Qualquer Bobagem Magazine edição 4

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Qualquer Bobagem magazine

KITSCH-ME

babY!

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Q


QB MAGAZINE


editorial Q u E s a F R a B O a D E n O V E L a s Q u E a R E D E G L O B O E X i B E aT u a L M E n T E ! a L É M D a V O LTa D E G a B R i E L a E D O a M O R , E T E R n O a M O R D O G a B R i E L BRaGa nunEs, CHEias DE CHaRME E O Oi-Oi-Oi Da aVEniDa BRasiL s à O O s G R a n D E s D E s Ta Q u E s D a E M i s s O R a . P O P u L a R E s , C O M B O a s T R a M a s E P E R s O n a G E n s D i V E R T i D O s , E s s a s n O V E L a s E s T à O D i Ta n D O MODa QuE, aO COnTRáRiO DO MOViMEnTO nORMaL DO MERCaDO, EsTÃO i n F L u E n C i a n D O O s F a s H i O n i s Ta s Q u E a n T E s a C R E D i Ta V a M Q u E Q u a n D O uMa MODa CHEGa À nOVELa O CiCLO EsTá EnCERRaDO. E sÃO Os E L E M E n T O s C a F O n a s Q u E E s s E s F O L H E T i n s T R a Z E M Pa R a a n O s s a C a s a Q u E E s T à O R E T R aTa D O s , D E a L G u M a F O R M a , n a s P R Ó X i M a s P á G i n a s . O K u D u R O D O L aT i n O E O a M O R B a R aT O D E G a B Y a M a R a n T O s R E F L E T E M u M M O V i M E n T O M u s i C a L D i V E R T i D O E D E s C O M P R O M i s s a D O n O Pa Í s . u M nOVO POP? uM nOVO BREGa? ainDa EXisTEM as OuTRas EsTRELas DO Pa R á ( O E s Ta D O M a i s “ i n ” D O B R a s i L ) E O T R i O T E C H n O - B R E G a C O O L B a n D a u Ó , Q u E M O s T R a Q u E s E R C a F O n a P O D E E É M u i T O L E G a L . Pa R a Os BRasiLEiROs QuE COnsOMEM nOVELas, O QuE PODERia sER Mais KiTsCH nO nOssO Dia a Dia? aÍ EnTRaM as EMPREGaDas DOMÉsTiCas COM sEus sOnHOs E

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expediente


D I R E Ç Ã O C R I AT I VA juLiana CEsaR E ViVian LOBEnwEin

EDITORA juLiana CEsaR

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ViVian LOBEnwEin

REVISÃO s i LV i a a R G E n Ta

COLABORARAM N E S TA E D I Ç Ã O DiEGO LaRa FLaViO ROsa jEan MaFRa jOiCE PREiRa LiEZa nEVEs MaGnO BOTTREL M i L L E R (EnTREPOsTO CasaE iDEias) naÍsa Tussi R a Fa E L Va L E n T i n i s i LV i a a R G E n Ta

C A PA naÍsa Tussi (Dn MODELs) F O T O G R a Fa D a P O R M a G n O BOTTREL usa VEsTiDO jaCQuaRD VisH! E COLaR ‘VIA MELZO’ Pa R C O D E s i G n

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anna sui


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D e ta l h e s n e m tão p e q u e n o s . . . É quase impossível montar um look moderno sem investir em acessórios interessantes. Quantidade pode contar pontos em tempos de maximalismo, mas a escolha certeira de apenas uma peça, como uma bolsa ou um sapato, pode ser mais valiosa. Nesta edição, separamos para você os acessórios trendies das passarelas internacionais para o próximo outono/inverno. Destaque para a volta das luvas em todos os comprimentos e detalhes com tachas, spikes ou lisas de couro; as bolsas e carteiras estruturadas; os bicos finos em flat shoes ou levemente arredondados em botas e sapatos; e os óculos redondos. Detalhes que gostamos de ver, detalhes que amamos vestir.


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Diego Lara Diretor e ilustrador www.diegolara.tumblr.com



52 Fotos: google.com.br


musica

madame

élovey m

ex

por Jean Mafra

VLADIMIR SAFATLE, ARTICULISTA DA REVISTA CARTA CAPITAL, ESCREVEU HÁ ALGUMAS SEMANAS UM TEXTO CHAMADO “A MISÉRIA DA CULTURA”. ALI O AUTOR DISSE QUE, APESAR DA BOA FASE ECONÔMICA E SOCIAL QUE O BRASIL VIVE, NA ÁREA DA CULTURA ESTAMOS “POBRES”. O JORNALISTA AINDA TEORIZOU, DIZENDO QUE ISSO SE DÁ AO CONTRÁRIO DO QUE HOUVE EM OUTRO BOM MOMENTO NOSSO, A VIRADA DA DÉCADA DE 1950 PARA A DE 1960, QUANDO JUNTAMOS DEMOCRACIA, VIA JUSCELINO, COM ÍNDICES DE CRESCIMENTO E PODEROSA MOVIMENTAÇÃO CULTURAL (CINEMA NOVO, BOSSA NOVA, POESIA CONCRETA). A DESPEITO DE UM PRIMEIRO ARGUMENTO CONTRÁRIO À SUA AFIRMAÇÃO – DE QUE SÓ É POSSÍVEL AVALIAR AQUELA ÉPOCA ATRAVÉS DE UM OLHAR DISTANCIADO -, SÓ SE PODERÁ DIZER SE HOJE VIVEMOS ERA TÃO MISERÁVEL DAQUI A ALGUNS ANOS. DEBATEU TAMBÉM OUTRO PONTO, LIGADO AO MEU FOCO DE INTERESSE: MÚSICA POPULAR.

