ED.
QB MAGAZINE
É CARNAVAL!
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Q
QB MAGAZINE
editorial
U s e f i lt r o s o l a r . O q u a s e m a n t r a c o m a v o z d o P e d r o B i a l v i r o u m a n i a e p i a d a n a i n t e r n e t, m a s é o c o n s e l h o m a i s s á b i o q u e e l e j á d e u at é h o j e . N a é p o c a e m q u e o v í d e o p i p o c o u n a r e d e , a v o z d o P e d r o f i c o u e c o a n d o n o n o s s o i n c o n s c i e n t e . Ap r e n d e m o s e u s a m o s f i lt r o s o l a r t o d o s o s d i a s . M a s , a c o s t u m a d o c o m o r i t m o d e f é r i a s d e i n í c i o d e a n o , o i n c o n s c i e n t e r e s o lv e d o r m i r at é m a i s ta r d e , f u g i r d o s o l e c u r t i r u m a r c o n d i c i o n a d o , e o f i lt r o s o l a r a c a b a l á , n o c a n t o , m e i o a b a n d o n a d o . O a u g e d o e s q u e c i m e n t o d o f i lt r o s o l a r f o i j u s t a m e n t e n o d i a e m q u e e s c o l h e m o s pa r a f o t o g r a fa r o e d i t o r i a l d e s ta e d i ç ã o . Local: dunas da Lagoa da Conceição. De um lado, a produção p r o n t i n h a pa r a o d i a s e g u i n t e ; d o o u t r o , a p r e v i s ã o d o t e m p o em todos os sites e canais de tv avisando que a chuva seria a e s t r e l a d o d i a . B o m , a c o r d a r e v e r q u e t o d o s e s tava m e r r a d o s foi um alívio. As nuvens a postos só queriam sair nas fotos e a l i v i a r o c a l o r . C a m a r a d a s , e l a s e s p e r a r a m o ú lt i m o c l i c k d o f o t ó g r a f o p a r a c h o v e r . E n a c o r r e r i a d e t r o c a s d e r o up a s , e x p e c tat i va d e c h u va , a n d a n ç a s p e l a s d u n a s , a ú n i c a q u e l e m b r o u d o t a l f i lt r o s o l a r f o i a n o s s a m o d e l o . O r e s u lt a d o : f o t o s l i n d a s pa r a a r e v i s ta e p e l e v e r m e l h a pa r a t o d o s q u e e s t a v a m n a a r e i a . Qu e m d i s s e m e s m o q u e m o d a é g l a m o u r ? Ap e s a r d a s c o n s e q u ê n c i a s d o n o s s o e s q u e c i m e n t o , f o i u m d i a s up e r d i v e r t i d o e d o r e a p r e n d i z a d o : u s a r f i l t r o s o l a r . Além do editorial, nas páginas da segunda edição da QB M a g a z i n e , v o c ê i r á c o n f e r i r d i v e r s a s m at é r i a s e m q u e o t e m a é o Carnaval, intercaladas com outros assuntos como surrealismo, uma breve história sobre óculos e alguns pensamentos sobre os avanços tecnológicos e a febre n o s t á l g i c a q u e s e a l a s t r o u e n t r e a s m a n i f e s t a ç õ e s c u lt u r a i s e n a m o d a . R e s o lv e m o s m i s t u r a r t u d o p a r a d a r m a i s d i n â m i c a à r e v i s ta e , ta m b é m , pa r a q u e v o c ê l e i a t u d o s e m e s q u e c e r q u e é Carnaval, mas não se canse dele. Esperamos que vocês aproveitem nossa segunda edição e c u r ta m o C a r n ava l d a m e l h o r f o r m a p o s s í v e l ! Ab r a ç o s , Ju l i a n a C e s a r e V i v i a n L o b e n w e i n
expediente
d i r E Ç Ã o c r i aT i Va jUliana cesar e vivian loBenwein
EdiTora jUliana cesar
proJETo grÁFico E diagramaÇÃo vivian loBenwein
rEVisÃo s i lv i a a r g e n t a
c o L a B o r a r a m n E s Ta E d i Ç Ã o anna martinelli c a m i l l a g o n ç a lv e s m e n d e s caroline cezar diego lara fernanda iUskow jacoBoviski fernanda santini lieza neves magno Bottrel rafael weiss
esta publicação online é independente e todo o conteúdo é de responsabilidade de quem assina as matérias. a periodicidade é a cada dois meses. o qUalqUer BoBagem é um site que dissemina informações e pessoas de talento, e esta revista é uma extensão disso.
