The Red Bulletin Abril de 2014 - BR

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abril de 2014

além do comum

pharrell williams

nosso editor convidado fala de seu novo disco, girl

Pula, Chuta, Voa

A conexão entre o parkour e a capoeira

GUILLAUME

NéRY o a rt i sta das profundezas

vamos jogar?

especial videogame com 14 PÁGS.



o Mundo de red bull

46 Daytona

Saiba tudo o que acontece na corrida Daytona Rolex 24h, um show de adrenalina nos EUA

ian derry (foto da capa), marcelo maragni, finlay mackay

bem-vindo

O cara que ajudou a gente a fazer essa edição do Red Bulletin já fez você dançar em muitas festas. Ele é Pharrell Williams, que levou pra casa recentemente quatro prêmios Grammy com hits como “Get Lucky” e “Blurred Lines” – e neste mês concorreu ao Oscar com a música “Happy”. Ele falou de mulheres, sentimentos, do próximo disco, Girl, e fez a curadoria de algumas das páginas da edição. No embalo musical, visitamos os estúdios da Red Bull em São Paulo para entrevistar a banda Inky, a primeira a gravar no espaço. E, de quebra, ainda tem um show de ­movimentos de Parkour e Capoeira. Esperamos que você goste. the red bulletin

“Quem pensa só em sucesso está perdido” Pharrell Williams, pag. 32

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abril de 2014

22

Nesta edição Bullevard

nas profundezas

Destaques

68

79

22 Arte profunda

O freediver Guillaume Néry

32 Pharrell Williams

Conversamos com o grande nome da música atual

46 24h na pista

Tudo o que rola na corrida mais alucinante dos EUA

54 Capoeira e Parkour o segredo do sucesso

Revelamos tudo o que você quer saber sobre o RB10, o carro da Infiniti Red Bull Racing desta temporada

Os movimentos, o esporte e a arte

pronto para o pódio

O novo corredor da equipe Infiniti Red Bull Racing, Daniel Ricciardo, fala sobre como é se preparar fisicamente para a F1

66

estreia de classe

4

Guarde o nome dessa banda

68 Fórmula 1

Por dentro da história dos carros da Infiniti Red Bull Racing

ação!

54 A Inky gravou seu primeiro disco em São Paulo. Falamos com a banda para saber o que a gente pode esperar

66 Inky

muito além do movimento

Ação, habilidade, arte e plasticidade: Conheça os pontos em comum entre a Capoeira e o Parkour

78 79 80 81 82 84 85 86 88

Malas prontas  Subindo o morro EM FORMA  A F1 exige força BALADA  Festa no deserto MINHA CIDADE  Miami descolada WFL world run  Tá chegando! MÚSICA  Bombay Bicyle Club Games  Infamous: Second Son NA AGENDA  O bom do mês momento mágico Skate

the red bulletin

ian derry, Benedict Redgrove/Red Bull Content Pool, Luis Vidales/Red Bull Content Pool, Claus Lehmann, karine basilio

0 8 homenagem aos games O nosso especial de videogames ­marca o aniversário de jogos e ­consoles que fizeram história

O freediver francês Guillaume Néry reflete depois da morte de um parceiro de mergulho


/redbulletin

© Jörg Mitter

LI K E WHAT YOU LI K E

SEU MOMENTO. ALÉM DO COMUM


nosso time quem colaborou este mês THE RED BULLETIN Brasil, ISSN2308-5940 Editora e Sede Editorial Red Bull Media House GmbH Gerente Geral Wolfgang Winter Diretor Editorial Franz Renkin Editores-Chefes Alexander Macheck, Robert Sperl Editor Brasil Fernando Gueiros

Claus Lehmann

Finlay MacKay Este escocês estava exausto depois de fotografar Shaun White antes de pousar em L.A. O motivo de sua viagem? Fazer as fotos do astro Pharrell Williams. Mas o excelente resultado mostra que o cansaço não atrapalhou. Mas a sensação que levou quatro Grammys é um cara difícil? “O Pharrell é bem tranquilo e fácil de fotografar”, diz MacKay. “Difícil foi colocar a minha pele de escocês branquelo debaixo do sol de Los Angeles.”

O fotógrafo Claus Lehmann foi ao Red Bull Station, no centro de São Paulo, para fotografar a banda Inky, que estreou as instalações do Red Bull Studio São Paulo. “As fotos foram supertranquilas. A gente rodou o prédio para buscar boas locações e nos divertimos muito. E tomamos uns Red Bulls, é claro”, diz o paulista de 34 anos. Claus morou na Europa por seis anos e hoje vive na capital paulista e já fotografou nomes como David Lynch e Fernando Meirelles. O resultado você vê na foto da página 67.

Cuidado com freedivers, ­cuidado com Guillaume Néry. Quando ele começou a contar sua história para Pelatan, editor de uma revista sobre esportes náuticos na França, ele o puxou pela mão, o colocou na água e lhe mostrou como seu esporte também pode ser arte. Néry mostrou, com sua cabeça debaixo d’água, que assim os medos podem desaparecer e que é possível, sim, ir mais fundo que um golfinho. Depois disso, Pelatan pretende aproveitar sua cidade, Nice, para mergulhar.

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Editora Assistente Marion Wildmann Coordenador Editorial Daniel Kudernatsch Gerentes de Projeto Cassio Cortes, Paula Svetlic Apoio Editorial Ulrich Corazza, Werner Jessner, Ruth Morgan, Florian Obkircher, Arek Piatek, Andreas Rottenschlager, ­Stefan Wagner, Paul Wilson Bullevard Georg Eckelsberger, Raffael Fritz, Sophie Haslinger, Marianne Minar, Boro Petric, Holger Potye, Martina Powell, Mara Simperler, Clemens Stachel, Manon Steiner, Lukas Wagner Editores de Arte Miles English (Diretor), Martina de Carvalho-Hutter, Silvia Druml, Kevin Goll, Carita Najewitz, Kasimir Reimann, Esther Straganz Editores de Fotografia Susie Forman (Diretora Artística de Fotografia) Marion Batty, Eva Kerschbaum, Rudi Übelhör Revisão Judith Mutici, Manrico Patta Neto Impressão Clemens Ragotzky (Diretor), Karsten Lehmann, Josef Mühlbacher Gerente de Produção Michael Bergmeister Produção Wolfgang Stecher (Diretor) Walter O. Sádaba, Christian Graf-Simpson (tablet) Financeiro Siegmar Hofstetter, Simone Mihalits Marketing & Gerência de países Stefan Ebner (Diretor), Elisabeth Salcher, Lukas Scharmbacher, Sara Varming

Karine Basilio Frédéric Pelatan

Diretor de Arte Erik Turek Diretor de Fotografia Fritz Schuster

Formada em São Francisco, ela começou sua carreira como fotógrafa em São Paulo, no ano de 2001, trabalhando para editoras e agências de propaganda. Em 2007, mudou-se para Nova York e voltou recentemente para o Brasil. Karine já publicou belos trabalhos de moda em revistas como Vogue e Harper’s Bazaar. Nesta edição do Red Bulletin, ela executou com primor o ensaio de Parkour e Capoeira que você pode conferir a partir da página 54.

“ Pharrell foi fácil, difícil foi ficar debaixo do sol de L.A.” finlay mackay

Assinaturas e Distribuição Klaus Pleninger, Peter Schiffer Marketing de Criação Peter Knethl, Julia Schweikhardt Anúncios Marcio Sales, (11) 3894-0207, contato@hands.com.br Gestão de anúncios Sabrina Schneider Coordenadoria Kristina Krizmanic TI Michael Thaler Escritório Central Red Bull Media House GmbH, Oberst-Lepperdinger-Straße 11–15, A-5071 Wals bei Salzburg, FN 297115i, Landesgericht Salzburg, ATU63611700 Sede da Redação Heinrich-Collin-Straße 1, A-1140 Wien Fone +43 1 90221-28800 Fax +43 1 90221-28809 Contato redaktion@at.redbulletin.com Publicação O Red Bulletin é publicado simultaneamente na Áustria, Brasil, França, Alemanha, Suíça, Irlanda, Kuwait, México, Nova Zelândia, África do Sul, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Visite nosso site www.redbulletin.com.br

the red bulletin


CORRIDA MUNDIAL PELA CURA DE LESÕES NA MEDULA.

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4 DE MAIO DE 2014

FLORIANÓPOLIS/SC - 6:00 (HORÁRIO DE BRASÍLIA)

WINGSFORLIFEWORLDRUN.COM


va m o s j o g a r ?

celebrando o mundo dos games

Ellen Page virtual

tchau, Hollywood

Será que um dia vamos ter um Oscar para intérpretes de games? Será que isso é só um momento ou é, de fato, o futuro das atuações? A estrela de filmes como Juno e A Origem agora pode ser vista na aventura Beyond: Two Souls, para PS3. Ela contribuiu com movimen­ tos de ação com o corpo, expres­ sões faciais e emoções dignas de uma grande atriz para encarnar a personagem Jodie. (Trechos do jogo foram apresentados no Fes­ tival de Tribeca no ano passado.) A outra estrela é ninguém menos que Willem Dafoe. Juntos, eles tentam resolver o enigma da vida após a morte. A ação do jogo é in­ crível: as fotos que vazaram mos­ tram cenas dignas de Hollywood. A gente não perde por esperar.

A Ellen Page virtual está em Beyond: Two Souls (foto maior) depois de ter suas expressões captadas ­digitalmente (no detalhe) – seus movimentos foram capturados milimetricamente para o jogo

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é pique, é pique, é pique

parabéns, consoles! Temos o que comemorar em 2014: são várias datas que marcaram a história dos videogames

nintendinho Essa caixinha foi lança­ da no Japão em 1984; Em seguida, chegou nos EUA. E foi assim que a Nintendo apre­ sentou o videogame para todo o mundo.

SEGA MEGA DRIVE Faz 25 anos que a Sega nos presenteou com o console de ­16-bits e um bichinho azul que se tornaria muito conhecido no mundo, o Sonic.

Producer(13), The Kobal Collection

johannes lang

PLAYSTATION Em 1994, uma terceira via surgiu entre a bata­ lha Sega-Nintendo. A Sony lançou o primeiro PlayStation e incomo­ dou muito os antigos fabricantes.

Mortos, vivos e ricos: os cinco filmes da série Resident Evil arrecadaram US$ 916 milhões

obrigado, zumbis…

SIM CITY Você constrói uma ­cidade e depois chama uns monstros para ­destruir tudo? Uma ideia que, há 25 anos, parecia loucura, mas que deu MUITO certo.

FIFA Há pouco mais de 20 anos, o FIFA Inter­ national Soccer chegou para se tornar um dos jogos mais populares de toda a história dos videogames.

...por nos dar Milla Jovovich A cada dois anos, as criaturas de Resident Evil voltam. E isso é bom, porque ninguém caça zumbis tão bonitos como Milla. Já não é uma novidade saber que uma das maiores estrelas dos filmes de ação veio dos ­games – o que é surpreendente, como mostra a nossa foto, é que ela está fora do mundo dos mortos-vivos e em muito boa forma. Sua sexta imersão na série deve ser lançada nos próximos anos.

GAME BOY Era devagarzinho, preto e branco e um pouco escuro, mas, mesmo ­assim, em 1989, a Nintendo fez o Game Boy virar febre no mundo inteiro.

Tetris Em 6 de junho de 1984, em Moscou, ­Alexey Pajitnov criou um jogo que o mundo joga até hoje: foram centenas de milhões de downloads.

niNtendo DS Quando foi lançado, em 2004, o DS trouxe os portáteis de volta. Até hoje, cerca de 154 milhões de uni­ dades foram vendidas – perde só para o PS2.

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B U L L E VA R D

COMO ESCOLHER

O QUE JOGAR?

Tantos jogos e tão pouco tempo... Descubra qual é o seu Você se acha o centro do mundo? Gosta mais dos jogos que partem da perspectiva do EU?

Você gosta de atirar nas ­pessoas?

N

S

N

S

FIFA 14, NHL 14, NBA 2k14

S N N

S Você tem mais de 18 anos e não consegue perder sem ter de xingar a mãe dos seus oponentes?

S

S Call of Duty

Você prefere jogos com equipes e é um estrategista que gosta de se comparar aos outros?

S Counter Strike GO, Battlefield

N

Awesome­nauts, Strife

Você fica irritado se o oponente chega até o seu lindo reino e o destrói?

N

Team Fortress 2

N

Você se interessa por esportes, mas acha correr muito cansativo?

Ou você é do tipo construtor, que deseja erguer e dominar um reino?

Portal 2, Stanley Parable

Você gosta de ­enfrentar os ­inimigos com ­armas mais ­realistas?

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N

Você quer desistir da vida real e perder o resto dos seus dias e noites jogando no computador?

Starcraft 2, Supreme Commander

Rollercoaster Tycoon 3, Sim City 4

The Elder scrolls: Skyrim

N Você gosta mais de jogos que se passam em mundos gigantes para ter sempre o que descobrir?

S N VOCÊ JÁ TENTOU SAIR DE DENTRO DE CASA?

S DOTA 2, League of Legends

AS PEÇAS QUE FALTAm

Como um professor de arte e um hacker tornaram ­várias peças de Lego compatíveis

Interoperacionalidade. Este é o nome que se dá quando dispositivos de diferentes fabricantes funcionam em conjunto. A palavra-­ chave de TI acabou de chegar no berçário – e graças a pessoas como Golan Levin, professor da Univer­ sidade da Pensilvânia. Junto com seu ­colega Shawn Sim, Levin desenvolveu o (por favor, não abrevie!) Free Universal Construction Kit, um arsenal de articu­ lações em 3D que envolve dez tipos diferentes de brinquedos de montar. “Quando meu filho tinha 4 anos, ele tentava o tempo todo, em vão, encaixar um K’Nex em um Tinkertoys. Daí eu tive essa ideia”, conta Levin. Só faltava um nome para o projeto, e “até chegar a ele foi necessário um balde de cerveja”. Os planos para todas as ligações ele deixou totalmente disponíveis na internet. “Você pode encomendar, mas divertido mesmo é brincar ali com o 3D, e seu filho vai gostar também.” Até o próximo Hackerspace!! thingiverse.com/uck/

Courtesy F.A.T. Lab and Sy-Lab

S

BRINQUEDOS SEM FRONTEIRAS


Este é o “Free Universal Construction Kit“ em 3D


B U L L E VA R D

das galáxias

moto do futuro

Ubisoft/RedLynx

Quando esporte e ficção científica se juntam, ­sempre aparece esse cara com pinta de Power Ranger

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Joga pro alto Trials Fusion é a nova versão do jogo Trials, o melhor jogo de moto da história. Futurista, com boa jogabilidade e visuais de cair o queixo


B U LL E VA R D

” Q u a l é o s e u p r o b l e m a , tá fazendo drama?“ RIhANNA EM BATTLESHIP

LUZES, CÂMERA, AÇÃO!

além dos joysticks

QUANDO OS GAMES VIRAM FILMES

Hollywood luta pelo seu público, mas algumas batalhas ainda não saíram do videogame, ou só têm graça nele. Quatro desses filmes realmente existem. O outro nós adoraríamos filmar

N i c o l as Cag e

COMO SURGIU?

COMO SURGIU?

er a p r a va l er ?

QUANDO FOI?

O ROTEIRO?

Um dos mais famosos ­jogos de tiro também tinha de ­funcionar como filme. E trata-se de algo igualmente interessante: um jogo que ­você não pode jogar.

O orçamento de US$ 42 milhões responde: sim.

Em 1995 chegou aos cinemas a primeira das duas partes. Bem no clima do jogo, aliens x terráqueos atiram uns nos outros para a alegria dos fãs. Vale, sobretudo, pelas cenas (e cenários!) de luta.

Camboja, 1970. Um soldado americano voltando para casa precisa desarmar sozinho um campo minado. Sua única ajuda: um mapa enigmático cheio de códigos numéricos.

MAS NA VERDADE...

A H I S T Ó R I A?

COMO FOI?

VAL E U , A N O S 1 9 9 0 !

s l og a n

...é a Rihanna que importa.

O diretor Andrzej Bartkowiak achou a historinha do jogo – demônios matando geral no inferno – muito pouco realista. A ideia dele para o enredo do filme: uma matança com monstros de Marte.

Nove roteiristas diferentes e uma dupla de diretores ­desconhecida transformaram o melhor jogo dos anos 1980 no maior desastre cinematográfico dos anos 1990.

O ROTEIRO?

A M E L H O R AT U A Ç Ã O ?

Q U E M FA Z O B O W S E R ?

The Rock

Dennis Hopper no seu papel mais absurdo: na pele de um homem-lagarto louro e mau.

A fabricante de brinquedos Hasbro já levou os Trans­ formers para a tela e fez ­muito sucesso. Por que não “afundar navios” também?

A humanidade está enfren­ tando a destruição total. Os alienígenas são tecnolo­ gicamente superiores. Zero chance de sobrevivência. No que isso vai dar? E A G O R A?

Outros brinquedos d a H a s b r o : F u r b y, Meu Pequeno Pônei e Banco Imobiliário.

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tem C O N T I N U A Ç Ã O ?

CONSEQUÊNCIAS?

Doom 2 está nos planos. Assim como estava o sucesso do primeiro Doom.

“Mario” Bob Hoskins depois se meteu em muita roubada cinematográfica, tais como O Mundo das Spice Girls e Garfield 2. Mas Tom Hanks ficou satisfeito: ele tinha se candidatado ao papel de Mario.

