Publicado originamente por B&H Academic Nashville, Tennessee
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por PRO NOBIS EDITORA, Rua Professor Saldanha 110, Lagoa, Rio de Janeiro-RJ, 22.461-220
1ª edição: 2024
ISBN: 978-65-81489-48-9
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo citações breves, com indicação da fonte.
Gerência editorial
Judiclay Silva Santos
Conselho editorial
Judiclay Santos
David Bledsoe
Paulo Valle
Gilson Santos
Leandro Peixoto
Supervisão editorial: Cesare Turazzi
Tradução: Rogério Portella
Preparação de texto: Cinthia Turazzi
Revisão de provas: Isabela Fontenelles
Capa: Luis de Paula
Diagramação: Marcos Jundurian
Nesta obra, as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA), salvo informação em contrário.
As opiniões representadas nesta obra são de inteira responsabilidade do autor e não necessariamente representam as opiniões e os posicionamentos da Pro Nobis Editora ou de sua equipe editorial.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Allen, Jason K.
Cartas aos meus alunos: Volume 1: sobre a pregação/Jason K. Allen; tradução Rogério Portella. – 1. ed. – Rio de Janeiro : Pro Nobis Editora, 2024.
Na tradição das famosas Lições aos meus alunos, de Spurgeon, Jason Allen nos apresenta Cartas aos meus alunos: Sobre a pregação. Cada um dos vinte capítulos é um tratamento breve e sucinto que cobre de forma ampla e resumida três áreas cruciais: preparação para ser pregador, preparação do sermão, e crescimento na pregação. Todo jovem pregador encontrará benefícios práticos e encorajamento nesse livro útil (isso vale para os mais experientes também!).
David L. Allen, reitor da School of Preaching, Southwestern Seminary
Jason Allen conhece pregação, estudantes de pregação e o “príncipe dos pregadores”. Portanto, não há ninguém mais bem equipado para nos apresentar um texto que expanda esse grande legado de pregação. Allen ajuda os pregadores a começar bem, praticar bem e terminar bem o ministério da Palavra por meio de sermões baseados no texto, centrados no evangelho e benéficos ao ouvinte. Com a sensação de um bate-papo ao pé da lareira, esse livro é um bufê do qual todos nós pregadores podemos e devemos nos banquetear continuamente. Esteja você dando o primeiro passo ou encerrando a carreira da pregação, explore esta joia por causa de seus tesouros potentes, práticos e oportunos.
Jim Shaddix, PhD, DMin, professor da cátedra W. A. Criswell de Pregação
Expositiva e membro sênior do Centro de Pregação e Liderança
Pastoral no Southeastern Baptist Theological Seminary
Eis um livro escrito para ajudar os homens que se preparam para o ministério de pregação, ou recém o iniciaram. Missão cumprida! Eu gostaria que esse livro estivesse disponível nos primeiros dias do meu ministério. Se o tivesse em mãos, eu teria sido um pregador melhor sem ter de aprender de uma maneira mais longa e difícil muitas das lições apresentadas aqui por Jason Allen.
Donald S. Whitney, professor de espiritualidade bíblica e reitor associado no The Southern Baptist Theological Seminary; autor de Adoração no lar (Pro Nobis Editora)
Durante quase cinquenta anos, Lições aos meus alunos, de Spurgeon, tem sido um companheiro constante. Eu o li, reli, fiz referência a ele em palestras e o citei com frequência em minhas próprias tentativas de escrever sobre a pregação. Agora, o Dr. Allen nos prestou um serviço maravilhoso. Seu livro Cartas aos meus alunos: Sobre a pregação é uma análise útil e atual sobre a tarefa sagrada de pregar a Palavra de Deus. Tenho certeza de que o texto do Dr. Allen seria minha referência constante se eu tivesse mais cinquenta anos de ministério. Fico feliz que quem conte com essas cinco décadas possa usá-lo assim!
Jerry Vines
Todos nós, pregadores, recebemos uma desafiadora e exigente incumbência divina. Quem se compromete com o púlpito permanece aluno por toda a vida. Jason Allen nos deu um recurso magistral, prático e útil sobre os fundamentos da pregação. Esses princípios capacitarão você a ser um estudioso melhor da Palavra de Deus e um comunicador mais eficaz das verdades dele.
Mac Brunson, pastor sênior da Valleydale Church em Birmingham, Alabama
A tarefa de pregar — explicar a Palavra divina com autoridade e aplicá-la ao povo de Deus — é gloriosa e cansativa. Certamente é mais fácil criticar do que fazer. O preparo do sermão nem é tudo, pois o ministro também deve preparar a própria alma. O peso absoluto desse serviço é o motivo pelo qual sou tão grato a Cartas aos meus alunos: Sobre a pregação, de Jason Allen. Esse manual prático e atraente explora as várias dinâmicas relacionadas à pregação no púlpito — desde o discernimento do chamado, passando pelo desenvolvimento do dom até a transmissão da mensagem. Quer você ocupe o púlpito todos os domingos ou deseje fazê-lo um dia, este livro lhe será bastante útil.