CRONICA por Caroline Cezar
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"PODE POR UM POUCO DE CADA, POR FAVOR"
Aconcheguei-me mais: “Deus a guarde, Senhora!” - Obrigada. Quem és? - “Um arlequim que a adora!” Vinha do seio dela, entre a renda e a miçanga, um cheiro de mulher e um cheiro de cananga. Eram os olhos seus, sob a fronte alva e breve, como dois astros de ouro a arder num céu de neve. Mordia, por não rir, o lábio úmido e langue, vermelho como um corte ainda vertendo sangue... E falei-lhe de amor... - E ela? Ficou calada... Meu amor disse tudo, ela não disse nada, mas ouviu, com prazer, a frase que renova no amor que é sempre velho, a emoção sempre nova! - Que lhe disseste enfim? O ardor do meu desejo, a glória de arrancar dos seus lábios um beijo, a volúpia infernal dos seus olhos devassos, o prazer de a estreitar, nervoso, nos meus braços, de sentir a lascívia heril dos seus meneios, esmagar no meu peito a carne dos seus seios! - Tu ousaste demais... Ingênuo! A mulher bela adora quem lhe diz tudo o que é lindo nela. Ousa tudo, porque todo o homem enamorado se arrepende, afinal, de não ter tudo ousado.*
CRONICA arlequim sabe ler. calcula o gosto, antecipa o susto, corteja certeiro o que ela tem de melhor, o que ela tem de mulher. Usa com maestria a palavra, o silêncio ou o pequeno gesto, que, para os ignorantes do trejeito e da malícia, é quase nada, na verdade é nada com ares de tudo. o que ele tem? não é muito bonito, não tem corpo atlético, nem a inteligência dá pra dizer que é lá essas coisas. o que mora por trás desses olhos ou do manejo do verbo? como transforma abreviação em desejo profundo? como magnetiza o cheiro, abraça o silêncio, desperta cinco, seis, sete sentidos? só pode ser o feminino travestido. ninguém é tão conhecedor de uma natureza quando está do outro lado. ninguém pode fazer exata leitura de fora do furacão, envolver com tão poucas ações todo um mundo virtuoso e secreto, por vezes secreto até para ela própria. ela não se sabe, mas ele sim, e reconhecendo-se através dos olhos pedintes (mas não mendicantes), fica maravilhada com o que vê, com o que pode, com o que há. (mas meu deus do céu e da terra, eu não fiz nada pra ser merecedor de tamanho sofrimento. assistir como um palhaço a esse cortejo em forma de tormento. o meu amor é mais amor, só não sabe se traduzir de forma tão certeira, sedutora, quase mentira, disfarce de si).
não chore criatura. não chore que te amo tanto quanto, mas não se pode comparar uma laranja a uma cadeira. quando te comparas, perde o teu bem mais precioso que é a vantagem da calmaria, o convite ao descanso, a mansidão de um colo quente, a sorte do amor tranquilo. eu amo a mim mesmo e em mim mesmo tem mais de mim. oscilo. existo dias quentes e dias frios, chuvas fracas e tempestades, calor e frio, medo e coragem. como caberia ao humano, a mais complexa das naturezas, permanecer imutável, ter uma só face? como se determina começo e fim para perfume, gosto, dança? se o amor é arte abstrata, não pode ter contorno palpável. se é sentir que se chama, é sentindo que se sente. quando tenta descrever, se perde o que é e o que poderia ter sido. e esse é o mal da escolha. nunca existirá por completo o amor? arlequim e Pierrot não se misturam, mas juntos são completude. é isso que chamam amar, estar sempre em falta com algo? desprezar uma fatia, metade-essência em prol da outra metade, capenga de um lado? ou seria amar deixar caber no peito o amor múltiplo que se alarga e se faz entender perfeito e irredutível? que se expande como o ser que toma conhecimento do seu infinito conhecer? Pois a tristeza e a melancolia não moram junto com a alegria e com o desejo? quantas outras coisas moram no sussurro do próprio nome, dito por outra voz no calar de uma razão, no calor de uma paixão? ou no abraço que acolhe o íntimo que nenhum sussurro alcança?
“
“Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma dando a Arlequim meu corpo e a Pierrot a minh’alma! Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho! Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra! Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda a razão do amor está na variedade... Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente, porque a história do amor pode escrever-se assim: Um sonho de Pierrot... E um beijo de Arlequim!”
“
* Os trechos negritados são de autoria de Menotti Del Picchia, escritor, poeta, romancista, jornalista de São Paulo (1892 - 1988).
CRONICA NASCIDOS PARA BRINCAR “vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval”, da marchinha de zé keti, traduz um pouco a personalidade de Pierrot: enquanto ele pede licença e desculpas pra doce colombina, antes de suavemente encostar-lhe os lábios, arlequim, seu outro amor, rouba o beijo com um puxão de cabelos e some sem dizer tchau. outro paralelo brasileiro dos personagens que nasceram na itália do século xvi é a história de dona flor e seus dois maridos. todo mundo lembra do vadinho, o morto que volta depois para acalorar as noites de flor, soprando no seu ouvido e dando tapinhas na bunda. como é o nome do outro mesmo? Pierrot é chorão, meloso e respeitador até demais; arlequim é malandro, liso e um-sete-um forte. rabo de saia é com ele mesmo e, por mais que seja apaixonado por colombina, não perde a chance de jogar seu charme e afirmar seu poder de conquista sempre que pode. releituras e associações à parte, Pierrot, colombina e arlequim nasceram na itália do século xvi, no palco da commedia dell’arte, um estilo teatral que veio em contraposição ao erudito e seus textos literários em latim. a commedia dell’arte era acessível, popular e trazia a brincadeira para as ruas e praças italianas, através da sátira social dos poderosos da época. os três personagens que se eternizaram eram serviçais na história, mas havia muitos outros, como um intelectual pomposo, um oficial covarde e um comerciante avarento. havia roteiro, mas o improviso era uma marca forte nesse estilo, que até hoje influencia a arte dramática.
Pierro seu nome original era Pedrolino, mas foi batizado, na frança do século xix, como Pierrot e assim ganhou o mundo. o mais pobre dos personagens serviçais, vestia roupas feitas de sacos de farinha, tinha o rosto pintado de branco e não usava máscara. vivia sofrendo e suspirando de amor pela colombina. Por isso, era a vítima preferida das piadas em cena. não foi à toa que sua atitude, sua vestimenta e sua maquiagem influenciaram todos os palhaços de circo.
Arlequim
também servo de Pantaleão, arlequim era um espertalhão preguiçoso e insolente, que tentava convencer a todos da sua ingenuidade e estupidez. depois de entrar em cena saltitando, deslocava-se pelo palco com passos de dança e um grande repertório de movimentos acrobáticos. debochado, adorava pregar peças nos outros personagens e depois usava sua agilidade para escapar das confusões criadas. outra de suas marcas-registradas era a roupa de losangos.