Só. Mais. Uma. Chance. QUEM DIRIGIU?

Pa u l W. S . A n d e r s o n – mais tarde ele nos presenteou com Resident Evil.

e l enco Direção: Michael Bay Roteiro: Charlie Kaufman O soldado: Nicolas Cage Seu capitão: Tyresse Gibson Sua mulher: Gemma Arterton Seu parceiro: Peter Stormare

VA I T E R PA R T E 3 ?

a sur p res a

Ta l v ez a i n d a este ano!

Na última das últimas minas, o herói é derrotado pelos pró­ prios nervos. Aí vem uma luz muito clara, e uma explosão. Cage se assusta. Seu rosto envelheceu 40 anos. Ele havia dormido no escritório.

the red bulletin

Corbis, picturedesk.com (2), The Kobal Collection(2), Süddeutsche Zeitung Photo

ea de maxmi, sunt aut et hitiu ri busmi, sunt aut et hi tiuri b usmi, sunt aut et hitiuri busmi, sunt aut et hitiuri busmi, sunt aut et hitiuri busm , sunt aut et hitiuri busmi, sunt aut et hitiuri busmi, sunt aut e t hit


B U L L E VA R D

O Fred é o ­melhor amigo do PC e come biscoito em cima do teclado para provocá-lo

Fred : 0

VS. f red |   x adre z   |

homem vs. máquina: que comecem os jogos de tabuleiro!

c o m p u t ad o r : 1

Lembra que o Deep Blue ganhou do Kasparov em 1997? Foi a primeira vitória da máquina. Hoje tem joguinhos de celular que ganham fácil do Deep Blue. Xeque-mate, humanos!

Fred : 1

|   da m as   |

c o m p u t ad o r : 2

tom mackinger

Em 2007, depois de 18 anos de desenvolvimento e estudos matemáticos ­sobre Damas, um grupo de cientistas da Universidade de Alberta criou o Chinook, um programa que quase nunca perde para humanos.

Fred : 1

3¶-Ø | go |

O computador é o melhor amigo do Fred, mas ele não ajuda muito nos deveres de matemática

c o m p u t ad o r : 1

O jogo oriental de estratégia tem mais movimentos do que o número de átomos no universo. A habilidade humana para fazer essas análises ganha de um computador. Toma essa, PC!

Fred : 2

| ar i m aa   |

c o m p u t ad o r : 2

Depois da glória do Deep Blue, Omar Syed criou um jogo fácil para seu filho e difícil para um computador. Depois de 10 anos dessa batalha Homem vs. Máquina, nós ainda ganhamos dos computadores.

game over!

the red bulletin

15


BULLEVARD

1995

r ayman

1993

need for speed

1994

doom

1991

mortal kombat

1992

Lemmings

1989

The secret of monkey island

1990

prince of persia

1987

zak mckr acken and the alien mindbenders

1988

megaman

1985

the legend of zelda

1986

super mario bros.

1983

tetris

1984

bomberman

1981

donkey kong

space invaders

PONG

1978

1982 ms. pac-man

1980 pacman

1972

Space Invader 8x8 pixels: nasce o mito

Link Coitado. Ele é a estrela e o jogo se chama Princesa Zelda

O príncipe sem nome No filme de 2010, ele se chama Dastan Bomberman A versão rebelde do Pac-Man Pong O primeiro herói dos games é um retângulo

Guybrush Threepwood A estrela mais espirituosa dos games

16

tom mackinger

Donkey Kong O mundo caçou o gorila com barris

Super Mario “ It’s-a me, Mario! ”


BULLEVARD

2011

dishonored

2012 2013

last of us

minecr aft

2009

red dead redemption

bioshock

2007

2010

league of legends

guild wars

2008

portal

2005

world of warcr aft

2003

2006 gears of war

2004

call of duty

2001

battlefield 1942

2002

halo: Combat Evolved

1999

the sims

2000

silent hill

1997

half-life

1998

dungeon keeper

tomb r aider

1996

Lara Croft Tudo bem se apaixonar por um desenho? Chell Uma heroína bem diferente Master Chief O ataque dos aliens robotizados

Steve De volta aos primóridos: um novo herói em pixels

Gordon Freeman O valentão ­c alado: já ouviu a voz dele?

grande time

os nossos herÓis

Homens, mulheres, encanadores e macacos que fizeram história

mais vidas


B U L L E VA R D

festa das caixas

o TETRIS de verdade

Lixo vira luxo: Michael Johansson fez “The Move Overseas”, uma instalação que ele apresentou na Beaufort04 – uma feira de arte belga –, usando móveis abandonados

18

Michael Johansson

O artista sueco Michael Johansson é talvez o cara mais maluco de seu país


BULLEVARD

b o n s

e

r u i n s

Repassamos algumas tentativas de revolucionar o mundo dos games. A linha entre o certo e o errado é tênue

bingoo0! bingoo0!

bingo do galvão

casa cheia e jogo na tv

Enquanto rola a partida, use essa página para fazer um X nas frases que você ouvir o narrador falar. Haaaaja coração! A regra é clara.

Bem amigos da Rede Globo.

Voltamos em definitivo!

Mas o estádio tá bonito, ein Casão?

Bola pro mato que o jogo é de campeonato!

Pode isso, Arnaldo?

Iiiih, o Felipão tá zangado, fazendo ­gestos pro juíz.

Não dava pra ter ­chutado dali.

Dava pra ser 10 a 0, fácil.

É, amigo, um dos maiores clássicos da história do futebol.

Olha a festa do torcedor, que coisa linda.

Haaaaaja coração!

Sai que é sua, Júlio César!

É do Brasil-sil-sil!

Mas conti­nuamos sem marcar gol...

uma mão? Power glove Em 1988, o que era para ser o futuro dos controles não deu muito certo. Só foram feitos dois jogos para a luva da Nintendo.

o quÊ???

O juíz vai dar 3 minutos de acréscimo.

O gol saiu na hora certa!

Não tem como o juiz ver isso, Arnaldo!

Falta perigosa.

Olho no Messi que ele é perigoso...

Na rede! Pelo lado de fora...

Já vi esse filme antes.

Situação dramática, amigo!

Simplesmente ­inacreditável.

Ih, o juiz já tá olhando pro relógio...

Virtual Boy Em 1995, a Nintendo prometeu uma realidade virtual em 3D. O que ganhamos? Pontinhos vermelhos e muita dor de cabeça.

agora vai? OCULUS Rift Um projeto de óculos de realidade virtual está em processo de financiamento coletivo. Será que os veremos ainda em 2014?

“Você está me dando uma checada, é isso?“

j o g o s

b a c a n a s

p a r a

c e l u l a r

producer(5)

dietmar kainrath

2

TOP ELEVEN 12 milhões de técnicos não podem estar errados. O melhor jogo de futebol para celular

angry birds go! Os passarinhos mais nervosos da atualidade numa corrida de kart alucinante. Nada mal.

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B U L L E VA R D

2013 Sony Playstation 4 processador: oito processadores de 64 bits, cada um com 1.6 GHz memória operacional: 8 GB cores: mais de 1 bilhão jogo de maior sucesso: Killzone: Shadow Fall

Na, Super!

Tot!

× 16

2005 Xbox 360 processador: 64-Bit-TriCore processador com 3.2 GHz memória operacional: 512 MB cores: 16,7 milhões jogo de maior sucesso: Kinect Adventures

realidade virtual

× 16

a evolução não para

2000 sony Playstation 2 processador: 64 bits com 294.9 MHz memória operacional: 32 MB cores: 16,7 milhões jogo de maior sucesso: GTA: San Andreas

Em 40 anos, consoles passaram de 64 para mais de 8 bilhões de bytes

×8 1997 Nintendo 64 processador: 64 bits com 93.75 MHz memória operacional: 4 MB cores: 16,7 milhões jogo de maior sucesso: Super Mario 64

× 57

1990 Sega Mega Drive processador: 16 bits com 7.61 MHz memória operacional: 72 KB cores: 512 jogo de maior sucesso: Sonic the Hedgehog

× 36

1984 Nintendo Entertainment System processador: 8 bits com 1.66 MHz memória operacional: 2 KB cores: 48 jogo de maior sucesso: Super Mario Bros.

× 32

Magnavox Odyssey processador: nenhum (40 transistores) memória operacional: nenhuma (depois: 64 bytes) cores: preto & branco jogo de maior sucesso: Table Tennis

20

sascha bierl

1972

Mais Memória

the red bulletin


B U L L E VA R D

Super Mario Art

Game Over

O que acontece quando tudo dá errado na vida do Mario? Essa foi a pergunta que o artista Kordian Lewandowski fez a si mesmo

CONSELHOS de quem sabe

TOtalbiscuit

O que mais entusiasma o melhor testador de jogos do YouTube? UAU, SUPER...

MORTO!

BROTHERS: A TALE OF TWO SONS “Neste jogo você controla dois irmãos com os joysticks plugados no computador – me sinto muito conectado a eles. ­Raramente vejo um jogo que me toca emocionalmente.”

Kordian Lewandowski, producer(6)

BASTION “Este jogo é tipo uma mistura de Diablo e Zelda. Só que com umas fases extrema­ mente c­ oloridas, em um mundo pós-apocalíptico – e com um humor singular, bem ácido.”

Inspirado na Pietà de M ­ ichelangelo, o artista ­polonês Kordian ­Lewandowski fez a obra “Game Over” (2008)

JOURNEY “Uma das experiências de jogos mais ­memoráveis que já tive – embora o Journey tenha uma duração de apenas 90 minutos. Tudo gira em ­torno da alegria de explorar e descobrir.”

G A M E S p ort á te i s | | | e m f ase de teste | | | p ara voc ê j ogar Paper train Atravesse os trens com segurança para o outro lado do cruza­ mento. Parece simples – mas pode tomar um bom tempo.

the red bulletin

BADLAND Nosso jogo preferido para os lugarzinhos calmos: simples, emo­ cionante, e cada fase tem só 2 minutos.

device 6 Se for demorar um pouquinho mais, sugerimos este thriller surreal, que liga ­textos e imagens em um romance.

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a a r t e da

apneia Entre os melhores mergulhadores em apneia do mundo, Guillaume Néry é o filósofo da turma. O francês não busca apenas o fundo, mas, sim, algo muito maior e bonito Por: Frédéric Pelatan  Fotos: Ian Derry

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“O momento mais mágico é aquele em que eu escapo da gravidade. É uma libertação, como se soltar, d ­ issolver-se na água...”


“ Nosso esporte exige muito do corpo. Mas eu não tenho a sensação de que é perigoso” 24


“Meu único medo é de mim mesmo. Uma vez que isso acontece, perdemos toda paz e serenidade de que precisamos… Este é o desafio e o fascínio da nossa atividade”


Quando criança, Guillaume Néry sonhava em ser astronauta. Hoje, ele escapa da gravidade na direção oposta


“A recompensa estética é uma confirmação. Um bom desempenho sempre vale a pena”

27


N

o Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, encontramos Guillaume Néry carregando e despachando bagagens. A balança do check-in marca 30 quilos. Nas costas do mergulhador, está dependurada a filha, a pequena Maï-Lou, como se fosse um macaquinho. Ao lado dele, a namorada, confidente, companheira de mergulho livre, diretora e filmmaker Julie Gautier. A família está fugindo do inverno francês e passará os próximos quatro meses na Polinésia Francesa. Realmente, o mergulhador com o cabelo desgrenhado, sua marca registrada, tinha todos os motivos para estar despreocupado. Em duas horas, o avião decola em direção a Papeete – serão muitas horas de voo e, no final, o paraíso. Maï-Lou já é grandinha o suficiente para permitir que os pais durmam à noite e, tanto pessoal quanto profissionalmente, no esporte vai indo tudo às mil maravilhas para Néry. No Campeonato Mundial de Kalamata, na Grécia, o detentor do recorde mundial melhorou a marca francesa na modalidade, com peso constante, des­cendo a 125 metros. Mas Néry fica calado por algum tempo. A razão para isso se explica pelo que aconteceu algumas semanas atrás. Pela primeira vez, um mergulhador em apneia, membro da Associação Internacional, morreu em atividade, numa competição da AIDA. Trata-se de Nicholas Mevoli, produtor de vídeo de Nova York e mergulhador experiente. Em maio de 2013, Mevoli foi o primeiro mergulhador em apneia americano a ultrapassar a marca de 100 metros na categoria de peso constante. Em fevereiro, ganhou a medalha de prata, ficando atrás apenas do francês Morgan Bourchis, no campeonato mundial da categoria. 28

arcose é o novo N curta-metragem do casal: Julie filma Guillaume no êxtase profundo


Guillaume Néry ama brincar com as possibilidades de seu esporte e faz muitos experimentos lúdicos. Um exemplo: seu “Apneia Base Jump”, disponível no YouTube


Um único fluxo de respiração é suficiente para Néry mergulhar até 125 metros de profundidade


O acidente de Nicholas Mevoli aconteceu no dia 17 de ­novembro, nas Bahamas, ironicamente, em uma ­tentativa nada espetacular. Ele tinha previsto apenas 72 metros na categoria de peso constante sem barbatanas. Ele atingiu a profundidade e estava voltando para a superfície no tempo previsto. Repen­ tinamente, as condições pioraram, enquanto estava realizando os procedimentos normais de subida. “Toda a comunidade está em choque. Ainda. Essa foi a primeira vez que algo assim aconteceu”, diz Néry. “Nosso esporte exige muito do corpo. Mas eu não sinto que ele é perigoso, porque nós temos que cumprir com todos os protocolos de segurança... Ou será que eu deveria dizer que nunca tive essa ­sensação? Até acontecer essa tragédia? É claro que agora me questiono sobre o que devo fazer. Faz sentido seguir em frente e continuar desafiando a morte?” Um dos melhores mergulhadores em apneia do mundo também tem medo do fundo? “Meu único medo é de mim mesmo. Uma vez que isso acontece,

“ Eu fico muito calmo. Todas as coisas ao meu redor se conectam umas com as outras”

toda paz e serenidade de que precisamos para lutar por metro se vai... É tão duro trabalhar por metro de profundidade, que, se o medo atrapalhar, esta­ mos perdidos. Esse é o desafio, a arte e o fascínio da nossa atividade.” Há alguns anos, Néry também levou um susto bem desagradável. “Foi nas Bahamas. Estava a uns 80 metros de profundidade, dando braçadas de peito. Quando iniciei a subida, fiquei sem fôlego, meu cor­ po inteiro estava tenso, e eu comecei a cuspir sangue. Demorou mais de cinco minutos até que eu pudesse respirar normalmente de novo.” Ao contrário do mergulhador austríaco Herbert Nitsch, que até hoje sofre as consequências de um acidente grave, ou do francês Loïc Leferme, que teve menos sorte ainda e sofreu um acidente ­fatal, Guillaume resistiu aos encantos do Mergulho “Sem Limites” (de profundidade) – mesmo quando a tentação foi grande. Quem o dissuadiu foi Julie. “Ela foi bem clara e direto ao ponto. Disse ‘Tudo bem se você quiser fazer isso. Mas então você tem que saber que vai fazer sem mim’.” Guillaume disse que, para ele, a decisão não foi difícil. “A competição é fascinante, mas é apenas superficial. O que real­ mente conta no mergulho em apneia é a estética. A recompensa estética é uma confirmação. Um bom desempenho sempre vale a pena. Quando criança, eu sonhava em ser pesquisador e sempre ficava olhando para o céu. Um dia assisti a um documen­ tário sobre a lenda do mergulho livre, Umberto ­Pelizzari. Foi meu primeiro contato com um mundo comple­tamente diferente.” No ônibus da escola, ele sugeriu uma brincadeira com o colega: aquele que respirasse primeiro, per­ deria. De noite, em casa, Guillaume se posicionou corretamente, como tinha aprendido no documentá­ rio, e tentou segurar a respiração por cinco minutos. Ele tinha 14 anos naquela época e sonhava ser astro­ nauta e descobrir galáxias longínquas. Mas, no fim das contas, ele optou por desafiar a gravidade na ­direção contrária: para baixo. Desde o grande sucesso do curta-metragem Free Fall (realizado por ele em parceria com Julie) na internet, Guillaume faz uso das novas mídias para compartilhar os momentos que compõem o fascínio do mergulho de apneia. “O momento mais mágico é aquele em que eu escapo da gravidade. É uma ­libertação, como se soltar, dissolver-se na água... Fico de braços abertos, como se estivesse voando. Neste momento fico muito calmo, todas as coisas ao meu redor se conectam umas com as outras, e me sinto parte do todo. É fantástico.” Narcose é o curta-metragem mais recente do casal. Nos próximos meses o filme será exibido em festivais por toda a Europa. Julie leva a câmara, segue Guillaume em direção ao fundo, e filma. Não tem como reproduzir o fluxo de pensamentos do mergu­ lhador quando ele está no êxtase das profundezas, pois as imagens se sobrepõem em velocidade muito rápida na cabeça dele. Então, Julie e Guillaume ­decidiram colocar em prática o pensamento mais ­memorável de todos: a visão fantástica de um casa­ mento debaixo d’água, sem máscara de oxigênio. www.guillaumenery.fr