Matt Smethurst, editor executivo de The Gospel Coalition; autor de Before You Open Your Bible: Nine Heart Postures for Approaching God’s Word, 1—2 Thessalonians: A 12-Week Study, e Diáconos (Vida Nova)
Este livro não é apenas mais um tratado teórico: ele está repleto de princípios práticos elaborados a partir do peso da experiência pessoal de uma das novas luzes mais brilhantes do ensino cristão hoje. Espero que todo jovem pregador leia e preste atenção às verdades encontradas nessas páginas.
O. S. Hawkins, pastor da First Baptist Church em Dallas; autor dos devocionais da Série “Code”
Que ótima leitura! Os acadêmicos tendem a se esquecer de que a maioria de nós, que trabalhamos junto ao púlpito, precisa prestar atenção ao nosso firme alicerce. Jason Allen não se esqueceu do chamado para preparar quem trabalha todos os domingos. Seu texto é claro e suas palavras são muito encorajadoras. Recomendo de modo especial o capítulo 19. Leia-o e sinta-se motivado a suar a serviço do chamado e da obra da pregação.
Steven Smith, pastor sênior da Immanuel Baptist Church em Little Rock (Arkansas); autor de Dying to Preach e Recapturing the Voice of God; coautor de Preaching for the Rest of Us
Dedicatória
Este livro é dedicado, com profundo apreço, ao Dr. Steven J. Lawson. Sob o ministério do Dr. Lawson encontrei pela primeira vez a pregação expositiva. Eu era um cristão recém-convertido e me encontrava no segundo ano da faculdade. Nos primeiros anos da minha formação, o ministério no púlpito do Dr. Lawson aprofundou meu amor à Palavra de Deus, moldou minhas convicções acerca da pregação expositiva e acendeu o chamado divino ao ministério na minha vida. Ele rapidamente se tornou um mentor ministerial, aconselhando-me e encorajando-me a prosseguir no ministério.
Dr. Lawson me colocou sob sua proteção, ensinou-me a pregar e me concedeu meu primeiro cargo ministerial. Em nível pessoal, ele oficiou o meu casamento com Karen. Desde o início, ele demonstrou um interesse especial por mim, por meu chamado e minha família. Ele permanece uma fonte de encorajamento e apoio, e por isso sempre estarei em dívida para com ele. No entanto, dedico esse livro a ele não apenas por causa de sua gentil influência em minha vida, mas por sua defesa muito eficaz e apaixonada da mensagem do livro. A voz dele clama por uma nova geração de ministros, encorajando todos eles, como fez comigo, a pregar a Palavra.
Agradecimentos
Um sinal claro do favor de Deus em minha vida consiste nas pessoas que ele aproximou de mim. Cada um dos membros da família, amigos e colegas a seguir é uma tremenda fonte de bênção, encorajamento e apoio.
Em nível pessoal, minha vida e ministério são possibilitados e enriquecidos pelas orações e encorajamento da minha família. Deus me abençoou muito com Karen, minha mulher, e com Anne-Marie, Caroline, William, Alden e Elizabeth, meus filhos, que superaram todas as minhas esperanças e sonhos acerca do que eles seriam e significariam para mim. Eles são uma fonte constante de amor, alegria e apoio. Para minhas seis pessoas favoritas no planeta: obrigado.
Em nível institucional, meus colegas e funcionários do escritório também são uma fonte inestimável de apoio e incentivo. Mais especialmente, sou grato a Patrick Hudson, Tyler Sykora, Dawn Philbrick e Catherine Crouse. É um prazer absoluto servir com esses homens e mulheres, e eles realizam suas tarefas diárias com graciosidade e competência. Obrigado. Além disso, sou grato à equipe da B&H Publishers, em especial a Jennifer Lyell, Devin Maddox e Taylor Combs. Obrigado, queridos amigos, por acreditarem no projeto e por trabalharem comigo para realizá-lo.
Por último, e acima de tudo, sou grato a meu Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Como qualquer outro empreendimento ministerial, nada seria possível sem a graça, o chamado e a capacitação provenientes dele. Que este livro e tudo que faço rendam-lhe muita glória.
3.
