêntrica dos nossos antepassados. Foram nas últimas gerações que nos esquecemos deste tesouro riquíssimo. Porém, este retorno para liturgias do passado não significa introduzir um culto engessado, frio e repetitivo. O autor complementa sua obra com sugestões práticas e variadas para a aplicação contemporânea de cada tema que o evangelho apresenta. Adoração cristocêntrica sopra um fôlego necessário e bem-vindo aos nossos cultos, ajudando pastores e dirigentes de louvor a redescobrirem a condução de cultos “em espírito e em verdade”, onde Cristo é exaltado e a igreja edificada. Leitores ganharão fundamentos sólidos para aplicarem uma criatividade viva, informada pelos contornos do evangelho. Que nossas igrejas recuperem a adoração vibrante congregacional de cultos cristocêntricos.

David John Merkh Jr., pastor da Primeira Igreja Batista de Atibaia (SP)

Agradecimentos

Sou grato ao Dr. Robert G. Rayburn, presidente fundador do Covenant Seminary, que, na instituição, estabeleceu um fundamento de profundo respeito pela importância do culto. Também sou grato pela amizade e pelo apoio de Mark Baldey, professor de adoração no Covenant Seminary. Mark tem aprimorado meu pensamento ao conduzir este seminário (e uma nova geração de líderes de igreja) a um entendimento maravilhoso e a uma expressão esplêndida da adoração evangélica.

Muito da pesquisa e do pensamento por detrás desta obra tem se estendido por anos, mas grande parte dela foi escrita durante um tempo sabático concedido pela diretoria do Covenant Seminary. Portanto, quero expressar minha gratidão aos administradores do Covenant por terem me dado essa maravilhosa oportunidade de escrever. Trabalhar numa instituição governada por líderes piedosos, dedicados ao futuro da igreja de Cristo, é uma bênção pela qual eu agradeço a Deus diariamente.

Sou profundamente grato à equipe executiva responsável durante meu período sabático: Dave Wilker, chefe da equipe; Sean Lucas, diretor acadêmico; Wayne Copelando, vice-presidente administrativo; e Mark Dealbe, vice-presidente de serviços aos alunos. A dedicação e a capacidade desses amigos permitiu que eu me ausentasse durante um período prolongado. Meu tempo sabático também foi possível graças às habilidades e ao cuidado de minha assistente executiva, Kathy Woodard.

Finalmente, quero expressar minha gratidão aos meus colegas no corpo docente do Covenant Seminary. Seu maravilhoso e corajoso compromisso com o evangelho da graça tem aprofundado meu entendimento sobre obra de Cristo, aumentado meu amor por ele e promovido minha devoção à proclamação de sua obra em cada dimensão da vida.

Lista de tabelas

1.1 Estruturas gerais das liturgias históricas — Liturgias da Palavra

1.2 Estruturas gerais das liturgias históricas — Liturgias do Cenáculo

2.1 Destaques da Liturgia da Palavra de Roma

2.2 Destaques da Liturgia do Cenáculo de Roma

3.1 Destaques da Liturgia da Palavra de Lutero

3.2 Destaques da Liturgia do Cenáculo de Lutero

4.1 Destaques da Liturgia da Palavra de Calvino

4.2 Destaques da Liturgia do Cenáculo de Calvino

5.1 Destaques da Liturgia da Palavra de Westminster

5.2 Destaques da Liturgia do Cenáculo de Westminster

6.1 Destaques da Liturgia da Palavra de Rayburn

6.2 Destaques da Liturgia do Cenáculo de Rayburn

7.1 Continuidade de Adoração destacada

7.2 Continuidade de Confissão destacada

7.3 Continuidade de Certeza destacada

7.4 Continuidade de Ações de graça destacada

7.5 Continuidade de Petições destacada

7.6 Continuidade de Instrução destacada

7.7 Continuidade de Incumbência e de Bênção destacada

PRIMEIRA PARTE

O CULTO EVANGÉLICO

O evangelho como estrutura

Estruturas contam histórias. Martinho Lutero sabia disso quando projetou a primeira igreja protestante em Torgau, na Alemanha. Antes da construção daquela capela (originalmente feita para abrigar o castelo do protetor de Lutero, John Frederick I), a maioria dos cultos protestantes acontecia em igrejas que anteriormente eram católicas romanas. Quando os protestantes assumiram o controle de tais igrejas, a principal mudança que ocorreu na arquitetura foi a substituição da cruz na torre da igreja por um galo, símbolo do novo dia da Reforma. E não era raro acontecer que, nessas marés concorrentes do tempo da Reforma, se as forças do Catolicismo Romano voltassem ao poder, trocariam o galo por uma cruz outra vez.

