Mulheres - conselhos bíblicos e sabedoria prática para as batalhas da vida

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Kristin Kellen exemplifica neste livro o melhor de um modelo centrado na Bíblia e clinicamente bem fundamentado. Aqueles com sólida formação teológica aprenderão muito, a fim de aprimorar suas habilidades de aconselhamento, e aqueles com formação clínica especializada aprenderão bastante, a fim de aumentar sua profundidade teológica. O resultado final? Leia este livro e, não importa a partir de onde comece, você sairá mais bem equipado para cuidar do povo de Deus.

Nate Brooks, professor assistente de aconselhamento cristão, Reformed Theological Seminary, Charlotte

O aconselhamento ocorre em muitos contextos e entre muitas combinações distintas de pessoas. A Dra. Kellen nos ajuda a pensar no aconselhamento de diferentes mulheres em um contexto ministerial. Há um grande poder nesses relacionamentos de cuidado dentro de uma comunidade redentiva. A autora nos ajuda a garantir que esse poder seja usado para a cura. Sou grato pelo seu trabalho e o recomendo. Espero que este livro seja lido não apenas por mulheres que desejam se equipar para aconselhar, mas também por pastores que desejam ser pastores mais eficazes para toda a congregação.

Brad Hambrick, pastor de aconselhamento, The Summit Church, Durham, NC

Repetidas vezes, líderes de ministérios de mulheres me perguntam se há um recurso para ajudá-las a ministrar a mulheres em crise. Sou grata por agora poder recomendar este livro. Kristin Kellen não apenas fornece uma estrutura bíblica para o aconselhamento, mas também fornece ao leitor ajuda prática para questões específicas comuns em mulheres. Este é um recurso obrigatório para a biblioteca de qualquer líder que queira estar mais bem equipado para atender mulheres enfrentando situações difíceis.

Kelly D. King, especialista em ministério de mulheres, Lifeway Christian Resources

Kristin Kellen começa com uma teologia da feminilidade como base para entender os tópicos do aconselhamento voltado às mulheres. Aprecio o desejo de Kristin de ajudar as mulheres a pensar biblicamente sobre seus problemas e circunstâncias. Apoiada nos anos de experiência em aconselhamento, a autora mostra estar atenta às questões nevrálgicas das mulheres, o que fortalece as sugestões práticas dadas ao final de cada capítulo.

Lilly Park, professora associada de aconselhamento bíblico, Southwestern Baptist Theological Seminary

Fornecendo valiosos princípios fundamentais, o livro Mulheres é acessível, útil e profundamente prático. Kristin nos dá uma visão geral analisada de cada tópico de aconselhamento. No entanto, ela sabiamente nos lembra de procurar conhecer cada pessoa e suas lutas únicas. Um ponto forte do livro são as perspectivas teológicas que Kristin oferece para cada questão, ajudando a orientar as conselheiras a entender os problemas biblicamente enquanto as assiste no estabelecimento de uma trajetória para o aconselhamento.

Darby A. Strickland, professora e conselheira, Christian Counseling and Educational Foundation

Mulheres

Conselhos bíblicos e sabedoria prática para as batalhas da vida

Rio de Janeiro, RJ

Mulheres

Conselhos bíblicos e sabedoria prática para as batalhas da vida

Traduzido do original em inglês: Counseling Women: Biblical Wisdom for Life’s Battles

Copyright © 2022 Kristin Kellen

Publicado originamente por B&H Academic Nashville, Tennessee

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por PRO NOBIS EDITORA

Rua Professor Saldanha 110, Lagoa, Rio de Janeiro-RJ, 22.461-220

1ª edição: 2024

ISBN: 978-65-81489-53-3

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo citações breves, com indicação da fonte.

Gerência editorial

Judiclay Silva Santos

Conselho editorial

Judiclay Santos

David Bledsoe

Paulo Valle

Gilson Santos

Leandro Peixoto

Tradução: Maiza Ide Ritomy

Preparação de texto: Gabriel Lago

Revisão de provas: Isabela Fontenelles

Capa: Filipe Ribeiro

Diagramação: Marcos Jundurian

Nesta obra, as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA), salvo informação em contrário.

As opiniões representadas nesta obra são de inteira responsabilidade do autor e não necessariamente representam as opiniões e os posicionamentos da Pro Nobis Editora ou de sua equipe editorial.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Kellen, Kristin L.

Mulheres : conselhos bíblicos e sabedoria prática para as batalhas da vida / Kristin L. Kellen; tradução Maiza Ide Ritomy. – 1. ed. – Rio de Janeiro : Pro Nobis Editora, 2024.

Título original: Counseling women.

ISBN 978-65-81489-53-3

1. Bíblia - Ensinamentos 2. Feminilidade 3. Mulheres - Aconselhamento 4. Mulheres - Aspectos religiosos 5. Saúde mental I. Título.

