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Santa Catarina

ANO 1 - EDIÇÃO 02 - SETEMBRO 2016

Alemanha brasileira

O Vale do Itajaí é a região com maior influência germânica do Brasil. E isso se reflete na cultura e na economia de suas cidades

INDÚSTRIA INTELIGENTE

Como se estruturou e como cresce o pólo de tecnologia da informação de Florianópolis

O MAR ESTÁ PARA PEIXE

O que faz da indústria pesqueira de Santa Catarina a maior do País?

A 100 KM POR HORA

A importância da fábrica da BMW, inaugurada há dois anos em Araquari, para a economia de Santa Catarina 2


R$ 793

Revista Press Santa Catarina | DÍVIDA

www.brde.com.br

MILHÕES EM FINANCIAMENTO PARA ENERGIA NOS ÚLTIMOS 10 ANOS. 37 NOVOS PROJETOS DE GERAÇÃO. 300 MW DE POTÊNCIA INSTALADA.

DÍVIDA BRDE. O desenvolvimento FÔLEGO PARA ATRAVESSAR de Santa Catarina tem a nossa marca.

A CRISE R$ 175,2

R$ 401,2

MILHÕES PARA FINANCIAR INOVAÇÃO DESDE 2010. LÍDER EM REPASSES DA FINEP.

MILHÕES PARA FINANCIAR ARMAZENAGEM DESDE 2010.

Sapiens Parque

R$ 240 MILHÕES PARA VIABILIZAR A INSTALAÇÃO DA BMW. GERAÇÃO DE 6,1 MIL EMPREGOS DIRETOS E INDIRETOS.

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Ouvidoria DDG 0800.600.1020

O BRDE financia projetos de investimento no agronegócio, na indústria e na infraestrutura. Também apoia ideias e empresas inovadoras em diferentes segmentos. Promove o desenvolvimento, a geração de emprego e renda para os catarinenses.


Revista Press Santa Catarina | EDITORIAL

O APRENDIZADO DOS BAMBUS

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ocê já deve ter lido a respeito das características ímpares do bambu, considerada uma planta nobre e sagrada em diversos países, como o Japão. De fato, o bambu tem muito a nos ensinar, na vida pessoal, no mundo corporativo e na forma como planejamos e desenvolvemos a economia de uma cidade, de um estado, de um país. São muitas as lições, mas eu vou me fixar nas mais importantes para a balizar a nossa idéia de planejamento no setor público. Quem planta um bambu tem que ter paciência e precisa pensar no médio e longo prazos, pois depois que a semente é lançada na terra, nada parece acontecer durante cinco anos. Neste período em que o nosso trabalho parece ter sido em vão é que a planta está criando raízes profundas, que vão servir de base para o seu futuro crescimento visível. No Brasil, estamos acostumados ao imediatismo, na pirotecnia de ações dos administradores públicos, como se a solução da maioria dos nossos problemas pudesse ser alcançada num estalar de dedos. O povo quer e requer dos seus eleitos ações para ontem, quando a solução da maioria dos problemas exige tempo. As grandes questões de um estado, por exemplo, não se resolvem no âmbito de um mandato de quatro anos, é preciso haver continuidade nos proje-

tos estratégicos, que devem ser de Estado e não apenas de governo. Raramente, vai se encontrar uma planta de bambu isolada. Os bambus vivem em comunidade, de forma cooperativa para terem mais força e resistirem melhor às intempéries. Os municípios de um estado não precisam ser rivais, inimigos, concorrentes mortais. Pode e deve haver trabalho conjunto, identidade regional, investimentos consorciados, planejamento integrado, cooperação. É como diz o slogan do Sicredi: “Quem coopera, cresce”. É muito difícil quebrar um bambu. Nas tempestades eles são, muitas vezes, as únicas plantas a sobreviver, porque são flexíveis, resilientes, se adaptam às condições adversas. Quando os ventos contrários são muito fortes, o bambu se curva, usa essa força a seu favor, espera passar o tempo ruim e, então, volta a se por de pé. Um exemplo disso foi o que aconteceu com a comunidade de Blumenau durante e após a enchente de 1983. Uma onda de solidariedade uniu os moradores, o setor público precisou ir além das ações emergenciais e planejar obras para evitar novas tragédias, no ano seguinte a cidade lançou a sua Oktoberfest numa celebração à vida e que se tornou a segunda maior festa do gênero no mundo. Além de serem flexíveis os bambus gastam a maior parte de sua energia na formação de seus nós,

que é o que lhes garante força, resistência, altivez. Esses nós podem ser entendidos como os investimentos públicos em educação, formação técnica, saúde, cultura e outras áreas fundamentais para o desenvolvimento humano, individual e coletivo de uma sociedade. Essas áreas demandam tempo e recursos, mas são elas que vão capacitar um povo a fazer frente aos desafios do crescimento econômico e do desenvolvimento social. Os administradores públicos precisam ter isso em seu horizonte, sempre. Santa Catarina tem tido a bem-aventurança de ter, mandatos após mandatos, seus governadores e prefeitos com essa visão de futuro, o que tem garantido ao estado os melhores índices de alfabetização do país, os melhores desempenhos no ensino médio e na capacitação profissional. Isso tudo tem sido de importância fundamental para que Santa Catarina e os catarinenses passem por essa quadra difícil da vida nacional sofrendo o menos possível com a crise que assola o país. Santa Catarina tem a sabedoria dos bambus

Julio Ribeiro é jornalista, publisher da Athos Editora e um apaixonado por Santa Catarina.

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SUMÁRIO 03

Editorial: A Lição dos Bambus

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Entrevista: Josias Mascarello

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Agroindústria: Alimentos mundo afora

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MIX Blumenau: A capital da “Alemanha Brasileira” Vale do Itajaí: Um vale de muitas histórias

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Porto de Itajaí: Logística para escoar a produção

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Negócios: Fomento à competitividade

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Tecnologia: A indústria do futuro

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Indústria: Luxo para poucos

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Pesca: Riqueza que vem das águas

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Educação: Uma das melhores do Brasil

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Construção Civil: Máquinas que erguem cidades

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Turismo: No embalo do verão

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Dívida: Fôlego para atravessar a crise

Diretor Geral: Julio Ribeiro Diretora-Executiva: Nelci Guadagnin Redação: Cristiano Vieira Diagramação / Arte Final: espartadesign.com.br Fotografia: Jefferson Bernardes / Agência Preview Foto de capa: Eraldo Schnaider / Prefeitura de Blumenau Impressão: Comunicação Impressa

Rua José de Alencar, 521 / 606 CEP: 90880-481 | Porto Alegre - RS Fone: (51) 3231.8181 Comercialização: Porto Alegre: (51) 3231.6106 / (51) 9971.5805 Nelci Guadagnin www.revistapress.com.br/santacatarina

A Press Santa Catarina é uma publicação da Athos Editora com circulação nacional. Os artigos assinados e opiniões emitidas por fontes não representam, necessariamente, o pensamento da revista.


MIX Novidade logística A ponte de Ilhota, importante para o Vale do Itajaí, representa uma nova ligação entre a BR-470 e a SC-412, conhecida como Rodovia Jorge Lacerda. A estrutura foi inaugurada em setembro e custou R$ 38 milhões. O projeto garantiu a pavimentação de 2,4 quilômetros de extensão, sendo 480 metros sobre o Rio Itajaí Açú.

Incentivo à produção

Êxodo rural

Foi prorrogada, até 31 de dezembro, a redução de 12% para 6% do ICMS cobrado sobre a venda de suínos vivos produzidos em Santa Catarina. A medida, em vigor desde 1º de março deste ano, incentiva a competitividade aos produtores catarinenses que comercializam os suínos com outros estados.

Até o fim de 2016, cerca de 1,5 mil jovens agricultores de Santa Catarina terão se formado no curso de liderança, gestão e empreendedorismo, oferecido gratuitamente pelo projeto SC Rural. Um dos objetivos é reduzir o êxodo rural, desafio presente em todo o país, uma vez que as cidades e suas atrações terminam por atrair os jovens.

Descanso felino Microempresa em foco

Blumenau, além do charme da cultura e da gastronomia alemãs, tem uma singular atração turística que alguns afirmam ser única no mundo: um cemitério para gatos. Localizado junto ao Museu de Família Colonial, no centro da cidade, o local tem 50 sepulturas de felinos, sendo que 9 delas estão identificadas. Os animais eram de Edith Gaertner, antiga moradora que ia enterrando seus gatos nos fundos de casa.

O Sebrae de Santa Catarina prepara, para os próximos meses, três edições da feira do empreendedor: Itajaí (10 a 15 de novembro); Joinville (11 a 13 de novembro); e Blumenau (18 a 20 de novembro). A programação oferece informações sobre abertura de empresas, gestão, alternativas de negócios, inovações tecnológicas e acesso a mercados. Informações em www.feiradoempreendedor.com.br.

Opção de compras Maior cidade do Sul de Santa Catarina, com 209 mil habitantes, Criciúma conta, desde abril, com um novo centro de compras, o Nações Shopping. São 15 lojas-âncora e 170 lojas-satélites espalhadas em uma área construída de 90 mil metros quadrados. O investimento de R$ 250 milhões é do grupo Almeida Júnior (dono de outros cinco shoppings em SC).

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Revista Press Santa Catarina | ENTREVISTA

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urante os quatro dias de Mercoagro (Feira Internacional de Negócios, Processamento e Industrialização da Carne), maior evento de tecnologia e equipamentos voltado o processamento de carnes, o engenheiro civil e presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Josias Mascarello, troca os canteiros de obras pelos corredores do Parque de Exposições Tancredo Neves. É lá que ele percorre estandes e realiza rodadas de negócios com foco na cadeia de carnes, segmento econômico que movimenta mais de 600 frigoríficos no Oeste Catarinense. Tendo Chapecó como cidade polo, a região realiza a cada dois anos a Mercoagro, feira na qual empresas fornecedoras dos mais diversos setores da indústria mundial da carne apresentaram suas inovações, entre elas refrigeração, automação industrial, embalagens, transporte e armazenagem, equipamentos e acessórios. A edição de 2016 ocorreu entre 13 a 16 de setembro, sem se importar com crise: a Mercoagro gerou US$ 160 milhões em negócios, o maior volume da história da feira, e já comercializou 80% dos espaços da próxima edição, em 2018. Na entrevista, Mascarello fala do evento, do potencial econômico de Chapecó e de sua gestão na ACIC, promotora da Mercoagro.

Uma feira para espantar a crise JOSIAS MASCARELLO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE CHAPECÓ (ACIC) 6 6


Encerrada a edição deste ano da Mercoagro, qual sua avaliação da feira? Essa 11ª edição da Mercoagro foi exuberante – superou nossas expectativas. Tínhamos uma projeção positiva, mas não era tanto assim. Conseguimos US$ 160 milhões em negócios, o que já era uma meta ambiciosa. A feira é destinada a um público corporativo, de vendas, esperávamos receber 15 mil pessoas. Contudo, mais de 20 mil pessoas transitaram pela Mercoagro 2016. Em um ano de crise – e só se fala nisso – foi um sucesso. A Mercoagro 2016 foi 40% maior que a anterior. Tivemos aqui representadas 650 empresas de todo o Brasil e do exterior. A próxima edição, em 2018, já está com 80% dos espaços comercializados.

Fotos:

O senhor falou na crise, que atinge todos os setores da economia. Porque na Mercoagro foi diferente? Diversos pontos colaboraram para esse resultado. Um deles é que a ACIC passou a organizar completamente a Mercoagro. A gente detém a marca e terceirizava o evento. Como as últimas edições não tiveram um resultado a nosso contento, optamos por assumir. Houve pedidos de mudança inclusive por parte de expositores, uma vez que tínhamos perdido os participantes internacionais devido a questões de organização. Com a ACIC organizando tudo, eles voltaram: 17 países vieram a Chapecó. Fizemos uma reengenharia do modelo da Mercoagro, mais atrativo. A empresa que comercializa a feira, Interprice, percorreu o mundo para mostrar nosso evento e foi essencial nesse resultado. China, Estados Unidos, Alemanha, os países do Mercosul, todos voltaram. A Mercoagro foca nos equipamentos e tecnologias voltadas para o mercado da carne, justamente o foco econômico de Chapecó. Qual a importância da cidade hoje na área frigorífica? Enorme. A região de Chapecó é

composta por cerca de 100 municípios do Oeste catarinense. Aqui se concentra o maior número de unidades frigoríficas do mundo – são 600 frigoríficos, desde pequenos e médios até grandes multinacionais. A Mercoagro movimenta a economia da região. Somente em Chapecó, são cerca de R$ 12 milhões em comércio e serviços a mais nos três dias de duração da feira. Há compradores hospedados em hotéis de diversos municípios. O aeroporto de Chapecó, que costuma receber 10 voos por dia vindo de cidades como São Paulo, Curitiba e Florianópolis, durante a Mercoagro ficou lotado de jatos executivos. Essa infraestrutura, sem dúvida, é um ponto importante para o sucesso da feira. Santa Catarina também é o maior produtor brasileiro de carne suína e o segundo de aves. Esses produtos desenvolveram a região e demandaram investimentos em pesquisa, tecnologia, inovação. As empresas que aqui estão compõem o mais completo panorama para o processamento industrial de carne.

O Oeste catarinense tem no agronegócio motor de sua economia. Hoje, este setor pode ser considerado o que atravessa melhor a crise? Chapecó se desenvolveu e mantém o pilar de sustentação justamente no setor da carne. O agronegócio, como um todo, tem ajudado o Brasil nos últimos anos. É o único segmento da economia que está indo um pouco melhor. Dentro disso, as cooperativas têm um papel importantíssimo. Elas têm uma estrutura que movimenta toda a cadeia econômica, e me refiro a todos os modelos de cooperativa. Neste ano, durante a

Mercoagro, o BRDE assinou quatro contratos que somam R$ 72 milhões para fomentar os negócios de quatro cooperativas: Unimed Chapecó, Cooperitaipu, Copérdia e Cooperativa A1. Isso mostra a pujança do segmento.

A feira é realizada, desde 1996, a cada dois anos. Ela pode vir a ser anual? Já se pensou nisso, mas o perfil da Mercoagro, de uma feira que oferece soluções em tecnologias e equipamentos inovadores – e isso não muda todo mês ou todo ano, exige um tempo maior – faz com que o formato bianual seja o ideal. Sempre conversamos sobre isso com os expositores e com os compradores. Acreditamos que assim como está o desempenho e o objetivo da feira estão sendo cumpridos com sucesso. Chapecó busca alternativas de desenvolvimento em outros setores da economia? Quais? Sem dúvida. Juntamente com outras entidades, a ACIC promove o fomento de outras matrizes econômicas para o futuro. Aqui na nossa região, os setores de madeira, moveleiro e metal-mecânico têm boa representatividade, são importantes para a economia. Também a construção civil, de onde eu venho, é muito importante aqui em Chapecó. A cidade costuma ser citada como referência em construção, com lançamentos modernos e arrojados. Na tecnologia, a cidade ganhará um dos centros estaduais de inovação – está em construção. Chapecó também mantém o Deatec – Polo Tecnológico do Oeste Catarinense, um condomínio de empresas ligadas

Mais de 20 mil pessoas transitaram pela Mercoagro 2016 7


Revista Press Santa Catarina | ENTREVISTA

Foto:

A Mercoagro 2016 foi 40% maior do que a do ano passado

à pesquisa e desenvolvimento em tecnologia e inovação.

O futuro exige, então, uma preocupação que vai além da economia da agroindústria? Claro, é preciso um planejamento mais amplo, com foco também em educação. Chapecó e região dispõem de 24 universidades e faculdades. Realizamos parcerias de capacitação entre setores da indústria e comércio com as empresas para capacitar mão de obra. Cursos técnicos e outras atividades, promovidos por entidades parceiras como Senai, Sebrae, Fiesc e Facisc completam essa rede de excelência. Qual a representação hoje, da Associação Comercial e Industrial de Chapecó? A ACIC irá completar 70 anos em 2017. A entidade tem contribuído para Chapecó, região e Estado de uma forma muito participativa e atuante. Nossos diretores e conselheiros participam de universidades, órgãos públicos, enfim, estão inseridos na sociedade de maneira efetiva. Temos 19 núcleos econômicos – agronegócio, metal-mecânico, enfim, todos os setores estão representados. Ano que vem

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também promete mais comemorações, pois Chapecó completará 100 anos. Aqui na ACIC são 1,5 mil associados e 90% deles são pequenas e médias empresas.

