The Red Bulletin Maio de 2014 - BR

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maio de 2014

além do comum

DIRETO DE HOLLYWOOD

Conversamos com Seth Rogen

treino de downhill

do laboratório para a pista

OS PRÓXIMOS passos do

surf de ONDAS GRANDES

Qual é o

limite?



O MUNDO DE RED BULL

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SÓ AS MAIORES

Fomos ao Havaí para entender o que passa pela cabeça dos caçadores de tempestades

ANDREW CHISHOLM (COVER), AARON FEAVER

BEM-VINDO

A edição do Red Bulletin que você tem em mãos é o resultado de uma investigação profunda e alucinante no mundo do surf de ondas g­ randes. Fomos ao Havaí para conhecer e conversar com mestres do big surf, como C ­ arlos Burle, do Brasil, Grant “Twiggy” Baker, da África do Sul, e Greg Long, dos EUA. Os três formam diferentes gerações de surfistas de ondas grandes e nos ajudaram a decifrar os próximos caminhos do esporte, a rotina de treinamento, o limite do homem e a entender como é possível manter a calma em situações extremas como as vividas por eles. Você está pronto para encarar tanta água? Segundo os surfistas, o segredo é respirar com calma e relaxar. Boas ondas! THE RED BULLETIN

“ Lágrimas não são só tristeza”

CHRYSTA BELL, PÁG. 50

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MAI0 DE 2014

NESTA EDIÇÃO

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BULLEVARD 0 8 CELEBRANDO A MÚSICA Fatos e curiosidades sobre o vasto mundo da música. Afinal, quem é que não gosta?

MARC MÁRQUEZ

O campeão mundial de Moto-GP nos levou para um giro em sua pista particular, na Espanha

DESTAQUES 22 Márquez

Campeão aos 20 anos: será que Marc Márquez está reescrevendo a história da Moto-GP?

36 Seth Rogen e Zac Efron Um bate-papo com a dupla mais inusitada de Hollywood

38 Dossiê Big Surf

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50 Femme Fatale

CONHECE O FLEXING?

REMANDO COMO PROFISSA

56 Alta Performance

Não, não é uma coceira nas costas. O que Milk (foto) está fazendo é a mais nova e impressionante arte do gueto

A musa hipnótica Chrysta Bell

Mario Gyr e Simon Schürch, vicecampeões mundiais do remo, mostram os segredos de seus treinamentos

08 56 FAMÍLIA ATHERTON

De que forma melhorar sua performance se você já está no topo? A família Nº 1 do mountain bike nos mostra como 4

BULLEVARD: MÚSICA

De Beyoncé a Obama, passando por metaleiros com gatinhos de estimação, celebramos a música

Gee e Rachel Atherton elevam o nível do mountain bike

66 Flexing

O nascimento de uma nova forma pura de expressão

AÇÃO! 78 79 80 81 82 84 85 86 88

MALAS PRONTAS  Picapes do deserto EM FORMA  Segredos do remo BALADA  Europa fervendo MINHA CIDADE  Berna é descolada WFL WORLD RUN  Tá chegando! MÚSICA  Foster the People PRO TOOLS  Motocross NA AGENDA  As pedidas do mês MOMENTO MÁGICO Mundo ao revés

THE RED BULLETIN

JIM KRANTZ, ANGELA BOATWRIGHT, LUKAS MAEDER, MATTIAS FREDRIKSSON, GETTY IMAGES

Entramos no mundo dos big riders em busca das maiores ondas da Terra


/redbulletin

© Jörg Mitter

LI K E WHAT YOU LI K E

SEU MOMENTO. ALÉM DO COMUM


NOSSO TIME QUEM COLABOROU ESTE MÊS THE RED BULLETIN Brasil, ISSN2308-5940 Editora e Sede Editorial Red Bull Media House GmbH Gerente Geral Wolfgang Winter Diretor Editorial Franz Renkin Editores-Chefes Alexander Macheck, Robert Sperl Editor Brasil Fernando Gueiros Diretor de Arte Erik Turek

MATTIAS FREDRIKSSON

JIM KRANTZ Fotografar o campeão mundial de Moto-GP foi praticamente a realização de um sonho para Jim Krantz e seu assistente, Ethan Sharkey. Ambos são pilotos de motocross aspirantes. A química entre o fotógrafo americano e a estrela espanhola da moto foi fantástica: “Esse cara só pode ser louco!”, disse Krantz sobre Márquez – e foi exatamente isso que Márquez disse sobre o fotógrafo – depois de um longo dia de fotos. Confira o resultado de todo o trabalho na página 22.

O fato de morar perto das montanhas da Suécia explica por que Mattias Fredriksson é um fotógrafo especializado em bike downhill e ski. Ele é do staff das revistas Powder e Bike e é famoso por estar mais bem em forma do que os atletas que fotografa. “Esquio e ando de bike mais de 100 dias por ano”, ele diz. “Em Fuerteventura, eu não parei de correr pelas montanhas para fotografar o Gee e a Rachel ­Atherton. Foi bem divertido.” Vá à página 56 para entender do que Mattias está falando.

Descobrir músicas novas é o que move este jornalista de Berlim. Raffeiner é o editor da mais conceituada revista de música da Alemanha, a Spex, e também tem um programa de rádio chamado House Is …, onde apresenta novos hits underground. De quebra, ele ainda comanda o nightclub Kookoo, em Berlim. Para esta edição do Red Bulletin ele entrevistou a nova musa de David Lynch: Chrysta Bell. “Ela é um pouco maluca. No sentido bem intrigante da palavra.” Confira como foi a partir da página 50.

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Editora Assistente Marion Wildmann Coordenador Editorial Daniel Kudernatsch Gerentes de Projeto Cassio Cortes, Paula Svetlic Apoio Editorial Ulrich Corazza, Werner Jessner, Ruth Morgan, Florian Obkircher, Arek Piatek, Andreas Rottenschlager, ­Stefan Wagner, Paul Wilson Bullevard Georg Eckelsberger, Raffael Fritz, Sophie Haslinger, Marianne Minar, Boro Petric, Holger Potye, Martina Powell, Mara Simperler, Clemens Stachel, Manon Steiner, Lukas Wagner Editores de Arte Miles English (Diretor), Martina de Carvalho-Hutter, Silvia Druml, Kevin Goll, Carita Najewitz, Kasimir Reimann, Esther Straganz Editores de Fotografia Susie Forman (Diretora Artística de Fotografia) Marion Batty, Eva Kerschbaum, Rudi Übelhör Revisão Judith Mutici, Manrico Patta Neto Impressão Clemens Ragotzky (Diretor), Karsten Lehmann, Josef Mühlbacher Gerente de Produção Michael Bergmeister Produção Wolfgang Stecher (Diretor) Walter O. Sádaba, Matthias Zimmermann (tablet) Financeiro Siegmar Hofstetter, Simone Mihalits Marketing & Gerência de países Stefan Ebner (Diretor), Elisabeth Salcher, Lukas Scharmbacher, Sara Varming

ANGELA BOATWRIGHT ARNO RAFFEINER

Diretor de Fotografia Fritz Schuster

Ela morou em Nova York por 19 anos e construiu uma grande reputação como uma ardente fotógrafa documental das cenas underground da cidade. “Gosto desse mundo, onde parece que vão te morder mas depois se mostram supertranquilos.” Foi assim com os garotos do Flexing que ela fotografou no Brooklyn. “Honestamente? Implorei por esse trabalho. É totalmente a minha praia.” Veja como ficaram as fotos na reportagem a partir da página 66.

“ Esse cara só pode ser louco!”

Assinaturas e Distribuição Klaus Pleninger, Peter Schiffer Marketing de Criação Peter Knethl, Julia Schweikhardt Anúncios Marcio Sales, (11) 3894-0207, contato@hands.com.br Gestão de anúncios Sabrina Schneider Coordenadoria Kristina Krizmanic TI Michael Thaler Escritório Central Red Bull Media House GmbH, Oberst-Lepperdinger-Straße 11–15, A-5071 Wals bei Salzburg, FN 297115i, Landesgericht Salzburg, ATU63611700 Sede da Redação Heinrich-Collin-Straße 1, A-1140 Wien Fone +43 1 90221-28800 Fax +43 1 90221-28809 Contato redaktion@at.redbulletin.com Publicação O Red Bulletin é publicado simultaneamente na Áustria, Brasil, França, Alemanha, Suíça, Irlanda, Kuwait, México, Nova Zelândia, África do Sul, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Visite nosso site www.redbulletin.com.br

JIM KRANTZ

THE RED BULLETIN


CORRIDA MUNDIAL PELA CURA DE LESÕES NA MEDULA.

INSCREVA-SE AGORA! NO MESMO DIA EXATAMENTE NO MESMO HORÁRIO EM TODO O MUNDO

4 DE MAIO DE 2014

FLORIANÓPOLIS/SC - 6:00 (HORÁRIO DE BRASÍLIA)

WINGSFORLIFEWORLDRUN.COM


ENTÃO SUINGA, SUINGA!

T C H A U, K A N Y E! C H A N C E , O R A P P E R

O novo monstro das rimas

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JESS BAUMUNG

Chanceler Bennet (23) é jovem, ­­ mostra influências do soul e faz rap ­sobre biscoitos com a mesma rapidez que compõe rimas sobre baseados. Sua missão: virar o hip hop de cabeça para baixo. Se ele continuar o que ­começou com a grandiosa mixtape Acid Rap, surgirá em breve um novo gênero musical para balançar a cabeça. Chance tem cérebro, uma voz versátil, senso de humor refinado e pode se dar ao luxo de tudo – exceto de se ­tornar adulto rápido demais.

JOHANNES LANG

Com Acid Rap, Chance se transformou na próxima grande esperança do hip hop americano


T E S T E

Quem disse isso? Grandes estrelas, grandes declarações. Você sabe de quem são?

s os , láb io os lo ur h c a r c a t , can n egros a sabe s olh os r a ain d O a Grande it R os – e ve rm e lh

A nova Rihanna: Rita Ora tem 23 anos e está de olho no trono de rainha do pop. Rihanna não acha isso tão legal e vem evitando Rita nas festas. Nós não desviaremos nenhuma das duas do caminho!

POR QUE MÚSICA, E COMO? ONDREA BARBE/CORBIS OUTLINE

Em What Difference Does it Make, os pioneiros do pop respondem às grandes questões do mundo da música Quais estímulos influenciam o som visionário de Brian Eno? Como James Murphy administra seu selo dance/ punk DFA? Como a lenda da música disco Giorgio Moroder luta contra seu medo do palco? Estas e outras perguntas são respondidas pelos próprios músicos no documentário What Difference Does it Make. O cineasta Ralf

­ chmerberg estava com sua S câmera a postos em maio de 2013, quando a Red Bull Music Academy o hospedou em Nova York, durante o evento que reuniu jovens talentos e grandes nomes da cena musical para compartilharem ideias e desenvolverem reflexões sobre música. Dá para ver o filme inteiro aqui: www.rbma15.com

“Sempre fui famosa. Só que antes ninguém sabia”

LADY GAGA

RIHANNA

BEYONCÉ KNOWLES

2 “Eu sou Deus. E aí?”

KANYE WEST

ROBIN THICKE

DAVID GUETTA

3 “Eu acredito no amor livre e é assim que me sinto”

LANA DEL REY

MILEY CYRUS

GRIMES

RESPOSTAS: 1. Lady Gaga 2. Kanye West 3. Lana del Rey

! A T I R , A D N I L CO ISA

CORBIS, GETTY IMAGES(2), UNIVERSAL MUSIC, STEVEN TAYLOR, ALIX MALEK, NICOLE NODLAND, SONY MUSIC, CHAD WADSWORTH/RED BULL CONTENT POOL(2)

1

O documentário celebra o aniver­ sário de 15 anos da Red Bull Music Academy. Estreou em 60 cinemas no mundo todo


GUANTÁNAMO | + | METALLICA Heavy metal algemado: autoridades americanas torturaram detentos do campo de prisioneiros em Guantánamo, sistematicamente, com ­músicas do Metallica

SUPERMERCADO | + | 50 CENT A música estimula o consumo, só o hip hop é que é prejudicial para as lojas. Segundo especialistas, o estilo é das ruas, longe da cultura do consumo

EDITOR

os uns cas ur a . Alg t r vida s o e t d e in ic ais s ala d s a u a m r a s çõe nça p p rop ria a de da os de a s Da p is t o r lo o d lm e nte e sp e cia

PHOTOGRAPHER

O S U O AB

ILLUSTRATORGETTY IMAGES(4), PICTUREDESK.COM(2), SHUTTERSTOCK(2), CORBIS(2) FLICKR.COM

EU NÃO DTO CER


BULLEVARD

PHOTOGRAPHER

EDITOR

ILLUSTRATOR

E

S A M I T Í V S A

BURGER | + | PAVAROTTI Uma loja de hambúrguer australiana atrai adolescentes com música clássica. A estratégia está funcionando, mas também incomoda os vizinhos

THE RED BULLETIN

KIM JONG UN | + | MODERN TALKING O ditador Kim Jong-Un era, durante seus tempos de escola, fã declarado da dupla de synthpop alemã Modern Talking. Sua música favorita: “Brother Louie”

DI DITAD-DIOR

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BULLEVARD

FAÇA MÚSICA, NÃO FAÇA GUERRA O mexicano Pedro Reyes tem milhares de armas na mão, porém com ­outro intuito: ele faz instrumentos musicais e leva tudo nas turnês. “Disarm” é a sua ­composição contra a ­violência armada.

? M O S IS SO É

ORQUESTRA DE VEGETAIS Músicos de rua de ­Viena esculpem instrumentos com legumes. A desvantagem é que os instrumentos apodrecem, ­então eles devem ser preparados frescos para cada apresentação. ­Depois, tudo vira sopa.

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THE RED BULLETIN

PEDRO REYES, COURTESY LISSON GALLERY, LONDON(4), ALEXANDER KOLLER, ANNA STOECHER(2)

ora Tá na h chata. a ora is b o c ó b de a ? Que o o n lh a ia c P o ? o ch B ate ria tola e d rr a-p is a it u g da


BULLEVARD

P O L Í T I C A P O P

A música do poder

O que escutam os poderosos antes de colocar os exércitos em marcha? E antes de baixar ou aumentar os impostos? E quais músicas colocam para tocar antes de assinar leis? Olha o ziriguidum! Rap é demais, ­ rother! Se liga b ­nesse groove do Kanye. Wow!

Olha só esses penteados! Quando eu tiver tanta influência quanto eles, vou cortar igual Quero estar bonitão para o próximo show do Elton John em Moscou

ANGELA MERKEL ADORA BEATLES

VLADIMIR PUTIN AMA ELTON JOHN

BARACK OBAMA ESCUTA KANYE WEST

Na hora de cozinhar, a chanceler alemã gosta de ouvir clássicos como La Traviata. Porém, nos seus anos mais agitados, Merkel era fã dos Beatles. O primeiro disco do quarteto fantástico ela comprou em Moscou. E hoje sua maior proximidade com eles é o cabelo.

Antes das Olimpíadas, o presidente da Rússia enfatizou suas preferências musicais: “Elton John é uma pessoa ­extraordinária e um músico sensacional. Milhões de pessoas o amam, apesar de sua, hmm..., orientação sexual”.

Em 2009, o presidente dos EUA descreveu o rapper como um tolo por ter interrompido Taylor Swift num prêmio da MTV. Em dezembro passado veio a reconciliação: “A música de Kanye é excelente”, elogiou Obama. “Eu tenho um monte de coisas dele no meu iPad.”