Colombina criada de uma filha do patrão Pantaleão, mas tão bela e refinada quanto sua ama, colombina era também o pivô de um triângulo amoroso que ficaria famoso no mundo todo - de um lado, o apaixonado Pierrô; do outro, o malandro arlequim. Para despertar o amor desse último, a romântica serviçal cantava e dançava graciosamente nos espetáculos. (Fonte: Revista Mundo Estranho, Ed. Abril)
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dias alegre seus
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Diario de Viagem por Anna Martinelli, Blog Finestrino
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ONDE VIVEM
mascarad
OS
dos
quando o assunto é carnaval, pensamos em praia, sol, calor, cerveja e samba. mas e se essa festa fosse sinônimo de frio e fantasias renascentistas? Pois então, esse é o carnaval em veneza, que é realizado nas mesmas datas que o do Brasil. estive no carnaval italiano em 2008, quando morava em milão fazendo intercâmbio. assim como no Brasil, lá o carnaval é uma festa grande e, para conseguir hospedagem boa e com preço legal, é preciso se programar com antecedência. como eu morava a três horas da cidade da festa, optei por fazer um bate-volta mesmo, até porque poderia economizar um pouco e dormir em casa. meus amigos e eu acordamos em um dia muito, muito frio e chuvoso em milão e pegamos o primeiro trem para veneza, às 7h30 da manhã. era minha segunda vez na cidade, então não fiz nada de turístico;
Diario de Viagem
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só curti o carnaval. na verdade, é meio impossível fazer algo turístico quando a quantidade de pessoas, que já é grande, fica absurdamente enorme. Posso dizer que andar nas ruas estreitas da cidade, com guarda-chuva, foi uma aventura! a princípio, o carnaval é bem silencioso, extremamente diferente daqui. achei estranho. Pensava que seria mais festivo. deve ser coisa de brasileiro. agora, venezianos fantasiados dos pés à cabeça com aquelas roupas enormes e com as máscaras têm aos montes. Parece que estão de mau humor o tempo todo porque as máscaras não têm expressão e as pessoas ficam 100% cobertas. mas eles ficam fazendo pose para todo o batalhão de turistas que ficam em volta, então não se preocupe: é fácil fotografá-los. as festas não são feitas na rua - pelo menos não vi nenhuma em 2008. elas são privadas
e realizadas nos palácios, só podendo ter acesso com convite. Porém, vi algumas bandinhas transitando que tentavam fazer um samba, só que saía uma mistura esquisita. Para brasileiros longe de casa e passando o carnaval no frio congelante, é reconfortante. na Piazza san marco, a principal da cidade, tinha até quentão! Uma mistura junina + carnaval que caiu como uma luva para esquentar o pessoal. à noite, teve uma festa/show público nessa mesma praça. não foi exatamente bom, achei meio bobo, apesar da estrutura enorme e da apresentação de várias bandas. Prestei muito mais atenção nos efeitos de luz exibidos no campanário do outro lado da praça. foi um dia diferente. se eu não conhecesse veneza ainda, teria saído de lá um pouco frustrada. muitos lugares fecham, pois infelizmente carnaval é carnaval e sempre
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Diario de Viagem
tem aquele pessoal bêbado sem noção que estraga as coisas. os museus encerram as atividades mais cedo e, dependendo do dia e festa, preferem nem abrir. os restaurantes ficam lotados, principalmente porque acabam servindo como locais para se aquecer, o que faz com que as pessoas demorem mais nas refeições. Por causa do grande público, os lugares pequenos e lojas de fast food tipo mc donald’s e Burguer king ficam imundos, e os funcionários não dão conta de limpar.
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minha viagem foi muito econômica, sem hospedagem e sem restaurantes finos. o trem ida e volta para milão custa cerca de 27 euros. Para evitar preço abusivo e superlotação turística com espera longa, comemos na rua. só tem uma coisa que você tem de comprar: uma máscara! não que você não possa participar da festa sem uma, mas elas são mesmo irresistíveis. os preços variam entre 10 e 2 mil euros, é só escolher! outra dica: não espere ver os pontos turísticos durante essa época. vai ser bem difícil mesmo, e as fotos sairão lotadas de gente tapando os prédios. se puder, escolha outro período para passear por lá e passe um dia no carnaval para ver como é. ir até lá para ficar uma semana nessa data não é uma boa coisa.
Blog Finestrino: www.finestrino.com.br
Comportamento por Juliana Cesar
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Dia
da
Marmota
sErá quE EstAMos PrEsos No tEMPo ouViNDo sEMPrE A MEsMA CANção?
duas palavras podem definir as duas últimas décadas: nostalgia e tecnologia. de um lado, a evolução tecnológica rápida e arrasadora como nunca. em nenhuma outra década do último século, presenciamos tantas mudanças. lá no início dos anos 90, a internet era um espaço vazio e desconhecido, e os computadores, nada populares, eram usados apenas como uma “máquina de escrever mais moderna”. não era possível assistir a vídeos, ouvir músicas, procurar informações e trocá-las com outra pessoa. as máquinas fotográficas não eram digitais. no cinema, as animações eram feitas de modo tradicional, e os efeitos especiais eram tímidos. tecnologia era o videocassete, hoje substituído por arquivos digitais. entre outros avanços, pense nos celulares, o estudo sobre as células troncos, compras pela internet, videoconferência, canais por assinatura. é a vida no século xxi.
