Zacharias C. Taylor - A tocha do evangelho no Brasil

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A biografia do missionário pioneiro Z. C. Taylor merecia um livro, e essa tarefa coube ao Dr. David Allen Bledsoe. Se você valoriza a história batista e o sacrifício dos missionários que escreveram a história batista no Brasil, esse é um livro que você precisa ler. Carlos Elias de Souza Santos, pastor titular da Primeira Igreja Batista de Campo Grande/RJ; ex-presidente das Convenções Batistas Sul-mato-grossense e Carioca A biografia do missionário Zacharias Clay Taylor é um convite à piedade e ao serviço no Reino. Recomendo a entusiasmante leitura acerca do homem santo que trabalhou na organização da Primeira Igreja Batista em minha terra natal, Valença/BA, no século 19. Recomendo a obra fundamentada em fontes históricas como professor de história batista que tem convivido com a escassez de literatura sobre nossos pioneiros. Recomendo a reflexão proposta como vocacionado que foi influenciado, positivamente, por missionários vinculados à IMB, antes chamada Junta de Richmond. Tarcísio Farias Guimarães, pastor titular da Igreja Batista do Barro Preto/MG Em tempos de raras referências de homens e mulheres comprometidos com Deus e seu reino, os batistas brasileiros reacendem a tocha de sua história não muito distante da sua origem. David Bledsoe risca o fósforo para incendiar nossa memória com o seu novo livro, Zacharias C. Taylor: A tocha do evangelho no Brasil, uma abordagem histórica da vida e da obra missionária de Zacharias Clay Taylor. O livro apresenta a biografia, os desafios e o legado missionário que, até os dias atuais, influenciam a fé cristã que professamos. Recomendo a leitura com a lente de Cristo. Sandro Ferreira, pastor da Primeira Igreja Batista Coronel Fabriciano; presidente da Convenção Batista Mineira, professor do Seminário Bíblico Batista do Vale do Aço O legado do pastor, teólogo e escritor Zacharias Clay Taylor ilumina a história e a identidade dos batistas brasileiros. Sua trajetória nos revela nossa herança: sofrida, porém nobre; e fortalece nossa identidade bíblica e robusta. Este livro não somente honra a memória de Taylor, mas também serve como um estímulo vigoroso para redescobrirmos e reavivarmos doutrinas e práticas esquecidas. A teologia sólida, a convicção inabalável e o amor sacrificial de Taylor e de outros missionários pioneiros permanecem como faróis de inspiração. Eles nos desafiam a reconhecer que o evangelho, em sua essência pura e simples, é suficiente — não precisa ser atualizado. Sillas Campos, pastor titular da Igreja Batista Central em Campinas; presidente do Ministério Fiel É com satisfação que recomendo a biografia de Z. C. Taylor, missionário pioneiro no Brasil. A história do povo batista precisa ser escrita e disseminada para que


sua identidade seja fortalecida. O ministério de referênciais do passado tem grande valor para encorajar a obra de Deus no presente. Taylor foi um servo fiel ao Senhor, homem de família, plantador de igrejas, estudioso versado da teologia bíblica. Parabéns à Pro Nobis Editora e ao Dr. Bledsoe por mais esta preciosidade disponibilizada aos batistas brasileiros. Anderson Cavalcanti, pastor da Segunda Igreja Batista de São Luís; diretor do Seminário Teológico Batista do Maranhão; diretor executivo da Associação Brasileira de Instituições Batistas de Ensino Teológico Na assembleia administrativa de 12 de agosto de 1882, em que os irmãos da Igreja Batista em Santa Barbara d’Oeste concederam carta para que a família Taylor se dirigisse para a Bahia, eles não imaginavam o significativo legado que Deus proporcionaria por meio da vida e instrumentalidade de Zacharias Clay Taylor, um missionário americano que promoveu um trabalho dedicado e marcante à propagação da fé cristã em solo brasileiro. Estou certo de que esta preciosa biografia lhe será encorajadora e muito proveitosa. André Carvalho de Oliveira, pastor da Primeira Igreja Batista em Atibaia; diretor executivo da missão Pregue a Palavra Estou fascinado com a leitura desta biografia missionária! Seu conteúdo é inspirador para todos os batistas e qualquer pessoa que ame o Senhor Jesus e sua obra! A linda trajetória de paixão por Cristo e pelo Brasil impactam qualquer cristão sincero, ao nos permitir conhecer os grandes desafios e enormes sacrifícios, somados à resoluta convicção da missão de evangelizar esta nação. Todos precisam ler a história de Zacharias Clay Taylor! Sua importância é imensurável para a atual e as próximas gerações! Com esta obra, o Dr. Bledsoe presenteia o povo batista com a lembrança de sua heroica história, suas raízes e identidade! Você precisa ler! Riedson Filho, pastor presidente da Igreja Batista Monte Gerizim; professor de Teologia Sistemática do Seminário Teológico Batista do Nordeste-Salvador; vice-presidente da Convenção Batista Bahia Por que precisamos estudar a história de missões? Há quatro razões: a história nos ensina, nos humilha, nos mostra como o evangelho chegou até nós, e nos motiva. Meu estimado colega missionário, Dr. Bledsoe, cumpre essas quatro por contar a vida e obra missionária de Z. C. Taylor. O leitor aprenderá sobre a caráter desse homem usado grandiosamente por Deus no avanço do evangelho no Brasil. Sua leitura humilhará o cristão que até este ponto tem feito muito pouco e simultaneamente o inspirará a se dedicar cada vez mais à obra de avançar o evangelho nesta geração. Wendal Mark Johnson, missionário no Brasil da Convenção Batista do Sul através do International Mission Board; professor de missões


Zacharias C. Taylor

a tocha do evangelho no brasil



Zacharias C. Taylor

a tocha do evangelho no brasil

DAVID ALLEN BLEDSOE

Rio de Janeiro, RJ


Zacharias C. Taylor: A tocha do evangelho no Brasil

Gerência editorial Judiclay Silva Santos

Copyright © 2023 David. A. Bledsoe

Conselho editorial Judiclay Santos David Bledsoe Paulo Valle Gilson Santos Leandro Peixoto

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por PRO NOBIS EDITORA Rua Professor Saldanha 110, Lagoa, Rio de Janeiro-RJ, 22.461-220 1ª edição: 2023 ISBN: 978-65-81489-44-1 Impresso no Brasil / Printed in Brazil Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo citações breves, com indicação da fonte. As opiniões representadas nesta obra são de inteira responsabilidade do autor e não necessariamente representam as opiniões e os posicionamentos da Pro Nobis Editora ou de sua equipe editorial.

Editor: Judiclay Santos Tradução: Maiza Ide Ritomy Preparação de texto: Cinthia Turazzi Capa: Filipe Ribeiro Ilustração da capa: Marcos Rodrigues Diagramação: Marcos Jundurian Nesta obra, as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA), salvo informação em contrário.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Bledsoe, David Allen. Zachary C. Taylor: a tocha do evangelho no Brasil / David Allen Bledsoe ; tradução Maiza Ide Ritomy. – Rio de Janeiro, RJ : Pro Nobis Editora, 2023. Título original: The gospel torch in Brazil : the life and missionary work of Zachary Clay Taylor. ISBN 978-65-81489-44-1 1. Batistas 2. Missão cristã 3. Missionários – Biografia 4. Taylor, Zachary Clay, 1850-1919 I. Título. 23-182581

CDD-266.61092

Índices para catálogo sistemático: 1. Missionários : Biografia 266.61092 Tábata Alves da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9253

Tel.: (21) 2527-5184 contato@pronobiseditora.com.br www.pronobiseditora.com.br


Aos evangélicos, em particular aos batistas: que esta biografia informe e inspire ao contar a história de alguém que viveu para o seu Cristo, para a Causa missionária e para a vida por vir.



