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S U M Á R IO
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ESCOLA DE NEGÓCIOS
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ADEUS, FACEBOOK
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Em entrevista, Jack London põe fim à era digital e anuncia o declínio da rede social mais usada no mundo. Saiba o que a sua empresa tem a ver com isso.
BLOCO DE NOTAS
IMÓVEIS+
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MÍDIA+
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SAÚDE+
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CONTE AÍ
45 INOVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO Como a soma da criatividade, do planejamento e dos megaeventos esportivos pode ser a força motriz para o desenvolvimento das cidades.
FOTO: Eloi Correa/Secom
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NEGÓCIOS 27 MARKETING 34 Os programas de fidelização se popularizam e confirmam a tese de que manter os clientes atuais é mais barato do que sair em busca de novos.
EXPERIÊNCIAS 28 Instituto aposta na beleza dos cabelos cacheados EXPERIÊNCIAS 30 Franqueado Chilli Beans cresce com expansão da marca STARTUP 32 Força jovem empreendedora [C] JOSÉ MASCARENHAS 38 | [C] LUIZ MARQUES 40
SUSTENTABILIDADE 57 EMPRESA VERDE 58 Dow Brasil e ERB inauguram, na Bahia, estação de cogeração de energia em biomassa.
DESENVOLVIMENTO VERDE 64 A falta que o planejamento faz TENDÊNCIAS 66 Brasil Kirin anuncia parque eólico [C] SÉRGIO NOGUEIRA 68
LIFESTYLE 69 DECORAÇÃO 70 Um grupo de arquitetos e designers vai à África do Sul para explorar as inovações do país de Mandela.
ESTILO 76 Designer baiana une o estilo à fé SABOR 82 Como um médico foi parar na cozinha NOTAS DE TEC 84 [C] BIANCA PASSOS 80 | [C] INGRID QUEIROZ 86
ARTE & ENTRETENIMENTO 87 MÚSICA 88 Personagens de clássicos do cinema encontraram a música clássica e mudaram a cara da Orquestra Sinfônica da Bahia.
BALADA 94 Rodrigo Palhares inova na noite soteropolitana ARTES PLÁSTICAS 98 Ray Vianna: arte e urbanismo APLAUSOS 102
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E X P ED IENTE Conselho Editorial César Souza, Cristiane Olivieri, Fábio Góis, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Isaac Edington, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Reginaldo Souza Santos, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira Conselho Institucional Aldo Ramon (Júnior Achievement) António Coradinho (Câmara Portuguesa) Antoine Tawil (FCDL) Jorge Cajazeira (Sindipacel) José Manoel Garrido Gambese Filho (ABIH-BA) Mário Bruni (ADVB) Adriana Mira (Fieb) Paulo Coelho (Sinapro) Pedro Dourado (ABMP) Renato Tourinho (Abap) Wilson Andrade (Abaf) Diretor Executivo Claudio Vinagre claudio.vinagre@revistabmais.com Editor Chefe Fábio Góis fabio.gois@revistabmais.com Repórteres Brisa Dultra, Carolina Coelho, Murilo Gitel e Pedro Hijo redacao@revistabmais.com
Projeto Gráfico e Diagramação Person Design Fotografia Stúdio Rômulo Portela Revisão Rogério Paiva Colaboradores Ana Paula Paixão, Andréa Castro, Carol Pires, Emanuelle Xisto, Felipe Arcoverde, Gina Reis, João Alvarez, Lilian Mota, Margarida Neide, Núbia Cristina, KinKin, Paulo Sousa, Renata Prezza, Renato Ato, Rogério Borges, Uilma Carvalho, Valter Pontes, Yuri Rosat Colunistas Bianca Passos, Fábio Perazzo, Ingrid Queiroz, José F. Mascarenhas, Lucas Vincentini, Luiz Marques Filho e Sérgio Nogueira Reis Portal Enigma.net Redes Sociais ADSS Presença Digital iPad uTochLabs www.revistabmais.com/ipad
A edição 18 traz na capa a produção da agência Bahia Comunicação. Agradecemos a Aline Pinheiro e Paulo Vianna (Atendimento), Wanderley Gomes (Diretor de criação) e Humberto Jonas (Diretor de arte). Imagem: Stock Photos
Tiragem: 10 mil exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Grasb Capa impressa em papel Couché Suzano® Gloss 170g/m2 e miolo impresso em papel Couché Suzano® Gloss, 95g/m2, da Suzano Papel e Celulose, produzidos a partir de florestas renováveis de eucalipto. Cada árvore utilizada foi plantada para este fim.
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Realização Editora Sopa de Letras Ltda. CNPJ 13.805.573/0001-34 Redação [B+] 71 3022-8762 redacao@revistabmais.com www.revistabmais.com Publicidade publicidade@revistabmais.com
SALVADOR - BAHIA 71 3012-7477 Av. ACM,2671, Ed. Bahia Center, sala 1102, Loteamento Cidadela, Brotas CEP: 40.280-000
REPRESENTAÇÃO EM OUTROS ESTADOS Grupo Pereira de Souza www.grupopereiradesouza.com.br
PONTOS DE VENDA A Revista [B+] pode ser lida no site, iPad e encontrada em pontos de vendas, como: Livrarias Cultura (Salvador Shopping), Nobel (Shopping Paralela), Leitura (Shopping Bela Vista), Saraiva (Iguatemi e Salvador Shopping), Soler (Hiperbompreço Iguatemi), e bancas do aeroporto, rodoviária, Campo Grande, Pituba, Dois de Julho, Nazaré, Barra, Rio Vermelho. Pergunte na banca mais próxima da sua casa.
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E D ITO R IA L INOVAR E INSPIRAR
MURAL
A inovação pode se dar em qualquer lugar: nas ruas, home offices, universidades, centros de pesquisa, coletivos sociais, órgãos públicos, organizações privadas e da sociedade civil. Ela se refere a ideias, produtos e métodos que avançam em relação a modelos anteriores ao trazer competitividade e resultados positivos econômicos, sociais e ambientais. Por tantos benefícios, a inovação aplicada ao desenvolvimento é o tema principal desta edição 18. Afinal de contas, o momento em que vivemos é diferenciado e nos permite inovar em coletivo, trocar experiências em redes conectadas com o resto do globo, aprender com referências positivas, somar tudo isso com as nossas experiências, assim realizar grandes conquistas. Há motivação, investimentos e boa vontade. Mas nossos desafios são muito grandes. Por isso trazemos um conjunto de matérias especiais para conhecer ações inovadoras que ocorrem em Barcelona, Londres, Brasil e Bahia em áreas do turismo, economia criativa e desenvolvimento urbano. Tudo isso para enxergarmos o potencial e as oportunidades que surgem com a aproximação de megaeventos como Copa do Mundo e Olimpíadas. E acreditamos: a Bahia pode e deve se tornar um estado de vanguarda em criatividade e iniciativas inovadoras em seu planejamento e realizações. Para tanto, é hora também de se aperfeiçoar e aprender com quem vem fazendo sucesso por aqui. Afinal de contas, é a partir das boas referências que podemos construir um novo olhar sobre a realidade. A produtora Palhares é um desses casos no campo de arte e entretenimento. Já no estilo de vida, arquitetos e decoradores vão a outro continente se inspirar em referências da África do Sul. E há quem quebre paradigmas e aposte em tendências na indústria, como a ação da parceria entre Dow Brasil e ERB. Sobre nossa capa, Jack London alerta empresários e fanáticos por internet que o fim da era digital está próximo. Não vou adiantar esse assunto para que você avance logo para a página 41.
O QUE ACHOU DE NOSSA EDIÇÃO ANTERIOR?
Desejo uma boa leitura e muita inspiração.
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Yole Matos, no site, sobre a matéria de Escola de Negócios, da edição 17
“Espero que um excelente profissional como Fábio Sande não tenha que sair do Brasil ou da Bahia pra ser valorizado e respeitado como se deve” Tinno Filho, no site
“A revista mostra-se antenada com as novas pautas demandadas em ambientes sedentos de cuidados com o planeta e em constante mutação. Ganha o leitor, com informação de qualidade” Liliana Peixinho, no site
ON-LINE
A rica viagem dos decoradores e arquitetos do Núcleo de Decoração da Bahia à África do Sul pode ser vista em uma galeria de fotos especial no site.
www.revistabmais.com
ESCREVA PARA A [B+] Comentários, sugestões de pautas e correções: redacao@revistabmais.com
Fábio Góis Editor-chefe da Revista [B+] 8
“Fiquei feliz em saber que o curso que estou fazendo de gestão ambiental é uma das carreiras mais promissoras da atualidade”
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E S C O LA D E N EG Ó C IO S
CONHECER MAIS
PARA VENDER
MELHOR Aprender a equação perfeita para se vender bem lotaria auditórios e, sem dúvidas, preencheria um enorme quadro negro como esse
O
rganizar um time de vendas e encontrar profissionais qualificados no mercado de trabalho tem sido uma penosa tarefa para muitos empresários. De acordo com uma pesquisa realizada pela Manpower Group, empresa de recrutamento e seleção, o representante de vendas está na lista dos dez profissionais mais escassos no Brasil e no mundo. As causas para a carência desta mão de obra não são explícitas, mas podem ser deduzidas. A começar pela rede mundial de computadores. A figura do vendedor permeia o inconsciente coletivo desde que o homem vive em uma civilização. Os novos suportes e interfaces, entretanto, carregam consigo a necessidade de uma outra abordagem do profissional de vendas, que hoje deve ter estratégias mais consolidadas, para competir com a internet, por exemplo. 10
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No ramo há 40 anos, o representante de vendas Lierte Gomes atenta para a farta distribuição de informação na rede: “Hoje, qualquer cliente, da menor cidade que você puder imaginar, já tem acesso à internet. Isso muda tudo. Além de poder comprar de uma empresa lá de longe, por exemplo, ele chega com mais informação, questiona mais, exige uma venda de maior qualidade. Isso era diferente há 30 anos, por exemplo, quando os caixeiros-viajantes ainda eram novidade nas cidades do interior”. Trabalhar com vendas exige, mais do que nunca, conhecimento específico e habilidades de convencimento. “O profissional deve estar atento ao seu mercado, conhecer profundamente os produtos e serviços oferecidos pela empresa que representa e da
FOTO: Divulgação
O técnico de vendas assessora seu cliente, preocupa-se com um bom pósvenda, analisa sua satisfação, verifica se algo precisa ser melhorado ou se o consumidor tem alguma reclamação As competências necessárias para se destacar como profissional de vendas
concorrência. O vendedor tem que saber também as novidades da área, as tendências, as principais vantagens dos seus concorrentes, para falar de forma mais convincente com o seu cliente”, conta o gerente comercial da Band Bahia, Helio Tourinho. A dificuldade em encontrar profissionais competentes ocorre, em grande parte, por não existir um modelo de ensino que qualifique os vendedores, como uma graduação em vendas, por exemplo. Programas internos de capacitação e treinamentos são alternativas capazes de direcionar o trabalho da equipe de vendas. Cabe principalmente ao profissional buscar essa qualificação, pois ela vai colocá-lo em um patamar superior. É preciso, também, que a empresa invista nessa capacitação, incentivando o seu funcionário a melhorar o desempenho e dando ferramentas para que ele consiga ter êxito.
por BRISA DULTRA
Além do bom de papo
FOTO: Rômulo Portela
Lierte Gomes explica que a interação da internet faz com que o cliente seja cada vez mais autônomo nos processos de compra
A clareza da argumentação ultrapassa ser bom de papo. É preciso ter dados concretos, informações atuais do mercado e do segmento que representa. “Eu não acredito em ‘um cara que venda qualquer coisa’, mas em um profissional que, de tão especializado, é técnico. É claro que existe uma chance de mobilidade, de você trabalhar em um segmento e depois migrar para outra área, mas tem o cara que vende turbina de avião e o cara que vende livro. Não é a mesma coisa vender um carro ou uma página de jornal”, afirma Leonardo César, gerente comercial da Rede Bahia. Então ler revistas, jornais, materiais especializados e estar bem atualizado são condições sine qua non para se destacar como vendedor. Além disso, ser constantemente estimulado pode facilitar no incremento das vendas. Daí vem a famosa tática das metas: “Ter objetivos bem definidos é uma lição para a vida. Só dessa forma sabemos exatamente que rumo dar aos negócios e à nossa rotina. A motivação de cada um é diretamente proporcional ao objetivo. Objetivos altos requerem maior esforço. Não adianta estabelecer um objetivo inatingível, mas traçar uma estratégia para conseguir vender o que foi planejado. Aqui na empresa, por exemplo, nós temos esse alto-falante para os bons negócios fechados. Isso ajuda no espírito de grupo. A pessoa tem que se sentir parte da equipe e dividir com ela aquela negociação que fazia há dias. É preciso comemorar”, afirma Helio.
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Muito mais que um número a ser alcançado, a meta serve para se estabelecer um planejamento prévio às vendas. “Isso inclui organizar as táticas para prospectar clientes. Por trás de cada negociação fechada, existe um trabalho investigativo para a identificação das necessidades, dos motivadores de compras, das melhores soluções para que cada projeto seja viabilizado”, diz Lierte. Com as novas tecnologias, muda-se também o perfil do profissional, que não é mais aquele cara exclusivo do relacionamento, que dá tapinhas nas costas e manda presente. O técnico de vendas assessora seu cliente, preocupa-se com um bom pósvenda, analisando sua satisfação, verificando se há algo que precisa ser melhorado ou se o consumidor tem alguma reclamação a fazer do produto ou serviço adquirido. “Para isso, muito mais que lábia, é preciso responsabilidade. Daí vem a credibilidade no mercado e o sucesso de vendas de alguns raros profissionais”, conta Leonardo.
“Ter objetivos bem definidos é uma lição para a vida. Só dessa forma sabemos exatamente que rumo dar aos negócios e à nossa rotina” Helio Tourinho, gerente comercial da Band Bahia
FOTO: Divulgação
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A cada dia, os produtos ficam mais parecidos, em relação à tecnologia e ao preço: o diferencial está na prestação de serviços. “Não dá para prometer ao cliente o que você não pode cumprir. É procurar fazer sempre a mais, para surpreender”, dá a dica Helio.
“Persistência é diferente de insistência”
“Eu não acredito em ‘um cara que venda qualquer coisa’, mas num profissional que, de tão especializado, é técnico” Leonardo Cesar, gerente comercial da Rede Bahia 12
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Outro ponto que os experientes destacam é a tenacidade comercial. “Não dá para desistir da venda na primeira negativa, ainda mais quando se trata de investimentos elevados, que requerem uma negociação mais extensa”, conta Lierte. Para se ter uma noção, uma pesquisa realizada pela National Sales Association aponta que 80% das vendas acontecem entre o quinto e o décimo segundo contato. Não é suficiente ter conhecimento do mercado, conhecer indicadores, saber atuar no processo de vendas, se não existem incentivos para alcançar os objetivos. Os gestores devem estabelecer formas para manter elevado o grau de motivação e garantir a capacidade de mudar o estado emocional da equipe diante dos obstáculos. [B+]
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B LO C O D E N OTAS Torrebras inaugura fábrica de torres eólicas A primeira fábrica de torres para produção de energia eólica na Bahia foi instalada no Polo Industrial de Camaçari. A empresa do grupo espanhol Daniel Alonso chega ao estado para implantar um projeto de geração de energia limpa. Com investimento de cerca de R$30 milhões, a Torrebras terá capacidade de produção de mais de 200 torres por ano e será estratégica para atender à demanda do Nordeste na área de energia eólica. Numa segunda etapa, a fábrica quer atender às demandas do mercado nacional. FOTO: Margarida Neide
Mais uma fábrica do setor eólico A inauguração da fábrica Acciona, em Simões Filho, confirma a Bahia como polo brasileiro de investimentos em energia eólica. A unidade deve produzir 135 cubos eólicos (peças que concentram as hélices das torres geradoras de energia) anualmente. Segundo o diretor da Acciona Windpower Brasil, Cristiano Forman, a Bahia foi escolhida pela localização estratégica entre o Nordeste e o Sul do país, onde a empresa mantém projetos. FOTO: Manu Dias/GovBA
Magazine Luiza anuncia centro de distribuição no estado
Davaca investe R$40 milhões em ampliação de fábrica na Bahia
No dia 20 de maio, a Magazine Luiza e o governo do estado assinaram o protocolo de intenções para construir um centro de distribuição da rede em Candeias. A empresa é uma das maiores redes de varejo do país, com uma oferta de 8.000 itens em 743 lojas distribuídas em 16 estados brasileiros, das quais 49 estão sediadas na Bahia. Com investimento estimado em R$110 milhões, o empreendimento faz parte da estratégia da empresa para ampliar a participação no Nordeste. Em 2010, a Magazine Luiza comprou as Lojas Maia.
A agroindústria de laticínios Davaca investirá R$40 milhões na ampliação da sua fábrica na cidade de Ibirapuã, localizada no extremo sul da Bahia. Com o investimento, a fábrica recebeu equipamentos de última geração, que otimizam os processos produtivos de queijos, manteiga e requeijão, expandindo em mais de 200% a capacidade da produção de leite e derivados. A ampliação vai colocar a fábrica entre as quatro maiores e mais modernas do Brasil nesse segmento. FOTO: Carol Garcia/Agecom
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Baiano Rodrigo Paolilo assume presidência do Conaje O empreendedorismo jovem brasileiro escreveu mais uma página de sua história na noite da última quinta-feira, dia 16 de maio. Representantes de entidades classistas, autoridades e líderes de movimentos jovens de todo o país estiveram reunidos em Brasília para a posse do empresário Rodrigo Paolilo como presidente da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje). O baiano disse estar motivado para o desafio e quer continuar trabalhando na formação de jovens e líderes, de modo a tornar as empresas brasileiras mais competitivas.
Rodrigo Paolillo com o presidente da Brasil Júnior, Marcus Barão, durante a Assembleia Geral da Conaje FOTO: Divulgação
Interiorização amplia atuação da Fieb na região sudoeste O município de Vitória da Conquista receberá um investimento de R$19 milhões para a implantação de uma unidade integrada dos serviços do Sesi, Senai, IEL e Cieb. A iniciativa faz parte do programa de interiorização do Sistema Fieb, que quer contribuir para o aumento da competitividade da indústria baiana, além da melhoria das condições de atratividade de novos empreendimentos no sudoeste.
FOTO: Divulgação
B LO C O D E N OTAS FOTOS: Divulgação
Francisco Aquilino Gadelha, diretor do Bradesco regional Bahia
Bradesco e Escola de Marketing Industrial realizam encontro empresarial em Salvador O programa denominado Evoluir reuniu gerentes do Bradesco da grande Salvador, lideranças do banco no estado da Bahia e representantes da matriz localizada em Osasco, em São Paulo. Mais de 250 empreendedores e clientes do Bradesco participaram do evento de dois dias e, junto com seus gerentes, refletiram sobre temas de grande relevância no meio empresarial como foco do cliente, conduta ética exemplar, relações significativas com clientes, talentos realizados e lucro admirável e merecido. Os trabalhos foram conduzidos pelo executivo professor José Carlos Teixeira Moreira, fundador e diretor-presidente da Escola de Marketing Industrial e autor dos livros Marketing Industrial, Foco nos Clientes e Usina de Valor.
Cimentos da Bahia investe R$850 milhões em implantação de fábrica Será implantado no município de Paripiranga, a 366 km da capital baiana, uma unidade fabril da Cimentos da Bahia S/A. Com um investimento de R$850 milhões, a fábrica de cimento integrará o processo de produção desde a extração de calcário em jazidas à embalagem do produto. A planta terá capacidade de produzir dois milhões de toneladas/ano de cimento Portland e atenderá aos mercados da Bahia e Nordeste. As obras civis estão previstas para começarem em novembro de 2013 e as operações para 2016.
Lide promove encontros para discutir o mercado local Os associados do Grupo de Líderes Empresariais da Bahia (Lide) se reuniram no dia 14 de maio, no restaurante Barbacoa, para discutir os desafios enfrentados pela gestão municipal com o convidado Alberico Mascarenhas, chefe da Casa Civil de Salvador. O próximo encontro da associação, no dia 11 de junho, terá como tema as possibilidades de negócios junto aos fundos de investimentos e privity equities, e tem a Revista [B+] como mídia-partner. FOTO: Rômulo Portela
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B LO C O D E N OTAS Brasil Summer Golf em Praia do Forte A quinta edição do Brasil Summer Golf lotou o Hotel Iberostar, na Praia do Forte e movimentou empresários, celebridades e convidados especiais durante os dias 18 e 19 e 25 e 26 de maio. Cerca de mil pessoas por dia foram conferir de perto as clínicas de golfe, exposição das marcas BMW, Ciroc, Devassa, Iguatemi e Azul, além de participar de workshops de golf e ser recebidos por um coquetel do chef espanhol Luiz Malagon. A animação ficou por conta da DJ Renata Dias e do cantor e compositor Ramon Cruz. Mais que um evento esportivo, o Summer Golf Brasil se apresenta ao público como uma excelente oportunidade de relacionamento entre executivos. O evento foi realizado pela Ápice Bahia e teve apoio da Revista [B+].
Alexandre Bacelar, diretor da Ápice Bahia e Arturo Piñeiro, presidente da BMW do Brasil FOTO: Max Haack/Ag Haack
Shopping Barra é premiado internacionalmente O projeto de expansão e modernização do Shopping Barra ganhou a premiação Ouro na categoria Projeto e Desenvolvimento do Shopping Centers Awards - América Latina: conceito máximo concedido pelo Conselho Internacional de Shoppings Centers (ICSC). A concepção arquitetônica, assinada pela Caramelo Arquitetos Associados.
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Prêmio Núcleo Destaque 2013 elege os projetos vencedores O trade baiano de arquitetura e decoração esteve presente à cerimônia de entrega do Prêmio Núcleo Destaque 2013, realizada no dia 23 de maio, no Sheraton da Bahia Hotel. O concurso anual tem o objetivo de premiar os melhores projetos em quatro categorias. O vencedores foram Marlon Gama (residencial casa), Amélia Castro (residencial apartamento), Juliana Patury, Adriane Lins (comercial) e Flávio Moura (mostras e decorados). O núcleo também aproveitou a ocasião para celebrar seus 15 anos de existência. As arquitetas Isabel Gonçalves e Cristina Calumby foram homenageadas com o Troféu Honra ao Mérito por terem sido as profissionais que subiram ao pódio o maior número de vezes, ao longo dos 15 anos do prêmio.
