Capital 88

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Sumário

Destaques 32

46 Tema de Fundo Capital Bank surge para financiar as PMEs

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44

46

Dossier Exportações de açúcar atingem 135 milhões de dólares

JULHO 2015 · Capital Magazine Ed.88

A pesca do atum atingiu cerca de três biliões de dólares norte-americanos nos últimos anos à escala mundial, valor que corresponde a 4,34 milhões de toneladas de pescado. O oceano Índico - que banha a costa moçambicana - contribuiu com 24 por cento desta produção, uma percentagem significativa no cômputo geral.

64

Angola já produz jóias

16 Financiar o desenvolvimento através do Mercado de Capitais

Segurança Social aposta na imobiliária

4

Pesca do atum movimenta biliões de dólares

Capital Bank surge para financiar as PMEs

Propriedade e Edição: Mozmedia, Lda., 1ª Rua Perpendicular nº 15 - Telefone: +258 21 416186 - Fax: +258 21 416187 – revista.capital@mozmedia.co.mz – Director Geral: André Dauane – andre.dauane@mozmedia.co.mz – Directora Editorial:HelgaNeida Nunes – helga.nunes@mozmedia. Redacção: Belizário Cumbe - belizariocumbe@yahoo.com. br, Sérgio Mabombo – sergio.mabombo@mozmedia.co.mz, Gildo Mugabe - gildomugabi@gmail.com – Secretariado Administrativo: Indira Mussá – indira.mussa@mozmedia.co.mz; Cooperação: CTA; Ernst &Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS – Colunistas: António Batel Anjo, E. Vasques; Elias Matsinhe; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Hermes Sueia; Joca Estêvão; José V. Claro; Leonardo Júnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mário Henriques; Nadim Cassamo (ISCIM/IPCI); Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Lourenço; Fotografia: Zein Hassam; Gettyimages.pt, Google.com; – Ilustrações: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. - Tradução: Anacleto Machava; Paginação: R.Timbe 29timbe@gmail.com – Design e Grafismo: Mozmedia – Departamento Comercial: Neusa Simbine – neusa.simbine@ mozmedia.co.mz, Raúl Kadzomba - kadzomba84@gmail.com ; – Distribuição:Ímpia– info@impia.co.mz; Mozmedia, Lda.; Mabuko, Lda. – Registo: N.º 046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos assinados reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, é autorizada desde que citada a fonte.

O nível de exportações na indústria açucareira em Moçambique atingiu cerca de 135 milhões de dólares norte-americanos só em 2014. Este sector é ainda responsável por 20% de todas exportações agrícolas nacionais.

Actual Capa

Exportações de açúcar atingem 135 milhões de dólares

O Capital Bank é uma nova marca financeira que chegou para apostar no financiamento das Pequenas e Médias Empresas. Como forma de fazer face às elevadas taxas de juro associadas à concessão de empréstimos, o Capital Bank cria soluções financeiras estruturadas para o apoio às PMEs através de abertura de linhas especiais de crédito e da partilha de risco com outros bancos. Saiba como esta instituição financeira almeja contribuir para o desenvolvimento da actividade empresarial com o seu CEO, Jorge Stock..

O país de José Eduardo dos Santos decidiu dar um salto de gigante no sector diamantífero. Angola passa, a partir deste ano, a produzir jóias tendo como base os diamantes. Trata-se de um sector que alimenta a esperança do empresariado e das autoridades governamentais, uma vez que, com o petróleo em baixa, o país precisa de alternativas para atenuar a crise.


Editorial

Bem-vindo

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A missão de financiar as PMEs e de promover a indústria

Foco Economia

O

Sonho sul-africano vira pesadelo

54 UP- Grade As marcas que são rainhas do mercado

56 EMPrEEnDEr é preciso envolver mais a rapariga na luta pelos seus direitos

79 Estilos “Gostaria que a minha vida fosse uma casa”

tecido empresarial que é maioritariamente composto por PMEs em Moçambique clama por serviços financeiros adequados e, sobretudo, por taxas de juro aliadas à concessão dos empréstimos mais atractivas. Não obstante, o mercado financeiro geralmente opta por não assumir grandes riscos. Nos últimos tempos, as entidades bancárias têm desenhado os seus produtos para acomodar, de algum modo, algumas das expectativas dos pequenos e médios empresários e do segmento das empreendedoras. Contudo, esse esforço não tem sido suficiente aos olhos do sector privado. E eis que agora surge uma nova marca financeira com uma óptica voltada para as PMEs: o Capital Bank. Ao que tudo indica, esta entidade financeira pretende contribuir para o desenvolvimento da actividade empresarial disponibilizando soluções financeiras estruturadas para o apoio às PMEs, através de abertura de linhas especiais de crédito e da partilha de risco com outros bancos. Será que é agora que os empresários irão ficar satisfeitos com a oferta financeira em causa? O tempo o dirá. Num outro nível de análise, as exportações na indústria açucareira em Moçambique atingiram cerca de 135 milhões de dólares só em 2014. Segundo números apresentados, este sector é responsável por 20% de todas exportações agrícolas nacionais e contribuiu com 3% para o Produto Interno Bruto nacional. Espera-se, aliás, que o Açúcar venha a apresentar trunfos num futuro próximo. Saiba mais sobre esta indústria lendo o Dossier e verifique mais detalhes sobre a produção deste produto. Ainda na esteira da indústria, desta feita aliada às Pescas, o Atum é um dos recursos mais importantes sob o ponto de vista económico mundial. A sua demanda tem vindo a registar um crescimento significativo nos últimos anos e a gerar muitos negócios. E foi a pensar no seu potencial económico que o Governo de Moçambique decidiu criar, em 2013, a Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), com a intenção de capturar e comercializar Atum, entre outros recursos pesqueiros. A pesca do Atum atingiu cerca de três biliões de dólares norte-americanos à escala mundial, nos últimos anos, um valor que corresponde a 4,34 milhões de toneladas de pescado. Só o oceano Índico - que banha a costa moçambicana - contribuiu com 24 por cento desta produção, uma percentagem em tudo significativa.

Capital Magazine Ed.87 · JUNHO 2015

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INTERNET


Contents

Highlights 36

50 Background Theme Capital Bank starts to finance SMEs

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50

36

Dossier Sugar exports total 135 million dollars

17 Current Capa

Financing development through the Capital Market

Segurança Social aposta na imobiliária

66

Property and Edition: Mozmedia, Lda., 15- 1ª Rua Perpendicular-Coop, – Telephone: +258 21 416186 | Fax:+258 21 416187 – revista.capital@mozmedia.co.mz – Managing Director: André Dauane – andre.dauane@mozmedia.co.mz – Editorial Director: Helga Neida Nunes – helga.nunes@mozmedia. – Editorial Staff: Belizário Cumbe - belizariocumbe@yahoo.com. br, Sérgio Mabombo – sergio.mabombo@mozmedia.co.mz, Gildo Mugabe - gildomugabi@gmail.com – Administrative Secretariat: Indira Mussá – indira.mussa@mozmedia.co.mz; Cooperation: CTA; Ernst &Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS – Columnists: António Batel Anjo, E. Vasques; Elias Matsinhe; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Hermes Sueia; Joca Estêvão; José V. Claro; Leonardo Júnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mário Henriques; NadimCassamo (ISCIM/IPCI); Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Lourenço; Photography: Celso Zaqueu, Marco P. Nicolau; Gettyimages.pt, Google.com; – Illustrations: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. - Translation: Nuno Santos;Page make-up: R.Timbe –29timbe@gmail.com – Design and Graphics: Mozmedia –Commercial Department: Neusa Simbine – neusa.simbine@mozmedia.co.mz, Raúl Kadzomba - kadzomba84@gmail.com; – Distribution: Ímpia – info@impia.co.mz; Mozmedia, Lda.; Mabuko, Lda. – Registration: N.º 046/GABINFO-DEC/2007 - Printing: 7.500 copies. The articles reflect the authors’ opinion, and not necessarily the magazine’s opinion. All transcript or reproduction, partial or total, is authorised provided that the source is quoted.

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JULHO 2015 · Capital Magazine Ed.88

Sugar exports total 135 million dollars Sugar industry exports in Mozambique totaled about 135 million US dollars in 2014 alone. This sector still accounts for 20% of national agricultural exports.

Tuna fishing billion dollar turnover

Tuna fishing had a turnover of about three billion US dollars in the last few years worldwide, which corresponds to 4.34 million tons of fish. The Indian Ocean – bordering the Mozambican coast - contributed 24 percent to this production, a significant percentage of the overall result

Capital Bank starts to finance SMEs

Capital Bank is the new financial brand that has come to focus on the financing of Small and Medium Enterprises. In order to cope with high interest rates associated with lending, the Bank Capital creates structured financial solutions to support SMEs through opening special credit lines and risk sharing with other banks. Learn how this financial institution aims to contribute to the development of the business activities with its CEO, Jorge Stock.

Angola already produces jewels

The country of José Eduardo dos Santos decided to take a giant leap in the diamond industry. Starting this year Angola is going to produce jewelry based on diamonds. This is a sector nourishing the hope of the business community and government authorities, because with oil down, the country needs alternatives to mitigate the crisis


Editorial

Welcome

40 Focus on Economy

The mission to fund SMEs and promote the industry

T

South African dream turns into a nightmare

55 UP- Grade The brands that are reigning in the market

58 EntrEPrEnEurSHIP it is necessary to involve girls more in the fight for their rights

82

he business fabric that is mostly comprised by SMEs in Mozambique cries out for adequate financial services and, mainly, for interest rates aligned to the concession of more attractive loans. Nevertheless, usually the financial market chooses not to take big risks. Over the past years, bank entities have been designed their products to, somehow, accommodate some of the expectations of small and medium business men and of entrepreneurs segments. However, this effort has not been enough at the eyes of the private sector. And now there is a new financial brand with a focus on SMEs: the Capital Bank. As it appears, this financial entity plans to contribute for the development of the business activity by providing structured financial solutions to support SMEs, through the opening of special credit lines and sharing risks with other banks. Is it going to be now that business men are going to be satisfied with the financial supply? Time will tell. In a different level of analysis, the exports from the Mozambican sugar industry reached, only in 2014, nearly 135 millions of American dollars. According to the figures presented, this sector is responsible for 20% of all national agricultural exports and contributed with 3% for the national Gross Domestic Product. Furthermore, it is expected that Sugar will present some triumphs in the near future. Find out more on this Industry by reading the Dossier and verify more details on the production of this product. Still related to this industry, this time linked to Fisheries, Tuna is one of the most important resources on the worldwide economic view point. Its demand has been recording a significant increase over the past years and it has generated many businesses. It was by considering its economic potential that the Government of Mozambique decided to establish, in 2013, the Mozambican Tuna Company (EMATUM), with the purpose of caching and marketing Tuna, among other fishery resources. Tuna fish catch reached, worldwide, around three billion American dollars over the past years, an amount that corresponds to nearly 4,34 million tons of fish products. The Indian Ocean alone, which washes the Mozambican shore line, contributed with 24 per cent of this production, a very significant percentage.

LifeStyles “i wish my life to be a home”

Magazine Magazine Magazine Ed.87 Ed.88 ··· JUNHO Março JULHO 2015 2013 Capital Capital Capital

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Capitoon

EM BAIXA Furtivos acabaram com o rinoceronte

A acção dos caçadores furtivos no distrito de Massingir, na província de Gaza, é de tal forma forte que eliminou por completo espécies como o rinoceronte, vítima da procura do seu corno, sendo o mesmo um bem bastante valioso no mercado internacional. Fala-se de cerca de 60 mil dólares o quilograma deste produto, que é usado sobretudo na Ásia para a cura de algumas doenças, como o caso de alguns tipos de cancro.c

EM ALTA Produção da HCB cresceu 6.35% em 2014 A Hidroeléctrica de Cahora Bassa fixou a produção anual de energia de 2014 na casa dos 15.892,23 Gwh, o que representa um incremento de 6.35% quando comparado com o ano de 2013, onde a produção ficou nos 14.883,41Gwh.c

Moza Banco é o mais inovador O Moza Banco foi reconhecido como a instituição bancária mais inovadora na África Austral, segundo a recente edição dos Southern Africa banking Awards 2015, evento organizado pela prestigiada revista Banker Africa. A instituição bancária com maior crescimento no país, o Moza Banco, registou em 2014 um lucro de 153 milhões de meticais, o que equivale a um crescimento significativo de 587% em relação a 2013.c

Empresários desistem das Zonas Económicas Especiais

Investidores estão a desistir de implantar os seus projectos na Zona Económica Especial a nível dos distritos de Nacala-Porto e Nacalaa-Velha, devido à fraca qualidade da energia eléctrica, escassez de água e precaridade das estradas locais, segundo fez saber Danilo Nalá, director-geral do Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado.c

COISAS QUE SE DIZEM DISCURSO DE UM ESCOLHIDO “Aceito, com humildade e alto sentido de responsabilidade, a honra e o privilégio que o Comité Central acaba de me conceder, de ser entre os milhões de militantes do nosso glorioso Partido aquele que passa a dirigir os destinos do Partido nos próximos desafios.” c

UMA SOLUÇÃO INTEGRADA “Para simultaneamente resolver a questão da diversificação da base produtiva, desenvolvimento de Pequenas e Médias Empresas e promoção de emprego para reduzir a pobreza, o Plano de Acção para a Redução da Pobreza tem de ser focado no desenvolvimento da indústria de alimentos básicos para o mercado doméstico e diversificação das exportações”.c

Filipe Nyusi, presidente do Partido Frelimo, durante a tomada de posse.

Carlos Nuno Castel-Branco, economista, in Jornal O País

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JULHO 2015 · Capital Magazine Ed.88



Capitoon

ON THE BOTTOM

Poachers are finishing off the rhino

The activities of poachers in the district of Massingir in the province of Gaza are such that it species like the rhino are eliminated altogether. It fell victim to the demand for its horn, which is very valuable in the international market. One kilogram of this “product”, used mainly in Asia for curing some diseases such as some types of cancer, alledgedly is worth 60 thousand dollars.c

ON TOP HCB production grew 6.35% in 2014 The Cahora Bassa Hydroelectric Plant stated its 2014 energy output to be 15,892.23 GWh, representing an increase of 6:35% compared to the year 2013, when production was in 14,883.41 Gwh.c

Moza Banco is most innovative Moza Banco was recognized as the most innovative bank in southern Africa, according to the latest edition of the Southern Africa banking Awards 2015, organized by the prestigious magazine Banker Africa. The fastest growing bank in the country, Moza Banco recorded a profit of 153 million meticais in 2014, which amounts to a significant increase of 587% compared to 2013.c

Entrepreneurs give up on Special Economic Zones

Investors are giving up on implementing their projects in the Special Economic Zone in the districts of Nacala-Porto and Nacala-aVelha, due to the poor quality of electricity, the lack of water and the bad state of local roads, according to Danilo Nalá , Director General of the Office for Accelerated Economic Development Zones.c

THINGS BEING SAID DISCOuRSE OF A CHOSEN ONE “I accept with humility and with a high sense of responsibility, the honour and the privilege that the Central Committee has just bestowed upon me, to be from among the millions of members of our glorious Party the one who shall direct its destination in the face of the next challenges”. c

“In order to simultaneously address the AN INTEGRATED SOLUTION diversification of the production base, the development of Small and Medium Enterprises and the promotion of employment with a view to reducing poverty, the Action Plan for Poverty Reduction has to focus on the development of a basic food industry for the domestic market and the diversification of exports”.c

Filipe Nyusi, chairman of the Frelimo party, during his inauguration.

OCarlos Nuno Castel-Branco, economist, in the journal O País .