Cada mudança de autoridade de fé sinalizava o controle pela mudança pelo “ornamento de capô” mais óbvio a todos na cidade ou região, mas a arquitetura da igreja mudava pouco. Portanto, quando Lutero teve a oportunidade de desenhar uma igreja que refletisse as novas perspectivas da Reforma, ele garantiu que a estrutura básica transmitisse a história evangélica que ele desejava contar. Nenhuma mudança estrutural teria sido mais óbvia aos adoradores do século 16 do que a colocação do púlpito. Em contraste deliberado com a prática católica romana de colocar o púlpito à frente da congregação, Lutero colocou o pastor para pregar no meio do povo (o púlpito ficava no centro de uma longa parede no santuário de adoração). Além disso, o altar, embora ainda localizado na frente da igreja, não ficava separado do povo através de telas que antes designavam um espaço sagrado somente para o clérigo.

Lutero pregava o “sacerdócio dos crentes”, e suas estruturas transmitiam esta mesma mensagem. A colocação do púlpito silenciosamente explicava que

o pregador não era mais santo do que o povo. Ele ministrava entre o povo porque todos estavam cumprindo seus santos chamados, ao servirem a Deus nas ocupações para as quais o Senhor os havia preparado. A arquitetura do altar “dizia” que não havia necessidade da intercessão do padre ou sacerdote e nem de separação, pois todos tinham o mesmo acesso imediato a Deus. As primeiras igrejas calvinistas da Reforma Francesa levaram essa ideia ainda mais adiante, colocando o púlpito no centro da congregação, que se reunia em círculo.1 Tal estrutura não apenas simbolizava o sacerdócio dos crentes, como também afirmava a centralidade da Palavra na adoração cristã.

Instruídos, mas não governados

Meu objetivo ao mencionar esses detalhes arquitetônicos não é impor modelos arquitetônicos para igrejas. De fato, as maneiras variadas pelas quais os reformadores expressaram seus pontos de vista podem também ser usadas como argumento pelas liberdades na arquitetura das igrejas que os cristãos modernos têm obviamente exercitado. Contudo, tal liberdade é mais bem aplicada quando temos uma noção da história que queremos contar, e isso requer um entendimento de nosso lugar no plano que está se desdobrando de Deus para a igreja. Não devemos ignorar a sabedoria dos pais da igreja somente porque é antiga ou automaticamente rejeitá-la porque não fomos nós que a criamos. Nós consideramos a história porque Deus não revela toda a sua sabedoria em um só momento e a um só povo. Uma lealdade servil às tradições impedirá que ministremos efetivamente à nossa geração, por outro lado, jogar completamente fora o passado nega os propósitos de Deus para a igreja sobre os quais precisamos continuar construindo. Se não aprendermos com as lições do passado, perderemos as percepções e o entendimento que Deus deu a servos que interagiram com a Palavra e com o povo dele.

Sempre devemos ser informados pela tradição; mas nunca devemos ser governados pela mesma. A Palavra de Deus é nossa única regra infalível de fé e prática, mas uma relutância em considerar o aprendizado das gerações passadas sobre como aplicá-la revela ingenuidade ou arrogância. Deus deseja que nos escoremos sobre os ombros dos fiéis que vieram antes de nós. Ele

1 Geoffrey Barracolugh, ed. “Calvinism: The Majesty of God”, em: The Christian World: A Social and Cultural History (New York: Harry N. Abrams, Inc., 1981), p. 178-179.

