The Red Bulletin Março de 2015 - BR

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BRASIL

SURF DO FUTURO As tecnologias e os treinos que estão mudando o esporte

ITÁLIA COM ESTILO Dan iel R iccia r do acelera no ma is an tigo circu i to de estrada do m un do FOTO: JIM KRANTZ

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INOVAÇÕES PARA ESPORTISTAS

DIPLO

Noites quentes na turnê do DJ e produtor americano

MARÇO DE 2015

ALÉM DO COMUM




O MUNDO DE RED BULL

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RÁPIDO E CLASSUDO

A estrela da Fórmula 1 Daniel Ricciardo une classe e velocidade num circuito histórico na Sicília

BEM-VINDO O que um piloto de F1, um DJ mundialmente famoso e uma banda de blues do Líbano têm em comum? Nas páginas desta edição do Red Bulletin todos eles estão na estrada. O piloto da Infiniti Red Bull Racing Daniel Ricciardo pisa no acelerador e cruza o circuito de estrada mais antigo do planeta, na Itália. Enquanto isso, comandando festivais mundo afora, Diplo mostra algumas das melhores noites atrás das pick-ups. Já nos EUA, uma banda de blues criada no Líbano viaja em busca da essência do ritmo americano: conheça a saga dos Wanton Bishops por Nova Orleans. E ainda tem entrevistas para lá de caprichadas com a musa de Hollywood Keira Knightley e com o artista e ativista brasileiro Thiago Mundano. Divirta-se! 4

“Eu tinha 7 anos e amava a Britney.” CHARLI XCX, PÁG. 73 THE RED BULLETIN


MARÇO DE 2015

NESTE MÊS GALERIA 08 As melhores fotos do mês

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BULLEVARD 14 ALTA VELOCIDADE As coisas mais rápidas do mundo

DIRETO NA RAIZ

DESTAQUES

A jornada da banda Wanton Bishops – do Líbano aos EUA – em busca do blues

22 Daniel Ricciardo

Nas curvas da estrada da Sicília

36 Keira Knightley JIM KRANTZ (COVER), WARNER MUSIC, BALAZS GARDI/RED BULL CONTENT POOL, BRIAN BIELMANN/RED BULL CONTENT POOL, MARCOS VILAS BOAS, SHANE MCCAULEY, JOERG MITTER/RED BULL CONTENT POOL

Uma das musas de Hollywood conta o segredo do sucesso

38 Thiago Mundano

Conheça o engajamento social, ­ativismo, arte e talento desse brasileiro

40 Jerzy Skarżyński

42

38

SURF DO FUTURO

CONSCIÊNCIA ATIVA

Conversamos com um dos grandes nomes do big surf atual, Ian Walsh, para conhecer as novas fronteiras do esporte

Artista + ativista = artivista. Essa é a melhor definição para o trabalho de Thiago Mundano

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NOITES QUENTES

THE RED BULLETIN

42 Surf do futuro

Preparamos um dossiê com as novidades do esporte

50 Wanton Bishops

A inesperada viagem da banda libanesa em busca do blues

AÇÃO!

60 Dos sets ao vivo em Roma a festas em praias jamaicanas: os dez melhores momentos da turnê do DJ Diplo

À procura do controle mental para a Wings for Life World Run

EM FORMA: HANNES ARCH

Treinar nos céus e em solo mantém o bicampeão do Red Bull Air Race Hannes Arch em forma

60 61 62 64 66 72 73 74 77 82 86

EM FORMA  Hannes Arch MEU EQUIPO  O melhor do MTB MALAS PRONTAS  Cavernas do México RELÓGIOS  Só os melhores VIDA NOTURNA  Diplo na estrada BALADA  Cine Joia MÚSICA  Charli XCX GAMES  Tiros em outra dimensão TUDO NOVO  Inovações do esporte NA AGENDA  Dicas de março MOMENTO MÁGICO  Subindo a parede

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NOSSO TIME QUEM PARTICIPOU DESTA EDIÇÃO “A banda libanesa estava longe de sua terra natal, mas dentro de seu lar espiritual, que é o blues.” Balazs Gardi, que fez as fotos da banda Wanton Bishops (pág. 50)

SHANE McCAULEY

CHRISTIAN ANWANDER

BALAZS GARDI

Faz 13 anos que o fotógrafo e videomaker de 38 anos começou a registrar o produ­ tor e DJ americano Diplo (que estima-se ter ganhado cerca de US$ 10 milhões em 2014). Durante esses 13 anos, McCauley fez mais de 600 mil fotos em baladas pelo mundo, de Buenos Aires a Sydney. Para as páginas do Red Bulletin, McCauley (que fotografa para revistas como Vanity Fair e Rolling Stone) fez um top 10 com as melhores festas comandadas por Diplo (pág. 66). Seu objetivo? “Captar a energia da noite.”

Apesar do frio, Ian Walsh estava de bom humor naquele dia e ficou brincando com sua prancha nas águas geladas de Big Sur, Califórnia, onde en­ controu Christian Anwander para uma sessão de fotos (pág. 42). O fotógrafo austrí­ aco pegou o voo noturno de Nova York a San Jose e dirigiu por três horas para não perder a oportunidade de registrar um dos melhores surfistas da atualidade em ação. E, falem o que quiserem sobre os peri­ gos das ondas gigantescas do Havaí, ilha natal de Walsh… pelo menos lá a água é quente.

O fotógrafo americano que fez coberturas em zonas de conflito como Afeganistão foi para a Califórnia registrar a banda de blues libanesa Wanton Bishops (pág. 50), que pela primeira vez pisou em solo americano. “Tento capturar a bravura e a essência do que fotografo”, diz Balazs Gardi. “E eu tinha esses gran­ des personagens libaneses e eles estão fora da sua terra natal, mas dentro de seu lar espiritual. Por isso foi emo­ cionante ter acesso ilimitado a suas vidas e vê-los capturar a energia dessa atmosfera.”

Jim Krantz (à dir.) e Ricciardo no Alfa Romeo modelo 1972

THE RED BULLETIN PELO MUNDO

O Red Bulletin é publicado em 11 países. Acima, a capa da edição dos EUA

MAKING OF

Matéria de capa

com Jim Krantz

Veja os bastidores em: www.redbulletin.com

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Neste mês, redescobrimos um pedaço da história do automobilismo: a Targa Florio, o mais antigo circuito de estrada do mundo, na Itália. No cockpit, Daniel Ricciardo. Atrás das câmeras: Jim Krantz, fotógrafo de Chicago que coordenou seu staff e dez oficiais para bloquear a estrada. Confira na página 22.

THE RED BULLETIN


A energiA de red Bull em trĂŞs novos sABores.

crAnBerry

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BlueBerry

www.redBull.com.Br



KILIMANJARO, TANZÂNIA

HOMEM DO GELO A 100 metros de distância do cume, o alpinista ­ rofissional canadense Will Gadd encara a parede da p geleira no Kilimanjaro. “Tivemos que ficar acampados por três dias a 5 800 metros para nos aclimatarmos para a escalada”, conta o fotógrafo Christian Pondella. “Depois, Will conseguiu estrear no gelo.” Foi uma ­primeira escalada com sentimentos contraditórios. Os estudiosos do clima preveem que em cinco anos a parede da foto já estará derretida. www.twitter.com/gilwad Foto: Christian Pondella/Red Bull Content Pool

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SAN FR AN C I S CO, EUA

FORÇA DA ÁGUA A competição mais radical para os melhores do mundo nos esportes aquáticos é o Ultimate Waterman. Oito atletas são convidados e competem pela vitória em quatro modalidades de surf e uma de canoagem. As melhores chances de vitória são para o havaiano Kai Lenny (foto), campeão mundial de stand up paddle e vice-campeão mundial de kite surf. Além disso, o garoto de 20 anos de Maui tem bom carma: “Kai” significa “oceano” em havaiano. The Ultimate Waterman, de 14 a 21 de março, Auckland, Nova Zelândia; theultimatewaterman.com Foto: Keith Carlsen/Red Bull Content Pool


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C I DAD E D O C AB O, ÁFRI C A D O S U L

PONTO MORTO O campeão na MX2 da África do Sul, Anthony Raynard, não tem medo da concorrência da nova geração. Ele a desafia. Anthony abriu os portões de sua pista par­ ticular na Cidade do Cabo para a Red Bull My Track e deu aulas para pilotos talentosos abaixo de 15 anos. No currículo: treinamento de largada, whoops e domínio de curvas. E, claro, aulas com o mestre. www.anthonyraynard.com Foto: Tyrone Bradley/Red Bull Content Pool

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TEMA DO M ÊS: VELOCIDADE – CADA VEZ MAIS VELOZ

VELOZ

F L O Y D M AY W E AT H E R J R .

O PUNHO MAIS ÁGIL DA TERRA Este boxeador não só é o mais ­rápido do mundo, como também o mais bem pago Este homem não precisa de modéstia: nunca perdeu uma luta e ganhou, só em 2014 com apenas duas lutas, mais de US$ 100 milhões. Não é à toa que seu apelido é “Money”. ­Ainda que pudesse ser “Rocket”: seus socos chegam a uma velocidade de até 48 km/h – cinco vezes mais rápido que uma mordida de cascavel (9 km/h).

REUTERS, RAFAELA PRÖLL FÜR WIENER, RED BULL CONTENT POOL, GETTY IMAGES(2), YUSUKE KASHIWAZAKI/RED BULL CONTENT POOL ANNA HAZOD

LER MAIS RÁPIDO. PENSAR MAIS RÁPIDO. SER MAIS RÁPIDO.


Querida Susie

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CANÇÕES VELOZES

O que sobe as rotações dos heróis da Fórmula 1? Eles nos contaram

THE MORNING The Weeknd “Com esta música eu ganhei corridas. Por isso escuto sempre.” Lewis Hamilton Mercedes

FOUR KICKS Kings of Leon “Perfeita para um aquecimento. Ou também ‘Molly’s Chambers’.” Jenson Button McLaren

BULLEVARD  V E L O C I D A D E

A PRIMEIRA IMPRESSÃO

A SUA CHANCE DURA 0,1 SEGUNDO Então, aproveite! Ok, é injusto: inconscientemente, seu interlocutor te analisa num piscar de olhos. Se você não passa nessa ­prova instantânea de simpatia, depois pode se esforçar o quanto quiser, pois não vai adiantar muito. Mas a melhor primeira impressão também não serve de nada se depois você se mostra um idiota.

SORRIA DIREITO Os cantos dos ­lábios se movem para cima, não para os lados. Para não parecer fingido.

USE VERMELHO A cor faz você parecer mais atraente. Vale tanto para ­mulheres quanto para homens.

? ROMANCE IS DEAD Parkway Drive “Um pouco de gritaria me anima.” Daniel Ricciardo Infiniti Red Bull Racing

“E VOCÊ?” Você parece mais simpático se deixa o outro contar sua história primeiro.

?

CHEIRE BEM O próprio cheiro tem um efeito ­melhor sobre o ­outro que qualquer perfume. Ou não.

A PILOTO DE TESTE Com oito anos ela já ultrapassava nas corridas de kart o depois campeão da Fórmula 1 Kimi Räikkönen. Agora Susie Wolff é piloto de teste da Williams. A primeira mulher na F1 em mais de 20 anos. Wolff não quer servir de exemplo para ninguém. Ela só quer ser a mais veloz. E nós garantimos: esta mulher pisa mais fundo que qualquer homem poderia correr com estes saltos vermelhos.

GET LUCKY Daft Punk “Não importa quanto talento você tem ou o quanto você dá duro. No final, sempre precisa de um pouco de sorte.” Pastor Maldonado Lotus

“Se você acha que está sob controle, então você não está suficientemente rápido.” MARIO ANDRETTI, CAMPEÃO MUNDIAL DE F1

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BULLEVARD   V E L O C I D A D E

Í D O L O M A R AT O N I S TA D O R A P

Here’s a Maxi-Pad Kneel before General Zod this planet’s Krypton, no Asgard, Asgard It’s actually disastrously bad So you’ll be Thor and I’ll be Odin For the wack while I’m masterfully You rodent, I’m omnipotent constructing this masterpiece yeah Let off then I’m reloading ‘Cause I’m beginning to feel like a Rap God, Rap God 3:00 Immediately with these bombs I’m totin’ And I should not be woken All my people from the front to the back I’m the walking dead nod, back nod But I’m just a talking head, a zombie Now who thinks their arms are long floating 1:30 enough to slap box, slap box? But I got your mom deep throating Let me show you maintaining this shit I’m out my Ramen Noodle ain’t that hard, that hard We have nothing in common, poodle Everybody want the key and the secret I’m a Doberman, pinch yourself to rap In the arm and pay homage, pupil Immortality like I have got It’s me Well, to be truthful the blueprint’s My honesty’s brutal Simply rage and youthful exuberance But it’s honestly futile if I don’t utilize Everybody loves to root for a nuisance Look, I was gonna go easy on you not to What I do though for good Hit the earth like an asteroid hurt your feelings At least once in a while so I wanna make and did nothing but shoot for the moon But I’m only going to get this one chance sure since (PPEEYOOM) (Six minutes, six minutes) Somewhere in this chicken scratch I MC’s get taken to school with this music ‘Cause I know the way to get ‘em Something’s wrong, I can feel it scribble and doodle ‘Cause I use it as a vehicle to‚ bus the motivated (Six minutes, six minutes, Slim Shady, Enough rhymes to rhyme’ I make elevating music you’re on) Maybe try to help get some people Now I lead a New School full of students You make elevator music Just a feeling I’ve got through tough times Me? Me, I’m a product of Rakim “Oh, he’s too mainstream.” Like something’s about to happen But I gotta keep a few punchlines Lakim Shabazz, 2Pac, N-W-A., Cube, hey, Well, that’s what they do But I don’t know what Doc, Ren When they get jealous, they confuse it If that means, what I think it means, 3:30 Just in case ‘cause even you unsigned Rappers are hungry looking at me like Yella, Eazy, thank you, they got Slim “It’s not hip hop, it’s pop.” we’re in trouble it‘s lunchtime Inspired enough to one day grow up ‘Cause I found a hella way to fuse it Big trouble. And if he is as bananas I know there was a time where once I Blow up and being in a position With rock, shock rap with Doc as you say Was king of the underground Throw on “Lose Yourself” and make ‚em I’m not taking any chances 2:00 To meet Run-D.M.C. and induct them But I still rap like I’m on my Pharoahe Into the motherfuckin’ lose it You were just what the doctor ordered Monch grind Rock n’ Roll Hall of Fame even I don’t know how to make songs like that I’m beginning to feel like a Rap God, So I crunch rhymes though I walk in the church I don’t know what words to use Rap God But sometimes when you combine And burst in a ball of flames Let me know when it occurs to you 0:30 All my people from the front to the back Appeal with the skin color of mine Only Hall of Fame I‘ll be inducted While I’m ripping any one of these verses nod, back nod You get too big and here they come in is the alcohol of fame that versus you Now who thinks their arms are long trying to On the wall of shame It’s curtains, I’m inadvertently hurtin’ you enough to slap box, slap box? Censor you like that one line I said You fags think it’s all a game How many verses I gotta murder to They said I rap like a robot, so call me On “I’m Back” from the Mathers LP Til I walk a flock of flames rap-bot 5:00 Prove that if you were half as nice, One when I tried to say I’ll take seven Off a plank and your songs you could sacrifice virgins to But for me to rap like a computer must kids from Columbine Tell me what in the fuck are you Unghh, school flunky, pill junky be in my genes Put ’em all in a line thinking? But look at the accolades these skills I got a laptop in my back pocket Add an AK-47, a revolver and a nine Little gay looking boy brung me My pen’ll go off when I half-cock it See if I get away with it now So gay I can barely say it with a‚ Full of myself, but still hungry Got a fat knot from that rap profit That I ain’t as big as I was, but I’m straight’ face looking boy I bully myself ‘cause I make me do what I Made a living and a killing off it Morphin’ into an immortal coming You’re witnessing a mass-occur like put my mind to Ever since Bill Clinton was still in office through the portal you’re watching a church gathering When I’m a million leagues above you With Monica Lewinski feeling on his And take place looking boy Ill when I speak in tongues nutsack 4:00 You’re stuck in a time warp from two thousand four though Oy vey, that boy’s gay But it’s still tongue-and-cheek, fuck you I’m an MC still as honest And I don’t know what the fuck that you That’s all they say looking boy I’m drunk so Satan take the fucking But as rude and as indecent as all hell rhyme for You get a thumbs up, pat on the back wheel Syllables, skill-a-holic (Kill ‚em all with) You’re pointless as Rapunzel And a “way to go” from your label every I’m asleep in the front seat This flippity, dippity-hippity hip-hop With fucking cornrows day looking boy Bumping Heavy D and the Boys You don‘t really wanna get into a pissing You write normal, fuck being normal “Still chunky, but funky” match 2:30 Hey, looking boy, what d’you say looking And I just bought a new ray gun from the boy? But in my head there’s something With this rappity-rap future I get a “hell yeah” from Dre looking boy I can feel tugging and struggling Packing a mack in the back of the Ac Just to come and shoot ya I‘mma work for everything I have Angels fight with devils and 1:00 backpack rap, crap, yap-yap, Like when Fabulous made Ray J mad Never asked nobody for shit yackety-yack 5:30 Here’s what they want from me ‘Cause Fab said he looked like a fag Git out my face looking boy They’re asking me to eliminate some of and at the exact same time At Mayweather’s pad singin’ to a man Basically boy you’re never gonna be the women hate I attempt these lyrical acrobat stunts While he play piano capable But if you take into consideration the while I’m practicing that Man, oh man, that was the 24/7 special of keeping up with the same pace looking bitter hatred I had I’ll still be able to break a motherfuckin’ On the cable channel boy ‘cause Then you may be a little patient and table So Ray J went straight to radio station I’m beginning to feel like a Rap God, more sympathetic to the situation Over the back of a couple of faggots and the very next day Rap God And understand the discrimination crack it in half “Hey, Fab, I’mma kill you” All my people from the front to the back But fuck it Only realized it was ironic Lyrics coming at you at supersonic nod, back nod Life’s handing you lemons I was signed to Aftermath after the fact speed, (JJ Fad) The way I’m racing around the track, call Make lemonade then How could I not blow? All I do is drop “F” Uh, summa lumma dooma lumma you me Nascar, Nascar But if I can’t batter the women bombs assuming I’m a human Dale Earnhardt of the trailer park, the How the fuck am I supposed to bake Feel my wrath of attack What I gotta do to get it through to you White Trash God them a cake then? Rappers are having a rough time period I’m superhuman Don’t mistake him for Satan Innovative and I’m made of rubber, so It’s a fatal mistake if you think I need to be overseas 4:30 that anything you say is Ricochet in off a me and it’ll glue to you And take a vacation to trip a broad And I’m devastating more than ever And make her fall on her face and demonstrating Don’t be a retard, be a king? How to give a motherfuckin’ audience a Think not feeling like it’s levitating Why be a king when you can be a God? Never fading, and I know that haters are 6:00 forever waiting REBEL XD, O RAPPER MAIS RÁPIDO DO MUNDO For the day that they can say I fell off, Velocidade de 18 sílabas por segundo. Tente fazer em casa! they’ll be celebrating