O senhor vem de um segmento castigado pela crise econômica, a construção civil. Como está sendo este ano? Sim, sou presidente da Construtora Catarinense, temos 30 anos de mercado. Contudo, o negócio da construção, a tradição, digamos, está há 133 anos na minha família. Já são cinco gerações trabalhando na construção civil. Até dois anos, vínhamos em um crescimento forte, com muitos lançamentos. Vejo hoje que este ritmo estava um pouco acima da normalidade, tanto que, a partir do ano passado, começamos a sentir as dificuldades. As vendas caíram, ocorreu uma readequação de mercado face à conjuntura econômica. Como a construção civil pode reagir para atravessar este momento delicado, então? Vejo de várias formas isso. Aqui estamos em uma cidade polo, com mais de 100 municípios menores na volta. Muitas pessoas destas cidades investem em Chapecó,

então isso gera movimentação econômica em Chapecó. A construção civil aqui acredita muito em seus empresários – temos um núcleo forte de construtoras que estão saudáveis, com capacidade para financiar seus empreendimentos. A dificuldade existe, mas não é a primeira crise que vivemos. Teve Plano Collor, Plano Bresser, enfim, uma série de percalços aos quais sobrevivemos. No Brasil é assim. Estamos vacinados e treinados para lidar com isso. Crise passa, embora isso possa demorar.

Imagino que, durante os quatro dias de Mercoagro, o senhor troque o canteiro de obras pelos corredores da feira. Sim, neste caso, sim. Meu filho Conrado toca a construtora neste período. Vou todos os dias à Mercoagro, desde que abre até o último dia. Visitamos expositores, fazemos contatos para a próxima edição, enfim, é preciso estar presente. A ACIC também exige muito. Doamos nosso tempo à entidade, que é muito representativa. Tem dias que vou duas ou até três vezes à sede a ACIC. Faz parte da rotina de um empresário - o importante é contribuir para o desenvolvimento da cidade.


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Revista Press Santa Catarina | AGROINDÚSTRIA

ALIMENTOS

MUNDO AFORA 10

Foto: Divulgação Aurora

AGROINDÚSTRIA


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anta Catarina viu nascer algumas das maiores empresas brasileiras do setor de alimentos, mais especificamente, de carnes e derivados, como Sadia, Perdigão, Seara e Aurora. Estas companhias, hoje, são potências exportadoras, com operações no exterior e mercados tão longínquos como China e Austrália. O segmento da agroindústria foi e ainda é o maior representante nas exportações do Estado: dos US$ 7,6 bilhões negociados pelos catarinenses com o mercado exterior no ano passado, 40% (cerca de US$ 2,5 bilhões) vieram da agroindústria – inclui desde soja e alimentos a carnes in natura e processadas. A região Oeste de Santa Catarina, com 1,2 milhão de habitantes, é responsável por boa parte do agronegócio do Estado. A força produtiva do Oeste – cujas maiores cidades são Chapecó, Concórdia, São Miguel do Oeste e Xanxerê – está concentrada na indústria de alimentos, com destaque para a produção de grãos, criação de suínos e aves. Dados levantados pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) mostram o desempenho de cada segmento. O principal produto exportado em 2015 - carnes e miudezas de frango – respondeu por 18,2% das exportações catarinenses (US$ 1,4 bilhão). Historicamente, este é o principal produto comercializado pelo Estado, sendo que a sua participação no total das exportações catarinenses oscilou entre 13% e 22% entre os anos de 2000 e 2015. Santa Catarina participou, em 2015, por 22,3% das exportações nacionais deste produto. A seguir, vêm soja (US$ 582 milhões), tabaco (US$ 540 milhões) e carne suína (US$ 412 milhões). Para a Federação da Agricultura de Santa Catarina (Faesc), parte deste sucesso se explica pelo fato de o estado ter o mais avançado parque agroindustrial do Brasil, representado pelas cadeias produtivas da avicultura e da suinocultura. “Essa fabulosa estrutura processa

mais de 1 bilhão de aves e 12 milhões de suínos por ano, sustenta mais de 150 mil empregos diretos e indiretos e gera bilhões de reais em movimento econômico”, destaca a instituição. José Zeferino Pedrozo, presidente da Faesc, enumera as vantagens competitivas do agronegócio catarinense. Uma delas é a forte sanidade animal, que aumentou com o reconhecimento de Santa Catarina como área livre de febre aftosa sem vacinação, em maio de 2007. “Isso consagrou o Estado como centro mundial de excelência sanitária e permitiu a conquista de novos mercados”, lembra ele. Na prática, o Estado já desfrutava dessa condição, mas a falta da chancela da instituição mundial causava prejuízos à economia catarinense. Em julho deste ano, outra novidade: Santa Catarina, que já era considerado estado livre de peste suína clássica (PSC) pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) desde 2015, ganhou o reconhecimento do Ministério da Agricultura (neste caso, com outros 14 estados). O último caso de PSC em território catarinense ocorreu em 1992 no município de Santo Amaro da Imperatriz. Pedrozo destaca que o agronegócio é o maior orgulho de Santa Catarina, e as empresas do estado lutam “para avançar no mercado mundial, dominado por gigantescos grupos econômicos do agronegócio e essa concentração gera

um dilema, como manter competitivos os pequenos e médios produtores rurais nesse mercado concorrente e hostil”, avalia. A representação das atividades do campo por meio de entidades, neste sentido, é primordial. Segundo Pedrozo, os sindicatos rurais defendem os interesses das comunidades rurais e pedem, desde melhorias em infraestrutura, como estradas e escolas, até planos de incentivo à produção e programas de qualificação profissional. Mesmo com o vistoso desempenho da agropecuária na balança comercial de Santa Catarina, a Faesc avisa que há desafios pela frente, como o alto custo dos insumos – destaque para o milho. Em 2005, 106 mil produtores rurais catarinenses cultivavam 800 mil hectares com milho e colhiam entre 3,8 e 4 milhões de toneladas. Nesses últimos 10 anos, a área plantada caiu paulatinamente e, em 2015, foram cultivados entre 250 mil e 300 mil hectares de lavouras para uma produção estimada em 2,5 milhões de toneladas. “Esse quadro representa uma equação perigosa: para um consumo de 6 milhões de toneladas haverá uma produção interna de 2,5 milhões e, portanto, uma necessidade de importação de 3,5 milhões de toneladas de milho. Insumo escasso representa encarecimento para os produtores rurais e para as agroindústrias”, alerta a Faesc.

A agroindústria catarinense processa mais de 1 bilhão de aves e 12 milhões de suínos por ano, sustenta mais de 150 mil empregos diretos e indiretos e gera bilhões de reais para a economia do estado

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Revista Press Santa Catarina | AGROINDÚSTRIA

Em busca de mais mercado Uma das maiores cooperativas do Brasil e terceiro maior produtor nacional de carnes, a Aurora, sediada em Chapecó, encontrou no mercado externo uma alternativa para crescer frente ao desaquecimento da economia brasileira. No primeiro semestre deste ano, as exportações de carnes de aves e carnes suínas da Aurora cresceram 36,7% em receita, atingindo R$ 1,1 bilhão contra R$ 831,8 milhões do mesmo período do ano passado, segundo afirma seu presidente, Mário Lanznaster. O volume embarcado até junho alcança 166,1 mil toneladas de produtos – média mensal de 27,6 mil toneladas. Os destaques são as carnes de origem suína e derivados, como pernil, paleta, lombo, carré, barriga, cartilagem e costela. Os maiores mercados são Hong Kong, Rússia, Angola, Cingapura, Europa, China e Estados Unidos. Na área avícola, o maior volume é de cortes como perna inteira desossada, meio peito, asa, pés, coxa, moela, pele e cartilagem. Os maiores compradores foram Japão, China, Hong Kong, África do Sul, Rússia, Chile, Europa, Cingapura e Oriente Médio. O aumento no volume exportado pela cooperativa catarinense ocorreu graças ao redirecionamento de duas unidades exclusivamente para o comércio exterior: uma fábrica de suínos mantida em Joaçaba (SC) e outra planta de produção de aves localizada em

Mandaguari (PR). Apesar da evolução, as margens são pequenas. De acordo com a Aurora, as dificuldades enfrentadas em todo o primeiro semestre com o escoamento da produção no mercado doméstico levaram boa parte dos fabricantes em busca de clientes no exterior. Ocorreram recordes de embarques, tanto de aves quando de suínos. “Esse imenso volume de oferta comprometeu preços e rentabilidade da agroindústria”, explica a cooperativa. O primeiro semestre, aliás, demandou mais esforços da cooperativa. O mau desempenho exigiu a diminuição pontual da produção e a paralisação parcial e temporária de algumas indústrias. A estratégia é reduzir em 7% a produção de carne de aves, esperando equilibrar a oferta com a atual demanda. Segundo a Aurora, em julho um esquema rotativo de férias foi iniciado na unidade de frangos localizada em Abelardo Luz (SC). Com isso, o abate diário caiu de 134 mil para 70 mil aves. A partir de outubro, o frigorífico da cooperativa em Guatambu (SC) também entra no mesmo esquema de férias coletivas. Com isto, a produção diária cairá de 120 mil abates de frangos para 60 mil. A paralisação parcial das duas unidades representa 13% do volume de abate diário de aves da Aurora e apenas 4,5% da força total de trabalho da empresa. “Como

EXPORTAÇÕES

SC - 2015 Total: US$ 7,6 bilhões Carne de frango: 19% do total – US$ 1,4 bilhão Soja: 7,6% - US$ 582 milhões Tabaco: 7,1% - US$ 540 milhões Motores e geradores elétricos: 5,6% - US$ 423 milhões Carne suína: US$ 413 milhões

EXPORTAÇÕES

SC - 2016 US$ 4,2 bilhões Jan a Jul.

Carne de frango: US$ 756 milhões Soja: US$ 440 milhões

MAIORES EMPRESAS EXPORTADORAS SC – 2015

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Brasil Foods – US$ 720 mi. Seara – US$ 690 mi. Weg – US$ 581 mi. Cooperativa Aurora – US$ 440 mi.

Tabaco: US$ 268 milhões Motores e geradores elétricos: US$ 200 milhões Carne suína: US$ 266 milhões


terceira empresa brasileira de exportação de carne suína e de aves, a Aurora busca se adequar à realidade de mercado, aguardando que os custos de produção retornem à sua média histórica e o cenário econômico tenha melhoras efetivas”, finaliza Lanznaster.

O mercado externo é importante no faturamento anual da Aurora. Em 2015, dos R$ 7,7 bilhões em receita total, R$ 1,8 bilhão (24%) vieram das exportações. A Aurora tem capacidade de abate de 18 mil suínos por dia. Em 2015, abateu e processou 4,5 milhões

de suínos, um crescimento de 8,6% em relação ao ano anterior. No caso das aves, a cooperativa ampliou em 8,3% o processamento de carne, com o abate de 233 milhões de aves em 2015 – a capacidade diária é de quase 1 milhão de frangos por dia.

Receita do agronegócio de quase R$ 30 bilhões Conforme dados do Ministério da Agricultura, Santa Catarina deve fechar 2016 com um Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) estimado em R$28,3 bilhões. O valor representa o faturamento dos principais produtos da agropecuária em 2016, quando o estado terá o 7º maior VBP do país. O Valor Bruto da Produção do Brasil deve chegar a R$ 516,4 bilhões e a região Sul deve ser responsável por quase 30% desse total. No território nacional, a pecuária representa R$ 178,4 bilhões do total, e as lavouras, R$ 338 bilhões. Em Santa Catarina, a proporção se inverte, com a pecuária tomando a dianteira, principalmente devido à produção de suínos e aves: são R$

16,1 bilhões. Já o faturamento das lavouras no estado alcança R$ 12,2 bilhões, com destaque para arroz, banana, fumo, cebola e maçã Segundo Airton Spies, secretário-adjunto de Estado da Agricultura e da Pesca, o Valor Bruto da Produção Agropecuária revela apenas o que foi pago aos agricultores e pecuaristas pelos produtos vendidos. “Quando incluímos o valor gerado por toda cadeia produtiva, somando os insumos, serviços e as riquezas geradas pela industrialização das matérias primas, o agronegócio tem uma participação de 21,4% no Produto Interno Bruto do Brasil e de aproximadamente 29% no PIB catarinense”, explica ele. Spies ressalta ainda que a agro-

pecuária não está imune à crise financeira que afeta o Brasil, mas os números revelam que em Santa Catarina a queda na produção do agronegócio foi menor do que a média nacional. “A reação catarinense se deve à grande diversidade de atividades agrícolas e agregação de valor pelas agroindústrias. Assim como, a força do cooperativismo, setor que cresceu 11% em faturamento bruto no último ano”. O VBP de Santa Catarina se destaca em produtos como cebola (R$ 852 milhões), maçã (R$ 2 bilhões) e suínos (R$ 3,6 bilhões), tendo o maior faturamento do país. E no fumo (R$ 1,6 bilhões) e frangos (R$ 8,3 bilhões), que garantem o segundo maior faturamento do Brasil.

O faturamento da pecuária em Santa Catarina é de R$ 16 bilhões/ano

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MIX Turismo atlântico Porto Belo, no litoral norte de SC, pode ser a próxima parada dos navios transatlânticos carregadas de turistas estrangeiros que passam por Santa Catarina todo ano. A Receita Federal irá instalar, na cidade, um novo posto alfandegário – isso irá permitir que embarcações vindas da Argentina e Uruguai façam a nacionalização dos passageiros no local.

Destaque em laboratório Localizado em Pinheiro Preto, município do Meio-Oeste catarinense, o Laboratório da Tecnologia de Bebidas (Lateb) do Senai/SC, entidade da Fiesc, foi credenciado pelo Ministério da Agricultura para realizar os ensaios necessários para exportação e importação dos produtos. É a única estrutura do Sul do Brasil em condições de efetuar análises exigidas para o comércio internacional de vinhos, cervejas, sucos e destilados, entre os quais, a cachaça.

Disputa de cidades Nos dados relativos à estimativa populacional do Brasil divulgados em agosto, o IBGE confirma que Joinville (com 569 mil habitantes) e a capital Florianópolis (478 mil) são as maiores cidades de Santa Catarina. O dado curioso que é que três municípios - Itajaí, Chapecó e Criciúma - têm praticamente a mesma população: cerca de 209 mil habitantes. A diferença entre cada um deles é de menos de mil pessoas. O Estado, por sua vez, soma 6,9 milhões de habitantes.

Pesquisa estadual

Inovação empresarial

A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) lançou novo edital do Programa de Apoio à Extensão (Paex), com recursos de R$ 1,2 milhão e 366 bolsas para ações de extensão entre 1º de março e 31 de dezembro de 2017. Para os programas, haverá financiamento de até R$ 8 mil e concessão de até três bolsas de extensão. Já as ações isoladas terão o valor de R$ 2 mil e uma bolsa como limites. Informações pelo e-mail cex.reitoria@udesc.br.

O estímulo ao desenvolvimento de novos negócios inovadores com alto potencial de crescimento é um dos objetivos dos Centros de Inovação que estão sendo construídos em Santa Catarina. A primeira unidade inaugurada, em Lages, lançou edital para o processo de incubação de empresas. São 40 vagas destinadas, inicialmente, a empresas com projetos no ramo da tecnologia ou em áreas como ensino, comércio e serviços. O edital está disponível no site: http://goo.gl/IVmnBN.

Energia limpa A Weg, de Jaraguá do Sul, é uma das três empresas brasileiras citadas no relatório Carbon Clean 200 TM que apresenta as 200 principais companhias de energia limpa com capital aberto no mundo. Para ser elegível, a empresa deve ter um valor de mercado superior a US$ 1 bilhão e ter mais de 10% do total de receitas a partir de fontes de energia limpa. Com R$ 9,7 bilhões de faturamento ano passado, a Weg é um dos maiores fabricantes de motores e equipamentos elétricos do planeta.

