Abril de 2021 / Ano XXVIII / #298
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19/02/2021 11:59
Inauguração do Busto de Ferreira de Castro foi há 50 anos pp. 13 a 17
REPORTAGEM
Abate de árvores no coração da vila gera controvérsia pp. 04 e 05
Fotografia Matos fecha portas ao fim de 45 anos no centro da vila Pandemia precipitou decisão que já vinha a ser ponderada, fechando mais um estabelecimento central.
p. 06
Obras no Montinho arrancam no final do ano CC Taipas vai requalificar os balneários e colocar luz LED nas suas instalações com o apoio da autarquia..
p. 22
CART não termina as competições Clube taipense entende que não deve concluir a temporada e participar nos jogos que faltam disputar.
p. 23
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CASA DE PARTIDA SOBE Bombeiros
A 17 de abril, comemoOs Bombeiros das ram-se os 50 anos da homeCaldas das Taipas viveram, nagem a Ferreira de Castro, muito recentemente, molevada a cabo pelo Círculo de mentos conturbados que Arte e Recreio. Em 1971, essa levaram à saída de José das homenagem foi traduzida na Neves Machado. Ainda com apresentação de um busto do muito por explicar, é justo reescritor que escrevia sobre a conhecer que acabou por ser relação com os taipenses e a encontrada uma solução que vila o seguinte: “Para eles eu permitiu a esta associação sou apenas aquele senhor que não ter resvalado para uma vem, todos os anos, passar indefinição que seria muito alguns meses nas termas e delicada para a associação. costuma sentar-se numa pedra, Curiosamente, a saída de à beira dos campos, a ler ou a José das Neves Machado paolhar para as árvores”. rece ter tido o condão de ter Como reagiria Ferreira de feito desaparecer um “certo Castro se já não tivesse árvores ruído” que se estava a fazer para olhar? sentir na corporação.
EDITORIAL Alfredo Oliveira
Caldas das Taipas e as árvores Em fevereiro de 2017, Marta Labastida, responsável pelo projeto de Requalificação do Centro Cívico de Caldas das Taipas, escrevia sobre a vila o seguinte: “É, em todo o concelho de Guimarães, um lugar único, onde se reúnem condições que cruzam o ambiente urbano com o ambiente natural e onde se identifica um património cultural e de lazer fortemente arraigado na memória dos vimaranenses”. Talvez se encontre nesta última palavra a razão que poderá estar por detrás das fortes reações das pessoas à notícia do Reflexo de 24 de março, onde se dava conta de uma dezena de árvores abatidas no Largo Frei Cristóvão dos Reis, próximo aos Banhos Velhos. Neste meio, os habitantes são vimaranenses, mas antes disso, são taipenses e, para um taipense, as suas árvores são algo que está presente nas suas vidas, talvez por isso, estabelecendo uma comparação com o novo centro da vila, o novo Toural não convence os taipenses. Como sabemos, a requalificação do centro cívico da vila irá custar cerca de 4,7 milhões de euros, gastos durante este ano e o próximo. Foi um projeto debatido e apresentado na vila e as pessoas puderam apresentar propostas, é certo. Mas toda a gente tem consciência que, do projeto apresentado pela entidade promotora, pouco foi alterado. Todos sabíamos que iriam ser abatidas diversas árvores (esse abate não irá ficará por aqui), mas ninguém se preparou, nem foi preparado o dia em que essas árvores começaram a desaparecer. Numa obra de cerca de 5 milhões de euros, algo de profundo irá acontecer nesse espaço. Nesta mudança em curso, seria bom que os responsáveis tivessem uma maior proximidade para com as populações e explicassem os passos a desenvolver nesta intervenção. Também não é suficiente dizer que vamos ter o triplo de árvores que irão ser abatidas, pois já não será esta geração que irá usufruir desse novo plantio. Muitos se socorrem, agora, do estudo da UTAD, de abril de 2016, tanto para justificar parte do abate, como pela defesa destas árvores seculares onde a “Lua falou” muitas vezes. Nessa altura, foram identificadas 251 árvores e os técnicos apontavam o abate de 28. O problema, ou para agravar o mesmo, é que em 2019 (depressão Elsa) tivemos a queda de 13 árvores e o abatimento de mais 17 por terem ficado em risco. Tendo começado com uma citação, terminamos com outra, agora do tal relatório da UTAD: “O porte elevado é um aspeto positivo para obter benefícios efetivos da vegetação (...). Só a partir de altura/diâmetro da copa acima dos 10 m, a árvore começa a ultrapassar os custos da sua instalação e manutenção, traduzindo-se nos múltiplos benefícios para o ambiente urbano e social”.
reflexo O Norte de Guimarães
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Abate das árvores
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PUBLICAÇÃO MENSAL / N.º 298/ Abril de 2021 / Ano XXVIII Depósito Legal n.º 73224/93 - Registo n.º 122112 // PROPRIEDADE e EDITOR RFX, Ld.ª - Empresa jornalística registada na E.R.C., em 13 de Abril de 2015, com o n.º 223926 NIF 513 082 689 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Pedro Filipe de Azevedo Oliveira Marques Vieira; José Dâmaso da Cruz de Castro Lobo; José Henrique Fernandes da Cunha; Alfredo Jorge Salazar Rodrigues de Oliveira; Manuel António Martinho da Silva; António Paulo Duarte Marques de Sousa DIRECTOR Alfredo Oliveira REDAÇÃO José Henrique Cunha; Manuel António Silva; Pedro Vilas Cunha, Bruno José Ferreira, Carolina Pereira, Tiago Mendes Dias, Pedro Esteves e Hugo Marcelo CONTACTO Av. da República, 21 – 1.º Dto. - Apartado 4087 4806-909 Caldas das Taipas TEL./FAX: 253 573 192 - Email: jornal@reflexodigital.com TIRAGEM 1500 EXEMPLARES EXECUÇÃO GRÁFICA IMPRESSÃO Diário do Minho - Braga Rua de Sta. Margarida, 4 A - 4710-036 Braga COLABORADORES António Bárbolo; Carlos Marques; Carlos Salazar; Manuel Ribeiro; Augusto Mendes; Pedro Martinho; Teresa Portal REVISÃO DE TEXTO Maria José Oliveira FOTOGRAFIA Lima Pereira; Reflexo; Fotografia Matos ESTATUTO EDITORIAL disponível em www.reflexodigital.com
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REPORTAGEM
Abate de árvores no coração da vila gera controvérsia REFLEXO
O estudo faz parte de um projeto abrangente da responsabilidade da Universidade do Minho e avaliou individualmente as árvores da vila. O estudo de há cinco anos divide o parque arbóreo em oito áreas, sendo que o local de abate de pelo menos dez árvores – zona dos Banhos Velhos – é descrito da seguinte forma: “É neste espaço onde as árvores avaliadas estão na melhor condição. Efetivamente muitas delas têm a classificação de Excelente no vigor, estando no nível 5, isto é, o máximo para este parâmetro. No local há pouca compactação pois não há estacionamento e as podas que ocorreram foram pouco intrusivas”. É recomendado o abate de duas árvores, sendo que a publicação considera que naquele espaço existem 23 . Remodelação prevê “o triplo das árvores”, diz Câmara
Depois do derrube núncio Jornal Reflexode várias árvores, multiplicaram-se reações. Junta diz que o dossier da
requalificação do centro cívico transita do anterior executivo. Ex-autarca indica que imputar responsabilidades é “atirar areia” para os olhos dos taipenses. Câmara esclarece que projeto dará EPETED à vila o triplo das árvores que existem. Reportagem Pedro C. Esteves e Bruno Ferreira Alguns dos jardins que ornamentam a Avenida da República, artéria central da vila de Caldas das Taipas, estão mais despidos. No Largo Frei Cristovão dos Reis, uma das zonas envolventes dos Banhos Velhos, pelo menos uma dezena de árvores foi abatida. O abate, no âmbito da requalificação do centro cívico da vila, desencadeou a reação de partidos, motivou um esclarecimento da Câmara Municipal
de Guimarães e um comunicado da Junta de Freguesia de Caldelas com uma extensa cronologia dos acontecimentos. Nesse mesmo texto, o executivo liderado por Luís Soares atira responsabilidades para o mandato do anterior executivo. No âmbito da requalificação do centro cívico da vila, iniciada em outubro do ano passado, e com incidência particular na Avenida da República, iniciou-se o processo
de abate de árvores pelo Largo Frei Cristovão dos Reis. Foram abatidas pelo menos dez. O jardim nas imediações dos Banhos Velhos foi uma das zonas estudadas pelo Departamento de Ciências Florestais da UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), que realizou uma avaliação fitossanitária e da segurança – “elementos 255 mm essenciais para a gestão eficaz dos recursos disponíveis” –, em 2016.
No seguimento da notícia do derrube, o Reflexo requisitou à Câmara Municipal de Guimarães (CMG) um esclarecimento. O município enviou, no dia seguinte, às redações, uma explanação em que reitera que a “obra de remodelação prevê o triplo de árvores comparativamente com as atualmente existentes”. “Assim, serão plantadas no local novas árvores, adaptadas a habitats ribeirinhos e em condições de parâmetros ambientais e dendrométricos que permitam o seu desenvolvimento harmonioso, sem condicionantes, melhorando a paisagem urbana e a sua biodiversidade”. O município lembra que o projeto de requalificação do Centro Cívico da vila “vai permitir colocar a céu aberto a Ribeira da Canhota, atualmente canalizada e submersa” e possibilitar a criação de uma galeria ripícola – que se pauta pela edificação de um corredor de copas sobre o curso de água – “com a
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plantação de árvores autóctones”, características de zonas húmidas. No mesmo documento, a CMG acena com o estudo da UTAD – “onde se verificaram várias árvores com problemas de crescimento amorfo e em mau estado sanitário”– e itera a impossibilidade de árvores permanecerem no percurso do leito do rio, que vai ser alargado. No mesmo dia, um comunicado da Junta de Freguesia de Caldelas corroborava a comunicação do município e levava o jogo para o campo político, com o executivo liderado por Luís Soares a remeter responsabilidades para o mandato de Constantino Veiga, terminado em 2017. “A substituição de árvores em curso é uma decisão do projeto de 2016. Quando a projetista decidiu transformar o centro cívico, como foi proposto, previu a substituição de árvores em mau estado por árvores novas que serão plantadas (no total está previsto a plantação de 150 novas árvores)”, relatava a nota informativa. “Esse foi o tempo de evitar estas alterações que agora estão em curso, e propor outras alterações. Nesse tempo a Junta de Freguesia concordou com a intervenção”. A junta sublinha também, tal como a CMG, que transformar o coração da vila “implicou para a projetista, por exemplo, trazer a ribeira da canhota, na zona dos Banhos Velhos, a céu aberto, ou mudar as cotas do terreno na Avenida da República e para isso substituir árvores que estavam em bom estado de saúde”. A autarquia local diz que, “apesar do projeto estar fechado, ter sido lançado o concurso público a que o empreiteiro está obrigado”, quando se iniciou a obra, em outubro de 2020, a equipa projetista fez uma revisão das árvores sacrificadas devido a uma insistência da Junta de Freguesia de Caldelas.
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Depois de levantar este ponto, o executivo atual imputa responsabilidade ao mandato de Constantino Veiga: “É bom ter em conta, que este trabalho deveria ter sido feito em projeto em 2016 e claramente não foi”. “É uma verdadeira vergonha”
Contactado pelo Reflexo, Constantino Veiga acusa a Junta de Freguesia de Caldelas de “querer atirar com areia” para os olhos dos taipenses com o comunicado em que responsabiliza o anterior executivo pelo abate de várias árvores no âmbito do projeto de requalificação do centro cívico. “Isto é lamentável. Derrubar árvores seculares na nossa vila é uma vergonha. Não cabe na cabeça de ninguém que tenha sido eu a fechar isto, quando um projeto desta envergadura nem passa sequer pela Junta de Freguesia. Acompanhei o projeto em arquitetura e aquilo que me pareceu é que nem metade das árvores iam abaixo, iriam aquelas sinalizadas e podres”, indicou. O ex-autarca eleito pela Coligação Juntos por Guimarães “lamenta” o comunicado emitido pela Junta de Freguesia. “Aquilo que define a vila é o arvoredo todo, estrondoso, com muitas sombras no verão, toda a região o procura”, referiu, criticando ainda a postura de Luís Soares, “um presidente ausente”, disse. “Cabe na cabeça de alguém dizer que o projeto estava fechado em 2016? É uma verdadeira vergonha”, salienta, em resposta a um trecho do comunicado onde se lia que “em 2017, quando o atual executivo tomou posse, o projeto estava completamente fechado e já previa tudo o que está agora a acontecer”. Em declarações ao Reflexo, Constantino Veiga reiterou o desacordo com a postura da Câmara Municipal de Guimarães (CMG) no desenrolar deste processo: “A CMG é a principal responsável pelo degradar do parque arbóreo na nossa vila durante estes anos todos”. O ex-autarca menciona também que “foram muitas as vezes” que o seu executivo pediu a poda das árvores, mas “nunca foi feito nada” Partidos pedem explicações
O derrube das árvores no coração da vila espoletou pedidos de
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esclarecimento por parte de vários partidos políticos. A CDU e o Bloco de Esquerda (BE), ambos com assento na Assembleia Municipal de Guimarães, foram os primeiros a pedir explicações. A coligação composta pelo Partido Comunista Português e Partido Ecologista os Verdes ressalvava que “a vila das Taipas está em sobressalto” com esta ação, vincando que “abater uma árvore é ato que exige sempre muita reflexão e nunca deve ser decidido com ligeireza”. “No momento em que a Assembleia da República debate a importância da árvore, quando o Mundo é desperto para plantar mais árvores e mobilizado para a sua defesa, assistimos com estupefação ao derrube de exemplares consolidados sem uma palavra aos cidadãos, sem uma explicação plausível, o que obviamente só pode suscitar revolta e indignação”, afirma a CDU. Na mesma nota a força política pede o “compromisso de as árvores abatidas serem substituídas o mais brevemente possível”. Por seu turno, a Coordenadora Concelhia de Guimarães do BE, Sónia Ribeiro, fez saber que solicitou à CMG “a divulgação dos relatórios fitossanitários que justifiquem o abate de dezenas de árvores aparentemente saudáveis no centro da freguesia de Caldelas. “O BE nunca se opôs à requalificação do centro da freguesia, mas sempre
atento ao compromisso da Câmara e dos responsáveis pelo projeto em preservar a memória da vila e em conservar o património natural existente. No entanto, percebe-se agora que a preocupação com estes valores ficou na campanha eleitoral, onde o lema do Presidente da Câmara Domingos Bragança era "cidade verde" e o do Presidente da Junta Luís Soares era "vila jardim"”, lê-se na nota informativa dos bloquistas. O partido anunciou que ai propor a criação de um Regulamento do Arvoredo Urbano, onde constem as regras para intervenções nas árvores do município, na próxima sessão da Assembleia Municipal de Guimarães. O PAN através do seu porta-voz, Nuno Teibão, afirma ter consultado o projeto de requalificação do centro cívico, estranhando “que, em momento algum, este projeto fale do arvoredo ou das inúmeras árvores que povoam os parques do centro da vila como se estas já não fizessem parte da identidade do espaço”. O episódio do derrube das árvores tornou, ainda que temporariamente, o parque arbóreo da vila mais pobre. Causas naturais provocaram, por altura da depressão Elsa, em dezembro de 2019, a queda de 13 árvores – na Alameda de Rosas Guimarães, Avenida da República, parque de lazer da vila e no parque de lazer da Praia Seca – e levou ao abate de 17.
O que diz o estudo da UTAD sobre o parque arbóreo da vila No estudo intitulado “Requalificação dos espaços verdes de Caldas das Taipas – Avaliação Fitossanitária das Árvores” escreve-se que a biodiversidade do estrato arbóreo “é baixa”. Os autores explicam que 77% das árvores estudadas – no total foram analisadas 248 – estão distribuídas pelos géneros Tilia (48%); Platanus (18%) e Betula (11%). O documento menciona também que tanto a tília como o plátano são árvores que atingem grande porte. O espaço verde analisado compreende toda a extensão da Avenida da República, bem como a área do antigo mercado e o jardim da Rua Doutor Alfredo Fernandes, paralelo ao Largo Frei Cristovão dos Reis.
Neste largo, segundo o estudo, foram analisadas 23 árvores que, na globalidade, apresentavam as melhores condições das estudadas, “devido a terem sido menos cortadas e sofrerem pouco com problemas de mau arejamento e compactação do solo”. Os investigadores recomendaram, na altura, o abate de 28 árvores, 11% do total, devido “à condição muito frágil e de algum risco”. “A origem da fragilidade deve-se em grande medida a cortes incorretos que promoveram cancros, cavidades nos troncos e pernadas, apodrecimento de raízes e desenvolvimento de cavidades no colo”, lê-se no estudo desenvolvido pelos dois docentes da UTAD.