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actual

Financiar o desenvolvimento através do Mercado de Capitais Iris de Brito, managing partner da New Capital

O

estabelecimento das condições necessárias ao desenvolvimento económico sustentado requer uma abordagem multidimensional que não se limita à aplicação dos instrumentos de política económica tradicionais, centrados na adiministração consistente das políticas monetária e fiscal. Os desafios do desenvolvimento no mundo globalizado transcendem a esfera económica e implicam um investimento no progresso tecnológico e na eficiência do capital humano enquanto factores cada vez mais restritivos para a inserção competitiva dos países na cena internacional. A par das condicionantes de ordem económica, a aplicação de políticas eficazes de desenvolvimento implica a articulação entre aspectos de natureza social, política e institucional, as quais influenciam o processo de tomada de decisão dos agentes económicos no que concerne aos investimentos a realizar. De entre os factores que concorrem para a expansão da actividade económica, a percepção sobre a estabilidade macroeconómica, a clareza das regras institucionais e a disponibilidade de instrumentos financeiros adequados para a alocação eficiente do capital representam uma relação dinâmica e sinérgica que requer uma adequação constante das políticas existentes. Na nova ordem económica

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JULHO 2015 · Capital Magazine Ed.88

internacional, em que os mercados emergentes têm uma forte participação nos níveis de crescimento da economia mundial, e representam, cada vez

mais, alternativa às economias desenvolvidas para a diversificação dos portfolios dos investidores, os desafios traduzem-se, entre outros, na criação de um mercado de capitais robusto que permita a formação e a alocação eficiente de capital. Tal aumentará as alternativas de financiamento do investimento, reduzindo o seu custo e distribuindo o risco entre os capitalistas, o que contribuirá para a promoção do crescimento efectivo, elevando a competitividade da economia como um todo, e das empresas em geral. No caso concreto de Moçambique, perante um conjunto de novas oportunidades numa economia em franca transformação, e face a um mercado de capitais pouco expressivo, estes e outros argumentos servem de motivação para a promoção de um diálogo global entre os diversos agentes e actores sobre os mecanismos que possibilitam o estabelecimento de um mercado de capitais eficiente, com instituições sólidas, transparentes e credíveis que permitam o financiamento dos diversos sectores da economia e, consequentemente, o financiamento do desenvolvimento. Será este o quadro geral para a realização da Conferência Internacional sobre Bolsa de Valores e Mercado de Capitais.c


Current

Financing development through the Capital Market Iris de Brito, managing partner of New Capital

T

he establishment of the necessary conditions for sustainable economic development requires a multidimensional approach that is not limited to applying the traditional economic policy instruments focused on the consistent management of the monetary and fiscal policies. The development challenges in a globalized world transcend economics and require an investment in technological progress and human capital efficiency, factors which increasingly constrain countries from being able to compete at an international level. Apart from economic conditions, the implementation of effective development policies implies linking social, political and institutional aspects that influence the decision-making process of economic agents when it comes to investments being made. Among the factors contributing to the expansion of economic activity, perceived macroeconomic stability, clarity of institutional rules and the availability of appropriate financial instruments for the efficient allocation of capital form a dynamic and synergistic relationship that requires the constant adjustment of existing policies. In the new international economic order, in which emerging markets strongly participate in the world economy’s growth rates, and increas-

ingly represent an alternative to developed economies for the diversification of the investors’ portfolios, one of the challenges to be faced is the creation of a strong capital market to enable the formation and efficient allocation of capital. This will increase the possibilities of financing investments, reduce their cost and distribute the risk among capitalists, which will contribute to effective growth, raising the competitiveness of the economy as a whole, and of businesses in general. In the case of Mozambique, with a series of new opportunities in

an economy in clear transformation and facing a poorly developed capital market, these and other arguments call for the engagement of policymakers, regulators and market participants in a global dialogue on the mechanisms that enable the establishment of an efficient capital market with solid, transparent and credible institutions that allows the financing of the various sectors of the economy and, consequently, the financing of development. This will be the framework for the International Conference on Stock and Capital Markets currently being prepared.c

Capital Magazine Ed.88 ¡ JULHO 2015

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Briefing MUNDO

Poluição dos solos abala China A nação mais populosa do mundo, a China, está a enfrentar sérios problemas de contaminação do solo usado para a agricultura. A segunda maior economia do planeta lidera as emissões de carbono, por isso tem 15% do seu território coberto por uma espessa nuvem de poluição que reduz a incidência de luz solar sobre as culturas. Segundo um estudo divulgado pelo governo chinês, 26 milhões de hectares estão contaminados, o que equivale a aproximadamente 20% da área cultivável do país. Do total desta área, 83% revelam a presença de poluentes como mercúrio, cádmio e arsénio, tudo proveniente da actividade mineira através da água. As autoridades chinesas garantem que 3,3 milhões de hectares já estão completamente inutilizadas para a agricultura. Para resolver o problema, o governo chinês anunciou um plano nacional que, na primeira fase, consumirá cinco mil milhões de dólares até 2017. Enquanto não resolve o problema, a China, o maior consumidor de produtos agrícolas do mundo, pode ser obrigado a depender de importações para alimentar a população. Refira-se que a produção de cereais na China avançou bastante na última década. A colheita de milho, por exemplo, disparou de 121 milhões de toneladas, em 2002, para 208 milhões, em 2012.c

Área agrícola na China (em milhões de hectares) Área total

958 135

Área cultivável Área contaminada

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JULHO 2015 · Capital Magazine Ed.88

OCDE reduz ajuda a países pobres O nível de ajuda ao desenvolvimento, por parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), manteve-se estável em 2014, depois do recorde histórico registado em 2013. Porém, a ajuda destinada aos países pobres continua a cair de acordo com um relatório publicado pela instituição. Em 2014, os membros da organização gastaram 135.2 biliões de dólares em ajuda internacional. Mas, desde o ano 2000, quando foram aprovados os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, o montante disponibilizado, anualmente, cresceu 66%. Em contrapartida, a ajuda bilateral aos países pobres caiu 16%, estando agora estimada em 25 biliões de dólares, segundo dados provisórios.c

Multiplicadores de fortunas No mundo

há 1.645 milionários, de acordo com a Forbes. Uma divisão destes por país, os Estados Unidos da América mantém a supremacia com 492 milionários, mais do que a soma dos países europeus (468). Entre os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e

China) vai para a China que ultrapassa os outros em termos do número de milionários que possui. O continente africano conta na lista com apenas 29 milionários, onde figura a filha do presidente de Angola, Isabel dos Santos. Na lista dos mais ricos do mundo, Bill Gates, o líder da mesma, destaca-se como um filantropo de eleição com a Fundação Bill e Melinda Gates. Hoje, os seus grandes projectos são a erradicação da pólio e o Giving Pledge, movimento criado com Warren Buffett, através do qual mais de 10 milionários já concordaram em doar metade da sua fortuna a causas humanitárias.c

Distribuição de milionários pelo mundo Estados Unidos

492

Europa

468

China

152

Rússia

111

Brasil

65

Índia

56

Outros

301

Fonte: Forbes


Capital Magazine Ed.88 路 JULHO 2015

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Briefing MUNDO/WORLD

Petrobras regista maior prejuízo desde 1991 1991, ano em que a companhia perdeu 1,2 biliões de reais (quase meio bilião de dólares), segundo dados divulgados pela empresa. Ao comentar o balanço, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, pediu desculpas em nome dos funcionários da companhia pelo escândalo de corrupção. O responsável reconheceu que todos os gestores partilham um sentimento de vergonha pelo que aconteceu.c

Após

um longo período de espera e expectativa, a petrolífera brasileira, Petrobras, divulgou o balanço auditado do exercício de 2014. A companhia registou no ano passado um prejuízo de 21,587 biliões de reais (aproximadamente 10 biliões de dólares), valor que está muito próximo dos registados em 2013, avaliados em 23,6 biliões de reais (pouco mais de 11 biliões de dólares). Trata-se do maior prejuízo desde

Em milhões de reais Exercício

2014

2013

2014 X 2013 (%)

(21.587)

23.570

(192)

2.669 59.140

2.539 62.967

5 (6)

Lucro líquido (prejuízo) consolidado atribuível aos acionistas da Petrobras Produção total de óleo e gás natural (mil baris/dia) EBITDA ajustado

4o Trimestre-2014

3o Ttrimestre-2014

4T14 X 3T14 (%)

4o Trimestre-2013

(26.600)

(5.339)

(398)

6.281

2.799

2.746

2

2.534

20.057

8.488

136

15.553

EBITDA: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização Fonte: Petrobras

Soil pollution shocks China The

most populous nation of the world, China, is facing serious contamination problems concerning soil

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JULHO 2015 · Capital Magazine Ed.88

used for agriculture. The second largest economy in the world is leading in carbon emissions, leaving 15% of its territory covered by a thick cloud of pollution that reduces the effect of sunlight on its crops. According to a study released by the Chinese government, 26 million hectares are contaminated, which is equivalent to approximately 20% of the country’s arable land. From the total of this area, 83% reveal the presence of pollutants such as mercury, cadmium and arsenic, all originating from mining through the water. The Chinese authorities are sure that 3.3 million hectares are already completely destroyed for agriculture. To solve the problem, the Chinese government announced a national

plan that in its first phase will cost five billion dollars by 2017. As long as it does not solve the problem China, the largest consumer of agricultural products in the world, may have to rely on imports to feed its population. It should be noted that cereal production in China has made great progress in the last decade. The maize harvest for example, increased from 121 million tons in 2002 to 208 million tons in 2012.c

Agricultural área in China (in millions of hectares) Total area

958

Arable area

135

Contaminated area

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Capital Magazine Ed.88 路 JULHO 2015

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Briefing WORLD

the world, Bill Gates, who leads the list, stands out as a favorite philanthropist with the Bill and Melinda Gates Foundation. Today, his mainn projects are the eradication of polio and the Giving Pledge, a movement created with Warren Buffett, through which more than 10 billionaires already agreed to donate half of their fortune to humanitarian causes.c

OECD reduces aid to poor countries The level of development aid by the Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) remained stable in 2014, after the historical record registered in 2013. However, aid to poor countries continues to diminish according to a report published by the institution. In 2014, the members of the organization spent 135.2 billion dollars in international aid. But since 2000, when the Millennium Development Goals were approved, the amount that is available each year has grown 66%. However, bilateral aid to poor countries fell by 16% and is now estimated at 25 billion dollars, according to provisional data.c

Distribution of billionaires in the world United States

492

Europe

468

China

152

Russia

111

Brazil

65

India

56

Others

301

Source: Forbes

After

Gathering Fortunes According

to Forbes the world has 1,645 millionaires [?? This must be billionaires]. Distributed by country, the United States occupies first place with 492 billionaires, more than all European countries combined (468). Among the BRIC countries (Brazil, Russia, India and China) China surpasses the others in the number of billionaires it has. The African continent has only 29 billionaires, among them the daughter of Angola’s president, Isabel dos Santos. In the list of the richest people in

In millions of reais

Year 2014

Petrobras records greatest loss since 1991

2013

2014 X 2013 (%)

(21.587)

23.570

(192)

2.669

2.539

5

59.140

62.967

(6)

JULHO 2015 · Capital Magazine Ed.88

4th Quarter2014 Net consolidated profit (loss) attributable to Petrobras shareholders Total production of oil and natural gas (1000 barrils/day) Ajusted EBITDA

EBITDA: Profits before interest, taxes, depreciação and amortization Source: Petrobras

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a long period of waiting and expectation, the Brazilian oil company Petrobras announced the audited balance sheet of the financial year 2014. The company recorded last year a loss of 21.587 billion reais (approximately 10 billion US dollars), a figure that is very close to the one recorded in 2013, valued at 23.6 billion reais (just over 11 billion dollars). This is the biggest loss since 1991, when the company lost 1.2 billion reais (nearly half a billion dollars), according to data released by the company. Commenting on the balance sheet, the president of Petrobras, Aldemir Bendine, apologized on behalf of the company’s employees for the corruption scandal. He acknowledged that all managers share a sense of shame for what has happened.c

3d Quarter 2014

4T14 X 3T14 (%)

(26.600)

(5.339)

(398)

6.281

2.799

2.746

2

2.534

20.057

8.488

136

15.553

4d Quarter2013v



Briefing ÁFRICA

maior valor da cadeia do petróleo, como é o caso do marketing e das consultorias, ganham mais espaço no continente. O sector da energia também está em alta uma vez que apenas 20% da população da África Subsaariana têm acesso à energia eléctrica. c

Monopólios comprometem turismo em África Em 2013, apenas 5% do IDE foi para os recursos naturais da consultora britânica Ernest & Young (EY) diz que o crescimento da renda e o crescente nível de urbanização em África estão a mudar o perfil do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) no continente negro. Os projectos relacionados com a extracção de recursos naturais estão a diminuir a sua quota no número total de novos empreendimentos em África. Em 2013, apenas 5% dos projectos aprovados estão relacionados com a extracção de recursos naturais, contra a média de 24% registada de 2003 a 2007. Hoje, os sectores ligados à tecnologia, ao retalho, ao mercado financeiro e aos segmentos de Um estudo

O sector do turismo em África continua a enfrentar importantes desafios que o impedem de se tornar num motor para o desenvolvimento económico. O continente ainda não está a maximizar o seu potencial turístico e apenas responde a 5% do total das chegadas no mundo. Outro problema com barba branca é o facto de África ser um destino caro. O ministro do Turismo da África do Sul, Marthinus van Schalkwyk, citado pela revista Exame Angola, diz que urge a mudança deste cenário e a primeira medida deve consistir na liberalização do tráfego aéreo e na criação de linhas intercontinentais que favoreçam o comércio e a circulação de pessoas e bens dentro do continente. É que, para este responsável, não faz sentido que muitos africanos tenham que fazer escalas na Euro-

Investimento Directo Estrangeiro em África, por sector

Tecnologia, média e telecomunicações Retalho Sector Financeiro Serviços às empresas Mineração

2013 20% 17% 15% 12% 2%

Petróleo e gás

11%

3%

Outros

32%

31%

Fonte: EY

24

2003-2007 (média anual) 14% 12% 12% 6% 13%

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pa ou no Dubai para se moverem dentro do continente. O que explica esta situação, de acordo com Schalkwyk, é o custo das passagens que chega a ser cerca de 50% superior ao praticado em outras partes do mundo. Mesmo assim, o futuro promete uma vez que, segundo as autoridades do sector, em África o turismo poderá criar 3,8 milhões de empregos na próxima década. Em 2013, o continente atraiu o recorde de 56 milhões de turistas, um número sem paralelo na história. O crescimento foi de 6%, bem acima da média do ano anterior. c

QUANTO VALE O TURISMO EM ÁFRICA? DADOS REFERENTES A 2013 Total de visitantes

56 milhões

Aumento face a 2013

6%

Quota do mercado mundial

5%

Repartição por categorias Lazer

69.9%

Doméstico

59.6%

Externo

40.4%

Negócios

30.1%

Exportações lusas para a África do Sul crescem 33% Neste momento, as vendas de Portugal para a África do Sul crescem a uma média de 33% ao ano, no último quinquénio. Nas relações económicas entre Portugal e África do Sul, durante os últimos cinco anos, as exportações do país ibérico


Briefing ÁFRICA /AFRICA

têm registado um crescimento médio anual na ordem dos 33%, de acordo com a Associação Empresarial de Portugal. A inversão da tendência de crescimento negativo da balança de comercial aconteceu em 2010, quando as vendas portuguesas na África do Sul atingiram 85 milhões de dólares, subindo 40% face ao ano anterior (2009). No ano seguinte, em 2011, registou-se um aumento ligeiramente superior a 15%. No topo do ranking das exportações portuguesas para a África do Sul estão, tradicionalmente, as máquinas e aparelhos, ainda que nos últimos anos a primazia tenha vindo a ser repartida pelos fornecedores de produtos de madeira e cortiça. c

DESTAQUE

África com défice de 14 milhões de toneladas de arroz e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) apontam que o continente tem um défice de, aproximadamente, 14 milhões de toneladas de arroz por ano. É que, a produção deste cereal em 2013 foi de aproximadamente 30 milhões e para suprir as necessidades de um pouco mais de um bilião de pessoas, foram importados 14 milhões de toneladas. África tem um grande potencial para expandir a produção agrícola usando as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), com destaque para o arroz, segundo o Director Técnico da Agricultura e Defesa do Consumidor na FAO, Robert Guei, mas é preciso que o continente intensifique os esforços no sentido de aumentar significativamente a produção, como forma de responder à explosão demográfica.c O Banco Africano do Desenvo0lvimento (BAD)

In 2013 only 5% of FDI went towards natural resources According to a study of British consultancy firm Ernst & Young (EY) income growth and the increasing level of urbanization in Africa are changing the profile of Foreign Direct Investment (FDI) in the continent. The share of projects related to the extraction of natural resources in the total number of new projects in

Foreign Direct Investment in Africa, per sector 2003-2007 (yearly avereage)

2013

Technology, media and telecommunications

14%

20%

Retail

12%

17%

Financial Sector

12%

15%

Service provision to companies Mining Oil and gas Other

6% 13% 11% 32%

12% 2% 3% 31%

Source: EY

Africa is decreasing. In 2013, only 5% of approved projects are related to the extraction of natural resources, against an average of 24% recorded from 2003 to 2007. Today, the sectors related to technology, retail, the financial market and higher value segments of the oil chain, such as marketing and consulting, are making inroads on the continent. Prospects for the energy sector are also promising because only 20% of the sub-Saharan African population has access to electricity.c

Monopolies compromise tourism in Africa Africa’s tourism sector continues to face important challenges that prevent it from becoming an engine for economic development. The continent is not yet maximizing its tourism potential and only has a 5%

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Briefing AFRICA

share of all arrivals in the world. Another familiar problem is the fact that Africa is an expensive destination. The Minister of Tourism of South Africa, Marthinus van Schalkwyk, quoted by the magazine Exame Angola, states that it is urgent to change this scenario and the first step should be the liberalization of air traffic and the creation of intercontinental lines that favour trade and the movement of people and goods within the continent. According to the minister it makes no sense that many Africans have to make stops in Europe or Dubai in order to travel within the continent. This situation is brought about, according to Van Schalkwyk, by the fact that travel costs are about 50% higher than those charged in other parts of the world. Even so, the future is promising because, according to industry officials, tourism in Africa could create 3.8 million jobs over the next decade. In 2013, the mainland attracted a record 56 million tourists, a figure unparalleled in its history. Growth was 6%, well above the average of the previous year.c

HOW MUCH IS TOURISM IN AFRICA WORTH? DATA FOR 2013 Total of visitors

56 milhões

Increase compared to 2013 [data are for 2013, and are then compared to 2013?]

