Revista [B+] Edição 22

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S UM ÁR IO

EDITORIAL 12 ONLINE E MURAL 14 A BORDO COM A [B+] 16 BLOCO DE NOTAS 18 IMÓVEIS+ 24 MÍDIA+ 28 NEGÓCIOS 31 A INCRÍVEL SAFRA DE MARQUETEIROS 32 O QUE ESPERAR DE 2014? 36 CONEXÕES BAIANAS 40 [C] A DIREITA ENVERGONHADA 46 [C] O RELACIONAMENTO IDEAL 48

SINGULARIDADES DA BAHIA 50 NIZAN GUANAES 59 EDUCAÇÃO 63 A UM CLIQUE DA QUALIFICAÇÃO 64

SUSTENTABILIDADE 67 CALÇADAS X NEGÓCIOS 68 COMO ENGAJAR COMUNIDADES? 70 [C] FLORESTAS PLANTADAS 72

LIFESTYLE 73 365 RAZÕES PARA AMAR SALVADOR 74 FAFÁ DA BAHIA 78 DECORAÇÃO 80 [C] A SUA REPUTAÇÃO EM JOGO 84 TRÊS CHEFS NA COZINHA 86 NOTAS DE TEC 90

ARTE E ENTRETENIMENTO 93 ENTREVISTA: GUILHERME BELLINTANI 94 A CIDADE VAI ÀS RUAS 100 ENTREVISTA: MARCELO REZENDE 102

CONTE AÍ 106

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E X PE DIE NT E

A edição 22 traz na capa a criação do baiano Cristiano Franco. As obras que ilustram esta edição são assinadas por Gerson Moreira Lima. O artista expressa suas impressões da Bahia com modelagem em argila, pinturas em óleo, desenhos e outras técnicas. “Não me incomodo com a anatomia, o que eu quero passar para as pessoas são os meus sentimentos através deste povo sofrido, que busca esperança, mas nunca perde sua dignidade nem sua humildade”, diz.

Tiragem: 10 mil exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Plural

Realização Editora Sopa de Letras Ltda. CNPJ 13.805.573/0001-34

[Presidente] Rubem Passos Segundo [Diretor Executivo] Claudio Vinagre (claudio.vinagre@revistabmais.com) [Editor Chefe] Fábio Góis (fabio.gois@revistabmais.com) [Diretora de Marketing] Bianca Passos (bianca.passos@revistabmais.com) [Repórteres] Carolina Coelho, Murilo Gitel e Pedro Hijo (redacao@revistabmais.com) [Projeto Gráfico e Diagramação] Person Design [Fotografia] Stúdio Rômulo Portela [Revisão] Rogério Paiva [Colaboradores] Ana Camila, Ana Paula Paixão, Carol Andrade, Clara Corrêa, Eduardo Santos, Felipe Arcoverde, Geraldo Machado, Luciano Oliveira, Luís Fernando Lisboa, Núbia Cristina, Raíza Tourinho, Raoni Libório, Renato Ato, Uilma Carvalho, Verena Paranhos [Colunistas] Fernando Passos, Guilherme Baruch, Luiz Marques, Luis Antônio Cornacchioni, Monique Melo [Portal] Enigma.net [Redes Sociais] ADSS Presença Digital [iPad] uTochLabs (www.revistabmais.com/ipad) [Conselho Editorial] César Souza, Cristiane Olivieri, Fábio Góis, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Isaac Edington, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Reginaldo Souza Santos, Renato Simões Filho e Sérgio Nogueira [Conselho Institucional] Aldo Ramon (Júnior Achievement), António Coradinho (Câmara Portuguesa), Antoine Tawil (FCDL), Jorge Cajazeira (Sindipacel), José Manoel Garrido Gambese Filho (ABIH-BA), Mário Bruni (ADVB), Adriana Mira (Fieb), Laura Passos (Sinapro), Pedro Dourado (ABMP), Renato Tourinho (Abap), Wilson Andrade (Abaf)

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Reserva de anúncio publicidade@revistabmais.com SALVADOR - BAHIA 71 3012-7477 Av. ACM, 2671, Ed. Bahia Center, sala 1102, Loteamento Cidadela, Brotas CEP: 40.280-000

REPRESENTAÇÃO EM OUTROS ESTADOS Grupo Pereira de Souza www.grupopereiradesouza.com.br

PONTOS DE VENDA A Revista [B+] pode ser lida no site, iPad e encontrada nas principais livrarias e bancas de revista da cidade. Pergunte na banca mais próxima da sua casa.



E D I TO R IAL

SINGULARIDADES O TEMA DESSA EDIÇÃO SURGIU A PARTIR DE UM QUESTIONAMENTO QUE ME FIZERAM HÁ UM TEMPO. DURANTE UMA CONVERSA SOBRE ECONOMIA CRIATIVA, SURGIU A SEGUINTE PERGUNTA: “HÁ UM SÉCULO TRABALHAMOS OS MESMOS ELEMENTOS CULTURAIS, A BAIANA DE ACARAJÉ, A FITINHA DO SENHOR DO BONFIM, A CAPOEIRA, O BERIMBAU, O ELEVADOR LACERDA... SERÁ QUE NÃO CRIAMOS NADA NOVO AO LONGO DESSE TEMPO?” ESSA PERGUNTA ECOOU NA REDAÇÃO DA [B+] E FOMOS EM BUSCA DE ELEMENTOS SINGULARES DA BAHIA QUE SE SOMASSEM AOS NOSSOS ÍCONES CLÁSSICOS, PODENDO ASSIM CRIAR UM PENSAMENTO CRÍTICO DE UMA MARCA BAHIA MAIS MODERNA, AMPLA E REALISTA. Afinal, já faz algum tempo desde que Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé ajudaram a projetar as singularidades do modo de vida baiano para os quatro cantos do mundo. O feito do trio por meio da literatura, da música e das artes plásticas construiu um imaginário em torno de características como alegria, bom humor e receptividade, que, aos poucos, foram consolidando a raiz do desenvolvimento de uma marca Bahia. Meio século depois, essas singularidades devem somar-se a outras, que, quando identificadas e trabalhadas, tornamse a chave de negócios criativos. Entendemos que descobrir tais singularidades é o caminho para que possamos aquecer os negócios locais e potencializar o interesse a respeito deles. É por isso que fomos entender o que é a “Bahia singular”, onde pesquisadores, artistas, empresários, gestores explicam a importância de identificar nossos potenciais e investir em capacitação e aperfeiçoamento para gerar novas riquezas e fortalecer as que já temos. A ideia de que é preciso renovar é ratificada por Nizan Guanaes, um dos maiores nomes quando o assunto é a Bahia no mundo. Em entrevista exclusiva, o publicitário nascido em Salvador, conversa sobre negócios, liderança, educação, empreendedorismo e sugere que a chave para o crescimento da Bahia é aproveitar seus potenciais. Entre essas singularidades, sem dúvida, está o Carnaval. A maior festa popular é um exemplo de como uma cidade ou estado pode se beneficiar das manifestações culturais e criativas de seu povo. O Carnaval hoje movimenta a economia não só da cidade de Salvador, mas do país. 12

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Desde o ambulante à multinacional, passando por cidadãos e órgãos públicos, são inúmeros os profissionais envolvidos nesta grande festa, que gera milhões de reais. Porém é preciso planejamento e inteligência para aproveitar essas oportunidades. A esse respeito, conversamos com o secretário Guilherme Bellintani, responsável pela pasta de Desenvolvimento, Turismo e Cultura de Salvador. Jovem, mas com vasta experiência profissional, ele revela os bastidores da prefeitura, o perfil da nova gestão e o desejo de transformar a relação entre a população e o poder público. Nas próximas páginas, também conheça as singularidades de Salvador aos olhos de Carol Andrade, das nossas belas praias, das inspirações que a cantora Fafá de Belém tirou do nosso estado, das especiarias dos chefs de cozinha, do jeito baiano que conquistou angolanos e portugueses, dos jornalistas e publicitários dessa terra que estão no topo da lista quando o assunto é marketing político, da decoração de Lívia Salém e do olhar de Marcelo Rezende para a nossa arte.

UMA BOA LEITURA. Fábio Góis, editor-chefe da Revista [B+]



O NLINE E MUR AL

A SUA BAHIA

COMENTÁRIOS ED.21 MATÉRIA “VENDENDO QUE NEM... PICOLÉ” Estivemos em Aracaju recentemente e experimentamos esta delícia. Muito bom. Fantástico sabor. Nunca provei nada parecido. Show de picolé.

Ao longo dos dois últimos meses, pedimos para que você, leitor da [B+], enviasse fotos que mostrassem o seu olhar sob a Bahia. Selecionamos algumas.

RONALDO, pelo site Adorei a ideia de um picolé natural e orgânico, mas os de pura fruta acabam não sendo práticos, pois precisamos deixar descongelar um pouco pra conseguir sentir algum sabor. Além disso, as embalagens não dispõem de lista de ingredientes nem tabela nutricional. Acho a ideia excelente, mas ainda é preciso ajustar muitas coisas para se adequar ao paladar e à legislação das embalagens brasileira.

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MARLANA SANTANA, pelo site

MATÉRIA “ENQUANTO VOCÊ SE DIVERTE, ELA TRABALHA” Profissional de primeira linha! Shows sempre com excelência de produção!

VALDEMAR ALVES, pelo site

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AS MAIS CURTIDAS EM NOSSA FANPAGE [01] “Empreendedores 2.0” [02] “Vendendo que nem... picolé” [03] “Transformar café em lucro” [04] “Olhando à frente”

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ERRATA Na matéria “Com os dois pés no mundo” o nome do escritório de arquitetura de Renata Dantas, Dantas | Reche, foi grafado incorretamente.

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O diretor de negócios do Esporte Clube Bahia se chama Pablo Ramos e não Pablo Reis, como publicado na matéria “Além das quatro linhas”.

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Na matéria “De olho nas oportunidades”, publicamos erroneamente o cargo de Enilson Moreira. Ele é presidente da empresa e não presidente do conselho administrativo. Além disso, a empresa A Geradora, apesar de não ter filial na região sul, atende a todo o país. Outro detalhe que não ficou bem explicado foi a relação da empresa com a Poliservice. A Geradora comprou a Poliservice.

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[01] O Farol da Barra pelos olhos de Glenda Zaine; [02] Victor Soares fotografou a praia em Boipeba; [03] A beleza da Av. Contorno, em Salvador, pela janela de Fabiana Dias; [04] O colorido do Pelourinho no ângulo de Rodrigo Lopes; [05 e 06] Quem não se encanta pela Baía de Todos os Santos? As leitoras Catia Martins e Arisrosa Santan fotografaram o lugar; [07] O subúrbio ferroviário de Salvador pelo olhar de Dan Nascimento; [08] O mar da Bahia inspirou o leitor Fernando Lopes; [09] A Praia do Forte ficou mais linda do que já é pelo olhar de Pedro Mendonça

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QUEREMOS TE OUVIR A Revista [B+] abre espaço para que você, leitor, dê a sua opinião, crítica e sugestão sobre as nossas matérias. O que te agradou? O que poderíamos melhorar? Qual a sua dúvida? Queremos saber o que você tem a dizer para que o conteúdo da [B+] esteja sempre alinhado com o que você quer ler. Existem diversos canais pelos quais podemos manter este contato:

SITE www.revistabmais.com E-MAIL redacao@revistabmais.com TELEFONE 71 3012-7477

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A B O R DO CO M A [ B + ]

TODOS QUEREM UMA FATIA

Dois mil e quatorze tem tudo para ser um ótimo ano para o mercado publicitário (e, se o Brasil levar a Copa, melhor ainda)

“Somos o quinto maior bolo publicitário do mundo e é preciso que este bolo esteja nas mãos de quem entende de publicidade”, argumenta Fernando Martos, diretor comercial da Rede Paranaense de Televisão, RPC-TV. O título tem uma representatividade forte. O Brasil, que sediará Copa do Mundo e Olimpíadas, nunca esteve tão em evidência como agora, o que se reflete nas expectativas positivas para o mercado publicitário em 2014. Segundo Martos, o setor de mídia crescerá em torno de 10% em 2014 (um aumento significativo se o PIB de 2,5% for confirmado), e será capitaneado pela televisão. O dinamismo do mercado é ancorado pela alta do consumo. Com mais pessoas tendo acesso aos bens, mais a publicidade se faz importante. “Os Estados Unidos nunca tiveram 30 marcas de automóvel disponíveis para o seu público como o Brasil tem neste momento, somos a bola da vez”, argumenta Fernando Martos. “Para crescer, é preciso estar em constante reinvenção, sair da zona de conforto, e para que os veículos novos deem certo, é preciso que o acesso seja barateado”, opina.

LIÇÕES PARA O MERCADO Com a experiência de quem atua no ramo publicitário há aproximadamente 30 anos, Martos alerta o mercado sobre a importância da regionalização. “A mídia regional precisa ganhar musculatura, então, é importante que o mercado publicitário dedique-se também para as regiões, além disso, é preciso que o varejo se fortaleça e cresça com publicidade, sem se achar menor que o mercado industrial”, aconselha.

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JÁ PODEMOS COMEMORAR? Com a vinda da Copa do Mundo, é possível que o mercado passe por um período de baixa seguido de um período de alta, mas, segundo Martos, é preciso aproveitar a alta. Para o publicitário, apenas duas coisas podem afastar o mercado publicitário dos bons lucros em 2014. “Meu medo não é a crise estrangeira, e sim, uma volta mais acentuada das manifestações que tivemos em junho de 2013. Além disso, torço para que o Brasil passe nos primeiros jogos, assim vai ser bom para todo mundo”, completou.


+ no site: confira outras fotos do evento

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Se reunir à beira mar faz com que qualquer discussão sobre negócios flua mais fácil. Esta é a intenção do A Bordo com a [B+], encontro promovido pelo Grupo [B+] e ABMP que chegou a sua segunda edição, em janeiro deste ano. O evento, realizado no restaurante Amado, em Salvador, contou com a palestra de Fernando Martos, diretor comercial da Rede Paranaense de Televisão, RPC-TV. Durante o happy hour, Martos projetou suas opiniões sobre o ano de 2014 no mercado de mídia. O segundo A Bordo com a [B+] contou com o apoio de Conquest Operadora, Estúdio Elos, Malagueta, Sotero Hotel, Texto & Cia e Uranus2.

[01] Andreson Morais, Carol Pithon (Grupo A Tarde) e Fernando Passos (Engenhonovo); [02] Bianca Passos (Grupo [B+]); [03] Claudia e Magno Santana (Criante Comunicação); [04] Claudio Vinagre (Grupo [B+]) e Rose Passos (Bradesco); [05] Clóvis Silva (SLA); [06] Cristina e Fernando Martos (palestrante), Juliana Jozzolino e Leonardo César (Rede Bahia); [07] Dante Iacovone (Rede Bahia); [08] Demis Acasan e Kátia Nascimento (Única); [09] Eder Galindo (Propeg); [10] Kiko Medeiros (Rede Bahia) e Maiara Liberato (Duetto Eventos); [11] Kiko Silva (.K Comunicação) e Ênio Carvalho (Marketing Ideias e Resultados); [12] Nei Bandeira (TV Aratu); [13] Rubem Passos (Grupo [B+]), Fernando Martos (palestrante) e Renato Simões (Grupo [B+]); [14] Sílvio Corrêa (Comercial Ramos); [15] Vera Rocha (Rocha Comunicação), Caio Silveira, César Silveira (Aura) w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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bloco de no ta s [TECNOLOGIA]

3 PERGUNTAS

PARQUE TECNOLÓGICO DA BAHIA INSTALARÁ HUB OFFICE

JOÃO FAGUNDES, TRADE MARKETING DA LG

Após ganhar aporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Áity Incubadora de Empresas instalará um Hub Office, um espaço de trabalho compartilhado, para potencializar o intercâmbio de experiência e geração de negócios entre as empresas incubadas. A infraestrutura engloba um complexo produtivo de base científico-tecnológica para agregar empresas cuja produção se baseie em tecnologias inovadoras. Uma gama de serviços também será ofertada para o desenvolvimento dos negócios.

[INDÚSTRIA] FOTO: Divulgação

Márcio Queiroz (diretor das Lojas Guaibim), Ramiro Jr. (diretor das Lojas Guaibim), Jú Moraes, João Fagundes (Trade Marketing da LG) e Carlinhos Brown

A sul-coreana LG abriu, no fim de 2013, duas lojas próprias em Salvador. João Fagundes esteve presente, em janeiro, no lançamento do novo tablet LG GPad 8.3 e falou sobre os investimentos feitos na Bahia. Qual é o potencial do cenário Bahia para a LG? Após uma analise de mercado, percebemos que há uma demanda não suprida de produtos de alta qualidade na Bahia, então estamos focando em trazer smartphones, ultrabooks e aparelhos de informática da nossa linha premium, que requerem uma alta explicação por parte dos vendedores.

BAHIA PRODUZIRÁ ÁGUA DE COCO ENGARRAFADA SEM CONSERVANTES QUÍMICOS

O que um consumidor atual procura ao comprar um aparelho eletrônico? O que o consumidor quer é um facilitador na palma da mão, um aparelho que agregue todas as facilidades do dia a dia, com internet, GPS, mapa, aplicativo corporativo, de serviços, etc. A tendência é que ele faça uma pesquisa na internet para saber os produtos que o atendem, e, depois, vá a uma loja física.

A partir do mês de março, o grupo Aurantiaca utilizará uma tecnologia inédita no mundo para produzir água de coco engarrafada sem conservantes, no município de Conde. Ao todo, 450 mil pés de coco, cada um com um código de barras instalado desde o plantio, terão a água extraída através de uma agulha para que chegue diretamente à embalagem sem contato com o ar. Com investimento de R$370 milhões, a fábrica Frysk Industrial irá fazer o beneficiamento da fibra, engarrafamento da água e produção de leite e óleo de coco.

Qual o principal desafio da LG no mercado para 2014? Em 2012-2013, a LG cresceu mais de 50% na linha de venda de celulares, o que nos colocou em segundo colocado no ranking GFK de vendas no Brasil. Temos produtos de baixo valor pra atender a todas as classes, mas nosso foco são os produtos de alto valor. Este ano, teremos três grandes lançamentos, o Gpad, Gglex e o Nexus 5, que nos acompanharão rumo ao desafio de ocupar o primeiro lugar em vendas.

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FOTO: Divulgação

[TURISMO]

AIR EUROPA CRIA ROTA DE SALVADOR PARA SANTIAGO DO CHILE A partir do dia 31 de março, a companhia aérea Air Europa dará início às operações que unirá a capital baiana a Santiago do Chile, em voo sem conexões e com três frequências semanais. “Com essa nova rota ligando Salvador ao Chile, pela primeira vez um aeroporto brasileiro fora do eixo Sul e Sudeste se tornará um hub internacional para destinos na Europa e América do Sul”, comemora Lorena Mascarenha, gerente comercial Norte e Nordeste. A empresa já planeja as rotas de Salvador para Montevidéu, no Uruguai, e Córdoba, na Argentina. Esta iniciativa faz parte projeto de expansão da empresa rumo aos países da América do Sul e América Central.


bloco de no ta s MISSÃO EMPRESARIAL: CHINA, SINGAPURA E DUBAI Entre os dias 14 e 27 de abril, um grupo de empresários da Bahia viaja rumo à Ásia. Os destinos são China, Hong Kong, Macau e Singapura, onde buscam inspirações, tecnologias, insights para gerar novos negócios, parcerias e desenvolvimento. O ponto alto da visitação fica por conta da visita à Feira de Importação e Exportação da China, também chamada de Feira de Cantão. Fundada em 1957, ela é realizada todos os anos na primavera e no outono, sendo a maior feira comercial multifuncional e de mais alto nível da China, com grande importância internacional. A zona de exportação de Feira de Cantão é composta por 48 delegações de comércio, incluindo mais de 20 mil companhias de comércio externo, fábricas e instituições de investigação científica. O grupo de empresários vai com a missão de identificar as principais novidades lançadas para 2014 e as sinergias com o mercado da Bahia, que gerem conhecimentos e ideias para os negócios locais.

FOTOS: Divulgação

TURISTAS BRASILEIROS PREFEREM O NORDESTE Pesquisa do Ministério do Turismo aponta que os estados da região Nordeste devem receber o maior fluxo de turismo doméstico do Brasil até julho deste ano. O levantamento mostra que aproximadamente 54% dos potenciais viajantes têm a região como destino preferencial. A pesquisa foi realizada, em janeiro, em Salvador e outras seis capitais do país (Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo). Na capital baiana, a intenção de viagem aumentou de 24,7%, em janeiro de 2013, para os atuais 24,9%. 20

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bloco de no ta s

NAS MÃOS DELE Carlos Gilberto Farias vence disputa pela presidência da Fieb e promete projeto de desoneração fiscal para micro, pequenas e médias empresas baianas FOTO: Divulgação

Duas bandeiras de campanha levaram Carlos Gilberto Farias a conquistar os 23 votos que o consagraram como novo presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) em janeiro deste ano: a participação mais ativa dos sindicatos e a representatividade do sistema no interior do estado. A eleição foi marcada pelo ineditismo e por polêmicas. Após entrevista à edição 21 da Revista [B+], o oponente José de Freitas Mascarenhas lançou uma carta à imprensa afirmando que Farias demonstrou total desconhecimento do Sistema Fieb e do trabalho que vinha sendo feito. O embate não parou por aí. Com o término da eleição, Mascarenhas decidiu recorrer do resultado alegando que questões jurídicas pendentes contaminaram o resultado do pleito. Segundo ele, em nota divulgada, o recurso administrativo está previsto no regulamento eleitoral, o que não se configura em judicialização do pleito. O recurso de Mascarenhas foi classificado como “lamentável” pelos presidentes de sindicatos que compõem o colégio eleitoral da entidade. Com o resultado das votações, ambos terão que se unir, já que Mascarenhas venceu a eleição do Centro das Indústrias do Estado Bahia (Cieb), que faz parte do Sistema Fieb. Em sua primeira entrevista à imprensa como presidente eleito da federação, Gilberto Farias mostrou interesse em conversar com Mascarenhas, falou sobre sua intenção de aproximar micro, pequenas e médias empresas baianas da Fieb e pôde esmiuçar os projetos do seu mandato que começa em março de 2014. 22

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COMO ACELERAR A INTERIORIZAÇÃO “Vamos aproveitar o que já foi projetado, fazendo uma revisão, mas acredito que não temos muito que acrescentar nestes projetos. Levaremos um modelo prático, com tecnologia, que possa levar Senai e Cimatec para municípios do interior.” INFRAESTRUTURA “Precisamos aproximar a Fieb dos parlamentares baianos, apresentando projetos, acompanhando, mostrar nossas carências e prioridades para o escoamento da produção do estado. É preciso trabalhar afinado com eles.” O QUE FAZER PARA AS MPES “Temos 21 mil indústrias na Bahia, sendo que 98% delas são micro, pequenas e médias. Deste percentual, apenas 15% estão nos sindicatos. Elas têm uma capilaridade muito grande. Nossa proposta é valorizar e fortalecer este segmento com propostas concretas. Temos um projeto de desoneração fiscal para MPEs que está sendo encaminhado para a Assembleia. A intenção é reduzir multas de obrigação acessória. Além disso, queremos criar o Serviço de Atendimento ao Consumidor das MPEs, que dará o aporte educacional que tanto precisam”, disse Carlos Henrique Jorge Gantois, vice-presidente eleito. COMO SE ARTICULAR COM MASCARENHAS “A democracia foi exercida e precisa ser respeitada. Sou uma pessoa que gosta de agregar, não tenho inimigos e, com meus colegas, vou priorizar a união da Fieb. Nós estamos aguardando um convite de conversa por parte de Mascarenhas. Daremos continuidade aos projetos em curso e, se ele permitir, quero tê-lo como um grande consultor”.