1.560 PALAVRAS

“I´m coming to rock and I´m taking a rapper and I´m breaking ´em up”

KEVIN MAZUR/GETTY IMAGES COPYRIGHT: SHROOM SHADY MUSIC, SONY/ATV RHYTHM, SONGS OF UNIVERSAL INC., COMEBACK KID PUBLISHING, HEBREW HUSTLE MUSIC, RUTHLESS ATTACK MUZICK, BIZA PUBLISHING INC., PINK PASSION MUZICK, BUGHOUSE, TWO BADD MUSIC

Eminem tem o recorde ­mundial de maior número de palavras em uma música: 6,5 palavras/segundo. Mas tem um cara mais rápido:


BULLEVARD  V E L O C I D A D E

P R E PA R A R . . .

TODOS CONTRA TODOS Homem contra máquina, animal contra tornado, foguete contra carro-foguete, montanha contra Usain Bolt: quatro categorias, quatro corridas, quatro vencedores surpreendentes 1

2

3

No espaço Obrigada, vácuo: as duas sondas espaciais Helios, nos anos 1970, foram mais rápidas que o planeta mais veloz do nosso sistema solar.

Sonda Helios: a invenção mais rápida do homem

Mercúrio: a mais alta velocidade ao redor do Sol

HELIOS 1 E 2

1 2

MERCÚRIO

3

APOLLO 10

Apollo 10: a nave tripulada mais rápida do mundo

252.792 km/h

172.800 km/h

39.897 km/h 1

2

3

4

No ar Até seu avô conhece este vencedor: o avião tripulado mais ­veloz da história tem mais de 50 anos

NORTH AMERICAN X-15

MAX PLANK INSTITUT, NASA(2), WIKIPEDIA(2), JAY NEMETH/RED BULL CONTENT POOL, FOTOLIA(3), PICTUREDESK.COM(2), GETTY IMAGES(3)

1 2 3 4

FELIX BAUMGARTNER  TORNADO EM OKLAHOMA  FALCÃO-PEREGRINO

1.357,6 km/h

1

ThrustSSC: Andy Green pisou fundo em 1997

2

3

Guepardo: o mais veloz ­entre os animais terrestres

4

GUEPARDO

NANGA PARBAT

O recorde de Usain Bolt: 9,58 segundos nos 100 m

1.227,985 km/h

110 km/h

0,00000000057 km/h 1

O submarino mais rápido é uma estimativa: por questões de segurança, nenhum governo do mundo revela a velocidade exata de seus submarinos

2

O marlim é o mais rápido animal na água

2

K-162  FLORENT MANAUDOU

3

K-162: soviético, rápido e supersecreto

MARLIM PRETO

1

Nanga Parbat: tempo e velocidade relativos

44,72 km/h

Na água

3

4

THRUST SSC

1

USAIN BOLT

7.274 km/h

390 km/h

As montanhas também se movem. Mas o crescimento anual de 5 milímetros do Nanga Parbat é compensado constantemente pela erosão

3

Falcão-peregrino: imbatível no voo picado

509 km/h

Na terra

2

1999: o tornado mais veloz da história, em Oklahoma

Felix Baumgartner: North American X-15: ­ uebrou o recorde em 1967 ­ninguém caiu mais rápido q

Florent Manaudou: recorde nos 50 m em piscina curta

130 km/h

82 km/h

8,88 km/h 17


BULLEVARD   V E L O C I D A D E

N Ã O S E M O VA ! !

632 DIAS EM UMA FOTO Michael Wesely faz fotos em longos tempos de exposição. O que aconteceu nesse período:

2003

2 DE MAIO DE 2003 Michael Wesely desliga a câmera.

4 DE ABRIL DE 2003 O vodu é reconhecido oficialmente como religião no Haiti.

20 DE MARÇO DE 2003 Os EUA invadem o Iraque. É o início da Guerra do Iraque.

23 DE JULHO DE 2002 O índice Dow Jones cai por 11 dias seguidos e fica abaixo de 8 mil pontos. Queda recorde.

2002

30 DE MARÇO DE 2002 A rainha Elizabeth (rainha-mãe) morre aos 101 anos de idade em Windsor, Inglaterra.

1º DE JANEIRO DE 2002 O euro substitui as moedas de 12 países da União Europeia.

23 DE OUTUBRO DE 2001 Lançamento do iPod da Apple.

2001

11 DE SETEMBRO DE 2001 Ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono nos EUA.

9 DE AGOSTO DE 2001 Michael Wesely inicia a exposição da foto.

MICHAEL WESELY, THE MUSEUM OF MODERN ART, NEW YORK (8.9.2001-5.2.2003) © BILDRECHT, WIEN 2014

26 DE JANEIRO DE 2003 Os Tampa Bay Buccaneers ganham o 37º Super Bowl.


THE MUSEUM OF MODERN ART, NOVA YORK (9/8/2001-2/5/2003) As fotografias de Wesely com longo tempo de exposição chamam a atenção para o processo de fotografar. Os trabalhos de reforma no MoMA em Nova York ficam registrados, mas não o edifício pronto. A intenção de Wesely é iniciar reflexões sobre a memória, as imagens e o poder de imaginação.


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Só se compare a estas pessoas se você tem um ego muito grande. Ou se quer alcançar o sucesso tão rápido quanto elas

27 75 gols

LIONEL MESSI Com 19 anos, marcou um hat-trick contra o Real Madrid. Foi quatro vezes o melhor jogador do mundo e detém o ­recorde de gols na UEFA Champions League.

18 2 Grammys LORDE A mais jovem da lista já é veterana há tempos: fez seu primeiro contrato para um disco aos 12 anos.

TUDO

VAI FICAR BEM Dizem que o tempo cura todas as feridas. Ou nem tanto

TATUAGEM Uma tribal desapa­ rece com dez sessões de laser. Devido às pausas necessárias, o tratamento dura 14 meses.

24

US$ 1,5 bilhão EVAN SPIEGEL O inventor do Snapchat é bilionário e só deixou a casa dos pais no ano passado. Em compensação, a casa nova custou US$ 3 milhões.

1×1 do Kainrath

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FRATURA ÓSSEA Sua perna estará recuperada em oito semanas depois daquela besteira no futebol.

ÁLCOOL Demora mais do que você imagina: meio litro de cerveja pre­ cisa de três horas para deixar o sistema.

US$ 2 bilhões PALMER LUCKEY Inventou os óculos de realidade virtual Oculus Rift. Por que alguém que tem tanto sucesso na vida real precisa mergulhar num mundo virtual?

A velocidade é igual ao caminho (certo) sobre o tempo.

DESASTRE NUCLEAR A região de Cherno­ byl poderá ser habi­ tada só daqui a 25 mil anos. Ainda bem!

DIETMAR KAINRATH

VOCÊ SE SENTE VELHO?

GETTY IMAGES, JAMES KLOWE, AP PHOTO, PICTUREDESK.COM

PRESSÃO NA CARREIRA


BULLEVARD  V E L O C I D A D E

MÃO NA RODA

DÁ PARA SER MAIS RÁPIDO! Durante a vida, passamos mais de 100 horas só escovando os dentes. Veja estas dicas para que sobre mais tempo para as coisas realmente importantes

DESCASCAR O ALHO Coloque os dentes de alho em um recipiente firme e agite com força. A casca se solta ­sozinha. Nós testamos!

DOBRAR CAMISETAS Coloque a camiseta sobre uma superfície qualquer e imagine duas linhas como na figura 1 abaixo.

1

COBRE DIREITO! Enquanto você lia esta página, outros ganharam toda esta grana:

€ 148  3 56

2

BILL GATES Por que o cara ainda trabalha?

€ 256 GELAR A CERVEJA Coloque a cerveja em uma tigela com água fria, cubos de gelo e sal. Em dois ­minutos, ela estará perfeita.

CRISTIANO RONALDO Um pobre pé-rapado se comparado a Floyd Mayweather Jr. Segure a camiseta com a mão direita acima e a esquerda no meio.

3

Dobre levando a mão direita ao ponto abaixo. A mão esquerda não se move.

4

ANGELA MERKEL Isso já imaginávamos. Ninguém fica rico com política na Alemanha.

€ 2

COZINHAR O OVO Coloque o ovo numa xícara, cubra-a com filme de PVC ­adequado para micro-ondas e cozinhe nele por 40 segundos. Puxe a camiseta com a mão esquerda.

Dobre mais uma vez a outra manga. Pronto!

Chega! Parem com isso! Oi! Vocês aí! Ei!

REUTERS

DIETMAR KAINRATH

Existem coisas muito boas que perdem a magia com o tempo. Em casos extremos se transformam nisso: recordes mundiais desnecessários O BEIJO MAIS LONGO 58h35min58seg Ekkachai e Laksana ­ iranarat, da Tailândia, T colaram os lábios por mais de dois dias em 2013. Nosso conselho: se vocês não têm mais nada que dizer um ao outro, é melhor se divorciarem de uma vez. THE RED BULLETIN

€ 15

A PARTIDA DE TÊNIS MAIS LONGA 11h5min

A MARATONA DE KARAOKÊ MAIS LONGA 101h59min15seg

A SESSÃO DE TATUAGEM MAIS LONGA 50h10min

John Isner e Nicolas Mahut tiveram que ­interromper a partida por duas vezes devido à escuridão em Wimbledon, em 2010. Isner venceu. Mas foi eliminado na rodada seguinte.

O italiano Leonardo Polverelli cantou um ­total de 1 295 canções em um karaokê em 2011. Por quatro dias e quatro noites. Felizmente o público não teve que permanecer.

Em 2011, Dave Fleet tatuou cenas da vida de Jesus Cristo na pele de um cliente. Durante dois dias. Ninguém tinha reproduzido a crucificação com tanto realismo.

OS AUTORES DESTA PÁGINA Alguém tem o número do Bill Gates?

DIÁLOGO DAS LATAS Está bem, a resposta está errada, mas eu fui o PRIMEIRO a não saber.

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Para diferenciar da Fórmula 1, o regu­ lamento ditava que os carros esportivos tinham que ter dois assentos, pelo menos no papel. Mas ninguém nunca usou o segundo

RÁPIDO E CLASSUDO Viajamos ao passado com DANIEL RICCIARDO e o Alfa Romeo T33 de 1972 de HELMUT MARKO na trilha da lendária Targa Florio Por: Werner Jessner Fotos: Jim Krantz

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O

avião começa a descida em Palermo, capital e maior cidade da Sicília. O que você espera do dia de ­amanhã, Daniel Ricciardo? Pausa. “Aprender a pilotar um carro de corrida a 300 km/h ­dividindo a estrada com jumentos.” Existe a lenda da mais antiga corrida de estrada do mundo, criada em 1906 por Vincenzo Florio, filho de um industrial rico, na qual também figuraram jumentos e que pode ser vista no famoso documentário The Speed Merchants, que conta como era a vida dos ­pilotos de corrida no começo dos anos 1970. Indo além dos grandes hits Le Mans, Sebring e Nürburgring, o coração do filme bate forte mesmo é na Sicília. Daniel Ricciardo tem raízes familiares em Ficarra, uma pequena comuna no norte da ilha. Quando seu pai tinha 6 anos de idade, a família foi para a Austrália. Por que escolheram Perth e não Nova York, Canadá ou Wolfsburg? “Para dizer a verdade, nunca perguntei.” Daniel não tem muita ligação com a Sicília. Esteve uma vez na ilha quando criança em algum tipo de visita familiar. Sua vida 24

está ligada à Austrália, onde viveu seus sonhos como o de se t­ ornar um piloto de corridas. Nos seus dois anos na Toro Rosso, ele acabou aprendendo um pouco de italiano (“teve dias em que eu respondia em italiano quando os mecânicos falavam comigo em inglês”), mas basicamente o único traço italiano em sua ­personalidade é o amor pela boa comida. “Qualidade preparada com muito carinho: uma bela pasta é a isca perfeita para me ­fisgar a qualquer hora.” Na sua família se falava sobre os heróis da Targa Florio? “Não. Meu pai era um apaixonado por Fórmula 1 e Mario Andretti.” Os anos de glória da Targa − italiano para “placa” − já ­tinham se passado havia muito tempo. O que havia começado como uma competição inofensiva entre um cavaleiro, um ciclista e o primeiro automóvel (propriedade do Signor Florio, naturalmente) que existiu na ilha da Sicília foi crescendo até tornar-se um evento indomável de proporções monstruosas no começo dos anos 1970. O percurso foi alterado várias vezes com o passar dos anos, mas basicamente sempre consistiu em 11 voltas num trajeto com cerca de 70 quilômetros. Os pilotos conduziam seus carros por estradas normais com suas muradas, desfiladeiros e buracos, atravessando povoados e cidades. Nos dias antes da THE RED BULLETIN


“O QUE EU ESPERO DO DIA DE AMANHÃ? APRENDER A PILOTAR UM CARRO DE CORRIDA A 300 KM/H DIVIDINDO A ESTRADA COM JUMENTOS.”   D a n i e l R i c c i a r d o

“Naquela época, a minha cabeça também ficava tão fora do cockpit assim?”, quis saber Helmut Marko quando viu ­Ricciardo dentro do Alfa. A resposta: ­ficava sim, mas talvez não tanto. O assento não é o original, ao contrário de todo o resto do carro


O trajeto passava dentro de povoados e cidadezinhas. Mesmo quem não viveu a corrida acredita poder escutar o ronco do V8 acelerando pelas vielas

realização das provas, a organização enviava mensageiros que avisavam os moradores que “guardassem as crianças e os animais”. O que nem todos faziam. Muito pelo contrário: centenas de milhares de pessoas iam para as ruas ver o evento. O mar de gente se abria para dar passagem aos carros e se fechava novamente atrás deles. Os sicilianos queriam não só ver os carros, mas também tocá-los. De preferência quando estavam em movimento. (A motivação dos animais para fazê-lo continua sendo um mistério inexplorado.) Como a corrida fazia parte do World Sportscar Championship [Campeonato Mundial de Esportivos], a performance dos carros aumentava obrigatoriamente a cada ano. As grandes marcas da época tinham suas próprias equipes, principalmente Porsche, Ferrari e a então estatal Alfa, que confiou o setor de competições à lenda Carlo Chiti e sua empresa Autodelta. Em 1972, que ­também é o ano em que foi produzido o T33 no qual Ricciardo está apertando o cinto agora, a luta pela vitória estava entre a Ferrari (um carro com os pilotos Arturo Merzario e Sandro 26