6%

Share of world market

5%

Repartição por categorias Leisure

69.9%

National

59.6%

Foreign

40.4%

Business

30.1%

Portuguese exports to South Africa increase 33%

registered an average annual growth of around 33%, according to the Portuguese Business Association. The reversal of the negative growth trend in the trade balance occurred in 2010 when Portuguese sales in South Africa reached 85 million dollars, a 40% increase compared to the previous year (2009). The following year (2011) saw an increase slightly above 15%. At the top of the ranking of Portuguese exports to South Africa are traditionally machinery and equipment, although in recent years suppliers of wood and cork products have been predominating. c

At present Portuguese sales to South Africa grow an average 33% per year over the last five years. Within the context of the economic relations between Portugal and South Africa during the past five years, exports of the former have

HIGHLIGHT

Africa facing a 14 million-ton rice deficit The African Development Bank (AfDB) and the United Nations Food and Agriculture Organization (FAO) indicate that the continent faces a shortage of approximately 14 million tons of rice per year. Production of this cereal was approximately 30 million tons in 2013 and 14 million tons have been imported in order to meet the needs of a little over one billion people. Africa has great potential for expanding agricultural production using Information and Communication Technologies (ICT), especially for rice, according to the Technical Director of Agriculture and Consumer Protection at the FAO, Robert Guei, but the continent needs to intensify efforts to significantly increase production in order to respond to the population explosion.c

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Briefing MOÇAMBIQUE

damente 7%. Já no que diz respeito aos depósitos, esta instituição bancária apresentou, em 2014, um total 16.9 milhões de meticais, o que representou um crescimento de 45.7% face a 2013, colocando o Banco no quarto lugar em termos de mercado com uma quota de 6.5%. c

Evolução do número de clientes 2012 – 10.626 2013 – 20.443

Carteira de clientes do MOZA Banco cresce três vezes mais A carteira de clientes do Moza Banco cresceu 73% em 2014, segundo o Relatório e Contas referente ao ano passado. Se em 2013 esta instituição bancária contava com 20.443 clientes, o número disparou para 35.368. Trata-se de um cenário que segue a norma dos últimos anos, durante os quais o Banco dirigido por Prakash Ratilal, antigo governador do Banco Central, tem conhecido níveis de crescimento assombrosos. A título de exemplo, em 2013, a carteira de clientes do Moza Banco aumentou 92%. Ou seja, de 10.625, em 2012, aumentou para 20.443 no ano seguinte. Uma breve análise ao comportamento do número de clientes do Moza Banco, nos últimos dois anos, revela que a mesma disparou três vezes mais. É importante, porém, referir que mais de 90% da carteira de clientes do Banco são clientes de retalho. No ano passado, o crédito a clientes cresceu 65.3%, totalizando pouco mais de 14 milhões de meticais, o que permitiu ao Moza Banco atingir uma quota de mercado de aproxima-

2014 – 35.368

Crédito a clientes (milhões de meticais) 2013 – 8.479 2014 – 14.019

Depósitos de clientes (milhões de meticais) 2013 – 11.602 2014 – 16.914

Standard Bank com lucro de 44,5 milhões de dólares o Standard Bank Moçambique obteve um lucro líquido de 44,5 milhões de dólares em 2014, num crescimento de 27%. Registando uma expansão de 12% no valor dos activos, para 1389 milhões de dólares. Ao mesmo tempo, aquela instituição financeira aumentou em 21% a sua carteira de crédito, a qual atingiu 645,4 milhões de dólares, num quadro de redução das imparidades (menos 40%), cujo rácio de perdas se situou em 0,84%. Com um crescimento de 17% nos capitais próprios (224,2 milhões de dólares), o Standard Bank viu os depósitos dos seus clientes expandirem-se 8%, para 1082 milhões de dólares, tendo as despesas do banco crescido 17% face a 2013, um reflexo do nível de

investimentos realizado para “fortalecer a sua posição competitiva e os seus recursos humanos.c

Governo vai revogar licenças ociosas na mineração o governo poderá revogar brevemente todas as licenças de concessão, pesquisa e exploração de recursos minerais no país cujos proprietários não estejam a cumprir com o estipulado na legislação atinente, mantendo ociosa a maioria das concessões mineiras concedidas pelo Ministério dos Recursos Minerais. Segundo o governo provincial de Manica já foram identificadas todas as concessões cujos proprietários não estão a explorá-las e não cumprem com a maioria das imposições legais, sujeitando-se assim à iniciativa do Ministério de tutela de revogar, colectivamente, todas as concessões que estejam ociosas e que se mantêm à margem da lei de minas por longos anos.c

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Briefing MOÇAMBIQUE /MOZAMBIQUE

OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO

Quinto concurso de exploração de gás natural em Moçambique adiado para Julho O governo

de Moçambique adiou para o final de Julho o prazo para as licitações do quinto concurso para a concessão de áreas de pesquisa e produção de gás natural, sem adiantar motivos para este terceiro adiamento. Em causa está um total de 15 blocos que incluem 76,8 quilómetros quadrados nas bacias do Rovuma (norte do país), Zambeze (centro) e Angoche (norte), e à volta da zona da concessão de Pande/ Temane (sul), bem como em Palmeira (sul). O comunicado que foi divulgado na página do Instituto Nacional do Petróleo (http://www.inp. gov.mz/) não apresenta motivos para mais este adiamento, o terceiro desde que o concurso foi inicialmente lançado em Londres, em Outubro de 2014. Depois de ter sido adiado para Janeiro, o prazo foi novamente prorrogado até ao final deste mês.c

?

SABIA QUE

Povo paga 1,2 biliões para que o Parlamento funcione A factura que o povo moçambicano vai pagar este ano para o funcionamento do Parlamento será de 1,2 biliões de meticais, o que representa um crescimento aproximado de 36% comparativamente ao ano passa-

Moza Banco’s client portfolio triples Moza Banco’s

client portfolio increased 73% in 2014, according to last year’s Report and Accounts. In 2013 the bank had 20,443 clients

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do. Em termos absolutos, o orçamento parlamentar sobe dos anteriores 768 milhões de meticais, o que representa um aumento nominal de 432 milhões de meticais. c

and in the meantime the number has soared to 35,368. This is a scenario that follows the trend from recent years in which the Bank, headed by Prakash Ratilal, former governor of the Central Bank, has reported levels of amazing growth. For example, in 2013 the client portfolio of Moza Banco increased 92%, i.e. from 10,625 in 2012 it increased to 20,443 the next year. A brief analysis of the growth of the number of clients of Moza Banco during the last two years reveals that it tripled. It should be noted, however, that more than 90% of the Bank’s clients are retail customers. Last year, credit to customers saw a 65.3% increase to just over 14 million meticais, which translated into

a Moza Banco market share of approximately 7%. With respect to deposits, in 2014 the bank had a total 16,9 million meticais, representing an increase of 45.7% compared to 2013, placing the Bank in fourth place in terms of market share with 6.5 %.c

Evolution of the number of clients 2012 – 10.626 2013 – 20.443 2014 – 35.368

Credit for clients (millions of meticais) 2013 – 8.479 2014 – 14.019


Briefing MOZAMBIQUE

Credit for clients (millions of meticais) 2013 – 11.602 2014 – 16.914

Standard Bank makes a profit of 44.5 million dollars Standard Bank Mozambique reported a net profit of 44.5 million dollars in 2014, an increase of 27%. It also reported a growth of 12% in asset value, to 1,389 million dollars. At the same time, the bank saw a 21% increase in its loan portfolio to 645.4 million dollars, within the context of a reduction in impairments (40% less), whose loss ratio stood at 0.84%. With a 17% increase in equity (224,2 million dollars), Standard Bank saw deposits of clients grow 8%, to 1,082 million dollars, while the bank’s expenses increased 17% compared to 2013, “a reflection of the level of investments” made “to strengthen its competitive position” and its human resources.c

Government will revoke under-utilized mining licenses may soon withdraw all concession, exploration and exploitation licenses of mineral resources in the country, whose owners do not comply with the provisions of the relevant legislation by not developing most of the mining concessions granted by the Ministry of Mineral Resources. According to the provincial government of Manica all concessions whose owners are not developing them and who do not comply with most legal requirements have already been identified, and all conThe government

cessions that are under-utilized and have been ignoring the mining law for years on end will be subjected to revocation by the supervising Ministry.c

BUSINESS OPPORTUNITY

Fifth tender for natural gas exploration in Mozambique postponed to July The government

of Mozambique postponed the deadline for bids concerning the fifth tender for the granting of natural gas research and production areas to the end of July, without invoking any reasons for this third postponement. At stake are a total of 15 blocks measuring 76.8 square kilometers in the Rovuma (north), Zambezi (center) and Angoche (north) basins, and around the concession areas of Pande/Temane (south) and Palmeira (south). The statement which was released on the website of the National Petroleum Institute (http://www.inp.gov.mz/) does not offer any reason for this further delay, the third since the tender was first launched in London in October 2014. After having been delayed to January, the deadline was further postponed to the end of this month.c

?

DID YOU KNOW The Mozambican people pay 1.2 billion meticais for Parliament to function The bill that the Mozambican people will pay this year for the functioning of Parliament will be 1.2 billion meticais, representing an approximate increase of 36% compared to last year. In absolute numbers the parliamentary budget surpasses the previous 768 million meticais, representing a nominal increase of 432 million meticais.c

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DOSSIER

A

produção de açúcar em Moçambique iniciou em 1908 com a construção da primeira fábrica pela companha de Buzi. Em 1923, viria a ser construída uma fábrica mais moderna ao longo do Rio Incomati. Em meados dos anos 20, mais duas fábricas surgiriam, em Marromeu e Luabo, ambas pertencentes a Sena Sugar Estates, e começaram a produzir açúcar. Entretanto, com a construção das fábricas da Maragra em 1969 e de Mafambisse em 1970, o país atingiu uma capacidade instalada de 360.000 toneladas por ano. Aliás, no ano de 1972, o açúcar chegou a ser a terceira maior exportação de Moçambique com uma produção recorde de 300.000 toneladas por ano, com seis indústrias em pleno funcionamento, nomeadamente, Maragra, Xinavane, Mafambisse, Luabo, Buzi e Marromeu. O que aconteceu entre 1972 e 1992. Entretanto, em 1992 a indústria do açúcar ressuscitou de forma significante e deu passos rumo á sua estabilidade. Aliás, foi em 1992 que o Governo desencadeou um processo de reformas assentes na atracção de investimento directo estrangeiro (IDE) para este sector. Ainda nesse período, o Governo iniciou com o processo de privatização de algumas empresas com vista a assegurar a reabilitação e expansão das fábricas e das plantações para aumentar a produção e a contribuição deste sector na economia. No quadro da revitalização deste sector foi extinto o Instituto Nacional do Açúcar (INA) em 2006 e criado, no mesmo ano, o Centro de Promoção da Agricultura (CEPAGRI).

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Exportações de açúcar atingem 135 milhões de dólares O nível de exportações na indústria açucareira em Moçambique atingiu cerca de 135 milhões de dólares norteamericanos só em 2014. Este sector é ainda responsável por 20% de todas exportações agrícolas nacionais. Gildo Mugabe (Texto e fotos)

Esta mudança institucional teve em consideração o momento económico e político que o País atravessava, marcado pela transformação de uma economia centralizada na qual

o Estado participava directamente na gestão das empresas açucareiras para uma gestão descentralizada. Deste modo, houve mais abertura à participação de investimentos do


cana-de-açúcar por hectare, actualmente, é de 75 toneladas. Açucareira de Xinavane

sector privado nacional e estrangeiro na economia nacional. Aliás, o CEPAGRI surge como instituição virada exclusivamente para a promoção do investimento privado na área de agro-negócio e agro-indústria. De acordo com a informação disponibilizada pelo CEPAGRI, a produção começou a ganhar espaço nos rios Zambeze e Búzi onde as condições de solo, clima e água, eram propícias para o seu cultivo. Segundo o mesmo organismo, actualmente estão em funcionamento quatro indústrias (Maragra, Xinavane, Mafambisse e Marromeu) com uma produção de 423.000 toneladas em 2014. Ainda em 2014, a indústria do açúcar contribuiu com 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Por outro lado, a produção média da

A Açucareira de Xinavane é a maior indústria em termos de escala de produção, e encontra-se em condições de competir com as grandes indústrias da região, com destaque para a África do Sul e a Suazilândia. O cultivo da cana-de-açúcar em Xinavane tem atingido produções médias de 100 toneladas por hectare de cana, e a produção de açúcar com rendimentos altos de 124 Kg de açúcar em 1.000 Kg de cana-de-açúcar. O Açúcar produzido em Moçambique é potencialmente exportado para o mercado da União Europeia (UE) e alguma exportação é também feita para o mercado dos Estados Unidos da América. Numa altura em que tanto se fala da economia do mercado, questionamos a direcção do CEPAGRI sobre as medidas que o Governo tem tomado, visando proteger o empresariado nacional duma possível concorrência desleal, ao que a mesma respondeu da seguinte forma: “O Governo estabeleceu algumas medidas de apoio ao sector, nomeadamente, a aplicação da sobretaxa na importação do açúcar, a isenção do IVA na cadeia do açúcar bem como estabelecer um distribuidor único do açúcar - a Distribuidora Nacional do Açúcar”.

África. O processo de produção de açúcar, a partir da cana-de-açúcar, é universal com diferença nas tecnologias utilizadas para maximizar a extracção da sacarose por toneladas de cana. Na indústria, a cana pode ter dois destinos: produção de açúcar ou de álcool. Para a produção de açúcar, são obedecidas as seguintes etapas: lavagem da cana, preparo para a moagem ou difusão, extracção do caldo, moagem ou difusão; purificação do caldo, peneiragem e clarificação, evaporação do caldo, cozimento, cristalização da sacarose, centrifugação, separação entre cristais e massa cozida, secagem e armazenamento do açúcar.c

Processo de produção do açúcar A principal matéria-prima para a produção do açúcar em Moçambique é a cana-de-açúcar. No entanto, a beterraba também pode ser uma das matérias-primas, a julgar por experiências levadas a cabo na Europa, América do Norte, Ásia e Norte de

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DOSSIER

Sugar exports total 135 million dollars Sugar industry exports in Mozambique totaled about 135 million US dollars in 2014 alone. This sector still accounts for 20% of national agricultural exports. Gildo Mugabe (Text and photograhs)

S

ugar production in Mozambique started in 1908 with the construction of the first factory by the Buzi company. In 1923, a more modern factory was built along the Incomati river. In the mid-20s, two more factories in Marromeu and Luabo, both belonging to Sena Sugar Estates,

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began to produce sugar. Meanwhile, with the construction of the factories in Maragra in 1969 and Mafambisse in 1970, the country achieved an installed capacity of 360,000 tons per year. Incidentally, in 1972 sugar had become the third largest export commodity of Mozambique, with a record production

of 300,000 tons per year, with six industries fully operational, namely Maragra, Xinavane, Mafambisse, Luabo, Buzi and Marromeu. What happened between 1972 and 1992. This history is neither good nor complete!


