Sumário
Destaques 24
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46 Tema de Fundo
O fim de um modelo económico insustentável
DOSSIER Apiex prevê investimento de 9 biliões de dólares
24 Capa Empresas pagam acima do salário mínimo
ACTUAL Elite africana em apuros na Europa
Propriedade e Edição: Mozmedia, Lda., Av. 25 de Setembro nº 1462 - Edificio dos Correios de Moçambique (Túnel) - Telefone: +258 21 416186 - Fax: +258 21 416187 – revista.capital@mozmedia.co.mz – Director Geral: Emília Gomes - emiliagomes@ mozmedia.co.mz – Directora Editorial:HelgaNeida Nunes – helga.nunes@mozmedia. Redacção: Belizário Cumbe belizariocumbe@yahoo.com.br, Gildo Mugabe - gildomugabi@gmail.com – Secretariado Administrativo: Yolanda Machado - yolandamachado97@gmail.com; Cooperação: CTA; Ernst &Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS – Colunistas: António Batel Anjo, E. Vasques; Elias Matsinhe; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Hermes Sueia; Joca Estêvão; José V. Claro; Leonardo Júnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mário Henriques; Nadim Cassamo (ISCIM/IPCI); Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Lourenço; Fotografia: Shanna Chicalia; Gettyimages.pt, Google.com; – Ilustrações: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. - Tradução: Sónia Almeida Santos; Paginação: Ricardo Timbe – timbedesign@ gmail.com – Design e Grafismo: Mozmedia – Departamento Comercial: Neusa Simbine – neusa.simbine@mozmedia. co.mz, Distribuição:Ímpia– info@impia.co.mz; Mozmedia, Lda.; Mabuko, Lda. – Registo: N.º 046/GABINFO-DEC/2007 Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos assinados reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, é autorizada desde que citada a fonte.
Teodorin Nguema e Tchizé dos Santos são filhos de presidentes africanos. Enquanto Tchizé tem um processo que pode ser considerado ainda prematuro em Portugal, Teodorin aguarda a sentença. É caso para dizer que os milhões de dólares que a elite africana gasta na Europa começam a amargar.
Yara e Shell rumo à exploração de gás
O Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) e a Yara International assinaram um memorando de entendimento para a produção de fertilizantes a partir do gás natural extraído na bacia do Rovuma. De igual modo, o MIREME e a Shell assinaram um acordo tendo em vista a alocação do gás natural do mesmo local para uso e consumo doméstico.
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Elite africana em apuros na Europa
Ração representa 73% dos custos de produção de frangos
O frango poderá escassear ou ficar mais caro no país. Os produtores procuram alternativas para a importação do pinto de um dia e do ovo para a incubação, uma vez que não podem comprar na África do Sul. Mas uma breve avaliação dos custos de produção do frango no paí revela que 73% destes dizem respeito à aquisição da ração. Ou seja, havendo vontade de amortecer o preço deste produto no mercado, o nó de estrangulamento já está identificado.
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O fim de um modelo económico insustentável
O embaixador da UE, Sven Von Burgsdorff, concedeu uma entrevista à Capital onde aborda questões como a pobreza, o desenvolvimento sustentável, a necessária gestão eficiente da dívida, as medidas a serem tomadas para restabelecer a confiança internacional bem como os desafios da indústria extractiva em Moçambique.
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Editorial
Bem-vindo 76
Economia fervilha perante desafios
COMMODITIES
A
Expansão do xisto texano constitui ameaça
presente edição da Capital é pródiga em termos de diversidade de temas.
O relatório da Kroll traz consigo algumas inquietações, abala o mercado económico com novos desafios e fomenta na comunidade moçambicana amplos e acesos debates. As conclusões do sumário executivo do relatório da Kroll estão a causar indignação na sociedade civil, que exige a declaração de inconstitucionalidade à Resolução aprovada pela Assembleia da República que inscreve as garantias emitidas pelo Estado a favor das dívidas da MAM e ProIndicus.
88 EMPRESA IzyShop revoluciona mercado das compras online
EMPREENDER
Ao mesmo tempo, e ao que tudo indica, a indústria nacional dos frangos encontra-se diante de uma crise eminente. O frango poderá escassear e ficar mais caro. E são procuradas alternativas pelos produtores para a importação do pinto de um dia e do ovo para a incubação, uma vez que os mesmos não os podem adquirir na África do Sul. E a agravar esse estado de coisas, 73% dos custos de produção do frango no país dizem respeito à aquisição da ração.
A arte de personalizar roupa e calçado
96 ESTILOS DE VIDA Conservatório de música clássica forja talentos
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Em relação a Moçambique, Sven Von Burgsdorff aborda questões prementes como a pobreza, o desenvolvimento sustentável, as medidas a serem tomadas para restabelecer a confiança internacional bem como os desafios da indústria extractiva, da fiscalização e da aplicação estratégica das receitas em Moçambique. No âmbito do comércio entre ambos os blocos, segundo o embaixador, foram registados passos significativos que culminaram com a recente ratificação do Acordo de Parceria Económica (APE) entre a UE e o Estado de Moçambique - um acordo que abre novos caminhos para o desenvolvimento de Moçambique.
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Numa outra perspectiva, o embaixador da União Europeia, Sven Von Burgsdorff, deixa patente nas páginas da revista detalhes sobre as relações bilaterais entre Moçambique e a UE bem como os seus comentários e algumas experiências, destacando a necessidade de uma gestão eficiente e cautelosa da dívida.
Mas nem tudo são más notícias muito embora o sector privado enfrente inúmeros desafios e careça de apoio. A Yara International e a Shell deram mais um passo rumo à exploração do gás natural da Bacia do Rovuma, assinando memorandos de entendimento com o Governo, que prevêm a produção de fertilizantes e o uso e consumo doméstico do gás, respectivamente. E o dia a dia económico lá vai contando com bons exemplos de organizações como o Banco de Moçambique (considerado o Empregador de Preferência), o Conservatório de Música Clássica e o supermercado online IziShop.
Contents
Highlights 25
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Background Theme
The end of an unsustainable economic paradigm
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DOSSIER
Apiex expects investment of 9 billion dollars
25 Current
Capa Companies pay above minimum wage
African elite in trouble in Europe
Property and Edition: Mozmedia, Lda. 25 de Setembro n- 1462 - Edificio dos Correios de Moçambique (Túnel) – Telephone: +258 84 3015641 | +258 82 6567710 – revista.capital@mozmedia.co.mz – Managing Director: Emília Gomes - emiliagomes@ mozmedia.co.mz - Editorial Director: Helga Neida Nunes – helga.nunes@mozmedia. – Editorial Staff: Belizário Cumbe belizariocumbe@yahoo.com.br, Gildo Mugabe - gildomugabi@gmail.com – Administrative Secretariat: Yolanda Machado - yolandamachado97@gmail.com; Cooperation: CTA; Ernst &Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS – Columnists: António Batel Anjo, E. Vasques; Elias Matsinhe; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Hermes Sueia; Joca Estêvão; José V. Claro; Leonardo Júnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mário Henriques; NadimCassamo (ISCIM/IPCI); Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Lourenço; Photography: Shanna Chicalia / Chairman; Gettyimages.pt, Google.com; – Illustrations: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B.- Translation:Sónia Almeida Santos;Page make-up: Ricardo Timbe –timbedesign@gmail.com – Design and Graphics: Mozmedia –Commercial Department: Neusa Simbine – neusa. simbine@mozmedia.co.mz, Distribution: Ímpia – info@impia.co.mz; Mozmedia, Lda.; Mabuko, Lda. – Registration: N.º 046/GABINFO-DEC/2007 - Printing: 7.500 copies. The articles reflect the authors’ opinion, and not necessarily the magazine’s opinion. All transcript or reproduction, partial or total, is authorised provided that the source is quoted.
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African elite in trouble in Europe
Teodorin Nguema and Tchizé dos Santos are sons of African presidents. While Tchizé has a legal process that can still be considered premature in Portugal, Teodorin awaits the sen- tence. It is a case to say that the millions of dollars that the African elite spends in Europe begin to bitter.
Yara and Shell take another step towards gas exploration
The Ministry of Mineral Resources and Energy (MIREME) and Yara International, through Minister letícia Klemens and Jim Eilertsen, vicepresident for the same business area of the Norwegian company, signed a memorandum of understanding on 3 July in Maputo to produce fertilizers from natural gas extracted in the Rovuma basin, Cabo Delgado.
MFood accounts for 73% of poultry production costs
In the coming weeks, the chicken meat may be scarce or more expensive in the coun- try. The producers are looking for alternative ways to import the day-old chick and the hatching egg, since they can’t buy in South Africa. In a brief evaluation of chicken meat production costs in Mozambique we noticed that 73% of these relates to food acquisition. That is, if there is a desire to improve the price of this product in the market, the bottleneck is already identified.
The end of an unsustainable economic paradigm EU Ambassador Sven Von Burgsdorff gave an interview on matters such as poverty, sustainable development, necessary efficient debt management, measures to restore international confidence as well as the challenges of extractive industry, and the strategic application of revenues in Mozambique.
Editorial
Welcome 78
Reliving the economy after independence
COMMODITIES Texas shale expansion threatens
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90 COMPANY IzyShop revolutionizes the online shopping market
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uring the 42 years after the declaration of national independence, the country has won numerous battles, although today it still faces numerous economical challenges such as some risks and dangers. In order to record the historical heritage of the Mozambican economy and to recall the most striking stages the country faced since June 25th, 1975, we interviewed Rui Baltazar, the ruler who led the destinies of the Ministry of Finance from 1978 to 1986. Throughout the conversation, we embarked on a journey from the late colonial period, in which the economy was already plunged into a deep crisis of unsustainability (aggravated by the first oil shock) and continued in the context of a centrally planned economy adopted after 3rd Congress of Frelimo in 1977, identified with Marxism-Leninism ideology. But the journey continues ... After the 4th Congress, there was an introspection on the economic options, highlighting the results of the application of the Prospective Indicative Plan, and Frelimo decided to start a series of reforms resulting in Market economy, giving its first signs in the early 1980s. At the same time, on an international level, there were approximations to European countries (entering the Lome Convention) and to other important world powers, dossiers were prepared and contacts were made with the Bretton Woods institutions. In fact, it was Rui Baltazar who signed Mozambique’s instruments of accession to the Bretton Woods institutions in September 1984.
ENTREPRENEURship The art of customize clothes and footware
Today, and 30 years after Rui Baltazar left the Ministry of Finance, the challenges of the economy have changed and we have experienced the era of Foreign Direct Investment (FDI), mega-projects and an increasingly powerful national business is expressed in several journalistic articles in this edition, and, at the end, it is interesting to analyze the path the country has traveled from Independence to the present day.c
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LIFE STYLE Conservatory of classical music forms talents
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Capitoon
EM BAIXA JICA corta futuros empréstimos a Moçambique
A Agência Japonesa de Cooperação Internacional JICA - não vai emprestar dinheiro a Moçambique até que se esclareça a polémica das dívidas não declaradas, segundo o representante adjunto da JICA em Moçambique, Hidetake Aoki. A JICA segue instruções do seu governo, que na sequência da descoberta das dívidas não declaradas cortou o financiamento a Moçambique.c
Oferta de frango pode reduzir no mercado
EM ALTA Comércio entre China e CPLP sobe 41,51% As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa subiram 41,51% até Maio, em termos anuais homólogos, atingindo 46,32 mil milhões de dólares, segundo dados oficiais. Dados dos Serviços de Alfândega da China, publicados no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 33,22 mil milhões de dólares, mais 48,90%, e vendeu produtos no valor de 13,10 mil milhões de dólares, mais 25,70%.c
CDM lança nova cerveja A empresa Cervejas de Moçambique (CDM) pretende iniciar muito brevemente a produção de cerveja feita à base de milho nacional. Para materializar o objectivo, há ainda questões de enquadramento fiscal (Imposto de Consumo Específico) por ultrapassar. O novo projecto da CDM poderá gerar 3.500 postos de trabalho e garantir uma renda aos camponeses de mais de 340 milhões de meticais. c
Comprar frangos pode ficar difícil nas próximas semanas devido à falta de pintos, cuja importação a partir da África do Sul foi interdita devido a uma gripe aviária naquele país vizinho. Como forma de tentar minimizar a situação, a Associação Moçambicana de Avicultores está a contactar produtores zambianos, apesar de esperar um agravamento dos custos de importação.c
COISAS QUE SE DIZEM
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Responsáveis pelas dívidas devem ser punidos “O relatório da Kroll apontou vários erros, omissões de informações, má gestão do fundo público, entre outros delitos. Os envolvidos devem ser responsabilizados. Não precisamos de ir buscar a comunidade internacional para vir tratar do assunto ou responsabilizar os culpados. As instituições nacionais devem responsabilizar os autores das dívidas ocultas”.c
Um livro inspirado no hino nacional ““Este livro foi inspirado no nosso hino nacional, que nos diz, a certa altura: Na memória de África e do Mundo. Então, comecei a caminhar, em busca dessa memória e da nossa História. Primeiro, escrevi um texto muito grande, era massudo. No entanto, com esses anos todos que tenho de escrita, apercebi-me que, algumas vezes, a leitura de um livro volumoso é um privilégio de poucos.c
Mário Sitoe, Bastonário da OCAM in jornal O País .
Paulina Chiziane, escritora moçambicana in jornal O País .
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Capitoon
ON THE BOTTOM
ATTENTION
ntly and carefully! ... efficie
JICA cuts future loans to Mozambique The Japanese International Cooperation Agency - JICA - will not lend money to Mozambique until the controversy over undeclared debts is clarified, according to the deputy representative of JICA in Mozambique, Hidetake Aoki. JICA follows instructions from its government which, following the discovery of undeclared debts, cut funding to Mozambique.c
SILENCE
Hidden Debt Management Team
Chicken meat availability can reduce in the market
ON the TOP Trade between China and CPLP rises 41.51% Trade between China and Portuguesespeaking countries rose 41.51% in May, year-on-year, to USD $ 46.32 billion, according to official data. Data from China’s Customs Services, published at Macau Forum portal, indicates that China bought goods from Portuguesespeaking countries valued at $ 33.22 billion, up 48.90 percent, and sold products worth 13, 10 billion dollars, plus 25.70%. c
CDM launches new beer The company Cervejas de Moçambique (CDM) intends to start “very briefly” the production of beer made with domestic corn. To make the goal come true, there are still issues of fiscal framework (Specific Consumption Tax) to overcome. The new CDM project could generate 3,500 jobs and guarantee farmers an income of more than 340 million meticals. c
Buying chicken meat may get difficult in the coming weeks due to the lack of chicks. Imports from South Africa have been banned due to bird flu in that neighboring country. As a way to try to minimize the situation Mozambican Poultry Association is contacting Zambian producers, despite expecting an increase of import costs. c
THINGS BEING SAID Accountable for the debt should be punished “The Kroll report pointed to several mistakes, omissions of information, mismanagement of the public fund, among other crimes. Those involved should be held accountable. We do not need to go to the international community to deal with the issue or to hold the guilty responsible. National institutions should hold the perpetrators responsible for hidden debts.“ c
“This book was inA book inspired by the national spired by our national anthem, she tells us, at one point:” At memory of Africa and the World. “ So I started to walk in search of this memory and our history. First, I wrote a very large text, it was massive. However, with all these years of writing, I realized that sometimes reading a voluminous book is a privilege of a few.” c
Mário Sitoe, President of OCAM in newspaper O País .
Paulina Chiziane, mozambican writer in the newspaperO País.
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ACTUAL
Banco de Moçambique é o ‘Empregador de Preferência’ O Banco de Moçambique foi apontado como o ‘Empregador de Preferência’ em Moçambique. O resultado foi apurado por uma pesquisa desenvolvida pela empresa NHP Consultoria e Serviços, em parceria com a Herman Group, Employer of Choice (baseados nos Estados Unidos de América), o Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Instituto de Nacional de Emprego e Formação Profissional. Helga Nunes (texto)
E
m termos gerais, a pesquisa colocou o Banco de Moçambique como o ‘Empregador de Preferência’ em Moçambique, com 15.8 por cento, seguido pelo Banco Comercial e de Investimentos (BCI), com 9.8 por cento, e, na terceira posição, o Standard Bank, com 8.7 por cento. O que significa que o sector financeiro é em si o mais apetitoso para qualquer candidato em termos
de emprego (reunindo 46,2% das preferências), sendo que os outros sectores mais mencionados foram os transportes aéreos (7,3%), a agropecuária (6,9%), as telecomunicações (6,2%) e empresas de consultoria (4,6%). Aliás, a seguir ao BCI surgem empresas como a LAM - Linhas Aéreas de Moçambique, a Vodacom, a consultora KPMG e o Banco Internacional de Moçambique (BIM), entre outros. Por outro lado, no sector
AS 10 EMPRESAS DE PREFERÊNCIA
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público e para além da LAM que se qualificou na categoria de transportes aéreos, a Autoridade Tributária de Moçambique foi a segunda organização mais indicada como empregador de preferência. Participaram nesta pesquisa piloto 540 pessoas, sendo a maioria (92 por cento), com idades entre os 18 a 30 anos. A percepção de bom salário foi a que mais vezes foi mencionada, com 73 por cento, seguida pelo ambiente agradável e prestígio, com 11 por cento. A reputação da empresa e o prestígio tiveram 9 por cento. De destacar que as razões da escolha pouco diferem independentemente do género ser feminino ou masculino. Para indivíduos com idade superior a 40 anos, a garantia de reforma constitui um dos atractivos para a escolha de empregador. Já na faixa dos mais jovens, com idade entre os 18 e 25 anos, essa garantia de reforma não tem relevância para a escolha e a razão que mais sobressai é a que se prende com a possibilidade de auferir um bom salário. Intervindo na cerimónia, Eric Granry, representante da NHP, referiu que ao realizar esta pesquisa a empresa
ACTUAL pretendia trazer para o mercado moçambicano este produto, que acredita que vai promover a competitividade entre as organizações tanto do sector privado, bem como do sector público.
SECTORES DE PREFERÊNCIA PARA TRABALHAR
Uma ferramenta de análise e tomada de decisão “Os resultados que apresentamos são de uma pesquisa piloto, que representa o ponto de partida para a realização da edição 2017/2018 das pesquisas sobre “Melhor Empregador e Empregador de Preferência”, disse, acrescentando que, de forma particular, a pesquisa sobre o ‘‘Melhor Empregador‘‘ visa apurar o melhor empregador que vai resultar do cruzamento das variáveis Cultura Organizacional, Liderança, Gestão do Capital Humano, Formação e Desenvolvimento, entre outras. A NHP - Consultoria e Serviços, espera que as pesquisas ‘‘Empregador de Preferência‘‘ e ‘‘Melhor Empregador em Moçambique‘‘ sirvam de motor impulsionador das boas práticas de gestão de capital humano e de desenvolvimento do talento moçambicano, assim como da promoção de Moçambique como um país de preferência para os profissionais e talentos da mais alta qualidade e especialidade. Em termos mais concretos, pretende-se com esta iniciativa promover uma dinâmica cada vez mais saudável na gestão do capital humano, atracção, desenvolvimento e retenção de talentos, impulsionar a competitividade na comunidade empresarial em Moçambique, bem como promover a imagem das empresas que operam e fornecer uma ferramenta de análise e tomada de decisão para os gestores de empresas e demais interessados no mercado moçambicano. c
RAZÕES DA ESCOLHA
QUEM É…
NHP Consultoria e Serviços A NHP é uma empresa que opera no mercado moçambicano, na prestação de serviços de consultoria e assessoria em diversas áreas de negócio e ciência, incluindo pesquisa e estudos diversos. c
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CURRENT
Bank of Mozambique is the ‘Employer of Choice’ Bank of Mozambique was appointed as the ‘Employer of Choice’ in Mozambique. The result was determined by a survey conducted by NHP Consultoria e Serviços, in partnership with the Herman Group, the Employer of Choice (based in the United States of America), the National Institute of Statistics (INE) and the National Institute of Employment and Professional qualification. Helga Nunes (text)
O
verall, the survey puts the Bank of Mozambique as the ‘Employer of Choice’ in Mozambique, with 15.8 percent, followed by the Banco Comercial e de Investimentos (BCI), with 9.8 percent, and in the third position, Standard Bank, with 8.7 percent. This means that the financial sector is in itself the most attractive for any candidate concerning employment (meaning 46.2% of the preferences), while the other most common mentioned sectors were aviation (7.3%), agriculture (6.9%), telecommunications (6.2%) and consulting firms (4.6%). So, following BCI, we have companies such as LAM - Linhas Aéreas de Moçambique, Vodacom, KPMG and the Banco Internacional de Moçambique (BIM), among others. On the other hand, in the public sector and besides LAM that qualified in the category of aviation, the Tax Authority of Mozambique was the second most rated organization as preferred employer. A total of 540 people participated in this pilot study, the majority (92 percent), aged between 18 and 30 years. The perception of good salary was
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the most frequently mentioned, with 73 percent, followed by the pleasant and prestigious environment, with 11 percent. The company’s reputation and prestige had 9 percent. It should be noted that the reasons for the choice differ little whether the gender is female or male.
For those with more than 40 years of age, the guarantee of paid retirement is one of the attractions for the choice of employer. Already in the group of the youngest, aged between 18 and 25 years, this guarantee has no relevance to the choice and the reason that stands out is related to
THE 10 PREFERRED COMPANIES
CURRENT
the possibility of earning a good salary. Speaking at the ceremony, Eric Granry, NHP representative, said that in carrying out this research, the company intended to bring this product to the Mozambican market, believing it will promote competitiveness among organizations both in private as in public sector.
A tool for analysis and decision-making “The results presented are from a pilot survey, representing the starting point for the 2017/2018 edition of the surveys on” Best Employer and Employer of Choice “he said, adding that, particularly, the research on Best Employer aims to determine the best employer that will result from the crossing of the variables Organizational Culture, Leadership, Human Capital Management, Training and Development, amonsgt others. NHP – Consultancy and Services, expects that the Employer of Choice and Best Employer surveys in Mozambique will serve as a driving force for good practices in human capital management and the development of Mozambican talent, as well as promotion of Mozambique as a country of preference for professionals and talents of the highest quality and specialty. Specifically, this initiative intends to promote an increasingly healthy dynamic in human capital management, attracting, developing and retaining talent, boosting competitiveness in the Mozambican business community, as well as promoting the image of the operating companies and provide a tool for analysis and decision making for business managers and other stakeholders in the Mozambican market. c
PREFERRED SECTORS TO WORK Hospitality, Tourism and Leisure Ministries and Other Institutions Public Companies Extraction Companies Hospitals and Clinics Audit Firms Telecomunications Farming Live-Stock Production Air Transport Banks/Banking Institutions
REASONS OF CHOICE GARANTEES OF PAID RETIREMENT QUALITY PRODUCTS AND EXPANSION PROSPECTS GOOD EARNINGS
COMPANIE’S PRESTIGE AND REPUTATION
TRAINING
PRESTIGIOUS AND PLEASANT ENVIRONMENT
WHO IS ...
NHP Consultancy and Services NHP is a company that operates in the Mozambican market, providing consulting and advisory services in various business and science areas, including research and diversed studies.c
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MUNDO
Turismo mundial cresce 6% nos primeiros quatro meses Os números do turismo mundial de Janeiro a Abril revelam um sector robusto e com boas perspectivas. Neste intervalo, o crescimento foi de seis por cento em relação ao período homólogo de 2016. Tendo em conta que o pico do turismo é registado de Maio a Agosto, é caso para dizer que o Ano Internacional do Turismo Sustentável está no bom caminho.
