Revista Box Novembro

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EDIÇÃO 09 :: ANO 1 :: NOVEMBRO ‘12


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Sai pela casa tirando foto das bebidas do pai só pra postar no instagram, estamos de olho! Doctor Abobrinha @fepompeo

amo crianças!! vou adotar umas tres pra me abanar pq esse calor ta foda

Camilarpias @harpias

Lucas N. @relaxei

tudo que é perfeito a gente pega pelo braço e da um tiro na cabeça pra diminuir a concorrência.

tati bernardi @tati_bernardi

Sou um tipo de pessoa pegavel, depois que você beber uns tres copos de vodka.

A vantagem de usar sneakers é ter algo mais feio em vc pra desviar a atenção da sua cara.

Doctor Abobrinha @fepompeo

Camilarpias @harpias

Homem é como loja de roupa. Só dá pra saber se é elegante de verdade no pós venda.

BAR

Felipe Tateyama @felipeyuji

Um mundo sem academia, sem whey protein, sem albumina e sem gente malhada. Só gente normal. Só gente que te pegaria.

Texto// Vários

Tava assistindo o clipe do Latino, procurei uma arma pra me matar, mas não achei, ai só fechei o vídeo mesmo.

Ande Teixeira @imsowhore

valentino @ahvalentino

Tiago Góes @um_virgem

Toda mulher se encaixa no perfil “exagero e não nego, faço drama enquanto puder”

FILOSOFIAS DE

Essa coisa de aproveitar a vida é um desgaste, diz ai?!

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afinal, tudo que não é bonito é pra ser manipulado no photoshop. amandinha @cherguevara

Não sei vocês mas eu penso melhor deitado de bruços, dormindo. Noank, o próprio! @noanki


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DIREÇÃO: Alessandro Filipiak João R. Malossi Natália Madalosso Rafael F. Fontana

DIREÇÃO DE ARTE, DESIGN & DIAGRAMAÇÃO: Rafael F. Fontana rafael@revistabox.com

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REDAÇÃO & REVISÃO: João R. Malossi joao@revistabox.com Natália Madalosso natalia@revistabox.com

COMERCIAL: Alessandro Filipiak alessandro@revistabox.com

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ENTRE EM CONTATO: atendimento@revistabox.com (54) 3712.3363

TIRAGEM: 1.000 exemplares

//EDITORIAL DA BRUNA CARVALHO, \o/ Olá. Pois é, “que bela merda”, mas eu li o editorial e até confeccionei o bonequinho, que está me fazendo companhia nos dias mais solitários, hahaha! Bom, vou tentar preencher as linhas em branco da revista, caso contrário o e-mail ficaria sem sentido não é? hehehe! Então, nesse verão eu vou trabalhar! Sim, como a mais nova assalariada deste país, irei passar meu verão na labuta. Mas, do contrário do que a maioria possa pensar, acho que este será um dos meus melhores verões, afinal praia, sol e mar estarão lá por muito tempo (assim espero) e a realização pessoal que sinto no momento por não desfrutar por tanto tempo quanto gostaria destes prazeres, não tem preço, ou melhor... tem meu rico salariozinho! hahahaha! Enfim, no fim das contas, acabei escrevendo para descontrair um pouco e também para parabeniza-los pela revista. Não tinha contato com ela antes, mas tenho sido leitora assídua das edições que me chegam às mãos. Parabéns pelo trabalho e iniciativa! Abraços. -----------------------------------------------------------------------------------------AÊ! Uma salva de palmas para a única pessoa que “leu” nossas lacunas em branco e resolver compartilhar conosco um pouco do seu verão, e quem sabe 50% do seu salário, né? Agora só me pergunto se mais pessoas tivesse mandado texto... o que faríamos?

CAPA DA EDIÇÃO // Oscar Chávez Título da Capa: Metalero b

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CURTA NO FACEBOOK: fb.com/revistaboxerechim

//COLABORADORES 1 - Aline Simon // Estudante de Publicidade e Propaganda (alin.e.e_simon@hotmail.com) 2 - Brunna Becker // Publicitária e Fotógrafa (brunna_becker@hotmail.com)

3 - Daniele Holdorf // Tecnóloga em Cosmotologia e Estética (dani_maquiagem@hotmail.com) 4 - Diones de Lima Lemes // (dionesllemes@yahoo.com.br) 5 - Emily Arcego // Licenciada em Letras (emily_arcego@yahoo.com.br) 6 - Emily Assis // formada em moda e apaixonada por blablabla (emily.assis@hotmail.com) 7 - Fabiano Tadeu Grazioli // Mestre em Estudos Literários e Professor da Faculdade Anglicana de Erechim (tadeugraz@yahoo.com.br) 8 - Ingra Costa e Silva // Estudante de jornalimo, beirando os 22. Viciada em protestos, poemas, documentos de word em branco, cigarros e cafeína. (ingra.costa@hotmail.com) 9 - Janniny G. Kierniew // Psicóloga Clínica CRP 07-20548 (janninyk@hotmail.com) 10 - Jonathan Holdorf // Social Media (jonathan@correioerechinense.com) 11 - Luciano Harres Braga // Cartunista (lucianosmb@gmail.com) 12 - Marcos Torres // Publicitário, trabalha como artista gráfico e colaborador do site Abduzeedo. Artista de rua desde 2010 e integrante do coletivo Interação e da crew KMV. (marcostorres90@gmail.com) 13 - Maria Gilda de Marco // Farmacêutica (demarco.mg@gmail.com) 14 - Mateus Moreno S.A // Estudante de Arquitetura e Urbanismo e Músico por paixão (mateus_m2arq@hotmail.com) 15 - Tiago Sutili // Engenheiro Eletricista (tiagosutili@gmail.com) 16 - Vampiro Edward // Inexpressivo chupador de sangue, brilhante (luz) e sedutor infantojuvenil. (brilho_de_sol@vamp.iro.com)

Textos e anúncios assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da Revista. Revista Box alguns direitos reservados

REVISTA BOX // 09 :: ANO 1 :: NOVEMBRO ‘12

//EQUIPE


Preserve o Meio Ambiente, recicle essa revista ou passe adiante.

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//ÍNDICE

SAÚDE_

ENTRETENIMENTO_ GASTRONOMIA_

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FALAÍ!_

HUMOR _

C. INTELIGENTE_

MODA_

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Corey Taylor, vocalista do Slipknot e Stone Sour, ídolo pessoal de um dos Moços da Box

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//8 Texto// Luciano Braga

DO BRAGA

A PÁGINA NEGRA

BRAGA COMICS


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E COISAS A FAZER

DO INTELECTUAL AO GEEK

HEAVY RAIN

Texto// Tiago Sutili

Muitos acreditam que a evolução mais clara para o mundo dos videogames é a incorporação de outras mídias dentro deste universo, visando a criação de uma experiência de jogo que ultrapasse o simples ato de apertar botões freneticamente. Muito tem sido feito neste sentido, os passos iniciais foram tentativas, até agora em grande parte frustradas, de correlacionar os eventos de jogos com outras formas de entretenimento como filmes, séries e livros para a criação de um universo expandido que fornecesse uma maior profundidade as tramas. Posteriormente houve um aprimoramento da interface do jogador com o próprio jogo, através de controles mais avançados, que permitem, em teoria, uma manipulação mais precisa e interativa dos personagens e cenários. O principal objetivo da Quantic Dream ao desenvolver Heavy Rain em 2010 foi revolucionar o mundo dos jogos através de um novo formato de jogo que incorporasse em sua essência estes conceitos, e, sob este ponto de vista, a iniciativa foi um sucesso absoluto.

//informaçÕes do jogo

NOTA

8 //10

players: 1

classificação:

plataforma: ps3:

preço mínimo:

R$ 100,00

“de certa maneira, este jogo pode ser descrito como um drama interativo, um CONCEITO MUITO INTERESSANTE E QUE SE EXPLORADO DE MANEIRA CORRETA PODE CULMINAR NO DESENVOLVIMENTO DE UMA REVOLUção no mundo dos jogos e do cinema.”


Heavy Rain ultrapassa o conceito de correlacionar jogos com outras formas de entretenimento, pois, em sua essência, ele é uma obra que quebra os limites tradicionais dos videogames ao incorporar de maneira inovadora o desenvolvimento de uma trama cinematográfica. O jogo tem um conceito visual baseado em filmes, indo desde a construção dos cenários até os ângulos de câmeras e o modo como as cenas se desenvolvem, isto é aliado ao desenvolvimento do enredo que fica sob controle total do jogador. De certa maneira, este jogo pode ser descrito como um drama interativo, um conceito muito interessante e que se explorado de maneira correta pode culminar no desenvolvimento de uma revolução no mundo dos jogos e do cinema.

“[...] esta construção permite que o jogo seja acessível para um novo grupo de jogadores ocasionais que possuem menor familiaridade com controles [...]”

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Conceitualmente este jogo, em uma escala mais significativa do que o padrão da indústria dos jogos, depende profundamente de um enredo bem desenvolvido e construído de forma que a prender a atenção do jogar e força-lo a se envolver com a história que está sendo desenvolvida e da qual ele é parte determinante, já que todas as suas ações influenciam diretamente a forma como os eventos futuros irão ocorrer. Toda a trama gira em torno de um serial killer e da tentativa de salvar sua próxima vítima, para isso elementos de drama e mistério forçam o jogador a submergir no universo do jogo e incorporar o próprio personagem que está controlando. O diferencial que eleva a trama de Heavy Rain a um patamar reservado aos jogos excepcionais é o uso de quatro diferentes personagens principais, cada um com uma linha de desenvolvimento independente da trama, porém que progressivamente passam a se interceptar, até que culminem em um final surpreendente. A jogabilidade é praticamente inteiramente baseada em “quick time events”, ou seja, o jogador deve apertar a sequência correta de botões de maneira sincronizada com as indicações do jogo. Este tipo de evento é recorrente em diversos jogos, entretanto, a construção de todas as ações do jogo através deste conceito representa o principal problema de Heavy Rain, já que para os jogadores mais experientes isto representa um sério comprometimento da jogabilidade e uma limitação das possibilidades de interação, especialmente no que diz respeito aos momentos de maior ação e emoção. Por outro lado, esta construção permite que o jogo seja acessível para um novo grupo de jogadores ocasionais que possuem menor familiaridade com controles e jogos de ação, permitindo que eles aproveitem o jogo em sua totalidade sem nenhuma dificuldade. Por fim, o uso de controles do kit PSMove possibilitam uma melhora significativa na jogabilidade, através uma interação mais dinâmica e envolvente.