­ unari) e nada menos que quatro Alfas. Foi só no começo dos M anos 1970 que as corridas de sports cars e da Fórmula 1 come­ çaram a se desenvolver no sentido de ter uma cabine para só uma pessoa. Todos os grandes pilotos da época (com exceção de Jackie Stewart) pilotavam nas duas categorias. Nino Vaccarella, Rolf Stommelen, Vic Elford e, naturalmente, Helmut Marko são alguns dos que largaram na Targa de 1972. Os pilotos eram speed merchants, “mercadores de velocidade”, que vendiam seus pés para acelerar e fazer muito barulho. Daí o nome do filme. Durante os treinos para a prova de 1972, Helmut Marko ­deixou claro que não gostava da corrida: “As primeiras voltas ­foram um choque. O holandês Toine Hezemans teve um acidente durante os treinos atropelando um jumento com uma pessoa e tudo. Ele foi catapultado por cima do spoiler traseiro. E o ita­ liano Nino Vaccarella desapareceu com seu carro debaixo de um caminhão. Os mo­radores ficaram com medo e lacraram as portas e janelas com ­pregos como medida de segurança. Uma vez, um carro desa­pareceu no alto das montanhas. ­Precisaram THE RED BULLETIN


de meio dia para ­localizá-lo. Na época não havia guard rails, no máximo uns ­fardos de feno gigantes.” Como uma pessoa racional deixa de lado toda a sensatez para acelerar o máximo nessas condições? “Como piloto de corrida você está focado na vitória e esquece todo o resto. Isso é algo que não mudou até hoje. Nossos pilotos de F1 são as pessoas mais sensatas nas entrevistas, mas espere até eles baixarem a viseira.” Naquela época, as equipes se alojavam nos povoados ao longo do percurso, normalmente alugavam uma oficina nas proximidades de um restaurante. Se um dos concorrentes marcava um tempo bom, os outros pilotos saltavam novamente dentro dos seus carros. Para marcar um bom tempo era preciso conhecer bem o percurso. “Nós tínhamos que conhecer de cor não só as curvas dos 72 quilômetros, mas também as mudanças no ­asfalto e os topos nos quais o carro perdia a aderência.” Os treinamentos eram feitos no meio do trânsito: primeiro com carros velozes e depois com os carros de corrida. “Às vezes, um policial nos parava e jogava uma multa já preenchida no cockpit. Nós THE RED BULLETIN

“ UM A V E Z, UM CA R RO DESA PA R ECEU NO A LTO DAS MON TA N H AS. PR EC ISARAM D E M EI O D IA PARA LOCALIZÁ-LO.” H e l m u t M a r ko 27


“ NOS SOS P ILO TO S DE F ÓR M UL A 1 SÃO AS P ES SOAS M A IS SEN SATAS N AS EN T R E V IS TAS, MAS ESPER E ATÉ ELES BAIXAR EM A VISEI RA .”   H e l m u t M a r ko 28


Aerodinâmica? Posição do assento? Ergonomia? Pare a choradeira. Pilote. Foram os heróis dos heróis que souberam ­pilotar carros como este nos seus limites


Viagem ao passado: imagine um Fiat 500 ou 124 no lugar dos atuais Punto e Panda estacionados na rua ao lado e pronto! São as ruas de Cerda como naquele tempo

“ÀS V E ZES, U M P OL ICI A L NO S PA R AVA E JOG AVA UM A M U LTA NO COCK PI T. N ÓS AS ENTR EGÁVAM OS N OS BOXES .”   H e l m u t M a r ko


as entregávamos nos boxes. Foram centenas.” O que foi feito ­delas? “Imagino que foram jogadas fora.” Naquela corrida, Marko dividiu o carro com o italiano Nanni Galli que, segundo se soube depois, estava com problemas de concentração no dia devido a uma morte na família. Na última troca de pilotos, ele passou do ponto de frenagem, entrou num muro e teve que ser retirado com ajuda de macacos. E Marko ­ficou com a batata quente na mão: Marko no Alfa e Merzario na Ferrari eram os únicos que ainda tinham chances de ser ­campeões e Marko tinha um atraso de dois minutos. O que ­aconteceu em seguida foi a corrida de sua vida. Uma fábula na qual ele conduziu o inferior Alfa até alcançar a Ferrari. Mas, na longa reta na última etapa, Merzario despejou a superioridade de sua Ferrari de 12 cilindros em cima do Alfa de 8 e recuperou 16 segundos de vantagem até cruzar a linha de chegada. Helmut Marko entrou para a história com a volta mais rápida da Targa Florio: 33 minutos e 41 segundos, o que corresponde a uma média de 128,253 km/h. Mesmo o experiente Daniel Ricciardo está surpreso com a rusticidade da construção do T33 que tem o chassi número

De volta ao presente: naquela época os tifosi acenavam com punhos e bandeiras nos ares, hoje todos sacam os celulares para fotografar

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11572-002 e que deve ser corretamente classificado como T33/TT/3. Esse carro foi usado até 1975 nas grandes corridas e depois foi vendido na Grécia, de onde ainda teve uma passagem pela Escócia para chegar às mãos do dono atual. Uma coisa é certa: a cada venda o preço da máquina aumentou. Já a segurança do piloto continuou a mesma: um tanque de gasolina de 60 litros à direita e outro à esquerda do piloto, e a estrutura de impacto frontal que consiste num logotipo de alumínio rústico da Alfa Romeo e nas canelas do piloto. O conforto no assento também parece piada: o acelerador enrosca numa parte da carroceria enquanto que pilotos altos têm que ­tomar muito cuidado com o joelho esquerdo para não acionarem equivocadamente o botão de uma das bombas de gasolina. O pedal da embreagem é uma prensa de pernas no ajuste mais duro, o volante é minúsculo e baixo como o de um carrinho de batebate. A mudança de marcha é normal através da embreagem e de uma alavanca. “Só há muito tempo na Fórmula Ford eu pilotei um carro com um sistema de transmissão como esse”, conta Ricciardo, “e eu não me saí muito bem.” O que aqui também é verdade, mas como aqui não se trata de lutar por décimos e centésimos de segundo, ele pode aproveitar:

“Tudo é manual. Cansativo, mas muito divertido”. A função das esposas dos pilotos na geração de Marko era enfaixar as mãos dos seus heróis para aguentarem as trepidações dos volantes dos carros que chegavam a 300 km/h nas péssimas estradas. “Depois de uma corrida, seu corpo estava todo machucado. Pilotar esses carros era um grande desafio físico”, afirma Marko. Ricciardo já imaginava que o T33 ia correr bem: menos de 700 quilos para 400 cc, e, para completar, a melhor suspensão da época: “Ele faz exatamente o que você espera dele. Um verdadeiro carro de corrida!”. A cada parada, em cada povoado, Ricciardo é reconhecido e em poucos minutos está rodeado de tifosi. Você é um dos nossos, dizem para ele. Quer comer algo? Quando você vai correr para a Ferrari? Ricciardo responde sempre sim, sim, e bem, claro, ­vamos ver. A paixão dos italianos pelo automobilismo é enorme e às vezes é um pouco invasiva. Mas, por sorte, o carro é um ­refúgio seguro e ele já pode seguir por mais alguns metros do trajeto histórico. Percorrer uma volta completa da Targa Florio no carro ­his­tórico é impossível nos dias de hoje. As estradas estão em ­estado deplorável, perigosas até para um carro de aluguel

Durante as corridas, centenas de milhares de fãs despertavam as montanhas, vales e bosques da Sicília de seu torpor habitual

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Em busca de aderência: areia do Saara somada a mudanças no asfalto

M ENO S DE 700 QUILOS PA R A 400 CV E, PA R A COM P L E TA R , A M ELH O R SUSPENSÃO DA ÉPOCA

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c­ omum, quanto mais para um carro de corridas com mais de 40 anos cujas rodas dianteiras minúsculas com 13 polegadas ­foram projetadas para manter o veículo o mais rente ao solo ­possível. Teoricamente, claro que se poderia reformar as estradas, mas, na prática, a política siciliana e a falta de clareza ­sobre o que compete a quem acaba minando qualquer projeto. No máximo, quando uns metros da pista desmoronam, alguma alma misericordiosa coloca alguns cones para marcar o local. O que também tem seu lado positivo, claro: Ricciardo fica só com os filés do trajeto, onde asfalto e curvas são bons. Ele ­deixa o Alfa voar livre, ainda que respeitando a pista lisa, sobre a qual sempre há uma camada fina de areia do Saara. O motor de 8 cilindros ronca alto, a traseira balança, o sorriso de Ricciardo dentro do capacete aberto quase pode ser visto até Nápoles. À noite, no voo de volta à casa, ele parece pensativo. O que foi que este dia fez com você? “Acho que agora eu realmente ­preciso perguntar a meu pai por que meus avós decidiram ­emigrar para a Austrália.” Pausa. “Talvez agora eu tenha me aproximado de compreender o que Marko diz quando conta sobre aquela época, mesmo que nunca poderei compreender completamente. Nem havia ­jumentos nas estradas.” Pausa. “Mas de uma coisa eu sei: agora eu também quero ter um ­carro de corrida antigo.” www.redbullracing.com

O MOTOR DE 8 CIL IN DROS RONCA . A T R ASEIR A BA L A NÇA . R I CC IAR DO AB R E O SO R R ISO


Ninguém precisou de figurantes: todos saíram de suas casas para ver o que estava acontecendo

TARGA FLORIO

GETTY IMAGES(3)

Uma das maiores corridas de enduro de todos os tempos. Talvez a pior. Conheça Em 1900, viajando pela Europa, Vincenzo Florio descobriu o automóvel e, em seguida, mandou trazer um triciclo da De Dion-Bouton de Paris para a Sicília. Com o único carro da ilha, dirigir sozinho acabava se tornando tedioso. Então ele organizou uma corrida entre seu triciclo, um cavalo e uma bicicleta. O ciclista teve um colapso nas montanhas e o triciclo superaqueceu. Mesmo assim, o equino não consta nos anais da história como o primeiro vencedor da Targa. Isso porque a história oficial da corrida só foi registrada a partir de 1906, quando Florio cedeu à pressão de Henri Desgrange para realizar uma corrida de carros na Sicília. Desgrange era jornalista ­esportivo do jornal l‘Auto na França e tinha acabado de ­criar a Tour de France para preencher o vazio editorial do verão no seu jornal. Uma corrida de carros na Sicília

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era perfeita para expandir o portfólio. Dez carros largaram na es­treia. O vencedor, Alessandro Cagno, completou os 148 km do percurso em nove horas e meia. O maior número de vitórias na Targa foi alcançado pela Porsche com 11 primeiros lugares. A denominação “targa” para conversíveis também remonta à corrida lendária. A Alfa registrou dez vitórias além da volta mais rápida. A corrida de 1973 foi a última que contou para o World Sportscar Championship. O grande número de ­acidentes, dois com vítimas fatais, levou as autoridades a tomar providências, mas os italianos continuaram ­ a tradição por conta própria até 1977. Hoje, uma competição de carros antigos e um rali são realizados com o nome da antiga corrida.

Messina

Palermo

SICÍLIA Siracusa

Jumentos, fardos de feno, paredes, pessoas nas ruas: no final dos anos 1970, a Targa havia se tornado definitivamente perigosa demais

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“Que história é aquela dos mamilos, Keira Knightley?” Ela é uma mulher linda, rica e muito inteligente. Infelizmente, ela morre de vontade de ter tatuagens azuis

Ela tinha 18 anos quando deu um pé na bunda do Johnny Depp pela primeira vez. Desde então, fez cenas de sadomasoquismo com Michael Fassbender, lutou ao lado de Mickey Rourke e de Clive Owen, colocou chifres na cabeça de Jude Law... ou seja, muita ação. E muito sexo. No entanto, Keira Knightley é mais do que simplesmente uma das atrizes mais bonitas da história do cinema. Perto dos 30 anos, Keira é uma atriz excelente que se destaca em papéis complexos, como no filme O Jogo da Imitação, onde fez a amiga e confidente do gênio da criptografia, interpretado por Benedict Cumberbatch, e no dramático filme de sobrevivência Everest. the red bulletin: No ano passado, você tirou a roupa para a revista Interview. Você disse que era contra a loucura excessiva do Photoshop e proibiu alte­ rações nas fotos. É uma forma muito atraente de fazer valer suas opiniões. keira knightley: Ah, obrigada! Essas fotos são para mim o que a minha mãe chamava de “mamilos com tatuagens azuis”. A sua mãe tem tatuagens...? Não! Ela dizia isso em sentido figurado. Uma vez ela disse: “Quando tiver netos, vou ter mamilos com tatuagens azuis. Porque então todos vão saber que eu tive uma vida de verdade”. Estas fotos nuas são a minha versão disso. Eu tinha algo para dizer e essa foi minha forma de ­expressão. Um dia vou mostrá-las orgulhosa para meus netos. Aos 18 anos você fez, em Piratas do ­Caribe, seu primeiro papel numa grande produção. Você se ofendeu quando ­disseram que tinha ganhado o papel mais pela sua aparência do que pelo seu talento? 36

Ninguém disse tampouco que a mulher mais feia do mundo ganhou o papel. Já é alguma coisa. Levo isso numa boa, sabe. O cinema vive de imagens. Sei que me ­deram o papel em Piratas do Caribe também por causa da minha aparência. Mas não foi só por isso. Havia muitas ­garotas extremamente lindas na seleção final, mas eu fui a escolhida, então tinha algo mais além da beleza. Você tem orgulho de sua beleza? A beleza vai desaparecer com o tempo.

“Se tivesse somente minha beleza para oferecer, aí sim eu teria motivos para me preocupar seriamente.” Se ela fosse a única coisa que tenho para oferecer, aí sim eu teria motivos para me preocupar. Há desvantagens em se tornar conhe­ cida tão jovem? Tenho câmeras voltadas para mim o tempo todo. Todo o tempo. Não tenho o luxo de experimentar coisas. Não é possível, por exemplo, experimentar todas as drogas que você gostaria. Eu nunca tive aquela fase de beber até cair como qualquer ­adolescente normal. Então, se não funcionou com drogas ou álcool, você arranjou outros vícios para compensar? Esporte, por exemplo?

Nesse aspecto, eu tenho fases bem ­ iferentes. Tem aquele período de seis d meses em que contrato um personal ­trainer e vou à academia regularmente, mas depois de algum tempo fica muito chato. Não ­tenho mais vontade. Então se passam seis meses nos quais eu praticamente só vegeto. E depois tudo se repete. Você está no topo do mundo cinemato­ gráfico há mais de dez anos. É uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood. Como foi que você conseguiu? Hum... Para dizer a verdade, também me surpreende. Acho que a minha receita para o sucesso vai te decepcionar bastante: eu simplesmente tive muitíssima sorte. No que diz respeito a receitas para o sucesso, sim, é um pouco decepcionante. Está bem... Eu sou uma lutadora. Isso eu posso dizer. Quando alguma coisa me derruba, eu me levanto logo e continuo lutando. Por outro lado, também sou capaz de mudar. Posso me transformar em uma dessas atrizes com lobotomia... Com o quê? Lobotomia cerebral. Com as ligações nervosas cortadas. Apatia completa. Estado típico de atrizes. Mas, quando tenho minha fase de lobotomia, uma coisa impressionante acontece: eu me assusto com minha própria preguiça e começo a fazer alguma coisa para mudar isso. Se tudo der errado, você ainda pode pensar em fazer música junto com seu marido [James Righton, da banda Klaxons]. Péssima ideia! Eu tenho pavor de cantar em frente ao público. Eu enlouqueceria se tivesse que fazer isso. Horrível! A opinião dos outros importa tanto? Claro. Para você não? Quem não se importa com ela é um psicopata. THE RED BULLETIN

AUSTIN HARGRAVE/AUGUST

Por: Rüdiger Sturm


Nome Keira Christina Knightley Data e local de nascimento 26 de março de 1985, Teddington, Londres Início da carreira Aos 6 anos tinha um em­ presário e aos 8 estrelou seu primeiro filme Prêmios Uma indicação ao Oscar, três para o Globo de Ouro e duas ao BAFTA

Principais filmes Piratas do Caribe 1-3 (2003-2007) Orgulho e Preconceito (2005) Desejo e Reparação (2007) Um Método Perigoso (2011) O Jogo da Imitação (2014)


THIAGO MUNDANO

“Uso a rua de maneira inteligente” A arte de Thiago Mundano é contestadora. Ele espalha desenhos e mensagens de conscientização e já melhorou as condições de mais de 200 catadores de lixo, com um projeto que pinta e conserta suas carroças Por: Fernando Gueiros  Foto: Marcos Vilas Boas

“Se você pensar que existem 20 milhões de catadores pelo mundo, então verá que realmente temos um desafio.” É assim que Thiago Mundano dá a dimensão do tamanho do trabalho que é preciso fazer para resgatar a dignidade de catadores de lixo nos quatro cantos do planeta. ­“Recebemos fotos de Kosovo, dos Estados Unidos, da América do Sul... As pessoas estão marcando na internet, transforman­ do isso num banco de dados global que nunca existiu.” O paulistano que se autodenomina “artivista” – artista e ativista – é um em­ preendedor social apoiado pelo programa Red Bull Amaphiko e passou a pintar e consertar carroças de catadores em 2007. Cinco anos depois, viabilizou com a ajuda de financiamento coletivo o Pimp My ­Carroça, evento que reúne voluntários e catadores para reformar as carroças. Para Mundano, precisamos de um ­choque para mudar o mundo: “Estamos caminhando para um desastre iminente. Quando eu tinha 15 anos, pensava: ‘Temos que fazer as coisas para futuras gerações’. Mas esse futuro é agora”. Ele abriu as por­ tas de seu estúdio na Vila Madalena, em São Paulo, e conversou com o Red Bulletin numa abafada manhã de verão. the red bulletin: Com quantos anos você começou a pintar? Thiago mundano: Não sei precisar, mas comecei rabiscando muros, assinando Mundano, pixando. Sempre achei uma coisa muito legítima. Se você for ver, o homem das cavernas rabiscava seu en­ torno e deixava marcas do seu cotidiano. Vejo muito a pixação e o graffiti como uma forma mais evoluída disso. Fui 38

­fazendo desenhos até ver que a rua retor­ nava – foi aí que eu comecei a escrever frases, interagir, foi tudo natural. Hoje consigo usar a rua de uma maneira mais inteligente, interagindo com ela. Foi aí que começou o ativismo? Quando você vai pintar, começa a buscar espaços mais abandonados, porque tem menos problema com a polícia. Isso me levou a lugares onde eu não estava tão acostumado a ir, com a idade que eu ­tinha. Fui para buracos, vi uma cidade ­diferente. Isso foi um estímulo, sim.