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Revista Press Santa Catarina | BLUMENAU

BLUMENAU

A CAPITAL

U

m rápido passeio por Blumenau, no Vale do Itajaí, deixa claro o porquê a cidade pode ser considerada a “capital” da Alemanha do Brasil. Seja na arquitetura, no vestuário, na cultura, na economia ou no turismo, a cidade, de 340 mil habitantes e dona do quarto maior PIB de Santa Catarina, exibe a influência do país europeu na construção da identidade local. Foi em setembro de 1850 que um médico e filósofo alemão, Dr. Hermann Otto Blumenau (daí o nome da cidade), chegou à região para iniciar um processo de colonização – para tanto, com ele vieram 17 casais de colonos da Alemanha. Mais tarde, chegaram mais imigrantes vindos da Itália e Polônia. Estes primeiros moradores trouxeram consigo parte da história, da força de trabalho e das tradições germânicas e europeias. Aos poucos, a identidade alemã espalhou-se pela região. Blumenau é destaque em diversos setores da economia - entre os principais, aparecem o mercado têxtil e a Tecnologia da Informação (TI). A cidade possui um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 13 bilhões, segundo dados do IBGE de 2015. É considerado o principal polo econômico e cultural do Vale do Itajaí, que tem, ainda, a cidade portuária de Itajaí como importante centro local. Localizada próxima às importantes cidades do Mercosul e da

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estrutura portuária do Estado, Blumenau é referência na educação, infraestrutura e mão de obra qualificada. A cidade é um excelente centro de compras, oferecendo produtos como cristais e artigos têxteis, reconhecidos nacionalmente e internacionalmente. As festas alemãs fomentam o turismo local – muito, em parte devido à tradição na produção de cerveja. A mais famosa delas, a Oktoberfest, é considerada a maior festa do gênero no mundo depois da realizada em Munique, na Alemanha. Em média, 620 mil pessoas visitam a cidade catarinense durante o evento. Neste ano, a Oktoberfest ocorrerá entre 5 a 23 de outubro. Capacitação de mão de obra e educação também fazem a fama de Blumenau. Cerca de 98% da população é alfabetizada, um dos maiores índices do Brasil. Os níveis de frequência escolar também são elevados, chegando a 97%. O aumento da qualidade educacional na cidade pode ser observado por meio da realização constante de políticas públicas que contribuem para seu desenvolvimento. Um bom exemplo é a capacitação permanente dos professores realizada ao longo do ano. Estes dados se refletem, por exemplo, no resultado do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) – o de Blumenau alcança 0,806, sendo o 25º maior

Fotos: Divulgação Prefeitura de Blumenau

DA “ALEMANHA BRASILEIRA”


do Brasil. O indicador é calculado pela Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de informações como renda, saúde e educação, por exemplo. Quanto mais perto de 1, mais alto o IDHM. A dimensão que mais contribui para o IDHM de Blumenau é a Longevidade, com índice de 0,894, seguida de Renda, com índice de 0,812, e de Educação, com índice de 0,722. A cidade também é referência em acesso gratuito à internet. O programa Blumenau Conecta tem 46 pontos wifi espalhados pela área do município. Com velocidade de 200 MBps, tem capacidade diária para 25 mil usuários. O sinal está disponível em áreas públicas, terminais de ônibus, praças e parques. Tantos indicadores e números ilustram um pouco da importância da cidade para Santa Catarina e para o Brasil. Conforme a Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, Blumenau é um reflexo do país europeu. “No processo de formação do parque industrial brasileiro, alguns estados do País receberam maior influência da presença alemã. Um deles foi Santa Catarina, o qual participou desse processo de colonização, recebendo investimentos diretos de empresas alemãs, além da influência cultural, social e econômica”, segundo a Câmara.

O DNA alemão A história de Blumenau se confunde com a da imigração alemã em Santa Catarina. Os primeiros colonizadores chegaram ao estado em 1829, se estabelecendo em São Pedro de Alcântara, município próximo a Florianópolis. As regiões com maior presença hoje da influência germânica foram colonizadas um pouco mais tarde: Blumenau em 1850 e Joinville em 1851. No caso da principal cidade do Vale do Itajaí, é considerada como data de fundação 2 de setembro de 1850, quando o filósofo alemão Hermann Bruno Otto Blumenau

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Com um PIB de R$ 13 bilhões, Blumenau figura com o 25º maior IDH -Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil Conforme ele, a região de Santa Catarina composta por Blumenau e Joinville representa a área mais marcante de descendência alemã no Estado. “Hoje esses dois locais refletem um dos mais importantes polos econômicos do Sul do País, ostentando altos índices de desenvolvimento humano”, afirma a Câmara. São municípios que lideram a produção têxtil nacional por conta das empresas fundadas por imigrantes alemães em suas regiões, além de indústrias como Weg e Tupy. Estas duas últimas são referências em seus segmentos (a Weg em equipamentos elétricos e a Tupy em metalurgia e peças para veículos) – a primeira tem sede em Jaraguá do Sul, e a segunda, em Joinville. A Hamburg Süd, importante operador logístico mundial, é ou-

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A Oktoberfet de Blumenau, criada em 1984, é a segunda maior do mundo no gênero, depois da de Munique

Foto:

chegou à região, denominando-a de Colônia São Paulo de Blumenau. Com ele, vieram 17 casais de alemães. Desde então, a história do Vale do Itajaí está marcada pelo DNA alemão. “Na relação entre Santa Catarina, em especial Blumenau, e a Alemanha, há muito mais que traços culturais e históricos deixados pelos colonizadores. Essa herança, com certeza, traz uma relação comercial direta com a Alemanha”, ressalta Wagner Chugaste Junior, gerente regional Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, que mantém uma unidade na cidade catarinense.

Foto:

Revista Press Santa Catarina | BLUMENAU

O nome da cidade é em homenagem ao seu fundador, o filósofo alemão Herrmann Bruno Otto Blumenau tro destaque, pois seus investimentos ajudaram a desenvolver os portos da região. Na área de Tecnologia da Informação, a presença da alemã T-Systems, do grupo Deutsche Telekom, revela-se uma parceira estratégica na economia do Vale do Itajaí – apelidado de Vale do Software catarinense. E a lista prossegue, com destaque para outro grande investimento alemão recente: a fábrica da BMW inaugurada em 2014 na cidade de Araquari, próximo de Joinville. Conforme a Câmara, além dos investimentos, a região tem como característica uma herança cultural e empresarial da Alemanha em

seu modo de vida e na forma de fazer negócio. A mentalidade do alemão em não pensar em curto prazo também aparece no modelo de administração dos blumenauenses. “O impacto de uma crise, por exemplo, tem menor intensidade, já que geralmente os empresários possuem um planejamento e não são pegos de surpresa. É importante ressaltar que essa não é uma característica exclusiva dos habitantes da cidade de Blumenau, mas também vale para outras regiões que foram colonizadas por alemães”, explica a Câmara de Comércio Brasil-Alemanha.


REMUNERAÇÃO MÉDIA MENSAL

BLUMENAU

DADOS ESTATÍSTICOS:

R$ 2.250,00 (3ª maior do Estado)

DADOS FINANCEIROS

EDUCAÇÃO

Agências bancárias e postos de atendimento: 62 Operações de crédito no município: R$ 4,5 bilhões Volume de poupança no município: R$ 1,3 bilhão

Gasto per capita: R$ 664,00 (em Florianópolis: R$ 584,00) Taxa de aprovação: 74% Taxa de reprovação: 19,9% Taxa de abandono: 8,10%

PECUÁRIA BLUMENAU PIB: R$ 13 bilhões (4º maior de SC) População: 340 mil habitantes (3º maior de SC) PIB per capita: R$ 38 mil Exportações: US$ 470 milhões (5º maior de SC)

ÁREA Área Total: 519,8 Km² 206,8 Km² urbana (39,78%) 313 Km² rural (60,22%)

PRINCIPAIS EMPRESAS Hering (têxtil e vestuário) Karsten (têxtil) Dudalina (vestuário) Altenburg (têxtil) Baumgarten Gráfica (papéis) T-Systems (tecnologia)

ICMS – ARRECADAÇÃO Blumenau: R$ 718 milhões (5º maior de SC) Principais setores: têxtil, vestuário, fumo e combustíveis

Bovinos: 7 mil cabeças Frangos: 630 mil cabeças Suínos: 3,4 mil cabeças Leite de vaca: 4 milhões de litros/ano Mel de abelha: 14,5 mil quilos/ano

PRODUÇÃO AGRÍCOLA Fumo: 1,4 mil toneladas Laranja: 400 toneladas Banana: 120 toneladas Feijão: 230 toneladas Arroz: 65 toneladas Uva: 17 toneladas

ESTABELECIMENTOS POR ATIVIDADE ECONÔMICA Comércio:3.930 Serviços:4.533 Indústria: 3.086 Agropecuária: 23 Total: 11.572

NÚMERO DE TRABALHADORES EMPREGADOS 138 mil pessoas (cidade) 294 mil pessoas (microrregião)

PRÉ-ESCOLA, ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Número de escolas (mun., est.e part.): 272 Matrículas: 58 mil

ENSINO SUPERIOR 13 instituições privadas 2 instituições federais 18 mil matrículas

SEGURANÇA Homicídios: 8,2 por mil habitantes (em Florianópolis, índice de 12,3)

FINANÇAS PÚBLICAS Orçamento: R$ 1,2 bilhão (2015)

SAÚDE Gasto per capita: R$ 961,00 (acima da capital, Florianópolis, com R$ 500,00)

FROTA DE VEÍCULOS Total: 252 mil Automóveis: 162 mil Motocicletas: 38 mil Caminhões: 5.524 Ônibus e micro-ônibus: 1.227 Outros: 45 mil

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ECONOMIA DINÂMICA A

tradicional indústria têxtil, com suas malharias, vestuário e confecções de cama, mesa e banho, é destaque na economia de Blumenau, ao lado de empresas de Tecnologia da Informação (TI). Diversas companhias foram fundadas por descendentes de alemães, como a tradicional Hering (com mais 100 anos, uma das líderes nacionais do varejo), Cremer (suprimentos médicos), Sulfabril, Karsten e Altenburg (área têxtil). Conforme o Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário (Sintex) de Blumenau, as fábricas têxteis e de confecção catarinenses empregam diretamente 173 mil trabalhadores registrados (formais). Quando considerado todo o pessoal ocupado pelo setor (registrados, terceirizados, autônomos, cooperados, não registrados, etc.),

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o número total de postos de trabalho oferecidos supera os 300 mil, o que representa 20% do total do setor têxtil brasileiro. Blumenau responde por boa parte deste panorama: o município possui 1.629 empresas que atuam diretamente neste mercado, entre elas destacam-se a fabricação de máquinas e equipamentos para o setor, produção de fibras artificiais e sintéticas, representantes comerciais, atacadistas do vestuário e têxtil, comercio varejista de vestuário e lavanderias e tinturarias. “A cadeia têxtil e de confecções é responsável por quase 5% das exportações de Blumenau”, explica o presidente do Sintex, Ulrich Kuhn. Dados da Câmara de Dirigentes Lojistas da cidade (CDL) indicam que o potencial de consumo de Blumenau, de R$ 10,28 bilhões, é o terceiro maior de Santa Catarina,

o que evidencia a importância do comércio e dos serviços na estrutura econômica local. O varejo da cidade ainda é destaque nos têxteis e nos cristais, mas o turismo, com a Oktoberfest, tem crescido a cada ano. “A importância do varejo aumentou, pois Blumenau é referência como cidade polo de Santa Catarina, seja pela população, renda per capita, número de shoppings e a qualidade dos produtos - isso inclui os segmentos da indústria têxtil e cristais. Quando falamos em cama, mesa e banho, por exemplo, encontramos as marcas do Vale do Itajaí até em outros países”, ilustra o presidente da CDL de Blumenau, Helio Roncaglio. Ele salienta, ainda, a consolidação de Blumenau como uma cidade de turismo de negócios. Diversos fatores levam a esse re-


esta área”, avalia D’Amaral. Para a ACIB, a cidade irá seguir desenvolvendo os dois clusters já existentes (têxtil e TIC), mas há estudos que apontam outros caminhos, como o de energia e soluções ambientais. Os trabalhos na área de energia se caracterizam como sendo de natureza transversal, tendo em vista que incluem desde as avaliações de melhorias de processo visando à eficiência energética, até a valoração de resíduos para gerar energias alternativas. Além desses, ainda há a geração e monitoramento de energia elétrica e desenvolvimento de biocombustíveis, por exemplo. “Existem muitos projetos nesta área com volume significativo de investimentos para pesquisa e desenvolvimento oriundos da Finep, da Celesc, da Petrobras e Agência Nacional de Petróleo, além das parcerias com empresas da região”, afirma o presidente da ACIB. Adicionalmente, as soluções ambientais se caracterizam pela demanda crescente por parte das empresas, que sofrem pressão dos

órgãos de fiscalização e dos seus consumidores. Mesmo a área de energia, pode ser considerada, em grande parte, como uma linha de solução ambiental - se destaca pelo tratamento de efluentes, tecnologias de recuperação de solos, aproveitamento de resíduos gordurosos, entre outros.

Estratégias para o futuro Em agosto, Blumenau sediou um amplo debate a respeito das estratégias para desenvolver a indústria da região no futuro. O evento foi idealizado pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). O fortalecimento e a elevação da competitividade da indústria do Vale do Itajaí no médio e longo prazos, passam por sete fatores estruturantes: capital humano, infraestrutura, inovação e empreendedorismo, internacionalização,

O Vale do Itajaí representa 28% do PIB catarinense

Foto: Divulgação WEG

conhecimento, entre eles os eventos e festas que a cidade recebe. “O Festival de Botecos, SC Gourmet, Festival Brasileiro da Cerveja, Festival Internacional de Teatro e nosso maravilhoso Magia de Natal são alguns exemplos”, destaca Roncaglio. Há cerca de 20 anos, com a inauguração do primeiro shopping-center em Blumenau, a cidade despontou como referência em comércio. De lá para cá, o panorama mudou e, atualmente, o município tem mais dois centros de compras. Com isso o comércio de rua teve que se profissionalizar para atender melhor o consumidor, que ficou muito mais exigente a partir da estrutura oferecida pelos shoppings. Hoje, o mix de lojas é bem diversificado, ao mesmo tempo em que consegue perceber e atender a segmentação do público que chega ao município. “A localização de Blumenau no Vale do Itajaí nos favorece, pois é passagem de muitos dos municípios vizinhos para o litoral catarinense. Hoje Blumenau é referência no Vale do Itajaí, como um comércio forte e dinâmico”, completa o presidente da CDL. Quando o tema é tecnologia, comunicação e internet, novamente Blumenau surge como referência na área. Segundo dados de 2015, a cidade sedia cerca de 563 empresas de tecnologia da informação e comunicação (TIC) que empregam 4.248 pessoas. “Do total, cerca de 450 companhias são especializadas em desenvolvimento de software, cerca de 6,5% do total do Brasil”, explica Carlos Tavares D’Amaral, presidente da Associação Comercial e Industrial de Blumenau (ACIB). Conforme o executivo, o setor de tecnologia é o que mais cresce no Brasil, e as empresas de Blumenau são reconhecidas nacionalmente pelo seu dinamismo e qualidade dos produtos e serviços que criam. Elas participam com 17% da arrecadação de ISS do município. “É um setor de extrema importância para Blumenau e que requer a geração e atração de talentos para

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investimento e política pública, mercado e saúde e segurança. Conforme Glauco José Côrte, presidente da Fiesc, Santa Catarina tem o parque industrial mais diversificado do País e, mesmo em períodos difíceis, tem se mantido forte e atuante. Em 2016, segundo os últimos dados, o Estado é o segundo em geração de empregos industriais no Brasil e apresenta a menor taxa de desemprego. “Os resultados obtidos derivam da força da indústria em todas as regiões do Estado”, afirma Côrte. Para ele, o desenvolvimento do Estado passa pela identificação e potencialização das vocações industriais de cada região. Neste sentido, Blumenau é destaque em diversos setores. O Vale do Itajaí representa 28% do PIB de Santa Catarina. O emprego formal na região cresceu, em média, 4,2% ao ano no período entre 2006 e 2014. No mesmo período, o número de estabelecimentos aumentou, em média, 6,4% ao ano, acima da média estadual (6%) e da brasileira (5,6%). Ações para fomentar a indústria do Vale do Itajaí – sete eixos:

Capital humano: Ampliar a oferta de cursos técnicos e de qualificação com grade adequada às demandas específicas da região e estimular o treinamento, a capacitação e a formação continuada dentro da empresa, entre outros pontos.

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Infraestrutura: Elaborar programa de investimentos para a manutenção das rodovias estaduais na região do Vale do Itajaí; elaborar plano aeroviário do Estado contemplando a região, fomentar linhas de crédito e de financiamento público específicas para a melhoria e expansão da infraestrutura e logística; entre outros pontos. Inovação e empreendedorismo: Simplificar o processo de registro de patentes e incentivar o desenvolvimento tecnológico local; promover a integração entre indústria, governo e academia para o desenvolvimento de estratégias inovadoras, ações empreendedoras e expansão do mercado, entre outros pontos.

Mercado: mapear competências, necessidades, fornecedores potenciais e oportunidades de integração existentes na indústria catarinense e aplicáveis aos diversos setores produtivos; desenvolver plataforma de comunicação entre indústria, academia e instituições públicas, promovendo maior integração e desenvolvimento da cadeia produtiva, entre outros tópicos. Saúde e segurança: Consolidar informações sobre saúde e segurança dos trabalhadores da região para apoiar decisões estratégicas; capacitar lideranças no tema saúde e segurança para a competitividade; realizar pesquisas e propostas inovadoras para as empresas da região em saúde e segurança do trabalho, entre outros pontos.

Foto: Edenir Garcia / Divulgação Sintex

Blumenau sedia cerca de 563 empresas de tecnologia da informação e comunicação (TIC) que empregam 4.248 pessoas. Do total, cerca de 450 companhias são especializadas em desenvolvimento de software, algo como 6,5% do total do Brasil

parência, e adequar as legislações tributária e trabalhista; buscar melhores práticas de governança por parte do poder público, com um sistema de indicadores que permita a avaliação externa do desempenho das políticas públicas, entre outros itens.

