Santa Catarina ANO 1 - EDIÇÃO 03- JANEIRO 2017
Verão Da serra à praia, o melhor de Santa Catarina, que se prepara para receber 9 milhões de turistas, 20% deles vindos da Argentina
Camboriú
O forte crescimento urbano e alguns dos prédios mais altos do país, viraram marca de uma das cidades mais bonitas do litoral catarinense
Florianópolis
Principal destino para quem chega ao estado, a Ilha da Magia oferece muita diversão, descanso e atrações aos visitantes em mais de 40 praias 2
Revista Press Santa Catarina | EDITORIAL
ADMINISTRAR BEM DEVERIA SER NORMAL!
U
ma noticia que circulou neste início de ano e que, talvez, para os catarinenses seja trivial, costumeira e nem mereça muito destaque, causou inveja na maioria dos administradores e servidores públicos do Brasil. A noticia deu conta de que o governador Raimundo Colombo divulgara o calendário de pagamentos do funcionalismo estadual de Santa Catarina para o ano todo. E segundo este calendário, os servidores barriga verde receberão os seus salários mais do que em dia, até o dia 30 de cada mês — nos demais estados “em dia” significa pagamento até o quinto dia útil do mês seguinte —, tendo mês, como fevereiro, em que receberão no dia 24, antes dos feriados de carnaval. Os catarinenses, que estejam lendo este editorial, dirão que isso é normal, que não há nada surpreendente nisso. Quem não é do estado e lê este mesmo texto deve estar admirado e pensando, como eles conseguem? Tanto a penúria em que vivem a maioria dos estados brasileiros, quanto o equilíbrio financeiro de Santa Catarina não ocorrem por acaso, e nem se deu de uma hora pra outra. A regra do setor público brasileiro foi, miseravelmente, ao longo de décadas, gastar mais do que a arrecada, gastar mal, sem
planejamento e sem pensar no futuro. Ao contrário de Santa Catarina, que mantém, desde a década de 60, um projeto de Estado, com desenvolvimento diversificado e equilibrado e, administração após administração, sobriedade nos gastos públicos, o restante do País viveu de forma descontrolada, como diz a música do Legião Urbana: “como se não houvesse amanhã” . Mas, o amanhã chegou e está cobrando a conta pelos cabides de empregos que se transformaram estados e municípios brasileiros, pela incúria e, em muitos casos, pela improbidade com que foram geridos os recursos públicos, ao longo de décadas. Agora, olhamos para o estado do Sul com uma mistura de inveja e espanto. Infelizmente, a regra virou excessão, o ordinário se transformou em extraordinário, o que deveria ser o normal virou motivo de surpresa. Isso me faz lembrar de uma historieta contada por um missionário no Amazonas. Numa das muitas viagens por rios da região, numa dessas houve uma grande tempestade que o obrigou a buscar abrigo numa ilha. Só mais tarde, se deu conta que era uma ilha de leprosos, que viviam segregados. Imediatamente, os moradores da ilha cercaram o visitante, admirados com sua beleza, com o
frescor de sua pele. “Ele tem todos os dedos!”, “Que pele limpa e invejável!”, “Como ele é bonito!”. O missionário, espantado com o espanto de seus anfitriões, disparou: “Nada gente, eu sou normal. Até que do lugar que eu vim eu sou dos mais feinhos..” Santa Catarina apenas fez e continua fazendo o que é normal, o que sua população espera e cobra, e vem tratando o dinheiro público — este conceito de “dinheiro público” se deturpou e virou “dinheiro de ninguém” na maioria das administrações públicas brasileiras — com respeito, com planejamento, com responsabilidade. O resultado disso pode ser visto não apenas no calendário de pagamento dos salários dos servidores públicos, mas também nos índices de crescimento do PIB, de empregos, de educação e qualidade de vida de Santa Catarina. Para os demais estados fica a dica: não inveje os catarinenses, trabalhe para que seu estado siga o exemplo, e que lhe seja normal administrar bem o dinheiro dos impostos de seus cidadãos, até que isso deixe de ser notícia!
Julio Ribeiro julioribeiro@terra.com.br Jornalista, publisher da Athos Editora e um apaixonado por Santa Catarina.
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SUMÁRIO EDIÇÃO 03
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MIX Entrevista Luciano Hang Verão Sol que fomenta o turismo e a economia MIX Floripa Verão quente na ilha
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Bem estar A boa opção das fontes termais
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BR-101 O caminho para o progresso
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Praias Bombinhas:a capital do mergulho
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Festas e eventos Muitas opções para a sua diversão
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Oeste As belezas longe do litoral
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Norte Além de indústria, cultura e ecoturismo
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Infraestrutura Um aeroporto para o futuro
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Gastronomia Diversidade de sabores
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Camboriú A praia dos arranha-céus
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Economia Empreender para crescer
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Canyons Escavados pela natureza
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Gestão Pública À espera da retomada
Gente Os tipos humanos de SC
Agronegócio Sem medo da crise
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Diversão Para crianças e adultos
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Diretor Geral: Julio Ribeiro Diretora-Executiva: Nelci Guadagnin Redação: Cristiano Vieira Diagramação / Arte Final: Esparta Propaganda Fotografia: Jefferson Bernardes / Agência Preview Impressão: Comunicação Impressa
MIX
Rua Saldanha Marinho, 82 CEP: 90160-240 | Porto Alegre - RS Fone: (51) 3231.8181 Comercialização: Porto Alegre: (51) 3231.6106 / (51) 99971.5805 Nelci Guadagnin www.revistapress.com.br/santacatarina
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MIX Pirataria
Pesquisa de Fecomércio-SC, divulgada em dezembro, mostra que três a cada dez catarinenses (32%) afirmam que adquiriram algum produto pirata em 2016. Contudo, devido à crise econômica, o índice aumentou para 36% nas famílias com menor poder aquisitivo (classes D e E). Os CDs e DVDs (39,2%) seguem no topo do ranking dos mais comprados, seguido pelas roupas (10,6%).
Em busca de soluções
Referência nacional na produção de peixes – são 25 mil pescadores artesanais e seis mil pescadores industriais -, Santa Catarina apresentou, em novembro, as demandas do setor junto ao Ministério da Agricultura. Durante encontro com o ministro Blairo Maggi na Assembleia Legislativa, representantes pediram mais rapidez na renovação de licenças e de carteiras de trabalho e a permissão para pesca com rede anilhada, entre outros pedidos.
Defesa sanitária
Destaque quando o tema é sanidade animal e vegetal, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) completou 37 anos em novembro passado. Vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, a Cidasc é formada por 19 departamentos regionais, um escritório central e um terminal graneleiro, somando mais de mil colaboradores que prestam um serviço de excelência aos produtores rurais catarinenses.
Cadastro cultural
Asfalto ruim
Estudo da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) analisou 1,6 mil quilômetros de rodovias estaduais catarinenses e mostra que as intervenções que estavam sendo realizadas neste ano, como operações tapa-buracos e roçadas, eram insuficientes para melhorar a situação das estradas. Foram avaliadas rodovias das regiões Extremo-Oeste, Meio-Oeste, Norte, Vale do Itajaí e Sul. O trabalho integra a Agenda Estratégica da Indústria para
Estão abertas, até 31 de janeiro de 2017, as inscrições para o edital de exposições do Museu Histórico de Santa Catarina, espaço administrado pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) no Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis. Pela primeira vez, a seleção irá pagar R$ 2 mil para cada uma das quatro propostas selecionadas para integrar o calendário em 2017/2018.
Na ponta do lápis
Alunos da rede municipal de Joinville conquistaram 43 medalhas de ouro, prata e bronze e 190 menções honrosas na 12ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas 2016. Os medalhistas de ouro vão participar de cerimônia de premiação no Rio de Janeiro, em 2017. A Olimpíada é dirigida a alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e alunos do ensino médio das escolas públicas municipais, estaduais e federais de todo o País.
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Revista Press Santa Catarina | ENTREVISTA
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ão é incomum encontrar turistas fazendo selfies nas réplicas da Estátua da Liberdade construídas junto às gigantescas construções com fachada branca espalhadas pelo Brasil. Encontradas desde Santa Catarina até o Norte do Brasil, as lojas Havan são um dos maiores grupos do varejo nacional. Com um faturamento anual de R$ 4 bilhões, a rede conduzida por Luciano Hang, sediada em Brusque, possui hoje 94 lojas, 10 mil funcionários e recebe 100 milhões de clientes por ano. As unidades vendem itens diversos como eletrônicos, roupas e produtos para a casa. A marca é a união do sobrenome Hang com o nome Vanderlei, sócio da empresa na década de 1980. Por discordar da forte expansão, Vanderlei vendeu sua participação no negócio em 1991. Ano passado, a crise econômica obrigou a Havan a pisar no freio, reduzindo um plano de expansão ambicioso. Entretanto, Hang, de 54 anos, avisa que pretende apertar o acelerador já neste ano: quer finalizar 2017 com 104 lojas e vislumbra, em um prazo de sete anos, praticamente dobrar de tamanho, chegando a 200 unidades. Para tanto, é essencial a retomada da confiança na economia. Leia a seguir.
A Havan com o pé no acelerador ENTREVISTA
LUCIANO HANG 6 6
O senhor pretendia chegar em 2016, à centésima loja. Esse plano foi adiado? Não, na verdade, era para 2015. Há quatro anos, em 2012, completamos 50 lojas. Planejamos, então, para os três anos seguintes, outras 50 unidades – chegaríamos, deste modo, a 100 lojas em 2015. E ficamos perto deste planejamento.... em 2014 erguemos 24 lojas, cerca de 300 mil metros quadrados de área construída nova. Queríamos, em 2015, construir mais 20 lojas e, assim, passar das 100 unidades, mas não conseguimos. Foi a crise econômica que reduziu o ritmo de expansão? sim, em meados de 2015, percebemos uma redução na marcha da economia e uma queda de confiança no mercado. Assim, paralisamos nosso projeto de crescimento e buscamos cuidar financeiramente da empresa até que essa crise passasse. Então, em 2015, conseguimos inaugurar sete novas lojas e, em 2016, abrimos somente uma loja nova. Agora são 94. Mas isso deve logo mudar. Então para 2017 o ritmo de expansão deve ser mais acentuado? Ali por outubro do ano passado, começamos a sentir uma alta nas vendas, cerca de 15%. Este cenário mais otimista, aliado ao impeachment, que resultou em melhora na confiança econômica, permitiu que a gente retomasse os planos e vamos, então, inaugurar a centésima loja agora no início deste ano. Será a filial de Rio Branco, capital do Acre. No total, teremos seis cidades com novas unidades em 2017: além de Rio Branco, em Foz do Iguaçu (PR), Bragança Paulista, Jundiaí e Itaquaquecetuba (todas em SP) e Cacoal, em Rondônia. Com as 100 lojas, o grupo marcará presença em 15 Estados. Pode-se pensar em aumentar essa área de atuação? A intenção, no futuro, é estar em todos os Estados. A Havan já possui 15 terrenos comprados para construir novas lojas – cada uma
Luciano Hang quer terminar 2017 com 104 lojas delas, em média, com 15 mil metros quadrados de área construída e investimento de R$ 40 milhões. Há unidades, contudo, com o dobro deste tamanho, 30 mil metros quadrados. Tudo depende do terreno e da área.
Além de 28 unidades em SC, a Havan possui 26 lojas no Paraná, mas ainda falta desbravar o vizinho Rio Grande do Sul. Há planos para os gaúchos? Olha, a primeira loja fora daqui que pensamos em fazer foi no Rio Grande do Sul. Chegamos a comprar um terreno em Porto Alegre, mas a dificuldade em empreender no Rio Grande do Sul é muito grande. É um dos estados mais burocratizados do Brasil. Isso nos obrigou a abandonar os planos ali e buscar estados a 5 mil quilômetros daqui de Santa Catarina, por exemplo. Temos lojas no interior da Bahia, de Pernambuco, em Tocantins. Deste modo, não nos sentimos confortáveis para empreender no estado gaúcho. Temos um projeto de quatro
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) na região de Santa Maria (a Havan constrói usinas para fornecer energia para suas lojas) cujas obras não andam porque estamos presos na burocracia da Fepam (órgão gaúcho que concede licenças ambientais). Em valores atuais, já investimentos R$ 90 milhões nessas usinas – compramos terrenos, fizemos projetos. Mas está tudo paralisado há dez anos.
Essa burocracia, como o senhor destaca, é um entrave para uma rede conhecida por construir lojas em pouco tempo? A Havan tem pressa. Veja bem: ela compra o terreno e em três meses abre a loja. A Havan procura estados e cidades em que o empreendedor é bem recebido. Nós não pedimos nada para os estados. Apenas que nos deixem trabalhar. Por isso a Havan elegeu a fachada da Casa Branca e a Estátua da Liberdade como símbolos de uma liberdade econômica, de poder empreender, de poder trabalhar.
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Revista Press Santa Catarina | ENTREVISTA
A Havan fechou 2016 com a visita de 100 milhões de pessoas em suas lojas A Estátua da Liberdade se tornou um símbolo da loja. Os clientes identificam imediatamente que se trata de uma Havan. Como surgiu essa ideia? Quando fizemos a primeira Casa Branca, lá em 1994, a ideia veio de uma criança de sete anos. Ela sugeriu uma Estátua da Liberdade e topamos. Hoje é sim nosso símbolo. Representa liberdade de escolhas, de horário, de preço, de uma empresa nova, com 30 anos, dedicada ao empreendedorismo. A Havan fechou 2016 com a visita de 100 milhões de pessoas em suas lojas. É muita gente que acredita nessa liberdade. Hoje, em toda a rede, existe essa liberdade também nos horários de atendimento? Nas nossas 94 lojas, abrimos sábados, domingos e feriados. Na minha cabeça, é inconcebível que uma cidade tenha uma legislação que impeça o comércio, os serviços e também a indústria de ter horários mais livres de atuação. Cada vez mais o cliente tem menos tempo e precisa do comércio aberto quando ele procura. É o caso dos fins de semana. Em todo o Brasil, nossas lojas abrem das 9h às 22h, um horário maior que o dos shoppings, nos sete dias da semana, incluindo sábados, domingos e feriados. Só fechamos de duas a quatro vezes por ano!
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Como o senhor consegue isto sem infringir as regras de descanso semanal, por exemplo? Os direitos trabalhistas dos nossos 10 mil colaboradores estão resguardados. Temos também programa de participação nos resultados. A carga horária do nosso trabalhador é normal. O que fizemos, claro, é criar mais turnos de trabalho – são três, o que gera 30% a mais de vagas. Agora, com a chegada das férias e do verão, nossas lojas irão até 23h. O público aumenta muito neste período. Ano passado, a Havan foi a 23ª maior empresa varejista do Brasil. A crise se mostrou mais aguda para o varejo do que o esperado? No cenário atual, mais do que manter o mesmo resultado, sobreviver é um grande negócio. O varejo, como todos sabemos, foi um dos setores mais prejudicados pela redução da economia. Mas, como eu ressaltei, fizemos um trabalho interno forte e sairemos mais fortalecidos dessa crise, tanto que já preparamos um forte crescimento para 2017. Essa confiança maior na economia deve se manter nos próximos meses? No mercado do varejo, tudo se resume a confiança. Depois do impeachment, notamos uma melhora nos meses de setembro e
outubro, em novembro caiu um pouco novamente e, no fim de ano, com os embates políticos em Brasília, a confiança ficou um pouco abalada. A confiança na economia passa pelas reformas que nunca são feitas, como a da Previdência e a política. Sem elas, não há crescimento. Estamos todos trabalhando para um governo que não investe nada.
