DIRETORA Mariana Pereira COORDENADOR CIENTÍFICO Diogo Ferreira COORDENADOR CULTURAL Rita Claro COORDENADOR DE COMUNICAÇÃO E PATROCÍNIOS Ana Rita Gomes COORDENADOR DE IMAGEM Eric Ferreira COLABORADORES Francisca Silva Inês Roseta Isabela Queimadela Lúcia Heitor Mariana Almeida Marta Soares Melissa Amarante Sara Cruz Sara Gomes DESIGN E PAGINAÇÃO Eric Ferreira CONTACTO diagnostico@medubi.pt Projeto
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2 | Prémio Nobel da Medicina
4 | Impressão de Órgãos 3D
8 | Um Jantar de Natal Vegan 14 | Os Distúrbios Alimentares no Natal 19 | Artigo de Opinião de “1 Minuto e 36 Segundos”
12 | Para que o Natal Não Vos Faça Mal
16 | O Natal e a Multimorbilidade
20 | 1 Minuto e 36 Segundos ou Como Escrevi um Livro durante a Preparação para a PNA 22 | O Frio Que Nos Une
24 | É Essencial Aprendermos a Viver Juntos
23 | O Que Se Faz em Tempos de Festividade 34 | Um Natal Sem Casa
36 | Natal, Um Presente Agridoce 38 | Adote e Seja Feliz 39 | Sabias Que? 40 | Casos Clínicos 41 | Memes
Prémio Nobel da Medicina No passado dia 5 de Outubro, o Prémio Nobel da Medicina de 2020 foi atribuído a três cientistas cujo contributo para a identificação do vírus da hepatite C foi decisivo. (Figura 1) Harvey J. Alter
Charles M. Rice
Michael Houghton
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Alexander Mahmoud 2018 The Nobel Prize Medal
Harvey J. Alter é médico e foi investigador na área das transfusões de sangue. Pouco depois da descoberta do vírus da hepatite B em 1960, Alter e colegas investigaram o desenvolvimento de hepatite em doentes recetores de transfusões, tendo identificado casos em que não se verificava infeção por nenhum dos vírus da hepatite até à data conhecidos - o A e o B. Desta forma foi possível “comprovar” a existência de um agente infecioso responsável por uma percentagem alargada de casos de hepatite, denominada na altura de hepatite não A, não B. Michael Houghton é virologista e doutorado em bioquímica. Foi graças ao seu trabalho, em 1989, que foi possível identificar oficialmente o vírus da hepatite C através do isolamento da sua sequência genética. Para tal, Houghton e colegas desenvolveram um novo sistema de recombinação in vivo e in vitro, consistindo na recolha de fragmentos de DNA de modelos animais infetados e subsequente identificação dos que pertenciam ao vírus através de anticorpos obtidos do soro de doentes. Charles M. Rice, também ele virologista e doutorado em bioquímica, foi quem permitiu responder à última questão relativa a este vírus: era o vírus da hepatite C o único agente causal da doença? O seu trabalho envolveu o reconhecimento de uma região do RNA importante para a replicação viral, e geração de uma sequência de RNA variante do vírus contendo esta região, sem variações genéticas inativadoras. A injeção desta sequência em modelos animais levou à manifestação das mesmas alterações patológicas descritas por Harvey, permitindo esclarecer o envolvimento deste vírus na patologia.
O vírus da hepatite C, tal como o da hepatite B, são vírus transmitidos por transfusões sanguíneas que causam infeção hepática. Esta inicia-se com a inflamação crónica, a qual culmina na cirrose hepática. Em cerca de 20% destes casos, estas alterações poderão ainda desenvolver carcinoma hepatocelular. Segundo a OMS, 1 em cada 50 pessoas na Europa apresentam infeção crónica pelo vírus da hepatite C, enquanto que nos Estados Unidos estima-se que, entre 2013 e 2016, cerca de 1,7% dos indivíduos adultos estariam infetados. A alta prevalência da infeção provocada pelo vírus da hepatite C nos países desenvolvidos, juntamente com as consequências graves a nível de morbilidade e mortalidade, realçam a importância das descobertas de Alter, Houghton e Rice. O trabalho destes cientistas permitiu conhecer o seu mecanismo, desenvolver testes de deteção sensíveis e produzir fármacos antivirais eficazes. Estes desenvolvimentos definiram novos paradigmas da virologia, imunologia e biologia, contribuindo também para a investigação de outros vírus. Mesmo com um desfasamento temporal de 23 anos entre o trabalho mais recente destes cientistas e a atribuição deste prémio, a doença pelo vírus da hepatite C continua a ser um problema de saúde pública que evidencia as discrepâncias socioeconómicas mesmo da sociedade dos países desenvolvidos. Os objetivos futuros para o controlo da infeção pelo vírus envolvem o aumento da literacia médica, promoção da prevenção especialmente nas transfusões e melhoria do acesso aos fármacos antivirais.
Lúcia Heitor
Figura 1 - Resumo das contribuições dos 3 vencedores do prémio Nobel da medicina na descoberta do vírus da hepatite C. Harvey J. Alter detetou um tipo de hepatite, até então desconhecido, que atingia a maioria dos doentes que recebiam transfusões sanguíneas. Michael Houghton procedeu à identificação formal do código genético do vírus da hepatite C. Charles M. Rice comprovou a patogenicidade do vírus e o seu contributo para as infeções explicáveis de hepatite por transfusão de sangue.
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Impressão de Órgãos 3D
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kjpargeter 5 Dezembro 2020 FreePik
Apresentada na década de 1980, a tecnologia de impressão 3D transitou do sonho para a realidade. A sua chegada veio revolucionar fortemente a área da saúde.
A
tualmente, é utilizada em diversos campos, que vão da Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, abordadas no presente artigo, a outras áreas, como Odontologia e Ciências Farmacêuticas. É uma ferramenta que possibilita a impressão tridimensional de modelos anatómicos, tão úteis na prática médica atual, e as suas inovações emergentes compreendem desde a impressão de tecidos até à impressão de órgãos totalmente funcionais. Num futuro não muito longínquo, encontrar-se-ão disponíveis órgãos 3D para implantação imediata, mitigando a escassez de órgãos para transplante, e permitindo um atendimento mais rápido e eficaz.
Obtenção das Estruturas Impressas
Os modelos tridimensionais, obtidos por esta nova e desafiante tecnologia, resultam de imagens médicas do próprio paciente, tais como Tomografia Computorizada (TC) e Imagem por Ressonância Magnética (IRM), levando à criação de modelos muito mais personalizados. Para que tal fosse possível, os sistemas de impressão não biológica já existentes 6
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3DPrintingIndustry
foram adaptados, de forma a serem biocompatíveis com as células, não afetando, por isso, a sua viabilidade. Assim sendo, em vez de dispensarem tinta, estas impressoras dispensam soluções celulares ou proteínas e o processo de impressão é feito por camadas, desde a base ao topo. Um dos componentes fundamentais em Engenharia de Tecidos é uma base, designada andaime, que serve de suporte à proliferação de células, dado permitir a sua fixação, migração e produção de matriz extracelular própria. Este andaime precisa de ser bioativo, biocompatível e biodegradável, além de altamente poroso, de modo a possibilitar a difusão celular e de nutrientes. Na Engenharia de Tecidos, um dos objetivos é o desenvolvimento de substitutos de tecidos humanos para testagem de medicamentos, ao invés de ser realizada em animais, ampliando também, desta forma, a credibilidade dos resultados obtidos. Na Medicina Regenerativa, a impressão 3D permite a criação de tecidos transplantáveis, tais como pele, osso e cartilagem.