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Designer, músico, produtor, artista... Pharrell Williams é mais do que isso: é nosso editor convidado

pharrell Seja uma escultura japonesa ou as manobras de BMX, o vencedor do Grammy é um curioso e encontra inspiração em qualquer lugar. Ele nos mostrou um pouco do que curte ao editar algumas das próximas páginas para o Red Bulletin 32

the red bulletin


Mas, antes, ele fala sobre o que a indústria da música levou anos para descobrir e o que espera que as mulheres sintam com seu novo disco

sabe como

ser feliz Por: Andreas Tzortzis  Fotos: Finlay MacKay


mágico

eu acho pegar dois mundos diferentes e

misturar

se você tem uma voz de veludo e as pessoas estão acostumadas a escutar isso sempre essa mesma voz, diria para você tentar

bagunçar

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O

homem neste chapéu é a alma do “cool”. Com sua voz que mistura sussurro e groove, Pharrell tem muito a ­dizer sobre os problemas do sucesso, o absurdo de produzir hits, a necessidade de experimentar em vez de seguir caminhos já traçados e sua relação com a busca de sentimentos realmente profundos, que to­ quem quem escute sua música. Ele está com 40 anos, dos quais 23 passados dentro de estúdios criando o tipo de música que faz a trilha sonora das festinhas de hoje em dia. A gente não tem dúvida: Pharrell Williams sempre acerta a mão. Em 2013, por exemplo, parti­ cipou da criação dos dois maiores hits do ano, “Get ­Lucky” e “Blurred Lines”. O resultado? Quatro prêmios Grammy, incluindo seu segundo como melhor produ­ tor. Isso já era o bastante? Para ele, que diz fazer tudo instintivamente sem se preocupar com o sucesso, teve ainda mais coisa pela frente: a música “Happy”, que abriu 2014 colocando muita gente para dançar, foi ­incluída na trilha sonora do filme de animação Meu Malvado Favorito 2 e lhe rendeu uma indicação ao ­Oscar e um prêmio pelo vídeo inovador na web – que se passa durante 24 horas com diversas pessoas dan­ çando. Depois você olha para ele e vê esse chapéu es­ tranhão. Isso tem um nome: estilo. O modelo foi visto pela última vez na cabeça de Malcolm McLaren, que o colocou para o clássico vídeo “Buffalo Gals”, de 1982. É um chapéu de McLaren e Vivienne Westwood que apareceu pela primeira vez nas prateleiras da loja que eles tinham em Londres. Hoje em dia, por causa de Pharrell, virou um dos itens mais falados, tuitados, elogiados e ridicularizados em todo o mundo. Parece até que o músico planejou tudo isso – mas ele garante que não. Afinal, segundo ele, nada é planejado – as coisas simplesmente fluem, prontas para o sucesso. Nessa equação está incluso o seu novo álbum, Girl, o primeiro projeto solo em oito anos, com lançamento previsto para maio e que deve fazer muito barulho. the red bulletin: O que você procura em uma pessoa que entra no seu estúdio? pharrell williams: São três coisas. A primeira é o que elas dizem que querem fazer e a segunda é a energia delas. É sentir o feeling de como se comportam no táxi, sabe? Ou em uma discussão. Já a terceira é o tom de voz. Sempre faço questão que haja uma justaposição interessante. Então, se a voz delas é de veludo e as pessoas estão acostumadas a ouvi-las em algo que seja condizente com isso, eu sugeriria uma música mais barulhenta, se isso fizer sentido, é claro. Então tem uma química interessante aí. E a mágica é quando você consegue casar todos esses elementos. Tipo:

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*inspiração /

informação

Desde que eu era um estudante, sempre procurei por pessoas, lugares e coisas ­interessantes. Saciar minha curiosidade sempre foi uma busca. Amo procurar coisas novas que possam mudar minha perspectiva sobre como eu vejo o mundo. Se o seu cérebro não está aprendendo constantemente, você está fazendo um desserviço a você. Acredito muito em estimular e explorar novos mundos que desafiem sua ­noção de realidade. Selecionei algumas das minhas inspirações no momento

#1

Coarse False Friends 2010

Quem não gosta de b­ rin­quedo? Seja criança ou adulto, um brinquedo bacana faz qualquer um sorrir. Essa exposição mostra por que a toy art é uma nova plataforma para arte e expressão. As obras falam com a criança que existe em cada um de nós

Eles parecem brinquedos. Têm o mesmo tamanho e são feitos do mesmo material. Mas, diferente dos Comandos em Ação, os brinquedos da toy art não são para brincar. São para colecionar. Uma ponte entre os fãs de quadrinhos e os colecionadores de arte. A toy art é produzida por designers e artistas renomados em séries limitadas, caras e que fazem com que cada peça se torne muito rara em pouquíssimo tempo. Dessa forma, um Mickey de 1 metro, caveira e ossos cruzados do artista americano KAWS podem alcançar preços semelhantes aos de um carro usado. O museu Design Exchange, de Toronto, está dando a essas miniaturas de plástico coloridas a sua

primeira exibição. This Is Not a Toy (Isso não é um brinquedo) começa em 19 de maio e mostra as origens dessa cultura – com obras do artista Michael Lau, dos anos 1990 – até miniaturas detalhadas de artistas renomados como Takashi Murakami e Yoshitomo Nara. O designer e colecionador de brinquedos Pharrell Williams é um dos curadores da mostra. “Lembro exatamente da primeira vez em que vi os brinquedos. Na hora me senti como criança de novo”, ele diz. “E a cultura da toy art me apresentou novos artistas. De Jeff Koons a KAWS. Foi como abrir um portal bizarro para um outro mundo.” dx.org

florian obkircher

ISTO NÃO É UM BRINQUEDO Design


Se a sua preocupação é ficar no topo, então tá na hora de procurar outra coisa para fazer.

Esse negócio funciona na base da emoção

“Cara, eu não sabia que manteiga de amendoim e ­chocolate iam tão bem juntos”. É, é uma delícia e se chama “Reese’s cup” (um chocolate da Hershey’s). Mas você nunca vai saber se não provar. É assim que eu descubro a mágica, fazendo a tentativa de misturar mundos diferentes. Nessas tentativas, parece que você não tem medo de errar... Mm-hmm. Você tem medo de errar? Porque olhando a sua carreira parece ter sido sucesso atrás de sucesso. Quê? O medo de que talvez esse troço não funcione. De que essa faixa possa não emplacar. De que ­talvez uma roupa não agrade... Essas coisas ­passam pela sua cabeça? É, eu nem sei o que é isso. Meu cérebro não processa. Sempre foi assim? Sim. Quando você ama alguma coisa, tem medo de quê? Medo de uma reação negativa, por exemplo... Olha, se você está pensando em fama e sucesso, pode ser. Mas quem… É, quando você está no topo, acho que dá um medo de perder a posição, não? Errar a mão... Tá, mas se estar no topo é sua maior preocupação, ­então você provavelmente deveria fazer outra coisa. the red bulletin

O nosso negócio é a emoção e isso não é muito fácil de quantificar além do que realmente é. É como dizer que você joga futebol e tem medo da bola. Não é bem por aí, sabe. A bola faz parte daquele mundo. Emoções são apenas emoções. Então, quando o som emplaca, você tem que agradecer, porque não é para isso que você fez. Qualquer sucesso que eu tenha em uma música não é um mérito meu. Eu não faço música para isso, porque isso eu não consigo controlar. Faço porque me dá prazer e porque pode ter um efeito sobre outras pessoas. Não é uma boa misturar a ideia do que é ­sucesso e a pureza do porquê se faz alguma coisa. Vamos definir o que é o sucesso. É médio ou grande? Quer dizer que depois que eu fiz o que fiz ou qualquer outra pessoa que tenha dado sua contribuição para ­alguma coisa, o sucesso quer dizer que as pessoas ­votaram, elas pediram, elas compartilharam com um amigo, elas compraram, elas baixaram na internet. E fizeram isso em larga escala. Isso que é sucesso. Eu não tenho nada a ver com isso. Não posso controlar. Posso apenas controlar o que faço. Quando eu era jovem, sim, eu via isso de outra ­forma, porque eu olhava para muita gente que quan­ tificava sua felicidade com o seu sucesso. E ninguém quer dar muito duro e não ser reconhecido, não é? 37


/

informação

#2

BANKS Cantora

Começa com um coro delicado. Depois vem um piano suave, alguns assobios e uma voz elegantemente enfumaçada, que cativa na hora. Banks não perdoa ninguém. Assim que você ouve as ­primeiras melodias do seu EP London, você sabe por que a jovem cantora de Los ­Angeles veio para ficar, já aos 25 anos. É que suas músicas re­ presentam uma tardia ligação entre os vocais quentes de soul e R&B com a fria música eletrônica. É minimalista, sensacional, sexy. É como se Lana del Rey tivesse passado uma noite no estúdio com James Blake. Mesmo com seu single de estreia ter sido lançado há apenas um ano, Banks já pode contar com Pharrell Williams e Katy Perry como admirado­ res. ­Perry declarou seu amor por ela no ú ­ ltimo outono, no Twitter – o que

não é pouca coisa, se considerarmos os 50 milhões de fãs da cantora ameri­ cana na rede social. Jillian Banks – seu nome verdadeiro – faz música desde os 15 anos. Tudo começou quando ganhou de presente de uma amiga um teclado de brinquedo que deveria ajudá-la a se recuperar do divórcio dos pais, uma ajuda para sol­ tar as emoções. E deu certo. Foi bom como autoajuda por bastante tempo, e ela fazia isso só para si. “Eu soltava

BANKS não perdoa. sua música é minimalista, sensacional, sexy

“A Banks é incrívelmente boa. Ela tem um som muito especial” tudo com as minhas músicas. Xinga­ mentos, segredos, agressões... era muito bom para extravasar”, ela relem­ bra. “E de repente eu estava viciada.” Ela só mostrou suas criações para o mundo depois de se formar em Psico­ logia, subindo a música “Before I Ever Met You” no SoundCloud. O DJ de rádio britânico e formador de opinião Zane Lowe descobriu a cantora e colocou ela em um programa da BBC Radio 1. Ele disse: “Ouçam isso com atenção. Banks vai estourar em breve”. Uma profecia que se cumpriu. Em poucos meses, ela tinha um contrato com a Victoria’s ­Secret, que usou sua música “Waiting Game” em uma propaganda. A BBC, em seguida, consagrou Banks como a grande revelação do ano no concurso Sound of 2014, que tem sido um ter­ mômetro confiável para novos talentos nos últimos anos, tendo previsto o su­ cesso de artistas como Frank Ocean, Adele e Florence and the Machine. Banks está de certa forma desapa­ recida desde o lançamento de London para trabalhar em seu primeiro disco, que deve ser lançado no decorrer do ano. Quem está com ela no estúdio é gente como os produtores eletrônicos Totally Enormous Extinct Dinosaurs, Lil Silva e Shlomo – o último trabalha na mesa de mixagem para seu mais novo single, “Brain”. Ela só fica sabendo sobre o burbu­ rinho a seu respeito indiretamente. Ela diz que não gosta de redes sociais nem de computadores piscando ao seu redor. Banks gosta mesmo de ­deixar essas coisas para sua equipe tomar conta. Mas isso não significa que ela não se importe com os fãs, é claro. Ela inclusive publicou o número do seu celular pessoal no Facebook, ­dizendo: “Se você quiser conversar, me liga!” Será que ela já se arrependeu alguma vez de ser tão aberta? “Ainda não. A maior parte das pes­ soas escreve mensagens muito legais”, ela diz, sorrindo. “O que eu mais gosto são as mensagens de texto em que as pessoas dizem que minhas músicas as ajudaram quando se sentiram tris­ tes ou sozinhas.” Para aqueles que quiserem ligar para ela, não tenham dúvida. Seu ­número é +1 (323) 362-2658. hernameisbanks.com

florian obkircher

*inspiração


Você quer ser valorizado por seu trabalho. Mas existe uma linha tênue entre ter seu trabalho valorizado e ir superbem e você acabar viciado nisso. Se você ficar viciado em sucesso vai se dar mal. Como você conseguiu evitar isso? Olha, eu tô nessa faz muito tempo e descobri que o que me dá mais satisfação é a curiosidade sobre como eu consigo encontrar novos acordes, novos sons. É assim que sou recompensado, porque não posso controlar nada além disso. Então, quando alguma coisa é “bem-­ sucedida”, você sempre vai me ver agradecer o tempo todo, ou juntar as mãos, porque eu quero que você ­saiba que eu sei de onde isso vem e mostrar isso. Sabe, nós somos os copos. Somos os canudos. Nós não somos o suco. E qualquer um que acredite que é, esse cara acaba enlouquecendo ou ficando infeliz na vida. Não tenho que ser o suco. Eu não tenho que ser o copo. Eu não tenho que ser a parte mais fria do processo todo, que é o gelo. Você pode ser isso. Estou feliz de ser apenas uma parte disso. Você seria o facilitador? Sou uma parte. Um participante. No minuto em que você se diz um facilitador, está sendo o todo-­ poderoso. E será que é mesmo? Se todo mundo que ­fizer um som adquirisse este tipo de poder, então como seria o mundo? É por isso que tudo é justo, certo? Todos fazemos nossa parte. É como um formigueiro ou uma colmeia. Todo mundo tem sua função. Meu trabalho é apenas ouvir e tipo tentar fazer uma conexão, mas aquilo está vindo de outro lugar, por isso o termo “conexão”. Desta forma eu agradeço quando os sons se transformam no que eles são, porque não é algo que eu faço. Tem alguns produtores por aí que pensam ser possível fabricar hits. Eles dizem que uma progressão harmônica, que algum refrão cantado por alguém pode garantir sucesso. Claro. Você concorda com isso? Não, a menos que você queira entrar nessa corrida de ratos e competir com todos os outros e torcer para que sua música chegue até o topo parecendo igual a tudo o que está aí. Então sim, mas eu gosto de ser diferente de qualquer forma. E, sabe, eu não sou o único. Tem tanta gente que adora coisa diferente. É por isso que eu gosto deste conceito de telefone, sabe, a conexão é uma parte muito

suco

Não tenho que ser o . Não tenho que ser o copo. Não tenho que ser a coisa fria, . Você pode que é o ser isso. Fico contente apenas de ser parte disso

gelo

the red bulletin

importante. Como as empresas de celular sabem das coisas, elas perceberam que as pessoas queriam customizar as coisas, porque individualidade é tudo. A sua casa vai ter o cheiro que você quer que ela ­tenha. Ela foi customizada por você. Imagina acordar em um mundo onde tenha apenas três tipos de móveis para as casas? Pois é, seria engraçado. A música é tipo o único lugar onde as pessoas acreditam nessa ilusão, de que exista uma fórmula. Acho que dá para jogar Hollywood nesse bolo... É, mas existem festivais que incentivam as produções independentes que não fazem a mesma coisa com a música independente, pelo menos não com a visibilidade do que é feito no mundo do cinema. E o filme também tem a vantagem de estimular dois sentidos enquanto a música é só para os ouvidos. É por isso que a indústria da música teve uma queda tão brutal. Eles sempre pensaram primeiro no som. Mas, sabe, com a mudança deste paradigma, todo mundo está caindo na real que a garotada quer o visual. É por isso que o YouTube tem mais audiência que todas as rádios somadas. Você sempre pensou no visual... É, mas a maioria dos músicos é assim. Não sou ­diferente. Daí o termo “blues”. Você entrevistou o Spike Lee e conversou sobre a importância de usar “Fight the Power” como o mais importante hino do filme Faça a Coisa Certa. Como as músicas podem contribuir com o sentimento que o filme provoca? Os filmes estimulam dois sentidos. Existe uma curadoria para isso. Com a música alguma coisa fica para a sua imaginação, do que você quer enxergar na mente enquanto está escutando. Com o filme existe uma direção escolhida para o ponto de vista do que o diretor quer e a música é submetida a isso. As duas coisas agem em conjunto para levar o espectador até onde o diretor pretende. Então o filme meio que tem esse controle, mas eu acho que a indústria musical está chegando lá, porque todos os artistas independentes estão dizendo “eu não quero deixar para você a interpretação do que eu estava sentindo quando fiz a música. Eu quero mostrar para você”. O que você vê é a garotada independente fazendo a melhor música, porque pensa a música em 3D, da forma que sempre deveria ter sido. Tem algum disco ou artista que você ache que está mandando bem hoje em dia? Sabe, mesmo em um nível bem popular, tem muitos artistas que entenderam isso. É só ver a Beyoncé. O visual dela é tão forte que o único marketing dela é colocar alguma coisa no Twitter ou no Instagram. Não tenho uma noção exata do método que ela escolheu, mas ela simplesmente arrebentou. Ela só lançou uns vídeos e suas músicas meio que “Toma. Esta é a minha arte”. Sem artifícios, sem campanha. E realmente teve um impacto em algumas pessoas na indústria ­musical – bem, ao menos nos espertos, porque ainda existem alguns que estão “Ah, isso é só a Beyoncé”. Mas esses são caras ultrapassados. Quem está antenado pensa adiante e se dá conta de que quem ocupa a maior parte dos sentidos com algo irrefutável vence. Você teve dificuldades com a indústria musical quando começou? 39


Todo mundo já está sabendo que a molecada quer visual. É por isso que o YouTube tem mais audiência que todas as rádios somadas

