Revista [B+] edição 16

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S U M Á R IO

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FÓRUM DE LIDERANÇA

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ESCOLA DE NEGÓCIOS

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BLOCO DE NOTAS

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MÍDIA+

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GESTÃO TÉCNICA ACM Neto tem a missão de organizar a cidade de Salvador. Para isso, fez promessas de implementar uma gestão mais técnica e menos política. Fomos saber dele as estratégicas que vai usar para tornar a máquina pública mais eficiente.

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IMÓVEIS+

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EXPERIÊNCIAS

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CONTE AÍ

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A NOVA CLASSE MÉDIA

André Torretta é um dos primeiros estudiosos sobre a ascensão da classe C no Brasil. Nesta entrevista, ele descreve os gostos e comportamentos de quem está redefinindo a economia do país.

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NEGÓCIOS 29 STARTUP 30 Empreendedores baianos foram ao Vale do Silício consultar ideias para criar um novo aplicativo que nos oferece vouchers grátis.

INFRAESTRUTURA 32 Condomínios empresariais ganham adeptos na Bahia BAHIA E PORTUGUAL 36 Intercâmbio de empresários portugueses e baianos [C] LUIZ MARQUES 42

SUSTENTABILIDADE 59 EMPRESA VERDE 64 Coco com código de barras. Os métodos de produção e beneficiamento impostos pela Aurantiaca prometem aumentar o padrão do cultivo do fruto no Brasil.

TENDÊNCIAS 60 Novidades sobre o mundo da sustentabilidade [C] ISAAC EDINGTON 70

LIFESTYLE 71 MODA 72 As blogueiras de moda de Salvador mostram como funciona esse mercado, que ganha notoriedade entre as grandes grifes nacionais.

EMPREENDEDORISMO 76 Multiplicidade de sucesso de gestores baianos IMÓVEIS 80 Apartamentos disponíveis nos EUA CIDADELLE 82 | TURISMO 84 SABOR 86 | NOTAS DE TEC 88

ARTE & ENTRETENIMENTO 89 MUSEU 96 O MAM-BA é um senhor do tempo. Perto de completar quatro séculos de existência, o Solar do Unhão comemora, em 2013, 70 anos do tombamento pelo Iphan.

ARTES PLÁSTICAS 90 O internacional Bel Borba ECONOMIA CRIATIVA 100 Futuro criativo e colaborativo [C] CRIS OLIVIERI 104 | ILUSTRAÇÃO 105 [C] MARCO PELLEGATTI 44

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E D ITO R IA L

ON - L I N E E M URA L

TEMPO DE TRANSFORMAÇÃO Dizer que vivemos um momento único na história já se tornou senso comum. A questão é saber o porquê. A resposta não está em um ou outro motivo. O que torna o nosso presente tão especial – a ponto de ser único – é que vivemos um conjunto de mudanças, todas elas com pontos de interseção, formando uma grande rede de novos desafios e oportunidades. Nesta edição 16, nossos repórteres foram em busca de histórias e pessoas que revelem os novos comportamentos que influenciam de diversas maneiras o setor produtivo. Um deles é que a sociedade brasileira mudou. Não há mais apenas um nicho de classe que dita as regras. A classe C , como se refere nosso entrevistado André Torretta (pág. 50), ganhou dinheiro, tem vontade própria e quer ser bem tratada. A parte antes silenciada agora solta a voz, mostra seu estilo, seus gostos e o que quer consumir. Torretta descreve esse novo contexto e garante: “Quem perceber antes a mudança já tem vantagem competitiva no mercado. Querendo sair na frente, os shopping centers aproveitam o momento para se renovar, cada um ao seu estilo, apostando em um mix de lojas diversificado e apropriado para cada público. Em números, o tamanho da mudança é representado pela instalação de mais de 20,3 mil lojas nos 113 shoppings em construção até 2014 no Brasil. O valor do investimento está na ordem de R$5 bilhões até o ano da Copa do Mundo. Para saber se conduzir em tempos de mudança é preciso de conhecimento. Então, a partir dessa edição, empresários, executivos, jovens universitários podem acompanhar a nova seção Escola de Negócios na [B+]. Para começar, fomos saber qual é o papel e as qualidades de um líder na economia da Bahia. Reinaldo Sampaio, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, é quem responde (pág. 14). Na virada do ano, novidades também na prefeitura de Salvador. O prefeito eleito ACM Neto, a quem chamamos de CEO municipal, já definiu suas estratégias para os 100 primeiros dias de governo. Austeridade, gestão muito mais técnica do que política e eficiência financeira estão entre as ferramentas que Neto quer pôr em prática para realizar as promessas de campanha. Outras perguntas e respostas que revelam o atual momento da economia baiana você vai encontrar ao folhear as próximas páginas desta revista. Aproveitamos para fazer um convite: conte também a história da sua empresa e do seu setor. A [B+], muito além de uma revista, é um conjunto de ideias e pessoas conectadas as outras com o ideal de se fazer algo novo em prol da Bahia. Boa leitura. 8

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O que os leitores falaram da edição 15 A Revista [B+] é excelente. Parabéns! Conceição Gaspar, via Facebook A matéria ‘A cidade e seus negócios’ está maravilhosa! Parabéns. Nara Delgado, via Facebook Quero parabenizar toda equipe da [B+] pelo excelente trabalho, conteúdo rico, muita criatividade e inovação. Hipácia Andrade Nogueira, via e-mail O tempo foi curto para o rico conteúdo apresentado por André Torretta em sua excelente palestra, no IV Fórum de Liderança [B+]. Regina Alavaia, via Facebook

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Comentários, sugestões de pautas e correções: redação@revistabmais.com


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E X P ED IENTE Conselho Editorial César Souza, Cristiane Olivieri, Fábio Góis, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Isaac Edington, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Reginaldo Souza Santos, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira Conselho Institucional Aldo Ramon (Júnior Achievement) António Coradinho (Câmara Portuguesa) Antoine Tawil (FCDL) Jorge Cajazeira (Sindipacel) José Manoel Garrido Gambese Filho (ABIH-BA) Mário Bruni (ADVB) Adriana Mira (Fieb) Paulo Coelho (Sinapro) Pedro Dourado (ABMP) Renato Tourinho (Abap) Wilson Andrade (Abaf) Diretor Executivo Claudio Vinagre claudio.vinagre@revistabmais.com Editor Chefe Fábio Góis fabio.gois@revistabmais.com

Projeto Gráfico e Diagramação Person Design Fotografia Stúdio Rômulo Portela Revisão Rogério Paiva Colaboradores Alana Camara, Ana Paula Paixão, Andréa Castro, Clara Corrêa, Edileno Capistrano, Emanuelle Xisto, Felipe Arcoverde, Gina Reis, João Alvarez, Leno Cezar, Lilian Mota, Márcia Luz, Marcos Maciel, Maria Ísis, Núbia Cristina, Rogério Borges, Tiago Lima, Uilma Carvalho, Uran Rodrigues, Valter Pontes, Yasmin Queiroz Colunistas Cristiane Olivieri, Isaac Edington, Luiz Marques Filho, Raymundo Dantas Portal Enigma.net Assessoria de Imprensa Frente & Verso Comunicação Integrada iPad uTochLabs www.revistabmais.com/ipad

Repórteres Brisa Dultra, Carolina Coelho e Murilo Gitel redacao@revistabmais.com

A cada edição, uma nova equipe é convidada para produzir a capa da Revista [B+]. Uma iniciativa que visa dar destaque aos profissionais do nosso mercado.

Tiragem: 10 mil exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Grasb Capa impressa em papel Couché Suzano® Gloss 170g/ m2 e miolo impresso em papel Couché Suzano® Gloss, 95g/m2, da Suzano Papel e Celulose, produzidos a partir de florestas renováveis de eucalipto. Cada árvore utilizada foi plantada para este fim.

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CNPJ 13.805.573/0001-34 Redação [B+] 71 3022-8762 redacao@revistabmais.com www.revistabmais.com Publicidade publicidade@revistabmais.com Cidinha Collet - gerente comercial SALVADOR - BAHIA 71 3012-7477 Av. ACM,2671, Ed. Bahia Center, sala 1102, Loteamento Cidadela, Brotas CEP: 40.280-000 REPRESENTAÇÃO EM OUTROS ESTADOS Grupo Pereira de Souza www.grupopereiradesouza.com.br

A edição 16 traz na capa a produção do escritório Person Design. Agradecemos a Ana Paula Paixão (diretora de atendimento), Livia Fauaze (executiva de atendimento), Felipe Arcoverde (diretor de design), Júlia Amoroso (estágiaria em design) e Cátia Martins (diretora de marketing). Foto de Valter Pontes.

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Realização Editora Sopa de Letras Ltda.

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F Ó RU M D E LID ERA N Ç A

A NOVA “CLASSE C” Com um café da manhã especial, Claudio Vinagre, Isaac Edington, Luiz Marques e Rubem Passos, sócios-diretores da Revista [B+], receberam, no dia 12 de novembro, no restaurante Baby Beef, mais de 120 empresários baianos convidados para a quarta edição do Fórum de Liderança [B+], encontro promovido pela revista, com o patrocínio premium do Banco do Brasil e da Brasduto e patrocínio master da Publisilk, com o objetivo de discutir negócios na Bahia. “Os fóruns são uma das ferramentas que utilizamos para pôr em prática nosso objetivo de fazer da [B+] muito mais do que uma revista, um movimento em prol do setor produtivo do estado”, declarou Fábio Góis, editor-chefe da revista. O perfil e as características da nova classe média brasileira, temática debatida nesta edição do evento, foram discutidos pelo publicitário André Torretta, que apresentou as tendências e os desafios para quem deseja investir nesse público. “Com a revolução que deu origem a essa nova classe, surge um novo cidadão brasileiro, que ao mesmo tempo que é mais consumista, é também mais exigente”, afirmou Torretta, autor do livro “Brasil 2014-2021 – E Agora, Vai?”

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Manoel Castro (Fieb)

Armando Soares (Banco do Brasil)

Luis Eduardo Chamadoiro (Grupo TPC)

António Coradinho e Eduardo Giudice (Câmara de Comércio Brasil-Portugal)

Fábio Góis (Revista [B+])

Luiz Blanc (ABIH)

André Torretta (palestrante) entre os diretores da Revista [B+] Claudio Vinagre e Isaac Edington

Solon Pettinati (Pettinati Consultoria Imobiliária)

Adriana Mira (Fieb) e Cidinha Collet (Revista [B+])

Elizabeth Matos Ribeiro (Ufba)

Taís Soares e Diana Falcão Maciel (Musa Bahia e Cemusa do Brasil)

Maria Carmen Soares da Silva (Sebrae-BA)

Antônio Candal Garcia (Schooner Resort)

José Cariosvaldo Santos e Bárbara Rubia Leboreiro de Souza (O Baratão)

Raissa Martins e Paulo Coelho (Agência Mago)

Gabriel Salgado (Banco do Nordeste)

Danilo Dória Solarino (Grupo Advaes)

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Raimundo Lima (Grupo Aldeia) entre os diretores da Brasduto

Vanessa Aragão e Guedes (Publisilk)

Renato Simões (Grupo A Tarde)

Reginaldo Souza Santos (Escola de Administração da Ufba) e Luiz Marques (FEA)

Vera Passos (RP2) e Rubem Passos (ADVB-BA)

Roberto Ibrahim Uehbe (CRA-BA)

Prof. Eduardo Fausto Barreto e Prof.a Maria da Graça Pitiá Barreto (Ufba)

Paulo Vianna (Bahia Comunicação)


E S C O LA D E N EG Ó C IO S

FORMACAO DE LIDERANCAS “Líderes são pessoas que constroem identidade com o seu ambiente; percebem os sinais de mudança e mudam. Levam consigo as qualidades de confiar em si mesmos, ter paixão pelo trabalho e amor pelas pessoas”. O perfil é descrito por Reinaldo Sampaio, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, com quem conversamos sobre como ser um líder na economia baiana por FÁBIO GÓIS

F

ormar e qualificar pessoas são as principais preocupações de presidentes de empresas brasileiras, segundo o Global CEO Study 2012, produzido e publicado pela norte-americana IBM. A maior relevância do Brasil no mercado exterior amplia o horizonte de oferta de trabalho, ao mesmo tempo que as exigências por profissionais de alta performance crescem no mesmo nível. A busca é por lideranças capazes de empreender e conduzir organizações ao sucesso, com conhecimento global, visão de futuro, pensamento estratégico, flexibilidade idiomática e capacidade de liderar pessoas. Reinaldo Sampaio, vice-presidente da Federação das Indústrias da Bahia, conhece bem esse tema. Diz trazer consigo o aprendizado dos líderes aos quais serviu e acrescentaram na experiência empresarial. Hoje, ocupando a cadeira da vice-presidência da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, compartilha seu conhecimento e aponta as principais qualidades para um profissional estar bem preparado para enfrentar os desafios que a Bahia e a economia global têm a oferecer. FOTO: João Alvarez/Sistema Fieb

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FOTO: João Alvarez/Sistema Fieb

Para se entender os futuros desafios, é preciso entender o presente. Como o senhor avalia o desempenho da economia na Bahia em 2012? Considero o desempenho insuficiente para responder aos desafios do desenvolvimento, em especial da indústria. A Bahia não tem capacidade endógena para financiar os requisitos para o crescimento, assim como a maioria dos estados brasileiros. Como no Nordeste, convivemos com um atraso histórico, cuja superação exige vultosos investimentos em infraestrutura (sistema de transporte terrestre, fluvial e marítimo, saneamento, energia, comunicação), educação, ciência e tecnologia. Torna-se impossível o atendimento dessas necessidades na ausência de uma efetiva política nacional de desenvolvimento regional.

A economia baiana ainda precisa de vultosos investimentos em infraestrutura, educação e tecnologia para se desenvolver

Mas foram anunciadas, este ano, a chegada de importantes indústrias no estado... A vinda de novas empresas industriais e de outros segmentos para o nosso estado evidencia nossas potencialidades, que serão muito mais atrativas aos investimentos produtivos quando lograrmos êxitos na oferta das infraestruturas essenciais. Para 2013, ao lado da implantação e consolidação dos investimentos industriais já definidos, esperamos que os esforços governamentais para destravar os investimentos em infraestrutura, inclusive nos portos do estado, comecem a dar resultados.

Quais são as qualidades que você define como fundamentais na formação de executivos? As qualidades técnicas fundamentais são aquelas exigidas para qualquer executivo da atualidade: visão global, visão de futuro, pensamento estratégico, etc. Todas essas, em geral, são obtidas em boas escolas e centros universitários. Há outras qualidades que reputo de igual importância, como o desenvolvimento de crenças e valores que, ao mesmo tempo que nos individualizam, nos integram socialmente, por meio da comunicação construtiva; capacidade de reunir indivíduos humanos, estimulando-os para uma vida laboriosa e produtiva; exercitar disciplina mental e comportamental, pois as mentes disciplinadas têm sensibilidade para perceber os sinais de mudança, são proativas e flexíveis diante das adversidades. Ter capacidade de resiliência.

Aos futuros líderes e executivos que atuem na Bahia, fica, então, a missão de pôr em prática ações que transformem esse “atraso histórico”? O desafio das lideranças, empresariais, políticas, acadêmicas e sociais é a consolidação de um ambiente orientado para o desenvolvimento, através do compartilhamento de experiências que norteiem um plano de ação estratégico. Nós integramos uma civilização em permanente mudança; cabe aos líderes, a tarefa de perceber os sinais de mudanças e, antecipadamente, promoverem-na.

Como estimular a inovação? Os líderes sabem que a técnica do fazer, embora de grande importância, é efêmera, pois logo será superada pela criatividade das pessoas que fazem aquela empresa ou que fazem as empresas concorrentes. Portanto, a grandeza do líder é estimular as forças criativas dos liderados. Nunca se esqueça que somente a criatividade e a capacidade de inovação das pessoas podem assegurar a longevidade dos negócios. Entretanto, a condição fundamental para estimular a inovação é o estabelecimento de uma estrutura de ensino de alto nível e acessível a todos, porque são as sociedades educadas e criativas que geram empresas inovadoras.

QUALIDADES DE UM LÍDER [visão global e de futuro] [pensamento estratégico] [capacidade de desenvolver de crenças e valores] [capacidade de reunir indivíduos humanos, estimulando-os para uma vida laboriosa e produtiva] [exercitar disciplina mental e comportamental] [capacidade de resiliência]

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O espírito empreendedor é um valor que se espera de um executivo em todo o mundo. Como o senhor avalia isso? O espírito empreendedor deve estar presente em todas as pessoas envolvidas com o mundo do trabalho. É ele que torna os indivíduos laboriosos e produtivos. Mas lembre-se: é preciso criar um ambiente que favoreça tal comportamento. Na sociedade, essa possibilidade começa com a criação de oportunidades para todos e com a oferta dos meios para a sua realização. No ambiente empresarial, decorre do exercício permanente de fortalecimento da capacidade criativa dos seus integrantes, do foco nas forças das pessoas e dos estímulos moral e material ao esforço empreendedor. O Sistema Fieb oferece um suporte de educação formal e tecnológica para empresas instaladas na Bahia ou que queiram vir para o estado. Quais são os resultados dessas iniciativas? Evidente que cabe aos poderes públicos a tarefa de prover uma estrutura educacional de elevada qualidade a toda a sociedade. Essa é a base para a formação de líderes e gestores empresariais. No entanto, o Sistema Fieb, por meio do Sesi e do Senai, oferta a um contingente mais limitado de pessoas educação básica, média, técnica e superior de elevado padrão, significando uma contribuição singular na formação de executivos e líderes. Os resultados substantivos do Sistema Fieb, além das milhares de pessoas capacitadas, são o reconhecimento público e em especial do meio empresarial pelo trabalho que realizamos. A visão de sistema educacional integrado básico-ensino técnico, a oferta de meios educacionais modernos para a formação do corpo docente e discente, a capacidade de ofertar capacitação profissional custom-made, nos níveis técnico e superior, além dos suportes laboratoriais de última geração, nos credenciam como um centro de formação e capacitação profissional de grande valor para a Bahia.

“Nunca se esqueça que

toda inovação tecnológica será superada e somente a criatividade e a capacidade de inovação das pessoas que fazem suas empresas podem assegurar a longevidade dos negócios”

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O Senai-Cimatec foi eleito um dos principais Centros Tecnológicos do Brasil, fonte de inspiração para a implantação dos institutos de inovação e dos institutos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que serão instalados pelo Sistema Indústria, liderado pela CNI, em todos os estados da federação.

Faz parte da missão do Sistema Fieb prezar pela melhoria da competitividade da indústria baiana

FOTO: João Alvarez/Sistema Fieb

No final de 2012, a Fieb iniciou a formação do Comitê de Jovens Empresários. Qual a importância dessa iniciativa? O Comitê de Jovens Empresários é o reconhecimento da Fieb, não somente à Associação dos Jovens Empresários da Bahia e sua organização nacional, com representação em 20 estados da federação, mas, em especial, às jovens lideranças empresariais do nosso estado, que se evidenciam como pessoas de elevada formação acadêmica, espírito de liderança e de empreendedorismo. O comitê será um instrumento de interlocução de jovens industriais com a liderança da Fieb e o próprio sistema, objetivando a atuação de defesa de interesses e contribuição para um ambiente estimulador ao empreendedorismo industrial na Bahia. Dentre esses jovens industriais sairão os futuros líderes da indústria baiana, e é dever dos líderes atuais promover a integração e o aculturamento daqueles que podem liderar as atividades industriais no futuro. [B+]


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BLO C O D E N OTAS FOTO: Divulgação

Paranapanema vai investir R$30 milhões na Bahia Antiga Caraíba Metais, a maior companhia produtora não integrada de cobre refinado no Brasil pretende investir R$30 milhões na Bahia a partir de 2014. O investimento será destinado à unidade de mineração de metais preciosos no complexo de produção de cobre metálico da empresa em Dias d’Ávila. A empresa quer aproveitar os metais que são extraídos no processo de transformação do minério de cobre em metal, como ouro e elementos do grupo da platina.

Novo terminal de Salvador vai exportar frutas

Feira de Santana ganhará polo de confecção

Entrevistado pelo jornal Valor Econômico, o presidente da Wilson Sons no Brasil, Cezar Baião, comentou sobre os investimentos feitos na expansão terminal de contêineres da empresa na Bahia. Para dobrar a capacidade e receber navios maiores, acima de 6,5 mil TEUs, a companhia está investindo R$180 milhões, que ampliará o volume de exportações do estado. O Tecon Salvador passa a contar agora com um cais principal, com 377 metros de comprimento e 14 metros de profundidade, e outro berço, com 240 metros de extensão para atender os serviços de cabotagem, a navegação na costa brasileira. O terminal tem apostado no transporte de novas cargas no longo curso, incluindo algodão, piaçava, soja em grão, laranja in natura e manganês. Os principais armadores escalam o terminal na cabotagem e no longo curso.

Feira de Santana vem ganhando espaço no mercado de moda, e o estilista Vitorino Campos é ícone disso. Agora a cidade reforçará sua presença no mundo da moda com a chegada do Polo de Indústrias de Confecção (Polo Icon), que tem previsão do início das obras para até março de 2013. E assim a “Princesa do Sertão” fortalece sua economia e se firma em mais uma área.

Harley-Davidson terá concessionária em Salvador A Construtora Andrade Mendonça assinou contrato com a Harley-Davidson para a construção da primeira concessionária da marca norte-americana na Bahia. O empresário Davidson Botelho e seus sócios Deosdete Junior e Waldemar Marques estão contentes com a parceria. A Bahia Harley-Davidson será construída na Paralela, um pouco antes da Unijorge, com inauguração prevista para início de 2013.

FOTO: Divulgação

Empresa baiana leva equipamento para exposição da ONU em Nova York

Manoel Garrido (ABHI), Bebeto, Ney Campello (Secopa) e João Carlos Passos (Comtecno Multitok), no evento de lançamento da Central Digital de Informações Turisticas no Hotel Fiesta

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A Comtecno, empresa baiana de tecnologia, disponibilizou seu totem, conhecido no Brasil como Multitoky, para a realização de uma exposição da Embratur na sede da ONU, em Nova York. O equipamento participou do projeto piloto “Centro-Oeste – Modernidade e Tradição”, desenvolvido pelo instituto de turismo para apresentar a cultura brasileira e oferecer opções de roteiros integrados para a Copa de 2014.


FOTO: Divulgação

Durante 18º Conaje, é firmado o Conselho de Jovens Empresários na Fieb A Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) formalizou a criação do Conselho de Jovens Empresários durante o 18º Congresso Nacional de Jovens Empreendedores (Conaje) realizado entre os dias 21 e 23 de novembro, em Salvador. O conselho na Fieb visa a troca de experiências e um estreitamento das relações das indústrias com os jovens executivos. O Conaje contou com a presença de cerca de 1,5 mil jovens de todo o Brasil e de países ibero-americanos. O objetivo foi difundir o empreendedorismo para geração de novos negócios e parcerias, promover o aprendizado técnico e humano das entidades jovens do Brasil. Além disso, criaram uma sinergia entre os empresários juniores e os jovens empreendedores, configurando-se com êxito nos movimentos. O tema central deste ano foi a “Educação para Empreender um novo Brasil”, que trouxe a discussão da educação e do empreendedorismo como solução para os principais problemas do país, para preparar o Brasil do futuro mais moderno, empreendedor, sustentável e competitivo. Com tudo isso, os empreendedores participaram também de workshops e feiras de negócios, cases empresariais (Google, Jus Brasil, iBahia, CPFL Energia), palestras como a do senador Cristovam Buarque, do secretário de planejamento da Bahia, José Sergio Gabrielli e do fundador da Embraer, Ozires Silva, além de um talk show na abertura, com o tema “Lideranças na Prática” com Marcelo Odebrecht. Durante a programação aconteceu a Agenda Brasil de Jovens Líderes, que teve como proposta transformar o Brasil no país do empreendedorismo. Na ocasião, foi elaborada uma carta de intenções com direcionamentos e propostas dos jovens líderes para o país, que será entregue à presidente Dilma Rousseff.

