X Edição Diagnóstico - Maio 2019

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Revista do Medubi Edição X

Maio 2019

EntreVistA

Dr. Vitor Santos Dr. Taborda Barata

EnsinO AtiviDadeS

Okamba - Alice Neves

Especialidade de Medicina interna - o que esperar?

CasOS CLinicOS Nova rúbica da Diagnóstico

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Entrevista

Crónicas Design Educação médica Cultura Publicidade Científico

Junta-te a nós diagnotico@medubi.pt 2


Projeto: MedUBI Morada: Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade da Beira Interior Telefone: +351 275 329 002 Mail: geral@medubi.pt

FICHA TÉCNICA DIRETOR

DEPARTAMENTOS

DESIGN

CARTOON

Augusto Henrique

Augusto Henrique Maria Lúcia Castro

COLABORADORES Maria Ribeiro Mariana Pereira Jéssica Lemos Ana Catarina Eduarda Oliveira Maria Lúcia Castro

Cultural Educação Médica Mobilidade Mariana Pereira

PUBLICIDADE

Augusto Henrique

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ÍNDICE 5 6

EDITORIAL ACONTECEU

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TRILHOS DA SERRA

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ABROAD ADVENTURES

15 O QUE ESPERAR 17

ENTREVISTA

Luís Taborda Barata

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ENTREVISTA

Vitor Manuel dos Santos

23 CARTAS AOS ESTU-

DANTES DE MEDICINA

24 ANEM 26 HOW TO LEARN

ABOUT ME PENF

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28 EDUCAÇÃO

Inspiração na leitura

30 FOTOGRAFIA Concurso MGT

32 PERDER AS

ESTRIBEIRAS

33 CARTOON 34 QUAL O TEU

DIAGNÓSTICO

37 APOIOS 38 CONGRESSOS

NACIONAIS


EDITORIAL

EDITORIAL

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esde o momento em que aceitei responsabilidade de coordenador que nasceu em mim uma lição muito valiosa, “nada se constroí sozinho e ninguém constroí ninguém”. Após aprender a história dos meus antecedentes, pude admirar o seu trabalho e partir para o meu seguro em bons alicerces. Por isso, representando o legado que me foi passado, trazemos mais uma Diagnóstico com novas ideias e experiências que procuram trazer aos nossos leitores novas perpetivas do mundo. Nesta edição em especial colocámos a inteligência emocional na mesa e fomos à procura de pessoas que estão a aprender a controlar este conhecimento. E porque a inspiração é motor de criatividade convidamos-te a tirar partido da natureza como sua fonte. Desejo-vos as boas vindas a mais uma etapa da revista e espero sinceramente que desfrutem tanto na leitura desta edição como nos divertimos a produzi-la.

AUGUSTO HENRIQUE DIRETOR

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ACONTECEU Relembra os maiores eventos que se passaram na nossa Faculdade

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ACONTECEU

CERIMONIA DA BATA BRANCA Meio caminho caminhado, Outro tanto para andar, Avistando no percurso A meta a alcançar. Muitos obstáculos e desafios Tem de se ultrapassar Para o sonho se realizar. Nesta cidade serrana Que bem sabe acolher Preparo-me para o futuro: Medicina vou aprender! Maria Lúcia Castro

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ACONTECEU

Para celebrar a décima edição, o Med´s Got Talent encheu pela primeira vez o grande auditório da FCS. Um espetáculo onde vários estudantes mostraram aos seus colegas o seu lado artístico, fomos primeiro deslombrados pela dança de Beatriz, que me despertou a vontade de movimento até às veias mais profundas. Esta vibração logo foi apaziguada com a voz da Maria. Na segunda parte tive o meu ser inspirado pelas palavras do Francisco. Cada ver-

Vencedores Colega - Rita Rosa Revelação - José Faria Filósofo - Francisco Carvalho Músico - João Fontes Bailarino - Rúben Coelho Ator - Joana Santos 8

so enraizava a vibração das suas cordas vocais, como se estes é que quisessem proclamar a sua voz. Tal era minha a tertúlia interior que só a simplicidade e beleza da atuação das duas gêmeas do segundo ano veio instuarar harmonia por todos os cantos do grande auditório. Para além desta grande disputa artistica, não faltou gargalhadas para os videos de ano. Estas eram mais contagiantes que a peste negra do séc. XIV. Num mês onde as força parecem começar a faltar e a motivação se torna duvidosa para muitos, acredito que este evento veio trazer uma lufada de ar fresco e trazer a alegria de estarmos neste curso, juntos.


TRILHOS NA SERRA

TRILHOS DA SERRA

A saúde mental é cada vez mais uma preocupação para o estudante de medicina, e portanto cuidar dela torna-se uma prioridade. Como está comprovado em vários estudos, o contacto com a natureza é um forte medicamento nesta luta com a nossa alma, e chega a ser uma “prescrição” usada por médicos em diverços paises. Com este objetivo em mente, a Diagnóstico foi á procura de utilizar a melhor arma da Covilhã, a Serra da Estrela, e procurar formas de como esta podia ser explorada. Nesta pesquisa encontra-mos precursos espalhados pelas várias zona da serra que estão desenhados para desvendar as mais belas paisagens que este local tem para oferecer. Vem conhecer os Trilhos da Serra! - Augusto Henrique

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TRILHOS NA SERRA

1º TRILHO - ROTA DAS FAIAS ROTA PR13MGT Tipo: Circular Tempo estimado: 3 Horas Coordenadas início: 7º30’58.95”W 40º25’24.79”N Altitude início: 1090 m Altitude mínima: 880 m Altitude máxima: 1174 m Sentido aconselhado: Ponteiros do relógio Dificuldade: Média Extensão: 5,4 km | 6,5 km (com derivações) BTT: Sim (com limitações)

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Info: manteigastrilhosverdes.com


TRILHOS NA SERRA

A Rota das Faias possibilita a descoberta de algo novo e surpreendente a cada instante, desde a vegetação esplendorosa a paisagens fulgurantes, que juntamente com a agricultura e a pastorícia proporcionam um passeio perfeito para quem deseja conhecer a serra, as suas gentes e costumes.

A sua denominação advém do facto deste percurso mergulhar no interior de uma densa foresta de faias, plantada pelos Serviços Florestais de Manteigas no início do século XX.

