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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CURSO DE AMANDAJORNALISMOTUNG
SENTIMENTO ANTI-AMARELO: o discurso contra amarelos propagado por veículos digitais durante a pandemia.
São2021Paulo
2 UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
Relatório de Fundamentação Teórico Metodológica (RFTM)/Paper, acompanhado de Produto Experimental, desenvolvido como etapa final de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul,. sob orientação da Prof. Me Luiz Vicente de Lima Lazaro.
São
2021Paulo
CURSO DE
SENTIMENTO ANTI-AMARELO: o discurso contra amarelos propagado por veículos digitais durante a pandemia.
AMANDAJORNALISMOTUNG
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a minha avó por ter me incentivado a dedicar minha vida para carreira Agradeço minha família, emespecial minha a Natalia, o Alex e a minha prima Agatha, minha mãe e minha cachorra Nala por me fazer companhia nos tempos de quarentena e de aula remota.Da faculdade, agradeço a Ester por me ajudar no processo, a Kimberly e ao Luis por fofocarmos e desabafarmos juntos sobre o TCC. Ainda no meio acadêmico gostaria de agradecer aos meus mestres, emespecialaos que mais me marcaram, Nivaldo, Antonio, Mirian, que sempre deu força, incentivo, provocações e liberdade. Por último e não menos importante na minha jornada acadêmica meu orientador Luiz Vicente, obrigada pela sua compreensão.
Agradeço aos meus grupos, formado pessoas que nunca vi pessoalmente, mas que marcaram muito a minha vida, o Brasilidades Asiáticas e o Projeto Amareles Queer. Destes eu destaco o Shin, a Larissa Lumi e a Esther.
4 SUMÁRIO1.RESUMO......................................................................................52.ABSTRACT..................................................................................53.INTRODUÇÃO............................................................................54.APESENTAÇÃO.........................................................................65.REFERÊNCIALTEÓRICO-METODOLÓGICO...................76.RESULTADOS.............................................................................97.CONSIDERAÇÕESFINAIS.....................................................128.REFERÊNCIAS.........................................................................12APÊNDICE:ProjetoExperimental...............................................14
INTRODUÇÃO
2 Estudante Amanda Tung Marques de Jesus de Graduação 8º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e mail: amanda.tung.marques@gmail.com
PALAVRAS-CHAVE: racismo; coronavírus; orientalismo; asiático; amarelo; jornalismo.
ABSTRACT
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1 Artigo apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso RFTM/Paper, derivado do Núcleo de Estudos em Mídia Digital.
Amanda TUNG2 Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP
KEY-WORDS: racism; coronavIrus; orientalism; asian; east asian; journalism.
RESUMO
Desde o início da descobertado vírus SARS CoV 2 (pertencente à família coronavírus), que causa a Covid 19, em Wuhan na China; o preconceito contra amarelos teve um aumento exponencial pelo mundo, com base em discursos antigos sobre pessoas de parte do leste asiático, tais discursos aparecem mesmo que indiretamente em veículos jornalísticos. Esta pesquisa tem como objetivo analisar e verificar se há um discurso anti amarelo em veículos digitais durante a pandemia. Esse tema tem certa relevância, já que no Brasil vivem muitos leste asiáticos e seus descendentes.
O artigo busca fazer uma análise dos discursos anti amarelos no veículo jornalístico Folha de S. Paulo durante a pandemia de Covid 19, a metodologia de coleta e a análise são qualitativas. Os resultados, mostramumdiscurso orientalista e anti amarelo, que possivelmente, foi herdado de países ocidentais imperialistas europeus dos e Estados Unidos, presente nas matérias analisadas.
Sentimento anti amarelo: o discurso contra amarelos propagado por veículos digitais durante a pandemia1
This article presents an analyses on anti east asians discourses at the Folha de S. Paulo, a brazilian newspaper, during the Covid 19 pandemic. The methodology and analysis are qualitative. The results show an orientalist and anti asian discourse, which was possibly inherited from Western European imperialist countries and The United States of America.