Sumário Apresentação da série Gigantes batistas Judiclay Santos.......................................................................... Abreviaturas e símbolos.............................................................. Linha do tempo........................................................................... Prefácio Fernando M. Brandão................................................................ Introdução................................................................................... Parte 1 | Preparativos providenciais 1. Educação e conversão........................................................... 2. Orientações divinas na vida e no ministério........................ 3. Doze meses de preparações................................................... Parte 2 | Crônicas missionárias brasileiras 4. Primeiros seis meses.............................................................. 5. Surgimento das missões batistas (1882-1884)...................... 6. Progresso das missões batistas (1885-1910).......................... 7. Primeira Sra. Taylor.............................................................. 8. Segunda Sra. Taylor.............................................................. 9. Insistência no novo nascimento e em uma igreja de membresia regenerada..................................................... 10. Três esferas de atividade ministerial..................................... 11. Influência sobre ilustres brasileiros ......................................

13 15 17 23 25

41 47 59

71 79 95 103 113 125 139 155


12. Impacto sobre missionários notavelmente estratégicos........ 13. Casos difíceis ........................................................................

177 187

Parte 3 | Última década (1909-1919) 14. Retorno necessário................................................................ 15. Último dia na terra............................................................... 16. Homenagens póstumas.........................................................

199 207 215

Parte 4 | Aconselhamento e defesa da Causa missionária 17. Provérbios concisos e observações perspicazes..................... 18. Apelo a missionários e outros cristãos da Grande Comissão........................................................................

223 227

Posfácio: Preservação do “Manuscrito de Z. C. Taylor”............. Agradecimentos..........................................................................

231 235

Apêndice 1: Galeria de fotos...................................................... Apêndice 2: Obras que Taylor produziu na Tipográfica Batista Evangélica............................................... Apêndice 3: Homenagem memorial a João Gualberto Baptista. Apêndice 4: Denúncia contra T. C. Joyce.................................. Apêndice 5: Carta de Laura acerca da saúde debilitada de Taylor Apêndice 6: Nascimentos e óbitos............................................. Apêndice 7: Pacto de compromisso da Sociedade Missionária Batista...............................................

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ZACHARIAS C. TAYLOR: a tocha do evangelho no brasil

Apresentação da série Gigantes batistas Isaac Newton foi um dos mais brilhantes cientistas da história. Ele fez grandes descobertas nos campos do conhecimento em matemática, astronomia e física. Suas pesquisas resultaram nas leis de Newton e na lei da gravitação universal. O cientista inglês estudou na Trinity College, onde também seria professor. Newton avançou em suas pesquisas porque teve acesso ao trabalho de outros excelentes cientistas, como Kepler, Galileu e Copérnico. No dia 5 de fevereiro de 1676, ele escreveu uma carta-resposta ao cientista Robert Hooke e fez uma pedagógica confissão: “Se vi mais longe, foi por estar de pé sobre os ombros dos gigantes”. Com essa frase, muito provavelmente inspirada em uma metáfora em latim, nanos Gigantum humeris incidentes, Newton quis dizer que só conseguiu adquirir tanto conhecimento graças aos outros cientistas que vieram antes dele. Aplicada à fé cristã, a metáfora dos anões estarem sobre ombros de gigantes aponta para uma grande verdade: somos devedores dos nossos pais na fé. Somos pequenos e precisamos subir nos ombros dos gigantes da fé para olhar adiante e seguir em frente. Devemos reconhecer que só estamos aqui porque outros abriram o caminho para que nós passássemos. Portanto, estudar a história e aprender com aqueles que nos precederam no caminho é essencial para discernir o presente e planejar o futuro. Existe uma rica herança histórica que precisa ser conhecida. Como bem disse o salmista, “o que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez” (Salmos 78.3-4). 13


Apresentação da série Gigantes batistas

A série Gigantes batistas é um projeto que tem por objetivo primário oferecer ao público de língua portuguesa acesso à vida e à obra de notáveis batistas. O calendário de publicações contempla homens como Thomas Helwys, fundador da primeira igreja batista na Inglaterra, William Kiffen, principal estadista batista do século 17, John Gill, o maior teólogo batista do século 18, Andrew Fuller, mentor e um dos organizadores da sociedade batista missionária inglesa, Roger Williams, fundador da primeira igreja batista nos EUA, Isaac Backus, exímio pregador e paladino da liberdade na América colonial, George Liele, o primeiro missionário batista afro americano, John Dagg, o primeiro teólogo sistemático dos Batistas do Sul, entre outros. No que tange aos missionários batistas que atuaram no Brasil, selecionamos uma plêiade de notáveis. Z. C. Taylor, William Bagby, William Entzminger, Salomão Ginsburg, Eurico Nelson, entre outros. Começamos essa série com Z. C. Taylor por duas razões. Primeiro, a fim de honrar a memória desse valoroso obreiro, poderosamente usado como instrumento nas mãos da Providência para começar e consolidar a obra batista no Brasil. Taylor foi o mais bem-sucedido missionário pioneiro, um homem polivalente que se destacou como teólogo maior, grande pregador, talentoso editor e eficaz plantador de igrejas. O segundo motivo é porque os batistas brasileiros precisam voltar às suas origens e aprender com os seus pais na fé. Taylor ficaria escandalizado ao ver o pragmatismo dominante nos círculos denominacionais, o despreparo dos missionários (boa parte deles incapaz de subir ao púlpito e expor o texto bíblico), a pentecostalização das igrejas (infelizmente encabeçada por seus próprios líderes), e o uso de meios carnais para atrair as pessoas, um evidente processo de alargamento da porta estreita. Z. C. Taylor é uma referência, útil e necessária, e precisa ser conhecido pelas novas gerações. Ele tinha os pés de barro, mas suas virtudes eram muito superiores às eventuais fraquezas. Ele demonstrou a grandeza de sua fé através de uma tríade distintiva: ortodoxia doutrinal, piedade e engajamento missionário. Seja Deus gracioso e abençoe os batistas no Brasil e no mundo. Judiclay Santos, Rio de Janeiro, 22 nov. 2023

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ZACHARIAS C. TAYLOR: a tocha do evangelho no brasil

Abreviaturas e símbolos

§

artigo, seção, parágrafo

apud

citado por

ATA(s)

ata(s) da igreja ou convenção

CBB

Convenção Batista Brasileira

c.

circa; cerca de

cf.

conferir; ver também

ed(s).

editor(es); edição

f.

e páginas seguintes

e.g.

por exemplo

PIB

Primeira Igreja Batista

FMB

Foreign Mission Board, Junta de Missões Estrangeiras

IMB

International Mission Board, Junta de Missões Internacionais

IMBArch

International Mission Board Historical Archives, Arquivos Históricos da Junta de Missões Internacionais

em:

informações apresentadas em periódicos

ibid.

na mesma obra

i.e.

isto é

op. cit.

obra citada 15


Abreviaturas e símbolos

org.

organizador

p.

página

CP

correspondência pessoal

SBC

Southern Baptist Convention, Convenção Batista do Sul

SBCA

Southern Baptist Convention Annual, Anuário da Convenção Batista do Sul

SBHLA

Southern Baptist Historical Library and Archives, Biblioteca e Arquivo Histórico Batista do Sul

SBTS

Southern Baptist Theological Seminary, Seminário Teológico Batista do Sul dos Estados Unidos

TexCol

Coleção do Texas, Universidade de Baylor

s.d.

sem data

s.l.

sem local

s.p.

sem página

sic.

assim estava escrito

trad.

tradução; tradutor

v.

volume

ZCT

Zacharias Clay Taylor; Z. C. Taylor

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ZACHARIAS C. TAYLOR: a tocha do evangelho no brasil

Linha do tempo

1851

Z. C. Taylor nasce, no final do ano, em uma área rural perto de Jackson, Mississippi.

1866

Muda-se com a família para o lado leste do Texas.