“Ninguém faz nada sozinho. Evoluí muito ao criar uma rede de colaboração.” Você já passou por alguma situação perigosa? A interação na rua é uma vivência muito legal. Você vê e conversa com pessoas de todos os níveis. Fui em lugares muito peri­ gosos, que mesmo todo largado, sujo de tinta, as pessoas me falavam: “Aonde você está indo? Você vai ser assaltado!”. Aí, quando começa a pintar, isso tudo é que­ brado. O assaltante é o primeiro a proteger. Como foi que você começou o trabalho com os carroceiros? Foi espontâneo. Estava ali pintando algu­ ma coisa e tinha um catador por perto. Aí eu pintava a carroça dele, foi natural. Já tinha essa coisa das frases, então

c­ omecei a pintar as frases nas carroças, que viraram uma arte contestadora, sobre o próprio trabalho do catador ou não. No começo eu deixava a carroça dele mais visível, atraente. Até eu puxar o car­ rinho e ver que precisavam de itens de ­segurança. Vi que eu pintava, pintava, já tinha pintado mais de 100 carroças na época, e só via carroça não pintada. Aí, em 2012, começou o Pimp My Carroça, que é uma mudança mais profunda, uma reforma geral na carroça. Você falou recentemente no TED Global, que aconteceu no Rio, no ano passado. Como foi essa experiência? É muito bom para a gente que está em um momento de levar a causa. Os cata­ dores estão no mundo inteiro. Onde tem desemprego e desperdício de materiais vai ter catador. Só muda as formas. Por isso, vejo o potencial enorme do Pimp pelo mundo. O TED foi uma oportunida­ de de colocar o projeto para o mundo ver. Quais foram os maiores aprendizados que você teve como ativista? Ninguém faz nada sozinho. Evoluí muito ao criar uma rede de trocas e colabora­ ção, que é o que mais vai fazer uma ideia ir para a frente. Como foi pintar algumas paredes no conjunto habitacional do Parque do Gato, em São Paulo [foto ao lado]? O Parque do Gato fica num lugar muito interessante de São Paulo, no cruzamento de dois rios: o Tietê e o Tamanduateí. Ele é o conjunto habitacional com mais laterais de prédios pintadas na América Latina. Nunca tinha pintado um prédio daquele tamanho. Pintamos 26 prédios, eu fiz 4 deles. Foi um desafio. pimpmycarroca.com THE RED BULLETIN


Nome Thiago Mundano Idade 28 anos Futuro “Acho que vamos ter um mundo muito caótico, pior do que está. Apesar de toda a minha positividade, esse é o cenário que eu vejo. Quero continuar com o ativismo cada vez mais forte. Quanto aos catadores, numa visão global, acredito que eles terão um reconhecimento muito maior do que hoje. Estou nessa luta.”


“Como se vence uma maratona, Jerzy Skarżyński?”

O extraordinário atleta, treinador e escritor de best-sellers polonês participou de dúzias de maratonas, ganhou várias e sempre teve medo de cada uma delas

the red bulletin: Dizem que você tem medo da distância da maratona. jerzy skarżyński: É verdade. E esse medo é bom. Você tem o direito de ter medo. Você deve ter medo. E você deve vencê-lo. Toda e cada vez. Para isso é necessário... ...ir lá e enfrentá-lo. Correto. Não se ­acovardar nunca. Jamais. Por que os abomináveis 42,2 km eram uma barreira para você? Eu venho do futebol. Passei dos 400 metros aos 10 mil metros e mais ­tarde experimentei os 15 mil. No começo, terminar uma maratona parecia algo ­inimaginável para mim. Como você se preparou mentalmente? Sempre quis vencer. Desde criança. Eu pensava: qual é o prêmio? Quanto eu gostaria de vencer? Eu imaginava o adversário, como ele estaria correndo, como eu o ultrapassaria. Me via correndo, passando em frente aos fãs. Esses pensamentos já inundavam meu cérebro com adrenalina. Como um esportista amador pode fazer o mesmo? Tendo um objetivo claro e sendo racional. A razão diz: “Cada treino me apro­ xima do meu objetivo”. Se você está ­saudável, você deve correr. Se seu corpo continua não querendo, isso é só pre­ guiça. Treine com constância, mesmo ­quando pareça que o que você está ­fazendo não é suficiente. Não seja ambicioso ­demais. Isso é ­prejudicial ao corpo. As distâncias mais longas devem ser ­experimentadas com cautela: se você já consegue correr 10 quilômetros, ­experimente correr 11 da próxima vez e observe como o seu ­corpo reage. A partir do quilômetro 25 o componente mental entra em jogo. 40

Como é isso? Depois de no máximo 25 quilômetros, é quando pensamentos estúpidos invadem a mente: “Falta muito ainda” ou “Eu não consigo fazer isso”. Eles desestimulam o corredor. Você tem de agir contra eles, assumir o controle da mente. E isso é possível? Tente ver corridas de longa distância como aventuras ou como passeios. Você terá que correr por muito tempo

“Se você está saudável, você deve correr. Se seu corpo continua não querendo, isso é só preguiça.” e muito lentamente. Não fuja mentalmente dessa realidade. Antes da largada, você já deve imaginar que vai demorar. O foco antes da corrida é muito importante. É assim que os grandes corredores fazem? Eles precisam averiguar o GPS e o pulso o tempo todo. Não sobra tempo para ter pensamentos estúpidos. É possível aprender a amar as maratonas? Sim. É fantástico quando se sabe o que está fazendo e se prepara lentamente e por muito tempo. Há 30 anos, eu marquei com 2 horas e 11 minutos meu melhor tempo. Agora estou me preparando para a próxima e estou muito animado.

Você vai participar da Wings for Life World Run. Qual é seu objetivo? Este ano quero me aproximar o máximo possível dos 42,2 quilômetros. Meu ­objetivo para 2016 é superar o percurso típico de uma maratona. O que o seu odômetro pessoal de ­corridas mostra? Foram 170 mil nos últimos 43 anos. ­Tinham previsto desgastes e dores com a idade. Mas estou ótimo. Nada dói. Você só tem que estar atento aos sinais do corpo. Como eram as condições de treino do outro lado da Cortina de Ferro? Semelhantes à comida. Me lembro de um campo de treinamentos onde tivemos somente peixe para comer durante dois meses. Dois meses! Um conhecido costurava minhas roupas para treinar. Encomendava tênis do lado ocidental. Não ­havia treinamento em altitude. Não gosto de olhar para trás. O pior foi que, mesmo sendo um time extremamente forte em 1984, não pudemos viajar para os Jogos Olímpicos de Los Angeles. Mesmo assim, como esportista profissional eu provavelmente tinha uma vida bem melhor que muitos naquele país. A melhor lembrança da sua carreira. Nova Zelândia. Me preparei durante duas semanas para uma corrida e, em seguida, mais duas semanas para a próxima. Tinha cerveja, sorvete e tudo que eu quisesse comer e beber... Foi a época mais bonita da minha vida. No dia 3 de maio de 2015 será dada a largada ao mesmo tempo em 35 cidades em 33 países para a Wings for Life World Run 2015. Quem será o último a ser alcançado pelo catcher car? Informações e inscrições: www.wingsforlifeworldrun.com THE RED BULLETIN

MICHAL JEDRZEJEWSKI/RED BULL CONTENT POOL

Entrevista: Werner Jessner e Arek Piatek


Nome Jerzy Skarz˙yn ´ ski Nascido em 13 de janeiro de 1956 Altura/peso 1,77 m; peso de competi­ção: de 60 a 63 kg; atualmente: 68 kg Vitórias Primeiro colocado em Varsóvia e Leipzig. Melhor tempo pessoal: 2:11:42, marcado em 1986 em Debno, na Polônia.


O surf é atualmente um esporte de pessoas como Ian Walsh: praticantes de altíssima performance que realizam treinos bem completos. Mas o futuro reserva muito mais. Desde novas formas de treinar até membros biônicos, o Blade Runner das ondas não demora mais que alguns anos para aparecer

O futuro do 42


ZAK NOYLE/A-FRAME

O havaiano Ian Walsh é um dos mais des­ temidos surfistas de ondas gigantes. Ele também é um maníaco pela alta performance


IAN WALSH

Abalado por alguns momentos em que ­escapou por pouco de perigosas ondas na ilha de Maui, Ian Walsh queria entender o que aconteceu com seu corpo naqueles momentos de sofrimento e pouco oxigênio debaixo de muita água. De repente, apenas surfar não era mais suficiente para se dar bem – e talvez nem mesmo para sobreviver. A seguir, um dos melhores surfistas de ­ondas gigantes apresenta o que deve ser o futuro desse esporte, no qual o treino de alta performance pode representar a diferença entre a vida e a morte  Entrevista: Stuart Cornuelle

the red bulletin: Maui é famoso ­pelas ondas grandes. Para você então foi uma coisa natural, não é? ian walsh: Nós tínhamos ondas enormes todos os dias do inverno, então me acostumei com isso desde muito cedo. Mas por volta dos 15 anos foi que realmente me convenci de que não queria perder estes dias se meus irmãos e amigos estivessem no mar. O que fez com que você pensasse que precisava de treino para isso? Um dia, tomei uma vaca feia em cima de uma bancada de coral – fiquei embaixo d’água muito tempo, escapei pelo fundo das pedras. Todo o meu corpo ficou ralado. Naquela altura do dia já era a terceira prancha que eu quebrava, então estava cansado e arrebentado. Daí foi quando caí em mim que “uau, ­estar cansado e arrebentado assim é dez vezes pior do que quando você está em forma”. Aí comecei a pensar: “OK, ­então talvez eu não possa simplesmente acordar, comer uma tigela de cereal e ir pegar onda. Eu preciso me preparar”. Depois de alguns desses incidentes, ­conheci um cara que estava abrindo uma academia bem onde eu morava. E ­ ntão ele começou a me mostrar o que eu deveria estar treinando fora da água.

BRIAN BIELMANN/RED BULL CONTENT POOL, CHRISTIAN ANWANDER

Depois de tomar uma vaca em uma bancada de coral na ilha de Maui, no Havaí, Walsh viu que tinha que ­melhorar seu treino

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Walsh, que teve dificuldade em segurar sua respiração por muito tempo, começou a treinar forte para sobreviver às quedas em ondas gigantes

“Eu comecei a pensar, OK, talvez eu não possa simplesmente acordar, comer um cereal e ir surfar.”


Em seus treinos, Walsh combina surf, academia, exercícios de apneia e bicicleta

“ Muitos caras só pegam onda, não fazem nada mais para a parte física. Notei o benefício de treinar há alguns anos.” Como que era treinar no começo? A primeira coisa à qual me dediquei de verdade foi ao rolinho, para aumentar a flexibilidade dos ligamentos e simplesmente deixar a onda fluir. Também fiz aquele circuito geral de treinos de musculação – não os de pesos muito pesados, porque o objetivo não era ficar muito maior, mas tonificar os músculos e melhorar a resistência. Então alguns movimentos básicos, flexões e barras – tudo ­alternado para harmonizar os músculos com os quais você está trabalhando. Você estava treinando exercícios de apneia nessa altura? Não, eu fazia apenas coisas de academia. Esse ainda era um problema que eu não encarava – o fato de não conseguir segurar a respiração muito tempo. O que faz com que você diga que tinha dificuldade de segurar a respiração? Se você olha alguns dos outros caras que surfam, todos eles são mergulha­dores espetaculares. Eles faziam pesca submarina, 46

THE RED BULLETIN


ADEMIR DA SILVA, MASTERS/A-FRAME, BRIAN BIELMANN/RED BULL CONTENT POOL

arpoavam peixes e têm capacidade pulmonar muito grande. Sempre tive a sensação de que não conseguiria ir tão fundo, que não conseguiria ficar submerso tanto tempo. Simplesmente segurar a respiração, quando eu era criança, sen­ tado no sofá, chegando a 45 segundos ou um minuto era uma luta. Então como você enfrentou isso? Era outubro de 2010, eu acho. Eu estava em um avião, e a revista de bordo tinha um artigo sobre um mergulhador e sua esposa [Kirk Krack e Mandy-Rae Cruickshank], que treinavam figuras como Tiger Woods e David Blaine para seus desafios. Eu li sobre suas técnicas e como eles desenvolviam seus níveis de capacidade pulmonar e ensinavam todos esses padrões de respiração. Naquela época, a Red Bull tinha recém-implementado seu programa de alta performance, então tirei algumas fotos do ­artigo e mandei para Andy Walshe por e-mail – ele era o coordenador do programa – e depois fiquei pensando: “Acha que tem alguma chance de um cara como esse fazer um curso comigo, a essa altura da vida?”. E alguns meses depois ele acabou indo parar na minha casa em Maui. Nós tivemos cinco dias ­inteiros para decidir o que fazer. Em que ele treinou você? No primeiro dia, Kirk chegou e foi jantar com minha família. Durante o jantar, ele já disse “Ok, deite e tente isso”. E eu me deitei e fiquei [segurando a respiração] por 45 segundos ou um minuto. E depois ele disse “agora tente esta técnica de respiração”, que era basicamente diminuir a frequência cardíaca e deixar sair mais dióxido de carbono enquanto se está ­inspirando oxigênio, desequilibrando de forma a ter mais espaço para o oxigênio. A primeira vez que segurei a respiração, fiquei três minutos, na hora. Então, depois disso veio o inverno e nós fomos surfar em Jaws, e em um dia de ondas decentes acabei levando uma vaca e ­fiquei submerso muito tempo. Eu lembro de emergir e não ter mais que um segundo até que outra onda enorme me atingisse. Daí fiz tudo o que aprendi no curso. Apliquei a respiração diafragmática e tive algo como um segundo para controlar a minha frequência cardíaca. E mergulhei de novo, ficando muito mais confortável do que jamais ­tinha estado até aquela hora. Eu mandei naquele dia um e-mail para Andy e Kirk dizendo: “Não sei como agradecer”. Como é o seu treino hoje? Tenho um programa muito bom que faço por seis semanas antes do inverno. Eu faço uma janela de treino de respiração THE RED BULLETIN

“ Mudou muito. Hoje os dez melhores surfistas do mundo estão treinando o ano todo sem parar.”

por quatro ou cinco dias onde tudo o que se faz nesses dias é realizar movimentos na piscina e alguma apneia estática [segurar a respiração com o rosto n’água] e depois alguns mergulhos. Basicamente me acostumando a segurar a respiração até o ponto da tortura. Então o resto do programa consiste em acordar cedo e ir surfar todas as manhãs por algumas horas, depois voltar para casa, tomar o segundo café da manhã e depois ir à academia e fazer duas ou três horas de várias coisas diferentes. Não muito levantamento de peso – muitos dos exercícios são feitos com o meu próprio peso, como os apoios, e um circuito. Aí eu como de novo e vou andar de bicicleta, um bom treino de 90 km, 100 km. Algumas vezes faço pilates ou ioga para terminar o dia. Isso quando as ondas não estão boas – senão é surf! E esta é só a primeira parte? É. Depois da primeira semana, assim que tudo entra nos eixos, começo a segurar a respiração no meio do treino de circuito na academia. Eu tomo ar da mesma forma que se estivesse indo para baixo d’água e, porque meu batimento cardíaco está mais acelerado, parece muito mais com o surf do que se estou só com a cabeça enfiada

na água. É aí que eu sinto que estou dando tudo de mim. Parece um treinamento militar. Claro, a diferença é que não existe baixa temporada no surf. Isso é que é difícil: você precisa se virar para encontrar ­tempo. E eu ainda quero poder surfar, então posso estar no meio do treino, mas, se tiver um swell de final de temporada na Indonésia, acho que não vou ter como deixar de surfar, sabe? Porque no final das contas é tudo pelo surf. Acredito que muitos dos atletas fazem isso. Eles parecem muito determinados a manter a sua rotina na academia quando eles deveriam praticar mais o seu esporte, sendo a academia só um complemento. De onde vem a motivação para uma rotina de treino como essa? Muitos caras só pegam onda, não fazem nada mais para a parte física. Notei o benefício de treinar há alguns anos. Eu costumava surfar durante todo o inverno e então ia para o inverno do Hemisfério Sul e surfava todo o inverno lá também. Geralmente em agosto ou setembro eu estou tão cansado que caio o tempo todo. Há alguns anos que eu não faço mais isso. Termino minhas ­viagens, vou para casa e tento me concentrar durante uma janela para me preparar. Ao fazer isso, notei como me sentia melhor durante a temporada. Algum outro esporte integra o programa? Estou andando muito de bicicleta, ­mountain bike e bicicleta de rua, depois que operei o joelho no ano passado. Hoje eu adoro pedalar. E, quando as ondas estão ruins, faço corrida de ­paddleboard com o vento. E snowboard – que, por mais divertido que possa ser, definitivamente é um exercício. Também lutei muito boxe por alguns anos. Você tem notado uma diferença na atitude dos surfistas em relação aos treinos, de uma forma geral? Parece ter mudado muito a maneira como as pessoas encaram o treino. ­Definitivamente. É dez vezes mais ­necessário e bem-vindo, em todos os aspectos do esporte. Dos masters até os juniores, tem uma abordagem muito mais profissional do que há, tipo, 15 anos. Hoje os dez melhores surfistas do mundo estão treinando o ano todo sem parar. Você olha os melhores juniores e é a mesma ­coisa. E uma boa parte disso se sente ao observar a longevidade da carreira de alguns dos caras que se cuidaram. Você consegue pegar muito mais ondas e por mais tempo se ficar mais tempo na água e permanecer saudável. 47


TECNOLOGIA NAS ONDAS Como as inovações de hoje vão incentivar uma alta performance amanhã

O CORAÇÃO (Esforço) Apesar de parecer um simples band-aid, esta almofadinha adesiva fina, flexível e à prova d’água na verdade contém um minúsculo chip que registra informações antes, ­durante e depois do surf: temperatura do corpo, pulso e respiração. O aparelhinho coleta e armazena essa informação direto do mar, mas também manda os números por bluetooth em tempo real para os treinadores na praia.

