A Água Viva é um remédio energético, cuja fórmula é de posse exclusiva da Sociedade Espírita Everilda Batista, instituição integrante da UniSpiritus — Universidade do Espírito de Minas Gerais. As primeiras notícias acerca do remédio, bem como a descrição da fórmula e o esboço de um roteiro de produção, vieram por meio da psicografia de Robson Pinheiro entre os anos de 1995 e 1996. Mais tarde, orientações detalhadas datam de novembro de 2004, meses antes da produção inaugural, que se deu durante o carnaval do ano seguinte. O porta-voz das orientações foi o Caboclo
Tupinambá, por meio do mesmo médium, através da psicofonia. Desde 2005, em suas 9 edições, foram produzidas mais de 17 mil unidades de cada versão do remédio: Água Viva gotas e Água Viva gel. Neste ano de 2014, houve grande incremento na quantidade: Foram produzidas mais 5 mil unidades em gotas e 5 mil em gel, somando quase 45 mil frascos, que levam benefícios singulares a milhares e milhares de pessoas por todo o Brasil. O ingrediente principal é a flor que dá nome ao remédio — água-viva —, nativa de regiões altas da cordilheira do
Himalaia. A utilização de seu princípio ativo é possível graças aos fenômenos de transporte, bem caracterizados por Allan Kardec em O livro dos médiuns. Outras ervas entram na composição do remédio em gotas, entre flores, folhas, sementes, cascas e raízes. Para o gel, são utilizadas diversas tinturas e essências. “Em hipótese alguma deve ser cobrado um centavo sequer da medicação” (Robson Pinheiro pelo caboclo Tupinambá, 18/11/2004). Por isso convidamos você a se envolver de corpo e alma nesta campanha, para fazer jorrar essa Água, tão preciosa para todos nós.
É uma publicação da Editora Minuano
Pai de toda a Vibração Universal Santificados sejam os Campos Divinos de vibração superior Venham a nós os Vossos iluminados Mensageiros de Luz Sejam cumpridas as leis evolutivas Assim nas esferas superiores, como nos campos de transição evolutiva de vibração densa O alimento espiritual de cada dia, dai-nos a toda a eternidade Perdoa-nos, santificando o tempo que levamos no cumprimento de nossos resgates espirituais
Projeto e Produção
Editor Responsável: Marques Rebelo
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Marques Rebelo JORNALISMO E REDAÇÃO: Virgínia Rodrigues FOTOGRAFIA: Marques Rebelo
VENDA DE A NÚNCIOS: (11) 3951-0109 REDAÇÃO: Rua Margarido da Silva, 107 - Vila Ester CEP: 02452-020 - São Paulo - SP Fone: (11) 3951-0109 E-MAIL: revistaumbanda@hotmail.com editorial.geral@hotmail.com Observação importante: Gallery Editores Associados que criou, produziu e realizou este projeto, tem inteira responsabilidade sobre a originalidade e autenticidade de seu conteúdo. Impressão e acabamento: Distribuidor Exclusivo para bancas de todo o Brasil: FC Comercial e Distribuidora S.A. Estr. Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678, Sala A – Jd. Belmonte Osasco – SP – F.: (11) 3789-3000 RESPEITE O DIREITO AUTORAL Reproduzir o conteúdo total ou parcial da revista em qualquer plataforma (digital ou física) é proibido por lei. O direito autoral é protegido por lei específica (lei nº 9610/98) e sua violação constitui crime, respondendo judicialmente o violador.
Assim como nós temos a obrigação de compreender e perdoar nossos irmãos, que privados da maior compreensão não conseguem, em seu estágio atual de evolução espiritual, vibrar numa esfera mais superior e atingir estágios mais elevados de consciência, onde a sabedoria espiritual livra o homem da condição de devedor Não nos deixeis meditar sobre o que for contrário a evolução do espírito, mas dai-nos a força necessária para gerarmos a força necessária e possibilitarmos ao nosso espírito uma maior visão e uma maior compreensão do plano da criação Em nome do Pai da criação, dos filhos criados e dos espíritos puros, para a glória da missão superior Psicografado por Adilson Godoy
REENCARNAÇÃO – A responsabilidade do Espírito é imensa... por tudo de certo e errado que existe no mundo. Esse é o tema do 4º Capítulo da maior aventura do Espírito.
FÉ CEGA – Tempos Obscuros. Três autores mostram sua visão sobre a importância da racionalização da fé.
“KIMBANDA – O lado oposto à Umbanda. Esta era a visão do escritor Aluízio Fonetenelle em seu livro “A Umbanda através dos Séculos”, de 1956.
“FLORES nos rituais de Umbanda”. Flores, frutas, doces, etc., são utilizados de forma sutil na magia “SÃO JORGE – O Santo Guerreiro”. A história de Jorge da Capadócia, sua legião de devotos pelo mundo e o sincretismo umbandista com o Orixá Ogum.
A
responsabilidade do espírito é imensa. Ele é o responsável por tudo que existe de “certo” ou “errado” no mundo de vocês, pois, se ele se sintonizar com Deus em vez de ligar-se à ganância, à inveja ou à luxúria, nenhum acontecimento humano será realidade. Se o ser espiritual ligar-se à paz, à harmonia e à felicidade em vez de sintonizar-se na soberba e no egoísmo, nada será real a não ser Deus e seu Amor. Essa é a responsabilidade do espírito. Não podemos dizer que ele é o responsável pelo ato físico de uma briga entre dois seres humanos, mas podemos dizer que ele tem responsabilidade por este acontecimento, pois esta ação só se tornou real porque o ser universal viveu uma sin-tonia sentimental que levou o personagem a ter que agir daquele jeito. Olha, deixem-me dizer uma coisa: Espírito não tem braço, perna, boca e nem sabe falar. Tudo isso é do ser humano, é do personagem. Então, o espírito não é o responsável pela execução desses atos externos, mas é responsável pelo ato interno, ou seja, pela vivência sentimental que é caracterizada pelo pulsar sentimental, o sentir. Na verdade, quando o espírito pulsa um sentimento, cria uma história para o personagem. Então, já ficou claro o que o espírito tem que fazer e o que ele vai receber por esse trabalho. Mas como fazer? É o que pergunto agora. Sintonizar um rádio ou uma televisão é muito fácil: basta mexer em um botão. Como se faz para sintonizar-se com Deus?
