Nº 28 | Dezembro 2009 | Distribuição Gratuita aos Sócios
Associação Nacional de Professores de Educação Visual e Tecnológica
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FORMAR
ficha técnica Director Directora Adjunta
Projecto Gráfico Colaboração Gráfica Ilustrações Paginação Execução e Produção Digital
José Alberto Rodrigues jarodrigues@gmail.com Sónia Paula Santos soniapmsantos@gmail.com Gil Maia Sara Bento Botelho Capa, Ficha técnica e Sumário: Russ (pormenor) Paulo Fernandes (Colaboração Marta Freitas) nts
Administração
APEVT - Associação Nacional de Professores de Educação Visual e Tecnológica Largo de Noeda - EB 1 nº. 14 u 4300-352 Porto u % + Fax 225102547 e-mail: apevt@esoterica.pt u website: www.apevt.pt
Depósito Legal
103793/96
ISSN Tiragem
156322-65878 1500 exemplares
Esta edição é resultado da parceria criada entre a APEVT - revista inFORMAR e a ESE do Porto no âmbito da Edição do Mestrado em Ensino da Educação Visual e Tecnológica
editorial Estimados Associados, Colegas, Na senda da inFORMAR 27, apresentamos aqui a 28. Mais um número especial, em colaboração estreita com a Unidade Técnico-Científica da Escola Superior de Educação do Porto e no âmbito do seu mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica. São 22 artigos especialmente elaborados na unidade curricular de Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico e que focam a sua atenção sobre práticas educativas em EVT e os recursos de apoio pedagógico que para ela podem ser utilizados ou criados para apoio às actividades que são desenvolvidas. Versando áreas e temáticas distintas, a abrangência e profusão de explorações possíveis são imensas e requerem uma leitura atenta, na certeza de que se constituirão como uma referência para muitos docentes. Como são quase 200 páginas de leituras, não vos demoramos mais. Apenas deixamos aqui claro, mais uma vez, que esta revista é vossa. Sempre que quiserem, podem submeter as vossas propostas para publicação. Será para nós uma honra contar com o contributo de todos vós. José Alberto Rodrigues
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Arte em cacos Embelezamento dos espaços exteriores da escola
Cristina Monteiro kismonteiro@gmail.com
Resumo: Este artigo insere-se na proposta de trabalho final da Unidade Curricular de Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica, da Escola Superior de Educação do Porto. O trabalho que aqui se apresenta é o resultado do estudo, investigação, aprofundamento e reflexão sobre recursos pedagógicos para aplicação na disciplina de Educação Visual e Tecnológica. A unidade de trabalho sobre o qual recaiu a minha escolha foi o embelezamento de espaços exteriores da escola, inserido no campo – equipamento escolar (recreio), sendo que a preocupação foi a motivação do aluno com intuito de, na realização plástica bidimensional o aluno, para além das técnicas mais usuais como a aguarela, o guache, deve experimentar outras técnicas como por exemplo o mosaico. Fazendo uma abordagem estético-pedagógica. Pretendo assim, dar um pequeno contributo com a minha proposta de trabalho em contexto educativo de Educação Visual e Tecnológica quer em suporte informático, quer em suporte físico e mesmo em suporte da Internet (Web e Web2.0) que possibilitam melhorar e enriquecer a prática pedagógica Palavras-Chave:Arte, Educação Visual e Tecnológica, Expressão Plástica, Mosaico/Trencadis. Abstract: This article is part of the final work proposal for the curricular unit of Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico for the Master’s Degree of Teaching Visual Arts and technologies Education, at Escola Superior de Educação do Porto. The work presented here is the result of the study, research, insight and reflection on pedagogic resources to be applied in the teaching of Visual Arts and Technologies Education. The work unit I chose was the embellishment of the school’s open spaces, in the field of school equipment, the major concern being the student’s motivation aiming to, in a two-dimensional plastic performance, and addition to more common techniques like watercolours and gouache, the student must try other techniques such as the mosaic, making an aesthetic-educational approach. Thus, I pretend to give a small contribution with my work proposal in the educational context of Visual Arts and Technologies Education, both 4
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in physical and internet support (web and web2.0), allowing the improvement and enrichment of the pedagogical practice. Keywords:Arts, Art/Gaudí, Mosaic/ Trencadis, Visual Arts and Technologies Educatin. 1. INTRODUÇÃO “O essencial é que, sem a arte, a visão do mundo seria incompleta.” Konrad Firdler “A arte como forma de apreender o mundo permite desenvolver o pensamento crítico e criativo e a sensibilidade, explorar e transmitir novos valores, entender as diferenças culturais e constituir-se como expressão de cada cultura. A relevância das Artes no sistema educativo centra-se no desenvolvimento de diversas dimensões do sujeito através da fruiçãocomtemplação, produção-criação e reflexão-interpretação”. (DEB, 2001, p. 149) Tendo em vista a promoção da literacia artística, utilizei a obra de arte enquanto valioso recurso pedagógico num processo que se deseja sempre crescente na aquisição de competências. A obra de arte foi usada enquanto meio impulsionador de motivação e concretização efectiva, na intervenção artística em espaços escolares. página
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Promove-se o aprender a pensar, o aprender a aprender, e o aprender a fazer. O objectivo é que os alunos, através destes três princípios relacionem a percepção estética com a produção de objectos estéticos. Pretendo com este trabalho levar os alunos a conhecer a obra do arquitecto Gaudí e, consequentemente, o desenvolvimento de uma técnica pouco usual, tendo depois uma aplicação prática através do mosaico/tancredis, levando os alunos a desenvolver o espírito crítico, necessário para a construção da aprendizagem. O mosaico/tancredis surge como um meio didáctico importante, permitindo que o aluno utilize diversos recursos, promovendo assim uma maior diversidade de aprendizagens, motivando-o e incentivando-o a interagir. Deste modo, o princípio que rege este estudo baseia-se na constante preocupação em gerar situações de aula que despertem a curiosidade e a motivação do aluno na exploração do tema - Embelezamento da escola. Pretendo introduzir a temática de forma estimulante e dinâmica com recurso a uma série de estratégias pensadas com o objectivo de cativar os alunos no sentido de aprofundarem o seu conhecimento como um todo abrangente. A minha estratégia passa por fazer os alunos percepcionarem a arte de uma forma mais consciente, interligando-a com o tema explorado. No âmbito da disciplina a minha finalidade última é a de criar recursos eficientes para a transmissão de um tema. 2. METODOLOGIA Foi feita uma pesquisa alargada com base nas indicações programáticas do Ministério de Educação e da minha experiência enquanto professora, seguida de uma análise cuidada e de uma selecção da informação recolhida. O motor de busca da Internet foi a ferramenta utilizada, por excelência, para efectuar a investigação e aceder a imagens e a vídeos relacionados com Gaudí, mosaico e tancredis. Fo-
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ram igualmente consultados manuais escolares, livros técnicos e o Programa de Educação Visual e Tecnológica. A primeira fase implicou a pesquisa efectuada pela exploração de recursos em suporte digital, procurando na Internet e, em simultâneo, procedi a uma pesquisa bibliográfica e à sua análise. Posteriormente, realizei a selecção dos recursos a utilizar. Houve sempre a preocupação de aferir da qualidade científica de cada recurso assim como compreender as suas potencialidades. Assim, reuni um bloco de imagens e/ou fotografias de diversos sites, blogs e vídeos, sobre Gaudi e sobre o mosaico, bibliografia e filmes a utilizar em contexto de sala de aula. A abordagem ao tema foi feita de forma genérica. Contudo, sempre com a preocupação de os recursos definidos poderem ser aplicados pelo professor de forma mais ou menos aprofundada, de acordo com a realidade escolar que se lhe apresenta. 3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO “A relação entre Universo Visual e os conteúdos das competências formuladas para a educação visual pressupõem uma dinâmica propiciadora de capacidade de descoberta, da dimensão crítica e participativa e da procura da linguagem apropriada à interpretação estética e artística do Mundo”(DEB, 2001, p.156). Um dos principais papéis da educação artística é proporcionar o acto de experimentar, criar, expressar e representar pela utilização de materiais plásticos, ferramentas e técnicas, portanto, tudo o que sirva para fomentar a expressividade e a criatividade é pedagogicamente útil. Esta actividade, serve também para desenvolver competências nos alunos. Desta forma refiro a cooperação e sentido de responsabilidade; a capacidade de adequar meios à ideia que se pretende materializar; a sensibilização ao valor estético de diferentes formas de expressão visual; a experimentação de diferentes técnicas; a promoção e a reutilização de materiais; a participação em actividades que propiciem o desenvolvimento do trabalho em equipa; a promoção, de forma lúdica, da pesquisa e da aplicação de conhecimentos; a concepção e divulgação de diferentes formas de expressão visual e o desenvolvimento da criatividade. Por outro lado, o aluno irá desenvolver o hábito de escuta e a capacidade de diálogo; promover hábitos de organização do espaço de trabalho assim como de higiene e limpeza; aproveitar e reciclar materiais. Com a ajuda de técnicas e criatividade é possível transformar os espaços 6
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escolares. “O diálogo com a obra de arte constitui um meio privilegiado para abordar com os alunos os diferentes modos de expressão, situando-os num universo alargado, que permite interrelacionar as referências visuais e técnicas com o contexto social, cultural e histórico, incidindo nas formas da arte contemporânea” (DEB, 2001,p.162). 3.1. Breve biografia de Antonio Gaudí: Antonio Gaudí nasceu a 25 de Junho de 1852, morreu em Barcelona a 10 de Junho de 1926. Foi um arquitecto catalão, um dos símbolos da cidade de Barcelona, onde passou grande parte da vida. Aparece como um ar-
Figura 1 - Antonio Gaudí página
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quitecto ligado ao modernismo catalão (a variante local da Art Nouveau). Gaudí estudou arquitectura em Barcelona, entrando em contacto com importantes mestres. Desde suas primeiras obras, mostrou interesse especial por um dos princípios formais mais importantes da nova corrente artística: a unidade do objecto artístico e os laços entre o artista e o artesão. Gaudí parte de uma concepção globalizada da arquitectura – ela não é unicamente estrutura, integra também a ornamentação. Admirador da arte grega e do estilo mudéjar, sentiu-se cada vez mais atraído pelas possibilidades criativas assumidas pelas formas góticas. Seu interesse pela melhoria do sistema estrutural gótico levou-o a criar um novo tipo de arquitectura, que definiu como naturalista, fundamentada na utilização dos materiais até o limite da resistência. Da década de 80 do século XIX datam suas primeiras grandes realizações, como a casa Vicens (1883-1888) e o palácio Güell (1885-1889), em Barcelona; e o palácio episcopal de Astorga (iniciado em 1887) e a Casa de los Boines (1891-1892), em Léon. Em 1883, assumiu a continuação do templo da Sagrada Família, uma catedral neogótica em que fez profundas transformações. Durante a primeira década do século XX, desenhou o parque Güell (1990-1914), a Casa Batlló (1904-1906), com seus balcões curvilíneos, e a casa Milà (1906-1912), na qual combina a planta livre e as grandes aberturas com uma decoração de terraços e chaminés de cerâmica branca. Sua obra teve grande influência nas vanguardas históricas da arquitectura. No inicio do seu trabalho, inspirou-se muito nas formas góticas. Com o tempo, entretanto, adoptou uma linguagem escultórica bastante pessoal, projectando edifícios com formas fantásticas e estruturas complexas. Gaudí inspirou-se particularmente na natureza para os seus edifícios. Também utilizou a técnica do trencadis, um típico específico de mosaico, que consiste em usar peças cerâmicas quebradas para compor superfícies. Muito dos seus colegas achavam-no simplesmente estranho, mas o empresário Eusebi Guell acreditou no seu trabalho e
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patrocinou muitas das suas obras. É em Barcelona que estão as suas 7 obras principais que se destacam dos restantes edifícios pela sua originalidade. Gaudí deixou-se influenciar por inúmeras tendências, não tendo nunca tentado copiar um estilo determinado. 3.2. Trencadís O trencadís é uma espécie de mosaico feito com fragmentos de cerâmica unidos com argamassa típicos da arquitectura Modernista. Gaudi utilizava nas suas obras arquitectónicas restos cerâmicos que vinham da fábrica Pujo i Bausis, fragmentos de pratos e chávenas, também usou telha cerâmica. Para dar cromatismo aos seus trabalhos, decidiu usar cerâmica vidrada, que fornece cores vivas, usando as superfícies polidas. Ao cortar azulejos que já tiveram a sua decoração própria e fazer uma nova composição, são alcançados efeitos visuais únicos. 4. Recursos Educativos Os recursos que irei apresentar poderão funcionar como motivação, exemplificação, abordagem das técnicas mais ou menos aprofundadas e respectivos tipos de materiais a utilizar. Para facilitar um pouco o trabalho, agrupei os recursos de acordo com as suas características pedagógicas e o suporte em que se encontram, para os contextualizar fiz uma breve descrição das suas características
Figura 2 Dragon - Parque Güell – feito com a técnica de trencadís
4.1 Banco de Imagens A imagem é uma visão. As imagens foram seleccionadas com o intuito de serem utilizadas em contexto escolar, no domínio da disciplina de Educação Visual e Tecnológica. Foram seleccionadas imagens sobre a obra arquitectónica de Gaudi, sobre mosaico - mais especificamente trencadís. O banco de imagens, que caracterizam este recurso, encontra-se em anexo a este artigo. 4.1.1. Apresentação com Imagens de Construções Este recurso apresenta-se sobre a forma de Apresentação Electrónica e faz uma breve apresentação sobre Gaudí e a sua obra. Permite observar, analisar e reflectir sobre elementos estéticos e abordar vários conteúdos artísticos. As apresentações, que caracterizam este recurso, encontram-se em anexo a este artigo.
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4.2. Recursos da Web Vídeos relativos à aplicação do mosaico/trencadís: h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m / watch?v=ufC73-9pcKw Vídeos relativos ao corte do mosaico: h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m / watch?v=M7NsIiHeiRE Vídeos relativos à obra arquitectónica de Gaudí http://www.youtube.com/watch?v=b ISBfkl2fjI&feature=related h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m / watch?v=A9hUQ8g9ktI&NR=1 5. Metodologia e descrição de um percurso pedagógico Neste trabalho destaco o projecto de intervenção a ser implementado nos espaços exteriores da escola, bancos e paredes. Procura-se torná-la mais atractiva uma vez que são espaços muito amplos sem decoração. No contexto da área disciplinar de Educação Visual e Tecnológica, a metodologia a adoptar é a seguinte: seguindo o método de resolução de problemas adoptado na disciplina e, coloca-se o problema como embelezar os espaços exteriores da escola lançam-se ideias, assim surge a curiosidade de ver como os arquitectos decoram as suas construções. Como motivação poder-se-á fazer uma apresentação com imagens de construção ou mostrar pequenos vídeos tirados da Internet, sobre a obra página
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arquitectónica de António Gaudí. Tendo em vista o produto final, decoração de paredes e bancos pode-se levantar a questão: Como é possível fazer dos cacos arte? Será feito um trabalho inicial de investigação sobre a técnica que Gaudí usou na decoração das suas obras, utilizando os recursos educativos, já mencionados: banco de imagens e Apresentação Electrónica e vídeos. Depois de se escolher um tema a trabalhar os alunos serão convidados a fazer o reconhecimento dos espaços a decorar, irão depois fazer estudos dos elementos a ser representados tendo em conta o tema e o espaço. Passamos à selecção dos estudos para posterior aplicação na decoração das paredes e dos bancos. É chegada a hora de “arregaçar as mangas” e começar a trabalhar arduamente, ou seja, aplicar os “cacos” seguindo os estudos já feitos. Mas antes precisamos de saber aplicar os mosaicos, para isso mais uma vez utilizamos os recursos já citados – vídeos. Para a concretização deste projecto, haverá uma divisão de tarefas por pequenos grupos. O método a utilizar será o seguinte: retirar as medidas necessárias para a elaboração dos projectos, partir louças, tijolos e vidro, reduzindo-os a cacos para aplicar nas paredes e nos bancos, separação de cacos por cores; desenho dos elementos em papel de cenário; aplicação dos cacos em papel (em faixas), e depois aplicar estas tiras nos espaços escolhidos. 6.Conclusões Com este tipo de projectos é possível motivar e desenvolver as competências artísticas nos alunos. De facto, através do contacto com a obra de arte, consegue-se motivar os alunos para as artes, para a exemplificação de técnicas de representação e reforçar conteúdos. Os alunos conseguem, através dela, compreender os aspectos formais, elementos da linguagem visual, sendo possível despertar a curiosidade dos estudantes e estimular a sua criatividade.
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A obra de arte constitui um meio privilegiado para abordar diferentes modos de expressão. Cabe então aos professores propiciar situações de aprendizagem que contribuam para que o aluno adquira capacidades cada vez mais complexas no conhecimento da linguagem artística. Depois da pesquisa e análise de diversos recursos, confirma-se a importância dos mesmos como auxiliares da disciplina de Educação Visual e Tecnológica. Destes recursos destacam-se os de natureza multimédia. A simplicidade da projecção multimédia permite absorver simultaneamente estímulos e informações que, de outra forma, seriam bem mais complicados de assimilar. Este tipo de facilitismo expositivo é sempre bem-vindo, pois potencia positivamente o resultado final. Nota também para a vertente motivacional deste tipo de recursos. São altos os índices motivacionais quando o estímulo é de natureza audiovisual. Na disciplina de Educação Visual e Tecnológica tem-se o privilégio de ir para mais além do que a simples explicação teórica dos factos pois os horizontes são alargados e abrem-se as portas para a experimentação, contacto físico com os materiais, técnicas, novos recursos didácticos, etc. 7. Referências Bibliográficas DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essenciais, Lisboa: Ministério da Educação 7.1. Bibliografia Consultada Chavarria, Joaquim (1998), O Mosaico, Colecção Artes e Ofícios, Editorial Estampa Zerbst, Rainer (1985), Antoni Gaudí, Taschen DGEBS (1991a). Organização Curricular e Programas do 2º Ciclo do Ensino Básico. Vol. I. Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino - Aprendizagem, Vol. II. Lisboa: Ministério da Educação 7.2. Bibliowebgrafias http://es.wikipedia.org/wiki/Trencad% C3% ADs
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Filmes sobre a técnica Trencadis: http://www.youtube.com/watch?v=ufC73-9pcK http://www.youtube.com/watch?v=scbPFqk0xMU http://www.youtube.com/watch?v=Va2LcLOeN2s Filmes sobre como cortar mosaico: http://www.youtube.com/watch?v=SrYsAQ1llA0 http://www.youtube.com/watch?v=b70aGZj0qkc http://www.youtube.com/watch?v=M7NsIiHeiRE Filmes sobre a obra de Gaudí http://www.youtube.com/watch?v=tqXpBjHSo4k http://www.youtube.com/watch?v=_CuUM91--Sg http://www.youtube.com/watch?v=JBhX3XyGBpE http://www.youtube.com/watch?v=Bpu091Ue0zA
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“A arte de juntar pedaços”
Carla Mendes monica2ster@gmail.com
Resumo: O presente artigo insere-se na proposta de trabalho individual da Unidade Curricular da Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica, da Escola Superior de Educação do Porto. Tem como propósito a apresentação dum conjunto de recursos didáctico-pedagógicos e actividades sobre o tema Colagem, permitindo abordagens diversas em contexto de sala de aula, para a disciplina de EVT, no 2º Ciclo do Ensino Básico. Com o objectivo de dar oportunidade aos alunos de vivenciar aprendizagens diversificadas e de interagir com recursos que os possam motivar cada vez mais, em contexto educativo de sala de aula de Educação Visual e Tecnológica, experimentámos produzir formas em movimento, permitindo explorar este conteúdo de uma forma que estimulasse o desenvolvimento de habilidades pessoais, reforçando a auto-estima, a valorização da expressão individual, a força do trabalho em grupo e da socialização, visando a formação do cidadão através da arte da colagem. Palavras-Chave: Colagem, Construções, Desenho, Educação Visual e Tecnológica, Recursos Educativos, Tecnologias de Informação e Comunicação. Abstract: This article falls in the work proposal for curricular unit Oficina de Recursos e Apoio Pedagógico from MsC of Visual Arts and Technologies Education at Escola Superior de Educação do Porto. As starting point it considers the collage and hereby it presents a didactic-pedagogic and activated feature to be used by teachers and/or students in educational contexts on Visual Arts and Technologies Education classes. In this way, multiple features have been developed for application in Visual Arts and Technologies Education classes. In order to give opportunity to students of diverse learning experiences and interact with resources that can motivate increasingly in educational context of the classroom for Visual Arts and Technologies Education classes, experience producing forms in motion, allowing use this content in a way that stimulates the development of personal skills, enhancing selfesteem, appreciation of individual expression, the power of team work and socialization, to the training of citizens through the art of collage Keywords: Collage, Constructions, Drawing, Visual Arts and Technologies Education, Educative Resources, Information and Communication 12
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Technologies. 1. Introdução “Muitas vezes se tem debatido o lugar e a forma como a arte deve ser inserida e ensinada na escola. O principal problema tem sido encontrar programas e métodos que conciliem as actividades ligadas a conceitos como “imaginação” e “lógi¬ca”, “criativo” e didáctico”, “estético” e “utilitário”. É pois útil que o educador desenvolva actividades lúdicas, inserin¬do nelas parâmetros que conduzam ao desenvolvimento da criança.” (Ribeiro, 2008, p.7). Nesta medida, ao desenvolver este trabalho pretende-se explorar a capacidade criadora tão presente nos alunos, englobando as propostas do programa de E.V.T. Potencia-se a percepção e a sensibilidade estética o que permita ao aluno pensar criticamente a sociedade e representa-la de forma criativa e autónoma. No âmbito da Educação Visual e Tecnológica, essa aprendizagem reflectese nas áreas de exploração – desenho/ explorações plásticas bidimensionais e tridimensionais, sendo a técnica da colagem um meio de expressão plástica. A colagem, sendo uma técnica expressiva com possibilidades quase ilimitadas, permite de uma forma simples a livre associação de imagens, produzindo frequentemente e com grande economia de meios, trabalhos irreverentes que, ao permitirem uma diferente abordagem do real, apelam página
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ao carácter lúdico, matriz essencial do desenvolvimento da criança e do jovem. Neste trabalho procura-se pensar as imagens como contributos para o acto criador dos alunos e partir da mostra e da abordagem de diferentes técnicas e artistas diversos, para a exploração dos conhecimentos, potenciando a expressividade e a autonomia nas representações que fazem. Por isso, neste trabalho, considerou-se importante a reunião de recursos didáctico-pedagógicos muito diversos. Assim, não se aponta um único caminho, mas mostram-se diversas ferramentas e actividades que possibilitam diferentes percursos de ensino e aprendizagem. O presente trabalho procura, essencialmente, incentivar o gosto pela arte, despertando o fascínio, por artistas que de forma tão rica trabalham esta técnica da colagem. A sua obra pode ser descoberta pelos alunos nas livrarias e bibliotecas, mas também na Internet, o que pode fomentar a curiosidade pela busca de mais artistas e mais informações no âmbito desta técnica. Nesse sentido, incluiu-se nos recursos e actividades apresentados, uma pequena biografia de alguns artistas para os contextualizar na sua obra. 2. Metodologia A colagem compreende várias experiencias de aprendizagem no âmbito da expressão plástica, desde a exploração bidimensional e tridimensional até às tecnologias da imagem. Para a realização deste trabalho foi feita uma análise ao programa da disciplina de EVT, ao Currículo Nacional do Ensino Básico e feita uma reflexão sobre os resultados pretendidos e indicações metodológicas. O trabalho com colagens implica a realização de actividades ricas em aprendizagens, no contexto da educação pela arte. Nesse sentido, iniciou-se a procura em referências neste âmbito que permitissem desenvolver o trabalho. Procurou-se compreender de que forma se trabalhava esta área no contexto sala de aula em E.V.T. Reflectiu-se sobre várias actividades possíveis dentro desta matéria e, depois, foi acordado que seria importante um recurso que funcionasse como um kit de actividades, que fornecesse ideias aos professores, no sentido de trabalhar com os alunos. Por outro lado é importante que, para além do
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conhecimento e identificação de importantes artistas plásticos que usaram a técnica da colagem, os alunos percebessem, através de diversas técnicas e materiais, novas formas de “juntar pedaços” e de expressar ideias. A pesquisa efectuada desenvolveu-se considerando-se a vertente da exploração de suporte digital pela procura na Internet a partir dos motores de busca. Alguns artistas que utilizam as colagens nos seus trabalhos revelaram-se nas várias obras muito ricos quer pela diversidade, quer pela novidade sendo fonte inspiradora para futuros projectos. Realizou-se uma selecção dos artistas e movimentos da História da Arte, que se revelaram mais interessantes e teve inicio a anotação dos endereços/sites e as imagens que traduziam a variedade pretendida. Foi composta posteriormente uma mostra de actividades possíveis de realizar na aula de E.V.T. Na realização dessas actividades, procurou-se sempre apresentar uma breve biografia do artista em destaque, imagens do seu trabalho e o site onde a informação sobre este pode ser consultada, como outros exemplos do seu trabalho. Para além disso, apresenta-se uma ficha técnica com competências, estratégias e metodologias a usar na realização das actividades. Descreve-se, também, a técnica usada pelo artista e as possibilidades de desenvolvimento com os alunos. A partir destes recursos os alunos podem ser incentivados a criar as suas próprias colagens “à maneira de um artista plástico” desenvolvendo-as a partir do contributo visual dos artistas apresentados. Sendo um conceito evoluído, a colagem, assente numa fonte inesgotável de materiais, é também um processo criativo que apresenta relativa facilidade de execução e realização, produzindo resultados imediatos e de elevado valor plástico. Assim, a colagem pode facilmente tornar-se um instrumento pedagógico com potencial, pois cativa e promove a aprendizagem, com a utilização de recursos digitais, aumentando o entendimento sobre novas formas de descodificar a imagem e alargando o vocabulário plástico de professores e alunos. E hoje que se fala tanto de recursos digitais, achou-se pertinente a procura desses recursos didáctico-pedagógicos interactivos, como é o caso do “Collage Machine”, distinguindo as diversas técnicas afectas à colagem, como o papier collé ou papeis colados, a fotomontagem ou fotocolagem e a assemblagem. 3. Enquadramento Teórico 3.1 – Colagem: Contextualização histórica A colagem antes da arte Arte popular, arte aplicada, ou expressão artística, a colagem tem sido 14
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Figura I - Recortável de Augburgo, 1635 Papel recortado
Figura II - Auto Retrato Augburgo, 1635 Papel de cor recortado
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utilizada desde a antiguidade. Com o passar dos séculos, o recortável chinês de papel foi-se convertendo numa arte cada vez mais popular. As colagens mais antigas que se conservam são trabalhos caligráficos japoneses do século XII, os famosos poemas colados. O jogo de formas resultante destes poemas colados é bastante simbólico e assemelha-se à lógica dos ideogramas, não exprimindo nem letras, nem sons, mas apenas ideias, aliás, atributo da escrita japonesa, transformando simultaneamente o leitor em espectador. Nos séculos XVI e XVII surgem imagens minuciosamente talhadas, em pergaminho. Estes trabalhos, rendados pelo recorte, exigiam uma grande destreza e precisão, estando inicialmente destinados à confecção de imagens religiosas, passam depois, a ser utilizados em objectos mundanos. Entre 1740 e 1760 surgiu na Europa o recortável em papel preto. Eram perfis de retratos que contornavam imagens em sombra. Esta técnica cultivou-se na corte como uma espécie de jogo de sociedade. A partir de então, todos os perfis de retratos denominaram-se silhuetas em memória do somítico ministro da fazenda de Luis XV, Étiene Silhouete. No século XIX, destacam-se novas formas de colar que diferem do tradicional recorte, quase exclusivo do século precedente. São os álbuns de recordações e depois, os álbuns de cromos, onde se afixam de forma organizada, os mais diversos e variados motivos, origem do moderno coleccionismo temático. A apropriação consentânea dos artistas modernos dentro de um contexto muito específico da história da arte, fizeram da colagem um elemento fundamental do universo pictórico e um símbolo irreverente de criação artística. A colagem, absorvida por todos os movimentos de vanguarda é, até mesmo, indissociável da história de alguns desses movimentos. A colagem enquanto Arte “O princípio da colagem é o princípio central de toda a arte do século XX.” (Donald Barthelme) A história da colagem, como Arte, começa em 1912, com a experiência cubista, e deve-se ao trabalho conjunto dos pioneiros Georges Braque e Pablo Picasso.
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A colagem assume-se como uma técnica expressiva de possibilidades ilimitadas, que irá desempenhar um papel decisivo na evolução das diversas correntes artísticas do século XX. Pode-se definir a colagem como um método compositivo que tem como princípio o mecanismo da apropriação, ao apoderar-se de imagens ou objectos que irão servir de sustentação, a partir da qual se formará o trabalho artístico. O artista que utiliza conscientemente a apropriação fá-lo com intenção e um objectivo, criando assim um novo código de leitura e atribuindo um novo significado e uma nova compreensão ao que foi apropriado. A colagem, ao assumir-se como técnica inovadora, impõe uma nova estética, que augura uma inédita liberdade criativa, pois, para além da inclusão de materiais vulgares, banais, em princípio desvalorizados e alheios à pintura, também a introdução de técnicas processuais condizentes, acabam por ter o mesmo protagonismo que o resultado final: o processo é equivalente em significado ao resultado final. Ao ser segregado do seu ambiente comum e colocado noutro contexto, a imagem ou objecto apropriado, transforma-se, sofre uma mutação, adquirindo outro sentido e valor contemplativo. O Futurismo utiliza a colagem, acrescentando-lhe conteúdo na forma de movimento e energia. O Dadaísmo elege-a como princípio basilar de ruptura e transgressão. O Construtivismo alia-a à mensagem tipográfica, transformando-a num poderoso meio de comunicação. O Surrealismo vê nela a possibilidade real de concretizar o irreal. Estes cinco movimentos são deveras o objecto de estudo pois, para além de definirem as premissas de toda a arte moderna, é dentro deles que a colagem se autonomiza. Os inventores da colagem Picasso e Braque “A forma como desenvolvemos o Cubismo não foi intencional, até certo ponto só pretendíamos exprimir o que tínhamos dentro de nós.” (P. Picasso)
Figura III -George Groez, 1919 Colagem
Picasso chegará a criar um novo género artístico, a assemblage. Trata-se de facto de uma transposição da colagem e dos seus efeitos para as três dimensões do espaço. Subtilmente, introduzem letras e algarismos no espaço pictórico, com uma função evocativa, substancialmente mais de carácter formal do que significativo. Picasso também começou a fazer experiências usando este método recentemente descoberto, acabando por elevar a técnica do papier collé a uma arte maior, explorando e elaborando trabalhos que ul16
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trapassam as implicações ilusionistas e composicionais a que Braque estava apegado.
Figura IV – Pablo Picasso, Colagem
Juan Gris Que se converte no terceiro elemento do círculo inicial do cubismo, acusa a influência directa de Picasso no início dos seus trabalhos de colagem, quando utiliza tela encerada imitando um enredado de palha. Gris, ao contrário de Braque e Picasso, acrescenta sempre aos trabalhos de colagem, tinta a óleo ou guache, atribuindo a estes, um colorido idêntico ao da pintura. É a partir de 1914 que se dedica totalmente à técnica da colagem, compondo uma série de obras que representam objectos diversos, como garrafas, fruteiras, vasos e taças, jornais e cachimbos. As obras, sobretudo os papier collé de Braque, Picasso e Gris, despertaram um vivo interesse nos cubistas dos círculos mais próximos que, para além de se ter manifestado na pintura, fez com que a maioria realizasse experiências com colagem, geralmente experiências isoladas e rapidamente abandonadas. Sonia Delaunay Traça um caminho próprio, novo, para a colagem, com formas geométricas, abstractas, que surgem espontaneamente fruto do estudo que desenvolveu com a luz e a cor e que vai aplicar, inicialmente em objectos de uso diário, decorativos, como quebra-luzes e cortinas, transferindo depois este princípio para a ilustração de livros e o vestuário usando por exemplo, a técnica do patchwork.
Figura V - Juan Gris Beer Glass and Cards, 1913 página
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Hannah Höch É significativa no contexto da arte alemã, não apenas através dos seus trabalhos dadaístas, mas também devido ao facto de ter participado na criação de um novo género artístico: a colagem.
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Max Ernest Fazia criativas colagens a partir de ilustrações de jornais e revistas ou juntando coisas, inventando criaturas e ambientes estranhos. Henri Matisse Outro artista importante que desenvolveu a técnica da colagem como arte. Chamava a sua técnica de “desenhar com tesouras”. A técnica consiste em cortar figuras em papéis coloridos. O resultado é composições simples, que acabaram influenciando muitos outros artistas depois dele.
Figura VI - Sonia Delaunay, “Les filles en maillot de bain”, 1928.
Robert Rauschenberg Por volta da década de 60, surge a pop art, movimento que mistura imagens populares de propaganda, como caixas de sabão em pó com outras imagens, usando pintura e serigrafia. Rauschenberg fez muitos trabalhos desse tipo. 3.2 A Colagem no ensino da Arte
Figura VII - Max Ernest, 1920
A técnica da colagem pretende por intermédio do ensino da arte, levar os alunos a uma leitura dos padrões estéticos da arte. A metodologia de ensino da técnica da colagem deve integrar a história da arte, o saber fazer e a leitura de uma obra de arte. O ensino da arte deve estar em concordância com a contemporaneidade. A pesquisa e a construção do conhecimento são de grande valor tanto para o educador quanto para o educando. Promove a interacção entre o saber e a prática, relacionados com as culturas, a história e as sociedades, possibilitando uma relação ensino-aprendizagem, a partir de experiências vividas, múltiplas e diversas. A criança, no ambiente escolar participa de diversas linguagens que possibilitam o saber artístico. Nesse contexto, a colagem, tornou-se uma técnica privilegiada, justamente pela facilidade de se trabalhar com ela, a partir dos recursos encontrados no dia-a-dia dos alunos, por exemplo: papéis, cartões e diversos tipos de matérias-primas como a madeira, galhos, folhas etc. Pode-se trabalhar com objectos do quotidiano, com a apropriação de imagens do dia-a-dia. A técnica da colagem estimula a criatividade dos alunos dando-lhe suporte para criar a partir do contexto social em que está inserido. 18
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Figura VIII - Henri Matisse. Colagem
Figura IX - Rauschenberg “Charlene”, 1954
Estas criações contribuem para o desenvolvimento das crianças e dos jovens. Reconhece-se assim, a técnica da colagem como um ramo da arte e fonte de conhecimento, e que a mesma contém em si um universo de aprendizagens, capaz de facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Com isso, os professores poderão abrir espaços para manifestações que possibilitem o trabalho com a diferença, o exercício de imaginação, a auto-expressão, a descoberta e a invenção. Novas experiências compreensivas, multiplicidades, diversidade de valores, sentido e intenções é um princípio básico e fundamental da boa educação pela arte que todos os alunos em qualquer idade possam observar e descobrir. A partir de tais propostas apresentadas para o estudo da arte por meio da colagem, torna-se possível estimular os alunos a utilizarem a técnica da colagem. O professor terá a oportunidade de conhecer, entender e compartilhar da realidade, da visão do mundo dos alunos criando-se múltiplas formas de desenvolver por meio da colagem o gosto pela arte. Desenvolver a aula a partir dos vários métodos que a técnica da colagem proporciona, tornará o aluno um ser fazedor de arte, observador e descobridor de suas próprias forças, inclinações, possibilidades e limitações. O desenvolvimento da arte por meio da técnica da colagem coloca, sobretudo, como principal referência a singularidade existente em cada aluno. 3.3 A Colagem em Educação Visual e Tecnológica
Segundo orientações do programa de E.V.T. é importante contextualizar esta disciplina com o meio que a envolve, não só com as demais disciplinas que fazem parte do currículo escolar, mas também com o quotidiano do aluno e com o meio em geral que se apresenta rápido, fugaz e aliciante de apreender. Esta actividade cumpre uns objectivos que, sendo espepágina
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cífico da expressão plástica (potenciar o desenvolvimento estético e criativo da criança), ajudam também à aquisição de habilidades e destrezas vinculadas a conteúdos a actividades de outras áreas curriculares (grafo motricidade, desenvolvimento da organização espacial, noções geométricas). A colagem parte de formas isoladas, mais ou menos simples, para chegar a uma composição global. Consiste em juntar pedaços de papel, tecido ou qualquer outro material sobre uma superfície plana e distribuindo de tal forma os elementos que se obtenha numa composição harmoniosa (figurativa ou não). Ajudam a criança a desenvolver o seu nível manipulativo e favorecem os processos de análise-síntese ao criar composições distintas, tomando como base elementos soltos (partindo de formas simples, cria outras cada vez mais complexas). Nesta disciplina, de forte componente prática, a técnica da colagem, tão presentes na arte contemporânea, será o ponto de partida para a aprendizagem da construção de objectos artísticos de cartão, plástico e outros materiais do dia-a-dia, utilizando técnicas variadas e extremamente acessíveis. O aluno, ao iniciar esta técnica de composição e colagem irá desenvolver várias competências, inclusive: Distinguir as texturas e possibilidades plásticas dos diferentes materiais; Apreender e expressar-se harmoniosamente mediante a aplicação da técnica da colagem; Desenvolver as destrezas manipulativas necessárias para a confecção de colagens e progredir no manejo dos utensílios e materiais empregues; Manipular diferentes papéis; Usar com autodomínio a tesoura e cola; Exprimir-se plasticamente, mediante diferentes tipos de colagem, confeccionando composições figurativas ou não; Apreciar o factor estético no acto artístico; Desenvolver a sensibilidade, criatividade e expressividade por meio da linguagem plástica; Interpretar imagens de forma original e criativa; Saber organizar de forma harmoniosa uma composição artística. Em E.V.T. é possível trabalhar esta técnica de diversas formas. Entre elas salientam-se: os Papéis Colados (Papier-Collés), de Braque; a Assemblagem, de Picasso; o “desenhar com tesouras”, de Matisse, a Fotomontagem, de Max Ernest; A Colagem digital. A seguir apresenta-se uma breve abordagem de algumas técnicas 20
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associadas à colagem enquanto Arte. Os Papéis Colados (Papier-Collés) “Eu gosto da disciplina que corrige a emoção.” (Georges Braque, 1917). A colagem toma a designação de papéis colados quando, há utilização do óleo ou outras técnicas de cariz pictórico se associam exclusivamente papéis pintados ou estampados. Estes pedaços de papel colorido podem ser produzidos pelo próprio artista, ou então, partir simplesmente da utilização de papéis estampados, produzidos comercialmente e, por isso, vulgares. A nitidez e a uniformidade que o recorte proporciona a estes papéis constituem por si só, a silhueta que pode representar um objecto ou uma figura, tornandose igualmente simples e eficaz na obtenção do contraste entre a luz e a sombra. Henry Matisse dizia que desenhar com a tesoura, e recortar as cores vivas, fazia-o lembrar o trabalho dos escultores e que a tesoura era um instrumento maravilhoso. Desenhava com a tesoura nas suas colagens. Este novo material pictórico está intimamente ligado à cor participando na pintura de uma forma autónoma ou associado às tonalipágina
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dades de outras técnicas. A Assemblagem “Não aproveito, uso mais que o próprio uso.”(Júlio Pomar) Assemblagem, vocábulo de origem francesa, está hoje generalizado no âmbito das artes plásticas e significa, literalmente, uma reunião de várias coisas, unir, agrupar, juntar. Larousse de Poche (Dicionário da Língua Francesa), Librairie Larousse, Paris, 1979, pág. 28. Considera-se assemblage uma generalização da colagem, pensada e executada a três dimensões, resultado de uma associação invulgar ou casual de objectos e materiais de diferentes origens e proveniências diversas. A função espacial diferencia a assemblage da colagem e do papiér-collé porque os materiais que compõem o objecto ultrapassam a bidimensionalidade; atribui-se, aos materiais, o espaço que estes necessitam de ocupar em relação ao volume que representam. A Fotomontagem “A fotomontagem está muito vincada pela anarquia visual.” (Michel Frizot) A Fotomontagem constitui uma das técnicas de expressão plástica mais utilizada pelas vanguardas artísticas do século XX. Tal como o nome indica, trata-se de uma associação de imagens, obtida no todo ou em parte, com fotografias da qual resulta uma nova entidade visual. As experiências com fotografias compósitas, que os fotógrafos da época vitoriana realizavam, não eram substancialmente diferentes da fotomontagem, até porque obedeciam aos mesmos princípios técnicos: a combinação de imagens ou fragmentos separados e independentes para formar uma nova unidade visual. A intenção, a atitude, a intervenção e os resultados é que eram diferentes.
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O término Fotomontagem foi introduzido pelos Dadaístas berlinenses para se qualificarem a si mesmos de técnicos, mais do que artistas, e para separar a sua obra da colagem cubista. Colagem feita de fotografias, ou partes de fotografias, é chamado de fotomontagem. Fotomontagem é o processo (e resultado) de fazer uma fotografia composto por corte e junção de uma série de outras fotografias. A imagem composta por vezes foi fotografada para que a imagem final seja convertida novamente numa impressão fotográfica perfeita. O mesmo método é realizado hoje usando software de edição de imagem. A técnica é designada por profissionais de composição. A Colagem Digital Colagem digital é a técnica de usar ferramentas informáticas na criação de colagem para incentivar as associações dos diferentes elementos visuais e a transformação posterior dos resultados visuais através da utilização de meios electrónicos. Ele é comummente usado na criação de arte digital. 4. Recursos Educativos / Actividades
As actividades e recursos apresentados foram seleccionados tendo em conta as suas características pedagógicas. Pretendeu-se facilitar aos professores a exploração deste tema, agrupando-os de acordo com as suas características e o suporte em que se encontram. Para contextualizar os recursos fez-se uma breve descrição dos mesmos. 4.1 Sites sobre colagem
Colagens Elegantes Site do artista Aaron Wexler que cria obras com colagem em delicadas pinturas. Através de Colagem toma alguma coisa como um todo e, em seguida decompõe e volta a remontá-la. Em inglês. Recurso disponível em: http://www.aaronwexler.com Richard Fulham Site de Richard Fulham, mestre na criação de imagens, cujo conhecimento técnico não impede a espontaneidade nem a expressão. As técnicas utilizadas são a colagem e técnicas mistas. Este recurso 22
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encontra-se disponível em: .http:// www.centrart.qc.ca/richardfulham/accueil.html
balho deste artista, que à primeira vista parece ser pintura, usa a técnica do corte de papel e colagem. Disponível em: http://street-fodder.blogspot.com/
Ilustrações em Colagem Site de Roberta Arenson, artista especializada na ilustração de livros infantis utilizando a colagem. Trabalha com papel pintado e técnica mista, usando cores, formas e padrões. Recurso disponível em: http://www.raillustration.com/
Papeis Colados Blog de Papéis Colados, este recurso apresenta-nos alguns exemplos de colagens ou seja papéis colados. Recurso disponível em: http://myblogcolagemanalogica.blogspot.com/
Phoebe Beasley Site da artista Phoebe Beasley. Nas suas colagens usa guache, aguarela e papel de seda, para contar a as suas histórias e registo. Recurso disponível em: http://www.phoebebeasley.com A “aura” de Katy Krantz Site do artista Katy Krantz. Suas colagens resultam da reciclagem de velhas pinturas em material fresco, cortando-os e colando-as num novo contexto. Utilizando restos do seu próprio trabalho, cópias de pinturas e esculturas retiradas de livros de história da arte, bem como restos de estudos de outros artistas. Recurso disponível em: http://katykrantz. com/section/30243.html Elbow-Tow Site do artista Elbow Tow. O trapágina
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Art Snack Várias colagens com caricaturas, disponível em: http:// artsnack.blogspot.com/search/label/colagem Ilse Fenner Blog de partilha de trabalhos e experiencias sobre colagem. Disponível em: http://ilsefenner.blogspot.com/search/label/Colagem Miguel d`Hera Slide com exemplos de colagem com caneta, com cartolina e outros. Disponivel em: http://migueldheracolagem.blogsome.com/category/colagem/ Illustration Works Imagens e desenhos muito interessantes para colagens. Disponível em: http://www.illustrationworks.com/index.php Corbis A Corbis fornece arquivos de imagens, muito interessantes que podem ser utilizadas para trabalhos de colagem. Site disponível em: http://www.corbisimages.com/ Found Elements Site que pode ser utilizado como um banco de imagens.
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Com morada em: http://www.foundelements.com/ 4.2 Sotware sobre Colagem digital
Collage Machine Esta aplicação ajuda a usar a imaginação e criatividade. Explora a técnica da colagem de forma divertida. Dispõe de uma série de imagens e formas que permite explorar a técnica da colagem de um modo divertido e rápido. As imagens podem ser movidas, redimensionadas e desenhar-se sobre elas. Recurso disponível em: http://www.pentacom.jp/soft/ex/collage/collage.html ArcSoft Collage Creator É uma aplicação que permite criar imagens digitais, realizando composições com pedaços de papel. O programa possui tudo o que possa necessitar para realizar magníficas colagens de uma forma rápida. Basta arrastar os elementos com os quais pretendemos trabalhar para o ecrã do computador e começar a colocá-las onde se pretender. Também se podem recortar e aumentar. Podem ser impressas. Para aceder sempre que possível, ir ao site raiz da empresa para descarregar o software. É um sharewar que apenas permitem a instalação e experimentação (trials de 15 dias). Podem ser usados para explorações em 2 semanas, por exemplo. Recurso disponível em: http://portuguese.downloadshareware.com/lv/software/download/ kl8785.htm Picture Collage Maker É uma aplicação de fácil utilização que permite editar apresentações tipo colagens através de uma vasta gama de opções. Através do CollageMaker pode-se juntar diferentes fotografias numa única montagem com a possibilidade de se poder adicionar efeitos sonoros, texto, filtros especiais, sombras, dispositivos, ajustar o brilho e os níveis de cor, alterar o tamanho das imagens, adicionar molduras com diferentes estilos às fotografias e muito mais. O Picture Collage Maker também inclui o programa Wallpaper Slideshow destinado à criação de fundos para o ambiente de trabalho através do mesmo processo. Suporta, entre outros formatos, 24
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PNG, BMP, TIF, JPG, GIF, e TGA. Para aceder: http://portuguese.downloadshareware.com/lv/group/view/kl56026/ Picture_Collage_Maker.htm Shapecollage É uma aplicação gratuita para fazer colagem de imagens em diferentes figuras e formas. Pode-se escolher a forma ou até mesmo desenhar a própria forma da colagem e o programa encarrega-se de ordenar automaticamente as imagens, sejam quantas forem. Igualmente ajusta o tamanho da colagem, o tamanho das fotos, o número de fotos e o afastamento entre elas. Adicionalmente, igualmente reserva mudar o fundo, a cor da beira e etc. Ainda é possível escrever um texto para que as colagens acompanhem as letras. O usuário pode guardar as fotos da colagem no JPEG, no png ou no formato de Photoshop PSD. Para aceder: http://botabaixo-2009.blogspot. com/2009/10/shape-collage-programa-gratuito-para.html Tutorial disponível em: h t t p : / / w w w. y o u t u b e . com/watch?v=CS2G_ HOGoMg&feature=player_ embedded#at=23
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Photoscape Esta aplicação permite fazer montagens e colagens, com várias funções. Organiza as imagens no computador como se fosse um Álbum, é muito interactivo. Leve e fácil de mexer. É um visualizador de imagens e também um editor de fotos (fotomontagem). É necessário instalar o programa no computador. Recurso disponível em: http://www.photoscape.org/ps/main/index.php 4.3 KIT de actividades “A arte de juntar pedaços”
Esta secção apresenta-se por actividades, recurso criado em Word, que reúne a exploração de artistas que usaram a técnica da colagem, pela variedade de técnicas e riqueza expressiva que apresentam no seu trabalho. Os artistas plásticos trabalhados são: Pablo Picasso, Juan Gris, Sonia Delaunay, Hannah Höch, Max Ernest , Henri Matisse, Robert Rauschenberg, Kurt Schwitters, Richard Hamilton. Cada artista tem presente neste recurso uma breve biografia, imagens e sites onde se pode encontrar informações sobre os seus trabalhos. Sendo alguns o endereço/site da página pessoal do artista e exemplos do seu trabalho onde são perceptíveis as linguagens próprias que os marcam e caracterizam. As actividades reúnem para além da biografia, uma ou mais imagens do trabalho do artista, uma ficha técnica, competências a desenvolver, estratégias e metodologias a usar na realização das actividades e o site onde a informação sobre este pode ser consultada, como outros exemplos do seu trabalho. Cada actividade descreve a técnica usada pelo artista e a possibilidade da aplicação dessa técnica nos trabalhos a desenvolver com os alunos. A partir destes recursos os alunos podem ser incentivados a criar as suas próprias colagens “à maneira de um artista plástico” desenvolvendo-as a partir do contributo visual dos artistas apresentados. Apresento ainda outras actividades a utilizar na aula de
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E.V.T usando a técnica da colagem. Actividades que recolhi de livros e internet, que adaptei e construí recursos com diferentes graus de dificuldade, que poderão ser explorados em diversos contextos, no enquadramento do Ensino Básico ao longo do 2º Ciclo. Estas actividades tem como finalidade estimular e desenvolver a criatividade e uma nova forma de expressão. Para apoiar este recurso, aparecem algumas estratégias de motivação consideradas fundamentais na educação artística, para que os alunos sintam mais interesse e razão, sendo necessário diversificar os meios, as experiências a realizar, as técnicas a explorar e os recursos a utilizar. Alguns destes exemplos são: - Desenvolvimento de projectos individuais e em grupo; - Visualização de material didáctico em fotografia; - Consulta de bibliografia (livros e revistas); - Projecção de imagens de exemplos de trabalhos produzidos por outros (professores, alunos, artistas, etc.); - Análise das sugestões (imagens e colagens de artistas plásticos) apresentados em documentos de apoio; - Debates e discussão de ideias; - Análise e desconstrução de modelos; - Realização de actividades propostas pelo professor e pelos alunos; - Estruturação orientada passo a passo; - Acompanhamento individualizado; - Apreciação e contínua dos resultados obtidos; - Avaliação das actividades através das opiniões emitidas pelos alunos e professor; - Avaliação contínua dos alunos através da realização adequada das propostas orientadas e do empenho em projectos individuais. Relativamente aos recursos materiais, a planificação deve ser feita contemplando as reais condições espaciais, funcionais, materiais, económicas e humanas de cada escola. Sala adequada, com condições de trabalho, (local para lavar as mãos, iluminação, ventilação, e mesas de trabalho e espaços para arrumação de materiais); Materiais de uso permanente: tesouras, colas, materiais de pintura, suportes (...); 26
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Adaptado a partir de: dre.madeiraedu.pt/gcea/images/ stories/caea/modalidades/doc_orient_artes_plasticas_08_09.pdf Neste campo são apresentadas actividades em que os professores poderão seguir literalmente ou adaptar a outras actividades com características semelhantes quanto ao desenvolvimento, conteúdos, técnicas etc. Também neste caso, cada uma poderá ser explorada de forma mais ou menos aprofundada consoante o ano de escolaridade ou o tipo de turma. Para ajudar a realizar certas actividades poderá recorrer-se à utilização do computador e projector para apresentar a galeria de imagens, organizada por pastas, com outros exemplos ou até mesmo o acesso aos sites indicados em cada actividade.
casso» 2ª Actividade: «À maneira de Robert Rauschenberg » 3ª Actividade: «À maneira de Juan Gris» 4ª Actividade: «À maneira de Matisse» 5ªActividade: «Uma colagem à maneira de Sonia Delaunay, de Kurt Schwitters, de Hannah Höch e de Max Ernest» 6ª Actividade: «Colagem como Expressão Plástica» 7ª Actividade: «Colar e Brincar com Texturas» 8ª Actividade: «O Mosaico na Colagem» 9ª Actividade: «O Retrato na Colagem» 10ª Actividade: «Paisagens em Papel de Lustro» 11ª Actividade: «Dançar com recortes de Revistas» 12ª Actividade: «Brincar com recortes de Revistas usando temáticas: 12 a) Colagem com Figuras Proporcionadas 12 b) Colagens Dinâmicas 12 c) Compor uma Colagem Geométrica 12 d) Comunicar Conceitos na Colagem» 13ª Actividade: «O Animal Fantástico – colagem tridimensional» No kit, cada actividade inclui as instruções de exploração.