O contacto com a vida rural e pastoril é uma tónica presente ao longo do trilho, uma vez que o mesmo é utilizado por pastores para se deslocarem com o seu gado até aos locais de pastoreio, permitindo eventuais interacções com quem percorre a Rota.

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ABROAD ADVENTURES O que te motivou a participar no projeto Okamba?

Desde que entrei no curso que tinha a ambição de participar num projeto como este. Recordo-me que nos meus primeiros anos decorria um projeto semelhante em São Tomé e Príncipe e já na altura ouvia as histórias de quem tinha ido com fascínio e vontade de me envolver também em algo semelhante. Entretanto iniciou-se o projeto Okamba, na Guiné Bissau, do qual tive conhecimento através das colegas que participaram no ano passado. O feedback transmitido por elas foi tão positivo que não hesitei em inscrever-me.

Em que atividades clínicas te envolveste?

A participação no projeto decorreu no âmbito do estágio de Pediatria, consistindo as nossas funções na Maternidade e Hospital Pediátrico em acompanhar os neonatos imediatamente após o parto e nos dias subsequentes e assistir os médicos locais em consultas, na urgência e no internamento. Para além disso, no Hospital Mal de Hansen, uma antiga leprosaria onde funcionam atualmente os pavilhões de Medicina Interna, Lepra e Tuberculose, colaborámos no acompanhamento dos pacientes internados. Foi-nos também possível ter contacto com outras especialidades, graças à presença de equipas portuguesas das especialidades de Ginecologia

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e Obstetrícia e Oftalmologia.

Como eram as condições de habitação da comunidade?

As infraestruturas existentes na Guiné são muito diferentes das que encontramos em Portugal. Enquanto que na capital, em Bissau, é possível en contrar prédios de vários andares, incluindo hotéis, restaurantes e edifícios governamentais, em Cumura e nas restantes áreas periféricas por onde passei as casas eram maioritariamente constituídas por pisos térreos, construídas de forma tradicional. Infelizmente, o acesso a água canalizada, potável e saneamento básico não são ainda uma realidade universal na Guiné.


ABROAd AdVENTURES mim como também pelas minhas colegas quando digo que só temos a agradecer a forma excecional como fomos recebidas pela Missão, pelos habitantes de Cumura e globalmente pelo povo guineense. Mantemos ainda o contacto com muitas destas pessoas e da minha parte, planeio voltar assim que surja uma oportunidade. O que gostaste mais de

toda a experiência?

Qual foi o impacto cultural que mais te marcou?

Sendo uma cultura totalmente distinta de qualquer outra com que me tenha deparado na realidade europeia, houve um sem número de aspetos que me marcaram. Saliento uma vertente que me diz muito, a música, que está muito presente na vida dos guineenses em todas as atividades a que se dedicam, desde as brincadeiras das crianças até à missa, fazendo de todos estes momentos uma autêntica celebração. Por outro lado, as atividades clínicas permitiram-me ter um insight mais aprofundado de outros aspetos culturais como o papel da mulher na sociedade, a relação cuidador-paciente e a prática da mutilação genital feminina, que eu desconhecia ser ainda tão prevalente.

É difícil escolher algo de que tenha gostado mais no meio de uma experiência tão marcante. Foram muitos os dias no hospital e na escola, os passeios, as missas (tão diferentes das de cá), as refeições em comunidade, as “reuniões” da equipa… Olhando para trás acho que posso dizer que o que mais estimo é sentir que houve autenticidade em cada interação que tive. Como se cada obrigado fosse mesmo sentido e cada “Bom dia, como estás?” fosse mais do que o típico cumprimento, havendo um verdadeiro interesse em saber a resposta. É uma genuinidade que não é facilmente

Que tipo de relação estabeleceste com a população?

Fomos, desde o início, muito bem acolhidas pela população. Creio que posso falar não só por

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ABROAd AdVENTURES

reprodutível… a sensação é de que lá se sentem realmente os acontecimentos e mesmo os pequenos gestos não deixam de ser notados.

Quais foram os ensinamentos mais enriquecedores para a tua vida profissional e pessoal?

Como referi anteriormente, durante a estadia na Guiné tive a oportunidade de interagir com elementos de uma equipa de Ginecologia e Obstetrícia em missão. Para além da oportunidade única a nível de aprendizagem clínica, foi muito importante para mim o contacto com estes profissionais que considero exemplos do que ambiciono um dia ser enquanto médica e enquanto pessoa. Foi uma lufada de ar fresco perceber que para fazer a diferença e contornar o que parece por vezes um percurso normativo não é necessário colocar o resto da vida em pausa, é preciso apenas muita força de vontade e algum trabalho. Todos os elementos da equipa que conhecemos tinham em Portugal as suas famílias e empregos, que deixaram durante alguns dias para se dedicarem a ajudar quem precisa. E no entanto, ano após ano, não hesitam em regressar.

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“Tudo somado, foi uma experiência incrível, aprendi imenso e levo da Guiné muitas lições para a vida, novas amizades e sobretudo, muita vontade de regressar.”

AUTORA Alice Neves

ENTREVISTADORA Maria Ribeiro


O QUE ESPERAR... MEDICINA INTERNA Mesmo com tudo o que apreendemos durante o curso, mesmo com a larga experiência em estágios, para escolher a especialidade nunca vai haver informação que nos satisfaça. Neste processo de decisão, há sempre dois aspetos importantes a ter em conta, a situação se hoje e a de amanhã. Portanto, a Diagnóstico coloca os binóculos em Medicina Interna á procura de respostas