APRESENTAÇÃO
Mas apesar dos imigrantes terem chegado há anos no país e terem tido descendentes criados sob a cultura brasileira, esses descendentes ainda sofrem um processo de estrangeirização, assim como a cultura de países leste asiáticos, apesar de terem se misturado com a brasileira e fazer parte do dia a dia da população. O que certamente contribui para uma não representação nas mídiaseconsequentementea mídiatradicional não secomunicade forma efetiva com esta parcela da população. Em dezembro de 2019 o novo coronavírus, Covid 19, foi descoberto em Wuhan, na China e logo se tornou um vírus de caráter epidêmico que se espalhou pelo mundo, se tornando uma pandemia, segundo órgãos de saúde.
O surto da doença não teve apenas vítimas do vírus, mas também se elevou o número de casos de racismo e xenofobia contra pessoas amarelas praticamente no mundo inteiro. Só no estado de São Paulo 1,4% da população, cerca de 570 mil pessoas se autodeclararam amarelas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010; números que podem ter sofrido grande alteração devido a movimentos sociais no Brasil na última década, mas que é complicado saber já que não se tem uma data confirmada para o próximo estudo nacional da população pelo IBGE.
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O embasamento teórico desta pesquisa inclui autores como Stuart Hall, considerado o “pai” dos Estudos Culturais, na Inglaterra eEdwardW. Said, intelectualque ajudou a introduzir o termo “orientalismo” na academia, nos Estados Unidos. O embasamento teórico também conta com pesquisadores brasileiros que abordam questões que amarelos, população leste asiática, viveram no passado brasileiro; há também a ajuda e pensamentos de autores estrangeiros que falam sobre os aspectos culturais no Brasil e na América Latina. O veículo digital escolhido foi jornal Folha de S. Paulo.
A primeira imigração leste asiática oficial para o Rio de Janeiro ocorreu no século XIX no Brasil colônia por imigrantes chineses para cuidar do plantio de chá, o que não ocorreu bem, jáqueo solo não erafértile muitos“trabalhadores”não tinhamexperiência nessetipo deplantio (DEZEM, 2005, p. 48 e 49). Desde entãoocorreram fortes correntes migratórias vindas do leste do continente asiático para o Brasil, principalmente no sudeste do país. A imigração mais forte politicamente foi a japonesa, mesmo sob um discurso completamente eugenista da classe política da época (TAKEUCHI, 2008).
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REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
Em suas obras/ensaios, Stuart Hall pensa o que é a diáspora e sua influencia nos locais onde elas se estabelecem. O autor faz um paralelo com os caribenhos que se mudaram para a Inglaterra e da ressignificação e da miscelânea cultural que toma a cultura popular, não apenas entre os seres diaspóricos e seus descendentes, mas entre a todos que estão ocupando essa nova ditasociedade inglesa, que játemseu berço uma misturaeuropeiadepovos. “Nossassociedades são compostas não de um, mas de muitos povos. Suas origens não são únicas, mas diversas” (HALL, 2015, p.33)
A fala de Hall pode ser interpretada para o contexto do Brasil, que se encaixa neste contexto de cultura híbrida, com “manias culturais” herdadas de países leste asiáticos, desde a culinária até os fenômenos culturais, como por exemplo os animes, que são animações japonesas e a recente explosão o K pop, música popular coreana. Os fenômenos culturais com
A música dancehall é hoje uma forma musical diaspórica incorporada uma das várias músicas negras que conquistam os corações de alguns garotos brancos “quero ser” de Londres (isto é, “quero ser negro”!), que falam uma mistura pobre de patois de Trench Town, hip hop nova iorquino e inglês do lestedeLondres, epara os quais o“estilonegro” ésimplesmenteo equivalente simbólico de um moderno prestígio urbano (HALL, 2015, p.41).
Oobjetivo destapesquisaéanalisar seessesdiscursospré existentesrelacionadosàÁsia e aos chineses influenciaram em algum grau um possível discurso preconceituoso contra os amarelos nas matérias jornalísticas da Folha de S. Paulo (um veículo de renome e centenário no Brasil), já que os amarelos estão no Brasil há muitos anos e se essas matérias de fato emitiram indiretamente esse discurso.