CLIQUES DE FAMA O YouTube tem se revelado o maior show de talentos do mundo. Aqui está o Top 3:

GETTY IMAGES(3)

1. Cinco canadenses, uma guitarra. Eles fizeram um cover de “Somebody That I Used to Know”, de Gotye. (156 milhões de visualizações) 2. Um menininho japonês de 5 anos interpreta “I’m Yours”, de Jason Mraz, no ukulele. (63 milhões) 3. Uma profissional do vídeo frustrada durante uma noite de trabalho dança a música “I’m Gone”, de Kanye West, antes de se demitir. (17 milhões)

THE RED BULLETIN

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BULLEVARD

Q U E R O S E R P O P

Que estrela você é?

Não existe músico sem missão nem estrela que não se revele como pessoa. Encontre seu lugar entre os astros do pop

Vo c ê g o s t a

N

Vo c ê g o s t a

Vo c ê g o s t a de paz? N

de gays?

S

de ditadores?

S

N

N

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Vo c ê g o s t a d e re mé d i os?

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Vo c ê g o s t a k Kid Roc

Eminem

Gosta de Jesus?

N

Manson

N

S

Vo c ê g o s t a

Marilyn

de Facebook?

S

Vo c ê g o s t a d e ve r d u ra s ?

est Kanye W

de animais? N

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ga Lady Ga

Sim

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N

Justin

BONO

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Não THE RED BULLETIN

UNIVERSAL MUSIC(3), WARNER MUSIC, CORBIS, GETTY IMAGES(2), TOM MUNRO, A-WAY

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BULLEVARD

FROM THE MAN WHO BROUGHT YOU SUCH SONGS AS

“WHO” — “WHAT” — “WHEN” — “WHERE”

PARA BAIX AR

“WHY”

Fleischli & Turbin Inc.

NOW COMES

new York &

CORBIS

Los AngeLes

VOCÊ FAZ O DISCO O novo álbum bastante peculiar do cantor Beck se chama Song Reader: um disco com notas e letras, mas sem som. São os fãs que devem tocar e cantar. songreader.net

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BULLEVARD

RAINHA DO POP

IR M Ã Z

O L I T S E E D A H N I

onta está pr já e g n nB S ola a Quee a irm ã Mas su up e ro u . s z e já v , o a d s til e s tre la e sito e gran de s no qu a o n é e a m d ao é ain itut a e, B eyo n c a subst u s r e s para

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GETTY IMAGES, PICTUREDESK.COM

Aos 14 anos, Solange já queria seguir os ­passos da irmã, mas seu primeiro álbum foi um fracasso, e aos 18 engravidou e virou mamãe. Em 2012, ela ­finalmente alcançou a fama, e hoje é um ícone de estilo e sabe ser cool. Beyoncé poderia inclusive aprender um pouco com a caçulinha.


BULLEVARD

L E T R A D E M Ú S I C A

Não estou te entendendo

GETTY IMAGES(2), CORBIS, KLAR ARCHIV

DAVID KELLNER

Entre o que as músicas querem dizer e aquilo que nós escutamos existe um grande abismo

AMERICANO, INFELIZMENTE BRUCE SPRINGSTEEN O hino não oficial dos EUA não é algo muito­orgulhoso de seu país. “Born in the USA”, o clás­sico de Bruce Springsteen, conta a ­história de um veterano da Guerra do Vietnã que não consegue arranjar ­trabalho. Soa bem pouco patriótico.

THE RED BULLETIN

“FIGHT FOR YOUR RIGHT”, SEU IDIOTA BEASTIE BOYS Com a música “Fight For Your Right (To Party)” os Beastie Boys queriam fazer piada de músicas de festa como “I Wanna Rock”, do Twisted Sister – mas acabaram com­ pondo a grande mãe das músicas de festa.

NÃO É UMA BALADINHA

NIKITA, MEU MENINÃO

ALPHAVILLE Nos anos 1980, o Alphaville embalou casais apaixona­ dos com a música “Big in Japan”. Mas, pera lá! Quando a letra diz “estou esperando meu homem”, se refere a um traficante. Ele canta: “pague a eles e eu fico ao seu lado”. É sexo, drogas e interesse.

ELTON JOHN Quem pensa que a música “Nikita” foi feita em home­ nagem à beleza da musa loira da série de mesmo nome vai ficar um pouco decepcionado... Em russo, Nikita é nome de homem e Elton John, como sabe­ mos – no mínimo, ­desde 1988 –, é gay.

SÓ QU NÃO E

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BULLEVARD

E U R O V I S I O N S O N G C O N T E S T

Susto Pop

O festival europeu mais trash traz todos os anos novos talentos para os palcos. A maioria é inesquecível. Não só por causa da música...

SUPER APPS De joguinhos musicais a DJ para celular. Os cinco melhores apps de música para o seu smartphone

12 FINLÂ

PONT

NDIA

OS

Com o DJAY 2 você vai ser DJ, e não precisa mais ficar sempre na mão da mesma velha playlist.

100 mil estações de rádio, 2 milhões de podcasts. O TUNE-IN traz variedade à sua coleção de MP3.

Jogatina emocionante e som de alto nível: o inovador jogo musical MUSYC recebeu o prêmio de melhor design.

HARD ROCK HALLELUJAH

LORDI (VENCEDOR DE ATENAS, 2006) Com trajes folclóricos e sapatos plataforma, a banda Lordi emplacou o primeiro lugar neste ano. Em segundo lugar ficou a Rússia.

NE PARTEZ PAS SANS MOI (DUBLIN, 1988) Céline Dion já man­ dava bem em 1988. Quando não arrasava na voz, arrasava no penteado. SUÉCIA - 4 PONTOS

ABBA

WATERLOO (BRIGHTON, 1974) Napoleão no palco e “Waterloo” na orelha. Para o ABBA não teve tempo ruim, só o início de uma carreira.

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UCRÂNIA - 10 PONTOS

VERKA SERDUCHKA

DANCING LASHA TUMBAI (HELSINQUE, 2007) Uma obra de vanguarda. Andrij Danylko interpretou Verka Serduchka, uma senhora idosa que conquistou o coração de toda Europa com seu visual de astronauta. “Sieben, sieben, ai lju-lju… Sieben, ­sieben, eins, zwei… Tanzen!” E arrebatar apenas o segundo lugar?! Palhaçada!

Você está esperando o metrô e teve ideia de música? Com o FIGURE, você pode criar faixas em poucos minutos.

THE RED BULLETIN

PICTUREDESK.COM(3), INTERTOPICS

Nunca mais perca um show! O SONGKICK te deixa por dentro das datas de turnês de suas bandas favoritas.

SUÍÇA - 8 PONTOS

CÉLINE DION


BULLEVARD

V I A G E M N O T E M P O

O melhor de uma vida

O que a gente achava demais em 1989, o que não nos envergonhou em 1999 e o que foi 2009

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5

ANOS

ANOS

DEPECHE MODE – PERSONAL JESUS. Aquilo que merece um ­cover de Johnny Cash não pode dar errado. NIRVANA – BLEACH. O primeiro álbum foi elogiado, mas a banda só foi conquistar as paradas após o segundo, Nevermind. MILES DAVIS – AURA. A menor quantidade de notas para a qual um Grammy foi concedido. Música para a cabeça, não para a bunda.

EIFFEL 65 – BLUE. Ao menos pelo que diz a banda, a cor azul foi escolhida arbitrariamente, assim como o resto da letra. LOU BEGA – MAMBO NO. 5. Não foi só a Monica, a Erica e a Rita que Lou Bega conquistou com esse hit. CHRISTINA AGUILERA – GENIE IN A BOTTLE. Será que teríamos realmente perdido alguma coisa se não tivéssemos esfregado a ­lâmpada mágica?

LADY GAGA – JUST DANCE. No clipe, a dama do pop monta em baleias de borracha e usa roupas com estampas de animais e cor de pele. SUSAN BOYLE – I DREAMED A DREAM. Uma nova fórmula para o sucesso: eufemismo + show de talentos + YouTube. KRAFTWERK – DER KATALOG. Da época em que a música eletrônica ainda era trabalhosa ou: no passado tudo era muito melhor.

15 ANOS

KO M A*

DJ de sorte

DIETMAR KAINRATH

Nosso artista Kainrath homenageia Daft Punk e Avicii

* KOMA: KAINRATH’S ŒUVRES OF MODERN ART THE RED BULLETIN

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BULLEVARD

A P R ÓX I M A E S T R E L A

HOLOFONE

COISA DE LOUCO Uma combinação de oboé e holograma: infelizmente só será inventado no século 31 – ao menos de acordo com os autores da série Futurama

Quase famosos Ainda vamos ouvir falar sobre estes três novos talentos. Eles estão lutando por um lugar ao sol no mundo do pop

MØ Que tal uma mistura de electro, indie pop, soul e street vibe? Duas letras dão conta de tudo isso: MØ. A principal característica da dinamarquesa é o cabelo trançado, que ela balança como uma hélice no ar. A gente aposta.

ROYAL BLOOD O rock está em baixa? Não se você escutar Benji Talent e Mike. ­Vocal, baixo e bateria – simples, porém eficaz. Os Arctic Monkeys também acharam e logo chamaram a dupla para abrir seus shows.

S O M H I G H T E C H

Música do futuro

BUM - BUM - BUM - BUM - BUM - BUM BUM - BUM - BUM - BUM - BUM - BUM BUM - BUM - BUM - BUM - BUM - BUM BUM - BUM - BUM - BUM - BUM - BUM BUM - BUM - BUM - BUM - TCHACK!

SEABOARD

ROLI (GB) No sensível teclado do ­Seabord, você pode distorcer os sons como em uma guitarra. Com um ­simples toque de dedo no teclado, você navega pelas oitavas. Elegante e de alta tecnologia, quem sabe um dia a gente possa pagar por ele. Preço: € 8 300

TENORI ON

TOSHIO IWAI (JAPÃO) O Tenori On é um sintetizador de LED com potência tátil, que cria sons por meio de desenhos. O criador, o artista multimídia Toshio Iwai (que também desenvolve jogos de videogame) está construindo a prancha mágica desde 2007. Preço: € 1 200

EIGENHARP

EIGENLABS (GB) O Eigenharp combina ­instrumento musical e controlador de software em um único dispositivo. Você controla esta flauta sci-fi pressionando um ­botão no bocal. Vários ­sonzinhos divertidos se tornam possíveis. Preço: de € 400 a € 4 500

DIETMAR KAINRATH, SASCHA BIERL

O que vamos escutar? Para saber isso, antes é preciso saber qual instrumento será usado. Nós conferimos estes:

JAMES MARCUS HANEY

FKA TWIGS Aos 17 anos, a inglesa se mudou para Londres para se tornar bailarina. Em vez disso, ela acabou convencendo a todos como cantora: com uma voz suave, batidas trip hop e vídeos surreais. Agora ela só quer cantar. Que bom!


FROM METAL CATS BY ALEXANDRA CROCKETT, PUBLISHED BY POWERHOUSE BOOKS

Meta lC fotos ats: o nov de Ale o most xandr livro de ra a meta o lado se Crockett ns le maio iros. Será ível dos la pela P owerH nçado em ouse Book s

GATINH

L A T E M Y V A E H O S DO

c p riva da na vida s a m s , o n os n os fe li gre s siv t ais e a s peque u u r e b s m m a o r fá c e mos t a no so o e le s s r de bo a ic f N o palc é me smo

u r te m

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MÁRQUE

UM DIA QUALQUE UM DIA DE PRIMAVERA EM LÉRIDA, NA ESPANHA: A CORRIDA É NO PAÍS DE ORIGEM DE MARC MÁRQUEZ, ATUAL CAMPEÃO MUNDIAL DE MOTO-GP. AMIGOS, MOTOS, MULHERES, PISTA DE TERRA. SEM FREIO DIANTEIRO E SEM HABILITAÇÃO, MAS COM MUITA DIVERSÃO. VAMOS ACELERAR! POR: WERNER JESSNER  FOTOS: JIM KRANTZ

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EZ

ER


“MOTOCROSS ESTIMULA A CRIATIVIDADE”, DIZ MARC MÁRQUEZ. “NA PISTA DE TERRA, OS CAMINHOS MUDAM A CADA CURVA, VOCÊ TEM QUE IMPRO­ VISAR O TEMPO TODO. ESSA ­CAPACIDADE TAMBÉM É MUITO ÚTIL QUANDO É PRECISO ANDAR EM PISTAS CIRCULARES”

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“NÃO ME LEMBRO DA PRIMEIRA VEZ QUE ESTIVE NUMA PISTA DE CORRIDA. EU TINHA MENOS DE UM ANO DE IDADE E MEU PAI JÁ ME LEVAVA PARA AS COMPETIÇÕES DE MOTOCROSS”

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“O TREINAMENTO EM GRUPO É MAIS DIVERTIDO. O DESAFIO É SER MAIS RÁPIDO DO QUE OS OUTROS. O DIFÍCIL É QUE TODO MUNDO QUER SER CAMPEÃO DO MUNDO”


H “MEU DIA PERFEITO? MOTOCROSS PELA MANHÃ, PISTA DE TERRA NO ALMOÇO E MOTO-GP À TARDE. À NOITE, TALVEZ SAIR COM UMA MULHER PARA JANTAR”


H

á 30 anos, um jovem surgiu nas disputas de corrida de moto em estradas de terra e bateu todos os recordes: estreou na categoria mais importante aos 19 anos e foi campeão mundial aos 21. Os especialistas tinham certeza: esses recordes nunca mais seriam quebrados. O nome do gênio? “Fast” Freddie Spencer. Seu segredo: as estradas de terra. Um jovem das pistas de corrida de areia americanas que tinha treinado muito a própria sensibilidade motora. Motos ao estilo Dirty Track não têm freio dianteiro. É preciso se coordenar com o acelerador e com o equilíbrio do peso do corpo em cima da moto, é preciso ter (literalmente) um jogo de cintura permanente. Em 2013, outro jovenzinho estourou de novo na categoria de alto nível. Ele era tão bom que, especialmente por causa dele, as regras mudaram: em geral, os novatos têm que servir em equipes de alto padrão, antes de serem autorizados a administrar suas ­próprias. Mas o poderoso Grupo Honda vislumbrou um futuro promissor para o campeão mundial da ­categoria de Moto2. Eles definitivamente precisavam dar a ele uma moto de fábrica. E foi assim que Marc Márquez, com 20 anos recém-completos, foi autorizado a conduzir a Repsol Honda, ao lado do seu ­experiente compatriota Dani Pedrosa. Na sua primeira corrida, Márquez já foi parar no pódio, e de sua segunda corrida ele saiu vencedor.

