A Serviço do Generalíssimo

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urante a 2a Guerra Mundial, quando o Brasil declarou guerra às forças do Eixo, milhares de jovens brasileiros, atendendo ao chamamento da pátria, se alistaram dispostos a defender o país. Dentre estes figuraram jovens que tinham escolaridade suficiente para ingressar nos Centros de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR). Alguns deles optaram pelo CPOR da recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB) e o jovem Nilton Miguel Ajuz foi um deles. Após serem aprovados no exame de aptidão física, recebiam as primeiras aulas de aerodinâmica, mecânica, geometria e física na Base Aérea do Galeão (RJ). Posteriormente aprendiam a voar em monomotores de treinamento primário Fairchild PT-19. Terminado o estágio primário de voo, aqueles que tinham conhecimento da língua inglesa eram enviados para os Estados Unidos. Os que tinham fluência, eram designados para a Aviação Naval, e os que tinham apenas o conhecimento básico, como Ajuz, para a Aviação do Exército – a USAAF. Em 1944, então com 17 anos, é enviado para os Estados Unidos, a bordo do navio Duque de Caxias, desembarcando no porto de Nova York e seguindo de trem para Montgomery Field, no Alabama. Esta base era destinada às primeiras lições de voo, repetindo as mesmas matérias dadas no Brasil, entretanto com mais profundidade. Depois foi enviado para Goodfellow Field, em San Angelo (Texas), onde completou 25 horas de voo, utilizando biplanos

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O Aspirante Aviador da FAB Nilton Miguel Ajuz

O Duque de Caxias, que transportou os aspirantes brasileiros até o porto de Nova York. (Foto: Nilton Miguel Ajuz) Ajuz a bordo de um AT-6 Texan em Randolph Field, em San Antonio, Texas. (Foto: coleção Nilton Miguel Ajuz)

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Todos os 32 aspirantes quando chegaram a Montgomery Field, no Alabama. Destes, somente oito conseguiram se graduar como piloto de caça. (Foto: arquivo pessoal de Nilton Miguel Ajuz)

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O Aspirante Aviador da FAB Nilton Miguel Ajuz

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A Serviço do Generalíssimo Os aspirantes brasileiros nos Estados Unidos (da esquerda para a direita): Itamar Pereira de Oliveira e Nilton Miguel Ajuz. (Foto: arquivo pessoal de Nilton Miguel Ajuz)

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O Aspirante Aviador da FAB Nilton Miguel Ajuz

Stearman Kaydet. Nesta fase, dos 32 brasileiros desta turma, dez foram eliminados. A próxima etapa foi a transferência para Randolph Field, em San Antonio, Texas, lá considerada a West Point do Ar, para voar com os treinadores avançados North American AT-6 Texan durante os seis meses seguintes, período em que mais cinco brasileiros foram eliminados. Os melhores da turma eram treinados para a aviação de caça e os outros para pilotar bimotores de bombardeio. Ajuz foi destacado para ser piloto de caça. Nessa época a USAAF estava realizando testes para modificar a metodologia de treinamento destinado a pilotos de caça e foram enviados a Williams Field, em Chandler (Arizona), desta vez para pilotar caças. Antes de poder pilotar caças, tiveram 15 horas adicionais de voo com o AT-6 Texan, desta vez voando no banco de trás, isto é, na posição do instrutor, fazendo todas as manobras aéreas. A essa altura só restavam 15 brasileiros e, mesmo sendo apenas aspirantes – pois a doutrina local limitava o treinamento em aviões de caça somente para oficiais –, receberam autorização para iniciar a conversão para este tipo de avião. Devido à utilização do caça Republic P-47 Thunderbolt pelo 1º Grupo de Caça da FAB na Itália, o treinamento foi realizado com este equipamento. As primeiras aulas foram feitas em terra, com cinco horas no cockpit, quando os alunos tinham que decorar a localização e a função de cada instrumento lá instalado. Ajuz lembra que só de circuit braker (interruptores) havia 25 no lado esquerdo e 15 no lado direito, e tinham de localizar cada instrumento

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Rara foto colorida onde podemos ver uma cauda de AT-6, um Vultee BT13 Nยบ33 e quatro P-38 Lightning sendo um deles o Nยบ65 no Aeroporto General Andrews. (Foto: K.W. Everson via Daniel Hagedorn)


De Havilland Mosquito FB.6, registrado 303, um dos cinco aviões adquiridos em 1948.

Boeing (Vega) B-17G Flying Fortress de registro 106. Este avião veio equipado com todas as metralhadoras originais. A Serviço do Generalíssimo


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rustrados por terem sido preparados, com um intenso treinamento nos EUA, mas não terem tido a oportunidade de voar em combate real, devido ao fim da 2ª Guerra Mundial em 1945, um grupo de pilotos brasileiros acabaria se lançando numa aventura ousada, que mais parece saída de um romance de bolso de espionagem e guerra! Não sem motivo, uma história que permaneceu até hoje sem ser contada em todos seus detalhes, e com tal precisão histórica! E é essa história, agora enfim revelada em todos seus pormenores, que é contada agora. A rocambolesca saga dos pilotos de combate brasileiros, contratados a peso de ouro para serem a elite da aviação militar da República Dominicana, nos loucos tempos da ditadura de Rafael Leónidas Trujillo, incluindo as ações de combate real que frustaram uma das várias tentativas orquestradas por exilados opositores do regime para derrubar o ditador, e até o planejamento para o bombardeio da Venezuela incluindo sua capital Caracas, à partir de uma “base aérea” clandestina, construída em plena Amazônia, no Brasil! Uma aventura real que supera a ficção!

9 788599 719213


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