(em cima) Senador Cristovam Buarque foi um dos palestrantes. (embaixo) Marcelo Odebrecht entrevistado por repórter da revista Exame

Sotero Hotel é inaugurado em Salvador No dia 27 de novembro, a capital baiana ganhou um novo empreendimento hoteleiro, o Sotero Salvador. Localizado no bairro do Stiep, próximo do Centro de Convenções e Turismo, o Sotero Hotel reforça a infraestrutura hoteleira para a Copa do Mundo e já estava operando em soft open desde o começo de novembro, chegando a alcançar 100% de ocupação na primeira semana de funcionamento. O empreendimento é do Grupo Sagarana e representa um investimento de R$ 34 milhões, sendo R$ 15,1 milhões do projeto financiado pelo BNDES. Em plena operação, o Sotero vai gerar 80 empregos diretos e 320 indiretos. FOTO: Divulgação

A franquia soteropolitana da Fogo de Chão é a que mais cresce no Brasil A franquia baiana do restaurante Fogo de Chão, pelo segundo ano consecutivo, apresentou os melhores resultados em comparação às outras unidades da franquia no país. A casa de carnes em Salvador cresceu 26%, enquanto a média nacional foi de 17%. A rede gaúcha recentemente foi adquirida pelo grupo norte-americano Thomas Lee Partners e tem expectativa de faturamento superior a US$ 220 milhões em 2012, valor 15% maior do que no ano anterior. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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B LO C O D E N OTAS Empresa israelense chega à Bahia A Bahia já é a segunda produtora de algodão do país, atrás apenas de Mato Grosso. O status vai ganhar peso com a chegada da empresa israelense Tama, que produz embalagem plástica RMW para a colheita de algodão. O investimento chegará a US$22 milhões. Será a primeira unidade da companhia fora de Israel, com instalação no Centro Industrial do Subaé (CIS), em Feira de Santana, a ser finalizada no final do ano que vem. FOTO: Divulgação

Empresário baiano recebe prêmio em solenidade com filha de Luther King Raimundo Lima, presidente do grupo Aldeia, foi o único empresário baiano a conquistar o Troféu Raça Negra 2012, recebido durante uma grande solenidade no vistoso teatro Sala São Paulo, na capital paulista, dentro das comemorações da Semana da Consciência Negra. A principal estatueta do prestigiado “Oscar” da comunidade negra brasileira foi recebida pela filha de Martin Luther King Jr., Bernice King, em homenagem póstuma ao pai, um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos.

FOTO: Divulgação

Segmento de bebidas ganha uma nova empresa Após a compra da Schincariol pelo Grupo Kirin, nasce no mercado uma nova empresa, a Brasil Kirin, unindo a tecnologia pioneira da marca japonesa com a paixão do brasileiro em desenvolver os melhores produtos. Com um amplo portfólio de produtos alcoólicos e não alcoólicos, a empresa registrou um crescimento de 12% em seu faturamento e 9,9% em volume no segmento de cervejas no período de janeiro a outubro, superando o número registrado pelo mercado.

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Voos diretos ligarão Argentina à Bahia durante o verão No período de 1º de janeiro a 28 de fevereiro de 2013, a Bahia terá 16 charters que partirão das cidades de Buenos Aires, Córdoba e Rosário direto para Salvador e Porto Seguro. As nove rotas foram confirmadas durante a Feira Internacional de Turismo (FIT) pela Bahiatursa e devem trazer cerca de 15 mil argentinos para a Bahia. Segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de 2011, os argentinos corresponderam a 20% do total do fluxo de estrangeiros no estado.

Grupo Leme recebe prêmio de gestão de pessoas A empresa foi a única do Nordeste a conquistar a premiação As Melhores na Gestão de Pessoas, organizado pelo jornal Valor Econômico em parceria com a consultoria Aon Hewitt, no final de outubro deste ano, em São Paulo. “Esta premiação tem grande importância para nós, porque reflete o reconhecimento dos nossos colaboradores”, explica Eugênia Ávila, gerente de recursos humanos.


FOTO: João Alvarez/Sistema Fieb

Megaeventos esportivos trazem oportunidades para a área de design O estudo Design nas Cidades da Copa 2014: Oportunidades de Negócios revelou que o impacto econômico no Brasil com a realização de megaeventos esportivos é da ordem de R$86 bilhões. O levantamento, apresentado na Federação das Indústria do Estado da Bahia (Fieb), mapeia as oportunidades de atuação para a área de design e aponta os setores de construção civil e infraestrutura, mídia, tecnologia da informação, turismo e segurança como os que mais reúnem investimentos são os de construção civil e infraestrutura, mídia, tecnologia da informação, turismo e seguranças. “O design, como ferramenta, tem muito a contribuir com diferentes atividades econômicas. É preciso dialogar com áreas específicas, como engenharia e TI, por exemplo”, destaca a consultora Inés Sagrario, diretora da Competitiveness, empresa responsável pela elaboração do estudo. Segundo ela, os eventos esportivos são oportunidades de se elevar o patamar de excelência de produtos e serviços oferecidos pelas empresas brasileiras.

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M Í D IA +

APO IO INST IT U CIO NAL

Abap-BA participa da 23ª Convenção da Ademi-BA Para estimular o mercado de comunicação local junto às entidades de diversos setores, a Ademi-BA convidou mais um ano a Abap Bahia como parceira para a 23ª edição de sua Convenção Anual. O evento, ocorrido entre 28 de novembro e 2 de dezembro no Tivoli Ecoresort, na Praia do Forte, trouxe este ano o mentor de estratégia e inovação do Grupo NewComm, Walter Longo, para discorrer sobre o tema “Inovação em Marketing”.

Outdoor da Bahia Marina conquista prêmio nacional de criatividade O painel das latinhas, da Bahia Marina, criado este ano para a Semana do Meio Ambiente pela agência Engenhonovo, conquistou o ouro na categoria Profissional/Ação Social do prêmio nacional que aconteceu em novembro em São Paulo. A peça faz parte das ações socioeducativas de caráter ambiental que divulgam, de forma criativa, a mensagem de preservação do mar.

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Mandacaru Filmes

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O mercado baiano ganhou uma nova produtora de vídeo, a Mandacaru Filmes, empreendimento dos empresários Kabá Gaudenzi, Pedro Gaudenzi e Dylton Lima, que estreou no fim de novembro. O primeiro case da empresa foi produzir uma campanha de verão para a Bahiatursa, com veiculação nacional e participação de várias estrelas do axé music: Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Claudia Leite, dentre outros.


Objectiva em lançamentos Juliana Montenegro é a nova diretora de planejamento e operações da Objectiva Comunicação. A contratação de Juliana, explica Miguel Silveira, sócio-diretor tem o propósito de “oferecer a nossos clientes um diferencial de planejamento, em um momento em que estamos fazendo uma reengenharia dentro da agência”. Outra novidade foi o lançamento da sua primeira revista, no Cinema do Museu. O evento teve início com uma palestra de Joílson Souza, fundador do Observatório de Favelas, que tratou do tema “Comunicação e Transformação Social”.

Brasil será o quinto maior mercado publicitário do mundo Os investimentos feitos em publicidade nos meios de comunicação têm viabilizado um crescimento acelerado do mercado publicitário brasileiro. O aumento de 10,07% em relação ao mesmo período do ano passado supera as expectativas e indica que ainda em 2013 o Brasil deve ultrapassar o mercado do Reino Unido. Para aproximar dirigentes de agências de propaganda de todo o Brasil, o Sinapro-Bahia em parceria com a Fenapro, realizou em novembro mais uma edição do Enapro, que este ano teve como tema central o futuro da propaganda.

SLA é a nova agência do Sebrae Bahia A SLA foi uma das vencedoras da concorrência do Sebrae Bahia para contratação de serviços de publicidade e propaganda. O vice-presidente de novos negócios da agência, Luis Eduardo Lima, comemorou a conquista: “É um cliente importante pelo papel fundamental que o Sebrae desempenha na economia baiana”. FOTOS: Divulgação

Morya realiza uma das maiores campanhas de 2012 A Morya veiculou, no final de novembro, uma das maiores campanhas publicitárias já realizadas em 2012, com verba de produção estimada em R$2,5 milhões, apenas para os comerciais. São os 100 anos do Sicredi, cooperativa de crédito com sede no Rio Grande do Sul e atuação em todo o país. A campanha é composta por seis filmes produzidos pela Cine. Além de um institucional que resume o novo posicionamento, há comerciais que têm como trilha uma versão mais agitada e contemporânea de Eu Quero Apenas, música de Roberto Carlos.

FOTO: Divulgação

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POR NÚBIA CRISTINA

FOTO: João Morgado

Tomás de Oliveira, Empreiteiros busca parceiros locais A Tomás de Oliveira, Empreiteiros S. A., mais antiga construtora portuguesa, está à procura de parceiros locais, num claro exemplo de que empreendedores de Portugal enxergam o Brasil como um dos principais destinos de investimento neste cenário de crise nos Estados Unidos e Europa. Com mais de 100 anos de atuação, sucursais em Angola, Abu Dhabi e Moçambique, a Tomás de Oliveira tem obras na Argélia, Marrocos e até na Alemanha. A empresa tem interesse em investir preferencialmente no interior do estado, em obras públicas, de construção pesada ou empreendimentos habitacionais.

Alves Ribeiro: de olho em projetos de aeroportos Em atuação no Brasil desde janeiro deste ano, a construtora portuguesa Alves Ribeiro firmou alianças estratégicas com empresas da Bahia e de Florianópolis (SC) e está participando de licitações para obras de ampliação e modernização de aeroportos. Com sede na Bahia, a empresa participa de um consórcio formado pela Produman e Conenge (SC), que está trabalhando na ampliação do Aeroporto Internacional de Florianópolis. As obras começaram em junho de 2012 e devem cumprir um cronograma de dois anos. O diretor da Alves Ribeiro, Paulo Carvalho, afirma que está otimista em relação às oportunidades que surgem no Brasil e em especial na Bahia. A construtora lusa está participando, em regime de consórcio com empresas locais, de outras licitações para ampliações de aeroportos nas regiões Sul e Nordeste do Brasil.

FOTO: Divulgação

Seth quer investir na Bahia Outra empresa portuguesa do segmento da construção interessada em encontrar parceiros na Bahia para novos investimentos é a Seth, fruto de uma associação com a dinamarquesa Højgaard & Schultz, uma das principais players mundiais em obras marítimas, referência em engenharia costeira e portuária. Um dos sócios da Seth, Manuel Garcia, ressalta que a estagnação da economia portuguesa fez o grupo projetar novos investimentos em países emergentes. E o Brasil, além de outros países que foram colonizados por Portugal, tem prioridade na escolha. A Seth tem filial e obras em Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-Conacri. FOTO: Acervo Pessoal

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Jardins do Litoral Especializada no segmento de alto padrão, a Design Resorts lança o Jardins do Litoral, um condomínio de casas da orla de Camaçari, localizado a 500 metros da praia. Dividido em três etapas, o empreendimento será construído em uma área de 200 mil m2. Serão 473 casas de dois e três quartos, germinadas ou individuais, com 60 m2 e possibilidade de ampliação para 85 m2. Enquadrado no programa Minha Casa Minha Vida, o condomínio oferece diferenciais de resort de luxo, a exemplo de um clube privativo de primeira linha, e preços que variam de R$ 139 a R$ 160 mil. A previsão é que as obras sejam iniciadas no primeiro trimestre de 2013.

Ernani Assis é o novo CEO regional da RE/MAX

FOTO: Divulgação

FOTO: Divulgação

Creci Bahia participa de evento internacional O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci-BA), Samuel Prado, e o vice-presidente da instituição, Nilson Araújo, participaram do National Association of Realtors, que aconteceu em Orlando (Flórida) de 9 a 12 de novembro. Organizado pela Miami Association of Realtors, entidade que agrega 1,2 milhão de corretores nos Estados Unidos, o evento reuniu cerca de 20 mil profissionais do mercado imobiliário, que participaram de palestras, debates e fizeram visitas técnicas a imóveis. O Creci-BA promoveu ações de marketing para divulgar seu trabalho no estande montado pelo Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci-Creci).

Pré-lançamento do Horto São Rafael A OAS Empreendimentos lança o primeiro condomínio-clube do bairro São Rafael. Um residencial de dois e três quartos com 48,36m2 e 58,36m2, que oferece completa estrutura de lazer. O Horto São Rafael será construído em uma área com mais de 6.000 m2 e terá duas torres de 13 e 14 pavimentos. No final do ano passado, a incorporadora lançou o primeiro centro empresarial de alto padrão na região, o Evolution Business, que no primeiro mês de vendas comercializou 100% das lojas e 70% das salas comerciais. O Horto São Rafael está sendo comercializado pelas imobiliárias OAS Imóveis, Lopes e Brasil Brokers Brito & Amoedo.

Executivo de sucesso com atuação no Brasil e experiência internacional, Ernani Assis é o novo CEO regional da rede de franquias imobiliárias RE/MAX. Conhecido por sua inteligência em negócios, ele demonstra em todas as posições que ocupa que sabe enxergar oportunidades e transformá-las em resultado. Antes de integrar o time da RE/MAX regional – que atende aos estados da Bahia, Sergipe e Distrito Federal -, ele comandava os rumos da principal concorrente dessa rede de franquias imobiliárias. Foi nomeado diretor regional da Century 21 Brasil Real Estate, em maio de 2010, e chegou à posição de presidente e CEO da companhia em março de 2011, onde liderava as operações no Brasil e Uruguai. Em outubro, oficializou a transição para a RE/ MAX. Essa mudança tem sintonia com o gosto pelo desafio, o foco na inovação e um sentido apurado para identificar boas oportunidades em mercados emergentes. Feliz e motivado com o novo cargo, Assis resume em quatro palavras sua metodologia de trabalho: estudo, preparação, planejamento e execução. Ele explica que o primeiro passo é identificar possibilidades de melhoria e desenvolvimento. “A meta é ter o maior e melhor time de corretores, maior número de agências e tornar a RE/ MAX a primeira referência em franquia imobiliária para o consumidor”, resume. Assis planeja abrir mais 26 franquias na Bahia, 14 no Distrito Federal e quatro em Sergipe ainda em 2013.

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E X P E R IÊN C IAS FOTO: Carolina Coelho

A constante movimentação fez com que a BR Mania do Cidade Jardim conquistasse, em 2012, a posição de franquia que mais vende no país

COMIDA DE POSTO Estacionar para abastecer o carro? Não, o estômago. Esqueça os salgados requentados e os sucos de caixinha e experimente o novo modelo de gestão da loja do posto de combustíveis que foi muito além do conceito de conveniência e hoje atrai clientes por conta dos variados serviços que oferece por CAROLINA COELHO

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bastecer o carro já virou um mero pretexto para quem frequenta o posto Petrobrás do bairro Cidade Jardim. Isso porque a loja de conveniência do lugar já virou ponto de encontro para quem está atrás de uma alimentação variada com rapidez e qualidade. Tanto nos dias de semana quanto nos sábados e domingos, a loja se enche de pedidos que se estendem do café da manhã ao lanche da noite, do beiju ao carpaccio de polvo. A constante movimentação fez com que esta BR Mania - como são chamadas as lojas de conveniência dos postos Petrobrás – conquistasse, este ano, a posição de líder em vendas no país. À frente da gestão está o soteropolitano André Pedreira de Freitas, que, após incrementar novas experiências de consumo à sua loja, conseguiu aumentar seu lucro em 200%. Atualmente, cerca de 40% do total arrecadado pelo posto de combustíveis já é gerado pela loja de conveniência. O resultado positivo chamou a atenção de outros dirigentes de postos BR e André foi eleito conselheiro da Petrobrás em 2012. Com 120 m2, o espaço consegue reunir as tradicionais conveniências, como água, bomboniere e sorvete, com pratos feitos na hora, que incluem café da manhã, almoço executivo, iguarias japonesas, sanduíche, pão fresco, salgados, tortas, e a lista continua. A ideia é oferecer um modelo de conveniência que se pareça com uma praça de alimentação de shopping. “Mas nada foi feito de uma vez só”, explica André. Foram necessários 14 anos de administração para o negócio conquistar o título nacional que lhe é atribuído hoje. Desde que comprou o posto, em 1998, na época ainda da rede Ipiranga, ele percebeu que a localização era ideal para desenvolver algo além da venda de combustível. A mudança para a rede Petrobrás, em 1998, deu o estímulo para novas propostas que viriam a ser exploradas pelo dono.

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Um dia, ao ouvir um cliente dentro da loja reclamando sobre o preço do leite condensado, percebeu que precisava oferecer algo diferenciado que agregasse valor e ganhasse o respeito do consumidor, além de revender produtos. Apostar em refeições foi a melhor opção. “Diferente do combustível, que varia de preço de acordo com o mercado e governo, a alimentação sofre menos oscilação”, explica André. A proposta inicial era comprar todas as comidas prontas, até ver na prática que Salvador não tinha demanda para sustentar os serviços que ele queria. Investiu então em funcionários especializados e equipamentos profissionais para conseguir produzir na própria loja 95% da alimentação que dispõe para vender hoje. O pontapé inicial da produção foi o pão francês, escolhido primeiramente por ser um produto de fidelização e habitualidade, e que deu início a todos os outros que viriam em um período de dois anos. Mas como em todo negócio de alimentação, a gestão é trabalhosa, com preocupações que vão desde o pedido de mercadoria a armazenamento correto, manipulação e forma de servir. “Da energia que despendo na administração do posto, 90% gasto na loja de conveniência”, diz André. As reformas já foram muitas, todas para melhorar estruturas técnicas e garantir qualidade e agilidade no serviço. Em julho deste ano, foram gastos R$ 900 mil para modernizar os aparelhos, trocados para a linha profissional, além dos balcões do caixa, que foram ampliados para seis para evitar fila no pagamento. “Ganho pelo volume de vendas,

Pão francês deu início a tudo, por ser um produto de fidelização e habitualidade “90% da energia que despendo para administração do posto é na loja de conveniência”

70 funcionários – 48 são da loja de conveniência R$12 a R$14 é a média de gasto por cliente que entra na loja R$25 a R$30 é a faixa de gasto por cliente que vai almoçar Pratos executivos: 80 por dia durante a semana e 50 no final de semana 80% dos pagamentos são feitos no cartão de crédito 15 máquinas de cartão de crédito só na loja de conveniência 90% do público do café da manhã é homem

então o conceito de velocidade é fundamental no meu negócio”, salienta o administrador. Agilidade parece ser um dos grandes aliados do sucesso do lugar. Na correria do dia a dia, conseguir almoçar em 20 minutos é tudo o que um trabalhador espera encontrar. Já no final de semana, com tempo e tráfego mais livres, a viagem ao posto vira um programa, não mais uma conveniência. Acompanhados de amigos e familiares, os clientes vão atrás de uma refeição de qualidade em um ambiente informal, o que garante o preço em conta. Pensando em atrair esta clientela, que cresce em uma frequência de 30%, pratos exclusivos e mais elaborados já estão sendo criados. Escolher o público-alvo foi uma das primeiras decisões tomadas no início do projeto. Ao definir o núcleo familiar como seu principal consumidor, foi posta à margem a má fama que todo posto de combustíveis ganha após a virada da meia-noite, quando jovens lotam as lojas de conveniência com sons de carro e bebidas alcoólicas. Para evitar esse público, três táticas foram postas em prática: não abrir durante o horário de 0h às 5h, proibir a venda de bebidas alcoólicas entre 5h e 8h e não acolher da mesma maneira o cliente que só vai para lá beber. Adotadas as medidas, o posto não voltou mais a ter problemas deste tipo. Atento às inovações, André não deixa de buscar referências para estar constantemente apresentando novas opções aos clientes. Durante viagens, o empresário diz que virou programa turístico visitar três ou mais BR Manias para comparar e se inspirar. Ao ser perguntado sobre a fórmula do sucesso, ele responde: “Saber dosar e entender o que o consumidor quer é o segredo de todo empresário”. [B+]

FOTOS: Rômulo Portela

O boxe de comida japonesa do posto é, sem dúvida, um dos carros-chefes da BR Mania

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O QUE É QUE ESSE ALGODÃO TEM?

Cotonicultura da Bahia é referência tanto em produtividade como na qualidade do produto, beneficiado pelas condições do clima, solo, tecnologias e capacitação do produtor por MURILO GITEL

FOTOS: Adenilson Nunes/Secom-BA

A produtividade média do Cerrado baiano, de 270 arrobas por hectare, perde apenas para a Austrália (271@/ha), e supera a média nacional (250,8@/ha) e a da China, com 226,1 arrobas por hectare

A produção recorde na safra 2010/11 também saturou o mercado e fez despencar o preço do produto em 2012.

A qualidade do algodão baiano é comparada à do algodão egípcio, reconhecido internacionalmente pelos seus atributos, segundo o secretário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia, Eduardo Salles. A atividade têxtil do estado representa 30% da produção nacional

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produção do algodão baiano (safra 2010/11), especialmente a do oeste do estado, foi considerada a segunda maior do mundo, atrás apenas da Austrália, quando obteve produtividade média de 270 arrobas por hectare. A excelência do produto também foi mencionada como a melhor entre todos os estados brasileiros. “Boas condições de clima e solo, recursos hídricos e o uso estratégico das mais modernas tecnologias do mercado, aliados ao alto índice de informação e 28

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profissionalismo do produtor rural contribuem para essa imagem do algodão baiano”, destaca a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Isabel da Cunha. Apesar de a produtividade ter sido afetada pela estiagem, nos primeiros meses do ano, a qualidade do algodão baiano tem se mantido no mesmo patamar de excelência da safra anterior, mas 2012 deve fechar com redução de 26,8% de área produzida. [B+]


STARTUP 30 | [C] LUIZ MARQUES 42

NEGÓCIOS

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ADEPTOS AOS CONDOMÍNIOS DE EMPRESAS

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BAHIA ATRAI INVESTIMENTOS E KNOW-HOW PORTUGUESES


N E GÓ C IO S | s t a r t u p

VAI UM VOUCHER GRÁTIS? Mania nos Estados Unidos, os sites especializados em cupons grátis chegam a Salvador para distribuir descontos que vão de produtos alimentícios a serviços de pet shop, deixando para o consumidor apenas o trabalho de apertar o botão para impressão. A start up Conecti, à frente dessa nova moda de ofertas, inova o mercado baiano com mais um dos seus projetos por CAROLINA COELHO fotos RÔMULO PORTELA

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mprima um desconto antes de ir às compras. Essa é a proposta da nova plataforma de ofertas do Voucher Grátis, que será lançado no mercado soteropolitano em dezembro de 2012. Na prática, um processo simples: antes de sair para jantar ou escolher a academia da vez, o consumidor pode conferir as ofertas reunidas no site, imprimir grátis um cupom de desconto e apresentar no estabelecimento. Inspirados nos tíquetes de desconto distribuídos em cada esquina das cidades norte-americanas, os três sócios baianos Carlos Bacelar, Danilo Delgado e Diego Alvarez, formados nas áreas da computação e sistema de informação, perceberam o potencial do negócio e customizaram o modelo de acordo com as necessidades do mercado baiano. Após o boom e recentemente a queda dos sites de compras coletivas, que ajudaram a propagar o gosto pela cultura da promoção online, a distribuição de cupons começou a atrair os olhares dos empreendedores. O serviço, lançado este ano na web brasileira e já disponível nas principais cidades da região Sudeste, chega agora a Salvador através da Conecti, empresa start up com dez anos de experiência em projetos de TI. Com o mote do Natal, o lançamento do site contará com os descontos de cem estabelecimentos âncoras que irão divulgar todo dia uma promoção diferente. Mas quem quiser conseguir um voucher vai ter que ficar atento para garantir seu desconto, pois inicialmente o limite de cupons se restringirá a cinco pessoas.


