Pastoreando Pastores - Phil A Newton, Rich C. Shadden

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Rio de Janeiro, RJ

Pastoreando pastores

Traduzido do original em inglês: Shepherding the Pastor: Help for the Early Years of Ministry

Copyright © 2023 Phil A. Newton, Rich C. Shadden

Publicado originamente por New Growth Press Greensboro, NC 27401 www.newgrowthpress.com

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por PRO NOBIS EDITORA, Rua Professor Saldanha 110, Lagoa, Rio de Janeiro-RJ, 22.461-220

1ª edição: 2024

ISBN: 978-65-81489-45-8

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo citações breves, com indicação da fonte.

Gerência editorial

Judiclay Silva Santos

Conselho editorial

Judiclay Santos

David Bledsoe

Paulo Valle

Gilson Santos

Leandro Peixoto

Supervisão editorial: Cesare Turazzi

Tradução: Maiza Ritomy Ide

Preparação e revisão de texto: Gabriel Lago

Capa: Luis de Paula Diagramação: Marcos Jundurian

Nesta obra, as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA), salvo informação em contrário.

As opiniões representadas nesta obra são de inteira responsabilidade do autor e não necessariamente representam as opiniões e os posicionamentos da Pro Nobis Editora ou de sua equipe editorial.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Newton, Phil A.

Pastoreando pastores/Phil A. Newton, Rich C. Shadden; tradução Maiza Ritomy Ide. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Pro Nobis Editora, 2024.

Título original: Shepherding the pastor: help for the early years of ministry. Bibliografia.

ISBN 978-65-81489-45-8

1. Escrituras cristãs 2. Ministério cristão 3. Pastores - Ministério 4. Teologia pastoral I. Shadden, Rich C. II. Título.

24-208559

Índices para catálogo sistemático: 1. Teologia pastoral : Cristianismo 253 Tábata Alves da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9253

Tel.: (21) 2527-5184 contato@pronobiseditora.com.br www.pronobiseditora.com.br

CDD-253

O livro que você tem em mãos é um tesouro absoluto de sabedoria e discernimento pastoral. Todo pastor se beneficiará imensamente com as décadas de experiência ministerial de Phil. Você se identificará com os desafios enfrentados por Rich e terá a oportunidade de ver o Senhor trabalhando na vida de um pastor do rebanho de Deus. O formato único ajudará tanto os jovens que aspiram pastorear quanto homens de mais idade e décadas de experiência que desejam aprender como mentorear pastores mais jovens.

Brian Parks, pastor sênior da Covenant Hope Church, Dubai

Este é um livro concebido com perspicácia, organizado com criatividade e redigido com excelência. Phil Newton e Rich Shadden me prenderam desde o início e me seguraram até o fim. O que me impressionou foi a cativante e convincente humildade deles durante todo o processo. Um pastor com meio século de experiência e um discípulo com dez anos de ministério pastoral presentearam-nos com um tesouro.

Ronnie Collier Stevens, pastor associado da Harvest Church Memphis

Os anos de experiência no ministério pastoral do Dr. Newton são inestimáveis nestas sábias exortações e graciosos encorajamentos a pastores aspirantes e potenciais, para aqueles que estão em seus primeiros anos de ministério, e também para pastores experientes. Até mesmo o formato desta obra é pastoral. Você se beneficiará em seu próprio ministério e no mentorear de outros pastores em seus próprios altos e baixos.

Todd Wilson, pastor da Grace Covenant Baptist Church, Vestavia Hills, AL (EUA)

Todo pastor precisa de um mentor. Pastoreando pastores une conselhos oportunos, amizade pastoral e sabedoria prática, mostrando tanto o como quanto o porquê desse discipulado. Este livro encorajará pastores experientes a serem discipuladores — e pastores iniciantes a buscarem um!

Dave Kiehn, pastor sênior da Park Baptist Church, coordenador regional do Pillar Network, presidente do Institute of Theology and Mission

Ah, se eu tivesse lido este livro no início do meu ministério! Levei muitos anos, despendi muitos recursos e cometi muitos erros até aprender o que Pastoreando pastores reúne em um volume extremamente útil. Por favor, puxe uma cadeira e passe algum tempo com Phil e Rich. Eles irão pastoreá-lo bem.

David King, pastor sênior da Concord Baptist Church, Chattanooga, TN (EUA), autor do livro O seu sermão no Antigo Testamento precisa ser salvo (Vida Nova)

Todo pastor precisa de mentores. Alguns mentores são pessoais e presentes, e falam diariamente à vida do pastor. Outros instruem e incentivam por meio de materiais publicados. Phil Newton e Rich Shadden têm um histórico comprovado de serem do primeiro tipo, e é isso que torna Pastoreando pastores uma obra tão atraente. Esta é uma leitura essencial a todos os futuros ministros e também útil aos que já são ministros, independentemente de sua idade e título.

Jason K. Allen, presidente do Midwestern Baptist Theological Seminary e do Spurgeon College, autor de Cartas aos meus alunos: Sobre a pregação e de Cartas aos meus alunos: Sobre o pastoreio (Pro Nobis Editora)

Não consegui largar este livro e adoraria colocá-lo nas mãos de todo pastor, presbítero ou líder de ministério chamado por Deus. É uma fonte de sabedoria bíblica e pastoral que servirá bem ao corpo de Cristo nos próximos anos.

Daniel L. Akin, presidente do Southeastern Baptist Theological Seminary, autor de Teologia pastoral (Pro Nobis Editora)

Phil Newton condensou neste excelente livro uma riqueza de sabedoria bíblica com décadas de experiência pastoral. Amo o formato único em que o discípulo pastoral de Phil, Rich Shadden, apresenta os seus desafios pastorais e depois explica como aplica os conselhos de Phil. As recomendações práticas que Phil faz ao final de cada capítulo por si só já fariam valer o livro. Todo pastor em seus primeiros anos de ministério se beneficiará com a leitura desta obra.

Donald S. Whitney, professor e reitor associado do The Southern Baptist Theological Seminary, autor de Adoração no lar (Pro Nobis Editora)

Eu amo Phil Newton, seu coração de pastor e seu desejo de mentorear pastores. Também amo o fato de que, independentemente do que está enfrentando, ele aborda o assunto com a calma que vem da caminhada de longa data com o Senhor. Em Pastoreando pastores, aprendemos com Phil enquanto ele mentoreia Rich Shadden. Não há palavras que façam jus a este livro. Depois de décadas de ministério pastoral, seria uma grande felicidade poder sentar-me aos pés de Phil mais uma vez. Preciso fazê-lo!

Juan R. Sanchez, pastor sênior da High Pointe Baptist Church, Austin, TX (EUA)

Pastores inexperientes precisam de muita ajuda! Por onde começar? Quanto tempo permanecer? Como navegar pelas turbulentas águas do conflito e da mudança? Se você está procurando respostas, leia Pastoreando pastores. Este livro oferece ajuda prática enraizada nas Escrituras para os primeiros anos da jornada pastoral, e auxiliará ministros de todas as idades. Compre logo dois exemplares — um para ler e outro para compartilhar. Recomendo veementemente!