OS PÉS (Pressão/Controle)

AS MÃOS (Remada/Energia) Até que distância, com que velocidade e com quanta força um surfista rema? Hoje, com uma simples pulseira de ­borracha equipada com acelerômetros, os pesquisadores podem medir a energia gasta na remada. Apertada com força no punho, essa pulseira está alinhada com precisão ao eixo do braço para analisar o movimento cíclico da remada no surf. Essas informações são gravadas no chip ligado à pulseira e dão aos médicos capacidade de elaborar um regime de treino baseado no comprimento único dos braços, do tronco e dos ombros para adquirir a força necessária para remar nas ondas.

Em um esforço para quantificar a distribuição da pressão usada ­pelos surfistas na onda, os pesquisadores inseriram palmilhas fabricadas pela empresa californiana Pressure Profile Systems nas botas de neoprene dos surfistas. Essas palmilhas ­incluem sensores que medem o percentual da pressão do pé dianteiro em relação ao pé traseiro. ­Essas ­informações podem ser acessadas por um chip no mar, mas também são transmitidas por bluetooth ou wi-fi para o equipamento dos ­téc­nicos. Os pesquisadores assim ­podem visualizar e analisar o que os pés de um surfista estão fazendo enquanto a prancha corta a onda.


HOMEM 2.0

STRALEY/A-FRAME, MICHAEL DARTE

TOM MACKINGER

Monitorar os treinos e a nutrição permite que atletas profissionais façam um ajuste fino aos seus esportes. Mas o próximo salto será cerebral  Por: Ann Donahue Os surfistas profissionais valorizam o seu senso do zen, a paz que advém de praticar um esporte que é, em sua essência, uma forma de estar em contato com as ondas e maravilhas da natureza. Parte disso, claro, pode ser atribuída aos visuais ­alucinantes, mas o motivo fundamental para o surfista valorizar o bem-estar não se modifica nunca: está no cérebro. Já houve uma boa quantidade de estudos a respeito da importância da psicologia nesse esporte. Mas há um campo da ciência em ascensão que vai além dos gritos de técnicos para aumentar a autoestima. Ele trata o cérebro como um músculo, monitorando suas reações e treinando para ser cada vez melhor. Não é uma questão de como o cérebro faz a pessoa se sentir – é uma questão do que o cérebro a motiva a fazer. “Um surfista passa um tempão trei­ nando para ser melhor, o que seus treinos e o seu treinador tentam melhorar são os músculos, a concentração: muitas ­coisas que você precisa fazer com o seu corpo e com as habilidades que pode ­controlar”, diz o neurocientista Moran Cerf. “Mas isso é o corpo. O que nós ­fazemos é nos concentrar no cérebro.” Cerf, que é professor na UCLA, na ­Califórnia, e na Northwestern University, em Illinois, busca saber como monitorar a resposta do cérebro no esporte. Por exemplo: um atleta de elite sobe em uma esteira e corre tanto quanto conseguir. Duas horas depois, com câimbras e suando, ele aperta o botão do stop. O próximo a subir na esteira é um ­senhor tipo Homer Simpson, sendo dada a ele a mesma instrução: corra o máximo que conseguir. Depois de três minutos ele

“ Nós podemos estudar o cérebro, saber em que estado ele estava quando parou e podemos melhorar.” THE RED BULLETIN

engasga, aperta o stop e cambaleia na ­direção de um donut. Superficialmente, esses dois corredores não têm nada em comum. Mas, segundos antes que eles parassem, seus cérebros mandaram uma ordem similar de “Não! Aqui não dá mais!” para que seus músculos parassem. Não interessa se um é maratonista e o outro, um sedentário. A questão para Cerf é de como suspender essa atividade e impedir que ocorra para melhorar a estamina. “Em algum ­lugar do cérebro há dois componentes – um que diz ‘Eu não consigo mais’ e outro que diz ‘Tenho que continuar’ ”, explica Cerf. “Eles competem um com o outro. Nós podemos estudar o cérebro, saber em que estado ele estava quando parou e podemos determinar ‘Você pode melhorar’.” Perceber que você está lutando para adiar a atividade do cérebro que dá a ordem de parar é uma maneira de melhorar a resistência. Para o maratonista, pode significar que ele siga correndo por mais 10 minutos. Para o Homer Simpson, pode significar mais dois minutos sobre a esteira para que complete ao menos cinco minutos de treino. Você pode chamar isso de versão do “Princípio da Incerteza” de Heisenberg: saber que a sua atividade cerebral está sendo medida lhe dá a capacidade de ­modificar seu funcionamento.

Assim que essa modalidade de moni­ toramento cerebral é aperfeiçoada, podese expandir ao que Cerf se refere como ­cenários de “ficção científica” – mas do tipo que pode ter um impacto real nos ­esportes profissionais. Em todos os esportes, existe a chamada vantagem de jogar em casa – ou, no surf, ser surfista local. Com os avanços no ­monitoramento do cérebro, os cientistas serão capazes de dizer se os cérebros ­reagirão melhor ao competir nas águas do “quintal de casa” – uma vantagem que nunca poderia ser igualada pelos rivais que vêm de fora. “Essa pessoa se sai melhor se a com­ petição de surf acontece no Havaí do que se acontece na África do Sul”, diz Cerf. “Enquanto esse outro cara não tem isso, é injusto que esse primeiro surfista fique com o primeiro lugar. Não é permitido usar drogas que melhorem a performance, mas você permite cérebros diferentes. Como que isso pode ser OK?” Outro susto que o futuro reserva: o monitoramento do cérebro pode ser usado para facilitar o uso de membros ­artificiais – mesmo com pessoas sem ­deficiência. Existe um experimento, que hoje só é feito em animais, com duas fases: os eletrodos são implantados no ­cérebro de um macaco e inseridos na ­prótese de um braço enquanto o braço do bicho que funciona é imobilizado. Com uma semana de prática, o cérebro do macaco já desenvolveu sua capacidade de movimentar a prótese. E em seguida o elemento de ficção científica: assim que o braço funcional é retirado da imo­ bilização, o macaco pode fazer os movimentos, tanto dos seus membros naturais quanto das próteses. Hoje em dia, a ideia de manipular o corpo humano assim parece coisa saída da trama do filme Blade Runner. Mas será que as pessoas vão pensar assim no futuro, quando passarem cinco Olimpíadas sem que ninguém quebre um recorde? Cerf acredita que, em alguns esportes, estamos alcançando os limites do potencial humano – e o monitoramento do cérebro e as consequentes alterações do corpo podem ser a resposta para manter a emoção. “As pessoas pensavam, há 60 anos, que alterar o corpo humano era uma coisa de outro mundo, mas hoje uma menina de 12 anos já põe silicone”, diz Cerf. “Algum dia nós chegaremos ao ponto em que uma pessoa que quer ser atleta não vai mais precisar treinar seis meses numa montanha, vai poder comprar pernas para correr na altitude e pronto. Vamos permitir que as pessoas melhorem seus corpos. Isso vai ser chamado Humano 2.0.” 49


VIAJANTES DO

BLUES O que acontece quando uma banda de blues libanesa atravessa meio mundo em busca do lugar onde nasceu o gĂŞnero musical que ama Por: Andreas Tzortzis Fotos: Balazs Gardi


Nader Mansour (de pĂŠ) e Eddy Ghossein, do Wanton Bishops

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A

o longo da calçada, diante dos bares com música na Frenchmen Street, de Nova ­Orleans, eles se reúnem, com seus ­chapéus gozados e reduzidos ao álcool de uma semana em férias. Eles fumam displicentemente e falam alto, recusandose a chamar isso de noitada. Passam empurrando um cara magrinho, barbudo e tatuado que fuma um Marlboro vermelho e mantém um júri com um grupo de rapazes. Nader Mansour, formado em economia e vocalista de uma banda de blues libanesa, faz piadas em árabe e em inglês e fica de olho nos talentos que entram na casa. Logo ao lado, seu colega de banda Eddy Ghossein tem o cabelo cortado em estilo mod e ­jaqueta tipo “Nehru”, parece saído da capa de um disco dos anos 1960 para formar a dupla com Mansour. Juntos eles são os Wanton Bishops e estiveram ocupados na última semana levando porrada. “Nós precisávamos levar esse sacode”, diz Mansour. Ser a banda de blues nº 1 no território do pop cafona e do electro pesado que é Beirute é uma coisa. Ser uma banda de blues no país em que o blues nasceu é completamente outra. “Eles estão todos em alto nível, aqui, musicalmente”, ele continua. “Nosso ­espírito é do blues.” Mas este foi o objetivo da jornada. ­Integrando a banda há quatro anos, os dois haviam gasto os 30 e poucos anos de suas vidas deixando de ir ao país que abriga o berço da música pela qual são apaixonados. Agora eles experimentam uma jornada de descoberta, de Austin a Nova Orleans, subindo pelo corredor do blues de Jackson e Clarksdale, no Mississippi, antes de terminar em um estúdio de gravação em Memphis. O objetivo era compreender a música que carregou em si todos os gemidos e lamentos da escra­ vidão, os riffs de guitarra, o pulso primal da condição humana. O blues, em outras 52

(Sentido horário, a partir do topo) Na estrada para Jackson; conhecendo Glen David Andrews em Nova Orleans; cenas de Mississippi; e tocando em Austin no SXSW, seu primeiro show nos EUA palavras. Um gênero que eles estudaram pelos livros e gravações e do qual sabiam o bastante para gravar um álbum de ­faixas envolventes que ganharia admiradores por toda a Europa. Mas uma coisa eles não entenderam de verdade ainda. E assim eles se sentam em um velho banco de igreja na Frenchmen Street. No palco, Glen David Andrews, parte da dinastia musical de Nova Orleans, transforma os sucessos da atualidade em versos marcantes e dançantes. Seu tom de barítono e seus desinibidos solos de trombone estão garantindo ao público embriagado e feliz de uma segunda-feira à noite uma experiência que alia um ­pouco de brutalidade e o mais profundo som gospel. Mansour assopra em cada uma de suas três gaitas de boca. Ghossein toca aleatoriamente e os dois saem pela porta lateral em busca de cigarros. Eles estão tocando funk pela primeira vez nesta ­noite, algo que nervosamente mencio­ naram a Andrews durante a pausa. “É a linguagem universal!”, proclama Andrews, acenando para eles. E chega ­então a hora de entrar no palco. Na primeira música não tem um solo de gaita de boca porque Mansour está na nota errada devido a um mal-entendido.


“SIMPLESMENTE CALE A BOCA,

FECHE OS OLHOS E TOQUE. SE O SEU CÉREBRO ESTÁ FUNCIONANDO, VOCÊ ESTÁ FAZENDO ERRADO.”


A partir do topo: em uma igreja de Nova Orleans; tocando com alguns músicos locais; sentados no jardim com Vasti Jackson, ­bluesman de quinta geração e educador, em Jackson, Mississippi Mas, no solo de guitarra de Ghossein, os garotos de Beirute cedem. Os vocais rosnados de Mansour fazem com que a multidão reaja e Andrews se incline para trás e receba a energia, ocasionalmente projetando-se para a frente para dar um apoio. Em um dado momento, ele olha para o seu tocador de saxofone com um sorriso em que aperta o lábio, como quem pensa “Isso está funcionando”. O segundo número faz com que a multidão realmente se empolgue, e na medida em que o caos do funk barra blues barra gospel music ressoa para o público vibrar alto, Andrews grita: “THE BISHOPS WON-TON! Não está tecnicamente certo, mas os dois não poderiam estar mais tranquilos. Depois de anos pensando sobre isso. 54

Eles acabaram conhecendo alguns dos melhores músicos de Nova Orleans e conseguiram fazer bonito. Era uma boa lembrança para Mansour. “Só cale esta boca, feche os olhos e toque”, ele diz no backstage. “Não é matemática. Se o seu cérebro está funcionando, então você está fazendo tudo errado.” A Highway 55 margeia o Lago Pontchartrain e vira um banhado antes de ­entrar em um caminho irregular pelo meio de uma floresta até chegar em Jackson. A estrada é cheia de paradas de caminhoneiros e as fachadas impecáveis de grandes igrejas: Pentecostal isso, Adventista aquilo. Casas incendiadas caracterizam o anel externo das ruas residenciais, como as fachadas de lojas abandonadas.

“GOSTO DE FALAR SOBRE

O TRIUNFO DO BLUES. OLHAR A LUTA E ME ERGUER SOBRE ELA.” VASTI JACKSON

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O objetivo era compreender a música que carregou em si todos os gemidos e lamentos da escravidão, os riffs de guitarra dissonantes, o pulso primal da condição humana

E

m uma rua tranquila e bem cuidada, na Cedars of Lebanon Avenue, os dois se encontram com Vasti Jackson, 52 anos. Um músico bem-sucedido que realiza turnês por todos os EUA e o exterior, ele é tão eloquente sobre a história do blues quanto é escolado em suas nuances musicais. Os três estão sentados na casa do jornalista Charlie Braxton e discutem a mudança na música enquanto ela se transformou de uma coisa mais sulista e rítmica, levada com instrumentos de Nova Orleans, através dos mais lentos sons tipo gospel, e Chicago acima no som elétrico do blues para levantar a galera. “Eu gosto de conversar a respeito do triunfo do blues”, diz Jackson. “Olhar THE RED BULLETIN

a luta e me erguer sobre ela. É uma forma de arte derivada das necessidades da vida, tendo que navegar pela opressão.” Apesar de eles nem sempre falarem isso, Mansour e Ghossein certamente pensaram sobre como eles seriam recebidos por pessoas como Andrews e Jackson. Eles estão tocando juntos há apenas alguns anos, no fim das contas, e os Wanton Bishops experimentaram um nível de ­sucesso que muitos dos que labutaram lá por anos nunca tiveram: shows lotados em casa. Convites para tocar na Suécia, na Turquia e no festival SXSW, em Austin. Agora aqui estão eles, arranhando as cordas no quintal mal jardinado da casa de Braxton com um bluesman de quinta geração, tentando encontrar o seu groove,

a sua história nas simples e velhas escalas do ritmo. Ao comando de Jackson, Ghossein dedilha a melodia de uma velha ­música do Oriente Médio, com seus fantasmagóricos acordes menores. Jackson imediatamente toma ela para si, tirando os meios tons da música árabe e trans­ formando em tons cheios. Ele traz uma música de muito longe e dá ar de blues a ela. E na sua instrumentalização há uma sugestão, uma ideia de como os Bishops podem se apropriar do blues. “Nessa noite você verá Vasti, ontem você viu Glen David”, diz Mansour em um restaurante depois de um ensaio no pôr do sol. “Depois de você ver esses caras, nota que este é o calibre ao qual, como músicos, nós ainda não chegamos. 55


Pegar estrada foi vital para os Wanton Bishops: compreendendo os sabores e os sons que criaram o blues


Nós tentamos manter a honestidade, ­tentamos tocar. Se as pessoas gostam ­disso, é lindo. Nós tentamos melhorar ­todos os dias, mas isso não tem a pretensão de representar alguém ou um lugar.” Talvez isso seja porque o lugar de ­origem deles não contemple a música que amam. O passado assolado pelas guerras de Beirute criou um acurado ­senso de ­segurança, uma aversão ao risco. Os filhos e filhas das classes média e alta estudam direito, medicina e economia. Assim que eles conseguem um visto, vão para a ­Europa e os EUA para estudar e trabalhar em lugares com mais oportunidades. ­Apesar de ser apenas um pedaço de papel, Mansour diz que seu diploma de economia na França é uma tranquilidade para sua mãe, que sabe que o filho músico ­agora tem alguma coisa para se apoiar. “Sua mãe pensa exatamente como minha mãe e como todas as outras mães, porque elas viveram a guerra”, diz Ghossein, que tem 30 anos. “Elas viram a facilidade com a qual as pessoas podem acabar vivendo nas ruas por causa das guerras. Se tiver um diploma, é como ter um passaporte.” “Elas não são grandes fãs da insegurança”, diz Mansour, hoje aos 31 anos. “E a vida dos artistas é incerta.” Mas eles escolheram viver assim de qualquer maneira. Ghossein fez isso muito cedo, quando, ainda um guitarrista ­incipiente, ele viu um intérprete de blues tocar com os olhos fechados e a cabeça atirada para trás e quis fazer o mesmo. Mansour foi um pouco mais tarde a isso, em Paris, com a gaita depois de ouvir o clássico do The Doors, “Roadhouse Blues”. Depois de voltar para Beirute, Mansour começou a fazer jam sessions no Bar Louie. Foi nesse lugar que ele ­conheceu Ghossein, e foi lá que eles ficaram mais próximos depois de se unirem contra uma rua cheia de manobristas de carros irritados com quem Ghossein e seu irmão tinham brigado. Três anos e mais de 10 mil km depois, os dois estão no restaurante preferido de Jackson, conversando sobre o que tem de tão cativante no blues. “Não é uma música pretensiosa”, diz Ghossein. “É limitada musicalmente e, dentro dessas limitações, você consegue se expressar bastante.” Ele para e pensa por um minuto ­depois de terminar seu primeiro prato de feijão-de-corda. “É legal poder discutir o blues”, ele continua. “Você não pode discutir o blues no bar de casa.” THE RED BULLETIN

O primeiro álbum e um vídeo excelente: “Sleep With the Lights On” rendeu a eles fãs e shows na Europa

“MINHA MÃE NÃO É

UMA FÃ DA INCERTEZA, E A VIDA DO ARTISTA É INCERTA.”