Setembro a novembro de 1868

Conversão e batismo.

Março a maio de 1869

Sente um chamado para pregar e liderar igrejas como ministro do evangelho.

1870

É enviado como mensageiro de sua igreja para a Reunião Anual da Associação Batista do Rio Neches.

Setembro de 1875

Matricula-se no programa de medicina da entidade que é hoje conhecida como Universidade de Baylor, em Waco, Texas.

Setembro a novembro de 1876

​​Decide ir para o Brasil.

Junho de 1879

Conclui o Bacharelado em Filosofia na Universidade de Baylor (Independence, TX). É ordenado ministro do evangelho e começa a pastorear a Igreja Batista de Runnels.

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Linha do tempo

Fevereiro a junho de 1881

Matricula-se no Seminário Teológico Batista do Sul, em Louisville, KY.

Agosto de 1881

Conhece Katharina Crawford em Salado, TX.

25 de dezembro de 1881

Casa-se com Katharina; naquela tarde, a Igreja Batista de Salado comissiona os recém-casados como missionários para o Brasil.

3 de janeiro de 1882

Z. C. e Katharina são submetidos em Richmond a avaliações e nomeados missionários pela Junta de Missões Estrangeiras para o Brasil; no dia seguinte, o casal segue para Baltimore.

12 de janeiro de 1882

O casal parte do porto de Baltimore e chega ao porto do Rio de Janeiro em 23 de fevereiro de 1882.

4 de março de 1882

Os Taylors se encontram com W. B. Bagby no Rio de Janeiro.

9 de março de 1882

O casal chega a Campinas; no dia seguinte, Taylor prega no culto da igreja batista dos ex-confederados em Santa Bárbara d’Oeste.

Julho de 1882

Taylor e Bagby recebem permissão da Junta de Missões Estrangeiras para irem ao estado da Bahia.

31 de agosto de 1882

Os casais Taylor e Bagby, juntamente com Antônio Teixeira de Albuquerque e sua família, chegam ao porto de Salvador, na Bahia.

15 de outubro de 1882

Os Taylors são co-fundadores da Primeira Igreja Batista da Bahia (Salvador).

24 de agosto de 1885

Nasce o primeiro filho do casal, Tarleton Broadus Taylor, em Salvador.

2 de janeiro de 1887

Os Taylors tiram a primeira licença por motivos de saúde; chegam ao porto de Nova Iorque em 24 de janeiro. 18


ZACHARIAS C. TAYLOR: a tocha do evangelho no brasil

2 de fevereiro de 1888

Nasce em Louisville, KY, a segunda filha do casal, Mabel.

Maio a julho de 1888

Os Taylors partem do porto de Baltimore (2 de maio); a abolição da escravatura no Brasil ocorre durante o percurso (13 de maio); Taylor é agraciado com o título de Mestre Honorário em Artes, à distância, na Baylor (junho); a família chega a Salvador no dia 2 de julho, depois de uma visita curta com missionários no Rio de Janeiro.

22 de setembro de 1890

Nasce em Salvador, Bahia, o terceiro filho do casal, Eschol.

Início de 1891

Katharina contrai varíola; surge um tumor em sua perna esquerda.

25 de dezembro de 1891

A família parte de Salvador para os EUA para Katharina passar por cirurgia.

25 de janeiro de 1892

A família chega a Nova Iorque; seguem direto para a Filadélfia.

3 de fevereiro de 1892

A perna de Katharina é amputada durante o sexto mês de gestação; ela fica hospitalizada por dois meses.

8 de maio de 1892

Nasce em Belton, Texas, o quarto filho do casal, Marquis.

21 de setembro de 1892

A família Taylor chega a Salvador, Bahia.

19 de agosto de 1894

Katharina falece e é enterrada na cidade de Salvador, Bahia.

4 de agosto de 1895

Taylor chega a Nova Iorque em busca de uma esposa adequada.

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Linha do tempo

12 de outubro de 1895

Z. C. casa-se com Laura G. Barton, missionária na China, durante a Convenção Batista do Texas realizada na cidade de Belton.

23 de novembro de 1895

Os recém-casados ​​chegam a Salvador.

17 de outubro de 1900

Laura parte sozinha e enferma para os EUA; volta no início do ano seguinte.

Janeiro de 1902 a janeiro de 1903

Os Taylor permanecem nos EUA em licença; Eschol e Mabel se matriculam na Faculdade Batista Blue Mountain.

1904

Taylor passa quatro meses no Rio de Janeiro supervisionando a Casa Publicadora Batista e O Jornal Batista.

1906

Taylor é premiado como Doutor Honorário em Divindade, à distância, pela Universidade de Baylor.

22 a 27 de junho de 1907

Organização e primeira assembleia da Convenção Batista Brasileira. A ocasião ocorreu em Salvador, comemorando 25 anos da obra batista missionária no solo brasileiro. O casal Taylor se envolveu nos preparativos e cerimônias.

Outubro de 1907 a julho de 1908

Laura vai para os Estados Unidos, atracando em Nova Iorque em 7 de novembro, em razão de seu estado de saúde; volta ao Brasil em julho com Mabel e Eschol, formados na faculdade, bem como Mary, sua irmã viúva enferma e os três filhos.

21 de novembro de 1908

Taylor vai a Portugal, encarregado pela Junta de Missões Mundiais, para estabelecer a obra missionária batista no país.

Aprox. 27 de dezembro de 1908

Taylor lidera a organização da Primeira Igreja Batista em Porto, Portugal.

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ZACHARIAS C. TAYLOR: a tocha do evangelho no brasil

11 de janeiro de 1909

Taylor sai de Lisboa, Portugal, retornando à Bahia.

18 de agosto de 1909

A irmã de Laura, Mary, morre em Salvador; a família Taylor adota os três filhos de Mary naquela noite.

18 de setembro de 1909

Taylor deixa o Brasil em decorrência de uma doença crônica; chega a Nova Iorque em 7 de outubro.

21 de março de 1910

Laura, Mabel e Eschol deixam Salvador e vão para os Estados Unidos; chegam a Nova Iorque em 5 de abril; unem-se a Taylor em Waco em 8 de abril.

Aprox. setembro de 1910

Taylor visita o México para estabelecer relações de cooperação entre batistas brasileiros e batistas mexicanos.

14 de setembro de 1919

Taylor, Laura e a filha Eschol se afogam na tempestade da cidade de Corpus Christi, Texas.