Constituição do Kit O Kit de actividades tenta explorar todas as potencialidades da técnica da colagem, como a arte de juntar pedaços. Inicia-se com uma abordagem às competências que o aluno pode desenvolver. Segue-se ainda como apoio ao professor uma lista de estratégias de motivação consideradas fundamentais na educação artística. 1ª Actividade: «À maneira de Pi-
5. Conclusão
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O conjunto de recursos e actividades aqui apresentados e toda a pesquisa que foi elaborada, permitiram perspectivar a técnica da colagem em vários sentidos, mais diversificados, renovados e actuais. Em Educação Visual e Tecnológica, os percursos são infindáveis, dado que estamos na era digital. O leque de abordagens implica, agora, o uso das TIC, que conjugado com as colagens, possibilitam a criação de fotocolagens e colagem digital. Este kit “A arte de juntar pedaços” é um recurso indispensável para a exploração do tema proposto. Procura descobrir o interesse lúdico, didáctico e pedagógico sub-
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jacente à exploração artística da colagem. Procurou-se construir alguns instrumentos teóricos e práticos de apoio ao tema das técnicas da colagem, esperando-se que ajude os professores e alunos nas aprendizagens fundamentais relativamente ao tema proposto. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essênciais, Lisboa: Ministério da Educação DGEBS (1991a). Organização Curricular e Programas do 2º Ciclo do Ensino Básico. Vol. I. Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II. Lisboa: Ministério da Educação. DRE da Madeira. [online] Disponível em: dre.madeiraedu.pt/gcea/images/stories/caea/modalidades/doc_orient_artes_plasticas_08_09.pdf Poche, Larousse (1979). Dicionário da Língua Francesa, Librairie Larousse, Paris. 7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Barbosa, Ana Mae (1991). A importância da imagem no ensino da arte: Diferentes metodologias, in, A imagem no ensino da arte: Anos 80 e novos tempos. São Paulo Perspectiva. Colagem. (n.d.). Definitions.net. Retrieved November 16, 2009, from Definitions.net Web site. [online] Disponível em: http://www.definitions.net/definition/colagem Janson, H.W. (1998). História da Arte. Serviço de Educação, Ed. Fundação Calouste Gulbenkian. Read, Herbert (2007). Educação Pela Arte. Coimbra: Edições 70. 28
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Rodrigues, Dalíla D’Alte (2002). A infância da Arte, a arte da infância. Edições Asa. ALGUMAS IMAGENS DAS ACTIVIDADES PROPOSTAS:
ACTIVIDADE 8 - Mosaico na colagem
ACTIVIDADE 1 - Construção tridimensional de uma guitarra em cartão
ACTIVIDADE 12 - Brincar com recortes de revistas usando temática página
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ACTIVIDADE 13 - O animal fantástico: colagem tridimensional
QUADRADINHOS DE APRENDIZAGEM
Iva Neves ivamonica@gmail.com
Resumo: O presente artigo insere-se na proposta de traba-lho individual da Unidade Curricular da Oficina de Recur-sos de Apoio Pedagógico do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica, da Escola Superior de Educação do Porto. Tem como propósito a apresentação dum conjunto de recursos didáctico-pedagógicos sobre o tema Banda Desenhada, permitindo abordagens diversas em contexto de sala de aula, para a disciplina de EVT, no 2ºCiclo do Ensino Básico. Palavras-Chave: Banda Desenhada, Comunicação Dese-nho, Educação Visual e Tecnológica, Pintura, Recursos educativos. Abstract: This article falls in the work proposal for curri-cular unit Oficina de Recursos e Apoio Pedagógico from MsC of Visual Arts and Technologies Education at Escola Superior de Educação do Porto. As starting point it considers the content Comics and hereby it presents a didacticpedagogic feature to be used by teachers and/or students in educational contexts on Visual Arts and Technologies Education classes. In this way, multiple features have been developed for application in Visual Arts and Technologies Education classes. Keywords: Comics, Drawing, Visual Arts and Technologies Education, Painting, Educative Resources. 1. Introdução A Banda Desenhada é uma forma de contar histórias atra-vés da combinação de imagens e texto. A sequência de imagens é a característica mais importante neste meio de comunicação. Assim, não se pretende apontar um cami-nho, mas mostrar diversas ferramentas que possibilitem diferentes percursos de ensino/ aprendizagem. Tendo como ponto de partida o conteúdo Banda Desenha-da, apresento recursos didáctico-pedagógico, para serem utilizados por professores e/ou alunos em contextos peda-gógicos nas aulas de Educação Visual e Tecnológica. 2. Metodologia Para a realização deste trabalho foi feita uma análise ao programa da disciplina de EVT, ao Currículo Nacional do Ensino Básico e feita uma reflexão sobre os resultados 30
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pretendidos e indicações metodológicas. Foi realizada uma pesquisa que se desenvolveu em três vertentes: recursos em suporte digital, em suporte de papel/livros e construção de um Kit pedagógico, com materiais para trabalho em sala de aula. A primeira fase implicou a pesquisa efectuada pela explo-ração de recursos em suporte digital, procurando na Inter-net páginas e software livre, através da inserção das pala-vraschave. Em simultâneo, procedeu-se a uma pesquisa bibliográfica e à sua análise, assim como a pesquisa em manuais de Educação Visual e Tecnológica. Posterior-mente, realizou-se a selecção dos recursos a utilizar. Houve sempre a preocupação de aferir a qualidade científica de cada recurso assim como compreender as suas poten-cialidades. Essa escolha revelouse difícil, pela diversida-de, variedade e qualidade encontradas. Na fase inicial de investigação, podese reflectir sobre a problemática das diferentes dinâmicas de ensino aprendi-zagem a implementar em contexto de sala de aula. Especi-ficando, procurou-se concretizar em diferentes propostas de actividades, diversas formas de abordagem dos conteú-dos de modo que se pudesse contemplar todo o tipo de alunos, mesmo aqueles com necessidades educativas especiais. Assim, procurou-se realizar actividades com graus de dificuldades diferentes e uma grande variedade de página
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recur-sos de forma a serem adaptadas pelo professor a cada aluno e às suas especificidades. O objectivo é que estes recursos possam ser auxiliares da actividade do professor, constituindo, também, recursos a ser utilizados pelos alunos. 3. Enquadramento Teórico 3.1 – Banda Desenhada: Contextualização histórica A banda desenhada ou também conhecida por história aos quadradinhos é uma forma de arte que conjuga texto e imagens com o objectivo de narrar histórias dos mais variados géneros e estilos. São, em geral, publicadas no formato de revistas e livros ou também em pequenas tiras publicadas em revistas e jornais. A banda desenhada é chamada de “Nona Arte” dando sequência à classificação de Ricciotto Canudo. O termo “arte sequencial” (traduzido do original sequential art), criado pelo quadrinista Will Eisner com o fim de definir “o arranjo de fotos ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma ideia”. Contar histórias através de desenhos é algo de que se encontra vestígios desde a pré-história. As pinturas rupes-tres, feitas há aproximadamente 20.000 anos e que narram cenas da vida quotidiana, são consideradas por muitos autores precursores das histórias aos quadrinhos (ex. Bibe-Luyten, 1993; Marny, 1988; Ferro, 1987). Histórias contadas através de desenhos são encontradas nas paredes das grandes pirâmides do Egipto e no livro dos Mortos, também escrito no antigo Egipto, relatando as diferentes fases do percurso da alma até o além. Encontra-se, tam-bém, na descrição dos feitos mitológicos na cerâmica da Grécia ou nas paredes da “Villa dei Misteri” em Pompéia. Também se encontram vestígios dessa arte na Idade Média, por exemplo, a famosa tapeçaria de Bayeux, feita no final do século XI, com quase setenta metros de com-primento, descrevendo a conquista da Inglaterra pelos Normandos (Ferro, 1987. Tal como as conhecemos hoje, as histórias em quadrinhos só vão surgir na metade do século XIX, acompanhando os avanços tecnológicos da imprensa e o desenvolvimento do
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Figura 1 - Tapeçaria de Bayeux século XII
Figura 2 - Imagem da prancha da obra Yellow Kid publicada inicial-mente no New York Journal, de 25 de Outubro de 1896
Figura 3 - Reprodução (parcial) duma prancha de The Yellow Kid, publicada originalmente no jornal New York World, em 12 de
jornal. “Les Amours de Monsieur Vieux-Bois”, publicada em 1837, escrita e desenhada por Rodolphe Topffer (1799-1846), professor da Universidade de Genebra, esta é considerada a primeira história aos quadrinhos. A histó-ria “Little Bears and Tykes”, desenhada por James Swin-neston e editada em 1892 pelo Jornal San Francisco Exa-miner, é considerada a primeira história em quadrinhos americana (Ferro, 1987; Moya, 1993). A primeira vez que aparece o “balão de fala”, um dos mais importantes ele-mentos da gramática da Banda Desenhada, foi exactamen-te nesta prancha intitulada The Yellow Kid and his new phonograph, pertencente à obra The Yellow Kid, em 25 de Outubro de 1896. A origem da Banda Desenhada na Europa apresenta características diferentes da sua origem nos Estados Uni-dos. Ao contrário das primeiras histórias europeias, que apareceram em álbuns e folhas volantes com uma pequena tiragem e só posteriormente publicadas em periódicos, a BD americana é desde o início publicada em suplementos dominicais de jornais com tiragens muito elevadas (cerca de um milhão de exemplares). Também, ao contrário das histórias europeias, desde o início destinadas às crianças, as americanas eram destinadas ao público adulto e, por serem editadas em jornais, apresentavam qualidade técni-ca inferior (Ferro, 1987). A proliferação da Banda Desenhada aconteceu com o surgimento do jornal humorístico ilustrado, também no século XIX. Naquela época, mais de metade da população da Europa era analfabeta e, segundo Ferro (1987), “... é lógico que muita gente que lia mal ou não sabia ler preferisse, ao jornal apenas com texto, aquele que trazia ilus-trações e, até mesmo, histórias e notícias contadas através do desenho (banda desenhada)” (p. 29). 3.2 A Banda Desenhada em Educação Visual e Tecno-lógica Integrado no domínio da comunicação da disciplina de Educação Visual e Tecnológica, surge o meio de comuni-cação Banda Desenhada (BD). Ao nível da educação artística, Botelho (2006) reconhece a necessidade de melhorar as práticas educativas do ensino de Banda Dese-nhada no ensino básico, assumindo limitações próprias dos alunos, reconhecendo a falta de práticas educativas adequadas e de recursos apropriados. A importância da Banda Desenhada revela-se na escola, essencialmente pela transversalidade das aprendizagens que proporciona. A Banda Desenhada proporciona uma grande quantidade e qualidade de experiências, sugerindo a capacidade de descoberta, a dimensão crítica e participativa e da procura da linguagem apropriada. 32 página 32
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4. Recursos Educativos Os recursos apresentados foram seleccionados tendo em conta as suas características pedagógicas. Pretendeu-se facilitar aos professores a exploração deste tema, agru-pando-os de acordo com as suas características e o suporte em que se encontram. As aplicações tem o objectivo de motivar, explicar e contextualizar. O processo criativo na EVT e em BD vai-se fazer, poste-riormente, com recurso aos suportes tradicionais. Para contextualizar os recursos fez-se uma breve descri-ção dos mesmos.
por as suas próprias tiras ou pran-chas de Banda Desenhada (BD) para contextos diversifi-cados. O acesso livre e gratuito a estes softwares, e a sua simplicidade permite, a sua utilização em contexto de aula.
4.1.Apresentação Electrónica Este recurso apresenta-se sobre a forma de apresentação electrónica e mostra um conjunto de imagens e teoria sobre o desenho de Banda Desenhada. Permite observar, analisar e reflectir sobre um conjunto de elementos da gramática.
Pixton: Pixton é mais uma ferramenta online para criar tiras de Banda Desenhada gratuita. Com o Pixton não é preciso saber desenhar, basta escolher a base da tira de Banda Desenhada, de seguida definir as personagens, escrever o texto na tira e já está. Simplesmente clique e arraste e tem a sua Banda Desenhada pronta em breves minutos. A qualidade das tiras de Banda Desenhada é muito boa. Uma das utilidades deste tipo de ferramenta é o de criar tiras para ensinar uma determinado conteúdo escola, pode criar uma sala de aula privada neste site, disponibilizando as tiras com as suas matérias aos seus alunos. Este recurso pedagógico está disponível em: http://pixton.com/html/
4.2. Recursos da Web Construção de Banda Desenhada: A Internet tem, com o passar dos anos, disponibilizado um número cada vez maior de softwares interactivos, úteis para o enriquecimento do processo de ensi-no/aprendizagem. A Web 2.0 veio potenciar essa mesma exploração. Alguns destes produtos têm sido disponibili-zados online com o intuito de serem também utilizados online. Entre estes produtos contam-se os Comics Crea-tors que são, na sua essência, ferramentas que permitem ao utilizador criar e compágina
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ToolNet: O ToolNet é um site que permite criar tiras de banda desenhada de forma gratuita e simples. Para isso basta efectuar um registo gratuito e colocar a imaginação a funcionar. É vasta a galeria de personagens disponíveis que podemos utilizar. Para quem gosta apenas de ler tiras de banda desenhada, o site ToolNet permite ver as tiras de todos os utilizadores, encontrando muitas escritas já em Português. Este recurso pedagógico está disponível em: http://toonlet.com/
Bitstrips: Aplicação muito completa e simples de usar. Permite personalizar as personagens e as suas expressões, acres-centar efeitos e criar personagens próprias. Recurso dis-ponível em: http://www.bitstrips.com/ ZAM`s Quest: Nesta página podem criar histórias interactivas para depois imprimir. Recurso disponível em: http://www.zamsquest. com/comic_maker.php?id=1
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HagáQuê - Criar Banda Desenhada: O software Hagáquê, permite-nos: criar cenário, persona-gens, balões de diálogo, enfim... o que se entender. Este projecto é de origem brasileira e gratuito para qualquer utilizador. Depois é só mostrar aos alunos como funciona, e porque é bastante intuitivo, eles vão surpreender com os resulta-dos. Este recurso pedagógico está disponível em: http://www.hagaque.cjb.net/ A linguagem da banda desenhada: Aplicação completa e simples de usar. Permite criar tiras de Banda Desenhada recorrendo a elementos da gramática como: balões, signos cinéticos, planos. Recurso disponí-vel em: http://aguiardabeira.com.sapo.pt/ flashfiles/bd.swf
Figura 4 - KIT Pedagógico
Figura 5 - Recurso: Gramática da Banda Desenhada
Stripcreator: Neste site é possível cria facilmente tiras de Banda Dese-nhada. O Stripcreator fornece as personagens em inúme-ras categorias, que incluem animais, pessoas das mais diversas estaturas e etnias, alienígenas, personagens engraçados e mitológicos. Além disso, pode-se escolher o plano de fundo da história, que pode ser meio rural, escri-tório, quarto, ambiente urbano e outros. Cada categoria de personagens e cenários traz inúmeras imagens, dando várias opções para construir a história. Este recurso pedagógico está disponível em: http://www.stripcreator. com/make.php Read write thing: O recurso online, Read Write Think, possibilita criar Banda Desenhada. A aplicação é de fácil utilização, mui-to intuitivo. Fornece o cenário, personagens, balões e alguns objectos. Ferramenta muito interessante principal-mente para alunos do primeiro e segundo ciclo. Este recurso está disponível em: http://www.readwritethink.org/files/resources/interactives/comic/index.html RECURSOS EDUCATIVOS CONSTRUIDOS E MANIPULÁVEIS Recolhi, adaptei e construí recursos com diferentes graus de dificuldade, que poderão ser explorados em diversos contextos, no enquadramento do Ensino Básico ao longo do 2º Ciclo. Estas actividades tem como finalidade esti-mula e desenvolve a criatividade e uma nova forma de expressão. Constituição do Kit O kit de recursos para a exploração Banda Desenhada contém 7 recursos 32 página 34 34
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com diversos graus de dificuldade. 1º Recurso: «Apresentação_Electrónica_BD» 2º Recurso: «Gramática da Banda Desenhada» 3º Recurso: «BD_“O vulcão dos Capelinhos» 4º Recurso: «BD_Como fazer!» 5º Recurso: «BD_ A Lenda» 6º Recurso: «Jogo_Calvin» 7º Recurso: «Actividades» No kit, cada recurso inclui as instruções de exploração. 4.3. Livros auxiliares A apresentação de livros como recursos permite uma abordagem diferenciada das anteriores, pois perspectiva a diversidade de várias correntes artísticas, no sentido da sua valorização e da sua adequação ao programa de Educação Visual e Tecnológica.
Figura 6 - Recurso: BD_ A Lenda
Figura 7 - Recurso: Jogo Calvin
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O Vulcão dos Capelinhos Autores: Paulo Neves (desenho), António Bulcão (argu-mento) Álbum brochado, formato A4, impresso totalmente a cores Miolo: 28 páginas em papel couché mate de boa grama-gem Data da edição: Setembro 2007 Editor: Observatório do Mar dos Açores (OMA) Observatório do Mar dos Açores (OMA), decidiram historiar, através da BD, a tremenda erupção vulcânica e respectivas sequelas, registadas nos Açores entre Setembro de 1957 e Outubro de 1958, ao largo da costa Oeste da ilha do Faial. E para tal editaram um álbum em Setembro de 2007 Descreve a actividade do Vulcão dos Capelinhos, de forma cronológica, com referência às diferentes fases da actividade vulcânica, à sismologia associada, à cober-tura mediática do fenómeno, às vivências individuais, aos aspectos sociológicos. A Linguagem da BD Autores: Pedro Mota e Teresa Maria Guilherme Editor: Câmara Municipal da Amadora (Portugal) e Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem - CNBDI (Amadora, Portugal). Este livro está feito de uma forma bastante correcta e é de
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fácil leitura. Como finalidade principal, ressalta a divulga-ção da análise e leitura gráfica da banda desenhada, diri-gindo-se a públicos diversificados, que vão desde os jovens leitores aos adultos que têm curiosidade em apro-fundar os seus conhecimentos nesta área. Os temas tratados, em textos curtos, abarcam os mais diversos aspectos da BD, nomeadamente: a prancha, a vinheta e a variação da sua dimensão, o travelling de direcção (ou zoom), o campo e o contra campo, a elipse, o flash-back e flash-forward. 5. Conclusão A construção destes recursos e toda a pesquisa que foi elaborada, tornouse de extrema importância para a minha formação como docente e julgo tornar-se uma excelente ferramenta de auxílio aos professores de EVT pois irá beneficiar principalmente os alunos, motivando-os para a aprendizagem, desenvolvimento e construção do próprio saber. O aluno ao intervir na construção da Banda Desenhada pela implementação das actividades propostas ou inte-grando ferramentas web 2.0, poderá explorar o conteúdo Banda Desenhada, duma forma dinâmica, integradora e motivadora, potenciando, simultaneamente, o desenvol-vimento de competências na área das TIC. Se consideramos que a base conceptual do programa de EVT é de influência construtivista, em que é dada ao aluno a possibilidade de construir o seu próprio conheci-mento, todo o trabalho que realizei de procura e constru-ção de recursos, vem proporcionar experiências de apren-dizagem em que os alunos têm a oportunidade de viven-ciar e experimentar de forma a operacionalizar as compe-tências. Estes recursos têm o objectivo de apontar diversos pontos de partida. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Com-petências Essênciais, Lisboa: Ministério da Educação DGEBS (1991a). Organização Curricular e Programas do 2º Ciclo do Ensino Básico. Vol. I. Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991b). Programa de Educação Visual e Tecno-lógica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II. Lisboa: Ministério da Educação. Ferro, J.P. (1987) História da Banda Desenhada Infantil Portuguesa (das origens até o ABCzinho). Lisboa: Edito-rial Presença.
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Fotografia Pinhole
João Católico joao.catolico@netvisao.pt
Liliana Rocha lilianandreiarocha@gmail.com
Lucília Cardoso luciliarcardoso@gmail.com
Maria Branca Silva mbrancas@netvisao.pt
Maria da Luz Fonseca luzfonseca2@gmail.com
Resumo: O presente artigo resulta da proposta de um trabalho de grupo desenvolvido na Unidade Curricular de Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico, no âmbito do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica. Constitui uma investigação e análise sobre o tema Fotografia, mais especificamente sobre a câmara pinhole ou pin hole. Tem por objectivo a proposta de criação de câmaras pinhole a partir da reutilização de diferentes materiais e a sua aplicação em diferentes contextos exteriores à sala de aula , na disciplina de Educação Visual e Tecnológica do 2º Ciclo do Ensino Básico. Faz-se uma abordagem à luz, à formação de uma imagem em câmara obscura e ao processo de sensibilização da mesma. Na revelação mostra-se a importância de se utilizar o método tradicional e/ou digital no processo de positivação fazendo-se uso das ferramentas Web2.0. Perante a necessidade de diversificar técnicas e saberes, procuram-se as origens. Vive-se o revivalismo da fotografia. Da era do digital volta-se a procurar os princípios básicos da fotografia, dando uma nova dinâmica ao tema. A fotografia surge na escola como um meio de desenvolvimento de aprendizagens múltiplas e da capacidade de análise crítica. Palavras-chave: Digital, Educação Visual e Tecnológica Fotografia, Luz/Imagem, Negativo/Positivo, Pinhole Reutilização. Abstract: This article appears as an outcome of the group work which has been developed by the Office of Curriculum Support Educational Facilities within the MsC in Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico. The focus of this research and analysis is on the pinhole or pin hole camera, under the broader scope of Photography. It aims to create pinhole cameras departing from the reuse of varied materials and their application in different contexts out of the classroom. It is an approach to light, the formation of an image in the dark chamber and its revealing process. In the final image/photo
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the importance of using the traditional method and-/-or digital process making use of Web2.0 tools, comes forward. Given the need to diversify technical knowledge, we look back and seek to origins. We live in the revival of photography. Departing from digital backwards, the basics of photography are revisited giving a new impetus to the subject. The photography appears at school as an enriching tool towards the development of multiple learning and critical analysis. Keyword: Digital, Light/Image, Negative/Positive, Reuse, Pinhole, Photography, Visual Arts and Education Technologies. 1. INTRODUÇÃO A fotografia surge como um meio didáctico importante, permitindo que o aluno utilize diversos recursos, promovendo, assim, uma maior diversidade de aprendizagens, motivando-o e incentivando-o a interagir. Promove-se o aprender a pensar, o aprender a aprender e o aprender a fazer. O objectivo é que os alunos, através da experiência, “learning by doing”, se apercebam dos princípios básicos da fotografia. A utilização de câmaras muito simples, construídas pelos alunos, permite-lhes compreender facilmente, os conceitos básicos do funcionamento das máquinas fotográficas (focagem, acção conjunta, obturador/diafragma). Pretendemos com este trabalho levar os alunos a construir diferentes pinhole’s- caixas para formação de imagens sem lente - sabendo que se pode obter uma infinidade de soluções. Sendo caixas de diversos tamanhos, têm diferentes distâncias focais, assim como a sua forma, produz imagens com deformações angulares distintas, etc. No desenvolvimento do trabalho pensamos que seria importante a experiência directa com a fotografia, assim sendo julgamos ser de todo o interesse construir uma câmara obscura, a partir de uma sala de aula, de forma a explicar o processo de projecção da imagem invertida, sendo que aqui a luz é projectada em linha recta. 2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO Na área disciplinar de Educação Visual e Tecnológica, aproximamo-nos do mundo da comunicação através de manifestações plásticas e visuais, que se materializam, entre outras, em imagens pictóricas, escultóricas e fotográficas. “O aluno deve ter a possibilidade de experimentar meios expressivos, ligados aos diversos processos tecnológicos - a fotografia, …” (DEB, 2001, p.163). A fotografia é um dos muitos meios que nos oferece a oportunidade de, 38
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através de experiências, conhecer os seus princípios básicos que nos levam à concretização de aprendizagens. A construção e desenvolvimento da pinhole é uma actividade em que se pretende sensibilizar, motivar e desenvolver conhecimentos para a compreensão do fenómeno fotográfico. Pretende-se, portanto, proporcionar aos alunos a actividade “… de forma, a que os conteúdos a abordar surjam como facilitadores de apreensão dos códigos visuais e estéticos, decorram da dinâmica do projecto e permitam aos alunos realizar aprendizagens significativas” (DEB, 2001, p.161). Nos pontos que se seguem, faz-se uma pequena abordagem à evolução da fotografia, assim como da pinhole que poderá ser utilizada no contexto de sala de aula. Estas noções são fundamentais nas áreas do saber e do saber-fazer. 2.1. Fotografia A origem da fotografia é a câmara obscura que vem do latim e que significa quarto escuro. Este fenómeno já vem do tempo dos homens das cavernas, passando pela
Figura 1 - Primeira ilustração publicada da câmara Escura, 1545 página
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Grécia antiga, onde Aristóteles já se referia à câmara escura como instrumento de observação de eclipses solares. Os chineses descobrem que a luz se propaga em linha recta. O filósofo chinês Mo Ti é o primeiro a constatar que a luz reflectida de um objecto forma uma imagem invertida sobre o plano ao atravessar um orifício. Também foi conhecida e estudada na idade Média, mas foi a partir do séc. XV que se lhe dedicou mais atenção. Leonardo da Vinci dedicou-se ao estudo de várias ciências e, perante este fenómeno da câmara escura, comprovou as possibilidades do seu uso para o desenho, tornando mais fácil a reprodução das imagens por esta produzida. Johannes Kepler (1571-1630) utilizou o termo câmara escura, que designa uma construção com um orifício e uma lente, permitindo com esta obter uma imagem mais definida e com mais luminosidade. Este processo era usado para facilitar o desenho de paisagens. Em 1620, Kepler inventou uma câmara escura portátil que viria a ser utilizada como auxiliar na execução de desenhos. O pintor holandês Johannes Vermeer utilizou-a como base para representar as cenas do quotidiano nos seus quadros. No séc. XIX, David Brewster, cientista inglês usa o termo pinhole para a câmara escura a qual utiliza para fazer imagens fotográficas. Com base na pinhole e através da evolução dos processos mecânicos, ópticos e químicos, aperfeiçoa-se a visualização e a qualidade da imagem fotográfica até aos nossos dias. 2.2. Pinhole A palavra pinhole ou pin hole vem do Inglês e pode ser traduzida por “buraco de agulha”.Trata-se de uma câmara fotográfica que não possui lentes, apenas um pequeno orifício que funciona como um diafragma fixo, no lugar de uma objectiva. A pinhole é também conhecida por câmara estenopeica, quando tem apenas um orifício, omniscope – quatro orifícios e hexaomniscope – seis orifícios. Falamos pois da câmara escura, ou seja de um espaço interior fechado, duma caixa, do interior de uma lata ou mesmo um quarto fechado. A técnica da pinhole é a forma mais simples e elementar de se fazer fotografia, sem ter de se recorrer ao uso dos
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equipamentos convencionais. Esta câmara artesanal pode ser facilmente construída a partir de materiais reutilizáveis, tais como: caixas de cartão, latas, embalagens de plástico, etc. Para a sua construção basta uma caixa de sapatos ou uma lata do leite em pó, com um pequeno orifício feito com a ajuda de uma agulha, por onde vai entrar a luz que impressiona o papel fotossensível colocado no seu interior. A pinhole não forma a sua imagem baseada na refracção da luz, pois não possui elementos ópticos. Assim, a imagem formada é resultado de um percurso sem interferências, que determina que a profundidade de campo seja infinita.
Figura 3 - Materiais reutilizáveis para a construção de uma pinhole
Figura 4 - Pinhole auto-retrato Marlene CEF - 2009
Figura 5 - Pinhole E.B. Válega - 2009
2.3. Educação Visual e Tecnológica “A abordagem às Artes Visuais faz-se através da Expressão Plástica, de Educação Visual e Tecnológica e de Educação Visual, que desempenham um papel essencial na consecução dos objectivos da lei de bases”. (DEB, 2001, p.155). Em Educação Visual e Tecnológica, a apropriação de competências é feita progressivamente e no aprofundar de conceitos e conteúdos. Por uma questão metodológica, enumeram-se no âmbito de aprendizagens as competências específicas com os seguintes eixos estruturantes: Educação Visual - Comunicação e Elementos da Forma; Educação Tecnológica - Tecnologia e Sociedade, Processo Tecnológico, Conceitos, Princípios e Operadores Tecnológicos. Nesta perspectiva, procurou-se analisar o programa de Educação Visual e Tecnológica e quais os resultados pretendidos para os conteúdos e a área de exploração que vamos trabalhar. “Em sentido lato, tanto é fotografia um retrato no bilhete de identidade, como a cópia heliográfica dos desenhos de um projecto, ou a mancha que o quadro dependurado na parede deixa nesta ao fim de uns anos. Se «foto = luz» e «grafia = representação», então «fotografia = representação por acção da luz». É frequente recorrer-se à fotografia no decurso de uma unidade de trabalho, como apoio à recolha de informações ou ao registo das diversas fases de um projecto. Ela constitui, porém, uma área de exploração riquíssima. O objectivo é que os alunos, através da experiência, se apercebam de princípios básicos da fotografia. Experiências heliográficas podem evidenciar os efeitos da acção, mais ou menos prolongada, da luz sobre papel sensível, e o aparecimento da imagem na revelação. Idêntico resultado se obterá com fotogramas, dispondo de câmara escura. A exploração de aspectos de organização formal pode fazer-se tanto em heliogramas como 40
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em fotogramas, utilizando materiais de opacidade variável. A utilização de câmaras muito simples, inclusivamente fabricadas pelos alunos, permite compreender o essencial do funcionamento das máquinas fotográficas (focagem, acção conjugada obturador/diafragma)” (DGEBS, 1991a, p.32). Obviamente que os resultados obtidos com uma destas máquinas não serão equivalentes a uma fotografia digital mas aí reside a beleza deste processo. Para tal, basta admirar alguns exemplos em fotos tiradas com câmaras pinhole. 3. METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DO PERCURSO PEDAGÓGICO. 3.1 Apresentação com recurso à aplicação Prezi. A escolha do tema surge da necessidade de conhecer e reviver o princípio da fotografia, interligando com o actual processo digital. Com a construção da máquina pinhole procura-se apreender e compreender os conceitos básicos da fotografia. Dá-se uma nova dinâmica ao tema, tornando-o contemporâneo,
Figura 6 - Elaboração de uma apresentação
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interessante e motivante para que os alunos a explorem. A investigação feita pelo grupo 3@1 baseou-se na recolha de informação sobre: história, origem e evolução da fotografia, mais concretamente da pinhole; na escolha e criação de audiovisuais para melhor compreensão de conceitos como a formação e fixação de uma imagem “através de um orifício”. Foi feita a pesquisa, a selecção e o tratamento da informação, assim como o manuseamento da aplicação Prezi, onde resultou, uma apresentação que servirá de motivação para uma unidade de trabalho. Poderá ser acedida em < http://prezi. com/safthbizh2ba/edit/#3>. Na escolha e selecção de todas as referências bibliográficas, teve-se a preocupação de seleccionar os recursos mais adequados, tendo sempre por base o programa e as competências da disciplina. Realizaram-se pequenas animações elucidativas sobre o tema, fez-se selecção da banda sonora, organizou-se e fez-se o tratamento do texto e imagens. Editaram-se vídeos e fez-se o tratamento de imagem/som. A plataforma Ning revelou-se um importante recurso que permitiu recolher a informação necessária para a abordagem do tema. Para colmatar a distância entre os vários elementos do grupo, recorreu-se à comunicação via Internet, por vídeo-conferência, utilizando software como: Skype, TokBox, Dimdim, e por comunicação escrita, no Gmail Docs e na Box.net. 3.2 Exploração em contexto de Educação Visual e Tecnológica. Qualquer actividade humana que pressuponha a existência de competências a atingir mediante o cumprimento de um programa ou percursos, implica necessariamente a adopção de um método e de definição de estratégias. Em Educação Visual e Tecnológica é adoptada uma metodologia em que o aluno é confrontado com a resolução de problemas e tomada de decisões. Neste método, a aquisição de conhecimentos faz-se de uma forma dinâmica, constituindo assim uma alternativa às pedagogias tradicionais centradas no professor e no método expositivo.
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Figura 7 - Realização de animações utilizando o software MonkeyJam
Figura 8 - Algumas das fases de construção de uma máquina Pinhole
A metodologia de resolução de problemas engloba uma sequência de etapas que envolve uma noção de progressão na procura de soluções. No entanto, será bom sublinhar que por vezes se torna necessário fazer recuos a etapas anteriores. À forma como nos organizamos em Educação Visual e Tecnológica chamamos unidade de trabalho, distribuída por três grandes campos: Ambiente, Comunidade e Equipamento. No trabalho desenvolvido, a área de exploração - Fotografia - aparece-nos como uma unidade de trabalho. Nesta unidade de trabalho, foram consideradas as competências: 1- Experimentar novos meios e técnicas; 2- Compreender e construir uma caixa fotográfica simples; 3- compreender o fenómeno fotográfico 4 - Compreender o processo de revelação. Assim como os seguintes conteúdos: Estrutura; Espaço; Forma; Luz/Cor; Fotografia/Revelação e Comunicação. Para resolver um problema desenvolvem-se actividades por fases, com determinada sequência (método de resolução de problemas): - Os professores preparam de antemão uma base de trabalho envolvendo situações susceptíveis de atrair o interesse do aluno (situação /problema); - Após o diálogo entre alunos e professores acerca do assunto, os alunos divulgam à turma as suas conclusões e fazem o seu registo; - Para motivar e direccionar os alunos é-lhes apresentado um vídeo; - Passa-se à fase da Investigação, utilizam-se estratégias diversificadas: consulta bibliográfica, pesquisa na internet, entre outros; - Realiza-se um levantamento de informações sobre a fotografia: como surgiu e a sua evolução, como se constrói uma caixa fotográfica, materiais possíveis e o processo fotográfico (exposição/revelação/digitalização/ positivação). Nesta fase, introduzem-se e explicam-se os conteúdos programáticos; - De seguida no projecto especificam-se e quantificam-se os materiais a utilizar (entre eles, material reutilizável), o tempo de execução e as ferramentas necessárias; - Na fase da realização executa-se o projecto e por último, faz-se a testagem; - No final avaliamos, verificando se foi dada uma resposta ao problema inicial. No decorrer do processo - em avaliação contínua - foi reajustada a planificação sempre que necessário. Para motivar os alunos e facilitar o processo de ensino/ aprendizagem, além do diálogo e do debate, utilizam-se as Tecnologias de Informação e Comunicação. Não podemos esquecer que elas são uma realidade peda42
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gógica que se tem vindo a impor. A sua utilização nesta unidade de trabalho veio transformar a informação em conhecimento e a comunicação em desenvolvimento pessoal. 4. RECURSOS EDUCATIVOS Estamos perante uma sociedade em mudança acelerada, onde a aprendizagem, a informação e o conhecimento são indispensáveis e a escola tem um papel decisivo na formação inicial do indivíduo/aluno. Uma e outra, facilitadoras do sucesso individual e do progresso das sociedades, quando se apoiam na utilização competente das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Sendo a educação a nossa esfera de acção, é essencial que a educação formal não passe a ser uma barreira para a utilização destas novas tecnologias, mas sim, adoptá-las, de modo que possam ter um impacto abrangente e positivo na formação escolar dos alunos. Na componente teórica e prática, abordamos a relação entre a disciplina de EVT, o ensino e as TIC, onde se procurou perceber a importância dessa relação face à necessidade da escola proporcionar e mobilizar novas competências e saberes. O uso de recursos Web, e Web 2.0 são uma componente eficaz a valorizar na disciplina de E.V.T. mas sob a forma de auxílio do processo de ensino-aprendizagem e nunca se tornando numa finalidade, constituindo-se, tal como preconiza o documento das página
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Competências Essenciais, como uma ferramenta transversal. “Criar oportunidades de trabalho com diferentes programas e materiais informáticos, assim como recursos da internet.” (DEB, 2001, pág.151). 4.1 Ferramentas digitais utilizadas na positivação. Para se obter o positivo pelo método tradicional, faz-se uma nova exposição através do contacto do negativo com nova folha de papel fotossensível, voltando a repetir-se o processo de revelação. Com o recurso das novas tecnologias, o positivo obtêm-se através da digitalização do negativo com um scanner, e a inversão faz-se usando ferramentas Web 2.0 (Aviary - Phoenix Image Editor). 5. CONCLUSÃO As práticas artísticas no sistema educativo são áreas do conhecimento e da aprendizagem de grande importância para o desenvolvimento das crianças e dos jovens. A arte, como forma de aprender, permite desenvolver o pensamento crítico e criativo e ainda a sensibilidade. Considerando os aspectos anteriores, o trabalho aqui desenvolvido teve como finalidade a produção de um “objecto plástico - máquinas pinhole” com recurso ao método de resolução de problemas, como metodologia para a Educação Visual e Tecnológica, que conduziu à valorização de soluções imediatas. A pinhole, por ser de fácil construção e pela variedade de materiais reutilizáveis que se conseguem usar na sua construção, pode ser utilizada como recurso pedagógico em diferentes áreas do conhecimento, pelos vários ciclos de ensino, com outras exigências por forma, a que se criem múltiplas abordagens que proporcionem uma visão mais ampla e profunda, com soluções mais ricas, que podem passar pela linguagem digital, e onde é permitido ao aluno, experimentar de forma criativa e funcional, vários meios expressivos. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Livro: DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essenciais, Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991a). Organização Curricular e Programas do 2º
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Ciclo do Ensino Básico. Vol. I. Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II, Lisboa: Ministério da Educação. Artigo de livro: SENA, António; (1995). “A fotografia como forma de ver e processo criativo”, in Didáctica da Educação Visual, p.149-157. Lisboa: Universidade Aberta. 7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ISABEL, Elizabete; HERBERTO, Luís; RIBEIRO, Maria da Luz; (2000). Educação Visual e Tecnológica 5, Carnaxide: Constância Editores. Figura 9 - Positivação utilizando software Web 2.0
FALEIRO, Armando; (2000). Gesto – imagem, Porto: Porto Editora. MAGALHÃES, Margarida; AREAL, Zita; (1989). “Visualmente falando 9”. Porto: Areal Editores. MARTINHO, Luís; SUPICO, António; (2000). Mãos-a-obra!, Lisboa: Plátano Editora. PEREIRA, Isabel; CANNAS, Margarida; (1987). A Imagem2, Lisboa: Lisboa Editora. RAMOS, Elza; SOARES, Verónica; (1992). Educação Visual 6ºAno, Porto: Porto Editora. SILVA, Antunes; SAN PAYO, Irene; GOMES, Carlos; (1992). Artes Visuais e Tecnológica, Lisboa: Texto Editora. Vídeos: Vídeos relativos à construção da câmara escura/pinhole: -“ Aprenda a fazer uma câmara escura com Beakman”, http://www.youtube.com/watch?v=fVi8NhD8BAE&feature=player_embedded; -“Câmara Escura CeD07-2009”, http://www.youtube.com/watch?v=VRu7lx5mRgQ&feature=player_embedded; 44
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-“Fotografia Pinhole” -“Caixa de sapatos?”, h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m / w a t c h ? v = AT h _ BMiqtt4&feature=player_embedded; -“Grande câmara obscura”, http://www.youtube.com/watch?v=CxU4FE56SUE&feature =player_embedded; -“Projeto Escola do Olhar-Crixas”, http://www.youtube.com/watch?v=SoTzBIi3VcM&feature= player_embedded. Sites consultados: http://www.unamadecontes.cat http://www.pinholeday.org http://www.scribd.com/doc/15786482/fotografar-e-camaraescura http://pinhole.no.sapo.pt/história.html http://www.pinhole.cz/en/pinholecameras/whatis.htlm http://www.eba.ufmg.br/c falieri/frame.html http://brightbytes.com/cosite/what.htlm http://blog.uncovering.org/archives/2008/04/maquinas_fotograficas.htlm http://www.pinhole.cz/en/pinholecameras/exposure01.htlm http://www.mrpinhole.com/index.php http://gotadeluz.wordpes.com
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Quadros Interactivos e o ensino da imagem em movimento João Católico joao.catolico@netvisao.pt
Resumo: O presente artigo apresenta-se como trabalho final da Unidade de Curricular de Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico no âmbito do mestrado em ensino da Educação Visual e Tecnológica. O ensino do conteúdo movimento com recurso à didáctica da imagem em movimento, tem vindo cada vez mais a ser desenvolvido nas aulas de Educação Visual e Tecnológica por alguns professores, no entanto outros acham-na uma forma ainda muito complexa, para a qual não possuem formação. O cinema de animação é uma forma de expressão e comunicação, muito motivadora para alunos e professores na consolidação de aprendizagens disciplinares ou interdisciplinares. Nos últimos anos tem-se investido nas novas tecnologias de forma que a aprendizagem possa constituir um factor de inovação e motivação pedagógica, proporcionando novas modalidades de trabalho na escola. Este trabalho pretende fazer uma abordagem da didáctica da imagem em movimento com recurso à exploração das novas tecnologias em Educação Visual e Tecnológica, assim surgiu a ideia da elaboração de um manual de exploração do software Plastic Animation Paper, sendo o quadro interactivo a mais recente aquisição tecnológica na sala de aula, decidi realizar um flipchart para exploração do software. Palavras-chave: Cinema de Animação, Quadros interactivos, Educação Visual e Tecnológica, Movimento, Abstract: This article was excerpted from a final work of the Curricular Unit of a Workshop on Educational Support Resources within the Master Course of Teaching Visual and Technological Arts. Teaching the concept of movement to young learners using animation as a learning tool has been increasingly developed in the Visual and Technological Education didactics. But majority of teachers isn’t yet prepared to use 2D animations as an instructional tool due to their lack of specific training in this area. Animated cinema is a powerful way of communication and expression that provides greater motivational and emotional engagement of learners and teachers in consolidating subject contents and promoting interdisciplinary. In the recent years, the use of modern technologies has become common in education and is considered absolutely important to enhance peda46
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gogical innovation and motivation in learning environments. These new pedagogical cultures to assist learning leads to great changes in the pedagogical practices of teachers and educators. Therefore the purpose of this project work is to show a didactic approach of the concept of images in motion exploiting modern technologies in Visual Arts as a way of enhancing learning in educational contexts in this area. As a result, the project involves the design and implementation of a exploration guide of the software Plastic Animation Paper This guide is described by a flipchart using a recent educational resource in our schools, the interactive whiteboards. Keyword: Animation, Interactive Whiteboard, Movement, Visual Arts and Education Technologies. 1. INTRODUÇÃO “A animação é uma arte que a exemplo do desenho/pintura, conta com diversas técnicas de produção, não se limitando a um artefacto específico para condução de seu propósito expressivo; sua história concentra-se basicamente no século XX, o que facilita o traçado de todo o percurso; é uma arte que depende de tecnologia elaborada; conta com recursos de manipulação dos elementos de sintaxe visual no nível do desenho/pintura; é uma arte multimédia.” (Lucena Júnior, 2002, p.23). Os nossos alunos cada vez mais cedo são colocados em contacto com as página
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novas tecnologias. Prensky, chama-lhes mesmos “nativos digitais” e afirma que a escola não está preparada para os receber, pois a não foi pensada para esta nova era. “Na era digital, é imperativo que nós proporcionemos ferramentas digitais para os nativos digitais”. (Prensky, 2001). A capacidade do quadro interactivo para proporcionar meios múltiplos de aprendizagem, permite desenvolver de forma dinâmica a capacidade de encontrar, criar, sintetizar, compartilhar, organizar e jogar com informações novas de diferentes maneiras. Os quadros interactivos são adequados para apresentação e interacção, e eles permitem o acesso a todos os tipos de media. Para consolidar estas aprendizagens de forma eficaz, os professores necessitam de tecnologias que permitam aos alunos falar a sua linguagem. Com o desenvolvimento das novas tecnologias e aproximação destas à escola, a didáctica da imagem em movimento torna-se cada vez mais propícia, simples e eficaz. 2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 2.1. Cinema de Animação A ilusão do movimento já é referida por Lucretius Carus, poeta romano antes de Cristo, no entanto só em 1824 o físico inglês, Mark Roget faz o primeiro estudo sobre a ilusão do movimento, a tal fenómeno chama de persistência retiniana. Um ano depois John Ayrton Paris, também ele físico inglês constrói um taumatropo para testar a teoria de Roget. O taumatropo consiste num pequeno disco circular com duas faces e com um fio em dois pontos opostos do disco para que possa ser rodado. A imagem desenhada num dos lados do taumatropo persiste na nossa retina “cerca de um oitavo de segundo após esta ter sido removida” até ao aparecimento da imagem desenhada no outro lado, pelo que não vemos cada imagem individualmente mas as duas em simultâneo, portanto, a fusão de ambas. É, deste modo, fácil compreender como este simples instrumento contribuiu para explicar cientificamente o fenómeno da persistência retiniana. Mais tarde o belga Joseph Plateau, surge com um novo invento, o fenaquistiscopio, consistia em vários desenhos de
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Figura 1 – “The Horse in Motion”. E. Muybridge (1878)
Figura 2 – “Fantasmagorie”. E. Cohl (1908)
um mesmo objecto, em posições ligeiramente diferentes, distribuídos por uma placa circular lisa. Quando essa placa gira em frente a um espelho, cria-se a ilusão de uma imagem em movimento. Surgem então posteriormente diversas experiências que vão aperfeiçoar este invento, às quais se chamou de brinquedos ópticos. Com o aparecimento e desenvolvimento da fotografia Eadweard Muybridge, em 1878 consegue fotografar com a ajuda de 24 cameras, um cavalo a correr “The Horse in Motion”. Étienne-Jules Marey, baseando-se nos estudos de Muybridge, inventa aquilo que chama de “fuzil cronofotográfico”, que permitia fotografar numa tira de película, 12 imagens por segundo, tornando assim visível o invisível, seguem-se outras experiências, que mais tarde permitiram aos animadores reproduzir o movimento em cinema de animação. Atribui-se ao francês Émile Cohl a paternidade do cinema de animação. Cohl era amigo de Georges Mélies, um dos responsáveis pela criação da arte cinematográfica através de suas preciosas trucagens e efeitos especiais. O seu primeiro filme animado, “Fantasmagorie” (1908), com duração de dois minutos, consiste em um fluxo de imagens oníricas, sem uma estrutura narrativa, mas determinada por uma lógica interna. O período de sua maior produtividade é de 1906 a 1912 e sua obra é composta por mais de cem filmes, todos de curta duração. Tendo como matéria prima pessoas, figuras recortadas, bonecos, marionetes ou desenhos, Cohl constituiu para a história do Cinema uma nova estética através do Cinema de animação. 2.2. Quadros Interactivos Um quadro interactivo é uma superfície branca ligada normalmente através de uma porta USB (Universal Serial Bus) a um computador, este por sua vez ligado a um projector através de um cabo VGA (Video Graphics Array) a um videoprojector digital. O quadro interactivo permite assim uma interacção entre o material projectado. Pode ser usado para capturar apontamentos escritos na superfície do quadro, utilizando canetas próprias, e/ou para controlar (seleccionar e arrastar) ou marcar notas ou apontamentos numa imagem gerada por computador e projectada no quadro. “Um ambiente onde a tecnologia é utilizada de forma inovadora conduz à melhoria da aprendizagem no ensino” (Wishart & Blease, 1999). A tecnologia disponibilizada pelos dos quadros interactivos nas salas de aulas pode ser utilizada de modo a criar um ambiente motivador onde os alunos estão envolvidos no processo ensino/ aprendizagem. Permite pro48
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mover a habilidade do aluno a processar e organizar informação. Pode fomentar ambientes de aprendizagem onde professores e alunos podem estar activamente envolvidos no processo de ensino/aprendizagem. O envolvimento dos alunos é fundamental para a sua motivação durante o processo de aprendizagem. Os alunos estão mais motivados para aprender, o mais provável é que eles serão bem sucedidos em seus esforços.
Figura 3 – Diagrama básico de ligação de um quadro Interactivo.
Figura 4 – Diagrama das diferentes zonas do quadro Interactivo página
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2.3. Software interactivo Para que haja interacção entre o computador e o quadro interactivo o computador necessita de ter instalado software adequado, o quadro deve também ser configurado de forma a definir a área de projecção interactiva, uma vez configurada, passa-se a usufruir desta usando uma caneta ou mesmo um rato. Basicamente passamos a usufruir do computador de uma forma mais interactiva, o professor volta a ter uma presença mais activa, uma vez que não se situa sentado na sua secretária, ao computador. O software que acompanha os quadros interactivos varia de acordo com o fabricante, no entanto no modo geral é idêntico, possui três zonas distintas, uma zona onde podemos organizar a nossa apresentação, criando várias páginas, a zona principal onde se criam e organizam os conteúdos ou matérias necessários à apresentação e finalmente a zona onde se situam as ferramentas. 2.4. Software de animação Existem actualmente diversos softwares de animação que permitem serem instalados e utilizados de forma gratuita. Estes softwares dividem-se em 2D (2 dimensões) desenho e fotografia e em 3D (3 dimensões), animação de volumes. Estes programas podem ser integrados nos quadros interactivos não só para exploração do conteúdo movimento, como também de outros conteúdos disciplinares ou interdisciplinares. Alguns exemplos de software gratuito a utilizar com o quadro interactivo são: • CreaToon (2D) • Plastic Animation Paper (2D) • Anasazi (2D e 3D) • Animator DV (2D e 3D) • Helium Frog Animator • MonkeyJam (2D e 3D) • SAM Animation (2D e 3D)
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3. METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DO PERCURSO PEDAGÓGICO.