A quantidade limitada de usuários que vão usufruir do beneficio é a grande sacada do negócio. “Diferente do que acontece nas compras coletivas, os vouchers grátis permitem ao estabelecimento se preparar para receber um número certo de clientes, sem a chance de se perder a qualidade no serviço por conta da sobrecarga de pedidos”, ressalta Diego Alvarez, um dos sócios. Com as lojas tendo o controle da oferta, é mais vantajoso oferecer descontos maiores que não prejudiquem a lucratividade. Os consumidores também acabam sofrendo menos prejuízos com os vouchers, pois não precisam pagar antes por um serviço que muitas vezes se mostra inferior ao esperado. De fato, vantagens inovadoras é o que não faltam neste modelo de cupom grátis baiano. Ao fazer o cadastro no site, o usuário tem a opção de preencher seus dados pessoais ao modo simples ou detalhado. Quem optar por dar mais informações terá mais benefícios em sua página, como descontos exclusivos. Os dados dos consumidores, como faixa etária, sexo, bairro residente, gosto por atividades, entre outros, serão fornecidos às empresas quando o usuário fizer a impressão de um desconto. Assim os anunciantes podem ter acesso aos perfis dos consumidores, servindo como uma forma de pesquisa para a prospecção de clientes. Mas como toda oferta vigente, essa também tem suas regras. Como os vouchers só terão validade para o dia vigente da oferta, um número serial será atribuído a cada cupom para certificar se o cliente realmente compareceu ao ponto ou se apenas fez a impressão. “As medidas regulatórias visam disciplinar o uso da plataforma, já que é gratuita”, explica Diego. O usuário que não fizer o uso terá os descontos bloqueados por um tempo determinado. Todo o frenesi do marketing digital também será integrado ao serviço: fan page com campanha viral nas redes sociais, disparo de e-mails marketing, busca orgânica no Google e comentários dos amigos que já estiveram no lugar. Na versão mobile do site, mapas combinados a realidade aumentada identificarão os estabelecimentos próximos que estão anunciando descontos. “Com a massificação da internet, todo mundo está conectado o tempo todo, a construção de plataformas virou um filão de oportunidades para o marketing digital”, ressalta Diego. Identificar as oportunidades do mercado parece ser, aliás, a principal motivação da Conecti. A start up carrega uma ampla bagagem de experiências

O sócio Danilo Delgado aponta na rede como irá funcionar a busca por vouchers através dos mapas

“Queremos que os consumidores consultem primeiro nosso site antes de escolherem um lugar para comprar” Diego Alvarez, sócio da Conecti prestando serviços em projetos empreendedores. Em 2009, os três sócios foram fazer parte da equipe da start up carioca Power, no Vale do Silício, na Califórnia, um dos maiores parques de inovação tecnológica do mundo. Como arquitetos de software, respiraram a cultura empreendedora e trabalharam com alguns dos melhores profissionais do setor. A experiência vivida foi suficiente para perceberem um mar de oportunidades no Brasil, e voltarem com todo gás. Em menos de um ano, eles já haviam conquistado a conta da comercialização dos ingressos do Rock in Rio, numa plataforma desenvolvida com tecnologia de ponta. Sempre buscando fomentar o empreendedorismo aplicando projetos com soluções inovadoras, a equipe Conecti quer agora mudar o hábito do consumidor com o lançamento do Voucher Grátis. “Antes de escolher um lugar para comprar, queremos que os consumidores consultem primeiro nosso site”, diz Diego. Entusiasmados, os sócios esperam reunir mil estabelecimentos anunciando seus descontos até junho de 2013. E como quem planeja aproveita mais, já estão montando um modelo de franquia para expandir o negócio para o mercado nacional. [B+]

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N E GÓ C IO S | i n f ra e s t ru t u ra

Emprego da mão de obra local é marca do Condomínio Moradas da Lagoa, que teve aporte de R$33 milhões para ser implantado

VIZINHOS DE NEGÓCIOS Os condomínios de empresas começaram a ganhar espaço no Brasil nos anos 1990. Desde então, o conceito de gestão conquista mais adeptos, inclusive na Bahia. Entre as vantagens, destacam-se questões como redução de impostos, corte de gastos e maior segurança por MURILO GITEL

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FOTO: Adenilson Nunes/Secom-BA

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fábrica de confecções Mahalo, a empresa de móveis Tidelli e a indústria de revestimentos em madeira Oca Brasil têm algo em comum e que vai além do sucesso de suas marcas e os naturais lucros de suas vendas. Elas praticam, literalmente, a “política da boa vizinhança”. Vizinhas que são, encontram-se instaladas no mesmo local: o Parque Empresarial Moradas da Lagoa, em Coutos, subúrbio de Salvador. Nesta modalidade de negócios, as empresas dispensam um endereço exclusivo e suas unidades ficam em condomínios, juntamente com outras companhias. Mas o que as atrai? As principais vantagens de compartilhar a infraestrutura são o aumento da segurança, a redução de despesas, como manutenção de portaria e refeitório, e a possibilidade de solucionar problemas como escassez de terrenos e lentidão para obtenção de licenças. “Esses arranjos são importantes polos de atração de empresas, dadas as características locais que permitem a racionalização do fornecimento de diversos serviços comuns a elas, além da capacidade de se criar sinergias entre uma mesma cadeia produtiva”, destaca Albert Hartmann, superintendente de Indústria e Mineração da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia (SICM).

Moradas da Lagoa: fator social Administrado pela Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic), órgão vinculado à SICM , o condomínio Moradas da Lagoa existe desde 2004 e abriga, atualmente, 14 empresas, que fabricam móveis, confecções, revestimentos de madeira, salgadinhos, embalagens de papel, materiais elétricos, blocos de espuma e equipamentos de som, além de gerar 1,5 mil empregos diretos e mais de três mil indiretos. “Aqui são fabricados mais de 30 itens, entre camisas, camisetas, calças, shorts, bermudas e cuecas”, afirma o proprietário da Mahalo, Antoniel de Almeida. Grife de sucesso entre os jovens, a empresa ocupa dois galpões e conta com mais de 600 funcionários. É de lá que vem toda a produção que abastece as 25 lojas do grupo, além de outras 500 unidades de confecções que comercializam a marca. De acordo com o superintendente da SICM, R$33 milhões foram empregados na implantação do Moradas da Lagoa, que nasceu com o objetivo de desenvolver a renda dos moradores do loteamento homônimo, situado em uma região vulnerável em nível social, e o segmento econômico-industrial como um todo. “Moro perto, venho de bicicleta. Gosto do meu trabalho, ele tem me ajudado muito”, comemora Rosângela Santana, funcionária da Tidelli, onde exerce a função de trançadeira, em um galpão de 2,8 mil metros quadrados. A empresa disponibiliza treinamento de capacitação técnica, após a admissão de pessoas que moram na área (maioria dos 260 funcionários).

FOTO: Manu Dias/Secom-BA.

Galpões do condomínio Bahia Têxtil, inaugurado em outubro

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FOTO: Mateus Pereira/Secom-BA.

O vice-governador da Bahia, Otto Alencar, durante a cerimônia de lançamento do Cone Aratu

VANTAGENS DOS CONDOMÍNIOS DE NEGÓCIOS A empresa não precisa se descapitalizar comprando áreas e investindo em instalações, já que os ativos são da operadora do condomínio, que os aluga a tais empresas; Os investimentos dos clientes podem ficar concentrados nos seus corbusiness; Custo menor de prestação de serviços, tais como: segurança, jardinagem, alimentação e manutenção; Facilidades de logística e inclinação para favorecer mão de obra local.

Cone Aratu: zona logística pode abrigar até 60 empresas, oferecendo infraestrutura para a operação dos empreendimentos. O Banco do Nordeste contratou R$124,5 milhões para a primeira etapa do projeto, referente a 11 galpões

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Cone Aratu Outro condomínio de empresas significativo é o Cone Aratu, cujo lançamento do projeto aconteceu em 29 de maio, na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). O empreendimento da Cone, empresa pernambucana formada pelos acionistas da Moura Dubeux Engenharia, consiste em uma plataforma logística industrial situada em um terreno de quatro milhões de metros quadrados, no Complexo de Aratu. Em dez anos, a Cone pretende investir R$1,3 bilhão no projeto localizado em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, em uma localização cortada por uma linha da Ferrovia Centro-Atlântica e pela rodovia BR-324. A meta da companhia, que já opera um modelo similar em Suape (PE), visa atender a forte demanda de empresas e serviços no estado – principalmente galpões e infraestrutura de logística próximos ao Porto de Aratu e especialmente para o Porto de Salvador. “Vai significar a geração de cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos. Para a operação, serão sete mil empregos permanentes no complexo”, garantiu o presidente da construtora pernambucana, Marcos Moura Dubeux. Segundo ele, o empreendimento pode ser ampliado e aperfeiçoado gradativamente. O condomínio é uma espécie de zona logística que pode abrigar até 60 empresas, oferecendo infraestrutura para a operação dos empreendimentos, que ganham em competitividade. “O planejamento para aquela região inclui, além do condomínio logístico, a implantação de indústrias e de outros empreendimentos que irão se beneficiar da infraestrutura do local, criando um novo polo de desenvolvimento regional”, projeta Albert Hartmann, da SICM. De acordo com Ângelo Belélis, vice-presidente do Cone, o complexo poderá absorver um fluxo de 22.500 carretas/ mês, no intuito de organizar a distribuição das cargas e aliviar o impacto desse contingente na malha viária da região metropolitana, onde o tráfego é mais intenso. “Hoje, grande parte dos galpões existentes na região metropolitana de Salvador estão desatualizados em termos de tamanho, infraestrutura, capacidade e otimização. Isso cria uma demanda por galpões mais modernos, o que será oferecido pelo Cone Aratu”, garante Belélis. A primeira empresa anunciada para se instalar no Cone Aratu é o operador logístico Rapidão Cometa, cujas operações foram adquiridas em maio pela FedEx, e que vai ocupar cerca de 20 mil m2 de galpões. “Estamos em negociação com várias empresas”, adianta o vicepresidente do Cone Aratu, mas sem revelar nomes.


FOTO: Divulgação.

Cone Suape conta com 15 milhões de metros quadrados de área, em uma localização privilegiada

Cone Suape: modelo de sucesso

Bahia Têxtil De estrutura menos complexa e voltado exclusivamente para o ramo das confecções, o Condomínio Bahia Têxtil foi inaugurado no dia 3 de outubro, no bairro do Uruguai, na Cidade Baixa, em Salvador. Vinte e uma empresas do setor têxtil passam a funcionar no local, que gera cerca de 800 empregos diretos - quando estiver em pleno funcionamento, serão dois mil postos de trabalho. A implantação de um polo têxtil em um local onde já funciona um complexo com lojas de fábrica deve permitir aos empresários uma redução em seus custos. “Aqui vamos formar uma cadeia produtiva na área de confecção, coisa que não existe em lugar nenhum do Brasil. Vamos trabalhar com todas as áreas, produzir calça, camisa, terno, fazer bordados, pintura. Com isso, fechamos a cadeia produtiva e nos tornamos mais competitivos no mercado. Além de vendermos para todo o país, podemos exportar nossos produtos”, enumera o empresário Marco Aurélio Souza. Uma das promessas é de que o condomínio aperfeiçoe o potencial da mão de obra local, bem como viabilize novas tecnologias para obter ganhos de produtividade e enfrentar a concorrência internacional no setor. “O compromisso firmado é o de contratação da maioria das pessoas que sejam residentes no local”, observa Albert Hartmann. [B+]

A meta da companhia, que já opera um modelo similar em Suape (PE), visa atender a forte demanda de empresas e serviços no estado – principalmente galpões e infraestrutura de logística próximos ao Porto de Aratu e especialmente para o Porto de Salvador

O Cone Aratu, em Simões Filho, pode se inspirar no Cone Suape, de Pernambuco, uma vez que vai contar com a expertise da Moura Dubeux – responsável pelo projeto no estado vizinho. Lá, foram contemplados 15 milhões de metros quadrados de área, em uma localização privilegiada, a 15 quilômetros do aeroporto do Recife, nove quilômetros do cais do Porto de Suape, com ferrovia ligada ao empreendimento, e a dez minutos do centro econômico da capital. As operações já foram iniciadas e 30 empresas de referência nacional fecharam contrato de locação até o momento, dentre as quais Gerdau, Rapidão Cometa, Tecmar e ArcelorMitta. A expectativa é de que o empreendimento, estimado em R$2 bilhões, esteja concluído em dez anos (80% até 2016), segundo informações do Banco do Nordeste, que já contratou R$124,5 milhões para a primeira etapa do projeto, referentes a 11 galpões.

FOTO: Manu Dias/Secom-BA.

Governador Jaques Wagner e demais autoridades participam do lançamento do condomínio Bahia Têxtil

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N E GÓ C IO S | co m é rc i o e x t er io r

BAHIA E PORTUGAL FALAM DE QUEIJOS, VINHOS E ECONOMIA

A crise econômica que desde 2008 abala a União Europeia também potencializa oportunidades de negócio – do lado de cá do Atlântico por ROGERIO BORGES

FOTO: Manu Dias/Secom-BA.

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ontinua válida a máxima segundo a qual o dinheiro não some, mas apenas muda de mãos. Há dois anos à frente da Câmara Portuguesa de Comércio da Bahia, António Coradinho mapeia uma dessas trocas. Portugal, que “atravessa dificuldades”, tem hoje “ociosidade de mão de obra e de equipamentos que a Bahia precisa”, avalia. Tem, além disso, a expertise que falta a determinados segmentos da economia baiana. A agropecuária, nesse sentido, merece destaque. Apesar de reunir, por exemplo, o maior rebanho de caprinos e o segundo maior de ovinos do país, a Bahia ainda não produz os sofisticados e caros queijos de leite de cabra. O famoso queijo amanteigado, importado de Portugal, chega à Bahia por R$300 o quilo. São cerca de 4,2 milhões de cabeças de cabra e 2,5 milhões de ovinos, correspondentes a 42% e 16,5% do rebanho nacional, produzindo leite apenas para as suas próprias crias. Coradinho foi à região portuguesa de Aveiro, em dezembro, a convite da associação comercial local, para apresentar oportunidades nesse setor. É de Portugal que pode vir a tecnologia para passar a produzir queijo de leite de cabra e de ovelha no semiárido baiano. Foi lá que esteve o secretário estadual de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, para convidar empresários a vir conhecer oportunidades e vantagens de investir na agropecuária local, em especial nos segmentos de laticínios, vinhos – e ovinocaprinocultura. “Nossos principais objetivos são viabilizar parcerias entre os laticínios baianos e a indústria portuguesa, criar uma cooperativa de pequenos e médios produtores de leite de cabra e ovelha da Bahia e montar um laticínio com eles”, diz Salles. Ele explicou que o governo “quer dar sustentabilidade para a convivência com o semiárido e produzir queijos de qualidade que possam chegar ao consumidor ao custo aproximado de R$50 o quilo e fazer com que mais pessoas possam consumir”. Um dos prováveis resultados da mais recente missão empresarial baiana a Portugal, de que participou a Câmara Portuguesa de Comércio da Bahia, é a celebração de acordos de cooperação técnica com a Cooperativa dos Produtores de Queijos da Beira Baixa e a bicentenária Casa Matias, da região de Serra da Estrela, em Portugal, uma das mais famosas queijarias da Europa. A ideia é justamente viabilizar a produção de queijos com leite de cabra e

ovelhas por pequenos produtores da Chapada Diamantina, em parceria com laticínios baianos. José Matias, proprietário da Casa Matias, esteve na Bahia e levou para Portugal o diagnóstico das regiões produtoras. O próximo passo é avaliar parcerias com laticínios e produtores baianos para produzir queijos amanteigados semelhantes aos de Portugal. “Não somos melhores nem piores, que outras queijarias, mas diferentes”, disse José Matias em Portugal, onde trata de montar o Museu do Queijo. Profundo conhecedor do setor, ele acha que “a Bahia tem condições de produzir queijos de qualidade com leite de cabra e ovelha, podendo inclusive utilizar também leite de vaca na mistura”. FOTO: Divulgação

O know-how pode vir também do Centro de Apoio Tecnológico Agroalimentar de Castelo Branco (Cata), em Portugal. Salles acredita que a entidade “pode ser um grande parceiro” no desenvolvimento de queijos na Bahia. O Cata, um investimento 3,5 milhões de euros, possui estrutura e equipamentos de última geração para pesquisas focadas no setor agropecuário e em produtos como azeites, leites e queijos e hortifruticultura.

Vitivinicultura A comitiva baiana também esteve com vinicultores portugueses na Associação Empresarial da Região de Santarém (Nersant), na região do Ribatejo, na Associação Empresarial da Região de Castelo Branco (Nercab), na Adega do Alto Tejo e na Vinícola Casal Branco. Os resultados da investida ainda não são tão visíveis quanto na ovinocaprinocultura.

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Nesse setor, a Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia mira principalmente o município de Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina, que no ano de 2012 deu início a um ambicioso projeto de produção de vinhos. A expectativa do governo baiano é trazer jovens empresários ligados a famílias com tradição na produção de vinhos em Portugal – e também na França – para criar viniculturas de pequeno porte na Chapada Diamantina. A Secretaria da Agricultura vai produzir uvas de forma experimental também em Mucugê e Rio de Contas, cidades com clima e solo ideais para o plantio da uva vinícola, como em Morro do Chapéu, que promete ser o novo polo do setor na Bahia. Por meio de uma parceria, o governo do estado, a associação de produtores e criadores locais, a Embrapa e a prefeitura da cidade montaram ali uma fazenda experimental que já colheu a primeira safra. A plantação experimental ainda é para avaliação técnica e econômica. Em um terço da área total, que tem 1,4 hectare, foram colhidas uvas cabernet sauvignon, monblanc, syrah, sauvignon blanc, moscato, chardonay, malbec, petit verdot e cabernet franc. O vinho, contudo, ainda será fabricado em Petrolina (PE). A chegada dos vinicultores portugueses pode alavancar e acelerar muito esse processo.

As videiras, de nove tipos originários de mudas da região de Champagne, na França, foram plantadas em maio de 2010. As uvas vão produzir as primeiras mil garrafas de vinho e espumante de Morro do Chapéu

Indústria naval e hotelaria O português António Coradinho, que é natural de Montemor-o-Novo, no Alentejo, região produtora de vinhos, tem um apreço especial pelas relações com Morro do Chapéu – e planeja inclusive estimular um processo de geminação com a sua cidade natal. Mas sublinha oportunidades de intercâmbio econômico no setor da construção naval, com um olho no futuro Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP), em Maragogipe, e outro no potencial de empresas como a Lisnave, os Estaleiros Navais de Lisboa, em Portugal – líder europeia em reparação naval. Coradinho acredita que “os estaleiros portugueses podem se instalar aqui para entrar na cadeia produtiva” da construção de plataformas de petróleo no Recôncavo baiano. “O Brasil tem capacidade para atender 30% das futuras encomendas da Petrobras à indústria naval”, contabiliza o presidente da Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia. “Vai precisar de maior capacidade instalada”, avalia. Já foram marcadas visitas de empresários portugueses à Bahia para avaliar investimentos nesse setor, informa Coradinho. A secretaria estadual de Portos e Indústria Naval, de acordo com ele, vem tratando de treinar pessoal especializado na Lisnave, em Lisboa, para depois atuar como multiplicador de conhecimento na Bahia. O treinamento de mão de obra é outro segmento promissor para o intercâmbio econômico. No setor em que os portugueses são mais conhecidos na Bahia, o da hotelaria, Coradinho também tem planos para treinar mão de obra com tecnologia portuguesa. O projeto, ainda embrionário é “criar uma escola de hotelaria voltada para o ensino médio” em Salvador, com um parceiro local que não foi divulgado. O Hotel Pestana, pertencente a uma rede portuguesa, cederia o espaço para os cursos de formação.

Atentos às oportunidades, portugueses veem oportunidades de negócios no futuro Estaleiro Enseada do Paraguaçu

FOTOS: Manu Dias/Secom-BA

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FOTOS: Divulgação

O primeiro voo da Sata para Salvador, já lotado, aconteceu em no final de setembro de 2012

Interesse crescente Fechar a cadeia produtiva que utiliza matériaprima produzida pelo Polo Industrial de Camaçari é outro argumento a favor da instalação de empresas portuguesas na Bahia. Para António Coradinho, o crescente interesse nesse movimento de oportunidades é que levou ao aumento dos voos entre Salvador e Lisboa. A linha já era servida pela TAP com um voo diário e agora também pela açoriana Sata. “Os voos estão sempre cheios”, testemunha. A Sata voa de Lisboa para Salvador às quintas-feiras e retorna às sextas. Um segundo voo semanal está sendo estudado. O primeiro voo da Sata para Salvador, já lotado, aconteceu em 27 de setembro último. Para a companhia, sediada no arquipélago dos Açores, região autônoma de Portugal situada no meio do Atlântico, a busca por mercados externos é importante para manter a competitividade. António Menezes, presidente da Sata, define a operação no Brasil como “um passo importante na estratégia de crescimento e, ao mesmo tempo, uma grande aposta no mercado brasileiro, que, com a sua economia emergente, 40

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Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio da Bahia, António Coradinho estreita relações comerciais entre a Bahia e Portugal

registrou taxas de crescimento muito interessantes para o negócio da aviação comercial”. A proposta de criar um voo semanal da Sata entre Salvador e Lisboa nasceu em um dos eventos da Câmara Portuguesa de Comércio, conta Coradinho. A capital baiana é hoje “a única cidade brasileira com duas empresas portuguesas voando”. No recente seminário, realizado em outubro, “Oportunidades de Negócios Bahia-Portugal”, da Câmara Portuguesa de Comércio, em Guarajuba, litoral de Camaçari, no complexo (português) de Vila Galé, havia mais de 200 personalidades dos dois lados do Atlântico: quase um Airbus da TAP, lotado. [B+]


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N E GÓ C IO S | e con om i a

O ESTAGIÁRIO E O CHEFE

LUIZ MARQUES FILHO

Economista, superintendente da FEA-Ufba, diretor da ADVB-BA e professor da Faculdade Baiana de Direito

Um tempo atrás, quando estava dando aulas numa pós-graduação sobre o tema análise de viabilidade de negócios, fui surpreendido pelo comportamento não usual de alguns alunos que, mesmo pagando o curso e sendo teoricamente mais maduros, questionavam a necessidade de aprender coisas novas e de reciclar seu conhecimento acadêmico e prático. Um destes alunos inclusive me trouxe duas pérolas das quais nunca me esqueci: (1) Para que um business plan? Os grandes líderes nunca fizeram um business plan na vida; (2) Não preciso saber estas coisas, afinal meu estagiário deve saber fazer este tipo de análise. Para a primeira colocação, respondi que ele deveria entender melhor o conceito de liderança, o momento histórico em que esses líderes viveram e a época em que nós vivemos. Para a segunda observação, disse que ele deveria ficar tranquilo, pois, do jeito que as coisas iam, o estagiário dele em breve se tornaria o seu chefe. Em um dos momentos mais duros de seu magnífico romance A Revolta de Atlas, a escritora Ayn Rand, mãe do ultraliberalismo, afirma: 90% da humanidade é sustentada por 10% de homens. Não sei se é um exagero, pois basta observar ao redor para ver que sempre há alguém que se destaca, trabalha mais, estuda mais e se esforça mais do que a média de todos os outros.

Para entender as condições e dinâmica da economia baiana, é necessário entender não só as questões logísticas e macroeconômicas, mas também a dinâmica dos grupos locais

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É triste, e bonito ao mesmo tempo, ver na TV a matéria sobre um jovem de Brasília, exmorador de rua, que conseguiu cursar a escola (pública), entrou na UNB e conseguiu, enfim, dormir num quarto decente: o da residência universitária. Na matéria, ele mostra ao jornalista o bueiro onde guardava seus livros, nos tempos em que ainda dormia na rua. Cada um é senhor do seu destino. O esforço do setor público em dar uma boa base social de saúde e educação é fundamental para termos uma espécie de igualdade (para todos); igualdade da rampa para o salto, mas quem e como se alcança o sucesso é atribuição de cada pessoa. Ver esta matéria me fez lembrar de meus alunos daquela turma de pós (não usual, diga-se de passagem, pois, na média, meus alunos são muito bons): todos muito bem alimentados e criados, mas sem vontade de aprender coisa alguma, sem ânimo para pular mais alto, para avançar. É por estas e outras que as teorias que desprezam o ser humano dando todo poder às massas passam a ser frágeis em sua análise. É da soma das vontades e ações individuais que se forma um movimento. Cabe aqui uma consideração final: o indivíduo é a base da ação social, em minha opinião. O empresário é a base do movimento econômico. Entender a economia passa por entender o comportamento dos empresários e dos grupos econômicos. A microeconomia é tão importante quanto a macroeconomia. Para entender as condições e dinâmica da economia baiana, por exemplo, é necessário entender não só as questões logísticas e macroeconômicas, mas também a dinâmica dos grupos locais. O modus operandi da Bahia mudou, da água para a vodka, para o bem ou para o mal somos muito diferentes dos anos 90, por exemplo. O que nos qualifica e que nos diferencia é a nossa capacidade de aprender, trabalhar e de sonhar. Afinal, um dia o estagiário passa o chefe.


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UM BOM MIX É O SEGREDO DO NEGÓCIO FOTO: Divulgação

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Considerados polos do comércio varejista, os shopping centers apostam em portfólio de lojas e serviços para assegurar o sucesso do negócio por GINA REIS

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comércio varejista tem se destacado no cenário econômico nacional, principalmente por seus animadores números que indicam um crescimento sólido e alinhado com o mercado mundial. Não é à toa que o Brasil lidera por dois anos consecutivos - 2011 e 2012 - a lista dos mercados com maior potencial de investimento. São aproximadamente um milhão de lojas, o que faz do varejo o setor responsável por mais de 10% do PIB (produto interno bruto) nacional. Após o Brasil, aparece o Chile, seguido da China e do Uruguai. Esse cenário positivo foi impulsionado ainda pela crise econômica mundial, que despertou o interesse dos investidores pelos mercados em ascensão, sobretudo na América Latina e no Oriente Médio. E no Brasil, em especial, o acesso ao crédito fácil, o aumento dos empregos formais e, consequentemente, a ampliação do poder de compra da classe C foram decisivos para a modernização do setor. “A classe C ampliou consideravelmente sua influência na economia e estimulou ainda mais o varejo. E eles buscam, acima de tudo, mercadorias com qualidade”, ressalta Luís Augusto Ildefonso da Silva, diretor de relações institucionais da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping). Acompanhando esse novo momento promissor do setor, os shopping centers foram responsáveis por grande fatia desse mercado, atraindo altos investimentos e a atenção de grandes empreendedores nacionais e internacionais. Segundo dados da Alshop, considerando informações declaradas pelas empreendedoras e administradoras de shopping centers, serão investidos R$5,091 bilhões em projetos a serem inaugurados entre 2012 e 2014. Nesse período, serão implantadas mais de 20,3 mil novas lojas somente por conta de 113 shoppings em construção que devem entrar em operação até 2014. “O shopping é um dos segmentos que mais crescem no Brasil, sendo responsável pelo progresso econômico no país. Esses centros comerciais são muito mais do que equipamentos de vendas. Oferecem segurança, ambiente de qualidade e um mix de produtos e serviços que desperta a libido de consumo”, afirma Carlos Roberto Oliveira, superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Salvador.

