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Nutrição Profissional 22

Uma publicação do Grupo Racine

Número 22

Ano IV - Novembro/Dezembro de 2008

• Atendimento Nutricional em Assistência Domiciliar/Personal Diet

Seção em Destaque

Nutrição Clínica

Atendimento Nutricional em Assistência Domiciliar/ Personal Diet

Alimentação Coletiva

Consultoria em Qualidade de Vida Atuação do Nutricionista UAN - Unidade de Alimentação e Nutrição

Tecnologia e Equipamentos em UAN Gastronomia

Gastronomia em Dietas Restritivas Nutrição no Esporte

Conduta Nutricional para Praticantes de Capoeira Saúde Coletiva

Alimentos Funcionais: Perspectivas em Saúde Pública Novembro/Dezembro de 2008

Perfil

Ernane Silveira Rosas

Superando Obstáculos a Favor dos Nutricionistas

Especial Prêmio Wraps

Refeições Alternativas: Consumo de Alimentos Orgânicos na Promoção da Sustentabilidade


Editorial

Novos Campos de Atuação Oportunizam Novas Conquistas A expectativa de vida está aumentando e conseqüentemente também a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. A humanização nos serviços de saúde é cada vez mais valorizada, bem como os processos que contribuem para um menor tempo de internação hospitalar. Diante deste cenário emerge a assistência domiciliar - representando diversas modalidades de atenção à saúde desenvolvidas no domicílio -, que, assim como o personal diet - que presta serviços individualizados e está capacitado a associar todos os conhecimentos da ciência da nutrição com os estilos de vida da população em geral -, são áreas de atuação do nutricionista que se apresentam como grandes oportunidades de desenvolvimento profissional e pessoal e, por isso, foram os temas escolhidos como destaques desta edição 22 da revista Nutrição Profissional. Outra área que, aos poucos, se expande e que deve exigir grande participação do nutricionista é a consultoria. Um consultor é aquele profissional que, além de outros benefícios à empresa para a qual presta serviços, traz conhecimentos tecnológicos com o intuito de ajudar a resolver problemas de eficiência organizacional e humana. O nutricionista pode atuar em programas de qualidade de vida e promoção à saúde, proporcionando maior resistência ao estresse, maior motivação, maior eficiência no trabalho, melhor relacionamento interpessoal e, conseqüentemente, maior produtividade, entre outros benefícios. Abordamos também outros relevantes temas nesta publicação. Na seção UAN trazemos um artigo que demonstra que o projeto de uma cozinha industrial deve estar alinhado aos objetivos da empresa e ao projeto de arquitetura geral. As novas tecnologias em equipamentos visam principalmente a otimização de custos, a sustentabilidade e a conservação das propriedades nutricionais dos alimentos. Na seção Gastronomia

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abrangemos os desafios da gastronomia nas dietas restritas e específicas, considerando que o plano alimentar deve incluir dietas que estão diretamente relacionadas à melhora do estado de saúde do paciente e de sua sobrevida. Portanto, o desafio do profissional nutricionista é encontrar alternativas para aliar as especificações da dieta às técnicas da gastronomia. A seção Nutrição no Esporte traz um trabalho que relaciona o atendimento nutricional a praticantes de capoeira, prática cada vez mais difundida como esporte e que merece atenção. Em Saúde Coletiva abordamos a origem do termo alimentos funcionais e seu papel na saúde pública e a importância de campanhas educacionais e esclarecimentos aos profissionais e consumidores sobre os riscos e benefícios destes, colaborando, assim, para a melhora da qualidade da alimentação da população. Nesta edição também publicamos o trabalho vencedor do II Prêmio Wraps, iniciativa que apoiamos e que visa promover a sustentabilidade. Na seção Perfil, Ernane da Silveira Rosas é nosso destaque, um profissional dedicado às causas da nutrição e há anos atuando como presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo (SINESP). Encerramos 2008 com a enorme satisfação de poder contribuir, por mais um ano, com o desenvolvimento profissional de nossos leitores. Esperamos que 2009 traga muitas conquistas e seja pleno de muita saúde e paz. Boa leitura!