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O grande trunfo de Heavy Rain é fornecer ao jogar uma experiência de jogo completamente inovadora com uma trama completamente envolvente, criando inclusive o desejo de repetir o jogo diversas vezes para verificar as consequências que uma ação específica poderá significar para o restante da trama, explorando-a das mais diversas formas. O jogo ainda apresenta alguns problemas e pontos que podem ser desenvolvidos de maneira mais satisfatória em jogos futuros, especialmente no que diz respeito à jogabilidade, porém isto não compromete de maneira alguma a experiência de jogo. Uma revolução na maneira como os jogos são construídos foi iniciada, e será extremamente interessante observar como ela será refletida no futuro de toda a indústria do entretenimento.


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E COISAS A FAZER Texto// Tiago Sutili

DO INTELECTUAL AO GEEK

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Novelas gráficas conseguem combinar a profundidade da literatura com o apelo visual de ilustrações responsáveis por transmitir um nível de detalhes e uma complexidade nas cenas impossível de se obter simplesmente com palavras. Entretanto, como em todas as formas de arte, restrições devem ser feitas, e nem todas as produções são capazes de combinar estes fatores de forma a criar uma obra complexa e profunda. No caso específico das histórias em quadrinhos há um preconceito que renega esta expressão cultural a um nível artístico inferior, capaz de ser apreciado somente por crianças e pessoas sem senso crítico. Em muitos casos esta premissa é verdadeira, já que muitas HQs são baseadas em histórias de super-heróis construídos de forma inadequada e sem a profundidade exigida em uma obra literária, mas, obviamente, existem exceções e muitas delas vem servindo como fonte de inspiração para o cinema na última década, atraindo novamente a atenção do público e recolocando as novelas gráficas no nível de apreciação onde elas sempre mereceram estar. Uma das obras que carrega grande parte da responsabilidade pela revitalização das HQs é Watchmen, escrita pelo extraordinário Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons e John Higgins, a obra foi lançada entre 1986 e 1987 em 12 edições mensais pela DC Comics, que recentemente foram organizadas em uma edição definitiva com capa dura e material extra, disponibilizada no Brasil pela Editora

Panini. A obra se baseia na década de 80, em um mundo muito próximo da realidade da sociedade existente na época de lançamento de suas primeiras edições, onde todo o mundo vivia aterrorizado com o aumento de hostilidades entre Estados Unidos e União Soviética através da Guerra Fria, e via o surgimento e a popularização de novas tecnologias, tais como energia nuclear, as bombas atômicas e engenharia genética, como um sinal inquestionável de uma catástrofe em nível mundial que se aproximava. Estes elementos históricos foram unidos com uma ambientação cultural extremamente bem construída de uma Nova York decadente, onde todas as esferas sociais rumavam para um colapso envolto em corrupção, prostituição, violência e imoralidade. Esse cenário próximo à realidade foi o berço para o surgimento de “aventureiros fantasiados” ou “vigilantes mascarados”, pessoas comuns que resolveram utilizar máscaras e disfarces para obter justiça com as próprias mãos, ocasionando um confronto de princípios filosóficos e éticos que facilmente podem ser transpostos para a sociedade atual, levando a questionamentos extremamente pertinentes sobre a estrutura governamental e o controle intelectual exercido pela mídia. Entretanto, todos estes elementos históricos e filosóficos servem somente como uma trama auxiliar, que se desenvolve paralelamente com o grande confronto retratado e centralizado no surgimento de um super-


-herói condizente com o significado mais simplista dessa denominação. Na realidade, a criação do Dr. Manhattan dentro do universo de Watchmen carrega como preceito a análise comportamental de uma sociedade que se vê sujeita as vontades de um ser supremo cujos poderes não conhecem limites previamente traçados pela realidade humana. Isto aliado ao crescente distanciamento deste ser da humanidade, e a sua presença responsável por alterar o sensível equilíbrio de poderes na política internacional marcada pela tensões da Guerra Fria, levam ao desenvolvimento de uma história centrada em questões sociais, filosóficas e científicas profundas, e renegando os super poderes e super-heróis a um plano de menor importância. O grande trunfo de Watchmen é o desenvolvimento de uma história em arco fechado, onde Alan Moore foi capaz de utilizar sua capacidade literária em uma trama complexa e pontuada por diversas referências culturais, filosóficas e científicas que encontram paralelos pertinentes na sociedade moderna. Tudo isto, foi reforçado por uma identidade visual responsável por retratar magistralmente uma realidade decadente em uma sociedade governada pelo medo. Ler Watchmen é uma experiência que ultrapassa os limites da literatura tradicional, e leva o leitor a questionamentos profundos e válidos, dentre os quais ainda reside o que transportou esta obra para o patamar de obra prima no que diz respeitos a HQs e cuja resposta ainda não está clara: “Who watches the watchmen?”.

//INFORMAÇÕES DO LIVRO Autor: Alan Moore Editora: Panini Ano: 1986 Número de páginas: 460 Preço mínimo sugerido: R$ 80,00

Mormaii|Beagle|Chek|Rosa Tatuada|Nicoboco //15 revistabox.com


CORREIO

ERECHINENSE

O DIA QUE OS MORTOS INVADIRAM ERECHIM

Texto// Jonathan Holdorf

Erechim era uma cidade calma, muito calma. Era tão calma que a pessoa mais calma do mundo ficou impaciente. Mas essa tranquilidade não havia sido por qualquer motivo. Algo ali não estava certo e eu não fazia ideia do que poderia ser. O silêncio durante a noite era assustador e o vento gelado nos dias de verão tornaram-se sinais de alerta para toda a população naquelas semanas pós-Finados. O governo não se pronunciava e as pessoas não saíam mais de casa. Maldito foi o dia que eu resolvi dar uma voltinha pelo centro. Enquanto caminhava e via as folhas das árvores na Praça da Bandeira rolando pelo chão, avistei um cidadão caído, todo esfolado e gritando de forma gutural do outro lado da rua, perto do Castelinho. A imagem do antigo prédio e histórica construção da Capital da Amizade me deixou com calafrios. A pintura estava totalmente descascada e as janelas completamente destruídas, tendo madeiras cruzadas em “X” nos seus lugares. A criatura, meio mendiga, permanecia jogada feito um saco de lixo podre, quando me aproximei um pouco e disse.

“Opa, cara, precisa de ajuda aí?” E então eu vi a face do capeta me encarando. Aquela figura horrível, que precisava urgentemente de um dentista, veio se arrastando para tentar agarrar as minhas pernas. Rapi-

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Créditos: Maricar D. Dizon

damente, dei um bicudão e saí correndo, percebendo que as minhas calças estavam com marcas de algo molhado nelas. Pensei: “espero que tenha sido a água que derramei antes de sair de casa”. Mas não era.

“concluí, portanto, que aquele bicHo era APENAS ALGUÉM TENtando pregar uma peça em mim. nunca PENSEI QUE O PROGRAma do joão Kleber cHegaria em erecHim.”

Na minha disparada ao estilo Usain Bolt, comecei a procurar por algum abrigo para que eu pudesse me proteger daquele monstro. Mas fui diminuindo a velocidade quando a minha adrenalina baixou e pude juntar minhas ideias novamente. Concluí, portanto, que aquele bicho era apenas alguém tentando pregar uma peça em mim. Nunca pensei que o programa do João Kleber chegaria em Erechim.


Continuei caminhando tranquilamente, tentando voltar para casa. Ao chegar no portão da minha residência notei a porta da frente despedaçada e vi alguns pedaços de carne podre no chão. Como eu não havia chamado o açougueiro para dar uma passadinha, fiquei preocupado. Entrei com o maior cuidado do mundo, olhei em volta e fui para o meu quarto. Lá, me deparei com a pior visão do mundo: uma daquelas horríveis criaturas estava deitada na minha cama jogando ‘Plants vs Zombies’ no meu iPad. E eu odeio quando mexem nas minhas coisas.

“Olha, amigo, eu até aceito você entrar aqui em casa, tentar fazer brincadeira de mau gosto. Mas ficar destruindo a minha porta e pegando tudo o que é meu? Daí já é demais”. Como resposta somente ouvi:

“UAHGHR” - disse o monstro não convidado. Ele se levantou da cama e, lentamente, veio cambaleando até mim. Eu olhei para ele e deduzi que as farmácias não vendiam mais escovas de dentes nessa cidade. Tentei sair correndo, mas vi que atrás de mim havia uma mulher com os mesmos dentes podres e fedor de carne podre. Então me liguei: “CACETE. TEM ZUMBI EM ERECHIM!”. Catei o iPad da mão do morto-vivo e dei-lhe na cara. A cabeça saiu rolando como uma bola de futebol para debaixo da cama. Olhei em cima da mesa e vi que tinha o terceiro livro d’As Crônicas de Gelo e Fogo no lado do computador. Aquela obra literária tinha mais de 800 páginas e serviria muito bem para tirar outra cabeça de zumbi do seu corpo.

SPLASH!

Dois olhos grudaram na parede, formando uma incrível peça artística que eu nomeei de “O quadro vivo... digo, morto”. Não conseguia entender o que estava acontecendo naquele momento em Erechim. Percebi que muitos daqueles zumbis começaram a sair de suas casas e foram até a Avenida Sete para darem algumas voltinhas. Os segui e notei que um dos grandiosos fast-foods agora servia cérebros para comer. Uma delícia... para uma cidade cheia de mortos-vivos. Dispersando-me da distração que havia me consumido, olhei ao meu redor e vi milhares de pessoas mortas caminhando e gritando da mesma forma: “UAHGHR”. Eu não conseguia achar um ser vivo normal em todo aquele local. Em breve o meu medo se tornaria desespero completo. Eu não tinha armas e nada que pudesse me ajudar a sair daquela situação. Apenas corri. Já que os zumbis eram extremamente lentos, foi fácil sair em disparada até o pórtico da Capital da Amizade. Cheguei lá e descansei um pouco. Vi que nenhum daqueles monstros estava me seguindo no momento, mas isso mudaria em breve, portanto eu tinha que pensar rapidamente. Restavam apenas duas alternativas:

(X) Sair da cidade; ( ) Voltar para o centro e viver um verda-

deiro The Walking Dead.