A
Belizário Cumbe (texto)
s chegadas internacionais de turistas em todo o mundo cresceram seis por cento nos primeiros quatro meses de 2017 (Junho-Abril) em comparação com o mesmo período de 2016. Trata-se de um crescimento que se deve ao bom desempenho dos destinos tradicionais e a uma recuperação constante dos emergentes, abrindo
Fonte: OMT
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deste modo boas perspectivas para o período que vai de Maio a Agosto. Ou seja, se de Janeiro a Abril de 2016 todos os destinos receberam um total de 348 milhões de turistas, no mesmo período deste ano o número cresceu para 369 milhões, de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT). As chegadas internacionais relatadas por destinos em todo o mundo foram, em geral, positivas havendo
algumas excepções. Entre os três destinos com maior crescimento o destaque vai para o Médio Oriente que registou o melhor desempenho (10), seguido de África (8%) e da Europa (6%).
Resultados regionais Os dados sobre África são limitados, mas apontam um crescimento de oito por cento nas chegadas internacionais. Um dado a ter em conta é o facto do norte de África ter crescido 185, uma recuperação importante tendo em conta os números dos últimos anos. Já no velho continente, recuperou de resultados não animadores de 2016 ao registar um crescimento de seis por cento. Os resultados melhoraram particularmente no sul da Europa, na região do Mediterrâneo (9% em comparação com um por cento em 2016) e Europa Ocidental (4% em oposição ao nulo de 2016). Na Ásia e no Pacífico, as chegadas internacionais aumentaram seis por cento até Abril e em todas as quatro sub-regiões o desempenho foi harmonioso. O Sul da Ásia cresceu 14%, seguida
MUNDO/ WORLD
pela Oceânia com sete por cento. No terceiro lugar está o Sudeste com seis por cento e, por último, o nordeste com cinco por cento. Por fim, nas Américas o desempenho de quatro por cento é resultado dos sete por cento registados na América do Sul e Central, bem como dos três e dois por cento do Norte e das Caraíbas, respectivamente. O actual impulso reflecte o índice de confiança no Painel de Turistas da
OMT que é calculado com base em avaliações de especialistas mundiais que são realizadas em cada quatro meses, desde 2003. A avaliação do sector nos primeiros quatro meses de 2017 é o maior em 12 anos. É importante destacar que o período em análise (de Janeiro a Abril) representa, geralmente, 28% das chegadas internacionais registadas durante um ano. Este é um período de inverno no Hemisfério Norte e ve-
rão no hemisfério Sul. E os principais eventos que marcam esta época é o feriado da Páscoa para cristãos de todo o mundo e a celebração do ano novo na China. Já o período que se segue é o pico do turismo no mundo. É nesta época que a maioria dos principais destinos regista o maior número de chegadas. De referir que a OMT decidiu celebrar o ano de 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável. c
World tourism grows 6% in the first four months The world tourism numbers, related to the period from January to April reveal a robust sector with good prospects. In this range, growth was six percent compared to the same period of 2016. Counting that the tourism peak is recorded from May to August, it is case to say that the International Year of Sustainable Tourism is on a good track. Belizário Cumbe (text)
I
nternational tourist arrivals around the world grew six percent in the first four months of 2017 (JanuaryApril) compared to the same period in 2016. This growth is due to the good performance of the traditional destinations and a constant recovery of the emerging ones, thus opening good prospects for the period from May to August. Meaning, if from January to April 2016 the total destinations received 348 million tourists, in the same period this year the number grew to 369 million, according to the World Tourism Organization (WTO).
International arrivals reported by destinations around the world were generally positive with little exceptions. Among the three destinations with the highest growth, the Middle East has the best performance (10), followed by Africa (8%) and Europe (6%).
Regional results Data on Africa is limited, but it points to an eight percent increase in international arrivals. One thing to note is the fact that North Africa has grown 185, a significant recovery given the
numbers of recent years. Already in the old continent, recovered from the non-encouraging results of 2016 when registering a growth of six percent. Results improved in particular in southern Europe, the Mediterranean region (9% compared to one percent in 2016) and Western Europe (4% as opposed to 2016). In Asia and the Pacific, international arrivals increased by six percent through April and in all four subregions performance was harmonious. South Asia grew 14 percent, followed by Oceania with 7 percent. In the third place is the Southeast with six
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WORLD
percent and, lastly, the northeast with five percent. Finally, in the Americas, the four percent performance is the result of the seven percent recorded in South and Central America, as well as three and two percent in the North and the Caribbean, respectively. The current boost reflects the confidence index in the UNWTO Panel of Tourists which is calculated on the basis of global expert assessments
Fonte: OMT
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carried out every four months since 2003. The sector’s assessment in the first four months of 2017 is the highest in 12 years. It’s important to note that the period reviewed (from January to April) generally represents 28% of the international arrivals registered during one year. This is a winter time in the Northern Hemisphere and summer in the Southern Hemisphere. And the main events that mark this season
is the Easter holiday for Christians around the world and the celebration of the New Year in China. Already the following period is the peak of tourism in the world. It during this period that most major destinations register the highest number of arrivals. It should be noted that UNWTO decided to celebrate 2017 as the International Year of Sustainable Tourism. c
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ÁFRICA
Elite africana em apuros na Europa Teodorin Nguema e Tchizé dos Santos são filhos de presidentes africanos. Enquanto Tchizé tem um processo que pode ser considerado ainda prematuro em Portugal, Teodorin aguarda a sentença. É caso para dizer que os milhões de dólares que a elite africana gasta na Europa começam a amargar. Belizário Cumbe (texto)
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elite africana, com destaque para os filhos de altos dirigentes, tem feito da Europa um palco predilecto para exibir o seu poder financeiro, regra geral de origem
duvidosa. Mas parece que a ‘farra africana’ no velho continente tem os seus dias contados. O vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Nguema Obiang, filho de Teodoro Obiang Nguema,
ÁFRICA/ AFRICA
presidente daquele país e Tchizé dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos, presidente angolano, estão na mira da justiça europeia. Obiang foi julgado à revelia em Paris, na França, na primeira semana de Junho, e a sentença será lida a 27 de Outubro próximo. Teodorin, como também é conhecido, é acusado de branqueamento de capitais no caso ganhos Ilícitos. Tchizé também é acusada de branqueamento de capitais em Portugal. Mas há que destacar que a filha de José Eduardo dos Santos já tinha sido absolvida por um juiz de instrução, mas a procuradoria entendeu que a investigação devia continuar.
Teodorin Nguema Obiang Obiang tem 48 anos de idade e é famoso por ter uma vida de excessos. Em 2008, foi surpreendido por uma reclamação da Transparência Interna-
cional por causa dos seus bens. O vice-presidente é dono de uma luxuosa mansão, num bairro nobre de Paris, avaliado em 107 milhões de euros. Amante de carros de luxo, Teodorin mantém na capital francesa uma frota composta por automóveis de marca Porshe, Ferrari, Bentley e Bugatti. Tem, igualmente, colecções de obras de arte, jóias e roupas de alto padrão. Após a instrução do processo, os juízes entenderam que este património poderia ter sido financiado pela única renda oficial de Teodorin Obiang, mas dada a sua dimensão só pode ser produto de “desvio de fundos públicos” e corrupção. A procuradoria de Paris exige que Teodorin seja condenado a uma pena de três anos de prisão e que pague uma multa de 30 milhões de euros. O ministério público exige ainda a confiscação de todo o seu património. É importante referir que Obiang já
reagiu ao julgamento, tendo afirmado que a iniciativa é uma farsa e não responde a qualquer processo legal.
Tchizé dos Santos Welwitchia dos Santos, mais conhecida por Tchizé, é acusada de branqueamento de capitais em Portugal. Para a filha mais nova do Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, os problemas com a justiça portuguesa pareciam ter terminado em Novembro de 2016, quando o Tribunal Central de Instrução Criminal decidiu-se pela sua absolvição perante os crimes de que é acusada, depois de uma denúncia do activista angolano Rafael Marques. Não obstante, a investigação continua depois do Ministério Público ter recorrido desta decisão e vencido. Enquanto corre o processo, Tchizé aguarda o veredicto da justiça lusa. c
African elite in trouble in Europe Teodorin Nguema and Tchizé dos Santos are sons of African presidents. While Tchizé has a legal process that can still be considered premature in Portugal, Teodorin awaits the sentence. It is a case to say that the millions of dollars that the African elite spends in Europe begin to bitter.
T
he African elite, especially the children of senior leaders, has made Europe a favorite stage to display its financial power, normally of dubious origin. But it seems that the ‘African binge’ on the old continent has its
days counted. The vice president of Equatorial Guinea, Teodoro Nguema Obiang, son of Teodoro Obiang Nguema, president of that country and Tchizé dos Santos, daughter of José Eduardo dos Santos, Angolan president, are on the sight of Euro-
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AFRICA
mansion in a noble neighborhood of Paris, valued at 107 million euros. Teodorin, a lover of luxury cars, maintains a fleet of Porshe, Ferrari, Bentley and Bugatti in the French capital. There are also art collections, jewelry and clothes of high brands. After hearing the case, the judges understood that this property could have been financed by Teodorin Obiang’s only official income, but given its dimension, it could only be a product of “misappropriation of public funds” and corruption. The Paris prosecutor’s office requires Teodorin to be sentenced to a threeyear prison term and to pay a fine of 30 million euros. The public prosecutor also demands the confiscation of all his assets. It is important to note that Obiang has already reacted to the trial, saying that “the initiative is a scam and does not respond to any legal process.”
Tchizé dos Santos Welwitchia dos Santos, better known as “Tchizé”, is accused of money laundering in Portugal.
pean justice. Obiang was tried in absentia in Paris, France, in the first week of June, and the sentence will be read on 27 October. Teodorin, as he is also known, is accused of money laundering in the case of “illicit gains.” Tchizé is also accused of money laundering in Portugal. But it should be noted that the daughter of José Eduardo dos Santos had already been acquitted by an investigating judge,
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but the prosecution understood that the investigation should continue.
Teodorin Nguema Obiang Obiang is 48 years old and is famous for having a life of excesses. In 2008, he was surprised by a complaint from Transparency International because of his assets. The vice-president owns a luxurious
For the youngest daughter of the President of the Republic of Angola, José Eduardo dos Santos, the problems with the Portuguese justice system seemed to have ended in November 2016, when the Central Criminal Court was decided for her acquittal for the crimes she was accused, after a denunciation of the Angolan activist Rafael Marques. Nevertheless, the investigation continued after the Public Prosecutor has reviewed this decision and has expired. While running the case, Tchizé awaits the verdict of the Portuguese justice. c
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MOçAMBIQUE
Yara e Shell dão mais um passo rumo à exploração de gás O Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) e a Yara International, através da ministra Letícia Klemens e de Jim Eilertsen, vice-presidente para a área de negócios da empresa norueguesa, assinaram a 3 de Julho, em Maputo, um memorando de entendimento para a produção de fertilizantes a partir do gás natural extraído na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado. Helga Nunes (text)
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A
empresa norueguesa Yara International solicitou a adjudicação de 80 a 90 mmscf/d (milhões de pés cúbicos por dia) de gás natural para a produção anual de 1,2/1,3 MTPA
(milhões de toneladas métricas) de fertilizantes (amoníaco e ureia) e 30 a 50 megawatts de energia eléctrica. O acordo rubricado surge na sequência dos resultados do concurso público de adjudicação do gás doméstico
MOçAMBIQUE
da Bacia do Rovuma, publicados a 27 de Janeiro deste ano, dos quais foram seleccionados o projecto de fertilizantes da Yara International, o projecto Afungi GTL e energia da Shell e o projecto de energia eléctrica da empresa GL Africa Energy. De igual modo, o MIREME e a empresa multinacional petrolífera anglo-holandesa Shell assinaram um memorando de entendimento, tendo em vista a alocação do gás natural da Bacia do Rovuma para uso e consumo doméstico. No âmbito da utilização de gás natural, a Shell Moçambique BV solicitou a adjudicação de 310 – 330 mmscf/d (milhões de pés cúbicos dia) de gás natural para produzir 38 mil barris de combustíveis líquidos (GTL Gasóleo, Nafta e Querosene) e entre 50 a 80 megawatts de energia eléctrica. A assinatura do acordo, feita pela ministra do pelouro, Letícia Klemens e a vice-presidente da Shell, Clare Harris, representa um passo importante na implementação do Plano Director de Gás de Moçambique de 2014, que visa desenvolver e diversificar a industrialização do país a partir das grandes reservas de gás da Bacia do Rovuma.
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Na altura da assinatura do acordo, Klemens sublinhou que é necessário assegurar um planeamento integrado entre os projectos de LNG da Bacia do Rovuma e os projectos de gás doméstico como forma de maximizar sinergias. A esse propósito, também se espera que a GL Africa Energy, empresa do Quénia com sede em Londres, venha a produzir 250 megawatts de energia eléctrica a partir do gás natural daquela região. Este conjunto de projectos vão transformar parte do gás natural que irá ser extraído dos depósitos de grande dimensão existentes em pelo menos dois blocos – Área 1 e Área 4 – da bacia do Rovuma, no norte de Moçambique junto à fronteira com a Tanzânia. Os dois blocos em causa apresentam como operadores os grupos norte-americano Anadarko Petroleum e o italiano ENI, sendo que a Área 4 é a que se encontra mais próxima de dar o kick off ou de começar a funcionar.
Shell reforça presença em Moçambique A gigante petrolífera anglo-holande-
sa Shell vai reforçar a sua presença no leste de África, sobretudo em Moçambique, depois de ter concluído um acordo de 1,12 biliões de libras (1,37 biliões de euros) para adquirir a totalidade do grupo britânico Cove Energy, que envolve 8,5% na zona 1 do campo de gás de Rovuma na costa de Moçambique. A Cove Energy encontra-se cotada na Bolsa de Londres e desenvolve actividades de produção e exploração de hidrocarbonetos no leste de África, nomeadamente no Quénia, em Moçambique e na Tanzânia. Ao lançar a sua oferta, a Shell havia revelado o seu interesse pelas reservas de gás na costa de Moçambique, que coincide com os seus objectivos de produção de gás natural liquefeito (GNL), de que é um dos maiores produtores mundiais. A aquisição da Cove e dos seus activos devem permitir à Shell implantar-se nas novas regiões de produção, em Moçambique e no Quénia, com um potencial significativo em matéria de GNL e das oportunidades de exploração adicionais na África do leste. c
SABIA QUE...…
Corrida à Bacia do Rovuma movimentou 14 interessados O concurso público internacional foi lançado a 26 de Agosto e encerrado a 17 de Novembro de 2016, tendo o Instituto Nacional do Petróleo recebido 14 propostas para diversos projectos apresentados pelas empresas ou grupos Mitsui, Engro Fertilizer, Shell Mozambique BV, Electricidade de Moçambique, Yara International, Marubeni, GL Africa Energy, Muinvest, Auto-Gás, Epsilon, Jiangsu Sinochem Construction Company, consórcio Union-JNC-JSPDI-VBC-SAL, Gas Nosu e MOTSE. c
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MOzAMBIQUE
Yara and Shell take another step towards gas exploration The Ministry of Mineral Resources and Energy (MIREME) and Yara International, through Minister Letícia Klemens and Jim Eilertsen, vice-president for the same business area of the Norwegian company, signed a memorandum of understanding on 3 July in Maputo to produce fertilizers from natural gas extracted in the Rovuma basin, Cabo Delgado. Helga Nunes (text)
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he Norwegian company Yara International has requested the award of natural gas of 80 to 90 mcfc / d (million cubic feet per day) for the annual production of 1.2 / 1.3 MTPA
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(million metric tons) of fertilizers (ammonia and urea) and 30 to 50 megawatts of electrical energy. The initialed agreement follows the results of the public tender for the award of the Rovuma Basin domes-
tic gas production, published on 27 January this year, Yara International fertilizer project, the Afungi GTL project and Shell energy with the electricity project of GL Africa Energy were awarded.
MOzAMBIQUE
Likewise, MIREME and the AngloDutch multinational oil company Shell signed a memorandum of understanding, viewing the allocation of natural gas from the Rovuma Basin for domestic use and consumption. In the context of of natural gas usage, Shell Mozambique BV has requested the award of natural gas of 310-330 mcf / d (natural gas) to produce 38,000 barrels of liquid fuels (GTL Gasóleo, Nafta and Kerosene) and between 50 to 80 megawatts of electrical power. The signing of the agreement by the Minister Leticia Klemens and Shell Vice President Clare Harris and represents an important step in the implementation of the 2014 Mozambique Gas Master Plan, which aims to develop and diversify the country’s industrialization based on large Rovuma Basin gas reserves. At the time of the agreement signing, Klemens outlined the need to ensure integrated planning between Rovuma LNG projects and domestic gas projects as a mean of maximizing synergies. In this regard, GL Africa Energy, a Kenyan company based in
?
London, is also expected to produce 250 megawatts of electricity from natural gas in that region. This set of projects will transform part of the natural gas that will be extracted from the large deposits, in at least two blocks - Area 1 and Area 4 - of the Rovuma basin in northern Mozambique near the border with Tanzania. The two blocks in question have the US groups Anadarko Petroleum and the Italian ENI as operators, with Area 4 being the one closest to start the operation..
Shell strengthens presence in Mozambique Anglo-Dutch oil giant Shell will strengthen its presence in eastern Africa, especially in Mozambique, after completing an agreement of 1.12 billion pounds (1.37 billion euros) to acquire the entire British group Cove Energy, which involves 8.5% in zone 1 of the Rovuma gas field off the coast of Mozambique. Cove Energy is listed on the London Stock Exchange and develops hydrocarbon production and exploration
At the time of the agreement signing, Klemens outlined the need to ensure integrated planning between Rovuma LNG projects and domestic gas projects as a mean of maximizing synergies. activities in East Africa, notably in Kenya, Mozambique and Tanzania. In launching its offer, Shell had revealed its interest in the gas reserves off the coast of Mozambique, coinciding with its LNG production targets, as it is one of the world’s largest producers. The acquisition of Cove and its assets should enable Shell to set up in the new production regions in Mozambique and Kenya with significant potential for LNG and additional exploration opportunities in East Africa. c
DID YOU KNOW THAT...…
Race to the Rovuma Basin had 14 interested The international public tender was launched on August 26 and ended on November 17, 2016, and the National Petroleum Institute received 14 proposals for various projects submitted by the companies or groups Mitsui, Engro Fertilizer, Shell Mozambique BV, Electricity from Mozambique, Yara International, Marubeni, GL Africa Energy, Muinvest, Autogas, Epsilon, Jiangsu Sinochem Construction Company, Union-JNC-JSPDI-VBC-SAL consortium, Gas Nosu and MOTSE. c
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DOSSIER
Este ano e em Moçambique
Apiex prevê investimento de 9 biliões de dólares Lourenço Sambo, director-geral da APIEX, diz que o CIP, IPEX e GAZEDA representavam três locomotivas que andavam a velocidades diferentes. A sua fusão cria assim uma única locomotiva com mais potência e mais focada nas necessidades dos investidores. A prioridade é desenvolver e implementar acções com vista à promoção e gestão de processos de realização de investimentos privados ou públicos, nacionais ou estrangeiros. Belizário Cumbe (texto)
O
Governo criou, recentemente, a Agência para a Promoção de Investimento e Exportações (Apiex), uma instituição que resulta da extinção e fusão da missão de três organizações: Centro de Promoção de Investimentos (CPI), Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento
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Acelerado (Gazeda) e Instituto de Promoção das Exportações (Ipex). Lourenço Sambo, director-geral da instituição, refere que a criação da Apiex surge da necessidade da racionalização de recursos, sobretudo neste contexto em que o país precisa de recuperar os índices de confiança perante a comunidade empresarial
nacional e internacional. Além da imprescindível racionalização de recursos, Sambo (antigo director-geral do CPI) menciona que existia uma sobreposição de actividades no domínio da facilitação e promoção de investimentos e de comércio entre as três instituições. Como tal, a Apiex surge agora para garantir uma actuação eficaz na promoção do investimento, das exportações e do comércio. Os objectivos imediatos da Apiex são o aumento de volume de projectos aprovados e o consequente crescimento das exportações, como forma de reduzir igualmente o crónico défice da balança comercial moçambicana. Depois da aprovação de um montante de cerca de oito biliões de dólares para a Bacia do Rovuma, o Apiex prevê que até finais do ano em curso sejam aprovados projectos que levem a fasquia a ascender a cerca de nove biliões de dólares. A instituição liderada por Lourenço Sambo inspira-se nas palavras do Presidente da República Filipe Nyusi, segundo as quais “Moçambique
DOSSIER
deve deixar de ser uma economia de serviços para ser uma economia produtiva”, sendo que, para o responsável, o grande potencial de recursos naturais é a base per si para uma economia produtiva.
Passos para alavancar o investimento No sentido de alavancar o investimento no país, Lourenço Sambo e o seu elenco possuem planos
ambiciosos. A Apiex pretende, entre outras medidas, propor a definição de políticas específicas no domínio da atracção, promoção e retenção de investimentos nacionais e estrangeiros. Pretende igualmente identificar, estudar e propor a adopção de medidas económicas, legais, administrativas e financeiras tendo em vista promover, encorajar, incentivar e dinamizar o processo de realização de investimentos nacionais e estrangeiros nas Zonas Económicas Especiais e nas
Zonas Francas Industriais. Há, igualmente, a necessidade de conceber e apresentar propostas de desenvolvimento e aperfeiçoamento da legislação sobre investimentos ou com impacto em matéria de investimentos, bem como assegurar a recepção, a verificação, o registo e a aprovação de propostas de investimentos e a obtenção de pareceres e decisões sobre propostas submetidas, e outras solicitações formuladas pelos investidores. c
Funções do Apiex - Promover iniciativas de investimento, divulgar a imagem e as potencialidades económicas do país bem como o clima de atracção de investimentos nacionais e estrangeiros, dentro e fora do país. - Prestar serviços de apoio institucional e de acompanhamento aos investidores nas diferentes fases do investimento;
- Manter um conhecimento actualizado dos produtores e exportadores nacionais, bem como das condições de oferta dos bens e serviços exportáveis; - Organizar actividades promocionais nos mercados externos, entre as quais a preparação de missões comerciais e de programas de contacto, participação em feiras e exposições. c
This year and in Mozambique
Apiex expects investment of 9 billion dollars Lourenço Sambo, Managing Director of APIEX, says that CIP, IPEX and GAZEDA represented three locomotives that were traveling at different speeds. Its merger creates a unique locomotive with more power and more focused on the needs of the investors. The priority is to develop and implement actions to promote and manage the processes of private or public investments, national or foreign. Belizário Cumbe (texto)
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DOSSIER
The institution led by Lourenço Sambo is inspired by the words of the President Filipe Nyusi, according to which “Mozambique must stop being a service economy to be a productive economy”, and for him, the great potential of resources is the basis per se for a productive economy.
Steps to Leverage Investment
T
he Government recently created the Agency for the Promotion of Investment and Exports (Apiex), an institution that results from the extinction and merger of the mission of three organizations: Investment Promotion Center (CPI), Office of Economic Zones of Accelerated Development ( Gazeda) and the Institute for the Promotion of Exports (Ipex). The director of the institution, Lourenço Sambo, says that the creation of Apiex arises from the need to rationalize resources, especially in this context in which the country needs to recover the confidence indexes of national and international business community. In addition to the essential resources
rationalization, Sambo (former GM of CPI) mentions that there was an overlap of activities in the area of facilitation and promotion of investment and trade between the three institutions. As such, Apiex now appears to ensure effective action to promote investment, exports and trade. The immediate objectives of Apiex are to increase the volume of approved projects and the consequent growth of exports, as a way to reduce the chronic deficit of the Mozambican trade balance. After approving an amount of about eight billion dollars for the Rovuma Basin, Apiex predicts that by the end of the current year, projects will be approved and will bring a total of about nine billion dollars.