É importante ressaltar que grande parte da imagem vem da ideia errada que o dito ocidente, inventou do “oriente”, cujas nações desenvolvidas, ou consideradas de primeiro mundo difundiram através das mídias e com uma necessidade de ter um inimigo, que geralmente é o “outro” (SAID, 2007). Um outro fator que colabora para a construção desta ideia é a imagem criada dos chineses nos séculos passados “adjetivos como “fracos”, “indolentes”, “depravados”, “narcotizados pelo próprio ópio” somavam se a acusação de que essa raça traria "decadência física e degradação moral” da raça brasileira.” (DEZEM, 2005, p.75).
O orientalismo, portanto, não é uma visionária fantasia europeia sobre o Oriente, mas um corpo elaborado de teoria e prática em que, por muitas gerações, tem se feito um considerável investimento material. O investimento continuado criou o Orientalismo como um sistema de conhecimento sobre o Oriente, uma rede aceita para filtrar o Oriente na consciência ocidental, assim como o mesmo investimento multiplicou na verdade, tornou verdadeiramente produtivas as afirmações que transitam do Orientalismo para a cultura geral (SAID, 2007, p.33 34).
A ideia deste “outro” neste contexto está relacionada à ideia de “orientalismo” apresentada por Edward W. Said, que apresenta o Oriente que pessoas ocidentais conhecem em um conceito inventado por imperialistas como um lugar de seres inferiores, bárbaros que não tem civilidade, de uma região estranha e misteriosa. o “Oriente” seria uma oposição a Europa nacabeçade indivíduosocidentais;ousejapodeser interpretado como umdiscurso imperialista (e nestes casos entra o Estados Unidos), já que propaga a ideia de “libertar” os seres orientais (SAID, 2007, p.16 e 17).
Esse sistema que surgiu tornoumais fácilculpabilizar o outro já que o quese do Oriente, onde entra a Ásia, é em sua maioria o discurso que países imperialistas e superiores querem vender, vale lembrar que neste contexto o Brasil não entra como um criador do orientalismo, mas sim como um país que reverbera este contexto, não só com os asiáticos marrons, mas também com asiáticos amarelos. Ao referir se ao outro como diferente e criar uma série de
Said tornou o “orientalismo” uma disciplina acadêmica, na qual ele defende que não é possível compreender sobre uma ótica pós iluminista ocidental e que muito menos se compreende pela demonização da mídia imperialista, que costuma julgar os “orientais” como terroristas, seres exóticos que são dotados de tais tipos de violência. Mas Said não exclui a culpabilidade do Ocidente (falando de países imperialistas) que constituiu esse sistema que difere esse “oriental” e o subjuga.
8 raízes diaspóricas fizeram e fazem sucesso na comunidade como um todo, não apenas com pessoas amarelas. Mas como o próprio Stuart Hall cita, pode ser que não tenha um final feliz, já que os Estados ( Europa e América do Norte) tradicionais sabem que esse tipo de mistura é um sinal de alerta, já que possivelmente seu “império” está sob ameaça. Com o alerta ligado em relação essas “culturas” surgem novamente um preconceito énico, cultural e racial e que inferioriza o “outro”, com estigmas antigos; o que gera uma busca por justiça na minoria afetada e um sentimento de exclusão Hall (2015, p.51). “Aquele povo que está na civilização ocidental, que cresceu nela, mas que foi obrigado a se sentir e de fato se sente fora dela, tem uma compreensão única sobre sua sociedade.” (JAMES apud HALL, 2015, p.53)
Não foiapenas a questão da “imigração” chinesa que teve umalarde e ideias eugenistas. Durante a imigração japonesa para o Brasil, o governo, principalmente da Era Vargas, pensou no povo “oriental” por ser “domesticável” e por aceitar melhor as condições trabalhistas precária que os imigrantes europeus (TAKEUCHI, 2008). Os políticos da época tinham medo de causar um dano à saúde da nação.