However, in 1992 the sugar industry made a significant comeback and increased its stability. Incidentally, it was in 1992 that the Government launched a reform process based on attracting foreign direct investment (FDI) in this sector. In this period the Government also started with the privatization process of some companies in order to ensure the rehabilitation and expansion of factories and plantations with a view to increase production and the contribution of this sector to the economy. Within the framework of the sector’s revitalization the National Sugar Institute (INA) was abolished in 2006 and superseded in the same year by the Centre for the Promotion of Agriculture (CEPAGRI). This institutional change took into account the economic and political situation of the country at the time, which was marked by the transformation of a centrally planned economy in which the state is directly involved in the management of the sugar companies into decentralized management. This led to increased openness for the participation of investments by the national and foreign private sectors in the national economy. Incidentally, CEPAGRI emerges as the institution exclusively geared towards the promotion of private investment in agribusiness ​​ and agro-industry. According to information provided by CEPAGRI, production began to increase in the Zambezi and Buzi river areas, where soil conditions, climate and availability of water were conducive to sugar cane cultivation. According to CEPAGRI there are at present four factories operational (Maragra, Xinavane, Mafambisse and Marromeu), producing 423,000 tons

in 2014. Also in 2014, the sugar industry contributed 3% to Gross Domestic Product (GDP). Meanwhile, average production of sugarcane per hectare at present is 75 tons. The Xinavane Sugar Factory The Xinavane Sugar Factory is the largest in terms of production and able to compete with the large factories from the region, especially those in South Africa and Swaziland. Sugarcane cultivation in Xinavane has achieved an average production of 100 tons per hectare and sugar production shows high yields of 124 kg of sugar per 1,000 kg of sugarcane. The sugar produced in Mozambique is potentially [and in reality?] exported to the market of the European Union (EU) and some of it is also exported to the United States of America. At a time when there is so much talk about the market economy, we asked the direction of CEPAGRI about the measures the Government has taken to protect national entrepreneurs against possible unfair competition, to which it replied as follows: “The Government has created some support measures for the sector, in particular the application of a surcharge on sugar imports, the VAT exemption for the sugar [value?] chain and the creation of a sole sugar distributor -

The sugar production process from sugarcane is universal, but may differ in terms of technology used to maximize sucrose extraction per ton of cane. For industrial purposes sugar cane may have two destinations: either the production of sugar or of alcohol. Sugar production involves the following steps: washing of the cane, preparation for milling or diffusion, extraction of the syrup, milling or diffusion; purification of the broth, sieving and clarification, evaporation of the broth, cooking, crystallization of the sucrose, centrifugation, separation of crystals and cooked mass, drying and storage of the sugar.c

the National Sugar Distributor”. The sugar production process The main raw material for sugar production in Mozambique is sugarcane. However, sugarbeet can also serve as raw material, judging from experience in Europe, North America, Asia and North Africa.

Xinavane

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Foco ECONOMIA

Sonho sul-africano vira pesadelo Muitos dos moçambicanos que regressaram ao país, devido às manifestações violentas de xenofobia na África do Sul, podem seguir o caminho inverso pelos mesmos motivos que os levaram a imigrar, procurando melhores condições de vida, segurança e conforto. Belizário Cumbe (texto)

P

or que é que os moçambicanos emigram? A resposta a esta questão exige uma viagem pela história do país. É importante destacar que a África do Sul foi, pratica-

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mente, o primeiro país a receber moçambicanos que procuravam então melhores condições de vida. Esta relação, prenhe de histórias de amor e ódio, teve o seu início na década de 40 do século passado

quando as minas de ouro e platina eram a fonte de esperança para muitos jovens do sul de Moçambique. Em 1975, ano da independência nacional, o número de mineiros moçambicanos na África do Sul


atingiu o pico, segundo dados oficiais. Eram 120 mil trabalhadores num universo de um milhão. Ou seja, um em cada oito era nacional. Hoje, as coisas mudaram, o número de jovens que buscam oportunidades na terra do rand cresce a olhos vistos, mas a quantidade de mineiros caiu para mais de metade (sendo hoje na ordem dos 43 mil). E foi precisamente neste cenário que o sonho sul-africano começou a virar um pesadelo. É que a explosão demográfica na África do Sul e a incapacidade do estado em providenciar emprego e condições sociais básicas despertou os vizinhos sul-africanos a repensarem nos privilégios que, de alguma forma, eram destinados aos estrangeiros.

Moçambicanos, malawianos e naturais do Zimbabué, pobres de condição, passaram a ser encarados como inimigos, como aqueles que “roubam” o emprego e as mulheres dos sul-africanos. E a explicação é tão simples quanto esta: emigrantes sem escola e com barriga vazia são mão-de-obra barata e caem, facilmente, nas graças dos empresários lá fora. Em 2008, veio o primeiro sinal de perigo. Joanesburgo foi palco de cenas de violência contra estrangeiros e pelo seu número expressivo, os moçambicanos deram nas vistas como as principais vítimas. Centenas decidiram voltar a casa. Contudo, bastou a cessação das hostilidades para muitos retornarem à terra que haviam abandonado, sem olhar para trás. É verdade que dói mais sofrer em casa do que no estrangeiro, segundo o embaixador de Moçambique na África do Sul, António Fazenda, e os moçambicanos parecem preferir sofrer na terra dos outros do que em casa. Em grande medida, é o desemprego, que é pior cá do que lá, o baixo rendimento em pequenos negócios (venda de frutas, verduras, e não só), assim como a fraca elasticidade dos serviços sociais básicos que levam os cidadãos nacionais a jurar amor eterno pelo país vizinho.

Mas o que nos difere destes é que, por um lado, entram legalmente no país. Por outro, estão à procura de trabalho bem remunerado, principalmente, nos projectos de hidrocarbonetos, com destaque para a província de Cabo Delgado. Ou seja, enquanto estes exportam mão-de-obra qualificada, nós exportamos pobreza e mão-de-obra pouco qualificada, desequilibrando a balança. Por isso, quase que não surpreendeu a eclosão de mais uma onda de xenofobia no país de Nelson Mandela. O vergonhoso assassinato do moçambicano Emmanuel Sithole, em Alexandra, é suficiente para fazer a fotografia da barbárie instalada e a fúria com que os seus assassinos o atacaram mostra a indignação de um povo, ou parte dele, pela presença de estrangeiros que usurpam empregos e mulheres alheios. O Governo anunciou que mais de duas mil pessoas já regressaram ao país. Algumas estão optimistas pelo que construíram no país, que julgam suficiente para seguirem em frente, outros estão inconsoláveis por terem de começar de novo. c

Sul-africanos em Moçambique Dados do Ministério do Trabalho apontam que sul-africanos, portugueses, e chineses constituíram a maioria dos 11.800 estrangeiros que pediram autorização para trabalhar em Moçambique, entre janeiro e setembro de 2004.

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Focus on Economy

South African dream turns into a nightmare Many of Mozambicans who returned home due to violent manifestations of xenophobia in South Africa, can follow the other way round for the very reasons that led them to emigrate, seeking better living conditions, safety and comfort. Beliz谩rio Cumbe (text)

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hy do Mozambicans emigrate? The answer to this question requires going back into our history. It should be noted that South Africa in fact

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was the first country to receive Mozambicans seeking better living conditions. This relationship, full of stories of love and hate, began in the 1840s when the gold and platinum mines were a source of hope for

many young people from southern Mozambique. In 1975, the year of national independence, the number of Mozambican miners in South Africa peaked, according to official figures.


120 thousand workers out of one million were Mozambican, that is, one out of eight. Today, things have changed. The number of young people seeking opportunities in the country of the rand grows by leaps and bounds, but the number of miners has dropped by more than half (at present hovering around 43 thousand). And it was precisely in this scenario that the “South African dream” began to turn into a nightmare. The population explosion in South Africa and the state’s inability to provide jobs and basic social conditions have encouraged our South African neighbours to rethink the privileges that, to a certain extent, have been given to foreigners. Mozambicans, Malawians and people from Zimbabwe, with poor living conditions, have come to be seen as enemies, as people who “take way” South African jobs and women. And the explanation is as simple as that: unschooled immigrants with an “empty stomach” constitute a cheap labour force and they fall easily into the hands of entrepreneurs over there. 2008 saw the first sign of danger. Johannesburg was the scene of violent riots against foreigners and due to their significant presence Mozambicans caught the eye as main victims. Hundreds decided to return home. However, once hostilities were over many returned to the land they had left without looking back. It is true that suffering at home hurts more than suffering abroad, according to António Fazenda, the Mozambican ambassador in South Africa, and Mozambicans seem to prefer suffering in the land of others than at home. To a large extent it is the unemployment, which is worse here than there, the low income

from small businesses (sale of fruits, vegetables etc.), as well as the low elasticity of basic social services that leads Mozambican citizens to affirm their eternal love for their neighbouring country.

South Africans in Mozambique Ministry of Labour data show that most of the 11,800 foreigners who applied for a working permit in Mozambique between January and September 2004 [?? 2014?] are South African, Portuguese and Chinese citizens. But what sets us apart from them is that, for one, they enter the country legally. On the other hand, they are looking for well-paid jobs, especially in hydrocarbon projects, especially in the province of Cabo Delgado.

In other words, while the above countries export well skilled workers, we export poverty and unskilled labour, tipping the balance. So the outbreak of yet another wave of xenophobia in the country of Nelson Mandela does not really come as a surprise. The shameful murder of the Mozambican Emmanuel Sithole in Alexandra, is enough to turn the photograph of the barbarism and the fury with which his murderers attacked, into a picture of the indignation of a people, or part of it, at the presence of foreigners who take away jobs and women [please check Portuguese, it is a mess]. The government announced that more than two thousand people already returned home. Some are optimistic because of what they have built here and think it is enough to move on, others are heartbroken at having to start all over.c

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Foco EMPRESAS

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eza a história que o Seguro nasce da necessidade do homem em controlar o risco. Na verdade, o mercado de seguros fornece uma escala de produtos e serviços que têm implicações significantes no quotidiano das pessoas, das empresas e da economia. Além de proteger uma quantidade substancial de activos e vidas e de participar de todos os sectores da economia nacional, a indústria de seguros ajuda a gerenciar riscos, mobiliza poupanças e, sobretudo, facilita investimentos estratégicos. Ou seja, sem as seguradoras muitos negócios não existiriam, empregos seriam perdidos e famílias não teriam protecção nos momentos de adversidade. Entretanto, e para que uma seguradora seja efectivamente eficaz, torna-se necessário adicionar uma mais valia, que é o conhecimento ou

ARISeguros, onde O “know how” faz diferença A arte de saber fazer ou ter conhecimento prático em matérias ligadas a gestão de seguros é o que torna a ARISeguros diferente de todas empresas seguradoras que operam no território nacional. Gildo Mugabe (texto e fotos)

a arte de saber fazer.

Conhecimento técnico e postura idónea O “know how” é que torna a ARISeguros diferente de outras seguradoras existentes no território nacional. Aliás, não é por acaso que a ARISeguros é a terceira melhor do País. De acordo com George Mathonsi, administrador delegado da ARISeguros, numa altura em que a concorrência tende a aumentar neste sector, apostar no saber fazer com qualidade é fundamental. “Nós acreditamos no conhecimento técnico e na postura idónea dos nossos colaboradores. Essa é a nossa diferença”, disse Mathonsi. “A experiência que temos, quer a nível local quer a nível internacional, em matérias ligadas a seguros, também

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nos torna diferentes”, acrescenta Mathonsi. George Mathonsi prestou estas declarações aquando da realização dum evento alusivo à celebração do fim do ano económico daquela instituição. À luz desta cerimónia, Mathonsi fez saber ainda que a ARISeguros é uma empresa extremamente saudável financeiramente, e que tem um peso bastante grande no mercado, contado com uma carteira significativa de clientes. “Temos uma miscelânea de clientes, privados e estatais. O nosso maior

orgulho neste momento é termos assegurado 45 das empresas do top 100 em Moçambique”, frisou George Mathonsi. Neste momento, a ARISeguros opera nas áreas de consultoria em riscos e corretagem de seguros, trabalha ainda nas áreas de consultoria em fundos de pensões, seguros de vida, seguros médicos e todos os outros seguros patrimoniais. Refira-se que a ARISeguros é uma empresa de capitais moçambicanos e que conta actualmente com cerca de 27 colaboradores todos de nacionalidade moçambicana.c


Focus COMPANIES

ARISeguros, where “know how” makes the fifference The art of knowing how to do things or of having practical knowledge in matters related to insurance management is what distinguishes ARISeguros from all insurance companies operating in the country.

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Gildo Mugabe (text and photographs)

he story goes that insurance is born of man’s need to control risk. In fact, the insurance market provides a range of products and services that have significant implications for everyday life of people, businesses and the economy. In addition to protecting a substantial amount of assets and lives and of participating in all sectors of the national economy, the insurance industry helps to manage risks, mobilizes savings and, above all, facilitates strategic investments. In other words, without insurance many businesses would not exist, jobs would be lost and families would not be protected in times of difficulty. However, for insurance to be really effective, it is necessary to add something else, namely knowledge or know how.

Technical knowledge wand credible attitude Know how is what makes ARISeguros different from other insurance companiers existing in Mozambique. It is no accident that ARISeguros is the third best in the country. According to George Mathonsi, man-

aging director of ARISeguros, at a time when competition is likely to increase in this sector, it is crucial to invest in quality know-how. “We believe in technical knowledge and a credible attitude of our employees. That is where we are different,” according to Mathonsi. “The experience we have, either locally or internationally, in matters relating to insurance, also distinguishes us,”he adds. George Mathonsi offers these statements on the day of an event celebrating the end of the fiscal year of the company. In light of this ceremony, Mathonsi also made it known that ARISeguros is an extremely healthy company in terms of finances, and that has a large enough market power, counting with a significant customer base. “We have a mix of clients, from the private and the public sector. Our greatest pride at present is to have secured 45 of the top 100 companies in Mozambique”, states Mathonsi. Currently ARISeguros operates in risk consultancy and insurance brokerage, while also working in pension fund

consultancy, life insurance, medical insurance and all other property insurances. It should be noted that ARISeguros is a Mozambican company with about 27 [about 27? How many? 26? 28?] employees, all of whom are Mozambican.c

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Foco NEGÓCIOS

Pesca do atum movimenta biliões de dólares A pesca do atum atingiu cerca de três biliões de dólares norte-americanos nos últimos anos à escala mundial, valor que corresponde a 4,34 milhões de toneladas de pescado. O oceano Índico - que banha a costa moçambicana - contribuiu com 24 por cento desta produção, uma percentagem significativa no cômputo geral. Gildo Mugabe (texto e fotografia)

O

atum é um dos recursos pesqueiros mais importantes sob o ponto de vista económico, a nível global. Por outro lado, a sua demanda tem vindo a registar um crescimento significativo nos últimos anos. Foi pensando no seu potencial económico que o Governo de Moçambique decidiu criar, em Agosto de 2013, a Empresa Moçambicana de Atum, EMATUM, com o objectivo principal de capturar e comercializar atum, entre outros recursos pesqueiros. Com a criação da EMATUM abriu-se espaço para que Moçambique começasse a participar de forma activa no negócio do atum que, até à data, era feito largamente por países da União Europeia e pelo Japão. Aliás, antes da criação da EMATUM, a contribuição da pesca do atum para a economia moçambicana era de pouco mais de um milhão de dólares norte-americanos. Uma contribuição ainda pouco expressiva. Com a operação plena desta empresa, espera-se que o negócio possa

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gerar uma receita anual de 90 milhões de dólares. E mais, é expectável que venha a dinamizar o uso dos portos nacionais e demais serviços associados, facto que pode produzir receitas entre 150 a 200 mil dólares por cada entrada de um barco, para além de empregar mais de 500 moçambicanos.

Oportunidades de negócio à espreita Entretanto, e volvidos dois anos após a sua criação, os gestores daquela empresa vieram a público apresentar as oportunidades de negócio que giram em torno da EMATUM. A formação e o recrutamento de pessoal moçambicano para operar os barcos, com o objectivo de se ir gradualmente substituindo os técnicos estrangeiros que maioritariamente compõem as tripulações, constitui a oportunidade de negócio número um naquela empresa. Aliás, cada uma das embarcações

leva no mínimo 14 tripulantes e o seu processo de recrutamento não tem sido fácil, porque o país não possui pessoal qualificado em número suficiente para satisfazer a oferta. Há ainda espaço para fazer negócios com a EMATUM concretamente no fornecimento de mantimentos para os tripulantes, peças sobressalentes, óleos lubrificantes e combustíveis, anzóis, equipamentos de segurança, entre outros utensílios que actualmente são importados de países como a Venezuela, China, Coreia e Estados Unidos da América. Serviços de manutenção e de serralharia industrial, sistemas de lavandaria, transporte, saúde e refrigeração, constituem oportunidades de negócio que a EMATUM oferece ao sector empresarial. Entretanto, o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Rogério Manuel, disse em jeito de fecho que a divulgação das oportunidades da cadeia de valor do atum constitui um ensejo para as empresas moçambicanas ganharem dinheiro.c


Focus on BUSINESS

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una is one of the most important fishery resources from an economic point of view worldwide. Demand has been seeing significant growth over the past few years. Considering its economic potential the Government of Mozambique decided to establish in August 2013 the Mozambican Tuna Company, EMATUM, with the main objective to catch and market tuna and other fish stocks. The establishment of EMATUM opened up space for the active participation of Mozambique in the tuna business which, to date, has been largely dominated by European Union countries and Japan. In fact, before the creation of EMATUM, the contribution of tuna to the Mozambican economy was just over one million US dollars [per year?]. A not very significant contribution. When the company is fully operational it is expected to can generate an annual revenue of 90 million dollars. Furthermore, it is expected to boost the use of national ports and other related services, which might produce revenues between 150 to 200 thousand dollars for every ship touching at berth, in addition to employing more than 500 Mozambicans.