À minha mãe, Jane Taylor Newton, que ama e ora pelos pastores, especialmente por este que aqui escreve.

À minha esposa, Kristy Jane Shadden: meu amor e minha auxiliadora em nossa jornada.

Sumário

Apresentação à edição em português

— Leandro B. Peixoto ........................................................... 13

Introdução ....................................................................... 19

Primeira parte | Enviado

1. Busque uma formação continuada ........................... 29

2. Confie na soberania de Deus ................................... 47

Segunda parte | Primeiros anos

3. E agora? Pregue a Palavra .......................................... 61

4. Almeje a longevidade e uma reforma baseada na Bíblia .................................................................... 73

Terceira parte | Anos tumultuados

5. Confie na Palavra de Deus para minimizar ou converter .............................................................. 93

6. Devo ficar? Siga o modelo de Jesus ........................... 107

7. Em momentos de desespero, viva segundo o evangelho ............................................................... 123

Quarta parte | Anos frutíferos

8. Ensino em camadas para promover mudanças ........ 139

9. Conduza a igreja a uma política baseada na Bíblia .. 151

10. Estabeleça uma cultura de discipulado .................... 167

Posfácio ............................................................................ 185

Prefácio à edição em

português

Recentemente, viajei para pregar na 94.ª Assembleia da Convenção Baptista Portuguesa, que se reuniu no Acampamento Baptista situado em Água de Madeiros, região oceânica pertencente ao concelho de Alcobaça. Na ocasião, preguei também no culto dominical da Igreja Baptista em Alcobaça, município situado à província histórica da Estremadura e no distrito de Leiria. Aproveitei para conhecer Lisboa, Oeiras, Sintra, Fátima, Porto, Guimarães e Braga. Foi a primeira vez que pisei os pés na Europa. Para me guiar na viagem, não contei com avaliações feitas por turistas ou suas recomendações na internet. Ainda bem, pois rapidamente ficou claro que eu não teria tido ideia do que estava fazendo se não estivesse sendo guiado pelos próprios portugueses, sobretudo os naturais e residentes de cada região. Foram eles que me levaram a alguns dos melhores locais de cada cidade e lugarejo, contando-me detalhadamente um pouco da história e revelando-me os sabores, as belezas e as joias escondidas dos locais! Realmente há algo totalmente diferente em caminhar ao lado de alguém que conhece intimamente e já viajou pelo lugar. Afinal, deixado por conta própria, como você escolheria o que fazer ou deixar de fazer, aonde ir e não ir, o que comer ou não comer? Faz toda a diferença sim viajar com quem tem experiência.

Não é, porém, apenas o viajante internacional que necessita desse tipo de assistência, mas também o pastor — particularmente o jovem ministro. Ressalto, então, que estas são as motivações por trás de Pastoreando pastores.

Neste livro, Phil Newton compartilha com Rich Shadden mais de quatro décadas de sabedoria pastoral. Shadden é um dos pupilos de longa data de Newton, e, por sua vez, demonstra como os conselhos de seu mentor guiaram o seu próprio ministério. O fruto desta coautoria demonstra o valor da mentoria pastoral e convida os leitores para dentro deste relacionamento mutuamente edificante.

Ambos os autores cuidam de esclarecer que esta obra não é uma estratégia, uma história ou um modelo de mentoria. Em vez disso, o objetivo é demonstrar uma relação contínua de mentoria entre um jovem pastor e um mentor experiente, para que seus leitores possam não somente valorizar a longevidade pastoral como também encontrar um caminho para que se a obtenha.

O livro é muito bem estruturado e excepcionalmente prático. Está dividido em quatro partes. Ao todo são dez capítulos, através dos quais Newton e Shadden fornecem quatro chaves para se destrancar cada estágio do ministério pastoral, sendo elas: intimidade sempre crescente com Cristo, pregação expositiva, aprendizagem com pastores-mentores e crescimento na capacidade de pastorear o rebanho. E cada capítulo contém quatro componentes: Shadden compartilha um desafio pastoral, Newton fornece conselhos, Shadden revela como esse conselho funcionou em seu ministério, e Newton apresenta o próximo passo. Mas isso não é tudo.

O final de cada capítulo traz ainda indicações de excelentes recursos para estudo mais aprofundado. Agora, não subestime essas listas! Elas não são apenas boas recomendações de leitura.

O leitor achará nelas razões emocionantes sobre por que tais textos foram selecionadas e como eles podem efetivamente ajudar o jovem pastor. Os recursos recomendados provarão que as questões enfrentadas por pastores ainda inexperientes não são de jeito nenhum questões novas, uma vez que muitos ministros experimentados já se debruçaram sobre os temas abordados e, portanto, têm muito a ensinar. Alguns desses mestres recomendados são Charles Simeon, Charles Bridges, Martin Lloyd-Jones, Sinclair Ferguson e Mark Dever.

No cerne desta excelente obra, o leitor encontrará alguns temas bem comuns, mas nem por isso sem importância. O primeiro é o reconhecimento honesto de que a longevidade no ministério pastoral é um feito desafiador, e ainda mais desafiadora a longevidade em uma única e mesma igreja.

Ao longo do livro, Shadden demonstra como a orientação de Newton tem sido fundamental em todas as fases importantes de seu ministério, especialmente na Igreja Batista em Audubon Park. Shadden testemunha que o seminário pode ajudar os pastores a iniciarem o ministério, mas um diploma na parede poderá até cegar o jovem pastor em relação ao seu despreparo, sustentando-o na crença de que tal feito — formar-se no seminário! — foi tudo de que ele precisou para exercer o ministério pastoral. De fato, o zelo de um recém-formado pelo seminário, sem a presença de um mentor, é muitas vezes como uma esponja sem água corrente — será apenas uma questão de tempo até que seque.

Newton e Shadden, entretanto, sabem muito bem que os mentores no ministério pastoral não são os únicos fatores que ajudam um jovem pastor a perseverar. O segundo fator é uma firme convicção de que a Palavra de Deus dirige tudo. Consequentemente, cada capítulo do livro é baseado em uma passagem bíblica, e um capítulo inteiro é dedicado à importância

da pregação expositiva. Nesse sentido, este livro é um chamado para que as Escrituras governem tudo, tal como as batidas do coração ditam a vida no corpo humano. A Bíblia jamais poderá ser um livro que apenas dá orientações ou oferece conselhos pragmáticos. Ela é o coração que pulsa.

Digno de nota, o terceiro tema é uma paixão robusta pelo desenvolvimento e avanço de igrejas locais bíblicas e saudáveis. Dito de outra forma, os jovens pastores não precisam apenas de um mentor, mas, de igual modo, necessitam da igreja, e de uma igreja local. Newton e Shadden deixam claro que a eclesiologia e a forma bíblica de governo da igreja são fundamentais para a longevidade pastoral. Deus jamais pretendeu que pastores se esgotassem e abandonassem o ministério, como tem sido tão comum na atualidade. Foi por isso que Deus forneceu na Bíblia um modelo para a sua igreja. Newton e Shadden tomam muito cuidado em detalhar como é esse modelo, bem como a forma com a qual alguém pode segui-lo com sabedoria.