A Havan faz sucesso numa área muito disputada no Brasil que é o varejo, conhecida por fusões. O senhor pensa em vender a empresa? Não. Eu tenho 54 anos e só vou parar de trabalhar quando Jesus me chamar. A Havan é meu parque de diversões, eu vivo aqui. E digo mais: tão logo, ano que vem, a gente inaugure a centésima loja, vamos lançar o projeto das 200 lojas. Teremos mais 10 mil colaboradores se somando aos 10 mil que já temos. Claro, a crise nos obrigou a desacelerar, como um avião, para subir e descer. Mas pense você que em um período de sete anos, a partir de 2017, é possível dobrar o número de lojas. Tendo terreno e condições financeiras, a Havan constrói uma loja em menos de três meses. Este é o nosso futuro.
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Revista Press Santa Catarina | VERÃO
VERÃO
SOL
QUE FOMENTA O TURISMO E A ECONOMIA
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Santa Catarina espera 1,4 milhão de turistas argentinos
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alor, lindas praias, gente bonita, uma boa infraestrutura, hotéis e pousadas qualificados – e muita, mas muita beleza natural e opções de passeio. Juntando isto tudo temos a fórmula ideal do sucesso do verão em Santa Catarina. Do litoral Sul ao Norte, passando pela Serra e o interior do Estado, o período de dezembro a março representa uma chance única para a economia catarinense. Para a temporada 2017, conforme estimativas da Santa Catarina Turismo (Santur), cerca de 8,9 milhões de visitantes devem passar pelo Estado – isso representa 2 milhões a mais de pessoas que o total de habitantes. Apenas os argentinos serão 1,4 milhão de turistas. Os hermanos, aliás, juntamente com uruguaios, chilenos e paraguaios, já encomendaram 660 voos extras tendo como destino o Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis. A hotelaria também está preparada – são cerca de 50 mil leitos espalhados pelo Estado, a maior parte deles em Florianópolis (34 mil leitos). Os dados incluem hotéis, pousadas, motéis, campings e albergues. Em épocas como o Carnaval, por exemplo, a taxa de ocupação salta de 60% em janeiro para quase 80%. Opções não faltam, tanto em termos de preços quanto de localização, mas é preciso se antecipar para garantir uma estadia mais tranquila. Balneário Camboriú, com seus imensos edifícios residenciais à beira-mar, lidera o turismo de alto padrão no Estado, ao receber um público de mais idade e com renda mais elevada. As praias do Sul, como Garopaba e do Rosa, famosas pela natureza e a prática de esportes como surfe, continuam atraindo muitos visitantes. Além das praias, o interior do Estado reserva muitas atrações. O Sul, com seus paredões de pedra na divisa com o Rio Grande do Sul, é um atrativo imperdível para quem busca a natureza. As festas típicas de verão, com destaque para gastronomia e disputas esportivas, também acontecem por todo o litoral.
O verão em Santa Catarina
milhões de turistas de dezembro a março
- 1,4 milhão da argentina - Aeroporto hercílio luz, em florianópolis, recebe 660 voos extras - No total, deixam R$ 6 bilhões no Estado. - O turismo já representa 13% do PIB estadual
A Operação Veraneio 2017, liderada pelo governo do Estado, mobiliza 8 mil profissionais. Conforme o governador Raimundo Colombo, a economia só tem a ganhar no período. “O turismo já representa quase 13% do PIB de Santa Catarina, e diante da crise, vai ajudar a economia, principalmente com a geração de empregos, oportunidades e arrecadação para os cofres públicos”, avisa Colombo. O presidente da Santur, Valdir Walendowsky, destaca a grande presença de argentinos quando comparado à temporada anterior. Além dos que chegam de avião, as rodovias catarinenses devem receber grande movimentação. Por via terrestre, são aguardados 200 mil turistas do Mercosul. A empresa argentina Flecha Bus adquiriu recentemente 80 ônibus para ampliar a oferta do serviço
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Revista Press Santa Catarina | VERÃO com destino ao Litoral catarinense. Outra novidade para a temporada é o início de operação de linhas aéreas saindo da Argentina e pouso no Aeroporto Internacional de Navegantes. No total, os turistas devem deixar em Santa Catarina R$ 6 bilhões no veraneio, renda que alavanca os negócios locais, fomenta as pequenas pousadas, o comércio das cidades e garante o lucro para o ano inteiro. Os brasileiros, principalmente gaúchos, paranaenses, paulistas e mineiros, responderão pela maior parte – R$ 5 bilhões. O restante virá dos cofres dos visitantes estrangeiros. Para receber um volume gigantesco de turistas, é preciso uma operação também gigantesca. Áreas como segurança, infraestrutura, limpeza, abastecimento de água e de energia receberão reforço nas atividades. Somente na segurança pública, serão gastos R$ 26 milhões no pagamento de diárias para os policiais transferidos de sua base para o litoral, para alimentação e pagamento dos guarda vidas civis. Serão monitorados 455 quilômetros de áreas de banho divididas em 157 praias e balneários de 51 municípios.
Reforço na infraestrutura elétrica Época de maior demanda por energia no Estado, os meses mais quentes tiveram um reforço na infraestrutura elétrica em Santa Catarina: ao longo de 2016, a Celesc destinou R$ 300 milhões para a área. A preparação para a temporada inclui ainda a contratação de 300 profissionais extras para reforçar as equipes de atendimento técnico e comercial, além de ações preventivas, como poda e roçada ao longo do traçado das redes. Para o presidente da Celesc, Cleverson Siewert, o verão é a época mais complexa para a gestão do sistema elétrico, devido ao crescimento da demanda, à forte sazonalidade no Litoral e à maior inci-
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No total, os turistas devem deixar em Santa Catarina R$ 6 bilhões neste veraneio dência de fenômenos climáticos como tempestades. “O sistema elétrico brasileiro é aéreo, ou seja, está sujeito às ações do ambiente. Por isso, concentramos esforços para oferecer um serviço adequado e uma resposta mais rápida ao consumidor”, esclarece. A Celesc implantou oito novas subestações e fez melhorias em outras 11 unidades. Entre as obras finalizadas até dezembro de 2016 estavam as subestações Blumenau Fortaleza, Camboriú (repotencialização), Concórdia São Cristóvão, Ingleses, Palhoça Pinheira, Presidente Getúlio e Tangará. No caso de Florianópolis, a subestação Ingleses, inaugurada em outubro, custou R$ 11 milhões e garante mais confiabilidade ao sistema elétrico do Norte da Ilha. A subestação Palhoça Pinheira, por sua vez, foi inaugurada em março de 2016. Fundamental para reforçar o suprimento de energia à região Sul de Palhoça, na Grande Florianópolis, a estrutura beneficia em torno de 50 mil moradores,
além de mais de 100 mil turistas que visitam a região todos os anos. A empresa colocou em funcionamento, ainda, os religadores telecontrolados - dispositivos que apontam os locais afetados pela falta de energia e religam trechos de rede por comandos a distância. Já existem 850 religadores em operação e, até final de janeiro de 2017, serão instalados mais 250.
Menos poluição em Florianópolis Com queixas generalizadas dos turistas no verão passado quanto à qualidade da água e à falta de esgoto em diversas praias de Florianópolis, a prefeitura da capital promete uma temporada diferentes. Em Florianópolis, a Casan colocou em operação plena um novo reservatório na Praia dos Ingleses, substituiu ou redimensionou a estrutura energética de todas as suas unidades de captação, tratamento e de bombeamento (boosters) de
água. Também ampliou equipes para a temporada, locou geradores para todas as unidades de água e esgoto. Também estão a postos caminhões-pipa para casos de emergência. Quanto aos sistemas de esgoto, a estatal ergueu uma nova estação de tratamento no bairro Canasvieiras, assumiu o controle sobre os serviços Limpa Fossa (não era atribuição da companhia até então), criou mecanismos de controle sobre dejetos de ônibus de turismo e lacrou ligações irregulares que afetavam a rede pública de esgoto.
Controle semanal da água A verificação da qualidade das praias catarinenses, no verão, é realizada semanalmente pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma). Os relatórios semanais incluem 75 pontos monitorados em Florianópolis e 108 locais no interior de Santa Catarina. Em média, conforme os últimos relatórios, cerca de 80% dos pontos estão próprios para banho. As tradicionais placas que apontam as condições das praias têm sido constantemente alvo de vandalismo. Para que o banhista possa conferir a qualidade das praias de forma rápida e segura, a Fatma disponibiliza o relatório no site da Fundação (www.fatma.sc.gov.br) ou no aplicativo Praias SC, disponível para Android. Para afirmar se um ponto é próprio ou impróprio para banho, a Fatma analisa a presença da bactéria Escherichia Coli, presente em fezes de animais e humanos. São necessárias cinco coletas consecutivas para se obter o resultado. Para esta temporada, as amostras começaram a ser coletadas em 31 de outubro. Quando em 80% das análises a quantidade da bactéria é inferior a 800 por 100 mililitros, o ponto é considerado próprio. Os locais verificados estão nos municípios de Araranguá, Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Balneário Camboriú, Balneário da Barra do Sul, Bal. Rincão, Barra Velha, Bi-
A Fundação do Meio Ambiente monitora a qualidade da água em 75 pontos na capital e em 108 locais do interior guaçú, Bombinhas, Florianópolis, Garopaba, Gov. Celso Ramos, Imbituba, Itajaí, Itapema, Itapoá, Jaguaruna, Joinville, Laguna, Navegantes, Palhoça, Passo de Torres, Penha, Piçarras, Porto Belo, São Francisco do Sul e São José.
Recomendações aos estrangeiros Motoristas estrangeiros que seguem de carro para Santa Catarina ou alugam um veículo em cidades do Estado devem seguir algumas recomendações do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para evitar problemas com a fiscalização. Os condutores habilitados em países estrangeiros podem dirigir em território nacional quando amparados por convenções e acordos internacionais, como é o caso
dos países do Mercosul. No total, são mais de cem países com acordo com o Brasil. Os motoristas, no entanto, devem portar a carteira de habilitação estrangeira, que esteja dentro do prazo de validade, acompanhada de documento de identificação. Também é obrigatório que o visitante comprove que sua estadia é regular e temporária no Brasil. A estadia temporária é de 90 dias, podendo ser prorrogada por mais 90 dias, totalizando 180 dias no País. Durante toda a permanência por aqui, o visitante estrangeiro deve obedecer às regras brasileiras de conduta no trânsito. Em caso de multa, ao sair do Brasil, ele deve apresentar o comprovante de pagamento se for parado pela fiscalização. Se contatada a multa sem pagamento, o veículo não poderá atravessar a fronteira.
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MIX Orçamento gordo
A perspectiva para 2017 é de que o orçamento da prefeitura de Porto Belo alcance R$ 84 milhões. Uma das obras mais importantes previstas é a pavimentação e urbanização da avenida Governador Celso Ramos por R$ 12 milhões. Com 19 mil habitantes, Porto Belo está situada entre Florianópolis e Balneário Camboriú – o município é parada obrigatória de muitos transatlânticos que atravessam a região.
Energia limpa
Cerca de mil painéis fotovoltaicos serão instalados em residências de Santa Catarina com o objetivo de gerar energia solar. A iniciativa inclui a Celesc e a Engie, antiga Tractebel. Chamado Projeto Bônus Eficiente - Linha Fotovoltaica da Celesc, o projeto prevê um investimento total de R$ 17 milhões. Cada consumidor que aderir irá gastar R$ 6,7 mil na implantação do sistema – no mercado, em geral, o custo médio é de R$ 20 mil.
ICMS
A Secretaria de Estado da Fazenda prorrogou, por meio de um decreto, o prazo de recolhimento de ICMS decorrente das vendas do comércio varejista. O decreto autoriza o pagamento do ICMS de dezembro em duas vezes. A primeira parcela, correspondente a 70%, tem de ser recolhida até 10 de janeiro de 2017. Os 30% restantes devem ser pagos na segunda parcela, com vencimento em 10 de fevereiro de 2017. A medida atende ao pedido da Federação das Câmaras de Dirigentes de Santa Catarina (FCDL).
Mesa farta
Meteorologia
O faturamento da agropecuária catarinense deve atingir R$ 29 bilhões em 2016. O número representa o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), ou seja, o faturamento dos principais produtos da agropecuária. Segundo as projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o montante supera a receita de 2015, que resultou em ganhos de R$ 22 bilhões no campo catarinense.
A empresa norte-americana Enterprise Electronics Corporation (EEC) foi a escolhida para fabricar um novo radar meteorológico para o Sul de Santa Catarina. Ao custo de R$ 3,4 milhões, o equipamento será utilizado pela Defesa Civil do Estado para mapear uma área equivalente a 52 municípios. Como ele é móvel, caso haja necessidade, poderá ser transportado para qualquer região de SC.
Gestão municipal
A Fecomércio/SC divulgou os resultados da Pesquisa de Avaliação do Serviço Público. O ranking tem como base a percepção do eleitor. Chapecó lidera o levantamento, com nota 3,24. Itajaí ficou em segundo lugar, com 3,02. A pesquisa avaliou as sete principais cidades de Santa Catarina: Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Blumenau, Joinville, Lages e Chapecó. Nessas cidades, a segurança pública e a mobilidade foram os itens que tiveram a avaliação mais baixa na pesquisa, com médias de 2,27 e 2,47.
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Revista Press Santa Catarina | FLORIPA
FLORIPA
VERÃO QUENTE NA
ILHA
Na temporada de 2017, a expectativa é que 2 milhões de pessoas visitem as mais de 100 praias da ilha
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O
apelido mais famoso é Ilha da Magia, mas Florianópolis pode, tranquilamente, ser conhecida como a ilha da beleza, da gastronomia, do sol, das praias e de gente bonita. Tantos adjetivos atraem muitos turistas a cada veraneio para a cidade. Na temporada 2017, a expectativa da Secretaria do Turismo do município é receber 2 milhões de visitantes nas 100 praias da ilha – alta de 25% sobre o verão passado. Essa multidão representa mais de quatro vezes a população residente, de 420 mil pessoas. A cada verão, aumentam consumo de água, de energia, é preciso reforçar redes de esgoto e qualificar o transporte público. Quem ganha com tudo isso é a economia local – cada turista gasta, em média, R$ 120 por dia na cidade (o valor inclui hospedagem, alimentação e lazer). A perspectiva de grande fluxo é comprovada por pesquisa feita em dezembro pelo Ministério do Turismo: apesar da crise, o Ministério do Turismo espera 73 milhões de viagens internas no Brasil durante o verão, e Florianópolis ocupa o segundo lugar em preferência, perdendo para a capital paulista e
à frente do Rio de Janeiro (em terceiro). Os períodos de maior movimentação são as festas de fim de ano – o famoso Réveillon na Beira-Mar costuma atrair 400 mil pessoas para Florianópolis – e o Carnaval, que ocorre no fim de fevereiro e deve ajudar a estender a temporada até meados de março. Canasvieiras, Ingleses, Jurerê Internacional, Barra da Lagoa, Praia Mole, Joaquina – são muitas as opções para os veranistas. Do Sul ao Norte da Ilha passando pelo continente e por praias de municípios próximos, o certo é que atrações não faltam nos dias mais quentes do verão em Florianópolis.
