The Red Bulletin Novembro 2015 - BR

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BRASIL

ALÉM DO COMUM

LOUCURA BURLESCA

Uma balada que extrapola o senso comum

RESGATE NA NEVE

Entramos no serviço de salvamento dos Alpes Suíços

Mulheres, carros, estilo, ação... Mergulhamos no novo filme de James Bond

007 VOLTOU

NOVEMBRO DE 2015




O MUNDO DE RED BULL

22 AR RAREFEITO

Os pilotos da equipe de resgate Air Zermatt se dedicam a salvar vidas nas montanhas mais altas do mundo

Na 31ª e última edição do Red Bulletin no Brasil, trouxemos um mergulho no universo do espião mais famoso do mundo. Um personagem que sabe dosar estilo, ação e boa vida e que é um dos maiores ícones pop do universo masculino. A nova trama, 007 Contra Spectre, chega aos cinemas neste mês e nós entrevistamos alguns dos principais atores do elenco, como Daniel Craig, que interpreta o espião, e Christoph Waltz, que faz o vilão Oberhauser. De quebra, listamos tudo o que o universo de Bond nos inspira e ensina: lindas mulheres, belos relógios, carros potentes e ternos de primeira. Para sua adrenalina ficar lá no alto, levamos você para conhecer o time Air Zermatt, que faz resgate de helicóptero nos Alpes Suíços. Boa viagem! 4

“Precisei convencer o Daniel para que tirasse a cueca.” BOND GIRL BÉRÉNICE MARLOHE, PÁG. 48

THE RED BULLETIN

ANDY GOTTS/CAMERA PRESS/PICTUREDESK.COM (COVER), TERO REPO, THE KOBAL COLLECTION

BEM-VINDO!


NOVEMBRO DE 2015

NESTE MÊS

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GALERIA 8 FOTOS  Os melhores registros do mês

BULLEVARD

ESPECIAL BOND

15 SEJA UM CAVALHEIRO  Os cavalheiros estão extintos? Claro que não!

Mulheres, carros, estilo, ação: mergulhamos no universo do espião mais famoso do mundo

DESTAQUES

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22 Air Zermatt

A melhor equipe de resgate do mundo

36 Daniel Craig

O ator inglês analisa James Bond: o que podemos aprender com ele?

42 Na mira do 007

Conversamos com Léa Seydoux, Dave Bautista e Christoph Waltz

66 GETTY IMAGES, ALEX DE MORA, THOMAS RUSCH, STEFAN VOITL, OLIVER JISZDA

CIRQUE LE SOIR

Londres, 1h da madrugada: quando os shows começam, a boate se transforma em uma Disneylândia para adultos

48 As Bond Girls

Sem suas mulheres, 007 seria apenas um número. São elas que lhe dão vida

QUASE NO ESPAÇO

Uma experiência interestelar... na Terra: treine como um verdadeiro cosmonauta, na Star City, nos arredores de Moscou

54 Pedalada radical

Uma aventura de bike na Guatemala

60 Heróis do mês

Dan Auerbach, Alison Cerutti e Bruno Schmidt, Gary Clark Jr. e Sean Murray

66 Templo da Decadência

Na boate mais louca de Londres, toda inibição fica na porta de entrada

AÇÃO!

54 BARRO PARA SEMPRE

O ciclista de trial Tom Öhler se enfia no ponto mais longínquo da Guatemala, consegue fotos incríveis e faz uma boa ação THE RED BULLETIN

64 SEM LIVROS NEM PARTITURAS

Gary Clark Jr. é considerado o melhor guitarrista de sua geração. E ele nem sabe ler música, faz tudo por instinto

73 O ESSENCIAL  Para ficar por dentro do mundo dos esportes, da tecnologia e do entretenimento 84 ESPECIAL RELÓGIOS 92 MOMENTO MÁGICO  Te dá asas

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BASTIDORES THE RED BULLETIN NOVEMBRO DE 2015

NOSSO TIME ESTE MÊS

GISBERT BRUNNER

Tom Öhler (no meio) durante sua pedalada na Guatemala

Mais do que uma expedição Uma ideia incomum inspirou o biker Tom Öhler em sua viagem nas montanhas da Guatemala. O plano era: explorar as terras altas de montanha do país da América Central, tirar fotos de ação e levar a renda do material produzido às crianças locais. “Nós descobrimos pistas parcialmente inexploradas a 3 000 metros acima do nível do mar”, diz Öhler. Para o Red Bulletin ele selecionou as melhores fotos de sua aventura. Tem lindas paisagens, natureza intocada e pneus esfolados. Leia na página 54.

MAKING OF POR TRÁS DAS CÂMERAS

O especialista em relógios alemão ­escreveu mais de 15 livros sobre o tema e é um orador bem reservado nas maiores feiras do mundo. Para nós, ele ­pegou um relógio para cada situação no especial de relógios (pág. 84)

THE RED BULLETIN PELO MUNDO ALEX DE MORA

O fotógrafo inglês é especializado em música e moda. Para esta edição ele registrou a loucura do Cirque Le Soir, em Londres. “Tinha coisa acontecendo em todo lugar, de cuspidores de fogo a pole dancing”, ele diz (pág. 66)

O Red Bulletin é publicado em 11 países. Acima, a capa da edição sul-coreana. Baixe todas as edições em: redbulletin.com/howtoget

Repo (à direita) no helicóptero da Air Zermatt

“Eles são verdadeiros heróis.” TERO REPO O fotógrafo finlandês Tero Repo, que mora na Suíça, tem a­ companhado expedições para a Antártida e seguiu snowboarders em montanhas no Alasca. Mas nada o impressionou tanto quanto a sua missão para a nossa história sobre a equipe suíça de resgate de helicóptero Air Zermatt. Confira a partir da página 22.

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THE RED BULLETIN



GALERIA


PHILIP PLATZER/RED BULL CONTENT POOL

COLORIDO

SCHLADMING, ÁUSTRIA FOTO: PHILIP PLATZER

Na sua Colours Run no Reiteralm (foto), o esquiador austríaco Marcel Hirscher coloriu a pista de slalom u ­ sando c­ artuchos de tinta nas varetas: “Desci com velocidade de competição apesar de ficar cego por uns ­momentos depois de cada portal”. O atleta de 26 anos mantém a velocidade d ­ epois das ­férias: em 25 de outubro, começa a busca da quinta vitória no Campeonato Mundial. Confira seu blog: www.marcelhirscher.at

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CAMERON MARKIN/RED BULL CONTENT POOL


CONCRETO

OSAKA, JAPÃO FOTO: CAMERON MARKIN

O skatista australiano Ryder Lawson é especialista em flips e viagens de descobrimento. Para as “Samurai Sessions” no Japão ele brincou com obstáculos que não foram construídos para skatistas. Revestimentos gigantes de concreto, por exemplo, nos quais um simples ollie fica superelegante. Veja os tricks de Ryder: instagram.com/ryderlawson

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UTAH, EUA FOTO: DEAN TREML

O Red Bull Rampage testa a ess锚ncia dos melhores do mountain bike freeride. Pr贸ximo de Virgin, uma cidadezinha com 500 moradores, as feras (na foto, Ryan Howard, EUA) saltam sobre fendas de 20 metros de largura e fazem drops de alturas de nove andares. Vence quem for mais ousado em combinar estilo e risco. Stream ao vivo do Red Bull Rampage 2015: 17 de outubro na Red Bull TV

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DEAN TREML/RED BULL CONTENT POOL

VOADORES



A energiA de red Bull em trĂŞs novos sABores.

crAnBerry

lime

BlueBerry

www.redBull.com.Br


Seja um cavalheiro! Tenha charme e estilo, mas não ligue muito para a aparência

BULLEVARD BOA EDUCAÇÃO Cavalheiros como Sam Claflin fazem as mulheres felizes e as mães orgulhosas

COM LICENÇA, ESPOSA

RICCARDO GHILARDI/GETTY IMAGES

O queridinho das mulheres, Sam Claflin, 29, é a prova: homens assim são para casar Um gentleman usa roupas ­finas, mas com um toque de desleixo, para não convencer 100%. Como se tivesse saído direto da cama para o terno. É muito fácil acreditar que a estrela de Jogos Vorazes é o tipo de homem que abre as portas e manda flores para as mulheres. Além disso, o ­inglês percebeu logo que um homem deve vestir-se de tal maneira que as mulheres nunca sintam que estão muito arrumadas a seu lado. No caso de Sam, estamos falando ­naturalmente de sua esposa. Ele está casado há dois anos com a colega Laura Haddock.

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BULLEVARD

CALMA!

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CALE A BOCA E CURTA. Elas amam homens que sabem ouvir – e amam ter o controle ­sobre a conversa. Quanto mais ela confiar, melhor será.

Um gentleman sabe esperar. Não quer tudo já no primeiro encontro. A não ser que seja forçado.

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SEJA GALANTE. Abra as portas para uma mulher, deixe-a passar na frente, ajude-a com o casaco. E ela faz o pedido primeiro. Claro: mesmo apaixonado, você não vai ignorar as outras mulheres. Mas a sua namorada sempre tem que saber que não é nada sério.

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COMO

SER UM

CAVALHEIRO

VIAJE E LEIA. Seja um c­ idadão do mundo e conheça-o. Seja ao vivo ou por meio de livros e ­revistas. Um verdadeiro ­cavalheiro se interessa por tudo: desde o Bullevard até Ação!

Os cavalheiros estão extintos? Claro que não! Este pequeno manual vai transformar você em um homem de ­estilo (mas a dica maior é saber ­quando se pode quebrar as regras)

LADIES FIRST. O mandamento maior: a mulher em primeiro ­lugar. Sempre.

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TENHA BOAS MANEIRAS. Um cavalheiro não bebe nunca na garrafa. Só na latinha.

DIÁLOGO DAS LATAS

8 SUTILEZA.

Um cavalheiro sabe disfarçar quando não está sendo um cavalheiro. 16

MINHA DAMA, POSSO PROVAR?

THE RED BULLETIN

TIM MÖLLER-KAYA, DIETMAR KAINRATH

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LIMPEZA ACIMA DE TUDO. Um gentleman está sempre de banho tomado, bem vestido e com um ­perfume agradável. Na dúvida, capriche mais no desodorante que na cantada.


BULLEVARD

UMA LADY PARA BOND

STEVE ERLE/CORBIS OUTLINE

Queremos que Christina Hendricks tenha finalmente o papel que merece Como pode ser que a mulher mais sexy e mais bonita de Hollywood ainda não tenha tido nenhum papel nos filmes do 007? A estrela de Mad Men ­participou de um comercial com o “Bond” Pierce Brosnan há 18 anos. Mas ela continua esperando pelo papel da agente e espiã misteriosa com um nome sugestivo e uma pistola no sutiã. Isso é um crime!

THE RED BULLETIN

Esta mulher é lou­cura total. Como a secretária-chefe Joan ela levou os Mad Men à loucura: Christina Hendricks

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BULLEVARD

VOCÊ VESTE O QUE É

O estilo de vestir revela mais sobre sua personalidade que seu Facebook. Algumas regras Barba

Sem ela, você ­nunca está completamente vestido

Celular

Inaceitável: celular no bolso da calça

BARBA CHEIA: só se for bem cuidada: lavada e penteada BARBA POR FAZER: para iniciantes: apare com máquina uma vez por semana BIGODE: só para os corajosos

No bolso, apenas números de celular. Escritos com batom em guardanapo

Paletó Esqueça tecidos muito moles! MARCA: não depende dela para a roupa ficar bem em você ESTAMPAS: se a frase não for muito, muito boa, melhor deixar de lado e optar por outra

Nada é mais impor­ tante que um paletó sob medida. Estampas finas facilitam combinações

Sapatos

LISA: uma única cor funciona sempre

Todos devem caber em uma mala MELHOR DE TRÊS: Formal: tipo Oxford No inverno: botas com cadarços Lazer: tênis Importante: conforto

O terno de Will Ferell em O Âncora ultrapassa os limites do bom gosto

VISTA-SE PARA O LAZER

Roupa esportiva

CAMISA DO TIME É permitido usar a camisa de um time sem ser torcedor? Nós achamos que não. O esporte é mais importante que a estética da camisa de qualquer time.

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Suéter

CAVALHEIROS TAMBÉM TÊM MOMENTOS RELAX O suéter clássico para ­esporte ou noite no sofá não pode faltar em nenhum guarda-roupa. É permitido brincar com as cores, mas preto ou cinza combinam com qualquer calça.

Meias

LEVANTE A PERNA SEM CARTÃO VERMELHO Na hora de mostrar as pernas, meias coloridas dão o toque. Recomendamos cores extravagantes que contrastem com a roupa. Importante: ­confira o comprimento.

EFEITO TÊNIS VERMELHO Jeans

O CLÁSSICO DOS CLÁSSICOS Ter um jeans clássico straight leg é obrigatório – para seu conforto, com mais espaço que os tubinhos dos hipsters. Esqueça os modelos baggy ultrapassados.

COMPROVADO CIENTIFICAMENTE Quem se veste de forma pouco convencional tem melhor status. Ou seja: um gentleman conhece as regras – e não deixa de quebrá-las. Logo veremos Beckham vestindo um terno vermelho.

THE RED BULLETIN

GETTY IMAGES, PICTUREDESK.COM

Camiseta David Beckham é a encarnação da elegância esportiva

Sob medida: o distintivo de um gentleman


BULLEVARD

A LIGA DOS CAVALHEIROS EXTRA-ORDINÁRIOS

FLATULENTO. O fera da NBA Dwight Howard sabe como espantar os adversários. Ele tuíta sem constrangimento sobre como os gases o incomodam. Como se a web já não liberasse boatos suficientes.

No campo, civilidade e jogo limpo. Mas nem sempre é assim. Estes ­homens sabem: o esporte também tem seu lado obscuro TAGARELA. O escocês

Andy Murray disse para a TV que o companheiro do tênis, Dominic Inglot, ia comemorar com a namorada. Gafe: a verdadeira namorada estava em casa.

ANARQUISTA. Em julho,

pela primeira vez o campeão da Fórmula 1 Lewis Hamilton não pôde entrar no box. No Royal Box da Rainha da ­Inglaterra, onde os VIPs se reúnem para assistir ao torneio de Wimbledon. Hamilton se negou a colocar paletó e gravata. E foi embora. Depois dessa, provavelmente nunca chegará a “Sir”.

VAMPIRO. Depois da ter­

ceira mordida, o uruguaio Luis Suárez já devia saber: um cavalheiro não enche ­demais a boca. Ele não tem comida suficiente em casa?