In order to leverage investment in the country, Lourenço Sambo and his cast have ambitious plans. Apiex intends, among other measures, to propose the definition of specific policies in the area of attracting, promoting and retaining national and foreign investments. It also intends to identify, study and propose the adoption of economic, legal, administrative and financial measures to promote, encourage and stimulate the process of national and foreign investments in Special Economic Zones and Free Trade Zones. There is also a need to design and submit proposals for the development and improvement of investment or investment-related legislation, as well as to ensure the receipt, verification, registration and approval of investment proposals and the obtaining of opinions and decisions on proposals submitted, and other requests made by investors. c
Duties of Apiex - Promote investment initiatives, publicize the country’s image and economic potential as well as the climate of attracting domestic and foreign investment, both inside and outside the country; - Provide institutional support and follow-up services to investors at different stages of the investment;
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- keep up-to-date knowledge of domestic producers and exporters, as well as the conditions for supplying exportable goods and services; - Organize promotional activities in external markets, including the preparation of trade missions and contact programs, participation in fairs and exhibitions. c
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ECONOMia
Ração representa 73% dos custos de produção de frangos Nas próximas semanas, o frango poderá escassear ou ficar mais caro no país. Os produtores procuram vias alternativas para a importação do pinto de um dia e do ovo para a incubação, uma vez que não podem comprar na África do Sul. Mas numa breve avaliação dos custos de produção do frango em Moçambique notamos que 73% destes dizem respeito à aquisição da ração. Ou seja, havendo vontade de amortecer o preço deste produto no mercado, o nó de estrangulamento já está identificado. Belizário Cumbe (texto)
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surto de uma gripe aviária em alguns países da SADC obrigou o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar a proibir a importação de aves (vivas ou em carne), pintos de um dia, ovos e produtos de aves da República da África do Sul (RAS), República Democrática do Congo e Zimbabwe. Trata-se de uma medida que, segundo a Direcção Nacional de Veterinária, tem em vista proteger os moçambicanos de um surto desta gripe (que já custou o sacrifício de 260 mil frangos na RAS e 700 mil no Zimbabwe), causada pela estirpe NSN8. Esta medida, se por um lado, protege os moçambicanos da gripe, por outro, penaliza os produtores de pintos e de frangos que ficam limitados na importação de ovos e pintos de um dia. Os importadores do frango congelado enfrentam, também, as mesmas dificuldades. Sem poder contar com o pinto da RAS, a Associação Moçambicana de Avicultores (AMA) pretende recorrer
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QUOTA DE PRODUÇÃO POR REGIÃO Distribuição da Quota de Carne de Frango 2016
Regiões Centro e Norte do país 37%
Provincia de Maputo (Região Sul) 63%
à Zâmbia apesar do consequente agravamento do custo de transporte que irá tabelar no preço do frango no mercado. Outra alternativa seria a Holanda, porém foi logo abortada visto que o pinto chega a custar um valor equivalente a pouco mais de 60 meticais (sem contar com o desembaraço aduaneiro) contra os 34 meticais praticados nos mercados tradicionais.
Consumo versus produção O país consome, por ano, aproximadamente 73 mil toneladas de frango. Nos últimos três anos, a produção nacional, entre a informal e a dos matadouros, abasteceu o mercado com uma média anual de 55 mil toneladas, o que equivale a pouco mais de 75%
ECONOMIA
das necessidades. Os restantes 25% são garantidos pelos importadores de frango congelado. Em 2016, por exemplo, os importadores informais foram responsáveis pela entrada de nove mil toneladas de frango no país, contra as duas mil dos formais. É importante destacar que, em 2014, os importadores formais e informais compraram a mesma quantidade de frango - 12 mil toneladas. Um ano depois, em 2015, veio o desequilíbrio, com nove mil toneladas para os informais e pouco mais de seis mil para os formais. Os números da AMA revelam ainda o superdomínio da zona sul, com destaque para a província de Maputo, na produção do frango. É incrível que este ponto do país produza 63% do total, sendo que o Centro e o Norte produzem o remanescente, 37%.
Resumo de produção no período 2014-2016 Pintos Ano
Produção nacional de frango (ton)
Importações de frangos (ton) Total (ton)
(produção e Total importação)
Informal
Matadouros
Formal
Informal
2016
44,171,081
57,424
44,171
17,393
2.200
9,000
72.764
2015
42,455,929
57,061
42,096
14,965
6,430
9,000
72,491
2014
37,800,241
50,804
38,704
12,704
12,000
12,000
74,804
Estrutura de custo de produção 3% Cria e Recria
7% Outros custos (abate e diversos)
O custo da produção 17% Pinto
73% Ração
PRODUÇÃO vs. CONSUMO DE FRANGO EM MOÇAMBIQUE
Produção vs Consumo
80000
Tons/ano
Um dos constrangimentos da indústria avícola nacional são os custos de produção que são considerados insuportáveis. Desde a compra do pinto de um dia, ou do ovo até ao abate, há uma séria de custos cuja maior percentagem diz respeito à compra da ração, 73%. Isso mesmo, a ração, feita com base no milho que em Moçambique regista uma superprodução, é um dos factores do encarecimento do frango. Depois segue o custo do pinto (17%), cria e recria (3%) e os restantes 7% dizem respeito ao abate e a outros elementos. Foi por isso que, em Dezembro de 2016, os produtores de rações solicitaram, em Nampula, a isenção na aplicação do Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA) na compra da matéria-prima com vista à redução dos preços e tornar as rações nacionais mais competitivas. c
60000 Produção
40000
Consumo
20000 0 2014
2015
2016
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ECONOMY
Food accounts for 73% of poultry production costs In the coming weeks, the chicken meat may be scarce or more expensive in the country. The producers are looking for alternative ways to import the day-old chick and the hatching egg, since they can’t buy in South Africa. In a brief evaluation of chicken meat production costs in Mozambique we noticed that 73% of these relates to food acquisition. That is, if there is a desire to improve the price of this product in the market, the bottleneck is already identified.
T
Belizário Cumbe (text)
he outbreak of bird flu in some SADC countries has forced the Ministry of Agriculture and Food Security to ban the import of poultry (live or in meat), day-old chicks, eggs and poultry products from the Republic of South Africa (RAS), The Democratic Republic of the Congo and Zimbabwe. According to the National Directorate
of Veterinary Medicine, this measure aims to protect Mozambicans from an outbreak of this influenza (which has already killed at least 260,000 chickens in SAR and 700,000 in Zimbabwe) caused by the strain NSN8. This measure, protects Mozambicans from the flu on one hand, but on the other, penalizes producers of chicks and chickens who are limited in
PRODUCTION QUOTA BY REGION DISTRIBUTION OF CHICKEN MEAT PRODUCTION QUOTA IN 2016
Consumption versus production
CENTER AND NORTHERN REGIONS OF THE COUNTRY 37%
MAPUTO PROVINCE (SOUTHERN REGION) 63%
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importing eggs and day-old chicks. Importers of frozen chicken also face the same difficulties. Without being able to count on the RAS chick, the Mozambican Poultry Association (AMA) intends to resort to Zambia despite the consequent worsening of the transportation cost that will influence the price of chicken meat in the market. Another alternative would be the Netherlands, but it was soon aborted since the chick costs a little more than 60 meticais (not counting the customs clearance) against the 34 meticais practiced in the traditional markets.
The country consumes approximately 73 thousand tons of chicken per year. In the last three years, national production, between informal and slaughterhouses, has supplied the market with an annual average of 55 thousand tons, which is equivalent to just over 75% of the needs. A year later, in 2015, the imbalance came with 9 thousand tones to the
ECONOMY
informal and just over 6 thousand to the formal. The remaining 25% is guaranteed by importers of frozen chicken. In 2016, for example, informal importers were responsible for the entry of nine thousand tons of chicken in the country, against two thousand of the formal ones. It is important to note that in 2014, formal and informal importers bought the same amount of chicken - 12 thousand tons. A year later, in 2015, came the imbalance, with nine thousand tons for the informal and just over six thousand for the formal ones. AMA’s figures also reveal the superdominance of the southern zone, especially Maputo province, in chicken production. It is incredible that this region produces 63% of the total, with the Center and the North producing the remain, 37%.
PRODUCTION OVERALL (2014-2016) Chicks
National production of chicken meat (ton)
Imports (ton)
(production and imports)
Total
Informal
Slaughterhouses
Formal
Informal
2016
44,171,081
57,424
44,171
17,393
2.200
9,000
72.764
2015
42,455,929
57,061
42,096
14,965
6,430
9,000
72,491
2014
37,800,241
50,804
38,704
12,704
12,000
12,000
74,804
Year
Total (ton)
Estrutura de custo de produção 3% Cria e Recria
7% Outros custos (abate e diversos)
Production costs 17% Pinto
73% Ração
PRODUCTION vs. CONSUMPTION OF CHICKEN MEAT IN MOZAMBIQUE
Produção vs Consumo
80000
Tons/ano
One of the constraints of the national poultry industry is the production costs, considered unbearable. From the purchase of the day-old chick, or from the egg to the slaughter, there is a series of costs, the highest percentage of which concerns the purchase of the feed, 73%. That’s right, the feed, based on the corn that in Mozambique records an overproduction, is one of the factors of the increase of the chicken price. Then it follows the cost of the chick (17%), create and re-create (3%) and the remaining 7% relate to slaughter and other elements. That is why, in December 2016, the feed producers requested in Nampula the exemption from the Value Added Tax (VAT) on the purchase of raw material in order to reduce prices and make the national rations competitive. c
60000 Produção
40000
Consumo
20000 0 2014
2015
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ECONOMIA
Especialistas falam do Relatório da Kroll
Moçambique não deve pagar as dívidas não declaradas As conclusões do sumário executivo do relatório da Kroll estão a causar indignação. A sociedade civil exige a declaração de inconstitucionalidade à Resolução Aprovada pela Assembleia da República que inscreve as garantias emitidas pelo Estado a favor das dívidas da MAM e ProIndicus.
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Belizário Cumbe (texto)
sumário executivo do relatório de auditoria independente aos empréstimos às empresas ProIndicus, EMATUM e MAM (que totalizam dois biliões de dólares) é o tema mais discutido actualmente no país. As organizações da sociedade civil, o rosto da indignação, desdobram-se em comunicados e seminários para denunciarem o espectro de corrupção e má gestão que assombra o processo, desde a contratação das dívidas até à aquisição dos meios pretendidos. O Centro de Integridade Pública (CIP) diz que o Estado moçambicano não deve pagar as dívidas contraídas pelas três empresas, pois o valor não beneficiou de nenhuma forma o Estado e as garantias emitidas a favor destas empresas, em violação da Constituição da República, devem ser nulas e de nenhum efeito. O CIP vai mais longe e exige a declaração de inconstitucionalidade pelo Conselho Constitucional da Resolução Aprovada pela Assembleia da República que inscreve as garantias emitidas pelo Estado a favor das dívidas da MAM e ProIndicus.
Joseph Hanlon, Jornalista
Por seu turno, o jornalista Joseph Hanlon, que fez um breve ensaio sobre as dividas para o Forum de Monitoria
do Orçamento, diz que o Governo não deve pagar os 1.157 milhões de dólares de dívida contraída pelas empre-
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ECONOMia
sas MAM e ProIndicus, argumentando que esses empréstimos destinaram-se a empresas privadas, sem qualquer responsabilidade do Governo. Em relação aos 850 milhões de dólares da EMATUM, Hanlon afirma que o Governo já nacionalizou a dívida por emitir títulos do Governo para substituir os emitidos pela empresa privada, dificultando deste modo a recusa de pagamento. Enquanto isso, o economista João Mosca vê fraude neste processo. O académico não tem dúvidas que estas dívidas foram ilegais e não transparentes. O economista acrescenta que provavelmente apenas uma minoria, mesmo dentro da governação, conhecia o assunto. Mosca explica que as dívidas foram fraudulentas à medida que os valores e as taxas de juro acordadas foram absolutamente fora dos praticados no mercado. Foram créditos destinados, sobretudo, à área militar e, portanto, sem efeito sobre a economia. Mais... “Foram investimentos tecnicamente mal feitos. Os barcos para a pesca não reuniam qualquer condição de frio, de navegabilidade, de instrumentos de navegação, de capacidade de pesca para o fim que se dizia. Houve também problemas de legalização da própria empresa para efeitos de poder pescar em águas internacionais e mesmo em condições regradas para a navegação internacional. Portanto, quase tudo está errado neste processo. Então, é uma situação muito lamentável”, refere João Mosca.
FMI em Moçambique No dia 10 de Junho, uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) iniciou uma visita em Moçambique para discutir, entre outros aspectos, os resultados da auditoria às dívidas.
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Dívida de moçambique (em percentagem do pib)
Fonte: Forum de Monitoria do Orçamento
A pergunta que não se quer calar é: qual será o próximo passo do FMI depois desta visita? O jurista e jornalista Ericino de Salema responde. Segundo Salema, tendo em conta o que acontece no mundo, o FMI poderá exigir ao Estado, através
da PGR, a responsabilização de todos os envolvidos neste processo. O jornalista acrescenta que é provável que o FMI retome o financiamento em breve, mas pode ser uma retoma condicionada a exigências de vulto, como a gestão directa das contas públicas. c
Dívida não declarada EMATUM ACCIONISTAS: IGEPE, SISE, Emopesca (cada accionista detém um terço das participações) DÍVIDA: 850 milhões USD CREDORES: Credit Suisse (500 milhões USD), VTB (350 milhões USD) PROINDICUS ACCIONISTAS: Monte Binga (76%), SISE (33%) DÍVIDA: 622 milhões USD CREDORES: Credit Suisse (504 milhões USD), VTB (118 milhões USD) MAM ACCIONISTAS: SISE (98%), Ematum (1%), ProIndicus (1%) DÍVIDA: 622 milhões USD CREDORES: Credit Suisse (504 milhões USD), VTB (118 milhões USD)
ECONOMY
Experts talk about the Kroll Report
Mozambique shouldn’t pay off undeclared debts Kroll’s report executive summary is causing outrage. Civil society requires the declaration of unconstitutionality to the Resolution Approved by the Assembly of the Republic that inscribes the guarantees issued by the State in favor of the debts of MAM and ProIndicus. Belizário Cumbe (text)
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he executive summary of the independent audit report on loans to companies ProIndicus, EMATUM and MAM (which totals two billion dollars) is the most discussed issue in the country today. Civil society organizations, the face of indignation, are unfolding in releases and seminars to denounce the spectrum of corruption and mismanagement that haunts the process, from the contracting of debts to the acquisition of the means intended. The Public Integrity Center (CIP) says that “the Mozambican State should not pay the debts contracted by the three companies, because the value in no way benefited the State and the guarantees issued in favor of these companies, in violation of the Constitution of the Republic, must be null and void “. CIP goes further and demands the declaration of unconstitutionality by the Constitutional Council of the Resolution Approved by the Assembly of the Republic that inscribes the guarantees issued by the State in favor of the debts of MAM and ProIndicus.
Journalist Joseph Hanlon, who gave a brief essay on debts to the Budget Monitoring Forum, says the government shouldn’t pay the $ 1.157 billion in debt owed by MAM and ProIndicus, arguing that these loans were destined to private companies, without any responsibility of the Government. Regarding EMATUM’s $ 850 million, Hanlon claims that the government has already nationalized the debt by issuing government bonds to replace
those issued by the private company, therefore making it difficult to refuse payment. Meanwhile, economist Joao Mosca sees fraud in this process. The academic has no doubt that these debts were illegal and not transparent. The economist adds that probably only a minority, even within the governance, knew about the subject. Mosca explains that the debts were fraudulent as the agreed values and
Mozambique’s Debt (in percentage to the GDP)
Fonte: Forum de Monitoria do Orçamento
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ECONOMY
João Mosca, economist
interest rates were absolutely out of the market. They were credits destined, above all, to the military area and, therefore, with no effect on the economy. Adding... “It was technically investments badly done. The fishing boats didn’t meet any conditions for cold, seaworthiness, navigational instruments, fishing capacity for the purpose that was said. There were also problems of legalization of the company itself in order to be able to fish in international waters and even under conditions governed by international shipping. So, almost everything is wrong in this process. So it’s a very unfortunate situation, “says João Mosca.
IMF in Mozambique On 10 June, a mission of the International Monetary Fund (IMF) began a visit to Mozambique to discuss, among other things, the results of debt audits. The question that is not being an-
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swered is: what will be the IMF’s next step after this visit? The lawyer and journalist Ericino de Salema responds. According to Salema, taking into account what happens in the world, the IMF can demand the State, through the PGR, to hold accountable everyone involved in this process.
“It was technically investments badly done. The fishing boats didn’t meet any conditions for cold, seaworthiness, navigational instruments, fishing capacity for the purpose that was said. There were also problems of legalization of the company itself in order to be able to fish in international waters and even under conditions governed by international shipping The journalist adds that the IMF is likely to resume financing soon, but it may be a resumption of major requirements, such as the direct management of public accounts. c
Undeclared Debt EMATUM STAKE HOLDERS: IGEPE, SISE, Emopesca (each with one thrird of the share) DEBT: USD $850 million CREDITORS: Credit Suisse (USD $500 million), VTB (USD $350 million) PROINDICUS STAKE HOLDERS: Monte Binga (76%), SISE (33%) DEBT: USD $622 million CREDITORS: Credit Suisse (USD $504 million), VTB (USD $118 million) MAM STAKE HOLDERS:: SISE (98%), Ematum (1%), ProIndicus (1%) DEBT: USD $622 million CREDITORS: Credit Suisse (USD $504 million), VTB (USD $118 million USD)
O fim de um modelo económico insustentável As relações bilaterais entre Moçambique e a União Europeia (UE) ganharam mais força a partir de 1984 e a cooperação que vigora implica, entre outras perspectivas, o diálogo político, o comércio e a cooperação para o desenvolvimento. O embaixador da UE, Sven Von Burgsdorff, concedeu uma entrevista onde aborda questões como a pobreza, o desenvolvimento sustentável, a necessária gestão eficiente da dívida, as medidas a serem tomadas para restabelecer a confiança internacional bem como os desafios da indústria extractiva, da fiscalização e da aplicação estratégica das receitas em Moçambique. Helga Nunes . Belizário Cumbe (texto) . Shanna Chicalia (fotos)
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TEMA DE FUNDO I Embaixador da União Europeia
A cooperação entre Moçambique e a União Europeia (UE) começou logo depois da independência, mas ganha força em 1984 quando o país aderiu à Convenção de Lomé III, mais tarde Acordo de Cotonou. Esta cooperação implica diversas vertentes, nomeadamente o diálogo político, o comércio e a cooperação para o desenvolvimento. Que balanço faz desta cooperação? Até 2004, a UE já havia desembolsado 1.5 biliões de euros para diversas iniciativas em Moçambique. Treze anos depois, qual é o total da ajuda que a comunidade já desembolsou em Moçambique e quais as áreas consideradas prioritárias? O balanço que fazemos das diversas vertentes da cooperação é bastante positivo. No âmbito da cooperação para o desenvolvimento, cabe destacar que, juntamente com os seus Estados-Membros, a União Europeia contribui em cerca de dois terços da ajuda internacional do país, estimada em quase 20% do orçamento nacional. Os financiamentos através do Orçamento do Estado contribuíram para a expansão do acesso aos setores sociais da Educação e Saúde. Foram construídos mais de 1.000 quilómetros de estradas, beneficiando milhões de moçambicanos, foi construída a ponte sobre o rio Zambeze que permitiu ligar o norte ao sul do País. Ademais, através dos seus instrumentos de ajuda humanitária e proteção civil, a UE facultou durante vários anos assistência de emergência, numa contribuição total de 1.273 milhões de euros, tendo abrangido cerca de 121 mil de pessoas afectadas por catástrofes naturais. Estes são apenas alguns exemplos dos resultados da cooperação da União Europeia para o desenvolvimento de Moçambique. No âmbito do comércio foram também registados passos
significativos que culminaram com a recente ratificação do Acordo de Parceria Económica (APE) entre a UE e o Estado de Moçambique. Este acordo abre novos caminhos para o desenvolvimento de Moçambique. Ao longo de mais de 30 anos de Parceria com a União Europeia (19842017) foram investidos mais de 3 biliões de euros no país. As áreas prioritárias do nosso último Programa Indicativo Nacional (PIN para 20142020), que prevê uma alocação de € 734m em investimento em desenvolvimento são o domínio da boa governação, nomeadamente visando a promoção do estado de direito democrático e a boa gestão das finanças públicas, e do desenvolvimento rural. No âmbito do desenvolvimento rural, foi adoptada uma abordagem em duas vertentes que impacta no crescimento inclusivo e na redução da pobreza nas áreas rurais. A primeira vertente refere-se à melhoria da segurança alimentar, que continua a ser prioritária, dado que ainda 43% das crianças com menos de cinco anos estão subnutridas. A segunda vertente refere-se ao crescimento sustentável das pequenas e médias empresas nas áreas rurais, e inclui a melhoria do acesso aos mercados e à energia. A 4ª Avaliação Nacional da Pobreza, divulgada em 2016, aponta que a pobreza em Moçambique está de facto a diminuir, mas em contrapartida o número de moçambicanos pobres aumentou. O que está a falhar na implementação das políticas que visam a fragilização da pobreza? De facto, a 4ª Avaliação Nacional da Pobreza informou a sociedade sobre uma ligeira redução do nível da pobreza. Contudo, alertou para a
persistência de grandes diferenças entre áreas rurais e urbanas e entre diferentes províncias (por exemplo, o nível da Pobreza em Niassa chega a 60% enquanto que em Maputo a 11%). A avaliação destacou também um aumento significativo da desigualdade, em particular nas áreas urbanas. Todos sabemos que o País registou taxas de crescimento importantes, em média de 7%, na última década, mas a 4ª avaliação de pobreza demonstrou que este crescimento podia ser bastante mais inclusivo. Peritos na matéria sugerem que seria oportuno o Governo reflectir sobre como tornar as políticas públicas mais inclusivas e orientadas para um crescimento económico realmente sustentável.
Todos sabemos que o País registou taxas de crescimento importantes, em média de 7%, na última década, mas a 4ª avaliação de pobreza demonstrou que este crescimento podia ser bastante mais inclusivo. Peritos na matéria sugerem que seria oportuno o Governo reflectir sobre como tornar as políticas públicas mais inclusivas e orientadas para um crescimento económico realmente sustentável.
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A própria avaliação propõe algumas medidas prioritárias, tais como (i) intensificar a educação nutricional; (ii) maximizar o impacto das iniciativas existentes para a melhoria da produção e produtividade agrícola; (iii) definir e implementar a estratégia de desenvolvimento industrial para o aumento do emprego produtivo. Particularmente, a última é relevante dado a necessidade de diversificação da economia moçambicana, um assunto que é continuamente debatido, mas carece de maior esforço na sua concretização. Uma base económica diversificada é de importância crucial para oferecer oportunidades de emprego aos jovens, nomeadamente nos sectores da agricultura, turismo e indústria a alta intensidade de mão-de-obra. Por último, gostaria de referir um desafio conhecido, mas pouco debatido, que diz respeito às tendências de crescimento demográfico. Um estudo recente revelou que se não forem implementadas algumas políticas demográficas urgentes, estima-se que a população de Moçambique irá quase duplicar até 2040. Se continuarmos a um ritmo em que o crescimento da população é superior à expansão dos serviços básicos e do emprego produtivo, o desafio em termos do desenvolvimento do país será ainda maior, e será mais difícil reduzir o número absoluto de pessoas que vivem na pobreza. O investimento nos sectores sociais básicos e produtivos é assim essencial, assim como o debate de políticas demográficas. A Comissão Europeia tem acompanhado a execução de vários instrumentos que visam a redução da pobreza em Moçambique através dos seus instrumentos de cooperação para o desenvolvimento, com o objectivo de ajudar a manter a
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estabilidade macroeconómica e política. Porém, nos últimos anos houve eventos (com destaque para o crescimento insustentável da dívida pública) que comprometeram a concretização destes objectivos. Como é que a UE avalia esta escalada do endividamento, nos últimos anos? Que medidas ou reformas o país pode implementar para que o espectro da dívida não comprometa o tão esperado desenvolvimento económico-social? Há que evitar o aumento do endividamento de modo não sustentado. Os países membros da União Europeia também tiveram de o fazer e há que resolver esta questão. É
fundamental que sejam adoptadas atempadamente medidas estruturais com vista a colmatar as fraquezas dos sistemas e processos que permitiram endividamentos inapropriados. Nos últimos anos, muitos países na Europa, confrontados com problemas semelhantes, iniciaram reformas, não só na área das finanças públicas, no sector bancário e no ambiente de negócios, mas também através de reestruturações no sector empresarial do Estado. Este processo leva tempo e requer orientações e posições firmes por parte da liderança do país. É fundamental que a dívida, em qualquer parte do mundo, seja gerida de modo eficiente e cuidadoso.