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Dos Leitores A CENTRALIDADE DAS TAIPAS Francisco Teixeira As Caldas das Taipas são, de há muito, um dos principais núcleos urbanos do concelho de Guimarães. Mercê, das suas condições históricas, termais e geográficas, as Taipas são um dos emblemas de Guimarães. Assim, sem deixar de ser um dos núcleos identitários do concelho, as Taipas têm uma identidade própria, que corresponde à sua inserção geográfica, histórica, económica e, claro, política. Acontece que sensivelmente há uns 10/12 anos, o perfil urbano, cultural, identitário e cívico das Taipas mudou. De uma certa modorra decadentista (que se revelava no urbanismo instável e decadente, particularmente do seu centro urbano, na pressão sobre o Ave e no desaproveitamento termal) as Taipas revolveram-se de modo decisivo, para o que contribuiu decididamente a aposta estratégica na cooperativa Taipas Turitermas (particularmente no seu centro termal, mas também noutros equipamentos e áreas turísticas e, talvez, de modo decisivo, a sua aposta na cultura, através do projeto dos “Banhos Velhos”), bem entendido à sombra das opções socialistas locais, já que a Taipas Turitermas constitui, de facto, uma extensão local da administração municipal do PS. Como já escrevi noutra oportunidade, o agora Vereador Ricardo Costa teve em tudo isto um papel essencial, que lhe foi cometido pelo Presidente da Câmara Domingos Bragança. E as atuais guerras de oportunidade política acerca da gestão da Taipas Turitermas nada retiram a este facto e apenas sublinham a centralidade do Presidente da Câmara e do seu Vereador do Desenvolvimento Económico no equilíbrios das forças políticas das Taipas, remetendo aquelas guerrilhas quase tribais a não mais que espuma dos dias eleitorais. As Taipas tornaram-se, nos últimos 10/12 anos, na principal centralidade urbana vimaranense, logo a seguir à Cidade. E isso ocorreu não só por exclusão de partes, mas também por estratégia e ação política intencional. E, para o melhor e para o pior, a Câmara de Guimarães, nas mãos do PS em todo esse período, foi a protagonista dessa transformação. Faltava “apenas” um objetivo para que as Taipas emergissem definitivamente de um certo decadentismo urbano periférico: a transformação urbana do seu “centro cívico”. Ora, foi justamente à ultrapassagem de uma certa vetustez decadente, dos edifícios, das relações espaciais e paisagísticas que deitou mãos o Presidente da Câmara de Guimarães, dando início a uma obra de revigoramento urbano, projeto que vem de 2016 e que, aliás, teve o acordo entusiasta do PSD local. O projeto de recuperação urbana do centro das Taipas é claro no seu desenho e objetivos: reforçar a dimensão ambiental do centro urbano, dar visibilidade à água como elemento estruturante, ao património local, criar modernidade e elegância formal. A abertura, à superfície, da Ribeira da Canhota, constitui um dos elementos estruturante do projeto. Dá a ver e cria o património local; “cria” uma linha de água que dá elegância formal e qualidade ambiental; organiza o espaço através do curso de água natural. Sim, pelo meio são cortadas árvores saudáveis, em virtude de exigências técnicas, mas plantam-se o triplo das árvores existentes, num desenho paisagístico que colocará as Taipas no roteiro da melhor qualidade ambiental. Que algumas pessoas se deixem impactar pelo derrube de árvores, no contexto de um desenho urbano com ainda mais árvores e qualidade arbórea, só pode ser levado à conta de uma certa cegueira emocional. As árvores não são pessoas e podem plantar-se outras, para substituir as mortas ou melhorar o desenho urbano. Que vão crescer e desenhar uma Vila que não poderá senão orgulhar todos os vimaranenses. E sim, o crédito deste último golpe de asa, nas Taipas, é todo do Presidente da Câmara, Domingos Bragança, agora que está em causa a mais importante transformação urbana das Taipas nos últimos 10 ou 12 anos da nossa vida local.
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ATUALIDADE
Fotografia Matos vai fechar portas após 45 anos no coração da vila BRUNO JOSÉ FERREIRA
coisas podiam voltar a encaminhar, voltámos a fechar. Não estava psicologicamente preparado para trabalhar mais um ano da forma que foi o outro. Gosto muito da fotografia, e sinto que neste momento preciso da fotografia como hobby e não como profissão. Como profissão, no estado em que estamos, eu tendo 45 anos não sou velho, mas para a fotografia já há quem nos ache velhos. A mudança ou se daria agora ou dificilmente se faria depois. Senti necessidade de mudar, essencialmente pela parte emocional. Este tempo em que estive em casa sem trabalho e sem perspetiva de trabalho foi doloroso. Não me vou desligar da fotografia, naturalmente. Até tenho alguns trabalhos marcados para o verão e vou fazê-los. Quero continuar a fazer isso, vou encerrar a loja, mas não encerrar a empresa.
Estúdio de fotografia situado na Avenida da República desde 1976 vai encerrar no final de abril. A pandemia precipitou uma ideia que estava a ser maturada em virtude da menor produção, desencadeada pelo surgimento das tecnologias digitais. A loja vai fechar, mas a atividade mantém-se como hobby e part-time, sendo que António Lima Pereira, proprietário do espaço que herdou do sogro, continuará a guardar o espólio que retrata os últimos 45 anos da vila. Texto Bruno José Ferreira Como surgiu a Fotografia Matos? Qual é a história da sua implementação no centro da vila das Taipas? A casa faz precisamente este ano 45 anos. Foi fundada em 1976, em agosto, embora a abertura tenha sido em setembro, segundo julgo saber. O meu sogro trabalhava numa casa de fotografia, foi para a tropa e quando veio da tropa estabeleceu-se. Eu vim trabalhar pela primeira vez para aqui numa segunda-feira de São Pedro, 27 de junho de 1988, salvo erro. Nesse ano trabalhei até ao final das férias, pediram-me para vir para aqui trabalhar, para dar uma ajuda. No ano seguinte fui eu que pedi para trabalhar nas férias. Nessa altura, a casa adquiriu o primeiro laboratório e ia precisar de um empregado a tempo inteiro. Eu tinha treze anos na altura e, através de um amigo em comum, foi lançado o desafio de eu estudar à noite e trabalhar de dia na Fotografia Matos. Com treze anos não se conseguia estudar à noite. Eu consegui. Nunca percebi muito bem, alguém fez alguma coisa, e fui estudar à noite para Guimarães no final do trabalho. Trabalhei sempre aqui, não conhecia outra profissão.
Já tinha gosto pela fotografia? Nunca me imaginei a trabalhar na fotografia. Na altura, quando vim para aqui trabalhar, foi como que um desafio. Em conversa, em casa, foi-me dito que o que ganhasse era para mim e então assim foi. O meu primeiro salário foi cinco contos por semana, corri até casa com a nota no bolso para a mostrar. Nunca me passou pela cabeça trabalhar nisto, até porque o meu pai não tem histórico nenhum ligado à fotografia. Foi mesmo mero acaso. Depois o gosto foi crescendo. Que tipo de trabalhos fazia quando cá chegou? Eram tempos completamente diferentes dos de agora. A fotografia era uma arte. Continua a ser, mas era muito mais difícil de se trabalhar do que é hoje. O meu sogro trabalhava o preto e branco manualmente, tínhamos o laboratório, as fotografias eram todas retocadas à mão, inclusive negativos. Muitas fotografias tipo passe; aliás o trabalho que vim fazer para aqui foi cortar fotografias tipo passe. Os dias em que mais fotografias tirava era a segunda-feira de São Pedro e a segunda-feira de Páscoa. Depois
as reportagens, comecei a acompanhar as pessoas que iam fotografar. Tínhamos seis, sete e até oito casamentos por dia, alguns fazia-se de manhã, era diferente. Fiz um pouco de tudo. Chegámos a revelar 3500 rolos de fotografia num mês. No início as máquinas tinham ventoinhas ligadas para arrefecer, porque atingindo determinada temperatura não conseguiam trabalhar. Trata-se de um estabelecimento histórico do centro das Taipas, com várias décadas que agora fecha portas. A pandemia é o principal fator? A pandemia veio ajudar a tomar a decisão. Foi uma decisão difícil, que amadureci durante um certo tempo, até pela história e pelas memórias que esta casa acarreta. Foi fundada pelo meu sogro, foi ele que acabou a obra. Foi criada uma história, um nome que ficou, até por estar ligado à família. Pensei muito, a pandemia veio ajudar, porque o negócio já há uns tempos a esta parte não estava bom. Com o digital as coisas baixaram. A partir da altura em que apareceu a pandemia, o ano passado foi para esquecer, e este ano, quando as
De que forma é que vai continuar, então, a mostrar e a promover este trabalho? Temos uma página de Facebook, tem lá os meus contactos e será por aí. Vou manter a página ativa, tenho o site, até porque há trabalho por entregar que vai ser entregue aos clientes. Não me vou desfazer do material, não vou desaprender de fotografar e o que aparecer será avaliado. A Fotografia Matos tem um espólio imenso até de eventos da vila, ligados à sua história. O que se pode esperar disso? Desde que o meu sogro abriu a casa, qualquer evento público que se realizasse na vila ele fotografava. Depois dele falecer continuei a fazer isso. Em muitos destes eventos, as pessoas, se calhar, pensavam que ganhávamos muito dinheiro, mas posso dizer que em alguns tínhamos prejuízo. Mas é história, está aqui. Temos arquivo e memória de 45 anos da vila que estão aqui guardados. Não eliminámos arquivo nenhum, todas as fotografias que foram tiradas pela casa estão arquivadas e isso é história. Não tenciono desfazer-me disso, nem de longe nem de perto. Falei com alguns colegas de passar o estabelecimento. É ponto assente que o arquivo não será passado. Tem ali muito da casa, muito meu, e não me passa pela cabeça disponibilizar. Tenho a primeira máquina com que comecei a fotografar funcional, tenho a máquina do meu
sogro, que já me quiseram comprar, mas é uma máquina com história e não a vendo por nada. Não há valor para estas coisas. As instituições da vila que estavam habituadas a contar com a colaboração da Fotografia Matos, nos aniversários, festas religiosas, entre outras, podem continuar a contar com esse trabalho? Poderá haver um senão na parte das comunhões. As comunhões necessitam de um espaço físico para que se possa procurar as fotografias. É mais uma das coisas que às vezes se pensa que ganhávamos muito dinheiro, mas tenho molhos de fotografias que acabavam por ficar cá. Será avaliado e falado com quem de direito. De resto, não tenho problemas nenhuns de continuar a fotografar. Desde que vim para cá, as festas dos bombeiros foram todas fotografadas por esta casa, portanto, se me solicitarem para o fazer, naturalmente que o faço com todo o gosto. Por exemplo, na procissão de São Pedro, ninguém me pedia para fotografar nem para filmar. Estou disponível para colaborar da forma que temos colaborado com as instituições da vila, muitas vezes, como ajuda, como registo, como parte de história para arquivo. Quando está previsto o encerramento? Fecharemos em final de abril, até porque estou a tentar ver se algum dos colegas quer fazer um trespasse. Caso isso não aconteça, terei um grande problema para arrumar estas coisas todas: estão aqui 45 anos. Se até lá conseguir alguém que tome conta da casa, fico muito satisfeito por continuar o negócio. Se não conseguir é pegar nas coisas e arrumar.
Nota da redação Desde 1993, ano de fundação do jornal Reflexo, que a Fotografia Matos, ainda sob a gerência do Sr. Matos, é parceira do jornal para a área da fotografia e vídeo. Nestes 28 anos de colaboração não queríamos deixar passar a oportunidade para, publicamente, endereçarmos os nossos agradecimentos à Fotografia Matos, hoje, na pessoa do Lima Pereira, pelo empenho e profissionalismo com que sempre respondeu às nossas solicitações. Obrigado.
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reflexo
Investimento privado superior a 30 milhões de euros impulsiona oferta residencial
OPINIÃO
Cândido Capela Dias
REFLEXO
O triângulo virtuoso da vila
O setor imobiliário tem sofrido um autêntico boom nas Taipas e na Vila de Ponte. O rio Ave é visto como uma mais-valia que complementa a localização estratégica de Caldelas, e de Ponte, o que leva a que estejam a ser feitos vários investimentos privados nesta região. Numa altura em que o concelho está a perder população, muito por força da falta de habitação, o tecido urbano mais a norte tem evoluído em sentido inverso. Sinal disso mesmo é o facto de nos próximos anos estarem garantidos mais 250 fogos em diversos empreendimentos. Em três empreendimentos que estão a nascer, três projetos diferenciados, estão a ser construídos 332 apartamentos num investimento de 33 milhões de euros. O grosso centra-se em Ponte, havendo também empreendimentos nas Taipas em evolução neste momento e outros que arrancarão em breve no coração da vila. Conceito único em Guimarães
Exemplo deste investimento é o empreendimento que está em fase avançada de desenvolvimento no loteamento Seara, junto ao cemitério de Caldelas numa zona residencial com vários prédios. Está a ganhar forma o empreendimento Valentina Residence, um impactante condomínio fechado de luxo composto por 38 apartamentos, dos quais seis destinam-se ao turismo.
Este condomínio conta com duas piscinas no topo dos edifícios, ginásio, parque infantil, churrasqueiras, forno exterior, lavandaria industrial, zona de lavagem e secagem de carros, e uma zona de convívio ampla com diversas valências. “Trata-se de um conceito diferenciado, um condomínio fechado de luxo. Não temos dúvidas que é algo único e inovador em Guimarães e até mesmo no país”, refere Paulo Rodrigues, gerente da empresa Jacinto Rodrigues, que investe nesta obra sensivelmente 8 milhões de euros em apartamentos que se destinam exclusivamente a arrendamento. O custo médio de arrendamento é 750 euros mensais e o empreendimento estará totalmente concluído em dezembro de 2022. Duzentos novos fogos em Ponte
No lado de Ponte, paredes meias com o Parque da Ínsua, está a ser ampliada a zona residencial existente, estando a desenvolver-se dois projetos de nomeada que, em conjunto, correspondem a quase duas centenas de fogos, mais propriamente 194 fogos. O maior empreendimento é o Rio Ave Terrasse, um investimento privado de 15 milhões de euros que está a edificar 120 apartamentos e oito espaços comerciais que estarão concluídos no final de 2023, ainda que a entrega vá ser feita por fases. Os 120
apartamentos já estão todos vendidos, um conceito também ele diferenciado com padrões de elevada qualidade. “A zona das Taipas é bastante atrativa, oferece recursos difíceis de encontrar o que leva a este investimento que se está a assistir, por gente que está a apostar na sua terra. No Rio Ave Terrasse, quer a primeira fase quer a segunda, está tudo vendido para pessoas de diversos pontos do país e até internacionais que ficaram muito agradados com este projeto”, aponta a empresa Mendes Ribeiro ao Reflexo. Paredes meias com este empreendimento está já também em construção o empreendimento Varandas do Ave, que trará a este local mais 74 apartamentos e três espaços comerciais num investimento de dez milhões de euros. Este empreendimento terá “uma praça que serve de ligação entre o edificado construído e proposto, servindo de charneira e interligando-os, através de um espaço de distribuição e de estar, que gera harmonia e equilíbrio, materializando-se numa nova centralidade. A conceção do conjunto almejou a criação de um espaço público qualificado, potenciando as vivências sociais”, destaca Álvaro Silva, arquiteto responsável pelo empreendimento cuja primeira fase estará concluída em setembro de 2022 e a segunda fase no final de 2025.
A Taipas que eu conheci está a desaparecer sob os meus olhos. O centro está transformado num imenso estaleiro de obras públicas. Foi rasgado, esventrado, desfigurado. As máquinas e os homens abriram valas, separaram a terra por muitos anos unida e nela introduziram tubos, cabos de várias cores, condutas para os acolherem e acomodarem, bem como às águas das chuvas. Os jardins não escapam à fúria dos humanos, separando ou reduzindo aqui para unir e ampliar mais além. As terras são remexidas, a sua morfologia será transformada, rebaixamentos nuns cantos, aterros noutros. Os passeios, por onde via passar gente a caminho da Santa Marta das Cortiças nos fins de tarde quentes do verão, gente que no seu passar deixava o aroma fresco da alfandega que os mirones absorviam sentados à soleira das portas ou, no meu caso, nas imensas e largas escadas do casarão do meu avô Cândido Capela, esses passeios de lajedo vão alargar e ficar capacitados para o usufruto do espaço cívico por parte das pessoas em prejuízo das carripanas. E assim é que deve ser porque as pessoas estão antes dos carros e uma vila moderna que se preze tem de meter os carros na ordem. E se tem de meter os carros na ordem não lhes pode ceder o espaço todo mas tem de os arrumar convenientemente em áreas bem definidas, se possível com acessos fáceis, curtos e rápidos ao centro onde estão os serviços. Serviços que devem ser completos, diversificados, para que as pessoas possam ter à mão, num raio pequeno, o que necessitam evitando assim grandes deslocações e perdas de tempo. E o tempo será cada vez mais um bem caro. Sei de ciência certa que a mudança vai desagradar a quem se habituou a ver e cheirar aquele desenho do casario naquela praça e das suas flores dos canteiros. Esses cidadãos vão receber a mudança- qualquer mudança- como um desrespeito ao seu imaginário, um atentado à “sua Taipas”. E tendem a garantir que a sua vila é a genuína esquecendo que outras Taipas houve num passado não muito distante e que está mudança sucede a outras mudanças e outras hão-de vir, porque todo o mundo é composto de mudança. Mas nem toda a mudança colhe as minhas simpatias. Se entendo as transformações no centro cívico no sentido de devolver a vila às pessoas, com o aprofundamento da padronização e o que isso implica, não percebo a descaracterização verificada na Alameda Rosas Guimarães, com densificação da habitação, autorizando novo ou novos blocos em cima das piscinas. A Câmara de Guimarães tem realizado avultados investimentos nas Taipas, como a remodelação do centro da vila, mas que isso não sirva de pretexto e argumento para desfigurar o polo ribeirinho com o licenciamento de prédios de cércea elevada que sobressaem das copas das velhas e frondosas árvores, manchando o equilíbrio, a estética e o bucolismo daquele recanto. O parque, as margens do rio e os jardins da alameda devem ser zona “non aedificandi”, por muito apetecíveis que os terrenos sejam. O triângulo centro cívico remodelado, termas activas e zona ribeirinha tratada e cuidada, deve ser tratado como um conjunto coerente que da sentido e força a ideia de uma Taipas moderna agradável, tranquila, mas com identidade forte. de que os moradores gostem e os visitantes não confundam. Há coisas que não se reivindicam, conquistam-se!