Figura 5 – Imagem do Filme Animated Motion de Norman McLaren
3.1. Educação Visual e Tecnológica e a didáctica da imagem em movimento “O aluno deve ter a possibilidade de experimentar meios expressivos, ligados aos diversos processos tecnológicos – a fotografia, o cinema, o vídeo, o computador, entre outros – por si só ou integrados e ser capaz de os utilizar de forma criativa e funcional. A iniciação na linguagem digital permitirá experimentar o desenho assistido por computador e tratamento de imagem na concretização gráfica.” (DEB, 2001, p.163) A didáctica do ensino da imagem em movimento na disciplina de Educação Visual e Tecnológica, permite através das novas tecnologias não só exploração a criatividade dos alunos, mas também mantê-los motivados para a aprendizagem de conceitos e conteúdos transversais. Todo o processo se insere no método de resolução de problemas, o que facilita a introdução e experimentação bi e tridimensional no processo de organização e representação do espaço. De forma a proporcionar mais eficácia no ensino/aprendizagem do conteúdo “movimento” e desenvolver capacidades na área dos princípios de animação de imagens é essencial explorar alguns vídeos que analisam os diferentes tipos de movimento. Norman Mclaren e Grant Munro entre 1976 e 1978 realizaram “Animated Motion” 5 filmes dedicados à analise do movimento. Existem também diferentes técnicas de animação que após o visionamento de alguns filmes de cinema de animação, como por exemplo “Animando”, de Marcos Magalhães (1983), seriam identificadas e abordadas de uma forma sucinta de modo a ser compreendido o processo de execução das mesmas nos filmes, os alunos devem fazer pequenas experiências com as variadas técnicas de animação, utilizando já o computador que pode estar equipado com uma câmara de filmar, máquina fotográfica ou webcam . É essencial que além das experiências das diversas técnicas de animação, que os alunos adquiram conhecimentos básicos do funcionamento do software e do quadro interactivo. 3.2 Animação com o software Plastic Animation Paper. O Plastic Animation Paper, é um software que trabalha em 2D, trabalha com base no desenho, aqui as imagens são adquiridas por meio da importação tendo sido previamente capturadas com máquina fotográfica, ou mesmo desenhadas directamente no quadro. O quadro interactivo tem 50
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com funcionalidade básica a utilização da caneta para contornar os elementos a animar. 4. RECURSOS EDUCATIVOS “Criar oportunidades de trabalho com diferentes programas e materiais informáticos, assim como recursos da internet.” (DEB, 2001, pág.151). O quadro interactivo surge na aula como uma ferramenta onde podemos incluir todos os recursos necessários para implementação da imagem em movimento, de forma eficaz, ele é uma tela gigante ligada ao mundo do
Figura 6 – Interacção do quadro interactivo com o software de animação
Figura 7 – “Ajaxanimator”, aplicação Web
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conhecimento. A imagem digital assume assim uma importância de destaque. Não podemos no entanto, descurar as técnicas de animação tradicional, e devemos olhar para o uso das novas tecnologias como ferramentas facilitadoras. Com o desenvolvimento da Web e Web 2.0 tornou-se mais fácil e eficaz a exploração e a compreensão do processo de animação e a recriação do movimento através da imagem. Com a utilização do “Ajaxanimator” permite facilmente recriar na sala de aula as experências de Mclaren e Munro. 5. CONCLUSÃO Os quadros interactivos não são por si só uma ferramenta de aprendizagem automática, deve ser visto como um recurso para potencializar os conteúdos e a forma como se trabalha na sala de aula, integrando metodologias dinâmicas e colaborativa. O quadro interactivo deve ser uma ferramenta a utilizar na sala de aula de modo a cativar os alunos, não deve passar a adorno ou tela comum de projecção, para tal é necessário que seja disponibilizada formação para todos professores. A imagem animada é um vasto campo de exploração de diferentes áreas e/ou conteúdos, deve também ser encarada como um meio de experimentação de novas técnicas de expressão e comunicação Com a democratização da imagem digital, esta chega actualmente a quase todos os nossos alunos quer através de telemóveis, computador ou dos vídeo-jogos. Uma didáctica da imagem em movimento, na nova era tecnológica, é cada vez mais urgente e pertinente, para que os alunos para além de elementos activos nesta nova era, sejam também detentores de sentido crítico e criativo, capazes de distinguirem a realidade da ilusão. A evolução no cinema tem passado pela utilização de técnicas de animação, também aqui as novas tecnologias tem tido um papel fundamental para a produção de imagens tridimensionais cada vez mais reais. Actualmente investe-se na realidade virtual como podemos ver no filme “Avatar”, de James Cameron (2009), e na realidade aumentada que tem vindo a ser desenvolvida nos últimos anos e introduzida em telemóveis e consolas de jogos.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essenciais, Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II, Lisboa: Ministério da Educação. JÚNIOR, Alberto Lucena (2001). Arte da Animação, técnica e estética através da história, São Paulo: Editora SENAC. PRENSKY, Marc (2001). Digital Natives, Digital Immigrants: On the Horizon. NCB University Press, No. 5, Vol. 9. WISHART, J.,BLEASE,D., (1999).Theories underlying perceived changes in teaching and learning after installing a computer network in a secondary school. British Journal of Educational Technology, Vol.30 Sites consultados: http://antimatter15.com/ajaxanimator/build/ http://www.crie.min-edu.pt/index.php?section=175 http://www.youtube.com/watch?v=fRubTt9GquA http://www.youtube.com/watch?v=-sFlvc56Tsc&feature=PlayList&p=5F E9578A39000A12&playnext=1&playnext_from=PL&index=14 http://www.heliumfrog.net63.net/index.html http://gotadeluz.wordpes.com
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Origami A arte na dobragem do papel Maria Branca de Sousa Silva mbrancas@netvisao.pt
Resumo: O presente artigo decorrente de uma proposta de trabalho realizada para a Unidade Curricular de Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico, no âmbito do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica. Este trabalho pretende desenvolver a aplicação de dobragens de papel no ensino da Educação Visual e Tecnológica do 2º Ciclo do Ensino Básico. A utilização de material multimédia e diversas ferramentas, inclusive Web2.0., podem apoiar o trabalho do professor e, simultaneamente, motivar o aluno, levando-o a despertar o seu interesse, explorar as suas capacidades e ainda a relacionar o saber desta área, com outros saberes: a arte, a matemática, a história… enfim, com o mundo que o rodeia. A técnica Origami constitui uma forma de comunicação visual muito simples que permite universos visuais extremamente criativos e apelativos, reunindo competências e conteúdos das Artes Visuais. Palavras-Chave: Papel, Dobragem, Arte/Cultura, Recursos pedagógicos, Tecnologias de informação e comunicação, Educação Visual e Tecnológica, Origami. Abstract: This article arises from a suggestion to develop a work performed for the Curricular Unit of a Workshop on Educational Support Resources within the Master of Teaching Visual and Technological Education. This article aims to develop the application of folding paper in the teaching of Visual and Technological Education in the 2nd cycle of basic education (junior school-10 to12 year olds).The use of multimedia material and various tools including Web2.0.can support the work of teachers and, at the same time, motivate the students, leading them to awaken their interest on the subject, to exploit their capabilities and also to relate the knowledge on this area with other areas: art, maths, history... in fact, with the world around them. The Origami technique is a very simple form of visual communication that allows visual universes extremely creative
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and appealing, along with skills and contents of Visual Arts. Keywords: Paper, Folding, Art/Culture, Teaching Resources, Visual Arts and Education Technologies, Information and Communication Technology, Origami. 1. INTRODUÇÃO Chama-se Origami à arte da dobragem de papel, cujas origens remontam ao princípio da nossa era e à descoberta do fabrico do papel na China. Segundo alguns estudiosos, as primeiras figuras de origami surgiram na antiguidade, por volta do século VI, quando um monge budista trouxe para o Japão o método de fabricação do papel da China, onde até então não era conhecido. Dizem que foi utilizado para transmitir ou registar a intenção da cerimónia religiosa. Também era usado para exorcizar os maus espíritos. Porém, estes Origami eram uma mistura de Origami com kirigami, que é a arte de formar figuras através de recortes de papéis. Estes Origami eram confeccionados utilizando-se papéis manufacturados, especialmente, para o uso dos sacerdotes Xintoístas. A palavra japonesa Origami é composta por dois caracteres: o primeiro, ori, deriva do desenho de uma mão e significa dobrar; o segundo, kami, deriva do desenho de seda e significa papel. Dobrando e desdobrando poderemos observar, por meio dos vincos formados: rectas, ângulos, simetrias e figuras geométricas. Podemos, também, reconhecer e analisar as propriedades das figuras e utilizar a visualização e o raciocínio espacial; explorar os conceitos de tamanho, forma e medida; incentivar e motivar os alunos para a aprendizagem de conhecimentos da matemática/geometria, assim como da comunicação visual e artística. O trabalho com Origami permite o debate de ideias, o esclarecimento de conceitos e o desenvolvimento de estratégias individuais e colectivas. É uma fonte inesgotável de conhecimentos diversos. O Origami pode ser um instrumento de aprendizagem e inserção da cultura de um povo na sala de aula. Será interessante mostrar ao aluno como neste tema existe a união entre duas tradições: a oriental e a ocidental e que a partilha das duas acaba por enriquecer o conhecimento e, até, desenvolver o humanismo. O grande desenvolvimento do Origami artístico em todo o planeta deu-se a partir dos anos 70. Através dos tempos, esta arte tornou-se mais sofisticada e mais rica em detalhes, tanto que hoje, grandes artistas conseguem representar, de forma perfeita, insectos complexos e formas humanas. A prática do Origami favorece a concentração, destreza manual e paciência, além da satisfação pessoal de poder criar formas. 54
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2. METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DO PERCURSO PEDAGÓGICO A Educação Visual e Tecnológica é uma disciplina que junta dois campos de actividade humana: a formação artística e a formação técnica. É na fusão destes campos que se explora a relação indivíduo/sociedade e se incentiva a participação activa dos alunos, motivando-os a tomar decisões. As unidades de trabalho, são abordadas tendo como objecto de estudo o meio e centram-se em situações e problemas bem definidos, que devem fazer parte do quotidiano dos alunos, e assim suscitar o seu interesse. O objectivo principal é levar o aluno a arranjar soluções criativas para os problemas apresentados. Atendendo às características da nossa população escolar, o tema Origami, surge com o objectivo de dar a conhecer uma arte milenar – a técnica de dobragem de papel – e, a partir daí, desenvolver uma unidade de trabalho que leve os alunos, através do processo criativo, a adquirir novas aprendizagens e a produzir objectos artísticos. Tendo por base o definido no Programa Curricular da disciplina, este estudo baseia-se na recolha e análise de diversos recursos existentes em diferentes suportes, que pretendem apoiar a actividade do professor nesta unidade de trabalho e levar o aluno a uma forte motivação e, consequentemente, ao sucesso na sua aprendizagem.
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3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 3.1 Educação Visual e Tecnológica. “A disciplina de EVT visa promover a exploração de problemas estéticos, científicos e técnicos que permitam o desenvolvimento de competências para a criação e intervenção no meio envolvente, a nível de aspectos visuais. Aborda, de forma integrada, os aspectos visuais e tecnológicos numa área pluridisciplinar. Cabe assim à Educação Visual e Tecnológica, promover a exploração integrada de problemas estéticos, científico e técnicos de forma a desenvolver no aluno competências que lhe permitam criar, intervir, de forma crítica no espaço envolvente, considerando sempre a relação social.” (A disciplina de Educação Visual e Tecnológica em contexto escolar de diversidade cultural, da Silva Queirós Luís Manuel,http:// repositorioaberto.univab.pt/handle/10400.2/62) A unidade de trabalho aqui tratada, está inserida na Área de exploração – Construções Os conteúdos que pretendo desenvolver são: Comunicação, Espaço, Estrutura, Forma, Geometria, Material, Medida, Trabalho. Quanto às Competências, passo a discriminar: - Aptidão para realizar artefactos ou sistemas técnicos com base num plano apropriado que identifique as acções e recursos necessários. - Reunir, validar e organizar informação, potencialmente útil para abordar problemas técnicos simples; obtida a partir de fontes diversas (análise de objectos, sistemas e de ambientes existentes, documentação escrita e visual e informática). - Conhecer as principais características das grandes famílias dos materiais. - Identificar e relacionar as diferentes manifestações das Artes Visuais no seu contexto histórico e sociocultural de âmbito nacional e internacional. - Reconhecer e dar valor a formas artísticas de diferentes culturas, identificando o universal e o particular. - Elaborar, explorar e seleccionar ideias que podem conduzir a uma solução técnica. - Observar, interpretar e descrever soluções técnicas.
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3.2. Origami: “ Todo Origami começa quando pomos a mão em movimento. Há uma grande diferença entre compreender alguma coisa através da mente e conhecer a mesma coisa através do tacto”. (Fuse, Tomoko, http://justaction.blogspot.com/) Partindo de um simples quadrado de papel, utilizando a dobragem, é permitido ao aluno, criar variadíssimas e fascinantes formas bi e tridimensionais. Esta técnica, enfatiza a observação e a concentração, permite desenvolver a motricidade fina, a percepção espacial proporciona um clima de tranquilidade, harmonia e o reencontro com o seu Eu, possibilitando um consequente aperfeiçoamento da coordenação motora. Finalmente, estimula o raciocínio lógico e desenvolve a imaginação e a criatividade. As formas a construir, poderão ser relacionadas, entre outras, com as épocas festivas. Assim para o Natal, poderão realizar-se estrelas, caixas, esferas; para a Primavera, flores, animais, aves e muitos outros, ou seja, inúmeras formas para inúmeras temáticas. Mais, podemos incluir na unidade Origami, noções e técnicas diversas: a estampagem de papel, a técnica de Kirigami, a geometria, a simetria, o módulo-padrão etc. permitindo deste modo, realizar riquíssimas aprendizagens associadas. Os alunos podem produzir inúmeros e diversos produtos finais, como por exemplo, um filme tutorial em animação sob o tema e ou, sob as figuras construídas, o que os levará à manipulação e exploração e aprendizagem de novos meios. Para dar início a uma unidade de trabalho o diálogo entre os alunos e os professores é fundamental, contudo e além do debate e do visionamento de imagens no decorrer das fases da metodologia de projecto, a manipulação das novas tecnologias e ou ferramentas Web.2., poderão fazer a diferença no sucesso da descoberta do tema, da apreensão dos conteúdos e das técnicas assim como, das competências a adquirir pelo aluno. 3.3. Recursos Educativos: Após pesquisa efectuada, seleccionei alguns recursos diversificados que no meu entender são pertinentes e adequados (imagens, vídeos, jogos interactivos, sites, ferramentas Web.2.). Os mesmos permitirão a partilha, a construção de informação, experiências, vivências e ainda a exploração de ideias. Estes recursos, poderão ser usados em diferentes momentos do desenvolvimento desta Unidade de trabalho (apresentação da manifestação artística, origem da mesma, motivação para a realização do trabalho, visionamento de esquemas, ensino da técnica, aplicação de construções, 56
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o que é um filme de animação, execução de um filme de animação: 1- Imagens retiradas da internet: http://www.langorigami.com/ 2- Vídeos: http://www.pem.org/sites/origami/ http://video.google.pt/videosearch?source=ig&hl=ptPT&rlz=1R2GGLL_pt-BR&q=videos+origami &lr=&um=1&ie=UTF-8&ei=behUS_jSBcuz4ga_ jcmfCQ&sa=X&oi=video_result_group&ct=title&resnum= 4&ved=0CB4QqwQwAw# Polar Origami
origami.org.uk
3- Sites: http://mestresdoorigami.blogspot.com/search/label/Origamis%20F%C3%A1ceis http://origami.ousaan.com/ http://www.origami-club.com/en/ www.origami.org.uk http://origamei.multiply.com/journal/item/6 http://ori-blog.blogspot.com/ http://www.langorigami.com/ http://www.pipocadebits.com/2009/07/10-origamis-espetaculares.html http://aidobonsai.wordpress.com/category/cultura-oriental/ http://www.exporigami.com/ http://origami.island-three.net/ http://www.origami-kids.com/avioesdepapel-2-thefenixpt. php 4- Jogos interactivos: pt.todoprogramas.com/programa/origamimaster http://game-download.xyx001.com/mini001-swf/15253.swf 5- Ferramentas Web 2.0: http://www.origami-kids.com/avioesdepapel-1-origami3d. php www.origami.org.uk/
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3.4. Filme de Animação Além das construções individuais, os alunos poderão ainda desenvolver outras aprendizagens associadas tal como foi referido anteriormente. A realização de uma animação sobre a dobragem de uma figura e os diferentes passos para a sua construção. Ou sobre um tema, utilizando as figuras construídas como personagens ou adereços poderá ser uma excelente ideia para a manipulação deste software livre: Monkey Jam. Os alunos poderão dar asas à sua imaginação e produzir novos produtos utilizando outras técnicas, não manuais, usando os trabalhos produzidos anteriormente (figuras em Origami) O Monkey Jam é um programa de computador utilizado para produzir desenhos animados, no qual se incluem algumas ferramentas úteis para animações. Para produzir o filme, necessitaremos também de uma máquina fotográfica e ou de filmar para produzir o filme.
Paper Folding 3D
Make a Flake
Vídeos para motivação-animação: http://desenhosanimados.blogs.sapo.pt/arquivo/1063922.html http://origami.em.blog.br/archives/origami-e-animacao/ http://educa-tube.blogspot.com/2009/07/origamis-espetaculares.html http://blog.educastur.es/luciaag/2009/04/08/la-papiroflexia-se-alia-conla-publicidad/ http://www.youtube.com/watch?v=lKikjNZCRbE&feature=player_embedded# http://www.youtube.com/watch?v=_sQm3QjvivU&feature=player_embedded http://drikademoura-artepositiva.blogspot.com/2009/09/blog-post.html http://origami.em.blog.br/archives/origami-e-animacao/ 4. CONCLUSÃO A arte é um elemento extremamente importante no processo educativo. Promove o desenvolvimento da criatividade da qual somos todos possuidores, incentiva valores sociais, desenvolve todas as operações básicas do pensamento e contribui para a auto-estima. O homem necessita comunicar e interagir com os outros. A sua capacidade para desenvolver a diversidade de representações simbólicas através das línguas é o que o torna único. À medida que desenvolve a sua linguagem contribui também para ao seu desenvolvimento intelectual, criativo e sensível. Actualmente, as TIC são um factor-chave nesses processos de comunicação e consequentemente nos processos de socialização e de aprendiza58
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gem. Esta é a razão que nos leva à sua utilização como recurso na sala de aula. O Origami, com o passar dos anos, tornou-se uma forma de Arte e alargou as suas fronteiras. Neste momento para além de um jogo para crianças e de um maravilhoso passatempo para adultos poderemos considerá-lo uma arte Universal. Contudo, o Origami, não é somente um trabalho manual. Além da beleza e da magia que encerra, traz na sua essência uma filosofia de vida. A alegria de trabalhar correctamente o papel, de sentir que algo de muito perfeito vai sair daquele pedaço de folha, que já se aprendeu a respeitar, explica-se pela mentalidade oriental em que tudo é respeitado e aproveitado. Não há desperdícios. “No origami a primeira dobradura deve ser muito bem feita, para que o papel possa ficar em pé. Assim também é na vida. As crianças devem receber uma boa educação pois se não têm uma boa estrutura não conseguem parar em pé”, (Kazuko Horiuchi, professora de Origami.) 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Livro: DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essenciais, Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991a). Organização Curricular e Programas do 2º Ciclo do Ensino Básico. Vol. I. Lisboa: Ministério da Educação. página
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DGEBS (1991b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II, Lisboa: Ministério da Educação. 6. BIBLIOGRÁFIA CONSULTADA ISABEL, Elizabete; HERBERTO, Luís; RIBEIRO, Maria da Luz; (2000). Educação Visual e Tecnológica 5, Carnaxide: Constância Editores. FALEIRO, Armando; (2000). Gesto – imagem, Porto: Porto Editora. MAGALHÃES, Margarida; AREAL, Zita; (1989). “Visualmente falando 9”. Porto: Areal Editores. MARTINHO, Luís; SUPICO, António; (2000). Mãos-aobra!, Lisboa: Plátano Editora. PEREIRA, Isabel; CANNAS, Margarida; (1987). A Imagem2, Lisboa: Lisboa Editora. RAMOS, Elza; SOARES, Verónica; (1992). Educação Visual 6ºAno, Porto: Porto Editora Sites consultados: http://www.ferrazorigami.com.br/?q=node/15 http://origami-educacao-fg.blog.com/tag/origami/ http://www.iej.uem.br/prim_ori.htm http://aidobonsai.wordpress.com/category/cultura-oriental/
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A Cidade como Agente Educador
Carla Palhares palhares.carla@gmail.com
Resumo: O presente artigo, constitui uma investigação, análise e reflexão sobre dois, dos vários, parceiros educacionais do Município de Santa Maria da Feira. No decorrer da investigação fui reflectindo sobre práticas já institucionalizadas e sobre novas possibilidades e novos modos de fazer. Sempre numa visão centrada no 1º ciclo do Ensino Básico, proponho duas actividades, fundamentadas nos Princípios Básicos das Cidades Educadoras e no Currículo Nacional de Ensino Básico - Competências Essênciais, tendo como entidades parceiras o Museu do Papel de Paços de Brandão e o Imaginarius-Festival Internacional de Teatro de Rua. Surgem então duas propostas de trabalho, distintas, com as devidas particularidades deste ciclo de ensino. Palavras-Chave: Teatro de rua, Imaginarius, Município Santa Maria da Feira, Feira Viva, Museu do papel, Engenho da Lourença. Abstract: The present article constitutes an investigation, analysis and reflection on two, of the several educational partners of Municipal District of Santa Maria da Feira. During the investigation I reflected on practices already institutionalized and on new possibilities and new ways of doing it. Always in a centred vision in the 1st cycle of the Basic Teaching, I propose two activities, based in the Basic Beginnings of the Educating Cities and in the National Curriculum of Basic Teaching - Competências Essenciais, with two partner entities: the Museu of the Paper in Paços de Brandão and the Imaginarius – International Festival of Street Theatre. These are the two distinct work proposals, with the suitable particularities in this cycle of teaching. Keyword: Street theatre, Imaginarius, Municipal District of Santa Maria da Feira, Live Fair , Museum of the Paper, Mill of Lourença. 1. INTRODUÇÃO Este trabalho suporta-se em duas - das muitas -vertentes Culturais/Educacionais do concelho de Santa Maria da Feira. A escolha recai sobre o ”Imaginarius”- Festival Internacional de Teatro de Rua e sobre o Museu do Papel. O museu representa o património histórico e arquitectónico e o Imaginarius a intensa actividade cultural em que o concelho se encontra mergulhado. Pretendo com este artigo explorar as possibilidades de parceria entre as escolas do 1º ciclo do ensino básico do concelho 60
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e as suas estruturas culturais, tendo como mediador a autarquia. Esta iniciativa tem acontecido ao longo dos anos, motivada pelos princípios de cidade educadora, que Santa Maria da Feira reclama para si e nos últimos quatro anos pela implementação do Programa de Generalização do Inglês e de Outras Actividades de Enriquecimento Curricular que inclui também as áreas Artísticas da Música e das Artes Plásticas. Desde a sua implementação que a autarquia reúne esforços para divulgar e rentabilizar os recursos existentes. Apontarei algumas limitações, pontos fortes e possíveis alternativas para que o objectivo de “- Formar jovens críticos e integrados” – (Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essências) e ”- Promover a igualdade de oportunidades no acesso à educação e cultura” – (Carta das Cidades Educadoras, Novembro de 2004) seja cumprido. Para este artigo proponho-me a lançar dois desafios às escolas de 1º ciclo do ensino básico que em pouco se afastam do que tem sido proposto. Dedicar-me-ei à metodologia, à natureza artística da proposta e ao envolvimento individual e em grupo dos alunos. 2.METODOLOGIA Partindo dos dois princípios acima referidos e defendidos, um pelo Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências específicas, outro pela carta das cidades educadoras fapágina
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rei duas propostas distintas às escolas do ensino básico do concelho de Santa Maria da Feira. Nesta primeira fase será enviado um ofício e respectiva inscrição a todos os agrupamentos e realizarei uma reunião com os professores de Artes Plásticas a leccionar nestas escolas de forma a divulgar os termos da sua participação. Após a devida divulgação será preenchida a ficha de inscrição pelas escolas aderentes onde será solicitada uma pequena sinopse da intervenção, título e materiais a utilizar. Destes últimos, pedirei a distinção entre materiais recolhidos pela escola (no que diz respeito aos matérias recicláveis) e materiais a fornecer pela autarquia. Este levantamento das escolas inscritas e materiais necessários terá de estar concluído até 15 de Março, de forma ao projecto finalizado na primeira quinzena de Maio, altura em que se realizará o Imaginarius. A segunda iniciativa, não estará sujeita à agenda cultural da cidade, pelo que decorrerá no mês de Junho, podendo vir a ser integrada nas habituais visitas de estudo de final de ano lectivo. Aqui, as escolas, mediante inscrição prévia e obedecendo a um limite máximo de 20 turmas, do 1º ao 4º ano de escolaridade, irão conhecer o Museu de Papel, situado na freguesia de Paços de Brandão, onde será fornecido papel produzido manualmente, segundo o método explicado durante a visita. Com este papel pretende-se a realização de construções diversas, tendo por base o tema “Esculturas de papel”. Os trabalhos realizados serão enviados, pelo professor da turma, para o Museu do Papel, onde serão expostos e sujeitos à votação dos visitantes, informados por convite (Comunidade escolar em horário pós–laboral), havendo um prémio para os três melhores trabalhos e um prémio de participação para as restantes escolas. Os prémios serão compostos por materiais de Artes plásticas, variando a quantidade por ordem da premiação. Os resultados serão apresentados às escolas na festa final, onde irá um técnico do Museu entregar o prémio e felicitar a escola, como reforço pelo envolvimento no concurso.
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3. Parcerias existentes: Pontos fortes, limitações e possíveis alternativas – Análise Crítica 3.1 Imaginarius Este festival procura impulsionar o teatro de rua através da mostra de espectáculos e projectos de incontornável qualidade internacional, a realizar em espaços abertos e públicos no centro histórico de Santa Maria da Feira. O Imaginarius pretende ser muito mais do que um conjunto de espectáculos. Por isso, em simultâneo, decorrem iniciativas culturais das quais merecem particular destaque: as residências artísticas e as exposições complementares. A realização de exposições complementares aos espectáculos, cuja temática esta intimamente associada ao teatro, pretende valorizar o património cultural e animar o centro histórico de Santa Maria da Feira e contribuir para a afirmação da cultura portuguesa e europeia. Figura I – Participação dos alunos da Instável Orquestra no Imaginarius
Figura II – Marioneta gigante que dirige a parada “O Pinóquio” composta pelos alunos do 1º ciclo
3.1.1 Envolvimento escolar – Análise crítica O envolvimento das escolas no Imaginarius, tem sido uma constante neste município (FIG.I e II), tendo-se acentuado esta tendência com a fusão do Pelouro da Educação e do Pelouro da Cultura, Desporto e Juventude há sensivelmente quatros anos. As marcas deste envolvimento são várias sendo a mais visível a anual participação das escolas de 1º ciclo do Ensino Básico na Parada organizada especialmente para este público e respectivos familiares. As escolas envolvem-se anualmente na construção de adereços, na dramatização de histórias e no ensaio de letras sujeitas ao tema actual, com os quais desfilam posteriormente. Este processo, aparentemente simples, transforma-se facilmente num caminho sinuoso pela distância geográfica, entre escolas e município, e diversidade de intermediários. Actualmente o Município conta com 339 turmas correspondentes a 82 escolas de 1º Ciclo de ensino básico o que implica um plano de divulgação e articulação bem estruturado, onde deverão ser debatidas questões pedagógicas e logísticas, reforçando os objectivos mencionados na introdução. Esta é, na minha opinião, a maior lacuna de qualquer parceria entre Município e Escolas. O processo educativo deve ser claro nos seus objectivos e ter como prioridade máxima a compreensão e vivência do tema pelo aluno, sendo este muitas vezes delegado para segundo plano neste emaranhado de acções e agentes educativos. Contudo, envolver 82 escolas, ainda que nem todas participem no produto final (Parada, exposição, outros), num município composto por 31 freguesias é a maior prova de 62
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procura de implementação de “Boas Práticas” no que respeita ao “Promover a igualdade de oportunidades no acesso à educação e cultura” (Cidades Educadoras). 3.1.2 Nova proposta – Imaginarius Escolas Esta proposta visa a transformação do centro histórico da cidade de Santa Maria da Feira numa grande tela, palco, jardim ou plinto de uma turma, escola ou agrupamento de escolas, durante o período em que decorre o Imaginarius. A divulgação da proposta partirá da metodologia acima descrita no ponto 2 a partir da qual cada turma, escola ou agrupamento, enviará a sua ficha de inscrição para o gabinete da educação, devidamente preenchida. Pretendo com esta proposta: a) Democratizar o acesso à arte e à cultura; b) Desenvolver o sentido crítico; c) Fomentar a participação nos eventos públicos; d) Desenvolver o sentido estético e artístico de cada aluno; e) Experimentar as dificuldades e estímulos inerentes ao processo criativo. As escolas serão incentivadas a participar através do fornecimento de materiais específicos e de apoio técnico na montagem dos trabalhos. Após uma breve contextualização do Imaginarius, apoiada em vídeos, fotografia ou internet será apresentada à turma a temática a trabalhar. Cada aluno deverá dizer uma palavra ou página
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frase ou descrever uma imagem que lhe surja face à temática apresentada, todos deverão participar, mesmo que repitam o que foi dito por outro aluno. Após esta “Tempestade de ideias” os alunos deverão formaliza-las através do desenho e de descrições que se aproximem das modalidades da escultura, instalação, vídeo, ou outras. Estas denominações deverão ser naturalmente introduzidas pelo professor(a), permitindo aos alunos adquirir novos conceitos próprios das Artes Plásticas e da Educação e Expressão Plástica no 1º Ciclo do Ensino Básico. As descrições orais deverão ser registadas pelo professor, sempre que se revelem executáveis, devendo o professor(a) agrupar sugestões, questionar soluções até chegarem a um entendimento sobre o que fazer. Nesta fase o professor terá um papel fundamental na escolha de materiais e apresentação das tarefas, cada aluno deverá escolher para si a tarefa com que mais se identificar. Estando garantida a participação de todos em tarefas simples, a turma poderá sugerir a participação dos encarregados de educação, através do conhecimento da sua profissão, na construção de aspectos mais técnicos que sejam necessários à realização do trabalho. A divulgação dos trabalhos será feita pelos meios habituais do próprio Festival. 3.2 Museu do Papel O Museu do Papel integra no seu espaço, duas antigas fábricas de papel, do início do século XIX: Antiga Fábrica de Papel de Custódio Pais e antiga Fábrica de Papel dos Azevedos. Conhecida na região como Fábrica de Custódio Pais, a sua história iniciou-se em 26 de Outubro de 1822, data da escritura de sociedade que deu origem a um pequeno engenho de papel. Não foi a primeira nem a única sociedade papeleira das Terras de Santa Maria, nos séculos XVIII e XIX, mas foi a única que teve uma mulher como sócia fundadora. Chamavase Lourença Pinto e era natural de Paços de Brandão. Num contexto rural de início do século passado, Lourença Pinto, apesar de analfabeta, não temeu entrar no mundo da indústria, até aí liderado unicamente por homens. Em 1822, estabeleceu sociedade com Joaquim de Carvalho,
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mestre papeleiro, transformando os moinhos de cereal que possuía no lugar de Riomaior, em Paços de Brandão, num engenho de papel de características proto-industriais. Com uma produção condicionada ao volume das águas do rio que alimentava a roda hidráulica, e com uma mão-deobra escassa e familiar, surgiu assim o Engenho da Lourença. Entrado o século XX, a ausência de inovação técnica, que caracterizou toda a indústria papeleira da região, explica a decadência desta unidade papeleira, acabando por ser vendida, em 1916, a José Ferreira Pais, pelo preço total de três contos e duzentos escudos. Com as obras entretanto realizadas pelo novo proprietário, as velhas construções de pedra e saibro, deram lugar a um novo espaço fabril, com novas áreas de secagem e nova área de produção, albergando esta uma pequena máquina contínua de forma redonda, em madeira. Deste modo, o fabrico de papel folha a folha deu lugar ao fabrico em contínuo. Produzindo papel de embalagem, manteve-se em actividade até finais da década de oitenta, tendo sido comprada em 21 de Outubro de 1992, pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, com o objectivo de aqui funcionar o Museu do Papel.
Figura III- Fábrica de Custódio Pais. 1995
Figura IV -Roda Hidráulica do Museu do Papel
3.2.1 Envolvimento escolar – Análise crítica Actualmente os museus prestam um serviço dirigido às escolas e ao público infantil em geral. Este serviço surgiu com adesão e generalização das visitas a museus pelas escolas e consequente necessidade de contextualizar e direccionar a informação para este público e tem como principais objectivos: a) Fomentar o gosto pela cultura do papel e pela valorização do património industrial papeleiro; b) Contribuir para o desenvolvimento social, cultural, cognitivo e afectivo do indivíduo; c) Oferecer experiências sociais e culturais gratificantes, com vista a fomentar visitas regulares ao Museu do Papel e a outras instituições culturais, na perspectiva de uma educação não formal. O Museu do Papel dispõe de novas instalações na antiga fábrica de papel dos Azevedo, onde foi projectado um espaço infantil destinado ao serviço educativo, adaptado a actividades de Expressão Plástica, tendo como material de base o papel produzido lá. As escolas que visitam o Museu têm o acompanhamento de um guia que inicia (habitualmente) o percurso pela antiga fábrica do Custódio Pais (1º edifício onde esteve instalado o Museu). Aí as escolas além da história da actividade papeleira fazem uma pequena paragem numa bancada com formas de cartuxos utilizados antiga64
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mente nas mercearias em substituição aos sacos de plástico. A visita prossegue para o edifício recuperado recentemente onde termina com uma actividade na sala do serviço educativo. Estas visitas têm um carácter muito fugaz, pelo curto espaço de tempo que as escolas dispõem para a deslocação e visita. As actividades propostas pelo serviço educativo são, necessariamente, restritas quer em tempo de execução, quer em expressão da liberdade individual. As actividades propostas pelos serviços educativos devem ser, grande parte das vezes, encaradas como ponto de partida para a aquisição de novas técnicas de expressão.
Figura V - Produção de papel folha a folha
Figura VI - Sarilhos da máquina contínua
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3.2.2 Nova Proposta – Esculturas de Papel No seguimento da visita ao Museu do Papel, serão oferecidas folhas de algodão e de papel reciclado a partir de outros papéis. Este papel será utilizado pelas escolas na realização de Esculturas de Papel. Os trabalhos resultarão numa exposição a realizar nas instalações do Museu. A inauguração da exposição realizar-se-á em horário pós-laboral e os convites serão feitos a toda a comunidade escolar (Pais, alunos, professores e funcionários). Os visitantes serão em simultâneo os júris dos trabalhos apresentados contribuindo com o seu voto para o melhor trabalho. Esta dinâmica tem como objectivo o envolvimento e a competição saudável entre escolas. 4. Currículo Nacional do Ensino Básico - Competências Essenciais O Currículo Nacional do Ensino Básico - Competências Essenciais visa a formação articulada do indivíduo. Esta articulação encontra a sua concretização nas estruturas sociais quotidianas, sendo estas, por excelência, o palco de variadíssimas experiências educativas. Transcrevo as competências básicas que motivaram algumas decisões ao longo deste trabalho. 1. Adquirir conceitos. (Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essências, p.153) 2. Participar activamente no processo de produção artística. (Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essências, p.153) 3. Valorizar a expressão espontânea. (Currículo Nacional do
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Ensino Básico – Competências Essências, p.154) 4. Participar em momentos de improvisação no processo de criação artística. (Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essências, p.154) 5. Usar diferentes tecnologias da imagem na produção artística. (Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essências, p.157) 6. Vivenciar acontecimentos artísticos em contacto directo. (Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essências, p.154) 7. Conhecer o património artístico, cultural e natural da sua região, como um valor de afirmação da identidade nacional e encarar a sua preservação como um dever cívico. (Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essências, p.157) 5. Princípios básicos das cidades educadoras A “Carta das Cidades Educadoras” – Declaração de Barcelona de 1990 e Declaração de Génova de 2004, manifesta a preocupação em reflectir e aplicar na sua vivência os seus Princípios, assumindo que para além de educativa a cidade deve ser educadora, o que implica uma intencionalidade, uma consciencialização e um trabalho transversal, coordenado ao nível dos vários agentes educadores da cidade, espaço apropriado, recriado por todos os seus cidadãos, sendo por isso um espaço de cidadania e formação ao longo da vida. Dos 20 Princípios enumerados na “Carta das Cidades Educadoras” destaco três, que na minha opinião fundamentam as práticas acima propostas. Princípio -1 “Todos os habitantes de uma cidade terão o direito de desfrutar, em condições de liberdade e igualdade, os meios e oportunidades de formação, entretenimento e desenvolvimento pessoal que ela lhes oferece. (…) Serão responsável tanto a administração municipal, como outras administrações que têm influência na cidade” (Carta das Cidades Educadoras, Novembro de 2004) Princípio - 3“ A cidade educadora deverá encorajar o diálogo entre gerações, não somente enquanto fórmula de coexistência pacífica, mas como procura de projectos comuns e partilhados (…)”(Carta das Cidades Educadoras, Novembro de 2004) Princípio - 5“ Os municípios deverão exercer com eficácia as competências que lhes cabem em matéria de educação. Qualquer que seja o alcance destas competências, elas deverá prever uma política educativa ampla, com carácter transversal e inovador, compreendendo todas as modalidades de educação formal, não formal e informal, assim como diferentes 66
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manifestações culturais (…)”(Carta das Cidades Educadoras, Novembro de 2004) 6. CONCLUSÕES Este trabalho permitiu-me reflectir sobre as práticas educativas do município levando-me a concluir que a implementação dos projectos está alicerçada em bases sólidas, havendo pontualmente a quase “subversão” das intenções ao executar tais propostas. Esta “subversão” poderá ser motivada pela preocupação excessiva que alguns professores sentem face aos resultados, transformando um momento de fruição/contemplação em mais um encargo. A logística de implementação de um projecto já está “mecanizada” cabendo-nos a todos a tarefa de proporcionar aos alunos momentos verdadeiros de liberdade de expressão, de criatividade, de aprendizagem com prazer. As propostas aqui apresentadas têm abertura para incluir todos estes princípios indispensáveis à liberdade criativa o limite será aquele que nós determinarmos. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS www.museudopapel.org www.imaginarius.pt www.edcities.org Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais Carta das Cidades Educadoras, Novembro de 2004
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Recuperação e Manutenção de Equipamentos e a Fotografia em Educação Visual e Tecnológica
Liliana Monteiro monteiro_liliana@hotmail.com
Resumo: O presente artigo faz parte de uma investigação e pesquisa para um projecto de intervenção artística de aplicação em contexto de sala de aula, na disciplina de Educação Visual e Tecnológica. A unidade de trabalho sobre o qual recaiu a escolha foi a unidade de Recuperação e Manutenção de Equipamento, interligando-a com a unidade de Fotografia e a interdisciplinaridade com projectos de cidadania e meio ambiente. Palavras-chave: Educação Visual e Tecnológica, Intervenção Recuperação e Manutenção de Equipamentos, Fotografia. 1. INTRODUÇÃO Com o presente estudo, onde a área de recuperação e manutenção de equipamento é explorada, pretende-se que os alunos tomem consciência das implicações e necessidades que esta actividade tem, ou deverá ter no nosso dia-a-dia. Na época de crise em que vivemos, ou então com a quantidade de lixo e desperdício que diariamente o Ser Humano produz, torna-se vital e imprescindível que cada vez mais o lema da Reciclagem, Reutilização e Recuperação esteja latente e na nossa mente, actos, interdisciplinaridade e ensinamento nas novas gerações. Aqui, a disciplina de Educação Visual e Tecnológica, torna-se uma vez mais um elo e uma ligação perfeita entre o programa da disciplina e questões tão sensíveis como o meio ambiente e a sua preservação. Ao se trabalhar a recuperação e manutenção dos equipamentos, estamos a zelar por esse compromisso que devemos ter com o ambiente e também com a educação dos alunos sem nunca nos desviarmos dos propósitos da disciplina e do currículo a cumprir. Estamos aqui a possibilitar a interligação de vários pontos, não só exteriores ao programa de E.V.T, como é o caso da ligação com a formação cívica e educação para a cidadania, como também dentro do próprio currículo pois pretende-se abordar o tema da recuperação do imobiliário ligado a técnicas de fotografia. Concebendo uma actividade mais abrangente, enriquecedora e aprazível de se realizar e para isso iremos restaurar as cadeiras da sala de aula, recuperando desta forma o mobiliário e utilizando a cianotipia como técnica de restauro. 68
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2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO Ao trabalharmos, ambicionamos que o aluno seja capacitado do maior número de competências, instrução e qualidades. Dotar o aluno no domínio artístico e entusiasmá-lo para o ceio das artes plásticas é ambição de qualquer professor. Assim sendo, ao analisar as orientações do Ministério da Educação para a Educação Artística, acredito ser mais enriquecedor a interligação de várias áreas, explorando as capacidades e diversidade dos temas para o desenvolvimento do aluno. Como tal, apresenta-se aqui a proposta de um trabalho em contexto de sala de aula que possibilita a interligação com diferentes áreas do saber, saber ser e saber fazer, bem como o cruzamento do tema de recuperação e manutenção de equipamento e a fotografia. “(…)Restituição dos equipamentos a um estado que permita o seu normal funcionamento (...) No seu conjunto, são tarefas cuja realização irá pôr em jogo saberes diversos mas, principalmente, irá desenvolver a consciência de que o equipamento é um valor a preservar e a noção da responsabilidade e da capacidade individual de o fazer. (...) A manutenção começa pelo controlo e organização do equipamento e instrumentos da sala de aula, o seu uso correcto e cuidados específicos a ter.” (DGEBS,1991b, p.35) A técnica de fotografia aqui utilizada é a da cianotipia, uma vez que esta é página
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a raiz deste tema. O primeiro livro de fotografia registrado crê-se que foi feito com cianotipia. Em 1843, Anna Atkins, nos seus estudos botânicos editou o livro “Photographs of British Algae: Cyanotype Impressions”, depositando os espécimes sobre folhas de papel sensibilizado ao ferroprussiato e fazendo contactos. Não sendo uma técnica muito trabalhada nas escolas e não fazendo parte do conhecimento da grande maioria dos alunos, tornou-se para mim pertinente esta exploração. A cianotipia é um sistema de impressão negativo-positivo. Foi inventado em 1842 por Sir John Herschel, baseando-se na descoberta que determinados sais de ferro eram sensíveis à luz. O seu nome deriva pelo intenso azul (do grego cyanos, azul escuro) sobre o qual aparece uma imagem branca (ou a cor branca do papel de suporte). Ficou também conhecido pelo nome de processo ferroprussiato, devida à cor do composto chamado azul da Prússia ou ferricianeto férrico. cf. http:// jorgerego.blogspot.com/2005/05/cianotipia.html As duas áreas do programa aqui trabalhadas complementam-se eficazmente tornando-se assim uma mais valia para o trabalho dentro da sala de aula. “O diálogo com a obra de arte constitui um meio privilegiado para abordar com os alunos os diferentes modos de expressão, situando-os num universo alargado, que permite inter-relacionar as referências visuais e técnicas com o contexto social, cultural e histórico, incidindo nas formas da arte contemporânea” (DEB, 2001, p 162). Neste sentido, e com a ajuda de técnicas e criatividade, é possível transformar espaços escolares, apelando ao sentido de responsabilidade, cooperação, adequando meios e valores estéticos de diferentes formas de expressão visual, técnicas e reutilização de materiais. 3. METODOLOGIA Este projecto é para intervenção numa das salas de Educação Visual e Tecnológica, contudo é possível de ser aplicada em qualquer outro espaço escolar. Com o intuito tornar o espaço mais aprazível e atractivo, é explicado aos alunos o tema que se propõe e a sua interliga-
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ção com os benefícios que estamos a aplicar, proporcionar para o nosso futuro a nível ambiental e de deveres cívicos. Seguidamente apresenta-se uma grande variedade de trabalhos artísticos, nomeadamente trabalhos realizados com a técnica da cianotipia, para que os alunos tenham uma melhor percepção daquilo que lhes é pedido para realizar. 3.1 PERSPECTIVAS EM CONTEXTO DE SALA DE AULA 3.1.1 Pesquisa Em grupo os alunos deverão procurar e pesquisar diferentes obras de diferentes artistas plásticos que podem ter (ou não) um tema ou um dado em comum. O grupo faz a sua investigação podendo para isso utilizar os distintos meios que existem disponíveis na escola como sendo a biblioteca, a internet e documentação existente na sala de aula.
Figura I – Acetato para Cianotipia http:// www.ojodigital.com/foro/otras/42885-cianotipia-para-los-quimicos-especialmente.
3.1.2 Imagem Depois de eleita a imagem, esta tem que ser trabalhada e analisada para se prosseguir o processo. Utilizando um scanner, digitaliza-se o desenho/pintura/fotografia(…) para se inverter o seu esquema de cores, ficando desta forma a imagem positiva em negativo. Seguidamente fotocopia-se o negativo para uma folha de acetato para se obter uma transparência. 3.1.3 Análise Ao se obter uma transparência há agora que verificar a sua qualidade. Se for necessário podemos rectifica-la utilizando para isso canetas tinta da china para cobrir melhor os espaços que queremos a negro e raspar com um x-acto as impurezas que possam ter ficado gravadas no plástico. 3.1.4 Equipamento Preparam-se as cadeiras a serem emulsionadas, limpando-as e lixando-as. Seguidamente aplica-se uma camada de verniz para maior preservação da madeira e deixa-se secar. 3.1.5 Emulsão A fase seguinte do trabalho, será preparar a emulsão a aplicar e que vai ser usada para gravar a imagem no equipamento. Para isso é necessário misturar: citrato férrico amoniacal e 125g. água a 15°C até completar 70
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500 ml. 3.1.6 Aplicação A solução é passada sobre a cadeira com um pincel e depois é suficiente secar as referidas superfícies com um secador de cabelo. Seguidamente coloca-se a transparência sobre a madeira emulsionada, fixando-a bem para que esta não se mova. 3.1.7 Exposição Expõe-se esta composição à luz directa do dia/sol e aguardam-se uns minutos para que esta produza o seu efeito. (o tempo de exposição deverá ser determinado consoante a incidência que os raios solares se façam sentir nesse dia). 3.1.8 Limpeza Recolhe-se novamente o equipamento para um local sem luz directa do dia e procede-se à fase de limpeza. Retiram-se os acetatos, e limpa-se com água corrente a superfície.
de como fazer e revelar através desta técnica de fotografia. O vídeo serve como forma de simplificar toda a explicação do processo, facilitando a sua apreensão.
Figura II – Vídeo de Como Fazer Cianotipia - http://www.youtube. com/watch?v=9kanLoDzmNI
3.9 Imagens Exemplificativas Um recurso a utilizar, após a explicação oral do processo, é a exibição à turma de uma série de imagens exemplificativas daquilo que poderá ser o resultado dos seus trabalhos, uma vez que a técnica de cianotipia pode ser aplicada nas mais diversas superfícies, entre elas, o papel, tecido, vidro(…)
3.7 Resultado Os locais que foram protegidos pela opacidade dos tons negros do acetato são agora facilmente removidos da superfície, sendo que os que ficaram expostos à luz endureceram e fixaram a imagem na superfície. 3.8 Vídeo Exemplificativo Como apoio para a sala de aula segue-se um vídeo retirado do youtube, onde encontramos todo o processo página
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Figura III – Cianotipia - http://www.ojodigital.com/foro/otras/42885cianotipia-para-los-quimicos-especialmente.html
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4. CONCLUSÃO Com este tipo de intervenção artística é possível motivar os alunos, desenvolvendo as suas competências, conhecimentos e aptidões. Reforça-se conteúdos, aplicam-se técnicas e exploram-se diferentes formas de ver e recuperar os bens patrimoniais. Consegue-se estimular a pesquisa, autonomia, trabalho em grupo, curiosidade, criatividade e prazer pelo trabalho. Despertando a consciência que o equipamento é um bem a preservar, levantam-se outros valores ambientais e de futuro a preservar, que o meio artístico pode intervir e requalificar. Verifica-se que as origens da fotografia aqui aplicadas poderão servir de mote para prosseguir e avançar com esse tema, dando continuidade ao programa curricular de fotografia em Educação Visual e Tecnológica.
Figura IV – Cianotipia - http://jorgerego.blogspot.com/2005/05/cianotipia.html
Figura V – Cianotipia - http://efm-photo.com/ cianotipia.html
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: DGEBS (1991 b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II, Lisboa: Ministério da Educação. DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essenciais. Lisboa: Ministério da Educação. 6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: AGIRRE ARRIAGA, Imanol, (2005) – Teorias y práticas en educación arttística. Barcelona: Octaedro/EUB e Universidad Pública de Navarra, Colección Intersecciones, dirigida por Fernando Hernández. ISBN: 84-8063-729-3 AAVV; (2006). Competências, Currículo e Planificação - 4º Ano. Reorganização Curricular - 1º Ciclo do Ensino Básico. Braga: Editora Nova Educação. HOUSEN, Abigaill, (2000) – O olhar do observador: Investigação, teoria e prática; trad. de Maria Emília Castel-Branco. In FRÓIS, João Pedro (Coord.) – Educação estética e artística: abordagens transdisciplinares. Lisboa: Fundação Calouste de Gulbenkian. ISBN: 97231-0905-0 PERKINS, David N.(1994) – The intelligent eye: Learning to think by looking at art. Los Angeles: The Getty Education Institute for the Arts, ISBN: 0-89236-274-X
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Desenhar o Espaço Se eu fosse um arquitecto… Andreia Bastos Nascimento andreia.bastos.n@gmail.com
Resumo: O presente estudo vai ao encontro da proposta de trabalho da Unidade Curricular de Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica no Ensino Básico da Escola Superior de Educação do Porto. A escolha recaiu sobre o tema “Desenhar o Espaço – Se eu fosse um arquitecto…”, que pode abarcar variados conteúdos do programa de Educação Visual do 3.º ciclo. Ao longo deste artigo, pretende-se apresentar e explanar uma selecção de recursos didáctico-pedagógicos que permitam explorar os conteúdos em questão, em contexto de sala de aula. O objectivo principal passa por aliar métodos “tradicionais” a novas tecnologias de forma motivante e apelativa para os alunos. Tendo por suporte o desenho como exercício básico, e, como apoio, o desenho da arquitectura e o método projectual da mesma. Palavras-chave: Educação Visual, Desenho, Desenho do Espaço, Desenho da Arquitectura, Motivação, Recursos Pedagógicos. Abstract: The project work hereby presented comes as an answer to the proposals set forth within the course “Workshop for Pedagogical Resources” of the master’s degree in the Teaching of Visual and Technological Education held in the School of Education of Porto. The choice fell upon the theme “Designing space – what if I was an architect…”, which could actually comprise several topics in the official programme of Visual Education for the third cycle of the Portuguese Basic Education. Throughout the article, we aim at presenting and explaining the didactic and pedagogical resources that will allow for the exploration of the contents in question within the context of the classroom. Therefore, the main purpose is to combine traditional methods with new technologies in a motivating and appealing way for students. In turn, this will be based mainly on drawing as a basic exercise and on architectural design and
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its project method. Keywords: Visual Arts, Drawing, Space design, Architecture Design, Motivation, Pedagogical Resources. 1. INTRODUÇÃO A escolha deste tema teve como pressuposto uma clara identificação e um gosto pessoal pelas áreas a estudar. Como arquitecta, considero desafiante o acto de desenhar o espaço como resposta a uma necessidade humana. Tendo em conta aspectos vários que vão do físico ao funcional, do social ao técnico, aliando a intenção plástica, condicionadora de opções, que é precisamente o que distingue a arquitectura da simples construção, e que a eleva, muitas vezes, à forma de Arte. Os recursos explorados ao longo deste trabalho dirigem-se a alunos do 3.º ciclo, mais concretamente a alunos do oitavo e nono anos, uma vez que, ao longo da minha experiência no ensino, pude constatar que apresentam o estado cognitivo ideal para desenvolver de forma significativa as competências previstas. Deste modo, este estudo tem por base o Programa de Educação Visual para o 3.º ciclo, centrando-se nos conteúdos que abrangem a temática do “Espaço” e utilizando o desenho como ferramenta base essencial para a sua percepção e representação. Como professora, e com base na minha formação em arquitectura e na abrangência da mesma, considero que os conteúdos eleitos representam uma base de trabalho para além da qual podem ser consideradas diversas abordagens e abertas novas possibilidades. Sempre com o intuito de contribuir para o enriquecimento da formação e educação global do indivíduo. O principal intuito desta selecção de recursos é conseguir uma aprendizagem motivante capaz de proporcionar aos alunos um conhecimento estável e duradouro, susceptível de ser aplicado pelos mesmos em situações inéditas. Através da experiência e da aproximação ao real, o aluno vai observar, pensar, experimentar, recuar, concluir e criar, envolvendo-se num método projectual que lhe proporciona uma experiência e simultaneamente uma aprendizagem significativa. Esta aproximação ao real e aplicação prática dos conteúdos é aqui proposta através da exploração daquilo que é o método de trabalho de um arquitecto, utilizando o desenho, quer em esboço, quer rigoroso, como fio condutor e instrumento base essencial no projecto de um espaço a ser utilizado pelo homem.