ADORAÇÃO CRISTOCÊNTRICA

nos dá uma missão para o nosso tempo, mas ele também nos dá a história para nos preparar para nosso chamado no presente. Sem examinar esse fundamento de uma forma crítica e construtiva, estaremos mal preparados para a edificar a igreja que Deus deseja hoje. Isso é verdadeiro não apenas para as estruturas arquitetônicas da igreja, mas também para as estruturas de adoração nas igrejas.

Arquitetadas para comunicar

Através dos séculos, os líderes da igreja estruturaram as edificações eclesiásticas para refletir o entendimento deles sobre o evangelho, mas também estruturaram aquilo que acontece dentro desses prédios para fazer o mesmo. Nós já vimos como a colocação do púlpito, do altar e dos bancos podem transmitir uma mensagem; pois aquilo que foi feito no púlpito, no altar e nos bancos também foi estruturado para comunicar. Por exemplo, na missa do Catolicismo Romano, o padre se colocava entre o altar e o povo ao dar os elementos para simbolizar seu papel de intercessor. Em contraste, muitos reformadores protestantes intencionalmente ficavam atrás da mesa ao administrar a Ceia do Senhor, demonstrando o acesso imediato que o povo tinha a Cristo.2 A colocação física dos móveis, do pastor e das pessoas era projetada para comunicar uma mensagem clara do evangelho: “Nada e ninguém está entre Cristo e o cristão”.

Podemos pensar que o conceito de que “o veículo transmissor é a mensagem” é algo moderno, mas a igreja antiga praticava tais princípios comunicativos muito antes de Marshall McLuhan cunhar essa expressão. Os líderes da igreja entendiam que, se a mensagem não fosse coerente com o veículo de transmissão, ela facilmente se perderia. Logo, eles pintavam a mensagem do evangelho com todo o pincel de comunicação que suas estruturas eram capazes de fazer: na arquitetura do prédio, na decoração, no design do púlpito, na colocação dos móveis, na posição dos líderes durante o culto, e até na posição dos participantes do culto de adoração.

Nunca houve uma estrutura única considerada correta para comunicar o evangelho para todas as regiões, culturas e tempos. E nem sempre a sabedoria adequada foi aplicada. Às vezes, a verdade da mensagem se perdia nos

2 K. Deddens, “A Missing Link in Reformed Liturgy”, Clarion 37, n. 15-19 (1998), p. 6. Disponível em: http://www.spindleworks.com/library/deddens/missing.htm.

enfeites; outras vezes, a beleza do evangelho ficava escondida sob a aridez reacionária. Mas, em cada época (incluindo a nossa), aqueles que constroem igrejas têm sido forçados a considerar como o seu entendimento do evangelho é comunicado através das estruturas nas quais este é apresentado.

Adoração evangélica

O entendimento do evangelho não está embutido somente nas estruturas físicas, mas é também comunicado através dos padrões de adoração da igreja.3 A estrutura do culto de adoração da igreja é conhecida como liturgia. 4 Muitos protestantes acham que “liturgia” descreve somente a adoração cerimonial nas igrejas Católicas, Ortodoxas ou Anglicanas. Nós normalmente nos referimos à nossa adoração como “Culto Dominical” ou “tempo de louvor e adoração”. Quanto às atividades que cercam o sermão, podemos descrever como “serviço musical” ou “serviço de oração” ou simplesmente “a adoração”. Todavia, a palavra bíblica para tudo o que está incluído em nossa adoração é “liturgia” (latreia, veja Romanos 12.1), e ela simplesmente descreve a maneira pública na qual uma igreja honra a Deus durante o tempo em que está congregada em louvor, oração, instrução e compromisso.5 Todas as igrejas que se reúnem para adorar têm uma liturgia — mesmo que esta seja muito simples.

As maneiras habituais pelas quais uma igreja organiza os aspectos e componentes de sua adoração pública constituem sua tradição litúrgica. Semelhante à arquitetura de uma igreja, as práticas de adoração de uma igreja tradicional podem ser muito elaboradas (cerimonialistas/sacramentalistas ou alta igreja [high church]) ou simples (não cerimonialistas/não sacramentalistas ou baixa igreja [low church]). As diferenças nos cultos de adoração podem ser significantes, levando muitos observadores a pensar que não existe nenhuma explicação ou sentido na grande variação das abordagens litúrgicas. Em nossos dias cada vez mais secularizados, até mesmo os líderes da igreja talvez não entendam por que os elementos diferentes de seus cultos de adoração estão

3 Robert E. Webber, Ancient-Future Worship: Proclaiming and Enacting God’s Narrative (Grand Rapids: Baker Books, 2008), p. 110.