GETTY IMAGES (6), VIENNAREPORT, PICTUREDESK.COM

O LAMA. Como treinador, foi um gentleman. Mas, na Copa de 1990, Frank ­Rijkaard ficou mais conhecido como vilão: parece que ele tinha algo contra o mullet de Rudi Völler.

ESTRANGULADOR. Gennaro

Gattuso, ex-jogador do AC Milan, voou na g ­ arganta do cotreinador do Totten­ham em 2011. Minutos depois, ainda lhe deu uma cabeçada. Desde esse episódio, os italianos dizem que o ser h ­ umano descende do Gattuso.

THE RED BULLETIN

INCRÍVEL HULK. As cenas do treinador da seleção ­ exicana, Miguel Herrera, m são lendárias. Infelizmente ele foi demitido na última temporada: espancou um jornalista.

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BULLEVARD

FRACASSAR COMO HOMEM Para flertar, são necessárias duas coisas: uma adorada e um atirado

No final, um cavalheiro sempre tem um presente

Um playboy encontra uma sadomasoquista e dois casais perfeitos. Um exercício mental com ménage à trois duplo

ELE DIZ...

O ídolo das garotas em How I Met Your Mother. “Espero que você tenha seguro. Você acaba de acidentar minha calça.”

ELA É...

A REBELDE

“Vá para minha casa! E leve a sua irmã junto.”

ED SHEERAN

O vizinho compositor simpático.

“Os garotos tímidos são os melhores na cama. Foi o que eu li.”

ELA RESPONDE...

“Então eu já tenho um alvo para onde orientar minha bola de demolição.”

“Claro! Mas você fica aqui.”

“Lindo! Adoro bichinhos de pelúcia vermelhos. Posso ­meter a língua na sua orelha?”

“O que você pre­ cisa é de um ferro-velho.”

“Hm. OK. Mas que tal se for sua esposa em vez da minha irmã?”

“Você quer dizer: garotos tímidos não devem sair da cama.”

“Ah, eu também sempre me machuco no sexo.”

“Parece que está querendo compensar algo. Você é gay?”

“Desculpa, mas eu gosto de rock’n’roll pesado. ­Também na música.”

Seu nicho de mercado: pop infantil e rebolado

GAROTA DE FESTA

“ALWAYS LOOK ON THE BRIGHT SIDE OF LIFE” Monty Python para consolá-la. Mas em vinil, para que ela tenha algo para quebrar.

UM BONECO DO CACO Talvez vocês tenham uma chance ainda, como o Caco e a Piggy. Senão, ele pode se transformar no príncipe dela.

KAINRATH ERRADO!

CARA DELEVINGNE

A modelo namora mulheres e sonha com homens

A SEM GRAÇA

O jogador de futebol narcisista.

MILEY CYRUS

O CARA LEGAL

CERTO!

ANASTASIA STEELE Ana (50 Tons de Cinza) quer porrada com amor

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THE RED BULLETIN

DIETMAR KAINRATH

ELE É...

O MACHO ALFA

´ ZLATAN IBRAHIMOVIC

LUX iPHONE 6 PLUS Dê-lhe um celular de ouro e diamantes que vale R$ 166 mil e você pode ­terminar por WhatsApp.

CBS, GETTY IMAGES (3), WARNER MUSIC, SONY MUSIC, KOBAL COLLECTION

O PLAYBOY

BARNEY STINSON

ENTÃO, TCHAU!


BULLEVARD

“É lindo isso aí que você quase não está vestindo.” SEAN CONNERY PARA JILL ST. JOHN, 007 – OS DIAMANTES SÃO ETERNOS (1971) O erotismo verdadeiro não revela tudo. Na era do YouPorn, gentlemen apelam para a força sedutora do segredo: Tinder.

Banqueiro: “Estou lhe oferecendo a oportunidade de sair com o dinheiro, Sr. Bond.” Bond: “E eu lhe dando a oportunidade de sair com vida.” PIERCE BROSNAN, 007 – O MUNDO NÃO É O BASTANTE (1999)

Cara a cara com uma pistola de cano longo: nos anos 60, o comprimento importava

Em primeiro lugar, um cavalheiro é incorruptível. Em segundo, depois da crise dos bancos, já está na hora de virar o jogo.

AS PIADAS SÃO ETERNAS

THE KOBAL COLLECTION (3)

As eternas tiradas de James Bond são fantásticas, porém ultrapassadas. E hoje, o que elas nos contam? QUAL É A BEBIDA DE JAMES BOND? Todas menos água: são em média 12 drinques por filme, ou seja, um a cada dez minutos. Saúde! THE RED BULLETIN

Martini

A receita original de Ian Fleming: 3 doses de Gordon’s Gin, 1 dose de vodca, 1/2 dose de Kina ­Lillet. Misture com bastante gelo e sirva com uma casca de limão bem fina.

Felicca: “O senhor é muito desconfiado, Sr. Bond.” Bond: “Descobri que vivo muito mais desse jeito.” ROGER MOORE, 007 – O ESPIÃO QUE ME AMAVA (1977)

A Guerra Fria acabou. Mas os serviços secretos ­­ continuam ávidos por informações. Um gentleman não posta nada sobre sua vida sexual.

Vodca

A melhor vodca é a feita de centeio, como a Belvedere, que é produzida na Polônia. Para o 007, beber uma vodca russa teria um certo teor de traição à pátria.

Cerveja

Nem tudo que ele bebe tem que ser batido. Em 007 – Operação Skyfall (2012), ele matou a sede pela primeira vez com uma Heineken. Cervejas nobres são os novos champanhes.

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A EQUIPE DE RESGATE AIR ZERMATT SE DEDICA A SALVAR VIDAS EM ALGUMAS DAS MONTANHAS MAIS ALTAS DO MUNDO. A 7 MIL METROS. NO ESCURO. COM POUCO TEMPO. O SUCESSO COMEÇA NA COZINHA… POR: ANDREAS ROTTENSCHLAGER  FOTOS: TERO REPO

Uma missão da Air Zermatt no Matterhorn: apenas sete minutos do hangar ao cume

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AR RAREFEITO


Treino nos Alpes ­Suíços: pilotos de resgate com experiência podem colocar uma corda de 200 m em um e­ spaço do tamanho de uma toalha

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Uma missão em uma geleira nos Alpes Suíços. O médico dá instruções ao piloto através do headset no capacete

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O médico sênior da Air Zermatt Axel Mann (à dir.) e seu assistente cuidam de um paciente a bordo


AIR ZERMATT EM NÚMEROS

1.500 MISSÕES são realizadas por ano, em média, com os nove helicópteros da Air ­Zermatt. Cerca de 700 delas obrigam a equipe a sair das trilhas e rotas de esqui para entrar em área de perigo

10 PILOTOS se dedicam exclusivamente à Air ­ ermatt. Tem ainda oito médicos de Z resgate, 15 mecânicos e 60 médicos freelancers. O esquadrão tem como base o heliporto em Zermatt

7.010 METROS foi a maior altitude de uma missão de resgate por helicóptero, realizada pelo piloto da Air Zermatt Daniel Aufdenblatten no Annapurna, no ­Himalaia nepalês, em abril de 2010

16 GRAUS era a temperatura corporal de um homem salvo pelo médico da Air Zermatt Axel Mann, que estava em uma fenda. “Depois, ele se casou com a enfermeira”, disse o dr. Mann

29


Transportando um ­ferido pelos Alpes do Valais, na Suíça. Cada minuto conta

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Uma explosão para avalanche controlada em Zermatt. O piloto voa com um especialista em explosivos

“OS HELICÓPTEROS VOAM NO LIMITE, ACIMA DE 6 MIL METROS.

NO AR RAREFEITO, AS LÂMINAS DO ROTOR TÊM MENOS RESISTÊNCIA.”

Os pilotos da Air Zermatt estão entre a elite dos ares em todo o mundo. Estão sempre prontos a decolar, dia ou noite


Um médico da Air Zermatt alcança a linha. A corda fixa do helicóptero pode aguentar cargas de até 400 kg


A

mais perigosa missão da carreira do piloto de resgate Tom Pfammatter, até o momento, aconteceu no verão de 2005 – e tudo por causa de uma jaqueta revestida. Pfammatter, então com 35 anos, resgatou um aventureiro que caíra na Geleira do Rhône, nos Alpes Suíços. Quando a chamada de S.O.S. chegou, ele jantava no hangar do esquadrão de helicóptero em Zermatt, um vilarejo suíço nas montanhas a cerca de 250 km a leste de Genebra. Já era escuro quando Pfammatter subiu na cabine de seu Eurocopter EC135. O médico e os paramédicos se espremeram atrás dele. Pfammatter ligou o motor, ­depois colocou os óculos de visão noturna. Voos de socorro pelas montanhas são extremamente perigosos. Cada sopro de vento faz o helicóptero sacudir. Pedras ­rolando podem colocar a vida da equipe em risco. À noite, o piloto precisa manobrar o helicóptero no terreno mais hostil, sem nenhum ponto de referência por causa da luminosidade precária. Essas missões, diz Pfammatter, não são “suaves”. “Assim que alcançamos a entrada do vale, o visor noturno apagou”, ele lembra. “Não tinha lua naquela noite, e os óculos ficavam sem luz residual suficiente. Tudo o que via eram vultos verdes e pretos.” THE RED BULLETIN

SEM A AJUDA DE UM VISOR NOTURNO, PFAMMATTER

As missões no Matterhorn são uma rotina para a Air Zermatt

NÃO VÊ NADA.

MAS HÁ UMA PESSOA CONGELANDO LÁ FORA Pfammatter manteve o helicóptero v­ oando na entrada do vale. Sem a ajuda da visão noturna, não via nada, era muito difícil distinguir as imagens. Mas havia uma pessoa congelando lá fora. “Então, eu me lembrei da linha de energia que passa pelo Vale do Rhône e leva até a geleira.” Pfammatter ligou o farol do helicóp­ tero. A luz era insuficiente para iluminar o vale e não seria o bastante para mantê-lo voando. Mas serviria para que pudesse ir sentindo o caminho pela linha de energia com a grossura do seu dedo. Pfammatter manteve o helicóptero a 3 metros do cabo, depois avançou para a geleira metro por metro. O cabo de energia serviu como sua guia, as luzes do helicóptero como uma bengala.

Trinta minutos depois, os médicos trouxeram o trêmulo aventureiro para dentro. O piloto deu meia volta com o helicóptero. Com o resto de combustível, levou todo mundo para o hospital. “No dia seguinte, o cara que nós resgatamos nos contou que ele queria tirar fotos na passagem da montanha e que sua jaqueta, que era muito cara, tinha caído sobre a barreira de proteção. Quando ele escalou a barreira para pegá-la de volta, caiu. Foi por isso que tivemos que resgatá-lo.” Os motivos do resgate o deixam às vezes desesperado? “Não”, responde Pfammatter. “Porque eu nunca pergunto o que foi que provocou o acidente. Sou piloto e meu trabalho é levar a equipe de resgate do ponto A ao B.” 33


Os assistentes de voo no heliporto Zermatt recebem um Bell 429 pronto para decolar. A cerração no vale causou atrasos

“A EQUIPE DE RESGATE DA MONTANHA

TIRA PESSOAS DO GELO USANDO FURADEIRAS.”

Z

ermatt, em uma fria manhã de março. O heliporto fica no limite da cidade. A sala de reuniões da Air Zermatt, com seu sofá usado e uma apertada cozinha, tem cheiro de café e produto de lim­ peza. “Voar nas montanhas é um sistema complexo”, explica Pfammatter, 45 anos, que há 20 faz missões de resgate. “Não é apenas conhecimento. Intuição e pensamento conjunto são vitais. E você pre­ cisa de décadas de experiência para isso.” Quando a Air Zermatt começou, em 1968, seu primeiro helicóptero foi ­estacionado em um barracão de madeira. Em 1971, sua primeira missão de resgate partiu, da face norte do Eiger. Em 2010, um colega de Pfammatter, Daniel Aufden­ blatten, fez a mais alta missão de resgate de helicóptero em todos os tempos – 7 010 m no alto do Annapurna, no Nepal. Ele e o guia de montanha Richard Lehner, que trabalhou no resgate, receberam 34

o prêmio Heroism Award, da publicação Aviation Week. O treino para se tornar um piloto da Air Zermatt leva cinco anos, diz Pfammatter. “Você começa com voos panorâmicos em volta do Matterhorn, depois treina voos com carga: troncos de árvore, canos, vacas. Quando o médico coloca o seu primeiro ferido no guincho, sua experiência é maior que a da maioria dos pilotos de resgate em qualquer parte do mundo.” Pfammatter consegue posicionar uma corda de 200 metros em um trecho de ­terra do tamanho de uma toalha e alinhar o ângulo de voo do helicóptero com tufos de grama no campo. O que ele não conse­ gue é tomar decisões de vida ou morte. “No final de um dia bom, você pode se olhar no espelho e pensar que salvou dez vidas. Em um dia ruim, o controle da missão diz que houve mortes e que você precisa levar os sacos para a montanha.” Pfammatter teve muitos dias bons como

piloto, mas também alguns ruins. Ele ­recolheu os corpos de crianças mortas e chorou na cabine do helicóptero. Como se superam os dias terríveis? “Correndo”, diz Pfammatter. “Primeiro devagar. Depois eu disparo até ficar exausto e desabo na cama. No dia seguinte, eu levanto e estou de novo na cabine.”