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2. METODOLOGIA O objectivo inicial, ao vocacionar esta análise para a temática escolhida, tem a ver com o facto de poder dar a possibilidade aos alunos de se colocarem na pele de um profissional em exercício que manuseia e utiliza como instrumento base os conteúdos programáticos em causa. O “faz de conta” proporcionado a quem aprende, pretende ser um meio de motivação por excelência, conduzindo a um assumir de um papel de forma responsável, estimulando a autonomia e a criatividade. Todo o trabalho aqui apresentado teve como base uma pesquisa ampla e direccionada que incluiu o Programa de Educação Visual do 3.º ciclo e respectivo ajustamento, manuais escolares e a exploração de algumas ferramentas Web 2.0. Os recursos propostos foram seleccionados tendo em conta a sua acessibilidade e funcionalidade, não perdendo de vista a possibilidade de aliar recursos “tradicionais” com novas tecnologias. Quanto ao principal cuidado na selecção da ferramenta Web 2.0 a utilizar, o mesmo recaiu, sobretudo, na valorização da apresentação gráfica da aplicação bem como no funcionamento intuitivo e na diversidade de possibilidades da mesma. A abordagem ao tema foi feita de forma dirigida a uma faixa etária específica, mas sempre com a noção de que os recursos seleccionados podem ser trabalhados noutros níveis, adquirinpágina
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do maior ou menor profundidade, incluindo mais ou menos variáveis e dependendo de um maior ou menor auxílio por parte do professor. 3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 3.1 Desenho como instrumento – A arquitectura e o método projectual De acordo com o Programa de Educação Visual para o 3.º ciclo, “o desenho é o exercício básico insubstituível de toda a linguagem plástica, bem como constitui uma ferramenta essencial na estruturação do pensamento visual. Nessa medida, deve ser desenvolvido de forma sistemática, nomeadamente em registos livres, registos de observação ou na representação rigorosa.” (Ministério da Educação, p.3). Desenhar não é mais do que registar pelo traço, aquilo que observamos e que projectamos ou imaginamos. Além de ser um meio de comunicação, permite-nos a análise de situações e a estruturação de pensamentos, podendo ser um meio de investigação em relação ao que nos rodeia e uma expressão pessoal que nos identifica. Ao desenhar o espaço e ao projectar volumes, o arquitecto, serve-se por excelência do desenho aliado a saberes técnicos, científicos e artísticos. Utiliza o desenho como meio de chegar a soluções para os problemas que lhe vão surgindo ao longo do processo criativo e utiliza-o como meio de comunicação ao transmitir o resultado dos seus estudos a quem os encomenda e a quem os constrói. De forma genérica, o método de projecto seguido por um arquitecto inicia-se com o delinear de um programa que indica as pretensões/funcionalidades que a construção deverá ter. O programa é definido mediante as informações dadas pelo cliente que encomenda o projecto. Em seguida, após pesquisa, são elaborados estudos e esboços, que permitem ao profissional conceber formas, controlar proporções e dimensões, encontrar soluções técnicas, reconhecer as relações com o local, eleger materiais e fazer opções estéticas. À medida que a pesquisa avança, estes estudos tornam-se cada vez mais rigorosos, elaborados e detalhados, até que
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no final, resultam de todo o processo, um conjunto de peças desenhadas com rigor e à escala adequada (plantas, cortes, alçados, perspectivas) e modelos a 3 dimensões (maquetas). O Projecto é também acompanhado das descrições escritas apropriadas. A percepção e a representação da forma e do espaço, apoiados na representação gráfica, são imprescindíveis e constantes ao longo de todo este método projectual. 3.2 Desenhar o Espaço como um arquitecto – Pertinência no programa de Educação Visual O recurso educativo que aqui se delineia ao encontro do Programa de Educação Visual do 3.º ciclo, além de privilegiar o uso do desenho nas suas diversas formas, possibilitando a utilização de materiais variados, põe os alunos em contacto com distintos códigos de comunicação visual, através da concepção e organização dos espaços, fazendo desenhos cotados, vistas ortogonais, utilizando símbolos específicos para determinados tipos de desenho. É, também, sublinhada a importância do papel da imagem na comunicação, a adequação das imagens produzidas mediante o fim a que se destinam, a correcta utilização e representação de símbolos com vista à comunicação de ideias e o poder de motivação que uma imagem pode ter. O conteúdo específico de representação do espaço é explorado, por excelência, ao serem utilizadas as representações da profundidade, do volume, da cor, da sobreposição, das gradações de nitidez. São igualmente estudadas as formas de representação necessárias à compreensão de um objecto, neste caso de um edifício, através das suas vistas (alçados), de cortes e plantas, utilizando correctamente a linguagem gráfica convencional e registando medidas (escalas, cotas). Podem igualmente ser explorados, de forma livre ou rigorosa, os vários sistemas de representação axonométrica. A relação homem-espaço surge, de igual modo, como essencial neste conteúdo programático. O aluno ao projectar o espaço, tem em conta, obrigatoriamente, a relação que o utilizador irá ter com o mesmo, a função que o espaço irá desempenhar, quem e quantas pessoas o vão utilizar, etc. Não menos importante, é a possibilidade de dar a entender ao aluno a estrutura não apenas como suporte mas como princípio organizador daquilo que a constitui, aliado a opções estéticas e técnicas, como a escolha de materiais.
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4. RECURSOS EDUCATIVOS - SE EU FOSSE UM ARQUITECTO… O recurso em análise propõe transformar cada aluno num arquitecto. A partir de um programa pré-definido e de um “cliente” imaginário, o aluno é convidado a percorrer o percurso de um Projecto de Arquitectura como se de um profissional se tratasse. Após a necessária pesquisa, o aluno inicia o seu trabalho com a construção de um estudo prévio suportado na procura de soluções através de desenhos de expressão livre e de esboços. O processo termina com a produção dos desenhos rigorosos que caracterizam um projecto de Arquitectura concluído, utilizando nesta fase todos os elementos e códigos de comunicação adequados e produzindo, com recurso a uma aplicação Web 2.0, imagens a duas e a três dimensões. O programa proposto aos alunos não deverá ser de grande complexidade e deverá recair sobre uma realidade próxima à deles e que facilmente possam dominar em termos de articulação. A título de exemplo, para este recurso, propõe-se que os “arquitectos” façam o projecto de uma habitação unifamiliar. Este trabalho poderá ser elaborado de forma individual ou em grupo, formando equipas de arquitectura, salientando a ideia de que um projecto é o resultado de um trabalho conjunto onde participam técnicos de várias especialidades. Quanto mais complexo for o objecto a projectar, mais volumosa será a equipa de trabalho.
Figuras 1 e 2 - Esboços
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4.1 O Estudo prévio – Procura de soluções Nesta fase de trabalho, os alunos confrontam-se com o problema que lhe é colocado e são convidados a explorar e a experimentar soluções, utilizando o desenho livre e de esboço para expressarem e trabalharem as suas ideias. Interessa aqui serem utilizados materiais riscadores diversos sendo desenvolvido o desenho do espaço e da forma recorrendo, sobretudo à perspectiva cónica, ou às vistas ortogonais. São exploradas as noções de profundidade, de escala e de proporção. Deve, nesta fase, ser constantemente relembrada a forma/função e articulação dos espaços a desenhar. São apresentadas aos alunos as formas de representação de-
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senhada de um projecto de arquitectura (plantas, cortes, alçados, perspectivas) para que estes as possam utilizar nos seus estudos. É sublinhada a importância da linguagem convencional inerente a um desenho deste tipo. O tipo de desenho aqui desenvolvido permite registar rapidamente ideias, explorá-las, criticá-las, recuar, experimentar. Vai resultando em estudos cada vez mais amadurecidos e rigorosos que vão servir de base para a construção dos desenhos finais de comunicação do projecto. Os normais avanços e recuos desta fase de trabalho, potenciam uma aprendizagem por descoberta, construtiva, contribuindo para o desenvolvimento de um sentido interventivo e crítico fundamentado. 4.2 Conclusão do projecto – utilização de ferramenta Web 2.0 para aferir soluções e comunicar a ideia final. Após cada aluno ter encontrado a solução através do estudo prévio, é a altura ideal para aliar ao projecto um recurso ligado a novas tecnologias. Foi eleita a ferramenta Web 2.0 chamada floorplanner. Uma aplicação que permite a qualquer utilizador criar o seu projecto de organização do espaço, trabalhando em 2D e obtendo uma visualização, quase simultânea, em 3D. Esta aplicação necessita apenas de uma ligação à rede, da criação de um registo gratuito e do browser da Internet. A aplicação é gratuita para uso pessoal e está disponível no sítio: www. floorplanner.com Embora a utilização deste recurso seja perfeitamente acessível e intuitiva, existe um manual elaborado a consultar em http://evtdigital.files.wordpress.com/2009/12/guia_e_manual_floor_planner.pdf Esta ferramenta permite aferir as soluções encontradas pelo aluno no estudo prévio, uma vez que possibilita uma visualização do espaço a três dimensões, permitindo afinar dimensões, proporções e formas. Permite, igualmente, obter imagens 2D e 3D, com a informação necessária e com uma apresentação gráfica adequada à comunicação do Projecto elaborado.
Figuras 3, 4 e 5 - Estudos prévios
4.3 Outros recursos a ter em conta. Convém referir que, apesar da escolha ter recaído sobre o floorplanner outras aplicações livres foram exploradas e podem ser utilizadas para o mesmo fim, mediante a análise e o objectivo de cada professor. Apresentando graus de complexidade diferente e distinta apresentação gráfica. Como exemplo saliento o programa Google Sketchup. Esta aplicação de instalação livre tem uma apresentação gráfica agradável, é extremamente 78
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versátil e completa mas não se mostra tão intuitiva no seu manuseamento, necessitando de mais tempo por parte dos alunos para ser explorada ou de maior assistência por parte do professor (disponível em http://sketchup.google.com/). A aplicação architectstudio 3D é mais uma ferramenta Web 2.0 que pode ser utilizada. Tem a particularidade de dar a conhecer o arquitecto Frank Lloyd Wright e de permitir a escolha de um cliente e de um local imaginário para projectar o espaço. No entanto, a apresentação gráfica não é tão interessante (disponível em http://architectstudio3d.org).
Figuras 6,7,8 e 9 - floorplanner
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5. Conclusão O “Espaço” foi o alvo principal do recurso aqui recriado, no entanto, a comunicação, a estrutura, a forma e a luz-cor estiveram constantemente envolvidos em todo o processo. Pode concluir-se que, de forma genérica, todos os conteúdos base do programa de Educação Visual foram tocados, de forma mais ou menos profunda, ao longo deste “faz de conta” proposto aos alunos. Foi essa mesma abrangência que moveu esta busca, aliada a um gosto pessoal e à contribuição que a minha formação como arquitecta pode aportar ao ensino da Educação Visual. Considero que estes pequenos arquitectos são, com esta ferramenta, envolvidos num processo gerador de autonomia criativa e crítica. Adquirem e identificam conceitos, descodificam linguagens, desenvolvem a motricidade na utilização das diferentes técnicas de desenho, numa metodologia projectual de busca de uma solução para um problema. Do mesmo modo, é-lhes dada a possibilidade de experimentarem meios expressivos ligados a processos tecnológicos (neste caso é trabalhado o desenho assistido por computador) sendo estimulados a utilizá-los de forma imaginativa e funcional. O recurso exposto pode, ainda, ser o ponto de partida para uma exploração plástica tridimensional mais alargada, com base no trabalho e nas obras de artistas de mérito reconhecido. Esta pesquisa pode, igualmente, ser feita na fase inicial do projecto como recolha de informação. Ao ver como dão resposta a determinado problema os arquitectos conhecidos, ao conhecer a diversidade de respostas que um mesmo pro-
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blema pode ter, sujeito a diferentes interpretações e a diferentes contextos, e ao serem chamados a intervir segundo as suas próprias ideias, os alunos estão a estimular a sua criatividade, a alargar a sua literacia artística e a trabalhar para uma formação mais completa enquanto pessoas e enquanto cidadãos. Espero que este contributo, ou qualquer variação dele, possa ser proveitoso para outros profissionais no exercício da docência e, sobretudo, que possa beneficiar os alunos motivando-os para a aprendizagem e tornando-os conscientes do papel que têm na construção do próprio saber. 6. Referências bibliográficas Ajustamento do Programa de Educação Visual, 3.º ciclo: Ministério da Educação. Disponível em http://www.dgidc.min-edu.pt Currículo Nacional do Ensino Básico, Competências Essenciais – Ensino Artístico: Ministério da Educação. Disponível em http://www.dgidc.minedu.pt DGEBS a. (1991). Programa de Educação Visual: Plano de Organização do Ensino – Aprendizagem, Vol. I. Lisboa: Ministério da Educação DGEBS a. (1991). Programa de Educação Visual: Plano de Organização do Ensino – Aprendizagem, Vol. II. Lisboa: Ministério da Educação FREITAS, Marta. floor planner – Manual e Guia de exploração do floor planner para utilização em contexto de Educação Visual e Tecnológica. Disponível em Jarevt.wikispaces.com (Ferramentas Web, Web 2.0 e Software Livre em EVT) GRAÇA, Cristina; FORJAZ, Rosário; BARRIGA, Sara; FERREIRA, Sérgio, (2006). Ver, Desenhar e Criar. Lisboa: Lisboa Editora
Figuras 10,11,12,13 e 14 - floorplanner
RAMOS, Elza; PORFÌRIO, Manuel, (2007). Educação Visual, 7.º/8.º/9.º Anos – 3.º Ciclo do Ensino Básico. Porto: Edições Asa www.floorplanner.com http://architectstudio3d.org http://sketchup.google.com/ http://jarevt.wikispaces.com/ 80
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Estudo da Letra
Carla Palhares palhares.carla@gmail.com
Cristina Monteiro kismonteiro@gmail.com
Maria Miguel Pedra mariamiguelpedra@gmail.com
Rui Silva ruysilvart@gmail.com
Sónia Guedes soniaguedes_@hotmail.com
Resumo: Este trabalho incide num estudo sobre o desenho da letra. Descreve a metodologia utilizada para desenvolvimento do trabalho em questão e criação/proposta de elaboração de material didáctico para o ensino do desenho da letra a alunos do 2ºciclo do Ensino Básico, aliando as antigas e actuais ferramentas de desenho. É uma investigação e reflexão sobre recursos didácticos em múltiplos suportes – físicos e da Internet (Web e Web2.0) para aplicação em contexto de sala de aula. Deste trabalho resulta, assim, a exploração de vários programas de criação de fontes dirigidos ao nosso públicoalvo. Palavras-Chave: Comunicação visual, Gramática visual, Tipografia, Educação Visual e Tecnológica. Abstract: This work focuses on a study on the design of the letter - type design. Describes the use of a methodology and training materials for teaching the design of the letter to K-12 students, combining the old and current design tools (Web based tools). It is a research and reflection on educational resources in multiple media (and Multimedia) - physical and Internet (Web and Web2.0) for application in the context of the classroom of Visual Arts and Technologies. It thus follows the holding of several breeding programs directed to sources of our target audience. Keyword: Visual Communication, Visual Grammar, Typography, Visual Arts and Technologies. 1. INTRODUÇÃO A comunicação visual e o desenho, nas suas diferentes expressões, acompanhou e continua a acompanhar os seres humanos desde o início da sua vida, seja como forma de comunicação ou como forma de expressão do que se sucede no seu interior ou do modo como interpreta o mundo que o rodeia. Para que isto se produza deve existir a criatividade; uma pessoa criativa é uma pessoa capaz de adaptar-se às mudanças, é um ser aberto, flexível, sensível, capaz de produzir
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uma nova visão da realidade, capaz de encontrar uma nova solução para uma situação existente. Este pensamento criativo pode ser construído e desenvolvido através da expressão plástica, do trabalho com os códigos formais de expressão, e de actividades que envolvam o desenho visual aliado à tecnologia. Surgiu a necessidade de procurar novas metodologias de ensino/aprendizagem de modo a ir ao encontro das actuais exigências e valorizar a diversidade de aprendizagem com o recurso às tecnologias de informação e comunicação. Este trabalho vai ao encontro desta nova realidade e apresenta um estudo realizado no âmbito da gramática visual. Expõe um conjunto de recursos pedagógicos passíveis de serem utilizados na área disciplinar de Educação Visual e Tecnológica no domínio da gramática da expressão plástica, nomeadamente na área de exploração do desenho e no conteúdo comunicação, abrindo-se, também, possíveis perspectivas de outras abordagens posteriores em contexto específico de EVT numa determinada Unidade de Trabalho. 2.METODOLOGIA A metodologia deste trabalho alicerçou-se na necessidade de identificação do aluno através da escrita, em várias situações ao longo do ano lectivo. A problemática da identidade motiva os alunos em qualquer idade, particularmente nesta em que se encontram numa fase de descoberta e afirmação, levando-os a um envolvimento particular nesta unidade de trabalho. Face aos interesses desta geração, cada vez mais envolvida nos processos tecnológicos, procurou-se soluções alternativas para desenvolver esta temática. Além do tradicional lápis e folha de papel quadriculado, introduziu-se o computador como ferramenta, por excelência, na criação de letras, através de seis programas mencionados mais adiante no ponto quatro deste artigo. Com a nova metodologia implementada, as aulas serão leccionadas directamente na sala de informática (ou TIC, dependendo das Escolas), e os alunos alternarão o uso do computador com o uso do lápis e do papel. Os professores utilizarão o quadro interactivo e todo o material teórico será apresentado através de slides do Prezi (programa baseado na Web 2.0 que permite apresentações dinâmicas). Para garantir o aproveitamento de todos os alunos, inclusive os que não têm conhecimentos básicos de informática, será feita uma breve introdução à informática, composta essencialmente pela abordagem na óptica do utilizador sendo também apresentados os diversos programas a trabalhar e demonstradas as suas principais funcionalidades. 82
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O estudo da letra é um trabalho que envolve várias componentes, que se desenvolvem em várias fases. A primeira fase é de pesquisa, para que os alunos tomem consciência da diversidade de desenhos da letra que serão possíveis de realizar. A segunda fase é a de criação de um tipo de letra normalizado, que serve como introdução a um método de traçado rigoroso de letras. Podemos aqui também utilizar ferramentas informáticas, ou seja, o programa Fontstruct, como forma rigorosa mas que não deixa de ser criativa. A terceira fase é de criação mais livre: misturando influências que vão do grafitti aos tipos de letras visualizáveis em revistas e no computador, os alunos terão de criar a sua própria letra. Nesta terceira fase optámos por utilizar o Aviary, que permite uma maior liberdade criativa. Sendo os exercícios manuais um estímulo para o desenvolvimento da motricidade fina e criação gráfica, o computador surge como uma motivação para esta unidade curricular.
3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 3.1. A letra como elemento fundamental na comunicação Os vários estilos de tipografia do nosso século desenvolveram-se num curto período de tempo. A rápida sucessão de estilos resulta da materialização de diversos conceitos. A actividade jornalística deu origem a uma procura emergente de novos estilos de letra, normalmente associados ao design gráfico. Foram explorados diversos tipos de comunicação, mas foi o cartaz o que teve mais impacto nesta altura, pois são executados cartazes altamente expressivos e de grande qualidade, onde a aplicação de novos tipos de letras é uma constante. O design de comunicação foi crescendo rodeado de mensagens (livros, cartazes, anúncios publicitários, revistas, etc...). Muitas vezes as imagens que esses designers utilizaram servem para comunicar com o espectador e também para realçar as preocupações sociais e ambientais. Surge a necessidade de produzir algo que estimule o pensamento e que promova a educação visual facilitando a decifração das mensagens, novos códigos e novas formas de comunicar. A letra é um elemento fundamental nessa comunicação, ela é utilizada não só como elemento de escrita, mas também como desenho, forma, ícone e símbolo. “Na sociedade moderna, respiramos o ar das convicções visuais” (FIELL, 2001, p.250) 3.2. Breve história da letra As primeiras formas de escrita surgiram, há cerca de 3000 anos, numa linguagem escrita baseada em pictogramas. Posteriormente, surgiu uma escrita baseada em ideogramas, símbolos que representavam ideias abstractas. A nossa escrita tem como base um alfabeto fonético e a cada letra corresponde um som. 3.3. Visualização de alguns tipos de letra existentes As letras têm diferentes formas, que são denominadas por tipos de letra. Existem imensas, por exemplo:
Figura 1 - Utilização da Letra com diferentes tipos de mensagem página
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Tabela I – Exemplos de tipo de letra Trebdy Radagung Herman Bradley Hand ITC Hobo std Matteroffact Stencil Verdana
Estudo da letra Estudo daletra Estudo daletra Estudo da letra Estudo da letra Estudo da letra ESTUDO DA LETRA Estudo da letra
3.4. A utilização da letra nas diferentes formas de expressão A letra deve ser escolhida de acordo com a função que lhe é destinada. Para um cartaz, por exemplo, deve ser de legibilidade fácil e simples. Figura 2 - Exemplo de Letra com má legibilidade
Figura 3 - Anatomia da Letra
3.5. Cinco aspectos básicos O desenho de letras pode ser feito com grande liberdade de expressão, sem que, no entanto, deixe de ter em conta cinco aspectos: A facilidade e rapidez da leitura; A sua proporção; A sua forma estética; A sua cor; A adaptação ao fim a que se destina. 3.6. Utilização da quadrícula e linhas de construção Deve ter-se especial atenção ao tamanho das letras. Deve definir-se a altura e a largura das mesmas, através de uma grelha ou quadrícula (Fig. 5), que irá ajudar a organizar os diferentes tipos de fontes. Estas podem ter diferentes larguras, pesos, tamanhos ou formatos, sendo constituídas por diferentes aspectos técnicos, caracterizados pela anatomia da letra (Fig. 3 e 4). A utilização da grelha pode ser útil tanto para a construção como para a desconstrução, esta permite-nos encontrar novas relações espaciais ou visuais, quebrando uma estrutura e potenciando o aparecimento de uma nova letra. Estas desconstruções podem realçar as qualidades visuais da estrutura da letra e distinguir diversos tipos de informação ou mensagem. “...o objectivo da desconstrução é deformar um espaço racionalmente estruturado, forçando os elementos desse espaço a formar novas relações...” (SAMARA; BOTTMANN, 2007, p.19.) 84
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“Compreender e interpretar símbolos e sistemas de sinais visuais”; “Utilizar a simbologia visual com intenção funcional”; “Aplicar regras da representação gráfica no desenho de letras”. DGEBS. (1991b) 4. RECURSOS EDUCATIVOS 4.1 Programas de desenho por computador O recurso a diferentes programas e aplicações informáticas online, permite a exploração e criação de diferentes conceitos e projectos. 4.1.1 Aviary Aviary é um conjunto de aplicativos, disponível online, que possui diversas ferramentas de edição de imagens, desenho vectorial, manipulação de formas, etc. Figura 4 - Letra com Serifa e utilização da quadrícula
As diferentes partes da letra adoptam nomes iguais a diversas partes da anatomia humana: braço, perna, orelha, olho, etc. 3.7. A comunicação visual no programa de EVT No programa de EVT e especificamente no conteúdo comunicação, os alunos deverão: “Interpretar as mensagens na leitura das formas visuais”; “Conceber sequências visuais a partir de vários formatos narrativos”; “Descodificar diferentes produtos gráficos”; “Conceber objectos gráficos aplicando regras da comunicação visual”; página
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4.1.1.1 Aviary Vector (RAVEN) RAVEN é uma ferramenta de desenho vectorial semelhante ao Adobe llustrator. Podemos trabalhar com pontos, curvas, linhas e formas mais complexas, com a possibilidade de aplicação de cor. A letra pode ser trabalhada de duas formas: ser desenhada totalmente com vectores, ponto a ponto, linha a linha ou transformar um tipo de letra já existente, através da alteração de todos os pontos noutra criação. 4.1.1.2 Aviary Vector (PHOENIX) PHOENIX é um editor de imagem que trabalha por layers (camadas), muito semelhante ao Photoshop. É possível editar e manipular com facilidade imagens com a utilização de diversas ferramentas. Neste trabalho utilizámos a imagem para o total preenchimento da letra. 4.1.1.3 Fontstruct Permite a criação online de diferentes tipos de fontes, com diferentes ferramentas, podendo a letra ser trabalhada por pixel. É constituído por uma grelha quadricular onde se desenha pixel a pixel até a letra estar concluída.
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Posteriormente, faz-se o download de cada letra criada e instala-se no computador, ficando disponível em qualquer programa. Este software estimula a memória visual e o pensamento abstracto, indispensáveis na aprendizagem da geometria, através do exercício indutivo de idealizar uma letra e “peça” a “peça” construindo o seu todo. Além da construção da letra é igualmente interessante a sua ampliação, obrigando a novas conjugações de “peças” para a obtenção do mesmo resultado formal.
Figura 5 - Imagem do software Aviary Vector (Raven)
Figura 6 - Imagem do software Aviary Imagem (Phoenix)
Figura 7 - Imagem do software Fontstruct
4.1.1.4 Robotype O Robotype permite a realização de composições gráficas a partir de caracteres tipográficos (letras, símbolos de pontuação e números). Há a possibilidade de aumentar ou diminuir os caracteres, rodá-los e a partir daí iniciar a construção pretendida. Neste caso, utilizámos este site com o objectivo de construirmos a letra A a partir dos caracteres existentes. 4.1.1.5 Fontpark O Fontpark é um site de animação que permite a criação de desenhos animados a partir do alfabeto japonês. É possível aplicar outras letras ou símbolos e utilizá-las na criação de diferentes desenhos. Neste caso foram utilizadas as letras existentes nesta aplicação, com o objectivo de criar diferentes tipos de A, para aplicação no trabalho. 4.1.1.6 Fontcapture O Fontcapture permite a criação de fontes personalizadas de forma muito rápida e fácil, possibilitando aos alunos uma criação diversificada e criativa. Através do download de uma matriz (suporte para a nossa letra) digitalizamos e fazemos o upload do documento no programa e é gerado um ficheiro que nos permite instalar no computador o tipo de letra criado, podendo ser utilizado noutros programas. 5. CONCLUSÕES No decorrer deste estudo foi possível explorar uma grande variedade de programas informáticos de fácil acesso e utilização gratuita direccionados para a criação de letras. A utilização intuitiva das ferramentas e os resultados atractivos constituem factores de interesse para os alunos. Deste modo, os utilizadores criam as suas próprias fontes, algumas passíveis de serem gravadas e utilizadas posteriormente (concretamente no caso dos programas Fontcapture e Fontstruct), e outras de serem manipuladas (programas Aviary Vector, Fontpark e Robotype). Esta proposta permitirá fomentar a criatividade e a sensibilidade estética dos alunos, assim como 86
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dar a conhecer e experienciar diferentes conceitos, técnicas, ferramentas e materiais inovadores. Os diferentes tipos de letras criados, poderão ser utilizados na concepção de cartazes, na identificação da capa pessoal, na concepção de uma intervenção artística que inclua a mensagem ou o símbolo ou na execução de um painel na escola, entre outros.
Figura 8 - Imagem do software Robotype
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DGEBS. (1991b). Programa de Educação Visual: Plano de Organização do Ensino – Aprendizagem. Vol. II. Lisboa: Ministério da Educação. SAMARA, Timothy; BOTTMANN, Denise; (2007). GridConstrução e desconstrução, Cosac naify Edições FIELL, Peter, CHARLOTTE, (2001). Graphic Design Now. Taschen. Web: www.aviary.com www.fontsruct.fontshop.com www.robotype.net www.fontcapture.com www.fontpark.net
Figura 9 - Imagem do software Fontpark
Figura 10 - Imagem do software Fontcapture
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7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA DGEBS. (1991a). Programa de Educação Visual: Plano de Organização do Ensino – Aprendizagem. Vol.I. Lisboa: Ministério da Educação. FRIEDL, Friedrich; OH, Nicolans; STEIN, Bernand, (1998). When Who How Typography. Könemann – Editora DONDIS D.A.,(2000), La sintaxis de la imagen, GG,Diseño. ALMEIDA, Helena; CASTRO, Lurdes; JOTTA, Ana; PAIXÃO, Pedro, (2000). A indisciplina do desenho. Ministerio da Cultura: Instituto de Arte Contemporânea. MUNARI, Bruno, (1995). Design e Comunicação Visual. Arte & Comunicação: Edições 70
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A MARIONETA, PERSONAGEM CHEIA DE MAGIA Iva Neves ivamonica@gmail.com Maria José Alves mariajosealves@gmail.com Marta Sousa marta.b.sousa@hotmail.com Mónica Mendes monica2ster@gmail.com Pilar Carvalho carvpilar@hotmail.com
Resumo: O presente artigo insere-se na proposta de trabalho de grupo da Unidade Curricular da Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica, da Escola Superior de Educação do Porto. Tem como propósito a apresentação dum conjunto de recursos didáctico-pedagógicos sobre o tema Marionetas, permitindo abordagens diversas em contexto de sala de aula, para a disciplina de EVT, no 2ºCiclo do Ensino Básico. Palavras-Chave: Animação, Construções, Educação Visual e Tecnológica, Marionetas, Recursos educativos. Abstract: This article falls in the work proposal for curricular unit Oficina de Recursos e Apoio Pedagógico from MsC of Visual Arts and Technologies Education at Escola Superior de Educação do Porto. As starting point it considers the content Puppet and hereby it presents a didacticpedagogic feature to be used by teachers and/or students in educational contexts on Visual Arts and Technologies Education classes. In this way, multiple features have been developed for application in Visual Arts and Technologies Education classes. Keywords: Animation, Constructions, Visual Arts and Technologies Education, Puppets, Educative Resources. 1. Introdução “Muitas vezes se tem debatido o lugar e a forma como a arte deve ser inserida e ensinada na escola. O principal problema tem sido encontrar programas e métodos que conciliem as actividades ligadas a conceitos como “imaginação” e “lógi¬ca”, “criativo” e didáctico”, “estético” e “utilitário”. É pois útil que o educador desenvolva actividades lúdicas, inserin¬do nelas parâmetros que conduzam ao desenvolvimento da criança.”(Ribeiro, 2008, p.7). De uma forma transversal, o teatro de marionetas cumpre, globalmente, estes princípios, implicando diversas “artes”. Em contexto educativo, traduz-se em práticas que envolvem os alunos em diferentes dinâmicas de aprendizagem, percorrendo os caminhos do imaginário infantil. No âmbito da Educação Visual e Tecnológica, essa aprendizagem centrase, essencialmente, no campo da construção e manipulação das marionetas. 88
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Por parte do professor o caminho seguido é, ainda, muito tradicionalista, com recurso a modelos “gastos”e pouco apelativos, contrariando o percurso de inovação que o teatro de marionetas institucionalizado tem vindo a seguir. Por isso, neste trabalho, considerouse importante a reunião de recursos didáctico-pedagógicos muito diversos, desde os mais tradicionalistas, aos interactivos, como é o caso do “Animatic”, implicando professores e alunos em práticas mais motivadoras e motivantes. Assim, não se pretende apontar um caminho, mas mostrar diversas ferramentas que possibilitem diferentes percursos de ensino e aprendizagem. 2. Metodologia Para a realização deste trabalho foi feita uma análise ao programa da disciplina de EVT, ao Currículo Nacional do Ensino Básico e feita uma reflexão sobre os resultados pretendidos e indicações metodológicas. O trabalho com marionetas implica a realização de actividades ricas em aprendizagens, que podem envolver vários aspectos como a construção das marionetas, a confecção do vestuário, os mecanismos para lhes dar movimento e a sua manipulação, os cenários, complementados com o trabalho do texto e da música. Foi realizada uma pesquisa que se desenvolveu em três vertentes – recursos em suporte digital, em suporte de papel/livros e objectos (marionetas página
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“tradicionais” e construídas). A plataforma NING e o espaço nela criado constituíram fontes valiosas para a descoberta de recursos multimédia, permitindo a troca de ideias e a partilha de recursos. A primeira fase implicou a pesquisa efectuada pela exploração de recursos em suporte digital, procurando na Internet páginas e software livre, através da inserção das palavraschave. Em simultâneo, procedeu-se a uma pesquisa bibliográfica e à sua análise, assim como a conversas informais com o Director do Teatro de Marionetas do Porto, João Paulo Cardoso. Posteriormente, realizou-se a selecção dos recursos a utilizar. Houve sempre a preocupação de aferir da qualidade científica de cada recurso assim como compreender as suas potencialidades. Essa escolha revelou-se difícil, pela diversidade, variedade e qualidade encontradas. Assim, reuniu-se um amplo bloco de imagens e/ou fotografias de marionetas, diversos sites, blogs e vídeos, no âmbito da construção e manipulação, incluindo ainda, propostas pontuais de actividades, bibliografia e filmes a utilizar em contexto de sala de aula. Tem-se como objectivo que estes recursos possam ser auxiliares da actividade do professor, constituindo, também, recursos a ser utilizados pelos alunos. 3. Enquadramento Teórico 3.1 – Marionetas: Contextualização histórica O teatro de marionetas é uma forma de teatro artificial e complicada, mas que consegue ser atraente em quase todo o mundo. Pode mesmo dizer-se que é a forma mais antiga de teatro e que dele surgiu a arte dramática. Ainda que seja pouco provável que todas as formas dramáticas da humanidade tenham sido directamente inspiradas pelo teatro de marionetas, é comummente aceite que desde os tempos mais remotos o teatro de marionetas e o teatro humano se desenvolveram lado a lado, e que muito provavelmente um influenciou o outro. Não sendo totalmente conhecida a verdadeira origem e evolução das marionetas é longa e rica a sua história, pois sur-
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Figura 1 - Faustino Duarte e seus colaboradores
giram em épocas e povos diferentes, não tendo necessariamente elos de ligação entre si. Enquanto no Oriente a marioneta se encontra ligada ao teatro sagrado, caracterizando-se pelo sobrenatural e estabelecendo a relação do Homem com o divino, na cultura do Ocidente as marionetas estão associadas ao teatro de bonecos ou de fantoches. Ao que tudo indica, o teatro de marionetas existiu em quase todas as civilizações e em quase todas as épocas. Na Europa, há registos escritos que remontam ao século V a.C. Na China, na Índia, em Java e em muitas outras partes do Oriente, o teatro de marionetas tem uma tradição antiga sendo impossível determinar a sua origem. Pode, no entanto, afirmar-se que surgiu antes do teatro de representação humana, antes do teatro escrito, ou melhor, surgiu mesmo antes da própria escrita. Textos muito antigos revelam a existência no Egipto de pequenos bonecos articulados, com pequenas cabeças de marfim que simbolizam Deuses. Após terem passado do Egipto para a Grécia, os fantoches surgem em Roma, onde não tiveram um carácter sagrado. Aí serviam de distracção e crítica. Foram, por isso, causa de perseguições, originando, mesmo, prisões e o desterro de muitos fantocheiros. A chegada do teatro de bonecos a Portugal deverá ter acontecido ainda antes do século XVI, pois no século XVI e XVII os “Presépios” e “Bonifrates” eram divertimento popular frequente. No que se refere ao panorama histórico Português, podemos destacar alguns marionetistas, nomeadamente: Faustino Duarte Faustino Duarte fez parte de uma das mais importantes gerações de marionetistas portugueses. Aprendeu a sua ciência com um lendário marionetista, Joaquim Pinto (o antigo), do qual não resta nenhum documento. Joaquim Pinto Nasceu em 1899 e tomou o nome do antigo mestre de seu pai. Trabalhou até finais dos anos 50, tendo falecido em 1968. Era o marionetista que melhor conhecia o reportório tradicional dos bonecos de feira, transmitido oralmente de geração para geração, e representava no seu pavilhão 4 sessões contínuas diárias na altura das feiras.
Figura 2 - Um fantoche de Joaquim Pinto
Henrique Duarte Outro dos filhos de Faustino Duarte, costumava dizer que trabalhar sozinho dentro de uma barraca de fantoches obrigava a um esforço de cuja violência o público nunca se apercebia. Referia, igualmente, que muitas 90
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alturas havia em que segurava 2 bonifrates numa mão enquanto com a outra manipulava um boneco que volteava um pau. Nesta difícil tarefa havia que manter sempre húmida a fita de nastro que envolvia a palheta metálica que punha na boca. E, em jeito de graça, rematava: “para isso, somos obrigados a evitar o vinho, as sardinhas, as azeitonas...”.
Figura 3 - Henrique Duarte e os seus fantoches
Manuel Rosado O Pavilhão de Manuel Rosado chamava-se Pavilhão Mexicano e nele representava reportório que era seu e, ao mesmo tempo, tradicional, como a Carolina na ponta da unha e esqueleto, a expulsão dos jesuítas, a Rosa e os 3 namorados, o Milagre de Santa Isabel... Henrique Delgado e Henrique Trindade Henrique Delgado (1938-71) desenvolveu um valioso trabalho que permitiu o estudo da marioneta portuguesa. Através da sua investigação, descobre-se a actividade dos fantocheiros populares, a sua importância, decadência e o seu quase posterior desaparecimento. Henrique Delgado esteve também ligado à produção de espectáculos através do Teatro Robertoscope, juntamente com Henrique Trindade, fundador deste Teatro pertencente à Companhia das Águas de Lisboa, e do Teatro Lilipute, para os quais construiu marionetas, cenários e encenou peças para o teatro infantil.
Figura 4 - carolina na ponta da unha página
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3.2 A Marioneta em Educação Visual e Tecnológica Antes de mais, importa enquadrar a Marioneta no contexto teatral, salientando as condições privilegiadas para constituir a transversalidade perfeita de várias artes. “O teatro de marionetas é, por natureza, um teatro imagético, com uma dimensão poética, não naturalista, instaurando nas convenções da cena o tal ‘artificialismo consciente’. Por definição, está na fronteira de diversos universos artísticos. E por isso revela uma capacidade, como nenhuma outra forma dramática, de incorporar e transformar, com poderosa eficácia, as novas linguagens cénicas, os novos modelos visuais, os novos sentires de um mundo pós-moderno” (Cardoso, 2006, p.7).
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Figura 5 - Programa do Teatro Lilipute
“O teatro de marionetas existe como uma forma artística radicalmente nova e recheada de desafios: nova não no sentido de uma novidade desconhecida, mas no sentido de uma verdade por desconhecer que estava ali o tempo todo, mas era tão comum que não poderia ser vista por aquilo que era. Radical no sentido não só de se afastar de conceitos estabelecidos, mas também porque, tendo conseguido um alargamento do coração, permitiu uma maior inclusão de mais arte antiga e moderna na antiga arte das marionetas” (Schumann 2003, p.42). Neste sentido, o teatro de marionetas tem adquirido uma crescente importância como forma artística actual, transversal, renovada e inovadora, sendo cada vez mais comum a sua divulgação na televisão, no cinema, na web, em festivais e, também, em meio escolar. Esta importância revela-se na escola, essencialmente pela transversalidade das aprendizagens que o trabalho com marionetas implica. “O Teatro de Fantoches e de Marionetas é uma actividade rica em aprendizagens e que pode envolver vários aspectos como a elaboração dos bonecos, a confecção do vestuário, mecanismos para lhes dar movimento, o texto, a música, os cenários.” (DGEBS 1991b, p.30). A marioneta enquadra-se perfeitamente no contexto da Educação Visual e Tecnológica, pois esta “parte da realidade prática para o conhecimento teórico, numa perspectiva de integração do trabalho manual e do trabalho intelectual, e que não pretende fazer formação artística nem formação técnica, porque se situa deliberadamente na intersecção desses dois campos da actividade humana.” (DGEBS, 1991a, p.196). Poderemos até afirmar que o teatro de marionetas é das formas mais completas de cumprir as competências previstas no currículo. No campo da Educação Visual e Tecnológica a marioneta é vista, essencialmente, como um recurso educativo. Trabalha-se no campo da sua construção e manipulação. As técnicas são diversas, mas a aprendizagem focaliza-se em construções com formas e estruturas simples, dada a faixa etária dos alunos do 2º ciclo do Ensino Básico. As Áreas de Exploração e os Conteúdos abordados são muito diversos: Animação, Construções, Desenho, Mecanismos, Comunicação, Espaço, Estrutura, Forma, Luz/cor, Material, Movimento e Trabalho. A seriação de recursos apresentada, neste trabalho, permite múltiplas explorações em EVT, em unidades de trabalho muito diversas. Estes recursos poderão funcionar como motivação, exemplificação, abordagem das técnicas de construção e manipulação mais ou menos aprofundadas e respectivos tipos de materiais a utilizar, apontando para caminhos diversificados no campo das áreas de exploração e conteúdos a tratar. 92
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Neste contexto, cada professor deverá traçar a sua estratégia de utilização dos recursos, de acordo com os objectivos pretendidos e as temáticas a abordar. Esta aprendizagem envolve, sempre, a interdisciplinaridade, implicando os vários intervenientes na realização de projectos conjuntos. Constrói-se, assim, uma realidade com significado, contribuindo para a formação pessoal, social e cultural do aluno.
4.1.1. Power Point com Imagens de Construções Este recurso apresenta-se sobre a forma de Power Point e mostra um conjunto de imagens sobre construção de marionetas. Permite observar, analisar e reflectir sobre um conjunto de elementos estéticos e abordar vários conteúdos artísticos. As apresentações, que caracterizam este recurso, encontramse em anexo a este artigo.
4. Recursos Educativos Os recursos apresentados foram seleccionados tendo em conta as suas características pedagógicas. Pretendeu-se facilitar aos professores a exploração deste tema, agrupando-os de acordo com as suas características e o suporte em que se encontram. Para contextualizar os recursos fez-se uma breve descrição dos mesmos.
http://www.youtube.com/watch?v=ErT1EBNbHCMhttp:// www.youtube.com/watch?v=nwII438ckIs http://www.youtube.com/watch?v=4k2kqJF1TAg h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m / v i e w _ p l a y l i s t ? p=D3DC1A33A8B7F1C9 http://www.youtube.com/watch?v=XDNMxL6SDh8 http://www.youtube.com/watch?v=6X7QjWtyM-8 http://www.youtube.com/watch?v=a_BUTAm0I9A http://www.youtube.com/watch?v=Z5aD4VS6Ktk http://www.youtube.com/watch?v=mZQmNhgaq2k http://www.youtube.com/watch?v=fyDMTtjSF9c http://www.youtube.com/watch?v=HXkm7gvIO-M http://www.youtube.com/watch?v=kkHar99AISw http://www.youtube.com/watch?v=KzDVPGI_69o http://www.youtube.com/watch?v=8qo-6hSjcLU http://www.youtube.com/watch?v=beJGXKDClas http://www.youtube.com/watch?v=HXkm7gvIO-M http://www.youtube.com/watch?v=kkHar99AISw http://www.youtube.com/watch?v=GoNtsJuR9Lo http://www.youtube.com/watch?v=CF5JUbf1xT4 http://www.youtube.com/watch?v=C_FF94AuHPE
4.1 Banco de Imagens A imagem é uma visão. As imagens foram seleccionadas com o intuito de serem utilizadas em contexto escolar, no domínio da disciplina de Educação Visual e Tecnológica. A sua apresentação é constituída por uma ampla selecção de imagens, com exemplos de marionetas e diferentes construções, de possível execução na sala de aula. O banco de imagens, que caracterizam este recurso, encontra-se em anexo a este artigo.
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4.2. Recursos da Web Construção de marionetas Vídeos relativos à construção dos vários tipos de marionetas.
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S.A. Marionetas Recurso que tem como objectivo promover e divulgar o Teatro de Marionetas – Teatro e Bonecos. Nessa perspectiva, o seu trabalho pode-se dividir em duas vertentes principais: a investigação e a procura de novas soluções estéticas para o Teatro de Marionetas por um lado, e por outro, a preservação da tradição popular portuguesa através da pesquisa e continuidade na realização do Teatro D. Roberto. Esta hiperligação http://www.samarionetas.com/ apresenta uma vasta selecção de imagens, anuncia alguns espectáculos, e vários vídeos com projectos de TV e Web com construções de marionetas e manipulação. Poderá ser interessante explorar as imagens captadas para abordar o tema, marionetas. Teatro de Marionetas do Porto Este recurso que tem como objectivo promover e divulgar o Teatro de Marionetas do Porto. Este centra a sua actividade na criação de espectáculos que resultam da pesquisa do património popular. Desta fase, destaca-se o estudo e reconstituição da velha tradição portuguesa do teatro Dom Roberto. A prática teatral da companhia, actualmente, revela uma visão não convencional da marioneta, conceito aliás continuamente actualizado, e o entendimento do teatro de marionetas como uma linguagem poética e imagética evocativa da contemporaneidade. Encontra-se em http://www.marionetasdoporto.pt/ novas formas de concepção das marionetas, no que diz respeito à interpretação da linguagem teatral e à relação transversal com outras áreas de expressão como a dança, as artes plásticas, a música e a imagem. Exibe ainda uma galeria de imagens e manipulação. Marionetas de Praga Recurso muito interessante para exemplificação das etapas a seguir na construção de marionetas. Este recurso pedagógico está disponível em: http://www.puppetsinprague.eu/shop.html e contém a historia da marioneta. Núcleo de Marionetas O objectivo deste recurso é promover e divulgar o Núcleo de Marionetas. Pretende-se defender a construção e a manipulação de marionetas como actividades promotoras do desenvolvimento motor e emocional da criança, facilitando a expressão de emoções. 94
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Esta hiperligação Erro! A referência da hiperligação não é válida. pode servir de motivação ao tema Marionetas. Faz uma distinção entre os diferentes tipos de marionetas, a Marioneta de Luva, a de Vara, as de Sombras, as de Fios e as de manipulação directa. Contém ainda uma ampla galeria de imagens, algumas de marionetas construídas por alunos. Espaço das Marionetas / Teatro de Marionetas em Portugal Pretende-se com estes recursos divulgar os marionetistas portugueses e instituições de marionetas. Estas hiperligações http://marionetasanorte.blogspot.com/ http://marionetasportugal.blogspot.com/ divulgam uma excelente selecção de vídeos com construções de marionetas. Apresenta uma ampla galeria de imagens, e hiperligações a outros sites de interesse. Poderá ser interessante explorar as imagens captadas para abordar o tema, marionetas. Métodos de Construção de Marionetas O recurso que nos remete à seguinte hiperligação http://www. bimp.uconn.edu/libraryhowto_rodpuppets.htm apresentanos métodos de construção de marionetas de vara. Exemplifica toda a sua execução. Juan José e Suas Marionetas O recurso às novas tecnologias permite um leque de possibilidades técnicas e expressivas com a mais valia de visualizar, num curto espaço de tempo, o produto final. Este recurso encontra-se na hiperligação seguinte http://juanjoseysusmarionetas.blogspot.com/2008/07/galeria.html leva-nos ao site do marionetista Juan José Vargas, que se preocupa em estar sempre actualizado em todas as formas possíveis de construção e manipulação de marionetas. Neste site procura mostrar, as formas mais simplificadas de criação de marionetas de fios, passo a passo, com materiais tais como paus de vassoura, papel e pedaços de resíduos de madeira. Também podemos encontrar hiperligações para outros sites que ilustram as marionetas de maneira diferente.
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Museu da Marioneta A hiperligação a este site: h t t p : / / w w w. m u s e u d a m a r i o n e t a . e g e a c . p t / D e s k t o p D e f a u l t . aspx?tabindex=3&tabid=9, entre outras ligações, possui a história da marioneta, que terá surgido antes do séc. XVI, e pode ser usada na motivação ao tema da marioneta. Titerenet O recurso às novas tecnologias permite-nos visualizar, num curto espaço de tempo, o produto final e o acesso a este site http://www.titerenet.com/, é prova disso. Entre outras informações, possui um extenso manual de instruções detalhadas para construir uma marioneta e vídeos. Royal de Luxe Royal de Luxe é uma extraordinária companhia de teatro de rua. Nos últimos doze anos, criaram uma série de espectáculos que envolvem marionetas gigantes com 11 ou 12 metros de altura. São espectáculos simples. O animal ou o gigante chega à cidade e vive a sua vida. Acontecem interacções extraordinárias entre os transeuntes e as marionetas. The Sultan’s Elephant é o quinto de uma série de peças gigantes, sendo os outros Le Géant tombé du ciel, Le géant tombé du ciel viagem: dernier, Retour d’Afrique e Les Chasseurs de girafes. Trata-se de um recurso com muito interesse pedagógico. É ideal para usar como motivação, pois estimula a imaginação dos alunos. A hiperligação a este recurso pedagógico é: http://www.thesultanselephant.com/about/royaldeluxe.php Animatic Excelente software que se encontra em http://www.grifu.com/animatic/ index_pt.html. Possui uma interface simples de utilizar, por isso, é adequado aos alunos do ensino básico. É um recurso de interesse pedagógico que permite animar bonecos articulados em tempo real. O Animatic é um sistema de marionetas virtuais com enfoque na arte da manipulação, recorrendo a múltiplos meios de interacção como forma de recriar os vários estilos de marionetas, nomeadamente as marionetas de fios e de manipulação directa. Os objectivos deste projecto são: Demonstrar as potencialidades da animação em tempo real baseada em interfaces de interacção diversificadas; As possibilidades de aplicação das marionetas virtuais em áreas distintas, nomeadamente na educação, nas artes 96
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performativas, em programas de televisão e até mesmo no cinema de animação. 4.3. Livros auxiliares A apresentação de livros como recursos, permite uma abordagem diferenciada das anteriores, pois perspectiva a diversidade de várias correntes artísticas, no sentido da sua valorização e da sua adequação ao programa de Educação Visual e Tecnológica. THE COMPLETE BOOK OF PUPPET THEATRE, de David Currell Este recurso é dos livros mais completos e mais abrangentes para quem pretende realizar marionetas. Apresenta todas as informações necessárias na “arte” da marioneta, com uma excelente selecção de fotografias. Envolve uma riqueza de informações e ideias novas, desde a natureza, à história e ao cenário actual do Teatro de Marioneta em todo o mundo. Descreve a importância da marioneta na educação e educação especial. Detalha, passo-a-passo, instruções sobre a concepção e construção de marionetas instantâneas, luva e fantoches, marionetas vara, marionetas e bonecos de sombra, com os mais recentes desenvolvimentos em materiais e métodos. Pormenoriza o controlo e manipulação de todos estes tipos de marionetas. Apresenta também uma vasta gama de técnicas conexas, incluindo brinquedos, máscaras, fantoches de televisão e de animação. Contem ainda página
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uma lista de endereços mundiais de museus de marionetas e organizações e variada bibliografia. BONECOS DE SANTO ALEIXO, de Alexandre Passos Este livro é sem dúvida um bom recurso de apoio a um professor que pretende tratar a Marioneta Portuguesa. Faz uma abordagem cronológica da Marioneta em Portugal, nos séculos XVI a XVIII e a sua influencia nos Títeres Alentejanos, após alguns conceitos sobre marionetas em geral e seus públicos. Retrata também a história e a técnica dos bonecos de Santo Aleixo. Inclui um capítulo, como anexo, onde são abordadas técnicas de manipulação, os materiais utilizados e os modos de construção das marionetas, as maneiras de elaboração dos espectáculos e repertórios. MARIONETTEN, Ingeborg Becker Excelente recurso, objectivo e prático, para a construção e manipulação de marionetas, apresentando várias imagens/ fotografias de construção. Este pequeno livro descreve as ferramentas, os materiais, as peças de madeira, os pedaços de feltro, tecido e couro, necessários à construção. Mostra toda a construção, através de imagens, da marioneta, desde a forma da cabeça, o rosto e sua pintura, as peças de suporte (pernas, braços e tronco), a construção do vestuário, à manipulação. DAS KLEINE WELTTHEATER, Gottfried Kraus Óptimo recurso para tirar ideias de imagem de marionetas. GUIA COMPLETO SOBRE TRABALHOS MANUAIS ARTÍSTICOS, Edição Lisma. Este livro apresenta vários projectos de trabalhos manuais, inclusive sobre variadíssimas construções de marionetas. Inclui fotografias de todos os passos a dar para a execução dos projectos, com explicações claras e fáceis de seguir e moldes. Fornece dicas sobre as técnicas mencionadas, bem como conselhos sobre o equipamento e o material necessários.