Sumário
12. Conecte seu sermão a Cristo .................................... 105
13. Algumas reflexões sobre palavras .............................. 113
Terceira parte | Crescimento na pregação
14. Envolver-se ou não com preocupações culturais ...... 127
15. Quando se envolver com preocupações culturais ..... 135
16. O convite público ...................................................... 141
17. Pregar não é “discursar de maneira inflamada” ........ 147
18. Amadureça como pregador ....................................... 153
19. Uma lista de verificação final antes de pregar ........... 161
20. Persevere como pregador ........................................... 169 Conclusão ........................................................................ 175
Apresentação à edição em português
Em 18 de janeiro de 1548, na Catedral de S. Paulo, no coração de Londres, um dos mais notáveis reformadores ingleses pregou uma poderosa mensagem que ecoa através dos séculos. O Sermão do Arado, pregado por Hugh Latimer, é uma trombeta do céu que ressoa sobre a igreja e exorta os pregadores.
Quem dera nossos prelados fossem tão diligentes para semear os grãos de trigo da sã doutrina quanto Satanás o é para semear as ervas daninhas e o joio! Onde o Diabo está em residência e está com o seu arado em andamento, ali: fora os livros e vivam as velas!; fora as Bíblias e vivam os rosários!; fora a luz do evangelho e viva a luz das velas – até mesmo ao meio dia!; […] vivam as tradições e as leis dos homens!; abaixo as tradições de Deus e sua santíssima Palavra […]1
A crítica de Latimer é verdadeira, consistente e terrivelmente atual. É impressionante considerar que a realidade da igreja na Inglaterra em meados do século 16 é muito similar à realidade da igreja no Brasil no século 21. A situação nas igrejas cristãs, salvo as honrosas e raras exceções, é de extrema pobreza
1 Hugh Latimer. Citado por John Stott, Eu creio na pregação (Vida: São Paulo, 2001), p. 27-28.
nos púlpitos. O cenário é marcado por sermões mortos e pregações vazias. A igreja tem sido submetida a uma dieta de sopa rala, incapaz de nutrir a fé. Por conta disso, temos visto contingente expressivo de pessoas espiritualmente fracas e imaturas.
A história testemunha que existe uma estreita relação entre a pregação da Palavra e a vida da igreja. Todas as vezes que a pregação do evangelho floresce, seu impacto se torna evidente na vitalidade da igreja e na subsequente transformação da cultura. De igual modo, quando a pregação entra em declínio, a igreja adoece e morre.
Se alguém gastasse uma semana lendo toda a Bíblia e, na semana seguinte, se familiarizasse com os principais acontecimentos da história da igreja, o que observaria? Que a obra de Deus no mundo e a pregação estão intimamente ligadas. Onde Deus age, ali a pregação floresce. Em todos os lugares em que a pregação é menosprezada ou está ausente, ali a causa de Deus passa por um tempo de improdutividade. O reino de Deus e a pregação são irmãos siameses que não podem ser separados. Juntos, eles permanecem de pé ou caem.2
A igreja brasileira sofre por causa do declínio da pregação.
A falência dos púlpitos é uma tragédia para o povo de Deus. Há uma enorme carência de homens que pregam o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo (Ef 3.8). Boa parte dos cristãos não sabe o que significa o evangelho. Muitos não conhecem as verdades elementares da fé cristã. As implicações desta triste realidade são avassaladoras. O cenário evangélico brasileiro é constituído de igrejas teologicamente confusas, moralmente frouxas, socialmente inoperantes e espiritualmente decadentes.
2 Stuart Ollyot. Pregação pura e simples (São José dos Campos: Fiel, 2008), p. 23.
Os resultados do fracasso da pregação na vida da igreja
Empobrecimento do culto cristão
Na estrutura do culto cristão, a exposição bíblica é o principal ato de adoração. Culto público de adoração sem a pregação do evangelho não é apenas pobre, mas falso. Albert Mohler já disse: “O que vemos hoje é a marginalização do púlpito. Há uma percepção de que o púlpito é apenas um móvel decorativo no santuário e que alguém tem que usá-lo para alguma coisa”.3
É lamentável constatar a pobreza dos cultos. A falta de pregação
bíblica e a quantidade de cânticos medíocres na musicalidade e heréticos no conteúdo é um escândalo. Quando a pregação não ocupa o centro no culto cristão e a Palavra perde a devida primazia na vida da igreja, prevalecem o subjetivismo, o antropocentrismo, o sensacionalismo, o paganismo e todo tipo de excentricidades. Tais coisas, por sua natureza, não glorificam a Deus e não edificam a igreja de Jesus Cristo.