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ATUALIDADE Horta Comunitária e Antigo Mercado em funcionamento até final de junho DR
Por último, esclareceu que apesar da Câmara Municipal de Guimarães ter prometido executar este projeto, a Junta de Freguesia não podia esperar mais e decidiu avançar de imediato. O regulamento foi aprovado por unanimidade. Juntos por Guimarães contra o destino dado ao Antigo Mercado
Esse é o desejo do executivo da junta de freguesia, o qual motivou a convocação da assembleia de freguesia em sessão extraordinária. Juntos por Guimarães considera não digno, em termos de interesse público, o destino dado ao Antigo Mercado. Texto José Henrique Cunha Luís Soares começou por explicar a necessidade de resolver as questões regulamentares, por forma a que possam avançar com a execução em pleno da utilização da horta comunitária, assim como do espaço do antigo mercado e espaço de lazer da Praia Seca, locais estes que Junta de Freguesia pretende colocar em funcionamento até final do deste semestre Regulamento da Horta Comunitária
De acordo com o regulamento, a Horta Comunitária da Freguesia de Caldelas é um espaço organizado por talhões de cultivo, sujeito a técnicas de produção não mecanizada, PUBLICIDADE
destinados à produção agrícola, recreio, lazer e aprendizagem, em meio de produção biológica, sem utilização de qualquer produto químico de síntese e de promoção dos ecossistemas ambientais. Qualquer cidadão residente na freguesia pode candidatar-se e as candidaturas serão analisadas pela sua ordem de chegada. A taxa anual deverá fixar-se nos 12 euros. Podem ser destinados espaços prioritariamente reservados a projetos inovadores na área agrícola, particularmente para fomento da experimentação agrícola, investigação científica ou produção de novas culturas agrícolas.
Parque de Campismo poderá ser deslocalizado
Manuel Ribeiro, pela Coligação JpG, saudou a criação deste espaço, questionando, no entanto, a sua localização junto ao Parque de Campismo, podendo comprometer, no futuro, a expansão deste último. Em resposta, o presidente da Junta de Freguesia disse que o registo histórico de cheias naqueles terrenos foi o único aspeto que levantou dúvidas quanto a escolha daquele local. Em relação ao Parque de Campismo, Luís Soares pensa que no futuro poderá ser deslocalizado para outra zona, permitindo o alargamento do Parque de Lazer.
No segundo ponto da ordem do dia, foi discutido a proposta de autorização para a concessão do direito de exploração dos espaços comerciais do Antigo Mercado de Caldas das Taipas e do bar esplanada no Parque de Lazer da Praia Seca. Numa breve explicação, Luís Soares assinalou nos 500 euros o valor mínimo de renda para cada um dos 3 espaços do antigo mercado, pelo período de 5 anos, sendo possível a renovação automática, pelo período de um ano, até ao máximo de 10 anos. Para o Antigo Mercado, para além do valor mínimo da renda, cada concessionário terá de suportar as restantes despesas inerentes à prática do negócio a levar a cabo. Quer na construção de cada espaço, bem como, as despesas de funcionamento. Cada concorrente, como regra geral, só poderá vencer um dos espaços. A combinação de mais que um espaço, pressupõe que algum deles fique deserto no concurso público. Quanto aos critérios de avaliação será valorizado mais o conceito da proposta apresentada do que
propriamente o valor. No que toca à Praia Seca o valor mínimo mensal será de 420 euros. Acrescendo as despesas de manutenção e encargos de funcionamento. O convite para concurso público, segundo Luís Soares, deverá avançar já nos próximos dias. Foi ainda referido pelo presidente da Junta de Freguesia que os espaços comuns e de convívio, de exposição, assim como o auditório, não foram esquecidos e estão também a ser trabalhados. Ressalvou novamente como o maior desafio para a JF o facto de quererem valorizar em primeiro lugar a questão do conceito e não tanto o valor da proposta, precisamente para não desvirtuar o que é pretendido para aquele local. A autorização de concessão foi aprovada por maioria com os votos do Partido Socialista, não tendo merecido o apoio da coligação Juntos por Guimarães que em declaração voto justificou o seu voto contra. Considera um destino não digno, em termos de interesse público, dado ao Antigo Mercado, na medida em que a vila é carente de espaços lúdicos e o grosso daquele espaço público será explorado por privados para atividade comercial de que as Taipas não revela carência, fazendo concorrência os comerciantes locais. Ainda na opinião de coligação a intervenção acabou por se vir a revelar uma intervenção minimalista do ponto de vista arquitetónico, considerando-a, portanto, uma oportunidade perdida para as Taipas.
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HÁ MAIS DE 30 ANOS A REPARAR E INSTALAR ELETRODOMÉSTICOS PUBLICIDADE
Uma empresa radicada na vila das Taipas que ao longo de 30 anos conheceu um percurso ascendente, a todos os níveis, na área de reparação e montagem de todo o tipo de eletrodomésticos. Renato Rodrigues (50 anos) e Rui Gomes (42 anos) são os atuais sócios-gerentes e técnicos especializados da TR – Reparações, tendo cada um deles iniciado o seu percurso profissional com tenra idade. Ambos, em 1990 já integravam a empresa que mais tarde, em 1998, daria origem à TR - Reparações e que estava integrada na JOM, liderada pelo empresário taipense Joaquim Oliveira Mendes. Corria o ano de 2010 quando surgiu a oportunidade de ambos agarrarem o desafio de avançarem sozinhos para a liderança da empresa e dar seguimento ao rumo que já vinha tomando na área da reparação e instalação de eletrodomésticos. Nessa altura, abriram loja em Ponte para, em 2018 rumarem até à vila das Taipas, onde se encontram instalados, na Avenida dos Bombeiros Voluntários.
me ensinou tudo – atira Renato Rodrigues. Foi a realização de um sonho poder tê-lo a trabalhar connosco e ainda hoje cá está”. O entusiasmo de ambos os sócios é notório na abordagem que fazem à sua equipa de trabalho e vão mencionando, um a um, os nomes dos seus colaboradores: Elisabete Fernandes e Marcelo Neves (serviços administrativos), e o José Manuel, e o Carlos Marques (técnicos especializados). “Somos como uma família. Aqui não há patrões, nem funcio-
ORIGEM DA EMPRESA Recordações que remetem Renato Rodrigues e Rui Gomes para uma prova de reconhecimento público às pessoas que na altura lhes abriram “todas as portas”: “Não esquecemos o dia em que o senhor Joaquim Oliveira Mendes nos propôs encerrar ou vender a empresa (também era sócio). Decidimos de imediato assumir o projeto, eu e o Rui. Quando fosse para sair, saíamos os dois. O senhor Joaquim Oliveira Mendes e a sua família, abriu-nos as portas. Tanto ele como o senhor António Oliveira, responsável pela área financeira, foram impecáveis. Ainda hoje somos parceiros da JOM. Trabalhamos para eles, bem como, para grandes e pequenas superfícies comerciais, entre tantas outras”. Desde essa altura que começaram a crescer por conta própria. O primeiro colaborador chega à empresa em 2012 e, desde então, o crescimento (sempre sustentado e com passos criteriosos – como referem os dois sócios) foi acontecendo com naturalidade. “Hoje já somos 7 colaboradores efetivos e ainda recorremos à subcontratação de algumas empresas prestadoras de serviços”, refere Rui Gomes, com um estampado de orgulho rosto. “Temos nos nossos quadros, técnicos de gás, mecânicos de aparelhos a gás e soldadores de aparelhos a gás. Depois temos técnicos especializados para tratamento de gases fluorados, por causa dos frigoríficos, ar condicionados e das bombas de calor que hoje em dia todas as máquinas de secar usam. Temos acertado sempre com a equipa de trabalho que temos escolhido. Começamos com Luís Silva, técnico especializado - que foi quem
nários. Somos todos iguais. Não trabalhamos mais ou menos que os nossos colaboradores. Somos iguais. A única diferença é que somos os primeiros a chegar e os últimos a sair da empresa. E se tivermos de sujar as mãos, sujamos as mãos”, atira Rui Gomes.
OS NOSSOS CLIENTES A grande maioria dos clientes chegam à TR – Reparações encaminhados pelas próprias marcas, dentro dos processos de Garantia. Após a comunicação e identificação do cliente, a TRReparações estabelece contacto nas 24 a 72 horas seguintes para agendar a assistência que, preferencialmente, é sempre realizada na casa do cliente. O material só entra na oficina, caso comprovadamente não possa ser realizada a assistência e reparação no seu domicílio. O foco da empresa é a reparação e instalação de todos o tipo de eletrodomésticos, bem como, a venda de acessórios, a particulares, nas suas próprias instalações. Na sua relação com o cliente a TR- Reparações presta serviços em fase de Garantia (e também fora da Garantia) para grandes
marcas a nível internacional, como o Grupo Electrolux (AEG, Electrolux, Zanussi) e o Grupo Candy (Candy, Hoover e Haier), entre muitas outras marcas de reconhecido renome nacional e internacional. Rapidez no atendimento, simpatia e resolução do problema, são os três pilares que estão sempre na mente de cada um dos colaboradores TR. “Quando o cliente pede uma assistência técnica, por si só, já não estará bem disposto. Se o técnico chega a sua casa também mal-humorado, as coisas não vão funcionar, refere Renato Rodrigues. Se alguma coisa corre mal nesta relação com o cliente, a TR – Reparações, quer sempre sabê-lo antes da própria marca para, quando for confrontada por esta, já estar ao corrente do sucedido e, assim, poder apresentar solução para o problema. Para o efeito, utilizam já um sistema de avaliação e qualidade nas intervenções que realiza junto dos seus clientes para aquilatar o seu grau de satisfação. Um género de avaliação interna. Este escrutínio é também utilizado pelas próprias marcas. “Hoje em dia as marcas perguntam tudo ao cliente. Se a chegada foi a horas? Se o serviço foi limpo? Se estava devidamente equipado? Se o técnico resolveu a reparação? Enfim, um sem número de questões a que é importante darmos sempre boa resposta. São muito minuciosos e rigorosos e isso, para nós, é excelente. Ainda há dias, numa reunião de trabalho com representantes do Grupo Candy, recebemos a feliz notícia de que somos a 4ªª melhor empresa nacional nos serviços que lhes prestamos. Isso enche-nos de orgulho e motiva-nos a continuar o nosso caminho”, refere Renato Rodrigues.
ÁREA GEOGRÁFICA Na sua área de intervenção geográfica, a TR – Reparações tem sob sua responsabilidade todo o Alto Minho, Trás-os-Montes, Minho e ainda entra em algumas zonas do Porto. Uma vasta área geográfica que obriga uma coordenação e trabalho de equipa assinalável, bem como a uma frota automóvel que também tem crescido a olhos vistos, com 6 viaturas ao seu serviço. Relativamente ao futuro da TR – Reparações, os dois sócios são unanimes e esperam que seja risonho. Já têm planos para crescer, sempre na proximidade dos seus clientes. “Já podíamos estar num pavilhão maior, numa zona industrial. Mas, não é isso que queremos. Queremos estar próximos do chamado “cliente de rua”, que passa, vê e entra na loja, como uma forma de fidelizar mais clientes”, remata Rui Gomes. Num tempo novo para todos, com as implicações originadas pela pandemia da COVID-19, a TR – Reparações, nunca foi das empresas que esteve obrigada a encerrar portas. Renato Rodrigues adianta que “com as devidas condicionantes, sempre estivemos a trabalhar. Foi complicado o tempo de chegada a armazém de peças e acessórios, mas fomos sempre trabalhando. Muitos fabricantes, com sede nos principais países europeus, pararam completamente. O material demorava a chegar cá e isso criou alguns constrangimentos. Mas, tudo se resolveu. Estamos plenamente convictos que o sucesso que temos alcançado até à data se deve, essencialmente, aos nossos clientes, a quem aproveitamos para agradecer toda a colaboração e empenho”.
Avenida dos Bombeiros Voluntários, 135 4805-096 Caldas das Taipas 253 046 968 939 686 515 geral@tr-reparacoes.pt
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ATUALIDADE
Nesta vila há gatos errantes, mas também há quem cuide deles CAROLINA PEREIRA
Capturar, esterilizar, devolver. O projeto "Aqui há Gato!" tem tido "um retorno positivo" e há planos para colocar estes abrigos perto de outras colónias de felinos. Iniciativas como esta são "importantes e gratificantes", diz veterinária municipal. Texto Pedro C. Esteves e Carolina Pereira Enquanto Conceição fala, uma gata circunda o local e solta um miar dissimulado. Códigos de uma relação que já leva mais de oito anos. O felino, de pelo acastanhado, ronda os dez anos e não foi batizada – por ali, habitou-se a "bichaninha". Acostumou-se a procurar conforto junto de Conceição. A relação solidificou-se e é recíproca. “Eles não têm uma casa, não têm comida na mesa. Só têm porque nós lhe damos, só estão assim bonitos porque lhes damos. É uma responsabilidade grande, mas sinto-me bem a dar, a ajudar”, refere. Conceição Ribeiro é voluntária do projeto “Aqui há Gato!”. Desenvolvido pela Junta de Freguesia de Caldas das Taipas em articulação com o Centro de Recolha Oficial (CRO), destina-se a albergar felinos errantes. Ao abrigo do programa CED (Capturar-Esterilizar-Devolver), o objetivo passa por controlar as colónias de gatos e reduzir as populações felinas silvestres. A pequena construção de madeira, em forma triangular, na Avenida dos Bombeiros Voluntários, trouxe bastantes vantagens para a comunidade, no entender da voluntária: “Os gatos acabam por ter uma vida
mais feliz, ter comidinha e onde dormir. E até dá beleza ao jardim.” Estes abrigos para felinos errantes já existem em vários pontos do país, mas a construção é pioneira no concelho de Guimarães. José Fonseca, responsável por articular a ligação entre voluntária e CRO – onde os felinos são esterilizados, realizam testes e recebem um microchip– reforça a importância deste projeto e da boa-vontade de pessoas como Conceição, que alertou para o problema: “Tínhamos mesmo de atuar. Os gatos têm ninhadas duas vezes por ano e as colónias multiplicam-se, temos que tentar intervir o mais rapidamente possível quando elas são pequenas. Esta cuidadora, pela informação que tinha, já tem acompanhado a colónia há vários anos e foi-me dizendo que estava quase incomportável. Foi aí que nos deu o alerta para fazermos esta intervenção de castração”. Uma das razões que levou a freguesia a intervir naquela colónia específica foi mesmo “o carácter e a proximidade” que Conceição tem com os felinos. A captura dos animais fica a cargo da cuidadora, que faz uso de armadilhas cedidas pelo CRO. A casinha amarela de
felinos errantes foi a primeira, mas o plano agora passa por alargar este tipo de abrigos a outras zonas da vila. Para já, o feedback é positivo. “Nós também queríamos que esta experiência corresse bem. Queremos ver como funciona, sedimentar, observar como é que ela se implementa para, depois de aprendermos com os erros, com experiência, alargar na freguesia. Nós já temos um bom retorno”, explica. Segundo Conceição, daquele espaço já saíram quatro gatos rumo ao CRO. Mas há mais sinalizados. “Entretanto, as pessoas acabam por saber e depois acabam por me contactar. Até temos iniciativa de pessoas que encontram gatos nos quintais”, indica o responsável pela Brigada Verde, José Fonseca. E é esse espírito de entreajuda, de solidariedade, que José Fonseca sublinha neste processo. É a entrega dos intervenientes que incentiva todas as partes a continuar a trabalhar. “Os cuidadores têm cuidado, preocupam-se. Do CRO tivemos uma recetividade muito grande. Este cuidado, este sentimento que estas pessoas têm pelo bem-estar animal, é de salientar, de salutar. São boas pessoas. Merecem esse destaque”.
Quando os “bichinhos” foram levados para o CRO para o processo de esterilização, Conceição ficou abatida. Mesmo sabendo que os pequenos felinos regressariam pouco tempo depois, o apego aos animais sobrepôs-se. É fruto de uma ligação alimentada durante muitos anos, mesmo antes de cuidar dos muitos gatos que lhe foram aparecendo à porta. “Eu faço algo que se calhar ninguém fazia, que é, quando percebo que precisam de veterinário, eu levo, já gastei um dinheirão”, explica a voluntária.
direta”. “É sempre gratificante. É uma forma de os animais poderem socializar também, porque vão permitindo a aproximação das pessoas. Não os vamos privar da sua liberdade”. No caso dos felinos ainda serem pequenos, o CRO tenta arranjar uma família; aos mais adultos, como essa possibilidade fica vetada – “não se dão, sentem-se ameaçados numa casa”, o método CED permite aos felinos continuarem a “vida nómada”, tendo por perto os cuidadores que garantem o seu bem-estar.