Ana Paula Guimarães, Maurício Lins e Thiago Manarelli FOTO: Paulo Sousa
Lançamento da Brasil Design Week e do Brasil Design Award 2013 em Salvador A Brasil Design Week e o Brasil Design Award 2013 foram lançadas no dia 22 de maio, com a presença de André Poppovic, vice-presidente da Abedesign, e Felipe Arcoverde, diretor regional Bahia da Abedesign. O evento será realizado entre os dias 4 e 6 de novembro de 2013, dentro do HSM ExpoManagement, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Felipe Arcoverde iniciou o encontro apresentando as principais ações que estão sendo promovidas no cenário baiano de design, bem como a agenda de trabalho da Abedesign Bahia. Finalizou reforçando a importância do fortalecimento do design no estado, principalmente do engajamento dos empresários do setor. Em seguida, André Poppovic apresentou a BDW 2013, que tem como objetivo principal o fortalecimento do segmento e a geração de novos negócios, e o BDA 2013, que tem a proposta de premiar os projetos de design, sendo considerado o prêmio dos prêmios. Estiveram presentes, além dos representantes das empresas de design associadas e não associadas, representantes do Sebrae Bahia, Fieb, Senai Bahia, Revista [B+] e Secult Bahia.
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POR NÚBIA CRISTINA FOTO: Divulgação
Affonso Henriques aposta no interior Imobiliária de prestígio no cenário baiano, a Affonso Henriques contribui para o desenvolvimento do mercado no interior do estado, graças a uma estratégia de expansão de serviços imobiliários em cidades de médio e grande portes. Vencedora do Prêmio Ademi-BA, na categoria Imobiliária do Ano, a empresa atua em Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari, Vitória da Conquista, Ilhéus, Itabuna, Teixeira de Freitas, Brumado, Feira de Santana e Barreiras. Affonso Henriques firmou parceira para o Norte e Nordeste com a Cipasa. “Motivo de orgulho para nós, já que essa é uma das maiores empresas de urbanismo do país e escolhe uma empresa baiana para fazer a coordenação de vendas dos seus empreendimentos”, afirma Affonso Henriques, que fundou a imobiliária há 16 anos.
Prêmio Ademi-BA 2013 destaca onze empresas A 19ª edição do Prêmio Ademi-BA, cuja solenidade de entrega foi realizada dia 16 de maio, no Espaço Unique, em Salvador, destacou onze empresas. O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-Ba), Nilson Sarti, destacou que a surpresa gerada em torno dos premiados, uma novidade desta edição, casou maior expectativa durante a festa. No discurso de abertura, traçou perspectivas e comentou que a insegurança jurídica inibe os lançamentos. “Nossa projeção é fechar o ano de 2013 com oito mil unidades vendidas”, anunciou Sarti. O presidente da Ademi-BA aproveitou para pedir fim ao impasse entre a prefeitura e o Ministério Público por conta da aprovação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador e da Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo do Município de Salvador, que estão em avaliação no Tribunal de Justiça. “Até maio de 2013 não foi aprovado ainda um único projeto”, alertou.
Nilson Sarti apresentando o prêmio e Sydnei Quintela, premiado como arquiteto do ano
Os ganhadores foram: Fator Realty (Empresa do ano); Civil (Gestão Sustentável; Dona Construções e Incorporações (Lançamento imobiliário do ano até 15 mil m2 de área construída); Odebrecht Realizações (Empreendimento do ano acima de 15 mil m2 de área construída); Dona Construções e Incorporações (Empresa revelação); Affonso Henriques Consultoria Imobiliária (Imobiliária do ano); Correio* (Fornecedor do ano); Morya (Agência de publicidade do ano); Sidney Quintela (Arquiteto do ano); Queiroz Galvão Barra Desenvolvimento Imobiliário (Lançamento imobiliário do ano acima de 15 mil m2 de área construída); Conie e Marcial (Empreendimento do ano de até 15 mil m2 de área construída). FOTOS: Kin Kin
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Feirão Caixa da Casa Própria Quem contratou financiamento imobiliário no nono Feirão Caixa da Casa Própria, realizado de 17 a 19 de maio, no Centro de Convenções da Bahia, vai pagar a primeira prestação a partir de janeiro de 2014. A vantagem foi concedida para financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), negociados durante o Feirão ou em uma das agências da Caixa. Mais de 20 mil imóveis localizados em Salvador e Região Metropolitana foram disponibilizados para o público visitante - 30.096 pessoas nos três dias do evento. Foram negociados mais de R$438 milhões, entre contratos assinados e encaminhados, correspondendo a 3.693 negociações. O superintendente regional da Caixa em Salvador, Luiz Antonio de Souza, avalia que o Feirão foi um sucesso. “Mais uma vez produzimos recorde. Superamos em R$37 milhões o volume de negócios do ano passado, o que mostra que nosso Feirão segue em crescimento constante”. Participaram dessa edição 45 construtoras, 15 imobiliárias e 19 parceiros institucionais da Caixa, ocupando uma área de dez mil m2. Mais de 500 empregados do banco trabalharam para atender ao público visitante.
FOTO: Divulgação
Ilha dos Pássaros ultrapassa 80% de vendas Condomínio de lotes de alto padrão, o Ilha dos Pássaros ultrapassou 80% de vendas na fase de pré-lançamento. Localizado na Praia do Forte, o condomínio da Portal D’Ávila Empreendimentos tem 218 lotes, com terrenos de 800m2. Os principais diferenciais do produto são a preservação de grandes áreas verdes, com mata nativa e completa estrutura de lazer. O projeto contempla ainda a construção de uma ciclovia até a Vila, que vai estimular a prática de atividades físicas e ajudar a diminuir o uso de veículos motorizados na paradisíaca Praia do Forte.
FOTOS: Divulgação
La Vista – Morro do Conselho Debruçado sobre o Oceano Atlântico, o La Vista – Morro do Conselho tem localização nobre e exclusiva. São 20 apartamentos de quatro suítes, de 282m2 a 373m2, e quatro coberturas no Rio Vermelho, que permitem avistar a praia da Paciência, a entrada da Baía de Todos os Santos e a Ilha de Itaparica. Esse empreendimento tem incorporação da Bracyl e Espaço R2, realização da Advaes e projeto da Alvarez Arquitetos Associados. Empresa de desenvolvimento imobiliário e investimentos, a Advaes atraiu as espanholas Urfica e Covipro, que escolheram Salvador como porta de entrada para novos negócios no Brasil. O diretor da Advaes, Danilo Solarino, celebra o sucesso de vendas e afirma que planeja novos investimentos em parceria com os grupos espanhóis.
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“A GENTE PRECISA REINVENTAR SALVADOR”
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m defesa da importância social e econômica da verticalização da orla de Salvador, Djean Cruz, diretorsuperintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias (Bahia e Pernambuco), reivindica o reordenamento da cidade e é mais um que apoia um movimento pela requalificação e reinvenção da capital baiana. Enquanto faz projeções para a Salvador do futuro, esse engenheiro civil graduado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) enumera dois acontecimentos que prometem provocar impactos positivos no mercado imobiliário baiano em 2013. Para dezembro, está programada a entrega do Hangar Business Park, complexo que reúne mais de 800 empresas, localizado na primeira Rótula do Aeroporto. A Odebrecht Realizações vai finalizar as nove torres, duas hoteleiras e sete torres empresariais, antes do prazo previsto, comemora Cruz. O segundo fica por conta de um empreendimento de alto padrão, na Praia do Buração, no bairro do Rio Vermelho. O diretorsuperintendente confirma que o lançamento será lançado até o final deste ano: “Esse projeto está bem adiantado, mas precisamos fazer alguns ajustes à luz do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PPDU)”.
Todos juntos para requalificar a cidade
Diretor-superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias, Djean Cruz lista seus pontos de vista para uma capital moderna, onde a prioridade são os moradores. E deixa claro: “Precisamos de um projeto mais arrojado de verticalização, sem limite de gabarito” por NÚBIA CRISTINA
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A visão da Odebrecht Realizações Imobiliárias é contribuir para a mudança e a melhoria da qualidade de vida na cidade. A palavra de ordem é reinventar Salvador. Queremos cooperar com os poderes públicos, discutindo questões como mobilidade urbana e infraestrutura. Reinventar Salvador é transformá-la, respeitando seus valores. A gente pesquisa muito, antes de projetar qualquer empreendimento. Pensamos na cidade ideal para os próximos 20 anos, pesquisamos o que há de melhor nos grandes centros do mundo e adaptamos à nossa realidade. Foi assim que ao longo da sua história a Odebrecht apontou vetores de crescimento da capital baiana, com produtos diferenciados, como o Centro Empresarial Iguatemi, Vilas do Atlântico, Mundo Plaza e agora com o Hangar Business Park, próximo ao aeroporto de Salvador.
Planejamento e verticalização Está claro que a gente precisava chegar ao ponto de dizer: “Não dá mais”. Precisamos de um projeto mais arrojado de verticalização, sem limite de gabarito. Eu posso citar, por exemplo, o bairro de Jardim de Alah, um cartão-postal. Se houvesse permissão para verticalizar, em condições diferenciadas, seria viável construir 25 andares e duas torres. Quem não gostaria de morar em um lugar com a praia de Jardim de Alah à sua frente? Ampliando para outras áreas, temos Placaford, Piatã, Parque de Pituaçu. Qual é o empecilho em fazer uma verticalização adequada, com ventilação ajustada e urbanização, para que as pessoas possam caminhar passear, atravessar para ir à praia a pé? Esse é o processo de reinventar Salvador ao qual me refiro. É atrair as empresas e as pessoas, para que vivam em um lugar melhor, com qualidade de vida, gerando emprego e renda.
“Um equipamento pode ser construído em dois, três anos, mas o comportamento de um povo não vem nesse período, ele se constrói ao longo do tempo”
Aeroclube: âncora para novos projetos Salvador tem uma dádiva que é a orla marítima. Ela precisa ser ocupada de forma adequada, elevando o nível da ocupação, atraindo pessoas, investidores, qualidade de vida e segurança. O Aeroclube, por exemplo, pode ser um ponto de referência, uma âncora daquele trecho da orla. Imagine que no entorno daquele equipamento surgisse uma cidade verticalizada, com residências, lojas, empresas de serviços, hotéis. Um espaço onde as pessoas pudessem transitar, com acesso facilitado a tudo que precisam. A cidade moderna é assim: tem como prioridade o ser humano. Na Europa e nos Estados Unidos já funcionam dessa forma. O que precisamos é entender isso, trazer urbanistas conceituados que apresentem o melhor projeto de planejamento.
Legislação que estimule investimentos O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU) não pode ser um entrave à requalificação da cidade, aos novos investimentos. O empresário precisa de regras claras, para investir com segurança. Necessita de apoio dos poderes públicos para trabalhar e promover o desenvolvimento sustentável. Não se pode brincar com isso, tem de motivar, senão o empresário vai embora. Eu acho que daqui a um ano teremos um planejamento urbano adequado, mais arrojado. Estou imaginando um belo jardim onde os empresários vão escolher os melhores locais, as melhores flores e dizer onde quer investir.
De primeiro mundo Há um ano e meio, estávamos com um parceiro português no Estádio da Luz (arena do Sport Lisboa e Benfica), em Lisboa, e eu me perguntava: “Será que vamos ter acesso a um estádio como esse?” Hoje, com a Itaipava Arena Fonte Nova, temos a oportunidade de dizer que estamos nos posicionando com equipamentos de primeiro mundo. Agora precisamos que o nosso comportamento seja de primeiro mundo. Um equipamento pode ser construído em dois, três anos, mas o comportamento de um povo não vem nesse período, ele se constrói ao longo do tempo. Para que isso aconteça, precisamos gerar riquezas, que é o tripé econômico, social e ambiental. Se pensarmos apenas nas questões ambientais e sociais, ficaremos no caminho; o econômico move os outros dois aspectos e todos são muito importantes.
Integração local Depois de um cenário turbulento na gestão municipal, acredito que as coisas estão caminhando. Temos um Master Plan, embasado no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU). Mas Salvador precisa atrair novos investidores, ofertando qualidade de vida. O turista é muito bem-vindo e importante, porém complementar. A prioridade deve ser a qualidade de vida dos moradores. Nesse sentido, o planejamento deve priorizar o desenvolvimento econômico sustentável de Salvador. Na verdade, precisamos que esse crescimento também ocorra na Região Metropolitana, para que se tenha o giro financeiro. [B+]
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M Í D IA + Ideia 3 e Leiaute vencem primeira etapa do Prêmio Curta o Outdoor
APO IO INST IT U CIO NAL
Uma iniciativa da Central de Outdoor Bahia premiou a Ideia 3 com o cartaz “La Vista” e a Leiaute com o cartaz “Juíza” na primeira etapa do Prêmio Curta O Outdoor. As duas empresas de publicidade venceram respectivamente a categoria Mercado e Institucional, escolhidas por um júri virtual formado por internautas que curtiram na fan page da Central de Outdoor, além de dois jurados presencias, Nelson Cadena (colunista publicitário) e Casemiro Neto (apresentador da TV Aratu). A segunda etapa do prêmio já está disponível para votação na página do Facebook.
FOTO: Divulgação
Shopping Metrô Tucuruvi abre as portas com campanha da Morya “Abrace o novo” é o conceito da campanha assinada pela Morya para o novo shopping center da JHSF, uma das empresas líderes no setor imobiliário, localizado na Zona Norte de São Paulo. O grafiteiro Binho Ribeiro, um dos pioneiros do street art no Brasil e na América Latina, participa da campanha com seu apelo singular de expressão.
O setor publicitário comemorou o maior contrato naming rights do esporte brasileiro, firmado pela Arena Fonte Nova com a Cervejaria Itaipava. A Associação Brasileira de Agências de Publicidade-Bahia (Abap-BA) acredita que outros segmentos, como o da cultura, também vão despertar o interesse de grandes marcas, como estratégia para se firmar no estado e, por extensão, no Nordeste. Na Europa e Estados Unidos, a estratégia já é utilizada há 20 anos com sucesso.
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Renato Tourinho toma posse e quer integrar mercado nacional O presidente nacional da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), Orlando Marques (Publicis), foi reeleito e empossado em São Paulo, juntamente com os novos presidentes de cada estado. Reeleito para o seu terceiro mandato consecutivo na Bahia, o publicitário Renato Tourinho quer trabalhar para uma maior integração entre todos os estados e consolidar a Bahia no mercado nacional. Este ano a associação baiana quer realizar um trabalho voltado para motivar a união das agências em defesa do setor e a busca pela inovação.
Abap apoia “naming rights” da Fonte Nova
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Renato Tourinho (presidente da Abap-BA), Orlando Marques (presidente da Abap) e Moacyr Maciel (vice-presidente da Abap-BA)
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Agência 3 Active entra no cenário nacional da moda O Boticário contou com a parceria da 3 Active, empresa associada ao grupo Ideia 3, para a criação, montagem e ativação dos espaços da marca nos eventos de moda Minas Trend Preview, Dragão Fashion e Piauí Fashion Week. Sucesso entre o público, os espaços tiveram como foco a divulgação da nova coleção, a Black Crystal Collection, e os convidados puderam agendar um horário para experimentar os produtos com uma maquiagem completa realizada por profissionais dispostos no local.
OP I N I ÃO
A CRIAÇÃO, TAL COMO A VIDA, VEM SEM MANUAL DE INSTRUÇÕES
FÁBIO PERAZZO
Formado em comunicação social, redator da Agência Única e pai de gêmeos
Quando eu nasci, não estava escrito em lugar nenhum que os pais eram ciumentos. Ou que as mulheres eram sensíveis. Muito menos estava escrito que o dinheiro era cruel, o sexo viciante, a fé poderosa e o futebol irracional. Ou ainda que a política era um mal necessário e os filhos nossa razão de viver. Quando eu entrei pela primeira vez em uma agência, não estava escrito em tábua celestial alguma que os criativos eram vaidosos. Ou que o chefe era bipolar, as reuniões arrastadas, os prêmios divisores de águas. Muito menos que as ideias vão e vêm, os briefings são mal-redigidos e a noite, sinônimo de pizza fria. Assim como também não estava escrito que 50 nãos valem um sim ou que existe tesão em trabalhar mais de dez horas por dia. Nada disso estava escrito.
Saber que ter um grande ideia era apenas 1% do processo até a glória apoteótica não estava escrito em lugar nenhum. Que abocanhar todos os festivais não reflete em resultado maior de vendas, não, não estava escrito. Que as gavetas e não as ruas, eram os destinos mais comuns das ideias, também não estava. E que jurados anglo-saxões entendem mais daquele produto do que a dona de casa ou que as pesquisas de mercado transformam campanhas brilhantes em Frankensteins desalmados? Não, amigo, não estava escrito. Afinal, onde estava escrito que gênios não existem, mas profissionais que ralam a bunda na cadeira? Que o jornal morreria e o celular ganharia vida? Que opiniões e critérios divergem como água e cachaça? Onde estava escrito que o maior diretor de criação é a nossa insatisfação? Que toda propaganda é, por natureza, tendenciosa e nem sempre oferece o que você realmente precisa? Em lugar nenhum. A rotina não tem espaço no nosso ofício. O previsível não atrai admiradores no nosso meio. Somos regidos pelo bem sagrado da liberdade individual, cultuamos o espírito autêntico. Seja na criação ou na vida. Imagine se todo mundo guardasse segredos, desse gorjeta ao garçom ou evitasse observações sarcásticas. Da mesma forma, imagine se todos os títulos usassem a mesma fórmula, os comerciais a mesma piada no final ou se todos os clientes fossem mão aberta? Longa vida às surpresas, aos improvisos de última hora. Não é por coincidência que a criação é um reflexo da vida. E na vida, tal como é na criação, o resultado é muito mais prazeroso quando você faz o caminho no câmbio manual e, não, no piloto automático.
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SAÚ D E+ FOTO: Divulgação
Vitalmed lança vídeo para comemorar seus 20 anos Na campanha dos 20 anos da Vitalmed, criada pela Rocha Comunicação, um vídeo comemorativo produzido pela Mandacaru Filmes mostra atores encenando os rápidos serviços pioneiros e de excelência oferecidos pela empresa baiana de assistência à saúde. O texto conta como um dos maiores grupos de saúde da Bahia percorre cinco milhões de km com seus veículos para atender 1,5 milhão de pessoas e, ainda assim, tem fôlego para comemorar seu vigésimo aniversário.
Hospital Santa Izabel inaugura Instituto Baiano do Câncer
Solidez e credibilidade acompanham a história do Ihoba
Inaugurado em abril, o Instituto Baiano do Câncer (IBC) proporcionará assistência integral com um centro de radioterapia que dispõe de um parque tecnológico completo. Em um mesmo lugar, o paciente terá assistência especializada e interdisciplinar desde as primeiras fases do diagnóstico até o tratamento integralizado e a reabilitação. Mais de 50 profissionais formam a equipe do IBC.
Com mais de oito anos de existência, o Instituto de Hematologia e Oncologia da Bahia (Ihoba) comemora sua reputação ilibada no cenário baiano. A médica fundadora da clínica, Karla Mota, atribui a credibilidade aos colaboradores e parceiros, que estabeleceram negócios empreendedores para seu crescimento.
Hospital da Bahia amplia UTI Cardíaca e Neurovascular O Hospital da Bahia (HBA) apresenta ao público a nova estrutura da UTI Cardíaca e Neurovascular, que foi ampliada com mais dez leitos. Em pleno funcionamento, a unidade que já existia conta agora com 21 leitos, especialmente desenvolvidos para o atendimento de pós-operatório de cirurgia cardíaca e neurológica.
FOTO: Divulgação
Bahia recebe novos investimentos em medicina laboratorial Após adquirir mais 11 unidades de atendimento com a fusão com a Labaclen, o Laboratório Sabin anuncia um investimento de R$2,5 milhões para este ano, que serão aplicados na abertura de novas unidades no estado. A expansão da marca também prevê modernizações e ampliações da área técnica, com a chegada de novos equipamentos para garantir mais qualidade e rapidez na entrega de resultados. 26
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CRO-BA discute importância da odontologia hospitalar em UTI Especialistas de odontologia hospitalar debateram no auditório do CRO-BA, em Salvador, a importância de manter um cirurgião-dentista nas equipes multiprofissionais das UTIs. Atualmente, apenas dois hospitais, o Hospital Espanhol em Salvador e o Hospital da Criança em Feira de Santana, possuem profissionais habilitados para atendimento aos pacientes. Além de minimizar os riscos de infecção, a inserção do cirurgião-dentista melhora a qualidade de vida.
EXPERIÊNCIAS 28 | [C] JOSÉ F. MASCARENHAS 38 | [C] LUIZ MARQUES 40
NEGÓCIOS
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EMPREENDEDORISMO JOVEM
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MARKETING DE FIDELIZAÇÃO
N E GÓ C IO S | e x p e r i ê n c i a s FOTO: Divulgação
NEGÓCIOS DA BELEZA NATURAL
A aposta inicial foi oferecer serviços e produtos para valorizar os cabelos cacheados, crespos e ondulados, com foco em clientes da “nova classe média”. Com essa iniciativa, o Instituto Beleza Natural conquistou espaço no mercado nacional e a unidade de Salvador é a que mais cresce no país: 65% ao ano por MURILO GITEL
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e onde vem a capacidade de inovar? No caso da empresária carioca Heloisa Helena de Assis, mais conhecida como Zica, uma ideia inspiradora nasceu da insatisfação que ela tinha com seu cabelo crespo, aliada à falta de soluções apresentadas pelo mercado (quase sempre alisamentos). Zica, que já ganhou a vida como babá e vendedora, resolveu fazer um curso de cabeleireira, ainda na década de 70. Depois de dez anos de estudos dos fios e muitos experimentos, ela passou a misturar produtos até chegar à fórmula do “Super-Relaxante”, o que abriu espaço para um nicho de mercado pouco explorado no início dos anos 90. Em 1993, juntamente com os sócios Jair Conde (marido), Rogério Assis (irmão) e Leila Velez (amiga), Zica abriu o primeiro salão, no Rio de Janeiro. O sucesso foi enorme. Filas começaram a se formar e a equipe tinha de trabalhar até de madrugada para atender toda a demanda. Nascia o Instituto Beleza Natural. 28
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ANTES E DEPOIS
“Minha preocupação inicial era mudar meu cabelo. Depois que encontrei a fórmula do Super-Relaxante, decidi compartilhá-la com outras pessoas com o mesmo problema que o meu e que queriam cabelos mais sedosos e cachos estruturados”, lembra Zica.