24-191561

Índices para catálogo sistemático:

CDD-158

1. Mulheres : Aconselhamento cristão : Comportamento de ajuda : Psicologia aplicada 158

Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415

Tel.: (21) 2527-5184 contato@pronobiseditora.com.br www.pronobiseditora.com.br

À minha mãe, minha primeira conselheira e professora

Prefácio à edição brasileira

Sumário

Seção 1: Uma estrutura para compreender as mulheres

1. A mulher como Deus a fez: Uma teologia da feminilidade .......

2. O que foi quebrado: O impacto do pecado

3.

4. A necessidade das Escrituras: As soluções de Deus para os problemas da vida

5. Aconselhando-se uns aos outros: Como ajudar

Seção 2: Problemas comuns no aconselhamento 7.

18.

19.

20.

Prefácio à edição brasileira

A mulher foi criada perfeita, sem máculas, perfeita adoradora do Deus maravilhoso, perfeita feita à imagem de Deus, perfeita em seu relacionamento com seu marido, perfeita para cultivar e guardar, perfeita para viver diante de Deus. Mas o pecado quebrou a perfeição. A cobiça, a mentira e o desejo de ser Deus tomou o seu coração e ela deixou de ser perfeita.

No meio desta bagunça que foi criada com o pecado, surge a necessidade de aconselhamento e direcionamento do seu coração. E não há nada mais poderoso e eficaz do que aconselhar através da Palavra de Deus.

Não é à toa que Paulo escreve a Timóteo e diz que toda escritura é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça (2Tm. 3.16).

O aconselhamento baseado na Palavra de Deus traz Cristo para o centro, traz soluções bíblicas e reais para o pecado, busca um relacionamento intencional e sempre aponta para aquele que é o único capaz de restaurar corações quebrados: Jesus.

Kristin trata das características femininas com muita verdade e delicadeza. Mostrando nosso propósito primário e depois como tudo mudou com a queda. É importante lermos vez após vez sobre o que aconteceu desde o princípio, qual o plano original de Deus e como podemos desviar do pecado e louvar a Deus.

Ao aconselhar outra mulher é preciso ter em mente suas características únicas, sua fase de vida, sua história e seu relacionamento com o Senhor. Devemos orar pela aconselhada e rogar a Deus que lhe abra os olhos e ouvidos para compreender.

Me lembro que umas das piores quedas que tive na infância, foi em um estacionamento. Eu corri para chegar primeiro onde o carro estava estacionado, mas minhas pernas longas e desajeitadas se atrapalharam no caminho e nadei nas pedrinhas que cobriam o chão. Pior do que a queda, era o spray antisséptico que ardia até o fio de cabelo. Tirar a terra do machucado, lavar e tratar era um cuidado necessário para que o ferimento não piorasse. Quando aconselhamos, fazemos um trabalho parecido com hospital, limpando as feridas, aplicando um remédio para cicatrizar, cobrindo e protegendo. Porém, todo este cuidado só tem sentido se for feito e guiado pelo Médico dos médicos.

Depressão, luto, violência, pornografia, adultério, desordens alimentares, são apenas algumas das principais mazelas e medos que acometem as mulheres. A autora sempre traz a perspectiva bíblica e a compara com a perspectiva secular. Ela discorre sobre o problema, que teve seu princípio no Éden, e aponta para a solução que é nosso Salvador Eterno.

Este livro é um excelente material para todas as pessoas que querem lidar com aconselhamento de forma intencional. E por intencional eu não quero só me referir a horários marcados com o pastor. Eu quero te encorajar a ter olhos e ouvidos atentos aos corações ao seu redor que precisam de acalento, exortação, sustento e instrução. Estar atenta às pessoas que tem sofrido caladas e precisam ser relembradas do amor de Deus em suas vidas.

Assim como Cristo respondeu a cada pessoa que ele conheceu de forma individual, assim podemos compreender cada situação de cada mulher que aconselhamos. E com certeza este livro vai te ajudar a estar melhor preparada para esta tarefa. Pois além de direcionamentos práticos e bíblicos para várias situações diferentes em relação à aconselhada, também temos direcionamentos para nós, como conselheiras.

O aconselhamento mútuo não é uma opção; não é apenas para os mais treinados ou para aqueles que sentem um chamado para isto. Não! O aconselhamento e instrução na Palavra é para todos nós; é um princípio bíblico ensinado por Paulo em Colossenses 3.16.

Sendo assim, obedeça, cresça e floresça! O corpo de Cristo cresce mais forte quando cresce e se afia junto.

Que o Senhor nos ajude nesta tarefa de mulheres conselheiras, para sua honra e glória.

Agradecimentos

Agradeço ao meu marido e à minha família pela paciência durante a redação deste livro. Enquanto escrevo estes agradecimentos, minha filhinha de três semanas está aconchegada ao meu lado. Meu marido e meus filhos foram muito gentis comigo nessa empreitada. Também sou grata por cada mulher que aconselhei na última década ou mais. Aprendi mais com elas do que jamais aprenderia em uma sala de aula. Muitas das conversas que tivemos estavam passando em minha mente enquanto eu escrevia. Estou em dívida com elas.