Cerca de 1000 gatos esterilizados
Palavra de ordem: sensibilizar
Guida Brito, veterinária municipal, também realça o papel “importante” destes cuidadores. Como Conceição, há vários espalhados pelo concelho que ajudam neste processo de captura. O CRO já esterilizou cerca de 1000 gatos. No terceiro ano de aplicação do método CED, a veterinária salienta o impacto positivo na comunidade: “Durante muitos anos não havia qualquer controlo, tínhamos colónias muito numerosas, com 50 ou mais animais. É importante que os gatos existam, ajudam a controlar os roedores de uma forma natural e outras pragas. Mas, claro, se for descontrolado começa a causar distúrbios”. E é por isso que projetos como o “Aqui há Gato!” ganham uma relevância acrescida. “Uma das vantagens é que evita a reprodução descontrolada e como temos um sistema de identificação eletrónica conseguimos sempre monitorizar os gatos. Se se perderem, podem ser devolvidos às colónias. Quando estão anestesiados recolhemos sangue e realizamos o teste FiV e FeLD para despiste para doenças víricas que são contagiosas, é importante essa questão sanitária”, resume Guida Brito.O que distingue a iniciativa da freguesia de Caldelas é a colocação do abrigo. “É uma vantagem”, indica, até porque “eles vão lá comer, descansar, consegue-se ver se estão doentes, se não estão, fazer uma monitorização mais
No entender de José Fonseca, esta iniciativa dá seguimento a um trabalho que tem vindo a ser feito no sentido de “sensibilizar as pessoas para o bem-estar animal”. A casinha que foi construida na Avenida dos Bombeiros Voluntários é uma “mensagem importante” e um aceno à comunidade taipense que mostra que estes assuntos continuam na agenda. O parque canino, inaugurado no ano passado, foi a primeira estrutura do género do concelho. O lema aplicado ao “Aqui há gato!” é o mesmo: “Os animais são nossos amigos”. O responsável indica que tem conhecimento de outras colónias na vila e para aí vão ser dirigidos esforços para mitigar o crescimento da população felina. Segundo a Animais de Rua, uma associação que tem auxiliado outros municípios a adotar o método CED, este programa acaba por trazer benefícios à colónia e à comunidade. É que se a população vai diminuindo com o tempo, há uma redução drástica de barulho e os felinos controlam a presença de roedores, também acaba por se traduzir em menos gatos silvestres, menos abates e a ampliação de ações de voluntariado. Conceição espera que haja mais pessoas a cuidar. No final do dia, depois de mais horas de convivência com a colónia que "adotou" há oito anos, sente-se "feliz, de consciência tranquila”.
Bem-estar animal no topo das denúncias De 2010 para 2020, o número de denúncias para a linha SOS Ambiente e Território quase triplicou e chegou aos 12 185 casos reportados.Na sua maioria, estiveram
relacionados com animais de companhia (2907). Esta linha está disponível 24 horas e permite a qualquer cidadão reportar incidentes que violem a legislação atual.
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Chef António Loureiro preside júri do concurso do Antigo Mercado DR
Detentor de uma Estrela Michellin no seu restaurante no Centro Histórico de Guimarães, o chef de cozinha
António Loureiro vai presidir o júri do concurso público para a concessão dos três estabelecimentos de restauração do
Antigo Mercado. Tendo como inspiração alguns locais icónicos, como é o caso do Borough Market, em Londres, o Mercado de San Migue, em Madrid, ou os mercados do Bolhão e da Ribeira, a ideia da Junta de Freguesia de Caldelas passa por criar um conceito que permita tornar o Antigo Mercado das Taipas num “spot” quer para jovens quer para menos jovens. Por forma a criar a identidade deste espaço o júri do concurso é presidido, então, pelo Chef António Loureiro, sendo acompanhado pelo Professor Pedro Vieira da Universidade do Porto e pelo Arquiteto Filipe Fontes. O procedimento concursal público para a concessão destes três espaços de restauração do Antigo Mercado foi lançado em março A obra de requalificação deste espaço está na fase final; os interessados em concorrer poderão encontrar mais informações sobre o projeto e o concurso em www.caldasdastaipas.com ou na plataforma www.acingov.pt.
Junta promove réplica da homenagem de 1971 a Ferreira de Castro DR
A inauguração do busto de Ferreira de Castro, a 17 de Abril de 1971, vai
ser evocada no 50.º aniversário desse momento que contou com a presença
do escritor. Em parceria com a Câmara Municipal de Guimarães, o Círculo de Arte e Recreio e a Biblioteca Municipal Raúl Brandão, a Junta de Freguesia de Caldelas replica, às 10:30, a homenagem ao vulto das letras que permanecia nas Taipas. O programa, integrado nas comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que se assinala no dia 18, contempla ainda o lançamento do livro Ferreira de Castro e(m) Guimarães, escrito por Álvaro Nunes e por Fernando Capela Miguel, com ilustrações de Joaquim Salgado Almeida, às 11:15. De seguida, às 11:30, haverá uma conversa sobre as passagens do autor de A Selva e A Lã e a Neve pela vila termal e pela cidade berço.
Taipas terá memorial de homenagem aos antigos combatentes O dia dez de abril assinalará a inauguração do memorial ao combatente de Caldas das Taipas, monumento esse que será descerrado precisamente no fim-de-semana em que se assinala o Dia Nacional dos Combatentes. A inauguração contará coim a presença da Secretária de Estado do Antigo
Combatente, em representação do Governo da República, do Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, e também da Junta de Freguesia de Caldelas, Luís Soares. Este memorial nasce como iniciativa de um grupo de antigos combatentes
de Caldas das Taipas, nomeadamente Luís Miguel Rodrigues, José Oliveira e Cirillo Silva. O referido memorial ficará instalado junto ao recinto da Feira Semanal, no entroncamento da Avenida 25 de abril com a Rua Padre Silva Gonçalves.
OPINIÃO Augusto Mendes
A requalificação do centro cívico Devo confessar que não era este o tema que tinha pensado para o texto mensal que vos escrevo para o Jornal Reflexo, mas os desenvolvimentos da última semana, pela sua importância e complexidade, tornaram impossível que este texto não fosse sobre a renovação do centro cívico da nossa Vila. Com o avanço da empreitada do centro cívico, dos banhos velhos até ao antigo mercado, o empreiteiro, cumprindo o projeto que desde o inicio o previa, procedeu naquela área ao abate de cerca uma dezena de árvores de grande porte, árvores estas que tanto caracterizam a nossa vila e com as quais muitos Taipenses se identificam. A imagem choca, e choca porque penso que ninguém tinha perfeita noção do que veio a acontecer. Olhando o futuro, e mesmo com este murro no estômago, acredito, sinceramente, que a renovação do nosso centro era imperiosa, já tardava em acontecer e por isso não podemos agora, mesmo com as pedras que vamos apanhando no caminho, pôr em causa um projeto que, na sua essência, vai melhorar drasticamente a qualidade de vida dos Taipenses. Não podemos com isto pôr os Taipenses contra esta obra e, mais do que isso, pôr Taipenses contra Taipenses, porque todos gostamos da nossa Vila e todos queremos levá-la para o patamar que merece. Todos, acredito que sem exceção, querem o melhor para a nossa Vila, e o melhor é, acredito, um centro da Vila requalificado, melhorado e capaz de dinamizar a Vila em todas as suas plenitudes. A Vila das Taipas nunca, pelas suas gentes e pela sua força, se deixou ficar, e não é agora que isso vai acontecer. No futuro, acredito, a Ribeira da Canhota a descoberto, uma das razões apontadas para o abate de algumas árvores, vai trazer benefícios para a própria qualidade da sua água e da sua fauna e flora. Com esta alteração vem a responsabilidade de eliminar, ou reduzir ao máximo, as situações de contaminação das suas águas. Acredito também que a plantação de outras espécies de árvores, tanto na zona da Ribeira da Canhota, como em toda a obra de requalificação, com espécies mais adaptadas ao meio em que se inserem será, no médio prazo, do agrado de todos, até para fazer frente aos problemas que a condição fitossanitária de algumas árvores da nossa Vila, que estavam identificadas como em mau estado e que tantos problemas nos deram num passado recente. Mas aqui não podem haver dúvidas: mais algumas serão abatidas, para evitar que aconteça o que aconteceu numa das últimas tempestades que passou pela nossa Vila, onde caíram uma série de árvores de grande porte, que só por sorte não provocaram uma tragédia. Dito isto, caro leitor, quero dizer que tenho grande confiança no futuro e estou certo de que, num futuro próximo, todos vocês reconhecerão nesta nova fase da vida da Vila uma fase de evolução, crescimento e prosperidade que a todos nos fará brilhar o orgulho de ser Taipense, como só nós sabemos e sentimos.
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ATUALIDADE Praia Seca: APA considera água balnear “boa”, mas não permite classificação DR
Manuel Castro na presidência para "unir bombeiros, direção e assembleia" Vice-presidente sucede a José das Neves Machado na liderança dos bombeiros, assumindo como objetivo até ao final do mandato unir a instituição, nomeadamente corpo ativo e órgãos sociais. Texto Bruno José Ferreira
Era um passo importante para classificar zona ribeirinha em praia fluvial. Um episódio de contaminação e a ausência de histórico não permitiu a classificação da água balnear no Parque de lazer da Praia Seca. Texto Pedro C. Esteves A Comissão Técnica de Acompanhamento da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) não permitiu que a zona ribeirinha do Ave da freguesia de Caldas das Taipas – conhecida como Praia Seca – desse passos no sentido de ser classificada como praia fluvial. “Apesar de estar classificada dentro da classe de qualidade “Boa”, durante a época balnear de 2020, a existência de um episódio de contaminação e a ausência de histórico, não permitiu a classificação daquela água balnear no primeiro ano de monitorização”, informou a Junta de Freguesia de Caldelas. Apesar do parecer desfavorável, Luís Soares indica que não vai “desistir”. “Não desistiremos. Faremos o nosso trabalho, mas é importante que cidadãos, empresas, a Águas do Norte e também a APA, continuemos todos a trabalhar para que este episódio de poluição não se repita. É verdade que apenas tivemos uma análise que não teve a classificação de boa, mas, infelizmente, foi o suficiente para adiarmos mais um ano a classificação por que tanto lutamos”, refere, através de um comunicado, o presidente da Junta de Freguesia.
Segundo a mesma nota informativa, “na época balnear de 2020, de todas as análises, apenas uma ultrapassa os limites da classe de qualidade de “’aceitável’”, mas o suficiente para que não seja possível a sua classificação”. “O Rio Ave foi um dos rios mais poluídos da Europa. E apesar dos resultados indicarem que a água é boa, é importante consolidar os resultados pelo menos mais um ano, para dessa forma darmos garantias a todos os que se queiram banhar no nosso rio”, salienta o autarca local. Em janeiro, o Reflexo contactou a APA para perceber os trâmites do processo. Segundo a agência, “para a identificação de uma nova água balnear devem ser apresentados um conjunto de elementos de entre os quais se destaca: a localização geográfica da pretensão, afluência de banhistas, indicação das fontes poluidoras potencialmente significativas, o histórico de monitorização da qualidade da água, entre outros elementos. A monitorização da qualidade da água deve decorrer durante o período equivalente à época balnear, no local que se pretende identificar como água balnear. A monitorização da qualidade da água deverá evidenciar
uma qualidade dentro da classe de excelente ou boa”. A Junta de Freguesia de Caldelas estabeleceu como objetivo transformar a zona ribeirinha do Ave conhecida como “Praia Seca” em praia fluvial há algum tempo. Em outubro de 2020 submeteu à APA o pedido de classificação do Parque de Lazer da Praia Seca como uma praia fluvial, algo que faria dela a primeira praia deste género no Rio Ave, a seguir à barragem do Ermal. Depois da inauguração da primeira fase da intervenção no Parque de Lazer da Praia Seca, que teve lugar em outubro de 2019, este ano o local passou a contar com um bar e também com casas de banho de apoio. A referida inauguração, que teve lugar a 27 de outubro de 2019, contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, e também com o diretor da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Pimenta Machado, que elogiou o trabalho desenvolvido em Guimarães, comprometendo-se na altura a ajudar no trabalho e no processo de classificação desta zona como ribeirinha das Taipas como praia fluvial.
O impasse diretivo nos Bombeiros das Taipas foi resolvido no dia 11 de março, quinta-feira. Manuel Castro assumiu a presidência da instituição, sucedendo assim a José das Neves Machado. Recorde-se que em virtude dos pedidos de demissão do anterior presidente, José das Neves Machado, e da vice-presidente Sílvia Lopes, havia duas possibilidades em cima da mesa: os membros da direção assumir os destinos da instituição, ou a necessidade de se realizar eleições. A direção decidiu assumir a gestão dos Bombeiros Voluntários das Taipas até ao final do mandato, sendo cooptados os sócios Nuno Lourenço Mendes e Luís Silva para completar a direção. Manuel Dias da Silva, que já fazia parte da direção, passa a ser vice-presidente e Nuno Lourenço Mendes é cooptado diretamente como vice-presidente. Após a reunião dos órgãos sociais, realizada na noite da referida quinta-feira, a decisão foi comunicada ao corpo ativo. O novo presidente, ao lado do comandante Rafael Silva na foto, refere que teve todo o apoio de José das Neves Machado. “Sou um homem de desafios, é mais um desafio que tenho na minha frente e irei vencê-lo conjuntamente com todos os bombeiros”, indica. “José das Neves Machado merece todo o respeito, 28 anos não são 28 dias”, diz Manuel Castro
“O objetivo que tenho traçado para este final de mandato é unir todos os bombeiros, direção e assembleia”, explica Manuel Castro, sucessor de José das Neves Machado na presidência dos Bombeiros Voluntários de Caldas das Taipas.
Em declarações ao Reflexo, o novo presidente sublinha que os bombeiros devem muito a José das Neves Machado, até porque “28 anos [à frente da instituição] não são 28 dias”. “Merece todo o respeito, da assembleia e do Bombeiro Voluntários das Taipas. Neste processo, vou dar seguimento ao projeto que ele tinha até ao final do mandato”, diz. No discurso disponibilizado ao nosso jornal em que assume ao corpo de bombeiros que será o novo presidente da instituição, Manuel Castro afirma que teve o “total apoio” do antecessor no cargo. “A partir de hoje sou o vosso presidente, e como tal assumo todas as responsabilidades das decisões, que, a partir de hoje, sejam tomadas pela atual direção. Peço-vos a todos vós, Soldados da Paz, que caminhemos juntos, em busca da união e cooperação, para que a nossa associação dos Bombeiros Voluntários das Caldas das Taipas continue a ser um exemplo a nível nacional”, refere na mesma declaração. O novo presidente afirma que tudo vai fazer para “todos seguirem juntos no mesmo sentido”. “Tive o apoio da assembleia geral e dos membros da direção. Dou seguimento ao processo do senhor Pe Machado até o fim do mandato, que é mais ou menos um ano e pico. A partir daí, não irei assumir mais nenhuma responsabilidade. Sou um homem de desafios, é mais um desafio que tenho na minha frente e irei vencê-lo conjuntamente com todos os bombeiros”, indica ao Reflexo. Manuel Castro já foi diretor dos bombeiros há 30 anos e foi mais recentemente chamado por José das Neves Machado “para o ajudar na difícil tarefa que tinha pela frente.”