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FOTO: Museu Tempostal

[CULTURA]

MEMORIAL ACERVO ICONOGRÁFICO DE ITAPARICA Imagine a situação de alguém que desperta um dia, olha ao redor e se indaga: quem sou eu? Assim está Itaparica, uma cidade histórica, mas sem memória. Um grupo de cidadãos reunidos, capitaneado pelo advogado Augusto Albuquerque, com a associação dos Amigos da Biblioteca de Itaparica, resolveu resgatar essa história em imagens e criar o Memorial Acervo Iconográfico de Itaparica. A exposição permanente foi inaugurada no dia 7 de janeiro de 2014, na Biblioteca Juracy Magalhães Júnior, e reúne 80 fotografias e 15 pinturas, além das mais de 900 imagens digitalizadas disponíveis em três terminais de computador. A pesquisa continua com a contribuição espontânea de detentores de fotografias, litografias, desenhos e pinturas que retratem a ilha ou Salinas da Margarida. O objetivo é materializar a profecia do velho Ubaldo Osório, que dizia: “Ainda assim as esperanças não estão perdidas. Apesar de barbaramente mutilada, a mimosa filha das águas, poderá um dia ressurgir.”

A Ilhota, localidade vizinha a Mar Grande, no atual município de Vera Cruz, em foto que integra a coleção Antônio Marcelino, do Museu Tempostal


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NILSON SARTI por NÚBIA CRISTINA

NO DIVÃ FOTO: Rômulo Portela

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o fazer um balanço do trabalho como presidente da Associação de Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), o engenheiro civil Nilson Sarti, diretor da Akasa Incorporadora, deixa evidente que tem a consciência tranquila e aquela sensação de quem fez o melhor. Ele assumiu o cargo pela primeira vez em 2010, na sequência foi reeleito de forma tranquila, para dar continuidade a seus projetos no biênio 2012-2014. Com generosidade, reconhece o mérito de sua equipe de diretores e do conselho, deixando claro que a sintonia fina do time foi responsável pelas conquistas e unanimidade no processo eleitoral, levando Luciano Muricy, que era o primeiro vice-presidente na última gestão, à presidência da entidade. Otimista por natureza, ele se mostra tranquilo e confiante, com a melhor das expectativas para 2014. “Será um ano de crescimento e bons resultados para o mercado imobiliário baiano, com muita criatividade vamos adaptar o trabalho e a produtividade a esse calendário que traz Carnaval, São João e Copa”. Está lançado o desafio para o setor.

CONSENSO NA ESCOLHA DA NOVA DIRETORIA A nova diretoria, que toma posse dia 28 de março, dará continuidade ao trabalho das gestões anteriores. Todo o esforço para avançar no que diz respeito à adoção de práticas mais sustentáveis na indústria da construção e no mercado imobiliário baiano será mantido. Houve consenso em torno do nome de Luciano Muricy para presidir a entidade no biênio 2014-2016. Ele faz parte da diretoria há mais de dez anos. Sua contribuição foi fundamental, por exemplo, na criação e implementação do Plano Ademi-BA de Sustentabilidade.

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A assinatura do Termo de Compromisso do Projeto Mata Atlântica, envolvendo a Ademi-BA, órgãos municipais, estaduais, federais e o Ministério Público Estadual, é um divisor de águas para o mercado imobiliário? Acatei a ideia de continuar na presidência até 2014 para avançar em dois pontos que considero fundamentais: a promoção de práticas sustentáveis e a interiorização das ações da entidade. No primeiro ponto, caminhamos bem, embora a gente ainda tenha muito a fazer. Um bom exemplo disso é esse Projeto Mata Atlântica, que contribuiu disponibilizando equipe técnica para acompanhar os trabalhos de identificação dos estágios da vegetação de mata atlântica do município de Salvador. Assinamos na sede do Ministério Público Estadual a ratificação do termo de compromisso do Projeto Mata Atlântica em Salvador, para a inclusão do Inema (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos). A primeira versão do acordo foi assinada no dia 3 dezembro de 2013. Esse acordo representa mesmo um divisor de águas para o mercado imobiliário de Salvador. Como o projeto funcionará? Graças ao acordo, antes de comprar, o incorporador poderá verificar o estágio de mata atlântica do terreno. Todas as instâncias governos municipal, estadual e federal, além do Ministério Público - poderão se posicionar desde a fase inicial dos projetos, com a consultoria da Fundação José Silveira. Isso acaba com a insegurança jurídica e evita aqueles casos nos quais um projeto é aprovado, mas, por não ter o parecer de todos os atores que deveriam estar envolvidos no processo, fica passível a embargos lá na frente. Nós defendemos o desenvolvimento sustentável do município de Salvador, queremos regras claras e bem definidas. Por isso, lutamos mais de dois anos por esse acordo. A prefeitura vai utilizar o Projeto Mata Atlântica Salvador ao aplicar a lei federal nos processos de licenciamento e autorização ambiental, para implantação de loteamentos ou edificações em áreas urbanas, sendo facultado aos proprietários de imóveis contestarem o trabalho elaborado pelo

Ministério Público Estadual, caso discordem do diagnóstico relativo à vegetação existente no seu imóvel. A Ademi-BA vai promover um seminário para divulgação do projeto, com a participação de representantes do poder público municipal, Ministério Público da Bahia, empreendedores do mercado imobiliário, técnicos e juristas. Como foi a discussão em torno do IPTU Verde, que se tornou lei em Salvador? Trabalhamos bastante em defesa de políticas públicas voltadas à sustentabilidade, na criação de leis que nos façam avançar nesse aspecto. Eu me envolvi muito com as discussões em torno do IPTU Verde. Ele se tornou lei em Salvador no final do ano passado, e deve assegurar desconto de até 10% no Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial (IPTU) para empreendimentos que adotam técnicas de construção sustentável. O projeto do vereador Paulo Câmara (PSDB) está em fase de regulamentação. Camaçari foi o primeiro município baiano a aderir ao IPTU verde, o município de Mata de São João já assinou o protocolo de intenções e está em processo de elaboração da legislação municipal. O assunto também está em pauta em Lauro de Freitas e Vitória da Conquista. É uma medida excelente para o município, uma arma no combate à sonegação, porque apenas quem paga imposto pode ter direito ao desconto. Além disso, é bom para o comprador do imóvel, e melhor ainda para o meio ambiente. Como está o desafio de levar o Fórum de Sustentabilidade para o interior? É uma das ações previstas para a gestão de Luciano Muricy. O desafio é adaptar o evento às cidades que vão abrigá-lo, mas é importante inserir essa pauta em várias regiões da Bahia. A consolidação do fórum é um legado dessa gestão. No ano passado levamos o evento para um dos maiores cinemas de Salvador, conseguimos reunir 320 pessoas, nos dois turnos, uma vitória. Fico entusiasmado ao falar desse tema, porque a sustentabilidade é irmã siamesa da inovação. Orientadas por esse princípio, as construtoras reduzem custos, para elas e para os consumidores, melhoram processos e

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i móveis + pe r f il preservam o meio ambiente. Na minha primeira gestão, criamos o Plano Ademi-BA de Sustentabilidade, que passou a nortear nossas ações. A partir daí todos os eventos, inclusive o Prêmio Ademi, tornaram-se sustentáveis. Lançamos o Guia de Consumo Consciente, para os clientes, e o Guia da Sustentabilidade, para as empresas. Trouxemos para a Bahia palestrantes internacionais, como Ângelo Consoli, popularizamos os conceitos, tornando-os acessíveis até mesmo para as pequenas e médias empresas. Diante dos trabalhos realizados na sua gestão, quais são os primeiros passos da nova gestão que assume a Ademi-BA? Os primeiros passos rumo à interiorização foram dados. Acredito que a nova diretoria deve aprofundar esse trabalho, criando núcleos em algumas cidades e levando a elas eventos como o Salão de Negócios Imobiliários e o Fórum de Sustentabilidade. Nossa atuação foi mais marcante em Vitória da Conquista, Feira de Santana, Camaçari e Lauro de Freitas, fizemos um mapeamento dessas cidades. No entanto, enxergamos oportunidades em vários polos de desenvolvimento e visitamos municípios como Itabuna, Ilhéus, Barreiras, Luis Eduardo, dentre outros. É necessário estimular a formação de parcerias entre empresas da capital e do interior. 26

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FOTOS: Rômulo Portela

“Fico entusiasmado ao falar de sustentabilidade. Orientadas por esse princípio as construtoras reduzem custos, para elas e para os consumidores, melhoram processos e preservam o meio ambiente”

Como foi lidar com as mudanças da Lei do Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo (Louos) e do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU)? O ano de 2013 foi muito complicado, em função do imbróglio em torno da Louos e do PDDU. Perdemos o ano inteiro com essa judicialização, o que provocou uma redução de 40% no total de lançamentos na capital baiana. Não conseguimos sequer realizar o Salão de Negócios Imobiliários. Tentamos viabilizar o evento de várias formas, mas não foi possível. Como as regras não estavam claras, muitos projetos ficaram parados. Em 2011, lançamos 13 mil unidades, em 2012 cerca de cinco mil e em 2013 pouco mais de três mil. No ano passado, foram vendidas cerca de 7.200 unidades, 10% a menos em relação a 2012, no qual foram comercializadas oito mil unidades.

“O PDDU precisa ser construído vislumbrando as necessidades da cidade de Salvador para os próximos 30 anos”

O que espera para o PDDU da capital baiana? O novo PDDU de Salvador deve ser aprovado em 2015 e ele precisa ser construído vislumbrando as necessidades da cidade para os próximos 30 anos. A Ademi quer participar dessa discussão, inclusive contratando consultorias para apontar caminhos para a revitalização de algumas áreas da cidade e descortinar novos vetores de crescimento. Já nos colocamos à disposição da prefeitura e do presidente da Câmara e vamos buscar um diálogo proativo. [B+]

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mí di a + FOTO: Divulgação

A HISTÓRIA DO CARNAVAL

ARTISTAS BAIANOS SÃO HOMENAGEADOS EM CAMPANHA Se você andou por Salvador nos últimos tempos, notou que Ivete Sangalo, Durval Lélys, Carlinhos Brown e Bell Marques apareceram de um modo diferente. O Shopping Iguatemi transformou os artistas baianos em caricaturas assinadas pelo ilustrados Zeca Forehead. A campanha, desenvolvida pela Ideia 3, uniu as ilustrações à cores vibrantes, com a cara do verão. Uma das novidades no ano de 2014 do shopping é ser pela primeira vez, o title sponsor do camarote VIP do Festival de Verão Salvador. O espaço, que passou a ser chamado de Camarote Iguatemi, teve seu projeto assinado pela Marcativa Comunicação Estratégica, responsável pelo espaço também em anos anteriores. A agência fez a produção do camarote, bem como a cenografia e as ações promocionais do shopping.

O pesquisador e jornalista Nelson Varón Cadena lançou, em fevereiro, o livro “História do Carnaval da Bahia - 130 Anos do Carnaval de Salvador”. O livro de 280 páginas registra as origens da festa, desde os elementos rituais de raízes que mais tarde influenciaram o surgimento de blocos e batucadas, o Carnaval dito civilizado inspirado nos carnavais da Europa, a partir de 1884, até chegar aos dias de hoje. Foram dois anos de pesquisa, colhendo documentos e fotos inéditas, além de consultar mais de 80 coleções de jornais e revistas baianas dos séculos 19 e 20 de acervos de Salvador e do Rio de Janeiro.

SAULO PAZ E AMOR! CANTOR LANÇA APLICATIVO COM AÇÕES DE ENGAJAMENTO Se o cantor Saulo Fernandes fica responsável pelo som, a Marcativa Comunicação Estratégica assina a divulgação no ambiente digital. A campanha on-line, planejada e criada pela agência, buscou aliar estratégias de anúncios digitais com ações de engajamento, como o aplicativo Mapas do Bem. No site mapasdobem.com.br, as pessoas podem deixar registros de generosidade, solidariedade e outras ações positivas, através de fotos publicadas no Instagram com a hashtag #mapasdobem e a localização. A ideia foi inspirada na música “Raiz de Todo Bem”, do cantor. A agência já planejou o lançamento de novos aplicativos e eventos de visibilidade para dar continuidade à campanha e divulgar a carreira solo de Saulo. 28

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mí di a + MONDELĒZ BRASIL MAIS PRÓXIMA DOS CONSUMIDORES DO NORDESTE A Mondelēz Brasil traz ações diferenciadas de Club Social, Tang e Trident, que buscam promover experiência de marca e estreitar a relação com o consumidor da Bahia, Pernambuco e Ceará. Trident, a marca líder no segmento de gomas de mascar com 48,8% de participação em valor, segundo a Nielsen, apresenta uma campanha com multíplos pontos de contato com o consumidor, desenvolvida exclusivamente para a região. A campanha divulgou o novo produto, com nova embalagem e nova fórmula. O Club Social, que detém 15,5% de participação em valor no mercado local, relançou a linha Club Social Sabores. O plano de comunicação para o primeiro trimestre contempla vinheta em TV, spots em rádio, mídia digital, mídia exterior e diversas ações de marketing na Bahia. Dentre as ações, a marca está presente em eventos de grande relevância para a região: Sarau Du Brown e Carnaval de Salvador. Durante o período, em todo o Nordeste, serão impactados em torno de 1,5 milhão de pessoas.

FOTÓGRAFO BAIANO FATURA PRÊMIO INTERNACIONAL Após concorrer com cerca de três mil imagens inscritas, o fotógrafo baiano Sérgio Muricy, especializado em fotojornalismo de casamentos, faturou a primeira colocação em mais uma premiação promovida pela Wedding Photography Select (WPS). Sérgio retratou, na imagem que lhe colocou no local mais alto do pódio, o momento em que a dama de honra e o pajem entravam na igreja e ele mostrava para ela todo o interior do local sagrado. Além desta imagem, Sérgio ainda conquistou um selo de reconhecimento, com a escolha de outro registro, que mostra a alegria dos convidados que disputavam uma garrafa de uísque jogada pelo noivo.

AZEVEDO FILHO E NÚBIA CRISTINA AGORA NA CBN SALVADOR O mercado imobiliário ganhou espaço no noticiário da rádio CBN Salvador. O programa CBN Imóveis estreou no dia 8 de fevereiro, com apresentação de Azevedo Filho e Núbia Cristina, e vai ao ar aos sábados, de 9h às 10h. Diferentemente do que ocorre em outros programas da CBN Salvador, o CBN Imóveis tem a participação do ouvinte, por telefone, que pode conversar com os apresentadores e convidados. A dupla conduziu o Metrópole Imobiliário, na rádio Metrópole, de setembro de 2012 a janeiro deste ano. 30

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Apoio:

ARTE: Gerson Lima

NEGÓCIOS A incrível safra de marqueteiros 32 O que esperar de 2014? 36 Conexões baianas 40 [c] A direita envergonhada 46 [c] O relacionamento ideal 48


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Edson Barbosa, Link Propaganda, e Fernando Barros, Propeg

A INCRÍVEL SAFRA DE MARQUETEIROS MADE IN BAHIA Que água beberam os baianos que ditam os rumos da política no país?

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empre me indaguei quais motivos levam algumas épocas, ainda que isso aconteça espaçadamente, a serem tão pródigas em produzir safras exuberantes de talentos, gerando em torno de si um ambiente de extrema criatividade. Ao longo de grandes estirões do tempo, a coisa parece estacionar numa mesmice, a qualidade do impulso criativo tende ao medíocre e o saldo da produção coletiva resulta repetitivo. Na música, na literatura, no cinema ou nas artes visuais, a norma se estabelece em termos banais, os modelos se eternizam esticandose em permutas estéreis, e, muitas vezes, um certo “maneirismo” decadente toma o lugar da verdadeira criação. Entretanto, como sintetizou o poeta baiano Caetano Veloso: “É incrível a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer”. E as coisas vão emergindo de repente, em metamorfoses ambulantes. Esses momentos especiais geralmente decorrem de uma forte liderança, ou de uma conjugação de energias 32

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por GERALDO MACHADO imagens ROBERTO JUNIOR

coletivas, em simultaneidade, produzindo uma espécie de caldo cultural não muito apercebido, até que eclodem. A brotação é muitas vezes acelerada por passagens críticas de rupturas ou fruto da quentura de certos momentos históricos que fazem as vezes de estufa, forja ou detonador. “Há alguns anos me peguei muito surpreso ao me dar conta de que boa parte do PIB brasileiro no marketing político estava nas mãos de um punhado de baianos. As maiores e mais poderosas agências de criação do país eram capitaneadas por conterrâneos, àquela altura nacionalmente conhecidos. Basta lembrar os nomes de João Santana, Nizan Guanaes, Duda Mendonça, Geraldo Walter, Sérgio Amado, Fernando Barros, Cláudio Barreto, Carlos Sarno, Fernando Passos, Sidônio Palmeira, Edinho Barbosa, José Roberto Berne, Alexandre Guimarães, Antônio Miranda, João Silva, Rodrigo Sá Menezes, entre tantas outras figuras prestigiosas no universo da criação, nomes que fazem saltar diante de nossos olhos a


constatação de que alguma coisa muito incrível se passou por aqui por essas bandas, bem debaixo de nossos inadvertidos narizes. O fato é que vários desses profissionais do marketing político passaram a dominar a cena nacional.” Mas como teriam sido criadas as bases de um berçário tão especial? De que é feita a placenta criativa que gera tantos filhos geniais? Que misteriosa incubadora foi essa, que adubos, que fertilizantes, produziram uma geração tão especial? Qual foi o ambiente político-cultural que lhes foi propício? Não tinha respostas prontas, minha postura era de investigação e perplexidade diante desse mistério difuso. O ser humano constitui a sua grandeza através da oposição, muitas vezes, na melhor das hipóteses, passado um tempo de confronto, até que atinja a transcendência dos contrários. A compreensão da lógica oculta desses conflitos, o deciframento das regras que conduzem as pesadas jogadas da disputa de poder, foi sempre tarefa complexa, deslindada por poucas mentes insubmissas e iluminadas. As artimanhas e brutalidades do príncipe, articuladas por Maquiavel, resistem a muitas estações e apontam para algumas estruturas permanentes sob a aparência mutável dos acontecimentos. Após anos de luta surda e resistente contra o autoritarismo da ditadura militar, já em seus estertores, o ideário nacional pulsava pela democracia. Com a volta das eleições livres, o restabelecimento da normalidade democrática fez com que surgisse uma nova categoria profissional, subsidiária dos publicitários, os chamados marqueteiros, profissionais antenados, capazes de interpretar os meandros sinuosos dos desejos e da sensibilidade popular para estabelecer uma linguagem capaz de induzir o povo a votar em seus candidatos. Os políticos passaram a ser compreendidos também como produtos, sua embalagem não menos importante que o seu suposto conteúdo. O fenômeno produziu uma quantidade enorme de profissionais que iam se especializando no assunto, inventando o caminho ao caminhar. Nesse período, durante os anos 70, 80 e 90, nosso estado vivia, portanto, como todo o Brasil, um laboratório de intensas experimentações com novas formas de

Podemos afirmar, sem risco de errar, que nasceu aqui, assim, espontaneamente, um tipo singular de escola de marketing político

propaganda política, muito embora aqui na Bahia ele apresentasse características absolutamente particulares. O resultado foi um conjunto de aprendizados e experiências que acabou desaguando na criação de uma espécie de knowhow único de marketing político, com tintas e temperos bem baianos, e que não apenas surpreendeu o Brasil, como foi até exportado, com sucesso, para vários lugares, especialmente na África e América Latina. Durante o citado período, a Bahia foi palco de acirradas batalhas políticas. O estado já contava, a essa altura, com uma base publicitária muito ativa. O carlismo predominava soberano sobre outras forças políticas. Desse forte tensionamento, foram brotando novas fórmulas para capturar a atenção dos eleitores. Uma nova cultura de marketing político, que renovava inteiramente as relações eleitorais, parte importante das ciências políticas, começava a estabelecer e desenvolver suas bases. Lembremos que o próprio ACM liderava boa parte da criação de suas campanhas. Muitos publicitários reconhecem que ele foi responsável direto por um sem-número de inovações. Por exemplo, é bem provável que nenhum outro líder baiano tenha compreendido e incentivado ingredientes da cultura como parte integrante, indissociável, da política. Foi a partir daí que se deu a ocupação de espaços no coração das festas populares ou religiosas; o uso de símbolos da baianidade; a composição de jingles dançantes de ótima qualidade; a criação dos showmícios, que concentravam e alegravam as massas nos comícios, onde bonecos gigantes, divertidos, passeavam no meio do povo; programas de rádio criativos varriam todo o estado; garotas com pernas transbordando de minissaias balançavam suas bandeiras coloridas pelas ruas da cidade; carreatas com trios elétricos; sacanagens e mais sacanagens circulavam de todas as formas, dando ao eleitorado uma quentura de emoção e entusiasmo que só as lutas de boxe são capazes de evocar. As oposições eram exacerbadamente críticas e aguerridas, não deixavam w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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N E G Ó C I OS | m arke ti n g

O interessante é que esse laboratório baiano proporcionou um aprendizado coletivo: muitos profissionais da área da criação (...) aproveitaram para se reciclar

passar nada. Enfim, travava-se uma guerra aberta pela disputa do imaginário popular, em clima de zorra total. Bem diferente dos dias de hoje, quando, de um lado, a passividade impera e engessa e, por outro, na direção oposta - salvo honrosas e raríssimas exceções - toma conta de tudo certo esgotamento, um vazio conceitual de ideias, um apagão de massa crítica. Naquela época, a feroz competição tinha como matériaprima exatamente a imaginação, a invenção de fórmulas originais que seduzissem o eleitorado. No calor e no correr da contenda é que se moldam os talentos. O interessante é que esse laboratório baiano proporcionou um aprendizado coletivo: muitos profissionais da área da criação dele se aproveitaram para se reciclar, praticamente todos ao mesmo tempo, na difícil arte de interpretar e reorientar com estratégias criativas os desejos dos eleitores durante as campanhas. Podemos afirmar, sem risco de errar, que nasceu aqui, assim, espontaneamente, um tipo singular de escola de marketing político, rigorosamente made in Bahia.

