CAPITAL

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Bank of the Year 2016 MOZAMBIQUE


Sumário

Destaques 14

Crispação tem dias contados

Moçambique virou persona non grata para quem manda no mundo. Mas, em 2017, tudo voltará a ser como era antes. A União Europeia deu os primeiros sinais, resta saber quem é o próximo.

44

8,000

44 USD$ milhões 6,000 4,000

O país termina o ano com a economia de rastos. Os dados macroeconómicos são, no mínimo, alarmantes. As reservas internacionais não chegam a cobrir três meses de importações. A inflação fechará o ano na casa dos 30%. O metical já se depreciou quase 70% face ao dólar. Porém, esperase que se inicie a retoma em 2017, e a decisão do investimento final nos projectos do gás da Bacia do Rovuma é a mais importante bóia de salvação.

36

Uma banca cheia de incertezas

Tema de Fundo

7,193 6,582

4,448 4,767

AIMMP relança marca em Moçambique

2,000

3,214

1,140

1,244

0

556 32 95 2006

216

2007

342

2008

657 434

2009

1,058 479

2010

531

546

2011

2012

1,412 613

2013

2014

2015

Créditos ao governo Capitais ao sector privado

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DOSSIER As marcas de uma economia anémica

14 ACTUAL

Capa

Crispação tem dias contados

AIMMP relança marca em Moçambique Propriedade e Edição: Mozmedia, Lda., Av. 25 de Setembro nº 1462 - Edificio dos Correios de Moçambique (Túnel) - Telefone: +258 21 416186 - Fax: +258 21 416187 – revista.capital@mozmedia.co.mz – Director Geral: André Dauane – andre.dauane@ mozmedia.co.mz Emília Gomes - emiliagomes@mozmedia.co.mz – Directora Editorial:HelgaNeida Nunes – helga. nunes@mozmedia. Redacção: Belizário Cumbe - belizariocumbe@yahoo.com.br, Gildo Mugabe - gildomugabi@gmail. com – Secretariado Administrativo: Yolanda Machado - yolandamachado97@gmail.com; Cooperação: CTA; Ernst &Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS – Colunistas: António Batel Anjo, E. Vasques; Elias Matsinhe; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Hermes Sueia; Joca Estêvão; José V. Claro; Leonardo Júnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mário Henriques; Nadim Cassamo (ISCIM/IPCI); Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Lourenço; Fotografia: Ismail Essak / ºChairman; Gettyimages. pt, Google.com; – Ilustrações: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. - Tradução: Helena Manhenje; Paginação: Ricardo Timbe – 29timbe@gmail.com – Design e Grafismo: Mozmedia – Departamento Comercial: Neusa Simbine – neusa.simbine@mozmedia.co.mz, Distribuição:Ímpia– info@impia.co.mz; Mozmedia, Lda.; Mabuko, Lda. – Registo: N.º 046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos assinados reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, é autorizada desde que citada a fonte.

As marcas de uma economia anémica

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Quando menos se esperava, eis que a banca está em crise. O Moza foi intervencionado e o Nosso Banco dissolvido e liquidado. Analistas acreditam que este é apenas o começo, mas o Banco Central diz que o sector goza de boa saúde. Mesmo assim, o nervosismo tomou conta de quem movimenta dinheiro no sistema. O tempo, que tudo revela, vai-se encarregar de mostrar quem é quem neste sector e quem veio para ficar.

AIMMP relança marca em Moçambique

Vítor Poças, presidente da AIMMP, Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, explica à Revista Capital os motivos pelos quais escolheu Moçambique para relançar a marca em África bem como toda a dinâmica da AIMMP e o sector que representa. A aposta começa por expor os produtos da Associative Design, o que de melhor se faz em Portugal em termos de produtos à base de madeira com um toque de inovação, tecnologia e design.

Capital Magazine Ed.101 · dezembro 2016

3


Editorial

Bem-vindo A economia no fecho do ano

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MARKETING

1.Depois das superpotências mundiais terem retirado a sua confiança em Moçambique, no ano de 2016, sobretudo devido aos propalados casos de dívida da MAM e da Pro Indicus. Depois dos parceiros de apoio programático (vulgo G14), que apoiam directamente o Orçamento de Estado (OE), terem-se sentido traídos e dedicido congelar suas doações, e do FMI, Banco Mundial, Reino Unido e União Europeia terem acendido a luz vermelha ao país em termos de financiamento, eis que uma lufada de ar fresco finalmente se aproxima.

Grandes marcas mostram a sua raça

36 BANCA Uma banca cheia de incertezas

Será que vamos voltar aos dias do dinheiro debaixo do colchão? Se assim for, como iremos melhorar os índices de inclusão financeira?

PROFILE Procura-se inovadores africanos!

3. O presidente da AIMMP, Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, desmistifica as razões pelas quais escolheu Moçambique para relançar a marca em África bem como toda a dinâmica da associação e o sector que representa. A entourage da madeira e mobiliário luso aposta agora forte no nosso país e começa por expor os produtos da Associative Design (AD), o que de melhor se faz em Portugal à base de madeira com um toque de inovação, tecnologia e design.

70 Estilos de visda E o prémio vai para... o Bom Garfo!

Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

2. O futuro da banca moçambicana vem preocupando seriamente empresários e investidores. O Banco de Moçambique garante que o nosso sistema bancário se encontra estável, sólido e goza de boa saúde. Não obstante, o pulsar do mercado revela outro diagnóstico. O Moza foi intervencionado e fecha portas. O Nosso Banco foi dissolvido e liquidado. E o Centro de Integridade Pública (CIP) revela que outras instituições bancárias estão na mesma situação, mais concretamente o Capital Bank, BancABC, Ecobank Moçambique, Banco Mais Moçambique e o United Bank of Africa (UBA).

52

4

A boa nova é que alguns parceiros estão a dar os primeiros sinais da retoma do apoio ao Orçamento de Estado. A União Europeia já anunciou que vai injectar 740 milhões de dólares ao OE nos próximos cinco anos, ao abrigo do programa de apoio programático aos projectos de desenvolvimento em Moçambique. E esperamos que essa seja apenas a primeira de mais e melhores notícias.

A primeira aposta vai para a participação dos produtos da AD no Mozambique Fashion Week, um evento moçambicano de gabarito internacional e do qual a revista Capital é parceira faz 8 anos.


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Contents

Highlights 18

48 Background Theme Big Projects

14,686

Other Companies

mozambique became persona non grata for those who rule the world. but, in 2017, every- thing will be business as usual. The european Union has given the first signs, it remains to be seen who is next.

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The marks of an anemic economy

AIMMP reactivates brand in Mozambique

9,290

0

5,000

10,000 Millions of USD

15,000

33

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DOSSIER The marks of an anemic economy

18 Current Capa

Tension has its days numbered

AIMMP reactivates brand in Mozambique Property and Edition: Mozmedia, Lda. 25 de Setembro n- 1462 - Edificio dos Correios de Moçambique (Túnel) – Telephone: +258 84 3015641 | +258 82 6567710 – revista.capital@mozmedia.co.mz – Managing Director: André Dauane – andre.dauane@ mozmedia.co.mz – Emília Gomes - emiliagomes@mozmedia.co.mz - Editorial Director: Helga Neida Nunes – helga. nunes@mozmedia. – Editorial Staff: Belizário Cumbe - belizariocumbe@yahoo.com.br, Gildo Mugabe - gildomugabi@ gmail.com – Administrative Secretariat: Yolanda Machado - yolandamachado97@gmail.com; Cooperation: CTA; Ernst &Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS – Columnists: António Batel Anjo, E. Vasques; Elias Matsinhe; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Hermes Sueia; Joca Estêvão; José V. Claro; Leonardo Júnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mário Henriques; NadimCassamo (ISCIM/IPCI); Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Lourenço; Photography: Ismail Essak / Chairman; Gettyimages. pt, Google.com; – Illustrations: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B.- Translation: Frans Hovens;Page make-up: Ricardo Timbe –29timbe@gmail.com – Design and Graphics: Mozmedia –Commercial Department: Neusa Simbine – neusa.simbine@mozmedia.co.mz, Distribution: Ímpia – info@impia.co.mz; Mozmedia, Lda.; Mabuko, Lda. – Registration: N.º 046/GABINFO-DEC/2007 - Printing: 7.500 copies. The articles reflect the authors’ opinion, and not necessarily the magazine’s opinion. All transcript or reproduction, partial or total, is authorised provided that the source is quoted.

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Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

Tension has its days numbered

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The country ends the year with the economy torn. macroeconomic data is, at least, alarm- ing. International reserves do not cover three months of imports. Inflation will close the year at 30%. The metical has already depreciated almost 70% against the dollar. However, it is expected that the rebound will be initiated in 2017, and the decision of final investment in the gas projects of the rovuma basin is the most important salvation buoy.

A Banking sector full of uncertainties When it was least expected, the banking sector went into a crisis. moza was intervened and Nosso banco was dissolved and liquidated, Analysts believe that this is only the beginning, but the Central bank says that the sector is healthy. even so, the restlessness took over those who transact money on the system. Time, which reveals all, will be responsible for showing who is who in this sector and who came to stay.

AIMMP reactivates brand in Mozambique

Vítor Poças, chairman of AImmP, Association of Wood and Furniture Industries of Portugal, explains to Capital magazine the reason why he chose mozambique to reactivate the brand in Africa as well as all the dynamic of AImmP and the sector it represents. The focus starts by exposing the products of Associative design, the best in Portugal in terms of products based in wood with a touch of innovation, technology and design.


Editorial

Welcome The economy at the year-end closing

56 MARKETING

1. After the world’s superpowers removed their trust from Mozambique, in 2016, especially due to the communicated debt cases of MAM and Pro Indicus. After the programmatic support partners (alias G14), who directly support the State Budget (SB) , felt betrayed and decided to freeze their donations, and the IMF, World Bank, United Kingdom and European Union ignited the red light to the country in terms of funding, then a fresh breeze finally draws near.

Big brands show their breed

38 BANK A Banking sector full of uncertainties

The good news is that some partners are giving the first signs of resumption of support to the State Budget. The European Union has already announced that it will inject 740 million dollars to the SB in the next five years, under the program of programmatic support to development projects in Mozambique. And we hope that this is the first of more and better news. 2. The future of the Mozambican banking system has been seriously concerning businessmen and investors. The Central Bank assures that our banking system is stable, solid and healthy. Nevertheless, the market pulse reveals another diagnosis. Moza was intervened and closed doors. Nosso Banco was dissolved and liquidated. And the Public Integrity Center (CIP) reveals that other banking institutions are in the same situation, namely Capital Bank, BancABC, Ecobank Moçambique, Banco Mais Moçambique and United Bank of Africa (UBA).

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Are we going to go back to the days of keeping money under the mattress? If that is the case, how will we improve financial inclusion indexes?

PROFILE

3. The Chairman of AIMMP, Association of Wood and Furniture Industries of Portugal, demystifies the reasons why he choose Mozambique to revive the brand in Africa as all well the whole dynamic of the association and the sector it represents. The entourage of Portuguese wood and furniture now bets strongly on our country and begins by exposing the products of Associative Design (AD), the best of what is done in Portugal wood based with a touch of innovation, technology and design.

African innovators wanted!

75

The first focus goes to the participation of AD products at the Mozambique Fashion Week, a Mozambican event of international quality which capital magazine has been a partner for 8 years.

LIFE STYLE And the award goes to ... Bom Garfo!

Capital Magazine Ed.101 · DeZEmbro 2016

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Capitoon

EM BAIXA RATING NO NÍVEL DO LIXO A agência norte-americana de notação da dívida Standard & Poor’s (S&P) decidiu cortar em dois níveis a classificação atribuída à dívida soberana de longo prazo de Moçambique (rating), passando-a de CCC para CC. Está agora no 10º nível da categoria de investimento especulativo, a um passo de entrar numa categoria que já é considera de incumprimento.c

EM ALTA MANICA RECEBE MAIS MEIOS AGRICOLAS Cinco tractores com as respectivas alfaias agrícolas foram entregues à União de Agricultores de Gondola (UAGO), uma agremiação que desenvolve actividades no posto administrativo de Cafumpe, naquele distrito. O equipamento foi financiado pelo Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA) e surge em resposta às preocupações apresentadas pelos produtores que pretendem, com este material, aumentar os níveis de produção e de produtividade na presente campanha agrária 2016/17.c

EURO NO BOM CAMINHO Uma estimativa feita por 54 economistas consultados pela agência Bloomberg antecipa que o conjunto dos países do euro cresça 1,6% em 2016, 1,3% em 2017 e 1,5% em 2018. Estas estimativas estão em linha com as previsões de Outono divulgadas pela Comissão Europeia, que elevou de 1,6% para 1,7% a estimativa de crescimento económico do bloco do euro em 2016.c

PREVISÃO DE CRESCIMENTO VOLTA A CAIR O ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, voltou a anunciar uma previsão pessimista sobre o desempenho da economia moçambicana para este ano, em face da deterioração dos principais indicadores macroeconómicos, desta vez para 3.7%.c

COISAS QUE SE DIZEM

10

A nossa incapacidade “Estamos com 41, quase 42 anos de independência, e não conseguimos produzir arroz, cebola, tomate, fruta, leite para uma criança ter um copo. Não produzimos ovos para uma criança ter um ovo por dia. Faz as estatísticas e diz-me que país é o nosso que é incapaz de produzir simplesmente com as nossas condições, de modo a que tenhamos o básico, comida diversificada, para as crianças terem leite e pão.”c

Liderar pelo exemplo “Ele (Samora Machel) era um educador pelo exemplo e toda a gente achava que ele sempre tinha razão. Mas ele obrigava as pessoas a raciocinar, para poderem até divergir com o que ele dissesse, apesar de que tinham desenvolvido um slogan de que a palavra de um dirigente é uma ordem. Mas ele tinha habituado as pessoas a reflectir e a debater as questões e a não tomar só a primeira palavra”.c

Graça Machel, activista social, in jornal O País ..

Joaquim Chissano, antigo Presidente da República, in jornal O País .

Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101



Capitoon

ON THE BOTTOM d se o l C Why have these banks closed for everybody!?

d se Clo

d se Clo

Maybe its because they have been opened for a few for a long time.

GROWTH FORECAST FALLS AGAIN The Minister of Economy and Finance, Adriano Maleiane, announced again a pessimist forecast regarding the performance of Mozambican economy for this year, in the face of deterioration of the main macroeconomic indicators, this time to 3.7%.. c

ON TOP MANICA RECEIVES MORE AGRICULTURAL MEANS Five tractors with the respective agricultural implements were delivered to the Gondola Farmer’s Union (UAGO), an association which works at the Cafumpe Administrative Station, in that district. The equipment was funded by the Agrarian Development Fund (FDA) and comes about as a response to concerns presented by producers who intend, with this material, to increase production and productivity levels in the current agricultural campaign 2016/17. c

RATING ON THE GARBAGE LEVEL The NorthAmerican agency of debt rating Standard & Poor’s (S&P) decided to cut in two levels the rating attributed to the long term Mozambican sovereign debt, going from CCC to CC. It is now in level 10 of the speculative investment grade, one step from entering into a category that is already considered as non-compliance.c

EURO ON THE RIGHT TRACK An estimate conducted by 54 economists consulted by Bloomberg anticipates that the group of euro countries will grow 1,6% in 2016, 1,3% in 2017 and 1,5% in 2018. These estimates are in line with forecasts from Autumn disseminated by the European Commission, which grew from 1,6% to 1,7% and the economic growth of the euro block in 2016.c

THINGS BEING SAID “We have 41, almost 42 years Our incapacity of independence, and we are unable to produce rice, onion, tomato, fruit, milk for a child to have a glass. We do not produce eggs for a child to have one egg per day. Do the math and tell me what country is this which is incapable of producing simply with our conditions, in order for us to have the basic, diversified food, for children to have milk and bread”.c

“He (Samora Machel) was Lead by example an educator by example and everybody thought he was always right. But he obliged people to think, so that they could even contradict what he was saying, despite the fact that they had developed a slogan that said “the word of a leader is an order”. But he had gotten people used to thinking and debating issues and not simply accepting the first thing that was said to them”.c

Graça Machel, social activist, in jornal O País.