HOJE Falada por muitos e entendida por muito poucos, medicina interna é vista como a especialidade do doente e não tanto da dowWença, que alia a arte médica ao engenho da empatia para com o próximo, o saber cuidar ao escutar e, que, porém, requer que o profissional lhe dedique muito tempo da sua vida. Assim, o facto de poder vir a ser a carreira de um estudante de medicina pode revelar-se o sonho de alguns alunos, mas, contudo, ser um pesadelo para outros. Mas afinal, o que é, ao certo, esta especialidade? O que se pode esperar desta profissão? Quais são os desafios que se encontram no seu dia a dia? Começando com o essencial, medicina interna é, exclusivamente, dedicada a adultos, em contexto hospitalar, e, portanto, não se foca apenas num sistema, mas, sim, na visão holística dos problemas do doente, como um todo. Deste modo, este

consegue relacionar as diversas patologias do doente e tentar arranjar um tratamento adequado. Realmente, é uma especialidade extenuante, já que, embora o tempo de consulta definido pela ordem dos médicos seja de 40-60 minutos, fica ao encargo da instituição de saúde definir o horário que mais se adequa ao seu serviço. Assim, com hospitais lotados, muitas vezes, torna-se necessário encurtar o tempo das consultas, podendo conduzir a diagnósticos incorretos, a uma dificuldade progressivamente maior em lidar com as multimorbilidades dos mais idosos e, também, por consequência, a uma exacerbação da iatrogenia. Por outro lado, o horário ideal de 40 h semanais de carga horária não se verifica para muitos profissionais de saúde desta especialidade, que, já há 5 anos, segundo a secção regional norte da ordem dos médicos, “trabalham em média 60-70 horas por semana e realiza 80-100 horas extraordinárias/mês, (…) carga horária inaceitável em horas extraordinárias se atendermos ao número máximo de horas consagradas na legislação aplicável (incluindo trabalho suplementar num período de referência de 6 meses)”. Contudo, esta especialidade é, deveras, muito gratificante e, sem dúvida, aquela que prepara os médicos para lidar com qualquer tipo de situação, enfrentar qualquer adversidade e salvar um número incontável de vidas. No fim, “Valeu a pena? Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”, 15


O QUE ESPERAR

a realidade é que, em todas as especialidades médicas em Portugal, se vão encontrar falhas e desafios a superar, cabe a cada estudante decidir e lutar por aquela com que mais se identifica.

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AMANHA

O futuro da Medicina Interna passa por transformações ao nível da clínica, educação e investigação. A literatura demonstra que, quando os doentes são abordados por uma especialidade de órgão ou sistema, fazem mais atos diagnósticos, mas não têm melhores resultados. A Medicina Interna tem na história clínica e no exame objetivo a chave para três quartos dos diagnósticos, e a sua forma racional e por etapas de estudar os doentes é a mais eficiente e a que mais poupa o doente a riscos. Emerge a necessidade de implementar o modelo dos grandes departamentos médicos, que são unidades diferenciadas em determinadas patologias, onde os internistas assistem os doentes num ambiente protocolado, com médicos diferenciados nestas áreas, com equipas mais experientes, unidades que sejam lugares privilegiados de formação e origem de projetos de investigação. Este é um método exigente para os internistas e, como era de esperar, altera radicalmente o ratio de internistas versus outros especialistas de áreas médicas de 1 para 3 nos hospitais com o modelo clássico, e 1 para 1 nos hospitais com modelo departamental. Está na equipa multi e interdisciplinar, devidamente estruturada e articulada, a melhor forma de resolver os problemas clínicos dos nossos doentes. Em relação à in16

tegração de cuidados na resposta aos doentes crónicos, esta tem sido fragmentada, reativa, episódica, através das urgências e centrada nas doenças. Como solucionar este problema? Na minha opinião, é necessário mudar o paradigma desta resposta e proporcionar a estes doentes cuidados contínuos, integrados, preventivos, centrados no doente e não na doença, em que este é encarado como um parceiro nos cuidados. Outra das áreas onde a Medicina Interna pode e deve exercer um papel mais ativo é na promoção da saúde, prevenção da doença e na capacitação dos doentes no cuidado da sua saúde. Por último, lembrar que o futuro da especialidade está também nos “futuros internistas”. A escassa informação de alta qualidade na área de Medicina Interna destaca a necessidade de estudar o que constitui um currículo eficaz na aprendizagem dos futuros médicos.

AUTORAS Mariana Pereira Ana Catarina Maia


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Luís Taborda Barata

EnTReVISTA

Diretor do Curso de Medicina da Universidade Da Beira Interior e do Serviço de Imunoalergologia do Centro Hospitalar Cova da Beira, assistente Hospitalar Graduado de Imunoalergologia

ENTREVISTA

CACB - CENTRO ACADEMICO CLINICO DAS BEIRAS LUIS TABORDA BARATA ENTREVISTADORA Eduarda Oliveira 17


EnTReVISTA Em que consiste o CACB? O CACB – Centro Académico Clínico das Beiras é um consórcio entre o Centro Hospitalar Cova da Beira, E. P. E., a Unidade Local de Saúde da Guarda, a Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, o Centro Hospitalar Tondela -Viseu, E. P. E., a Universidade da Beira Interior, através da sua Faculdade de Ciências da Saúde e do Centro de Investigação em Ciências da Saúde, o Instituto Politécnico de Castelo Branco, através da sua Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias, o Instituto Politécnico da Guarda, através da sua Escola Superior de Saúde, e o Instituto Politécnico de Viseu, através da sua Escola Superior de Saúde. Foram igualmente convidados os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) Dão-Lafões e Cova da Beira, a estarem presentes nas reuniões do seu Conselho Diretivo e é objetivo do CACB propor que estas unidades de saúde sirvam como representantes oficiais da Administração Regional de Saúde da Região Centro (ARS Centro) no Conselho Diretivo, sendo esta opção consagrada em aditamento à Portaria 130/2017, de 7 de Abril, que criou o CACB. Assim, ao reunir instituições de ensino superior com cursos na área da Saúde (Medicina, Ciências Farmacêuticas, Enfermagem, Ciências Biomédicas, Optometria / Ciências da Visão, Tecnologias da Saúde), bem como unidades de saúde dos vários tipos de

Objetivo 1

Criar um consórcio com sinergias e complementaridades de recursos humanos e estruturais, com impacto na prevenção da doença e na prestação de cuidados de saúde

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cuidados – primários, secundários, continuados e paliativos, o CACB está numa posição ímpar para criar projetos integradores de excelência, com forte impacto na prevenção da doença, bem como na prestação de cuidados de saúde com forte impacto, em termos de qualidade, centrados no doente.