Duda Mendonça tornou-se conhecido por comandar campanhas políticas vitoriosas, como a do presidente Lula em 2002

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João Santana é o nome do momento. Comandou o marketing vitorioso de sete eleições presidencias, como as campanhas de Lula e Dilma Rousseff, no Brasil; Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013), na Venezuela

Fernando Passos chama a atenção para um elemento sutil que induz, em parte, o segredo dessa especificidade baiana. Quase imperceptível, pertencente ao universo da subjetividade, marca, porém, de forma muito particular as posturas e os comportamentos dos nossos marqueteiros. O approach local à política sempre foi guiado por uma percepção muito sensorial. Ao contrário dos marqueteiros “sudestinos”, que são extremamente pragmáticos e baseiam suas percepções em pesquisas sociológicas racionais, objetivas e frias, os profissionais baianos percebem a realidade de uma forma mais maleável, capturam e levam em conta emoções e latências no ar, coisas como aromas, sons, brilho no olhar, sabores. Daí por que são os baianos os mais calorosos, e com essa forma intuitiva conseguem alta eficiência, uma entrega perfeita em suas mensagens. Muitos entre esses publicitários migraram, a seguir, para São Paulo e Brasília, onde ocuparam os principais nichos do marketing político no Brasil, decisivos para as disputas pelas mais altas cúpulas do poder. São hoje disputados, indistintamente, por todos os grandes partidos; aclamados e reconhecidos como os melhores profissionais do gênero no país. Eles continuam a ditar boa parte das estratégias que vêm elegendo presidentes da República, governadores, prefeitos e toda classe de políticos por esse Brasil afora, e fora do Brasil. Além de desempenharem secundariamente o papel de verdadeiros escudeiros do sistema imunológico de defesa em torno da imagem dos candidatos.

Realmente, não tenho ainda absoluta certeza de como foram produzidas tais safras extraordinárias de marqueteiros talentosos na Bahia, nem como se processou essa intensa exportação de profissionais superexperts em política. Sou um observador amador na matéria, não proponho certezas ou modelos de análise matemáticos ou comparativos, mas a hipótese que norteia meu pensamento é a de que os tensionamentos, os fortes enfrentamentos, como aqueles havidos nos embates políticos das duas ou três últimas décadas, são, sim, essenciais, vitais para a democracia, pois geram avanços na criatividade e na inovação, e acabam promovendo evolução nos costumes políticos. Estagnação e conformismo são anestesias da criatividade verdadeira e coveiros da inovação. Quando o contraditório desaparece e quando um “pensamento único” estabelece uma hegemonia inconteste, como parece ser o caso dos nossos dias, não apenas o jornalismo e a publicidade, mas também a própria política, a democracia e a vida cultural se deitam a hibernar nas câmaras frias da mediocridade. [B+]

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O QUE ESPERAR DO DESEMPENHO DA

ECONOMIA BAIANA

EM 2014?

Economistas preveem crescimento de 3,5% e creem que efeitos da Copa e das eleições devam nos atingir (mas não muito significativamente) por PEDRO HIJO

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(esq.) A montadora JAC Motors é uma das indústrias que estão sendo construídas na Bahia. Os investimentos, programados para serem realizados até 2015, somam aproximadamente R$30 bilhões.(meio) As expectativas da Conab são de recuperação na pecuária, porém em menor escala, com projeções próximas a elevação de 10% na produção. (dir.) A intensidade da atividade comercial deve diminuir motivada, principalmente, pelo esgotamento dos incentivos à elevação de demanda

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m ano de muita expectativa. Dois mil e quatorze chegou com o compromisso de abarcar uma Copa do Mundo e as eleições presidenciais e estaduais. O desafio é grande, principalmente para a economia do país, que fechou o ano passado com PIB estimado entre 2,5% e 3%, considerado modesto por economistas - haja visto os altos investimentos em infraestrutura pré-eventos que deveriam contribuir com números maiores. Este cenário inclui a Bahia. O estado encerrou 2013 com PIB de 2,7% e as expectativas para 2014 giram em torno de um crescimento maior. Além dos megaeventos nacionais, pelo menos 19 grandes empreendimentos entram em operação no território baiano este ano, entre eles o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, em Maragojipe, e a fábrica do grupo O Boticário, em Camaçari, influenciando na dinâmica industrial do estado.

De acordo com Shirley Silva, economista e sócia-líder da EY na Bahia, a previsão otimista do governo federal é de que o país cresça 3,5%, já os economistas esperam de 2,5% a 3%. Isso se deve às pressões inflacionárias que o Brasil sofrerá ao longo de 2014. Shirley lista algumas: “Temos a conta do setor de energia, a do petróleo, o impacto ambiental, além das contas das termelétricas, que serão pagas pelo consumidor. Tudo isso puxa a inflação”, opina. Para a Bahia, o economista Gustavo Casseb Pessoti, presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), acredita que, se as taxas setoriais se efetivarem, o resultado global do valor adicionado pela agropecuária, indústria e serviços apresentará um incremento de 3,5% em 2014 em comparação a 2013.

AGROPECUÁRIA Economistas preveem um crescimento de 10% a 15%. A região oeste do estado se destaca no setor agrícola.

CONSTRUÇÃO CIVIL Segundo Pessoti, o setor deve ter taxa de 2,5% motivada pela aceleração das obras para a Copa do Mundo e vendas do mercado imobiliário baiano.

SERVIÇO Setor deve perder força, principalmente pelo acesso ao crédito, que deve ser menor. “Os setores de serviço que devem apresentar os maiores desempenhos são o de transporte, alojamento, alimentação e serviços financeiros”, segundo Pessoti.

NAS URNAS Segundo Shirley Silva, a Bahia deve sentir a pressão dos gastos do governo com a reeleição de Dilma, que devem aumentar os investimentos do governo na economia local. No entanto, não deverá ser muito expressivo, já que tais investimentos já estão sendo feitos na infraestrutura para a Copa.

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DIVIDINDO O PIB BAIANO EM 2013 (dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia)

62% 29% 09% setor de serviço

setor industrial

para a agropecuária

SETOR DE SERVIÇO DEVE PERDER FORÇA Segundo dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o protagonista do crescimento baiano em 2013 foi o setor de serviço. O consumo representa, aproximadamente, 62% do PIB, com destaque para aqueles ligados às atividades comerciais e ao setor público. Ancorado pelo programa de bolsas do governo federal, uma grande massa teve acesso aos bens de consumo, o que alavancou não só o setor de serviço como o sistema de construção civil. Segundo Shirley Silva, isso deve ser mantido em 2014, principalmente por conta da motivação da Copa do Mundo. O problema virá depois. “A partir do segundo semestre, sem os efeitos da Copa, teremos uma pressão forte dos preços que o governo conseguiu controlar em 2013, como as contas de energia e petróleo, o que tende a desacelerar a economia”, opina. Para Pessoti, o consumo deve perder força logo no primeiro semestre, provocado pela a preocupação com a inflação e as expectativas de mercado em torno de nova elevação da taxa de juros Selic, que devem frear o acesso ao crédito. Cristiano Girolamo, sócio-líder do escritório da KPMG em Salvador, concorda com a expectativa pouco animadora no setor de serviço. Para Girolamo, a Bahia ficará numa linha estável de PIB e de consumo logo no começo do ano. A diminuição na intensidade de crescimento na atividade comercial também é outro motivo para uma queda no rendimento do setor em 2014, fato que já foi observado ao longo de 2013, em função do esgotamento dos incentivos à elevação de demanda, mas também em função da menor elevação na renda média do trabalhador, dado que o ganho real do salário mínimo foi inferior ao ocorrido em 2013. AGROPECUÁRIA Apesar das secas que castigaram a região Nordeste do Brasil entre 2012 e durante dez meses de 2013, as chuvas de novembro e dezembro últimos foram importantes para iniciar uma recuperação na cadeia agropecuária. As projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para 2014 apontam para uma safra baiana de grãos 25% maior do que a 38

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registrada em 2013, além de safras recordes para a produção de soja e algodão no oeste da Bahia. Para Shirley Silva, a região deverá ter destaque em 2014. As expectativas são também de recuperação na pecuária, porém em menor escala com projeções próximas a elevação de 10% na produção. UM SUSPIRO NA ECONOMIA INDUSTRIAL Com grandes empreendimentos entrando em operação em solo baiano em 2014, o setor de indústria ganha um novo fôlego. Os investimentos programados para serem realizados até 2015, somam aproximadamente R$30 bilhões, segundo os dados da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do estado. Entre eles, o estaleiro Enseada do Paraguaçu, em Maragojipe, o Parque Eólico Curva dos Ventos, em Igaporã e Caetité, a fábrica do grupo O Boticário, em Camaçari, e ainda as obras da montadora JAC Motors, o polo acrílico da Basf e a nova fábrica de motores da Ford, que ainda estão em construção. Shirley Silva acredita que a geração de empregos proveniente destas fábricas não deve mudar a dinâmica da economia industrial tão profundamente. “É uma geração de empregos ainda muito tímida”, diz. “Seria preciso dez indústrias de O Boticário para mudar a economia profundamente”, opina. Pessoti tem uma visão mais otimista. Para o economista, estes investimentos, sobretudo os relacionados com a energia eólica e no parque automotivo e mineração, são os de maior montante e têm capacidade de gerar efeitos multiplicadores em toda a cadeia da indústria baiana, influenciando positivamente no crescimento projetado. “Para efeitos dessa análise, preferimos trabalhar com um cenário moderado, com o setor industrial expandindo-se em torno de 2,8% neste ano”, aponta. [B+]



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FOTO: Odebrecht Informa

CONEXÕES BAIANAS: ANGOLA E PORTUGAL

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Intercâmbio de experiências e conhecimentos que promovem o desenvolvimento tanto aqui como do outro lado do Atlântico por EDUARDO SANTOS

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ossas relações com Angola remontam à formação do povo brasileiro. Em um caminho inverso ao que fizeram os africanos, de maioria oriunda do Reino do Congo, que desembarcaram na Bahia ao longo do período colonial, a recente incursão brasileira na nação da África ocidental de alguma forma contribuiu para o seu desenvolvimento. Assim como elementos da cultura africana são percebidos no cotidiano brasileiro, a influência dos brazucas, como são chamados carinhosamente os trabalhadores do Brasil residentes em Angola, se confunde com a própria identidade do país. Esse intercâmbio moderno teve início em 1975, quando o país se livrou do jugo português, declarando independência. O Brasil foi o primeiro a reconhecer Angola como nação livre. Além disso, apostou na economia angolana a ponto de intermediar a ida de três de suas principais empresas para auxiliar o desenvolvimento local. Na primeira leva, lá chegaram Furnas, Odebrecht e Petrobras. Os brasileiros não tiveram vida fácil e mesmo com o fim do domínio português, uma intensa guerra civil (1975 a 2002) – travada entre o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita) retardou a ascensão do país, dificultando inclusive o relacionamento com outras nações, como os Estados Unidos, que só reconheceram sua independência em 1993, na esteira das primeiras eleições multipartidárias. ENTRE OS ANGOLANOS Dados da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (Aebran), entidade criada em 2003 para defender

interesses e estimular os negócios entre investidores dos dois países no mercado angolano, revelam que a presença maciça de pequenos e médios empresários brasileiros já influencia a balança comercial do país. Informações da Aebran estimam que 50% da mão de obra verde e amarela em Angola é composta por profissionais baianos. Dentre as contribuições importantes de brasileiros no país africano, está o pioneirismo nos trabalhos em engenharia da Odebrecht. A empresa fez parte da primeira leva de investimento brasileiro em Angola e lá possui um braço bastante atuante, chamado Odebrecht Angola. A multinacional é hoje uma das grandes acionistas no país, seja no setor de engenharia, imobiliário ou comercial. FOTO: Odebrecht Informa

A ponte erguida entre o Largo da Corimba e a Praia do Bispo, em Angola

Há 22 anos atuando no mercado angolano, o Grupo Prado Valladares também contribui para o desenvolvimento do país, com investimentos que ultrapassam o ramo imobiliário, se fazendo notar em inúmeros empreendimentos públicos e privados. Em parceria com o governo angolano, a Odebrecht e o Senai brasileiro, a Prado está implantando o Centro Integrado de Formação Tecnológica (Cinfotec), para ofertar formação tecnológica avançada e auxiliar na inclusão digital dos angolanos. A concepção, bem como a fase de treinamento, implantação e consultoria do projeto, foi realizada na Bahia. Outro exemplo de oportunidade aproveitada por investidores brasileiros é a rede de supermercados Nosso Super. Com a abertura do comércio angolano, libaneses e indianos passaram a dominar o mercado, desestabilizando a cesta básica. Para controlar a situação, o governo decidiu intervir. Com o apoio da Odebrecht, foi implantado no país um sistema de distribuição de alimentos semelhante ao existente na Bahia, com o sistema Ebal/Ceasa/Cesta do Povo. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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N E G Ó C I OS | i n te r n aci o n al

Esta situação se espelhou em um caso ocorrido na Bahia na década de 1980, quando o governo vivenciava desequilíbrio igual, com a hegemonia da rede Paes Mendonça, e conseguiu contrabalançar a situação criando a Cesta do Povo. Para tanto, representantes do governo de Angola estiveram na Bahia, por intermédio da multinacional, hoje gestora da empresa. CENSO 2014 Apesar de ser independente há 39 anos, Angola ainda carece de estatísticas precisas. Não há dados conclusivos quanto à quantidade de habitantes, número de estrangeiros, empresas instaladas ou crianças em idade escolar matriculadas na rede de ensino local. Por conta disso, em maio deste ano, o governo fará o primeiro censo geral. A coordenação do processo é do Instituto Nacional de Estatística, e a comunicação será da agência baiana Link Propaganda. Segundo a Aebran, mesmo tendo a língua comum como elemento facilitador, a competência do profissional brasileiro nos principais setores é determinante para a longevidade desta relação. Entretanto, o profissional estrangeiro que pretende oferecer seus serviços em Angola disputa espaço com concorrentes de outros países. O aumento da oferta de serviço atraiu espanhóis, portugueses e franceses. Por conta disso, as empresas brasileiras instaladas em Angola deixaram de exportar apenas serviço e passaram a ofertar mão de obra ainda mais qualificada para abastecer o mercado em crescimento. FOTO: Rômulo Portela

Maurício Santana: o principal intercâmbio entre Brasil e Angola se deu pela comunicação

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Diretor de comunicação da Aebran e responsável pelo núcleo angolano da agência baiana Engenhonovo, Maurício Santana afirma que o principal intercâmbio de negócios entre os dois países se deu pela comunicação: “A atualização da comunicação em Angola deve muito aos brasileiros. A vinda de empresas estrangeiras trouxe a necessidade de uma nova comunicação. E foi o Brasil, em especial a Bahia, que apresentou aos angolanos o modelo ocidental, diferente da metodologia vigente. O legado está aí, o que não encerra as possibilidades ainda carentes de exploração no país”, explica. IDAS E VINDAS A situação de angolanos que procuram investir no Brasil, entretanto, não é lá muito fácil. Topando em entraves da burocracia, logística e nos juros altos, os empresários de lá pensam duas vezes antes de alçar voos em nosso céu pouco convidativo. Sem o mesmo êxito na tentativa de negociar com o Brasil, os investidores de Angola optam por fazer negócios com outras nações, possuindo relações avançadas com Portugal, Espanha e a maioria dos países da América Latina. Em Portugal, por exemplo, o volume de negócios realizado por angolanos já preocupa especialistas. No livro intitulado “Os donos angolanos de Portugal”, recém-lançado pelos portugueses Francisco Louçã, Jorge Costa e João Teixeira Lopes, é feita uma análise de como os investidores angolanos dominam a economia de Portugal. Em entrevista concedida em janeiro ao diário português Público, Teixeira Lopes afirmou que Portugal tem sido “permissivo e complacente com regras de mercado flexíveis para os capitais angolanos, sem paralelo com outro investimento estrangeiro realizado no país”. Para ele, “há nesta situação uma grande subserviência da elite portuguesa e o poder político pôs-se de joelhos perante a elite angolana”. A empresa baiana Odebrecht também aproveita as oportunidades portuguesas. O país investiu alto em infraestrutura nos últimos 25 anos, consequência da entrada na União Europeia, em 1986. Assim criaram-se modernas autoestradas e trens rápidos. A participação da Odebrecht International na construção desse cenário ocorre por meio da Bento Pedroso Construções (BPC), responsável por diversas obras no país. As mais recentes são o complexo de autopistas da capital portuguesa - um novo trecho da Circular Regional Interior de Lisboa (Cril) -, a Ponte 25 de Abril e o metrô da cidade do Porto, no norte do país, composto de seis linhas.


(esq.) Antonio Coradinho, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio da Bahia, e João Albuquerque, presidente da Acib (dir.) Ampliação do metrô permite ligação do centro histórico ao Rio Douro e à vizinha Vila Nova de Gaia, na Cidade do Porto

FOTOS: Divulgação

As obras portuguesas de transporte e infraestrutura vão prosseguir nos próximos meses. A Odebrecht International, por meio da BPC, está entre as seis empresas do Consórcio Elos, Ligações de Alta Velocidade S.A., responsável pela construção de trechos da futura linha de trem rápido que conectará Lisboa a Madri em apenas três horas. O projeto original vem passando por alterações e deverá ser liberado pelos governos de Portugal e da Espanha, interessados em facilitar o acesso de turistas à Península Ibérica. PORTUGUESES NA BAHIA Se complacentes no próprio país, investidores portugueses “redescobriram” as commodities baianas e apostam na grande oferta de matéria-prima e na carência de tecnologia, industrialização e distribuição para investir em novos negócios no estado. Dentre os projetos de destaque está o polo têxtil, ainda sem data para implantação, no município de Luís Eduardo Magalhães, grande produtor de algodão da região oeste. Ainda não há um número exato das indústrias portuguesas a serem instaladas na Bahia. Elas serão responsáveis por todo o processo produtivo, desde o fio até a confecção das roupas, além de cuidar do marketing para a comercialização. O polo terá investimento totalmente privado de R$1 bilhão e prevê a criação de 1.500 empregos. O projeto visa atender também toda a parte de estilismo, design, laboratórios e nanotecnologia aplicada ao têxtil. Além disso, está engatilhado um

programa de captação de novas áreas técnicas e industriais, mirando o espaço disponível e a rede logística em implantação na região. “A região não possui tecnologia para processar a produção, que é levada para o eixo Rio-São Paulo. A intenção é mudar o fluxo. Tudo será produzido aqui”, explica Antonio Coradinho, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio da Bahia. O processo não termina aí. De acordo com a Associação Comercial e Industrial de Barcelos (Acib), que representa 65 indústrias portuguesas, um protocolo de intenções foi assinado com a Secretaria estadual de Agricultura em setembro de 2013, e a implantação das indústrias ainda está em fase de análise. De acordo com o presidente da Acib, João Albuquerque, a opção pelo mercado baiano se deve a atrativos nos setores econômico, social, territorial e de matéria-prima. “O fato de ser um estado produtor de algodão de boa qualidade também pesou na decisão”, afirma. O baiano, com um jeito particular de lidar com as coisas que compõem seu cotidiano, parece perceber que o bom convívio e o trato com os que vêm de fora, o respeito aos elementos da natureza, sua arte, cultura e tudo que o identifica no exterior podem ser diferenciais nas relações comerciais. Está assimilando, no campo dos negócios, diversidade e experiência. O exemplo dos empresários que contribuem com o desenvolvimento de Angola, e das companhias portuguesas redescobrindo o Brasil são indícios de novos ventos para a economia do estado. Vale apostar e esperar. [B+] w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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N E G Ó CIO S | e co n o m i a

ARTE: Gerson Lima

A DIREITA ENVERGONHADA por LUIZ MARQUES DE ANDRADE FILHO

Começou 2014. Ano de Copa e de eleições. A eleição está na praça. No nível federal a presidente Dilma buscará a reeleição acossada por Aécio Neves e pela dupla Eduardo Campos/ Marina Silva. Esta é uma revista feita por empresários para empresários, assim, a pergunta é: quem é o candidato dos empresários ao governo federal? Quem representa o pensamento empreendedor, os homens de negócio, a liberdade de investir; a competição de mercado contra o elevado padrão de intervenção governamental atual? Talvez o que mais se aproxime disto seja Aécio, mas temos dúvidas, pois o que pensar da falta de defesa do processo de privatizações do governo FHC, quando das posteriores disputas eleitorais? Convenhamos que Serra e Alckmin (e o PSDB como um todo) tinham vergonha de defender tão valioso dogma, quando confrontados pelo PT nos antigos debates. E não podemos nunca dizer que Eduardo/Marina representem algo perto do pensamento liberal. Todos no Brasil são de esquerda. Nossos liberais são envergonhados (aqui uma homenagem à obra-prima de Elio Gaspari). No Brasil se tornou quase um xingamento alguém dizer que o outro acredita no liberalismo. De forma totalmente equivocada a imagem da ditadura do regime militar passou a estar tatuada no rosto do liberal. Mas o liberalismo abomina a ditadura: como uma tese que defende a liberdade individual acima de tudo pode ser a favor da opressão? Hayek, em O Caminho para a servidão (1944),

ÍNDICE DE BEM ESTAR MACROECONÔMICO (quanto mais baixo melhor o bem estar) Taxa média de inflação anual do periodo dividida pela taxa média anual de crescimento do PIB do período. (fonte: www.bc.gov.br) DILMA

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LULA 2º MANDATO

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LULA 1º MANDATO

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FHC 1º MANDATO

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mostra isto de forma definitiva. A liberdade é o mais importante. Não temos um candidato que represente estes ideais de liberdade empresarial. O pior é que o cenário macro para 2014 é ruim, inflação ascendente, crescimento do PIB baixo. Dilma entrega piores resultados macroeconômicos em comparação com Lula e somente ganha (em sensação de bem-estar) dos dois períodos FHC (lembrando o alto preço pago pelo esforço de consolidação do Real naqueles períodos). Vejamos o gráfico que demonstra a sensação de bem-estar macroeconômico da população, considerando a busca pela inflação baixa e alto crescimento do PIB. O melhor resultado alcançado em bem-estar (inflação média de cada período presidencial dividida pelo crescimento do PIB médio do período) foi no segundo mandato de Lula, quando cada ponto percentual de crescimento do PIB teve associado a ele apenas 1,06% de inflação média. Já o segundo mandato de FHC foi o pior momento, cada ponto percentual de crescimento do PIB teve associado a ele 4,06% de inflação. Quanto maior o número, pior é a sensação de bem-estar da população. Esta é a janela de oportunidade para um candidato que represente hoje a ideia de menor intervenção governamental no mercado. Para encerrar: estive recentemente em um evento profissional em que um político de esquerda, em seu discurso ao público, passou a criticar empresas de um determinado setor que ele julgava ser um nicho cartelizado, e que por isto prejudicava a população com maus serviços e preços altos. No meio do desabafo ele disse: “Nunca pensei que depois de tantos anos acreditando e defendendo o socialismo eu hoje estaria dizendo que a competição, o mercado, é a melhor forma de entregar bons produtos e serviços à população; acredito que falta competição no Brasil, somos muito intervencionistas.” É isto, a ficha cai.