THE RED BULLETIN

No outono seguinte, aos 20 anos e 266 dias, Marc tornou-se o mais jovem campeão mundial da história. O segredo de seu sucesso: as pistas de terra. Marc Márquez nasceu em Lérida. Na parte plana da cidade ficam pistas de terra bem conservadas, e uma pista de motocross – nas proximidades, locais perfeitos para as trocas de roupa e equipamento, e uma pequena cantina. Ainda assim, este não é tradicionalmente um lugar de onde se esperaria que viesse um campeão do mundo, já que no país dele, em geral, apenas as estrelas do futebol costumam ser paradas na rua. “A primeira foto ao lado de um fã geralmente detona uma reação em cadeia. Em uma arquibancada na Espanha tinha uma bandeira assim: ‘Eu tiro minha calcinha para poder tirar uma foto com você’. No ano passado, assinei os seios de uma mulher, a bunda de um homem, um bebê e uma nota de € 500... Provavelmente, os donos dos autógrafos esperam que eles aumentem de valor.” Aqui em Lérida treinam Marc Márquez; seu irmão mais novo, Alex (ele também um piloto de sucesso, na categoria Moto3); e Tito Rabat, da Moto2: “Eles querem bater meus recordes. Quero ser um segundo mais rápido do que eles em todas as voltas”. Assim como na Moto-GP, os pilotos não se deixam amedrontar: “Gosto de disputas acirradas. Vitórias com quatro ou cinco segundos à frente não me dão tanto 31


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“SINTO UM CHAMADO INTERNO QUE ME PEDE PARA ULTRAPASSAR SEM PIEDADE. PARA MIM É COM­ PLETAMENTE NATURAL. TODO MUNDO TESTA TODO MUNDO. O QUE IMPORTA É CHEGAR NA ÚLTIMA CURVA NA FRENTE. É ASSIM QUE FUNCIONA”


“O MOMENTO DE UM ACIDENTE PARECE QUE DURA PARA SEMPRE, VOCÊ NUNCA ESTÁ PREPARADO. ESPECIALMENTE QUANDO ESTÁ SE DANDO BEM. VOCÊ BATALHA FEITO UM CÃO E QUANDO VÊ – BUM! – VAI TUDO PELOS ARES”


Como campeão mundial de Moto-GP, Marc Márquez poderia usar o número 1, mas preferiu manter o seu 93 da sorte

prazer quanto a adrenalina de uma disputa que é ­decidida na última curva. Mas, por exemplo, quando empurrei Jorge Lorenzo para fora da pista, na última curva de Silverstone, isso não me deixou nada ani­ mado. Existe um limite, e depende muito da situação. Na última curva, todo mundo tenta de tudo”. Márquez, em cima de qualquer moto, parece extremamente agressivo e até mesmo fora de controle: “Se eu quiser ser rápido, não tem outro jeito sem ser dirigir assim. Um estilo calmo e descontraído não vai funcionar”. Embora ele seja campeão mundial em todas as ­categorias, Marc ainda mora com a família, em seu quarto de adolescente, com a parede cheia de pôs­ teres do Barcelona e de Valentino Rossi. “Rossi foi o meu modelo, Dani Pedrosa foi meu critério de ­medida.” Há muito tempo ele já ultrapassou ambos, e se tornou o líder da tradicional equipe HRC: “Talvez seja mais difícil este ano, mas eu gosto de ser pressionado”. Ele tem se equilibrado inspirando-se no modo japonês de trabalhar. “Os japoneses avaliam e conversam muito. Mas é essa meticulosidade que garante o sucesso da Honda.”

GOLD & GOOSE/RED BULL CONTENT POOL

M

árquez ama as estradas cheias de ­pedregulhos e desafios, com a mesma intensidade que aprecia uma boa descansada numa ilha paradisíaca como Phillip Island. “Em noites ­depois de corridas, eu durmo de forma excelente, de nove a dez horas em uma tacada.” Poucos dias depois de uma tarde relaxando com os amigos e o Red Bulletin em Lérida, vimos que Marc Márquez estava estampado na maior notícia do motocross mundial dos últimos tempos: ele quebrou uma perna durante um treino em uma pista de terra. “O acidente foi meio estúpido: um amigo caiu na mi­ nha frente. Desviei, mas depois resolvi fazer o retorno para ver como ele estava, só que deixei meu pé preso na moto. Fraturei a fíbula completamente.” Apenas na temporada da próxima estação ele ­poderá competir novamente. E agora, adeus pistas de terra? “Não sei de onde tiraram isso. Foi a primei­ ra vez que me machuquei assim sério.” E como ele vai aproveitar o tempo até a chegada da próxima temporada? “Talvez eu finalmente faça a minha car­ teira de habilitação para dirigir motos.” O campeão do mundo sobre duas rodas tem carteira de motorista com permissão para dirigir legalmente um carro na rua, mas não para dirigir motos... www.marcmarquez93.es/en

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Uma

DUPLA Estranha Seth Rogen e Zac Efron lutam pelo direito de cair na balada em Vizinhos Por: Ann Donahue

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Seth Rogen


Zac Efron

JEFF VESPA/CONTOUR, PICTUREDESK.COM

U

ma tarde como outra qualquer em um subúrbio americano. Seth Rogen, o rei das comédias pastelão “de” e “para” maconheiros, filma múltiplos takes de uma cena em uma rua residencial nos arredores de Los Angeles. Ele caminha pelo gramado em frente a uma casa em estilo ­vitoriano reformada, bem distraído e na sua, quando uma bola dessas infláveis de academia bate nele e o nocauteia. Rogen tem uma reação exagerada do impacto, lançando-se sobre um tapete de segurança. Um dublê dá algumas voltas, forçando ainda mais a palhaçada. A equipe ri quando o ­diretor Nick Stoller grita “Corta!”. Em contraste, paparazzi posicionados por toda a rua se mantêm indiferentes. Todas as suas teleobjetivas estão THE RED BULLETIN

f­ ocadas não nas quedas de ­Rogen – mas em seu colega, Zac Efron, que está nos fundos da filmagem. É só mais um dia no set de filmagens de Vizinhos – no qual Efron, o menino ­bonitinho da Disney, vive um maquiavélico chefão de uma república de estudantes, e ­Rogen vive o cara comum e tipo modelo de sujeito familiar. the red bulletin: Começar uma guerra entre a típica ­família suburbana e uma ­república parece um campo rico para uma comédia. Como são os personagens? seth rogen: O meu é um cara que acaba de virar pai e que, junto com a mulher, costuma fazer muita festa. Eles estão passando por um mau momento agora que suas vidas mudaram drasticamente. Eles acabaram de comprar a primeira casa, e então uma

balada universitária se instala ao lado. Primeiro, o lugar desperta todas as tentações possíveis; depois, torna-se motivo de desprezo. Zac Efron: Nós somos um grupo de rapazes sem nenhum limite. Inclusive incendiamos as baladas concorrentes. Meu personagem é o presidente da república e ele está caindo na real sobre quão ­rápido o seu futuro como adulto está chegando e que ele não vai mais poder ser o rei da cocada preta. Isso de alguma forma se compara com o momento que você atravessa na vida real? rogEn: Eu seguramente me identifico. Eu e minha mulher não temos filhos e esse pro­ vavelmente é o motivo pelo qual não temos. Ficamos com medo de não podermos mais nos divertir como agora. Nesse filme tem muitas ­coisas inapropriadas – ­consolos, bebês comendo camisinha, sexo em arbustos etc. –, e Rose Byrne, que sempre interpretou personagens angelicais, está no meio de tudo isso fazendo a esposa [de Rogen]. Como ela faz isso? rogEn: Ela está perfeita no papel. Acho que ela fala umas coisas bem sujas mesmo. Nós realmente não queríamos que fosse uma história sobre

“Zac é muito mais durão do que eu pensava” Seth Rogen a mulher chata que impede o marido de fazer coisas idiotas e divertidas. Efron: Parece uma esposa perfeita. rogEn: Você quase chega a acreditar que ela se casaria comigo. Efron: Ela é muito ligeira – tem um timing fantástico.

“Somos um grupo de rapazes sem nenhum limite” Zac Efron Nas cenas de dança com a ­república, ela está hilária. ­Realmente entrou de cabeça. Foi uma decisão da parte de todos no sentido de ­mudar o tipo de papel pelo qual são conhecidos? Efron: Fiz um filme com Dennis Quaid e perguntei a ele: “Se pudesse voltar no tempo e falar com você mesmo mais jovem, o que ­diria?”. E ele falou que aconselharia a seguir fazendo os ­tipos mais diferentes de filmes possíveis e sempre se renovar. Eu só queria fazer uma comédia se fosse algo em que eu acreditasse. Eu acreditava em Seth e Nick Stoller [que ­dirigiu ­Ressaca de Amor e O Pior ­Trabalho do Mundo]. rogEn: Não vamos te decepcionar, Zac. Efron: Acho que vocês não seriam capazes. rogEn: Ah, sim, a gente é. Do que vocês mais riram ­durante as filmagens? rogEn: A república está ­sempre fazendo festas loucas e com temáticas ridí­culas. Um dia, eles dão uma festa com o tema DeNiro, no qual todos se vestem como personagens dele. A imitação que o Dave Franco fez é de deixar o cara atordoado. O que vocês aprenderam um sobre o outro durante as filmagens? rogEn: O Zac é mais durão do que eu pensava. [Risos.] Efron: Acredito que Seth ­colocou muito bem. Eu já ­sabia um bocado sobre ele. É um cara excelente. rogEn: Sou muito racista. Eu mantenho isso por baixo do pano. Vizinhos será lançado em maio. www.neighbors-movie.com

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BIG RIDERS UM TIME SELETO DE HOMENS LEVA A VIDA CAÇANDO TEMPESTADES E TESTANDO SEUS LIMITES DIANTE DE ONDAS DE 50, 60, 70 PÉS DE TAMANHO. O QUE PASSA PELA CABEÇA DELES? QUAL É O LIMITE PARA A PRÁTICA DO BIG SURF? POR: FERNANDO GUEIROS

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BRUNO LEMOS

Grant “Twiggy” Baker dropa uma bomba durante uma sessão de tow-in em Jaws, no Havaí


A o longo da Kamehameha Highway, em Oahu, no Havaí, estão os pouco mais de 15 km que definiram o que é o surf no mundo. Se você diz que vai surfar ­nessas águas, a primeira pergunta que ouve é: “Ah, então você gosta de ondas grandes?”. Exatamente. A história foi feita e heróis nasceram em picos como Waimea, onde o big surf começou, e Pe‘ahi (mais conhecido como Jaws), onde o esporte foi levado para outro nível. O limite de ­tamanho para ondas na remada subiu de 25 para 60 pés (aproximadamente de 7,5 m para 18 m) nos últimos 20 anos. Atletas como Carlos Burle, do Brasil, ou Grant “Twiggy” Baker, da África do Sul, costumam estar no Havaí de dezem­ bro a fevereiro, todo ano. Acordar para trabalhar significa pegar as pranchas, ­colocar no carro e ir para o mar. Carlos Burle, 46 anos, foi dono do ­recorde de maior onda surfada, em 2001, numa bomba de 68 pés na bancada cali­ forniana de Mavericks. O recorde atual é de 78 pés, numa onda surfada pelo americano Garrett McNamara em Nazaré, na costa portuguesa. Nas duas ocasiões, os surfistas estavam praticando tow-in, a técnica do big surf em que o atleta é puxado por um jet ski para ser colocado na onda. “Acho que usar o jet ski para ondas que não são sur­ fáveis no braço é uma coisa que chama a atenção do mundo. As pessoas querem ver grandes dropes, grandes wipeouts!” 40

CARLOS BURLE

A onda da foto foi surfada no final de outubro do ano passado e pode entrar no Guinness Book se ficar confirmado que ela tem mais de 78 pés. Mas isso não é nada. O mais incrível é que Carlos Burle desceu esse morro d’água depois de resgatar de forma dramática a surfista Maya Gabeira


PICTUREDESK.COM, BRIAN BIELMANN

Burle acredita que picos como Nazaré ainda não oferecem condições para surfar sem jet ski

THE RED BULLETIN

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GREG LONG

Aos 30 anos, ele faz parte de uma geração mais nova de big riders. Mas sua experiência e seus títulos já o colocam como um dos mais promissores surfistas de ondas grandes do mundo


Twiggy Baker, 40, por sua vez, está f­ ocado no big surf de remada. “Pegar onda na remada é o verdadeiro espírito”, ele diz. “Esse é o feeling que eu procuro, e agora todo mundo está voltando para a remada. O tow-in atualmente serve apenas para buscar a maior onda, é isso.” O atual recorde na remada é de Shawn Dollar, numa onda de 61 pés na bancada de Cortes Bank, na Califórnia. Esse é o máximo que con­seguimos chegar? Twiggy acredita que é difícil passar dessa marca, mas, da maneira como os recordes do surf estão sendo quebrados, é impossível dizer. Aos 30 anos, o americano Greg Long é um garoto se comparado a Burle e ­Twiggy. Nascido na Califórnia, ele é tido como um prodígio, acumulando vitórias importantes, como na histórica Eddie ­Aikau Invitational, que, por ser realizada apenas quando a Baía de Waimea quebra com mais de 25 pés, ocorreu só oito vezes em 31 anos de existência. Mas Greg tem, também, algumas ­ex­periências amargas. Mais exatamente em 2012, quando foi engolido por uma onda de 40 pés em Cortes Bank. “Desde esse dia eu sofri para voltar para as ondas grandes.” Ele foi encontrado boiando ­inconsciente na espuma e viveu um dos resgates mais dramáticos da história do surf. “Depois disso até queria surfar, mas ao mesmo tempo me dava um negócio,

O havaiano Shane Dorian idealizou a roupa que foi desenvolvida pela Billabong junto com a Mustang Survival, especializada em segurança marítima. Abaixo: Greg Long dropa Mavericks, uma das principais ondas do big surf

A laje californiana foi descoberta em 1975 e surfada por um único homem, Jeff Clark, durante 15 anos. Ao dividir seu segredo com os amigos surfistas, nos anos 1990, Mavericks passou a ser um dos principais destinos de big surf. “Cada lugar tem seu perigo”, ele diz, com o sanduíche nas mãos. “É preciso ­estar relaxado, esse é o jogo.” No caso de Mavericks, o perigo é um buraco grande no meio da bancada que, se você cair na hora do drop, pode ficar te puxando para baixo e fazer você se afogar. Dois surfistas experientes já morreram por lá, os havaianos Mark Foo e Sion Molosky. “Os melhores surfistas do mundo vão para Mavericks puxar o máximo de seu surf.” Para evitar maiores riscos, o preparo dos surfistas de ondas grandes precisa ser contínuo, pois, quando as tempestades surgem no radar (e elas são fenômenos raros no mundo), eles costumam ter apenas dois ou três dias de preparo para

dizendo que eu não queria mais. Demorou um ano para eu voltar a encontrar perspectiva no big surf, algo que me ­deixasse continuar fazendo isso.” PREPARO E CONHECIMENTO A caminhonete azul de Twiggy estaciona no supermercado de Haleiwa. Ele desce e vai em direção à lanchonete ao lado. A brisa fresca do Havaí sopra depois de uma manhã de chuva e ondas na casa dos 6 a 8 pés. Twiggy saiu da água há pouco tempo. Um treino leve para quem acaba de ganhar o Mavericks Invitational, uma das mais tradicionais competições do mundo, com ondas de 30 a 40 pés.

“CADA LUGAR TEM O SEU PERIGO. É PRECISO ESTAR RELAXADO, ESSE É O JOGO”

DAVID STEWART, TODD GLASER, BILLABONG

HISTÓRIA MODERNA DO BIG SURF

Os reis havaianos já surfavam desde a chegada de James Cook, no século 18, ao Havaí. Isso todos estão cansados de saber. Mas os feitos do big surf começaram a ser registrados apenas a partir da metade do século passado.

1956 O americano Greg Noll, conhecido como Da Bull, foi fotografado dropando ondas na casa dos 15 pés

em Waimea Bay, no Havaí, com um pranchão de madeira maior que uma caminhonete.

1963 Greg Noll e Mike Stang surfaram também a temida bancada chamada “Third Reef Pipeline” – ondas tão grandes quanto as surfadas em Waimea, porém infinitamente mais perigosas e ocas, no Havaí.