N

aquela noite, eles fazem um show no CrossRoads Bar & Lounge. O lugar é literalmente do lado errado dos trilhos da ferrovia. Ao longo da uma hora e pouco antes do show, Mansour caminha incomodado por ver pouca gente na plateia. O domínio do hip hop na cultura ­jovem colocou o blues no ostracismo, mesmo no lugar em que ele nasceu. Finalmente, Ghossein, Mansour e seus dois músicos acompanhantes sobem ao palco e tocam uma escala padrão de 12 casas. Eles recebem aprovação e sorrisos imediatamente. Constroem o volume medida por medida, e Mansour faz alguns solos de guitarra e então vai ao microfone: “Somos os Wanton Bishops, de Beirute”, ele diz. “Esperamos que gostem. Se vocês não gostarem… temos Vasti ­Jackson aqui para quebrar tudo.” Resplandecendo em uma camisa bordada e chapéu vermelho, Jackson no final

sai do fundo do palco e vai tocar. Cheio de pose, ele descasca longos solos de ­guitarra enquanto circula pelas mesas. O Wanton Bishops mantém o ritmo. A gaita de Mansour soa especialmente inspirada. E Ghossein, que secretamente odeia solos, faz o polimento de alguns dos pedidos de Jackson. Aquele público grande nunca se materializa, mas eles concentram sua energia em quem está presente. “Não acho que tenha faltado nada”, diz o promotor da música local ­James Dixon. “O cara da gaita é incrível. Ele tocou tão bem quanto Vasti tocou guitarra. Eddy parecia um dos Beatles, mas tocou como se estivesse com Chuck Berry.” Mais tarde, Ghossein escutaria o elogio de Dixon e seus olhos se arregalariam: “Mesmo?” No dia seguinte, eles farão uma visita ­pelas estradas vicinais até uma plantação de algodão do Mississippi via Clarksdale, onde John Lee Hooker e Muddy Waters aprenderam tudo. A van avança sobre uma sinuosa estrada de ­terra, quebrada pelas chuvas e reforçada para se tornar a lendária lama do Mississippi que o grande Ray Charles adorava homena­gear. Mansour fala sobre como a viagem os mudou. “Agora estamos certificados, falando ­sobre um trilho de trem”, ele diz. “Agora, se eu escrever uma música sobre como eu desci de Nova Orleans ao Mississippi... é de verdade. Eu não sou apenas um idiota libanês tentando dizer que ­conhece o que não conhece, sabe? Eu fiz isso, de fato.” Para mais sobre a carreira do Wanton Bishops visite o site: thewantonbishops.com

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Aonde ir e o que fazer

AÇ ÃO !

Este cubo transforma bicicletas normais em elétricas TUDO NOVO, pág. 77

V I AG EM / R ELÓ G I O S / TR EI N O / M Ú S I CA / FESTAS / N A AG EN DA / BA L A DAS

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EM FORMA, pág. 60

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AÇÃO!

EM FORMA A 350 km/h e 10 g sobre a pista de corrida de cavalos de Ascot, na Inglaterra

Hannes Arch, 47, nove vezes campeão do Red Bull Air Race

Voando!

O campeonato do Red Bull Air Race de 2015 começa em Abu Dhabi em 13 e 14 de fevereiro www.hannesarch.com, www.redbullairrace.com

EQ U I L Í B R I O “Nossos aviões giram até 600º em um segundo... você perde o horizonte”, diz Arch. “Esse exercício simula a aceleração rotacional e treina o equilíbrio.”

EM FOCO A PREPARAÇÃO DE HANNES ARCH “Músicas e imagens são componentes importantes na minha preparação. Uso os fones da AKG, ­minha patrocinadora, ­antes de todas as corridas. A música ‘Sagte der Bär’, de Paul Kalkbrenner, me coloca num estado de espírito ideal para a corrida de cerca de um minuto.”

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“Olho para uma imagem à minha frente, pulo alto e giro 360º o mais rápido possível sobre meu próprio eixo. Depois tento fixar imediatamente a imagem.”

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SAMO VIDIC/RED BULL CONTENT POOL, JÖRG MITTER/RED BULL CONTENT POOL

“O tempo de preparação para um Red Bull Air Race é extremamente limitado”, conta o piloto austríaco Hannes Arch. “Pelo fato de os treinos com pilões só ­serem realizados nos dias antes da cor­ rida, duas vezes de cinco minutos para cada piloto, a melhor alternativa para treinar acabam sendo os air shows. Só ­voando você pode desenvolver a precisão necessária para as manobras da corrida. Por isso participo duas ou três vezes por ano de um acampamento de treinamento para voos acrobáticos.” O treinamento de resistência do vicecampeão de 2014 se resume a escalada e boulder. “A resistência à força g só pode ser treinada voando. Um piloto tem que treinar resistência geral. Para mim, fazer mountain bike, ciclismo, parapente e ­excursões de esqui na natureza é o que ­libera a minha mente para as manobras rápidas no cockpit. E também me man­ tém em boa forma.”

HERI IRAWAN

R ED BULL AIR RACE  HANNES ARCH TEM O CORPO PERFEITO PARA VOAR: NENHUM EXCESSO DE MÚSCULOS E A MENTE CLARA


AÇÃO!

MEU EQUIPO

1

3

2

5 4

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Questão de quadro MASON MASHON/RED BULL CONTENT POOL, FOTOLIA(2)

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S A LT O TRIPLO MARTIN SÖDERSTRÖM E SEUS AJUDANTES, ­PROTETORES E COM­ PANHEIROS DE ESTILO

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“Sempre me perguntam por que eu uso uma bicicleta tão pequena”, diz Martin Söderström, segundo colocado na Free­ ride MTB World Tour de 2013. “Mas é só impressão. Tenho quase 2 metros de ­altura, e a minha dirtjump bike possui um quadro padrão que é possível com­ prar em qualquer loja. Pode não parecer, mas ele é perfeito para mim, porque a bike com apenas 10,5 quilos é superleve. Alguns especialistas acham que não ajuda nos grandes saltos. Eu adoro como ela se deixa manobrar no ar.” www.martin-soderstrom.com

BIKE DELICADA PARA SUECO GRANDÃO 1 RESISTENTE Os aros para câmara de ar são de alumínio resistente. As raias inoxidáveis pesam apenas 14 g cada. 2 QUADRO Ele é feito de alumínio especial, é leve e indestrutível – não quebrei nenhum até hoje. 3 AMORTECIDA Eu uso um garfo com suspensão de 120 mm (padrão da bike: 100 mm). Pouco convencional, mas, com meu 1,95 m,

preciso de uma bike mais alta. 4 ENGRENADA Pequena, simples, leve e resistente. A transmissão é uma inspiração da BMX. Perfeita para truques difíceis. 5 CURTA E FORTE As rabeiras inferiores com 385 mm são supercurtas e têm baixo centro de gravidade. Você tem um controle ­melhor no ar.

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“É como ter um fisioterapeuta sempre ao seu lado. Por exemplo: deite com as costas sobre duas bolas e movimente o corpo lentamente para cima e para baixo... um carinho para a coluna.”

“Tombos são inevitáveis. O meu modelo POC já salvou minha vida várias vezes no mountain bike freestyle. O design do capacete é meu: o cachorro é o meu querido bassê que hoje já está com 17 anos.”

“Provavelmente a melhor invenção depois da roda. Resistente, com classe e estilo, você pode usar em qualquer situação: no mountain bike freestyle, na viagem ou nas festas.”

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AÇÃO!

MALAS PRONTAS

AQUI É CARIBE YUCATÁN: O LADO COLORIDO DO MÉXICO

VOE Aprecie de cima as águas crista­ linas da costa da Península de ­Yucatán com um jatinho. flyboard mexico.com.mx

Nas profundezas Há poucos ambientes no planeta tão impróprios para humanos quanto cavernas submersas. As ameaças ­estão escondidas em cada curva, mas poucas emoções podem ser comparadas a essas explorações. Os caminhos subterrâneos da Riviera Maya, sob a floresta costeira da Península de Yucatán, no México, estão entre as mais desafiadoras e maravilhosas de todas. São três vastos sistemas de cavernas subterrâneas, um dos quais, o Ox Bel Ha, tem 180 km de extensão, sendo a maior caverna do mundo. “O mergulho em cavernas proporciona a chance de ingressar em um ambiente que poucas pessoas tiveram a chance de conhecer”, diz Natalie Gibb, uma das instrutoras da Diablo Divers, escola de exploração de cavernas da Riviera Maya. “É uma modalidade atraente para quem tem espírito de explorador.” Os mergulhadores de cavernas vão muito além dos limites da claridade do dia, geralmente muitos quilômetros dentro das profundezas do sistema de cavernas, expandindo os limites de seus corpos e mentes. Mesmo com um instrutor experiente, os perigos desse mundo sombrio incluem a hipotermia, o risco de se perder do seu companheiro de mergulho, visibilidade prejudicada, perda de ar e falhas na iluminação. “Sempre há riscos, mas um treinamento A partir de US$ 110 apropriado e o respeito aos (R$ 290). Os mergulha­ protocolos eliminam quase dores precisam de um totalmente os perigos”, diz certificado PADI Open Gibb. Se você tem espírito Water ou equivalente diablodivers.com explorador, não demore! 62

Hora do mergulho: cavernas subaquáticas no México

DICA DE QUEM CONHECE TREINE A MENTE “O mergulho em cavernas é uma atividade 90% mental”, diz a instrutora Natalie Gibb. “Um mergulhador que perde a concentração pode se encrencar. Uma boa preparação é trabalhar metodicamente com checagens antes do mergulho para se acalmar, revisar o plano de mergulho e desenvolver a confiança no equipamento. É possível ­interromper a prática em qualquer momento.”

ACELERE Alugue um s­ upercarro para um passeio pelas estradas costeiras de Playa del Carmen: uma Ferrari F430 ou uma Lamborghini Gallardo. exoticridescancun. com

No fundo: 40 m de profundidade

Energia para mergulhar bem

A instrutora Natalie Gibb aconselha: “Se alimentar bem e de forma saudável pela manhã vai garantir que você tenha a energia que precisa durante o mergulho para se manter preparado e em alerta”.

KITESURF Os ventos abundantes das águas caribenhas fazem da Costa Maia em Tulum um sonho para a prática do kitesurf. oceanprokite.com

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GETTY IMAGES, JEFF LINDSAY, FOTOLIA(2)

M ERGULHO NAS CAVERNAS  ARRISQUE-SE NOS MISTÉRIOS DO MUNDO SUBAQUÁTICO E SEJA RECOMPENSADO COM UMA AVENTURA JAMAIS VISTA


/redbulletin

Experiência visual Além do comum

Ellinor Olovsdotter has the flu. The rising star known as Elliphant often gets sick when she visits LA, she explains, raspy-voiced and half naked, completely unself-conscious about her

THE CAPTAIN OF ADVENTURE ALL-ROUND ACTION HERO WILL GADD IS A LIVING LEGEND IN THE TRUEST SENSE.

„MEINE EINZIGE ANGST IST DIE ANGST SELBST“

„MEINE EINZIGE ANGST IST DIE ANGST SELBST“

body. The globe-trotting former model from the wrong side of the tracks is part of a Nordic

SIMPLY THE BEST

new wave of fierce dance-pop divas, alongside fellow Swedes Icona Pop, Robyn, Lykke

Mergulhe no novo

redbulletin.com


AÇÃO !

RELÓGIO

E X ATO PA R A S E MP R E

IWC Schaffhausen Portugieser Calendário Anual A data indicada nas três pequenas janelas na posição das 12 horas é correta a partir do dia 1º de março por um ano. Uma vez ao ano, no final de fevereiro, a data tem que ser ajustada manualmente

A EXATIDÃO DA DATA É UM ­INDICADOR DA ARTE RELOJOEIRA MAIS AVANÇADA

PATEK PHILIPPE REFERENZ 5035 A origem dos calendários anuais: O Patek Philippe Referenz 5035 foi lançado em 1996.

Pulso esperto

PARA ESNOBAR

O

mecanismo do calencomplicações”). Relógios de pulso dário anual de um com essa função têm uma utilidade ­relógio diferencia diária elevada sem ser extrema­entre meses mente caros. O calendário com 30 e 31 dias e pode anual foi inventado em 1996 pela Patek mostrar a data sempre Philippe. Desde encorretamente – com tão, muitos fabriuma exceção: no dia cantes adotaram 1º de março, a data a ideia e criaram deve ser corrigida suas próprias vermanualmente. O casões da mesma. lendário anual está A empolgação entre as “pequenas CARTIER ­inicial pela pequena complicações” no ROTONDE DE CARTIER complicação não dumundo dos relógios ANNUAL CALENDAR rou muito, mas 2015 (o calendário perpéO calendário anual indica promete ser o ano de tuo é considerado dia, mês e dia da semana seu retorno. Très chic, no mostrador uma das “grandes 64

o novo Portugieser Calendário Anual da IWC foi lançado há poucos dias no Salão Internacional de Alta ­Relojoaria (SIHH), em ­Genebra, na Suíça. O motor do Portugieser é um sistema de corda automática com reserva de sete dias desenvolvido pela IWC na ­cidade de Schaff­hausen, também na Suíça. Seguindo a tradição da linha Portugieser, o modelo apresenta uma caixa com 44,2 mm: com esse diâmetro para caixa e mecanismo, as janelas para dia, mês e ano são suficientemente grandes, com legibilidade excelente. Agora os amantes da inteligência mecânica podem ficar mais tranquilos.

MONTBLANC CALENDÁRIO PERPÉTUO O mostrador de um calendário perpétuo, inclusive o de ano bissexto na posição das 12h.

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ALEXANDER LINZ

C ALENDÁRIO ANUAL  A MEMÓRIA MECÂNICA SABE A DATA POR QUASE UM ANO INTEIRO

O calendário perpétuo é considerado uma “grande complicação” na manufatura de relógios. Correções manuais são desnecessárias. A cada 100 anos (em 2100, 2200 etc.), no entanto, falta um ano bissexto, e o calendário deve ser ajustado em fevereiro.


CARTIER E CAROLE

A rainha da complicação ATRÁS DA MECÂNICA BRILHANTE DA LUXUOSA MARCA SUÍÇA SE ESCONDE A GENIALIDADE DE UMA MULHER Por Thomas Wanka: aos 9 anos, o redator de uma revista de ­relógios consertou o seu com um garfo

Há um tipo de inquietação agra­ dável na presença da especialista em relógios Carole Forestier-Kasapi. A francesa é reconhecida como a rainha das complicações, e seus olhos brilham esperançosos quando ela ouve as perguntas. Dá para sen­ tir como, quando começa a contar suas histórias, ela se transporta ao seu escritório de criação no cantão de Jura, na Suíça. Mais exatamente a La Chauxde-Fonds, um dos centros de produ­ ção de relógios da Cartier. ­Carole Forestier-Kasapi afirma que questio­ nar tudo e não deixar nada de fora é o segredo de seu sucesso. Uma das coisas que questionou foram os misteriosos relógios que tiveram um papel importante na história da Cartier. Seus segredos eram ­ponteiros suspensos que pareciam flutuar, aparentemente sem propulsão, sobre mostrado­ res de vidro. Partindo dos históricos reló­ gios de mesa, Carole chegou aos relógios de pulso. Ou­ tro alvo de seus questionamentos foram as complica­ ções, como o calen­ dário perpétuo do ­Rotonde de Cartier – Astrocalendaire. Em vez de trabalhar com inúme­ ras alavancas e molas, ela construiu um mostrador semelhante a um THE RED BULLETIN

­ nfiteatro em três níveis rodeando a uma espécie de cérebro mecânico que desempenha sua função de ­calendário perpétuo através unica­ mente de engrenagens. O calendá­ rio perpétuo conhece não só o feve­ reiro mais curto, mas também sabe quando há um ano bissexto. Ela não deixou nada de fora nos ­detalhes da construção. Mais de 30 engenheiros e relojoeiros fazem parte da equipe de Forestier-Kasapi desde a inaugu­ ração da Cartier Fine Watchmaking Division e são responsáveis por cer­ ca de ­ 30 novos calibres. O período de construção dura cinco anos, então já tem planos para 2018. A história de Carole e Cartier tem que ser vista de duas perspecti­ vas para ser compreendida. Desde que Carole Forestier-Kasapi assumiu a direção da construção de relógios da Cartier em 2005, a empresa saiu da posição de produtor de joias pouco conhecido para se transfor­ mar em uma manufatura de reló­ gios prestigiada e respeitada pela concorrência. Muitos prêmios são a prova do seu sucesso. Filha de uma família relojoeira de Paris, ­Carole trouxe muito conhecimento para a empresa.