Desfibramento moral da igreja
Se a pregação é o principal meio de graça, através do qual a igreja é santificada pela ação do Espírito Santo, onde não há pregação do evangelho a corrupção do coração é potencializada e se manifesta com maior força. Existem contundentes evidências da falta de integridade moral por parte de muitas pessoas que confessam ser cristãs. Valores e práticas incompatíveis com a Palavra de Deus se tornaram comuns no arraial evangélico. Se o profeta Oseias pregasse para esta geração de cristãos no Brasil, sua mensagem seria: “Volta, ó Israel, para o Senhor, teu Deus, porque, pelos teus pecados, estás caído” (Os 14.1). A exortação
3 Albert Mohler, Apascenta o meu rebanho (São Paulo: Cultura Cristã, 2009), p. 25.
do Cristo ressurreto à igreja em Sardes é bem adequada à igreja brasileira: “[…] não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus” (Ap 3.2). Uma das razões pelas quais a igreja padece de fraqueza moral é porque há uma tendência dos púlpitos modernos a propagar uma mensagem que informa, mas não transforma, que diverte mas não converte.
Confusão doutrinária no seio da igreja
A ignorância é mãe de todas as heresias. Onde a verdade é negligenciada floresce o erro. O Brasil, conhecido por sua cultura mística de profundas raízes no paganismo, é terreno fértil para a proliferação de ensinos errados. As influências religiosas — quer seja a pajelança indígena, os ídolos do catolicismo romano, os rituais afro-ameríndios, o kardecismo anglo-saxão ou as seitas “evangélicas” — conspiram contra o genuíno evangelho. Nesse cenário de múltiplas divindades, variados cultos e tantos credos, o enfraquecimento do magistério da Palavra e a negligência da pregação tornam a igreja vulnerável e criam o ambiente para o sincretismo.
Decadência espiritual
Um púlpito fraco é a maior tragédia da igreja. Spurgeon estava certo ao afirmar que “o mais maligno servo de Satanás que conheço é o ministro infiel do evangelho”.4 O fracasso da pregação é a causa primária da miséria espiritual da igreja. Sempre que esta é transformada em teatro da fé, o púlpito em vitrine de vaidades, o culto em serviço de entretenimento e o pastor em animador de auditório, a decadência espiritual torna-se inevitável. À luz das Escrituras, a falta de santidade, devoção, misericórdia,
4 Charles H. Spurgeon, O ministério ideal , Vol. 2 (São Paulo: PES, 1990), p. 65.
sabedoria, compaixão, fervor, piedade, vida e amor são evidências do declínio espiritual. A igreja que tolera um pastor negligente no ministério da pregação comete suicídio espiritual.
Fatores contribuintes para o declínio da pregação
O declínio não foi súbito, mas gradual. Um estudo criterioso apontará as razões pelas quais a glória da pregação tem sido apagada. O renomado Dr. Albert Mohler9 aponta alguns elementos significativos, dos quais destaco três:
A pregação contemporânea sofre de perda de confiança no poder da Palavra
Muitos pregadores não creem na autoridade da Bíblia como Palavra de Deus. É impressionante constatar a quantidade de pastores que deveriam nutrir a fé da igreja a partir da pregação da Palavra, mas não o fazem porque não confiam que de fato a Bíblia é a Palavra de Deus. Se um homem nega a inspiração, a autoridade e a suficiência da Escritura, ele não está qualificado para pregar.
A pregação contemporânea sofre de obsessão por tecnologia
Vivemos em uma sociedade de forte apelo audiovisual. O emprego de novas tecnologias não deve ser descartado, mas avaliado criteriosamente. O risco não é usar esses recursos, mas se tornar escravo deles. Um pastor não pode gastar mais tempo preparando slides para apresentar o seu sermão do que estudando o texto bíblico e orando diante de Deus, por si e pelos seus ouvintes. Como bem observou o Dr. Moller, Deus decidiu ser ouvido, e não visto.5
5 Albert Mohler, Deus não está em silêncio (São José dos Campos: Fiel, 2011), p. 22-28.
A pregação contemporânea sofre de foco em necessidades sentidas
A principal necessidade do ser humano é a paz com Deus por meio de Cristo. Desconsiderar essa verdade torna o púlpito um centro de aconselhamento para tratar realização profissional, saúde financeira e relacionamentos interpessoais. A psicologização do púlpito é uma triste realidade no cenário evangélico brasileiro. O pastor precisa voltar-se para o estudo profundo das Escrituras e para a pregação expositiva. “Pequenos sermões tópicos, carregados de ilustrações sentimentais, que se ouvem nos púlpitos […] não satisfazem as mais profundas necessidades espirituais dos ouvintes”.6
Uma obra para auxiliar no combate a todos estes problemas
Cartas aos meus alunos: Sobre a pregação, de Jason K. Allen
Agora, o livro que você tem em mãos é muito precioso e oportuno para a realidade brasileira. Estou convencido de que esta obra pode ajudar a corrigir deficiências e encorajar os pastores no exercício da pregação. Inspirado em Spurgeon, que ficou conhecido como o “príncipe dos pregadores”, e em sua famosa obra Lições aos meus alunos (publicado no Brasil pela Editora PES), o Dr. Jason Allen faz uma belíssima apresentação do ministério da pregação. São três instrutiva s seções.