A

área operacional da Air Zer­ matt, os Alpes do Valais, abran­ ge 41 picos de mais de 4 mil metros de altura. A equipe realiza 1 500 missões por ano. Se um montanhista sofre um acidente fora das trilhas de ­escalada, os guias de montanha são acio­ nados. No vale, o celular de Anjan Truffer toca. O mais experiente guia de montanha da Air Zermatt é um gigante de 40 anos que cresceu nas proximidades e escalou o Matterhorn 150 vezes. Em uma emer­ gência, o helicóptero pousa no jardim atrás da casa de Truffer. Ele é levado para as montanhas repleto de equipamentos. “Eu consigo sair do sofá da minha sala e ir para a face norte do Matterhorn em sete minutos”, explica. Geralmente, a primeira pessoa a ­chegar, Truffer diz que resgatar pessoas das fendas é particularmente difícil. THE RED BULLETIN


“Elas caem em uma abertura em forma de V e ficam entaladas. Como o corpo gera calor, vão afundando no gelo. Ficam presas dentro do gelo e a temperatura de seus corpos começa a cair.” Se a Air Zermatt tem uma missão de resgate em uma fenda, leva geradores para cima da montanha. A equipe de resgate desce de corda e depois tira as pessoas do gelo usando furadeiras da Hilti, que são ideais para essa função. Truffer entra nas fendas cerca de 40 vezes por ano. Qual sua missão mais perigosa? “Era 1999, na Geleira Theodul. Um cara caiu com snowboard. Quando entrei na fenda, notei que havia enormes pedaços de gelo nos lados. Se você pisasse em um, algumas toneladas de gelo se desprenderiam. Eu tinha que contorná-los, como se estivesse em um labirinto. Em dado momento, a luz desapareceu.” Truffer ­alcançou o homem inconsciente a 85 m de profundidade. “Ele bateu a cabeça

“ISSO MUDA A SUA

PERSPECTIVA DE VIDA.” THE RED BULLETIN

contra a parede da fenda. Eu só o encontrei por causa da trilha de sangue.” O guia de montanha prendeu os ­quadris do paciente e passou um rádio. Seus colegas então gentilmente içaram o snowboarder. O homem sobreviveu. Nunca chegou a conhecer o seu salvador. “Esse trabalho muda sua perspectiva de vida”, diz Truffer. “Você fica menos ­incomodado com as coisas do dia a dia. OK, então seu vizinho tem um carro ­melhor, você acordou e não tinha leite. Quando você precisa entrar em uma fenda, sabe o que é um problema de verdade.”

O

escritório de Gerold Biner, o chefe da Air Zermatt, fica debaixo do teto do hangar como um ninho de pássaro. Biner, um homem robusto com sobrancelhas pontudas, realiza missões de resgate nas montanhas há 25 anos. Ele também exporta a expertise suíça para os pontos mais altos do planeta. A Air Zermatt treina pilotos de resgate no Nepal desde 2010. Biner, 51 anos, fez com sua equipe as primeiras sessões de treinamento: você pode vê-lo no YouTube voando sobre o Himalaia com um frasco de oxigênio no assento ao lado.

A mais difícil missão de resgate para o piloto Tom Pfammatter (acima, à esq.) foi na Geleira do Rhône, em 2005. O chefe da Air Zermatt, Gerold Biner (acima, à dir.), já transportou cadáveres no Everest

“Os helicópteros voam no seu limite, a 6 mil metros”, explica Biner. “O ar é rarefeito. As lâminas do rotor têm menos resistência. Quando pousam, você não pode arremeter se algo dá errado. O helicóptero tem menos potência a essa altura.” Biner fez missões no Himalaia a pouco menos de 7 mil metros. No Everest, ele resgatou os cadáveres de dois montanhistas no Camp 2, a 6 500 m. Ele também resgatou cinco alpinistas chineses no Dhaulagiri, a sétima montanha mais alta do mundo. Em Zermatt, Biner está sempre em busca de novos pilotos de resgate e recebe centenas de inscrições todo ano. Ele precisa escolher as pessoas a quem confiaria a vida de seus colegas, e há uma pergunta que sempre faz nas entrevistas: “Quantas vezes você se ofereceu para limpar a cozinha no seu último emprego?” Biner sabe que os resgatistas das ­montanhas precisam sempre contar com seus colegas. Para saber mais, acesse: air-zermatt.ch

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POR: RÜDIGER STURM FOTOS: ANDY GOTTS

EM ENTREVISTA: DANIEL CR AIG

...DANE-SE O QUE O RESTO DO MUNDO PENSA A RESPEITO DANIEL CRAIG ANALISA JAMES BOND: SE 007 É UM BOM EXEMPLO, UM VERDADEIRO HERÓI, É PORQUE AS MULHERES O ADORAM

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ANDY GOTTS/CAMERA PRESS/PICTUREDESK.COM


S

ER JAMES BOND FAZ BEM. OU, AO MENOS, É O QUE SE OBSERVA NO CASO DE DANIEL CRAIG. ENCONTRAMOS O ATOR DE 47 ANOS NO HOTEL CORINTHIA EM LONDRES APÓS A MARATONA DE DOIS ANOS DAS GRAVAÇÕES DO NOVO FILME 007 CONTRA SPECTRE . CRAIG ESTÁ DE BOM HUMOR, SORRIDENTE, PASSOS LIGEIROS, APERTO DE MÃO FIRME. MAS ADMITE QUE O EFEITO INSPIRADOR DE SER JAMES BOND TAMBÉM TEM SEUS LIMITES

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the red bulletin: O que podemos aprender com Bond para a vida? daniel craig: (pensa um pouco) Nada. Mas, Daniel Craig, o James Bond é um personagem lendário. Ele deve ter algo que seja inspirador. Não vamos tentar elevar esses filmes à categoria das experiências que mudam toda uma vida. O Bond é o que ele faz. Bond é inabalável, completamente focado na meta. É isso e está bem que seja assim. Inabalável, focado na meta. Também vale para você? Quando estou fazendo um filme, sim. ­Infelizmente esse nível de dedicação ­também significa que tenho que fazer uma pausa na minha vida privada a cada filmagem. Mas tenho uma família muito compreensiva que entende que o meu ­trabalho consome todo o meu ser. Seu joelho também é prova disso. Você sofreu lesão durante as gravações de 007 Contra Spectre. Aposto que enlouqueceu porque não podia fazer nada. Um pouco, sim. Mas, entenda, trabalhamos por dois anos intensivamente no filme. E aí me acontece isso. Eu nem pensava no joelho, pensava no tempo que estávamos perdendo por causa da lesão. Mas, depois de alguns dias, eu já vi o lado positivo da história. Percebi que ali estava uma oportunidade, que podia usar esse tempo “perdido” para malhar. Para fortalecer a musculatura e poupar o joelho. E funcionou tão bem que no final das gravações eu não ­estava tão acabado como depois do último Bond, que realmente me sugou todo o sangue. Eu estou me sentindo ótimo agora. Vamos dar uma olhada por trás dos bastidores das gravações de James Bond. A organização do tempo é ­realmente o mais importante? Sem dúvida. Tudo tem de correr perfeitamente. Por isso, passamos anos nos preparando para as gravações. Desta vez eu já estava participando desde a fase do roteiro. Depois, três meses antes do ­começo das gravações, comecei a ir para a academia – cinco, seis dias por semana. Durante as filmagens, eu faço dieta para evitar mal-estar e ferimentos. Mas, como deu para ver, mesmo assim podem acontecer imprevistos. É isso mesmo. Não tem como prever nem como evitar. Quando você corre 30 vezes de um lado para o outro de uma sala e tenta fazer a cena parecer muito natural, em algum momento vai sofrer alguma lesão.

Seu físico é imponente. Você considera seu corpo muito importante? É uma questão de estética. E a minha produtora sempre garante que eu tenha que tirar a camisa com uma certa frequência. Como você explica a fascinação pelo James Bond? Acho que um dos fatores é que ele é um símbolo da eterna luta do bem contra o mal. É bem mais fácil nos filmes, onde o mal sempre é muito claro e definido. Você alguma vez encontrou vilões na vida real que você achasse que ­poderiam ser personagens de um filme do Bond? Uma pessoa verdadeiramente má é ­sádica. E espero que não exista muita gente desse tipo. Mas eu já encontrei sim algumas pessoas que dão medo. Tipos realmente assustadores. É muito ­difícil opinar se eles eram de fato maus ou se apenas aparentavam ser. As pes­ soas que são muito más não mostram com facilidade. Você pode nos revelar quem são os ­caras de quem Daniel Craig tem medo? Não. Não vou fazer isso. Eles podem me encontrar. Sabem onde eu moro. É sério! É melhor falarmos sobre outra coisa. James Bond pode ser um bom exemplo? Meus exemplos para a vida são pessoas que têm uma bússola moral. Pessoas que mantêm suas convicções. São grandes ­jornalistas, atores, artistas. Acho que um dos maiores problemas do nosso tempo e da nossa cultura é o excesso de auto­ confiança das pessoas. A questão central deveria ser: “Quem sou eu?” E não: “O que eu faço?” Eu cresci num ambiente em que só se valorizava o trabalho, a produção. O excesso de autoconfiança é o maior ­inimigo da criatividade. Porque, a partir do momento em que você pensa sobre si mesmo – e somente sobre si mesmo –, você deixa de criar. O ego entra no jogo. Mas, sem autoconfiança, você não tem como se impor, não? Estou falando da diferença entre a consciência que você tem de si próprio e a consciência que tem sobre o que faz. ­Todos os grandes artistas foram fiéis às suas convicções. Durante toda a vida. Como Picasso ou Francis Bacon. Eles mandaram à merda o que o resto do mundo pensava: eles tinham plena convicção do que estavam fazendo. Esse tipo de THE RED BULLETIN


DANIEL CRAIG É JAMES BOND EM 007 CONTRA SPECTRE . DISCIPLINA RÍGIDA DURANTE AS GRAVAÇÕES: MALHAÇÃO E DIETA

SONY PICTURES RELEASING GMBH (3)

DANIEL CRAIG SOBRE A DIFERENÇA ENTRE CONSCIÊNCIA DE SI MESMO E AUTOCONFIANÇA: “O EXCESSO DE AUTOCONFIANÇA É O INIMIGO DA CRIATIVIDADE. PORQUE, A PARTIR DO MOMENTO EM QUE VOCÊ PENSA SOMENTE SOBRE SI MESMO, É SÓ ISSO E PRONTO. AÍ VOCÊ DEIXA DE CRIAR. O EGO ENTRA NO JOGO.”



“NÃO CONFUNDA EXEMPLOS COM HERÓIS. MEUS HERÓIS SÃO MEUS AVÔS. ELES LUTARAM NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. UM NA ALEMANHA E O OUTRO COM A ROYAL AIR FORCE NA SIBÉRIA. ELES ODIAVAM FALAR SOBRE AQUELES TEMPOS HORRÍVEIS.”

CRAIG A RESPEITO DO FIM DE SUA MISSÃO COMO O ATOR DE 007: “A QUESTÃO É: O QUE É PIOR? IR EMBORA DA FESTA CEDO DEMAIS OU FICAR LÁ ATÉ CAIR BÊBADO NO CHÃO?”

­ titude é a que admiro, porque para isso a você tem de ser forte de verdade. Então Picasso e Bacon são os grandes heróis do intérprete de Bond. Isso soa bem. Não confunda exemplos com heróis. Meus heróis são meus avôs. Eles lutaram na Segunda Guerra Mundial. Um na Alemanha e o outro com a Royal Air Force na Sibéria. Mas não vamos continuar o assunto. Eles odiavam falar sobre aqueles tempos horríveis. É algo que devemos respeitar. Tem algo no Bond de que você goste? James Bond pode ser um verdadeiro gentleman. Pelo menos às vezes. Uma pessoa que tem consideração, faz o que tem de ser feito e cuida dos outros e de sua família. Abre a porta para os outros – para qualquer um, não só mulheres. E por falar em mulheres... muitos ­homens admiram secretamente o J­ ames Bond pela maneira como trata as mulheres. Não se esqueça de que ele, na verdade, despreza as mulheres. Muitas mulheres são atraídas por ele exatamente porque ele tem essa aura de perigo e nunca fica muito tempo ao lado delas. ...e você é dos que ficam? Eu estou casado há quatro anos. Nos últimos filmes, Bond tem sido ­muito cavalheiro com as mulheres... Sim, porque ele foi rodeado com personagens mulheres que eram fortes o suficiente para colocá-lo em seu devido lugar. Dessa vez vocês foram mais longe: ele vai cair no charme de uma mulher mais velha. Você quer dizer de uma mulher da idade dele. Pelo amor de Deus, estamos falando de Monica Bellucci aqui. Você precisa ­saber o quanto é sortudo se uma mulher como ela quer ser Bond Girl. Você ainda tem uma lição bem pessoal para levar do James Bond... Qual? Você deve a ele o seu sucesso como ator. Mas você tem de decidir quando é que vai passar o cinturão para o Bond seguinte. É verdade. A questão é a mesma de sempre: o que é pior? Ir embora da festa cedo demais ou ficar lá até cair bêbado no chão? E então? Eu não sei a resposta ainda. No momento, o que eu quero é terminar o trabalho, ­poder relaxar e finalmente voltar para a minha vida. Mas isso é normal. É horrível quando você tem que passar semanas sem ver a sua família. Neste momento tem uma coisa que me parece muito mais fascinante que o próprio James Bond: ir para casa. www.007.com


SEM SUAS BELAS E SEUS VILÕES, JAMES NÃO SERIA BOND. CONVERSAMOS COM TRÊS DELES PARA QUE NOS CONTASSEM COMO SE VIVE...

007 . .. n a m i r a d o

S E Y D O U X, LÉA

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he red bulletin: Alguns parentes seus ocupam lugares bem altos na indústria cinematográfica francesa. Você mesma se tornou uma estrela. Você teve alguma vantagem? léa seydoux: Não. Eu sempre fiz a minha própria história. Quis me tornar atriz por minha vontade. E nunca houve nenhum tipo de privilégio por causa dos parentes. De onde veio o desejo de se tornar atriz? Sempre fui muito isolada, sozinha. Quando era criança,

sempre zoavam comigo porque não estava bem vestida. Depois, aos 18, comecei uma certa busca por mim mesma. Tinha um amigo que era ator e achei que aquela era uma vida maravilhosa. Então, ­decidi que também ia tentar. Apesar de ter muito medo. E por que o medo? Porque tenho medo de tudo. Odeio voar. Tenho pavor de altura. As filmagens do Bond foram feitas, entre outros lugares, no deserto marroquino, e eu tinha um medo infinito, porque lá só havia o vazio e o calor. E de vazio e de calor eu tenho... adivinha?