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Enciclopédia Mundial DES ARTS DE LA MARIONNETTE, Éditions L’Entretemps. Esta enciclopédia constitui um excelente recurso no âmbito das “artes” das marionetas. 5. Conclusão O conjunto de recursos aqui apresentados e toda a pesquisa que foi elaborada, implicaram muitas horas de trabalho. Permitiram perspectivar o teatro de marionetas em vários sentidos, mais diversificados, renovados e actuais. Em Educação Visual e Tecnológica, os percursos são infindáveis, dado que estamos na era digital. O leque de abordagens implica, agora, o uso das TIC, que conjugado com os métodos tradicionais, possibilitam a construção e manipulação de marionetas de múltiplas formas. Professores e alunos podem, assim, “acompanhar os tempos”, sendo companheiros na aprendizagem, que se pretende global, multidisciplinar e sempre actual. A Marioneta cumpre, assim, o seu papel. Sendo um dos recursos mais “tradicionais”, recria-se todos os dias, de todas as formas, transparecendo nas mais variadas “artes” e em contextos muito diversos. É uma personagem cheia de magia. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cardoso, João Paulo Seara (2006). Teatro de Marionetas: Tradição e Modernidade. In Cenas Suspensas: Teatro de Marionetas do Porto, Catálogo apresentado na 19ª Edição do FITEI. Porto: Campo das Letras, 7-11. DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essênciais, Lisboa: Ministério da Educação DGEBS (1991a). Organização Curricular e Programas do 2º Ciclo do Ensino Básico. Vol. I. Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II. Lisboa: Ministério da Educação. DIAS, Manuel (1998). Construção de Marionetas. Braga: Teatro Escola Teatro Edições. Escola EB1/JI Vasco da gama (n.d.). O Museu da Marioneta. online Dis98
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ponível em: http://www.ebi-vasco-gama.rcts.pt/MuseuMarioneta.html Ribeiro, Carla; Domingos, Manuel; Nogueira, Sérgio (2008). A Educação pela Arte e Artes na Educação, À Noite o Céu é Diferente: um exemplo, INFORMAR, Revista da Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica, 25, 4-13. Schumann, Peter (2003). The Radicality of Puppet Theatre [1991]. In Joel Schechter (ed.), Popular Theatre: A Sourcebook, London and New York, Routledge, 41-48.
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Recuperação e Manutenção de Espaços Escolares em E.V.T. Daniela Teixeira danielateixeira78@gmail.com
Resumo: O presente artigo apresenta-se como trabalho final da Unidade Curricular de Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico, no âmbito do Mestrado em Ensino da Educação Visual e Tecnológica, da Escola Superior de Educação do Porto, e reflecte uma investigação sobre a área de exploração – intervenção na recuperação e manutenção de equipamento em espaços escolares. O projecto integrado na E.B. 2/3 de Briteiros, em Guimarães, surgiu com o propósito de criar efectivamente um espaço de biblioteca na escola, em substituição ao cantinho de leitura existente, em articulação com as actividades desenvolvidas no âmbito do Plano Nacional de Leitura e o programa da rede de bibliotecas escolares, sendo que uma das medidas é a de assegurar a existência de uma biblioteca ou de um serviço de biblioteca em todas as escolas. Tratou-se pois, de requalificar e modernizar o espaço de biblioteca, de forma a potenciar as condições à concretização de uma cultura de aprendizagem alargada, facilitando a divulgação do conhecimento e aquisição de competências. Palavras-chave: Recuperação e manutenção de equipamentos, intervenção artística, reaproveitamento de materiais, aprendizagem significativa. Abstract: The present article comes as final work of the unit of credit of the Workshop of Resources of Pedagogic Support, in the extent of the Master’s degree in Teaching of the Visual and Technological Education of Porto, and reflect an investigation on the exploration area - intervention in the recovery and equipment maintenance in school spaces. The project integrated in the E.B. 2/3 of Briteiros, in Guimarães, it appeared with the purpose of creating a real library space in the school, in substitution to the corner of existent reading, in articulation with the activities developed in the extent of the National Plan of Reading and the program of the net measures, wish is the one of assuring the existence of a library or of a library service in all of the schools. It had the objective, of re-qualification and to modernize the library space, in way to potency the conditions to the materialization of a culture of enlarged learning, facilitating the popularization of knowledge and acquisition of competences. Keywords: Recovery and maintenance of equipments, artistic interven100
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tion, material r exploitation, significant learning. 1. INTRODUÇÃO Algumas das escolas mais antigas do País tem hoje cerca de 100 anos, outras já contam com meio século ou mais, e muitas outras, mais recentes, a terminar o seu ciclo de vida. Todas têm em comum graves problemas de conservação e manutenção e o facto de não estarem preparadas para o futuro. A escola E.B. 2/3 de Briteiros não é excepção, e como a maioria dos edifícios escolares apresenta também sinais vários de degradação física e ambiental e de obsolescência funcional, resultantes do desgaste material a que esta tem sido sujeita, da alteração das condições de uso iniciais, decorrente por exemplo, da evolução dos currículos bem como da sobre-ocupação. Por este motivo, esta intervenção surgiu de um esforço desenvolvido a nível escolar, para a correcção e introdução de melhorias funcionais na escola através de processos efectivos de requalificação do espaço dedicado ao serviço de biblioteca. A degradação e obsolescência, o desconforto e as soluções improvisadas, marcaram esta escola que tem feito milagres para disfarçar as dificuldades. Sabemos hoje que não são apenas as más condições do espaço físico e do equipamento que explicam o insucesso escolar, e o quão importante pode ser a socialização dos jovens em espaços públicos qualificados que página
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integram, que motivam, que exigem, que apelam à participação, ao envolvimento e à responsabilização cívica da sua manutenção. Posto isto, propus-me em contexto da aula de E.V.T., a requalificar a escola de acordo com modelos pedagógicos inovadores, em particular na concepção e organização dos espaços e equipamentos, envolvendo e responsabilizando a direcção da escola e a comunidade educativa, tanto no projecto como no acompanhamento da intervenção. Paralelamente a esta abordagem, a intenção foi acompanhada da análise das características dos diversos tipos de aprendizagem que se produzem especificamente no contexto escolar a partir da sua potencialidade para construir conhecimentos com significado para os alunos. “As artes são elementos indispensáveis no desenvolvimento da expressão pessoal, social e cultural do aluno. São formas de saber que articulam imaginação, razão e emoção. Elas perpassam as vidas das pessoas, trazendo novas perspectivas, formas e densidades ao ambiente e à sociedade em que se vive.” (DEB, 2001, p.149) 2. METODOLOGIA O desenvolvimento da presente intervenção valorizou, sobretudo, a exploração de um problema com significado para os alunos da turma e à chegada da solução para os mesmos, através da recolha e tratamento de informação num processo que visou a protecção do espaço escolar, num quadro de rigor ético e interdisciplinar, que permitiu a transferência de saberes. Ou seja, os saberes escolares resultaram, em modos próprios, na reconstrução dos saberes – implicando processos como os de simplificação, decomposição, ilustração, repetição e verificação sistemática – para que o processo se tornasse mais facilmente assimilável pelos alunos e para que favorecesse um clima pedagógico mais propício ao labor transmissivo. Foi realizada uma pesquisa alargada com base nas indicações programáticas do Ministério da Educação, seguida de uma análise cuidada e de uma selecção da informação recolhida, tendo em vista a selecção do conjunto de recursos a aplicar, com base na ideia de desconstruir a complexidade do tema e de o tornar próximo à realidade dos alunos. “No ano lectivo de 1996/97, o Ministério da Educação, atra-
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vés do Departamento da Educação Básica, lançou o projecto de reflexão participada sobre os currículos do ensino básico, com o propósito de contribuir para a construção de uma escola mais humana e inteligente, tendo em vista a formação e o desenvolvimento integral de todos os seus alunos e a promoção de aprendizagens realmente significativas.” (Decreto-Lei 6/2001)
Figura 1 - Cantinho da leitura antes da intervenção
3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO A intenção na intervenção da recuperação e manutenção do equipamento respeitante ao espaço de biblioteca foi acompanhada do oferecer ideias e ferramentas que pudessem ajudar com maior eficácia a aprender, a criar e a empregar o conhecimento, levando em conta três formas de aprendizagem do saber: a aquisição de conhecimentos pelos alunos intervenientes (aprendizagem cognitiva), a modificação das emoções e dos sentimentos dos mesmos (aprendizagem afectiva) e a melhoria da actuação ou das acções físicas ou motoras (aprendizagem psicomotora), que incrementou a capacidade dos alunos para entender a experiência. “A chave da aprendizagem significativa encontra-se, portanto, na medida em que se produz uma interacção entre os novos conteúdos simbolicamente expressos e alguns aspectos relevantes da estrutura de conhecimento que o aluno já possui com um conceito ou uma proposição que já seja significativo para ele, que esteja definido de forma clara e estável em sua estrutura cognitiva que é adequado para interagir com a nova informação.” (Cool, 2004, p.63) Para o efeito, optei pela leitura do livro “O menino eterno” de José Jorge Letria (eleito pelo Plano Nacional de Leitura para o ano lectivo de 2009/2010), enquanto eixo do projecto e recurso pedagógico, e pelo facto de este constituir um meio por excelência no criar de condições para continuar a promover uma articulação curricular, proporcionando aos alunos um currículo equilibrado, integrado, coerente e relevante, capaz de induzir aprendizagens construtivas, significativas e reflexivas. Esta articulação está vigente “no plano das medidas de política educativa, entre as actividades desenvolvidas no âmbito do Plano Nacional de Leitura e a formação de professores, e o programa da rede de bibliotecas escolares – cuja conclusão assegurou a existência de uma biblioteca ou de um serviço de biblioteca em todas as escolas.” (Alçada, 2009, p.9) 4. PERSPECTIVAS EM CONTEXTO DE SALA DE AULA Dos modos de abordagem possivelmente diversos à intencionalidade da intervenção, elegi o conto enquanto desafio à mudança. 102
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Procedi pois, à leitura do livro “O menino eterno”, realizada através de quatro capítulos, sendo que apenas um capítulo era lido por aula, o que reportou os alunos ao registo de momentos de uma mesma narrativa. O conjunto das imagens resultantes da interpretação oral circunscreveuse na ordem da acção, e da absoluta alienação devido à não visualização de qualquer ilustração contida no interior do livro. E assim foi lançado o desafio à turma, residindo aqui a grande particularidade do meu projecto, que enquanto verdadeiros autores (os alunos), o sentido de participação activa constituiu um factor vital que grandemente enriqueceu a experiência que estes dela retiraram. Implicou uma afirmação plural de personalidades através de uma determinada experiência, compartilhada com outros colegas. “O trabalho prático, o uso de materiais, as actividades de natureza exploratória, experimental e investigativa — e, neste contexto, a utilização das tecnologias de informação e comunicação — desempenham um papel decisivo na aprendizagem. Deve, contudo, observar-se que a concretização deste tipo de actividades inclui a reflexão sobre o trabalho realizado e articula-se com o estudo e com a aprendizagem dos conceitos fundamentais, visto que a construção de conhecimentos e processos de pensamento estruturados faz parte integrante do que a escola tem por função e está em condições privilegiadas página
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para promover.” (Decreto-Lei 6/2001) 4.1 Chaves activas do conto: desenho Durante a maior parte da história do homem, a vida intelectual do adolescente (além das experiências mais imediatas no seio da família) dependia de histórias míticas ou religiosas e de contos de fadas. Esta literatura tradicional alimentava a imaginação do adolescente e estimulava a sua fantasia. Simultaneamente, uma vez que estas histórias respondiam às perguntas mais importantes destes, constituíam o principal agente da sua socialização. ”Com a dimensão da aprendizagem em colaboração, penso que actividades que consciencializem os alunos para a dimensão social da aprendizagem devem também ser fomentadas não só pelo seu valor formativo imediato, mas também pelo valor que detêm na construção do cidadão do futuro.” (Alarcão, 1996, p.185) Hoje, os livros ilustrados, tão preferidos por várias faixas etárias, não são o melhor recurso que se pode prestar aos alunos. As ilustrações distraem em vez de ajudarem e o estudo dos livros ilustrados demonstra que as gravuras desviam o processo de aprendizagem em vez de o fomentarem, porque as ilustrações afastam a imaginação dos alunos daquilo que, por si próprios, e sem ajuda, eles sentiriam graças à história. A história ilustrada perde muito do conteúdo pessoal quando os alunos lhe aplicam somente as suas próprias associações visuais. Quando a história lida afirmou que: “Levou dois dias a construir uma pequena cabana com pedras e com arbustos para se abrigar do frio, da neve e da chuva. Concluída a obra, sentou-se cá fora, sobre um tronco de árvore derrubada pelo vento, e ficou a olhar as estrelas e as nuvens espessas que, por vezes, as encobriam” (Letria, 2002, p. 20), os alunos apreenderam a sua própria visão da cena, mas cada um dos alunos ouvinte, terá formado o seu próprio quadro individual. Depois de ter sido lido o livro “O menino eterno” e de se ter deixado o conto ecoar dentro dos alunos, estes extraíram dele as chaves activas, a fim de experimentarem as suas correspondências face à ausência visual de qualquer ilustração relativa ao conto. Puderam então procurar o seu reflexo no espelho do conto, antes de abordar a execução do conto atra-
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Figura 2 - Alguns desenhos resultantes da interpretação da leitura
Figura 3 - Estudo do espaço para a integração do projecto
Figura 4 - Processos de restauro
vés da prática de certos exercícios de imaginação criativa ou de atenção consciente, que lhes permitiu prolongar a vibração mágica do conto até ao cerne do seu quotidiano. Eis por que a história ganha mais do seu sentido próprio quando as figuras e as ocorrências têm a substância dada pela imaginação dos alunos. Os pormenores, sem igual, com os quais o espírito destes retrata a história que lhes foi lida, transformam-se numa experiência muito mais pessoal. A habilidade do raciocínio emergente dos alunos foi depressa subjugada por angústias, esperanças, receios, desejos, simpatias e ódios que se entrelaçaram com o que quer que seja que estes tenham começado a pensar. O convite ao conto permitiu resumir o essencial da sua mensagem numa fórmula viva. Sugerindo “janelas” sobre o mundo do “menino eterno”, a turma baseou-se na ilustração através da interpretação oral, num processo de fragmentação e montagem para atingir um desvio da obra de José Jorge Letria - nasce aqui uma vida adivinhada por dentro. “O desenho como sintetização de informação” e “para a estruturação espacio-temporal de ideias.” (DEB, 2001, p.163) 4.2 A luta pelo sentido: como o pôr em prática O conto foi importante para ajudar a desenvolver o espaço da oralidade, mas surge o momento em que este tem de ser adaptado a um outro espaço. Surge aqui um novo desafio: após a leitura da obra e da concepção das várias ilustrações interpretativas, foi necessário conviver ao nível do imaginário paralelamente à emergência de o reconstruir num espaço real (parede previamente confinada à recepção de um resultado vigente). Porém, esta parede não se encontrava despida de obstáculos. Sendo que esta intervenção foi uma solução que adveio da necessidade de reorganizar um espaço pré-existente, os alunos tiveram que ter em conta estruturas já existentes, relacionadas com o espaço, tais como a existência de um móvel e de um lavatório, e de adaptar/integrar a sua concepção imaginária ao espaço existente, criando uma lógica de elementos existentes no conto e a realidade que se lhes apresentou. Por contraponto ao primeiro sentimento da turma, as imagens resistiram à inevitável descoberta, e mantiveram intacto um certo grau de impermeabilidade. Os alunos aperceberam-se de que era possível contornar o obstáculo da adaptabilidade do conto ao espaço já habitado por objectos por eles reconhecidos, e tirando proveito dos mesmos assumiram-nos em articulação perfeita ao conto.
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4.3 O conto enquanto desafio à mudança: restauro Tendo em conta que a insatisfação e o reconhecimento consciente da degradação física e ambiental e da obsolescência funcional deste espaço escolar, foi o que impulsionou o início deste projecto numa procura de soluções originais e diversificadas como alternativas aos problemas, deu-se início neste ponto do projecto o envolvimento à participação de todos os alunos, numa responsabilização cívica da sua conservação e manutenção como um modelo pedagógico inovador a seguir. Para isso, o projecto assentou em três vectores de intervenção: corrigir os problemas construtivos existentes no espaço em questão (consolidação da parede degradada por motivos ambientais); adequar o espaço e restaurar os equipamentos da biblioteca (armário e suporte de livros), espaço de apoio ao estudo, e de tecnologias de informação e comunicação; garantir um espaço de trabalho, como também adequado ao convívio e trabalho informal entre os alunos (reorganização do mesmo em função de critérios de luz e acessibilidade); e garantir flexibilidade e adaptabilidade do espaço à diversidade curricular e à evolução das práticas pedagógicas, de modo a maximizar a sua utilização. “A definição de competências específicas, comuns a todas as artes presentes na escola, pretende contribuir para a realização de projectos de integração artística e, ainda, para a página
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organização de actividades artísticas em espaços de enriquecimento curricular.” (DEB, 2001, p.149) 4.4 Da folha à parede: a importância da exteriorização Há um mundo, que tem a ver com a memória, e esse é reacendido neste ponto do projecto. Com o espaço já restaurado, a parede esperou a recepção dos alunos da turma enquanto protagonistas da aprendizagem, graças à sua actividade mental construtiva. Através do método da quadrícula, os alunos transferiram um projecto final (resultante das várias concepções interpretativas ao nível do desenho), para a parede designada previamente à elaboração interpretativa como espelho do conto pela imaginação da turma, num enquadramento feito pela ampliação. O enquadramento consistiu em colocar os elementos da imagem visual sobre uma superfície plana a duas dimensões e delimitada por um determinado espaço, tendo como referência a medida e a composição visual. Os alunos recuperaram e mobilizaram os seus conhecimentos prévios para atribuir significado à nova informação (a medida e a composição). Ou seja, enquanto os alunos vêem nascer uma nova dimensão do seu desenho final confinado às dimensões que a parede abarca, a concepção tornou-se mais elaborada e mais rica, em termos de significados agregados a ela. “Ocorre um processo de aprendizagem significativa, que destaca o papel do aluno. Sendo importantes as condições relativas ao material que é objecto de conhecimento, a possibilidade de atribuir-lhe significado depende da presença e da activação de conhecimentos já presentes na estrutura cognitiva do aluno. Assim, não se podem entender separadamente a lógica do material e os conhecimentos prévios; a aprendizagem significativa se produzirá na proporção em que esses dois aspectos se ajustem entre si.” (Cool, 2004, p.63) 4.5 A prática da afirmação criativa: pintura Talvez se oculte dentro da palavra, a própria imaginação. Mais do que magia: a imagem recuperada ou inventada. Porque no universo da imaginação há estranhos e ignorados ca-
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Figura 5 - Recurso à quadricula (medida e composição)
Figura 6 - Pintura
Figura 7 - Telas elaboradas através da técnica de colagem
minhos que levam a soluções para problemas reais. A atitude dos alunosprotagonistas assumiu-se num estatuto artístico aos olhos de qualquer espectador, enquanto manifestamente, eles conferiam cor ao seu produto de imaginação. Pintar é comunicar. O desenho que inicialmente serviu ao registo de acontecimentos registados através da leitura do livro “O menino eterno”, procurou aqui registar um facto consolidado, desenvolvido num meio poderoso de expressão, de emoção e sentimentos. Devido ao poder e à simplicidade do livro “O menino eterno”, a imagem resultante da interpretação oral, foi uma forma de ajudar a turma a despertar e a operar a diversos níveis da consciência. Agora, em suporte de parede, eles expressam-se em movimentos rápidos numa busca sedenta pela descoberta da pintura e sua plasticidade, da cor e sua simbologia. Os alunos “... mobilizam, através da prática, todos os saberes que o indivíduo detém num determinado momento, ajudam-no a desenvolver novos saberes e conferem novos significados aos seus conhecimentos.” (DEB, 2001, p.150) 4.6 Reaproveitamento de materiais Tendo como objectivo a realização de uma intervenção na recuperação e manutenção de equipamento num espaço escolar, o reaproveitamento e a reutilização de materiais foram uma das palavras-chave numa época onde tal é imprescindível. O lema desde o início do projecto, foi o de não deitarem nada fora sem saber se se poderia aproveitar para um outro fim. Deste modo, os alunos ficaram mais sensibilizados à recuperação de materiais e em alerta para a grande variedade de desperdícios que puderam recuperar, e efectivamente dar-lhe de novo uma forma utilitária. Com o objectivo de ultrapassar algumas dificuldades económicas e o acesso a certas matérias primas, os alunos recorreram à reutilização de materiais para elaborar, com engenho e criatividade, obras de arte que pudessem dar vida ao novo espaço. “... seja capaz de abordar o conceito de Ecoeficiência estabelecido pelo World Business Council for Sustainable Development (Conselho Mundial de Comércio pelo Desenvolvimento Sustentável) e reconhecer as potencialidades dos diferentes tipos de materiais descartados (papéis, latas, vidro, plástico, cartão), observando as funções que representam em contextos diferentes (no espaço educativo e no espaço ambiental).” cf. http://www.minedu.gov.cv/index2.php?option=com_ content&do_pdf=1&id=316 Como metodologia, foi solicitado aos alunos que enquadrassem dentro do tema desenvolvido na disciplina de Educação Visual e Tecnológica, a 106
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concepção no projecto de reaproveitamento de materiais/equipamentos no âmbito da intervenção na recuperação e manutenção de equipamento no espaço escolar – a biblioteca; a adequarem à prática lectiva o valor estético do conjunto dos materiais envolvidos na elaboração de pequenas telas para exposição nas paredes do espaço de biblioteca; e a utilizarem de uma forma responsável e diferente no processo de desenvolvimento do projecto, a reutilização de materiais de uma forma autónoma no desenvolvimento do seu próprio estilo. Esta actividade desenvolvida procurou essencialmente sensibilizar os alunos para a importância da reutilização de materiais resultantes de desperdícios, através do seu envolvimento em actividades de expressão plástica, utilizando materiais não convencionais, que, por sua vez, promoveram a preservação e o embelezamento de um dos espaços colectivos existentes na escola. A reutilização dos materiais e suas técnicas não se fez esgotar na resolução desta situação emergente, mas sim, essencialmente valorizou o valor educativo na redução de desperdícios e na reutilização de materiais e equipamentos no contexto escolar desta escola. A disciplina de Educação Visual e Tecnológica, voltou também a sua atenção para estas questões como a qualidade de vida, a preservação do meio ambiente, a sustentabilidade e diminuição do consumo, entre outras. Portanto, propus aos alunos página
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desta turma, a reflexão e expressão desta questão educativa de sensibilização ecológica através desta actividade de intervenção final, desenvolvendo ao máximo a criatividade e a exploração de materiais não usuais, colaborando à formação desta nova postura onde os alunos se aperceberam ser parte da natureza e conscientes da necessidade de uma mudança de postura diante da vida. Os alunos empenharam-se com entusiasmo e puseram à prova a sua criatividade num estímulo pela curiosidade no interesse por alternativas de trabalho que foram de encontro ao contexto de Educação Visual e Tecnológica no reaproveitamento de materiais/equipamentos. É de referir que a actividade decorreu da melhor maneira, pois os alunos participaram entusiasticamente, quer na reutilização de materiais, quer na aplicação dos mesmos de forma criativa. Aproveitaram o papel de parede que havia sobrado do restauro já realizado ao armário para exposição dos livros da biblioteca, recortaram revistas antigas e procederam à colagem de todos os elementos resultantes de desperdícios, em busca de uma composição estética e original, no âmbito do tema: a leitura. Esta iniciativa dinamizou e envolveu toda a comunidade escolar. A inauguração do espaço de biblioteca (realizada no dia quatro de Janeiro de dois mil e dez), revelou toda a riqueza do seu conteúdo pedagógico e salientou a satisfação dos alunos após concluído todo um projecto de trabalho que resultou num efeito visual bastante agradável. O balanço final desta actividade, dinamizada na disciplina de E.V.T., foi bastante positivo e o resultado está à vista!... 4.7 Tecnologias da Imagem Terminado o projecto no âmbito da recuperação, manutenção e reorganização do espaço de biblioteca, faltou aplicar a metodologia do projecto à natureza das tecnologias de informação. A educação tecnológica deve concretizar-se através do desenvolvimento e da aquisição de competências, numa sequência progressiva de aprendizagem. Esta integrou pois, saberes comuns a outras áreas curriculares e desencadeou novas situações para as quais os alunos mobilizaram, transferiram e
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Figura 8 - Tratamento gráfico dos desenhos
aplicaram os conhecimentos adquiridos gradualmente. Considerando que é importante que a escola se integre nas novas tecnologias e aprenda com elas a comunicar melhor com os alunos, fazendoos evoluir, crescer, preparando-os para as constantes transformações do mundo no qual se pretende que desempenhem um papel dinamizador e implicado, a proposta colocada aos alunos em detrimento do projecto foi a de conferir tratamento digital aos seus desenhos interpretativos e fotografias tiradas aquando da realização de todo o projecto. Começou-se por digitalizar os mesmos, seguindo-se de um tratamento gráfico individual através do programa de tratamento de imagem. “A iniciação na linguagem digital permitirá experimentar o desenho assistido por computador e tratamento de imagem na concretização gráfica.” (DEB, 2001, p.163) As actividades da turma visaram criar, incentivar, conceber, transformar, modificar, produzir, controlar e utilizar o sistema tecnológico, como acção correspondente a todo o processo de intervenção. Ao utilizarem as tecnologias de informação e comunicação na prática artística, os alunos compreenderam as formas como os diferentes elementos artísticos interagiram, e desenvolveram a capacidade de selecção e aplicação das técnicas no processo de criação artística ao nível digital. Este último incentivou por sua vez, formas personalizadas dos alunos se expressarem e se comunicarem. 5. RECURSOS EDUCATIVOS O objectivo foi o de integrar o trabalho prático e intelectual através de uma série de processos metodológicos em que o aluno foi levado a pensar/ agir mediante os problemas visuais e técnicos que lhe foram apresentados como desafios a solucionar. Deste modo, os recursos que propus passaram pela leitura, observação, constatação e pela prática com base no apreendido, sempre com o intuito de estimular a criatividade e a imaginação.
Figura 9 - “O menino eterno” de José Jorge Letria
5.1 Livro “O Menino Eterno” A análise do conto propõe um atalho atraente para o interior dos alunos, e convida-os a efectuar um verdadeiro trabalho de auto-conhecimento e de transformação. “Assegurar a realização de estudos relativos à literacia, aos hábitos e actividades de promoção da leitura, a fim de obter informação actualizada, e monitorizar a evolução.” (Alçada, 2009, p.11) Os contos são mais do que ensinamentos. São uma verdadeira iniciação, 108
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misteriosa e mágica, quase sagrada. Como todas as obras de arte tradicionais, são sóbrios em meios mas ricos em símbolos e arquétipos. Os contos são um enigma cuja resolução deve ser procurada no interior de cada aluno e não no livro em si, sendo que está destinada a desenvolver o espírito e a personalidade destes, estimulando-os e alimentando os recursos de que os alunos mais necessitam para enfrentarem os difíceis problemas interiores. Este foi o vínculo do qual a turma se serviu como chave à elaboração do seu projecto. Mas para poderem fazêlo, os alunos foram auxiliados na criação de um sentido coerente. Com base nisto, estes projectaram-se na exploração da área primordial – a intervenção na recuperação e manutenção de equipamento em espaço escolar. 5.2 Blogue “Uma janela para outro mundo”: a totalidade criativa Ao aluno coube neste ponto do projecto, uma postura activa enquanto consumidor de informação. A ele coube experimentar, compartilhar, criar e interagir para compreender. Nessa concepção, as tecnologias da comunicação assumiram uma nova organização na aprendizagem dos alunos, auxiliando à articulação de ideias e levando à reflexão sobre as práticas pedagógicas utilizadas para a superação dos obstáculos. “Dessa forma, o caminho parecia ter duas direcções: usar a tecnologia página
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para facilitar o desenvolvimento de acções mais criativas e de autoria dos próprios alunos, ou utilizá-la para fortalecer as acções de ensino, já em vigor.”. Assim, “é papel do mediador acolher, interpretar e potencializar os interesses que emergem; desafiar a comunidade a socializar e discutir experiências; propor o uso de novos recursos para desenvolver projectos conjuntos que possibilitem experiências cooperativas e colaborativas e, desta forma, auxiliar o grupo a manter um fluxo e um foco que favoreçam a reflexão sobre novas práticas pedagógicas.” (Ministério da Educação, 2005, pág.11) Propus o desenvolvimento de novas competências mediante a criação de situações de aprendizagem em que os processos de intervenção cederam lugar aos processos comunicacionais, à troca de saberes, às construções colectivo-individuais, às maneiras criativas de fazer e de interagir com os outros, ao trabalho autónomo e à coragem de enfrentar o desconhecido. A turma passou a dispor de competências que lhes permitiu compreender e participar na escolha dos resultados tecnológicos, a tomar decisões e a agir socialmente como cidadão participativo e crítico que é. Os alunos começaram por identificar os diferentes tipos de blogues existentes e a sua estética mediante informação transmitida. Seguidamente, desenvolveram a construção do seu próprio blogue (http://umajanelaparaoutromundo.blogspot.com/), visando a exposição da criatividade de todo o projecto de intervenção. “O aluno deve proceder, mediante orientação do professor, a análises formais e críticas e ao desenvolvimento de projectos, tendo como referência imagens, filmes ou produtos gráficos realizados através das diversas tecnologias.”. (DEB, 2001, p.163) Neste aspecto, as tecnologias digitais tiveram um duplo papel: propiciaram trocas em múltiplas direcções (tratamento gráfico e construção do blogue) e, ao mesmo tempo, lançaram novidades que desafiaram constantemente os alunos a analisar e explorar as possibilidades abertas por elas, alertando à tomada de consciência de que se está em um processo de aprendizagem constante e sempre inacabado. O blogue serve de instrumento de comunicação, sintonizado à criação de práticas interdisciplinares e com a busca de rela-
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ções dialógicas entre os professores e os alunos da escola.
Figura 10 - Blogue “Uma janela para o outro lado do mundo”
Figura 11 - Resultado final após intervenção
6. CONCLUSÃO “A aprendizagem dos alunos e o que ocorre na sala de aula é fruto tanto dos aportes individuais dos alunos como da dinâmica das relações sociais que se estabelecem entre os participantes, professor e alunos, no seio da classe.”. (Coll, 2004, p. 109) Esta foi uma posição inequivocamente cognitivo construtivista, na medida em que provocou mudanças duradouras na aprendizagem dos alunos desta turma. Aprenderam-se práticas pedagógicas e construiu-se, em contexto de prática reflexiva, todo um projecto de intervenção na recuperação e manutenção de equipamento de um espaço escolar indispensável ao contexto escolar – o espaço de biblioteca. “As competências artísticas contribuem para o desenvolvimento dos princípios e valores do currículo e das competências gerais, consideradas essenciais e estruturantes, porque promovem o desenvolvimento integral do indivíduo, pondo em acção capacidades afectivas, cognitivas, cinestésicas e provocando a interacção de múltiplas inteligências.”. (DEB, 2001, p.150) Este artigo é o resultado final de uma longa evolução, sendo que em cada estádio procurei, uma luta pelo sentido, adequado à forma como o espírito e a compreensão dos alunos da turma, evoluíam. “Assinale-se, por exemplo, a ideia do desenvolvimento da expressão visual, baseada num repertório de respostas, em vez de um modelo linear que tem estado patente nas teorias do desenvolvimento psicológico e artístico. A aquisição gradual de um conjunto diferenciado de respostas, a desenvolver precocemente, constitui o objectivo do conhecimento na educação visual.”. (Porfírio, 2004, p. 20) Numa primeira etapa do projecto, desenvolveu-se a parte conceptual/teórica (pensar), depois desenvolveram-se os factos e por último, desenvolveu-se a parte metodológica (fazer), numa perspectiva epistemológica da construção e conceptualização do campo, objecto e método da Educação Visual e Tecnológica. Ou seja, numa visão estruturante de um sistema de valores, o esquema conceptual de E.V.T., visou uma conduta de orientação ao desenvolvimento educativo dos três papéis essenciais à execução deste projecto: o conhecimento (“O menino eterno”), o contexto (o espaço destinado à biblioteca) e o processo (intervenção na recuperação e manutenção de equipamento do espaço destinado à biblioteca) respectivamente. 110
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“As situações de aprendizagem devem ser contextualizadas, cabendo ao professor orientar as actividades de forma a que os conteúdos a abordar surjam como facilitadores da apreensão dos códigos visuais e estéticos, decorram da dinâmica do projecto e permitam aos alunos realizar aprendizagens significativas.” (DEB, 2001, p.161) O projecto foi muito ambicioso, extenso e exigente no planeamento de calendário, mas conseguiu estabelecer inequivocamente no decorrer do mesmo, laços importantes para a dinamização cultural desta escola. 7. AGRADECIMENTOS: À professora Carina Freitas, por todo o empenho e colaboração ao longo do projecto, às professores bibliotecárias Ana Maria Silva e Isabel Alves pelo apoio prestado, e aos alunos que participaram no projecto com grande motivação: Ana Luísa, Ariana, Bruna, Catarina, Clara, Diana, Dinis, Eduardo, Filipe, Filipe Manuel, Gustavo, Hélder, Henrique, Jéssica Ariana, Joana, João, João Carlos, João Gonçalo, João Paulo, João Pedro, Lara Fabiana, Margarida, Rodrigo, Rosa e Sara. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essenciais, Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991 a). Organização Curricular e Programas do 2º Ciclo do página
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Ensino Básico, Vol. I, Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991 b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II, Lisboa: Ministério da Educação. ALARCÃO, I. (1996). Ser Professor Reflexivo, Porto: Porto Editora. ALÇADA, Isabel (comissária do Projecto); 2009.Plano Nacional de Leitura: Relatório de Actividades, Lisboa: Ministério da Educação. COOL, C. Martín, E. Maurin, T. Miras, J. Onrunbia, J. Solé, I. Zabala, A. (2001) O construtivismo na sala de aula, Novas perspectivas para a acção pedagógica, Porto: Edições Asa. COLL, C., Marchesi, A., & Palácios, J. (Orgs.) (2004). Desenvolvimento psicológico e educação. Psicologia da educação escolar (tradução de F. Murad, 2ª ed.), Porto Alegre: Artmed. LETRIA; José Jorge (2002). O Menino Eterno, Ambar. PORFÍRIO, Manuel (2004). Educação Visual & Tecnológica: 2º Ciclo do Ensino Básico, Lisboa: Edições Asa. SANTOS, Leonor (coordenadora de Projecto); (2006). “Reorganização Curricular do Ensino Básico - Princípios, Medidas e Implicações” In Projecto Avaliação Reguladora no Ensino e Aprendizagem - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, acedido a 5.Novembro.2009 disponível em http://area. fc.ul.pt/pt/Orienta%C3%A7%C3%B5es%20Curriculares/ reog_curricular_ens_bas.pdf Ministério da Educação (Boletim 15, Agosto 2005), Novas formas de aprender: comunidades de aprendizagem, acedido a 10 de Dezembro de 2010 disponível em http://www. tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/151043NovasFormasApren der.pdf MOURA, Selma (04 de Abril de 2008), Para que serve a educação, acedido a 11 de Novembro de 2009 disponível em http://www.overmundo.com.br/overblog/para-que-serveaeducacao
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Cartaz
Lucília Cardoso luciliarcardoso@gmail.com
Resumo: Com a escolha do tema “O Cartaz”, pretendeu-se com este trabalho levar a uma aprendizagem do aluno mais eficaz, motivadora e a interagir entre pares, utilizando como ferramenta as tecnologias de informação e comunicação nomeadamente o computador. A metodologia utilizada, passou pela definição de cartaz, sua função, aparecimento, evolução, tendências, chegando ao fulcro da questão que é a de levar o aluno, supervisionado pelo professor, a pesquisar, a saber filtrar a informação, a imaginar e a criar um cartaz. Este tipo de informação dá-lhes incentivo abre “portas” para ir mais além em termos de investigação, aprendizagens e conhecimentos que podem ser aplicados na consecução de trabalhos futuros. Palavras-chave: Educação Visual e tecnológica, Cartaz, Ferramentas Visuais, Tecnologias de Informação e Comunicação. Abstract: By choosing the subject “ the Poster”, it was intended with this work to lead to a more effective, motivating and interacting with peers student learning, using as a tool the information and communication technologies, the computer in particular. The used methodology started with the definition of a poster, its function, beginning, evolution, trends, reaching the heart of the matter, which is to lead the student, supervised by the teacher, to search for and filter out information, to imagine and create a poster. This type of information gives them incentive, opens “doors” to go further in terms of research, learning and knowledge that can be applied in achieving future works. Keywords: Visual and Technological Education, poster, visual tools, Information and Communication Technologies 1. INTRODUÇÃO Este trabalho pretende dar algumas dicas de como se realiza um cartaz. Contar fugazmente a história e aparecimento do cartaz, suas tendências e evolução. Que ferramentas utilizar. Como utilizá-las na disciplina de Educação Visual e Tecnológica. E principalmente como motivar os alunos recorrendo a novas tecnologias para realização do cartaz quiçá de outras actividades como por exemplo os murais... O tema “cartaz” surge constantemente na área disciplinar de Educação 112
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Visual e Tecnológica para publicitar as actividades escolares, exposições, festejos, entre outras. Torna-se pertinente saber como poderíamos reproduzir cartazes num número significativo, a baixo custo e ao mesmo tempo motivar os alunos. Ora, sendo o computador actualmente a ferramenta de eleição, seria uma mais valia utilizá-lo para a construção de cartazes onde os alunos podem vir a desenvolver as competências que são necessárias para a sua formação. Assim sendo, através da historia e evolução do cartaz, o aluno adquire conhecimentos com os quais poderá orientar e criar o seu trabalho. A utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação dá-lhes a oportunidade de vivenciar aprendizagens diversificadas. 2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO No Currículo Nacional do Ensino Básico, a área disciplinar Educação Visual e Tecnológica surge de uma das quatro áreas da Educação Artística, sendo, neste caso, a associação de Educação Visual com Educação Tecnológica. Nestas áreas as competências comuns são designadas como literacia das artes, i.e., apropriação das linguagens elementares das artes, desenvolvimento da capacidade de expressão e comunicação, desenvolvimento da criatividade e compreensão das artes no seu contexto. Na literacia das artes, as competências são adquiridas progressivamente num aprofundar constante de conceipágina
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tos e conteúdos próprios de cada área artística. No Currículo Nacional do Ensino Básico é referido que o aluno deve ter a possibilidade de experimentar, ser capaz de utilizar de forma criativa e funcionais meios expressivos, ligados aos diversos processos tecnológicos como o computador. Para uma iniciação à linguagem digital o cartaz dá-nos a possibilidade de simultaneamente aplicar conceitos visuais e tecnológicos e desenvolver a criatividade que o aluno vai exprimir naturalmente, proporcionando a aquisição de aptidões que associem os saberes ao saber-fazer. Desenvolve-se uma pedagogia centrada em valores e atitudes, através da unidade do cartaz, que parte de uma situação/ problema resultante do interesse do aluno. Os conteúdos são ministrados ao longo da unidade de trabalho de acordo com a necessidade e situação. A metodologia (método de resolução de problemas) cria condições para que o aluno interiorize gradualmente e forma construtivo o seu método de trabalho. A criação do cartaz no computador vai proporcionar ao aluno a oportunidade de viver tipos de experiências e aprendizagens que se consideram fundamentais. A oferta a nível do computador é tão grande que o aluno, para tirar partido dela, tem que filtrar a informação obtida para se poder exprimir e comunicar. 2.1 CARTAZ Cartaz define-se como uma folha de papel impressa, com imagens e signos acompanhadas de um texto. Como não existem regras, é comum ver-se cartazes que são apenas compostos de elementos gráficos e outros compostos exclusivamente de texto. Os cartazes são criados para serem visualmente atraentes e transmitirem ao mesmo tempo informação. É comum, por isso, que sejam consideravelmente grandes. Pretende-se que possam ser entendidos por todos e que ao mesmo tempo apelem à imaginação de cada um. Por ser utilizado sobretudo na publicidade, o cartaz é o meio de comunicação visual que melhor reflecte os gostos e tendências de cada época. Para a construção de um cartaz é fun-
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damental conhecer a sua evolução e tendências.
Figura 1 - Toulouse Lautrec, 1891
2.2 EVOLUÇÃO e TENDÊNCIAS A história do cartaz está ligada à litografia, técnica de impressão inventada pelo compositor Aloys Senefelder, que queria imprimir as suas partituras a baixo custo. A invenção da imprensa -1450- vai desenvolver um tipo de cartaz que se aproxima do actual. Os pintores e ilustradores imediatamente a adoptaram. O cartaz passa a ter uma estrutura reconhecível como peça de publicidade. Jules Chéret, considerados o inventor e pai do cartaz moderno, combina a imagem com um texto curto. Tal facto permitiu-lhe uma leitura rápida, levando-o a perceber a importância e a dimensão psicológica da publicidade. Ao elaborar cartazes baseados na sedução e no impacto emocional, atrai assim o olhar dos espectadores, abrindo o caminho à arte publicitária. Chéret e Alfonse Mucha, em França, e J.H. Bufford e Louis Proug, nos Estados Unidos, foram designers gráficos que tiveram importância no desenvolvimento do cartaz. Na época outros artistas dedicaram-se ao cartaz, como Toulouse-Lautrec. Alphonse Mucha salientou-se em 1894 quando executou um cartaz de teatro para a actriz Sarah Bernhardt. Era conhecido pelos temas alegres e com jovens mulheres de cabelos enormes, vestidas de forma elegante e rodeadas de flores decorativas, que exemplificam o estilo Art Nouveau. Na primeira metade do século XX, os cartazes foram utilizados para a propaganda de guerra, com o intuito de incentivar os jovens a alistar-se no exército (a imagem olha como se estivesse a apontar para nós). O cartaz passa a ter um papel importante no design moderno (destacando-se as formas geométricas e cor vermelha). Os artistas da época, de que o designer russo El Lissitzk é um bom exemplo, deixaram fortes marcas e traços no design contemporâneo. O cartaz russo caracterizou-se pelo envolvimento com as vanguardas artísticas e a propaganda do governo soviético. Após a segunda guerra mundial, com o aparecimento do computador, a arte do cartaz foi submetida a uma nova fase. Pode-se elaborar cartazes coloridos a um custo mais baixo através desta nova tecnologia. Herbert Matter, designer suíço, tornou-se conhecido por ter um estilo rígido e frio, recorrendo a grelhas matemáticas. A nível da tipografia, as serifas começam a cair da letra, ficando assim mais estilizada. Com o surgimento do minimalismo, a composição simplifica-se. A imagem a preto e branco atinge nesta época o seu auge por influência 114
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da Bauhaus. Na década de setenta, com o surgir e pseudo- liberalização de drogas psicadélicas na sociedade em geral, surge o design psicadélico. Este design é caracterizado pelo uso de tipografias distorcidas, renunciando à funcionalidade da leitura a favor da estética psicadélica, onde se encontra uma atitude conceptual de exploração de experiências sensoriais. David Carson, designer da década de noventa, conhecido pelos seus trabalhos de exploração tipográfica em fundos desenquadrados, abolindo por completo o uso de grelhas, ao invés dos cânones dos designers do mundo inteiro, mostrou as infinitas possibilidades no universo gráfico da criação.
Figura 2 - Joost Schimidt’s, Bauhaus, 1923
Figura 3 - David Carson, 1990 página
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3. EDUCAÇÃO VISUAL E TECNOLÓGICA A actividade que vamos desenvolver tem como objectivo aproveitar o meio tecnológico - computador - que actualmente se apresenta como uma ferramenta na sala de aula, para desenvolver conteúdos (comunicação, forma, cor) e estimular competências no domínio da comunicação visual e elementos da forma na educação tecnológica. O aluno irá exprimir-se com liberdade e imaginação; interpretar e executar objectos de comunicação visual; emitir opiniões e discutir com base na sensibilidade, na experiência e nos conhecimentos adquiridos nos domínios visual e tecnológico. Não nos podemos esquecer que o computador é mais um meio de expressão com determinadas características e que não é substituto de outros meios de expressão, que nos oferecem sensações tácteis, visuais, olfactivas, auditivas, entre outras. 3.1. METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DO PERCURSO PEDAGÓGICO A metodologia do presente artigo baseou-se na investigação da história, evolução do cartaz e na recolha e análise de diferentes recursos (letterpop, glogster) para criação de um cartaz, recorrendo às tecnologias de informação e comunicação, tendo sempre por base o programa Curricular de Educação Visual e Tecnológica. No contexto da área disciplinar de Educação Visual e Tecnológica, a metodologia a adoptar é a seguinte: intervir nas
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actividades da escola divulgando-as através de cartazes; conhecer a história e tendências do cartaz; observar e analisar um cartaz (a mensagem e a sua clareza, o recurso a diferentes linguagens e aspectos positivos e negativos); utilizar o computador para a criação de um cartaz. Seguindo o método de resolução de problemas adoptado na disciplina e, com a necessidade de publicitar as actividades da escola (festejos, exposições, concursos, etc.), surge a ideia de realizar um cartaz. Ao realizá-lo, vamos ter oportunidade de comunicar e intervir. O professor, ao dialogar com os alunos, planifica e orienta o trabalho a realizar. A investigação pode fazer-se recorrendo a estratégias diversificadas: consultas bibliográficas, observação de diferentes cartazes, recolha de elementos que possam vir a ter interesse. Na observação/análise de um cartaz, os alunos vão adquirir conhecimentos e competências, desenvolvendo alguns dos seguintes aspectos: criatividade, diversas formas de expressão, estética da comunicação e economia da linguagem. Figura 4 - Imagem do site letterpop
Figura 5 - Imagem do site glogster
4. RECURSOS EDUCATIVOS O professor fará uma abordagem ao tema, após ter adaptado os recursos utilizados na elaboração do cartaz ao programa de Educação Visual e Tecnológica. Recorrendo ao portal setup faz-se uma visualização das imagens de cartazes, analisando-os (os elementos utilizados, os aspectos positivos, negativos...), proporcionando e motivando o diálogo com os alunos, levando-os a interagir, dentro e/ou fora da sala de aula, pondo em prática os conhecimentos adquiridos, dando largas à imaginação e criatividade. Alguns recursos como: Letterpop - editor de páginas com modelos, onde se pode criar boletins, apresentações, convites, entre outros. Basta apenas adicionar títulos e imagens e imprimir... Glogster - é uma ferramenta que incentiva a criatividade dos alunos. Este recurso reúne elementos gráficos, fotos, texto, música e vídeos, permitindo criar posters. Algumas sugestões de ferramentas para combinar imagens, criar desenhos, transformar texto em”obras de arte, desenhar rótulos e criar páginas: http://activeden.net/item/as2-xml-image-galle http://www.blockposters. com/ry/56473 http://pt.bloguite.com/online-drawing/comics-sketch http://www.colourtherapyhealing.com/colour/complementary_colours. 116
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php http://www.wix.com/create/website http://wigflip.com/automotivator/ http://www.pixlr.com/ http://www.scrapblog.com/ http://www.typogenerator.net/ 5.CONCLUSÃO A criação de cartazes abre-nos as portas para a elaboração e execução de outros trabalhos (v.g.:Pinturas murais). Em todos os momentos se exige equilíbrio, bom senso e flexibilidade respeitando sempre e antes de mais o superior interesse dos alunos. Ponderando todos os aspectos existentes, o esforço dispendido na realização deste trabalho tornou-se gratificante, pois considero que todos saímos mais enriquecidos. Penso que os recursos utilizados são interessantes, no entanto, temos que ter presentes alguns pontos, como a elaboração, construção, selecção, porque todos eles precisam de ser adequados aos objectivos propostos para a aprendizagem, devem apoiar as actividades e devem ser adequados aos conteúdos e à metodologia empregada. A tecnologia “ serve de instrumento aos profissionais e pesquisadores para realizar um trabalho pedagógico de construção do conhecimento e de interpretação e aplicação das tecnologias presentes na sociedade” (SAMPAIO & LEITE apud LEITE, 2003, p.12) A tecnologia de ensino deve auxiliar página
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o trabalho e não causar transtornos. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Artigos: SAMPAIO & LEITE apud LEITE, 2003, p.12 7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Areal, Zita; Visualmente... falando. Porto: Areal Editores DGEBS.(1991b).Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino - Aprendizagem. Vol. II. Lisboa: Ministério da Educação. Web: http://activeden.net/item/as2-xml-image-gallery/56473 http://designhistory.org/poster
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O Diário Gráfico no Processo Artístico
Maria da Luz Fonseca luzfonseca2@gmail.com
Resumo: O presente artigo resulta do trabalho final desenvolvido na unidade de curricular de Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico, no âmbito do Mestrado em Ensino Visual e Tecnológica. Surge da investigação e análise sobre o tema Diário Gráfico, mais concretamente sobre a necessidade de criar um recurso para motivação para alunos, e onde se mostre a importância da construção/criação de um Diário Gráfico no desenvolvimento do percurso artístico do aluno em contexto educativo de Educação Visual. A partir das várias concepções de Diário Gráfico tenta-se através de exemplos de imagens explicar como se constrói, que materiais e técnicas podem ser exploradas para a elaboração do mesmo. Utilizando este recurso em contexto de sala de aula de Educação Visual, dá-se aos alunos a possibilidade de explorar ideias, materiais e técnicas através da descoberta das suas próprias linguagens plásticas nas diferentes actividades. O Diário Gráfico é sem duvida o lugar onde todos os registos convergem desde os mais intimistas à percepção do mundo que nos rodeia tornando-se na base do desenvolvimento do pensamento. Palavras-Chave: Diário Gráfico, Educação Visual, Recursos Educativos, Tecnologias de Informação e Comunicação. Abstract: This article appears as an outcome of a work which has been developed by the Office of Curriculum Support Educational Facilities within the MsC in Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico (Resources Studio/workroom for Pedagogical Support). The focus of this research and analysis is on Sketchbooks, in particular on the need to create a student’s motivation resource, showing the importance of building / creating a Sketchbook gathering all kind of daily draws, paintings, thoughts and ideas aiming future works. Sketchbooks can be the result of the development of artistic background of the student in an educational context of Visual Education. We can find all kind of Sketchbooks, such as the readymade moleskines, or you can build your own, selecting the materials you feel more adapted to your purposes .By using this scaffolding resource, you can learn by visualizing images leading to their authors artistic minds. The way painters, sculptures, architects, illustrators of BD, Designers process their Sktechbooks day by day, also displays multiple materials and techniques which can be explored in the art classroom context. 118
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From there students can depart towards their identity concerning the building along ideas and graphic expression. Sketchbook is an elected place to bring all different languages together leading to the sharing of individual language and world perception and a basis to strategies and brain development. Keywords: Sketchbook, Visual Education, Educational Resources, Information and Communication Technologie. 1. INTRODUÇÃO Neste trabalho pretende-se salientar o papel do Diário Gráfico como instrumento essencial na construção da personalidade artística onde se podem trabalhar os conteúdos da disciplina de Educação Visual como: Comunicação, Espaço, Estrutura, Forma e Luz-Cor e nas áreas de exploração, como o desenho, a pintura e a fotografia. “O importante é observar”, facto que já era realçado no século XIX por John Ruskin (1819-1909). Este intelectual inglês “acreditava que o desenho era uma boa maneira de as pessoas estarem atentas às coisas que as rodeavam e que o desenho as ensinava a ver, mais do que simplesmente a olhar” (Salavisa, 2008, p.30). O Diário Gráfico é um instrumento de trabalho e um excelente meio de exploração de ideias, de técnicas e de materiais. Recorre-se às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para motivação, através de consulpágina
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ta de sites, blogues na internet e recursos construídos pelo professor para apresentação aos alunos, como por exemplo a elaboração de uma Galeria, com imagem e texto, ou da ferramenta dipity, onde se pode incluir para além de imagens vídeos e outros recursos a cada entrada. Propõem-se aos alunos não só a a elaboração do seu Diário Gráfico, mas a construção de um Diário Digital incentivando-se a utilização de ferramentas digitais como http://www.educacionplastica.net/ index.htm, a construção de uma Galeria http://www.apevt. pt/recursos_galerias.html ou ainda a utilização da ferramenta http://www.dipity.com/ para construírem um portefólio ao longo da sua vida escolar. Promove-se o aprender a pensar, o aprender a aprender e o aprender a fazer. Um dos objectivos deste trabalho é motivar os alunos para a criação do seu Diário Gráfico e que se apercebam dos princípios básicos do processo artístico pela experimentação, ou seja é necessário aprender fazendo. O Diário Gráfico surge como uma ferramenta didáctica importante, promovendo uma maior diversidade de aprendizagens, motivando-o e incentivando-o a reflectir, a interagir, a ser criativo e a desenvolver o espírito crítico. 2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO Para se ter a verdadeira noção da importância das artes no currículo do ensino Básico é fundamental a leitura atenta do Currículo Nacional do Ensino Básico. “As artes são elementos indispensáveis no desenvolvimento da expressão pessoal, social e cultural do aluno. São formas de saber que articulam imaginação, razão e emoção. Elas perpassam as vidas das pessoas, trazendo novas perspectivas, formas e densidades ao ambiente e à sociedade em que se vive. A vivência artística influência o modo como se aprende, como se comunica, e como se interpretam os significados do quotidiano. Desta forma, contribui para o desenvolvimento de diferentes competências e reflecte-se no modo como pensa, no que se pensa e no que se produz com o pensamento”. (C.N.E.B.- Competências Essenciais, 2006, p.149).