Nilce Barbosa Presidente do Grupo Racine e Coordenadora Técnica Editorial da Revista Nutrição Profissional

A revista Nutrição Profissional é uma publicação técnico-científica aberta à colaboração de interessados em publicar artigos relacionados às seções, com enfoque na área de alimentação e nutrição. Artigos assinados devem ser enviados para o e-mail revista@racine.com.br. Ano IV Novembro/Dezembro de 2008

Todas as colaborações são avaliadas.


Nutrição Clínica

Personal Diet: Novo Campo de Atuação para o Nutricionista

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Daniela Fagioli

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Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006), foi possível verificar que a expectativa de vida do brasileiro é de 72,3 anos para ambos os sexos. Deste modo, nos próximos 20 anos, projeções apontam para a duplicação da população idosa no Brasil, de 8 para 15% (MS, 2005).

Figura 1 - Evolução da mortalidade proporcional (%) segundo causas - Brasil (1930 a 2003)

Infecciosas e parasitárias Neoplasias Aparelho circulatório Externas

Fonte: Barbosa et al, 2003, In: Epidemiologia & Saúde, Rouquayrol, MZ e Almeida F, N

Não podemos ignorar a prevalência de obesidade na infância e na adolescência, que tende a persistir na vida adulta, sendo que cerca de 50% das crianças obesas aos seis meses de idade e 80% das crianças obesas aos cinco anos de idade permanecerão obesas (Abrantes et al, 2003).

tos preparados, por exemplo, que passou de 1,7kg para 5,4kg per capita no período. Neste contexto, surge a necessidade de um profissional nutricionista capacitado para associar todos os conhecimentos teóricos para uma alimentação balanceada com a

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falta de tempo e, principalmente, a atitude dos clientes/pacientes, transformando todas as recomendações teóricas em atitudes práticas aplicáveis no dia-a-dia atribulado da maioria da população brasileira. Assim, surge essa nova área de atuação do nutricionista, o personal diet, como o próprio nome diz, responsável por elaborar dietas personalizadas, ou seja, um plano alimentar elaborado por um nutricionista baseado nas preferências alimentares e nas necessidades específicas do cliente/paciente.

Nutrição Clínica

Esses dados corroboram com a inadequação dos hábitos alimentares atuais, apontados pela Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2002/2003, apontando que o brasileiro diversificou sua alimentação, reduzindo o consumo de gêneros tradicionais como arroz, feijão, batata, pão e açúcar e aumentando, por exemplo, o consumo per capita de iogurte, que passou de 0,4kg para 2,9kg, ou de refrigerante sabor guaraná, que saiu de 1,7 kg por pessoa/ano para quase 8kg (7,7kg). Até o leite de vaca pasteurizado, que é o produto adquirido em maior quantidade pelas famílias (38kg por pessoa, anualmente), teve seu consumo reduzido em 40%, tendo chegado a 62,4kg em 1987. Outro sinal de mudança nos hábitos foi o consumo dos alimen-

Este profissional atende o públicoalvo de diversos segmentos do mercado de atendimento nutricional como, por exemplo, crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes, famílias, academias, clubes e empresas. Porém, o personal diet deve possuir algumas características importantes, pois a dinâmica desse tipo de atendimento exige um profissional com este perfil: • Habilitado com os conhecimentos da nutrição; • Dinâmico; • Criativo; • Comprometido; • Disponível; • Ético. O personal diet possui como objetivo o benefício da saúde do indivíduo, além do bem-estar e da qualidade de vida, por meio de intervenção nutricional ampla e contínua. A atuação deste profissional vai muito além do atendimento tradicional em consultório, exatamente pelo fato de transcender este espaço e iniciar o atendimento que o cliente/paciente necessita.

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as últimas décadas houve uma redução nas taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e um aumento das causas de morte por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), conforme demonstra a Figura 1. Além disso, houve também a queda da mortalidade e da fecundidade no País, aumentando, assim, o número de idosos, particularmente o grupo com mais 80 anos.


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mento de valores positivos, contribuindo para um comportamento integrado.

Na Figura 2 estão destacadas suas principais atividades.

Figura 2 - Atividades do personal diet

A visão que a pessoa tem de si mesma, no contexto do meio, determina seu comportamento. As etapas neste processo devem colaborar para a autodescoberta. As características centrais do conselheiro são empatia e congruência. O enfoque centrado no cliente prioriza os fatos e as condições atuais. Situações anteriores, mesmo as estreitamente ligadas ao sujeito, como as relacionadas ao vínculo mãe-filho ou outras situações problemáticas vividas anteriormente à atual não são trabalhadas, mas sim aquelas que o indivíduo experimenta em seu tempo real (Rodrigues et al, 2005).