4 Peter Leithart, “For Whom Is Worship?” New Horizons 23, n. 4 (2002), p. 5.

5 John W. de Gruchy, “Aesthetic Creativity, Eucharist Celebration and Liturgical Renewal: With Special Reference to the Reformed Tradition” (monografia para a Conferência Buvton, Stellen-bosch, África do Sul, set. 2003), p. 1.

presentes ou por que seguem uma certa ordem — e podem pensar que vale qualquer coisa contanto que as pessoas não se ofendam com as mudanças. Todavia, semelhantemente à arquitetura da igreja, a ordem de culto (outra maneira de descrever liturgia) transmite um entendimento do evangelho. Quer entendamos isso ou não, nossos padrões de adoração sempre comunicam algo. Mesmo se nós simplesmente sigamos o que é historicamente aceito ou atualmente preferido, um entendimento do evangelho inevitavelmente se desdobra. Se um líder separa um tempo para Confissão de Pecados6 (seja por meio de oração, música ou leitura das Escrituras), então algo sobre o evangelho é comunicado. Se não há Confissão durante o culto, então alguma outra coisa é comunicada — mesmo que a mensagem não tenha sido intencionalmente transmitida.

Semelhantemente à arquitetura da igreja, as diferentes tradições e contextos culturais têm resultado em uma grande variação na estrutura da liturgia cristã. Mas, também de forma semelhante às estruturas físicas eclesiásticas, nos lugares onde as verdades do evangelho são preservadas, existem pontos em comum na estrutura de adoração que transcendem a cultura. Apesar de existir uma grande variedade na arquitetura das igrejas cristãs, elas compartilham denominadores comuns: um lugar para proclamar a Palavra; um lugar para se reunirem para orar, louvar e receber a Palavra; um lugar para administrar e receber os sacramentos; e outros. Ninguém impôs essas caraterísticas sobre todas as igrejas; ao contrário, a maneira pela qual dispensamos, recebemos e respondemos ao evangelho num ambiente congregacional torna necessárias essas estruturas familiares. Por razões similares, existem estruturas litúrgicas em comum que transcendem contextos e tradições específicas.

A continuidade do evangelho

A liturgia conta uma história. Nós compartilhamos o evangelho pela maneira que adoramos. Quando uma igreja preserva as verdades do evangelho, ela inevitavelmente descobre aspectos da adoração que estão em harmonia com outras igrejas fiéis. De fato, adorar utilizando tais aspectos é uma das maneiras importantes pelas quais uma igreja reserva sua fidelidade ao evangelho.

6 Em todo este livro, termos como Confissão de Pecado (que podem ter um significado comum e genérico na devoção cristã) começam com letras maiúsculas quando se referem a um componente distinto ou formal de um culto de adoração.

Os pais da igreja, uma vez que entendiam a importância de nossa adoração, desenharam uma arquitetura para a adoração que ainda é refletida atualmente na maioria das igrejas. Já no segundo século,7 os registros mostram que a igreja dividia seu tempo de adoração em dois segmentos principais: a Liturgia da Palavra (veja a Tabela 1.1) e a Liturgia do Cenáculo (veja a Tabela 1.2).8 Para nós, a Liturgia da Palavra é aquela parte do culto que culmina com a pregação, enquanto a Liturgia do Cenáculo é a parte do culto que inclui a Ceia do Senhor, ou Comunhão. Mesmo se nossas igrejas não praticam a Ceia do Senhor a cada semana, elas ainda tipicamente dividem o culto nesses dois segmentos principais quando a ordenança é observada. Ao moverem da Proclamação à Comunhão na ordem da adoração, as igrejas pelos séculos recontam a seguinte história: aqueles que verdadeiramente ouvem a Palavra de Deus compartilharão do amor dele.9