Potential business opportunities Meanwhile, two years after its creation the managers of the company publicly presented the business opportunities related to EMATUM. The training and the recruitment of Mozambican staff to operate the vessels, with a view to gradually replace the foreign technicians making up most of the crews, is business opportunity number one in the company.

Tuna fishing billion-dollar turnover Tuna fishing had a turnover of about three billion US dollars in the last few years worldwide, which corresponds to 4.34 million tons of fish. The Indian Ocean – bordering the Mozambican coast - contributed 24 percent to this production, a significant percentage of the overall result Gildo Mugabe (text and photographs)

Moreover, each vessel has at least 14 crew members and their recruitment has not been easy because the country does not have qualified staff in sufficient numbers to meet demand [oferta? Deve ser procura/demanda]. And then there is room to do business with EMATUM, specifically in providing supplies for the crews, spare parts, lubricants and fuel, fishhooks, safety equipment, among other things that are currently imported from countries such as Venezuela, China, Korea and the United States. Maintenance services and industrial metalworking, laundry systems, transportation, health and refrigeration, are business opportunities that EMATUM is offering the business sector. Meanwhile, the president of the Confederation of Economic Associations of Mozambique (CTA), RogĂŠrio Manuel, in addition stated that the disclosure of business opportunities in the tuna value chain gives Mozambican companies the chance to make money.c

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TEMA DE FUNDO

Capital Bank surge para financiar as PMEs O Capital Bank é uma nova marca financeira que chegou para apostar no financiamento das Pequenas e Médias Empresas. Como forma de fazer face às elevadas taxas de juro associadas à concessão de empréstimos, o Capital Bank cria soluções financeiras estruturadas para o apoio às PMEs através de abertura de linhas especiais de crédito e da partilha de risco com outros bancos. Saiba como esta instituição financeira almeja contribuir para o desenvolvimento da actividade empresarial com o seu CEO, Jorge Stock. Helga Nunes (Entrevista)

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O Capital Bank surge como uma nova marca financeira no mercado moçambicano. De onde surge o projecto, que nível de investimento envolve e quem são os principais accionistas? O projecto Capital Bank surge como resultado da aquisição do antigo ICB – International Commercial Bank, envolvendo um investimento de capital significativo e apresenta como principais accionistas o FMB – accionista maioritário com sede no Malawi –, Premier Capital e Prime Bank. A marca Capital Bank pretende introduzir um novo conceito no mercado moçambicano, nomeadamente “O SEU Negócio em Primeiro”, o que significa que o banco focaliza e direcciona a sua actuação comercial

para o segmento empresarial, em particular para as pequenas e médias empresas. A nossa visão estratégica assenta nos seguintes pilares: satisfação do cliente, valorização do capital humano, criação de valor - assegurando o retorno esperado pelos accionistas. Os valores da marca Capital Bank são assim os seguintes: ética profissional, responsabilidade e transparência.

préstimos – está dentro do patamar médio do mercado, e esperamos que a conjuntura económica e financeira mantenha-se estável, por forma a que haja espaço para o abrandamento das taxas de juro. Aliás, o banco central tem vindo a demonstrar este sentimento optimista mantendo a taxa directora – FPC - Facilidade Permanente de Cedência – no mínimo

Sabe-se que o Capital Bank irá apostar no financiamento das PMEs. Contudo, um desafio que subsiste na aquisição de um financiamento ou empréstimo são as altas taxas de juro praticadas. Qual será a mais valia do Capital Bank nesta matéria? O acesso ao financiamento constitui um dos principais obstáculos para o desenvolvimento da actividade empresarial. Esta dificuldade reside basicamente nas elevadas taxas de juro praticadas nos empréstimos concedidos. O Capital Bank consciente desta realidade pretende criar soluções financeiras estruturadas para apoio às PMEs através de abertura de linhas especiais de crédito com base na partilha de risco com outras instituições financeiras. Como já é do conhecimento geral, as PME ainda apresentam algumas fraquezas tais como: fragilidades de gestão, contabilidade desorganizada, falta de planeamento estratégico. Estas debilidades contribuem para o aumento do risco de crédito com impacto na determinação do preço do empréstimo, ou seja, taxa de juro. Estamos a estabelecer internamente e externamente algumas parcerias estratégicas com vista a obter instrumentos financeiros alternativos de forma a atenuar o custo de financiamento. Actualmente a nossa Prime Rate – taxa de juro aplicada nos em-

Uma das necessidades que se levanta é a cobertura geográfica a nível dos bancos no país. A maior parte das instituições financeiras concentra-se mais no sul e nas capitais de província, não permitindo um fácil acesso das pessoas aos serviços bancários. Qual é o posicionamento do Capital Bank? Consideramos que o processo de bancarização da economia é a chave para a promoção da inclusão financeira e captação de poupanças para financiamento à economia. Actualmente, o Capital Bank apresenta quatro agências geograficamente localizadas na cidade de Maputo e Matola. O projecto de expansão da rede comercial dos balcões constitui uma das prioridades do nosso plano estratégico. Para aumentarmos a quota da carteira de negócios dos clientes, precisamos de alargar a nossa cobertura geográfica e massificar a nossa oferta de serviços financeiros para atender a todos os segmentos de negócio do banco – empresas e particulares. A estratégia do Capital Bank, numa primeira fase, consiste no posicionamento geográfico em zonas económicas especiais ou com potencial de crescimento económico.

histórico de 7,5%.

A agricultura é uma das áreas que carece de investimento e financiamento, contudo é encarada como

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um sector de risco. Será que o Capital Bank irá apostar no agribusiness? Encaramos a agricultura como um sector prioritário para o desenvolvimento sustentável da economia moçambicana, atendendo à sua importância na criação de postos de trabalho e geração de riqueza para o país. O banco ainda não definiu estrategicamente o agro-negócio como um sector de actividade prioritário para o financiamento, atendendo essencialmente a três factores: o primeiro está relacionado com a posição estrutural do balanço do banco que ainda não nos permite financiar operações com retorno a longo prazo – situação tipicamente verificada neste ramo de actividade; o segundo está relacionado com o volume de investimento que é necessário para desenvolver a actividade neste ramo de negócio, que requer necessidades de financiamento elevadas, que em algumas situações o banco não pode ainda intervir pela limitação do seu limite de concentração de risco; o terceiro aspecto associa-se ao risco do sector de actividade – calamidades naturais, sazonalidade de receitas, cadeia valor, canais distribuição, insuficiência de garantias, etc. Mas

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planeamos futuramente desenvolver novas soluções e produtos financeiros para atender às necessidades das empresas que operam neste ramo de negócio. Sendo um sector de actividade que apresenta um risco de crédito elevado, a nossa estratégia de financiamento será orientada com base na partilha de risco com outras instituições bancárias ou através de mecanismos financeiros alternativos – como por exemplo, os fundos de capital de risco – disponíveis no mercado moçambicano. Existe um objectivo do Capital Bank no sentido de diversificar a oferta de produtos e serviços. De que forma tal virá a acontecer? Haverá produtos realmente inovadores em termos de conteúdo e de target? No plano estratégico do banco identificamos como uma das acções prioritárias o alargamento e diversificação da oferta de valor, que passa necessariamente pela criação, inovação e desenvolvimento de novos produtos e serviços com finalidade de atender as necessidades financeiras dos nossos clientes. A nossa oferta de valor consiste essencialmente no desenvolvimento de produtos estruturados

que com vista a satisfazer as necessidades de tesouraria e investimento do segmento empresarial nacional, em particular, pequenas e médias empresas, que no seu conjunto representam o maior tecido empresarial do país. Os produtos e serviços financeiros disponibilizados pelo Capital Bank estão especificamente direccionados para o segmento das PME, atendendo à sua importância para o crescimento da economia. Por outro lado, o Capital Bank ao diversificar a oferta de produtos e serviços tem por objectivo acompanhar a dinâmica e crescimento do sector bancário, por forma a estar em condições de competir com outros players do mercado. Esta diversificação de produtos e serviços vai acontecer de forma evolutiva à medida do ritmo de crescimento da actividade do banco, abrangendo as necessidades da carteira de clientes importadores e exportadores. Imagine que eu sou uma empresária, que predicados possui o Capital Bank, face à concorrência, para que eu pudesse ser seu cliente? Resumidamente, existem três vantagens competitivas que o Capital Bank apresenta: serviço de qualidade, pricing atractivo nas operações bancárias – activas e passivas – e rapidez de resposta. Estes são os três aspectos diferenciadores que caracterizam o posicionamento estratégico da marca Capital Bank no mercado moçambicano. Procuramos desenvolver novas ideias e soluções com o objectivo de satisfazer as necessidades dos actuais e potenciais clientes. Por isso, convidamos o empresário para visitar as nossas agências bancárias e consultar as condições que oferecemos aos nossos clientes. Podem contar sempre com o Capital Bank!c


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BACKGROUND THEME

Capital Bank starts to finance SMEs Capital Bank is the new financial brand that has come to focus on the financing of Small and Medium Enterprises. In order to cope with high interest rates associated with lending, the Bank Capital creates structured financial solutions to support SMEs through opening special credit lines and risk sharing with other banks. Learn how this financial institution aims to contribute to the development of the business activities with its CEO, Jorge Stock. Helga Nunes (Interview)

The Capital Bank emerges as a new financial brand in the Mozambican market. How did the project start, what type of investment does it entail and who are the major shareholders?

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The Capital Bank project arises as a result of the acquisition of the former ICB - International Commercial Bank, involving a significant capital investment and the FMB which is one of the main shareholders –the majority

shareholder based in Malawi - Premier Capital and Prime Bank. The brand Capital Bank intends to introduce a new concept in the Mozambican market, namely “YOUR Business in First”, which means that


the bank focuses and directs its commercial operations for the corporate segment, particularly for small and medium enterprises. Our strategic vision is based on the following pillars: customer satisfaction, development of human capital, creating value - ensuring the return expected by shareholders. The values of the brand Capital Bank are: professional ethics, accountability and transparency. It is known that the Capital Bank will invest in financing the SME. However, a challenge that exists in the funding acquisition or loan is the high interest rates. What is the value Capital Bank will be adding on this aspect? Access to finance is one of the major obstacles to the development of business activity. This obstacle lies primarily in the high interest rates charged on loans. The Capital Bank is aware of it and wants to create structured financial solutions to support SMEs through the opening special credit lines based on sharing risk with other financial institutions. As it is common knowledge, SMEs still have some weaknesses such as management weaknesses, disorganized accounting, and lack of strategic planning. These weaknesses contribute to increased credit risk with impact on the pricing of the loan, i.e. interest rate. We are establishing internally and externally some strategic partnerships in order to obtain alternative financial instruments to mitigate the cost of financing. At present our Prime Rate - interest rate on loans - is within the average level of the market, and we hope that the economic and financial situation remains stable, so that there is room for to reduce the interest rates. In fact, the central bank has been op-

timistic by keeping the policy rate - Standing Lending Facility - the historic low of 7.5%. One of the issues that arise is the geographical coverage at the level of banks in the country. Most financial institutions focus more in the south and in the provincial capitals, not allowing easy access for people to banking services. What is the positioning of the Capital Bank? We believe that the banking process of the economy is the key to promoting financial inclusion and attracting savings to finance the economy. Currently, the Capital Bank has four branches geographically located in Maputo and Matola. The project to expand the commercial network of branches is one of the priorities of our strategic plan. To increase the share of customer’s business portfolio, we need to extend our geographical coverage and popularize our

financial services offerings to meet all business segments of the bank - companies and individuals. The strategy of Capital Bank initially consists of the geographic positioning in special economic zones or potential areas for economic growth. Agriculture is one area that needs investment and financing, but is seen as a risk sector. Will the Capital Bank invest in agriculture business? We see agriculture as a priority sector for sustainable development of the Mozambican economy, given its importance in creating jobs and generating wealth for the country. The bank has not strategically defined the agriculture business as a priority activity sector for financing, serving primarily to three factors: the first is related to the structural position of the bank’s balance sheet which does not allow us to fund operations with

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long-term return – which is a typical situation observed in this field of activity; the second is related to the volume of investment needed to develop the business in this field, which requires high financing needs, that in some situations the bank can not intervene by limiting its risk; the third aspect is associated with the risk of the business sector - natural disasters, seasonality of revenues, value chain, distribution channels, insufficient guarantees, etc. But we plan to develop further new solutions and financial products to meet the needs of companies operating in this line of business. Being an industry that has a

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high credit risk, our financing strategy will be targeted based on sharing risk with other banks or through alternative financial mechanisms such as risk capital funds - available in Mozambican market. There is an objective of the Capital Bank to diversify the range of products and services. How are you planning to achieve it? Will there be innovative products in terms of content and target? In the strategic plan of the bank we have identified as one of the priority actions the enlargement and diversification of the value offer, which ne-

cessarily involves the creation, innovation and development of new products and services in order to meet the financial needs of our customers. Our value proposition consists essentially of the development of structured products in order to meet cash needs and investment of the national business sector, in particular small and medium enterprises, which together represent the largest business sector of the country. Financial products and services provided by Capital Bank are specifically aimed at the SME segment, given its importance to the growth of the economy. On the other hand, the Capital Bank plans diversify the range of products and services which is designed to track the dynamics and growth of the banking sector in order to be able to compete with other market players. This diversification of products and services will happen in an evolutionary way as the pace of growth of the bank’s activities, covering the needs of the portfolio of importers and exporters customers. Imagine I am a businesswoman, what characteristics does Capital Bank have, given the competition, that would motivate me to be your customer? Briefly, there are three competitive advantages that Capital Bank has: quality service, attractive pricing in banking - active and passive - and responsiveness. These are the three distinguishing features that characterize the strategic brand positioning Capital Bank in the Mozambican market. We seek to develop new ideas and solutions in order to meet the needs of current and potential customers. We therefore invite the entrepreneur to visit our branches and look at the conditions that we offer our customers. They can always count on the Capital Bank!c


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UP-GRADE

As marcas que são rainhas do mercado A STV, a par da Coca-cola, são as marcas vencedoras da sexta edição do Melhores Marcas de Moçambique 2014. Por detrás da conquista descortina-se algo em comum: A oferta destas e outras marcas tem o foco orientado para os benefícios funcionais e emocionais dos respectivos consumidores.

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Sérgio Mabombo (texto)

ara a Coca-cola, um ícone global do mundo dos refrigerantes, oferecer benefícios e ser atractivo passa por adaptar-se às características específicas dos mercados particulares. Para o caso de Moçambique, a distinção como melhor marca no sector comprova que a gigante mundial já emociona neste mercado. Joaquim Jibambo, representante de Marketing da Coca-Cola Moçambique, destaca igualmente muito esforço por parte de todos os parceiros de comunicação. A campanha, na qual os consumidores colocam os seus nomes nas embalagens ou latas de refrigerante, foi uma das ferramentas-chave para reforçar a atractividade da marca em Moçambique. Entretanto, mais especial ainda foi colher o resultado da campanha: «Sabe a especial a distinção pois tem sido difícil a marca impor-se em mercados locais. Para 2015 iremos melhorar ainda mais», segundo garante Jibambo. Os organizadores do MMM verificam que cada vez mais moçambicanos escolhem produtos e serviços motivados pela atracção e pela ligação emocional às marcas. Conscientes do facto, as marcas não têm poupado esforços para merecerem a atenção dos consumidores. «Tudo o que fazemos é para que nos vejam», afirma Dailton Fonseca, administrador para a área comercial e novos negócios da STV. Por outro lado, a marca STV prima igualmente pela inovação, procurando surpreender os telespectadores através de conteúdos perceptíveis e ajustados à realidade.