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Ferreira de Castro Homenagem a 17 de abril de 1971
O busto do humanista social que se fez literatura vive há 50 anos
FERREIRA DE CASTRO (1989-1974)
Abril de 2021
Autor de personagens e enredos moldados pela emigração e pelas limitações sociais do século XX, Ferreira de Castro enamorou-se pelas conversas que o rio Ave, de dia, e a lua, de noite, lhe proporcionavam nas Caldas das Taipas dos anos 60. A 17 de Abril, assinalam-se os 50 anos da escultura comemorativa desse homem de letras. A esse propósito, será lançado um livro que conta as suas vivências no concelho de Guimarães. Os rios que Ferreira de Castro atravessou e contemplou nos seus 76 anos de vida deixaram marca, fosse o Amazonas, corrente inabalável que alimenta a maior floresta tropical do mundo e deu vida à sua obra-prima, A Selva (1930), fosse o Ave, que, nas Caldas das Taipas, se mostrava “diadema azul” de “indolente curva” e “margens líricas”. A relação entre o escritor e a terra que disse ter “rosto de vila e corpo de aldeia” já se eternizara aquando do texto “A terra onde a lua fala”, que ocupou a primeira página do Notícias de Guimarães em 29 de setembro de 1963, mas é hoje mais palpável graças ao busto visível no coração da vila termal há quase 50 anos. Em 17 de Abril de 1971, Ferreira de Castro e a esposa, Elena Muriel, marcaram presença na inauguração da escultura de António Duarte. Na ocasião, falaram Joaquim Santos Simões, pelo Círculo de Arte e Recreio (CAR), associação cultural que teve a ideia do busto, o taipense José de Oliveira e o crítico literário Arsénio Mota, tendo-se lido ainda uma saudação de Jorge Amado, amigo e admirador do escritor nascido em Ossela, Oliveira de Azeméis. Esse é um dos episódios contidos no livro Ferreira de Castro e(m) Guimarães, escrito por Álvaro Nunes e Fernando Capela Miguel e ilustrado por Joaquim
Salgado Almeida. A obra evoca o Ferreira de Castro que se abeirava do Ave nas décadas de 50 e de 60, encontrando aí a “paz para executar a sua obra”, concretamente “uma grande parte” de O Instinto Supremo (1968), diz Álvaro Nunes, mas também o humanista que contactava com as pessoas da vila, muitas delas com familiares emigrantes, e o ativista político que se deslocava à cidade para se encontrar com opositores ao Estado Novo. “A matriz de humanismo social defendida nos seus livros marcou-me para toda a vida, inclusive nas opções políticas que acabei por a ter. Por outro lado, tive na família emigrantes para o Brasil. Deu-me muito prazer pegar nisto”, confessa ao Reflexo Digital o antigo jornalista e diretor de O Povo de Guimarães. Para Álvaro Nunes, a mensagem “escrever é lutar”, ecoada no 1.º de Maio de 1974, o primeiro em liberdade, resume bem a maneira ser e de estar de Ferreira de Castro, pouco antes da sua morte, a 29 de junho. O parceiro de dominó lembrou-se do busto O peso político do escritor era tal que até foi contactado “para ser alternativa a Humberto Delgado” às eleições de 1958, embora sem aceitar o convite, recorda Capela Miguel, outro dos autores do livro. Mesmo quando descansava nas Taipas, Ferreira de Castro nunca adormeceu a veia de ativista. Através de Mário Dias, antigo médico, dirigente associativo e presidente da Junta de Freguesia, que morreu no ano passado, Ferreira de Castro conheceu opositores vimaranenses ao regime, como Santos Simões, os fotógrafos
Joaquim Fernandes e Amílcar Lopes e o presidente do CAR, Jaime Martins, refere o autor. A política estava assim presente quer nas tertúlias do Café Oriental, quer nas atividades culturais da piscina das Taipas, em que atuava o Teatro de Ensaio Raúl Brandão, coordenado por Santos Simões. “As pessoas das Taipas iam à piscina e passavam lá parte do seu tempo livre. Estes convívios também eram pretextos para juntar as pessoas. Quem fazia as fotografias do teatro era o Amílcar. No fundo, era possível fazer reuniões clandestinas de forma discreta”, recorda. Em 1965, aliás, o Encontro dos Suplementos e Páginas Culturais da Imprensa Regional ocorreu na vila, sob vigilância da PIDE. É aliás numa fase em que Ferreira de Castro se vê “contestado pelo regime” que surge a ideia do busto, dentro do “movimento de solidariedade” promovido por um “grupo de intelectuais portugueses”, frisa Capela Miguel. Quem se lembrou da escultura foi Jaime Martins, presidente do CAR e parceiro de dominó do escritor, à mesa do restaurante Mourão, perto do Toural. Assim se gerou a primeira de três homenagens que as Caldas das Taipas já prestaram ao vulto da literatura portuguesa. A 26 de Novembro de 1983, Ferreira de Castro foi lembrado no XII Encontro de Imprensa Regional, organizado pelo Gabinete de Imprensa de Guimarães, então presidido por Luís Caldas, autor do prefácio de Ferreira de Castro e(m) Guimarães. Já a 06 de Fevereiro de 1999, o CART e o Grupo Recreativo de Ossela reuniram-se para assinalar o centenário do nascimento do escritor, que se deu em 1898. Texto: Tiago Mendes Dias
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FERREIRA DE CASTRO (1989-1974)
Ferreira de Castro e as Caldas das Taipas
"Vai hoje realizar-se uma homenagem a Ferreira de Castro que, conforme tem sido anunciado, se traduz em dois actos de expressiva significação". Pelas 18 horas e no jardim das Caldas das Taipas que margina a estrada que segue para Briteiros, será descerrado um busto do Escritor do notável escultor António Duarte, que cedeu os seus direitos de autor para este fim. Falarão na homenagem um representante do Círculo de Arte e Recreio, colectividade que promove a homenagem, o Sr. José de Oliveira pelos admiradores de Ferreira de Castro e o escritor e crítico literário Arsénio Mota, que se referirá a Ferreira de Castro como escritor e cidadão. Será aina lida uma saudação de Jorge Amado especialmente enviada para este fim” (,,,) Esta homenagem, noticiada em primeira página da edição de 17 de Abril de 1971 do Notícia de Guimarães, já lá vão 50 anos, que o periódico acrescenta seria complementada com um jantar no Restaurante Jordão, teria de facto nas Caldas das Taipas o seu ponto alto, que contaria, com a presença do escritor e sua esposa Elena Muriel e com intervenções várias, nomeadamente de Santos Simões em nome do CAR e uma saudação do escritor brasileiro Jorge Amado: “Meu desejo seria estar presente na homenagem que vai ser prestada a Ferreira de Castro pelos
seus patrícios, admiradores e amigos. Também eu, velho admirador e amigo seu: a admiração precedeu a amizade, pois, ainda adolescente, em colégio interno, li A Selva e empolguei-me com as suas páginas, com a história de espantar do menino em meio à floresta, do homem perdido, reencontrando-se na coragem inabalável, na fé do destino humano, na solidariedade. De então para cá, a admiração pelo romancista só fez crescer: Ferreira de Castro é um grande ficcionista contemporâneo, um dos maiores romancistas do nosso tempo, honra e orgulho de quantos escrevemos em língua portuguesa. Veio depois a amizade (…),que é uma das riquezas da minha vida. Assim sendo, bem podeis imaginar a alegria com que me associo a esta homenagem a Ferreira de Castro, grande escritor e cidadão exemplar”. Ferreira de Castro e Jorge Amado, dois escritores e amigos, ligados intimamente pelo inferno verde de “A Selva”, um livro de duas pátrias, continuariam de facto irmanados por longos anos, inclusive na propositura de ambos ao Prémio Nobel da Literatura, em 1968, apresentada pela União Brasileira de Escritores. De facto, José Maria Ferreira de Castro
(1898-1974), filho de pais pobres de Ossela (Oliveira de Azeméis), haveria de rumar ao Brasil em 1911 e aí passar cerca de oito anos, parte dos quais vividos no seringal “Paraíso”, nas margens do rio Madeira, braço do Amazonas e em Belém do Pará. Realmente, aí, com a simples instrução primária na sua bagagem e muito autodidatismo e querer, Ferreira de Castro cresceria como homem, dando asas ao seu sonho infanto-juvenil de se iniciar como jornalista e escritor. Mas as Caldas das Taipas seriam de facto nas décadas de 50/60 um dos locais preferenciais de veraneio de Ferreira de Castro, que costumeiramente ocupava um quarto das traseiras do Hotel da Termas, com vistas para o parque, e que por estas bandas convivia com os taipenses. Efetivamente, muitos espaços da paisagem humana por onde rompeu solas ou visitou antropologicamente (selva amazónica, Barroso, Madeira, Serra da Estrela) foram decididamente leitmotiv para moldar o humanismo social da sua obra feito de experiências feito. Ele próprio o reconhece (parcialmente) no texto “O Minho” (trecho de uma mensagem enviada a Viana do Castelo), do qual respingamos a seguinte passagem:
“(…) Tenho residido em vários povoados do Minho, sobretudo nas Caldas das Taipas, onde o Ave de dia, e a Lua, de noite, falam comigo; e tenho convivido, verão após Verão, com numerosos camponeses. Ao começo das nossas relações «, quase todos estes homens e estas mulheres, cuja vida quotidiana representa um dos diversos heroísmos que a História não celebra, ignoram até o meu nome. Para eles sou apenas “aquele senhor que vem, todos os anos, passar alguns meses nas termas e costuma sentar-se numa pedra, à beira dos campos, a ler ou a olhar para as árvores”. Na inauguração do busto das Taipas, que aqui e agora evocamos, mais parece que nem tudo foi pacífico. Com efeito, sempre avesso a homenagens, e como conta o amigo Jorge Amado na obra “Navegações de Cabotagem”, as boas intenções teriam assumido um efeito algo perverso: “- Uma pena, botaram-me a perder o veraneio. Todos os anos. no verão, vinha para aqui para uns dias de descanso. Antes do sol de pôr, à tarde, sentava-me naquele banco – aponta o banco junto ao busto -, conversava sobre a chuva e o bom tempo, a vida e a morte com os patrícios, sabem coisas, contavam-me das pessoas e dos costumes, os detalhes com que se fazem os romances. Sabes como é. O vento na praça, Ferreira de Castro ajeita o cachecol: - Conheciam-me como o homem do chapéu porque ando de cabeça coberta ara não apanhar defluxo, não sabiam quem eu fosse, conversavam à tripa solta, eu era um deles. Agora, acabou-se, não serei eu quem irá sentar-se diante do busto, papel ridículo. Deixei de ir ao veraneio, a conversa se perdeu, já nada me contam, passei a ser Vossa Excelência, dão boa tarde e se despedem. Uma tristeza. Vamos embora antes que pensem que vim aqui para vos exibir o busto, pavonear-me” Compreende-se esta postura de Ferreira de Castro e
a reserva dos taipenses em manter reservas nas suas conversas, porém, o busto lá está como uma homenagem merecida e de reconhecimento à sua obra e ao homem, que, apesar da sua idiossincrasia recatada e humilde, adversa a exposições públicas, deixaria às gentes das Caldas das Taipas uma prova indelével da sua empatia e amizade. Com efeito, não obstante o seu resguardo e discrição, Ferreira de Castro acabaria por dedicar às Caldas das Taipas, a pedido insistente do seu amigo José Oliveira, um texto que seria publicado no jornal Notícias de Guimarães de 29 de setembro de 1963, intitulado “A terra onde a lua fala”: “ Com o rosto da Vila e corpo de Aldeia, Caldas das Taipas ostenta todas as louçanias do Minho. A quinhentos metros da via nacional, que a liga ao Mundo, termina o urbanismo: duas avenidas transformam-se em estradas, as estradas ramificam-se em caminhos. E é lá que a natureza minhota, de milheirais empenachados, choupos e salgueiros onde se abraçam as vides, esplende em toda a sua beleza. Beleza humilde e confidente, discreta e propícia, como poucas, para
os diálogos com o silêncio ou com os arquipélagos de sombras e claridades que se formam nos recantos do mundo vegetal. Alguns dos milheirais, longos e estreitos correm entre sebes de árvores, que tantas vezes se unem em cima, sugerindo verdes naves, enquanto as videiras se estendem de tronco a tronco, como grinaldas. Cantam regatos ao lado dos nossos pés, cantam aves nas franças mais altaneiras, cantam os insetos nos seus refúgios, enchendo a terra dum permanente e vasto ritmo sinfónico. E uma suave poesia, dessas que despertam sentimentos eternos, domina tudo. Ela irá sempre connosco até às margens líricas do Ave, que é, com a sua indolente curva, o diadema azul das Taipas. As pontes romanas quase ao rés da água, dir-se-ão entablamentos de velhos templos submarinos; o arvoredo romântico fala de quimeras e certamente não há lua mais sugestiva e bela do que esta, que ao espelhar-se no rio parece dizer-nos, baixinho, muito baixinho, como se nos prometesse uma doce vida sem fim: - Não partas! Fica e sonha … Eu voltarei amanhã …”
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Ferreira de Castro, o jornalista
“Se me perguntassem nesse tempo o que eu desejava ser na vida, teria respondido sem hesitar: - Jornalista! …” Tal como muitos dos escritores do seu tempo, Ferreira de Castro deu os primeiros passos na escrita em publicações periódicas e alcançou o seu sonho. Tudo se iniciou no Brasil, para onde emigrara ainda pré-adolescente, entre 1911 e 1919, após o falecimento de seu pai. De facto, é no decurso sua estada no seringal amazónico, onde permanece até 1914, que Ferreira de Castro passa a enviar contos e crónicas para jornais portugueses e brasileiros, cujo primeiro texto sairia num mensário local, como ele próprio nos conta: “Muito cedo, aos nove anos, sonhei publicar um trabalho num jornal de Oliveira de Azeméis (…) Sonho vão! Sonho que só a realizei aos treze anos, quando me encontrei no rio Madeira, de onde enviei uma espécie de conto a um pequeno mensário do Rio Grande do Sul, que o publicou”. Porém, já residente em Belém do Pará, Ferreira de Castro começaria a colaborar no “Jornal dos Novos”, o primeiro periódico a abrir-lhe (permanentemente) as suas
páginas. Iniciava-se assim uma “carreira” jornalística que em 1917 passa pela fundação e direção do semanário “Portugal”, em parceria com João Pinto Monteiro, cujos leitores eram maioritariamente as gentes da diáspora e da comunidade portuguesa. Nestas páginas acabaria também por publicar em folhetim o romance “Rugas Sociais”, após a sua iniciação literária em 1916 com as obras “Criminoso por Ambição” e a peça “Alma Lusitana” O jornalismo é a sua tábua de salvação quando regressa a Portugal e se estabelece em Lisboa, em 1919. Com efeito, quer perante as dificuldades iniciais da vida, quer como suporte da escrita literária, o jornalismo continuou a pagar as contas e os “vícios”, bem como a dar-lhe asas para outros voos: “Parente muito próximo da literatura e com momentos exultantes, o jornalismo representava para mim o forno de onde me vinha o pão e assim poder realizar os meus pobres livros à sua ilharga, nas horas destinadas ao repouso, que eu utilizava vencendo todos os cansaços. Era ele que me
punha a mesa sóbria, que substituía os fatos e os sapatos quando muito usados, me pagava os cigarros e os cafés. Sem ele, cuja conquista já me fora tão penosa, eu não podia entregar-me, naqueles dias, ao meu teimoso sonho de romancista, que se desdobrava sempre em imensos escolhos”. Ora, de facto, muitas fornadas de bom jornalismo brotariam da sua produção portuguesa. Com efeito, quer no jornal “O Luso”(1919), quer posteriormente na revista “A Hora” (1922), Ferreira de Castro vai conciliando a sua colaboração na imprensa com a iniciação literária, que o tornariam conhecido e o guindariam à presidência do Sindicato dos Profissionais da Imprensa de Lisboa, em 1926; e inclusive às relações amorosas, com a jornalista e escritora Diana de Lis, um ano depois … É também neste ano de 1927 que passa a integrar os quadros de “O Século” no qual ocupa a secção internacional, levando a cabo, entre muitas outras, excelentes reportagens sobre as Constituintes da II República Espanhola,
a Revolta da Andaluzia e o plebiscito sobre a autonomia da Catalunha. E, no ano seguinte, a fundar e a dirigir a revista “Civilização”, com Campos Monteiro, a que ajunta colaborações diversas, nomeadamente no suplemento literário do jornal operário “A Batalha” da Confederação Geral de Trabalho e na revista “ABC”, dirigida pelo historiador e ativista político Rocha MartinsPosteriormente, assume a direção de “O Diabo” (1935), semanário de crítica literária e artística de oposição ao Estado Novo. Iniciava-se assim a fase mais produtiva do jornalista e escritor, que culmina com a publicação dos romances “Emigrantes”(1928) e “A Selva” (1930),este último um grande sucesso editorial publicado no mesmo ano de euforia que, contraditoriamente, coincidiria com a morte disfórica da esposa Diana de Lis (Eugénia Haas Costa Ramos), uma situação lúgubre que o leva à depressão, agravada por uma septicemia e a tentativa de suicídio. Porém, superado o estado depressivo, acaba por casar novamente em 1938 com a pintora espanhola Elena Muriel. Data também nesta década o seu abandono do jornalismo, por necessidade de tempo para a escrita literária e ficcional, mas acima de tudo por se sentir desgastado com a censura. A luta contra a censura seria efetivamente um combate particular no âmbito da sua ação cívica contra o regime salazarista em prol da conquista da democracia e liberdade de expressão, quer como ativista do Movimento da Unidade Democrática (MUD), quer como jornalista engajado aos valores democráticos e defesa do novo humanismo social na linha de Proudhon, que pretende a libertação e a igualdade humana. Tempos que recorda com emoção e raiva, saudade e incompreensão: “O primeiro artigo que entreguei a João
Pereira da Rosa, para o número de Natal de “O Século”, tinha alguma coisa a haver, se bem me lembro, com o Tio Zé Moleiro – e a censura cortou-o. Jamais compreendemos porquê (…) O meu afeto pelo Tia Zé Moleiro provinha de ele ser, entre todos os demais habitantes, o único que representava para mim a poesia humana da aldeia”. A censura seria com efeito um dos cavalos de batalha de Ferreira de Castro, que, como constatamos, não se compadecia com a poesia humana do autor e as suas gentes, nem tão-pouco como o seu jornalismo de convicta intervenção social, que ferozmente era perseguido pelas peias do poder e “status quo” estabelecido. Com efeito, amante da liberdade e da justiça social, Ferreira de Castro escreveria artigos jornalísticos famosos de intervenção e denúncia sociopolítica contundentes. Destacam-se, entre outros, a escrita sobre a situação dos reclusos em Portugal (“Como eu fui preso …no Limoeiro”), prisão onde passaria uma noite clandestinamente, pois “amando tanto a liberdade deseja averiguar como podiam viver sem ela aqueles que a não tinham”. Debalde, porém, pois a descoberta a sua presença clandestina nos calabouços e a cumplicidade dos presos nesta infiltração, bem como o teor do texto, acabaria por não ser publicável por ordem da administração. Efetivamente, Ferreira de Castro legar-nos-ia peças jornalísticas únicas, como a entrevista ao líder republicano irlandês Eamon de Valere, ou relatos pujantes como a noite dos miseráveis e vagabundos do albergues noturnos (“Como se dorme num albergue noturno”), a que ajunta crónicas vibrantes, ou reportagens singulares, como é o caso do artigo sobre as condições de trabalho nas Minas de S, Domingos, entre vários outros temas proibidos na época, quando
se trilhavam caminhos proibidos da melhoria das condições de vida. Trabalhos a que adita outros mais “comedidos”, como os enternecidos artigos sobre a Colónia Balnear Infantil de “O Século”, ou sobre o desenvolvimento do mutualismo, entre outros. Assim, de facto, era Portugal e o mundo desse tempo “ ao morrer, a terceira década do século XX”, após a I Grande Guerra Mundial, cuja “paz trouxera o capitalismo, por entre viúvas e mães vestidas de luto e a euforia do dinheiro e dos negócios”, num contexto constituído por dois terços do mundo proletarizado, uma classe média depauperada e milhares de homens sem trabalho. Um mundo também marcado pelo triunfo comunista na Rússia, pela guerra civil espanhola na década 30, no contexto de um cadilho sociopolítico multifacetado, polvilhado pelas correntes anarco-sindicalistas, comunistas e socialistas e reformista, as três bandeiras que procuram encontrar novos caminhos contra as cosmovisões autoritárias vigentes … Realmente, Ferreira de Castro. foi, quer na ficção literária quer no jornalismo, um homem coerente sobre os problemas do seu tempo, no sentido de transformar o mundo. Como escreveu Jorge Amado, seu grande amigo, “foi verdadeiro escritor da nossa época, como queria Gorki, ao mesmo tempo coveiro e parteiro, coveiro de um mundo caduco, de um tempo podre, parteiro de um mundo novo, de um tempo alegre e livre.”.