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ZACHARIAS C. TAYLOR: a tocha do evangelho no brasil

Prefácio Quando tomei conhecimento que o Dr. David Bledsoe estava escrevendo a biografia do missionário pioneiro Zacharias Clay Taylor, fiquei muito feliz e com grande expectativa. Primeiro, porque amo a história dos batistas e, especialmente, do movimento missionário no Brasil. Segundo, porque a iniciativa de contar a vida de um dos principais missionários no Brasil contribuirá para manter acesa no coração dos batistas a tocha da visão missionária e os valores e princípios bíblicos de missões transmitidos para esta e as próximas gerações de pastores, missionários, líderes e igrejas. Em terceiro lugar, também por me sentir parte dessa história. Nasci no interior da Bahia, converti-me numa igreja batista e conclui meu ensino médio no Colégio Batista Taylor-Egídio em Jaguaquara. Esse colégio foi fundado em Salvador pela esposa do missionário Zacharias Taylor e depois transferido para Jaguaquara, onde estudei. Conheci o evangelho de Cristo Jesus na Primeira Igreja Batista daquela cidade, igreja essa, entre tantas, fundada por missionários e evangelistas que iniciaram a proclamação do evangelho nos rincões do sertão sob liderança e inspiração de Taylor. Ou seja, eu e minha família somos fruto desse movimento de multiplicação de discípulos que se iniciou com os Bagbys e Taylors em Salvador. A história de missões é a história de homens e mulheres que, fiéis à vocação e obedientes ao chamado, deixaram tudo para dedicar suas preciosas vidas à proclamação do evangelho de Cristo Jesus sob a liderança do Espírito Santo. Assim foi a história da família Taylor no Brasil e, em especial, na minha querida Bahia. 23


Prefácio

A visão desses pioneiros era extraordinária. O contexto social, as condições, a cultura, o idioma, os recursos e toda a oposição aos crentes eram desafiadores naquela época, mas eles nunca recuaram. A perspectiva deles era sempre avançar na terra do cruzeiro do sul. Somos herdeiros desse vigor missionário. Fomos abençoados com essa visão e determinação de proclamar o evangelho em todos os lugares, porque Cristo Jesus amou todos, morreu por todos e deseja que todos sejam salvos. Nossa geração precisa muito aprender com esses abnegados pastores, líderes, missionários, servos, evangelistas, discipuladores, trabalhadores incansáveis, cooperadores do evangelho. A vida do missionário Zacharias Clay Taylor nos inspira a continuar na trilha dos campos, que estão brancos para a colheita. Ele foi um gigante entre os primeiros missionários batistas que chegaram ao Brasil no final do século 19. Junto com a família, doou sangue, suor e lágrimas para plantar a semente do evangelho no coração dos brasileiros. Os resultados podemos conferir em todos os lugares onde encontramos uma igreja batista, um colégio batista, um seminário ou um projeto missionário, e também no exterior, pois o trabalho batista se multiplicou exponencialmente ao longo dos anos. Não tenho dúvida de que a leitura dessa obra, escrita por alguém que, como os Taylors, deixou sua pátria para se dedicar à proclamação do evangelho no Brasil, contribuirá para que a presente geração de líderes não deixe a chama missionária se apagar e continue investindo e cooperando com a Causa missionária. A leitura desta biografia inspirará muitos e despertará outros tantos para a lide missionária. Recomendo a leitura dessa obra para todos os vocacionados, missionários, estudantes de teologia e missiologia, professores, pastores, líderes e pessoas que amam missões. Agradecemos ao autor por sua dedicação, pesquisa e trabalho árduos, que nos proporcionaram a oportunidade de ler a história de uma vida dedicada e consagrada à proclamação do evangelho, multiplicação de discípulos e plantação de igrejas em nossa pátria, como também conhecer um pouco mais da história de missões entre os batistas brasileiros. Boa leitura! Avançar sempre! Fernando M. Brandão, diretor executivo da Junta de Missões Nacionais, diretor-geral do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil 24


ZACHARIAS C. TAYLOR: a tocha do evangelho no brasil

Introdução Brasil, batista e Bagby são nomes que andam juntos — e por um bom motivo. Bagby se refere a William Buck Bagby 1 e sua esposa, Anne Luther Bagby.2 Quem lê sobre o casal ou visita os lugares em que serviram logo percebe que eles merecem ser homenageados e ter seus esforços aplaudidos. Para se ter uma ideia, o casal viveu todos os seus dias entre pessoas a quem levaram o evangelho. Estabeleceram muitas das primeiras igrejas batistas em centros urbanos estratégicos do país. Depois da morte de seu marido, Anne tornou-se a missionária que viveu mais tempo no exterior de toda a história das missões dos batistas do sul. Seus cinco filhos que chegaram à idade adulta também serviram como missionários na América do Sul,3 sem contar os outros que vieram de sua descendência. Que legado evangélico! Contudo, outros missionários batistas também deram tudo de si pela Causa missionária no Brasil. Eles também merecem ser lembrados.4

1

2 3 4

Este livro apresenta o nome completo do indivíduo quando citado pela primeira vez. Nas ocorrências subsequentes, usa-se o sobrenome, exceto no caso de citação direta ou quando diversas pessoas compartilham o mesmo sobrenome. Os nomes brasileiros não seguem essa regra. W. B. (1855-1939) e Anne Bagby (1859-1942) foram designados missionários em 1880 e ambos serviram no Brasil até sua morte. Ermine (1881-1939), Taylor Crawford (1883-1959), Alice (1896-1973), Helen Edna (1900-1993) e Albert Ian (1902-1988). A edição de 1926 do álbum dos missionários batistas do sul listava 109 missionários e missionárias servindo no Brasil. Foreign Mission Board, Album of Southern Baptist Foreign Missionaries (Richmond: Foreign Mission Board, 1926), p. 17-35.

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Introdução

Uma figura que merece ser conhecida e estudada é Zacharias Clay Taylor, junto com suas duas extraordinárias ​​esposas.5 Zacharias serviu no Brasil de 1882 a 1909 pela Junta de Missões Estrangeiras (Foreign Mission Board, FMB). Conhecida na atualidade como Junta de Missões Internacionais (International Mission Board, IMB), esta organização é a entidade missionária das igrejas batistas dos Estados Unidos que cooperam com a Convenção Batista do Sul (Southern Baptist Convention, SBC). Katharina Crawford,6 primeira esposa de Taylor e mãe de quatro filhos, serviu no Brasil com o marido por 13 anos; ela morreu aos 32 anos. Laura Barton trabalhou no norte da China como missionária da FMB por cinco anos antes de ela e Taylor se conhecerem no Texas. O casamento deles, em 1895, redirecionou seu ministério transcultural para o Brasil. Além disso, as vidas de Taylor e Bagby se entrelaçaram enquanto jovens adultos no Texas e depois como colegas missionários no Brasil. Assim, a história de um não pode ser contada sem mencionar a do outro. Para ilustrar, ambos estudaram na Universidade de Baylor e ficaram sob a tutela do teólogo batista Benajah Harvey Carroll.7 Taylor e Bagby discutiram a necessidade do evangelho no Brasil, com Taylor emprestando a seu amigo texano uma cópia pessoal de um livro sobre o país. O sogro de Bagby estava no conselho de ordenação de Taylor. Ambos residiram por um período no estado8 de São Paulo e participaram da mesma congregação batista, composta por ex-imigrantes confederados do sul. Além disso, esses dois homens, suas respectivas esposas e um ex-padre católico9 mudaram-se em 1882 para a cidade de Salvador,10 a então capital religiosa do império brasileiro, com o intuito de estabelecer a primeira base