Também sou grata aos meus colegas por seu apoio contínuo à minha docência e escrita. Eu não poderia estar em uma instituição melhor para se trabalhar — o Southeastern Baptist Theological Seminary é excelente, e eu sonho ser como os seus professores um dia. Além da Southeastern, sou grata por meu grupo maior de colegas no aconselhamento bíblico, particularmente homens como Robert Jones e Rob Green, com quem acabei de terminar outro manuscrito de livro de aconselhamento bíblico. As conversas com eles me tornaram uma conselheira e professora melhor. Sou grata àqueles que forneceram apontamentos sobre este manuscrito, especialmente Lauren Lanier. Por fim, agradeço à equipe da B&H Academic, que edita, corrige e me desafia a pensar e escrever com mais clareza. Cada um destes grupos me poliu de maneiras que eu jamais conseguiria sozinha.

Apresentação

Como professora de aconselhamento bíblico em um grande Seminário Batista do Sul e uma das poucas professoras de aconselhamento entre nossos seminários irmãos, muitas vezes me pedem que fale sobre as necessidades específicas das mulheres em aconselhamento. A tarefa tanto empolga quanto me põe para pensar. Fico empolgada porque as pessoas reconhecem existirem necessidades únicas, mas isso me faz pensar, pois acredito firmemente que mulheres e homens são mais parecidos do que diferentes. Somos ambos portadores da imagem de Deus, pecadores necessitados da graça e chamados a seguir a Cristo e sua Palavra. No entanto, nós, como mulheres, temos papéis e funções únicas, que complementam nossos irmãos para juntos podermos espelhar uma imagem mais bela de Deus.

O objetivo deste livro, então, é triplo: primeiro, apresentar uma abordagem de aconselhamento que considera as mulheres como os seres únicos que são. As questões de aconselhamento abordadas são diferenciadas e voltadas especificamente às mulheres, e presume-se que a conselheira também seja uma mulher. Além disso, os princípios incluídos não são exclusivos; eles certamente são úteis para homens que aconselham mulheres ou para aconselhar homens. O objetivo é ser amplamente aplicável enquanto ainda considera como as mulheres são únicas em como Deus as criou.

Em segundo lugar, o objetivo deste livro é fornecer uma compreensão básica das questões de aconselhamento que são comuns às mulheres. Nenhum livro é capaz de ser totalmente completo; portanto, o objetivo desta obra é ajudar os leitores a obter uma compreensão fundamental tanto do aconselhamento adequado quanto de um apanhado de questões

comuns. Ela fornece uma lista de recursos adicionais para o leitor explorar a fim de obter mais informações ou aprofundar o estudo sobre algum assunto de interesse.

Por fim, o objetivo deste livro é fornecer um equilíbrio saudável entre o aconselhamento bíblico (como ele tem sido feito tradicionalmente) e a prática clínica. A realidade é que muitos conselheiros em ambientes clínicos simplesmente não podem ter conversas espirituais abertas como poderiam em ambientes ministeriais. O objetivo aqui é fornecer os dois lados da equação, um entendimento clínico que pode ser necessário nesses tipos de ambientes, mas também um ensinamento bíblico claro a partir de uma perspectiva de aconselhamento bíblico, a fim de estabelecer uma estrutura sólida para os cristãos que se encontram em ambientes clínicos seculares.

Este livro está organizado em duas partes principais. A primeira seção, que vai dos Capítulos 1 a 6, fornece um ensino de base para o aconselhamento a partir de uma perspectiva bíblica. O Capítulo 1 explora quem somos como seres humanos e, mais especificamente, quem são as mulheres, enquanto percorremos Gênesis 1–2. O Capítulo 2 foca a realidade do pecado, explorando Gênesis 3. O Capítulo 3 discute o contexto de uma mulher, aquelas vozes que falam à sua vida e influenciam as decisões que ela toma. O Capítulo 4 estabelece a necessidade de a Palavra de Deus falar na vida de nossas aconselhadas e como a Bíblia fornece uma estrutura para o aconselhamento. O Capítulo 5 propõe uma metodologia simples de aconselhamento, e o Capítulo 6 conclui esta seção com uma exploração das fases da vida da mulher. A segunda seção do livro percorre sistematicamente vários tópicos que tendem a se apresentar na vida de uma mulher. Esta seção não é capaz de abranger tudo, mas fornece uma boa base para o leitor começar.

Escrever este livro foi uma jornada, e, de muitas maneiras, apoio-me nos ombros de outras mulheres e homens que escreveram sobre essas mesmas lutas da vida. Como alguém que ministra cursos sobre aconselhamento de mulheres, conheço bem os recursos específicos para este assunto. Muitas outras mulheres escreveram textos sólidos que usei em minha própria formação e ao escrever este livro. Espero que a obra forneça orientações atualizadas para o aconselhamento de mulheres e equilibre bem os ensinamentos bíblicos com a prática do aconselhamento formal.