Sabe a especial a distinção pois tem sido difícil a marca impor-se em mercados locais. Para 2015 iremos melhorar ainda mais

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O MMM premiou igualmente as marcas mais atractivas nos respectivos sectores de consumo. A Vodacom, a vencedora no sector das operadoras móveis, possui mais de 10 anos em Moçambique construindo a sua marca no quadro do conceito benefício funcional e emocional para o consumidor. «Hoje, o consumidor quer produtos que se ajustem, na íntegra, às suas necessidades diárias; quer comunicar facilmente e beneficiar de experiências novas», na descrição de Hermínia Fernandes, da área de comunicação da empresa. Embora as estratégias globais existam, a telefonia móvel reconhece que cada uma é direcionada para as realidades de cada segmento. A sexta edição do MMM avaliou os concorrentes baseando-se no Brand Potencial Index (BPI), instrumento que considera a atractividade de uma marca, independentemente do investimento realizado na criação e gestão da mesma. O instrumento não mede apenas a notoriedade da marca mas igualmente o quão esta é atractiva para o mercado onde é colocado. Cerca de 400 pessoas fizeram avaliação das marcas distribuídas em 34 sectores de consumo. O total de entrevistas para a presente edição foi de 13.600, contra as 13.200 realizadas em 2013.c


UP-GRADE Sérgio Mabombo (texto)

The brands that are reigning in the market STV, together with Coca-Cola, are the brands winning the sixth edition of Best Brands of Mozambique 2014 (MMM). Behind the achievement lies something in common: The products offered by these and other brands focus on the functional and emotional needs of their consumers. Sérgio Mabombo (texto)

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or Coca-Cola, a global icon in the world of soft drinks, offering benefits and being attractive means adapting to the specific characteristics of individual markets. In the case of Mozambique, the distinction as best brand in the sector proves that the global giant knows what makes this market tick. Joaquim Jibambo, Marketing manager of Coca-Cola Mozambique, highlights the large effort on the part of all communication partners. The campaign, in which consumers put their names on soft drinks packaging or cans, was one of the key tools in enhancing the attractiveness of the brand in Mozambique. However, even more special was reaping the results of the campaign: “You know, this distinction is very special because it has been difficult for our brand to conquer local markets. In 2015 we

will further improve”, according to Jibambo. The MMM organizers find in chosing products and services more and more Mozambicans are driven by the attraction and the emotional attachment to brands. Aware of this, brands have spared no effort to draw the attention of consumers. “Everything we do is done in order to be seen”, according to Dailton Fonseca, STV’s commercial and new businesses manager. But the STV brand also stands for innovation, trying to surprise viewers by a content that is noticeable and adjusted to reality. MMM also awarded the most attractive brands in the various consumption sectors. Vodacom, the winner in the mobile operator sector, has been in Mozambique for more than 10 years, building its brand on the basis of the concept functional and emotional benefit for the consumer. «To-

day, consumers want products that fully suit their daily needs; they want to communicate easily and benefit from new experiences», according to Hermínia Fernandes, working in the company’s area of communication. Although global strategies do exist, mobile operators recognize that each one is oriented towards the realities of a particular segment. The sixth edition of MMM assessed the competitors based on the Brand Potential Index (BPI), an instrument that considers the attractiveness of a brand, regardless of the investment made in creating and managing it. The instrument measures not only brand awareness but also how attractive it is in the market where it is placed. About 400 people assessed brands distributed in 34 consumption sectors. A total of 13,600 interviews has been made for this edition was, as against 13,200 in 2013.c

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EMPREENDER

É preciso envolver mais a rapariga na luta pelos seus direitos A Comissão para o Estatuto da Mulher (CSW) sediada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) surge como plataforma de acção em prol dos direitos das Mulheres. Contudo, e na CSW, envolver as raparigas nos espaços de partilha e tomadas de decisão ainda constitui um enorme desafio para a sociedade civil e para os governos de toda a parte do mundo.

A

Comissão para o Estatuto da Mulher reúne-se anualmente em Março (Mês da Mulher) durante 12 dias, envolvendo mais de 11.000 cidadãos, de entre os quais mulheres,

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adultas e jovens, e homens activistas ou membros da sociedade civil e governos, com o intuito de partilhar os desafios e avanços alcançados no que diz respeito ao empoderamento das mulheres e raparigas.


“É necessário envolver os rapazes nestes espaços e ensiná-los a não violar as raparigas” direitos humanos em seus países, oportunidade esta proporcionada pela sociedade civil e governo de países como: Moçambique, Quénia, Brasil, entre outros, fora do edifício sede da ONU onde decorrem as sessões da Comissão.

O símbolo da continuidade da luta das Mulheres

É louvável o equilíbrio entre homens e mulheres nos espaços de partilha da CSW. Porém, a situação ainda é crítica para raparigas no que concerne à sua presença neste evento. 20 anos depois da Conferência de Beijing, é visível a exclusão das raparigas nas sessões da Comissão. A 59ª sessão da CSW, que decorreu de 9 a 20 de Março de 2015, foi um bom exemplo dessa tendência pois na mesma notou-se bastante a ausência das raparigas tanto nos painéis como na plateia. Um facto que, que na opinião de muitos, devia ser revertido. Aliás, nada deveria ser para e do interesse das raparigas sem a presença das mesmas. De tantos painéis organizados pela comissão e sociedade civil durante 12 dias de partilha, apenas 3 a 5 painéis tiveram raparigas, partilhando experiências de advogacia para os

A maior parte dos temas da 59ª sessão da Comissão giravam em torno dos problemas das raparigas, tais como: Casamentos prematuros; gravidez precoce; violência na era digital; mutilacão genital feminina; e até a necessidade de engajar os rapazes na luta pelos direitos das mulheres e raparigas. E uma das questões que surgiu a propósito foi: Qual é a pressa no engajamento dos rapazes na luta das raparigas, se as mesmas ainda não estão efectivamente capacitadas e envolvidas de forma directa na luta pelos seus próprios direitos? A secretária executiva da UN WOMEN, Phumzile Mlambu, num dos eventos

da 59ª sessão da CSW, e sobre o tema violência contra Mulheres e Raparigas, referiu: “É necessário envolver os rapazes nestes espaços e ensiná-los a não violar as raparigas”. Em contrapartida, questionava a mesma voz: “Estão cá presentes as raparigas?”. E assim fazia-se sentir o silêncio de ausência, denunciando o quanto temos vindo a promover a teoria do ‘vamos engajar, empoderar e dar-lhes a voz e não a prática’, o que é sem dúvida a causa do não avanço efectivo no empoderamento das raparigas. De acordo com Laila Dava, uma jovem moçambicana presente no evento, chega-se à conclusão de que se torna necessário que a Comissão para o Estatuto da Mulher (CSW), em coordenacão com os governos do mundo e a sociedade civil, crie um espaço dentro da Comissão das Mulheres para uma Comissão de Raparigas (liderada por raparigas) que possa garantir que estas participem, de forma activa, na preparacão das actividades da Comissão maior e na mobilizacão de outras raparigas para a sua presença e contribuição. Sendo as raparigas o maior símbolo da continuidade da luta das mulheres, a sua presença e as suas contribuições são primordiais. “Assim, seremos capazes de mudar a situação actual de desigualdade para um mundo mais igualitário”, refere Laila Dava.c

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ENTREPRENEURSHIP

It is necessary to involve girls more in the fight for their rights The Commission on the Status of Women (CSW) based at the United Nations (UN) headquarters emerges as an action platform for women’s rights. However, the CSW notes that involving girls in sharing and decision making is still a huge challenge for civil society and governments from all over the world.

T

he Commission on the Status of Women meets annually in March (Women’s Month) for 12 days, involving more than 11,000 citizens, among them women, old and young, and male activists or members of civil society and governments, with the intention to share the challenges and progress made in terms of empowerment of women and girls. The fact that both men and women participate in the CSW is laudable. However, when it comes to the participation of girls, the situation is still critical. 20 years after the Beijing Conference, the exclusion of girls in sessions of the Commission is notable. The 59th session of the CSW, held from 9 to 20 March 2015, was a good example of this trend because girls were conspicuously absent, both from panels and from the audience. Something that, in the opinion

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of many, should be changed. As a matter of fact, nothing should pretend to be for and in the interest of girls without they themselves being present. From the many panels organized by the commission and civil society during 12 days of sharing, only 3 to5 panels had girls, sharing experiences in advocacy for human rights in their countries, opportunities provided by the civil society and governments of countries such as Mozambique, Kenya, Brazil, among others, outside the UN headquarters where the Commission’s sessions take place.

The symbol of the continuity of the fight of Women Most of the themes of the 59th session of the Commission concerned the problems of girls, such as:

“It is necessary to involve boys in these areas and teach them not to violate girls.” premature marriages; early pregnancy; violence in the digital age; female genital mutilation; and the need to engage men in the fight for


Laila Dava “In this way we will be able to change the current situation of inequality into a world that is more equal”

women’s and girls’ rights. And one of questions that was raised here was: What is the rush in engaging boys in the fight of girls, if they themselves are not yet effectively empowered and directly involved in the fight for their own rights? The executive secretary of UN WOMEN, Phumzile Mlambu, at one of the events of the 59th CSW session concerning violence against Women and Girls, said: “It is necessary to involve boys in these areas and teach them not to violate girls.” On the other hand, she also asked:

“Are girls actually present here?” And in this way the silence of their absence was felt, denouncing how much we have been promoting the theory - ‘let us engage and empower them and give them a voice’ - but not the practice, which is undoubtedly the cause of the absence of real progress in empowering girls. According to Laila Dava, a young Mozambican present at the event, the conclusion drawn from this is that the Commission on the Status of Women (CSW), in coordination with the world’s governments and

civil society, creates space within the Women’s Commission for a Girls Commission (led by girls), which can ensure that girls actively participate in preparing the activities of the Commission and in mobilizing other girls to be present and contribute. Girls best symbolize the continuity of the struggle of women, so their presence and contributions are paramount. “In this way we will be able to change the current situation of inequality into a world that is more equal”, according to Laila Dava.c

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GESTÃO ESTRATÉGICA Gonçalo Amaral, Senior Manager da Accenture Strategy na área de Talent & Organization

Os desafios das novas formas de trabalho

O

s constantes avanços na tecnologia digital, seguidos pela sua rápida aplicabilidade, quer no nosso quotidiano, quer nos diversos sectores de actividade, têm vindo a acelerar a adopção de novas formas de trabalho. Exemplo disto é a utilização, no sector de Oil & Gas, de remote sensors e drones que permitem a substituição da presença física na monitorização de equipamentos, melhoram a segurança e aumentam a frequência de informação sobre esses activos. Adicionalmente, a aplicação de análise analítica adequada sobre esta enorme e nova quantidade de dados, poderá permitir aumentar a produtividade e antever situações de rotura. Assim a convergência desta nova tecnologia com os dados disponibilizados, potenciados pela análise analítica dos mesmos, permitem tomadas de decisão mais assertivas e sustentadas. À medida que as empresas continuam a digitalizar as suas formas de trabalho, a competitividade transfere-se para o plano da gestão de dados e da proficiência analítica, o que transforma a natureza da força de trabalho dos sectores. Da mesma forma, enquanto algumas funções extinguem-se, outras serão criadas, associadas às novas capacidades e ferramentas digitais. Estudos feitos pela Universidade de Oxford apontam para que cerca de 47% das actuais funções, nos vários sectores de activi-

dade, poderão ser automatizados nas próximas duas décadas, dando lugar à maior procura de outros perfis, como o de analista de dados. A rapidez como que esta transformação está a decorrer cria pressões nas organizações para reduzir time-to-proficiency e desenvolver competências just-in-time. Então onde encontrar/desenvolver este novo talento necessário? A procura de talento escasso já não respeita fronteiras, sendo usual a sua procura em mercados emergentes como a Índia, ou outros mercados asiáticos. Paralelamente, à medida que o trabalho fica mais virtualizado

e baseado em capacidades analíticas, é introduzida uma maior utilização de outros grupos de colaboradores/parceiros e formas de trabalhar menos tradicionais, como o trabalho remoto e colaborativo (exemplo é a utilização de especialistas localizados em regiões geográficas dispersas ou a centralização em polos de competência, que prestam serviço a nível global). Adicionalmente, para atrair e reter a nova geração, as empresas deverão adoptar uma nova abordagem de gestão das suas pessoas. As novas tecnologias permitem as organizações disponibilizar uma experiência mais democratizada e customizada ao colaborador e ao longo de todo o ciclo de vida do talento, nomeadamente na forma como são recrutados, formados, avaliados, remunerados e reconhecidos, nos possíveis percursos de carreira e tipo de trabalho a realizar. Mais uma vez a tecnologia e as capacidades analíticas poderão permitir identificar padrões comuns e menos comuns, associa-los a colaboradores com perfis semelhantes, criando soluções adequadas aos mesmos, e proporcionando uma experiencia de colaborador diferenciadora. Assim, para poder competir no futuro já muito próximo as empresas terão de se transformar em organizações da nova Era Digital, que competem fortemente por talento. Esta transformação requer uma cada vez maior adopção de práticas de trabalho digitais, e uma diferente força de trabalho.c

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strategic management Gon莽alo Amaral, Senior Manager of Accenture Strategy in the area of Talent &Organization

The challenges of new ways of working

T

he constant improvements in digital technology followed by their rapid applicability, be it in our daily lives or in the various business sectors, have been accelerating the adoption of new ways of working. An example is the use of remote sensors and drones in the Oil & Gas sector making physical presence in the monitoring of equipment redundant, improving safety and increasing the frequency of information on these assets. In addition, appropriate analytical analysis of this huge new amount of data can lead to increased productivity and predict failure situations. Thus the convergence of this new technology with available data, enhanced by analytical analysis, allow more assertive and sustained decision-making. As companies continue to digitalize their ways of working, competitiveness is transferred to the data management plan and to analytical proficiency, which transforms the nature of the workforce of these sectors. Similarly, while some functions become extinct, others will be created, associated with new capabilities and digital tools. Studies from Oxford University pointed out that about 47% of current functions in the various business sectors may be automated in the next two decades, leading to increased demand for other profiles, such as data analyst. The speed with which this transformation takes place puts organizations under pressure to reduce time-to-proficiency and develop just-in-time skills. So where to find / develop this new talent needed? The demand for scarce talent no longer respects borders, and it is customary to procure it in emerging markets such as

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India or other Asian markets. At the same time, to the extent that work becomes more virtualized and based on analytical capabilities, traditional ways of working diminish and there is an increase in the use of other groups of employees/partners being engaged in remote and collaborative work (an example is the use of experts located in dispersed geographical regions or the centralization in competence centers providing services on a global scale). Moreover, in order to attract and retain the next generation, companies have to adopt a new approach to managing their staff. New technologies allow organizations to offer a more democratized and customized experience to their employees and throughout the life cycle of talent, particularly in terms of its recruitment, training, evaluation, payment and recognition in the possible career paths and type of work to be carried out [please check, original is a muddle]. Again, technology and analytical capabilities will allow the identification of common and less common standards, linking them to employees with corresponding profiles, creating solutions that fit them and providing an experience that distinguishes the employee. Thus, in order to compete in a future that is already near companies will have to transform into new digital age organizations that compete heavily for talent. This transformation calls for the increasing adoption of digital work practices and a different work force.c


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Perspectiva ANGOLA Belizário Cumbe (text)

Angola já produz jóias O país de José Eduardo dos Santos decidiu dar um salto de gigante no sector diamantífero. Angola passa, a partir deste ano, a produzir jóias tendo como base os diamantes. Trata-se de um sector que alimenta a esperança do empresariado e das autoridades governamentais, uma vez que, com o petróleo em baixa, o país precisa de alternativas para atenuar a crise.

A

s elites emergentes angolanas, conhecidas pela ostentação e exibição do seu poder financeiro, e que engloba desde os generais do exército, passando pelos políticos e até aos músicos, contam, desde este ano, com jóias “Made in Angola”. Agora, já não precisam de atravessar fronteiras para adquirir pequenos objectos de luxo, como anéis e brincos feitos com diamantes. É que a diamantífera angolana Endiama (Empresa Nacional de

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Prospecção, Exploração, Lapidação e Comercialização de Diamantes de Angola) vai, muito em breve, produzir jóias a nível local. A iniciativa surge em virtude da reactivação da fábrica de lapidação que estava paralisada há vários anos, depois da crise que abalou o sector e durante a crise financeira internacional. A unidade fabril custou 10 milhões de dólares, resultado de uma parceria entre a Sodiam (Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola), subsidiária da Endiama, e

a multinacional britânica LLD Diamonds. Com a reactivação da fábrica, inaugurada em 2005, a Endiama passa a comportar toda a cadeia de valor do diamante, uma vez que além de prospectar, produzir e comercializar, vai, igualmente, lapidar e transformálo em jóias, de acordo com o presidente da companhia, António Carlos Sumbula, citado pela revista Exameangola. Mas a Endiama, criada a 15 de Janeiro de 1981, como concessionária exclusiva dos direitos mineiros no domínio dos diamantes em Angola, não quer parar por aqui. Constitui objectivo, a médio e longo prazos, a construção de mais fábricas de lapidação de modo a criar empregos e agregar valor. Por recomendação de Sumbula, os artistas ficaram com a missão de apresentarem os seus designs, de


Benedito Manuel Angola vai liderar a exploração de diamantes no mundo nos próximos sete anos

tal, a australiana Lucapa Diamond conta com 40% e a Rosa e Pétala têm 28%. A extracção arrancou com sucesso, em Janeiro, e a produção foi de 266,7 quilates.

maneira a que as jóias produzidas tenham como modelos as criações dos homens das artes locais. Refira-se que existe uma extensão enorme de recursos diamantíferos em Angola, pois apenas 40% do seu potencial mineiro mereceu, até ao momento, uma prospecção detalhada. Neste espaço estudado, informações recolhidas indicam a existência de cerca de 1.000 ocorrências kimberlíticas e foram autorizados, no que refere à prospecção, 195 concessões mineiras.