Internacionalização: Minimizar os obstáculos externos às exportações, como custo de transporte e burocracia tributária, alfandegária e aduaneira; promover ações de marketing internacional e de capacitação voltadas ao incremento de indústrias a mercados promissores, entre outros pontos. Investimento e política pública: fomentar a captação de recursos para o desenvolvimento e a modernização da cadeia produtiva do Estado; simplificar, com trans-

Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato Têxtil de Blumenau


A MARCA DOS DOIS PEIXES

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ifícil encontrar alguém que não reconheça a marca dos dois peixinhos cruzados. Ela está estampada em camisetas, bermudas, mochilas, bonés, saias, calças, enfim, uma gama enorme de produtos de moda encontrada em 828 lojas espalhadas pelo Brasil e no exterior – além de 17 mil lojas multimarcas em território nacional. São peças que vestem desde crianças a adultos, e que deram à empresa, no ano passado, uma receita total de R$ 1,9 bilhão. Criada há mais de 100 anos, em Blumenau, a Hering nasceu do desejo de dois irmãos, Hermann e Bruno Hering. A tradução livre da palavra “Hering” do alemão para o português é peixe – mais especificamente, arenque, espécie parecida com a sardinha. “Os peixes juntos representam, assim, os dois fundadores da empresa”, relembra Renato de Mello Vianna, diretor financeiro do BRDE e ex-prefeito de Blumenau por dois períodos (19771982 e 1993-1996). A trajetória do colosso têxtil co-

meça no século XVII. Integrantes de uma tradicional família de tecelões da Alemanha, Hermann e Bruno decidiram se mudar para o Brasil movidos pelo espírito empreendedor. Hermann foi o primeiro a chegar a Blumenau, em 1878 – dois anos depois viria sua família e o irmão Bruno. Antes de vir para o Brasil, Hermann se informou a respeito das oportunidades na colônia de Santa Catarina. Determinado, ao chegar no Estado, comprou um tear circular e um caixote de fios – assim, começou a produção das primeiras peças. Em 1880, junto com Bruno, criaram a Indústria Têxtil Companhia Hering – na época, produzia roupas de algodão. Cinquenta anos depois, em 1929, a empresa se torna uma sociedade por ações. Em 17 de junho de 1966, a Hering vira uma sociedade de capital aberto, já atuante no mercado de capitais. Mais recentemente, em 1999, a companhia mudou sua denominação social para Cia. Hering.É nesta holding que estão estrutura-

das diversas marcas: além da Hering (adulto), há a Hering Kids e a PUC (ambas público infantil), Hering for you(feminino) e DZARM (jovem). Foi apenas em 1993 que o grupo desbravou o varejo, com a abertura da primeira loja, chamada Hering Family Store. Até então, atuava apenas da produção fabril. A força no varejo acompanha as inovações tecnológicas. Além dos milhares de pontos de venda, a companhia tem um bem-sucedido modelo de vendas pela internet. Para buscar crescimento, a empresa recorreu à Bolsa de Valores e pulverizou seu capital em 1999: 74% das ações, hoje, estão em poder de investidores e são negociadas na Bovespa, no segmento conhecido como Novo Mercado. A sede é mantida em Blumenau. Para atender à demanda das lojas, a Cia. Hering tem dois centros de distribuição, localizados em Santa Catarina e Goiás, quatro unidades produtivas em Santa Catarina, cinco em Goiás e mais uma unidade no Rio Grande do Norte. Atualmente, são cerca de 6,7 mil colaboradores.

CIA. HERING Fundada em 1880 (126 anos), em Blumenau Lojas próprias e franquias: 828 no Brasil e no exterior Multimarcas: 17 mil lojas vendem peças da Hering Faturamento: R$ 1,9 bilhão (2015) Colaboradores: 6,7 mil Curiosidade: Em 1997, a Hering alcançou a marca de 5 bilhões de camisetas produzidas desde sua fundação

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Revista Press Santa Catarina | BLUMENAU

Fotos: Divulgação Prefeitura de Blumenau

FESTAS QUE FOMENTAM O TURISMO E A ECONOMIA

A Magia do Natal se realiza de novembro a dezembro e promove apresentações artísticas e culturais

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turismo sempre foi um dos eixos da economia de Blumenau. Durante muito tempo, a cidade era conhecida como roteiro de compras de artigos de cama, mesa e banho, além da famosa cerveja, herança cultural dos alemães. Com a consolidação das festas de outubro na região, a partir da década de 1980, muitos turistas passam a concentrar suas visitas neste período. A cidade se torna cada vez mais conhecida pela qualidade na organização de eventos e festas. “O turismo blumenauense se reinventa, numa época em que

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a cidade vem também formatando seus roteiros históricos, atrativos naturais, museus e rotas de cervejarias artesanais”, avialia Carlos Tavares D’Amaral, presidente da Associação Comercial e Industrial de Blumenau (ACIB). Os eventos conhecidos como Festas de outubro, tendo a Oktoberfest à frente, sem dúvida, são o maior atrativo turístico hoje da região do Vale do Itajaí. Desde a primeira Oktoberfest, um público total de 20,2 milhões de pessoas visitou a festa e consumiu cerca de 15 milhões de litros de chope. Somente em 2015, foram 470 mil

turistas e 600 mil litros de chope consumidos. Outubro concentra outras festividades importantes no Estado: a Festa Nacional do Marreco – Fenarreco (Brusque), surgiu em 1985 inspirada na Oktoberfest, assim como a Festa do Imigrante (Timbó), a Efapi – feira multissetorial de Chapecó, e a Schützenfest, ou festa dos atiradores, em Jaraguá do Sul, que resgata as tradições germânicas dos clubes de caça. A Oktoberfest de Blumenau foi inspirada na festa alemã, que teve origem em 1810 em Munique. Tudo começou em 12 de outubro da-


Osterbaum, Árvore da Páscoa, é uma das atrações locais

é muito importante para o comércio como um todo. Mas, não é só o dinheiro do turista que devemos levar em conta. Este é sim muito importante, pois aquece as vendas e aumenta a procura por serviços. Entretanto, temos que pensar em toda a geração de empregos que acontece devido à festa, que incrementa a renda de muitas famílias”, avalia o presidente da CDL da cidade, Helio Roncaglio. Em média, a cada ano, são geradas 1,5 mil vagas de emprego temporárias devido ao evento. Para a rede hoteleira, também há reflexos positivos. “Chama a atenção, inclusive, os novos hotéis que estão sendo construídos na cidade além disso, outros estão sendo reformados. Sinal de que o setor vai bem e tem espaço para crescer”, destaca Roncaglio.

A Oktoberfest

Desde a 1ª Oktoberfest, mais de 20 milhões de pessoas visitaram a festa e beberam mais de 15 milhões de litros de cerveja e chope quele ano, quando o rei Luis I, mais tarde rei da Baviera, casou-se com a Princesa Tereza da Saxônia e para festejar o enlace, organizou uma corrida de cavalos. Fez tanto sucesso que a festividade passou a ser anual, com a participação do povo da região. A Oktober ganhou uma nova dimensão em 1840, quando chegou a Munique o primeiro trem transportando visitantes. Com isso, aos poucos, o evento se desenvolveu, ganhando as primeiras barracas de culinária e várias atrações musicais. A cerveja, proibida desde os primeiros anos, só começaria a ser servida em 1918.

Mas nem tudo foi glória na história da festa. Devido às guerras mundiais e à epidemia de cólera, a Oktoberfest de Munique não foi realizada por 25 anos. Contudo, desde 1945 até os dias atuais, ela acontece anualmente, e com números espantosos: 10 milhões de pessoas visitam a cidade a cada edição e consomem cerca de 7 milhões de litros de chope e de cerveja. A edição de Blumenau é considerada a segunda maior festividade alemã do mundo e recebe turistas de todo o Brasil e até do exterior. “O número de visitantes que Blumenau recebe durante a Oktoberfest

A primeira edição, em 1984, durou 10 dias e levou 102 mil pessoas ao antigo Pavilhão A da Proeb – na época, esse público representava metade da população de Blumenau. O consumo de chope alcançou quase um litro por pessoa. Nos anos seguintes, a Oktoberfest despertou o interesse de comunidades vizinhas e de outras cidades brasileiras. O evento cresceu, ocupando dois pavilhões. Já no terceiro ano, foi construído um terceiro pavilhão para abrigar o crescente fluxo de turistas. Até mesmo o conhecido ginásio da cidade, o Galegão, foi utilizado. Desde então, o evento só cresceu e é, hoje, a maior festa alemã do Brasil e o maior evento do calendário cultural de Santa Catarina. Além do chope e da cerveja, os tradicionais atrativos da Oktoberfest, também o folclore, a história e a culinária alemãs são reverenciadas durante a festividade. Há muita música típica, dança e gastronomia, preservando os costumes dos antepassados que chegaram da Alemanha para colonizar as terras da região Sul do Brasil.

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Revista Press Santa Catarina | BLUMENAU

Um dos pontos altos da programação é o Concurso Nacional de Tomadores de Chope em Metro. A disputa ocorre todas as noites, a partir das 21h, com exceção do primeiro e último dia. As inscrições são gratuitas, e podem ser feitas ao lado do palco com a organização até 30min antes do horário de início do concurso. Blumenauenses e turistas com mais de 18 anos podem participar. A regra do concurso é clara: o concorrente que beber um metro de chope (600 ml), em menos tempo, sem babar e tirar a tulipa da boca, vence a competição. O último vencedor do sexo masculino levou menos de 12 segundos – para as mulheres, a campeã mais recente também foi rápida: 13,5 segundos! A festa ocorre no Parque Vila Germânica, construído especialmente para o evento. Neste ano, acontecerá entre 5 e 23 de outubro – serão 19 dias de muita alegria na cidade, com destaque também para os desfiles: serão 68 grupos alemães de folclore ocupando as ruas de Blumenau.

Informações: www.oktoberfestblumenau.com.br

rica programação artística e cultural, palestras e gastronomia. Criado em 2010, costuma ocorrer no mês de março, também no Parque Vila Germânica. Neste ano, 42 mil pessoas participaram do festival. Cerca de 120 cervejarias artesanais estiveram em Blumenau, que recebe ainda exposito-

Informações: https://goo.gl/kLFwO2

Magia de Natal

res de máquinas e equipamentos para a produção da bebida. O apreço pela cerveja é tanto que Blumenau tem, ainda, um museu da cerveja, localizado na Praça Hercílio Luz, no centro da cidade. O local abre todos os dias, com entrada franca.

Informações: www.festivaldacerveja.com

Festival Brasileiro da Cerveja

Osterdorf: Vila de Páscoa

Realizando anualmente, o Festival Brasileiro da Cerveja é o maior do ramo no Brasil. Reúne, em Blumenau, as principais cervejarias do país. Cervejeiros, especialistas e consumidores degustam mais de 600 rótulos e aproveitam uma

Inspirada nas tradições pascais alemãs, a Osterdorf – Vila de Páscoa apresenta atrações interativas e educativas para toda a família. Entre os destaques estão a árvore de Páscoa, ou Osterbaum, que pode ser conhecida em uma ofici-

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na de artesanato para, depois, ser recriada nas residências. A feira de artesanato, aliás, é de uma beleza à parte, com as peças todas feitas a mão.Ainda é comum na Alemanha a pintura de ovos utilizando as mais variadas técnicas. Não poderia faltar, como em toda festa alemã, a gastronomia, com bolos, tortas, cucas, docinhos, geleias, pães e salgados acompanhados de café.

Ocorrendo nos meses de novembro e dezembro, a Magia de Natal promove apresentações artísticas e culturais, fomentando as manifestações natalinas que resgatam os elementos da cultura europeia. Durante o período, blumenauenses e turistas têm acesso gratuito a diversas atrações, como seis desfiles temáticos, autos de Natal, Vila de Natal, cerimônia de acendimento das luzes de Natal na Vila (diariamente às 20h30min), casa e oficina do Papai Noel, entre outras. A festividade se espalha pelos bairros de Blumenau, com apresentações em comunidades previamente escolhidas. Neste ano, a Magia de Natal começa em 11 de novembro e segue até 30 de dezembro – o Parque Vila Germânica concentra a maior parte das atividades da festa. Destaque para a chegada do Papai Noel em um desfile náutico, pelo rio Itajaí-Açú, dia 11 de novembro, às 20h.

Informações: www.magiadenatal.com.br


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Revista Press Santa Catarina | ALEMANHA BRASILEIRA

Foto: Divulgação Prefeitura de Itajaí

O complexo portuário de Itajaí é o terceiro maior do país em movimentação de cargas

I ALEMANHA BRASILEIRA

UM VALE DE

MUITAS HISTÓRIAS 28

Itajaí e Blumenau são as maiores cidades do Vale do Itajaí, caracterizado pela colonização alemã, que levou impulso econômico e desenvolvimento para Santa Catarina a partir de 1850. Entretanto, essa parte do estado de Santa Catarina também é apelidada de Vale Europeu porque muitas cidades receberam, além de pessoas vindas da Alemanha, imigrantes austríacos, poloneses e italianos. A região possui cerca de 1,5 milhão de habitantes, conforme dados do IBGE, distribuídos em 59 municípios. São aproximadamente 105 mil empresas (indústria, comércio e serviços) que empregam 600 mil pessoas. Na economia, destaque para a indústria têxtil, produção de calçados, a atividade pesqueira, os serviços portuários e o turismo. Além de Blumenau, confira mais informações sobre as principais cidades.


Itajaí Segunda maior cidade da região, Itajaí tem no porto sua maior fonte de riqueza. Os caminhões carregados que chegam e saem da cidade levam desenvolvimento para Itajaí, colonizada por imigrantes alemães, italianos e portugueses. Além do porto, a logística e a construção civil são destaques da

economia local. Filiais de indústrias de petróleo, gás e material náutico também operam na cidade, principalmente devido à sua característica portuária. Com 200 mil habitantes, Itajaí ainda é conhecida pelas riquezas históricas, culturais e tradicionais. Durante o ano, a cidade mantém a tradição de festas típicas, que oferecem gastronomia, cultura e entretenimento aos habitantes e também aos turistas.En-

tre elas, destaque para a Marejada – ela ocorrerá entre os dias 10 e 15 de novembro, na Vila da Regata. A programação enaltece a pesca e as tradições do mar, com shows, desfile náutico e culinária portuguesa.No turismo rural, são atrações o Bico do Papagaio e o Parque Natural da Atalaia, entre outros. Esportes ao ar livre, como caminhadas, surfe, cicloturismo, voo ao ar livre e trilhas também atraem turistas para Itajaí.

Brusque

Foto: Divulgação Prefeitura de Brusque

O amplo parque têxtil e as muitas lojas de confecções fazem de Brusque o destino mais procurado de Santa Catarina quando o assunto é comprar artigos de cama, mesa, banho e vestuário. A indústria têxtil, principal fonte de renda do município, tem origem na tecelagem trazida pelos imigrantes alemães e poloneses, as principais etnias que ergueram a cidade. A religião, a arquitetura, a gastronomia e as festividades reúnem as influências dos imigrantes italianos e, principalmente, dos alemães. O marreco com repolho roxo, prato muito apreciado na culinária local, resultou em uma grande festa: a Fenarreco. Anualmente, o evento leva milhares de visitantes a Brusque no mês de outubro. Além da gastronomia, muito chope, música e desfiles animam os turistas. As confeitarias e padarias da cidade, de 120 mil habitantes, produzem outros quitutes, como doces de origem alemã, como a cuca. Brusque abriga o segundo santuário católico mais importante de Santa Catarina, dedicado a Nossa Senhora de Azambuja.

A indústria têxtil é a principal fonte de renda de Brusque

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Revista Press Santa Catarina | ALEMANHA BRASILEIRA

Rio do Sul Com 70 mil habitantes, Rio do Sul teve sua colonização iniciada na metade do século XIX, por iniciativa do Dr. Hermann Blumenau, o mesmo que dá nome à maior cidade do Vale do Itajaí. A cidade foi emancipada de Blumenau em 1930. Na economia, assim como em boa parte da região, a indústria têxtil se sobressai – principalmente as fábricas de jeans. Situada entre a Serra do Mar e a Serra Geral, Rio do Sul tem na natureza alguns dos seus maiores atrativos: são diversas cachoeiras, rios e montanhas que podem ser explorados de bicicleta ou a pé. A cidade também preserva suas tradições em festas como a Kegelfest, Festa Nacional do Bolão e a Anima Italiana.