Textos: Álvaro Nunes Ilustrações: Salgado Almeida Fotos cedidas por Álvaro Nunes, Carlos Marques e Monteiro de Castro Apoio: Câmara Munipal de Guimarães e Junta de Freguesia de Caldelas
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FERREIRA DE CASTRO (1989-1974)
Ferreira de Castro do Jornalismo à Literatura Ferreira de Castro é um bom exemplo do escritor que parte dos caminhos do jornalismo à procura das alamedas da literatura. E quiçá por isso, para além da homenagem ao escritor em 17 de Abril de 1971, nas Caldas das Taipas, o mesmo autor haja sido novamente evocado em 26 de Novembro de 1983, na vila taipense, no decurso do XII Encontro da Imprensa Regional, num evento organizado pelo Gabinete de Imprensa de Guimarães, na altura presidido por Luís Caldas, livreiro e jornalista, que na sua intervenção alusiva asseveraria: (…) “Eram e são as grandes reportagens e dizerem nas páginas dos livros que o jornalismo também faz grandes escritores e grandes literaturas. Tal como as dele, as nossas armas são apenas, e sempre, as nossas canetas e os nossos jornais” (…) De facto, Ferreira de Castro começaria as suas incursões na escrita pelo jornalismo, já sonhado a partir da sua terra natal em Ossela (Oliveira de Azeméis), desde a sua adolescência. Um desejo que lhe fervia nas veias, tal como as primeiras cartas de amor (não correspondido) a Margarida, de quem se viu afastado quando partiu para Brasil, ainda na flor da idade. E foi do outro lado do Atlântico, um pouco por essa ânsia da escrita, que a sua mera instrução primária serviu de caboucos, que Ferreira de Castro construiu esforçadamente, com determinação e autodidatismo a sua obra, inicialmente andaimada num jornalismo de sobrevivência e posteriormente rematada e retocada num jornalismo e literatura de intervenção social pejados de inconformismo, sempre ao lado dos mais fracos e em nome de um novo humanismo libertador de responsabilização do homem pelo homem. A CONSAGRAÇÃO
Porém, Ferreira de Castro é acima de tudo um grande escritor que se revela sobretudo a partir de
“Emigrantes” (1928) e “A Selva” (1930), obras cujas matrizes essenciais confinam coerentemente os mesmos valores do jornalismo. Com efeito, Setembro de 1928 corresponde ao tempo de viragem da criação literária castriana e ao início da sua consagração. De facto, nesse ano, sai “Emigrantes” o primeiro romance de grande fôlego, que se consubstancia na personagem central Manuel da Bouça como a figuração de um arquétipo e seu alter-ego ficcional, em que o escritor manifesta os seus ideais humanísticos e sociais, cujo protagonista, tal como ele, parte de Oliveira de Azeméis para o Brasil. Entretanto, dois anos mais tarde, com o romance “A Selva” (1930), posteriormente adaptado a cinema e série televisiva, os rugidos do inferno verde amazónico ecoariam por todo o mundo. Com efeito, “A Selva” chega a ser dos 10 romances mais lidos em todo o mundo, transmitindo uma forte mensagem de justiça para todos e fraternidade entre os homens, tornando-o reconhecido como um escritor de um realismo social novo e que alguns críticos prenunciam como precursor do neorrealismo português. Uma obra que Ferreira de Castro devia a si próprio e aos que o acompanharam: “Eu devia este livro a essa majestade verde, soberba e enigmática, que é a selva amazónica, pelo muito que nela sofri durante os primeiros anos da minha adolescência e pela coragem que me deu para o resto da vida. Eu devia-o, sobretudo, aos anónimos desbravadores, que viriam a ser os meus companheiros, meus irmãos, gente humilde que me antecedeu ou acompanhou na brenha, gente sem crónica definitiva, que à extração da borracha entregava a sua fome, a sua liberdade e a sua existência.” Jorge Amado considera "A Selva" “o bálsamo sobre a chaga aberta da violência mais ignóbil desabada sobre os índios iguais a crianças órfãs”.
Ferreira de Castro defendia que só deve ser objeto de trabalho intelectual o que se pode conhecer de algum modo. Ora, Ferreira de Castro, antes de meter mãos à obra sobre um espaço e suas gentes, costumava previamente visitar, conviver e confirmar o que escrevia. Ora, assim terá sido quando escreveu “Terra Fria” (1934) e “A Lã e a Neve”(1947). Com efeito, antes da escrita, FC passou umas temporadas no Barroso e na Serra da Estrela a perscrutar as suas coisas e gentes. “Terra Fria” (1934) é uma obra de crítica feroz ao abuso de poder dos mais ricos e do regime que os suporta, que aprofunda de forma realista a compreensão da condição humana no espaço rural, naquele tempo, contextualizado entre ambas as guerras mundiais: uma espécie de “romance histórico” de síntese do homem empobrecido e subjugado, que apesar do esforço e da luta contra as condições de vida adversas e falta de oportunidades, acabaria por ser vítima da sua própria ambição. Obviamente, também, “uma página viva de antropologia”, como é evidente na descrição de uma chega de bois, e no trecho transcrito, alusivo ao ritual de fecundidade localizado na ponte de Misarela, sobre o rio Rabagão: “ Gentes que viviam ainda sob remotas tradições, muitos habitantes de Barrosa acreditavam no poder incontestável da ponte de Misarela sobre os ventres infecundos ou que não sustinham o fruto, desde que as mulheres se submetessem às práticas que os antigos aconselhavam. Essa crença estendera-se a mutas léguas de distância e até de Cabeceiras de Basto e de Braga acorriam ali candidato a mães, na esperança de que a semente do homem germinasse". A CONFIRMAÇÃO
“A Lã e a Neve” (1947), por seu turno, assume-se como uma epopeia do trabalho e uma obra em que o paradigma de mudar o mundo
se configura em plenitude, na qual Marreta, é o operário anarquista, formador e iniciador de Horácio no campo da luta ideológica e política. Efetivamente, neste romance conta-se a história do pastor Horácio, da Serra da Estrela, cuja ambição é ser operário fabril e ter uma casa própria. Porém, Horácio não atinge completamente o seu sonho, pelo facto da escravidão do trabalho não lho permitir. Por sua vez, “Eternidade” (1933), romance dedicado à falecida esposa Diana Lis, é sobretudo uma obra de protesto contra os absurdos da existência, que transpõe catarticamente para a escrita o seu drama íntimo, considerada por vários críticos o fecho do ciclo memorialista da obra do autor. OUTRAS OBRAS
Novos ciclos e direções perfilam-se posteriormente no conjunto da sua obra. São os casos do período após a publicação de “Pequenos Mundos e Velhas Civilizações" (1937) e a viagem planetária em 1939, em companhia da sua segunda esposa. De facto, nesta fase, escreve até 1944 “A Volta ao Mundo” e inicia a publicação de “As Maravilhas Artísticas do Mundo” (1959), que em 1963 recebe o Prémio Catenacci da Academia debelas Artes de Paris. Ademais, numa terceira fase marcada por uma “inflexão renovada e renovadora para a análise mais complexa e diversificada dos conflitos interiores em equação com as realidades sociais e históricas mais vastas”, escreve “A Curva da Estrada” (1950), cuja ação decorre em Espanha no decurso do período de estabilização da denominada Segunda República, e cerca de quatro anos depois, “A Missão” (1954) que reúne três novelas: “A Experiência”, “O Senhor dos Navegantes” e “A Missão” que dá o título à obra. Três narrativas de observação psicológica e elegância de estilo, entre as quais sobressai
a novela “A Missão”, passada em França durante a ocupação alemã “O Instinto Supremo” (1968), presumivelmente e parcialmente escrito nas Caldas das Taipas. seria o seu último livro, que marca o seu regresso ao interior da selva amazónica. Uma obra centrada na figura do sertanejo Cândido Randon, republicano e abolicionista, sobre o processo de pacificação dos índios parintintins por parte do Serviço de Proteção dos Índios, cujos homens juraram o difícil cumprimento do lema “morrer se necessário for, matar, nunca”. Curiosamente, um livro que fecha o seu terceiro ciclo literário e de vida em 29 de Junho de 1974, não obstante a edição póstuma de “Os Fragmentos – Um Romance e Algumas Evocações”, que edita alguns textos suprimidos pela censura. Evocações que teriam uma terceira homenagem nas Caldas das Taipas em 6 de Fevereiro de 1999, aquando da passagem do seu nascimento e ainda na Universidade do Minho em 2018, bem como na toponímia vimaranense, numa rua sita às Quintãs. Ferreira de Castro ainda participaria no primeiro e esperançoso 1º. de Maio de 1974 em Lisboa, ao lado do amigo e poeta José Gomes Ferreira, a quem couberam algumas palavras finais, aquando do seu elogio fúnebre: “sempre o vi a favor dos humilhados contra os ofensores. A última vez que encontrei Ferreira de Castro foi na festa do 1º.de Maio a gritar connosco Escrever é lutar!” Diremos que a obra de Ferreira de Castro continua a fluir como um rio, desde o Caima da infância, ao Madeira da selva amazónica e ao Ave de veraneio, que corre nesta “ terra onde a lua fala”. Por isso, como terminaria José Gomes Ferreira no citado discurso “Quando um amigo morre, que nos resta senão ressuscitá-lo?.
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coisas de antanho
Caldas das Taipas a (des)propósito XLII
Caldas das Taipas, terra castriana Quando há 50 anos, a 17 de abril de 1971, então com 13 anos de idade assisto ao descerramento do busto do escritor Ferreira de Castro pelo próprio autor e na presença duma grande multidão com reportagem jornalística intensa, donde se destaca a da Emissora Nacional e da Televisão, estava longe de imaginar que me tornaria castriano. Já antes me cruzara diversas vezes aqui na nossa terra, que o escritor escolhera para o veraneio, sem nunca lhe ter botado fala. Chegava em Julho e por vezes só daqui saía em Outubro. Depois da homenagem prestada pelo CAR de Guimarães em 1971 teve mais 3 anos de vida, mas nunca mais o vimos por cá e por causa do busto, porque, como dizia “-Então hei-de passar por mim todos os dias? -Aborrece-me” apenas o fez numa tarde com o grande amigo Jorge Amado. O senhor do chapéu, não sabíamos quem ele era, mas sempre tivemos por ele um grande carinho, admiração e muito respeito, a partir dali seria o senhor escritor, o senhor doutor e deixava de fazer sentido a sua vinda para os sítios idílicos com muitas árvores, onde gostava de ver a lua a falar e a deitar-se no arvoredo e no rio. Falava com os taipenses a saber das pessoas e dos costumes, e assim se inspirava à escrita dos seus romances. Foi aqui que se baseou para uma das suas melhores obras literárias, o “Instinto Supremo”, que a Sociedade Portuguesa de Autores o levara à propositura do prémio Nobel da Literatura, aquele que era o escritor português mais traduzido, que antes já recebera o distinto prémio “Águia de Ouro de Nice”. Mais tarde, muito mais tarde, quando assumo responsabilidades sociais e me pedem em 1996 para voltar à direcção do CART, dedico alguma atenção às questões culturais, como deriva dos próprios estatutos, e, designadamente nas comemorações do centenário do nascimento do escritor trago a Caldas das Taipas uma grande Exposição a 6 de Fevereiro de 1999, realizando uma Feira de Livro, Conferências e Debates, descerrando uma lápida alusiva no pedestal do busto pela mão do meu amigo Santos Simões que convidara e fora o grande impulsionador da homenagem de 1971. Torno-me sócio do Centro de Estudos Ferreira de Castro em 2001, peço e consigo a adesão da Junta de Freguesia de Caldelas, que, mais tarde no ano de 2017 atribui a medalha de mérito cultural ao escritor, e, na cerimónia da atribuição o presidente da Câmara presente na cerimónia a 19 de Junho diz publicamente ao executivo da junta de freguesia que a Câmara se dispõe a pagar a edição duma obra activa ou passiva do escritor. Na qualidade de membro do Centro de Estudos participo em várias jornadas de trabalho e evocativas do escritor em Ossela, Oliveira de Azeméis e Sintra, culminando com a visita no ano de 2002 à amazónia no estado brasileiro de Manaus onde tenho PUBLICIDADE
à espera o amigo Ângelo, encontrava-se lá por uma questão de amores, e me leva a visitar desde logo o busto do escritor, sito numa das principais praças daquela grande cidade, e donde parto para a selva, encontrar o seringal do Paraíso e o Humaitá, onde muito jovem o escritor trabalhara dos 12 aos 16 anos no seringal, que vem a revelar o drama dos seus operários na sua obra “A Selva”, para onde o escritor sairia por uma questão de amores. Para a atribuição no dia da vila 19 de Junho de 2017 a José Maria Ferreira de Castro da Medalha de Honra de Caldas das Taipas, concorro a pedido da junta para a elaboração do texto alusivo o escritor e aprovado por unanimidade na Assembleia da freguesia. Mais recentemente por deferência da Drª Adelina Paula da CMG, quem no pelouro da cultura mais atenção deu às questões da literatura, para no leilão dum importante acervo documental activo e passivo do escritor, o licitar; conquanto a CM de Oliveira de Azeméis levou a melhor cobriu todos os meus lanços, indo muito além do orçamento que me cabia. Ainda assim ficou o acervo muito bem entregue, com acesso público e na terra natal
por Carlos Marques
do escritor. No entretanto fui juntando diversos documentos castrianos, desde logo uma colecção de cartões e cartas que escreve a partir do Hotel das Termas entre 1962 e 1969, além dum imenso trabalho de pesquisa acerca da vida e da obra do escritor, desde logo gravações áudio e de televisão donde se destaca o da inauguração do seu busto a 17 de Abril de 1971. Tendo já cedido esse material a associações, designadamente à biblioteca Raúl Brandão a quem ofereci as obras completas de sua autoria para consulta dos seus leitores, exposições como foi a da Festa da Fraternidade em 8 e 9 de Agosto de 2008, e a investigadores locais, que continuam disponíveis para quem quiser consultar. Escolho uma das diversas facetas que aqui ocorreram com o escritor, era ele presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores, e o júri tinha escolhido para prémio e publicação o romance “Luuanda” de Luandino Vieira, que a censura proibira. Em retaliação a Pide arrasa, destruindo o interior da sede da SPE e dá-a como extinta. A imprensa não-alinhada, decide prestar homenagem a Ferreira de Castro e escolhe a nossa terra, um sítio fora dos grandes centros, pensando que não seriam incomodados pelo regime e realiza aqui, no Hotel das Termas de Caldas das Taipas o “III Encontro da Imprensa Cultural” nos dias 7 e 8 de Agosto de 1965, onde no seu discurso o escritor aborda os condicionalismos que o regime político do Estado Novo limita a expansão cultural no país. Os agentes da Pide infiltraram-se, conotando o encontro como de cunho político moveu perseguições e levantou autos além ao escritor e aos seus organizadores, Joaquim Santos Simões, ao Antonino Dias de Castro, ao cónego Galamba de Oliveira e outros lá presentes. Do escritor que pelo seu profundo humanismo fora convidado para a eleição para a Presidente da República, e, sempre o rejeitara, deixo qui a parte final da publicação no ano de 1963 dedicado a Caldas das Taipas com o título: A terra onde a lua fala. ”… o arvoredo romântico fala de quimeras e certamente não há lua mais sugestiva e bela do que esta, que ao espelhar-se no rio parece dizer-nos, baixinho, muito baixinho, como se nos prometesse uma doce vida sem fim. –Não partas! Fica e sonha … Eu voltarei amanhã…” E da mesma forma duma entrevista já no fim da sua vida “…Eu tenho a paixão das árvores, seria infeliz se vivesse num país desarborizado..." Agora que se estão a melhorar os caminhos pedonais, e a beleza que deles se encanta, fica o convite à criação das rotas castrianas, bem como das camilianas, dois dos mais importantes escritores da língua portuguesa, fervorosos apaixonados pela nossa terra.
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FREGUESIAS Ponte solicita cedência do edifício da antiga escola por um período de 40 anos DR
Ovelhas fazem manutenção de parque de Donim
Texto Redação
A Junta de Freguesia de Ponte solicitou a cedência, em regime de direito de superfície por um período de 40 anos, do edifício da antiga escola EB 1 da Igreja, situado na Rua Reitor Francisco José Ribeiro, que se destina, atualmente, à sede da freguesia. Também foi requerida “a parcela de terreno contígua àquele edifício, cujo acesso se faz pelo logradouro do antigo estabelecimento escolar, atualmente ocupado pelo Horto da Brigada Verde de Ponte”, lê-se na agenda da reunião de câmara de 22 de março. Na reunião de vereação, o ponto foi aprovado por unanimidade e vai ser, agora, submetido à aprovação da Assembleia Municipal. PUBLICIDADE
“Nos termos do parecer emitido pela senhora vereadora do pelouro da Educação, não se verifica inconveniência na cedência, em regime de direito de superfície, do edifício da antiga escola EB1 da igreja, da freguesia de Ponte”, explica-se no mesmo documento. O edifício pertence ao domínio privado do Município, tem a área total de 4.490m² e foi cedido à freguesia, em regime de comodato através de contrato celebrado em 2012. A cedência do direito de superfície do antigo edifício escolar e da parcela de terreno fundamenta-se pela inexistência de outras instalações próprias que possam destinar-se à sede da freguesia, “que não seja a utilização do antigo estabelecimento escolar”. O
documento também explica que a “freguesia tem utilizado o imóvel para várias valências em prol dos interesses da comunidade”. São exemplo a Loja Social de Ponte, o Grupo Folclórico, Ex-combatentes da Guerra de Ultramar, sede da Plataforma Teresa Madre Calcutá (Cercigui), bem como futura biblioteca pública, Universidade Sénior e de um Centro Convívio para pessoas com mais de 65 anos”. Noutro âmbito, foi inaugurado na vila o primeiro parque de “Zona de Descanso do Caminho de Santiago”. Nesta iniciativa, decorreu ainda a plantação de nove árvores (seis magnólias e três olaias) numa ação da Brigada Verde da freguesia assinalando o Dia Mundial da Árvore.