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Comportamento
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Por outro lado, a cultura que consumimos e as roupas que vestimos não acompanharam toda essa evolução tecnológica ao ponto de ser um retrato forte e claro de uma década. se pegarmos livros sobre a história da moda, podemos identificar, através das imagens, em qual década as fotografias foram tiradas. calças, vestidos, a marcação da cintura e o comprimento das saias sinalizam em que década aquilo aconteceu. nos últimos 20 anos, as referências e as influências das décadas passadas tornaram-se o retrato confuso e sem a identidade tão marcante como os anteriores. Uma das características estéticas desse tempo é o retrô, o vintage, a busca pelo passado. se antes olhava-se para o futuro, agora queremos voltar, ou será que queremos ficar onde estamos? o instagram, aplicativo para smartphones, é uma ferramenta de volta ao passado em uma tecnologia de última geração. Uma modernidade contraditória? nostalgia é definida como o estado melancólico causado pela falta de algo. mas por que sentimos falta de coisas que não vivemos? o que sentimos é a curiosidade de saber o que nossos pais ou avós ou pessoas de outros tempos sentiam. até woody allen sentiu vontade de viajar para o passado e agradou públicos no mundo inteiro com seu filme “meia-noite em Paris”. essas décadas eram melhores? não, apenas diferentes. só que essa diferença atrai nossa curiosidade e é difícil entender. até os anos 80, as novidades e as criações estavam mais voltadas para o futuro, em experimentar coisas diferentes e realmente
inventar. estamos com preguiça de pensar em algo realmente novo, sem olhar para trás para buscar inspirações. Para criar é importante conhecer a história, o que já foi inventado, mas fazer versões é criar novidades?
NOS ÚLTIMOS 20 ANOS, AS REFERÊNCIAS E AS INFLUÊNCIAS DAS DÉCADAS PASSADAS TORNARAM-SE O RETRATO CONFUSO E SEM A IDENTIDADE TÃO MARCANTE.
a tecnologia também desenvolveu nos jovens o vício por uma quantidade maior de informações de maneira rápida. e tudo acaba sendo mais rápido e descartável cada vez mais cedo. com esse movimento acelerado, é mais fácil criar ou recriar? absorver o que já foi feito e vivido? então, consumimos remakes, releituras e versões variadas de uma mesma coisa. a economia também entra na roda, os produtos que consumimos, como carros e eletrodomésticos, não sofrem alterações drásticas no design para não arriscar suas vendas.
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ao mesmo tempo que a tecnologia evoluiu tanto, a cultura mudou em uma escala menor, como o cinema, a música e a literatura. nome mais comentado no mundo pop, lana del rey pode ser definida como uma “nova” nancy sinatra. lady gaga segue os passos de madonna. Pense em adele e amy winehouse, todas com estéticas, roupas, cabelo direto dos anos 60.
o que definiu as duas últimas décadas? qual a estética que, ao olharmos uma fotografia, poderá identificar a década de 1990 e os anos 00. será que é porque essas décadas ainda são tão próximas que não conseguimos perceber isso? acredito que não. ou será que, principalmente, os últimos 10 anos serão marcados como a era em que olhamos o mundo pelo retrovisor?
HAU
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TURE 2012 SPRING \ SUMMER
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MUSICA por Rafael Weiss, blog Mundo 47
ALLAH-LÁ-Ô ÔÔÔÔÔÔÔ 56
MEsMo ANtigAs E sEPultADAs PElo PAssADo, As MArChiNhAs rEsistEM Ao tEMPo EM BAilEs E BloCos DE CArNAVAl
a história das marchas de carnaval, também conhecidas como marchinhas, anda lado a lado com a história do carnaval brasileiro no século xx. o gênero foi importado de Portugal, descendendo diretamente das marchas populares portuguesas, mas foi no Brasil que elas marcaram época e são lembradas até hoje nas principais micaretas carnavalescas pelo país. em qualquer baile também. a hora da marchinha é a certeza de que a farra fica ainda mais deliciosa. historicamente, as marchinhas tiveram seu auge entre os anos 20 e 60. Uma avalanche de músicas com letras cheias de humor e malícia fizeram a vida dos foliões da época. a famosa compositora chiquinha gonzaga, ainda no século xix, compôs a primeira, “ó abre alas”, para o cordão carnavalesco da rosa de ouro. no começo, o carnaval do rio de janeiro foi a ponta de lança do movimento das marchinhas, com as composições de eduardo souto, freire junior e sinhô. as marchinhas
Fotos Google
Danรงarinas nos anos 20 sob as serpentinas
Dalva de Oliveira
Chiquinha Gonzaga
Fotos Google
Carmem Miranda
Carnaval de rua nos anos 20
Silvio Santos
eram gravadas de forma precária até com artistas famosos da época, como carmem miranda, almirante Barroso, mário reis, dalva de oliveira, silvio caldas e outros cantores da grande era de ouro do rádio. ao longo do século xx, nomes de peso também idealizaram grandes marchinhas de carnaval, entre eles Braguinha, noel rosa, ary Barroso, lamartine Babo e joão roberto kelly. durante aquele século, as músicas foram ganhando corpo, saindo de canções calmas e bucólicas e passando a ter seu ritmo cada vez mais acelerado. a isso é creditada uma influência da música norteamericana, da era das jazz bands. as marchinhas mais famosas, relembradas há décadas a cada carnaval, saíram da ideia dos grandes compositores, mas foi no meio do povo que elas se dissiparam de uma forma incontrolável. o Brasil - um país que é verdade dizer era e ainda é - um país conservador, onde nos quatro dias de folia a algazarra e a sacanagem são liberadas. as marchinhas, com sua malícia de certa forma inocente se formos compará-las a estilos produzidos atualmente pela indústria fonográfica brasileira como o funk carioca e a axé music, tiveram sua morte decretada aos poucos, a partir do final da década de 1960. a história da música popular brasileira se fundiu a partir dessa época, quando as
Blog Mundo 47: www.mundo47.com
gravadoras optaram por gravar sambaenredo das escolas de samba, que começavam a dominar as festas pelo país, principalmente no rio de janeiro, o grande berço do carnaval das marchinhas. a partir dos anos 60, poucos se arriscavam na composição e popularização das músicas. apenas o compositor Braguinha e o apresentador silvio santos mantinham a tradição, porém com pouca repercussão. no sBt, canal de tv de silvio santos, até hoje é possível ouvir suas músicas em comerciais comemorativos ao carnaval, sempre na voz do patrão, muito conhecida e imitada por humoristas profissionais de fim de semana. há pouco mais de 4 anos, a tv globo, através do fantástico, tenta trazer das 59 tumbas da quarta-feira de cinzas as marchinhas de carnaval. a ideia do canal de tv é incentivar a cada ano a criação de novas marchinhas, novas músicas que poderiam voltar a cair no gosto dos foliões, mas nenhuma delas se tornou um grande hit como aquelas compostas no passado. vale salientar que, mesmo com a propagação da vênus Platinada no incentivo à criação dessas músicas e a quantidade considerável de inscrições, as marchinhas de carnaval no Brasil, infelizmente, estão sepultadas junto aos jazigos dos antigos compositores, intérpretes e foliões. como cantam os los hermanos, todo carnaval tem seu fim e é o fim...