Joaquim Chissano, former President of the Republic, in jornal O País.

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Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101



ACTUAL

Crispação tem dias contados Moçambique virou persona non grata para quem manda no mundo. Mas, em 2017, tudo voltará a ser como era antes. A União Europeia deu os primeiros sinais, resta saber quem é o próximo. Belizário Cumbe (texto)

O

ano 2016 começou com Moçambique a criar inimizade com as superpotências mundiais, desde os Estados Unidos da América até à Alemanha. Tudo começou com a revelação, pela imprensa internacional, das dívidas escondidas. Trata-se de empréstimos contraídos por empresas moçambicanas (MAM e Pro Indicus) com a garantia do Estado. Os doadores, os que apoiam directamente o Orçamento do Estado,

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Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

sentiram-se traídos e decidiram congelar o apoio. Tudo aconteceu no mês de Abril. O Fundo Monetário Internacional (FMI) deu o primeiro passo, depois foi a vez do Banco Mundial e, mais tarde, seguiram o Reino Unido e a União Europeia. Já em Maio, todos os parceiros de apoio programático, vulgo G-14, suspenderam o apoio directo ao budget do Estado. Desde então, Moçambique caiu na

desgraça. Perdeu a confiança das superpotências e foi colocado contra a parede: o financiamento só será restabelecido se o país cumprir com uma série de exigências, com destaque para a realização de uma auditoria internacional independente que será realizada pela multinacional Kroll com sede em Nova Iorque. Porém, há que destacar que alguns parceiros estão a dar os primeiros sinais da retoma do apoio ao orçamento. A União Europeia, por exemplo, anunciou, que vai injectar 740 milhões de dólares ao Orçamento do Estado nos próximos cinco anos, ao abrigo do programa de apoio programático aos projectos de desenvolvimento em Moçambique. Porém, a retoma a médio prazo do apoio financeiro está ainda dependente do progresso das acções que estão sendo desenvolvidas pelo Governo moçambicano no âmbito das recomendações do FMI, visando tornar a dívida pública sustentável. Outra variável a ter em conta é a aprovação dos planos de investimentos das empresas que vão explorar gás natural no bloco quatro da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, com destaque para a multinacional italiana ENI. Em 2017, certamente que Moçambique voltará a cair nas graças dos poderosos e a ser mencionado como um exemplo a seguir, como foi na última década e meia.c



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Dezembro 2016 ¡ Capital Magazine Ed.101


Capital Magazine Ed.101 ¡ dezembro 2016

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CURRENT

Tension has its days numbered Mozambique became persona non grata for those who rule the world. But, in 2017, everything will be business as usual. The European Union has given the first signs, it remains to be seen who is next. BelizĂĄrio Cumbe (text)

T

he year 2016 began with Mozambique making enemies with world superpowers, from the United States of America to Germany. It all began with the revelation of hidden debts, by the international press. These are loans contracted by Mozambican companies (MAM and Pro Indicus) with State Surety. Donors, those who supported the State Budget directly felt betrayed and decided to freeze the support. It all began in the month of April. The international Monetary Fund (IMF) took the first step, then it was the World Bank’s turn and later, the United Kingdom and European Union followed. In May, all programmatic support partners, the so called G-14,

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Dezembro 2016 ¡ Capital Magazine Ed.101

suspended direct support to the State budget. Ever since, Mozambique has fallen in disgrace. It has lost the trust of Superpowers and was put against the wall: funding will only be reestablished if the country complies with a series of demands, with highlight to an independent international audit which will be carried out by the multinational Kroll with head office in New York. However, it is important to highlight that some partners are giving the first signs of resumption to budget support. The European Union, for example, announced, that it will inject 740 million dollars to the State Budget in the next five years, under the program of programmatic support

to development projects in Mozambique. However financial support resumption at medium term is still dependent on the progress of actions which are being developed by the Mozambican Government in the context of IMF recommendations, aiming at making the public debt sustainable. Another variable to take into account is the approval of investment plans of companies which will exploit natural gas in block four of the Rovuma Basin, in Cabo Delgado, with highlight to the Italian multinational ENI. In 2017, Mozambique will certainly become again a favorite of those who are powerful and will be mentioned as an example to follow, as it was in the last decade and a half.c


Capital Magazine Ed.101 ¡ dezembro 2016

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MUNDO

Japão cresce acima do esperado A economia japonesa cresceu acima do esperado pelos economistas, no terceiro trimestre do ano em curso. A expansão da economia nipónica foi de 2,2% e deveu-se ao bom desempenho das exportações. Os analistas previam entre 0,8 e 0,9% de crescimento. No trimestre anterior, tinha crescido 0,7%. O consumo privado, que representa 60% da economia, subiu 0,1% no trimestre, mantendo-se ao mesmo ritmo de crescimento que no trimestre anterior. As exportações, no entanto, subiram 2%, o que compara com a queda de 1,5% no trimestre anterior. Os analistas acreditam que este

Annualizad GDP

6.0 4.0 2.0 0.0 -2.0

abe comes to power

-4.0 -6.0

Sales - tax hike crimps consumptio Q1

Q2 2013

Q3

Q4

Q1

Q2 2014

Q3

Q4

Q1

Q2 2015

Q3

Q4

Q1

Q2 2016

-8.0

Q3

Source: Cabinet office

crescimento acima de 2% deverá levar o Banco do Japão a manter a sua política monetária nas reuniões de Dezembro e Janeiro. Esta expansão, a maior desde 2015,

dará, segundo a Bloomberg, algum alívio ao primeiro-ministro Shinzo Abe, que poderá ver a economia nipónica penalizada com a vitória de Trump .c

OPEP estima aumento da oferta em 2017 A Organização dos Países

Exportadores de Petróleo (OPEP) reportou, recentemente, que a produção

petrolífera do cartel aumentou em Outubro para um novo máximo histórico. No relatório citado pela agência Reuters, a OPEP estima que o

DESTAQUE

Portugal eleito o melhor destino de golfe do mundo Portugal foi eleito

o melhor destino de golfe do mundo pela terceira vez consecutiva, recebendo o prémio instituído pela World Golf Awards, que atribui os óscares da modalidade. Portugal voltou a superar destinos como a Inglaterra, Escócia, Irlanda, Irlanda do Norte, País de Gales, França, Alemanha, Espanha, Turquia ou Itália, que competiam na mesma categoria. Existem actualmente 91 campos de golfe em Portugal (dos quais 66 têm

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Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

18 ou 27 buracos). O Algarve é a região que concentra o maior número de campos em Portugal (44%), seguido da região de Lisboa (17,58%). Segundo a organização, os World Golf Awards “visam estimular a indústria turística do golfe e resultam da votação online de profissionais ligados ao sector, a operadores turísticos especializados e a meios de comunicação dedicados ao golfe, mas também do público” .c

excesso da oferta mundial da matériaprima continuará a crescer em 2017. Em Outubro, os países-membros da OPEP produziram 33,64 milhões de barris por dia, mais 240 mil do que a média diária produzida em Setembro. Trata-se do valor mais elevado pelo menos desde 2008, segundo os dados compilados pela Reuters. A Agência Internacional de Energia (AIE) antecipou que os países externos à OPEP podem registar um aumento da produção de 500 mil barris por dia em 2017, mas o cartel estima registar um crescimento da produção ainda maior no próximo ano. Este relatório da OPEP surge em contraciclo com a intenção anunciada pela organização de limitar a produção por forma a aumentar os preços do “ouro negro”. No final de Setembro, a OPEP acordou um corte na produção entre 32,50 milhões e 33 milhões de barris por dia .c


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WORLD

Japan grows above the expected

HIGHLIGHT

of the previous term. However, exports, rose 2%, when compared to the drop of 1,5% in the previous term. Analysts believe that this growth above 2% will cause the Bank of Japan to maintain its monetary policy in the December and January meetings. This expansion, the biggest since 2015, will give, according to Bloomberg, some relief to Prime Minister Shinzo Abe, who may see the Japanese economy penalized with Trump’s victory.c

The Japanese economy

has grown above the expected by economists, in the third trimester of the current year. Expansion of the Japanese economy was 2,2% and was due to good performance of exports. Analysts forecasted between 0,8 and 0,9% growth. In the previous term, it had grown 0,7%. Private consumption, which represents 60% of the economy, rose 0,1% in the term, keeping the same growth rhythm

Annualizad GDP

6.0 4.0 2.0 0.0 -2.0

abe comes to power

-4.0 -6.0

Sales - tax hike crimps consumptio Q1

Q2 2013

Q3

Q4

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Q2 2014

Q3

Q4

Q1

Q2 2015

Q3

Q4

Q1

Q2 2016

-8.0

Q3

Source: Cabinet office

OPEC estimates an increase in supply in 2017 the expected The Organization of Petroleum Exporting Countries (OPEC) recently reported, that the cartel’s petroleum production increased in October to a new historical maximum. In the report cited by Reuters agency, OPEC estimates that the excess of world supply of the raw material will continue to grow in 2017. In October, OPEC member countries produced 33,64 million barrels a day, 240 thousand more than the daily average produced in September. It is the highest amount at least since 2008, according to data compiled by Reuters.

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Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

The International Energy Agency (IEA) anticipated that countries external to OPEC may register an increase in production of 500 thousand barrels a day in 2017, but the cartel estimates to register an even bigger growth next year. This report from OPEC comes in a counter cycle with the intention announced by the organization to limit production in order to increase prices of the “black gold”. At the end of September OPEC agreed a cut in production between 32,50 million and 33 million barrels a day.c

Portugal elected the best golf destination in the world

Portugal was appointed the best golf destination of the world for the third time in a row, receiving the award instituted by the World Golf Awards, which awards the ‘Oscars’ of the modality. Portugal surpassed again destinations such as England, Scotland, Ireland, Northern Ireland, Wales, France, Germany, Spain, Turkey or Italy, who ran in the same category. There are currently 91 golf courses in Portugal (out of which 66 have 18 or 27 holes). Algarve is the region that concentrates the biggest number of courses in Portugal (44%), followed by the Lisbon region (17,58%). According to the organization, the World Golf Awards “aim at stimulating the golf tourism industry and result from online voting of professionals connected to the sector, specialized tourism operators and means of communication dedicated to golf, but also the public”.c


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SEDE Capital Magazine Ed.101 · dezembro 2016

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ÁFRICA

Custos das telecomunicações sobem 40% em Angola

BREVES Economia da Argélia vai crescer 3.9% em 2017

A Argélia prevê crescer 3.9%

O custo das telecomunicações

em Angola regista, desde o mês de Novembro, um aumento de quase 40%, na sequência de uma decisão governamental, segundo a agência de notícias PANA. A medida confirmada pelo Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação vai levar os utentes dos serviços de telecomunicações a pagar mais 2,8 kwanzas por cada Unidade Tarifária de Telecomunicações.

A decisão é justificada pela “degradação” do valor de mercado da anterior UTT face à depreciação da moeda angolana em mais de 60%, nos últimos 12 meses. A subida em mais de 50% dos custos no mercado interno, sobretudo ao nível do suprimento energético e protecção de sites, é apontada também como uma das razões da actualização da Unidade Tarifária de Telecomunicações .c

em 2017, apesar da baixa dos rendimentos petrolíferos, segundo o primeiro-ministro argelino, Abdelmalek Sellal. Aquele governante precisou que apesar da baixa há três anos dos rendimentos do sector petrolífero, o país continua a resistir e a desenvolver esforços para manter a estabilidade da sua economia .c

São Tomé cria Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional

África procura regresso de emigrantes qualificados O continente africano

procura o regresso de especialistas que emigraram e residem em outros continentes para impulsionar o seu desenvolvimento económico através da formação universitária e da experiência profissional nos países de acolhimento. De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 92 milhões de africanos vivem fora do continente, muitos deles com um alto nível de qualificação profissional, que poderia ser muito útil a África, um continente com alguns dos países mais pobres do mundo. Segundo o presidente do Instituto Africano de Matemática, Thierry Zo-

24

Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

mahoun, o número de engenheiros africanos que trabalham nos Estados Unidos da América já ultrapassa o dos que exercem a profissão nos seus próprios países. O presidente da organização não-governamental Global Local Forum, Abdoulaye Sène, disse à agência Efe que “o retorno da diáspora seria uma mais-valia para os países africanos, como foi em países como a Índia, Itália ou Espanha”. Abdoulaye Sène destacou o caso da Índia, um país que se tornou competitivo em ciência e tecnologia “graças às políticas para criar um ambiente favorável para atrair esses especialistas” .c

Um Conselho de Segurança

Alimentar e Nutricional (COSAN), que tem como uma das missões coordenar e fiscalizar a política alimentar em São Tomé e Príncipe, entrou em funcionamento presidido pelo primeiro-ministro Patrice Trovoada. Segundo o primeiro-ministro, as competências do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural em matéria de segurança alimentar foram transferidas para este novo organismo .c


Capital Magazine Ed.101 ¡ dezembro 2016

25


AFRICA

Telecommunication costs rise 40% in Angola

IN SHORT

Algeria’s economy will grow 3.9% in 2017

Telecommunication costs

in Angola have registered, since the month of November, an increase of almost 401%, following a government decision, according to the news agency PANA. The measure confirmed by the Ministry of Telecommunications and Information Technology will make users of telecommunication services pay 2,8 kwanzas more for each Telecommunication Unit Rate.