Escolhi a primeira opção, porque o medo me define. Vi um carro estacionado e não dei bola para a lei, somente pensei em como faria para dirigir, já que nem tinha aprendido ainda. Girei a chave, acelerei e fui contra o pórtico para sair de Erechim, mas não consegui. Havia uma barreira invisível que me segurava lá dentro, sem qualquer chance de ir embora da cidade. Agora eu tinha apenas uma escolha: voltar e batalhar como se fosse o último dia da minha vida.

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PROFESSOR Texto// Emily Arcego

MEU QUERIDO

A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR PARA O MUNDO MODERNO Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. Mas no fundo isso não tem muita importância. O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre. “Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.” (Shakespeare)

“SER PROFESSOR É MUIto mais do que ser um mero repassador de conteÚdos, é utilizar O SONHO COMO FERRAmenta mestre para educar.”

Ser professor é muito mais do que ser um mero repassador de conteúdos, é utilizar o sonho como ferramenta mestre para educar. Há quem diga que tal profissão está fora de moda, porém a mesma continua em total ação em nosso cotidiano. É algo tão comum, que muitas vezes não é valorizado como deveria. Mas uma coisa é bem verdade, não existe formação sem professor.

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Antes de aprofundar esta ideologia, quero que você pense quantas pessoas são chamadas pela profissão. Você diz: Oi, secretária? Oi, Psicóloga? Oi, Pedreiro? Não!!! Mas você diz: Oi, Profe! E quem é uma vez professor vai ser pra sempre professor para aquele aluno. Há professores que marcam deveras nossa caminhada, tanto positivamente como negativamente. Aquela professora legal, que ensinou mais que conteúdo viverá sempre em cena, mesmo que você não veja ela há anos. Com certeza você lembrará do seu nome, de sua metodologia e também de sua fisionomia. Um professor de verdade, é aquele que vive seu sonho a cada novo dia, fazendo da dificuldade uma oportunidade. Além de dar conta do conteúdo, compartilha suas vivências e aprende com o que ensina. É o mestre que ousa na arte de ensinar, que cativa, e que sempre está em busca de novos conhecimentos e alternativas para melhorar sua prática pedagógica. Como diria Jonathan Fonseca Fogo, “Na construção de nosso conhecimento, os livros são os tijolos e os professores são os pedreiros.” Isso quer dizer que não vivemos na ausência de bons professores, pois há os que têm muito domínio de conteúdo, mas um professor de verdade é aquele que sabe o equilíbrio entre a razão e a emoção e que sabe lidar com a mente humana. Desta forma, não há como negar que ser professor é uma profissão belíssima, que merece nosso respeito e nosso apoio todos os dias. Parabéns a todos os MESTRES que fizeram de seus sonhos uma oportunidade de ousar e de contribuir para formação humana e para uma sociedade mais justa e igualitária.


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ZUCKERBERG

VÍCIO EM

Texto// Aline Simon

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VOCÊ É O QUE VOCÊ POSTA! Assistindo a uma palestra, que era muito motivacional, o palestrante atreveu-se a perguntar: “quem aí tem Facebook?” Resposta óbvia, é claro, todos levantaram as mãos, em seguida perguntou sobre o Orkut, poucos levantaram as mãos. Essa rede social que Mark Zuckerberg inventou, que até virou filme, é tema de discussões e geradora de lucro, não somente para o dono, mas para milhares de empresas que investem e apostam nela para ter um contato mais “pessoal” com seus clientes.

[...] “como você cresceu, nem parece mais aquela menininHa sapeca”; até SUA MÃE ESTÁ NO FACEbooK. Entre curtidas e compartilhamentos, o dia de muitos que estão lendo agora, gira e muita coisa legal acontece, movimentos sociais, informações, música (tirando o Latino é claro), protestos, discussões, prestação de serviço, mas fico me perguntando, será que para nós, existe vida fora do Facebook? A resposta é sim, porque antes dele, vivíamos muito bem, obrigada! Contudo uma coisa não se pode negar, todo mundo está no Facebook, seu amigo, aquele mesmo, que faz questão de marcar você nas piores fotos possíveis; seu professor, com aqueles comentários do tipo: “ humm é isso que você fica fazendo, no lugar de estudar, então?’’ Aquele tiozão que te achou e comenta em todas as fotos: “como você cresceu, nem parece mais aquela menininha sapeca”; até sua mãe está no Facebook.

Apesar dessa comédia toda que esta rede tornou-se é legal saber que ela é motivo de pesquisa e muito estudo, o título desse texto, por exemplo, é o nome do livro cujo autor Gil Giardelli, professor de mídias digitais da pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, fala que “Ainda não saímos da primeira infância da vida virtual e estamos compreendendo, na prática, como é lidar com as várias sutilezas do comportamento que ela inaugurou”.

Manual de etiqueta nas redes sociais Em uma reportagem o autor do livro, juntamente com outros experts no assunto, desenvolveu esse manual muito útil para todos nós. 1- Pegadas digitais: nunca deixe no seu perfil pessoal, telefone e endereço; 2- Foto do perfil: ela define como quer ser vista. Então antes de postar aquela foto sensual, pergunte-se, a que estou vinculando minha imagem? Mas não deixe o espaço vazio torna-se muito impessoal; 3- Senhas são secretas: Ninguém, nem marido, nem namorado, deve ter suas senhas, isso não é prova de fidelidade, bisbilhotar a vida alheia é INVASÃO de privacidade, com crianças pequenas, o controle vale até certo ponto- ela têm direito a individualidade também, ensine-os a trocar as senhas e a se protegerem. 4- Overdose de fotos: não lote o feed de notícias dos amigos com imagens de suas crianças e seus pets ou dos pratos que comeu.


Publique só se as fotos forem incríveis ou contiverem alguma informação bacana. 5- Falsários: não use fotos alheias, isso fere o direito autoral e pode render processo na Justiça, também não repita feito um papagaio, poemas que nem sabe se, de fato, são de Carlos Drummond ou Clarice Lispector. 6Check-In: ele não foi criado para que o mundo saiba onde você acaba de chegar, se é no bar, ou na festa. É uma prestação de serviço, por exemplo, para avisar que tem congestionamento, ou filas enormes no supermercado. 7Aceitar ou não aceitar? Se não conhece, não lembra ou não gosta, ignore o pedido, rede social, não é competição por números de “amigos.” 8- Curtiu? Pode gostar do post de alguém pouco íntimo, mas jamais clique ali, se a notícia for de morte, acidente... Muita gente faz isso para sinalizar que é solidária e comete uma tremenda gafe.Também EVITE de curtir o próprio post. 9- Imagem profissional: as redes sociais são uma vitrine, nunca fale algo que soe como racismo, homofobia ou intolerância religiosa. Não critique o chefe e procure não se revelar demais ( cuidado com as fotos nuas hein) 10- Militância chorosa: reclamar sempre das mesmas coisas é chato! 11- Dose certa: não invada o espaço alheio e controle-se nas madrugadas insones que geram 50 post, facilmente. Para finalizar, use do bom senso e combine, por Facebook, aquele encontro com os amigos, saia da rede social e divirta-se.

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SONO Texto// Maria Gilda De Marco

NÃO PERCA O

INSÔNIA Não é fácil definir esse problema, que aflige cerca de um terço da humanidade. Para piorar, tem várias facetas. O caso clássico, aquele em que o indivíduo deita e não consegue pregar o olho, é apenas um tipo. Mas as pessoas que têm o sono picado ou acordam cedo demais também são consideradas insones. Outra pista para detectar as noites mal dormidas é despertar cansado. A insônia se caracteriza pela incapacidade de conciliar o sono e pode manifestar-se em seu período inicial, intermediário ou final. O tempo necessário para um sono reparador varia de uma pessoa para outra. A maioria, porém, precisa dormir de sete a oito horas para acordar bem disposta.

“AS NOITES MAL DORMIDAS SÃO APENAS A PONta de um iceberg. por TRÁS DELAS PODEM ESTAR FATORES EMOCIOnais como depressão ou ansiedade [...]” Há três formas de insônia. A mais comum é transitória e dura no máximo uma semana. O tipo intermediário pode durar até três. Mas ela torna-se crônica se ultrapassar esse período. Aí é hora de procurar ajuda. É fundamental investigar as causas do problema e tratá-lo, pois uma boa noite de sono tem funções vitais para a saúde.