O acréscimo do elemento amarelo ao caldeirão racial do país, que ainda não havia deglutido o negro, fruto da herança colonial, representava um fator de descontrole na visão dos eugenistas. O japonês é apresentado como o novo, estranho, fora de controle, uma projeção de insegurança para o futuro que se quer na mão, o elemento não previsto numa ampla estratégia de controle do trabalho e do trabalhador (TAKEUCHI, 2008, p.53)
A metodologia desta pesquisa científica, para análise, consistiu em escolher conteúdos jornalísticos que abordassem de alguma maneira a Covid 19. A escolha do veículo seguiu os seguintes critérios: 1) ser digital, devido ao alcance e 2) ser um veículo de renome e que é conhecido pelo país. Considerando estes critérios, o escolhido foi a Folha de S. Paulo (digital), um veículo pago, que necessita de assinatura, mas que permite acesso a alguns conteúdos de
estereótipos que colocam essas pessoas como inferiores, reproduz se o discurso orientalista, no qual o europeu é um ser superior.
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Mas como citado por Said, essa inferiorização não é recente. Podemos ver esse discurso no Brasil Império e nos anos de Brasil República durante as grandes ondas migratórias. No fim da fase imperial do Brasil, surgiu como ideia da classe política ter um regime de semi escravidão de chineses e ao invés da escravidão de povos africanos, devido a pressão exteriro pelo fim da escravidão. Umdos empecilhos vistos pelo Senado da época foios hábitos chineses descritos como inferiores, e claro a aparência racial (DEZEM, 2005).
RESULTADOS
A ideia dessa “ciência” eugenista citada por Takeuchi vai contra a ideia de raça descrita por Hall. “A raça é uma categoria discursiva e não uma categoria biológica. Isto é, ela é organizadora daquelas formas de falar, daqueles sistemas de representação e práticas sociais (discursos)”. (HALL, 2020, p. 37). Stuart Hall ainda lembra que potências imperialistas exerciam uma hegemonia cultural sob seus colonizados.
A população de São Paulo, cidade que recebe o evento, tem uma enorme população imigrante, provenientes de vários países, que tiveram descendentes aqui, entre ela, os chineses. A matéria acaba trazendo e um discurso, mesmo que implícito, um sentimento anti China e um preconceito manifestado pela xenofobia e por conta da etnia. A ideia de uma doença está ligada
Em “Ano novo chinês em SP tem preocupação com coronavírus e presença de chineses limitada”, publicada em 1º de fevereiro de 2020, redigida por Bruno B. Soraggi, a matéria informa desde o primeiro parágrafo a preocupação de manter os chineses longe, mesmo com o Covid 19 ainda não ter sido detectado no Brasil. Com chineses convidados a ficarem em casa por precaução contra a transmissão do novo coronavírus, alteração na programação e poucas pessoas usando máscaras tampando suas bocas e narizes, o bairro da Liberdade abriu na manhã deste sábado (1º) o primeiro dia do fim de semana de celebração do Ano Novo chinês (SORAGGI, 2020)
Na matéria veiculada no dia 17 de janeiro de 2020 intitulada “Doença respiratória misteriosa mata dois na China e gera alerta nos EUA”, publicada pela Folha de S. Paulo, mas de autoria da REUTERS e da Agence France Presse (AFC), destaca em seu título que é uma doença misteriosa, que leva o leitor a entender que não se sabe nada sobre a doença. Porém, no corpo do texto, há uma afirmação sobre ser uma cepa de um vírus já conhecido “A cepa é um novo tipo de coronavírus, família com um grande número de vírus. Eles podem causar doenças leves nos seres humanos, como um resfriado, mas também outras mais graves”. O tipo de afirmação feita sobre o “mistério” no título e sobre preocupar os Estados Unidos se assemelha ao discurso orientalista que trata o Oriente como um lugar que foi imaginado, que é inferior aos países imperialistas (SAID, 2007, p. 34 e 35).
10 maneira gratuita. O veículo paulista é tradicional e centenário, então percebeu se uma possível hipótese de o produto manter certos discursos preconceituosos.
O conteúdo foi escolhido por meio do sistema de busca do próprio site, no qual foram utilizadas as palavras chave: coronavírus, covid 19, vírus chinês e coronavírus chinês. Cada busca apresentou mais de 300 resultados, sendo que a primeira apresentou 10.000 resultados e compreende os resultados das outras buscas. Os critérios de escolha dos conteúdos foram: 1) o conteúdo ter a sua publicação feita entre novembro de 2019 e março de 2020; 2) não ser matéria factual de acontecimentos do dia a dia (exemplo: número de mortes diárias no Brasil); 3) o título empregar algum elemento que remeta ao preconceito.