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musica

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Fotos: google.com.br

a questão primeira (que não quero desdobrar) é a de que o olhar do articulista não vai além daquilo que as grandes corporações midiáticas de nosso país nos querem empurrar (ou o que há de mais repetitivo e “comercial” em nosso cenário musical ou a combalida “MPB” de sempre: Gil, Caetano, Chico e outros poucos). Ou seja, uma certa miséria. se safatle conhecesse Céu, Tulipa Ruiz, Léo Cavalcanti, Criolo e Lucas santanna (para ficar com apenas alguns nomes), manteria sua afirmação?! Duvido. Mas vou além, e, enfim, entro no assunto que pretendo desdobrar - o que há de mais vívido e rico na música brasileira em 2012 provavelmente é aquilo que o “articulista” chama de miséria, como o trabalho dos artistas Gaby amarantos, Felipe Cordeiro, Mr. Catra, joão Brasil, Michel Teló, Gang do Eletro e outros. sua fala, na verdade, diz mais sobre o local de onde ele está do que sobre o objeto ao qual lança seu olhar. Quando o jornalista Pedro alexandre sanches chamou a MPB (assim, com maiúsculas, sempre tão levada a sério) de “condomínio de luxo”, acertou na mosca. nos acostumamos a um tipo de visão de bom gostismo ditado através da gente que frequenta este lugar “diferenciado”. Foi a partir dessa visão que o cânone de “nossa” música foi construído, incluindo uns e excluindo muitos outros. acontece que, hoje em dia, apesar da nova classe média, esses preconceitos e conceitos ainda determinam o que é o melhor para se ouvir. E o que é condomínio e favela, núcleo central da novela do Manoel Carlos e Empreguetes do sucesso Cheias de Charme. É justo neste ponto que quero chegar. a despeito da moda, que passa(rá), a nova cara da música brasileira é mais arejada, mais festiva e menos séria, menos “cultural” e menos “MPB”. a MPB como sigla e seu significado surgiram em um momento difícil, sisudo. O termo pegou após o ai-5 de 1968. Daí que, por causa de seu êxito e de ter se tornado “a” nossa música, ficou parecendo que tudo que fugisse a esse padrão seria tachado de menor... acontece que o som produzido pela grande maioria dos artistas citados acima, seja no Pará ou no Rio de janeiro, onde estão as cenas mais ricas (em nuances e

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musica

possibilidades) do pop do Brasil hoje, tem como eixo a festa, a alegria. Mais, mesmo sendo brasileiríssimas (por mesclarem tradições locais), são o reflexo de uma revolução que ocorre em todo o mundo - uma revolução digital desencadeada pelo compartilhamento de softwares de produção musical.

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a partir deles, com apenas um computador, moços e moças das periferias de Luanda (angola), Bogotá (Colômbia), Rio de janeiro e Belém do Pará (Brasil) desenvolveram o kuduro, a eletro-cumbia, o tamborzão e o eletro-brega (ou eletro-melody) — para ficarmos com apenas alguns exemplos. Cenas poderosíssimas, que movimentam dinheiro e alimentam pistas em todo o mundo. E que produzem muita coisa boa e muita coisa ruim, como não poderia deixar de ser. assim também, num ambiente de festa periférica (ou de “desbunde” no gueto), surgiram há algumas décadas o maxixe, o lundu e o samba, ritmos que engendraram a “casta” MPB. Em nosso país, atualmente, vemos a ascensão de muitos novos nomes. Dentre esses, destaco Gaby amarantos. Dona de um repertório e de um carisma poderosos, a moça, saída de um dos bairros mais violentos de Belém, o jurunas, tem uma bonita voz e um séquito de fãs. ainda que possa ser devorada pela imprensa e pela massacrante exposição a que vem se sujeitando, terá sido a grande estrela musical de 2012. O que não é pouco. seu recém-lançado disco, Treme, vem repleto de belas canções, como Ex-mai love (aquela de um ex-amor que não vale nem 1,99 — como a MPB hoje em dia), e reflete a alegria de um Brasil que canta e é feliz. independentemente de qualquer preconceito... Como já dizia um velho samba, depois transformado em bossa nova: “Madame diz que a raça não melhora / Que a vida piora, por causa do samba (...)/ Pra que discutir com madame?”. a questão é que o Brasil de hoje canta outro refrão, que serve de recado para “articulista”: “Queria ver madame aqui no meu lugar”.


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trends nacional

Fashion Rio/

SPFW v e r 達o

2013


As marcas nacionais desfilaram, no último mês, suas modas de verão no Fashion Rio e no São Paulo Fashion Week, as semanas referências para o mercado e o consumidor brasileiro. Sem grandes surpresas ou sem a construção de uma forte imagem como referência, a moda brasileira traduziu diversas tendências que estão nas lojas internacionais. Então o verão será a época das candy colors e do neon, dos tecidos metalizados (dourados e prateados), das transparências recortadas e da briga saudável entre o mix de estampas e os looks minimalistas em coordenados conjuntinhos. A moda praia também está representada por criações que nem sempre são escolhidas para acompanhar aquele retoque do bronzeado ou banho de mar porque o que a mulher brasileira ainda prefere é o bom e velho biquini cortininha. As firulas acabam indo para as ruas, iates e clubes de verão. Nas páginas a seguir, você confere a nossa seleção com as maiores influências para o próximo verão.