Desafios
PÓS-PROCESSAMENTO: A maioria das técnicas de impressão 3D requer esta etapa de processamento. Este não apenas complica o fluxo de trabalho e aumenta o tempo e o custo de produção, mas também apresenta riscos de segurança e potencial deterioração na qualidade do produto.
Sendo uma área relativamente recente, apesar de ter sofrido muitos desenvolvimentos nos últimos anos, ainda existem muitos desafios a ultrapassar até que a impressão 3D aplicada à produção de órgãos/tecidos possa ser utilizada em grande escala e a sua produção realizada da forma mais assertiva. Seguem-se alguns Conclusão dos maiores desafios: A impressão 3D na área médica veio BIOMATERIAIS: Há uma necessidade mudar os cuidados de saúde. Este novo urgente para o desenvolvimento de uma ramo, quando mais aperfeiçoado, vai seleção mais ampla para impressão em permitir tratar eficazmente mais pessoas 3D, uma vez que as matrizes atualmente onde antes não era viável, obter resultadisponíveis são em número muito limita- dos para os doentes e depender menos no contacto direto com médicos especiado. Os biomateriais escolhidos necessitam listas. de ter características muito concretas, Como qualquer nova tecnologia, a imem que se incluem, possuir células que pressão 3D apresenta muitas vantagens estão prontamente disponíveis, fáceis de e possibilidades no campo médico. No expandir em cultura, não imunogénicas e entanto, deve ser acompanhada de legisque podem reproduzir todas as funções lação atualizada e em vigor, de forma a garantir o seu correto uso. do tecido ou sistema orgânico. À medida que avançamos em direção à BIOCOMPATIBILIDADE DA BIO-IM- impressão de tecidos com complexidade PRESSORA E OUTRAS PROPRIEDA- crescente, teremos que enfrentar desaDES: Para fornecer as propriedades fí- fios cada vez mais difíceis. Portanto, será sicas, químicas e biológicas necessárias necessária uma grande investigação mulpara as células impressas, é essencial esta tidisciplinar para os enfrentar e perceber compatibilidade para uma variedade de o potencial da impressão 3D para transbiomateriais, uma vez que atuam direta- formar o campo da medicina regenerativa. mente com as células. Inês Roseta e Marta Soares No entanto, a maioria das bio-impressoras atuais é desenvolvida para uso em pesquisa de laboratório e os tecidos impressos são muito menores do que os tamanhos clinicamente relevantes. Além disso, outras melhorias na capacidade e velocidade de impressão, bem como resolução e reprodutibilidade, são necessárias para a produção de tecido em grande escala para uso clínico. Dezembro 2020
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Queres começar a reduzir o teu consumo de alimentos de origem animal, mas não conheces alternativas aos típicos pratos natalícios? Então, este artigo é para ti! A Diagnóstico deixa-te algumas sugestões de receitas para te deliciares na noite de consoada.
Um Jantar de Natal Vegan 8
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Vegan Mushroom Hotpot Tesco Real Food
Tofu com Broa
Ingredientes (para 4 pessoas) 500g tofu 3 talos de alho-francês 1 cebola 1 cenoura 2c de sopa levedura de cerveja (opcional) 1c. de chá de sal marinho 1c. de sopa de molho de soja Pimentão doce, manjericão, tomilho e pimenta preta q.b Azeite q.b. Crosta de broa Bio 1 broa de milho pequena (400g) 1 dente de alho 4c. de sopa de salsa picada 6c. de sopa de azeite
Tofu com broa, batatas e couve MadeByChoice
Preparação Esmagar o tofu com um garfo ou passar no ralador. Cortar o alho francês e a cebola em tiras finas. Ralar a cenoura. Levar ao lume numa frigideira antiaderente com um fio de azeite e saltear a cebola em lume médio até esta ficar translúcida. Juntar o alho francês, a cenoura ralada, o tofu esmagado e a levedura de cerveja (opcional). Temperar com sal, molho de soja, pimentão doce, manjericão, tomilho e pimenta preta. Deixar cozinhar cerca de 8 minutos, mexendo ocasionalmente. Triturar no processador a broa de milho, o alho, a salsa e o azeite até obter uma farofa. Numa assadeira, colocar o tofu salteado com o alho francês e cobrir com a broa triturada. Pressione com as costas de uma colher para que a camada de broa fique uniforme. Leve ao forno pré aquecido a 200º por cerca de 15 minutos ou até a crosta de broa dourar. “Cozinha Saudável para quem quer poupar”, Gabriela Oliveira
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Assado de Seitan com Castanhas
Assado de Seitan com Castanhas Holmes Place
Ingredientes (para 4 pessoas) 600 g de seitan Sal e pimenta 1 c. (sopa) de massa de pimentão 1 c. (sopa) de molho de soja 600 g de batatas-doces
1 curgete 250 g de tomate-cereja 500 g de castanhas sem a pele 150 g de miolo de avelã 1 dl de vinho branco 1 dl de azeite 1 ramo de orégãos em flor
Preparação Corte o seitan em fatias e tempere com sal, pimenta, a massa de pimentão e o molho de soja. Disponha num tabuleiro refratário e acrescente as batatas-doces e a curgete, tudo cortado em rodelas. Adicione o tomate-cereja, as castanhas e o miolo de avelã. Tempere com sal e regue com o vinho branco e o azeite. Aromatize com parte dos orégãos e leve ao forno, a 180º C, durante cerca de 30 minutos. Retire do calor e decore o assado com mais orégãos em flor. Sirva de seguida. Receita de Revista Saudável e Vegetariano
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Arroz Doce Vegan
Ingredientes
Arroz Doce Vegano (Super Cremoso)
Paveg
200g de arroz carolino ou semi integral (200 g) 750 ml de água sal q.b. Casca de um limão 2 paus de canela 3 chávenas de leite vegetal 1 chávena de açúcar amarelo 1 vagem de baunilha 1 pitada de açafrão das Índias 1 colher de sopa de amido de milho Canela em pó q.b.
Preparação Lave o arroz para retirar a goma e escorra. Numa panela, misture o arroz, a água, o sal, duas cascas de limão e os paus de canela. Tape e leve a cozer em lume brando por cerca de 20 minutos ou até absorver a água. Depois, junte o leite, o açúcar, a vagem de baunilha (abra a ao meio no sentido do comprimento e raspe as sementes do interior) e o açafrão (para dar cor); envolva bem e deixe cozer por mais alguns minutos. À parte, dissolva o amido num pouco de água fria; deite na panela e mexa por 3 minutos. Retire do lume, retire os paus de canela, a vagem e as casquinhas de limão. Depois, misture a raspa da restante casca de limão, envolvendo bem. Distribua o arroz doce por tacinhas e polvilhe com canela em pó. Sirva frio. Receita de Vegana.pt
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Para Que O Natal Não Vos Faça Mal Pediram-me para vos fazer um pequeno artigo, com dicas para minimizar as asneiras do Natal e fim de ano. Tive dificuldade em pensar em algo útil que acrescentasse algo aquilo que todos sabem. Assim, apenas relembrarei dez coisas que, de tão básicas, podem ser esquecidas.