Juntou-se o útil ao agradável e já lá vão três meses desde que, a União de freguesias de Santo Estêvão e Donim, tem vindo a receber manutenção da vegetação do Parque de Lazer Flor de Lis, em Donim, por quatro ovelhas "sapadoras". A ideia, que começou por surgir da parte de um dos membros da Brigada Verde, foi sustentada quando um vizinho, que tinha essas ovelhas, precisava de as deixar andar por uma área verde. Foi nesse momento que se avançou com o projeto e os animais puderam começar a pastorear a zona. Segundo Vítor Pais, autarca desta freguesia, a ideia é alargar a outras zonas da freguesia, articulando com mais pessoas que tenham ovelhas e que precisem
de pastoreá-las. Este é um projeto que, além de favorecer a pessoa que tem os animais, tem mantido a área do parque praticamente livre de vegetação infestante, reduzindo significativamente necessidade de corte mecânico da vegetação. “Em condições normais, nós tínhamos de meter lá uma equipa, pelo menos dois a três dias, para fazer o corte da erva e manutenção das árvores", explica o presidente da União de freguesias "Neste momento aquilo que fizeram foi só a manutenção das árvores, a parte do chão não ganhou mato nem ervas grossas, o que quer dizer que, bata uma passagem de máquina e fica impecável para ser utilizado”, acrescenta..
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Largo da Devesa, em Donim, vai ser recuperado DR
OPINIÃO Manuel Ribeiro
Pelas Taipas Sempre
A Junta da União de freguesias de Santo Estêvão e Donim, juntamente com a comissão fabriqueira de Donim, prepara-se para proceder à intervenção do Largo da Devesa, tendo em vista a renovação da capela e a integração da mesma com o largo. A comissão fabriqueira de Donim é a responsável pela renovação da estrutura, enquanto a Junta se encarrega da área exterior, que além de repavimentação, vai colocar condutas de águas pluviais para que as águas das superfícies sejam canalizadas pelas condutas. Segundo Vítor Pais, trata-se de uma intervenção “importante” por se tratar da Capela dos Santos populares, construída nos anos
70 pela população e que naquele largo, junto a essa Capela, se festejava o São João, a segunda festa mais importante de Donim, no 24 de junho. Entretanto, a tradição esmoreceu, “principalmente por causa da emigração”, deixou de haver responsáveis pela festa e a capela começou a degradar. Além das questões mais óbvias, o presidente da Junta revela a existência de um cruzeiro antigo que pretende restaurar. “Existe há muitos anos, o cruzeiro original em pedra na altura desapareceu e o seu topo foi substituído por um de betão. A base é original, em pedra, mas o topo não, então a ideia é colocar um cruzeiro em pedra para colocar na base original”,
partilha o presidente da União de freguesias. Noutro âmbito, a freguesia mantém, desde há um ano, a sua campanha de doação de brinquedos. Trata-se de uma campanha que sensibiliza à doação de brinquedos já parados em casa e que conta com uma equipa de voluntários que os entrega nas casas de quem precisa. A ideia é, segundo o presidente da União de freguesias, continuar por mais anos, já que se tem notada uma boa adesão ao projeto. “Nós já começamos a campanha no ano passado. É para durar mais anos. Neste momento, não sei dizer quantos brinquedos mas temos muita coisa” revela Vítor Pais.
"Estamos otimistas quanto ao futuro". O Grupo Cultura e Recreativo de Barco fez 45 anos .O Grupo Cultural e Recreativo de Barco (GRC Barco) assinalou o 45.º aniversário "de forma simbólica", com um hastear da bandeira no passado domingo. Há, no entanto, o desejo por parte da associação "de sair para a rua". "Estamos otimistas quanto ao futuro", refere José Miranda. No entender do presidente da associação, "é complicado fazer previsões", mas há a expetativa de que na segunda metade do ano se possam realizar algumas atividades agendadas. "A associação tinha um plano arrojado, espero que as coisas melhorem para conseguirmos ainda
recuperar o tempo perdido e apresentar grande parte das atividades que remetemos à assembleia geral", assinala o dirigente ao Reflexo. A pandemia deitou por terra vários projetos do GRC de Barco: atividades recreativas, saídas ou atuações da fanfarra pelo norte do país foram desmarcadas. O mesmo se passou no ano passado. Um cenário atípico para uma associação que, "apesar de alguns altos e baixos", leva "45 anos em qualquer tipo de interrupção". "Estamos ansiosos para mostrar os nossos serviços, mas não depende de nós", assinala José Miranda. Este grupo cultural sediado em
Barco foi fundado no dia 28 de março de 1973 por um grupo de amigos, com o objetivo de animar as atividades culturais e desportivas destinadas a população da freguesia. Teatro, música, dança e cultura tradicional são algumas das áreas de ação da instituição. As festas em honra de São Brás, em Sande São Lourenço, no início do ano transato, foram uma das últimas festividades em que o grupo esteve presente. Participou com a tradicional Fanfarra, impossibilitada, agora, em virtude da pandemia, de palmilhar os percursos a que estava habituada e "dar música às gentes" desta zona.
Ou muito me engano ou começa a perceber-se que o Centro da Vila das Taipas vai ficar sem árvores. O pior é que esta ideia nunca foi comunicada de forma clara aos Taipenses. E não o foi porque não interessava. A fotografia do projecto diz respeito à zona entre a Rua de Santo António até ao Monte de Rei onde praticamente não existem árvores. O projecto foi colocado pela Câmara Municipal de Guimarães, em apreciação pública, num salão de chã da vila, excluindo dessa forma a sede da Junta de Freguesia dessa função, o que é demonstrativo do nível baixo de entender a política pelos socialistas da Câmara de Guimarães. O Partido Socialista tem uma relação alérgica com a realidade e quando bate de frente procura todo o tipo de alijamento de responsabilidades. É o que tem feito a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia. O que se passa nas Taipas, desde há trinta anos, exactamente o número de anos em que o poder socialista domina a Câmara de Guimarães, é a subversão da realidade. Alguém tem dúvidas que a degradação da vila se deve, exclusivamente, ao Partido Socialista: ninguém deve ter porque, para as Taipas, a Câmara não fazia nem deixava fazer. O PS tem a responsabilidade exclusiva pelo subdesenvolvimento das Taipas e do concelho. Para camuflar essa realidade e para passar culpas, e dessa forma, como diz o povo, “virar o bico ao prego”, o PS é de uma sofisticação extrema. - Ele são os cartazes enormíssimos que custam o dinheiro do povo; ele são as redes sociais repletas de claques extremistas; eles são a imprensa comprometida com os patrocínios oficiais; são os empregos nas empresas municipais; as promessas de emprego; a expectativa de emprego; os anúncios de obras futuras; - Tantos projectos, tentativas, iniciativas encetou Constantino Veiga para guindar as Taipas para um patamar de Excelência. Os vetos, expressos e tácitos, eram uma regra constante da Câmara Municipal, estando o Presidente, Vereadores conluiados no sentido de entreter o Presidente da Junta de Caldelas cujo único defeito que tinha era não ter sido eleito nas listas do PS. Por motivos puramente partidários, a vila de Caldas das Taipas andou a marcar passo para gaudio dos simpatizantes indefectíveis do PS que agora festejam uma simples limpeza de uma Rua. Agora, a situação é grave e trata-se de evitar que as Taipas fique “careca” de árvores, descaracterizada, contra a sua história verde e, para isso era necessário tomar uma posição de força do bairrismo taipense. Essa posição é uma decisão de coragem, de arrojo, que deverá passar pela suspensão da execução do projecto na parte do corte de árvores. Estamos aqui para isso e vamos fazer o que está ao nosso alcance para consegui-lo.
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FREGUESIAS CAMINHOS QUE CONTAM HISTÓRIA
Aqueles que calcaram o Danço CAROLINA PEREIRA
É por caminhos velhos que descobrimos um bocadinho da história de cada pessoa e freguesia. Tempos antigos em que se ia a pé para a escola, chovesse ou raiasse. Texto Carolina Pereira Existiam brincadeiras que, de certo modo, encurtavam o tempo, mas só em ilusão. Não havia autocarros. Ir a pé era a única forma. Levava-se na mochila (que tinha de durar, no mínimo, todo o ano) os livros, os cadernos e talvez
um pão para lanche, para comer no intervalo. Não havia cantina na escola. O horário das aulas era das 8 horas da manhã até às 13 horas. A partir dessa hora, “vinham outros”. Domingos Freitas tem 63 anos,
já reformado, foi até ao 4º ano lá nos anos 60, na antiga escola primária de Real, em Santo Estêvão de Briteiros, freguesia onde reside. Por essa altura, a escola recebia não só crianças de Santo Estêvão como de São Cláudio de
Barco. “A escola de São Cláudio era muito pequena, existiam já muitos alunos. Eu acho que a escola de São Cláudio era à beira da Revenda, numa casinha pequenina. As escolas eram pequeninas e como a freguesia de São Cláudio era grande, não cabiam lá todos e tinham de vir alguns alunos para cá”, recorda. Cada sala era preenchida com cerca de 15 alunos, por vezes mais do que um ano em cada sala. Os professores tinham de se dividir e, na mesma sala de aula, no mesmo momento, ensinar duas turmas. “Hoje se calhar já não é compatível, nem se usa fazer isso, mas na altura os professores tinham de parar com uns alunos, de um ano, para dar aulas aos outros. Davam-lhes deveres para os entreter e iam para os outros”, relembra. Crianças pelos seus 7 ou 8 anos trilhavam em grupo até à escola, os pais assim o permitiam porque os tempos eram outros e, como Domingos Freitas diz, “que remédio tinham, mas também normalmente usavam-se mais os caminhos. E depois as famílias eram grandes e se tinham 10 filhos, mas depois só aparecesse 9, nem davam por ela. Para aquele tempo era seguro. Agora com mais carros é mais perigoso. A gente juntava-se sempre em grupos, já havia o combinado de que um fulano não arrancava sem que o outro chegasse. Éramos amigos. Na altura, o receio que havia de ir para a rua nem era de ser roubado,
era por medo que aparecesse cães. As crianças tinham medo, e em grupo defendíamo-nos dos cães”. No caso, era o caminho do Danço, ainda hoje aberto, que os levava até Real. Ao longo daquela meia hora, os amigos tinham de arranjar alternativas de entretenimento, além das conversas, para passar o tempo mais rápido. “A meio do caminho, arranjávamos formas de passar tempo pelo caminho, porque às vezes era longo. Então arranjávamos entretenimento, brinquedos. O que arranjávamos? Uma coisa que se arranjava quase diariamente eram os paus de Alianto, e a gente cortava um pau e depois aqueles canos que têm, um era a bandeira outro que se cortava mais curtinho era o apito e lá íamos nós a dar gás naquilo para a escola. Para chegar mais rápido à escola. Depois havia aqueles alunos, já mais avançados no tempo, que já faziam carrinhos de arame, já com volante em cima, isso já era top. Havia quem tivesse acesso a um aro de bicicleta e tiravam-lhe o pneu e iam o caminho todo a rodá-lo com um pau de uma árvore. Como tínhamos de correr, chegávamos mais rápido”. Existem boas memórias, mas quando Domingos recorda esses tempos diz não sentir nostalgia e não se sente apologista do “antigamente”, já que relembra momentos não saudosos, como quando foi descalço, por caminhos com neve até à escola. “Eram tempos e já passaram”.
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#298
reflexo
COVID-19
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONSELHOS DE SEGURANÇA
Brito. “Forte aposta na eficiência nadarenovação da Mantenha contacto com pessoas da sua confiança.energética” Identifique membros família, vizinhança e pessoas amigas que a possam acolher ou ajudar se tiver de sair de casa. Escola de Casais Combine códigos de emergência com estas pessoas: um sinal, gesto, palavra ou um objeto na janela, para que estes possam alertar as autoridades em caso de urgência. Se existirem crianças em sua casa, combine códigos - sinal, gesto, palavra - para utilizarem em caso de urgência e os comportamentos que devem adotar nessas situações. Avalie se pode fazer quarentena junto de familiares ou pessoas amigas em condições de segurança. Crie um plano de segurança que pode passar por:
Identificar a divisão “mais segura” da casa, para onde possa ir e na qual tenha acesso ao exterior (porta e janela). Fazer cópias ou tirar fotografias de documentos importantes: cartão de cidadão, passaporte, seguros e partilhe com as pessoas da sua confiança. Preparar uma mala de emergência com chaves extra, roupa para si e para as crianças, medicamentos e cópias dos documentos. Se precisar de ajuda para fazer o plano de segurança, ligue para 800 202 148 ou envie uma SMS para 3060 (apague as SMS e e-mails que enviar). Use um computador ou telemóvel ao qual a pessoa agressora não tenha acesso.
NÚMEROS DE APOIO Tenha à mão os números de apoio, memorize-os no telemóvel ou, se isso não for seguro, tente decorar. Se é vítima de violência doméstica ou conhece quem seja, não hesite e peça ajuda. Linha Informação CIG 800 202 148
Linha de Emergência Nacional 112 Linha de Emergência Social 144 SOS Criança 116 111
Linha SMS 3060
Descarregue a APP Bright Sky Disponivel para Android Guia de Recursos CIG guiaderecursosvd.cig.gov.pt Repositório de contactos da Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica
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#298 #295
DESPORTO
CC Taipas: arranque das obras só para o “final deste ano” REFLEXO
Intervenção prevê conclusão da requalificação dos balneários e iluminação LED no complexo desportivo do Montinho, segundo o contrato-programa assinado com a câmara municipal. A obra não começa antes do final do ano e não tem prazo de conclusão estimado. Texto Tiago Mendes Dias O Clube Caçadores das Taipas vai dispor de 125 mil euros, ao abrigo do contrato-programa assinado neste ano com a Câmara Municipal de Guimarães, para instalar iluminação LED nos dois campos do complexo desportivo do Montinho e para fazer obras nos balneários e em “zonas de apoio”. O arranque das intervenções, porém, só deve começar no final de 2021, avançou ao Reflexo o líder do emblema taipense, Tiago Rodrigues. “Neste momento, estamos em fase de finalizar o projeto. Temos também outras situações burocráticas para ultrapassar primeiro, antes de avançarmos com a obra. Por isso, não deve avançar antes do final deste
ano”, disse. Com a verba que será disponibilizada até 2023 – 45 mil euros em 2021 e 40 mil em cada um dos seguintes -, o Taipas prevê “concluir a obra dos balneários”, iniciada em 2018 e realizada a 50%. “O clube tem seis balneários já renovados”, esclareceu. “Irá renovar depois mais um para a equipa sénior, um para os treinadores de formação, um balneário para a equipa técnica da equipa sénior, dois para a equipa de arbitragem e duas enfermarias”. Antes de mexer nos balneários, o clube que ostenta o javali pretende trocar a iluminação atual nos dois campos por lâmpadas LED. A intervenção já tinha a “garantia de
ser executada” por parte da câmara, mesmo antes do contrato-programa de 2021, mas “foi adiada para este ano por causa da pandemia”, esclareceu Tiago Rodrigues. Com esta reformulação, o CC Taipas espera “poupar 40%” na fatura energética, baseando-se nas “conversas com alguns clubes que já têm esse mesmo sistema”, acrescentou. Terceiro relvado em espera
O clube tem ainda no horizonte a criação de um terceiro relvado no complexo desportivo do Montinho, segundo outro contrato-programa assinado com o município em 2018, no valor de 30 mil euros. O prazo de vigência do documento foi
prorrogado até 31 de dezembro de 2020, mas o relvado ainda não existe. O atraso, alegou o responsável máximo do clube, deve-se a “problemas burocráticos”. “Estamos a tentar resolvê-los para concluir essa mesma obra, mas a pandemia não tem ajudado”. Presidido por Tiago Rodrigues desde 2018, o Clube Caçadores das Taipas contava com cerca de 150 atletas no início de 2020, antes da Covid-19 interromper a atividade do futebol de formação e também algumas das competições seniores. Nos contratos-programa desportivos assinados em 10 de fevereiro, a Câmara Municipal de Guimarães atribuiu ainda ao emblema taipense um subsídio no valor de 10 mil euros para apoio à formação e 750 euros para a realização da Taipas Termal Cup e da Taipas Cup.
Retoma da Pró-Nacional “não faz sentido”
A AF Braga anunciou o regresso dO Pró-Nacional a 08 e 09 de maio, com o campeonato a uma volta, sem descidas, e os vencedores das duas séries a defrontarem-se a duas mãos para decidir quem sobe ao Campeonato de Portugal. Tiago Rodrigues considera que a proposta “não faz sentido”. “Os clubes deveriam ter sido consultados antes de se tomar uma decisão. Vamos andar aqui uma época a brincar ao futebol e com o esforço dos dirigentes”, reiterou. Para o dirigente, a retoma das competições em setembro, para uma nova época, é uma das opções que faria sentido, avisando que “todos os clubes estão a passar por enormes dificuldades financeiras”. “As próprias pessoas da associação poderiam colocar-se na pele dos dirigentes dos clubes”, concluiu.