Delícias gastronômicas Um boteco para curtir um chope gelado no fim da tarde, food trucks com várias opções ou um restaurante com estilo bistrô para saborear deliciosas ostras – diversidade gastronômica não falta para o turista que veraneia em Florianópolis. A capital catarinense é a primeira cidade brasileira a participar da
Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco - categoria Gastronomia. O título, mais do que visibilidade internacional, indica um comprometimento das cidades selecionadas em desenvolver a gastronomia local para promover, também, crescimento econômico e social. Apesar de toda diversidade na culinária, os frutos do mar, principalmente aqueles pescados na costa da Ilha de Santa Catarina, continuam sendo a identidade da gastronomia de Florianópolis. A capital é reconhecida pela experiência única em aromas, sabores e vivências gastronômicas. O destaque é a ostra, encontrada em boa parte dos restaurantes, e não é para menos: Florianópolis responde por 80% da produção nacional de ostras em cativeiro. Quem busca os frutos do mar invariavelmente se dirige ao charmoso bairro de Santo Antônio de Lisboa, com suas ruelas e prédios portugueses conservados. Ali se encontra de tudo: ostras, polvo, camarão, lagosta, mexilhões. Na redondeza, o artesanato complementa o passeio do turista. A gastronomia contemporânea e mais badalada encontra espaço
Florianópolis é o 2º destino do turista interno no Brasil durante o verão
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Carnaval e boa gastronomia são alguns dos muitos atrativos de Floripa no verão
do artista e fotógrafo catarinense Bruno Ropelato, no MIS; no MASC, estarão em cartaz: Guerra do Contestado, Arte e História por Hassis, em homenagem a Heidy de Assis; e o 4º Ciclo de Editais no salão de exposições temporárias. No Teatro Ademir Rosa, a Camerata Florianópolis fará nove apresentações com seus espetáculos em homenagem a Bob Marley e ao rock. O cinema terá uma programação temática a cada semana com filmes de grande bilheteria, roteiros premiados, estrangeiros, curtas catarinenses e infantis, entre outros
Samba no pé
no Norte da Ilha: em Jurerê Internacional, por exemplo, a cada verão novos points atraem veranistas dispostos a gastar um pouco mais. Uma das novidades desta temporada no bairro é a primeira unidade no Brasil da sorveteria italiana Maestro Gelato&Caffé.
Cultura para os veranistas O projeto Verão Cultural CIC 2017, uma parceria entre a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e a Santur, preparou uma programação cultural aliada ao turismo
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nos meses de janeiro e fevereiro de 2017, em Florianópolis. Serão realizados 75 eventos culturais com foco na produção artística e cultural catarinense. As atividades ocorrerão nos espaços localizados no Centro Integrado de Cultura, como o Teatro Ademir Rosa (TAR), o Museu da Imagem e do Som (MIS/SC), o Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), o Cinema, o Espaço Lindolfo Bell, as Oficinas de Arte, o hall e o jardim. A programação começa no dia 6 de janeiro e segue com atividades culturais diárias até o dia 26 de fevereiro. Entre as atrações já confirmadas, estão as exposições #PorAí
Assim como o Réveillon, o Carnaval de Florianópolis é o período do ano que mais leva turistas à capital catarinense. Neste 2017, serão quatro dias de muita festa no fim de fevereiro – com destaque para os desfiles das escolas de samba na Passarela Nego Quirido. As apresentações ocorrerão de 24 a 26 de fevereiro e devem levar milhares de turistas à região. A agitação, contudo, começa antes mesmo de o Carnaval começar oficialmente. Os ensaios dos blocos carnavalescos e outras festas tomam conta dos barracões das escolas, espalhados pela ilha. Há, ainda, bailes em vários clubes da cidade, com bandas tocando ritmos tradicionais como samba e marchinhas. O Bloco dos Sujos é um dos mais conhecidos – nele, os homens se vestem com trajes femininos e as mulheres como homens. Todos saem juntos pelo centro, em uma folia animada. Antônio de Lisboa e Sambaqui são alguns dos bairros que têm tradição de Carnaval de Rua. Não falta carnaval, claro, nas praias. Bandas e DJs ficam espalhados nos bares, atraindo a multidão que passou o dia aproveitando o mar. Conhecido destino LGTB, Florianópolis também oferece muitas festas e programação específica para este público durante as folias momescas.
Revista Press Santa Catarina | INFRAESTRUTURA
INFRAESTRUTURA UM AEROPORTO PARA O
FUTURO
A
canhado, mas funcional, o Aeroporto Hercílio Luz, principal terminal aéreo da região de Florianópolis, recebe 3,7 milhões de passageiros por ano. Somente voos extras são cerca de 600 a cada verão. O contínuo aumento na demanda exige mais investimentos na ampliação do aeroporto – ele integra a próxima rodada de concessões da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O leilão deve ocorrer em março deste ano, na Bolsa de Valores de São Paulo. A oferta inicial pelo Hercílio Luz, segundo a Anac, é de R$ 211 milhões pela outorga e exige um investimento mínimo de R$ 960 milhões. Entre as principais obras a cargo dos futuros operadores estão construção de um novo terminal, ampliação dos pátios de aeronaves e das pistas de pouso e decolagem. Também estão previstos o aumento do número de pontes de embarque e mais vagas para estacionamentos de veículos. O prazo de concessão é de 30 anos prorrogável por mais cinco anos.
O marco regulatório para concessão estabelecido pelo governo exige experiência de, no mínimo, cinco anos operando um aeroporto. No caso de Florianópolis, a empresa tem que ter processado, em pelo menos um ano dos últimos cinco anos, no mínimo 4 milhões de passageiros. A Infraero não terá participação nas concessões e as obras públicas que estiverem em andamento deverão ser paralisadas quando a iniciativa privada assumir. Caso todos os prazos sejam cumpridos, a perspectiva é de inaugurar o novo terminal, com 35 mil metros quadrados, em 2019. Dotado de fingers (pontes de embarque), o prédio será conectado a um pátio com capacidade para receber até 15 aeronaves simultaneamente. Projeção da Anac indica que num prazo de 30 anos, em 2047, o fluxo de passageiros no Hercílio Luz irá quase quadruplicar, chegando a 13,9 milhões de pessoas por ano. Assim como outras obras de infraestrutura demandadas há anos
pelo setor produtivo e turístico, como a duplicação do trecho sul da BR-101, o novo aeroporto de Floripa é essencial para o desenvolvimento de Santa Catarina e não se pode esperar mais. “Originalmente, a obra deveria estar pronta em 2008. Estamos em 2016 e teremos que esperar até 2019. É preciso reconhecer que Santa Catarina tem sido muito paciente”, afirmou o presidente da Federação da Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco Côrte, durante reunião da Câmara de Transporte e Logística da entidade. Conforme Côrte, considerando que ainda serão necessários 26 meses até a conclusão da ampliação do terminal, a proposta da Fiesc é que pequenas melhorias sejam feitas enquanto se aguarda a obra principal. “É o caso dos fingers, por exemplo. Já encaminhamos pleitos e estivemos discutindo a instalação de equipamentos provisórios”, afirmou ele, lembrando que, em dias de vento e chuva, as condições de embarque são ruins para os passageiros.
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Revista Press Santa Catarina | CAMBORIÚ
CAMBORIÚ
A PRAIA
DOS ARRANHA-CÉUS
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A intensificação da construção civil começou na década de 1970. Hoje, Camboriú tem um dos m mais caros de SC
A
s belezas naturais de Balneário Camboriú sempre chamaram a atenção de turistas brasileiros e do exterior – principalmente argentinos, paraguaios e chilenos. A cidade, com 130 mil habitantes, tem lindas praias, morros com trilhas deslumbrantes e ostenta elevados índices de qualidade de vida. Nos últimos anos, o desenvolvimento imobiliário de alto padrão acelerado da cidade contribuiu para transformar Balneário Camboriú em um destino de praia de alta renda em Santa Catarina. “Balneário Camboriú é reconhecida pelas opções de lazer, com restaurantes, bares, casas noturnas e praias. A intensificação da construção civil de alto padrão, além de gerar lucros com as vendas de apartamentos, salas comerciais e casas, também emprega muitas pessoas, que acabam fazendo parte do crescimento da cidade”, explica Hélio Dagnoni, secretário municipal de turismo e presidente do Sindicato do Comércio da região (Sincomércio BC). De fato, nos últimos anos a região central da cidade, voltada para o litoral, viu surgirem os mais altos edifícios do Brasil. Um dos mais emblemáticos é o Villa Serena, condomínio residencial com duas torres de 160 metros de altura e 46 andares cada. São 164 apartamentos com preço médio de R$ 2 milhões. A intensificação da construção civil começou na década de 1970 e, hoje, o município tem um dos metros quadrados mais caros de Santa Catarina. Uma das explicações é que Balneário Camboriú tem 20% da sua população formada por idosos e aposentados – pessoas com renda que buscam a região para descansar. A cidade tem o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – de Santa Catarina (0,845), só perdendo para Florianópolis. Quando mais próximo de 1, mais elevado o desenvolvimento. Além de aposentados com elevada renda e turistas endinheirados, o município catarinense atrai
celebridades do futebol e da música, além de empresários do agronegócio da região Centro-Oeste. Criado em 1964, Balneário Camboriú construiu, em menos de 50 anos, uma infraestrutura de atendimento de dar inveja a muitas prefeituras: há esgoto sanitário em 90% da cidade; coleta de lixo em 99% das ruas e 98% das residências contam com água tratada. Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU) classifica Balneário Camboriú entre os 10 municípios brasileiros com melhor qualidade de vida e em segundo lugar entre os municípios catarinenses. Não é de admirar, então, que os visitantes busquem o conforto da cidade. No último veraneio – período entre dezembro do ano passado e março de 2016 – a estimativa é que 4 milhões de turistas tenham passado por Balneário Camboriú. Para a próxima temporada, a Santur espera um aumento de 20% no fluxo de visitantes do Estado – o que deve se refletir também na cidade. Além dos brasileiros e latinos, futuramente um novo turista poderá chegar à cidade: o chinês. Em dezembro, o Ministério do Turismo brasileiro abriu as inscrições para que agências de turismo interessadas em visitantes do país asiático se cadastrassem no programa Status de Destino China. São exigidos alguns critérios das agências, como estar regularizado no Sistema de Cadastro de Pessoas Físicas e Jurídicas que atuam no setor de turismo (Cadastur); declarar estar ciente dos termos do Memorando de Entendimento firmado entre o MTur e a Administração Nacional de Turismo da China. Dagnoni ressalta a importância dos órgãos empresas e entidades ligados ao turismo estarem credenciados no Cadastur. “É o primeiro grande passo para que esses empreendimentos possam ter acesso a programas como o chinês”, relata. Juntamente com o BC Convention, a prefeitura quer firmar a cidade em um destino turístico permanente, inclusive de negó-
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Revista Press Santa Catarina | VERÃO cios. A ideia do trade turístico é, em 2020, contar com um novo centro de eventos. Ao custo de R$ 90 milhões, o empreendimento terá 33 mil metros quadrados de área construída distribuídos em três pavilhões. As obras estão em andamento no terreno localizado ao lado da BR-101.
A postos para o verão Uma força-tarefa implementada nos últimos meses se encarregou de deixar Balneário Camboriú pronta para a temporada 2017. Segundo a prefeitura, a Praia Central, principal cartão-postal do município, é que recebe o maior número de visitantes.Pelo seu visual agradável e diversas opções gastronômicas e de lazer noturno, recebe, diariamente, equipes de manutenção. Houve reforço também em outros pontos turísticos. O Complexo do Morro do Careca, conhecido pelas belezas naturais, recebeu pintura nos meios fios e acessórios. Também o Molhe da Barra Sul e o Pontal Norte, locais que atraem turistas e moradores, tiveram manutenção feita nos seus decks. Na segurança, a construção de um novo complexo da Polícia Civil em Camboriú, com 2,3 mil metros quadrados, dará maior suporte aos policiais da região. Há ações ainda implementadas para o comércio “de areia”. Em dezembro, 25 turmas formadas por comerciantes de temporada, principalmente por ambulantes que vendem produtos na orla da praia, concluíram o curso de Qualidade no Atendimento ao Turista. O curso é promovido todos os anos no segundo semestre. Sem ele, o comerciante não pode atuar, seja na areia ou nos pontos de vendas de produtos na beira da praia, como nos quiosques de milhos e churros. Com a certificação e a apresentação do pagamento do alvará para a Secretaria da Fazenda, os ambulantes recebem a credencial para as vendas na praia.
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Praia Central:
Conheça as principais atrações:
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é a principal de Balneário Camboriú. Shows, festas e práticas esportivas ocorrem em toda sua extensão de quase 7 quilômetros. A praia é acompanhada pela avenida Atlântica, cujo charme está no calçadão que desenha toda a orla e na iluminação que proporciona passeios e divertimento noturno. Há cerca de 100 pontos gastronômicos na praia, entre bares, quiosques, restaurantes e bancas. O movimento é contínuo, tanto de dia quanto de noite.
Praia de Laranjeiras: a 6 quilômetros do centro, essa praia é formada por uma pequena baía, com águas calmas e boas para esportes náuticos. Com 750 metros de extensão, concentra bares e restaurantes e trapiche para atracação de embarcações. O acesso pode ser feito pela BR-101, seguindo pela Linha de Acesso às Praias ou pela Barra Sul, através dos bondinhos aéreos do Parque Unipraias.
Praia de Taquaras: discreta e tranquila, esta praia é própria para pesca artesanal. Com 1,1 mil metros de extensão, tem águas calmas, mas é preciso cuidado, pois a profundidade pode ser grande. Existe aindaum núcleo urbanizado com pousadas, bares, restaurantes, condomínios e colônia de pescadores.
Praia do Pinho:
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é considerada a primeira praia destinada ao naturismo do Brasil. Situada a 9 quilômetros do centro, tem camping, pousada, bar e restaurante. Sua extensão é de 310 metros, onde é possível o banho de mar para os que aceitam o rígido código de postura criado pela associação que cuida da praia.
Cristo Luz:
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com 33 metros de altura – cinco a menos que a estátua do Cristo Redentor – este monumento foi construído em 1997 no alto de um morro. Na mão esquerda há um canhão de luz de 6 mil watts que ilumina Balneário Camboriú. No local, há restaurante, bar, lanchonete, lojas de souvenir, estúdio fotográfico e uma gruta em homenagem a Nossa Senhora Aparecida. O acesso é feito pela Rua Indonésia, nº 800, no Bairro das Nações.