Para um mix de sucesso Os shoppings e seus novos projetos reúnem hoje todos os ingredientes necessários para garantir um público consumidor fiel. E, sem dúvida, a composição do portfólio de lojas e serviços é um dos pontos mais estratégicos para garantir o sucesso do empreendimento. De acordo com Carlos Oliveira, a partir do mix de lojas e serviços, o empreendedor define qual público pretende atingir. “Regionalmente, podemos perceber características bem definidas em diferentes empreendimentos. Na capital baiana, por exemplo, o Shopping Barra busca fidelizar o público da sua região. Seu mix é pensado para atender a esse consumidor. Por outro lado, o Shopping Iguatemi, tem um fluxo grande de pessoas por conta da sua excelente localização e conexão com a Estação Rodoviária. É, com certeza, um dos centros comerciais que mais vendem. Entretanto, seu tíquete médio é menor, se comparado ao Salvador Shopping”, ressalta Oliveira. A observação feita por Carlos Oliveira é reforçada por Sérgio Magalhães, superintendente do Shopping Iguatemi. “Sempre nos preocupamos em fazer do mix do Shopping Iguatemi o mais completo possível, atendendo a todos

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Mais de R$5 bi serão investidos entre 2012 e 2014, quando vão ser implantadas mais de 20 mil novas lojas nos 113 shoppings em construção

Para Luiz Augusto, da Alshop, a classe C ampliou sua influência na economia e estimulou o varejo

FOTO: Divulgação

os públicos que por aqui passam”, pontua. Segundo José Carlos Poroca, superintendente do Shopping Barra, que passou recentemente por uma expansão, o mix do centro comercial foi ampliado, complementando e fortalecendo o posicionamento existente, com enfoque em moda. “Com a expansão, o Barra passou a ter uma oferta maior de marcas de prestígio. Algumas delas vinham sendo requisitadas pela nossa clientela. Profissionais do shopping e da administradora Enashopp participam de fóruns, congressos, feiras e workshops no país e no exterior, que fornecem boas ferramentas para os estudos de direcionamento (onde estamos? para onde queremos ir?)”, reforça Poroca. O inédito projeto para o Salvador Shopping, por sua vez, foi cuidadosamente pensado pelo grupo JCPM para atingir um público com maior poder aquisitivo. Para Augusto Boureau, que atua diretamente no planejamento e comercialização de shopping centers, o Salvador Shopping é atualmente o que oferece aos clientes o mix mais completo. “O Salvador Shopping atende a um público prioritariamente AA. Possui serviço, moda, gastronomia, lazer em um só lugar”, afirma. Inaugurado em 2007, o empreendimento investiu em uma expansão em menos de dois anos. Hoje, o Salvador Shopping dispõe de 464 lojas e 6.000 vagas de estacionamento distribuídas em 298.000m2 de área construída. “Com a expansão, em 2009, foram 46

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FOTO: Rômulo Portela

abertas 200 novas lojas. Um investimento superior a R$150 milhões. O novo mix de lojas fortaleceu o shopping, aumentando o número de marcas, trazendo mais grifes exclusivas e serviços para atender aos gostos e às necessidades do consumidor em diversos segmentos”, destaca Gian Franco, superintendente do Salvador Shopping. O Shopping Bela Vista - que entrou em operação em julho de 2012 - possui um posicionamento diferente. “O Shopping Bela Vista foi criado para atender, essencialmente, ao público C e D, que vive na sua região primária. Isso corresponde à população inserida em um raio de até 3km da área do empreendimento”, afirma Augusto Boureau. De acordo com o superintendente do centro comercial, Fabiano Strelow, a proposta da JHSF para o Shopping Bela Vista é oferecer a Salvador um shopping de varejo de uso misto e competitivo, posicionado hoje nos públicos A, B e C. “Em shoppings com apelo mais popular, a questão preço x benefício é ainda mais forte. E isto se torna um diferencial importante. Quando falamos em mix de lojas, geralmente os shoppings mesclam grandes marcas e marcas famosas com operações que trazem ligação e identidade regional com os clientes”, destaca Strelow. Todas essas particularidades apontam para a importância de estudos assertivos antes da construção de um novo centro comercial. O primeiro passo é a escolha do terreno, da sua localização. Em seguida, avaliam-se os hábitos da região onde se pretende investir. A pesquisa de mercado é essencial. Ela aponta quais são as áreas primárias, secundárias e terciárias, sua população e peculiaridades


(renda, faixa etária, prevalência de sexo feminino ou masculino, desejos e necessidades). A partir daí, começa-se a planejar a estrutura do empreendimento e a composição e comercialização do portfólio de lojas e serviços. “A pesquisa sinaliza a viabilidade de ter um negócio em determinado local. Para um posicionamento correto, é imprescindível saber qual público você deseja atingir, além de permitir o conhecimento aprofundado de todo o entorno”, enfatiza Boureau. Porém, além de ter bem definido o perfil de público a ser atingido e saber as particularidades locais, para um projeto ser consistente, a presença de lojas âncoras é indispensável por seu poder de atração. São magazines, supermercados, lojas de departamentos reconhecidas no segmento de varejo. Essas lojas, também chamadas de satélites, beneficiam o comércio do shopping como um todo, sobretudo as lojas de pequeno porte. Os núcleos formados por lojas menores, praças de alimentação bem estruturadas e cinemas também funcionam como “ímãs”. Para Mirela Cubilhas, diretora da Enashopp, grupo que atua da construção, implantação e administração de centros comerciais, ao elaborar o mix, busca-se oferecer toda a variedade de produtos e serviços que o cliente daquele empreendimento deseja, distribuindo as lojas com o objetivo de proporcionar um equilíbrio entre todos os setores do empreendimento. “Além disso, é imprescindível um bom estudo de fluxo, boa ancoragem e boas lojas. Um shopping não alcança o sucesso sem estes três elementos”, destaca.

“O varejo em shopping é para profissional. O custo é muito alto. Uma loja média, com cerca de 50m2, custa em torno de R$400 mil. Para manter uma operação de cerca de R$12 mil por mês, o empresário precisa vender em média R$130 mil no mesmo período” Augusto Boureau, consultor em planejamento e comercialização de shopping centers FOTO: Rômulo Portela

FOTO: Divulgação

“Ao elaborar o mix, busca-se oferecer toda a variedade de produtos e serviços que o cliente deseja. Um shopping não alcança o sucesso sem três elementos: um bom estudo de fluxo, boa ancoragem e boas lojas” Mirela Cubilhas, diretora da Enashopp

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Padronização é bom? Nos últimos três anos, Salvador vem sentindo intensamente o impacto da chegada de novos shoppings. Conforme dados da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), a capital possui atualmente em operação 12 equipamentos. Simultaneamente, percebeuse a invasão de grandes marcas nacionais e locais (em menor escala) nesses novos centros de compra. Como consequência, é comum o consumidor se deparar com mixes modernos, mas, por outro lado, compostos sempre pelas mesmas marcas. Essa padronização seria uma forma de monopólio ou uma carência de diferentes bandeiras no varejo nacional? Para Augusto Boureau, a base de lojistas no Brasil é única e não conseguiu acompanhar em diversidade o grande crescimento do setor de shoppings. O pequeno empresário que deseja investir se depara com custos muito elevados e ainda disputa um “lugar ao sol” com os grandes investidores. “O varejo em shopping é para profissional. O custo para adquirir, montar e manter uma loja é muito alto. Para termos uma ideia, uma loja média, com cerca de 50m2, em um shopping custa aproximadamente R$400 mil. Para manter uma operação de cerca de R$12 mil por mês, o empresário precisa vender em média R$130 mil no mesmo período”, afirma. Segundo a diretora da Enashopp, Mirela Cubilhas, há sim um misto de carência de bandeiras e, de alguma forma, o monopólio de grandes empreendedores do segmento é fato. “As grandes redes massificam a sua presença nos grandes shoppings como forma de aumentar a visibilidade da marca e, assim, aumentar suas receitas. Mas existe sim uma carência de novas bandeiras. O mercado de shoppings tem crescido em um ritmo mais acelerado do que o varejo em geral. Em 2012, por exemplo, os shoppings devem crescer 19%, contra 8% do varejo”, conta. Nos shoppings, a ordem é seduzir e garantir rentabilidade. Essa necessidade condiciona as administradoras dos centros de compra a atrair prioritariamente marcas consolidadas. “As marcas crescem e o consumo por elas também cresce. Essa segurança que grandes marcas proporcionam é decisiva hoje para que o segmento de franquias esteja em expansão. Ao receber uma proposta de uma marca desconhecida, o shopping avalia o cadastro e a situação do empresário. Mesmo que ele tenha o perfil adequado, será substituído, caso apareça uma marca consolidada. É a certeza do retorno, da liquidez do seu negócio”, ressalta o diretor de relações institucionais da Alshop, Luís Augusto. 48

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A composição do portfólio de lojas e serviços é um dos pontos mais estratégicos para garantir o sucesso do empreendimento

Com a palavra, o lojista Franqueada de três marcas reconhecidas nacionalmente (Osklen, New Order e Calvin Klein), Ângela Freitas é um dos principais nomes do varejo soteropolitano. Sua história no setor começou cedo, aos 24 anos, com uma loja infantil. “Tive loja própria e trabalhei com representação de algumas marcas por muitos anos. Até que surgiu a oportunidade de ser franqueada da Forum, em 2001. Nessa época, não tínhamos muita concorrência”, recorda. A escolha por franquia foi natural. Entre as vantagens, Ângela destaca a estrutura oferecida pelo franqueador, que garante produção, prazo, direcionamento de mercado e comunicação única. A desvantagem é estar preso à marca. “Se a marca passar por qualquer dificuldade, você acaba sendo impactado”, afirma. Atuando hoje exclusivamente em shopping centers, a empresária acredita que a situação geográfica de Salvador condiciona as pessoas a optarem pelos centros comerciais. Além disso, a segurança, o ambiente, o mix de lojas bem planejado e a forte mídia utilizada estimulam a preferência dos empresários e também dos consumidores pelos shoppings. Com 109 lojas na Bahia (Salvador, Lauro de Freitas, Mata de São João) e Pernambuco (Recife e Jaboatão dos Guararapes), o franqueado de O Boticário Christopher John Hannigan possui negócio em todos os shoppings de Salvador, com exceção do Salvador Norte Shopping. No


Shopping Iguatemi e Salvador Shopping, particularmente, atua com duas unidades em cada um dos centros comerciais. “Nossa estratégia de adensamento é estar presente em todos os shoppings da cidade”, conta. Christopher começou no varejo por influência dos seus pais, que ingressaram no negócio O Boticário desde a década de 80. “Apostamos e investimos em O Boticário muito antes de ele se tornar franquia. Com o passar dos anos e o crescimento desse mercado, houve uma necessidade de expansão profissional, resultando no sistema de franquias. A principal vantagem da franquia é a padronização e profissionalismo no dia a dia do comércio”, destaca. Para definir um novo ponto de venda, Christopher enfatiza a necessidade de identificar os bairros com potencial de consumo onde já existe um comércio local estabelecido, com bancos, farmácias e mercados. A análise é encaminhada ao franqueador e, após aprovação, autoriza-se a prospecção de um ponto na região. Outra referência em expertise no setor varejista é Antoine Tawil. “Decidi investir no varejo em 1994, com a primeira franquia da Lacoste na Bahia, no Shopping Barra. Atualmente, assumi a gestão da franquia da Mr. Cat e investi também em uma marca própria, a Hi Brants”, conta. Por não possuir experiência anterior no varejo, a escolha por uma franquia foi o mais apropriado. O principal benefício da franchising é o recebimento de um produto com pacote completo de franqueador. Entre as desvantagens estão os altos custos pelo serviço. Ao todo, ele administra dez lojas distribuídas na Bahia, nos shoppings Barra, Iguatemi, Salvador, Paralela, além de atuar em Pernambuco, com loja no Shopping Rio Mar, em Recife. Para Tawil, os shoppings hoje são os pilares das exigências do consumidor mundial, oferecem conforto e segurança. As lojas de rua, segundo ele, carecem dessas características. Entre as âncoras consolidadas está a baiana Le Biscuit. Hoje, são 37 lojas distribuídas em nove estados, a mais nova situada no Litoral Norte. Apesar da ampliação do comércio em shoppings, a rede de lojas de departamento ainda concentra nas lojas de rua considerável parte dos seus lucros. Segundo David Lee, diretor de expansão da Le Biscuit, as lojas de rua se caracterizam por compras mais objetivas com um tíquete médio superior às lojas de shopping. Mas não deixa de ressaltar a crescente procura pelos centros comerciais. “O cliente que resolve ir ao shopping pretende resolver uma série de coisas em um só lugar. Lá, ele possui maior oferta, além de sentir-se seguro e em um ambiente conveniente e confortável”, afirma. Para a rede instalar uma nova unidade em um shopping center, segundo David Lee, o empreendimento precisa ter uma localização estratégica, acessibilidade, um tamanho adequado, lazer, oferta de produtos, praça de alimentação e, pelo menos, três outras lojas âncoras. [B+]

“Nossa estratégia de adensamento é estar presente em todos os shoppings da cidade” Christopher John Hannigan, franqueado O Boticário FOTOS: Divulgação

A partir do mix de lojas e serviços, o empreendedor define qual público pretende atingir

Franqueada de três marcas reconhecidas nacionalmente (Osklen, New Order e Calvin Klein), Ângela Freitas (2a da esq. para a dir.) é um dos principais nomes do varejo soteropolitano

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QUE BRASIL É ESSE? O publicitário e consultor André Torretta, baseado em estudos sobre a classe C, aponta o novo panorama econômico brasileiro, que traz desafios para os negócios e oportunidades de ganhar dinheiro

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ndré Torretta chega e preenche o espaço. Se expressa fazendo graça, conta caso fazendo rir. Autor do recémlançado “E Agora, Vai?”, ele pode ser classificado como um especialista em classe C. Foi um dos primeiros no Brasil a notar a força e diversidade desta camada social, hoje tão na moda. Pesquisou, estudou, analisou e, hoje, é um dos grandes conhecedores do mercado brasileiro, dando consultoria para grandes empresas nacionais e estrangeiras sobre o(s) perfil(s) dos consumidores do país, o mercado nordestino e o que mais quiserem saber. Veja abaixo a entrevista com este publicitário que quebra paradigmas e aponta situações que muita gente insiste em não ver. 50

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Ainda existe uma dissonância cognitiva acerca do gosto da “classe C”. Como as empresas podem fazer uma comunicação eficaz? Esse é um problema histórico, pois somos o país ‘da casagrande e senzala’. Durante 500 anos, a casa-grande não falou com senzala. Aí a senzala resolve ganhar dinheiro: você tem um mercado consumidor imenso, que passa a existir. Existe um problema básico que é a questão do baixo nível educacional 72% dos brasileiros têm algum nível de analfabetismo funcional – o cara lê, mas não entende –, então só esse dado modifica tudo: a televisão a cabo tem que modificar, a comunicação tem que modificar. Tudo para conseguir falar com essa pessoa que não teve uma boa educação, mas que não pode ser ignorado pelo mercado, pois compra e tem vontade própria.


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Eu acho que a primeira coisa é entender que país é esse. Quando você fala que tem 190 milhões de brasileiros, 20 milhões são das classes A-B, 170 milhões são das classes C-D-E. Então não é uma classe, é um país. A gente é que é um nicho. Todo mundo que faz revista, faz livros, vai a shopping é gente nichada. Você, por exemplo, frequentou a faculdade. Se eu te boto para falar com 170 milhões de pessoas, você vai ter que falar com pessoas com diferentes capacidades cognitivas, não são pessoas melhores ou piores: elas têm hábitos, consomem, têm necessidades, desejos e anseios e são completamente diferentes.

Sim, mas como falar com esse grande público que está longe de ser o ‘nicho classe C’? Aí começa o nó. O mundo é pensado a partir dos EUA e Europa. Não é um problema brasileiro, mas mundial, amenizado em países que se prepararam para a educação. Você vai a Coreia, os caras estudam há 20 anos. A gente foi um dos últimos países da América Latina a ter universalização do estudo. Tem um dado que é horroroso: os 15% dos mais ricos brasileiros têm a educação pior que os 15% mais pobres canadenses. Então você tem essa mudança de perspectiva, que é a descentralização do crescimento mundial. Para você ter uma ideia, em 1980, 75% de tudo que era produzido no mundo era consumido só nos EUA ou Europa. Se o seu pai quisesse comprar um uísque em 1980, tinha que ter um contrabandista próprio. Por quê? Porque ninguém queria vender para o Brasil. O Brasil era um país de pobre.

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VARE J O E aí você tem uma mudança de perspectiva. Então estamos num momento em que todos foram pegos de surpresa. Eu comecei a estudar a classe C em 2001 e desisti porque era um maluco. Voltei em 2008 e as empresas demoraram um tempo para constatar que existe, que é real, que não é uma bolha e que algo precisa ser feito. Como essa lenta e recente desconcentração de renda está atingindo o mercado? A estabilidade econômica e a redistribuição de renda foram, sem dúvida, os acontecimentos recentes mais importantes para a sociedade brasileira. E aí você tem que notar que a classe média conseguiu maior poder não só como mercado consumidor, mas como a maior parcela da sociedade. Se nós somarmos isso com outras coisas, por exemplo, essa redução de desigualdades sociais e a valorização das mulheres, chegamos a um cenário de muitas mudanças. E o mercado tem que acompanhar isso. Hoje, as mulheres não somente escolhem o que sua família vai consumir, como pagam por aquilo. O mercado se adapta, fala para ela de uma outra maneira, tenta atingila, assim como percebe que a formação desse povo vem melhorando. A classe C exige coisas boas porque todo o mundo sempre viu o rico comprando e quis ter uma coisa igual. O mercado está decodificando isso agora. A televisão muda para falar com esse povo. Os protagonistas das novelas são pobres, a trilha sonora dessas novelas é o que o povo consome em suas casas. O mercado atinou para isso e, a partir do momento que percebeu que a classe C é um público imenso e com poder de compra, passou a criar produtos especialmente para essa parcela diversa e poderosa da sociedade. Fernando Henrique Cardoso uma vez afirmou que nós estamos na antessala do mundo desenvolvido, justamente pela questão da educação. Como você vê isso? Não posso negar que é uma situação bem degradante, essa da nossa educação, mas temos que admitir que houve uma sensível melhora. Hoje, um em cada três brasileiros está estudando. O número de estudantes universitários cresceu 46%, chegando a 6,5 milhões. Desse total, os das classes C e D representam uma média de 15, contra os 7% da classe A. Nunca a classe média do Brasil estudou tanto. Pessoas analfabetas têm filhos que estão sendo instruídos, o que é a característica de um país em transformação. Não tem muito tempo que existiam pais aqui no Nordeste que achavam que trabalhar era mais importante do que estudar, que arrumar um emprego, ao invés de frequentar a escola, era mais importante. Mesmo que a gente esteja falando mais de uma mudança quantitativa e não necessariamente 52

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qualitativa, posso afirmar que os jovens de hoje têm mais oportunidades do que os da geração passada. O Brasil é um país que será mais educado no futuro, com mais pessoas capacitadas para o trabalho, gerando uma melhor condição econômica. São muitas as desigualdades sociais. Você falou que a mulher não só escolhe o que será comprado, mas de fato paga as contas. O que está acontecendo? No mundo, a participação das mulheres no mercado de trabalho é cada vez maior. O Brasil está um pouco atrasado em relação à tendência mundial, mas isso já está acontecendo. A renda das mulheres está crescendo duas vezes mais do que a dos homens. A participação no mercado de trabalho vem aumentando tanto como empregadas quanto como empregadoras. Há mais mulheres estudando, trabalhando e chefiando famílias do que nunca. Leila Diniz queimou o sutiã lá em 1960, mas ela representava apenas uma microparcela de mulheres ricas e brancas. Para as mulheres pobres, empregadas domésticas, , professoras e donas de casa, a valorização, essa queima do sutiã está acontecendo agora. De acordo com a pesquisa que realizamos na Ponte Estratégia, as mulheres querem, antes de mais nada, crescimento pessoal e profissional, dando menos importância hoje ao casamento e à maternidade. Lá na época de Leila, as mulheres tinham seis filhos... Hoje, a média é de dois filhos por família. Finalmente, a maioria das mulheres está buscando a igualdade de direitos e liberdade de escolha. Grande parte desse poder da mulher de hoje vem da sua condição econômica: elas são responsáveis por 51% das compras de produtos em lojas virtuais, têm metade dos cartões de crédito e representam 69% dos consumidores de orgânicos. E aí a realidade acompanha essas mudanças: em 2006 foi sancionada a primeira lei contra violência doméstica contra mulheres, a famosa Maria da Penha. Antes, agredir uma mulher em casa era uma infração de menor potencial ofensivo. Mas, embora as conquistas sejam muitas, as disparidades ainda são grandes. Apenas 21% dos cargos de chefia em empresas são ocupados por mulheres... E elas representam 58% dos pesquisadores do país. Ainda tem muita coisa para melhorar, há uma tendência de avanço, mas o processo é lento.


No livro “E Agora, Vai?” você fala sobre uma nova identidade nacional, com maior autoestima e autoconfiança. Como seria essa nova cara do Brasil? Antes, há duas décadas, por exemplo, o brasileiro aceitava tudo de todos como consumidor e cidadão, era descrente no potencial do país, sofria de um complexo de inferioridade. Com a nova realidade econômica, o acesso à educação, à democratização da cultura e à valorização do Brasil lá fora, essa realidade vem se transformando.

“Somos o país ‘da casa-grande e senzala’. Durante 500 anos, a casa-grande não falou com senzala. Aí a senzala resolveu ganhar dinheiro”

FOTO: Divulgação

Existe mesmo uma democratização da cultura? Essa democratização é lenta, mas já começa a haver uma descentralização dos investimentos em equipamentos culturais. Antes, a cultura era destinada às classes A e B. A economia criativa começa a se expandir e criar mercado com proporção industrial. E os fatores impulsionadores dessa indústria são o crescimento da classe média brasileira, que gera o aumento do consumo e do acesso à cultura. Esse desenvolvimento da indústria cultural é acompanhado por uma mudança de identidade na mídia. A novela Fina Estampa, de 2011, teve como protagonista uma mulher da classe C, que depois virou milionária, mas mesmo assim não abandonou seus princípios. As novelas deixaram de fazer uma separação tão brutal entre o “núcleo rico” e o “núcleo pobre”. Quando a Rede Globo propõe uma personagem como Pereirão, com seu enorme poder de audiência, ela consegue impactar a consciência dos brasileiros. O eixo de produção também está mudando. Hoje ele se desloca do Rio-São Paulo, para o Nordeste. E isso está fazendo o brasileiro participar mais da vida política? Esse é ainda um dos grandes problemas do Brasil: a pouca participação da população na vida política. Houve avanços com a redemocratização e a participação dos cidadãos no Orçamento Participativo. Mas o avanço é lento. Em 2007, o Banco Mundial divulgou uma pesquisa que apontava que a corrupção no Brasil era a pior em dez anos. E eu penso que isso se deve ao fato de a parcela que cobra algo ainda ser muito pequena na sociedade como um todo. Temos uma herança histórica de descrença na política, mas isso, espero, vai mudar com a maior educação do povo. Qual a sua mensagem para os empresários baianos? O marketing é essencialmente cultural: o que você consome depende da sua história, das suas experiências, de onde você vive. É preciso olhar para cada região para entender suas particularidades, e isso inclui sair da Pituba, do Corredor da Vitória e da Barra, para entender o que quer o cara que mora em Cabula X, em Cajazeiras. É preciso quebrar paradigmas e partir para modelos originais, que sejam reflexo do que estamos vivendo hoje, com uma sociedade mais educada, com mais dinheiro e mais exigente. [B+] w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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CAPA

AS ESTRATÉGIAS DE

NETO PARA SALVADOR

FOTO: Valter Pontes

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FOTO: Manu Dias/Secom-BA

O novo prefeito da capital baiana quer iniciar um novo conceito de gestão na máquina pública municipal. Para ter sucesso, ACM Neto afirma que quer governar ao lado dos melhores sem olhar a carterinha de partido

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ma resposta objetiva, sem titubear, para uma pergunta que paira nas dúvidas e alimenta conversas entre os cidadãos de Salvador: E agora, o que ele vai fazer já nos primeiros dias para dar um jeito na cidade? Bem ao seu estilo, Antonio Carlos Magalhães Neto responde: “Colocar ordem na casa. Organizar a cidade. A palavra de ordem, no início, vai ser austeridade”. Dez anos após ter sido eleito o deputado federal mais votado, ACM Neto enfrenta o maior desafio de sua carreira política, que é o de dar um rumo à prefeitura de Salvador. Os problemas são muitos, mas a vontade de solucioná-los é preponderante no jovem político de 33 anos. Neto afirma que o caminho é fazer economia para que sobrem recursos e assim enfrentar os problemas que são urgentes e emergenciais. Dois estão no topo da lista. Colocar todas as unidades de saúde que existem em Salvador para funcionar e dar um novo gás na Transalvador, adotando medidas de engenharia de trânsito que resultem em mais mobilidade, como a ampliação do uso dos semáforos inteligentes. Boa vontade na política brasileira já é vista com olhos desconfiados. Por isso conversamos com o prefeito eleito de Salvador para ir além das propostas de eleição e saber como transformar teoria em prática e realizar as mudanças que a cidade precisa. Como o mundo dos negócios pode colaborar e aprender nesta nova fase de Salvador?