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Luiz é superintendente da Fundação Escola de Administração da Ufba (FEA) e professor de finanças e economia



N E G Ó CIO S | m arke ti n g

ARTE: Gerson Lima

A ESTRATÉGIA IDEAL DE RELACIONAMENTO PARA SEU NEGÓCIO por GUILHERME BARUCH

Claro que para cada tipo de negócio existe uma estratégia diferente de comunicação com o consumidor, e essa regra se apresenta particularmente inflexível quando falamos em marketing de relacionamento (CRM). Analisando a frequência de compra e o montante médio das transações, podemos identificar melhor a linha de atuação que o marketing de relacionamento deve ter. Vamos comparar dois extremos para deixar clara a diferença. Compra de automóveis X compra de cosméticos. Exageros pessoais à parte, temos os automóveis no quadrante onde a compra é pouco frequente e o montante é alto e os cosméticos onde há compras frequentes com montantes baixos. Fazer promoções não é a estratégia ideal para os automóveis porque não se costuma comprá-los por impulso, coisa que funcionaria bem nos cosméticos em função do valor mais acessível.

SEGMENTO DE NEGÓCIO ticket médio alto (R$)

ticket médio baixo (R$)

móveis, carros, férias/ passagens, eletrodomésticos...

supermercado, telefonia, roupas, cartão de crédito...

panelas, toalhas, decoração, papelaria...

roupas, música, cosméticos, refeição fora de casa...

pouco frequente

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ESTRATÉGIA RECOMENDADA pouco frequente / ticket médio alto (R$) aferir satisfação, garantir presença da marca, antecipar disposição à compra frequente / ticket médio alto (R$) reconhecer/recompensar, benefícios indiretos, comunicar ofertas especiais, maximizar faturamento frequente / ticket médio baixo (R$) reconhecer/recompensar, comunicar ofertas especiais, promoções

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O ideal na venda de automóveis é a pesquisa de satisfação, porque vai demorar muito para você ver novamente aquele cliente e não pode correr o risco de continuar errando com o próximo que entrar na loja. Outra estratégia campeã é a antecipação da disposição de compra, fazendo uma oferta personalizada no momento certo. A Fiat tem feito isso de forma perfeita, encaminhando para os clientes uma mala direta por volta do terceiro ano do carro já com o preço e condições de pagamento para ele ser trocado por um novo do mesmo modelo. Muita gente visita a concessionária para conferir, e nesse momento não se está concorrendo com as outras marcas, apenas com a ideia de se já devemos ou não trocar o carro. E os feirões, para que servem? Para atrair as pessoas que já iam trocar de carro naquela semana. Em nada impacta na carteira de clientes. Já o quadrante em que a frequência é alta e o montante também, é o paraíso do CRM. Nesse segmento quase tudo dá certo, e foi onde surgiram alguns dos melhores programas de relacionamento do mercado. A palavra-chave aqui é reconhecimento do cliente. No momento quando ele gasta muito e frequentemente com sua empresa, ele fica cada vez mais sensível a ser tratado de forma diferenciada e cada vez mais indisposto quando se vê tratado como qualquer um. Aqui as três estratégias básicas do CRM se aplicam perfeitamente: Crossselling, up-selling e reativação de clientes. E o quadrante da baixa frequência e baixo montante? Nada de CRM para eles. Nenhuma estratégia vai surtir efeito ou se pagar. O melhor mesmo é investir no marketing de massa.

Guilherme é bacharel em processamento de dados pela Ufba, especialista em administração pela Unifacs e em marketing pela FTE. Tem 13 anos à frente da Agente Marketing de Relacionamento



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BAHIA SINGULAR

por LUÍS FERNANDO LISBOA e VERENA PARANHOS ilustração CADU BLANCO

Uma marca Bahia é construída a partir do diálogo entre tradição e modernidade, gerando novos negócios criativos

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Bahia tem um jeito que nenhuma terra tem!”. Cantado por Dorival Caymmi, na primeira metade do século 20, o verso da música Você já foi à Bahia? é uma pequena amostra do imaginário construído ao redor deste lugar mítico. Ao lado dos personagens literários de Jorge Amado e das coloridas telas de Carybé, as composições de Caymmi deram forma e conteúdo às belezas naturais, às riquezas artísticas e ao povo acolhedor, alguns dos aspectos que tornam a marca Bahia tão singular. Mais de 60 anos depois, o antropólogo Roberto Albergaria vê como frágil a formação deste imaginário a partir de um processo político baseado em Salvador e na Baía de Todos os Santos. “A própria cidade mudou muito, a representação está cada vez mais distante do vivido. Mas as singularidades não acabam, sempre sobra um restinho, que vai se manter de uma forma residual”. Mesmo considerando-se um cético, ele defende a preservação destes aspectos tradicionais para a construção de uma marca. “A gente devia preservar essa ideia de Bahia como um relicário de alguma coisa que nós fomos um dia. Isso é valioso não só em termos culturais, mas principalmente econômicos. Sem essa imagem a gente não tem mais o que vender, sobretudo no trade turístico”, afirma. Neste sentido, o povo baiano ganha espaço para manifestar a sua efervescência cultural e transformar suas singularidades na chave para o desenvolvimento de negócios criativos. “A criatividade sempre foi importante, mas se tornou o ativo mais relevante dentro do setor econômico. Em outras eras, como a agrícola e a industrial, a tecnologia era vista como o artigo principal. Já no período das navegações, o foco era o dinheiro”, explica Ana Carla Fonseca, economista, doutora em urbanismo e diretora da Garimpo de Soluções. Este pode ser um caminho para o aquecimento dos negócios locais e potencialização do interesse sobre eles. Segundo Ana Carla Fonseca,

A partir das palavras, Jorge Amado ajudou a construir o imaginário popular sobre a Bahia, relevando personagens em meio a religiosidade, cheiro, cor, sabor e sons da cultura baiana

FOTO: Divulgação

apesar de termos identificado ao longo dos anos as singularidades da terra, ainda faltam alguns passos para a consolidação de uma marca Bahia. “Desenvolver uma marca é o coroamento de um processo. Primeiro, deve-se fazer um diagnóstico do que se tem de singularidades e depois analisar como elas podem ser exploradas dentro do mundo contemporâneo. A última etapa é fortalecer esses processos por meio, principalmente, de crédito”, descreve Ana Carla. De acordo com a especialista, outros aspectos fundamentais são a comunicação, a distribuição do produto e a capacitação gerencial da mão de obra. O trabalho do Peru em torno de suas singularidades, como gastronomia única e patrimônio cultural, é um exemplo de como estas etapas funcionam e podem render ao país reconhecimento mundo afora. Além de uma visibilidade que perpassa diversos segmentos, alguns dos louros colhidos pelos vizinhos andinos são o prêmio de Melhor Destino Culinário do Mundo, do World Travel Awards (WTA), considerado o Oscar do Turismo, e o Melhor Lugar de Interesse Turístico do Mundo, segundo o TripAdvisor, site especializado em viagens. “Esse sucesso é um reconhecimento dos esforços das autoridades peruanas em promover o país internamente e também mundialmente, ressaltando as suas potencialidades históricas, arquitetônicas, culturais e gastronômicas”, explica Katerina Añaños, representante da diretoria da Indústria São Miguel (ISM), empresa peruana que escolheu Alagoinhas, a 108km de Salvador, para instalar sua primeira fábrica de bebidas no Brasil.


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Oxalá de volta à terra O sincretismo religioso é uma das coisas genuínas da Bahia, que pode ser usado para a criação de negócios. Desde dezembro, as fitinhas do Senhor do Bonfim voltaram a ser produzidas no estado pela Cooperativa de Artesãos de Artigos Religiosos da Bahia. Entre outros artefatos sincréticos, quase aos pés da Colina Sagrada, na Península de Itapagipe, o grupo produz as fitas com um tecido à base de algodão e seda, que não demora anos para romper, como as atuais, feitas há 40 anos por indústrias paulistas. Este aspecto contradiz o ritual segundo o qual os pedidos dos devotos são atendidos apenas quando a fita amarrada ao pulso se parte sozinha. Diferentemente do arco-íris da produção industrial, a cooperativa faz apenas as fitas brancas, com os dizeres coloridos, como manda a tradição do candomblé, em referência à simbologia de Oxalá. “Eu não tenho nenhuma intenção de concorrer com São Paulo, que produz 50 milhões de fitinhas por ano. Quero fazer uma média de 500 mil fitas por ano, gerando emprego, de forma artesanal, manual, com o produto benzido”, explica Moisés Cafezeiro, coordenador da cooperativa. O modelo vai chegar aos fiéis ao custo de R$1, enquanto as outras saem por cerca de R$0,10. “A autoestima do baiano que tem a fé em Senhor do Bonfim já está lá em cima com esse retorno da produção da fita à Bahia”, diz Cafezeiro.

“A Bahia é um porto” A Bahia é um porto: pessoas chegam, partem, trazem e levam informações diversas. A renovação está exatamente em um movimento histórico amplo que vem buscando situar esse conjunto de signos tão forte em outro movimento, global. Ainda lidamos com representações consagradas, mas também vemos uma remontagem por meio das linguagens artísticas, que ajudam a traduzir para as pessoas novos comportamentos e valores morais. Hoje é muito próprio percebermos que há conjugação de elementos da cultura tradicional com a tecnologia mais recente.

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Comparando a situação brasileira com o case peruano, a empresária consegue ver novos caminhos sendo desbravados por aqui. “Brasil e Peru incentivam o avanço socioeconômico, que está em desenvolvimento, e os povos mantêm a valorização da cultura e identidade local, características importantes para atrair e fomentar muitos negócios”. No caso da Bahia, ela reitera: “É um estado cheio de oportunidades e seu povo é muito receptivo, alegre e aberto ao intercâmbio com outras culturas, o que permite um entrosamento rápido e uma fácil adaptação de quem está chegando. Também destaco a busca por novas alternativas de negócios e a disposição para promovê-las”. APOSTAS CRIATIVAS Luciana Santana, coordenadora da unidade de economia criativa do Sebrae Bahia, acredita que a música e o entretenimento sempre foram segmentos que lideraram o imaginário sobre Bahia. “Além deles, o Sebrae percebeu e vem apostando no forte potencial dos segmentos de audiovisual, da moda, da gastronomia, da publicidade, do artesanato e do design”, ressalta. Para ela, todas as singularidades da Bahia já foram reveladas e muitas delas potencializadas pela produção criativa do estado. “Daria destaque à produção étnica, hoje muito bem aplicada através de suas iconografias em peças de grande valor cultural e mercadológico, como nos segmentos da moda e do artesanato, com destaque também na produção musical do estado. São produtos e serviços que contribuem significativamente para a renovação da marca Bahia, principalmente por trabalharem com inovação em sua criação artístico-cultural”, explica Luciana. No entanto, Moisés Cafezeiro, coordenador da Cooperativa de Artesãos de Artigos Religiosos da Bahia, que volta a produzir fitas do Senhor do Bonfim em Salvador, defende que a valorização da produção artesanal baiana ainda precisa ser reconquistada. “É preciso requalificar os artistas que trabalham com artesanato puro da Bahia. Quando você vai ao Mercado Modelo, encontra o berimbau de Sergipe, os pandeiros de São Paulo, o chapéu de palha da China. O Mercado Modelo não tem nenhuma referência. Em Ilha de Maré, o povoado de Praia Grande produz biriba, base do


berimbau. A ilha também tem canabrava, palha da qual podem ser feitos chapéus. Falta um inventário de quem faz o quê”. O potencial criativo deste setor tradicional não é desperdiçado apenas em relação ao artesanato, mas também está no subaproveitamento da produção têxtil, que pode alavancar outros segmentos, como a moda. Segundo maior produtor de algodão no Brasil, a Bahia ainda não consegue transformar esta matéria-prima em negócios representativos. Foi o despertar para questões como formação e profissionalização que fez do Ceará o segundo polo têxtil do Brasil. Um dos propulsores desta indústria foi o Dragão Fashion Brasil, terceiro maior evento de moda do país, que é realizado há 15 anos, em Fortaleza. Seu idealizador, Claudio Silveira, chama a atenção para a importância de um trabalho prolongado e o incentivo aos aspectos regionais. “Tem que haver um investimento contínuo para desenvolver a indústria têxtil e de moda. O Dragão só apareceu no cenário nacional e internacional porque colocou como foco a criação autoral. Sempre lembrou que era nordestino, que tinha que valorizar a sua história e profissionais”, opina Silveira a respeito da cadeia fashion regional. TRADIÇÃO E MODERNIDADE NA MARCA SALVADOR No caso de Salvador, o setor de serviços é o principal responsável pela circulação de capital, sendo o turismo o mais forte deles. Por isso, a atual administração da cidade se preocupa com sua própria marca, uma das principais referências quando se leva em conta a formação de um imaginário de Bahia. Neste contexto, Guilherme Bellintani, secretário municipal de Desenvolvimento, Turismo e Cultura (Sedes), considera o equilíbrio entre tradição e modernidade como fundamental para a valorização das singularidades da cidade e uma consequente renovação de sua marca. “Precisamos fomentar novos símbolos para que daqui a 50 anos a gente faça referência a eles também. Nosso desafio é fazer de Salvador uma cidade baseada em suas tradições, mas também renovada em suas formas”, afirma.

“A grande cena da produção na Bahia é perceber a riqueza das tradições artesanais” O povo baiano é firme no seu eixo, traz a sua personalidade clara e, ao mesmo tempo, uma grande generosidade. É ela que torna possível a força do encontro, da miscigenação das coisas. É um povo que se renova, mas não abre mão do seu repertório e tradições. Na moda, a grande cena da produção na Bahia é a capacidade de perceber a riqueza das tradições artesanais, as rendas, bordados, tecidos, cores, pedras, contas e coloca-la na moda que produzimos. Eu me identifico nesse cenário buscando pesquisar novos têxteis, fios, formas e misturar isso à riqueza das nossas tradições. As pessoas se surpreendem com o nosso frescor criativo e os que já conhecem essa terra, afirmam: ‘Só podia ser coisa de baiano!’”.

Márcia Ganem (estilista) FOTO: Divulgação

Para Ana Carla Fonseca, a Bahia já tem uma identidade que facilita a atração de negócios ligado a criatividade, basta disposição para promovê-la

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Doce roteiro A Estrada do Cacau e do Chocolate vai aproveitar as singularidades da região de Ilhéus, levando os turistas para conhecerem o processo de produção do cacau e do chocolate, com visitas a fazendas, institutos de pesquisa, fábricas e lojas. O roteiro prevê passeios por reservas de mata atlântica e lugares históricos no trecho de 44km da BR-101 que liga os municípios de Ilhéus e Uruçuca, no sul do estado. Lançada em dezembro de 2013, a primeira estrada temática do estado deve ser totalmente implementada no segundo semestre deste ano, sendo uma atração a mais da região, que já é visitada por turistas do mundo inteiro devido ao imaginário em torno dos personagens de Jorge Amado. “É um projeto que nasceu em função das potencialidades da região, que é rica em belezas naturais da mata atlântica e fazendas de época, casas que são excelentes museus com acervos de fazendas de cacau, que continuam em alta produtividade”, explica Marco Lessa, presidente da Associação de Turismo de Ilhéus (Atil). Segundo ele, o produto é completo por oferecer experiência gastronômica, científica, cultural e histórica.

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(em cima) A diretora da marca peruana ISM no Brasil, Katerina Añaños, ressalta que o país deve se promover não só mundialmente, mas também internamente. (embaixo) Como é o caso do Peru, que recentemente investiu no fortalecimento da marca do país destacando seus patrimônios culturais e sua gastronomia única, ganhando visibilidade mundial

“Somos irônicos, críticos, bem-humorados e latinos por excelência” A forma como o baiano trata o visitante é uma singularidade indiscutível. A chama da convivência continua acesa, por mais que ela esteja rodeada pela violência e modificada pela tecnologia. Estamos saindo de um período de monocultura para voltar ao multiculturalismo. Durante muito tempo, o axé teve um predomínio sobre a cultura baiana. Agora temos cada vez mais a formação de plateias diferentes, que vão para os estilos musicais diversos, misturando tudo. A Bahia tem uma temperatura muito particular: somos irônicos, críticos, bem-humorados e latinos por excelência. Só não somos ignorantes e alheios a tudo. É preciso aceitar a nossa própria cara, sem deixar que discussões importantes passem despercebidas.

Fernando Guerreiro (diretor teatral e presidente da Fundação Gregório de Mattos)

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Um dos exemplos de renovação explorados pela atual gestão é um letreiro com a marca de promoção turística de Salvador, instalado no Centro Histórico, como os que existem em Amsterdã e Nova York. “A gente usa uma tipologia que é moderna na forma de comunicar, compatível com fotografias e compartilhamento nas redes sociais, uma espécie de marketing barato e moderno. Mas, ao mesmo tempo, a própria construção da marca também faz referência a símbolos tradicionais da cidade. O grafismo lembra a composição de barracas das festas populares”. A dinamização dos produtos já consagrados, como o Carnaval, e a criação de novos projetos, como a festa de quatro dias no Réveillon 2014, ambos com grande investimento da iniciativa privada, também fazem parte da estratégia adotada pela gestão municipal para diversificar a marca e fomentar novos negócios. “De variadas formas, a atratividade de negócios e a imagem da cidade como moderna, voltada para o século 21, são fundamentais. Primeiro, no subjetivo, relacionado ao cidadão, e depois na percepção do empresário que vem investir aqui. Há diversos eixos de oportunidade nessa nova Salvador, por exemplo, na ocupação do Centro Histórico, negócios imobiliários, a partir de ações da prefeitura que valorizam o entorno. É um exemplo claro de preservar a tradição e de trazer uma linguagem moderna”, afirma o secretário. CONSTRUÇÃO POLÍTICA De acordo com Albergaria, o projeto político hegemônico da segunda metade do século passado fez com que a capital fosse a base para o imaginário e as principais representações de Bahia. No entanto, este modelo vem sendo fragilizado por uma política que prioriza valores como a interiorização e um estado mais plural. Nesta Bahia, imagens como o semiárido, o agronegócio e a indústria náutica, por exemplo, passam a ser mais requisitadas como representação. “Para substituir o imaginário convocado pelos governos carlistas, o PT tentou reformatar a imagem da Bahia. Hoje aquela marca existe muito mais por inércia, por ser forte no imaginário geográfico brasileiro”, afirma. Apesar de uma maior ênfase à cultura sertaneja na última década, o poeta e antropólogo Washington Queiroz reivindica ainda mais espaço

“Tem símbolos que não vão mudar nunca” Há coisas que a gente só consegue ver e sentir aqui, essa atmosfera de alegria que o baiano vive o tempo todo, essa expectativa de festa. A gente só precisa se comportar como grande também, transformar essa alegria com mais profissionalização. A gente é simples e se adapta facilmente, mas aos poucos estamos começando a mudar a forma de pensar, parando de nos conformar com qualquer coisa que é oferecida. O Conexão Vivo deixou um olhar diferente para a música da Bahia. Projetos como o Zona Mundi também dão a visibilidade que é importante a músicos que não tinham espaço. Aos poucos a gente vai mudando a cara da Bahia. O baiano não é tão conformado, ele acha que é possível e quer mais.

Piti Canellas (gerente de eventos da Itaipava Arena Fonte Nova)

A percussão empreendedora As notas da música percussiva abalaram as estruturas sociais e econômicas do Candeal na década de 1980. A criação da Timbalada, a construção do Guetho Square e o surgimento da Associação Pracatum Ação Social (Apas) trouxeram à tona o latente potencial criativo do bairro, que logo foi transformado em renda para os seus moradores. Hoje, a Pracatum trabalha toda a cadeia produtiva da música em cursos de gravação de CD, sonorização e formação de DJ. Os três estúdios do Candeal já atraíram artistas nacionais e internacionais, como Shakira e Black Eyed Peas. “Queremos construir uma visão mais profissional no músico para que possa se enxergar como empreendedor. A música transcende, você não tem que ficar preso a um só mercado para fazer seu trabalho”, afirma Gerson Silva, diretor da Pracatum Escola de Música e Tecnologias. O novo projeto, em parceria com o Sebrae, é o Território Candeal 2014, que visa o desenvolvimento socioeconômico da região, fortalecimento das lideranças e apoio à gestão de negócios.

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Com 47 centímetros de comprimento, a medida do braço direito da estátua de Jesus Cristo, Senhor do Bonfim, as fitas coloridas se tornaram símbolo da própria igreja e levaram a Bahia nos pulsos pelo mundo afora

“É fundamental e peculiar o universo dos ritmos dos terreiros que ganharam a rua” “A palavra antropofagia existe de maneira muito nítida aqui. Salvador tem um avanço muito grande na questão da criação, da invenção, por causa desse comportamento antropofágico, mas ao mesmo tempo tem dificuldade de firmar essa arte majoritária de influência da cultura negra. É fundamental e peculiar na Bahia o universo estruturado dos ritmos que se forjaram dentro dos terreiros e ganharam a rua. É o princípio de tudo, é essa a nossa diferença, na música, nos ritmos, na cultura geral, dimensões que foram forjadas dentro das universidades, como eu chamo os terreiros de candomblé. Essa música é tão forte em sua matriz que, quando ganha as ruas, se torna onipresente, altiva, tem poder. O Carnaval só existe porque existiu a preservação da cultura no terreiro, é o que gera matériaprima. Depois, vem a contradição, o grupo de pessoas que preservou e formatou não tem mais acesso como diversão, nem na geração de negócios e lucratividade. É uma questão social e econômica. Mas este é um problema da sociedade brasileira, não é só na Bahia”.

Letieres Leite (maestro da Orkestra Rumpilezz)

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para este aspecto. “Há uma miopia em reconhecer o quanto representa e significa a cultura sertaneja para a Bahia, o Nordeste e o Brasil. São dez milhões de pessoas que vivem no sertão, o que não se vê nessa representação de Bahia”. Ele exemplifica a questão a partir de uma das principais indústrias nacionais, a produção de carne bovina. Neste segmento, o Brasil é o principal exportador, com a marca de 1,52 milhão de toneladas de carne em 2012. “A gente pensa que vaqueiro é uma coisa do passado. A civilização do couro dominou a Bahia durante três séculos e meio. Foi a cultura do gado e do vaqueiro que tirou Salvador do declínio da civilização dos engenhos. A Bahia se enriquece muito mais se promover esse universo. O estado perde no turismo, perde na sua representação”, argumenta o pesquisador, que se dedica à temática há 30 anos. TRAÇANDO UMA MARCA BAHIA Para que seja possível chegar a um modelo formatado e vendável de marca Bahia, Ana Carla Fonseca aponta algumas etapas indispensáveis. A primeira delas é a capacitação: um criador também pode ser um bom gestor. De acordo com a especialista, é preciso perpetuar a lógica de grandes criadores como bons líderes dos seus negócios. “Gilberto Gil, Caetano Veloso e Carlinhos Brown, por exemplo, têm exata noção de quanto custam os seus trabalhos. É preciso fazer gestão do seu empreendimento, o que chamamos de capacitação gerencial”, explica. O acesso ao crédito é outro aspecto que vem melhorando lentamente no estado. “Você não consegue fazer economia, construir uma marca, sem dinheiro. As instituições financeiras precisam desenvolver uma metodologia para incentivar os empreendedores a estruturar os seus negócios”, explica Ana Carla. A etapa mais difícil, segundo ela, é a articulação entre as pastas públicas. “É necessária uma política integrada voltada para a economia criativa que possibilite a transversalidade das discussões. Os órgãos não possuem funcionários com formação técnica para promover essa discussão. Um grande empecilho é a quantidade de setores com que precisamos dialogar para obter algum resultado”, finaliza.