Ilha das Cabras: distante a 600 metros da Praia Central, é um dos cartões-postais da cidade. É possível se aproximar da ilha por meio dos passeios de escuna. Ela tem este nome pois um antigo morador criava cabras na ilha. A área é propriedade particular.
Passarela da Barra:
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inaugurada em 2016, esta passarela estaiada tem 200 metros de extensão e 25 metros de altura. Fica acima do rio Camboriú, na Barra Sul. Dela é possível avistar a orla central da cidade, tomada por arranha-céus, que contrastam com o mar e a natureza que circunda o município.
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Revista Press Santa Catarina | CANYONS
Praia Grande é um dos 15 municípios de SC que formam o Caminho dos Canyons
CANYONS
ESCAVADOS PELA
NATUREZA
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N
o Extremo-Sul catarinense, na divisa com o Rio Grande do Sul, os impressionantes canyons da Serra Geral e dos Aparados da Serra formam uma das mais belas regiões turísticas do Brasil. Composto por 15 municípios de Santa Catarina e dois gaúchos, o chamado Caminho dos Cânyons oferece trilhas, escaladas, caminhadas e hospedagens, tudo em meio aos imensos paredões escavados pela natureza. Guilherme Mainieri, da Rota dos Canyons Ecoturismo, salienta que a demanda pela região tem sido cada vez maior. O perfil do turista é formado, principalmente, por gaúchos e catarinenses, mas há também procura por visitantes paulistas. “Nos roteiros pela parte de cima dos canyons temos um público misto. Já nos passeios pelo interior deles a maior demanda é de um público mais aventureiro”, relata. No verão, o perfil muda um pouco: os argentinos e uruguaios que frequentam as praias da região acabam por subir e experimentar o turismo nos canyons. Praia Grande, município catarinense delimitado pela encosta da Serra e a BR-101, é o principal meio de acesso à região. A paisagem é de tirar o fôlego, com cachoeiras, piscinas naturais, rios pedregosos e imensos penhascos de até 1.000 m de altura. A região oferece boa estrutura turística, com hotéis, pousadas e operadoras de ecoturismo. A área total com os canyons alcança cerca de 35 mil hectares e está dividida entre duas unidades de conservação federais: o Parque da Serra Geral e o Parque Nacional dos Aparados da Serra. Devido à geografia acidentada da região, é comum um paredão rochoso começar em um parque e terminar em outro, o que torna difícil a sua delimitação.
Parque Nacional Aparados da Serra É de impressionar a paisagem do parque, na qual se destacam
Com Canyons que chegam a 900 metros de altura é possível avistar o Oceano Atlântico paredões rochosos verticais de até 700 metros de altura. Lá embaixo, cachoeiras e cascatas tornam a região ainda mais linda. A administração fica bem na divisa entre os dois Estados e oferece três trilhas abertas ao público. A partir da sede do Parque Nacional (em Cambará do Sul – RS), as principais atrações são as trilhas do Vértice e do Cotovelo pelas bordas superiores do canyon. Já a Trilha do Rio do Boi (que segue um trajeto mais radical pelo interior do Itaimbezinho) é acessada por Praia Grande. A caminhada é de cerca de 9 quilômetros (ida e volta), cruzando o leito do Rio do Boi. Pelo caminho, piscinas e cascatas naturais. O acompanhamento com guia é obrigatório. O nome do canyon vem do tupi-guarani – ITA (pedra) e AI BE
(afiada). A formação rochosa do Itaimbezinho tem cerca de 130 milhões de anos. Sua extensão alcança quase 6 quilômetros e tem uma largura que varia entre 200 e 600 metros. A profundidade máxima alcança 700 metros. As paredes avermelhadas são cobertas por uma vegetação baixa. A paisagem tem, ainda, muitos pinheiros. A famosa cascata Véu de Noiva impressiona: nela, a água do rio Perdizes desce de uma altura de 700 metros, chegando a formar uma pequena nuvem antes de atingir o fundo do paredão. O Rio do Boi, por sua vez, vai percorrendo o interior do Itaimbezinho e forma algumas cachoeiras até adentrar o território catarinense. O Parque Nacional dos Aparados da Serra é administrado pelo Ibama, cuja sede está localizada no Parque.
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Passeios à cavalo permitem desfrutar de paisagens deslumbrantes dos parques Aparados da Serra e Serra Geral chas. Para chegar até elas, é preciso uma boa dose de disposição: a caminhada dura três horas e exige o acompanhamento de um guia.
Parque Nacional da Serra Geral Com uma área de 17 mil hectares e território espalhado pelas cidades catarinenses de Praia Grande e Jacinto Machado, além de Cambará do Sul (RS), o Parque Nacional da Serra Geral é caracterizado por montanhas recortadas por vales profundos. Com canyons que chegam a 900 metros de altura, quando a visibilidade permite é possível avistar o Oceano Atlântico, a 20 km de distância, além de cidades como Torres e Praia Grande. Assim como no vizinho Aparados da Serra, aqui as falhas naturais da rocha, acentuadas pela erosão de milhões de anos, forma grandes desfiladeiros – os mais conhecidos são o Fortaleza e o Malacara. O Fortaleza tem 2 mil metros de largura e profundidade de 600 metros – ele se estender por quase 6 mil metros. Para melhor visi-
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As delícias da região
A trilha do Rio do Boi oferece caminhadas de 9 km bilidade do paredão, é necessário andar por uma trilha de 1,7 quilômetro no cânyon. A configuração do terreno lembra as muralhas de um forte, com suas pontes e torres – daí o nome Fortaleza. Já o Malacara, a 6 quilômetros de Praia Grande, tem como um dos principais atrativos as piscinas naturais formadas no meio das ro-
Dizem que fazer exercício dá fome – caso isso aconteça, o turista que visitar a região tem boas opções no município catarinense de Praia Grande. Produtores rurais se uniram para formar a Rota Sabores do Canyons. Participam do roteiro agricultores que produzem alimentos de forma natural, sem prejudicar a natureza e contribuindo na preservação do meio ambiente. As propriedades são preparadas para receber os visitantes que chegam aos parques nacionais e oferecem desde cerveja artesanal, sucos e doces caseiros até fartas panelas de comida caseira. Mais informações em www.rotasaboresdoscanyons.com.br.
O QUE É ASSUNTO
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Revista Press Santa Catarina | GENTE
GENTE
OS TIPOS
HUMANOS
DE SANTA CATARINA
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É
herança da colonização portuguesa um dos termos mais conhecidos que remetem aos nascidos em parte do litoral de Santa Catarina – mais especificamente, em Florianópolis. O Manezinho da Ilha, inicialmente considerado pejorativo ou até mesmo ofensivo, hoje é considerado uma forma carinhosa de lembrar os antepassados. A formação da palavra está relacionada a uma abreviação de Manoel – termo de origem hebraica que significa “Deus está conosco”. Manoel era um nome muito comum entre os imigrantes dos Açores que vieram para Florianópolis. E vieram muitos “Manoeis” das ilhas dos Açores para habitarem a capital catarinense. Ao chegarem na região, se estabeleceram em diversos pontos, difundindo sua cultura no comércio, na culinária, na pesca. A arquitetura açoriana também é marcante: um exemplo é Santo Antônio de Lisboa, praia afastada do centro da ilha repleta de casarões centenários que remetem à época da colonização dos Manezinhos. Na linguagem, a vocalização rápida e as expressões típicas do povo simples da ilha de Santa Catarina são apelidadas, por alguns, como “manezês”. É muito semelhante ao sotaque dos habitantes dos Açores. Com o passar das décadas, outras etnias foram colonizando a região de Florianópolis – com isso, a cidade passou a ter bairros mais urbanizados que outros, próximos ao centro, enquanto as regiões mais antigas, habitadas pelos “Manoeis”, estavam na periferia da ilha. Eram locais mais isolados, que demoraram um pouco mais a acompanhar o desenvolvimento da cidade. Bastou para virar “Manezinho” quem morava por ali. Nas últimas décadas, o Manezinho passou por um processo de modificação cultural – em parte, graças a ícones do esporte como Gustavo Kuerten. Ao vencer o campeonato de tênis de
Roland Garros, na França, Guga declarou-se Manezinho com orgulho. A partir de então, o apelido é utilizado rotineiramente e sem conotação depreciativa. Inclusive veículos de comunicação usam o termo para chamar os nativos da ilha sem parecer ofensivo.
Barriga Verde, com muito orgulho
Odílio, o Manezinho da Ilha, é o personagem criado pelo ator Alceu Ramos Conceição
Outro termo comumente aplicado aos habitantes de Santa Catarina, Barriga Verde remete a parte da vestimenta usada por soldados locais no século XVIII – com detalhes em verde na região da cintura. Há uma certa controvérsia a respeito. Alguns historiadores afirmam que os militarem usavam uma faixa verde sobre a barriga. Outros, contudo, destacam que a faixa verde seria, na verdade, um colete desta cor usado por cima do fardamento. Os soldados com a faixa – ou colete – verde lutaram na Guerra da Cisplatina. É notória sua valentia e destreza no domínio das armas. Formaram um pelotão cujo desempenho foi registrado como histórico de geração para geração. A Guerra da Cisplatina ocorreu de 1825 a 1828, entre Brasil e Argentina, pela posse da Província de Cisplatina, atual Uruguai. A região, considerada estratégica geograficamente, sempre foi alvo de disputas pelos reinos de Portugal e Espanha. O conflito terminou com a derrota brasileira. O certo é que o termo Barriga Verde, ao contrário do que se possa imaginar, é motivo de orgulho para os catarinenses. É utilizando, inclusive, como gentílico para designar as pessoas nascidas no Estado de Santa Catarina. Barriga Verde também é o nome do palácio que sedia o Poder Legislativo, em Florianópolis.
O tenista Gustavo Kuerten globalizou a imagem do Mané da Ilha
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Revista Press Santa Catarina | DIVERSÃO
DIVERSÃO
PARA CRIANÇAS E
ADULTOS
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O Beto Carrero World tornou-se uma referência para o turismo e desenvolvimento do litoral norte de SC
A
lém da praia, da serra e do ecoturismo, um gigantesco parque de diversões faz a alegria dos turistas que chegam ao município de Penha, no litoral Norte de Santa Catarina, há 25 anos. O Beto Carrero World tornou-se uma referência para o turismo e o desenvolvimento da região, sendo responsável pela geração de 1,5 mil empregos diretos. Inaugurado em 28 de dezembro de 1991, o empreendimento foi batizado com o nome artístico de seu fundador, João Batista Sérgio Murad, o Beto Carrero. O parque temático é, hoje, um dos maiores do mundo. O local recebe, por ano, dois milhões de turistas. Os visitantes movimentam a economia local, principalmente agências de turismo, hotéis e restaurantes do Vale do Itajaí. No passeio, os visitantes podem aproveitar mais de 100 atrativos em oito áreas temáticas, além de um zoológico completo. O empreendimento, instalado em uma área de 14 milhões de metros quadrados, é organizado de maneira semelhante aos parques dos Estados Unidos. As temáticas dos brinquedos passam pelo Velho Oeste, a Ilha dos Piratas, a Vila Germânica, a Avenida das Nações, o Mundo Animal, a Terra da Fantasia e a Aventura Radical. Alguns universos são inspirados em filmes e desenhos como Madagascar, Lilica & Tigor e Velozes e Furiosos. Nascido em São José do Rio Preto, João Batista Sérgio Murad era fã do personagem Zorro e sempre quis trabalhar em um parque de diversões. Foi músico sertanejo, apresentado de TV, publicitário e artista de circo. Foi por meio da publicidade que surgiu o nome artístico Beto Carrero – homenagem ao pai, Alexandre Carrero, que tinha uma carreta de boi no interior paulista. Após uma visita ao parque da Disney nos Estados Unidos, o empresário resolveu transformar o sonho em realidade e construir, com seus próprios recursos, o maior parque temático da América latina. Vendeu tudo que tinha e adquiriu
uma área no município de Penha, situado num belo trecho do litoral catarinense. Aliás, Beto chegou à região por acaso. Retornando de uma viagem de negócios, em 1973, perdeu um voo no Aeroporto de Navegantes e aproveitou para visitar as praias próximas. Ficou encantado com as belezas naturais e se identificou com o povo, marcado pela tradicional pesca artesanal da região. A partir da visita, Beto percebeu que Penha era um ponto estratégico. Localizada às margens da BR-101, fica a apenas 8 km do Aeroporto de Navegantes e a pou-
cas horas de outros centros turísticos do estado, como Balneário Camboriú, Florianópolis e Blumenau. Foi ali, então, que ergueu o parque. O Beto Carrero World foi eleito em 2015, pelo site TripAdvisor, o melhor parque de diversões da América do Sul. Com o slogan “O tempo passa voando quando a gente se diverte”, a programação de aniversário se estende por todo o ano de 2017. Neste veraneio, novamente, o local deve receber milhares de turistas que se dirigem a Santa Catarina para curtir as férias de verão.
O parque está instalado em uma área de 14 milhões de m
O Beto Carrero World foi eleito em 2015 pelo TripAdvisor o melhor parque de diversões da américa do Sul
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Revista Press Santa Catarina | BEM ESTAR
BEM ESTAR
A BOA
OPÇÃO DAS FONTES TERMAIS
Estância termal de Gravatal
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ão importa a época do ano, as propriedades relaxantes e terapêuticas das águas termais levam milhares de turistas a Santa Catarina. Conforme dados do governo estadual, existem fontes termais em 19 cidades. A distribuição geográfica e a diferença de temperatura entre as fontes catarinenses – algumas mais altas, outras menos quentes – são um atrativo à parte. O maior incentivo ao turismo, sem dúvida, é a qualidade das estâncias termais. Há desde hotéis sofisticados, com spas e centros de relaxamento, até pousadas mais rústicas e outras que são puro luxo. À sua volta, geralmente, uma natureza intocada e exuberante. A mais famosa é Gravatal, no Sul, que possui um complexo de ho-
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téis e fontes considerado o segundo melhor do mundo. São 485 leitos distribuídos em dois hotéis, além de parque aquático, restaurante internacional, banheiras medicinais, tratamentos com argila, spa e até boate. Ainda na região Sul catarinense, as Termas da Guarda, em Tubarão, têm acomodação para mais de 200 turistas. Já nas Termas do Rio do Pouso, a estrutura conta com hotel fazenda, camping, piscinas de água quente, banhos de lama e outras áreas de lazer. Quase na divisa com o Rio Grande do Sul, o município de São João do Sul abriga a única estância termal de água salgada do Brasil. Pertinho de Florianópolis, o complexo de Santo Amaro da Imperatriz é considerado a primeira
estância termal do Brasil. Ele ganhou esse nome devido à visita do casal imperial Dom Pedro II e Dona Thereza Cristina, em 1845. Há, ainda, mais dois hotéis, camping e parque aquático, com capacidade total de 600 leitos. Mas há muitas outras opções. Em Treze Tílias, por exemplo, na região do Contestado, o inverno é o grande chamariz de visitantes para as estâncias termais da cidade. Na cidade de Piratuba, as águas estão a mais de 700 metros de profundidade e foram encontradas por acaso, após escavações da Petrobras na região. Hoje, a cidade tem uma grande infraestrutura – são 16 hotéis, e um parque com sete piscinas, quadras esportivas e clínicas para tratamento com argila.