Espero que cada leitor conclua este livro mais preparado para servir nossas irmãs e incentivá-las de maneiras que honrem ao Senhor. Contudo, também é minha esperança que cada leitor adore ao Senhor por sua provisão ao longo das provações e que seja desafiado a aplicar a Palavra de Deus à sua própria vida, ao se deparar com essas lutas. A Palavra de Deus é rica em sabedoria: precisamos apenas aplicá-la corretamente.

UMA ESTRUTURA PARA COMPREENDER AS MULHERES

A mulher como Deus a fez: Uma teologia

da feminilidade

Antes de pensarmos em aconselhar uma mulher, devemos entendê-la bem. Uma parte importante na compreensão das mulheres é saber quem Deus a criou para ser: sua singularidade como portadora da imagem de um Deus perfeito e santo. Devemos conhecer tanto suas características universais (o que é verdade para todas as mulheres) quanto específicas (sua situação única). Devemos ainda ter um ponto de referência adequado ao buscar entendê-la como pecadora, sofredora e santa.

Este capítulo percorre Gênesis 1 e 2, analisando os principais componentes de que cada mulher foi criada para ser. Muito será extraído de verdades universais sobre homens e mulheres. Os homens e as mulheres têm muito em comum. Contudo, as mulheres também são únicas: elas têm papéis diferentes e tendências distintas. Exploraremos essas áreas de sobreposição e distinção em nossa discussão a seguir, tecendo algumas conexões com a prática do aconselhamento.

Gênesis 1.26-31; 2.7, 20, 23-25

Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,1 conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre

1 Aqui, a palavra “homem” em hebraico denota seres humanos, não apenas pessoas do sexo masculino.

A mulher como Deus a fez: Uma teologia da feminilidade

todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez. Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia.

[…] Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.

[…] Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea.

[…] E disse o homem [após a criação de Eva]: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.

A mulher como Deus A fez

Mulheres como seres criados (Gn 1.26)

Depois que Deus criou a terra e todas as outras criaturas, no sexto dia ele criou o homem e a mulher. Este é um ponto que não devemos perder: somos seres criados. Nós não criamos a nós mesmos; foi nosso Deus Criador quem intencionalmente se propôs a nos criar. Dessa realidade vêm duas verdades importantes.

Primeiro, a criação do homem e da mulher foi planejada. Foi intencional. Deus não estava respondendo a alguma falta em sua criação, mas determinou que seria bom que houvesse pessoas como ele (mais sobre isso a seguir). Não somos uma reflexão tardia para Deus, e sim planejados e feitos com propósito.

Em segundo lugar, como seres criados, somos dependentes de Deus. Ele define nosso propósito, nossos papéis e nossas funções e detém autoridade

Mulheres como nosso Criador sobre cada uma dessas coisas. Toda a Escritura aponta para a necessidade humana por Deus para tudo: alimentos, trabalho, propagação da espécie, libertação do pecado e da morte e, finalmente, recriação de volta ao que Deus havia originalmente estabelecido. O homem e toda a criação são totalmente dependentes de Deus para a continuação da vida (1Tm 6.13).

Essa realidade era verdadeira no jardim mesmo antes da queda; não é o resultado do pecado. Os primeiros cinco dias da obra de criação de Deus mostram do que os humanos precisavam para sobreviver, tudo o que veio de Deus. Mesmo no jardim, Deus providenciou alimentos, companheirismo, oportunidades para exercer domínio e a capacidade de gerar filhos e continuar o crescimento da comunidade.

O Salmo 139 é um comentário útil, que ensina uma importante lição relacionada com os humanos como seres criados: somos intimamente conectados com Deus e conhecidos por ele. Pelo próprio ato de sermos criados por ele, também somos conhecidos por ele. Ele nos teceu no ventre de nossa mãe (Sl 139.13, NAA) e nos conheceu quando estávamos sendo formados no oculto (v. 15). Ele sabe tudo sobre nós, precisamente porque nos criou.

Como conselheiras, vemos que é imperativo reconhecer que o aconselhamento não pode ser feito independentemente do Criador. Devemos reconhecer as pessoas humanas como seres dependentes, em vez de independentes e autodirigidos, para não correr o risco de acreditar que somos as únicas capazes de discernir a necessidade de mudança e capazes, por nós mesmas, de nos movermos em direção a essa mudança. Ao reconhecer nosso Criador, estabelecemos que dependemos totalmente dele para determinar nossa necessidade de mudança e de força para realizá-la. Devemos reconhecer que somos intimamente conhecidas e conectadas ao nosso Criador.