“SE A PREFEITURA DE SALVADOR ARRECADASSE NA MÉDIA DE RECIFE, TERÍAMOS R$1,3 BILHÃO A MAIS EM CAIXA. POR QUE SALVADOR TEM QUE SER MENOS DO QUE AS OUTRAS CIDADES DO NORDESTE?” FOTO: Valter Pontes

Liderar os cidadãos da terceira maior capital do país é o desafio que cabe a ACM Neto a partir de 2013

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CAPA Aplicar mudanças no modelo de gestão predispõe uma mudança no funcionamento da máquina pública. Por onde começar? A mudança vai ser na filosofia de trabalho, o que inclui transformações para dar a cara que desejamos à prefeitura. Evidentemente, vamos honrar os compromissos assumidos na campanha, como a criação da Secretaria de Ordem Pública e Prevenção à Violência, e implantar as PrefeiturasBairro, descentralizando a gestão. Também teremos ações que vão reduzir as despesas da prefeitura e incrementar a arrecadação, modernizando a área fazendária, onde pretendemos realizar concurso público para a contratação de mais auditores fiscais. Vamos premiar aqueles servidores que se destacarem no cumprimento de suas funções, algo que funciona bem na iniciativa privada, e fazer uma gestão onde a transparência seja uma regra inviolável. Quero ser um prefeito reconhecido pelo diálogo participativo com toda a sociedade. Quando se trata de mudança de filosofia, as reações costumam ser em médio ou longo prazo. É possível ter resultados em um curto espaço de tempo? Eu garanto que logo no início a população vai sentir a diferença no jeito de governar Salvador. A gente vai acabar com o aparelhamento político de cargos e priorizar a eficiência, a meritocracia, o funcionário público que de fato tenha compromisso com a cidade e a qualidade no gasto público. No início vai ser difícil, vamos ter que tomar medidas duras, como reduzir a quantidade de cargos comissionados nas secretarias. A medida equivalente à Ficha Limpa para o secretariado municipal será aplicada dentro dos primeiros cem dias da nova gestão? A Lei da Ficha Limpa é um clamor de toda a sociedade e o objetivo é dar mais transparência e lisura à administração pública municipal. Logo nos primeiros cem dias de governo, vou baixar uma série de decretos visando aprimorar a gestão, e um desses decretos será justamente o da Ficha Limpa. 56

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A consultoria Mckinsey contribuiu com o seu plano de governo. Isso é um indicativo de um governo mais técnico, e menos político? Na campanha, utilizamos dados públicos dessa empresa sobre os problemas da cidade para ajudar a elaborar o nosso plano de governo. A McKinsey também auxiliou a equipe de transição liderada pelo exgovernador Paulo Souto. E, sim, nós teremos um modelo com perfil mais técnico do que político, porque quero governar ao lado dos melhores sem olhar a carterinha de partido. Isso não quer dizer que não possa indicar um político para ocupar uma secretaria, mas desde que ele tenha capacidade técnica para exercer aquela função. A gestão fiscal de Salvador é algo muito criticado. Como arrecadar mais recursos? Vamos informatizar e modernizar a arrecadação da prefeitura e combater duramente a sonegação, que ainda é alta. Se Salvador arrecadasse na média das outras capitais do Nordeste, isso representaria R$800 milhões a mais em caixa. Se arrecadasse na média de Recife, seria R$1,3 bilhão a mais em caixa. Por que Salvador tem que ser menos do que as outras cidades do Nordeste? Vamos trabalhar para mudar essa realidade. Durante a campanha, o senhor disse que Salvador poderia andar com as próprias pernas e, ao mesmo tempo, falou da importância de buscar recursos junto ao governo federal e estadual. Acha que terá a colaboração de ambos? Tenho certeza disso. Já estive com o governador Jaques Wagner e acertamos que a prefeitura e o governo vão atuar em parceria em prol de Salvador. Conversamos muito sobre Carnaval, metrô e nossa orla, e pedi ao governador que me leve à presidente Dilma Rousseff para uma conversa em Brasília. Mas claro que essa relação não vai ser de dependência. O prefeito de Salvador não tem que ficar com o pires na mão. Vou trabalhar para viabilizar a cidade economicamente e financeiramente.


A cidade de Salvador precisa retomar sua força econômica. Quais são os setores produtivos que podem ser potencializados? O plano de desenvolvimento econômico para a cidade deve tirar proveito das nossas vocações. O turismo é um setor estratégico fundamental, assim como a área de serviços, a construção civil, o comércio, as pequenas indústrias não poluentes e a economia criativa, entre outros setores que podemos explorar, a exemplo da reciclagem e do cooperativismo. Como a capital pode voltar a ter um turismo pujante? A maior indústria da cidade é a do turismo. Precisamos estimular o fluxo de visitantes e aumentar o tempo de permanência do turista em Salvador. Para isso, temos de aproveitar o potencial histórico, cultural, de sol e praia, oferecendo incentivos fiscais para atração de restaurantes, hotéis, bares, museus e novos equipamentos, respeitando sempre a questão da sustentabilidade e do meio ambiente. Devemos estimular também a realização de grandes eventos na cidade para os mais diferentes públicos e procurar diversificar as feiras, trazendo coisas novas. Ainda seguiremos com a polêmica das barracas de praia? Será necessário buscar o diálogo com todos os órgãos envolvidos na questão, incluindo a Justiça Federal e o Ministério Público. Isso logo no início de nossa gestão. Não podemos aceitar que Salvador fique no prejuízo. Respeitando o meio ambiente, a minha ideia é que a gente faça uma intervenção na chamada retropraia, ou seja, fora da areia, buscando atrair novos investimentos como hotéis, bares e restaurantes. A prefeitura vai ainda melhorar a iluminação e ampliar calçadões onde isso for possível de ser feito, além de garantir a limpeza e a presença da Guarda Municipal. A questão da orla de nossas praias é crucial e vamos trabalhar duro para solucionar o problema.

FOTOS: Valter Pontes

“VAMOS PREMIAR AQUELES SERVIDORES QUE SE DESTACAREM NO CUMPRIMENTO DE SUAS FUNÇÕES, ALGO QUE FUNCIONA BEM NA INICIATIVA PRIVADA, E FAZER UMA GESTÃO ONDE A TRANSPARÊNCIA SEJA UMA REGRA INVIOLÁVEL” w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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CAPA Quais outros setores serão estimulados? Outro foco é o serviço. Nesse segmento, queremos atrair investimentos na área de informática, como empresas que desenvolvem softwares e trabalham com tecnologia. A economia criativa também deve ser estimulada, sobretudo em áreas como o audiovisual. E podemos atrair indústrias intensivas, como a têxtil, para as margens da BR-324. Não podemos esquecer ainda do potencial da área da construção civil. Para realizar tudo isso, vamos contar com o suporte de uma agência de fomento, inclusive para atrair investimentos de fora do país. Como o plano de desenvolvimento econômico pode contribuir com a revitalização do comércio local? A prefeitura vai atuar em parceria com os pequenos comerciantes para estimular a geração de emprego e renda. Vou destacar aqui a questão dos pequenos comércios. O ideal era que, por exemplo, quem morasse no subúrbio, em Cajazeiras ou na Liberdade, só para citar três regiões bem populosas da cidade, pudessem trabalhar nas mesmas localidades. Essas pessoas não teriam que passar horas dentro de um ônibus para se deslocar a outra região da cidade e poderiam até ir para o trabalho a pé ou de bicicleta. Isso pode ser feito se a prefeitura atuar como agente para estimular o crescimento dos pequenos comércios locais. A primeira coisa é garantir toda a infraestrutura necessária, melhorando os serviços públicos nos bairros, ajudando, inclusive, na segurança, com a Guarda Municipal e as câmeras de videomonitoramento. A segunda coisa é adotar uma política de incentivos para que aquele mercadinho ou pequena loja possa se instalar em determinado bairro ou ampliar o seu negócio. E isso nós vamos fazer, até porque vamos governar a cidade dos bairros, e não do palácio. 58

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Qual pode ser o papel do cidadão na sua gestão? Vou mostrar que não vou ficar governando do gabinete. Eu vou para as ruas, com toda a minha equipe, visitar os bairros, conversar com as pessoas. É verificar de perto os problemas em cada bairro, procurando resolvê-los rapidamente. Isso vai ser uma rotina de trabalho. O cidadão de Salvador vai desempenhar um papel fundamental nesse processo porque cabe também a ele a tarefa de cuidar da cidade. Como prefeito, vou buscar envolver toda a sociedade na tarefa de resgatar o orgulho e a autoestima da cidade com uma gestão participativa. Além disso, vamos ampliar o diálogo com os sindicatos, associações, organizações nãogovernamentais e com órgãos como Justiça Federal, Ministério Público e agentes de proteção ao patrimônio histórico e ambiental, buscando parcerias para solucionar impasses que prejudicam a capital baiana.

“AO CIDADÃO DE SALVADOR CABE TAMBÉM A TAREFA DE CUIDAR DA CIDADE. COMO PREFEITO, VOU BUSCAR ENVOLVER TODA A SOCIEDADE NA TAREFA DE RESGATAR O ORGULHO E A AUTOESTIMA DA CIDADE COM UMA GESTÃO PARTICIPATIVA” FOTO: Valter Pontes

Em uma disputada campanha eleitoral, ACM Neto posa ao lado da viceprefeita Célia Sacramento

O Rio de Janeiro é uma das referências no Brasil de como uma cidade pode iniciar sua reconstrução e para isso conta com apoio intenso do setor empresarial. De que maneira isso pode acontecer em Salvador? Espero atuar em parceria na defesa dos interesses da cidade. Se a gente tem uma cidade melhor, mais humana, mais justa, mais segura e mais bem cuidada, todos ganham com isso. Quero trabalhar com o segmento empresarial, pois a prefeitura, sozinha, não tem condições de resolver todos os problemas da cidade. Salvador tem potencial para voltar a brilhar e a se destacar positivamente no Brasil e no mundo. Só precisamos ter a consciência de que, coletivamente, podemos transformar a nossa querida cidade e projetar um futuro mais próspero e justo para nossos filhos e netos. Como prefeito, sei que posso liderar esse processo e vencer esse desafio. [B+]

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Apoio:

SUSTENTABILIDADE TENDÊNCIAS | 60 [C] ISAAC EDINGTON | 70

AURANTIACA Empresa baiana se instala no Conde com a meta de ser líder em inovação e em responsabilidade socioambiental

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S USTENTA B ILIDA D E | t e n d ência s meio ambiente A ISO dá os primeiro passos em direção a uma nova florestal O baiano Jorge Cajazeira, presidente mundial da ISO 26000 e do Sindpacel, que também acumula a função de diretor de relações institucionais da Suzano Papel e Celulose, recebeu autoridades do setor e os maiores experts mundiais em qualidade, meio ambiente, segurança nas estradas e responsabilidade social para apresentar uma defesa do que pode vir a ser uma ISO florestal. Cajazeira apresentou dados do cultivo de árvores, reforçou a necessidade de conservação das florestas brasileiras e fez um comparativo com outras normas florestais já existentes. O evento foi realizado na Varanda D’Lícia, na noite do dia 27 de novembro. Jorge Cajazeira pleiteará que a proposta seja indicada pelo Brasil em nível internacional. FOTO: Divulgação

consumo consciente Pesquisa revela tendências do comportamento do brasileiro

Por outro lado: 85% dos brasileiros separariam o lixo se coleta seletiva estivesse disponível

As questões sociais preocupam bem mais o brasileiro do que as questões ambientais. A informação é do Programa Água Brasil da WWF ao revelar que temas como aquecimento global, acúmulo e descarte inapropriado de resíduos e contaminação de rio e mananciais são apontados como principais problemas do Brasil por apenas 7% dos entrevistados. O estudo sobre o nível de consciência da população sobre práticas sustentáveis foi encomendado ao Ibope. Quando questionados sobre os três principais problemas que afetam o país atualmente, os temas mais recorrentes aos entrevistados foram saúde (70%), desemprego (53%), fome (50%), corrupção (42%) e educação pública (39%). Temas relacionados ao meio ambiente ficaram em penúltimo lugar, perdendo apenas para o item economia global, que foi citado por 2% dos entrevistados. Participaram do estudo 2.002 pessoas em todas as capitais e mais 73 municípios, em novembro de 2011.

A mesma pesquisa também revelou que a maioria (85%) dos brasileiros que ainda não contam com coleta seletiva estaria disposta a separar o lixo em suas casas, caso o serviço fosse oferecido nos municípios. Apenas 13% dos entrevistados declararam que não fariam a separação dos resíduos e 2% não sabem ou não responderam. Apesar da disposição em contribuir para a destinação adequada dos resíduos sólidos, o percentual dos que não têm meios para o descarte sustentável chega a 64% dos entrevistados.

FOTO: Divulgação

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“A BAHIA É MUITO IMPORTANTE PARA O BRASIL” Para o presidente da IBM Brasil, Rodrigo Kede, o ingresso recente da empresa no Parque Tecnológico da Bahia é justificado pela importância econômica do estado nordestino em relação ao país. Um dos focos de atuação da IBM é poder ampliar a participação de cidades com as tecnologias do projeto Cidades Inteligentes FOTO: Divulgação

Rodrigo Kede assumiu a presidência em julho de 2012. Antes, atuou como vice-presidente da divisão de serviços de tecnologia. Também foi CFO da IBM América Latina e CFO da IBM Brasil

Cidades inteligentes são o novo foco de investimentos dos governos, principalmente os softwares de gestão. Segundo pesquisa da Forrester Research (2011), 35% dos executivos do setor público querem aumentar o orçamento para TI em ao menos 5%.

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por

MURILO GITEL

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le tem apenas 40 anos e surfa nas horas vagas. Quem vê o carioca Rodrigo Kede dificilmente supõe que está diante do presidente da IBM no Brasil. “Mas só de empresa eu tenho 19 anos”, justifica o executivo, que começou na multinacional norteamericana como estagiário. A [B+] conversou com ele, em São Paulo, durante almoço com diretores da IBM Brasil em celebração aos 95 anos da companhia. Quais são as perspectivas da IBM com o ingresso na Bahia? A Bahia é superimportante no contexto nacional. No Parque Tecnológico, além da unidade de negócios, teremos uma célula estendida do Natural Resources Industry Solutions Lab (NRIS Lab). Vamos ter mais de 100 profissionais no local. Também vamos contar com bolsistas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), que desenvolverão pesquisas junto à empresa. Algum projeto em vista? Sim. Firmamos uma parceria em agosto com a Caixa Econômica Federal e com a Funcef para atuar na modernização de processos empresariais e serviços do crédito imobiliário (ampliar acesso à casa própria). Uma plataforma tecnológica da IBM vai permitir aos clientes receber a situação de seus pedidos de crédito em tempo real, via internet e celular. Esse projeto vai estar com recursos na Bahia também. O projeto de Cidades Inteligentes, hoje referência no Rio de Janeiro, pode ser replicado em Salvador, levando-se em conta o estado precário da mobilidade urbana e segurança pública na capital baiana? Temos o interesse de fazer negócios tanto com a prefeitura quanto com o governo do estado. Mas o senhor já foi procurado por eles? Não posso adiantar (risos), mas é possível que tenhamos novidades em breve. [B+]


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S USTENTA B ILIDA D E | e m p resa sust ent á vel

INOVAÇÃO, GESTÃO PARA O INDIVÍDUO E LIDERANÇA Já imaginou você pegar uma água de coco e nela saber a história de vida de quem produziu e cuidou daquele fruto até chegar a você? Essa é a rastreabilidade proposta pela empresa baiana Aurantiaca, que tem o objetivo de redefinir toda a cadeia de coco por FÁBIO GÓIS 64

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fotos RÔMULO PORTELA


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ombra, água fresca, e muito trabalho pela frente. O cenário imaginário daqueles que pensam o litoral baiano como descrito nos versos de Vinícius de Moraes em “Tarde em Itapuã” é reconstruído por uma empresa que tem o objetivo de se tornar líder em inovação no cultivo de coco. A holding Aurantiaca nasceu na Bahia, em 2008, com a aquisição das fazendas Bu e São Bento da Barra, que margeiam a BA-099, na divisa dos municípios de Esplanada e Conde. Desde o início dos trabalhos, as metas já estão definidas: redefinir toda a cadeia de coco, fazer algo ainda inexplorado na Ásia ou Europa, inovando na gestão, produção e o beneficiamento do fruto. Em solo baiano, a Aurantiaca desenvolve uma cultura de excelência operacional para garantir o gerenciamento de recursos de forma responsável, rentável, com uma governança de nível global. Em visita à sede da Fazenda Bu, distante 140km do agito da capital baiana, o clima cheira mesmo a maresia e a brisa leve pode até fazer relaxar quem esteja desavisado. Mas o ambiente aqui é de trabalho. Costeando o mar, as linhas de coqueiros crescem ao olhar atento da equipe. Roberto Lessa, vice-presidente da Aurantiaca, é quem nos recebe. O grupo de trabalho de campo está reunido. O tema em debate é como alcançar a maior eficiência na produção e qualidade dos coqueiros da fazenda. Ações fitossanitárias são discutidas e os métodos de ação definidos. A preocupação não é para menos. A Aurantiaca quer elevar a produtividade dos coqueiros da região em 760%. Conde já é o município que mais produz no Brasil, com uma média de 30 cocos por coqueiro ao ano. Mas a Aurantiaca traçou um novo patamar - quer chegar aos 230 cocos por ano.

“Um conjunto de pessoas felizes, fazendo bem feito o que é certo, com muita inovação” Filosofia da equipe da holding Aurantiaca

Ações para alcançar objetivos O nome Aurantiaca nada tem a ver com coco – no primeiro momento. Deriva, na verdade, da orquídea Cattleya aurantiaca, que tem a menor flor das espécies de Cattleya. É um termo em latim que significa laranja-avermelhado ou laranja-cobre. Cores da família real holandesa, país de origem dos dois investidores que deram início ao grupo. Porém, apesar de raízes estrangeiras, a Aurantiaca tem DNA baiano e uma equipe de colaboradores selecionados por todo o Brasil para formar na organização um time diferenciado. Depois de 22 anos trabalhando na organização Odebrecht, Roberto Lessa é quem tem a missão de fazer cumprir os audaciosos princípios e objetivos de uma empresa com base estruturada no “espírito de bem-servir”. Segundo Lessa, a Aurantiaca já nasceu com a sustentabilidade em seu modelo de negócio e com a clareza de servir desde os colaboradores internos à região e comunidades até chegar ao consumidor final. “Afinal, o que o cliente precisa é de um produto de alta qualidade, com preço que seja conveniente para ele. Nós estamos aqui para fazer isso, da maneira correta. E eu sei que se a gente servir bem, vamos ter o retorno financeiro”, afirma o vice-presidente. A holding Aurantiaca atua em dois segmentos de negócios: agrícola e agroindustrial. A Aurantiaca Agrícola engloba as fazendas de coco e áreas de preservação natural. A Frysk Industrial é o nome da fábrica de beneficiamento de coco, instalada na entrada do município de Conde, que vai aproveitar 100% do fruto. A indústria iniciou a primeira fase de operações em dezembro, com a fabricação de biomantas e biorrolos, utilizados em sistema de contenção. No segundo semestre de 2013, a indústria inicia a fabricação das demais linhas de produtos, como óleo e água de coco.

Juntos, Sabino Mesquita, diretor agrícola, e Roberto Lessa, vicepresidente da Aurantiaca, definem ações de aumentar a produtividade dos coqueiros de 30 para 230 fruto/ano na região do Conde

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Germinando inovação no campo As instalações nas fazendas Bu e São Bento da Barra seguem em desenvolvimento. As propriedades do grupo empresarial têm cinco mil hectares, dos quais 1.500 hectares são de área plantada. Os coqueiros antigos receberam um novo tratamento e já aumentam a produtividade. Outros estão sendo plantados. A meta é ter um milhão de pés de cocos em plena “atividade”. Ambas as fazendas seguiam o mesmo modelo de produção existente na região, cujo resultado produtivo é baixo. Segundo Sabino Mesquita, paraense especialista na cultura de fruto, o modelo aplicado na maioria das fazendas de coco do Brasil ainda é antigo, sem técnicas modernas. A maior produção desse fruto é feita na Ásia - 90% do volume mundial. Filipinas, Indonésia e Índia são os países líderes e o Brasil vem logo em seguida. Dentro do contexto nacional, a Bahia lidera a produção, com uma área cultivada de mais de 83 mil hectares, à frente do Ceará (43 mil ha) e Sergipe (34 mil ha). Tomando-se como referência o ano de 2010, a produção anual foi superior a 500 milhões de frutos, contribuindo com mais de R$221 milhões para a composição do valor bruto da produção agrícola, além de gerar cerca de 240 mil postos de trabalho.

as informações para um banco de dados. O conjunto das informações servirá para criar um mapa geral das fazendas, onde se torna possível ver quais são os coqueiros mais produtivos e quais precisam de uma atenção técnica para corrigir os problemas, a exemplo de presença de pragas ou falta de nutrientes no solo. “Isso é agricultura de precisão”, define Roberto Lessa. A tecnologia usada no campo vai servir também para conectar o produtor ao consumidor final. “Quando você pegar nossos produtos na prateleira do supermercado, vai poder ver com o celular, por meio do QR Code, a pessoa que cultivou e tomou conta daquele coco, contando um pouco da história dela, do que fazia antes do projeto e o que mudou na sua educação e na dos filhos. Vamos ter as informações completas do produto desde o cultivo até a prateleira”, explica Roberto, que ainda completa: “A gente quer que o consumidor olhe para esse produto e veja que também faz parte dessa história, desse processo. Queremos ser um link entre o homem do campo e consumidor final”.

AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTORES DE COCO NO BRASIL SÃO:

88% são proprietários; 90% possuem área inferior a 50 ha; 60% não utilizam tecnologias como adubação, controle de pragas e doenças e praticam sistema de produção pouco intensiva em tecnologia; 74% comercializam sua produção por meio de intermediário. Todo o processo está sendo revisto pela equipe da Aurantiaca. De acordo com Roberto Lessa, na Aurantiaca Agrícola, o foco da produção será na qualidade, certificação, produtividade e rastreabilidade.

Aloísio Mendes de Souza trabalha cuidando de cada coqueiro e se diz surpreso com as mudanças no modelo de produzir coco na região

Rastreabilidade Uma das inovações implementadas pela Aurantiaca Agrícola é numeração aplicada a cada coqueiro das fazendas, com o código de barra, uma espécie de carteira de identidade. Na colheita do coco, o homem do campo passa um leitor de código onde registra a quantidade de cocos colhidos, mensura a produtividade daquele coqueiro e envia 66

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Queremos ser um link entre o homem do campo e consumidor final


Frysk Industrial Os altos níveis de controle no campo e de produtividade dos coqueiros são etapas de um processo na cadeia de produção da Aurantiaca. A Frysk Industrial vai utilizar 70% da matéria-prima dos cocos produzidos nas próprias fazendas da Aurantiaca Agrícola. Todo coco que entrar na fábrica será totalmente transformado em produtos de valor agregado. Na indústria, a casca e fibra do coco são transformadas em biomantas, compostos orgânicos e briquetes (uma fonte concentrada e comprimida de material energético). Da carne do coco, é feita a extração do óleo destinado à indústria de cosméticos e à indústria de suplementos alimentares. O subproduto dessa carne é a farinha, uma fonte rica em fibras usada também na alimentação. E, obviamente, não poderia faltar a água de coco. “O coqueiro é chamado em alguns lugares do mundo de árvore da vida, pois tudo se aproveita desse fruto”, conta Fernando Florence, assessor de planejamento da Aurantiaca. Para atender os 30% restantes da fábrica e aumentar a produtividade de pequenos e médios produtores da região, foi firmado um acordo entre a Aurantiaca e a Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), do governo do estado. A partir do Protocolo de Intenções Para Revitalização da Cadeia Produtiva do Coco no Litoral Norte do Estado, os produtores receberão incentivos para introduzir tecnologia ao cultivo do coco e aumentar a área plantada. O sistema de produção da Aurantiaca servirá de referência para difusão de tecnologia.

(em cima) A indústria de beneficiamento de coco Frysk durante o andamento das obras. (embaixo) Escola construída para atender comunidade e os filhos dos aristas próxima à fazenda Bú e biomanta feita a partir de fibra de coco usada na contenção de encostas e em reflorestamento

Gestão focada no indivíduo No campo, uma nova área é preparada para receber os novos coqueiros. Aloísio Mendes de Souza coroa a terra ao redor da planta para receber o adubo e oxigenar o solo. É ele um dos responsáveis por cuidar da terra e do crescimento das novas plantas na fazenda São Bento da Barra. Seu trabalho hoje ainda está na fase inicial, mas pode crescer e ele se tornar o que a Aurantiaca chama de arista. O arista é o líder e responsável por uma determinada área na fazenda – podendo chegar até 25 hectares -, onde diariamente cuida de cada coqueiro. Na primeira fase, serão 60 aristas. Eles serão treinados a ter qualificação e domínio sobre suas áreas. O objetivo é aprender a observar e identificar as necessidades de cada planta, se ela precisa de água, nutrientes ou um cuidado para afastar as pragas. “Depois de cinco anos, ele terá total conhecimento de como a natureza se manifesta naquela determinada localidade”, explica Sabino Mesquita, diretor agrícola. Acompanhando esse trabalho, toda uma equipe de técnicos agrônomos transmite informações aos aristas e pesquisa novas técnicas para garantir a eficiência da produção. “Nós não queremos pessoas simplesmente para

“Queremos aumentar a qualificação do trabalhador, assim como aumentar a produtividade de um coqueiro. É olhar cada um com sua individualidade, mas todos juntos para o objetivo em comum” Roberto Lessa, vice-presidente da Aurantiaca

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LEGADO AMBIENTAL As características das áreas da fazenda Bú e São Bento da Barra são consideradas frágeis e alto valor ambiental para região. De acordo com a empresa, está em execução um plano de preservação das matas e ambientes frágeis como restingas, manguezais e lagoas existente nas propriedades. O projeto irá preservar cerca de 75% da área e construir corredores ecológicos, recuperar Áreas de Preservação Permanente (APP), identificar nascentes e registrar uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) na Mata do Bú, maior renascente de Mata Atlântica em entre a Bahia e o Maranhão.