Themudo Barata
Christmas Tree Salad Kathy Patalski HappyHealthyLife 12
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A vida não se faz com fundamentalismos, logo, fundamentalismo alimentar também não. Tão ou mais importante como comer adequadamente é viver a vida, viver as relações com aqueles que são importantes para cada um, etc. Natal é isso e , também, tradição. Portanto, Natal sem filhoses, rabanadas, ou o que for a tradição de cada um, não é Natal. E só o temos uma vez por ano. Claro que seria melhor que a tradição fosse só o bacalhau com grelos e batata, mas não é. Mas uma coisa é comer, outra é empanturrar. Uma coisa é comungarmos das práticas de todos e não nos auto-excluirmos, outra é exagerarmos nelas e centrarmos a festa nelas. Natal não é só comer. Felizmente vai(?) para além disso. Para não falar das crianças. Convém perder o hábito de lhes dar prendas de chocolates e afins. Depois temos a questão dos timings alimentares.
E há estratégias inteligentes para comer nas festas. Estratégia deve fazer parte de tudo na vida, das festas também. Há truques possíveis, para quem quiser resistir às tentações sem sentir pena de não comer o que lhe desperta mis vontade. Um deles é comer um bom prato de sopa antes de ir. Se eu for com menos fome, comerei menos sem sacrifício, poupando a ingestão dumas centenas de calorias a troco de escassas dezenas ingeridas antes. Outro truque é tentar ser a pessoa que come mais devagar. A comida não foge. A sofreguidão alimentar está associada à obesidade e é mais frequente nos jovens. E há as sobremesas que são para saber e bem e dar prazer e não para matar a fome.
Outra estratégia é traçar um plano do que vou comer. Se eu sei que aquele prato, ou aquela sobremesa são as mais Ninguém engorda significativamente afamadas ou são aquilo que mais gosto, com os excessos entre o Natal e o fim do já sei que aquelas coisas vou comer de ano. O problema está entre o fim do ano certeza. Então como-as logo, antes de e o Natal… outras coisas. Porque se comer outros pratos ou sobremesas antes, já sei que, O maior problema nem sempre é a mesmo que esteja cheio, não vou deixar noite e o dia de Natal, mais a noite de de as comer. passagem do ano e o dia de ano novo. Muitas vezes, e aí começa o problema, E no fim de comer afastem-se das comios jantares de Natal e seus cozinhados das. Se calhar podem continuar a convercomeçam a meio de Dezembro… sar na sala e não na mesa de jantar ou de almoço. Ou então, podem continuar na E, ainda pior, são os restos que ficam dita mesa, após terem sido retiradas as entre o dia 26 e o 31, que são reforçados travessas das sobremesas. a partir do dia 2 de Janeiro. Aí entramos em quase um mês de festim. Ora a E se, mesmo assim, ganharam uns festa é festa porque não é regra. É uma quilitos, voltem ao bom caminho no inquestão de equilíbrio e gestão pessoal e ício de Janeiro, o que também implica familiar. aumentar a actividade física. O problema não são as excepções, é o dia a dia. Dezembro 2020 13
Distúrbios Alimentares na Época Natalícia Recentemente tem-se testemunhado um crescimento exponencial do número de patologias associadas a comportamentos alimentares de risco que acarretam consequências físicas e psicológicas. Embora não estejam completamente identificadas as causas que despoletam a anorexia, a bulimia, a ortorexia (todas de caráter nervoso) e a compulsão alimentar[1], sabemos que estas adquirem etiologia multifatorial, de natureza genética, psicológica, biológica e ambiental, como por exemplo a exposição aos media e o ambiente social e familiar.[2],[3] Segundo diversos estudos, a prevalência pontual destas perturbações que afetam especialmente jovens, com maior incidência no sexo feminino, é de 2,2% (0,2–13,1%) na Europa[4] e, em Portugal, verificaram-se cerca de 4500 hospitalizações no SNS entre 2000 e 2014.[5] Inúmeras investigações têm sido dirigidas neste campo e, recentemente, descreveram-se alterações neurobiológicas específicas[6] inerentes a estes distúrbios. 14
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Concretamente, constataram-se correlações genéticas entre estes e doenças do foro psiquiátrico e descobriram-se alterações fisiológicas em moduladores centrais e periféricos - leptina, grelina, brain-derived neurotrophic factor e endocanabinoides - que, para além de intervirem na regulação do apetite e na homeostasia energética, também influenciam a parte cognitiva e emocional e a ideia de “recompensa” na alimentação, contribuindo para o desenvolvimento e manutenção deste estado patológico. No que concerne à época festiva, impõe-se abordar o grande impacto psicológico que esta tem em pessoas que sofrem destes distúrbios e, de certa forma, tentar quebrar o estigma social associado a este tipo de patologia e minimizar o caráter negativo dos eventos sociais, fazendo com que esta quadra seja tranquila e de confraternização. Em particular, o Natal é uma altura de convívio e descontração para quem o celebra, no qual a comida revela um papel central que fomenta a socialização, já que durante grande parte
do tempo se está à volta da mesa – comportamento que se revela intemporal, uma vez que ao longo da história, sempre o observamos assim, como parte da cultura de um povo. Neste sentido, e dado o destaque da comida na época natalícia, a forma mais eficaz de ajudar alguém em situação de transtorno alimentar pode passar por “desviar o foco” da comida e englobar o indivíduo noutras atividades e momentos de convívio, como por exemplo montar a árvore de natal e as decorações, fazer pequenas caminhadas, ver filmes e fazer jogos em família, entre outras. Além disso, uma estratégia útil é limitar o número de pessoas (algo que este ano será muito provavelmente uma imposição, dado o panorama epidemiológico atual) e aconselhar os familiares a evitar conversas que fragilizem a pessoa em questão, para que esta se sinta mais confortável perante o medo e a ansiedade que esta fase provoca. Inevitavelmente, para a generalidade da população, este é um período de exageros em que tendemos a comer mais e os alimentos que comemos são “menos
saudáveis” e, nos dias que se seguem, somos massivamente bombardeados com artigos, publicações e planos para “recuperação pós-natal” dos supostos excessos cometidos, que nada contribuem para a nossa saúde e bem-estar como tanto apregoam. Portanto, a solução foca-se na consciencialização destes excessos que ocorrem esporadicamente e, por isso, não há motivo para que se seja extremamente restritivo. Um apelo final à consideração e empatia que caracterizam a quadra Natalícia, incluindo e respeitando as pessoas que a vivenciam de forma diferente, para que todos desfrutem do Natal plenamente.