Pomerode A nome já diz tudo: esta pequena cidade tem, na sua história, a herança cultural dos primeiros imigrantes vindos da Pomerânia – região entre a Polônia e o Norte da Alemanha. O estilo enxaimel de arquitetura, por exemplo, está representado em mais de 300 casas – é o munícipio fora da Alemanha com o maior número de construções neste estilo. A gastronomia típica relembra o legado dos colonizadores: destaque para o joelho de porco (eisbein), a bisteca (kassler) e o marreco recheado. A educação e a economia são os atuais destaques do município, com 30 mil moradores, emancipado de Blumenau em 1959. De acordo com dados do IBGE, Pomerode desfruta de um índice invejável de alfabetização de 98,2%. A diversificação da indústria (principalmente têxtil e metalúrgica) garante empregos e qualidade de vida aos cidadãos do município. Pomerode tem muitos corais e 15 clubes de caça e tiro, também reflexo da colonização europeia.

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Rio do Sul emancipou-se de Blumenau em 1930

Balneário Camboriú Localizada 80 km ao Norte da Capital, Balneário Camboriú disputa com Florianópolis os turistas mais endinheirados que buscam as paradisíacas praias do Estado para relaxar. A famosa praia Central abriga alguns dos edifícios mais altos e luxuosos do Brasil. A cidade foi colonizada por portugueses a partir de 1758, mas foi no século XIX, na década de 1920, que os descendentes de alemães – moradores de Blumenau – co-

meçaram a procurar Camboriu para o lazer. Foram os alemães do Vale de Itajaí que introduziram o hábito de ir à praia como diversão. Até então, aproveitar o mar era considerado imoral ou uma ofensa pelos colonos locais. Só se entrava na água para pescar ou para tratamento medicinal. Com mais de 100 hotéis espalhados pela cidade, muitos restaurantes, bares e baladas, Balneário Camboriu tem no turismo sua maior fonte de receita. São oito praias, que passam a maior parte do veraneio lotadas de brasileiros e turistas do Mercosul.


LOGÍSTICA

INFRAESTRUTURA -Cais: 1.035 metros, com 4 berços de atracação

PARA ESCOAR A PRODUÇÃO

quadrados Até julho de 2016, Itajaí respondeu por 87% das exportações catarinenses – foram US$ 3,7 bilhões em vendas, com destaque para carne de frango, fumo, madeira e equipamentos eletrônicos. Quinto maior município catarinense em exportações, com vendas de US$ 465 milhões, Blumenau também utiliza Itajaí como principal porto para escoar seus produtos. Com o fluxo intenso de negócios, o complexo portuário espera por investimentos para ampliar a capacidade. Em julho, uma comitiva do porto esteve em Brasília buscando a liberação de R$ 220 milhões – o porto também pretende lançar, ainda em 2016, a licitação para as obras da segunda etapa dos novos acessos aquaviários. A obra possibilitará ao complexo operar navios com até 366 metros de comprimento e 52 metros de boca. A primeira parte, que permitirá operações com navios de até 335 metros de comprimento e 48 de boca, está em andamento e é custeada pelo governo do Estado, com investimentos de cerca de R$ 105 milhões.

-Área total: 2,78 milhões de metros quadrados (inclui Itajaí e Navegantes). -Armazenagem: 212 mil metros quadrados divididos em 22 armazéns.

MOVIMENTAÇÃO - 6,6 milhões de toneladas - 354 mil contêineres - 504 navios - Responde por 87% das exportações de SC

EXPORTAÇÃO* (TOTAL US$ 3,7 BILHÕES)

PRINCIPAIS PRODUTOS Carne de frango: US$ 1,2 bilhão

Carnes em geral: US$ 695 milhões

Mecânicos/eletrônicos: US$ 629 milhões

Madeira e derivados: US$ 585 milhões

Fumo: US$ 222 milhões

IMPORTAÇÃO* (TOTAL US$ 2,9 BILHÕES)

PRINCIPAIS PRODUTOS Mecânicos/eletrônicos: US$ 995 milhões

Plásticos e borrachas: US$ 593 milhões *2016 – até julho

Têxteis: US$ 519 milhões

Produtos químicos: US$ 404 milhões

Alimentos em geral: Foto:

L

ocalizada na mesma região de Blumenau, a vizinha Itajaí deve muito da sua economia ao grande porto que responde por boa parte das exportações de Santa Catarina. Na verdade, trata-se de um complexo, constituído pelo Porto Público de Itajaí e demais terminais portuários instalados nas margens direita e esquerda da Foz do Rio Itajaí. Existem, ainda, instalações de apoio logístico também em Navegantes. O Complexo Portuário do Itajaí é hoje a principal opção para os exportadores e importadores que operam em Santa Catarina e também se destaca entre os maiores portos brasileiros. Entre as vantagens, estão localização estratégica, moderna infraestrutura e mão de obra qualificada. O Complexo Portuário do Itajaí está no centro de um dos principais entroncamentos rodoviários do Sul do Brasil, distante poucos quilômetros das rodovias BR-101 e BR-470. Atualmente, o complexo é o 3º maior do Brasil em movimentação de carga e o 1º porto brasileiro em capacidade de armazéns para cargas refrigeradas.

-Pátios: 80 mil metros

US$ 167 milhões

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Revista Press Santa Catarina | NEGÓCIOS

NEGÓCIOS

FOMENTO À COMPETITIVIDADE

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iversas iniciativas, tanto do governo do Estado quanto do setor privado, contribuem para tornar Santa Catarina um dos mais Estados com ambiente de negócios mais atrativo. Seja respeitando as diferenças regionais quanto à vocação econômica ou liderando com as menores taxas de desemprego e violência do Brasil, o fato é que a forte competitividade catarinense é uma realidade. Recentemente, o governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual da Fazenda, criou um Índice de Competitividade Regional (ICR-SC). O levantamento abrange 36 unidades administrativas regionais e leva em conta uma série de 66 indicadores identificados em 10 fatores de competitividade: educação básica, educação superior, saúde, mercado de trabalho, sustentabilidade social, sustentabilidade ambiental, infraestrutura, tamanho da economia, solidez fiscal e segurança pública. Conforme o indicador, a Grande Florianópolis é a região mais competitiva do Estado (ICR-SC 7,03), seguida por Blumenau (6,59), Jaraguá do Sul (6,32) e Joinville (6,07). Quanto mais perto de 1, maior a competitividade da região. Segundo a SEF, o objetivo é fornecer subsídios às políticas públicas do Estado, identificando as vocações regionais. “Santa Catarina é um estado com polos de desenvolvimento regional e uma economia bastante diversificada. Abrigamos desde seto-

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res tradicionais, como o têxtil, até segmentos em ascensão como biotecnologia. Nossa capacidade de atrair negócios é incrível”, avalia o secretário estadual da Fazenda, Antonio Gavazzoni. Ele destaca a logística privilegiada, com seis portos marítimos, e a qualidade da mão-de-obra local. O governo também tem se empenhado para tornar o ambiente favorável aos negócios. “Entre eles, destaco o fato de não aumentarmos impostos, ao contrário de outros 21 estados brasileiros. Temos certeza que quando a crise passar, receberemos muitos investimentos porque seremos o Estado mais competitivo do Brasil”, ressalta, em tom positivo, o secretário. O caos econômico que atingiu o País acabou por destacar Santa Catarina entre os demais Estados por conta da disciplina fiscal. Apesar de questões como queda na arrecadação, as finanças públicas ainda estão em dia perto de situações vividas por outros estados. “Além disso, os investimentos seguem em andamento, graças ao Pacto por Santa Catarina, e o Fundo de Apoio aos Municípios repassou mais de R$ 600 milhões de reais, concedendo apoio que se revelou fundamental aos 295 munícipios do Estado”, conta Gavazzoni. Em junho passado, o governo inaugurou em Lages o primeiro dos 13 Centros de Inovação e Tecnologia que serão construídos em Santa Catarina para promover a competitividade e fomentar negó-

cios na economia regional. Batizada de Orion Parque Tecnológico, a estrutura de Lages conta com investimentos de R$ 6,5 milhões. Já para a construção do conjunto de centros, serão destinados R$ 50 milhões do programa Pacto por Santa Catarina. Quando o assunto é emprego, novamente os catarinenses se destacam positivamente. Dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad), divulgada pelo IBGE fim de agosto, apontam que Santa Catarina registrou a menor taxa de desocupação do País no segundo trimestre deste ano, com o índice de 6,7%. No Brasil, a média ficou em 11,3%. Também em relação ao segundo trimestre de 2016, o percentual de empregados no setor privado com carteira de trabalho nas grandes regiões ficou em 77,3% na média nacional. Santa Catarina, por outro


Índice de Competitividade Regional (ICR-SC) de 0 a 1

1) Florianópolis: 7,03

2) Blumenau: 6,59 3) Jaraguá do Sul: 6,32 4) Joinville: 6,07 5) Concórdia: 5,48 6) Itajaí: 5,48 7) Cricima: 5,35 8) Brusque: 5,27 9) Chapecó: 5,27 10) Videira: 5,12

O governo de SC criou um índice de competitividade abrangendo 36 unidades administrativas regionais e leva em conta uma série de 66 indicadores identificados em 10 fatores, que vão desde a educação básica até a sustentabilidade ambiental e a infraestrutura, passando por solidez fiscal e segurança pública.

lado, teve o melhor resultado, com 89,7%, seguido pelo Distrito Federal (86,2%) e Rio de Janeiro (85,7%), enquanto Maranhão (51,8%), Piauí (52,3%) e Pará (57,4%) apresentaram os menores indicadores. “Santa Catarina foi o último Estado a entrar na crise e será o primeiro a sair; por isso estamos com um dos melhores desempenhos em ocupação e uma boa taxa de empregos na iniciativa privada. Outro item que ajudou é que o estado tem equilíbrio da economia por conta da diversificação dos setores”, destaca o secretário do Trabalho, Geraldo Althoff. O estado ocupa a última posição (27º) no ranking da violência divulgado pelo Mapa da Violência 2016, estudo coordenado pelo pesquisador Júlio Jacob Walselfisz, da Flacso (Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais). O Brasil registrou 57 mil homicídios em 2015. O levantamento usou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme o mapa, apenas três estados - Santa Catarina, São Paulo e Roraima - apresentam taxas abaixo dos dez óbitos por armas de fogo para cada cem mil habitantes; em Santa Catarina, foram 7,5 mortos para cada grupo de cem mil habitantes. Alagoas lidera, com taxa de 56,1 mortos. O estudo aponta uma média nacional de 29 mortes a cada grupo de cem mil pessoas. Outro item que fomenta a competitividade regional é uma parceria com o Banco Mundial voltada para o agronegócio. Desde 2011, o estado desenvolve o programa SC Rural, programa de fomento que segue até 2017. A iniciativa destina recursos a empreendimentos da agricultura familiar, mediante contrapartida dos beneficiários. Nestes cinco anos como SC Rural, o programa já aplicou cerca de R$ 600 milhões para projetos que melhorem a produtividade da agricultura familiar nos meios rural e pesqueiro, beneficiando 11 mil famílias em todo o Estado.

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Revista Press Santa Catarina | TECNOLOGIA

TECNOLOGIA

A INDÚSTRIA DO

FUTURO S

anta Catarina se consolida como um dos mais importantes polos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) do Brasil. De acordo com levantamento da Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia (Acate), o setor, com faturamento de R$ 12 bilhões ao ano, já representa 5% do PIB estadual. Destaque para os polos de Florianópolis, Blumenau e Joinville. O presidente da Acate, Daniel Leipnitz, salienta que o Estado concentra 2,9 mil empresas do setor com 47 mil funcionários. Florianópolis é a cidade-líder dos polos tecnológicos da região Sul e terceiro do Brasil em faturamento médio, logo seguido de Blumenau (5ª) e Joinville (6ª). “Essa mudança grande ocorreu nos últimos 30 anos. Hoje, a arrecadação de Florianópolis com o segmento de tecnologia é quatro vezes maior que com o turismo”, avisa Leipnitz. A capital abriga mais de 900 empresas de TIC, com R$ 4,5 bilhões em receita.

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Nas últimas décadas, Florianópolis registrou uma renovação do seu perfil econômico. Sem grandes indústrias, a Capital catarinense encontrou no setor de tecnologia da informação e comunicação uma atividade econômica que se identificou com o perfil da cidade, respeitou os elementos naturais da Ilha e se tornou um importante componente para o desenvolvimento local. Boa parte das companhias conta com mão-de-obra de fora do Estado, mas também com muitos colaboradores oriundos de Santa Catarina. Segundo Leipnitz, ao longo dos últimos anos, alguns pontos estruturantes foram trabalhados para fomentar o capital humano no Estado para a tecnologia da informação. Primeiro, foi feito um mapeamento junto às empresas para identificar quais profissionais eram necessários, que tipo de competências e de conhecimento seriam úteis para o desenvolvimento do setor. Após, este levantamento foi repassado às universidades locais que

promoveram uma adequação dos currículos de tecnologia. “O governo também se envolveu criando o Geração Tec, programa que oferece cursos em várias regiões para capacitar mão-de-obra”, conta o executivo da Acate. A tecnologia, como segmento produtivo, funciona nos moldes de um ecossistema interligado. Para criar condições de crescimento, esse ecossistema deve estar muito bem sintonizado. No caso de Florianópolis, Leipnitz destaca que a região tem 15 universidades e mais 10 centros de pesquisas. Também dispõe de escritórios de advocacia e de contabilidade capacitados, devido às necessidades legais e financeiras. “Os fundos de investimentos, como promotores do crescimento, e as incubadoras tecnológicas, essenciais para pesquisa, completam o ecossistema”, avisa ele. Tudo isso resultou em peculiaridades que contribuem para o sucesso do setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) de SC. O perfil das empresas, por exemplo, é


Hoje, a arrecadação de Florianópolis com o segmento de tecnologia é quatro vezes maior que com o turismo. A capital abriga mais de 900 empresas de TIC, com R$ 4,5 bilhões em receita.

Foto:

formado, em maioria, por companhias criadas por empreendedores locais. Há casos, também, de multinacionais como a T-Systems e a Philips, ambas com unidades em Blumenau, que fomentaram a capacitação de mão-de-obra local e não, apenas, importaram colaboradores para trabalhar na região. Alguma das mais famosas e capacitadas start ups brasileiras da atualidade são catarinenses. O conceito, surgido na década de 1980 nos Estados Unidos, é aplicado a negócios de pequeno porte, recém-criados ou em fase de constituição, com atividades ligadas à pesquisa e desenvolvimento. Essas jovens empresas têm a inovação como principal característica e não têm medo de arriscar. Geralmente iniciam tendo baixos custos e com uma equipe bem enxuta. Mas, com o tempo, podem valer bem mais. Joinville, neste ponto, tem se mostrado um celeiro de start ups de sucesso. Caso da Conta Azul, que já tem valor de mercado de R$ 1 bilhão, conforme a revista Forbes. A empresa criou um software de gestão financeira online que se tornou sucesso no mundo corporativo. São quase 300 mil clientes hoje. A Asaas (gestão de pagamentos bancários) é outro exemplo. Recebeu investimento de R$ 2 milhões de um fundo de investimento e conta, hoje, com mais de mil clientes e fatura R$ 30 milhões por ano. Outra startup, Meus pedidos, também oriunda de Joinville, oferece soluções de pedidos e entregas via tablets e smartphones. Com investimento de R$ 5 milhões via fundo de investimento, a companhia já tem 45 funcionários e 4 mil clientes no Brasil.

Incubando o conhecimento Criada pelo Sebrae-SC em parceria com a Acate, em 1998, a incubadora MIDI Tecnológico auxiliou na maturação de 100 negócios inovadores e foi responsável pela

Santa Catarina concentra 2.9 mil empresas de tecnologia, que absorvem 47 mil funcionários

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Revista Press Santa Catarina | TECNOLOGIA

José Rizzo Hahn Filho, presidente da ABII e da Pollux Automation formação de 13% das empresas que compõem hoje o polo tecnologia de Florianópolis, onde está localizada a incubadora. Três objetivos norteiam o funcionamento das incubadoras: o impacto social, o desenvolvimento de um ecossistema empresarial e o incentivo ao empreendedorismo e à inovação. Conforme pesquisa feita pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) em todo o Brasil, as empresas apoiadas por essas instituições têm um faturamento maior do que R$ 15 bilhões e geram cerca de 53 mil empregos. No caso do MIDI, o cenário também é positivo. As 22 empresas incubadas do MIDI Tecnológico em 2015 registraram um faturamento bruto de cerca de R$ 5 milhões e geraram mais de 100 postos de trabalho no ano. Para Daniel Leipnitz, presidente da Acate, a relevância da incubadora para o setor tecnológico e economia local passa pela geração de empregos qualificados e fortalecimento do polo da Grande Florianópolis. “O MIDI vem desempenhando um importante papel na medida em que investe no desenvolvimento de novos negócios de

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impacto, que ajudam na construção do ecossistema inovador da região”, explica. A incubadora funciona, ainda, como um reflexo do que é feito na região. Com a consolidação do MIDI nos últimos 18 anos, o número de parceiros e investidores ligados à instituição aumentou, ampliando também a visibilidade e as oportunidades oferecidas para as incubadas. Uma pesquisa realizada com 46 empresas nascentes que integram o MIDI aponta que foram conquistados 20 prêmios, 78 seleções em programas de empreendedorismo e inovação, e seis fusões.