Inovador Carro-chefe do Instituto Beleza Natural, o SuperRelaxante, que uma vez descoberto por Zica teve a fórmula encaminhada a um químico, tem composição à base de hidróxido de cálcio, extratos de açaí e cacau – a aplicação do produto é feita mensalmente, apenas nas unidades da empresa. O tratamento promete tirar o volume dos fios para tornar os cabelos ondulados e crespos mais maleáveis, brilhosos e com cachos definido. Além do Super- Relaxante, o Instituto também recomenda a manutenção em casa com o uso de xampu, condicionador, creme de tratamento, de duas a três vezes por semana, e creme de pentear, diariamente.
Expansão O Instituto Beleza Natural conta com 1.700 funcionários, 80% ex-clientes. Atualmente são 13 unidades em operação distribuídas por três estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, onde são atendidos 90 mil clientes por mês. Cidade onde 79% da população se declara como negra ou parda, segundo os dados mais recentes do IBGE (2010), Salvador é um mercado estratégico para os planos de expansão da empresa. “A unidade da capital baiana é a que mais crese no Brasil, 65% ao ano”, destaca Leila Velez, uma das sócias. Situado no Largo do Tanque, na Liberdade, em um prédio de três andares e 1.300m2, o Instituto Beleza Natural chegou a Salvador em janeiro de 2010. A estrutura abriga 87 lavatórios, além de um centro de treinamento para colaboradores. “As baianas são as que mais compram, são 11mil clientes por mês”, comemora a gerente comercial, Renata Magalhães. Segundo ela, o público-alvo são as mulheres da chamada “nova classe média” (classe C), que segundo pesquisas costumam responder por até 80% das decisões da família. A gerente salienta que as clientes do interior da Bahia chegam a organizar caravanas para serem atendidas em Salvador, o que lhes rende tratamento diferenciado, como lanche e descontos especiais nos serviços e produtos. “Nosso principal marketing é o velho ‘boca a boca’, que o próprio público se encarrega de fazer”, revela Renata. [B+] FOTOS: Rômulo Portela
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N E GÓ C IO S | e x p e r i ê n c i as
CHILLI BEANS
OFERECE SERVIÇO DE ÓTICA EM LOJAS SOTEROPOLITANAS O empresário Cezar Paladine é responsável por todos os pontos de venda da Chilli Beans instalados na Bahia e participa da expansão dos negócios da marca FOTOS: Divulgação
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Chilli Beans, maior rede brasileira de óculos escuros e acessórios, tem se expandido de modo estrelar, tendo franquias, inclusive, nos Estados Unidos, Portugal, Angola, Colômbia e no Oriente Médio, mais precisamente no Kwait. No Brasil, são mais de 550 pontos de venda da marca fundada por Caito Maia, e a Bahia ostenta o marco de ter tido uma das primeiras franquias, à época, instalada no Aeroclube Plaza Show. Mais de dez anos depois, o estado já concentra 25 lojas, distribuídas pela capital baiana e pelo interior, em municípios como Vitória da Conquista, Barreira, Ilhéus e Porto Seguro. O responsável por todos os pontos de venda instalados por aqui é o empresário paulista com alma baiana Cezar Paladine. Com visão diferenciada, Cezar não perde a oportunidade de apimentar os negócios. No finalzinho do ano passado, o empresário abriu a primeira Outlet Store da marca, instalada na avenida Sete de Setembro, que apresenta produtos com preços até 50% mais em conta do que nas lojas tradicionais. Desde abril, nas lojas dos shoppings Iguatemi e Salvador, clientes que adquiriram óculos da linha Vista já saem com as lentes de grau. O investimento foi de R$40 mil na compra de equipamentos para oferecer o serviço de ótica e a expectativa é aumentar o número de vendas a 10%.
Expansão no Brasil Até as Olimpíadas no Brasil, em 2016, a Chilli Beans pretende alcançar mil lojas – até o final deste ano, 600 estarão em operação. O Brasil também continuará responsável por 30% da fabricação dos produtos da marca. Os outros 70% são feitos na China. [B+] 30
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N E GÓ C IO S | s t a r t u p
FORÇA JOVEM EMPREENDEDORA FOTO: Yuri Rosat
Reunidos em entidades sem fins lucrativos, jovens mobilizam uns aos outros a se conectar e abrir frentes em direção ao empreendedorismo. O que eles querem é desenvolvimento econômico, político, cultural e social de nossa nação por CAROLINA COELHO
(Em cima) Com equipe de 100 voluntários, Aiesec Salvador promove experiências profissionais ainda na faculdade (Embaixo) Nova diretoria da AJE-BA toma posse no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia
FOTO: Divulgação
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A
vontade de mudar o mundo, a busca por autonomia e o desejo de somar experiências inovadoras e conhecer pessoas com os mesmos objetivos faz dos jovens um potencial para o crescimento do empreendedorismo nacional. Antes mesmo de ingressar no mercado de trabalho na forma de estágio ou trainee, tem quem escolha participar de associações de incentivo ao comportamento empreendedor como forma de crescer profissionalmente. São empresas juniores, associações de pequenos empresários e programas de intercâmbio que orientam e capacitam os membros a estarem mais envolvidos na prática com projetos de vivência empresarial ou social. Através de palestras, workshops, encontros nacionais e programas internacionais, essa juventude troca conhecimento, amplia as redes de contato e se engaja na luta para abrir o próprio negócio. Três associações baianas chamam a atenção na participação do empreendedorismo juvenil.
AJE - BAHIA
UNIJR - BAHIA
AIESEC SALVADOR
Organização de nível nacional, a Confederação dos Jovens Empresários (Conaje) reúne associações de níveis estaduais em todo o Brasil. Na Bahia, a associação local tem cerca de 700 empresários que geram networking e capacitam pessoas para estarem mais preparadas para o mercado. O grupo promove anualmente encontros, palestras, workshops e rodadas de negócios para fomentar o empreendedorismo no estado, inclusive no interior, nas cidades de Feira de Santana, Vitória da Conquista, Barreiras, Ilhéus, Itabuna e Paulo Afonso. A interiorização é uma das metas da associação para 2013, que pretende avançar com o projeto Agrojovem, ao abrir oportunidades para o empreendedor rural conversar com o empreendedor urbano. Outra meta da AJE Bahia é a educação sobre os tributos do mercado. Por isso realizam o Dia Nacional do Respeito ao Contribuinte, data celebrada no dia 25 de maio, com o objetivo de mobilizar a sociedade e os poderes públicos para a conscientização e a reflexão sobre a importância do respeito ao contribuinte. Este ano, o posto Petrobahia, a rede Burger King e os restaurantes do Festival Brasil Sabor venderam seus produtos com a liberação da carga tributária para os consumidores no dia 25 de maio. São conquistas da AJE Bahia a desoneração dos impostos nos produtos da cesta básica e a transparência do valor tributado na nota fiscal.
A Federação das Empresas Júniores do estado da Bahia (UniJr-BA) é dividida em três polos de atuação: Salvador, Feira de Santana, e Itabuna e Ilhéus. Ela concentra a atividade de 16 empresas juniores dos cursos de graduação da Ufba, Uesc, Uefs e Unifacs. Ao todo, são mais de 800 jovens atuando em suas respectivas faculdades, onde têm a oportunidade de vivenciar na prática o desenvolvimento de uma empresa com o auxílio de um professor-tutor. A federação realiza, em junho, a décima edição do Encontro de Empresas Juniores da Bahia, com workshops, palestras e grupos de discussão para capacitar e apresentar as inovações da área aos jovens empresários. Workshops também são a base da Feira de Educação Empreendedora que o grupo promove em julho, com objetivo de fazer com que os empreendedores enxerguem seus negócio de maneira diferente. Em setembro, a UniJr-BA reunirá empresas baianas e nacionais para falar sobre os programas de trainee e estágio na Feira do Estágio, além de dar dicas aos jovens de como estar preparados para as seleções do mercado de trabalho. A UniJr-BA também contribuirá com a programação da Semana Global de Empreendedorismo em novembro e fará parte da equipe que capacitará novos empreendedores no Centro de Empreendedorismo, projeto municipal que tem como meta a criação de novos negócios.
A rede mundial mais famosa de intercâmbio estudantil trabalha há 65 anos com a integração de diferentes culturas, enviando e recebendo jovens universitários para missões em ONGs ou oferecendo-lhes oportunidade de emprego remunerado nas áreas de tecnologia da informação, saúde e educação. Presente em mais 110 países e com 29 filiais no Brasil, a Aiesec está em Salvador com uma equipe de 100 estudantes voluntários divididos em setores, assim como uma multinacional. A associação promove este ano três eventos, além dos tradicionais intercâmbios. Em maio, as organizações e entidades envolvidas do terceiro setor se reuniram no programa Ideia Social, um espaço de discussões, palestras e capacitação sobre sustentabilidade financeira, ao abordar questões do setor, como finanças e captação de recursos. Em junho, no evento Alavanca, jovens com desejo de empreender, mas que ainda não sabem como, terão dicas com especialistas que irão elucidar algumas partes burocráticas do caminho. O mês de setembro reserva o fórum global Youth to Business, que irá engajar jovens com representantes de empresas, governo, educação e líderes da sociedade para que tratem sobre tendências e oportunidades em torno da inovação, liderança e mercado de trabalho.
ajebahia.com.br
unijrba.org.br
aiesec.org.br
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N E GÓ C IO S | m ar ke t i n g FOTOS: Divulgação
PROGRAMAS DE FIDELIZAÇÃO De combustível a viagens internacionais, todas as compras podem se transformar em pontos de programas de fidelização - uma moeda de troca valiosa no mercado atual por ANDRÉA CASTRO
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os negócios, muito mais do que atrair clientes, o que vale mesmo a pena é reconhecer os melhores, conquistá-los e mantê-los. A sobrevivência de uma empresa frente a uma concorrência acirrada depende não só de um bom serviço ou produto, mas do relacionamento empresa-cliente. Por isso que os programas de fidelização se popularizam. “O fundamento é que custa menos manter o cliente do que conquistar novos. Uma vez assegurada a permanência da maioria, com a consequente redução do churn (saída de clientes da base), o crescimento se dá em fundações mais sólidas”, explica o professor de marketing da Universidade Federal da Bahia Cláudio Cardoso. Podemos classificar tais programas em duas categorias: programas individuais e de coalizão. Até recentemente, os programas das companhias aéreas eram o tipo mais popular de programa de fidelização individual, com o resgate de pontos pela aquisição de produtos de uma única empresa. Já os programas de coalizão permitem o acúmulo de pontos em diferentes estabelecimentos. Entre as vantagens para esses parceiros estão menores custos de aquisição e de retenção de clientes, uma vez que os mesmos são compartilhados e, ainda, acesso à base de consumidores de outros segmentos. 34
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A Multiplus Fidelidade é uma das maiores redes de fidelização atuantes hoje no país. A empresa encerrou o segundo trimestre de 2012 com mais de dez milhões de participantes e 207 parcerias. O sucesso se deve, em parte, ao fato de que, convergindo para uma só conta pontos adquiridos em diversas empresas, o cliente acelera o acúmulo e resgate de pontos para conquistar benefícios. Criada em junho de 2009 como uma unidade de negócios da TAM, a Multiplus tornou-se uma companhia independente em outubro e, em fevereiro de 2010, passou à condição de companhia de capital aberto. Outras empresas que se destacam são Netpoints, que tem o grupo Bozano como acionista; Dotz, adotada pelo Banco do Brasil para o seu programa de fidelização; e Smiles, da companhia Gol. Segundo Cláudio Cardoso, as tecnologias de CRM (customer relationship management) vêm facilitando o trabalho de gestão do cliente como um indivíduo, com as suas preferências, formas peculiares de transacionar com a empresa e outras características pessoais possibilitando a oferta de produtos e serviços personalizados. “Para completar a compreensão desta estratégia de relacionamento, é preciso entender que as empresas procuram crescer sua participação no cliente (e não mais apenas no market share), procurando vender mais para cada indivíduo, além de retê-lo na base por mais tempo”, informa Cardoso.
A mais lembrada
Gerentes da Rede de Postos BR da Bahia, Silvio Perazzo e Décio Azevedo
FOTOS: Divulgação
“O cliente ‘fidelizado’ tem que perceber que obtém vantagens por se manter fiel à empresa. Do contrário, a fidelização não alcança o objetivo” – Claudio Cardoso, professor e consultor de marketing
Líder do setor petrolífero brasileiro e empresa “Top of Mind” na categoria combustível, a Petrobras também adotou essa tendência de mercado e criou, em janeiro de 2012, o seu programa de fidelização, o Petrobras Premmia. Em apenas seis meses, o programa atingiu a marca de um milhão de clientes cadastrados e fechou o ano com mais de dois milhões de fidelizados. “Como todas as grandes empresas que possuem responsabilidade social, a Petrobras decidiu criar o programa para dar ao consumidor mais do que promoções e descontos pontuais. Queremos oferecer aos clientes algo mais amplo, como um reconhecimento à fidelidade que eles já possuem à nossa marca”, declarou Silvio Perazzo, gerente comercial da Petrobras. De acordo com Perazzo, o trabalho de fidelização de clientes que a Petrobras desenvolve começou desde a implantação do projeto “De Olho no Combustível”, que promovia uma espécie de selo de qualidade do produto da empresa, criado justamente para fidelizar. “Essas ações envolvem desde pequenos postos de combustíveis até os maiores da rede de distribuição. Com o Premmia, já foram distribuídos mais de 300 milhões de cupons e pretendemos atingir a adesão de 100% dos nossos revendedores que atendem aos requisitos do programa”, explica Perazzo. Com a promoção “Você Merece Sempre Mais”, os clientes do Premmia concorreram a 14 mil vales-combustível de R$50 como premiação instantânea e a seis Chevrolet Camaro, um dos carros esportivos mais desejados do mercado. O resultado foi o incremento nas vendas e o aumento de 91% dos cadastros completos no Premmia em relação ao período que antecedeu a ação. O Petrobras Premmia já conta com a adesão de cerca de 300 postos de combustíveis na Bahia. Cada ponto acumulado pelo programa corresponde a R$1, que pode ser trocado por descontos ou benefícios oferecidos com exclusividade aos associados. Os novos clientes cadastrados no site do Premmia ganham 200 pontos na promoção vigente. O associado também pode escolher um posto de sua preferência e, toda vez que abastecer nesse estabelecimento, ganhará pontos em dobro. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m
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Tá na rede! As redes sociais também podem funcionar como um bom ponto de partida para a fidelização. Os seguidores da empresa de telefonia TIM no Twitter, por exemplo, já puderam participar de promoções e concursos exclusivos criados pela operadora, concorrendo a prêmios como smartphones, tablets e netbooks. Além de prêmios e descontos, alguns programas oferecem privilégios exclusivos aos associados. Nas lojas C&A, clientes que cadastraram um grupo de amigas no site garantiram o acesso em primeira mão à nova coleção de roupas de uma das grifes comercializadas pela rede. E como a bola da vez é o futebol, recentemente, torcedores de clubes de todo o país foram alvo de mais uma estratégia bemsucedida de marketing. Com o movimento Por um Futebol Melhor, os programas de fidelização dos times deixaram de render apenas bons descontos nos ingressos e foram para as prateleiras de supermercados e empresas de serviços. Estrelada pelo exjogador Ronaldo, a campanha publicitária convocou torcedores para se associarem ao programa de cada clube, com descontos em diversos produtos de empresas parceiras, como Ambev, Unilever, Pepsico, Sky e Seara. Ganham os clubes, com um número cada vez maior de associados; os torcedores, com descontos exclusivos em produtos e serviços; e as empresas, que fidelizam mais clientes. No site do movimento, que já possui mais de 250 mil sócios, há um “torcedômetro”, que mede a quantidade de torcedores associados em cada time e o ranking de liderança, estimulando ainda mais a adesão. Afinal, o que vale é competir. Já o programa Vai de Visa, dos cartões de crédito com a bandeira Visa, está apostando alto nos grandes eventos esportivos que serão sediados no Brasil. Para a Copa do Mundo da Fifa 2014, os clientes Visa já podem contar com a venda antecipada de pacotes com ingressos e hospedagem. E não são apenas os clientes o foco da fidelização dos programas do Visa. As empresas podem aderir ao Clube de Negócios Visa Empresarial e participar 36
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Ronaldo e Cafú foram garotos-propaganda da campanha “Por um Futebol Melhor”, da Ambev
de promoções, ganhar descontos especiais das empresas parceiras, com direito a loja virtual, além de acesso a conteúdo e informações sobre empreendedorismo e a uma rede de empreendedores, na qual a empresa pode expandir parcerias. Para se construir um programa de fidelização eficiente, segundo Cláudio Cardoso, a premissa fundamental é conseguir ser efetivo na oferta de serviços diferenciais personalizados. “Para um viajante frequente, por exemplo, a companhia aérea ou de ônibus interurbanos deve reservar assentos preferenciais, facilitar o despacho de bagagens, reduzir o tempo na fila do embarque, e outras vantagens. O cliente ‘fidelizado’ tem que perceber que obtém vantagens por se manter fiel à empresa. Do contrário, o sistema de fidelização não alcança seu objetivo, que é reter os melhores clientes, aqueles que são mais rentáveis para o negócio”, conclui. [B+]
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Os clientes Visa já podem contar com a venda antecipada de pacotes com ingressos e hospedagem para a Copa 2014
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A IMPORTÂNCIA DA
INOVAÇÃO
JOSÉ DE FREITAS MASCARENHAS
Presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia
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O protagonismo da inovação é do empresário, mas uma série de elementos articulados pelos governos, como financiamento e infraestrutura de suporte ao desenvolvimento tecnológico, são fundamentais para consolidar um ambiente propício à inovação. Além disso, uma conjuntura econômica favorável contribui para o esforço inovativo das empresas. A Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) retrata esse cenário em sua última edição, que abrange o período de 2000 a 2008, quando o percentual de indústrias brasileiras inovadoras cresceu de 31,5% para 38,1%, a maior taxa registrada desde o início da pesquisa realizada pelo IBGE. É preciso avançar mais. Uma economia competitiva demanda investimentos em inovação para se consolidar como tal. E o Brasil ocupa apenas o 49º lugar no ranking de inovação do Fórum Econômico Mundial. Na Bahia, os programas de apoio à inovação ainda não correspondem a sua relevância no cenário nacional. Em 2009, últimos dados disponíveis, a Bahia executou 15,8% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), destinados ao Nordeste. Este desempenho está aquém do verificado em outros estados como Paraíba (17,3%), Ceará (21%) e Pernambuco (24,1%). A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) tem contribuído para a construção de um ambiente favorável à inovação, elegendo-a uma de suas prioridades. Por meio de ações empreendidas pelas entidades que a compõem, como o IEL, Senai, Sesi e Cieb, vem implementando sua política de estímulo à inovação, desde 2010. Criou o Programa de Inovação na Indústria, com diversas dimensões de
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atuação. Dentre elas: I) o Fórum de Inovação da Bahia e seus grupos temáticos que, desde a sua instalação em 2011, vêm debatendo temas relevantes; II) renovação dos quadros e de políticas no Conselho de Inovação e Tecnologia da Fieb; III) Plano de Desenvolvimento Estratégico do Senai Bahia, que prevê a construção de novas unidades voltadas ao ensino e à pesquisa, reestruturação do órgão tendo em vista maior eficácia da política de difusão tecnológica e de pesquisa aplicada; e IV) mobilização empresarial, com a criação do Núcleo de Inovação da Bahia no IEL, ligado ao Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). O Senai Bahia tem entre suas prioridades consolidar-se como provedor de inovação para a indústria baiana e suas unidades serão irradiadoras de serviços voltados a este fim. Considerado referência nacional em sua área de atuação, o Cimatec terá seu modelo replicado para outros centros de tecnologia e inovação por meio do Programa de Aumento da Competitividade da Indústria Brasileira. Está em andamento a expansão da unidade, que agregará um Centro Nacional de Conformação Mecânica e um Centro Nacional em Logística, além de uma rede de institutos Senai de inovação (automação, conformação e soldagem) e de tecnologia (construção civil e química). Além disso, o Cimatec participa do projeto piloto da Embrapii, que visa ao desenvolvimento da inovação junto a empresas brasileiras. Atualmente, o centro já opera 12 projetos de pesquisa e inovação das empresas, tendo outras seis em fase final de negociação e mais 13 em fase de elaboração do plano de trabalho. Ainda desenvolve negociações buscando viabilizar 30 projetos dos mais de 130 prospectados junto às empresas.
