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Um copo de café por dia, não sabe o

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Casos Clínicos

Casos Clínicos

UM COPO DE CAFÉ POR DIA, NÃO SABE O BEM QUE LHE FAZIA!

Texto de Rodrigo Martins

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Ocafé é a bebida mais consumida no mundo devido aos efeitos psicoativos da cafeína, o seu principal composto ativo, sobre a memória, atenção e sono. Para além destes efeitos a curto-prazo, o café também demonstra uma relevância especial a longo prazo na saúde dos seus consumidores (1).

A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) atua como psicostimulante, funcionando como antagonista da adenosina nos recetores A1 e A2A (1). Estes recetores encontramse localizados no córtex cerebral, coração, aparelho respiratório, rins e trato gastrointestinal (2). Uma vez que a adenosina possui um efeito inibitório destes sistemas, ao ligar-se aos recetores previamente referidos, a cafeína provoca um estado de excitação do sistema nervoso central (1).

Numa tese realizada na Universidade da Beira Interior (UBI), que avaliou o consumo de café pelos estudantes de medicina da UBI, verificou-se que cerca de 79% dos inquiridos responderam que tomam café. O mesmo estudo revelou que os principais motivos para o consumo neste grupo é, por ordem decrescente: combater a sonolência, gosto pelo sabor do café, e aumentar a capacidade mental e física (2).

Os principais efeitos agudos do consumo moderado de café incluem uma melhoria na função cognitiva, como a resolução de problemas, atenção, vigilância, tempo de reação e o processo de tomada de decisões.

Quanto à memória, os resultados são ainda pouco claros e as principais conclusões são que, embora esta não sofra efeitos a curtoprazo devido à ingestão de café, quando o consumo é a longo-prazo, a memória é afetada positivamente (3). A explicação poderá passar pelos efeitos neuroprotetores do consumo crónico de café, contribuindo também para uma menor probabilidade de desenvolver doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, e doenças psiquiátricas, como a depressão (1). Para além disto, existem notórias melhorias de performance física (3), como no controlo motor (1), resistência aeróbia, anaeróbia e força muscular (3).

Apesar dos benefícios comprovados, a cafeína também acarreta consequências negativas quando o seu consumo é em grandes quantidades. Atualmente, é considerado que o consumo de cafeína não deverá ultrapassar os 400 mg/dia, que corresponde a cerca 3 a 4 chávenas de café por dia (3). Valores acima deste são responsáveis por consequências negativas, entre as quais níveis aumentados de ansiedade (1) e disrupções na performance cognitiva (3). O risco de desenvolver dependência de café é reduzido, mas consumidores que o abandonem poderão experienciar sintomas de abstinência (2). Conclui-se assim que o consumo moderado de café, além de não constituir um risco para a saúde, é um fator que beneficia a mesma, não só a curto-prazo, sendo este o principal motivo apontado para o seu consumo, como também para os efeitos positivos a longoprazo.

Referências Bibliográficas:

1. Magalhães R, Picó-Pérez M, Esteves M, Vieira R, Castanho TC, Amorim L, et al. Habitual coffee drinkers display a distinct pattern of brain functional connectivity. Mol Psychiatry [Internet]. 2021; Available from: http://dx.doi. org/10.1038/s41380-021-01075-4 2. Almeida SAM de. Consumo de café pelos estudantes de Medicina da Universidade da Beira Interior [Internet]. Universidade da Beira Interior; 2015. Available from: http://hdl.handle.net/10400.6/4988 3. McLellan TM, Caldwell JA, Lieberman HR. A review of caffeine’s effects on cognitive, physical and occupational performance. Neurosci Biobehav Rev [Internet]. 2016;71:294–312. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j. neubiorev.2016.09.001

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