Esta leitura é, sem dúvida, voltada para jovens pastores.

Mais especificamente, é uma leitura benéfica para jovens pastores que lutam no ministério ou para pastores isolados que recebem pouco ou nenhum incentivo e desejam que alguém os acompanhe. Plantadores de igrejas e revitalizadores também se beneficiarão grandemente dos conselhos de Newton e da experiência de Shadden. Este livro será ainda proveitoso para seminaristas, sobretudo para aqueles que possuem um estranho senso de autossuficiência para o ministério, ou para aqueles que têm uma visão romantizada ou idealista dele. Nunca é demais ressaltar: o ministério é difícil. O pastor precisa da Palavra de Deus. O pastor precisa da igreja. E o pastor precisa de um mentor.

Além disso, este livro certamente oferecerá recursos para pastores experientes, auxiliando-os a considerarem a melhor

forma de investir na próxima geração de pastores. As páginas a seguir certamente desafiarão os pastores mais experientes a administrarem bem o seu tempo para o reino, enquanto condenará aqueles que possam ser culpados de “usar” jovens pastores como seus funcionários, visando a seus próprios fins, em vez de investirem neles para causarem um bom impacto geracional. Com efeito, esta leitura vale o tempo de qualquer pastor com um ministério estável que deseja deixar um legado bíblico de peso.

Finalmente, este livro também pode ajudar os “leigos”, dado que estabelece uma teologia fundamental para a igreja e seus líderes. Em uma cultura de igrejas de celebridades, repleta de histórias de líderes que caíram, pode-se ficar imaginando se ainda existem verdadeiros pastores, no sentido mais genuíno do termo. Newton e Shadden demonstram — com palavras e vidas já provadas pelo tempo — que, de fato, ainda há pastores de verdade. E valerá a pena esses pastores pastorearem outros pastores, os mais jovens.

Concluo dizendo que Pastoreando pastores é um acréscimo maravilhoso à estante de qualquer jovem pastor, bem como de qualquer pessoa que esteja considerando o ministério pastoral. Não posso deixar de associar imediatamente este livro à estratégia de Paulo para alcançar a próxima geração com o evangelho: “Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2Tm 2.1-2). Sem dúvida, o trabalho de Newton e Shadden é um recurso útil para contribuir com esse fim entre as igrejas no Brasil.

Leandro B. Peixoto, pastor da Segunda Igreja Batista em Goiânia (GO)

Introdução

É difícil ser pastor sem ser cristão. Caso em questão: Berthold Haller, um jovem pastor do século 16 que foi nomeado pregador da Catedral de Berna, na Suíça. Apesar de seus dons excepcionais, Haller ainda não havia chegado à fé em Cristo até conhecer Ulrico Zuínglio, que o orientou como um pai na fé. Depois da sua conversão, o ministério de Haller floresceu. Ele finalmente passou a pregar sobre o Cristo ao qual agora conhecia por experiência pessoal.

No entanto, nem todos acolheram a poderosa pregação do jovem Haller. À medida que aumentavam as provações da oposição, ele escreveu a Zuínglio, contando-lhe sobre os problemas em Berna e seu desejo de partir e assumir a vida de estudioso. O mentor o aconselhou a ter paciência e ser perseverante. “Não abandone seu posto”, recomendou, então escrevendo ao amigo: “Essas feras selvagens precisam ser acariciadas suavemente, e seus rosnados tolerados por algum tempo, até que, convencidas pela constância e profundidade da nossa perseverança, sejam domesticadas pela paciência”. A carta de Zuínglio soprou vento nas velas de Haller. Este escreveu a Zuínglio: “Minha alma foi despertada de seu sono: devo pregar o evangelho, e Jesus Cristo deve ser restaurado a esta cidade, de onde esteve exilado por

tanto tempo”.1 Haller precisava da mentoria de Zuínglio para resistir em meio às tensões do trabalho pastoral. Haller não está sozinho. Perseverar como pastor, especialmente em uma igreja, continua sendo difícil. Os pastores precisam estabelecer padrões de hábitos saudáveis desde o início; assim, quando surgirem dificuldades, eles estarão preparados para continuar servindo à igreja de Cristo. Alguns destes padrões parecem óbvios: pregar fielmente, amar o rebanho, manter um casamento forte. Algumas coisas um pastor já sabe quando começa; outras ele aprende no processo. Para permanecermos firmes, para prosseguirmos como Haller, todos precisamos de mentores. O objetivo deste livro é fornecer um pouco dessa mentoria e mostrar como ela pode ocorrer em seu ministério, seja você um jovem pastor que precisa de um mentor, seja um pastor com mais experiência que também pode ajudar a pastorear outras pessoas que por sua vez pastoreiam o rebanho de Deus. Esperamos dar-lhe uma ideia de como mantivemos o relacionamento de mentoria entre um jovem pastor e seu mentor por mais de doze anos — e continuamos a mantê-lo. Antes, porém, algumas advertências. Este livro não analisa estratégias de mentoria. Nem fala da história da mentoria. Nem fornece um modelo para a mentoria. Tampouco dá uma base teológica para a mentoria. Tudo isso pode ser encontrado em outro livro escrito por Phil. Em vez disso, queremos que você conheça um relacionamento de mentoria continuada entre um jovem pastor e um mentor experiente. Queremos

1 Ulrico Zuínglio, Huldrych Zwingli: Documents of Modern History, ed. G. R. Potter (London: Edward Arnold, 1978), p. 65-66, 77. Para a atuação de Zuínglio como mentor, consultar Phil A. Newton, The Mentoring Church: How Pastors and Congregations Cultivate Leaders (Grand Rapids: Kregel, 2017), p. 83-87. [Formação de líderes na igreja local (Cultura Cristã, 2023).]

que você sinta a angústia do jovem pastor com os desafios do ministério, enquanto contempla a utilidade de ter um pastor de mais idade ajudando-o a navegar pelo pastorado. Queremos que você conheça um pouco da nossa alegria quando vemos o Senhor trabalhar em ambientes difíceis e quando os obstáculos à maturidade são superados. Temos a perspectiva de incluir jovens pastores como parte de uma equipe de liderança eclesiástica baseada na Palavra de Deus para encorajar, guiar e corrigir o rebanho de Cristo. Ser uma igreja de verdade é mais profundo do que apenas instituir programas que agradem às multidões, e as questões pastorais que abordaremos terão em mente uma perspectiva de discipulado da igreja e de seus pastores.

Não forneceremos respostas a todas as suas perguntas sobre pastorado ou mentoria. Em vez disso, queremos que você caminhe conosco, ouça nossas conversas, observe nossas emoções, veja como aprendemos a confiar em Cristo e aprenda conosco como avançar a fim de se tornar um pastor saudável numa igreja saudável. Queremos ajudar os leitores a valorizar a longevidade pastoral e a enxergar um caminho até esse objetivo. Para esse fim, temos em mente quatro verdades fundamentais que permeiam os dez capítulos deste livro. Sem elas, os pastores não perdurarão nem conduzirão suas congregações de maneira sadia. Quatro componentes essenciais caracterizam a longevidade pastoral.