É fundamental que sejam adoptadas atempadamente medidas estruturais com vista a colmatar as fraquezas dos sistemas e processos que permitiram endividamentos inapropriados. Nos últimos anos, muitos países na Europa, confrontados com problemas semelhantes, iniciaram reformas, não só na área das finanças públicas, no sector bancário e no ambiente de negócios, mas também através de reestruturações no sector empresarial do Estado. Este processo leva tempo e requer orientações e posições firmes por parte da liderança do país. É fundamental que a dívida, em qualquer parte do mundo, seja gerida de modo eficiente e cuidadoso.
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Quanto às reformas necessárias, o Relatório da Kroll evidenciou lacunas importantes, em particular no processo de aprovação de garantias estatais, na monitoria das actividades das empresas que beneficiam de garantias ou financiamento do Estado, no controlo do Estado sobre o Sector Empresarial do Estado e por aí fora. Esperamos que o Governo transforme esta crise numa oportunidade para realizar reformas estruturais urgentes e profundas em Moçambique. Notámos alguns passos iniciais (ex. a fusão da TDM com a MCEL), mas serão necessárias medidas mais corajosas relativamente às restantes empresas do Estado ou com participação do Estado, com vista a melhorar a sua eficiência e a reduzir o risco fiscal. Será necessário assegurar um quadro legal adequado para orientar estas reformas. O FMI e o Banco Mundial forneceram assistência para a revisão da Legislação do Sector Empresarial do Estado que visa reforçar os mecanismos de controlo das Empresas Públicas e Participadas e vinculá-las às boas práticas de gestão da OCDE. Esperamos que esta legislação seja discutida na Assembleia-de-República ainda em 2017. Neste âmbito há também que eliminar lacunas nos processos de selecção e priorização dos Investimentos Públicos. Foi estabelecido em 2013 um Comité de Coordenação e de Selecção de Projectos Públicos (CCSPP) que tem um papel fundamental para uma melhor análise e priorização dos projectos de Investimentos Públicos. Esperamos que, em 2018, o Governo apresente uma lista de projectos que beneficiaram desta análise, de modo a garantir que projectos com maior impacto socioeconómico e ambiental sejam priorizados. Para contribuir para um desenvol-
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Quanto às reformas necessárias, o Relatório da Kroll evidenciou lacunas importantes, em particular no processo de aprovação de garantias estatais, na monitoria das actividades das empresas que beneficiam de garantias ou financiamento do Estado, no controlo do Estado sobre o Sector Empresarial do Estado e por aí fora. Esperamos que o Governo transforme esta crise numa oportunidade para realizar reformas estruturais urgentes e profundas em Moçambique.
vimento económico-social, será importante o país atrair os necessários investimentos que permitam a diversificação da economia. Para tal, será importante criar um ambiente propício para o sector privado, o que requer medidas urgentes para agilizar o ambiente de negócios. Um indicador importante é o “Doing Business” e a sua última edição (2016) revelou que Moçambique registou fracos progressos. Será pertinente realizar avanços nas áreas da obtenção de eletricidade, abertura de empresas, registo de propriedade e execução de contratos. Por fim, o país precisa de reconquis-
tar a confiança dos mercados, dos seus cidadãos e dos parceiros internacionais, razão pela qual, um novo programa do FMI será essencial. A descoberta das dívidas ocultas em 2016, afectou negativamente a reputação de Moçambique e agravou a sua posição de HIPC (Highly Indebted Poor Country). Moçambique era visto como um País modelo no cumprimento das regras de transparência e responsabilidade fiscal pelos paises doadores e agências multilaterais de financiamento. De um dia para o outro, o país tornou-se um mau exemplo de “African basket case” devido à maneira como as ditas dívidas ocultas foram contraídas, em desrespeito pela Lei Fundamental do Pais, assim como pelos seus orgãos de soberania. Na sua opinião, que passos o país deve dar no sentido de recuperar a sua credibilidade junto dos parceiros de cooperação e dos mercados internacionais? Uma vez clarificadas e resolvidas as questões relativas à dívida pública, quais serão as medidas críticas e imprescindíveis a serem tomadas pelo Governo moçambicano, para o restabelecimento da confiança dos investidores da União Europeia e a retomada dos seus investimentos em Moçambique? Parece existir um consenso entre os peritos acerca desta questão. Quanto aos passos que o País deve dar, os peritos agrupam-nos em torno de 3 acções principais. Antes de mais requerem-se esforços ao nível da transparência: os cidadãos e os parceiros merecem saber o que aconteceu (ie. O que foi financiado com os valores da dívida oculta). O relatório da Kroll fornece uma boa base de informação e foi muito positivo a Procuradoria-Geral da República
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(PGR) ter publicado um sumário extensivo, contudo, persistem lacunas importantes na informação fornecida. Em segundo lugar, é essencial a devida responsibilização. Por fim, há que encetar as reformas estruturais relevantes, com vista a acautelar que este tipo de situações não se repetirá no futuro, nomeadamente o sobre-endividamento. Algumas medidas já mencionei na questão anterior. Mas gostaria de salientar que antes de recuperar a credibilidade dos parceiros de cooperação, o País tem que recuperar a credibilidade e a confiança dos seus próprios cidadãos, no âmbito do contrato social democrático. Neste contexto, permita-me sublinhar que acho muito positiva a reacção imediata do Presidente da República após a publicação do sumário do relatório, prometendo apoio político firme na implementa-
ção das recomendações da auditoria e na responsabilização das pessoas. Isso é interpretado como um sinal de que as autoridades ao mais alto nível estão prontas a tomar acções corajosas e rápidas para restaurarem a confiança. Que experiências existem em África em termos de endividamento exacerbado com os quais a UE colaborou e que podem servir de exemplo para Moçambique? Quais são as opções para a renegociação de uma dívida da magnitude da de Moçambique para níveis sustentáveis? Tendo em conta que grande parte da dívida pública está expressa em moeda estrangeira, será importante recordar que a deterioração da taxa de câmbio teve também impacto na crise e no saldo da dívida. Uma maior estabilidade macroeconómica
contribuirá para a redução do “stock” da divida. Quanto à renegociação da dívida, existem diferentes opções que o Governo está neste momento a analisar juntamente com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, que estão a conduzir a uma “Análise da Sustentabilidade da Dívida”. De referir que o relatório da auditoria independente efectuado pela Kroll indica que o processo das garantias não respeitou a legislação nacional. Tomámos também nota do pedido apresentado ao Conselho Constitucional para aferição da constitucionalidade das garantias/ empréstimos. O reconhecimento formal da inconstitucionalidade das garantias e a liquidação das empresas envolvidas podem proporcionar, no futuro, uma redução significativa no peso do serviço da dívida.
Nos últimos meses, foram anunciadas algumas boas notícias relacionadas com a Indústria extractiva. Estas medidas podem ter um impacto significativo para a recolha de recursos para financiar o desenvolvimento económico e social durável do país. Trata-se do anunciado pagamento dos impostos de mais-valias no valor de 350 milhões de dólares em Março e a decisão final de investimento para a Área 4, que será explorado pela ENI.
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O avanço dos planos de investimento no sector de hidrocarbonetos está a animar o país. Dentro de cinco anos, sai o primeiro fornecimento de gás natural da bacia do Rovuma para o mercado e, ao mesmo tempo, o Estado espera consolidar mais uma fonte de receitas. Uma das questões mais prementes (e que é alvo de crítica) passa pelos benefícios fiscais alocados a multinacionais no país bem como pela falta de fiscalização especializada para verificar os investimentos e lucros destas multinacionais. Na sua opinião, que mecanismos é que o Estado moçambicano pode utilizar para se precaver da perca de receitas fiscais neste grande xadrez dos hidrocarbonetos? Nos últimos meses, foram anunciadas algumas boas notícias relacionadas com a Indústria extractiva. Estas medidas podem ter um impacto significativo para a recolha de recursos para financiar o desenvolvimento económico e social durável do país. Trata-se do anunciado pagamento dos impostos de mais-valias no valor de 350 milhões de dólares em Março e a decisão final de investimento para a Área 4, que será explorado pela ENI. Existem várias projecções relativas às receitas que esta indústria pode gerar para o Estado. Nesta óptica persistem três desafios; (1) transparência; (2) aplicação estratégica destas receitas e (3) capacidade das instituições responsáveis pela fiscalização para a arrecadação das receitas e a aplicação dos fundos. Em relação à transparência, com base nas boas práticas internacionais, a Iniciativa da Transparência das Indústrias Extractivas (ITIE) desenvolveu padrões para medir e reforçar a legislação, instituições e processos ligados à fiscalização. Moçambique
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Por fim, o país precisa de reconquistar a confiança dos mercados, dos seus cidadãos e dos parceiros internacionais, razão pela qual, um novo programa do FMI será essencial.
aderiu a esta iniciativa em 2009 e está neste momento sujeito ao processo de revalidação. Gostaríamos de realçar que o IETI é um instrumento importante para a promoção da transparência, e será importante que todos os passos necessários sejam tomados para o país se manter membro. É importante a este nível que sejam abordados desafios como a institucionalização do Secretariado Nacional (e o seu financiamento) e a formalização do “Multistakeholder Group”. Por outro lado, há que prosseguir rapidamente com a reforma do sector empresarial e da implementação do roteiro do “beneficial ownership disclosure”. Casos de outros países, como por exemplo Timor Leste, podem servir de exemplo de boa governação neste domínio. Segundo, quanto à aplicação estratégica das receitas, alguns países conseguiram evitar a chamada “maldição dos recursos naturais” e conseguiram assegurar que o financiamento proveniente da indústria extractiva fosse aplicado de modo eficiente e
eficaz, com vista ao desenvolvimento económico sustentável e inclusivo. Algumas boas práticas poderiam beneficiar Moçambique, como por exemplo o estabelecimento de um Fundo Soberano com regras claras e transparentes. De novo o exemplo de Timor Leste pode ser útil neste domínio. Este tipo de fundo pode, por exemplo, ser utilizado para mitigar situações de desastres naturais ou outras contingências. A opção de utilizar uma certa percentagem deste fundo para financiar investimentos-chave na infraestrutura pública, incluindo aumentar a alocação a alguns sectores sociais, assim beneficiando as gerações futuras, podia ser considerada. Uma abordagem deste tipo permitiria um desenvolvimento de facto durável do País, garantindo um futuro mais próspero a todos os moçambicanos. Por último, há que abordar alguns desafios institucionais, com vista a assegurar a boa recolha e alocação destas receitas. Moçambique teria vantagem em reforçar as capacidades das instituições responsáveis pela gestão e a fiscalização dos fundos públicos. O papel da Autoridade Tributária, do Tribunal Administrativo e da Assembleia da República são cruciais nestes processos e precisam de ser dotados das devidas capacidades, processos, sistemas e mandatos para fiscalizar todo o ciclo de gestão dos fundos públicos. Neste contexto, permita-me recordar que Moçambique tem uma janela de oportunidade única durante os próximos cinco anos. Será o período para preparar o País para a boa governação de recursos naturais muito significativos. Os principais desafios são preparar e adoptar o quadro legal, criar as instituições competentes e capacitar os agentes da função pública.
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TEMA DE FUNDO
Vicissitudes das trocas comerciais entre Moçambique e UE Moçambique e a União Europeia são grandes parceiros comerciais e em Abril deste ano, a Assembleia da República de Moçambique votou a favor da ratificação do Acordo de Parceria Económica (APE), substituindo assim o instrumento EBA (Everything but Arms). Uma decisão que se prevê vir a ser mais vantajosa para ambos os blocos. Helga Nunes . Belizário Cumbe (texto) . Shanna Chicalia (fotos)
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A
ratificação do Acordo de Parceria Económica (APE) vem assim complementar os Acordos já assinados com os cinco outros países do Grupo Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em 2016 e irá permitir a sua completa entrada em vigor. De referir que os cinco países integrantes são o Botswana, o Lesotho, a Namíbia, a África do Sul e a Swazilândia, desde Outubro de 2016. Prevê-se que a entrada em vigor do APE facilite o acesso dos produtos moçambicanos e da SADC ao mercado europeu, a longo prazo e com base num acordo contratual, e que permita a ambas as partes maximizarem as vantagens decorrentes da eliminação dos direitos e quotas e do tratamento preferencial até então vigente nas relações comerciais entre os dois blocos. Na essência, o APE prevê uma abertura assimétrica do mercado; o que quer dizer que o acesso ao mercado europeu é imediato e completo; e que em contrapartida, a abertura ao mercado da SADC é progressiva e gradual durante os próximos anos. O APE oferece a segurança a Moçambique de um acesso isento de direitos ao mercado europeu. Contudo, os Estados do grupo SADC não têm de responder com o mesmo nível de abertura do mercado, e abrir-se-ão progressiva e parcialmente às exportações da UE, em função das capacidades competitivas da sua indústria local. Em termos concretos, o APE contém uma cláusula que permite que os parceiros da SADC APE protejam as suas indústrias nascentes e deixem que as mesmas se desenvolvam mais tempo isoladas das forças do mercado, tomando assim em conta as necessidades de cada país. Além da abertura de mercado assimétrica, podem manter tarifas sobre produtos considerados sensíveis à concorrência internacional.
O APE oferece também um regime estável e previsível para as trocas comerciais entre Moçambique e a UE, contrariamente ao regime “Everything But Arms - EBA”. O “EBAs” baseia-se no facto de o país ser classificado como menos desenvolvido (Least Developed Country “LDC”), o que significa que o país ao abandonar esta categoria, perderia os benefícios do regime “EBA”. Já o APE assegura estes privilégios independentemente da fase de desenvolvimento do país. Uma outra vantagem refere-se ao facto de que o Acordo prevê a importação de bens intermediários da UE a mais baixo custo: o acesso de bens intermediários como fertilizantes, sementes, máquinas ou peças industriais pode contribuir para o esforço de industrialização de Moçambique. Torna pois mais fácil a diversificação para as indústrias em Moçambique permitindo-lhes adicio-
narem mais valor aos seus produtos e empregar mais pessoas no País. Além disso, o Acordo fornece condições mais favoráveis para o comércio agroalimentar. Aliás, é o primeiro Acordo que elimina a possibilidade de a União Europeia usar subsídios para a exportação agrícola. De destacar que a UE em cooperação com o Ministério da Indústria e Comércio moçambicano está a formular um Plano de Implementação do APE detalhado com o objectivo de identificar as “medidas de conformidade” institucionais do APE, ou seja, as acções que o Governo deve implementar após a ratificação d0 APE a fim de facilitar a implementação do Acordo. Ademais, a União Europeia disponibilizou 2,6 milhões de euros para a assistência técnica à SADC (Comunidade do Desenvolvimento da África Austral) e ao grupo APE no âmbito do comércio.
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Como recuperar a confiança dos investidores? As prioridades da União Europeia em Moçambique são sobretudo focalizadas na ajuda ao desenvolvimento. Porém, neste preciso momento, importa saber que mensagem deve ser dirigida aos investidores da União Europeia, que estão preocupados com os seus investimentos em Moçambique, tendo em conta a imagem negativa do País após a descoberta das dívidas ocultas. A esse propósito, o embaixador da UE realça que Moçambique dispõe de um potencial económico e comercial enorme. “Para além de ser dotado de uma população muito amável e acolhedora, conta com várias vantagens comparativas impressionantes ao nível da região de Africa Austral”, garante o mesmo. A médio e longo prazos, e segundo Sven Von Burgsdorff, existem as oportunidades ligadas às grandes jazidas de carvão e gás, consideradas das maiores de África. A sua exploração deverá não só criar receitas de biliões de Euros para o financiamento do desenvolvimento inclusivo e sustentável durante as próximas décadas, mas também o sector extractivo oferece oportunidades para a oferta de serviços e bens dentro e fora do país,
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beneficiando directamente os países do grupo da SADC. Neste contexto, há que não esquecer a localização geográfica privilegiada de Moçambique, que assegura 3 importantes corredores estratégicos com os países vizinhos para o acesso ao Oceano Índico. E, além disso, o País possui um potencial significativo na área da agricultura, do comércio, da energia renovável, do turismo e da indústria ligeira. Estes sectores podem, de acordo com o embaixador da UE, ser desenvolvidos a curto e médio prazos. Assim, os investimentos económicos nestas áreas beneficiarão também o sector extractivo, e vice-versa numa espécie de osmose económica. “Como diz o Hino nacional, o Estado, Governo e cidadãos precisam de construir o país “pedra a pedra” – “dia após dia”. A UE continua presente para apoiar a diversificação da economia e promover a construção de um estado de direito democrático voltado para todos os moçambicanos”, refere Sven Von Burgsdorff. Nesse sentido, os esforços sustentados na boa governação e na solução pacífica dos conflitos políticos podem tornar esta crise numa oportunidade única para fazer reformas visando um crescimento económico inclusivo e sustentável. c
SABIA QUE...…
Moçambique é dos que mais consulta o Export Helpdesck Uma análise recente realizada pela UE revelou que Moçambique figura entre os Países da SADC que consultaram mais o Export Helpdesk. A UE continua empenhada na divulgação proactiva desta ferramenta, razão pela qual menciono aqui o link: http://exporthelp.europa.eu/thdapp/ index.htm. c
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profile
Sven KÜHN VON BURGSDORFF Educação 1988 Pós-Graduação em Estudos de Desenvolvimento, Instituto Alemão de Desenvolvimento, Berlim, Alemanha 1987 Douturamento em Ciência Política, Universidade Albert-Ludwigs, Friburgo, Alemanha 1984 Mestrado em Ciência Política e Direito Internacional, Universidade Albert-Ludwigs University, Friburgo, Alemanha Experiência Profissional 09/2014 - Embaixador, Chefe da Delegação da EU para a República de Moçambique 02/2012 – 08/2014 Embaixador, Chefe da Delegação da EU para a República do Sudão do Sul 01/2009 – 01/2012 Chefe de Unvidade/Consultor trablhando com apoio orçamental, governança fiscal, estudos prospectivos e coerência de políticas na DG DEVCO, Comissão Europeia, Bruxelas 08/2008 – 12/2008 Membro da EU, Universidade de Miami, EUA 02/2003 – 06/2007 Chargé d’Affaires a.i., Delegação da EU em Cuba 01/2001 – 01/2003 Responsável Geográfico de Cuba, Jamaica, Belize, Bahamas, DG Desenvolvimento, Comissão Europeia, Bruxelas 08/2000 – 12/2000 Coodenador nacional da Croácia, DG RELEX, Comissão Europeia, Bruxelas 04/1996 – 07/2000 Chefe da Secção PHARE, Delegação da EC para a Eslováquia 07/1992 – 04/1996 Assessor Económico Adviser, Delegação da EC para Moçambique
ADICIONE UM NOVO COMPROMISSO À SUA AGENDA O jornal de economia da TV Miramar informa o telespectador sobre as notícias mais relevantes do panorama económico e empresarial nacional e internacional. Trazendo novidades, debates, opiniões, análises e conselhos de entidades inspiradoras e influentes do meio.
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The end of an unsustainable economic paradigm Bilateral relations between Mozambique and the European Union (EU) have been strengthened since 1984, and cooperation in this area implies, among other things, political dialogue, trade and development cooperation. EU Ambassador Sven Von Burgsdorff gave an interview on matters such as poverty, sustainable development, necessary efficient debt management, measures to restore international confidence as well as the challenges of extractive industry, and the strategic application of revenues in Mozambique. Helga Nunes . BelizĂĄrio Cumbe (text) . Shanna Chicalia (photos)
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TEMA DE FUNDO I Embaixador da União Europeia
Cooperation between Mozambique and the European Union (EU) began soon after independence, but gained strength in 1984 when the country acceded to the Lomé III Convention, later named Cotonou Agreement. This cooperation involves several strands, including political dialogue, trade and development cooperation. What is the balance of this cooperation? By 2004, the EU had already disbursed EUR 1.5 billion for various initiatives in Mozambique. Thirteen years later, what is the total amount of aid that the community has already disbursed in Mozambique and which areas are considered as priorities? Our assessment of the various aspects of cooperation is very positive. In the context of development cooperation, it should be noted that, together with its Member States, the European Union contributes about two thirds of the country’s international aid, estimated at almost 20% of the national budget. Financing through the State Budget contributed to expanding access to the social sectors of Education and Health. More than 1,000 kilometers of roads were built, benefiting millions of millions of Mozambicans, a bridge over the Zambezi River was built to connect the north to the South of the country. In addition, through its humanitarian aid and civil protection instruments, the EU has provided emergency assistance for a number of years for a total contribution of EUR 1 273 million, covering some 121 000 people affected by natural disasters. These are only a few examples of the results of the European Union’s cooperation for the development of Mozambique. Significant steps have also been taken in the field of
trade, culminating in the recent ratification of the Economic Partnership Agreement (EPA) between the EU and the State of Mozambique. This agreement opens new avenues for Mozambique’s development. Over more than 30 years of Partnership with the European Union (19842017) more than 3 trillion euros have been invested in the country. The priority areas of our latest National Indicative Program (NIP for 2014-2020), which provides for an allocation of € 734m in investment for development, is the domain of good governance, namely to promote democratic rule of law and sound financial management of public money and of rural development. In rural development, a two-pronged approach has been adopted that impacts on inclusive growth and poverty reduction in rural areas. The first strand relates to improving food security, which remains a priority, as 43% of children under five are still undernourished. The second strand refers to the sustainable growth of small and medium-sized enterprises in rural areas and includes improved access to markets and energy. The 4th National Poverty Assessment, published in 2016, indicates that poverty in Mozambique is actually decreasing, but in contrast the number of poor Mozambicans has increased. What is failing to implement policies aimed at weakening poverty? In fact, the 4th National Poverty Assessment has informed society about a slight reduction in the poverty level. However, it warned of the persistence of large differences between rural and urban areas and between different provinces (for example, the level of poverty in Niassa reaches 60% while in Maputo 11%). The
Over more than 30 years of Partnership with the European Union (1984-2017) more than 3 trillion euros have been invested in the country. The priority areas of our latest National Indicative Program (NIP for 2014-2020), which provides for an allocation of € 734m in investment for development, is the domain of good governance, namely to promote democratic rule of law and sound financial management of public money and of rural development.
evaluation also highlighted a significant increase in inequality, particularly in urban areas. We all know that the country recorded significant growth rates, averaging 7% in the last decade, but the 4th poverty assessment showed that this growth could be much more inclusive. Experts in the field suggest that it would be appropriate for the government to reflect on how to make public policies more inclusive and geared towards truly sustainable
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economic growth. The evaluation itself proposes some priority measures, such as: (i) Intensifying nutrition education; (ii) Maximizing the impact of existing initiatives to improve agricultural production and productivity; (iii) Define and implement the industrial development strategy to increase productive employment. Particularly, the latter is relevant given the need for diversification of Mozambique’s economy of, a matter that is continually debated, but needs more effort in its implementation. A diversified economic base is of crucial importance in providing employment opportunities for young people, particularly in the high-intensity sectors of agriculture, tourism and industry. Lastly, I would like to mention a well-known but not much debated challenge that concerns demographic growth trends. A recent study has shown that if some urgent population policies are not implemented, it is estimated that the population of Mozambique will almost double by 2040. If we continue at a rate where population growth is higher than the expansion of basic services and productive employment , The challenge in terms of the country’s development will be even greater, and it will be more difficult to reduce the absolute number of people living in poverty. Investment in the basic and productive social sectors is thus essential, as is the debate on demographic policies. The European Commission has been monitoring the implementation of various instruments aimed at poverty reduction in Mozambique through its development cooperation instruments, in order to help main-
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tain macroeconomic and political stability. However, in recent years there have been events (with emphasis on the unsustainable growth of public debt) that have compromised the achievement of these objectives. How does the EU assess this debt escalation in recent years? What measures or reforms can the country implement so that the debt spectrum does not compromise the long-awaited economic and social development?