Mulheres como possuidoras de domínio (Gn 1.26, 28)

Tanto em Gênesis 1.26 quanto 28, Deus diz que as pessoas devem “dominar” sua criação. O primeiro exemplo vem logo depois, quando Adão tem a tarefa de nomear os animais. Contudo, é importante observar que se trata de um domínio delegado; os seres humanos não têm domínio absoluto sobre a criação de Deus. Em vez disso, somos mordomos daquilo que Deus colocou sob nós, com grandes responsabilidades.

Além disso, homens e mulheres devem ter cuidado com a criação de Deus. Como o escritor de Gênesis observa em 2.15, devemos “cultivá-la e guardá-la”. Toda a criação, desde a menor formiga até a criança mais preciosa, deve ser importante para nós. Devemos proteger e cultivar a criação de Deus para ajudá-la a funcionar como foi criada para funcionar, em vez de esbanjá-la ou fazer mau uso dela. Deve florescer como aconteceu com Adão e Eva.

Ao ter domínio, devemos tratar a criação como Deus trataria; devemos agir como seus representantes na terra. Quando exercemos poder sobre a criação, devemos refletir o caráter de Deus. Em Lucas 12, vemos uma imagem de como Deus cuida de sua criação: ele alimenta as aves do céu e veste a erva, embora sejam temporais e logo passem. Ele cuida até do menor de sua criação, das partes que podemos descartar sem preocupação. Como seus representantes, devemos cuidar de sua criação como ele cuida, trabalhando para que ela floresça. Isso vem com grande recompensa, mas também com grande responsabilidade.

Mulheres como portadoras da imagem de Deus (Gn 1.26-27)

Três vezes nesses dois versículos, a Bíblia diz que Deus criou a humanidade “à sua imagem”. Existem inúmeras interpretações do que significa “imagem de Deus”; uma definição simples indica que o homem e a mulher foram intencionalmente criados para serem como Deus e representá-lo na criação. Gênesis 1–3 indica várias maneiras pelas quais Adão e Eva possuíam a imagem de Deus:

• Eles foram delegados para ter domínio sobre a criação de Deus (1.26), começando com Adão dando nome aos animais (2.19);

• Eles foram instruídos a frutificar e se multiplicar (1.28; 4.1-2), assim como Deus aumentou sua família e comunidade ao criar um homem e uma mulher;

• Eles tinham um espírito (2.7);

• Eles tinham escolhas a fazer (2.15-17; 3.6);

• Eles foram criados em relacionamento com Deus e uns com os outros (2.18-23; 3.8);

• Eles não tinham vergonha, pois eram santos e sem pecado antes da queda (2.25);

Somente os seres humanos carregam a imagem de Deus. Somos distintos do restante da criação de Deus, feitos intencionalmente por ele para um propósito específico. Isso significa, primeiro, que estamos inescapavelmente ligados a Deus; qualquer conversa sobre uma pessoa é insuficiente se não conseguir entendê-la considerando o seu Criador. Portanto, a principal preocupação que devemos ter com nossa aconselhada é a vitalidade de seu relacionamento com Deus. Em segundo lugar, visto que cada pessoa carrega a imagem do Deus Altíssimo, toda aconselhada deve ser tratada com dignidade, honra e respeito. Independentemente da raça, idade, sexo, status ou capacidade, devemos valorizar muito cada pessoa e falar com ela levando isso em consideração (Tg 3.9). Terceiro, uma violação contra uma portadora da imagem de Deus é uma violação contra o Criador (Gn 9.6). Como conselheiras, ouviremos sobre tremendas violações contra as pessoas; lamentaremos essas ofensas, em parte porque são violações contra aquele que criou os portadores da imagem de Deus.

Mulheres como femininas (Gn 1.27)

Este texto em Gênesis observa alguns aspectos que distinguem o homem da mulher. Primeiro, Deus pretendia criar a distinção e o fez com base em sua perfeita sabedoria. Gênesis 1.27 diz especificamente que Deus os fez “homem e mulher”. Nossa observação da sociedade afirma essa realidade. Deus estabeleceu as diferenças nos gêneros. Foi proposital. Como Criador, Deus exerceu sua autoridade sobre a organização de sua criação para criar uma distinção entre os portadores da imagem que criou.

O texto observa que as mulheres foram criadas para serem como os homens e, ao mesmo tempo, diferentes deles. Gênesis 2.20 diz que “não se achava uma auxiliadora que fosse semelhante a ele” (NAA, grifo nosso). Ao contrário dos animais, Adão estava sozinho; não havia outros como ele. Deus então considerou (não foi a afirmação de Adão) que “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Assim como Deus possuía um relacionamento consigo mesmo na Trindade, o homem deveria existir com outros como ele. Logo, Deus criou outra pessoa para “ser semelhante” a Adão, e, embora fossem bastante parecidos, a realidade de que Deus criou as mulheres como distintas dos homens não deve ser ignorada. Homens e mulheres têm muitos propósitos idênticos, como amar a Deus e ser portadores de sua imagem em sua criação. Eles também têm papéis e funções distintas;

A mulher como Deus a fez: Uma teologia da feminilidade

por exemplo, o papel das mulheres como auxiliadoras, que exploraremos mais adiante neste capítulo. Estas distinções devem ser enaltecidas.