Primeiro, os pastores devem desenvolver uma caminhada profunda com Cristo. Uma pesquisa da Lifeway de 2021 com mais de 1.500 pastores de várias denominações mostrou que apenas metade deles passava um tempo diário a sós com o Senhor.2

2 Lifeway Research, Pastor Attrition Study 2021. Disponível em: https:// lifewayresearch.com/wp-content/uploads/2022/01/PastorAttritionResearch-Report-2021.pdf, 28.

Isso é alarmante! Somente quando os pastores crescem na graça e no conhecimento de Cristo, intensificando as disciplinas espirituais ao longo do caminho, eles podem esperar perseverar com fidelidade e alegria. Os atributos cristãos são muito mais importantes do que dons e habilidades. Interagiremos no livro com discussões acerca desse componente essencial. Segundo, os pastores devem expor fielmente a Palavra de Deus e declarar “todo o conselho de Deus” (At 20.27, ARC). O trabalho dos pastores precisa estar centrado na Palavra; eles não devem se esquivar de assuntos difíceis, e sim deixar que a Palavra, pelo Espírito Santo, faça o trabalho. Daremos muito peso à importância da pregação e como ela atuou no processo de mentoria e no ministério de Rich.

Terceiro, os pastores devem continuar aprendendo com seus mentores pastorais. Martin Bucer foi o mentor de João Calvino. Calvino então mentoreou 120 pastores que enviou à França ao longo de um período de onze anos. Mesmo depois de partirem, ele os aconselhava por correspondência. Quando Andrew Fuller e William Carey começaram o trabalho pastoral no século 18, procuraram regularmente o conselho de Robert Hall Sr., que mentoreou estes jovens pastores até sua morte. Alistair Begg aprendeu sobre o ministério pastoral com Derek Prime durante seu tempo na Charlotte Chapel em Edimburgo. Os dois se uniram para escrever On Being a Pastor, dando evidências da influência contínua de Prime como mentor no ministério pastoral de Begg. Quando H. B. Charles Jr. iniciou seu trabalho pastoral, um mentor o advertiu a pisar no freio ao fazer mudanças na política de sua igreja. Seus sábios conselhos evitaram que Charles vacilasse no começo.3 Tentaremos modelar como seria esse tipo de mentoria continuada.

3 Consultar as referências a seguir para obter perspectivas adicionais sobre mentoria com estes e outros pastores, históricos e atuais: Phil A.

Quarto, os pastores devem crescer no pastoreio habilidoso e paciente do rebanho. Ler livros sobre trabalho pastoral dá algumas dicas sobre como pastorear um rebanho. Contudo, como cada congregação é diferente, às vezes os livros não podem fazer muito. Portanto, os pastores precisam da experiência real com pessoas reais que estejam passando por problemas reais ou tenham queixas reais. Somente a vida real aprimora as habilidades de um pastor em discipular, aconselhar, confortar, encorajar e cuidar daqueles que estão sob sua direção. À medida que se cresce no pastoreio, aumenta-se a alegria ao perseverar nas dificuldades pastorais. A longevidade é fruto desse crescimento. Isso é o que esperamos que você descubra enquanto contamos nossa história.

Escrevemos este livro com essas quatro lições em mente. Pastoreando pastores: Apoio nos primeiros anos de ministério tem um objetivo. Queremos ajudar os pastores a desenvolver padrões

Newton, The Mentoring Church: How Pastors and Congregations Cultivate Leaders (Grand Rapids: Kregel, 2017), p. 87-92 [Formação de líderes na igreja local (Cultura Cristã, 2023)]; Scott M. Manetsch, Calvin’s Company of Pastors: Pastoral Care and the Emerging Reformed Church (New York: Oxford University Press, 2013), p. 1536-1609; Michael Haykin, “Robert Hall, Sr. (1728-1791)” em The British Particular Baptists 1638-1910, vol. 5 (Springfield, MO: Particular Baptist Press, 2000); John Ryland Jr., The Life and Death of Rev. Andrew Fuller, Late Pastor of the Baptist Church at Kettering, and Secretary to the Baptist Missionary Society, from its Commencement, in 1792 (London: Button and Son, 1818); Timothy George, Faithful Witness: The Life and Mission of William Carey (Birmingham, AL: New Hope, 1991) [Fiel testemunha: A vida e a obra de William Carey (Vida Nova, 1997); Nathan Finn, “Robert Hall’s Contributions to Evangelical Renewal in the Northamptonshire Baptist Association”, Midwestern Journal of Theology 6.1 (outono de 2007); Derek J. Prime e Alistair Begg, On Being a Pastor: Understanding our Calling and Work (Chicago: Moody, 2004) [Ser pastor (Cultura Cristã, 2019)]; H. B. Charles Jr., On Pastoring: A Short Guide to Living, Leading, and Ministering as a Pastor (Chicago: Moody, 2016).

saudáveis no ministério, possibilitando a longevidade. Além disso, não queremos que eles pastoreiem sozinhos. Acreditamos que os relacionamentos de mentoria que começam antes de um homem entrar no ministério formal devem ser mantidos ao longo de todo o período de pastoreio. Esperamos modelar padrões e práticas saudáveis para mentores e mentoreados.

Desenvolvemos o livro a partir de duas perspectivas. Phil já pastoreia há 44 anos, sendo 35 deles na South Woods Baptist Church em Memphis, Tennessee. Em 2021, Rich completou seu décimo ano pastoreando a Audubon Park Baptist Church, também em Memphis. Phil começou a mentorear Rich antes de este começar a pastorear e não parou depois da sua posse. Phil continuou sua jornada como mentor, ajudando Rich a navegar pelas reviravoltas do pastoreio de uma igreja local.

Há alguns anos, Rich comentou com Phil que eles deveriam escrever um livro. Ambos sentiam que sua história poderia encorajar pastores mais jovens e os mais experientes a se associarem no ministério pastoral. Para manter este padrão mentor-mentoreado, todo capítulo segue o mesmo esquema.

• Primeiro, Rich aborda um desafio pastoral que enfrentou em Audubon Park.

• Segundo, Phil responde com os conselhos dados a Rich e que ele daria a outros pastores em situações semelhantes.

• Terceiro, Rich fala da aplicação do conselho e de como ele funcionou no seu ministério pastoral.

• Quarto, Phil recomenda os próximos passos para ajudá-lo a saber como proceder ao enfrentar desafios semelhantes.

• Por fim, identificam-se alguns recursos adicionais que podem explorar melhor os assuntos discutidos no capítulo.

Esperamos que essa jornada de mentoria pastoral seja útil aos colegas pastores durante seus primeiros dez anos ou mais de serviço, conforme seguimos juntos com o trabalho nesse ministério.

Para ajudá-lo a saber quem está escrevendo cada seção, este ícone identifica Rich, o pastor mais jovem, que está sendo mentoreado.

Este ícone identifica Phil, o pastor mais experiente, que atua como mentor.

Enviado

E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram.