(em cima) Equipe da Aurantiaca reunida na sede da fazenda Bu, no km 123 da BA-009. (embaixo) Cenário em transformação. Hectares de terras com mudas de coqueiros plantadas

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obedecer regras, a gente quer que os trabalhadores do campo entendam o que está acontecendo e o que estão fazendo”, diz Lessa. Aloísio já trabalhou em outras plantações de coco na região, mas surpreende-se a cada novidade e reconhece, com um leve sorriso no rosto, que “aqui as coisas estão sendo bem diferentes”. A metodologia na Aurantiaca é a educação pelo trabalho. A filosofia da empresa é estimular que o trabalhador do campo aprenda a observar e assim aumentar seu nível cultural, dando as ferramentas para que ele possa se desenvolver. “Isso é o que será bonito em nosso trabalho”, define Roberto Lessa. As iniciativas na Aurantiaca vão além de medidas assistencialistas, já em desuso em organizações que investem na sustentabilidade por reconhecerem a ineficiência delas. A empresa investe no desenvolvimento pessoal como uma das diretrizes da organização. A filosofia interna é que todos juntos sejam “um conjunto de pessoas felizes, fazendo bem feito o que é certo, de maneira muito inovadora”. Essa frase é disseminada por Lessa como um mantra. “No fundo, todas pessoas buscam ser felizes. E, na Aurantiaca, não queremos que a felicidade seja um destino. Como empresa e colaboradores, acreditamos que ser feliz é todo o caminho porque temos um objetivo em comum de construir algo nobre”, declara Lessa. Quando questionado sobre como fazer isso tornar-se real, o vicepresidente é objetivo na resposta: “Trabalhar com comprometimento, uma forma de gerir focada no indivíduo. Aqui não temos um bando de pessoas e coqueiros. A gente quer saber a necessidade de cada um e contribuir nessa evolução. Queremos aumentar a qualificação dos nossos colaboradores, assim como aumentar a produtividade de um coqueiro. É olhar cada um com sua individualidade, mas todos juntos para o objetivo em comum”. [B+]


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S USTENTA B ILIDA D E | m eio a m bient e

CRISE ECONÔMICA, QUAL É A LÓGICA?

ISAAC EDINGTON

Presidente do Instituto EcoDesenvolvimeto e membro do Conselho Editorial da Revista [B+]

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A aproximação do pensamento econômico tradicional das preocupações em torno da questão ambiental é tema recente na história da humanidade. Ao longo do tempo, os economistas trataram a questão ecológica, envolvendo a vital preservação do meio ambiente e das condições de vida, como uma simples retórica. O que nos parece muito presente até hoje. Numa certa conferência durante a Rio + 20, presenciei uma das participantes de uma mesa-redonda, num acalorado debate, comentar sobre a visita de um renomado prêmio Nobel a uma grande universidade americana. Lá estando, após visitar os laboratórios e o departamento de Economia, indagou: Onde fica o departamento de Ecologia? Os diretores da universidade olharam uns paras os outros atônitos e ficaram sem resposta. Em seguida, o visitante afirmou: “Não podemos mais estudar economia sem ecologia”. Não fiz um estudo científico a respeito, mas não acredito que tivemos nos últimos 200 anos algum lugar “economicamente importante” no mundo sem ter vivenciado uma década sem crise. Acredito que as sucessivas crises econômicas possuam motivos, razões e complexidades ímpares, que os melhores economistas podem explicar com riqueza de detalhes. Mas acredito também que praticamente todas as crises financeiras são oriundas, na sua essência, de uma mesma lógica, aquela que nos conduz a viver sobre o invólucro da economia. Essa é a lógica dominante. Uma lógica que nos faz pensar que todos estamos não só “envolvidos” pelo sistema econômico, mas também a serviço dele, de sua predominância, por que não dizer de seu protagonismo. A verdade que nós, a humanidade, criamos esse monstro que

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hoje não controlamos mais. Desaprendemos que a lógica real, esquecida na tecnocracia global dos fluxos econômicos contínuos, é bem diferente. Em pleno século XXI, precisamos reaprender que vivemos no invólucro do meio ambiente, onde o sistema econômico é muito importante, mas é apenas um dos sistemas que dispomos para viver em sociedade. É preciso um grande esforço daqui para a frente, no sentido que os países, sejam desenvolvidos, pobres ou em desenvolvimento, possam discutir, juntos, a essência de como os sistemas devem funcionar e trabalhar de forma que possam ser equilibrados. Um novo modelo de convivência entre esses sistemas, que busquem um desenvolvimento integrado, que una a dimensão ambiental, a justiça social e o crescimento econômico sustentado. Acreditamos na necessidade de se promover uma mudança de atitude, com o objetivo de acelerar a transição de um mundo baseado em um modelo esgotado de relações ambientais, econômicas e sociais fragmentadas para a nova era da sustentabilidade. Todas as dimensões devem ser consideradas e o que está em jogo é a própria sobrevivência dos seres humanos, do ambiente natural e dos empreendimentos econômicos. Pois, como disseram, não dá para ter economia sem ecologia.

[1] [2]

LÓGICA PREDOMINANTE [3]

[ 1 ] Economia [ 2 ] Sociedade [ 3 ] Meio Ambiente

[3] [2]

LÓGICA DO SÉCULO XXI

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[ 1 ] Economia [ 2 ] Sociedade [ 3 ] Meio Ambiente


LIFESTYLE 72 PASSARELA DAS BLOGUEIRAS DE MODA DE SALVADOR

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CIDADELLE | 82 TURISMO | 84

ESPÍRITO EMPREENDEDOR PARA O LAZER

SABOR | 86 NOTAS DE TEC | 88

80 IMÓVEIS NORTE-AMERICANOS PARA BAIANO COMPRAR


L I F E STYLE | m o d a

A MODA DOS BLOGS BAIANOS

Conheça quem são, o que fazem, sobre o que escrevem e por onde circulam as blogueiras de Salvador

por

ALANA CAMARA

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boom dos blogs de moda pode até já ter passado, mas o fato é que as blogueiras seguem ganhando força entre as marcas e empresas de comunicação baianas. Basta relembrar a edição 2012 do Yacht Summer Fashion, atualmente o maior evento de moda soteropolitano, que em suas três noites (22, 23 e 24 de outubro) reservou um espaço exclusivo, separado do público e da imprensa tradicional, para que elas - que não são poucas - acompanhassem tudo o que acontecia na passarela praticamente de camarote. Com o sonho de ter sua página como ocupação principal e não como hobby, elas buscam se especializar e trabalham duro para serem reconhecidas.

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FOTOS: Carolina Coelho


A maioria das blogueiras baianas começou a escrever para compartilhar dicas e ideias sobre o universo feminino e a moda, especialmente. É o caso de Amanda Dragone <amandadragone.com>, Ana Varjão <saiaplissada. com>, Marcele Neves <sutiadebolinha.blogspot.com>, Kelly Pinheiro <chicfashiontrends.com.br> e das irmãs Marcella e Isabella Brandalize <misorella.com.br>, as mais novas da nossa blogosfera. Já Márcia Luz, há quase cinco anos no comando do Simplesmente Elegante <simplesmenteelegante.com.br>, referência no assunto, teve uma trajetória diferente. “Trabalhava em um jornal e fazia as coberturas das semanas de moda. Como tinha muito material e o espaço no impresso era limitado, fiz o blog para dar conta. Deu certo e o site acabou criando vida própria”, relembra ela, que é formada em jornalismo pela Ufba e pósgraduada em moda pela Unifacs. A maioria das blogueiras de Salvador, entretanto, não é especializada em moda – fizeram pequenos cursos na área e têm conhecimento fruto de pesquisa, em livros e revistas e na própria web. Muitas vêm de campos afins, como design e comunicação, e outras de segmentos totalmente distintos, como o direito e a construção civil. Os blogs, embora levados muito a sério, costumam ser ainda um hobby, mas rendem presentes de marcas e convites para diversos eventos. “Com o tempo percebi que poderia ganhar dinheiro com isso e comecei a me dedicar mais. Larguei a advocacia para trabalhar com moda”, conta Ana Varjão. Já Kelly Pinheiro, uma das mais reconhecidas blogueiras da Bahia no país, confessa: “Ganho muitos presentes, sim, e adoro testar os produtos que recebo”.

Dia a Dia “Após o lançamento do blog, tenho me dedicado apenas a ele, uma vez que exige muito do meu tempo”, comenta Marcella Brandalize. Em todos eles, as pautas costumam girar em torno da cobertura dos eventos da cidade, dos assuntos mais comentados na internet, de pedidos das leitoras e do dia a dia das próprias blogueiras. “Gosto de produzir conteúdo que ajude as pessoas a enxergarem a moda fora das passarelas de um jeito mais consciente, aproveitando as peças que já têm, exercitando a criatividade, descobrindo o próprio estilo e valorizando a silhueta. Sem preconceito e sem necessariamente gastar muito”, conta Amanda Dragone sobre seus posts. As publicações não parecem seguir uma agenda rigorosa, mas estão sempre entre os compromissos das garotas. À frente do Saia Plissada, Ana Varjão diz reservar duas horas diárias para montar posts, trabalhar imagens e responder emails e comentários dos leitores. “Tento sempre deixar conteúdo preparado no rascunho, pois posso colocar no ar a qualquer momento, e me esforço para conseguir postar de segunda a sexta. Hoje os aplicativos no celular me permitem estar sempre conectada ao blog, mesmo na rua”, conta ela sobre o dia a dia corrido. Com uma carreira bem-sucedida longe das telas dos computadores, smartphones e tablets, Kelly Pinheiro também está sempre de olho no blog. “Tenho reuniões com clientes à noite e até nos fins de semana. Recebo convites para eventos no Brasil inteiro e nem sempre posso ir, por isso acabo delegando essa função a um colaborador. O que nunca faço é deixar o CFT de lado!”, pontua a blogueira.

É no celular que Amanda Dragone faz a maioria das fotos que seguem para o seu blog <www.amandadragone.com>

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“Larguei a advocacia para trabalhar com moda” Mercado

Ana Varjão, blogueira “Os blogs têm colaborado bastante para o enriquecimento do moda na Bahia, tornando-a mais acessível ao público”

Marcela Brandalize, blogueira FOTO: Márcia Luz

(em cima) O Yacht Summer Fashion 2012 reservou um espaço especial para as blogueiras. (embaixo) Amanda mostra sua combinação para aproveitar o calor baiano com muita cor

FOTO: Carolina Coelho

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Por se tratar de um veículo com cotas de publicidade mais baratas do que os tradicionais, o formato blog tem despertado a atenção das grifes e empresas na hora de escolher as mídias em que irão anunciar ou estabelecer relacionamento. Para isso, Marcella Brandalize dá a dica: “Se o intuito for ganhar dinheiro, tem que se especializar. Hoje em dia, blogueira virou profissão”. Uma das que oferecem espaço para publicidade em seu blog, Amanda Dragone explica: “A relação que criamos com as leitoras acaba sendo interessante também para as empresas que têm o mesmo público como alvo”. Segundo ela, o formato muda de acordo com a necessidade do cliente. “Lojas físicas, por exemplo, se beneficiam mais com publieditorial do que banner”, conta a blogueira, que é designer gráfica, mas, além de sua página pessoal, tem atuado na produção de conteúdo para blogs institucionais. Para ela, a blogosfera baiana, de um modo geral, volta-se para o seu cenário. “Salvador ainda tem muito a crescer quando o assunto é moda, mas, junto a esse desenvolvimento, os blogs estão sendo encarados como aliados, de uma forma mais profissional. As empresas locais estão começando a entender a influência que essa mídia tem”, constata ela. “Acho que os blogs têm colaborado bastante para o enriquecimento do moda na Bahia, tornando-a mais acessível ao público”, completa Marcella.

Streestyle “Queríamos criar um blog com o qual as pessoas pudessem se identificar, ver elas mesmas na tela, buscar inspirações nos looks que pessoas da cidade estão usando”, explicam Talita Malvezzi e Glauco Barbosa sobre o Na Rua SSA <naruassa.com.br>, primeira página baiana voltada para a moda de rua. Criado em setembro de 2012, o blog de streetstyle tem como proposta agregar moda, fotografia e design – paixões de seus criadores – e mostrar os looks mais descolados de Salvador. Apesar da ideia inédita e da qualidade do blog em seu leiaute, textos e fotos, o Na Rua SSA deu uma pausa em suas postagens desde 15 de outubro. Segundo Talita, a falta de tempo e de um arquivo com posts atrapalhou a dupla, já que cada um tem um emprego principal e, sem conseguir sair para fotografar, não havia fotos guardadas. Isso porque a rotina é um pouco diferente daquela dos blogs tradicionais: “Temos que passar horas esperando para conseguir dois ou três looks. Em Salvador também há a dificuldade de que as pessoas, na verdade, não andam na rua! Para conseguir fotografar temos que correr atrás de eventos, festas, ir nas faculdades, ir onde há concentração de pessoas”, afirma Talita. O blog, no entanto, já tem retorno programado para dezembro, e planos comerciais. “No nosso caso, acreditamos que podemos ganhar dinheiro sendo convidados a fotografar eventos, fazer editoriais, look books”, conta Talita, que acredita que dá, sim, para viver como blogueiro. “Grandes blogs na área de moda e de entretenimento são prova disso, mas nem precisamos ir tão longe: na Bahia há diversas blogueiras vendendo espaços em seus blogs e fazendo posts publicitários”. O segredo para o sucesso? Segundo ela, que trabalha com marketing para a Red Bull, manter o blog sempre atualizado, com um trabalho bem feito e levado a sério, e ter um público fiel – o que é, sem sombra de dúvida, o fator de atração das marcas como anunciantes. [B+]

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As irmãs Marcella e Isabella Brandalize debutam no mundo das blogueiras com o misorela.com.br

TENDÊNCIAS PARA O VERÃO 2013

FOTO: Uran Rodrigues

BLOGS & SHOPPINGS Na capital baiana, um mercado que vem ganhando força com a expansão dos shoppings centers é o da comunicação digital. Além de perfis e páginas nas redes sociais, os empreendimentos vêm investindo nos blogs como uma ferramenta de comunicação direta com o seu público e uma vitrine de seus produtos e serviços. Os shoppings Iguatemi, Barra e Salvador foram os pioneiros na iniciativa. No caso do primeiro, quem assumiu as postagens foi Martinha Fonseca, já conhecida no cenário soteropolitano pelo blog de moda Armário de Madame <armariodemadame.com>. O Blog do Barra, por sua vez, depois de uma experiência com alunos de graduação em moda, convidou as designers Bianca Cabral e Kity Cohim para ficarem à frente dos posts. Já o Salvador Shopping - que conta também com um blog institucional, um de cinema e um de gastronomia - tem a jornalista que vos escreve à frente do Estações Salvador. No que diz respeito ao conteúdo, cada shopping investe em uma linguagem própria, que mescla a proposta de branding do empreendimento com o estilo das blogueiras, dando dicas de moda e beleza, garimpando no mix de lojas produtos que se relacionem às principais tendências da estação e apresentando os modos de usá-las no dia a dia e como adaptá-las à realidade baiana. Além disso, investem em promoções para os leitores, que vão desde sortear peças a concursos culturais valendo looks completos.

Amanda Dragone: misturando referências esportivas, retrô e românticas, ela é fã de conforto, modelagem simples e cores. Para a [B+], ela montou dois looks – o primeiro aposta nos materiais nobres, como o couro e a renda, combinados à malha, no estilo Hi-Lo, em cores vibrantes para deixar a produção com a cara do verão,; o segundo investe no short destroyed, nos tons pastel e no metalizado. “A bota preta foi usada para contrapor as peças fresquinhas e combinar com o top de renda que está em alta, criando um visual cool”, explica a blogueira. Ana Varjão: num meio-termo entre o clássico o básico, a blogueira usa muita camisa seda, calça jeans e sandálias altas. “Mas não abro mão de um shorts jeans e de uma boa rasteira também”, conta ela. Aqui, ela montou dois looks: o primeiro traz como destaque o neon (“indiscutivelmente a tendência mais forte para o verão”) e ensina o truque do nó na camisa, para deixar a produção mais casual; no segundo destaca a pegada rocker com a blusa de correntes e tachas (“ótima opção para um dia de calor!).

FOTO: Carolina Coelho

CONHEÇA:

www.iguatemisalvador.com.br/blog www.shoppingbarra.com www.salvadorshopping.com.br/blogs/estacoes

Ana Varjão montou um look verão bem tendência, na loja Espaço Fashion


L I F E STYLE | e m p re e n d e d o r ism o

MULTIPLICIDADE DE SUCESSOS

Tudo começou com um restaurante. Depois veio o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto... e o negócio não parou mais. Ter mais de um estabelecimento já virou tendência entre os empresários baianos. A pergunta é: como conseguem conciliar o tempo sem perder a qualidade do serviço e ainda ser referência no mercado? por CAROLINA COELHO fotos RÔMULO PORTELA

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á quem afirme que o segredo para ter um case de sucesso é ter várias histórias de sucesso. Os empresários baianos Augusto Schumacher, Cláudio Balthazar e Guto Baiarde podem confirmar essa declaração devido aos negócios que vão de vento em polpa. Em suas cabeças, está a responsabilidade de gerir alguns dos melhores restaurantes e casas noturnas de Salvador. Austrália, Club Ego, Five, Jerimum, Il Pollo, Moema, Orgânico, Pereira, Santo Graal, Twist Pub ou Zen, com certeza o leitor já bebeu, comeu ou dançou em pelo menos um desses lugares. O que provavelmente você não sabe é que todas essas casas pertencem a apenas três núcleos de empresários, que, com a ajuda de sócios e staffs competentes, fazem valer a noite soteropolitana.

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CLÁUDIO BALTHAZAR DA QUENTINHA PARA O SHOPPING

Movimento no “a quilo” mais variado do mercado, Il Pollo (Shopping Salvador)

Na tentativa de diminuir riscos e investimentos, os três especialistas em captar oportunidades no mercado constroem sociedades para expandir seus horizontes de ideias e abrir entretenimentos na velocidade do gosto do público baiano. Estabilizados no mercado, esses empresários já são alvo de investidores, que os procuram para desenvolver conceitos de novos espaços. Com tantas casas para comandar, muitas das propostas oferecidas precisam ser descartadas pela falta de tempo. O grande mistério que fica é: como, na prática, esses empresários conseguem gerir negócios com conceitos tão diversos e, ao mesmo tempo, não perder o foco? A história, os erros, acertos e a visão de negócios mostram que as coisas não acontecem por acaso.”

Desde que montava quentinhas na cozinha industrial da garagem da mãe, Cláudio Balthazar já sabia que o ramo da culinária era o seu negócio. Aos 18 anos, incentivado por um amigo, fez uma proposta para entrar com um restaurante na praça de alimentação de um dos poucos shoppings da cidade, e deu início ao “a quilo” mais variado do mercado: o Il Pollo. A experiência com o fast food uniu-se à motivação de expandir as ideias gastronômicas e mais cinco casas foram abertas em um período de 24 anos. Indo da cozinha australiana à moda orgânica, Cláudio hoje está à frente dos restaurantes Il Pollo, Jerimum, Austrália, Five, Orgânico e da torteria Ganache. A garantia de qualidade da cozinha e do atendimento é certificada pela equipe de funcionários fidelizados que o acompanham desde o seu começo. Com tantas casas para administrar, Claudio aposta na qualificação dos empregados, o que dá a sustentação para o crescimento. Enquanto Cláudio se encarrega da parte operacional e do dia a dia de todos os restaurantes, 11 sócios amigos se dividem entre investidores e administradores. Com tantos sócios, Cláudio frisa que para o sucesso do negócio é fundamental que alguns sejam apenas sócios capitalistas. “Várias cabeças pensando não dá certo, tem que ter um sócio-cabeça”. Dividindo os investimentos e os riscos, fica mais seguro arriscar e aproveitar as oportunidades do mercado. Outro facilitador é ter a maioria dos restaurantes instalados em shoppings: “O cliente bate na sua porta. Na rua, o gasto é alto com publicidade”.

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AUGUSTO SCHUMACHER BALADA CASAMENTEIRA

Vários relacionamentos iniciados no Twist Pub acabaram no altar da igreja

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GUTO BAIARDE CAFÉ GASTRONÔMICO

O boom dos shopping centers no Brasil foi mais uma oportunidade para Guto Baiarde expandir o negócio, com o Pereira Café

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Augusto Schumacher não é padre e nem santo casamenteiro, mas já foi responsável pela formação de vários casais que depois de se conhecerem no Twist Pub disseram sim ao sacramento do matrimônio. Há dez anos, o empreendedor está à frente da melhor casa para paquerar, segundo a premiação de 2012 da Revista Veja. A balada é conhecida por ser um dos poucos lugares da cidade feitos para dançar onde não há o risco de uma pessoa de 30 anos se sentir coroa entre a molecada que vem invadindo as pistas do Rio Vermelho. Pista de dança parece ser, aliás, a especialidade de Schumacher. A boate Ego e a casa de show Zen também são obras do empresário, que diz que, apesar de estar inserido no glamour da badalação noturna, trabalha muito durante o dia. Para quem não é de paquera e prefere sentar para comer, beber e ouvir uma música, Schumacher indica seus outros dois estabelecimentos, o Moema Batataria e o Santo Graal. Para inovar nos conceitos, as viagens internacionais ajudam muito. Mas o viajante ressalta que só isso não basta. “Não adianta ver algo inusitado em Nova York e querer trazer direto para Salvador. Infelizmente, a novidade precisa estrear primeiro em São Paulo e no Rio para depois ter chance de fazer sucesso aqui”.

Saborear pratos gastronômicos com uma vista para o Farol da Barra já é uma atração conhecida há nove anos por quem frequenta o bar e restaurante Pereira, no Porto da Barra. A casa foi minunciosamente pensada, desde a estrutura do espaço elaborada pelo arquiteto David Bastos até no estabelecimento de normas para o vestuário. Apesar de terem sido muito criticados no começo por, em pleno verão baiano, não permitirem a entrada de clientes usando bermuda, o restaurante se firmou como referência de qualidade e atendimento na capital. Mas quem não abre mão do chinelo de dedo, pode agora degustar as iguarias ‘pereirianas’ com um traje mais informal nos Pereira Café presentes no Shopping Iguatemi, no Shopping Barra e no Condomínio Mundo Plaza. Há cinco anos, os quatro sócios do restaurante observaram o boom dos shoppings centers no Brasil como uma oportunidade de expandir o negócio e adaptaram o conceito da casa para um estilo mais comercial. Só em 2012, foram abertas três dessas novas casas, incluindo o Pereira da praça do Itaigara, que funciona nos mesmos moldes do primogênito. “O Itaigara foi uma grata surpresa. Já esperávamos um bom retorno, mas superou nossas expectativas”, conta Guto Baiarde. [B+]



L I F E STYLE | m e rca d o i m o bil iá r io

WELCOME, BRAZILIANS! Conhecidos nos Estados Unidos como turistas que costumam gastar muito, os brasileiros agora alavancam um outro setor, o imobiliário. Cidades como Miami, Orlando e Nova York têm se mostrado opções cada vez mais atrativas de investimento por ANDREA CASTRO

FOTO: Unique Homes

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epois da “bolha” provocada, sobretudo por especulações e inadimplência, o mercado imobiliário americano está em alta. Pelo menos para os brasileiros. Investidores e profissionais liberais aquecem o negócio, apostando em cidades americanas para comprar imóveis residenciais e comerciais. Os brasileiros lideram as compras de residências de luxo em Miami e, se considerados todos os tipos de unidades, ficam atrás apenas dos venezuelanos. De acordo com a Associação de Corretores de Miami (Miami Realtors Association), os brasileiros compraram cerca de 150 imóveis avaliados entre US$1 milhão e US$3 milhões em 2011, em Miami e Fort Lauderdale. Eles também gastam mais no preço médio do imóvel: US$215 mil contra US$175 mil dos demais. O empresário Solon Pettinati, pernambucano criado em São Paulo, há mais de 12 anos vende imóveis situados fora do país. Proprietário da Pettinati Assessoria Imobiliária, Solon afirma que os baianos têm seguido a tendência de optar por imóveis em cidades americanas, sobretudo no estado da Flórida. “O perfil desse público é amplo, abrangendo desde profissionais liberais, como médicos e engenheiros, que adquirem imóveis em torno de US$500 mil, até grandes empresários, com investimentos que ultrapassam US$1 milhão em um imóvel de luxo”, revela Solon.