//22 Créditos: Alyssa L. Miller.jpg


As noites mal dormidas são apenas a ponta de um iceberg. Por trás delas podem estar fatores emocionais como depressão ou ansiedade, conflitos familiares ou no trabalho, álcool, doenças que causam dor ou desconforto como a fibromialgia, problemas hormonais, Parkinson, Mal de Alzheimer, mudanças de fuso horário, hábitos inadequados, predisposição genética e até mesmo outros distúrbios do sono. Para dormir com os anjos: Veja o que os médicos consideram uma boa higiene de sono: • Mantenha um horário regular para adormecer e acordar, todo santo dia. • Vá para a cama somente na hora de dormir. Nada de ler, falar ao telefone ou comer entre os lençóis. • Cuide para que o ambiente seja agradável: deixe o quarto escuro e silencioso. Se possível, regule a temperatura. • Escolha um colchão adequado, nem rígido nem macio demais. Lembre-se que em nenhum outro momento do dia você fica tantas horas na mesma posição. • Fuja do café e de outros estimulantes como o chá preto, o mate e alguns refrigerantes, além do cigarro. • Nada de ficar planejando as tarefas do dia seguinte nem resolvendo problemas na hora de dormir. • Não se engane como o aparente efeito relaxante do álcool: ele é garantia de noites turbulentas. • Não faça exercícios à noite, pois eles acendem o organismo. • Não se empanturre no jantar nem coma perto da hora de deitar. A digestão praticamente pára enquanto dormimos. • Não assista TV no quarto. Ela é uma fonte enorme de estímulos capazes de deixar a pessoa mais alerta. • Tome um copo de leite morno. O leite contém o aminoácido triptofano, que relaxa os músculos e induz o sono;

Dentre as consequências que a insônia pode trazer, as principais podem ser: • Ossos e músculos - cerca de 70% do hormônio do crescimento é secretado durante o sono. Nas crianças ele garante o ganho de peso e de altura. Nos adultos, responde pela renovação celular dos músculos e do esqueleto. • Pâncreas - a produção de insulina despenca, atingindo níveis parecidos aos dos diabéticos. • Coração e sistema digestivo - a falta de sono gera um efeito de estresse. O corpo produz, então, mais cortisol e adrenalina, os hormônios da tensão. Isso abre caminho para complicações cardíacas e digestivas. Essas substâncias também nocauteiam o sistema imunológico. • Câncer - uma noite bem dormida ajuda a eliminar os radicais livres, moléculas que estão por trás de vários tumores e do envelhecimento precoce. Insônia crônica requer avaliação profissional. É indispensável descobrir o que está causando essa dificuldade para dormir, pois a ausência do sono reparador pode prejudicar a saúde física e mental dos indivíduos.

54. 9238.5728 Getúlio//23 Vargas-RS revistabox.com

Créditos: Fairy Heart

Rua Major Cândido Cony, 518


FOTOGRAFIA Texto// Brunna Becker

DICAS DE

LUZ NATURAL Buenas! Acho que nem tem muito que falar né?! O título já diz tudo <luz natural> USE-A!! Aproveitando que as estações de calor (e o horário de verão) nos presenteiam com dias mais ensolarados, mais horas iluminadas, mais céu azul... a dica que trago hoje nada mais é que: explore todo esse sol, toda essa luminosidade que a natureza está nos dando! Se as fotos de inverno trazem todo aquele charme com cores mais acinzentadas, as imagens de verão trazem toda a alegria e colorido que só estas estações nos proporcionam naturalmente. Sair da zona de conforto faz bem! O estúdio ou lugares fechados nos proporcionam várias luzes artificiais, fundos, equipamentos com maior praticidade, mas o esforço de ir lá pra fora, procurar paisagens naturais, se sujar um pouco de terra, ou queimar o couro cabeludo com sol pode deixar as fotos mais originais, mais bonitas e mais encantadoras.

“[...] as imagens de verão trazem toda a alegria e colorido que sÓ estas estaçÕes nos proporcionam naturalmente.”

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dica dica dica: Trabalhando com luz solar observa-se facilmente que ela apresenta desigualdade de iluminação ao decorrer do dia, mas isso não é motivo pra não fazer fotos com luz natural, então separei três horários que mais se diferenciam em luminosidade pra caracterizá-los, confere: • Começo do dia: Essa luz é mais suave, delicada, me arrisco em dizer que ela é mais doce, e por vezes parece abraçar com carinho o objeto/personagem fotografado. • Meio dia: Neste horário o contraste é quase que gritante, as sombras são curtas e os

tons densos. É uma luz mais seca, impactante. • Entardecer: Suave como a luz do começo do dia, não cria contrastes muitos acentuados, e proporciona um brilho dourado às fotografias. Por hoje é só pessoal, ah! Não esqueçam a repetitiva dica: CRIATIVIDADE, de nada adianta encontrar o cenário perfeito, a luz perfeita, se não souber explorar com criatividade tudo isso. Fotografias originais, únicas e lindas não caem do céu :)

Beijo! E até!


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DE ARTE Texto// Marcos torres

VAMOS FALAR

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LIBERDADE Oi pessoal, tudo bem? Meu nome é Marcos Torres, sou um ilustrador e diretor de arte de Porto Alegre. Venho desenvolvendo um trabalho autoral há mais de cinco anos, sendo que no âmbito urbano estou realizando a prática da intervenção há três anos. Além disso, sou um dos principais colaborados do portal Abduzeedo (http://abduzeedo.com), também sou o mais novo colunista da revista Box. Minha coluna irá tratar sobre diversos assuntos relativos à uma das minhas paixões (se não a principal) que é Intervenção Urbana. Pra deixar claro o tema: Intervenção Urbana, na minha concepção, constitui toda e qualquer intervenção realizada pelo homem dentro do âmbito urbano que não possui um propósito comercial ou explorativo. Isso incluí desde pintura, colagens à estrutura maciças criadas de maneira criativa e peculiar sem necessariamente uma autorização para estar lá. Enfim, muitas vezes se encontram-se intervenções que parecem mais ser a primeira idéia que deu na telha de quem executou, visto que a criatividade consegue ser uma virtude um tanto duvidosa, randômica e que não pode ser contida. Contudo, é importante destacar dois movimentos predominantes dentro da intervenção urbana: a Arte de Rua e o Graffiti. Podemos classificar a primeira de uma maneria bem simples: constitui toda e qualquer tipo de intervenção que não segue necessariamente as diretrizes de um movimento mais estruturado como o Graffiti. Sim, isso pode parecer muito abrangente, mas creio que uma explicação mais clara sobre a prática do Graffiti deixará bem claro o que quero dizer. O Graffiti é uma prática que não possui uma data exata de origem, porém podemos classificar que o Graffiti moderno, realizado popularmente com spray aerosol, teve seu início na década de 60 e 70 nos Estados Unidos. Em

“[...] INTERVENÇÃO URBANA, NA MINHA CONcepção, constitui TODA E QUALQUER INtervenção realizada pelo Homem dentro do âmbito urbano que não possui um propÓsito comercial ou explorativo.”

Créditos: Molinary


um período pós-guerra, do início do movimento negro e do woodstock, o Graffiti começou mais como uma brincadeira de um funcionário do correio (Taki 183) que tinha o hábito de escrever seu nome e o número de sua rua pelos lugares que passava em Nova Iorque. Com o tempo as tags de Taki começaram a ter reconhecimento e influência sobre a juventude, principalmente no recêm nascido movimento do Hip Hop. Nessa época surgiram nomes como Corn Bread and Mare 139 e outros que começaram a espalhar seu nome all city. Como diretriz básica, o Graffiti se baseia na escrita do nome com a ferramenta spray aerosol, onde se quer, como se quer e quando se quer, sem interesses financeiros e sem censura. A partir disso, muito se discute em relação o que é e o que seria o Graffiti na atualidade, pois pode existir Graffiti sem necessariamente se seguir as diretrizes clássicas? Sim e não, é a minha resposta, pois muito dessa prática envolve a liberdade. É complicado definir até onde vai a liberdade do indivíduo e a sua possibilidade de intervir no âmbito urbano, o que seria o espaço público, quais os seus limites e quem tem o direito de utilizá-lo e como utilizá-lo. Essas e outras questões não são apenas recorrentes dentro da temática intervenção urbana, mas

Créditos: Marcos Torres

“[...] o Graffiti se baseia na escrita do nome com a ferramenta spray aerosol, onde se quer, como se quer e quando se quer, sem interesses financeiros e sem censura.”

em diversas questões sociais que envolvem rebelião, vandalismo, protesto e anarquia. Confesso que passei por diversas experiências que me colocaram na situação de me sentir um revolucionário ou um simples vândalo. A motivação para a prática do ato da intervenção não é apenas a vontade de pintar, caso o fosse os seus praticantes pintariam em telas e não na rua. Em vários momentos é a sensação e a adrenalina de se sentir um transgressor que faz do ato algo tão viciante e obsessivo. Vendo de fora parece bobagem, uma pessoa que escreve o seu nome de rua incessantemente durante anos é no mínimo egocêntrico e com algum desequilíbrio mental. Mas aí pergunto a vocês: o que vocês acham que disseram sobre os primeiros skatistas? E os primeiros punks? Não estou aqui tentando justificar o vandalismo, só defendo que cada tribo possui seus códigos e valores que devem ser respeitados. Aqui no Brasil cometemos um erro em termos de nomenclatura ao se designar o writer (aquele que faz o graffiti, na termologia inglesa), pois aqui separamos pixadores de graffiteiros, quando na verdade são ambos pertencentes a uma mesma cultura. Talvez seja uma questão cultura, mas o fato é que graffiteiros também pixam e pixadores também fazem

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graffiti, um ato não necessariamente impede o outro. Isso ocorre por causa de uma visão clássica da ilegalidade do ato, em que pixar é crime, pois é feio e não serve pra nada, enquanto graffiti é legalizado, pois é bonito e melhora o ambiente. Talvez o maior problema seja querer julgar o certo e errado, o ilegal e o legal, o bonito e o feio, principalmente quando não se está nessa cultura e não se conhece as pessoas que estão nela. O anonimato faz que com o ato da intervenção seja visto tanto como divino como monstruoso, é uma rebelião gráfica acima de tudo, pois por mais pacífica e legalizada, a intervenção sempre será um ato de contestação. Contestação contra quem e contra o que? Muitas vezes isso não fica expresso de maneira literal, muitos se questionam se escrever um nome seria um ato de protesto, mas em uma sociedade em que somos bombardeados por anúncios, placas e informações diversas, escrever um nome que não significa nada não seria um contra-senso? Claro, muitos writers e artistas de rua costumam ter um posicionamento, mas isso não é regra. Devemos pensar que o que move esses indivíduos é a vontade de inovar e de criar acima de tudo, isso é o que lhes diferencia dos restantes. O Graffiti e a Street Art modernos possuêm apenas meio século de existência (estou descartando intervenções anteriores ao uso da ferramenta spray aerosol, no caso), logo é de se esperar que ainda exista muito repressão e discriminação quanto aos seus praticantes. Não estou aqui dizendo que um dia teremos cidades inteiras liberadas para se pintar, mesmo porque isso iria contra o próprio ato de intervir que provêm de uma raiz transgressora. Contudo, acredito em uma sociedade mais tolerante e que consiga visualizar e investir no potencial de inovação dos participantes dessa cultura.