Santo Amaro da Imperatriz No Oeste, a cidade de Colombo, perto de Chapecó, é conhecida por ter um parque de águas termais sulfurosas na praça central do município. As estâncias também estão presentes em outras cidades próximas, como Águas de Chapecó, Palmitos e Saudades.
Revista Press Santa Catarina | BR-101
BR-101
CAMINHO PARA O PROGRESSO
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raticamente concluída, a duplicação do trecho Sul da BR-101, entre Palhoça (SC) e Osório (RS), levou mais de dez anos para ficar pronta. A estrada atravessa 10 municípios dos dois estados e recebe, em média, 30 mil veículos por dia. Muitos deles, indo em direção ao litoral de Santa Catarina e à capital Florianópolis. A população diretamente beneficiada alcança 1 milhão de pessoas. Segundo o Ministério dos Transportes, cerca de 60% do tráfego da estrada é de veículos pesados, como caminhões e ônibus. Em períodos como o verão, o volume chega a aumentar 50%, passando para 45 mil veículos por dia. A obra custou R$ 3 bilhões. Para os visitantes do Rio Grande do Sul, do Uruguai e da Argentina, a BR-101 é a principal ligação com o litoral de Santa Catarina. Além de facilitar o fluxo turístico, a duplicação reforçou a economia regional, facilitando a ligação com os outros Estados e com os Países do Mercosul. A produção agropecuária e industrial deve ser escoada com mais rapidez, tornando-se mais competitiva no mercado internacional.
Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) mostrou que, sem a duplicação, o Sul do estado de Santa Catarina perdia e muito em comparação com o Norte do estado, onde o trecho da estrada já era duplicado. Apenas na balança comercial, a diferença chegava a 900%. É visível a transformação vista no Sul de Santa Catarina – um dos destaques da paisagem é imensa ponte estaiada de Laguna, com 2,8 km de extensão e inaugurada em 2015. Ao custo de R$ 774 milhões, a estrutura aliviou um dos principais gargalos no trânsito da estrada. Dois túneis no trecho catarinense – do Formigão (em Tubarão) e Morro Agudo (em Paulo Lopes) – estão entre as grandes obras que compõem a duplicação finalizadas. Somados, custaram R$ 112 milhões. Aliás, é justamente a construção de um último túnel o que falta para realmente finalizar a duplicação da BR-101 entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Túnel do Morro dos Cavalos, em Palhoça, deve ter 2,2 mil metros em cada sentido.
A obra 249 km – de Osório (RS) a Palhoça (SC) 45 viadutos 16 passarelas 29 pontes Ponte estaiada de Laguna – com 2,8 km, custou, R$ 774 milhões Túneis do Morro do Agudo e do Formigão – R$ 112 milhões Túnel Morro dos Cavalos -
Embargado devido a questões relativas a indígenas que vivem na região, o projeto prevê a transposição do Morro dos Cavalos através de um túnel duplo, escavado em rocha e solo. Com custo estimado em R$ 300 milhões, a transposição do morro é um dos pontos mais emblemáticos da duplicação, por atravessar uma área verde sensível e exigir maior cuidado em sua execução.
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Revista Press Santa Catarina | PRAIAS
PRAIAS
BOMBINHAS A CAPITAL DO MERGULHO
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C Apesar de pequena, a cidade tem 39 praias
onsiderada a capital do mergulho náutico, Bombinhas possui 16 mil habitantes e tem como vizinhas Porto Belo e Itapema. Com apenas 35 quilômetros quadrados de área, o município fica em uma península que avança para o Oceano Atlântico. Assim como outras cidades da região Costa Verde e Mar, Bombinhas faz jus à fama de mar cristalino. Apesar de pequena, a cidade tem 39 praias, algumas delas acessíveis somente por trilhas. Há desde orlas cheias de turistas até praias desertas. O relevo acidentado de Bombinhas resulta em uma grande diversidade de paisagens e opções de lazer em meio à natureza. Destacam-se trekking, passeios de barco, caiaques e surfe. No turismo, o mergulho náutico se destaca na região. Bombinhas sedia três unidades de conservação excelentes para o ecoturismo: o Parque Municipal da Galheta, o Parque Municipal do Morro do Macaco e a Costeira de Zimbros. Nelas, há opções de caminhadas ecológicas guiadas sobre trilhas que foram construídas por antigos moradores na mata. O Museu e Aquário Marinho, por
sua vez, é o primeiro museu particular de Santa Catarina, com cerca de 3.000 invertebrados marinhos, com destaque para esponjas, corais, estrelas, siris, conchas, lagostas, caranguejos, ouriços, caramujos e pepinos do mar. As principais atividades econômicas de Bombinhas são o turismo, a pesca artesanal e a maricultura (criação de mariscos e ostras), herança dos colonizadores dessa região. O turismo, sozinho, responde por 20% do PIB municipal. Reconhecida no âmbito nacional e internacional, a cidade disponibiliza uma ampla estrutura de hospedagem e gastronomia, atendendo os mais variados perfis de públicos. Apesar de polêmica, a decisão da prefeitura local de cobrar uma Taxa de Preservação Ambiental (TPA) para os veículos que chegam ao município está em vigor. O objetivo é dar recursos financeiros à cidade para que minimize os impactos ao meio ambiente causados durante a alta temporada. A TPA é cobrada de 15 de novembro a 15 de abril, e varia de R$ 3,00 (motocicletas) a R$ 120,00 (ônibus). Pode ser paga pela internet, antes da viagem, pelo site www. bombinhas.sc.gov.br.
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Porto Belo – na rota dos transatlânticos Se a vizinha Bombinhas é a capital do mergulho, Porto Belo é parada obrigatória para muitos cruzeiros de luxo que cruzam o Sul do Brasil. No verão, é comum navios transatlânticos ancorarem na cidade para que os passageiros aproveitem parte da beleza local. Porto Belo construiu o único cais com alfândega para receber navios deste tipo no Sul do Brasil. Com 19 mil habitantes, o pacato município de colonização açoriana se transforma na alta temporada, com o grande movimento nas praias, restaurantes e bares flutuantes. Os passeios de barco, os esportes náuticos e o mergulho estão entre as principais atividades turísticas. Na Ilha de Porto Belo, quem gosta de aventura pode encarar as trilhas subaquáticas que revelam a abundante vida marinha da região. Em outros locais, como a Reserva Morro dos Zimbros, há trilhas que desbravam a Mata Atlântica e permitem a observação de aves e de espécies ameaçadas de extinção, como o tamanduá-mirim. Na península da cidade, a pescaria é uma das mais tradicionais atividades. Existem inúmeras ilhas e costões propícios para a pesca de arremesso ou embarcada. O turista pode escolher roteiros de pescaria noturna e diurna de espécies como dourado, peixe-espada, garoupa e anchova. Quem tem disposição para pedalar uma opção interessante é cumprir o roteiro completo, com 270 quilômetros, de cicloturismo por todos os municípios da região Costa Verde e Mar. De carro, também há passeios por praias agrestes, trilhas escondidas e outros locais de natureza preservada. Na cultura, destaque para o artesanato local. Em muitas lojas encontra-se cerâmicas, pinturas, entalhe em madeira, trabalhos em couro, tarrafas, redes e cestarias. Outra produção artesanal que merece destaque é a construção naval, uma vez que Porto Belo tem estaleiros produzindo embarca-
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Porto Belo é parada obrigatória para cruzeiros de luxo que viajam pelo sul do Brasil ções do tipo traineiras, lanchas e canoas. Durante a alta temporada, a vida noturna se intensifica: casas noturnas, bares com música ao vivo e casas de shows recebem milhares de visitantes. É o período, ainda, em que a gastronomia ganha mais destaque: há desde estabelecimentos mais rústicos aos mais sofisticados, com destaque para a culinária portuguesa e frutos do mar. Mais informações em www. portobelo.sc.gov.br.
Itapema – herança da colonização portuguesa Saindo do agito de Florianópolis e de Balneário Camboriú, a bela
Itapema é uma ótima opção para quem busca praias, cachoeiras, morros e uma completa estrutura de restaurantes e bares. Com 59 mil habitantes, Itapema emancipou-se de Porto Belo em 1962. Em menos de 40 anos, é um dos principais destinos da região conhecida como Costa Verde. Localizado no Litoral Centro-Norte, o município recebe visitantes de todas as regiões do Brasil e do mundo. Itapema mantém viva a herança dos antepassados portugueses, com a pesca artesanal, o boi de mamão (manifestação folclórica com dança e música) e gastronomia típica. A orla da Praia Central é a mais frequentada pelos turistas. Junto à natureza preservada, com vegetação e um mar de águas cristali-
nas, o crescimento urbano revela muitos condomínios à beira-mar. A região também é o ponto dos principais hotéis de Itapema. Na Praia da Ilhota, destaque para a culinária. Restaurantes, bares e botecos oferecem ao turista o melhor da gastronomia litorânea, com destaque para os frutos do mar. A água, mais agitada, é um atrativo para os surfistas em busca de emoção e adrenalina. Já a mais famosa praia da cidade, a Meia Praia, reúne comércio e calçadão nos quais o passeio é obrigatório para aproveitar as compras da cidade. O local oferece espaço para o lazer de moradores e visitantes, com faixas exclusivas para ciclistas e pedestres transitarem com segurança. Outra opção para uma é visitar o
Itapema é um dos principais destinos da região da Costa Verde
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Garopaba: no verão tem a população aumentada de 18 mil para 150 mil pessoas Mirante do Encanto, localizado a 155 metros acima do nível do mar. A vista privilegiada permite uma visão de 360 graus de Itapema – é possível avistar o mar, o núcleo urbano e os morros que cercam a cidade. O mirante tem rampa de acesso e elevador panorâmico. O ecoturismo, com passeios ciclísticos, caminhadas pelos morros e passeios em grupo são outro atrativo de Itapema. A vegetação nativa, com riachos escondidos, é pródiga em trilhas e rotas de aventuras. A fauna e a flora nativas mostram toda a beleza da Mata Atlântica. Mais informações em www. itapema.sc.gov.br.
Garopaba – muitas praias e belezas naturais Famosa no Brasil inteiro pelo surfe e belezas naturais, Garopaba adquiriu status de uma das praias mais movimentadas na região abaixo da
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ilha de Santa Catarina, mais para o Sul. Formada por imigrantes açorianos, a região tem na pesca a maior fonte de renda – mas o turismo e o comércio ganham cada vez mais importância. Com 18 mil moradores fixos, o município chega a receber 150 mil turistas no período de dezembro a fevereiro. Na economia, além da pesca, são importantes os serviços públicos, a agricultura de subsistência, o comércio e a indústria de confecções – a mais importante delas, a Mormaii, virou referência internacional em moda praia e levou o nome de Garopaba para o mundo. Quem busca sol e descanso, tem várias opções de praias, todas pertencentes ao município. Além da própria Garopaba, a área inclui, ainda, as praias da Ferrugem e da Gamboa. Esta última, localizada mais ao Norte, tem areias finas e claras, dunas e vegetação rasteira, além de ondas grandes fortes e próprias para o surfe.
A Praia da Ferrugem, a oito quilômetros do centro do município, também é propícia para os esportes náuticos, em especial, o surfe. As famosas dunas com areia bem branca dominam a paisagem, assim como a natureza exuberante. Localizada no Centro urbano, dentro de uma enseada, a Praia de Garopaba lota no verão com turistas em busca de mar, sol e calor. Os barracões de pescadores, com seus barcos coloridos pela orla, são um atrativo à parte. No ecoturismo, outra opção é a Cachoeira de Macacu. Além da queda d’água, há piscinas naturais, trilhas, tirolesa e passeios a cavalo. O local é muito procurado por quem busca um dia de sossego, tranquilidade e até aventura, tanto para adultos como para crianças. A região atrai, também, interessados em observar baleias. A atividade pode ser feita por terra e tem condutores e guias especializados junto aos órgãos ambientais para realizar a tarefa. Fugindo do inverno
antártico, as baleias francas - gigantes que chegam a medir 18 m e pesar 60 toneladas - percorrem a costa catarinense entre julho e outubro (a enseada de Garopaba é um de seus locais de descanso prediletos).
Imbituba – sede da badalada Praia do Rosa Com nove praias – incluindo a Praia do Rosa – Imbituba, no Sul de Santa Catarina, é reconhecida internacionalmente por suas belezas naturais. Além de um movimentado porto marítimo, a cidade é pródiga em mata nativa, lagoas, dunas, trilhas e piscinas naturais. Imbituba também recebe a visita da baleia franca – por isso mesmo criou o Museu da Baleia, um de seus principais atrativos turísticos. Construído na antiga armação baleeira, traz equipamentos e instrumentos utilizados na caça e resgata a história da atividade, recebendo pesquisadores e visitantes do mundo todo. O comércio local oferece uma variedade de lojas de diferentes segmentos, tendo como destaque vestuário e calçados. A principal rua da cidade, a Nereu Ramos, oferece calçada estendida para o pedestre passear com segurança. A cidade se destaca pela sua gastronomia típica, à base de frutos do mar, encontrada nos bares e restaurantes do centro e de outras praias, com destaque para o Rosa, Barra de Ibiraquera, Itapirubá e Porto da Vila. Aliás, a Praia do Rosa é considerada uma das baías mais belas do mundo, cercada por mar calmo, areia fininha e natureza preservada. São sete quilômetros de areia, com pousadas paradisíacas, trilhas ecológicas e muita gente bonita. A Praia do Rosa tem o formato de uma meia-lua, e nos cantos Norte e Sul ficam as áreas mais próprias para o surfe e o stand up paddle. No centro está a Lagoa do Meio, com água salgada e tranquila, muito frequentada por famílias e casais. Atrás dos morros
existe ainda um conjunto de quatro lagoas, também formadas por braços do mar e separadas dele por porções de terra. No Rosa há descanso e boa gastronomia, mas também muita festa. A noite é uma das mais badaladas de Imbituba. Nos bares e restaurantes, os tradicionais frutos do mar, como camarões, estão na maior parte dos estabe-
lecimentos. Por sinal, Imbituba realiza, anualmente, a tradicional Festa Nacional do Camarão. Outras atrações são a história da região, encontrada em construções como a Igreja Matriz de Imbituba, a antiga Usina Termelétrica (hoje abriga um espaço cultural), as igrejas Sant’Anna do Mirim e de Vila Nova e os chalés da região central.