Francisca Silva
Ferramentas úteis sobre o tema
Podcast Em Banho Maria E11 Testemunho em vídeo https://youtu.be/SYrFM-TErwY
Artigos
https://www.elysiumhealthcare.co.uk/eating-disorders-christmas/ https://www.newbridge-health.org.uk/ https://www.england.nhs.uk/2019/12/ new-advice-released-to-support-those-with-eating-disorders-at-christmas/
REFERÊNCIAS [1] TREASURE J, DUARTE TA, SCHMIDT U. EATING DISORDERS. LANCET. 2020 MAR 14;395(10227):899-911. DOI: 10.1016/S0140-6736(20)30059-3. PMID: 32171414. [2] ERRIU M, CIMINO S, CERNIGLIA L. THE ROLE OF FAMILY RELATIONSHIPS IN EATING DISORDERS IN ADOLESCENTS: A NARRATIVE REVIEW. BEHAV SCI (BASEL). 2020 APR 2;10(4):71. DOI: 10.3390/BS10040071. PMID: 32252365; PMCID: PMC7226005. [3] LE GRANGE D, LOCK J, LOEB K, NICHOLLS D. ACADEMY FOR EATING DISORDERS POSITION PAPER: THE ROLE OF THE FAMILY IN EATING DISORDERS. INT J EAT DISORD. 2010 JAN;43(1):1-5. DOI: 10.1002/EAT.20751. PMID: 19728372. [4] MARIE GALMICHE, PIERRE DÉCHELOTTE, GRÉGORY LAMBERT, MARIE PIERRE TAVOLACCI, PREVALENCE OF EATING DISORDERS OVER THE 2000–2018 PERIOD: A SYSTEMATIC LITERATURE REVIEW, THE AMERICAN JOURNAL OF CLINICAL NUTRITION, VOLUME 109, ISSUE 5, MAY 2019, PAGES 1402–1413, HTTPS://DOI.ORG/10.1093/AJCN/NQY342 [5] CRUZ, AM, GONÇALVES‐PINHO, M, SANTOS, JV, COUTINHO, F, BRANDÃO, I, FREITAS, A. EATING DISORDERS—RELATED HOSPITALIZATIONS IN PORTUGAL: A NATIONWIDE STUDY FROM 2000 TO 2014. INT J EAT DISORD. 2018; 51: 1201– 1206. HTTPS://DOI.ORG/10.1002/EAT.22955 [6] FRANK GKW, SHOTT ME, DEGUZMAN MC. THE NEUROBIOLOGY OF EATING DISORDERS. CHILD ADOLESC PSYCHIATR CLIN N AM. 2019 OCT;28(4):629-640. DOI: 10.1016/J.CHC.2019.05.007. EPUB 2019 JUL 4. PMID: 31443880; PMCID: PMC6709695.
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O Natal e a Multimorbilidade
A nossa entrevista é com o médico especialista em Medicina Geral e Familiar, Filipe Prazeres, também docente convidado da FCS-UBI e doutorado em Medicina na temática da Multimorbilidade nos Cuidados de Saúde Primários. 1ZOOM 16 Dezembro 2020
O que é multimorbilidade? E porque é que um estudante de medicina deve estar informado sobre este tema? Até ao momento ainda não existe uma definição inteiramente consensual e aceite por todos. A isto acresce o facto da multimorbilidade ser frequentemente confundida com comorbilidade; conceitos cuja diferença importa esclarecer. A definição usualmente apresentada de multimorbilidade é a presença na mesma pessoa de mais do que uma doença crónica, sendo que nenhuma das doenças de que a pessoa sofre é considerada principal ou mais importante do que as outras, tanto na perspetiva do doente como na dos profissionais de saúde. Por seu lado, na comorbilidade existe uma doença central à qual as outras se associam; um exemplo paradigmático é o da diabetes e das suas comorbilidades. Todo o estudante de medicina deve ser versado em multimorbilidade. E esta afirmação é suportada por duas grandes razões, a primeira é a sua elevada prevalência que chega a ser superior à da asma, hipertensão e diabetes, e a segunda é o negativo impacto nos doentes e o seu peso no sistema de saúde. Qual o impacto da multimorbilidade nos doentes e o seu peso no sistema de saúde? Para responder a esta questão proponho um simples exercício mental. Imaginemos um doente que sofre de uma qualquer doença crónica e o modo como tratamos essa doença, e a essa doença adicionamos uma outra e o seu tratamento e depois outra e ainda outra, e em algum momento da vida este doente ainda irá sofrer de doenças agudas que também vão precisar de ser tratadas, rapidamente chegamos à conclusão de quão penosa é
a multimorbilidade para o doente (e seus cuidadores), para o médico e para o sistema de saúde. Aqui, na Beira Interior, a realidade da multimorbilidade é a mesma que a nível nacional? A inexistência de dados desagregados nos estudos publicados sobre multimorbilidade em Portugal impossibilitam o conhecimento da real prevalência da multimorbilidade na região da Beira Interior. Contudo, o Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico, desenvolvido entre 2013 e 2016 mostrou-nos que a prevalência na região centro é de 27.7%. Previsivelmente, esta poderá ser ainda superior na Beira Interior, associada ao envelhecimento da população residente nesta região do país. Qual o impacto das festividades, como o natal, na procura dos cuidados de saúde primários por parte dos portugueses? Na minha experiência como médico de família, verifiquei que em momentos de festividades se observa uma diminuição ligeira dos pedidos de marcação de consulta por motivo de doença não aguda e um aumento dos pedidos de consulta por situação de doença aguda. De salientar que na altura do natal não são só os conhecidos “exageros” característicos das épocas festivas que originam idas aos centros de saúde, mas também as infeções respiratórias de etiologia viral frequentes nesta época do ano, e que várias vezes levam a descompensações nos doentes com multimorbilidade. No corrente ano de 2020 prevê-se vir a existir um aumento ainda mais significativo da procura devido ao papel dos cuidados de saúde primários no controlo da COVID-19. Dezembro 2020
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Sendo o natal uma época de “exageros”, existe um risco acrescido para este tipo de doentes? Existem algumas indicações, de um modo geral, que os doentes com multimorbilidade possam seguir, principalmente nesta altura? Considerando que em Portugal os doentes adultos com multimorbilidade que frequentam os cuidados de saúde primários sofrem frequentemente de patologias do foro cardiometabólico e mental, não será de estranhar que muitos destes doentes tenham indicação dos seus médicos assistentes (dos cuidados de saúde primários, mas também hospitalares) para limitar a ingestão diária de líquidos, controlar o seu peso, tomar as devidas precauções para evitar quedas, evitar certos alimentos ricos em sal e/ ou açúcar, reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas, praticar exercícios de fortalecimento muscular, entre outras. O não cumprimento destas medidas nas épocas festivas poderá levar a descompensação aguda das doenças crónicas de que sofrem. O meu conselho para os doentes com multimorbilidade nesta altura do ano é o bom e velho ditado: tudo em excesso faz mal! Qual o grau de relevância da questão da multimorbilidade para a população portuguesa? A multimorbilidade é frequente na população portuguesa. Cerca de 38% sofre de multimorbilidade. Esta prevalência é ainda superior na população adulta que frequenta os cuidados de saúde primários – 72,7%, verificando-se uma associação entre níveis educacionais baixos e rendimento económico insuficiente e maior prevalência de multimorbilidade. Consequentemente, uma elevada percentagem da população portuguesa encontra-se em risco de desorganização e fragmentação dos cuidados médicos e polifarmácia. 18
Dezembro 2020
Quais as suas recomendações para a prevenção da multimorbilidade? Em tempos de pandemia por COVID-19, altura em que a saúde mental da população portuguesa se encontra algo fragilizada, eu colocaria a prevenção e tratamento da depressão como a primeira recomendação para a prevenção da multimorbilidade. A depressão aumenta o risco de multimorbilidade, segundo literatura internacional. Depois seria impossível não reforçar a necessidade de cumprir um estilo de vida saudável. Em 2060 qual prevê que seja o peso da multimorbilidade na sociedade? Quais os padrões de multimorbilidade nessa altura? Se nada for feito até lá, o peso da multimorbilidade será devastador para a sociedade. Em 2060 cerca de 30% da população europeia terá 65 ou mais anos, aproximadamente o dobro de 2016. E se atualmente e de um modo geral, uma em cada quatro pessoas sofre de multimorbilidade, dentro de 20 anos esta prevalência duplicará. Precisamos de maior apoio nas várias linhas de investigação no âmbito da multimorbilidade, na sua prevenção, mas também no desenho de guidelines centradas na pessoa com multimorbilidade e não centradas nas doenças, para apoiar na gestão daqueles que atualmente já sofrem de multimorbilidade.