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O QUE É E
O QUE DEVERIA SER A inflação, normalmente, caminha de forma direta ao nível de emprego, é um fenômeno da natureza humana e social, queiramos ou não. Contudo, nossa presidente comentou, em evento no mês passado na África do Sul, que não concordava com políticas econômicas de controle da inflação que reduzam o ritmo da economia. Este comentário da presidente vem no bojo de que a inflação voltou ao debate no Brasil. Vejam que de março de 2012 até março de 2013, nossa inflação oficial já é de 6,59% no ano, acima do topo da meta do Banco Central. Nossa meta é de 4,5% ao ano com margem de 2% para cima e para baixo, ou seja, já estouramos o topo da meta. FHC e Lula, dois sábios em política e sobrevivência, sabem que a inflação afeta mais duramente a classe mais pobre. Nós, classe média e alta, somos bancarizados, nos protegemos com moeda indexada nos bancos. Os pobres, muito pobres, não. O pouco dinheiro deles está no bolso, e ele vira areia quando os preços começam a subir. Segundo o IPCA, o grupo Alimentos subiu 13,48% entre março/12 e março/13. É fogo. Lula, espertamente, ao assumir em janeiro de 2003, colocou na presidência do BC um dito neoliberal, Henrique Meireles, oriundo da banca internacional e, na época, deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás. Lula blindou o BC dando a Meireles e seus diretores carta branca para agir como um Banco Central independente. Lula deixou o BC atuar para controlar a inflação, pois sabia de seu impacto nefasto sobre os mais pobres. E os pobres votam. Nosso BC nunca foi formalmente independente. Ele foi independente em Lula, pois assim foi permitido. O tema é polêmico. A independência do BC significa que existe uma legislação que dá à presidência e 40
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LUIZ MARQUES FILHO
Economista, superintendente da FEA-Ufba, diretor da ADVB-BA e professor da Faculdade Baiana de Direito
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diretoria do BC cargos com mandato de tempo. Eles não podem ser demitidos por pressão política. Em tese, o BC independente seria mais forte, menos frouxo e leniente para combater a inflação, pois sua gestão estaria blindada das pressões políticas. Ocorre que a campanha presidencial antecipada de 2014, os baixíssimos crescimentos do PIB (estamos, infelizmente, abaixo do Brics e de nossos vizinhos da América Latina), e o perfil centralizador da atual gestão fizeram com que o BC passasse a sofrer forte intervenção política. O mercado acredita que o BC já jogou a toalha, há muito, para acertar na meta de 4,5% ao ano, e se contenta hoje em não estourar o teto, 6,5%. Isto tira credibilidade da política monetária, e faz com que os agentes econômicos passem a remarcar seus preços, preventivamente, na expectativa desta inflação mais alta. O dragão pode voltar. Para piorar, nosso secretário do Tesouro afirmou à imprensa que a política fiscal de superávit primário acompanhará a atividade econômica e não a meta de redução da dívida pública. Podemos estar em um ambiente em que faltará a devida coordenação entre as políticas fiscal e monetária. O dragão pode voltar mais confuso. Enfim, perdoem-me por trazer estas notícias, mas uma coisa é sermos contra algo, outra coisa é este algo existir independente da nossa vontade. Eu, pessoalmente, sou contra a Aids e o terrorismo. Mas o primeiro é um fenômeno biológico e o segundo um fenômeno social da insanidade humana. Eles existem apesar da minha vontade, ou da sua. Pode-se dizer que se é contra políticas antiinflacionárias que reduzam a atividade, mas não dá para combater uma inflação de demanda elevada sem tentar conter a atividade econômica, infelizmente. Enfim, uma coisa é o que é: a outra é o que deveria ser.
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Será mesmo que Mark Zuckerberg vai perder a coroa das redes sociais?
Adeus, Facebook Jack London faz sua previsão: “O mundo digital chegou ao seu limite”. Referência na informação sobre internet no Brasil, London agora lança o livro Adeus, Facebook - O Mundo Pós-Digital, que trata sobre o desaparecimento da principal rede social no mundo por PEDRO HIJO w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m
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esponda rápido: Há 15 anos, como conseguíamos viver sem redes sociais? O que fazíamos para acessar conteúdo sem a ajuda dos sites de busca? Pois é, o mundo mudou tanto e em tão pouco tempo que é comum pôr-se a perguntar sobre o quanto mais ele tem a mudar daqui para a frente. Enquanto empresas ainda engatinham na tentativa de fazer uma fanpage e conversar com o seu público em tantas ferramentas sociais, o mundo muda do lado de fora da janela, o Facebook é substituído por um novo site, a internet adequa-se a uma nova linguagem e uma nova era surge. Mas como se adaptar a esta eterna mudança? Como encarar de vez a inescapável efemeridade da vida, manter os pés no presente e a cabeça no futuro? Perguntas não nos faltam, principalmente quando pensamos como essas mudanças vão afetar o dia a dia nos escritórios – se é que eles ainda vão ser tão comuns daqui para a frente. Jack London nos alerta sobre o que está por vir: “Estruturas empresariais e modelos de negócios devem ter sempre em mente a ideia de que o tempo tecnológico é curto, e tudo em que confiamos hoje será, em breve, lixo”. A palavra-chave é adaptação. Economista, consultor, professor e empresário, Jack London é um dos pioneiros na internet no Brasil. Criou o BookNet.com. br, embrião do Submarino, o maior site de comércio eletrônico do país, e foi considerado um dos dez nomes mais importantes da
internet no Brasil. Parte desta bagagem intelectual voltada para a tecnologia foi reunida no livro Adeus, Facebook - O Mundo Pós-Digital, recém-lançado, que reúne artigos, palestras e aulas de London e ainda trata sobre o desaparecimento da principal rede social no mundo.
“Alguns cientistas estudam uma experiência de inserção de inteligência no DNA humano”
O livro trata de dois assuntos centrais: o fim do Facebook e o fim da era digital. No que essas constatações são baseadas? Basta olhar a história. Houve uma época em que o homem só usava a linguagem oral, depois passou a usar a linguagem manual, depois a escrita multiplicada, e, finalmente, a linguagem digital. No entanto, já dá para prever que daqui a 20 ou 30 anos a era digital vai entrar em decadência. É só olhar a curva de uso de linguagens e ver que a mudança é cada vez mais rápida. Se você notar, nenhuma das grandes empresas de tecnologia produziu nada revolucionário nos últimos anos, não há mais inovação, apenas uma melhoria dos aspectos dos produtos que já existem. O Facebook, por exemplo, um dia já foi algo revolucionário, até substituiu o Orkut, mas hoje não apresenta mudanças muito relevantes. A linguagem digital já chegou ao limite de onde poderia ir. Já dá para prever o que vem depois? Fala-se sobre a biolinguagem. Alguns cientistas estudam uma experiência de inserção de inteligência no DNA humano.
A LINHA DO TEMPO DO FACEBOOK
2004 O Facebook é lançado e atinge o seu primeiro milhão de usuários ativos. No mesmo ano, a Google aposta no Orkut que, em poucos meses, se transforma em febre entre os brasileiros.
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2005 A rede de Mark Zuckerberg torna-se popular em mais de dois mil colégios e 25 mil universidades dos Estados Unidos, Canadá, México, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Irlanda.
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2006 No Brasil, o Orkut cai nas graças do público jovem e figura como a principal rede social daquele ano. O Facebook expande as suas atuações ao público aberto e fecha o ano com 12 milhões de usuários.
2007 O Facebook abre espaço para a publicidade, cria parceria com outros sites (Beacon, Social Ads e Insights) e fecha o ano com mais de 50 milhões de usuários ativos.
FOTO: Rômulo Portela
A estimativa é que com quatro gramas de DNA se possa juntar toda a capacidade de informações que temos no mundo. É claro que este ainda é um processo caro e que, por ser tão sofisticado, até dá uma impressão de assombro, mas alguém poderia imaginar há 20 anos que teríamos acesso à tecnologia que temos hoje? O que dita essas mudanças de gerações? A condição para que uma tecnologia ou que qualquer tipo de instrumento novo seja superado é que ele se torne popular. Isso acontece com a moda também, quando uma roupa deixa de ser tendência e passa a ser usada por todo o mundo, aquilo tende a se tornar obsoleto, deixa de ser inovador e é substituído por algo novo. Com a internet é a mesma coisa. Está na hora de a internet deixar de ser inventiva e ser substituída por uma nova linguagem. Um recente estudo realizado pela SocialBakers indica que o Facebook estaria perdendo popularidade rapidamente. Nos Estados Unidos a rede social teria perdido 6 milhões de visitantes só no mês de março deste ano. Qual o principal motivo para esta queda de usuários? Entre a juventude norte-americana já existe um descaso com o Facebook, ele não atrai mais depois que ficou tão popular, ficou fora de moda. Em novembro do ano passado, foi
2008 A Google anuncia que sua sede brasileira passará a ter o controle mundial do Orkut. O país acumula mais de 40 milhões de cadastros no site.
2009 200 milhões de usuários estão no Facebook e o site torna-se conhecido no Brasil. O Orkut amplia o número de reformulações em sua interface, aderindo à sugestão de amigos na página inicial.
Jack London é um dos pioneiros da internet no Brasil ao criar o site Booknet.com.br, que depois foi vendido e renomeado para Submarino
2010 Os brasileiros começam a migrar para a rede de Mark Zuckerberg. Se em 2010 o número de internautas que mantinham as duas redes sociais ativas era de 13%, agora este percentual aumenta para 33%.
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2011 O Facebook, com 750 milhões de pessoas no mundo, ultrapassa o Orkut em 1,9 milhão de usuários únicos no Brasil. Orkut termina o ano com apenas 4,21% dos acessos.
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C APA lançada a rede social Pheed, que, em menos de seis meses, já tem mais acessos do que o Facebook entre os usuários americanos da Apple. É um processo cíclico: um site novo surge, é rejeitado por parte da população, cresce, toma a sociedade e, quando atinge uma maioria, chega ao limite criativo dele e é substituído por um novo. O declínio do Facebook é um sinal da decadência da linguagem digital.
“O declínio do Facebook é um sinal da decadência da linguagem digital”
O desaparecimento do Facebook será tardio no Brasil? Provavelmente sim, assim como aconteceu com o Orkut. A procura por inovação aqui no Brasil é conservadora, as pessoas não querem largar um site que usaram por tanto tempo, há uma resistência para saltar para algo novo. Alguns especialistas dizem que o Facebook se perde tentando virar uma máquina de publicidade em detrimento da sociabilidade. O senhor concorda com esta afirmação? Qual é o caminho que o site deveria tomar para tentar continuar no apogeu por mais tempo? O Facebook é o segundo site mais acessado do mundo, perdendo apenas para o Google, mas, do ponto de vista do faturamento, está bem abaixo de outras empresas. Então, é normal que ele almeje propaganda. Para se manter no topo, o desafio é duplo: continuar sendo um site atual e gerar publicidade na versão mobile, que cresce vertiginosamente
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Superadas essas dificuldades, ainda há esperanças de que o Facebook continue sendo a principal rede social? Não. Sendo realista, o aparecimento de um site mais interessante é inevitável. Não há nenhum site que tenha permanecido grande como era depois de 15 anos de lançado. Sempre irá aparecer algo mais atual, com uma linguagem que se adapta melhor à época em que ele for criado. O Facebook vai continuar existindo, mas sem a hegemonia que tem hoje. Dá para imaginar um futuro sem redes sociais? Creio que não. No mundo pós-digital é possível que elas existam, mas de outra forma: maiores, com comunicação imediata, com transferência de comunicação sem intermediários entre os usuários. Quando isso acontecer as redes sociais desempenharão um papel importantíssimo, mas vão estar remodeladas ao novo contexto.
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razões para você migrar para o Pheed Leia mais no site
X 2012 30 milhões de usuários brasileiros entram no Facebook. No resto do mundo, o cansaço: o Facebook tem 158 milhões de visitantes únicos em abril daquele ano, um crescimento de apenas 5% sobre os números de abril de 2011.
entre os usuários. Este último desafio é grande, pois ainda há uma dificuldade muito grande em encontrar uma fórmula de crescer em publicidade nos celulares.
2013 Jovens americanos começam a sair do Facebook e migrar para outras redes sociais, como Tumblr e Pheed. O principal motivo: a presença da família no site. Os usuários afirmam que em outras redes eles podem ser eles mesmos.
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No artigo “Já falou mal do Facebook hoje?”, o senhor escreveu que “é da essência da tecnologia a mudança contínua, nada é para sempre”. Como uma empresa que investe em plataformas digitais pode sobreviver a tantas mudanças? Esse é um desafio muito grande porque os executivos da área financeira estão acostumados a investir em meios de publicidade tradicionais e agora precisam se preocupar com o digital. Hoje, eles precisam pensar em pagar um banner, um anúncio no Google, contratar uma equipe para gerenciar as redes sociais, por exemplo, e tudo isso faz parte da mudança. Uma empresa que deseja continuar existindo precisa investir em pesquisas, desenvolver aplicativos, enfim, inovar. Não tem jeito, tem que se adaptar à mudança, qualquer que seja. [B+]
ESP E C I AL I N OVAÇ ÃO
INOVAÇÃO APLICADA AO DESENVOLVIMENTO A visão de futuro que os brasileiros precisam conhecer para criar iniciativas que agreguem valor a cultura, economia criativa, turismo e urbanismo, em meio aos investimentos de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos
BRISA DULTRA, CAROLINE COELHO E PEDRO HIJO
Apoio FOTO: Eloi Correa/Secom
Realização
por
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E SP E C I AL I N OVAÇ ÃO FOTO: Rômulo Portela
E DEPOIS DE 2014? Planejamento e inovação são as chaves para fazer com que os canteiros de obra promovidos pela vinda de grandes eventos esportivos deixem legados que estimulem o desenvolvimento urbano, intelectual e econômico. Referências nacionais e internacionais apontam soluções de como trilhar caminhos de prosperidade
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ediar eventos esportivos de grande porte é uma oportunidade para fazer mudanças urbanísticas que possam solucionar antigos problemas das cidades. O Brasil vive esse momento desde 30 de outubro de 2007, quando a Fifa anunciou o país como sede da Copa do Mundo 2014. Porém deixamos muita coisa para a última hora, correndo contra o tempo para entregar estádios para a Copa das Confederações, realizada em junho de 2013, um teste para o evento principal. Os resultados são o não cumprimento de infraestruturas urbanas previamente firmadas com a entidade internacional e construções supervalorizadas em relação ao orçamento inicial, como o exemplo do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, que custou R$1,2 bilhão, sem contar as obras ao redor do equipamento. O orçamento previsto era de R$696,6 milhões. Diante desse cenário, alertas e debates sobre o tema fazem parte da pauta diária da mídia nacional, também em fóruns, palestras e apresentações por todo o país não param. “Não podemos perder essa oportunidade”, são palavras que ressoam nos discursos de formadores de opinião, especialistas e cidadãos brasileiros. 46
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“PRECISAMOS ENTENDER QUE ESSES EVENTOS SÃO UMA DESCULPA PARA O CRESCIMENTO DO PAÍS, UM IMPULSO PARA QUE MUDANÇAS ACONTEÇAM” Xavier Cubeles, da Fundação Barcelona Media, durante conferência em Salvador
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Em Salvador, em março deste ano, a Fundação Barcelona Media provocou uma reflexão sobre como as cidades podem se apropriar dos megaeventos com uma visão de futuro a longo prazo, a partir do uso de ferramentas de gestão, pesquisa e inovação existentes, e que já foram testadas com sucesso em outros países e cidades. Especialistas da fundação, que tem escritório em Salvador e sede em Barcelona, Espanha, trocaram experiências com gestores públicos, privados e especialistas da academia, a fim de encontrar alternativas que impulsionem as cidades brasileiras a um novo patamar de desenvolvimento. Afinal, a Copa do Mundo e as Olimpíadas passam e as obras ficam. Em alguns casos, as inovações urbanas somadas ao planejamento geram frutos permanentes que mudam a realidade das cidades-sede. “Precisamos entender que esses eventos são uma desculpa para o crescimento do país, os jogos são o impulso para o desenvolvimento”, disse Xavier Cubeles, responsável pelo Laboratório de Cultura e Turismo da Fundação Barcelona Media. Tais mudanças, ainda segundo Cubeles, precisam vir acompanhadas de um pensamento macro, na tentativa de deixar um legado positivo para o país.
FOTOS: Divulgação
Xavier Cubeles afirma esses pontos com a experiência de quem vivenciou mudanças profundas em sua própria cidade. A Barcelona de 1992 precisou passar por uma reformulação geral. Se hoje a cidade é exemplo de inovação urbanística e turismo, muito se deve ao que foi construído antes de receber as olimpíadas daquele ano. Foram cerca de dez bilhões de euros em dinheiro público investidos para modificar a cidade catalã. A maior parte dos recursos atendeu às obras de transporte público, moradia e da faixa litorânea, famosa pelo abandono. Só 10% do montante total foi destinado à construção de instalações esportivas.
(em cima) O Distrito 22@ Barcelona, na Espanha, implantou uma série de mudanças urbanas que foram replicadas por toda a cidade ao longo dos anos, depois das Olimpíadas de 92. (Embaixo) A região portuária da cidade espanhola se transformou em um badalado centro de vida noturna e cultural
Entre as inovações, o Distrito 22@ Barcelona foi um ponto de teste de tecnologia criado especialmente para os Jogos Olímpicos de 92. Lá foi implantada uma série de mudanças urbanísticas que poderiam ser replicadas por toda a cidade. “A ideia era que o Distrito 22@ fosse um polo de inovação e de testes”, diz a diretora técnica da Fundação Barcelona Media, Maria Eugênia Fuenmayor. “Foram implantados sensores de vigilância por WiFi, pontos de recargas de carros elétricos, semáforos para cegos, iluminação em LED, três linhas de metrô, 30 ciclovias e 20 linhas de ônibus, além de ter sido o primeiro bairro inteiramente conectado com fibra ótica”, completa. O gerente de inovação da fundação, Santi Fort, ressalta que todo o projeto para as obras das Olimpíadas tinha a intenção de resolver antigos problemas da cidade, com competitividade, sustentabilidade e garantia de permanência. Além do distrito, Barcelona ganhou uma nova região portuária, que substituiu as antigas docas por cinco quilômetros de praia e uma marina para se transformar em um badalado centro de vida noturna e cultural. A cidade ainda ganhou uma linha de metrô que conectou a região litorânea ao resto da cidade, e a vila olímpica, construída sobre os antigos trilhos do trem, passou a ser um dos endereços mais disputados da Catalunha - há fila de espera para alugar ou comprar um dos mais de 2.000 apartamentos da vila. A transformação de Barcelona ultrapassou os limites das Olimpíadas e, mesmo depois de 20 anos, segue se desenvolvendo por conta de planejamentos de longo prazo.
TODO O PROJETO PARA AS OBRAS DAS OLIMPÍADAS [EM BARCELONA] TINHA A INTENÇÃO DE RESOLVER ANTIGOS PROBLEMAS DA CIDADE, COM COMPETITIVIDADE, SUSTENTABILIDADE E GARANTIA DE PERMANÊNCIA
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E SP E C I AL I N OVAÇ ÃO Londres 2012 Casos inspiradores, como o de Barcelona, não nos faltam. Quando Londres recebeu os Jogos Olímpicos em 2012, algumas metas de melhoramento urbano foram implementadas. Entre elas, estava o plano de revitalizar a zona leste da cidade, tradicionalmente carente de recursos, garantir que todas as obras fossem desenvolvidas com um viés sustentável e que pudessem ser aproveitadas ou desmontadas depois do evento, dando espaço para outros empreendimentos. As dificuldades foram listadas no documento Olympic Park Sustainable Development, uma cartilha feita dois anos antes dos jogos para guiar a execução dos projetos. Receber um evento como as Olimpíadas fez com que Londres repensasse o seu plano urbanístico, com ampla participação popular. Em seguida aplicaram na prática: para construir o parque olímpico, precisou descontaminar o solo e os canais aquáticos; para movimentar a área, contatou a iniciativa privada para construir um dos maiores shopping centers da Europa em torno do parque, gerando empregos; e, por fim, estudou uma forma de transformar o local em uma cidade viva, com conjuntos habitacionais, escolas, creches e centros de saúde, em parceria com órgãos públicos e prefeitura.
Após o término do evento, veio a conta: 75% dos 9,3 bilhões de libras investidos ficaram como legado; a zona leste, uma das regiões mais degradadas da cidade, foi completamente revitalizada; a vila olímpica deu lugar ao maior parque urbano do Reino Unido com cinco novos bairros, metrôs, comércio e serviços. Obras permanentes e construídas de forma sustentável.
Cidade Maravilhosa Ao contrário do caso de Londres ou Barcelona, que tiveram as suas revitalizações concentradas em regiões específicas, no Rio de Janeiro as mudanças estão espalhadas por quatro grandes áreas. Essas transformações interferem diretamente na vida de dois milhões de habitantes, um terço da população carioca. Coordenadora do projeto Porto Maravilha, que pretende revitalizar a região portuária do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016, Flávia Guerra acredita que esta pode ser uma ótima oportunidade de inclusão produtiva e integração socioeconômica. “Será criado o Museu do Amanhã no Píer Mauá, que movimentará a parte turística da área e há uma iniciativa para fazer com que os micronegócios ancorem esta transformação”, acredita. Sobre este último ponto, o Rio de Janeiro enfrenta uma dificuldade: diminuir o impacto causado pelas obras no dia a dia dos mais de 30 mil microempreendedores. Uma parceria foi feita com o Sebrae para atendê-los com consultores, palestras e prepará-los para este novo momento. Cerca de seis mil empresários já foram atendidos e já se estuda a recolocação de parte deles para um mercado popular. Preparar as cidades para seus cidadãos é, ao mesmo tempo, torná-las prontas para os inúmeros visitantes que chegam de todas as partes do mundo.
(esq.) Campanhas mobilizaram os londrinos e criaram um ambiente produtivo e estimulante para os Jogos Olímpicos. (dir.) Ilustração do projeto Porto Maravilha, no Rio de Janeiro
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FOTO: Manu Dias/Agecom
INOVAÇÃO E TURISMO: COMO CRIAR DESTINOS MAIS COMPETITIVOS Independentes, autônomos e alternativos. Os novos turistas já não são mais dependentes dos roteiros padronizados ou companhias de viagem. A revolução tecnológica acompanhou uma profunda alteração no perfil do turismo e as cidades buscam métodos de promoção para a inovação turística
1. COMUNICAÇÃO INOVADORA 2. PERSONALIZAÇÃO 3. EXPERIÊNCIA SOCIAL EM LARGA ESCALA
Três elementos que garantem o sucesso no mercado de turismo
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om os holofotes virados para si, o Brasil se destaca na vitrine mundial do turismo com a aproximação dos megaeventos. A expectativa do Ministério de Turismo é que, com a passagem da Copa e das Olimpíadas, o Brasil se consolide como o terceiro mercado mundial de turismo e alcance 10 milhões de visitantes internacionais por ano até 2022. É por essa visibilidade que os órgãos responsáveis do país buscam alternativas cada vez mais integradas à tecnologia e às redes sociais para divulgar suas atrações e roteiros. Pois é isso mesmo. A tecnologia móvel transformou a forma de se fazer turismo. O acesso instantâneo à internet, redes sociais e aplicativos por dispositivos móveis, em quase todas as partes do mundo, se mostra 50
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FOTO: Divulgação
BRASIL PODE SE TORNAR: 3º MERCADO MUNDIAL DE TURISMO COM 10 MILHÕES DE VISITANTES INTERNACIONAIS ATÉ 2022 Dados do Ministério de Turismo
E S P E C I AL I NOVAÇ ÃO FOTO: Rafael Martins/Agecom
recurso precioso para aumentar a experiência das viagens. E o uso e abuso da inovação não têm limite. É possível criar centros inteligentes de dinamização turística, guias interativos, mapas com realidade aumentada, aplicativos personalizados e muito mais. Para Pere Muñoz, coordenador de projetos estratégicos da Fundação Barcelona Media, a tríplice turística é construída através da comunicação inovadora, personalização da experiência e a experiência social em larga escala. “Todas as fases do turismo permitem o acompanhamento da atividade do usuário e a possibilidade de captura de sua resposta, além do compartilhamento social”, ressalta.
