Revista Tecnologística Ed.253 - Julho 2017

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SUSTENTABILIDADE

ENTREVISTA

Empresas se unem para criar guia de boas práticas nas operações logísticas

CI Kim, CEO da Clark no Brasil, fala sobre os 100 anos da empilhadeira e os planos para o país

TERMINAIS PORTUÁRIOS Novo decreto promete intensificar os investimentos em infraestrutura



Divulgação

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MERCADO Fique por dentro de todas as novidades do mercado brasileiro de logística nesta seção

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CROSS-DOCKING

ENTREVISTA Comemorando os 100 anos da invenção da empilhadeira por Eugene Clark, CI Kim, CEO da Clark no Brasil, detalha a trajetória da mais tradicional companhia do setor, desde as recentes dificuldades até os esforços para voltar a figurar no ranking das principais empresas do mundo, passando pela aquisição por parte do grupo coreano Young An

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SUSTENTABILIDADE O Programa de Logística Verde Brasil, uma iniciativa da organização global Smart Freight Centre que congrega grandes empresas nacionais e multinacionais, lançou um guia de referência que lista boas práticas voltadas para operações mais sustentáveis no transporte de cargas

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LOGÍSTICA REVERSA Em busca de melhores níveis de serviço, a Rockwell Automation do Brasil passou para a Columbia Logística a responsabilidade pelas operações de logística reversa de suas peças, terceirizando a gestão e a armazenagem e até mesmo o laboratório que trabalha com os itens coletados

INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA Assinado pelo governo federal no dia 10 de maio, o decreto nº 9.048, que traz disposições que regulam a exploração de portos organizados e de instalações portuárias, busca desburocratizar processos e destravar os investimentos privados em prol da infraestrutura do setor, vital para o desenvolvimento da logística nacional

EVENTO Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol) realiza a terceira edição do seu Congresso de Planejamento Estratégico e intensifica a luta pelo reconhecimento oficial da figura do operador logístico no Brasil com uma nova pesquisa a respeito do segmento

Acompanhe o vai e vem dos profissionais no nosso movimentado setor

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ILOS Thatiana Nomi analisa a cadeia logística global de vacinas e suas particularidades. Por se tratar de medicamentos biológicos, que contêm componentes vivos, devem ser observados inúmeros fatores, dentre os quais se destacam o tempo de transporte e as temperaturas adequadas, que podem fazer toda a diferença quando o assunto é salvar vidas

56 PRODUTOS Capa: Michele Bianchi Foto: iStock

Divulgação Codesp

SUMÁRIO

Conheça os principais lançamentos de produtos, sistemas e serviços voltados à logística


EDITORIAL Publicare Editora Ltda. www.publicare.com.br

Diretores Shirley Simão shirley@publicare.com.br

Bons exemplos

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á muitos meses crise tem sido a palavra central de nossos editoriais. Ainda que tenhamos adotado uma postura confiante diante das adversidades – apoiados inclusive pelo sentimento que podemos observar nos players do mercado logístico –, já é difícil lembrar quando foi a última vez que este texto pôde abordar outros assuntos de maneira plena, sem ao menos citar a indiscutivelmente complicada situação que assola o Brasil. E o pior: a cada mês que passa ansiamos por uma conjectura melhor, mas as dificuldades parecem se multiplicar, ainda com escândalos políticos em seu epicentro. Assim, como já falamos aqui em outras oportunidades, continuamos nos alicerçando nos bons exemplos e nas boas notícias para enfrentar todos esses dissabores. E nesta edição uma delas vem de uma ação do próprio governo federal. No meio das muitas reformas propostas com o intuito de colocar o Brasil nos eixos, o novo decreto dos portos, que tem como objetivo flexibilizar e desburocratizar o setor, foi assinado. Sabemos que esta era uma demanda antiga das entidades e empresas que compõem a logística portuária nacional e esperamos agora que a nova regulamentação contribua com o desenvolvimento da infraestrutura de nossos portos, tema de inúmeras reportagens em nossas páginas ao longo dos anos. Com essa expectativa, buscamos detalhar e repercutir com especialistas o novo decreto e suas particularidades. E mesmo diante de um mercado complicado, ainda é possível encontrar os bons exemplos que tanto gostamos de noticiar. Nesta edição você confere uma matéria a respeito de uma iniciativa em prol de uma logística mais sustentável, realizada por um grupo de grandes empresas nacionais e multinacionais, que estabeleceram um rol de ações voltadas para o transporte de cargas em suas operações, pensando nos impactos sobre o meio ambiente. Trazemos também um case de sucesso que aborda a terceirização da gestão de peças do segmento de automação industrial oriundas de operações de logística reversa. Por fim, cobrimos a terceira edição do Congresso de Planejamento Estratégico da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), evento em que foram apresentados os resultados da pesquisa realizada com o auxílio da Revista Tecnologística e publicada em nossa edição anterior. O estudo faz parte dos esforços da entidade para lutar pelo reconhecimento da figura do operador logístico no Brasil, e traz números que demonstram com clareza a importância da atividade para a economia do país. Na esperança de que em breve todas as agruras sejam substituídas por boas notícias, desejamos uma boa leitura. Shirley Simão

Jorge Roberto Simão jorge@publicare.com.br

Ano XXIII - N.º 253 - Julho 2017 www.tecnologistica.com.br Redação, Administração e Publicidade Av. Eng. Luiz Carlos Berrini, 801 - 2º Andar CEP: 04571-010 - São Paulo - SP

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MERCADO

Hidrovias do Brasil bate recorde ao transportar 55 mil toneladas de soja Com a operação, a empresa obteve 55% de redução de custos em uma rota de 1.490 km

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Hidrovias do Brasil registrou, no mês de maio, um novo recorde ao realizar uma operação de transporte de 55 mil toneladas de soja do Paraguai até o Uruguai. O desafio da empresa era transportar a carga por um trajeto de 1.490 km de hidrovias, onde há restrições quanto ao número de embarcações permitidas para navegação, devido à profundidade fluvial. Com 32 barcaças de 66 metros de largura e 420 metros de comprimento,

acopladas simultaneamente, a empresa desenvolveu uma estratégia para transportar a carga completa de forma mais eficiente e com redução de custos. O processo logístico teve início com o carregamento de 20 barcaças no Paraguai e, em seguida, foram acopladas a essas barcaças mais 12 que estavam na confluência dos rios Paraguai e Paraná. Elas seguiram até San Lorenzo, na Argentina, onde foi necessário dividir o comboio em duas partes, devido ao limite permitido no trecho, até chegar

ao destino final, em Nueva Palmira, no Uruguai. Com essa operação, a Hidrovias do Brasil obteve cerca de 55% de redução de custos. A movimentação foi realizada no Corredor Logístico Sul, em que a empresa atua por meio da Hidrovia Paraguai-Paraná e movimenta mais de 6 milhões de toneladas de cargas diversas, como commodities agrícolas, minérios, celulose, entre outras. Hidrovias do Brasil: (11) 3905-6000

Campneus tem novo CD em Ribeirão Preto Empresa revendedora nacional da Pirelli já investiu R$ 1,4 milhão na cidade, para a abertura do CD e de duas novas lojas Divulgação

das linhas leve e de motos. Segundo Mauricio Canineo, CEO da Campneus, o CD de Ribeirão Preto tem um papel fundamental para a companhia no estado de São Paulo. “Estamos abrindo esse CD para complementar nossas vendas na região, já que temos uma forte participação nas vendas das linhas truck e agro. Este é o nosso quinto CD no Brasil. Temos como objetivo garantir velocidade de entrega e mix diferenciado para abastecimento, além de aumentar a nossa participação de mercado em até 15%, visto que a Campneus é a única revendedora que possui toda a gama de produtos Pirelli em todo o país”, ressalta. Serão vendidos pneus das linhas passeio, high performance, SUV e moto da Pirelli, incluindo produtos da

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Campneus, revendedora da Pirelli do Brasil, inaugurou um novo centro de distribuição de pneus localizado em Ribeirão Preto (SP). A empresa, que já conta com três lojas na cidade, investiu no novo espaço com o objetivo de atender a Região Metropolitana de Ribeirão Preto, abrigando toda a gama de pneus da Pirelli

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marca Nexen, distribuídos exclusivamente pela companhia. O CD tem 900 m², possui capacidade para armazenar 9 mil pneus, conta com uma doca e apresenta 4 metros de pé-direito. Nos últimos meses, a Campneus investiu R$ 1,4 milhão na cidade de Ribeirão Preto para a abertura não só do CD, mas também de duas novas lojas. “Inauguramos uma unidade Black Cube, loja com apelo moderno e variedade de produtos premium, e tivemos um retorno muito positivo do mercado, o que foi fundamental para nossa decisão de abertura de um novo local. Com o crescimento nas vendas de veículos de luxo na região, decidimos abrir o CD para abastecer com mais agilidade toda a gama premium, nossas filiais e principalmente nossos clientes”, explica o executivo. Campneus: 0800 285-2224


Volvo apresenta primeiro caminhão autônomo do Brasil

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Divulgação

Veículo foi projetado para eliminar perdas de produtividade no segmento sucroalcooleiro Volvo apresentou ao mercado o primeiro caminhão autônomo desenvolvido no Brasil já testado em uma operação real e comercialmente viável. O novo veículo é destinado ao segmento sucroalcooleiro, e trata-se de uma solução desenvolvida pelos especialistas da marca no país a partir de tecnologias já disponíveis globalmente no Grupo Volvo. O VM Autônomo foi projetado para eliminar a perda de produtividade provocada pelo pisoteamento de brotos durante operações de colheita de cana. O problema é responsável por prejuízos que giram em torno de 12% da produção anual de cana-de-açúcar. O caminhão autônomo, sozinho, elimina 4% dessa perda. “Somos reconhecidos mundialmente por soluções de transporte inovadoras. Esse é mais um lançamento que vai revolucionar o transporte no agronegócio brasileiro, um dos mais competitivos do mundo”, declara Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo na América Latina. “Mais uma vez, mostramos a força da inovação e da liderança em tecnologia presentes no DNA da Volvo”, diz. O novo caminhão foi desenvolvido em pouco mais de um ano e testado com grande sucesso nas lavouras da Usina Santa Terezinha, uma das

empresas do Grupo Usaçúcar, um dos maiores produtores e exportadores de açúcar do Brasil, sediado em Maringá (PR). Conduzido de forma autônoma, o caminhão roda ao longo das linhas da plantação com uma precisão de 2,5 centímetros, sem passar por cima dos brotos, também chamados de soqueiras. “Não esmagar os pés de cana remanescentes na colheita era uma reivindicação antiga que tínhamos. O pisoteamento de soqueiras é atualmente o principal malefício da cultura da cana-de-açúcar no Brasil, maior inclusive que os problemas provocados pelo clima e por pragas”, afirma Paulo Meneguetti, diretor Financeiro e de Suprimentos do Grupo Usaçúcar. A precisão no trajeto do caminhão na plantação é extremamente importante, porque as soqueiras resultantes da colheita vão se transformar novamente em pés adultos de cana-de-

-açúcar nas safras subsequentes. O replantio canavieiro é feito a cada cinco anos, com uma média de cinco safras por plantio. Como a colheita ocorre num período curto de tempo, o trabalho tem que ser feito 24 horas por dia, sete dias por semana. Devido à severidade própria da operação, da pouca visibilidade noturna e da palha que cai sobre o solo, o motorista não consegue conduzir o veículo de forma precisa para evitar o pisoteamento dos brotos. “A tecnologia da Volvo proporciona alta precisão no traçado do caminhão, enquanto o motorista acompanha a operação e utiliza o seu tempo para outras tarefas importantes, como o transbordo, o descarregamento e outros controles administrativos da operação”, explica Bernardo Fedalto, diretor de Caminhões da Volvo no Brasil. “O setor sucroalcooleiro opera com larga escala, pois as margens de lucro são estreitas. Nossa solução garante maior produtividade no campo e mais rentabilidade no negócio”, diz. O caminhão autônomo foi desenvolvido pelos engenheiros da Volvo no complexo industrial da empresa em Curitiba, em colaboração com os especialistas da marca na Suécia e com os técnicos da Usina Santa Terezinha. Usaçúcar: (44) 3218-1900 Volvo: (41) 3317-8111 Julho 2017 - Revista Tecnologística - 7


MERCADO

Dow inaugura terminal logístico em Santa Catarina Divulgação

Projeto foi desenvolvido em conjunto com o operador Log-In

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Dow colocou em operação seu maior terminal logístico para polietileno da América Latina fora de suas unidades produtivas. Localizado em Itajaí (SC), o empreendimento vai proporcionar um incremento de 60% na capacidade de armazenagem da empresa para polietileno e produtos do setor plástico. Esse aumento de capacidade dará suporte ao polietileno das novas unidades produtivas da Dow situadas na Costa do Golfo dos Estados Unidos, que será trazido para a América Latina. Um aspecto importante do projeto, cuja operação logística está a cargo da Log-In, é a eliminação de espaços ociosos, uma vez que os produtos são estocados diretamente em contêineres. “Esse projeto marca a segunda etapa de ações que a Dow tem desenvolvido desde 2011 para aprimorar sua eficiência logística no Brasil, trazendo benefícios para

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toda a cadeia”, afirma Leonardo Feltrinelli, diretor de Supply Chain da Dow América Latina. “Esse terminal logístico está alinhado à estratégia de crescimento da área de Embalagens e Plásticos de Especialidades, armazenando produtos vindos principalmente de unidades na Argentina e dos Estados Unidos”. O desenho do novo terminal logístico começou em 2015, quando foram definidas as estratégias para o volume adicional de polietileno que seria produzido. Como parte dessa produção adicional seria enviada ao Brasil, houve a necessidade de realizar uma adequação na cadeia logística da companhia para absorver e gerenciar todo o volume envolvido. Diante deste cenário, a Dow optou pela transferência do terminal existente em São Francisco do Sul (SC) para o novo local em Itajaí, que passaria a ter a capacidade de absorver a demanda crescente.

O terminal logístico foi desenvolvido pela Log-In e possui 44 mil m² de área total, sendo 5,2 mil m² dedicados à atividade de cross-docking. Ele está equipado com empilhadeiras de até 41 toneladas de capacidade de carga, porta-paletes, sistema inteligente de rastreamento e circuito interno de TV para monitoramento. De acordo com João Correia, gerente de Operação de Terminais da Log-In, o empreendimento demonstra a capacidade da empresa em fornecer soluções logísticas customizadas de acordo com as necessidades dos clientes. “O projeto foi desenvolvido para proporcionar um acréscimo de 23% em ganhos de produção operacional, levando em consideração o aumento de demanda previsto pela Dow”, afirma. Atualmente, grande parte do volume da Dow destinado ao Brasil chega ao país pelos portos de Itajaí, Navegantes e Itapoá, todos em Santa Catarina. A Dow iniciou suas operações no estado em 2001 e, nos últimos anos, desenvolveu parcerias com fornecedores, mantendo as operações próximas ao terminal, o que garante segurança na retirada dos produtos dos portos e na distribuição e entrega aos clientes. A mudança também impactará positivamente na otimização operacional e nas metas de sustentabilidade da empresa, já que as viagens entre o novo terminal e o Porto de Navegantes terão uma redução de 76 km no trajeto percorrido. Dow: 0800 772-2492 Log-In: 0800 725-6446


ANTT lança dispositivo de identificação para o setor de cargas Mecanismo contém uma chave eletrônica que será associada à identificação do veículo e do transportador na base de dados da agência

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Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) realizou um evento, no dia 6 de junho, que marcou o início do período de testes do processo de identificação eletrônica dos caminhões no país com o uso de uma Tag. A agência e a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), sob acordo de cooperação técnica, após manifestação de interesse do Grupo EcoRodovias e da Elog, escolheram o Ecopátio Cubatão, no estado de São Paulo, para os testes. O local é um ponto estratégico para os caminhoneiros, pelo alto fluxo de veículos que diariamente se deslocam ao Porto de Santos (SP). O mecanismo contém uma chave eletrônica que será associada à identificação do veículo e do transportador, na base de dados da ANTT. Assim que as antenas coletarem essa chave no registro de passagem, serão verificados os dados do transportador e do veículo. É uma tecnologia baseada na comunicação por radiofrequência, processo similar aos sistemas de arrecadação eletrônica implantados nos pedágios. Nos pontos de registro de passagem, além das antenas, serão instaladas câmeras de leitura eletrônica de caracteres para identificação das placas dos veículos. Tanto a antena como a câmera identificarão os veículos e registrarão a passagem, indicando local e tempo, e o registro será comparado à base de dados da agência reguladora. De acordo com a Resolução 4.799/2015 da ANTT, que regulamenta a Lei nº 11.442/2007, é obrigatória a identificação

eletrônica dos veículos automotores de cargas inscritos no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC), mediante instalação de Dispositivo de Identificação Eletrônica, a Tag. Atualmente, há o registro de mais de 1 milhão de veículos automotores de cargas no país. O processo de fornecimento da Tag será realizado pelas Administradoras de Meios para Arrecadação Eletrônica de Pedágio (Amap) e pelas fornecedoras de vale-pedágio obrigatório que manifestarem interesse e forem consideradas aptas pela ANTT. A identificação eletrônica dos veículos de carga inscritos no RNTRC possibilitará diversos benefícios nos processos logísticos de transporte terrestre no Brasil. A Tag proporcionará informações reais sobre a movimentação de cargas nas rodovias brasileiras, a origem e o destino das viagens realizadas e os fretes praticados. Os dados são essenciais para o fomento e o planejamento de políticas públicas no setor. Para o transportador, a identificação eletrônica será fundamental para formalizar o mercado, dificultar a clonagem de veículos, comprovar formalmente renda, reduzir tempo de pedágio, otimizar o fluxo e a espera nos portos, bem como aumentar a competitividade, diante da regularização e da fiscalização da atividade. Já para a sociedade, a profissionalização do setor possibilitará a redução da evasão e de acidentes nas praças de pedágio, assim como a diminuição de custos socioambientais. ANTT: 166


MERCADO

UPS divulga estudo sobre tendências de compra de pequenos e médios importadores Foram entrevistados 2.170 importadores das indústrias manufatureira, automotiva, de vestuário e high tech