Antes de tudo, ele aborda a preparação do pregador: a vocação para a pregação, a correta teologia da pregação, o cultivo da piedade, a necessidade de pregar com autoridade, os desafios da pregação expositiva e recomendações práticas. Na segunda seção, ele trabalha a preparação do sermão: exegese, estrutura, clareza nos pontos do sermão e a necessária conexão
6 A. R. Crabtree, A doutrina bíblica do ministério pastoral (JUERP: Rio de Janeiro, 1981), p. 81.
com o evangelho. Por fim, Allen encoraja o crescimento na arte de pregar. Isso implica tomar cuidado com os temas abordados, demonstrando sabedoria no tom da fala e na linguagem empregada. O pregador deve perseverar na missão de pregar a Palavra com fidelidade, excelência e sabedoria.
A pregação é a tarefa mais importante do mundo. A vitalidade da igreja começa no púlpito da igreja. Portanto, para a glória de Deus e para o bem da igreja, rogamos ao Senhor que levante uma nova geração de fiéis pregadores do evangelho.
Judiclay Santos, pastor da Igreja Batista do Jardim Botânico (RJ), fundador e diretor da Pro Nobis Editora
Prefácio do autor
Bons livros são como bons amigos. Ambos trazem consigo palavras de instrução e conselho. Eles são companheiros na jornada da vida, fornecendo informações e encorajamento ao longo do caminho.
Para o ministro cristão, essa verdade é dupla. Ser ministro é ser leitor. Leem-se livros para conhecer a Bíblia e amadurecer como quem a ensina. E, da mesma forma que um amigo, Deus muitas vezes nos apresenta um livro na hora certa. Isso é exatamente o que Deus fez por mim.
Nos meus primeiros dias de ministério, enquanto ainda processava o chamado divino e procurava saber as implicações da vida ministerial, um amigo me presenteou com Lições aos meus alunos, de Charles Spurgeon. O príncipe dos pregadores entrou na minha vida na hora certa. O livro se mostrou não apenas útil, mas também transformador. Aprendi que Lições aos meus alunos e o homem que o escreveu haviam preparado e inspirado gerações de ministros como eu. Fui fisgado.
Quem foi Charles Spurgeon?
Nas palavras de Carl F. H. Henry, Charles Spurgeon foi “um dos imortais do cristianismo evangélico”.1 Henry definiu
1 Carl F. H. Henry, citado em: Lewis Drummond, Spurgeon: Prince of Preachers, 3. ed. (Grand Rapids: Kregal, 1992), p. 11.
Spurgeon assim por causa da amplitude do ministério dele e da repercussão contínua após sua morte.
Spurgeon foi um fenômeno. Ele pregou na maior igreja do mundo protestante situada em Londres, a cidade mais poderosa do mundo. Ainda assim, seu ministério chegou mais longe, percorrendo os extensos tentáculos do Império Britânico.
Spurgeon incorporou tudo que é certo sobre o ministério bíblico e tudo que a igreja atual deve recuperar no século 21: fidelidade bíblica, fervor evangelístico, ministério abnegado, poder no púlpito, consciência social e defesa da fé.
Como pregador, Spurgeon pastoreou a igreja londrina chamada Metropolitan Tabernacle [Tabernáculo Metropolitano], onde ministrou por quase quarenta anos à congregação de cerca de 6 mil membros. Spurgeon é comumente classificado com George Whitefield como um dos dois maiores pregadores da língua inglesa. Em 1858, ele pregou para uma multidão de 23.654 pessoas no Crystal Palace [Palácio de Cristal] da cidade, e já no final de seu ministério havia pregado para mais de 10 milhões de pessoas sem o auxílio da tecnologia moderna.
Como autor, a produção de Spurgeon era incessante. Ao morrer, sua publicação compreendia cerca de 150 títulos. Seus sermões, editados semanalmente e distribuídos em todo o mundo, venderam mais de 56 milhões de cópias durante sua vida. Na época de Spurgeon, eles foram traduzidos para mais de quarenta idiomas e totalizam hoje 62 pesados volumes. Além disso, ele escreveu para várias revistas e diários, incluindo-se a revista Sword and Trowel [Espada e a espátula].
O Spurgeon humanitário usou seu poder contra os grandes males sociais da época. Ele fundou dois orfanatos e um ministério para ajudar mulheres vulneráveis ou que viviam em promiscuidade. Foi um fervoroso abolicionista, fundou um seminário para estudiosos de teologia e iniciou um ministério
de distribuição de literatura para pastores carentes. Spurgeon promoveu o fornecimento de roupas e de refeições para necessitados — membros ou não do Metropolitan Tabernacle. Aos cinquenta anos havia iniciado nada menos que 66 ministérios sociais, todos projetados para atender necessidades físicas e espirituais.