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Laurie Towner na porta do tubo em um dia de sol na temida bancada de Shipstern Bluff


agilizar a viagem, organizar os equipamentos e aterrissar no destino com a cabeça no lugar. “Respiração curta, respiração longa”, explica Twiggy. “Isso é para ter um nível alto de oxigênio. Assim, você fica calmo, esse é o jogo.” Para manter a cabeça relaxada, muitos big riders têm os mesmos costumes no dia a dia (além de surfar quando tem onda, é claro). “Acho ioga fundamental”, diz Greg Long. “É bom fisicamente, deixa forte, flexível, equilibrado e ainda tem todo o lado mental e espiritual, que ajuda a se controlar em situações extremas. O pânico é o maior inimigo dentro do oceano.” Além da ioga, big riders como Greg, Burle e Twiggy também nadam, remam, treinam apneia e fazem trabalho pesado de cárdio, como corridas na areia.

O LIMITE NA REMADA SUBIU DE 25 PARA 60 PÉS EM DEZ ANOS

DO INFERNO AO CÉU Sorrindo, Burle desce uma onda de 6 pés com seu longboard, perto de Haleiwa. O tamanho é 10 vezes menor do que as que ele está acostumado a enfrentar. Ele rema com precisão ao voltar para o outside. Mais do que firmeza, ele tem sabedoria nos movimentos. Estamos falando de espiritualidade e anos de aprendizado sobre como ler o mar. Burle, inclusive, dá dicas de posicionamento para sua mulher, que está com ele no outside. “Tem momentos que ficamos longe, como quando passei 20 dias em Nazaré”, diz o brasileiro. “Mas em momentos como agora, quando estamos juntos, procuro compensar e ficar bem perto.” De volta em sua casa, de frente para a Baía de Waialua, ele contou, em meio a uma suave e comprida sessão de alongamento, sobre sua temporada em Nazaré,

1972

ANDREW CHRISHOLM

Surfistas australianos e havaianos passaram a caçar fenômenos oceânicos fora do Havaí. Foi quando picos como Rincon, na Califórnia, e uma laje no México chamada Petacalco foram fotografados pela primeira vez.

1986 Os surfistas americanos Tom Curren e Mike Parsons foram registrados numa

nova laje mexicana chamada Todos Santos, com ondas de 18 a 20 pés.

1991 Laird Hamilton, Buzzy Kerbox e Darrick Doerner aprimoraram uma modalidade chamada tow-in – onde os surfistas passaram a surfar ondas gigantes com pranchas menores (que permitiu mais manobras) e puxados por um bote motorizado (que trouxe mais velocidade).

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NOVOS PICOS O big surf já está em uma segunda geração de breaks. Depois dos já conhecidos Jaws, Mavericks, Todos Santos e Dungeons, veja quais são os novos picos que prometem ser o futuro do surf de ondas grandes

BELHARRA, FRANÇA “É um lugar seguro de surfar mesmo com tamanho grande”, diz Twiggy. A laje próxima de Biarritz, no sudoeste da França, foi descoberta há cinco anos, mas sua popularidade aumentou muito depois do swell que quebrou por lá em 15 de janeiro deste ano.

NAZARÉ, PORTUGAL Há pouco mais de três anos, o surfista Garrett McNamara estudou a movimentação das ondas na Praia do Norte, em Nazaré. A conclusão foi clara: o lugar é simplesmente monstruoso. O pico é melhor para tow-in. Para Carlos Burle, a chance de praticar big surf na remada em Nazaré é pequena.

PUNTA DOCAS, CHILE “A costa do Chile deve ter muita onda grande que ainda podemos descobrir”, diz Carlos Burle. “Existem muitos lugares inóspitos.” E não é diferente com Punta Docas, a noroeste da capital Santiago. A água é fria e as ondas de 40, 50, 60 pés costumam quebrar sozinhas.

SHIPSTERN BLUFF, TASMÂNIA Talvez a onda mais impressionante dos últimos tempos. No extremo sul da Tasmânia, a laje de Shipstern Bluff rende fotos assustadoras não apenas pelo tamanho e voracidade de suas direitas mas também pela formação da onda que quebra em cima de uma rocha e forma lips duplos e até triplos.

MULLAGHMORE, IRLANDA Quem pôde ver Mullaghmore de perto sabe que nessa região estão algumas das águas mais agitadas do planeta. “Nessa onda da Irlanda cheguei e vi o mar perfeito, quebrando em cima das pedras. De tarde era só pedra. A variação da maré é de 7 metros”, diz Carlos Burle.

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Portugal, onde passou o dia que pode ser considerado o mais intenso de sua vida. Ele estava pilotando o jet ski que puxou Maya Gabeira, 27, numa das primeiras ondas da manhã na Praia do Norte. A massa d’água tinha entre 65 e 70 pés. Quando Maya já estava na crista, sua prancha deu três voos quicando na água até perder o controle e cair. Tomou cerca de três ondas gigantes na cabeça e sumiu da vista de Burle por uns quatro minutos. Depois que ele voltou a avistá-la, tentou puxá-la com a corda, mas não teve sucesso.

Depois veio mais uma série de ondas. Na sequência Maya subiu boiando e ­depois desapareceu. Burle se posicionou por perto e então pulou de braços abertos para agarrar a surfista no primeiro momento em que pôde vê-la. Já na água, ele conseguiu ­encostar os pés na areia. “Quando a maré puxava, eu travava meus pés e segurava a Maya. Depois, vinha a onda e eu perdia o pé e chacoalhava”, ele lembra. Após uns três movimentos como esse, ele conseguiu correr para a praia e chamar THE RED BULLETIN


“TWIGGY” Grant “Twiggy” Baker é o atual campeão do Big Wave World Tour (BWWT). Sua preferência é pelo big surf na remada, sem jet skis: “Esse é o verdadeiro espírito”

ALAN VAN GYSEN, BRIAN BIELMANN

“NOS MELHORES DIAS O PRAZER É SIMPLESMENTE ESTAR LÁ” o salva-vidas (que não entrou pois não tinha equipamento para resgate num mar com aquelas condições). Os dois ­arrastaram Maya para a areia e fizeram massagem cardiopulmonar na surfista até a ambulância chegar. “Não foi da maneira mais correta o que aconteceu, mas felizmente tudo deu certo.” Maya já estava acordada e em segurança quando Burle decidiu voltar para a água. O mar tinha crescido e ele, no mesmo dia em que efetuou o resgate mais difícil de sua vida, se posicionou THE RED BULLETIN

1992

1992

Pe’ahi (também conhecido como Jaws), na ilha de Maui, foi surfada por Hamilton e Kerbox – ambos puxados por jet skis. Surfar uma onda de 60 pés passou a ser possível. A partir daqui, foi como se os surfistas descobrissem seu Himalaia.

As ondas de Mavericks, na Califórnia, são reveladas para o mundo após serem surfadas por mais de 15 anos por uma só pessoa, o local Jeff Clark.

para descer uma onda que pode ser a nova recordista mundial de tamanho. “Fui do inferno ao céu”, ele diz. As medidas oficiais devem ser divulgadas no Billabong XXL (o Oscar das ondas grandes). LOUCURA CALCULADA Do ponto de vista de Twiggy, o tow-in ­ensinou ao surf de remada que existem outros limites e que eles só são alcançáveis com equipamentos de segurança. “O equipamento de resgate usado no tow surfing é muito importante para 47


Uma discussão tem ganhado força no mundo do big surf: devemos manter o purismo do homem e seus próprios braços ou devemos nos render à máquina para puxar os surfistas? Como as técnicas podem coexistir? A tecnologia e os equipamentos do tow-in (modalidade inventada em 1992 na qual o surfista é puxado por um jet ski) ampliaram o horizonte dos big riders. É inegável a contribuição e o avanço que o tow-in causou no mundo das ondas grandes surfadas na remada. Novos breaks em condições extremas passaram a ser surfados, e os atletas de remada acabaram se expondo mais – e o resultado foi o avanço tecnológico e novos limites no surf. “São dois esportes diferentes que se ajudaram e ambos progrediram”, afirma Twiggy. No panorama atual, o tow-in entra em cena para buscar as maiores ondas do mundo

e quando a bancada oferecer condições insurfáveis na remada. Quem entra no braço quer surf em sua forma mais pura, com jet skis apenas para situações de emergência. Para o brasileiro Carlos Burle, as modalidades estão encontrando um equilíbrio muito maior. “O futuro é surfar ainda mais ondas na remada e o tow-in aparecer quando as condições estiverem inviáveis para a remada.” Greg Long observa: “Há dez anos, remar com 20 pés em Jaws era considerado impossível. Hoje, Shane Dorian surfou a mesma onda com 57 pés”. Mas será que existe um limite para o ser humano? “De uma coisa eu tenho certeza”, diz Carlos Burle, enfático. “No braço, tem limite. Vai Teahupoo gigante, com mais de 25 pés? Não dá. Nazaré, com 78 pés? Hoje é impossível.” Greg Long diz que 60 pés pode ser um bom número para dividir o big surf na remada do tow-in. “Mas, se você cair na condição

a ­remada hoje”, ele diz, referindo-se ao apoio de jet skis no resgate e ao uso de roupas infláveis. “O que fazemos é uma loucura calculada. Precisa ter a dose de segurança e cálculo para tudo ­ficar sob controle.” Burle acredita que a essência do ser humano é superar seus limites, e que a tecnologia tem muito para agregar a isso quando o assunto é inovação e segurança. “Wetsuits mais leves e mais quentes, roupas infláveis, pranchas melhores, equipes de resgate, rádios, um equipamento criado para áreas inóspitas... Isso tudo ajuda.” A infraestrutura é trabalhosa e precisa ser definida coletivamente – cada swell desses é um momento único na Terra, dá para contar em duas mãos quantos desses acontecem por ano. “É muito desafiador chegar no lugar certo, tentar pegar as ondas e voltar vivo para casa”, diz Twiggy. “É um estilo de vida bem difícil manter isso funcionando, continuar viajando. 48

certa em um mar como o de Cortes Bank, é bem possível que saia da água com uma onda com mais de 60 pés na bagagem.” De toda forma, ele ressalta que número nem sempre traduz o que é estar lá: “Se você fotografar um surfista de dez ângulos diferentes, não vai ter uma dimensão do que é aquilo. Quando você está lá no outside, a história é diferente, é de dar medo”. RECORDES MUNDIAIS REMADA 2005: 55 PÉS (Mavericks, Califórnia – Shawn Dollar) 2011: 57 PÉS (Jaws, Havaí – Shane Dorian) 2012: 61 PÉS (Cortes Bank, Califórnia – Shawn Dollar) TOW-IN 1998: 68 PÉS (Mavericks, Califórnia – Carlos Burle) 2008: 77 PÉS (Cortes Bank, Califórnia – Mike Parsons) 2011: 78 PÉS (Nazaré, Portugal – Garret McNamara)

1998

2009

O ISA Big Wave Championship foi realizado em Todos Santos, no México, com ondas entre 25 e 35 pés.

Nasce o circuito mundial de ondas grandes, o Big Wave World Tour (BWWT).

2000 Laird Hamilton surfou, de tow-in, o que foi chamado de “A Onda do Milênio”, na temida bancada de Teahupoo, no Taiti.

2011 Danilo Couto, Dorian e Ian Walsh surfam Pe’ahi muito grande, com ondas entre 55 e 60 pés, apenas com a ajuda de seus braços. A volta do paddle surf foi decretada.

2011 Shane Dorian concebe uma roupa que infla e pode trazer mais segurança para o esporte.

Não tem dinheiro envolvido. E nos melhores dias o prazer é simplesmente estar lá.” Para surfar ondas gigantes, especialmente as que estão por ser descobertas, é necessário ter permissão da Marinha, conhecimento da área e times de salvamento organizados. É preciso ter veí­culos 4×4, jet skis, várias pranchas de 9 a 12 pés de tamanho, coletes, wetsuits, equipamento de resgate etc. Imagina ­fazer toda essa logística em dois dias, pouco antes de pegar um voo de nove ­horas? Para o freesurf (quando as ondas são surfadas fora de competição), essa ­organização custa caro e demora. Já nos campeonatos, com o envolvimento de associações e das comunidades locais, fica mais fácil. Eventos como o Mavericks Invitational e o Eddie Aikau Invitational são dois ­exemplos de como as competições são boas para o big surf. Elas fizeram a modalidade ser reconhecida em todo o mundo. Em seguida, picos como Todos Santos (México), Dungeons (África do Sul) e Pico Alto (Peru) passaram a organizar seus eventos. “Os campeonatos nos tiram da zona de conforto”, diz Greg Long. ­“Somos amigos, mas quando colocam dinheiro na mesa o instinto competitivo aparece e, no final do dia, ao voltarmos para terra firme, é só alegria e diversão.” Novos picos de ondas grandes surgiram e a solução foi organizar um circuito mundial, em 2009. Foi quando o ex-surfista Gary Linden fez o Big Wave World Tour (BWWT). “O BWWT cresceu muito, mas ainda está engatinhando”, diz Carlos Burle. ­“Temos que dar muitos créditos ao Gary. O que ele está fazendo é muito legal.” Na temporada 2014/2015, que começa em agosto deste ano, a empresa de marketing esportivo ZoSea, a mesma que detém o World Tour of Surfing, assumiu o controle da organização e prometeu ­padronizar as transmissões de webcast, investir em marketing e adicionar novas regras, como o “Coeficiente da Onda” (uma equação em que as ondas com mais tamanho ganham mais pontos). “Antes, nos eventos do Chile ou Peru, se não estivesse no cliff assistindo, você não saberia o que tinha acontecido por um bom tempo. Agora as coisas estão ­ficando melhores.” O laptop de Burle está em cima da mesa da cozinha, aberto em um site de previsão de ondas. Ele olha e balança a cabeça negativamente. O que ele está esperando? Uma massa vermelha aparecer no radar, caminhando no sentido da terra, com ondas acima de 50 pés. Aí vai ser a hora de se mexer. THE RED BULLETIN

CORBIS(2)

HOMEM OU MÁQUINA?


LINGERIE DESIGNER: DOLLHOUSE BETTIE ROBE DESIGNER: OSCAR DE LA RENTA RED DRESS DESIGNER: NIMA SHIRAZ


A

V E RDAD E IR A

F E MM E FATAL E

CHRYSTA BELL É UMA MULHER PRA LÁ DE MISTERIOSA. UMA PRESENÇA HIPNÓTICA ONDE QUER QUE ESTEJA, SEUS SHOWS FANTASMAGÓRICOS SÃO HABITADOS PELO REI DO BIZARRO EM HOLLYWOOD P O R : A RN O RA FFEIN ER FOTO S: A A RO N FEAV ER 51


C

hrysta Bell tem o cabelo da mesma cor de sangue derramado. Seu olhar é hipnótico. Tudo o que diz respeito a ela é misterioso. Seu colaborador mais próximo é David Lynch, o diretor e músico americano ­famoso por suas peculiaridades. Lynch produz a música de Bell, e uma gravação de sua voz faz a apresen­ tação no palco: “Uau! Ela canta como um pas­sarinho! Ela não é incrível?” Uma cortina de veludo roxo se abre atrás dela, com imagens em preto e branco projeta­ das ­sobre o tecido. A projeção acaba e daí em diante o show é todo dela: sua voz, seus movimentos de mão teatrais, suas ­lágrimas. Rola uma troca e uma ­estranheza bem profundas no lugar ­enquanto ela se apresenta. O disco de Chrysta, This Train, é o ­resultado de mais de uma década de ­trabalho com David Lynch. A obra apre­ senta ­arranjos de guitarra que relembram a era de ouro das divas do jazz, trip hop e blues. A direção musical de Lynch dita o seu próprio ritmo: câmara lenta, super­ câmara lenta e parado total. No estúdio de Lynch em Los Angeles, como em todos os aspectos do seu traba­ lho, essa é a vibe criada pela meditação transcendental. Ele toca um esquete de músicas, pega de dentro de uma pasta preta uma folha de papel com as letras e então pede a Bell que vá até o microfone. Ele dá instruções como “imagine que você é um carrão!”. 52

“VIVO PARA ESTAR NO PALCO. A TROCA COM O PÚBLICO. A ADRENALINA DE NÃO SABER SE VOCÊ VAI QUEBRAR A CARA OU SUBIR AOS CÉUS É MUITO ATRAENTE”


Na faixa: o álbum This Train é resultado de uma colaboração de dez anos com o diretor David Lynch


Estrela dark: Chrysta dรก a tudo o que faz um toque delicado de escuridรฃo


“ ESTO U NUMA BOA COM A M O RT E . L ÁG RIM AS PARA MIM N ÃO SÃO N EC ESSAR IAMENTE UM SIN AL D E TRISTEZA. E U AC RED ITO NA R EEN CAR­N AÇÃO. AC RE DITO QU E EXISTAM CICLOS”

“Ele me alimenta, basicamente”, ela diz. “Seja na forma de piadinhas fora de hora ou por referências em comum, como Elvis Presley, ou Elizabeth Taylor, ou um carro clássico, ou nossas impressões sobre o ar noturno – tudo isso é um alimento para o meu processo.” Quando o primeiro desses ensaios aconteceu, em 2000, Lynch ainda iria se lançar como músico solo (após diversas colaborações, seu primeiro disco solo, Crazy Clown Time saiu em 2011; o segundo, The Big Dream, em 2013). Bell era a vocalista de uma banda de swing que se apresentava regularmente no Continental Club de Austin, Texas. Quando criança, ela brincava no estúdio do seu padrasto e começou a cantar nos ensaios no começo da adolescência. Ela trabalhou como modelo, depois tentou ser atriz e fez um papel menor em um filme de kung fu de Jet-Li. Em 1998, com 20 anos e o primeiro contrato para gravar um disco assinado, seu agente ­arranjou um encontro com David Lynch para que ele ouvisse as suas fitas demo. Estava para começar a carreira com a qual ela sempre sonhou. “Eu vivo para estar no palco”, ela diz. “A troca com o público, a adrenalina de não saber se você vai quebrar a cara ou ir aos céus é muito atraente para mim.”