Geração inovadora Lançado em 2011 pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), o programa Geração TEC apoia as empresas de tecnologia do Estado na formação profissional, com o objetivo de atender às demandas do mercado e oferecer profissionais qualificados na área de TIC. O projeto oferece cursos gratui-

tamente para jovens acima de 17 anos, com ensino médio completo ou que estejam cursando o último ano. Os alunos têm cursos em diversos áreas da tecnologia, como Suporte/Help Desk, PHP, Java WEB, JavaScript, Marketing Digital, .NET, Redes Sociais, de Gestão Empresarial e de Formação para microempreendedores individuais (MEIs). Desde 2011, os cursos do Geração TEC formaram o equivalente a 30% do total de profissionais da TI catarinense.São 6.156 egressos em cursos de formação profissional e gestão empresarial. Apenas em 2015, o Geração TEC colocou no mercado 1.383 pessoas - foram 49 turmas realizadas em 16 cidades catarinenses. Em Blumenau, por sua vez, o projeto Blusoft é voltado para jovens com idade entre 16 e 29 anos interessados em ingressar no mercado de tecnologia. O treinamento de até 400 horas é totalmente gratuito para o aluno, incluindo material didático e vale-transporte. O público-alvo são os jovens que estejam frequentando ou tenham concluído o ensino médio, residentes em Blumenau ou cidades vizinhas. Conforme informações do Blu-


Polo de Tecnologia de Santa Catarina Faturamento R$ 12 bilhões (5% do PIB estadual) - 2.900 empresas - 47 mil funcionários - Principais cidades:

Florianópolis, Blumenau e Joinville

soft, a Tecnologia da Informação está entre os setores que mais empregam em Blumenau. Nos últimos cinco anos, o volume de vagas nas empresas do setor cresceu 25%, passando de 5,5 mil em 2009 para cerca de 7 mil vagas em 2014 – no município e no Vale do Itajaí. Cerca de 60% destes empregos estão na área de desenvolvimento e programação, que oferecem os salários mais altos.

Robôs na linha de produção Santa Catarina ganhou mais um impulso, em agosto, para o setor de Tecnologia da Informação. Foi criada a Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), com sede em Joinville. A iniciativa é da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) mais a Pollux Automation e a Embraco, companhias sediadas na cidade catarinense. A associação pretende congregar empresas de base tecnológica, indústrias e instituições de ensino, fomentando a geração de tecnologias integradas e inovadoras, de maneira a inserir o Brasil na mais recente fase da revolução industrial. A chamada Internet industrial, ou indústria 4.0, são alguns dos no-

mes dados a um novo conceito econômico, que utiliza hiperconectividade, inteligência artificial, elevado grau de digitalização e de sensoriamento, avanço do Big Data, entre outros. A associação desses elementos no processo produtivo promove mudanças nos modelos de negócios, permitindo avanços como customização em massa de produtos e mudanças na forma e padrão de consumo. Para o presidente da Fiesc, Glauco Côrte, trata-se de uma nova fase de Revolução Industrial, com uma disruptura do modelo de produção atual. Para isso, o desafio é “continuar investindo na formação e capacitação de trabalhadores para uso dessas novas tecnologias, além de reforçar os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, apoiando o industrial no entendimento das mudanças em curso”. Há empecilhos e desafios no caminho do Brasil, conforme o dirigente. Ele salientou a necessidade de ampliar a “infraestrutura digital, já que a infraestrutura de telecomunicações é uma grande barreira; capacitar profissionais, seguramente o principal desafio, e criar linhas de financiamento adequadas ao desenvolvimento”. A ABII tem como primeiro presidente José Rizzo Hahn Filho, criador e líder da Pollux Automation, uma das companhias que mais investem em TI na região de Joinville. De acordo com ele, a internet industrial é fomentada por três fatores centrais. Um deles é a disseminação de máquinas cada vez mais inteligentes, com capacidade de percepção, que “sentem” o que está acontecendo. O aumento da conectividade dos sensores e das máquinas, promove ampla comunicação, gerando uma infinidade de dados. O segundo fator citado por Rizzo são softwares de análise avançada, ou big data, que tomam ou melhoram as decisões. O terceiro elemento, segundo Rizzo, são as pessoas, que participam do processo na sua elaboração e com os benefícios que o fenômeno proporciona.

Segundo o presidente da ABII, o Brasil precisa correr para não ficar para trás. Em palestra, ele salientou que o País tem uma defasagem de 200 mil equipamentos em relação à Alemanha – se referindo a robôs colaborativos na indústria como forma de aumentar a competitividade.

Daniel Leipnitz, presidente da ACATE Rizzo defende mudanças na legislação de maneira a permitir a presença de robôs colaborativos. Segundo ele, em 2018, a China deverá totalizar 614 mil robôs industriais, a Coreia chegará a 279 mil, os Estados Unidos, Canadá e México terão 323 mil, a Alemanha, 216 mil equipamentos, e o Brasil deverá ficar em 18 mil. “Nessa proporção, o Brasil terá 10 robôs para cada 10 mil trabalhadores, enquanto a Coreia totalizará uma densidade de 478 equipamentos para o mesmo número de trabalhadores”, completa. A criação da ABII foi inspirada no Consórcio de Internet Industrial (IIC, na sigla em inglês), implantado em 2014 nos Estados Unidos pela AT&T, IBM, GE e Intel, e do qual a Pollux é uma das duas empresas brasileiras presentes. O consórcio, que tem a mesma finalidade que a ABII, já conta com cerca de 250 associados de mais de 30 países.

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Revista Press Santa Catarina | INDÚSTRIA

INDÚSTRIA

LUXO PARA POUCOS

C

om 30 mil habitantes, Araquari tinha nas vizinhas Joinville e Jaraguá do Sul (duas das mais importantes cidades de Santa Catarina) a fonte de emprego e renda para boa parte de sua população até outubro de 2014. O município era conhecido como Capital do Maracujá, devido à grande produção da fruta. Isso mudou quando o BMW Group inaugurou em Araquari, naquele mês, uma das mais modernas fábricas de automóveis da marca no mundo. Quase dois anos depois e mais de 200 milhões de euros investidos (cerca de R$ 800 milhões), a unidade começou a produzir o sexto modelo em solo brasileiro, exporta parte de sua produção e continua apostando no crescimento do segmento premium de veículos a médio prazo. O BMW X4 é um crossover médio com motor de quatro cilindros e 245 cv de potência. Até então importado, o modelo deve chegar ainda neste ano às concessionárias BMW pelo valor de R$ 300 mil, o mesmo preço do produzido no exterior. “Temos muito orgulho em fabricar automóveis BMW em solo brasileiro e com os mesmos padrões de qualidade e alta tecnologia empregados em diferentes fábricas do BMW Group espalhadas pelo mundo”, informa Helder Boavida, presidente e CEO do BMW Group Brasil. Com a produção local do BMW X4, a expectativa é de que as ven-

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das do modelo atinjam 45 unidades/mês até o fim deste ano, registrando um crescimento de 50% nos emplacamentos. Além do X4, a fábrica de Araquari produz os modelos BMW Série 1, BMW Série 3, BMW X1, BMW X3 e MINI Countryman são produzidos em solo nacional. Até julho, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), a BMW liderou as vendas no segmento de veículos premium, com 7,2 mil unidades emplacadas. Atrás dela vêm Audi (com 6,9 mil veículos) e Mercedes-Benz (6,1 mil). Mesmo assim, quando comparado ao ano passado, o momento atual é de redução - no caso específico da BMW, o volume de 2016 é 26% menor ao comercializado de janeiro a julho de 2015 (9,9 mil veículos). Novamente, o índice está na média da retração verificada no mercado automobilístico nacional neste ano. A incerteza no cenário não preocupa a empresa, que inclusive contratou mais colaboradores. São cerca 1 mil trabalhadores no complexo – parte deles, cerca de 300, se dedicam à fabricação do BMW X1, modelo vendido para o mercado norte-americano desde julho passado. A proposta de produzir e exportar o novo BMW X1 para os EUA surgiu por conta do aumento expressivo da demanda pelo modelo naquele país – hoje, parte do mercado norte-americano é abas-


tecido pela fábrica da BMW em Regensburg, no sul da Alemanha. A expectativa da BMW é encerrar 2016 com uma produção total de 16 mil unidades, incluindo todos os modelos produzidos – o que equivale à metade da capacidade da fábrica, de 32 mil veículos por ano. A ociosidade fica perto da média registrada pela indústria automotiva hoje, conforme dados do setor.

A fábrica de Araquari Investimento: 200 milhões de euros Área total: 1,5 milhão de metros quadrados (500 mil m² de área construída) Capacidade para 30 mil veículos por ano Cerca de 1 mil trabalhadores

Modelos produzidos: São 6: BMW Série 4, BMW Série 3, BMW Série 1, BMW X1, BMW X3 e MINI Countryman

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Revista Press Santa Catarina | PESCA

PESCA

RIQUEZA QUE VEM

DAS ÁGUAS C

om 532 quilômetros de litoral, Santa Catarina tem na atividade pesqueira e na maricultura uma importante fonte de renda. Segundo o oceanógrafo Sérgio Winckler da Costa, gerente de Pesca e Aquicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), o segmento de aquicultura e de atividades ligadas ao mar pode ser dividido em vários subtipos, como pesca artesanal, pesca industrial, piscicultura de água doce e salgada, além de maricultura. A piscicultura envolve 30 mil famílias produtoras em todo o Estado – cerca de 24 mil atuando na pesca artesanal e o restante na pesca industrial. A maricultura, por sua vez, que inclui o cultivo de moluscos como ostras e mexilhões, gera riqueza para cerca de 2 mil produtores em Santa Catarina. A piscicultura estadual gera 40 mil toneladas anuais de peixes, enquanto a maricultura alcança 20,4 mil toneladas.

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Há diferenças técnicas quanto ao modo de produção. Enquanto a pesca apenas extrai o pescado (camarões, peixes, moluscos etc) do ambiente natural por meio de grupos de pescaria (pescadores especializados em um determinado produto), a aquicultura cultiva os produtos aquícolas desde suas formas jovens até a adulta, ou, como é tecnicamente colocado, até o peso-mercado. De acordo com a Epagri, os cultivos podem ser feitos diretamente no mar, nos rios, nos lagos, nas represas ou dentro de propriedades rurais, conforme o produto trabalhado. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), alguns estados se destacam na produção de peixes de água doce, como São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Rondônia e Santa Catarina, nesta ordem. Uma característica de Santa Catarina é ter inverno com frio bastante acentuado, principalmente

nas regiões altas. Isso limita a produção de diversas espécies de peixes nessas áreas, como a tilápia, onde sua produção fica limitada ou mesmo inviabilizada em baixas temperaturas. Assim, a safra catarinense de tilápia (a espécie mais produzida no Estado) fica limitada ao período de outubro a março. O peixe responde por 67% do volume da piscicultura de Santa Catarina. A Epagri identificou uma tendência: a criação de frigoríficos especializados no abate de peixes de água doce, sejam de grande ou pequeno porte. Normalmente, são empresários que tomam a dianteira, e o número de abatedouros tem crescido. Contudo, como a atividade pesqueira carece de estudos necessários sobre sua viabilidade econômica, muitos empreendimentos têm problemas de caixa. Se isso for bem equacionado, este tipo de negócio tem boas chances de se manter. Conforme Winckler, a empresa atua na pesquisa de tecnologias de cultivo tanto para maricultura como para piscicultura e também na assistência técnica, com realização de cursos e treinamentos para produtores. Outra área é o ordenamento da atividade de maricultura, buscando a legalização da atividade. “É possível aumentar a produtividade. Na piscicultura a Epagri trabalha com pesquisa em melhoramento genético da tilápia e do jundiá, buscando o aumento do rendimento destas espécies. Na assistência técnica, busca-se trans-


Piscicultura Catarinense em 2015

Foto:

40toneladas mil de peixes (5º maior produtor do Brasil)

Tilápia responde pela maior parte (67%) Receita:

R$ 183 mi.

Moluscos: 20,4 mil toneladas (líder nacional, responsável por 98% da produção)

Mexilhões: 17 mil toneladas

Ostras: 3 mil toneladas

Vieiras: 38 toneladas

A Maricultura envolve 2 mil produtores em Santa Catarina

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Revista Press Santa Catarina | PESCA

formar piscicultores amadores em profissionais com a difusão de tecnologias que permitem aumentar muito a produtividade”, destaca o oceanógrafo. Na maricultura existem pesquisas para a mecanização dos cultivos e também para o cultivo de espécies alternativas, como peixes marinhos e macroalgas.

Da concha para a mesa Em 2015, a produção de moluscos (mexilhões, ostras e vieiras) alcançou 20,4 mil toneladas em Santa Catarina. A riqueza gerada somou cerca de R$ 79 milhões – o Estado é o maior produtor nacional, com 98% do total. A cadeia produtiva tem, diretamente, 572 maricultores - os produtores estão organizados em 21 associações municipais e 1 estadual, 1 cooperativa e 2 federações, distribuídos em 12 municípios do litoral, compreendidos entre Palhoça e São Francisco do Sul. Dados da Epagri mostram que o número total de trabalhadores envolvidos diretamente na cadeia produtiva de moluscos, em 2015, somou 2.315 pessoas. Deste total, cerca de 17 mil toneladas são de mexilhões. A maior parte da produção está concentrada nos municípios de Palhoça, Penha e Bombinhas. As ostras somaram 3 mil toneladas, com destaque para os municípios de Florianópolis, Palhoça e São José. Segundo a Epagri, a produção de ostras já foi 17% maior. O hábito alimentar de consumir ostra viva restringe o comércio do molusco, que deve ser consumido em até 4 dias quando mantido sob refrigeração. O comércio brasileiro de ostra viva é praticado, principalmente, como como destino final restaurantes. As possibilidades de venda são restritas, o que aumenta a concorrência entre os produtores. Com isso, o valor de venda diminui e atinge valores próximos ao custo de produção, o que torna a ativida-

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de pouco atrativa, de acordo com informações da Epagri. Do lado oposto, um molusco pouco conhecido tem chamado a atenção, justamente por sua apreciação em restaurantes de maior poder aquisitivo. A produção de vieiras, que era de 5 toneladas em 2012, alcançou quase 38 toneladas no ano passado. Santa Catarina tem apenas oito produtores de vieiras, localizados em Florianópolis, Penha e São José. O molusco tem grande vantagem competitiva quanto ao preço: enquanto uma dúzia de ostras é comercializada a R$ 7,50, a dúzia de vieiras chega a custar R$ 28,00. Apesar de Santa Catarina liderar o ranking da produção nacional de

moluscos, apenas 30% da capacidade total dos parques aquícolas já licitados está sendo explorada o potencial de produção é de 71 mil toneladas por ano (quase três vezes a atual). Uma preocupação constante é a qualidade dos moluscos. A exemplo do que ocorre em outros países, grandes produtores e consumidores exigentes de mexilhões, ostras e vieiras, o Estado desenvolve um protocolo de estudo ambiental que envolve a coleta de dados em campo e o uso de ferramentas para a simulação da dinâmica de dispersão de poluentes. O objetivo é garantir a sanidade da produção de acordo com as exigências internacionais.

A psicultura em Santa Catarina beneficia 30 mil famílias

A indústria da pesca catarinense movimenta 40 mil toneladas anuais de peixe


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Revista Press Santa Catarina | EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO

UMA DAS MELHORES DO

S

anta Catarina tem dados educacionais que fazem do Estado um dos melhores do Brasil neste quesito. Na avaliação mais recente do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), calculado pelo Ministério da Educação, o Estado é destaque no ensino fundamental: nas séries iniciais (1ª a 5ª), o Ideb é segundo mais alto do país, com 6,3; já nas séries finais (6ª a 9ª), tem o Ideb mais elevado, com 5,1. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado pelo Ministério da Educação em 2007 e reúne, em um só indicador, dois conceitos importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. O Ideb é divulgado a cada dois anos. A escala vai de 0 a 1. O Ideb é calculado a partir dos dados sobre aprovação, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho em avaliações do ministério e dos estados. A meta nacional, até 2022, é um Ideb de 6 para todos os Estados. Diversas ações ajudam a qualificar o ensino catarinense. Uma delas é o Programa Estadual Novas Oportunidades de Aprendizagem (Penoa). Desenvolvido desde 2014, o programa prevê reforço escolar no contraturno.Nos anos iniciais, em um trabalho feito em conjunto com os municípios, SC continua

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tendo resultados positivos e segue nas primeiras posições em relação ao restante do Brasil. O planejamento da Secretaria Estadual da Educação é ambicioso. Até 2021, quer alcançar um Ideb de 6,4 geral, mesmo patamar de países desenvolvidos. Caso consiga, será o primeiro do Brasil a conseguir este nível.O trabalho pela frente é grande. A rede pública de educação, incluindo escolas de ensino fundamental e médio, soma 1.080 colégios. São 533 mil alunos matriculados. Os docentes alcançam 71 mil – entre eles, os inativos. A Secretaria da Educação realiza seminários de atualização curricular, com envolvimento direto de 250 profissionais e interação com mais de 100 mil pessoas. Com foco na educação básica, a proposta é de alfabetizar todos os alunos até os seis anos de idade. A maior preocupação, tanto em nível estadual quanto no Brasil, é o ensino médio, que segue com baixo desempenho – em Santa Catarina, o Ideb deste nível somou apenas 3,8 – e ainda é dos melhores do Brasil. Para o ensino médio, uma das apostas é atender 50% dos alunos até 2020 em conteúdos voltados à tecnologia e inovação. Atualmente, são 25 mil estudantes participando do programa em 160 escolas. No ensino médio profis-

Foto: Jair Kint/UFSC

BRASIL


sionalizante, a meta é elevar dos 20% atuais para 30% de estudantes atendidos até 2020.