“
Era no carnaval que Janice tirava a mĂĄscara!
diego lara, diretor e ilUstrador
MADE
IN
BRAZIL
Inverno 2012
P r o c u r a- s e
Billy
the Kid Looks all black com mix de texturas, mix de tecidos, mix de Amy Winehouse com Alison Mosshart. As cores: azul, vermelho, cáqui e verde militar. Estampas lúdicas e pied de poule cheios de cor. Beehive, delineadores, releituras da jaquetas perfecto. Moda retrô, rock e urbana. Ankle cowboy boots e tênis nos pés. No corpo, calças, paletós, vestidos curtinhos e a boa e velha camiseta. Malhas e rendas. O jeans é resinado com cara de couro, o veludo é lavado ou cotelê, o moletom é bordado e best BFF do laser. Procuram-se wild horses e cowboys do asfalto.
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Foto Presspass
DESIGN por Vivian lobenwein
SURREAL
POE
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DEPois DA PriMEirA guErrA MuNDiAl E DA CrisE DE 29, os CriAtiVos FiCArAM AiNDA MAis CriAtiVos. A ArtE Já ErA MoDErNA, o CuBisMo E o DADAÍsMo Já hAViAM gANhADo EsPAço E, AgorA, sÓ FAltAVA A rEAliDADE sEr ABoliDA Por CoMPlEto NuMA rEPrEsENtAção irrEAl. ErA o MoViMENto surrEAlistA gANhANDo ForMA NAs ArtEs E No DEsigN.
LISMO
ESIA, ARTE E DESIGN
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A
DESIGN
arte no século XX começou inquieta para os artistas, e o design foi no embalo dessas novidades. Quer saber onde quero chegar? Vou dar dois exemplos que podem parecer loucura, mas fazem todo o sentido de como a arte e o design andaram juntos desde a década de 1920.
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Revivemos hoje o Fauvismo, que usava as cores puras e misturadas, na onda color blocking, presentes nas roupas e nos objetos do nosso dia a dia, e também o abstracionismo de Piet Mondrian, fonte de inspiração para a criação de objetos encontrados em lojas de decoração desde que Yves Saint Laurent se baseou nas cores primárias nos anos 60. O design não surgiu do nada, mas sim de movimentos artísticos que influenciaram a forma de comunicar e criar para a sociedade.
Long Live Love, de Max Ernst, 1923. Metafísica, filosofia, teoria de freudiana, inconsciente, céu azul.
O fato de eu estar relacionando arte, moda, design e Surrealismo pode acabar virando um ato surreal, mas faz sentido se a gente relembrar o que foi o movimento. Em 1924, o escritor André Breton fundou o movimento através do “Manifesto Surrealista”, que dizia:
Surrealismo, s.m. Automatismo psíquico puro pelo qual se propõe exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de todo o controle exercido pela razão, fora de toda preocupação estética ou moral.
SURREALISMO
POESIA, ARTE E DESIGN
andré Breton
marc chagall
max Ernst
Joan miró
salvador dalí
rené magritte
man ray
Elsa schiaparelli
sigmund Freud, o muso inspirador dos surrealista
os maiorEs surrEaLisTas
DESIGN
“O mundo mais real que o real por tras do real”
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A partir desse manifesto, vários criativos se integraram ao grupo: Marc Chagall, Joan Miró, Man Ray, Max Ernst, René Magritte e o mais significativo, Salvador Dalí. Todos utilizaram-se de coisas reais para provar o irreal, os sonhos. Chagall mostrava pessoas voando sobre a cidade, Man Ray usava a fotografia para retratar seus colegas de uma forma nunca antes vista, Miró empregava a fantasia e as formas orgânicas para representar pássaros e mulheres e Dalí pintava sua mulher, queijos, relógios e gavetas em cenários saídos do seus sonhos. Elsa Schiaparelli foi a representante na moda ao criar, de um sapato de sola vermelho, um chapéu. O movimento ganhou o mundo nos anos 30, quando saiu de Paris e foi parar em Nova Iorque. Desde então, tem sido reinterpretado por criadores de todas as expressões.
E o design, o que aprendeu com o surrealismo? O design usufruiu do novo lifestyle que o Surrealismo fez surgir. Assim, o homem podia fazer de seus sonhos e sua loucura a representação do seu cotidiano, com liberdade criativa plena para criar novas técnicas. O Surrealismo deu a escultura, a escrita e a profundidade para o design ganhar nova forma. Max Ernst usou a colagem para criar justaposições, e Dalí fez com que as perspectivas profundas quebrassem o gelo de páginas impressas chapadas. André Breton e Man Ray reuniram um grupo no qual um começava escrevendo e outro ia lá e complementava. Essa foi a chamada “escrita automática”, uma bizarrice tipográfica que podemos encontrar nos dias de hoje.