Em nossa sociedade ocidental atual, ocorreram várias distorções da distinção homem-mulher. Embora homens e mulheres tenham sido criados iguais perante Deus (Gl 3.28; 1Co 12.13), seus papéis são distintos.2 Não há necessidade de competição entre homem e mulher; deve haver cooperação entre eles. E devemos manter as distinções dadas por Deus, até mesmo as distinções biológicas, porque foi o Deus sábio e cheio de autoridade quem as estabeleceu.

Mulheres como abençoadas (Gn 1.28)

Logo antes de Deus dar ao homem e à mulher seu primeiro mandamento, Gênesis 1.28 diz simplesmente: “Deus os abençoou”. O que isso significa? Só em Gênesis, a ideia de “bênção” é repetida várias vezes (por exemplo, a Noé e a Abraão). Muitas vezes, associamos bênção à ideia de prosperidade; isso é um tanto correto, mas incompleto.

Encontramos pistas no texto de Gênesis sobre o que significa ser abençoado por Deus; imediatamente após a declaração de que os abençoou, Deus ordena: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a”.

A bênção de Deus é que o homem e a mulher possam viver seus propósitos dados por Deus e florescer dentro da criação dele. Primeiro, ele ordena que sejam fecundos; não se trata apenas de reprodução biológica, mas de um mandamento para amadurecer, para dar frutos. Eles devem crescer como seres humanos em relação a Deus, uns aos outros e à sua criação, produzindo frutos em cada uma dessas áreas. Em segundo lugar, ele os ordena a “se multiplicar, encher a terra”. Embora um entendimento simples desse comando seja que ele se refere a um processo biológico (ou seja, ter filhos), a maior parte dos estudiosos afirma que também existe um significado espiritual. Em sua Grande Comissão (Mt 28.19-20), Jesus instruiu seus discípulos a se multiplicarem espiritualmente, trazendo outros à frutificação com Deus. Por último, Deus ordena que o homem e a mulher subjuguem a terra, tendo domínio sobre ela.

2 Papéis como Deus os estabeleceu nas Escrituras, não necessariamente como a cultura os define.

Mulheres

Fazendo tudo isso, os humanos serão abençoados com a plenitude do que precisam na presença de Deus e em sua criação. As mulheres participam dessa bênção, mesmo após a queda. À medida que cumprimos os propósitos de Deus para nossa vida — frutificar, multiplicar e dominar a terra —, florescemos e somos abençoadas.

Mulheres como multiplicadoras (Gn 1.28)

Muitas vezes, há confusão ou mal-entendido em torno da ideia das mulheres como multiplicadoras. Existe uma realidade biológica de que devemos multiplicar para sustentar a humanidade, mas o conceito de multiplicação significa muito mais do que isso. As mulheres (ao lado dos homens), biologicamente, geram filhos e podem se multiplicar fisicamente. Uma mulher contribui muito para a multiplicação da humanidade: é uma tarefa e tanto gerar e criar filhos.

Todavia, vemos uma mudança importante acontecer nas Escrituras do Antigo para o Novo Testamento que expõe essa ideia de multiplicação. No Antigo Testamento, o conceito de “família” era essencialmente biológico ou cultural (ou seja, pertencer a Israel e, portanto, a Deus). Contudo, no Novo Testamento, termos como “irmão”, “irmã”, “pai” e “mãe” representam principalmente a família espiritual de alguém. Depois de Cristo, o foco passa a ser a família de Deus, e não a família do homem. Isso não quer dizer que a família biológica não seja mais importante — existem inúmeros mandamentos indicando que devemos cuidar da própria família —, mas a imagem da igreja primitiva, particularmente em Atos e nos ensinamentos de Paulo, nos dá uma ideia diferente de multiplicação. Combine isso com o comando em Mateus 28.19 para “ir e fazer discípulos”, e nossa ideia de multiplicação é expandida.

Embora a responsabilidade de se multiplicar certamente recaia sobre homens e mulheres, na prática isso parece um pouco diferente para as mulheres. Por exemplo, mulheres e homens têm diferentes papéis como mãe e pai. Contudo, os papéis também parecem distintos dentro da igreja. As mulheres certamente podem ministrar e compartilhar o evangelho com os homens, mas há instruções claras de que as mulheres devem, no mínimo, ministrar a outras mulheres (Tt 2.3-5). Sua conexão por gênero, que inclui seus papéis e lutas comuns, é relevante.

como

Mulheres como uma criação muito boa (Gn 1.31)

Em Gênesis 1.31, somos informados de que “Deus viu tudo quanto fizera [incluindo a mulher], e eis que era muito bom”. A criação de Deus, naquele momento, era perfeita e completa. Tudo foi como deveria ser; tudo, inclusive a mulher, estava em paz com Deus e vivendo de maneira alinhada com seus propósitos. Não havia pecado.