• Atendimento e avaliação nutricional personalizada; • Educação nutricional; • Elaboração de cardápios equilibrados nutricionalmente; • Elaboração de lista de compras; • Acompanhamento nos locais de abastecimento: supermercado, feira-livre ou sacolão; • Verificação da qualidade dos alimentos na compra; • Armazenamento e organização da despensa e da geladeira; • Diversificação de receitas; • Serviço e montagem de mesas; • Apresentação e decoração de pratos, tornando-os mais atrativos e saborosos; • Orientação e treinamento para cozinheiras; • Treinamento de higiene e manipulação dos alimentos; • Realização de terapia nutricional enteral e/ou suplementação nutricional

Ressalta-se que não se trabalha com um paciente, mas com um cliente que comprou um serviço. Portanto, o personal diet é um prestador de serviço, despontando como uma tendência de mercado, exatamente pelo dinamismo com que exerce suas funções. Porém, para que isto se torne efetivo, é necessário resgatar alguns conceitos para o atendimento. Este profissional precisa esclarecer a grande diferença entre “orientação nutricional” e “aconselhamento nutricional”. Sendo assim, torna-se necessário abdicar do termo “orientação” e iniciar o processo como conselheiro. O aconselhamento propicia ao cliente o desenvolvi-

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A orientação é baseada no conteúdo sobre a saúde ou a doença que devem ser repassados. Deste modo, orienta estritamente a dieta e ainda fornece lista de alimentos “permitidos” e “proibidos”. O aconselhamento prevê um processo contínuo, considera sempre os pensamentos, os sentimentos e as alterações de comportamento, além de encorajar escolhas saudáveis, motivar e elogiar frente aos desafios da mudança de comportamento alimentar. A orientação nutricional estabelece um relacionamento limitado entre conselheiro e cliente, em que o profissional é autoritário, estabelecendo apenas o que pode ou não ser feito em relação às mudanças na alimentação. Outro ponto importante é a forma como o sucesso da intervenção é medido, isto é, por meio da avaliação direta do conhecimento ou parâmetros

de saúde que o cliente possui ou adquiriu durante a consulta. Por outro lado, no aconselhamento, o conselheiro e o cliente desenvolvem um relacionamento mais próximo, em que eles se tornam parceiros e o sucesso é medido subjetivamente, por meio da mudança de comportamentos gerais como felicidade, humor, relacionamentos etc. Com relação ao atendimento, torna-se necessário estabelecer um esquema motivacional, em que o personal diet precisa construir uma relação de confiança e afinidade com o seu cliente. Essa relação inicia-se com a forma de receber o cliente, desde o tom de voz até os cumprimentos, que não devem ser hostis ou amenos demais. Esta fase influencia sobremaneira a condução do relacionamento com o cliente, pois caracteriza a formação do vínculo. Empatia, autenticidade, considerações positivas, incondicionalidade e concreção são atributos importantes na qualidade do encontro. O profissional deve estar preparado para captar o estado emocional do cliente (ansiedade, nervosismo e insatisfação), declarado verbalmente ou por meio de gestos, posturas, movimentos corporais, expressões faciais, qualidade da voz e silêncio. E, antes de tudo, saber ouvir e saber aceitar, criando um ambiente favorável para a construção de estratégias que favoreçam o desenvolvimento de ações pelo cliente (Rodrigues, 2005). O personal diet deve seguir padrões de avaliação nutricional, porém, no momento da anamnese cabe a


Depois da etapa de coleta de dados imprescindíveis ao atendimento como consumo e hábito alimentar, avaliação antropométrica e bioquímica, similares ao atendimento nutricional, o personal diet deve identificar objetivos de mudança de comportamento em longo prazo para encorajar o cliente para a formação de insight, favorecendo uma condição de discernimento e tentativa de discussão sobre os problemas. O profissional precisa estar preparado para enfrentar os obstáculos que poderão bloquear a articulação das idéias pelo cliente, visto que este, muitas vezes, poderá transferir-se para um campo imaginário no qual moldará no conselheiro uma figura de autoridade - revelando, desta maneira, os modelos frustrados de atendimento, preexistentes em si. Para que tal situação não perdure, é imprescindível que