NA LISTA DE DESEJOS

Alto padrão PARA VOAR NAS NUVENS OU NO ESPAÇO, ESTES TRÊS RELÓGIOS PODEM (QUASE) TUDO Breitling Chronospace Military O calibre superquartz termocompensado atinge uma exatidão de cerca de dois ­segundos por mês. Ele mostra as horas de forma analógica e digital e uma segunda hora local e a hora UTC. Tem cronômetro com tempos parciais (exatidão de 1/100 segundos), vários horários para o despertador, mostrador da data e função de contagem regressiva. www.breitling.com

Omega Skywalker X-33 No X-33 certificado pela ESA (European Space Agency) para voos ­espaciais também há um calibre superquartz. Ele mostra as horas, os minutos e os segundos de forma analógica enquanto no cronógrafo e na contagem regressiva mostra até três ­diferentes horas locais, três alarmes e o calendário perpétuo com dia, data, mês, semana e ano de forma digital. www.omegawatches.com

Tissot T-Touch Expert Solar

A relojoeira Carole Forestier-Kasapi e o modelo Rotonde de Cartier – Astro­ calendaire: dia da semana, data e mês são exibidos tridimensionalmente e ­organizados concentricamente

Em 1999, a Tissot já havia lançado com o T-Touch um smartwatch que era manuseado ­tocando o ­vidro do relógio. Na versão atual, um painel ­solar no mostrador garante que a energia do T-Touch com todas as suas funções (inclusive uma bússola) nunca acabe. www.tissot.ch

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V I D A

N O T U R N A

Foco no DJ Fotos e texto por: Shane McCauley

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De Roma à Jamaica: o fotógrafo Shane McCauley mostra as dez melhores fotos de sua viagem com Diplo Wesley Pentz, o Diplo, ficou conhecido mundialmente em 2008 com “Paper Planes”. A música produzida para a cantora britânica M.I.A. ganhou quatro discos de platina nos EUA e fez parte da trilha sonora de Quem Quer Ser um Milionário?. Desde então, o ex-professor particular da Filadélfia incrementa as músicas de Snoop Lion, Beyoncé, Chris Brown e Madonna. Cachê em 2014: US$ 10 milhões SHANE McCAULEY encontrou Diplo pela primeira vez em 2003 numa block party na Filadélfia. Desde então, o fotógrafo e cineasta tem acompanhado o mago dos sons em shows por todos os continentes

30/11/2011 – Buenos Aires, Argentina

Diplo às 3 horas da manhã num set improvisado no bairro de Monserrat. A festa tinha acabado de começar, o que é completamente normal em Buenos Aires, onde as pessoas estão acostumadas a virar a noite na balada mesmo durante a semana.

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V I D A

N O T U R N A

21/01/2014 – Melbourne, Austrália

Major Lazer é o projeto de dancehall eletrônico de Diplo. Durante a apresentação no Palace Theater, 1 500 pessoas levantam os celulares. O mar de luzes é parte integrante do show e, para mim, o melhor momento para uma foto.

19/02/2012 – Kingston, Jamaica

Um casal dança ao ritmo do set de Diplo na praia de Sugarman. Diplo adora o dancehall jamaicano. A dança correspondente se chama “daggering” e é como fazer sexo sem tirar a roupa.

05/08/2012 – Brooklyn, Nova York, EUA

De última hora: na verdade, esta noite Major Lazer deveria fazer um show ao ar livre, mas a chuva acabou levando o show para o Music Hall of Williamsburg. O que não diminuiu a empolgação de MC Walshy Fire.

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01º/05/2012 – Manhattan, Nova York, EUA

As “Vogue Knight Tuesdays” do DJ MikeQ no club Escuelita em Hell’s Kitchen são lendárias. Diplo sempre está presente. A foto é do fim da noite durante o “dance off” nos últimos 30 minutos quando um júri seleciona os melhores moves.

FESTA NA PRAIA NA JAMAICA: A DANÇA PARECE SEXO SEM TIRAR A ROUPA 24/02/2011 – Porto de Espanha, Trinidad e Tobago

Diplo com Jillionaire, o MC do Major Lazer, a caminho do after show. Jillionaire é de Trinidad e conhece as melhores festas da ilha. Por isso o chamamos de “Presidente de Trinidad”.

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V I D A

N O T U R N A

20/01/2013 – Filadélfia, EUA

Nos shows da turnê “Trap Hawk Down”, Diplo tocou quatro sets por noite em quatro cidades. De Baltimore e Filadélfia num helicóptero para Atlantic City e Nova York.

20/04/2011 – Madri, Espanha

Os Zombie Kids (esquerda) são os reis da noite na Espanha. Seu “Zombie Club” tocava toda quarta na Sala Heineken. O que Diplo está fazendo em cima do deck? Simples: ele é um showman.

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03/06/2009 – Roma, Itália

Diplo em sua turnê italiana com a dupla de DJs Crookers. A foto é de um set no Atlantico Club no sul da cidade. Roma foi uma das poucas cidades que Diplo conheceu também durante o dia. Normalmente ele fica em frente ao laptop montando novos tracks.

“Dançar como se você fosse morrer amanhã”

04/08/2012 – Filadélfia, EUA

Os sets furiosos de Diplo nas block parties são famosos: 8 mil pessoas, ar livre, clima de festa popular. Aqui um segurança tira dois fãs que subiram num mastro.

the red bulletin: Sr. McCauley, como uma pessoa se torna fotógrafo de um DJ famoso no mundo inteiro? shane mccauley: Eu conheci Wesley 11 anos atrás. Eu tinha sido contratado por uma revista nova-iorquina para fazer fotos de uma de suas block parties na ­Filadélfia. Ele ainda usava calças largas e rabo de cavalo (risos). De cara nos ­demos bem porque ele é tão louco por música quanto eu. Como é essa loucura? Wes se interessa pela cultura musical de todos os lugares. Se está fazendo shows na Índia, passa horas no sebo buscando discos de Bollywood. Talvez encontre um beat legal. Você já está viajando com Diplo há 11 anos. Onde foram as baladas mais impressionantes? Em Tel Aviv as coisas acontecem. A situação política é difícil. Os jovens têm que conviver com o fato de que podem estar mortos amanhã. Por isso, as festas são uma loucura. No Quênia também. Diplo estava tocando em um salão com teto feito de ramas de palmeira e chão de madeira. A moçada dançou tanto que o chão ­desmoronou. Os seguranças montaram um anel em volta do buraco para que ninguém caísse. Onde é perigoso fotografar a vida noturna? Kingston. Você nunca deve sair à noite sem um guia local. Nas Filipinas ficamos assustados com os cães farejadores de ­explosivos no hotel. Depois, descobrimos que na semana anterior tinham impedido um atentado. O segredo de fotos emocionantes? Não dá para fotografar a música. Por isso, tento documentar a energia do público dos shows. Shane McCauley, 38, vive em Los Angeles e Nova York. Veja suas fotos em: www.shanemccauley.com

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AÇÃO!

BALADA

RESSACA TRÊS RECEITAS ­BIZARRAS DOS NOSSOS ANTEPASSADOS CONTRA RESSACA

CHÁ DE COELHO Um remédio c­ omum contra ­ressaca no Velho Oeste era chá de cocô de coelho. Contém potássio, o que pode ser útil, mas a dose aqui é menor que a contida em uma banana.

De cinema

No Cine Joia, a noite vai longe

C INE JOIA  UMA DAS CASAS MAIS BADALADAS DE SÃO PAULO FICA NUM ANTIGO CINEMA DA CIDADE

CINE JOIA Praça Carlos Gomes, 82, Liberdade São Paulo, SP cinejoia.tv

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PÁSSARO FRITO

MEU NOME É COMPACTO ELOHIM, 35, COLECIONA COMPACTOS E TOCA EM NOITES DE GROOVE QUAL DJ OU PROJETO INSPIRA VOCÊ? Gosto muito do projeto Brainfreeze Breaks, do DJ Shadow com o Cut Chemist. São só com compactos de funk super-raros. QUAL COMPACTO FOI O MAIS DIFÍCIL DE ACHAR? “Tutti Frutti”, do Rufus ­Thomas. Procurei muito tempo até que um dia ­encontrei num sebo de SP. GOSTA DE TOCAR EM SÃO PAULO? Sim. O paulistano é muito ­eclético e receptivo. Dá para apostar num nicho ­pequeno e mesmo assim muitos vão gostar.

Na Roma antiga, Plínio, o Velho, ­recomendava ­comer um canário frito além de prender os genitais de uma raposa na testa para livrar-se dos sintomas da ressaca.

PULMÃO DE CARNEIRO Na Grécia antiga se comia pulmão de carneiro com ovos de coruja depois das noitadas. O médico Galeno de Pérgamo recomendava envolver em folhas de repolho.

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FABRICIO VIANNA, VINICIUS NUNES, FOTOLIA(3)

Um dos espaços que mais representam a revitalização da região central de São Paulo é o Cine Joia. A casa, voltada para apresentações de bandas, DJs e sessões especiais de cinema, fica no mesmo lugar onde funcionava um cinema japonês, no bairro da Liberdade, o coração da imigra­ ção japonesa em São Paulo. Entre shows de bandas como Tame Impala e artistas como Cat Power, o Cine Joia também conta com festas frequentes, como é o caso da Talco Bells, uma noite inteira dedicada ao soul, R&B e funk. Elohim, um dos pilo­ tos de vinil da festa, se lembra de um dos momentos inesquecíveis: “Houve noites memoráveis. Mas uma que me marcou pessoalmente foi a que o DJ Marky dis­ cotecou. Entrei depois dele e após uma hora eu estava discotecando e ele voltou ao palco... A gente ficou fazendo um back 2 back até a última pessoa sair do Cine Joia, às 6 da manhã”. Fique atento às próximas festas no site da casa.


AÇÃO!

MÚSICA

DOCUM Ú S I CA A carreira de Charli XCX teve início há dois anos. Ela tinha 20 anos quando compôs o megahit “I Don’t Care” sob medida para a banda sueca Icona Pop e lançou seu primeiro álbum, True Romance. No verão de 2014, explodiu nas paradas com o hit “Boom Clap”, que vendeu 1 milhão de cópias só nos Estados Unidos. Sua fórmula para o sucesso é a seguinte: músicas eletrônicas entre punk e pop e letras que irradiam energia jovem. Uma mistura que ­conseguiu fascinar até Giorgio Moroder, o pioneiro da disco, que aos 74 anos a contratou ­para participar do seu álbum de retorno às paradas. O novo ­álbum de Charli está para ser ­lançado e ela nos revelou as ­músicas que a inspiraram.

Charlotte Aitchison, a Charli XCX, 22, uma das mais bemsucedidas cantoras e compositoras do pop inglês

“ Música pop de Marte”  PLAYLIST  ROBÔS QUE TOCAM ROCK, POP PLAYBOY E BEATS ARTESANAIS ANÔNIMOS: AS CINCO MÚSICAS PREFERIDAS DA NOVA PRINCESA DO POP – CHARLI XCX

1 Britney Spears

2 Weezer

3 The Flying Lizards

Eu tinha 7 anos quando assisti pela primeira vez ao vídeo dessa música. Foi como uma revelação. A voz, a roupa, a música – eu soube naquele momento que queria ser como ela. Naquele dia decidi que ia ser música. E, algum tempo depois, quando descobri as Spice Girls, meu ­futuro foi definido. Eu não tinha mais nenhuma dúvida.

É uma dessas músicas nas quais tudo é perfeito: as guitarras barulhentas, o tempo perfeito, a letra encharcada em estilo rap e o vídeo que foi rodado na mansão da Playboy. Eu queria um pouco disso no meu álbum e convidei o vocalista do Weezer, Rivers Cuomo, para o estúdio. Fiquei muito orgulhosa com a nossa “Hanging Around”.

Esta música é parte do meu repertório ao vivo há anos. Na versão original, “Money” é um blues antigo. Em 1979, a banda The Flying Lizards fez uma versão eletrônica que soa como se robôs estivessem tentando tocar rock’n’roll. A música é antiga e futurista ao mesmo tempo. Este é exatamente o som que queria para o meu álbum.

4 Sophie

5 Dizzee Rascal

Para mim, ­ ophie é o S ­melhor pro­ dutor atual. Seus tracks, principalmente este, têm um som visionário, como se fosse música de Marte. ­Parece piada, mas ninguém sabe quem se esconde atrás do pseudônimo Sophie. Ele não aceita ser fotografado nem dá entre­ vistas. Um conceito incrível! Eu amaria ter a chance de trabalhar com ele.

Este é um clássico do rap inglês que soa tão atual como quando foi lançado há 12 anos. Em 2003, eu era a maior fã do primeiro álbum do Dizzee Rascal, Boy in da Corner, mas acabei esquecendo. Até que outro dia alguém o tocou no ônibus da turnê e a paixão voltou. O estilo dele é genial: nojento, rápido, ligado.

“...Baby One More Time”

“Hard”

WARNER MUSIC, UNIVERSAL MUSIC, FABIEN, SONY MUSIC

www.charlixcxmusic.com

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“Beverly Hills”

“I Luv U”

DO DEUS DO GRUNGE À GRANDE DAMA DO JAZZ: OS MELHORES DOCUMENTÁRIOS SOBRE MÚSICA

MONTAGE OF HECK O primeiro documentário autori­ zado pela família de Kurt Cobain, do Nirvana, morto em 1994. Inclui ­fotos do arquivo pessoal e gravações ao vivo inéditas.

“Money”

FRESH DRESSED O filme do rapper Nas analisa com humor as ten­ dências da moda hip hop dos últimos 30 anos: dos tênis Adidas às cor­ rentes de ouro ou as calças de Kanye West.

CÂ M ER A , AÇÃO ! GADGET DO MÊS

GoPRO HERO4 BLACK/MUSIC Depois de conquistar o mundo dos esportes, a GoPro agora invade o mercado musical. Novo conversor analógico-digital para o melhor som, suportes para equipamentos e modos de imagem noturnos. A ferramenta perfeita para músicos ou para filmar shows. gopro.com

WHAT HAPPENED, MISS SIMONE? A diretora Liz ­Garbus, duas indicações ao Oscar, foi atrás da história de Nina Simone. Sua filha abriu, pela primeira vez, o arquivo privado da cantora de jazz.

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AÇÃO!

GAMES

B L O C K-­ BUSTERS CLÁSSICOS ABSOLUTOS QUE VOLTARÃO LOGO

BATMAN: ARKHAM KNIGHT A quarta das aventuras de Arkham. Nela, o Espantalho viaja de volta para Gotham e reúne uma corja de ­supervilões para tentar acabar com o Homem Morcego. Sai em junho.

Mire e atire: defenda a cidade com armamento improvisado

Chamado de Londres

H I STÓ R IAS A LTER N ATIVAS MAIS TRÊS JOGOS QUE VÃO MEXER COM O TEMPO

T HE ORDER: 1886  EM UMA CIDADE DIVIDIDA POR UMA REBELIÃO E POR MONSTROS ASSASSINOS SOBRENATURAIS, VOCÊ É A ÚLTIMA ESPERANÇA DA HUMANIDADE Imagine um Assassin’s Creed com ainda mais ação passado num universo paralelo no século 19. Assim é o clima de The Order: 1886. Em uma Londres de 130 anos atrás, você é Galahad, membro de uma ordem antiga de cavaleiros chamada The Order, lutando contra inimigos em duas frentes: os londrinos, revoltados com o jeito policialesco da Order, e os Half Breeds, criaturas horrendas, metade humanas, que têm como objetivo exterminar os humanos. A capital inglesa, na linha do tempo do jogo, desenvolveu os trens e dirigíveis muito além do que a Revolução Industrial verdadeira permitiria. Os desenvolvedores – muitos dos quais também trabalharam na aventura de mitologia grega God of War e suas sequências – mergulharam muito na história dos livros para criar as armas e instrumentos steampunk, criando o que eles chamam de “versão ­vitoriana de um AK47”. Usar toda essa fantástica tecnologia ajuda na atmosfera engajadora e sombria do jogo – que também é proporcionada por uma recriação esplêndida da nebulosa Londres da época. Existe sempre a atmosfera suja de cidade velha em todos os lugares onde transcorre a ação, o que é muito legal e colabora para que o jogo traga uma sensação ao mesmo tempo familiar e diferente de forma correta. A trama e a dinâmica do jogo funcionam com precisão. Disponível apenas para o PlayStation 4

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theordergame.com

THE LEGEND OF ZELDA

Homefront: The Revolution Homefront: The Revolution Um jogo de tiro em primeira pessoa no qual a resistência americana se levanta para combater um exército coreano. Para Mac, Windows, Linux e consoles.