Rui Castro considera modelo de competição “pouco corajoso” O plantel do CC Taipas já retomou a atividade física tendo em vista o regresso à competição. Uma retoma faseada para atenuar a ocorrência de lesões, depois de uma pausa prolongada. Tal como o presidente, também o técnico Rui Castro não concorda com os moldes da AF Braga para o regresso à competição. “Acho que, mais uma vez, é uma decisão pouco corajosa e fazer cinco jogos acaba por ser um pequeno prémio de consolação para as equipas. Poderei concordar com o facto de as equipas não
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descer de divisão, mas a maneira como promoveu o Pró-Nacional nas subidas não está correto. Devia promover-se quatro equipas na mesma, com um modelo diferente, uma final-four. Com estes jogos, sabendo que ninguém desce, ninguém vai ter interesse e, provavelmente, o jogo que toda a gente vai ver será a finalíssima. Quanto ao CC Taipas, pospusemo-nos a um objetivo que era ficar nos quatro primeiro e é por isso que vamos lutar mesmo faltando apenas cinco jogos”, refere o treinador do CC Taipas.
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“Falta de condições” acelera o processo de desistência do CART BRUNO JOSÉ FERREIRA
classificado. Relativamente à vertente financeira, Ricardo Mota, admite que o clube não irá ter “grandes perdas” porque não sabe como será possível “realizar quatro quintos da época em apenas dois meses”. Apesar da decisão de não voltar a competir esta temporada, o presidente garantiu que a grande maioria dos jogadores irá fazer parte do plantel na próxima época e que a equipa taipense irá continuar a manter a atividade da sua equipa sénior com o intuito de preparar a próxima temporada da melhor forma possível. Mais preocupante do que as implicações da não participação da equipa sénior de hóquei em
patins esta temporada é a ausência de treinos e competição das camadas jovens que poderá levar à desistência de alguns atletas. Ricardo Mota, acredita que a situação atual irá ter um impacto muito negativo no clube e que esta ausência poderá ser uma “ferida difícil de sarar” para as modalidades. “Em primeiro lugar, a retoma ainda nem sequer foi comunicada, mas também não acredito que se vá realizar qualquer tipo de competição em termos de camadas jovens. No entanto iremos manter a mesma política, a partir do momento que nos seja decretado que é possível retomar os treinos é isso que iremos fazer”, concluiu.
GD Longos celebra 28 anos e agradece A Federação Portuguesa de Patinagem agendou o regresso do campeonato para a terceira semana de abril, no entanto, a decisão da direção do CART está tomada. O clube decidiu abdicar da possibilidade de voltar a competir para o campeonato nacional da 3.ª Divisão de hóquei em patins esta época. A equipa sénior taipense dá assim por terminada uma temporada atípica onde contou apenas quatro jogos realizados. Em declarações ao Reflexo, o presidente do clube, Ricardo Mota, afirma que não estavam reunidas as condições adequadas para concluir o que restava da prova e acredita que o clube tomou a decisão mais sensata ao abdicar de competir. “Basicamente, o que nós achamos é que não fazia PUBLICIDADE
muito sentido realizar o que resta da temporada em apenas dois meses. Assumindo que tem de correr tudo na perfeição para podermos realizar jogos todas as semanas e, em alguns casos, duas vezes por semana. Somos um clube amador, temos atletas a jogar por amor à modalidade e ao clube, mas depois de consultarmos a equipa técnica e os jogadores entendemos que esta seria a melhor decisão”, referiu. O presidente salientou ainda que “jogar por jogar” não faz parte da filosofia de trabalho do clube taipense e sempre que a equipa entra nas competições é para “levar as coisas a sério e obter as “melhores classificações” coisa que, dada a conjuntura atual, estariam impedidos de o fazer. Apesar da decisão tomada
o clube irá “beneficiar” da prerrogativa da Federação Portuguesa de Patinagem que dá possibilidade aos clubes de não concluírem a temporada sem qualquer tipo de penalização. Em relação aos prejuízos que a decisão da desistência pode trazer ao clube, Ricardo Mota, analisa e divide a questão em duas vertentes: a vertente desportiva e a vertente financeira. Relativamente à vertente desportiva, o presidente reconhece que o objetivo de “não lutar pela subida de divisão é um prejuízo que o clube assume por acreditar que não reunidas as condições para competir”. Recorde-se que, no presente campeonato, o CART em quatro jogos realizados ocupa a segunda posição com dez pontos, a oito do primeiro
sacrifícios em "época atípica" .O Grupo Desportivo de Longos assinalou, na quinta-feira, dia 25 de março, o 28.ª aniversário e aproveitou a ocasião para agradecer a "atletas, equipa técnica, roupeiro e massagista". Os que contribuíram para mitigar os efeitos da pandemia de covid-19 e ajudar a ultrapassar "uma época atípica" dentro e fora das quatro linhas. Mesmo assim, diz o clube, através de um comunicado, " continuam a honrar o compromisso que tem com o nosso clube". "A todas as anteriores direções, e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o sucesso e evolução do nosso clube durante estes 28 anos de história, o nosso muito obrigado", refere a associaçao desportiva na mesma nota
informativa. Fundado em 1993, o clube da freguesia de Longos reconhece que a data festiva "é de difícil comemoração": " Não nos é possível realizar o habitual jantar convívio junto dos nossos sócios e adeptos. Desta forma, o primeiro agradecimento é para vocês, que mesmo privados de assistirem aos nossos jogos, nos continuam a apoiar sem nunca nos virarem as costas."O clube agradece também à Câmara Municipal de Guimarães, Junta de freguesia e para todos patrocinadores, que, apesar das dificuldades causadas pela pandemia", continuaram a ajudar o clube concelhio. "Contém connosco pois nós contamos convosco", remata o comunicado.
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DESPORTO GD Longos sorteia automóvel para angariar fundos para as obras Brito SC despromovido aos campeonatos distritais DR
Para além do automóvel há aida mais prémios a sorteio. GD Longos espera ter em agosto o relvado sintético concluído, açtura em que começa a época desportiva. Texto Bruno José Ferreira O Grupo Desportivo de Longos encontra-se a organizar um sorteio de angariação de fundos para ajudar na realização das obras no seu campo de jogos. Recentemente contemplado com a atribuição de um subsídio por parte da Câmara Municipal de Guimarães para a instalação de um relvado sintético, o clube pretende fazer mais obras e, por isso, conta com o apoio da população. O anúncio desta iniciativa foi divulgado nas redes sociais do clube, com uma declaração do presidente do clube, Manuel Gonçalves. “Esta é a nossa realidade atual, um campo pelado, que nos dias que estamos já não é fácil jogar-se neste
tipo de campos. Brevemente vão iniciar-se as obras no nosso campo, vamos ficar com um complexo lindo”, aponta. Com as obras prometidas para breve a ambição da direção do GD Longos passa por em quatro ou cinco meses ter o processo concluído, de forma em que agosto o relvado sintético seja uma realidade para o arranque da nova época desportiva. Para além do sintético, o GD Longos pretende fazer um muro de suporte atrás de uma das balizas e intervencionar a área envolvente ao recinto de jogo. “Precisamos do apoio de todos: sócios, simpatizantes, amigos, patrocinadores, toda a gente que
colabore com o Longos”, refere Manuel Gonçalves. Face a esta intenção de alargar o âmbito das obras para além do apoio prestado pelo município, o sorteio do Longos tem como atrativo principal um automóvel como primeiro prémio, sendo que no total serão sorteados dez prémios. Para além do automóvel serão ainda sorteados: um LCD, uma máquina de lavar roupa, uma bicicleta, um micro-ondas, uma máquina de café, camisola oficial do GD Longos, um fato de treino oficial do GD Longos, um polo oficial do GD Longos e um cachecol oficial do GD Longos. Cada bilhete para o sorteio tem o custo de dois euros.
CTM Taipas regressa à competição no dia 17 de abril O Clube de Ténis de Mesa das Taipas pode regressar aos treinos dentro de duas semanas, no dia 5 de abril, de acordo com um comunicado da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa, que tem como base as normas de desconfinamento apresentadas pelo primeiro-ministro no final do Conselho de Ministros. A competição será reatada no fim de semana de 17 e 18 de abril, sendo que até 30 de maio serão
realizados todos os jogos da primeira volta, nomeadamente seis jogos. “Após o fim da 1ª Volta as 4 primeiras classificadas ficam apuradas para o GRUPO SUBIDA onde transitam com metade dos pontos da 1ª volta e disputam os encontros entre si da 2ª volta. A vencedora deste grupo garante a subida. As classificadas entre o 7º e o 10º irão disputar o GRUPO DESCIDA onde transitam com metade dos pontos da 1ª volta e disputam os encontros
entre si da 2ª volta. A vencedora deste grupo irá manter-se na 2ª Divisão e as restantes 3 descerão ao Campeonatos Distritais. As classificadas em 11º descerão diretamente aos Campeonatos Distritais”, explica a federação em comunicado divulgado no m|es de março.. A fase final dos campeonatos deverá ter lugar a 26 de junho, estando obviamente dependente da evolução da situação epidemiológica.
O Brito SC não conseguiu evitar a despromoção aos campeonatos distritais da Associação de Futebol de Braga, ficando a descida de escalão sentenciada a três jornadas do final da Série B do Campeonato de Portugal, o terceiro escalão do futebol português. Num ano atípico devido à pandemia, em que o Desportivo das Aves acabou por não se conseguir inscrever na prova e o Camacha desistiu de participar, garantindo, ainda assim, a manutenção devido aos constrangimentos das deslocações ao continente, o Mondinense desde cedo ficou com a despromoção carimbada, somando apenas um ponto em dezasseis jogos.
Este cenário levou a que o Brito fosse a principal equipa a lutar pela sobrevivência perante equipas com maior historial nas provas nacionais. Na antepenúltima ronda da prova os pupilos de Filipe Gonça jogaram uma cartada decisiva em Santo Tirso, no terreno do Tirsense, acabando por perder por três bolas a duas num jogo intenso. Quando restam apenas disputar dois jogos, com este triunfo o Tirsense cavou uma margem de sete pontos, assegurando assim a participação no Campeonato de Portugal no próximo ano, enquanto que o conjunto de Brito disputará novamente o Campeonato PróNacional da AF. Braga.
Vanessa Marques convocada para o play-off Vanessa Marques integra a lista das 25 eleitas para defrontar a seleção da Rússia no play-off de acesso ao Europeu de 2022. A seleção das "quinas" defronta as russas duas vezes. O primeiro jogo tem lugar no Estádio do Restelo, no dia 9 de abril. As portuguesas deslocam-se a Moscovo quatro dias depois para decidir o futuro na competição. Assim,a taipense Vanessa Marques vai marcar presença neste
play-off que pode colocar a seleção nacional novamente num europeu e repetir a façanha de há quatro anos, quando se estreou na prova. Depois de várias épocas em Portugal, a jogadora atua agora nos húngaros do Ferencváros, naquela que está a ser a sua primeira experiência internacional. Chamada por Francisco Neto, a atleta pode chegar às 80 internacionalizações - tem, até ao momento, 78.
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"O que me deixa mais triste é não ver a malta a correr" BRUNO JOSÉ FERREIRA
daqui a dez anos. Fazer em casa não é igual”. Uma prova especial
As habituais corridas matinais de domingo não saem à rua e é provável que a Corrida de Atletismo de Caldas das Taipas não se realize Pandemia "abanou" o Núcleo de Atletismo das Taipas Texto Pedro C. Esteves
Manuel Mota tem saudades dos tempos em que, ao domingo, juntava os amigos para palmilhar, a ritmo de corrida, as ruas da vila e redondezas. Mais do que manter a condição física, os atletas do Núcleo de Atletismo das Taipas (NAT) conviviam. O contexto mudou e o dirigente explica que o cenário atual é inquietante – há associados que não vê há mais de um ano. “Não estivemos parados só um mês, foi muito tempo, estamos há mais de um ano sem fazer os treinos em conjunto”, recorda o dirigente. “Nos domingos tínhamos 20 atletas a correr, era o convívio desta associação que nos mantinha de pé”. A pandemia não afastou só os sócios das ruas, a convivência foi-se perdendo. “Foi tudo por agua PUBLICIDADE
abaixo, e tudo isso vai contribuir para que esta associação vá abanar um bocadinho”, resume. E o abanão será forte? Manuel Mota pensa que sim: “Estou com um bocado de receio. As pessoas separaram-se muito, correm à volta das suas casas, nos recintos mais perto, e vão-se habituando. Isto ainda está para durar. Há atletas que eu não vejo há um ano. E isso complica, preocupa. A associação fortalece-se com as pessoas perto dela”. Trazer gente para o mundo da corrida
Numa entrevista ao Reflexo, na agora deserta sede do núcleo,no parque de lazer de Caldas das Taipas, Manuel Mota anseia por ver novamente as gentes do NAT descer a Alameda de Rosas
Guimarães para dar início a mais uma corrida. “O que me deixa mais triste é não ver a malta a correr. Todos os dias, mesmo que não viesse treinar, falava com um, falava com outro, agora não, vamos para casa”. O sentimento é partilhado por Pedro Regueiras. Entrou para o NAT em 2005. Para o atleta, a associação é mais do que corrida. “O que nos movia também era chegar ao fim-de-semana e irmos 20 ou 30 pessoas treinar. Por vezes, vínhamos aqui para a sede, convivíamos sexta-feira à noite, ao sábado. No final do dia vimos do trabalho, chegamos aqui, temos um grupo de amigos, treinamos, contamos o que correu mal no dia, o que correu bem, tomávamos um banho e sentíamos prontos para novo dia”, sintetiza. O atleta lembra também o carácter lúdico do NAT, que, para além de ser parte importante no “resgate” do parque – “os
lampiões estavam fundidos, havia delinquência” – vem sendo um importante motor para o fomento da prática do exercício físico na vila. É que, quase como uma bola de neve, as pessoas vão-se mobilizando (mesmo que não entrem para o núcleo). “Nós temos, neste momento, 150 sócios. Estes mobilizam o triplo: sejam mulheres, filhos, ou tios. Na minha casa, só eu sou daqui do NAT, mas todos fazem exercício físico pelo exemplo”. Agora, preocupação de Pedro incide nas gerações mais novas. Com as associações desportivas da região paradas, teme que se tenha perdido “a dinâmica desportiva” característica desta zona do concelho. “A gente vinha aqui, treinava e víamos carrinhas do CART, Sandineneses, do Caçadores. Eram centenas de crianças que faziam exercício físico diariamente. E hoje em dia não fazem. Ou fazem muito pouco. E isso só se vai notar
“O que a gente quer”, resume Pedro Regueiras, “é fazer os convívios, realizar novamente a nossa corrida”. Algo que, ao que tudo indica, não vai ser possível. A Corrida Caldas das Taipas deve não sair à rua. “O NAT era conhecido pelo evento que fazia, é um dos maiores eventos da vila. Deixa-nos tristes, não vemos as pessoas a nossa volta, a vila enchia-se de pessoas”, explica Manuel Mota. Para o dirigente, é “um problema grande”. “Uma corrida destas, em que participavam umas 400 pessoas, e agora deixá-la cair dois anos, para a levantar vai ser um problema. Isto alimentava-nos um bocadinho. Não era só a parte financeira, dava-nos uma alavanca muito boa”. O golpe foi duro. Ainda para mais, o NAT não é clube profissional e o panorama pós-covid não é animador. “As associações amadoras vivem daquilo que é dado, do ir bater à porta das empresas, e as empresas estão como estão”. “Ainda bem que o NAT não criou despesas”, ressalva. No entender de Manuel Mota, quando tudo “estabilizar”, “vai ter que se começar do zero”. “A parte financeira será mais difícil”. Antes do recomeço, Manuel Mota vai contactando os sócios. Do outro lado da linha, sente alguma melancolia. A sede — ou o parque, terreno em que o NAT se sente em casa — era sempre uma porta aberta para quem precisasse de um “empurrão” para começar a correr e a iniciar a prática de exercício. “As pessoas desciam a vila aqui para baixo, muitas delas vinham e ficavam com o NAT aqui. Há muita gente que hoje corre e caminha porque encontrou alguém do NAT. Agora não estamos aqui”.
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EDITAL PROCESSO ELEITORAL
Nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 1.º do Regulamento Eleitoral da Associação, anuncia-se a abertura do Processo Eleitoral de eleição do Conselho Fiscal da Associação para completar o mandato do triénio 2020/2022, cuja Assembleia Geral Eleitoral decorrerá no dia 24 de Abril de 2021, a convocar nos termos previstos nos Estatutos e no Regulamento Geral Interno da Associação. As candidaturas deverão ser apresentadas segundo o sistema de lista completa, devendo as respectivas listas ser apresentadas ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, na sede da Associação, até às 18h00 do dia 31 de Março de 2021.
Obituário
No demais regerão as disposições do Regulamento Eleitoral, do Regulamento Geral Interno e dos Estatutos da Associação, os quais poderão ser da Associação consultados no site (www.bvtaipas.com/site/corporacao/legislacao).
Caldas das Taipas, 12 de Março de 2021
Joaquim Mendes Dias Bravo No dia 26 de Fevereiro, na Unidade de Cuidados Continuados “O Poverello” - Braga, faleceu o Sr. Joaquim Mendes Dias Bravo, com 64 anos de idade, casado com Maria Inês da Coata Machado, residente que foi na Rua das Vendas, Ponte, Guimarães. As cerimónias fúnebres realizaram-se na Igreja de São João de Ponte, indo depois a sepultar no cemitério desta comunidade.
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral,
José Luís da Silva Azevedo Oliveira
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Manik Mané com Steven Gerrard, treinador do Rangers, na conferência de imprensa do jogo com o SC Braga
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