Roteiros guiados e opiniões monitoradas O que os novos turistas querem é poder compartilhar, por alguns dias, as emoções do que é ser um morador da cidade, sem que precisem de um guia humano. Para isso, uma gestão atualizada da ocupação turística do território e um estudo do comportamento dos turistas tornam-se essenciais para potencializar os atrativos paisagísticos, culturais e históricos das cidades. As novas ferramentas tecnológicas propõem que a grande diversidade de informações histórico-culturais ao longo dos roteiros esteja acessível através de um aplicativo de realidade aumentada. Um exemplo são os QR Code introduzidos em ambientes urbanos, como no Rio de Janeiro, que trata-se de uma espécie de código de barras entalhado no chão e permite que tablets ou smartphones acessem o histórico e principais informações sobre o local. É também o que propõe a tecnologia de Comunicação de Campo Próximo (NFC - Near Field Communication), em fase de pesquisa pela Fundação Barcelona Media, que funcionará como um guia interativo. O dispositivo funciona com etiquetas inteligentes programáveis, que permitem acesso aos dados em vídeo, áudio ou imagens sobre os monumentos visitados. A tecnologia está programada para ser desenvolvida nos roteiros virtuais do Centro Histórico de Salvador, com a utilização da ferramenta de
visualização 5D, acrescida de imagens no formato 3D e ainda a inserção da evolução temporal do território. Dentre os roteiros contemplados estão o Pelourinho, a Feira de São Joaquim e o novo Terminal Turístico de Passageiros do Porto de Salvador.
Boca no trombone Se por um lado, as novas tecnologias proporcionam ao visitante usufruir de forma inovadora das experiências, por outro lado é necessário identificar o que as pessoas pensam e comentam nas redes sociais sobre os destinos turísticos. As chamadas análises de sentimento servem como uma forma pontual para entender qual a repercussão do destino turístico em um momento específico.
(em cima) Turistas registram e compartilham todos os pontos da cidade. (Embaixo) Os turistas e os cariocas têm a tecnologia aliada à beleza da cidade. O Arpoador foi o primeiro ponto a receber um painel QR Code no Rio de Janeiro.
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Monitoramentos via Twitter permitem um acompanhamento em tempo real da referência, enquanto outras redes compilam opiniões e apontam o nível de serviços e novidades interessantes do lugar. Feito de forma contínua, esse monitoramento pode ajudar a gestão turística a apontar tendências e comparar os comentários sobre destinos concorrentes.
Viagens compartilhadas Ficou no passado o turista que viajava sem saber o que o esperar do destino e acompanhava o bonde das operadoras de viagem. Atualmente, 70% das pessoas que viajam usam a internet como principal fonte de pesquisa para conhecer os destinos e suas atrações. As agências de viagem dão lugar aos relatos em blogs, aos sistemas de indicação interativo, como o TripAdvisor, e às hospedagens alternativas do Airbnb ou CouchSurfing. Sem limite de espaço, com periodicidade fixa e foco nas dúvidas do leitor, os blogueiros têm se firmado como os melhores parceiros de quem está querendo viajar. “Queremos ser a melhor alternativa para consulta de viagens”, admite Sílvia Oliveira, presidente da Associação Brasileira de Blogs de Viagem (ABBV). Criada há quase um ano, a ABBV foi a primeira iniciativa com essa proposta na América Latina. São 80 blogs associados com a intenção de tornar a prática mais responsável e transparente, formando verdadeiros fóruns sobre destinos turísticos na internet. Segundo uma pesquisa realizada pelo grupo em 2012, os leitores dos blogs são em sua maioria mulheres de 25 a 35 anos com curso superior e renda mínima de dez salários mínimos. Com o crescimento do poder de influência dos blogs de viagem, as parcerias com as agências e redes hoteleiras são cada vez mais comuns. A blogueira paulista Guta Cunha, do blog Vambora, é totalmente favorável a essa união: “Se o objetivo for incentivar as pessoas a conhecerem mais profundamente os destinos, acho que a tendência é cada vez mais trabalharmos juntos para melhorar as experiências de viagens das pessoas”. 52
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DUAS INICIATIVAS EM CIDADES BRASILEIRAS Voucher Único Eletrônico: Para manter o ecoturismo sustentável, Bonito instalou o voucher único, um tipo de passaporte que o turista deve adquirir nas agências de turismo da cidade para poder realizar passeios. O voucher possibilitou uma melhor gestão da entrada de visitantes e promoveu a organização de todo o trade, possibilitando uma melhor organização dos passeios.
Circuito Cultural Praça da Liberdade: O maior complexo cultural do país e o único do mundo fruto de parceria público-privada reúne oito museus e espaços culturais já em funcionamento na região central de Belo Horizonte e consagrase como um dos mais importantes circuitos culturais do país.
TECNOLOGIAS APLICADAS AO TURISMO 360º Experience: Uma viagem interativa em 360º te leva para conhecer as 12 cidades anfitriãs da Copa de 2014 de um modo que você nunca viu. Brasil Quest: No ranking dos melhores apps do The Guardian, esse é um jogo para os turistas que não conhecem o Brasil e que são contagiados com a alegria local das 12 cidadessede. Trip Planner: Planeje sua viagem conhecendo os melhores points e roteiros avaliados pelos usuários do TripAdvisor através de um aplicativo instalado no Facebook. Geoturismo Bahia: Os principais atrativos de 11 roteiros baianos estão apontados nessa ferramenta de visualização do mapa da Bahia. Até 2014, mais 30 municípios estarão participando do programa. Rio Guia Oficial: O app desenvolvido pela Ponto Mobi está disponível em três idiomas para Iphone e Android com a programação cultural do Rio de Janeiro literalmente na palma da mão. Guia Chapada Diamantina: As principais atrações da Chapada Diamantina com mapas interativos, navegabilidade on-line e off-line e dicas de onde ficar e comer no aplicativo disponível a partir do segundo semestre de 2013 nas plataformas Android e iOS.
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ECONOMIA CRIATIVA QUER GERAR UM BRASIL MAIS PRODUTIVO “Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado” Albert Einstein
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tempo é mesmo de reflexão e iniciativas. O Brasil atrai diversos investimentos e precisa unir esforços para transformar essa enorme quantidade em real desenvolvimento. Um passo nesse sentido foi a criação, em 2011, da secretaria de Economia Criativa, órgão vinculado ao Ministério da Cultura que visa fomentar, normatizar e fiscalizar as atividades da área. Mas, afinal, que área é essa? “O forte desenvolvimento de indústrias culturais ao longo do século 20 gerou um progressivo aumento da produção de bens e serviços de conteúdo simbólico e ideológico no campo dos negócios privados. Este desenvolvimento crescente de negócios no campo da cultura pode ser considerado como uma das mais importantes transformações do século, de modo que esses mercados atualmente ocupam uma posição muito importante na criação e difusão do imaginário coletivo, na produção e disseminação de conhecimento e informação”, afirmou Xavier Cubeles, do Laboratório de Cultura e Turismo da Fundação Barcelona Media. A criatividade é um impulso básico para a produção e, na economia criativa, como o próprio nome dá a dica, além de impulso inicial, a criatividade é o próprio corpus do processo. Nascido na Austrália, esse conceito ganhou o mundo e hoje é tema preponderante em debates sobre inovação
e desenvolvimento dos países. O motivo é simples: as atividades que têm a criatividade como principal matéria-prima movimentam a economia de uma forma que não pode ser mais ignorada. Através de setores criativos conceituados, como propaganda, arquitetura, artes e artesanato, a economia se mantém viva e alimenta a sobrevivência de muitos cidadãos brasileiros. AS ATIVIDADES QUE TÊM A CRIATIVIDADE COMO PRINCIPAL MATÉRIA-PRIMA MOVIMENTAM A ECONOMIA DE UMA FORMA QUE NÃO PODE SER MAIS IGNORADA
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Em quinto lugar no ranking dos maiores produtores de criatividade do mundo, o Brasil movimenta cerca de 100 bilhões de dólares por ano com o setor, correspondente a 2,7% do seu PIB, segundo análise da FirjanUnctad sobre dados do PIB mundial do Banco Mundial. Para Xavier Cubeles, existem dois grandes argumentos a favor da ação pública no setor das indústrias culturais: “O primeiro é a falta de massa crítica que permita uma confluência de recursos privados suficientes e o segundo se refere à existência de efeitos externos na esfera das atividades culturais”. Surgiu, então, a necessidade de definir políticas culturais destinadas a corrigir a situação. Cria-se a Secretaria da Economia Criativa, que, segundo a secretária Claudia Leitão, existe principalmente para os pequenos produtores criativos. “Qualquer pequeno criativo que vai a um banco volta muito triste, pois não consegue nada porque não há fundos garantidores, não há contrapartidas. Quando ele tem uma ideia, é difícil conseguir apoio do banco. É preciso que existam dados confiáveis mostrando o quanto a economia criativa é importante para a economia do Brasil, justamente para viabilizar os incentivos”, descreveu a secretária. Pouco ainda se sabe, entretanto, como este conceito impacta diretamente no desenvolvimento dos territórios brasileiros. Museu de Arte Moderna da Bahia às margens da Baía de Todos os Santos
“ESTRUTURAR A ECONOMIA CRIATIVA BRASILEIRA AJUDARÁ A FAVORECER A COMPETITIVIDADE DOS TERRITÓRIOS, COM IMPACTOS POSITIVOS NA DIMENSÃO ECONÔMICA, CULTURAL E SOCIAL” Claudia Leitão, secretária da Economia Criativa
Neste período de acelerado desenvolvimento, o país deve se concentrar em arrumar a casa para que de fato haja uma evolução no campo da produção material e simbólica. Estruturar a economia criativa brasileira ajudará a favorecer a competitividade dos territórios, com impactos positivos na dimensão econômica, cultural e social. “Estamos agora fazendo a conta-satélite da cultura do Brasil justamente para ter uma noção exata de quantos por cento do PIB é movimentado por atividades ligadas à economia criativa, para que tenhamos dados para melhorar ainda mais o fomento à cultura”, contou Claudia Leitão. Conta satélite é a somatória das nossas riquezas e produtos nacionais brutos relativos aos setores criativos. A Colômbia já fez isso, o Chile também e chegou a hora do Brasil, que desde o ano passado recolhe dados com o IBGE. A Europa criativa é um exemplo de como podemos lidar com o assunto. O programa nasceu para apoiar os setores cultural e criativo na União Europeia. A iniciativa tem como objetivo melhorar as políticas e o apoio empresarial às indústrias criativas: “Isso foi e vem sendo desenvolvido com base em uma visão ampla dos setores culturais, incluindo atividades criativas. Porque fomentar atividade criativa é fomentar o próprio desenvolvimento de um país, diversificando as formas de gerar renda, formalizando contratos de trabalho e melhorando a vida da população”, contou Xavier Cubeles. Então, que venham a Copa e as Olimpíadas, mas que esses eventos, muito mais que grandes espetáculos, mudem para sempre a vida da nossa cidade e do nosso país. [B+]
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Apoio:
SUSTENTABILIDADE
LICENCIAMENTO AMBIENTAL | 64 TENDÊNCIAS | 66 [C] SÉRGIO NOGUEIRA | 68
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MEIO AMBIENTE Bahia ganha estação de cogeração de energia em biomassa
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ENERGIA PARA
Dow Brasil e ERB inauguram estação de cogeração de energia a partir de biomassa em setembro deste ano na Bahia. Para a iniciativa acontecer, três elementos foram fundamentais: uma meta global, valores internos e cultura de inovação. A história deixa uma lição para organizações que querem iniciar uma caminhada mais sustentável por FÁBIO GÓIS
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stabelecer metas de longo prazo com demandas de curto é um dos princípios econômicos em empresas nacionais e estrangeiras, que prezam pela perenidade dos negócios. A sustentabilidade hoje, encontra-se em manter o equilíbrio entre os vorazes resultados do trimestre com as expectativas de se construir uma organização inovadora, com valores que se perpetuem ao longo do tempo. 58
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Na Dow Chemical Company, petroquímica multinacional, o objetivo corporativo é encontrar na ciência e tecnologia soluções para os desafios do planeta, o que definem como quatro megatendências: energia; saúde e nutrição; transporte e infraestrutura; e consumo. Para tanto, os princípios de sustentabilidade da Dow avançaram ao longo do tempo. Em 2005, reafirmou compromissos que incluem metas para 2015, como a proteção da saúde humana e meio ambiente, produzir soluções em química sustentável, eficiência em conservação de água e energia. Diante dos desafios propostos, foi estabelecida uma meta global de utilizar até 2025, em todas unidades da Dow, 400 megawatts de energia a partir de fontes renováveis. A iniciativa somou-se a uma necessidade econômica urgente de se rever a matriz energética do complexo industrial Aratu, em Cadeias, onde atua desde 1977. A instabilidade do mercado de combustíveis fósseis, os altos preços do gás natural no Brasil e a meta corporativa global de energia limpa
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O FUTURO
impulsionaram os diretores baianos a buscar soluções ainda fora dos padrões comuns. Afinal, o lema de seu fundador Herbert H. Dow é repetido há mais cem anos: “Se você não pode fazer melhor, por que fazer então?”. O caminho, então, foi buscar a inovação.
Produção de energia a partir de biomassa Líder das unidades industriais da Dow na Bahia, Rodrigo Silveira explica que o gás natural no Brasil custa em torno de US$14 por milhão de BTU (medida internacional de referência para a comercialização do produto), já nos Estados Unidos a Dow paga entre US$3 e 4 por milhão de BTU. “É um valor muito alto”, afirma, e acrescenta: “A gente percebeu que a tendência é aumento do preço do gás natural. Foi quando buscamos uma alternativa mais economicamente sustentável: a biomassa”. A partir de 2008, a Dow Brasil iniciou diálogos com a ERB – Energias Renováveis do Brasil, empresa especializada em geração de energia a partir de vegetais. Em dezembro de 2010, assinaram o contrato de 18 anos para a construção de uma unidade de cogeração de energia que utilizará eucalipto de reflorestamento como
matéria-prima no fornecimento de vapor ao parque industrial da Dow Brasil. A iniciativa irá substituir 200 mil m3 de gás natural por dia e reduzirá as emissões de CO2 em 180 mil toneladas por ano. As operações se iniciam em setembro de 2013. A intenção da petroquímica é diversificar a matriz energética do complexo industrial Aratu, o maior da Dow Brasil. “A empresa já tem 50% da energia vinda de hidrelétrica, que é a energia elétrica. Agora estamos pegando 50% da energia térmica, que hoje é produzida a partir de gás natural, para ser substituído por biomassa. Então, a partir de setembro, a unidade de Aratu vai operar com 75% de sua matriz energética a partir de energias limpas. A ideia não é concentrar em biomassa, nem hidrelétrica, mas sim diversificar a matriz para que fique mais sustentável”, define Rodrigo Silveira. A unidade de cogeração terá capacidade para produção anual de 1,08 milhão de toneladas de vapor industrial e 108 mil megawatts hora de energia elétrica. A unidade de Aratu representa cerca de 50 a 100MW da meta global da Dow.
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PROCESSO DA BIOMASSA CULTIVADA COM FINS ENERGÉTICOS
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Eucalipto necessário: Serão dez mil hectares de eucalipto 100% dedicados à produção de biomassa. O eucalipto é resultado de plantação em fazendas próprias da ERB e parcerias com produtores rurais.
CULTIVO DE MATÉRIA-PRIMA
Quanto: Mais de três mil hectares plantados até novembro de 2012. Onde: Cidades localizadas no litoral norte da Bahia e no interior do estado, num raio de até 200 km de Candeias. Recuperação de áreas degradadas para a formação das florestas.
Até 2013 estão previstos 700 empregos diretos e 1750 indiretos nas áreas industrial e florestal.
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Energia totalmente produzida a partir de eucalipto de reflorestamento próprio.
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PRODUÇÃO DE BIOMASSA
TRANSPORTE
ERB As árvores são transformadas em cavaco - madeira picada que será combustível para a geração de energia.
4
O material é transportado para o complexo fabril da Dow em Aratu, no município de Candeias, Bahia, por meio de caminhões e trens.
O vapor é o responsável pelo funcionamento da turbina que gerará a energia elétrica
PLANTA DE COGERAÇÃO
98% das partículas que seriam lançadas na atmosfera com a combustão da biomassa são capturadas por filtros. 3,7 hectares de eucalipto serão colhidos por dia para geração de energia.
Nesta etapa, o cavaco é direcionado para uma caldeira para geração de vapor de alta pressão. Durante esse processo, todo o vapor de exaustão da turbina é reaproveitado.
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ENERGIA 12 MW serão comercializados por meio da rede elétrica da Bahia. Essa energia é suficiente para suprir o consumo de
DOW
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Redução dos custos para produção de vapor
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Redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE)
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Redução de 200 mil m³ de gás natural = 180 mil toneladas/ano de CO²
224 mil habitantes, o que equivale a uma cidade pequena
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“Nós não podemos fazer nada que seja bom para o meio ambiente e não seja sustentável economicamente, nem nada que seja apenas sustentável economicamente e não seja para o meio ambiente. Essa é uma solução ganha-ganha” Rodrigo Silveira, líder das unidades Dow na Bahia
Inovação nos processos O projeto tem o investimento de R$265 milhões, incluindo o plantio e cultivo do eucalipto e as instalações industriais na unidade de Candeias. “O que tem de inovador nesse processo é substituir um combustível tradicional por um combustível renovável, uma vantagem de custo para a Dow, reduzindo a conta de energia, e a ERB faz todo o investimento. Em contrapartida, o cliente assina um contrato de consumo desse vapor de longo prazo”, explica Paulo Vasconcelos, diretor-executivo da ERB, que trabalha com organizações que querem substituir a matriz energética baseada em óleo e gás. “Estudamos diversos tipos de biomassa, inclusive a primeira que optamos foi o capim-elefante, mas concluímos que a melhor opção seria mesmo o eucalipto, por conta de o Brasil ter tradição nesse cultivo e uma indústria de celulose muito forte, com tecnologia agrícola de ponta”, conta Rodrigo Silveira.
Paulo Vasconcelos explica que o eucalipto já é explorado no nordeste da Bahia e adaptado ao solo e clima da região. Também é um tipo de cultura que pode ser colhida durante todo o ano, diferente das gramíneas, como o capim-elefante e a cana-de-açúcar. “Em nossas pesquisas, o capim-elefante ainda não se demonstrou 100% viável para rodar uma termelétrica com os níveis de exigência que uma indústria precisa”, defende Vasconcelos. Porém o uso de terras para plantio com fins de geração de energia é um debate global. A solução da ERB foi de não investir em terras com vegetação em pé e nem competir com terras com plantações de alimento. “Nós plantamos em áreas onde existiam pastagens degradadas, onde a exploração era muito incipiente. Um exemplo foi quando arrendamos uma fazenda de um produtor de leite que estava quase quebrando. Alugamos metade da fazenda e, com o dinheiro que ele recebeu, conseguiu investir na produção, melhores FOTO: Divulgação
Durante todo o processo, serão plantados dez mil hectares de eucalipto
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FOTO: Divulgação
pastagens e confinamento adequado. O resultado é que ele conseguiu melhorar a produção de leite e ainda garantiu o recurso do arrendamento”, conta o diretor da ERB. São quatro mil hectares já plantados em fazendas do norte e nordeste da Bahia, em munícipios como Esplanada, Acajutiba, São Francisco do Conde e Mata de São João, e a previsão é de plantar mais seis mil hectares durante o andamento do projeto. Entre as contrapartidas sociais, a planta da ERB vai gerar cerca de 700 empregos diretos, desde a fazenda até a geração de energia, e 1.750 indiretos nas áreas industriais e florestais. “Socialmente, é um investimento para a Bahia. É um projeto todo estruturado no estado, em fazendas baianas, com a produção de energia e consumo internos. Ele vem diversificar a matriz energética e reduzir a dependência do gás natural, que hoje é um entrave à competitividade das petroquímicas”, defende Rodrigo Silveira. Porém, investir em sustentabilidade pressupõe mudanças de comportamento. E como fazer isso em uma organização consolidada, com práticas operacionais bem definidas?