(Adaptado)
Inês Roseta
Artigo de Opinião de “1 Minuto e 36 Segundos”, de Pilar Burillo Simões “1minuto e 36 segundos” é o título perfeito para um livro tão intenso, que nos devora rapidamente, enquanto descreve a vida de Pilar durante AQUELE ANO: o ano de preparação para a Prova Nacional de Acesso. Este livro constitui um relato apaixonante, em primeira mão, de uma das 2500 vidas que existem fora das muitas páginas de bibliografia recomendada que são lidas para a preparação da temida prova. Faz-nos rir, chorar e ansiar por mais, com a sua descrição tão autêntica e engraçada de todas as peripécias vividas ao longo desse ano. Pilar representa o “nós”, estudantes de medicina, com os nossos medos, angústias e incertezas e, com a sua história, ensina-nos o mais importante: “somos sempre mais capazes do que aquilo que pensamos”. Sara Gomes
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“1 minuto e 36 segundos” ou Como Escrevi Um Livro Durante a Preparação da PNA Olá! Se estás a ler isto é porque, provavelmente, estás prestes a entrar - ou já estás metido até ao pescoço - na mesma viagem que eu. Fiz a PNA em 2019 e lembro-me perfeitamente da manhã em que aquele Decreto saiu. O que definia o regulamento da nova prova. Do tempo, curtíssimo: 1 minuto e 36 segundos por pergunta. E do receio. Da incerteza. Das dúvidas sem fim.
tágio, página atrás de página, movidos a café e a marcadores, já a sabemos de cor. Vemos os nossos colegas que vão uns passos mais à frente fazerem-no antes de nós: abdicar das suas sextas-feiras à noite, dos seus jantares de família, dos seus desportos de eleição, dos seus grupos de teatro ou de dança…dos seus pedaços de vida preferidos, no fundo. Daqueles que vão sustentando a responsabilidade e o esforço subjacente a fazerEsse é, talvez, o único aspeto que se- mos o que adoramos fazer. para a tua viagem e a minha. O contexto. Independentemente do ano em que estiEu fiz o mesmo. Mas depois de deixar veres, sabes no que te estás a meter infi- todas as atividades a que ainda temos a nitamente melhor do que nós, a fornada lata de chamar “extra” apesar do papel de recém-licenciados em Medicina trans- que têm na nossa saúde mental, cheguei formados em tubos de ensaio do novo à conclusão que não queria deixar de esmodelo. Por outro lado, para quem esti- crever. Há anos que mantinha o The Nuver prestes a “saltar a barreira”, as coisas tsbook, o blog que criei durante a faculnão estão menos ansiogénicas, com toda dade e onde ia publicando tudo o que a logística necessária para garantir uma escrevia quando o mundo me parecia prova em condições de segurança em demasiado grande ou eu demasiado petempos de pandemia. quena. Percebi que ia precisar dele mais do que nunca. E, acima de tudo, tive um Tudo o resto é igual. A viagem que pressentimento, mais tarde confirmado, fazemos por fora, estágio através de es- de que a coisa não ia ser assim tão linear. 20
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É que quando se apresenta no nosso caminho um desafio deste tamanho - ou seja de que tamanho for - o resto da vida não pára. O Universo não olha para nós com compaixão nem diz “Pronto, pequenino(a), tu agora ficas aqui quietinho a estudar durante o ano todo. Tens aqui a cafeteira que vai reenchendo automaticamente e vamos algaliar-te para nem sequer teres de ir à casa de banho. Também pusemos um sósia teu a tomar conta dos teus amigos, para eles não virem a correr para ti quando precisarem e já está a imprimir uma cópia de cartolina em tamanho real para poder estar presente com a família aos Domingos. Agora carrega nesse capítulo de linfoproliferativas e deixa tudo connosco”. Não é real, pois não? E apesar de parecer desejável, acho que ninguém quer verdadeiramente entrar em coma voluntário e ventilar-se com aerossóis da bibliografia. Com isto em mente, e na esperança de fazer deste ano um processo de crescimento pessoal, fiz-me o desafio pessoal de escrever uma “série”: 14 crónicas, uma por cada especialidade da nossa bibliografia. No fundo, sabendo que não me restava alternativa que não mergulhar naquelas páginas todas, negociei os termos da minha rendição para tirar partido dela. Quando tudo o resto está parado - viríamos a confirmar isto mais tarde com o confinamento - há a oportunidade de olharmos para dentro. De pensar no que gostaríamos de melhorar em nós mesmos. No ciclo pessoal que vamos fechar a par do profissional. Se juntarmos este
propósito à realidade incontornável de estar mergulhada em linguagem médica durante mais de metade do meu dia, achei que faria sentido contar essa experiência à luz dessa linguagem. Comecei sem grande fé no assunto, sem certeza de que iria ser capaz de correr todas as especialidades. Só mais tarde, depois da prova, é que surgiu a hipótese das reunir no livro que - por causa da pandemia - só foi lançado em Agosto, na Feira do Livro de Lisboa. Mas durante esta viagem acabei por encontrar uma nova forma de contar coisas e de as entender. Acabei por subir escadinha a escadinha à medida que ia dando voltas à matéria e por ter exatamente o ano que eu queria, dando um sentido que também fosse de aprendizagem pessoal a uma preparação que é, como todos sabemos, extremamente exaustiva e técnica. Inesperadamente, acabei também por reunir um conjunto de estratégias e lições que revisitei vezes sem conta para superar as dificuldades de ser chamada à linha da frente de uma pandemia 2 meses depois de começar o Internato de Formação Geral. Para mim - e para vocês, qualquer que seja o vosso caminho - a lição é a mesma: temos todos, individualmente, a obrigação de procurar que a melhor época da nossa vida... seja a próxima. E como vim a descobrir, há muito para viver depois do tempo de prova chegar ao fim. Boa viagem!
Dr.ª Pilar Burillo Simões
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O Frio Que Nos Une O frio adormece-me as pontas dos dedos que costumavam percorrer os fios do teu cabelo suave. Mas sei que os teus também adormecem e sentem a saudade de percorrer as linhas incertas que dizem ditar o meu futuro. E isso aquece-me o suficiente para suportar mais um inóspito dia (sem ti). Olho para as árvores desnudas que há muito disseram adeus às suas folhas e sinto o aperto das memórias da despedida. Por momentos, a minha alma foi à procura da tua, mas perdeu-se na tela branca montanhosa que nos engole sem piedade. O meu pescoço sente a falta do teu cachecol e digo-lhe para que não chore, mas não me faz caso, cantando o fado da saudade que se mistura com os assobios do vento gélido que me desperta deste devaneio, obrigando-me a andar sem destino. Minto. Eu sei qual é o destino da minha caminhada e penso que tu também. Mas mesmo se não o souberes, não faz mal. Eu sei pelos dois.