A força artesanal do dendê

“A Bahia não tem só uma singularidade, tem inúmeras” “A Bahia não tem só uma singularidade, tem inúmeras. A paisagem, certamente, é um dos traços mais fortes. Em Salvador, por exemplo, o Centro Histórico é uma coisa única. Essa coisa que chamam de baianidade, para mim, é uma palavra muito usada, desgastada. O espírito antigo do estado é muito importante, mas está sendo destruído aos poucos por conta dessa coisa chamada progresso. No campo da literatura, alguns escritores se destacaram por captar essa essência baiana. Jorge Amado é um ótimo exemplo de alguém que identificou esse modo de ser. Mas é claro que cada autor vai ter uma visão distinta sobre essas singularidades: aquele que mora em Ilhéus tem um ponto de vista, enquanto que João Ubaldo Ribeiro segue outro caminho para construir a sua Bahia. No entanto, acho que nosso estado se isola um pouco de outros cantos do Brasil, tanto do Sul, quanto do próprio Nordeste. Precisamos interagir mais”.

Myriam Fraga (escritora, poeta e diretora da Fundação Casa de Jorge Amado)

O projeto Ê Dendê, criado em 2008 pela produtora cultural Cacá Faria, conseguiu utilizar as riquezas naturais da Bahia como engrenagem para a criação de um negócio criativo. A idealizadora da rede decidiu fazer um mapeamento do artesanato do Baixo Sul (Costa do Dendê) por conta da sua identificação com o local. O interesse dos artesãos em desenvolver, aperfeiçoar e produzir a sua arte, criando um diálogo fluido, também foi um ponto a favor na hora da escolha. A plataforma virtual é a principal vitrine da produção artesanal do Ê Dendê, ajudando a difundir de forma mais rápida o trabalho do grupo e ampliando as suas possibilidades econômicas. “Visamos articular ações práticas de sustentabilidade econômica dos artesãos da rede, a curto, médio e longo prazos. Queremos conectá-los com outras pessoas e empresas que também buscam se associar a outros modelos socioeconômicos mais conscientes e que procuram minimizar os impactos negativos de sua relação com o meio”, comenta. Uma das preocupações da idealizadora é o respeito às etapas de construção de uma marca, que vão desde a formação até o financiamento. “Não temos pressa para desenvolver as ideias, porém não desistimos delas. Desafios nos tornam mais criativos”.

Com práticas de sustentabilidade econômica, o projeto Ê Dendê fomenta e divulga o trabalho de artesãos do Baixo Sul por meio de uma plataforma virtual

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SIN GU L A R I DADADE S

Olhar atento e mente aberta Uma das singularidades do baiano é ter o olhar atento e a mente aberta para o despertar de processos sociais longe dos grandes centros. Além da beleza natural, composta por montanhas e rios, o empreendedorismo social é um dos aspectos de destaque na Chapada Diamantina, região do estado cuja história é marcada pelos ciclos do ouro e do diamante. O projeto Instituto Chapada de Educação e Pesquisa se tornou referência em três linhas de trabalho: formação de educadores, produção de conhecimento e mobilização social e política. Buscando o trabalho para o fortalecimento do ensino formal e das políticas públicas de educação, a organização e sua gestora, Cybele Amado de Oliveira, já receberam diversos prêmios pelas mudanças efetivas que trouxeram à região. “O trabalho do grupo é voltado para a área de educação, visando a autonomia e capacidade de pensamento. Nos munícipios com os mais baixos IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da Chapada Diamantina, eles conseguiram transformações satisfatórias no quesito formação”, destaca Ana Carla Fonseca.

“Os escravos criaram essa gastronomia tão diversificada há 300 anos, mas a gente pode transformar” A Bahia tem tanta coisa de singular. Minha cozinha é afrodescendente, onde os negros baianos, mesmo com muito sofrimento, ainda tiveram sensibilidade para criar uma gastronomia diversificada. Coisas típicas da Bahia, como o biri-biri, o siri-mole, o peguari, não podem ser perdidas. Nosso povo tem uma história para contar. A gente não pode deixar as escolas de gastronomia ensinarem a culinária francesa no lugar de uma moqueca, um sarapatel. Vamos usar a técnica deles que é milenar, mas com o nosso tempero. A cozinha baiana já é bastante sustentável, o que falta é educação alimentar, como preparar o alimento.

Beto Pimentel (chef do restaurante Paraíso Tropical)

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Katerina Añaños também se posiciona a respeito dos entraves para o fortalecimento de uma marca Bahia. “A melhoria na infraestrutura, que já vem acontecendo, o aprimoramento das leis e regras de comércio, além de uma maior promoção das potencialidades e oportunidades de negócios são aspectos que podem ser melhor explorados para continuar conquistando e atraindo investidores e turistas à Bahia”, afirma a diretora da ISM. Para Claudio Cardoso, consultor em e-business e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a marca Bahia não precisa de uma renovação, mas sim de uma revigoração: “As linhas positivas já estão aí. Poucos lugares do mundo se dão ao luxo de ter artistas que construíram tão belas narrativas. O que vejo é um dar de costas para esse tesouro. O abandono dos valores já construídos. Para não botar nada no lugar. É preciso manter a base para haver renovação”. O segredo, para ele, está na formação das novas gerações. “Falta liderança, este lugar está vago hoje na Bahia. Alguém ou algum grupo que lidere uma arrancada para o futuro, com força. A singularidade é que somos baianos. Nascemos na Bahia e tudo o que fizermos terá esta marca. Nem todos os lugares têm tamanha ‘personalidade’”, afirma. Neste aspecto, Cardoso indica os múltiplos caminhos que podem ser explorados pelas novas gerações. “Não existe uma linha única. São muitas. E devem ser ainda mais. Podemos ter dança, música, culinária, cada vez melhores. E também tecnologia de informação, engenharia, logística, agricultura, piscicultura, pecuária, tudo com pesquisa de ponta, com inteligência e conhecimento desenvolvido para muitas frentes. E para isso acontecer é preciso acreditar, arriscar, investir”. Em processo de construção, essa marca Bahia exige um olhar que se alimente tanto das centenárias tradições do estado, quanto das peculiaridades ainda latentes no seu povo. Algo que Jorge Amado, um profundo conhecedor de nossas singularidades, já previa em 1944, quando escreveu Bahia de Todos os Santos: “Assim é a Bahia. Esse é o seu clima, ligado ao passado, fitando o futuro”. [B+]


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A BAHIA NO MUNDO Nizan Guanaes: o líder do maior grupo de comunicação brasileiro é baiano e orgulha-se disso por PEDRO HIJO FOTO: Divulgação

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uem diria que da Ladeira do Carmo, número 4, no Pelourinho, em Salvador, sairia um das mentes mais inventivas e inquietas do país? Se Nizan Guanaes pudesse prever um lugar para nascer, não teria dúvidas, seria a Bahia, “terra de gente carismática e criativa”, segundo palavras do próprio. De 1958, seu ano de nascimento, até aqui foi muito chão percorrido. Hoje, Nizan é líder do grupo ABC, único grupo nacional entre os dez maiores da propaganda no país e a 19ª maior holding da publicidade mundial, segundo a revista Advertising Age, publicação norte-americana que, recentemente, deu à Africa, do grupo ABC, o disputado título de agência do ano[1]. O ABC, criado há 11 anos, reúne 16 empresas. Em 2010, o Financial Times incluiu Nizan na lista dos cinco brasileiros mais influentes e a Fast Company, no ano seguinte, o elegeu como um dos 100 empresários mais criativos do mundo. Tudo conquistado com suor, sapiência e um jeitinho baiano, do qual ele não abre mão. “(Nós, baianos) temos essa capacidade de vender o peixe, essa capacidade de realização”, comenta. “Para mudar o estado, precisamos explorar nossas potencialidades e tirar mais partido delas”, propõe. A base de toda esta revolução no mercado, aposta Nizan, está na educação. Embaixador da Boa Vontade da Unesco e um dos fundadores do movimento Todos pela Educação, Nizan é defensor da ampliação do ensino técnico no país e do estímulo ao empreendedorismo, para que “o sujeito tenha seu próprio negócio, gere emprego, ganhe seu dinheiro”. Muito além das crianças vestidas de mamíferos[2] ou da pizza com guaraná, Nizan Guanaes agora trabalha para promover marcas brasileiras no mercado externo e abrir as portas do Brasil para clientes mundiais. Por isso, se denomina “estagiário do mundo” e viaja para os quatro cantos buscando ideias, acompanhando tendências e participando da comunidade do Brasil no exterior. Não é à toa que seu pensamento sobre o Brasil vai de encontro à maré de incertezas promovida pelos pessimistas. Nizan veste a camiseta verde e amarela e acredita que se um dia o Brasil era o país do futuro, esse futuro é agora. “Nenhum de nós pode dizer que o Brasil não está melhor do que aquele de anos atrás”, opina. 60

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[1] “É um motivo de muito orgulho para nós e só comprova que

trabalhamos com muita excelência”, comentou Nizan Guanaes sobre o título dado à agência Africa pela publicação Advertising Age. A revista norte-americana é considerada a bíblia da publicidade.

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[2] Nizan Guanaes foi o

responsável por vestir toda uma geração de crianças com fantasias de mamíferos em uma campanha para a empresa de latícinios Parmalat. Assinado pela DM9, o comercial marcou época e o bordão “Tomou?” caiu na boca do povo.

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O Brasil é a bola da vez? Veja bem, todos nós sabemos que o Brasil tem muitos desafios a enfrentar. Por outro lado, o nosso país é um dos que mais cresceram no século 20. Eu sou otimista e animado, mesmo quando não há motivos para animação. O Brasil tem um potencial enorme, é continental, tem empreendedores, um mercado interno significativo e nenhum de nós pode dizer que o Brasil não está melhor do que aquele de anos atrás. Nós somos um país tolerante, o brasileiro é um sujeito cordial, temos traços de convívio diferentes e até mais avançados do que a sociedade brasileira poderia pressupor. Mas o Brasil precisa fazer o dever de casa, continuar crescendo, melhorar a infraestrutura, poupar mais para poder investir. Eu sou muito feliz de ser brasileiro, apesar dos percalços, porque nós somos um país fantástico. Como a Bahia está no cenário nacional e como você imagina que ela estará nos próximos anos? Se você parar para olhar, a contribuição que os baianos dão para o mercado de comunicação e artes é enorme. A Bahia é uma terra de gente carismática e criativa, grupo no qual, muito orgulhosamente, me incluo. Temos essa capacidade de vender o peixe, essa capacidade de realização. Eu via com muita preocupação a cidade de Salvador, porque ela passou por um processo de esvaziamento, ficou engarrafada, feia, perdeu a beleza que faz dela uma cidade tão especial. Salvador significou Bahia por muito tempo. Eu olho com muita animação, independente de qualquer viés político - sou empresário, não me meto em política -, essa transformação por que a cidade está passando. Eu fico muito feliz de acompanhar com curiosidade e atenção.

“O que eu sugiro para a Bahia é que ela busque no estudo do seu DNA quais são os potenciais que ela tem”

Em busca de melhores oportunidades, mentes criativas e profissionais se mudam para grandes centros com economias mais aquecidas. Inclusive, você é um baiano que saiu de Salvador e foi para São Paulo. Você vê um dia como a Bahia pode crescer e reter esses profissionais? Como fazer isso? Eu estou lendo um livro do Antonio Risério sobre a reinvenção da Bahia, à luz da obra de Edgar Santos, que mudou a Ufba e atraiu pessoas do mundo inteiro para lá. Eu percebo que, para mudar esse cenário que você comentou, é preciso estimular novas vocações. Recife tem o Porto Digital, a Bahia, à luz disso, pode pensar em formas de estimular a criatividade. Salvador poderia ser uma Miami brasileira. Miami conseguiu dar uma virada na percepção alheia, se chegando junto das artes. O que eu sugiro para a Bahia, como amante e torcedor deste estado, é que ela busque no estudo do seu DNA quais são os potenciais que ela tem. O turismo, por exemplo. O que nós fizemos em Trancoso[3] é uma dica. Mas de que forma podemos aproveitar as nossas singularidades? Precisamos incentivar o empreendedorismo. O Nordeste tem desafios neste sentido. Antigamente, a mentalidade era que o sucesso na vida era o emprego público. Temos que dar um salto nisso para que o sujeito tenha seu próprio negócio, gere emprego, ganhe seu dinheiro. Nós temos a maior costa litorânea, riqueza mineral, agricultura pujante em alguns setores, temos petroquímica. Precisamos explorar essas potencialidades e tirar mais partido do turismo do que tiramos hoje em dia. É preciso fazer um trabalho para desenvolver o setor de serviços, e - este é um desafio brasileiro - modernizar o ambiente de negócios. O Brasil tem leis do século passado, é preciso renovar, inovar.

[3] Distrito pertencente ao município de Porto Seguro, Bahia, Trancoso virou o point de personalidades e famosos. A tranquilidade do lugar somou-se a um complexo de hotéis de luxo que atraiu turistas de todo o mundo. FOTO: Divulgação

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A que isso se deve? Você acha que faltam líderes que possam encarar esses desafios? Não acho que nos faltam líderes. O Brasil tem grandes líderes, como Jorge Gerdal, Abílio Diniz, Humberto Sucupira, Roberto Setúbal. A iniciativa privada brasileira tem obstinação. A gente enfrenta os altos e baixos deste país com muita perseverança. Uma vez eu estava debatendo com um concorrente internacional e eu disse a ele: “Você está pensando na Copa de 2014, nas Olimpíadas de 2016, mas eu tenho um compromisso com o legado, com o que esses momentos vão deixar de bom para o país”. O que falta no Brasil são condições econômicas e uma modernização nas leis. Você é um dos grandes entusiastas da ampliação do ensino técnico no Brasil. Está aí a grande revolução que o país pode fazer na educação? Nos Estados Unidos, o comunity college, que é como o ensino técnico é chamado por lá, é uma coisa extremamente incentivada. O que eu sou a favor é de um foco no ensino seja em que nível for. Por isso eu sou um dos fundadores do Todos pela Educação[4]. O foco na educação é fundamental.

“As empresas estão descobrindo que elas vendem mais quando não vendem necessariamente o produto” FOTO: Divulgação

[4] Além do Todos pela Educação, Nizan Guanaes é figura ativa na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Ele é embaixador da Boa Vontade e presidente da Associação dos Empreendedores Amigos da Unesco.

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É possível que a publicidade, que nasceu para vender produtos, eduque a sociedade para criar consumidores mais inteligentes? Veja bem, a publicidade tem evoluído. Assim como qualquer outra indústria, a publicidade tem sido chamada para as suas responsabilidades. Recentemente, a CVS Caremark Corp, segunda maior rede de farmácia dos Estados Unidos, parou de vender cigarros, e este posicionamento é corajoso e muda o mercado. As empresas estão descobrindo que elas vendem mais quando não vendem necessariamente o produto. Qual legado você quer deixar? Deixar um legado para o grupo é um desafio, mas acho que o sonho tem que ser grande. Eu gostaria muito que nós tivéssemos uma janela de oportunidades para fazer um IPO (Initial Public Offering, quando a companhia se torna uma empresa de capital aberto) deste grupo, manter a serenidade. Nós estamos fazendo uma nova leva de líderes para continuar com o ABC além de mim e Guga (Valente - CEO do grupo ABC), que saiu comigo da Bahia e, junto a mim, formou este grupo. A nossa vontade é criar sucessores. [B+]


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A UM CLIQUE DA QUALIFICAÇÃO

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Na corrida pelas vagas de trabalho em novas indústrias, profissionais buscam cursos online de ensino continuado. Os mais qualificados saem na frente por RAÍZA TOURINHO

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eterminadas atitudes podem mudar completamente o futuro de quem as tem. O professor de educação física Frederico Gomes, por exemplo, ligou o computador e buscou cursos de atualização profissional online. Com a pesquisa, Gomes encontrou dois cursos que o agradaram e que foram fundamentais para a sua qualificação. “O curso de desenvolvimento motor humano não existe presencialmente em Salvador, completei, e não senti diferença nenhuma por ser online”, comenta. “Aprendi bastante, foram vários conhecimentos novos. Com certeza melhorou a prática pedagógica, além de agregar financeiramente, pois utilizei no plano de cargos na prefeitura em que trabalho”, afirma. Com a praticidade ao seu favor, a modalidade de ensino a distância adquiriu credibilidade e adeptos, além da inclusão de novas opções de cursos e o ingresso de instituições renomadas no mundo online. Os Moocs (Massive Open On-line Courses, algo como cursos online abertos e em grande escala), por exemplo, têm despontado como alternativa para se qualificar com os melhores professores do mundo sem sair de casa. Com uma inscrição gratuita (geralmente, apenas os certificados são pagos), é possível fazer cursos de universidades renomadas, como Harvard ou Cambridge. O site de Moocs Coursera, inaugurado em 2012, conta com mais de 1,3 milhão de inscritos, sendo 5% destes brasileiros. No Brasil, o número de inscritos em 178 cursos de graduação a distância saltou de pouco mais de cinco mil em 2000, para mais 990 mil matrículas em mais de mil cursos 11 anos depois, de acordo com dados do Ministério da Educação (MEC). Já os cursos livres foram buscados por 2,5 milhões de estudantes entre 2009 e 2011. “A educação a distância e online ainda está em processo de amadurecimento no Brasil. Muitos profissionais e empresas ainda possuem uma w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

percepção negativa (ou subvalorizam) essa modalidade de ensino, contudo, é um cenário que muda conforme a sociedade se torna mais conectada e ativa nos ambientes virtuais”, afirma Marcel Ayres, sócio proprietário da PaperCliq, empresa de mídia em que um dos pilares é justamente ensino e treinamento – tanto dos clientes, quanto dos colaboradores. “Estimulamos que os nossos funcionários busquem as mais diversas formas de aquisição de conhecimento, afinal, a soma dessas experiências impacta diretamente no crescimento pessoal e, consequentemente, no crescimento da empresa”, acredita. “Aqui na Bahia o ensino a distância ainda está incipiente, atingindo um percentual muito pequeno diante do potencial”, afirma Jair Santiago, destacando que o Senai investirá alto nos cursos EAD oferecidos no estado em 2014. “O mais importante, na verdade, é a gente conseguir identificar nos profissionais como eles usam este conteúdo, suas conexões e como eles organizam o fluxo de informações disponíveis”, informa a sóciadiretora da empresa de recursos humanos Voigt Brasil, Cristina Voigt, mencionando que “vê com bons olhos” as pessoas que transitam bem no digital. “Geralmente são profissionais que não perdem tempo ou deixam de fazer alguma coisa por não conhecerem bem. Buscam e aprendem pela internet”. CRESCIMENTO O aquecimento da economia e a consequente demanda por profissionais cada vez mais capacitados gerou um ‘boom’ da qualificação profissional em todas as áreas. Os cursos técnicos e profissionalizantes dobraram as vagas em uma década, passando de 652 mil matrículas em 2002 para 1,3 FEVEREIRO 2014

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E D U C AÇ ÃO | i n ovação FOTO: Divulgação

“O ensino à distância adquiriu credibilidade e adeptos, além da inclusão de novas opções de cursos e o ingresso de instituições renomadas no mundo online”

COMO TER UMA BOA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL, SEGUNDO CRISTINA VOIGT [01] Busque uma qualificação profissional alinhada com seu perfil profissional. “A qualificação deve estar inserida no contexto de sua carreira. Não adianta a pessoa ter três pós-graduações se nenhuma delas está de acordo com seu histórico profissional”. [02] Considere a possibilidade de fazer cursos virtuais na sua área de conhecimento. No entanto, só escolha fazer uma qualificação mais aprofundada, como MBA, pela internet, caso possua disciplina e a dedicação necessária para aproveitar bem o curso. [03] Uma vez escolhida a qualificação, pergunte. Saiba tudo sobre o curso, sobre o mercado para o qual ele forma e sobre como estão inseridos no mercado os profissionais formados por ele. [04] Absorva todo o aprendizado que puder. “Não é querer ser super-homem, saber tudo, porque as pessoas erram, mas um bom profissional deve ter o espírito disposto a aprender”. [05] Descubra onde achar a informação correta. Segundo Cristina Voigt, as empresas querem profissionais que saibam buscar conhecimentos que vão trazer soluções para os seus desafios.