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Z. C. Taylor (ZCT, 1851-1919). Kate Crawford Taylor (por volta de 1862-1894). Laura Barton Taylor (1860-1919). B. H. Carroll (1843–1914) foi o presidente fundador do Seminário Teológico Batista do Sudoeste, em Fort Worth, Texas. Este seminário, fundado em 1908, preparou muitos dos futuros missionários batistas do sul que foram para o Brasil ao longo do século 20. Esta publicação não faz distinção entre província, termo usado antes da formação da República, e estado. Antônio Teixeira de Albuquerque (1840–1887). O extenso nome de Salvador é São Salvador da Bahia de Todos os Santos. Desde sua criação até as primeiras décadas do século 20, as pessoas costumavam se referir à cidade como “Bahia”, seu nome popular, menos preciso. Esta obra utiliza Salvador para a capital em si e Bahia para o estado, exceto nas citações diretas.

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missionária batista a alcançar a população brasileira. Logo depois, neste contexto urbano, os cinco organizaram a Primeira Igreja Batista (PIB) da Bahia.11 Vinte e cinco anos depois, ambos trabalharam para organizar a primeira convenção das igrejas batistas em solo brasileiro. As páginas desta obra se concentrarão em Z. C. Taylor. Sua piedade, seu sofrimento e sua perseverança, assim como sua filosofia e iniciativas missionárias, marcaram as trajetórias evangelística, doutrinária e eclesiológica dos batistas no Brasil. Além disso, os batistas do sul passaram a ver este país como sua principal história de sucesso missionário em termos de quantidade de igrejas plantadas e conversões.12 Sem dúvida, Deus fez a obra. Não obstante, o Senhor preparou e usou Taylor como seu servo pela Causa no país.13 Infelizmente, a atuação missionária de Taylor terminou após seus 27 anos no Brasil. Os médicos atribuíram sua doença aos muitos anos vivendo no interior de um país tropical. Seis meses depois, Laura deixou o Brasil para se unir a ele quando o diagnóstico indicou que sua doença era crônica.

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Primeira Igreja Batista da Bahia, “Ata da organização” (páginas fotografadas, 15 out. 1882 & 10 mar. 1883), em Glendon Donald Grober, “An Introduction to and Critical Reproduction of the Z. C. Taylor Manuscript: The Rise and Progress of Baptist Missions in Brazil” (Thesis, Arkadelphia, Arkansas: Ouachita Baptist University, 1969), p. 441. O título e o subtítulo da versão em inglês do livro que conta a história dos batistas no Brasil, de Asa Routh Crabtree (1889-1965), supõem este sentimento: Baptists in Brazil: a History of Southern Baptists’ Greatest Mission Field (Rio de Janeiro: The Baptist Publishing House of Brazil, 1953). Crabtree e sua esposa, Mabel Henderson [Crabtree], também serviram como missionários da FMB (1921-1959). Riedson Filho, pastor batista e professor de teologia sistemática residente em Salvador, foi quem primeiro me convenceu de que o trabalho pioneiro dos missionários batistas do sul no Brasil influenciou no avivamento espiritual do início do século 20. O movimento das pessoas também descreveria o que aconteceu. A expressão se refere à conversão de uma multidão de não cristãos a Jesus depois de um período de conversões isoladas que acompanhou o ostracismo social e a perseguição dos novos cristãos. Donald McGavran, Compreendendo o crescimento da igreja (São Paulo: Sepal), 2001, p. 138-141 p. 206-207.

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Introdução

Z. C. e Laura Taylor cerca de sete anos antes da repatriação.14

Taylor descreveu esta doença como “um ataque, no pé e na perna esquerdos, de neurite ou doença de Raynaud, que é uma paralisia dos nervos, seguida de inflamação” — noutras palavras, furúnculos árduos.15 Ele ansiava por voltar e tentou muitas vezes, mas finalmente se resignou de que “essa era a vontade” do Senhor.16 Uma década depois de sua relutante partida do Brasil, Taylor, juntamente com três entes queridos, morreram na infame tempestade de 1919 no Texas. Infelizmente, a contribuição de Taylor para o trabalho batista no Brasil foi esquecida ou subestimada pela maioria. Poucos batistas brasileiros e batistas do sul reconhecem seu nome. Quando lembrado, ele é frequentemente citado como aquele que acompanhou Bagby no pioneiro trabalho missionário batista.17 Na Bahia, onde Taylor baseou seu ministério por mais de um quarto de século, a maioria dos batistas de hoje nada sabe sobre ele. Minha pesquisa anedótica estima que 90% deles nem sabem seu nome; a quantidade de pessoas que conhecem qualquer coisa sobre suas duas esposas

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Fotos provavelmente tiradas enquanto o casal estava de licença em 1902. Cortesia do departamento de Arquivos Históricos da Junta de Missões Internacionais (IMBArch). ZCT, “The Rise and Progress of Baptist Missions in Brazil” [1919] (manuscrito não publicado), em: Glendon Donald Grober, “An Introduction to and Critical Reproduction of the Z. C. Taylor Manuscript: The Rise and Progress of Baptist Missions in Brazil” (Thesis, Arkadelphia, Arkansas: Ouachita Baptist University, 1969), p. 43. Ibid., p. 49 E.g., a Encyclopedia of Southern Baptists (Enciclopédia dos Batistas do Sul), que tem 822 páginas, inclui uma entrada sobre Bagby, mas não há entrada semelhante sobre Taylor. Norman Wade Cox (ed.), Encyclopedia of Southern Baptists (Nashville: Broadman Press, 1958), p. 105, 186-189. Veja também a referência a seguir, que contém um caso semelhante: Gerald H. Anderson (ed.), Biographical Dictionary of Christian Missions (New York: Simon & Shuster Macmillan, 1998), p. 39.

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ZACHARIAS C. TAYLOR: a tocha do evangelho no brasil

é ainda menor. Ironicamente, o corpo de Katharina repousa no cemitério protestante localizado em uma importante região da capital. A prolongada presença e influência de Bagby no Brasil se estendeu por duas décadas a mais do que a de seu estimado amigo. Assim, sua fama na história das missões deriva do fato de que ele chegou ao Brasil um ano antes e ficou vinte anos a mais que Taylor. Embora o nome Bagby ofusque Taylor no imaginário popular de evangélicos e batistas, nem sempre foi assim. Os missionários sentiram o impacto de Taylor por décadas após seu trabalho transcultural. Como exemplo, Glendon Donald Grober18 relembrou uma conversa que teve em 1966 com Maxcy Gregg White, que veio para o Brasil logo após a partida de Taylor. Grober disse que “White não apenas mencionava Taylor incessantemente, mas também citava com frequência a seguinte frase, de autoria desconhecida: ‘Um Z. C. Taylor vale dez William Buck Bagbys’”.19 Taylor teria repreendido severamente qualquer um que fizesse tal declaração.20 Fontes indicam que ele sintetizou a humildade cristã, estimava Bagby e nunca hesitou em falar das realizações dos outros. Aliás, depois de um ano de colaboração em Salvador, os dois concordaram que Bagby se mudaria para o Rio de Janeiro a fim de plantar a segunda igreja e a base missionária. Taylor permaneceu na Bahia para chegar ao Nordeste e dar direção à jovem e vulnerável PIB da Bahia. A Causa missionária determinou a separação geográfica dos dois missionários. Apesar disso, eles continuaram trabalhando em conjunto à distância e trocando visitas periódicas durante a estadia de Taylor no Brasil. Até o nome de um dos filhos de Bagby — Taylor Crawford Bagby — derivou 18 19