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UPS anunciou os resultados da edição 2017 do estudo Índice de Exportação da América Latina Business Monitor (BMEI). O trabalho tem como foco o comportamento de compra de pequenas e médias empresas (PMEs), segmento que representa mais de 90% das companhias da América Latina. Além disso, o BMEI revela insights sobre importadores com o objetivo de ajudar os exportadores a vender e fornecer produtos para esse setor em crescimento. Os insights incluem os métodos preferidos do importador para avaliar e entrar em contato com novos fornecedores, os critérios que eles usam para comprar produtos e fatores na cadeia de suprimentos que influenciam suas decisões de compra. “O estudo BMEI fornecerá aos importadores e exportadores uma compreensão mais profunda da dinâmica de compras das PMEs. O setor nas Américas está desempenhando um papel significativo no crescimento econômico da região e no comércio global”, afirma José Acosta, presidente de Public Affairs da UPS na Região das Américas. O BMEI de 2017, realizado em conjunto com a RGX Global Export Network, entrevistou 2.170 importadores das indústrias manufatureira, automotiva, de vestuário e high tech, visando descobrir os fatores que influenciam no comportamento de compra dos produtos. Ao analisar com profundidade as tendências de compra dos importadores de PMEs, os 10 - Revista Tecnologística - Julho 2017

exportadores podem adaptar suas estratégias de abordagem para explorar os mercados atuais e novos. Os nove países incluídos na pesquisa são Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, México, Panamá, Peru e Estados Unidos. De acordo com o estudo deste ano, 47% dos importadores estão à procura de novos fornecedores internacionais, o que sugere que há uma oportunidade para os exportadores encontrarem novos compradores. Feiras industriais e feiras comerciais foram citadas como os canais mais usados para encontrar novos fornecedores por 28% dos entrevistados, seguidas por missões comerciais, com 21%. Na região, 21% dos entrevistados indicaram que esperam que possíveis fornecedores entrem em contato com eles, o que reflete uma oportunidade para os exportadores proativos apresentarem propostas de negócios focadas e bem pesquisadas via e-mail ou telefone. Os importadores brasileiros são os mais proativos na busca de novos fornecedores, com apenas 5% indicando que não contatam novos fornecedores, mas esperam ser contatados. Os importadores nos Estados Unidos foram os menos proativos, com um em cada três indicando que não contatam fornecedores. O Brasil é também o mercado com a maior porcentagem de importadores (15%) que indicaram portais B2B e mercados de e-commerce como o canal on-line preferencial para con-

tatar novos fornecedores. Os importadores das regiões pesquisadas indicaram que os dois principais fatores que influenciam a sua decisão de compra são qualidade (97%) e preço (87%), seguidos de serviços do vendedor, como flexibilidade em termos de pagamento e pós-vendas. No segmento de vestuário, os exportadores que procuram novos mercados para serem desenvolvidos devem considerar os Estados Unidos, a Costa Rica e o Chile. Esses países tiveram a porcentagem mais elevada dos entrevistados que procuram por novos fornecedores. Para o setor automotivo, a Colômbia e a Costa Rica têm a maior porcentagem de importadores à procura de novos fornecedores. Já o setor high tech tem o maior nível de atividade de compras on-line. Isso é explicado pela preferência dos importadores por pesquisas em rede para procurar novos fornecedores, o elevado número de entrevistados que completam as compras totalmente on-line (50%), bem como o uso mais frequente e variado de ferramentas web promocionais. Esse setor no Brasil mostrou uma propensão para importação de 48%, diante de 54% nos Estados Unidos. De todos os importadores do segmento high tech pesquisados no Brasil, cerca de 60% compram pela internet, o que indica a importância das estratégias on-line para atrair e reter novos clientes. UPS: (11) 5694-6600


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Contorno Ferroviário da Região Metropolitana de São Paulo, mais conhecido como Ferroanel, entrou em uma nova fase do processo de implantação. O Governo do Estado de São Paulo e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) entregaram, no dia 23 de junho, no Palácio dos Bandeirantes, o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental do trecho norte do empreendimento ao Conselho Estadual do Meio Ambiente. O ato marcou a abertura da etapa pública do licenciamento ambiental do Ferroanel Norte. Os documentos servirão como base para as análises de viabilidade ambiental do empreendimento e sua discussão com a população. Os estudos foram preparados pela Dersa com recursos federais repassados pela EPL e estão disponíveis para consulta on-line. O conteúdo será discutido em audiências públicas que acontecerão nos meses de julho e agosto nos municípios de São Paulo, Guarulhos, Arujá e Itaquaquecetuba, localidades que serão cortadas pelo traçado dos futuros trilhos. O Ferroanel Norte será um ramal ferroviário de 53 km de extensão que interligará as estações de Perus, em São

Paulo, e de Manoel Feio, em Itaquaquecetuba, em uma área contígua ao traçado do Rodoanel. Sua implantação possibilitará que os trens de carga que hoje compartilham trilhos com as composições da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) sejam desviados, eliminando o conflito entre cargas e passageiros nos trilhos que cortam o interior da metrópole. O novo ramal permitirá a moEm vermelho, o traçado do Ferroanel Norte vimentação de cargas do interior do estado para o Porto de Santos, bem como a passagem de comboios en- realizados indicam que cerca de 40% tre o interior e o Vale do Paraíba. A trans- das viagens destinadas ao transporte posição da Região Metropolitana de São de cargas são feitas com os caminhões Paulo em uma via dedicada terá a função vazios, pois nem sempre as empresas de transferir cargas, hoje rodoviárias, para conseguem prestar o serviço na ida e na o modo ferroviário. As projeções indicam volta. Essa pesada movimentação rodoa retirada, em médio prazo, de 2,8 mil ca- viária converge, em grande parte, para minhões por dia das estradas, com a ex- a Região Metropolitana de São Paulo e pectativa de superar 7,3 mil caminhões para o Porto de Santos. O resultado é por dia ao longo do tempo. a saturação do trânsito, especialmente A migração do asfalto para a ferrovia nas proximidades dos grandes centros aliviará a matriz de transporte paulista, urbanos, onde os congestionamentos hoje sufocada pela predominância ab- se tornam cada vez mais frequentes. soluta dos caminhões na prestação Dersa: (11) 3702-8000 desse tipo de serviço, atualmente suEPL: (61) 3426-3742 perior a 80%. Além disso, os estudos

Azul Cargo Express inaugura sua primeira loja em Araraquara

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cidade de Araraquara, interior de São Paulo, ganhou sua primeira loja da Azul Cargo Express, unidade de cargas da Azul, em junho. O novo estabelecimento fica a dez minutos do centro, em uma região economicamente estratégica da cidade. Assim como as demais lojas, os clientes de Araraquara contarão com serviços de envio e recebimento

de produtos e mercadorias para todo o Brasil e o exterior, graças à capilaridade da malha da unidade de negócios. A Azul Cargo Express chega assim a sua 168ª loja, atendendo mais de 3.500 municípios no Brasil. “A presença da Azul Cargo Express na cidade é muito importante, pois é uma região com economia muito relevante. Com diversos

serviços, os clientes de Araraquara e do interior de São Paulo contam com ampla qualidade e tranquilidade no que diz respeito ao transporte de mercadorias, sem que precisem perder tempo com grandes deslocamentos”, destaca Sami Foguel, vice-presidente de Clientes e Cargas. Azul Cargo: 4003-8399 Julho 2017 - Revista Tecnologística - 11

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Licenciamento ambiental do Ferroanel Norte é aberto para consulta pública


MERCADO

Gollog e Passaredo se unem para a oferta de voos regionais Em junho começaram as vendas do serviço de transporte de cargas para dois novos destinos: Barreiras e Vitória da Conquista, na Bahia

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o dia 26 de junho, a Gollog, unidade de cargas da Gol Linhas Aéreas Inteligentes, iniciou a venda do serviço de transporte de cargas para dois novos destinos regionais operados pela Passaredo: Barreiras e Vitória da Conquista, na Bahia. “As cidades têm um papel importante no compromisso da Gollog de oferecer uma maior va-

riedade de destinos aos clientes da empresa, uma vez que estes são dois dos municípios baianos mais procurados por quem utiliza nossos serviços”, destaca Eduardo Calderon, diretor de Cargas da Gol. “Juntas, Barreiras e Vitória da Conquista são responsáveis por receber em torno de 17 toneladas de cargas por mês na indústria aérea, o que reforça o nosso interesse em inves-

tir nesses destinos”. Com a parceria, os clientes da Gollog podem contratar os serviços de transporte de cargas convencionais (standard) ou que pedem mais urgência (expressas), com volumes de até 50 kg por unidade.

Gollog: (11) 2636-1166 Passaredo: (16) 4000-1777

Randon Implementos formaliza joint venture com empresa peruana

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Acordo prevê a instalação de uma planta localizada em Lima, que atuará na fabricação e na montagem de semirreboques da marca brasileira

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divisão de implementos da Randon estabeleceu uma joint venture para atuar no Peru ao se associar com o Grupo Epysa, de origem chilena, criando a Randon Peru. O contrato, que prevê controle da Randon com 51% do negócio, foi assinado no dia 20 de junho pelos direto-

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res David Randon e Alexandre Gazzi, ambos da Randon, e Juan Francisco Novion e German Novion, da Epysa. O início das operações comerciais está previsto já para o segundo semestre deste ano. Na sociedade, a Randon aportará sua expertise industrial, enquanto o compromisso da Epysa envolve sua experiência em vendas. O acordo prevê ainda a instalação de uma planta em Lima para a fabricação e a montagem de semirreboques da marca Randon. A unidade terá capacidade para produzir até mil unidades ao ano, em um investimento proporcional às participações acionárias. “O relacionamento de longa data amplia a confiança mútua e nos remete para um futuro promissor”, comenta Gazzi, da Randon, referindo-se ao fato de a Epysa já ser distri-

buidor da marca há mais de 35 anos no Chile. “Para o grupo de empresas Epysa constitui uma verdadeira honra poder ser sócio da Randon”, afirma Novion, destacando a importância da fabricante brasileira no mercado latino-americano. A decisão foi baseada no potencial do mercado peruano, o terceiro maior da América Latina depois de Brasil e Argentina, onde a Randon já opera em uma planta localizada em Rosário desde 1994. O mercado peruano absorve em torno de 6 mil unidades anuais de semirreboques e o país hoje, além de apresentar estabilidade econômica, desponta como a nação que mais cresce no cenário latino-americano. Epysa: +56 71 226-4742 Randon: (54) 3239-2000


Panalpina recebe certificação voltada para o setor farmacêutico Operador logístico é o único do Brasil a contar com o selo GDP

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Panalpina Brasil conquistou a certificação Good Distribution Practices (GDP), que garante a excelência dos serviços prestados no transporte e na distribuição de medicamentos e de produtos farmacêuticos, concedida pela SGS, companhia que atua globalmente com inspeção, verificação, testes e certificação. Com a novidade, a empresa, que presta serviços para o setor farmacêutico desde 2012, tornou-se o único operador logístico brasileiro e também a primeira filial do Grupo Panalpina na América do Sul a conquistar a certificação. “Além do Brasil, outras 20 unidades do grupo também possuem a GDP, como a filial de Bruxelas, na Bélgica, que foi a primeira a ser certificada, formando uma rede logística internacional segura para produtos farmacêuticos”, destaca Cássia Fernandes, gerente de Vendas para os segmentos Farmacêutico e Químico da Panalpina. “A certificação GDP, que é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estabelece uma série de normas que exige uma equipe altamente capacitada, sistemas modernos e integrados e mapeamentos de riscos bem executados para evitar que os produtos sejam danificados durante seu transporte,

entre outras determinações”, explica o diretor de Qualidade e Sustentabilidade da Panalpina, Adriano Bronzatto. “As regras GDP complementam o manual internacional de boas práticas de fabricação do setor, chamado Good Manufacturing Practices (GMP), recomendado às empresas desta indústria pela OMS no que se refere à produção dos medicamentos, e são também adotadas pela Anvisa para o mercado nacional”, acrescenta o executivo. De acordo com ele, as indústrias do setor buscam parceiros logísticos que entendam os requisitos operacionais e regulatórios do segmento e que estejam preocupados em garantir que os investimentos e controles implementados durante a fabricação dos produtos sejam mantidos nos processos de armazenagem e distribuição. Cássia revela que a próxima unidade da Panalpina a tentar conquistar a certificação GDP este ano será a do México. “Nossa intenção é investir cada vez mais nesse segmento, inclusive na questão de logística interna. Queremos ser a operadora logística global a oferecer as melhores soluções, de porta a porta, para a indústria farmacêutica”, finaliza a executiva.

Panalpina: (11) 2165-5700


MERCADO

Bolloré Logistics foca em tecnologia e inovação Grupo revela planos para a América Latina, com destaque especial para o mercado brasileiro

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cliente”, complementodos os tipos e tamata Boccara. nhos. Por isso, tomaContar com sistemos a iniciativa de inmas totalmente investir muito dinheiro tegrados abrangendo em inovação. E como todas as unidades e o grupo atua também atividades da Bolloem negócios de míré ao redor do globo dia e comunicação, permite também que que já passaram por a companhia ofereça essa revolução tecnoum sistema de monilógica antes, temos toramento e rastreamuito conhecimento mento em tempo real no assunto. Assim, a Boccara: o supply chain completo aos clientes, divisão de logística está passando por uma proporcionando alto absorveu muitas pesrevolução digital grau de confiabilidade soas dessas áreas para moldar completamente os negócios na movimentação das cargas, desde sua origem até o destino final, seja para essa nova realidade”. A partir dessa iniciativa, foi onde for. Os embarcadores podem criado um novo sistema, chamado realizar todo o acompanhamento Plataforma de Gestão de Decisão por meio de aplicativo móvel. O executivo faz questão de des(DMP, na sigla em inglês para Decision Management Platform). Todas tacar, porém, que o maior bem que as aplicações utilizadas pelo grupo a Bolloré Logistics possui são seus estão conectadas a essa platafor- colaboradores. “Estamos investinma, cujo papel principal é indicar do constantemente também em a melhor e mais otimizada solução pessoas, no treinamento e no aperlogística para cada cliente. Desde feiçoamento de nossos trabalhadograndes contas até pequenas e mé- res. É preciso ter toda essa tecnolodias empresas podem se beneficiar gia, coletando e gerando uma vasta desse novo conceito on-line ofe- quantidade de dados, mas a última recido pela Bolloré, que funciona decisão, a decisão mais inteligente, como um centro nervoso tecnoló- é sempre tomada por pessoas. Nossa visão não está voltada somente gico do grupo. “Nós passamos a digitalizar todo para sistemas, mas para os colaboo legado da companhia. Integra- radores que criam, operam e utilimos todos os dados gerados pelas zam esses sistemas”. A respeito do mercado nacional, operações logísticas globais e trabalhamos com business intelligen- Boccara se mostra otimista. “Quece para oferecer sempre a melhor remos reforçar cada vez mais nossa solução possível de acordo com as presença na América Latina, e sabenecessidades específicas de cada mos que o Brasil é o principal merDivulgação

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m recente visita ao Brasil, o francês Olivier Boccara, Front Office Director da Bolloré Logistics, concedeu uma entrevista exclusiva à Revista Tecnologística, em que detalhou os negócios do Grupo Bolloré, uma das 500 maiores companhias do mundo em volume de negócios, e falou sobre suas expectativas para o mercado brasileiro. No início de 2016, a Bolloré concluiu mundialmente a unificação da marca de todas suas empresas de logística, que passaram a carregar um mesmo nome, como parte da estratégia de fortalecimento de sua marca. Com isso, a operadora logística SDV, subsidiária do grupo francês no Brasil, passou a se chamar Bolloré Logistics Brazil. O grupo está presente no país desde 1975, atendendo empresas nacionais e multinacionais. Líder de mercado na França e em toda a África, a Bolloré é um dos cinco maiores operadores logísticos da Europa e está entre os dez maiores do mundo. Fundado em 1822, o Grupo Bolloré possui, além da divisão dedicada à logística, negócios nos segmentos de comunicação, com a Havas Communication, e em mobilidade urbana, com a Blue Solutions. “Os negócios no supply chain estão passando por uma grande transformação, devido à revolução digital e à massiva quantidade de dados com os quais lidamos diariamente”, explica Boccara. “Além disso, nossa presença global e nos mais diversos segmentos demanda que estejamos preparados para atender clientes de


cado da região. Por isso, para sermos fortes na América Latina, precisamos crescer no mercado brasileiro. Ainda que o país esteja passando por um momento difícil, nós continuamos acreditando em todo o seu potencial. Somos uma companhia resiliente e com poder de investimento, por isso vamos continuar investindo aqui”. A Bolloré Logistics conta com cinco escritórios no Brasil, com a sede situada em São Paulo, e as operações do grupo cobrem todo o território nacional. Na África, a Bolloré atua fortemente no setor de infraestrutura

portuária. Questionado a respeito do interesse da companhia em investir nesse tipo de negócio também no Brasil, com as oportunidades que podem ser geradas pelos programas de concessão anunciados pelo governo federal, Boccara destaca que existe a possibilidade. “Estamos focados em mercados emergentes e temos grande experiência neles, por isso conhecemos bem os problemas de infraestrutura desses países. Podemos ajudar no desenvolvimento do Brasil, assim como fizemos no continente africano”, diz.

“Com a unificação da marca Bolloré, nós conseguimos nos destacar ainda mais no mercado brasileiro, pois se trata de um nome forte, conhecido mundialmente”, analisa Gilberto Zanon, diretor Comercial da Bolloré Logistics Brazil. “Estamos buscando agora novas oportunidades comerciais. Já prestamos serviços para uma boa variedade de segmentos da indústria, como aeroespacial, farmacêutico e automotivo, e esperamos expandir isso ainda mais”, finaliza o executivo. Bolloré: (11) 3897-8422


MERCADO

Translovato expande sua atuação no território nacional Divulgação

Empresa oferece agora seus serviços para nove estados brasileiros, além do Distrito Federal

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Translovato, transportadora sediada em Caxias do Sul (RS), expandiu sua atuação e passou a oferecer seus serviços de transporte em novas localidades.

Além das operações já consolidadas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, a empresa agora está presente também no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Tocantins e Distrito Federal. De acordo com a própria Translovato, a iniciativa surgiu a partir da identificação das necessidades dos clientes por serviços de transporte, e foi planejada com grande comprometimento. Em 2015 a empresa iniciou uma fase de levantamentos e estudos e identificou essa demanda. Em 2016 foi feita toda a análise e o planejamento para a viabilização dos serviços, procurando por parceiros preparados para oferecer serviços com a qualidade exigida pela empresa.