E

la certamente tem a persona­ lidade que acompanha seu look e sua voz, dando um toque elegante de escuridão ao seu redor. Seu drinque favorito é saquê não filtrado e ela deu ao seu álbum de estreia em 2010 o nome Bitter Pills & Delicacies (“Pílulas Amargas & Iguarias” ). Sua gravadora, La Rose Noire, tem uma lágrima no logo. Por que esse universo é tão ­especial para ela? “Eu estive com muita gente que estava morrendo”, explica Bell, e seu olhar não deixa margem a dúvida. “Estou numa boa com a morte. Lágrimas para mim não são necessariamente um sinal de tristeza. Eu acredito na reencarnação. Acredito que existam ciclos.” O atual ciclo de Bell é de turnê. Ela se apresentou em 27 países nos últimos dois anos. O que ela mais gosta de fazer é se apresentar semanalmente no mesmo lugar, de preferência em Berlim. É o lugar perfeito para alguém que na mesma hora traz à memória imagens daquela cidade nos loucos anos 1920, uma época na qual as mulheres eram tão mais fatais que qualquer menina nua destruindo paredes em um clipe de hoje em dia. chrystabell.com

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NA TRILHA Os Athertons estĂŁo puxando o treino a um outro nĂ­vel em busca da performance perfeita do mountain bike downhill


M E C E U Q MAIS

O T N E C R O P

? RMANCE TRO O F R E P LHORA A XCELÊNCIA DEN COMO E M A T N A A DE PO ONS BUSCA A E LAS – E MOSTR T E L T A M C O M O U I A D O S AT H E R TI L H A S E S PA N H O B I K E T A A D I N A S R AT Ó R I O E N A S H O R E M C I M A D L N D O L A B O D E S E R B E M MAET T I A S F R E D R I K S S O S: M N  FOTO VOCÊ PO GA TH MOR POR: RU

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L AÇ O S D E FA M Í L I A “Meus irmãos começaram a andar de bicicleta, e eu não queria ficar em casa sozinha”, diz Rachel (à dir., com o irmão Gee). “Eles ainda me ajudam hoje, eu não teria conseguido sem eles”

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L E TAS T A S O “ S MAGRO ES E FORT EM U CONSEG A UM FAZER AIS M A D I CORR E POR RÁPIDA EMPO” T MAIOR


NHILL W O D O “ MÃOS S A N Á EST . ELE A T E L T DO A JEITO O D Z A F ISER” U Q E U Q

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U NOVOS LIMITES

“Meu treinamento mudou muito ao longo dos anos”, diz Gee Atherton. “Cada ano ­melhora um pouco mais. Eu gosto de tentar coisas novas e não entrar em uma rotina”

ma manhã de quinta-feira em janeiro, e Rachel Atherton está dentro de um laboratório na Universidade de Birmingham, um lugar pequeno iluminado por lâmpadas fluorescentes e decorado com um esqueleto e uma lousa com equações borradas. É um ambiente um pouco diferente do que se espera para uma das melhores no mountain bike downhill do mundo, e no entanto lá está ela bombando nos pedais de uma bicicleta ergométrica, ofegante. Seu cabelo loiro está preso para trás, suas bochechas estão avermelhadas e ela já ­tirou o top de mangas compridas, apesar do frio que faz. O treinador de Rachel e dois médicos a observam em silêncio enquanto os esforços da jovem de 26 anos produzem ­linhas em um monitor à sua esquerda, uma mostrando o aumento da sua fre­ quência cardíaca, uma azul seu ritmo e a verde a energia gerada por ela. A cada três minutos, a resistência aumenta, como mostra o monitor em uma escalada no gráfico. Um dos médicos se inclina em ­intervalos regulares para pegar amostras de sangue do dedo indicador de Rachel – a partir do qual a quantidade de ácido lático que ela produz é medida –, e tudo vai para a planilha. É assim que se treina para o mountain bike em 2014. Rachel e Gee, seu irmão, que também é rider de downhill, são os melhores do mountain bike downhill e estão ampliando os limites do treino em busca da performance perfeita. Eles examinam cada aspecto das suas habilidades físicas na bicicleta em gráficos, planilhas e estatís­ticas com testes constantes, usando medidores de potência e frequência cardíacas tanto em suas bicicletas quanto no laboratório. Junto com Dan, o irmão mais velho e ­ciclista de enduro (ele tem 33; Gee, que foi campeão de downhill em 2010, 29), viajaram de North Wales até o local do treino diversas vezes nos últimos 18 meses desde que começaram a trabalhar com

um novo treinador. Alan Milway, 33 anos, cientista esportivo e ex-treinador da equipe britânica de motocross e ex-downhill rider, acredita muito mais em números do que em sentimentos. Como uma versão do interior da Inglaterra do personagem Mouse, do filme Matrix, ele é capaz de olhar uma planilha de números e entender o atleta: onde ele está indo bem e onde está indo mal. “Provavelmente olho o atleta de uma forma diferente que a maioria das pessoas”, ele diz. “Mas, para mim, os números são o ponto de partida. Um bocado de treinadores que eu vejo não faz nada com base em evidências. Muitas pessoas acreditam que arrebentar o atleta na academia é ­fazer um bom trabalho. Eu dou uma ­abordagem mais acadêmica”, ele diz. Milway é um dos primeiros treinadores a ter a visão de um programa de treino com base em evidências para profissionais do enduro, um evento de mountain bike de longa distância em trajetos com subidas e descidas, que pode durar horas, e downhill, uma modalidade radical na qual os ciclistas enfrentam uma trilha de descida com obstáculos que vão desde raízes de árvores a pedras em velocidades que podem ultrapassar os 80 km/h. “O downhill é levado pelo atleta”, diz ­Milway. “Eles vão do jeito que querem, mas geralmente a forma que querem não está completamente correta. Os dados da energia que nós medimos nas corridas possibilitam que eu saiba por quanto tempo Gee ou Rach estão pedalando de cada vez, com que força estão pedalando, qual é a velocidade de cada perna, e, se você


está no downhill há uma velocidade de perna ideal, pode traçar isso em um gráfico. Uma vez que você saiba o que eles estão fazendo na bike, pode ajustar os equipamentos com base ­nessas evidências”, afirma. Sabendo dos êxitos de Milway com, entre outros, o antigo campeão mundial de downhill Danny Hart, Gee o chamou para trabalhar com o time no final de 2012. Milway aceitou na hora. “Quando vi pela primeira vez as anotações dos ­treinos dos Athertons, eu disse ao empre­ sário deles: ‘Só preciso de um inverno!’”. “Eu estava tão animado que, mesmo com seus resultados indo bem, eles não esta­ vam nem próximos do máximo. Então, ­sabia que realmente podíamos ir longe.” Parece que Milway acertou. No ano pas­ sado, apesar de lesões de baixa gravidade, Gee levou o campeonato mundial até a última etapa, quando acabou na segunda colocação, e Rachel fez a melhor tempo­ rada de sua vida: venceu o Campeonato Nacional, o Mundial e a Copa do Mundo. Ela superou a segunda colocada na pri­ meira corrida por 10 segundos, uma ­margem enorme para a modalidade. Hoje, no laboratório, temos a chance de ver como Rachel está indo antes do início da Copa do Mundo 2014 em abril, usando os dados dos treinos obtidos nas três semanas depois de ela vencer o cam­ peonato mundial em 2013 como uma ­espécie de pico da performance como ­referência. Ela acabou de completar seu terceiro e último teste do dia, 10 sprints brutais, com toda a força. Ela se inclina sobre a bicicleta, exausta, mas o que ouve é bom. Ela alcançou o equivalente a 218 rotações por minuto, apenas duas menos que a sua performance logo após conquistar o Mundial, que era de 220. Três dias depois, Milway, os três ­Athertons, integrantes da equipe Atherton Racing, junto com Marc Beaumont e um ciclista de enduro e downhill de 16 anos chamado Martin Maes chegam na ilha de Fuerteventura, nas Canárias. Apesar do sol, não estamos em uma viagem de passeio. O resort Playitas está cheio de atletas profissionais que querem testar seus limites nas montanhas vulcânicas e na piscina olímpica, sem falar no enorme complexo esportivo. Os Athertons estão lá numa pré-tempo­ rada de duas semanas, sua primeira ­saída a campo para treinar em 2014. Quando ­estavam começando, esses intensivões eram desconhecidos. Há apenas 15 anos, o biker Shaun Palmer, bebia uísque, ­cantava punk rock e comemorou o ouro da UCI World Cup em seu ônibus com ­algumas garrafas de uísque Crown Royal. 62

A

palavra “treino” era mal vista. “Naquela época, você não podia ser apenas um cara que competia no downhill”, diz Gee. “Todo mundo queria ser um rock star e não treinar, era fazer festa na noite da véspera da corrida. O treinamento era uma coisa relativamente desconhecida. Se as pessoas estavam treinando, era algo muito básico e elas faziam escondido porque não era legal. Claro que não se ­estava passando ninguém para trás, mas naquela época era visto assim.” Mas, mesmo com Palmer vencendo o prêmio de Atleta do Ano e aparecendo nas capas das revistas especializadas dos anos 2000, uma nova geração certinha, que incluía os Athertons, estava surgindo para destroná-lo. As primeiras tentativas de Gee e Dan nos treinos não foram muito longe. “Como juniores, nossos treinos eram ver os filmes do Rocky para nos ­inspirarmos, depois pintávamos palavras motivacionais nas paredes”, ri Dan.

Mas suas carreiras como seniores são mais ligadas ao trabalho em academia, pedalar em estradas e sessões de reabili­ tação com especialistas, já que na última década toda a comunidade do esporte abraçou os treinamentos. “Eu e meus ­irmãos temos treinadores profissionais desde que eu tinha 16 anos”, diz Rachel. “Tornou-se cada vez mais uma questão de treino, mais do que de coragem e ousa­ dia. Décimos de segundo podem separar o primeiro do terceiro colocado. Então, você sempre tem que procurar por novas formas de ganhar esses décimos.” Ironicamente, essa nova abordagem científica dos Athertons retirou os trei­ namentos da lista de temas para discutir, mas a razão para isso agora não é que ­estão fora da moda: eles são importantes demais para discutir. “Eles agora são sigi­ losos”, diz Gee. “Tem elementos sobre os quais não falamos: é uma competição. Na hora em que alguém vê alguma coisa, isso vaza. Os franceses são conhecidos por isso nos campeonatos mundiais – eles estão lá no ponto de apoio estudando THE RED BULLETIN


FÉRIAS SEM PRAIA O resort Playitas, em Fuerteventura, é o lugar para os atletas que buscam uma performance melhor; os Athertons sempre estão lá

-SE U O N R O “T AIS M E S I MA STÃO E U Q A UM O DO N I E R T DE AGEM R O C E Q U E D I A” D E OUSA


qual o equipamento da sua bicicleta, o que você está vestindo. E então todo mundo sabe que estamos usando SRM power cranks [a bicicleta ergométrica usada no laboratório] e tudo bem. A menos que você tenha alguém como o Alan, que ­obtém os dados e sabe o que fazer com eles, não vai funcionar para você”, avalia. Como qualquer treinador, Milway está muito ciente de que ele serve para deixar seus atletas melhores que a média. “Estou constantemente avaliando o que podemos e não podemos falar”, ele diz. “Algumas das coisas que fazemos ninguém nem ­sequer considerou, muito do que consideramos normal outros atletas nem sequer pensaram. Quero ser o melhor possível para nossos atletas, e a única ­forma de ­fazer isso é praticando coisas que outras pessoas não estão fazendo.” As primeiras sessões em Fuerteventura serão de bicicleta, mas, nesta manhã, será uma sessão de academia para toda a equipe. A academia se tornou uma segunda casa para os Athertons depois que Milway os colocou em um programa de ganho de força. “Eu sabia que era de onde eles tirariam melhores resultados”, ele diz. “Passei bastante levantamento de peso. Os resultados melhoraram muito nos gráficos em poucos meses.” Rachel parece ter tido resultados ­psicológicos tão bons quanto os musculares. “A força foi a principal diferença que eu notei com Alan”, ela diz. “Houve um ­ganho muito expressivo para mim. Com os testes, tornou-se muito claro que minhas pedaladas eram um ponto fraco. Hoje eu tenho a melhor pedalada de todas. Sem testes, você pode até se enganar que pode chegar aonde precisa chegar, mas, quando faz os testes, não há como se enganar. As estatísticas não mentem. Mentalmente, praticar sabendo aonde você precisa chegar fisicamente é muito importante. Faz uma diferença muito grande em relação à minha última temporada.” “É uma matemática simples: se os atletas estão mais magros e mais fortes, significa que podem correr mais rápido e por mais tempo”, diz Gee. “Nos últimos dois meses, sofri mais acidentes que em toda a minha vida. Os maiores da minha carreira. E eu levantei e segui em frente. Estou certo que isso tem a ver com o fato de ter alguém como Alan conosco. Precisamos ser mais científicos em relação às coisas, não tem sentido possuir uma bicicleta incrível se você não pode correr no máximo de sua potência com ela. Homem e máquina precisam estar em sincronia, e agora sabemos como fazer isso.” Compare sua evolução com os Athertons: redbull.co.uk/personalbest

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SEJA UM MONSTRO DA BIKE MUDANÇAS QUE VOCÊ P O D E FA Z E R H OJ E , D I R E TO D A E Q U I P E AT H E R T O N

10 DICAS 1

OUTROS TERRENOS

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ALONGAMENTOS

“Praticar ciclismo em rodovias combina bem com o downhill porque a intensidade que você alcança na mountain bike pode ser reproduzida na estrada. Você pode fazer sessões bem fortes e curtas. Elas são melhores para treinar porque o risco de cair em um downhill é muito grande, então eu nunca pediria a um atleta para fazer 12 descidas de uma vez. Na categoria road bike, pode-se alcançar a mesma intensidade com maior segurança.” Alan Milway, treinador