It is necessary to avoid increasing indebtedness in an unsustainable way. The Member States of the European Union have also had to do so and this issue must be resolved. It is vital that structural measures are adopted in a timely manner to address weaknesses in systems and processes that have led to inappropriate borrowing. In recent years, many countries in Europe, faced with similar problems, have initiated reforms, not only in the area of public
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finances, banking and the business environment, but also through restructuring in the state business sector. This process takes time and requires strong leadership and direction from the country’s leadership. It is vital that debt, in any part of the world, be managed in an efficient and careful manner. As far as the necessary reforms are concerned, the Kroll Report has identified important shortcomings, in particular in the process of approving state guarantees, monitoring the activities of companies benefiting from State guarantees or funding, State control over the State Business Sector and so on. We hope that the Government will transform this crisis into an opportunity for urgent and deep structural reforms in Mozambique. We have noted some initial steps (eg the merger of TDM with MCEL), but more courageous measures will be needed regarding other state-owned enterprises with a view to improving their efficiency and reducing fiscal risk. It will be necessary to ensure an appropriate legal framework to guide these reforms. The IMF and the World Bank provided assistance in reviewing the State Enterprise Sector Legislation aimed at strengthening the control mechanisms of Public and Subsidized Enterprises and linking them to good OECD management practices. We hope that this legislation will be discussed in the Assembly of the Republic in 2017. In this context, there is also a need to eliminate gaps in the selection and prioritization of Public Investments. A Committee for the Coordination and Selection of Public Projects (CCSPP) was established in 2013, which has a fundamental role for a better analysis and prioritization of public investment projects. We hope that in
2018, the Government will present a list of projects that have benefited from this analysis, in order to ensure that projects with greater socio-economic and environmental impact are prioritized. To contribute to economic and social development, it will be important for the country to attract the necessary investments to diversify the economy. To this end, it will be important to create an enabling environment for the private sector, which requires urgent action to streamline the business environment. An important indicator is the “Doing Business” and its latest edition (2016) revealed that Mozambique has made poor progress. It will be pertinent to make advances in the areas of obtaining electricity, opening of companies, registration of property and execution of contracts. Finally, the country needs to regain the confidence of the markets, its citizens and international partners, which is why a new IMF program will be essential. The discovery of hidden debts in 2016 affected negatively Mozambique’s reputation and worsened its HIPC (Highly Indebted Poor Country) position. Mozambique was seen as a model country in fulfilling the rules of transparency and fiscal responsibility by donor countries and multilateral financing agencies. From one day to the next, the country has become a bad example of an African basket case because of the way in which the said hidden debts have been contracted, in disrespect for the Fundamental Law of the Country, as well as for its organs of sovereignty. In your opinion, what steps does the country have to take in order to regain its credibility with cooperation
As far as the necessary reforms are concerned, the Kroll Report has identified important shortcomings, in particular in the process of approving state guarantees, monitoring the activities of companies benefiting from State guarantees or funding, State control over the State Business Sector and so on. We hope that the Government will transform this crisis into an opportunity for urgent and deep structural reforms in Mozambique. We have noted some initial steps (eg the merger of TDM with MCEL), but more courageous measures will be needed regarding other state-owned enterprises with a view to improving their efficiency and reducing fiscal risk.
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In this context, let me outline that I find the immediate reaction of the President of the Republic very positive after the publication of the report summary, promising strong political support in the implementation of the audit recommendations and in the accountability of people. This is interpreted as a signal that authorities at the highest level are ready to take courageous and swift action to restore confidence.
partners and international markets? Once public debt issues have been clarified and resolved, in your opinion, what will be the critical and essential steps to be taken by the Mozambican government to restore the confidence of European Union investors and the resumption of their investments in Mozambique? There seems to be a consensus among experts on this issue. As for the steps that the country must take, the experts group them around 3 main actions. First and foremost transparency efforts are required: citizens and partners deserve to know what has happened (ie what has been funded from hidden debt figures). The Kroll report provides a good basis for information and it was very positi-
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ve that the Attorney General’s Office (PGR) has published an extensive summary, however, important gaps persist in the information provided. Second, proper accountability is essential. Finally, the relevant structural reforms have to be initiated in order to ensure that such situations can not be repeated in the future, in particular over-indebtedness. Some measures I have already mentioned in the previous question. But I would like to emphasize that before recovering the credibility of the cooperation partners, the country must recover the credibility and confidence of its own citizens, within the framework of the democratic social contract.
In this context, let me outline that I find the immediate reaction of the President of the Republic very positive after the publication of the report summary, promising strong political support in the implementation of the audit recommendations and in the accountability of people. This is interpreted as a signal that authorities at the highest level are ready to take courageous and swift action to restore confidence. What experiences are there in Africa - in terms of exacerbated indebtedness - with which the EU has collaborated and which can serve as an example for Mozambique? What are the options for renegotiating a debt of the magnitude of Mozambican
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one to sustainable levels? Considering that a large part of the public debt is expressed in foreign currency, it will be important to remember that the deterioration of the exchange rate also had an impact on the crisis and the debt balance. Greater macroeconomic stability will contribute to the reduction of the debt stock. As for debt renegotiation, there are different options that the Government is currently examining together with the International Monetary Fund and the World Bank, which are leading to a “Debt Sustainability Review”. It should be noted that the independent audit report by Kroll indicates that the guarantee procedure didn’t comply with national law. We also took note of the request presented to the Constitutional Council for the assessment of the constitutionality of the guarantees / loans. The formal recognition of the unconstitutionality of the guarantees and the liquidation of the companies involved may in the future lead to a significant reduction in the burden of debt service.
In the last few months, some good news related to the extractive industry has been announced. These measures can have a significant impact on the collection of resources to finance the country’s sustainable economic and social development. This is the announced payment of capital gains taxes amounting to 350 million dollars in March and the final investment decision for Area 4, which will be explored by ENI. There are several revenue projections that this industry can generate for the state. Three challenges remain; (1) transparency; (2) the strategic application of these revenues and (3) the capacity of the institutions responsible for oversight of revenue collection and the application of funds. As far as transparency, based on good international practice, the Extractive Industries Transparency Initiative (EITI) has developed standards to measure and strengthen legislation, institutions and processes related to oversight. Mozambique adhered to this initiative in 2009 and is currently
subject to the revalidation process. We would like to emphasize that the IETI is an important instrument for promoting transparency, and it will be important that all necessary steps are taken for the country to remain a member. It is important at this level to address challenges such as the institutionalization of the National Secretariat (and its funding) and the formalization of the “Multistakeholder Group”. On the other hand, the business sector reform and the implementation of the “beneficial ownership disclosure” map must be pursued rapidly. Other countries, such as East Timor, can serve as examples of good governance in this area. Second, with regard to the strategic implementation of revenues, some countries were able to avoid the so-called “curse of natural resources” and succeeded in ensuring that funding from the extractive industry was implemented efficiently and effectively for sustainable and inclusive economic development. Some good
The advancement of investment plans in the hydrocarbon sector is fueling the country. Within five years, the first supply of natural gas from the Rovuma basin to the market comes out, and at the same time, the state hopes to consolidate another source of revenue. One of the most pressing issues (and criticized) is the tax benefits allocated to multinationals in the country as well as the lack of specialized supervision to verify the investments and profits of these multinationals. In your opinion, what mechanisms can the Mozambican State use to prevent the loss of tax revenues in this great hydrocarbon chess game?
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practices could benefit Mozambique, for example by establishing a Sovereign Fund with clear and transparent rules. Again the example of East Timor may be useful in this area. This type of fund can, for example, be used to mitigate situations of natural disasters or other contingencies. The option of using a certain percentage of this fund to finance key investments in public infrastructure, including increasing the allocation to some social sectors, thus benefiting future generations, could be considered. Such an approach would allow an effective development of the country, ensuring a more prosperous future for all Mozambicans.
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Finally, some institutional challenges need to be addressed in order to ensure the proper collection and allocation of these revenues. Mozambique would have an advantage in strengthening the capacities of institutions responsible for the management and monitoring of public funds. The role of the Tax Authority, the Administrative Court and the Assembly of the Republic are crucial in these processes and need to be endowed with the necessary capacities, processes, systems and mandates to oversee the entire cycle of public funds management. Neste contexto, permita-me recordar que Moçambique tem uma janela de oportunidade única durante os
próximos cinco anos. Será o período para preparar o País para a boa governação de recursos naturais muito significativos. Os principais desafios são preparar e adoptar o quadro legal, criar as instituições competentes e capacitar os agentes da função pública. In this context, let me remind you that Mozambique has a unique window of opportunity over the next five years. It will be the period to prepare the country for the good governance of very significant natural resources. The main challenges are to prepare and adopt the legal framework, to create the competent institutions and to train civil servants. c
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Trade’s vicissitudes between Mozambique and EU Mozambique and the European Union are major trading partners and this April, the Assembly of the Republic of Mozambique voted in favor of ratifying the Economic Partnership Agreement (EPA), replacing the EBA (Everything but Arms) instrument. This decision is expected to be more advantageous for both blocs. Helga Nunes . Belizário Cumbe (text) . Shanna Chicalia (photos)
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he ratification of the Economic Partnership Agreement (EPA) thus complements the Agreements already signed with the five other countries of the Southern African Development Community (SADC) Group in 2016 and will allow their full entry into force. It should be noted that the five member countries are Botswana, Lesotho, Namibia, South Africa and Swaziland since October 2016. The entry into force of the EPA is expected to facilitate the access of Mozambican and SADC products to the European market on a long-term and contractual basis, which enables both sides to maximize the benefits of the elimination of duties and quotas, with preferential treatment prevailing in commercial relations between the two blocks. In its essence, the EPA provides for an asymmetrical market opening, meaning that access to the European market is immediate and complete, and that, on the other hand, opening up to the SADC market is gradual and gradual over the next few years. The EPA provides Mozambique with security of duty-free access to the Eu-
ropean market. However, SADC States don’t have to respond to the same level of market openness and will gradually and partially open up to EU exports, depending on the competitive capacities of their local industry. In concrete terms, the EPA contains a clause allowing SADC EPA partners to protect their arising industries and allowing it to develop isolated from market forces, thus taking into account the needs of each country. In addition to the asymmetric market opening, they can maintain tariffs on products considered sensitive to international competition. The EPA also offers a stable and predictable regime for trade between Mozambique and the EU, contrary to the Everything But Arms (EBA) regime. EBA is based on the fact that the country is classified as Least Developed Country (LDC). Meaning that the same country, when leaving this category, would lose the benefits of the EBA scheme. The EPA ensures these privileges regardless of the country’s development stage. Another advantage is that the agreement provides for the importation of EU intermediate goods at the lowest
cost: access to intermediate goods such as fertilizers, seeds, machinery or industrial parts can contribute to Mozambique’s industrialization effort. It makes diversification easier for industries in Mozambique thus enabling them to add more value to their products and employ more people in the country. In addition, the Agreement provides more favorable conditions for agrifood trade. In fact, it is the first agreement that eliminates the possibility of the European Union using subsidies for agricultural exports. It should be noted that the EU, in cooperation with the Mozambican Ministry of Industry and Trade, is formulating a detailed EPA Implementation Plan with the objective of identifying the institutional “compliance measures” of the EPA, ie the actions that the Government should implement After ratification of the EPA to facilitate implementation of the Agreement. In addition, the European Union has provided EUR 2.6 million for technical assistance to SADC (Southern African Development Community) and the EPA group in trade.
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How to restore investor confidence? The European Union’s priorities in Mozambique are mainly focused on development aid. However, at this very moment, it is important to know what message should be addressed to European Union investors concerned about their investments in Mozambique, due to the negative image of the country after the discovery of hidden debts. In this regard, the EU Ambassador emphasizes that Mozambique has enormous economic and commercial potential. “In addition to being a very friendly and welcoming population, it has several impressive comparative advantages in the Southern African region,” he says. In the medium and long term, and according to Sven Von Burgsdorff, there are opportunities linked to the large deposits of coal and gas, considered the largest in Africa. Its exploitation should not only create revenues of Euro billion for the financing of inclusive and sustainable development over the coming decades, but also the extractive sector offers opportunities for the supply of services and goods inside and outside the country,
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benefiting directly the countries of the The SADC group. In this context, it is important to bear in mind the privileged geographical location of Mozambique, which ensures 3 important strategic corridors with neighboring countries for access to the Indian Ocean. In addition, the country has significant potential in the areas of agriculture, trade, renewable energy, tourism and light industry. These sectors can, according to the EU Ambassador, be developed in a short to medium term. Thus, the economic investments in these areas will also benefit the extractive sector, and vice-versa in a kind of economic osmosis. “As the national anthem says, the state, government and citizens need to build the country” stone by stone “-” day after day. “ The EU is still present in order to support the diversification of the economy and to promote the construction of a democratic rule of law for all Mozambicans “, states Sven von Burgsdorff. In that sense, sustained efforts in good governance and in the peaceful resolution of political conflicts can make this crisis a unique opportunity to make reforms for inclusive and sustainable economic growth. c
DID YOU KNOW THAT ...
Mozambique is one the country’s that consults Export Helpdeskmore often A recent analysis by the EU revealed that Mozambique is one of the SADC countries that consulted the Export Helpdesk more often. The EU remains committed to the proactive dissemination of this tool, which is why I mention the link here: http://exporthelp.europa.eu/thdapp/index.htm.
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PROFILE
Sven KÜHN VON BURGSDORFF University Education 1988 Post-Graduate Degree in Development Studies, German Development Institute, Berlin, Germany 1987 Ph.D. Political Science, Albert-Ludwigs University, Freiburg, Germany 1984 M.A. in Political Science and International Law, Albert-Ludwigs University, Freiburg, Germany Professional background 09/2014 - Ambassador, Head of EU Delegation to the Republic of Mozambique 02/2012 – 08/2014 Ambassador, Head of EU Delegation to the Republic of South Sudan 01/2009 – 01/2012 Head of Unit/ Adviser working on budget support, tax governance, forward-looking studies and policy coherence in DG DEVCO, European Commission, Brussels 08/2008 – 12/2008 EU Fellow, University of Miami, USA 02/2003 – 06/2007 Chargé d’Affaires a.i., EU Delegation to Cuba 01/2001 – 01/2003 Desk Officer Cuba, Jamaica, Belize, Bahamas, DG Development, European Commission, Brussels 08/2000 – 12/2000 Country Coordinator Croatia, DG RELEX, European Commission, Brussels 04/1996 – 07/2000 Head of PHARE Section, EC Delegation to Slovakia 07/1992 – 04/1996 Economic Adviser, EC Delegation to Mozambique
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MERCADO BOLSISTA
análise
Capitalização Bolsista do Mercado Capitalização bolsista 1999 a Junho 2017 (Milhões MT)
Salim Cripton Valá,
PCA da Bolsa de Valores de Moçambique
Moçambique com potencial para o crescimento da capitalização bolsista
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Capitalização Bolsita é o principal indicador das Bolsas de Valores na medida em que indica o valor do mercado dos títulos num dado momento. Este indicador é calculado com base no preço de mercado dos títulos e o número de títulos admitidos à cota-ção na Bolsa de Valores. O preço de mercado de um titulo resulta da relação entre a oferta e a procura do titulo em causa. Assim, a capitalização bolsista corresponde ao valor monetário que é necessário despender num determinado momento, para adquirir um título ou um conjunto de títulos cotados em Bolsa.
A capitalização bolsista pode ser calculada em relação a toda a Bolsa de Valores, em relação a cada um dos diferentes mercados da Bolsa, por sector de actividade económica, por empresa, e até por valor mobiliário. Este valor é frequentemente comparado com o Produto Interno Bruto (BIP). Em Moçambique, a relação Capitalização Bolsista/Produto Interno Bruto (CAP/ PIB) é de 8%, isto é, o valor dos títulos cotados na BVM representa 8% do PIB de Moçambique. Nos mercados bolsistas dos EUA, Europa e Ásia, o valor médio é cerca de 96%, e no Mundo a média da capitalização bolsista é de 207%. c
Capitalização bolsista: mundo e mercados emergentes
Global Financial Stability Report 2013
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significado do valor da capitalização bolsista vai para além da sua importância enquanto indicador técnico da dimensão de uma Bolsa de Valores. Na sua composição entram principalmente as acções e os títulos representativos de dívida de médio e longo prazos. As Bolsas de Valores são consideradas barómetros da economia, pois o aumento ou redução no valor da sua capitalização bolsista, num período de análise com relevância estatística, corresponde a um crescimento ou recessão da economia de um País, muito antes de esse efeito ser registado pelas Agências de Rating e outras entidades de research. Este importante papel da Bolsa de Valores, manifestado pelo comportamento evolutivo da sua capitalização bolsista, só é efectivo com a participação das empresas à cotação no mercado bolsista. Assim, a capitalização bolsista reflecte igualmente o vigor e a pujança do mercado de capitais, assim como as estratégias e lideranças definidas para o desenvolvimento das Bolsas de Valores. Um baixo índice de capitalização bolsista, característico de mercados emergentes, não é apenas um factor negativo, mas também uma evidência do potencial de crescimento dessa Bolsa de Valores e da economia do País. c
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análise
STOCK MARKET
Market Capitalization Market Capitalization from 1999 to June 2017
Salim Cripton Valá,
PCA da Bolsa de Valores de Moçambique
Mozambique has potential for market capitalization growth
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tock Market Capitalization is the main indicator of Stock Exchanges as it indicates the market value of the securities at a given moment. This indicator is calculated based on the market price of the securities and the number of securities admitted to listing on the Stock Exchange. The market price of a security is the result of the relationship between supply and demand for the security concerned. Thus, the market capitalization corresponds to the monetary value that must be spent, at a given time, to acquire a bond or a series of listed securities.
The market capitalization can be calculated in relation to the whole Stock Exchange, in relation to each of the different markets of the Exchange, by sector of economic activity, per company, and even by securities. This value is often compared to the Gross Domestic Product (GDP). In Mozambique, the ratio between market capitalization and gross domestic product (CAP / GDP) is 8%, meaning, the value of the shares listed in the BVM represents 8% of Mozambique’s GDP. In the stock markets of the US, Europe and Asia, the average value is about 96%, and in the World the average market capitalization is 207%. c
Market Capitalization: World and Emerging Markets
Global Financial Stability Report 2013
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he meaning of stock market capitalization goes beyond its importance as a technical indicator of the size of a stock exchange. Composed mainly of shares and securities representing medium- and long-term debt. Stock exchanges are considered barometers of the economy, since the increase or decrease in the value of their stock market capitalization, during a period of analysis with statistical relevance, corresponds to a growth or recession of the economy of a country, long before this effect is registered by the Rating Agencies and other research entities. This important role of the Stock Exchange, manifested by the evolutionary behavior of its stock market capitalization, is only effective with the participation of companies in stock market prices. Thus, stock market capitalization also reflects the vigor and strength of the capital market, as well as the defined strategies and leadership for the development of Stock Exchanges. A low stock market capitalization, characteristic of emerging markets, is not only a negative factor but also evidence of the growth potential of this Stock Exchange and the country’s economy. c
BANCA
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Banco de Desenvolvimento
Evolução da actividadE Económica No primeiro trimestre de 2017 a economia moçambicana registou um crescimento anual de 2.90% como resultado do bom desempenho dos sectores terciário (6.70%) e primário (4.50%) que compensaram a recessão no sector secundário (10.00%). Os sectores que mais contribuíram no Produto Interno Bruto foram a Agro-pecuária e, Pescas (23.00%), Comércio e Serviços de Reparação (12.40%) e Transportes e Comunicações (12.30%). Estrutura do PiB por Sectores - i trimestre de 2017
7.90%
Agri.Pec.Siv.&Pes
29.00%
Comércio Transp. Arm. Trans. & Com.
12.30%
Ind. Trans. Educação
23.00%
12.40%
Adicionalmente, como forma de garantir maior estabilidade e resiliência nas instituições de crédito, foi introduzido o Rácio Mínimo de Liquidez e fixado em 25.00% o que significa que os bancos devem manter activos líquidos que cubram pelo menos 25.00% das suas responsabilidades de curto prazo. Como resultado da orientação menos restritiva da política monetária, as taxas de juro dos bilhetes de tesouro de 91, 182 e 364 dias desceram de 25.25%, 26.63% e 27.81% em Maio, para 25.23%, 26.21% e 27.45% em Junho, respectivamente.
Outros 6.90%
8.40%
referência, tendo a Facilidade Permanente de Cedência, Taxa MIMO, Facilidade Permanente de Depósito e o Coeficiente de Reservas Obrigatórias se fixado em 22.75%, 21.75%, 16.25% e 15.50%, respectivamente.
Alug. Imo. Serv. Pres.
As taxas de juro activas sobre os empréstimos e a prime rate registaram uma queda de Abril para Maio, tendo-se fixado em 28.60% e 27.00%, respectivamente, porém como forma de atrair maior volume depósitos os Bancos aumentaram as suas taxas de juros passivas de um ano em 0.05pp, tendo-se fixado em 12.64% em Abril.