Já na matéria “Além da Covid 19, peste bubônica e pandemias de gripe têm raízes na China”, escrita por Gabriel Alves e veiculada no dia 23 de março de 2020, teve como foco mostrar o quanto a China e os hábitos de sua população têm o potencial de disseminar doenças pelo mundo, atingindo principalmente o ocidente. A matéria ainda cita doenças que já foram devastadorasno passado,como aPesteBubônicae citacasosrecentesdediagnósticos naChina.
11 aos amarelos em específico, o que legitima o racismo com a suposição e a desculpa de ser algo científico, o que justifica a exclusão e tratar amarelos como potenciais inimigos (TAKEUCHI, 2008, p.45).
No texto jornalístico da coluna do jornalista Marcelo Leite, publicada no dia 26 de janeiro de 2020 e com o título “O coronavírus de Wuhan e as 7 pragas da China” lembra a história das 10 pragas do Egito, descrita na Bíblia Sagrada, livro religioso dos cristãos. O texto jornalístico traz uma ideia em que inferioriza o “outro” em detrimento de um mundo europeu (HALL, 2015). Porém não é a única mensagem, a produção textual apresenta quase que explicitamente um pensamento orientalista, onde é mais fácil culpabilizar o “oriental” do que realmente ir à origem do problema. “Chineses viajam em grandes hordas, levando consigo o coronavírus. Emquestão de horas ou dias, a moléstia chega aos quatro cantos do mundo”, nesta frase contida na matéria é um exemplo do que se refere o que está escrito antes da citação. O texto ainda se encarrega de falar do governo de um país que não é ocidental, o que faz as ideias orientalistas de indivíduos ocidentais serem tomadas por preconceito e por colocar o “Oriente” como inimigo (Said, 2007, p.39).
“O país asiático historicamente apresenta uma certa propensão a ser berço de moléstias com potencial de assustar o mundo”, no mesmo texto o autor também tem a chance de a gripe espanhola (H1N1) ter surgido na China. Nestes pequenos trechos da matéria percebe se tentativa de culpabilizar “o outro”, no caso a China de verdadeiras tragédias ocorridas por conta de vírus, no caso dagripe espanhola não se sabe a origemdo vírus. Volta a ideia de tero “outro” como inimigo e questionar a civilidade e bondade daquele povo, os tornando quase terroristas (SAID, 2007, p.16 e 22). A matéria ainda fala sobre as relações dos humanos com os animais silvestres e domésticos, o que pode lembrar a possível origem da Covid 19, que é associada a hábitos chineses que as pessoas consideram exóticos e duvidosos (DEZEM, 2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tal discurso que é perigoso ao ser veiculado, sobretudo no Brasil, um país que tenta enxergar se como europeu mesmo tendo sido vítima do imperialismo e colonialismo de umpaís europeu; além de ser um país que não consegue esquecer seu passado escravista e nem assumir problemas relacionados ao autoritarismo. Com tudo isso, o conteúdo analisado se utilizou de um discurso que busca inferiorizar e/ou exotificar os amarelos em detrimento de uma camada de um racismo estrutural, herdado dos grandes imperialistas.
ALVES, Gabriel; Além da Covid-19, peste bulbonica e pandemias de gripe têm raízes na China Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/alem da covid 19 peste bubonica e pandemias de gripe tem raizes na china>. Acesso em: 15 de nov. de 2021.
AFP eREUTERS.; Doençarespiratória misteriosa matadois e gera alerta nos EUA Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/01/doenca respiratoria misteriosa mata dois na china e gera alerta nos eua>. Acesso em: 15 de nov. de 2021.
HALL, Stuart. Aidentidadeculturalnapós modernidade. 12. ed.Rio de Janeiro: Lamparina, 2020. 64 p. ISBN 978 85 8316 007 6.
REFERÊNCIAS
Conforme a análise demonstrou as estas matérias veiculadas pela Folha de S. Paulo, parecem reforçar os discursos preconceituosos contra leste asiáticos e seus descendentes e em algum grau teremsido influenciadas pelo preconceito, por seremdiscursos originados de países imperialistas que denominam o tal do “outro” como ser inferior ou como inimigo desse dito Ocidente (SAID, 2007, p.17). Este, que está presente no Brasil desde a chegada dos primeiros chinesesao paísnadécadade1810, ao subjugar oscostumesetraçosraciais eculturaisdaquelas pessoas (DEZEM, 2005, p.58).