Bem... Isso mesmo! Mas como atriz você confronta esse tipo de situação constantemente. Um caso de carreira equivocada? Pelo contrário. Quando estou trabalhando, esqueço todos os meus medos. Estou totalmente no aqui e agora. Mas ser atriz não significa somente atuar. Você também precisa fazer os testes, cuidar dos contatos... Sim, e essa é a parte mais ­difícil. Antes de conseguir o papel em 007 Contra ­Spectre, fiz uma entrevista com o diretor e estava tão

MARCEL HARTMANN/CONTOUR BY GETTY IMAGES

Léa Seydoux estava nervosa. Tomou uma cerveja. E dançou no teste: esqueceu o texto. Depois, conseguiu o papel de Bond Girl


­ ervosa que bebi uma cerveja. n E foi pior. Perdi o controle. Não conseguia me lembrar do texto, fiquei vermelha de vergonha, com medo de ter arruinado tudo. Mas conseguiu o papel mesmo assim. Você foi escolhida bêbada para ser Bond Girl? Seria uma ótima história para contar, mas, sinto muito, não foi assim. Eu nem terminei de beber um copo. E, depois, durante as gravações correu tudo bem? Com exceção do deserto, claro. Pelo contrário. Ainda havia as montanhas – eu tenho medo de altura. Depois ainda

DOCE SEYDOUÇÃO: A ATRIZ FRANCESA VIRA A CABEÇA DE JAMES BOND EM 007 CONTRA SPECTRE

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tive que fazer muitas acrobacias, como saltar de uma altura de 8 metros. Como se não fosse pouco, fiquei muito nervosa de ter de atuar em i­ nglês e com Daniel Craig, com quem eu nunca havia t­ rabalhado ­antes. Mas é sempre a mesma coisa: assim que a câmera começa a rodar, tudo funciona perfeitamente. Você nunca quis fazer algo menos extenuante? Nunca! Tenho medo de tudo, sim, mas adoro isso tudo. Acho que sou de certa forma viciada nesses medos. Porque conseguir superar algum deles é o melhor sentimento do mundo. Algum conselho para as ­pessoas que estão lutando contra seus medos? Nem ­todos podem se tornar ­atores para superá-los. Mas qualquer pessoa pode ­encontrar alguma atividade que combine com ela. O importante é que você acredite em si mesmo. Não tenha medo do medo. Procure se aproximar do medo. Essa é a minha dica. É muito emocionante conseguir se superar. Nada faz você se tornar mais forte do que superar os próprios medos. Então você ficou mais forte através de seus medos? Sim. Você pode colocar dessa maneira. Foi através do medo que aprendi que sou a única pessoa neste mundo em quem posso confiar totalmente. E, para terminar, você nos confessaria um medo que ainda não conseguiu superar? O medo de voar. Esse não melhora nunca. Toda vez que tenho que entrar num avião, tomo um comprimido de Frontal.

Léa Seydoux em A Bela e a Fera. Ela luta contra o medo – e tira daí a força que mais a impulsiona em sua vida

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B A U T I S TA, DAVE

O homem tem seis títulos mundiais de luta, persegue James Bond e é, no fundo, tímido. Dave Bautista e a receita para superar o pânico

ESTA É A APARÊNCIA DE UM HOMEM TÍMIDO. A LUTA AJUDA, DIZ DAVE BAUTISTA, O INIMIGO DE JAMES BOND

DAN MACMEDAN/CONTOUR BY GETTY IMAGES, A.P.L. ALLSTAR PICTURE LIBRARY/PATHE, PICTUREDESK.COM

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he red bulletin: Bautista, você é um viciado em adrenalina? dave bautista: Por quê? Você tem o físico de um ciborgue de guerra, você persegue o 007 em um Jaguar C-X75... Eu acho que o meu personagem em 007 Contra Spectre é muito elegante e refinado. Refinado? Sim. Por exemplo, eu fui extremamente cuidadoso com o Jaguar para não correr o ­risco de causar uma avaria. Então você foi campeão mundial de luta seis vezes, mas tem uma personalidade reservada. Uma combinação interessante. Eu vou te contar uma coisa: como lutador, tinha um pânico enorme de subir ao ringue naquele momento atrás da cortina. Eu era extremamente tímido. E por que você se expôs ­tanto então? Por desespero. A luta foi minha última oportunidade de fazer alguma coisa fora do comum com minha vida. Cresci num gueto em Washington, D.C., rodeado por violência e crime. Fui uma criança problemática, fracassei na escola, depois dos 20 anos trabalhava em casas noturnas. E isso teria continuado assim para sempre. Mas daí nasceram meus dois filhos. E isso mudou tudo. Por causa deles, aprendi a lutar por um futuro mais estável.

Como assim? Fiquei imaginando em que poderia me tornar realmente bom se me esforçasse muito. Foi como eu cheguei à luta. Por que luta? Foi uma consequência das minhas experiências na academia. A academia sempre foi meu refúgio. Ali eu prati­camente só me encontrava com pessoas que tinham uma atitude positiva. E eu me sentia bem na minha pele quando estava ­levantando pesos. Só posso ­recomendar: procure uma atividade pela qual você possa se apaixonar tanto a ponto de se tornar muito bom naquilo. Depois, siga aquele caminho com constância e saia da sua zona de conforto. Quando foi que funcionou para você? Quando foi o momento da virada? Demorou muito. No começo, eu era um lutador terrível. Mas sou perseverante e ­aprendi a superar minha ­timidez. Quando é preciso, me exponho ao ridículo. Me arrisco. Quero conseguir algo extraordinário. Parece que deu certo. Você não só se tornou um campeão de luta mas também uma estrela do cinema. Sim, mas eu continuo tendo pânico quando faço os testes para os papéis. Pareço um ­gorila, mas quero que as pessoas me vejam pelo que realmente sou: um ator que leva a profissão muito a sério. Quem o vê da forma que você realmente é?

Minha mãe, com certeza. Foi dela que herdei a força de vontade e o coração grande. E o meu empresário. Ele também é o meu melhor amigo. Toda vez que tive um sonho e todos disseram que era ­impossível, ele sempre foi o único que me disse: “Você consegue”.

Uma pessoa tímida em busca de reconhecimento: Dave Bautista, aqui como Drax, o Destruidor em Guardiões da Galáxia


WALTZ SOBRE WALTZ: “SOU UM DEFENSOR INCANSÁVEL DO IR SEMPRE EM FRENTE”


WA LT Z, CHRISTOPH

Christoph Waltz ganhou dois Oscars. Em 007 Contra Spectre, ele torna a vida de Bond bastante difícil. Aos 59 anos, ele sabe muito bem o que é isso de vida difícil

BEN HASSETT/TRUNK ARCHIVE, A.P.L. ALLSTAR PICTURE LIBRARY/UNIVERSAL, DDP IMAGES

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he red bulletin: Qual é a principal função de um ­vilão nos filmes do James Bond? christoph waltz: É ele quem dá a Bond a possibilidade de ser um herói. Sem um vilão, ele poderia simplesmente ficar em casa curtindo a vida. Só quando tem um inimigo é que a história começa. Existem vilões como esses na vida real? Sempre. Mas não se esqueça da importância de que haja opiniões divergentes. Seria ­insuportável se todo mundo pensasse da mesma maneira. Insuportável! É uma besteira acreditar que deveríamos ­resolver todas as nossas dife­ renças p ­ ara alcançar a harmo­ nia. Não t­ emos que ser todos iguais e ter as mesmas opini­ ões. O que temos que fazer é ser comportados e agir de forma sensata frente às ­diferenças. Já aconteceu com você de ter a sensação de que fez ­tudo muito bem mas os ­outros pensarem que não? Mas isso é o que chamamos de trabalho. Se não fosse ­assim, qualquer um poderia fazer ­todas as coisas. Qualquer um pode atuar, por exemplo, mas repetir as coisas mudando ­pequenas nuances só para ser extremamente exato não é tão simples. Com alguns ­diretores, essa dedicação aos detalhes pode se transformar em um teste de paciência.

Eles exigem muito porque têm muita experiência e podem perceber o menor dos detalhes. Esses são os grandes mestres. Qual é a atitude necessária para chegar a esse nível? Em primeiro lugar, é preciso fazer o trabalho direito. Mui­ tos esquecem disso hoje em dia. Eles só querem saber do sucesso. Querem ser estrelas de cinema e televisão, não querem se tornar estrelas. ­Essa atitude traz decepções porque não é disso que se tra­ ta. Antigamente tentávamos encontrar a forma perfeita ­para um conteúdo – ou, ­quando não havia conteúdo, encontrávamos um para dar forma. Eu venho desse tempo. Qualidade se impõe? A qualidade precisa de uma oportunidade para se impor. Se a oportunidade não se apresenta, você pode deixar a qualidade em casa. Para você, essa oportunidade não apareceu por muitos anos... Daí é uma questão de obsti­ nação. Nos primeiros anos, a minha carreira foi fantástica, mas depois passei por uma longa fase de projetos medío­ cres. Era tão frustrante que eu já estava questionando se tudo valia a pena. Por outro lado, você tem de investir muita substância para fazer algo bom. Substância significa não só intensidade e concen­ tração mas também tempo. Para dominar verdadeiramente uma arte como esta, 30 anos não são nada.

E por que você continuou com a carreira de ator? Quando se tem urgências ­materiais, não dá para fazer perguntas. Você segue em frente. E eu sou um defen­ sor incansável do ir sempre em frente, mesmo no mais alto nível. Urgências materiais? Você teve que sustentar a família? Claro. Quando estou na Ale­ manha e por acaso ligo a TV, vejo esses programas indes­ critíveis e vejo pessoas traba­ lhando neles que talvez sejam muito promissoras e talentosas. Mas o que elas vão fazer? Elas precisam se sustentar. A que você deve o fato de ter ido além desse nível? Eu tenho muita sorte. Só isso. No começo da minha carreira, eu tive uma reunião com uma famosa produtora da Broadway. Ela disse logo de primeira: “Quando olho para você, sei que você é um ator fantástico. Mas vou falar uma coisa: as pessoas estão pouco ligando para isso. O que im­ porta é quem você conhece e com quem você pode se ­encontrar”. Só depois de ­Bastardos Inglórios é que eu posso encontrar todo mundo. Mas, até lá, de onde vem a satisfação da pessoa? Dos detalhes do trabalho? Sim. Também há outras possibi­ lidades de compensação? Acho que não dá para reduzir em uma resposta que seja uni­ versalmente válida. É diferente para cada pessoa, e até cada dia é diferente do outro. Não existem aquelas fórmulas que as revistas afirmam ser válidas. A única coisa que ­ajuda é seguir em frente! Entrevistas: Rüdiger Sturm

Christoph Waltz como o brilhante monstro de B ­ astardos Inglórios. Depois do filme, ele pôde “encontrar quem quisesse” no mundo cinematográfico

Desta vez, do lado do bem: Christoph Waltz como o Dr. King Schultz em Django Livre, de Quentin Tarantino


SEM SUAS MULHERES, 007 SERIA APENAS UM NÚMERO EM UM TERNO FEITO SOB MEDIDA. SÃO ELAS QUE LHE DÃO VIDA. ELE É FIEL, MAS SÓ À RAINHA Por: Florian Wörgötter

A BELA TRÁGICA Em 007 – Operação Skyfall (2012), Bérénice Marlohe ­interpreta a bela e trágica ­Sévérine: uma mulher bonita demais para não ser beijada, mas que não é esperta o ­suficiente para sobreviver à primeira metade do filme. No entanto, por trás da Bond Girl, a atriz Bérénice apresenta um caráter quase maternal. Sobre a lendária cena de sexo no chuveiro ela nos conta: “O Daniel é tão tímido que ­precisei convencê-lo para que tirasse a cueca.”

BOND

JOHN RUSSO/CORBIS OUTLINE

AS


A ÚNICA Eva Green, a “Vesper Lynd”, ­parece ser uma das poucas que chegam a ir mais fundo que a pele de James Bond: um chip implantado e muito amor. Em 007 – Cassino Royale (2006), a refilmagem do primeiro livro da série, Daniel Craig está disposto a deixar a carreira de agente secreto por Vesper Lynd. Mas tudo dá errado: ela está sendo chantageada, mente para Bond e o rouba, não aceita sua ajuda – e se afoga, presa em um elevador no Canal Grande de Veneza: “O trabalho está feito. Ela está morta”. Acabou o amor.

GIRLS

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A DIABÓLICA A engenhosa assassina Xenia Onatopp, interpretada por Famke Janssen em 007 Contra GoldenEye (1995), prefere matar os amantes durante o prazer na cama. Mesmo Bond só escapou por pouco de seu jogo frio e de seus beijos ardentes. Mas, se 007 tivesse que escolher como morrer, certamente seria assim.

A ESPOSA “Bond, Teresa Bond” – só uma mulher pôde dizer isso. Diana Rigg consegue levar George Lazenby ao altar em 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969). O casal está a caminho da lua de mel quando ela é vítima de um equívoco: Irma Bunt, assistente do vilão Blofeld, não levou em conta que o motorista de um Aston Martin ­britânico sempre está do lado direito. A bala atinge a cabeça errada.

A COMPLEXA

IRON I A DO D E S T INO: O CASA M EN T O D E JA M E S B ON D É V Í T IM A DA D IR EÇÃO À E SQU ER DA

CORBIS (2), GETTY IMAGES (2)

Em 007 – O Mundo Não é o Bastante (1997), Sophie Marceau ­encarna como Elektra King a primeira grande canalha em um filme de James Bond. Ela finge ser a filhinha do milionário com síndrome de Estocolmo para levar adiante seu plano de vingar seu sequestro por terroristas, o fora de James Bond e a traição de seu pai. Engana todo mundo: os vilões, 007 e no final a si mesma.


A PRIMEIRA Ursula Andress surge das águas no primeiro filme de James Bond (007 Contra o Satânico Dr. No) como a radiante Honey Ryder. Suas melhores armas são uma faca, o biquíni branco e o talento para não obedecer regras. É o ­renascimento de Vênus, a deusa do amor, a sua reencarnação em forma de Bond Girl: inteligente, independente e infinitamente sexy.

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A INOCENTE Em 007 Contra o Homem com a ­Pistola de Ouro (1974), Britt Ekland aparece quase sempre de biquíni. Apesar de a loira se chamar Mary Goodnight, ela não consegue passar a noite sozinha com Roger Moore. Pouco antes de irem para a cama, 007 tranca Mary no armário porque a Bond Girl número 2, Maud Adams, está batendo na porta. Enquanto Mary está escondida entre os paletós, Bond está transando com a outra. Como se não fosse pouco azar, por descuido Goodnight aciona com o traseiro um botão vermelho no armário e uma ilha no Pacífico voa pelos ares.

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ALLSTAR PICTURE LIBRARY/UNITED ARTISTS, CORBIS, THE KOBAL COLLECTION

A FORTE

A RESGATADA

O criador de Bond, Ian Fleming, não economizou criatividade para dar nomes às Bond Girls. O mais inspirado ficou para Honor Blackman em 007 Contra Goldfinger (1964): Pussy Galore. A piloto do avião de Goldfinger é a primeira rival feminina que consegue derrubar James Bond – a golpes de judô. Apesar de sua aparente preferência por mulheres, ela também não consegue resistir ao charme do 007.

Maud Adams é a Bond Girl número 2 em 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (1974) e, mais tarde, é Octopussy, Bond Girl número 1, dona de circo e contrabandista de ovos Fabergé (1983). O apelido vem do seu pai, um cientista que estudava polvos. Como faz com tantas garotas do universo Bond, 007 salva sua alma e, no final, acaba levando Octopussy para o lado do bem – o que de alguma forma sempre significa: para a cama.