Diamantes são uma alternativa para a economia Angola vai liderar a exploração de diamantes no mundo nos próximos sete anos, de acordo com Benedito Manuel, o gestor do Planeamento Estratégico e Novos Negócios da Sociedade Mineira de Catona, uma sociedade que conta com capitais angolanos, russos, israelitas e brasileiros. Após 12 anos de prospecção, foram descobertas importantes reservas em Tchiuzo, Luele e Catona com viabilidade económica e que permitirão uma rápida recuperação dos 20 milhões de dólares investidos na

Receitas cresceram 15% em 2014 Contrariamente ao que acontece com o petróleo, o sector diamantífero está firme e em franco crescimento. No ano passado, as receitas cresceram 15% e, para este ano, os objectivos passam por continuar a melhorar o preço do diamante angolano, estabelecer parcerias internacionais no domínio da lapidação e joalharia, assim como promover a formação de quadros. No que diz respeito à prospecção, a Endiama Mining, subsidiária da Endiama, assinou em finais do ano passado um acordo de concessão para o campo de Lulo, na Lunda-Norte, na qual a Endiama tem 32% do capi-

“É bastante aceitável a qualidade do diamante nessas áreas, onde se pode encontrar uma enorme variedade dessas pedras preciosas”

prospecção. O projecto Tchiuzo, na província da Lunda Norte, tem reservas avaliadas em 30 milhões de toneladas de diamantes e já possui o estudo de viabilidade concluído, faltando apenas fechar a equação financeira para as infra-estruturas e a construção da mina. De acordo com Benedito Manuel, só a concessão de Luele tem reservas estimadas em 230 milhões de toneladas de diamantes, enquanto a concessão de Catoca tem reservas avaliadas em 3,5 milhões de toneladas. O responsável empresarial considerou “bastante aceitável a qualidade do diamante nessas áreas, onde se pode encontrar uma enorme variedade dessas pedras preciosas”, salientando que, nos últimos 30 anos, não houve na indústria diamantífera prospecções que tenham alcançado resultados positivos em tão pouco tempo, mais concretamente em apenas 12 anos. Por isso, encara no sector diamantífero a morada da esperança da economia angolana. Com um diâmetro de aproximadamente um quilómetro, uma área de 64 hectares e uma profundidade de 120 metros, a mina de Catoca é o quarto maior kimberlito do mundo a céu aberto.c

Resultados da Produção de Diamantes 2006/2014 Anos

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

Produção

9.123.991

9.701.709

8.918.926

9.238.271

8.362.194

8.329.519

8.330.096

8.598.694.71

8.791.340.01

Preço Médio

125.21

131.10

135.81

8.705

11.805

139.50

133.28

135.35

149.86

1.142.393.369

1.271.898.153

1.211.266.037

804.147.505

1.162.625.478

1.110.222.942

1.163.864.174.81

131.459.071.45

Receita Bruta

987.184.295

Legenda Produção - Em Quilates Preço médio - Em Dólares Receita bruta – Em Dólares Fonte: Relatório e Contas da Endiama

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Perspective ANGOLA

Angola already produces jewels The country of José Eduardo dos Santos decided to take a giant leap in the diamond industry. Starting this year Angola is going to produce jewelry based on diamonds. This is a sector nourishing the hope of the business community and government authorities, because with oil down, the country needs alternatives to mitigate the crisis Belizário Cumbe (text)

T

he emerging Angolan elites, known for the ostentation and display of their financial strength, and ranging from army generals and politicians to musicians, recently have started to count on jewels “Made in Angola”. Now, they no longer need to cross borders to purchase small luxury objects such as rings and earrings made from diamonds. The Angolan diamond company Endiama (National Prospection, Exploration, Cuttting and Diamond Trading Company of Angola) will very soon start producing jewelry locally. The initiative follows the reactivation of a cutting factory that has been paralyzed for several years after the crisis that shook the sector and during the international financial crisis. The plant costing 10 million dollars is the result of a partnership between Sodiam (Diamond Trading Company of Angola), a subsidiary of Endiama, and the British multinational LLD Diamonds. With the re-establishment of the factory, opened in 2005, Endiama will control the entire diamond value chain, because apart from exploring,

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producing and marketing, it will also cut and process stones into jewelry, according to the company director António Carlos Sumbula, quoted by the magazine Exameangola. But Endiama, established on 15 January 1981 and the exclusive concessionaire of diamond mining rights in Angola, does not stop here. Its objective in the medium and long term is to build more cutting facilities in order to create jobs and add value. Upon a recommendation of Sumbula, artists have been asked to present designs so that the jewelry made is modeled on the creations of local artists. It should be noted that Angola’s diamond resources are huge, so far only 40% of its mineral potential has been subjected to detailed prospecting. The data collected so far indicate the existence of about 1,000 kimberlite formations and to date 195 mining concessions have been granted for exploration.

Revenue grew 15% in 2014 Unlike oil, the diamond industry is

strong and growing fast. Last year, revenue grew 15% and for this year the objectives are to further improve the price of the Angolan diamond, establish international partnerships in the area of cutting and jewelry, as well as promote the training of staff. As far as prospecting is concerned, late last year Endiama Mining, a subsidiary of Endiama, signed a concession agreement for the Lulo field in Lunda Norte, in which Endiama has a 32% capital share, the Australian Lucapa Diamond owns 40% and Rosa e Pétala 28%. Extraction successfully started in January, and production reached 266.7 carats.

Diamonds are an alternative for the economy Angola will lead the exploration of diamonds in the world within the next seven years, according to Benedito Manuel, the manager of Strategic Planning and New Businesses of the Catona Mining Company, which counts on Angolan, Russian, Israeli and Brazilian capital. After 12 years of exploration, important deposits have been discovered


Benedito Manuel Angola will lead the exploration of diamonds in the world within the next seven years

in Tchiuzo, Luele and Catona, which are economically viable and will allow for the rapid recovery of the 20 million dollars invested in exploration. The Tchiuzo project in Lunda Norte province has estimated reserves of 30 million tons of diamonds [this is absurd, either it is carats of diamonds or tons of diamond-bearing ore], its feasibility study is ready with work still to be completed only on the financial equation for the mine infra-

structure and onstruction. According to Manuel Benedito, the Luele concession alone has estimated reserves of 230 million tons [same story, please change] of diamonds, while the Catoca concession has reserves of 3.5 million tons. He stated that “diamond quality in these areas where a huge variety of these gems is to be found is is quite acceptable,” noting that during the last 30 years there have been no surveys in the diamond industry that

achieved positive results in so short a time, namely a mere 12 years. That is why the Angolan economy is placing its hope in the diamond industry. With a diameter of about one kilometer, an area of 64 hectare and a depth of 120 meters, the Catoca mine is the fourth largest open cast kimberlite mine in the world. [64 hectare = 640 000m2, the surface covered by a mine 1km in diameter = 785 000m2. How would you squeeze that mine into that area?]c

Diamond Production Results – 2006/2014 Years

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

Production

9.123.991

9.701.709

8.918.926

9.238.271

8.362.194

8.329.519

8.330.096

8.598.694.71

8.791.340.01

Average Price

125.21

131.10

135.81

8.705

11.805

139.50

133.28

135.35

149.86

1.271.898.153

1.211.266.037

804.147.505

1.162.625.478

1.110.222.942

1.163.864.174.81

131.459.071.45

Gross Revenue 1.142.393.369

987.184.295

Legend Production – in carats Average price – in dollars Gross revenue – in dollars Source: Endiama Report and Accounts

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PROFILE

R

Rogério Manuel:

O Rei do Gado Rogério Manuel é um dos nomes mais sonantes do sector privado. É responsável por investimentos milionários em diversos sectores, sendo também proprietário de milhares de cabeças de gado. Em paralelo, é presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA). Rogério Manuel diz que é rico, uma vez que satisfaz todas as suas necessidades a tempo e horas, mas acrescenta que não tem dinheiro suficiente para comprar um Ferrari de um dia para o outro. Belizário Cumbe (texto)

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ogério Manuel nasceu a 12 de Fevereiro de 1961. Quis o destino que o posto administrativo de Motaze, no distrito de Magude, recebesse a sua vinda ao mundo enquanto filho de camponeses e criadores de gado. Seu sonho, desde cedo, foi seguir os passos dos seus progenitores. E assim o fez. Seu instinto empreendedor guiou-o até à posição de destaque que granjeia hoje no sector empresarial moçambicano. Contudo, os seus primeiros passos no ramo empresarial viriam a ser dados num lugar distante de Motaze. Em 1982, e após o serviço militar, seguiu para outras paragens no sentido de farejar novas oportunidades na África do Sul. Com muita sorte à mistura, Rogério Manuel conseguiu um emprego na fábrica da Toyota, na cidade sul-africana de Joanesburgo. Durante três anos, entre 1982 e 1985, teve o seu primeiro e único patrão na vida. Ainda trabalhador, Rogério Manuel decidiu ser senhor do seu próprio destino. Recorreu à banca para solicitar um empréstimo de 70 mil rands com o objectivo de adquirir um camião (Toyota Hino) com capacidade para transportar sete toneladas de carga. Nessa altura, já havia estudado o mercado e estava certo de que o negócio seria rentável. Por isso, saiu da Toyota, arregaçou as mangas e pegou no volante para fazer a entrega de mercadorias de mineiros (moçambicanos que trabalhavam na África do Sul) nas províncias de Maputo e Gaza. A vontade de vencer e superar as memórias de noites passadas em claro por falta de alimentos, em Magude, levaram Rogério Manuel a enfrentar os horrores da Guerra Civil para fazer chegar a mercadoria aos familiares dos patrões, à custa da sua


própria segurança.

Acidente a meio do percurso Por alguma razão, os mineiros preferiam comprar farinha de milho na Suazilândia e recorriam aos serviços de Rogério. Para um homem determinado, tratava-se de uma oportunidade para ganhar mais dinheiro. Por isso, trabalhava de peito e bolso abertos. Todavia, quando tudo parecia um mar de rosas, eis que uma tragédia marca a vida de Rogério Manuel. Em 1987, quando regressava da terra do “King Mswati III”, à saída de Namaacha, foi atacado por homens armados e três balas perfuraram-lhe o corpo, uma ficou alojada no joelho enquanto as outras encontraram um caminho de escape. Segundo relata, foi socorrido pelas FADM e, de imediato, levado para o Hospital Central de Maputo (HCM) onde ficou internado por um mês. Mas o pior estava ainda por vir. Os profissionais do HCM decidiram que o problema no joelho só seria resolvido amputando o pé do transportador. Rogério ficou incrédulo. É que o acto podia significar, se não o fim, pelo menos, a limitação dos seus planos. A reviravolta deu-se quando um primo decidiu, de forma clandestina, tirá-lo do HCM para uma clínica localizada na África do Sul onde o projéctil foi removido. Quase 10 anos depois da estadia na terra do rand, em 1991, retornou a casa para criar a empresa Transportes Rogério Manuel e Filhos (Transmafil) dedicada ao transporte de passageiros. Os autocarros, fruto do “deliver”, faziam rotas internas e internacionais, percorrendo a Namaacha, Joanesburgo e Suazilândia.

A consolidação Com o negócio a render o suficiente para viver e dar pequenas mordomias à mãe (como levá-la de Motaze para uma flat em Maputo) Gito, assim é tratado na sua terra natal, sentiu que era possível sonhar alto e a entrada da Sasol no país foi para ele determinante. Na fase de instalação, no princípio de 2000, a multinacional manifestou interesse em adjudicar o transporte de tubos “pipeline”, do Porto de Maputo para Inhambane, a uma empresa estrangeira, alegando que as nacionais não tinham experiência para o efeito. Rogério Manuel, quando já exercia os cargos de presidente dos Transportadores de Namaacha e vice-presidente da Associação dos Transportadores Internacionais, liderou os protestos contra esta pretensão e o trabalho foi entregue a operadores moçambicanos. É importante referir que, nessa altura, Rogério e outros empresários não possuíam camiões com capacidade para 30 toneladas de carga. Por isso, a Lalgy e a Supersteel lideraram os trabalhos e os demais, incluindo a Transmafil, foram subcontratados. Já com a Transmafil bem colocada no mercado, e com camiões de 30 toneladas, eis que surge a derradeira oportunidade que consolidou os negócios de Rogério: O transporte do condensado do gás. Assim sendo, a transportadora entrou em pé de igualdade com as outras e facturou o suficiente para o responsável decidir abandonar o transporte de passageiros e se dedicar apenas à carga.

Dos transportes à agropecuária e o salto para a aviação

Depois de 28 anos marcados por uma longa luta, Rogério Manuel sentiu que tinha chegado o tempo de se dedicar a tempo inteiro ao sonho de infância - a agropecuária. Na verdade, o investimento nesta área, principalmente na criação do gado, começou no ano 2000 e em pouco tempo o negócio constituiu um dos pilares da sua vida empresarial. Hoje, mesmo sem revelar o número, garante que é dono de muitos animais e o sonho passa por atingir as 20 mil cabeças. Em paralelo, o homem que mudou a face de Motaze, construindo escola, maternidade, fábrica de descasque do arroz, e não só, é também proprietário de um arrozal que só em 2014 produziu cerca de 3.500 toneladas. Refira-se que Rogério emprega 60 trabalhadores efectivos na agropecuária, para além de 250 trabalhadores sazonais, que trabalham apenas durante os seis meses da colheita. Em 2004, aventurou-se na plantação da banana, mas as cheias, no mesmo ano, levaram toda a produção. Mas, a aposta em novos negócios não parou por aí. Rogério Manuel e um amigo decidiram enfrentar a temida área da aviação e criaram a CR Air Lines que voa para várias ilhas do Índico. A companhia conta com 10 aeronaves e emprega 35 trabalhadores. Os planos da companhia passam por explorar rotas interdistritais, onde as Linhas Aéreas de Moçambique e a Mex não chegam. Para concluir a conversa, Rogério Manuel revelou sentir-se realizado. “Sinto-me realizado. Tenho uma mansão em Motaze, comprei um helicóptero, ando nos últimos modelos de Lexus Land Cruiser e Mercedes-benz classe E. Posso ir para a reforma”, remata Rogério com um brilho nos olhos.c

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PROFILE

Rogério Manuel:

King of the Cattle Rogério Manuel is one of the big names of the private sector. He is responsible for huge investments in various sectors and he is also the owner of thousands of heads of cattle. At the same time he is chairman of the Confederation of Economic Associations of Mozambique (CTA). Rogério Manuel says he is rich because he is able to instantly meet all his needs, but he adds that he does not have the money to buy a Ferrari overnight. Belizário Cumbe (text)

R

ogério Manuel was born on 12 February 1961. Fate would have it that he came into this world in the administrative post of Motaze in Magude district, son of peasants and cattle breeders. His dream from early on was to follow in the footsteps of his parents. And he did. His business instinct guided him to the prominent position he holds today within the national business community.

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However, his first steps in business were to be taken in a place far from Motaze. In 1982, after military service, he went to other places in order to check out new opportunities in South Africa. Rogério Manuel was very fortunate to get a job at the Toyota plant in the South African city of Johannesburg. For three years, between 1982 and 1985, he had his first and only employer. Still being an employee Rogério decided to be master of his own

destiny. He applied for a bank loan of 70,000 rands in order to buy a truck (Toyota Hino) with a 7-ton payload. At the time he had studied the market and he was sure that his business would be profitable. So he left Toyota, rolled up his sleeves and took the steering wheel to deliver goods from miners (Mozambicans working in South Africa) in the provinces of Maputo and Gaza. The will to win and overcome the memories of nights lying awake for


lack of food in Magude, led Rogério Manuel to face the horrors of the Civil War while delivering goods to the families of “bosses”, at the expense of his own safety.

Accident midway For some reason, the miners preferred to buy maize meal in Swaziland and resorted to Rogério’s services. For a man with determination this was an opportunity to make more money. So he worked with all his strength. However, when all seemed to go well disaster struck and marked his life. In 1987, while returning from the land of “King Mswati III”, he was attacked outside Namaacha by armed men, he

was hit by three bullets, one of which got stuck in his knee He says he was rescued by the FADM and immediately taken to the Central Hospital of Maputo (HCM) where he was hospitalized for a month. But the worst was yet to come. The HCM doctors decided that the knee problem could only be solved by amputating his leg. Rogério didn’t believe this. It would, if not end, at least cripple his plans. The turning point came when a cousin decided to smuggle him out of the HCM to a clinic in South Africa, where the bullet was removed. In 1991, after almost 10 years staying in the land of the rand, he returned home to establish the company Transportes Rogério Manuel e Filhos (Transmafil), dedicated to transporting passengers. The buses, the fruits of “delivering”, traveled national and international routes, to

Namaacha, Johannesburg and Swaziland.