JOGOS OLÍMPICOS

Neon + glossy

TOTEM

ESPAÇO FASHION

Estampas geométricas


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Vida Marinha Aposte no azul é a cor da temporada ELLUS

Yatch REINALDO LOURENÇO


Efeito plastificado

Blusa cropped: a nova barriga de fora e Peplum COLCCI

COVEN


Geometria

RONALDO FRAGA

3D

FORUM


Preto e branco = geometria chic VITORINO CAMPOS

s ’ 0 8 o d a l u c i Quadr Alexandre

itch

Herchcov


Minimalismo

Sporty

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ANIMALE

Recortes com transparĂŞncia


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PATACHOU

o r t u e n e s o r Tons cla

TUFI DUEK


Beach, beach!

blue man

ĂĄgua de coco

adriana degreas

Cropped Artsy Minimal TransparĂŞncia Recortes


movimento

lenny

lenny

cia maritima


artigo

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Uma Exposição de Mau Gosto

à Milanesa

por Joice Preira


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A primeira vez que ouvi o termo kitsch foi quando eu estava grávida e recebi de presente da minha mãe uma imagem da Nossa Senhora do Bom Parto. Meu marido disse gentilmente que era super kitsch! Kitsch? Segundo ele, o termo diz respeito a uma categoria de objetos com grande valor emocional. Depois fui esclarecer minhas dúvidas com o Mr Google e percebi que, além dessa definição, o site também chamou o meu presente de brega por tabela. Essa ambígua condição do gosto acontece nas melhores famílias, ou você é um convicto refinado, impecável e seletivo? Jogue o primeiro pinguim de geladeira quem nunca teve algo Kitsch para chamar de seu! Um elefantinho com o traseiro virado para a porta para dar sorte, um abridor-chaveiro da Torre Eiffel que aquele seu amigo generoso trouxe de Paris ou uma bola de vidro com “neve” na parte interior que comprou na Disney quando tinha 15 anos - ou snow globe, que é mais chique de pronunciar, mas não menos cafona. Enfim, esses objetos de design que adornam nossas lembranças e um canto qualquer da casa.


artigo

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Já sabendo do tema escolhido para a quarta edição da Qualquer Bobagem Magazine, eis que recebo um convite para a coletiva de imprensa da exposição de Gillo Dorfles: “Kitsch - Oggi il kitsch”, no Triennale Design Museum de Milão. Coincidência? Melhor. Sincronicidade. Como eu tenho a mania de imaginar que tudo está interligado, coloquei a mostra na lista de eventos imperdíveis e lá fomos nós: eu, Antônio (o marido) e Gaia, porque, como o próprio Gillo Dorfles disse, “o Kitsch não é apenas uma questão de estética, é também uma condição humana”. Para nós, um evento familiar. E quem é Gillo Dorfles? Crítico de arte formado em medicina psiquiátrica e professor de estética na Universidade de Trieste, com 102 anos, é considerado o grande excêntrico no panorama da cultura italiana. Dorfles é autor de diversos livros que são verdadeiras bíblias da estética, entre eles “Il Kitsch: Antologia del Cativo Gusto” (O Kitsch: Antologia do Mau Gosto), escrito em 1968 e que contribuiu na definição de Kitsch internacionalmente, para compreensão e evolução do mau gosto na arte moderna. A exposição é realmente incrível. Com trilha sonora de Elvis Presley, logo na entrada você é recebido em um tapete interativo composto por milhares de imagens de kitsch cotidiano, que se movimentam com a passagem do público e transportam o telespectador a uma atmosfera fantástica que beira o surreal. Uma alquimia de santas de plástico com anões de jardim, sofás tigrados de


gosto duvidoso, Torre de Pisa de gesso, relógios cuco, papais noéis diversos e uma infinidade de outros objetos que fazem elogio ao supérfluo. Parecia cenário de filme, uma mistura de Fellini, Almodóvar e Godard com um toque de Ingmar Bergman. Um quadro de Dalí e lá estava ele, “O Salvador”, irônico e provocativo. Enquanto fiquei ali em estado de contemplação, a minha bebê de 19 meses já estava em uma outra parte da exposição encantada com o ready made escandaloso de Marcel Duchamp: a Monalisa de barba e bigode ou LHOOQ (1919), que, pronunciando o nome das letras em francês, obtém a frase: “Elle a chau au cul”, ou algo como “Ela tem fogo no c*”. Marcel Duchamp foi um autor intencionalmente Kitsch e difamou a Gioconda! Assim continuamos nossa exploração na excelente mostra de mau gosto e cada bicho de pelúcia cafona que eu via despertava em mim um sentimento, uma recordação, uma cafonice nem tão enrustida assim. A penúltima sala é dedicada ao holandês naturalizado italiano Rudy Van der Velde, e a última é uma overdose de artistas kitsch anônimos. A exposição acontece até o dia 26 de agosto, mas aviso aos navegantes: se você for levar crianças tome cuidado porque a minha se apaixonou por uma dançarina de flamenco feita de plástico. Já a minha criança interior não resistiu ao reencontrar o Macaco Gorila Murphy da Estrela. Muitas emoções. Triennale design museum di Milano: Viale Alemagna 6, Milan IT Joice Preira Trabalha com Análise de Tendências e Interpretação de Sinais, é ativista cycle chic, tem uma filha chamada Gaia e coleciona corujas, piccola kitsch. www.italiancyclechic.com

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ROnaLDO FRaGa

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summer 2013

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DESIGN

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design kitsch por Vivian Lobenwein


Entrei pela porta principal e fiquei perdida. Eram muitas gôndolas feitas de ferro. Algumas vermelhas, outras brancas, preenchidas com uma infinidade de objetos coloridos ou em tons neutros. Pensei: será que vou encontrar o que preciso? Ou melhor, será que vou achar algo que me deixe feliz simplesmente por ter comprado alguma coisa? Foi quando cheguei ao caixa que percebi dentro do meu carrinho: o Kitsch predominava.