PUSSY G A LOR E É A PR IMEIR A R IVA L A DERRUBA R O 007 – A GOLPES DE JUDÔ

A DURONA Ao contrário das outras Bond Girls, Halle Berry já é uma ­estrela quando se transforma em Giacinta “Jinx” Johnson. Na sua atuação lendária em 007 – Um Novo Dia para Morrer (2002), ela homenageia o primeiro filme de Bond: surge das águas usando um biquíni, como Honey Ryder quase 40 anos atrás. O diretor Lee Tamahori acha que o tributo de Halle não está sensual o ­bastante, o que deixa claro no estúdio. Halle contesta que para fazer a pose tão sensual de Ryder, ela teria que operar os quadris primeiro. Além ­disso, a água estava gelada.


TAKE 5: UMA HISTÓRIA EM CINCO IMAGENS

BARRO PARA SEMPRE TOM ÖHLER DESBRAVA AS MONTANHAS DA GUATEMALA DE BIKE: CONSEGUE FOTOS INACREDITÁVEIS E FAZ UMA BOA AÇÃO POR: AREK PIATEK  FOTOS: STEFAN VOITL

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PARQUE Caridade à la Tom Öhler: enfiar-se no ponto mais longínquo da Guatemala, tirar fotos incríveis e doar o dinheiro das vendas para escolas do país – em forma de bicicletas: “Facilitar a ida das crianças pobres à escola nos motiva. Até a ser primeiros em alguma descida”, conta o ciclista de trial. “A aventura começou no Vulcão Água. Um americano ricaço tinha acabado de inaugurar uma trilha de MTB lá. Ela estava cheia de perigos: terra fofa, poeira, partes completamente cobertas por folhas que escondiam buracos.”


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CUCHUMATANES “...é como se chamam as longínquas montanhas da Guatemala. Durante três dias atravessamos florestas, rochedos, platôs e trilhas escondidas que só são usadas pelos nativos e seus jumentos. A vantagem: as trilhas estavam pisadas, então podíamos acelerar e praticar saltos.”

A NTIGUA

“A pequena cidade no planalto guatemalteco foi nossa base: os ônibus de galinhas são o meio de transporte típico daqui. O nome vem dos tempos em que os vendedores traziam suas galinhas em cima dos ônibus para vendê-las no mercado. A propósito: uma passagem custa cerca de R$ 0,80. Parece pouco, mas para muitos aqui é o máximo que podem pagar.”

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4 CABINE

“Pedalar por caminhos nunca antes desbravados custa alguns pneus e muita energia. Dormimos em cabines, acomodações minimalistas ­comuns por aqui. Um quarto grande com lugar para 20 pessoas, camas simples e cobertores, sem calefação, sem água corrente e muitas vezes sem eletricidade. O que ­ajudou: velas e lanternas de cabeça para pelo menos avaliarmos os percursos que acabávamos de fazer.”



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TERRA DAS ÁRVORES “Todo sofrimento foi compensado pelas paisagens estonteantes da Guatemala, que lembram um pouco a Escócia. Estivemos a maior parte do tempo por volta dos 3 mil metros de altitude. Curiosamente tem ­árvores nessa altitude. Talvez seja por isso que os maias chamavam a Guatemala de “Terra das Árvores”. Esta foto se valeu da mais bela luz natural: me equilibrei em uma árvore que cresceu na horizontal. Foi difícil manter o foco, a árvore balançava muito. Precisamos de várias tentativas até conseguirmos.” Bicicletas para as crianças da Guatemala. Todas as informações em: www.wheelsforlife.org

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HERÓIS

“ESQUEÇA A PERFEIÇÃO” DAN AUERBACH odeia a indústria da música.

Mas com os The Black Keys ele se tornou uma estrela. E nos conta por que tomar sopa ajuda

the red bulletin: O disco atual do The Black Keys, Turn Blue, alcançou o primeiro lugar nas paradas dos EUA no ano passado. O que isso representa para alguém que diz não se importar com o sucesso? dan auerbach: (Rindo) É uma sensação fantástica. Mas não mudei minhas convicções. Não faço música a fim de ter sucesso. Em entregas de prê­ mios como o Grammy me sinto um peixe fora d’água. De acordo com as pesquisas de tendências, o seu som cheio de blues não deveria 60

sequer fazer sucesso, porque não está de acordo com a época. Nossa música é uma reação ao que está sendo produzido atualmente na indústria da música. Tudo é muito arruma­ dinho, calculado, assustadora­ mente perfeito. Nosso sucesso mostra que ainda tem gente que quer ouvir música de ­verdade. Músicos que suam a camisa e que colocam ­coração e mente na obra. Rock e perfeição não ­combinam? Eu mesmo não sou um vir­tu­ oso. Nem sei ler partituras.

fazendo nosso trabalho. Algu­ mas bandas que começaram na mesma época ficaram ricas e famosas em pouco t­ empo, mas para nós tudo d ­ emorou muito. Fomos muito pobres por muito tempo. Não foi ­ fácil, mas aprendemos com isso. O mais importante é ter perseverança. Como você mantém a forma? Durante as turnês, é essencial cuidar da alimentação. Por exemplo, todos os dias como pho, uma sopa vietnamita de macarrão. Enquanto a comida chinesa, por exemplo, é cozida e requentada várias vezes, a pho sempre é preparada e consumida na hora. Isso parece muito ajuizado para um roqueiro.

“O QUE FAZ UM MÚSICO DE VERDADE É QUE ELE NÃO TEM UM PLANO B PARA SUA VIDA. ELE TRABALHA O TEMPO TODO.” Meu colega de banda, o Pat, é um péssimo baterista do ponto de vista técnico. Mas compensamos essa falta com dedicação. Esse é o espírito da coisa: esqueça a perfeição! Você tem que curtir o que faz. E se dedicar de corpo e alma. Isso é muito mais importante que uma técnica perfeita ou seguir as regras da indústria musical. É por isso que hoje se tem a impressão de que toda música que está sendo feita é chata e substituível.

Se você fosse um j­ ovem ­músico iniciante hoje, você desistiria frente a essa perspectiva de futuro? Não. Um músico de verdade não tem um plano B. Ele tra­ balha o tempo todo. Desde o começo de nossa carreira, es­ tamos sempre ou em turnê ou no estúdio, gravando. Para nós não existe nada além disso. Como você conseguiu manter este ritmo por 14 anos? Nunca pensamos a respeito. Simplesmente continuamos

Uma alimentação saudável é a base de tudo. Se você se alimenta só com fast-food, aí já era. Nisso a criatividade e a motivação também sofrem. Durante uma turnê, dá para perceber que até a voz sofre. Isso é um conselho que vale também para os roqueiros da velha geração: você é aquilo que come. Marcel Anders Yours, Dreamily, é o debut do The Arcs, novo projeto de Dan Auerbach THE RED BULLETIN

ALYSSE GAFKJEN

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an Auerbach e seu duo de blues e rock The Black Keys já ganharam sete Grammys e venderam 2 mi­ lhões de discos. Um ótimo resulta­ do para alguém que vem igno­ rando as regras do mercado musical há 14 anos. O músico compõe músicas antiquadas, não quer a atenção da mídia e boicota a música na internet. O segredo do seu sucesso? “Não acredite em ninguém que diga que você deve seguir regras”, afirma. Ele bateu um papo com o Red Bulletin.

Nós vamos na direção oposta propositalmente. Um chamado à revolução? Exatamente. Faça como nós: não acredite em ninguém que diga que você deve ­ seguir regras. Essa atitude também se ­reflete em não colocar sua música em canais como ­Spotify, apesar de os especialistas do ramo acreditarem que aí está o futuro. O problema com plataformas de streaming é que quem ganha mais dinheiro são os interme­ diários. Se uma música for ou­ vida 100 mil vezes no Spotify, o artista recebe R$ 41. Isso não está certo. Serviços de streaming fazem as pessoas acreditar que música é grátis.


Dan Auerbach, 36 anos, nunca seguiu as regras da indústria musical: “Nós fomos muito ­pobres por muito ­tempo. Aprendemos muito com isso”


“É IMPORTANTE ESTAR CONFIANTE E FELIZ” ALISON CERUTTI & BRUNO SCHMIDT Os atuais cam­ peões mundiais de vôlei de praia falam sobre pressão, viagens e a briga pela vaga olímpica

the red bulletin: Vocês ganharam muitas coisas neste ano. Como favoritos, existe mais pressão agora? bruno schmidt: Pelo fato de jogarmos pelo Brasil no meio da corrida olímpica, já é possível sentir muita coisa. Por isso, na hora que chegamos em cada competição, nosso maior objetivo é aliviar qualquer tipo de pressão. A diversão é sempre nosso foco. alison cerutti: Não existe 62

pressão. Nós só pensamos a mesma coisa em todos os jogos, que é fazer o nosso melhor dentro de quadra. Qual é a melhor lembrança que vocês têm das competições neste ano? a: Nosso título na Suíça foi muito legal. Aconteceu uma semana depois do nosso título mundial. Então, ainda estávamos naquela adrenalina. A torcida toda apoiando, torcendo por um bom espetáculo, arena lotada… E, nesse torneio, por ser no meio das montanhas, tinha um clima diferente.

ainda mais estreita com o país. Mas tem também os Estados Unidos. Acredito que pelo fato de ter muitos brasileiros por lá e ser mais perto do Brasil, com uma diferença mais curta no horário, fica muito mais gostoso de jogar. Como é a cultura de vôlei de praia pelo mundo, muda muito de um país para o outro? a: Acho que cada um leva de uma maneira. Nós, brasileiros, vivemos o vôlei de praia o ano inteiro. Os americanos também. Isso porque temos os campeonatos nacionais, quando não acontecem os mundiais. Já os atletas de outros países vivem por oito meses. Cada um vive de uma maneira.

“A FINAL DA COPA DO MUNDO DA HOLANDA FOI INESQUECÍVEL. ACABOU O JOGO E FOMOS CORRENDO PARA A ARQUIBANCADA.” b: Para mim foi a final da Copa do Mundo na Holanda. Quando acabou o jogo, eu e o Alison saímos correndo para a arquibancada, e lá estavam nossos familiares e equipe para comemorar conosco depois do match point. Foi fantástico! Como vocês estão se preparando para uma eventual vaga na Olimpíada? a: A nossa preparação está sendo no dia a dia. Queremos muito disputar a Olimpíada

e eu adoro a culinária de lá. Foi onde eu ganhei o meu ­primeiro título mundial, em 2011. Gosto muito da Áustria também, que tem um evento diferenciado e energia incrível. Suíça, como falei, também é um evento marcante. E tem a Holanda, que é fantástica. Sem falar que foi lá que a gente conquistou o nosso ­título mundial em 2015. b: Sim, o título na Holanda foi especial e fez com que a gente tenha uma relação

b: Cada país tem suas particularidades. Nos países frios, o vôlei de praia não é prati­cado como no Brasil. Muitos atletas têm que fazer períodos de treinos em países tropicais para poder treinar. Outros trazem as características do indoor para a praia... Nesse ponto, nós continuamos muito próximos dos americanos por causa do forte circuito nacional. Fernando Gueiros www.redbull.com THE RED BULLETIN

MARCELO MARAGNI/RED BULL CONTENT POOL

J

untos desde 2014, Alison Cerutti e Bruno Schmidt somam cinco títulos de etapas internacionais. Em toda a carreira, Alison soma 16 medalhas de ouro no Circuito Mundial, enquanto Bruno Schmidt já subiu ao lugar mais alto do pódio em sete oportunidades. Em julho, conquistaram a Copa do Mundo, na Holanda, e estão muito cotados para ser uma das duplas representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio, no ano que vem. Entre as muitas viagens, conseguimos fazer algumas perguntas para os dois capixabas a quatro etapas da final do Circuito Mundial.

no Brasil e estamos correndo atrás desse sonho. Usamos as etapas como preparação, e isso está dando certo. Acho que a gente está amadurecendo muito a cada torneio e temos que continuar focados. b: Estamos nos preparando para a Olimpíada desde o começo do ano. O preparo é físico, mental e técnico. Acho que não existe muito segredo. O importante é estar sempre confiante e com muita felicidade em quadra. De todos os países para onde vocês viajam para jogar, em qual deles vocês se sentem mais à vontade e por quê? a: Não posso negar que tenho carinho por alguns. Adoro a Itália, é um grande país


Alison (à dir.) e Bruno estão fazendo um ano impecável. Agora falta somente confirmar a vaga olímpica


Gary Clark Jr. acha que ninguém precisa de aulas de música

“TENHO ORGULHO DE SER NERD” SEAN MURRAY O desenvolvedor de games

C “ESQUEÇA LIVROS E PARTITURAS!” GARY CLARK JR. é considerado o melhor guitarrista de sua geração por Eric Clapton. E ele nem sabe ler música, faz tudo por instinto

the red bulletin: É verdade que você nunca teve aulas de música? gary clark jr.: É. Quando eu tinha 12 anos, aprendi a tocar guitarra sozinho. Até hoje não sei ler partitura. Você não acha que é uma falha? Não. Acho que uma educação musical clássica pode atrapalhar a criatividade. Esqueça livros e partituras! O excesso de regras impede você de criar a sua própria linguagem. Recusei uma bolsa para a universidade. Sabia que não era o meu caminho. Como você encontrou seu estilo próprio? Nesta vida, você só aprende de verdade quando enfrenta ­desafios. Em vez de ficar em casa decorando teoria musical quando era adolescente, pegava minha guitarra e ia para as jams nos clubes com os veteranos do blues. Fui motivo de risada no começo, mas estar com eles no palco me inspirou a desenvolver minha arte.  Florian Obkircher Novo disco: The Story of Sonny Boy Slim; www.garyclarkjr.com