Este versículo contrasta levemente com os versículos paralelos anteriores (vv. 4, 12, 21 e 25), nos quais Deus declarou que o que havia criado era “bom”. Aqui, ele usa o termo “muito bom”. A criação do homem e da mulher foi além do restante de sua criação, pois o homem e a mulher carregavam sua imagem. Eles refletiam seu Criador de uma maneira única.

A criação foi boa porque o Criador era bom. Deus criou, de maneira perfeita, o que desejava criar de modo a refletir sua própria bondade.

Ao final desses seis dias, ao criar o homem e a mulher, tudo estava impecável. Como Deus, era sem erro. A mulher, com o restante do que Deus havia feito, era linda, funcionava perfeitamente, tinha propósito e potencial. Era como deveria ser: muito boa.

Mulheres como seres físicos e não físicos (Gn 2.7)

Gênesis 2 conta mais sobre Adão e Eva e como eles foram criados: “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2.7).

Neste momento, Deus forma fisicamente o corpo de Adão a partir de uma substância física (a terra) e sopra vida (espírito) em seu corpo formado. O termo hebraico usado aqui para soprar, ruach, é a mesma palavra usada para espírito em outros lugares em Gênesis (como Gn 1.2). Em outras palavras, uma vez que Deus formou o corpo de Adão, ele “injetou espírito”, vida, nele. Adão tinha vida que era tanto corpo (físico) quanto alma/espírito (não físico), e Eva foi feita para ser como Adão.

Há abundante ensinamento bíblico demonstrando essa dualidade,3 e as implicações são significativas. Como mulheres, e especialmente como conselheiras, devemos reconhecer a dupla natureza das mulheres ao nosso redor. Cada mulher tem um corpo físico que impacta sua realidade: ela está

3 Salmo 139.13-15; Eclesiastes 11.5; 12.7; Mateus 10.28; 1Coríntios 9.27; 2Coríntios 4.16.

Mulheres fisicamente amarrada, talvez com limitações físicas, e seu corpo pode ser usado como um instrumento de justiça ou injustiça (Rm 6.12-13).

No entanto, cada mulher com a qual nos deparamos também tem uma alma/espírito. Isso define muito de quem ela é; as Escrituras nos dizem que sua alma/espírito dirige o que ela faz: seu coração, sua mente, suas emoções, seus pensamentos e suas escolhas. Como conselheiras, é vital entendermos esses aspectos não físicos de quem ela é.

Além disso, sabemos que o coração e o corpo estão intrinsecamente conectados: um afeta o outro. Por exemplo, uma doença física ou limitação de desenvolvimento tem o potencial de impactar (embora não causar) as escolhas que são feitas. Ao mesmo tempo, lutas internas, como a ansiedade, podem ter manifestações físicas como a dor ou a taquicardia. Além disso, nossos comportamentos (físicos) vêm do que está em nosso coração (não físico).4

As mulheres de quem cuidamos são seres holísticos, e devemos tratá-las como tais. Não devemos negligenciar seu corpo nem sua alma. Ao considerar muitas das lutas discutidas mais adiante neste livro, veremos que o cuidado com as mulheres deve ser de natureza holística, abordando o pecado e seus efeitos na pessoa como um todo, não apenas em uma parte dela.

Mulheres como auxiliadoras (Gn 2.18-23)

Gênesis 2 nos dá uma imagem de Deus criando a mulher depois do homem, e em particular as suas razões para fazê-lo. Gênesis 2.20 nos diz: “O homem deu nome a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selvagens; mas para o homem não se achava uma auxiliadora que fosse semelhante a ele” (NAA). Posteriormente, Deus faz Adão adormecer, pega uma de suas costelas e forma Eva para ser aquela auxiliadora. Ela foi criada, em grande parte, para desempenhar um papel ao lado do marido.

Em muitos aspectos, Eva foi criada para ser como Adão (portadora da imagem de Deus, relacional, tendo domínio, etc.), mas foi criada de maneira diferente e para cumprir um papel distinto. Adão foi ordenado a trabalhar a terra e cuidar dela (Gn 2.15). Contudo, no versículo 18, Deus

4 Lucas 6.45.

diz: “Farei para ele uma auxiliadora que seja semelhante a ele” (NAA). Esta nova criação, Eva, era semelhante a Adão, no sentido de que era como ele, mas Deus diz que ela é a auxiliadora. Ela deve acompanhá-lo e ajudá-lo a cumprir a ordem que Deus lhe deu. Esta é uma nuance sutil, talvez, mas significativa. Ser uma auxiliadora é uma parte importante de quem as mulheres foram criadas para ser, mas não tudo. Além disso, tornar-se uma auxiliadora nos ensina algo muito importante: devemos ser tanto ouvintes quanto praticantes. Não ouvimos a Palavra de Deus simplesmente e não fazemos nada; fomos criados para responder em obediência, para fazer o que ele nos instruiu a fazer.