The decision is justified by the “degradation” of the market value of the previous TUR against the depreciation of the Angolan currency by more than 60%, in the last 12 months. The increase by more than 50% of costs in the internal market, especially at the level of energy supply and site protection, is also indicated as one of the reasons for the update of the Telecommunication Unit Rate .c

Algeria predicts growth by 3.9% in 2017, despite the drop in oil revenue, according to Algeria’s Prime Minister Abdelmalek Sellal. The Statesman stated that despite the drop in revenue in the oil sector three years ago, the country still endures and continues to make efforts to maintain its economy stable .c

São Tomé creates Council of Food and Nutritional Security

Africa seeks the return of qualified emigrants The African continent is seeking the return of specialists who have emigrated and now live in other continents to boost its economic development through university education and professional experience in host countries. According to the International Organization for Migration (IOM), more than 92 million Africans live outside of the continent, most of them with a high level of professional qualification, which could be very useful for Africa, a continent with some of the world’s poorest countries. According to the Chairman of the African Institute of Mathematics, Thierry

26

Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

Zomahoun, the number of African engineers who work in the United States of America surpasses those who exercise the same profession in their own countries. The Chairman of the non-government organization Global Local Forum, Abdoulaye Sène, declared to Efe Agency that “return from the diaspora would be an added value to African countries, as it was in countries such as India, Italy or Spain “. Abdoulaye Sène highlighted the case of India, a country that became competitive in science and technology “thanks to policies to create a favorable environment to attract these experts” .c

A Council of Food and Nutritional

Security (COSAN), which has as one of its mission to coordination and oversee food policy in São Tomé and Príncipe, began working chaired by the Prime Minister Patrice Trovoada. According to the Prime-Minister, competencies of the Ministry of Agriculture and Rural Development on the subject of food security were transferred to this new body .c


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MOçAMBIQUE

Há alimentos para todos O país tem stock de produtos alimentares de primeira necessidade para assegurar o abastecimento do mercado durante a quadra festiva. Porém, em relação à batata reno e ao tomate poderá registar-se uma rotura dos produtos no mercado face à procura que caracteriza a Quadra Festiva. Contudo, e no que diz respeito ao arroz, açúcar, farinha de trigo, óleo alimentar e farinha de milho, a sua disponibilidade, ao nível de todas as províncias, está assegurada, segundo o ministro da Indústria e Comércio, Max Tonela. No que tange ao agravamento de preços dos produtos essenciais, algo comum na época festiva, Tonela considera que não há razões para alarme, uma vez que o metical tem vindo a estabilizar-se face ao dólar e ao rand .c

mente dado a Moçambique pelos detentores destes títulos de dívida, há uma firme convicção que dadas as circunstâncias actuais em que há uma disponibilização incompleta e ambígua de informação, é prematuro começar agora as negociações, lê-se na declaração publicada e citada pela Agência Lusa. A declaração, assinada pelos representantes dos credores que se intitulam Grupo Global de Detentores de Títulos de Dívida de Moçambique (GGMB), que dizem reunir 60% dos títulos da dívida pública, argumenta ainda que qualquer alívio da dívida no período entre 2017 e 2021 enfatizado pelas autoridades deve ser providenciado primeiro pelos outros credores, incluindo credores comerciais e credores bilaterais oficiais, de uma maneira comparável ao alívio da dívida que os detentores dos títulos das obrigações já deram. Estes credores lembram, assim, que já em Abril aceitaram uma redução dos pagamentos anuais e uma extensão de três anos na maturidade dos títulos até 2023 .c

Pesquisa destaca generosidade dos moçambicanos Moçambique

Credores da EMATUM travam negociação da dívida Os credores das obrigações da empresa moçambicana de Atum (EMATUM), que foram convertidos em títulos de dívida pública em Abril, afirmam que é cedo para se iniciar a negociação da dívida e consideram incompletas as informações disponibilizadas. Dado o alívio substancial já previa-

28

Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

é o país da língua portuguesa melhor colocado no ranking dos países mais generosos do mundo, surgindo na 67.ª posição, no conjunto dos 140 países abrangidos pela pesquisa. Quem o diz é o CAF World Giving Index 2016, que elaborou o ranking dos países mais generosos do mundo. Na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Moçambique é seguido, de perto, pelo Brasil, que está no 68.º lugar do ranking geral. Já a Birmânia é o país mais genero-

so. Durante o mês de Outubro, 91% dos birmaneses doaram dinheiro para a caridade, contribuindo assim para a eleição do país como o mais generoso do mundo pelo terceiro ano consecutivo: 63% da população ajudou um estranho. Mas o que se entende por países generosos? Para esta listagem são considerados o número absoluto de pessoas (entrevistadas) que afirmam que costumam efectuar doações para obras de caridade, voluntariado e ajudar pessoas estranhas. No ranking geral, os Estados Unidos da América aparecem na segunda posição com 63% dos americanos a doarem dinheiro e 73% a ajudarem um desconhecido .c

DESTAQUE

Banca na corda bamba

O Nosso Banco faliu. O Banco de Moçambique retirou ao banco o direito de exercer a actividade no país. Depois do Moza Banco, esta é a segunda instituição sobre a qual o Banco Central foi obrigado a agir, mas desta vez fê-lo sem dó nem piedade. Porém, há-que destacar que os depositantes serão reembolsados através do Fundo de Garantia de Depósitos. Coincidência ou não, a verdade é que este, assim como o Moza, é um banco de capitais maioritariamente moçambicanos .c


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MOZAMBIQUE

There is food for all The country has

“stock” of basic food products to ensure market supply during the festive season. However, with regards to potato and tomato there might be stock failure of these products with the demand that is common during Festive Season. However, with regards to rice, sugar, flour, cooking oil and maize meal, its availability, at the level of all provinces, is ensured, according to the Minister of Industry and Commerce, Max Tonela. As for the rise of basic product prices, something common during festive season, Tonela considers that there is no reason for alarm, since the metical has been stabilizing against the dollar and rand .c

EMATUM creditors stop debt negotiation Creditors of obligations of the Mozambican Tuna Company (EMATUM), which were converted into government bonds in April, have stated that it is still too soon to initiate debt negotiations and consider information made available as being

30

Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

incomplete. “With the substantial relief given to Mozambique by holders of these debt bonds, there is a strong conviction that given the current circumstances where there is incomplete and ambiguous availability of information, it is premature to begin negotiations now”, it can be read in a statement published and cited by Lusa Agency .c The statement, by those acting on behalf of creditors who call themselves Global Group of Mozambican Debt Security Holders (GGMB), who state that they have 60% of the public debt security, argue that any debt relief in the period between 2017 and 2021 emphasized by authorities must be provided first by other creditors, including commercial creditors and official bilateral creditors, in a way similar to the debt relief which bond holders have already given. These creditors remember, in this manner, that in April they accepted a reduction of annual payments and an extension of three years in the maturity of bonds until 2023 .c

Survey highlights generosity of Mozambicans Mozambique

is the Portuguese speaking country best placed in the ranking of the world’s most generous countries, coming up in 67th position, in a group of 140 countries comprised by the survey. This is from the CAF World Giving Index 2016, which the developed the ranking of the world’s most generous country. In the Community of Portuguese Speaking Countries (CPLP), Mozambique is closely followed by Brazil, which is in 68th position of the general ranking. Burma on its turn is the most gener-

ous country. During the month of October, 91% of Burmese donated money to charity, contributing in this manner for the appointment of the country as the world’s most generous country for the third year in a row: 63% of the population helped a stranger. But what does it mean to be a generous country? But for this list the absolute number of people (interviewed) is considered, who state that they donate to charities, do volunteer work and help strangers. In the general ranking, the United States of America have come up in the second position with 63% of Americans donating money and 73% helping a stranger.

HIGHLIGHT

Banks on a tight rope

Nosso Banco has gone

bankrupt. The Central Bank has withdrawn the Bank’s right to exercise the activity in the country. After Moza Banco, this is the second institution upon which the Central Bank was obliged to act, but this time it did it without mercy. However, it is important to highlight that depositors will be refunded through the Deposit Guarantee Fund. Coincidence or not, the truth is that Nosso Banco, similarly to Moza, is a Bank with mainly Mozambican owned capital .c


DOSSIER

As marcas de uma economia anémica O país termina o ano com a economia de rastos. Os dados macroeconómicos são, no mínimo, alarmantes. As reservas internacionais não chegam a cobrir três meses de importações. A inflação fechará o ano na casa dos 30%. O metical já se depreciou quase 70% face ao dólar. Porém, espera-se que se inicie a retoma em 2017, e a decisão do investimento final nos projectos do gás da Bacia do Rovuma é a mais importante bóia de salvação.

O

Belizário Cumbe (texto)

das exportações, contribiu para uma redução significativa das reservas internacionais. É que as reservas externas brutas caíram de 3,1 biliões de dólares no final de 2014 para 1,7 biliões, em 2016. A cobertura de importações está actualmente em 2,6 meses, bem abaixo do mínimo recomendado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e espera-se que continue diminuindo.

FMI fez transbordar o copo As contas do Governo foram gravemente prejudicadas pelo congelamento do apoio orçamental do FMI, na sequência da comunicação dos empréstimos do MAM e do ProIndicus no início de 2016. Os outros países doadores também decidiram seguir o mesmo caminho e o Estado ficou desorientado, com poucas alternativas para a realização das suas despesas. É que, historicamente, os

8,000

Elevada importância de capitais externos 7,193

USD$ milhões 6,000 4,000

6,582

4,448 4,767

2,000

3,214

1,140

1,244

0

ano termina com a economia moçambicana em estado de deterioração. A última previsão de crescimento foi de 3.7%, contrariando uma média de 7% registada na última década e meia. Assim sendo, Moçambique sai da posição de um dos países que mais crescia no mundo para um estado eminente de recessão. Entre os factores que contam para este estado de ruína está, por exemplo, a deterioração dos preços globais das matérias-primas em circulação no País. Mas há-que registar, igualmente, a redução do fluxo do Investimento Directo Estrangeiro (IDE), o atraso de alguns megaprojectos, os valores da despesa pública, a fraca produção agrícola e, claro, a tensão político-militar. Dados do Ministério da Economia e Finanças (MEF) indicam que a moeda nacional, o metical, depreciou-se quase 70% em relação ao dólar norte-americano, ao longo de 2016, depois de em 2015 ter desvalorizado 35%. Ainda de acordo com o MEF, o que precipitou a economia para a lama foi o aumento da divida pública externa, cujo pagamento, em ambiente de moeda em desvalorização, combinado com a redução do IDE e um crescimento fraco

2006

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556 342

2008

657

1,058

434

479

531

546

2009

2010

2011

2012

1,412 613

2013

2014

2015

Créditos ao governo Capitais ao sector privado

Capital Magazine Ed.101 · dezembro 2016

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DOSSIER

Há razões para acreditar O Governo e as instituições internacionais divergem em muita coisa, mas todos afirmam que a crise não veio para ficar e que há razões para acreditar. O desenvolvimento do sector energético promete gerar receitas chorudas com as exportações, embora tal só venha a acontecer no espaço de 4 a 5 anos,

0

Fluxo (USD milhões) 500 1,000 1,500

2,000

2,500

Financiamento externo líquido ao governo negativo

-500

fundos dos doadores representam cerca de 10% das receitas do Governo. Esses factores aumentaram a pressão sobre o já muito limitado espaço fiscal e forçaram o Governo a fazer cortes substanciais nas despesas públicas. Ainda segundo dados do MEF, a taxa de câmbio corrente prevê que a dívida pública bruta (incluindo os passivos dos empréstimos MAM e ProIndicus) deverá atingir 130% do Produto Interno Bruto (PIB) até ao final de 2016. Actualmente, a dívida externa representa mais de 80% da dívida pública bruta total, aumentando a vulnerabilidade do país perante os choques externos.

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

assim como oportunidades importantes para a atracção de mais investimento. Espera-se que duas decisões finais de investimento no sector do gás sejam tomadas dentro em breve. A ENI poderá decidir-se ainda este ano ao passo que a Anadarko irá adiar a sua decisão para 2017. O projecto da ENI é estimado em aproximadamente oito biliões de dólares, enquanto o desenvolvimento da iniciativa da Anadarko é estimado em pouco

mais de 12 biliões de dólares. Os projectos de gás só começam a gerar receitas de exportação na década de 2020 e espera-se que a economia se expanda significativamente e venha a proporcionar uma das maiores taxas de crescimento do PIB real da África sub-Sahariana. Depois de 2022, o crescimento poderá atingir dois dígitos, assumindo que os projectos de gás se tornarão operacionais em 2022/2023 .c

Stock total de dívida pública permanece alto 100

Investimento Directo Estrangeiro, 2011-2015 Grandes Projectos

9 96

80

14,686

Outras Empresas

11 82

4 72

9,290

17

21

24

79 71 66

60 10,000 Milhões de USD

15,000

Stock de dívida externa reduzido

57

55 45

48 40

38

43

45

20

100

% PIB

5,000

40

0

23

96

82

% PIB

0

80

79 72

71

-4

-4

-4

-1

-0

-3

-2

60

66

55

57

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

48

40

45 38

40

43

45

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

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Externa

Interna (líquida)


DOSSIER

The marks of an anemic economy The country ends the year with the economy torn. Macroeconomic data is, at least, alarming. International reserves do not cover three months of imports. Inflation will close the year at 30%. The metical has already depreciated almost 70% against the dollar. However, it is expected that the rebound will be initiated in 2017, and the decision of final investment in the gas projects of the Rovuma Basin is the most important salvation buoy. Belizário Cumbe (text)

8,000

High importance of external capitals 7,193

USD$ millions 6,000 4,000

6,582

4,448 4,767

2,000

3,214

1,140

1,244

0

T

he year ends with the Mozambican economy in a state of deterioration. The last growth forecast was 3.7%, countering the average of 7% registered in the last decade and a half. Therefore, Mozambique leaves the position of one of countries that grew most in the world to an eminent state of recession. Amongst the factors that count for this state of ruin is, for example, the deterioration of global prices of raw materials in use in the Country. But it is equally important to register, the reduction of Foreign Direct Investment (FDI) flow , the delay of some megaprojects, the values of public debt, weak agricultural production and of course, the political military tension. Data from the Ministry of Economy and Finances (MEF) indicate that the national currency, the metical, depreciated almost 70% against the North American dollar, during 2016, after depreciating 35% in 2015. Still according to the MEF, what precipitated the economy to the mud was the increase of external public debt, whose payment, in an environment of a depreciating currency, combined with FDI reduction and weak growth of exports,

2006

216

2007

556 342

2008

657

1,058

434

479

531

546

2009

2010

2011

2012

1,412 613

2013

2014

2015

Credits to government Capitals to the private sector

contributed to a significant reduction of international reserves. The fact is that gross external reserves fell 3, 4 billion dollars at the end of 2014 to 1, 7 billion, in 2016. Imports coverage is currently in 2,6 months, well below the minimum recommended by the International Monetary Fund (IMF), and it is expected to continue reducing.

IMF breaks the camel’s back Government accounts were seriously

jeopardized by the freezing of budget support from IMF, following the communication of MAM and ProIndicus loans at the beginning of 2016. Other donor countries have also decided to follow the same path and the State was disoriented, with little alternatives to realize its expenses. The fact is that, historically, donor funds represent about 10% of Government revenue. These factors have increased the pressure over the already very limited fiscal space and have forced the Government

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DOSSIER

The Government and international institutions differ in many things, but all state that the crisis did not come to stay and that there are reasons to believe. The development of the energy sector promises to generate big revenue with exports, although that will only happen in 4 to 5 years, similarly to important opportunities for attraction of more investment. It is expected that two final investment decisions in the gas sector will be made soon. ENI may decide still this year while Anadarko will postpone

Foreign Direct Investment, 2011-2015

2,500 2,000 Flow (Million USD) 500 1,000 1,500 0

There are reasons to believe

Negative Net external funding to government

-500

to make significant cuts in public expenses. Still according to data from the MEF, the current exchange rate forecasts that the net public debt (including liabilities of MAM and ProIndicus loans) shall reach 130% of the Gross Domestic Product (GDP) until the end of 2016. Currently, the external debt represents more than 80% of the total gross public debt, increasing the countries vulnerability before external shocks.