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Créditos: Franco Folini


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CUIDE-SE

MAIS Texto// Daniele Holdorf

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SPA EM CASA Novembro. É, estamos no final do ano de 2012. Nesse determinado período do ano, o cansaço e estresse vão começando a surgir. Planos, metas, trabalho, estudos, família e amigos. E, é tudo ao mesmo tempo! E, chega uma hora em que você tem que se dar um tempo e parar um pouco. Seja, para pensar, refletir um pouco ou cuidar de si mesmo(a). Então, porque não começar essa pausa, pegando um dia em que não irá fazer praticamente nada e organizar em sua casa mesmo um Spa, só para você!? Dar um tempo ou destinar um dia para cuidar de você, não é questão de luxo. Mas, sim é um dia investindo em seu bem-estar, tranquilidade e de certa forma também lazer. Obviamente, o Spa em casa, é diferente de um tratamento realizado por um profissional num Spa ou numa clínica de estética especializada. No Spa em casa, quem irá preparar os tratamentos e organizar o ambiente, será você! Então, hoje darei algumas dicas de tratamentos que você pode preparar em casa de uma forma simples e relaxante! O primeiro passo para começar o seu dia relaxante é organizar o ambiente. O espaço ideal para realizar os tratamentos, é um local onde você ficará sozinho(a), sem interferência nenhuma de pessoas te chamando, televisão, computador, celular, nada! O dia é seu, então desfrute ao máximo dele! No ambiente você poderá acender algumas velas e colocar umas pétalas de rosas no chão para tornar o ambiente ainda mais agradável. Coloque uma música de sua preferência, que você realmente goste, mas que não seja muito agitada, para que você possa relaxar! Outra parte importante do seu Spa em casa, é a alimentação. Faça uma alimentação mais leve e natural. Um dia antes, compre frutas, iogurtes, chás, saladas, pães e bolachas integrais, etc. Coloque na geladeira e deixe tudo

preparado para o seu dia descanso. Certifique-se também de, quando for começar a realizar os tratamentos, que todos os produtos, acessórios e alimentação estejam próximos de você, para que você não precise levantar toda a hora. O começo do tratamento pode ser iniciado com um banho morno, seja ele em uma ducha normal ou em uma banheira. Independente de qual for, a água morna do banho possui benefícios de induzir ao relaxamento físico e mental. Aos que possuem banheira de hidromassagem, podem abusar da utilização de sais e espumas de banho e óleos essenciais (como camomila, lavanda ou sândalo), ideais para efeito relaxante. Ainda na parte do banho, aproveite e já faça uma hidratação nos cabelos, utilizando a máscara capilar de sua preferência, e envolva a cabeça com um papel-alumínio e deixe o creme agir por uns 20 a 30 minutos, depois é só enxaguar.

“dar um tempo ou destinar um dia para cuidar de você, não é questão de luxo. mas, sim é um dia investindo em SEU BEM-ESTAR, TRANquilidade e de certa FORMA TAMBÉM LAzer.” Créditos: joanneteh_32(loving Laduree)


Créditos: loungerie

Para manter as mãos hidratadas, faça uma mistura caseira de produtos, como: mel, aveia e açúcar. Esses ingredientes além proporcionar um afinamento da superfície da pele dão um toque aveludado e de hidratação à mesma. Logo após, utilize o hidratante de sua preferência. Vale destacar, que se deve tomar um pouco de cuidado com produtos caseiros, pois estes, por não serem industrializados, poderão ocasionar alergias. Utilize-os mais nas mãos e pés, entretanto no rosto, opte por produtos que estão disponíveis no mercado cosmético, a fim de evitar alergias ou danos à sua pele. Então, fica ai a dica de alguns tratamentos simples que podem ser realizados em casa, e que proporcionam o relaxamento físico e mental. Desfrute-os!! Mas também, inclua outras atividades como ler um bom livro, escutar uma boa música ou fazer o que você gosta, tornando esses também um meio de descanso e bem-estar!!

BBAD

Logo após o banho, é hora de cuidar dos pés. Organize uma bacia com água morna com algumas gotas de óleo essencial de hortelã-pimenta ou eucalipto para proporcionar refresco aos pés, juntamente com bolinhas de gude e sal-grosso. Primeiramente mergulhe os pés na água, a fim sentir o contato da água quente. Logo após, faça uma esfoliação nos pés com um esfoliante específico. Depois disso, mergulhe os pés de novo na água morna, e massageie por uns 15 minutos as solas dos pés nas bolinhas de gude e sal-grosso, proporcionando alívio e descanso aos mesmos. Finalize com um hidratante para os pés de sua preferência, ou utilize cremes a base de uréia ou cânfora para hidratar e refrescar os mesmos. Prosseguindo com os tratamentos, o próximo passo é deixar as pernas elevadas sobre duas almofadas por uns 20 minutos, essa técnica simples melhora a circulação sanguínea e linfática, além de proporcionar bem-estar para os membros inferiores.

//31 Av. Sete de Setembro, 901 , Três Torres , Sala 03 revistabox.com Fone: (54) 2106 5567


Texto// Ingra Costa e Silva

ENTÃO FALA AÍ!

QUER FALAR?

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NICOTINA, BAR E BEATLES O papel de parede era descascado. Eu ali, sentada num canto daquele bar imundo que lembrava uma taberna desses livros antigos. Sorvia um uísque sozinha. Meninas direitas não bebem, já dizia minha mãe. Ainda mais em bares. Ainda mais sozinhas. Mas do jeito que minha vida estava, desculpa mãe, mas eu só tinha uma coisa pra dizer: FODA-SE! Sentada num daqueles bancos que as baixinhas mal alcançam os pés no chão, e rodeada de quadros clássicos como Beatles e Amélie Poulain, puxei da bolsa o meu Bukowski e me pus a divagar. Entre goles e palavras (lidas), saía daquele mundo falido e fodido e ria com o pensamento de que Bukowski podia ter uma vida igual a minha. A vantagem de freqüentar estes lugares, é que o garçom não te importuna e sabe quando tu quer alguma coisa, que tu nem precisa chamar. É como se ele se materializasse do teu lado. O pessoal que freqüenta é maluco tanto quanto você (ou ainda mais) e se tu fumar um cigarro ou uma carteira lá dentro, estão todos pouco se lixando. “Parece puta”, diria minha avó, “bebendo e fumando numa bodega!” Coisa de homem ou de meretriz. Um abraço pra ela. Esse tipo de pensamento me faz falar de novo: FODA-SE! Pelo menos ali era uma bolha aonde meus problemas não conseguiam penetrar. Peguei um cigarro na bolsa. Puta que pariu cadê o isqueiro? E quando levanto os olhos, ainda com o pito na boca, vejo que no canto oposto do bar tem outro esquecido, como eu. Esquecidos pelo mundo. Esquecidos pela sorte (talvez até esquecidos pelo garçom, que desapareceu). Na tentativa frustrada de embriagar os problemas. E se afundando na vida boêmia, mesmo que de maneira singular, assim como eu. Ele

“[...] a sua cegueira PROPORCIONA UM ‘TERceiro olHo’ capaz de refletir a expressão VERDADEIRA DO ENCONtro com uma outra realidade imbuída nas imagens do (in)visível [...]”

tragava calmamente seu cigarro. E eu aqui, sem isqueiro. Lembrei dos filmes de décadas passadas quando os cavalheiros, ao verem uma moça pôr o cigarro na boca, já tinham o fogo engatilhado. Puxavam rapidamente o isqueiro brilhante e prateado e com o peito estufado seguravam aquela chama flamejante. Seria legal se ele fizesse isso. Bem legal. Ele também usava All-Star. Uma camiseta do Paul e um jeans surrado. O cabelo era bagunçado e os olhos amendoados. Achei interessante. Fiquei olhando. Desci os olhos para o meu Bukowski e lembrei do isqueiro. Novamente me pus a revirar a bolsa. Minutos passaram. Nada. Cansei do azar. Subi os olhos e o cara tava ali do meu lado. “Quer fogo moça?” com o braço estendido e o isqueiro na mão. Olhou o que eu lia. Ele também gostava de Bukowski. Era pouca coisa mais velho que eu. Tinha a mesma profissão que eu. Tocava violão, tinha uma banda de garagem que eu nunca ouvira falar, mas segundo ele, uma hora dessas ia estourar. Fazia vocal às vezes. A voz dele era muito, mas muito envolvente e eu não duvidava nada que ele conseguisse o que queria se falasse um pouco mais manso. Falamos de Lucys, Judes, Helps e Strawberrys. Fossem forever ou não. E entre copos e palavras (agora proferidas) passaram-se horas até o garçom começar a levantar as cadeiras e limpar as mesas. Ele me acompanhou até a maldita pensão que me arrisco a chamar de casa. Beijou-me antes de ir. Disse que ia me ligar. Mas ele não acendeu o meu cigarro. Let it Be.

Créditos: swerdroid


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JEANS Texto// Emily Assis

CUSTOMIZE SEU

CUSTOMIZAÇÃO A palavra “customização” é usada quando a própria pessoa transforma uma peça de roupa usando, principalmente, muita criatividade e alguns aviamentos. Quando o assunto é jeans, a customização vira sinônimo de valorização (e não somente valorização monetária, mas também estética, de beleza, criatividade e moda). Com a chegada do novo milênio, o jeans virou sinônimo de estilo e individualidade. E uma das “ferramentas” para este fenômeno é personalização. Com a customização, tanto as grandes marcas de jeansware, como qualquer pessoa, em casa mesmo, podem modificar e agregar valor a suas peças jeans.

Aviamentos

“a customização pode ser feita tanto nas grandes confecçÕes, quanto na sua casa.” Para estilizar e valorizar seu jeans, o segredo das grandes marcas é utilizar todas as possibilidades das lavanderias industriais. A customização pode ser feita tanto nas grandes confecções, quanto na sua casa. Para isso, devemos somar criatividade com recortes, estampas, pinturas e aviamentos. A maneira mais comum de se iniciar uma customização doméstica é utilizando alguma peça jeans mais básica. Com o processo, ela vai ganhando cores e aplicações, até se transformar em um modelo atual e moderno.