Essa relação de compra descrita acima é um instinto burguês, uma herança da sociedade recém-industrializada do século XIX. O ato de ir a uma loja para comprar objetos essenciais e acabar adquirindo aquilo que não é necessário tem tudo a ver com consumo e um estilo característico. O Kitsch tem duas vertentes: funcional e emocional, quando provoca aquela vontade incontrolável de possuir algo. É através do despertar de emoções e desejos que o design se torna Kitsch, quando simplesmente chama a atenção e provoca sentimentos.

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DESIGN

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O VinTaGE REPREsEnTaDO PELa arT noVeaU EM EDiTORiaL Da REVisTa VOGuE

CHaPÉu DE PHiLiP TREaCY REPREsEnTa uM MOMEnTO KiTsCH QuE aTÉ se ConFUnDe CoM o sUrreaLisMo: LáBiOs na CaBEÇa E EM TaManHO aMPLiaDO

O Kitsch não foi e não é um movimento. É um estilo, perdido por décadas, sem raízes mais profundas. Dizem que seu surgimento ocorreu na alemanha, em 1860, quando móveis foram produzidos com madeira nova misturada à reaproveitada. a partir daí, várias coisas que não eram necessárias, mas pareciam ser, começaram a aparecer como vasos em forma de folha, talheres totalmente rebuscados nas bases ou uma privada que lembrava pilares romanos. Logo no início do Kitsch, o art noveau era o movimento artístico da época, influenciando pintores e designers com suas características. Enquanto um trabalhava com conceitos, o outro colocava as ideias em prática na criação de bens de consumo. E foi assim que o Kitsch se fez presente no século XX. Desde então, muitos produtos foram criados com o advento do plástico e de outros materiais sintéticos, especialmente após a segunda Guerra Mundial.

TÁ, Mas o QUe É o KiTsCH? O Kitsch tem características superespecíficas que o definem. Trata-se, primeiramente, das relações que nós temos com alguns objetos. O Kitsch costuma


DiVERsÃO EM uM PaTo De PLÁsTiCo giganTe

quando falamos algumas frases como “aquilo tem de ser meu, é a minha cara” ou “era isso que faltava para minha coleção”, fique sabendo: o objeto é kitsch.

O rei LUÍs ii Da BaViera ERa COnHECiDO COMO O “REi LOuCO” POR sEu EsTiLO DE ViDa E PELOs sEus GOsTOs POR OBjETOs COM TODas as CaRaCTERÍsTiCas KiTsCH

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DESIGN

a era mais kitsch de todos os tempos Foram os anos 50 e 60. a s c o r e s , a s i d e i a s c r i at i va s , os produtos com FunÇÕes estranhas.

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a REVISTA JOIA TinHa uM PROjETO GRáFiCO suPER MODERnO, COM PáGinas LaRanjas E REsPEiTanDO a ERa “HOMEM À Lua”. nEsTa EDiÇÃO, O sTYLinG E a CEnOGRaFia DOs EDiTORiais DE MODa FaZiaM DE TuDO PaRa REPREsEnTaR O TEMa, COM ROuPas PLásTiCas, MaQuiaGEM ViBRanTE E PRaTEaDa E COR, MuiTa COR. TaLVEZ sEja POR issO QuE O KiTsCH TEnHa MuiTO DE sua REPREsEnTaÇÃO nOs anOs 60.


estar presente na vida das pessoas que aderem ao vintage style ou colecionam coisas. a aglomeração é um dos fatores principais para identificar esse estilo, que carrega sempre consigo alguma emoção afetiva, que lembre nossa infância, ou simplesmente por ter um design atrativo. a função do Kitsch é confortar através de um objeto, poesia ou pintura. Tanto que, na fase funcionalista, na qual o minimalismo imperava e não havia preocupação com conforto e emoção, ele sumiu. Os objetos vintages são considerados Kitsch nos dias atuais, na maioria das vezes, porque pertenciam às nossas avós, que viveram um período entre guerras, onde estilos não eram tão bem definidos. Outra possível razão para a classificação seria por terem sido criados no início da era consumista, quando as coisas eram fabricadas ou confeccionadas para ser vendidas a todo custo. É aí que um cachorro de porcelana passa a ser bonito para se colocar num móvel da sala, o relógio-cuco

Os BiBeLÔs FaZEM PaRTE DOs CLássiCOs DO KiTsCH

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CaMPanHa DE aROMaTiZaDOR PaRa BanHEiROs: aLÉM DE rePresenTar aLgo QUe nÃo VeMos, O FEZ EM GRanDE EsCaLa

a agLoMeraÇÃo É uMa Das PRinCiPais CaRaCTERÍsTiCas DO EsTiLO KiTsCH. ELa COsTuMa aPaRECER na DECORaÇÃO, OnDE VáRiOs OBjETOs PODEM EsTaR junTOs nuM MEsMO EsPaÇO. E sE EssEs OBjETOs FOREM CaBEÇas DE aniMais, COREs ViVas E EsTaMPa PsiCODÉLiCa...