SORAGGI, Bruno B.; Ano novo chinêse em SP tem preocupação com coronavírus e presença de chineses limitada. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/02/ano novo chines em sp tem preocupacao com coronavirus e convite limitado a chineses>. Acesso em: 15 de nov. de 2021.
LESSER, Jeffrey. A invenção da brasilidade: identidade nacional, etnicidade e políticas de imigração. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2015. 296 p. ISBN 978 85 393 0612 1.
DEZEM, Rogério. Matizes do "amarelo": a gênese dos discursos sobre os orientais no Brasil (1878 1908). São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005. 312 p. ISBN 85 98292 81 8.
HALL, Stuart. Da Diáspora: Identidades e mediações culturais. 2. ed. Organizadora: Liv Sovik. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013. 480 p. ISBN 978 85 423 0028 4.
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SAEDE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados; Retratos de São Paulo: Distribuição da população por raça/cor. Disponível em: <http://produtos.saede.gov.br/produtos/retratosdesp>. Acesso em: 15 de nov. de 2021.
LEITE, Marcelo; O coronavírus de Wuhan e as 7 pragas da China Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloleite/2020/01/o coronavirus de wuhan e as 7 pragas da china >. Acesso em: 15 de nov. de 2021
WESTIN, Ricardo; No fim do Império Brasil tentou substituir escravo negro por “semiescravo” chinês. Disponível em <www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo s/no fim do imperio brasil tentou substituir escravo negro por 201csemiescravo201d chines>. Acesso em: 15 nov. de 2021.
TAKEUCHI, Marcia Yumi. O perigo amarelo: imagens do mito, realidade do preconceito (1920 1945). São Paulo: Humanitas, 2008. 288 p. ISBN 978 85 7732 070 7.
SAID, Edward W. Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 528 p. ISBN 978 85 359 1045 2.
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14 APÊNDICE
A) PRODUTO EXPERIMENTAL
Descrição do projeto Linguagem
4.Paulo.
Foi utilizada a linguagem fotográfica para mostrar a mistura de cultura que a cidade de São Paulo vive, tal como a população, enfatizando traços culturais de origem leste asiático. As fotografias são registros de momentos comuns na vida da cidade, mostrando um lugar único que é o coração do centro de São Paulo.
Linha editorial
O ensaio fotográfico em formato de livro (fotolivro) é composto de apenas uma edição, onde as fotos são em preto e branco, o formato adotado deve se ao objetivo de demonstrar como que as vivências de pessoas com ascendência leste asiática, assim como a cultura deixada por esses povos imigrantes agregou na nossa cultura e se tornou genuinamente paulista. O público alvo são os paulistas amarelos que buscam se identificar de alguma forma nessa cultura híbrida e para que as outras pessoas entendam a mescla de vivências de pessoas que descendemde povos imigrantes
Cidade Amarela, é um ensaio fotográfico do centro de São Paulo e tem como objetivo mostrar como a cultura leste asiática está presente no cotidiano na cidade. O projeto, com exceção da capa , são em preto e branco justamente para mostrar este detalhe e valorizar a beleza de São
1. Título do produto Cidade Amarela.
2. Área e formato Área: Formato:fotográfica.ensaiofotográfico em formato de livro
3. Sinopse
O projeto é composto por 28 páginas, contendo 684 caracteres textuais; os caracteres do Título: são apresentados em Times New Roman, no tamanho de 62,20 pontos; Nome na capa: Times New Roman, com tamanho de 24 pontos; Título na segunda capa: Times New Roman em tamanho de 36; Apresentação do livro e ano na última página: Arial em tamanho 12 pontos.
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Identidade Visual
Número de páginas/caracteres/duração
Espelho
A identidade é marcada pelas fotografias em preto e branco, passando pela escala de cinzas que representam o caos e a frieza da cidade de São Paulo. As cores escolhidas para as fotografias também servem para ressaltar que a cultura leste asiática se apresenta em detalhes.