Rita Claro 22
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O Que Se Faz em Tempos de Festividade? Natal no Chipre
Nós, cipriotas, como país cristão ortodoxo, levamos o natal extremamente a sério. Para celebrar este dia, juntamo-nos com a família e amigos, para um grande banquete, em que não pode faltar o prato “souvla” (que consiste em porco, frango ou borrego, grelhados em carvão) e onde são trocados presentes. No dia seguinte, a maioria da população vai a uma missa de celebração. Existe, também, a tradição na altura do natal de cada família se juntar e fazer biscoitos de açúcar para oferecer a outros membros da mesma ou amigos. Theodoros Theodorou
Natal na Roménia Na Roménia, o natal é uma oportunidade para os membros da família se juntarem. Costumamos reunir-nos no dia 25 de dezembro para uma grande refeição, onde os pratos mais importantes são o “cozonac” (bolo esponja) e o “sarmale” (rolinhos de carne e arroz embrulhados em repolho). Também cantamos canções romenas, como “Steaua” (a estrela) e “Capra” (a cabra). Nalgumas partes do país, existe, ainda, uma tradição de natal que envolve alguém vestir-se de cabra, com uma máscara colorida, e acompanhar os cantores das canções de natal. Sebastian Deaconu
Cozonac
Ilha de São Tomé: Natal tropical
Souvla
Natal Italiano Em Itália, particularmente em Nápoles, no dia 24 de dezembro comemos pizza de vegetais ao almoço e depois vamos para a rua onde há música e muitas pessoas. Brindamos com amigos até à noite. Depois, jantamos com toda a família e comemos muitos tipos de peixes e doces como “cassata” e “struffoli”. No dia 25 temos outro grande almoço com a família com “pasta al forno” e uma sopa de legumes, e à noite, geralmente, saímos para a discoteca. Alba Nappi
A família toda em casa do familiar mais velho, com aquela temperatura quentinha e quase sempre à beira mar. Uma mesa gigante, onde não pode faltar o calúlú (prato tradicional) e a minha sobremesa preferida izaquente de açúcar. (As saudades que eu tenho!) Contam-se histórias de como era o natal no tempo dos avós e dos tios e nós pequenos ouvimos com atenção e cheios de entusiasmo para poder-mos contar quando for a nossa vez. E às 00:00 do dia 24, apagam-se as luzes da casa para a chegada do Pai Natal, pela porta de entrada para trazer os presentes aos mais pequenos. Melissa Salvaterra
Cassata
Calulu
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É Essencial Aprendermos a Viver Juntos
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meu nome é Mariana Santos, sou estudante de medicina na Universidade da Beira Interior e, recentemente, em julho e agosto de 2020, decidi fazer as malas e rumar ao campo de refugiados de Moria, na ilha grega de Lesbos. Sou também embaixadora de Portugal de um movimento transnacional denominado “Europeans For Humanity”, que luta pelos direitos humanos fundamentais dos refugiados e requerentes de asilo e por um sistema europeu mais coEm Moria encontrei um cenário indescritínectado e dotado de iniciativas humanitá- vel. Cerca de 13 mil refugiados, oriundos da rias. Síria, Afeganistão, Iraque, Irão e muitos mais países que os obrigaram a fugir de fome, Agora, de regresso a Portugal, sinto que guerras, torturas, perseguições, violência, venho com uma missão ainda maior: denun- encontravam-se num espaço projetado para ciar as condições desumanas existentes nos albergar entre duas a três mil pessoas. Cerca campos de refugiados e combater a indife- de 40% destes habitantes são crianças, enrença e normalização do problema que cir- tre as quais 400 menores desacompanhados. cunda a sociedade em que estamos inseri- Para além da sobrelotação evidente, existem dos. inúmeros conflitos e condições inexplicáveis. Pessoas vulneráveis, incluindo sobreviventes de tortura e de violência sexual, são abrigadas em áreas inseguras. Mulheres grávidas e mães com recém-nascidos são deixadas a dormir em tendas, e crianças desacompanhadas, erradamente registadas como adultos, são colocadas em detenção. Existem apenas oito estruturas grandes, semelhantes a contentores, que abrigam 100 pessoas cada. A maioria dos imigrantes está distribuída por tendas de 24
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campismo ou abrigos improvisados, ambos muito frágeis. Apenas 1% das crianças refugiadas nas ilhas gregas vai à escola. Os residentes esperam 3h por cada refeição e a distribuição de água e até mesmo a existência de pontos de água corrente e condições de saneamento são bastante limitadas, se não inexistentes: existe um ponto de abastecimento de água para cada 1300 pessoas e apenas 1 casa de banho para cada 200 pessoas.
parece que o problema cada vez mais se agrava: o campo está inserido numa antiga área militar onde existem ainda muitas balas perdidas, resíduos tóxicos. Até ao momento existem apenas 45 casas de banho e nenhum chuveiro (as pessoas têm de tomar banho no mar); não há distribuição regular de comida nem cobertores para o frio e vento que vêm do mar; não existe distanciamento social (as tendas têm mais de 100 pessoas lá dentro) e os casos confirmados de COVID-19 já perfazem um total de 243. O espaço de isolamento para as pessoas com COVID-19 é apenas um enorme retângulo, separado com arame farpado do resto do campo.
No dia a dia, enquanto estudante de medicina, estava inserida na vertente de farmácia, geria a medicação dos pacientes, mas também dava assistência a médicos e enfermeiros durante as consultas. O mais comum era tratar de ferimentos, queimaduras, esfaqueamentos derivados de lutas dentro do campo, mas também surgiam muitas erupções na pele, mordidelas de ratos, de animais, de cobras, além de infestações de piolhos em crianças e sarna, que era um problema muito grande dentro do campo.A covid-19 foi só uma catástrofe em cima de outra catástrofe, pois apesar de o campo ter sofrido uma reorganização que possibilitava a triagem dos doentes suspeitos, nada podia ser feito para os colocar em isolamento, por falta de condições. Mesmo que estivessem infetados o contágio ia ser drástico e iase alargar aos restantes membros da família. O incêndio do passado dia 8 de setembro levou à criação de uma “Moria 2.0”. Chegam-me diariamente relatos de refugiados deste novo campo e nada mudou, aliás,
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mais difícil nesta missão não foi ir, mas sim voltar. Voltar para uma sociedade que está tão intrínseca a esses valores, a esta indiferença. E está na altura de nos começarmos a educar e a educar quem nos rodeia, pois este é um problema que acontecesse na Europa e não é algo a que possamos ser alheios. É catastrófico aquilo com que nós nos deparamos. Quando vemos crianças a viver em condições desumanas 28
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sem qualquer tipo de educação ou acesso ao ensino básico, estamos basicamente a negar-lhes o futuro. A Europa tem todos os meios e recursos necessários para proceder à evacuação e integração destas pessoas nas diferentes sociedades. A vontade dessas pessoas se integrarem é imensa. Neste momento, estamos a negar-lhes a liberdade, os seus direitos mais básicos e eles apenas tentam lutar pela sobrevivência, mas está na altura de começarem a viver.