Praia do Rosa é um santuário para surfistas e amantes da natureza
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Revista Press Santa Catarina | FESTAS E EVENTOS
FESTAS E EVENTOS MUITAS OPÇÕES PARA A SUA
DIVERSÃO 40
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o Sul do Estado, Laguna tem a fama de promover um dos carnavais mais animados de Santa Catarina. Todo ano, milhares de foliões invadem as ruas da cidade para aproveitar cinco dias de festa espalhados pelas praias da cidade, que tem 45 quilômetros de litoral. A história do carnaval em Laguna começa nos primeiros anos do século XX, por influência do Rio de Janeiro, capital do Brasil na época. Pelo porto da cidade catarinense chegavam notícias da folia no Rio – a partir disto, começaram a surgir os primeiros blocos carnavalescos. Os blocos se multiplicaram a partir da década de 1920 – as escolas de samba, por sua vez, surgiram a partir dos anos 1940. Este ano, segundo informações da prefeitura, são esperadas 350 mil pessoas em Laguna durante o carnaval. A programação oficial do Carnaval no município conta com trios elétricos, shows regionais e mais de 10 blocos de rua. Informações em www.laguna.sc.gov.br.
Mais de 700 cervejas em Blumenau O verão também é época de aproveitar as delícias gastronômicas e a cerveja artesanal em Blumenau. A cidade realiza, entre 8 e 11 de março, a 9ª edição do Festival Brasileiro da Cerveja. O evento reúne as principais cervejarias do Brasil, que realizam harmonizações, cursos e degustações de mais de 700 rótulos. O festival promove o Concurso Brasileiro de Cervejas - é considerado um dos cinco mais importantes do mundo. O festival, também, fomenta negócios, pois abriga uma feira com objetivo de aproximar indústrias e produtores da bebida. Em 2017, a área será bem maior: 5 mil metros quadrados para exposição de máquinas, equipamentos e insumos. Há, ainda, programação artística e muitas palestras. O festival ocorre nos pavilhões do Parque Vila Germânica, o mesmo da Oktober-
fest. Mais informações em www. festivaldacerveja.com.
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Arrancada de caminhões na beira da praia
Considerado o maior evento do gênero do mundo, a Arrancada de Caminhões leva uma multidão no mês de março para o Balneário Arroio do Silva, no Sul catarinense. As provas acontecem durante todo o dia e incluem premiação em dinheiro. Em duas pistas instaladas na areia, à beira-mar, caminheiros do Brasil inteiro disputam corridas para um público estimado em 200 mil pessoas. A praia recebe uma estrutura com exposição de veículos, praça de alimentação, camarotes e, ainda, há concurso para escolher as rainhas da Arrancada. O evento reúne motoristas, famílias e jovens em busca de adrenalina. A grande participação do público ajuda a movimentar a economia do município. Com 30 anos de história, a Arrancada de Caminhões irá ocorrer entre os dias 9 e 12 de março. Mais informações em www.arroiodosilva. sc.gov.br.
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Corrida na Ponta do Papagaio
Em sua sexta edição, a atividade ocorrerá dia 19 de fevereiro, na região da Guarda do Embaú, no município de Palhoça. São 30 km nas modalidades individual, dupla, trio e quinteto. Há, ainda, a corrida de participação, para amadores, com percurso de 8 km. No individual, o atleta parte da Praia da Pinheira passando por Guarda do Embaú, praias e trilhas da Guarda, Prainha de cima, Praia da Pinheira, retornando no Baixo até Ponta do Papagaio para chegada (Praia da Pinheira). Para a corrida de participação, os atletas largam na Praia da Pi-
nheira e seguem em direção à Guarda do Embaú, passando pelas trilhas da Guarda, Prainha de Cima e chegada na Praia da Pinheira. Nas modalidades duplas, trios e quintetos os percursos são diferentes. Há troféus para os primeiros colocados em cada uma das modalidades. Informações em www. acorsj.com.br/evento/58.
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Retretas de verão em São Bento do Sul
A animação está garantida em São Bento do Sul neste verão. Até 22 de fevereiro, o município realiza as Retretas de verão, que são apresentações em praças e ruas da cidade com muita música, apresentação de bandas e distribuição de doces para as crianças. As retretas costumam reunir um grande público na Praça Getúlio Vargas, a principal da cidade. Em fevereiro, as retretas estão programadas para os dias 1, 8 e 15, na referida praça. A última edição deve acontecer dia 22 de fevereiro na Praça Leopoldo Rudnick, no bairro Oxford. As retretas, todas gratuitas, começam às 20h30min. Mais informações em www.saobentodosul. sc.gov.br
Hortaliças em Ubirici Já no finzinho da temporada de verão, o município de Urubici realiza a Festa Nacional das Hortaliças. Neste ano, a atividade ocorrerá de 23 a 26 de maço no município da serra catarinense, considerado um dos mais frios do Brasil. Como diz o nome, o evento festeja a produtividade do campo – cerca de 60% da economia de Urubici provém da produção de maçãs e de hortaliças. A festa também uma oportunidade para aumentar o fluxo turístico na cidade, que conta com 55 pousadas. Mais informações em www.urubici. sc.gov.br
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Feijoada e carnaval em Itajaí
Em Itajaí, o Carnaval tem um gostinho diferente: durante a folia acontece a Carnafeijão, a já tradicional feijoada de verão. Neste ano, o prato será servido às 11h30min, no Pavilhão Anexo do Centro de Eventos Municipal. O evento costuma atrair uma multidão de turistas que fazem uma pausa durante aos bailes de carnaval para provar a feijoada. Tudo animado com muita música, com destaque para samba, pagode e marchinhas. Informações: (47) 3346-3732.
Competição de gaiola cross em Brusque
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O evento acontece dia 17 de fevereiro, em frente aos Pavilhões da Fenarreco, e reúne amantes das Gaiolas de Trilha, veículos motorizados e abertos. São esperados mais de 60 pilotos competindo nas duas modalidades - motor de fusca e diversos. Na pista, com 614 metros, os competidores precisaram realizar duas voltas (por dentro e por fora). O vencedor é quem faz o melhor tempo. A organização é Associação Brusque Gaiola Cross. São esperadas cinco mil pessoas.
Sul-Brasileiro de Kart em Caçador Principal evento da modalidade no primeiro semestre, irá acontecer entre 20 e 23 de abril em Caçador, no Kartódromo Tutas Olsen. A competição terá premiação para os campeões, sorteio de brindes entre os pilotos e mecânicos participantes, além de troféus para os primeiros colocados. Em março, haverá um evento preparativo, marcado para os dias 18 e 19. Neste ano, o Sul-Brasileiro de Kart completa 20 anos. Serão mais de 100 pilotos disputando premiações em 14 categorias. Informações em caçador.sc.gov.br.
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Revista Press Santa Catarina | OESTE
OESTE
Um dos destaques é a cachoeira Salto Saudades, em Quilombo
AS BELEZAS LONGE DO
LITORAL E
mbora o verão atraia muitos turistas para o litoral catarinense, a região Oeste do Estado surge como opção para quem prefere a natureza: a região é rica em cachoeiras, trilhas ecológicas, estâncias termais, ecoturismo e, claro, muita gastronomia. As delícias da mesa são herança dos primeiros imigrantes alemães, italianos, austríacos e dos vizinhos gaúchos. O Oeste tem desde pousadas familiares até grandes hotéis. No ecoturismo, destaque para os esportes de aventura (trekking, voo livre, rafting e canoagem), que podem ser praticadas em parques ecológicos, grandes cânions, fazendas e rios com corredeiras. Para os praticantes de pesca esportiva, os municípios contam com pesque-pagues com boa infraestrutura. As águas termais, com suas propriedades relaxantes, são um
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atrativo à parte. Ao longo do rio Uruguai, as fontes são encontradas nos municípios de Águas de Chapecó, Palmitos, São Carlos, Quilombo e Caibi. Chapecó é o grande centro econômico e cultural do Oeste, atraindo empresas e mão-de-obra para a indústria de processamento de carnes. As plantações de soja, milho e trigo cobrem grandes extensões. Os campos do Oeste são o “celeiro” de Santa Catarina. Em Chapecó, uma das principais atrações é o Museu da Cultura Italiana da Comunidade de Colônia Cella. O local abriga 300 peças que retratam o dia a dia dos imigrantes. No turismo religioso, a gruta Figueira apresenta a natureza em comunhão com a fé. São grutas e cachoeiras reverenciando Nossa Senhora De Lourdes, além de uma trilha. Na fronteira com a Argentina, o município de Itapiranga, terra de
colonização alemã, realizou a primeira Oktoberfest em território catarinense. Dionísio Cerqueira, também na fronteira com a Argentina, é sede da primeira aduana integrada em solo brasileiro. No Oeste, os descendentes de italianos são maioria. Eles são filhos e netos de imigrantes que saíram da casa dos pais e avós em busca de novas terras onde pudessem plantar seus próprios sonhos. A maior parte veio das colônias italianas do Rio Grande do Sul. No município de Maravilha, a colonização italiana e alemã predomina – essa herança está presente nas festas típicas e na culinária. A cidade é conhecida como a Capital da Criança desde 1970 – por ocasião de desfiles, era grande o número de crianças presentes pelas ruas de Maravilha. Nas festas e visitas de autoridades, as ruas eram “enfeitadas” com crianças. Conhecida ainda como Rota da
com granjas, frigoríficos, cultivo de grãos para ração e processamento de carnes. São Miguel do Oeste é outra cidade importante com fortes tradições gaúchas tanto na culinária quanto na economia e na cultura. Com 40 mil habitantes, é o maior centro urbano do Extremo-Oeste, já próximo da fronteira com a Argentina. O nome da cidade é uma mistura do nome de seu padroeiro, São Miguel Arcanjo, e do distrito que deu origem ao município, Vila Oeste. O município tem grande quantidade de granjas de frangos, tanto de corte como de postura, além de muita produção de suínos – dois frigoríficos atuam em São Miguel do Oeste. Outro destaque da agropecuária é a criação de gado leiteiro.
Vale das Águas, em Palmito Amizade, a região inclui o Vale do Contestado, palco de uma disputa que marcou a história local e é lembrada em museus e monumentos espalhados pela região. A cultura mais presente é a italiana, marcante em cidades como Videira, Caçador e Concórdia. Por sinal, a área dos municípios Videira e Tangará concentra a produção catarinense de uva e vinho. Diversas vinícolas produzem a fruta na região para depois processá-la. Treze Tílias, por outro lado, é considerada o Tirol brasileiro devido à semelhança com a região austríaca.
Os vizinhos gaúchos Os gaúchos fazem parte da história da região. Seja na cultura, na culinária ou no vestuário, os municípios que compõem o Oeste receberam grande fluxo de imigrantes do estado vizinho que ajudaram no desenvolvimento. No início do século XX, as áreas que hoje correspondem ao Meio-Oeste e ao Oeste de Santa Catarina eram consideradas intocadas, dominadas por indígenas e cheias
de vazios demográficos. Quem se atrevia a morar por ali era visto como intruso. A situação muda a partir de uma necessidade logística da época: o governo catarinense precisava melhorar a ligação viária entre o Sul e o Sudeste. As autoridades, assim, estimularam a criação de ferrovias e rodovias no Oeste, o que atraiu um grande número de colonos do Nordeste do Rio Grande do Sul para a região. Também agricultores gaúchos foram levados para ajudar a povoar as terras e a fomentar uma agricultura mais consistente. O município de Xanxerê, por exemplo, tem cerca de 960 propriedades rurais e sua base econômica (70%) está na agropecuária. É conhecida como a capital catarinense do milho. No dialeto kaigang, Xanxerê significa “campo das cobras” – no início do século passado, os animais eram muito comuns na região. A avicultura e a suinocultura, que hoje são as principais riquezas da região e têm Chapecó como grande centro econômico, também se desenvolveram a partir desta migração. Boa parte das cidades trabalham na estrutura integrada de produção desses animais,
O Vale das águas O bem natural mais importante do planeta, que forma as famosas estâncias termais, também é responsável por outras atrações que têm a água como principal atrativo no Oeste. Um dos destaques é a cachoeira Salto Saudades, em Quilombo, formada por várias quedas d’água no Rio Chapecó. Para alcançá-la, é preciso percorrer 20 quilômetros a partir do centro da cidade. O Rio Uruguai, que passa por diversos municípios, também é um atrativo que pode ser explorado de muitas maneiras, por meio de passeios de barco ou banhos de sol nos balneários de água doce. O turismo religioso é outro ponto forte da região. Há muitas igrejas e construções antigas, assim como santuários. Destaque para a Capela São Cristóvão, em Formosa do Sul, erguida em 1965 por moradores da comunidade local. Na cidade de Caibi, muitos peregrinos visitam o Santuário de Nossa Senhora da Salete. A arquitetura religiosa antiga, por exemplo, pode ser vista no município de Modelo, com igrejas e capelas construídas por imigrantes italianos e alemães.
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Revista Press Santa Catarina | NORTE
Morro da Igreja, Em São Bento do Sul
NORTE ALÉM DE INDÚSTRIA, CULTURA E
ECOTURISMO 46
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om cerca de 1,1 milhão de habitantes – apenas Joinville responde por metade, cerca de 560 mil pessoas – a região Norte de Santa Catarina é composta por municípios de forte vocação industrial, mas que têm na tradição dos imigrantes boa parte da sua cultura, história e atrações turísticas. Há desde praias, com destaque para Garuva, no Litoral Nordeste, já na divisa com o Paraná, e atrações rurais e gastronômicas, herança dos alemães, ucranianos, noruegueses, italianos, suíços, portugueses e poloneses que se espalharam pela região. Na arquitetura, o centro histórico de São Francisco do Sul tem mais de 400 imóveis tombados e é umas das relíquias arquitetônicas de Santa Catarina. Em Jaraguá do Sul, assim como Araquari, os esportes radicais, com destaque para montanhismo, trekking e voo livre, são bem disputados. A seguir, um pouco mais dos atrativos turísticos da região.