Gratuito e de qualidade

Rede pública de ensino Escolas de ensino fundamental e médio: 1.080 Alunos: 533 mil Professores: 71 mil (inclui inativos) Dados IDEB (escala de 0 a 1) Ensino Fundamental (anos iniciais) Santa Catarina: 6,3 Ensino Fundamental (anos finais) Santa Catarina: 5,5 Ensino Médio Santa Catarina: 3,8

Rede pública de educação em SC soma 1.080 estabelecimentos de ensino, com 533 mil alunos matriculados

Santa Catarina possui um dos maiores cursos preparatórios para o vestibular gratuitos do Brasil. O programa, chamado Pró-Universidade, é realizado pela Secretaria Estadual de Educação em parceria com mais de 20 universidades e faculdades espalhadas pelo Estado. Cerca de 3,2 mil estudantes têm, anualmente, a oportunidade de se preparar para ingressar na universidade sem custo algum. Em 2015, o índice de aprovação alcançou 62%, com 765 alunos aprovados em universidades públicas. O programa iniciou com o Pré-Vestibular da UFSC, iniciado em 2003 e realizado até 2008 no campus da universidade. Cerca de seis mil alunos participaram das aulas, gratuitamente, neste período. A primeira versão do projeto iniciou com duas turmas de 60 alunos. Destes, 14% conseguiram ingressar na graduação. A maior expansão da iniciativa ocorreu a partir de 2008, por meio de parceria das universidades com o governo catarinense: o objetivo era atender, além de Florianópolis, mais nove municípios. Começou, então, o Pré-vestibular da UFSC/SED, que possibilitou que mais de 2.500 alunos fossem atendidos no ano de 2009. Deste total, 58% dos que prestaram vestibular obtiveram aprovação em universidades públicas. Em 2010, mesmo com o crescimento para 19 cidades, a qualidade se manteve ao aprovar 64% de seus estudantes em vestibulares. A partir de então, só aumentaram os números do cursinho gratuito, chegando a mais de 3,5 mil alunos na última edição espalhadas em 29 cidades. As aulas incluem as apostilas e materiais didáticos, além de aulas de reforço e suporte profissional e de apoio pedagógico.

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Revista Press Santa Catarina | EDUCAÇÃO

Educação profissional técnica O ensino técnico, ou mais especificamente, a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, é oferecido em diversos modelos no estado catarinense: articulado com o Ensino Médio (integrada) ou subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o Ensino Médio. A Secretaria de Estado da Educação possui Centros de Educação Profissional (CEDUP). As instituições atendem cursos de Ensino Médio Integrado a Educação Profissional (EMIEP), além dos cursos concomitantes e subsequentes. O número de matrículas na educação profissionalizante tem aumentado nos últimos anos. No comparativo de 2007 para cá, o total de alunos cresceu 88% em Santa Catarina. O aumento no total de matrículas é reflexo de políticas públicas que foram desenvolvidas e aplicadas, nos últimos anos, tanto pelo governo federal quanto estadual. Destaque para o programa de expansão da rede federal de educação profissional, iniciado em 2005 em todo o Brasil, e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), de 2011, com a finalidade de ampliar a ofertas de cursos profissionalizantes.

Senai SC: ampliando o conhecimento Há 62 anos atuando em Santa Catarina, o Senai conta, atualmente, com 63 unidades fixas distribuídas em 565 salas de aula e 923 laboratórios. A presença da instituição alcança 256 municípios. Neste período, mais de 2,4 milhões de estudantes passaram pelo Senai SC. Os programas de educação profissional abrangem desde áreas

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do conhecimento tradicionais até a novíssima indústria 4.0, que inclui robôs e tecnologia ao processo produtivo. O Senai-SC participa, ainda, de três institutos de inovação (em laser, sistemas embarcados e sistemas de manufatura) e sete de tecnologia (automação e tecnologia da informação e da comunicação; alimentos e bebidas; ambiental; eletroeletrônica; logística; materiais e têxtil, vestuário e design). Hoje, de cada dez alunos formados pela instituição, sete já têm emprego garantido após o fim das aulas. O Senai tem desde cursos de curta duração até cursos técnicos e de graduação tecnológico, estes últimos oferecidos pela Faculdade Senai. O Senai SC possui, ainda, a maior de rede de laboratórios de metrologia do Estado. São 15 unidades que prestam serviços como avaliação de produtos para diversas áreas, como alimentos e bebidas, construção civil, meio ambiente, têxtil e confecção, materiais, madeira e mobiliário e metalmecânica. Os laboratórios são certificados pelo Inmetro e pelo Ministério da Agricultura.

Cerca de 162 mil matrículas em 2015 Educação básica: 3,6 mil alunos Educação superior: 3,7 mil alunos Cursos profissionalizantes: 37 mil alunos Cursos de qualificação: 117 mil alunos

No ensino superior, opções de Norte a Sul Assim como se percebe na economia de Santa Catarina, com as regiões bem divididas, também o ensino superior está presente em todas as regiões – as maiores universidades, sejam elas privadas ou públicas, estão localizadas nas maiores cidades, mas há extensões em municípios menores também. Das 92 instituições de ensino superior de Santa Catarina, 11 são universidades das redes federal, estadual e municipal. Muitas delas são referências para o Brasil, com projetos de pesquisa e extensão servindo de exemplos para outros estados. A maior instituição é a Universidade Federal de Santa Catarina, a UFSC, sediada em Florianópolis e com campus em Araranguá, Joinville e Curitibanos. Entre professores, alunos e funcionários, a UFSC recebe quase 40 mil pessoas (35 mil estudantes). Nela funcionam mais de 300 laboratórios e núcleos de pesquisa, muitos em colaboração com o governo e empresas. São 70 cursos de graduação e mais de 90 mestrados e doutorados disponíveis. A UFSC está em 7º lugar no ranking das 20 instituições com maior produção científica da América Latina. Entre seus destaques está o Departamento de Engenharia Mecânica, onde são desenvolvidos sistemas de automação e controle industrial. A universidade também é referência internacional em educação a distância. É pioneira no oferecimento de cursos de mestrado e doutorado não presenciais no Brasil. Já a Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), fundada em 1974, é formada por 15 instituições de ensino superior – no total, são 155 mil alunos e 9 mil professores em todas as regiões do Estado. São 940 cursos de graduação e 450 de pós-graduação.


UNIVERSIDADES

UFSC: com sede em Florianópolis, é uma das melhores universidades públicas do Brasil. Com unidades também em Araranguá, Joinville, Curitibanos e Blumenau, tem 35 mil alunos. Informações em www.ufsc.br.

Unoesc Universidade do Oeste de Santa Catarina: com sede em Joaçaba, tem ainda unidades em São Miguel do Oeste, Chapecó e Videira. Tem 20 mil alunos. Informações em www.unoesc.edu.br.

Udesc Universidade do Estado de Santa Catarina: também sediada na Capital, está presente ainda em Joinville, Lages, Balneário Camboriú, Laguna, São Bento do Sul, Chapecó, Pinhalzinho e Palmitos. Tem 13 mil alunos. Informações em www.udesc.br.

Unochapecó sediada em Chapecó e com unidades em São Lourenço do Oeste e Xaxim. Informações em www.unochapeco.edu.br. Tem 10 mil alunos.

Univille sediada em Joinville e com campus em São Bento do Sul e São Francisco do Sul. www.univille.edu.br. Tem 10 mil alunos.

UnC Universidade do Contestado: sediada em Caçador e com unidades em Canoinhas, Concórdia, Curitibanos e Mafra. Informações em www.unc.br. Tem cerca de 9 mil alunos.

Unesc Universidade do Extremo Sul Catarinense: sediada em Criciúma, possui 12 mil estudantes. Mais informações em www.unesc.net.

Uniplac Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac): tendo Lages como principal polo, possui unidade em São Joaquim. São cerca de 5 mil alunos. Informações em www.uniplaclages.edu.br.

Unisul Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul): sediada em Tubarão, tem unidades em Araranguá, Palhoça e Florianópolis. Cerca de 15 mil alunos. Mais informações em www.unisul.br.

Univali Universidade do Vale do Itajaí: com sede em Itajaí, atua também em Balneário Camboriú, Tijucas, Biguaçu, São José e Piçarras. Tem 25 mil alunos. Site oficial: www.univali.br.

Furb Universidade Regional de Blumenau: são cerca de 15 mil alunos. Além de Blumenau, tem unidades em Gaspar e Timbó. Informações em www.furb.br.

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Revista Press Santa Catarina | CONSTRUÇÃO CIVIL

CONSTRUÇÃO CIVIL

MÁQUINAS

QUE ERGUEM CIDADES

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U

m dos mais importantes setores da indústria brasileira, a construção civil movimenta um PIB de R$ 342 bilhões anuais, sendo responsável por 10 milhões de empregos em todo o Brasil. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Em Santa Catarina, a construção civil, por meio de áreas como estradas, portos, logística e mercado imobiliário, movimenta R$ 11,1 bilhões por ano – cerca de 4% do PIB catarinense. O setor congrega 115 mil trabalhadores em Santa Catarina. A recessão econômica atingiu duramente a construção civil brasileira nos últimos anos. O setor é um dos que teve elevado aumento nas taxas de desemprego devido à queda nas vendas de casas e apartamentos. Muitos lançamentos ficaram encalhados, principalmente aqueles voltados à classe média. Em Santa Catarina, o panorama não é muito diferente. Muito há para ser feito no Estado, mesmo ostentando um dos menores déficits habitacionais do Brasil: são 133 mil moradias, segundo levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Deste total, cerca de 11 mil apenas na capital, Florianópolis. Os financiamentos voltados à aquisição imobiliária, que já alcançaram R$ 4,1 bilhões em 2014, caíram para R$ 2,6 bilhões no ano passado. O número de unidades compradas caiu de 23 mil em 2014 para cerca de 14 mil em 2015 – praticamente a metade. Sondagem realizada pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) destaca o momento crítico vivido pela construção civil local. Cerca de 80% das empresas estão operando com nível de atividade baixo e apenas 6,3% delas revelaram uma situação financeira confortável. O setor da construção civil amarga uma situação de liquidez restrita pela falta de demanda que reflete a crise econômica em que salários e empregos se reduzem e afastam possíveis lançamentos.

O mercado da construção, seja para obras de infraestrutura ou para transação envolvendo imóveis, está em compasso de espera. Para a Fiesc, esta situação segura investimentos e adia a recuperação do setor – tanto que 91% das construtoras sondadas não pretendem investir nos próximos seis meses. Contudo, o futuro não espera e novidades como um plano diretor moderno para Florianópolis, com vias modernas de interconexão, construção de espaços de convívio e novos núcleos urbanos próximos a rodovias podem transformar a cidade, nos próximos anos, em um canteiro de obras.

Reorganização urbana de Florianópolis Com um novo plano diretor criado em 2014, Florianópolis busca organizar melhor a ocupação e o uso do território continental e insular da capital catarinense, tanto no que diz respeito a novas construções, à regularização fundiária de moradias já existentes e de melhorias na mobilidade da cidade. Aprovado pelo município há dois anos, a legislação, agora, cumpre um cronograma de audiências públicas pelos bairros da Capital. O novo plano diretor substitui um sistema criado em 1997 que, segundo a prefeitura, permitia ocupações sem critério em praticamente toda Florianópolis. A nova lei propõe diretrizes e ações mais equilibradas, voltadas a inovações com foco no presente e no futuro, sem esquecer de um desenvolvimento urbano planejado. A iniciativa é mais do que necessária: hoje com menos de 500 mil habitantes, até 2030, segundo estimativas da prefeitura, a população de Florianópolis deve chegar a 750 mil habitantes. Além disso, durante a temporada de veraneio, quase 2 milhões de pessoas circulam pelas ruas, avenidas e bairros do município.

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Revista Press Santa Catarina | CONSTRUÇÃO CIVIL

O plano prevê uma estratégia geral de mobilidade, a concentração de edifícios em núcleos projetados, o planejamento das ocupações ao longo das vias expressas e as apresentações de planos de desenvolvimento para cada distrito, bairro ou setor – aqui, o ponto principal é a preservação da natureza e do patrimônio cultural. A lei cria várias inovações na estrutura urbana da ilha e da região metropolitana de Florianópolis. Um deles é a ocupação das SCs. Ele regulariza a urbanização nas margens das vias de conexão mais importantes do Florianópolis, em especial das rodovias estaduais – as SCs – que interligam os setores do município. Conforme a prefeitura, existe potencial de crescimento urbano, mas é necessário equilibrar a ocupação. A ideia é limitar as atividades comerciais e de serviços à fachada frontal dos quarteirões voltados para as SCs evitando, assim, fluxo grande de trânsito e densidades excessivas de edifício nas áreas do interior destas margens. A ocupação comercial fica restrita à região mais próxima das rodovias, o que auxilia a mobilidade. A criação de novos centros é um segundo modelo de transformação urbana – e um dos mais ousados – do novo plano diretor. Ele sugere a inversão atual do padrão vigente, de construções verticais, por um sistema de moradias mais horizontal, em núcleos urbanos projetados próximos de áreas preservadas (estas poderiam atuar como parques e praças para lazer). Essa alteração melhora a oferta de infraestrutura e o fornecimento de serviços, entre os principais a mobilidade, o saneamento básico e a coleta de resíduos. Uma outra modalidade de crescimento investiga as possibilidades de adensamento urbano em bairros e distritos já existentes no município, incluindo o Centro. Como cada um destes núcleos possui características singulares, eles precisam de projetos específicos, que vão levar em conta as condições geográficas e ambientais, a capa-

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O setor da construção civil em SC movimenta R$11 bilhões por ano

O novo Plano Diretor de Florianópolis começa a ser implementado cidade da oferta de infraestrutura e as limitações dos fluxos de mobilidade. Neste caso, conforme o plano diretor, a ideia é que as regiões Norte e Oeste de Florianópolis cresçam mais do que as regiões Leste e Sul. Este crescimento proposto se distribui às margens das Baías Norte e Sul, e deve favorecer o Continente e a região Norte e, em menor escala, a área central, o Centro/Norte (SC-401) e o Centro/ Sul (Campeche e Tapera). Crescimentos moderados estão propostos para Coqueiros, Costeira e Saco dos Limões, entre outros, enquanto localidades como Santinho, Rio Tavares, Rio Vermelho e Estreito, que vivenciam um crescimento explosivo, devem passar por um regime de contenção.

Ainda segundo a prefeitura, quase toda a região Leste (Moçambique, Lagoa da Conceição, Armação do Pântano do Sul, Pântano do Sul, Ribeirão da Ilha e Caieira do Sul) e, em escala um pouco maior, Barra da Lagoa e Campeche, deverão ser áreas de forte predomínio habitacional convivendo em harmonia com pequenos serviços. Já em Ingleses, no Santinho e no Rio Vermelho, estão previstas vias de contenção da ocupação, de modo a proteger áreas importantes de preservação permanente. Um dos maiores desafios, segundo informações da prefeitura, é conciliar qualidade de vida, preservação ambiental e sustentabilidade. Aqui, vários pontos são observados pelo novo plano diretor, como mais praças e locais de


do transporte coletivo. Assim sendo, o que se propõe é que as SCs sejam formadas, no mínimo, por vias duplas dotadas de faixas centrais exclusivas para o transporte coletivo e auxiliadas por vias marginais que absorvam o trânsito local. Para a prefeitura, esta situação por si só deixa de exigir alargamentos em um grande número de ruas e avenidas. Uma outra solução é o transporte marítimo baseado nos núcleos urbanos já existentes, além de mais ciclovias e uma integração maior entre vans, táxis e ônibus, enquanto uma solução definitiva, como metrô ou VLT, poderia ser aplicada à cidade.