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

decade and it is expected that the economy expands significantly and offers one of the biggest growth fees of the real GDP of Sub-Saharan Africa. After 2022, growth may reach two digits, assuming that gas projects will become operational in 2022/2023 .c

its decision to 2017. ENI’s project is estimated in approximately eight billion dollars, while the development of Anadarko’s initiative is estimated in little more than 12 billion dollars. Gas projects have only began generating export revenue in the 2020

100

Total stock of public debt remains high

Big Projects

9

14,686

80

96

Other Companies

82 4 72

9,290

10,000 Millions of USD

15,000

External debt stock reduced 100

% GDP 60

5,000

17

21

23 24

79 71 66

57

55 45

40

0

11

48 40

38

43

45

20

96

80

82 79 71

0

% GDP

72

60

66

55

57

48

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-4

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2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

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-4

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External

Internal (net)


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BANCA

Uma banca cheia de incertezas Quando menos se esperava, eis que a banca está em crise. O Moza foi intervencionado e o Nosso Banco dissolvido e liquidado. Analistas acreditam que este é apenas o começo, mas o Banco Central diz que o sector goza de boa saúde. Mesmo assim, o nervosismo tomou conta de quem movimenta dinheiro no sistema. O tempo, que tudo revela, vai-se encarregar de mostrar quem é quem neste sector e quem veio para ficar. Belizário Cumbe (Texto)

N

a última década, a banca moçambicana destacou-se por registar lucros acima da média. Em 2014, por exemplo, o sector bancário lucrou pouco mais de seis biliões de meticais, mais 28% do que no ano anterior. Em 2015, quando a economia moçambicana dava os primeiros sinais de desaceleração, a banca parecia andar na contramão. O sector resistiu, por exemplo, à queda do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e cresceu 22%, registando lucros na ordem dos nove biliões de meticais. No ano passado, o relatório da Eaglestone Securities, uma plataforma de serviços financeiros, referiu que o

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Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

sector bancário moçambicano registava um crescimento elevado e boas perspectivas de negócio decorrentes do investimento estrangeiro na exploração de recursos naturais, que está a atrair a atenção dos grandes bancos internacionais. A título de exemplo, a publicação apontou para a aquisição do Banco Terra pelo português Montepio Geral (44,5%) e pelo sul-africano Nedbank (36,6%). A compra do Banco ProCredit pelos togoleses do Ecobank, assim como a entrada do banco francês Société Générale no The Mauritius Commercial Bank Moçambique, ao abrigo de uma estratégia que visa o crescimento em África, continente onde actua em 18 países.

O reverso da moeda Contudo, este cenário de lucros e avanços de multinacionais para a banca nacional escondia uma bolha que a qualquer momento podia rebentar. A mais recente pesquisa sobre o sector bancário da KPMG mostra dados que mesmo não sendo novos nunca mereceram a devida atenção. É que operam no país 18 bancos comerciais, mas 72% do total dos depósitos e créditos é dominado por apenas três, nomeadamente, Millennium-bim, Banco Comercial e de Investimentos (BCI) e Standard Bank. Por outro lado, os três maiores bancos absorvem cerca de 95% dos lucros. Ou seja, dos


noves biliões de lucros registados em 2015, 8.5 biliões foram repartidos apenas por aquelas três instituições. Ao passo que o Barclays conquistou lucros em 2015, depois de ter registado prejuízos nos últimos cinco anos. Posto isto, podemos dizer que muitos bancos têm fama sem proveito. A análise do sector como um todo confere bom nome a bancos frágeis que, no entanto, não observam os indicadores de sustentabilidade financeira. Afinal de contas, não foi do dia para a noite que o dissolvido Nosso Banco ficou com uma estrutura económico-

-financeira insustentável e com graves problemas de liquidez e de gestão. Já em 2014 o mesmo banco dava sinais de que alguma coisa não ia bem. Mas os activos tóxicos sempre foram diluídos pelos bancos estáveis e credíveis.

Que futuro para a banca? A pergunta que não se quer calar é: qual é o futuro que se reserva a banca moçambicana? O Banco de Moçambique diz que o nosso sistema bancário se encontra estável, sólido e goza de boa saúde.

CASA MÂE DA NOSSA BANCA Nome do Banco comercial

Ano do início Initialyear

Accionista Maioritário

1

Millennium BIM- Banco Internacional de Moçambique, SA

1995

Millennium BCP-Portugal

2

Standard Bank SA

1967

Stanbic Holding Limited - South Africa

3

Banco Comercial e de Investimentos, SA

1996

Caixa Geral de Depósitos Group - Portugal

4

Socremo Banco de Microfinanças, SA

1998

Africa Microfinance investment Company

5

Société Génerale Moçambique SA (formerly The Mauritius Commercial Bank SA)

1999

Société Génerale - France

6

African Banking Corporation (Moçambique) SA

1999

African Banking Corporation Holdings

7

Ecobank Moçambique SA

2000

Ecobank Transnational International - Togo

8

Nosso Banco SA (Antes Banco Mercantil e de Investimentos SA)

2001

Instituto Nacional Segurança Social Moçambique

9

Barclays Bank Moçambique SA

2005

10

Banco Oportunidade Moçambique SA

2005

Opportunity International - USA

11

FNB Moçambique, SA

2007

First Rand Group - South Africa

12

Moza Banco SA

2008

Moçambique Capitais SA - Mozambique

13

Banco Terra SA

2008

Rabo Bank - Netherlands

14

United Bank for Africa Moçambique SA

2010

UBA - Nigeria

15

Banco Nacional de Investimento SA

2011

Mauritius

Botswana

Barclays Africa Group Limited - South Africa

IGEPE - Mozambique Nedbank Group - South Africa

16

Banco Único, SA.

2011

17

Capital Bank SA

2013

First Merchant Bank - Malawi

18

Banco Mais - Banco Moçambicano de Apoio aos Investimentos S.A

2014

Geocapital - Portugal

FONTE: KPMG/AMB

Gevisar SGPS SA - Portugal

O mercado, porém, está agitado. Fala-se de uma corrida aos bancos para a retirada de poupanças e os empresários ameaçam desfalcar a banca, retirando, também, o que lhes pertence. Esta é apenas uma reacção ao anúncio dos dias difíceis. O Centro de Integridade Pública (CIP) diz que, pelo menos, outros cinco bancos estão na mesma situação que a do extinto Nosso Banco, e alerta para o agravamento das condições da banca comercial em Moçambique, nos próximos tempos. Segundo o CIP, trata-se do Capital Bank, BancABC, Ecobank Moçambique, Banco Mais Moçambique e o United Bank of Africa (UBA). É caso para dizer: Salve-se quem puder! Mas o próximo ano de 2017 vai ser esclarecedor. A lei da selecção natural vai imperar e só permanecerá no mercado quem tiver robustez necessária para tal. Os bancos com casa mãe na Africa do Sul e na Europa poderão resistir. Os outros, esses devem contar com a sorte porque bem vão precisar.

Onde guardar meu dinheiro? Muitos moçambicanos querem saber onde guardar o seu dinheiro. Querem saber quais são os bons e os maus bancos. O Banco de Moçambique recusa-se a dar uma resposta como forma de proteger as instituições financeiras - mas a força da especulação está a mover multidões para as ATM e para os balcões. A palavra de ordem é sacar o que for possível para guardar nos bancos que a opinião pública, sempre ela, acredita estarem longe da falência. Por isso, vale a pena dizer que a falta de informação sobre a saúde de certos bancos poderá aniquilá-los. Ou seja, podem resistir à doença, mas não prevalecerão perante a cura.c

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BANKING

A Banking sector full of uncertainties When it was least expected, the banking sector went into a crisis. Moza was intervened and Nosso Banco was dissolved and liquidated, Analysts believe that this is only the beginning, but the Central Bank says that the sector is healthy. Even so, the restlessness took over those who transact money on the system. Time, which reveals all, will be responsible for showing who is who in this sector and who came to stay. Belizário Cumbe (text)

of natural resources, which is attracting the attention of big international banks. As an example, the publication indicated the acquisition of Banco Terra by the portuguese Montepio Geral (44,5%) and by the South African Nedbank (36,6%). Acquisition of Banco ProCredit by the Togolese Ecobank, as well as entrance of the French Société Générale in The Mauritius Commercial Bank Moçambique, under a strategy which aims at its growth in Africa, a continent where it has been operating in 18 countries.

The reverse of the coin

I

n the last decade, the Mozambican banking sector stood out for registering revenue above average. In 2014, for example the banking sector profited a little more than six billion meticais, 28% more than in the previous year. In 2015, when the Mozambican economy showed the first signs of slow down, the banking sector seemed to be going in the other way. The sector

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Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

resisted, for example, the drop of Foreign Direct Investment (FDI) and grew 22%, registering revenue of around nine billion meticais. Last year, the report from Eaglestone Securities, a financial services platform, mentioned that the Mozambican banking sector registered high growth and good business perspectives resulting from foreign investment resulting from the exploitation

However, this scenario of profit and advances of multinationals for the national banking sector was hiding a bubble which could burst at anytime. The most recent research of the banking sector from KPMG shows data that despite not being new has never deserved the appropriate attention. The country has 18 commercial banks, but 72% of the total deposits and credits are dominated only by three, namely, Millennium-bim, Banco Comercial e de Investimentos (BCI) and Standard Bank. On the other hand, the three


biggest banks absorb about 95% of revenue. That is, out of the nine billion in revenue registered in 2015, 8.5 billion were divided by those three institutions alone. Barclays on its turn conquered revenue in 2015, after having registered losses in the last five years. Therefore, we may say that many banks have a reputation without gain. Analysis of the sector as a whole gives good name to weak banks which, none the less, do not observe the indicators of financial sustainability. After all, it was not overnight that the extinguished Nosso Banco got an unsustainable financial-economic structure and with serious liquidity and management problems. In 2014 this same Bank was giving signs that something was not right. But toxic assets were always diluted by credible and stable banks.

What future for the banking sector? The million dollar question: what does the future reserve for the Mozambican Banking sector? The Central Bank says that our banking system is stable, solid and healthy. The market however, is agitated. There are talks of a race to Banks to withdraw savings and businessmen are threatening to embezzle the banking sector, withdrawing, also, what belongs to them. This is only a reaction to the announcement of the difficult days ahead. The Public Integrity Center (CIP) says that, at least, another five banks are in the same situation as the extinguished Nosso Banco, and alerts to the worsening of conditions of the commercial banking sector in Mozambique, in the times ahead. According to CIP, it is Capital Bank, BancABC, Ecobank Moçambique, Banco Mais Moçambique and United

and which are bad. The Central Bank refuses to give an answer – as a way of protecting financial institutions – but the power of speculation is moving the crowds to ATMs and branches. The key word is to withdraw whatever is possible and keep it in Banks where the public opinion, always the public opinion, believes are far from bankruptcy. Therefore, it is worth saying that lack of information about the health of certain banks may destroy them. That is, they might resist the disease, but they will not prevail before the cure .c

Bank of Africa (UBA). Now more than ever: Every man for himself! But next year, 2017 will be clarifying. The law of natural selection will prevail and only those who are robust enough will remain in the market. Banks with head office in South Africa and Europe may resist. The others, those must count on luck because they will sure need it.

Where to keep my money? Many Mozambicans want to know where to keep their money. They want to know which banks are good

OUR BANKING SECTOR’S HEADOFFICE Name of commercial Bank

Starting Year

Major Shareholder

1

Millennium BIM- Banco Internacional de Moçambique, SA

1995

Millennium BCP-Portugal

2

Standard Bank SA

1967

Stanbic Holding Limited - South Africa

3

Banco Comercial e de Investimentos, SA

1996

Caixa Geral de Depósitos Group - Portugal

4

Socremo Banco de Microfinanças, SA

1998

5

Société Génerale Moçambique SA (formerly

1999

Société Génerale - France

Africap Microfinance investment Company Mauritius

The Mauritius Commercial Bank SA) 6

African Banking Corporation (Moçambique) SA

1999

African Banking Corporation Holdings Botswana

7

Ecobank Moçambique SA

2000

Ecobank Transnational International - Togo

2001

Instituto Nacional Segurança Social-

8

Nosso Banco SA (Formerly Banco Mercantil e de Investimentos SA)

Mozambique

9

Barclays Bank Moçambique SA

2005

Barclays Africa Group Limited - South Africa

10

Banco Oportunidade Moçambique SA

2005

Opportunity International - USA

11

FNB Moçambique, SA

2007

First Rand Group - South Africa

12

Moza Banco SA

2008

Moçambique Capitais SA - Mozambique

13

Banco Terra SA

2008

Rabo Bank - Netherlands

14

United Bank for Africa Moçambique SA

2010

UBA - Nigeria

15

Banco Nacional de Investimento SA

2011

IGEPE - Mozambique

16

Banco Único, SA.

2011

Nedbank Group - South Africa Gevisar SGPS SA - Portugal

17

Capital Bank SA

2013

First Merchant Bank - Malawi

2014

Geocapital - Portugal

18

Banco Mais - Banco Moçambicano de Apoio aos Investimentos S.A

SOURCE: KPMG/AMB

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NEGÓCIOS

Crescimento económico roça os 5.5% em 2017 As previsões macroeconómicas do país apontam para um crescimento na ordem dos 5.5% para o exercício de 2017, um crescimento acima de 3.5% previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Gildo Mugabe (texto)

Composição das Despesas de fucionamento para 2017

nal, uma desaceleração dos níveis de inflação, e um crescimento do fluxo do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) no país.

O expectável abrandamento da economia

Subsídios, 17%

Bens e Serviços, 17.4%

Transferências correntes, 13.2%

Despesas com pessoal, 49.4%

Encargos da dívida, 17.2%

Outras despesas correntes, 0.8%

Fonte: Direcção Nacional do Orçamento

D

e acordo com a proposta do Orçamento de Estado (OE) para 2017, o crescimento previsto de 5,5% será sustentado pelo desempenho previsto nos sectores da Agricultura (5,9%), Indústria Extractiva (24.0%), Electricidade e Gás (8,9%), Comércio (4,4%), Pescas (4,4%), Transportes (4,3%), Saúde (3,6%) e Educação (3,3%). Ainda em 2017 prevê-se a contenção

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Dezembro 2016 · Capital Magazine Ed.101

dos níveis de inflação, esperando-se que a taxa média anual se fixe em torno de 15,5%, contra uma previsão de 18,0%, em 2016. Esta tendência é suportada pela recuperação do crescimento económico e priorização pelo Governo de acções que estimulem a oferta de bens e serviços essenciais. Em 2017, a conjuntura macroeconómica aponta para uma recuperação do crescimento da economia nacio-

No que tange às receitas do Estado, as mesmas deverão crescer 13% fixando-se em 186.333,5 milhões de Meticais, correspondentes a 23,2% do PIB. Este rácio fiscal reflecte o impacto do abrandamento da actividade económica em 2016, o que levará a uma baixa da contribuição das empresas no que diz respeito ao Imposto sobre os Rendimentos de Pessoas Colectivas (IRPC) em cerca de 9%. As Receitas Correntes irão totalizar cerca de 183.147,1 milhões de Meticais, o equivalente a 22,8% do PIB e as receitas de capital 3.186,4 milhões de Meticais, o que corresponde a 0,4% do PIB. Relativamente às Receitas Fiscais, estas deverão atingir o montante de 155.556,8 milhões de Meticais, o que equivale a 19,4% do PIB, na qual se destacam as Receitas Sobre o Rendimento e as receitas sobre Bens e Serviços, que situar-se-ão em 8,0% e 10,4% do PIB, respectivamente .c


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BUSINESS

Economic growth rubs 5.5% in 2017 Macroeconomic predictions of the country point to a growth of around 5.5% for the 2017 exercise, a growth above 3.5% predicted by the International Monetary Fund (IMF). Gildo Mugabe (text)

A

ccording to the proposal of the State’s Budget (SB) of 2017, predicted growth of 5,5% will be sustained by performance foreseen in the sectors of Agriculture (5,9%), Mining Industry (24.0%), Electricity and Gas (8,9%), Commerce (4,4%), Fishing (4,4%), Transport (4,3%), Health (3,6%) and Education (3,3%). Still in 2017 it is foreseen that the levels of inflation will be contained, and it is expected that the annual average rate will be fixed around 15,5%, against an estimate of 18,0%, in 2016. This tendency is supported by recovery of economic growth and prioritization by the Government of actions which encourage the supply of basic goods and services. In 2017, the macroeconomic environment points to a recovery of national economic growth, a slowdown of inflation levels, and a growth of the country’s flow of Foreign Direct Investment (FDI).