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riado pelos pais em um rancho do Outback australia­ no, Sean Murray, hoje com 34 anos, olhava para o céu à noite e sonhava com exploração espacial. Hoje em dia, o desenvolvedor de games tem pessoas como Steven Spielberg e Kanye West enfrentando filas para ter nas mãos um exemplar de No Man’s Sky, seu jogo épico e ambicioso no qual os jogadores exploram uma galáxia formada por 18 quin­ tilhões de planetas. O jogo foi criado por um núcleo de apenas quatro programado­ res do selo independente de Murray, Hello Games. Nessa jornada, a equipe precisou enfrentar enchentes, noites em claro e o peso da expec­ tativa de milhões de gamers no mundo. the red bulletin: No Man’s Sky demorou mais de três anos para ser feito. É um projeto pessoal? sean murray: Sempre sonhei em ir para o espaço quando criança. Imaginava como seria pousar nesses estranhos mundos alieníge­ nas. Este game é esse sonho colocado em prática. Nunca consegui ser um astronauta, então dei outro jeito. Como você definiria o apelo que tem No Man’s Sky? Nosso sol terá se apagado até que você consiga ter visitado todos os planetas do jogo! Parece que estamos lançando um experimento. Nós não sabemos se os nossos joga­ dores vão se concentrar em

um espaço ou se espalhar uniformemente pela galáxia. Gosto do fato de que eles podem se expressar no jogo, não seguem um roteiro. Sua cabine na megacon­ venção de games E3 em L.A. em junho foi como uma festa de celebridades. Como aquilo aconteceu? Foi uma loucura. A equi­ pe de produção de Steven ­Spielberg entrou em contato para ver se poderia dar uma olhada no jogo. Depois, Kanye West quis nos conhe­ cer, mas não rolou porque Elon Musk [bilionário CEO da empresa aeroespacial SpaceX] nos convidou para conhecer sua fábrica de ­foguetes. Então, no fim das contas é legal trabalhar em games? Os amigos ainda me enchem o saco por isso. Em muitas fases da vida eu fiquei um pouco com vergonha ou na defensiva sobre meu hobby, mas hoje não tenho vergonha de ser rotulado como nerd. Vocês enfrentaram muitas dificuldades no processo. Como isso afetou a equipe? Quando o escritório inundou, no Natal de 2013, perdemos todo o nosso equipamento e muito trabalho. Mas nós ­temos recordações boas, ­porque o episódio nos uniu mais. Às vezes, eu queria que fôssemos ricos e tivéssemos muita gente trabalhando no jogo, mas na maioria do tempo estou feliz porque é uma equipe pequena e ­concentrada. Nós cuidamos uns dos outros. Graeme Lennox www.hellogames.org THE RED BULLETIN

FRANK MADDOCKS, HARRY BORDEN

deu vida aos seus sonhos com uma aventura espacial que hoje é sucesso no mundo


Com No Man’s Sky, Sean Murray fez um dos jogos mais legais dos últimos tempos


CUSPIDORES DE FOGO. VEDETES BURLESCAS. MILEY CYRUS AOS BEIJOS COM UM STRIPPER FANTASIADO DE BEBÊ. BEM-VINDO AO CIRQUE LE SOIR EM LONDRES. A BOATE EM QUE TODA INIBIÇÃO FICA NA PORTA DE ENTRADA POR: FLORIAN OBKIRCHER

NO TEMPLO DA

DECADÊNCIA


CIRQUE LE SOIR

Quando os artistas sobem ao palco à 1h da madrugada, a boate se trans­ forma no paraíso dos freaks

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A

fachada do Cirque Le Soir é superdiscreta. Nenhuma placa, nenhum letreiro sobre o portão preto de metal ­entre o restaurante chinês e o prédio comercial. “É como deve ser”, explica Tom Burg. “Porque a vida noturna aqui dentro”, conta o funcionário, “não é para os que estão passando por acaso em frente nem para baladeiros de coração fraco.” Quem entra no CLS deve saber onde está se metendo: na boate mais bárbara e com a pior fama de Londres. Um palhaço com 2,20 m de altura em um terno listrado preto e branco saúda os convidados: “Bem-vindos ao País das Maravilhas”. Uma escada estreita decorada com espelhos deformantes leva à pista principal. No palco, duas cuspidoras de fogo seminuas dançam sensualmente. À esquerda, um viking vestido com pele de leopardo enfia uma espada na garganta. Do outro lado, uma cheerleader barbada dança com um bebê gigante com o rosto desfigurado. Sentada em espacate sobre o balcão, a garçonete toda tatuada veste lingerie sexy e entrega taças de champanhe. Seus colegas levam baldes de metal cheios de gelo e garrafas de vodca através da multidão que canta e dança. Uma boate burlesca da Berlim dos anos 1920 encontra Alice no País das Maravilhas; Studio 54 encontra o show de aberrações do circo. “Essa ambivalência é a alma do club”, diz Burg. “Aqui você vai encontrar de tudo – menos tédio.” Desde a inauguração em 2009, o Cirque Le Soir já foi ­coroado três vezes como melhor balada da cidade pelo London Bar Awards. Leonardo DiCaprio, ­Nicole Scherzinger, Rihanna e Benedict Cumberbatch fazem parte da clientela fixa. Porque eles todos sabem: a boate é um portal para outra realidade. Um mundo paralelo e decadente no qual os frequentadores esquecem a vida diária e ­assumem uma outra personalidade. Seis pessoas nos contaram como é viver essa transformação.

Segundo o Guinness Book, a língua de Gamsby (à esq.) é a mais forte do mundo: arrastou um automóvel por 10 metros

O GRANDE GORDO GAMSBY, 30 ANOS, ENGOLIDOR DE ESPADAS “O melhor momento do meu show é logo antes de colocar a espada na boca, antes de pendurar o botijão de gás hélio na língua. É o momento em que os espectadores percebem que não tem nenhum truque de mágica no show. Eles gritam, fecham os olhos – mas acabam abrindo e assistindo. O que acontece é que meu show desperta a veia sadista de cada um e, por outro lado, eles não entendem bem o que acontece. Mas a técnica em si é muito simples: você só tem que aprender a controlar os músculos do esôfago, o reflexo de engolir. Para isso são precisos anos de treino, porque, se você tiver uma espada na garganta e engolir, nem adianta chamar a ambulância.”


CYNTH ICORN, 24 ANOS, PERFORMER “Durante o dia, sou modelo fetichista e sou paga para fazer fotos açoitando homens. De noite, danço com uma roupa de látex no CLS. E, apesar de o trabalho na boate ser muito mais inofensivo que as fotos que faço, acho que a atmosfera aqui é mais surreal: depois da apresentação, vou para o camarim e há um anão massageando duas cheerleaders barbadas. Ao lado deles, uma dançarina do ventre está polindo sua metralhadora – e tudo isso parece ser a coisa mais normal do mundo. Enquanto os convidados se sentem como se mergulhassem em uma realidade paralela aqui, eu sinto que encontrei a minha praia no CLS. Aqui é como um lar para freaks como eu.”

ALEX DE MORA (2), CIRQUE LE SOIR (6)

QUANDO OS SHOWS COMEÇAM, O CIRQUE LE SOIR SE TRANSFORMA EM UMA DISNEYLÂNDIA PARA ADULTOS

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NATALIE (À ESQ.) , 24 ANOS, CONTADORA “Durante cinco dias na semana fico sentada em um grande escritório entediante à espera de um momento: a noite de sexta, à 1h da madrugada, quando os shows começam no CLS e a boate se transforma em uma Disneylândia para adultos. Onde dançarinas sadomasoquistas estalam os chicotes sobre o público e freiras seminuas cospem fogo em frente ao seu rosto. Mesmo quem vai sempre à boate nunca sabe o que o espera. De certa maneira, uma noite no CLS é como um sonho estranho: você não tem influência ­sobre o que acontece e acorda atordoado no dia ­seguinte. Mas as marcas do chicote no braço são a prova: foi tudo verdade.”

OS FAMOSOS SE SENTEM SEGUROS NO CIRQUE LE SOIR PORQUE, ENTRE TANTA GENTE MALUCA, ELES NEM SÃO TÃO NOTADOS

Em um ambiente nos fundos, os participantes podem brincar em uma ­piscina de bolinhas (acima), jogar beer pong ou descobrir o que o futuro lhes reserva em uma máquina

TOMMY, 26 ANOS, VISAGISTA “Desde que descobri o CLS há três anos, me tornei frequentador assíduo. A boate vicia. Porque aqui você sempre descobre novos lados de si mesmo. Antes de conhecer essa balada, eu nunca teria imaginado que a melhor sensação do mundo poderia ser dançar no balcão enquanto quatro serpentes sobem pelo seu corpo. Faz um ano que comecei a trabalhar aqui: de inocente estudante de literatura do interior a visagista na boate mais louca de Londres. No meu cantinho de maquiagem, dou uma nova identidade a cada um dos visitantes. Uma máscara de neon e glitter atrás da qual eles podem esquecer suas inibições e quem são no mundo lá fora.”


As estrelas do house americano LMFAO (abaixo) frequentam o club desde a sua inauguração

SHAHARA, 30 ANOS, ENCANTADORA DE SERPENTES “Quando passeio entre o público com minhas serpentes enroladas no pescoço, às vezes alguém sai correndo desesperado. Principalmente q ­ uando estou com a minha píton albina ‘Shiva’: 4 metros de comprimento, 48 quilos. Mas a maioria das pessoas tem curiosidade e todos querem tirar ­fotos com ela. Mesmo aqueles que normalmente têm medo de cobras. Por quê? Porque quem ­entra nesta boate tem de estar preparado para o imprevisto. É quase como se deixassem seus medos e inibições pendurados com os casacos na entrada. O mesmo vale para Lindsay Lohan. Ela ficou louca pela Shiva e cada vez que vem aqui reserva uma audiência privada de 20 minutos com ela.”

TOM, 32 ANOS, DIRETOR DO CIRCO

ALEX DE MORA (4), CIRQUE LE SOIR (5)

“Quando inaugurei a boate com alguns amigos há seis anos, nós queríamos encontrar uma mistura entre circo e balada. Para os que querem dançar mas que também esperam de uma noite mais do que drinques e música. E para artistas que fazem shows considerados extravagantes demais para outras casas noturnas. Minha função como diretor é cuidar para que os frequentadores se sintam bem. Famosos como Kanye West e Rihanna vêm com frequência porque sabem que podem curtir à vontade sem precisar de seus seguranças. Miley Cyrus sabe que aqui pode ficar aos beijos com um dançarino com máscara de bebê sem que ninguém a fotografe. Porque asseguramos a privacidade dos famosos – e porque, entre tantas drag queens e tantas aves fênix, eles passam despercebidos.”

Em expansão: desde 2013, a boate tem filiais em Xangai e em Dubai

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MAKERS OF THE ORIGINAL SWISS ARMY KNIFE I WWW.VICTORINOX.COM


Explore. Descubra. Mergulhe.

AÇ ÃO !

VIAGEM

QUASE NO ESPAÇO

Uma experiência interestelar… na Terra

THOMAS RUSCH

Você já se perguntou como deve ser a sensação de flutuar no espaço? A Star City, nos arredores de Moscou, tem a resposta. Por € 12 500 (cerca de R$ 47 500), você pode treinar como um cosmonauta – não no espaço, mas em 12 milhões de litros de água.

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VIAGEM

EQUIPO

CULTURA

MOTOR

COMO...

AGENDA 73


VIAGEM O macacão Orlan é utilizado em missões espaciais de verdade

Moscou, Rússia Moscou Quer treinar como um verdadeiro cosmonauta? Visite: space-affairs.com

Localizada no antigamente secreto (e ainda monitorado) Centro de Treinamento de Cosmonautas Yuri Gagarin, na região metropolitana da capital russa, o Hydrolab é um tanque gigantesco de água de “flutuabilidade neutra” que anula a força da gravidade, que faz com que as coisas flutuem ou afundem. É a única forma efetiva de simular peso zero na Terra por longo período. “É muito próximo de estar no espaço aberto”, diz Andreas Bergweiler, oficial-chefe das operações e diretor da agência que organiza sessões de treino no local. “A única ­diferença é que no espaço você está no ­vácuo e não existe uma atmosfera sensível. Aqui, existe uma massa de água em torno de você, mas os movimentos são iguais.” Primeiro, é preciso vestir um verdadeiro macacão espacial Orlan antes de te descerem em uma piscina e você ser levado até réplicas submersas e em tamanho real do módulo Zvezda da Estação Espacial

Treino de gravidade na centrífuga da Star City

DICA DE QUEM SABE CLAUSTROFÓBICOS NÃO PODEM SE INSCREVER. “NÃO É BOM SE VOCÊ SE SENTE COMO UMA SARDINHA EM LATA”, DIZ BERGWEILER. “RESPIRE FUNDO. CONTROLAR A MENTE É FUNDAMENTAL.” Os cosmonautas trabalham no módulo de serviço Zvezda

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MOSCOU Mais a explorar Tanques de guerra O Museu Kubinka, onde você aprende a história do T-34 ­antes de copilotar o tanque através de testes que incluem floresta e cidade, além de dar uns tirinhos. bestrussiantour.com/ military/tankrides

Escalada

I­ nternacional e da espaçonave Soyuz. Lá, você é conectado a um suprimento de oxigênio e ligado a um “Controle de Missão” através de um intercomunicador, antes de ser levado para um autêntico trabalho de manutenção no exterior do módulo. A partir desse ponto, você está no espaço. Mas cuidado: um movimento em falso e você pode se perder na imensidão… ou pelo menos acabar do outro lado do monstruoso tanque. “Você precisa se puxar ao redor do ­módulo uma mão a cada vez”, diz o artista e aspirante a astronauta alemão Michael Najjar, de 48 anos. “Mas essa é a melhor parte. É emocionante e desafiador sentir que não se tem peso dentro deste macacão.” As exigências incluem um certificado PADI de mergulho, um check-up completo de saúde e uma boa dose de preparo físico e psicológico. O treinamento debaixo d’água é divertido, mas extenuante: o macacão é pesado, e as sessões – algumas com duração de até sete horas – testam a força e a resistência (um regime de treinos de ­resistência cardíaca de alta intensidade é recomendado). Tudo isso contribui para a autenticidade do treino. E, quando você pode repetir os passos do próprio Yuri, é uma aventura exclusiva difícil de superar.