Cultura e história nos bairros

encontro, estimular a proximidade com a natureza, a arte e a cultura, sem esquecer de uma distribuição mais justa dos serviços de saúde e educação em todo o município.

O desafio da mobilidade O trânsito e o deslocamento pela ilha, bem como os municípios da região metropolitana de Florianópolis, é um dos maiores limitadores da ocupação urbana do território de Florianópolis. As pontes que fazem a ligação Ilha-Continente e as vias expressas que cortam o município já atingiram o limite da capacidade de carga, mas, ao me-

nos teoricamente, sempre puderam ser ampliados. Deste modo, o verdadeiro gargalo nos deslocamentos está nas vias tradicionais do Centro e dos bairros, que não podem passar por transformações radicais. Segundo o Plano Diretor, o enfrentamento do problema da mobilidade urbana, neste ponto, deve se dar a partir das soluções conhecidas, como otimizar as capacidades de fluxos das vias e substituir a preferência dada aos carros particulares por diferentes modais de transporte coletivo de qualidade. O plano diretor propõe que as conexões troncais do município – a ligação do Norte e do Sul da Ilha com a área central da cidade e esta com o Continente – sejam baseadas na otimização

O novo plano diretor de Florianópolis enfatiza a cultura a história de bairros e regiões da ilha carregados de simbolismo e riqueza arquitetônica, como a praça XV de Novembro, o Mercado Público, Santo Antônio de Lisboa e Ribeirão da Ilha, e Ponte Hercílio Luz, entre outros. A ponte, aliás, é o símbolo que melhor representa a cidade e o Estado, e o plano prevê o estabelecimento de seus espaços próximos como zona de lazer e turismo para contemplação de sua beleza. Os aterros urbanos já existentes, por sua vez, assumem papel estratégico. O Aterro da Baía Sul poderia abrigar um complexo com acesso para o mar – composto de hotéis, de centros empresariais e a sede da Prefeitura Municipal - até projetos de habitação social. Neste ponto, foi levantada a possibilidade de o Sambódromo e o Centro de Convenções serem substituídos. O Sambódromo poderia tornar-se um equipamento eventual, conectado ao Centro e estimulador do Carnaval na praça XV e adjacências, e o Centro de Convenções, deslocado para a Via Expressa Sul.

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Revista Press Santa Catarina | TURISMO

Santa Catarina recebeu 8 milhĂľes de visitantes na temporada passada

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TURISMO

NO EMBALO DO

VERÃO R

esponsável por 12% do PIB de Santa Catarina, o turismo tem nos meses quentes do ano o maior atrativo para os visitantes que buscam lazer e descanso no Estado. É de dezembro a março, geralmente, que boa parte dos visitantes chegam às praias de SC – com destaque para Florianópolis. Somente na última temporada, dos 8 milhões de turistas que visitaram Santa Catarina no verão, segundo balanço da Santur, 1,9 milhão tiveram como destino a Capital. O período do Carnaval foi o de maior movimento em Florianópolis: as festas e desfiles concentraram 600 mil pessoas. Todo ano, para receber esse contingente e planejar as ações do veraneio, é colocada em prática a Operação Presença, realizada pela prefeitura da Capital com diversas entidades. E a de 2017 já começou. As ações começam a ser colocadas em prática a partir de outubro – quando inicia a movimentação de turistas na cidade. Todos os trabalhos relacionados à Operação Presença são coordenados pela Secretaria Municipal de Turismo. “A cidade está mobilizada para fazer uma grande temporada. Percebemos que já evoluímos, e muito, com relação ao planejamento das ações. Não existe turismo de qualidade sem que as entidades, orga-

nizações e a comunidade estejam integradas”, afirma Marco Aurélio Floriani, presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur). E planejamento é essencial para, no mínimo, tentar repetir os últimos números. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-SC), a temporada de verão registrou ocupação média de 90% nos hotéis da Grande Florianópolis. O mesmo percentual foi verificado na região da Costa Verde (cujo Litoral vai de Porto Belo a Balneário Piçarras). Somente a rodoviária de Florianópolis recebeu 13,5 mil ônibus entre dezembro e fevereiro – deste, 3,4 mil veículos no período do Carnaval. São turistas do Brasil inteiro, do Mercosul, do interior de Santa Catarina e até da Europa. Para 2017, a ideia é que as entidades se comprometam a melhorar alguns índices tidos como negativos na última temporada, como a poluição registrada em algumas praias da Capital. Para tanto, são mais de 20 reuniões técnicas, divididas em quatro eixos temáticos: infraestrutura, serviços e equipamentos turísticos, cultura e lazer e sustentabilidade. Esta metodologia dá agilidade aos encontros, reunindo os órgãos envolvidos de acordo com os eixos relacionados ao seu trabalho.

“Mesmo com as dificuldades, a temporada de 2016 foi percebida de forma positiva pela mídia e o trade turístico, sendo vista como uma das melhores dos últimos anos, e é nesta linha que pretendemos seguir”, destaca Zena Becker, secretária de turismo de Florianópolis. Esse preparo se reflete em mais tranquilidade para quem pretende visitar a cidade, famosa pela sua beleza. Das 46 ilhas do arquipélago de Santa Catarina, 32 são da capital. A maior delas, alongada (54 km) e estreita (18km), paralela ao continente e separada por um canal, tem litoral recortado com enseadas, pontas, baías, dunas e lagoas. Floripa tem opções para todos os gostos e bolsos, do tradicional Centro Histórico à movimentada Avenida Beira-Mar, os bucólicos bairros de estilo açoriano e as imponentes fortalezas coloniais, além dos museus, igrejas, teatros e um roteiro gastronômico que pode levar ao charme de Santo Antonio de Lisboa, região de colonização açoriana e famosa pelos restaurantes. Balneário Camboriu, mais ao Norte do Estado, é outro tradicional destino de verão. Conforme o trade turístico, o objetivo repetir, em 2017, o cenário visto neste ano, que foi bom, apesar da crise. Segundo a prefeitura, somente no período do Carnaval, o fluxo diário de turistas chegou a 146 mil pessoas (incluindo pessoas que chegam e saem, ou que ficam mais de um dia). Na hotelaria, Camboriu registrou, em alguns empreendimentos, ocupação próxima dos 100% - um contraste com 2015, quando a média de ocupação foi de 83%. Boa parte desse movimento deveu-se aos argentinos, que voltaram as ocupar as areias da cidade em grande volume. Depois, vieram paranaenses, gaúchos, paulistas e sul-mato-grossenses. Camboriu também registra o maior percentual de turistas com renda acima de 12 mil reais em todo o estado (10% do total, índice que chega a 7% na capital, por exemplo).

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Revista Press Santa Catarina | TURISMO

Jovens e casados Pesquisa feita pela Fecomércio de Santa Catarina montou um panorama do turista que visitou o estado no último verão. A maior parte dos visitantes (28%) tem entre 31 e 40 anos de idade – logo após vem a faixa de 41 a 50 anos, com 23,2% do universo pesquisado. No geral, o grupo dos casados alcança 60% dos visitantes – mas em Florianópolis, famosa pelas festas e diversão noturna, esse percentual cai para 50%, com os solteiros alcançando 44% dos turistas. Em Balneário Camboriu, por exemplo, os solteiros chegam a apenas 22% do total. Quanto ao poder aquisitivo, o levantamento da Fecomércio indica de 53% dos pesquisados podem ser definidos como da classe C, com rendimentos entre R$ 1,5 mil e R$ 6,5 mil. Quanto ao transporte, quase 75% dos turistas chegam em Santa Catarina dirigindo o próprio veículo – novamente, Florianópolis é exceção: os visitantes “motorizados” caem para 50%, enquanto os que chegam de avião são 30% do total. A pesquisa confirma, ainda, que Santa Catarina tornou-se um grande destino turístico nacional: 76% dos visitantes são brasileiros e 24% são estrangeiros, a maior parte deles, argentinos. Dos brasileiros, a maior parte são gaúchos, paranaenses e os próprios catarinenses.

No verão 2015 Florianópolis recebeu 1,9 milhão de turistas

Apesar da crise, Camboriú teve quase 100% de ocupação hoteleira nas principais datas do ano

Reforço na infraestrutura Tomando como parâmetro os dados do último verão, os picos de consumo de água em Florianópolis chegam a 1.750 litros por segundo em datas específicas, com o período de Carnaval. Neste ano, por exemplo, dia 8 de fevereiro, a cidade registrou uma das maiores lotações do ano: cerca de 756 mil pessoas estavam na ilha.

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44% dos turistas de Floripa são solteiros, atraídos pela famosa vida noturna da ilha


vestir R$ 320 milhões para incrementar o reforço energético em Santa Catarina. Apenas no sistema de alta tensão, são R$ 106 milhões para subestações e linhas de transmissão.

Balneabilidade em pauta

Balneabilidade: Até 2018, 70% da capital terá rede de esgoto tratado Conforme a Companhia Catarinense de Abastecimento (Casan), a temporada foi marcada pelo fornecimento recorde de água tratada. Houve mais de cem ações operacionais ou obras, com investimento superior a R$ 90 milhões, que garantiu o abastecimento para os moradores das cidades litorâneas e um número recorde de turistas. Outra preocupação é com o fornecimento de energia – o verão é conhecido pelo aumento significativo na demanda. Entre as ações preparatórias para a época estão adequação do sistema elétrico de alta, média e baixa tensão, aumento na quantidade de eletricistas e reforço no atendimento comercial. Este ano, a Celesc projetou in-

Um dos pontos mais discutidos, no último veraneio, foi a poluição nas praias de Santa Catarina – incluindo as mais famosas, como Canasvieiras, em Florianópolis. Diversas ações para aumentar o volume de esgoto tratado foram colocadas em prática para o próximo veraneio. Conforme a Companhia Catarinense de Saneamento e Água (Casan), são 34 obras em andamento em várias regiões do estado. Florianópolis tem 57% de cobertura de esgoto e deve superar 70% até 2018. A cobertura do esgoto em SC, há 44 anos, era de apenas 19%. Até 2018, o estado deverá ter esse índice ampliado para 49%. Em relatório divulgado em setembro, a Fundação do Meio Ambiente (Fatma), destacou que 78,7% dos 211 pontos analisados das praias de Santa Catarina estão próprios para banho. Na Capital, 77,3%, o que representa 58 locais, estão em boas condições para os banhistas – no restante do litoral do Estado, 79,4% dos balneários – 108 praias – são consideradas limpas para receber os visitantes. A Fatma segue as diretrizes do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para fazer a balneabilidade. Cabe a Fundação, monitorar e divulgar os relatórios. As coletas são realizadas e, para dizer se um ponto é próprio ou impróprio para banho, é analisada a presença da bactéria Escherichia Coli, presente em fezes de animais e humanos e que pode causar doenças. Quando em 80% das análises, a quantidade de bactérias ficou inferior a 800 por 100 mililitros, o ponto é considerado próprio.

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DÍVIDA

FÔLEGO PARA ATRAVESSAR

A CRISE

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oderia ser bem melhor, mas a situação financeira atual de Santa Catarina, quando comparada a outros Estados, é de dar inveja. O governo estadual enfrenta os mesmos problemas que o Brasil, como queda da arrecadação, redução no consumo e fechamento de empresas, mas tem tomado medidas que auxiliam Santa Catarina a atravessar o período atual com menos atropelos. Um dos casos emblemáticos foi a renegociação da dívida – Santa Catarina liderou a fila dos governos estaduais que foram a Brasília pressionar a União por um modelo mais justo de cobrança. Deu certo – o acordo foi concluído em junho deste ano. Conforme informações da Secretaria Estadual da Fazenda (SEF), com as mudanças, o Estado deixará de pagar R$ 2,140 bilhões até junho de 2018. Neste primeiro momento, a prioridade está no aporte para a Secretaria da Saúde, que hoje tem déficit nas contas. Equipes técnicas do governo trabalham a revisão das planilhas da pasta. Secretário de Estado da Fazenda, Antonio Gavazzoni destaca que, por meio do ajuste com o governo federal, em vez de pagar R$ 22 bilhões até o final do contrato (que vence em 2028), Santa Catarina irá pagar R$ 8 bilhões. Em julho de 2018, quando os descontos terminarem e o Estado voltar a quitar a parcela sem o abatimento, ela será de R$ 50 milhões em vez de R$ 110 milhões do patamar atual. Gavazzoni explica que a parcela ficará bem menor por conta da união de três fatores: alongamento da dívida, troca do indexador de IGPD-I por IPCA e diminuição do juro de 6% para 4%. “Não é a solução de todos os problemas, até porque o saldo devedor continua o mesmo. Ainda assim, é uma sobrevida, um socorro aos governos que têm de enfrentar a crise”, relata ele. O acordo ajuda a sanar a situação financeira agora e ao longo das próximas décadas porque, após a carência, os Estados continuarão pagando parcelas menores. No caso de Santa Cata-

O acordo da dívida: principais definições

Desconto de 100% até o fim de 2016; Redução do desconto a partir de janeiro de 2017, de forma escalonada ao longo de 18 meses, reduzindo 5,5% ao mês até zerar; Alteração do indexador da dívida (de IGP-DI + 6% para IPCA + 4%; Prolongamento do prazo de pagamento em 20 anos; Pagamento das parcelas pendentes deste início do ano em 24 meses. O pagamento havia sido suspenso diante de liminar favorável aos estados concedida pelo STF; Estabelecimento de contrapartidas por parte do estado em busca de um maior controle do crescimento dos gastos públicos; RESULTADO DÍVIDA TOTAL CAI DE R$ 22

rina, somente em 2037 as parcelas voltarão ao patamar atual. O alívio nas contas ocorreu em boa hora. Conforme Gavazzoni, a conjuntura negativa vem impactando diretamente o desempenho do Estado. A arrecadação de Santa Catarina, até julho, caiu 5% no acumulado do ano. Isso representa RS 1 bilhão a menos nos cofres do Estado. “Julho teve o pior desem-

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penho para o mês desde 2004, quando foi implantado o Sistema de Administração Tributária na Fazenda. Quando em comparação ao mês anterior (junho), o impacto negativo é de R$ 100 milhões na receita”, alerta. Os setores com maior queda percentual no ano são metal-mecânico, transportes e material de construção. No outro extremo, os gastos aumentaram: a folha de pagamento dos servidores subiu R$ 91 milhões em julho. “Em relação ao orçado para o ano, já falta R$1 bilhão. É uma conta que não fecha e temos de buscar saídas. O quadro não é ainda pior porque houve a renegociação da dívida e realizamos em 2015 a Reforma da Previdência’, conta o titular da SEF, que mantém um tom positivo para os próximos meses: “nosso compromisso é encerrar 2016 com as contas em dia”. Apesar disto, algumas medidas destoam da penúria fiscal vivida por estados como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em 15 de julho, por exemplo, pelo 10º ano consecutivo, Santa Catarina antecipou metade do 13º salário – “uma demonstração de força num momento em que muitos Estados têm de parcelar ou mesmo atrasar salários”, diz Gavazzoni. Ele ressalta, entretanto, que o Estado está longe de não ter problemas. A crise que se arrasta há três anos é realidade entre os catarinenses e os meses deste segundo semestre de 2016 serão difíceis. Projeções da Secretaria Estadual da Fazenda indicam que arrecadação deve continuar caindo e a inflação subindo. A saída é ter ousadia, apostar na gestão pública e realizar mudanças estruturantes. “Se conseguimos antecipar o 13º salário é porque trabalhamos duro e realizamos movimentos importantes, sempre pensando em garantir um mínimo de sustentabilidade”, conta o secretário. Entre as alterações, a mais importante foi mexer nos regimes de aposentadoria. “Desarmamos uma bomba prestes a explodir ao aprovar a reforma da Previdência, garantindo que servidores e o pró-

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Antônio Gavazzoni, Secretário de Estado da Fazenda: SC deverá ter uma redução de R$ 14 bilhões em sua dívida até 2018 prio Estado contribuam mais para essa conta que é paga pelos catarinenses. Criamos ainda a SCPREV, modelo voltado aos novos servidores”, afirma Gavazzoni. Também foram reduzidos cargos em excesso. Um ano atrás, houve uma reforma administrativa, com a fusão da Agesan (agência reguladora de saneamento) e Agesc (agência de serviços públicos) formando uma única instituição, a Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina (Aresc). A modificação de Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDRs)

para Agências de Desenvolvimento Regional (ADRs) e o fim da SDR da Grande Florianópolis resultaram na extinção de 242 cargos (106 funções comissionadas e 136 funções gratificadas) – as medidas têm gerado uma economia de R$ 5 milhões/ano desde janeiro de 2015. “Agora estamos em uma força tarefa com nossas equipes de receitas e despesas para, com criatividade - e, sempre que possível, sem onerar o contribuinte – encontrar novas formas de incremento no caixa”, complementa Gavazzoni.


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