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Figura 1 - Diário Gráfico, Eduardo Salavisa
Figura 2 - The Painting Book
2.1. EDUCAÇÃO VISUAL “Ao longo da educação básica, o aluno deve ter oportunidade de vivenciar aprendizagens diversificadas, conducentes ao desenvolvimento das competências artísticas e, simultaneamente, ao fortalecimento da sua identidade pessoal e social” sendo assim, pretende-se a “Exploração de diferentes formas e técnicas de criação e de processos comunicacionais. Compreender as formas como os diferentes elementos artísticos interagem e desenvolver a capacidade de selecção e aplicação de técnicas no processo de criação artística. Incentivar formas personalizadas de expressão e comunicação”. “Ao longo do Ensino Básico, o aluno deve adquirir em Artes Visuais competências que se articulam em três eixos estruturantes: fruição-contemplação, produção-criação e reflexão-interpretação. Para a operacionalização e articulação destes três eixos e por uma questão metodológica enumeram-se dois domínios das competências específicas: a Comunicação Visual e os Elementos da Forma” (C.N.E.B - Competências Essenciais, 2006, p.157-158). “A utilização dos diferentes meios de expressão deve ser implementada em função das competências e dos projectos pedagógicos das escolas.” Propõem-se como áreas de exploração propostas no programa de Educação Visual as seguintes: o desenho - como expressão dos sentidos, dos sentimentos e do gesto, como escrita portátil que representa as formas reais e imaginadas, como uma metodologia do trabalho de invenção das formas, como meio de representação rigorosa dos objectos e como sintetização da informação; as explorações plásticas bidimensionais e tridimensionais com diversos materiais e técnicas e as tecnologias da imagem, como fotografia digital, o vídeo e o tratamento de imagem com programas informáticos. Finalmente devemos salientar que o DESENHO é o exercício básico insubstituível de toda a linguagem plástica, bem com constitui uma ferramenta essencial na estruturação do pensamento visual. Nessa medida, deve ser desenvolvida de forma sistemática, nomeadamente em registos livres, registos de observação ou na representação rigorosa”(C.N.E.B - Competências Essenciais, 2006). Assim sendo, procuramos analisar as indicações metodológicas específicas no programa de Educação Visual e os resultados pretendidos para o tema ”Diário Gráfico” e as áreas de exploração Desenho, Pintura, Colagem, etc.. Eduardo Salavisa refere no seu livro “Diário de Viagem - desenhos do quotidiano” (Fig.1), o diário gráfico constitui uma ferramenta pedagógica fundamental, que estimula a capacidade de observar e desenhar” (Salavisa, 2008,p ).
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Figura 3 - Diários Gráficos – Delacroix e Le Corbusier
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2.2. Diário Gráfico No 3º Ciclo do Ensino Básico pretende-se que o aluno seja capaz de elaborar o seu Diário Gráfico a partir dos conhecimentos que já possui e da sua capacidade de análise, observação e espírito crítico. O Diário Gráfico pode assim, constituir um valioso instrumento de trabalho, na medida em que propõe estimular nos alunos a prática do registo, arquivo e da expressão. Deve ser incentivado o seu potencial plástico, a sua originalidade e a recolha de todo o tipo de material que possa vir a servir de apoio às aulas. Eduardo Salavisa escreve no texto da contracapa do seu livro” Diários de Viagem – desenhos do quotidiano”, “Desde sempre, viajantes munidos de cadernos desenharam e escreveram sobre aquilo que reflectiam. Para o percurso de alguns artistas os desenhos dessas viagens foram mesmo decisivos para o seu percurso artístico (Delacroix e Le Corbusier são dois bons exemplos) (Fig.3). Mas também podemos desenhar no nosso dia-a-dia como se viajássemos – é uma boa maneira de nos iniciarmos ou de continuarmos na actividade do desenho. Autores contemporâneos, de várias profissões e actividades, desenham habitualmente em cadernos transportáveis, a que chamamos Diários de Viagem ou Diários Gráficos” (Salavisa, contracapa do livro Diários de Viagem, 2008). http://www.diariografico.com/ “Este torna-se num instrumento de trabalho, com um formato fácil de transportar que estimula a observação e o registo gráfico. Nele pode desenhar-se tudo aquilo que se quiser, explorar ideias para os trabalhos propostos pelos professores. Diário Gráfico não é uma proposta de trabalho de uma unidade curricular, é antes um componente transversal a todas as propostas. A quantidade de desenhos produzida é da responsabilidade do aluno. Construir um diário gráfico é um trabalho de autonomia, responde às necessidades de cada um, podendo complementar as propostas de trabalho específicas ou respondendo à criatividade individual, na construção do seu universo imagético. Os diários gráficos também designados por cadernos esboços, carnet de Voyage em francês ou sketchbooks (Fig.2) em inglês, surgem como suportes do processo criativo dos alunos.
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O aluno torna-se num desenhador compulsivo e o seu diário gráfico torna-se no seu companheiro inseparável. Tudo se regista. O Diário Gráfico tem pois um carácter intimista, de intervenção regular, um registo sistemático do seu quotidiano. O registo é predominantemente gráfico, desenho de observação ou não, recorrendo à escrita como outro tipo de registo, colagens de imagens preexistentes, fotografias, etc. (Salavisa, Diário de Viagem, 2008). A fotografia ou a imagem servem muitas vezes o espírito criativo, ajudando a recordar (Fig.- 4), O desenho pode ocupar duas páginas inteiras como se fosse uma só, tirando até proveito expressivo da obra. Não se deve arrancar folhas, pois desvirtua a ideia de Diário. Rui Lacas, autor de bandas desenhadas diz: “este caderno é como um mini estúdio, um estúdio ambulante que se permite ser criativo o dia todo” (Fig.5 e Fig.6)
Figura 4 - Diário Gráfico – visita ao museu
Figura 4 - Diário Gráfico - Raquel Pedro
3. METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DO PERCURSO PEDAGÓGICO A integração da disciplina de Educação Visual numa área de Educação Artística situa-se nos domínios concretos da expressão Plástica, do desenho, entendido este como uma escrita visual de uma linguagem específica das artes plásticas. A educação visual é uma disciplina fundamental para a Educação global do cidadão” ( ,.) Para tal, há que motivar os alunos para o desenvolvimento da sua educação artística, sendo para isso necessário dar-lhes instrumentos. Por exemplo, a construção do seu Diário gráfico que possibilita o desenvolvimento da expressão plástica, da capacidade de percepção visual, da criatividade, entre outras, ao longo do seu percurso de ensino/aprendizagem. Na motivação para o tema Diário Gráfico utilizou-se diversos recursos, tais como os tradicionais manuais escolares, livros, a visualização de vídeos, consulta de sites na internet, bem como da apresentação do recurso Dipity, disponível em: http://www. dipity.com/ onde se pode ver um vídeo sobre a construção de um Diário Gráfico, com imagens/desenhos, com comentários dos diversos autores de Diários Gráficos ao longo dos tempos, podendo constatar-se que consoante a formação do seu autor, assim se apresentam de forma muito diferente. Para a motivação da aula poderia ainda utilizar-se outro recurso como o Galerias, disponível em http://apevt.pt/recursos.html que apresenta galerias de imagens/desenhos/ esquissos/croquis de diferentes Diários Gráficos, com as respectivas sinopses e comentários dos autores. Após pesquisa, selecção e tratamento da informação organizou-se uma apresentação com a ferramenta digital dipity, para a motivação da aula sobre o tema Diário Gráfico. Na escolha e selecção de todas as referências bibliográficas, houve a pre122
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ocupação de seleccionar os recursos mais adequados, partindo do programa e das competências da disciplina. A organização das actividades em Educação Visual faz-se segundo a metodologia de trabalho projecto, ou seja perante um tema trabalha-se vários conteúdos, técnicas e materiais. Assim após a visualização do recurso faz-se uma lista dos materiais e instrumentos/ferramentas necessários. Um projecto implica um processo e um produto final, estruturando-se de forma sistemática, englobando diferentes estratégias de aprendizagem e de avaliação. Pode-se igualmente trabalhar por conteúdos. O Diário Gráfico surge assim, como uma área de exploração transversal a todas as propostas de trabalho, onde se trabalham diversos conteúdos. A construção do recurso dipity, surge da necessidade de utilizar outras formas, mais actuais e mais apelativas às gerações mais novas, ou não fossem estas nascidas na era das tecnologias. Constrói-se uma ferramenta digital a partir de desenhos/imagens de diferentes autores, dos mais antigos para os mais actuais, retirados do site http://www.diariografico.com/, com formações muito diferentes, como Le Corbusier e Zisa vieira, arquitectos: Delacroix e Pablo Picasso, pintores: Henry Moore, escultor; Eduardo Salavisa, designer; Rui Lacas, ilustrador de Banda Desenhada, dos comentários destes a propósito da importância da criação do Diário Gráfico ou Diário de Viagem ou caderno de depágina
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senhos ou ainda caderno de campo. Neste recurso inclui-se dois vídeos. O primeiro, mostra todos os passos necessários á elaboração de um Diário Gráfico, sabendo, no entanto que cada Diário é único, pois resulta de algo do nosso íntimo. http://www.youtube.com/ watch?v=wGi6gQQeGZU No segundo vídeo, proporciona-se a possibilidade de construir o seu Diário Gráfico, pela técnica da encadernação, onde poderá optar por diferentes gramagens e qualidades de papéis. http://www.youtube.com/watch?v=8XHfwe_VfbM&NR=1 Numa última fase pede-se aos alunos que construam um Diário Gráfico Digital em forma de galeria ou um portefólio com os trabalhos realizados ao longo do ano. Assim, para além do suporte “tradicional”, executam-no em suporte digital, tornando-o motivador e de fácil transporte e de fácil acesso. 4. RECURSOS EDUCATIVOS Numa sociedade em permanente mudança a escola tem um papel fundamental na formação dos alunos, nas suas aprendizagens, conhecimentos e todo um saber fazer. A utilização capaz das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) pode ser extremamente útil quando utilizadas de forma a facilitar as aprendizagens e não o contrário. Sendo Educadores não podemos deixar que a educação formal passe a ser um obstáculo à utilização das tecnologias que estão sempre a surgir com propostas inovadoras. Há que adoptá-las de modo a que possam ser abrangentes e façam sentido na formação escolar dos alunos. Na componente teórica e prática, abordamos a relação entre a disciplina de EV, o ensino e as TIC, onde se procurou perceber a importância dessa relação face à necessidade da escola proporcionar e mobilizar novas competências e saberes. A utilização deste tipo de recursos vem no sentido da promoção do processo ensino-aprendizagem, quando se utiliza como estratégia o uso das tecnologias da informação e comunicação, não esquecendo de ter em atenção a sua contextualização nas situações de ensino nesta área curricular. Faz-se uso de recursos Web, e Web 2.0 na disciplina de E.V. mas como uma ferramenta auxiliar transversal. “Criar oportunidades de trabalho com diferentes programas
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e materiais informáticos, assim como recursos da internet.” (DEB, 2001, p.151).
Figura 4 - Diário Gráfico - Peter Cooper
4.1. Recurso Dipity Na elaboração deste recurso para a apresentação do tema Diário Gráfico utilizou-se imagens de Diários gráficos e textos retiradas do site (Salavisa, Eduardo, http://www.diariografico.com/), e da leitura do livro “Diários de Viagem, desenhos do quotidiano” do mesmo autor. Quanto ao vídeo explicativo dos passos dados na construção do Diário Gráfico fez-se uso daquele que nos pareceu mais simples para a faixa etária dos alunos em causa, alunos do 9ºano de escolaridade. (Cardoso, Carla, http://www.youtube.com/watch?v=wGi6gQQeGZU). Na hipótese de querem fabricar o seu próprio Diário Gráfico, também lhes é mostrado um pequeno vídeo sobre encadernação, apenas para relembrar, visto que este conteúdo pode já ter sido dado no 2º Ciclo, na disciplina de Educação Visual e Tecnológica. (Encadernaçãohttp://evtagostinho.no.sapo.pt/encadernacao.htm). 4.2. Galerias Os alunos podem recorrer a este recurso se quiserem apresentar em forma de galeria de imagens os trabalhos feitos, fazendo sempre uma sinopse, ou seja relatando o trabalho feito a propósito de cada proposta, ficando com o registo de todo o trabalho feito ao longo do ano. Pode ser uma forma interessante de ter os seus trabalhos em suporte digital, não invalidando a importância dos registos no papel.
Figura 4 - Diário Gráfico - Fernando Sarmento
5. CONCLUSÃO Após este trabalho pretende-se que o Diário Gráfico enquanto meio de expressão artístico seja uma realidade e que passe a fazer parte da construção e desenvolvimento da expressão pessoal, social e cultural de cada aluno. Com a introdução deste instrumento pedagógico, podemos construir metodologias de trabalho diferentes na escola, tendo sempre em mente a formação do aluno como um todo. Assim, pretende-se realçar o valor do Diário Gráfico em contexto de sala de aula na disciplina de Educação Visual e incentivar o seu uso como instrumento didáctico, mostrar a variedade de experiências feitas por outros, proporcionando aos alunos ideias para a criação dos seus próprios Diários Gráficos. Trabalha-se a criatividade, a expressão plástica, a capacidade crítica, entre outras. O Diário Gráfico vai sem dúvida, ajudar a desenvolver a memória, a ver e percepcionar o mundo de outra forma, 124
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muito mais atenta e realizar trabalhos/projectos transversais a outras disciplinas. O aluno, como cidadão do mundo passa a ser mais interventivo, mais crítico em relação a tudo que o rodeia. O Diário Gráfico passa a ser o livro que conta histórias, o companheiro de viagem na escola e quem sabe na vida também. Na construção do Diário Gráfico proporciona-se ao indivíduo, através do processo criativo, a oportunidade para desenvolver a sua personalidade de forma autónoma e crítica, numa permanente interacção com o mundo (Fig.7). Pretendemos ainda divulgar o desenho, através de novos talentos. Os alunos transformam-se em pequenos criadores, cujas competências artísticas específicas são valorizadas (Fig. 8).
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Livro: DGEBS a. (1991). Organização Curricular e Programas do 3º Ciclo do Ensino Básico. Vol.I. Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS b. (1991). Programa de Educação Visual: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem. Vol.II. Lisboa: Ministério da Educação. SALAVISA, Eduardo; (2008). Diário de Viagem, desenhos do quotidianos - 35 autores contemporâneos, Quimera Editores. MODESTO, António; ALVES, Cláudia; FERRAND, Maria, (2006). Manual de Educação Visual - 7º,8º e 9º Anos, Porto: Porto Editora. GRAÇA, Cristina Carrilho et al. (2006) Educação Visual – Ver, Desenhar e Criar – 7º,8º e 9º Anos do Ensino Básico, Lisboa: Lisboa Editora. Vídeos para consulta: Vídeos relativos à construção do Diário Gráfico: http://www.slideshare.net/RuteGeraldo/dirio-grfico-204204 Diário Gráfico do Workshop - Diários Gráficos - leccionado por Eduardo Salavisa e Possidónio Cachapa na Faculdade de Belas Artes de Lisboa http://www.youtube.com/watch?v=6dzGHvR_ROk Palestra de Renato Alarcão no evento Fresh do Senac ModaRJ, sobre cadernos de criação- Moleskine. http://www.youtube.com/watch?v=t7NEGq6kV-4 Sites consultados: http://devueltaconelcuaderno.blogspot.com/ http://www.camilo.org/diariografico/ http://www.behance.net/Gallery/diArio-grAfico/349247
Figura 4 - Diário Gráfico - Camilo Saraiva
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Construções
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em Educação Visual e Tecnológica
Maria do Carmo Monteiro Resumo: Este artigo insere-se na proposta de trabalho final da Unidade carmo_monteiro@hotmail.com
Curricular de Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico, do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica, da Escola Superior de Educação do Porto. O que se pretende é essencialmente dar um contributo para uma proposta de trabalho em que será explorado o conteúdo “Construções”, no contexto educativo de Educação Visual. A ideia é revelar a importância da energia na construção e o impacto na formação do aluno, uma vez que este vive numa sociedade de informação e de conhecimento, com o propósito de ampliar a visão da educação: aprender a pensar, aprender a aprender, e aprender a construir. É importantíssimo dar a oportunidade aos alunos de viver aprendizagens diferentes do contexto habitual, de interagir com recursos que os possam motivar cada vez mais. Em contexto de sala de aula, experimentamos produzir construções utilizando a energia, permitindo explorar este conteúdo de forma a estimular o desenvolvimento de habilidades pessoais, reforçando a auto-estima, a valorização da expressão individual, a força do trabalho em grupo, tendo sempre em mente a formação do cidadão através da construção. Este trabalho é, por isso, resultado de uma investigação, aprofundamento e reflexão sobre recursos pedagógicos passíveis de serem aplicados na disciplina de Educação Visual e Tecnológica. A unidade de trabalho sobre o qual recaiu a minha escolha foi a unidade de Construções, sendo que, a principal preocupação foi a motivação do aluno com o intuito de o fazer relacionar o objecto de estudo com as vivências do quotidiano. Palavras-chave: Educação Visual e Tecnológica, Energia, Construções, Motivação. Abstract: This article is part of the proposal for final paper Course Workshop for teaching aids, the Master of Teaching Visual and Technological Education, School of Education of Porto. The aim is primarily to contribute to a work proposal that will be explored in the content “Buildings” in the educational context of Visual Education. The idea is to reveal the importance of energy in the building and the 126
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impact on medical education, since he lives in an information society and knowledge, in order to broaden the vision of education: learning to think, to learn, and learn building. It is important to give students the opportunity to live other than learning the usual context, to interact with resources that can motivate more and more. In the context of the classroom experience to produce buildings using energy, allowing to explore this content to stimulate the development of personal skills, strengthening self-esteem, appreciation of individual expression, the strength of group work, taking into mind the individual development through construction. This work is therefore a result of research, insight and reflection on teaching resources which can be applied in the discipline of Visual and Technological Education. The unit of work which fell on my choice was the unit buildings; with the main concern was the motivation of the student in order to relate to the subject of study of the everyday life. Keywords: Visual and Technological Education, Energy, Construction, Motivation. 1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa surge no âmbito da unidade curricular, Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico, do curso de Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica, ministrado na Escola Superior de Educação do Porto, com o intuito de mostrar a possipágina
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bilidade de diversificar e enriquecer o ensino, despertar sensibilidades, estimular aptidões, desenvolver competências, e valorizar trabalho cooperativo, através da Construção de um candeeiro como ponto de partida para o processo educativo / ensino / aprendizagem. A faixa etária a que se destina a construção do candeeiro é dos 10 aos 11 anos (2.º ciclo de escolaridade). São construções a realizar a nível individual ou em grupos de alunos. São construções que podem ser entregues aos alunos, permitindo-lhes o seu uso no seu quotidiano, favorecendo a transmissão dos conhecimentos apreendidos na sala de aula aos demais, a outras gerações. Como hipótese pode guardar-se, em suporte informático, toda a informação (guia de materiais e guia de construção), de modo a facultar a qualquer professor ou aluno a possibilidade de fazer, em cada construção, as actualizações e adaptações que considere pertinentes. Nesta investigação, a construção do candeeiro teve como finalidade incentivar a aplicação das construções, aliadas à energia, uma vez que esta é um conteúdo do programa muito pouco explorado. Este recurso, a utilizar com os alunos na turma, tem por objectivo consolidar a aquisição e desenvolvimento de conteúdos, de competências específicas de Educação Visual e Tecnológica, e de competências de âmbito mais geral e paralelo a várias disciplinas. A interdisciplinaridade com a disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação está inerente nas construções, visto fazer parte destas a tarefa de realização de um sketch para projecção do projecto, e inventar padrões para posterior aplicação no candeeiro. Com a disciplina de Matemática a interdisciplinaridade está no estudo e no posterior uso de figuras geométricas e não geométricas, na construção. A minha investigação, neste campo, foi muito abrangente, tendo-se centrado em diversos recursos, desde os materiais e técnicas, passando pela aplicação do circuito eléctrico, até às novas tecnologias de informação e comunicação. No âmbito da disciplina a finalidade última é a de criar recursos eficientes para a transmissão de um tema capaz de criar, de inovar, tornando-o bastante acessível no seu entendimento.
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2. METODOLOGIA O estudo deste artigo pretendeu acima de tudo valorizar a funcionalidade e a acessibilidade de todos os recursos disponíveis à elaboração do tema escolhido. Foi realizada uma pesquisa com base nas indicações programáticas do Ministério de Educação e na própria experiência do professor enquanto indivíduo, reiterado por uma análise e selecção de informação. A escolha dos recursos aplicados teve por objectivo diminuir a complexidade do tema, tornando-o mais próximo do universo imaginário dos alunos, tendo em consideração a motivação, a dinâmica, a diversidade e a possibilidade de abranger outras temáticas. A Internet foi a ferramenta utilizada por excelência, para levar a cabo a investigação e ter acesso a diversas formas explicativas sobre construções, a projectos pedagógicos na área e a imagens relacionadas. Também foram consultados manuais escolares e o Programa de Educação Visual e Tecnológica. A abordagem ao tema teve como preocupação os recursos definidos, de forma a poderem ser aplicados pelo professor mais aprofundadamente, tendo em atenção a realidade escolar. 3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO A área de exploração designada por Construções pressupõe o tratamento de sistemas que produzam movimento para alcançar determinados resultados. As actividades dos alunos foram realizadas com recurso a “ferramentas de trabalho” básicas. A observação e reflexão sobre as mesmas tiveram o objectivo de alcançar conceitos relacionados com a criação, tendo como finalidade proporcionar novas oportunidades de desenvolvimento à imaginação, através de aparelhos intuitivos, designados por máquinas. O objectivo principal foi que os alunos compreendessem conceito mecanismo/máquina como ferramenta que efectua e facilita deslocações no espaço. Foi também importante que os alunos denotassem criatividade ao resolver questões relacionadas com a associação de movimentos, valorizando a forma de expressão/resolução de problemas. 3.1 As construções no ensino de Educação Visual e Tecnológica As “competências específicas” definidas no Programa de Educação Visual e Tecnológica do 2º ciclo, no que diz respeito a “Trabalho” e “Construções” são: 128
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“- Distinguir actividade artesanal e actividade industrial; - Colaborar nas diversas fases de estruturação de um trabalho; - Preparar as condições necessárias ao trabalho a realizar (ferramentas e utensílios adequados, materiais, local de trabalho); - Executar operações concertadas tendo em vista a obtenção do produto final; - Reduzir o perigo de acidentes (correcta utilização de máquinas e ferramentas, manutenção do local de trabalho limpo e arrumado, etc.).” (DGEBS, 1991, p.25).
cionada com princípios básicos das construções eléctricas, e cujo objectivo se torna na capacidade do aluno ser capaz de resolver um problema com criatividade. “Mais do que acumular conhecimentos, interessa que o aluno compreenda a forma de chegar a estes conhecimentos; mais do que conhecer soluções para vários problemas, interessa o aluno interiorizar processos que lhe permitam resolver problemas.” (DGEBS, 1991) Aos alunos é dada uma Ficha de Materiais e uma Ficha de construção em papel formato A4. Os alunos, organizados em grupos, devem montar, mediante instruções, o candeeiro proposto.
A construção de um candeeiro quando realizada com o objectivo de se compreender algo pela prática, reforça a intenção de levar o aluno a compreender a realidade contemporânea em que está inserido, e que muitas vezes é por ele apreendida de forma distorcida. A experiência adquirida pelo trabalho em grupo permite uma independência na acção de cada um responsabilizando-os e gratificando-os pelo que aprendem e põem em prática, através do trabalho final. Os objectivos lúdicos e de aprendizagem não podem deixar de estar associados no processo de aprendizagem, uma vez que permite que esta seja feita de forma fluida, sem que se torne enfadonha para os alunos. A construção da maqueta nas diferentes etapas da construção do produto final tem uma lógica sequencial rela-
3. 2.1 Materiais Os materiais básicos usados na produção do candeeiro, são os seguintes: computador, impressora, folha de papel polipropileno A3 translúcida, fio eléctrico, casquilho, ficha macho, lâmpada, vasador, busca-pólos, alicate de corte, canivete, ataches, lápis, borracha, régua, compasso e x-acto.
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3.2 Processo de Construção do Candeeiro O processo de construção do Candeeiro regeu-se pelos seguintes itens: 3.4.1. Materiais, 3.4.2. Técnicas e 3.4.3 Fases.
3.2.2 Ficha de Construção A Ficha de Construção tem como objectivo ajudar o aluno a compreender aquilo que é uma construção básica e servirá como complemento de apoio escolar em matéria de aprendizagem. A folha de polipropileno como material de suporte assenta na sua facilidade de aquisição, manuseamento e resistência. No que diz respeito às competências específicas o objectivo é trabalhar aptidões técnicas tais como: medir, traçar, dobrar, cortar, recortar, meio-corte, a ligação eléctrica, a descarnagem e aparafusar. 3.2.3 Técnicas Desenho, medição, traçado de linhas, corte, meio-corte, recorte, aplicação, programa informático Microsoft Word das TIC.
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Os instrumentos usados na aplicação das técnicas acima referidas são os seguintes: régua, compasso, lápis nº 2, borracha branca, tesoura, x-acto, ataches, computador e impressora. 3.2.4 Fases É importante referir que previamente a esta abordagem os alunos acederam a conteúdos como “Materiais” e “Energia”. Numa primeira fase, os alunos utilizaram uma folha de polipropileno na qual marcaram as medidas em termos de comprimentos e larguras correspondentes, e estrutura global do candeeiro. Seguidamente, foi elaborada uma esquadria onde posteriormente viria a ser colocado o padrão elaborado na unidade anterior. Foram ainda marcadas duas margens laterais, que serviriam para aplicar as duas bandas superior e inferior, de forma a tornarem-se numa estrutura para o candeeiro. Marcação e corte da banda superior e inferior da estrutura do candeeiro. Após a elaboração de todas as peças constituintes do objecto os alunos procederam ao decalque/ aplicação do padrão elaborado na unidade anterior; desta fora fez-se a correspondência entre matérias/conteúdos leccionados durante o ano lectivo. Na próxima etapa os alunos deveriam trabalhar a tridimensionalidade do padrão. Seguidamente procedemos à marcação e abertura na parte de trás do candeeiro de forma a conseguirmos fazer a montagem eléctrica; esta aplicação poderia ser feita de inúmeras formas, no entanto optei pela representada na figura 9, uma vez que é mais fácil, e que falamos de projecto aplicado ao 6.º ano de escolaridade. Por último, bastou ao aluno reunir todas as peças constituintes do objecto e aplicar a respectiva instalação eléctrica. 2.5 Maqueta Entre todas as maquetas realizas em sala de aula, a que abaixo se apresenta, é a que melhor representa o trabalho a que os alunos foram propostos. 5. Conclusão A aprendizagem, mais do que aquisição de informações ou qualificação profissional, deve conter em si um legado cultural transmitido pela figura do educador/professor. Na disciplina de Educação Visual e Tecnológica vamos para além da mera explicação teórica dos factos, pois os horizon130
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tes são alargados à experimentação, contacto físico com os materiais, técnicas, novos recursos didácticos, etc. Este trabalho é resultado de uma pesquisa que visa a criação de diferentes formas de apresentar um tema, de modo a que o interesse e entusiasmo por parte dos alunos não sejam questionáveis. A complexidade do tema torna-se simplificada no momento em que as questões são relacionadas com situações quotidianas, uma vez que esta se torna uma forma de contribuir para uma aprendizagem mais eficaz. De salientar, está o facto de que ao longo deste processo nos deparamos com diversos recursos que poderiam ser utilizados como pedagógicos e com diferentes formas de abordagem igualmente eficazes. Seleccionamos os aparentemente mais atractivos, esclarecedores em função do tema, da idade dos alunos e do contexto de sala de aula. De todas as formas, reconhecemos que os recursos podem ser muito diversificados e se tornam bastante enriquecedores para o contexto educativo, para a exploração das diferentes abordagens a aplicar em trabalhos futuros. 6. Agradecimentos: Aproveito a oportunidade para, desde já, apresentar todo o meu agradecimento ao professor José Alberto Rodrigues, por toda a atenção e disponibilidade apresentadas ao longo destes meses; a todos os meus colegas de Mestrado pela, partilha de inforpágina
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mação, de vivências e de conhecimentos. 7. Referências bibliográficas: Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais. Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS b. (1991). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. I, Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS b. (1991). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II, Lisboa: Ministério da Educação. VÁRIOS AUTORES; (2006). Competências, Currículo e Planificação - 4º Ano. Reorganização Curricular - 1º Ciclo do Ensino Básico. Braga: Editora Nova Educação. SANTOS, Leonor (coordenadora de Projecto); (2006). “Reorganização Curricular do Ensino Básico - Princípios, Medidas e Implicações” In Projecto Avaliação Reguladora no Ensino e Aprendizagem - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, acedido a 5.Novembro.2009 disponível em http://area. fc.ul.pt/pt/Orienta%C3%A7%C3%B5es%20Curriculares/ reog_curricular_ens_bas.pdf. Armando Faleiro, Carlos Gomes. Gesto Imagem – Educação Visual e Tecnológica 5.º/6.º anos. Porto Editora. MOURA, Selma (04 de Abril de 2008), Para Que Serve A Educação, acedido a 11 de Novembro de 2009 disponível em http://www.overmundo.com.br/overblog/para-que-servea-educacao
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A GEOMETRIA EM EVT
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APRENDIZAGENS COM SIGNIFICADO
Pilar Carvalho carvpilar@hotmail.com
Resumo: O presente artigo insere-se na proposta de trabalho individual da Unidade Curricular da Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica, da Escola Superior de Educação do Porto. Constitui uma reflexão sobre a abordagem do conteúdo Geometria em EVT, no sentido de valorizar as práticas lectivas geradoras de aprendizagens significativas. Nesse sentido, são apresentadas algumas perspectivas de abordagem temática que permitem a implementação de dinâmicas de ensino-aprendizagem contextualizadas. É, também, salientado o papel das ferramentas digitais, sendo apresentados alguns recursos. Palavras-chave: Aprendizagem Significativa, Geometria, Educação Visual e Tecnológica, Ferramentas Digitais, Unidades de Trabalho. Abstract: This article falls in the work proposal for curricular unit Oficina de Recursos e Apoio Pedagógico from MsC of Visual Arts and Technologies Education at Escola Superior de Educação do Porto. It is a reflection on the approach of the content Geometry in Visual Arts and Technologies Education, in order to enhance the teaching practices that generate meaningful learning. Accordingly, a number of prospects thematic approach that allow the implementation of dynamic teaching and learning in situated context. It also highlighted the role of digital tools, and presented some resources. Keywords: Meaningful Learning, Geometry, Visual Arts and Technologies Education, Digital Tools, Work Units. 1. INTRODUÇÃO “Não há estradas régias para chegar à Geometria...” Esta foi a resposta de Euclides, quando o jovem faraó Ptolomeu I do Egipto o questionou sobre a via mais fácil para estudar Geometria. Poder-se-á dizer que esta é uma verdade que continua actual. No âmbito do ensino-aprendizagem da Geometria são muitas as possibilidades de abordagem. Em EVT, os conteúdos devem surgir enquadrados em unidades de trabalho permitindo que os alunos realizem aprendizagens significativas. Isto é válido para o conteúdo básico Geometria. Contudo, as práticas lectivas revelam que nem sempre assim acontece. Nesse sentido, este trabalho tenta fundamentar do ponto de vista progra132
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mático e curricular a necessidade de contextualização das abordagens do conteúdo Geometria, permitindo o desenvolvimento de unidades de trabalho promotoras de aprendizagens com significado. Salienta-se, também, a possibilidade de interdisciplinaridade e a utilização de ferramentas digitais como forma de promover práticas mais motivadoras e motivantes. “A utilização das TIC como ferramenta e recurso na sala de aula é entendida como uma área transversal. Os alunos, na sua aprendizagem, devem contactar por formas diversificadas com estes recursos. O professor, e neste caso o de EVT, deverá, nas suas planificações, englobar estratégias conducentes à rentabilização das TIC no processo de aprendizagem e formação geral dos alunos” (Rodrigues, 2005, p.58). Neste contexto, foram seleccionadas algumas ferramentas digitais que poderão ser adoptadas pelos professores no desenvolvimento de actividades, no âmbito do conteúdo Geometria. Finalmente, são apresentadas diferentes perspectivas de abordagem temática, concretizando em diversas propostas de unidades de trabalho, possibilidades de abordagens integradoras e promotoras de aprendizagens significativas em Geometria. 2.METODOLOGIA Para a realização deste trabalho, foi feita uma análise ao programa da disciplina de EVT, ao Currículo Nacional do Ensino Básico e realizada uma página
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reflexão sobre os resultados pretendidos e indicações metodológicas no âmbito da Geometria. Essa pesquisa constituiu a primeira fase do trabalho. Posteriormente, foram compiladas diversas propostas de unidades de trabalho em que a Geometria pudesse surgir de forma integrada. Procurou-se diversificar os contextos e os temas, tentando que em cada unidade a abordagem dos conteúdos de Geometria fosse a mais alargada possível. Realizou-se, também, uma pesquisa pela exploração de recursos em suporte digital, procurando na Internet páginas Web, aplicações Web 2.0 e software livre, através da inserção de palavras-chave e por marcadores boleanos. Na selecção dos recursos a utilizar, houve sempre a preocupação de aferir da qualidade científica, da funcionalidade e acessibilidade de cada um. Foram escolhidos o Geométricas, o The Artist Toolkit e o educacionplastica.net, por serem os que se salientam nesse contexto. Estas ferramentas permitem aprendizagens colaborativas com actividades de pesquisa, interpretação, comunicação e partilha ajudando os alunos a tornarem-se construtores mais activos do próprio conhecimento. 3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 3.1 A Geometria em EVT No desenvolvimento da minha prática lectiva, a percepção é a de que o conteúdo Geometria nem sempre é objecto duma aprendizagem integrada em unidades de trabalho. A Geometria surge, frequentemente, desenquadrada das restantes aprendizagens. Promove-se a realização de exercícios específicos, implicando os alunos em actividades pouco interessantes e mesmo desmotivadoras. Neste contexto, põem-se variadas questões. Será a Geometria um conteúdo que exige uma abordagem específica? Em que medida o programa e o currículo promovem o tratamento desse conteúdo desintegrado das unidades de trabalho? Se não é assim, porque razão persiste esse tipo de actuação por parte de muitos dos professores de EVT? Antes de mais, convém contextualizar a disciplina de Educação Visual e Tecnológica no âmbito do Currículo Nacional
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Figura 1 - Azulejo com motivos geométricos
Figura 2 - Composição geométrica com azulejos
do Ensino Básico. No que respeita ao desenvolvimento curricular deverse-á contemplar: “• A organização de actividades por unidades de trabalho, entendidas como projectos que implicam um processo e produto final, estruturandose de forma sistemática, englobando diferentes estratégias de aprendizagem e de avaliação; • A metodologia deve contemplar várias formas de trabalho baseadas em acções de natureza diversa: exposições orais, demonstrações práticas, mostras audiovisuais, investigação bibliográfica, recolhas de objectos e imagens, debates, visitas de estudo, trabalhos de atelier, registos de observação no exterior, frequência de museus e exposições, entre outras; • A gestão do tempo de cada unidade de trabalho deve prever que a execução plástica se realize permitindo a consolidação das aprendizagens e a qualidade do produto final; • As situações de aprendizagem devem ser contextualizadas, cabendo ao professor orientar as actividades de forma a que os conteúdos a abordar surjam como facilitadores da apreensão dos códigos visuais e estéticos, decorram da dinâmica do projecto e permitam aos alunos realizar aprendizagens significativas” (DEB, 2001, p.161). Assim, em Educação Visual e Tecnológica, o tratamento dos conteúdos e áreas de exploração surge duma forma enquadrada em unidades de trabalho, não havendo uma organização sequencial obrigatória. Por outro lado, “para cada unidade de trabalho deverá considerar-se um número reduzido de objectivos e conteúdos, susceptível de enriquecimento por uma franja de outras contribuições que o próprio desenrolar da acção eventualmente suscitará. Mais do que acumular conhecimentos, interessa que o aluno compreenda a forma de chegar a estes conhecimentos; mais do que conhecer soluções para vários problemas, interessa o aluno interiorizar processos que lhe permitam resolver problemas” (DGEBS, 1991a, p.205). Em relação ao conteúdo Geometria “entendida como organização da forma, está sempre presente no envolvimento. O professor deverá estar atento à oportunidade de aprendizagem dos traçados geométricos para a resolução de problemas concretos, habituando os alunos a servirem-se, então e só então, dos instrumentos adequados”(DGEBS, 1991b, p.24). Os conteúdos indicados no Programa de Educação Visual e Tecnológica para o tratamento do conteúdo básico Geometria são: - Formas e estruturas geométricas no envolvimento; - Formas e relações geométricas puras; - Operações constantes na resolução de diferentes problemas: traçado de 134
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paralelas e perpendiculares; construção de rectângulos; divisão do segmento de recta em partes iguais; divisão da circunferência em 2,3,4 e 6 partes iguais. Tendo em conta todas as indicações programáticas e curriculares referidas, poder-se-á concluir que a Geometria, como acontece com todos os outros conteúdos, deverá ser contextualizada em unidades de trabalho, promotoras de aprendizagens significativas. Assim, não se percebe a atitude de alguns professores que persistem na abordagem descontextualizada da geometria. Provavelmente, haverá necessidade de compreender a Geometria no percurso da Educação Artística em Portugal. “Desde o início do século XIX que o ensino das artes visuais nas escolas básicas e secundárias portuguesas optou por transmitir conhecimentos objectivos e desenvolver capacidades tecnicistas veiculando uma ideologia que promovia um cidadão acrítico. Com o estabelecimento da democracia na segunda metade do século XX, a educação artística optou por práticas educativas modernistas que, embora mais subtilmente, continuaram essas tradições” (Eça, 2000, p.9). Sendo assim, as tradições de um ensino dedicado à destreza manual, ligado à composição decorativa, ao desenho à vista e ao desenho geométrico parecem ainda perdurar nos dias de hoje, traduzindo-se em aprendizagens pouco significativas. página
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Deve-se considerar, por outro lado, que os professores que iniciam as suas práticas não partilham destas experiências profissionais e de vida, pelo que será de esperar uma mudança efectiva a este nível. A grande conquista será a utilização de novas ferramentas digitais, promotoras de novas práticas. “No domínio dos conteúdos: o caminho para a Sociedade da Informação e do Conhecimento implica a alteração dos métodos tradicionais de ensino e de aprendizagem, para a qual é crítica a existência de ferramentas e de materiais pedagógicos e de conteúdos adequados” (GEPE-ME, Maio 2007, p. 6). São, pois, importantes novas práticas, com recursos diferenciados, no sentido de promover actividades apelativas e enriquecedoras. Ainda assim, se as situações de aprendizagem não forem contextualizadas, perder-se-á o sentido e o significado do que se aprende. 3.2 Articulação Curricular/Temática A Educação Visual e Tecnológica é, do ponto de vista conceptual, uma área educativa de natureza interdisciplinar. “Deverá ser desenvolvida na maior colaboração possível com as outras disciplinas, envolvendo-se com elas em projectos comuns. Isto torna muito importante que cada professor conheça os programas das outras disciplinas e que os conselhos de turma se ocupem metodicamente da planificação desses projectos. A pretendida estruturação do saber num todo coerente só poderá ser alcançada através dessa articulação” (DGEBS, 1991b, p.15). Neste âmbito, o conteúdo Geometria poderá ser enquadrado em unidades de trabalho que impliquem a articulação curricular/temática com outras disciplinas e áreas curriculares não disciplinares. Entre as disciplinas em que se pode realizar actividades com possibilidades de articulação diversas, relativamente ao conteúdo Geometria, salienta-se a Matemática. 4. APRENDER GEOMETRIA 4.1 Utilização de ferramentas digitais “Na sociedade actual, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) ocupam cada vez mais um lugar de grande
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relevo e particular destaque como contributo para o processo de ensino e aprendizagem. Contudo, deveremos, como professores e educadores, ter um certo cuidado na selecção e utilização desses recursos, não caindo no erro de os utilizar indistintamente e para qualquer situação em contexto lectivo. A sua criteriosa análise e selecção deverá ser pensada e posteriormente usada como uma mais valia e não como um mero recurso adicional” (Rodrigues, 2004, p.15). No âmbito da Educação Visual e Tecnológica existe já um vasto leque de ferramentas digitais que constituem recursos preciosos no desenvolvimento de actividades em contexto de sala de aula. Relativamente ao conteúdo básico Geometria, os vários recursos analisados foram seleccionados tendo em conta a sua qualidade científica, a sua funcionalidade e acessibilidade. Permitem a exploração do conteúdo Geometria de forma diversa. Neste contexto, cada professor deverá traçar a sua estratégia de utilização dos recursos, de acordo com os objectivos pretendidos e as temáticas a abordar. Segue-se a listagem dos recursos e respectiva explicitação.
Figura 3 - Exemplos de Phenakitiscopes
geométricas.net O geometricas.net é uma ferramenta que permite ao utilizador aprender a fazer construções geométricas (desenho geométrico). É um tutorial de aprendizagem de base em animações flash permitindo aos alunos do 2º e 3º ciclo do ensino básico acompanhar os processos de construção de várias figuras planas, tais como: polígonos regulares e irregulares; divisões de circunferências e segmentos de recta; ovais e outras figuras concordantes. Pode-se, ainda, aprender a planificar embalagens. Está disponível só em Português e tem um conjunto de comandos que possibilita ao aluno parar a animação, voltar atrás, repetir, voltar em frente, seguir para determinada etapa, etc. Existe, também, nesta ferramenta uma parte catalogada de “geometriarte” que permite contextualizar a geometria no âmbito das várias artes, uma outra relativa à pedagogia e uma parte lúdica. A exploração destas ferramentas permitem diversificar, duma forma mais abrangente e criativa, as abordagens ao conteúdo Geometria. The Artist’s Toolkit O site The Artist’s ToolKit é um excepcional pacote de recursos para ser utilizado na disciplina de EVT. Com um rigor científico acima da média, este projecto foi patrocinado pelo Estado Americano do Minnesota e contou com uma equipa de produção do Minneapolis Institute of Arts, 136
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o Walker Art Center e o Educational Web Adventures. Tem três secções fundamentais: Explore the Toolkit, See Artists in Action e Encyclopedia. Começando pelo último, é-nos apresentado, sobre os vários termos, um conjunto muito abrangente de explicações, profundamente explicado tanto textual como visualmente. O “Ver os Artistas em Acção” apresenta os autores na produção e trabalho com esta ferramenta. Finalmente, a parte principal, no Explore the ToolKit, temos as seguintes secções: Linha, Forma, Cor, Espaço, Textura – Estes na secção dos Elementos Visuais. Na secção dos Princípios Visuais, temos, não deturpando com traduções incorrectas, a área Balance, a Emphasis e a Movement/Rhythm. As secções que melhor trabalham o conteúdo Geometria são as que dizem respeito à Forma (geométricas e orgânicas) e à Linha no Explore the Toolkit. Poder-se-á observar demonstrações animadas, procurar exemplos dos conceitos em obras de arte e criar composições. educacionplastica.net O educacionplastica.net é um site (ferramenta Web) criado e mantido por Fernando Ortiz de Lejarazu com um bom conjunto de recursos educativos multimédia para a disciplina de EVT. O site apresenta as seguintes secções: Visão e Percepção, Estruturas Modulares Bidimensionais, A Cor, Vopágina
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lumes, Perspectivas, Traçados Geométricos, Estruturas Modulares Tridimensionais, A Composição, Sistema Diédrico, Normalização. Apresenta ainda uma secção de links (com algumas ligações interessantes, principalmente para Museus) e para uma Galeria. Pela sua abrangência temática, na disciplina de EVT pode ser um bom recurso para abordar os seguintes conteúdos: Energia, Espaço, Estrutura, Forma, Geometria, Luz-Cor – e as áreas de exploração: Construções e Desenho. No que se refere à Geometria, os Traçados Geométricos são desdobrados nos seguintes conteúdos: Traçados Básicos, A Circunferência, Polígonos (Triângulos e Quadriláteros, Polígonos Regulares, Polígonos Estrelados, Polígonos no Urbanismo, Jogo Tantrix, Tangram), Transformações no Plano, Curvas Técnicas, Curvas Cónicas e Curvas Cíclicas. 4.2 Perspectivas de abordagem temática Neste ponto são apresentadas diferentes perspectivas de abordagem temática, concretizando em diversas propostas de unidades de trabalho possibilidades de abordagens integradoras e promotoras de aprendizagens significativas em Geometria. Como já atrás se referiu, procurou-se diversificar os contextos e os temas, tentando que em cada unidade a abordagem dos conteúdos de Geometria fosse a mais alargada possível. Estas propostas são o tema e mote de cada unidade de trabalho. Pretende-se que os alunos adquiram as competências no âmbito do conteúdo Geometria como necessidade de resolver situações-problema necessárias ao desenvolvimento dos projectos, contextualizando as aprendizagens. 4.2.1 Azulejaria A abordagem do tema Azulejaria constitui uma forma muito rica de trabalhar a Geometria de forma contextualizada. Poderão ser explorados todos os tipos de traçados geométricos previstos no programa de EVT para o 2ºCiclo, de acordo com os projectos e as finalidades pretendidas. Os azulejos podem ser estruturados por módulos, organizando padrões. Podem, também ser criadas composições geométricas tendo em conta as formas, as cores, as posições e
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outros elementos (figura 1 e figura 2). 4.2.2 Brinquedos Ópticos - Phenakitiscope As unidades de trabalho desenvolvidas no âmbito dos Brinquedos Ópticos implicam sempre a aplicação de aprendizagens relativas à Geometria. O Phenakitiscope (figura3), permite duma forma mais alargada a abordagem dos conteúdos relativos aos traçados geométricos, com relevo para o traçado de circunferências e sua divisão em partes iguais. 4.2.3 Decorações de Natal O Natal é uma época propícia ao desenvolvimento de unidades de trabalho muito diversas. Entre várias possibilidades surgem as decorações com polígonos estrelados, que implicam aprendizagens no âmbito dos traçados geométricos, a partir da circunferência. Poder-se-á, também, realizar trabalhos com variadas figuras e sólidos geométricos o que permite a aprendizagem de outro tipo de traçados geométricos (figura 4).
Figura 4 - Decorações de Natal
Figura 5 - embalagem construída a partir da planificação do cubo.
4.2.4 Embalagens Para construir uma embalagem é necessário um projecto que preveja a sua funcionalidade. Esta questão interliga o que é bi e tridimensional, exigindo da parte dos alunos alguma experimentação. Na execução do projecto são necessários traçados geométricos que podem ser relativamente simples, só com traçado de paralelas e perpendiculares, até traçados mais complexos (figura 5). 5. CONCLUSÕES A temática deste trabalho surgiu como reflexão sobre as práticas lectivas no âmbito da Geometria. Tentou entender-se a razão pela qual esse conteúdo continua a ser abordado por alguns professores de forma estanque, desenquadrada das indicações metodológicas e descontextualizada, em situações de ensino-aprendizagem expositivas, monótonas e pouco interessantes. Nesse sentido, realizou-se o percurso pelo Programa de EVT e pelo Currículo Nacional, justificando-se a importância e a necessidade da implementação de unidades de trabalho geradoras de aprendizagens significativas relativamente aos vários conteúdos e, mais concretamente, à Geometria. Contudo, mais do que conseguir justificações, neste trabalho apresentaram-se propostas efectivas de trabalho, no campo da utilização de novas ferramentas digitais e perspectivaram-se abordagens temáticas diversifica138
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das. Pretende-se que a Geometria seja um conteúdo não “enfadonho”, mas extremamente aliciante, sendo fundamental no dia-a-dia de cada um de nós. O caminho passa pela contextualização de cada situação de ensinoaprendizagem facilitando-se, assim, a aquisição efectiva de aprendizagens que se querem, sempre, significativas. É importante que as práticas lectivas “cresçam” em qualidade. Por parte dos professores, o segredo está na vontade de mudar. A escolha é óbvia. Quem ganha é o futuro. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essênciais, Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991a). Organização Curricular e Programas do 2º Ciclo do Ensino Básico. Vol. I. Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II. Lisboa: Ministério da Educação. Eça, Teresa A. (2000). “150 Anos de Ensino das Artes Visuais em Portugal”, in IV Jornadas de Historia de La Educación Artística.Barcelona. Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação, Ministério da Edupágina
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cação (Maio 2007). Estudo de Diagnóstico: a modernização tecnológica do sistema de ensino em Portugal. Lisboa. Rodrigues, José Alberto Braga (2005). Brinquedos Ópticos e Animatrope em contexto de EVT. Tese de mestrado. Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa e Departamento de Comunicação e Arte. Aveiro: Universidade de Aveiro. Rodrigues, José (2004). Brinquedos Ópticos e Animatrope em contexto de EVT, INFORMAR, Revista da Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica, 20, 14-24.