The expectable slowdown of the economy With regards to State revenue, it must grow 13% fixing itself at 186.333,5 million Meticais, corres-

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ponding to 23,2% of the GDP. This tax ratio mirrors the impact of the slowdown of economic activity in 2016, which will lead to a drop of contribution of companies regarding Corporate Income Tax by about 9%. Current Revenue will total about 183.147,1 million Meticais, the equivalent to 22,8% of the GDP and capital revenues of 3.186,4 million

Meticais, which correspond to 0,4% of the GDP. With regards to Tax revenues, these shall amount to 155.556,8 million Meticais, which correspond to 19,4% of the GDP, and here one can highlight the Receipts on Income and receipts on Goods and Services, which will be around 8,0% and 10,4% of the GDP, respectively .c

STRUCTURE OF OPERATING EXPENSES FOR 2017

Allowances 17%

Goods and Services 17.4%

Current Transfers 13.2%

Expenses with Staff 49.4%

Debt service charges 17.2%

Other current expenses 0.8%

Source: National Budget Directorate


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Capital Magazine Ed.101 · dezembro 2016

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TEMA DE FUNDO

AIMMP relança marca em Moçambique Vítor Poças, presidente da AIMMP, Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, explica à Revista Capital os motivos pelos quais escolheu Moçambique para relançar a marca em África bem como toda a dinâmica da AIMMP e o sector que representa. A aposta começa por expor os produtos da Associative Design, o que de melhor se faz em Portugal em termos de produtos à base de madeira com um toque de inovação, tecnologia e design. Helga Nunes (texto) . Ismail Essak/Chairman (fotos)

Qual tem sido o percurso da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) e a sua filosofia?

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A AIMMP, Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, é uma associação patronal de direito privado, sem fins lucrativos e de


utilidade pública, representativa de empresas e instituições que operem no âmbito das indústrias de base florestal, excepto o papel, a celulose e a cortiça. Fundada em1957, com cerca de 60 anos de história, a AIMMP tem âmbito nacional e pode manter relações de cooperação com organizações técnicas e patronais, nacionais e de outros países, e, nos termos da lei, obter a filiação nessas organizações. Nos termos dos estatutos, a formação é um pilar importante da sua atuação, quer directamente, quer através do CFPIMM, Centro de Formação Profissional das Indústrias da Madeira e Mobiliário, que gere em parceria com o IEFP. De que forma se destaca a vossa organização? É no capítulo do comércio internacional que este sector se destaca e encontra a sua visão e o destino para o futuro. As indústrias de madeira e de mobiliário cresceram mais de 900 milhões de euros de exportações, entre 2009 e 2015, passando de 1.398 milhões de euros para 2.300 milhões de euros, respectivamente. Mas, ainda muito mais relevante do que esses valores, é o aumento do seu saldo da balança comercial que passou de 176 milhões de euros, em 2009, para cerca de 900 milhões de euros, em 2015. Um verdadeiro “case study” nacional. Estamos muito felizes com os resultados alcançados e pelo facto do sector ter aumentado as exportações todos os anos desde 2009, um ano reconhecidamente de crise. Qual é a estratégia internacional que seguem e em que países pretendem vir a apostar? No que diz respeito ao apoio à

internacionalização, a AIMMP tem apostado, desde 2008, na promoção do sector através de projectos conjuntos, aos quais designamos por INTER WOOD&FURNITURE, geridos em parceria com a AICEP, e dos projectos geridos em parceria com o COMPETE no âmbito dos Sistemas de Incentivos a Acções Colectivas, designados por ASSOCIATIVE DESIGN – THE BEST OF PORTUGAL. Todos complementados por outros projectos de capacitação, certificação, inovação, desenvolvimento e design para que as empresas sejam mais competitivas nos mercados externos, como é o caso do WOODSECTOR, ECO WOOD&FURNITURE e FORM WOOD&FURNITURE, num investimento anual superior a 5 milhões de euros. Estas acções têm como principais objectivos reforçar a imagem e notoriedade das empresas portuguesas da Fileira da Madeira e do Mobiliário, de modo a facilitar as exportações, bem como promover Portugal enquanto País moderno, com um sector industrial que alia a tradição e saber fazer à criatividade, qualidade, inovação e tecnologia avançada. Neste âmbito, estes projectos visam o apoio financeiro das empresas nas suas estratégias de internacionalização/acções de prospecção e promoção nos mercados mais relevantes, designadamente para a presença em feiras e certames internacionais com a exposição dos seus produtos, bem como todos os serviços de apoio à angariação de compradores, estudos de mercado, catálogos, marketing e publicidade internacional, missões de negócios, “road shows” e visita de compradores, para além da promoção das marcas e facilitação do contacto com os potenciais compradores. Por opção, e porque acreditamos no sucesso pela via da diversificação

de mercados, a AIMMP tem vindo a apostar em mercados emergentes, cumprindo com a sua obrigação de satisfazer a promoção de todos os sub-sectores que representa. Quando procuram investir no mercado internacional, têm o apoio das Embaixadas? Como é o vosso relacionamento com essas representações? Sempre que a aimmp organiza uma participação das empresas portuguesas em qualquer país do mundo, é obrigatório pelos nossos procedimentos contactar as embaixadas e representações da AICEP. O nosso relacionamento tem sido excelente e bem-sucedido. A alteração da estratégia de Portugal no que diz respeito ao enfoque na diplomacia económica

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ter acesso ao seu perfil de utilizador, permitindo-lhes gerir a sua área de conteúdos e aceder a informações extras para comunicação, efectuar upload de documentos técnicos dos produtos, solicitar certificados, pedir selos, etc.. O processo de certificação de produtos é realizado pela AIMMP, em parceria com entidades reguladoras externas, que garantem a exactidão do processo de certificação de acordo com o regulamento interno.Todo este processo é submetido online, através da nossa plataforma www. associativedesign.com, com total gestão por parte dos aderentes.

e melhor relação entre as Embaixadas e as Delegações da AICEP foi, na nossa perspectiva, excelente e tem trazido bons resultados no contributo para o aumento das exportações portuguesas. A AIMMP apresenta pela primeira vez um dos seus projectos âncora em Maputo, o Associative Design – The Best of Portugal, qual é a génese deste projeto? A Associative Design (AD) é uma marca registada pela Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) que tem por missão desenvolver, certificar e dinamizar a promoção de marcas e produtos para a fileira casa que evidenciem uma clara diferenciação na inovação, na tecnologia e no design. A estratégia da marca passa por impulsionar o design das empresas por-

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tuguesas e a notoriedade das marcas que manifestem interesse em apostar na promoção e comercialização dos seus produtos no mercado externo. O AD pretende, no fundo, certificar e representar marcas e produtos ao mais alto nível, usufruindo de economias de escala na promoção e lançamento de produtos da mesma fileira em eventos internacionais de grande valor acrescentado e notoriedade. Como se efetua o processo de adesão ao Associative Design e quem pode aderir ao mesmo? Podem aderir ao Associative Design as empresas portuguesas que cumpram com os respectivos regulamentos, onde se incluem requisitos legais, e encontrar-se em situação regular perante o Estado Português. Uma vez admitidos pela AIMMP enquanto AD Partner, a empresa passa a

Em que consiste um produto Associative Design? Um produto Associative design é criteriosamente avaliado mediante as normas de um regulamento interno que definem diversas regras, procedimentos e características do produto que garantem a qualidade, design e inovação do mesmo. Cada produto passa pelo crivo de uma Comissão Técnica que avalia a qualidade de cada produto mediante o regulamento interno em vigor. Após validação por parte da comissão técnica, o produto passa a ter um selo físico, denominado por branding que é afixado obrigatoriamente nas peças com o logo Associativo Design. Cada produto Associative Design tem um livro onde consta o manual de normas, número de identificação da peça e número de registo do mesmo, assim como um chip GPS para geolocalização das peças. Quais são as vossas acções previstas para o ano de 2017? O Associative Design participa em eventos Internacionais durante todo o ano, sendo que os nossos princi-


pais mercados são a Ásia, Europa e América. O nosso objetivo é divulgar a marca AD e os produtos dos nossos associados ao maior número possível de mercados emergentes por forma a projectarmos a marca Associative Design - The Best of Portugal e os produtos que certificamos. Para o ano de 2017 temos presença confirmada em feiras como: January Furniture Show; StockHolm Furniture Fair; Design Shanghai; Hotel Show Dubai; High Point Market; Decofair; Iran HomeTexpo, mas também estaremos em Milão, Paris, Nova Iorque e Londres, entre outras. Uma das vossas iniciativas passa por uma exposição no âmbito do Mozambique Fashion Week. De onde surgiu a ideia de associar o design dos vossos produtos

ao design da moda? O Design tem inúmeras vertentes, Design moda, interiores, produto, equipamento, etc.. Neste contexto, faz todo o sentido que num evento de moda sejam apresentados produtos de design de interiores, especificamente, produto e equipamento que farão parte integrante do cenário do próprio evento em si. Paralelamente, haverá ainda a mostra com possível aquisição de produtos Associative Design. Moçambique é um país irmão, de língua portuguesa, onde nós, os portugueses, teremos de estar sempre presentes e faremos parte da história, passada e futura, deste grande país. Por outro lado, o Mozambique Fashion Week (MFW) reúne grandes expectativas e visitantes com poder de compra oriundos dos mais diversos países de África que pretendemos alcançar .c

Indústria da madeira e mobiliário em Portugal Exportações

Saldo balança

2300 1398

900 176

2009

2015

2009

2015

Quando será possível adquirir os produtos AD em Moçambique? Os produtos AD estarão disponíveis a partir do dia 1 de Dezembro no Centro de Congressos Joaquim Chissano, e nos espaços dedicados aos eventos MFW’16, para além da presença na internet a partir de Janeiro de 2017.

PERFIL

Vítor Poças, presidente da AIMMP Licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa no ano de 1993, Vítor Poças frequentou as escolas locais e Colégio Salesiano como aluno interno. Foi assessor da Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para o Departamento de Jogos, assessor do Presidente do Conselho de Administração Norte e vogal da Direção da CESPU, Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, incluindo a administração de hospitais e clínicas privadas do Grupo CESPU durante 6 anos. É sócio gerente de diversas empresas, designadamente da MADEIPOÇAS, Madeiras, Lda. e da AFIM, Construções e Urbanizações, Lda., entre outras. É presidente da direção da AIMMP, Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal desde Julho de 2011. Neste âmbito, é vice-presidente da CEI-BOIS, Confederação Europeia da Indústria de Madeira, vice-presidente da EFIC, Confederação Europeia da Indústria de Mobiliário, vogal do conselho de administração do CFPIMM, Centro de Formação Profissional das Indústrias de Madeira e Mobiliário, vice-presidente do conselho geral da CIP, Confederação Empresarial de Portugal, vice-presidente da CPCI, Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, vice-presidente da EMBAR, Associação Nacional para a Recuperação e Reciclagem de Embalagens e Resíduos de Madeira, vogal da AIFF, Associação para a Competitividade da Indústria da Fileira Florestal e membro do conselho fiscal do CENTRO PINUS, Associação para a Valorização da Floresta de Pinho .c

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BACK GROUND THEME

AIMMP reactivates brand in Mozambique Vítor Poças, chairman of AIMMP, Association of Wood and Furniture Industries of Portugal, explains to Capital Magazine the reason why he chose Mozambique to reactivate the brand in Africa as well as all the dynamic of AIMMP and the sector it represents. The focus starts by exposing the products of Associative Design, the best in Portugal in terms of products based in wood with a touch of innovation, technology and design. Helga Nunes (text). Ismail Essak/Chairman (photos)

What has been the path of the Association of Wood and Furniture Industries of Portugal (AIMMP) and its philosophy? AIMMP, the Association of Wood and

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Furniture Industries of Portugal, is an employer’s association of private right, nonprofit and of public utility, representative of companies and institutions which operate in the con-


for the future. Wood and furniture industries have grown more than 900 million euros in exports, between 2009 and 2015, going from 1.398 million euros to 2.300 million euros, respectively. But even more relevant than these numbers, is the increase of its commercial balance which went from 176 million euros, in 2009, to 900 million euros, in 2015. A true national “case study”. We are very happy with the results achieved and with the fact that the sector increased its exports every year since 2009, a year famous for the crisis.

text of forest base industries, except paper, cellulose and cork. Founded in 1957, with close to 60 years of history, AIMMP has a national scope and can maintain cooperation relationships with technical and employer organizations, national and from other countries, and, in terms of law, obtain membership in those organizations. In terms of articles, training is an important pillar of its operation, be it directly, through the CFPIMM, Professional Training Center of Wood and Furniture Industries, which it manages in partnership with IEFP. In what way does your organization stand out? It is in the chapter of international commerce that this sector stands out and finds its vision and destiny

What is the international strategy followed and what are the countries you intend to bet on? With regards to support to internationalization, AIMMP has been betting, since 2008, on the promotion of the sector through joint projects, which we call INTER WOOD&FURNITURE managed in partnership with AICEP and of the projects managed in partnership with COMPETE in the context of the System of Incentives and Collective Actions called ASSOCIATIVE DESIGN – THE BEST OF PORTUGAL. All complemented by other projects of training, certification, innovation, development and design so that companies become more competitive in external markets, as is the case of WOODSECTOR, ECO WOOD&FURNITURE and FORM WOOD&FURNITURE, in an annual investment above 5 million euros. These actions aim mainly at strengthening the image and notoriety of Portuguese companies of Wood and Furniture Line, in order to facilitate exports, as well as promote Portugal, as a modern Country, with an industrial sector which aligns tradition and know how to creativity, quality, innovation and advanced technology.

In this context, these projects aim at supporting companies financially in their internationalization/action strategies of expansion and promotion in the most relevant markets, namely for presence in fairs and international contests with the exhibition of its products, as well as all support services of buyer acquisition, market research, catalogues, marketing and international advertising, business missions, “road shows” and visits to buyers, besides the promotion of brands and facilitation of contact with potential buyers. By choice, and because we believe in success through market diversification, AIMMP has been betting in emerging markets, complying with its obligation to satisfy the promotion of all sub-sectors it represents. When you want to invest in international markets, do you have the support of Embassies? What is your relationship with these representations? Whenever aimmp organizes a participation of Portuguese companies anywhere in the world, it is compulsory by our procedures to contact embassies and AICEP representations. Our relationship has been excellent and successful. The change of Portugal’s strategy with regards to focus in economic diplomacy and better relationship between Embassies and AICEP delegations, was excellent in our perspective, and has been bringing good results in contributing to the increase of Portuguese exports. AIMMP presents for the first time one of its anchor projects in Maputo, the Associative Design – The Best of Portugal, what is the genesis of this project? Associative Design (AD) is a brand re-

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gistered by the Association of Wood and Furniture Industries of Portugal (AIMMP) whose mission is to develop, certify and stimulate the promotion of brands and products for the house line which shows a clear difference in innovation, technology and design. The brand’s strategy passes by stimulating the design of Portuguese companies and the notoriety of brands that show interest in betting on the promotion and commercialization of their products in the external market. AD brands at heart, intend to certify and represent brands and products

at the highest levels, benefiting from economy of scale in the promotion and launch of products of the same line in international events of high added value and notoriety. How is the integration process to Associative Design made and who can adhere to it? Portuguese companies that comply with the respective regulation, where legal requirements are included, and are in a regular situation before the Portuguese State can adhere to Associative Design.

