Contos e Cantos Indígenas

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Anhangá É UM GÊNIO ANDANTE, espírito arredio ou vagabundo, destinado a proteger os animais das matas. Ele aparece sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo. Quando um caçador persegue um animal que está amamentando, corre o risco de ser atacado pelo Anhangá.



CANIDÉ-IUNE, CANIDÉ-IUNE HEYRA-UEH Segundo nota de Plínio Airosa à edição de 1980, o texto pode ser entendido do seguinte modo: CANINDÉ AMARELO, CANINDÉ AMARELO TAL QUAL O MEL



NA TRIBO DOS BORORÓS havia um pajé muito sábio. Ele vivia triste por ser gordo e por isso todos o chamavam de cairara. Certo dia, ele descobriu uma erva que os macacos comiam e os conservava sempre esbeltos e ágeis. Resolveu tomar um chá feito da erva, para ver se ficava esbelto como os macacos. Durante sete dias, ingeriu a poção. Ficou esbelto, os cabelos finos se alongaram, as pernas encolheram. Ficou assustado quando viu que até um rabo começou a aparecer. Parou de beber a droga, mas a transformação continuou. Hoje o cairara é uma espécie de macaco fino, inteligente e engenhoso que vive nas mata da Amazônia.



CERTA VEZ, UM JOVEM GUERREIRO apaixonou-se pela esposa do grande cacique, mas não podia aproximar-se dela. Então pediu a Tupã que o transformasse num pássaro. Tupã fez dele um pássaro de cor vermelho-terra. Toda noite ia cantar para sua amada. Mas foi o cacique que notou seu canto. Tão lindo e fascinante era o seu canto, que o cacique perseguiu a ave para prendê-la, só para ele. O Uirapuru voou para bem distante da floresta e o cacique, que o perseguia, perdeu-se dentro das matas e igarapés e nunca mais voltou. O lindo pássaro volta sempre, canta para a sua amada e vai embora, esperando que um dia ela daescubra o seu canto e seu encanto...



NAS ESTRADAS POUCO TRAFEGADAS, aparece um animal, sob a forma de uma galinha, acompanhado de uma grande ninhada de pintinhos. A galinha e os pintinhos vivem mariscando e quando avistam ou são avistados por alguém, começam a crescer e acabam atacando o viajante, que tem que se defender com armas até eles desaparecerem.



O CAMUROPONÍ-UASSÚ é um peixe muito grande a que os tupinambás fazem menção, em suas danças e cantos, repetindo muitas vezes: PIRÁ-UASSÚ A UÉH, CAMURUPUÍ-UASSÚ Que significa: PEIXE GRANDE, ESTOU COM FOME! CAMURUPIM, ESTOU COM FOME!



NUMA TRIBO INDÍGENA, a filha do Tuxaua deu a luz a uma menina branca como o leite. O Chefe quis matar a filha, mas um moço branco lhe apareceu em sonho e lhe disse que a mãe da criança não era culpada. A criança logo depois que nasceu começou a andar e falar. Mas não viveu muito tempo. Antes de completar um ano, morreu sem ter adoecido. O Tuxaua mandou enterrá-la na própria aldeia, e a mãe todos os dias lhe regava a sepultura, sobre a qual nascera uma planta que deu flores e frutos. Os pássaros que os comiam ficavam embriagados. Certa vez a terra abriu-se ao pé da planta e apareceram as raízes. Os índios as colheram e viram que eram brancas como o corpo de Mani, e deram o nome de Maníoca (casa de Mani), ou corpo de Mani. E à planta deram o nome de maniva.



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