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RESENHAS
by comlimone
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AMARO FREITAS – SANKOFA
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O novo álbum de Amaro Freitas está na contramão musical e, exatamente por isso, é nada menos que genial. Suas composições têm um elemento obsessivo no trabalho dos temas e sonoridades, entremeados com delicadeza melódica. Ao se afastar deliberadamente da Bossa Nova e do Samba, Amaro explora a musicalidade ancestral em ritmos e harmonias surpreendentes. O resultado o aproxima de figuras como Miles Davis, John Coltrane e Thelonoius Monk, em inventividade.
EDGAR – ULTRALEVE
A ascensão de Edgar como artista nestes últimos 2 anos foi impressionante. Poucos músicos se apresentaram com tal força e o lançamento deste álbum gerou muita expectativa desde que foi anunciado o projeto. Desde Nó na Orelha, de Criolo, vêm emergindo rappers dotados de um lirismo transcendental. As letras passam como um trator sobre nós e o ritmo nos levanta. Atenção especial para a faixa Também Quero Diversão, cujo imaginário atualiza a canção Comida, dos Titãs, com uma roupagem mais periférica.
Destaque para a parceria com Kunumi MC na faixa Que a Natureza Nos Conduza, trazendo novas possibilidades, para além dos artistas consagrados pela indústria.
BAIÃO DE SPOKENS – STATUS QUANTICO / EPIKO
Baião de Spokens – Status Quantico / Epiko
Alguns sons soam tão familiares quanto fora dos rótulos tradicionais. Baião de Spokens diz fazer “uma combinação de um mergulho fundo no universo literário com escavações no terreno musical que passam pelo trip-hop, afrobeat, rock, dub, samba, rap e cantiga”, mas a melhor forma que encontrei para definir foi “o som da paisagem urbana brasileira”.
Nesse projeto, soma-se às participações de Ava Rocha, Dinho Nascimento, Laya, BNegão e Thomas Harres a experiência proposta pelo EP Status Quântico/EPiko, do Baião de Spokens, um lançamento Amplifica Records. É pleno de sonoridades, simbologias.
As quatro composições de Caco Pontes e Rafa Eko são reflexo da pluralidade de nossa sociedade, se opondo esteticamente ao discurso de homogeneização da polarização. Em nossas diferenças, somos todos nós, a música mostra essa possibilidade.
LIÉGE – ECDISE
Na música pop brasileira de hoje despontam nomes, principalmente de mulheres, que conseguem harmonizar os ritmos e influências da música brasileira (muito além do eixo rio-sp) com
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os formatos da grande indústria. Como produto final entregam um som autêntico, longe de simulacros pasteurizados que, desde sempre, transborda em nossas paragens.
O álbum de Liége é um exemplo claro dessa qualidade. Com produção certeira, a instrumentação é deliciosa e cheia de suingue, sem exageros na compressão digital, o que faz com que seja agradável ouvir os detalhes dos arranjos. A artista canta sem esforço aparente, dando suavidade melódica às canções.
BLUEBAGBANG – MANIFESTO DOS VENTOS DELIRANTES
Escutamos, em primeira mão, o EP da banda Blubagbang. Navegando pelo soft-rock noventista, a combinação do violão dedilhado com a voz feminina aveludada faz lembrar o trabalho do Frente! ou 10.000 Maniacs. É música para corações apaixonados, mixtapes do amor platônico e lágrimas na solidão
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de uma noite fria. É como tomar um vinho à meia luz, inebriando delicadamente os momentos mais bonitos ou tristes de nossa vida.
DARLA JADE – DISCONECTED (EP)
Desde que entrevistamos Darla Jade, ano passado, mantivemos contato para receber as novidades. Ouvimos o EP Disconected com exclusividade para a imprensa brasileira. O Pop dançante e bem-acabado de Darla atinge um novo patamar, e merecidamente tem recebido a atenção da BBC e da Radio 1. O ritmo forte nos dá saudades das pistas de dança e nos faz sonhar com o verão europeu, com os ares noturnos de Londres, Paris ou Barcelona sob as luzes que nunca se apagam e a juventude aglomerada. Ouvir o EP de Darla Jade nos dá força para acreditar que voltaremos a viver como antes, ou melhor.