Once admitted by AIMMP whilst an AD Partner, the company has access to its user profile, allowing it to manage its content area and access extra information for communication, upload technical documents of products, request certificates, ask for seals etc. The process of product certification is made by AIMMP, in partnership with external regulating entities, who ensure the accuracy of the certification process in accordance with internal regulation. This whole process is submitted online, through our platform www.associativedesign. com, with complete management by the participant. What does a product of Associative Design consist of? A product of Associative design is carefully assessed according to the norms of an internal regulation which defines various norms, procedures, and product features which ensure its quality, design and innovation. Each product passes the inspection of a Technical Commission which assesses the quality of each product according to the internal regulation in force. After validation from the technical commission, the product now has a physical seal, called branding which is compulsorily fixed in the pieces with the Associative Design logo. Each Associative Design logo has a book for guidelines, identification number of the piece and its registration number, as well as a GPS chip for geo-location of the pieces. What actions do you have scheduled for the year 2017? Associative Design participates in international events during the whole year, and our main markets are Asia, Europe and America.

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Our goal is to publicize the AD brand and the products of our associates to the biggest possible number of emerging markets in order for us to project the brand Associative Design The Best of Portugal and the products we certify. . For the year 2017 we have confirmed our presence in fairs such as: January Furniture Show; StockHolm Furniture Fair; Design Shanghai; Hotel Show Dubai; High Point Market; Decofair; Iran HomeTexpo, but we will also be in Milan, Paris, New York and London, amongst others. One of your initiatives passes by an exhibition in the context of Mozambique Fashion Week. Where did the idea of associating the design of your products with fashion design

come from? Design has various components, Fashion Design, interior, product, equipment, etc. In this context, it makes perfect sense that in a fashion event interior design products are presented, specifically, product and equipment which will be an integral part of the event scenario itself. Concurrently, there will also be an exhibit with possible acquisition of Associative Design products. Mozambique is a brother country, Portuguese speaking, where we, the Portuguese, will always have to be present and will be part of the history, past and future, of this great country. On the other hand, Mozambique Fashion Week (MFW) has high expectations and visitors with purchase power from various African countries we aim to reach .c

Wood and Furniture Industry in Portugal Exports

2300

Commercial Balance

1398

900 176

2009

2015

2009

2015

When will it be possible to acquire AD products in Mozambique? AD products will be available from December 1st at the Centro de Congressos Joaquim Chissano, and in the spaces dedicated to MFW’16 events, besides presence on the internet from January 2017.

PROFILE

Vítor Poças, chairman of AIMMP With an Honors Degree in Business Administration from the Universidade Católica Portuguesa in 1993, Vítor Poças attended local schools and the Colégio Salesiano as a boarding school. He was a consultant of the Provider of the Santa Casa da Misericórdia of Lisbon for the Department of Games, Advisor of the Chief Executive Officer Norte and member of the Directorate of CESPU, Cooperative of Polytechnic Higher Education and University, including administration of hospitals and private clinics of Group CESPU for 6 years. He is a managing partner of various companies, namely MADEIPOÇAS, Madeiras, Lda. and AFIM, Construções e Urbanizações, Lda., amongst others. He is the Chairman of AIMMP, Association of Wood and Furniture Industries of Portugal, since July 2011. In this context, he is the vice-Chairman of CEI-BOIS, European Confederation Wood Industry, vice-Chairman of EFIC, European Confederation of Furniture Industry, member of the board of CFPIMM, Professional Training Center of Wood and Furniture, vice-chairman of CIP’s general council, Portugal Business Confederation, CPCI vice-chairman, Portuguese Confederation of Construction and Real Estate, vice-chairman of EMBAR, National Association for the Recovery and Recycling of Packaging and Wood Residue, member of AIFF, Association for Industry Competitiveness of Forestry Line and member of the fiscal council of PINUS CENTER, Association for the Appreciation of the Pine Forest .c

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PERFIL

Procura-se inovadores africanos! A organização African Innovation Investing in Prosperity lançou recentemente a sexta edição do Prémio de Inovação para África (IPA), que disponibiliza cerca de 150 mil dólares norteamericanos para os melhores projectos de inovação a serem seleccionados no continente africano. Gildo Mugabe (texto)

sustentável, que seja do benefício de todos, sendo que, ao mesmo tempo, promove a inovação.

Desenvolvimento sustentável na mira dos organizadores

O

Prémio de Inovação para África (designado de IPA), promovido pela African Innovation Investing in Prosperity, trata-se de uma iniciativa que visa fundamentalmente criar um espaço para incentivar e divulgar a criatividade no seio dos jovens empreendedores africanos. Para o caso concreto de Moçambique são incentivados indivíduos que tenham investido no desenvolvimento de soluções orientadas para o mercado, tendentes ao desenvolvimento de Moçambique, em particular, e de África, no geral. As candidaturas para a referida premiação estão abertas desde Setembro de 2016, com um prazo de submissão que decorre até 3 de Janeiro de 2017.

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Por esta via, o Prémio procura candidaturas que revolucionem a inovação social e económica nos domínios da indústria transformadora e de serviços, da saúde e do bem-estar, da agricultura e do agro-negócio, do ambiente, da energia e água e das Tecnologias de Informação e Comunicação. Para além destes sectores, o Prémio de Inovação para África recebe ainda inovações de outros sectores. O IPA, que já vai na sua sexta edição, escolheu o tema ‘Inovação africana: Investir na prosperidade’. Trata-se de um tema que, em consonância com o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável n° 9 da Organização das Nações Unidas (ONU), apela aos países a construírem infraestruturas resistentes e a promoverem a industrialização

Acredita-se que o fluxo de financiamento, investimentos e recursos são essenciais para obter uma cadeia de valor clara para a inovação em África, e que contribua para o desenvolvimento sustentável. Refira-se que o Prémio de Inovação para África é uma plataforma líder na esfera da inovação africana que congrega uma rede com mais de 6.000 inovadores africanos, abrangendo 50 países. O seu objectivo principal é fortalecer ecossistemas de inovação africanos através das suas plataformas e mobilizar uma rede de promotores de inovação, impulsionando o desenvolvimento de negócios e a colaboração transversal. Os futuros vencedores serão anunciados numa cerimónia de entrega de prémios em Julho de 2017 (sendo que a data exacta e o país da gala encontram-se ainda por confirmar). Contudo, eis uma excelente forma dos jovens poderem colocar as suas ideias sob o escrutínio dos melhores avaliadores e de tecerem relações positivas no contexto da rede em causa .c


PROFILE

African innovators wanted! The organization African Innovation Investing in Prosperity recently launched the sixth edition of the Innovation Prize for Africa (IPA), which provides close to 150 thousand American dollars to the best innovation projects to be selected on the African continent. Gildo Mugabe (text)

T

he Prize of Innovation for Africa (designated IPA), promoted by African Innovation Investing in Prosperity, is an initiative which aims fundamentally at creating a space to encourage and disseminate creativity amongst young African entrepreneurs. For the specific case of Mozambique individuals who have invested in the development of solutions directed to the market, aimed at the development of Mozambique in particular, and Africa in general are encouraged. Applications for the said award have been opened since September 2016, with a submission deadline that runs until January 3rd 2017. In this way, the Award is looking for applications that will revolutionize economic and social innovation in the domains of manufacturing industry and services, health and well-being, agriculture and agri-business, environment, energy and water and Information and Communication technologies. Besides these sectors, the Award for Innovation for Africa still receives innovation from other sectors. The IPA, which is on its sixth edition, picked the theme ‘African innovation: Invest in prosperity ’. It is a theme that, according to Goal nº 9 of the United Nations (UN) Sustainable Development, calls on countries to constitute robust infrastructures and promote sustainable industrialization, which

benefits all, and which promotes innovation at the same time.

Sustainable development in the sights of organizers It is believed that the flow of funding, investments and resources are essential to obtaining a clear value chain for innovation in Africa, and which contribute to sustainable development. It is important to mention that the Award Innovation for Africa is a leader platform in the sphere on African innovation which assembles a network with more than 6.000 African innovators,

comprising 50 countries. Its main goal is to strengthen African innovation ecosystems through its platforms and mobilize a network of innovation promoters, promoting business development and cross-sectional cooperation. Future winners will be announced in a prize awarding ceremony in July 2017 (and the exact date and country hosting the gala are still to be confirmed). However, this is an excellent way for young people to put their ideas under the scrutiny of the best appraisers and make positive comments in the context of the network in question .c

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MARKETING

Grandes marcas mostram a sua raça A gala 2016 Superbrands Moçambique foi um momento único de bom gosto e glamour. O evento decorreu com um à vontade digno de menção, em Novembro, no salão nobre do Polana Serena Hotel, e contou com a presença de centenas de convidados, além dos 16 premiados pelo certame este ano.

O

salão nobre do Polana Serena Hotel foi pequeno para acolher tantos convidados, entre representantes das marcas, empresários, marketeers, jornalistas e parceiros da Su-

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perbrands Moçambique, um dos 89 países onde o certame que distingue as melhores marcas do mundo se realiza. Desta feita, coube à Orquestra Xiquitsi os momentos musicais da noite


com a apresentação de um repertório de música clássica que brindou não só as Marcas Moçambicanas de Excelência 2016 como as restantes personalidades presentes. Para a dupla de representantes da plataforma que selecciona, avalia e distingue as marcas do país desde 2013, Miguel Proença e Patrícia Aquarelli, a quarta edição representa um crescimento não só do evento em si mas das marcas que anualmente são valorizadas e incentivadas a trabalhar e a actuar cada vez melhor no mercado diferenciando-se dos seus concorrentes. A ideia da Superbrands Moçambique é dar um abraço de reconhecimento por este trabalho por trás das conquistas das marcas que fazem a diferença em Moçambique. Este, e à semelhança dos outros anos, mais 16 marcas foram homenageadas pela Superbrands com livros com a sua identidade e benefícios diversos. A lista das marcas de excelência destaca marcas como o Banco Único, BCI, Barclays, Bom Garfo, CDN, Flor Real, KPMG, LM Rádio, Mcel, Miramar, Motorcare, Polana Serena Hotel, Revista Capital, South African Airways, Vodacom e Moreira Chonguiça.

fazer melhor é que lhes trouxe esse reconhecimento. Aliás, a directora editorial da revista Capital, Helga Nunes, foi receber o prémio e fez questão de frisar que esta edição da Superbrands deixava um gostinho especial à equipa que apresenta todos os meses noticias sobre a economia e o mundo dos negócios. Tudo porque a revista estava a comemorar as suas 100 edições e a entrada no seu 10º ano de vida. A marca BCI foi, na mesma ocasião, distinguida como a Capa Mais Criativa. Uma escolha feita não só pelo Conselho da organização, mas também por parte dos convidados, sendo que a capa do Polana Serena Hotel e da Flor Real foram também dignas de menção pela sua qualidade estética.

As marcas Superbrands Moçambique 2016, foram seleccionadas por um Conselho que juntou os especialistas da área: Miguel Proença (Playground Moçambique), Miguel Lemos (Exame Moçambique), Sarah Francisco (South African Airlines), Cristine Ramela (BancABC), Lina Halaze (Socimpex), Claúdio Chiche (Mcel), Alexandre Mari (Tv Miramar) e Aldo Tembe (Moçambique Providente). O Conselho selecionou as marcas através de critérios como o domínio de mercado, longevidade, goodwill, fidelização e aceitação no mercado. Depois desta premiação são mais de 60 as marcas moçambicanas de excelência, que já receberam o selo Superbrands e espera-se que esse número aumente de ano para ano .c

A capa mais criativa Ao longo da Gala, foram também homenageados os parceiros do Superbrands, Amarula/Nederburg, Casa Ferreirinha, Exame, Socimpex, Moet Chandon, Multidados, Ipsos, Smart, Xiquitsi, Kamaleon, Loja das Meias, Celso Domingos e Maningue Nice. Os representantes das Supermarcas foram unânimes em agradecer esta notoriedade que o prémio lhes dá, justificando que o trabalho e esforço dos colaboradores e a vontade de

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MARKETING

Big brands show their breed The 2016 Superbrands Moçambique gala was a unique moment of good taste and glamour. The event took place with an ease worthy of mention, in November, at the Polana Serena Hotel noble room, and counted with the presence of hundreds of guests, besides 16 award winners for these year’s contest.

T

he noble room of Polana Serena Hotel was small to host so many guests, amongst brand representatives, businessmen, marketers, journalists and Superbrands Moçambique partners, one of the 89 countries where the event which recognizes the best brands of the world takes place. This time, the night’s musical moments were up to Orquestra Xiquitsi with the presentation of a repertoire of classical music which delighted not only the Mozambican Excellence Brands 2016 as well as all other guests present.

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For the pair of representatives of the platform which selects, assesses and distinguishes the countries’ brands since 2013, Miguel Proença and Patrícia Aquarelli, the fourth edition represents a growth not only of the event itself but the brands which annually are valued and motivated to work and operate better and better in the market standing out from its competitors. The idea of Superbrands Moçambique is to give an embrace of recognition behind the achievements of brands that make a difference in Mozambique. This year, similarly to

other years, another 16 brands were honored by Superbrands with books with its identity and various benefits. The list of excellence brands highlights brands such as Banco Único, BCI, Barclays, Bom Garfo, CDN, Flor Real, KPMG, LM Rádio, Mcel, Miramar, Motorcare, Polana Serena Hotel, Revista Capital, South African Airways, Vodacom and Moreira Chonguiça.

The most creative cover During the Gala, Superbrand partners were also honored: Amarula/Ned-


erburg, Casa Ferreirinha, Exame, Socimpex, Moet Chandon, Multidados, Ipsos, Smart, Xiquitsi, Kamaleon, Loja das Meias, Celso Domingos and Maningue Nice. Representatives of Superbrands were unanimous in thanking the notoriety that the award gives them, justifying that the work and effort of employees and the willingness to do better brought them recognition. Indeed, Capital magazine’s editorial manager, Helga Nunes, received the award and stressed that this edition of Superbrands left a special taste to the team who presents every month news about the economy and the business world. All because the magazine was celebrating its 100 editions and entrance in its 10th year of life. The brand BCI was, on the same occasion, distinguished as the Most Creative Cover. A choice was made not only by the organization’s Board, but also by the guests, and Polana Serena Hotel’s and Flor Real’s covers were also worthy of mention for its esthetic quality. The brands Superbrands Moçambique 2016, were selected by a Board who put together experts of the field: Miguel Proença (Playground Moçambique), Miguel Lemos (Exame Moçambique), Sarah Francisco (South African Airlines), Cristine Ramela (BancABC), Lina Halaze (Socimpex), Claúdio Chiche (Mcel), Alexandre Mari (Tv Miramar) and Aldo Tembe (Moçambique Providente). The board selected the brands through criteria such as market domain, longevity, goodwill, loyalty and market acceptance. After this award there are more than 60 Mozambican excellence brands, which have already received the Superbrands seal and it is expected that this number increases year after year .c

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PUBLIREPORTAGEM

Produção e Maneio de Laranjeiras e Litcheiras

FDA promove formação de extensionistas No âmbito da promoção e incentivo da prática da fruticultura no país, o Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA) promoveu a formação de extensionistas da rede pública da zona sul do país em matéria de produção e maneio de laranjeiras e litcheiras.