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Outra forma bastante comum, é aquela surgida nas ruas, espontaneamente, seja com o desgaste natural das peças ou por aplicações ou desenhos, como nas eleições ou combate à guerra e à violência. Com a grande concorrência no segmento de jeansware, as grifes desenvolveram processos únicos de customização, a fim de fortalecerem suas identidades. Para se ter uma ideia, hoje em dia o jeans customizado é uma das peças-chave da moda, chegando a custar e agregar valor 20 vezes mais do que um modelo básico.

O uso de aviamentos aplicados sobre o jeans tem origem nos anos 60 do século passado. Hoje, virou uma das mais genuínas formas de expressão de estilo e personalidade. Com isso, os aviamentos passaram a ser utilizados como forma de valorização do jeans. O uso de botões, rebites, miçangas, bordados, cristais e desenhos são opções para deixar o seu jeans com jeito e aparência de artigo de luxo; as possibilidades são infinitas! Outro item utilizado para agregar valor às peças é o uso de aplicações especiais e de luxo, como cristais, diamantes, metais nobres com ouro e prata e assim por diante. Uma peca customizada dessa maneira tem preço mais elevado que os “comuns”, mas o impacto que causa, certamente compensa. Uma regra é seguida por todo bom customizador: bom senso e informação nunca são demais! Por isso, cuidado para não transformar seu jeans num festival de amostras de aviamento e fazer aplicações sem discernimento e bom gosto.

Fotos: Gian Michailoff


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E CULTURA

INTERNET, LIVROS

Abordamos, nos textos anteriores desta coluna, os conceitos e as características e da cibercultura e do ciberespaço. nesta edição apresentamos brevemente algumas considerações sobre ciberarte (ou cyberart). Como se trata de um tema complexo, levantaremos elementos e questões que se relacionam diretamente à ciberpoesia, tema das próximas colunas.

Texto// Fabiano Tadeu Grazioli

CIBERARTE

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O ciberespaço permite a combinação de vários modos de comunicação. Encontramos nele, em graus de complexidade crescente: o correio eletrônico, as conferências eletrônicas, o hiperdocumento compartilhado, os sistemas avançados de aprendizagem ou de trabalho cooperativo, e, enfim, os mundos virtuais multiusuários. E, nesse contexto de “combinações” de modos de comunicação, encontramos também a ciberarte. Ao explorar a dimensão artística ou estética da cibercultura, numa proposta de analisar as “novas modalidades de produção e recepção das obras do espírito”, Lévy (1999) aborda também alguns aspectos que se relacionam diretamente com a produção e a recepção da ciberarte e aponta a existência de sites com propostas de intervenção estética ou cultural. (Numa busca a partir da palavra “ciberarte” a qualquer site de pesquisa, o leitor encontrará diversos sites que podem exemplificar tais propostas). A ciberarte desponta na década de 50, quando houve uma grande expansão do uso da tecnologia como ferramenta da arte. Neste momento, artistas influenciados pela cibernética começaram a criar obras de arte baseados em sistemas eletrônicos, as quais podiam se modificar com a interação do espectador, possibilitando a conexão entre meio, artista e

“a ciberarte tem como principal CARACTERÍSTIca ser uma arte ABERTA E INTERAtiva, criada com a utilização das NOVAS TECNOLOgias, como os computadores e AS REDES DE COMUnicação.“


obra. Nos anos 80, alguns artistas começaram a se interessar e investir em formas de artes já conhecidas e praticadas em menor número por artistas das décadas anteriores. Com o aparecimento de novas possibilidades tecnológicas (tais como a música eletrônica, o e-mail arte, a web arte, entre tantas formas artísticas surgidas com a informática) novas características foram acrescidas à ciberarte. A ciberarte tem como principal característica ser uma arte aberta e interativa, criada com a utilização das novas tecnologias, como os computadores e as redes de comunicação. Fanslau e Ribeiro (2009), no texto Cibercultura na rede: ciberarte (publicado no blog de mesmo título) ressaltam que nessa forma de arte não há uma delimitação entre autor e público. Na verdade, o público é convidado a interagir e a se tornar também artista. Segundo os “blogueiros”, a interatividade é palavra-chave nesse processo, que envolve colagens de informações, possibilidades hipertextuais e a não linearidade do discurso, reivindicando a idéia de rede, de conexão e possibilitando a existência de uma arte da comunicação eletrônica. E o público, como se relaciona com a ciberarte? É fácil deduzir, frente ao que já expomos, que o espectador tem uma atitude mais ativa frente às obras produzidas no contexto aqui abordado, pois o maior objetivo da ciberarte não é a exposição, mas a navegação, a interatividade e a simulação. “O espectador deixa de ser alguém que se encontra fora, apenas observando. Ele passa a ser não apenas espectador, mas também emissor. O apreciador da obra interpreta, experimenta, percebe e a sua estética de diferentes formas. A obra se torna algo de concreto a partir dessa interação”, afirmam Fanslau e Ribeiro (2009).

//37 Créditos: PLANETART

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OLHAR

ALÉM DO SIMPLES

A IMAGEM DO (IN)VISÍVEL “Todo mundo se utiliza do olhar do outro, só que sobre outros planos, sem se dar conta sempre. Percepção não é aquilo que vemos, mas a maneira como abordarmos o fato de ver”.

Texto// Janniny G. Kierniew

Essa frase foi dita pelo fotógrafo cego, Evgen Bavcar em entrevista concedida a Elida Tessler e Muriel Caron no livro “A intervenção da vida: arte e psicanálise”. Esse livro, que é uma coletânea de artigos, traz a luz esse grande fotógrafo, que sutilmente consegue transformar os sentimentos em imagens.

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“[...] A SUA CEGUEIra proporciona um ‘terceiro olHo’ capaz de refletir a EXPRESSÃO VERDAdeira do encontro com uma outra realidade imbuída nas imagens do (in) visível [...]”

Dono de uma capacidade perceptiva impressionante e de uma sensibilidade ímpar, o esloveno Bavcar é atravessado por uma cegueira física, que segundo o documentário brasileiro “Janela da Alma” (2002) é em decorrência de dois acidentes aos 12 anos de idade; o primeiro um galho de árvore atingiu seu olho esquerdo e o segundo acidente um detonador de minas atingiu o seu olho direito. Para Bavcar, a sua cegueira proporciona um “terceiro olho” capaz de refletir a expressão verdadeira do encontro com uma outra realidade imbuída nas imagens do (in)visível, nos mostrando que uma deficiência física não impossibilita a criação imaginativa e nem sucumbe à imagem a uma “mímesis platônica”. Ou seja, as fotos de Evgen Bavcar colocam a arte em evidência, transcendendo a estrutura de um olhar cristalizado, permitindo extrapolar a dimensão da técnica.

SEGUE ALGUnS TRECHOS DA EnTREvISTA: EnTREvISTADOR: [...] é por essa razão que escolheu a fotografia? EvGEn BAvCAR: Todo cego tem o direito de dizer: “eu me imagino”. E se imaginar, é ter imagens. Mesmo que eu diga, por exemplo: “eu me imagino como um elefante”. Nós somos todos cegos diante das formas cósmicas dos hindus, ou diante do eterno feminino. O que é imaginar finalmente? E: Sim, mas a partir do momento em que você faz as fotos, o resultado da fotografia mesmo, você não a domina mais e ela não corresponde obrigatoriamente ao que você havia imaginado...


EB: Ninguém domina o resultado. Na pintura também não. Talvez eu controle um pouco menos, do ponto de vista dos que enxergam, isto é, daqueles que dizem que eu não vejo, da forma direta, minha imagem. Mas ninguém vê, nunca, sua imagem real, concreta. Todo pintor, todo escultor olha através de seus próprios óculos. Os meus são apenas um pouco mais escuros. E: a foto em si é uma epiderme, tendo estreita relação com a pele, como uma película. Para você, a fotografia é corpo? EB: Sim, mas a fotografia é sobretudo uma escritura feita com a luz. Em vez de dizer “fotógrafo”, seria mais bonito dizer: “escritor da luz”. Eu tento fazer surgir objetos, imagens a partir de um berço das trevas. [...] A entrevista segue por mais algumas páginas, porém evidenciamos aqui, apenas um pequeno trecho, para inserir o leitor nesse mundo da fotografia existencial de Evgen Bavcar, na qual, o desejo do fotógrafo movimenta o ato criador, que impulsiona a imagem para além do visto. O artista denuncia que a ausência da visão física, não se constitui como impedimento de um olhar para o mundo, e nem cessa a produção de imagens. Muito pelo contrário, ela reafirma um outro lugar, uma nova arte possível. Em Janela da Alma (2002) o fotógrafo conclui:

“Não devemos falar a língua dos outros e nem utilizar o olhar dos outros, porque nesse caso existimos através do outro. É preciso tentar existir por si mesmo.”

Créditos: Evgen Bavcar

Qualidade e inovação em vacinas CENTRO HOSPITALAR SANTA MÔNICA Rua Itália, 878 - Centro - Erechim - RS - 99700-000 54 3321 3737 - 2107 0500 www.chsantamonica.com.br vacinasantamonica@mail.com HORÁRIO DE ATENDIMENTO //39 revistabox.com 9h às 12h e 13h30 às 18h


DO SEU SAPATO?

QUAL O TAMANHO

Texto// Diones Lima

QUINZE CENTÍMETROS DE DESCONFIANÇA Quando os dissabores da vida ficam entalados na garganta, nem com catchup!

- Chedar, suíço ou mussarela? - Chedar. - Quer adicionar outra fatia de queijo senhor? - não, obrigado.

- vai querer o de quinze centímetros?

Ele cala. Sente-se provocado e ao mesmo tempo invadido. Questiona a atendente “como assim quinze centímetros?” Ela responde com voz impaciente, porém padronizada. “O pão senhor, vai querer

de quinze centímetros?” //40

-Queijo? -Sim.