Como apologeta, Spurgeon defendeu com ardor suas convicções batistas, evangélicas e reformadas. Ele atacou o hipercalvinismo e o arminianismo, o campbellismo2 e o darwinismo.
De modo mais destacado, Spurgeon defendeu a pessoa e obra de Cristo e a ampla inspiração e infalibilidade das Escrituras. Os esforços apologéticos de Spurgeon foram testemunhados com mais nitidez por conta da “Downgrade Controversy” [“Controvérsia do Declínio”], quando ele desafiou a Baptist Union [União Batista] por algumas questões teológicas e, por fim, se retirou dela.3
Como evangelista, Spurgeon pregou o evangelho sem cessar e ganhou pecadores para Cristo de forma constante. Ele permanece um modelo insuperável de apego firme à soberania divina e à responsabilidade humana no evangelismo. Na verdade, é difícil encontrar qualquer sermão pregado por Spurgeon que não termine com a apresentação da cruz. Ao final de seu ministério, Spurgeon havia batizado quase 15 mil pessoas.
2 Designação dada ao movimento dos seguidores de Alexander e Thomas Campbell (1788-1866), um grupo restauracionista que culminou na criação das Churches of Christ (Igrejas de Cristo, no Brasil). O movimento se destacou na época pela posição contrária ao uso de instrumentos musicais nos serviços religiosos, pois não encontrara exemplos deles nas páginas do Novo Testamento. [N.T.]
3 A controvérsia ocorreu pelo fato de Spurgeon denunciar publicamente que alguns membros da União Batista não consentiam com a infalibilidade das Escrituras, a necessidade da expiação realizada por Cristo (e sua natureza substitutiva), a existência ou a eternidade do inferno, e ainda promoviam o universalismo. [N.T.]
O ministério de Spurgeon ainda está envolto em uma certa mística. Isso ocorre, em parte, por ter sido ele um gênio. Mas isso também se deveu à sua incansável ética de trabalho ministerial, que levou David Livingstone a perguntar a Spurgeon: “Como você consegue fazer o trabalho de dois homens em um único dia?”. Este, referindo-se ao Espírito Santo, respondeu: “Você se esqueceu de que somos dois”.
Lições aos meus alunos
O cerne do legado de Spurgeon consiste em sua obra clássica Lições aos meus alunos. O livro se desenvolveu de forma orgânica, procedente do fluxo natural das interações de Spurgeon com os alunos do seu colégio de pastores às sextas-feiras.
Como esses homens haviam passado a semana em estudos rigorosos, Spurgeon classificou os encontros às sextas-feiras como mais informais. Ele tratava de aspectos práticos da pregação e do ministério pastoral. Com o tempo, os conselhos de Spurgeon nessas aulas foram registrados e compilados em forma de livro. Assim, as Lições aos meus alunos estão repletas de conselhos bíblicos e práticos para os ministros. Spurgeon versa sobre tudo: desde o chamado ao ministério até o chamado aos membros da igreja. Ele vai e volta do teológico para o prático, das convicções às preferências, do secular para o espiritual.
Ao proceder assim, Spurgeon concedeu aos alunos um texto que abrange quase toda a gama de questões relacionadas à pregação e ao ministério pastoral. Lições aos meus alunos provou ser uma obra atemporal, benéfica principalmente a todo ministro que a lê.
Cartas aos meus alunos
Assim, este volume — e toda a série — foi escrito segundo a venerável tradição de Lições aos meus alunos, de Spurgeon. Sei o quanto ele me ajudou e quero ajudar você da mesma forma.
Sou curioso por natureza; quando fui ordenado ministro, tornei-me ainda mais inquiridor. Felizmente, tive alguns mentores que responderam às minhas perguntas e me indicaram outras pessoas que poderiam respondê-las.
Agora me encontro do outro lado dessas perguntas e conversas. Como presidente de seminário, dou aulas sobre pregação, ministério pastoral e liderança. Quase todos os dias converso com pastores e alunos sobre esses tópicos.
Encontram-se aqui as minhas melhores respostas. Ao longo dos anos, mantive minha correspondência, algumas sob a forma de cartas literais, outras mediante e-mails, palestras em sala de aula, conversas telefônicas ou sermões e apresentações em conferências. Essas respostas provieram de minhas aulas e outras ainda migraram do meu site, onde costumo escrever sobre pregação e ministério pastoral.
Na função de presidente de seminário, dedico minha vida a preparar os chamados por Deus para um ministério mais fiel e eficaz. Embora a preparação seja essencial, ela não termina quando a pessoa passa pela graduação. Crescer no ministério é uma busca da vida toda, e o mesmo ocorre com o crescimento como pregador. Este livro, agora em suas mãos, destina-se a ajudá-lo a atingir esses objetivos.