Por fim, neste ano de 2017 o plano saiu do papel. Com a novidade, a Translovato totaliza dez unidades federativas atendidas com seus serviços de transporte. A atuação da empresa acontece em 100% das cidades dos nove estados, além do Distrito Federal, totalizando cerca de 3.200 municípios. “Todos sabemos que sempre, mas principalmente em épocas difíceis e de crises, é preciso inovar, reinventar-se. A Translovato tem trabalhado forte e positivamente com este pensamento: inovação, planejamento e foco”, afirma Neri Carlos Lovato, diretor-presidente da transportadora, especializada no transporte rodoviário de cargas fracionadas. Translovato: (47) 3036-2777

Continental adquire empresa de gestão de frotas Grupo alemão é agora acionista majoritário da norte-americana Zonar

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Grupo Continental adquiriu a empresa Zonar, provedora de tecnologias de gestão de frotas norte-americana. A negociação faz parte da estratégia da Continental de intensificar suas atividades no setor, com foco em telemetria. “Com este movimento, estamos expandindo ainda mais nosso portfólio e experiência na área de serviços de mobilidade e fomentando nosso equilíbrio regional, investindo em um provedor de gerenciamento de frota

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nos Estados Unidos que nos dá acesso a uma ampla base de clientes e canais de vendas”, analisa Helmut Matschi, presidente da Divisão de Interior e Membro da Comissão Executiva do Grupo Continental. “É emocionante entrar num novo capítulo na história da Zonar com o apoio de uma marca mundial respeitada que reconhece nossa necessidade de servir nossos mercados como uma empresa ágil, inovadora e focada no cliente, como temos feito nos últimos

15 anos”, destaca Ian McKerlich, presidente da Zonar. Fundada em 2001, a Zonar oferece soluções de gestão de frotas para atividades comerciais, profissionais e para o transporte de passageiros em toda a América do Norte. Com a aquisição da empresa, a Continental espera ampliar a gama de produtos oferecidos voltados para o setor também no Brasil. Continental: (11) 4583-6190


Latam Cargo tem novo terminal de cargas em Curitiba Com investimentos de R$ 2,7 milhões, novo espaço é o mais moderno da companhia na Região Sul

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Latam Cargo Brasil, unidade de cargas do Grupo Latam Airlines, inaugurou, em maio, o terminal mais moderno da companhia na Região Sul do país, localizado no Aeroporto Internacional de Curitiba, em uma área total de 2.035 m². Com investimentos de R$ 2,7 milhões, o espaço construído passou de 574 m² para 955 m². A área antiga possibilitava movimentar uma média mensal de 405 toneladas de carga, mas agora a Latam Cargo poderá operar com um acréscimo de 200%. Isso porque a área destinada às ativida-

des de armazenagem passou de 230 m² para 787 m², e está totalmente preparada para receber todos os tipos de cargas, como fármacos, autopeças e eletrônicos, entre outras pequenas encomendas. “O terminal de Curitiba faz parte do plano de investimentos da companhia por ser um importante polo de transporte de cargas para outras regiões do país, tendo como principais destinos São Paulo, Manaus, Fortaleza, Rio de Janeiro e Recife”, explica o diretor-geral da Latam Cargo Brasil, Luis Quintiliano. A companhia destaca que o novo

terminal conta com uma estrutura preparada para atender às demandas de forma mais segura e eficiente, proporcionando os melhores níveis de serviço. O plano de investimento em infraestrutura feito pela Latam Cargo contempla, ao todo, 22 terminais distribuídos pelo Brasil. O projeto, que teve início em 2013 e será finalizado ainda neste ano de 2017, inclui a construção de novas estruturas, além de reformas e ampliações de outros terminais. Latam Cargo: 0300 115-9999

Modern recebe permissão para operar voos cargueiros comerciais

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Modern Logistics assinou, no início de junho, o contrato de concessionária de serviços públicos de transporte aéreo regular com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Com isso, o operador logístico tornou-se apto a iniciar efetivamente as operações de transporte com voos comerciais utilizando aeronaves próprias. A assinatura aconteceu cerca de dois meses depois de a empresa receber o Certificado de Operador Aéreo (COA), emitido pela própria Anac, atestando sua capacidade técnica para operar em rotas aéreas domésticas. “Vamos começar atendendo as demandas de fretamento e, em seguida, abriremos as rotas regulares para atender os grandes contratos da indústria”, explica o CEO da Modern, Gerald Blake Lee. O primeiro Boeing 737 próprio convertido em cargueiro já está pronto

para voar. No médio prazo, a Modern também vai utilizar aeronaves ATR-72F. A empresa conta ainda com centros de distribuição espalhados estrategicamente pelo país, alinhados às operações de transporte terrestre realizadas por empresas parceiras homologadas. No dia 12 de junho, a Modern realizou seu primeiro voo comercial, com o Boeing da empresa decolando do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), com destino a Recife, no Aeroporto de Guararapes. O cargueiro transportou 14,6 toneladas de peças automotivas. A carga foi levada em regime de trânsito aduaneiro, que permite o transporte de mercadorias de um recinto alfandegado para outro, onde será feito o desembaraço. “Estamos muito contentes com o início das operações. Nossa proposta é justamente atender às demandas dos clientes e mostrar na prática como novas formas

Divulgação

Anac outorga concessão de empresa aérea regular ao operador logístico

de pensar a integração de serviços logísticos podem ajudar no desenvolvimento do Brasil”, afirmou Lee. “A Modern não é uma empresa aérea cargueira. Somos um operador logístico que oferece uma solução completa de serviços e tecnologia, desenvolvidos para a necessidade de cada cliente. A proposta de contar com uma frota própria de aeronaves cargueiras é justamente complementar um serviço que hoje é subutilizado, mas tem enorme potencial devido às dimensões continentais do Brasil”, esclarece o executivo. Modern: (11) 3109-6750 Julho 2017 - Revista Tecnologística - 17


MERCADO

Infraero dá início ao processo de concessão do Teca de Navegantes Próximos terminais de carga licitados serão de Manaus e Joinville

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Infraero deu início, no dia 22 de junho, ao processo de licitação para a concessão da administração do terminal de logística de carga (Teca) do Aeroporto de Navegantes (SC). A iniciativa faz parte do novo posicionamento estratégico da estatal, que prevê a exploração comercial dos complexos logísticos situados nos aeroportos que administra. Será licitada uma área de 104.230 m², com preço básico inicial de R$ 500 mil e preço mínimo mensal de R$ 600 mil, com prazo contratual de 25 anos. A previsão dos investimentos vinculados em contrato para ampliação e melhorias do complexo é de R$ 38 milhões, que preveem a construção de um novo complexo logístico para o aeroporto, com área total de 100 mil m². O Teca de Navegantes é um dos principais da Região Sul do Brasil e

o mais movimentado dentre os terminais de carga administrados pela Infraero no estado de Santa Catarina. Entre janeiro e maio de 2017 foram movimentadas 1.918 toneladas de cargas, principalmente dos setores automotivo, de equipamentos médico-hospitalares, de tecnologia, metal-mecânico e têxtil. Além do terminal catarinense, estão planejadas as concessões dos Tecas de Manaus e Joinville (SC). Em Manaus será concedida área de 49.382 m², com preço básico inicial de R$ 3 milhões, preço mínimo mensal de R$ 2,7 milhões e prazo contratual de dez anos. Já a concessão em Joinville envolverá uma área total de 105.730 m², com preço básico inicial e preço mínimo mensal de R$ 500 mil, investimentos vinculados de R$ 47,9 milhões e prazo contratual de 25 anos.

Ambos os processos estão em fase de elaboração da licitação, e o lançamento do edital está previsto para o segundo semestre de 2017. Cinco processos de concessões de complexos logísticos já foram realizados até o momento pela Infraero: Goiânia, Curitiba, Vitória, São José dos Campos (SP) e Recife. Os quatro primeiros já tiveram seus contratos assinados e, no caso de Goiânia e Curitiba, a empresa vencedora deverá assumir as operações dos complexos até o início do segundo semestre deste ano. O processo do Aeroporto do Recife está em fase de assinatura do contrato. Todas as concessões apresentam prazo de dez anos e os valores de luva (preço mínimo mensal) totais obtidos com os cinco contratos somam R$ 2,95 milhões. Infraero: 0800 727-1234

TCP amplia parque de tomadas reefer

Divulgação

Terminal passou a contar com 3.624 tomadas para contêineres

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TCP, empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá (PR), finalizou o projeto de ampliação de seu parque de tomadas para contêineres de cargas refrigeradas, com a instala-

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ção de 672 novas tomadas. Assim, o terminal passa a contar com um total de 3.624, o maior número de tomadas dentre os terminais da América Latina. Os investimentos na última etapa do projeto, que foi iniciado em 2016, totalizaram R$ 5,6 milhões, motivados pelo aumento crescente da demanda de exportações de cargas refrigeradas. “Com esse projeto, a TCP estará preparada para atender a demanda até 2023. Sem restrições para a admissão de cargas refrigeradas, o terminal também aumenta sua competitividade comercial, conseguindo oferecer o melhor serviço pelo me-

nor custo”, destaca Juarez Moraes e Silva, diretor-superintendente Comercial da TCP. Além da estrutura oferecida para a manutenção dos contêineres refrigerados, a TCP também está apta a receber contêineres 24 horas por dia. “São realizadas vistorias diárias pelos órgãos intervenientes, inclusive aos sábados. Com a estrutura oferecida, garantimos ao exportador que as cargas refrigeradas exportadas por Paranaguá estejam de acordo com os padrões dos mais exigentes mercados”, finaliza Moraes e Silva. TCP: (41) 2152-5999


Mercedes-Benz vende 524 caminhões para operação fora de estrada da Raízen Divulgação

Os 286 caminhões Atego e os 238 Axor serão entregues ainda este ano

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Mercedes-Benz realizou a venda de 524 caminhões para operações fora de estrada da fabricante de etanol e exportadora de açúcar Raízen. Desse volume, 286 unidades são do modelo Atego 2730 6x4 e foram vendidas à Borgato, para a aplicação em serviços de apoio à produção de cana-de-açúcar. As entregas do Atego começaram em abril e vão até o mês de setembro. Além disso, 238 caminhões extrapesados Axor 3344S 6x4 já estão em operação e foram adquiridos por um pool de empresas que realizam o transporte de cana-de-açúcar para a Raízen. “Esse expressivo volume de venda é resultado do ótimo relacionamento que mantemos com a Raízen, para quem, neste caso, desenvolvemos e aprimoramos soluções focadas no transporte canavieiro”, afirma Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças e Serviços para Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. “A opção por caminhões da nossa marca mostra que esse trabalho está dando ótimos frutos. Além disso, a venda de um grande volume de caminhões é mais um sinal da força do agrone-

gócio e do seu papel essencial na retomada do crescimento econômico do país”, diz. A Raízen adotou um modelo de terceirização da prestação de serviços de transporte em suas operações, tanto para a produção de cana-de-açúcar quanto para atividades de apoio no campo. A empresa, no entanto, é quem cuida da gestão da logística e do transporte. É ela que define os modelos de caminhões adequados às suas necessidades, realiza comparativos e testes e, ainda, estabelece os procedimentos de operação dos veículos no dia a dia. Ela atua também na negociação comercial dos caminhões, determinando as condições de aquisição que serão praticadas pelos transportadores ou locadores contratados. Esse modelo de gestão permite maior foco na atividade de transporte e logística e não na propriedade dos veículos. No entanto, é a Raízen que define todas as condições e exigências, entre elas a renovação constante de frota. Os 286 caminhões Atego adquiridos são da versão plata-

forma e, com o objetivo de atender a demandas específicas das atividades de apoio no campo, receberam tomada de força e escapamento vertical. Os veículos serão utilizados, por exemplo, para o transporte de produtos e materiais até as áreas de produção de cana-de-açúcar, bem como para operações como munck, reboque, bombeiro e carro-pipa, além de outros implementos. Mercedes-Benz: 0800 970-9090 Raízen: (11) 2344-6200


MERCADO

Governo argentino contrata a ART para modernizar estatal de cargas Empresa Trenes Argentinos Cargas realizou licitação internacional para o novo Centro de Controle de Tráfego

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Divulgação

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empresa estatal Trenes Argentinos Cargas inaugurou um novo Centro de Controle de Tráfego que lhe permite monitorar, em tempo real, o posicionamento dos trens e sua velocidade ao longo de 9 mil quilômetros de vias, bem como autorizar a circulação e ativar a frenagem automática das composições em casos de emergência. O desenvolvimento e a implantação foram conduzidos com tecnologia da empresa brasileira ART Rail Technology. Para conquistar o contrato, a ART saiu vencedora de uma licitação internacional envolvendo alguns dos maiores players globais do setor de tecnologia ferroviária. O projeto faz parte da política de modernização da malha férrea argentina e contou com investimentos da ordem de 128 milhões de pesos argentinos (cerca de US$ 8,2 milhões). A instalação do centro de controle integra um plano de modernização da malha ferroviária do governo da Argentina, que tem previsão de investimentos de US$ 14 bilhões até 2023. Nesse projeto específico, a ART atua como fornecedor turn key, isto é, com responsabilidade pela entrega de um pacote completo de serviços e soluções cobrindo todas as etapas de concepção e execução do projeto, bem como sua manutenção posterior. A cerimônia de inauguração, que aconteceu em junho, contou com a presença do Ministro dos Transportes da Argentina, Guilhermo Dietrich. Ele destacou a ativação do Centro de Controle de Tráfego como mais uma etapa na valorização do modal ferroviário por parte do governo argentino. “Este sistema é parte do nosso compromisso

de reativar as ferrovias de cargas, após décadas de desinvestimentos. Estamos levando adiante também a renovação de 1.600 km de vias para beneficiar as províncias do norte argentino e para reativar as economias regionais”, disse. “A nova tecnologia beneficia os condutores e os operadores de monitoramento, mas também todas as demais áreas da empresa, que passam a contar, pela primeira vez, com estatísticas da operação dos trens para melhorar cada dia mais a qualidade do transporte de cargas”, explica Ezequiel Lemos, presidente da Trenes Argentinos Cargas. As três linhas ferroviárias atendidas pelo centro de controle percorrem 17 províncias argentinas, com mais de 9 mil km de vias. Até então, essa estrutura funcionava com antiquados e caros sistemas de comunicação por satélite ou dependia do uso de ligações de celulares para a comunicação com os condutores, para consultá-los sobre o posicionamento do trem, um sistema sujeito a falhas de sinal ou de comunicação. A nova solução inclui a instalação de um conjunto de equipamentos de bordo nas locomotivas, que permite a comunicação entre o maquinista e o Centro de Controle Operacional por

meio de uma rede digital envolvendo a combinação de canais de comunicação via celular e satélite. Além do cálculo da localização dos trens em tempo real, os dispositivos permitem registrar as informações relacionadas ao perfil de condução dos maquinistas e proteger os trens nos casos de excessos de velocidade ou entrada em trechos não autorizados. De acordo com o CEO da ART, Carlos Henrique Corrêa, a modernização da Trenes Argentinos Cargas deverá posicioná-la, em curto prazo, entre as mais eficientes da América Latina, e criará condições para aumentar significativamente a importância do modal ferroviário na estrutura logística da Argentina. “Esse projeto permite que a ferrovia passe a se gerir por PKIs, de modo a poder analisar o próprio desempenho para ajustar continuamente as variáveis de ganho operacional e financeiro. A partir dessa base tecnológica, a Trenes Argentinos Cargas estará a um passo de adotar a governança total do negócio, baseada em painéis de gestão e na aplicação de benchmarking”, completa Corrêa. ART: (41) 3621-8461 Trenes Argentinos Cargas: +54 11 6091-8000


Man entrega 22 caminhões para a Itaobi Transportes Veículos serão aplicados na rota entre Uberaba e Cubatão

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m lote de 22 caminhões Man TGX foi entregue à Itaobi Transportes, que carrega matérias-primas para a produção de fertilizantes. Os veículos foram adquiridos para fazer a rota de Uberaba (MG) a Cubatão (SP), com rodagem média mensal de 7,5 mil km, engatados em carretas basculantes de 40 m³. O lote de caminhões é composto pelos extrapesados TGX 29.440 6x4 e TGX 28.440 6x2 Para José Machado Diniz Neto, sócio-diretor da Itaobi, os bons resultados do agronegócio motivaram a renovação de frota da empresa. “Grandes clientes estão ampliando contratos e alguns dos caminhões tinham mais de cinco anos, o que não é vantajoso em termos de custo operacional. Por isso, decidi investir nos veículos Man, que proporcionam resultado satisfatório e são elogiados pelos motoristas”, diz. Os caminhões adquiridos contam com contratos de manutenção, o que também foi determinante para a aqui-

sição, segundo o empresário. De acordo com Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da Man Latin America, em menos de cinco anos no mercado nacional a linha TGX tem apresentado boas vendas, alavancadas por sua robustez, bom custo operacional e pelo conforto proporcionado ao motorista, com uma das mais amplas cabines do mercado.

Impressão 3D A Man Latin America tem aumentado de forma exponencial a utilização da tecnologia de impressão 3D. Atualmente, o equipamento da montadora trabalha praticamente de forma ininterrupta para a produção de cerca de 250 peças de protótipos ao ano. A fabricante dos caminhões e ônibus Volkswagen e Man também passou a recorrer à tecnologia para produzir itens de maior complexidade, além de moldes para outras peças.

O resultado é que a Man atingiu uma redução de cerca de 80% no custo de desenvolvimento de modelos conceituais na fase inicial de novos projetos. Além disso, o cronograma também é favorecido. Um processo que antes poderia chegar a dois meses hoje leva alguns dias. E a complexidade das peças impressas tem evoluído em velocidade acelerada, com a produção de componentes maiores e com riqueza de detalhes. “Capacitamos nossos profissionais com esse know-how específico e cada vez mais ampliamos seu escopo de atuação. Essa é mais uma avançada ferramenta de engenharia que utilizamos para reduzir o custo de nossos produtos e garantir a competitividade frente ao mercado”, explica Leandro Siqueira, diretor de Engenharia de Desenvolvimento. Antes de adquirir sua própria impressora 3D, a montadora comprava esse serviço. Em 2013, trouxe a tecnologia para dentro de casa, e os ganhos são significativos. É possível imprimir modelos de praticamente qualquer peça em apenas algumas horas, sem a necessidade de desenvolver ferramentais específicos. Outra frente nova de trabalho com a tecnologia é a impressão de moldes, que vai facilitar a produção de peças com materiais diferentes. Entre um projeto de engenharia e outro, os profissionais da montadora aproveitam a versatilidade da máquina para exercitar sua criatividade e talento em variadas aplicações, como a criação de troféus para premiações internas de reconhecimento. Itaobi Transportes: (16) 3663-3605 Man Latin America: (24) 3381-1063 Julho 2017 - Revista Tecnologística - 21


MERCADO

DHL inaugura seu primeiro centro multicliente de packaging no Brasil

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DHL Supply Chain inaugurou seu primeiro centro multicliente de packaging no Brasil, localizado em Guarulhos (SP). Com a novidade, a companhia passa a contar com um espaço capaz de atender vários clientes de diferentes mercados, em sete linhas de produção preparadas para trabalhar com perfis distintos de cargas. A atividade de packaging, também conhecida como copacking ou embalamento secundário, consiste na aplicação de uma embalagem suplementar a um produto ou conjunto de produtos. As operações desempenhadas pela DHL vão desde a criação do protótipo até a distribuição dos itens, passando pelo desenvolvimento e pela montagem de kits, pelo gerenciamento da carga e pelo acondicionamento em caixas e paletes para armazenagem. O centro está situado na unidade DHL Cumbica, próxima ao Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, e ocupa uma área de 3,8 mil m², com capacidade para até 2,5 mil posições-palete. Totalmente flexíveis para a execução das mais diversas tarefas envolvidas na atividade, as sete linhas de produção podem ser expandidas conforme a necessidade de atendimento da DHL cresça. Atualmente, o local apresenta capacidade de montagem de até 2,7 milhões de kits por mês. “A inauguração do centro faz parte da estratégia da DHL de oferecer serviços com maior valor agregado e que potencializem as cadeias de suprimentos, auxiliando nossos clientes a superar os desafios do cenário econômico atual”, explica Maurício Almeida, diretor de Operações da DHL Supply Chain. “O centro irá viabilizar a produção de kits de baixo e médio volume a custos competitivos, atra22 - Revista Tecnologística - Julho 2017

vés da captura de ganhos de escala com a combinação de diferentes clientes e segmentos, e com produtividade e eficiência no transporte e armazenagem”. O embalamento secundário tem ganhado cada vez mais espaço no mercado nacional, em especial para fins promocionais nas vendas no varejo, por exemplo, como no caso de brindes que acompanham os produtos ou itens que são vendidos em conjuntos, dentro de uma mesma embalagem “O consumidor brasileiro, de forma geral, aprecia essa estratégia promocional, que tem sido ainda mais utilizada nos últimos dois anos”, diz Almeida. O executivo explica ainda que o packaging é bastante utilizado também em casos em que os kits consistem em uma espécie de fase intermediária de processos de produção mais complexos, como na indústria automobilística, ou em estratégias de relacionamento, como no caso da montagem de kits de uniformes para colaboradores. Para criar os protótipos a partir das necessidades de cada cliente, a DHL conta com uma impressora plotter com facas de corte e também com uma impressora 3D. “Esses recursos facilitam muito essa etapa do processo, economizando muitas idas e vindas de produtos. O cliente pode nos enviar de forma digital as especificações do produto em questão de qualquer lugar do mundo, ou passá-lo em um scanner 3D, e nós o imprimimos para a montagem da primeira prova”, conta Almeida. Lilio Neto, gerente de Operações de Packaging da DHL Supply Chain, explica que a companhia possui licença para trabalhar com todos os tipos de produtos, incluindo itens de saúde e alimentos. “Contamos inclusive com uma área isolada para operações com itens que neces-