Ao escrever este livro, minha esperança é que os leitores que tiveram um despertamento no parágrafo anterior (ao descobrir que seus padrões de adoração os unem com muitos séculos de irmãos cristãos que adoraram de forma semelhante) ficarão muito felizes ao descobrirem como sua adoração pode uni-los na missão com outros crentes em Jesus Cristo. Em cada tempo, nós adoramos a Deus para avançar a causa do evangelho. Nós conhecemos as “boas novas” deste evangelho ao reconhecermos a santidade de nosso Criador, ao confessarmos nossos pecados, ao buscarmos sua graça, ao sermos assegurados de sua misericórdia, ao darmos graças a ele, ao pedirmos sua ajuda, ao buscarmos sua instrução, ao respondermos em amor a todas as suas misericórdias e a vivermos por ele. As tabelas 1.1 e 1.2 mostram como as diferentes tradições eclesiásticas têm buscado expressar tais verdades do evangelho através da arquitetura de sua liturgia.

A estratégia da liturgia

À primeira vista, o que fica mais evidente sobre essas liturgias são suas diferenças. Olhar para elas é mais ou menos como observar a silhueta dos prédios de uma cidade. Tudo o que vemos inicialmente são os formatos, os

7 De Gruchy, “Aesthetic Creativity”, p. 278.

8 John M. Barkley, Worship of the Reformed Church (Richmond, VA: John Knox, 1967), p. 41.

9 Mark L. Dalbey, “A Biblical, Historical and Contemporary Look at the Regulative Principle of Worship” (Tese de Doutorado em Ministério, Covenant Theological Seminary, 1999), p. 37.

ADORAÇÃO CRISTOCÊNTRICA

tamanhos e diferentes complexidades das estruturas. Mas, quanto mais observamos, mais a arquitetura é explicada e mais começamos a entender que cada arquiteto construiu com os mesmos materiais básicos e os mesmos princípios de design. A forma varia conforme as funções específicas e os propósitos do edifício, mas cada arquiteto precisou assegurar que as paredes suportassem certo peso, que os tetos estivessem na altura correta e que os alicerces estivessem estabelecidos em profundidade adequada. Depois de estudarmos um pouco mais, podemos concluir que alguns não desenharam ou construíram tão bem quanto outros, mas perceberemos também que os mais bem-sucedidos ainda tiveram que aprender daqueles que os precederam. Ninguém construiu sem considerar o que outros já haviam aprendido anteriormente.

Talvez a maneira mais simples para começar a ver os padrões em comum entre todos os detalhes diferentes dessas tabelas é perceber que mesmo as duas divisões básicas da liturgia têm movimentos separados. A Liturgia da Palavra, em cada uma das cinco tradições listadas, tem elementos que levam à pregação da Palavra. A pregação não é a única coisa que acontece na Liturgia da Palavra, pois existe a “preparação” que antecede a “Proclamação”. Esta “Preparação”, como logo veremos, não é aleatória ou arbitrária. Os componentes do culto de adoração antes e depois do Sermão levam o coração através de várias etapas de reverência e temor, humildade, segurança e gratidão para nos fazer receptivos e responsivos à instrução da Palavra. Há uma estratégia na liturgia. “Coisas da abertura”

Nós desdobraremos a beleza e o poder dessa estratégia em capítulos posteriores. Por ora, o essencial é entender quão triste é o equívoco comum do que acontece antes do Sermão em muitas igrejas protestantes. Quando sou convidado a pregar durante a ausência do pastor de uma igreja local, eu muitas vezes vejo este equívoco acontecendo. Normalmente, um líder da igreja local me dá orientações quanto ao andamento do culto com palavras semelhantes a estas: “Eu cuido das coisas da abertura e você cuida do sermão”.

Na mente de muitas pessoas, aquelas “coisas da abertura” constituem uma variedade de hinos e orações que precisamos aturar antes da “coisa real” — o Sermão. As “coisas” que enchem o tempo no começo do culto são consideradas como somente um prelúdio ao Sermão, o primeiro ato do evento principal, ou coisas agradáveis que precisamos fazer para podermos chegar ao “propósito do evento”. Tipicamente, ninguém pensa muito a respeito

das “coisas da abertura” e ninguém vai reclamar sobre essas coisas a não ser que alguém mude a ordem tradicional, ou mude uma canção conhecida, ou esqueça-se de levantar a oferta.