A maior mensagem que vos posso deixar é que não faz parte de todos nós colocar uma mochila às costas e partir em busca do desconhecido. Cada um tem a sua própria missão e de facto há muito que podemos fazer a partir do nosso próprio país. Dezembro 2020
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Como podem ajudar
1.
Educarmo-nos a nós próprios e a quem nos rodeia, pois só assim é que podemos argumentar válida e conscientemente. Só assim é que temos factos e bases para derrubar políticas, leis e argumentos extremistas;
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Partilhar, partilhar, partilhar. Partilhar e divulgar todas as informações e atualizações da situação atual e das medidas tomadas, de sites fidedignos, pois só assim é que conseguimos causar impacto a nível político; 30
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2.
Não é necessário que todos coloquem uma mochila às costas e partam em direção ao desconhecido, até porque para ir em direção a uma catástrofe como esta temos de estar física e mentalmente preparados, pois, se assim não o for, podemos estar em risco de ser responsáveis por ainda provocar mais injustiças e afetar outros em situações vulneráveis;
4.
Donativos. É necessário informarmo-nos sobre as ONGs para as quais queremos doar. Neste momento é fundamental existirem doações a nível monetário e de bens materiais como: máscaras, luvas, viseiras, desinfetante, equipamentos de proteção individual, etc.
Organizações (médicas) - Kitrinos Healthcare - Stichting Bootvluchteling (BRF) - Medical Volunteers International e.V. - Healthbridge Medical Organization - Médecins Sans Frontières Greece (MSF) - Rowing Together
ONGs (não médicas) - Fenix Humanitarian Legal Aid - Movement On The Ground - Refugee 4 Refugees - Lighthouse Relief - Because We Carry - Team Humanity - EuroRelief - Becky´s Bathhouse - Together For Better Days - Donate4Refugees
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5.
Participar em protestos e demonstrações em diversas cidades;
7.
Envia este e-mail aos ministros portugueses para exigir a evacuação imediata do campo e acolhimento destas pessoas: https://docs.google.com/…/1wqSTAi4U92vdH3Uhk3cU…/mobilebasic
Contactos
Email europeansforhumanity@gmail.com Website https://europeansforhumanity.org Facebook: https://www.facebook.com/europeansforhumanity/ Instagram @europeansforhumanity 32
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6.
Envia e-mails aos representantes do Parlamento Europeu do teu país e exige políticas de asilo mais humanas e abrangentes: https://www.sean-binder.com/end-moria
8.
Assina petições e exige ação por parte dos decisores políticos: https://www.change.org/p/leavenoonebehind-prevent-the-corona-catastrophe-now-also-at-the-external-borders https://www.change.org/p/european-parliament-europeansforhumanity http://chng.it/PVDttjTXv9
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Um Natal Sem Casa Muito mais que festejos, presentes, embrulhos e luzes, “Natal” significa nascimento, vida, o florescimento. Palavra de uma grandeza tamanha, com o poder de acolher tantos significados e de ser interpretada à luz de várias perspetivas. Apesar de intrinsecamente relacionada com o Cristianismo, é passível, por exemplo, de ser assumida, de um ponto de vista não religioso, como somente uma época de reflexão acerca da vida, dos valores que nos compõem e do mundo que nos envolve. No entanto, toda a essência do conceito, seja de que ponto de vista for, está a ser perdida, em detrimento da ambição humana. Tem sido, cada vez mais, uma forma da indústria atrair atenções e despertar o consumismo na população. Aqui, ser cristão, ateu, ou apenas uma pessoa que preze o momento de introspeção, pouco importa. O materialismo, fortemente realçado nesta altura, tem vindo a atender à ânsia de todos.
além de desumano. Ter consciência, claro, de que é difícil e demorado mudar tudo isto, mas não é impossível. É só saber lutar e não ficar indiferente. Mas, paradoxalmente, as pessoas preferem fechar os olhos e olhar para o seu ego.
Com o título “Natal sem Casa”, pretendo fazer alusão a vários pontos. Referir-me, claro está, à palavra “casa” no seu senAssiste-se, assim, a uma época natalícia que se converte, a passos largos, numa tido literal (abrigo), mas também englobar outros aspetos, como o afeto, o aconchego, época de exageros, e substancialmente a estabilidade familiar e emocional, no funmenos filantrópica. Atinge-se um ponto do tudo aquilo que dá conforto (lar), e que, em que uma dualidade surge, ou melhor, acentua-se, diante de nós: de um lado, uma infelizmente, é negado a tantas pessoas. sociedade gananciosa e despreocupada; de Não é necessário pensar muito, que, rapioutro, inúmeros seres humanos sem acesso damente, demasiados exemplos me invaàs necessidades mais básicas e inerentes ao dem a mente. Dados da UNHCR, que datam do final de 2019, mostram que, até ao desenvolvimento. Não é normal. Para 34
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Alexander Koerner Getty Images término desse ano, 79.5 milhões de pessoas foram obrigadas a deslocar-se, tanto dentro do próprio país como para outros, devido a perseguições, guerras e violação dos Direitos Humanos. É o caso dos refugiados e dos migrantes, que vivem em condições inexplicáveis e inconcebíveis à luz do bom-senso e do humanitarismo. Mas também de pessoas à fome, pessoas que sofrem de violência, dos sem-abrigo, de pessoas que são rejeitadas pela sociedade por não corresponderem aos estereótipos... É todo um ponto de rutura que a Humanidade está a sofrer. O que será o Natal para cada um deles? Fará sentido corrermos atrás do telemóvel de última geração, ou daquelas sapatilhas supercaras e que estão na moda, mas que vão ser só mais umas no armário, quando existem pessoas que não têm nada? Nada
mesmo. Só sofrimento e desejo de ter uma vida mais feliz. Não têm uma casa onde viver durante o ano, muito menos para festejar o Natal; não têm roupas nem alimentos, quanto mais presentes… Vivem sempre por defeito e nunca em excesso! Todo o ano. Ano após ano, porque são ignorados. Com isto não quero dizer-vos para alterarem os vossos hábitos por completo, mas para refletirem um pouco mais. Quando estiverem com as vossas famílias, parem e pensem o quão privilegiados são e agradeçam por isso, seja agora no Natal, seja fora dele. E, por favor, não fiquem indiferentes. A indiferença ao sofrimento é a maior enfermidade da Humanidade!