Função individual
Todas as respectivas funções que envolvem o desenvolvimento de um ensaio fotográfico em formato de livro; tais como editora, diagramadora, pauteira, redatora, revisora, repórter e responsável pela parte fotográfica foram desempenhados pela Amanda Tung.
Pré-pauta
Histórico: Desde o final do século XIX o Brasil tem recebido imigrantes do leste asiático, como todo esse tempo as culturas acabaram se misturando, ao andar pelas ruas da cidade de São Paulo e de outras cidades do estado percebe se um misto arquitetônico e no modo que funciona o lugar. Além de elementos da cultura e culinária de países leste asiáticos terem tido uma adaptação no Brasil. Assim como o lugar, as histórias de pessoas descendentes desses povos imigrantes também tiveram uma mistura cultural, que não deixa de ser brasileira.
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Dias, locais e equipamentos utilizados para o registro das fotografias.
Fotografias
Foto 3: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs.
Foto 20: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs.
Foto 12: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs
Foto 1: 23 de outubro de 2021, Bela Vista, câmera Canon SX40 hs.
Foto 21: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs
Foto 6: 23 de outubro de 2021, Bela Vista, câmera Canon SX40 hs.
Foto 7: 23 de outubro de 2021, Bom Retiro, câmera Canon SX40 hs
Diário de campo
Foto 13: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs.
Foto 24: 23 de outubro de 2021, Bela Vista, câmera Canon SX40 hs
Foto 17: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs.
Foto 19: 23 de outubro de 2021, Bom Retiro, câmera Canon SX40 hs
Foto 14: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs
Foto 11: 23 de outubro de 2021, Bela Vista, câmera Canon SX40 hs.
Foto 18: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs.
Foto 5: 23 de outubro de 2021, Bela Vista, câmera Canon SX40 hs.
Foto 16: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs
Foto 23: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs.
Foto 2: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs
Foto 22: 23 de outubro de 2021, Bela Vista, câmera Canon SX40 hs
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Foto 4: 23 de outubro de 2021, Bom Retiro, câmera Canon SX40 hs
Foto 9: 23 de outubro de 2021, Bom Retiro, câmera Canon SX40 hs
O trabalho surgiu a partir de reflexões pessoais da aluna sobre si mesma e sobre a sociedade onde vive, em meio a pandemia da Covid 19. Apesar de ser um tema muito presente na sociedade, a escolha dele não foisimples, já possuíamoutrostemas a seremanalisados. Quando já se tinha o tema escolhido, a questão foi como abordá lo, monografia e documentário foram
Capa: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs.
Foto 10: 23 de outubro de 2021, Liberdade, câmera Canon SX40 hs
Foto 15: 23 de outubro de 2021, Bom Retiro, câmera Canon SX40 hs.
Foto 8: 11 de setembro de 2021, Liberdade, câmera BenQ GH65X.
Foto 25: 23 de outubro de 2021, Bom Retiro, câmera Canon SX40 hs.
A partir do momento do descarte da monografia, o paper e o projeto de ensaio fotográfico viraram a escolha para contar dois lados do ser amarelo no Brasil, com foco na metrópole de São Paulo. O paper traz o discurso de ódio propagado contra os amarelos e o ensaio fotográfico traz a contribuição deste povo diaspórico na cidade de São Paulo, pela visão de quem nasceu e cresceu nesta confusão cultural.
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considerados, o último descartado devido a pandemia. A monografia foi desconsiderada devido à falta de material sobre o tema disponível no contexto social da América Latina, que é único.
Quantidade Valor unitário Valor Total
20 B) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
C) INVESTIMENTOItem
Transporte 10 R$ 2,20 R$ 22,00
Livros Acadêmicos 10 R$ 35,00 R$ 350,00
Leitura de referências Revisão de referências Apuração de informações Fotografar fotos do livro Edição das Diagramaçãofotografiasdolivro
Fase do estudo fev/ 21 mar/ 21 abr/ 21 mai/ 21 jun/ 21 jul/ 21 ago/ 21 set/ 21 out/ 21 nov/ 21
Total 27 R$ 402,20 R$ 767,00
Alimentação 3 R$ 15,00 R$ 45,00
Energia 1 R$ 200,00 R$ 200,00 Internet 1 R$ 150,00 R$ 150,00