(At 13.2-3)

Primeira parte

Busque uma formação

continuada

O jovem pastor Rich enfrenta um desafio

No meu curso de ministério pastoral, tive uma palestra sobre como cuidar de pessoas hospitalizadas. A palestra me pareceu bastante direta, com pouca teoria. Eu não era pastor na época, mas logo chegou o dia quando tive de jogar a teoria pela janela. De repente me vi na beira do leito de um membro da igreja enfermo e moribundo. Embora a palestra tivesse acrescentado alguma coisa, muito mais valiosos foram aqueles momentos em que entrei com meu mentor pastoral em um quarto de hospital e observei enquanto ele cuidava de uma pessoa enferma. Não havia teoria ali; pelo contrário, percebi e senti a maneira como os pastores cuidam do rebanho em momentos difíceis.

Consideremos o processo de formação profissional de um médico. Imagine que você quer ser médico: presta vestibular para medicina, passa na prova e começa seus estudos. Aprende tudo o que pode saber sobre o corpo humano e como curá-lo. Você conhece os livros como a palma da sua mão. Passa em todos os exames. Média final de 8,5. Você se forma com as mais altas honras. Todavia, durante seus estudos, você nunca observou uma cirurgia, nunca se deparou com um paciente e nunca acompanhou outros médicos. Nunca ouviu um coração

batendo nem um pulmão respirando; nunca suturou um corte, nunca consertou um osso fraturado, nunca diagnosticou uma doença, nunca confortou um paciente.

Então chega o dia em que você se torna médico. Como você transfere o conhecimento de livros e palestras em sala de aula para o atendimento ao paciente? Seus pacientes não precisam apenas de seus conhecimentos médicos, mas também da sua capacidade de cuidar deles. Você acha que está preparado para a longevidade em sua prática se primeiro não tiver convivido com outros médicos que enfrentaram os desafios do atendimento ao paciente? Você acha que poderia ser um médico melhor se um médico experiente o mentoreasse?

É óbvio que os médicos recebem esse tipo de formação. Contudo, lamentavelmente isso muitas vezes não ocorre com pastores. Eis a maneira como novos pastores geralmente entram no ministério, pelo menos nos Estados Unidos. Um jovem expressa um chamado para o ministério. Então, em geral, presume-se que ele escolherá um seminário onde estudar. Ele vai para o seminário para aprender teologia, linguagem bíblica, história da igreja e outros assuntos importantes. Ele até faz um ou dois cursos sobre “ministério pastoral”. Ao se formar, procura emprego, embora tenha pouca experiência pastoral prática. Ele nunca foi mentoreado fora da sala de aula. Nenhum pastor o colocou sob os seus cuidados para lhe mostrar como confortar os enfermos e moribundos. Ele não aprendeu como lidar com os conflitos da igreja, ou o que a Bíblia ensina sobre a política de uma igreja saudável. Tirou nota máxima em sua aula de pregação — ele pregou duas vezes —, mas nunca fez uma exposição sob o olhar atento de um mentor.

E m geral, é assim que um homem é treinado para o ministério. Sem dúvida, seus conhecimentos bíblicos foram

aprimorados, mas suas habilidades pastorais permanecem subdesenvolvidas. Em pouco tempo ele descobrirá que a doutrina correta, por mais essencial que seja, não é suficiente para percorrer o longo caminho do ministério pastoral.

Confissões de fé e pastoreio

Um exemplo: é importante compreender a crise teológica que provocou o Concílio de Niceia no século 4. O Concílio defende uma cristologia bíblica: Jesus é o eterno Filho de Deus e não apenas um homem; é encarnado e não criado. Todavia, pastorear um membro da igreja que se relaciona com alguém que se diz testemunha de Jeová — que nega a natureza eternamente divina do Filho — testa um conjunto de habilidades completamente diferentes. Como você ajuda o membro da sua igreja a distinguir o falso senso de comunhão e, em vez disso, buscar uma oportunidade evangelística? Isso requer um pouco de habilidade pastoral.

Considere outro exemplo. O seminário nos ensina que, sem uma sã doutrina, a igreja caminha para o desastre. Em outras palavras, ensina-nos o valor de uma declaração de fé.

Contudo, como uma igreja local deveria efetivamente usar a sua declaração de fé? Como um novo pastor deve avaliar a teologia de um membro em potencial, empregando a declaração de fé como guia? Esta tarefa requer mais do que os conhecimentos de sala de aula e será facilitada pela presença de um mentor.

A mentoria dá ao aspirante a pastor a oportunidade de observar como a doutrina se conecta com a prática. Obviamente, os pastores precisam estar “aptos a ensinar” (1Tm 3.2).

Entretanto, pastorear o povo comprado pelo sangue de Cristo é, ao mesmo tempo, didático e relacional. Em outras palavras, reflete o ministério de Jesus, o qual não apenas ensinou teologia

sólida, mas também pastoreou ovelhas feridas, em dificuldades e indefesas: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.36).

Enfrentar a realidade

Gostei bastante do seminário. Amava as argumentações recíprocas, o período de intensa leitura e as tarefas teologicamente rigorosas. Porém, só passei da aplicação teórica para a aplicação na vida real quando entrei no estágio pastoral da South Woods Baptist Church. A teologia que aprendi no seminário e em South Woods, junto com as oportunidades de prática do ministério, treinaram-me para a tarefa que eu tinha pela frente. O seminário me ensinou teologia em laboratório; a igreja local levou a teologia às feridas, lutas e necessidades espirituais das pessoas.

Assim que comecei a pastorear, percebi que tinha muito a aprender (uma década depois, ainda é assim!). O estágio me proporcionou uma valiosa experiência. Eu pude ensinar regularmente. Preguei uma série de sermões à igreja. Observei aconselhamentos e, quando apropriado, aconselhei outras pessoas. Estendi minha mão para ajudar em projetos administrativos. Visitei enfermos. Assisti silenciosamente às reuniões de presbíteros e às entrevistas para membresia. Fiz tudo isso sob a mentoria dos pastores da igreja, recebendo incentivo e comentários críticos durante o processo.

A mentoria possibilita que futuros pastores façam diagnósticos, prescrevam medicamentos e realizem cirurgias sob o olhar atento de médicos experientes. Os padrões e práticas que observei moldaram minhas aspirações pastorais e estabeleceram a base para a longevidade. Não importa o ambiente ministerial de um homem — uma igreja plantada, uma congregação em

revitalização ou uma igreja que já está mais ou menos saudável —, ele sempre vai precisar de formação.

Ao refletir sobre os últimos dez anos de pastoreio em um contexto de revitalização, percebo que, sem a mentoria antes e durante o processo, meu mandato poderia ter sido muito mais curto. Eu poderia ter desistido. Mais ainda, percebo que um jovem pastor precisa de mentoria continuada durante toda a sua jornada. Basta ler as Epístolas para ver como Paulo exortou Timóteo e Tito a continuarem com mãos firmes.

Avaliar a jornada

Você pode estar pensando: Como posso encontrar um mentor?

E se minha igreja não me oferecer essa oportunidade? E se, ao ir para o seminário, eu precisar me mudar e procurar outra igreja para me treinar? Como posso continuar sendo mentoreado depois de iniciar o ministério pastoral? Este capítulo começará respondendo a essas importantes questões.