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Objetivo é oferecer a atividade para diferentes empresas em um mesmo local

sitam de controle de temperatura, como chocolates e medicamentos”. Ele destaca que, no local, a companhia está preparada para realizar também simulações de volumetria, peso, empilhamento e acondicionamento dos kits desenvolvidos utilizando um software especializado. Sem revelar nomes, Neto indica que, já neste mês de junho, a DHL começa a operar com um cliente no novo centro. “Além disso, quatro outros clientes já estão em fase de aprovação”. Os mercados-alvo da DHL com a novidade são empresas das áreas de consumo, automotiva, de energia, tecnologia e saúde, além de editoras e veículos de imprensa. A companhia já possui expertise na atividade de packaging com o desenvolvimento de trabalhos em operações dedicadas aos clientes. Os serviços empreendidos no centro multicliente de packaging da DHL utilizarão diversas tecnologias, como shrink, inkjet, sleeve, bags e cartuchos, além de etiquetagem e rotulagem de produtos e embalagens. A automação também é destaque no local, com a aplicação de etiquetadoras automáticas e semiautomáticas e até de robôs, em alguns casos, para o manuseio dos produtos. DHL Supply Chain: (19) 3206-2200


Embraport é certificado como OEA Terminal portuário é o terceiro no Brasil a atender as exigências do programa

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Foto: Estúdio 58 / Imagens aéreas

Embraport, terminal portuário privado instalado na margem esquerda do Porto de Santos (SP), obteve o certificado de Operador Econômico Autorizado (OEA), concedido pela Receita Federal. Com a certificação, o terminal passou a ser o terceiro do Brasil a atender as exigências da Organização Mundial das Aduanas (OMA), sendo o único localizado em Santos, maior porto da América Latina. O principal objetivo do programa OEA é facilitar a integração entre as aduanas e todos os operadores envolvidos na cadeia do comércio internacional. O certificado é emitido aos intervenientes da cadeia logística que representam baixo risco em suas operações e que atendem aos requisitos estipulados pela OMA. Para obter o certificado, a Embraport passou por uma rigorosa auditoria da Receita Federal, que analisou os novos procedimentos de padrão internacional adotados pela empresa, que trazem diversos benefícios para os

clientes e aumentam a vantagem competitiva do terminal. O programa faz parte de um padrão de segurança da OMA, chamado Estrutura Normativa para a Segurança e Facilitação do Comércio Global, que visa, entre outras coisas, garantir a segurança na arrecadação de receitas com impostos e promover a facilitação do comércio em nível mundial. Devido ao alto grau de confiabilidade dos intervenientes com a certificação OEA, a Embraport passa a oferecer mais agilidade para os clientes, principalmente no que se refere à aceleração na liberação das cargas e à redução na duração do trânsito aduaneiro O programa é de adesão voluntária e o certificado deve ser renovado periodicamente, garantindo que o terminal esteja sempre alinhado ao que há de mais moderno no mercado internacional. Bruno Ferretti, gerente Comercial da Embraport, destaca que a certificação coloca a Embraport em uma condição de exportador seguro, aumentando a credibilidade da empresa no mercado internacional. “Tornarmo-nos um OEA significa que adotamos procedimentos que garantem a total segurança das cargas que movimentamos perante os órgãos fiscais e aduaneiros”, diz. Atualmente, 84 empresas possuem a certificação no Brasil. Embraport: (13) 3213-0700


MERCADO

Poli aprimora simulador de trens desenvolvido para a Vale Terceira geração será entregue ainda este ano com muitas novidades

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“Nosso sistema utiliza modelos computacionais desenvolvidos por pesquisadores, alunos de pós-graduação, graduação e iniciação científica da Poli que simulam movimentos dinâmicos do trem, indicam a sua posição espacial e trazem informações topográficas, de forma que o maquinista atue como se estivesse no mundo real”, aponta Barbosa, que coordena o Laboratório de Dinâmica e Simulação Veicular (LDSV), onde está instalado o simulador. “Nessa terceira versão melhoramos tudo. Ele está mais completo e tem mais funcionalidades. Estamos refazendo toda a parte gráfica das imagens, buscando maior resolução para melhorar a qualidade e dar uma sensação ainda mais acentuada de realidade para os maquinistas em treinamento”, conta o acadêmico. Uma das principais inovações é a implementação do modo multiusuário. “Agora, em vez de o instrutor treinar os operadores ao longo de uma linha específica, é possível treinar o maquinista em uma malha ferroviária completa, com a presença de sinalização e de outros trens em várias linhas que se interconectam e que são operados por outros maquinistas em treinamento, simulando de forma integral o tráfego”, explica Barbosa. Outra novidade do sistema é a conexão com a internet. “Com isso, um instrutor de São Paulo pode treinar um maquinista que está em Vitória, ou um profissional que está em Belo Horizonte pode programar e acompanhar uma simulação com um operador que está em Moçambique”.

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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) vai entregar, ainda este ano, a terceira geração do simulador de trens criado para a Vale. O sistema, que começou a ser desenvolvido em 2008, vem sendo aperfeiçoado desde então, com investimentos que já somam aproximadamente R$ 4 milhões. O simulador é aplicado no treinamento dos operadores da frota que a companhia utiliza para transportar a produção de suas minas até os portos nacionais. São mais de mil quilômetros de linhas férreas, simulando a rede da Vale Carajás, que liga as minas de Carajás (PA) ao Terminal Marítimo de Ponta da Madeira (MA) e a linha férrea do Porto de Tubarão (ES) até Minas Gerais, além de uma linha em Moçambique, na África. A Vale conta com simuladores em operação nas suas instalações em Vitória, Belo Horizonte, Carajás, São Luís e Moçambique. Segundo o coordenador do projeto, Roberto Spinola Barbosa, professor do departamento de Engenharia Mecânica da Poli, não existe nenhum sistema similar desenvolvido no Brasil, e algumas características são inéditas até mesmo dentre os simuladores internacionais.

24 - Revista Tecnologística - Julho 2017

Três laboratórios da Poli atuam no projeto de desenvolvimento e aprimoramento do simulador. A coordenação é do LDSV, o Laboratório de Automação e Controle (LAC) é responsável pela programação da rede e toda a estrutura computacional, e o Tanque Numérico de Provas (TPN) cuida do processamento de imagens, área em que possui domínio devido aos simuladores de navios que já foram desenvolvidos. O simulador de trens foi feito com recursos da Vale, e a propriedade intelectual é compartilhada, pertencendo 50% à mineradora e 50% à Poli-USP. Um conjunto de computadores funciona como central de comando e nela os instrutores da Vale fazem as configurações que desejam aplicar nas simulações que serão realizadas pelos maquinistas. O simulador em si é uma cópia exata da parte interna de uma cabine de locomotiva, e telas funcionam como janelas, mostrando em 3D o cenário percorrido, com uma visão em 360 graus. A topografia é real, totalmente georreferenciada, e as fotos que constituem o cenário que se vê nas telas foram tiradas de imagens de satélite similares às utilizadas pelo Google Earth. É possível ainda usar óculos especiais para ampliar a sensação de tridimensionalidade. Por enquanto, o simulador é usado apenas para as operações da Vale, mas é possível realizar novas pesquisas para outras aplicações. “Podemos desenvolver um simulador para trem de passageiro ou para metrô. Apenas precisamos de aporte financeiro para custear um projeto desse tipo”, finaliza Barbosa. Poli: (11) 3091-5295 Vale: (21) 3814-4477


CROSS-DOCKING • Arnaldo Bertolaccini Neto é o novo gerente senior da Unidade de Negócios de Envios do Mercado Livre no Brasil. Formado em Administração pela Universidade Anhembi Morumbi, Bertolaccini fez especialização em Relacionamento com o Cliente na Fundação Getulio Vargas (FGV) e participou de programa de educação executiva no Instituto de Estudos Superiores da Empresa (Iese) da Business School da Universidade de Navarra, na Espanha. O executivo tem passagens por empresas como Groupalia, Fnac e Banco Real. No Mercado Livre, será responsável pelo desenvolvimento e pela estratégia da operação do Mercado Envios no Brasil. Antes de integrar o time do Mercado Livre, Bertolaccini era diretor de Atendimento ao Cliente do Walmart.com. 0800 774-1064 • A Gefco Brasil nomeou Roberto Croce para a diretoria de Forwarding da empresa. Com experiência nos setores de logística, supply chain e serviços financeiros, Croce já ocupou cargos de liderança em empresas como Damco e BDP International. Antes de assumir a nova posição na Gefco, o executivo foi responsável pelo desenvolvimento de projetos de transporte para a indústria química, petroquímica e varejo em países da Europa, Ásia e Américas. O novo diretor é graduado em Administração de Empresas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), com especialização em Gerenciamento pela Northwestern University. (11) 2755-5500 • A Brasil Terminal Portuário (BTP) anunciou a contratação de Marcio Guiot como novo diretor de Operações. Com larga experiência no mercado portuário, o executivo acumula passagens, em cargos de liderança executiva, por importantes companhias do setor, como APM Terminals Brasil, Grupo Libra e Porto Itapoá, além de ter

atuado como consultor em diversos projetos na área portuária. Ele é formado em Ciências Náuticas pela Academia de Marinha Mercante do Rio de Janeiro e também possui MBA pela Fundação Dom Cabral (FDC), além de cursos de desenvolvimento executivo no Brasil e no exterior. (13) 3229-4040 • Rejane Vasco assumiu o cargo de diretora de Operações da Divisão de Transporte Rodoviário da Transportadora Americana (TA). A executiva é bacharel em Engenharia Civil pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Engenharia de Transportes pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Ao longo de sua carreira profissional, Rejane atuou como professora universitária e em consultorias especializadas em projetos técnicos nas áreas de supply chain e logística. Ela atuou também por 13 anos na Patrus Transportes Urgentes, onde foi diretora executiva nas áreas de Operações, Projetos e Inovação. (19) 2108-9000 • A Infor, desenvolvedora de sistemas empresariais em nuvem, anunciou João Ricardo Nené como vice-presidente e gerente-geral para a América Latina. Baseado em Miami, nos Estados Unidos, ele será responsável pela gestão das operações da companhia na região. Com 15 anos de experiência profissional no setor, Nené atuou em posições de liderança em empresas como SAP, Unisys e Accenture. Graduado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, o executivo possui ainda formação em Liderança de Negócios pelo Insead Business School, na França, e especialização executiva pela Harvard Business School, nos Estados Unidos. (11) 3331-9752 • Como parte de seu processo de expansão global, a Maplink, empresa que atua com soluções tecnológicas volta-

das para logística e geolocalização em nuvem, contratou Vincent Maenhaut para ocupar o cargo de Chief Operating Officer (COO). O executivo, mestre em Geologia pela Ghent University, na Bélgica, responderá diretamente ao CEO da Maplink, Frederico Hohagen, e será responsável por aprimorar as operações nos 18 países das Américas, Europa e África em que a empresa atua. Maenhaut tem mais de 25 anos de experiência nos setores de logística e serviços baseados em geolocalização. Antes de se juntar à Maplink, atuou em multinacionais da área, inclusive administrando subsidiárias nos Estados Unidos e na Europa. (11) 3047-8448 • A Schneider Electric, companhia que atua nas áreas de gestão de energia e automação, anunciou o brasileiro Laury Johnson como vice-presidente sênior global de Planejamento de Supply Chain. No novo cargo, o executivo, que atuou como vice-presidente da Schneider para a América do Sul nos últimos quatro anos, passa a liderar as iniciativas de todo o ciclo de planejamento do supply chain, em colaboração com clientes e fornecedores, incluindo a otimização de inventários. Johnson acumula mais de 30 anos de experiência profissional em logística e seu currículo reúne empresas como HP, Carrier, DHL e Dell. Nesta última, foi responsável direto por estabelecer a operação latino-americana em 1999 e pela implementação da fábrica de Hortolândia (SP), em 2007. (11) 2165-5400

Informamos que, diferente do que foi publicado na reportagem “Panorama macroeconômico e setorial dos operadores logísticos”, na edição 252 da Revista Tecnologística, o número de empregos gerados pelos operadores logísticos nacionais, somando-se colaboradores diretos e indiretos, aponta um total de 1.097.707 postos de trabalho.

Julho 2017 - Revista Tecnologística - 25


ENTREVISTA

Responsável pela criação do equipamento de movimentação de cargas que é um verdadeiro símbolo da logística, a Clark completa 100 anos de história totalmente reestruturada. Hoje parte do grupo coreano Young An, a empresa figura novamente em posições de destaque no cenário mundial em um mercado extremamente competitivo e está pronta para crescer ainda mais. CI Kim, CEO da Clark no Brasil, fala sobre essa tradição secular e detalha as estratégias da empresa para ganhar cada vez mais participação também no mercado nacional, onde está prestes a completar 60 anos de atuação 26 - Revista Tecnologística - Julho 2017

Fotos: Moisés Nascimento

Sinônimo de empilhadeira


Revista Tecnologística – Neste ano de 2017 a Clark está comemorando os cem anos da invenção da empilhadeira, certo? Conte-nos mais sobre isso. CI Kim – Em 1917, Eugene Clark, fundador e primeiro presidente da empresa, desenvolveu o Tructrator, em Michigan, nos Estados Unidos, que foi o primeiro conceito de uma empilhadeira (leia mais na edição 251 da Revista Tecnologística, página 6). Por muitas décadas, a Clark foi a única empresa do mundo que fabricava esse tipo de equipamento, dominando totalmente o mercado. Assim, ela se tornou tão conhecida que o nome Clark virou sinônimo de empilhadeira. Para comemorar o centenário da Clark, a Young An promoveu uma grande celebração em Lexington, no estado norte-americano do Kentucky, que reuniu colaboradores, distribuidores e clientes de todo o mundo. A Clark conta com uma planta em Lexington, inaugurada em 1987, mas que teve sua produção descontinuada em 2000, quando a empresa passava por um momento ruim. Depois da aquisição por parte da Young An, Lexington se transformou na sede da Clark nos Estados Unidos. A unidade é historicamente significativa para a empresa e também importante para os planos de expansão da marca para o futuro. A intenção é aumentar em 50% a produção atual até o ano de 2020. No evento estiveram presentes o chairman e fundador da Young An, o senhor Baik Sung-Hak, e sua família. Em 2003, a Young An trouxe a Clark de volta ao mercado global de uma situação de falência, e rapidamente promoveu uma expansão muito grande da empresa no mundo todo. E isso se deve ao Chairmain Baik, como é conhecido, por seu profundo respeito e orgulho quanto à história e aos produtos da Clark.

Tecnologística – A Young An opera em segmentos bastante variados, certo? O mercado de empilhadeiras já era um deles? Kim – A Young An Hat Company foi fundada em 1959 para atuar no segmento de chapéus e é até hoje a maior fabricante de chapéus do mundo. Mas atualmente a companhia opera também nos mercados de ônibus, hotéis, educação, filantropia, celulares e temos até mesmo um canal de TV. O segmento de empilhadeiras, porém, é muito representativo hoje dentro dos negócios da companhia. Em 2014 as vendas totais das empresas da Young An passaram de 2,3 bilhões de dólares. Somente a Clark obteve globalmente um faturamento de US$ 822 milhões. E nós entramos no segmento de empilhadeiras justamente ao adquirir a Clark, em 2003. Ela havia entrado com o pedido de falência, e então a Young An viu a oportunidade de investir nesse mercado, reconhecendo a importância da marca. Assim, o grupo promoveu uma profunda reorganização e a Clark ressurgiu com muita força. Apesar de estar muito mal naquele momento, a Clark é uma marca conhecida, confiável, com tradição, e a Young An soube enxergar todo esse potencial. Hoje, menos de 15 anos depois da compra, a Clark já é a décima maior empresa do segmento em todo o mundo. Somos novamente uma companhia lucrativa e que vem crescendo mundialmente. Tecnologística – O fato de a Clark ser a inventora da empilhadeira coloca um peso maior sobre os ombros da empresa? Kim – Sem dúvidas. E a importância da Clark não se resume à criação da empilhadeira. A empresa continuou com seu pioneirismo, tendo sido o primeiro fabricante a colocar

“A Young An soube enxergar o potencial da marca Clark, conhecida em todo o mundo”

adesivos de aviso e segurança nos equipamentos, desenvolvendo a primeira torre vertical com vigas em I e introduzindo os protetores de carga como padrão em todas as empilhadeiras para operador sentado. Como eu disse, por muito tempo, até a Segunda Guerra Mundial, a Clark era a única fabricante de empilhadeiras do mundo, dominando totalmente esse mercado. Foram mais de 1,3 milhão de unidades produzidas desde 1917. Depois da guerra, surgiram muitos competidores no segmento, especialmente empresas japonesas e alemãs. Assim, apesar de continuar no topo nas décadas de 1950 e 1960, aos poucos a participação Julho 2017 - Revista Tecnologística - 27


ENTREVISTA

de mercado da Clark foi caindo e chegou a níveis bastante baixos, fazendo a empresa passar por sérias dificuldades. Mas trata-se de uma marca muito importante, até mesmo por toda sua história, e nós conseguimos trazê-la de volta. Tecnologística – Você já trabalhou em diversos outros mercados, como o do México e de países da Ásia, certo? Quais as principais diferenças entre eles e o mercado brasileiro? Kim – O Brasil é um mercado muito específico, com muitas particularidades. Por exemplo: nossos competidores aqui são as principais companhias que atuam no segmento de empilhadeiras em todo o mundo. Não existem muitas marcas presentes no país, mas as que estão aqui são as maiores do mercado mundial. Já em países como Estados Unidos e Coreia existem muitas marcas, e isso inclui empresas de pequeno porte. Essa característica poderia até mesmo fazer o mercado brasileiro ser menos competitivo, mas isso não acontece. Na verdade, o que existe é uma competição muito forte, pois somos todos grandes players. Tecnologística – Qual é o motivo para que o mercado brasileiro se configure dessa maneira? Kim – Isso acontece porque o custo para se estabelecer aqui é muito alto. Na Clark, nós fazemos grandes investimentos para ter um estoque considerável de equipamentos, e marcas menores não têm condições de fazer esse tipo de investimento. É muito importante também prestar um suporte contínuo e de qualidade para o cliente, o que empresas menores não são capazes de fazer. Contar com uma rede de distribuidores forte também é essencial, e a Clark, 28 - Revista Tecnologística - Julho 2017

A peça decorativa em homenagem aos 100 anos da empilhadeira está presente em todas as unidades da Clark

“Estamos investindo para penetrar cada vez mais no mercado brasileiro, até mesmo com uma fábrica local no futuro” como uma marca muito conhecida e estabelecida, dispõe de representantes que já possuem uma história de parceria de longa data. Somos como uma grande família, e isso nos dá uma enorme vantagem no mercado. Tecnologística – Todas as empilhadeiras comercializadas pela Clark no Brasil são importadas, cer-

to? Existem planos para estabelecer uma produção nacional? Kim – Sim. Hoje nós importamos todos os equipamentos e realizamos localmente certas modificações e customizações, com acessórios que, em sua maioria, são produzidos aqui no Brasil. Cerca de 70%, eu diria. Com certeza a produção local dos equipamentos faz parte dos planos da Clark para o futuro. O país está passando por um momento crítico, a moeda está muito instável, e isso torna as coisas mais complicadas, mas nós esperamos ter novidades em breve quanto a isso. Contar com uma fábrica no Brasil é, sem dúvida, um dos nossos objetivos. É importante lembrar que, dentre as grandes marcas do segmento, nós somos a única que não tem uma fábrica local, e mesmo assim estamos competindo forte no mercado, com um bom estoque de máquinas para servir às necessidades dos clientes, especialmente para estarmos preparados para atender demandas por diferentes especificações, capacidades e tamanhos. Isso exige bastante investimento, e nós estamos fazendo esses investimentos, porque estamos realmente muito confiantes quanto ao futuro do mercado nacional e muito determinados a penetrar cada vez mais no Brasil, desenvolvendo nosso negócio e, quando o momento chegar, contando com uma fábrica própria. Tecnologística – Para abastecer o mercado brasileiro e também o latino-americano? Kim – Inicialmente, estamos pensando no mercado brasileiro. Mas é claro que, quando já estivermos atendendo o mercado nacional com uma fábrica local, poderemos expandir essa produção brasileira para países como Argentina, Chile e Colômbia. Eu diria que é um segundo passo natural, mas o primeiro passo é focar 100% no mercado brasileiro.