Melhor instalação de escalada indoor de Moscou, a Big Wall tem uma série de ­muros desafiadores e opção de bouldering, a apenas 20 minutos da Praça Vermelha. Também oferece cursos de alpinismo de ponta, se você quer dar um passo adiante. bigwallsport.ru/eng

Prancha Wakeboard pode não ser o que imediatamente ocorre quando se pensa na capital russa, mas, depois de apenas 16 km de viagem até o clube Malibu Wakeboard & Wakesurf, no Rio Moskva, você conseguirá fazer manobras em um ­piscar de olhos. wakesurf.ru

THE RED BULLETIN

THOMAS RUSCH (3), PICTUREDESK, GETTY IMAGES, MAREK SVANCARA/RED BULL CONTENT POOL

AÇÃO


AÇÃO

EQUIPO

ESTILO E SUBSTÂNCIA

Abuse no visual e na elegância com estes aparelhos que combinam beleza e funcionalidade A câmera dos ­Recon Jet registra fotos e vídeos, com o display das lentes funcio­ nando como visor

Óculos inteligentes Recon Jet Estes óculos escuros incluem um GPS e um display nas lentes que mostram informações dos seus dispositivos, sem ter que parar a sessão.  reconinstruments.com

Monitor de corpo Tanita

Abotoaduras USB Tateossian

Câmera Netatmo Welcome

A balança Ironman BC-350 dá um resumo ­completo dos seus atributos, da massa muscular à gordura do corpo, além de uma avaliação física.  tanita.eu

Uma forma sutil e estilosa de levar seus dados por aí, estas abotoaduras folhadas em ródio com o padrão de diamante da Tateossian têm um útil flash drive de 2GB.  tateossian.com

Medo de deixar a casa vazia? Esta câmera usa reconhecimento facial para notificá-lo (por smartphone) sobre invasores ou pessoas conhecidas.  netatmo.com

Headset Jawbone ERA

Carteira inteligente Wocket

Apple Watch Edition

Precisa fazer uma ligação importante em um ­lugar cheio de gente? Este headset Bluetooth inclui a tecnologia militar NoiseAssassin4.0, que elimina o barulho de fundo.  jawbone.com

Este pequeno dispositivo acomoda os dados dos seus cartões de crédito e débito e os c­ oloca em um smartcard, com PIN e tudo. Tem bio­ metria para segurança.  wocketwallet.com

O mais novo bebê da Apple ganhou uma atuali­ zação de OS com diversas novidades. O modelo Edition, que tem revestimento especial de ouro 18 quilates, é o mais moderno.  apple.com

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AÇÃO

CULTURA

Belo penteado: Johnny Depp como Whitey

O QUE VEM AÍ O melhor do entretenimento para ficar ligado

FILME Ponte dos Espiões Com previsão de estreia no Brasil no final de outubro, o suspense de ­Steven Spielberg (seu primeiro filme desde Lincoln, em 2012) sobre a ­Guerra Fria tem Tom Hanks como um advogado cuja tarefa é negociar a soltura de um suposto espião ame­ ricano capturado na União Soviética. bridgeofspies.com

FILME

O MAFIOSO

O diretor Scott Cooper fala sobre transformar Johnny Depp em um chefe da máfia inspirado em fatos reais no filme Aliança do Crime THE RED BULLETIN: Por que você escolheu Johnny Depp como o chefão do crime de Boston James “Whitey” Bulger? SCOTT COOPER: Johnny sempre adorou filmes de gângster, e eu achei que seria uma excelente opção. Whitey é um perso­ nagem assustador e improvável, mas é também muito humano. Johnny tem um repertório amplo, então você pode realmente apostar nele para papéis diferentes. Acredito que esta seja uma de suas melhores performances dramáticas. Você filmou toda a produção em Boston – qual foi a importância disso? Fundamental. Filmei em todas as esquinas da cidade. Queria que o público tivesse a sensação de estar na Boston dos anos 1970 e 1980. A comunidade nos acolheu – todo mundo tinha uma história sobre Whitey –, e nós filmamos nos pontos em que as coisas aconteceram, como o “cemitério clandestino de Bulger”, que fica na margem do rio, debaixo da ponte, para onde eram levados os cadáveres. Isso acrescentou um nível de ten­ são e perigo que contaminou o filme de maneira positiva. Qual foi o maior desafio ao se fazer o filme? Muitos dos melhores filmes americanos são suspenses policiais, então você precisa fazer algo que não pareça derivado. Ser uma história real também dificulta. O público não vai ver o filme para ter os fatos reais, mas para ver o drama psicológico e emocional. Aliança do Crime tem estreia prevista para 12/11

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GÂNGSTER DE CARTEIRINHA Whitey não é o primeiro gângster de Depp...

Donnie Brasco (1997) Ele vive um agente do FBI disfarçado que fica próximo demais da máfia. Profissão de Risco (2001) Um pequeno traficante que se torna o chefão da cocaína. Inimigos Públicos (2009) Como John Dillinger ­(abaixo), gângster ­notório nos EUA.

GAME Call of Duty: Black Ops III O terceiro da série COD acontece em um futuro remoto – 2065, quando ­supersoldados comandam o campo de batalha, e a tecnologia ameaça ­tomar a Terra. Disponível para PS4, Xbox One e PC a partir de 6 de novembro. callofduty.com

TV The Last Panthers Na série, o sexteto clássico enfrenta as consequências do roubo de um ­diamante que prenuncia a volta de um sindicato do crime europeu. ­Samantha Morton, de Minority Report, e a lenda do teatro John Hurt estrelam o suspense de novembro.

THE RED BULLETIN


GRAB YOUR PIECE OF THE ACTION


AÇÃO

CLÍMAX MUSICAL Cientistas nos EUA iden­ tificaram que a música tem alta propensão de provocar arrepios ou ­excitação sexual. A seguir, três músicas da lista de “orgasmos epidérmicos”:

Adele

CULTURA

PLAYLIST DURAN DURAN Em 1984, o Duran Duran estava no auge, com o sucesso “The Reflex” no primeiro lugar das paradas. “Mas nós ainda tínhamos um objetivo”, diz o baixista John Taylor. “Queríamos compor uma música para o James Bond.” Então, em uma festa, ele colou no produtor Cubby Broccoli e perguntou quando “alguém melhorzinho” gravaria um tema. A cara de pau funcionou e eles gravaram “A View To a Kill”, música de maior sucesso entre os f­ ilmes do 007 até hoje. No rastro do novo á­ lbum da banda, Taylor contou que músicas inspiraram o tema de 007.

“Someone Like You” O maior hit de Adele tem o aparato musical conhecido como apo­ giatura: quando muda a dissonância (tensão) para a consonância (repouso), o que induz o ouvinte a um arrepio.

Celine Dion

“My Heart Will Go On” Ame ou odeie esta música, a mudança brusca dos versos para o refrão é puro frisson musical. Em teoria, isso é chamado de salto dinâmico – a transição de suave para sonoro –, o que torna a trilha do Titanic um ­catalisador de lágrimas.

Shirley Bassey

Shirley Bassey

“Diamonds Are Forever”

“Goldfinger”

“Nós escutamos esta para nos inspirar, porque queríamos ser parte da tradição de grandes ­temas do 007. O que torna esta e outras músicas de James Bond tão especiais são os elementos luxuosos de corda, compostos por John Barry. Nós nos sentimos privilegiados que Barry ­tenha concordado em colocar um arranjo de orquestra de 60 instrumentos em nossa música – foi a cereja do bolo.”

“Possivelmente o mais importante ingrediente de uma música para James Bond é um toque de drama e de potência sexual. Para chegar a isso, você precisa de letras fortes e uma performance ainda mais forte. Ninguém entregou melhor esses elementos do que Shirley Bassey. Colocou as músicas dos filmes do 007 em um novo nível, porque dá aquela sensação de ameaça que resume tudo.”

Vaughan Williams

Peter Gabriel

“The Lark Ascending”

“No Self Control”

“Consideramos músicas que o próprio Bond gostaria de ouvir. Tem uma frase em 007 Contra Goldfinger na qual Sean Connery diz: ‘Beber Dom Pérignon ’53 em uma temperatura acima de 3 °C é tão ruim quanto ouvir Beatles sem tapa-ouvidos’. Achamos que Bond é esnobe. Acreditamos que ele goste mais de ouvir algo muito britânico e sério como ‘The Lark Ascending’, pela beleza e pelo drama.”

“Quando nós gravamos ‘A View To a Kill’, as músicas de Bond ­tinham parado de definir moda. Nosso desafio era criar um tema moderno para o 007. O som ­hipermoderno de Peter Gabriel e a técnica de gravação foram muito inspiradores. Usamos ­sintetizadores para acrescentar efeitos, o que era uma inovação. Naquela época, esses recursos eram usados nos filmes de Bond, não na trilha sonora.”

The Rolling Stones

GADGET Rachmaninov

“Piano Concerto Nº 2” O compositor russo é conhecido por suas ­súbitas mudanças na harmonia – característica que eletrifica o corpo. Você pode ouvir isso no segundo movimento do concerto de piano, que inspirou o hit “All By Myself” nos anos 1970.

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Marshall London A lendária fabricante dos amplis Marshall produziu um smartphone para amantes de música. Chamado de “o mais barulhento celular da Terra”, o aparelho impressiona com dois microfones dual estéreo para gravar em alto nível, placa de som de alta qualidade e duas saídas para headphone. marshallheadphones.com

“Honky Tonk Women” “Toda boa música de Bond tem muito groove, então, quando gravamos no lendário Maison Rouge Studios, em Londres, ­precisávamos encontrar uma boa referência para isso. ­Finalmente concordamos que ‘Honky Tonk Women’ seria a melhor opção, por causa ­daquele começo lendário com a batera de Charlie Watts. É relaxado e cai bem. É quase como se não estivesse ali.”

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AÇÃO

MOTOR PARA COMPRAR

BEM APRESENTADO A Aston Martin reedita um ícone britânico

Itens de luxo das marcas britânicas clássicas

Abotoaduras Land Rover Inspiradas no design do Range Rover Evoque, estas abotoaduras de prata são ao mesmo tempo minimalistas e apropriadas para um robusto Land Rover. shop.landrover.co.uk

O Aston Martin DB9 tem virado a cabeça das pessoas há mais de dez anos – o que é notável para um carro esportivo, mesmo quando é um modelo clássico do design. Então, para refutar qualquer sugestão de que o DB9 deva ser retirado do mercado, a Aston Martin Lagonda lançou sua mais potente versão até o momento: o DB9 GT. Com motor 6.0 litros V12, entrega 540 bhp, o que permite ao GT uma velocidade de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos e velocidade máxima de quase 300 km/h. Francamente, isso não muda a vida de ninguém – mas classificar um DB9 por aceleração e velocidade máxima não é bem o certo. Ele é um grand ­tourer elegante, não um supercarro. Ele foi construído especialmente para

levar um motorista em um passeio ­bucólico pelo interior da Inglaterra com estilo. Ele tem potência e não é vulgar por isso. O DB9 GT tem um para-choque e um difusor pretos e um discreto ­símbolo GT para distingui-lo dos similares, enquanto no interior há uma nova e atualizada versão do sistema de mostrador touchscreen da AML, o AMi II, e mais símbolos GT bordados no estofamento de couro. E naturalmente tem mais opções para escolher, incluindo suplementos de lanterna traseira de fibra de carbono, listas ­laterais, rodas com liga de diamante, cores de calibre do freio e do couro do banco e um design de volante inspirado no One-77. astonmartin.com

O novo Aston Martin DB9 GT: não é um demônio da velo­ cidade, mas esta atualização tem elegância de sobra

Jaqueta de lã Morgan A linha de produtos da Morgan Motor ­Company inclui uma ­jaqueta de lã de ovelha feita sob medida. Pode não ser muito ­barata, mas esquenta. morgan-motor.co.uk

ERA DOURADA

O melhor Bentley ganha mais músculos Enquanto a Bentley tem cortejado uma clientela mais jovem recentemente com o Continental GT, o Flying Spur é talvez uma aposta em clientes mais maduros – não que a firma de Crewe tenha dificuldade em apresentar sua variante de quatro portas em uma roupagem moderna. Eis o Flying Spur Beluga Specification. Disponível em versão 4.0 turbo V8, tem rodas de 20 polegadas, uma matriz em radiador preto lustroso e uma grade baixa colorida. O interior feito artesanalmente é folheado em preto, tem pedais e mudanças de marcha serrilhadas. Por que ele tem esse nome de peixe é um mistério. bentleymotors.com

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Malas Jaguar F-Type Projetada para caber com perfeição no ­espaço da mala de um F-Type, é uma coleção completa de malas da Jaguar que maxi­miza o espaço limitado disponível e assegura que você não passe vergonha ao dar entrada ­naquele hotel butique da Côte d’Azur. jaguar.co.uk

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AÇÃO

COMO...

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SOBREVIVER ABAIXO DE ZERO

Cave a própria cova

Seja numa missão secreta nos Alpes Austríacos ou perdido durante uma virada do tempo, cair em um ambiente abaixo de zero pode ser fatal. Mas se enterrar na neve pode salvar você. “Manter-se abrigado do vento e da intempérie é ­fundamental”, diz Scott Heffield, montanhista experiente, antigo integrante da ­Marinha Real Britânica e gerente da Bear Grylls Survival Academy. Heffield sabe do que fala – ele sobreviveu 36 horas a -30 °C no Monte Elbrus, na Rússia, e 12 horas a -35 °C em uma geleira da Antártida sem equipamento. “Há algumas formas de fazer isso: se você tiver o equipamento [isolantes e machadinha], ­poderia cortar blocos compactados do lado de um banco de neve, cavar uma grande câmera e depois fazer uma parede usando a neve como cimento.” E se você não tiver? “Cave um ‘túmulo de neve’ – um buraco para colocar o corpo inteiro – e se enfie dentro.” beargryllssurvivalacademy.com

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“A neve é muito boa em deixar que o oxigênio penetre, mas, quando as paredes interiores da sua cova ­começam a derreter e depois recon­ gelar, você fica em risco de se enve­ nenar com dióxido de carbono. Faça um buraco para ventilação furando com o que tiver. Você também pode conferir o nível de C0 acendendo ² um fósforo ou um isqueiro – se ele acender, está tudo bem.”

“Mantenha o seu corpo preparado para a janela de oportunidade massa­ geando mãos e pés constantemente. Eles serão os primeiros a congelar, uma vez que seu core centraliza todo o calor, fazendo o sangue oxigenado ir para os órgãos. Apesar do frio, ­prefira fazer contato pele com pele em vez de esfregar os pés através das meias – você precisa do calor pro­ duzido pela fricção das mãos e pés.”

“Dá para sobreviver sem comida por cerca de três semanas, mas sem água o limite é de três dias. Coloque neve ou gelo dentro de um recipiente e coloque junto ao corpo para ajudar a derreter. Tente não comer neve – isso vai derrubar a temperatura do seu corpo. Quanto à comida, sem­ pre carrego um kit de sobrevivência com barra de chocolate, carne-seca, nozes e uvas-passas.”

“Um buraco na neve pode mantê-lo vivo e aquecido por alguns dias. Mas a verdade é que, se ninguém chegar para resgatá-lo, você deverá assumir o risco de sair daquele cenário super­ -rápido. O melhor cenário possível: espere o sol aparecer e a visibilidade melhorar, porque você vai precisar de um céu limpo para se orientar. Aproveite a chance quando achar que as condições são as melhores.”