“Comecei a fazer bastante ioga e alongamento para a coluna e os quadris, já que minhas costas começaram a ficar muito tensas. Fez uma diferença incrível para mim. Alongo por meia hora antes de uma sessão, e na maioria das noites entre 1h e 1h30. A gente também se alonga na academia. Mesmo quando são apenas alguns movimentos básicos, não subestime o quanto isso vai melhorar sua performance e a recuperação depois do esporte, ainda mais com a postura de bike na estrada.” Rachel Atherton

3

INCLINE CORRETAMENTE

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LEVANTE PESOS

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SELIM BAIXO

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O OLHAR DIRECIONA

“Quando inclinam o corpo, muitos ­riders mantêm os pés no mesmo nível dos pedais. Mas, se você deixar que a parte de fora desça até o máximo e trouxer para cima a parte de dentro do pé, isso faz com que o seu peso trabalhe mais na inclinação, então você está mais sólido e pode deslizar mais facilmente. Se os seus pés ficam no mesmo ­nível, o seu peso permanece muito alto, o que pode fazer com que você perca velocidade.” Rachel Atherton

“Se você tiver que escolher um só exercício na academia para ajudá-lo na bicicleta, prefira o levantamento de peso. É muito simples de aprender e faz uma grande diferença na potência. É um movimento que trabalha pernas, bumbum, costas, core e ­ombros, então melhora o corpo todo.” Rachel Atherton

“Se você está praticando um crosscountry, precisa manter o selim alto para melhorar a pedalada, mas muitos riders nem pensam que seria bom abaixá-lo ­depois para a descida. Se o assento estiver ­muito alto, ele vai fazer com que você incline ­demais as costas e que você perca o equilíbrio. Se ele estiver abaixado, a bike tem maior ­mobilidade na descida.” Rachel Atherton

“A direção em que você olha faz uma grande diferença para onde você vai. Seu corpo vai seguir a linha da vista, ­então, uma curva acontece quase a partir da sua cabeça para baixo. Ao fazer uma curva, mantenha seus olhos no ponto de saída e você verá que todo o seu corpo vai segui-lo e se ajustar a sair da curva em vez de se manter na curva.” Gee Atherton Acerte o pé: deixar descer a parte de fora do pé faz com que você seja mais consistente nas curvas

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AJUSTE O SAG

8

COMPANHEIRO DE TREINO

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SEM FOLGA

“Muitos riders se complicam nas configurações da bike, desde a pressão nos pneus até a suspensão. Você pode fazer muita diferença na sua performance ajustando a suspensão de acordo com as condições. O sag é um ajuste na suspensão para que reaja bem tanto a obstáculos positivos (raízes e pedras) como negativos, e precisa ceder em torno de um terço a cada impacto.” Marc Beaumont

“Treine e pratique com alguém que está em boa forma é tão forte e rápido quanto você. Se vocês puderem estimular um ao outro, isso vai fazer você ficar bem mais rápido. Eu e Marc andamos muito juntos. Isso possibilita comparar os números e torna tudo mais divertido, melhorando a motivação do exercício e ainda trocar uma ideia.” Gee Atherton

“Não fique andando sempre nos mesmos circuitos que você já conhece. O melhor progresso na sua performance vai acontecer quando você se força a sair da zona de conforto. É bom construir novos obstáculos na pista, desafiando seus limites, ou então viajar até um local que lhe ofereça uma nova ­experiência na bicicleta.” Gee Atherton

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FREIE COM SABEDORIA

“Se você estiver em um circuito ­rápido, terá que ser agressivo com o freio em vez de ir se arrastando por todo o caminho. Quando você está em velocidade total em uma reta, estará completamente sem frear. E então usar os freios com a maior força que conseguir, no último instante em que precisar deles, é importante. É uma coisa na qual nós trabalhamos, e algo que você vê muitos riders fazendo. É uma grande tentação ficar freando durante toda a descida, mas é um vício que deve ser evitado. Se você for preciso nos pontos de frenagem, notará a diferença no aproveitamento da pista.” Gee Atherton

PESO-PESADO Melhorar sua força foi um ganho enorme para Rachel, que hoje consegue levantar 50 kg

Alan Milway (centro) avalia os dados do treino de Gee e Rachel

Suando no asfalto: o treino na estrada pode beneficiar o downhill THE RED BULLETIN

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BROOKLYN QUEBRA

OSSO

POR: DAVID BRUN-LAMBERT FOTOS: ANGELA BOATWRIGHT


Groove no Brooklyn: observados pelos parceiros, Vibez (Ă esq.) e Jay Donn se esticam. NĂŁo tente isso em casa

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Vida de rua: existe um rio entre o Brooklyn e Manhattan, mas não é só ele que separa esses dois lugares

Flexing nasceu e se desenvolveu no Brooklyn como um antídoto para a dura realidade de um dos bairros mais barraspesadas dos EUA. Mas, ao chegar ao mainstream, esse estilo de dança e o grupo que ajudou a criá-lo e evoluir ­enfrentam as dores do crescimento.

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O Brooklyn pode ter se sofisticado um pou­ co com a invasão hipster, mas permanece uma das regiões mais pobres de Nova York. New Lots Avenue, logo ao lado da estação de ­metrô da Linha 3. Ainda é de tarde, mas já ­estão lá algumas dezenas de caras reunidos em volta de uma pilha de detritos de constru­ ção, matando tempo como fazem todos os dias. Falando alto e usando palavrões, numa briga amistosa. Então um se destaca, desloca seu corpo como se estivesse tendo cãibras, um segundo vai junto e em apenas alguns ­segundos tudo o que se vê é um emaranhado louco de muitos braços e pernas. Um deles trouxe um aparelho de som por­ tátil. O baixo bomba. Animados pelas batidas do dancehall, eles entram no ritmo, torcendo as articulações, os braços balançam como bo­ necos de posto. Você acha que alguém pode acabar sofrendo uma fratura – ou que todos ao mesmo tempo quebrem os ossos. Há uma beleza macabra na coreografia, esses homens trincando uns aos outros antes que cada um coloque músculos, ligamentos e tendões à prova. Dói só de olhar. Enquanto isso, na esquina da Livonia ­Avenue com Warwick Street, uma pequena multidão se formou. Os espectadores incen­ tivam os dançarinos. “Modd!”, eles gritam, uma palavra de aprovação. “Muito louco!” Tem um motivo para eles estarem entusiasma­ dos. O Flexing há muito tempo é uma nova forma de dança radical. Para essa comunidade do Brooklyn, a técnica se tornou uma expres­ são de identidade cultural. “Graças a essa dança, nossa cultura é hoje ­reconhecida em todas as partes”, diz Flizzo, um cara enorme e todo tatuado, figura universalmente respei­ tada nessa parte do universo nova-iorquino. “O Flexing é nosso orgulho, nossa alegria.

RIMA E SUCESSO Reem é do Brooklyn e se tornou dançarino profissional aos 14 anos. Como fundador da BattleFest League, ele foi uma das figuras centrais na ascensão do Flexing. Na ­BattleFest, os dançarinos ­competem em rodadas de 90 segundos, com o público ­determinando o vencedor. (Até o momento, o flexor conhecido como ­Havoc é o único bicampeão do cobiçado título de “Rei das Ruas”.) Reem desde então exportou a liga para a Califórnia e a Europa.

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Feito borracha: seu nome é Milk e sua única obsessão é “inventar novos movimentos”


BONES, UMA MÁQUINA Bones (também visto em ação abaixo) representa a nova geração de dançarinos. Aos 25 anos ele já tem uma carreira de dez anos e é considerado um dos melhores bone ­breakers de todos. Bones The Machine é o cabeça da NextLevel Crew, um grupo de 11 flexors, para quem ele desenvolve uma coreografia inovadora tão influenciada pelo balé clássico como pela dança moderna. Você pode ter uma boa ideia dessa turma vendo o clipe Zilla March no YouTube, que foi filmado no metrô de Nova York no verão de 2011 e mostra o grupo de Bones sem camisa e com máscaras de gás. Bones The Machine tem muita vontade de se diferenciar dos outros flexors. O ambicioso dançarino tem como objetivo dar uma abordagem artística ao Flexing: ser visto como uma vanguarda da dança.

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­ olocando de uma outra forma, é nosso C ­jeito de escapar da violência e de construir nossa existência.” As origens do Flexing remontam ao começo do milênio. Nas mais pobres vizinhanças do Brooklyn o termo significa a dança, a cultura e o estilo de vida urbanos. Os movimentos vieram do bruk up jamaicano (um estilo de dança característico da ilha do Caribe dos anos 1990), do breakdance e da mímica. A mistura pouco comum de influências tem música própria – um tipo futurístico de dancehall reggae, parecido com o dubstep ­jamaicano. Ele tem sua própria competição anual, chamada de BattleFest League. Ele tem seu próprio meio de comunicação: o ­YouTube, é claro. E, talvez o mais importante, tem seus exclusivíssimos astros. O Flexing surgiu da necessidade de, de alguma forma, processar a brutalidade de uma existência partilhada entre gangues, drogas, crime e ­desemprego. A vida nas margens da socie­ dade é implacável. Tem um grande espectro de influências em ação nesses movimentos perturbados: notas de cultura jamaicana ­junto com diversas técnicas da dança urbana, desde o voguing e o krumping até o hip hop. Se quiser ficar íntimo do Flexing, antes de tudo você precisa “começar o bone breaking (quebrando o osso)”, explica Reem, fundador da BattleFest League. “É lá que os flexors ­testam os limites da sua agilidade. E então tem o gliding – que é se impulsionar em uma posição de planador. Para o posing, por outro lado, os movimentos são rápidos e raivosos. No get low, parece que o dançarino está em queda livre. E então tem o connecting – nessa técnica você conta uma história com as suas mãos. E finalmente tem o hat trick (truque do chapéu), no qual você dança e brinca com o boné ao mesmo tempo. Todos esses ­diferentes tipos de Flexing são, em suas ­próprias ­formas – algumas diretas, outras ­menos –, uma homenagem ao ambiente em que nós crescemos”, diz. Esse ambiente é o Kings County, que ­circunda o Brooklyn e é um dos mais pobres ­distritos não apenas da cidade de Nova York mas também de todo o estado de Nova York, de acordo com o censo americano. A paisagem

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Tem muita provocação no Flexing (foto abaixo): conquiste o espaço aéreo e então encontre uma saída rápida

JAY DONN ACERTA O TOM Dançarino radical, inventor da punchline (uma ­sequência de movimentos agressivos que você pode ver como uma adaptação do ­Flexing a um ­direto de esquerda) e chefe da R ­ ingmasters crew: Jay Donn – no meio, com os braços cruzados – é um dos astros do Flexing. Ele, também, é um ­filho do Brooklyn que foi salvo de uma vida criminosa por causa da dança. Um silvícola com personalidade magnética, fora do normal, ele diz que quer assegurar que os “garotos entendam que eles podem ir adiante com seu talento”. Ele está convencido de que o Flexing logo e­ stará no mesmo nível do hip hop nos EUA. Um dos mais comprometidos defensores da d ­ ança, Jay foi determinante para levar o Flexing para a televisão pela primeira vez como parte do programa America’s Best ­Dance Crew.

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“O Flexing é nosso orgulho e alegria. É nosso jeito de escapar da violência e de construir nossa existência”


Jogada de mestre: Spyda (à dir.) passa o boné para Gutta. Seu palco é o metrô de Nova York

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Influenciado pelas distorções do bruk up, uma dança caribenha, e do breakdance, o Flexing está vivendo seu auge no momento David, de apenas 8 anos, é um garoto ­legal. Spyda, Jay Donn, e Vibez (da esq. para a dir.) estão de olho, mas ele não está nem aí


/redbulletin

ADRENALINA

QUE TE FOTOGRAFIAS LEGO FÔ DEIXAM SEM

TALENTO

UE ESTÃO AS PESSOAS Q UNDO MUDANDO O M

EXTREMO

© Trent Mitchell

UE AVENTURAS Q MITES ROMPEM OS LI

SEU MOMENTO. ALÉM DO COMUM

DOWNLOAD GRATUITO


urbana é pouco mais que uma sucessão ­confusa de edifícios humildes, dezenas de igrejas evangélicas, bares carcomidos com ­banheiros escuros, prédios residenciais no que parecem ser corredores sem fim, estacio­ namentos abandonados e lanchonetes que ­irradiam miséria. É nesse ambiente que esses garotos cresce­ ram. Uma viatura policial passa ao lado deles – devagar e com as janelas abertas. A turma está acostumada a ser abordada pela polícia e presenciar momentos de tensão. “Dez anos atrás, esse bairro era muito pe­ rigoso”, diz Flizzo. “Armas e drogas por toda parte. Nós éramos melhor na dança do que no rap ou no basquete – e assim nos mantivemos fora da confusão. Quando o bruk up apareceu e nós reconhecemos a oportunidade que ele oferecia, foi aí que realmente decolou”, afirma. Jay Donn, de cabelos encaracolados, ma­ gro, com tatuagens por toda a parte superior do corpo, vestido com enormes e malvadas calças compridas, chega perto. “Viemos de um ambiente cheio de violência. Mas o que nós mais queremos é paz”, ele diz. “Quere­ mos que todos vejam Flex Is Kings – é esta a mensagem que nós realmente queremos passar adiante.” Flex Is Kings é um documentário feito pela fotógrafa Deidre Schoo e pelo diretor ­Michael Beach Nichols e mostra a história da comunidade do Flexing. O filme – que teve financiamento próprio com duas cam­ panhas no site Kickstarter, levou dois anos para ser feito e passou no Festival de Tribeca, em 2013 – analisa o movimento no instante de sua transição do underground para o mainstream. “Bem no meio do filme há um rompimento na comunidade da dança”, ­ex­plica Schoo. “Com o Flexing se tornando mais e mais popular a cada dia, alcançando um público cada vez maior, de repente alguns dos flexors não queriam mais postar os seus vídeos no YouTube, sendo que este tinha sido até o momento o único meio de distribuição. Eles queriam começar a capitalizar sua fama.

Eles vieram em paz: Klassic, Stickz, Scream e Milk (em sentido horário, a partir da esquerda) fazem pose

Flizzo dificilmente consegue ficar parado – ele arrebenta com seu estilo único THE RED BULLETIN

Nosso filme Flex Is Kings registra o momento exato dessa ruptura”. Em 2009, o Flexing saiu dos limites do Brooklyn pela primeira vez. A Jay Donn’s Ringmasters Crew participou do seriado America’s Best Dance Crew e mais tarde foi ­incluída na série para a web The Legion of ­Extraordinary Dancers, bem como em um evento do YouTube Play no célebre museu Guggen­heim. Os perfis no Huffington Post e no New York Times trouxeram ainda mais exposição e, subitamente, o Flexing estava na moda. Grandes nomes da música como Madonna, Usher e Nicki Minaj usaram os fle­ xors em seus vídeos ou levaram eles em turnês. Agora que o dinheiro está no jogo, alguns dos pioneiros estão na sarjeta. Eles se chatea­ ram pelo fato de os novatos estarem usando os passos e movimentos que eles criaram nas sessões de treino com tanta dor. “Essa é uma ameaça ao espírito que nós sempre tivemos na comunidade”, destaca Reem. “Nós estamos em uma encruzilhada. Para nos profissionalizarmos, nós temos que trabalhar com patrocinadores. Mas o dinheiro também cria uma tentação para uma nova ­geração de dançarinos e conduz a rivalidades onde não havia nada mais que parceria.” Quando a noite cai sobre o Brooklyn, um espectador pergunta a Jay Donn: “Ei, você notou que não aparece nenhum policial na área faz algum tempo?” “Eles não aparecem mais”, urra Jay. ­“Desde que nos viram na televisão eles nos deixaram em paz.” www.streetdancebrooklyn.com

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A energiA de red Bull em trĂŞs novos sABores.

crAnBerry

lime

BlueBerry

www.redBull.com.Br


Aonde ir e o que fazer

AÇ ÃO !