Um dia qualquer da semana... Sandro, brasileiro de traço asiático e estatura desprivilegiada, caminhava a passos largos, preocupado com os boatos de uma possível amizade entre sua amada e um novo colega de trabalho: um afro descendente de tamanho avantajado, codinome pezão. De tanto caminhar e ao mesmo tempo confundir todas as idéias Sandro é induzido pela suas tripas ansiosas e sem notar o próprio desatino vai reto a sanduícheria com fama de saudável. Ao chegar, olha as possibilidades do cardápio meramente ilustrado e ao ver o pão no formato baguete, lembra do seu pé, guardada as proporções. A imaginação vaga até o trabalho da namorada onde avista por meio de olhar rastejante um sapato no estilo “salto Luiz XV” tamanho quarenta e três. Acredito que seja este o maior sapato que viu em pensamento. Com ar confuso Sandro pede o prato promocional, no valor de quatro reais e noventa e cinco centavos. É um sanduíche de frango grelhado, mais os complementos que atendente distribuirá de forma padronizada sobre o pão, somada a possibilidade de acrescentar bacon, por apenas um real e cinqüenta centavos a lasca gordurosa. Possibilidade essa que ele rechaça. Seus pensamentos são invadidos pela visão dele próprio de perfil, com os seus poucos centímetros de pé e altura, e uma exagerada circunferência abdominal. Atendente lhe chama atenção perguntando:

Sandro apenas responde que sim com a cabeça. Ela então começa o questionário e de forma antecipada toca cada opção com as mãos como se ele fosse aceitar todas.

E assim prosseguiu monossilábico até se dar conta que o sanduíche estava saudavelmente pronto. Pediu a bebida, no caso um refrigerante, para quebrar o clima natural e foi até uma mesa qualquer. As primeiras mordidas foram mordidas sem querer comer, as seguintes tinham certo pensamento, o tamanho do pé. Outra mordida, a menina falando com todas as letras pausadamente “q-u-i-n-z-e c-e-n-t-í-m-e-t-r-o-s” e o que para alguns pode parecer pouco, para ele sim, era documento. Continuou com suas aflições e sem sentir sabor algum reduziu o sanduíche a farelos sem chegar exatamente a alguma conclusão, visto que os seus pensamentos estavam entalados. A única coisa que lamentava era não ter pedido sem receio o pão de trinta centímetros, pois ainda estava com vontade de comer. E por fim pensou de forma mais decidida. Estava determinado a comprar um sapato no estilo salto Luiz XV com um número maior que o pé, com o ensejo de elevar sua moral.


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Texto// Mateus Moreno Sá

ENTÃO FALA AÍ!

QUER FALAR?

O DIA EM QUE BURLE-MARX REVIROU-SE NO TÚMULO Definido pelo traçado positivista, e modernista, que é parte da arquitetura brasileira, Erechim, faz parte deste conjunto, com ideais semelhantes aos das grandes metrópoles brasileiras, em traços visíveis. Não é preciso ser Arquiteto, ou estudante de arquitetura, para saber diferenciar o que é agradável aos sentidos ou não, mas faz a diferença na hora de produzir um jardim, construir uma habitação, desenvolver um traçado urbano, com um plano diretor que o acompanha, enfim a interferência no espaço. Atualmente em Erechim, é possível observar a “limpa” dos canteiros centrais, e das praças, utilizando alguns argumentos falhos, e que no ponto de vista de um bom paisagista, e arquiteto, é um absurdo o ocorrido. Mas não atinge somente as pessoas da área, e sim aos cidadãos, que por muitas vezes, são eles que fazem a manutenção dos canteiros. Quando babosas são trocadas por um retangulozinho de terra com “flores de vasinho”, ou estilos classicistas arcaicos, quebrando com toda lógica, de trabalhar com o que já existe no espaço, adaptando-o. O mesmo caso é visível nas árvores não nativas: a questão de conciliar, a nativa, com a não, evitando o corte imediato. As não nativas, fazem parte de um paisagismo antigo, e porque não ser mantida? Os argumentos são falhos, como a questão da alergia, que é outro absurdo, pois se formos ao âmago da questão, o ser humano é o defeituoso, o invasor, e não simplesmente a vegetação e para tudo existe uma solução que não prejudique o nosso entorno. O trabalho de nossas árvores no centro serve também para o controle climático, não tornando o centro da cidade, insuportável, como em muitas outras cidades

e metrópoles, e o ar mais puro, sem comentar na questão psicológica das cores, dos espaços que as mesmas proporcionam. Outros projetos, que são questionáveis, é a posição do novo terminal urbano, que está sendo implantado na antiga ferrovia. A forma de implantação da proposta, não é projetualmente das melhores, pois ela esconde o edifício, futuramente contribuindo para o ostracismo, já presente. O abandono. O estado em que se conversa o patrimônio público, está no mesmo barco, e presente nos edifícios principais da cidade, como a prefeitura, a antiga comissão de terras e o Pórtico de Acesso ao Município. A cidade não tem uma legislação de patrimônio histórico e muito menos o cuidado com o patrimônio da arquitetura modernista erechinense, que é de tamanha importância como o Ecletismo e o Art Decó. A conservação destes espaços, leva ao exemplo de como os pilotis foram tratados, sendo escondidos atrás de algumas vitrines de farmácias, ou simplesmente descascados, perdendo sua função, e o diálogo entre o espaço público privado. Historicamente, isto não é novidade. Temos os exemplos de nossa antiga Igreja Matriz, que foi um suposto “golpe econômico”, utilizando a mentira, que uma das torres estava caindo, ou simplesmente a epopéia do Plano Diretor de Erechim, montado por profissionais, que foi vetado inúmeras vezes por interesses políticos e econômicos, sendo mais tarde aprovado com inúmeras falhas e mudanças que hoje são as causas de problemas enormes em questões de preservação, meio ambiente, zoneamento, e infraestrutura. Algumas identidades da cidade estão se perdendo e está faltando esta preocupação,

o cuidado, a preservação, pois um bom município abre os olhos para si. E uma cidade que não preserva o passado, perde suas referências do presente e do seu futuro. Quando não mais o cidadão se identifica com o local onde ele se criou, ele perde as suas referências de sua identidade. Como disse Egberto Gismonti: “Pois mais que tu viaje tu deves levar a sua cidade dentro do coração”.

//42 Créditos: WanderingtheWorld


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Rua Elias Zambonatto, 35 - Erechim - Rio Grande do Sul - Fone: (54) 9159 0360 - Facebook: Choices

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DOS CARAS AÍ Texto// Vampiro Edward

OLHA O SHOW

CARTOLAS Influenciada por Oasis, The Strokes, Frans Ferdinand, Supergrass e claro, os eternos Beatles, a banda gaúcha Cartolas despontou no cenário rock gaúcho em 2005. Na ocasião foi vencedora do festival “Claro que é Rock” e do Prêmio Açorianos de Música, o maior certame de música do Rio Grande do Sul em 2007.

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As letras das músicas da banda podem variar do sério ao sarcástico como é o caso de “Cara de vilão” e “Que diabos tu tem dentro da cabeça?”. O primeiro disco da banda saiu em 2007, intitulado “Original de fábrica” e o segundo em 2010 com o título “Quase certeza absoluta”. Algumas músicas podem ser ouvidas no Myspace da banda - www.myspace. com/cartolas - inclusive os novos singles que ainda não entraram em álbuns.

Você deve estar lendo isso e achando que é mais uma matéria sobre bandas, realmente é, mas tem algo mais. A Revista BOX em parceria com o Leprechaun Pub trará a banda Cartolas para um show especial no dia 24 de novembro. Será uma ação em conjunto onde poderemos aproximar a boa música da banda com os leitores e colunistas da BOX. Na noite estaremos com distribuição de exemplares da edição de Novembro da Revista BOX, entre outras ações que estamos planejando.


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DO MÊS

CRÔNICA

A MELHOR COISA QUE VOCÊ PODE FAZER POR UM FILHO É TER OUTRO Sou filha única. Essa semana meu pai fez uns exames no hospital, nada preocupante. Fiquei na sala de espera, aguardando que ele voltasse dopado pela melhor droga do mundo: a da endoscopia (você já experimentou? É sensacional!). Enquanto esperava, fantasiei. Tenho a maldita mania de dramatizar tudo. Imaginei que ele estava internado ali e que eu esperava por notícias de sua saúde. Fui acometida por um golfo súbito e indiscreto de tristeza que fez saltar lágrimas de todos os buracos da minha face. A recepcionista me olhou assustada e, tentando doçura, avisou “é um exame muito simples, sem riscos, ele volta em trinta minutos no máximo”.Pedi licença, sem me explicar (eu não sei me explicar, sou louca, só isso) e me tranquei no banheiro mais próximo. Chorei vinte e sete minutos ininterruptamente naquele banheiro. Senti uma solidão profunda, devastadora, invencível, arrebatadora e inexplicável. Abracei a lamúria até ser despertada por uma velhinha da fila da colonoscopia: ela precisava mais do banheiro do que eu. Quando meu pai saiu, eu estava firme e piadista. Como sempre. Sou sempre firme e piadista com meus pais. Mas por dentro eu estou morrendo. Meus pais estão com 65 e 70 anos. O mais velho é meu pai. Podem durar mais vinte anos, eu sei. Mas pela primeira vez na vida comecei a pensar na morte deles. O problema é que eles envelheceram e eu não. Eu continuo com 12, 13 anos. Firme e piadista por fora… mas assustadíssima e carentíssima por dentro. Mas onde quero chegar com tudo isso? Não quero chegar, quero voltar. Quero voltar pro útero de mamãe e me dividir em duas. E me

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dar um irmão. Alguém nesse mundo que possa se trancar comigo em um banheiro improvável e chorar porque, um dia, nossos pais vão simplesmente desaparecer. Eu tenho amigos, muitos. Eu tenho uns parentes por aí também. Mas não tem jeito, eu sou ridiculamente sozinha nessa vida. Eu sei, tem gente que tem irmão e nem olha na cara dele. Eu sei, nossos irmãos de verdade são os nossos amigos. Mas não é de uma amizade pura e perfeita e presente que estou falando. Eu estou falando de existir mais alguém nesse mundo que, um dia, divida comigo essa dor incomensurável de perder um pai ou uma mãe. Saber que a história da minha infância se encerra em mim é tão terrível que acho que virei escritora por isso. Talvez se eu me contar, eu exista. Talvez se eu me lembrar, eu exista. Ter um irmão é ter, pra sempre, uma infância lembrada com segurança em outro coração.Eu queria ter alguém que dividisse comigo todas as maravilhas e todas as desgraças de ter nascido com esse pai e essa mãe. Eu queria ter, quando meus pais se sentem sozinhos ou decepcionados ou apertados de grana, apenas metade da culpa gigantesca que é ser um filho. Eu queria ter, nos jantares alegres e também nos insuportáveis, apenas metade dos méritos. Enfim, a endoscopia não deu nada. Os exames de sangue do meu pai estavam melhores do que o meu. O manobrista do hospital deu 25 reais. O trânsito da volta estava um caos. Meu pai disse as coisas mais engraçadas do mundo no carro, por causa da melhor droga do mundo. Essas todas eram coisas que eu queria muito dividir com alguém. Sobrou pra você, leitor. Tati Bernardi.