Novos equipamentos elétricos

A

Clark está lançando no Brasil, como parte das comemorações do centenário da invenção da empilhadeira, novos equipamentos elétricos para complementar o portfólio de máquinas oferecido pela empresa no país. A iniciativa faz parte da estratégia da Clark de apostar nesse nicho de mercado, que apresenta forte potencial de crescimento na substituição de empilhadeiras movidas a combustão, seguindo uma tendência mundial. As novas empilhadeiras retráteis Classe II do modelo SRX16 apresentam capacidade para 1,6 tonelada de carga. De construção robusta e estável, os equipamentos podem operar em corredores a partir de 2.854 mm e oferecem mais ergonomia, com itens como regulagem de direção de até 360º, quatro modos de condução, assento em vinil e ajuste de peso para o operador. Além disso, elas oferecem visibilidade máxima da torre, ampliando a visão do operador, e o painel de LED digital multifunção permite ajustes fáceis e rápidos. Com tecnologia AC, são movidas or baterias de 48 volts, apresentam por rojeto blindado projeto e proteção contra uperaquecimensuperaquecimeno, e o diagnóstico to, é feito via painel dee instrumentos. Com pontos de manutenção de ácil acesso, as infácil

tervenções são realizadas em intervalos de mil horas de utilização. Na Classe III, a Clark traz para o Brasil quatro novos modelos de transpaleteiras: a WPX45, a PPX20 e a PPSX20, com capacidade para 2 t de carga, e a PSX16, com capacidade para 1,6 t. Projetadas para a utilização com operador a bordo ou andando, as transpaleteiras contam com motor de tração AC de 24 volts de alto desempenho e velocidades de deslocamento que variam de 6 a 12 km/h. Um dos principais destaques das transpaleteiras é o motor alemão Schabmüller. Potente e econômico, ele se configura na vertical, o que faz com que inspeções e serviços sejam executados de forma mais prática. A segunda novidade é a direção elétrica com redução de velocidade nas curvas para os modelos PPXS20 e PSX16. Com esse recurso, os equipamentos exigem do operador menor esforço e proporcionam maior segurança. Com design compacto, as transpaleteiras possuem freio de estacionamento eletromagnético acionado quando o timão está em posição de descanso, possibilitam ampla visibilidade dos garfos e fácil manuseio em espaços reduzidos. Por fim, a Clark reforça seu portfólio da Classe I, família projetada para

operações mais severas, valorizando ergonomia, segurança, produtividade e durabilidade, com novos modelos de empilhadeiras contrabalançadas elétricas: a EPX18/20s, com capacidades para 1,8 e 2 t, e a EPX25/30, para 2,5 e 3 t de carga. A série tem todos os motores – de tração, direção e elevação – em corrente alternada, sem escovas para trocar, e blindados, para evitar a entrada de elementos contaminantes. As válvulas de amortecimento hidráulico entre os estágios de elevação da torre fornecem uma operação silenciosa, reduzindo os choques durante as operações com carga. O controle de tração é totalmente programável, com até 20 possibilidades de parâmetros, limitação de velocidade e torque adicionado que limita a rolagem para trás durante partidas em rampa e operações controladas sem o acionamento do pedal do acelerador. As vendas e os serviços pós-vendas das novas máquinas serão realizadas por toda a rede de distribuidores Clark, que vem recebendo treinamento e peças de reposição para atender aos clientes que utilizam os modelos elétricos.

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ENTREVISTA

Tecnologística – Então a Clark está otimista quanto ao Brasil mesmo com todos os problemas políticos e econômicos que o país está atravessando? Kim – Sim, nós estamos muito otimistas. E eu tenho conversado com muitos distribuidores e fornecedores e tenho percebido que eles também estão confiantes de que o mercado brasileiro se tornará muito forte novamente no futuro. Tecnologística – Vocês estão lançando uma nova linha de equipamentos elétricos, correto? É uma aposta em mercado em ascensão? Kim – O setor de equipamentos elétricos é muito forte em todo o mundo e nos últimos anos tem apresentado um ótimo crescimento (leia mais no box da página 29). O investimento inicial pode até ser mais alto na comparação com equipamentos a combustão, mas, considerando a redução nos gastos por exigirem menos manutenção, eles se tornam extremamente competitivos. E as questões ambientais também são muito importantes, claro. As máquinas elétricas são menos poluentes, e

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as regulações quanto à emissão de gases são cada vez mais severas no mundo todo. Para reduzir essas emissões em empilhadeiras a combustão interna, movidas a gasolina, diesel ou gás liquefeito de petróleo (GLP), o custo acaba se elevando, naturalmente, porque é preciso haver mais tecnologia embutida, aplicar filtros, e isso faz com que esses equipamentos percam competitividade no mercado. As empilhadeiras elétricas estão preparadas para o futuro. Essa é uma tendência muito forte ao redor de todo o globo, e no Brasil também. Os números do mercado mostram isso. O país não está passando por um bom momento, claro, e nos últimos anos o setor de empilhadeiras tem reduzido. O segmento de equipamentos a combustão apresentou uma queda de mais de 50% desde 2015, mas, quando falamos das empilhadeiras elétricas, essa queda foi de somente 15%. Hoje esse tipo de equipamento já representa 45% das vendas de empilhadeiras no mercado. Tecnologística – A Clark importa as baterias para os equipamentos elétricos?

Kim – Não. Nós temos nossos fornecedores aqui no Brasil mesmo. Não há necessidade de importar, porque existem empresas produzindo baterias de ótima qualidade em território nacional. Tecnologística – Qual é o maior mercado da Clark no mundo? Kim – A América do Norte, mais especificamente os Estados Unidos, é o mercado número um. O segundo maior é o europeu, seguido pela Ásia. O Brasil já esteve entre os dez maiores mercados da Clark em todo o mundo, mas hoje ele caiu um pouco nesse ranking. A Clark está presente no país desde 1958. Em 2005, depois da reestrutu-

Edição comemorativa

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Clark escolheu a família GTS2533, lançada em 2016, para receber uma edição especial e limitada de aniversário de 100 anos, que ficará disponível somente até dezembro deste ano. A empilhadeira de design robusto, baseado no princípio “Feitas para Durar” da empresa, traz uma aparência renovada e moderna, com rodas pretas, o logotipo do centenário na torre, o adesivo de edição de aniversário na lateral e o novo modelo de assento especial, com a inscrição 1917 em relevo e a insígnia de Eugene Clark. Com capacidade de carga nominal de 2,5 a 3,3 toneladas, a linha GTS25-33 possui freios a disco banhado a óleo, combinados com uma transmissão de alto desempenho. Preparada para trabalhos pesados, a empilhadeira combina configuração premium com motores potentes e eficientes, movidos a diesel e GLP.


ração da empresa, nos estabelecemos na cidade de Valinhos (SP), e em 2009 nos mudamos para Vinhedo (SP). Desde então já foram comercializadas mais de 9 mil máquinas no mercado nacional. Além disso, em 2014 comercializamos mais de 50 mil peças junto aos nossos distribuidores, que cobrem 100% do território nacional. Nós estamos esperançosos de que o Brasil é um mercado que vai continuar crescendo muito dentro dos negócios da Clark. Foi precisamente por isso que a Young An me enviou para o país: para focar o máximo possível no mercado nacional. O Brasil é um país-chave dentro da estratégia da companhia. Clark: (19) 3856-9084


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INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA

Em busca de águas mais tranquilas Simplificar e desburocratizar processos, acelerar o ritmo e atrair mais investimentos privados e promover uma verdadeira transformação na infraestrutura e na eficiência portuária. Esses são os objetivos do decreto nº 9.048, assinado recentemente pelo governo federal, que flexibiliza elementos que até então eram considerados entraves para o desenvolvimento do setor

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É

fato que o atribulado momento político que assola o Brasil tem trazido enormes prejuízos para a economia do país de uma maneira geral. E é natural que a imensa fragilidade institucional gerada pelos seguidos casos de corrupção que têm sido trazidos à tona dificulte enormemente qualquer chance de retomada do crescimento. A grande questão hoje é saber onde tudo isso vai parar, já que há apenas alguns meses era possível detectar um sentimento de confiança um pouco mais elevado, mas que agora se acanha novamente diante de toda a confusão que ronda a administração pública nacional. No meio disso tudo, porém, existe um setor que tem, sim, o que comemorar, e que pode olhar com um pouco mais de otimismo para o futuro: o setor portuário. Enquanto algumas reformas vistas como essenciais para colocar o Brasil novamente nos trilhos ficam paradas por conta de todo esse desacordo político, o decreto nº 9.048, que traz disposições que regulam a exploração de portos organizados e de instalações portuárias, de acordo com a lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013, foi assinado pelo governo federal no último dia 10 de maio e publicado no Diário Oficial da União (DOU) do dia seguinte, 11 de maio de 2017. O documento, que substitui o decreto nº 8.033, de 27 de junho de 2013, flexibiliza regras com o objetivo de modernizar e atrair mais investimentos para o setor portuário, procura desburocratizar a resolução de demandas e busca promover maior segurança jurídica, reivindicações antigas dos próprios players que atuam no mercado. De acordo com o governo federal, o novo regulamento deve atrair cerca de R$ 25 bilhões em novos investimentos privados para o sistema portuário brasileiro nos próximos dois anos, em

licitações de áreas e infraestrutura, renovações antecipadas e ordinárias de contratos de arrendamento e novas autorizações para a instalação e a operação de terminais privados. O decreto é resultado do trabalho das equipes técnicas do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), e foi elaborado a partir de um conjunto de propostas apresentadas pelas associações que representam o segmento. Segundo o diretor-geral da Antaq, Adalberto Tokarski, esse grupo de trabalho realizou um diagnóstico aprofundado a respeito de tudo que poderia ser simplificado no setor, com a finalidade de destravar a aplicação de capital privado e reduzir a burocracia de uma forma geral, por meio de uma legislação mais adequada e eficiente. Willem Mantelli, diretor-presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), explica que existe uma centralização de poder no governo federal quando o assunto são as decisões relacionadas ao setor portuário, e isso precisa acabar, havendo uma maior articulação entre os diversos agentes que de fato atuam nos portos brasileiros. “A lei 12.815 contém avanços, mas ao mesmo tempo concentrou a administração, o que não é bom para o desenvolvimento do setor”, analisa. Mantelli defende que somente uma política portuária descentralizada, feita a partir da união das forças dos players que realmente conhecem de perto as necessidades do segmento, pode proporcionar maior competitividade logística ao país. Nesse ponto, pode-se dizer que o novo decreto representa um grande progresso, pois as mudanças propostas pelas associações foram elaboradas tendo como base justamente a opinião da classe empresarial. Julho 2017 - Revista Tecnologística - 33


INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA

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Divulgação

Para Tokarski, um dos maiores avanços contidos no novo texto é a simplificação dos processos de autorização para os terminais privados. “A Antaq teve essa visão e, por meio da sua participação no grupo de trabalho do decreto, deu sua contribuição para tornar mais simples os processos de outorga”, ressalta. Até então, esses processos cumpriam várias idas e vindas entre a Antaq e a extinta Secretaria de Portos (SEP) da Presidência da República. De acordo com o novo decreto, é a agência que, seguindo as orientações do plano geral de outorgas, que tem caráter informativo, realiza as licitações de concessão e arrendamento e as chamadas públicas para a autorização de instalações portuárias, cabendo à União aprovar os contratos, previamente analisados pela própria Antaq. O que se espera é mais celeridade nos trâmites envolvidos em todo o procedimento. Dentre as principais novidades está também a adaptação dos prazos contratuais de concessão. Segundo o artigo 19 do decreto, “os contratos de concessão e de arrendamento terão prazo determinado de até 35 anos, prorrogável por sucessivas vezes, a critério do poder concedente, até o limite máximo de 70, incluídos o prazo de vigência original e todas as prorrogações”. Até a aprovação do novo decreto esse prazo era de 25 anos, prorrogável uma única vez por um período não superior ao originalmente contratado. Tokarski defende que essa flexibilidade é muito importante para que a iniciativa privada possa optar por contratos com prazos que ofereçam mais segurança em relação às operações, o que não é possível com pror-

rogações obrigatoriarealizar investimenmente muito grandes. tos novos e imediatos Ainda segundo o não amortizáveis dudiretor-geral da Anrante a vigência oritaq, existem investiginal do contrato. É mentos que ultrapasimportante salientar sam R$ 12 milhões que o novo decreto em pedidos de prorestabelece ainda que rogações antecipadas o plano de investique agora poderão mento apresentado sair do papel. O novo pelo arrendatário obdecreto inclui o artijetivando a prorrogago 19-A, que diz que ção antecipada deve Tokarski: medidas estabilizam “os contratos de arser analisado pelo as relações entre governo e rendamento portuápoder concedente em iniciativa privada rio em vigor firmaum prazo de 60 dias, dos sob a lei nº 8.630 que possuam imprimindo agilidade ao processo. previsão expressa de prorrogação Tokarski explica que, com todas ainda não realizada poderão ter essas mudanças, uma série de porsua prorrogação antecipada, a cri- tarias e resoluções provenientes da tério do poder concedente”. A lei antiga SEP e da própria Antaq serão considera prorrogação antecipada revistas, como as que tratam justaaquela que “ocorrer previamente mente das prorrogações antecipadas. ao último quinquênio de vigência Ele indica que já foram realizados ledo contrato”. Essas prorrogações vantamentos de pontos específicos exigem ainda a aceitação, por par- que necessitam de revisão para serem te do arrendatário, da obrigação de alinhados às alterações trazidas pelo

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Autorizações, prazos e prorrogações


destacando que é justamente o fato de os investimentos em infraestrutura estarem reservados somente ao poder público que faz com que ela seja deficitária. “As tarifas pagas Infraestrutura pelas empresas privadas deveriam ser investidas na infraestrutura As oportunidades de melhoria portuária, mas não são. E ninguém na infraestrutura portuária brasi- sabe melhor onde o dinheiro deve leira decorrentes do novo decreto ser aplicado do que o setor privado, também merecem destaque espe- que de fato utiliza essa infraestrucial. Na opinião de Mantelli, a bu- tura e conhece o dia a dia das operocracia acentuada que se observa rações. São os terminais que sabem no Brasil limitou, historicamente, qual é o calado necessário e como os investimentos em infraestrutura precisam ser os acessos terrestres, por por parte da iniexemplo. As emciativa privada. “E presas são as maioisso é um absurdo, res interessadas em Exigências de porque na verdade que tudo funcione garantias para a o que a lei deveria perfeitamente, enfazer seria estimuexecução de projetos quanto quem faz lar os investimenpolítica muitas vetos”, lamenta. “É zes nem conhece a dentro de áreas preciso diminuir realidade dos portos privadas só a intervenção esde perto”. tatal. Claro que Tokarski faz dificultam a vida é necessário que questão de salienexistam regras, tar a importância do investidor mas, quando elas de investimentos estão lá somennos acessos aos te para atrasar as portos, especialcoisas, é óbvio que precisam ser mente promovendo a multimodalirevistas”. De acordo com o artigo dade, utilizando variados meios de 42 do novo decreto, “nos casos de transporte para que as cargas chearrendamento portuário, o poder guem até os terminais, reduzindo concedente poderá autorizar inves- o impacto causado pela entrada de timentos fora da área arrendada, na caminhões em cidades portuárias, infraestrutura comum do porto or- especialmente as de grande adensaganizado, desde que haja anuência mento populacional, como é o caso da administração do porto”. de Santos (SP). “É preciso olhar com Na prática, isso faz com que as mais atenção para essa questão dos empresas arrendatárias possam in- acessos, pois o país passou anos sem vestir em áreas comuns dos portos, se atentar a isso”. Segundo ele, a o que antes era exclusividade do Es- Antaq está preocupada em manter tado, como obras de dragagem, em uma boa interlocução com a Agênpíeres ou acessos terrestres, tendo cia Nacional de Transportes Terrescomo contrapartida a recomposição tres (ANTT) no que diz respeito a do equilíbrio econômico-financei- uma maior utilização do modal ferro do seu contrato de arrendamen- roviário no acesso aos portos. “Uma to. Mantelli comemora a novidade, produtividade maior depende de novo decreto e acredita que a partir do mês de setembro os primeiros documentos já estejam prontos para entrar em vigor.


INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA

modais mais eficientes e integrados”, resume o diretor. O novo decreto determina ainda que, no caso de intervenções que se mostrem necessárias com urgência, para que não seja preciso aguardar autorização, o interessado deverá apenas firmar um termo de risco de investimentos. Isso deve permitir que obras mais imediatas saiam do papel com maior rapidez, eliminando obstáculos que poderiam se estender por longos períodos devido a processos burocráticos de autorização. Na opinião de Mantelli, a demasiada intervenção do Estado é ilógica também quando o assunto são os investimentos dentro da própria área arrendada. “Se uma empresa quer ampliar seu terminal de contêineres, por exemplo, ela elabora todo um projeto, analisa a contratação de pessoas, a compra de equipamentos e garante os recursos para tudo isso, mas a au36 - Revista Tecnologística - Julho 2017

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vestidor. Um bom exemplo dessa burocracia era o fato de que, até então, ficavam isentas de celebração de novo contrato somente as ampliações que não excedessem 25% da área original do terminal. Isso foi alterado pelo novo decreto, que estabelece, no artigo 35, que “fica dispensada a celebração de novo contrato de adesão ou a realização de novo anúncio público para a ampliação da área da instalação portuária, desde que haja viabilidade locacional”. “O fim dessa restrição é muito bem-vindo”, comenta Tokarski. Assim como está fazendo a Antaq, o setor privado agora se debruça sobre o novo decreto para entender mais a fundo todos seus pormenores. É impossível não detectar, porém, tanto nas empresas que atuam no segmento quanto nas entidades que o representam, o sentimento de que as novidades torização para colocar o plano em realmente refletem as demandas prática demora tanto para sair que do setor e devem promover claros o projeto fica ultrapassado”. avanços, perceptíveis já nos próTokarski explica que isso acon- ximos anos. “O sistema portuário tecia porque existia a necessidade brasileiro precisa estar mais bem – extinta pelo novo preparado”, destaca decreto – de haver Mantelli. “Do congarantias de projeto trário, teremos cada e de execução para vez mais gargalos loos terminais privagísticos, como na exdos. No fim do dia, portação de cargas do os processos de anáagronegócio e da milise envolvidos acaneração, por exemplo, bavam burocratizanfundamentais para a do ao extremo tanto economia nacional. E pedidos de autorizaé preciso priorizar o ção de implantação que já existe, olhando quanto de ampliação para os terminais priMantelli: precisamos de dos terminais. Para vados e arrendados, menos intervenção ele, o governo preonde já estão empredo Estado cisa, sim, regular essas que exploram o ses pedidos, mas a necessidade de espaço, possuem projetos feitos e exigir garantias no que se refere recursos preparados, somente espea projetos dentro da área privada rando autorização. É uma questão somente dificulta a vida do in- extremamente pragmática”.