PRIMEIRA PARTE
Preparação como pregador
Certeza do seu chamado
É essencial a certeza da vocação para o aspirante a pregador. Em relação à importância ministerial, a certeza do seu chamado para pregar só é superada pela certeza do seu relacionamento salvífico com Cristo. Você não deveria — na verdade, não pode — buscar ministrar no púlpito sem ter certeza do seu chamado.
Esse ponto é tão vital que escrevi um livro inteiro sobre ele, Discerning Your Call to Ministry [Discernindo o seu chamado ao ministério].4 Ali, apresento a você um tratamento mais completo do tema. Aqui, quero apontar apenas algumas das marcas principais que você deve manter diante de si. Na verdade, imploro que as mantenha diante de si. Seu chamado ao ministério é a consideração mais urgente que qualquer outra coisa.
Deus está me chamando?
O apóstolo Paulo expôs a urgência do chamado ao ministério quando apresentou uma série de perguntas retóricas no livro de Romanos, sendo a primeira a mais direta: “Como ouvirão sem um pregador?” (cf. Rm 10.14). Com uma lógica perfeita, Paulo nos lembra que a pregação do evangelho de
4 Jason K. Allen, Discerning Your Call to Ministry: How to Know for Sure and What to Do about It (Chicago: Moody, 2016).
Jesus Cristo é o elo indispensável no cumprimento da Grande Comissão. Ao fazer isso, ele nos instrui no caminho do reino — Deus chama pregadores para servirem à sua igreja em cada geração.
A pergunta atemporal de Paulo é especialmente relevante para a igreja do século 21 e para você em nível pessoal. As igrejas evangélicas estão no meio de uma enorme transição geracional. Pastorados vagos e púlpitos vazios pontilham o cenário atual. Entretanto, os púlpitos vazios não nos preocupam porque Cristo está edificando sua igreja. Ele prometeu isso com clareza em Mateus 16.18. Cristo não espera por voluntários ministeriais; ele separa pastores de forma soberana para servir à sua igreja e pregar o seu evangelho. Talvez você seja um deles.
A igreja é o instrumento no processo, tendo sido encarregada de chamar os chamados, e todo homem de Deus qualificado deve considerar se Deus o chama para o ministério pastoral. Assim, é bom e saudável que você sinta o chamado divino para pregar e que o busque. Para ter certeza do chamado ao ministério, considere comigo algumas das marcas essenciais do homem separado para ele.
Desejo ardente
O principal indicador do chamado para o ministério é o desejo ardente da obra. Em 1Timóteo 3, Paulo começa a lista de qualificações para o ministério com a afirmação: “Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja” (v. 1). Na verdade, Paulo testificou que ministrou como alguém sob “obrigação”, temeroso do juízo divino caso não pregasse (1Co 9.16).
Em Lições aos meus alunos, Charles Spurgeon argumentou: “O primeiro sinal do chamado celestial é o profundo desejo da obra que absorve tudo. A fim de constituir o verdadeiro chamado ao m inistério, deve haver o desejo irresistível e
irreprimível e a sede intensa de contar aos outros o que Deus fez com a nossa alma”.5
Os mais usados por Deus carregaram esse fardo da alma. Homens como Jonathan Edwards, George Whitefield e Spurgeon possuíam essa compulsão interior que, como um poço artesiano, vertia continuamente poder e urgência em seu ministério.
O pregador pode não sentir todos os domingos o que Richard Baxter sentiu quando firmemente afirmou: “Eu preguei, como se fosse a última vez, e como um moribundo para moribundos!”.6 Mas a pessoa chamada por Deus conhece o desejo constante e contínuo de atuar no ministério. Afinal, como disse David Mathis, “Deus quer homens que queiram realizar a obra, não homens que a façam apenas pelo senso de dever. Ele agarra os pastores pelo coração; não lhes torce o braço”.7
Vida santa
A segunda marca essencial do chamado ao ministério é a vida santa. O texto de 1Timóteo 3.1-7 apresenta uma lista clara e inegociável de qualificações de caráter para o ministério. A lista é prescritiva, não descritiva; é reguladora, não sugestiva. Em resumo, o ministro de Deus deve ser irrepreensível. Antes de a igreja avaliar seus dons ou talentos, ela deve primeiro avaliar seu caráter. Sem dúvida, se você aspira ao ministério, pode ser útil ser cativante, eloquente ou contar com
5 Charles Spurgeon, Lectures to My Students: A Selection from Addresses Delivered to the Students of The Pastor’s College, Metropolitan Tabernacle (London: Passmore and Alabaster, 1875), p. 23. [Lições aos meus alunos: Homilética e teologia pastoral (PES, 2014), 3 vols.]