o profissional, durante o atendimento, seja sensível para perceber a necessidade que o cliente tem de ser encorajado, a fim de poder desvelar e ampliar os temas relacionados ao problema. Para uma ajuda efetiva, o personal diet precisa compartilhar as experiências apontadas pelo cliente, expandindo os conceitos revelados. Várias técnicas podem ser utilizadas, no intuito de facilitar a abordagem ao tema: questões abertas que estimulam respostas mais longas e reflexivas, uso de diretivas como incentivos utilizados pelo profissional quando o cliente não formula a idéia, uso de estímulos como habilidades não verbais que indicam atenção e compreensão e escuta efetiva. Estas técnicas têm como objetivo principal direcionar a interação de forma a problematizar o cotidiano alimentar (Rodrigues, 2005). Nessa etapa, além do reforço positivo para as mudanças, é importante explicar o programa educativo, isto é, qual é a forma de trabalho, por

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Diante desse quadro, algumas barreiras devem ser rompidas, a fim de que o cliente tome decisões quanto a como realizar os objetivos e as ações. A existência de um feedback autêntico, por meio de elogios, pode ser um elemento constitutivo da boa relação cliente-conselheiro. Como resultado final do aconselhamento, o cliente fará planos para corrigir o problema, lembrando que as duas primeiras fases foram interrogativas para ele. Esta etapa de formulação da solução pode exigir tempo, disciplina e paciência. É importante ressaltar a necessidade de uma avaliação conjunta, pelo nutricionista e pelo cliente, das estratégias selecionadas para enfrentar os problemas, dos resultados obtidos e das mudanças conjunturais. Essa avaliação deve ser periódica e baseada nos objetivos propostos, além disso, sempre com o intuito da elaboração de novas metas. A avaliação dos resultados deve ser realizada ponto a ponto, isto é, sem julgamento, em que o próprio cliente consegue visualizar os seus erros. Uma atividade que permite essa avaliação é a dinâmica com a pirâmide alimentar, pela qual o cliente tem a possibilidade de completar a pirâmide com os

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O profissional deve estar pronto para escutar, à disposição para o diálogo e ter a predisposição à formação de vínculo, evadindo da abordagem tradicional de educação fundamentada na transmissão oral de conhecimento, entre alguém que detém o conhecimento e o transfere e aquele que não o tem e o recebe (Mizukami, 1986).

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exemplo, objetivo do acompanhamento, consulta inicial, consultas com antropometria, consultas periódicas motivacionais e número de consultas. O importante é deixar claro que o cliente é o próprio juiz, ou seja, as decisões serão tomadas por ele, apenas com o esclarecimento do profissional.

ele conduzir o questionamento de forma curiosa e não investigativa como, por exemplo: “O que você espera dessa consulta?” e “Como eu posso te ajudar?”. Deste modo o cliente percebe uma relação amigável e torna-se mais acessível para fornecer as informações necessárias ao atendimento, permitindo questões abertas e não questões fechadas com poucas expressões verbais.


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Figura 3 - Estágios de mudança e ações do personal diet Estágio de mudança

Definição e atuação

Pré-contemplação

Quando o cliente nunca pensou em mudar o seu comportamento. Necessita de informações para despertar esse interesse Personal diet: Não deve iniciar seu aconselhamento ou orientação nutricional, deve esperar o momento do cliente

Contemplação

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alimentos (ou objetos coloridos) que fizeram parte do seu cardápio e foram identificados por meio do recordatório de 24h. Deste modo o cliente fará o seu próprio julgamento e, assim, identificará os alimentos que não foram consumidos ou que foram consumidos em excesso. Ao final, é importante resumir as principais dificuldades levantadas no atendimento, sempre salientando os pontos positivos. Cabe ao personal diet demonstrar otimismo frente aos obstáculos, garantindo opções saudáveis para as dificuldades, desde que sejam compatíveis à realidade do cliente. No final, estabelece-se o próximo encontro. Ressalta-se também que o trabalho do personal diet depende da vontade do cliente de modificar o seu comportamento. Deste modo, ele precisa estar pronto para a mudança e esta ocorre em um ciclo de diferentes fases, que devem ser respeitadas. Sendo assim, é importante seguir o modelo transteórico, ou o chamado modelo dos estágios de mudança, que descrevem o processo de mudança de comportamento do indivíduo, conforme a Figura 3.