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Texto// AIESEC

PORTUGUÊS

ALÉM DO

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QUANTOS IDIOMAS VOCÊ DOMINA? NO MUNDO GLOBALIZADO, APRENDER UMA SEGUNDA LÍNGUA NÃO É MAIS UM DIFERENCIAL, É SIM UMA NECESSIDADE PARA QUEM QUER SER UM PROFISSIONAL COMPETITIVO E VENCER NA CARREIRA. O volume de informações e a velocidade com que elas atingem todos os níveis da sociedade fazem com que saber uma segunda língua não seja apenas um diferencial no currículo profissional, mas sim um requisito fundamental. A língua inglesa se tornou um padrão internacional de comunicação, sendo o espanhol o segundo idioma mais desejável no meio corporativo brasileiro. Não dominar uma segunda ou terceira língua não é mais aceitável, saber outro idioma é conhecer uma nova cultura, outra forma de vida, outra maneira de pensar. A orientadora pedagógica da Yázigi Chapecó, Carolina Endres, observa que, como o mercado de trabalho vem se tornando cada vez mais competitivo, o profissional que almeja conseguir um espaço em empresas de grande e médio porte precisa ter conhecimento principalmente da língua inglesa, tendo em vista que estas organizações ou possuem filiais ou têm clientes em diversas partes do mundo. “Quem não adotar o idioma estará praticamente excluído da sociedade global e por consequência do mercado de trabalho. O domínio da linguagem mundial é uma maneira de ter muitas portas abertas para o crescimento e desenvolvimento profissional atingindo também a vida pessoal e cultural”, enfatiza. A coordenadora pedagógica da Wizard Chapecó, Simone Bernieri, destaca que há muitas profissões onde além da competência técnica, o profissional precisa ter domínio de uma segunda língua, normalmente o inglês. “Muitas vezes a própria entrevista de seleção acontece em inglês, ou o candidato é submeti-

do a exame de proficiência no idioma. Dominar uma língua estrangeira é fator de destaque no currículo”, avalia. O domínio de uma língua estrangeira para diversas instituições e empresas é sim um pré-requisito essencial em processos de seleção. Uma pesquisa realizada pela Catho Online revelou que 80% das entrevistas em língua estrangeira são realizadas em inglês. As empresas preferem testar o candidato durante a entrevista para avaliar se realmente ele é fluente no idioma, ou seja, verificar se realmente ele tem o domínio da língua, tanto na habilidade oral quanto escrita. No mundo globalizado, ter um curso de inglês no currículo é mais que obrigação. Carolina Endres analisa que muitos profissionais já estão partindo para uma segunda opção de língua estrangeira, de acordo com a necessidade do ramo de atividade que desenvolvem. “Quem esta no segmento de importação e exportação, assim como no setor de vendas, está apostando no espanhol. Cultura e gastronomia estão se dedicando ao francês e as indústrias, principalmente as montadoras e quem mexe com importação, estudam mandarim e alemão”, aponta. Saber outros idiomas é importante para vida profissional dentro do país, mas também abre portas para a pessoa fazer um intercâmbio o que vai reunir várias situações em uma só experiência: aprendizado, cultura e experiência profissional. “Uma experiência fora do país é muito valorizada e muitas pessoas buscam o intercâmbio pensando principalmente

nessas duas coisas: língua e currículo”, afirma Carolina. Como a língua inglesa hoje é considerada a língua universal e a segunda língua de vários países, inclusive do Brasil, com certeza é uma das melhores opções para se investir. Mas, também, depende muito das intenções do intercambista. A orientadora pedagógica da Yázigi Chapecó comenta que estudar ou trabalhar fora do país é um passo importante para independência, para o aprendizado de novas línguas e para o aprimoramento do currículo profissional, mas a experiência também pode revelar surpresas desagradáveis. “Antes de se decidir pelo programa é importante conversar com estudantes que já o fizeram e checar se a empresa contratada tem convênio com entidades internacionais que regulamentam o intercâmbio no exterior. É fundamental que o aluno também defina objetivamente as expectativas da viagem, ou seja, que tipo de curso ele quer fazer, se é apenas um curso de idiomas ou se ele pode ser combinado como outro interesse específico, como negócios ou preparatório para algum exame”, orienta Carolina. O estudante deve procurar informações sobre o país e a cidade que irá ficar, tais como, segurança, meios de transporte e custos de vida. Também é importante saber a escola que vai estudar ou a empresa que vai trabalhar e buscar referências. Se for ficar hospedado em uma host family é fundamental buscar contato com a família antes para entender rotina e hábitos e ir se preparado para a nova família.


O intercâmbio é mais que uma viagem, é a oportunidade do jovem lidar com novas experiências e conflitos sem a proteção da família, e a partir daí, amadurecer. Carolina Endres A coordenadora pedagógica da Wizard Chapecó reforça que o intercambista deve levar em conta o país desejado de acordo com o idioma, mas também a região e cidade, tendo em vista que maiores centros têm mais turistas e mais probabilidade de encontrar brasileiros e falar o português. Para quem não gosta de frio, é importante observar que em determinados países o inverno é muito rigoroso, o que pode assustar aquele que não é acostumado. “Além disso, a duração do intercâmbio deve ser levada em conta. Quanto maior o tempo da viagem, melhor o aproveitamento. O que fazer lá? Um curso de idiomas mais leve ou intensivo, quem sabe a tentativa de entrar no mercado de trabalho. É importante encontrar uma modalidade que permita aprender a língua desejada e também faça com que a pessoa entre em contato com a cultura do lugar visitado. É legal também pensar em onde ficar. Uma boa opção sempre é a casa de família (host Family), que insere o intercambista ao máximo na cultura e ajuda no aprimoramento do idioma”, aconselha Simone.

Orientadora pedagógica da Yázigi Chapecó, Carolina Endres.

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Simone Bernieri Coordenadora pedagógica da Wizard Chapecó, Fotos Divulgação.

Dicas para se preparar para o intercâmbio De acordo com a orientadora pedagógica da Yázigi Chapecó, Carolina Endres, fazer um intercâmbio exigirá fluência no idioma então a pessoa interessada deve procurar uma escola que ofereça aulas voltadas também para a conversação. “Muito mais do que o ensino da gramática, a conversação é o principal alvo a ser alcançado. Pois só ela dará ao aluno a verdadeira fluência verbal e auditiva necessária”, observa. Também é importante aproveitar todas as oportunidades de praticar o idioma, conversando com professores e colegas, não ter vergonha de tentar falar, ouvir músicas, fazer leituras no idioma assistir filmes e canais de TV sem legendas. Dessa forma, aumenta a percepção das nuances da língua e fica muito mais fácil captar e aprender corretamente a forma como os nativos falam. O intercâmbio é uma ótima maneira de aprender ou aperfeiçoar o idioma, além de aprimorar muito o currículo - já que um intercâmbio é uma experiência muito rica, pois possibilita ao intercambista conhecer novas culturas, interagir com elas e aprender a respeitá-las -, ajuda a desenvolver a consciência global, autoconfiança, autoconhecimento e independência, permite eliminar certos pré-

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Um intercâmbio é a forma mais perfeita de imersão que existe, a forma mais completa de aprendizado de uma língua e sua cultura. Carolina Endres -conceitos além de ser uma grande experiência de vida e uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional. “Uma experiência fora é uma experiência única, pessoal e seguramente muito marcante, mas é preciso deixar uma marca boa, saber aproveitar da melhor forma e, para isso, precisa estar preparado. Deve-se também levar em consideração que o que vale a pena mesmo é o intercâmbio no intuito de estudar, trabalhar no país de destino e se qualificar com experiências, sejam elas culturais, comerciais, entre outras, de forma a adquirir algum conhecimento e não só diversão”, observa Carolina.

O intercambista conta que, desde muito jovem, percebeu que neste mundo globalizado era necessário falar uma linguagem que permitisse se comunicar com os outros. “Comecei estudar Inglês, mas depois de aprender Inglês percebi uma necessidade de aprender mais, para assim pode facilitar a minha comunicação com outros”, observa. Santiago tem domínio pelo idioma espanhol, inglês, italiano e agora aprende o português. Fazendo parte da Aiesec ele analisa que tem mais facilidades para viajar e aproveitar a diferentes oportunidades de intercâmbio, tornando-o um profissional mais competitivo, com uma boa vantagem sobre os outros concorrentes. Para quem ainda não decidiu aprender um outro idioma, Santiago considera que pensem as oportunidades que podem estar perdendo, as instalações que podem conhecer, e especialmente, como pode se tornar competitivo. “Olhe seus colegas e veja quantos falam outros idiomas, assim você vai perceber que falar outra língua lhe dará um mais vantagem sobre os seus colegas, e permitirá que você aspire a coisas maiores”, finaliza.

Um profissional mais competitivo O intercambista Santiago Pulgarin Lopez, de Medellín – Colômbia, é formado em Administração de Negócios Internacionais, pela Universidad Pontificia Bolivariana, e está em seu terceiro intercâmbio trabalhando como responsável pelas exportações na empresa Plaxmetal, em Erechim. Ele já esteve na Índia e Rússia.

Santiago Pulgarin Lopez (ao centro) durante o Desfile de Sete de Setembro, em Erechim. Foto Arquivo Pessoal


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