Eu era uma criança, não tinha ideia do que estava acontecendo. Tudo o que eu sabia era o que me ­motivava a ir adiante, e para mim isso significava uma música que eu dissesse “Uau, isso é muito legal”. Adoro a sensação de grandes acordes e melodias e ­letras quando elas te tocam, sabe? Você lançou um novo disco agora, o primeiro solo em um bom tempo. Por que você acha que este é o momento? Eu não sei que o momento é agora. Nunca sei nada. Simplesmente estou aberto. Quando as coisas são mui­ to planejadas, não tem como ter sucesso. Vai ser isso, isso, isso, isso e isso. Isso é só ego. E isso é você meio que contando com essas coisas, porque o ego é basi­ camente você viver as suas experiências e então ter as memórias de suas experiências. E a forma pela qual sua mente volta como um arquivista para encontrar aquela informação é o seu ego, onde você pode de ­alguma forma medir ou quantificar o que é isso. “Bem, eu sei isso e isso e isso, portanto…” Você já ouviu aquela frase “Deus ri dos seus planos”? É por isso. Porque, quando você pensa que sabe, vai ser surpreendido por algo completamente fora dos planos e vai ter que mudar a porra toda. Aprendi, tenho 40 anos agora, então aprendi a não fazer isso. Aprendi a ser aberto e apenas experimentar as coisas. E, quando alguma coisa me afeta, eu me acostumo com ela instantaneamente, porque posso não ouvir de novo. Porque qual é a chance de aconte­ cer de novo? Existem 7 bilhões de pessoas no planeta. E o simples fato de existirem tantas pessoas no planeta significa que as chances não estão a meu favor. Então não existe isso de saber das coisas. Tem que ser aberto. Eu faço um esforço. Eu realmente tento ser um cara sem ego para me manter aberto e não perder algumas partes importantes da música e os diferentes pontos de vista, diferentes formas de fazer os sons. Se eu faço as coisas de maneira predeterminada, eu bloqueio tudo que pode ser a melhor coisa que me aconteceu. Quando eu tive a incrível oportunidade de trabalhar no primeiro Meu Malvado Favorito, tive que ouvir. Mesmo que eu pensasse “Ai, sabe, eu sei fazer música”. Não, cara, eles tinham uma direção, sabiam o que queriam. E nesse processo eu aprendi mais sobre como alcançar mais pessoas ou apenas abrir mais as músicas. OK, legal, então você acha que tem uma mú­ sica. Você acha que tem a letra. Bacana. Ela é o mais acessível possível? Aquele verso é bom como poderia ser, ele é claro e a dicção é clara? 40

Não existe isso de saber das coisas. Aprendi a the red bulletin


estar aberto às experiências para não perder algumas partes importantes da música


*inspiração /

informação Qual é o ponto se a arte não tiver propósito? Isso é uma coisa que o Cyrcle entende bem. O objetivo deles é criar visuais poéticos que chamem a sua atenção, levando a arte de rua a um outro nível e estilo

#3 pichar. A gente tinha os ­nossos valores em comum e um ­sonho conceitual do que queríamos f­ azer com nosso trabalho. Eu não q ­ ueria só pichar, e ele não queria só ­fazer design. Você pinta muros, faz curtas e ­esculpe formas de caveiras a partir de flores – existe um estilo claro na obra do Cyrcle? leavitt: Pessoalmente, nunca quis me fixar em um estilo porque não é assim que eu vivo. Sou um bipolar muito ­maníaco, porque mudo o tempo todo. Adoro a mudança. Para crescer, nós temos que encontrar novas ferramentas e então aprender como usá-las. t: O processo de qualquer coisa que nós criamos começa com uma ideia, um conceito e uma mensagem. E então nós pensamos em como comunicar ­visualmente essa mensagem. E é aí que o trabalho continua mudando. Porque não é inspirado por um estilo, é inspirado pela ideia. É isso que nos

the red bulletin: Vocês trabalham

juntos desde 2010. Como foi que isso aconteceu? torres: Quando conheci o Davey, ele abriu meus olhos para os elementos do grafismo e do design realmente limpo e sofisticado. Antes disso, eu só ia de um lado para outro em L.A., tentando

“não são apenas estilos, o que nos inspira são ideias. isso nos traz liberdade”

deixa livres para fazer coisas tão diferentes. Como a gente quer que uma escultura fale com o público? Que materiais ajudariam ela a se comunicar? l: É animador toda vez que nós encontramos motivo para comprar uma nova ferramenta. É um momento de alegria no estúdio. Começou com o pior do que se poderia encontrar na loja de ferragens do bairro. E então você compra uma máquina DeWalt e tudo muda com a precisão dos ângulos e corte que pode fazer. Estamos economizando para ter uma máquina de laser. Será nossa nova ferramenta e estamos

a­ nimados com isso. É a gente que faz tudo, procuramos vídeos no YouTube e aprendemos a usar. O lema de vocês é “Nós Nunca ­Morreremos”. A banda do Pharrell e do N.E.R.D. diz “Ninguém Morre de Verdade”. É uma coincidência? T: Sim, pura coincidência. L: Mas isso não é necessariamente um mantra, esse é o tipo de pessoa que ele é. É parecido com a gente. Ele poderia ser só um rapper ou só um produtor. Mas ele faz tudo e está aberto a mudanças. Exatamente como a gente. cyrcle.com florian obkircher

Este duo de Los Angeles une elementos muito diferentes do mundo artístico – o grafite e o design gráfico –, e com isso consegue misturar engajamento e detalhes. É um conceito aparentemente simples, mas que David Torres, o Rabi, e Davey ­Leavitt têm aplicado de uma forma impressionante nos últimos quatro anos. Como da vez em que os dois pintaram a fachada de uma casa em estilo de xilogravura. Ou quando eles contaram a história colonial americana usando impressões de pop art detalhadas e em tamanho gigante. Ou ainda de quando eles cortaram sua própria pintura e a ­remontaram como se fosse um mosaico tipo quebra-cabeça. Quando se trata de dar as cartas na criação de suas obras, a única regra para Torres e Leavitt é a de que não existem regras.

CYRCLE, Theonepointeight

CYRCLE Artistas


mérito Um hit não é umús meu. Eu faço a mm oichiate. as pessoas faze Isso não pode ser esquecido

Em outras palavras, ele é legível para a interpreta­ ção das pessoas. Ele pode não ser, porque seu ego fala que você arruinou tudo. Mas, quando você remove seu ego e apenas usa o que sente, é quando as melhores coisas acontecem. Foi um aprendizado difícil para você? Foi um bom aprendizado para aprimorar, porque foi assim que “Happy” aconteceu. Porque eu jurei que ­tinha nove chances daquela vez, nove músicas dife­ rentes para aquela pequena cena. Nove? É. E foi só quando eu estava completamente sem ideias, quando eu não tinha mais ego, certo? Porque o que eu sabia sobre Meu Malvado Favorito da primeira vez é que Gru é malvado e blablablá… E aquilo era um erro. Foram necessárias nove tentativas para me conven­ cer de que eu precisava estar aberto e me dar conta de que “OK, sim. Gru era um cara maluco desde o começo. Ele é feliz agora”. Então como você escreve uma música sobre alguém ser feliz se tiver uma posição inflexível a respeito do assunto? E então a música rolou. Mas você tinha os fundamentos para isso? Eu não tinha nada. É isso que estou tentando dizer. “Fundamento” é onde entra o ego. Lembre-se, você tem que estar aberto. Mas precisa começar com alguma coisa... Zero. Isso é loucura, você fez uma carreira sabendo de coisas e tendo coisas. Não, eu fiz uma carreira amando a música e às vezes ficando intoxicado pelas coisas funcionando e de ­certa forma pensando que era eu. E não era eu. Uma música fazer sucesso não é um mérito seu. A música é um ­mérito seu, uma criação sua. Já o sucesso é feito pelo público e ponto final. Você não pode esquecer ­disso jamais. Qual é o significado do novo álbum para você? Me deram a oportunidade e, sabe, quando me ­perguntaram sobre o que eu queria fazer, só fiz de acordo com o que sentia. Daí decidi com os olhos fechados. Mas o que isso quer dizer? Você acabou de fazer a pergunta. É. Foi uma pergunta retórica. O que você queria dizer? Isto não quer dizer “Ah, eu sou muito bom e posso the red bulletin

f­ azer de olhos fechados”. Quando alguém diz que está fazendo algo de olhos fechados, o que ele diz, no fundo, é que isso realmente tem a intenção de ­dizer que não pensou sobre aquilo e a coisa rolou. Eu anulei os meus sentimentos. Não olhei ao redor para ver o que essa pessoa está fazendo e o que aquela pessoa está fazendo. Fui para dentro de mim para po­ der decolar. Fiz isso de olhos fechados, o que significa que o teste mais importante é quando você fecha os olhos. Aquilo funciona para você? Isso significa: sem nenhuma influência de fora? Fiz todas as músicas ­baseado apenas no sentimento, não em pensamento. Porque todas as vezes em que eu pensei demais na ­minha vida eu sempre estraguei tudo. Então você pensa: “Qual é o som da euforia? Qual é o som da tristeza? Qual é o som da vertigem?” Quer dizer, você está associando som com emoção. É, mas isso é o que todos os músicos fazem. Isso não acontece só comigo. Todos fazemos coisas à nossa ­maneira. E o seu jeito é o que você é. A maneira como você faz as coisas é o que faz você ser o que é. Em outras palavras, nós todos falamos inglês, mas de alguma forma você usa as palavras de um jeito diferente, nos tornando únicos e diferentes. A sua ­maneira é a sua impressão digital de como você é como pessoa. Então, olha só, muita gente faz música. Muitos de nós fazemos música da mesma maneira. Só que a sua maneira é diferente do outro. Dá pra ­entender, mais ou menos? Entendo. Eu também acho interessante como você nunca teve medo de ceder a interesses, ­caminhos, planejamentos... O que você tem a perder? Fracasso? Se você está preo­ cupado com o fracasso não pode fazer boa música. Por que o próximo álbum se chama Girl? Olha, tem um grande motivo. Mas deixa eu te contar uma coisa antes. A minha intenção, paralelamente ao conteúdo, é o sentimento, para que nós possamos descobrir o motivo pelo qual eu faço música. Então, na raiz do negócio, eu sabia que os critérios eram de festa, de comemoração, e eu queria que tudo ­parecesse urgente. Daí eu trabalhei muito. Urgente é uma palavra interessante de se usar. Urgente é só uma definição de “Cara, o que é isso?”. Pare e escute. Atirar, sempre atirar para o que é único e inegável. Sempre disparar para isso e usar o sentimento como medida. Nós somos desatentos às nossas sensações. Ainda assim, na maior parte do tempo quando você ­escuta sobre elas em músicas, a menos que seja um cantor/compositor realmente bom, é sempre uma coisa genérica. Mas o seu sentimento… Seu sentimento 43


*inspiração /

informação

Todo mundo pode andar de bicicleta, mas quem consegue realmente fazer disso uma arte? Quando Nigel Sylvester voa com a sua bike, é mais do que entretenimento. Ele faz sua arte como um cientista maluco que puxa os limites do que é humanamente impossível. Não tem tempo ruim

Atleta de BMX

Andando pela Merrick Boulevard, no bairro de Jamaica, em Queens, Nova York, costurando com sua bike no meio dos carros e pulando pelas calçadas, Nigel Sylvester não tinha muita moral da galera local. “As pessoas me chamavam de branquelo e tiravam uma com a ­minha cara”, ele diz. “Elas não entendiam a cultura.” Com um futuro incerto no mundo do BMX, Sylvester apelou para o poder do YouTube. Ele fez vídeos que mostravam o quanto ele era bom em cima da bike e rapidamente os patrocinadores gostaram, incluindo a fabricante de bicicletas Brooklyn Machine Works. No ano passado, através de amigos em comum, Sylvester ganhou a parceria de Pharrell para sua marca. the red bulletin: Qual é o significado

dessa parceria com o Pharrell? sylvester: Começou com o skate.

Ver alguém como ele abraçar isso fez com que automaticamente se tornasse bacana e aceitável. Os garotos do bairro começaram a andar de skate e isso não era normal. Ele influencia muito na cultura. Por quê? Ele é um produtor, e a música é muito importante para essa turma. Espero que o mesmo aconteça com o BMX. ­Virei fã de Pharrell num minuto. E ele

está apoiando a cultura BMX faz tempo. Ele andou de bike no vídeo “Provider” [do N.E.R.D, em 2001] e eu lembro de ver isso quando era moleque. E esse foi um dos motivos para eu aderir ao BMX, porque vi alguém como ele fazer isso. Dessa forma, o esporte ficou mais ­bacana para mim. Vi alguém como eu fazendo. Por que foi tão importante? A cultura do BMX não tinha nenhuma importância. As pessoas me chamavam de branquelo e faziam piada de mim porque não entendiam a cultura. Então eu definitivamente tinha aqueles caras que torciam o nariz e que me odiavam, mas consegui persistir.

“Eu usava as ruas para me expressar. era como se o meu bairro fosse uma tela em branco”

O que te motivou a continuar? Eu gostava da liberdade, cara. Era a melhor forma de me expressar. Quando eu era criança, curtia arte e música e jogava basquete e futebol americano, mas tinha alguma coisa nas bikes que me encantava. Era um sentimento que tinha desde pequeno. Era bom. Eu via resultados. E via caras como o [profissional do BMX] Dave Mirra, que fazia bonito, e eu pensava: “Se ele consegue, então dá”. Mas, vindo de onde vim, ­eu precisava colocar a minha própria perspectiva naquilo, minha própria ­história de vida e meu bairro e meu passado, então foi um pouco diferente. Fui por um outro caminho. Que foi... O caminho tradicional é você se esforçar e ser patrocinado para participar de competições e quanto mais você vencer mais famoso fica. Quando eu era pequeno, não tinha acesso a competições nem aos skate parks onde ­rolavam as competições. Então tinha que descobrir outra forma de me lançar. Por sorte, andar e usar os obstáculos das ruas estava ficando muito popular.

Eu andava no meu bairro para me ­expressar. Era como se a cidade fosse minha tela e eu pintasse por tudo o que ela me oferecia. Dava para misturar a bicicleta com meu estilo de vida – a música, a arte, a moda –, e isso se ­refletia no que eu fazia. Toda vez que lançava um vídeo novo, me certificava de fazer isso. Assim, consegui atrair a atenção de um tipo diferente de pessoas para o que eu estava fazendo. E as grandes empresas viram isso e ­falaram: “Uau, esse garoto é diferente”. Não participei de nenhuma etapa dos X Games. Cheguei lá com a internet e o boca a boca. O que você espera dessa parceria com o Pharrell? Quero que a garotada tenha uma oportunidade de participar dessa marca e se dar bem na indústria. Espero que fazer parte de uma equipe com alguém como o Pharrell possa levar para as massas e mostrar ao mundo o que é a cultura do BMX. As pessoas têm essa imagem de que é só um tipo de pessoa que pratica, mas não é bem por aí. nigelsylvester.com

Andreas Tzortzis

#4

nigel sylvester


sentimentos fazem coisas incríveis ou simples­

mente inesquecíveis

c­ onecta com o seu espírito que nos separa do resto do reino animal. Nós temos sentimentos. Nossos ­sentimentos podem nos levar a fazer coisas realmente loucas ou realmente incríveis. Você sabe quando alguém está do seu lado, mesmo quando ele não faz nenhum som. Você sente. Você pode entrar em um lugar e dizer quando alguém não gosta de você. Você pode entrar em um lugar e saber quando tem alguma coisa rolando entre duas pessoas. É um sentido, uma vibração, uma energia que dá para ser sentida, entende? Mas a gente costuma se distrair nessas horas e perde alguns recados que nos são passados indiretamente. Então, com esse novo disco eu tive a intenção de capitalizar isso e fazer uma coisa que fosse muito estimulante. Para que repercutisse com as mulheres? Ah, claro. Sempre. As mulheres têm sido tão boas ­comigo e com minha carreira... O que você precisa sacar numa mulher para fazer uma música para ela? Acho que na maioria das vezes nós escutamos músicas que são escritas sobre mulheres e não para as mulheres. Sabe, é como a maioria dos produtos. Não são ­realmente para elas, são apenas comercializados the red bulletin

“­ sobre” as inseguranças delas. Não têm o formato da mão dela, no entanto, têm? Não é aquele cheiro que ela gosta de verdade, é só o que as suas velhas e antiquadas estatísticas corporativas dizem. Mas onde você está chegando a esses consensos e com que tipo de mulheres? Meu negócio é fazer as coisas levando elas em consideração de verdade, de verdade. Não é escrever alguma coisa sobre ela. É escrever alguma coisa para ela, que a faça sentir. E a única forma de fazer isso, a única forma de ­entender se isso funciona ou não, é baseada em ­sentimento. É isso o que ela vai te dizer, como ela se sente realmente. Você está tentando desmistificar aquela diversidade nas mulheres? É de alguma forma uma questão de entender ou de fomentar isso? Eu só quero fazer música que as mulheres, que as ­garotas, escutem e que pirem, dancem. Essa é a minha intenção. Às vezes, me parece que o sucesso vem de uma ­falta de emoção. Às vezes, eu acho que o sucesso vem de uma coisa muito calculista, fria e esperta, de quem não quer se envolver profundamente e quer abusar de alguns sentimentos. Sim, Steve Jobs. Ele, de uma forma genial, trouxe aquele produto que hoje é tão usado no mundo inteiro, o computador. Mas nós somos humanos e isso é o que o computador nunca vai conseguir fazer, que é sentir. É isso o que ainda nos faz uma espécie superior neste planeta. Então você é o curador do sentimento? Talvez agora. Ué, no começo da sua carreira você achava que não era assim? Sim, porque, como eu disse, quando eu me dei conta que pensar não era o meu caminho e que os sentimentos eram meu negócio, comecei a perceber que as pessoas não ligavam para os sentimentos dos outros. Eu sempre senti a música, desde criança, mas me dei conta de que era a chave provavelmente nos ­últimos dez anos. Porque, antes disso, eu apenas não pensava. Eram só jatinhos privados, Ferraris, joias, todas essas coisas que não querem dizer nada. A Ferrari fica velha. Elas perdem o valor na hora que você sai da concessionária. Pois é, isso também acontece com os Santanas, Monzas, Gols... É! Você tem que vender em dois anos, porque em ­quatro você já perdeu um bocado de dinheiro nessa parada. E eu gosto de carro, de verdade. Ainda gosto. Mas não é isso que importa. Você não os leva quando vai embora. O que você leva desta vida são os seus sentimentos e as experiências que fizeram eles acontecerem. E também os sentimentos que você transmitiu aos outros, né? Isso é o que podemos chamar de riqueza, cara. Uma experiência. A coisa mais legal sobre a qual você fala na sua vida é aquela sua viagem em que você se divertiu, conheceu, se arriscou. Depois desses momentos, a primeira coisa que você fala para os ­outros é “Cara, foi incrível”. Para saber mais sobre Pharrell e sua paixão pela cultura BMX, confira o “Red Bulletin Presents” no YouTube