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No que depender das novas regras estabelecidas, o setor parece estar agora caminhando – ou navegando – na direção certa. Para Tokarski, o novo decreto vai permitir que situações que já fazem parte do dia a dia do setor sejam enfrentadas tendo como base uma regulamentação mais adequada e eficiente. “Nós já vínhamos atuando de uma forma prática e, junto com o Ministério dos Transportes, buscamos viabilizar, com o novo regramento, um ambiente mais propício para simplificar os processos de outorga e destravar os investimentos, o que é fundamental para atrair mais recursos privados e para o oferecimento de infraestrutura portuária. As medidas visam eliminar normas excessivamente restri-

tivas e promover a estabilização das relações entre governo e empresário, com a geração imediata de investimentos, instalação de novos empregos e retomada do crescimento no setor”, finaliza.

Fernando Fischer

ABTP: (61) 2109-4898 Antaq: (61) 2029-6500 Ministério dos Transportes: (61) 2029-7000


EVENTO

Abol realiza seu terceiro Congresso de Planejamento Estratégico

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Durante o evento, foram mostrados os resultados da mais recente pesquisa sobre o mercado de operadores logísticos, realizada em conjunto com a Revista Tecnologística

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Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol) realizou, nos dias 2, 3 e 4 de junho, em Campinas (SP), a terceira edição do seu Congresso de Planejamento Estratégico, que reuniu mais de cem pessoas no hotel Royal Palm Plaza, entre associados, parceiros, patrocinadores, apoiadores e organizadores. Dentre os presentes, o evento contou com 44 congressistas, representantes das 27 empresas associadas à entidade. O presidente da consultoria Inter.B, Claudio Frischtak, palestrou sobre o atual panorama político e econômico brasileiro, abordando os 38 - Revista Tecnologística - Julho 2017

problemas de infraestrutura do país e trazendo as perspectivas para os próximos anos. Já o professor Paulo Resende, titular das cadeiras de Logística e Supply Chain da Fundação Dom Cabral (FDC), ministrou uma palestra sobre inovações disruptivas e suas influências junto aos operadores logísticos. Fabiano Sant’Ana, Chief Digital Officer da Saint Gobain, falou a respeito da tecnologia digital como vetor de efetivo crescimento, gerando economia em toda a cadeia de valor do setor. Por fim, Flávio Zarbinati, gerente Comercial da Mecalux, patrocinador ouro do evento, e Alfredo Ama-

ral, diretor Operacional da Iceport, apresentaram um case de sucesso em armazenagem refrigerada com tecnologia Mecalux. “O congresso anual da Abol ocorre sempre em junho, reunindo seus associados para avaliar o quadro econômico nacional, cotejando-o com a realidade do cenário mundial, avaliando a matriz de investimentos em infraestrutura logística e o que tudo isso pode impactar na cadeia de valor dos operadores logísticos no Brasil”, explica Oswaldo Dias de Castro Jr., presidente do Conselho da associação. “Nesse instante em que a Abol completa cinco anos de fundação, aproveitamos para avaliar, discutir e deliberar pelo andamento dos projetos em pipeline”, indica o executivo, ressaltando que a associação aniversaria no dia 17 de julho. Os projetos citados por Castro Jr. envolvem o People Analytics – Benchmarking de Capital Humano, desenvolvido com a PwC/Sextante, e a pesquisa bianual de cargos, salários e benefícios, feita com o Korn Ferry/ Hay Group. “No campo da excelência operacional e inovação, contamos com a presença e participação da Integration Consulting, que nos tem trazido, com exatidão, o acompanhamento de como estamos posicionados nos melhores padrões operacionais”, completa.


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A Abol firmou aincom levantamentos em não fornecem suas informações na índa um acordo de coofontes primárias e se- tegra, o que levou o estudo a trabalhar peração com a DuPont cundárias, chegando a com correlações cruzadas de dados e Sustainable Solutions um número próximo a análise de aproximação para assim esti(DSS), que realizou um 350 empresas. “Na aná- mar as dimensões do mercado. diagnóstico de gestão O levantamento parte, inicialmenlise uma a uma, obserde risco junto aos opevando os serviços pres- te, do estudo realizado pela Abol em radores logísticos assotados informados nos 2015 com a KPMG Consulting e a ciados. O trabalho proseus sites, conferindo Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e porcionou uma ampla os cartões de Cadastro Quiroga Advogados, com o apoio técavaliação das empresas Nacional de Pessoa Ju- nico e acadêmico da Fundação Dom nos campos de saúde, rídica (CNPJ) e as CNA- Cabral (FDC). “Desse estudo geramos segurança e meio amEs, realizamos o primei- trabalhos que deverão ser empreendiCastro Jr.: associação completa biente, confirmando o ro filtro, que nos fez dos ao longo do tempo, como a Norcinco anos de fundação pragmatismo da Abol registrar 245 empresas ma de Pré-Qualificação do Operador em 2017 em busca da aplicação com características que Logístico (NPQ-OL), que caminhará na das melhores práticas por parte de se aproximam da taxonomia adotada direção de obtermos maior consistênsuas empresas-membro. pela Abol para o operador logístico”, cia nas informações, números e figuras Durante o evento, a Abol apre- explica. Essa definição diz que “o ope- do setor”, ressalta Meireles. “Na desasentou também os resultados do Pa- rador logístico é a pessoa jurídica ca- fiadora agenda da Abol, além da NPQnorama Macroeconômico e Setorial pacitada a prestar, através de um ou -OL, igualmente emergido do estudo dos Operadores Logísticos, estudo mais contratos, por meios próprios supracitado está o Selo de Qualificação realizado com o objetivo de auxiliar ou por intermédio de terceiros, os do Operador Logístico, que precisa ter na luta pelo reconhecimento oficial serviços de transporte (em qualquer seu lançamento na medida da aceitada figura do operador logístico no modal), armazenagem (em qualquer ção e demanda dos embarcadores. O Brasil, como sendo um integrador de condição ou regime fiscal) e gestão de empenho titânico que vêm fazendo a muitas atividades logísticas, gerador estoque (utilizando sistemas e tecno- Abol e seus associados no provimento de eficiência, maximizador de com- logia de ponta)”. de parâmetros de excepetitividade e redutor de custos lolência operacional faz De acordo com o esgísticos. Esse esforço gerou uma aná- tudo realizado, essas 245 com que um novo rito lise aprofundada, que dimensiona e empresas que compõem de autorregulação se esmostra a importância do setor dentro o setor produziram uma tabeleça, oferecendo ao da economia brasileira. Para reunir Receita Operacional Brumercado, indubitavelo material necessário, foi utilizada ta (ROB) próxima a R$ mente, provedores de como base a mais recente pesquisa 65 bilhões em 2016, geserviços logísticos com anual realizada pela Revista Tecnolo- rando cerca de 366 mil maior grau de comprogística (publicada juntamente com o empregos diretos e 732 metimento, governanestudo na edição 252), cujos dados mil indiretos, perfazença e compliance”. receberam tratamento da Parallaxis do uma massa empreMais informações a Consultoria Econômica. respeito da missão da gada de 1,09 milhão de Meireles: Abol lançará “Entendemos que a ausência de trabalhadores. No que Abol podem ser confeselo de qualificação para uma Classificação Nacional de Ativida- se refere à arrecadação ridas no filme instituos operadores de Econômica (CNAE) específica para o de tributos e encargos, o cional da associação, operador logístico impede que tenha- setor contribuiu com R$ 13,5 bilhões. lançado durante o Congresso de Planemos números com maior acuracidade. Complementando o rol de informações jamento Estratégico e disponível no porInfelizmente, quando setores e merca- relevantes, mesmo diante do cenário tal e nas redes sociais da entidade. Além dos não são regulamentados, a exatidão político e econômico nacional, o estu- da agenda da Abol, o vídeo tem como torna-se impossível de ser alcançada”, do detectou investimentos próximos a objetivo mostrar também as inúmeras explica Cesar Meireles, presidente exe- R$ 2,6 bilhões oriundos dos operadores dificuldades enfrentadas pelo setor. cutivo da Abol. logísticos em solo brasileiro. É imporAbol: (11) 3586-6109 Ele destaca que a pesquisa contou tante salientar que muitas empresas Julho 2017 - Revista Tecnologística - 39


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SUSTENTABILIDADE

Tratado sustentável Visando ao fomento de operações logísticas responsáveis no quesito sustentabilidade, o Programa de Logística Verde Brasil (PLVB) lançou o Guia de Referência em Sustentabilidade: Boas Práticas para o Transporte de Cargas. O documento reúne 22 medidas voltadas para a atividade e a iniciativa conta com a participação de grandes empresas, como Coca-Cola, Dow, Heineken, Natura, Unilever e HP 40 - Revista Tecnologística - Julho 2017


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m estudo publicado no ano tes esforços para estabelecer uma passado a respeito de im- padronização de ações em prol do O PLVB pactos ambientais, voltado meio ambiente e unir entidades e nasceu a principalmente à emissão de gás corporações na aplicação de medicarbônico na atmosfera, intitulado das de sustentabilidade. partir de uma Quantifying Global Um desses esSoil Carbon Losses in forços resultou no ação da Response to Warming Guia de Referência organização e encabeçado pelo em Sustentabilidade: cientista Thomas CroBoas Práticas para o global Smart wther, da Universidade Transporte de Carde Yale, nos Estados gas, lançado em maio Freight Centre Unidos, resultou em deste ano. O docuconclusões sombrias. mento foi feito sob a Segundo a análise, o coordenação do Laaquecimento global boratório de Trans- Transporte (PET) do Coppe, coordepassou do ponto de porte de Carga (LTC) nador do projeto e um dos autores do não retorno, ou seja, do Instituto Alberto guia. “Na época, surgiram dúvidas de D’Agosto: o Coppe foi escolhido para Luiz de Coimbra de como fazer isso no Brasil. Aqui não não é mais possível contribuir com seu conhecimento reverter totalmente os Pós-Graduação e Pes- é Europa, nem Estados Unidos, nem sobre o cenário nacional danos causados pelo quisa em Engenharia Ásia. Temos peculiaridades muito esser humano no meio ambiente. As (Coppe) da Universidade Federal pecíficas. Era necessário então planedescobertas, que dão conta de que do Rio de Janeiro (UFRJ), e contou jar mais”, diz. “Em 2016 foi realizada as temperaturas aumentarão em 1ºC com a participação das empresas outra reunião com as empresas, mais até 2050 em todo o planeta, já estão Coca-Cola, Dow, Heineken, Natu- definitiva, e dessa vez ficou decidido sendo adotadas pela Organização ra, Unilever e HP. que era necessário envolver alguma das Nações Unidas (ONU). O estudo O guia faz parte do Programa de instituição de ensino, alguma univerfoi divulgado pela publicação Nature Logística Verde Brasil (PLVB), que sidade ou centro de pesquisa que coe reuniu dados de 49 experimentos tem o objetivo de desenvolver e con- nhecesse bem a logística nacional e de campo feitos nos últimos 20 anos solidar novas práticas sustentáveis que, além disso, também entendesse na América do Norte, Europa e Ásia. para o transporte. O de sustentabilidade”. O resultado pode parecer desa- programa nasceu a parDepois de consultas a nimador, mas não significa que tir de uma iniciativa várias instituições, por nada deva ser feito. Muito pelo do Smart Freight Cenconta da experiência contrário, agora é o momento cru- tre (SFC), uma organide uma década nesses cial para que medidas drásticas se- zação global sem fins segmentos, o Coppe jam tomadas para tentar ao menos lucrativos fundada em foi escolhido. frear esses impactos e amenizar 2013, com origem na O guia é estrutuseus efeitos. E é claro que a indús- Holanda, que busca sorado com 22 medidas tria desempenha um papel crucial luções ambientalmenpara reduzir o consunisso. Se todas as empresas devem te corretas para a momo de energia e a inexercer um compromisso com a vimentação de carga. tensidade das emissões responsabilidade socioambiental “Em 2015, o SFC realide gases de efeito estuOliveira: a iniciativa do corporativa, a área de logística não zou uma ação no Brafa e outros poluentes SFC vai ao encontro das diretrizes fica fora disso, principalmente por- sil. A reunião envolveu atmosféricos, mantenda Dow que ela é responsável por grande muitas empresas, não do os mesmos níveis parte da emissão de gases de efeito apenas as seis citadas, mas também de eficiência das operações logísticas, estufa, oriundos das operações de outras, como a DHL e a FedEx”, con- e essas medidas serão ou já estão sentransporte. Por conta disso, mui- ta Márcio de Almeida D’Agosto, pro- do aplicadas nas operações das emtas empresas despendem constan- fessor do Programa de Engenharia de presas envolvidas. Julho 2017 - Revista Tecnologística - 41


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Elaboração do guia

AS 22 MEDIDAS CONTIDAS NO GUIA

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Segundo o documento, para que • Implantação de centros de consolidação de carga em área urbana fosse possível alcançar a abrangência • Implantação de centros de distribuição de carga próximos à fábrica desejada na elaboração do guia, con• Implantação de equipamento auxiliar de geração de energia para redução siderando a necessária conciliação de consumo de combustível fóssil das abordagens teórica e prática, o • Implantação de equipamento de controle das emissões de veículos primeiro passo foi dar início à pesqui• Manutenção preventiva dos veículos sa por meio de uma apuração biblio• Otimização da ocupação do veículo gráfica aprofundada, para absorver • Otimização da operação de carga e descarga com utilização de os insights acadêmicos sobre o tema. equipamentos motorizados “Essas 22 boas práticas surgiram de • Otimização das rotas quatro níveis de consulta. Primeiro • Promoção de melhoria da aerodinâmica dos veículos uma revisão bibliográfica acadêmica, • Realização de coleta e distribuição noturna e daí já saiu muito conteúdo. Depois, • Realização de transferência do transporte de carga para modos mais limpos uma consulta de stakeholders nacio(transferência modal) nais, ou seja, de referências no Brasil, • Redução da velocidade de deslocamento grandes instituições que trabalham • Redução do peso dos veículos com logística ou com sustentabili• Renovação e modernização da frota dade e que exercem boas práticas • Treinamento dos motoristas (eco-driving) ligadas a isso, como a Confedera• Utilização de aditivos para melhorar a eficiência energética dos combustíveis ção Nacional de Transporte (CNT), • Utilização de diferentes tipos de veículos para realização de entregas e coletas a Agência Nacional de Transporte de • Utilização de fontes de energia mais limpas Carga (ANTC) e o Conselho Empresa• Utilização de pneus de baixa resistência ao rolamento rial Brasileiro para o Desenvolvimen• Utilização de sistemas de informação para rastreamento e to Sustentável (CEBDS). Em seguida, acompanhamento da frota os stakeholders internacionais, como • Utilização de sistemas de propulsão alternativos o próprio SFC, que deu a ideia ori• Utilização de veículos com maior eficiência energética ginal, e também o Banco Mundial, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), etc.”, conta D’Agosto. Segundo o guia, novo mindset ecológico. Por fim, foi feito já há algum tempo as A produção do guia também levou um levantamento jungrandes empresas de em consideração a metodologia ASIF, to às empresas-mematuação global percebe- introduzida pelo IPCC, que considera bro do PLVB quanto à ram a importância de quatro linhas de atuação com enfoadoção das boas práestabelecer e atingir me- que na redução de emissões de gases ticas identificadas ou tas comprometidas com de efeito estufa: redução da atividade quanto à necessidade o conceito de logística (A de activity), oferta de infraestrude inclusão de alguma sustentável. Elas com- tura (S de structure), redução da inboa prática ainda não preenderam que essas tensidade energética (I de intensity) e identificada. Todo esse ações vão além de ape- escolha de fontes de energia de baixo trabalho resultou em nas um compromisso, e teor de carbono (F de fuel). 22 medidas voltadas representam, de fato, o Macedo: programa promove a Envolvimento das empresas para o transporte de aprimoramento de suas troca de experiências entre as carga responsável em operações, constituindo empresas-membro Um papel de grande importância relação aos impactos uma questão de sobreviambientais e econômicos e incluindo vência no mercado. A expectativa é que para a elaboração do guia foi o coma responsabilidade ambiental como as empresas percebam o quanto per- partilhamento de expertise das emfunção logística. dem por não estarem aderindo a esse presas envolvidas. Cada uma, com 42 - Revista Tecnologística - Julho 2017


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seus processos e ações internas, pode trocar experiências e influenciar as outras companhias com suas medidas. Muitas empresas se identificaram com a iniciativa da PLVB por terem seus próprios programas de práticas sustentáveis. “A intenção do SFC era verificar a viabilidade de se discutir e implementar os programas de logística verde no Brasil. Para a Dow, essa iniciativa ia totalmente ao encontro das nossas diretrizes e objetivos corporativos. Nós já vínhamos trabalhando nisso há bastante tempo e sentíamos falta de um movimento maior do mercado nesse sentido. Então, em 2015, depois do encontro e com outras empresas demonstrando maior interesse, concordamos em trazer novamente o SFC para o Brasil. Assim, discutimos de forma mais estruturada sobre como implementar esse programa, estabelecer objetivos de curto, médio e longo prazos”, explica Laércio de Oliveira, líder de Segurança em Transporte da Dow na América Latina. “A participação das empresas-membro foi essencial. A Dow é uma empresa da indústria química, a Coca Cola, a HP e a Natura são todas empresas de atividades diferentes, o que engrandeceu bastante o trabalho. O fato de ter tam-

ppe trouxe da sua exbém o Laboratório do pertise quais seriam Transporte de Carga as melhores práticas enriqueceu demais, no Brasil e no munpois atuamos de duas do a serem aplicadas formas: primeiro esna cadeia logística, a sas empresas, que já fim de se obter metinham suas metas lhores resultados de corporativas, compargestão de baixo cartilharam as metas e bono”, conta Keyvan boas práticas, e depois Macedo, gerente de o laboratório fez um Sustentabilidade da trabalho de pesquiNatura. “Das 22 boas sa, que foi publicado Lopes: medidas podem ser práticas levantadas no recentemente, em readaptadas à realidade de guia, temos 20 aplicálação ao transporte e cada segmento veis e, dessas, 13 estão sustentabilidade. Foi um trabalho complementar dos implementadas em diferentes graus de maturidade. Ainda temos uma dois lados”, conta Oliveira. O trabalho em equipe das em- ação rodando como piloto e outras presas impactou diretamente no de- seis ações estão em fase de estudo e senvolvimento das 22 diretrizes. “A análise”, diz. As medidas foram escritas de forNatura tem como contribuição no grupo engajar e promover trocas de ma a serem aplicadas em diferentes experiências e boas práticas quanto setores, porém nem todas são aplicáao tema entre as empresas-membro. veis em todas as indústrias. A intenA contribuição de todas as empresas ção foi fazer um guia mais generalipara as diretrizes do guia foi forne- zado, que atendesse diversas frentes. cer informações internas quanto às “Nem todas as iniciativas mostradas práticas aplicadas in loco. Já o Co- no guia estão sendo aplicadas em toDivulgação

Nos próximos anos será lançado um selo para certificar as empresas que atuam em conformidade com o guia