VISÃO

“Ser um Centro de Excelência, fortemente capacitado para a formação e investigação na área da Como nasceu a ideia da criação Saúde, com base em dinâmicas deste centro? de inovação e competitividade, Os Centros Académicos Clínicos são qualidade, eficiência e eficácia de um conceito que nasceu há várias processos, e que contribua para a décadas, com implantação nos EUA melhoria dos indicadores de saúde bem como em vários países europeus das regiões envolvidas e do país.” sendo, nesse âmbito, a Holanda uma referência. Em Portugal, o primeiro Centro deste tipo, o CAML - Centro Académico de Medicina de Lisboa, nasceu em 2009. Entretanto, em 2015 e 2016, foram sendo criados, por Portaria, outros Centros Académicos em todos os locais que incluíam Faculdades com cursos de Medicina. Na UBI, havia forte vontade em criar um consórcio similar e, assim, foram enviados convites a todas as instituições de ensino e de saúde dos distritos de Castelo Branco, da Guarda e de Viseu, para se dar início ao processo de análise e eventual criação de um Centro Académico Clínico nas Beiras. Este processo acabou por resultar na decisão de se avançar com a criação do CACB, o que foi aprovado, pela Portaria nº 130/2017, de 7 de Abril.

Objetivo 2

Estabelecer o CACB como uma referência de ensino e formação na área da Saúde, para profissionais de saúde e para a comunidade em geral, através de colaborações estratégicas

MISSÃO “Assumir um dever público tripartido integrado, de elevado rigor, qualidade e responsabilidade social em que se inclui: - Ensino pré- e pós-graduado, bem como treino e formação de profissionais de saúde; - Investigação na área da Saúde, com impacto prático nacional e internacional; - Reflexo na prestação de cuidados de saúde de elevada eficiência, centrados no doente.”

Objetivo 3

Um consórcio líder na investigação na área da Saúde, através de sinergias, complementaridades e inovação justificada, que cubram todas as vertentes da investigação


EnTReVISTA Como nasceu a ideia da criação deste centro? O CACB tem um Plano Estratégico, para já definido até 2021, e que prevê várias intervenções, para a promoção da investigação médica e, em termos mais gerais, na área da Saúde. Em termos gerais, o CACB deverá procurar contribuir para a consolidação da investigação e desenvolvimento nas suas instituições, com base na criação de complementaridades e sinergias entre os diversos membros do consórcio, no que diz respeito a linhas de investigação. Será fundamental trabalhar em áreas estratégicas com as quais todos os membros se identifiquem e que estejam focadas em problemas relevantes de saúde, em sintonia com a abordagem da Organização Mundial de Saúde (Global Burden of Disease), bem como com o Plano Nacional de Saúde, com base nos indicadores referenciados no Institute for Health Metrics and Evaluation, para a morbilidade e mortalidade em Portugal. De igual forma, deverá haver sintonia com as linhas estratégias da Agenda da Saúde, Investigação Clínica e de Translacção, promovida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Será objectivo que a investigação básica, de translacção, e clínica (ensaios e estudos clínicos, investigação epidemiológica e de Saúde Pública, investigação em serviços e sistemas de saúde, investigação em patient-reported outcomes) se possa diversificar e qualificar adicionalmente. Em particular, a investigação clínica deverá ser profundamente consolidada no CACB, por forma a tornar-se mais comum, mais qualificada, e mais produtiva. Também será fundamental procurar-se criar e aprofundar sinergias entre investigação clínica e ensi-

no, bem como maximizar as interações entre os diferentes níveis de investigação (desde a laboratorial à clínica e à ambiental), em projetos estruturantes, estratégicos e com impacto na comunidade. Será crucial também implementar programas de formação, de vários níveis, em investigação científica, incluíndo investigação clínica. Será extremamente importante aprofundar a ligação entre investigação e comunicação em Ciência, no sentido de aumentar a literacia em ciência e saúde da população em geral e de procurar que o cidadão comum se sinta estimulado e se envolva em investigação cidadã. Também será essencial a criação do Centro de Coordenação de Investigação Clínica, que incluirá um Centro de Ensaios Clínicos, para além de um sector de captação de financiamento, de apoio aos investigadores e de formação específica. Este Centro já foi aprovado, através da assinatura de protocolos entre os membros do CACB, de forma liderada pela UBI. Finalmente, e de forma absolutamente fundamental, o CACB irá procurar as melhores medidas de implementação do referencial do Regime Jurídico dos Centros Académicos Clínicosv, em termos de criação de mecanismos que permitam que profissionais de saúde possam ter tempo “protegido” para dedicar a atividades de investigação clínica. Para além disso, será necessário que os profissionais de saúde possam ver reconhecidas e contabilizadas as suas atividades de investigação para a contratação e progressão na carreira. Também será necessário mais claramente recompensar serviços que apostem em integrar a investigação clínica nas suas atividades operacionais. De facto, os dados internacionais mostram que unidades de saúde

que também estão significativamente envolvidas em investigação, têm níveis mais eficientes e mais eficazes de prestação de cuidados de saúde.

Em que atividades se encontra envolvido? O CACB sendo um jovem consórcio, ainda está essencialmente envolvido em atividades de consolidação interna - reuniões regulares do seu Conselho Diretivo, das suas Comissões de Trabalho (Comissão de Investigação e Desenvolvimento e Comissão de Ensino e Formação), reuniões de definição de prioridades de investigação, entre outras. Contudo, não deixa de estar já envolvido em atividades externas, nomeadamente em termos de participação regular em reuniões do Conselho Nacional de Centros Académicos Clínicos, do Health Cluster Portugal, com as Escolas Médicas e em outros âmbitos. Finalmente, é de realçar que o CACB estará, em breve, a dar início às suas actividades de intervenção em ensino, investigação e de intervenção na comunidade, nomeadamente em termos de intervenções em literacia de saúde, e de Educação para a Saúde.

Qual a importância do CACB no panorama da investigação médica e científica em Portugal? O CACB é uma estrutura ainda em consolidação e, assim, ainda está numa fase de identificação e cadastro das estruturas, pontos fortes, pontos fracos, constrangimentos e oportunidades. Produz cerca de 200 artigos científicos por ano, em revistas internacionais com revisão por pares e fator de impacto, mas espera-se aumentar este número e o impacto dos artigos ainda mais.