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Corrida noturna iluminada pela roda-gigante: as horas antes da meia-noite sĂŁo as melhores

dayto por: Werner Jessner 

Fotos: Julie Glassberg e Marcelo Maragni


Credit:

ona

Rápida, perigosa, espetacular, lendária e também um pouco rústica: com a Rolex 24, em Daytona, a nova temporada de esportes automobilísticos começou a todo vapor 47


as arquibancadas tremem jรก na primeira volta

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the red bulletin


N Os mecânicos descansam antes dos minutos rápidos e de extrema adrenalina a que são submetidos

a primeira de todas as corridas de Daytona, faltava Linda Vaughn. Difícil imaginar nos Estados Unidos da década de 1960 ­alguma ­garagem ou quarto de adolescente sem um pôster estampando o incrível apelo estético da Miss Hurst Shifter. O que seria da América automobilística e sua tradição sem eles – os cartazes de Linda! Mas não demorou para a bela ­Vaughn dar as caras em Daytona, e agora já faz mais de meio século que a figura loura e seu corpo e­ scultural dão as boas-­ vindas na entrada da Rolex 24. A Miss se tornou um ícone inseparável da lendária corrida de automobilismo da Flórida, evento com o qual começa tradicionalmente a temporada mundial de corridas. Ex-pilotos de Fórmula 1, grandes ­carros de esporte, gentlemen drivers e ­estrelas compõem um cenário colorido, que faz parte de Daytona durante um dia e uma noite, com todas as atenções vol­tadas para a Superspeedway. Aqui e ali, de vez em quando entra alguém na pista para ajudar, rapidamente, até que o carro possa voltar para a Oval e desbravar suas perigosíssimas curvas

O circuito Daytona International Speedway se autointitula “Centro Mundial do Automobilismo”

i­ nclinadas, numa velocidade de mais ou menos 300 km/h. Até completar 70 anos, Paul Newman era um frequentador assíduo da abertura da corrida de Daytona, e assistiu às vitórias de Andretti, Unser, Hurley Haywood e Chris Amon. A carreira do designer Adrian Newey começou a alçar voos mais altos em Daytona, quando, em 1983, projetou e reconstruiu um carro esporte dentro de um curto espaço de tempo, e a máquina, que antes tinha um desenho ruim, virou de repente sensação e surpreendeu a todos. A única coisa que pode impedir os pilotos de Newey de dormirem com um Rolex ao lado, na mesa de cabeceira, durante a noite seguinte à corrida de Daytona, são problemas na pista, ao longo das 23 horas de competição. Os vencedores dessa corrida são tradicionalmente premiados com um Rolex homônimo à disputa. Agora, em 2014, será um ano que ficará marcado na história do automobilismo. Foi o início de um novo e aguardado futuro para as corridas americanas de longa distância. Finalmente as duas séries de corrida inimigas há dois anos, a GrandAm e a American Le Mans Series, concordaram com a criação de um regulamento que ­valha para as duas. A primeira corrida de Daytona já se deu sob o mesmo teto: com a United Sportscar Series, que se chama Baby, e seus 68 carros, divididos em quatro categorias, esperando na largada. Na categoria da “realeza” (os “Protó­ tipos”), os participantes da antiga Grand Am se deram bem com os carros esporte do tipo aberto da American Le Mans ­Series. Os protótipos de Daytona com­ petem entre eles mesmos. “Em geral, se diz que nas corridas de longa distância a constância triunfa sobre a velocidade, 49


os torcedores se reĂşnem em volta da fogueira durante a corrida

No camping ficam os jovens e barulhentos torcedores, fazendo concorrĂŞncia ao barulho dos carros a mais de 200 km por hora


Pneus, combustível, vidros limpos – feito! Esse é o mundo ideal, mas nem sempre é tão fácil assim

mas aqui é o contrário: completar a ­primeira volta rápido pode decidir todo o desempenho na corrida”, diz o piloto mexicano Memo ­Rojas. “E, apesar de uma corrida de 24 horas ser de resis­ tência, todo esse tipo de disputa virou uma corrida que é mais questão de tem­ po do que de distância.” Cabem 10 mil espectadores no gigan­ tesco autódromo Daytona International Speedway. As poderosas arquibancadas de aço tremem quando os carros disparam para a primeira volta. Depois de menos de meia hora, contudo, a trepidação the red bulletin

­ iminui bastante, pois já se mostram d grandes as diferenças de distância entre os carros na pista. E o perigo também é grande. Quando o relógio marca 04h58m da manhã, depois de 2 horas e 47 minutos de competição, Memo Gidley dá uma guinada e se choca com o número 62, a Ferrari de Matteo Malucelli, que estava na frente. Malucelli vinha em velocidade muito ­baixa e estava com problemas elétricos, quando o ame­ ricano Memo Gidley não conseguiu des­ viar a tempo, provocando um ­acidente de ­proporções bastante graves.

O problema que o italiano Malucelli teve foi ­relativo à cauda da Ferrari, e, quando ela entra em choque com algu­ ma coisa, é impossível não temer o pior. Para piorar, nesse ponto os pilotos esta­ vam justamente dirigindo contra o sol baixo. “De uma hora para outra você não enxergava mais nada”, descreve um dos pilotos – em choque – sobre as con­dições da competição naquele mo­ mento. A cor­rida é ­interrompida com a bandeira vermelha. Gidley sai da pista totalmente ­destroçado. ­Depois de algum tempo tudo recomeça, quando finalmente 51


nos 15 minutos finais, a disputa fica acirrada na pista

soa o alerta verde, que informa que os ­pilotos estão bem. Acidentes em Daytona são apenas parte da lenda da corrida; assim como Linda Vaughn, o canto do hino nacional americano antes da largada, a missa no domingo de manhã ou as barracas montadas, ao redor, no gramado que envolve o circuito: é na ala norte do autódromo que ficam os jovens, acampados, gritando e bebendo sem parar. Eles chegam munidos de barraquinhas e cervejas, grande parte em ­caminhonetes e (acreditem) tratores. ­Obviamente, também é preciso ter capacidade de transportar e armazenar bastante lenha para as fogueiras. Os bombeiros também ficam em posição de alerta, 52


As novas regras fazem com que os carros abertos não tenham chance contra os carros fechados

Páreo duro: a superpoderosa Ganassi se desdobra para ultrapassar o tricampeão Memo Rojas (à esq.)

em caso de qualquer problema com a ­segurança. As preocupações desses pro­ fissionais não são em vão. Antes da meia-­ noite vem o primeiro grito, de alguém que ­tropeçou em alguma corda das barracas e se queimou na fogueira. Nada do tipo parece acontecer na ala sul do autódromo. Ali estacionam os ­motorhomes com cozinha, sala, quarto e churrasqueiras a gás. Poucos são tão elegantes quanto os panos de prato sujos pendurados com tanto charme em seus carangos. Cada um tem seu espaço ­demarcado, e aos transeuntes é negada a contemplação dessa comunidade graças à construção de um enorme e complexo toldo. Estamos diante de um verdadeiro the red bulletin

jardim idílico em sua versão camarote, com estridentes motores de oito cilindros como trilha sonora. Mas essa ainda não é a parte endinhei­ rada. Esses ficam na ala oeste, onde o esta­ cionamento está cheio, com carros separa­ dos ordenadamente por marca. O maior de todos é o estacionamento da marca Porsche: aqui você pode escolher a cor e o modelo dos seus sonhos, todas as combinações possíveis estão à disposição. Aqui dá para ver um povo altamente segu­ ro de seu bom gosto, com seus supermode­ los 928 ou 1600. E também a turma mais desleixada, com Panameras e Cayennes. Sem falar nos Corvettes, Camaros e ­Mustangs, os queridinhos da América. Perto das 5 horas da manhã é um bom momento para atacar. É o momento em que os mecânicos dormem em posições ortopedicamente questionáveis e que os últimos teimosos do acampamento do dia anterior são arrastados para fora. E, reza a lenda, essa é a hora em que muitos pilotos dormem com a escova de dente na boca quando param para se trocar. Essa é a hora de preparar grandes investidas. As grandes equipes têm os veteranos que atendem os carros em turnos duplos du­ rante a noite. Mesmo que a temperatura da pista impeça recordes absolutos, esse é o momento que quem está preparado se dá bem. Como Klaus Bachler, 22 anos, da classe Porsche Júnior, que sofreu um aci­ dente com o seu 911 GT3 RS. Porém, sua equipe não o mandou para a cama, e sim o atendeu no acostamento, para fornecer orientações importantes. Para novatos como ele, ainda há muito que aprender. E são noites como essa que transformam jovens promissores em pilotos experientes.

N

a última meia hora de corrida, tudo entra em sintonia novamente. O Pace Car, um carro que limita a velocidade dos outros competidores em momentos críticos (e que geralmente funciona para aumentar a tensão) se envolve em um acidente relati­ vamente banal e arrasta outros pela pista. Três das quatro categorias são afetadas nesse momento. E, é claro, tudo sendo anunciado ao vivo, aumentando a tensão geral, já que a televisão obviamente está cobrindo a competição em tempo real. Os espectadores estão roendo as unhas, e vão roer ainda mais até a penúltima curva, quando a classe GTD já anunciava um vencedor da categoria. Depois da ­bandeirada, vê-se a agitação das belas do camarote, e logo vem a emoção frené­ tica da massa. Abraços, confetes, música, lágrimas e relógios para os vencedores. Sebastien Bourdais, experiente Le-Mans-­ Starter, vencedor com Toro Rosso na ­Fórmula 1 e agora em 2014, em Daytona, afirma, emocionado, na entrevista cole­ tiva: “Daytona é o tipo de corrida que só se vence uma vez na vida. Olhar para este relógio aqui no pulso vai me lembrar todos os dias dessa vitória”. www.imsa.com

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instinto

animal Liberdade, p l asticidade, habi l idade, ritmo, arte... Estes são alguns dos elementos que aproximam o Parkour e o Free R unning, duas modalidades urbanas nascidas nos anos 1980, da Capoeira, uma cultura brasileira com raízes africanas datada do início do século 17 Por: Fernando Gueiros

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Fotos: Karine Basilio


Parkour vs. Ca poeira Danilo Alves (à esq.) e Michael “Aranha” executaram movimentos do Parkour/Free Running e da Capoeira, respecti­ vamente, para mostrar suas semelhanças


capoeira

fol h a seca A Folha Seca é um chute executado numa espécie de back flip. Sua apli­cação acon­ tece com o corpo ­levemente de lado

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fre e running

che at g a iner O Cheat Gainer ĂŠ executado com um chute que faz o corpo girar no ar numa cambalhota com o corpo levemente para o lado e efetuando um movimento para a frente


capoeira

a r m a da dupl a A Armada Dupla ­aplica-se através de um movimento de rotação. O impulso é dado e, com os dois pés no ar, na hori­ zontal, o capoeirista atinge o adversário

f r e e r u n n i n g

side f l ip O Side Flip é executado com o impulso e uma perna para tirar a outra do chão e executar a rotação. Na foto, Danilo executa com um estilo próprio, segurando um pé

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Parkour/ free runni ng Danilo Alves, 26, pratica as duas atividades hรก nove anos


capoeira

b ico de pa pag a io Este movimento consiste em uma mão apoiada no chão e, com as pernas sepa­radas e esticadas, é desferido o chute no adversário

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pa r k o u r

speed vaUlt O Speed Vault é utilizado para pular obstáculos. Uma mão se apoia e as pernas separadas dão o impulso para jogar o ­corpo para a frente


fre e running

pa r a da de m Ão A Parada de Mão é utilizada no chão ou em obstáculos


O

que é o instinto animal? Uma de suas definições é conseguir o que se quer com sua habilidade. Se você precisa cruzar um caminho e tem um muro, automaticamente seu instinto fará com que você escale e pule. Outro exemplo é uma competição que acontecia no século 17, em Angola. O objetivo era colocar o pé na cabeça de um adversário para conquistar o direito de escolher uma mulher de sua aldeia. Assim, o jogador se desdobrava – esquivando-se e esticando-se – para conseguir seu objetivo. Esse jogo era chamado de N’Golo e, ao chegar no Brasil por meio dos escravos trazidos pelos colo­ nizadores, essa cultura que envolve música, ritmo, dança, jogo e arte marcial cresceu e ganhou o nome de ­Capoeira, que não é necessariamente uma luta. Seus praticantes jogam, cantam e tocam instrumentos na roda (uma espécie de ringue), fazendo do esporte mais uma sessão de habilidade e entretenimento do que de crueldade. Mas, apesar de não se considerar uma luta, sua utilização como arte marcial ganhou muita força ao longo dos anos. “Hoje ela é praticada em academias, como se fosse natação ou caratê”, afirma Michael “Aranha”, 29, capoeirista de 8º grau. Movimentos como Folha Seca e Bico de Papagaio são tão plásticos quanto letais se utilizados em uma luta. “Na roda de Capoeira você acaba acertando também, não tem jeito. Agora, grande parte dos movimentos são as esquivas. Isso vale muito.” Assim como nas artes marciais orientais, onde os movimentos são inspirados em elementos naturais, a Capoeira tem seus golpes inspirados em animais – e a habilidade de escapar dos golpes é a mais pura mistura de reflexo e instinto de proteção. Viajando pelos séculos, chegamos à sintética década de 1980, quando os videogames dominaram a vida dos adolescentes, e a opressão urbana, somada à massificação da televisão, tomou conta das perspectivas dos adolescentes das grandes metrópoles. ­Sufocado com isso tudo, David Belle, um francês que aprendeu no exército técnicas de “ginástica natural” the red bulletin

capoeira

Ba n a n eir a (uma modalidade de educação física inspirada no movimento dos animais), decidiu sair de sua casa e subir em prédios e pular de um para outro. Seu instinto rompeu os limites e originou uma atividade física que não parou de crescer desde então: o Parkour. Atualmente, a modalidade tem ramificações, como o Free Running, tão populares quanto o Parkour. A diferença de um e outro é que o Free Running inclui movimentos acrobáticos e ineficientes, do ponto de vista da utilidade. O nascimento dessa atividade que envolve movimentos animais e pensamento rápido para encontrar as soluções para os seus caminhos – misturados a movimentos de ginástica e break dance –, por incrível que pareça, tem muito a ver com a Capoeira. Geograficamente e historicamente distante da modalidade brasileira, o Free Running se assemelha não apenas no fato de se tratar de um jogo sem vencedores mas por ser uma expressão plástica de ­liberdade, desafio e alegria sem opressão. O freerunner Danilo Alves, 26, diz que o esporte descobriu novos estilos ao chegar em países como o Brasil, onde a Capoeira faz parte da cultura local. “A ‘ginga’ da Capoeira traz um elemento novo para

Um dos princípios ­ ásicos da Capoeira b consiste em equilibrar-­ se com uma ou duas mãos. O movimento pode ser usado tanto para esquiva quanto para a preparação de outro movimento

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Capo eira Michael “Aranha”, 29, pratica desde os 16 anos no grupo Geração Capoeira, do Mestre Bambú, em São Paulo

o Free Running. No Brasil, o esporte ganhou muitos praticantes porque temos uma identidade com esse tipo de movimento”, diz ele. “Temos o suingue, ­ o movimento dos quadris, a ‘ginga’, o samba.” O Free Running é urbano. Praticado com tênis, ­calças de moletom, camisas ou camisetas, casacos, ­bonés, gorros – sem prejudicar a precisão, leveza e plasticidade dos movimentos. Já a Capoeira é executada em áreas áridas de mato rasteiro ou terra batida, com os praticantes descalços, vestidos de calça branca e ao som do berimbau e dos atabaques. A união dos conceitos da Capoeira no Free Running não é algo oficial, mas com certeza a prática da arte brasileira estimulou novos estilos dentro do Free Running e atualmente um freerunner que se preza deve conhecer alguns movimentos da Capoeira caso queira aprimorar seu talento. “Na Capoeira você precisa terminar um movimento de frente para o adversário, senão levará um golpe no instante seguinte”, analisa Aranha. “Isso faz com que alguns movimentos do ­Parkour não tenham a mesma finalização.” Os jogadores ficam no centro de uma roda onde ­todos cantam e tocam (assim como a roda de samba, onde quem está em volta canta e toca e quem está no meio dança). O Free Running também tem seu ritmo, porém não se restringe à roda, é livre, desbravador. O oponente na Capoeira influencia os movimentos do capoeirista, e quem tem essa função no Free Running é o meio, seja ele natural ou criado pelo homem. Mais parecidas do que já são, as modalidades se aproximariam mais caso o Parkour fosse praticado com pessoas ao redor fazendo música. Por que não? Mais em: leparkourbrasil.wordpress.com (Parkour); www.geracaocapoeira.com.br (Capoeira)