SURREALISMO
POESIA, ARTE E DESIGN
DESIGN
o surrEaLismo HoJE
na Tipografia: cartaz para o concerto the decemberists
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na moda: sapato Prada s/s 2012
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na ilustração: vasava para nike air
ASSISTA o filme O Cão
Andaluz,1929, de luis Buñuel em parceria com salvador dalí
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na Fotografia: multiple owners
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qualquerbobagemmesmo.tumblr.com
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entrevista
A
Fantástica Fábrica de
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Fofuras cada coisa em seu lugar. e, de preferência, em um lugar e com uma roupagem bonita, colorida e funcional. a fofysfactory, fundada em 2004 por carol grilo e sua mãe, gabriela salomon, é uma fábrica de utilidades onde a fofura, as cores e as estampas lindas são indispensáveis. e o cuidado também! são mais de 60 produtos, entre eles artigos para bebês, cozinha, nécessaires, carteiras e bolsas. tudo para abrigar makes, celulares, passaportes, cartões, óculos e outras necessidades. a peça clássica da marca é a classic felt Bag. com um caderninho de ideias sempre por perto, a carol, que é formada em arquitetura, anota tudo e está sempre lançando novidades. conversamos com ela para saber um pouco mais sobre a fofysfactory.
entrevista
QUALQUER BOBAGEM - Você cresceu em um ambiente rodeado por alfinetes, agulhas e tecidos? CAROL GRILO - Minha mãe já teve uma marca de nécessaires e outros produtos, diferente do estilo da FofysFactory, e sempre costurou. Por isso, desde criança vivo rodeada de tecidos, máquinas e aviamentos. Todo carnaval eu ia de férias para a cidade da minha vó no interior de Minas e lá esperava pela minha fantasia do ano, costurada por ela e pelas tias. Tudo isso sempre foi uma diversão.
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QB - O que fez você largar a arquitetura para criar peças fofas de tecido? CG - Minha marca começou de um hobby, de uma experiência em que transportei algumas ilustrações minhas para o feltro. Acabei me apaixonando pelo material. Dali, surgiram novas ideias e produtos que fiz para amigos até aparecerem as primeiras encomendas. Tudo aconteceu sem ser planejado e chegou a um ponto em que tive que escolher entre meu trabalho como arquiteta e como crafter. Escolhi o segundo e resolvi investir todo o meu tempo na FofysFactory. QB - Como é o processo de criação dos produtos da FofysFactory? CG - No começo, pegamos alguns produtos da época da outra marca da minha mãe e os adaptamos para a estética fofys. Adoro escolher as combinações de tecidos e cores. As aplicações em feltro são ilustrações minhas, que são muito divertidas de criar. A maioria dos novos produtos vem de sugestões dos clientes. Em cima do tema que eles pedem, inventamos novas aplicações e novos modelos. QB - Você trabalha com estampas exclusivas? De onde vem a matéria-prima? CG - Eu adoro buscar novas estampas. Quando viajo, sempre procuro lojas de tecidos nas cidades por onde passo seja no interior e nas capitais do Brasil, seja no exterior. Também gosto de pesquisar tecidos com estampas fofas pela internet. Não trabalho ainda com estampas exclusivas, mas é uma ideia que quero colocar em prática o quanto antes.
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“ entrevista
Todo carnaval eu ia de férias para a cidade da minha vó no interior de Minas e lá esperava pela minha fantasia do ano, costurada por ela e pelas tias. Tudo isso sempre foi uma diversão.
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entrevista
QB - Com que tipo de material você trabalha? Quais os tecidos? CG - Tricoline, basicamente. Também gostamos de usar alguns outros tecidos, como anarruga e linho estampado. O que me chama a atenção primeiro é a estampa, depois vou ver qual tecido é. Não pode ser nada muito fininho ou molinho para que as peças fiquem legais. QB - Quais são suas fontes de inspiração? CG - Adoro viajar, desenhar, ler livros, assistir a filmes, fotografar, ler revistas, passear por blogs com fotos inspiradoras! Tudo isso me influencia.
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QB - A arquitetura tem alguma influência no seu trabalho? CG - A formação em arquitetura me fez saber lidar com a criatividade e desenvolver meu próprio método de criação. Continuo apreciando a arquitetura, o que me influencia também. QB - Você está sempre na internet. O twitter e o facebook da Fofys Factory são constantemente atualizados. Qual é o papel dessas mídias para o seu negócio? CG - A força de divulgação que essas mídias têm é muito grande. Por isso, além dos produtos da FofysFactory, gosto de mantê-las atualizadas com coisas que admiro, ideias novas, fotos bonitas, enfim, com o meu estilo de vida. QB - O seu trabalho é chamado de craft. Qual é a diferença entre ele e o artesanato? CG - Gosto de chamar de craft para diferenciar o artesanato regional do trabalho feito à mão, porém mais atual, feito por jovens criadores. Mas, confesso, preferiria criar uma palavra em português que tivesse esse significado. Quem sabe ela ainda não será criada?
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Adoro viajar, desenhar, ler livros, assistir a filmes, fotografar, ler revistas, passear por blogs com fotos inspiradoras! Tudo isso me influencia.
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QB - O que você mais gosta de criar? CG - Ficamos felizes quando desenvolvemos um produto pedido por um cliente, e ele fica satisfeito com o resultado. Muitos produtos surgem de pedidos assim. E os mais legais acabam indo pra nossa lista permanente e se tornam sucesso de vendas. QB - Que outras coisas fofas você adora? CG - Adoro a estética fofa japonesa. Lá, fofo se chama kawaii (lê-se “cauaí”). Acho que minha maior influência é a japonesa. Gosto também de material de papelaria e de colecionar toys e miniaturas. Amo botões! Vivo comprando vários e alguns gosto tanto que não uso em peça nenhuma! QB - Quer ser uma vó que... CG - Eu não sei se algum dia serei vó, mas, se me tornar uma, quero ensinar meus netos a costurar, bordar, desenhar… E vou fazer muitos cupcakes coloridos para eles!