6 Richard Baxter, The Poetical Fragments of Richard Baxter, 4. ed. (London: Samuel and Richard Bentley, 1821), p. 35.
7 David Mathis, “Is God Calling Me to Be a Pastor?”. Desiring God, 6 dez. 2017. Disponível em: https://www.desiringgod.org/articles/ is-god-calling-me-to-be-a-pastor.
uma personalidade atraente. No entanto, antes de procurar essas forças secundárias, você deve primeiro atender às qualificações primárias e inegociáveis de 1Timóteo 3.
Além disso, as qualificações de 1Timóteo 3 não representam apenas o mínimo a ser alcançado. Em vez disso, elas são o estilo de vida que você deve manter, o caráter a ser cultivado e a responsabilidade contínua para com a Palavra e o povo de Deus. Seu chamado ao ministério está ligado ao seu caráter bíblico de modo inseparável. Este último não pode — e não deve — ser separado do primeiro.
Rendição da vontade
O apóstolo Paulo foi separado para o ministério desde o ventre de sua mãe e testificou que ele se tornou “ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus” (Cl 1.25). Paulo escolheu pregar porque Deus o escolheu para pregar. Todo chamado para pregar se origina no céu; assim, nossa resposta deve ser a rendição total. Esta é a terceira marca essencial de alguém chamado ao ministério.
Na verdade, “render-se ao ministério” costumava ser uma expressão comum nas igrejas evangélicas dos Estados Unidos. Você faria bem em recuperar essa expressão porque é assim que se entra no ministério — por meio da rendição. O chamado de Deus à pregação da Palavra surge com a expectativa de que você irá quando e onde ele o chamar. Seus ministros são agentes, separados para o serviço de acordo com o plano providencial dele. Conheço essa dinâmica em primeira mão. Nasci e cresci em Mobile, Alabama. No entanto, nos últimos 20 anos, morei longe de minha cidade natal. Servi em vários pontos ministeriais nos estados de Alabama, Kentucky e, agora, Missouri. Cada um trouxe uma bênção inigualável, mas todos eram distantes de casa. Não entre no ministério caso pretenda confinar o
chamado divino ao seu CEP. Entregue a sua vida e vocação diante do Senhor. Siga seu chamado aonde ele o levar.
Habilidade para ensinar
O chamado ao ministério deve ser capaz de ensinar a Palavra de Deus. Em 1Timóteo 3, essa qualificação distingue o ofício de ministro dos ofícios de diácono e presbítero. Um ministro pode servir à igreja de muitas maneiras, mas sua responsabilidade é indispensável e inegociável: pregar e ensinar a Palavra de Deus.
Se você está no início do chamado ministerial, isso não significa que deva ser um pregador talentoso e polido. Lembro-me bem dos meus primeiros sermões; eles não contavam com nada de especial. Na verdade, quando preguei meu primeiro sermão, fiz todas as minhas anotações em cerca de dez minutos. Com mais tempo de sobra, eu não tinha certeza do que fazer, então decidi voltar às minhas anotações pregando tudo de novo, mas com um toque diferente. Em suma, eu estava longe de ser polido!
A pregação é uma arte refinada ao longo de anos de trabalho e estudo árduos, mas a melhor maneira de discernir seu dom para pregar é pregar. Inscreva-se para ajudar uma congregação que precisa de alguém para substituir um pastor doente ou ausente. Procure oportunidades para ensinar na escola dominical ou em pequenos grupos. Voluntarie-se para o ministério de visitação aos presídios. Aproveite todas as oportunidades que puder para estudar e ensinar a Palavra de Deus.
Ao proceder assim, aqui estão algumas perguntas sobre sua capacidade de ensinar: A preparação e a entrega de sermões o satisfazem? O povo de Deus se beneficia da sua ministração da Palavra? Sua igreja reconhece seus dons e confirma sua habilidade de pregar e ensinar a Palavra de Deus?
Se a resposta a cada uma dessas perguntas for um retumbante sim, então é bem provável que Deus o esteja chamando para o ministério pastoral.
Conclusão
Meu amigo, lembre-se que qualquer homem pode escolher o ministério, e muitos homens não qualificados o fizeram. Só uns poucos escolhidos são chamados por Deus. Separar o chamado humano do chamado divino é de importância urgente.
Se Deus o está chamando para ser seu servo, então tome consciência disso pelas palavras de Martyn Lloyd-Jones: “A obra da pregação é o chamado mais elevado, maior e mais glorioso para o qual alguém pode ser chamado”.8 De fato, se Deus o chamou para ser seu servo, não se rebaixe a ponto de se tornar um rei entre os homens.
8 David Martyn Lloyd-Jones, Preaching and Preachers (Grand Rapids: Zondervan, 2011), p. 9. [Pregação e pregadores: (Fiel, 2022).]