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milhão em 2012, e as pós-graduações lato (especializações) e stricto sensu (mestrado e doutorado) tornaram-se requisitos obrigatórios para quem almeja subir na carreira. Na Bahia, a implantação do polo acrílico, atração de novas indústrias automotivas, de papel e celulose, alimentícias e de construção, além da construção dos estaleiros do polo naval em Maragogipe justificam o aumento das vagas e a procura crescente por mão de obra qualificada. “A demanda está maior do que a oferta”, declara o gerente do Senai Cetind em Lauro de Freitas, Jair Santiago, indicando que só na área industrial a instituição forma até 20 mil pessoas por semestre. Mas há quem queira mais do que um posto de trabalho e, nesses casos, “somente ter uma graduação não é suficiente para se diferenciar no mercado”, dita Fátima Maia, coordenadora de pós-graduação da Universidade Salvador (Unifacs), que oferece nada menos do que 17 MBAs. Destinado a gestores do primeiro ao terceiro escalão, a formação MBA (master of business administration, em inglês), por exemplo, vem conquistando uma fatia sólida do mercado. Embora não haja dados oficiais, estimativas do setor indicam que a oferta de cursos aumentou 5% ao ano, na última década. A Associação Nacional de MBA (Anamba) calcula que existem cerca de nove mil cursos de MBA no país. Não é à toa. Conforme um levantamento conduzido pela empresa de recrutamento Catho, os profissionais que possuem MBA recebem em média 9% a mais do que colegas do mesmo cargo que não possuem esse tipo de qualificação. Além disso, o aumento de salário chega a 30%, demonstrando que o esforço recompensa. “O ouro de uma organização está em sua equipe. Assim, cursos de formação continuada e atualizações são essenciais para manter a equipe em sintonia com o mercado - é uma oportunidade valiosa de fazer o crescimento individual de cada profissional somar-se ao crescimento da organização de uma forma mais holística”, declara o empresário Marcel Ayres. [B+]


Apoio:

ARTE: Gerson Lima

SUSTENTABILIDADE Cal莽adas x Neg贸cios 68 Como engajar comunidades? 70 [c] Florestas plantadas 72


S U S T E NTAB ILIDADE | ci d ad ania

O QUE AS CALÇADAS TÊM A VER COM O SEU NEGÓCIO? por CLARA CORREA

Mais do que áreas de trânsito para pedestres, calçadas em boas condições podem influenciar diretamente no comércio local e fazer com que você fature mais e viva melhor

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magine o seguinte cenário: cidadãos caminhando sobre largas calçadas, com espaço suficiente para que eles transitem livremente, sem ter que desviar de carros estacionados ou entulho. E se o seu negócio pudesse estar neste cenário ideal? Já imaginou o lucro que uma loja localizada em um ambiente de muita transição consegue gerar no fim do mês? Já pensou no tanto que pessoas satisfeitas com o lugar onde vivem podem consumir? Dados de uma pesquisa realizada pela Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia (Seinfra) mostram que 36% da população da Região Metropolitana da capital baiana andam até o trabalho diariamente. O problema: as calçadas ideais não fazem parte deste cenário. Uma cidade que segue a linha de pensamento proposta no começo deste texto invariavelmente investe mais em mobiliários urbanos voltados para aqueles que caminham, como passarelas, praças e, especialmente, calçadas. Florença (Itália), Paris (França), Nova York (EUA) e Vancouver (Canadá) são algumas das que perceberam a importância de investir em espaços para os pedestres e coroam a lista das melhores cidades do mundo para caminhar, segundo o guia turístico Frommer’s. Não muito distantes dos nossos trópicos, Lima (Peru), Bogotá (Colômbia), Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina) também são reconhecidas pela forma 68

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amigável como convidam as pessoas a andar por suas ruas. Em comum, essas cidades oferecem às pessoas, sejam elas moradoras ou visitantes, a chance de caminhar de forma segura, acessível e agradável. Levar a sério a manutenção e qualidade dos passeios públicos é investir na economia, segurança e qualidade de vida da população e dos visitantes. O comércio de rua é um exemplo de como as calçadas e espaços públicos são capazes de impulsionar a economia da região. Para o professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e coordenador da Rede de Tecnologias Limpas da Bahia (Teclim), Asher Kiperstok, a falta de passeios é uma grave barreira para a economia local, já que dificulta o acesso aos locais de comércio, impede que os turistas conheçam mais a cidade e prolonguem suas estadas e aumenta o estresse urbano, diminuindo, consequentemente, a produtividade dos cidadãos. Um estudo realizado em Washington, D.C. (EUA) pelo Instituto Brookings avaliou o impacto econômico da caminhabilidade dos bairros. Intitulada “Walk this way”, a pesquisa chegou a quatro conclusões: os bairros mais caminháveis possuem uma economia muito mais ativa do que os locais com má qualidade de calçadas; os bairros ou distritos mais caminháveis que se conectam entre si possuem rendas e valores de moradia mais altos; os moradores de bairros com melhores estruturas para pedestres gastam menos com transporte, possuem


maior acesso a estrutura de transportes e têm rendas mais altas; os moradores dos bairros menos caminháveis possuem renda e nível educacional mais baixos do que os moradores de áreas com melhores passeios públicos. A BOLHA DOS SHOPPING CENTERS Um ponto em comum entre a maioria das cidades brasileiras é que a população se acostumou a recorrer aos shopping centers na hora de consumir. Para o urbanista e ex-prefeito de Bogotá Enrique Peñalosa, apesar da aparente comodidade, essa grande concentração comercial é reflexo de ruas pouco acolhedoras, cidadãos amedrontados e mobilidade urbana comprometida. Segundo Peñalosa, “muitos shopping centers é um sintoma de uma cidade doente”. De acordo com o urbanista, o problema funciona como uma bola de neve: a má qualidade da estrutura urbana afasta os pedestres; com pouca gente na rua, a violência aumenta e o comércio fecha as portas; com insegurança, poucas opções de comércio e calçadas em péssima qualidade, ninguém quer ir andando a lugar nenhum. Um estudo realizado na Austrália e publicado pelo International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity (IJBNPA) mostrou que a cada dez novos quilômetros de calçadas, o número de pedestres utilizando a via sobe 3% e o tempo de caminhada aumenta cinco minutos independentemente das características da região. Para Kiperstok, é preciso recuperar a autoestima do soteropolitano a partir da recuperação dos seus direitos a uma vida com mais qualidade. “Assim a cidade se tornará mais atrativa para o desenvolvimento de atividades econômicas com maior valor agregado”, defende.

UM COMEÇO DE MUDANÇA Apesar da situação crítica, alguns projetos já começam a questionar as condições das calçadas de Salvador e buscar melhorias. Para alertar a população sobre a importância das calçadas e chamar a atenção para os absurdos encontrados por toda a cidade, um grupo de alunos de engenharia decidiu criar o Movimento Passeio Livre. “A população precisa ser conscientizada a utilizar esse equipamento público de uma maneira mais correta e menos destrutiva. Esse é um dos objetivos do nosso movimento. Mas é necessário que a prefeitura passe a dar valor para as calçadas também, pois só assim o cenário dos passeios na nossa cidade pode melhorar”, defende Bruno Gleizer, um dos organizadores do movimento. Os órgãos responsáveis por esta demanda já começam a movimentar alguns projetos. Um exemplo recente vem da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom). O projeto Eu Curto o Meu Passeio prevê 120km de calçada para a capital baiana até 2016. A reforma dos passeios privados, de acordo com Sílvio Pinheiro, responsável pelo órgão, é de responsabilidade dos respectivos proprietários. Se a obra não for atendida em até 90 dias, a prefeitura fará o serviço e cobrará o investimento, acrescido de multa de 30%. Outra esperança de melhoria vem de um projeto de lei do vereador Leo Prates que prevê, entre outras medidas, a ampliação das calçadas de Salvador para, no mínimo, 1,20m de largura. O objetivo é facilitar a circulação de pedestres e melhorar a locomoção da população. [B+]

Calçadas ao redor do mundo

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Florença - Itália (01), Paris - França (02), Lima - Peru (03), Buenos Aires - Argentina (04) e Nova York - Estados Unidos (05) são exemplos de lugares que investiram em espaços para os pedestres

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Com essa pergunta é que a recém-lançada plataforma de engajamento comunitário promove a cidadania e a mobilização social. A iniciativa criada pelos baianos Augusto Leal, 26 anos, Rodrigo Quadros, 26, e Fabricio Cruz, 30, é alimentada a partir da metodologia de design social, em que a solução para um problema real vem de uma construção coletiva. No site, há a pergunta “Como podemos…?”, que o internauta pode responder de acordo com sua necessidade ou desejo de participar. Assim, encontra desafios parecidos que já foram cadastrados e as discussões que estão em curso. A ideia é estimular pessoas que querem ser protagonistas das mudanças da sociedade, mas não sabem por onde começar. “A pessoa cadastra o desafio, mobiliza sua rede e vai montando de forma colaborativa o plano de ação com as atividades necessárias para realizar o projeto, estipulando prazos e recursos. Na medida em que as ações vão sendo realizadas, o pessoal vai compartilhando os resultados. Todos os desafios ficam abertos na plataforma e qualquer pessoa pode colaborar”, resume Leal. Dentro da plataforma, esses passos estão distribuídos por três etapas: a de ideias inspiradoras, para compartilhar links, imagens e vídeos que tragam sugestões de como resolver a questão; a de ações planejadas, em que grupos podem se formar em torno de uma ou mais ações em datas combinadas; e a de experiências partilhadas, em que os resultados das ações são registrados. O Como Podemos foi uma das iniciativas vencedoras do desafio Tecnologias que Transformam, lançado pela Fundação Telefônica. Com os R$10 mil que ganharam, investiram no desenvolvimento do site. Agora o desafio é criar um modelo de negócio rentável, mantendo o acesso aos desafios gratuitos. Dois caminhos para geração de receita em que têm apostado é na divulgação de marcas parceiras e no desenvolvimento de oficinas sobre design social para empresas. 70

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FUNDO DE LEGADO DA COPA TERÁ CERCA DE US$20 MILHÕES PARA PROJETOS SOCIAIS A Fifa vai lançar em março um fundo de legado da Copa do Mundo, que receberá US$20 milhões da entidade para financiar projetos sociais, educacionais e de saúde no Brasil. O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, antecipou, em 23 de janeiro, o valor do investimento, que pode subir com doações de outras instituições como patrocinadores. Valcke lembrou que os projetos têm de ser relacionados ao futebol. “Queremos que o projeto tenha futebol e tem que ser relacionado a crianças, porque são o futuro. Meu filho de 2 anos é o futuro, e não eu. É a geração que temos que proteger. Nós temos sorte de ter tido uma educação e nosso dever é assegurar que todos tenham acesso à educação e à saúde”, destacou Vackle.



S U S T E NTAB ILIDADE | s etor florestal

ARTE: Gerson Lima

O SETOR DE FLORESTAS PLANTADAS por LUIZ ANTONIO CORNACCHIONI

É incontestável a liderança mundial do setor de florestas plantadas do Brasil, fato este reconhecido em todos os fóruns. A cadeia produtiva do setor caracteriza-se pela grande diversidade de produtos, compreendendo um conjunto de atividades que incluem a produção, a colheita e a transformação da madeira até a obtenção dos produtos finais, nos segmentos industriais de celulose e papel, painéis de madeira industrializada, processamento mecânico, madeira tratada, siderurgia a carvão vegetal e energia, resultando no valor bruto de produção florestal superior a R$56 bilhões/ano. No âmbito social, o setor promove a geração de emprego e renda, que inclui pequenos produtores no sistema de produção, investe em programas de inclusão social, educação e meio ambiente em regiões de influência e, por fixar as populações no campo, auxilia também na melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais. Temos ainda um significativo investimento de R$150 milhões/ano em programas nas áreas de saúde, educação e cultura e programas socioambientais. Do ponto de vista ambiental, é promovida a conservação das florestas nativas e promoção da biodiversidade, uma vez que oferece alternativa econômica sustentável da madeira proveniente de plantios florestais, evitando o desmatamento de florestas nativas para igual finalidade econômica. Contribui também para a manutenção dos regimes hídricos, conservação e fertilidade do solo e qualidade do ar e da água. Porém esta liderança não se deve apenas às favoráveis condições edafo-climáticas do país, mas principalmente aos maciços investimentos em pesquisa e desenvolvimento realizados ao longo de anos, tanto pelo setor privado, como por universidades, instituições de pesquisa e órgãos públicos de fomento. Estes investimentos, inicialmente fundamentados em materiais genéticos, manejo florestal e ambiental, criaram as condições 72

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ideais de desenvolvimento das culturas de eucalipto e pinus e sua difusão para as diversas regiões deste nosso Brasil. Analisando o descrito, podemos concluir que estamos em posição confortável e não precisamos mudar nada. Mas não é bem assim. Vivemos em um mundo de constantes transformações, fazendo com que os cenários se alterem em curto espaço de tempo. Frente a isto, o que fazer para nos manter competitivos? Primeiramente, quanto aos investimentos em P&D, mesmo que as condições econômicas não sejam as mais favoráveis, é fundamental mantê-los. Avançamos muito nas metodologias empregadas e os resultados neste segmento são alcançados no longo prazo e de forma continuada. Outro fator que não podemos descuidar é a formação de pessoas. Com a globalização dos mercados e a rápida propagação das informações, a exigência atual é por profissionais capazes de atuar em situações adversas. Porém existe outro ponto fundamental: é o fortalecimento das instituições. Em toda a sociedade organizada, são as leis e os marcos regulatórios que orientam as condutas que devem ser observados e seguidos. Temos que atuar de maneira organizada e contínua neste segmento, para que possamos concatenar os resultados alcançados e colocá-los em prática, respeitando as exigências da sociedade. O setor de florestas plantadas consolidou sua atuação nos cenários nacional e internacional fundamentado em sólidos conceitos. Não há duvida que temos um horizonte promissor de crescimento para os próximos anos.

Luiz é diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores de Floretas Plantadas (Abraf)


Apoio:

ARTE: Gerson Lima

LIFESTYLE 365 razões para amar Salvador 74 Fafá da Bahia 78 Decoração 80 [c] A sua reputação em jogo 84 Três chefs na cozinha 86 Notas de Tec 90


L I F EST YLE | ci dade FOTO: Raoni Lib贸rio/1.2 Imagem

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PAREM DE FALAR MAL DE SALVADOR! A capital baiana não é perfeita, mas, com um olhar atento, se revela incrível com todos os seus clichês e outras maravilhas por CAROL ANDRADE*

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uspeito que já nasci soteropolitana. Mas, por alguma razão do trópico ou um erro de cálculo dos astros, cheguei ao mundo em Aracaju, Sergipe. Nunca tinha pensado muito no assunto até que uma conversa de bar mudou tudo. Era agosto de 2012 e a noite estava fresca e agradável, mas todo o mundo insistia em reclamar. “Rapaz, o trânsito de Salvador está pior que o de São Paulo”, começou um. “Mermão, se sinta abençoado por ter carro e cuide bem dele que, só no fim de semana passado, 27 foram roubados”, rebateu outro. Depois começou um papo sobre violência, sujeira e descambou para o salário nada otimista dos recém-formados. Salvador caiu na fogueira dos meus amigos que a amaldiçoavam sem piedade. Água de coco, acarajé, caruru, festa de largo, ferry-boat, Porto da Barra, colégio de freira, bambolê do É o Tchan, flores no mar e rezadeira. Criada em meio a todas essas coisas, fui adotada por Salvador desde pequena. Naquela mesa, fui a única que tentava defender esta terra, mas não tinha carta na manga, nem argumento convincente. O que eu fiz? Me desafiei a encontrar 365 motivos para amar a capital baiana. A missão era viver Salvador em todas as suas cores, ritmos e movimentos a cada dia do ano. Rodei de Itapuã a Paripe, do aeroporto à Praça da Sé, de Brotas à Ponta do Humaitá. Descobri lugares, cantinhos, buracos. Subi e desci ladeira, morro, escadaria. Conheci janelas com vistas incríveis e me joguei no mar. Mas não existe dúvida: o melhor de tudo foram as pessoas que encontrei pelo caminho. Seu Eduardo é um dos mais antigos vendedores de flores do Largo do Mocambinho. Edgard Original vende 28 sabores diferentes de abará no Imbuí. José Eduardo é pesquisador, garimpeiro e coleciona - até não ter mais espaço - obras de artistas do Subúrbio Ferroviário no seu Acervo da Laje. Índio colocou os filhos na faculdade com sua banca de revistas e livros usados, no Canela. E nos despedimos entre abraços apertados. Fiz amigos. E o melhor: todos tinham alguma coisa boa para oferecer a esta cidade.

Na semana de aniversário de Salvador, no fim de março, chamei a amiga mais aventureira e, guiada por um ex-morador, fui para os Alagados. Era um daqueles cenários extremamente agressivos, mas com uma atmosfera cheia de leveza. Crianças pediam balas e posavam para foto sem timidez. Meninas coreografavam funk carioca na porta de casa. Adolescentes conversavam e fumavam na ponte. Até que uma senhora me convidou para entrar, me ofereceu água e, sem que eu falasse muita coisa, começou a contar sua história. Parece que toda a comunidade, o lixo, o cheiro forte, a água turva em meio ao céu azul, me diziam: poderia ser melhor, mas a gente é feliz mesmo assim. No mesmo dia, num calor de matar, fomos até São Tomé de Paripe. Ficamos maravilhadas com aquele mar azul para nenhum Caribe botar defeito. Caímos na água de roupa e tudo. No meio dessas andanças, comecei a me dar conta das maravilhas da soteropolitanidade. E aí lembrei que aqui homem dança até o chão, latinha de cerveja se chama piriguete e que a gente fala “já fui, Banda Mel” quando vai se despedir e ninguém acha estranho. E sem entender muito bem, vamos pedindo as bênçãos dos santos e orixás. Banho de pipoca, água de cheiro, incenso: aprendi desde cedo que o baiano é místico e cheio de fé. É a tradição. A mesma que de uma mistura histórica e paladar especial fez nascer nossas delícias. Comida baiana é colorida, cheirosa e gostosa. Mas nem só de acarajé, moqueca e caruru vive o povo dessa terra. A torta búlgara – quem diria? – é soteropolitana e ainda tem

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LIF E S T Y LE | ci dade

[01] Seu Eduardo é vendedor de flores no Largo do Mocambinho; [02] Em Paripe, caiu de roupa e tudo no mar azul; [03] Índio vende revistas e livros usados na sua banca; [04] Carol sendo guiada por Eduardo Tavares na visita aos Alagados; [05] Sob o arco do Farol de Itapuã com Luís Silva, um apaixonado pelo bairro; [06] Amanda Fróes é de uma família apaixonada por Brotas e posou em frente à casa do artista Espanha; [07] Maurício Tavares mostrou a praia do Porto da Barra; [08] A última foto do casal Rízia e Urbano foi feita no Palacete das Artes. Urbano faleceu meses depois

* Carol é jornalista e reuniu todas as suas andanças por Salvador no blog 365salvador.wordpress.com

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FOTOS: Luana Amaral e Marcella Hausen

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picolé capelinha, taboca, cravinho. Isso sem falar na musicalidade, na nossa relação com a dança, o pôr-dosol, os nomes das ruas e dos bairros e a Baía de Todos os Santos. Já viu que esta cidade é rodeada de mar? Para mim, Salvador se revelou uma velha senhora de charme secular, cheia de histórias e com perfume de mar. Mas é d’Oxum, a rainha da água doce. Com cicatrizes profundas, algumas falhas irrecuperáveis, ainda está aprendendo com os erros. Com o tempo, entendi que não precisava de argumentos para convencer ninguém, eu já estava rendida. Aprendi que, para amar essa cidade, é preciso passar por cima de algumas coisas, deixar de ser exigente e entender que ela tem ritmo próprio. Arredia e um pouco temperamental, Salvador é mesmo colorida, alegre, interessante e sensual, com todas as suas curvas. Me permiti olhar para ela com carinho e descobri encantos e desencantos também. E aí me dei conta: poderia ser melhor, mas dá para ser feliz mesmo assim. [B+]



L I F EST YLE | m 煤s i ca

Fafa da Bahia Nos momentos mais importantes da carreira da cantora, sempre tinha um baiano para abrir seus caminhos por PEDRO HIJO

FOTO: R么mulo Portela

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FOTOS: Divulgação

oi pelas mãos de um baiano que Fafá de Belém começou a sua carreira de cantora. Ela própria diz que se não fosse a insistência do produtor musical Roberto Santana, não teria nem começado a sonhar que poderia se tornar um dos maiores nomes da música nacional. Era 1973 quando, com 19 anos, Fafá saiu do Pará e aterrissou em solo soteropolitano para fazer duas semanas de shows no Teatro Vila Velha. “Eu me encantei pela cidade e acabei ficando por três meses, sob o teto de Djalma Corrêa (músico mineiro)”, conta. Quando soube disso, Roberto Santana logo tratou de colocar a quase baiana no eixo. “Ele soube que eu só queria saber de praia, de farra, de cantar sem compromisso e me ligou falando que era para eu voltar já para o Rio de Janeiro”, diz Fafá sobre o homem que lhe deu não só o nome artístico (a cantora nasceu Maria de Fátima Palha de Figueiredo) como também sua primeira música, o clássico “Filho da Bahia”. A música, encomendada para a trilha sonora da primeira versão da novela Gabriela, deveria estar na voz da baiana Maria Creuza, mas uma crise renal às vésperas da gravação a impossibilitou de cantar. Roberto Santana logo indicou o nome de Fafá. “Faz dois anos que eu conversei com o Boni (ex-diretor geral da Rede Globo) sobre esse episódio e ele me disse que Roberto apresentou a música a ele e falou que eu era uma cantora ótima, mas era desconhecida e gordinha. Então o Boni respondeu ‘e daí? A novela é nova, a cantora tem que ser nova, não me importa se ela é gordinha, vou ouvir a voz dela’ ”, comenta às gargalhadas. A inspiração da Bahia na carreira de Fafá não terminou aí. Muito religiosa, Fafá é figura cativa durante o Círio de Nazaré – festa que leva cerca de dois milhões de pessoas pelas ruas de Belém em uma procissão para Nossa Senhora. Há alguns anos, Fafá percebeu que era hora de fazer com que aquela gigantesca celebração fosse incluída no roteiro de festas em pauta nos principais jornais. Inspirada nos modelos dos camarotes do Carnaval de Salvador, Fafá criou o projeto Varanda de Nazaré, um local em que reúne amigos e convidados para as celebrações. “Convido personalidades de diversos setores que tenham algo a acrescentar e que possam contribuir para a divulgação daquela festa, daquele povo”, conta. “Assim, essas pessoas podem espalhar o que acontece ali, atrair os olhares para o Círio e fazer com que a festa deixe um legado melhor para Belém”, finaliza. Apesar do lado romântico e despojado, Fafá continua com o sua veia política e opinativa cada vez mais pulsante. “A Bahia perdeu a pluralidade de ritmos, aquele grande tambor de ritmos variados ficou pequeno perto da grande indústria do axé”, comenta aquela que já foi a voz das Diretas Já e que leva as singularidades do seu estado para os quatro cantos do mundo – incluindo o vaticano. “Faz muito tempo que não venho à Bahia, é ótimo estar aqui, tenho que voltar mais vezes”, comenta com a saudade de quem fez história pelas ruas de Salvador. [B+]

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[04] [01] Levando a cultura indígena para o palco. [02] Fafá e outras personalidades durante a festa do Círio de Nazaré, em Belém. [03] Fafá e Maurício Magalhães da agência Tudo durante o Círio Fluvial. [04] A cantora se junta ao trio comandado por Ivete Sangalo durante carnaval de Salvador. [05] Em 2012, a cantora recebe Ordem de Mérito Cultural pelas mãos de Dilma Rousseff. [06] Fafá era voz e corpo durante movimento das Diretas Já

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UM CANTO DO MUNDO PARA CHAMAR DE MEU 80

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ARTÍSTICA Pintura do baiano Floriano Teixeira, máscaras da Indonésia, cocar da Amazônia, papiro do Egito, reprodução de Salvador Dali e quadros da Tailândia compõem a parede da sala de visitas.