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EnTReVISTA

BENEFICIOS PARA OS ESTUDANTES

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Também está envolvido em múltiplas colaborações com outras instituições a nível nacional e no estrangeiro, o que se espera que vá contribuir para a internacionalização do CACB. Finalmente, nas reuniões científicas em que tem participado, é claro o reconhecimento que outras instituições já têm do CACB, o que também ficou demonstrado nos palestrantes externos que vieram participar nas 1as Jornadas de Investigação Clínica do CACB, que tiveram lugar no dia 30 de Novembro de 2018, e que manifestaram opiniões extremamente positivas acerca deste consórcio. Contudo, é preciso termos a noção de que há um grande caminho a percorrer. Em termos globais, a investigação clínica é ainda incipiente no CACB e é preciso atingir todos os objetivos do Plano Estratégico do CACB 2019-2021.

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- Ao integrar várias instituições ligadas ao ensino / formação e aos cuidados de saúde, o CACB cria um referencial muito mais sólido, que terá muito maior potencial para captar novos profissionais de saúde, aumentando e qualificando ainda mais o potencial dos recursos humanos. Acima de tudo, o que se espera é que os alunos acabem por ter a perceção de que são uma componente vital do CACB, e que, com este, se inicia uma fase nova em todas as instituições deste consórcio, que potencialmente as projetará para patamares mais elevados de qualidade, num benchmarking nacional e mesmo internacional

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- Esta definição permitirá que os alunos possam candidatar-se a integrar algumas dessas linhas que, uma vez consolidadas, resultarão em elevada capacidade de produtividade científica, o que estimulará o gosto dos alunos em efetuar investigação clínica e aumentará a probabilidade de, pelo aumento da qualidade da investigação, poderem ter publicações em revistas de referência, com impacto internacional.

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- Como resultado da implementação de diversos vetores de intervenção na comunidad estas terão um impacto grande, nomeadamente em termos de ações de Educação para a Saúde, de aumento da literacia em saúde, de incremento dos conhecimentos e ações de prevenção da doença e promoção da saúde; a consolidação destes vetores de intervenção, resultando do esforço de várias instituições e com múltiplas colaborações, permitirá uma melhor articulação com iniciativas de núcleos de alunos, criando sinergias adicionais.

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- Seguida da estruturação de ações de formação colaborativas - esta permitirá criar cursos de formação complementar em áreas estratégicas, inovadoras, recorrendo a docentes e profissionais de saúde de referência das instituições do consórcio; estes cursos permitirão adquirir competências muito valiosas; estas ações colaborativas também permitirão melhorar o contexto de algumas áreas de formação, através de aulas envolvendo alunos de todos os cursos da saúde, replicando o contexto da vida profissional real, o que permitirá otimizar as formas de cooperação transdisciplinar;


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ENTREVISTA

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INTELIGENCIA EMOCIONAL Doutor Vitor Manuel dos Santos

Quais os principais desafios na profissão médica ciocina ) e a emocional ( que sente ) e converte-nos em convergir o olhar clínico com o olhar humano? em médicos capazes de escutar e de comunicar.

O olhar clínico permite-nos perceber o dom frágil da vida e a sua vulnerabilidade. O olhar humano faz-nos dar valor à vida, valorizando-a em todas as suas dimensões física, psíquica, social, moral e espiritual. A convergência e justaposição destes olhares fazemo-la como médicos na abordagem holística do doente, verdadeiro desafio aos nossos limites e aos nossos recursos intelectuais, emocionais e sociais.

Qual a aplicabilidade concreta da inteligência emocional perante o doente? Alguém disse que nos relacionamos com os outros cérebro-a-cérebro A consciência dos nossos limites e o conhecimento dos nossos recursos torna-nos mais ou menos empáticos, capazes de sair de nós e colocarmo-nos no lugar do outro, capazes de identificar as emoções do doente e capazes de controlar os impulsos. A inteligência emocional faz-nos capazes de controlar as nossas duas mentes, a racional ( que ra-

Quais os conselhos para os futuros médicos de aperfeiçoamento da inteligência emocional? A inteligência emocional manifesta-se na personalidade e expressa-se no comportamento. Entendida como capacidade de sentir, entender e gerir as emoções, a inteligência define-se pelo efeito que provoca no comportamento. Não somos responsáveis pelos sentimentos e emoções que nos assaltam mas pelo que fazemos com eles. Treinar a capacidade de os reconhecer identificando-os e descrevendo-os, facilita a ação, a tomada de decisões e a resolução de problemas na relação MÉDICO-DOENTE. Mais que conselhos, talvez um alerta para o “sequestro emocional “ na relação médico-doente e seu impacto nas actividades diárias. Bom tema para se aprofundar nesta revista.

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ENTREVISTA

Como manter, após tantos anos, a atitude e a postura de conseguir trazer o lado mais humano à prática da medicina, mesmo depois de más experiências? A vida é dom e dádiva. É feita de alegrias e sofrimentos, com boas e más experiências. Aprendemos com tudo isto e também com os acertos e desacertos. Aprendemos muito com os erros. Aprendemos também com o erro médico que tentaremos sempre evitar e que é porventura a nossa pior experiência com médicos. Tenho uma máxima para mim e que tento divulgar que é a de que nascemos para nos movermos e para nos relacionarmos. MOVIMENTO e RELAÇÃO são duas vocações que devemos manter presentes todos os dias como motores de uma vida sã, humana. Pode faltar o movimento, mas a relação nunca pode falhar. Manter actualizado o estado da Arte da Medicina e ir ao encontro do próximo ( familiares, doentes, outros profissionais ) contribuirá por certo para o nosso bem-estar como médicos e para o bem-estar do doente.