Quebrar paradigmas rumo à sustentabilidade Implementar uma cultura de inovação em um processo produtivo que já está consolidado envolve desafios. Afinal de contas, um responsável por operações segue padrões há muito tempo e tem receio em mudar, pois será cobrado em manter a confiabilidade do processo. A ERB teve que comprovar que possui condições de construir uma termelétrica que atenda todos os requisitos de uma petroquímica. “Imagina convencer os engenheiros de Houston, que estão acostumados a abrir um registro e sair o gás, de que a partir de agora toras de madeiras vão entrar na unidade deles, ser cavaqueadas, passar o cavaco por uma esteira... É uma coisa muito diferente. Foi assim que surgiu um trabalho muito forte de aproximação das nossas equipes de engenharia para conseguir o conforto técnico necessário”, relembra Paulo Vasconcelos. 62
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Instalação da caldeira na unidade de produção de energia
Porém, segundo Paulo, clientes interessados nesse tipo de avanço têm um direcionamento corporativo muito forte para a sustentabilidade: “Com esse empenho, a busca por soluções tornou-se alinhada entre nossas equipes, o que ajudou muito no caso da Dow”, conclui. O interesse da petroquímica multinacional vai além das práticas internas, como definiu Rodrigo Silveira. Segundo o líder local, a energia limpa é uma megatendência mundial porque o mundo tem escassez de energia: “A China cresce, a Ásia cresce e a gente vê a redução de energia fóssil. Temos como viés focar nas energias limpas. Assim como usar essas energias, investimos alto para criar produtos que contribuam com a geração de energia renovável no mercado”. Recentemente, a empresa inaugurou na Suíça um centro tecnológico que investe em pesquisas para viabilizar e baratear a energia eólica, onde são testadas novas tecnologias. Entre as novidades estão as resinas epóxi, que cobrem as pás dos aerogeradores, tornando-as mais resistentes a intempéries e o revestimento de espuma de poliuretano para que as turbinas eólicas (os motores que ficam atrás da pá) tenham o ruído reduzido, melhorando a poluição sonora. “A Dow investe em energias limpas por três motivos: primeiro, por conta da pressão ambiental, que achamos ser o futuro; segundo, pela pressão econômica; e, terceiro, pela pressão de reservas de energia. Acreditamos que esse é um desafio da humanidade”, pontua Silveira, deixando em aberto que novidades estão por vir. [B+]
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A FALTA QUE O PLANEJAMENTO FAZ FOTO: Mateus Pereira/GovBA
Celebrar assinatura de contrato que firma a instalação de uma empresa na Bahia, mas esbarrar em trâmites legais fundamentais como o licenciamento ambiental revela uma falta de planejamento para cumprir metas e prazos que afeta toda a economia por ROGÉRIO BORGES
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uando a chinesa JAC Motors anunciou o início da construção de uma fábrica de automóveis em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, em outubro do ano passado, a expectativa era que a terraplenagem começasse duas semanas depois. Dependia apenas do licenciamento ambiental de mais uma fábrica em pleno Polo Industrial. Naquele ponto, o governo da Bahia comemorava dois anos de esforços, incluindo uma visita à China. “Antes de dezembro de 2014 acreditamos que será possível ver o primeiro JAC Motors baiano”, disse Jaques Wagner na ocasião. O lançamento da “pedra fundamental” da obra viria quase dois meses depois, em cerimônia que contou com a presença de Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e de An Jin e Sérgio Habib, presidentes da JAC Motors da China e do Brasil. Um exemplar do modelo JAC J3 foi enterrado no local, como numa “cápsula do tempo”. No carro há fotos, textos e objetos variados para recuperar em 2032. 64
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Seis meses depois, contudo, a terraplenagem continuava à espera daquela licença ambiental, destinada à implantação de uma fábrica num polo industrial com mais de 30 anos. Reub Celestino, coordenador do Grupo Executivo da Indústria Automotiva do Governo do Estado, reconheceu o entrave em declarações à imprensa no mês passado. Um ano atrás, ao receber o primeiro lote de mil veículos da marca chinesa no porto de Salvador, o governador Jaques Wagner disse que as licenças já estavam sendo tratadas. A distribuição dos automóveis importados, até então desembarcados no Espírito Santo, passou a ser feita a partir da Bahia em função de um acordo firmado pelo governo baiano envolvendo a implantação da fábrica. A construção da unidade deve levar 16 meses. Outros seis meses seriam dedicados à instalação do maquinário e à formação da mão de obra, de acordo com o cronograma apresentado em 2012. Mesmo que as máquinas comecem a movimentarse este mês, só em 2015 “será possível ver o primeiro JAC Motors baiano”. O compasso de espera posterga a geração de cerca de 3,5 mil empregos diretos e outros dez mil indiretos, em postos de trabalho que a indústria prometeu preencher com mão de obra baiana em 95% dos casos. “Nossa mão de obra vai ser formada no Cimatec, que é um centro de excelência nessa
área”, afirmou Habib em outubro do ano passado. O empreendimento, que envolvia investimentos de R$900 milhões para instalar uma capacidade de produção de 100 mil unidades anuais já foi ampliado para R$1 bilhão. A ideia agora é produzir também caminhões em Camaçari. O governo federal teria feito a sua parte ao decretar novas regras destinadas a estimular a instalação de indústrias automobilísticas no país, aumentando o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis importados e estabelecendo prazos para a nacionalização dos produtos. A ideia é alavancar também a instalação de indústrias fornecedoras de peças e componentes automotivos. O carro a ser produzido em Camaçari, desenvolvido por engenheiros brasileiros e estrangeiros, seria inteiramente diferente dos modelos da marca atualmente vendidos no Brasil, tanto no design como nos componentes. Trata-se de um “projeto específico para o Brasil, com motor, câmbio e carroceria totalmente diferentes”, disse Habib. “Não haverá nenhuma peça no carro a ser fabricado na Bahia comum com o similar que será produzido na China”, garantiu.
No ano passado, Volney Zanardi Júnior, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), alertou para a qualidade dos projetos que são apresentados para licenciamento. Ao falar no Congresso Brasileiro de Energia, no Rio de Janeiro, Zanardi recusou o papel de “entrave” que normalmente se atribui ao licenciamento. “Os projetos, de forma geral, são péssimos”, afirmou. Via de regra, precisam ser refeitos pelos empreendedores e daí a impressão de demora no processo. A advogada Marcia Heloisa Buccolo, especialista em direito administrativo e ambiental e sócia do escritório Edgard Leite Advogados, afirma em artigo que “esses entraves, originados, via de regra, da falta de planejamento, decisões e ações adequadas, podem, e deveriam, ser evitados, através de realização de uma avaliação ambiental estratégica prévia, consistente e séria”. Para ela, “apesar de investirem massivos recursos financeiros na ampla divulgação pela mídia — especialmente quando se trata de empreendimentos de grande magnitude, de interesse da população ou de forte impacto financeiro —, os empresários resistem a agir no momento oportuno e contribuir, efetivamente, para que a contratação seja a mais adequada possível”. [B+]
FOTO: Valter Campanato/ABr
Geração de energia eólica por (alguns) fios O licenciamento ambiental – tido como obstáculo à concretização de investimentos – está em pauta também no setor de geração de energia eólica na Bahia. Também no Polo Industrial de Camaçari, foi inaugurada em maio a fábrica de geradores eólicos da Torrebras, a primeira do estado. O faturamento anual está estimado em R$120 milhões, para gerar 235 empregos diretos e 55 indiretos. O empreendimento, que envolve investimentos de R$21 milhões, é fruto de um protocolo de intenções assinado há dois anos com o governo. A capacidade projetada poderá produzir até 200 torres eólicas por ano a partir do terceiro ano de operação. As turbinas vão equipar os futuros parques eólicos. Vários deles estão já de pé – com as hélices girando em falso apenas para manter a lubrificação das juntas. Falta instalar as linhas de transmissão que levariam a energia elétrica aos centros de consumo.Mais uma vez, de acordo com os responsáveis por essa etapa do sistema, falta resolver o licenciamento ambiental.
“Os projetos, de forma geral, são péssimos” Volney Zanardi Júnior, presidente do Ibama
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Eugênio Spengler, secretário do Meio Ambiente
ENTIDADES SE UNEM PARA MODERNIZAR A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DA BAHIA
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Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) assinaram, junto ao governo e à ONG Conservation International (CI) do Brasil, um termo de cooperação para modernizar o atual modelo de gestão ambiental no estado da Bahia. A parceria prevê a criação de normais legais, como decretos, portarias e leis que irão detalhar aspectos específicos da legislação ambiental do estado. A CI, que já atua na Bahia há 15 anos, irá aumentar a qualidade técnica e a agilidade nos processos de licenciamento ambiental. “Nosso papel é facilitar o aprimoramento dos mecanismos, aportando pessoal técnico qualificado e recursos financeiros para que o processo de discussão e reformulação seja realizado”, explica Luiz Paulo, diretor sênior da CI. “O modelo atual está ultrapassado e os processos estão atrasados em todo o país. Do jeito que ele está, não se protege o meio ambiente, nem se promove desenvolvimento”, afirmou o secretário estadual de Meio Ambiente, Eugênio Spengler. A iniciativa prevê a revisão e o aperfeiçoamento de 15 normas de licenciamento ambiental regulamentadas, que abrangem praticamente todos os segmentos produtivos do estado, como pesca e agricultura, setores da energia eólica, mineração, entre outras. Na prática, o termo vai possibilitar o trabalho da CI durante 12 meses, com recursos de R$500 mil aportados por 14 entidades entre sindicatos, associações e empresas.
BRASIL KIRIN INVESTE EM ENERGIA EÓLICA PRÓPRIA A empresa, fruto da japonesa Kirin Holdings Company com a aquisição da Nova Schin em 2011, tem como visão estratégica construir um novo posicionamento no setor de bebidas. A Brasil Kirin busca aprofundar seu conhecimento sobre o consumidor brasileiro, seus hábitos e costumes em diferentes regiões do país - na Bahia, a organização tem um complexo industrial no município de Alagoinhas. Durante o evento Sustainable Brands Rio, realizado nos dias 8 e 9 de maio, o CEO Gino Di Domenico anunciou que a marca de bebidas está investindo significativamente para produzir energia própria com a construção de uma planta de energia eólica, no Ceará, que será responsável por um terço do consumo das unidades em todo o país. A planta deve entrar em funcionamento a partir de 2014.
FOTO: Eduardo Magalhães
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS O Dia Mundial do Meio Ambiente começou a ser comemorado em 5 de junho de 1972 com o objetivo de promover atividades de proteção e preservação do meio ambiente e alertar o público mundial e governos de cada país para os perigos de negligenciarmos a tarefa de cuidar da natureza. Com efeito, foi em Estocolmo, nesta data, que teve início a primeira das conferências das Nações Unidas sobre o ambiente humano e por esse motivo foi a data escolhida como Dia Mundial do Meio Ambiente. Assim, é imprescindível o despertar de uma consciência ecológica, em que o ser humano tenha convicção de que faz parte da natureza, como um todo indissociável. Para todos os baianos, a melhor forma de celebrar a natureza é se banhar nas águas mornas da Baía de Todos os Santos (BTS) e nada melhor do que enfatizar ações para seu desenvolvimento sustentável. Mergulhei, então, na problemática jurídica da BTS nos aspectos legais, ambientais, econômicos e sociais, avaliando o passivo ambiental ocorrido no período de 2000 a 2011. O que se encontra ali é a necessidade de soluções de inovação na gestão da baía, focando na importância da criação da Agência de Gestão da Baía de Todos os Santos. A crescente complexidade das demandas da BTS resulta de ela ter competências administrativas de cerca de 14 municípios do seu entorno, múltiplas instituições com competências ambientais legais sobre a mesma área, constituindo um conflito de normas que dificultam a emissão de licenças ambientais para novos empreendimentos e sua correta fiscalização. Como presidente do Rotary BTS, tive a oportunidade de participar de reuniões do conselho gestor da Área de Proteção Ambiental Baía de Todos os Santos, criada pelo Decreto 7.595/99, que tem função 68
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apenas consultiva, ou seja, carece de poder para efetivamente operacionalizar a requalificação da BTS que passa pela elaboração de um plano de manejo e seu zoneamento ecológico-econômico, que ainda estão em fase inicial. Vale lembrar que, em outubro de 2011, foi promovido um importante seminário na sede da Fieb, coordenado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, com apoio do Rotary BTS, onde a Associação Comercial da Bahia assinou um convênio com a Agência de Desenvolvimento e Preservação da Baía de São Francisco (EUA), através do seu presidente Sean Randolph e conselheiro Geoffrey Gibbs, para troca de tecnologia e informações para promover o desenvolvimento sustentável da região da Baía de Todos os Santos. A Baía de São Francisco, na Califórnia, já avançou na sua governança há décadas. Agora nos encontramos no momento de avançar no desenvolvimento sustentável da nossa baía, aproveitando a revitalização do porto de Salvador para colocarmos em funcionamento a Via Náutica, da praia da Barra à Ribeira, e assim promover uma alternativa de mobilidade urbana, além de possibilitar o incremento do turismo náutico, cultural e religioso, ao ampliar o circuito de embarcações para dar cobertura a todas as ilhas da BTS. Também devolver aos soteropolitanos o acesso ao Forte São Marcelo, e, finalmente, construir a tão sonhada imagem da Nossa Senhora da Baía de Todos os Santos, sob a liderança de D. Murilo Krieger, arcebispo da Arquidiocese de Salvador, a ser instalada na Ponta de Nossa Senhora, na Ilha dos Frades, com cerca de 32 metros de altura, mesma do Cristo Redentor, que poderá ser vista de todos os cantos da baía, inclusive de noite, com uma iluminação especial, um verdadeiro presente para a nossa cidade, que receberá suas bênçãos.
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SÉRGIO NOGUEIRA REIS
Advogado, autor do livro Direito Ambiental na Baía de Todos os Santos www.sergionogueirareis.com.br
LIFESTYLE ESTILO | 77 [C] BIANCA PASSOS | 80 SABOR | 82 NOTAS DE TEC | 84 [C] INGRID QUEIROZ | 86
70 DIÁRIO DE BORDO: ÁFRICA DO SUL
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REFERÊNCIAS PARA INSPIRAR A INOVAÇÃO As experiências de cinco arquitetos em uma jornada cultural pela África do Sul, país rico em contrastes e belezas naturais por GINA REIS 70
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frica do Sul. Um país ensolarado, reconhecido por sua diversidade cultural e étnica, e com fauna e flora incomparáveis. Esse foi o destino escolhido pelo Núcleo de Decoração da Bahia para promover, no mês de abril, um encontro cultural entre arquitetos e designers baianos. A convite da Revista [B+], cinco viajantes – Wagner Paiva, Aline Cangussú, Marlon Gama, Milena Sá e Flávio Moura – registraram suas passagens pelo país de Nelson Mandela e compartilharam impressões em um diário de bordo que nos transporta para as maravilhas de Joanesburgo, Sun City, Cape Town, além do Parque Nacional de Pilanesberg.
Primeiros passos Conhecida como a capital do ouro e dos diamantes, Joanesburgo é a porta de entrada para a nação sul-africana. É a cidade mais populosa do país, tornando-a ainda mais dinâmica e agitada. Em Joanesburgo, construções arrojadas dividem espaço de forma harmônica com as belezas naturais, que podem ser vistas em seus mais de dois mil parques, além da presença forte da cultura africana. É aqui também o ponto de partida dos viajantes. “Nossa primeira parada foi em uma feira de artesanato na estrada, entre Joanesburgo e Sun City. Já nesse pequeno complexo, pude perceber o valor e a importância dados à arquitetura. Eles conciliam muito bem os prédios típicos com novas propostas. Exploram materiais locais e apresentam volumetria elaborada nos novos prédios. O artesanato é muito elaborado e de extremo bom gosto”, destaca Wagner Paiva. A chegada a Sun City é cheia de expectativas. A cidade é um complexo de entretenimento, com hotéis, cassino, safári, cinemas e uma série de passeios, localizado a 190km de Joanesburgo. Em Sun City, tudo ostenta luxo e extravagância. O grupo ficou hospedado no hotel seis estrelas The Palace Of Lost City (O Palácio da Cidade Perdida), também conhecido por The Palace. “Fiquei impressionado. Nunca tinha visto nada tão temático que fosse tão chique, tão imponente, tão real. É como se aquele cenário coubesse exatamente ali e fizesse seu papel da melhor maneira possível. Os detalhes das paredes, do piso, do teto, do mobiliário. Tudo, realmente, é digno de aplauso”, recorda Flávio Moura. Conta uma lenda que uma antiga civilização do norte da África viajou para o sul para construir um palácio em homenagem a seu rei. Durante a viagem, eles encontraram uma enorme cratera de um vulcão já em extinção. Um lugar com criaturas magníficas que passeavam entre riachos e cachoeiras nunca vistos. O rei ficou maravilhado e decidiu construir ali seu palácio. Após um terremoto, o palácio tornou-se ruínas até ser restaurado. O fabuloso The Palace é considerado uma das maravilhas do mundo moderno. “Devo dizer que a primeira impressão é de estarmos em Las Vegas, mas o contexto é muito apropriado. A gente se sente em um filme, pela força da natureza e suntuosidade do hotel”, afirma Wagner Paiva.
FOTOS: Paulo Sousa
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FOTO: Flavio Moura
Para Marlon Gama, os detalhes e a grandiosidade do The Palace são um fascínio. Como exemplo, algumas preciosidades, como os puxadores das portas em forma de elefante e as arandelas em forma de macaco. O paisagismo e a decoração exploram com maestria uma das principais riquezas do continente. “Apesar de a África parecer um lugar árido, ela é uma grande produtora mundial de flores. A King Protea é um exemplar dessa diversidade de espécies que pode ser vista em diversos ambientes, em estampas de tecidos, quadros e outros acabamentos”, afirma Aline Cangussú. Para Milena Sá, é um hotel repleto de peculiaridades. “Sua riqueza temática é coroada com a extravagância dos acabamentos, sempre com referências à fauna e flora locais, executados com materiais nobres como o mármore, o bronze e a madeira”, destaca.
Novas sensações Sobrevoar o Parque Pilanesberg ao nascer do sol tendo aos seus pés a imensa savana africana é inesquecível. Durante a passagem por Sun City, Flávio Moura venceu o medo de altura e viveu intensamente essa emoção. “Fizemos o passeio do Hot Air Ballooning, que é uma das maneiras mais emocionantes de apreciar a paisagem e a vida selvagem. Saímos de madrugada do hotel direto para o Parque Nacional Pilanesberg. Foi incrível ver o sol nascer, voar sobre as nuvens e sentir a paz que é flutuar”, conta Flávio. 72
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Os passeios incluíram ainda visitas ao pequeno zoológico perto do hotel e ao parque onde elefantes são criados e treinados para o contato humano. Um jantar de gala, promovido pelo Núcleo de Decoração da Bahia, encerrou mais um dia na suntuosa Sun City.
Expedição pela África selvagem “O ponto alto da viagem é sem dúvida o safári”, conta, entusiasmado, Marlon Gama. A aventura começa com a hospedagem no Ivory Tree Lodge, localizado em uma área privada de 12 mil hectares repleta de vida selvagem. “O Lodge está inserido no Parque Nacional de Pilanesberg. Além de proporcionar aos seus hóspedes uma charmosíssima decoração, é um ambiente completamente inserido na natureza”, afirma Milena Sá. Seus bangalôs ficam distribuídos no meio da mata, respeitando o seu entorno com implantações da arquitetura de forma natural e harmônica com todo o contexto. Para Wagner Paiva, esse programa foi o mais africano de todos. “Saímos para dois safáris, um no final da tarde e outro às quatro da manhã – horário que os Big Five estão ativos”, recorda. Big Five é uma expressão típica de safári que se refere aos cinco mamíferos selvagens de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem. São eles: o leão, o elefante africano, o búfalo-africano, o leopardo e o rinoceronte. O percurso é feito por guardas florestais, em carros abertos, que permitem um contato direto
com a natureza. O desafio é a descoberta dos animais selvagens no safári. “A beleza natural do pôr e do nascer do sol nos campos de capim dourado é inesquecível. Posso até afirmar que roubam a cena do encontro com os animais”, declara Wagner Paiva. Em um clima bastante descontraído, o grupo vivenciou todas as belezas de uma aventura na África. “Tivemos a oportunidade de ver todos os animais super de perto. É um misto de medo e fascinação pela cor, textura e beleza das peles”, conta Marlon Gama.
As maravilhas de Cape Town A popularidade turística de Cape Town (Cidade do Cabo) é compreendida por todos que têm o prazer de conhecê-la. Classificada pelo Guinness como uma das seis cidades mais lindas do mundo, é famosa pelo seu porto natural, incluindo marcos bem conhecidos, como a Tábua do Cabo ou Table Mountain (montanha da mesa) - adotada como uma das sete maravilhas naturais do mundo. “Essa talvez seja a vista mais incrível que já vi. Dá para ver a cidade em todo seu esplendor. Você se sente mesmo em contato com a natureza e mais perto de Deus”, confessa Wagner Paiva. São mais de mil metros de altitude. A subida é feita em bondes. O passeio dura aproximadamente duas horas. A região, emoldurada por montanhas e um mar verde esmeralda, tem ainda uma boa gastronomia, com excelentes restaurantes e inúmeras vinícolas. Aline Cangussú faz questão de destacar a qualidade
FOTOS: Paulo Sousa e Wagner Paiva
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Inspirando novos olhares
do vinho africano. “Nos últimos anos, os vinhos sul-africanos têm ampliado sua popularidade em todo o mundo. Com mais de 300 anos de história, os vinhos dessa região refletem as tradições do mundo antigo, influenciados pelo mundo novo”, afirma. Entre os vinhos tintos mais conhecidos e admirados estão o Cabernet Sauvignon, Merlot, Shiraz, Pinot Noir e o Pintoage (variedade quase que exclusiva da África do Sul). O hotel escolhido para receber o grupo do Núcleo de Decoração da Bahia foi o Table Bay. Situado em uma área portuária completamente revitalizada, o hotel exibe uma decoração suave e aconchegante com tema costeiro. Essa área possui uma série de restaurantes em seu entorno, além de ficar ao lado de um shopping com excelentes grifes. Para aproveitar as delícias gastronômicas, Wagner Paiva indica uma passagem pelo Restaurante Baía: “Você pode saborear uma lagosta maravilhosa e vinhos locais extraordinários”. As feiras de artesanato exibem suas cores e texturas em todos os pontos turísticos de Cape Town. Milena Sá e Wagner Paiva ressaltam a manufatura sofisticada feita, sobretudo, em madeira e contas – uma tradição local. Os preços são considerados justos. Um dos maiores ícones da cultura local é o tecido africano. “Através de suas cores e motivos das estampas, os tecidos mostram a todo o mundo o cotidiano da população africana”, conta Aline Cangussú. Cenas de caça e guerra, máscaras e adornos corporais, religião e valores étnicos e morais são os temas mais usuais que transformaram o tecido africano em símbolo do patrimônio cultural no mundo. “As combinações de texturas e cores criam inúmeras possibilidades para a decoração de ambientes e criação arquitetônica. Tanto no uso de tecidos, tintas e acabamentos, quanto na concepção de espaços como jardins”, afirma a arquiteta.