Fonte: Instituto Nacional de Estatistica
taxas de Juro do mercado monetário
O nível geral de preços registou uma queda de 1.20% em Junho resultante da redução dos preços dos alimentos e bebidas não alcoólicas (1.54%) e habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis (0.92%) com um peso negativo conjunto de 0.57pp. A inflação homóloga e acumulada desaceleraram para 18.10% e 3.82%, respectivamente. Inflação Mensal (%) das principais classes do índice de preço ao consumidor por cidade no mês de Junho de 2017 Classes Produtos Alimentares e Bebidas não Alcoólicas Bebidas Alcoólicas e Tabaco Vestuário e Calçado Habitação, Água, Electricidade, Gás e outros Combust. Mobiliário, Artigos de Décor., Equip. Doméstico Serviços Inflação Total
Moçambique -2.57 -0.01 0.73 -2.96 -0.79 -1.14 -1.20
Maputo -3.1 0.27 0.34 -4.17 -0.59 -0.37 -1.51
Beira -5.89 -0.79 3.7 -0.15 -1.94 0.43 -1.54
Nampula -0.37 0.00 -0.69 -0.27 -0.2 -0.10 -0.36
Fonte: Instituto Nacional de Estatistica
A queda do nível geral de preços em Junho é explicada pela redução nos preços de combustíveis e apreciação do Metical que reduziu o custo de alguns bens e serviços importados e ainda as boas perspectivas de estabilidade macroeconómica e político-militar. A nível internacional, foi determinante na inflação a queda nos preços de energia (6.06%) e bebidas (0.69%), que compensaram o efeito da subida nos preços de alimentos (1.43%) e das matérias-primas (1.00%). Evolução dos Preços das Commodities Alimentos 2.25%
Bebidas
Energia
Matérias-Primas
2.74% 1.43%
-1.58%
1.00%
0.64%
-1.65%
-0.77%
-0.69%
-0.93%
Taxas de Juro
Nov-17
Dez-17
Jan-17
Fev-17
Mar-17
Abr-17
Maio-17
Jun/17
FPD FPC Reservas Obrigatórias(MZN) Taxa MIMO Permuta de Liquidez Overnight BT's de 91 dias BT's de 364 dias Activo (1 Ano) Passivo (1 Ano) Prime Rate
10.25% 17.25% 13.00% 15.53% 16.82% 13.50% 23.58% 11.28% 21.98%
16.25% 23.25% 15.50% 19.35% 19.29% 13.50% 25.49% 11.92% 24.48%
16.25% 23.25% 15.50% 23.16% 24.15% 28.00% 28.02% 12.64% 26.70%
16.25% 23.25% 15.50% 23.16% 24.98% 29.20% 27.40% 14.60% 27.43%
16.25% 23.25% 15.50% 21.85% 25.87% 28.63% 29.72% 12.07% 26.93%
16.25% 22.75% 15.50% 21.79% 25.69% 28.45% 29.41% 12.59% 27.64%
16.25% 22.75% 15.50% 21.75% 21.68% 25.25% 27.81% 28.60% 12.64% 27.29%
16.25% 22.75% 15.50% 21.75% 21.75% 25.23% 27.45% -
Tendência
Fonte: Banco de Moçambique
Em Maio, o crédito à economia consolidou a queda que vem registando desde o início do ano fixando-se em MT 243.23 mil milhões, dos quais 44.33% foram alocados aos meios circulantes e 55.67% às despesas de investimento. Por outro lado, 21.42% do crédito foi em moeda externa e os restantes 78.58% em moeda nacional. Os sectores que mais beneficiaram do crédito foram os da construção (14.14%), comércio (13.30%) e transportes e comunicações (10.90%). Porém, os particulares tiveram maior acesso ao financiamento com o peso de 17.38%. No Mercado Cambial, durante o mês de Junho, o Metical apreciou face a Libra (3.07%), Dólar norte-americano (2.22%) e Euro (0.60%), e depreciou face ao Rand (0.54%). No entanto, em termos gerais, de Janeiro à Junho, o Metical registou ganhos acumulados de 15.45%, 11.53%, 10.85% e 8.16% em relação ao Dólar, Rand, Libra e Euro, respectivamente. Taxa de Câmbio do Metical em Relação às Principais Moedas
-4.13%
Apr-17
May-17
Jun-17
-6.06%
Fonte: Banco Mundial, FAO (Preço dos Alimentos)
mErcado financEiro nacional No mês de Junho, como reflexo do bom desempenho da economia nacional e da tendência de estabilização dos preços e a apreciação do Metical, o Banco de Moçambique optou por manter as taxas de
72
JUlho 2017 · Capital Magazine Ed.107
Moedas Meticais por Rand Meticais por Dólar Meticais por Euro Meticais por Libra fonte: Bloomberg
Taxa de Câmbio Média Maio-17 Jun/17 4.65 4.68 61.69 60.32 68.14 67.73 79.67 77.22
30-Jun-17 4.61 60.35 68.96 78.58
Variação (%) Mensal Acumulada Homóloga 0.54% -11.53% 15.58% -2.22% -15.45% -0.76% -0.60% -8.16% 8.00% -3.07% -10.85% -10.57%
Banco de Desenvolvimento
No Mercado de Capitais, no último dia do mês de Junho, estavam cotados na Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) 40 valores mobiliários, dos quais 20 obrigações de tesouro, 14 obrigações privadas, 5 acções e 1 título de reembolso com uma capitalização bolsista total de MT 64.11 mil milhões, 0.06% acima da registada em Maio, sendo resultado do aumento da capitalização das acções (2.00%) que compensaram a queda das obrigações (1.62%). Evolução da Capitalização Bolsista da BVM (em mllhões de capitais)
Na Zona Euro, com a expectativa de uma maior expansão da economia, o Banco Central Europeu (BCE) manteve nula, mais uma vez, a taxa de referência e ainda manteve o volume de compra de títulos por forma a alcançar uma estabilidade de preços a longo prazo. Como resultado, a Euribor de 3 e 6 meses caíram em 0.10pbs e 1.60pbs em Junho, mantendo-se no campo negativo de 0.33% e 0.27%, respectivamente. taxas de Juro e indexantes Taxas de Juros e Indexantes
Taxas Médias
Jun-17
Apr-17
May-17
Cap. Bols. Papel Comercial Capitalização Bolsista Total (Eixo Dto)
Mar-17
Jan-17
Feb-17
Dec-16
Oct-16
Nov-16
Sep-16
Jul-16
Aug-16
Jun-16
Apr-16
Cap. Bols. Obrigações Títulos de Reembolso
May-16
Feb-16
40,000 30,000 20,000 10,000 -
Mar-16
May/17
80,000.00 60,000.00 40,000.00 20,000.00 -
Cap. Bols. Acções
Fonte: Bolsa de Valores de Moçambique
1.000%
1.250%
1.250%
0.000%
0.000%
0.000%
0.00
Repo Rate (Inglaterra)
0.250%
0.250%
0.250%
0.00
Call Rate (Japão)
-0.100%
-0.100%
-0.100%
0.00
Repurchase Rate (Africa de Sul)
7.000%
7.000%
7.000%
0.00
Policy Rate (Nigéria)
14.000%
14.000%
14.000%
0.00
Euribor 3 meses
-0.329%
-0.330%
-0.331%
-0.10 -1.60
Euribor 6 meses
-0.251%
-0.267%
-0.271%
Libor USD 3 meses
1.185%
1.262%
1.299%
7.72
Libor USD 6 meses
1.425%
1.432%
1.448%
0.77
No Mercado Cambial, o dólar registou um desempenho misto, tendo depreciado face ao Franco Suíço (1.89%), Euro (1.70%) e Iene (1.14%), e apreciado face à Libra (0.84%). Taxa de Câmbio do Dólar Norte-Americano em Relação às Principais Moedas
A nível internacional, a actividade económica continuou a ser impulsionada pelas economias emergentes que têm vindo a registar ganhos com recuperação dos preços das commodities. Nesse grupo de países, constituiu destaque a contínua em recessão no Brasil tendo no primeiro trimestre do ano registado uma queda do PIB de 0.40% e a contínua recuperação da Rússia com um crescimento de 0.50%. Por outro lado, o desemprego teve uma tendência a cair e a inflação teve um comportamento misto. PIB, Inflação e Desemprego por Grupo de Economia IVTrim 16
Estados Unidos Zona Euro Japão Inglaterra
2.00% 1.80% 1.60% 1.90%
China África de sul Brasil Russia Índia
6.80% 0.70% -2.50% 0.30% 7.00%
25.00
Fed Funds Target Rate (EUA) ECB Refi Rate (Zona Euro)
mErcado financEiro intErnacional
PIB
Variação Média Mensal (Pb)
fonte: Bloomberg
O volume de transacções dos títulos na BVM situou-se em MT 142.94 milhões, 77.22% abaixo em relação a Maio, resultante da queda nas transacções das acções (75.44%) e títulos de reembolso (99.34%) que anularam o aumento das transacções das obrigações (26.81%).
Descrição
30/Jun/17
Jun/17
Inflação I Trim 17 Abril Economias Desenvolvidas 2.00% 2.20% 1.70% 1.90% 1.40% 0.40% 2.00% 2.70% Economias Emergentes 6.90% 1.20% 1.00% 5.30% -0.40% 4.10% 0.50% 4.10% 6.70% 3.00%
Maio
Desemprego Abril Maio
1.90% 1.40% 0.40% 2.90%
4.40% 9.30% 2.80% 4.60%
4.30% 9.30% 3.10% -
1.50% 5.40% 3.60% 4.10% 2.20%
4.00% 27.70% 13.60% 5.30% -
13.30% 5.20% -
Moedas
Taxa de Câmbio Média
30-Jun-17
Variação (%)
May-17
Jun-17
Dólares Americanos por Euro
1.105
1.124
1.143
1.70%
8.64%
-0.04%
Dólares Americanos por Libra
1.292
1.281
1.303
-0.84%
5.55%
-9.84%
Dólares Americanos por Franco Suiço
1.014
1.033
1.044
1.89%
6.32%
0.15%
112.250
110.970
112.390
-1.14%
-3.91%
5.23%
Ienes por Dólar Americano
Mensal
Acumulada Homóloga
fonte: Bloomberg
Nos próximos meses, espera-se que o Dólar continue a recuperar resultando da tendência do aumento das taxas de juros no mercado monetário norte-americano, situação que tornam as aplicações naquele mercado relativamente atractivas.
fonte: Bloomberg
A economia dos países desenvolvidos continuou a ser impulsionada pelos EUA e Inglaterra que cresceram ambos em 2.00% no primeiro trimestre de 2017 contribuído para queda da taxa desemprego nos EUA para 4.30%. Nos Mercados Financeiros, o mês de Junho tem como destaque a subida em 25pbs da taxa de referência da Reserva Federal dos EUA, como previsto, fixando-se em 1.25% motivada pelo fortalecimento do mercado de trabalho e estabilidade de preços. Resultando da política monetária restritiva do FED, a Libor de 3 e 6 meses subiram 7.72pbs e 0.77pbs fixando-se respectivamente em 1.26% e 1.43%.
JUlho 2017 · Capital Magazine Ed.107
73
Banco de Desenvolvimento
Evolution of tHE EconomY In the first quarter of 2017, the Mozambican economy registered an annual growth of 2.90% as a result of the good performance of the tertiary (6.70%) and primary (4.50%) sectors that offset the recession in the secondary sector (10.00%). The sectors that contributed the most in Gross Domestic Product were Agro-livestock and Fisheries (23.00%), Commerce and Repairing Services (12.40%) and Transport and Communications (12.30%). GDP Structure per Sector - First Quarter of 2017
The active interest rates on loans and the prime rate, declined from April to May settling at 28.60% and 27.00%, respectively. However, to attract deposits, banks increased their one-year passive interest rate by 0.05pp settling it at 12.64% in May.
Agro-livestock & Fisheries
29.00%
Commerce
8.40%
Trans. & Commucations 12.30%
Manufacturing
Money Market Interest Rates
Education
23.00%
12.40%
Services
Source: National Institute of Statistics
The general price level fell by 1.20% in June as a result of the fall of the prices of food and non-alcoholic beverages (1.54%) and housing, water, electricity, gas and other fuels (0.92%) with a negative joint contribution of 0.57 pp. Annual and accumulated inflation decelerated to 18.10% and 3.82%, respectively. Monthly Inflation (%) of the Main Classes of the Consumer Price Index per city in June 2-17 Classes Food Products and non-alcoholic beverages Alcoholic beverages and tobacco Clothing and footwear Housing, Water, Electricity, Gas and other fuels Furniture, Decor and Domestic Equipment Services Total Inflation
Mozambique -2.57 -0.01 0.73 -2.96 -0.79 -1.14 -1.20
Maputo -3.10 0.27 0.34 -4.17 -0.59 -0.37 -1.51
Beira -5.89 -0.79 3.70 -0.15 -1.94 0.43 -1.54
Nampula -0.37 0.00 -0.69 -0.27 -0.20 -0.10 -0.36
Source: National Institute of Statistics
The fall in the general price level in June is explained by the reduction in fuel prices and Metical appreciation which reduced the cost of imported goods and services as well as the good prospects of macroeconomic and political-military stability. At the international side, it was determinant for the fall of prices the drop in energy prices (6.06%) and beverages (0.69%) which have offset the effect of rising prices of food (1.43%) and raw materials (1.00%). Evolution of Commodity Prices Food 2.25%
-1.58%
Beverages
Energy
1.43%
1.00%
0.64%
-1.65%
-0.77%
-0.69%
Apr-17
may-2017
-0.93%
-6.06%
Jun-17
Source: World Bank, FAO
national financial markEt In June, as a reflection of good national economic performance, trend of stabilization in the general price level and appreciation of
JUlho 2017 · Capital Magazine Ed.107
Interest Rates
Aug.16
Oct.16
Dez.16
Jan.17
Feb.17
Apr/17
May/17
Jun/17
FPD FPC Required Reserves MIMO rate Overnight Liquity Exchange TB´s of 91 days TB´s of 364 days Loans (1 year) Deposits 1 Year) Prime Rate
10.25% 17.25% 13.00% 15.53% 16.82% 13.50% 23.58% 11.28% 21.98%
16.25% 23.25% 15.50% 19.35% 19.29% 13.50% 25.49% 11.92% 24.48%
16.25% 23.25% 15.50% 23.16% 24.15% 28.00% 28.02% 12.64% 26.70%
16.25% 23.25% 15.50% 23.16% 24.98% 29.20% 27.40% 14.60% 27.43%
16.25% 23.25% 15.50% 25.87% 28.63% 29.36% 16.17% 28.31%
16.25% 22.75% 15.50% 21.79% 25.69% 28.45% 29.41% 12.59% 27.64%
16.25% 22.75% 15.50% 21.75% 21.68% 25.25% 27.81% 28.60% 12.64% 27.29%
16.25% 22.75% 15.50% 21.75% 21.75% 25.23% 27.45% -
Trend
Source: Bank of Mozambique
In May, the credit to the economy consolidated its decreasing trend since the beginning of the year, amounting to MT 243.23 million, of which 44.33% was allocated to working capital and 55.67% to investment expenses. On the other hand, 21.42% of the credit was in foreign currency and 78.58% in national currency. The sectors that benefited the most from the credit were construction (14.14%), commerce (13.30%) and transport and communications (10.90%). However, individuals had greater access to financing with a weight of 17.38%. In the foreign exchange market, during June, the Metical continued to appreciate against its counterparts mainly Pound (3.07%), US dollar (2.22%), Euro (0.60%) and Rand (0.54%). However, in accumulated terms, from January to June, the appreciation stood at 15.45%, 11.53%, 10.85% and 8.16% in relation to the Dollar, Rand, Pound, and Euro, respectively. Metical Exchange against Main Currencies
Raw Materials
2.74%
-4.13%
74
Additionally, to ensure greater stability and resilience in credit institutions, the bank of Mozambique introduced the Minimum Liquidity Ratio and set it at 25.00% meaning that banks must maintain liquid assets that cover at least 25.00% of their short-term liabilities. As a result of the less restrictive monetary policy, interest rates on Treasury Bills of 91, 182 and 364 days decreased from 25.25%, 26.63% and 27.81% in May to 25.23%, 26.21% and 27.45% in June, respectively.
Others
6.90% 7.90%
the Metical, the Bank of Mozambique maintained the benchmark rates, with the Outstanding Lending Facility, Mozambique Interbank Money Market Rate, Outstanding Deposit Facility and Legal Reserves Coefficient set at 22.75%, 21.75%, 16.25% and 15.50%, respectively.
Average Exchange Rate 30-Jun-17 May/17 Jun/17 Metical/Rand 4.65 4.68 4.61 Metical/Dollar 61.69 60.32 60.35 Metical/Euro 68.14 67.73 68.96 Metical/Pound 79.67 77.22 78.58 Currencies
Source: Bloomberg
Variation (%) Monthly Accumulated Homologous 0.54% -11.53% 15.58% -2.22% -15.45% -0.76% -0.60% -8.16% 8.00% -3.07% -10.85% -10.57%
Banco de Desenvolvimento
In the Capital Market, in last day of May, were listed at the Mozambique’s Stock Exchange (BVM) 40 securities, of which 20 were treasury bonds, 14 corporate bonds, 5 shares and 1 treasury refund bond, with a total market capitalization of MT 64.11 billion, 1.28% higher than in April, as a result of increase on shares capitalization (2.00%) which have offset the decrease on bonds capitalization (1.62%).
Jun-17
Apr-17
Mar-17
Jan-17
Feb-17
May-17
Market Capitalization Bonds Market Capitalization Shares Total Market Capitalization (Right Axis)
Dec-16
Oct-16
Nov-16
Sep-16
Jul-16
Aug-16
Jun-16
Apr-16
May-16
Mar-16
40,000 30,000 20,000 10,000 -
Feb-16
Evolution of BVm’s Market Capitalization (Millions of Meticais)
80,000.00 60,000.00 40,000.00 20,000.00 -
Market Capitalization Commercial Paper Refund Bonds
expansion, the European Central Bank (ECB), again, kept the reference rate unchanged and maintained the securities purchases volume in order to achieve price stability in the long term. As a result, the 3-month and 6-month Euribor fell by 0.10bps and 1.60bps in June, remaining in the negative range of 0.33% and 0.27%, respectively. Interest and Benchmark Rates Interest Rate and Index Fed Funds Target Rate (EUA) ECB Refi Rate (Zona Euro) Repo Rate (UK) Call Rate (Japan) Repurchase Rate (South Africa) Policy Rate (Nigeria) Euribor 3 months Euribor 6 months Libor USD 3 months Libor USD 6 months
Averages Rates Apr/17 Jun/17 1.000% 1.250% 0.000% 0.000% 0.250% 0.250% -0.100% -0.100% 7.000% 7.000% 14.000% 14.000% -0.330% -0.329% -0.245% -0.251% 1.159% 1.185% 1.417% 1.425%
30/Jun/17 1.25% 0.000% 0.250% -0.100% 7.000% 14.000% -0.329% -0.254% 1.210% 1.418%
Monthely Averages Variation (Pb) 25.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.10 -0.60 2.67 0.77
Source: Bloomberg Source: Mozambique Stock Exchange (BVM)
The BVM trading volume amounted MT142.94 million, representing a fall of 77.22% compared to May, as result of fall in the transactions of shares (75.44%) and treasury refund bonds (99.34%) which have offset the increase of treasury bonds (26.81%).
In the Foreign Exchange Market, the US dollar recorded a mixed performance, having depreciated against the Swiss Franc (1.89%), Euro (1.70%) and Yen (1.14%), and appreciated against the Pound (0.84%). Dollar Exchange against Main Currencies
intErnational financial markEtS AAt the international side, economic activity continued to be driven by the emerging economies that have been gaining with commodity prices recovery. In this countries group, the highlight was the continuous recession in Brazil, with GDP falling by 0.40% in the first quarter of the year and Russia’s continued recovery with a growth of 0.50%. On the other hand, unemployment had a falling trend and inflation had a mixed behavior. GDP, Inflation and Unemployment - March 2017 Description
IVTrim 16
USA Euro Zone Japan England
2.00% 1.80% 1.60% 1.90%
China South Africa Brazil Russia India
6.80% 0.70% -2.50% 0.30% 7.00%
GDP Inflation I Trim 17* April May Developed Countries 2.10% 2.20% 1.90% 1.60% 1.90% 1.40% 1.40% 0.40% 0.40% 2.30% 2.70% 2.90% Emerging Countries 6.90% 1.20% 1.50% 1.10% 5.30% 5.40% -1.10% 4.10% 3.60% 0.80% 4.10% 4.10% 6.70% 3.00% 2.20%
Unemployment April May 4.40% 9.30% 2.80% 4.60%
4.30% 9.30% 3.10% -
4.00% 27.70% 13.60% 5.30% -
13.30% 5.20% -
Currencies Dollar/Euro Dollar/Pound Dollar/CHF Yen/Dollar
Average Exchange Rate Variation (%) 30-Jun-17 May-17 Jun-17 Monthly Accummulated Homologous 1.105 1.292 1.014 112.250
1.124 1.281 1.033 110.970
1.143 1.303 1.044 112.390
1.70% -0.84% 1.89% -1.14%
8.64% 5.55% 6.32% -3.91%
-0.04% -9.84% 0.15% 5.23%
Source: Bloomberg
In the coming months, the Dollar is expected to continue to recover as a result of the increasing interest rates in the US money market, making investments in that market relatively attractive.
Source: Bloomberg
The developed countries’ economy continues to be boosted by the US and England having both grown by 2.00% in the first quarter of 2017 contributing to drop the US unemployment rate to 4.30%. In the Financial Markets, the month of June had as the main highlight the 25bps increase in the US Federal Reserve benchmark rate, as expected, setting it at 1.25% due to the strengthening of the labor market and price stability. Resulting from the Fed tightening monetary policy, the Libor of 3 and 6 months rose 7.72bps and 0.77bps, respectively, standing at 1.26% and 1.43%. In the Euro Zone, with the expectation of an economic further
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COMMODITIES Por Ambrose Evans- Pritchard no Oeste do Texas
Expansão do xisto texano constitui ameaça
O
cartel do petróleo da OPEP está a acordar para uma surpresa desagradável. A produção de xisto da Bacia Permiana no Texas está a expandir mais rapidamente do que o mundo pensou ser possível. A balança ameaça neutralizar os cortes de produção acordados pelo bloco liderado pela Rússia e pela Arábia Saudita em novembro passado e, em última instância, quebrar o seu bloqueio estratégico no mercado global de petróleo por uma geração. Scott Sheffield, fundador da Pioneer Natural Resources e aclamado “Rei da Permiana “, disse: “As pessoas simplesmente não percebem o quão extensa é a Permiana, poderá eventualmente,
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passar o campo de Ghawar na Arábia Saudita, e esse é o maior do mundo. “Nós pensamos que poderá produzir oito a 10 milhões de barris por dia dentro de 10 anos. Dissemos aos nossos investidores que a Pioneer poderia atingir um milhão “, diz. Aproximadamente 70% deste seria crude, e o resto em gás e líquidos. É uma afirmação ousada. O campo Ghawar produz 5 milhões de barris por dia (mbd). As exportações sauditas estão actualmente em torno de 7.1mbd. Sheffield disse que a Arábia Saudita julgou mal a resiliência da zona Permian quando tentou quebrar a indústria de xisto dos EUA inundando o mercado de petróleo no final de 2014,
levando a um colapso dos preços do petróleo de 80% A Permiana nunca parou de crescer e agora vai adicionar 300.000 a 500.000 (barris por dia) durante um ano. Enquanto os preços do petróleo estiverem em torno de US $ 50 a US $ 55, estamos no ponto positivo. A quantidade de plataformas vai explodir.”, disse ao the daily telegraph. “Fomos tão eficientes que os custos de parcelamento no Permian são próximos de US $ 25. Demorava 40 dias para perfurar um poço em 2014. Hoje já estamos com 20 dias,“. Sheffield disse. O custo da perfuração e fracking de um poço pioneiro caiu de US $ 1.088 por pé lateral para US $ 817 nos últimos seis trimestres. A produção de cada poço baixou pela metade à medida que a tecnologia digital fez milagres. Frackers agora podem perfurar lateralmente por 10.000 pés. A história do Permiano não é nova. A bacia jorra petróleo há mais de um século na área do Texas e do Novo México. A bacia alimentou as forças armadas dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. O que é novo é a reutilização do fracking, o que mantém os entendidos na expectativa. A região manteve-se estável em torno de 2mbd durante a recessão de dois anos, e já está acelerando novamente. A contagem de plataformas para a região atingiu 308 na semana passada, desde os 132 em maio passado.