Julho 2017 - Revista Tecnologística - 43


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Divulgação 44 - Revista Tecnologística - Julho 2017

contribuir com o guia transporte em sua toao compartilhar, por talidade, repassando meio de encontros essas atividades para mensais, as experiênempresas terceirizacias que adquirimos das, desde transportanessa jornada em ridoras até operadores cas discussões com as logísticos. A exceção demais empresas, para é a RG Log, operador produzir um conheque presta serviços cimento que seja útil de transporte de carà sociedade”, conta ga para a Heineken e Jaime Castro, gerente conta com uma frota de Logística da Cocacomposta por 1.200 Castro: encontros mensais -Cola Brasil. “Algumas equipamentos. Por geram ricos debates sobre a das medidas já são fazer parte da cadeia sustentabilidade nas operações aplicadas na compae por também exercer nhia há muitos anos e são bastante seus próprios cuidados ambientais, consolidadas, como a otimização de foi incluída no projeto. “A Heineken rotas e o treinamento de motoristas nos convidou para participar do sobre direção econômica. Outras são programa. Também temos um trabacontínuas e mandatórias em todas lho de sustentabilidade e somos sigas nossas operações, como a manu- natários do GHG Protocol”, explica tenção preventiva dos veículos e a Ricardo Melchiori, consultor execurenovação periódica da frota. Temos tivo da RG Log. também novas iniciativas em teste O programa GHG Protocol tem ou em fase de expansão, como a utili- como objetivo estimular a cultura zação de aditivos para a melhoria da corporativa para a elaboração e a pueficiência no uso de combustíveis e a blicação de inventários de emissões aplicação de sistemas de informação de gases do efeito estufa, propore rastreamento de frota”, ressalta. cionando aos participantes acesso Praticamente todas as empresas a instrumentos e padrões de qualienvolvidas no projeto são embarca- dade internacional. O representandores, ou seja, não lidam com seu te da GHG no Brasil é a Fundação Getulio Vargas (FGV). “Trata-se de um protocolo internacional de controle de emissões de gases de efeito estufa. Então as empresas podem ser signatárias desse programa, que tem uma metodologia de cálculo de todos os índices de emissões, envolvendo desde atividades primárias, de produção no caso de uma indústria, até as atividades secundárias, como o transporte”, diz Melchiori. “Isso gera ações de compensação. No nosso caso, a ação de compensação é a plantação de seringueiras, de forma que nós compensamos praticamente 100% do que emitimos em todas as nossas operações”. Divulgação Divulgação SSI Schäfer

das as empresas participantes, mesmo porque várias delas são de segmentos industriais muito distintos. Porém, existe o cuidado de olhar caso a caso e, se for possível, adaptar o formato de implementação para o segmento desejado. Se for economicamente viável, cada uma delas é inserida no plano diretor das empresas participantes”, conta Cassio Lopes, gerente de Logística da HP no Brasil. “O guia e suas futuras versões nos permitem compartilhar boas práticas e conhecer o que está sendo desenvolvido em outros segmentos sobre esse assunto. Em conjunto com o meio acadêmico, ele nos possibilita buscar alternativas para adaptar determinada iniciativa para outro setor industrial de forma funcional, com mensuração padronizada e embasamento econômico e ambiental estruturado”, explica o executivo. Conforme as medidas são estudadas e implementadas, seus resultados são compartilhados. “O Sistema Coca-Cola Brasil possui uma intensa atividade logística no país: nossas bebidas são produzidas em 45 fábricas e transferidas para cerca de 130 centros de distribuição que diariamente atendem aproximadamente 1 milhão de pontos de vendas. Procuramos


Divulgação Documento foi lançado em evento promovido em São Paulo, no dia 31 de maio

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A participação de empresas de lo- elas em vigor, pois algumas ainda gística é fundamental para o progra- não praticamos de forma estruturama, pois são elas que realmente co- da. Nem todas as empresas que falocam a mão na massa nas operações zem parte do programa já estão com de transporte. “Nossa contribuição é 100% das boas práticas implantadas. passar a visão do lado do operador O guia é um caminho, é um comlogístico, porque todas as outras em- promisso para quem está no prograpresas são embarcadoma de fazer uso dessas res. O grande objetivo boas práticas e evoluir. é que as operações das É um processo contíempresas de logística nuo de evolução”. Sesejam mais sustentágundo Melchiori, a inveis, mais limpas. O tenção do PLVB é, até guia é sobre a indús2020, lançar um selo tria se compromeverde, para condecorar tendo para que seus as empresas que atuam fornecedores sejam em conformidade com mais sustentáveis, eno guia. volvendo assim toda a cadeia”, enaltece o Cristiani Dias Melchiori: o guia é um consultor da RG Log. compromisso para a aplicação de Coca-Cola: 0800 021-2121 Das medidas contiboas práticas Dow: 0800 772-2492 das no guia, algumas Heineken: (11) 4700-7400 a empresa já adotava antes, como HP: (11) 4004-7751 a utilização de água de reúso nas Natura: (11) 4571-8100 lavagens dos veículos e a manutenRG Log: (11) 3906-2023 ção periódica da frota, por exemplo. UFRJ : (21) 3938-8131 Outras serão implantadas em um fuUnilever: (11) 3568-8000 turo próximo. “Vamos colocar todas


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Fotos: Radamés Jr.

LOGÍSTICA REVERSA

A casa é sua A Columbia Logística trouxe para dentro de seu CD a gestão e a armazenagem das peças oriundas da logística reversa da Rockwell Automation do Brasil, que já comemora a redução de custos obtida com a parceria. Com a consolidação da atividade, que demandou adequações por parte do operador logístico e ampliou o escopo de serviços oferecidos, as empresas já sinalizam a aplicação de melhorias nos processos 46 - Revista Tecnologística - Julho 2017


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setor de operadores logísticos no Brasil apresenta dia a dia níveis cada vez mais elevados de especialização. São diferentes processos e serviços aperfeiçoados e conceitos delineados com o objetivo de levar aos clientes o que há de mais moderno e proporcionar maior eficiência operacional. Tudo pensado para que, enquanto os prestadores de serviços cuidam da logística, os clientes possam focar em seu core business. Muitas vezes, porém, os opera-

lumbia iniciou as dores se deparam operações para a com certa insisAlém da Rockwell Brasil em tência de alguns área de 2003, prestando clientes para manserviços de armazeter sob sua própria armazenagem, nagem de produtos responsabilidade acabados distribualguns processos o CD da Columbia ídos para todo o logísticos. Não é em Cotia passou Brasil. Essa operararo observar no estava baseada mercado indústrias a abrigar o laboratório ção na antiga planta mantendo departado provedor logísmentos e, muitas da Rockwell tico, localizada em vezes, plantas opeBarueri (SP). Além racionais estruturadisso, por meio da das efetuando tareColumbia Trading, era realizada a fas típicas de um provedor. Claro que existem cases de sucesso importação dos itens proveniennesse sentido, mas em diversas ocasi- tes do centro de distribuição da ões a operação mostra-se ineficiente. Rockwell instalado na cidade de Ou pior: em um período em que tem- Champaign, no estado do Illinois, po e dinheiro são itens cada vez mais nos Estados Unidos. Todas essas operações foram reaescassos, direcionar esses recursos para a solução de problemas que não fazem lizadas até o ano de 2010. Depois de um gap de quase quaparte de seu core busitro anos, período em ness pode ser o ponto que outro fornecedor nevrálgico de uma atuaefetuava os serviços, ção sadia da companhia a Columbia retomou em seu segmento. sua atuação junto à RoAlgumas empresas, ckwell. A volta, ocorrino entanto, sabem idenda de fato em janeiro tificar essas limitações de 2014, a princípio e optam por transferir a seguiu o modelo adotaum operador logístico do anteriormente, mas aquilo que, de fato, deve em uma nova planta ser de responsabilidaoperacional. Instalada de de um provedor de Makoto: a logística reversa tinha em Cotia (SP), a uniserviços logísticos. Esse boa sinergia com os serviços que dade conta com dois foi o caso da Rockwell já prestávamos armazéns, ambos com Automation do Brasil, companhia que atua no segmento de 12 metros de pé-direito. O primeiro automação industrial e que deixou sob a possui 14 mil m² de área de armazegestão da Columbia, que tem o objetivo nagem e o segundo, destinado à Rode verticalizar seus serviços e fazer parte ckwell, conta com uma área total de cada vez mais da cadeia de seus clientes, 2.700 m², sendo 600 m² ocupados pelo laboratório da companhia de ausuas operações de logística reversa. tomação e o restante empregado na Histórico armazenagem. Ao todo, a área de estocagem destinada à Rockwell conta O trabalho conjunto entre as com 1.100 posições-palete e é operada companhias não é recente. A Co- por 13 colaboradores. Julho 2017 - Revista Tecnologística - 47


LOGÍSTICA REVERSA

Além de um novo zenados produtos já local, outras novidareparados. “Às vezes des marcaram o reio cliente possuía um nício das operações. produto com probleSegundo o gerente de ma que acarretava paProjetos da Columbia, rada em sua linha de Isaac Makoto, em japrodução. Para evitar neiro de 2016 os exea interrupção, enviácutivos de ambas as vamos uma peça já reempresas começaram parada que tínhamos as discussões para que armazenado enquanto o operador assumisse recebíamos o produto a logística reversa da dele para efetuar a maAlves: números comprovam que Rockwell, até então nutenção”, explica. contar com um operador logístico realizada internamenPara a Columbia, foi uma decisão acertada te pela indústria. O a logística de produsupervisor de Logística da Rockwell tos acabados também era impactada Automation do Brasil, Paulo Alves, com esse modelo de logística reverlembra o modelo que a companhia sa até então adotado pela Rockwell. empregava. “Operávamos em um ar- “Se um produto que nós expedíamos mazém próprio localizado no bairro apresentasse algum problema, ele da Lapa, em São Paulo, que conta- não retornava para a nossa planta va com 2 mil m². No local estavam em Cotia, mas era enviado à unidade dispostos toda a área técnica, o es- da Lapa. Se fosse possível o conserto, toque de peças de reparo e também eles efetuavam o trabalho e encamium departamento administrativo. nhavam ao cliente. Caso contrário, Apenas na área operacional de logís- era necessário realizar um pedido tica – recebimento, armazenagem e para que nós enviássemos um novo expedição – contávamos com oito produto até a unidade de São Paulo funcionários. Ao todo, eram 23 cola- para que a partir de lá ele fosse encaboradores nessa unidade”, diz. minhado ao cliente”, recorda. O executivo calcula que a unidade O tempo de atendimento e as rupprópria armazenava 2.700 SKUs, que turas demonstravam a ineficácia opepossuíam baixo giro devido à carac- racional. Segundo Alves, quando o terística dos componentes, utiliza- reparo não era emergencial a previsão dos para a manutenção dos produtos de envio do item consertado para o que a Rockwell fabrica. “Havia itens que ficavam muito tempo parados. A acuracidade Alguns possuíam um giro mais alto, do estoque mas grande parte possuía giro baixo. A maioria das peças girava no máapresenta um ximo duas vezes ao ano, enquanto as demais giravam até sete vezes ao índice de 99,3% e ano”, lembra. os níveis de serviço Além de baixo giro, outra característica desse inventário gerenciatambém estão hoje do internamente era seu alto valor. Alves revela que a unidade da Lapa acima de 99% contava com um estoque denominado Atecnica. No local, eram arma48 - Revista Tecnologística - Julho 2017

cliente após o recebimento do produto era de 20 dias corridos. Algumas vezes, reconhece, por falta de componentes (quebra no estoque), o prazo não era cumprido. O supervisor frisa que o nível de quebra era dentro do aceitável e revela um número para comprovar. “A acuracidade de nosso estoque era de 99,3%”, diz. Já os produtos avariados que eram trocados por novos contavam com prazo de entrega de até cinco dias úteis. Quanto ao nível de serviço, o executivo informa que não era possível medir, uma vez que não havia métricas precisas.

Proposta de mudança Makoto revela que foi a partir da análise desses dados e características operacionais que tanto a Rockwell quanto a Columbia identificaram uma série de oportunidades. “Verificamos que a operação de logística reversa possuía uma boa sinergia com os serviços que já prestávamos”, resume. O gerente de Projetos afirma, entretanto, que a iniciativa de ter as operações de logística reversa, reparo e armazenagem de produtos acabados em um mesmo local partiu da Rockwell. “A área de logística deles tem ânsia por melhorias operacionais. Eles estão constantemente em contato para que possamos desenvolver tecnologias e novos métodos operacionais. Formamos grupos de trabalho para debater as melhorias, compartilhar as ideias e obter ganhos mútuos”, relata. Na Rockwell, Alves diz que, após realizar uma série de análises e aferir os números, chegou-se à conclusão de que não havia mais justificativa para efetuar internamente a logística reversa e possuir um estoque dedicado e concentrado para esse tipo de componente. A decisão de descontinuar a operação e transferi-la para a unidade da Columbia, que já estocava produtos acabados, não demandou mudan-


ças no mix de produtos e no volume estocado de peças para reparo. A partir daí, contudo, a indústria passou a ficar mais atenta ao giro dos itens. “Aquele que não gira, por exemplo, há mais de três anos, é retirado do armazém para abrir espaço para os que apresentam demandas maiores”, diz.

Estudos de viabilidade Antes de assumir a operação e viabilizar a transferência da logística reversa para Cotia, foi necessária uma série de estudos de viabilidade econômica e adequações na Columbia. As análises e alterações, todas realizadas em paralelo, foram iniciadas em julho de 2016 e finalizadas em novembro do mesmo ano, mês que marca o início dos serviços de logística reversa do operador para a Rockwell e o término da operação própria. Makoto descreve que a primeira necessidade identificada foi a de ampliar a capacidade energética da planta. “Como o laboratório da Rockwell também foi transferido para a unidade de Cotia, concebemos uma cabine primária para ampliar nossa capacidade”, diz. De acordo com ele, o que a concessionária de energia fornecia era insuficiente, e a concepção da estrutura fez com que a unidade passasse de baixa para média tensão. Além disso, com o início da operação de logística reversa, o mix de itens movimentados pela Columbia foi alterado. Isso porque, além de produtos acabados, o provedor logístico passou a movimentar peças de reposição. “Tivemos que realizar uma adequação na estrutura porta-palete e no layout do armazém. Verticalizamos a estocagem, tínhamos três níveis e passamos a contar com quatro”, informa. Segundo Makoto, o trabalho consistiu em realocar os itens de curva C – produtos acabados –, que eram pouco movimentados e estavam dispostos no primeiro

nível, em níveis superiores a fim de alocar as peças de reparo, que possuem mais giro, nos níveis mais baixos, facilitando o picking. Com esse novo modelo de estocagem, hoje são 194 mil peças armazenadas e 10.912 linhas de pedido movimentadas. Entre os produtos estão sistemas de proteção de circuito de cargas, controladores programáveis, inversores de frequência, motores, infraestrutura de segurança e rede, sensores e softwares. Outros pontos que mereceram atenção especial foram a integração entre os sistemas ERP da Rockwell e WMS da Columbia e os colaboradores das companhias. “Nosso departamento Administrativo passou a ser ainda mais uma extensão da equipe de logística da Rockwell. Diariamente temos uma comunicação direta e fluída com relação à coleta e aos recebimentos, provenientes dos clientes com ativos próprios ou por meio de veículos aplicados pelos fornecedores de transporte da Rockwell”, cita o gerente de Projetos. De acordo com ele, essa interação permite identificar e ter uma previsão e uma programação de quando e que tipo de produto reverso será entregue na planta.

Objetivos e vantagens Para Alves, os números computados atualmente comprovam que a decisão de migrar para o operador logístico foi correta. “Hoje, no caso de troca de produtos, expedimos um novo em até 24 horas. Os que demandam reparo ainda possuem prazo de 20 dias, mas não há mais quebra na armazenagem”, garante. A acuracidade do estoque também se mantém em 99,3%. Já o nível de serviço, não aferido anteriormente, agora possui métricas e está acima de 99%. A interrupção da operação própria e a consequente centralização dos serviços de reparo e troca de produtos e estoque de peças e produtos acabados num único CD também reduziram os custos com frete. Vale lembrar que todas as operações de transporte são gerenciadas pela empresa de automação industrial. Sem revelar dados gerais consolidados quanto ao custo de transporte, Alves cita que havia diariamente um veículo dedicado que realizava a transferência de produtos acabados da planta da Columbia em Cotia para a unidade da Rockwell na Lapa. Hoje, esse frete não é mais realizado.

Julho 2017 - Revista Tecnologística - 49


LOGÍSTICA REVERSA

Além disso, foram diminuídos os custos administrativo, de armazenagem, com o valor do seguro, com a aplicação de ativos de movimentação e com mão de obra. De acordo com Makoto, a centralização das operações também facilitou os processos burocráticos fiscais. Isso porque anteriormente, com as operações de logística reversa e reparo próprias e realizadas em uma estrutura independente, a Rockwell possuía um CNPJ específico para esse serviço, o que exigia a emissão e o recebimento de diferentes notas fiscais. Agora, isso não é mais necessário. A companhia também não conta mais com os custos de manutenção da área de estocagem Atecnica, já que identifica os produtos reparados estocados como um ativo fixo, e não como item de reposição. Para o executivo da Columbia, o sucesso do projeto se deve ao fato de as metas com as mudanças e a expansão dos serviços entre as empresas serem similares. Na Rockwell, porém, ele acredita que o fator decisivo para a ampliação do escopo foi o trabalho permanente da Columbia de fomentar a parceria em projetos de melhoria 50 - Revista Tecnologística - Julho 2017

de maneira integrada. “Havia sinergia e eles tiveram tranquilidade para migrar a operação. Não houve ruptura e parada na operação devido à interface sistêmica já madura”, define. Outro fator contribuiu para uma mudança sem percalços. “Com base na produtividade que já verificávamos nas operações com produtos acabados e por sermos especializados em movimentação de produtos, conseguimos melhorar a produtividade na operação de logística reversa da Rockwell”, destaca. “Focamos no nosso negócio e deixamos a logística para quem é especialista”, concorda Alves.

Próximos passos Algumas melhorias na operação já estão previstas, tanto nos procedimentos internos da Rockwell quanto na operação junto à Columbia. Alves adianta que a indústria está adquirindo um novo ERP a fim de aprimorar suas próprias ações gerenciais e isso trará a possibilidade de simplificar certas atividades dentro da logística reversa realizada pelo provedor de serviços logísticos. “Temos vários projetos

junto com a Columbia para melhorar os processos. De imediato, vamos introduzir na área de armazenagem destinada aos nossos produtos e peças, na planta do operador logístico em Cotia, o Cubiscan, equipamento de cubagem de cargas que proporcionará uma armazenagem mais racional das entregas e que definirá, por exemplo, qual o melhor formato de estocagem: utilização de bins, paletes ou prateleira”, diz. O executivo completa afirmando que o maquinário aplicado na operação da Columbia também possibilitará o dimensionamento da cubagem dos envios, o que permitirá ter um controle mais eficaz dos fretes. Em curto e médio prazos, Alves revela que o objetivo é aprimorar o layout de recebimento, armazenagem, picking e expedição, investindo em leitores e coletores e bancadas com esteiras, para que a leitura do código de barras dos lotes recebidos seja efetuada de maneira automática. Também será empregada a tecnologia de voice picking, ferramenta que permitirá aos profissionais da Columbia agilizar ainda mais o processo de coleta dos produtos nas posições disponibilizadas no armazém de Cotia. De acordo com Makoto, os primeiros passos foram centralizar e estabilizar as operações para posteriormente promover essas melhorias. Na opinião do executivo, esse foi um diferencial importante, pois normalmente, quando ocorre uma mudança, há o anseio por trazer diversas melhorias de imediato. “Nós fomos pé no chão. Primeiro replicamos aquilo que já vinha sendo feito internamente pela Rockwell para que não houvesse parada, entendemos o serviço para, a partir daí, implementar melhorias”, pontua. Fábio Penteado Columbia: (11) 3330-6700 Rockwell: (11) 5189-9500



ILOS - INSTITUTO DE LOGÍSTICA E SUPPLY CHAIN

A relevância da gestão do supply chain na disponibilidade de vacinas Thatiana Nomi

S

egundo a World Health Organization (WHO), a aplicação de vacinas evita de 2 milhões a 3 milhões de mortes por ano decorrentes de difteria, tétano, coqueluche e sarampo, mas outras 1,5 milhão de mortes poderiam ser evitadas com uma maior cobertura de vacinação, possível se as cadeias de suprimento fossem mais eficientes. Esse é um assunto que não recebe tanta atenção da mídia, que geralmente dá mais destaque para o desenvolvimento de novas vacinas. Porém, se as vacinas não chegarem às pessoas, não há imunização. Basicamente, existem dois âmbitos de vacinação: a emergencial, baseada na logística humanitária, e a contínua, realizada de forma periódica por meio de uma cadeia estruturada. O supply chain de imunização corresponde à rede de localizações, pessoas, equipamentos e informações necessárias para que as vacinas cheguem até a população nas condições ideais. As cadeias geralmente possuem quatro níveis: armazém central, armazéns regionais, armazéns municipais e salas de vacinação. O desenvolvimento de modelos de suprimento de vacinas data do fim dos anos 1970, como resultado dos esforços para a erradicação da varíola. Um grande marco mundial foi a criação do Programa Ampliado de Imunização da WHO, em 1974, para ampliar a cobertura de vacinação infantil. O programa foi desenhado para gerir a distribuição de um pequeno número de vacinas em uma quantidade de localizações restrita. Desde então, as complexidades só aumentaram: crescimento populacional, transformações epidemiológicas, variedade de vacinas, ampliação da população-alvo, custos maiores e novas exigências na cadeia do frio. No fim de 2014 a WHO publicou um documento call-to-action para ressaltar as necessidades de aprimoramento dos processos logísticos: Immunization Supply Chain and Logistics – A Neglected but Essential System for National Immunization Programmes. No documento, compara-se o cenário dos anos 1980 com o atual. Hoje, os programas de imunização 52 - Revista Tecnologística - Julho 2017

precisam cobrir 2,5 vezes mais doenças, existe demanda de armazenagem e transporte de um volume quatro vezes maior de vacinas, e os custos para imunizar uma pessoa estão seis vezes maiores.