Se surgir uma reclamação, não é provável que esta esteja baseada numa análise racional fundamentada das prioridades do evangelho. Ao invés disso, as pessoas falarão sobre seu desconforto com algo que não seja pessoalmente familiar ou inspirador, ou sobre a falta de apego de alguém por aquilo que é tradicional. Uma vez que as pessoas não foram ensinadas a pensar no culto como algo que tem um propósito evangélico, elas instintivamente pensam nos seus elementos somente em termos de preferências pessoais: aquilo que me faz sentir bem, confortável ou respeitado.

Alvos do evangelho

Uma grande vantagem de olhar para as diferenças específicas nas liturgias da adoração é que podemos ver que seus desenhistas tinham objetivos mais elevados do que satisfazer preferências pessoais. Os líderes da igreja elaboravam a ordem de seus cultos para comunicar as verdades das Escrituras, para tocar os corações dos adoradores com as implicações dessas verdades e, em seguida, para equipar os cristãos a viverem fielmente no mundo como testemunhas de tais verdades. Nós talvez não concordemos com a maneira que todas essas liturgias antigas enquadravam as verdades do evangelho, mas fica difícil culpar o impulso missional atrás de seus desenhos. Nosso objetivo, portanto, não deve ser copiar liturgias, mas aprender como a igreja tem usado a adoração para realizar os propósitos do evangelho através dos séculos, para que possamos desenhar cultos de adoração de uma forma inteligente, os quais realizarão os propósitos do evangelho hoje.

Para podermos pensar no culto de adoração em termos do evangelho, precisamos ter cuidado para não pensar somente em termos evangelísticos. Mesmo que o evangelho inclua as boas-novas da graça de Deus para todos que vêm a ele em fé, este não é voltado somente para os que estão de fora, ou para os incrédulos. Existe grande poder numa frase que é muito popular atualmente entre os jovens cristãos: “Temos que pregar o evangelho aos nossos próprios corações a cada dia”.10 Essa ética não significa somente repetir

10 Bob Kauflin, Worship Matters: Leading Others to Encounter the Greatness of God (Wheaton, IL: Crossway, 2008), p. 135.

ADORAÇÃO CRISTOCÊNTRICA

aquelas partes do evangelho que levam a novas conversões; mas também significa engajar o poder das boas-novas que Deus tem providenciado em sua graça para salvar, santificar e equipar seu povo para hoje, para cada dia e para sempre. Nós precisamos deste evangelho para entrar no reino de Cristo, mas nós também precisamos deste evangelho para andar com ele através de nossas provações e demandas diárias. Este é o evangelho que as liturgias antigas ensinam e que as melhores liturgias ainda ecoam. Os exemplos estão agrupados nas Tabelas 1.1 e 1.2 para que possamos começar a perceber os padrões em comum antes de analisarmos as diferenças importantes e, finalmente, descobrirmos como eles se unem para informar os propósitos do evangelho hoje. Vejamos alguns exemplos:

Roma

A liturgia católica romana teve uma influência penetrante e profunda sobre as liturgias que vieram depois na cultura ocidental. Minha explanação sobre tal ordem de adoração é intencionalmente esparsa, refletindo a adoração católica antes do Concílio de Trento que ocorreu no século 16, quando muita complexidade foi acrescentada para auxiliar a ênfase sacramental daquela tradição. A divisão em dois movimentos da liturgia romana, relacionada à Palavra e aos sacramentos (visto nas liturgias mencionadas), se torna fundamental a todas as outras liturgias subsequentes. Essas divisões na adoração são evidentes já no segundo século.11 Em seu livro sobre adoração The Form of Eclesiastical Prayers and Songs [A forma eclesiástica de orações e canções), o reformador protestante João Calvino também especifica esses dois movimentos, classificando-os como a Liturgia da Palavra e a Liturgia do Cenáculo. Essas divisões básicas na ordem de culto são provavelmente ainda mais antigas do que as liturgias aqui listadas. Barkley afirma que tais divisões eram refletidas na adoração na sinagoga, onde uma declaração dos grandes feitos de Deus era seguida por uma resposta do povo. Ele ainda subdivide esses dois movimentos principais dizendo que a Liturgia da Palavra “[...] divide-se em duas partes que consistem na Antiga Liturgia da Palavra derivada da sinagoga, sendo basicamente a proclamação dos grandes feitos de Deus, e a

11 Nicholas Wolterstorff, “The Reformed Liturgy”, em: Major Themes in the Reformed Tradition, ed. Donald K. McKim (Grand Rapids: Eerdmans, 1992), p. 278.