Consolidation With business revenues enough to live on and to offer small perks to his mother (such as bringing her from Motaze to a flat in Maputo) Gito, as he is called in his homeland, felt it was possible to aim higher and the entry of Sasol in the country was decisive for him. During its installation in early 2000, the multinational had expressed interest in awarding the transport of pipeline tubes from the Port of Maputo to Inhambane to a foreign company, alleging that national companies had no experience for this type of work. Rogério Manuel, already chairman of the Transporters of Namaacha and vice chairman of the Association of International Carriers, led the protests against this claim and the work was granted to Mozambican operators. It should be noted that at the time Rogério and other entrepreneurs had no trucks with a 30-ton payload. Therefore Lalgy and SuperSteel became the lead contractors and others, including Transmafil, were subcontracted. With Transmafil well placed in the market, and with 30-ton trucks, he encountered the last chance that consolidated his business: the transport of gas condensate. Now his transport business entered on a par with others and he earned enough to be able to decide to skip passenger transport and concentrate on cargo.

From transport to cattle farming and the leap towards aviation

After 28 years marked by a long struggle, Rogério Manuel felt that the time had come to devote himself full time to his childhood dream – farming. In fact his investment in this area, mainly in cattle raising, started in 2000 and soon this activity was one of the pillars of his businesses. Today, even without disclosing the number, he ensures that he owns a great many animals and his dream is to own some 20 thousand heads of cattle. At the same time the man who changed the face of Motaze, building a school, a maternity ward, a rice husking factory, among other things, is also the owner of a paddy field that produced about 3,500 tons in 2014 alone. Rogério employs 60 permanent workers in agriculture, as well as 250 seasonal workers who work only during the six harvest months. In 2004, he ventured into banana production but the floods from the same year washed away the entire production. But the investment in new businesses did not stop there. With a friend he decided to confront the difficult area of aviation and they established CR Air Lines, which flies to several Indian Ocean islands. The company has 10 aircraft and employs 35 people. The company plans to explore routes between districts where Mozambique Airlines and Mex do not fly.. To complete the conversation, Rogério Manuel revealed he feels fulfilled. “I feel accomplished. I have a mansion in Motaze, bought a helicopter, drive the latest Lexus Land Cruiser and Mercedes-Benz E class models. I can retire”, Rogério concludes with a twinkle in his eye.c

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COACHING Cristina Azinhal, Executive & Bussiness Coach PD Moz – Parcerias em Desenvolvimento

Eu no Trabalho, Eu em Casa, a mesma Pessoa? “Ando frustrado, irrita-me uma pessoa da minha equipa que me está sempre a confrontar e que não faz o que lhe peço. Não revela interesse nenhum pelas tarefas, não respeita os prazos, não cumpre com as suas responsabilidades e ainda vem pedir aumento!”

N

o artigo anterior, iniciámos o processo da definição de objectivos e falámos sobre a importância de nos conhecermos bem, de maneira a compreendermos como é que nos realizamos sem entrar em conflito connosco mesmos. Temos uma ideia mais clara do que nos motiva a agir.

Estímulo – Motivação Comportamento Hoje, vamos conhecer-nos um pouco melhor e ter mais consciência sobre o que fazemos, sobre o nosso comportamento. São vários os modelos teóricos que sustentam teorias sobre o compor-

tamento, e aqui vou usar especificamente o DiSC® que tem como base a descoberta de William Marston de que o comportamento é situacional e que tendemos a agir de maneiras diferentes dependendo do meio que nos envolve. Assim, considera-se uma pessoa activa (motivado por desafios, poder e autoridade, respostas directas, reconhecimento, relacionar-se) ou pensativa (valoriza a qualidade e o rigor, gosta de expectativas claras e bem definidas, prefere estabilidade e aprecia a cooperação)? Inquiridora (pensamento analítico, gosta que as

coisas façam sentido) ou receptiva (gosta de se relacionar com pessoas, causar boa impressão, aprecia a cooperação e preocupa-se em proporcionar um bom ambiente à sua volta)? Se as suas respostas foram: • Activo/Inquiridor, o seu estilo principal de comportamento é D (Dominância) • Activo/Receptivo, o seu estilo principal de comportamento é i (Influência) • Pensativo/Receptivo, o seu estilo principal de comportamento é S (Estabilidade)

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Pensativo/Inquiridos, o seu estilo principal de comportamento é C (Cautela) Conhecermo-nos melhora a nossa actuação, logo melhora a forma como nos relacionamos e como percepcionamos os outros. E nos negócios um dos factores de sucesso é a comunicação, ou seja, a forma como eu consigo apresentar, promover, explicar e argumentar o meu produto e/ou serviço. Se o seu estilo principal de comportamento for um D, isso significa que consegue tomar decisões quando os outros não o conseguem, que tem capacidade de enfrentar assuntos ou situações difíceis, que aceita a mudança como um desafio pessoal e que tem facilidade em manter a equipa centrada na tarefa. E sendo um D, o que pode fazer para ser mais eficaz? Por exemplo, treinar a paciência, a escuta, ouvir os outros e procurar compreender o que lhe dizem, reduzir a directividade, colocar as pessoas mais à vontade e mostrar o seu lado mais acessível, encorajando o diálogo. Se o seu estilo principal de comportamento é i, isso significa que se mostra sempre disponível, que inspira os outros e contagia com o seu entusiasmo e atitude positiva e que gosta de dar feedback positivo aos seus colegas e equipa. E o que pode fazer um i para ser mais eficaz? Ouvir com mais atenção, ser mais organizado e dar mais informações e detalhes quando dá uma tarefa. Se o seu estilo principal de comportamento é S, então sabe trabalhar bem em equipa, é sensível às necessidades dos outros, é metódico na organização e cumprimentos das agen•

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ACTIVO ÁGIL ASSERTIVO OUSADO

D C

INQUIRIDOR CENTRADO NA LÓGICA CÉPTICO DESAFIADOR

RECEPTIVO CENTRADO NAS PESSOAS TOLERANTE AGRADÁVEL

I S

das das reuniões, é bom ouvinte e tende a ser sempre agradável. E que pode fazer um S para ser mais eficaz? Pode ser mais directo, evitar os rodeios em excesso para pedir, explicar ou dizer algo, aceitar que na vida há mudanças e temos que aprender a lidar com elas e não carregar sempre os problemas do mundo às costas. E se o seu estilo principal de comportamento for um C, tende a ser rigoroso, a seguir as regras, preocupa-se com a qualidade e é diplomático. O que é que pode fazer para ser mais eficaz? Aprender a aceitar as diferenças de opinião, de método, de raciocínio, mostrar-se mais disponível e expressar o que pensa mesmo quando pensa de forma diferente. Todos os estilos são diferentes e isso é bom, numa equipa o ideal é ter pessoas de todos os estilos e conjugar isso com a área de actividade.

PENSATIVO MODERADO CALMO CUIDADOSO

A Tarefa: Pausa para pensar em si Pense e escreva numa folha em branco sobre: Que situações ocorreram hoje no meu dia que me deixaram feliz? O que é que eu fiz que contribuiu para esse resultado? E o que é aconteceu hoje no meu dia que me deixou chateado, triste ou frustrado? O que é que eu fiz que contribuiu para esse resultado? O que é que, no que depende de mim, eu posso fazer melhor para ter mais momentos felizes e menos frustrações? Sugestão: Se eu me conhecer bem, se eu souber quais os meus pontos fortes, como é que os outros me percepcionam e o que é que eu posso fazer para ser mais eficaz, aumento o sucesso da minha empresa, da minha equipa e do meu mundo!c


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COACHING Cristina Azinhal, Executive & Bussiness Coach PD Moz – Partnerships in Development

Me at Work, Me at Home, the same Person? “I’m frustrated, irritated by someone from my team who always confronts me and who does not do what I ask. He does not show any interest in his task, does not meet deadlines, fails to meet his commitments and still asks for a pay rise!”

I

n the previous article, we began the process of setting goals and we talked about the importance of knowing ourselves well in order to understand how we perform without entering into conflict with ourselves. We have a clearer idea about what motivates us to act.

Stimulus - motivation behaviour Today, we will get to know ourselves a little better and have more awareness about what we do, about

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our behaviour. Several theoretical models underpin theories about behaviour, and here I specifically use the DiSC®, which is based on the discovery of William Marston that behaviour is situational and that we tend to act in different ways depending on the environment that surrounds us. Thus, is someone considered active (motivated by challenges, power and authority, direct answers, recognition, relating to others) or thoughtful (values quality and rigor, likes clear and well-defined expectations,


prefers stability and appreciates cooperation) or inquiring (analytical thinking, likes things to make sense) or receptive (likes to relate to people and to make a good impression, appreciates cooperation and is concerned with providing a good environment around him)? If your answers were: • Active / Inquiring, your main style of behaviour is D (Dominance) • Active / Receptive, your main style of behaviour is i (Influence) • Thoughtful / Receptive, your main style of behaviour is S (Stability) • Thoughtful / Inquiring, your main style of behaviour is C (Caution) Knowing ourselves improves our performance, because it improves the way we interact and how we perceive others. And one of the success factors in business is communication, that is, how I can present, promote, explain and argue my product and / or service. If your main style of behaviour is a D, it means that you can make decisions when others cannot, that you have the capacity to face issues or difficult situations, that you accept change as a personal challenge and have the capacity to keep the team focused on the task. Being a D, what you can do to be more effective? For example, train patience, listening, listen to others and try to understand what they are telling you, reduce directness, put people at ease and show your more accessible side, encouraging dialogue. If your main style of behavior is I, it means that you are always available, that you inspire others and influence them with your enthusiasm and positive attitude and that you like

ACTIVE FAST PACED ASSERTIVE BOLD

ACCEPTING PEOPLE FOCUSED RECEPTIVE AGREEABLE

D C

I S

QUESTIONING LOGIC FOCUSED SCEPTICAL CHALLENGING

to give positive feedback to your colleagues and the team. And what can one do to make an I more effective? Listen more carefully, be more organized and give more information and details when you give a task. If your main style of behavior is S, then you know well how to work as a team, you are sensitive to the needs of others, methodical in the organization and in complying with the agendas of meetings, you are a good listener and tend to be always pleasant. And what can you do to make an S more effective? You might be more direct, avoid detours in asking, explaining or saying something, accept that in life there are changes and we have to learn to deal with them and not always carry the world’s problems on our back. And if your main style of behavior is a C, you tend to be rigorous, to follow the rules, you are concerned about quality and you are diplomatic. What can you do to be more effective? Learn to accept differences of

THOUGHTFUL MODERATE PACED CALM CAREFUL

opinion, of method, of reasoning, show yourself to be more available and express what you think even when you think differently. All styles are different and that is good, the ideal in a team is to have people of all styles and combine this with the area of activity. The Task: Pause to think of yourself Think and write on a blank sheet of paper: What situations occurred today that made me happy? What have I done that contributed to this? And what happened today that made me angry, upset or frustrated? What did I do to contribute to this? What is it that I can do better to have more happy moments and less frustration? Suggestion: When I know myself well, when I know what my strengths are, how others perceive me and what I can do to be more effective, I increase the success of my company, my team and my world!c

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ESTILOS DE VIDA

“Gostaria que a minha vida fosse uma casa” Os irmãos Fernando Amado, Mia e Armando Couto abriram as portas da Fundação Fernando Leite Couto (FFLC), pela primeira vez em Abril passado. Esta fundação, que carrega o nome do seu malogrado pai, pretende ser o baluarte do mosaico cultural moçambicano e dedicar-se à elevação ou salvaguarda do património cultural, empoderando os novos talentos nas mais diversas dimensões.

O

evento da inauguração da Fundação Fernando Leite Couto teve lugar numa moradia caracterizada pelo arrojo arquitectónico e pela generosidade dos espaços abertos, situada no bairro Sommerschield perante um alargado grupo

de convidados. À chegada, os convidados visitaram a exposição do artista plástico Naguib Elias, que serve de complemento valioso à estética do edifício marcado com as palavras do seu patrono: Gostaria que a minha vida fosse uma casa:

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Janelas abertas aos sonhos E portas abertas ao outros. Fernando Leite Couto, enquanto jornalista, poeta, editor e divulgador de literatura foi um homem verdadeiramente admirável, segundo os depoimentos recolhidos na inauguração da Fundação em causa. Maputo, em particular, passa assim a poder usufruir de uma sala de visitas aberta aos outros, pois a Fundação vai igualmente realizar tertúlias, colóquios, recitais e acolher diversos leitores na sua biblioteca. Trabalhar com e para os outros é o pano de fundo desta instituição que preenche um vazio no que diz respeito à actuação cultural numa perspectiva mais ampla. De portas abertas, os convidados circularam pelos espaços da casa. O evento teve uma audiência alargada. Num ambiente extremamente informal, os oradores e artistas foram partilhando afectos pela casa e reproduzindo histórias vividas na dimensão arejada do seu quintal, de modo a conferir o sentimento de liberdade a todos os presentes. Fernando Amado Couto, filho mais-velho, liderou o evento como patriar-

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Fernando CUMBANE E Fernando Leite Couto

ca da família, e apresentou o irmão Mia como presidente da Fundação. José Luís Cabaço, Manuel Tomé, Zeferino Coelho e Graça Machel, esta última testemunhando em vídeo, deixaram as suas mensagens intimistas quanto ao contributo da Fundação e do seu patrono para as letras e cultura moçambicanas. O ministro da Educação, Jorge Ferrão,

apresentou o resultado da parceria com a FFLC no sentido de editar uma publicação em formato de livro com os relatos das vítimas das cheias no vale do Zambeze. Por sua vez, o ministro da Cultura, Silva Dunduro, realçou a importância da FFLC no panorama cultural e turístico do país. Armando Jorge Couto apresentou as linhas de actuação face às parcerias encetadas com a AEMO para a realização de oficinas literárias, com a AMOLP e STV, na divulgação das boas competências da fala e da escrita em língua portuguesa, uma preocupação registada no livro inaugural do Patrono (intitulado ‘Uma Voz Cheia de Vozes’), uma obra que compila textos do Patrono e outros testemunhos escritos em sua homenagem, com o prefácio do escritor Luís Carlos Patraquim. E assim se cumpre o desejo de Fernando Leite Couto, que ‘gostaria que a sua vida fosse uma casa’. Eis uma casa ou Fundação que, de facto, possui ‘Janelas abertas aos sonhos e portas abertas ao outros’.c


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LIFE STYLE

“I wish my life to be a home” The brothers Fernando Amado, Mia and Armando Couto opened the doors of the Fernando Leite Couto Foundation (FFLC) for the first time last April. The foundation, which bears the name of their late father, aims at being a bastion of the Mozambican cultural mosaic and devoting itself to lifting or safeguarding the cultural heritage, empowering all kinds of new talent.

T

he inauguration of the Fernando Leite Couto Foundation took place in a residence standing out for its architectural boldness and the generosity of its open spaces, located in the Sommerschield neigh-

borhood, in the presence of a large group of guests. Upon arrival, the guests visited the exhibition of the artist Naguib Elias, which serves as a valuable complement to the aesthetic of the building, which carries the words of its patron:

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I wish my life to be a home: Windows open to dreams And doors open to others. Fernando Leite Couto, as a journalist, poet, editor and publisher of literature was a truly remarkable man, according to the testimonies gathered at the inauguration of the Foundation. Maputo, in particular, will thus be able to enjoy a living room open for others, given that the Foundation will organize gatherings, conferences, recitals and host readers in its library. Working with and for others is the backdrop of this institution, which fills a void with respect to cultural action from a broader perspective. With doors open, guests circulated through the spaces of the house. The event attracted a large audience. In a

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very informal environment, speakers and artists were sharing impressions concerning the house and telling stories in the airy atmosphere of the outer space, so as to provide the feeling of freedom to all present. Fernando Amado Couto, the oldest son, led the event as head of the family and introduces his brother Mia as chairman of the Foundation. José Luís Cabaço, Manuel Tomé, Zeferino Coelho and Graça Machel, the latter testifying by video, left their personal messages about the contribution of the Foundation and its patron for Mozambican literature and culture. The Minister of Education Jorge Ferrão, presented the results of the partnership with FFLC for a publication in book form with the stories of the victims of the floods in the Zam-

bezi valley. The Minister of Culture, Dunduro Silva, highlighted the importance of FFLC in the cultural and tourist landscape of the country. Armando Jorge Couto presented the kinds of activities to be undertaken in partnership with AEMO for organizing literary workshops and with AMOLP and STV for the dissemination of good speaking and writing skills in Portuguese, which is a subject of concern in the patron’s first book (entitled ‘A Voice Full of Voices’), a work that brings together texts written by him and testimonies written in his honour, with a preface by the writer Luís Carlos Patraquim. And so Fernando Leite Couto’s wish of ‘my life to be a home’ became reality. Here is a home or a foundation that really does have ‘Windows open to dreams and doors open to others’.c


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