Onde encontrar: www.fofysfactory.com.br www.fofysfactory.tanlup.com Loja Viés, rua Lauro Linhares, 2055, loja 7, Florianópolis (SC).
www.qualquerbobagemstore.com.brďż˝
FREE
AS A
BIRD Photo Magno Bottrel
Styling Fernanda Santini
Na página ao lado: blazer e blusa La Poupée, colar Soho, máscara acervo. Na página anterior: body e saia de franja La Poupée, colar Lelili,braceletes Qualquer Bobagem Store, asas Escola de Samba Copa Lord.
Vestido Official Paris, flor Lelili, 贸culos acervo.
Vestido Official Paris, bolero Bob Store,colar La Poup茅e, acess贸rio de cabelo Lelili, luvas e casquete acervo.
Nesta página, gaiola Agropecuária Carvalho. Na página ao lado: body La Poupée, bolero Soho, colar e arco Lelili, renda acervo.
Blusa Bob Store, short Soho, colares Lelili e Ulm, braceletes Qualquer Bobagem Store e chapĂŠu acervo.
Vestido Official Paris, turbante Qualquer Bobagem Store, bracelete Qualquer Bobagem Store, mรกscara acervo.
DIREÇÃO DE ARTE: ViViAN loBENWEiN E JuliANA CEsAr TRATAMENTO DE IMAGEM: EDgArD iusKoW MODELO: FErNANDA iusKoW JACoBoVsKi MAKE: CAMillA goNçAlVEs MENDEs AGRADECIMENTOS: EMBAixADA CoPA lorD lElili BEirAMAr shoPPiNg ulM lA PouPéE soho oFFiCiAl PAris BoB storE Mix urBANo AgroPECuáriA CArVAlho
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objeto de desejo
Stay Puft Marshmallow Man ghostbusters colecionar, apreciar, curtir e se divertir. inpiradas nessas emoções, fomos atrás deste boneco/cofre, perfeito para quem gosta dos ghostbusters, viveu os anos 80 com todo amor e adora colecionar toys. ele é de plástico e tem com 30 cm de altura.
onde: universo Colecionáveis. rua tiradentes, 194 - Centro Florianópolis, sC. http://www.universocolecionaveis.blogspot.com/
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nostalgia por Vivian lobenwein
uso óculos, logo existo o ANo ErA 1991. o MoDElo, DA turMA DA MÔNiCA E Cor DE rosA. A CriANçA ErA Eu. DE uMA NECEssiDADE, ViErAM A PAixão E A VoNtADE DE ColECioNAr ÓCulos DE toDos os tiPos E MoDElos.
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quando já era adolescente, minha avó me deu uma foto dela, segurando minha mãe no colo, com o modelo mais famoso dos anos 50: o de gatinha. lindo, preto, com detalhes laterais, era puro glamour. eu quis um igual, e a busca começou. Pelo gatinha, pelos quadrados, redondos, vintage, máscara, colorido, preto, tartaruga, até chegar ao número 40. sim, tenho quatro dezenas de para um rosto só. cada um tem uma história... os acessórios tanto servem para garantir a saúde ocular quanto para dar aquele toque no visual.
ó com Minha av inha gat óculos
Meu p rimei wayfar ro modelo er em 1989
Minha coleção atual
século xiii
o início de tudo. no século xiii, são criados os primeiros óculos parecidos com o que conhecemos hoje. os de lente são originários da itália e os de sol, da alemanha.
1352
artistas renascentistas começaram a retratar os óculos em suas pinturas. tommaso da modena foi quem fez a primeira obra de arte que mostra os acessórios, em 1352.
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nostalgia
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rembrant
1450
rembrandt retratou situações corriqueiras envolvendo os óculos. na obra da senhora, ele registrou a dificuldade dos mais idosos na hora da leitura. na outra obra, um homem com semblante aliviado e contente, vestindo óculos.
em 1450, Gutemberg inventou a impressão. com o aumento da quantidade de publicações, todos queriam ler, mas os que tinham problemas na visão não conseguiam. fábricas especializadas surgiram após 350 anos desde a criação do acessório na alemanha e itália.
sir henry layar
o arqueólogo Sir Henry Layar achou, no século xviii, na região da antiga mesopotâmia, lentes transparentes feitas em cristal, de mais de 4 mil anos.
1629
em 1629, foram feitas as primeiras armações, que caíam em função do peso das lentes de vidro. depois disso, uma armação semelhante à que utilizamos hoje foi criada para ficar apoiada no nariz.
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nostalgia
1785
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em 1785, o presidente Benjamin Franklin criou as primeiras lentes bifocais. a sobreposição de duas lentes na frente de cada olho permitia ao indivíduo enxergar de longe e de perto com um único acessório.
revolução industrial
no seu processo de evolução, na revolução industrial, os óculos ganharam hastes e sustentação atrás das orelhas. mas os óculos ainda não dobravam, e aí apareceu um designer inglês chamado james ayscough, que fez duas mudanças no acessório: as dobradiças e as lentes com cor verde ou azul, já que a branca, utilizada até então, era nociva à visão. enquanto os óculos tornavam-se populares na espanha nessa época, na frança só eram usados dentro de casa.
1796
século xx
em 1796, foi fundada a primeira fábrica de armações, em morez, na frança.
e começa o século xx. mulheres raramente usavam óculos (talvez porque elas ainda não tinham o “direito” de ler), e os homens passavam pela transição do acessório de duas lentes para os monóculos. tanto é que as lentes bifocais, inventadas lá atrás por Benjamin franklin, só foram adaptadas a uma armação em 1909.