Tenho conversado com Phil e outros pastores desde então em relação à melhor maneira de abordar a formação pastoral. Não existe uma abordagem única para todos. Contudo, certos princípios serão úteis ao buscar formação pastoral na igreja local. Nas páginas seguintes, Phil tratará de algumas das formações que ele buscou enquanto a mentoria formal ainda não havia se popularizado.

O mentor Phil aconselha

Cheguei à fé em Cristo aos quinze anos de idade. Um ano depois, senti o mover do Espírito Santo para que eu pregasse o evangelho. Esse era um desejo estranho para quem tinha em mente uma carreira na arquitetura. Todavia, o desejo não cessava. Eu comia, dormia e bebia pregando, mesmo quando

adolescente. Depois do conselho de alguns amigos de mais idade, anunciei esse chamado a um grupo de colegas em um encontro ao ar livre. Meus colegas me apoiaram, assim como alguns pastores de outras igrejas da região. Meu pastor local, porém, não ofereceu nenhum incentivo nem direcionamento substancial. Ele demonstrava pouco interesse pelos adolescentes recém-convertidos, pela nossa paixão por testemunhar e pelo mover em direção ao ministério. Ele parecia pensar que, se eu me formasse na faculdade e no seminário, já estaria tudo certo.

Sério?

O ministério pastoral pode ser estudado em um ambiente acadêmico. Eu certamente tentei essa abordagem. Entretanto, nem sempre se aprende bem nesse ambiente, como Rich mencionou, assim como um médico não aprende tudo de que precisa na faculdade de medicina. Não tendo ideia melhor, fiz o melhor que pude. Pela bondade de Deus, tive a oportunidade, como estudante universitário, de servir por alguns anos na equipe da igreja. Éramos o pastor e eu cuidando juntos do trabalho ministerial. Quer ele tenha percebido ou não, ele me mentoreou. Deu-me amplas oportunidades para testar minhas habilidades ministeriais. Sou grato pelo tempo que passei com ele e por aquela igreja. Aprendi a amar o ministério pastoral ao pregar, ensinar, discipular e pastorear o rebanho. No meu último ano de seminário, comecei a pastorear uma igreja rural a quase três horas de distância. Minha esposa, minha filha pequena e eu passávamos todos os fins de semana morando numa casa de propriedade da igreja, enquanto eu pregava duas vezes aos domingos e fazia visitas pastorais antes de retornar ao seminário. Entretanto, ao mergulhar no pastorado, comecei a perceber que o domingo chegava semana após semana! Os sermões não se preparavam sozinhos. Tendo um compromisso com a exposição bíblica, enfrentei muitas lutas

exegéticas e homiléticas. Percebia cada vez mais que poços rasos não sustentam um pastor ou uma congregação. Se eu quisesse perdurar, teria de crescer nas minhas disciplinas espirituais, na preparação para a pregação e na entrega. Não demorei muito para compreender que as aulas do seminário por si só não seriam suficientes para me abastecer. Mesmo naquela pequena igreja, eu precisava da síntese de seminário e mentoria, juntamente com maior disciplina, para acompanhar o ritmo do ministério pastoral. No dia da formatura, assumi este pastorado bivocacional “em tempo integral”. E, de repente, percebi que não tinha mais meus professores para discutir desafios difíceis ou textos bíblicos pouco claros durante a semana. Senti-me sozinho. Contudo, o mesmo aconteceu com outro pastor a alguns quilômetros dali. Começamos uma amizade enquanto vivenciávamos juntos as armadilhas e os pináculos do ministério pastoral. De vez em quando, eu convidava pastores para passar alguns dias e pregar na minha igreja. Eles foram um bálsamo para minha alma, fontes de sabedoria em meus múltiplos dilemas. Quando comecei como pastor, precisei usar vinte anos de sabedoria para poder pregar e pastorear. Claro, eu não tinha isso! Mas eu tinha amigos, conselheiros sábios que me ajudaram a prosseguir.

Reconhecimento necessário

Um diploma na parede pode nos cegar quanto ao nosso despreparo para o ministério. Achamos saber o que nos espera. Tivemos notas decentes e até recebemos alguns elogios por nossos sermões. Estamos prontos para lidar com quase tudo — ou assim pensamos.

Claro, é bom ter confiança ao enfrentarmos a rotina diária do ministério. Todavia, a confiança mal colocada provavelmente resultará em alguns padrões prejudiciais. Tornamo-nos

intratáveis, impacientes e indelicados com aqueles a quem deveríamos servir. Esforçamo-nos para pastorear quando estamos instáveis e inseguros sobre como pastorear. Podemos pensar que é humilhante admitir inadequações. Porém, no fundo, sabemos que é o contrário. Às vezes, nossas falhas são evidentes; em outras, elas estão logo abaixo da superfície. Então, como podemos trabalhar com elas?

Conhecer alguns fundamentos

Estou convencido de que o que aprendemos nos nossos primeiros anos de pastorado conta muito para determinar se iremos perseverar. Conheci inúmeros pastores que começaram com entusiasmo, empolgados com o Senhor e com o ministério que ele lhes confiou. E então vem a oposição. O pastor entusiasmado inesperadamente entra em conflito com líderes biblicamente leigos ou com agentes de poder de longa data que pretendem colocar o novo pastor sob seu controle. Por fim, a pressão aumenta e o mandato do pastor termina. Às vezes, a luz pisca por um tempo; outras vezes, aparentemente se apaga da noite para o dia. Mas o entusiasmo acaba, e resistir deixa de ser uma opção viável.

Então, você quer perseverar no ministério? Ótimo. É fácil dizer isso — quase todos os pastores que conheci o repetem. Porém, se você quiser realmente perseverar, precisará começar a se preparar desde o início. Para tal, considere estas cinco práticas essenciais.

1. Mantenha sua caminhada com o Senhor. Uma das bênçãos do ministério pastoral é que é nossa função estudar e aplicar a Bíblia. E, ainda assim, um dos fardos do ministério pastoral é que é nossa função estudar e aplicar a Bíblia. Em outras palavras, é fácil seguir junto com a maré. Preparamos

sermões, oramos antes de dormir, discutimos o evangelho com um novo visitante. Exteriormente, podemos parecer ativos e vivos; interiormente, podemos estar morrendo ou já mortos. Para evitar essa situação, precisamos atentar à nossa alma. Precisamos de uma vida devocional regular, onde deixamos a Palavra de Deus banhar-nos, onde meditamos nela e oramos por meio dela, onde confessamos quaisquer pecados que o Espírito Santo revela e nos confortamos com as promessas que ele nos assegura. Ao fazê-lo, estamos firmes e preparados para qualquer coisa que surja em nosso caminho — como diz

1Timóteo 4.7, exercitados na piedade. Sem esses padrões, secamos. E, quando isso acontece, o inimigo ataca-nos com vigor, tentando empurrar-nos para padrões pecaminosos que destruirão nossa vida e nosso ministério. Portanto, irmão pastor, cuide da sua alma.4 No processo de cuidar diligentemente dos outros, certifique-se de que você mesmo não caiu no perigo de negligenciar o cuidado de si mesmo.