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the red bulletin


‘ g i n g a’ e r i t m o

“ s ão m ui to i m p o rtan tes pa r a m a nter a fluênci a e p l ast i ci dade”

fre e running

b  t w ist O B Twist é uma rotação no próprio eixo do praticante. O impulso da perna de trás joga o corpo para o alto, a 90 graus, e ajuda a efetuar a rotação


Inky

Prontos para porrada O primeiro disco da Inky pode ser o grande momento para esta banda de São Paulo embarcar numa promissora carreira internacional Por: Fernando Gueiros  Foto: Claus Lehmann

O caminho que a Inky fez até chegar ao estúdio da Red Bull em São Paulo começou com dois amigos de escola, Victor (bateria) e Guilherme (baixo e vocal). Antes de se juntarem a Luiza (vocal e synth) e Stephan (guitarra e synth), os dois brincavam de ter bandas. “Acho que foram umas 12 juntos”, diz Guilherme, rindo ao lado do parceiro. Dentro do estúdio, repetições pesadas e redondas de trechos das novas músicas deixam qualquer um impressionado. Eles estão gravando seu primeiro disco, Primal Swag, que será lançado em abril. Depois do EP que comprovou a originalidade e criatividade de suas composições, usando de elementos de rock e eletrônico, a banda cresceu ano após ano, abrindo shows de bandas como Vaccines e LCD Soundsystem e enchendo a bagagem com apresentações em lugares como o Circo Voador e Amsterdã. Pelo que o Red Bulletin pôde escutar do primeiro ­trabalho, podemos ­esperar boas batidas, slaps de baixo e ­distorções alucinantes. the red bulletin: Quais bandas influenciam vocês? luiza: Depende. Acho que o Gui tem influências mais dos anos 1980 e 1990. guilherme: Para mim, Chemical Brothers e LCD Soundsystem em primeiro lugar. E Prodigy. l: Radiohead também é uma influência. g: Sim, essa é uma influência em comum entre nós. stephan: Gosto dos Doors. Mas então tem pra todos os gostos... l: O Gui é hipster, moderninho (risos). O Sté já curte umas coisas mais prog, instrumental... g: E o Vitão, por exemplo, aprendeu a tocar batera numa big band de jazz, que já é uma escola totalmente diferente. 66

vitão: Comecei no jazz, depois punk, metal... De tudo. O mercado da música mudou muito nos últimos anos. YouTube, downloads, redes sociais, o fim do CD... Como vocês lidam com isso? l: Nossa ideia é fazer shows sempre. Esse é o nosso ganha-pão. É fundamental. v: Estamos buscando ideias inovadoras. Cada dia está mais difícil chamar atenção da galera, ainda mais com todos esses fatores que você disse, da internet e do mercado. Então, precisamos de ideias que tenham destaque. g: Mas acho que não tem muito segredo. É mídia, blog e show. O que estamos

“É uma carreira curta e louca. Acho que o nosso momento rock star ainda está para chegar” explorando é o fato de fazer coisas que as bandas de hoje não fazem, como gravar ao vivo, ter o mínimo de edição possível, equipamentos analógicos, amplificadores valvulados. s: E com os erros também. g: Isso. Com os erros. Acho animal você ouvir um erro humano no disco. Ninguém é uma máquina. Vamos explorar essa ideia. Aliás, o nome do disco, Primal Swag, é uma referência clara a isso. Qual foi o show mais marcante que vocês fizeram? g: No Circo Voador. Tocamos com o Otto e com o Psilosamples. Foi um divisor de

águas para a banda. Depois desse show, começamos a tocar pra caralho em todos os seguintes. s: É, o show do Circo foi o ponto alto. A gente tinha vindo de uma sequência de uns seis shows que haviam engrenado. Aí no Circo Voador foi tudo redondo. l: Estamos acostumados com lugares ­menores, mais simples, com menos infraestrutura... Aí chegamos no Circo Voador, um lugar histórico, com um som absurdo, a gente se ouvindo perfeitamente. Foi outro nível. Alguns de vocês ainda estão na facul­ dade e outros são recém-formados. Como é lidar com a rotina de rock star? g: Se eu soubesse que estaria fazendo isso da minha vida, não teria feito a faculdade que fiz, com certeza. l: Ainda não temos retorno financeiro... s: A gente tem retorno financeiro, mas é tudo revertido para a banda. g: Na verdade, não gastamos dinheiro com a banda há uns dois anos, mas também não ganhamos nada. E é muito louco porque não temos nenhum disco, abrimos para o LCD, tocamos com os Vaccines, fomos tocar com a orquestra em Amsterdã e estamos gravando nosso CD aqui no Station... Sei lá, é uma carreira curta, louca e com as coisas acontecendo muito rápido. Acho que nosso momento rock star ainda está para chegar. Mas em qual situação vocês acham que o som da Inky deve ser escutado? g: Chapado! (risos). A real é que não dá para classificar nosso som... Queremos fazer uma coisa diferente. E acima de tudo pesada. Nosso disco vai ser bem agressivo. Saiba tudo sobre a Inky: facebook.com/inkymusic the red bulletin


A banda Victor Bustani, 25, bateria Luiza Pereira, 21, vocal e synth Guilherme Silva, 25, baixo e vocal Stephan Feitsma, 23, guitarra e synth Discografia Parallels (EP, 2013) Primal Swag (2014) O que podemos ­esperar do primeiro disco? “Mais instrumentos sendo tocados com porrada e muita distorção”, diz Guilherme. “Tem muita energia rock’n’roll”.


RB8 ·20 12

RB7 · 20 11

Quais são as novidades da Fórmula 1? A categoria está mais inovadora, complexa e eficiente em termos de energia? Como construir um carro cercado de tantas incógnitas? E como é possível transferir a energia dos últimos anos para os novos regulamentos? Por: Werner Jessner

Quebra-Cabeça da

velocidade


As Crias de Newey

O gênio do design Adrian Newey é o pai do famoso carro de ­cor­­rida da Infiniti Red Bull ­Racing. Pela primeira vez, ele ­reflete s­ obre suas criações– e explica por que 2014 é o ano de ­construir novas bases

RB6 ·2010

Thomas Butler

RB9 ·2013

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M ilton Keynes, Inglaterra, início de 2012. Uma pequena equipe de engenheiros da Red Bull Racing e da Renault Sport se ­reúne a portas fechadas para discutir e decidir o desenvolvimento do RB10 para 2014 (que parte do carro será maior e quais ­devem ficar em quais lugares). Até então não se sabe nada desde o RB8, carro com o qual a sensação do momento, o bicampeão mundial Sebastian Vettel, correu sua quarta temporada na Infiniti Red Bull Racing. Tudo segue no mais absoluto sigilo. 70

O grupo primeiro tomou conhecimento dos prováveis parâmetros do próximo ­regulamento, que provavelmente exigirá um motor turbo V6 com recuperação de energia dupla, tanto térmica quanto ­cinética. A parceira de motores Renault seguiu as últimas tendências para desenvolver unidades à altura da concorrência. No início da temporada 2013 – quando Vettel aproveitou suas curtas férias de ­inverno sacando o título de tricampeão mundial –, foi constituída uma pequena

RB10 ·2014

equipe especialista em aerodinâmica que estudou precisamente os regulamentos atuais. Na primavera de 2013 – quando Sebastian Vettel assumiu a liderança do campeonato mundial –, a equipe ­envolvida no desenvolvimento do RB10 cresceu significativamente. Antes das férias de agosto, contudo, uma decisão fundamental precisou ser ­tomada por Milton Keynes: diante do ­poderoso Fernando Alonso e de Lewis ­Hamilton em uma Mercedes que não the red bulletin


história do RB A primeira base RB5 (2009) Designer: 2º lugar (vencedor: Brawn) Piloto: 2º lugar (Vettel) e 4º lugar (Webber). Campeão do Mundo: Button

Benedict Redgrove/Red Bull Content Pool(2), Getty Images/Red Bull Content Pool(2)

Em 2009, entrou em vigor um regulamento para a aerodinâmica, relativo à potência, e usamos todo o ano de 2008 para analisar as exigências e desenvolver uma base sólida. A maior mudança no que diz respeito à aerodinâmica ocorreu nas quatro asas dianteiras: de repente, eles exigiram que tivéssemos de fazer com que o ar externo passasse pelas rodas dianteiras, de alguma forma. Isso fez a gente construir um novo spoiler dianteiro, perto das extremidades.

pode ser subestimada, decidiu-se por uma total evolução do RB9, que deve vir com potência total até o verão, e como resul­ tado do trabalho veio o novíssimo RB10. Adrian Newey diz: “Em retrospecto, teria sido mais sábio se concentrar em potencializar a capacidade do carro novo desde o início. Mas que o RB9 seria superado em pouco tempo... não tinha como prever isso em agosto”. O novo regulamento exige uma abordagem de construção do carro radicalmente nova: no meio do veículo deve ficar o chassi, o motor, o radiador, as caixas ­laterais e os sistemas de transmissão. E a recuperação de energia deve ser projetada para funcionar em desempenho máximo do motor, além de outras exigências que envolvem a eficiência de refrigeração e a aerodinâmica, que não deve atrapalhar o funcionamento do carro. A frente e a traseira, no entanto, podem e devem ser extremamente aerodinâmicas. E é justamente a parte da frente o grande problema. Segue Adrian Newey: “De acordo the red bulletin

Nosso primeiro nariz era mediano, mas em Silverstone já tínhamos esse grande e alto bico de pato. No princípio, ele nos deu trabalho, e tivemos de mexer bastante nas asas dianteiras. O segundo destaque deste carro era a caixa de marchas mais longa. Com essa, matamos dois coelhos com uma cajadada só: o motor veio mais para a frente, ­melhorando a distribuição de peso, e pudemos usar uma suspensão ­traseira, que é mais elegante, ­embora precise de mais espaço. O terceiro ponto era o difusor traseiro, aumentado. Nosso oponente encontrou uma brecha no regulamento e trouxe à baila o famoso ­difusor duplo. Foi uma decisão política deles a de explicar o procedimento como legal, e então ­tínhamos de imitá-los, e ­fazer um desses para o nosso carro, que de fato não havia sido conce­bido com isso em mente. No fim, o RB5 não ganhou nenhum título mundial, mas ele foi o ancestral dos vence­dores famosos que vieram depois. A primeira vitória e o segundo lugar na premiação dos Designers do Mundial deu à nossa equipe a ­autoestima que ela pre­cisava para seguir lutando pelo campeo­nato mundial.

Rei Downforce RB6 (2010) Designer: Campeão do Mundo Piloto: Campeão do Mundo (Vettel) e 3º lugar (Webber) Este carro foi totalmente construído para se adaptar ao difusor duplo. Nós fizemos com que a caixa de marchas ficasse ainda maior, para utilizar cada milímetro da extensão do difusor – ele começava praticamente embaixo do motor! Além disso, colocamos o escape bem mais para baixo e uma parte dos gases queimava em uma brecha vertical do difusor para gerar o impulso de emissão. O resto dos gases de escape nós distribuímos próximo às rodas traseiras para acalmar o ar, que nessa parte é bem agitado. Este era um carro muito rápido, mesmo que ainda não tivesse o F-Duct, que a McLaren viria a descobrir, e que no auge do

fluxo pode inclusive arrancar a parte traseira da máquina. Esse sistema tem origem na Guerra Fria. Os americanos inventaram o esquema para que seus aviões de caça funcionassem mesmo se desse pane no sistema eletrônico, devido a algum ataque dos inimigos. Na batalha pela vitória, nós precisávamos de cada centésimo, e então imitamos esse esquema. No entanto, como não podíamos mais mudar o chassi, usamos os ­buracos da fiação para fazer com que o ar corresse pela cabine. Por sorte, eles eram grandes o bastante! Mas só ganhamos quando finalmente conseguimos desvincular a corrente de ar do painel principal.

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O Ventilador Contínuo RB7 (2011) Designer: Campeão do Mundo Piloto: Campeão do Mundo (Vettel) e 3º lugar (Webber) O difusor duplo foi proibido nessa temporada. O RB6 foi provavelmente o carro com a mais alta Downforce da história da F1, mais do que o lendário carro de Schürzen nos anos 1980. Nós chegamos a 5,5 g de aceleração lateral. Isso funcionou no matagal de Silver­ stone, mas nos demos mal no acidente de Barcelona. Nunca tinha acontecido algo assim. E então precisáva­ mos de algo completamente novo em nossa busca por bons rendimentos. Tivemos de fazer novas pesquisas para a saída e colocamos o escape ainda mais para trás, grudado nas rodas traseiras. Ele sai agora pela brecha entre as rodas traseiras e o chão do carro, o que puxa o carro mais para baixo. É claro que isso só fun­ ciona se o gás fluir pelo escape. Tivemos de encontrar um tipo de funcionamento de motor que segue produ­ zindo gases mesmo quando o motorista não está com o pé no acelerador. O resultado no relógio foi quase tão bom quanto o do RB6 com o difusor duplo! Inicial­ mente, os escapamentos quebravam por causa de sua forma incomum, mas com um tratamento de materiais, acoplando proteções mais resistentes, conseguimos resolver o problema. Meus carros geralmente tendem a aumentar de peso depois do primeiro passeio.

Garrafa Virtual RB8 (2012) Designer: Campeão do Mundo Piloto: Campeão do Mundo (Vettel) e 4º lugar (Webber) Nesta temporada, as regras relativas à posição de es­ cape e às possibilidades de sopro no modo de arrasto foram bem rígidas, mesmo se o motorista não estivesse acelerando. E a gente estava trabalhando há dois anos para aperfeiçoar esta tecnologia... a proibição nos fez sofrer e nos prejudicou muito. A gente já nem sabia mais como fazer um carro sem os efeitos dos gases de escape! A McLaren aparece com esse tipo de es­ cape chamado “Coanda”, por meio do qual se sopra os gases para longe através de uma brecha, e espera-­ se que eles sejam direcionados para onde causem ­algum efeito. Eu não gostei desse esquema, e joguei o fluxo para baixo dos pneus. Quando se faz isso do jeito errado, acaba-se com um carro realmente ruim, porque a aerodinâmica em forma de garrafa, tão ­importante, fica prejudicada. Mas tinha uma pequena brecha no regulamento: 100 mm acima da linha zero do carro eram permitidas várias alterações na carroceria, ainda que limitadas. E aí colo­ camos nessa área um eixo de ar, que teve o efeito de um gargalo. E o carro ficou ­novamente estável e veloz.