Perto da praia e longe do centro, a arquiteta Livia Salem aproveita a tranquilidade de morar no seu próprio paraíso construído onde une trabalho e descanso por CAROLINA COELHO fotos LUCIANO OLIVEIRA

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L IF E S T Y LE | d e co ração

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jardim da casa nos trilha por um caminho de seixos até a porta, iniciando nossa sensação de bem-estar com o aspecto praiano do lugar. Nina e Zulu, os labradores negros, são os primeiros a aparecer quando a imensa porta verde vinda de Tiradentes, Minas Gerais, é aberta. Por dentro, a rusticidade das madeiras de demolição que cobrem todo o piso da área comum e os móveis de madeira escura contrastam com as cores claras dos sofás e tapetes de sisal. Logo vem Livia, a arquiteta paulista de 34 anos, que aos 18 fez um caminho inverso do que a da maioria de costume, e foi fazer faculdade em Salvador depois de vislumbrar-se no cenário alegre que a Bahia clareava em seu imaginário. Casou-se com um soteropolitano com vício de surfe, comprou um terreno de 1.500m2 em Busca-Vida e, com a ajuda do arquiteto Marcos Barbosa e das referências da arquitetura balinesa, montou seu pequeno paraíso para receber amigos nos fins de semana. Decoradora por vocação, ela conta que todos os objetos da casa têm uma lembrança. Vieram de viagens, de terras longínquas, pequenas singularidades de cada ponto do mundo que já visitou. “Casa não pode ser uma vitrine, ela tem que contar sua própria história”, diz. Com muitos objetos em tons de azul e verde para lembrar o gosto pelo mar, ela se permite fazer um jogo de combinações com o que gosta, sem compromisso com o resultado final. “O bom é que se eu errar não tem ninguém para brigar comigo”, se diverte. 82

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BONS VENTOS No escritório aberto para o jardim, as máscaras africanas se misturam às pranchas de surfe ABENÇOADA Após ter a promessa atendida duas vezes, Livia se tornou devota de São José, padroeiro da família, e pediu que o artista Rosalvo Santeiro, de Maragojipinho, fizesse uma estátua para repousar sobre a antiga mesa de carpintaria que compõe a sala de jantar SOB O COQUEIRO A aconchegante sala de estar, sombreada pelo forro feito de palha pelos artesãos da Estrada do Coco

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DELICADO Um mimo para a chave que tranca a porta de madeira vinda de Tiradentes, Minas Gerais SEM LATIDO O terceiro cachorro da casa, vindo de São Paulo, recebe quem chega e dá um toque divertido ao espaço SOPRO DO MAR A concha revestida de pedrarias vinda de Myanmar e adquirida em um antiquário em Bali

SAUDADES “Estátuas vindas da África do Sul, parte das recordações das viagens do casal BANGALÔ No meio da piscina, um cantinho para deixar a casa com um toque do charme da arquitetura de Bali w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

F DEEVZEER MEBI R O 2 0 1 3 4

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ARTE: Gerson Lima

A SUA REPUTAÇÃO EM JOGO por MONIQUE MELO

O mundo está na palma da sua mão com os dispositivos móveis e com computadores cada vez mais portáteis. Novas ferramentas tornam pública a sua voz e a sua opinião pode alcançar, em alguns minutos, os lugares mais longínquos do planeta. Você troca informações em tempo real a todo momento. Assustador? Pode parecer, mas este cenário também abre infinitas possibilidades de comunicação para a sua marca. A plataforma de divulgação de conteúdos realmente mudou com a revolução da internet e das mídias sociais, mas os caminhos já começam a ficar mais claros de como usar toda essa tecnologia a favor de sua reputação. Bem-vindo à era da gestão de imagem. Conhecer o seu público, interagir com ele e oferecer o que ele deseja são cruciais para o crescimento do negócio. Portanto, a assessoria de comunicação ampliou sua atuação para desenvolver suas habilidades. Hoje, ela precisa integrar a imagem do cliente nos veículos de comunicação, nas redes sociais, nas comunidades empresariais, nos aplicativos, nos buscadores online, estando preparada para eventuais gerenciamentos de crise que transitam entre meios on e offline. A estratégia, o poder de persuasão e a criatividade nunca estiveram tão em alta. Assim como, em determinados casos, a fluência em línguas estrangeiras - do inglês ao mandarim. Cada vez mais as agências de comunicação precisam estar aptas para gerir a imagem de seu cliente neste ambiente globalizado, onde muitas vezes ele se torna até um veículo, pois 84

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o seu consumidor vai atrás de conteúdo e relacionamento. A gestão de imagem norteia o trabalho. As grandes empresas já estão criando as suas próprias comunidades, reunindo seus fãs e dialogando com eles em tempo real, a exemplo da HBO, que escuta o seu público a ponto de redefinir o rumo de uma série ou ajudar a escrevê-la. Além disto, qualquer pessoa hoje pode indicar uma pauta para um jornal pelo Whatsapp, ou ter acesso a todos os releases, fotos e informações de uma empresa apenas baixando gratuitamente um aplicativo, a exemplo do TIM Press. Não importa o tamanho, qualquer negócio que queira crescer, precisa cuidar de sua marca de forma profissional e integrada. O talento do baiano para a comunicação é notório. Sua criatividade e curiosidade também são pontos fortes que formam uma receita ideal para quem busca agências para desenvolvimento e manutenção de conteúdo ou aplicativos. Portanto empresas de tecnologia começam a procurar parceiros por aqui, sem contar que os custos são bem mais interessantes em comparação, principalmente aos praticados no exterior. Eis aí uma boa oportunidade independente de crise. O que é feito na Bahia repercute em todos os cantos, pois não importa onde você esteja, o mundo é que vai até você.

Monique é diretora da Texto&Cia - Assessoria de Comunicação e .TXT Agência Digital & Conteúdo



L I F E ST YLE | gas tro n o m i a

TRÊS CHEFS NA COZINHA por CAROLINA COELHO

fotos LUCIANO OLIVEIRA

Com as tradições postas à mesa, três chefs baianos se reúnem para cozinhar e conversar sobre o que há de mais típico nas nossas panelas, valorizando a regionalização ao mesmo tempo em que introduzem a originalidade da culinária contemporânea 86

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a terra de todos os santos, o tabuleiro da baiana é uma vastidão cultural. Leva um bocadinho da fineza da família real portuguesa, dos cabras-machos e da carneseca do sertão, da rusticidade dos índios, da proximidade com o mar e dos temperos e gostos produzidos pelos antigos escravos africanos no recôncavo baiano. “A comida baiana está muito associada à liturgia, a festas que ligam a culinária aos deuses, reis, orixás”, observa Tereza Paim, chef de cozinha dos restaurantes Casa de Tereza e Terreiro Bahia. Ela, que leva a Bahia na cozinha não só como sua profissão, mas como uma parte do seu eu, frisa a importância da culinária na história de uma gente: “Se pensarmos bem, não tem outra escolha. A comida é a segunda linguagem de um povo. Depois do idioma, nada mais nos caracteriza e nos posiciona tanto quanto a comida”. Muito mais do que nos fazer encher a barriga, a alimentação também é memória viva de sentidos que fazem reviver as marcas da cultura presentes no imaginário de cada pessoa. “Todas as funções da gastronomia são afetivas, surgiram para manter o elo do ser humano com a questão familiar. A moqueca é história, faz parte da infância dos baianos, de onde você vem”, explica o chef e gestor ambiental Ramon Simões, dono do restaurante Armazém do Reino. Para Fabrício Lemos, chef do restaurante Al Mare, o baiano está em um processo cultural de evolução gastronômica. “Hoje o cliente entende que comer vai além de se empanturrar. O acesso ao novo, a viagens e a informação do mundo faz com que se valorize o que é seu”, diz. Apesar do inevitável processo da mundialização das culturas, os três chefs acreditam que as novas exigências estabelecidas pela globalização podem enveredar a gastronomia baiana para dois lados: ou do fast food, com moquecas sendo preparadas com caldo industrializado e queijo mussarela

RECEITA A pedido da [B+], os três chefs, Fabrício, Ramon e Tereza, uniram panelas para montar duas receitas que trouxessem os sabores da tradição baiana, misturando ingredientes típicos do nosso estado aos toques clássicos da cozinha contemporânea

PRATO:

PRATO:

DO MAR AO SERTÃO

ANGU DE ARROZ

Ingredientes: Peixe beijupirá Camarão gigante Polvo Maxixe Quiabo Aguardente de umbu Pimenta doce Pimenta dedo-de-moça Inhame Mandioquinha Abóbora Azeite de oliva extravirgem

Ingredientes: Amendoim cozido Maturi Arroz agulhinha Creme de milho verde Cebola roxa p/ caldo Alfavaca-silvestre Grappa de umbu Ragu de caju Pimenta-malagueta

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Conheça as frutas, ervas e especiarias presentes no nosso semiárido baiano e que, apesar de pouco conhecidas, possuem sabores ricos e potencial para o mercado gastronômico. ARAÇÁ Fruta com um sabor parecido com a goiaba, porém mais ácida e com perfume mais marcante. Pode ser consumida in natura ou na forma de doces, geleias ou sucos. PITOMBA Muito consumido pelos pássaros, esse fruto possui dois caroços revestidos por uma camada fina e suculenta, adocicada e um pouco ácida. LÍNGUA-DE-VACA Planta de folha larga, é uma variedade brasileira do manjericão e pode ser utilizada para temperar pratos.

AROEIRA Muito utilizada para fazer chá para fins terapêuticos, essa planta pode ser usada como erva para receitas.

ALFAVACA-SILVESTRE Mais conhecida pelo seu nome popular, a tremoção surge em zonas de matagal e tem potencial para aromatizar pratos.

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em panelas de porcelana – o que já acontece atualmente – ou fazer agregar valor a ingredientes locais poucos usados, mas com alto potencial gastronômico, para valorizar ainda mais as nossas singularidades para o mundo afora. É o caso das plantas, frutas e ervas encontradas nos tão diversos microclimas baianos, do litorâneo à caatinga, como o araticum, a palma, o mandacaru, o serroteiro, a pitomba, o piri e a quixaba, entre outros, de sabores ricos, porém de pouco uso por falta de pesquisa. “Nem a gente daqui conhece a infinidade de plantas e frutos que a gente tem”, reconhece Tereza, seguida por Ramon: “É preciso criar novos pratos que usem as plantas que existem aqui para manter os biomas e potencializar o que é nosso”. A diversidade das vegetações encontradas na Bahia é o suficiente para ser um estado capaz de produzir um quiabo com dois gostos diferentes. “O quiabo do sertão, que nasce em solo pedregoso é completamente diferente do quiabo do recôncavo, que tem o solo úmido”, exemplifica Fabrício. Ou seja, quando a vegetação muda, muda também o gosto dos vegetais e animais que convivem naquele ambiente. “É por isso que o melhor bode do mundo vem do Raso da Catarina, que come as ervas que inibem as toxinas que produzem o mau cheiro”, explica Ramon. Outros alimentos, como a tilápia de Paulo Afonso e o siri-boia da Baía de Todos os Santos – esse exclusivo da Bahia – também exemplificam a abundância das nossas peculiaridades, para mostrar que a Bahia é muito além da ‘queca’, pronunciada pelos turistas que chegam ávidos pelo dendê. “A Bahia é de um potencial enorme, maior que vários países europeus que são berços da gastronomia ocidental. E ainda somos capazes de explorar muito mais”, conclui Ramon. [B+]



notas d e te c

QUE VENHA O FUTURO! As novidades da tecnologia que dão dicas do que está por vir

MEXA NO SEU CELULAR SEM AS MÃOS O Sansung Galaxy S5 deve ser lançado em abril. É o que Lee Young Hee, vice-presidente da empresa, garantiu em recente entrevista. Segundo Hee, o lançamento do S5 virá acompanhado de um sucessor para o Gear com recursos mais avançados e um novo design. As novidades não param por aí. A empresa ainda deu a entender que a nova versão do smartphone pode incluir tecnologia de reconhecimento de íris, uma resposta ao sistema de identificação de digitais da Apple. Preparado para controlar o seu celular a partir do olhar?

USE O CELULAR ENQUANTO DIRIGE SEM CORRER RISCOS O Google anunciou durante a CES 2014, uma das feiras mais importantes do mundo realizada em janeiro, que as automobilísticas Audi, GM, Honda, Hyundai e a empresa de peças de computador Nvidia estão formando uma parceria para levar o sistema Android para os painéis dos carros ainda em 2014. Com o sistema, os motoristas poderão acessar aplicativos que possam auxiliar na condução dos veículos. Apesar de a ideia não ser nova (a Kia apresentou um modelo com proposta semelhante em 2013), com a parceria anunciada durante o CES, a tecnologia deve ficar mais acessível.

5 APPS (GRATUITOS) PARA DAR ADEUS À PRODUTIVIDADE

SNAPCHAT

DOTS

Tire uma foto e escolha por quanto tempo o destinatário poderá vê-la. Os criadores do app, Evan Spiegel e Bobby Murphy, mirando na independência do negócio, recusaram a oferta de US$3 bilhões do Facebook.

Jogo em que o usuário deve ligar pontinhos, que se transformou em um dos maiores sucessos da app store. O criador, Paul Murphy, declarou que sua esposa ficou conectada no app por 10 horas durante duas semanas.

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4 IMAGENS 1 PALAVRA Como o nome do app sugere, fotografias dão dicas para que o usuário descubra qual é a palavra a ser montada. 4 imagens é um desses games que vão te prender e fazer você pedir ajuda para toda a família.

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FEEDLY

VINE

Reúna seus blogs favoritos em um só lugar e passe horas lendo todas as atualizações. O app (em inglês) ainda permite o compartilhamento de links entre usuários. Um bom substituto para os órfãos do Google Reader.

Concorrente do Instagram, o app permite que o usuário grave vídeos de até seis segundos e compartilhe entre os amigos. O Vine virou o queridinho de empresas para divulgar suas marcas entre os seus públicos.




ARTE: Gerson Lima

ARTE & ENTRETENIMENTO Entrevista: Guilherme Bellintani 94 A cidade vai Ă s ruas 100 Entrevista: Marcelo Rezende 102


A RTE & E NT R ET E NIME NTO | esp ecial car naval

GESTÃO DE CARA NOVA Aos 36 anos, Guilherme Bellintani é um dos destaques da gestão da prefeitura de Salvador. Sua responsabilidade nada mais é que desenvolvimento, turismo e cultura. Diante de tamanho desafio, o secretário se vê entusiasmado em criar uma nova rotina para a cidade por FÁBIO GÓIS

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fotos RÔMULO PORTELA


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convite inesperado para assumir um cargo de secretário municipal da cidade de Salvador pode ter chegado em uma má hora. Há um ano, Guilherme Bellintani tinha 35 anos e estava vivendo um dos momentos mais intensos de sua carreira profissional. Expandia os negócios, adquirindo novos empreendimentos e criando projetos além da editora Jus Podivm, da Faculdade Baiana de Direito e das incursões nos ramos imobiliário e industrial. Ao mesmo tempo, esse soteropolitano pai de três filhos, à espera do quarto, formado em direito na Universidade Católica de Salvador, mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia e doutor em desenvolvimento regional e urbano pela Universidade Salvador, encontrou no convite feito pelo então prefeito eleito Antonio Carlos Magalhães Neto a oportunidade de vivenciar inquietações que guardava desde jovem. Crescido no bairro do Rio Vermelho, é filho de pais de classe média, mãe artista plástica, funcionária pública, e pai professor de história, que morreu quando Guilherme tinha 4 anos de idade. Seu segundo pai, por adoção, também é professor universitário. “Tornar-se empresário em uma família que não é de empresários não é nada fácil. Minha mãe diz sempre que negócio é a negação do ócio, e como ela adora o ócio, ela não gosta de negócio. Então me tornei empresário pela minha inquietação que me motivou. A minha relação com o setor público sempre foi também de inquietação”. Segundo Bellintani, discussões sobre temas públicos sempre fizeram parte do seu ambiente familiar: “Nós odiamos aquela máxima de que ‘odeio política’. Minha percepção sempre foi de interesse pelas coisas públicas e isso fomentou um interesse muito grande pelo que acontece, especialmente na cidade”. Para aceitar o convite de ser secretário, abriu mão temporariamente da vida que levava. “Encaro esse momento como quatro anos sabáticos em minha vida. Deixei meus negócios com meus sócios e estou 100% dedicado à secretaria. Se tem muitos que vão estudar fora para fazer um doutorado, decidi parar minhas atividades para aprender muito sobre diversas coisas que ainda não conhecia”, afirma. Disciplinado, o atual secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura nos recebeu em seu escritório, no primeiro horário da manhã, ainda quando terminava de checar a (grande) lista de prioridades que lhe aguardava

para o dia. Entre os principais assuntos está o Carnaval de Salvador. Aproveito e pergunto sobre como um gestor acostumado ao ritmo do setor privado se adaptou às rotinas da gestão pública. A resposta: “Tentei deixar minha agenda com a secretária, mas não consegui. Sou eu quem faço meus horários, elejo as prioridades e busco ter a cabeça tranquila para saber distinguir o que tem solução imediata e aquilo que não tem solução”. A objetividade e uma clareza de ideais fizeram Guilherme Bellintani um dos destaques do primeiro ano da gestão de ACM Neto. Mais adaptado ao cargo, o secretário quer avançar em projetos que transformem a vida da cidade e redefinam a relação que a sociedade tem com o poder público, mesmo que isso mexa com muita gente.

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Em um ano, a prefeitura de Salvador mostrou que quer potencializar os resultados financeiros, ao buscar reduzir custos públicos e envolver o setor privado em projetos de grandes proporções. Recentemente, dois projetos da sua área representam bem isso: o Réveillon e o Carnaval, ambos viabilizados com grandes cotas de patrocínio. Como está sendo promover uma nova cultura, muito mais próxima do modelo privado, dentro da máquina pública tradicional? O sentido da nova prefeitura precisa estar espalhado por todas as secretarias. Se não tiver isso, não adianta. O sentido é de desafio. Eu não vejo uma transformação real de uma cidade se o elemento econômico não estiver na base das ações. Infelizmente muitas ações demoram muito para ter respostas. E infelizmente, também, a máquina pública é montada de um jeito para não funcionar, historicamente falando. Você pode dar um exemplo? Veja o projeto dos quiosques de praia. Até conseguir lançar a licitação dos quiosques, a gente teve que passar por discussões ou autorizações em nove órgãos da prefeitura. Isso é bom no sentido democrático, mas é um sistema feito para não funcionar. Em uma gestão de quatro anos, se eu demorar seis meses para construir um edital de quiosque de praia, não vou conseguir responder aos anseios da sociedade. Cito constantemente o exemplo da árvore. Se ela estiver de pé, sem nenhum problema, ela é uma atribuição da Secretaria de Cidade Sustentável. Mas se um galho partiu e ficou pendurado, é papel da Sucop cortá-lo. Mas se o galho caiu no

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chão, aquilo já é uma atribuição da Limpurb. E se o galho caiu dentro do Dique do Tororó, torna-se uma atribuição da Defesa Civil, que é quem tem as máquinas necessárias para retirá-lo de dentro do Dique. Veja como, para uma simples árvore, a gente tem uma conexão absolutamente variada de órgãos da prefeitura. Dentro da sua alçada, como a secretaria trabalha para unir os temas desenvolvimento, turismo e cultura? Primeiro, apesar de não estar no nome, incluímos um quarto pilar nesta secretaria: eventos. Porque eventos, por mais que estejam ligados a cultura e turismo, tem elementos próprios, sobretudo na parte de produção. A nossa análise é ter cultura e turismo como elementos de desenvolvimento e o desenvolvimento fomentando a cultura e o turismo. A palavra desenvolvimento às vezes se confunde com simplesmente desenvolvimento econômico, e isso é um equívoco. Estamos falando de um desenvolvimento mais amplo, que envolve o desenvolvimento humano e social.

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E qual sua avaliação do atual momento de Salvador nos temas sob sua responsabilidade? Estamos engatinhando. Primeiro que a cidade tem um déficit histórico de desenvolvimento econômico, que é um dos mais graves do país. É uma cidade pobre, que tem um índice de desemprego altíssimo. No turismo, também temos um déficit enorme. Isso é fato quando a gente visita qualquer cidade que tem um potencial turístico similar, sobretudo fora do Brasil. A gente vê a cara da outra cidade, o aspecto que ela tem para a recepção do turista e o tipo de política cultural em relação à promoção da cidade. Na cultura, a gente tem um déficit de políticas públicas, mas é menos aparente porque há um movimento social próprio muito consistente. A ausência do setor público é grave, mas ela é superada pela própria comunidade, que se organiza culturamente muito bem. De que maneira é possível solucionar essas lacunas? O poder público tem que induzir determinadas coisas que já aconteçam bem, preservar aquilo que poderia acabar e fomentar novos movimentos. No aspecto


cultural, um exemplo é a dança, que é uma coisa que vem me angustiando porque a gente ainda não conseguiu trabalhar nisso. O poder público tem a obrigação de fomentar processos ligados à dança porque, se nós não fizermos isso, a dança como um elemento cultural vai morrer. Isso porque ela não tem uma vida própria sob o ponto de vista econômico para a iniciativa privada. São poucos os organismos privados que apoiam a dança. O discurso é que a dança vende pouco ingresso, mas se a gente fosse medir a importância de um determinado fenômeno cultural apenas pelo interesse de público, as escolas de dança ou de teatro poderiam fechar, porque tem uma concorrência baixa e isso não é legítimo. Muito pelo contrário. Elas precisam funcionar bem para a construção de uma sociedade mais transformadora. Preservar a cultura é fomentar o turismo e o desenvolvimento... O turista visita para conhecer a cultura, seja ela materializada em patrimônio histórico, seja a cultura como experiência e sensação. Essa é uma das saídas econômicas para a cidade de Salvador. No mundo inteiro, cidades que têm perfil similar ao da cidade de Salvador investiram na cultura e no turismo como solução. Como você define o perfil de Salvador? A cidade de Salvador é geograficamente complexa. É uma península, que não tem zona sul, nem zona leste, por causa da Baía de Todos os Santos e do oceano Atlântico. A zona oeste teve uma ocupação muito desorganizada, que hoje são comunidades consolidadas, que devem ser aproveitadas sob o ponto de vista do desenvolvimento. Isso provoca um estrangulamento da cidade. Tudo isso traz uma riqueza ímpar, mas ao mesmo tempo, traz dificuldades claras. É claro que a cidade não tem potencial para atrair grandes indústrias, mas pequenas e médias, sim. Qual saída temos, então? A saída é estimular o comércio e o serviço. É lógico que a gente pode ampliar a participação das indústrias na cidade, mas isso não vai ser o elemento de transformação. Podemos atrair grandes lojas varejistas para o comércio, é claro que sim. Mas, não há dúvida, que a aposta deve ser na consolidação de um comércio de base.

Quais são os projetos que visam essa consolidação? Ampliando os processos de formalização, que é uma coisa que já começamos. Criação de redes de conexões entre os comerciantes, que vão desde centros de distribuições, atacadistas, lojistas e uma série de outras coisas. Além da criação de espaços para a atuação do comércio popular. Eu tenho uma visão muito clara que, às vezes, a gente olha um movimento de ambulante e a sensação da classe média é de querer tirar essas pessoas dali. É uma relação de “devolvam o meu espaço”, como se aquele espaço fosse somente da classe média. É legítimo querer uma cidade organizada, mas como resolver o problema do espaço sem perder o potencial econômico dessa movimentação? É preciso criar corredores e incentivo para que esse comércio informal torne-se um comércio formal. É assim que aconteceu com a 25 de Março, em São Paulo, que gera um movimento econômico impressionante. Ela teve origem em um grau de informalidade enorme e hoje está passando por um processo de formalização. Esses são elementos que a gente vê que a cidade pode potencializar. Apesar disso, eu vejo na cultura e no turismo vieses claros, não de salvação, mas de potencialização e desenvolvimento.