SEQUESTRO EMOCIONAL

Quanto mais intenso é o sentimento mais dominante a mente emocional e mais inoperante a mente racional

“intus legere actionem”

Ler dentro da ação ENTREVISTADORA Eduarda Oliveira

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CARTAS A ESTUDANTES DE MEDICINA

Derpamento de Direitos Humanos e Ètica Médica da ANEM

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M E N A GERAL IA E L B ASSEM A Delegação do MedUBI esteve presente na 127ª Assembleia Geral (AG) da ANEM na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, nos dias 10, 11 e 12 de maio. Esta foi a primeira AG da nova delegação do MedUBI para 2019, tendo sido marcada pela apresentação do Relatório Intercalar de Atividades, Contas e Política Educativa e pela Reflexão das Áreas da ANEM. Para além deste documento, foram também abordados outros assuntos como o ponto de situação dos trabalhos referentes à plataforma de comunicação oficial da ANEM e a participação na 68º Assembleia Geral da International Federation of Medical Students’ Associations (IFMSA) - March Meeting 2019. O MedUBI contou com a presença de 12 elementos, que participaram, para além dos momentos de Assembleia Geral, nas reuniões de Grupo de Trabalho onde se discute a atividade da ANEM na especificidade. No que concerne à reflexão das Áreas da ANEM é de salientar, a partir do mandato de 2020, a nova constituição da direção da ANEM, a mudança do nome da área de Inter-

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câmbios para área de Mobilidade e a mudança do nome da área de Intercâmbios Científicos para área de Intercâmbios de Investigação. No que diz respeito às alterações na constituição da direção da ANEM, esta passa agora a ter um mínimo de 17 elementos, distribuídos por um Núcleo de Gestão, composto por cinco elementos (entre os quais um Presidente, pelo menos um Vice-Presidente e um Tesoureiro) eleitos em lista fechada e ainda por um número par de Vogais. De entre os vogais, temos os que se candidatam em lista e que são eleitos em conjunto com o Núcleo de Gestão e os que se candidatam e são eleitos de forma independente (nominal). De entre os que se candidatam com o núcleo de gestão surge agora um novo Diretor de Educação Médica, responsável pela respetiva área e surge também um Diretor de Comunicação. De entre os que se candidatam de forma independente (nominalmente), deixamos de ter o cargo de Diretor de Intercâmbios Clínicos e passamos a ter dois novos cargos: um Diretor de Intercâmbios Clínicos para incomings e um Diretor de Intercâmbios Clínicos para outgoings, cada um corresponsável pela respetiva secção da Área de Mobilidade.


ANEM

É ainda importante salientar a aprovação do relatório Intercalar de Atividades, Contas e Política Educativa, do relatório de Utilização do Fundo de Reserva, do relatório de participação da delegação da ANEM na 68º Assembleia Geral da IFMSA - March Meeting 2019 e do relatório Intercalar da Comissão de Trabalho Extraordinária para o Regulamento Geral de Associados. De todos estes documentos, é de salientar o próximo e construtivo acompanhamento que a Área de Educação Médica tem vindo a fazer da PNAFE 2019 e o aproximar da Área de Formação à nova estrutura da ANEM, tendo esta cada vez um maior enfoque na produção de material intelectual. No que concerne à Área de Saúde Sexual e Reprodutiva, é também de salientar o esforço em dinamizar a área e o trabalho desenvolvido no sentido de explorar novas temáticas.

TIAGO PEREIRA

Para além de tudo isto é ainda importante fazer nota da aprovação de uma moção que levou à criação de uma Comissão de Trabalho Extraordinária (CTE) que pretende refletir sobre a inclusão da tecnologia nas áreas de atuação da ANEM, para a qual fui nomeado como representante do MedUBI.

Faço um balanço positivo da nossa participação naquela que foi a primeira Assembleia Geral do nosso mandato de 2019. Estando 7 dos 12 elementos da delegação a estrear-se numa AG da ANEM, fico com a certeza de que esta delegação muito tem para dar naquela que é a nossa vontade de continuar a defender a nível nacional os interesses e posições dos nossos estudantes e com isso trabalhar para uma federação mais forte e sustentável.

Vice-presidente externo MedUBI

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HOW TO LEARN ABOUT ME Plano Nacional de Educação Não Formal – PNENF

Nos passados dias 23, 24 e 25 de novembro realizou-se na Covilhã mais uma edição da formação local do PNENF, proposto pela ANEM e mediado pelas formadoras locais da nossa faculdade, Ana Sousa, Beatriz Faneca e a Catarina Oliveira.

cumbida a missão de ir escrevendo post-its aos elementos do grupo à medida que os fossemos conhecendo. Desde o primeiro momento que o clima foi de total descontração, informalidade e abertura, facilitando a interação e partilha de experiências e conhecimento que se verificou ao longo das atividades.

Foi ao longo destes três dias que um grupo de jovens, que em comum tinha apenas o curso e o seu amor pela cidade neve, e do qual eu tive o prazer de fazer parte integrante, passou a conhecer-se e teve oportunidade de partilhar um grande leque de experiências inacreditáveis. Com um total de seis atividades planeadas, o PNENF iniciou-se com a sessão de “Comunicação” na qual foram expostos os princípios básicos da comunicação em contexto clínico e não clínico, bem como algumas técnicas para criar empatia para com a pessoa a quem nos dirigimos. Após uma breve apresentação desta temática sucederam-se inúmeros exercícios e atividades dinâmicas e Sem saber bem do que se tratava, interativas transversais e bastante próprias este grupo de 12 estudantes, recheados de do PNENF. expectativas, apresentou-se no dia 23 de novembro dando início à primeira atividade Ao longo do dia seguinte decorreram de apresentação. Foi posteriormente apre- outras três atividades - “Gestão de Projetos”, sentada a atividade que iria ser transversal “Gestão de Equipas” e “Gestão de Tempo e ao longo de todo o fim-de-semana: “os Pos- Stress” – também estas repletas de trabalho t-Its”, sendo que neste contexto nos foi in- em equipa, desafios e diversão.

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HTLAM A última sessão do segundo dia foi, a meu ver, o ponto alto desta edição do PNENF. Teve lugar num ambiente acolhedor e confortável e em que todos nos sentámos juntos uns dos outros durante a sessão “Liderança e Motivação Pessoal”, momento este de partilha de emoções, sonhos, projetos, crenças e em que um grupo, outrora de indivíduos desconhecidos, se transformou numa verdadeira equipa composta por amigos que, de facto, se conhecia.

Já no último dia do PNENF, terminámos com a atividade “Eu e o Mundo” onde nos foi solicitado que refletíssemos relativamente à influência que o mundo tem em nós, de que forma nos molda e ainda sobre qual será a marca que queremos deixar no mesmo, culminando num momento de profunda reflexão e busca do autoconhecimento.