2. Pastoreie como Jesus. Cristo modela o pastoreio fiel como aquele que “dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). Ao estudar Jesus nos Evangelhos, observe como ele cuidava das pessoas ao seu redor. Note como ele mostrou ternura para com os oprimidos, falou incisivamente com os rebeldes e encorajou os tímidos. Analise Jesus indo atrás de ovelhas perdidas. Veja como ele lava os pés dos seus discípulos. Pare e olhe com admiração como Jesus dá sua vida pelas ovelhas. 5 Ele é o nosso modelo de pastor.

4 Veja as observações sobre a caminhada do pastor em C. John Miller, The Heart of a Servant Leader: Letters from Jack Miller, ed. Barbara Miller Juliani (Phillipsburg, NJ: P&R, 2004).

5 Veja Timothy S. Laniak, Shepherds after My Own Heart: Pastoral Traditions and Leadership in the Bible (Downers Grove, IL: InterVarsity, 2006), p. 171-222, 235-245.

3. Pregue a Palavra com excelência. Dê atenção à preparação e à pregação de exposições cuidadosas da Palavra de Deus. Nunca deixe que a pregação se torne um aspecto secundário: ela deve ser prioritária (ver 2Tm 4.1-4). O pastor precisará disciplinar sua vida, organizar sua agenda e dedicar suas energias à boa hermenêutica, à meditação e à homilética. Ao se preparar em espírito de oração, as necessidades de sua congregação estarão em primeiro plano em sua mente. Se precisar deixar de lado outras coisas, que assim seja. Entretanto, um pastor não pode permitir que outras exigências o desviem da pregação fiel.6

4. Cresça na graça do serviço humilde. Os pastores, tanto os jovens quanto os mais velhos, devem lutar regularmente contra o orgulho. Este é um adversário prosaico, que destruiu inúmeros ministérios. Se você é um pastor, deve sempre lembrar que serve às ovelhas sob a autoridade de um Pastor Supremo (ver 1Pe 5.1-5). Os membros da sua igreja não pertencem a você, mas àquele que os comprou “com seu próprio sangue” (At 20.28).

Os pastores devem dar o exemplo no serviço cristão, ao mesmo tempo que convocam regularmente a sua igreja para servirem uns aos outros. O serviço humilde luta contra a arrogância, a ingratidão e a postura pecaminosa do autoritarismo. Infelizmente, muitas igrejas não são saudáveis porque nunca desfrutaram de um ministério prolongado de fidelidade e fecundidade. Da mesma maneira, muitos pastores nunca desfrutaram da fecundidade porque não permaneceram na congregação por tempo suficiente para desfrutar do seu amor e da sua confiança. Simplificando, mais igrejas seriam mais

6 Veja David Helm, Expositional Preaching: How We Speak God’s Word Today (Wheaton, IL: Crossway, 2014); D. Martyn Lloyd-Jones, Preaching and Preachers, edição do 40º aniversário (Grand Rapids: Zondervan, 2011). [Pregação expositiva: Proclamando a Palavra de Deus hoje (Vida Nova, 2016).]

saudáveis se mais pastores permanecessem por mais tempo. Isso não significa que a primeira igreja em que um pastor servirá será onde ele passará a vida toda. Até poderia ser, mas isso é improvável. Não obstante, significa que os pastores devem aprender a lutar contra a tentação de subir degraus no ministério negligenciando a saúde do rebanho a longo prazo. Sugiro a leitura de biografias de pastores conhecidos por sua perseverança, como João Calvino, John Bunyan, Charles Simeon, Charles Haddon Spurgeon, Jonathan Edwards, John Newton, John Sutcliff, Andrew Fuller ou Martyn Lloyd-Jones.

Cinquenta anos depois

Preguei meu primeiro sermão em 1970. Sete anos e meio depois, comecei meu primeiro pastorado. Nos primeiros nove anos de pastorado, servi em três igrejas. Nos últimos 35 anos, servi a uma igreja: a South Woods Baptist Church, em Memphis. Ao longo dos anos, destacaram-se algumas questões práticas que ajudarão a organizar a discussão sobre a longevidade no ministério.

1. Tudo bem se eu não souber tudo. O ministério pastoral está cheio de situações em que é necessário tomar uma decisão, mas nas quais o que fazer não é óbvio. Como lidamos com estes momentos muito importantes, mas de pouca clareza? Evidentemente, começamos com a Palavra de Deus. Nosso ministério e nossa tomada de decisões devem ser centrados nas Escrituras. Todavia, além disso, devemos ser ensináveis. Devemos estar dispostos a aprender com os outros. O que me lembra de…

2. Fazer perguntas a colegas pastores, especialmente aos que têm mais experiência. Muito do que aprendi no ministério veio de questionar, ouvir atentamente, buscar esclarecimentos e depois filtrar as respostas para o meu contexto. Portanto,

certifique-se de ter amigos pastores de mais idade. É importante conversar com colegas da sua idade, mas é melhor aprender com aqueles que foram testados no fogo do ministério. O que novamente me lembra que…

3. É fundamental ter mentores. Os relacionamentos de mentoria não precisam ser excessivamente formais. Na verdade, a mentoria é apenas uma faceta de uma amizade comum. Com o tempo, espera-se que amizades profundas com irmãos que pensam da mesma maneira se espalhem em sua vida de modo a encorajá-lo e moldar seu ministério. O Senhor nos deu exemplos disso nas Epístolas. Desfavorecido é o pastor que carece de mentores confiáveis. Se não houver um ministério formal de mentoria ao qual se candidatar, então peça a um ou dois pastores de mais idade que almocem ocasionalmente com você a fim de conversarem sobre a vida pastoral.

4. Mantenha à mão um fluxo constante de bons livros. Leia de maneira regular, ampla, profunda e com aplicação apropriada. Quando não havia mentores para mim, encontrei mentores do passado que falaram em minha vida por meio de sua experiência. Torne-se amigo desses colegas de trabalho.

O contexto deles irá diferir do seu, sem dúvida. Contudo, você pode aprender com a perseverança e fidelidade deles. Não confie neles em sentido absoluto, mas deixe-os preencher lacunas, aprofundar suas percepções pastorais e vir em seu auxílio em momentos difíceis. Você encontrará algumas recomendações ao final deste capítulo.

Refletindo sobre os últimos cinquenta anos, percebo como o Senhor pareceu colocar a pessoa certa em meu caminho quando eu precisava ser aprimorado ou corrigido, encorajado ou advertido — quando eu precisava de uma boa risada ou de boas lágrimas. Sou grato por sua graça sustentadora.

O jovem pastor Rich aplica o conselho

Quero mencionar duas maneiras pelas quais a mentoria pastoral que recebi, especialmente de Phil, me preparou para minha jornada pastoral.

Confortar os santos em sofrimento

Os pastores são encarregados de consolar aqueles que sofrem, mas como podemos consolar os enfermos, os fracos e os moribundos? O que devemos fazer na beira do leito de um homem com câncer terminal? O que você diria a uma senhora idosa cujos problemas de saúde pioraram?