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FOTO: Rômulo Portela

Maior credibilidade As facilidades de acesso dos brasileiros aos Estados Unidos e de crédito para financiar os imóveis, em até 30 anos, têm contribuído com a demanda. “Hoje o brasileiro tem maior credibilidade para financiar um imóvel do que o próprio americano. Existem empreendimentos que foram cerca de 60% ocupados por brasileiros”, afirma Solon. No caso de Miami, destino queridinho dos brasileiros, a questão do clima, as praias, grandes shoppings, a facilidade de acesso e até a língua - já que muitas pessoas falam espanhol e português por lá, contribuem para a preferência. “Até o governador da Flórida esteve recentemente no Brasil e mencionou a possibilidade de liberação de passaporte para turistas brasileiros”, ressaltou Solon. Depois do sucesso de eventos realizados em São Paulo e no Rio de Janeiro, e com o interesse cada vez mais expressivo dos baianos, a Pettinati, que é parceira da Elite International, agência imobiliária com sede em Miami, já projeta a realização de um evento em Salvador em 2013 para lançar um produto made in EUA. “Ainda estamos estudando o formato, mas queremos trazer um produto de fora que certamente vai fazer sucesso entre os baianos”, revelou Solon. Outras empresas do ramo imobiliário também já apresentaram produtos americanos em eventos baianos. A Brasil Brokers Brito & Amoedo apresentou no Salão Imobiliário da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (AdemiBA) apartamentos do luxuoso Trump SoHo Hotel Condominium, empreendimento do megaempresário americano Donald Trump em Nova York. Foram disponibilizados para comercialização 60 das 391 unidades do empreendimento, de 46 andares. Os preços variavam de US$860 mil, no caso de apartamentos de um quarto e estúdios, a US$6,6 milhões, valor cobrado pelas coberturas.

Brasileiros ditam tendências A entrada massiva dos brasileiros tem rendido o que o mercado chama de “fator Brasil”, elemento que pesa inclusive na concepção de alguns projetos. O Porsche Design Tower, investimento de US$600 milhões, é um exemplo. É o primeiro projeto imobiliário com design da empresa alemã, famosa por seus carros de luxo. Com 57 andares, o prédio terá 132 apartamentos com área entre 400m2 e 1,5 mil m2, a um custo de R$5,4 milhões a R$27 milhões. Assim como a Porsche oferece aos clientes um serviço customizado e design de interiores, os apartamentos serão feitos sob

Solon Pettinati vende imóveis fora do país há mais de 12 anos

FOTO: Unique Homes

A entrada massiva dos brasileiros tem rendido o que o mercado chama de “fator Brasil”, elemento que pesa inclusive na concepção de alguns projetos medida para cada cliente – desde o material ao número de quartos. Além de um pé-direito de 7m de altura e piscina no terraço, o apartamento terá quarto de empregada, um diferencial que os brasileiros não encontram no mercado americano. Mas o maior atrativo ainda deve ser a garagem dentro do apartamento: um elevador conduz o carro até o andar desejado e o morador o estaciona no living. Os perfis dos imóveis e público-alvo variam também de acordo com as cidades. Em Miami, carro-chefe das vendas, os imóveis são comprados para lazer e investimento. Muitas unidades são alugadas para outros brasileiros. E para quem pensa em seguir essa tendência de aquisição de imóveis americanos, as vantagens ainda são bastante atrativas, mas esses valores têm aumentado. “Ainda é um grande negócio, mas o investidor tem que se antecipar, pois a tendência agora é que esses imóveis sejam valorizados”, concluiu Solon. [B+]

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PLANEJAMENTO, ARTE, TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE FOTOS: Divulgação

O lançamento do empreendimento Cidadelle trouxe ao mercado residencial do litoral sul da Bahia um novo conceito de bairro planejado que une os instrumentos da conscientização ambiental à inteligência tecnológica, sem perder de vista a beleza artística

Bel Borba e Denis Guimarães apresentam o protótipo da escultura Pé de Sol

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o litoral sul baiano, entre Ilhéus e Itabuna, nasce em meio às belezas naturais da região um empreendimento que poderia ser considerado mais um estilo de vida do que um projeto de moradia. Inspirado no conceito de bairro planejado, o residencial Cidadelle foi construído em uma área de 650 mil m2 para privilegiar a área de lazer e verde e incentivar seus moradores a estarem em contato com a fauna e a flora local. Por entre as casas, uma trilha ecológica te leva para identificar as espécies de plantas e árvores e ouvir o som dos pássaros nativos. No fim do passeio, um clube com piscina, parque, campos de futebol, quadras poliesportivas, pista de cooper, patins e skate, ciclovia, brinquedoteca, biblioteca, todos ao lazeres reunidos, aguarda por algumas horas da sua atenção. Projetado pela construtora André Guimarães em parceria com 22 arquitetos, o condomínio leva também a assinatura do baiano Bel Borba. O artista plástico criou uma escultura em forma de árvore com cinco metros de altura denominada Pé de Sol, que irá captar energia solar por meio de painéis fotovoltaicos instalados na extremidade dos galhos. A união da tecnologia e da sustentabilidade também aparece nos equipamentos de eficiência energética para redução de energia, nos medidores de água setorizados para controle e racionamento do recurso, no sistema de aproveitamento da água da chuva, além de um abrigo de resíduos destinado a coleta seletiva. [B+]



L I F E STYLE | t u r i s m o

A BAÍA DA

BAHIA Um passeio pela costa do Recôncavo a bordo do Schooner Resort

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ol, mar e aconchego. A Baía de Todos os Santos pode ser desfrutada com requinte nos minicruzeiros a bordo do requintado Schooner Resort, hotel flutuante que navega no paradisíaco entorno do Recôncavo Baiano. Concebido depois de muita pesquisa, o barco nasceu da paixão do casal Antonio e Suely Garcia pelas belezas da maior baía tropical do mundo. “Sou apaixonado por história e cultura e isso é o que mais encontramos no entorno da Baía de Todos os Santos, onde deságua o Paraguaçu”, afirma Antonio. São 56 ilhas, numa área de 1.052km2, que abriga ainda três baías internas (Aratu, Iguape e Itapagipe), praias, enseadas, manguezais e rios. Além de Salvador, surgiram nos limites da Baía de Todos os Santos 15 cidades, que, juntas, formam o Recôncavo Baiano.

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FOTOS: Divulgação

Tão importantes para a região, onde já foi o principal meio de transporte da produção local, os saveiros foram a grande inspiração do mestre Elpídio, que, em 2009, construiu a escuna motorizada. Toda em madeira e metal, ela é versátil: pode se aproximar de praias e locais sem ancoradouro, ao mesmo tempo que chega a uma velocidade de 12 nós. “Assim diversificamos os locais que podem ser visitados, reunindo a agilidade de um potente barco e a adaptabilidade das pequenas embarcações”. As acomodações seguem o conceito da pousada butique, com tudo personalizado e da melhor qualidade. Aconchegantes apartamentos hospedam até 12 pessoas, permitindo passeios em médios grupos. Uma série de mimos é oferecido para os hóspedes que decidirem explorar os segredos da baía: solarium, home theater, jogos, filmes, rádio, karaokê e até massagem a bordo. Grupos de amigos, despedidas de solteiro, passeios

familiares, encontros românticos, o local é apropriado para variados tipos de situações. Ilha da Maré, Loreto, Salinas da Margarida, costa de Salvador. Os roteiros passeiam nos mais encantadores destinos das águas quentes baianas, podendo ser montados de acordo com os desejos do cliente. Não importa qual o escolhido, quando fundeados, os tripulantes irão desfrutar do conforto do barco, assistindo um inesquecível pôr do sol, contemplando o céu noturno da Bahia e curtindo a programação de lazer junto aos companheiros de aventura.

Gastronomia Uma viagem à parte é realizada pelos sabores típicos da terra, especialmente elaborada pelo chef de cozinha da tripulação. Moquecas, mariscos, drinques e petiscos fazem da viagem a bordo um momento ainda mais especial. Se quiser passear a bordo do Schooner, faça antes um tour pelo site www.schoonerresort.com.br. [B+]

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SEJA SEU PRÓPRIO CHEF Há um ano, o australiano Richard James aportou na Bahia e foi direto para a cozinha do Ciranda Café, onde aproveitou sua vasta experiência em gastronomia para combinar técnicas e sabores na criação do cardápio do restaurante. Apreciador da culinária saudável, ele ensina a fazer uma paella vegetariana, um dos pratos oferecidos pela casa por CAROLINA COELHO

FOTOS: Ricardo Prado

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espretensioso assumido, o chef Richard James surpreende aqueles que não gostam da alta gastronomia “porque vão comer pouco”. Com pratos bem servidos e a preços acessíveis, ele prepara tira-gostos, entradas, refeições e sobremesas que carregam uma interessante mescla entre a gastronomia contemporânea e o tempero de comida caseira com gosto de infância. Depois de viajar três continentes, trabalhar em cozinhas da Inglaterra à Tailândia e saborear as delícias típicas de 18 estados brasileiros, ele se apaixonou pela Bahia – ou melhor, por uma baiana – e veio morar na terra do dendê. A culinária brasileira virou uma das paixões de Richard depois que ele passou quatro anos no Brasil, de 2001 a 2005, em uma verdadeira orgia gastronômica. Ao retornar à Austrália, ele abriu o CocoMar Brazilian Restaurant, no litoral norte de Sydney, uma espécie de refúgio para os brasileiros, que podiam matar as saudades do lar comendo feijoada, moqueca, xinxim de galinha, churrasco, entre outras iguarias tropicais. De volta ao calor e ao ritmo da Bahia, o chef foi chamado para montar os 42 pratos que compõem o cardápio do Ciranda Café Cultura e Artes. Em seu bom português (com leve sotaque inglês), ele explica que sua influência gastronômica vem do conceito de comfort food e slow food, que mistura uma alimentação de fácil digestão rica em nutrientes com sensações nostálgicas, remetendo a tempos passados ou lugares específicos. Conjugando o prazer de comer e a consciência ambiental e social, Richard faz questão de ir ele próprio às feiras orgânicas da cidade para escolher a dedo os alimentos que vão entrar na sua cozinha. “A tendência da gastronomia é voltar às comunidades autossustentáveis, onde as pessoas podem ter consciência de onde vem aquilo que ela está comendo”, reforça o chef. 86

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FOTOS: Carolina Coelho

PRATO DO DIA: PAELLA DE QUINOA E ARROZ NEGRO COM MAÇÃ, GENGIBRE, SEMENTES DE GIRASSOL E DE LINHAÇA, GRÃO DE BICO E BRÓCOLIS, SERVIDA COM LIMÃO CARAMELIZADO E AZEITE DE OLIVA

MODO DE PREPARO INGREDIENTES (4 PESSOAS) - 3 xícaras de arroz negro cozido - 2 xícaras de grão de bico cozido - 1 copo de quinoa em grão - 1 cebola picada - 4 dentes de alho picado - 2 colheres de sopa de gengibre picada - moio de coentro - moio de hortelã - moio de salsa - 1 maçã verde em cubos - 2 xícaras de brócolis - 2 colheres de chá de linhaça - 2 colheres de semente de girassol - Azeite de oliva extravirgem - Sal e pimenta - Limão - 1 colher de açúcar mascavo Saltear em panela de barro ou em panela com uma base funda os ingredientes na seguinte ordem: azeite, alho, cebola, gengibre, quinoa, arroz negro, brócolis, grão de bico, maçã e um pouco de água para auxiliar a juntar tudo. Sal e pimenta a gosto. Quando estiver tudo quase pronto, acrescente as ervas picadas e para finalizar corte o limão na metade, coloque açúcar mascavo e sele na panela até que fique com uma cor dourada. Adicione as sementes e mais um pouco de azeite de oliva.

[+] NO SITE : Aprenda a fazer mais uma receita exclusiva do chef Richard James: Bolinho de Risoto de Funghi.

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L I F E STYLE | n o t as d e t e c Galaxy S3 se torna o celular mais vendido no mundo A sul-coreana Samsung Electronics superou pela primeira vez a liderança da Apple e conquistou o primeiro lugar do ranking do smartphone mais vendido do mundo. No último trimestre foram vendidos 18 milhões de celulares Galaxy S3, enquanto o iPhone 4S atingiu 16,2 milhões de unidades. As fortes vendas ajudaram a bater o recorde da companhia, gerando um lucro de US$7,3 bilhões entre julho e setembro. A notícia foi divulgada pela consultoria Strategy Analytic no início de novembro.

Microsoft confirma fim do WLM e integração ao Skype Depois de ter comprado o Skype por R$8,5 milhões ano passado, a Microsoft anunciou a aposentadoria do Messenger em todos os países no primeiro trimestre de 2013. Nos últimos meses, a empresa tem trabalhado na integração da plataforma do Messenger para comunicações via Skype. Novas funções serão acopladas na junção, como compatibilidade ampliada com o iPad e tablets Android, compartilhamento de tela, chamadas com vídeo em celulares, chamadas para amigos do Facebook e videoconferências em grupo. FOTO: Divulgação

5 APLICATIVOS QUE NÃO PODEM FALTAR NO SEU APARELHO Minube: Um ótimo guia turístico para quem deseja conhecer novos lugares. O app recolhe informações da localização e dos interesses do usuário e sugere opções.

La Photocabine:

Google lança site para criar banda online Voltado para o encontro improvisado de músicos, o novo site da Google, Jam, é uma criação coletiva de música online. O serviço permite que o usuário escolha entre 19 instrumentos para tocar e formar uma banda virtual com até três amigos. Dois modos de reprodução, fácil e profissional, podem ser ativados, um com comando pela tela e outro pelo teclado do computador. Desenvolvido pelo Creative Lab, o site por enquanto só está disponível no navegador Chrome.

Amazon lança adega de vinhos on-line com mais de mil opções Mais de mil variedades de colheitas dos Estados Unidos estão disponíveis para venda na loja on-line da Amazon. A empresa permite que os clientes possam procurar os vinhos pela origem, colheita, preço e pelas “notas de sabor”, como framboesa, cítrico ou cereja. Vinhos internacionais também estão disponíveis através de sites externos a página. Por enquanto a novidade ainda não contempla vendas para o Brasil.

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Tire fotos 3x4 no estilo das cabines de filmes hollywoodianos. As quatro fotos em sequência, coloridas ou p&b, podem ser organizadas em duas colunas ou na vertical.

NextCall: Quando foi a última vez que você ligou para sua mãe ou para aquele cliente do trabalho? O app te ajuda a manter o controle sobre seus contatos profissionais e pessoais.

Photosynth: Disponível apenas em inglês, esse app permite ao usuário tirar fotos panorâmicas e alcançar um ângulo de até 360 graus.

Ebook Search: Textos clássicos e obras originais estão disponíveis para leitura gratuita nesse app, que reúne mais de dois milhões de livros em seis catálogos diferentes.


ARTE & ENTRETENIMENTO

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ARTES PLÁSTICAS ECONOMIA CRIATIVA Baiano de Salvador, cidadão do mundo, Bel Borba é um artista valorizado no cenário contemporâneo internacional

A produção cultural baiana descobre novas ferramentas para viabilizar seus trabalhos

O SENHOR DO TEMPO 96 | [C] CRIS OLIVIERI 104 | ILUSTRAÇÃO 105


ART E & ENTR ETEN IM ENTO | a r t e

INTERNACIONAL

BEL BORBA A arte contempor창nea feita com sucata que vale ouro e representa a Bahia no mundo por LILIAN MOTA

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“Foi uma alegria ver as pessoas admiradas com meu trabalho na capital do mundo”

Com seu bom humor e bigodinho estilo Salvador Dalí, marcas já registradas, Bel Borba vem conquistando cada vez mais esaço no cenário internacional

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ntregue a ele alguns azulejos. Ele vai olhar para o material por alguns minutos, como se estivesse em transe, e em seguida as mãos vão começar a se mexer: quebra, cola, arruma daqui, arranja dali, e surgem formas que transmitem vida. Este é Bel Borba, baiano de Salvador, cidadão do mundo. Um artista cada vez mais valorizado no cenário contemporâneo internacional. Bel Borba acaba de chegar da Suíça, onde expôs suas obras na Montreux Art Garlery, durante o famoso festival de música. Ele foi convidado para representar o Brasil e aproveitou com prazer mais essa oportunidade de mostrar seu trabalho para o mundo. Para a mostra, criou peças exclusivas feitas em couro de boi. Antes da Suíça, o destino foi Nova York. Um happening inesquecível: o projeto audiovisual Universal Pulse, produzido por Bel e os artistas americanos André Costantini e Burt Sun, foi exibido em 25 telões da Times Square, no centro comercial de Manhattan. Lá, os prédios são obrigados a instalar letreiros luminosos de publicidade, mas durante 30 noites seguidas a arte falou mais alto do que o consumo – as propagandas deram lugar ao vídeo de três minutos – uma gravação em preto e branco de várias regiões de Nova York, sobre a qual Bel Borba criou desenhos com computação gráfica, que depois foram animados. De 14 de setembro a 14 de outubro, todas as noites, sempre de 23h57 à meia-noite, o filme era projetado nos telões. “Me senti a própria Cinderela”, disse Bel, com o bom humor que é a sua marca, além do bigode estilo Salvador Dali. A Times Square é o ponto turístico mais visitado do mundo, com 40 milhões de turistas por ano. Lá estão as bolsas de valores que movimentam fortunas, os principais estúdios de TV e grandes lojas de marcas internacionais. Maior visibilidade, impossível. A mídia mundial mostrou o evento, reproduziu o vídeo e fez inúmeras entrevistas com os criadores. Só no New York Times saíram três reportagens. A passagem de Bel Borba por Nova York não ficou só na videoinstalação. Durante o projeto, ele e os dois parceiros percorreram diversos bairros ao redor de Manhattan fazendo intervenções de arte que foram filmadas e postadas na internet - ao todo, 30 filmes, um produzido a cada dia, na base do improviso e da inventividade, junto ao povo nova-iorquino. O projeto terminou com uma megaexposição na Times Square, com 13 esculturas de Bel Borba. São peças de três metros de altura feitas com material plástico reciclado, obtido a partir de restos das barreiras que separam as pistas das avenidas e estradas americanas. Bel conta

FOTO: Divulgação

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A passagem de Bel Borba por Nova York terminou em grande estilo: uma megaexposição na Times Square, com um total de 13 esculturas

que foi um trabalho braçal e que, além de criar tudo com apenas dois ajudantes, teve que enfrentar exigências logísticas e burocráticas em uma cidade que já aguardava a passagem do furacão Sandy: “Foi uma loucura, tivemos que prender e amarrar todas as esculturas, para não voarem, além de fazer um seguro obrigatório. Trabalhei muito, minhas mãos ficaram inchadas e feridas, mas valeu a pena, foi uma alegria ver as pessoas admiradas com meu trabalho na capital do mundo”. Bel deu sorte. O furacão só chegou aos Estados Unidos depois que ele voltou para o Brasil. Mas ao chegar, teve uma surpresa não muito agradável. Um site de notícias de Salvador publicou uma nota questionando – e criticando – o suposto uso de verbas da Bahiatursa para garantir o projeto. “Eu até pedi, mas não recebi qualquer patrocínio. Quem viabilizou os custos foram Burt Sun e André Costantini, através do Urban Art Institute, da Massachusetts University, e outras instituições, como a Alliance Francese. No entanto, acho que se a Bahia tivesse ajudado a financiar o projeto, para divulgar nossa arte lá fora, o dinheiro teria sido muito bem empregado”. 92

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A love story entre Bel e o público norte-americano começou há quatro anos, quando os diretores de cinema, videoartistas e fotógrafos Burt Sun e Andre Costantini procuraram o artista plástico, admirados com a obra dele em Salvador. Eles viram os mosaicos espalhados pela cidade, as esculturas feitas com material reciclado, pinturas, desenhos e gravuras em galerias e procuraram Bel para documentar seu trabalho. Durante três anos, acompanharam o artista, e o resultado está em um filme, o longa “Bel Borba Aqui – Um Homem e Uma Cidade”, que teve estreia mundial em março de 2012, no festival Cinequest, em San Jose, Califórnia. O filme foi exibido em outros festivais e vem fazendo carreira em diversas regiões dos Estados Unidos. O convite para o projeto na Times Square foi o resultado deste trabalho, ainda pouco conhecido pelo público, que só deve estrear no Brasil em 2013, salienta Bel. O filme mostra como Bel trabalha usando azulejo, aço, bronze, argila, fibra de vidro e material reciclado para criar seus famosos mosaicos e grandes esculturas que marcam a paisagem de Salvador. Ele também fala, em inglês fluente, sobre seu processo de criação: “Estou sempre envolvido com o improviso. Acho que toda matéria tem dentro dela uma função, uma mensagem. Meu processo criativo é espontâneo, informal, desmistificador. Procuro tirar o excesso de racionalismo da arte”.


FOTOS: Divulgação

A love story entre Bel e o público norteamericano começou há quatro anos, quando os diretores de cinema, videoartistas e fotógrafos Burt Sun e Andre Costantini procuraram o artista plástico para desenvolver um projeto em conjunto

Quem é este homem por trás do artista? Alberto José da Costa Borba nasceu em Salvador, em 1957. Aos três meses foi para Recife, onde viveu durante cinco anos. De volta à Bahia, morou em Nazaré e no Canela. Ele mesmo se define como “volúvel, inquieto, instável, alguém que não abre mão da liberdade, sempre tentando se renovar”. Casado com Meire, dona de um salão de beleza, bem mais jovem do que ele, Bel diz que não sabe viver sozinho, por isso já se casou “inúmeras vezes, perdi a conta”. O casal tem uma menina de um ano e meio, Bela. A família vive em uma bela casa no Horto Florestal. Meire diz que a principal característica de Bel como marido é ser um grande amigo. Os dois acreditam que, por serem aquarianos, se entendem muito bem, apesar do ritmo frenético de trabalho do artista, que também tem uma filha de 15 anos de outro casamento, Gabriela. O artista sempre existiu em Bel Borba: “Aos 8 anos tive minha primeira obra assinada e vendida, um vaso. Comecei com a xilogravura e fui experimentando outras técnicas”, diz ele. Ex-aluno do Colégio Antônio Vieira, em 1976 entrou para a Escola de Belas Artes da Ufba. Dez anos depois, esteve pela primeira vez em Nova York, participando da execução de um mural sobre o apartheid. Amante da Bahia, dos saveiros, da arte de rua, do povo, fica triste ao ver Salvador tão maltratada pelos poderes públicos e pela própria população: “A cidade não vive um bom momento. Andando pelo mundo eu sinto que aqui falta um princípio básico de todo

“Em Salvador, falta um princípio básico de todo lugar civilizado, que é o espírito comunitário, o cidadão se preocupar com o outro, cuidar daquilo que é de todos”

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lugar civilizado, que é o espírito comunitário, o cidadão se preocupar com o outro, cuidar daquilo que é de todos. O trânsito também está caótico, tem a falta de segurança, o lixo nas ruas, são muitos problemas, espero que melhore”. Com um ateliê no Pelourinho, onde vende suas obras, Bel classifica o mercado de arte na Bahia como “confuso, misturando arte decorativa, arte comercial, arte contemporânea, e atualmente também observo uma recessão, reflexo da crise mundial, mas também do fato de estarmos ainda fora do circuito de arte internacional”. Mesmo assim, ele não pensa em tirar o pé de Salvador: “Viajo muito atualmente, mas aqui é o meu lugar, e sempre será”. Ele mesmo cuida da carreira, com uma equipe enxuta: uma secretária, um motorista e um ajudante. Hoje, tudo corre bem, mas nem sempre foi assim: “Quando eu era mais jovem, passava muito tempo sem receber dinheiro nenhum, aí de repente vinha uma bolada, então eu saía gastando, como uma espécie de vingança. Hoje eu aprendi a gerir os recursos, entendi que ser rico é ganhar um dólar e gastar 80 cents, e ser pobre é ganhar um bilhão e gastar um bilhão e 200. Estou muito mais maduro nesse sentido, mas ainda hoje prefiro ser representado, revendido, do que vender minhas obras diretamente. Gosto mesmo é de criar. Bel tenta levar a vida de forma leve. Uma de suas preocupações é a pressão alta, herança de família, que tenta manter sob controle. Os mosaicos, sua marca registrada, também o estavam ameaçando com LER – lesão por esforço repetitivo, por isso resolveu “dar um tempo”. Sua filosofia é simples: “Mais que a religião, o que eleva o espírito é a boa conduta do homem cidadão. Só isso pode salvar a humanidade”. Bel faz questão de refletir sempre sobre

a condição de artista: “Criar oportunidades de trabalho não é o mais desafiador, e sim criar defesas contra a exploração de seu trabalho e de si mesmo”. Seu estilo de vida está baseado na arte: “O que é belo tem qualidade, provoca sensações, experiências, meu desejo é sempre vivenciar e compartilhar isso”. Os planos para 2013 já estão desenhados, e incluem o lançamento internacional de um livro sobre sua obra, com 500 páginas, parte do projeto com Burt Sun e Andre Contantini. Bel também planeja transformar seu sítio de cinco mil metros quadrados, na Ilha de Itaparica, em um parque de esculturas, com as obras que hoje estão guardadas em um condomínio de galpões em Lauro de Freitas. Além disso, ele quer descansar, porque 2012 foi um ano superprodutivo, inesquecível, mas “puxado”. E o resto, venha como vier, já que o artista vive “sempre aberto a um novo desafio, a uma nova experiência, a uma nova matéria-prima, a uma nova linguagem, no ritmo da vida”. E para quem pensa em trilhar o caminho das artes plásticas, Bel Borba dá a dica: “Corra, lute, trabalhe, não existe uma linha de chegada, a única garantia é uma corrida que nunca acaba”. Avesso a competições, mas sempre confrontado por representantes da “arte intelectualizada”, Bel lembra que “a primeira estrela à noite no céu não brilha em um lugar só, são várias estrelas ao mesmo tempo que compõem a noite, a vida está cheia de oportunidades para todos ”. Para reforçar a ideia, ele cita um trecho da música de Noel Rosa, “Palpite Infeliz”: “A Vila não quer abafar ninguém, só quer mostrar que faz samba também”. Ele também só quer mostrar que faz arte também, e ponto final. [B+]