Cosmopolita e aconchegante: JOINVILLE Trabalho, riqueza, indústria e economia são os termos geralmente associados a Joinville, a maior e mais rica cidade de Santa Catarina. Colonizada por alemães, suíços e noruegueses, é um dos principais destinos turísticos do Estado, oferecendo desde passeios a pontos históricos, como o Museu Nacional da Imigração, e também abriga um dos mais importantes eventos culturais do Brasil, o Festival de Dança de Joinville. Com grande oferta de hotéis, comércio e serviços, Joinville se destacaem atividades ligadas à natureza e à vida rural, como passeios à Serra Dona Francisca, à Estrada Bonita e às regiões do Piraí e Vale do Quiriri. As propriedades rurais nessas comunidades realizam passeios de carroça, de trator ou a cavalo, e têm pesque-pagues,
trilhas ecológicas, restaurantes de comidas típicas e pontos de venda de produtos coloniais. No ciclismo, há dois roteiros em meio à mata virgem de Dona Francisca. Quem curte velocidade deve optar pelo caminho Norte-Sul. O roteiro Leste-Oeste, por sua vez, exige mais calma para que o ciclista aprecie os rios e as construções enxaimel que surgem a cada curva. A saída para ambos os roteiros ocorre no pórtico da rua XV de Novembro. Em se tratando de esportes radicais, opções não faltam na capital industrial de Santa Catarina. A trilha do Castelo dos Bugres, a quase mil metros de altitude, apresenta boas condições para a prática de escalada. Há dois caminhos, passando por cavernas, corredores e mirantes, como a Pedra do Sofá. A formação rochosa lembra um “castelo de pedra”, daí o nome do local. Ela é resultado da movimentação de agrupamentos de rochas ao longo de milhares de anos. Já o termo “bugres” vem do alemão Das Bugraschloss – os colonizadores estrangeiros chamavam assim os índios, os primeiros habitantes da região. Voltando para a região urbana, o Museu Nacional de Imigração e Colonização está instalado em edificação tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O acervo contém mais de 5 mil peças referentes à colonização de Joinville, incluindo a Casa Enxaimel (1905), que reproduz externa e internamente uma típica construção alemã do início do século XX. Já o Museu de Arte recebe exposições temporárias e tem acervo permanente com pinturas, esculturas e gravuras de artistas locais e nacionais. A construção também é tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado. Uma curiosidade é o Museu Nacional do Bombeiro, único do tipo no Brasil. Tem 170 peças, incluindo um caminhão de 1923 utilizado no combate ao fogo e uma bomba manual de 1892. Não faltam, na cidade, opções culturais como teatros, cinemas e salas de dança – a única filial do
Balé Bolshoi fora da Rússia está em Joinville. O município é referência no Brasil no ensino e prática da dança e do balé. Gastronomia e lazer, com restaurantes dos mais diversos estilos, shoppings com grandes marcas e opções noturnas também fazem do Joinville um grande centro de entretenimento.
Ecoturismo e aventura: JARAGUÁ DO SUL O ecoturismo é a grande atração de Jaraguá do Sul, cidade com 130 mil habitantes. O município é cercado por morros de Mata Atlântica, cachoeiras e picos de grande altitude (até 1.176 m) que favorecem a prática do voo livre, rapel, escalada, arvorismo e canoagem. Destacam-se, na colonização da cidade, os imigrantes alemães, italianos, húngaros e poloneses. Jaraguá do Sul é também um importante polo têxtil e industrial e oferece boas opções de compras, lazer e negócios. Para voo livre e trilhas de montanhismo, os locais mais indicados são o Morro Boa Vista (900 metros de altura) e o Pico Malwee (550 metros). O rio Itapocu, que atravessa o Vale do Corupá até o município de Barra Velha, possui boas corredeiras e remansos, ideais para a canoagem e rafting. O Parque Malwee, a 8km do centro, é uma área verde preservada com 17 lagos (o maior com mais de 100 mil m2), ideais para esportes náuticos. O parque dispõe de pista de bicicross, praças esportivas e recantos ecológicos. Também possui um labirinto verde, atração que costuma divertir crianças a adultos. Nas compras, Jaraguá do Sul tem muitas lojas com ofertas de malhas e artigos de cama, mesa e banho. Nas festas típicas, quem quiser visitar a cidade em outra época pode ir no Encontro Cultural das Etnias, que celebra a gastronomia típica das culturas alemã,
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Labirinto de plantas do Parque Malwee, em Jaragua do Sul
Passeio de maria fumaรงa, em Rio Negrinho
Sรฃo Franciso do Sul
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Museu de arte de Joinville
húngara, italiana, africana e polonesa, além de apresentações culturais e desfiles. Em julho.
Terra da madeira: SÃO BENTO DO SUL Em São Bento do Sul, as tradições são comemoradas em diversas festas típicas oriundas da colonização europeia – como em toda a região, destaque para alemães, austríacos e poloneses. Região rica em belezas naturais, o município é um dos maiores produtores brasileiros de móveis e tem na marcenaria um dos seus atrativos. No ecoturismo, vale visitar o Morro da Igreja com seus 840 metros de altura. O local é muito procurado por praticantes de montanhismo. Já o Vale Perdido, na comunidade Ano Bom, é indicado para esportes aventureiros como trekking e rapel em cachoeiras com mais de 100 metros de altura. A cidade também é um importante centro de compras, com destaque para produtos rústicos e de artesanato. Vale visitar a Amigos do Artesanato de São Bento do Sul (AMA), no centro, onde se encontram produtos de trabalhos manuais, artigos para presente e decoração, lembranças, geleias e bolachas decoradas.
Natureza radical: ARAQUARI Vizinha à Joinville e sede da fábrica da BMW, a pequena Araquari é outro reduto de ecoturismo no Norte catarinense. Passeios de caiaque, jet ski e de barco são comuns nos rios que cortam o município. O turista encontra, ainda, um parque aquático e um parque temático com uma réplica de uma nau portuguesa do século XVI. No turismo religioso, destaque para o Santuário Bom Jesus (fundado em 1853 e que homenageia o padroeiro da cidade).
Abril é o mês da principal celebração de Araquari: a Festa do Maracujá. São quatro dias de shows e de feira que apostam na fruta, destaque da agricultura local.
Passeio de trem: RIO NEGRINHO As belezas naturais de Rio Negrinho atraem apaixonados por rapel, rafting, caminhadas e trekking. O turismo rural, de compras e de negócios também são boas opções neste município de colonização alemã, portuguesa, polonesa e italiana. Um dos destaques é a maria-fumaça – o antigo trem resiste ao tempo e ainda desce a Serra do Mar uma vez por mês. O percurso de ida e volta, com 80 quilômetros, atravessa belas paisagens da Mata Atlântica e exibe incríveis obras da engenharia, tais como túneis, viadutos e pontes. A passagem custa R$ 115,00, com descontos para crianças. Informações (47) 3644-7000. Na gastronomia, Rio Negrinho oferece, em diversos restaurantes, a sapecada de pinhão, receita típica da cidade. A culinária rústica e campeira também se destaca no município.
Pesca esportiva: GARUVA Localizado na base da Serra do Mar, já na divisa com o Paraná, o município de Garuva é um destino turístico reconhecido pela pesca do robalo. São dezenas de rios cortando a região, com pousadas típicas para hospedar os pescadores – amadores ou profissionais. O município encontra-se entre os principais canais da Baía de Babitonga, lar natural do robalo e de outras espécies como o pacu, a miraguaia e a carpa. As águas claras e a abundância de peixes têm atraído pescadores de todas as partes do mundo.
Os melhores locais para a pesca do robalo são o Rio Palmital e as baías Palmital e Barranco. O Canal do Palmital é um braço de mar abastecido por vários mananciais de água doce e repleto de peixes de várias espécies. O Rio São João é outra opção de pescaria. O artesanato de cipó e vime também é destaque. Quanto ao ecoturismo, o Monte Crista é a principal atração – sua escadaria de granito com mais de 3 quilômetros, em meio à mata fechada, exige paciência dos praticantes de trekking, mas recompensa com uma vista espetacular no final, a 980 metros de altura. Acesso no Km 15 da BR-101.
Riqueza arquitetônica: SÃO FRANCISCO DO SUL Um dos destinos mais procurados do Estado, São Francisco do Sul tem um conjunto urbanístico e arquitetônico com mais 400 imóveis tombados pelo patrimônio histórico. A ocupação da ilha onde se situa a cidade teve início em 1504 com a passagem do navegador francês Binot Paulmier de Gonneville. Os portugueses só apareceram no século seguinte, colonizando a região e fundando o primeiro povoado de Santa Catarina: Nossa Senhora da Graça de São Francisco do Sul (1658). A cidade mantém o clima tranquilo de outros tempos, apesar de sediar um dos mais movimentados portos do Sul do Brasil. No artesanato, destaque para os tradicionais barquinhos e esculturas em madeira, pinturas em tela, trabalhos com artigos marinhos e bordados. Além do centro histórico, as praias, cachoeiras, lagoas e dunas também merecem atenção dos turistas que chegam a São Francisco do Sul.
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Revista Press Santa Catarina | GASTRONOMIA
GASTRONOMIA
DIVERSIDADE DE
SABORES O goulash é um dos pratos de influência polonesa na gastronomia catarinense
A
gastronomia de Santa Catarina, como não poderia deixar de ser, reflete a diversidade de sua colonização. No litoral, onde se fixaram os portugueses, os peixes e frutos do mar são abundantes em restaurantes e bares. Um passeio pelo interior revela um cenário diferente. Na região conhecida como Vale Europeu, com Blumenau como principal centro, a culinária alemã, com a carne suína fortemente temperada e as cervejas artesanais, predomina na cultura local. Já os italianos, com suas cantinas e vinícolas artesanais, levam suas delícias para a Serra catarinense e para municípios do Oeste e do Sul de Santa Catarina. No enoturismo, os destaques são as vinícolas da Serra Catarinense, que produzem
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vinhos e espumantes premiados nacional e internacionalmente; A culinária tropeira e gaúcha, herança dos primeiros imigrantes que ajudaram a desenvolver o Estado, é encontrada em boa parte do Oeste e do Centro catarinense. Poloneses, ucranianos e austríacos, povos importantes na construção étnica catarinense, deixaram seus legados em diversos municípios.
Delícias alemãs Colônias, comunidades e municípios tipicamente germânicos não faltam em Santa Catarina. A maior parte delas está nas regiões conhecidas como Vale Europeu e Caminho dos Príncipes, com Blumenau, Joinville e Jaraguá do Sul como
maiores cidades. Não é difícil encontrar delícias como salsichas (wurst) de variados tipos, kassler (chuleta suína), o eisbein (joelho de porco), chucrute com vina e, ainda, pratos típicos com adaptações locais, como o marreco com repolho-roxo (mit rotkohl) e a cuca com farofa de banana. Doces como o apfelstrudel (folhado de maçã) também podem ser saboreados nas deliciosas confeitarias alemãs. Aqui, o destaque é Brusque. A cidade, famosa pela indústria têxtil, também abriga muitas confeitarias alemãs, com destaque para as tortas floresta negra e de limão. Na pequena cidade de São Bonifácio, o turista não pode deixar de experimentar a gemüse à base de couve, batata e porco defumado.
O Apfelstrüdel lembra a presença germânica no estado
Produtos caseiros e coloniais são encontrados em pequenos mercados locais. Em Blumenau, além da generosa oferta de cervejas, a comida alemã está presente em praticamente todos os restaurantes da cidade. Salsichas, embutidos em geral, queijos e carne suína compõem muitos dos cardápios da cidade.
Rota das cervejas Blumenau sedia, anualmente, a segunda maior Oktoberfest do mundo. Não é de estranhar, portanto, a expertise da cidade e municípios próximos na produção de cerveja, contribuição muito importantes da imigração alemã. Há diversas fábricas e cervejarias artesanais. Blumenau destaca-se na
atividade desde sua fundação e hoje possui cervejarias que seguem a Reinheitsgebot (Lei Alemã da Pureza, de 1516), que limita os ingredientes da cerveja a água, lúpulo, malte (de cevada ou trigo) e fermento (levedura), e proíbe o uso de quaisquer conservantes ou cereais não maltados na fabricação da bebida. No município de Ibirama, uma antiga hidrelétrica de pequeno porte, desativada em 1985, hoje abriga a Handwerk Cervejaria. O local abriga um antigo rancho todo em madeira, que foi completamente restaurado por empreendedores locais. Hoje, são produzidos lá cervejas e chopes artesanais que podem ser degustadas em um restaurante anexo à fábrica. Já a Cervejaria Eisenbahn, fundada em 2002 em Blumenau, produz
uma variedade de 11 cervejas, entre elas a Lust, cerveja feita pelo método champenoise, única no Brasil. Hoje é uma das maiores cervejarias artesanais do Brasil, com distribuição em todo território nacional e exportando para alguns países. Ainda em Blumenau, uma opção de passeio é o Museu da Cerveja, com toda a história a respeito da bebida. A cidade abriga, ainda, a Escola Superior de Cerveja e Malte – pioneira, no Brasil, em formar profissionais em nível superior para atuar na produção da bebida.
Os frutos do mar A gastronomia açoriana, como não poderia deixar de ser, predomina em todo litoral do estado, de
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Norte a Sul. Os portugueses que chegaram em Santa Catarina aproveitaram os temperos indígenas e a grande experiência com os pescados para desenvolver uma culinária de sabor intenso.A maior parte das delícias tem como base peixes em geral, camarão, mariscos, carne de siri, polvo e lula. Na Grande Florianópolis, as imensas fazendas marinhas fazem da capital catarinense o maior produtor nacional de ostras. A iguaria é encontrada em praticamente todos os restaurantes da ilha, com destaque para Santo Antonio de Lisboa. Nos restaurantes mais simples de todo o litoral, os frutos do mar são os ingredientes da maioria dos pratos, incluindo o clássico peixe frito com pirão de farinha de mandioca. Em Balneário Camboriú, a caldeirada de frutos do mar, o peixe com pirão e a tainha na brasa garantem aquele reforço na alimentação do turista que passa o dia curtindo a praia. Praias próximas, Bombinhas e Itapema são importantes centros gastronômicos do litoral norte. A caldeirada e a moqueca de peixe são facilmente encontradas nos restaurantes. Outra dica é deliciar-se com os mariscos e ostras cultivados pelos produtores locais.
Sabores da Itália Juntamente com os alemães, os italianos formam o maior grupo de colonização estrangeira em Santa Catarina. Com eles, vieram as receitas clássicas de lasanha, polenta, espaguete, pão caseiro, salames, queijos e galinhas, por exemplo. As tradicionais cantinas são facilmente encontradas pelo Estado. Quem se aventurar pelo interior das comunidades, pode encontrar uma experiência gastronômica mais rica, com as famílias oferecendo a gastronomia com os ingredientes produzidos na própria fazenda. Aqui, a dica é conhecer Nova Trento e Urussanga, onde os costumes dos pioneiros ainda fazem parte do cotidiano e os sabores são mais autênticos. Já em Nova Veneza, a galinha en-
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sopada é a especialidade mais pedida. Outras receitas de influência italiana, como a polenta, a fortaia (prato à base de ovos e queijo) e as massas caseiras também podem ser encontradas nos diversos restaurantes da cidade. Não faltam pela cidade também vinícolas de pequeno porte. Em Rio do Sul, na região do Alto Vale, a mistura entre culturas italiana e germânica aparece em iguarias como marreco, massas, polenta e vinho. Não deixe também de apreciar o delicioso café colonial e os vinhos produzidos na cidade.
Comida campeira Rota de passagem de tropeiros por muitas décadas e com forte presença de gaúchos, Santa Catarina não poderia deixar de oferecer comida campeira entre seus principais sabores típicos. Em Joaçada, há desde restaurantes com cardápio mais rústico até especialidades internacionais. Em Papanduva, destaque para a farofa de charque (herança dos tropeiros) e o lambari torrado (de origem indígena). Na Serra, a maior cidade da região também é seu grande centro gastronômico. Lages tem vários hotéis-fazenda que oferecem café colonial, colonial, arroz carreteiro, feijão tropeiro e o entrevero – deliciosa
mistura de carnes de gado e porco, legumes e pinhão. Lages também realiza, anualmente, a Festa Nacional do Pinhão. No Sul, Jacinto Machado é famoso pelos pratos com banana, seja em farofas ou doces. Também se encontram, na região, queijos, pães, doces variados e bolos.