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Período de ambivalência entre mudar ou não de comportamento, após o conhecimento da necessidade de mudança Personal diet: Ressaltar as vantagens de mudar os hábitos alimentares após explicar as vantagens de permanecer como está

Preparação

É um período em que o cliente pode retroceder ou avançar Personal diet: Encontrar estratégias compatíveis às necessidades e desejos do cliente para o avanço

Ação

O cliente consegue realizar atividades voltadas à mudança de comportamento Personal diet: Focar no objetivo da mudança de comportamento, com estratégias cada vez mais dinâmicas

Manutenção

Recidiva

Evitar que o cliente retroceda Personal diet: Manter a mudança de comportamento já adquirida Ocorrências esperadas em clientes que necessitam de mudança de comportamento arraigada por longo período Personal diet: Recomeçar o processo de mudança de comportamento, retomando os esforços para a ação

Fonte: Adaptado de Mahan e Scott-Stump, 2002

Indiscutivelmente, o personal diet deve ser habilitado para realizar as atividades privativas do nutricionista como avaliação nutricional (consumo e antropométrica), solicitação e análise de exames bioquímicos (Resolução CFN nº 306/2003) e prescrição dietética (Resolução CFN nº 304/2003). Além dessas atribuições, o profissional nutricionista deve apresentar novas possibilidades aos clientes como prescrição de suplementos esportivos (Resolução CFN nº 390/2006) e de fitoterápicos (Resolução CFN nº 402/2007), incluindo também a utilização da gastronomia, da estética, de técnicas dietéticas, da ética à mesa, da montagem de mesas, da orientação das compras no supermercado, de treinamentos, enfim,


Nesse contexto, o profissional pode explorar os tipos de carnes, grãos, massas, frutas, verduras e legumes e as técnicas culinárias aplicadas a cada um, criando assim seus cursos de treinamentos. Os treinamentos também podem incluir o uso de ervas e especiarias, técnicas de congelamento, culinária básica (arroz, feijão, massas e carnes) ou avançada (ceias, comida árabe, japonesa, tailandesa, light etc).

organização, em que o nutricionista aproveita para ensinar normas adequadas de armazenamento e organização de geladeira e despensa, tornando-se útil a oferta do serviço de técnicas de congelamento e higiene e manipulação de alimentos.

De acordo com a grande demanda por cardápios personalizados e equilibrados nutricionalmente, torna-se indispensável a oferta do serviço de elaboração de lista de compras e/ou acompanhamento em supermercados, feiras ou sacolões. O profissional pode realizar uma consulta diferente nesses estabelecimentos ou fornecer o serviço à parte e de maneira integral. Neste caso, o personal diet exerce o papel de orientador das compras, esclarecendo os rótulos dos alimentos, a diferença entre diet e light, gordura trans, gordura saturada, colesterol, zero, alimentos enriquecidos, alimentos funcionais e propriedades de saúde etc.

Apesar de todo o arsenal de ferramentas e técnicas para atender o cliente, sabe-se que existe a falta de adesão. Por isso, torna-se imprescindível citar alguns motivos de falta de adesão ao tratamento. Alguns fatores estão relacionados ao cliente como, por exemplo, a quantidade de informações transmitidas em um consulta, o nível de ansiedade e expectativa para os resultados. Clientes que moram sozinhos e os que apresentam irregularidades na rotina são aqueles que têm maior dificuldade em manter o acompanhamento. O ambiente também pode interferir como, por exemplo, atraso no horário de atendimento ou empatia da equipe de apoio (recepcionistas, assistentes etc.). Neste item ressalta-se que caso o atendimento seja realizado em domicílio é importante que ocorra no cômodo mais tranqüilo e que seja sempre o mesmo. Além disso, a mídia exerce influência

O nutricionista que atua como personal diet aproveita e cria oportunidades em seu trabalho, sendo assim, após o acompanhamento em supermercado, cabe oferecer o serviço de armazenamento e

Nutrição Clínica

O personal diet não precisa ser um gastrônomo (gourmet, em francês), visto que este papel pode ser desempenhado tanto por um(a) cozinheiro(a) como por uma pessoa que se preocupa com o refinamento da alimentação, incluindo não apenas a forma como os alimentos são preparados mas também como são apresentados (Silva e Mura, 2007). Deste modo, a utilização de técnicas gastronômicas no preparo das refeições é extremamente importante, pois torna a alimentação mais atraente e prazerosa, garantindo assim uma aceitação melhor dos alimentos possivelmente rejeitados. Uma refeição colorida, preparada com métodos de cocção adequados e com apresentação diferenciada, torna-se preferência em diversos públicos.