Aquela visão do poder público como mãe e o empresário como coitadinho não é a mais adequada. O setor público é parte da comunidade e não um salvador da pátria”

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Durante o Réveillon, houve um momento especial para você. Chegou a dizer para algumas pessoas que, depois de seus filhos, aquela foi a melhor coisa que você já tinha realizado. O que te fez despertar esse sentimento? Bem... Ali... Até me emocionei um pouco agora... Na vida, a gente pode se surpreender negativamente, mas também positivamente. O Réveillon foi uma criação nossa, do prefeito, da secretaria, dessa gestão. O prefeito nos provocou a fazer um Réveillon diferenciado e assumimos esse desafio. Essa criação mudou a rotina da cidade e tocou o sentimento de 500 mil pessoas, alguns gostaram, outros não, mas mexeu com a vida das pessoas. Se eu não me emocionasse com isso, eu seria um insensível. Eu não imaginava que eu pudesse fazer parte de um projeto como esse. Isso é muito impactante para um cidadão que, um ano atrás, estava com projetos importantes empresarialmente, mas pouco transformadores. Esse movimento de construção é o que nos estimula. Quando a gente vê a coletividade participando, indo, aprovando e querendo mais, é muito estimulante. Esse é o grande combustível para a gestão pública. Todo este envolvimento tem uma dimensão de transformação verdadeira. Para viabilizar o Réveillon, foi necessária a participação do setor privado. Como funcionam as parcerias público-privadas para a realização de grandes eventos em Salvador? Eu acho legítimo que o setor público invista em festas como Réveillon e Carnaval. Não é desperdício de dinheiro. O investimento público no Carnaval tem dimensão econômica em diversos setores, ao longo de todo o ano. Eu ouso dizer que o Carnaval já era lucrativo, indiretamente. Esses R$19 milhões que a prefeitura aportou no Carnaval em 2013 teveram um retorno na cadeia produtiva. Estamos falando de impostos, geração emprego, de renda e uma série de coisas. Mas se isso pode ser acrescido de um resultado operacional direto, melhor. O que a gente fez foi um movimento muito comentado, com uma repercussão muito positiva, mas não foi complexo sob o ponto de vista de inteligência. São cotas de mídia, mudando as propriedades de entrega, sendo ampliadas. O diferencial é que os patrocinadores se sentem mais seguros em investir na cidade agora. Essa segurança não vem de mim ou do carnaval, mas sim de uma série de composições que passam por outros setores. Porque a cidade

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Esse movimento de construção é o que nos estimula. Quando a gente vê a coletividade participando, indo, aprovando e querendo mais, é muito estimulante”

tem uma Limpurb que funciona melhor, uma Sucom que funciona melhor, porque tem uma Casa Civil que sabe coordenar os projetos e um prefeito que assume responsabilidades. Ou seja, não é só a propriedade de mídia que faz o patrocinador assinar o cheque, é sim a percepção de que a prefeitura vai entregar o que promete. O prefeito costuma dizer que tem o desejo de transformar o Carnaval para os próximos anos. O que é essa transformação? Eu vejo que as transformações do Carnaval devem ser comedidas. A gente não pode querer colocar a colher demais no mingau, senão embola rapidinho. Essa transformação que se diz é voltada à política pública. Mas não é uma grande transformação geográfica ou cultural do Carnaval. Na política pública tem um elemento que é a arrecadação econômica de quem patrocina essa festa, outra é uma organização básica. O Carnaval de Salvador sempre foi tido com um lugar de desordem, que é boa que aconteça, mas tem que ter o mínimo de bom senso e controle. O que a gente vê é o espaço do folião sendo reduzido porque o comércio informal se posiciona ao longo de todo o passeio, com filas sequenciais de isopor. Isso não é bom para ninguém. A gente vai fazer algumas intervenções de organização, como também a mudança do circuito sem a volta na Carlos Gomes. Mas há um limite nisso. A gente não pode fazer do Carnaval uma festa chapa-branca, que pareça que a prefeitura quer controlar tudo.


Podemos esperar mais a participação de empresas privadas nos eventos da cidade? Eu acho isso importante, mas não coloco todas as minhas fichas nessas parcerias. Hoje eu vejo o grau de conservadorismo do empresariado, que é inerente à própria dificuldade que o empresário sofre. Ser empresário é muito difícil. Com o setor público, o empresário tem um costume de só vir no que vai dar certo. Eu tenho convidado, mas se o evento tem algum tipo de risco ou despesa, ninguém topa. São poucos que participam. São empresários com o perfil do gestor público tradicional. Para se ter ideia, hoje eu recebo visitas de empresários que me pedem ajuda para a captação de recursos de projetos privados. Mesmo que o evento tenha interesse público, mas quem tem que me ensinar a captar é o setor privado. Aquela visão do poder público como mãe e o empresário como coitadinho não é a mais adequada. O setor público é parte da comunidade e não um salvador da pátria.

Qual é a política da prefeitura para eventos de marcas privadas a ser realizados em espaços públicos? Quando alguém vem querendo fazer um evento na rua, na praia, com o viés muito privado, e quer liberação da prefeitura, isso não faz sentido. Afinal de contas, a marca está sendo exposta em via pública com ativação promocional de todos os tipos. No fim do dia, a Limpurb tem que recolher toneladas de lixo, a Transalvador tem que ordenar o trânsito, e você acha justo que o poder público ainda pague por isso? Já basta o espaço público que está sendo usado. Aí se paga milhões para montar estrutura, milhões para pagar um artista, mas não quer pagar uma taxa da prefeitura. É um absurdo isso. É o pensamento de que está fazendo um favor para a cidade, mas não tem favor algum. Esse é o tipo de evento que não transforma. As corridas, que se tornaram uma febre, são também exemplos. Admiro muito o processo e acho que traz um movimento turístico, mas a prefeitura não precisa dispensar a taxa. Há muitas corridas de empresas privadas que no final quem limpa as ruas e ordena o trânsito é a prefeitura. É importante para cidade, mas não é um favor. Tem que ser bom para vocês e também para a gente. [B+]

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A CIDADE VAI ÀS RUAS por PEDRO HIJO

Muito além do hit do verão, o Carnaval de Salvador aspira mudanças e mostra que pode gerar resultados melhores do que a Quarta-feira de Cinzas

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OPERAÇÃO CARNAVAL

PREFEITO ARTICULAÇÃO POLÍTICA

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profissionais deixa legados que vão além da festa. “Um vendedor ambulante sozinho não significa muita coisa, mas, em quantidade, eles geram um movimento grande, que mexe com a economia da cidade”, opina. “O carnaval tem uma grande importância para Salvador. É importante que o público apoie o carnaval porque o evento é um gerador de emprego, de riqueza, ativa uma quantidade enorme de pequenos negócios”, conclui. E se antes, a fobica de Dodô e Osmar só tinha espaço para uma pequena banda e nada mais, hoje, os suntuosos trios elétricos são plataforma de publicidade, assim como todo o espaço ao longo do percurso. Tome-se como exemplo a cervejaria Itaipava, que ostenta o título de patrocinadora oficial do Carnaval. O Grupo Petrópolis apostou a quantia de R$10 milhões no Circuito Dodô, que vai do bairro da Barra até Ondina. “A maneira de demonstrar que estamos felizes com a Bahia é participar das grandes paixões dos consumidores baianos e de suas festividades”, afirma o diretor de Mercado do

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s foliões se aglomeram em volta do trio elétrico, que está prestes a começar o seu desfile no circuito. Enquanto a banda esquenta os atabaques, alguns deles bebem cervejas, outros conversam sobre como customizaram seus abadás, um grupo de meninas desvia para que a polícia consiga passar, a multidão toma corpo e, ao som da percussão, a carreta colorida parte. Durante o período do Carnaval, Salvador consegue criar a mais improvável das uniões: o caos e a organização se misturam para gerar um produto com a cara, o espírito e o jeito da cidade. Uma festa como esta só poderia dar certo na capital baiana, podem pensar. São mais de 20 instituições envolvidas para que o Carnaval dê certo, sem contar com os artistas, empresários, entidades carnavalescas, imprensa, movimentos sociais, cidadãos, familiares... Este conjunto de componentes prepara a cidade para receber mais de 400 mil turistas. São visitantes que se hospedam, bebem, comem, utilizam ônibus, táxi, frequentam camarotes, compram tênis, blusas, acessórios para brincar o Carnaval. Este público, somado ao folião local, movimenta economicamente diversos setores, o comércio varejista e o setor de serviços em especial. Apesar de visualmente monumental, a festa ainda não possui dados oficiais. A prefeitura já encomendou um levantamento para definir os números que circundam a festa e que será lançado 90 dias após o evento. As pesquisas não oficiais apontam índices polpudos, que beiram os dez dígitos. Uma coisa é certa: o Carnaval ativa a economia do estado. Só o evento é capaz de movimentar a rede hoteleira entre 80% e 90%, por exemplo. Boa parte da efervescência da economia durante o carnaval está nas mãos, ou nos isopores e carrinhos, dos vendedores ambulantes. Edval Passos, diretor superintendente do Sebrae na Bahia, acredita que a capacitação destes

COORDENAÇÃO EXECUTIVA

[01] Codesal [02] Coelba [03] Cogel [04] Embasa [05] Limpurb [06] Saúde [07] Secom [08] Semur [09] Seplag [10] Sesp [11] SPM [12] Sucom [13] Sucop [14] Susprev [15] Transalvador [16] Ouvidoria [17] Segurança Pública [18] Telefonia [19] Juizado da Infância e da Juventude [20] Conselho do carnaval [21] Artistas [22] Entidades carnavalescas [23] Empresários do trade carnavalesco [24] Agência licitada

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Grupo Petrópolis, Douglas Costa. A Schin, da Brasil Kirin, ficou com o circuito Osmar (no Centro) e estará presente nos carnavais de bairro (como o Batatinha, no Pelourinho). A empresa disponibilizará um kit ambulante (equipamento e fardamento padronizado) para os vendedores de bebidas que estejam presentes na chamada zona de exclusividade do circuito Osmar, novidade do Carnaval 2014. É como se, durante fevereiro, todos os caminhos levassem ao Carnaval. E não é força de expressão. Levantamento de campo realizado na Avenida Luiz Viana Filho e publicado no Propmark mostrou que 90% da temática da mídia exterior durante o verão é Carnaval. Ou seja, o turista que vem do aeroporto é guiado para a festa, sem escapatória. Se Las Vegas tem os jogos, Salvador tem a festa de Momo. O número de marcas expostas ao mesmo tempo nas ruas de Salvador durante o Carnaval foi motivo de crítica para o especialista em marketing Carlos Cardoso, em entrevista à Revista [B+]. Para Cardoso, o ideal seria que só houvesse um patrocinador no evento. “A exposição das marcas gera retorno para as empresas, mas a organização que patrocina todo o evento pode ter a mesma aparição na TV que aquela que patrocinou apenas alguns blocos ou camarotes”, opinou. Marcelo Trez, diretor de marketing de produtos alcoólicos da Brasil Kirin, discorda. “Para um evento desse porte, acredito que seja inviável ter um patrocinador único. O que as marcas buscam é atingir seu público consumidor e cada uma desenvolve a sua estratégia para alcançar este objetivo”, respondeu. O que é bom para uns, gera críticas para outras partes. Em recente entrevista, a cantora Margareth Menezes demonstrou sua insatisfação pelo atual modelo da festa. “Esse sistema (do carnaval) precisa ser mais descompromissado, como era antes, mais cultural. Isso é um apelo que faço há muitos anos. Precisamos trazer uma liberdade para o Carnaval

deixar um espaço mais amplo e mais aberto para a gente se manifestar de todas as formas”, disse a artista. NOVIDADES Tais críticas ocasionaram um movimento de mudança da festa dentro dos órgãos responsáveis. Para 2014, a prefeitura promete um carnaval com promessa de sustentabilidade financeira total e com modificações nos circuitos. Com o tema “É diferente, É Carnaval de Salvador”, a folia contará com o Afródromo, projeto encabeçado por Carlinhos Brown, que leva os blocos afro para desfilar entre 18h30 e 22h30 no domingo, segunda e terça-feira de Carnaval. Além disso, outra novidade é o Furdunço, espaço voltado para atrações menores que as dos grandes blocos, como os desfiles de trios tradicionais. De acordo com os números apresentados pela prefeitura, o novo modelo de folia custará de 5% a 7% a menos do que a do ano passado, que consumiu R$ 29,5 milhões. A festa ainda contará com o aumento do número de banheiros climatizados de 17 para 200, padronização dos vendedores ambulantes, criação de mais praças de alimentação e implantação de estacionamentos com shuttle. O prefeito ACM Neto, durante a coletiva de imprensa para a apresentação do projeto, disse que a expectativa de captação é de R$28 milhões líquidos, “o que significa que a Prefeitura não precisará gastar um real com a festa”. [B+] w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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“SALVADOR NÃO É O RESUMO CULTURAL DA BAHIA, PRECISAMOS EXPANDIR PARA O INTERIOR” Comprometido com a história do Museu de Arte Moderna da Bahia, Marcelo Rezende se prepara para resgatar a Bienal de Arte do estado com formato ambicioso por ANA CAMILA foto LUCIANO OLIVEIRA

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frente do Museu de Arte Moderna da Bahia desde o início de 2013, Marcelo Rezende trouxe sua experiência como jornalista cultural e como curador de arte para o estado, incumbido de coordenar a realização da terceira edição da Bienal de Arte da Bahia, que será realizada entre os dias 29 de maio e 4 de setembro de 2014. Paulista com uma peculiar visão sobre a arte baiana e seus artistas, Rezende tem planos de expandir o museu para fora do casarão e aproximá-lo do grande público através de ações de diversas naturezas. Sua trajetória como repórter da Folha e editor de revistas culturais como a extinta Bravo! e a Cult, bem como de curador de diversas exposições e galerias ao redor do mundo, traz para a diretoria do MAM uma visão mais abrangente do universo da arte baiana. Sua formação vem do jornalismo, das artes e da filosofia, parte dela obtida na França, onde morou por alguns anos. Atualmente, Rezende viaja pelo interior da Bahia com a sua equipe, buscando artistas e galerias que farão parte do retorno da Bienal de Arte da Bahia, em sua 3ª edição. Promovida pelos artistas Juarez Paraíso, Chico Liberato e Riolan, e com o apoio do governo da Bahia, a primeira edição do evento chamouw w w. r e v i s t a b m a i s . c o m


se 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas e foi realizada em 1966. Hélio Oiticica, Lygia Clark, Rubem Valentim e Rubens Gerchman foram os premiados da primeira edição, que teve ainda a participação de Calasans Neto, Emanoel Araújo e Mario Cravo Neto. A segunda bienal, em 1968, foi interrompida pelo governo militar, que considerou as obras em exposição como subversivas. Em 2014, faz 50 anos do golpe militar, que acabou por impedir a realização da segunda bienal, importante marco para o resgate e continuidade desta história. Com o tema “É Tudo Nordeste?”, a terceira Bienal de Arte da Bahia busca, segundo Rezende, pensar o Nordeste como um movimento muito mais humano que geográfico, ou seja, “entender, através da arte, o que pode ser tão particular no Nordeste e ao mesmo tempo tão universal”. O evento promoverá 100 dias de atividades culturais, educacionais e sociais em toda a Bahia, com muita ênfase no interior. Nesta entrevista, Marcelo Rezende revela sua visão sobre a arte e os artistas baianos, avalia o seu primeiro ano na diretoria do MAM e reflete sobre a relação que o público da Bahia tem com a sua arte e com o espaço do museu.

E sobre os artistas visuais baianos quererem fazer parte da programação do MAM, você sente uma cobrança com relação a isso? O que você pensa desta questão? Uma das armadilhas que eu percebo é que os artistas baianos se denominam dessa maneira. Talvez o ponto seja as questões baianas e não os artistas baianos. O que a Bahia deseja para o futuro, para o presente? O que ela almeja do ponto de vista cultural? O que nos interessa são as “questões baianas”, mais do que os artistas estarem dentro do museu somente porque são baianos. Sendo baianos, eles podem nos ajudar a entender as questões da Bahia, e eu acredito que o “Esquizópolis” (2013) foi o projeto que melhor conseguiu lidar com isso, com artistas baianos tratando de uma questão baiana. Trata-se de uma mostra da atual produção baiana em artes visuais, que apresentou um conjunto de obras que aborda o crescimento desordenado de Salvador e da Bahia, a partir da convivência de formas de desenho urbano e arquitetônico das cidades. Existe essa ideia de que o museu é do estado, e se é da Bahia, naturalmente tem que abrigar os artistas baianos, mas isso significaria que o museu não tem um pensamento, que é só uma galeria, e não é isso que queremos para o MAM.

O que exatamente te chama a atenção na cultura baiana? Para mim é o fato de descobrir o quão peculiar ela é. Nada daqui se parece com nenhum outro lugar, e eu acredito que isso tem uma razão muito clara: a história do Brasil começa aqui, e muitas vezes os que veem a Bahia de fora se esquecem disso. O que mais a favorece é que ela goza de uma extrema liberdade de realizar o que quiser, mas essa defesa da baianidade, muitas vezes acaba fechando a possibilidade de diálogos com outros lugares. Talvez devido ao peso histórico que a Bahia tem sobre ela mesma, ela se relaciona muito mais com o passado do que com o presente, e nem sempre isso é positivo.

Como você avalia a frequência do público nas atividades promovidas pelo MAM? Eu tenho muito claro que existe um público enorme em potencial, mas que ainda precisa ser conquistado, e essa é uma das missões do MAM. Este primeiro ano mostrou que isso é absolutamente possível. Tivemos experiências muito positivas que atingiram um público que me impressionou. “Esquizópolis” aconteceu no casarão do MAM e no Farol da Barra, e alcançou em 30 dias cerca de 20 mil pessoas. Por que essas 20 mil pessoas não podem frequentar o MAM? Com essa experiência eu descobri que é necessário promover sempre atividades que estabeleçam um contato permanente com o público baiano. O museu tem que começar a entender que ele não é só um salão onde as pessoas vão para ver um quadro ou uma escultura, mas um espaço que pode abrigar atividades de naturezas diversas. Ao mesmo tempo, o MAM não se restringe apenas ao seu espaço físico e nós trabalhamos também nesse sentido de sair do casarão e trabalhar em parceria com outros espaços. Eu w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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A RTE & E N TRET E NIME NTO | bi e nal d e ar te observei também que quem mais frequenta o MAM são pessoas de fora da cidade, e eu sei que existem muitas variantes nessa questão, mas um pouco da missão do museu é percebê-las e tentar costurar as possibilidades que existem de aproximá-lo do público.

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Como você avalia este primeiro ano como diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia? Acredito que foi um ano em que nos dedicamos a retornar à missão inicial do museu, que é o seu perfil de centro de pesquisa, de encontros e de multilinguagens. Buscamos alinhar o museu a sua própria história, na tentativa de criar um diálogo com o público. Várias atividades importantes neste sentido aconteceram em 2013 sob a realização do MAM, como cursos e oficinas gratuitos, programas de formação e de debates, culminando neste grande projeto que é a retomada da Bienal de Arte da Bahia. Hoje o MAM é pensado para se aproximar das pessoas, operando de forma mais intensa para que possa existir para além do seu espaço interno. Como todas estas questões podem ser pensadas diante da iminência da realização de um evento grandioso como a Bienal de Arte da Bahia? O seu tema “É Tudo Nordeste?” sugere o quê? Com a bienal, nós temos uma missão histórica. Não se tem muito registro das duas edições passadas; grandes artistas como Helio Oiticica estiveram aqui e não há informações sobre isso, livros publicados, nada. A bienal em 2014 tem o papel de retomar essa história e está para muito além da sua programação, bem como abranger todas as regiões da Bahia, porque queremos ser coerentes, afinal é uma bienal do estado e não da capital. Estamos muito interessados no que o recôncavo tem para dizer, o que o sertão traz para a gente, o que vem daquela cidade que fica do lado de Minas, que já é tão mineira como baiana. O tema “É Tudo Nordeste?” completa esta ideia, porque nos interessa entender o Nordeste como parte do mundo, o seu horizonte de imaginação como humano, que pode se identificar com outros universos e vice-versa. Ou seja, entender, através da arte, o que pode ser tão particular no Nordeste e ao mesmo tempo tão universal. Neste sentido, a curadoria da Bienal é feita por um grupo de 11 pessoas, que neste momento estão pesquisando a produção da Bahia e do Nordeste, buscando grupos de artistas e de trabalho que apresentem coerência com o que o retorno da Bienal pede. Nossa equipe está em todo o interior da Bahia, em Belém, Recife, Fortaleza, encontrando pessoas e lugares para que possamos realizar uma Bienal que dê conta de um pensamento e sentimento que encontramos na Bahia e no Nordeste agora. [B+]

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CONT E AÍ

ARTE: Gerson Lima

FÉ, MANDINGA, PATUÁS E NEGÓCIOS por FERNANDO PASSOS

Em 1976, eu, Domingos Leonelli e Claudio Barreto fundamos a Engenho de Propaganda. Como não tínhamos dinheiro, fui a uma loja de móveis usados escolher mesas e cadeiras para a nova agência. De pronto, Leonelli, naquele tempo um comunista de carteirinha, deu a maior bronca. Disse que móveis usados davam azar, provavelmente foram de uma empresa que faliu e coisa e tal. Comportamentos como esse são comuns na nossa cidade de Salvador, o que nos faz deduzir que existe um marketing baiano. Depois que a famosa churrascaria Esplanada Grill fechou, aquele ponto do Boulevard 161, ficou estigmatizado. Dizem que lá tem uma cavera de burro enterrada - expressão usada aqui na Bahia para definir locais em que nada dá certo. O belo edifício Sulacap, no centro da cidade, tem alguns desses pontos comerciais em que nada dá certo. Na região na Barra, perto do posto Alameda, tem um outro, onde até já foi boate gay, mas faliu. Até nosso bom Pedro Godinho abriu um comitê por ali e não se elegeu deputado. O Shopping Barra, na época de seu lançamento, sofreu preconceitos místicos e fundamentalistas por conta de uma suposta árvore sagrada que teria sido derrubada na construção. Lembro-me de uma parede que teve a fachada de pastilha derrubada. Diziam que foi ação dos deuses enfurecidos. Em Salvador, não há empresa que não providencie um banho de folhas antes de funcionar, ou que não faça um bom caruru de São Cosme, todo mês de setembro e outubro. 106

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FEVEREIRO 2014

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Sabemos que qualquer empresa tem que implantar estratégias mercadológicas para dar certo, que envolvem desde um plano de negócios a planos anuais de mercado, além de análises de riscos e oportunidades. Dentro disso, há as prevenções às variáveis controláveis e incontroláveis desse mercado. As variáveis controláveis se apresentam, muitas vezes, como oportunidades de ações criativas de marketing. São as chamadas mudanças previsíveis, do tipo Copa do Mundo, eleições e coisas desse tipo. Já as incontroláveis se constituem sempre como ameaças, porque elas não avisam que vão acontecer. Uma tempestade ou um dilúvio pode destruir uma promoção, uma greve bancária pode prejudicar uma liquidação, uma medida de restrição ao crédito imobiliário pode afetar planos de crescimento do setor de materiais de construção. Agora, imagine a influência dos deuses! Essa é a variável mais incontrolável. Então, se você vai montar um negócio, não custa nada tomar um pouco de cuidado. Afinal de contas, se você é empresário católico ou protestante, espírita ou de qualquer religião, você sempre tem um pezinho no terreiro. Eu mesmo me considero ateu praticante, mas não dispenso uma camisa branca toda sexta-feira. Vai que...

Fernando é diretor-presidente da Engenhonovo Publicidade




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