Do meu ponto de vista, após ter participado nesta atividade, considero de total pertinência e relevância que todos os estudantes de Medicina da nossa Faculdade participem nesta formação tendo em vista a aquisição de competências básicas enquanto futuros profissionais de saúde, que não se enquadram no nosso plano curricular ao longo dos 6 anos de curso. O PNENF oferece, para além das inesquecíveis experiências, inúmeras “soft-skills” essenciais à profissão e aos desafios do quotidiano em geral.

Após estes três dias intensos arrisco-me a dizer que as pessoas que entraram no PNENF 2018 não foram as mesmas que saíram. AUTOR Vasco Figueiredo

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DIAGNOSTICO RECOMENTA

Já é muito comum nos dias de hoje ouvir dizer que um livro pode mudar tudo. Pois é, um poder único que estes agentes do conhecimento e da arte possuem. Pode ser que este também o seja...

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INSPIRAÇAO NA LEITURA

o comoveu profundamente. Em relação à sociedade, as mulheres do Congo são as verdadeiras guerreiras daquele país, pois “O Mundo precisa de Saber” todo o trabalho duro, como carregar madeira, Gustavo Carona carvão, água pelas montanhas, todo o cultivo das terras, as lidas da casa e tomar conta dos filhos, é executado por elas. Infelizmente são ste é um daqueles livros que nos marca de uma maneira arrebatadora, que nos faz suscetíveis a violações a todos os níveis, não só em relação a parte sexual, como também emopensar no mundo, tomar consciência de cional e físico, o que é deveras entristecedor. todas as vidas inocentes no meio de guerras, Paquistão tem uma cultura muito condas quais todos temos responsabilidade, mas servadora, com grupos extremistas islâmicos, são poucos os que sentem. Gustavo Carona é um médico anestesista onde o autor teve mais dificuldade em gerir o sufoco cultural e religioso. A mulher lá vale e intensivista que se preocupa intensamente com as pessoas, ficando especialmente consu- muito menos que o homem, estes compram-nas. Para além disso, elas não podem ser insmido pelas que ficaram sem nada, sem cuidatruídas, não podem falar com nenhum homem dos de saúde devido à guerra que se instaurou sem ser o seu marido, só podem falar com no seu país. Em representação dos Médicos mulheres e têm de andar sempre com burca. Sem Fronteiras, já fez missões humanitárias Conta o autor que quando os Médicos em vários países, transmitindo-nos neste livro a sua experiência na República Democrática do Sem Fronteiras precisavam de fazer um procedimento numa mulher tinham de esperar Congo, Paquistão, Afeganistão e Síria. pelo consentimento do marido e se este não O país onde o Dr. Gustavo sentiu mais impacto foi a República Democrática do Congo, estivesse presente tinham de aguardar por um membro do sexo masculino da família. Muitas pela crueldade da guerra e escassez de recurvezes eles não aprovavam e a mulher (por vesos de saúde que existe. No entanto, a enerzes grávida) morria, e os médicos não a podiam gia daquela comunidade é tão forte que a sua superação está em cada olhar, em cada gesto e salvar. Se eu ao ler estas histórias me revoltaem cada ação para melhorar o seu futuro, o que va com estas ações, imagino a frustração dos

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médicos presentes, pois eles sabiam que conseguiam salvar aquelas vidas, mas eram impedidos… é tão angustiante! O Dr. Gustavo Carona agradeceu muito aos enfermeiros paquistaneses, pois o seu conhecimento e ajuda permanente permitiram salvar muitas vidas. Estes tiveram um papel muito valioso nas vidas humanas que chegavam ao hospital. Afeganistão tem muitas semelhanças com o Paquistão, o ponto mais importante mencionado é o facto de terem uma educação mais pobre e mais antiga, acreditando ainda mais em mitos e na medicina da antiguidade em vez de acreditarem na medicina atual, o que dificulta gravemente o cuidado dos pacientes e a discussão entre médicos do estrangeiro e médicos nacionais. No último país referido, fiquei espantada pela demonstração de união e interajuda da população síria, visto que por mais bombas e por mais confrontos que existam, eles têm sempre esperança de que um dia vão conseguir recuperar o seu país. Como afirmado pelo autor, “A tristeza de ter esta ferida tão sangrenta e tão aberta, fez também com que viesse ao de cima o melhor de muitos seres humanos. (…) Não há palavras para descrever a dedicação e entrega dos que “lutam”, trabalhando e arregaçando as mangas sem armas, salvando vidas pelo seu país.”. Ao finalizar a leitura deste pequeno grande livro, a reflexão é algo inevitável, pois há muita coisa para assimilar e é importante perceber que as comunidades não são assim tão diferentes umas das outras,

Mesmo com diferentes culturas e religião, o sofrimento de perda de um filho, de familiares, de amigos é sempre igual e o amor é universal.

Os Médicos Sem Fronteiras, juntamente com o Dr. Gustavo, conseguiram salvar muitas vidas, vidas essas dispersas no meio da guerra, que para muitos não têm valor. Em suma, destaco a importância de um esforço conjunto e o papel de cada um de nós, pois todos nós podemos ajudar, mesmo não sendo presencialmente. Como Gustavo Carona declara, “O que é certo, é que tenho uma velha máxima, a de que todos devíamos acordar de manhã e olhar para o espelho e dizer: “Todas as vidas são iguais!”, “Todas as vidas têm o mesmo valor!” e depois, então, começar o nosso dia.”, para ganharmos consciência e alargarmos o nosso foco no países que realmente precisam de um gesto nosso.

AUTORA Maria Ribeiro 29


FOTOGRAFIA Concurso MGT

Como surgiu o teu interesse pela fotografia?

D

esde pequeno que gostava de pegar na máquina do meu pai e tirar umas fotos. Ele dizia que eu tinha algum jeito, mas nunca acreditei muito nisso. Há uns 8 meses comecei a tirar fotos a paisagens e a colocá-las no instagram. E tive um bom feedback das pessoas.

O que te motivou a concorrer?

N

ão tinha pensado em concorrer. Uma amiga falou do concurso e disse que eu devia concorrer, que achava que eu tinha hipóteses de ganhar. E eu disse que só concorria se ela me ajudasse a escolher as fotos. E assim foi.