A

formação realizou-se, entre os dias 17 e 28 de Outubro de 2016, no Centro de Extensão e Formação Agrária de Marracuene, envolvendo 40 extensionistas das províncias

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de Maputo, Gaza e Inhambane. O objectivo do curso é dotar os extensionistas com conhecimentos e técnicas melhoradas e inovadoras de produção de mudas, estabelecimento de pomares, gestão de água


de rega, identificação dos principais sintomas de pragas e doenças e os respectivos métodos de controlo e prevenção. Esta formação é precedida pelo treinamento dos extensionistas das regiões centro e norte, realizadas em Chimoio e Nampula, respectivamente. Neste âmbito, o programa formou 373 pessoas, dentre extensionistas, produtores de fruta e técnicos das Direcções Provinciais da Agricultura e Segurança Alimentar. Esta iniciativa enquadra-se no âmbito do Programa de Massificação da Fruticultura, lançado em 2011 pelo Fundo de Desenvolvimento Agrário, com o objectivo de fomentar a fruticultura junto aos pequenos e médios produtores do sector familiar. O programa contempla quatro componentes principais, nomeadamente, aquisição e alocação de mudas, capacitação dos extensionistas e viveiristas, assistência técnica aos produtores e monitoria do programa. De acordo com a Engª Dânia Falcão, coordenadora do programa, entre 2011 e 2015, o FDA financiou a aquisição de mais de 360 mil mudas de fruteiras de climas tropical e temperado, especificamente, manga, ananás, litchi, laranja, ameixa, maçã, pêra e pêssego, beneficiando as províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Zambézia, Nampula, Cabo Delgado e Niassa. A coordenadora do programa de fruticultura acrescentou que a fruticultura permite a produção em diferentes épocas do ano, reduzindo as flutuações de renda ao longo do ano. É também fundamental para o melhoramento da renda e do nível nutricional das populações, por via do abastecimento aos mercados urbanos, contribuindo para a redução de importações e para o aumento

das exportações no sentido de melhorar a balança comercial do país. O FDA prevê para a campanha 2016/17 potenciar os produtores de fruta por via do crédito e assegurar a distribuição em todo país de cerca de 57 mil mudas, das quais 17 mil mangueiras, 16 mil laranjeiras, 6 mil

litcheiras e 18 mil abacateiras. Por outro lado, pretende realizar, junto com o IIAM, capacitações contínuas aos produtores, extensionistas e viveiristas nacionais e estabelecer bancos de germoplasma e multiplicação dos materiais para o sector produtivo .c

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PUBLIREPORT

Production and Handling of Orange Trees and Litchi Trees

FDA promotes training of extension workers In the context of promotion and incentive of the practice of fruit farming in the country, the Agrarian Development Fund (FDA) promoted the training of extension workers of the public network in the south zone of the country in subjects such as production and handling of Orange Trees and Litchi Trees.

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symptoms of plagues and diseases and respective methods of control and prevention. This training is preceded by training of extension workers in the center and north regions, carried out in Chimoio and Nampula, respectively. In this context, the program trained 373 people, amongst extension workers, fruit farmers and technicians of the Provincial Directorates of Agriculture and Food Safety. This initiative fits in the context of the Program of Massification of Fruit Farming, launched in 2011 by the Agrarian Development Fund, with the aim of encouraging fruit farming to small and medium producers of the family sector. The program comprises four main components, namely, acquisition and allocation of seedlings, training of extension workers and nurserymen, technical assistance to farmers and program monitoring. According to Engineer Dânia Falcão, program coordinator, between 2011 and 2015, the FDA financed the acquisition of more than 360 thousand seedlings of fruit bowls of tropical and moderate climates,

specifically, mango, pineapple, litchi, orange, plum, apple, pear and peach, benefiting the provinces of Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Zambézia, Nampula, Cabo Delgado and Niassa. The coordinator of the fruit bowl program added that fruit bowl allows production in different periods, reducing revenue fluctuations during the year. It is also fundamental for improvement of revenue and nutritional level of populations, by means of supply to urban markets, contributing to the reduction of imports and increase of exports in the sense of improving the country’s trade balance. FDA foresees for the 2016/7 campaign to boost fruit farmers by means of credit and ensure the distribution in the whole country of about 57 thousand seedlings, out of which 17 thousand mango trees, 16 thousand orange trees, 6 thousand litchi trees and 18 thousand avocado trees. On the other hand, it intends to carry out, together with IIAM, continued training of farmers, extension workers and national nurserymen and establish germplasm banks and multiplication of materials to the productive sector .c

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he training took place, between the 17 and 28 October 2016, at the Center of Extension and Agrarian Training of Marracuene, involving 40 extension workers from the Provinces of Maputo, Gaza and Inhambane. The goal of the course is to provide extension workers with improved knowledge and techniques of production of seedlings, establishment of an orchard, management of irrigation water, identification of the main

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Empreender

Dixon Chongo

O rosto dos despachantes aduaneiros A Câmara dos Despachantes Aduaneiros de Moçambique (CDA) completa meia década de existência. Dixon Chongo, presidente da CDA, conta a história e fala da ligação com o seu percurso profissional percorrido enquanto despachante. Belizário Cumbe (texto)

O

s últimos 20 anos foram de uma agitação sem paralelo na economia moçambicana. Foi neste período que classes profissionais sentiram a necessidade de se organizar para agirem como um todo num mercado cada vez mais competitivo. Foi também o que aconteceu com os despachantes aduaneiros, uma classe que apesar de estabelecida no mercado não tinha espaço próprio. Para alterar o cenário, estes profissionais decidiram criar a Câmara dos Despachantes Aduaneiros de Moçambique (CDA), um processo liderado por Dixon John Chongo e Gama Afonso.

A história Chimoio, seis de Dezembro de 1977. Nascia Dixon Chongo, filho de pai changana e mãe chope, um jovem que viria a marcar a história dos des-

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pachantes pelo seu activismo e garra. Depois de concluir o ensino básico na província de Inhambane, Dixon ingressou na Escola Comercial de Maputo para frequentar o curso de Técnico Aduaneiro. Em 1999, ano em que concluiu o curso, começou a trabalhar como ajudante de despachante. Na altura, conta Dixon, existiam apenas sete despachantes aduaneiros em todo o país, pelo que formavam uma elite, dado o volume de trabalho que movimentavam. Porém, a Direcção Geral das Alfândegas (DGA) lançou em 2003 um concurso público para a formação de despachantes. Mais de 100 candidatos foram admitidos e entraram no mercado. Deste modo, em 2004 Chongo criou a sua própria empresa, a Dixon Chongo e Associados.

O parto da CDA O parto da CDA foi à cesariana. É que Dixon conta que antes de criar a sua empresa procurou saber por que motivos não havia uma associação representativa da classe. O primeiro motivo era a falta de união, o segundo, e o mais importante, era uma barreira legal. Antes havia apenas sete profissionais da área enquanto que para se associarem precisavam de ser pelo menos 10. Mas com a entrada de mais de 100, em 2003, esta barreira tinha sido ultrapassada, faltando unir a classe. Dixon pegou no dossier que havia para a criação da Associação dos Despachantes Aduaneiros, o mesmo estava com Gama Afonso, um dos mais importantes despachantes da praça. “Os mais velhos disseram que estavam cansados com o processo. Nós, os mais novos, assumimos. Fui ter com o despachante Gama Afonso

que se prontificou a trabalhar connosco mas disse que no lugar duma associação, era melhor criarmos uma câmara”, conta. Os advogados Osman Ali Dauto e Teodoro Waty juntaram-se à causa e suportaram o processo. Dixon destaca também o papel do então presidente da Autoridade Tributária, Rosário Fernandes, como um dos impulsionadores da causa. No final das contas, foram seis longos anos (2004 a 2010) de mobilização interna e externa, cujo objectivo era defender a importância da criação do organismo. O parto, depois de sete anos de gestação, teve lugar em 2011 com a aprovação da Lei 4/2011 que criou a Câmara dos Despachantes Aduaneiros de Moçambique, e no mesmo ano foi aprovado o regulamento e realizada a assembleia constituinte. Para liderar os destinos da CDA, não havia dúvidas. Gama Afonso era o líder natural e assumiu um mandato de três anos. Dixon Chongo presidiu à mesa da Assembleia Geral. Gama decidiu ir à reforma, em 2013, mas antes chamou Dixon para passar o testemunho. Este declinou, alegando que estava a iniciar o seu doutoramento e não queria distracções. Sendo assim, foi indicada uma outra pessoa para concorrer. Porém, quando faltavam dois meses para o escrutínio um grupo de 80 despachantes se reúne para apoiar a candidatura de Chongo à revelia deste. “Ligaram e disseram que tinha que estar numa reunião num hotel da cidade. Quando lá cheguei fui intimado a me candidatar. Liguei para Gama Afonso, ele disse que não tinha outra saída. Assumi a missão e tentei um acordo com o outro candidato mas não consegui. Fomos às eleições, em 2014, e venci. O meu mandato termina em Agosto de 2017” revelou.

O que mudou com a CDA? Com a criação da CDA, a AT passou a valorizar a classe. É que, antes, o despachante trabalhava dentro da estrutura das alfândegas. A diferença com um alfandegário é que o despachante não constava da folha de salário do Estado, mas até processos disciplinares e pedidos de férias eram feitos com a autorização da DGA. Por isso, a criação da CDA deu independência a estes profissionais. Passaram a ditar as regras e a trabalhar como parceiros da AT .c

PERFIL

Um Homem realizado

Depois de todo este processo, Dixon Chongo diz que é um homem realizado. Mas salienta que há grandes desafios dentro da instituição. Para Chongo, o despachante tem uma palavra a dizer em tempos de crise como este. Afinal de contas, este joga um papel fundamental na mobilização da receita do Estado. Licenciado em Direito e mestre em Direito Internacional, Dixon Chongo está a concluir o doutoramento em Direito Aduaneiro .c

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Entrepreneurship

Dixon Chongo

The face of customs broker

The Chamber of Customs Brokers of Mozambique (CDA) completes half a decade of existence. Dixon Chongo, Chairman of CDA, narrates the story and talks about the connection with his professional journey covered while a customs broker. BelizĂĄrio Cumbe (text)

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he last 20 years were of unparalleled turmoil in the Mozambican economy. It was during this period that professional classes felt the need to organize themselves to act

as a whole in an ever more competitive market. The same happened to customs brokers, a class that despite being established in the market did not have its own space. To change the scenario, these profes-


sionals decided to create the Chamber of Customs Brokers of Mozambique (CDA), a process lead by Dixon John Chongo and Gama Afonso.

The story Chimoio, six December of 1977.Dixon Chongo was born, son of a changana father and chope mother, a Youngman that would mark the history of customs brokers for his activism and determination. After concluding his primary education in the province of Inhambane, Dixon enrolled into Escola Comercial de Maputo to attend the course of Customs Technician. In 1999, the year he concluded his course, he began working as a customs broker’s assistant. At the time, tells Dixon, there were only seven customs brokers in the whole country, so they formed an elite, given the volume of work they did. However, the Directorate General of Customs (DGA) launched in 2003 a public bid to train customs brokers. More than 100 candidates were admitted and got into the market. In this manner, in 2004 Chongo created his own company, Dixon Chongo e Associados.

The delivery of CDA The delivery of CDA was a C-Section. Dixon says that before creating his company he asked why there was not an association representing the class. The first reason was lack of union, the second, and the most important, was the legal barrier. Before there were only seven professionals of the field, and to form an association they needed to be at least 10. But with the registration of more than 100, in 2003, this barrier had been overcome, and the only thing missing was to unite the class. Dixon took the file that existed for the

creation of the Association of Customs Brokers, this file was with Gama Afonso, one of the most important customs brokers of the country. “The eldest said that they were tired of the process. Us, the youngest, took over. I met with Gama Afonso who was ready to work with us but said that in lieu of an association, it was better for us to create a chamber”, he stated. Lawyers Osman Ali Dauto and Teodoro Waty joined the cause and supported the process. Dixon highlights the role of the then president of the Tax Authority, Rosário Fernandes, as one of the promoters of the cause. At the end of the day it was six long years (2004 to 2010) of internal and external mobilization, whose objective was to defend the importance of creation of the body. The delivery, after seven years of gestation, took place in 2011 with the approval of Law 4/2011 which created the Chamber of Customs Brokers of Mozambique, and in the same year the procedure was approved and the constitutional assembly took place. To lead the fate of CDA, there were no doubts. Gama Afonso was the natural leader and took over a three year term. Dixon Chongo chaired the General Assembly table. Gama decided to retire, in 2013, but

before called Dixon to hand him over the baton. He declined, alleging that he was starting his PhD and did not want any distractions. Therefore, another person was appointed to run. However, two months away from the election a group of 80 customs brokers met to support the candidacy of Chongo over his head. “They called me and told me i had to be at a meeting at a hotel in town. When i got there i was summoned to run. I called Gama Afonso, and he said that i did not have a choice. I took on the mission and tried to make an agreement with the other candidate but I did not succeed. We ran for elections, in 2014, and I won. My term will end in August 2017” he revealed.

What changed with CDA? With the creation of CDA, the AT began valuing the class. The fact is that before, customs brokers used to work within the structure of customs. The difference with a customs agent is that the customs broker was not part of the State’s pay roll, but even disciplinary processes and leave requests were done with the authorization of the DGA. That is why, the creation of CDA gave independence to these professionals. They began dictating the rules and working as AT partners .c

PROFILE

An accomplished Man After all this process, Dixon Chongo says that he is an accomplished man. But he highlights that there are big challenges within the institution. For Chongo, the broker has some words to say in times of crisis such as this one. After all, he

plays a fundamental role in the mobilization of State revenue. He holds an Honors Degree in Law and a Master’s degree in International Law, Dixon Chongo is now concluding a PhD in Customs Law .c

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COACHING Cristina Azinhal, Executive & Business Coach PD Moz – Parcerias em Desenvolvimento

Treinado para ganhar? É uma realidade que muitas empresas investem em formar os seus colaboradores e no final nada muda. Parece que foi um investimento mal feito.

Q

uer seja por investimento próprio quer seja por investimento da entidade empregadora, a formação deve ser encarada como uma oportunidade de melhoria, uma oportunidade de conhecimento e de fazer melhor. Todos já passámos por salas de formação, dos mais variados tipos de formação e todos aprendemos algo, ou não. A responsabilidade da aprendizagem é nossa, é um facto. Contudo, o veículo de transmissão da informação – o(a) formador(a) – deve também ser responsável pela informação que transmite. Deve ter-se em conta o

emissor – mensagem-receptor. Este investimento deve ser consciente, pensado e objectivo. Assim, é importante pensar no desenvolvimento da minha equipa, enquanto líder. Há um conhecimento base que as pessoas obtêm com a sua formação académica e que lhes permite executar uma série de funções importantes na sua função. Agora, imaginemos um colaborador numa tarefas que deve ter um contacto constante com clientes e fornecedores, gere situações complicadas e pessoas complicadas todos os dias, regista toda a actividade diária, etc. Este colaborador provavel-

mente vive com um nível de cansaço emocional e racional elevado, porque passa o dia a pensar e a gerir situações para as quais o treino que a vida lhe deu pode não ser suficiente. O que podemos fazer por este colaborador? Por exemplo, procurar uma formação que trabalhe a gestão das relações interpessoais, os conflitos e ainda a gestão eficaz do tempo. No ambiente formativo formal é esperado que a pessoa saia com um plano de acção pronto a ser implementado. E aqui quem acompanha a aprendizagem, a mudança? Pode ser o formador ou o líder. c

Tarefa: Balanço 2016 Liste as formações, conferências, workshops em que esteve presente este ano que termina, o que aprendeu de novo? Data/Duração

22-25 Fev/4h

Acção

Aprendizagem

Workshop – Gerir em tempos de Crise

Novas ferramentas para optimizar a gestão do meu negócio. A partir de agora vou analisar quais são as estratégias que surtiram maior efeito e replicar/melhorar.

Em que competências quer investir no próximo ano? Que formação pode frequentar? Qual o valor que está disposto a investir? Competência

Comunicação

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Objectivo Melhorar as minhas apresentações e a forma como comunico com os clientes quando estou em processo de negociação.

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Acção Como estruturar uma apresentação (Modelo Barbara Minto) e negociar com sucesso.