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Glen Grober (1930-1994) e sua esposa, Marjoire Ann Steele (1931-1994), vieram para o Brasil em 1955. Eles serviram até 1986. Glendon Donald Grober, “An Introduction to and Critical Reproduction of the Z. C. Taylor Manuscript”, op. cit., p. 1. M. G. White (1891-1982) trabalhou no Brasil de 1914 a 1958. Ele informou a Grober sobre a existência da autobiografia de Taylor. Grober localizou o documento inédito no Rio de Janeiro e concentrou sua tese de mestrado na revisão do material. Veja Posfácio para mais informações. Othon Ávila Amaral (1936-) chegou a uma conclusão semelhante em sua pesquisa sobre os dois batistas pioneiros. Buscando com cuidado honrar os dois homens e evitar generalizações barulhentas como a citada por White, Othon sugeriu que Taylor superou Bagby em termos de intelecto, esforços evangelísticos e iniciativas jornalísticas e educacionais. Othon Ávila Amaral, Marcos Batistas Pioneiros (Mesquita, Rio de Janeiro: publicação independente, 2001), p. 46, 82.

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Introdução

dos sobrenomes de Z. C. e Katharina, o que mostra o apreço que os casais tinham um pelo outro.21 Carl Lester Bell22 resumiu o papel de Bagby como “o missionário estadista pioneiro”, enquanto descreve Taylor como “o missionário teólogo pioneiro”. William Edwin Entzminger,23 “o missionário editor pioneiro”, juntou-se a eles uma década depois; aliás, William assumiu o bastão de Taylor, que engendrou esforços jornalísticos e editoriais batistas.24 Os três eram evangelistas, mas seu formidável impacto residia nas bases que estabeleceram no Brasil. Essa “irmandade batista”25 enfatizou a expansão missionária, uma visão inegociável das Escrituras como a suprema autoridade e “a importância da igreja e suas ordenanças”.26 Os componentes de teologia e eclesiologia colocam Taylor em primeiro plano. Bell também concorda: O fator mais determinante na formação da teologia batista brasileira no período inicial foi Z. C. Taylor. Enquanto W. B. Bagby vasculhava os horizontes e gradualmente entrava nos centros urbanos, Taylor ensinava doutrina aos convertidos por meio da palavra e da escrita.27

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T. C. Bagby (1885-1959) e sua esposa, Francis Belle Adams (1892-1966), serviram como missionários da FMB de 1918 a 1955. Carl Lester Bell (1919–1999), “Factors Influencing Doctrinal Development among the Brazilian Baptists” (tese de doutorado, Fort Worth, Texas: Southwestern Baptist Theological Seminary, 1957), p. 50. Nomeado em 3 de fevereiro de 1891, W. E. Entzminger (1859-1930) e sua primeira esposa, Maggie Grace Griffith (s.d.-1921), trabalharam no país desde 1891 até suas respectivas mortes. Ele foi o primeiro missionário a vir para o Brasil tendo um doutorado, obtido no Seminário Batista do Sul dos Estados Unidos (SBTS). Enquanto estavam em Recife, os dois filhos do casal morreram. Depois da morte de Maggie, Entzminger se casou com a ex-missionária e viúva Amelia Charlotte Joyce. Ele será mencionado várias vezes ao longo desta obra. Veja o Capítulo 12 sobre Entzminger e o Capítulo 13 sobre o subsequente casamento com Amelia. Veja: “O Primeiro Editor Batista do Brasil” em Othon Ávila Amaral, Marcos Batistas Pioneiros, op. cit., p. 46-48. Em sua autobiografia, Ginsburg usou esse termo para se referir à contribuição de Taylor ao traduzir para o português textos-chave que constituíram um manual às primeiras igrejas batistas estabelecidas no país. Salomão L. Ginsburg, A Wandering Jew in Brazil (Nashville: Sunday School Board, 1922, p. 73, cf. p. 173, 224 [Salomão L. Ginsburg, Um judeu errante no Brasil — autobiografia [1922], 2. ed. (Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1970), p. 73]. Carl Lester Bell (1919–1999), “Factors Influencing Doctrinal Development among the Brazilian Baptists”, op. cit., p. 6. Ibid., p. 58-59.

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Em busca do título Salomão L. Ginsburg28 disse sobre Taylor: “Ele certamente foi um exemplo vivo de um apóstolo do século 20”. Dez anos depois, um historiador das missões batistas fez a mesma avaliação em seu esboço biográfico intitulado “Zacharias C. Taylor — O apóstolo batista no Brasil”.29 Embora apóstolo seja um termo teológico exagerado, a descrição se encaixa, pois o missionário pioneiro levou o evangelho a novos territórios, plantou igrejas e supervisionou seu bem-estar.30 Eu até mesmo teria incluído a palavra apóstolo no título deste livro, se isso não exigisse explicações detalhadas. O título escolhido, no entanto, está vinculado a outra descrição que Ginsburg também fez de Taylor. “Eu acreditava que o meu desejo de evangelizar e conquistar o Brasil para Cristo era grande. Não obstante, o espírito de Taylor era semelhante a uma tocha que não se apagava”.31 A ideia de uma tocha retratava Taylor de maneira perfeita, pois ele exemplificava o evangelho, levava essa mensagem de salvação aos brasileiros e trabalhava

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S. L. Ginsburg (1867-1927), CP para T. B. Ray, 2 de novembro de 1919. Ginsburg serviu na FMB de 1892-1927. As páginas seguintes também o mencionam, pois ele considerava Taylor seu pai espiritual na vida batista. O Capítulo 12 destaca o primeiro encontro dos dois e a admiração mútua. Walter Sinclair Stewart, Later Baptist Missionaries and Pioneers, v. II (Philadelphia: Judson Press, 1929), p. 1, 36. W. C. Taylor (1886-1881), um formidável missionário batista do sul que serviu na educação teológica de 1915 a 1956 e uma autoridade na história dos batistas do sul e dos batistas brasileiros, disse: “Nunca li nem ouvi, diretamente ou indiretamente, de Bagby, Taylor ou Teixeira senão palavras de mútuo respeito, afeto e fraternidade. Ele ainda sustenta seu argumento referindo-se à conversão da esposa de Antônio Teixeira Albuquerque ao observar a vida de seu marido, Z. C. Taylor e Bagby, bem como de suas esposas no período em que todos dividiam a mesma casa alugada em Salvador. Embora alguns suspeitem que Z. C. Taylor e Bagby competiam ou não se davam bem, evidências documentais, como a que acabamos de citar, indicam o contrário. É importante ressaltar que o missionário W. C. Taylor não era parente de Z. C. Taylor, embora compartilhassem o mesmo sobrenome. W. C. Taylor esclareceu: “Entre os oito casais ou senhoritas que tinham este nome [Taylor] e que trabalharam no Brasil — cinco batistas, dois presbiterianos e um metodista — não havia parentesco.” William Carey Taylor, “Zachary Clay Taylor, herói que Deus nos deu”, Revista Teológica, v. IV, 1953, p. 91, 71. Salomão L. Ginsburg, Um judeu errante no Brasil, op. cit., p. 188.