Marta Soares
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Natal Um Presente Agridoce
entindo já ao virar do calendário a época natalícia, torna-se oportuno apelar à adoção dos tantos animais abandonados, principalmente agora, quando frio das ruas se acentua ao lado do calor do lar. Mas não façamos de um animal um presente, tal menosprezo face ao mundo de beijos sob pelo denso e focinho mel. Mas há que parar um bocadinho e tomar uma decisão ponderada, porque apadrinhar um patudo é um gesto de responsabilidade e o compromisso de um amigo para a vida, e não uma prenda para descartar prontamente após o Natal, Santos e outros tantos, como infelizmente tantas vezes se ficam em histórias para contar. Assim, este Natal a Diagnóstico traz até ti o teu melhor presente de Natal. A Instinto, é uma associação protetora de animais da Covilhã, criada em 2012, com o objetivo de promover a defesa direta e indireta dos direitos dos animais. É uma associação de direito privado sem fins lucrativos, e pretende contribuir para melhorar as condições em situação de abandono e cativeiro, encontrar novos donos para animais abandonados, intervir no sentido de respeito pelas leis vigentes da proteção e defesa dos animais, campanhas de sensibilização, aceitam donativos de forma a alcançar estes objetivos, participam na elaboração de políticas públicas e colaboram em regime de voluntariado com estruturas municipais e públicas, de forma a garantir condições para os animais. E como podemos juntarmo-nos à causa e ajudar? A Instinto tem mais de 100 animais que procuram uma nova casa, e podemos arranjar sempre uma forma de ajudar: adotando, doando monetariamente, colaborando em voluntariado, adotando apenas como família temporária de acolhimento ou mesmo apadrinhando um “patudo”. Para além disto, podes sempre tornar-te sócio, visitar a loja da instituição ou simplesmente doar ao ligar para o número 760 300 290.
Isabela Queimadela, a37481 36
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Dona Flor
Não hesites em contactar Contacto 962 063 858 Email geral instinto.apac@gmail.com Email para adoções instinto.adocoes@gmail.com Email para apadrinhamentos apadrinhamentos.instinto@gmail.com IBAN para doações: PT 50 0061 0050 00560344500 1
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Adote e Seja Feliz
O Harry tem cerca de dois anos, tem ternura que pode dispensar a quem precisar dela, e está na Instinto há meses. Antes de ser recolhido, vagueava pelas ruas de uma aldeia, magro, com sarna, levando as pessoas sensíveis a desviar o olhar, impressionadas, enquanto outras tentavam encontrar uma solução e outras o escorraçavam. A Dona Flor tem 4 meses, tem uma energia infindável, e está na Instinto desde muito pequenina, depois de ter sido encontrada à beira da estrada, muito magra e com sarna, quando alguém a recolheu e rapidamente tratou de encontrar uma solução que a colocasse rapidamente longe das suas preocupações.
A Dona Flor e o Harry são apenas dois dos cães que fazem parte dos muitos animais salvos pela Instinto desde que, há oito anos, esta associação de proteção animal foi criada por um grupo de pessoas que decidiu não se descartar das suas responsabilidades e passou a despender de todo o seu tempo livre para resgatar animais errantes que acabavam mortos ou estropiados, quando o município não parecia capaz de cumprir com as suas obrigações. Mais de uma centena de animais permanece à responsabilidade da associação, todos eles acolhidos por famílias que os acarinham e cuidam deles até que surjam adotantes. Todos estes animais precisam de um lar, de uma família que os assuma como parte integrante da mesma, para sempre. Sim, para sempre! Porque um animal não é um objeto que adquirimos porque somos levados pelo impulso do momento, pela vontade de agradar a alguém ou simplesmente porque nos sentimos impelidos a agir, movidos pela piedade ou pelo impulso de ter. Um animal é uma companhia, é um amigo, é uma parte da família. Teremos de o alimentar, de lhe providenciar abrigo, de lhe prestar cuidados médicos, de lhe dar carinho, de o fazer sentir-se bem. O bem-estar animal é da responsabilidade dos seres humanos. Por isso, neste natal, adote um animal. Proteja-o e faça-o feliz. Para sempre.
Harry 38
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Teresa Correia Instinto
Sabias Que? O “CompBioMed” combina dados específicos de órgãos fornecidos por Rx, RM ou TC juntamente com informações sobre o genoma para criar um avatar virtual personalizado de cada paciente e permitir-nos-á testar e prever as acções de um determinado fármaco, prever problemas futuros e qual o tratamento (médico ou cirúrgico) que melhor se adequa ao paciente.
Na Universidade de San Diego, USA, descobriram que a proteína MANF (mesencephalic astrocyte-derived neurotrophic factor), quando administrada intravascularmente em pacientes com ataques cardíacos, reduz as complicações e o tempo de recuperação. h t t p s : / / w w w. s c i e n c e d a i l y. c o m / r e l e a ses/2020/06/200623100119.htm
https://pt.euronews.com/2020/08/24/medicina-do-futuro-embalada-pelo-ritmo-cardiaco-de-humanos-virtuais?fbclid=IwAR2-2Bn2-kpCDZpKdOmDsJnmUkw-_k0iQfrUkgzAOjoC2m8JE2rYRuVEI-k
Na cidade de Osaka, Japão, descobriram que a avaliação dos níveis de metilação do microRNA poderá ser um biomarcador importante para o diagnostico precoce da neoplasia Pancreática e Em Iowa, USA, descobriram que é possível dede neoplasias malignas no geral. tetar precocemente a Doença de Parkinson através da aglomeração da proteína alfa-sinuceina https://www.sciencedaily.com/releases/2019/09/190903091443.htm em amostras de pele. h t t p s : / / w w w. s c i e n c e d a i l y. c o m / r e l e a ses/2020/10/201021112343.htm?fbclid=IwAR30LLxDJ8kiYTWyagcDiRUmW7611VSm4nfq8imCcBDRRhFLtcm6s7V_DQE
Na NYU School of medicine, USA, descobriram que hipotiroidismo durante a gravidez aumenta de 22% a 45% a probabilidade do filho ter défice de atenção ou hiperactividade (ADHD).
Investigadores Canadianos e Britanicos, descohttps://www.sciencedaily.com/releabriram que por cada mês de atraso de tratamen- ses/2020/10/201021085107.htm to de neoplasias malignas, a taxa de mortalidade aumenta 6 a 13%.
Diogo Ferreira
h t t p s : / / w w w. s c i e n c e d a i l y. c o m / r e l e a ses/2020/11/201104194710.htm
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Casos Clínicos 1. Perante uma crise convulsiva, qual das seguintes medidas NÃO deverá ser realizada? A) Afastar todos os objetos que estejam ao redor do doente, evitando que este se magoe B) Colocar um pano/lenço na boca do doente, modo a não trincar a língua C) Colocar almofadas, toalhas enroladas, cobertores, de modo a proteger a cabeça do doente D) Se inconsciente, após a convulsão colocar em Posição Lateral de Segurança
2. Uma jovem 20 anos recorre ao Serviço de Urgência com queixas de dor retroesternal. A mãe diz que “anda nervosa por causa dos exames da faculdade”. Há cerca de 1 semana teve uma síndrome gripal. Refere que não consegue dormir porque a dor agrava quando se deita. Durante a avaliação clínica, apresenta-se numa posição de anteflexão do tórax porque diz que a dor alivia desta maneira. Qual a hipótese de diagnóstico mais provável? A) Tamponamento B) Pneumonia C) Pericardite Viral D) Endocardite Infecciosa
3. Uma mulher de 52 anos apresenta queixas de dor generalizada crónica desde há 6 meses. Após avaliação clínica, o médico considera provável o diagnóstico de fibromialgia. Qual das seguintes manifestações NÃO é um problema associado, frequentemente, a fibromialgia? A) Noção de tumefação matinal das mãos B) Distúrbios do sono C) Fadiga intensa de predomínio matinal D) Défice de força muscular ao exame objetivo
Respostas corretas: 1) B ; 2) C ; 3) D Mariana Almeida 40
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FCSSavageLife
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Melissa Amarante
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