Além disso, é possível utilizar folder personalizado com safras, dicas culinárias ou técnicas dietéticas, que também podem servir como uma maneira atraente de divulgar o serviço e melhorar a adesão do cliente ao aconselhamento.

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de uma infinidade de ações que permitem a personalização do serviço prestado.

O personal diet pode ainda conciliar as suas orientações e treinamentos com o fornecimento de refeições prontas e balanceadas para cada cliente, família ou empresa, desde o desjejum até a ceia. Esse serviço pode ser terceirizado, desde que haja a supervisão do profissional.

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Nutrição Clínica Nutrição Profissional 22 - Novembro/Dezembro de 2008

tanto positiva quanto negativa, promovendo a ascensão do profissional nutricionista ou expondo diversos tipos de dietas milagrosas à mão dos clientes mais ansiosos (Fagioli e Nasser, 2006).

Currículo

Esses fatores desempenham grande influência na aderência do cliente, porém, sabe-se que o fator financeiro é o que tem maior peso na desistência do atendimento. Por este motivo é importante fidelizar o cliente, isto é, manter o cliente fiel ao serviço de personal diet. Isto pode ser feito por meio de pacotes com desconto ou gratuidade em uma consulta, enfim, ações simples que não devem gerar ônus ao profissional e que garantem a fidelidade do cliente ao serviço. Por fim, torna-se importante salientar o valor do atendimento, pois cabe ao profissional estabelecer o seu preço de acordo com a sua clientela, ressaltando apenas que o valor mínimo individual por consulta deve ser R$ 150,00, conforme o estipulado pela Tabela de Honorários do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo (SINESP), sendo indicado que cada profissional adote a tabela vigente em seu local de atuação. O atendimento personalizado surge como uma tendência de mercado pois consegue combinar saúde, bem-estar e qualidade de vida com praticidade e dedicação exclusiva aos clientes. Neste formato, o nutricionista deve adaptar-se às novas exigências do mercado, criando cada vez mais novas técnicas de atendimento e garantindo, assim, a satisfação dos clientes e a expansão da profissão. NP

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Daniela Fagioli é nutricionista graduada pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), mestre em ciências pela Coordenadoria de Controle de Doenças/ Instituto de Infectologia Emílio Ribas/ Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, especialista em nutrição clínica pela Universidade Bandeirante (UNIBAN) e com título de especialista em saúde coletiva pela Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN). Atua em atendimento domiciliar (home care e personal diet) e é supervisora de estágio na área clínica da Universidade Paulista (UNIP). Autora do livro Educação Nutricional na Infância e na Adolescência, da RCN Editora. Docente e coordenadora do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação Nutricional e docente de outros cursos de extensão do Instituto Racine.

Referências Bibliográficas Abrantes, MM, Lamounier, JA, Colosimo, EA. Prevalência de Sobrepeso e Obesidade nas Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. Rev. Assoc. Méd. Bras., 2003, 49(2),162-6; Fagioli, D, Nasser, LA. Educação Nutricional na Infância e na Adolescência: Planejamento, Intervenção, Avaliação e Dinâmicas. São Paulo, RCN Editora, 2006; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 Microdados - Segunda Divulgação. Brasília, IBGE, 2005; Mahan, LK, Escott-Stump, S. Krause. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 10ª ed., São Paulo, Roca, 2002; Ministério da Saúde. A Vigilância, o Controle e a Prevenção das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Contexto do Sistema Único de Saúde Brasileiro - Situação e Desafios Atuais. Ministério da Saúde. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 2005; Mizukami, MGN. Ensino: as Abordagens do Processo. São Paulo, EPU, 1986; Rodrigues, EM, Soares, FPTP, Boog, MCF. Resgate do Conceito de Aconselhamento no Contexto do Atendimento Nutricional. Rev. Nutr., Campinas, v. 18, nº 1, 2005; Silva, SMCS, Mura, JDP. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. 1ª ed., São Paulo, Rocca, 2007.


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