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A Perfeição Final RB9 (2013) Designer: Campeão do Mundo Piloto: Campeão do Mundo (Vettel) e 3º lugar (Webber) O mesmo que se passou com o RB8 e o RB9... Aqui se trata mais de RB8 B do que de um RB9. O maior desafio desse ano foram os pneus, que es­ tragam muito rápido. Durante os ­últimos anos, construímos carros que conseguem os melhores tem­ pos justamente nas curvas rápidas, exatamente onde a fricção dos pneus é mais extrema. Era preciso diminuir o desgaste: tanto tecnica­ mente quanto no estilo de direção. Só depois de algum tempo apren­ demos como deixar os pneus na temperatura ideal. Não foi nenhuma ideia de gênio, apenas longos passos de aprendizado, um depois do outro, planejados sob a base do RB5, que passamos a compreender bem. ­Mesmo que Sebastian Vettel algumas vezes se dê melhor no tempo com este carro do que Mark Webber, ­temos de manter em mente que não foi um carro projetado para ele. A força de Mark reside na sensação aerodinâmica do carro, e a de ­Sebastian nos pneus. Para nós, como equipe, a combinação dos dois talentos foi perfeita. Com pneus menos sensíveis do que os Pirelli de 2013, a diferença entre os dois pilotos teria sido bem menor. Em 2014, estamos diante de mudan­ ças regulamentares tão dramáticas quanto as de 2009 – o RB10 será o ancestral de uma supernova gera­ ção de carros de corrida, como foi o RB5 há alguns anos.

com as regras de 2014, a asa dianteira deve acabar exatamente na extremidade do meio do pneu. Aerodinamicamente ­falando, essa é uma posição desagradável, a pior de todas. O segundo problema é o bico. Aqui, provavelmente por questões de segurança, serão definidas duas extremidades, para a cabine e para o bico, sem ligação entre as duas. Então chegamos a essas soluções esteticamente discutíveis”. O bico mais baixo vem com o objetivo de evitar que o número de acidentes ­aumente, como ocorreu em Valência, em 2010, no caso de Mark Webber. Agora, no entanto, o perigo é que o oposto possa acontecer, ou seja, um acidente em que o carro entre embaixo do da frente. Nesse caso, o ponto principal é o capacete, já que ele seria a primeira superfície a ser atingida – ou seja, a cabeça do piloto. Mas não tem jeito: em 2014 teremos de conviver com esses novos bicos, que já ­foram detonados pelas críticas nas apresentações da equipe. Uma mudança só ­seria possível por razões de segurança (o que quer dizer: no caso de um ou mais acidentes) ou se todas as equipes concordarem em mudar (o que é bem improvável). Porém, os maiores problemas estão mesmo em outra área: na nova transmissão de motor. O invólucro dos motores V8 anteriores era tão avançado que todos os times sabiam o que fazer. Em 2014 isso parece estar longe de acontecer e, além disso, vem aí um novo desafio: os componentes eletrônicos que estão chegando têm uma particularidade bastante interessante quanto à refrigeração. Enquanto óleo e água toleram tranquilamente 100 graus, a versão eletrônica suporta no máximo 60 graus. Especialmente em corridas quentes como as de Bahrein, onde a temperatura ambiente pode chegar a 50 graus, isso se torna um desafio gigante para os engenheiros. Eles em ­geral enfrentam esse tipo de desafio com coolers maiores – que também são um ­veneno para os olhos da aerodinâmica. Outra dificuldade vem da posição predeterminada, fixa, das baterias sob o tanque (até então elas também podiam ficar na engrenagem). Os técnicos agora têm de lidar não só com um núcleo de gravidade maior como também com um ambiente extremamente hostil para as baterias. Há preocupações com a durabilidade e principalmente com a segurança, em especial durante a primeira corrida. Nas conversas de bastidores circula o boato do fantasma do novo Boeing Dreamliner, que apesar do imenso poder, criado pelas maiores empresas de tecnologia do mundo, levou um mês para levantar voo por causa de problemas com as baterias. the red bulletin

David Clerihew/Red Bull Content Pool(3), Thomas Butler

história do rb


“o RB10 é o filho   de uma nova   geração de carros   de corrida, assim   como foi o RB5   há cinco anos”


Como uma casa de ­máquinas: assim funciona a nova unidade de energia Parece complicado, e realmente é: combustão interna, sistema de controle de motor, turbounidade, sistema de injeção, MGU-H para recuperação de energia ­térmica, MGU-K para recuperação de energia cinética (em geral, chamados de ERS) e a recuperação do armazenamento de energia e baterias de estoque. Tudo isso deve se comunicar simultaneamente para que se aproveite ao máximo a energia química existente. No entanto, isso é limitado por duas coisas: por um lado, pela quantidade de 100 kg de combustível disponível para toda a cor­rida; por outro, pelos 100 kg de vazão permi­ tidos por hora. Além disso, a velocidade máxima de rotação é limitada a 15 mil rpm por minuto. Mesmo quando o motorista acelera, o sistema deve reconhecer a potência disponível. Se o motor V6 1600 der conta sozinho – ótimo. Para isso ele precisa sobretudo funcionar bem levando em conta a quantidade de combustível ­permitida e, em segundo lugar, precisa ter ar o bastante para a combustão. O primeiro passo para um melhor desempenho seria ativar os três grandes turbos tridimensionais por meio da energia elétrica armazenada para colher mais ar nas ­câmaras de combustão. Se isso não for suficiente, pode entrar em cena a propulsão através de MGU-K. Essa é uma evolução dos KERS anteriores, ­quase um drive híbrido comutável dos motores elétricos. O MGU-K pode agora fornecer 120 kW (163 hp) por 33,3 segundos. Em geral, uma unidade de acionamento completo (motor turbo, ERS) fornece uns bons 800 hp, o que corresponde aproximadamente ao valor do motor V8 anterior. Para a recuperação máxima de ­energia sem influência desagradável na pilotagem, os freios traseiros não ­serão comandados de forma hidráulica, mas eletrônica (brake-by-wire).

Como os sistemas interagem ao ultrapassar: toda a energia disponível flui pela unidade

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No total, os sistemas do motor V6 turbo e de recuperação de energia vão produzir tanto poder quanto os velhos, quase um V8

O peso mínimo da unidade de acionamento é 145 kg, com baterias pesando de 20 a 25 kg

Um dos poucos componentes principais com os quais os engenheiros e técnicos podem brincar é a unidade de controle do sistema de recuperação de energia. Será que ela fica melhor posicionada em cima das baterias, e com isso o tanque vai mais para o alto, ou será que fica melhor nas caixas laterais e compramos vários outros acessórios para acoplar? Substituir o eixo traseiro, projetando-o ao mesmo tempo como asa, como a ­McLaren nos mostrou em suas exposições, ou, quem sabe, construir um nariz do tipo Mercedes, que faz você repensar os próprios conceitos de aerodinâmica? Especialmente no início da temporada, é de esperar que a aerodinâmica fique um pouco em segundo plano. Em primeiro lugar, o importante será pensar na administração do motor, entender como ele funciona e cogitar estratégias de corrida durante as possíveis faltas de combustível: largar muito rápido e diminuir a velocidade aos poucos? Ou entrar na corrida devagar e massacrar o acelerador no final? Existirá um Safety Car que ajude na reposição de combustível? Depois que as equipes entenderem e resolverem os problemas dessa área, então a aerodinâmica voltará a desempenhar um papel importante, como nas últimas temporadas. Espera-se que em 2014 as unidades de acionamento somem aproximadamente 5 mil km – o dobro do atual. Além disso, a necessidade real de refrigeradores excede o calculado. Não é por acaso que todos os carros atualmente pesam no mínimo 695 kg, incluindo o piloto. “Com Vettel e Ricciardo, vamos passar raspando no limite”, estima Adrian Newey. “Mark Webber teve nesta temporada um grande prejuízo.” A primeira corrida da temporada em Melbourne não é emocionante apenas para os espectadores. Mesmo nos basti­ dores, entre a equipe, os engenheiros, os ajudantes, técnicos e pilotos, mesmo aí há dúvidas sobre o que será determinante na pista. Em nome dessa galera, quem faz a avaliação é Rob White, chefe do departamento de motores de F1 da ­Renault Sport: “O objetivo mais importante é que todos os carros da Renault, em Melbourne e nas corridas seguintes, atinjam a linha de chegada sem ter problemas. É claro que isso não significa que seremos conservadores na primeira corrida – até porque não temos um botão chamado ‘conservador’ no carro. Mas posso imaginar que as equipes, durante as primeiras corridas, serão mais cautelosas”. Uma das poucas coisas que não mudaram: apenas aqueles que chegam ao final da corrida ganham pontos. www.infiniti-redbullracing.com the red bulletin

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Aonde ir e o que fazer

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Uma guitarra que permite gravar em qualquer lugar MÚSICA, pág. 84

V I AG EM / EQ U I PA M ENTO / TR EI N O / M Ú S I CA / FESTAS / C I DA D ES / BA L A DAS Para chegar aonde está o Lucas Marques (foto), cruze a Rocinha

Já subiu o morro hoje? Marcelo Maragni

descubra quem está invadindo as favelas atualmente. uma dica: não é o bope nem os políticos. agora é a vez dos esportistas malas prontas, pág. 78

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Ação!

MALAS PRONTAS

E tem mais

o que fazer no rio quando não estiver na pedra

drope As melhores ondas do litoral carioca quebram na Prainha, que fica a cerca de 30 km da zona sul da cidade. Além do excelente surf, a natureza no local é preservada. prainhario.com.br

Pode subir Com a aproximação cada vez maior de favela e asfalto – resultado das pacificações –, alguns paredões por décadas abandonados voltam a receber montanhistas e revelam novos pontos de vista do Rio de Janeiro. A escalada em rocha, mundialmente associada a grandes altitudes e a locais de difícil acesso, no Rio de Janeiro ganha cores e temperaturas bem diferentes dos mais famosos points de escalada ao redor do planeta. Tudo ali, no meio da cidade. Com seus mais conhecidos bairros retalhados por maciços rochosos que espremem os prédios contra o mar, a Cidade Maravilhosa é conhecida como o maior centro de escalada urbana do planeta. “A cidade é perfeita para todos os estilos de escalada. Escaladores de todo o mundo vêm para cá pela beleza e facilidade de acessar as clássicas montanhas. No Rio, você consegue estudar, trabalhar e escalar; tudo em um mesmo dia”, diz Lucas Marques, que apresentou o paredão Patrick White, no Morro dos Dois Irmãos, para sua companheira, a escaladora esportiva americana Colette McInerney. A dupla repetiu a via em quatro horas. A linha é composta por uma sucessão de fendas na rocha, tendo ­infinitos barracos da Favela da Rocinha como pano de fundo. “Definitivamente escalar aqui é uma experiência diferente. Me apaixonei pelo É possível Brasil e pelo Rio. Ter a cidade, o encontrar cursos oceano e as montanhas tão próxide escalada a mas é revigorante e bem diferente partir de R$ 120: de qualquer lugar em que já escacompanhiada escalada.com.br lei”, confirmou Colette. 78

Escalar com a Rocinha ao fundo: só no Rio

na urca Sente na mureta que separa o calçadão da Urca das ondas que quebram às margens da Baía de Guanabara. A cerveja gelada e a famosa empada do Bar Urca são as pedidas. barurca.com.br

dica de quem sabe a hora certa A temporada de montanhismo no Rio de Janeiro vai de maio a setembro, devido às temperaturas mais amenas e menor incidência de chuvas. Neste ano, evite a tem­porada da Copa, quando tudo estará caro e cheio.

Morro acima

O Centro de Escalada Urbana é uma iniciativa para tornar a escalada acessível a jovens que moram em comunidades do Rio. “A escalada é um esporte que oferece desafios físicos, técnicos e psicológicos”, ­afirma Andrew Lenz, fundador do projeto, que abriu uma escola de escalada na favela da Rocinha e aproximou jovens locais ao esporte. escaladaurbana.com

voando Para quem não se satisfaz em ficar preso à rocha, o voo livre de asadelta é outra opção para curtir o Rio das alturas. rioasadelta.com.br

the red bulletin

Marcelo Maragni(2), Corbis

escalada Não é o BOPE nem POLÍTICO em época de eleição. Quem tem invadido as favelas cariocas ultimamente são os escaladores


Ação!

Em Forma

Daniel Ricciardo junta-se a Sebastian Vettel na equipe Red Bull Racing F1 neste ano, após a aposentadoria de Mark Webber

Velocidade máxima

David Robinson/Red Bull Content Pool, nico bustos, Shutterstock

Tony Thomas

hery irawan

Fórmula 1 SER UM PILOTO DE F1 NÃO É SÓ GLAMOUR. RICCIARDO explica “Para correr, você precisa estar em perfeita forma”, diz Daniel Ricciardo. “O principal é força, mas treino de resistência e reflexo são fundamentais. A F1 é rápida e tem corridas longas em que se corre com carros que não permitem muita massa muscular. Então, nunca vou levantar 120 kg no supino – vou fazer com pesos menores, mas aumentar repetições e acelerar o ­movimento. Uma área em que o corredor deve se concentrar é o pescoço, porque com a gravidade temos que ter resistência nas curvas com o capacete na cabeça. E tem também a posição do cockpit, que dá a sensação de uma flexão abdominal contínua. Por isso, trabalhamos muito o abdome e os glúteos. Quando você sai do carro, sente muita dor na bunda! Não tenho dúvidas de que a F1 é fisicamente mais puxada que qualquer outra categoria de corrida; principalmente por causa da resistência e também dos pesos.”

D I R ETO NA PAR ED E

O australiano Daniel Ricciardo, de 24 anos: "Trabalho para ­fortalecer o abdome"

P A R A FA Z E R E M C A S A “O levantamento dos glúteos médios é bem adequado para pilotos”, explica o treinador de Ricciardo, o australiano Stuart Smith, sobre o movimento que trabalha os músculos dos glúteos médios localizados nos quadris. “A pélvis controla muita coisa”, ele diz.

1

2

Comece deitado de lado: o corpo apoiado em ­um braço, firmemente no chão com o antebraço e o cotovelo.

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O corpo se levanta, deixando apenas o lado do pé e o antebraço em contato com o chão. O levantamento é concluído pelo core, formando um triângulo.

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para treinar o reflexo

SÓ NA BOLA

“Eu trabalho com meu treinador as reações”, diz Ricciardo. “Por exemplo, eu fico próximo de uma parede, de frente ­para ela, e ele joga bolas de tênis posicionado atrás de mim. Tenho que reagir e ­pegá-las quando elas ricocheteiam. É ótimo para o reflexo.”

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A parte superior da perna levanta quando você se ­ergue através do core e da pélvis. Este é um ­excelente exercício para a estabilidade do quadril.

As duas pernas abaixam em um movimento de ­tesoura que ativa os glúteos médios e protege os pilotos das forças quando eles fazem uma curva.

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Ação!

balada

Die Tanzfläche im Sound fasst 650 Raver.

E O QUE MAIS? Três coisas que você só vai ver em Abu Dhabi

OURO no caixa No Emirates ­Palace Hotel há um caixa eletrônico que cospe ouro. Dependendo da ­taxa de câmbio atual, você pode sacar de 1,5 a 10 g. A máquina é re­ vestida de ouro.

ABU DHABI Uma festa que chega numa nave aterrissa no deserto árabe com latas de spray, garrafas de champanhe e muitas mulheres Já no fim de semana de abertura, em ­outubro passado, o O1NE garantiu um ­lugar no Guinness Book: 18 artistas internacionais e 5 500 latas de spray transformaram um muro de concreto de 17 metros de altura na maior parede particular grafitada do mundo. Do outro lado da parede, os VJs da festa se ocupam em comandar os 350 m² disponíveis para projeção, ­também um recorde. Muitas modelos ­famosas, garrafas de champanhe gigantes e uma passarela iluminada já receberam estrelas americanas, como Ludacris e Lil’ Kim. A impressão que se tem ao observar a pista de dança é de que se trata de um desfile de moda em uma nave espacial. A questão crucial: como se faz para entrar? “Ou você reserva uma mesa VIP”, diz o organizador Chafic el Khazen, “ou tenta a sorte na porta. A gente faz um pente fino, pra manter a proporção de um homem a cada duas mulheres.” O1NE Yas Island Leisure Drive, Gate 8, Yas Island Abu Dhabi, EAU www.o1neyasisland.com

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AS MAIORES, MAIS ANTIGAS E MAIS CARAS AS BALADAS QUE ESTÃO NO GUINNESS BOOK

Privilege, Ibiza Sete andares, salas com tetos de 25 metros de altura, piscina interna gigante, 10 mil dan­ çarinos por noite. Na entrada, você ganha um mapa do local: necessário para se achar den­ tro da maior balada do mundo. Moulin Rouge, Paris A balada mais antiga em ­atividade no planeta foi inau­ gurada em 1889, no mesmo ano que a Torre Eiffel, e segue sempre inovando. Na filial anexa, La Machine, tocam os melhores DJs de techno do momento. Club 23, Melbourne O coquetel mais caro do ­mundo é servido no Club 23. Ele se chama The Winston e custa mais de € 9 mil. O preço se deve ao conhaque de luxo Cuvée Léonie – o ­favorito de Winston Churchill.

JÓQUEIS-ROBÔS Como o uso de crianças-jóqueis em corridas de ­camelos na pista Al Wathba foi ­proibido em 2002, elas foram substi­ tuídas por bonecos eletrônicos que pesam 3 quilos.

QUEDA LIVRE e RÁPIDA Com uma potência de 875 cv, o túnel de vento vertical do Abu Dhabi Country Club te ­joga pra ­cima ­numa veloci­ dade alucinante. A sensação depois é igual à de queda li­ vre – a 1 m do chão.

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sky-management.net(2), Getty Images, skyventure.com

As mil e uma festas

De fato, parece um desfile de moda em uma nave espacial


ação!

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David Le Batard (LEBO): arte no coração de Miami

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A arte de David Le Batard, mais conhecido como LEBO, é uma mistura de cultura pop com animais sonolentos, uma combinação cheia de alegria que ­reflete a sua cidade natal: Miami, no estado ame­ ricano da Flórida. Este é o espírito que impulsiona a cidade, uma mistura de culturas, cozinhas e bele­ zas naturais. Quando não está trabalhando no seu showroom ou galeria no dis­trito Wynwood Arts (uma galeria a céu aberto com ­grafites impressio­ nantes), LEBO mergulha na ­cultura pedestre da ­cidade – ou usa o sistema de bicicleta para pedalar. “Os lugares mais inte­ressantes para mim são aque­ les onde todo mundo convive junto”, ele diz.

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OS LUGARES QUE ELE INDICA

2 Panther Coffee 2390 NW 2nd Avenue “O distrito Wynwood Arts é uma concentração de ­pensadores excêntricos e criativos, todos vivendo na mesma ­região. Esta é a ­cafeteria bem no meio dele, e é um ­lugar bem bacana.”

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Jason Koerner, Corbis(3), Getty Images, shutterstock

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miami ESQUEÇA as compras, os shoppings e os cruzeiros. a miami de hoje, diz o ARTISTA DE RUA LEBO, É sinônimo de DIVersidade

1 South Pointe Park 1 Washington Avenue “Você tem um pouco de tudo ali, de skatistas a turistas mais velhos. Enquanto South Beach pode ser um pouco ­elitista, este é o lugar que ­reúne todos os elementos que formam Miami.”

Collins Ave

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3 Le Tub 1100 North Ocean Drive “O restaurante Le Tub é um clássico da Flórida – serve ­diversos tipos de comfort food, e eles nem sequer ­aceitam cartões. Há toaletes e ­banheiras em todos os ­lugares, afundadas no chão.”