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Introdução

entre os primeiros batistas convertidos para que eles cumprissem a mesma missão.32 Assim, a frase “A tocha do evangelho no Brasil” pareceu honrar sua vida e resumir seu ministério transcultural. Afinal, os anais mostram que foi ele quem primeiro articulou o grito “Brasil para Cristo”.33

A fonte e as fontes As memórias não publicadas de Taylor, O surgimento e o progresso das missões batistas no Brasil, constituíram a matéria-prima para esta biografia sobre ele.34 Em sua casa na cidade de Corpus Christi, Taylor colocou no papel o relato de sua formação e do trabalho batista pioneiro no Brasil. Ele escreveu o texto durante seus três últimos anos de vida, com o objetivo de cultivar o chamado missionário no coração das próximas gerações de crentes. Ele enviou seu rascunho manuscrito à FMB em maio de 1919 para que a liderança opinasse sobre seu conteúdo e as opções de publicação.35 Logo após sua morte, naquele mesmo ano, a liderança então o devolveu a Mabel, sua primeira filha, para ela guardá-lo. A maneira como o Senhor preservou o “Manuscrito de Z. C. Taylor”36 é uma história tão fascinante quanto a do próprio Taylor. O posfácio narra o conto e homenageia aqueles que foram usados para conservar essa parte da história. Além deste manuscrito, centenas de outras fontes foram consultadas e empregadas ao longo destas páginas para enriquecer a narrativa sobre Taylor 32 33

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Dois mosaicos de fotos no Apêndice 1 ilustram essa ideia, pois ambos apresentam fotos de algumas das primeiras figuras-chave na história da pioneira missão batista brasileira. Esta biografia menciona quinze deles. Parece que Taylor foi o primeiro a exclamar a frase “Brasil para Cristo”, depois de sofrer insultos e violência. C. D. Daniel em SBCA [Anuário da Convenção Batista do Sul dos EUA], 1886, p. xxxiii. Cf. Ben Oliver, Baptists Building in Brazil apud Glendon Donald Grober, “An Introduction to and Critical Reproduction of the Z. C. Taylor Manuscript”, op. cit., p. 33. ZCT, “The Rise and Progress of Baptist Missions in Brazil”, em Glendon Donald Grober, op. cit., p. 42-434. CP, J. F. Love para ZCT (Richmond, Virgínia), 2 de fevereiro de 1916. CP, ZCT para R. J. Willingham (Corpus Christi, Texas, Geórgia), 3 de maio de 1919. Glendon Donald Grober, “An Introduction to and Critical Reproduction of the Z. C. Taylor Manuscript”, op. cit., p. 2, 41.

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ZACHARIAS C. TAYLOR: a tocha do evangelho no brasil

e corroborar fatos e eventos sobre ele. Para citar algumas, correspondências pessoais (CP) escritas por ele e seus contemporâneos provaram ser inestimáveis. Meia dúzia de publicações do próprio Taylor surgiram durante a pesquisa. A FMB disponibilizou os relatórios de missão redigidos por Taylor para as reuniões anuais da Convenção Batista do Sul (SBC) de quase todos os anos em que ele esteve no Brasil. O diário de Katharina, que ela manteve durante o primeiro ano de casamento, deu detalhes nunca contados sobre o casamento e os primeiros meses no Brasil. Encontraram-se três esboços biográficos abreviados de Taylor.37 Uma obra sobre a história dos primeiros batistas no Brasil e uma pesquisa sobre o crescimento dos batistas brasileiros vieram a calhar.38 Vários trabalhos acadêmicos também ajudaram.39 Atas de igrejas locais no Brasil e da Convenção Batista Brasileira (CBB), artigos de revistas e jornais, outras autobiografias e biografias completam esta breve revisão literária. Uma outra fonte precisa ser mencionada. Um livro recente do qual fui coautor sobre o confessionalismo batista e a Confissão de Fé de New

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Primeiro, Stewart escreveu um ensaio de 35 páginas baseado no “Z. C. Taylor Manuscript”. Ele incluiu esta biografia de Taylor com outras nove em um volume que apresentava missionários notáveis. Em segundo lugar, W. C. Taylor escreveu um artigo de uma página em 1945, e então publicou um artigo biográfico de 20 páginas para a revista do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Ele baseou este ensaio interpretativo em várias fontes, incluindo conversas pessoais com igrejas e missionários que conheciam Z. C. Taylor. Ele afirmou, porém, que sua fonte principal era o manuscrito autobiográfico do missionário pioneiro. Por último, J. Reis Pereira (1916-1991), pastor batista e historiador, escreveu um resumo de três páginas sobre o missionário pioneiro em seu livro História dos Batistas no Brasil. Ele também mencionou Taylor em inúmeras outras ocasiões no livro ao se referir ao período em que serviu no país. Walter Sinclair Stewart, CP para Mabel Taylor (Kansas City, MS), 26 de julho de 1920. Walter Sinclair Stewart, Later Baptist Missionaries and Pioneers, op. cit., p. 2-36. William Carey Taylor, “Zachary Clay Taylor, herói que Deus nos deu”, Revista Teológica, Op. cit., p. 71-93. W. C. TAYLOR, “Glorious Second Fiddle”, Baptist Standard, v. 58, n. 14, 05 April 1945, p. 7. J. Reis Pereira, História dos Batistas no Brasil (1882–1982), 2a ed. (Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1985), p. 36-39. A. R. Crabtree, História dos Batistas do Brasil: até o ano de 1906, 2. ed. (Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1962 [1937, 1. ed.]). T. B. Ray, Brazilian Sketches (Louisville: Baptist World Publishing Company, 1912). Carl Lester Bell (1919–1999), “Factors Influencing Doctrinal Development among the Brazilian Baptists”, op. cit. Jorgevan Alves da Silva, Batistas, sua trajetória em Santo Antônio de Jesus: o fim do monopólio da fé na terra do Padre Mateus (São Paulo: Fonte, 2018). Marli Geralda Teixeira, “Os Batistas na Bahia: 1882–1925 — um estudo de história social” (Dissertação, Salvador: Universidade Federal da Bahia, 1975).

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Introdução

Hampshire foi a principal razão que me levou a escrever sobre Taylor.40 Não surpreendentemente, ele traduziu essa Confissão e a divulgou entre as primeiras igrejas batistas do Brasil. As palavras de Taylor retiradas de seu manuscrito autobiográfico aparecem em itálico ao longo das páginas a seguir. Este modo de identificação substitui as citações bibliográficas deste documento não publicado. Os leitores devem ser capazes de discernir as poucas exceções quando o texto em itálico é utilizado por outros motivos. Além disso, eu, o autor, fiz pequenas revisões em partes originais mais antiquadas quando senti que um sinônimo ou uma alteração na pontuação ajudaria meus leitores modernos.