Durante uma jornada de nove dias vivenciando os costumes e as maravilhas da África do Sul, os olhares e sentidos desses experientes nomes da arquitetura e do design baiano se tornam ainda mais aguçados. Suas percepções referentes ao país sul-africano se transformaram em possibilidades criativas que, com certeza, poderão ser reconhecidas em seus futuros projetos. “Depois dessa viagem à África, com certeza aprimorarei a simetria nos meus trabalhos. Após visitar locais com proporções tão perfeitas na arquitetura, é natural sermos ainda mais rígidos”, afirma Marlon Gama. Segundo ele, o arquiteto trabalha com memória fotográfica. “Será inevitável o uso de referências dessa viagem nos próximos trabalhos. Por exemplo, a utilização dos chifres, pedras, ossos em forma de forrações de paredes, objetos”, garante. O planejamento urbano bem definido e criterioso visto nas cidades da África do Sul chamou a atenção de Wagner Paiva. “Há uma relação muito feliz com a escala humana. O skyline natural e o patrimônio histórico são respeitados e preservados. A arquitetura tradicional usa muitos materiais e sistemas construtivos locais. O que coincide muito com minha linha de projetos. Sigo essa lição rigorosamente”, destaca Wagner Paiva. A identidade da cultura local é preservada e valorizada por toda a parte. Um bom modelo visto por Aline Cangussú foi o uso de tambores na decoração de um restaurante. “Os tambores são um dos símbolos mais tradicionais da música local que representam muito bem o povo africano. Os instrumentos dispostos no salão em diferentes alturas e grande quantidade deram ritmo visual na composição do espaço. É um excelente exemplo de como utilizar na decoração objetos e elementos inicialmente produzidos para outros usos, mas que tenham forte apelo estético e cultural”, afirma. Para Flávio Moura, foi incrível e emocionante viver essas experiências na África do Sul. Sendo impossível, de alguma forma, não associá-las ao que temos aqui na Bahia. [B+] FOTOS: Paulo Sousa e Wagner Paiva
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QUESTÃO DE FÉ
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FOTO: Rômulo Portela
Nascida no Centro Histórico de Salvador e criada no ateliê de costura da mãe, a designer baiana Nea Santtana passou anos vivendo entre o universo de festas religiosas e a produção de figurinos até perceber que suas roupas haviam ganhado uma identidade própria, digna de uma marca profissional por CAROLINA COELHO
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a união da religião e da moda, nasceu a marca Nea Santtana, criada pela menina-mulher que aprendeu ainda criança as artimanhas do corte e costura com a mãe. Hoje com 27 anos e casada com o profissional de marketing João Torquato, ela não usa mais a varanda da casa da família no Pelourinho para expor aos visitantes suas roupas feitas com as fitinhas do Senhor do Bonfim. Seus modelos agora desfilam nas passarelas do Made in Bahia e da Expo de Moda, chamando a atenção daqueles que nunca imaginariam que a mesma fitinha que faz sucesso nos braços dos turistas serviria para fazer looks inteiros, da cabeça aos pés. São vestidos, saias, camisas, acessórios, calçados e objetos de decoração e de escritório produzidos com uma das lembranças mais tradicionais da terra baiana. A bandeira do Brasil foi a primeira e a mais trabalhosa das produções costuradas. Foram dois meses e meio de trabalho para presentear a mãe. Depois de ver a ideia realizada, ela não parou mais. A vontade de profissionalizar o negócio a fez se inscrever em mais de cinco cursos técnicos do Senac e Senai. De lá para cá, comprou equipamentos profissionais, formou uma equipe de freelancers e fez contato com fornecedores de São Paulo e Minas Gerais que enviam a principal matéria-prima das suas confecções. “As fitas do Senhor do Bonfim vendidas aqui não são de boa qualidade, elas não têm durabilidade. Salvador também é muito carente de aviamentos para costura, quando se acha algo bom é muito caro e se torna inviável comprar”, afirma Nea. Com a chegada de grandes eventos no Brasil, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a designer vê um bom futuro pela frente. Atualmente ela está em processo de formatação de produto e criação da coleção de Verão 2014, com 20 novos modelos que terão tecidos ecologicamente corretos e serão mais comerciais, para ter preço acessível a vários tipos de público. “Depois disso é se vestir de sorte e fazer os pedidos”, comemora. [B+]
FOTO: Divulgação
FOTO: Rômulo Portela
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MAQUIAGEM SEM TRUQUES por
CAROLINA COELHO
Você acredita em truques de maquiagem? O maquiador Doda Guedes não. Para ele, uma boa maquiagem não tem segredo, bastam alguns cuidados e dicas para deixar a beleza natural da mulher falar por si mesma TRATO COM A PELE O primeiro passo para uma boa maquiagem é o cuidado cotidiano com a pele. Protetor solar e hidratante facial nunca são demais. Uma pele boa, sem muitas manchas, rugas ou marcas de espinha, evita a necessidade de usar muitas camadas de maquiagem e do seu rosto parecer artificial demais. ENCONTRE SUA COMBINAÇÃO A tendência máxima da maquiagem não é a cor do verão ou o hit do inverno e sim ser fiel ao seu estilo. “Se você gosta de abusar, abuse, se não gostou, não use. Não deixe a maquiagem virar fantasia, procure o que fica bem em você”, ensina Guedes.
MITO DESVENDADO As marcas estrangeiras nem sempre são melhores do que as nacionais. “Os produtos brasileiros são tão bons quanto, com o diferencial de que são pensados para o clima local”. ESTILOS REGIONAIS Enquanto no Rio de Janeiro a moda é ser natural, em São Paulo a megaprodução ataca. E na Bahia? “Na Bahia impera a alegria e na maquiagem não poderia ser diferente. As baianas andam do jeito que se sentem felizes e por não terem medo de errar, não erram”, finaliza Doda. FOTO: Divulgação
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maquiador e beauty artist Doda Guedes trabalha há 20 anos com moda e publicidade, maquiando clientes como Sharon Stone, Malu Mader e Hebe Camargo, e confirma que realmente existe a teoria da insatisfação crônica feminina: “Toda mulher acha que é toda cheia de defeito, ninguém é satisfeito e todo o mundo sempre quer mais”. Então, se você quer dar um retoque no visual e sentir-se bem e confiante em uma reunião de trabalho ou em um passeio com a família, o maquiador dá conselhos para a produção do dia a dia. 78
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10 DICAS DE MAQUIAGEM POR DODA GUEDES [1] Um curso básico de maquiagem já é suficiente para você saber se virar em diferentes situações sociais. [2] Produto bom te deixa bonita ao mesmo tempo em que cuida da sua pele. [3] Bom senso é fundamental. Cuidado com o exagero! [4] Na dúvida, vá sempre para o menos do que para o mais. [5] Use o mínimo de maquiagem em ocasiões com muita exposição ao sol. [6] Não existem regras para maquiagem. Vale tudo que faça você se sentir bem. [7] Para cidades quentes, use produtos com menos óleo e um fluido hidratante facial. [8] Maquiagem estilo cara de boneca não existe mais. Ressalte a naturalidade. [9] Uma boca bem marcada é tendência eterna. Olhão e bocão também estão liberados. [10] cinco produtos chave para uma boa maquiagem: uma boa base, corretivo, blush, máscara para cílios e batom ou gloss.
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CLÔ OROZCO E O PREÇO DA MODA NO BRASIL O QUE A GRANDE DAMA DA MODA BRASILEIRA TEM A VER COM O MERCADO BRASILEIRO
BIANCA PASSOS
Empresária e consultora de marketing 80
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Quem acompanha a moda no Brasil de forma profissional já sabia que a Huis Clos, marca da estilista Clô Orozco, passava por dificuldades financeiras, à margem do mercado que ela ajudou a formar. Também era um fato que a estilista estava com depressão, o que acabou levando a um desfecho triste, sua morte em 28 de março. A estilista representa o que anda de errado no mercado de moda brasileiro. A verdade é que grandes nomes da moda nacional lutam para continuar vivos, mas quando desistem das passarelas, perdem tudo, pois não têm como renovar o line-up das semanas de moda do Brasil. Revelações como Vitorino Campos são poucas. A moda brasileira torna-se cada vez mais fast fashion. Os grandes conglomerados são os que talvez consigam mostrar a nossa cara no exterior. Pouca identidade, pouca qualidade, mas de giro fácil. A cara brasileira poderia ter uma Huis Clos como representante, com investimento de grande marca, símbolo de uma moda nacional robusta. Clô não era a única criadora de sua geração com problemas financeiros. Muitos não conseguem parar suas carreiras porque não têm como pagar suas dividas, então as deixam rolar levando uma coleção após a outra. A morte de Clô deve servir para que ocorra um debate mais profundo sobre quais os elos fortes e fracos da indústria da moda. Como essa cadeia é trabalhada no Brasil por governo, grandes empresas e os demais atores comerciais. Podemos elencar alguns pontos de discussão: o prazo de lançamento da coleção e a entrega das peças às lojas são bastante curtos, prejudicando também os fornecedores,
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que muitas vezes começam a produzir antes dos pedidos realizados pelos lojistas, podendo apostar de forma equivocada em alguns produtos. Os lojistas, que não possuem tempo para vender eficientemente a coleção de toda a estação, mesmo sem saberem qual será a saída, já que as grandes marcas não trabalham com pronta entrega, e assim, se veem obrigados a liquidar no auge da estação. Quem paga pelas peças que não são vendidas é o consumidor final, um dos motivos pelos quais as roupas brasileiras são tão caras. Outro empecilho para a competitividade do setor é a alta carga tributária: de acordo com a Associação Brasileira da Indústria têxtil (Abit), os impostos correspondem atualmente a 40% do valor do produto final. Some a isso, o cenário cambial que ficou por muito tempo com o dólar fraco e o real forte, deixando o produto nacional mais caro que o estrangeiro. O preço das roupas sobe mais ainda com a má administração de recursos públicos, como energia elétrica, combustível e portos sucateados. São inúmeras as variáveis que determinam o preço da moda no Brasil. A China e a Índia têm uma produção com preço e qualidade que nós estamos longe de ter. A moda no Brasil está num impasse: temos impostos altos e taxas alfandegárias caras, além de leis trabalhistas obsoletas, e não temos uma marca da moda consolidada no exterior. É preciso modernizar os processos de produção e de tributação, e conceder linhas de crédito, para tentar amenizar o quadro. E não é apenas o governo ou somente o setor privado, separados, que vão solucionar este problema. É preciso ter uma ação conjunta para que, de fato, tenhamos produtos sofisticados com a cara do Brasil e preços competitivos.
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LUGAR DE MÉDICO É NA COZINHA por CAROLINA COELHO
fotos RÔMULO PORTELA
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om um vinho adequado para cada prato, o jantar se inicia com um fruto do mar para contrabalancear o sabor forte do boeuf bourguignon que viria logo a seguir. Na mesa, 20 pessoas experimentam o gosto da receita francesa do médico, que apesar de se considerar um iniciante na cozinha, já tomou aulas práticas com o emblemático cozinheiro francês Paul Bocuse, intitulado o Chef do Século pela escola americana Culinary Institute of America. O curso o pôs em contato com os outros 20 participantes, todos chefs franceses famosos, mas não foi o pontapé inicial da sua intimidade com o fogão. Na cozinha da avó Marinha, o menino travesso aguentava impaciente o castigo que lhe davam por aprontar demais. Para distraí-lo, a matriarca lhe dava tarefas como cortar a cebola e olhar a água do feijão. 82
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Cotado como um dos melhores do mundo em sua área, o doutor Roberto Badaró, PhD em imunologia e doenças infectocontagiosas, admite ser um aprendiz quando o assunto é gastronomia, mas se arrisca em preparar um jantar francês
A noção básica era o diferencial nos acampamentos dos escoteiros e em pouco tempo ele se tornou o cozinheiro oficial dos aventureiros. Tempos depois, passou a estudar a culinária portuguesa, italiana e francesa, mas confessa que sua paixão mesmo é a cozinha baiana. “Modéstia à parte, faço uma moqueca para ninguém botar defeito”, conta. Apesar da destreza, suas pretensões no ramo da culinária não são profissionais. “A gastronomia é uma profissão de nível universitário. Eu sou autodidata, me esforço para agradar o paladar dos familiares e amigos”, reconhece. Ainda assim, foi convocado pelo presidente Rubem Passos a fazer parte da Confraria Prestige e há um ano cozinha para os confrades em grandes jantares. “Cozinhar é um hobby com duplo prazer, quando se faz e quando chega o momento de comer”, constata o doutor.
PRATO DO DIA: CAMARÃO COM CAVIAR NO CREME DE ASPARGO TEMPO DE PREPARAÇÃO: 90 MINUTOS INGREDIENTES PARA 4 PESSOAS - 8 camarões grandes - 75g de Caviar negro esturjão - 20 aspargos frescos (verdes) - 1 talo de alho-poró - 1 cebola média - 1 batata média - 1 tablete de caldo de galinha - 100g de manteiga MODO DE PREPARO: CREME DE ASPARGO Corte a cebola e o alho-poró em miúdos. Descasque a batata e corte em pequenos pedaços. Corte a parte posterior do aspargo, deixando cada um com 12cm. Reserve. O restante do aspargo deve ser picado e adicionado posteriormente ao creme de aspargo. Em outra panela, doure a cebola na manteiga, adicione o alho-poró e o restante do aspargo e a batata. Adicione o caldo de galinha diluído em 400ml de água. Deixe cozinhar por 45 minutos e depois deixe esfriar. Num processador (liquidificador), bata junto com 4 aspargos inteiros após ter sido cozido no vapor. Tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto. Reserve. PREPARO DO ASPARGO Cozinhe no vapor até ficar tenro. Reserve. PREPARO DO CAMARÃO Cozinhe o camarão por 4 a 5 minutos em água fervendo com um pouco de sal e noz-moscada. Descasque o camarão cozido e reserve a cabeça para decoração do prato. PREPARO DOS PRATOS Misture o creme de aspargo com o caviar em pequenas porções para ter uma homogeneidade. Distribua com uma concha no prato e coloque 2 ou 3 aspargos, ponha o camarão descascado em cima do aspargo e decore com a cabeça.
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O ator Juan Alba, a gerente de vendas da TIM Bianca Sanches e o diretor da [B+] Cláudio Vinagre, durante lançamento do Galaxy S4 em Salvador
Operadoras com planos 4G em Salvador A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) exigiu a cobertura da telefonia com tecnologia de quarta geração (4G) nas cidades-sede da Copa do Mundo 2014, para transmissão de voz e dados em alta velocidade. As operadoras Claro, TIM e Vivo já fornecem a cobertura em 50% da área soteropolitana e a Oi deve iniciar sua operação até o final do primeiro semestre. Mas ainda são poucos os aparelhos vendidos no Brasil compatíveis com a nova rede. Os principais modelos são Motorola Razr HD, Lumia 820 e 920, LG Optimus G, Sony Xperia ZQ e os Samsung Galaxy S3 e S4. Novidade no mercado brasileiro, o Galaxy S4 foi lançado pela operadora TIM em Salvador durante evento no dia 16 de abril, na TIM Store do Salvador Shopping. Com processador Snapdragon 600 de 1,9 Ghz, memória interna de 16GB, expansível com cartão de memória SD até 64GB, câmera de 13Mp, tela de 5 polegadas com resolução de 1920X1080 FullHD e sistema operacional Android Jelly Bean 4.2, o Galaxy S4 tem sido considerado o hardware mais potente na categoria dos smartphones top de linha.
5 APLICATIVOS QUE NÃO PODEM FALTAR NO SEU APARELHO Scribmaster: Desenhe na tela do seu celular com os pincéis e cores do aplicativo ou escreva em suas fotos e compartilhe com seus amigos através de mensagens instantâneas.
Real Racing 3: Circuitos da Fórmula I fazem parte das pistas de competição desse jogo que traz uma grande quantidade de desafios para driblar com as mais de 45 opções de carros de luxo.
Kobo: Um dos leitores de e-books mais populares da atualidade permite marcar páginas e alterar o tamanho da fonte, além de adicionar comentários em partes da leitura.
Where’s My Water?:
Impressoras 3D poderão custar R$2 mil em 2016 Segundo uma pesquisa feita pelo grupo Gartner, impressoras 3D poderão chegar ao mercado pela bagatela de R$2 mil a partir de 2016. A tecnologia, que atualmente custa a partir de R$15 mil, poderá se tornar um investimento viável para boa parte do público. Recentemente, a impressão em 3D possibilitou a reconstrução da face de um paciente britânico, que perdeu parte do rosto por um tumor maligno. Foi a primeira vez que uma prótese facial foi criada a partir dos comandos enviados pelo software de modelagem.
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Eleito o melhor jogo do ano por diversos canais, o game traz 300 puzzles de desafios de física através de três diferentes histórias que te inserem em muitos obstáculos.
LinguaLeo: O leão Leo ajuda quem tem dificuldade em pronunciar o inglês, com treinos para praticar a construção de frases, a tradução de palavras e a compreensão oral. Ótimo para crianças e adultos.
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TENDÊNCIAS PARA O VAREJO EM 2013
Mobile: Foi considerado como o principal integrador de vendas, que possibilita a pesquisa, a comparação de preços, e a compra. Com os crescentes números de acessos no mundo e por um melhor relacionamento com o consumidor, começa a ganhar força o m-commerce, uma tendência também para os próximos anos. Veremos cada vez mais o chamado Mobile Moments, que são experiências vividas pelos ‘viciados’ mobile.
INGRID QUEIROZ
Sócia-diretora da DMI, agência de conteúdo e interatividade
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As novas mídias, o avanço das tecnologias e o seu fácil acesso têm mudado a forma como consumidores, de qualquer perfil econômico, fazem suas pesquisas, comparam preço e definem suas compras no varejo. Muito se fala sobre as tendências para o mercado varejista para o ano de 2013, no entanto, já se percebe que teremos um caminho ainda longo e desafiante para atender esse novo consumidor e conseguir um diferencial. São quatro principais pontos que estão sendo discutidos nos principais fóruns de varejo, assim como foi no último NRF – National Retail Federation, em Nova Iorque, e que merecem destaque: Omni-Channel: A integração deve ocorrer através dos diversos pontos de contatos com os consumidores, seja a loja física, o impresso, TV, a web e o mobile. Por isso, entre as muitas possibilidades de ações de presença digital e conversação da marca em torno do seu consumidor, o diferencial para estas empresas será distribuir o seu conteúdo em diversas plataformas de mídia como forma de envolver e melhor levar sua mensagem para seus consumidores. Trabalhar com uma estratégia de branded content e transmidiática. Nesse cenário, será destacada e escolhida a marca que contar a melhor história.
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Showrooming: A disseminação do uso de celulares, tablets, aplicativos, QR code e o fácil acesso à internet possibilitaram que usuários, consumidores, se conectem e façam suas pesquisas de preço enquanto estão visitando uma loja física e interagindo com o produto desejado. Esse fenômeno, conhecido como showrooming, tem feito muitos varejistas repensarem suas estratégias: reduzir números de lojas, rever canais de vendas, o conceito de entrega de compras ou mesmo rever como pode agregar maior experiência em loja. Muitos varejistas mundiais como a Amazon.com, Tesco, Carrefour, Makro já estão executando estas novas ideias. Experiência de consumo: Imagine chegar a uma loja física, assistir a um vídeo explicativo personalizado sobre um produto, testá-lo, senti-lo e obter as melhores orientações de compra especialmente para você? Por isso explorar o conceito happiness, gerando uma conexão emocional entre o produto e pessoas utilizando todos os pontos de contato de forma interativa, será um diferencial para a decisão de compra e relacionamento. Esses são os grandes desafios do varejo diante de um novo perfil de consumidor e as empresas que enxergarem rapidamente estas tendências e realizá-las sairão na frente.
ARTE & ENTRETENIMENTO
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MÚSICA BALADA
Orquestra Sinfônica da Bahia: erudito encontra a massa
Rodrigo Palhares muda a cara da noite em Salvador
ARTES PLÁSTICAS 98 | APLAUSOS 102
ART E & ENTR ETEN IM ENTO | m テコsica
ORQUESTRA SINFテ年ICA DA BAHIA: por LILIAN MOTA
FOTO: Adenor Gondim
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SUCESSO QUE REÚNE QUALIDADE MUSICAL E GESTÃO CRIATIVA Os músicos da Osba apresentam uma performance inusitada no programa Cine-Concerto, que reúne alguns dos mais envolventes temas do cinema em todo o mundo
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armonizar conflitos nem sempre é fácil, mas tem gente que é especialista nisso, e daí podem surgir grandes realizações em equipe. A história do maestro Carlos Prazeres à frente da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) começa no início de 2011, quando ele substitui o regente Ricardo Castro, em meio a desentendimentos em torno da ideia de mudança do modelo de gestão da orquestra, de funcionalismo público para organização social do tipo parceria público-privada. A mudança não se concretizou, mas o caminho para o diálogo em torno do assunto está aberto. Reger uma orquestra é muito mais do que vestir um traje impecável e ficar de costas para a plateia agitando uma batuta. O maestro, além de cuidar da parte artística, é o gestor do grupo, e precisa manter em harmonia não apenas os sons dos diversos instrumentos, mas também os interesses de cada músico. O sistema de funcionalismo público, sob o Governo do Estado, é uma zona de conforto para muitos músicos, que prezam a estabilidade, o salário fixo (em torno de R$4.500) e a rotina de ensaios, em média de três horas por dia. Mas, segundo Carlos Prazeres, com o investimento privado, a orquestra não deixa de pertencer ao Estado e passa a atrair recursos para voos mais altos. “Ainda estamos caminhando nessa direção, buscando um diálogo. No momento, a prioridade é recuperar a autoestima dos músicos e a fidelidade do público”, afirma o regente. O estilo do maestro tem a ver com “provocar tensão, pedir sempre mais do que o grupo acha que pode dar”. Ele diz que a orquestra tem excelentes músicos, mas que não estavam habituados a esse ritmo. Foi preciso sacudir a poeira antes de começar o trabalho com os 48 integrantes fixos da Osba e a equipe de sete pessoas que dá suporte à administração.
Sangue novo Uma forma de reforçar e renovar a equipe foi a contratação de 20 músicos, através do programa de residência, com contrato de dois anos. Oito deles vieram do Neojibá, um programa estadual de formação profissional para crianças e jovens, a maioria de baixa renda, dirigido por Ricardo Castro. São jovens bem qualificados que trazem uma nova mentalidade, mas que também precisam da orientação dos mais experientes.