4 Los Ranchos Steakhouse 401 Biscayne Blvd. “Eu cresci em Little Havana, que costumava ser 100% cubana, mas agora é com­ pletamente latina. O Los ­Ranchos é como estar na ­Espanha, precisa dizer mais?”

5 Bill Baggs Park 1200 Crandon Blvd “O parque é localizado no ­final de Key Biscayne e é ­realmente bom para Stand Up Paddle. De maneira geral, o mar da Flórida é muito bom para a prática do esporte ­porque não tem onda.”

pedale

CAMINHE

REME

Faça a volta de 24 km no Shark Valley Visitor Center – vá ao nascer do sol para ver mais animais.

O passeio de 5 km começa no Oasis Visitor Center. Acha que não tem problema? Não esqueça: é um pântano...

São 5,5 km de caiaque desde o Gulf Coast Visitor Center. Não se esqueça do repelente. www.nps.gov/ever

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Ação!

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entre

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Tudo certo

A corrida mundial Wings For Life World Run Uma largada em seis continentes No dia 4 de maio de 2014. a maior corrida da história do esporte. quem pode ir? Todos que quiserem competir com o mundo 1. COMO É

4. A AVALIAÇÃO

No dia 4/5, às 6h do horário de ­Brasília, têm início ao mesmo tempo 35 corridas em 33 países. Depois de 30 minutos, os catcher cars come­ çam a correr e a deixar os atletas para trás. O último a ser ultrapas­ sado, no mundo inteiro, ganha.

O último homem e a última mulher do mundo a serem alcançados pelo carro são os campeões mundiais e ganham uma viagem especial pelo mundo: eles serão recebidos por ­todos os países que participaram da corrida. Cada corredor pode ­conferir na internet os tempos.

2. OS CAÇADORES Os catcher cars aumentam a velocidade em intervalos fixos e sucessivos para melhorar o seu desempenho. Se um corredor for ultrapassado, ele é eliminado. Assim, a distância percorrida é ­automaticamente calculada.

5. os PARTICIPANTES

3. OS TRECHOS

6. A MISSÃO

Espalhados por 33 países pelo ­mundo, os percursos se dividem em cinco categorias de circuito: na costa, ao longo do rio, na cidade, na natureza e em lugares com pai­ sagens. Informações detalhadas ­sobre lugares, trechos, tempos de corrida e dicas de t­ reino você ­encontra no site do evento.

A Wings for Life World Run começou com o slogan “Correr por aqueles que não podem”. Todo o dinheiro ­arrecadado pela corrida é investido em projetos científicos interna­ cionais da Fundação Wings for Life para melhorar a vida de pessoas paraplégicas:

De iniciantes a corredores profis­ sionais e celebridades (como David Coulthard): o objetivo é passar pelo máximo de trechos possível e ajudar pessoas paraplé­gicas com a renda. Cada corredor ajuda, cada km conta.

www.wingsforlife.com/en

Apoie a Wings for Life World Run. Inscreva-se online até 20 de abril em: www.wingsforlifeworldrun.com/pt-br

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DICAS DE COMPRAS O SUPERCOR­ REDOR CHRISTIAN SCHIESTER FALA SOBRE EQUIPAMENTOS PARA CORRER

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TÊNIS

Compre seu tênis direto nas lojas e­ specializadas. O vendedor vai lhe ajudar e saiba que, se você corre muito na rua, a melhor o ­ pção são os modelos com ­excelente a­ mortecimento.

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ROUPA

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Sabedoria de corredor: se você sair e achar que está um pouco frio, então você está bem vestido. Sua roupa deve ter um tecido que deixe a pele respirar e deve chamar atenção para evitar acidentes.

O foco está no movimento, não na técnica. Medir a pulsação e as distâncias percorridas, quando analisadas por algum computador, pode ser uma ótima ferramenta motivacional para iniciantes.

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DICA ESPECIAL

MEIAS COMPRESSORAS

Agora eu acredito: a compressão do ­músculo da panturrilha age muito bem na melhora do desempenho e, em casos de lesão, proporciona uma regeneração até 20 por cento mais rápida.

“O foco deve estar no movimento” Christian Schiester, embaixador da Wings for Life World Run

the red bulletin


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Ver e ser visto, no caso dos corredores, é uma questão que não tem nada a ver com ego, mas com segurança. Antes eram as cores brilhantes que salvavam os atletas, mas agora chegou a jaqueta “X Plus Award”. Ela é preta e discreta e tem duas lâmpadas refletoras integradas, uma para caminhos bem escuros e outra para uma ­iluminação geral. www.tao-sportswear.com

Relógio de pulso à prova d’água e resistente a choques, com medidor de frequência ­cardíaca, bússola e GPS. O display é visível à noite. www.garmin.com

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Ação!

Música

p A ra v i s itar O Bombay Bicycle Club não vem da Índia, mas de Londres. E não foi um clube de ciclistas que o cantor Jack Steadman e o guitarrista Jamie MacColl fundaram em 2005, mas sim uma banda. Mais precisamente: um quarteto que já está no seu segundo álbum, Flaws, e que virou a grande esperança do indie pop. O folk delicado da obra-prima deles, lançada em 2010, alcançou o top 10 das paradas britânicas, e a revista NME aposta na banda como a revelação do ano. No novo álbum, So Long, See You Tomorrow, eles misturam música eletrônica com melodias pop e eufóricas. Em que músicas JamieMacColl se inspira para compor? Ele nos conta aqui.

Playlist O GUITARRISTA DO BOMBAY BICYCLE CLUB FALA SOBRE AS MÚSICAS QUE O LEVAM ÀS LÁGRIMAS E SOBRE A música QUE PODERIA TOCAR NO SEU FUNERAL

bombaybicycleclubmusic.com

1 MacColl & Seeger 2 Arthur Russell

3 Glenn Campbell

De alguma forma comecei com esta canção, afinal ela saiu do ­lápis do meu avô. Meus pais me contavam que a letra foi escrita para a minha avó, em 1958, e que ele cantou para ela no telefone, assim que acabou de compor. Não é ­romântico? Pra mim, “The First Time Ever...” é das melhores canções de amor de todos os tempos.

Nosso cantor, Jack, descobriu a música enquanto trabalhávamos no segundo ­álbum. Rapidamente, ela virou a favorita da banda. Que tipo de música é? Hmmm, Russell experimentou muitos estilos nos anos 1980, eu diria que é uma ­espécie de folk-disco. Ou uma música que poderia tocar tanto na minha lua de mel quanto no meu funeral.

O mais impressionante nesta música é a sua sim­ plicidade. Ela é feita de só uma estrofe e só um refrão. É de tirar o fôlego de um jeito que parece que nunca é o bastante escutá-la. E a letra?! Nossa! “And I need you more than want you, and I want you for all time”, este é o ­melhor par de rimas da história da ­música moderna.

4 Fryars

5 LCD Soundsystem

Minha música favorita do ano passado. Tenho certeza que dentro de poucos anos Fryars será ­reconhecido como o maior compositor da nossa geração. Este jovem londrino sabe, como poucos, expressar tristeza nas letras. Frases como “On your own, feeling like you don’t belong” soam honestas – e nem um pouco exageradamente sentimentais ou melosas.

O mais su­ premo que ­alguém pode alcançar com uma música: levar as pessoas para a pista de dança ou às lágrimas. Com este hino, o LCD Soundsystem conseguiu os dois ao mesmo tempo. Eu mesmo vivenciei isso em um show deles em Nova York: vi marmanjos com os olhos cheios de lágrimas e ao mesmo tempo pulando, eufóricos.

“The First Time Ever I Saw Your Face”

“On Your Own”

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“Love is Overtaking Me”

“All my friends”

Elvis Presley Graceland, Memphis 600 mil peregrinos por ano. O passeio inclui uma visita ao Jungle Room (“Quarto-Selva”), um estúdio de gravação onde ele gravou seus dois últimos álbuns.

“Wichita Lineman”

Jimi Hendrix 23 Brook Street, Londres Hendrix descreveu este apartamento pequeno, um sótão ao lado da casa onde morreu ­Georg Friedrich Händel, como o seu único e verdadeiro lar. Em 2015, ele será inaugu­ rado como museu!

G U ITAR R A DA H O R A Gadget do mês

Beethoven

JamStik Cordas reais, fricções reais, e pode ser tocada como uma guitarra de verdade. Com 38 cm de comprimento, cabe numa mochila: é a Jamstik, a guitarra do futuro. Ela é compatível com iPad. Perfeita para músicos viajantes. www.jamstik.com

Pasqualatihaus, viena O compositor viveu na casa de 1804 a 1814, e nela compôs suas sinfonias de números V e VI, assim como a famosa peça para piano “Für Elise”. Lá estão alguns de seus pianos.

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florian obkircher

Lágrimas na pista

bbc, corbis(2), shutterstock

Jamie MacColl, 25, neto das ­lendas do folk Ewan ­MacColl e Petty Seeger

É POSSÍVEL conhecer A CASA DE MÚSICOS QUE FIZERAM HISTÓRIA


Ação!

Games

cabeça (m uito) ligada Jogos de racio­ cínio e lÓgica para seu iphone ou tablet

Blek

O PS4 foi feito para isso

paul wilson

infamous: second son experimente o futuro dos games com esse jogo de ficção científica Uma aventura por um mundo aberto estrelando jovens super­ poderosos que não poderiam ser uma mescla mais perfeita de Assassin’s Creed e Chronicle. Assim é Infamous: Second Son, um jogo para PlayStation 4 que finalmente utilizou os ­recursos do console. Com uma vibe futurista que reme­ te ao ­parkour e ao grafite, com muita ação e gráficos sensacionais, o jogo é cheio de pontos positivos, como os diálogos que soam inteligentes na medida e os muitos toques de qualidade, como quando o prota­ gonista Delsin faz um dos seus movimentos ­especiais. Ele pula e, no ponto alto do salto, vira e sorri para a câmera como o Super-Homem no espaço na sua volta para a Terra. Tem também um uso bem pensado do DualShock 4 pad: quando Delsin tem sua digital escaneada, o jogador deve dar uma pancada com o dedão na tela do pad. Mas o que o Second Son faz de melhor é dar uma boa revigorada no PS4, permitindo ao console mostrar o que ele realmente pode fazer em termos de entrega de uma experiência de jogo nova e espe­ tacular. Há, porém, algo raro para a atualidade: não dá para jogar online. Então você terá que juntar seus amigos para ver quem é melhor. Lembra disso? O lançamento é dia 21 de março.

Os gráficos saltam da tela em Infamous: Second Son

Faça uma linha preta por um labi­ rinto para coletar bolas coloridas. Enganosamente desafiante e ­elegante, só um pouco esquisito. blekgame.com

n ov i da d e s

Homem versus máquina

Call of duty encontra Halo em Titanfall A versão beta deste jogo de tiro de ficção científica saiu em ­fevereiro, mas o jogo tem a estreia prevista para março, para Xbox One. Realizado pela metade da equipe original que des­ envolveu Call of Duty, o jogo é um tiroteio no qual você joga contra ou por trás dos controles de robôs Mecha gigantes.

titanfall.com

Duet Desvie dois globos em movimento por trajetos com obs­ táculos cada vez mais complexos. Um jogo que tam­ bém serve para os ouvidos: a trilha sonora é incrível. duetgame.com

Threes

Velha jovem guarda

O PS4 tá fingindo que é Nintendo? Um conjunto de peças para o PlayStation 4 que mandam o novo console da Sony três décadas de volta no passado, quando os games eram grandes e cinza. Se você é do time de saudosistas da geração videogame dos anos 1980 – o que é legal –, então esta roupagem Nintendão é perfeita. Disponível para Xbox One.

Tudo o que você tem que fazer é destruir unidades numeradas para formar telhas com números maiores. Viciante ao extremo. threesgame.com

houseofgrafix.com

suckerpunch.com

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ação!

Pedro Caldas voa durante a última edição do evento 22 de março, em Jaguariúna

Red Bull Wake Premiere A segunda edição do Red Bull Wake Premiere pretende repetir a dose de adrenalina e sucesso que foi no ano de sua estreia. ­Profissionais e amadores poderão participar da maior competição de wakeboard do Brasil nas águas do Naga Cable Park, que contará com a presença do campeão Pedro Caldas e outras feras. www.redbull.com.br

20, 21, 22 e 23/3, em Maceió

Vôlei de praia

13, 14 e 15 de março

Havaiano Três anos após sua última ­passagem pelo Brasil, Jack ­Johnson volta ao país para três shows em SP, RJ e Floripa. Ingressos a partir de R$ 40. livepass.com.br

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As areias de Maceió serão palco da nona e última ­etapa do Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia, uma das principais com­ petições do esporte. As irmãs Maria Clara e Carol Salgado são o destaque entre as mulheres e, ­entre os homens, Emanuel e ­Pedro Solberg e Alisson Cerutti e Bruno Schmidt defendem nossas cores. www.cbv.com.br

22 de março, em São Paulo

Puro metal Menos de um ano após ser head­ liner do Rock in Rio, o M ­ etallica volta ao Brasil em um show de ­formato inédito em uma única apre­ sentação no Estádio do M ­ orumbi. A turnê Metallica by Request terá o ­setlist e­ scolhido pelos fãs, e as can­ ções eleitas serão escolhidas dentro de uma lista de 140 músicas. Quem ­adquirir ingresso pelo site pode votar nas músicas que quiser ouvir. ticketsforfun.com.br

the red bulletin

Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool, Hilary Walsh/universalmusic.at, Pablo Vaz/Red Bull Content Pool, universalmusic.at, Getty Images, james k Lowe, Bruno Terena/Red Bull Content Pool, Helge Tscharn/Red Bull Content Pool, Vicente Gil

na agenda


5 e 6 de abril, em São Paulo

23 de março, em São Paulo

Lollapalooza

Hora de acelerar

O festival Lollapalooza ­completa 20 anos de existência e realiza sua terceira edição em São Paulo, que acontece no Autódromo de Interlagos. O line up conta com nomes como Phoenix, Muse, Pixies, Soundgarden, Lorde (foto) e Arcade Fire. Os ingressos custam a partir de R$ 240. ticketsforfun.com.br

O Autódromo de Interlagos inaugura a tempora­ da de 2014 da Stock Car, principal categoria do ­automobilismo brasileiro, que completa 35 anos. Para deixar a competição mais acirrada, a orga­ nização conta com um novo formato, incluindo rodadas duplas em algumas etapas. Além disso, na corrida de abertura, os 34 inscritos terão a ajuda de pilotos convidados que vão assumir o volante a partir da segunda metade da prova. stockcar.esp.br

março com m u ito espo rte tudo o que você precisa ver em março

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sábado

mundial de surf

20, 22, 25, 28 e 30/3 e 1º e 3/4

Guns N’Roses

A perna aus­­tra­ liana marca o ­começo do ano para os surfistas profissionais. As etapas de Snapper Rocks, Bells Beach e a recém-chegada Margaret River agitam o Tour. aspworldtour.com

A banda de rock americana Guns N’Roses foi desmembra­ da nos anos 1990, mas Axl ainda mantém a chama viva com uma nova formação do grupo. Para conferir se a voz dele ainda é a mes­ ma, aproveite a turnê que ­passa por diversas capitais. Os ingressos variam entre R$ 190 e R$ 520. ingressorapido.com.br

Até 20 de abril, em São Paulo

Mostra David Bowie O Museu da Imagem e do Som, o MIS, em São Paulo, traz a mostra de um dos mais originais e versáteis astros de rock de todos os tempos. A exposição David Bowie chega a São Paulo após enorme sucesso na Europa e reúne 300 peças nunca antes expostas, como manuscritos de músi­ cas e figurinos originais. A mostra faz ainda uma retrospectiva de todas as fases do artista, desde suas constantes guinadas musicais até seu envol­ vimento com cinema, artes plásticas e moda. mis-sp.org.br

16 domingo

fórmula 1 A batalha vai co­ meçar. No circuito de Melbourne, na Austrália, a ­temporada 2014 da Fórmula 1 abre o ano que terá 19 circuitos, com ­direito ao novo GP da Rússia e a volta do GP da Áustria. fia.com

23 domingo

6 de abril, em Floripa

Skate generation Um profissional, um amador, um veterano e uma lenda andando de skate juntos. Isso é o que você vai ver em Florianópolis, quando o tetracampeão mundial de bowl, Pedro Barros, abrir as portas de sua casa – onde está uma das melhores pistas do país – e receber em seu ­quintal a maior festa do skate mundial. Em sua quarta edição, a competição é uma das mais prestigiadas do ­skate atual e já se tornou um clássico na cidade. www.redbull.com.br

the red bulletin

última rodada O Campeonato Paulista chega a sua última roda­ da. Todos os jogos serão realizados no mesmo dia ­para evitar confu­ são. Quem será que vai levar? futebolpaulista. com.br

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momento mágico

Aigle, Suíça, 9 de set. de 2013 Patrick acabou de descobrir sua nova pista favorita, ­situada em um canteiro de obras no Cantão de Vaud. Ele define os pedaços de ­tubulação enferrujados como “um halfpipe genial”. “Quando estou lá em cima, sinto as 10 toneladas de aço tremerem sob meus pés.”

“ Quando estou lá em cima, sinto as 10 toneladas de aço tremerem sob meus pés”

A PRÓXIMA EDIÇÃO DO RED BULLETIN SERÁ LANÇADA NO DIA 9 DE ABRIL 88

the red bulletin

Octave Zangs

Patrick Wider, skatista




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