Para bombar: um subwoofer que você veste MÚSICA, pág. 84

V I AG EM / EQ U I PA M ENTO / TR EI N O / M Ú S I CA / FESTAS / C I DA D ES / BA L A DAS 4×4: passe o dia acelerando uma máquina como esta

Off-road

O DESERTO DO COLORADO GARANTE UM DOS TESTES DE DIREÇÃO MAIS EXTREMOS QUE VOCÊ JÁ FEZ

DRIVENEXPERIENCES.COM

MALAS PRONTAS, pág. 78

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AÇÃO!

MALAS PRONTAS

O TOQUE FINAL NO DESERTO O QUE FAZER DEPOIS DE ESTOURAR A PICAPE

UM POUCO DE ÁGUA Depois de enfrentar as estradas empoeiradas, dê um mergulho nas corredeiras do Dolores River. O Centro Gateway Resort’s Adventure oferece rafting, caiaque e boias. gatewaycanyons.com

Gigante na pista

Desertos podem ser silenciosos. Não quando você está em uma picape motor 6.2, potência V8 marca Pro-Baja, voando por rampas de areia a 140 km/h e respirando o ar dos cânions do interior do Colorado. A Driven Experiences proporciona guias experientes para um passeio pela estrutura de treinos no Emerald Desert, na cidade de Mesa, ensinando como levar suas picapes customizadas por um circuito off-road. “Dirigir em alta velocidade pela terra é um desafio real, já que, quanto mais você andar, mais os buracos começam a aparecer”, diz Travis Nailor, um cliente radiante de satisfação. “É uma guerra para encontrar a linha perfeita e chegar à velocidade, mas, quando você consegue, cara, que loucura. É muito viciante.” São diversos pacotes e ainda a possibilidade de fechar todo o espaço – depende de quanto você quer gastar. A maioria das pessoas se hospeda no vizinho Gateway Canyons Resort (quartos a partir de US$ 450, cerca de R$ 1 080, por noite), a opção mais próxima no ­deserto vazio. “Mesmo pilotos experientes têm dificuldade de acreditar no que essas picapes podem fazer”, diz Os preços vão de US$ 600 (cerca de ­Andrew Hendricks, instrutor R$ 1 440) por um da Driven Experiences. “Um passeio de oito voltas deles descreveu a experiência para dois passageiros como pilotar um Transformer a até US$ 2 600 por na Lua. Os novatos se assustam um dia inteiro. no começo e depois não queMais informações em: drivenexperiences.com rem mais parar.” 78

Jipão tunado: a emoção de dirigir uma 4×4 customizada no Colorado

PENSE ALTO Gosta de uma mudança de perspectiva? Observe as inspiradoras paisagens do Colorado do alto com um helicóptero ou um avião Cessna. Você vai ver os cânions e os altos terrenos montanhosos. gatewaycanyons.com

CONSELHO DE QUEM SABE LIÇÃO DE VOO “Quando você se aproxima da rampa, parece que não sabe o que vai acontecer, mas fique muito calmo, vai dar tudo certo, pise fundo”, diz a lenda das corridas off-road Chuck Dempsey. “Você vai cruzá-la e voar pelo que vai parecer 12 metros no ar. Quando aterrissar, vai parecer que não tem nada que não possa fazer ou saltar, você se sente indestrutível numa máquina como essa.”

Seja forte ao volante

“Nossas picapes exigem bastante do físico

do piloto”, diz Andrew Hendricks, da Driven Experiences. “Se alguém estiver disposto a dar tudo na direção por aqui, sugiro um preparo físico muito bom na semana anterior à sua chegada só para ensinar o corpo como suar.”

TIROLESA É algo como 320 km de distância pela Highway 50, mas as tirolesas de Salida valem a viagem: com 211 m, as linhas como a super­ rápida Gun Barrel, que atravessa um vale de 61 m. captainzipline.com

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DRIVENEXPERIENCES.COM(2), SHUTTERSTOCK

PICAPES DO DESERTO DIRIGIR PELAS TRILHAS OFF-ROAD DO COLORADO NUMA 4×4 COMO ESSA DA FOTO É UMA EXPERIÊNCIA DE OUTRO NÍVEL


AÇÃO!

EM FORMA

Classe mundial de skiff duplo peso leve: Mario Gyr (à esq.) e Simon Schürch

Na remada

LUKAS MAEDER(3), SHUTTERSTOCK

HERI IRAWAN

REMO O QUE ESTÁ POR TRÁS DO SUCESSO DOS VICE-CAMPEÕES MUNDIAIS MARIO GYR E SIMON SCHÜRCH “Remadores são diferentes da maioria dos atletas de resistência”, diz o suíço Mario Gyr, que, junto com o compatriota Simon Schürch, forma a dupla ganhadora da Medalha de Prata do Campeonato Mundial de Remo em 2013. Ele completa: “Isso porque precisamos sempre de nossa força máxima, em todas as remadas”. O treino de resistência muscular é de 60% com exercícios na água e 40% em terra, na sala de musculação. Schürch diz: “As pernas são a coisa mais importante, elas geram mais poder. Fortaleço-as no leg press ou com agachamentos, acompanhados de halteres adequadamente pesados sobre os ombros. Na água, treinamos diariamente por até três horas. Nosso programa varia de corridas de longa duração àquelas mais curtas e mais puxadas. Também treinamos muito a técnica: por exemplo, a sincronia das ­remadas. Quanto mais sincrônicos ficamos, mais estabilidade ganha o barco e, consequentemente, mais rápidos ficamos”. THE RED BULLETIN

Força e equilíbrio: como treinar para ser um mestre do remo

TREI NO SECO Treino para alongar as pernas e adquirir equilíbrio: não só para remadores! Dica para iniciantes: treine primeiro só até a posição 2 e depois comece de novo.

1

Fique em pé apoiado numa perna e dobre levemente a outra apontando o joelho para a frente.

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2

Flexione o joelho da perna em que está apoiado. Dica: curve ao mesmo tempo o tronco.

SUPERSHAKE GASOLINA PARA O CORPO

O PODER DA PROTEÍNA

Flexione o joelho o máximo que puder, depois ­levante novamente, apoiado em apenas uma perna.

“Os corpos dos remadores pedem, de preferência, muitos músculos e pouca gordura. Depois de um treino pesado, um shake de proteína cai muito bem. Repõe o glicogênio e abastece os músculos com aminoácidos. Aí você pode comer sem peso na consciência.”

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AÇÃO!

BALADA

DAMAS DE OURO TRÊS JOVENS TALENTOSAS QUE COMEÇARAM EM SUA CIDADE NATAL: GOTEMBURGO

YUKIMI NAGANO A vocalista do ­Little Dragon é ­conhecida, entre seus fãs, como uma versão femi­nina de Damon ­Albarn. O quarto álbum da banda, Nabuma Rubberband, sai dia 13 de maio.

Festa na mansão

little-dragon.net

Cerca de 750 pessoas dançam espalhadas pelos cinco andares

Em 1900, vivia neste palácio de cinco andares uma família nobre, na esplendorosa Rua Avenyn. Hoje o casarão de luxo abriga o melhor night club da cidade. O passado, contudo, permanece vivo na memória de Yaki-Da: os DJs ficam em quartos com móveis forrados com estofados antigos e as bandas tocam em frente a luxuosas cortinas de veludo. A ideia veio do empreendor Sebastian Kapocs, em 2010. “Tinha dois tipos de festa em Gotemburgo: aquela com boa música underground e cerveja quente e aquela com sonzinho bom e meloso”, ele diz. “Queremos unir o melhor desses dois mundos.” Isso significa: shows ao vivo no terraço e, na sala de estar, os DJs da casa. No bar tocam hip hop e soul, e duas horas antes de abrir a casa o restaurante já está a todo vapor. Ou seja, o nome faz todo sentido. Yaki-Da tem origem galesa e significa “Sinta-se bem!”. YAKI-DA Storgatan 47 411 38 Gotemburgo, Suécia www.yaki-da.se

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TRAZ A BEBIDA QUE PISCA O BAR DE ABSINTO DO YAKI-DA É FAMOSO POR SUAS COMBINAÇÕES ­VERDES. AQUI, RECEITAS DOS DOIS COQUETÉIS MAIS POPULARES

STRINDBERG MARGARITA 75 ml de absinto (de preferência La Fée) 25 ml de cointreau Suco de limão 1 colher (chá) de açúcar Água com gás DARIO ESPIGA 60 ml de absinto 125 ml de licor de maçã Suco de limão 1 colher (chá) de açúcar Suco de maçã 1 lasca de gengibre fresco ralado

ANNA VON HAUSSWOLFF Hoje ela já acumula grandes festivais no currículo. Seu instrumento principal é um órgão de igreja, e ela chama o próprio som de “funeral ­pop”. Vale a pena escutar o álbum Ceremony.

SCOUT KLAS Inspirada pelos ­filmes de terror, a graduada na Red Bull Music Academy mistura barulhos fantasmagóricos com ­batidas de hip hop. www.soundcloud. com/scoutklas

THE RED BULLETIN

YAKI-DA.SE(5), ANDERS_NYDAM

GOTEMBURGO DANÇAR NO MEIO DE ANTIGUIDADES E BALANÇAR A CABEÇA EMBAIXO DE LUSTRES DE CRISTAL: A YAKI-DA É UMA BALADA PRA LÁ DE LUXUOSA


AÇÃO!

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ATIVIDADES AO AR LIVRE E CHEIAS DE AÇÃO

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Percurso de bike downhill pertinho da cidade. Tem 2 km e permite saltos de até 10 m de distância. E dá para lavar a bike no final. www.gurtenpark.ch

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TOP CINCO

CAROL FERNANDEZ (3), CLUB BONSOIR, ADRIANO‘S

JOHANNES LANG, ALBERT EXERGIAN, SASCHA BIERL

DJ Carol Fernandez: a melhor exportação da Suíça

O lema da minha cidade? Sossego! BERNA ONDE VOCÊ PODE BEBER E SE DIVERTIR POR UM PREÇO JUSTO NA CAPITAL MUNDIAL DA DESCONTRAÇÃO – SEM FALAR NOS PRESENTES INESQUECÍVEIS Quando era criança, Carol Fernandez fez aulas de piano no Conservatório de Berna (“Hoje animo meus sets com pegadas de teclado”). Na adolescência, brincava de DJ na loja de discos do pai (“Eu destruía todas as agulhas, ele ficava furioso”). Aos 22 anos, estreou de verdade no comando das pistas de dança (“Lembro que era um clube pequeno, e eu estava nervosa... toquei umas dez, no máximo 15 músicas”). Hoje Carol é a DJ mais requisitada da Suíça: “Eu me apresento umas 90 vezes por ano. E viajo pela Suíça e pela ­Europa um pouco. Mas sempre que posso volto para minha querida cidade natal. Por quê? Aqui tudo é tranquilo, num clima easy going. Você não vê pessoas irritadas na rua, todo mundo parece estar relaxado. Qual capital do mundo ainda é assim hoje em dia?” THE RED BULLETIN

A LISTA DA CAROL

1 CLUB BONSOIR Aarbergergasse 33/35 O lugar era antes a loja de discos do meu pai! Agora é um ponto de encontro de estrelas underground e jovens talentos. É todo decorado com móveis antigos e usados que estão à venda.

é nenhuma superdica secreta, mas você precisa ver, no mínimo, o barril de ouro de 38 mil litros que fica no local. Adoro me ­deliciar com uns coquetéis ­enquanto olho a galeria.

4 ADRIANO’S BAR & CAFÉ Theaterplatz 2 O melhor café da cidade! O lugar não tem mesas para sentar, mas está sempre cheio. Muitos moradores de Berna gostam de vir aqui tomar um cafezinho.

3 KORNHAUSKELLER Kornhausplatz 18 OK, este restaurante do tipo adega com galeria e lounge não

No meio dos ­peixes do Rio Aar, você pode fazer um mergulho na água doce. Os cursos vão desde os que oferecem mergulhos introdutórios até os direcionados à formação de instrutor. tauchsport-kaeser.ch

MERGULHANDO NO VISUAL

2 PRONTO-BAR

Aarbergergasse 26 Berna é uma cidade calma durante todo o dia. À noite, antes das 2 da manhã já está tudo morto. Com uma única exceção: o Pronto. Serve boas pizzas.

MERGULHO

5 BLACKSHEEP TATOO

Gerechtigkeitsgasse 5 Neste estúdio trabalham ­verdadeiros artistas do corpo. Eles antes desenham seu sonho ­pessoal de tatuagem num bloco e, na hora de fazer a tatoo, nunca se estressam. Minha nova tatuagem é lá que vou fazer.

Saltar de 134 m de altura em cima de um lago que fica entre as montanhas. Stockhorn é considerado um dos bungee jumps mais ­bonitos do mundo. www.stockhorn.ch

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AÇÃO!

WORLD RUN

6 grandes mitos da corrida TODO MUNDO FALA, MAS É VERDADE?

“Correr no asfalto prejudica as articulações” Verdade:

Mito:

“Treinamento de corrida só faz sentido com relógio” Verdade:

Mito:

“Alongar ajuda a diminuir as dores musculares” Verdade:

Nenhum estudo científico evidencia isso. Mas é comprovado que todo corredor ­desenvolve uma cartilagem de proteção mais espessa, independentemente do chão no qual treina.

Nada contra medir produtivamente o alcance de um objetivo, mas o corpo não é nenhuma máquina. Ele depende da forma física, do sono e das condições da rotina. Se o corpo pedir, ignore o relógio.

Não acredite nisso. Uma dor muscular se dá devido a um pequeno rasgo no tecido. E, alongando, você aumenta ainda mais esse rasgo. O que ajuda: sauna e corrida mais leve.

Mito:

Mito:

Mito:

“Treinamento de resistência deixa você mais lento” Verdade:

Só depois de um ano sem dar pequenas corridas, praticando por longo tempo, é que as fibras musculares “rápidas” podem se tornar “lentas”. Alternar treinos rápidos com longos neutraliza isso.

“Quem correr menos de 30 minutos não queima gordura” Verdade:

Sempre queimamos gordura. A partir dos 30 minutos de corrida, a maioria das pessoas começa a fazer isso de maneira mais eficiente. Para emagrecer, o importante é ter um balanço energético negativo.

“Uma semana antes da competição, não se deve correr nada” Verdade:

Cuidado! Uma redução excessiva no ­treinamento pode fazer a resistência ­despencar após a competição. O ideal é reduzir o volume de treinamento em 50% e ­descansar dois dias antes da corrida.