...introdução, que consiste na preparação para receber a Palavra”.12 Portanto, quando organizamos nossos cultos de adoração para fluírem da Preparação para a Palavra para a Proclamação da Palavra, nós seguimos uma prática antiga. Como resultado de séculos de continuidade quanto a essas divisões básicas, há uma semelhança significante entre os vários padrões gerais da adoração tradicional, apesar das grandes diferenças entre os elementos individuais de suas liturgias.

Reformadores

As liturgias dos reformadores mais influentes (Lutero, Calvino e a Assembleia da Westminster) também foram esquematizadas e estão baseadas em documentos-chaves que preparariam o palco para futuros desenvolvimentos em cada tradição. Por exemplo, Lutero deu a instrução litúrgica inicial em seu livro de 1526 “German Mass and Order of God’s Service” [A missa alemã e a ordem do culto a Deus); Calvino reproduziu ideias de Lutero e acrescentou algumas suas no que veio a ser conhecido como a Liturgia de Genebra, descrita em The Form of Ecclesiastical Prayers and Songs [A forma eclesiástica de orações e canções — 1542]; e a Assembleia de Westminster anexou seus pensamentos à Confissão de fé em sua obra Directory for Publick Worship [Diretório de culto público — 1645].

Rayburn

No final do século 20, Robert. G. Rayburn tentou descrever um culto bem-organizado para congregações evangélicas na América do Norte em seu livro O Come, Let Us Worship (Ó Vinde Adoremos 1980). A obra de Rayburn não tem sido a mais influente sobre as práticas mais recentes, mas ela reflete, reúne e antecipa de uma forma muito adequada as mais influentes tradições. A obra é particularmente útil quando examinamos as liturgias modernas, pois nos permite refletir sobre as adaptações que têm (voluntariamente ou involuntariamente) sido realizadas em práticas comuns. Não vamos presumir que “comum” significa universal (mesmo dentro da maioria de denominações), mas sim o que é comum hoje a uma grande variedade de práticas e estilos de adoração. Algumas igrejas tentam se distanciar do

12 Barkley, Worship of the Reformed Church, p. 41.

ADORAÇÃO CRISTOCÊNTRICA

culto tradicional, enquanto outras deliberadamente marcham em direção ao futuro procurando dar nova vida aos modelos antigos. A perspectiva de Rayburn nos dará a oportunidade de examinar ambos, porém o que se tornará aparente no desdobrar deste livro é que onde o evangelho é honrado, ele molda o culto de adoração. Nenhuma igreja que é fiel ao evangelho deixará de ecoar essas liturgias históricas.

Tabela 1.1: Estruturas gerais das liturgias históricas — Liturgias da Palavra

Roma pré-1570 Lutero aprox. 1526

Calvino aprox. 1542

Westminster aprox. 1645 Rayburn aprox. 1980

Liturgia da Palavra Liturgia da Palavra Liturgia da Palavra Liturgia da Palavra Liturgia da Palavra

Introito com Coral Hino de entrada Introito Passagem bíblica (ex. Sl 121.2)

Kyrie (“Ó Senhor, tenha piedade”)

Kyrie Confissão de pecados (com o perdão em Estrasburgo)

Chamado à adoração

Oração de abertura:

Adoração

Súplica por graça

Súplica por iluminação

Chamado à adoração Hino de louvor Invocação (ou Oração de adoração)

Confissão de pecados Oração rogando por perdão

Glória Saudação (“Que Deus esteja com você...”)