Variedade européia Imigrantes poloneses, ucranianos, austríacos, húngaros e holandeses também influenciaram a culinária catarinense. Algumas delícias são o pierogi (pastel cozido, de origem polonesa, à base de batata), sopa de batatas com leite, torta salgada de requeijão e o goulash (cozido polonês de carne bem temperada). Boa parte dos ingredientes utilizados nestas receitas vêm das fábricas de laticínios locais, outra herança dos holandeses. A cidade de Treze Tílias, colonizada por austríacos da região do Tirol, produz os mais deliciosos chocolates de Santa Catarina. Em Jaraguá do Sul, destaque para o Centro de Alimentos Jaraguazinho, instituição que serve almoço típico húngaro e café colonial – não poderia faltar, neste caso, geleias, doces, embutidos e o tradicional strudel.
O entrevero é um dos pratos característicos da região de Lages
Revista Press Santa Catarina | ECONOMIA
Florianópolis é a segunda melhor cidade do país para abrir um negócio
ECONOMIA
EMPREENDER PARA
CRESCER D
estaque em qualidade de vida e crescimento social, as cidades catarinenses chamam a atenção também quando o tema é economia, pesquisa e inovação. De acordo com o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) divulgado em dezembro pela Consultoria Endeavor, Florianópolis é a segunda melhor cidade do país para abrir um negócio. Assim como em 2015, a capital catarinense segue vice-líder, atrás somente de São Paulo. Já Joinville saltou da nona colocação para quarta. “Apesar da crise, o número de empresas vem crescendo nos dois municípios”, salienta o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), Carlos Chiodini. O levantamento, realizado
desde 2012, investigou 32 cidades brasileiras que representam, juntas, 40% do PIB do País. Entre os critérios avaliados estão ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. Mesmo repetindo vários excelentes resultados estruturais das últimas edições, Florianópolis precisa cuidar mais da área de inovação, conforme a Endeavour. Ainda assim, continua sendo um exemplo de planejamento e da importância dos formuladoresde políticas públicas para o desenvolvimento econômico. A ilha se destaca, ainda, no item capital humano, liderando este quesito entre todas as cidades pesquisadas. Outro município catarinense que
teve destaque no ranking é Blumenau, que subiu sete posições, e hoje está em 13ª na pesquisa. Uma das iniciativas do município para fomentar o empreendedorismo foi a criação da Praça do Empreendedor, projeto pioneiro no Estado, que concentra serviços municipais e estaduais facilitando os trâmites burocráticos para a abertura e fechamento de empresas. Com um ano e meio de funcionamento, a Praça do Empreendedor já realizou mais de 25 mil processos, sendo mais de quatro mil referentes a novas empresas. Com a iniciativa, os trâmites burocráticos para a abertura de uma empresa em Blumenau, que antes eram de 60 dias, passaram a ser feitos em até 48h.
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Revista Press Santa Catarina | GESTÃO PÚBLICA
Santa Catarina deixará de pagar R$ 2,1 bilhões da dívida com a União, até junho de 2018
GESTÃO PÚBLICA
À ESPERA
DA RETOMADA 54
multa paga pelos contribuintes para regularizar os recursos não declarados no exterior. Em outubro, o governo catarinense, junto com outros estados, entrou com ação no STF buscando garantir essas verbas, cujo repasse estava sendo negado pela União. Em novembro, a ministra Rosa Weber concedeu liminares favoráveis aos entes federativos. A decisão fez com que o governo federal reconhecesse os argumentos dos estados. Em consequência disso, foi assinada medida provisória, em 19 de dezembro, autorizando a transferência dos recursos.
Governador Raimundo Colombo
Menos homicídios
E
m situação mais confortável financeiramente que outros estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Santa Catarina encerrou 2016 um pouco mais distante da crise que atravessa o Brasil. Contudo, segundo o governador Raimundo Colombo, “2017 será o ano para começar a consertar o país, para colocar o trem nos trilhos”. Ele destaca que, mesmo com as dificuldades de 2016, o Estado fechou o ano com as contas equilibradas, manteve em andamento os investimentos programados e conseguiu antecipar, pelo décimo ano seguido, o 13º salário dos servidores. Para tanto, rigor na gestão e mudanças adotadas ao logo do ano, como a reforma da previdência estadual e a renegociação das dívidas dos estados com a União, foram essenciais. Em relação à previdência, duas leis mudaram o modelo catarinense com o objetivo de reduzir o déficit previdenciário. Uma elevou a contribuição dos servidores de 11% para 14% e do Estado de 22% para 28%, de forma gradual, até 2018. Essa medida já vem gerando economia efetiva aos cofres públicos. A outra criou uma fundação de previdência complementar, a SCPrev. Outra pauta vencida no ano em 2016 foi a renegociação das dívidas estaduais – e, aqui, Santa Catarina tomou a frente do processo. No iní-
cio do ano, o governo estadual recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a cobrança de juros compostos e o resultado foi um novo acordo de renegociação da dívida, firmado em junho, garantindo fôlego financeiro aos estados. Com a proposta, todos tiveram um desconto de 100% da dívida no segundo semestre de 2016, quando a crise chegou ao seu ápice. Além disso, Santa Catarina deixará de pagar R$ 2,1 bilhões até junho de 2018.
Cobrança de dívidas e repatriação ajudam o caixa Graças a um intenso esforço da Procuradoria Geral do Estado (PGE), em 2016 Santa Catarina arrecadou R$ 121 milhões em execuções fiscais. Somados aos R$ 11 milhões recuperados através do protesto em cartório de dívidas dos contribuintes, nova modalidade de cobrança iniciada em 2015 pela PGE, o valor recuperado aos cofres alcança R$ 132 milhões. Ao mesmo tempo, os parcelamentos feitos pelos devedores após o protesto em cartório somaram R$ 206 milhões. O Estado ainda garantiu o repasse de cerca de R$ 60 milhões referentes a parte dos recursos arrecadados pelo governo federal com a
Além de uma saúde financeira de causar inveja aos estados vizinhos em um ano de profunda crise, Santa Catarina ostenta números vistosos em outra área crítica: a segurança. Números divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) mostram que, em 141 municípios do Estado, o índice de homicídios é zero. Em outras 154 cidades do Estado, houve registro de assassinatos, sendo que em 78 delas ocorreu um homicídio, um percentual de 50,6%. De acordo com o relatório, ocorreram em 2016, em números absolutos, 858 homicídios contra 827 em 2015, um incremento de 6,6% em relação ao ano anterior. Os dados são relativos ao período de 1 de janeiro a 21 de dezembro. A taxa 100 de homicídios está em 12,4 por grupo de 100 mil habitantes, e embora esteja ligeiramente elevada, não pode ser considerada alarmante. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) até 10 configura normalidade, entre 10 e 20, problema e acima de 20, endêmico. Os crimes ocorreram com mais intensidade na região Norte, com 238 casos no total. Na sequência, vem o Vale do Itajaí, com 202 registros; seguido da Grande Florianópolis,140; Oeste, com 124; Sul, com 99 e Planalto, com 55.
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Revista Press Santa Catarina | AGRONEGÓCIO
A AGRONEGÓCIO
SEM MEDO DA
CRISE
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lheia ao desaquecimento da economia, a agropecuária de Santa Catarina fechou 2016 com R$ 28,8 bilhões em faturamento, elevação de 16,2% sobre o ano anterior. O dado, divulgado pela Secretaria da Agricultura e da Pesca, representa o Valor Bruto da Produção (VBP) do Estado, ou seja, tudo que é produzido no setor primário. Descontada a inflação, o crescimento do VBP teve um aumento real de 3,5%. O ganho se deve, principalmente, ao aumento dos preços dos produtos agrícolas e não somente ao aumento da produção. Dos 20 principais produtos do agronegócio catarinense, 12 tiveram aumento de preço ao produtor superior à inflação medida no transcorrer na safra. Os aumentos mais significativos foram observados no alho, milho, feijão, leite, banana, frango, arroz e soja. Segundo o secretário da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa, os bons resultados demonstram a excelência do agronegócio catarinense. “Os produtores rurais de Santa Catarina são motivo de orgulho”, conta. A maior parte da receita – R$ 17,1 bilhões – é decorrente de atividades ligadas à pecuária. Destaque para produção de carne de frango, suínos e leite. São esses produtos que possuem o maior faturamento da agropecuária catarinense. Só a carne de frango, produto com o maior VBP, responde por R$ 7,1 bilhões.O presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), José Antônio Ribas Júnior, salienta que o Estado tem mais de 17.000 suinocultores e avicultores produzindo num setor que emprega diretamente 105 mil pessoas. Conforme o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, hoje o Estado tem 6,5 milhões de suínos alojados com 400 mil matrizes e uma produção de 850 mil toneladas de carne por ano. Cerca de 190 mil toneladas são exportadas, 200 mil consumidas no Estado e o restante vendido para outros Estados brasileiros. “Temos um diferencial - Santa Catarina é o único Estado livre da
José Antonio Ribas, presidente da ACAV febre aftosa sem vacinação – mas isso ainda não se reflete em uma remuneração melhor”, explica. É de Santa Catarina, por exemplo, a única empresa brasileira autorizada a vender carne suína para os Estados Unidos. A Aurora, de Chapecó, em 2014, embarcou 50 toneladas de itens como barriga, carré e costelinha para abastecer o mercado norte-americano. Dois anos depois, em 2016, o volume aumentou para 2.850 toneladas. O presidente da cooperativa, Mário Lanznaster, estima que, em 2017, as vendas para os Estados Unidos chegarão a 5.000 toneladas. “São volumes relativamente modestos em termos de comércio mundial, mas o objetivo da Aurora é entrar gradualmente e se consolidar no mercado americano, cuja qualidade é mundialmente reconhecida”, diz. Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), José Eduardo Pedrozo, os dados positivos mostram que a saída para a crise econômica está mesmo no campo. Um dos grãos mais valorizados do ano, o milho, reflete isso. “A expectativa é que os preços, ainda firmes neste fim de ano, e a escassez do produto estimulem a semeadura do
grão. Se o clima contribuir, a produção brasileira pode ultrapassar 60 milhões de toneladas de milho, o que traria equilíbrio entre para o mercado brasileiro”, destaca. Novamente, a Aurora se destaca: consome 90 mil sacas de milho por dia, o que equivale a 180 carretas/dia ou 120 mil toneladas por mês.Essa gigantesca quantidade de matéria-prima é necessária para composição de rações que alimentam plantéis permanentes, no campo, formados por 34 milhões de frangos de corte e galinhas de postura e 1,2 milhão de suínos. No caso das lavouras do Estado, elas representaram R$ 9,6 bilhões em 2016, com grande participação da produção de grãos. A soja é o quarto produto com maior VBP na agropecuária catarinense, com um faturamento de R$ 2,4 bilhões,
Mario Lanznaster, presidente da Aurora crescimento de mais de 60% em relação a 2013. As lavouras temporárias têm seu destaque com o alho e o fumo, que respondem, respectivamente, por R$ 243,6 milhões e R$ 1,9 bilhão de VBP. Santa Catarina é o maior produtor nacional de suínos, maçã, cebola, pescados e moluscos. Ocupa o segundo lugar em carne de fran-
José Zeferino Pedrozo, presidente da FAESC go, pêra, fumo, arroz e palmito. Terceiro maior produtor de erva-mate, alho e cevada. Apesar dos números positivos, Pedrozo alerta para a importância da gestão financeira da propriedade rural – ela deve receber a mesma atenção que as atividades de produção. Neste sentido, em conjunto com CNA, Conab e bolsa de valores, a Faesc opera o projeto Campo Futuro. O Campo Futuro levanta informações por meio de painéis realizados nas principais regiões produtoras. Após, as matrizes de custos e as informações sobre as receitas médias são atualizadas mensalmente pelas instituições parceiras. “As atividades que envolvem a gestão são bastante intuitivas, por isso, muitas vezes, não são encaradas de forma técnica. É isso que queremos mudar”, conta Pedrozo. O setor primário também é vistoso no comércio exterior. Nos últimos anos, o agronegócio respondeu por mais de 60% de tudo o que é exportado pelo estado. Destaque para as carnes de frango e de suíno que, juntas, respondem por US$ 2,2 bilhões em vendas anuais. Santa Catarina é responsável por 25% das exportações brasileiras de carne de frango e por 34% das exportações de carne suína.
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MIX Guerra do Contestado
Uma exposição em cartaz no Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), em Florianópolis, relembra um dos mais importantes capítulos da história do estado: a Guerra do Contestado. Por meio de 78 desenhos do artista Heidy de Assis, a exposição mostra a visão do artista sobre o conflito, que devastou parte de Santa Catarina e do Estado do Paraná. A visitação é gratuita, podendo ser feita até 5 de fevereiro de 2017.
Comércio ilegal
Até o fim do veraneio, em março, a Guarda Municipal de Florianópolis (GMF) realiza a Operação Floripa Legal. O objetivo é recolher mercadorias irregulares ou clandestinas. Recentemente, em Canasvieiras, foram autuados 25 ambulantes. Eles comercializavam alimentos como 11 mil abacaxis e produtos como 200 óculos falsificados – tudo sem nota fiscal ou documento de procedência. A operação deve acontecer em outras praias.
Nova adutora
Orçado em R$ 97 milhões, o Projeto Macro Adutora Rio Chapecozinho prevê uma adutora de 57 quilômetros para abastecer o Oeste de Santa Catarina pelas próximas três décadas e meia. A captação de água será suficiente para abastecer os municípios de Xaxim, Xanxerê, Cordilheira Alta e Chapecó - serão beneficiadas 500 mil pessoas. A obra conta com recursos do Ministério da Integração Nacional e da Casan (Companhia Catarinense de Aguas e Saneamento).
Novos negócios
A internet avança
Apesar da crise econômica, 82.362 novos negócios começaram em Santa Catarina no ano passado. O dado é 16% superior ao de 2015. Segundo a Junta Comercial do Estado, o destaque foi Criciúma, com acréscimo de 21,3% nas novas empresas. Em seguida aparece Joinville, com 20,5%; Florianópolis com 19%; em Lages foram 15,7%; em Blumenau o número subiu 15,1%; e em Chapecó, 13,1%.
Aos poucos, a internet vai chegando ao meio rural do estado. Santa Catarina tem projeto pioneiro para levar internet e telefonia móvel para municípios com carência em infraestrutura de comunicação básica. Em fase final de instalação, o Projeto Piloto em Comunidades Rurais Digitais atenderá 11 cidades com a instalação de antenas repetidoras de sinal de internet e telefonia. O investimento é de R$ 5,5 milhões.
Cultura na UFSC
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está com inscrições abertas, até 3 de março deste ano, para concorrer a 60 bolsas para projetos de cultura em vigor na universidade. O objetivo é incentivar os estudantes a participarem do processo de criação artístico-cultural desenvolvido na instituição. O valor é de R$ 420,00 mensais. As bolsas serão concedidas por 12 meses, no período de 1 de abril de 2017 a 31 de março de 2018.
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