COMMODITIES
Mas o “massacre” do xisto previsto em 2015 nunca aconteceu. David Einhorn, da capital da Greenlight, não conseguiu diminuir o pioneiro, “motherfracker”, como ele o chama. A produção da Pioneer está 85% coberta até o início de 2018 nos mercados de derivativos com opções de venda e mercados passados, que são constantemente renovados. Os frackers são muitas vezes um passo à frente dos shorters. Agora a ciência confirma completamente as afirmações estranhas de Sheffield e dos veteranos selvagens. O US Geological Survey (USGS) relata que a secção do acampamento Wolf da Bacia do Midland por si só contém pelo menos 20 bilhões de barris de petróleo «tecnicamente recuperável» e 16 triliões de pés cúbicos de gás natural. “Esta é a maior estimativa de produção contínua de petróleo que o USGS já avaliou nos Estados Unidos”, afirmou. A consultoria IHS triplicou a sua estimativa de recursos recuperáveis no Permiano para 104 biliões de barris, cinco vezes mais que o restante do petróleo nos campos do Mar do Norte no Reino Unido e na Noruega. Sheffield entrou no Permiano na década de 1970 e passou décadas comprando metodicamente, a área já fora de moda, enquanto as grandes companhias de petróleo se retiravam. Entre os vendedores estavam a Exxon e a Mobil. A ExxonMobil agora tem que as comprar de volta a um preço exorbitante para restabelecer as murchas reservas globais. Acabou de comprar 225 mil hectares da família Bass (produtora de gado) por US $ 6,6 bilhões e destinou um terço do seu investimento para perfuração de “ciclo curto”, principalmente no xisto do Permiano, onde pode ganhar
104 biliões Número estimado de barris de petróleo recuperável existente na Bacia Permiana, segundo a consultoria do HIS.
dinheiro com preços de US $ 40 no petróleo. ExxonMobil pretende quadruplicar a produção de xisto até 2025. A Chevron chegou à mesma conclusão, com a vantagem de que esta já estava sentada em 1,5 milhões de acres no Permiano que nunca vendeu e que teoricamente valem US $ 50 bilhões. Fracking está a tornar-se rigueur para os maiores do petróleo, uma diversificação de projectos gigantes de dez anos gigantes em águas ultra-profundas com custos de US $ 60 ou US $ 70 por barril. O que Sheffield adivinhou antes dos outros foi que os avanços tecnológicos na perfuração horizontal e na fraturação hidráulica poderiam dar ao Permiano um novo e caro renascimento. “Em 2006, decidimos parar com todos os nossos ativos internacionais durante um período de cinco anos e concentrar tudo no Permiano. Foi uma grande aposta, e acabou por estar certo “, disse. Sheffield entregou a operação ao seu sucessor, Tim Dove, no ano passado. Hoje, a empresa está saudável, feroz e a expandir o seu capital, com uma dívida líquida de US $ 200 milhões contra um mercado que vale US $ 33 bilhões. Em cima de 800 mil hectares da melhor terra na bacia de Spraberry.
Já existe a ligação de oleodutos no local. O custo de transporte até Pioneer Gulf é de US $ 2,50 por barril. A marcha em direcção à independência energética dos EUA foi interrompida, mas não parada. A produção de petróleo do país aumentou em 550 mil barris por dia, desde o seu mínimo de 8,3 milhões em julho do ano passado. Sheffield prevê que irá voltar para 9,5mbd este ano e 10,5mbd até ao final de 2018. Isso superaria os cortes de 1,8 mdb acordados pela OPEP e pela Rússia, que podem ter que fazer cortes mais profundamente e por mais do que seis meses para eliminar o excesso de stock. O xisto dos EUA perturbou profundamente os mercados mundiais de petróleo. A campanha da Arábia Saudita para quebrar a indústria do fracking tem sido uma guerra de desgaste e dispendiosa, que esgotou US $ 250 biliões das reservas de câmbio do Reino sem deter o gigante. Os membros da OPEP enfrentam um vento contrário ao do Permiano que pode reduzir os preços do petróleo abaixo dos níveis necessários para equilibrar seus orçamentos. No final, o colapso de 40% no investimento mundial de petróleo e gás nos últimos dois anos levará a uma crise de abastecimento. Mas os senhores do petróleo que apostam num retorno de US $ 80 podem ter que ser pacientes. Sheffield disse que o erro cometido pelos sauditas era permitir que os preços subissem durante tanto tempo no grande boom da China. Isso permitiu que o xisto dos EUA abrisse uma janela para atingir a massa e tecnologia crítica. “Foi o ambiente de petróleo de $ 100 por quatro anos que nos permitiu fazer o que fizemos. Se tivessem mantido o petróleo abaixo de US $ 70 a US $ 75, teria sido um pouco mais lento “, disse. c
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COMMODITIES By Ambrose Evans- Pritchard in West Texas
Texas shale expansion threatens
T
he Opec oil cartel is waking up to an unpleasant surprise. Shale output from the Permian Basin in Texas is expanding faster than the world thought possible. The scale threatens to neutralize cuts in output agreed by Saudi Arabia and a Russian-led bloc last November, and ultimately break their strategic lock hold on the global crude market for a generation. Scott Sheffield, founder of Pioneer Natural Resources and acclaimed “King of the Permian”, said : “People just don´t seem to realise how big the Permian is. It will eventually pass the Ghawar field in Saudi Arabia, and that is the biggest in the world. “We think it could produce eight to 10 million barrels a day within 10 years. We´re telling our investors that Pioneer could reach one million”, he said.
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Roughly 70pc of this would be crude oil, and the rest in gas and liquids. It is a bold claim. The Ghawar field produces 5 million barrels a day (mbd). Saudi exports are currently around 7.1mbd. Mr. Sheffield said Saudi Arabia badly misjudged the resilience of the Permian zone when it tried to break the US shale industry by flooding the crude market in late 2014, leading to a peak to trough collapse in oil prices of 80pc “The Permian never stopped growing and now It is going to add 300,000 to 500,000 (barrels per day) a year. As long as crude prices are around $50 to $55, we´re in the sweet spot. The rig count is going to take off” he told the daily telegraph. “We have had such efficiency grains that break-even costs in the Permian are close to$25. It took us 40 days to drill a well in
2014. We´re already down to 20 days, “Mrs. Sheffield said. The cost of drilling and fracking a pioneer well has dropped from $1,088 per lateral foot to $817 over the past six quarters. Production from each well has jumped by half as digital technology performs miracles. Frackers can now drill laterally for 10.000 feat. The Permian story is not new. The basin has been gushing for a century in the rattles make-infested expanse of west Texas and New Mexico. It powered US armed forces though the Second World War. What is new is the francking revival, which keeps astonishing forecasters. The region held steady at around 2mbd through the two-year downturn, and is already accelerating again. The rig count for region reached 308 last week, from low of 132 last May. Sceptics remain suspicious of “Permania”. They warned that auction prices topping an core sites, up tenfold since 2012, have progressed from a land rush into a dangerous bubble. But the shale “massacre” predicted in 2015 never happened. Greenlight capital’s David Einhorn has not fared well in shorting pioneer, the “motherfracker” as he calls it. Pioneer´s production is 85pc hedged through to early 2018 on the derivatives markets with put options and happened markets with put and “triple collars”, and these are constantly renewed. The frackers are often a step ahead of the shorters. Science now broadly confirms the onceoutlandish claims of Mr. Sheffield and the veteran wild-catters. The US Geologi-
We have had such efficiency gains that break-even costs in the Permian are close to $25(a barrel) cal Survey (USGS) reports that the Wolf camp section of the Midland Basin alone contains at least 20bn barrels of “technically recoverable” oil and 16 trillion cubic feet of natural gas. “This is the largest estimate of continuous oil that USGS has ever assessed in the United States”, it said. The consultancy IHS has tripled its estimate of recoverable resources in the Permian to 104bn barrels, five times more than the remaining oil in the North Sea fields of the UK and Norway. Mr. Sheffield cut his teeth on the Permian in the 1970s and has spent decades methodically buying up unfashionable acreage as the big oil companies pulled out. Among the sellers were Exxon and Mobil. ExxonMobil now having to buy it way back at a mouth-watering premium to replenish withering global reserves. It has just bought 225,000 acres from the cattle-ranching Bass family for $6.6bn, and earmarked a third of its investment for “Short-cycle” drilling, mostly in Permian shale, where it can make money at $40 crude prices. ExxonMobil aims to quadruple shale output by 2025. Chevron has reached much the same conclusion, with the advantage that it already sitting on 1.5m acres in the Permian that it never sold and which is theoretically worth $50bn. Fracking is becoming de rigueur for the oil majors, a diversification from gargantuan ten-year projects in ultra-deep waters with breakeven costs of $60 or $70 a barrel. What Mr. Sheffield guessed before others was that technological break throughs in horizontal drilling and hydraulic fracturing could give Permian an expensive new lease
of life. “In 2006 we decided to divest all our international assets over a five-year period and focus everything on the Permian. It was a big bet, and it turned out to be right” he said. Mr. Sheffield handed over operations last year to his successor, Tim Dove. Today the company is lean, mean, and expanding on cash flow, with a net debt of $200m against a market worth of $33bn. It is sitting on 800,000 acres of the choicest land in the Spraberry Basin. A nexus of pipelines is already in place. Pioneer Gulf for $2.50 a barrel in transport costs. The march towards US energy independence has been interrupted but not stopped. The country’s oil output has risen by 550,000 barrels a day since touching bottom at 8.3m in July last year. Mr. Sheffield forecasts that it will roar back to 9.5mbd this year and 10.5mbd by the end of 2018. That would overwhelm the 1.8mbd cuts agreed by Opec and Russia, who may have to cut deeper, and for longer than just six months, to clear the glut of inventories. US shale has profoundly disrupted the global oil markets. Saudi Arabia’s campaign to break the fracking industry has been a costly war of attrition, depleting $250bn of the Kingdom`s foreign exchange reserves without halting the juggernaut. Opec members face a Permian headwind that may cap crude prices far below the levels needed to balance their budgets. In the end, the 40pc collapse in worldwide oil and gas investment over the past two years will lead to a supply crunch. But oil bulls betting on a return to $80 may have to be patient. Mr. Sheffield said the blunder made by the Saudis was to let prices rise so high for so long in the great China boom. It gave US shale the window to reach critical mass and critical technology. “It was the $100 oil environment for four years that allowed us to do what we did. It they had kept oil down at $70 to $75, it would have been a helluva a lot slower”, he said. c
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SECTOR PRIVADO
Os diversos obstáculos do Sector Privado Helga Nunes (texto)
1. Reflexões tendo por base o censo (CEMPRE 2014/2015), o relatório de Doing Business do Banco Mundial e outros dados recentes foram tecidas no Economic Briefing 2017, promovido pelo Standard Bank, subordinado ao tema “Moçambique: Restaurando a estabilidade Económica”. Carolin Geginat, líder de programa Equitable Growth, Finance and Institutions do Banco Mundial, abordou o estado de saúde do Sector Privado no País, apresentando conclusões interessantes e, ao mesmo tempo, inquietantes. Para começar, o contexto do sector privado mantém-se sobretudo informal, apesar dos esforços encetados no caminho da formalidade. De acordo com o Regional Economic Outlook do Fundo
Monetário Internacional (FMI), lançado em Abril deste ano, aproximadamente 40 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) foi produzido pelo sector informal, entre 2010 e 2014, sendo que 70 a 80 por cento da força laboral trabalha nesse mesmo sector – o que representa uma grandeza a contrariar. E um pormenor preocupante é que a informalidade arrasta consigo as empresas para um quadro de dificuldade no acesso ao financiamento formal e para a manifesta falta de qualificação dos trabalhadores, o que leva a que as empresas informais tendam a ser menos produtivas.
Sector formal 2. Já o sector formal da economia representa um conto
Alguns Sectores e alguns locais dominantes Serviços de Utilidade Pública e Sector da Extração contam para a maior quota de valor acrescentado
E Maputo detém maior quota de crescimento de empresas
Percentagem de crescimento de empresas por província, 2002-2015
Contribuição relativa para o total de valor acrescentado vs. Contribuição relativa para o número de empresas, 2015
Cabo Delgado 3%
Electricidade, Gás e Água Indústrias Extractivas Transporte e Logística Construção
Sofala 3%
Agricultura e Pescas Outros Serviços
Zambézia 16%
Niassa 4%
Serviços Financeiros Turismo
Nampula 3%
Saúde Mercado Imobiliário Comércio Educação Manufactura
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Tete 3%
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Inhambane 3% Gaza 3% Manica -1%
Maputo 19% Maputo Cidade 42%
SECTOR PRIVADO
a duas velocidades, conforme referiu Carolin Geginat. Em 2015, três quartos das empresas formalmente registadas em Moçambique pertenciam à categoria das micro-empresas (unidades de negócio com menos de 5 empregados) e constata-se que a percentagem de micro-empresas tem vindo a aumentar em termos de tamanho e produtividade, entre 2002 e 2015. Na sua totalidade, essas firmas geraram apenas 16 por cento de rendimentos e 13 por cento do emprego total na economia privada e formal. Sententa por cento dos rendimentos em Moçambique, emprego e valor acrescentado, são gerados por apenas 7 por cento de todas as empresas no país (sendo a maior parte delas grandes empresas). A agravar este estado de coisas, subsiste um padrão pouco saudável de crescimento de produtividade dos sectores (2002-2015). Ao que os números indicam, a indústria extractiva cresce em média 22 por cento e a agrícola apenas 3 por cento, sendo que os restantes sectores praticamente não crescem ou registam um crescimento negativo. Em termos de valor acrescentado para a economia, os números referentes a 2015 revelam que o maior peso recai sobre os sectores da Electricidade, Gás e Água; Indústrias Extractivas; Transporte e Logística; Construção e Agricultura e Pescas. No que diz respeito à percentagem de crescimento de empresas por província, a cidade de Maputo lidera o topo da lista com 42%, a província de Maputo com 19% e Zambécia com 16%.
Principais desafios apontados
Entre 2002 e 20015 A percentagem de pequenas e médias empresas cresceu em tamanho e produtividade - % de empresas por tamanho no maior quartil de produtividade
2015
59%
2002
31%
75%
5% 5%
16%
5% 4%
Micro empresas ( 5 empregados) Pequenas empresas ( 5 a 49 empregados) Médias empresas (50 a 100 empregados) Grandes empresas ( 100+ empregados)
Dispersão de Produtividade dentro dos sectores sugere maior concorrência
Ratio diferencial de produtividade, 2002/20015 2002
2015
Indústrias Extrativa
3. O Sector Privado em Moçambique envolve um certo
Agricultura e Pescas
número de desafios a ter em conta, segundo os analistas Electricidade, Gás e Água do Banco Mundial. Isto porque subsiste uma fraca orienEducação tação para a exportação das empresas moçambicanas. De Transporte e Logística acordo com o Mozambican Manufacturing Firms Survey Outros Serviços (2012), apenas 3 por cento das empresas de manufactuMercado Imobiliário ração são de facto exportadoras. Saúde Por outro lado, a diversificação dos produtos exportados Construção é limitada. Em 2011, Moçambique atingiu o índice 0,73 Manufactura de 1 no Índex de Diversificação da Exportação, sendo que Comércio um valor próximo do 1 significa uma grande diferença em Turismo relação à média mundial em termos de diversificação da Serviços Financeiros exportação. Ao mesmo tempo, persiste a falta de inovação. Num rol 0%
50%
100%
150%
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SECTOR PRIVADO
de 128 economias, Moçambique encontra-se na posição 84, segundo o Global Innovation Index 2016, na categoria de Uso de Informação e Tecnologias de Comunicação (ICT) e Criação de Modelo de Negócio.
Apoios ao sector privado
Declínio da confiança do sector privado reflete-se em redução de crescimento Tendência nos indicadores de confiança económica, moeda/depreciação em relação ao Dólar Americano desde Janeiro de 2015, 2015 ( 2004=100 para os indicadores)
4. Como dar apoio ao sector privado perante este contexto? De acordo com a especialista do Banco Mundial, uma das formas passa por investir em infraestruturas e competências ou nas qualificações dos recursos humanos. Por outro lado, é preciso criar condições para um maior acesso ao financiamento, um enquadramento legal mais ajustado às empresas, um contexto empresarial mais dinâmico e garantir um nível mais baixo de burocracia. Moçambique tem um nível particularmente baixo no que concerne à provisão de infraestruturas, educação superior e formação profissional, inovação e sofisticação negocial, segundo o Índice de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial. Em 2014, apenas 21 por cento da população possuía acesso à energia eléctrica. No que diz respeito ao transporte realizado nas zonas rurais, Moçambique falha até em termos dos standards apresentados por outros países africanos. A cobertura da irrigação é baixa. A nível nacional, 180.000 hectares encontram-se equipados com infraestruturas de irrigação, e apenas metade dos quais estão de facto a ser usados. A agravar este cenário, os constrangimentos logísticos limitam o potencial de exportação das empresas nacionais. E quanto à educação, a qualidade da mesma revela-se uma preocupação presente pois dados indicam que, em 2013, apenas 6.3% dos estudantes da terceira classe evidenciavam as competências exigidas quanto ao domínio da leitura. Em termos de acesso ao financiamento, apenas 1,3% dos pequenos produtores agrícolas possuíam títulos de propriedade (2012) e os bancos revelam-se relutantes em disponibilizar empréstimos perante a falta de informação do empresário que solicita crédito. Ou seja, existe muito pouca informação que possa propiciar o acesso ao crédito. Moçambique atinge 25 de 100 pontos no índice de aquisição de crédito do ‘Doing Business’. Aliás, apenas 5 por cento da população possui um relatório de crédito (credit report). As poucas empresas que conseguem obter financiamento enfrentam custos elevados (as taxas de empréstimo atingem uma média de 29%). De igual modo, uma fraca governação corporativa acaba impedindo o financiamento.
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- 2017 0%
108 106
-10%
104 102
-20%
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-30%
98 96
-40%
94 92
-50%
90
-60%
88
Indicador de perspectiva de Procura
Indicador do clima económico
Depreciação Metical/Dólar americano
Os índices de volume de negócios mostram uma queda acentuada no comércio e serviços Variação da média ano-a-ano (preços constantes) 10%
2015/2014
2016/2015
5%
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-5%
-10%
-15%
Commerce
Services
SECTOR PRIVADO/ PRIVATE SECTOR
Outro especto preocupante prende-se com a necessidade de garantir um contexto legal mais flexível. Os números indicam que um contrato simples pode levar 950 dias a ser executado. Isso significa que demora mais 50% do tempo do que em qualquer outro país subsaariano e que os custos associados com o contrato são aproximadamente três vezes maiores do que no resto do continente. Ou seja, os custos triplicam. Por outro lado, a Lei do Trabalho em Moçambique dá pouca flexibilidade às empresas, pois proíbe os Contratos a Termo para tarefas permanentes e impõe um dos custos de demissão mais altos da África Subsaariana Numa outra perspectiva, torna-se imprescindível imprimir uma nova dinâmica no contexto empresarial. Apesar dos esforços levados a cabo pelas reformas implementadas, Moçambique ocupa o 137º lugar em 190 no que toca à facilidade de abertura de um novo negócio. Quais são as razões apontadas? O processo envolve uma complexidade elevada em termos de procedimentos exigidos. A política de competitividade em Moçambique também está a dar os seus primeiros passos. Enquanto o enquadramento legal foi constituído em 2013, e a autoridade vocacionada
para a manutenção de uma sã competitividade foi criada em 2014, o panorama competitivo carece ainda assim de uma maior operacionalidade. Em matéria de insolvência, constata-se que a imagem não é das melhores. Muitos recursos são perdidos pela empresa ao declarar falência. Aliás, em Moçambique, os investidores apenas podem esperar recuperar 34 cêntimos de dólar nos recursos investidos, metade do que os empresários recebem nos procedimentos de insolvência nos países desenvolvidos. Por último, os empresários e investidores clamam por um maior apoio do Governo no que diz respeito à burocracia. As barreiras fiscais impostas tornam o comércio internacional praticamente insuportável em termos de custos. Scanning fees, licenças de importação e exportação, requerimentos extensivos em termos de documentação, procedimentos complicados e verificações das autoridades alfandegárias ao longo dos principais corredores conduzem ao aumento dos custos e geram atrasos consideráveis. Em simultâneo, e no que toca aos impostos, as empresas moçambicanas lidam com mais do que o dobro dos pagamentos que os seus pares nos países mais ricos, e o reembolso do IVA leva pelo menos 10 semanas. c
Obstacles of the Private Sector Helga Nunes (text)
1. Reflections based on the census (CEMPRE 2014/2015), the World Bank’s Doing Business report and other recent data were included in the Economic Briefing 2017, promoted by Standard Bank, under the theme “Mozambique: Restoring Economic Stability”. Carolin Geginat, program leader of Program Equity Growth, Finance and Institutions at the World Bank, addressed the state of health of the Private Sector in the Country, presenting interesting and at the same time disturbing conclusions. To begin with, the context of the private sector remains largely informal, despite efforts being made to formality.
According to the Regional Monetary Outlook of the International Monetary Fund (IMF), released in April of this year, approximately 40 percent of the Gross Domestic Product (GDP) was produced by the informal sector between 2010 and 2014, with 70 to 80 percent of the labor force working in the same sector - which is a greatness to counteract. And a worrying detail is that informality drags companies into a framework of difficulty in accessing formal financing and the manifest lack of qualification of workers, which makes informal enterprises tend to be less productive.
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PRIVATE SECTOR
of value added…
growth
- 2015 Cabo Delgado 3%
Electricity, Gas & Water Extractive Industries Transport & logistics Construction
Sofala 3%
Agriculture&Fisheries other Services
Tete 3%
Zambézia 16%
Niassa 4%
Financial Services Tourism
Nampula 3%
health Real Estate Commerce Education
Inhambane 3% Gaza 3% Manica -1%
Maputo 19% Maputo Cidade 42%
Manufacturing 05
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Formal sector 2. The formal sector of the economy is a two-speed story, according to Carolin Geginat. By 2015, three-quarters of the companies formally registered in Mozambique belonged to the category of micro-enterprises (business units with less than 5 employees) and it is noted that the percentage of micro-enterprises has been increasing in terms of size and productivity, between 2002 and 2015. In their total, these firms generated only 16 percent of incomes and 13 percent of total employment in the private and formal economy. Twenty percent of incomes in Mozambique, employment and added value, are generated by only 7 percent of all companies in the country (most of them large companies). To exacerbate this state of affairs, there is an unhealthy pattern of productivity growth in the sectors (20022015). As the figures show, the extractive industry grows an average of 22 percent and agriculture only 3 percent, with the remaining sectors practically not growing or registering negative growth. In terms of added value for the economy, the figures for 2015 show that the greatest weight falls on the Electricity, Gas and Water sectors; Extractive Industries; Transportation and logistics; Construction and Agriculture and
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Fishing. Regarding the percentage of growth of companies by province, the city of Maputo leads the list with 42%, Maputo province with 19% and Zambeziaia with 16%.
Main challenges 3. The Private Sector in Mozambique involves a number of challenges to be taken into account, according to World Bank analysts. This is because there is a weak export orientation for Mozambican companies. According to the Mozambican Manufacturing Firms Survey (2012), only 3 percent of manufacturing companies are actually exporters. On the other hand, the diversification of exported products is limited. In 2011, Mozambique reached a rate of 0.73 of 1 in the Export Diversification Index, with a value close to 1 representing a big difference from the world average in terms of export diversification. At the same time, a lack of innovation persists. In a list of 128 economies, Mozambique is in position 84, according to the Global Innovation Index 2016, in the category of Use of Information and Communication Technologies (ICT) and Creation of Business Model.