vira um objeto de tradição nas casas e os papéis de parede psicodélicos quebram as cores básicas e monótonas de décadas de escassez de cor. O fato é que um objeto Kitsch sempre vai transmitir um signo interpretado pelo gosto pessoal de cada um, respeitando a cultura ocidental de que só somos civilizados se temos muitas necessidades e podemos suprí-las.

o QUe FaZ UM oBJeTo ser KiTsCH? a simplicidade não tem efeito nenhum na criação ou na escolha de um objeto Kitsch. Quem é minimalista dificilmente seguirá as raízes desse estilo, que não tem barreiras nem regras. Ele é considerado um sinônimo de alienação e, depois da Pop art, ganhou características mais divertidas. Porém, sua função continua a mesma: ser qualquer coisa menos algo puramente funcional.


PROPaGanDa anTiGa DOs anos 60: a FaLTa DE PROPORÇÃO ViRa uMa BRinCaDEiRa E aO MEsMO TEMPO CRia TODa uMa LinGuaGEM DE VEnDa DO PRODuTO

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EsTE É uM ÓTiMO EXEMPLO DE GaDGET a FaVOR DO KiTsCH: MinigeLaDeira UsB

Os jaPOnEsEs sÃO MuiTO CRiaTiVOs E FaZEM MuiTas COisas KiTsCH, COMO as VeLas eM ForMa De sUsHi E O MarCaDor De PÁgina QUe iMiTa graMa. FOFO nÃO?


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OS OUTROS POINTS DO KITSCH ALÉM DOS OBJETOS, A PINTURA E A LITERATURA TAMBÉM INCORPORARAM ESSE ESTILO. A PINTURA RETRATAVA O HEROÍSMO, UM ROMANTISMO DRAMÁTICO E MELÓDICO, ALÉM DE UMA CERTA INSPIRAÇÃO EM REIS COMO LUÍS II, O “REI LOUCO”, UM IMPORTANTE EXPOENTE DA ERA INICIAL DO KITSCH.

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JÁ A LITERATURA DESEMPENHOU SEU PAPEL NA ERA DA ASCENSÃO BURGUESA, QUANDO A CLASSE MÉDIA FALAVA DA NOBREZA E DE NOIVAS VIRGENS E AFLORAVA COISAS SIMPLES, EM VEZ DE FALAR SOMENTE DE UMA MESA, TOALHA, VASO OU FLOR. 1. O GaDGET POP PHOnE RETRÔ FEZ a CaBEÇa Das CELEBRiDaDEs 2. CHUPeTa De VaMPiro 3. COnjunTO PaRa Os BaBiEs COMEREM Mais FELiZEs 4. a gasTronoMia esTÁ BoMBanDo e ViranDo oBJeTos De Design e aCessÓrios De MoDa 5. O aBaCaXi É uMa Das FRuTas QuE Mais insPiRaM Os CRiaDOREs KiTsCH. na FOTO, O OBjETO É DE METaL 6. CoMiDinHas FoFas ViraM esTaMPa 7. “O EnTERRO DE aTaLaia” DE GiRODET, 1808, EXEMPLO DE LiTERaTuRa E PinTuRa KiTsCH

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O sOuVEniR Mais FaMOsO DO MunDO: TORRE EiFFEL EM MiniaTuRa, CHaVEiRO, QuE PisCa, ViRa PÔsTER, ETC EssE PRODuTO É uM ÓTiMO EXEMPLO DE GaDGET KiTsCH: uM MOTOR PaRa FaZER sEu aViÃO DE PaPEL VOaR Mais... LOuÇas QuE PaRECEM PLásTiCO: suPER KiTsCH!


a época mais Kitsch de todos os tempos foi os anos 50 e 60. as cores, as ideias criativas e os produtos com funções estranhas retratavam o Kitsch, que passou a representar sentimentos religiosos em ícones profanos e suvenires e aparecer, por exemplo, em objetos de uso diário como toalhas plásticas que imitavam a textura de madeira. Ele também passou a ser sexual, erótico, picante e doce. Hoje em dia, temos vários exemplos de produtos Kitsch, traduzidos de forma mais moderna, que possuem as mesmas bases. ir a Paris e comprar uma miniatura da Torre Eiffel é um ato Kitsch. uma almofada em formato de rosquinha é Kitsch porque é feita de tecido e tem um tamanho bem maior que o biscoito original. uma luminária que tem a forma da caixa de Maizena é Kitsch não por causa da ampliação ou miniaturização, mas simplesmente por ser um objeto contemporâneo de decoração. E nem por isso ela é vintage ou cafona, como o Kitsch muitas vezes é confundido. Os gadgets - objetos eletrônicos que satisfazem pequenas funções no nosso cotidiano, mas não são necessariamente essenciais na nossa vida - também podem pertencer ao estilo Kitsch. É o caso da luz neon para colocar embaixo do carro, do massageador para os pés, da minigeladeira usB ou do gancho de telefone retrô para celular, com o qual um monte de gente famosa já apareceu fazendo graça. O mundo Kitsch é divertido, colorido, com cara da casa da vó, estranho, exagerado, desproporcional e pode nos mostrar objetos com seus tamanhos modificados tanto no aumentativo quando no diminutivo ou aglomerados em coleções.