Bel, sua esposa Meire e sua filha Bela

FOTO: Acervo Pessoal

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SENHOR DO TEMPO Perto de completar quatro séculos de existência, o Solar do Unhão comemora, em 2013, 70 anos do tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e 50 funcionando como sede do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Enquanto a cidade cresce para o Litoral Norte, o destino de lazer e cultura preferido de turistas e soteropolitanos faz Salvador olhar para seu próprio umbigo por MARIA ÍSIS

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fotos RÔMULO PORTELA

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pesar de não estar cercado por canaviais, o Solar do Unhão, em Salvador, é um modelo da arquitetura de engenho, assentado no tripé casagrande, capela e senzala. Construído no século XVII, em sítio histórico pertencente a Gabriel Soares, o lugar caiu em mãos do protestante suíço Auguste Frédéric de Meuron, que instalou uma fábrica de rapé (tabaco em pó para inalação). Depois foi ferro-velho, trapiche, depósito de madeiras e até posto de fuzileiros navais na II Guerra Mundial. A multifuncionalidade do espaço é algo que o acompanha pelos séculos. Hoje, o Solar não é só museu de arte, mas também lugar de debate, de gastronomia, educação e música, além de sítio arquitetônico com reminiscências históricas de muitas épocas. “Eu tenho saudade dessa Bahia preservada. O cheiro daqui é o de anos atrás. Parece que o Unhão foi emoldurado. Eu acho que é um dos poucos lugares que meus bisnetos vão conhecer quase do mesmo jeito que eu vi”, conta Graça Maria Lins, 57, moradora do Centro e visitadora assídua. Além de ser destino certo da gente local, o Solar atrai e encanta turistas, que descobrem que, sim, é possível ser contemplativo na Bahia. “Estou viajando há dois meses. Já passei pelo Peru, Bolívia, estive no Rio de Janeiro, e posso dizer que Salvador ganhou meu coração especialmente por causa do Solar. Nunca estive num lugar parecido, com força, beleza e tranquilidade, tudo ao mesmo tempo. Observar o pôr do sol do Parque das Esculturas, com certeza, me marcou para sempre”, conta o turista australiano Lachlan Brown, 25 anos. Em breve, as rugas do Solar vão ganhar um afago. Segundo Luciana Moniz, assessora da direção, a passarela do Parque das Esculturas - área externa próxima à praia que abriga 23 obras de 20 artistas - e o telhado do casarão principal passarão por uma requalificação. “Para reinaugurar o principal espaço expositivo, a direção do Museu está propondo uma grande exposição do acervo do MAM-BA (do moderno ao contemporâneo) entre o final de 2013 e meados de 2014”, conta ela, que trabalha há quatro anos no Solar. Inaugurado no Foyer do TCA em 1960, pelas mãos da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, o MAM-BA passou para o Solar do Unhão em 1963. Lina foi peça-chave para o Solar do Unhão ser tudo o que representa hoje. Ela, que chegou à Bahia nas décadas de efervescência do Cinema Novo e da Tropicália, estava na crista da vanguarda arquitetônica do desenho industrial. Lina foi a responsável pela introdução do design, como disciplina curricular, no sistema universitário brasileiro. Fora isso, graças à sensibilidade antropológica, ela não viu a cultura popular com “mera curiosidade resgatável pela complacência paternalista ou exotismo cultivado pelo esnobismo

Hoje, o Solar do Unhão não é só museu de arte, mas também lugar de debate, de gastronomia, educação e música, além de sítio arquitetônico com reminiscências históricas de muitas épocas

As noites de sábado já viraram programação carimbada com garantia de casa cheia

Turistas apreciam uma das mais belas vistas para a Baía de Todos os Santos

Inaugurado no Foyer do TCA em 1960, pelas mãos da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, o MAM-BA passou para o Solar do Unhão em 1963. Lina foi peçachave para o Solar do Unhão ser tudo o que representa hoje

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SÓ LÁ NO SOLAR [+] ARQUITETURA No século XVIII, o Solar foi vendido a José Pires de Carvalho e Albuquerque, que estabeleceu morgado (propriedade que não pode ser vendida, somente herdada pelo primogênito). A família trouxe à “fazenda” feições mais requintadas e ela passou a ser conhecida como Solar. São dessa época a capela barroca consagrada à Nossa Senhora da Conceição, o chafariz em arenito escuro com uma grande carranca que lança água, duas conchas superpostas e suas três pequenas gárgulas, os azulejos que forram o passadiço do casarão principal (painéis de produção lisboeta com figurações de caçadas e marinhas) e o moinho d’ água todo em ferro, instalado em 1786 para descascar arroz, hoje clichê estético para fotógrafos baianos em início de carreira.

Hoje parado, o Salão da Bahia é uma das queixas da classe artística local. Para contornar o problema, Stella Carrozzo busca possibilidades na iniciativa privada

[+] HISTÓRIA Entre muitos fatos históricos de relevância associados à trajetória do Solar, um deles merece destaque. O Unhão foi esconderijo para Lucas Dantas e Manuel Faustino, líderes da Conjuração Baiana. Dali, eles saíram “em canoa para o cais Novo, onde passaram para um saveiro. Porém acabaram sendo presos e condenados à morte”, conta Luís Henrique Dias Tavares em “História da Sedição Intentada na Bahia em 1798 – A Conspiração dos Alfaiates”.

[+] MÚSICA Todos os finais de tarde de sábado, carros se apinham nas margens da Av. Contorno, estacionando e subindo pelas vielas que vão dar no Largo 2 de Julho. A Jam no MAM, continuação das jam sessions realizadas entre 1993 e 2001, é o evento que mais atrai pessoas em um único dia para o Solar. Até outubro último, foram mais de 230 Jams e cerca de 342 mil pessoas. Atualmente, as Jams têm uma média de 1.500 espectadores por noite. Após o pôr do sol, vale a regra número um do jazz: nada de ensaio, só muita improvisação.

[+] ARTE-EDUCAÇÃO Há 32 anos, o MAM-BA forma artistas baianos com seus cursos livres gratuitos. Hoje são seis oficinas: litogravura, xilogravura, gravura em metal, cerâmica (níveis I, II e III), pintura (I e II) e desenho.

[+] GASTRONOMIA Inaugurado em 2008, o Solar Café do MAM fica nas dependências da antiga senzala. Ele é a matriz da outra unidade que fica no Palacete das Artes, bairro da Graça. Uma vez lá, peça de sobremesa o petit gateau. Pode apostar: é o melhor da cidade!

[+] ARTE NO MAM É possível encontrar obras de grandes artistas, como: O Touro, 1928 (Tarsila do Amaral); Flores, 1959 (Burle Marx); Vendedor de passarinho, 1959 (Cândido Portinari); Retrato, 1941 (Di Cavalcanti); Sol Tierno, 1959 (Emilio Pettouruti); Homem Sentado no Sofá, 1959 (Hansen Bahia); e Mãe Preta, 1947 (Samson Flexor).

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Visto por diferentes perspectivas, o museu do MAM movimenta a cultura baiana desde a sua inauguração em 1960.O espaço já serviu para produção de manufaturas, depósito de combustível, quartel para os fuzileiros navais e atualmente recebe a arte em suas mais variadas formas


Com 13 anos de sucesso, a tradicional Jam no Mam se firmou como espaço para apresentações e performances musicais únicas e especiais

erudito. Como costumo dizer, Lina era adversária implacável dos futurófobos, dos passadistas profissionais e do folclorismo. Em seu ideário, o objeto popular é visto em sua inteireza e dignidade”, nos conta Antônio Risério em seu livro “Avant-Garde na Bahia”. Atual diretora do MAM-BA, Stella Carrozo é depositária do trabalho feito por Lina, por Mário Cravo Jr., pelo período de decadência entre as décadas de 80 e 90 (a Ditadura virou as costas para diversas instituições, principalmente as mais subversivas) e pelos 16 anos da administração de Heitor Reis. Foi nesta gestão, inclusive, em 1994, que foi iniciado o Salão MAM-BA de Artes Plásticas, que depois virou Salão de Artes da Bahia. O espaço recebeu obras de diversas gerações de artistas e construiu um acervo de mais de 1.200 obras para o MAM-BA, incluindo exemplares de baianos como Iuri Sarmento, Marepe e Mário Cravo Neto, até o seu fim inexplicável em 2008, quando a então diretora Solange Farkas prometeu “o estatuto de um modelo de evento de grande porte, sazonal e voltado a iluminar novos rumos da arte”. Hoje parado, o Salão da Bahia é uma das queixas da classe artística local. Para contornar o problema, Stella Carrozzo busca possibilidades na iniciativa privada. No seu pouco mais de um ano de gestão, ela criou o Núcleo de Desenvolvimento de Projetos, que auxilia na captação de recursos externos, já que os cortes orçamentários do MAM-BA acarretaram a paralisação de outros projetos

importantes, como o Cinema de Artista e o Videoarte no MAM, além do próprio número de exposições realizadas anualmente. “Finalizamos a criação do estatuto da Associação de Amigos do MAM-BA e estamos convidando os sócios que formarão o Conselho Administrativo. Espero que a classe empresarial local assuma um papel que é seu, também. Patrocinar as instituições culturais públicas é responsabilidade do setor privado, também, e isto viabilizaria o incremento das ações do museu”, comenta. Há esperança no suspiro de suas mangueiras centenárias. Há gente e sangue novo subindo e descendo pela sua escada helicoidal feita em pau d’arco e ipê-amarelo. Entre os degraus, nenhum prego ou parafuso, mas sim um esquema de encaixe típico dos carros de boi. O Solar palpita ansioso desde que Lina Bo Bardi lhe projetou um coração. [B+] [+] NO SITE : Confira a íntegra da entrevista com a atual diretora, Stella Carrozzo, incluindo um texto de sua autoria sobre a abertura da recente Mostra de Maquetes Oficina Lina Bo Bardi, que trata justamente de aspectos históricos fundamentais do Solar e do MAM-BA.

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FUTURO CRIATIVO E COLABORATIVO “Estamos migrando da era industrial para a era do conhecimento, dos bens tangíveis para os intangível, da competição para a colaboração, da escassez para a abundância”. O cenário descrito por Minom Pinho, diretora da Casa Redonda Cultural, é a aposta de artistas e produtores culturais baianos que descobrem na economia criativa as ferramentas para viabilizar seus trabalhos por CLARA CORRÊA

Minom Pinho discursa durante a oficina Economia Criativa e Empreendedorismo Sociocultural Sustentável, realizada em Salvador FOTOS: Tiago Lima

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“A

abundância da prosperidade está na subjetividade” já disse o criador da ItsNOON, Reinaldo Pamponet. Para esse baiano vanguardista, é preciso redimensionar o que tem valor na sociedade. “É que a gente acha que só vale o que a gente pega, e não o que a gente sente”, declara. Minom Pinho é produtora cultural e compartilha da opinião de Pamponet. Em passagem por Salvador para ministrar a oficina de Economia Criativa e Empreendedorismo Sociocultural Sustentável, realizada em novembro, a sócia-diretora da Casa Redonda Cultural defendeu que vivemos um momento histórico, no qual as pessoas estão se mobilizando de forma coletiva para valorizar o que é intangível, singular, simbólico. Mais do que apreciar a criatividade de artistas, essa valorização está em buscar a união do simbólico com o econômico. De acordo com Minom, isso só foi possível, em especial, por causa do fenômeno da inclusão digital, que permitiu o surgimento de movimentos como a colaboração em rede, a cultura e produção livre, o Creative Commons, o mapeamento dos pontos de cultura, os investimentos colaborativos, as moedas alternativas e a economia solidária - só para citar alguns. Para a sambista e historiadora da arte Juliana Ribeiro, estamos em um momento de transformação: “Nada é mais como na época dos meus pais, quando a pessoa se formava, tinha um emprego garantido, tinha filhos e uma família para o resto da vida. As identidades hoje são móveis, a família não é mais o lastro estrutural; o que você tinha como significado não é mais o mesmo, então a gente tem que mudar também”. Em meio a essa revolução, a cultura deixou de ser “despesa” para os patrocinadores, e passou a ser investimento - muitas vezes feito por centenas de pequenos investidores que doam R$10 para um projeto de um documentário em um site de financiamento compartilhado ou compram um CD de uma banda independente na porta do show.

“O artista interdependente é aquele que depende reciprocamente de outros artistas, dos seus fãs, amigos, produtores culturais, das mídias alternativas e convencionais para não só alavancar a sua carreira, mas também fortalecer a cena cultural de onde ele vive” Juliana Ribeiro, sambista e historiadora

FOTO: Marcelo Mendonça

Potência criativa Minom Pinho defende que Salvador possui uma “potencia criativa violenta”, mas que ainda é pouco compreendida pelos produtores culturais baianos. A cocriadora do projeto Criativos Dissonantes, Thais Muniz, concorda: “Acho que só as pessoas que entenderam essa nova fase da economia têm estado abertas a se envolver e conhecer métodos não estabelecidos”. No mercado da economia criativa há mais de 20 anos - 15 deles sem sequer conhecer o termo -, o produtor musical Rogério “Big Bross” Brito já promoveu

centenas de shows e festivais, e lançou cerca de 30 artistas independentes com o selo colaborativo Bigbross Records. Nomes como Retrofoguetes, Vendo 147 e Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, e eventos como Garage Rock e o Circuito Fora do Eixo foram alguns dos que nasceram com a ajuda de sua rede de contatos e articulação. Macaco velho no ramo, Big, como é conhecido, acredita que o mercado cultural independente tem crescido muito, mas ainda de forma “individual e dispersa”.

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FOTOS: Rômulo Portela

Artista interdependente e suas ferramentas Para Juliana Ribeiro, isso acontece devido às particularidades de um novo cenário, onde os artistas deixam de ser somente artistas para participarem de todas as etapas de produção. “Ele vai pensar nos arranjos, na capa do disco, na distribuição do material, ou seja, depois que o modelo padrão ruiu, veio não mais um, mas a fusão de vários modelos e possibilidades”, diz. Com isso, surge um novo artista, que ela batizou de “interdependente”. Tal movimento faz aparecerem também novas ferramentas que viabilizam esses trabalhos. Em comum, grande parte desses produtores culturais se utiliza das novas tecnologias e da internet para criar, promover, distribuir e vender seus projetos. Mas Facebook apenas não basta. De acordo com Minon, para aproveitar plenamente esse potencial, é preciso pensar em uma metodologia colaborativa, em que haja propósito no que está sendo feito, métodos para colocar a ideia em prática e aprendizagem para evitar futuros erros.

(em cima) Rogério ‘Big Bross’ Brito acredita que o mercado cultural independente tem crescido ainda de forma “individual e dispersa”. (embaixo) Vitor Barreto, Tarcísio Almeida e Thaís Muniz são os idealizadores do Criativos Dissonantes

Três regras para a metodologia colaborativa Por Minom Pinho [1] Haver propósito no que está sendo feito. [2] Métodos para colocar a ideia em prática. [3] Aprendizagem para evitar futuros erros.

Uma oportunidade para quem quer aprender mais sobre esses processos são os laboratórios do Criativos Dissonantes. Lá, profissionais de diversas áreas dividem e discutem experiências, e compartilham métodos próprios para viabilizar seus trabalhos. Outra alternativa é o Sebrae e o projeto Qualicultura, que oferece serviços de oficinas, consultorias e assessoria técnica nas áreas de elaboração de projetos, prestação de contas, empreendedorismo cultural, acesso a mercados, orientação em marketing, formalização e legalização de negócios, associativismo e cooperativismo, e orientação para o crédito. De acordo com Renata Farias de Souza, responsável pelo projeto, a Bahia é um território fértil para a indústria criativa, mas como no restante do Brasil, ainda se dá de forma bastante incipiente. Por isso, um dos serviço mais procurados pelo empreendedores culturais é a 102

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FOTO: Clarice Machado

orientação para acesso a serviços financeiros, como Credifácil Cultura, CrediBahia – Microcrédito Cultura, entre outros, através de cursos e consultorias nas áreas de elaboração de projetos e financiamento cultural. Para Thais, a “cidade pede” iniciativas que promovam a economia criativa como um mercado tão rentável quanto qualquer outro. “É um momento histórico muito bom. As pessoas estão financiando umas às outras, e estão entendendo cada vez mais a importância das redes. É producente e é agregador”, conclui. Big Bross reforça: “O futuro está no coletivo, no fazer junto, no dividir as experiências”. E ele parece está mesmo certo. [B+]


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POLÍTICA CULTURAL

PARA FORTALECER A DEMANDA

CRISTIANE GARCIA OLIVIERI

Advogada, master em administração das artes e mestre em política cultural (USP- ECA)

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Após ficar estacionado por meses, o projeto de lei que institui o Vale Cultura foi aprovado na Câmara dos Deputados e segue para o Senado Federal, com total condição de ser ratificado. Afinal, após período de certo abandono e emendas inviáveis, o vale ganhou madrinha de peso - a nova ministra da Cultura. A ministra Martha Suplicy tem força e trânsito político, entende os processos e procedimentos para desfazer os nós que emperravam a aprovação de projetos da área e, desde sua posse, prometeu usar seu knowhow em favor dos novos marcos legais da cultura – Procultura, Direitos Autorais e Vale Cultura. A cultura ganhou, portanto, agenda propositiva, o que para a área não é pouco. Com o vale, o público, que é a parte não devidamente fortalecida com as leis de incentivo (embora estas prevejam acesso), fica, de verdade, incluído nas políticas públicas. Mais pessoas poderão adquirir bens e serviços culturais e, portanto, será injetado dinheiro novo nesta área. A própria bilheteria, que hoje tem impacto muito pequeno na viabilização de espetáculos, pode começar a ser representativa. A criação de uma política que fortalece o acesso aos bens culturais faz muito sentido neste momento. As leis de incentivo à cultura e os fundos públicos apoiam com mais evidência a criação e execução das atividades artísticas. Fortalecem o produtor e o artista. Mas, e o público?? É claro que referidos incentivos exigem contrapartidas de acesso, mas são restritas a parte da lotação e quase sempre direcionados a determinados públicos. O vale fortalecerá diretamente a economia desta cadeia artística, colocando na mão do público o dinheiro e a escolha. Tal qual já apontado por vários profissionais, caberá à escola estimular os jovens a exercerem esse direito e a experimentarem a diversidade.

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Independentemente de que tipo de produto ou serviço artístico será adquido (axé ou música clássica), essa possibilidade disseminará o hábito de frequentar e experimentar. Afinal, pesquisa do IBGE demonstra que o consumo cultural é um luxo para não mais que 20% da população. Apenas 14% dos brasileiros vão regularmente aos cinemas, 96% não frequentam museus, 93% nunca foram a uma exposição de arte, 78% nunca assistiram a um espetáculo de dança e, 90% dos municípios do país não possuem cinemas, teatros, museus e centros culturais. Embora a implementação possa demorar um pouco, a médio prazo pode ser uma revolução no consumo de cultura do país e na formação e qualificação do público.

O Vale Cultura terá utilização e implantação semelhante ao de alimentação. Conferirá R$50 por mês para quem recebe até cinco salários mínimos. A empresa poderá descontar até 10% do funcionário e se beneficiará do incentivo fiscal de redução do imposto de renda1

A empresa que recolhe Imposto de Renda sobre lucro real poderá descontar o valor investido em Vale Cultura do seu imposto até o limite de 1% do Imposto de Renda devido. 1


ARTE & ENTR ETEN IM ENTO | il ust ra çã o

Dança para mim. acorda o meu coração adormecido. dança através da luz, para me provocar dança uma dança do fogo, para que eu possa lembrar da paixão dança, dança, dança para que eu possa esquecer de pensar, e amar novamente.

Roger Hale nasceu em Farnborough, na Inglaterra, em 24 de julho de 1943. Trabalhou com publicidade e design na Europa e hoje se dedica à arte, na Ilha de Itaparica, Bahia. Cores vibrantes e sensualidade são centrais em sua obra.

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C O NTE A Í

BAMBAS DO VAREJO Por Raymundo Dantas Quando eu estava com uns 11 anos, meu pai era proprietário de uma loja de tecidos na Calçada. Mas ele não gostava de varejo. Controlava (?) o Caixa pelo telefone e, só nas manhãs de sábado, ia até lá. É verdade que tinha um sócio e um gerente, que tocavam o negócio. Nas manhãs de sábado eu não tinha aulas. Assim, acordava cedo e me preparava para ir com ele à loja. Meio contrariado, ele me levava, porque não queria que eu criasse gosto pelo comércio. Queria me ver professor universitário, como ele, respeitado catedrático. Comércio, naquele tempo era uma atividade inferior. Mas eu gostava da loja. E fui aprendendo a arte de vender tecidos. Há toda uma técnica operacional a ser dominada nesse ramo: abrir uma peça, por exemplo, com destreza e rapidez; reenrolá-la velozmente. Saber fazer isso com as peças retangulares, mas também com as circulares, o que era muito mais difícil! Medir o pano com aquele metro de madeira, que ficava encostado em todos os balcões, tendo o indicador direito numa das pontas, segurando o tecido, enquanto a mão esquerda deslizava elegantemente sobre ele, com paradas técnicas na outra ponta do marco, contando os metros e centímetros, em voz audível. E os códigos! Com que altivez a gente pegava a etiqueta presa à peça e conseguia decifrar os preços de custo e de venda, através dos códigos alfabéticos que o cliente não conhecia, mas “nós vendedores” dominávamos. Os códigos me foram úteis toda a vida, inclusive na universidade, quando eu dava as notas, sem que os alunos decifrassem – os mesmos códigos da loja. “O metro sai a três cruzeiros, minha senhora”, dizia eu adolescente, com a maior bossa de profissional... Muito tempo depois iria dizer: “Você tirou XD, precisa estudar mais!” E sorria o mesmo sorriso do adolescente... Mas o suprassumo do profissionalismo de vendas era a comunicação com o cliente. Ser gentil, simpático, ágil, sorridente e sagaz ! Convencê-lo a comprar, e cobrar bem, sem usar a alçada de desconto que todos tinham, para não prejudicar a comissão. Comissão que eu exigia e disputava, para receber no mesmo sábado antes de voltar para casa. Tive eu um mestre e tanto: o gerente da loja que se chamava “Seu Carlos”. Era um português magro, mais que magro – realmente esquelético. Alto e esquelético, de modo que o cinto quase lhe dava duas voltas na cintura. Queixo largo e barba sempre começando a crescer; careca no topo e sorriso largo. Os clientes só queriam

ser atendidos por ele. E ele era realmente muito bom, naquele tempo e lugar. “Seu Carlos, esse preço está muito alto. Baixe um pouco pra eu poder levar !” E ele respondia: “É porque a senhora está olhando ele de baixo para cima. Se reparar bem, vai ver que ele já está de cócoras!” “Seu Carlos, estou levando quatro peças. Me faça um agrado no preço!” E lá se saía ele: “Minha senhora, agrado agora só se eu lhe der um cheiro e dois abraços, porque no preço mesmo não dá mais para bulir!”. Bons tempos aqueles, em que não havia o conceito de assédio e a loja era risonha e franca!... E eu aprendendo, aprendendo e aplicando... Um dia notei que sempre via Seu Carlos usando meia com chinelo num dos pés. Perguntei então: “Seu Carlos, o que é que o senhor tem no pé?” “Nada. Por quê?”, ele prontamente respondeu: “O senhor está sempre com o pé num chinelo!” “Ah”, disse ele, “é economia. Sempre compro um par de sapatos e um par de chinelos. Vou calçando uma semana um pé e na outra o outro. Assim, no final, sai mais barato”. Esse era o homem. Com ele tive as primeiras lições de vendas e marketing de varejo. Mas a pós-graduação fiz com Seu Mamede Paes Mendonça. Graças ao meu pai, que sempre me disse para estudar.

RAYMUNDO DANTAS

Ex-balconista e ex-professor de marketing. Superintendente da Santa Casa de Misericórdia.

FOTO: Divulgação

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