Mulheres no contexto dos relacionamentos (Gn 2.23-24)

Como portadores da imagem de Deus, também fomos criados para nos relacionarmos. Fomos criados em um relacionamento vertical com Deus, mas também existimos em um relacionamento horizontal com outras pessoas. Os relacionamentos de uma mulher, tanto no casamento quanto com outras pessoas, devem espelhar o relacionamento que sempre existiu entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Se ela é uma mulher cristã, seu relacionamento matrimonial também deve espelhar Cristo e a igreja (Ef 5.30-32); sua família deve ser uma figura de sua própria adoção na família de Deus (Ef 1.3-6).

Ao criar o homem e a mulher, Deus viu que, assim como ele existia em um relacionamento horizontal consigo mesmo, as pessoas também deveriam existir. Portanto, Deus criou Eva para formar uma comunidade entre os portadores da imagem dele.

Como esse aspecto relacional direciona nosso aconselhamento? Primeiro, fomos criados para expressar amor em nossos relacionamentos verticais e horizontais. Acima de tudo, devemos amar a Deus, mas também devemos amar nosso próximo (Mt 22.35-40) — os dois maiores mandamentos. Como portadores da imagem do Senhor, não apenas fomos criados para existir em relacionamento, mas devemos refletir nosso Criador em nossos relacionamentos. Em segundo lugar, devemos entender a importância dos relacionamentos que nossas aconselhadas têm com outras pessoas. Ninguém vive isolado em uma ilha; os relacionamentos de nossas aconselhadas têm um impacto real sobre elas. Devemos buscar entender o contexto relacional da aconselhada, tanto com Deus quanto com outras pessoas

Mulheres (casamento, família, comunidade, etc.). Em terceiro lugar, devemos prestar atenção ao nosso relacionamento com nossas aconselhadas dentro da sala de aconselhamento. A maneira como nos relacionamos com elas e elas se relacionam conosco são dinâmicas vitais no processo de aconselhamento.

Mulheres sem pecado nem vergonha (Gn 2.25)

Gênesis 2.25 nos diz algo de extrema importância acerca da criação de homens e mulheres por Deus: “Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam”. Adão e Eva foram criados perfeitos, completos e em paz com o restante da criação de Deus. Embora a capacidade para o pecado estivesse presente e logo fosse percebida, o pecado ainda não havia entrado no mundo. Não havia embaraço, vergonha e medo. Tudo era como deveria ser.

Essa perfeição durou pouco. Adão e Eva não permaneceram sem pecado por muito tempo. Quando sua desobediência os levou a perceber que estavam nus, eles fugiram de Deus e se cobriram (Gn 3.7-8). O relacionamento deles com Deus mudou para sempre, em detrimento deles. (O Capítulo 2 explorará o pecado com maior profundidade.)

No entanto, também sabemos que um dia a restauração chegará. Ele fará novas todas as coisas (Ap 21.5). Ansiamos pelo dia em que essa restauração chegará. Por enquanto, nós e nossas aconselhadas vivemos sob a realidade do pecado e da vergonha. Deparamo-nos com as consequências reais do pecado enquanto esperamos a redenção, daí a nossa necessidade de conselho da Palavra de Deus, assim como Adão e Eva precisaram e receberam conselhos de Deus.

Mulheres como indivíduos

Gênesis 1 e 2 nos dão uma imagem de Deus criando apenas um homem e uma mulher. Outro aspecto fundamental da feminilidade deve ser considerado: ela é única. Não há duas mulheres iguais, assim como Adão e Eva não eram iguais. Embora todas as mulheres compartilhem as características listadas previamente, existe além disso uma grande diversidade. Toda mulher tem sua própria família e relacionamentos, suas próprias realidades culturais e suas próprias experiências de vida. Ela é única.

Como conselheiras de mulheres, devemos reconhecer a singularidade de cada aconselhada. Devemos amar, ouvir, aprender e trabalhar ao seu

A mulher como Deus a fez: Uma teologia da feminilidade

lado (mais sobre isso no Capítulo 5), em vez de liderar com base apenas em sua luta. Assim como Jesus procurou conhecer e responder a cada pessoa com a qual se deparou, devemos reconhecer as necessidades exclusivas de cada mulher que chega até nós. Ela é singular, e devemos tratá-la como tal. Enquanto conselheiras, aconselhamos pessoas: mulheres feitas exclusivamente à imagem de Deus, criadas para ter domínio sobre a criação de Deus, feitas de corpo e alma, e com múltiplos papéis (auxiliadora, multiplicadora e no contexto de relacionamentos). Cada um destes é importante para o aconselhamento, e não devemos considerar uma mulher apenas por seus problemas ou lutas. Devemos primeiro considerá-la como ela foi criada para ser. Somente quando entendermos quem ela é, poderemos entender corretamente sua luta e o que a Palavra de Deus diz sobre esses conflitos.

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