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amelia earth
ray-Ban
anos 20. tempos loucos e modernos. homens e mulheres pilotavam carros, motos e aviões. lembra da Amelia Earharth? além da história linda, foi a primeira mulher a atravessar o oceano atlântico no comando de um avião. ela usava óculos cujos modelos servem atualmente como inspiração em coleções da alta-costura.
mais uma vez a guerra tem grande importância nas invenções do século xx. o modelo mais famoso de óculos, o ray Ban, surgiu no período entreguerras. na tentativa de melhorar a visibilidade dos pilotos e protegê-los dos raios ultravioleta durante os voos, a empresa óptica Baush & lomb foi contratada para criar um óculos com lentes especiais. Batizado com o nome de antiglare aviator, ganhou em 1937 o nome ray Ban, abreviação de ray Banner, que significa raios banidos.
glamour
novo estilo
o cinema foi o grande impulsor do glamour nos anos 30. ele já não era mais tão mudo e as mulheres não tão ingênuas. surgiam as atrizes de hollywood, como Joan Crawford, a grande estrela da mgm que fez tendência ao usar óculos de sol e pantalona. os óculos de sol ganharam espaço e passaram a ser utilizados na praia. eles geralmente tinham armação branca ou tartaruga.
depois da improvisação e da escassez dos anos 40, os anos 50 chegaram com novo estilo, novo mundo, novo design, novos óculos. o destaque ficou para os modelos gatinha, totalmente femininos e diferentes dos redondos das décadas passadas e para o surgimento da primeira armação feita em acetato, chamada wayfarer. criada em 1952 pela ray-Ban, foi o acessório marcante de ícones da época, como james dean e Audrey Hepburn, que tornou o modelo imortalizado em 1961 no filme Bonequinha de luxo.
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anos 60
anos 70
os grandes estilistas estavam se lançando para o mundo. Yves saint laurent, Paco rabanne, Mary Quant, andré courréges, Pierre cardin e sonia rykiel. o homem ia para a lua, o plástico e o acetato eram utilizados em tudo e acreditava-se que em 2000 andaríamos como lunáticos pela galáxia. muita viagem? nos anos 60, andy warhol criava seus famosos quadros, os Beatles viravam febre, e os óculos voltavam a ficar redondos - e para os homens eram bicolores.
Psicodélico, redondo, quadrado e exagerado. nos anos 70, essas foram as principais características dos óculos dos roqueiros, hippies, punks e jovens que jogavam os sutiãs no lixo. as lentes ganharam grandes evoluções, com cores e correções ópticas.
fim do século
século xxi
nos ano 80 e 90, beberam muito da fonte das décadas passadas do século xx para a criação dos óculos. texturas e armações ganharam uma nova cara. nos anos 80, diminuíram de tamanho em comparação à década anterior, diferentemente das roupas, que, quanto maiores e com mais tecido, melhor. já nos anos 90, teve uma mistureba só, mas com a volta de modelos dos anos 50 em massa.
século xxi. tudo é válido, permitido e merece voltar. de novidade mesmo, ganha destaque a performática Lady Gaga, que, do jeito dela, criou uma febre com seus acessórios únicos.
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lanterninha por Lieza Neves, atriz e professora de Artes
A mesma historia em outros carnavais 122
Adaptar uma narrativa utilizando-se de diferentes suportes, além de arriscado, não é tarefa simples. Por isso, é inevitável não reverenciar a genialidade do “poetinha”, que, de forma extremamente criativa e inteligente, transformou o mito grego de Orfeu em uma peça musical na década de 1950.
Vinicius de Moraes soube manter os elementos essenciais do conto, pintou cenários e melodias novas, embalou tudo em poesia refinada e marcou história. A obra resultante – a peça “Orfeu da Conceição” – estreou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e, logo em seguida, inspirou outra adaptação, dessa vez na linguagem cinematográfica. A história do compositor de sambas Orfeu, que se apaixona pela jovem Eurídice durante o carnaval carioca, teria sido o Oscar de filme estrangeiro que até hoje o Brasil não ganhou. Músicas e textos em português, ruas e praias cariocas, atores brasileiros, mas produção e direção francesas. And the Oscar goes to... France!
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lanterninha no fim da década de 1990, cacá diegues refilma a trama de amor e morte de orfeu e eurídice, contando com trilha extra de caetano veloso. o personagem principal é vivido pelo cantor tony garrido, que adentra a marquês de sapucaí anunciando: “nosso carnaval é filho dos rituais das bacantes, do coro das tragédias gregas, das religiões afro-negras, das procissões portuguesas católicas”.
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a batucada inserida no contexto por vinicius, que partiu de uma lira - instrumento tocado magicamente pelo orfeu da grécia antiga -, manteve-se como condutor da narrativa por todas as adaptações seguintes. Por isso, já vale assistir aos filmes e ouvir as canções que têm o toque também do maestro tom jobim. muita cor, serpentinas e confetes, ritmo, amor e tragédia, com desfecho cinzento na quartafeira.
Orfeu Negro (1959) 100 min direção: marcel camus. com Breno mello, marpessa dawn e lourdes de oliveira. orfeu (1999) 110 min direção: cacá diegues. com toni garrido, Patrícia frança e murilo Benício.
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ANOS 20 S/S 2012
rAlPh lAurEN soNiA rYKiEl
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Não EsquEçA DE CAPriChAr NAs PluMAs E Nos PAEtÊs.
PEDro lourENço
PEguE o trEM MEiA-NoitE EM PAris, ENCoNtrE F. sCott E zElDA FitzgErAlD E DisCutA trEChos DE o grANDE gAtsBY CoM o Autor.
rAlPh lAurEN
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guCCi
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a bobagem está nos olhos de quem vê...
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