Investimento

(Consultar o mercado)

Lembre-se dos logros e fracassos deste ano, analise-os e retire as suas conclusões para que, no próximo ano, possa melhorar e testar novas estratégias. Lembre-se que parte da responsabilidade do que nos acontece é nossa, e não adianta culpar só o exterior pelo menos bom e atribuir a nós o ônus dos sucessos. Sugestão: Procure um bom fornecedor, exija resultados, peça indicadores de performance, peça acompanhamento, garanta o valor do seu investimento


HEALTH

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COACHING Cristina Azinhal, Executive & Business Coach PD Moz – Parcerias em Desenvolvimento

Trained to win? It is a reality that many companies invest in training their employees and in the end nothing changes. It seems like it was a bad investment.

B

e it the employee’s own investment or the companies’ investment, training must be looked at as an opportunity to improve, an opportunity to know more and do better. We have all gone through training rooms, of the most varied types of training and we have all learnt something, or not. The responsibility of learning is ours, it is a fact. However, the means of transmission of information – the facilitator – must be responsible for the information he/she transmits. The issuer must be taken into account – message-

recipient. This investment must be consistent, planned and objective. Therefore, it is important to think about the development of my team, whilst a leader. There is fundamental knowledge that people acquire with their academic training and that allows them to execute a series of important functions on their job role. Now, let’s imagine an employee in a role where he/she must have constant interaction with clients and suppliers, manage complicated situations and complicated people every day, register all daily activity, etc. This employee probably

lives with a high level of emotional and rational exhaustion, because he/she spends the day thinking and managing situations for which the training he /she acquired in life is not enough. What can we do for this employee? For example, look for training that works on interpersonal relationships, conflicts and efficient time management. In a formal training environment it is expected that the person leaves with an action plan ready to be implemented. And here who follows up on learning and change? It can be the facilitator or the leader.c

Task: 2016 review List the training, conferences, workshops you participated this year, what have you learnt anew? Date/Duration

22-25 Fev/4h

Action

Learning

Workshop – Management in times of Crisis

New tools to optimize management of my business. From now on i will analyze which strategies have had the biggest impact and replicate/improve.

In which competencies would you like to invest next year? What training can you attend? What amount are you willing to invest? Competency

Communication

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Objective

Improve my presentations and the way I communicate with clients when I am in a negotiation process.

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Action

How to structure a presentation (Barbara Minto Model) and negotiate successfully.

Investiment

(Consult the market)

Remember this year’s failures and successes, analyze them and draw your conclusions so that next year, you can improve and test new strategies. Remember that part of the responsibility of what happens to us is ours, and it is of no use to blame just the exterior for the less good and attribute to us the onus of successes. Suggestion: Look for a good supplier, demand results, ask for performance indicators, ask for follow up, and ensure the value of your investment.


Solution Overviews Vehicle Tracking Fleet & Mobile Resource Management Vehicle Security and Recovery system Assets and Personal Tracking Fuel Logging Solutions

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ESTILOS DE VIDA

E o prémio vai para... o Bom Garfo! O Bom Garfo é um restaurante especializado em rodízio, mas já ganhou prémios como o estabelecimento com a melhor escolha de vinhos. Mas o rol de distinções não se queda pela qualidade do menú e vai ainda mais longe. O Bom Garfo foi considerado uma das melhores 100 Pequenas e Médias Empresas, distinguido como uma das Superbrands Moçambique em 2016 e a sua proprietária arrebatou um prémio no Brasil como a melhor empreendedora em África. Saiba como o casal Francisco e Nídia Inaque conseguiram implementar uma empresa de sucesso em Moçambique. Helga Nunes (texto) . Ismail Essak (fotos)

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odízio, comida tradicional e muito requinte. É assim que se pode resumir o restaurante Bom Garfo, situado mesmo no coração da cidade de Maputo. Francisco Inaque e a sua esposa Nídia são proprietários de uma empresa de sucesso, que nasceu da implementação de um serviço de catering de rodízio, há sensivelmente três anos. Primeiro nasceu o catering e depois surgiu a ideia do restaurante enquanto espaço fixo, mediante a sugestão de muitos clientes. Em conversa com a nossa revista, Francisco e a sua esposa, Nídia, contam a história de um espaço que já é dos mais procurados na capital do país, num tom seguro e simpático, e com a humildade de envolver sempre o esforço da sua equipa na

obtenção das conquistas. Tudo começou com o serviço de catering que era servido em casamentos, aniversários, baptizados e até em eventos executivos. A ideia de abrir um restaurante só surgiu depois e na sequência da exigência de alguns clientes que pretendiam deliciar-se com a comida do Bom Garfo num ambiente mais calmo e em tudo distinto dos ambientes festivos. Francisco e a companheira acomodaram a ideia, mas com o enfoque de abrirem um restaurante diferente dos que existiam na cidade. Nesse sentido, contactaram alguns parceiros brasileiros e apresentaram a ideia, fase a que se seguiu uma formação vocacionada para os funcionários. Uma equipa de 18 profissionais foi formada no Brasil, no ‘Porcão’, considerado o melhor restaurante de churrasco ou de rodízio daquele país. E o Bom Garfo abriu as suas portas ao público assim que o grupo voltou com a capacitação exigida. Quase três anos depois da abertura do restaurante, Inaque garante que o estabelecimento cresce de forma assinalável e conseguiu atrair entre 40 a 50% dos clientes que serviam através do serviço de catering. É certo que existem outros restaurantes concorrentes na praça com o mesmo tipo de oferta, mas o maior desafio do Bom Garfo passa pela satisfação do cliente, não só com a apresentação de uma ementa rica no rodízio e em pratos de carne e peixe diversos, como com um ambiente acolhedor e sofisticado, uma decoração de se lhe tirar o chapéu e um atendimento atencioso. O Bom Garfo, segundo Francisco Inaque, foi criado para satisfazer o cliente.

Requinte a toda a prova Uma das coisas que salva à vista de

quem visita o Bom Garfo é o bom ambiente e a decoração que respira requinte e sofisticação. Inaque diz que nunca contratou um especialista para decorar o espaço, e que tudo é obra do elemento humano ligado ao Bom Garfo, entre funcionários, sócios e clientes. “Aqui implementamos ideias dos nossos funcionários e clientes. Todos nós contribuímos para deixar este espaço agradáve‘‘, destacou. Uma filosofia que parece resultar em pleno pois o conforto e a estética são dois valores dignos de menção. Outro espaço agradável e inovador é sem dúvida o Cigar Lounge. É um spot integrado no restaurante voltado para o encontro de empresários e parceiros e para reuniões de negócio, que foi concebido para comportar apenas 12 pessoas. Não obstante, se o visitante apenas quer tomar um drink num sítio calmo, esse sítio fica ali mesmo no Bom Garfo.

Da melhor carta de vinhos à homenagem aos clientes Um evento que é tradicional no Bom Garfo é a prova de vinhos e de whisky. Francisco Inaque conta que a casa está aberta às marcas de bebidas vínicas e espirituosas que queiram exibir os seus produtos. Segundo aquele empreendedor, algumas marcas de bebidas interessadas organizam sessões mais avançadas que levam o restaurante a convidar clientes. E estas sessões são projectadas, na maior parte das vezes, por fornecedores do próprio Bom Garfo. Talvez seja por isso que o Bom Garfo foi considerado o restaurante com a melhor carta de vinhos do país pela Nederburg, por duas vezes. Trata-se de um prémio, que segundo Inaque, prestigia o estabelecimento e os só-

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cios pretendem mantê-lo por muitos e longos anos. Mas há mais... O Bom Garfo foi considerado uma das melhores 100 Pequenas e Médias Empresas, distinguido como uma das Superbrands Moçambique em 2016 e Nídia Inaque foi seleccionada no Brasil, em Novembro passado, como a melhor empreendedora em África. Enquanto o Bom Garfo é reconhecido pelos prémios, o restaurante encontrou uma forma original de homenagear os seus clientes mais assíduos. Para o efeito, as pessoas que mais visitam o restaurante têm os seus nomes gravados nas facas que se encontram expostas numa montra do salão principal.

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‘‘Podíamos oferecer uma garrafa de whisky ou dar um desconto especial, mas concluímos que esta seria a melhor maneira de acarinhar os nossos clientes. Outros chegam a pedir as facas para levar para casa, e estou a falar de anónimos e figuras públicas‘‘, revela Francisco Inaque.

Paixão pela comida Inaque conta que ele e a companheira são apaixonados pela comida. Por isso, antes de criarem o próprio restaurante eram clientes assíduos da concorrência e chegavam a dar dicas para melhorarem os serviços dos mesmos. Embora reconheça que o Bom Garfo é inspirado no Porcão, destaca que

a grande diferença entre os dois é o facto do primeiro agradar a todos. Quem gosta de carne, de peixe ou é vegetariano tem o seu espaço no restaurante. O Bom Garfo apostou também na comida moçambicana, uma vez que são poucos os restaurantes em Maputo que servem o que é nosso. E quanto à qualidade do rodízio, que faz jus à marca, até os próprios brasileiros ficam surpreendidos quando visitam o Bom Garfo.

Da gastronomia ao reconhecimento Nídia é sócia do Bom Garfo e esposa de Inaque. Diz que o restaurante tem sempre uma surpresa para os clientes. Assim sendo, o estabelecimento não mantém as receitas estáticas, mas procura acrescentar alguma coisa no sentido de as melhorar. Quanto aos pratos predilectos, Nídia não tem dúvida alguma que o bacalhau do Bom Garfo é o melhor da cidade e que o seu paladar sempre surpreende até os clientes mais assíduos. E para garantir que os serviços sejam sempre os melhores, Nídia e Francisco visitam, regularmente, o restaurante para fazer uma vistoria e provar os pratos da casa. Pelo trabalho realizado no Bom Garfo, Nídia teve uma surpresa este ano. Foi convidada pela escritora brasileira Regina Gregório para fazer parte dum livro sobre mulheres de alto impacto no empreendedorismo. E a surpresa foi imensa pois Nídia foi a única mulher africana a fazer parte do livro, por isso diz sentir-se honrada pela iniciativa. Ou seja, mais uma distinção para o seu trabalho vindo de especialistas além-fronteiras. Eis o exemplo de um caso de sucesso levado a cabo por dois jovens empreendedores.c


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And the award goes to ... Bom Garfo! Bom Garfo is a restaurant specialized in rodízio, but has already won many awards as the establishment with the best choice in wines. But the roaster of distinctions is not limited by the quality of the menu alone and goes even further. Bom Garfo was considered one of the best 100 Small and Medium Enterprises, distinguished as one of Superbrands Moçambique in 2016 and its owner won an award in Brazil for the best entrepreneur in Africa. Find out how the couple Francisco and Nídia Inaque managed to implement a successful company in Mozambique. Helga Nunes (text). Ismail Essak (pictures)

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odízio, traditional food and a lot of sophistication. This is how one can sum up the restaurant Bom Garfo, located right on the heart of the Maputo city. Francisco Inaque

and his wife Nídia are owners of a successful company, which emerged from the implementation of a rodízio catering service, nearly three years ago. First came the catering and then the idea of a restaurant as a physical

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space, as suggested by many clients. In talks with our magazine, Francsico and his wife Nídia, tell the story of a space which is already one of the many sought out spaces of the countrys capital in a secure and friendly tone, and with the humility to always involve the effort of its team in its accomplishments. It all began with catering service which was served at weddings, birthdays, baptisms and even executive events. The idea of opening a restaurant only came after and in the aftermath of demands by some clients that wanted to delight themselves with Bom Garfo’s food in a calmer environment and in all distinct from festive environments. Francisco and his partner accommodated the idea, but with the focus of

opening a different restaurant from those that exist in town. In this sense, they contacted some Brazilian partners and presented the idea, which was followed by dedicated training to staff. A team of 18 professionals was trained in Brazil, at the ‘Porcão’, considered the best barbecue or rodízio restaurant of that country. And Bom Garfo opened its doors to the public as soon as the group returned with the training required. Almost three years after opening the restaurant, Inaque ensures that the establishment is growing significantly and has managed to attract between 40 to 50% of clients they served through the catering service. It is true that there are other com-

peting restaurants in town with the same type of offer, but the biggest challenge of Bom Garfo passes by client satisfaction, not only with the presentation of a menu rich in rodízio and various meat and fish dishes, but also a friendly and sophisticated environment, decor worthy of taking one’s hat off and friendly service.

Full proof sophistication One of the things which stands out to those who visit Bom Garfo is the good environment and the decor which breathes refinement and sophistication. Inaque says that he never hired a specialist to decorate the space, and that it is all the work


of the human element connected to Bom Garfo, between employees, partners and clients. “Here we implement our employees and clients ideas. We all contribute to making this space pleasant”, he highlighted. A philosophy that seems to work perfectly since comfort and appearance are two valuables worth mentioning. Another pleasant and innovative space is without a doubt the Cigar Lounge. It is a spot integrated into the restaurant created for meetings of businessmen and partners and accommodates only 12 people. Nevertheless if the visitor only wants to have a drink in a calm place, that place is right there at Bom Garfo.

From the best wine list to honoring clients An event which is tradition at Bom Garfo is wine and whisky tasting. Inaque says that the house is opened to wine and spirit brands that wish to display their products. According to that entrepreneur, some beverage brands which are interested organize more advanced sessions and that makes the restaurant invite clients. And these sessions are created, mostly, by suppliers of Bom Garfo itself. Maybe that is why Bom Garfo was considered the restaurant with the best wine list of the country by Nederburg, twice. According to Inaque this award honors the establishment and its partners intend to keep it for many long years. But there is more... Bom Garfo was considered one of the best 100 Small and Medium Enterprises, distinguished as one of Superbrands Moçambique in 2016 and Nídia Inaque was selected in Brazil, last November, as the best entrepreneur in Africa.

While Bom Garfo is recognised by its awards, the restaurant found an original way of honoring its more loyal clients. For that effect, those who have visited the restaurant the most have their names engraved in knives that are exposed in a window display

in the main room. “We could offer a bottle of whisky or give a special discount, but we have concluded that this would be the best way to show our appreciation for our clients. Others even request the knives to take home, and i am

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LIFE STYLES

talking about anonymous individuals and public figures”, reveals Francisco Inaque.

Passion for food Inaque tells that he and his partner are in love with food. That is why, before creating their own restaurant they were regular clients of the competition and even gave tips to improve their services. Even though he recognizes that Bom Garfo is inspired by Porcão, he highlights that the great difference between the two is the fact that the first pleases everyone. Those who like meat, fish or vegetarian have their space at the restaurant. Bom Garfo also betted on Mozam-

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bican food, since there are few restaurants in Maputo which serve what is ours. And with regards to quality of the rodízio, which does justice to the brand, even Brazilians themselves get surprised when they visit Bom Garfo.

From cuisine to acknowledgement Nídia is a partner at Bom Garfo and Inaque’s wife. She says that the restaurant always has a surprise for clients. In this manner, the establishment does not have static recipes, but always strives to add something in the sense of improving. As for favorite dishes, Nídia has no doubts that Bom Garfos Bacalhau is

the best in town and that its taste always surprises even the more regular customers. And to ensure that services are always the best, Nídia and Francisco regularly visit the restaurant to monitor and taste the house dishes. For the work done at Bom Garfo, Nídia had a surprise for this year. She was invited by Brazilian writer, Regina Gregório, to be part of a book about women of high impact in entrepreneurship. And it was a great surprise for Nídia who was the only African woman to be part of the book, and she says that she is honored with the initiative. That is, one more distinction for her work coming from experts from abroad. This is an example of a successful case of two young entrepreneurs.c


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