Motivações pessoais Agora tenho o privilégio de apresentar Zacharias Clay Taylor a cristãos do século 21, quase 150 anos depois de sua vinda para o Brasil. Compartilho três motivações pelas quais assumi essa empreitada de escrita. Em primeiro lugar, sirvo no Brasil pela mesma junta missionária que Taylor e a miríade de outros missionários batistas do sul mencionados ao longo desta obra. Como missionário e missiólogo, creio que o Senhor me preparou para a tarefa de falar sobre meu predecessor. Minha segunda motivação se conecta à primeira, embora com nuances diferentes. Sinto uma justa determinação de falar sobre o ministério transcultural de Taylor e sua influência no movimento batista no Brasil. Para esse fim, espero que esse livro justifique sua contribuição. Por último, espero que os evangélicos contemporâneos, e especialmente os batistas, reflitam sobre a Causa missionária e a situação atual de suas igrejas. Os servos de Deus das gerações anteriores podem nos ensinar muito se os ouvirmos. O Espírito Santo tem usado autobiografias e biografias para me inspirar à piedade, ao dever cristão e ao ministério. Espero que este livro desempenhe um papel semelhante entre meus

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David Allen Bledsoe; Tom J. Nettles, A Confissão de Fé de New Hampshire: a surpreendente história da primeira declaração subscrita pelos batistas no Brasil (Rio de Janeiro, Pro Nobis, 2022).

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ZACHARIAS C. TAYLOR: a tocha do evangelho no brasil

contemporâneos e entre aqueles a quem ele chegar depois que eu partir desta terra para meu lar celestial.

Breve avaliação missionária Muito pode ser aprendido com o exemplo de Taylor como discípulo de Cristo, um protestante batista convicto e missionário pioneiro. Quero destacar duas características antes de apresentar um perfil de suas qualidades pessoais e concluir esta introdução. Ele era um evangelista consistente e um influenciador-encorajador de líderes cristãos.41 Primeiro, Taylor pregou a Palavra, especialmente o evangelho de Jesus. Essas ênfases surgiram por meio de seu ministério no púlpito, em conversas pessoais e utilizando textos impressos. Os sermões de Taylor eram conhecidos por terem mais de uma hora de duração, serem doutrinariamente saturados e munidos de propósito evangelístico. Ele também seguiu o modelo puritano, como Charles Spurgeon, de passar o tempo após os cultos em exortação bíblica e oração com aqueles que expressavam preocupação com sua condição espiritual e queriam entender as verdades do evangelho. Taylor também proclamou Cristo em conversas pessoais e, ao que parece, com qualquer um que quisesse ouvir. Estabelecendo-se em cidades ao longo de sua carreira missionária, ele viajou extensivamente para visitar a casa daqueles que estavam interessados ​​nas Escrituras e seguiam o caminho do Cristo vivo. Sua época e contexto eram notórios por condições de viagem arriscadas, criaturas perigosas e ladrões de estrada. Além disso, a família Taylor abrigou enfermos e novos convertidos para discipulá-los mais intensamente e demonstrar hospitalidade cristã entre a nova geração de crentes batistas.

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As missões batistas pioneiras no Brasil focavam nas atividades primárias de evangelismo, plantação de igrejas e educação. Este último aspecto abrangia a formação de lideranças por meio de instituições formais de ensino e uma série de trabalhos envolvendo escolas. John D. Massey, “War and Witness: Southern Baptist Missions during the Administration of Charles Maddry, 1933–1944”, em J. D. Massey; Mike Morris; W. Madison Grace II (eds.), Make Disciples of All Nations: A History of Southern Baptist International Missions (Grand Rapids, Kregel Academic, 2021), p. 226.

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Introdução

Taylor também fez uso habilidoso de textos impressos. Ele distribuiu folhetos evangelísticos, um jornal periódico e outros tratados sobre a fé evangélica e sobre os distintivos batistas.42 Seus esforços de publicação e organização possibilitaram uma ampla semeadura da semente do evangelho. Além disso, seus esforços ajudaram a população brasileira a entender melhor uma igreja do Novo Testamento numa terra em que poucos tinham acesso às Escrituras e o clero católico proibia seu estudo. Taylor vendeu e também doou exemplares da Bíblia. Ele ainda ajudou muitos crentes brasileiros a se tornarem colportores (isto é, vendedores de exemplares da Bíblia e outros materiais evangélicos em conjunto com as sociedades bíblicas). Consequentemente, disseminou de forma escrita e oral a Palavra de Deus. Em segundo lugar, o comprometimento espiritual de Taylor em identificar e desenvolver líderes parecia estar em pé de igualdade com o de Barnabé, o filho do encorajamento. Essa combinação o levou a ser o primeiro em muitos pontos. Os membros brasileiros da PIB da Bahia o escolheram para ser seu primeiro pastor. Ele liderou o estabelecimento de muitas das primeiras membresias batistas e as guiou no processo de seleção de seus primeiros diáconos e pastores. Mais de 20 pastores batistas brasileiros atribuíram a Taylor o seu ingresso no ministério.43 Da mesma maneira, os colegas missionários de Taylor o admiravam e cooperavam com ele. Alguns atribuíram a ele a aceitação das convicções batistas e o fato de terem se tornado missionários. Taylor também amava o povo brasileiro e os convertidos batistas, como provam as afetuosas palavras que lhes destinava. Ele elogiou muitos dos primeiros crentes que sofreram pela Causa de Cristo e almejaram ver o mesmo evangelho transformar a vida de seus compatriotas. Afinal, qual era o seu suposto trunfo? Grober chegou a esta conclusão: Taylor era um homem de muitos talentos, todos os quais ele usou com eficácia em seu trabalho missionário. Entre suas notáveis habilidades, estava principalmente um talento para o jornalismo, bem como para a escrita acadêmica; uma personalidade magnética; uma pregação poderosa

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Veja Apêndice 2, que contém uma bibliografia comentada. William Carey Taylor, “Zachary Clay Taylor, herói que Deus nos deu”, Revista Teológica, Op. cit., p. 85.

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e envolvente; uma perspicácia administrativa; uma capacidade executiva para organizar e, consequentemente, envolver os novos cristãos no serviço da igreja; uma profunda compaixão que encontrou expressão não só no evangelismo pessoal, mas também na ajuda médica que prestava constantemente aos enfermos; e, sobretudo, um verdadeiro pioneirismo, que o levou literalmente às selvas e ao alto mar no incansável desejo de fazer conhecidas as boas-novas do evangelho.44

Este retrato mostra, de forma inegável, Taylor como um pessoa amplamente talentosa, trabalhadora e empreendedora. No entanto, depois de estudar Taylor, eu o resumi por um conjunto distinto de virtudes: • profunda convicção bíblica e piedade; • marido e pai amoroso; • alegria na obra do Senhor; • firme chamado missionário; • forte trabalho ético; • vida de autossacrifício; • perseverança em meio a tremendas dificuldades; • coragem diante das perseguições; • evangelista consistente e cativante, pessoalmente e no púlpito; • comprometimento com igrejas firmadas no evangelho e seu bem-estar; • uma vida inteira de aprendizado intelectual e de leitura; • amor e empatia pelas pessoas e pelas nações. Graças a Deus que a maioria dessas características permanecem atemporais e supraculturais. Taylor encarnou essas qualidades como discípulo cristão, ministro do evangelho e servo transcultural. Embora ele nunca tenha reivindicado a perfeição, que sua história conduza e inspire outros à piedade e à Causa missionária. Agora, que o Senhor levante uma infinidade de outros como Zacharias Clay Taylor, Katharina e Laura, enviando-os às nações para a glória de Deus e para a expansão das igrejas de Cristo! 44

Glendon Donald Grober, “An Introduction to and Critical Reproduction of the Z. C. Taylor Manuscript”, op. cit. p. 13.

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