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A Arte ao alcançe dos Cegos
Rui Silva ruysilvart@gmail.com
Resumo: Este artigo insere-se na proposta de trabalho final da Unidade Curricular de Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica, da Escola Superior de Educação do Porto. O trabalho que aqui se apresenta é o resultado do estudo, investigação, aprofundamento e reflexão sobre recursos pedagógicos para aplicação na disciplina de Educação Visual e Tecnológica. A unidade de trabalho sobre o qual recaiu a minha escolha foi a linha e o ponto. Palavras-Chave: arte, Educação Visual e Tecnológica, relevo/Braille, cegos. Abstract: This article is part of the proposal for final paper Course Workshop Resource Educational support the Master of Teaching Visual and Technological Education, School of Education of Porto. The work presented here is the result of the study, research, insight and reflection on teaching resources for use in the Department of Visual and Technological Education. The unit of work which fell on my choice was the line and point. Keyword: Art, Visual and Technological Education, relief / Braille for the blind. 1.Introdução: “ A existência de défice sensorial da visão, independentemente da sua natureza, constitui por si só uma “barreira à aprendizagem”, exigindo, por isso, um esforço concertado por parte dos professores e educadores, pais e demais agentes significativos…” Fernanda Ladeira (Compreender a baixa Visão, pag.11) Sendo eu Docente interiorizo perfeitamente esta citação de Fernanda Ladeira, pois a minha primeira ideia para este trabalho seria mais no âmbito de uma abordagem prática no que respeita ao ensino das artes plásticas, para alunos com necessidades educativas especiais, uma vez que o nosso Sistema Nacional de Ensino apela à inclusão…. Dada a complexidade do tema e à falta de informação nesta área, despertou em mim um novo interesse, uma nova forma de abordagem. Então, como professor, posso de alguma forma contribuir para a quali140
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dade de vida de crianças cegas ou de visão muito reduzida. O projecto passará por criar reproduções em relevo, de obras de um determinado Museu. Estes trabalhos servirão de auxílio na interpretação de obras de arte. Ex: a obra de arte original está para o relevo assim como a legenda em tinta está para o Braille. Para que o projecto possa ter mais impacto o Museu em causa deverá ser o da localidade afim de poder envolver a comunidade escolar com o meio. 2. Metodologia Irá ser feita uma sensibilização à turma para e com uma visita de estudo a um Museu, se possível local. Posteriormente e, em ambiente de sala de aula iniciar-se-á um diálogo de reflexão acerca das abordagens feitas no Museu, gostos, preferências… enfim ouvir a turma e deixar que se expressem! Ainda neste conversa professor /aluno e vice-versa poderá ser colocada a questão pelo professor, que será: como é que os meninos de que sejam cegos podem visitar museus? De que forma é que nós podemos contribuir, conjuntamente, para que os cegos possam “sentir” as mesmas obras? Neste momento temos a Situação e o Enunciado do método de resolução de problemas iniciado. Aqui a turma irá desenvolver um trabalho de pesquisa exaustivo (na internet, livros, escolas de cegos, entrevistas a professores da área…) e a página
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respectiva selecção (informação e técnicas de expressão plástica). Posto isto, dar-se-á início à fase de realização, partindo para o estudo das obras no que respeita à simplificação da forma através da linha e do ponto. Seguidamente, e uma vez que o nosso objectivo é poder ajudar os cegos a fazer uma leitura mais precisa da obra em questão, será necessário criar relevos, neste caso executados num suporte de papel com uma gramagem mais grossa e trabalhados com uma punção sobre uma esponja ou borracha macia. Neste momento os relevos poderão ser colocados no Museu, ao lado de cada obra e será necessário, para concluir o nosso método de resolução de problemas, convidar cegos a fim de poderem fazer uma leitura das obras que para nós, turma, servirá de avaliação e resposta à nossa questão inicial. 3. Enquadramento Teórico A Criança com défice visual é entendida como aquela que sofre de uma alteração permanente nos olhos ou nas vias de condução do impulso visual. Isto causa uma diminuição da capacidade de visão que constitui um obstáculo para o seu desenvolvimento normal, necessitando por isso de uma atenção particular para as suas necessidades especiais. Os deficientes visuais podem dividir-se em duas categorias. Amblíopes – têm baixa visão, mas que lhes permite usar a escrita/leitura normal (escrita a negro), e obter uma melhor orientação e mobilidade no dia-a-dia, visto que ainda não necessitam do uso da bengala. Cegos ou Invisuais – não têm nenhum resíduo visual, mas tendo-o, orientam-se através da luz e das sombras. Estes para se poderem locomover já necessitam do apoio de uma bengala ou cão-guia. O sentido do tacto começa com a atenção prestada a texturas, temperaturas, superfícies maleáveis e diferentes consistências. Pelo movimento das mãos, as crianças cegas percepcionam texturas, a presença de materiais, e as inconsistências das substâncias. Através do movimento das mãos, as crianças cegas podem também aprender os contornos, tamanhos e pesos. Essas informações são recebidas sucessivamente, passando dos movimentos manuais grossos à exploração
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mais detalhada dos objectos. As crianças cegas aprendem a explorar objectos pela linha mediana do corpo, assim como a usar ambas as mãos ao explorá-los. Através do tacto as crianças conhecem várias texturas, que devem ser contrastantes. Inicialmente essas saliências, mole e duro, macio e áspero; devem ser apresentadas nas suas gradações para ajudar as crianças cegas a serem mais hábeis na diferenciação de texturas. Pelo aperfeiçoamento gradual das técnicas de percepção, as crianças cegas podem aprender os tamanhos e pesos relativos dos objectos. À medida que se vão adaptando, poderá tornar-se mais fácil decifrar as texturas mais minuciosas. Dessa forma, as crianças podem aprender os conceitos de pesado e leve, ou grande e pequeno, e em seguida aprender os diferentes graus dessas comparações. Quando nasce uma criança com défices visuais ou quando esta perde a visão posteriormente, influências dela própria e do meio ambiente começam a moldar o seu desenvolvimento. È durante a infância/adolescência que o individuo estabelece padrões de desenvolvimento, atitudes, sentimentos, hábitos que o acompanham ao longo da vida. Neste sentido a sociedade tem uma grande responsabilidade pela integridade desses mesmos padrões. A cegueira não significa ausência ou imperfeição de um único sentido, apenas muda e reorganiza literalmente a vida mental do indivíduo, pois traz um caminho cheio de obstáculos. Não é possível tratar de uma criança como se ela tivesse o mesmo potencial perceptivo da criança que vê, pois a organização perceptiva no normovisual é obtida através de todos os sentidos, contrariamente ao deficiente visual ela é obtida através dos restantes sentidos. A visão é o sentido que dá mais informação ao ser humano, só ela dá detalhes que nenhum outro sentido pode fornecer. Relações de posição, tamanho e forma são mais perceptíveis na criança normovisual, o que não acontece na criança cega, à qual falta a objectividade que a visão dá. Sem a visão inúmeros detalhes não são percebidos, e a e a percepção da forma, assim como a extensão, só será obtida pelo desenvolvimento motor. É importante que seja normal este desenvolvimento, pois nenhuma criança é capaz de perceber o tamanho e reconhecer a verdadeira forma do objecto através do movimento de dedos insuficientemente controlados sem coordenação. Visto que o objecto tocado é o único que a criança cega conhece, ela deve ter acesso a objectos tácteis, de forma a manusear e explorá-los. 4. Recursos Os recursos por mim utilizados irão servir para motivar, despertar interesse, curiosidade na abordagem ao tema. 142
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4.1 Banco de Imagens “O essencial é que, sem a arte, a visão do mundo seria incompleta.” Konrad Firdler As imagens serão seleccionadas com o intuito de serem utilizadas em contexto escolar, no domínio da disciplina de Educação Visual e Tecnológica. Será feita uma selecção de imagens sobre obras de arte, pintura, desenhos com linha e ponto. 4.1.1. PowerPoint com Imagens de Construções Este recurso será apresentado em PowerPoint e incidirá num estudo/abordagem ao ponto /linha. 4.2. Outros recursos Livro de escrita em Braille e tinta com ilustrações em relevo. O próprio Museu a ser visitado servirá de recurso 5.Conclusões Esta conclusão incide mais na elaboração deste trabalho que propriamente no projecto que é aqui apresentado uma vez que não passa de uma proposta de trabalho, em primeiro lugar para mim, e, se possível a curto prazo. “Se poder contribuir com o meu trabalho para uma boa causa, que sempre foi o meu lema, porque não “educar” os meus alunos da mesma forma?” Fico francamente feliz por ter conseguido encontrar um fio condutor página
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numa área que para mim era tão longínqua e o dia-a-dia não permitia ver se quer a luz ao fundo do túnel… Agora, sim, sinto-me motivado para desenvolver este trabalho e só desta forma, estando o professor “apaixonado,” é que se consegue motivar uma turma e consequentemente ter uma boa relação de ensino/aprendizagem. Foi bastante difícil confesso, não no que diz respeito ao envolver nesta “Paixão” mas, no poder desenvolve-la tendo em conta toda a falta de recursos que ainda existe neste, que é o nosso, pais - Portugal! Contudo aquilo que era uma dificuldade transformou-se num desafio que certamente, com a experiencia que tenho como docente a poderei concretizar e FAZER OS CEGOS VER! 6. Referências Bibliográficas Bautista, Rafael, 2ªed Lisboa, Necessidades Educativas Especiais, Dinalivro, 1997,pag.317 Reis, Helder (2008), Branco, Editorial DEB (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: Competências Essenciais, Lisboa: Ministério da Educação DGEBS (1991a). Organização Curricular e Programas do 2º Ciclo do Ensino Básico. Vol. I. Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS (1991b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino - Aprendizagem, Vol. II. Lisboa: Ministério da Educação.
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Aprender Fazendo
Maria Miguel Pedra mariamiguelpedra@gmail.com
Resumo: Este trabalho incide num estudo sobre o cultivo e tratamento de plantas, desenho e tratamento fotográfico das plantas (Ambiente, Comunidade e Equipamento). Descreve a utilização de uma metodologia e material didáctico para o ensino do desenho de observação/ desenho assistido por computador e tratamento de imagem para os alunos do 2º Ciclo do Ensino Básico, aliando as antigas e actuais ferramentas de desenho. É uma investigação sobre recursos didácticos em múltiplos suportes – físicos e da internet (Web e Web2.0) para aplicação em contexto de sala de aula. Deste trabalho resulta assim a exploração de vários programas dirigidos ao nosso público-alvo, assim como incutir-lhes o gosto e sensibilidade pela natureza e seus múltiplos recursos. Os conteúdos abordados são a Comunicação; Espaço; Material e Trabalho. Palavras-Chave: Hortiricultura, Gramática visual, Educação Visual e Tecnológica. Abstract: This work focuses on a study on the cultivation and processing plants, drawing plants and photographic processing plants. (Environment, Community and equipment) Describes the use of a methodology and training materials for teaching the design of observation / drawing, computer and image processing for students of the 2nd cycle of basic education, combining the old and current design tools. It is an investigation of educational resources in multiple media - physical and Internet (Web and Web2.0) for application in the context of the classroom. This work thus reveals the operation of several programs aimed at our target audience, as well as instill in them the taste and sensitivity for nature and its many resources. The subjects covered are the Communication, Space, Material and Labor. Keyword: Visual Communication, Visual Grammar, Floriculture, Visual and Technological Education. 1.INTRODUÇÃO Num mundo caracterizado por uma exploração descontrolada da Natureza e pela degradação crescente do Ambiente, a Escola tem um importante papel a desempenhar, não apenas na transmissão de conhecimentos científicos e técnicos, mas também no desenvolvimento do pensamento crítico, da criatividade, de atitudes e de 144
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valores susceptíveis de assegurar aos alunos, cidadãos do futuro, um papel activo e responsável na evolução da sociedade. Neste estudo ira ser trabalhado o desenho e a fotografia como conteúdos de E.V.T. O desafio de cada aluno é plantar e tratar a sua planta e surge como uma fase inicial de abordagem ao tema. A comunicação visual e o desenho, desde as suas diferentes expressões, acompanhou e continua a acompanhar os seres humanos desde o início da sua vida. Seja como forma de comunicação ou como forma de expressão do que se sucede no seu interior ou do modo como interpreta o mundo que o rodeia. Para que isto se produza deve existir a criatividade: uma pessoa criativa é uma pessoa capaz de se adaptar às mudanças, é um ser aberto e flexível, sensível e capaz de produzir uma nova visão da realidade, capaz de encontrar uma nova solução perante uma situação dada. Este pensamento criativo pode ser construído e desenvolvido através da expressão plástica, do trabalho com os códigos formais de expressão, e de actividades que envolvam o desenho visual aliado à tecnologia. Deste modo, os alunos irão proceder ao desenho de observação das suas plantas quinzenalmente, registando assim as possíveis alterações que irão ocorrer. Em simultâneo, irão fotografar a sua planta e todo o pormenor que considerarem pertinente. Posteriormente, irão tratar o desenho página
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e a fotografia no computador. No Final da unidade, os trabalhos (planta, um desenho e uma fotografia) serão expostos e vendidos na escola. O domínio e a utilização das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) é imprescindível pois elas são um precioso auxiliar no ensino e na Aprendizagem. Este trabalho vai ao encontro a uma nova realidade e apresenta uma variedade de formas de abordar o tema. Expõe um conjunto de recursos pedagógicos possíveis de serem utilizados na área disciplinar de Educação Visual e Tecnológica. 2.METODOLOGIA A metodologia deste trabalho foi ao encontro da necessidade de incutir novos conhecimentos aos alunos, introduzindo-os numa nova área. Deste modo os alunos aprendem fazendo. Este projecto visa aliar várias ferramentas de trabalho. Os alunos começarão por, dentro de um leque restrito, escolher uma planta para cultivo num determinado local da escola. O objectivo será oferecer conhecimentos básicos e fundamentais a pessoas que normalmente não realizam este trabalho, porém, minimamente conhecedoras do tema. A finalidade é proporcionar aos alunos actividades socialmente úteis, permitindo-lhes uma valorização pessoal e o aproveitamento das suas capacidades de modo a mantê-los activos e interessados, nomeadamente na subárea de hortofloricultura, tendo como objectivo incutir o gosto e a aprendizagem de práticas culturais inerentes à agricultura, praticada no meio em que nos inserimos, sensibilizando-os para as questões ambientais. Pretende-se que os alunos adquiram novos conhecimentos teóricos e práticos, para uma melhor integração no meio rural. Assim sendo, procuramos atingir determinados objectivos, tais como: • Limpeza do espaço envolvente; • Transporte, identificação e correcto manuseamento das diversas materiais agrícolas; • Ser capaz de preparar o terreno para iniciar o cultivo; • Identificar as diferentes culturas; • Regar, adubar e fertilizar o terreno; • Podar as plantas; • Desenho de observação das plantas; • Fotografar todos os aspectos considerados relevantes.
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Primeiro será escolhido o lugar no recinto escolar, de preferência com incidência do sol, e com água potável perto. Todos os alunos têm que estar envolvidos na tarefa, pois todos terão o seu “jardim” Escolher o tipo de flor a plantar, de acordo com as características do terreno, e de acordo com as suas preferências. Visualização de obras de artistas plásticos relacionadas com o tema. Dar preferência às plantas que crescem rapidamente. Saber o que tem que fazer no jardim e o tempo requerido para cada visita. Devem visitar o jardim como mínimo duas vezes por semana. Escrever um diário das experiências no jardim, que poderá conter um mapa do jardim, a semente plantada, as alterações do clima, quem visita o jardim, abelhas, insectos, pássaros, que foram vistos no jardim. Desenhar quinzenalmente a planta: desenho de observação e desenho por computador. Fotografar a mesma sempre que considerarem necessário (para tratamento da imagem por computador). Fazer convites para a exposição (através de programas de desenho de letra tais como o Aviary e Fontcapture). Preparar o todo o material para a exposição/venda final. 3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO Figura 1 - Jorge Curval “Girassóis
3.1. A Horticultura – Arte de cultivar hortas ou jardins 3.1.1 A Floricultura O termo floricultura vem de flori+cultura que segundo o dicionário é o ramo da horticultura que se ocupa especialmente das flores. 3.2 Ferramentas de jardinaria Os alunos precisam de ferramentas de jardim que normalmente já se encontram nas escolas, tais como luvas, regador, pá, ancinho e pá de plantação.
Figura 2 - Van Gogh “Lirios”
3.3. Plantas a cultivar: A Natureza traduz uma série de significados para a vida. Cada flor transmite uma determinada essência e conceito. As flores foram escolhidas, após investigação prévia realizada por cada aluno de acordo com o seu gosto pessoal. Seguem alguns exemplos de possíveis flores a plantar: Girassóis - Nativos da América do Norte. O nome vem do grego helios que 146
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significa “sol” e também porque as flores se viram e giram para o sol. Alguns tipos de girassol são cultivados para comida, sementes e azeite. Uma cabeça de girassol pode produzir até 1,000 sementes. Argentina e Rússia cultivam a maioria de girassóis. Kansas é o “Estado do Girassol.” Amores Perfeitos – Nativos da Europa Salvia Azul – Nativa do Brasil Petunias - Nativas do Sul da América. O nome “petunia” vem da palavra brasileira “petun” que significa tabaco. Todas estas plantas tem as mesmas características de cultivo, devem ser semeadas após as últimas geladas.
Figuras 4 e 5 - Exemplos de fotografias tratadas digitalmente página
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3.4. O desenho das plantas – Observação directa O desenho pode ser definido como a interpretação de qualquer realidade, visual, emocional, intelectual, ou outra, através da representação gráfica. O desenho de observação assenta em quatro conceitos básicos: Enquadramento, Composição, Perspectiva e Proporções. O desenho de observação é sobretudo um meio para se adquirir o domínio sobre os fundamentos do desenho (que não são regras), sobre a percepção visual e sobre o espaço no qual se desenvolve, seja ela bi ou tridimensional. No exercício do desenho de observação desenvolve-se o pensamento analógico e concreto, o senso de proporção, espaço, volume e planos. A sensibilidade e a intuição são espicaçadas enquanto se passa a apreciar melhor os outros elementos da linguagem gráfica: textura, linha, cor, estrutura, ponto e composição. 3.5. A fotografia - GIMP O computador pode ser usado de três maneiras em actividades ligadas à arte: como máquina de armazenar dados, como instrumento passivo na criação artística, e como instrumento activo na criação de imagens. Será feito um breve enquadramento da fotografia enquanto obra de arte assim como a visualização de fotografias tratadas por computador. As colecções de fotografia são uma parte essencial do património cultural, não só pelo seu interesse artístico e documental, mas também como registo da história das técnicas fotográficas. Para além do seu valor estético, enquanto obra de arte, a fotografia possui igualmente um importante conteúdo informativo. Pretende-se que os alunos consigam transmitir através da fotografia a importância do seu trabalho. 3.6. A exposição final Será feito um estudo detalhado sobre a exposição final pois esta tem uma mensagem própria que terá que ser transmitida ao público de uma forma clara e precisa. Os aspectos levados a cabo no estudo são: O espaço – uma vez que será uma exposição que albergará muitos “artistas” deve-se atentar para que o espaço seja sufi-
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cientemente grande a fim de dar as mínimas condições para os espectadores apreciarem o que se pretende expor. A distribuição das obras - um desenho, uma fotografia e uma planta por aluno. A iluminação - quanto à escolha da iluminação, deve-se considerar o tamanho do espaço e o grau de necessidade da intensidade de luz das lâmpadas e a distância do ponto de luz e a obra a ser iluminada. O material de divulgação - divulgação através do jornal da escola, sites na internet, bem como elaborados os convites, folhetos de informação e cartazes. Materiais de suporte e apresentação - pinos ou pregos nas paredes para pendurar os desenhos e as fotografias; No caso das plantas, pode-se expor em pedestais de metal ou em bases de formato geométrico, feitas de chapas de madeira, pintadas ou revestidas com material apropriado. A altura da base expositiva deve estar de acordo com o tamanho das peças, atendendo ao factor segurança e visibilidade. Informação para o material exposto – simples etiquetas identificadas com nome do desenho, fotografia e planta; autor, técnica, data, dimensões e valor. Comercialização – o fim lucrativo da exposição, que será para aquisição de árvores para a escola. 4. RECURSOS EDUCATIVOS
Figuras 6 e 7 - imagens tratadas no programa GIMP
4.1 Material e equipamento de apoio à disciplina: Régua; Lápis; Borracha; Afia; Lápis de cor; Marcadores; Tesoura; X-acto; Papel cavalinho; Revistas; Fotografias; Computadores, projector e tela. 4.1.1 – Material e equipamento de jardinagem: Vasos, terra, sementes, luvas, regador, pá, ancinho e pá de plantação 4.2 Programas de desenho por computador O recurso a diferentes programas e aplicações informáticas online, permite a exploração e criação de diferentes conceitos e projectos. 4.2.1 Aviary Aviary é um conjunto de aplicativos, disponível online, que possuí diversas ferramentas de edição de imagens, desenho vectorial, manipulação de formas, etc.
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4.2.2 Fontcapture Permite a criação de fontes personalizadas de forma muito rápida e fácil, permitindo aos alunos do 2º ciclo uma criação diversificada e criativa. Através do download de uma matriz (suporte para a nossa letra) digitalizamos e fazemos o upload do documento no programa e é gerado um ficheiro que nos permite instalar no computador o tipo de letra criado.
dos outros, quando justificadas, numa atitude de construção de consenso como forma de aprendizagem em comum. No decorrer desta investigação é possível explorar uma variedade de programas informáticos de fácil acesso e utilização gratuita. A utilização intuitiva das ferramentas e os resultados atractivos constituem factores de interesse para os alunos. Este trabalho vai ao encontro a uma nova realidade e apresenta uma variedade de formas de abordar o tema. Expõe um conjunto de recursos pedagógicos possíveis de serem utilizados na área disciplinar de Educação Visual e Tecnológica.
4.3 – Tratamento gráfico/imagem GIMP É um programa de uso gratuito que permite criar ou editar imagens. GIMP (GNU Image Manipulation Program) é um programa de código aberto voltado principalmente para criação e edição de imagens raster, e em menor escala também para desenho vectorial. Foi criado como alternativa ao Adobe Photoshop. Embora não tenha tantas funcionalidades com o Adobe Photoshop, é mais intuitivo, o que permite ser utilizado pelos alunos mais facilmente.
6.BIBLIOGRAFIA CONSULTADA DGEBS a. (1991). Programa de Educação Visual: Plano de Organização do Ensino – Aprendizagem. Vol.I. Lisboa: Ministério da Educação. DGEBS b. (1991). Programa de Educação Visual: Plano de Organização do Ensino – Aprendizagem. Vol.II. Lisboa: Ministério da Educação. Sunset Best Kids Garden Book Editores de Sunset, Sunset Publishing Corporation, Menlo Park, Califórnia Learn and Play In the Garden - Games, Crafts & Activities for Children Meg Herd, Barron’s Educational Series, Inc. Gardening with Children Beth Richardson, The Taunton Press
5. CONCLUSÕES Pretende-se com este trabalho que o aluno seja sensível às qualidades do envolvimento, dos objectos e dos materiais (qualidades formais, expressivas e físicas), mobilizando para isso todos os sentidos. Analise a adequação dos meios à ideia ou intenção expressas. Interprete e execute objectos de comunicação visual, utilizando diferentes sistemas de informação/representação. Ter em conta as opiniões página
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WEB: http://pt.wikipedia.org/wiki/Floricultura http://www.arnprior.com/kidsgarden/ http://kidsgardening.com/ http://kidsactivities.suite101.com/ http://www.greengrounds.org/ http://www.kidsgardening.com/grants.asp http://www.digitalphoto.pl/pt/ http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa
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O Origami no Ensino
Marta Sousa marta.b.sousa@hotmail.com
Resumo: O uso do origami no ensino inspira a curiosidade e motiva a criatividade dos alunos. Neste trabalho salientou-se a importância da inclusão da técnica das dobragens de papel no currículo escolar, na medida em que pode ser usada para o enriquecimento do ensino de Educação Visual e Tecnológica, entre outros. Igualmente, reuniu-se um conjunto de elementos teórico-práticos, de natureza pedagógica, visando facilitar e estimular a prática em sala de aula. Palavras-chave: Origami, Educação Visual e Tecnológica Abstract: The use of origami in school inspires the curiosity and motives the creativity of the students.In this work it hás been highlighted the importance of the inclusion of the paper folding technique in the curricular grade school, once it can be used to make richer the teaching of Visual and Technological Education, among others. Equally, it has been collected a set of theoretical and practical elements, from pedagogical nature, aiming to facilitate and stimulate the practice in the class-room. Keywords: Origami, Visual and Technological Education 1. INTRODUÇÃO O papel foi uma das grandes invenções da humanidade, uma alavanca para o desenvolvimento da sociedade civilizada através das mais variadas formas de utilização. O origami, sendo a “arte de dobrar papel”, é uma delas. A técnica do origami, inicialmente desenvolvida no Japão, ou até mesmo na China, onde a história do papel é mais antiga, foi posteriormente introduzida na Europa e desde então rapidamente disseminada, facilmente encontrou aplicação na educação, na medida em que, para além da sua natureza recreativa, se lhe reconheceu capacidade de estimular a concentração, a ordem mental e a criatividade, para além de auxiliar ao desenvolvimento da visão espacial, coordenação motora e sentido estético. Com o presente trabalho, começando por se apresentar uma breve síntese histórica, procurou-se mostrar a clarividência do enquadramento da técnica do origami com o ensino de Educação Visual e Tecnológica, salientando-se o seu grau de interdisciplinaridade e, ao mesmo tempo, estimular a sua prática em sala de aula, contribuindo para a melhoria das práticas pedagógicas de ensino/aprendizagem, para o que, inclusivamen150
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te, se apresentam diversas sugestões de entre os múltiplos recursos disponíveis, tanto a nível bibliográfico como multimédia. 2. METODOLOGIA A metodologia seguida para a apresentação do trabalho teve em linha de conta o objectivo proposto para o mesmo, nomeadamente quanto ao cumprimento dos requisitos de avaliação da Unidade Curricular da Oficina de Recursos de Apoio Pedagógico, do Mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica, pelo que se adoptou o manual de estilos em uso na Escola Superior de Educação do Porto. No desenvolvimento do trabalho e perspectivando que o mesmo possa servir de estímulo para que cada vez mais se assista à utilização da técnica do origami em sala de aula, assim como para entusiasmar e motivar os professores da disciplina de Educação Visual e Tecnológica, empreendeuse uma pesquisa documental, através de múltiplos recursos disponíveis, tanto bibliográficos como de produção multimédia, nomeadamente, interactivos e sítios na Internet, procedendose à recolha e selecção de elementos considerados pertinentes para a compilação de um conjunto de recursos pedagógicos, a título ilustrativo e exemplificativo, susceptíveis de serem utilizados nas aulas de Educação Visual e Tecnológica.
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3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 3.1.História do Origami Entendendo-se como origami a arte tradicional japonesa de dobrar papel, criando representações de determinados seres ou objectos com as dobras geométricas de um pedaço de papel, sem cortá-lo ou colá-lo, arte que viria a tornar-se parte da herança cultural dos japoneses, a sua história está, desde logo, associada à descoberta do papel, a qual remonta ao ano 105 A.C., quando T’Sai Lun, administrador no palácio do imperador chinês, começou a misturar cascas de árvores, panos e redes de pesca para substituir a sofisticada seda que se utilizava para escrever. Contudo, durante séculos, as técnicas de fabricação de papel foram mantidas em segredo pelo império chinês e somente chegaram ao Japão no século VII, aos árabes um século mais tarde e à Europa a técnica chegou por volta do século XII, sendo então rapidamente disseminada por todos os reinos cristãos. Por outro lado, nem sempre o papel teve boa qualidade e, à excepção da China e do Japão, o papel era grosso e frágil, dificultando a prática de dobragens. A própria designação de origami está associada ao papel, resultando da junção de dois caracteres japoneses, ORI e KAMI que, ao juntarem-se, se pronuncia “origami”. O primeiro carácter, ori, deriva do desenho de uma mão e significa dobrar. O segundo, kami, deriva do desenho de seda e significa papel. A origem exacta do origami é desconhecida, mas acredita- se que tenha surgido como uma decorrência natural da invenção e divulgação do papel e que está relacionada com um costume ou crença religiosa de épocas passadas. À medida que se iam desenvolvendo métodos mais simples de criar papel, o que o tornava menos caro, mesmo assim as pessoas menos abastadas não o desperdiçavam, guardando pedaços de papel que usavam nos seus modelos de origami, tornandose cada vez mais uma arte popular. As primeiras figuras de origami terão surgido na antiguidade, por volta do século VI, quando um monge budista terá levado para o Japão o método de fabricação do papel, até então apenas conhecido na China. Naquela época, os origami re-
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Figuras 1 - Capa do livro “Origami – Trabalhos em Papel”
presentavam a natureza das cerimónias religiosas e terão sido utilizados para transmitir ou registar a intenção das cerimónias. O origami recreativo que hoje se conhece teve origem na Era Heian (794 – 1192), época em que o origami deixa de ser formal para ser mais recreativo, evoluindo para as formas de garças, barco e bonecas. No período Muromachi (1338 – 1576) o papel tornouse um produto mais acessível e o origami começou a ser utilizado para distinguir diversas classes sociais, conforme os adornos que as pessoas usavam. No entanto, é durante o período Tokugawa (1603 – 1867) que se assiste a uma forte proliferação generalizada do origami e, desde então, outro povos começaram também a praticar esta arte, nomeadamente os muçulmanos que a introduziram na Europa, através da Espanha, no século VIII. O pai do origami moderno é o japonês Akira Yoshizawa, para quem o origami é uma filosofia de vida e a ele se deve a simbologia actual de instruções de como dobrar os modelos, criando um sistema (Sistema Yoshizawa – Randlett, 1956) que permite a difusão das várias criações. Este aspecto é particularmente importante, porquanto, durante séculos não existiram instruções para criar modelos origami, os quais eram transmitidos verbalmente de geração em geração. Os origami de origem ocidental apresentavam as formas geométricas como característica predominante, enquanto que os do Japão sempre foram mais figurativos, ou seja, imitando formas de animais, pessoas, flores, etc. Por este motivo, o origami chegou a ser bastante criticado, pois acreditava-se que era uma arte imitativa. No entanto, com o tempo, provou-se o contrário. Disseminado como um passatempo e reconhecido como uma arte, o origami encontra aplicação não apenas na educação, recreação e decoração, reconhecendo-se, actualmente, a sua capacidade de estimular a concentração e a ordem mental, a criatividade, além do auxílio ao desenvolvimento da visão espacial, coordenação motora e sentido estético. 3.2. Enquadramento com o Ensino de EVT “A actividade motora sob a forma de habilidosos movimentos é vital para o desenvolvimento do pensamento e da representação mental do espaço.” Piaget (1896-1980) Até meados do século XIX, o origami era considerado como um passatempo divertido e interessante, restrito aos adultos devido ao custo do papel, até então muito caro, enquanto que nos dias de hoje é visto como uma actividade infanto-juvenil, muito usado na educação, como facilitador pedagógico, com elevado grau de interdisciplinaridade, possibili152
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tando ao professor mais opções para trabalhar com os alunos, em diferentes planos de aprendizagem, desde a geometria, a matemática, a educação visual e tecnológica e até mesmo a história e a literatura, contribuindo para a melhoria do seu desempenho criativo. A este propósito, o próprio programa da disciplina de Educação Visual e Tecnológica estabelece que esta “deverá ser desenvolvida na maior colaboração possível com as outras disciplinas” (DGEBS, 1991b, p. 15). Sendo o origami uma arte milenar japonesa, que encanta com as suas formas e cores, ela oferece imensos recursos para auxiliar o desenvolvimento cognitivo e motor de todo aquele que a utiliza, por ser um fascinante mundo de criação, em que os professores devem ser mediadores do processo de aprendizagem. O trabalho com dobragens de papel é um importante recurso para auxiliar o professor nos conteúdos a serem trabalhados em sala de aula, como fonte de visualização espacial de um objecto, proporcionando noções de espaços bi e tridimensionais, podendo contribuir para o desenvolvimento do potencial pleno do aluno, agilizando o raciocínio, enfatizando a observação, a persistência, a meticulosidade, a concentração e atenção, a autoconfiança, o esforço pessoal, a coordenação motora fina e, sobretudo, a criatividade. Por outro lado, relaxa e aumenta a autonomia do aluno, sendo que as suas construções, além do página
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divertimento e prazer, ajudam na decoração da própria sala de aula. Ao praticar a arte do origami, o aluno pode, através dela, descobrir interactividade, prazer e conhecimento. A evolução do aluno no seu aperfeiçoamento da arte do origami, a que se sucedem diversos passos, começando nas dobragens mais simples até que, adquirindo intimidade com o papel, fazendo as dobragens com perfeição, seja capaz de executar outras mais complexas, requerendo maior habilidade manual, o aluno pode assim desenvolver a capacidade de persistência e de paciência para conseguir aprimorar, imaginar e criar novas figuras. Praticando em sala de aula, é possível conciliar o aspecto lúdico e a coordenação motora, além de ressaltar para os alunos o aspecto estético e cultural das peças por eles realizadas, ao mesmo tempo que se procura introduzir ou utilizar, na medida do possível e de forma natural, a linguagem e os conceitos da matemática e da geometria, parte integrante do ensino de Educação Visual e Tecnológica, como ângulos, rectas paralelas ou perpendiculares, figuras planas e espaciais, além dos vários polígonos, a que se associam o conceito de forma e a exploração de cores, confirmando o seu extraordinário grau de interdisciplinaridade, já acima referido. Quando praticadas em grupo, na medida em que uma boa ideia individual pode ser enriquecida com a contribuição de outras vindas do grupo, proporcionando um bom relacionamento interpessoal, as dobragens permitem o debate de ideias, o esclarecimento de conceitos e o desenvolvimento de estratégias individuais e colectivas, rentabilizando a autonomia e a responsabilidade do aluno, além de permitirem o desenvolvimento da criatividade, da concentração e persistência, capacidades fundamentais para que se torne cada vez mais eficiente e eficaz no seu dia-a-dia. Aqui também, digna de relevo, ressalta a característica de interdisciplinaridade com a educação para a cidadania. Como arte muito criativa que é, o origami permite dar asas à imaginação, favorecendo o ensino de Educação Visual e Tecnológica, recorrendo a vários dos seus conteúdos e áreas de exploração, nomeadamente a cor, a forma, a geometria e o material, por um lado, e a construção, por« outro, auxilian-
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Figura 2 - Capa do livro “Enciclopédia do Origami”
Figura 3 - Capa do livro “Making Great Origami”
do no despertar das noções de equilíbrio e espaço, ao mesmo tempo que propicia a preocupação em fazer o trabalho da melhor maneira possível, incentivando a busca da originalidade, da beleza e da harmonia, aspectos em que a criatividade do professor é também fundamental. Por outro lado, a técnica do origami constitui uma óptima ferramenta avaliativa, possibilitando conhecer as habilidades e as dificuldades dos alunos e orientar melhor os procedimentos a adoptar perante os problemas encontrados. Ao exercitar a técnica do origami, para além da satisfação pessoal e do estímulo da auto-estima e auto-confiança, o aluno desenvolve diversas competências, tais como visão espacial, forma de expressão, sentido estético, autonomia, concentração, memorização, criatividade, destreza manual, coordenação motora e relacionamento interpessoal, entre outras. Assim, pode dizer-se que a técnica do origami não consiste apenas em dobrar papéis mas, também, desenvolver dentro do aluno um potencial criativo que o fará expressar as suas ideias e emoções com um simples pedaço de papel. Ou seja, leva o aluno a descobrir que é capaz de resolver grandes problemas com pequenas soluções. Inclusivamente, à medida que o aluno avança nas sucessivas etapas da técnica do origami, as dificuldades com a execução das dobragens diminuem, o que o leva a ficar fascinado com a magia de um pedaço de papel que dobrando e redobrando se transforma em mil figuras do seu quotidiano. Tendo em conta essas diferentes etapas, o professor pode criar mais interesse nos alunos, utilizando esta arte milenar na sala de aula. Esta metodologia poderá fazer toda a diferença, enriquecendo a aula e tornando a aprendizagem mais interessante e divertida. Transformar uma folha de papel numa dobragem tridimensional, criando diversas formas de sólidos, é um exercício que a todos seduz… 4. RECURSOS EDUCATIVOS São muito vastos os recursos educativos disponíveis centrados no tema origami, pelo que se torna difícil a sua selecção. Contudo, tendo em vista apresentar apenas alguns exemplos, que possam servir de estímulo para uma pesquisa mais aprofundada, apresentam-se de seguida alguns recursos que oferecem importantes características pedagógicas, quer tratandose de recursos bibliográficos ou disponíveis na inesgotável fonte que hoje representa a Internet.
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4.1.Origami – Trabalhos em Papel Trata-se dum guia prático para criar maravilhosos objectos de papel, contendo explicações pormenorizadas da técnica do origami, assim como ilustrações detalhadas e descrições passo a passo, apresentando inúmeros modelos, incluindo trabalhos feitos por artistas influentes (Quantum, 2006). Esta publicação proporciona ainda toda a informação necessária para se poder entender as instruções dos projectos, nomeadamente o significado da simbologia normalmente utilizada.
versas sobre tipos de papel, simbologia, dicas e técnicas de dobragens, apresenta várias propostas segregadas por temas, nomeadamente, Natal, Festas para Crianças, Decorações de Mesa, Páscoa, Hallow’en e Presentes. Os exemplos apresentados, além de fácil construção, são bastante apelativos, desde os mais simples aos espectaculares, para todo o tipo de eventos (Jackson, 2004).
4.2. Enciclopédia do Origami Tal como o seu título sugere, trata-se também de um guia completo e totalmente ilustrado da arte de dobragem de papel, o qual procura ensinar a fazer todas as dobragens básicas, assim como várias bases com diferentes níveis de dificuldade, ao mesmo tempo que incita e desafia a que se ponha mãos à obra, puxando pela criatividade (Robinson, 2006). Os trabalhos apresentados são sempre acompanhados por diagramas simples com instruções explicadas passo a passo.
4.5.Making Great Origami Outra publicação igualmente em língua inglesa, oferece uma verdadeiramente compreensiva colecção de sugestões de dobragens, com explicação detalhada das técnicas subjacentes, inspiradas na forma genial como os japoneses fazem uso do papel para todo o tipo de construções, desde pequenas caixas a paredes de casas (Lorenz, 2006). Apresenta projectos desde os mais simples a outros mais elaborados que, até estes mesmos, parecem simples… Esta publicação explora bastante a cor, de onde sobressaem contrastes que embelezam os modelos propostos.
4.3. Decorative Origami Não obstante se tratar de uma publicação em língua inglesa, é de fácil compreensão, porquanto é dominada por esquemas e instruções muito sugestivas. Para além de conter informações dipágina
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4.4.Origami matemáticos Os modelos descritos nesta publicação são exemplos da arte matemática relativamente nova de dobragem modular de papel, para a criação de modelos poliédricos. Para além de muitas novas dobragens, contém alguns dos melhores modelos clássicos, escolhidos pela simplicidade e elegância do seu design e pela pura beleza matemática dos próprios poliedros (Mitchell,1997).
4.6.Origami Resource Center Sítio na Internet que proporciona ampla informação sobre a arte de dobrar papel, facultando links para diagramas, bases de dados, livros e revistas e tudo quanto necessário para se fazer parte da comunidade origami. Recurso pedagógico disponível em: http://www.origami-resource-center.com 4.7.Origami Fun Sítio repleto de graça e beleza que transforma a arte de dobrar papel num divertido passatempo.
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É uma verdadeira fonte de recursos da técnica de origami que apresenta múltiplas propostas de trabalho sob variados temas. Recurso pedagógico disponível em: www.origami-fun.com 4.8.Origami – MM’s Modular Mania Uma verdadeira galeria de modelos sob os mais variados temas. Recurso pedagógico disponível em: http://www.origamee.net
Figura 4 - Página inicial de “Origami Resource Center”
4.9. Como fazer Origami Sítio muito completo que ensina a fazer origami segundo o grau de dificuldade, repartido por três níveis (fácil, médio e difícil). Apresenta ainda múltiplos recursos relacionados com a origem, história e simbologia, além de vídeos. Recurso pedagógico disponível em: www.comofazerorigami.com.br 4.10. Origaminut Outra importante galeria de origami complementada com vídeo explicativo sobre cada projecto apresentado. Recurso pedagógico disponível em: http://www.origaminut.com
Figura 5 - Página inicial de “Origami Fun”
5. CONCLUSÃO É importante para o aluno que ele se desenvolva de forma equilibrada e possa exercer todo o seu potencial e criatividade. Deste modo, através do trabalho realizado, se conclui que o origami se apresenta como uma excelente ferramenta para o ensino de Educação Visual e Tecnológica, além de contribuir para a efectiva aquisição de conhecimentos, denotar interdisciplinaridade e possibilitar o desenvolvimento de várias competências, além de estimular o trabalho em grupo, o raciocínio e outras habilidades fundamentais para a formação do aluno. Pode-se e deve-se ressaltar o facto de, através das dobragens, se aproximarem os conteúdos de formação, propiciando um ambiente favorável para que o processo de ensino/aprendizagem se desenvolva de maneira consistente, em que os professores, facilitadores da aprendizagem, não só transmitam conhecimentos mas sejam também orientadores dessa metodologia e, assim, estabeleçam um contexto na sala de aula onde se pode contar com alunos entusiasmados e motivados.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DGEBS (1991 b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II. Lisboa: Ministério da Educação. JACKSON, Paul; (2004). Decorative Origami. Londres: Quantum Publishing. Figura 6 - Página inicial de “Origami Modular Mania”
LORENZ, Joanna; (2006). Making Great Papercrafts, Origami, Stationery and Gifts Wraps. Londres: Annes Publishing. MITCHELL, David; (1997). Origami matemáticos. Norfolk: Tarquim Publications. QUANTUM Publishing; (2006). Guia completo sobre Origami Trabalhos em Papel. Londres: Quantum Publishing. ROBINSON, Nick; (2006). Enciclopédia do Origami. Londres: Quarto Publishing.
Figura 7 - Página inicial de “Como fazer Origami”
WEBSITES: http://www.origami-resource-center.com www.origami-fun.com http://www.origamee.net www.comofazerorigami.com.br http://www.origaminut.com
Figura 8 - Página inicial de “Origaminut”
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Mecanismos
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em Educação Visual e Tecnológica
Andreia Nascimento andreia.bastos.n@gmail.com Daniela Teixeira danielateixeira78@gmail.com Liliana Monteiro monteiro_liliana@hotmail.com Maria do Carmo Monteiro carmo_monteiro@hotmail.com Pedro Rocha arqpedrogabriel@gmail.com
Resumo: O trabalho que aqui se apresenta é o resultado do estudo, investigação, aprofundamento e reflexão sobre recursos pedagógicos para aplicação na disciplina de Educação Visual e Tecnológica. A unidade de trabalho sobre o qual recaiu a nossa escolha foi a unidade de Mecanismos, sendo que a preocupação foi a motivação do aluno com o intuito de o fazer relacionar o objecto de estudo com as vivências do quotidiano. Uma máquina é um aparelho que foi construído para desempenhar uma tarefa. As máquinas são construídas por diversos elementos, os quais estão associados de modo a fazer algo de útil. (Amelie, 2009, p.1). Palavras-chave: Educação Visual e Tecnológica, Máquinas Simples, Mecanismos, Motivação, Recursos Pedagógicos. Abstract: The project work to be presented is the result of thorough study, research and reflection on pedagogical resources used within the subject of Visual Arts and Education Technologies. The unit plan which we chose was that of “Mechanisms”, being that the main concern behind this choice was students’ motivation and the need to make them relate the object of study with their daily lives. Proposed translation of the quotation: A machine is na apparatus built to perform a task. Machines are constructed with the use of various components, which are put together in a way to create something useful Keywords: Visual Arts and Education Technologies, Basic Machines, Mechanisms, Motivation, Pedagogical Resources. 1. INTRODUÇÃO A quem educar? Por que educar? Como educar? Essas questões são a síntese da preocupação humana com a educação ao longo dos séculos. Isso porque a espécie humana, diferentemente dos animais movidos apenas por instinto, é capaz de criar, de inovar, de inventar o supérfluo. E é tamanha a quantidade de invenções e de conhecimentos humanos, que torna-se necessário sistematizá-los e transmiti-los às novas gerações. (Moura, 2008, p.1). A palavra máquina leva-nos automaticamente a pensar em algo mecanicamente complexo, de difícil entendimento numa primeira abordagem. Talvez por essa razão, o tema dos Mecanismos nos tenha parecido desafiante para o desenvolvimento deste trabalho, uma vez que o vemos 158
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como pouco explorado na disciplina de Educação Visual e Tecnológica e promissor na variedade de abordagens possíveis. Deste modo, o princípio que rege este estudo baseia-se na constante preocupação em gerar situações de aula que despertem a curiosidade e a motivação dos alunos na exploração do tema Mecanismos. Pretende introduzir-se a temática de forma estimulante e dinâmica e com recurso a uma série de estratégias pensadas com o objectivo de cativar os alunos no sentido de aprofundarem o seu conhecimento como um todo abrangente. A nossa estratégia passa por fazer os alunos percepcionarem os objectos do seu quotidiano de forma mais consciente, interligando-os com o tema explorado. De uma forma quase imperceptível aos alunos, eles são conduzidos a tirar ilações sobre o funcionamento/aplicabilidade de algumas das máquinas simples. No âmbito da disciplina a nossa finalidade última é a de criar recursos eficientes para a transmissão de um tema, complexo à partida, desconstruindo-o e tornando-o acessível no seu entendimento. 2. METODOLOGIA O desenvolvimento do presente estudo valorizou, sobretudo, a funcionalidade e a acessibilidade dos recursos existentes para trabalhar o tema escolhido. Foi feita uma pesquisa alargada com base nas indicações programáticas do Ministério de Educação e página
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na nossa própria experiência enquanto professores, seguida de uma análise cuidada e de uma selecção da informação recolhida. A selecção do conjunto de recursos a aplicar teve por base a ideia de desconstruir a complexidade do tema e de o tornar próximo da realidade dos alunos. Tendo também em conta a motivação, a dinâmica, a diversidade e a possibilidade de abranger outras temáticas. O motor de busca da Internet foi a ferramenta utilizada, por excelência, para efectuar a investigação e aceder a diversas formas explicativas sobre mecanismos, a projectos pedagógicos na área, a imagens e a vídeos relacionados. Foram, igualmente, consultados manuais escolares e o Programa de Educação Visual e Tecnológica. A abordagem ao tema foi feita de forma genérica. Contudo, sempre com a preocupação de os recursos definidos poderem ser aplicados pelo professor de forma mais ou menos aprofundada, de acordo com a realidade escolar que se lhe apresenta. 3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO A área de exploração designada por Mecanismos trata de sistemas que visam produzir movimento para chegar a determinados resultados. Regra geral, as actividades dos alunos são realizadas com recurso a “ferramentas de trabalho” básicas. A observação e reflexão sobre as mesmas têm por objectivo chegar a novos conceitos relacionados com o movimento. Este aspecto tem como finalidade proporcionar novas oportunidades de desenvolvimento à imaginação, através de aparelhos mais intuitivos, designados por máquinas. A percepção dos mecanismos visa o seu entendimento pela transformação de forças, seja em intensidade, direcção ou sentido. O objectivo principal é que os alunos compreendam o mecanismo/máquina como uma ferramenta que efectua e facilita deslocações no espaço. É também importante que os alunos denotem criatividade ao resolver questões relacionadas com a associação de movimentos, fazendo-os valorizá-la como forma de expressão/ resolução de problemas.
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3.1 Mecanismos no Programa da Educação Visual e Tecnológica As “competências específicas definidas” no Programa de Educação Visual e Tecnológica do 2º ciclo, no que diz respeito a “Movimentos” e “Mecanismos” são: “- A identificação dos elementos de estruturas móveis e uniões desmontáveis; - O conhecimento das famílias do movimento (circular e rectilíneo), identificando a sua forma de transmissão; - O conhecimento e identificação dos processos de transmissão com a transformação do movimento; - A construção de mecanismos simples que permitam a utilização dos operadores de movimento.” (DGEBS, 1991).
Figura 1 - Conjunto de rodas dentadas
Figura 2 - Roldana
4. PERSPECTIVAS EM CONTEXTO DE SALA DE AULA Inicialmente, é explicado aos alunos que todas as máquinas, por mais complexas que nos pareçam, não passam de combinações inteligentes de peças isoladas, as quais são denominadas por máquinas simples: a roldana, a alavanca, o plano inclinado, a roda e o eixo, o parafuso e a cunha. Todas as máquinas simples são um dispositivo (tecnicamente uma única peça), capaz de alterar uma força (seja em intensidade e/ou direcção e/ ou sentido) com o intuito de ajudar o homem a cumprir uma determinada tarefa com um mínimo de esforço muscular. Posto isto, serão dados exemplos aos alunos, relativamente a quatro tipos de máquinas simples e sua função/aplicação: a alavanca, o plano inclinado, a roda dentada e a manivela, tendo a atenção de os fazer compreender a sua relação com as necessidades várias do homem no seu quotidiano. Tendo presente a ideia base, de que o objectivo da máquina é multiplicar a intensidade de uma força, são colocados desafios aos alunos para que apliquem os conhecimentos previamente adquiridos na resolução do problema, desenvolvendo ideias e propondo soluções para a resolução do mesmo. Os desafios serão um meio pelo qual os alunos irão aprender, por associação de problemas na identificação das principais acções de cada um dos mecanismos, como os conceitos teóricos abordados em contexto de sala de aula, se aplicam efectivamente ao seu dia-a-dia. 4.1 Alavanca A teoria das alavancas simples foi formulada por Arquimedes (cientista grego). Ele dizia: “Dêem-me um ponto de apoio: levantarei o mundo”. cf. http://www.cdcc.sc.usp.br/maomassa/livro/livromm_VI.pdf. 160
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As alavancas são barras rígidas de vários formatos que apoiadas a um ponto fixo multiplicam a força aplicada sobre vários objectos de pesos variados. A utilidade de uma alavanca tem a finalidade de ampliar a nossa força. Várias tarefas que normalmente exigiriam de nós muita força podem ser feitas com uma força menor quando usamos uma alavanca. Ferramentas como a tesoura, o alicate, a pinça, a chave de fendas e o quebra-nozes, são o exemplo de objectos utilizados no nosso dia-a-dia e que funcionam a partir dessa ideia, ou seja, ampliam a nossa força com um menor esforço. 4.2 Plano Inclinado – Princípio do parafuso Possivelmente, o plano inclinado é a máquina simples mais antiga do mundo. São superfícies planas, rígidas, inclinadas em relação à horizontal, que servem para multiplicar forças, constituindo, portanto, uma máquina simples, que facilita o levantamento de corpos pois a força a empregar ao corpo a deslocar é menor, mas a distância é maior. Civilizações primitivas já utilizavam superfícies inclinadas para subir encostas e transportar cargas em desnível. O parafuso constitui uma forma evoluída do plano inclinado. É como que um plano inclinado enrolado em torno de um eixo, tomando uma forma cilíndrica. Situações presentes no nosso quotidiano ilustram muito bem a ideia do plano inclinado, como página
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as rampas de acesso automóvel (sendo que estas também existem sob o princípio do parafuso – subida na vertical), rampas rolantes, escorregas infantis e um sem fim de outros exemplos. 4.3 Roldana A roldana permite alterar o sentido de uma força aplicada. Trata-se de uma peça circular que gira em torno de um eixo, pela qual é feita passar uma corda associada ao objecto com a finalidade de provocar um movimento, normalmente de elevação de cargas. Um exemplo deste tipo de máquina simples é o sistema de extracção de água de um poço tradicional, ou uma grua. 4.4 Manivela A manivela é uma máquina simples, derivada da alavanca, que transforma um movimento circular num movimento rectilíneo de forma articulada, isto é, a manivela tem o eixo preso a uma das suas extremidades e trabalha em círculos aliviando o esforço exercido. Trata-se de um sistema mecânico que transforma um movimento circular num movimento rectilíneo. Pode exemplificar-se dizendo que uma manivela é aquela alavanca que se usa para subir ou descer o vidro do carro quando este não é eléctrico. 4.5 Roda Dentada As rodas dentadas são elementos circulares constituídos por dentes que engrenam uns nos outros, de tal modo que o movimento giratório de uma delas (roda condutora) faz girar a outra (roda conduzida), transmitindo, para além do movimento, a capacidade de multiplicar ou desmultiplicar uma força. Se a necessidade for a de alterar a velocidade e o sentido do movimento num sistema de engrenagens, usam-se várias rodas dentadas ligadas entre si numa cadeia. A velocidade relativa de duas rodas dentadas dependerá da relação no número de dentes das rodas. Num par de rodas dentadas, a mais pequena gira mais rapidamente que a maior, originando uma diferença na força transmitida. A bicicleta e o relógio são o exemplo aplicado a esta máquina simples.