Fatores de complexidade Vacinas são complexas de gerir, pois são medicamentos biológicos, com componentes vivos em sua formulação. Quando expostas a temperaturas inadequadas, ocorre a inativação dos componentes imunogênicos, e a vacina perde sua função. As especificações dependem do imunobiológico, mas as temperaturas geralmente devem ser mantidas na faixa de 2 °C a 8 °C, ou em temperaturas negativas de -25 °C a -15 °C. Muitas também são conservadas por liofilização (desidratação), exigindo diluição antes da aplicação. Para tal, é necessário um diluente correspondente, que, ao contrário das vacinas, deve ser conservado em ambiente climatizado na faixa dos 25 °C. No começo, os maiores desafios logísticos decorriam da falta de sistemas de monitoramento de temperatura e da falta de equipamentos adequados para a armazenagem e o transporte. Ao longo dos anos, essas dificuldades resultaram em uma série de inovações tecnológicas. Foram desenvolvidos equipamentos de refrigeração específicos, feitas adaptações para lidar com a falta de energia, concebidas caixas térmicas de alta performance e criados dispositivos como os monitores de frasco (etiquetas termocrômicas que indicam visualmente se o produto foi mantido em temperaturas ideais). Mesmo com os avanços, o problema da perda de vacinas ainda é de muita relevância. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que cerca de metade das vacinas produzidas no mundo é desperdiçada, seja pela validade do frasco depois ou antes de sua abertura, por falhas em equipamentos, por problemas no transporte e no armazenamento ou por manuseio impróprio. Muitas vezes os armazéns não


conseguem suportar o crescente volume, o que é agravado por embalagens que ocupam espaço significativo. Outra questão são as campanhas anuais de vacinação contra a gripe, realizadas em períodos específicos. Essas operações são complexas, exigindo mais recursos (espaço e equipamentos) que, posteriormente, podem ficar ociosos. Associado ao fato de que os custos têm subido, isso significa que os gestores dessas cadeias devem trabalhar mais fortemente para manter níveis adequados de estoque de cada um dos vários tipos de vacina, prever a demanda com uma boa acuracidade e reduzir desperdícios.

O quadro brasileiro

Em março de 2015, seis estados reportavam grave falta de vacinas, incluindo a BCG, que protege contra a tuberculose e cuja aplicação é recomendada logo após o nascimento. E, apesar desse índice de cobertura, o país volta a sofrer com a febre amarela. A princípio, a vacina só era recomendada para regiões consideradas de risco. Em caso de surto em locais pouco prováveis, a operação logística inicial deve ser a emergencial, e, depois, reavalia-se a necessidade de abastecimento contínuo. Mas a capacidade de resposta emergencial do Brasil não é das melhores: desde janeiro até o fim de abril deste ano foram confirmados 715 casos, que resultaram em 240 mortes. O fato de que cada nível de gestão do PNI desenvolve suas operações logísticas isoladamente e o fato de que os sistemas de apoio ao planejamento não são integrados nos fazem questionar a eficiência da cadeia. Netto (2008) reporta que o Sistema de Informação de Estoque e Distribuição de Imunobiológicos (SI-EDI) não realiza cálculos de ressuprimento, por exemplo, com cálculos manuais. Não há visibilidade do estoque na cadeia, e não parece que os municípios estão capacitados a executar um planejamento ótimo. Quanto ao transporte, a autora menciona também que, por falta de recursos financeiros, muitas vezes são utilizados veículos impróprios, especialmente nos níveis regional e municipal. Questiona-se também a homogeneidade da cobertura no país. Domingues e Teixeira (2013) reportam que, em 2011, apenas 53,7% dos municípios brasileiros possuíam cobertura adequada da vacina BCG em menores de um ano de idade.

As condições do Brasil – tanto suas características como dimensão populacional e extensão territorial quanto sua infraestrutura – não facilitam as ações de imunização. Aqui rege o Programa Nacional de Imunização (PNI), estabelecido em 1973. A aquisição das vacinas é centralizada pelo Ministério da Saúde, mas o planejamento é descentralizado, de forma que as secretarias municipais têm autonomia para definir quais vacinais são necessárias em cada localidade. A cadeia brasileira possui cinco níveis, como mostra a figura 1. Os depósitos nacionais estão localizados no Rio de Janeiro, os estaduais são um por unidade federativa, os regionais geralmente estão inseridos em municípios com sedes administrativas do sistema de saúde, os municipais são quase um por município e as salas de vacinação são O papel da gestão do supply chain unidades prestadoras de serviços de saúde. O governo reporta uma cobertura vacinal média de 95%, Se em 1976 a distribuição de vacinas era referenciada de 1994 a 2014. Aqui cabe uma observação sobre o indicador. como vaccine cold chain, nos últimos cinco anos o termo A cobertura costuma ser medida em menores de um ano, concomeçou a ser substituído pelo conceito de supply chain. À siderando um grupo específico de vacinas. Porém, o indicador medida que os fatores de complexidade crescem e os custos utiliza o total de doses aplicadas no numerador, ignorando fatores de adequação epidemiológica (aplicação na idade correta) e de adequação imunológica ESTRUTURA DO SUPPLY CHAIN DE IMUNIZAÇÃO BRASILEIRO (aplicação nos intervalos corretos). Em outras palavras, há uma superestimação nos números. Outros pontos metodológicos podem ser Legenda questionados, mas, mesmo que o número Responsabilidade federal esteja inflado, reconhece-se que o programa Responsabilidade estadual brasileiro é referência em campanhas de vaciResponsabilidade municipal nação em massa. Isso não significa, porém, que os resulLaboratórios tados são obtidos com eficiência. Não é ininternacionais comum nos depararmos com notícias sobre Depósito Depósitos Depósitos Salas de Depósitos o desperdício ou, ironicamente, a falta de nacional estaduais regionais vacinação municipais Laboratórios vacinas. Em 2011, o Brasil desperdiçou mais nacionais de 6 milhões de doses da vacina H1N1 por validade (um desperdício de R$ 78 milhões). Figura 1 Julho 2017 - Revista Tecnologística - 53


ILOS - INSTITUTO DE LOGÍSTICA E SUPPLY CHAIN

ESTRUTURAS INICIAL E ALTERNATIVA DO SUPPLY CHAIN DE IMUNIZAÇÃO DE BENIN

Estrutura atual

Laboratórios internacionais

Depósito nacional (1)

Depósitos regionais (7)

Depósitos municipais (80)

Salas de vacinação (763)

Estrutura alternaƟva

Laboratórios internacionais

Depósito nacional (1)

Depósitos regionais (7)

Zonas de saúde (34)

Salas de vacinação (763)

lações apontaram ser possível fornecer uma disponibilidade de 99%, a um custo menor que US$ 0,18 por dose. Pensando no futuro, deve-se levar em conta também o fato de que há uma tendência de desenvolvimento de medicamentos no segmento dos biológicos. Assim como as vacinas, que possuem componentes vivos, esses medicamentos também precisarão da cadeia do frio, não só nos processos logísticos, mas também nos pontos de venda.

Conclusões Figura 2

com procurement e transporte de materiais sobem, busca-se cada vez mais integrar os diversos planos de distribuição. Serviços de imunização rotineiros em instalações fixas, programas de imunização em locais remotos e campanhas pontuais de vacinação cada vez mais devem ser pensados de forma integrada, como partes de um plano central, por exemplo. Iniciativas de reavaliação das cadeias de suprimento abrangem reestruturação da rede, dos modos de transporte, dos métodos de previsão, avaliação do impacto do tamanho das embalagens em transporte e armazenagem, estudo do trade-off entre transporte e armazenagem e mensuração dos impactos da introdução de novas vacinas na cadeia existente. Em pesquisa sobre o mercado de saúde brasileiro, o Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) constatou que a média de ruptura de estoque das empresas foi de 10,4%, sendo que 91% dos executivos acreditam ser possível reduzir esse número em algum grau. E ao mesmo tempo que eles acreditam ser possível a redução da indisponibilidade, 52% dos respondentes afirmaram também ser possível reduzir os níveis de estoque. A pesquisa contou com 50 empresas da indústria farmacêutica, e 86% delas reportaram ter uma política de estoques bem definida, revisada pelo menos uma vez no ano. Se no setor privado acredita-se ser plausível a redução das ineficiências, pode-se imaginar as oportunidades de melhoria existentes no supply chain de vacinação brasileiro. Em abril deste ano, o Journal Vaccine publicou uma edição especial: Building Next-Generation Immunization Supply Chains. Um dos estudos utilizou um modelo para simular o fluxo de vacinas na República do Benin, país da região ocidental da África, considerando diversas configurações da rede. Quando foi considerada a introdução da vacina rotavírus, análises mostraram que a disponibilidade de vacinas cairia de 93% para 71%, e o custo logístico por dose subiria de US$ 0,23 para US$ 0,26. Porém, alterando a estrutura da cadeia com o agrupamento dos depósitos municipais em zonas, realizando expansões de capacidade e modificações na estratégia de transporte, as simu54 - Revista Tecnologística - Julho 2017

Os processos de armazenagem e distribuição podem não ser assuntos tão glamorosos quanto avanços científicos em desenvolvimento de novas vacinas, mas não são menos importantes. O Global Vaccine Action Plan da WHO, esforço de imunização ratificado por 194 países-membros da entidade, possui objetivos como a erradicação da pólio e o atingimento das coberturas-alvo em todas as regiões e comunidades do mundo no período de 2011 a 2020, a década da vacina. Tanto no Brasil quanto no mundo, isso só será possível quando as autoridades entenderem a importância da gestão das cadeias de suprimento de imunização. E, depois de entenderem, elas precisarão tomar ações para superar os atuais gargalos e ineficiências. Antes disso, muitas pessoas ainda continuarão sem acesso à proteção a que têm direito, e muito dinheiro será gasto no caminho.

Referências BROWN, S. et al., 2014. The benefits of redesigning Benin’s vaccine supply chain. DOMINGUES, C. e TEIXEIRA, A., 2013. Coberturas vacinais e doenças imunopreveníveis no Brasil no período 19822012: avanços e desafios do PNI. MOETI, M. et al., 2017. No product, no program: The critical role of supply chains in closing the immunization gap. NETTO, G., 2008. Contribuição para melhorar o gerenciamento logístico da cadeia de frio de imunobiológicos no Programa de Imunização do Brasil. WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014. Immunization Supply Chain and Logistics – A Neglected but Essential System for National Immunization Programmes. Thatiana Nomi Consultora Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) thatiana.nomi@ilos.com.br Tel.: (21) 3445-3000



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Collision Avoidance System, da Mobileye dem ser incorporados para reduzir ainda mais os riscos, como silenciar o rádio do veículo automaticamente ou emitir alertas por vibração, seja no banco ou no volante, por exemplo. Testes envolvendo 2 mil caminhões percorrendo mais de 75 milhões de km resultaram em zero colisões contra uma média de 11 a 13 colisões sem a aplicação da tecnologia. De fácil instalação em qualquer tipo de veículo, o Collision Avoidance System já é utilizado em diferentes tipos de frotas, como caminhões e táxis, tanto em ambientes urbanos quanto rurais. O monitoramento constante gera dados que podem ser exportados para sistemas de gerenciamento de frota e telemetria de terceiros, proporcionando maior visibilidade dos veículos e também da operação de transporte, junto de um acompanhamento detalhado do comportamento do motorista. Além da redução de custos ao evitar acidentes, a utilização do sistema proporciona melhoras no comportamento dos motoristas e menos gastos com combustíveis e com a manutenção dos veículos, devido a uma conduta de direção aperfeiçoada. Sem que seja necessário nenhum tipo de treinamento para o condutor, o inves-

timento no Collision Avoidance System apresenta retorno em até 12 meses. A Mobileye vem investindo há mais de uma década em pesquisa e desenvolvimento para aprimorar cada vez mais sua tecnologia. Por isso, o sistema é reconhecido mundialmente e a empresa é fornecedora OEM (Original Equipment Manufacturer) de grandes fabricantes de veículos, como Volvo, Scania, Iveco, Man, Fiat e Ford, entre muitas outras. (11) 5085-5412

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A FFTec, empresa ligada à Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia de Projetos, traz para o Brasil o Collision Avoidance System, da empresa de origem israelense Mobileye. Trata-se de uma avançada tecnologia de prevenção de colisões para veículos que identifica uma extensa variedade de possíveis ameaças durante a condução. Utilizando um sensor de visão inteligente que funciona como uma espécie de olho biônico, o sistema é capaz de detectar obstáculos, outros veículos – como carros, ônibus, caminhões e bicicletas –, pedestres e até mesmo marcações na pista e placas de limite de velocidade. As distâncias e as velocidades relativas dos objetos são medidas continuamente, com o objetivo de calcular os riscos de colisão. Quando o perigo é iminente, alertas visuais e sonoros avisam o motorista com antecedência suficiente para que potenciais choques possam ser evitados. As situações de alerta incluem possíveis colisões, manutenção de distância segura em relação ao veículo à frente, troca de faixa sem a utilização de seta, excesso de velocidade, entre outras. Além disso, recursos opcionais po-

Plataforma para conectar transportadoras, da Vipal A Vipal Borrachas, fabricante de produtos para a reforma de pneus, lançou a Vipal Resolve, chamada pela empresa de rede social do mercado transportador, que surge como uma plataforma interativa para ajudar os profissionais de gestão de frotas na resolução de dilemas em suas rotinas de trabalho. Os profissionais cadastram seus nomes e empresas e aguardam a liberação do sistema para começar a interagir. Uma vez cadastrados, os usuários podem escolher entre assuntos diversos como

Gestão de Pneus, Economia de Combustível, Gestão de Pessoas, Manutenção, entre outros, além de conseguirem postar dúvidas, dilemas e sugestões. Da mesma forma, é possível contribuir com respostas, comentários e compartilhamentos de boas práticas que ajudem os participantes na resolução de seus problemas. A Vipal Resolve nasceu da necessidade de uma maior proximidade entre todos os participantes do mercado. Por meio de pesquisas aprofundadas com gestores de frotas, a empresa percebeu

que há uma demanda latente por mais interação e troca de informações entre empresas, fornecedores e profissionais do setor. A Vipal Borrachas é a idealizadora e curadora do projeto. Além de realizar a moderação da plataforma e, assim, garantir a qualidade da informação, a empresa também será responsável por ajudar nas respostas, seja com a equipe técnica da Univipal, seja trazendo empresas especialistas para integrar a rede. 3004-0505 Julho 2017 - Revista Tecnologística - 57


PRODUTOS

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Lona de algodão para caminhões, da Cipatex

A Cipatex, empresa fabricante de revestimentos sintéticos, ampliou o portfólio de lonas para caminhão da marca Toda Carga com o lançamento da lona de encerado de algodão. Recomendada para cargas que necessitam de amarração e de circulação do

ar, a nova lona é confeccionada com costura tripla. Com acabamento que repele a água e aplicação em cera quente, o encerado garante maior proteção à carga. Fabricado com fios retorcidos de algodão, o material conta com bainha costurada, ilhoses de aço inox e uma camada de parafina que não causa atrito com as cordas e facilita a fixação das amarras. Indicada para o transporte de frutas e verduras, que precisam trocar o calor com o ambiente, a lona também pode ser usada para a cobertura de cargas não uniformes, como máquinas, já que pode ser amarrada com cordas. Disponibilizado na cor laranja, o material pode ser usado em diversos tipos de caminhão. (15) 3284-9000

Com forte atuação no segmento de pneus fora de estrada, a Goodyear desenvolveu um aplicativo móvel específico para atender às demandas dessa área. A plataforma leva aos compradores novos serviços e funcionalidades que ajudam na decisão de compra do pneu ideal para cada tipo de operação e equipamento. O app, disponível para iOS e Android, contempla a linha completa de produtos fora de estrada da marca, permitindo que o usuário faça buscas de pneus por tipo de equipamento, código de aplicação e aro. Além disso, é possível fazer cálculos de TKPH (tonelagem quilômetro por hora). Trata-se de um cálculo essencial para indicar o fator de operação ideal para o pneu fora de estrada em operações de mineração. A plataforma também oferece a funcionalidade de busca de medidas por equipamento, modelo e fabricante e 58 - Revista Tecnologística - Julho 2017

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Aplicativo móvel para pneus fora de estrada, da Goodyear

ainda a opção Mensagem, pela qual o usuário poderá enviar ao SAC da Goodyear dúvidas e sugestões por meio do próprio aplicativo. A linha completa de produtos fora de estrada da Goodyear possui alta tecnologia de construção de carcaça e compostos de borracha para resistir às mais severas condições de operação, atendendo a diversos segmentos, como infraestrutura, minas de superfície e subterrâneas, pedreiras, operações industriais e portuárias. 0800 725-7638

Sistema de rastreamento, da Asia Shipping A Asia Shipping lançou uma ferramenta para acompanhamento de embarques, chamada AS Tracking. Trata-se de um sistema de rastreamento de carga que permite a verificação do status desde a origem até o destino final, de forma totalmente integrada. Dentre as novidades do AS Tracking está a possibilidade de acompanhar a performance dos embarques e a geolocalização dos veículos em tempo real. No mapa, o cliente vê onde está exatamente a embarcação ou aeronave que transporta a carga. A ferramenta funciona para produtos de importação e exportação marítima e aérea e desembaraço aduaneiro. A expectativa é incorporar em breve serviços de transporte doméstico, incluindo o rastreamento de cargas também em terminais e transporte terrestre e por cabotagem. Além do acesso via navegador, é possível baixar gratuitamente o aplicativo para dispositivos móveis com sistemas iOS, Android e Windows. A pesquisa do embarque pode ser feita por modal e termo de busca. É possível também customizar a tela e formatar relatórios de KPIs de acordo com as necessidades específicas do cliente. (11) 2179-1799

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