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Bibelô PHOTO MaGnO BOTTREL

Colar ‘Chuva e sol’ Parco Design e regata Varal Camisetas.



College Jacket e saia pregas de jacquard Vish!, regata Varal Camisetas, sapato Raphaella Booz e colares ‘gaiola’ e ‘câmera 3’ Parco Design. Ao lado, vestido acervo, brinco Varal Camisetas, pulseira acervo Parco Design, sapato Raphaella Booz e anéis acervo.


Blazer acervo, camiseta Varal Camisetas, colar Juliana Karl e cofre de sapo Varal Camisetas.




Vestido Brix, anel ‘inseto II’, colar e pulseiras Parco Design, brinco e lenço acervo.



Luminária Varal Camisetas. Ao lado, macacão Varal Camisetas, sapato Raphaella Booz. Colares ‘limão siciliano’ e ‘vergel’, anel ‘inseto II’, pulseiras ‘limão siciliano’ e ‘ciliegia’ Parco Design. Pulseiras de acrílico acervo Parco Design.



Camisa ‘cubes’ Vish!, brincos Qualquer Bobagem store, colares Parco Design, saia acervo e sapato raphaella Booz.



Blusa de paetês Brix, anel ‘noite’ Parco Design e voilette Qualquer Bobagem store.


Vestido Varal Camisetas, chapeu pillbox poรกs Qualquer Bobagem Store, sapato Raphaella Booz, bolsa e colares acervo Parco Design. Pinguim Tok&Stok.



Blazer acervo, blusa Brix, colar Juliana Karl, anel e brinco acervo.




Camisa Varal Camisetas, calça Vish!, gola de pérola Juliana Karl, colar de coração Farm e pulseiras acervo Parco Design.

fotografia: magno bottrel styling: jULIANA cESAR E vIVIAN lOBENWEIN direção de arte: vivian lobenwein modelo: naísa tussi (DN MODELS) make: rafael valentini making of: flavio rosa TRATAMENTO DE IMAGEM: edgard iuskow agradecimentos: brix DN MODELS juliana karl parco design raphaella booz VARAL CAMISETAS E ACESSÓRIOS vish!


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comportamento

JAPÃO A QUALQUER CUSTO dO OUtrO LadO dO MUndO, O COMÉrCIO nÃO VIVe SÓ de teCnOLOGIa POr SILVIa arGenta


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arulho intenso. Sons de televisores estouram os ouvidos com músicas repetitivas e vocais estridentes. Vendedores gritam, cumprimentam e agradecem os clientes o tempo todo. Grupos de jovens conversam animados pelas ruas, normalmente concentrados na frente de salões lotados de máquinas de jogos. Em qualquer direção, o movimento incessante de pessoas, bicicletas, trens e carros amplifica a poluição sonora. Completando o cenário aparentemente caótico, luzes estrategicamente coloridas estimulam o consumo - seja do que for. Em Tóquio, o bairro Harajuku reúne muitos jovens e é o local ideal para encontrar qualquer tipo de produto Kitsch, útil ou não. Na Takeshita Street, pode-se comprar objetos de todos os preços, como óculos de sol, perucas, bichinhos de pelúcia, chaveiros, bijuterias, laços, chapéus, sombrinhas, luvas e tudo mais que possa ser estiloso. Por isso, andar pelo Japão é um desafio para quem não pretende gastar dinheiro. Aliás, chega a ser impossível ficar alheio às bugigangas, novidades tecnológicas, roupas, acessórios e os irresistíveis – e às vezes esdrúxulos – itens Kitsch. Percorrer lojas como a Daiso, que tem quatro andares de quinquilharias, é uma diversão. Por um preço único, é possível levar desde produtos de papelaria até apetrechos de área de serviço. O anel-relógio, por exemplo, é um acessório mais do que indicado para compor o visual descolado das japonesas. Ele realmente funciona! O gato de plástico, que na verdade é um regador de plantas, também pode se transformar num item indispensável. Até a celebrity Lady Gaga andou tumultuando a inusitada área de comércio japonesa ao fazer compras durante o intervalo de sua atual turnê mundial. A popstar tem uma forte empatia com os jovens japoneses pelo jeito inusitado de se vestir. Os adolescentes conseguem montar visuais extremamente interessantes. Tecidos, modelos, cortes e estampas têm


comportamento

Mercadinho na cidade de Nikko com alegre fachada Hello Kitty Kawaii

Bananas com chocolate nas mais variadas vers천es

Limusine se destaca no tr창nsito de T처quio


Takeshita Street


Sess達o de fotos de boneca


E nĂŁo ĂŠ que as japonesas ficam bem nessas roupas esquisitas?


As senhoras também têm estilo

Bonequinha japonesa

Simpática, vendedora faz gesto bem comum entre os japoneses

Família japonesa em dia de festa


Babados, rendas e laços atÊ nas malas


comportamento

características singulares e muitas vezes divertidas. Homens usam bolsas que consideramos de mulheres no Ocidente, e meninas vestem-se de bonecas, abusando dos laços na cabeça e das luvas que cobrem quase todo o braço.