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5. RECURSOS EDUCATIVOS Como recursos educativos a utilizar na explanação deste conteúdo, construímos e seleccionámos uma sequência de quatro actividades. Estas actividades apresentam diferentes níveis de abordagem e grau de dificuldade, que poderão ser explorados em contextos distintos, quer em sala de aula, quer autonomamente pelos alunos, em casa ou em situações de lazer por observação (ver para perceber). O objectivo será integrar o trabalho manual e intelectual através de uma série de exercícios em que o aluno é levado a pensar/agir mediante os problemas visuais e técnicos que lhe são apresentados. Deste modo, os recursos que propomos passarão pela observação, pela constatação e pela prática com base no apreendido, sempre com o intuito de estimular a criatividade e a imaginação.
Figura 3 - Planos inclinados
Figura 4 - Manivela
5.1 Imagens Exemplificativas Um primeiro recurso a utilizar, após a explicação oral do funcionamento de cada uma das máquinas simples, é a exibição à turma de uma série de imagens exemplificativas em suporte digital – quadro interactivo ou projector. As imagens a apresentar são de objectos comuns do dia-a-dia, com que os alunos estão perfeitamente familiarizados, e em que os princípios de funcionamento dos mecanismos são facilmente identificados. A turma é convidada a agrupar os objectos observados pelas suas características de funcionamento, acabando por tornar a sua percepção menos intuitiva e mais racional, fazendo-os abordar, guiados pelo professor e de forma adequada às suas idades, os princípios de física subjacentes. Ou seja, o tipo de movimento inferido e resultante, o tipo de força aplicada e respectivos pontos de aplicação. Figuras 1, 2, 3, 4 e 5 – Conjuntos de imagens exibidas pelo professor e agrupadas pelos alunos mediante o funcionamento de cada mecanismo. 5.2 Exibição dum Filme Em seguida, é exibido um trecho montado de um filme de animação de Wallace & Gromit – The Curse of the Were-Rabbit, onde uma série de máquinas simples é apresentada de modo sequencial de uma forma criativa e humorística, conduzindo a uma percepção clara de cada uma das máquinas implicadas na acção. Os alunos munidos de uma ficha/guião, previamente fornecida pelo professor, vão identificando os mecanismos assinalados na montagem animada e vão preenchendo, individualmente, as opções de escolha múltipla relativas a cada um deles. 162
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A exibição deste pequeno vídeo funciona como um recurso lúdico-didáctico, que além de tornar a aula mais abrangente, estimulante e dinâmica, não deixa de a adequar ao conteúdo de Educação Visual e Tecnológica pretendido.
chegar a estes conhecimentos; mais do que conhecer soluções para vários problemas, interessa o aluno interiorizar processos que lhe permitam resolver problemas.” (DGEBS, 1991). É fornecida aos alunos uma Ficha de Construção em cartolina formato A3 com 3 máquinas simples. Os alunos, organizados em grupos, devem montar, mediante instruções, os modelos propostos.
5.3 Maquete A construção do mecanismo associado à compreensão pela prática, vem reforçar a intenção de um distanciamento intencional da realidade contemporânea suportada por um virtualismo, pouco operacional e contextualizável por parte dos alunos. A experiência da dinâmica de grupo implicando interdependência de acção por causa e efeito, responsabiliza e gratifica os alunos pelas aprendizagens. A associação dos objectivos lúdicos e pedagógicos enfatiza a continuidade das aprendizagens, pela significância e sentido do que é aprendido, podendo ser mobilizada sempre que a situação problema seja recolocada de forma relevante. Com a construção da maqueta subdividida nas diferentes máquinas assume-se uma lógica sequencial e relacional dos princípios de funcionamento dos mecanismos, que terá que ser identificada pelos alunos desenvolvendo a capacidade de resolver problemas com criatividade. A construção resulta assim como uma única máquina. “Mais do que acumular conhecimentos, interessa que o aluno compreenda a forma de
5.4 Ficha de Exploração Autónoma A Ficha de Exploração Autónoma, visa reforçar as aprendizagens pela construção básica das máquinas simples, fora do contexto escolar. O recurso ao papel como material de suporte sustenta-se pela facilidade aquisição e reprodução. A nível das competências específicas pretende-se trabalhar as aptidões técnicas e manuais sendo que é enfatizada a técnica de recorte/corte, colagem e dobragem.
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6. CONCLUSÃO A educação, muito mais do que transmissão de informações ou qualificação profissional, tem o dever e transmitir o legado cultural acumulado pela humanidade historicamente. Na disciplina de Educação Visual e Tecnológica tem-se o privilégio de ir para mais além do que a simples explicação teórica dos factos pois os horizontes são alargados e abrem-se as portas para a experimentação, contacto físico com os materiais, técnicas, novos recursos didácticos, etc. O trabalho aqui exibido surge como resultado de uma pesquisa que visa a criação de diferentes formas de apresentar um tema, de modo a que o interesse e entusiasmo por parte dos alunos não seja questionável. A complexidade do tema é resolvida ao serem colocadas questões práticas relacionandoas com situações do nosso dia-a-dia, pois acreditamos que, deste modo, estamos a contribuir para uma familiarização com as questões e, consequentemente, para uma melhor e mais eficaz aprendizagem. É de salientar que ao longo deste trabalho nos deparamos com múltiplos recursos que poderiam ser utilizados como pedagógicos e com diferentes formas de abordagem, que julgamos, igualmente, eficientes. Optámos por seleccionar as
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que nos pareceram mais atractivas, esclarecedoras do tema para a faixa etária em questão e funcionais em contexto de sala de aula. No entanto, reconhecemos que os recursos podem ser muito diversificados e que foi enriquecedor para o nosso trabalho em contexto educativo, explorar diferentes abordagens e acrescer bases de dados que serão, seguramente aplicadas no nosso trabalho futuro. 7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: AMELIE, (Setembro de 2009), Movimentos e Mecanismos, acedido a 11 de Novembro de 2009, disponível em http://aprender-comevt.blogspot. com/2009/09/movimento-emecanismos.html. DGEBS (1991 b). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino- Aprendizagem, Vol. II, Lisboa: Ministério da Educação. Figura 5 - Ficha de construção
MOURA, Selma (04 de Abril de 2008), Para Que Serve A Educação, acedido a 11 de Novembro de 2009 disponível em http://www.overmundo. com.br/overblog/para-queserve-a-educacao 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AAVV; (2006). Competências, Currículo e Planificação - 4º Ano. Reorganização Curricular - 1º Ciclo do Ensino Básico. Braga: Editora Nova Educação.
Figura 6 - Ficha de exploração autónoma
SANTOS, Leonor (coordenadora de Projecto); (2006). “Reorganização Curricular do Ensino Básico Princípios, Medidas e Implicações” In Projecto Avaliação Reguladora no Ensino e Aprendizagem - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, acedido a 5.Novembro.2009 disponível em http://area.fc.ul.pt/pt/ Orienta%C3%A7%C3%B5es%20Curriculares/reog_curricular_ens_ bas.pdf NETT; Luiz Ferraz. (2008). Máquinas Simples In Feira das Ciências, acedido em 3/ 4/5.Novembro de 2009, disponível em http://www.feiradeciencias.com.br/sala06/06_RE01.asp PANZERA, Arjuna; GOMES, Arthur; MOURA, Trabalho e Máquinas Simples In Módulos Didácticos de Física; acedido em 3/4/5 Novembro de 2009, disponível em http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index. 164
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asp?id_projeto=27&ID_OBJETO=58360&tipo=ob&cp=00 0000&cb=cio PRASS; Alberto Ricardo, Máquinas Simples: Alavancas – Mecânicas Clássica, acedido a 3/4/5 de Novembro de 2009, disponível em http://www.fisica.net/mecanicaclassica/maquinas_simpl es_alavancas.php TRAVITZKI, Rodrigo (6 de Setembro de 2009) Máquinas Simples, acedido a 3/4/5 de Novembro de 2009, disponível em http://digao.bio.br/rizomas/culturaescolar/material-didatico/ciencias/246-maquinassimples-videos-sobre-plano-inclinado-engrenagensalavancas-etc.htm ANÓNIMO. Alavancas, acedido em 3/4/5 de Novembro de 2009, disponível em http://www.interaula.com/biologia1/ conteudo/textos/biologicas/ciencias/fundamental/cie52b.pdf
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O AUTOMÓVEL
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em Educação Visual e Tecnológica
Pedro Rocha arqpedrogabriel@gmail.com
Resumo: O trabalho que se apresenta é o resultado de uma vontade de estudo, investigação, aprofundamento e reflexão sobre paralelismos pedagógicos desenvolvidos na disciplina de Educação Visual e Tecnológica. O objecto de trabalho sobre o qual recaiu a escolha foi o Automóvel, com a preocupação da motivação para a aprendizagem pelo aluno, com o intuito de o fazer relacionar o objecto estudado com as mais diversas e variadas vivências do quotidiano. Palavras-chave: Educação Visual e Tecnológica, Automóvel, Arte, Motivação, Abordagem por Problema 1. INTRODUÇÃO “Nós afirmamos que a magnificência do mundo foi enriquecida por uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um carro de corrida cuja capota é adornada com grandes canos, como serpentes de respirações explosivas de um carro bravejante que parece correr na metralha é mais bonito do que a Vitória da Samotrácia.” Afirmação do manifesto futurista. Sendo um trabalho proposto como a exploração de uma paixão dentro do âmbito das unidades programáticas disciplinares, o tema escolhido foi o automóvel. “Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma máquina! Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo! Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto, Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento A todos os perfumes de óleos e calores e carvões Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!” Álvaro de Campos 2. METODOLOGIA A nível da pesquisa, organização e sistematização do trabalho, a metodologia é semelhante a um trabalho de projecto, sendo que o produto resultará da proposta aqui apresentada. A pesquisa aponta antes caminhos, desenhando provocações e desafios para serem explorados. O desenvolvimento do presente estudo valorizou, sobretudo, a funcionalidade e a acessibilidade dos recursos existentes para trabalhar o tema escolhido. Foi feita uma pesquisa alargada com base nas indicações programáticas do Ministério de Educação e na nossa própria experiência enquanto professores, seguida 166
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de uma análise cuidada e de uma selecção da informação recolhida. A selecção do conjunto de recursos a aplicar teve por base a ideia de desconstruir a complexidade do tema e de o tornar próximo à realidade dos alunos, tendo, também, em conta, a motivação, a dinâmica, a diversidade e a possibilidade de abranger outras temáticas. O motor de busca da Internet foi a ferramenta utilizada, por excelência, para efectuar a investigação e aceder a diversas formas explicativas sobre o tema, a projectos pedagógicos na área, a imagens e a vídeos relacionados. Foram, igualmente, consultados manuais escolares e o Programa de Educação Visual e Tecnológica. A abordagem ao tema foi feita de forma genérica, contudo, sempre com a preocupação de os recursos definidos poderem ser aplicados pelo professor. 3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO Intencionalmente e tratando-se de um trabalho para uma disciplina de recursos pedagógicos, impõe-se uma postura crítica face ao contexto actual de sala, em que os conhecimentos são maioritariamente adquiridos sem significado ou significância para o aluno. A disciplina de educação visual e tecnológica, por permitir uma visão global, potenciar uma atitude crítica e apresentar um produto, capaz de dinâmicas interpretativas do mundo real, é o lugar por excelência da integração dos saberes da escola. página
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O saber fazer, a experiência táctil, sensorial e a dimensão tempo são inexpressivas na “virtualização” dos conteúdos e conhecimentos, ficando aquém das competências e objectivos da educação visual dos alunos. A proposta assenta, então, nas imensas relações pedagógicas e estratégicas que se podem desenvolver em sala de aula, com vista à obtenção de um produto tridimensional. Com estrutura, textura e volume, preferentemente feito de forma artesanal, pretendendo não fazer um elogio da prática pela prática, mas antes construir uma visão de princípios e valores que nos trouxeram até à contemporaneidade, em termos da educação visual. A máquina como recurso surgirá como instrumento e não único meio de realização, visualização do pensamento e da acção humana. As mãos irão assumir papel preponderante na resolução dos desafios e no captar de sensações julgadas esquecidas. O toque com os materiais, o cheiro e saber de uma oficina, como poesia exige e procura-se no processo de trabalho, de aprendizagem. A dificuldade da opção, o risco da escolha, sem crtl+z, desafia para um pensamento para a acção. Os tropeções e encontros inesperados são as mais-valias deste processo. A construção da ideia do automóvel, enquanto máquina, faz-se pela sobreposição de camadas de conhecimentos específicos e técnicos, passíveis de serem abordados pelas mais diversas disciplinas. Globalmente como símbolo dos tempos modernos e representação de um ideal, o automóvel matiza-se com contextos e particularidades locais, com expressões estéticas e características visuais diversas. Fonte de inspiração generalizada para as mais diversas artes, surge no imaginário e vivência diária como uma engenhoca paradoxal: a máquina infernal. O automóvel, capaz de uma imensa sedução, é presença popular no mundo contemporâneo. Afirmou-se pelos sentimentos carismáticos e intensos que consegue despertar um pouco por todas as formas de expressão artística. Campo de experimentação muito fértil consegue cristalizar ideais de felicidade com uma base comum quase imutável.
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Enquanto conceito, pouco evoluiu, mimetizando e metamorfaseando intenções, vontades pequenas de uma grande transformação. Como poucas máquinas, alterou no Homem a noção de espaço e tempo, sendo, por isso, válido como objecto de estudo do nosso mundo visual. Como objecto de produção em massa, expandiu o estudo de disciplinas artísticas e técnicas (o design em questão). Como símbolo, alimentou filosofias, pensamentos e críticas, validando a sua existência na relação e expressão humana, também como forma de arte. Figura 1 - Art mini washed
Figura 2 - Vertigem da velocidade
Figura 3 - a apropriação do automóvel como expressão particular do “eu” – porsche 356 B de Janis Joplin
O início: A evolução do conceito Com uma base – chassis – de suporte move-se, utilizando rodas que, com o tempo, ganharam pneumáticos e suspensões, possibilitando o explorar de terrenos e distâncias sem esforço. A força motriz proporcionada é o motor – unidade de transformação de energia – de explosão ou combustão que só se impuseram aos motores a vapor, gás ou eléctricos pela descoberta, exploração e transformação do petróleo como fonte primária de energia, tendo dado origem por refinação aos produtos como a gasolina ou o gasóleo. Estes diferentes conceitos de abordagem por problema podem ser explorados em Serralves, no âmbito do programa “Viver com Energia”, dinamizado pela Mundo Científico. O conhecimento interdisciplinar é efectivado pela manipulação e experimentação de materiais, máquinas e engenhos diversos capazes de uma aprendizagem por descoberta significativa. As invenções e descobertas que possibilitaram e potenciaram a existência da máquina. As ideias de uma sociedade foram-se agrupando e projectando em camadas sobre o chassis e informam hoje o mundo motorizado com aparatos virtualmente impossíveis há poucos anos e que foram alvo da ficção. A necessidade de conforto e isolamento face ao mundo exterior ditou o aparecimento de capotas, luzes, rádios, pára-brisas, tapetes, forros, guarnições, gavetas, mesas, telefones, televisões, gps e todo um sem fim de engenhocas postas ao serviço do homem na sociedade do automóvel. A distância surge aliada ao tempo e à vontade, já quase despojada do espaço, encurta-se com a vertigem da velocidade. Os materiais, cores e texturas em vidros tecidos e superfícies são alvo de estudos de produto com detalhes e diversidades só possíveis num objecto de “consumo imediato”. O conceito optimizou-se nas quatro rodas e várias portas, com ou sem tejadilho. Como máquina de produção standard ou objecto único, afirmou-se im168
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prescindível aos tempos modernos. A liberdade permitida pelo automóvel constrangia-se apenas pelos trilhos impostos da necessidade de uma estrada. A paisagem urbana ficou assim retalhada por vias largas e pavimentadas. O automóvel em questão impôs-se também pelos recursos que consumia, tanto na produção, como no funcionamento e manutenção. Em sequência é também questionado o impacto ambiental desta invenção no fim da sua vida útil. A consciência crítica do uso de recursos ditou o aparecimento e desenvolvimento de tipologias diferenciadas mantendo no essencial a ideia base de deslocação e de movimento como condição, mesmo quando os automóveis se consumaram como o prolongamento da casa. A capacidade da sedução do domínio do tempo, difundiu a imagem do homem à frente dele mesmo na vida contemporânea. 3.1 Paralelismo no Programa da Educação Visual e Tecnológica As competências essenciais e específicas definidas para o Programa de Educação Visual e Tecnológica do 2º ciclo, no que diz respeito ao tema, são em síntese: “As artes são elementos indispensáveis no desenvolvimento da expressão pessoal, social e cultural do aluno. São formas de saber que articulam imaginação, razão e emoção. Elas perpassam as vidas das pessoas, página
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trazendo novas perspectivas, formas e densidades ao ambiente e à sociedade em que se vive. A vivência artística influencia o modo como se aprende, como se comunica e como se interpretam os significados do quotidiano.” Curriculum Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais, Educação artística, pág. 135. (DGEBS, 1991) 4. PERSPECTIVAS EM CONTEXTO DE SALA DE AULA “Literacia em artes pressupõe a capacidade de comunicar e interpretar significados usando as linguagens das disciplinas artísticas. Implica a aquisição de competências e o uso de sinais e símbolos particulares distintos em cada arte para percepcionar e converter mensagens e significados” Curriculum Nacional do Ensino Básico – Competências Específicas. O que é então possível desenvolver nas diferentes unidades programáticas: 4.1 Animação Como meio de expressão adequa-se à faixa etária com especial relevância, sendo imediata a exploração de conteúdos e técnicas. 4.2 Construção A abordagem ao tema pode contemplar a construção de uma carroçaria à escala, com madeira ou arame, sendo especialmente adequado o tratamento da linha e da superfície, entendida como a linha em movimento. 4.3 Desenho Como meio de integração do tema pode ser feito desenho de observação. São também passíveis as interpretações mais criativas ou rigorosas abordando geometrias e proporções, ou propondo a construção de um novo tipo de automóvel. 4.4 Fotografia A experimentação assume a primazia e o processo da incorporação da noção de velocidade na fotografia, desafia os conhecimentos, exultando a beleza como um momento fugaz, mas persistente.
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4.5 Impressão O automóvel como suporte da expressão artística pode ser trabalhado, realizando uma pesquisa sobre a publicidade feita em camiões e automóveis, ou as diferentes actividades propostas pelas marcas como Smart, Toyota e BMW. 4.6 Mecanismos A grande diversidade de mecanismos presentes dita uma mais vasta interdisciplinaridade, podendo ser explorada a área da física com visitas aos centros ciência viva, museus do automóvel, do carro eléctrico, dos transportes ou até a fábricas de lápis e vidro, ampliando, a este propósito, a pertinência das aprendizagens em contexto. Elevadores de vidros, limpa párabrisas, travão de mão, fechaduras e correias, podem ser explorados em conjunto com a Educação Tecnológica. Figura 4 - Vícios - Allan D’Arcangelo Smoke Dream #2, 1963
4.7 Modelação/ moldagem A presença em Portugal de uma grande capacidade instalada da indústria dos moldes recomenda a visita a uma fábrica de moldes de plástico – por injecção, extrusão, cera perdida, etc. – fábrica do mobiliário – programação e utilização de máquinas CNC, ou a uma fábrica da indústria cerâmica ou vidreira, para visualizar o processo de modelação e moldagem. 4.8 Pintura O desenvolvimento do paralelismo pode ser conseguido pela experimentação e a realização. Sugere-se também uma cultura de frequência de espaços – ex: bombarda – capazes de despertar o sentir da arte também pela cor bidimensional.
Figura 5 - Pilha de pneus - Edward Burtynsky Oxford Tire Pile #1, Westley, California, 1999
4.9 Esculturas A escultura ou as instalações pela apropriação tridimensional do espaço, conseguem uma multiplicidade de leituras incorporando o tempo com o espaço. A percepção do toque, da luz, enfatiza o volume e as texturas. Este tipo de abordagem pode ser indicado para sensibilizações de crianças com necessidades educativas especiais. 4.10 Tecelagens e tapeçarias A pesquisa de novos materiais levou ao desenvolvimento de tecidos com textura e função semelhantes à pele de animais, passíveis de aplicação no automóvel, exemplo disso o BMW Gina. Também podem ser exploradas as confecções e padrões dos bancos e revestimentos dos automóveis. 170
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5 RECURSOS EDUCATIVOS Como recursos educativos, a plataforma de internet, os livros, os museus, revistas e demais formas de comunicação e expressão podem ser utilizados, dando forma e conteúdo a pesquisas tão vastas quanto possível. O mundo do brinquedo, pode também servir de base para exploração, modificação e transformação. O seu uso como expressão artística: A arte ou as manifestações artísticas exprimem-se também pela manipulação do automóvel. Usam-no como suporte ou transformam-no a ele próprio em forma de arte. Arte em movimento vs movimentos da arte: O automóvel em forma de arte surge também como objecto único. A arte influencia e é influenciada pelo automóvel. As esculturas cinéticas aliam: o ponto; a linha; a superfície. A linha entendida como ponto em movimento e a superfície como linha em movimento. Como opção estética, conseguem, de forma eficaz, incorporar o tempo. Como mercado de comunicação com as diferentes implicações na construção da paisagem das estradas, com sinais, passeios, pavimentos e publicidade. 5.1 Exibição dum Filme A inevitabilidade da expansão do tema ao mundo das artes foi assumida com fulgor, investindo com carácpágina
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ter e personalidade a máquina até aí estritamente funcional. Uma ideia infantil, mas reveladora dos afectos de muitos. Os filmes, pela fácil reprodução, pela visão sintética e intensidade de argumento são veículos de motivação, devendo, contudo, ser orientadas e montadas sequências tendo por base o automóvel e o seu imaginário. 5.2 À escala – mundo do brinquedo Como objecto de reprodução do mundo real, o brinquedo pode ser pedagógico; aliando uma vertente lúdica, completase e amplia o seu campo de desenvolvimento. Também aqui se verifica a dupla influência do mundo da fantasia no mundo real e viceversa. O coleccionismo por si estimula a sistematização e motiva o conhecimento. A colecção de miniaturas automóveis é um passatempo que, pela manipulação, facilidade de aquisição e variedade, se apropria, de forma provocatória, dos campos de acção da disciplina de educação visual e tecnológica. Pode ser tratado o tema «Colecções», tendo por base o automóvel, potenciando os registos, catalogações e investigações no âmbito diciplinar. 6. Conclusão O trabalho, sendo um momento de realização, fica também ele marcado e informado por contextos de vivência, de aprendizagem e de formação. Os trabalhos desenvolvidos com paixão têm a magia do eterno retorno, da interminável procura e o prazer da imensa satisfação. Este trabalho de forma egoísta é um gozo pessoal e por vezes transmissível, sendo que o poder de síntese limita sempre a profundidade e abrangência. No caso, o factor tempo limitou também o paralelismo e aplicabilidade prática. Fica, contudo, a provocação em jeito de guia para explorações e derivações sempre que possível artísticas. A exposição imagética induz uma abordagem ampla das questões técnicas e estéticas envolvidas. O tema automóvel tem elasticidade e plasticidade suficiente para ser trabalhado todo o ano lectivo. “Sentir, agir, conhecer.” “Para terminar em primeiro, primeiro é preciso terminar” Juan Manuel Fangio.
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7. Referências bibliográficas: DGEBS b.; (1991). Programa de Educação Visual e Tecnológica: Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem, Vol. II, Lisboa: Ministério da Educação.
Figura 6 – Spindle Car, Dustin Shuler, 1989/ 2008 Cermak Plaza, Berwyn, Illinois
Imagens: http://belindaschneider.wordpress.com/2008/01/05/gpp16picasso-and-dora-maar/ http://www.andysaunderskustoms.co.uk/cars.htm http://www.artlies.org/article.php?id=43&issue=43&s=1 http://www.bmw-museum.de/2/webmill.php?fx=g&id=630421 http://www.michelvaillant.com/ http://coldtrackdays.blogspot.com/2009/10/culture-michelvaillant24-hours-of-le.html http://forums.vwvortex.com/zerothread?id=4696115&page=1 http://www.supercar-wallpapers.com/Index3.htm http://blog.uncovering.org/archives/2007/06/automoveis_futu_1. html http://futurismo1909.wordpress.com/ http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/alvaro_de_campos/poetas_alvar odecampos_odetriunfal01.htm http://www.guggenheim.org/new-york/collections/collectiononline/ showfull/ piece/?search=Dolores%20James&page=&f=Title&object= 70.1925 http://www.pininfarina.com/index/servizi/stile/processoStile http://www.zagato.it/ http://www.bertone.it/ www.moma.org/
Figura 7 - Bmw M1 Art Car, 1979, Andy Warhol
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Expressão da Cor
Sónia Guedes soniaguedes_@hotmail.com
Resumo: Este trabalho visa a elaboração de material didáctico no ensino da Expressão da Cor a alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico, em cursos CEF – Cursos de Educação e Formação. Baseia-se num estudo-investigação sobre alguns recursos digitais, passíveis de serem utilizados na disciplina de Artes Visuais, no conteúdo “expressão da cor”, articulando sempre com os meios e tecnologias utilizadas usualmente na disciplina. É uma investigação e reflexão sobre as diversas ferramentas digitais, com aplicação online (Web e Web2.0), que poderão contribuir para uma ensino/aprendizagem mais rico e mais estimulante para os alunos. Deste trabalho resulta, assim, a exploração de vários programas que abordam este conteúdo, dirigidos ao nosso público-alvo, preparando-o para a execução posterior de diferentes trabalhos práticos neste contexto. Palavras-Chave: Cor, Expressão, Artes Visuais. Abstract: This work aims to develop material in the teaching of “expression of color” to students of the 3rd cycle of basic education courses in CEF, in Portuguese Curriculum. It is based on a research-study about some digital resources, which could be used in the discipline of Visual Arts, within the content ”expression of color”, always articulating it with the means and Technologies usually used in the discipline. It is a research and reflection on the various digital tools, with online application (Web and Web 2.0), which may contribute to a richer and more stimulating teaching/learning for students. From this work results the exploration of several programs that address this content targeted to our audience, preparing it for the future implementation of practical work in this context. Keyword: Color, Expression, Visual Arts. 1. INTRODUÇÃO A investigação descrita neste trabalho, permite a descoberta de diferentes recursos pedagógicos que poderão ser utiliza-
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dos na área disciplinar das Artes Visuais no domínio da Expressão da Cor, tornando-o ainda mais estimulante para os alunos. Estes recursos permitem, também, desenvolver diferentes temáticas, nomeadamente a mistura das cores, a síntese aditiva e subtractiva, as cores secundárias, complementares, a qualidade das cores, a teoria da cor, paletas de cores, harmonia e simbologia da cor, etc. Estas aplicações online permitem que os alunos, neste contexto, obtenham uma sustentabilidade teórica e prática nesta unidade de trabalho, para uma posterior utilização da cor em suportes tradicionais. Alguns destes recursos poderão ainda ser utilizados e explorados nesta unidade curricular, em diferentes conteúdos e possibilitarão ao aluno novos saberes ligados ás artes, criando novos conceitos artísticos e desenvolvendo a sua sensibilidade estética. “A cor desempenha um papel muito importante na arte, porque produz um efeito directo sobre os nossos sentidos.” (READ,2007,p.37) 2.METODOLOGIA A metodologia deste trabalho baseou-se essencialmente na necessidade de explorar novos materiais e técnicas para além dos tradicionais, que estimulem os alunos na compreensão desta unidade de trabalho. A problemática existente no curso CEF de desenhador de construção civil, mostra-nos uma grande desmotivação por parte dos alunos, principalmente quando é introduzido um determinado conteúdo a um nível mais teórico-prático. A descoberta de outras formas de abordagem dos conteúdos, utilizando as novas tecnologias da informação e da comunicação, provocam no aluno um envolvimento mais activo e dinâmico. Foi esse o grande objectivo do trabalho, procurar soluções alternativas para abordar esta temática neste contexto específico. Utiliza-se inicialmente nesta unidade de trabalho o computador como ferramenta principal de aprendizagem, na descoberta das cores, através dos programas que serão mencionados mais adiante no capítulo quinto. Com a implementação desta metodologia, as aulas serão dadas na sala de informática numa primeira fase, onde serão explorados os diversos programas e o respectivo conteúdo. Nesta unidade de trabalho e com os programas propostos, o aluno deverá adquirir diferentes saberes teóricos, que serão de grande utilidade numa posterior aplicação prática nos trabalhos que irão ser realizados online. Após a exploração da cor através das ferramentas digitais, o aluno deverá desenvolver um trabalho recorrendo à utilização dos materiais tradicionais, aplicando os saberes adquiridos no uso destas ferramentas. 174
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Em simultâneo, o professor, poderá através do quadro interactivo, acompanhar os alunos na manipulação dos diferentes programas e demonstrar as suas principais funcionalidades. Caso existam alunos que não possuam os conhecimentos básicos de informática, será feita uma pequena introdução, abordando as questões mais pertinentes colocadas. Na maioria dos casos as aplicações online estão em inglês, podendo, por vezes, existirem dificucompreensão. Neste caso, o professor poderá utilizar o quadro interactivo para traduzir de forma clara à turma ou então haver uma integração deste conteúdo com a disciplina de inglês. No estudo da cor é necessário haver uma compreensão das diferentes temáticas: a teoria da cor, a mistura de cores, as cores primárias, secundárias e complementares, síntese aditiva e subtractiva as qualidades da cor, etc. O aluno deverá tomar consciência da importância destes conceitos para posterior aplicação prática, sendo todos os programas fundamentais no esclarecimento desta matéria, mas destacando o site The Artists Toolkit e o Young Tate, pela diversidade na exploração desta unidade de trabalho e por todos os conteúdos existentes relacionados com as. São recursos educativos com um grande potencial, de um grande carácter educativo e cultural, que desenvolverá nos alunos neste contexto específico uma maior sensibilidade artística e um maior aprofundamento sobre o tema. O uso página
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das novas tecnologias de informação serve como estimulo e motivação no desenvolvimento e na aprendizagem desta unidade curricular e como um grande recurso para uma aplicação prática posterior, dos saberes apreendidos nos trabalhos desenvolvidos no conteúdo da Expressão da cor. 3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 3.1 A obra de arte e a cor A cor ocupa um papel fundamental em várias modalidades Artísticas, porque produz um efeito directo sobre os nossos sentidos, poderá ter um carácter meramente simbólico, emotivo, representativo, subjectivo e comunicador, revelando ao espectador diversas realidades, emoções, mensagens, e expressões. A cor conduz o olhar do observador, propondo-lhe emoções e sensações de calor, frio, profundidade, sombra ou tonalidade. A exploração da cor na obra de arte sempre foi primordial, mas a grande revolução dá-se com os impressionistas, que exploram todas as suas qualidades expressivas, utilizando cores brilhantes, criando o efeito da intensa luz solar. “O rio de Monet, de 1868 , é inundado por uma luz tão brilhante que os críticos conservadores se queixaram de que lhes feria a vista; nesta rede cintilante de manchas de cor, os reflexos de água são tão”reais” como as Margens do Sena” (JANSON, 1992, p.621) Seurat e Signac foram também grandes investigadores pelos estudos ópticos, aplicando na sua pintura a teoria da percepção visual e da decomposição da luz, criando uma nova técnica, que consistia na decomposição dos tons cromáticos em minúsculos pontos de cor, caracterizada por pontilhismo, garantindo efeitos luminosos mais intensos. Ao longo da história a cor foi aplicada e explorada de diversas formas pelos artistas, quer técnica e cientificamente, quer emotiva e comunicativamente, provocando diferentes reacções no espectador. “...descobrimos dois elementos presentes em todas as obras de arte plásticas: a forma que atribuímos à actuação das leis universais da natureza, e a cor que é a propriedade superficial
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de todas as formas concretas e que serve para realçar a beleza física e a textura destas formas.” (READ,2007,p.38)
Figura I - Esfera cromática de Runge
Figura II - Árvore de Munsell
3.1. Teoria científica das Cores Já desde a antiguidade que os fenómenos da luz e da cor têm sido estudados, mas só a partir do Séc. XVII com o desenvolvimento das ciências exactas é que surgem teorias e modelos que pressupõem uma maior compreensão da cor. Philip Otto Runge (1777/1810) é um dos primeiros a estudar este fenómeno, pintor da escola romântica alemã, proporcionou uma nova imagem visual da cor que deu origem a importantes estudos. A esfera cromática de Runge com a forma de globo terrestre, corresponde a branco no pólo norte e a preto no pólo sul e o equador corresponde a um círculo de tons púrpura-amarelo, vermelho, azul e o verde, estando os pólos conectados por meridianos que cruzam o equador. Albert Munsell (1858/1918), baseado nos estudos realizados por Runge, criou um sistema de orientação de cores, que era disposto em forma de árvore, tridimensional seccionando com todas as variações das corespigmento e a relação que existe entre elas. As matizes fundamentais e intermédias são representadas num círculo central e as variações de claroescuro no eixo vertical. Desta forma dividiu o seu estudo em três componentes diferentes: matiz ou tom, grau de luminosidade, croma, o grau de pureza ou saturação. Musell estabeleceu também um sistema de escala numérica com passos sucessivos para cada coordenada de cor. Estas normas de classificação de cores são utilizadas universalmente. 3.2. A Luz - cor Para existir cor é fundamental a presença de três elementos: um observador, um objecto e luz. Sem a luz a cor não existe, por isso é que quando escurece a definição de um objecto vai desaparecendo. Do conjunto de ondas magnéticas existentes no universo, só uma pequena parte é captada pelos nossos olhos, a chamada luz visível. A cor está relacionada com os diferentes comprimentos de ondas do espectro electromagnético e da intensidade de luz que os nossos olhos transmitem ao cérebro. Isaac Newton fez descobertas surpreendentes sobre a luz e a cor, partindo do estudo do arco-íris, daí ter representado o arco-íris em forma de prisma, fazendo-lhe incidir a luz e obtendo uma faixa colorida, chamada “espectro solar”. Assim dividiu o espectro da seguinte forma: A cor luz baseia-se nas emissões da luz solar e à soma das luzes coloridas 176
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pigmento, denominada por síntese subtractiva. Neste caso as cores primárias (magenta, amarelo e ciano), são as cores puras a partir das quais todas as restantes são obtidas. A este modelo chamamos CMYK, sendo as três primeiras letras correspondentes às cores primárias e a última correspondente ao preto, pois este é criado através da mistura de todas as cores.
Figura III - Sistema Tridimensional de Munsell
damos o nome de síntese aditiva, que poderá ser caracterizada por modelo RGB (red, green, blue).
Da sobreposição destas cores verificamos que o azul-violeta sobre o vermelho resulta em magenta, o vermelho sobre o verde transforma-se em amarelo e o azul-violeta sobre o verde transforma-se em ciano. Da sobreposição de todas elas, resulta o branco. É desta forma que simulamos as cores dos ecrãs de computadores e de televisão, bem como os efeitos de cor produzidos em espectáculos artísticos. Para realizarmos um determinado trabalho em que a cor seja um elemento fundamental como acontece na pintura, teremos de recorrer à corpágina
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3.3. As qualidades da cor A cor possui uma série de propriedades, que definem a sua aparência final. Sendo a matiz o estado puro da cor, ou seja a cor na sua máxima intensidade sem a presença do preto ou do branco. Quando nos referimos à tonalidade das cores, falamos também da sua coloração, no fundo é a gradação cromática da matiz, é a variação qualitativa da cor. A saturação representa a pureza ou intensidade de uma cor, e normalmente é visível quando temos a sensação de maior ou menor intensidade, quanto menos cinza houver na composição da cor, mais saturada ela é. As cores puras do espectro estão completamente saturadas. A luminosidade é a denominação que damos à capacidade que qualquer cor possuí de reflectir luz. Ao acrescentarmos o preto a qualquer cor, reduzimos a sua luminosidade. 3.4. O círculo Cromático O círculo cromático não pretende classificar cores, mas sim representar graficamente as cores, permitindo um maior entendimento sobre a sua teoria. Normalmente é usado para
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representar as cores-pigmento e a sua disposição e variação. Este círculo apresenta-nos a relação entre as diversas cores, desde as cores primárias, secundárias, intermédias e complementares, de acordo com a teoria da cor. Conforme verificamos na figura VIII, as cores primárias apresentam-se em oposição às secundárias. São também designadas como “cores puras”, que quando misturadas formam novas cores, chamadas as secundárias. Paralelamente as cores secundárias misturadas com as primárias dão origem às intermédias ou terciárias. As complementares, tal como o nome nos indica são as que se complementam mais entre si, criando equilíbrio e contraste num trabalho. Temos ainda as cores análogas, que são as que no gráfico se apresentam lado-a-lado, possuem a mesma tonalidade, sendo usadas por vezes para criarem uma certa uniformidade.
Figura IV - Circulo cromático dividido em cores quentes e cores frias
Figura V - Contrastes de cor
3.5. Conceitos básicos No estudo da cor existem alguns elementos básicos que o aluno deverá reter. São conceitos relativos à percepção e distorção que geram reacções. Relativamente às cores Quentes e Frias possuem esta caracterização por haver uma relação óbvia com as emoções e percepções que as cores provocam no ser humano. Normalmente associamos às cores quentes, as cores que tendem para o amarelo, vermelho, laranja, estas estimulam o observador e aproximam-se dele. As cores frias tendem para o azul, verde, violeta, e são mais impessoais criando um certo afastamento emocional (Figura IX). A expressividade da cor pode ter diferentes usos e o seu contraste, pode ser produzido de diversas formas, o uso das cores contrastantes, por norma, produzem um conjunto com uma harmonia eficaz. A cor tem o poder de fazer sobressair um determinado objecto ou uma figura, favorecendo a nitidez do que se quer comunicar, diferenciando-o do fundo. Os contrastes chamam a atenção do observador, favorecendo a memorização dos detalhes, poderão sugerir profundidade, distância e tridimensionalidade (Figura X). As cores complementares acentuam o brilho o que pode aumentar a sua beleza, mas podendo também diminuir a legibilidade, por exemplo numa mensagem gráfica. As cores quentes expandem-se mais, enquanto que as cores frias tendem a conter-se, dando a impressão que ocupam menos espaço. Também possuem dimensões, podendo criar espaços demasiado pequenos e outros com uma dimensão que na realidade não possuem. Se utilizarmos o preto num determinado espaço ele dá-nos a sensação de diminuição, enquanto se no mesmo espaço, optarmos pelo branco, a expansão é totalmente diferente. 178
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3.6. Psicologia da cor A reacção do ser humano à cor é inevitável e está relacionada com diversos factores. As cores constituem estímulos psicológicos para a sensibilidade humana, causando no ser humano diversas sensações, podendo estas serem agradáveis ou desagradáveis. O tipo de luz, a saturação e a intensidade também influenciam os comportamentos e as reacções. “Color is used to represent thoughts and emotions....” (Harris,2005,p.6). As cores têm um grande poder de comunicação, simbolizando ideias, pensamentos, sensações e emoções, fazem parte do nosso mundo, estando em tudo o que nos rodeia. A cor branca está associada a calma, pureza e paz; o vermelho é a cor da paixão e do amor, mas também simboliza orgulho, agressividade e violência; o verde transmite vigor, juventude, esperança e calma; o amarelo transmite calor, luz e descontracção, sendo uma cor com grande energia e optimismo; o laranja transmite movimento e espontaneidade; o azul associada à cor do céu, cria sensação de serenidade e calma; o violeta é frio e melancólico provocando, por vezes, sensações de tristeza; o preto está associado à morte ou ao luto, mas também está ligado ao mistério e à fantasia, representando hoje sofisticação e luxo. 3.7. Modelos de cor A cor quando trabalhada em suportes digitais, pode ser representada página
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através de diferentes modelos, dois deles já referida anteriormente: CMYK (ciano, magenta, amarelo e preto), é utilizado na impressão utilizando as cores do modelo CMY e a tinta preta, de forma a realçar os tons preto e cinza. É um modelo utilizado nas impressoras, fotocopiadoras, na pintura e fotografia, onde os pigmentos de cor das superfícies dos objectos absorvem certas cores e reflectem outras. RGB (vermelho, verde e azul), está associado à emissão de luz por equipamentos como monitores de computador e ecrãs de televisão. Os modelos HSL e HSV são os mais apropriados para definir uma cor por parte do utilizador, envolvendo os conceitos de tonalidade/matiz,saturação e brilho. 4. A Expressão da cor no programa de Artes Visuais, em Cursos de Educação e Formação. A disciplina específica de Artes Visuais está integrada na Componente de Formação Científica dos Cursos de Educação e Formação, visando “a promoção do sucesso escolar; a prevenção de diferentes tipos de abandono escolar; a promoção do regresso ao sistema de ensino de jovens sem qualquer qualificação profissional; promoção da aquisição progressiva de níveis mais elevados de qualificação; promoção de um continum de formação; promoção do interesse pela aprendizagem numa perspectiva de educação e formação ao longo da vida”. (ME, 2005, p.2) Nesta unidade de trabalho, o objectivo fundamental é que o o aluno aprenda os conceitos sobre o fenómeno da cor/ luz e da cor/pigmento, podendo posteriormente aplicar a cor de forma consciente, através de novas explorações técnicas e expressivas de materiais de pintura diversos, propondo uma composição visual equilibrada e harmoniosa. Para isso os alunos deverão desenvolver nesta unidade de trabalho diferentes competências ao nível artístico: - “Compreender a natureza da cor e a sua relação com a luz” - “Compreender, de forma elementar, o fenómeno psicofisiológico na visão das cores, do movimento e da terceira dimensão (visão estereoscópica)”.
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- “Entender os mecanismos perceptivos da Luz/Cor:a síntese aditiva e subtractiva, contrastes e harmonias e suas implicações funcionais”. - “Ser capaz de apreciar o mundo que o rodeia com maior sensibilidade estética, através do desenvolvimento de uma cultura artística feita a partir de referências consagradas das artes visuais”. - “Ser capaz de utilizar alguns materiais de desenho e pintura, aplicando, conscientemente, os valores cromáticos nas suas experimentações plásticas”. (ME,2005, p.28) 5. RECURSOS EDUCATIVOS
Figura VI - The Artists Toolkit
5.1 Aplicações multimédia 5.1.1. The Artists TOOLKIT O site www.artsconnected.org/toolkit explora de forma muito específica e intuitiva vários conteúdos abordados na disciplina de Artes Visuais, inclusive o da cor, sendo este o tema desenvolvido ao longo deste trabalho. É dividido em três partes diferentes: Explore the Tollkit, See Artist´s in action e Encyclopedia, No Explore the Toolkit, estão organizados os diferentes conteúdos: Line, Color, Space, Shape, Balance e Movement/ Rhythm. O conteúdo relativo à cor, permite que o aluno para além das competências apreendidas nas aulas, explore as cores primárias, cores secundárias, cores complementares, cores quentes e cores frias, cores naturais e arbitrárias, e máscaras, de uma forma mais interactiva e acessível. É um recurso educativo muito interessante, explorando os diversos elementos e princípios visuais de uma composição. 5.1.2. Lápis de cor O site www.lapiscor.com é composto por um conjunto de ferramentas que abordam a expressão plástica, permitindo ao aluno, neste caso, a exploração da cor de forma muito simples. Esta aplicação permite a descoberta das cores secundárias a partir das cores primárias, utilizando diferentes formas. Foi feita uma pesquisa do site www.educacionplastica.net para esta unidade de trabalho mas por ser muito semelhante, ao lápis de cor, optei pela utilização do português.
Figura VII - Lápis de cor
5.1.3. Color in Motion O site www.mariaclaudiacortes.com é muito interactivo e dinâmico, sendo composto por três secções distintas: a primeira, Las Estrellas, que nos demonstra o significado das cores de forma divertida e criativa, a segunda 180
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Las Peliculas, composto por uma pequena animação relativa a cada cor. Por fim, apresenta-nos o Laboratório, explorando a cor de variadas formas, desde a realização de um caleidoscópio composto por cores definidas pelo utilizador, informação sobre a simbologia das cores e um pequeno exercício que coloca o aluno como realizador de uma determinada cena, onde poderá aplicar desenhos ou simplesmente utilizar objectos. É uma aplicação de fácil utilização, muito intuitiva e também de carácter lúdico.
Figura VIII - Color in Motion
Figura IX - Young Tate
Figura X - Aviary Color Edit (Tucano)
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5.1.4. Young Tate O site www.tate.org.uk/youngtate/ é um excelente recurso para os alunos contactarem com o mundo da arte, visualizando e adquirindo novos conceitos sobre artistas, obras de arte, concursos, etc. A abordagem feita ao conteúdo da cor é muito completa, explorando a sua teoria, demonstrando os diferentes materiais necessários na utilização da cor, segundo o método tradicional. Possuí diversas ferramentas para este conteúdo, recorrendo a trabalhos de artistas e fazendo uma breve descrição de cada um deles. Caracteriza as cores primárias, secundárias e complementares, descreve a síntese aditiva e subtractiva, e consequentemente os seus modelos CMYK e RGB. Este site permite ao aluno a exploração de diferentes conceitos estéticos, adquirindo competências ao nível intelectual, pessoal e académico. 5.1.5. Aviary Color Editor (Tucano) O site www.aviary.com, com diferentes editores, permite diferentes tipos de criação, desde edição de imagem, video, edição de cor, etc. No Color Editor o aluno tem a possibilidade, de forma muito simples, de mudar ou manipular as paletas de cor, até à cor pretendida, podendo esta ser aplicada posteriormente em qualquer projecto. É constituído por três secções diferentes: área de transferência, seleccionador de imagens, e visualizar a deficiência da cor. Este site permite carregar imagens e trabalhá-las ao nível da cor, utilizando os seus diferentes modelos. 5.1.7. Color Schemer Designer O site www.colorschemedesigner.com, ou o esquema de co-
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res apresentado neste site, permite ao aluno visualizar uma paleta de cores, escolher uma determinada cor, tendo de seguida a informação da cor complementar, permitindo saturar ou dar-lhe mais brilho.
Figura XI - LColor Schemer Designer
6. CONCLUSÕES No decorrer deste estudo foi possível explorar uma grande variedade de programas informáticos de fácil acesso e utilização gratuita direccionados para o conteúdo “expressão da cor”. A utilização intuitiva das ferramentas e os resultados atractivos constituem factores de interesse para os alunos. Os utilizadores poderão manipular estas ferramentas e explorarem conceitos, relativos ao tema abordado. Esta proposta permitirá fomentar a criatividade, o conhecimento e a sensibilidade estética dos alunos, assim como dar a conhecer e experienciar novos conceitos, técnicas, ferramentas e materiais inovadores. As diversas explorações do tema, nomeadamente na utilização nos sites, The Artists Toolkit e o Young Tate, poderão ser utilizados na concepção de diferentes explorações artísticas, desde murais, painéis alusivos a um determinado tema, pintura individual, entre muitos outros. Poderão também permitir um conhecimento mais alargado sobre as Artes, movimentos artísticos, artistas e sobre as diversas formas de expressão na aplicação da cor. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS READ, Herbert; (2007). Educação pela Arte. Edições 70. HARRIS; AMBROSE; (2005).Colour. Ava Academia; Basic Design. CEF; (2005). Programa de Artes Visuais da Componente de Formação Científica. Lisboa: Ministério da Educação. JANSON, Horst; (1992). História da Arte; Fundação Calouste Gulbenkian. 8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA RAMOS, Elsa; PORFÍRIO, Manuel; (2006). Educação Visual (7º, 8º, 9º do 3º ciclo do ensino básico). Edições ASA (2006). MUNARI, Bruno, (1995). Design e Comunicação Visual. Arte & Comunicação: Edições 70.
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Ficha Técnica Editorial Arte em cacos CRISTINA MONTEIRO Arte de juntar pedaços CARLA MENDES Quadradinhos de aprendizagem IVA MENDES Fotografia Pinhole JOÃO CATÓLICO - LILIANA ROCHA - LUCICLIA CARDOSO MARIA SILVA - MARIA FONSECA Os quadros interactivos e o ensino da imagem em movimento JOÃO CATÓLICO Origami: A arte na dobragem do papel CRISTINA BALDAIA A cidade como agente educador CARLA PALHARES Recuperação e manutenção de equipamentos e a fotografia LILIANA MONTEIRO Desenhar o espaço: se eu fosse um arquitecto ANDREIA NASCIMENTO Estudo da letra CARLA PALHARES - CRISTINA MONTEIRO - MARIA PEDRA RUI SILVA - SÓNIA GUEDES Marioneta: personagem cheia de magia IVA NEVES - MARIA ALVES - MARTA SOUSA - MÓNICA
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MENDES - PILAR CARVALHO Recuperação e manutenção de espaços escolares DANIELA TEIXEIRA Cartaz LUCILIA CARDOSO O diário gráfico no processo artístico MARIA DA LUZ FONSECA Construções em Educação Visual e Tecnológica MARIA DO CARMO MONTEIRO Geometria em E.V.T.: Aprendizagens com significado PILAR CARVALHO A arte ao alcançe dos cegos RUI SILVA Aprender fazendo MARIA PEDRA O origami no ensino MARTA SOUSA Mecanismos em Educação Visual e Tecnológica ANDREIA NASCIMENTO - DANIELA TEIXEIRA - LILIANA MONTEIRO - MARIA MONTEIRO - PEDRO ROCHA O automóvel em Educação Visual e Tecnológica PEDRO ROCHA Expressão da cor SÓNIA GUEDES Sumário
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