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FOTOGRAFIA

Qual foi a sensação de veres o teu trabalho reconhecido?

N

ão estava nada à espera, estavam expostas fotografias muito boas. Foi inexplicável. Ainda tenho muito para aprender, ainda sou um novato, considero este prémio uma motivação para continuar a evoluir.

Que conselho darias a alguém que estivesse a dar os primeiros passos no mundo da fotografia?

P

ara verem tutoriais, lerem sobre fotografia e pedirem conselhos sobre fotos que tenham tirado para perceberem que aspectos podem melhorar e aperfeiçoar, e a que pormenores devem ter em conta quando tiram uma fotografia.

VENCEDOR Diogo Maia

ENTREVISTADOR Augusto Henrique

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PERDER AS ESTRIBEIRAS

XII Hospital Faz de Conta AUTORA Maria Luís Gomes

Em março deste ano foram iniciados os trabalhos para a realização da XII Edição do Hospital Faz de Conta.

O objetivo do projeto é eliminar o medo da bata branca nas crianças da comunidade, sendo que são desenvolvidas várias atividades, desde workshops - como o Workshop “À Procura do Seu Palhaço Interior”, orientado pelo Dr. Mark Mekelburg da Operação Nariz Vermelho, que decorreu no passado dia 20 de Maio na FCS -, palestras - como por exemplo “Como Comunicar com Pessoas com Deficiências” - e sessões de formação, dadas por especialistas em Psicologia e Pediatria, o “HFC no Serra Shopping”, no fim de semana de 28 e 29 de Setembro, o “HFC on Tour” e a semana do HFC, a decorrer nos dias 7 a 13 de No-

vembro, para que este objetivo seja alcançado. Durante a semana do HFC, a Faculdade de Ciências da Saúde é redecorada de acordo com um tema específico e apelativo para as crianças que nos trazem os seus bonequinhos favoritos para serem tratados nos nossos consultórios. Há também momentos de educação para a saúde e de muita brincadeira Este projeto, que já conta com 12 anos de existência, só é possível graças ao apoio das diferentes entidades patrocinadoras e ao incrível trabalho dos alunos.

É um projeto que tem espaço para todos os alunos da Universidade, por isso fica atento ao nosso Facebook e não percas nenhum momento deste XII Hospital Faz de Conta!


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AUTORES Jéssica Lemos

Augusto Henrique

Qual é o teu Diagnóstico TESTA OS TEUS CONHECIMENTOS NO NOSSO NOVO PASSATEMPO!

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QUAL O TEU DIAGNOSTICO

História clinica

O Sr. Joaquim tem 76 anos, é um doente com Diabetes Mellitus tipo 2 insulino-tratado, diagnosticado há cerca de 18 anos, que vem à consulta de diabetes. Ficou viúvo há 6 meses e vive sozinho atualmente.

QUESTÃO 1 ASSINALE A RESPOSTA ERRADA A- Podem admitir-se valores de HbA1c na ordem dos 8,0% com vista a reduzir a probabilidade de ocorrência de hipoglicémias. B- É muito importante que o Sr. Joaquim privilegie a inspeção cuidadosa dos

seus pés diariamente, mesmo que não sinta anormalidades. C- A cetoacidose diabética é a principal forma de apresentação inicial da Diabetes Mellitus tipo 2.

Conhecimento

Na diferenciação entre as hepatites virais deve-se considerar que:

QUESTÃO 2 A- A persistência do vírus da hepatite C por mais de seis meses define a cronicidade. B- Todas as hepatites virais podem evoluir para a cronicidade. C- A frequência de sintomatologia na hepatite pelo vírus A é semelhante en-

tre os grupos etários. D- Os índices de endemicidade da hepatite pelo vírus B, no Brasil, são mais elevados nos grandes centros urbanos. 35


QUAL O TEU DIAGNOSTICO

História clinica

Uma mulher com 55 anos de idade e longa história de episódios depressivos é trazida à Unidade Básica de Saúde por um Agente Comunitário de Saúde por apresentar-se delirante há várias semanas. Já na sala de espera, o quadro agrava-se progressivamente para franca agitação psicomotora, com a paciente tentando agredir outros usuários e a equipe de trabalho, por quem diz estar sendo perseguida.

QUESTÃO 3

NESSA SITUAÇÃO, ALÉM DE REALIZAR A CONTENÇÃO FÍSICA DA PACIENTE, ESTÁ INDICADO ADMINISTRAR:

A- Diazepan por via oral B- Sertralina por via oral C- Prometazina por via intramuscular D- Haloperidol por via intramuscular

ESPERAMOS-TE NA PROXIMA EDIÇÃO

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Fica atento á nossa página de facebook para as respostas!


APOIOS

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CONGRESSOS NACIONAIS

CONGRESSOS NACIONAIS JUNHO Dias 14 a 15

9º Congresso de Pneumologia do Centro Covilhã

Dias 15 a 16

V Encontro de Neurodesenvolvimento da Beira Interior

Auditório Dr. Lopo de Carvalho, edifício sede da ULS da Guarda

Dias 20 a 22

3.º Congresso Internacional do CiiEm - Centro de Investigação Interdisciplinar Egas Moniz Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Almada

Dias 20 a 22

Curso teórico-prático de técnicas ecoguiadas em patologia músculoesquelética no cadáver Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto

Dias 22

Colóquio Internacional: «Que futuro para a gestação de substituição em Portugal Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Sala 9, Coimbra

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CONGRESSOS NACIONAIS

Dias 27 a 28

13º Congresso Nacional do Idoso

Centro de Congressos Sheraton Porto Hotel, Porto

Dias 28 a 30

VI Jornadas do Internato Médico do Algarve - JIMA 2018 Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Algarve, Faro

JULHO Dias 4 a 5

XIV Simpósio Anual do CICS-UBI

CICS-UBI - Centro de Investigação em Ciências da Saúde, Covilhã

Dias 7 a 8

Festa da Saúde 2018

Jardins do Palácio de Cristal, Porto

Dias 12

II Jornadas da USF Aqueduto: evidência científica sobre a «Saúde do Homem» Auditório Municipal de Vila do Conde

AUTORA Maria Lúcia Castro 39


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QUAL E O TEU?

h t t p : / / m e d u b i . p t / d i a g n o s t i c o /


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