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Os jovens também são obcecados por mudar as características dos olhos orientais com maquiagem e lentes de contato das mais bizarras. Além de diversas cores, elas possuem texturas de acordo com a expressão que se pretende transmitir. Um dos modelos vendidos nas lojas é o “tears”, que dá um aspecto molhado aos olhos. Esses produtos são muito utilizados nos cosplay. Já as tatuagens são normalmente associadas à máfia japonesa, não sendo comuns entre os jovens. Para substituí-las, abusam das meias de diversos tamanhos e tecidos, cheias de babados e estampas extravagantes. Na televisão, as propagandas são tão estranhas quanto a moda e o comércio. Os reclames nipônicos não transmitem seriedade, pois são caracterizados pela música contagiante e por um tipo de humor que só os japoneses têm. Tudo parece diversão, das propagandas para implante capilar às de bananas. Isso mesmo, bananas! No Japão, os publicitários adoram criar jingles que martelam na cabeça o dia todo, sempre com uma pegada engraçadinha.

Atendente utiliza acessório curioso no Templo das Lanternas, em Nara

Em qualquer lugar é possível encontrar algum elemento Kawaii

Sapatos e mochilas em Harajuku


Garotas de uniforme escolar

Luminária na loja de decoração Francfranc

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Kawaii até na sinalização de trânsito

Liberou geral! Flagrante de um bundalelê nipônico em evento ao ar livre


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Telefone superdiscreto em Tsukiji, o mercado de peixe de T贸quio


aliás, nesse aspecto, é muito comum o uso de um elemento chamado kawaii, associado aos produtos e às lojas. inicialmente um adjetivo que significa fofo, passou a ser utilizado nos mangás e animês, designando um estilo de cultura que hoje é difundido em todo o país. Fachadas de estabelecimentos comerciais, embalagens de comida, carros de empresas e até órgãos públicos ostentam o desenho de bichinhos bonitinhos, mesmo que o alvo do serviço ou do produto não seja especificamente os jovens. Essas identidades visuais são uma representação do culto à juventude e suas formas de expressão, que os japoneses tanto apreciam, mesmo mantendo as tradições e as formalidades. a parafernália de artifícios para garantir as vendas parece infinita. Tanto o apelo sonoro quanto o visual, com luzes e kawaiis, estimulam o consumo. Fica até difícil de acreditar que alguém sobreviva a esse ambiente cercado de informações. Mas o japão também é a terra dos contrastes. Em algumas situações, o silêncio impera. Em elevadores lotados, por exemplo, as pessoas não falam nada como se estivessem se preservando até que cheguem ao andar solicitado para voltar ao mundo de ruídos ininterruptos e de mensagens visuais. País de contradições, mistura tradição e novidade, silêncio e paranoia, fashion e Kitsch.

COSPLAY É a representação de uma história, normalmente praticada por jovens que se fantasiam conforme seus personagens. Os enredos podem ser baseados em mangás, animês, jogos ou grupos musicais. além das roupas e da interpretação, os cosplayers também se preocupam com cabelo, maquiagem e cenário. apesar de ser muito famosa no japão, a atividade foi criada nos Estados unidos, mas conquistou definitivamente os nipônicos a partir dos anos 80.

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http://pinterest.com/qualquerbobagem/


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Kitsch me! Kitsch me! Kitsch me! por Juliana Cesar

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oi-se o tempo em que o kitsch seria sinônimo de algo cafona, brega, fora de moda ou até mesmo vergonhoso, onde pessoas trendies, com bom gosto, refinadas e chiques torceriam o nariz para as ousadias, o apego dos “menos informados” ou para os que não se ligam muito na moda. Hoje, quase tudo é permitido, relaxamos de várias regras do que é ou não permitido, do que pode ou deve ser usado. Pode ser cafona? Pode! Mas o kitsch é muito mais que isso e está conectado com as nossas emoções, desperta sentimentos e traz recordações. na moda atual, além desses elementos reconfortantes, o kitsch anda de mãos dada com o cafona, só que em releituras condizentes com o que vivemos.

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Então que todo mundo abusa do paetê, dos tecidos metalizados, da parceria nem sempre tão bem vista entre o dourado e o prateado (agora pode!). Veio o color block e suas combinações contrastantes como o laranja+roxo+verde, como proposto pela Gucci em sua coleção primavera/ verão 2011. O que não era permitido em outros tempos voltou repaginado, e apenas a mudança de modelagem e tecidos já deixou o que poderia ser cafona em algo interessante e desejável. ainda hoje, os blocos de cores ainda continuam na moda, só que apostando em novas tonalidades. Preste atenção nos tons sorbet e na onda flúor 90’s que é hot stuff para o próximo verão.


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Falando nele, o verão 2013, são Paulo Fashion week e Fashion Rio trouxeram o kitsch para a passarela para usarmos na rua, na praia, na fazendo ou só na passarela mesmo, como o caso da amapô, que se inspirou naqueles “bons drinks” estilosos com sombrinhas de papel e canudinhos divertidos nas taças multicoloridas. a marca sempre desfila propostas interessantes para mostrar o seu desejo atual, e isso não quer dizer que encontraremos vestidos com bolas de papel nas araras. É uma das poucas marcas nacionais que ousam nas semanas de moda, em vez de mostrar jeans e camisetas que já temos certeza que estarão disponíveis nas lojas.