PRIVATE SECTOR
Support to the private sector 3. How to support the private sector in this context? According to the World Bank expert, one way is to invest in infrastructure and competences or human resource skills. On the other hand, it’s necessary to create conditions for greater access to finance, a more legal framework for businesses, a more dynamic business environment and a lower level of bureaucracy. Mozambique has a particularly low level of provision of infrastructure, higher education and vocational training, innovation and business sophistication, according to the World Economic Forum’s Global Competitiveness Index. By 2014, only 21 percent of the population had access to electricity. As far as transport in rural areas is concerned, Mozambique fails even in terms of the standards presented by other African countries. Irrigation coverage is low. At the national level, 180,000 hectares are equipped with irrigation infrastructures, and only half of which are actually being used. To exacerbate this scenario, logistical constraints limit the export potential of domestic firms. As for education, its quality is a present concern, as data indicates that in 2013, only 6.3% of third-grade students showed the skills required for reading. In terms of access to finance, only 1.3% of small farmers had property titles (2012) and banks are reluctant to provide loans in the absence of information from the entrepreneur applying for credit. That is, there is very little information that can provide access to credit. Mozambique reaches 25 of 100 points in the Doing Business credit acquisition index. In fact, only 5 percent of the population has a credit report. The few companies that can get financing face high costs (loan rates average 29%). Likewise, weak corporate governance ends up impeding funding. Another worrying aspect concerns the need to ensure a more flexible legal context. The numbers indicate that a simple contract can take 950 days to run. This means that it takes 50% more time than in any other sub-Saharan country and that the costs associated with the contract are approximately three times higher than in the rest of the continent. That is, costs triple. On the other hand, the Labor Law in Mozambique gives companies little flexibility as it prohibits Term
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2015
59%
2002
31%
75%
5% 5%
16%
5% 4%
Micro firms (<5 employees) Small firms (5 to 49 employees) Medium size firms (50 to 100 employees) large firms (100+ employees)
2002
2015
Extractive Industries Agriculture&Fisheries Electricity, Gas & Water Education Transport & logistics other Services Real Estate Health Construction Manufacturing Commerce Tourism Financial Services
0%
50%
100%
150%
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PRIVATE SECTOR
Contracts for permanent tasks and imposes one of the highest dismissal costs in Sub-Saharan Africa From another perspective, it is imperative to give a new boost to the business context. Despite the efforts made by the implemented reforms, Mozambique occupies the 137th place in 190 with regard to the ease of opening a new business. What are the reasons? The process involves a high complexity in terms of required procedures. The competitiveness policy in Mozambique is also taking its first steps. While the legal framework was established in 2013, and the authority to maintain healthy competitiveness was created in 2014, the competitive landscape still needs to be more operational. In terms of insolvency, it is clear that the image is not the best. Many resources are lost by the company when declaring bankruptcy. Moreover, in Mozambique, investors can only hope to recover 34 cents of a dollar invested resources, half of what businessmen receive in insolvency proceedings in developed countries. Finally, entrepreneurs and investors are calling for increased government support in the bureaucracy issue. The tax barriers imposed make international trade virtually unbearable in terms of costs. Scanning fees, import and export licenses, extensive documentation requirements, complicated procedures and checks by customs authorities along the main corridors lead to increased costs and considerable delays. At the same time, as far as taxes are concerned, Mozambican companies deal with more than twice as many payments as their peers in richer countries, and VAT repayment takes at least 10 weeks. c
growthâ&#x20AC;Ś (2004 =100 for indicators) - 2017 0%
108 106
-10%
104 102
-20%
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Demand perspective indicator
Economic climate indicator
MZN / USD depreciation (LHS)
â&#x20AC;Ś turnover indices show sharp downturns in commerce and services Average Year-on)
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Commerce
Services
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EMPRESA
IzyShop revoluciona mercado das compras online O IzyShop é o primeiro supermercado online do país. Anila Mussá, directora comercial da empresa, diz que a companhia vende comodidade e não produtos. O supermercado foi escolhido por ser o segmento mais procurado actualmente. Belizário Cumbe (texto) . Shanna Chicalia (fotos)
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á dois anos nasceu no país o primeiro supermercado online. Uma iniciativa de três jovens empreendedores que decidiram fazer a diferença. Trata-se do IzyShop, uma plataforma que já tem dois mil clientes registados (com idades compreendidas entre os 24 e 37 anos), dos quais 900 fazem compras regularmente. Anila Mussá, directora comercial da companhia e engenheira agro-pecuária, conta como nasceu o sonho e fala do posicionamento no mercado bem como dos planos de expansão. Falando em nome dos sócios, Anila Mussá diz que o IzyShop surge para responder às necessidades do mercado. As dificuldades que existem em fazer compras em Maputo (a avaliar pelas distâncias que separam umas lojas das outras) e o tempo que este exercício pode levar (em média são cinco horas) inspiraram a criação de uma plataforma onde o cliente pode requisitar os produtos e recebê-los à porta de casa. O IzyShop começou com cerca de 800 produtos na lista, visto que a maior parte dos fornecedores não acreditavam ainda no negócio. Quando começamos tínhamos uma lista dos produtores e representantes de marcas mas foi difícil negociar com eles. Não acreditavam no suces-
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EMPRESA
so de um supermercado online em Moçambique. Para a nossa felicidade, firmamos uma parceria com um representante de marcas que acabou abrindo muitas portas para nós. Hoje tenho a felicidade de dizer que recebemos entre dois a três novos fornecedores que querem trabalhar com o IzyShop”, destaca Anila Mussá. No que diz respeito aos vegetais, que a par dos outros produtos de primeira necessidade estão no topo das vendas, Mussá diz que a equipa foi aos mercados negociar com os vendedores que, na maior parte das vezes, eram também produtores. Actualmente, o IzyShop conta com uma rede de pequenos produtores que fornecem vegetais, embora enfrentem o desafio da embalagem destes produtos, a qual precisa ser melhorada. A verdade, porém, é que este grupo acabou aumentando o volume de vendas e ao mesmo tempo a sua facturação. No que diz respeito aos fornecedores, há que mencionar empresas como a Tropigália, Parmalat, Coca-Cola, representantes de marcas nacionais e internacionais, entre outros. E é importante destacar que o IzyShop vende também produtos de luxo, como é o caso de vinhos e chocolates da mais alta gama. Aliás, Anila refere que o supermercado onli-
ne disponibiliza igualmente produtos gourmet.
Os clientes do IzyShop Além dos clientes individuais (pessoas das classes média e média alta) o IzyShop conta com clientes corporate, que incluem empresas, embaixadas, hotéis, restaurantes e organizações não-governamentais. Os individuais representam 70% e os corporate apenas 30%. Porém, o maior volume de vendas está no segundo grupo cujo valor das compras por requisição varia entre 27 e 52 mil meticais. Já os individuais fazem compras que custam, por requisição, entre 11 e 18 mil meticais. Estes clientes são atendidos por uma equipa de 10 funcionários, mas em caso de necessidade a empresa contrata trabalhadores eventuais. No sentido de acarinhar os clientes, a empresa atribui um prémio ao melhor cliente do ano, sendo que no ano passado a laureada foi a Engen.
Cobertura geográfica O IzyShop vende na cidade de Maputo, distritos da Catembe e Marracuene, Belo Horizonte, em Boane e
Tchumene. Nos próximos cinco anos, a empresa pretende estar nas zonas Centro e Norte. Numa década, a plataforma estará até nas vilas, bastando para tal ter acesso á Internet.
DESTAQUE
Como comprar através do IzyShop Para fazer compras através do IzyShop basta aceder a plataforma, fazer o registo e seleccionar os produtos que pretende. Posto isso, o cliente introduz o endereço onde pretende receber os produtos. O pagamento, dependendo da quantidade dos produtos e do tipo do cliente, pode ser feito na própria plataforma - an-
tes de receber a encomenda, no acto da entrega através de transferências bancárias e do uso de cartões de crédito ou de débito, ou numa fase posterior à entrega dos produtos. Neste momento, os clientes já exigem cartões personalizados e Anila Mussá garante que a sua emissão está para breve.
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COMPANY
IzyShop revolutionizes the online shopping market IzyShop is the first online supermarket in the country. Anila Mussá, the company’s sales manager, says the company sells convenience rather than products. The supermarket was chosen because it is the most searched segment today. Belizário Cumbe (text) . Shanna Chicalia (photos)
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wo years ago the first online supermarket was established in the country. An initiative of three young entrepreneurs who decided to make a difference. It’s called IzyShop, a platform that has already two thousand registered customers (between the ages of 24 and 37), 900 regulars. Anila Mussá, the company’s sales manager, an agricultural and livestock engineer, tells how the dream was born and talks about market positioning as well as expansion plans. Speaking on behalf of the partners, Anila Mussá says that IzyShop arises to respond to the needs of the market. The difficulties that exist in shopping in Maputo (to evaluate the distances that separate one store from the other) and the time that this exercise can take (in average is five hours) inspired the creation of a platform where the customer can order the products and get it at their door. IzyShop started with about 800 products on their list, as the majority of suppliers didn’t believe in the type of business. “When we started we had a list of producers and brand representatives but it was difficult to negotiate with
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COMPANY
them. They did not believe in the success of an online supermarket in Mozambique. To our happiness, we established a partnership with a brand representative that has opened many doors for us. Today, I am happy to say that we have received between two and three new suppliers who want to work with IzyShop, “states Anila Mussá. As for vegetables, which along with the other basic products are at the top of the sales, Mussá says that the team went to the markets to negotiate with the sellers who, for the most part, were also producers. Today, IzyShop has a network of small producers who supply vegetables, although they face the challenge of packaging these products, that needs improvement. The truth, however, is that this group ended up increasing the volume of sales and at the same time its turnover. With regard to suppliers, mention should be made of companies such as Tropigália, Parmalat, Coca-Cola, representatives of national and international brands, among others. And it is important to highlight that IzyShop also sells luxury products, as is the case of wines and chocolates of the highest range. In fact, Anila says that the online supermarket also offers gourmet products.
IzyShop clients In addition to individual clients (middle and upper middle class) IzyShop has corporate clients, which include companies, embassies, hotels, restaurants and non-governmental organizations. Individuals account for 70% and corporations account for only 30%. However, the largest volume of sales is in the second group whose value of purchases per requisition varies between 27 and 52 thousand meticais. Individuals make purchases that cost, on request, between 11 and 18 thousand meticais. These clients are served by a team of 10 employees, but in case of need the company hires casual workers. In order to cherish customers, the company awards a prize to the best customer of the year, and last year the winner was Engen.
Geographical coverage IzyShop sells in Maputo city, districts of Catembe and Marracuene, Belo Horizonte, Boane and Tchumene. In the next five years, the company intends to be in the Central and North zones. In a decade, the platform will
even be in the villages, when they have access to the Internet.
HIGHLIGHT
How to buy from IzyShop To shop through IzyShop simply access the platform, register and select the products you want. After that, the customer enters the address where he wants to receive the products.
The payment, depending on the quantity of the products and the type of the customer, can be made on the platform itself - before receiving the order, on delivery through bank transfers and the use of credit
or debit cards, or at a later stage upon the delivery of the products. Presently, customers already require personalized cards and Anila Mussá guarantees that their issuance is coming soon.
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EMPREENDER
A arte de personalizar roupa e calçado A Yambala é uma empresa moçambicana que se dedica à reciclagem e customização de vestuário e calçado. A iniciativa foi implementada pela jovem Jéssica Manhiça, directora-geral da empresa, e a ideia consiste em dar vida e personalidade a roupas e sapatos. Helga Nunes (texto)
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éssica Manhiça iniciou-se na arte da reciclagem e customização de roupa com criações feitas em jeito de hobby para amigos e familiares, algum tempo antes de criar a sua
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empresa: a Yambala. E a ideia de empreender surgiu do mote de fazer algo diferente, não muito visto ou feito, e da perspectiva de fazer da actividade um futuro negócio. “Depois, tive a oportunidade de
EMPREENDER
participar num workshop de empreendedores onde fui encorajada a formalizar a minha actividade como empreendedora, e, no dia 12 de Abril, iniciei a actividade empresarial com a Yambala”, conta Jéssica Manhiça. Quando a empreendedora começou a trabalhar, as suas principais inspirações foram as marcas Chibaia, Nkosi e Uncool. “São marcas moçambicanas já conhecidas que fazem um trabalho bem diferente do meu. Contudo, inspirei-me nelas no que se diz respeito ao seu crescimento no Mercado e procuro espelhar-me nelas”. Graças ao seu empenho e dedicação, Jéssica Manhiça participou no Guezi Ferst, uma iniciativa que visa acarinhar novas ideias e a troca de experiências no seio dos jovens empresários. “Foi, de facto, uma iniciativa muito boa tendo em conta os objectivos que foram alcançados. É este tipo de iniciativas e incentivos que os jovens empresários necessitam”, refere Jéssica.
A arte da personalização das peças Mas como funciona a sua arte? As peças de roupa e calçado são dos clientes mas o material usado para a customização é seu. Jéssica adquire uma parte do material no mercado nacional, e o que não consegue arranjar, importa. Já o processo de criação obedece a várias etapas até atingir o produto final. Aliás, o processo de customização inicia com a verificação da roupa em causa, principalmente do seu estado de conservação. Depois disso, leva-se o vestuário para a fase da lavagem e em seguida põe-se a secar. “Depois, dilui-se a tinta. Em caso de necessidade, faz-se uma mistura das tintas até que se consiga a cor ideal que faz parte da escolha do cliente.
Conseguida a cor desejada, usamos os pinceis e pintamos a peça em causa, que depois fica a secar por um dia no máximo”, revelou Jéssica. A empresária conta que após esse processo, a peça em questão volta a ser lavada para confirmar se a cor final é a desejada, ou não. E o mesmo funciona em relação aos sapatos. Por fim, e chegada à conclusão de que se fez o trabalho desejado pelo cliente, a roupa é engomada e entregue ao mesmo.
surpreendente e criativo. No fundo, a Yambala é uma griffe de moda personalizada. E os seus clientes acabam sendo os melhores promotores da marca uma vez que a promoção da Yambala vem da recomendação que os mesmos fazem dos serviços.
Equipa e custos envolvidos Em termos de equipa, Jéssica trabalha com a sua irmã mais velha, Márcia Manhiça, que desempenha a função de gestora da Yambala e quanto ao financiamento devotado ao projecto, diz a sua directora geral que ainda não foi necessário recorrer à banca comercial. “Tudo o que consegui até hoje foi graças ao apoio de familiares e amigos”. Quanto aos custos envolvidos no processo de reciclagem e customização, os mesmos variam entre 400 a 1.000 meticais, dependendo da roupa envolvida, mas o resultado final é
Jéssica Manhiça
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ENTREPRENEURship
The art of customize clothes and footware Yambala is a Mozambican company dedicated to recycling and customizing of clothing and footwear. The initiative was implemented by the young Jéssica Manhiça, GM of the company, and the idea is to bring to life and give personality to clothes and shoes. Helga Nunes (text)
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éssica Manhiça began the art of recycling and customizing clothes as a hobby with creations for friends and family, some time before creating her company: Yambala. And the
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idea arose from the motto of doing something different, not ever seen or done, and the prospect of making a future business from this activity. “Then I had the opportunity to participate in an entrepreneurs workshop
ENTREPRENEURship
where I was encouraged to formalize my activity as an entrepreneur and, on April 12, I started the business with Yambala”, says Jéssica Manhiça. When the entrepreneur began to work, her main inspirations were the brands Chibaia, Nkosi and Uncool. “They are known Mozambican brands that do a very different job from mine. However, I was inspired by them when it comes to their growth in the market and I try to mirror myself on them. “ Thanks to her commitment and dedication, Jéssica Manhiça participated in Guezi Ferst, an initiative that aims to stimulate new ideas and exchange experiences among young entrepreneurs. “It was indeed a very good initiative regarding the objectives that have been achieved. It is this type of initiatives and incentives that young entrepreneurs need,” says Jessica.
The art of customizing But how does your art work? The pieces of clothing and footwear belong to the customers but the material used for the customization is yours. Jessica buys some of the material on the national market, and what she can’t get here, she imports. The process of creation follows several steps until reaching the final product. In fact, the customization process begins with verifying the clothing in question, mainly its state of conservation. Thereafter the garment is taken to the washing stage and then dried. “Depois, dilui-se a tinta. Em caso de necessidade, faz-se uma mistura das tintas até que se consiga a cor ideal que faz parte da escolha do cliente. Conseguida a cor desejada, usamos os pinceis e pintamos a peça em causa, que depois fica a secar por um dia no máximo”, revelou Jéssica. “Afterwards, the paint is diluted, if
necessary, the paint is mixed until the ideal color, chosen by the customer’s, is achieved. Once the desired color is achieved, we use the brushes and paint the part , and then it dries for a day at most, “ Jessica revealed. The businesswoman says that after this process, the piece in question is re-washed to confirm whether the final color is the desired one or not. And the same thing works with shoes. Finally, and assuming that the client’s desires were achieved, the clothing is starched and delivered to them.
creative. In the background, Yambala is a custom fashionable brand. And its customers end up being the best promoters of the brand since the promotion of Yambala comes from the recommendation they make of our services.
Team and costs involved As far as team, Jéssica works with her older sister, Márcia Manhiça, who serves as the manager of Yambala and as to the financing devoted to the project, the GM states it has not yet been necessary to resort to commercial banking. “All that I have achieved until today was thanks to the support of family and friends.” As for the costs involved in the recycling and customization process, they range from 400 to 1,000 meticals, depending on the clothing involved, but the end result is surprising and
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Conservatório de música clássica forja talentos A iniciativa é da cantora lírica Stella Mendonça que conta a história que esteve na génese do Conservatório de Música Clássica de Moçambique. A cantora fala dos desafios, das realizações e do futuro e das conquistas realizadas até ao momento, que envolvem parcerias internacionais. Belizário Cumbe . Helga Nunes (texto) . Shanna Chicalia (fotos)
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á cinco anos foi criado, em Maputo, o primeiro Conservatório da Música Clássica em Moçambique, do qual Stella Mendonça, a mais notável cantora de música lírica do país, é uma das fundadoras. Antes de contar a história, Stella explica que o Conservatório não se trata de um projecto, mas de uma iniciativa, tendo em conta a sua complexidade.
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Tudo começou em 1998, quando Stella Mendonça foi professora convidada na Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e teve a oportunidade de participar da comissão que estudava a possibilidade da UEM vir a ter um departamento de artes com enfoque para a música. A ideia à partida parecia boa, mas Stella Mendonça entendeu então que seria um contrassenso o país ter uma faculdade de música sem antes ter uma es-
cola primária e secundária. Tudo tinha de começar pela base dado que a escola de música de nível superior, apesar de muito esforço empreendido, viria a recolher muitas lacunas e fraquezas. Tudo porque os alunos deviam ter uma boa base teórica e prática, antes de ingressarem no ensino superior. E foi precisamente nesse momento que a ideia de criar um Conservatório surgiu vindo a concretizar-se apenas em 2012.
ESTILOS DE VIDA
Hoje, o Conservatório recebe pessoas desde tenra idade que podem vir a seguir a carreira musical até adultos que pretendem apenas aprender a cantar ou a tocar um determinado instrumento, como acontecia na Europa antes de implementarem o sistema de Bolonha (altura em que os currículos ainda incluíam a parte vocacional e livre) que reserva o direito de admissão a pessoas que passaram pelo teste vocacional.
Primeiros passos do conservatório Stella Mendoça diz que criar o Conservatório não foi fácil. Nos primeiros anos, a iniciativa contou com a parceria da Universidade Pedagógica, uma escolha da cantora. E o primeiro investimento saiu do seu próprio ”bolso”. Afinal de contas, ela teve uma carreira estável e financeiramente bem-sucedida na Europa, para onde emigrou aos 15 anos de idade. Não queríamos incomodar ninguém. Investimos o nosso dinheiro na compra de instrumentos para avaliarmos a resposta do mercado”, conta. Mais tarde, veio a parceria com o Ministério da Educação de Desenvolvimento Humano. No mesmo contexto, o Conservatório decidiu organizar um evento com potenciais patrocinadores para a apresentação do plano de negócios. “O nosso plano de negócios é simples e solidário. Para nós cada classe (temos classes de Violino, Piano, Canto, Saxofone, Canto Coral, Guitarra, Trompa, Trompete e Percussão) deve ser auto-sustentável, pagando o salário do professor e os custos administrativos, revela. No segundo ano, o conservatório contava com 70 alunos, hoje são 200 alunos e 11 professores ao todo. Outro aspecto a ter em conta é que a instituição já conta com parceiros cor-
porate, nomeadamente o Millennium-bim e o Projecto para o Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC).
Preparação curricular Neste momento, o Conservatório está num processo de preparação curricular. Para resolver esta questão, a organização conta com a parceria do Conservatório de Castelo Franco, na Itália. O objectivo é uniformizar os currículos entre Moçambique e a Europa de maneiras que as crianças moçambicanas tenham equivalência nos conservatórios europeus. Uma criança que sai de Moçambique com um determinado nível para a Europa deve chegar lá e prosseguir os estudos sem precisar de, antes, se ajustar ao currículo visto que já terá adquirido os mesmos conhecimentos
em Moçambique. O mesmo aplica-se às crianças europeias que vêm a Moçambique. Esta é a primeira preocupação do Conservatório de Música Clássica liderado por Stella Mendonça, daí a necessidade de ter parceiros capazes de validarem o trabalho levado a cabo por esta instituição. Outros parceiros são os conservatórios de Parma e Polónia e encontra-se igualmente em negociação uma parceria com o Conservatório do Porto, em Portugal. Para os próximos anos, Stella Mendonça espera que o seu Conservatório tenha uma boa preparação curricular e professores altamente capazes. E está também em vista a construção de um edifício concebido para o seu funcionamento.
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LIFE STYLE
Conservatory of classical music forms talents The initiative is from the lyric singer Stella Mendonça telling the story that was at the genesis of the Conservatory of Classical Music of Mozambique. The singer tells us about the challenges, the achievements to date that involve international partnerships. Belizário Cumbe . Helga Nunes (text) . Shanna Chicalia (photos)
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ive years ago the first Conservatory of Classical Music in Mozambique was created in Maputo, and Stella Mendonça, the most notable lyric singer in the country, is one of the
founders. Before telling the story, Stella explains that the Conservatory is not about a project, but about an initiative, spite its complexity. It all started in 1998, when Stella
Mendonça was a guest lecturer at the Eduardo Mondlane University (UEM) and had the opportunity to participate in the committee studying the possibility of UEM to have an arts department focused on music.
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LIFE STYLE
At first, the idea seemed good, but Stella Mendonça understood then that it would be a contradiction to the country to have a music college without first having a primary and secondary school. Everything had to start at the bottom because the high school music school, despite a lot of effort, would come to find many gaps and weaknesses. All because students should have a good theoretical and practical background before entering higher education. And it was precisely at that moment that the idea of creating a Conservatory emerged coming to fruition only in 2012. Today, the Conservatory welcomes people from a young age who can follow the musical career to adults who only want to learn how to sing or play a particular instrument, as it was the case in Europe before implementing the Bologna system that reserves the right of admission to people who passed the vocational test.
reer in Europe, where she emigrated at the age of 15. “We didn’t want to bother anyone. We invested our money in buying instruments to assess the market response, “she says. Later came the partnership with the Ministry of Human Development Education. In the same context, the Conservatory decided to organize an event with potential sponsors to presente their business plan. “Our business plan is simple and supportive. For us, each class (we have violin, piano, singing, saxo-
First Steps of the Conservatory Stella Mendoça says that creating the Conservatory wasn’t easy. In the early years, the initiative had the partnership of Pedagogical University, a choice of the singer. E o primeiro investimento saiu do seu próprio ”bolso”. Afinal de contas, ela teve uma carreira estável e financeiramente bem-sucedida na Europa, para onde emigrou aos 15 anos de idade. Não queríamos incomodar ninguém. Investimos o nosso dinheiro na compra de instrumentos para avaliarmos a resposta do mercado”, conta. And the first investment came out of her own “pocket.” After all, she had a stable and financially successful ca-
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Stella Mendonça
phone, choral, guitar, trump, trumpet and percussion classes) must be selfsustaining, paying teacher’s salary and administrative costs, “he says. In the second year, the conservatory had 70 students, today there are 200 students and 11 teachers in all. Another aspect to take into account is that the institution already has corporate partners, namely MillenniumBIM and Maputo Port Development Project.
Curriculum preparation At the moment, the Conservatory is in a process of curriculum preparation. To resolve this issue, the organization has the partnership of the Conservatory of Castle Franco, Italy. The aim is to standardize curricula between Mozambique and Europe in ways that Mozambican children have equivalence in European conservatories. “A child leaving Mozambique to Europe with a certain level of education must go there and continue his studies without having to adjust to the curriculum since he will have acquired the same knowledge in Mozambique. The same applies to European children who come to Mozambique. “ This is the first concern of the Conservatory of Classical Music led by Stella Mendonça, hence the need to have partners able to validate the work carried out by this institution. Other partners are the conservatories of Parma and Poland and a partnership with the Conservatório do Porto in Portugal is also being negotiated. For the next few years, Stella Mendonça hopes that her Conservatory has a good curriculum preparation and highly capable teachers. And it is also in view the construction of a building designed for its operation.
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