Defina seu objetivo pessoal com a Calculadora de Metas em: www.wingsforlifeworldrun.com/pt-br

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THE RED BULLETIN

CRAIG KOLESKY/RED BULL CONTENT POOL, CHRISTOPHE LAUNAY/RED BULL CONTENT POOL, ALESSANDRO DEALBERTO/RED BULL CONTENT POOL, BALASZ GARDI/RED BULL CONTENT POOL SASCHA BIERL

Mito:


ENTR

Quem vai

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CINCO ATLETAS DE PONTA FALAM SOBRE COMO VÃO PARTICIPAR DA CORRIDA

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“Eu vou seguir devorando quilômetros enquanto puder” A lenda do windsurf Robby Naish sobre seu objetivo concreto

“Treinamento três vezes por semana. E esqui também” Luc Alphand, ex-estrela do esqui e ex-piloto, sobre sua preparação

Corrida mundial WINGS FOR LIFE WORLD RUN UMA LARGADA EM SEIS CONTINENTES NO DIA 4 DE MAIO DE 2014. A MAIOR CORRIDA DA HISTÓRIA DO ESPORTE. QUEM PODE IR? TODOS QUE QUISEREM COMPETIR COM O MUNDO

“Meu objetivo? 80 km. E vencer!” O ultracorredor Giorgio Calcaterra sobre seus planos

1. COMO É

4. A AVALIAÇÃO

No dia 4/5, às 6h do horário de ­Brasília, têm início ao mesmo tempo 35 corridas em 33 países. Depois de 30 minutos, os catcher cars começam a correr e a deixar os atletas para trás. O último a ser ultrapas­ sado, no mundo inteiro, ganha.

O último homem e a última mulher do mundo a serem alcançados pelo carro são os campeões mundiais e ganham uma viagem especial pelo mundo: eles serão recebidos por ­todos os países que participaram da corrida. Cada corredor pode ­conferir na internet os tempos.

2. OS CAÇADORES

“Estarei lá para dar a largada, mesmo sem correr” O piloto aposentado da Fórmula 1 e desmotivado a correr (fora do carro) David Coulthard sobre sua motivação

“É uma honra ver milhares de pessoas correndo por nós” O cadeirante triatleta Marc Herremans sobre a Wings for Life World Run

THE RED BULLETIN

Os catcher cars aumentam a velocidade em intervalos fixos e sucessivos para melhorar o seu desempenho. Se um corredor for ultrapassado, ele é eliminado. Assim, a distância percorrida é ­automaticamente calculada.

5. OS PARTICIPANTES

3. OS TRECHOS

6. A MISSÃO

Espalhados por 33 países pelo ­mundo, os percursos se dividem em cinco categorias de circuito: na costa, ao longo do rio, na cidade, na natureza e em lugares com pai­ sagens. Informações detalhadas ­sobre lugares, trechos, tempos de corrida e dicas de ­treino você ­encontra no site do evento.

A Wings for Life World Run ­começou com o slogan “Correr por aqueles que não podem”. Todo o ­dinheiro ­arrecadado pela corrida será investido em projetos cientí­ficos internacionais da Fun­ dação Wings for Life para melhorar a vida de pes­soas paraplégicas:

De iniciantes a corredores profis­ sionais e celebridades (como David Coulthard): o objetivo é passar pelo máximo de trechos possível e ajudar pessoas paraplé­gicas com a renda. Cada corredor ajuda, cada km conta.

www.wingsforlife.com/en

Apoie a Wings for Life World Run. Inscreva-se online até 20 de abril em: www.wingsforlifeworldrun.com/pt-br

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AÇÃO!

MÚSICA

PLAYLIST JEFF BUCKLEY FOI O RES­P ONSÁVEL POR MARK TER COMEÇADO A CANTAR, E OS BEATLES APRESENTARAM A ELE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS: MARK FOSTER CONTA SOBRE AS CINCO MÚSICAS DE SUA VIDA

Você pode acessar uma prévia do novo trabalho em: www.fosterthepeople.com

1 Beach Boys

2 The Beatles

3 Jeff Buckley

Quando eu era criança, ouvi essa música no rádio e ­fiquei encantado. A harmonia, o vocal – eu nunca tinha ouvido nada parecido. Pouco depois, assisti a meu primeiro show de rock, quando eles tocaram em Cleveland. No Grammy 2012, tive a oportunidade de subir ao palco junto com minha banda preferida. Foi o grande momento da minha vida.

A melhor ­música pop de todas. Ao mesmo tempo simples e profunda. A parte que mais gosto é quando, ­depois de dois minutos de duração, tem uma mudança de tom com a entrada de uma orquestra botando pra quebrar. É uma viagem. A forma como os Beatles combinam ­esses dois extremos – simplicidade e profundidade – é genial.

A primeira vez que ouvi esse som foi numa gravação ao vivo, quando eu ­tinha 19 anos (seis anos ­depois que Buckley morreu afogado). Eu desabei em lágrimas, porque de alguma forma eu sentia que Buckley tinha previsto sua morte na música. Cantei tanto esse som na vida que hoje poderia dizer que ele me fez ser cantor.

4 Radiohead

5 The Beatles

Aquela animação peculiar do clipe de “Paranoid ­Android” era o auge da ­programação da MTV na ­minha época de adolescente. A música também é ­genial; ela é dividida em três partes, como uma composição clássica. Até hoje acho que devo encerrar minha ­carreira de músico. Com esse som, o Radiohead tocou nos pés de Deus.

Para ouvir essa música tem que usar fones de ouvido. Esse é o único jeito de escutar todas as camadas psicodélicas e os efeitos de baixo, em todo seu esplendor. Muitos desses efeitos eu venho tentando imitar sem sucesso. Quando escuto “I Am the Walrus”, a impressão que tenho é que John Lennon se transformou num gnomo louco de ácido.

“God Only Knows”

“Paranoid Android”

“A Day In the Life”

“I Am the Walrus”

UMA EXPOSIÇÃO EM PARIS DEDICADA AO MÚSICO E DESIGNER TREVOR JACKSON, AUTOR DE BELAS CAPAS DE DISCO

PLAYGROUP

DJ-KICKS “A gravadora queria meu rosto na capa deste CD. Achei muito banal. Então rabisquei o nome das faixas numa parede e fiquei na frente dela.”

“Grace”

S’EXPRESS

THEME FROM... “Minha primeira capa, de 1988. O trem representa um pênis gigante. Capa infantil, mas, em certo sentido, acho charmosa.”

M AS SAG EM D E S O M GADGET DO MÊS

WOOJER Pendure esta caixinha, que tem o tamanho de uma caixa de fósforos, na altura do peito, entre o seu MP3 player e os ­fones de ouvido, e se deixe massagear. O segredo: o Woojer converte todas as ondas sonoras em ­vibrações, e as transfere dire­ tamente para o seu corpo.

ICARUS

UL-6 “Primeiro fiz todo o design, depois de pronto destruí a capa e juntei tudo de novo. Cada exemplar é uma peça única.” A exposição fica em cartaz até 16 de maio. www.12mail.fr

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THE RED BULLETIN

FLORIAN OBKIRCHER

Boas referências

Com 18 anos, Mark Foster mudou-se para Los Angeles. Seu objetivo: ser músico. Durante anos ele trabalhou como garçom em bares e fazendo jingles publicitários. Em 2010, a banda dele, Foster the People, soltou a música “Pumped Up Kicks” na internet. “Sem grandes expectativas”, como ele mesmo lembra. Mas esse alegre hino indie pop se revelou uma das grandes descobertas daquele ano: foi considerada a melhor música de 2011, ficou em terceiro lugar nas paradas dos Estados Unidos e vendeu 5 milhões de cópias. Seu álbum de estreia, Torches, foi indicado a dois Grammys. O segundo álbum, Supermodel, foi lançado no começo de abril. As músicas que definiriam Mark Foster como músico? Ele nos revela aqui.

GETTY IMAGES

Mark Foster, 29 anos, líder da banda indie pop californiana Foster the People

PARA VER E OUVIR


AÇÃO!

MEU EQUIPO

FI Q U E VIVO DO QUE VOCÊ PRECISA QUANDO O BICHO PEGA

Só no breque Freios de alta ­tecnologia ­possibilitam frear instantaneamente: fundamental em terrenos ­acidentados Quadro A liga de metal cromado da KTM 300 é poderosa, mas também é leve, tornando a dirigibilidade da moto melhor

CAPACETE LS2 “É forte e leve. ­Fico com ele por muitas horas em cima da moto: se o capacete fosse muito pesado, ­acabaria com meu pescoço e ombros.” ls2capacetes.com

COLAR CERVICAL “Tive algumas quedas sérias e quebrei alguns colares, mas ainda estou andando e conversando, então é bom.”

Remendo na hora “Posso consertar qualquer coisa nesta moto”, diz ­Birch. “Carrego um tubo de Pratley Steel ­Quickset ­Epoxy. ­Então, se ­furar ­ o motor, eu consigo colar ele de novo”

leatt.com

Para acelerar ENDURO O KIT QUE VOCÊ PRECISA PARA ENFRENTAR OS AMBIENTES MAIS HOSTIS DO MUNDO DO MOTOCROSS Casca-grossa: Chris Birch compete na série Hard Enduro

THE RED BULLETIN

Confiança, conforto e a habilidade de superar obstáculos. Estas são as qualidades que Chris Birch, 33, precisa em uma moto. O neozelandês tem usado motos KTM desde 2003. “Você pode superaquecê-las, jogá-las de cima de cachoeiras ou subir penhascos e elas estão sempre prontas para a próxima”, ele diz.

A nova KTM Freeride 350 XC-F é a sua moto para corridas mais curtas e de explosão, mas, para eventos de muitos dias, como o Red Bull Romaniacs ou o The Roof of Africa, ele usa a KTM 300 com motor de dois tempos (acima). “É uma moto que eu conheço muito bem.” chrisbirch.co.nz

BOTAS ALPINESTARS “Se estou fazendo muitos saltos, uso a Tech 10s. A Tech 8s é mais leve e mais flexível quando tenho que levar a moto morro acima.” alpinestars.com

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AÇÃO!

Carissa Moore, atual campeã mundial, estará por aqui 7/5 a 18/5, no Rio de Janeiro

Mundial de surf no Rio O Tour dos sonhos aterrissa no Brasil em maio. Os melhores surfistas do mundo estarão no Rio de Janeiro para disputar a 4ª etapa do WCT nas categorias feminino e masculino. Entre os brasileiros, toda torcida para Gabriel Medina, Mineirinho, Jadson Silva, Alejo Muniz, Miguel Pupo e Filipe Toledo. www.aspworldtour.com

20/4, no Brasil inteiro

Antes da Copa

17 e 18/5, em São Paulo

Virada Cultural Fique ligado na Virada Cultural, que promove 24 horas ininterruptas de programação cultural gratuita na capital paulista. Confira a programação no site. viradacultural.sp.gov.br

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Se você é daqueles que não ligam para a Seleção e o que importa mesmo é o sucesso do seu clube do coração, fique ligado que neste ano a tabela do maior campeonato do país está modificada. Apesar das polêmicas envolvendo os tribunais, a disputa começa no dia 20 de abril e é paralisada em 1º de junho, quando o circo do Mundial toma conta do país. Os times brasileiros voltam ao campo apenas no dia 20 de julho. www.cbf.com.br

11/5, em Barcelona

GP da Espanha de Fórmula 1 A 5ª etapa da F1 em 2014 acontece no tradicional Circuito da Catalunha, em Barcelona. O último ­piloto a vencer a prova foi Fernando Alonso. Com as mudanças recentes no regulamento, deixando a temporada ainda mais acirrada, vamos acompanhar para ver se a hegemonia do espanhol continuará ou se outro piloto ­ocupará o lugar mais alto do pódio. A transmissão, ao vivo, será às 9h da manhã. formula1.com

THE RED BULLETIN

A-FRAME (MILLER)/RED BULL CONTENT POOL, SYLVIA MASINI, GETTY IMAGES(3), GETTY IMAGES/RED BULL CONTENT POOL, TRAVIS SHINN, BRUNO TERENA/RED BULL CONTENT POOL, AUGUSTO GOMES

NA AGENDA


Até 20/4, em São Paulo

27/4, em Goiânia

Street art

Terceira etapa da Stock Car

Trazendo os maiores repre­ sentantes da street art, esta exposição apresenta obras com um recorte do panorama cotidiano. Estão expostos ar­ tistas renomados no cenário urbano, como o inglês Banksy, os franceses Jef Aerosol e Rero, o brasileiro Nunca e a dupla italiana Sten Lex. A entrada é gratuita. obaoba.com.br 4/5, em São Paulo

Metal pesado

Depois de 12 anos sem receber uma etapa da Stock Car, a cidade de Goiânia volta a fazer ­parte do calendário da maior categoria do automobilismo brasileiro. Principal novidade do ano, a pista apresenta um traçado caracterís­ tico, muito veloz e desafiador para os pilotos. O Autódromo Internacional de Goiânia passou por recente ­reforma e foi inaugurado em 28 de julho de 1974, recebendo a Stock Car pela última vez na temporada 2001. stockcar.esp.br

Considerado um dos maiores ícones do heavy metal mundial, com quase 40 milhões de discos vendidos e indicado a dez Grammys, o grupo ­Megadeth volta ao país em maio. Fará uma única apresentação no ­Espaço das Américas. A última vinda ao Brasil aconteceu em outubro de 2013, quando eles abriram alguns shows para o Black Sabbath. www.megadeth.com

FIQUE LIGADO EM MAIO TEM TEENS ENLOUQUECIDOS, LUTA EM VEGAS E ATOR DANDO SHOW

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QUINTA

FESTA TEEN Neste mês, a ­ olecada ficará m endoidecida. Não se assuste se você ver hordas de pré-­adolescentes ­fazendo filas em frente a estádios e casas de shows. O motivo é a ­passagem de ídolos como Demi Lovato e o grupo One Direction. t4f.com.br

3 a 6/4, em São Paulo

SP-Arte A maior feira de arte moderna e contemporânea de São Paulo, a SP-Arte, chega ao seu décimo ano em edição comemorativa. Serão 138 galerias, sendo 79 nacionais e 59 internacionais. Uma das novidades do ano é o projeto Solo, ­coordenado por Rodrigo Moura, diretor de arte do Instituto Inhotim, em que 13 galerias emergentes apresentam trabalhos de um só artista. Jose Dávila, Adriana Varejão, Nathan Peter e Olga de Amaral são alguns dos presentes. sp-arte.com

13 DOMINGO

ATOR E CANTOR A banda do ator Jared Leto, que venceu o Oscar de ator coadjuvante este ano, vai tocar em SP, Brasília e Rio. ­Visite o site do 30 Seconds to Mars para ­saber mais sobre o repertório. thirtysecondsto mars.com

20/4, no Rio de Janeiro

Caveiras e guitarras A banda americana Misfits, fundada em 1977, criadora do estilo horror punk e considerada uma das mais importantes de todos os tempos, volta ao Brasil em 2014 para quatro shows. O grupo ficou conhecido por incorporar temáticas de filmes de terror em suas roupas e performances. A primeira parada acontece no Circo Voador no Rio de Janeiro (20), depois passa por BH (21), ­Maringá (26) e São Paulo (27). www.ingresso.com

THE RED BULLETIN

24 DOMINGO

É TRETA Depois da desistência de Vitor Belfort, o paraense Lyoto Machida será o adversário de Chris Weidman na disputa pelo ­título dos meio-­ pesados, em Las Vegas. br.ufc.com

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MOMENTO MÁGICO

Tallinn, Estônia, 22 de fev. de 2014

“ Somos o Superman quando o mundo está de cabeça para baixo” Simon Stricker, skatista

A PRÓXIMA EDIÇÃO DO RED BULLETIN SERÁ LANÇADA NO DIA 14 DE MAIO 88

THE RED BULLETIN

JAANUS REE/RED BULL CONTENT POOL

O sonho de Simon Stricker em superar a gravidade virou realidade graças às ideias ­de um time de cenógrafos. “Eles trabalharam por dois dias para criar uma sala ­‘re­fletida’ em um velho prédio ­industrial”, diz o skatista suíço de 22 anos. “Não é só uma foto, é um ­trabalho de arte.”




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