Glória Saudação Canto de Salmos Certeza da graça

Oração da coleta (ou orações)

Oração da coleta

Leitura do Antigo Testamento Cântico antifonal

Leitura epistolar

Gradual (canto litúrgico de um salmo)

Aleluia

Leitura epistolar

Gradual

Os Dez Mandamentos (cantado com Kyries em Estrasburgo)

Leitura do Antigo Testamento Canto de Salmos

Leitura do Novo Testamento Canto de Salmos

Confissão e intercessão

Hino dando graças Oferta

Oração de intercessão (Opcionalmente com o Painosso)

Leitura do Antigo Testamento Hino ou cântico

Leitura do Novo Testamento

Oração por iluminação (com o Painosso)

Oração por iluminação

Oração por iluminação

Leitura do evangelho

ADORAÇÃO CRISTOCÊNTRICA

Leitura do evangelho Credo dos Apóstolos

Leitura das Escrituras

Leitura das Escrituras

Leitura bíblica para o Sermão

Hino do sermão

Sermão Sermão Sermão Sermão Sermão

Oração de agradecimento e oração do culto Oração do culto

Pai-nosso

Canto do Credo Niceno (ou Glória)

Despedida dos não comungantes

Hino póssermão

Exortação

Canto de Salmos Hino de resposta

Despedida (se não houver comunhão)

Despedida/ Bênção final

Roma

pré-1570

Liturgia do Cenáculo [sempre]

Ofertório

Tabela 1.2: Estruturas gerais das liturgias históricas

Liturgias do Cenáculo

Lutero aprox. 1526

Liturgia do Cenáculo [sempre]

Calvino aprox. 1542

Liturgia do Cenáculo [trimestralmente]

Coleta de Esmolas

Oração pela igreja

Preparação dos elementos

Hino de preparação

Intercessões

Westminster aprox. 1645

Liturgia do Cenáculo [opcional]

Ofertório

Rayburn aprox. 1980

Liturgia do Cenáculo [opcional]

Pai-nosso Apelo Apelo

Credo dos Apóstolos (cantado como elementos preparados)

Saudação

Sursum Corda

Sanctus

Benedictus

Oração eucarística:

Recordação (Anamnesis)

Oferta dos elementos para uso santo (Oblation)

Sursum Corda

Sanctus

Preparação:

Oração de invocação (Epiclesis)

Consagração dos elementos

Relembrança (Anamnesis)

Hino

Credo dos Apóstolos (recitado por todos)

Palavras da instituição (Verba)

Oração de invocação para mudança de elementos (Epiclesis) Amém

ADORAÇÃO CRISTOCÊNTRICA

Preparação: Exortação

Palavras da instituição (Verba)

Pai-nosso Pai-nosso

Ósculo santo

Fração do pão

Agnus Dei Agnus Dei

Comunhão Comunhão (com canto de salmo)

Oração da coleta

Oração da coleta

Ação de Graças

Bênção de despedida

Bênção araônica

Hino de encerramento

Observações sobre as tabelas

Palavras da instituição

Palavras da instituição

Exortação

Oração de consagração

Oração de consagração (para participantes e elementos)

Preparação: Exortação

Palavras da instituição

Oração de consagração

Fração do pão Fração do pão Fração do pão

Comunhão (com leitura das Escrituras)

Canto de Salmos

Oração de Ação de Graças

Bênção araônica

Comunhão Comunhão

Oração de exortação

Canto de Salmos Hino de adoração

Bênção final

Bênção final

Essas liturgias representam movimentos principais que exerceram uma influência significante na América do Norte. A lista de elementos em cada tradição não é exaustiva (as partes especificas serão explicadas posteriormente) e nem quero sugerir que cada culto em cada tradição continha todos esses elementos. Os elementos estão organizados em padrões típicos, isso para que aqueles que não conhecem as várias tradições possam ver os “esqueletos” de cada liturgia e, ao mesmo tempo, reconhecer que cada um pode variar

e ser mais completo. Muitas outras tradições poderiam ser mostradas, mas minha intenção é demonstrar os padrões presentes naquelas liturgias mais representativas ou mais influentes para os adoradores protestantes evangélicos na América do Norte.

As linhas horizontais são para a clareza visual e não necessariamente representam um intervalo nos componentes do culto.

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