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se umas trazem o kitsch para o sonho, outras apostam nele como realidade comercial, usável e desejável. ronaldo Fraga apostou nas texturas da natureza e criou estampas que imitam madeira e cascas de árvore. a salinas preferiu os abacaxis (ícone kitsch!) em camisas cropped e maiôs cheios de babadinhos. Mais sofisticada, veio a Têca com sua estampa de balões e o Reinaldo Lourenço com iates (seriam os nossos carros da Prada?).


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as marcas Forum, iodice e oh Boy apostaram em uma textura que já vimos nas passarelas internacionais da Burberry e Dolce & Gabbana, o tecido plastificado ou com efeito líquido. O da Forum ainda vem com estampa de fruta e lembra aqueles plásticos usados nas mesas da cozinha. a neon, de Dudu Bertholini e Rita Comparato, é kitsch na essência. não apenas nas roupas e nas estampas, sempre tropicalistas e com a cara do Brasil, mas também pelo make sempre caprichado das modelos, o batom marcante e a presença nos desfiles. Quem já viu o Dudu posando para fotos sabe que nada poderia ser mais kitsch.

neon

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forum

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oh boy


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no verão 2012 do hemisfério norte, o kitsch marcou presença em diversas campanhas de moda, e as coleções de lá serviram de referência para os criadores e designers nacionais. no caso das campanhas, por ser uma opção bacana para retratar um lado mais lúdico das marcas ou até mesmo sofisticado, o kitsch é bem comum.

UM POUCO DE FANTASIA na campanha da Mulberry, destacam-se os sorvetes gigantes. a Louis Vuitton retrata uma sorveteria nos tons adocicados da estação. É tudo tão rosa e colorido, tudo tão perfeitinho, associado à estética cinquentinha que celebrava a era das “mulheres perfeitas”. algumas campanhas do currículo de stella McCartney também puxam para o lado kitsch. a de verão traz uma colagem de flores exage-

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rada, emoldurando a modelo. a abordagem da Dior é como a de várias campanhas de maquiagem, priorizando também a perfeição. sim, os efeitos do photoshop e um bocão vermelho são kitsch. a Prada é uma marca esperta na hora de inserir o kitsch em suas peças. O verão 2011 que lançou a febre das listras ainda trazia estampas de bananas e macacos em uma vibe latina ultracolorida com os dramas de almodóvar e Frida Khalo. Falando na pintora, no ano que ela completaria 105 anos, suas flores na cabeça (relançada por Lana Del Rey) são moda e estão nos desfiles e nas ruas. Ornamentar a cabeça não é uma tendência. É para ser usado agora! Mas voltando à Prada. a última coleção de verão foi inspirada em carros cinquentinhas e quem não viu os sapatos com labaredas em alguma revista ou blog de moda? Também da Miuccia, a Miu Miu traz a atriz supercult Chloë sevigny vestindo as várias estampas com pitadas retrô da coleção inverno 2012/13 misturadas para ser usadas “tudo ao mesmo tempo”. a aglomeração de estampas na roupa e a posição da atriz/modelo com a xícara antiguinha é outro retrato do kitsch.

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Fall/Winter 2012/13

de volta para o Futuro Olhar para o futuro não é novidade para a moda e nem para o cinema. se nos anos 60 a viagem para a Lua era inspiradora, desta vez a ideia é explorar galáxias ainda mais e mais distantes ou tecnologias robóticas. inspirese na saga star wars, em replicantes góticos, e abuse das kryptonitas.



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Qualquer Bobagem

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conto por Lieza Neves

lista de coisas b 154

Era de estatura mediana, loira, tipo gostosa. Usava botas de cano alto brancas, short de cetim azul com detalhes de strass e pouca blusa. O conjunto bastou para que Kleidson, mesmo de longe, já se apaixonasse. O encontro fora marcado pelo Orkut, depois de dois meses de troca de mensagens. Conheceram-se na comunidade “Adoro Zorra Total” - programa de TV que, de fato, ambos apreciam. Junislene até deixa gravando quando tem alguma festa e não pode assistir. Ela estava ansiosa, curiosa para conferir ao vivo todas as qualidades que tanto admirou nesse tempo todo virtualmente. E, à medida que o pretendente se aproximava, seu coração batia mais e mais forte, dando a certeza de que ele era mesmo aquele príncipe sonhado: - E aí, princesa? Kleidson puxou conversa, falando meio engasgado e jogando o chiclete para um lado da boca. Com a mão direita, enroscava os


dedos nos caracóis dos cabelos da moça. Com a outra, segurava o capacete. Junislene ficou sem jeito, virou o rosto. Teve um pouco de vergonha, pois algum desleixo aparecia na raiz escura de seus fios. - Eu não tive tempo... quer dizer, nada... O diálogo embaraçado evoluiu para uma conversa que revelava os gostos similares dos dois jovens: - Eu adoro regata, mesmo no inverno. Aparece meu bíceps! 155

- Filme? Eu gostei daquele do navio, pena que afunda na metade... - Eu uso gel efeito molhado, por isso fica assim. - Manicure. Faz oito anos. - Não tem nada que seu seja mais louco de paixão do que o Corinthians. - Sei cozinhar, gosto de fazer aquele macarrão com salsicha, sabe? Foram três anos de namoro, um de noivado e sete meses de casamento. A casa pré-moldada foi vendida – o comprador assumiu as 27 parcelas restantes. Dividiram os bens adquiridos, brigaram muito, rasgaram fotos, ouviram Roberto Carlos. Foram felizes enquanto havia as cafonices do amor.


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a bobagem estĂĄ nos olhos de quem vĂŞ


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