Respire calmo

HERI IRAWAN

“Procure um banco de neve acu­ mulada e faça um buraco do lado com as mãos, se for só o que tiver. Reúna a neve ao redor de você, de maneira que a entrada seja a menor possível e feche-a com sua mochila. A neve é um isolante razoavelmente bom – com o calor do seu corpo e sem o vento gelado, será uns bons graus mais quente dentro do que ­fora, t­ alvez até 0 °C.”

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Massageie-se

Encha o tanque

Mexa-se

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AÇÃO

AGENDA

O GP de Interlagos comemora 75 anos

15 de novembro Fórmula 1 São Paulo, SP

8 de novembro Stock Car Tarumã, RS A disputa pela liderança do campeonato da Stock Car 2015 está aberta. Marcos ­Gomes, Cacá Bueno, Daniel Serra e Julio Campos fizeram uma temporada acirrada e ­repleta de surpresas. Agora chegam juntos na reta final, no Autódromo de Tarumã, Rio Grande do Sul. É a penúl­ tima parada do ­calendário de 2015. Quem vai levar o caneco? stockcar.com.br

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GETTY IMAGES/RED BULL CONTENT POOL, BRUNO TERENA/RED BULL CONTENT POOL, HELGE TSCHARN/RED BULL CONTENT POOL, POULLENOT/AQASHOT, PERE MASRAMON/RED BULL CONTENT POOL

A principal categoria do automobilismo mundial passará por São Paulo em um ano especial: o Autódromo José Carlos Pace, mais conhecido como Interlagos, completa 75 anos. Palco de momentos inesquecíveis, como a vitória de Ayrton Senna em 1991, o traçado já recebeu 42 corridas da Fórmula 1 e terá o circo armado novamente neste mês. A temporada foi uma das mais intensas dos últimos tempos e a disputa já está na reta final. Interlagos é a penúltima parada do tour de 2015, que acaba em Abu Dhabi. f1.com

13 de novembro Skate Generation Florianópolis, SC Um torneio que já se tornou tradição entre a galera do skate volta mais um vez com força total. A ação acon­ tece no quintal da casa do skatista Pedro Barros, em Florianópolis. Ele abre seu bowl par­ticular para convidados como Jeff Grosso (foto), Christian Hossoi e Sandro Dias em dois dias de adrenalina e ação. redbull.com O anti-herói Jeff Grosso está pronto para o desafio de gerações

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11 a 22 de ­novembro Pearl Jam

HORA DO SHOW

Eddie Vedder e sua gangue estão de volta

Três datas, quatro bandas: o puro rock de novembro

Em cinco cidades

A banda de Seattle (EUA) retorna ao Brasil e promete lotar os estádios de capitais como Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. O Pearl Jam é uma das principais bandas do grunge, surgida no começo dos anos 1990. Com hits mundialmente conhecidos, como “Even Flow”, “Do the Evolution” e “Jeremy”, eles nunca perderam a relevância e até hoje são idolatrados pelos fãs. pearljam.com

7 de novembro Belfort vs. Henderson

São Paulo, SP O Ginásio do Ibirapuera rece­ berá mais uma luta de Vitor ­Belfort. Depois de sua derrota para Chris Weidman, em maio, o carioca v­ olta ao octógono para a terceira luta diante do americano Dan Henderson. ufc.com

6

novembro O Rappa

A banda liderada pelo vocalista Falcão chega ao Espaço das Améri­ cas, em São Paulo, com mais um show poderoso, repleto de rock e críti­ cas sociais. Clássicos como “Pescador de ­Ilusões” e “Me Deixa” estão confirmados no repertório. orappa.com.br

Até 8 de novembro Arnaldo Antunes

Brasília, DF O ex-vocalista dos Titãs mostra seu lado artista plástico. Na ex­ posição Palavra em Movimento, ­Arnaldo explora caligrafias, cola­ gens, áudios e vídeos realizados por ele. A mostra trabalha a pala­ vra irrompida em suas dimensões verbais, sonoras e visuais. arnaldoantunes.com.br

24 a 28 de novembro Sónar São Paulo, SP

Duas das principais bandas de punk dos anos 1990, Pennywise e Face to Face, farão uma turnê juntas pelo Brasil. Os shows acon­ tecem em São Paulo, no Rio, em Santos, ­Curitiba e Porto Alegre. Prepare seu coturno. ticket360.com.br

Maresias receberá só os melhores

2 a 9 de novembro SP Open de Surf Maresias, SP Uma das competições mais agitadas do calendário nacional de surf estreou no ano passado com o nome de SP Prime Maresias e em 2015 ganhou um novo nome: SP Open Maresias. A etapa, ­válida pela categoria Prime do WQS de surf, reúne os melhores ­surfistas do mundo na onda mais badalada do Brasil, terra do nosso campeão mundial Gabriel Medina. worldsurfleague.com

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7

novembro Pennywise & Face to Face

O festival nascido em Barcelona tem 22 anos de história e é um dos mais importantes eventos de música, tecnologia, inovação e tendência do mundo. Neste ano, o festival retorna a São Paulo após duas bem-sucedidas edições na cidade, em 2004 e 2012. O Sónar tem shows, mostra audiovisual e uma conferência internacional voltada à indústria tecnológica, criativa e artística. Para esta edição, grandes nomes da cena indie e eletrônica, como Chemical Brothers, Hot Chip e a DJ Valesuchi (foto), do Chile, estão confirmados. Prepare a energia e se jogue nessa balada. sonarsaopaulo.com.br

13

novembro Millencolin A banda sueca fará ­ uatro shows: na Fun­ q dição Progresso (RJ), no dia 13; no Carioca Club (SP), no dia 14; e no Master Hall (PR), no dia 15. A banda lan­ çou em 2015 o décimo álbum de estúdio, True Brew, 21 anos depois do disco de estreia. millencolin.com

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O que BOND usaria Esses relógios prestariam um ótimo serviço ao agente 007 nas mais variadas missões Por: Gisbert Brunner

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Debaixo d’água Debaixo d’água a quantidade de oxigênio é limitada, e o tempo, muito precioso. 1  OMEGA SEAMASTER 300 007 SPECTRE

www.omegawatches.com Nas suas mais recentes aventuras, James Bond usa um dos 7007 exemplares em aço do Omega Seamaster 300 Spectre. O calibre automático anti-magnético 8400 resiste ao campo magnético de um aparelho de ressonância magnética.

2  ORIS AQUIS DEPTH GAUGE YELLOW

www.oris.ch Uma olhada rápida para o mostrador do Oris Aquis Depth Gauge Yellow e você sabe exatamente a que profundidade está mergulhando. O relógio tem caixa de aço com revestimento de DLC, movimento de corda automático e ainda um mostrador de profundidade para até 100 metros.

3  SEIKO PROSPEX MARINEMASTER PROFESSIONAL

www.seikowatches.com Em 1965 a Seiko produziu seu primeiro relógio para mergulhadores. Para comemorar o aniversário,

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2

foram produzidos 700 exemplares do Prospex Marinemaster com mecanismo de corda automática de alta frequência. A caixa monocoque de titânio é à prova d’água até 1 000 metros. Para completar: válvula de escape de hélio e bisel unidirecional para marcar o tempo de mergulho.

1 4

4  ROAMER ROCK­ SHELL MARK III

www.roamer.ch Fundada em 1888, a Roamer tem uma vasta experiência com relógios à prova d’água. O Rock­ shell Mark III tem mecanismo de corda automática, caixa em aço inoxidável e acompanha mergulhos a até 100 m abaixo do nível do mar. O bisel giratório só pode ser movido em uma direção para maior segurança. 5  ROLEX OYSTER PERPETUAL YACHTMASTER 40

www.rolex.com A pulseira Oysterflex é a inovação do momento. A Rolex a produz usando lâminas metálicas flexíveis sobremoldadas com elastômero de alto desempenho. O relógio com mecanismo de corda automática resiste a uma pressão de até 10 bar.

5


THE KOBAL COLLECTION

a

“Será que assustou os peixinhos?” 007 Contra a Chantagem Atômica, 1965


O relógio é a companhia mais importante para um homem. No clube e no cassino, sempre elegante.

1

1  HUBLOT CLASSIC FUSION AEROMOON

www.hublot.com A Hublot desvenda seu lado elegante. Os suíços produziram a caixa de 45 mm em titânio e resina composta preta. O mecanismo de corda automática é composto de 134 peças. 2  TUDOR

NORTH FLAG

www.tudorwatch.com O North Flag é o primeiro relógio da Tudor com movimento de fabricação própria. Tem reserva de energia para até 70 horas e certificação cronométrica oficial.

2

3

4

“Essa última mão quase me matou.” 007 – Cassino Royale, 2006 86

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002

3  TISSOT CHEMIN DES TOURELLES

www.tissot.ch O Chemin des Tourelles com revestimento em ouro rosa é uma homenagem ao local da sede da Tissot. O movimento automático Powermatic é acionado por um rotor e funciona por até 80 horas. 4  GLASHÜTTE ­ORI­GINAL PANO­ MATICLUNAR

www.glashuette-original.com O PanoMaticLunar em aço tem um movimento próprio que se chama 90-02 e mostra, além das horas, minutos e segundos, também a data e as fases da lua. 5  NIXON

KINGPIN

www.nixon.com A caixa de aço revestida em ouro do Kingpin tem 41 mm e o mostrador tem um diamante verdadeiro no número 6. Um movimento de quartzo é responsável pela marcação das horas.

Elegância


“Tá na hora de encarar a gravidade.” 007 – Um Novo Dia para Morrer, 2002

003

Mecânica THE KOBAL COLLECTION, DDP IMAGES

A fineza da mecânica da relojoaria é o que ­desperta a curiosidade dos homens. Uma excursão nos bastidores. 1  HEUER CARRERA HEUER 01

www.tagheuer.com O Carrera Heuer 01 representa uma mistura de inovação e tradição. A inovadora caixa de titânio

com 45 mm é elaborada com ­doze componentes. Os destaques mais importantes: o mostrador transparente deixa à vista a genialidade da parte frontal do calibre automático 01 – a evolução do cronógrafo 1887 – com roda de coluna, embreagem de pinhão ­oscilante e 50 horas de reserva de energia. O mostrador do taquímetro na borda do vidro ajuda a medir as velocidades médias.

1

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“Temos todo o tempo do mundo.” 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade, 1969

004

Aventura

1

2

1  VICTORINOX I.N.O.X. PARACORD

www.victorinoxwatches.com Victorinox é sinônimo de aventura. E esse relógio de aço inoxidável com movimento de quartzo é perfeito. Fica firme no pulso com uma pulseira Naimakka ultra-resistente. 3

2  LOTUS MARC MÁRQUEZ EDITION

www.lotus-watches.com A Lotus dedicou este cronógrafo de quartzo com caixa de aço e revestimento azul ao bicampeão mundial de motociclismo Marc Márquez. À prova d’água até uma pressão de 10 bar. 4 5

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3  HAMILTON KHAKI TAKEOFF AC AIR ZERMATT

www.hamiltonwatch.com A suíça Air Zermatt é conhecida

pelos seus salvamentos espetaculares nas montanhas. Foi com ela que a Hamilton cooperou para produzir este robusto relógio com movimento automático e 80 horas de reserva de energia. 4  BELL & ROSS BR X1 SKELETON CHRONOGRAPH CARBONE

www.bellross.com Apenas 250 unidades desse ­cronógrafo automático com look stealth futurista são pro­ duzidas. A caixa quadrada é confeccio­nada com uma liga ­especial de alta tecnologia ­extremamente resistente. 5  FESTINA CHRONO BIKE

www.festina.com Há anos a Festina está intimamente relacionada com o esporte ciclista. A edição especial Chrono Bike apresenta caixa de aço revestida de 44,5 mm, mecanismo de quartzo e vidro de safira ­resistente a riscos. THE RED BULLETIN

THE KOBAL COLLECTION

Quando a vida é muito intensa, o relógio tem que ser resistente.


“Dê a sua contribuição em favor da humanidade.”

Informações e a hora exata são indispensáveis à sobrevivência no inexplorado vasto mundo.

007 Contra o Foguete da Morte, 1979

1  SUUNTO ESSENTIAL

www.suunto.com Estação meteorológica, medidor ou relógio? O Essential da Suunto é tudo isso dentro de uma caixa com apenas quase 50 milímetros. No display digital são exibidos, entre outros, a altitude, a pressão atmosférica, os pontos cardeais e a temperatura. 2  G-SHOCK MTG-G1000D

www.casio-watches.com O G-Shock é a síntese da tecnologia mais avan­çada com o material de maior resistência. Com tecnologia híbrida, ele t­ rabalha com sinais de rádio e de GPS para ­definir tanto a hora exata como a sua localização atual automaticamente.

005

Visão

3  SWATCH TOUCH ZERO ONE

www.swatch.com Com o Touch Zero One, o esporte fica muito mais divertido. A touchscreen grande permite navegar facilmente entre as diversas funções específicas. Step counter, power hits, power claps, todos podem ser usados em conexão com o aplicativo correspondente no celular.

2

4  BREITLING

1

5  GARMIN

PICTUREDESK.COM

3

5

4 THE RED BULLETIN

B55

www.breitling.com Um Breitling também pode ser smart: contagem regressiva ou progressiva, velocímetro eletrônico, funções especiais para pilotos de fácil operação e conexão simplificada para trocar e salvar dados com o celular.

EPIX

www.garmin.com GPS para aventuras ao ar livre, relógio smart, GPS para esportes e fitness tracker. Tudo combinado pela Garmin no Epix em uma caixa com apenas 85 g. Diferentes tipos de mapas são exibidos com exatidão na touch­screen colorida.

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Diretor de Redação Robert Sperl Redator-Chefe Alexander Macheck

THE RED BULLETIN Brasil, ISSN 2308-5940 Editor Brasil Fernando Gueiros Revisão Judith Mutici, Manrico Patta Neto Gerente de Projeto Paula Svetlic Contato fernando.gueiros@br.redbull.com

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MOMENTO MÁGICO: TE DÁ ASAS

“Quanto mais difícil são as condições, melhor funciona meu carro.” A lenda do rally Stéphane Peterhansel, 50 anos, prepara o seu Peugeot Racer para encarar o deserto

FLAVIEN DUHAMEL/RED BULL CONTENT POOL

ARFOUD, MARROCOS  15 de junho de 2015 Com onze vitórias entre 1991 e 2013, ­Stéphane Peterhansel é o piloto mais bem-sucedido do Rally Dakar. O francês treina nas dunas do Marrocos para seu objetivo em 2016: “Ainda gostaria de conseguir minha sexta vitória no Dakar na categoria automóveis. Eu venci seis vezes na categoria motos. Assim seria um número equilibrado.”

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