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Sob a regência do maestro Carlos Prazeres, os músicos viram célebres personagens dos clássicos cinematográficos como Superman, Star Wars – Guerra nas Estrelas, E.T. – o Extraterrestre, Indiana Jones e Tubarão
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A mistura está dando certo. A Osba está cada vez mais pop. No Facebook, Twitter, Youtube e capas de revista, disputa espaço com as bandas de música popular e já garantiu seu espaço em Salvador. “A Osba tem que estar inserida no contexto da cidade”, defende Carlos Prazeres. Entre suas ideias arrojadas, está a de participar do Carnaval. “É um evento consagrado no mundo inteiro, não podemos continuar de fora. Ainda não falei com Carlinhos Brown, mas penso em sugerir participarmos do Sarau do Brown, no Museu Du Ritmo, em plena folia. Não seria fantástico?”, pergunta o maestro, entusiasmado. Seria a “sagração do verão”? Quem sabe o que a Osba pode mais aprontar, depois que os músicos vestiram fantasias para apresentar o Cine-Concerto, com composições criadas para filmes que se tornaram clássicos, como ET, Guerra nas Estrelas e Indiana Jones? A apresentação popular (ingressos a R$1) formou uma imensa fila na porta do Teatro Castro Alves e lotou o espaço. Pessoas que nunca tiveram contato com a música clássica foram conferir. “O baiano gosta de música, seja ela qual for, mas às vezes se sente intimidado em um concerto sinfônico, acha que precisa se vestir de forma especial, ou que vai custar caro... Estamos tentando mudar isso, inclusive eu peço à portaria do teatro que permita a entrada de pessoas até de bermuda, o importante é que elas venham e curtam”, diz o maestro, que ao final deste concerto tirava a casaca e, por baixo, exibia a roupa do Super-Homem, com a qual fazia uma encenação com outros músicos, surpreendendo a plateia. Ainda na linha performática, a Osba tem em seu currículo apresentações com os músicos que promovem a Jam no MAM, uma jam session de jazz com sotaque baiano que acontece nas noites de sábado no Museu de Arte Moderna. Mas a parceria mais desafiadora foi com Gilberto Gil, no “Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo”, uma série de shows pelo país que teve enorme repercussão. Dialogar com outras expressões artísticas parece ser a marca desta nova fase da orquestra, que já tem agendadas apresentações com o Balé do TCA e com poetas recitando Drummond, na Livraria Cultura. A novidade que Prazeres adiantou para a [B+] é a parceria com o Teatro Vila Velha, em espetáculos mensais de música e poesia.
Maestro performático Mas de onde vem tanta criatividade? O carioca Carlos Prazeres faz parte de uma família de músicos. O pai dele, Armando Prazeres, morto durante um assalto, era maestro. O irmão, Felipe, é violinista. O que pouca gente sabe é que o maestro é também sobrinho de uma figura muito conhecida no Rio de Janeiro, o produtor cultural Perfeito Fortuna, um dos criadores do Circo Voador e responsável pela Fundição Progresso, ou seja, a veia de agitador cultural pode vir dessa vertente. Mas a formação foi clássica, iniciada na adolescência com o oboé, o instrumento preferido. Os pilares de sua cultura musical foram o oboísta Luís Carlos Justi, a Orquestra Filarmônica de Berlim, onde estudou, e o maestro Isaac Karabtchevsky, de quem foi assistente. Prazeres diz que prefere a música em si do que o papel de gestor de orquestra, mas compreende que no mundo de hoje é difícil separar as duas coisas. Tanto que decidiu este ano se mudar de vez para Salvador, deixando no Rio a família, os amigos e a namorada. Em Salvador, faz musculação três vezes por semana no prédio onde mora, para manter fortes os braços que orientam os músicos. Agora, diz que está pensando em começar a ter aulas de surfe, depois que voltar da viagem a Berlim, um intercâmbio cultural a convite do Instituto Goethe. É uma
vida agitada, de muitos ensaios, concertos e preocupações, mas o maestro mantém o estilo impecável, bem vestido e penteado, ainda que bastante informal para o estereótipo de um regente. Essa informalidade às vezes rende críticas, como a que recebeu do barítono Nelson Portella, após uma apresentação com Gilberto Gil no Teatro Municipal do Rio, onde Prazeres se apresentou de tênis e disse que pretendia “deschatificar” a música clássica. “Nunca somos unanimidade, as críticas sempre virão, mas ultimamente até que têm sido poucas. Dentro da orquestra, também ocorre um ou outro descontentamento, às vezes boicote, mas nada que chegue a incomodar. Faz parte”. Em Salvador, Prazeres pode ser visto circulando por locais como o Palacete das Artes, a Aliança Francesa, o Instituto Goethe, o Museu de Arte Moderna, ou ainda experimentando a culinária baiana nos restaurantes da Bahia Marina. Mas ele também não dispensa o acarajé da Dinha, no Rio Vermelho. Gosta da cidade, mas diz que se sente triste ao ver nosso “patrimônio histórico e artístico sendo dilacerado, enquanto os shoppings ganham cada vez mais espaço”. O maestro também lamenta a violência crescente e os engarrafamentos, que provocam “uma tensão permanente”.
FOTO: Divulgação
FOTO: Jorge Bispo
FOTO: Adenor Gondim
No encontro entre o moderno e o antigo, Gilberto Gil toca seu repertório ao lado da Osba e dos maestros Jaques Morelenbaum e Carlos Prazeres
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FOTO: Marcio Lima
Sucesso Aos 39 anos, Carlos Fortuna Prazeres experimenta o sucesso. O nome auspicioso até pode ajudar, mas o que faz a diferença é a visão moderna do papel da música clássica no mundo contemporâneo e a disposição para aceitar e propor desafios, fechar parcerias e derrubar fronteiras. Com lotação máxima em quase todos os concertos, o sonho agora é ver construída a Sala Sinfônica do Teatro Castro Alves, um espaço com as características ideais para um concerto sinfônico. O projeto já está em andamento. Enquanto o Prazeres músico se delicia com a ótima fase da orquestra, o gestor segue trabalhando e fabricando ideias, confiante nos resultados. Ele explica que não mexe diretamente com dinheiro, mas precisa saber direcionar os recursos do Estado para as atividades certas, evitando os atrasos provocados pela burocracia, a grande inimiga do serviço público e das artes. Para isso, é preciso “pensar a música” de uma forma profissional, através de eventos como o “Seminário.Osba”, que fez parte das comemorações pelos 30 anos da sinfônica baiana, em 2012. A ideia foi debater o cenário orquestral com gestores dos principais grupos do país em um encontro aberto ao público. O convite à reflexão rendeu novas ideias e maior união entre os músicos. “Uma orquestra é o microcosmo da sociedade”, diz o maestro Superman que quer ensinar as pessoas a gostar de música clássica e usa o Twitter para dizer o que costuma ouvir enquanto malha – recentemente @ carlosprazeres trocou o adagietto da quinta de Mahler pela quinta de Shostakovich – e segue fortalecendo os músculos. [B+]
(Em cima) O maestro carioca, à frente da direção artística da Osba desde 2011, tem voltado seus esforços para popularizar o trabalho da orquestra. (Em baixo) No concerto Noite Americana, a orquestra apresenta algumas das peças mais aplaudidas de grandes compositores norte-americanos do século 20
FOTO: Rômulo Portela
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No segundo semestre, Rodrigo Palhares inaugura em Salvador a Pink Elephant, clube nova-iorquino favorito de jet setters e celebridades. Na foto, o clima dentro da boate em São Paulo
ABRINDO PORTAS Desde mais jovem, Rodrigo Palhares tem um olhar de vanguarda para as festas e baladas baianas. Um dos pioneiros no segmento da música eletrônica, foi esse mineiro de coração soteropolitano que trouxe a Pacha, Xperience e Sunrise para as bandas de cá. Agora ele prepara mais novidades por BRISA DULTRA
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falta de opção de baladas em Salvador é conversa frequente nas rodas da burguesia, que busca, com uma maior frequência, lugares diferenciados com boa música eletrônica para dançar até o sol nascer. É para este público que Rodrigo Palhares trabalha arduamente, para trazer glamour à realidade da night soteropolitana, ao oferecer produtos diferenciados para quem gosta de festas eletrônicas de alto padrão. Nascido em Belo Horizonte, Palhares veio ainda pequeno para a Bahia. Foi na terra do axé, e através desse mesmo ritmo baiano, que o mineiro se iniciou no entretenimento: “Fui comissário do bloco Nu Outro Eva ainda novo. Trabalhei com a Timbalada, quando o bloco ficou mais comercial e quando começaram os famosos ensaios no Guetho Square. Depois disso, montei a Cereja Alpinista, que trouxe os Mamonas Assassinas para fazer um show aqui em Salvador”.
“Consegui ser um dos primeiros no segmento de entretenimento. Hoje eu tenho uma credibilidade maior e um serviço de entrega para o cliente muito bom”
Era a hora de alçar voos maiores. Rodrigo, como muitos, foi viver em São Paulo, “lugar com a melhor noite do mundo”, segundo o próprio. A carreira como empresário de artistas começou com os Gêmeos, no Programa H de Luciano Huck: “Na cara dura, consegui encaixar os Gêmeos para um teste no programa. Em apenas uma semana, eles já eram famosos em todo o país. Depois disso, agenciei outros artistas. Cheguei a ter 30 sob a minha supervisão”, conta. Rodrigo, entretanto, nunca parou de trabalhar com festas. Chegou a organizar um show de Alanis Morissete, na Via Funchal, além de cuidar, à distância, do camarote Oceania de Salvador. E mais, sempre curtiu produzir conteúdo audiovisual e chegou a fazer alguns programetes que iam ao ar no canal Fox. As experiências, como podem perceber, foram muitas e variadas: “Quando vi, estava com 70 funcionários, preso no operacional da Caminho das Pedras, sem fazer o que eu realmente gostava. A cidade também me cansou e eu quis voltar para a Bahia, onde estava a minha família”.
Palhares agenciou Flávio e Gustavo como os Gêmeos no Programa H de Luciano Hulk
Desde que retornou a Salvador, há cerca de seis anos, produz festas eletrônicas e contribui para colocar a capital baiana na rota das grandes labels. No histórico, baladas de grife como a Pacha, Xperience, Sunrise, Space, Amnesia e Ministry of Sound. Quem pensa que é simples trazer essa categoria de festa para cá está redondamente enganado. Afinal de contas, não basta ter dinheiro, é preciso ter estirpe. Segundo Palhares, é necessário conhecer a vida noturna da cidade onde se pretende abrir o negócio, ter bom currículo e transitar com desenvoltura pela alta sociedade. “Se eu sou um fazendeiro milionário e ligo para eles dizendo que quero trazer a Ministry para cá, os caras vão rir. É preciso ser conhecido, ter um bom currículo na área e ter realizado festas de sucesso”, explica. É preciso capital de giro para comparecer a um dos eventos. A mesa da Ministry of Sound, selo inglês de festas eletrônicas, chega a custar R$12 mil. O ingresso avulso fica por R$250. Para usufruir do serviço qualificado e dançar ao som de DJs renomados mundialmente, é necessário pagar por isso. Para Palhares, tudo altera a percepção de uma festa: a excelência de serviços, o formato diferenciado de mesas, a cenografia mais bonita, os móveis luxuosos, um som de última geração, DJs internacionais e a certeza de que a sua bebida não vai acabar. Mas se você acha que a vida de um empresário como ele é pura badalação comete um engano. Muitas vezes, a rotina consiste em trabalhar até 14 horas por
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dia, atender um número incontável de telefonemas e pedidos, e controlar aquela que é uma das tarefas mais complicadas, administrar vaidades. Para Rodrigo, entretanto, faz parte do show. A Bahia, mesmo sem estatísticas formalizadas, dá sinais de que existe um mercado crescente no segmento de música eletrônica, além dos outros gêneros. “Há demanda, mas me chama a atenção o fato de uma cidade com quase três milhões de habitantes ter apenas duas boates”. Ele atribui ao seu pioneirismo a credibilidade que possui hoje no mercado de entretenimento: “Consegui ser um dos primeiros em um segmento. Hoje eu tenho uma credibilidade maior e um serviço de entrega para o cliente muito bom”.
Novidade na cidade Quem sente falta de um lugar de alto padrão para se divertir pode se animar. Rodrigo está trazendo para a cidade a Pink Elephant, clube nova-iorquino favorito de jet setters e celebridades, famoso pelo seu alto nível de
serviço e sofisticação. A casa, prevista para abrir no segundo semestre, funcionará no antigo Club Ego, localizado no hotel Pestana. Atualmente, o lugar passa por uma grande reforma, que trará ainda mais glamour para a boate do cinco estrelas. Tendo como público-alvo jovens de alto poder aquisitivo, a Pink paulista vendia champanhes que variavam entre R$450 a R$6.600. Quando alguém pedia mais de dez unidades, o DJ homenageava anunciando seu nome e tocando o tema do filme Super-Homem. A brincadeira importada da matriz de Nova York estimulava o consumo, em uma lucrativa competição. Sem citar muitos números, Rodrigo frisa que parte do dinheiro do investimento vem de patrocinadores – grandes marcas de bebidas – que chegam a arcar com 30% do valor do investimento, pois querem seu nome associado ao glamour da casa. Esse, inclusive, é um dos grandes benefícios para franquias de boates: existem muitas companhias com o objetivo de chegar mais perto dos consumidores poderosos. [B+]
Com a produtora Caminho das Pedras, Palhares realizou um show de Alanis Morissete, na Via Funchal
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ART E & ENTR ETEN IM ENTO | a r t es pl á st ica s FOTO: Yuji Sogawa
RAY VIANNA UM ARTISTA PLÁSTICO CONECTADO À CIDADE
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FOTO: Divulgação
Produzida para a edição deste ano da Casa Cor, as tulipas brancas da Av. Garibaldi foram instaladas na praça que fica em frente ao ateliê do artista
por RENATA PREZA
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rtista multifacetado, Ray Vianna é escultor, pintor e cenógrafo, dentre outras funções. Desde os anos 70, Vianna mistura técnicas e utiliza diversos materiais e componentes para dar vida às suas criações. Aço, ferro, fibra de vidro, argila, madeira, compensados, plásticos, papéis e tecidos são só algumas das matérias-primas que compõem sua coleção. A linguagem própria, aliada à arte gráfica e digital, confere ao acervo desenvolvido por Ray características únicas e inovadoras. O trabalho do artista pode ser vislumbrado em pontos-chave da capital baiana. Um deles, o dorso de peixe, um presente para Yemanjá, feito em aço e instalado em frente à praia do Rio Vermelho, um dos bairros mais boêmios de Salvador. Já na Avenida Garibaldi, é possível observar a ocupação do espaço público através de quatro tulipas brancas gigantes, chamando a atenção dos motoristas e pedestres que
transitam pelo local. Capas de CDs de artistas famosos, cenários de programas televisivos, estampas para grifes e até a simbólica pintura utilizada por integrantes do grupo Timbalada estão no rol de criações de Vianna. Para Ray Vianna, o mercado de produção cultural passa, hoje, por uma grande crise: “A arte vem perdendo espaço significativo para o apelo do merchandising, que garante o patrocínio para a realização de grandes eventos. Sinto falta de mais concorrências públicas e editais para as artes visuais, visto que os editais que estão disponíveis não atendem à demanda, são pouco atraentes e exigem muito com muita burocracia. Deveriam ser mais acessíveis, proporcionando uma produção de qualidade”. Por outro lado, Ray afirma que esse mesmo panorama atual pode ser um propulsor para esse mercado. “Esta situação pode se tornar uma boa oportunidade de estimular a criatividade, pois não há nada melhor do que um bom desafio para provocar o artista”, completa.
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FOTO: Yuji Sogawa
(Ao lado) Criador de uma das pinturas corporais mais famosas do Brasil, Ray Vianna embeleza o corpo dos integrantes da Timbalada. (Embaixo) O dorso de peixe, batizado de Odoyá, feito em aço e instalado no boêmio bairro do Rio Vermelho
FOTO: Divulgação
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Esse momento de transformação por qual passa Salvador - com uma nova gestão e, também, com a proximidade da realização de grandes eventos esportivos e culturais – é, conforme leitura feita por Ray, uma oportunidade de ouro para alavancar o cenário de artes na capital. “Esses acontecimentos mexem com toda a cidade, no que se refere a educação, infraestrutura, qualidade nos serviços... E é aí que o artista pode encontrar a deixa e as portas abertas para levar a arte para a rua e para os locais relacionados às grandes ocasiões”. Ele vai além: “Salvador tem uma geografia e uma luminosidade bastante peculiares e propícias, que poderiam, facilmente, se tornar uma grande galeria de arte a céu aberto. É um nicho que pode ser explorado exaustivamente se aliado a um bom projeto de valorização da arte neste contexto”, garante. Prova disso, é a recente instalação de uma de suas obras no canteiro central da Avenida Vasco da Gama, realizada em 8 de maio, Dia do Artista Plástico. Esta obra de arte, viabilizada em parceria com a Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Fundação Gregório de Mattos, é composta por três esculturas estilizadas em forma de flores, confeccionas em ferro e fibra de vidro, com pintura automotiva branca, dialogando com os motoristas e pedestres que circulam pelo local. “Sinto-me solidário e corresponsável, como cidadão e artista, com esta campanha de revalorização da nossa cidade. Esta é a forma que encontrei de expressar o meu sentimento e contribuir para a autoestima do soteropolitano, levando a arte para a rua de forma sutil e engajada, numa campanha muito pertinente neste momento”, declara. Às vésperas do final do primeiro semestre de 2013, Vianna fala sobre os muitos projetos que ainda pretende realizar este ano. “As ideias e os desejos são infindáveis, mas tenho como prioridade investir mais no meu lado artista plástico, realizando obras de arte que vão das telas às esculturas; montando uma exposição de interferência urbana. Quero, ainda, produzir um livro que está no forno há algum tempo. Contudo, não pretendo abandonar o cenógrafo e o designer que sou, pois esse tipo de atividade me traz muita satisfação”, conclui. [B+]
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VIVA A DANÇA
Em sua sétima edição, o VivaDança Festival Internacional trouxe artistas profissionais de 11 países e nove estados brasileiros para comemorar o mês da dança em abril. A programação contou com cerca de 60 apresentações, entre as cidades de Salvador, Camaçari e Belo Horizonte, além de 30 oficinas gratuitas, mesas-redondas e exposições de artes visuais FOTO: Lorena Vinturini
Mostra Casa Aberta Entre amadores e profissionais de trajetórias distintas, a Mostra Casa Aberta selecionou 60 trabalhos coreográficos, abrindo caminho para a renovação das várias linguagens da dança.
Pó de Nuvens Sob a inspiração do escritor João Guimarães Rosa e do compositor Milton Nascimento, o espetáculo mineiro Pó de Nuvens, da companhia Primeiro Ato, pode ser visto como uma travessia no tempo, na qual passado, presente e futuro se misturam.
FOTO: Amana Dultra
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Tasogare Tasogare é o exato momento em que a luz do dia ainda não foi embora e, ao mesmo tempo, a escuridão ainda não chegou completamente, um “entrelugar”. No espetáculo de butô, o artista Tadashi Endo busca imprimir e resgatar sensações de alegria e tristeza, entusiasmo e nostalgia.
FOTO: Patrícia Martins
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ART E & ENTR ETEN IM ENTO | a pl a uso s FOTO: Amana Dultra
Petrouchka A companhia Ballet de Londrina leva às últimas consequências a enganosa teia da paixão não correspondida, alimentada pelo amor a si próprio. Três principais personagens, o Mouro, a Bailarina e Petrouchka percorrem a trajetória humana vulnerável ao amor, a vaidade, o ciúme.
Sawa Sawa A companhia francesa Hapax combina dança, cenografia, luz e imagens em vídeo para falar do diálogo entre o homem e a natureza. Em japonês, sawa sawa significa o farfalhar da grama e das folhas, uma imagem poética do vento e uma metáfora para a beleza e a graça.
FOTO: Natália Reis
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C O NTE A Í FOTO: Leandro Miranda
“ESTADO CLUBE DA BAHIA” EC BAHIA X UF BAHIA
POR LUCAS VICENTINI CHAMADOIRO
Baiano, 20 anos, torcedor da Bahia e estudante de administração de empresas - FGV SP
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É muito claro o que o futebol baiano, no personagem do Esporte Clube Bahia, hoje representa uma amostra da triste realidade da unidade federativa chamada Bahia. Nesse estado, torcida se transforma em povo, jogadores em trabalhadores e cargos diretivos em representantes políticos. Frutos do descaso e falta de respeito sem igual, trabalhadores cada vez menos capacitados, desinstruídos e despreparados são tidos como “profissionais”, jogados em campo e deles requeridos primor e excelência. Sem sucesso, claro. Como é possível cobrar ou exigir algo que nunca foi ensinado? Educação básica, cabeceio, ABC, toque de bola, 1 + 1? Nada. Nada além de trabalhadores cada vez menos interessados, menos engajados, menos apaixonados pela sua camisa, pelo seu ofício. Trabalhadores que jogam sem incentivo, driblando não apenas 11 adversários, mas milhares de pressões e críticas sem fundamento. Trabalhadores que clamam por investimento, por valor, por comprometimento, por respeito. Em cima dos altares da sociedade, vemos cegos parciais. O que interessa é visto, é nítido,
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o resto é resto, é fundo de baú. Desinteressados, desrespeitosos e descomprometidos, mas sorridentes, políticos. Mal sabem que também fazem parte de um povo que não respeita e que com este afundarão juntos, se assim continuarem agindo. Por fim, vemos um público conhecido por “ninguém vencer em vibração”, gritando em silêncio, rico em argumentos, pobre em atitude. O grande culpado é o silêncio. A união faz a força e os fortes estão calados. É hora de digerir o pão e desmontar o circo. Está na hora de brigar por mais um tento. Bahia, Bahia, Bahia! Pelo Bahia, pela Bahia. Oriundo de uma família de “Bahias doentes”, o cenário me preocupa. Afortunado seria eu, se a preocupação viesse apenas do futebol. Estamos vendo não só o nosso Bahia, mas a nossa Bahia caírem aos pedaços. Até quando? Se queremos UM Bahia preparado para os campeonatos nacionais, primeiro precisamos de UMA Bahia igualmente preparada, digna de respeito. É hora de sermos “Bahias doentes”, no seu sentido máximo, independente do futebol.
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