Bladestorm Bladestorm: The Hundred Years’ War Disponível a partir de março para PS4 e Xbox One, esta batalha em tempo real se passa na Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França. The Last Express Uma aventura em tempo real que se passa antes do início da Primeira Guerra Mundial a bordo do Expresso do Oriente. Para iOS e Android.

O primeiro jogo de Zelda original com gráficos em alta definição será lançado para Wii U ainda neste ano. Os fãs já estão ­ansiosos para ­desvendar a nova aventura.

RISE OF THE TOMB RAIDER Segue a sequência de 2013 de Tomb Raider, com uma Lara Croft mais jovem em uma aventura cheia de ação por todo o mundo. Deve chegar no ­final de 2015.

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GRAB YOUR PIECE OF THE ACTION



T H E R ED B U L L E T IN

TUDO NOVO HEXO+ ISPO BRANDNEW WINNER* ACCESSORIES POR QUE É INCRÍVEL? O drone permite gravar os vídeos mais espetaculares em qualquer lugar. Controlado pelo celular. ONDE COLOCÁ-LO? No ar, em cima dos parques mais radicais, das pistas e trilhas mais duras. PARA QUEM? Bikers, esquiadores, surfistas, pilotos, skatistas – como o seu inventor Xavier De Le Rue.

ESPORTE E TECNOLOGIA: O ANO COMEÇA COM INOVAÇÕES PARA OS HOMENS QUE QUEREM O MELHOR DO MOMENTO. O ISPO BRANDNEW AWARD* PREMIOU AS NOVIDADES * O ISPO BRANDNEW Award é o maior prêmio no ramo de sports business, concedido anualmente na feira de artigos esportivos ISPO de Munique. Um júri especializado premia oito categorias e um vencedor geral. brandnew.ispo.com


THE RED BULLETIN TUDO NOVO

SAMSUNG GEAR VR POR QUE É INCRÍVEL? Estes óculos de realidade virtual vão ampliar seu campo de visão a 96º. A sensação é de estar frente à maior tela de cinema do mundo. ONDE COLOCÁ-LO? Nos olhos de um usuário de celular Samsung. PARA QUEM? Todos os que adoram mergulhar nos filmes ou nos games.

ADIDAS T YCANE PRO OUTDOOR

ONOO ISPO BRANDNEW WINNER* OVERALL WINNER POR QUE É INCRÍVEL? A aparência é urbana e elegante, mas é funcional como uma jaqueta esportiva: respirável, impermeável a vento e água. ONDE COLOCÁ-LA? Nas grandes cidades com tempo pouco previsível (como Munique, de onde ela vem). PARA QUEM? Homens que gostam de um estilo discreto no dia a dia.

O design wrap around garante proteção sob as piores condições de clima. E a qualidade inquestionável das lentes Adidas.

JAWBONE ER A Fones minimalistas que eliminam ruídos externos. Tempo de conversação prolongado e programável no aplicativo Jawbone.

VANS SK8-HI

CASIO PRO TREK MOUNT TASMAN

POR QUE É INCRÍVEL? Tem estilo sóbrio, é old school e tem inspiração clássica. ONDE COLOCÁ-LO? Teoricamente em cima de um skate. Na prática, nas baladas ou simplesmente na rua. PARA QUEM? Skatistas, hipsters, DJs e artistas.

Relógio controlado por rádio com display LED, altímetro, barômetro, termômetro, bússola e memória de dados.

POL AR LOOP Monitor de atividade com todas as funções. E mais uma: gravação de dados durante natação ou mergulho.

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THE RED BULLETIN TUDO NOVO

BEATS PILL POR QUE É INCRÍVEL? Grande potência e acústica refinada em formato cheio de estilo. Leve, portátil e totalmente sem cabos. ONDE COLOCÁ-LO? Em todos os lugares para a galera escutar. PARA QUEM? As pessoas para as quais a boa música é tão importante quanto um bom design.

BRAGI THE DASH ISPO BRANDNEW WINNER* DIGITAL POR QUE É INCRÍVEL? O primeiro fone sem cabos que também é monitor de atividade do mundo. ONDE COLOCÁ-LO? Nos ouvidos de esportistas que querem estar sempre a par da velocidade, número de passos, distância e ritmo cardíaco durante o treino. PARA QUEM? Todos os que levam o treinamento a sério.

OAKLEY AIRWAVE 1.5 SNOW Óculos de proteção para inverno com Head-Up Display, GPS e bluetooth. O display equivale a um monitor de 14”.

SP GADGETS POV LIGHT Impermeável, versátil, LEDs de até 300 lumens de potência e sistema de fixação integrado da GoPro. Vários modos de iluminação.

MODELL A SUUNTO EON STEEL POR QUE É INCRÍVEL? Porque mergulhar nunca foi brincadeira. O display claro mostra só aquilo que você quer saber. Totalmente intuitivo. ONDE COLOCÁ-LO? No braço direito, 30 m abaixo da superfície. PARA QUEM? Mergulhadores que querem escolher entre os modos de exibição clássico ou gráfico.

Du fährst mit deiner Reise-Enduro über­ wiegend auf der Straße und machst Abstecher auf unbefestigte Piste blindtext blind aus.

GoPRO HERO 4 A mais recente versão da câmera que criou uma nova categoria de produtos. Agora disponível nas versões surf e music.


THE RED BULLETIN TUDO NOVO ODLO SPIRIT Jaqueta Gore-Tex hard shell leve e fina. A proteção perfeita contra umidade e vento. Detalhes sofisticados e úteis.

ZEHUS BIKE+

KRAFT & ULRICH HARPER ISPO BRANDNEW WINNER* STYLE POR QUE É INCRÍVEL? Porque a bicicleta ou o skate já não precisam ficar espalhados pelo apartamento. ONDE COLOCÁ-LO? O ideal é próximo à entrada. Modular e com um grande número de peças diferentes, pode ser adaptado para oficina, vestiário, sótão... PARA QUEM? Esportistas e amantes do design.

ISPO BRANDNEW WINNER* WHEELER Um cubo que transforma bicicletas normais em elétricas. Regeneração de energia nas descidas, sem cabos adicionais e controle por bluetooth.

ORTOVOX ROCK ’N’ WOOL OVER ALL Free ride overall colorido, feito 100% de lã da Tasmânia. Edição ­limitada a 1988 ­peças. Numeradas ­individualmente.

HEADIÇÃO – BALLS FOR BRASIL ISPO BRANDNEW WINNER* SOCIAL AWARENESS POR QUE É INCRÍVEL? O projeto social aproxima crianças carentes e um novo jogo. ONDE COLOCÁ-LO? Nos orfanatos brasileiros e em instituições similares. COMO FUNCIONA? Headis é como ping-pong, mas é ­jogado com a cabeça e uma bola especial. O projeto Headição, além de proporcionar acesso ao esporte e à criatividade para crianças carentes, levou mesas de madeira para praticar o esporte e caixas-­d’água a todo o país. O projeto é do inventor René Wagner e sua equipe de Saarbrücken, Alemanha, e ganhou o prêmio ISPO de consciência social. Dá para conseguir resultados sem grandes investimentos.

SALOMON SK Y 30 Tudo em um: 30 litros, confortável para carregar, serve tanto para esquiar como para fazer trilhas durante o dia ou à noite.

TENTSILE TREE TENT ISPO BRANDNEW WINNER* HARDWARE SUMMER POR QUE É INCRÍVEL? Porque é uma casa de árvore portátil para quem ama esportes na natureza. ONDE COLOCÁ-LA? No chão, como outras barracas, ou pendurada como uma rede entre duas árvores. PARA QUEM? Aventureiros que querem dormir bem mesmo quando há alagamento, solo irregular ou insetos indesejados.

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THE RED BULLETIN TUDO NOVO

SCHÖFFEL CONOR GTX POR QUE É INCRÍVEL? Combina a consagrada qualidade Gore-Tex com detalhes geniais, forma perfeita e liberdade de movimentos. ONDE COLOCÁ-LA? Em pistas de esqui e baladas. PARA QUEM? Esportistas de inverno que têm muitas jaquetas. Esta substitui todas.

JACK WOLFSKIN ACTIVE HOODY Blusa fleece elástica e respirável para usar por baixo. Manga longa com encaixe para o polegar evita que a neve entre pelo punho.

SALEWA QUICK SCREW Um parafuso de gelo estabelece novos padrões no mercado. Somente 180 g, design ergonômico e pode ser manuseado com uma mão.

ANTELOPE ISPO BRANDNEW WINNER* SPORTSWEAR POR QUE É INCRÍVEL? Ela combina roupa funcional e estimulação elétrica muscular (EMS). ONDE COLOCÁ-LA? Ao ar livre. Pela primeira vez a estimulação muscular através de eletrodos é possível também ao ar livre. PARA QUEM? Para corredores e ciclistas que querem estimular os músculos.

ONITSUK A TIGER HAR ANDIA MT Um tênis esportivo de cano alto que oferece performance e estilo de alto nível.

ICE ROCK IDOL ISPO BRANDNEW WINNER* HARDWARE WINTER Picareta de gelo russa de alta tecnologia. Cabo de carbono que absorve o impacto, ­cabeça de aço, alumínio e titânio. Somente 188 g de peso.

MAMMUT ONYX Botas para trilha de Gore-Tex. O insulated comfort é o fim dos pés molhados ou frios.

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MARMOT SPEED LIGHT POR QUE É INCRÍVEL? Tecnologia avançada, leve, resistente e clean: vestimenta funcional minimalista com detalhes geniais como bordas e capuz laminados. ONDE COLOCÁ-LO? Nas montanhas. PARA QUEM? Esportistas que se preocupam com o peso do equipamento.

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AÇÃO!

NA AGENDA

As emoções da Indy voltam ao Brasil. Desta vez em Brasília 8/3, em Brasília

Fórmula Indy O Brasil recebe a etapa de abertura da temporada 2015 da Fórmula Indy. Mas neste ano a novidade é que a passagem pelo território ­brasileiro acontecerá em Brasília, não mais em São Paulo. Das 17 provas confirmadas, seis serão disputadas em circuitos ovais, seis em curcuitos mistos e ­outras cinco em pistas de rua. Em Brasília, o show de velocidade acontecerá no Autódromo Internacional Nelson Piquet. indycar.com

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11 a 15/3, em SP, DF e PE

Joss Stone A cantora inglesa Joss Stone vai fazer três shows no Brasil em março. As apresentações acontecerão em São Paulo (11/3), Brasília (13/3) e Recife (15/3). Elas fazem parte da “Total World Tour”, turnê ­prevista para durar três anos e passar por 204 países. O repertório conta com músicas do próximo disco de Joss, Water for Your Soul, que sai no segundo semestre, e hits dos trabalhos anteriores. jossstone.com

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6 e 8/3, em Buenos Aires

SHOWS EM MARÇO

Copa Davis A Associação Argentina de Tênis (AAT) anunciou que os jogos ­entre Brasil e Argentina pela Copa Davis serão disputados no Parque Bicentenário, em Villa Martelli, em Buenos Aires. A quadra é descoberta e de saibro. A partida contra os hermanos é válida pela primeira rodada do Grupo Mundial. É mais

VÁ OUVIR UM SOM!

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QUARTA-FEIRA

JAMES BLUNT

1º/3, em São Paulo

Meia Maratona

uma tentativa do Brasil em busca do título inédito.

A largada da IX Meia Maratona Internacional de São Paulo será dada na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu. Os corredores irão passar por regiões como o Memorial da América Latina, Elevado Costa e Silva (Minhocão), Rua da Consolação e Av. Rudge Ramos. A prova é uma espécie de treino para a Maratona de São Paulo, que acontece em maio.

www.daviscup.com Thomaz Bellucci é um dos membros da equipe brasileira

yescom.com.br

SÁBADO

Snoop nas picapes

SLASH O guitarrista do Guns N’ Roses vem ao Brasil ­para apresentar sua turnê solo. Slash ficou imor­ talizado pelos ­riffs de músicas como “Welcome to the Jungle” e por sua cartola.

O rapper americano Snoop Dogg ama o Brasil. E esse é um dos motivos pelo qual ele passará por aqui com o seu projeto “Snoopadelic” – que basicamente consiste na ­performance de Snoop como DJ. O que ele toca? Tudo o que gosta de escutar – músicas de rappers amigos e influências fora do hip hop. Sempre com muita fumaça. Os locais ainda serão anunciados.

fundicaoprogresso. com.br

twitter.com/iforevents

DIVULGAÇÃO(4), BRENTON HO/POWERS IMAGERY

jamesblunt.com

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26/3 a 5/4, locais a definir

26/3, em Paris

1º/3, no Rio

14 a 29/3, em São Paulo

28 e 29/3, em São Paulo

Amarelinha

Novo museu

Cervejas

Lollapalooza

O primeiro amistoso do Brasil no ano será contra a França. O jogo vai ser transmitido aqui no Brasil às 17h, ao vivo. É só o começo do ano que contará com a Copa América em junho e Eliminatórias para a Copa da Rússia no ­segundo semestre. Será que Dunga vai reencontrar os ­eixos da nossa canarinha? cbf.com.br

O projeto do arquiteto espa­ nhol Santiago Calatrava na zona portuária do Rio contem­ pla o que há de mais moderno e ousado na arquitetura. O Museu do Amanhã abre suas portas para ser um lugar ­voltado para as ciências que tem como objetivo explorar as possibilidades do futuro e entender o passado. museudoamanha.org.br

Inspirado nas melhores Beer Weeks do mundo – festivais cervejeiros gastronômicos que atraem milhões de pes­ soas e mobilizam milhares de microcervejarias, bares, empórios, brewpubs e restau­ rantes –, o Beer Mob estreia no Brasil e promete oferecer o melhor da cerveja especial brasileira em São Paulo. beermob.com.br

A grande chance de ver as maiores estrelas da música num megafestival é em março, em Interlagos, no Lollapalooza. O festival que volta ao Brasil pelo terceiro ano seguido está com um line-up de tirar o fôlego: Jack White, Robert Plant, Pharrell Williams, Smashing Pumpkins e Alt-J são algumas das atrações. lollapaloozabr.com

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O cantor britânico James Blunt se apresenta na quarta-feira, dia 11 de março, no palco do Clube Atlético Juventus. Na apresentação, o artista mostra a turnê de seu ál­ bum mais recente, Moon Landing.

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QUINTA-FEIRA

NOFX Uma das maio­ res bandas de punk/hardcore do mundo apro­ veitou as apre­ sentações no Lollapalooza Chile e Argentina para agendar ­quatro impor­tantes shows no Brasil. circovoador.com.br

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Diretor de Redação Robert Sperl Redator-Chefe Alexander Macheck Editor de Generalidades Boro Petric

Diretor de Criação Erik Turek Diretor de Arte e de Criação Adjunto Kasimir Reimann

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Ilustrador Dietmar Kainrath Diretor Editorial Franz Renkin Anúncios Internacional Patrick Stepanian Gestão de Anúncios Sabrina Schneider Marketing & Gerência de Países Stefan Ebner (Diretor), ­Manuel Otto, Elisabeth Salcher, Lukas Scharmbacher, Sara Varming

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CORRIDA MUNDIAL PELA CURA DE LESÕES NA MEDULA

A ÚNICA CORRIDA EM QUE A LINHA DE CHEGADA ESTÁ ATRÁS DE VOCÊ NO MESMO DIA EXATAMENTE NO MESMO HORÁRIO EM TODO O MUNDO

3 DE MAIO DE 2015 BRASÍLIA, 08:00

INCREVA-SE AGORA!

A TAXA DE INSCRIÇÃO SERÁ 100% DESTINADA À PESQUISA DA MEDULA ESPINHAL

WINGSFORLIFEWORLDRUN.COM


Badami, Índia, 1º de fevereiro de 2014 Kilian Fischhuber, 31, foi o primeiro do mundo no boulder. O austríaco encerrou a carreira em dezembro e, desde então, sobe pe­nhascos. Primeiro projeto: a parede sul em Badami onde ele não teve sucesso em 2014 devido a uma ­virose. Um ano ­depois, ele está de volta. “A pa­ rede está tão quente que ­queima, é difícil de segu­ rar. Isso é o que ­torna a escalada interessante.” www.kilian-fischhuber.at

“ As competições dependem de regras. Na rocha só existe você e a natureza.” O campeão mundial de boulder, Kilian Fischhuber, conquista um pico na Índia

A PRÓXIMA EDIÇÃO DO RED BULLETIN SERÁ LANÇADA EM 11 DE MARÇO DE 2015 86

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JOHANNES MAIR/RED BULL CONTENT POOL

MOMENTO MÁGICO




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