Lembro-me de ir com Phil visitar alguém no hospital. Enquanto dirigíamos, ele fez uma pergunta que nunca passou pela minha cabeça: “Que passagem das Escrituras você acha que eu deveria ler?”. Essa pergunta não deveria ter me chocado, mas chocou. Eu não tinha nem ideia do que responder. Presumi que iríamos ouvir, conversar e tentar encorajar. Claro, oraríamos. Porém, ler as Escrituras? Isso não seria estranho?

Cerca de meia hora depois, eu estava sentado no quarto do paciente. Observei enquanto Phil abria sua Bíblia no Salmo 46. Cada palavra que ele lia banhava esse santo como um bálsamo curativo. Naquele dia, aprendi uma importante lição sobre cuidado pastoral: não somos robôs que calculam qual passagem bíblica ler em determinado momento — Aqui está o problema e aqui está a referência bíblica que você precisa ouvir. Em vez disso, somos meros seres humanos que precisam orar pela sabedoria e misericórdia de Deus em meio às provações, pessoas que precisam da Palavra de Deus para fortalecer a sua fé cansada.

Exposição sequencial como dieta principal

Se uma pessoa segue uma dieta bem balanceada, notará uma diferença em como se sente depois de uma refeição pouco

saudável. Deliciar-se com uma pizza gigante é bom no momento, mas um desastre está por vir. Se você ingerir um fluxo contínuo de refeições pouco saudáveis, os efeitos sobre sua saúde se tornarão óbvios.

A pregação tem efeitos semelhantes em nossa saúde espiritual. Se uma congregação ouve apenas pregações temáticas, então sua maturidade é prejudicada. As pessoas se tornam teologicamente desequilibradas e biblicamente anêmicas. A pregação visa, em parte, fornecer uma dieta bem equilibrada da Palavra de Deus. Isto parece ser melhor conseguido pregando sermões expositivos sequenciais ao longo dos livros da Bíblia. Como podemos garantir que pregamos todo o conselho de Deus? Não pulando nenhuma parte. Felizmente, os pastores modelaram esse padrão durante meu estágio em South Woods antes de eu me tornar pastor da minha própria igreja, e deram aos assistentes pastorais oportunidades de praticar. Nas noites de domingo, pregávamos ao longo dos livros da Bíblia. Lembro-me de pregar sobre Colossenses com meu grupo. Ao trabalharmos juntos, a congregação foi alimentada e recebemos treinamento sob a mentoria dos mais antigos.

Em outras palavras, a nossa prática de pregação aconteceu na vida da igreja, não em um laboratório. Não apenas encorajamos uns aos outros enquanto aspirantes ao pastorado, mas a congregação nos amou e nos exortou! A edificação mútua foi um espetáculo belo de ver.

Encontre um mentor

Você pode ser o único pastor da igreja em que serve ou servirá. Contudo, não pastoreie isoladamente. Você precisa de mentores, e a igreja à qual você tem o privilégio de servir precisa que você tenha mentores.

O mentor Phil lista alguns próximos passos

• Considere aqueles que o Senhor colocou em sua vida como mentores, seja formal ou informalmente. Como você pode fortalecer seus relacionamentos de mentoria para o futuro? Você precisa discutir suas disciplinas espirituais e seu trabalho pastoral com mais frequência com seus mentores? Se não tem ninguém para mentoreá-lo, passe as próximas semanas orando para que o Senhor levante um mentor para você.

• Qual foi a última biografia pastoral que você leu? Como o livro o afetou? O que você aprendeu e começou a aplicar em sua vida? Se já se passaram mais de seis meses desde que você leu uma biografia pastoral, arranje outra e comece a ler e aprender com o passado.

• Em que áreas do ministério pastoral você se sente impaciente, frustrado ou desanimado? Busque aconselhamento com pastores de mais idade sobre como lidar com essas questões. Não se permita cair em padrões pecaminosos em sua caminhada e ministério. Aprofunde seu tempo na Palavra e na oração. Confesse seus pecados diariamente. Procure andar no Espírito. Adicione um bom livro sobre santificação à sua rotina de leitura.

• Determine-se a trazer mentores pastorais para a sua vida enquanto serve à igreja de Cristo. Aprenda a se abrir com eles sobre suas lutas. Filtre o conselho deles com os ensinamentos encontrados na Palavra de Deus.

Leituras recomendadas

Livros sobre pastorado:

Charles Bridges, The Christian Ministry: With an Inquiry into the Causes of Its Inefficiency (Edinburgh: Banner of Truth, 2015).

Grant Gordon, Wise Counsel: John Newton’s Letters to John Ryland Jr (Edinburgh: Banner of Truth, 2010).

H. B. Charles Jr, On Pastoring: A Short Guide to Living, Leading, and Ministering as a Pastor (Chicago: Moody, 2016).

Phil A. Newton, 40 Questions about Pastoral Ministry (Grand Rapids: Kregel Academic, 2021).

Livros sobre a vida espiritual:

Andrew M. Davis, An Infinite Journey: Growing toward Christlikeness (Cambridge: Emerald House Group Inc, 2014).

C. John Miller, The Heart of a Servant Leader: Letters from Jack Miller (Phillipsburg: P&R Publishing, 2004).

John Flavel, Keeping the Heart: How to Maintain Your Love for God (Fearn: Christian Focus Publications Ltd, 1668). [Guarda o teu coração (Dort Publicações, 2022).]

Richard Sibbes, The Bruised Reed (Edinburgh: Banner of Truth, 1620) (obra que respira o ar do coração servil, seguindo o exemplo de Jesus ao cuidar do rebanho).

Sinclair B. Ferguson, Devoted to God: Blueprints for Sanctification (Edinburgh: Banner of Truth, 2016).

Thomas Brooks, Precious Remedies Against Satan’s Devices (Edinburgh: Banner of Truth, 1968). [Resista ao diabo: Um estudo da batalha espiritual dos crentes contra Satanás (PES, 2014).]

Biografias pastorais:

Arnold A. Dallimore, Spurgeon: A New Biography (Edinburgh: Banner of Truth, 2009). [Spurgeon: Uma nova biografia (Publicações Evangélicas Selecionadas, 2008).]

Derek Prime, Charles Simeon: An Ordinary Pastor of Extraordinary Influence (Leominster: Day One Publications, 2011).

George Marsden, Jonathan Edwards: A Life (New Haven: Yale University Press, 2003).

Iain H. Murray, The Life of Martyn Lloyd-Jones (Edinburgh: Banner of Truth, 2013). [A vida de D. Martyn Lloyd-Jones 18991981: Uma biografia (PES, 2014).]

John Bunyan, Grace Abounding to the Chief of Sinners (Cambridge: Emerald House Group Inc, 1998). [Graça abundante para o principal dos pecadores (Vida Nova, 2017).]

Paul Brewster, Andrew Fuller: Model Pastor-Theologian (Nashville: B&H Academic, 2010).

Roland H. Bainton, Here I Stand: A Life of Martin Luther (NYC: Plume, 1995). [ Cativo à Palavra: A vida de Martinho Lutero (Vida Nova, 2017).]

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