Essa é a pergunta que vou responder agora. O trabalho de sintonização com Deus foi chamado por Kardec e pelo Espírito da Verdade de reforma íntima. Vamos conversar sobre isso. O que é reforma? Mudança. O que quer dizer íntimo? Pessoal, de dentro. Então, o processo de sintonização com Deus é um processo de mudança interior, de reforma íntima. A busca da reforma íntima é muito procurada por alguns seres humanos que se ligam à questão da Espiritualidade, mas eles buscam fazer essa reforma não no íntimo, mas no externo. Eles se preocupam em alterar atos em vez de buscar o seu interior. Em vez de ficar em casa assistindo à televisão, vão para a igreja, para os centros ou praticar atos de caridade, e acham que com isso estão se reformando. Mas a reforma não é externa, mas interna. Não adianta nada reformar atos sem reformar o interior. O que seria reforma do interior? Como falamos, reformar é mudar. Mas o que é mudar o interior? Para que alguém mude, é preciso que esteja em uma posição e vá para outra. Isso se chama mudança: ser de um jeito e passar a ser de outro.
OS
ESPÍRITO NÃO TEM BRAÇO, PERNA, BOCA, NEM SABE FALAR. TUDO ISSO É DO SER HUMANO, É DO PERSONAGEM. O ESPÍRITO NÃO É O RESPONSÁVEL PELA EXECUÇÃO DOS ATOS EXTERNOS, É RESPONSÁVEL PELO ATO INTERNO, PELA VIVÊNCIA SENTIMENTAL, CARACTERIZADA PELO PULSAR SENTIMENTAL, O SENTIR.
Estamos começando a compreender a reforma íntima: mudança de ser interior. Portanto, não estamos mais falando de atos, mas de sentimentos, de sensações. Agora, se ficamos presos apenas a esse conceito – reforma íntima é a mudança do interior, não vamos conseguir nada. Isso porque não conhecemos o nosso interior. Nós não sabemos como somos, pois não temos coragem de nos enfrentar frente a frente. Não temos coragem de olhar para dentro e dizer: “como eu sou egoísta”. O ser universal, vivenciando uma aventura encarnatória, antes de alcançar a elevação espiritual é egoísta, porque a característica primária de todo ego é o egoísmo. Como esse ser acredita ser real, tudo o que a personalidade transitória cria, e toda criação dela é fundamentada no egoísmo, ele se torna egoísta. As realidades criadas pelo ego são sempre egoístas. Não importa se aparentemente o que o ser humano pratica é considerado “errado” ou “certo”, essa ação é egoísta porque é fundamentada em valores individuais. Ou seja, é executada e condicionada a interesses individuais. Mesmo aquele que, aparentemente serve ao outro, é um egoísta, porque só serve àquele que ele acha que deve servir.
EGOS SÃO CRIADOS DE ACORDO COM O
PLANETA ONDE CADA UM VAI VIVER, ESSA É A NORMA QUE OS PADRONIZA DE ACORDO COM O QUE VOCÊS CHAMAM DE MUNDOS OU OBJETIVOS DA ENCARNAÇÃO.
TERRA,
EXISTE
UM PADRÃO NO PLANETA
QUE VOU CHAMAR DE
“SER HUMANO”.
Sendo assim, para que o espírito promova a reforma do seu interior, é preciso que ele compreenda que existe um padrão básico de funcionamento do ego, que é a constante busca da satisfação individual, ou egoísmo. Vou explicar isso melhor. Como eu disse, os egos são criados de acordo com o planeta onde cada um vai viver, essa é a norma que os padroniza de acordo com o que vocês chamam de mundos ou objetivos da encarnação. Se isso é verdade, existe um padrão para o planeta Terra, que eu vou chamar de “ser humano”. Ser humano é um ego padrão para provas no planeta Terra. O ser humano não é um corpo ou um espírito, é o padrão dos egos que servem aos espíritos para vivenciarem provas no planeta Terra. Mas qual é o padrão ser humano? Segundo o Espírito da Verdade, é o egoísmo. Ele afirma isso quando responde a Kardec dizendo que o egoísmo é a mãe de todos os males dos seres encarnados. Voltando ao nosso assunto de agora, pergunto: O que é reforma íntima? Tratase do espírito mudar o padrão humano em que vive atualmente, para uma nova forma de viver. O padrão humano tem uma forma de viver padronizada; reformar-se é vivenciar a vida de uma forma diferente do padrão humano. Essa é a reforma íntima que o espírito pode fazer, e para isso ele precisa apenas deixar de creditar o valor de real, às realidades criadas pelo ego. Agora fica mais fácil a sintonia com Deus, pois o espírito já sabe o “botão” em que deve mexer para alterar sua sintonia: no seu relacionamento com o ego. É aí que ele calibra a sintonia com Deus, e não nos acontecimentos externos. O espírito não calibra a sua sintonia com Deus praticando ações, porque isso seria uma reforma externa, ele faz isso alterando o seu relacionamento com o ego. Participante: Por que Deus criou os espíritos? Disseram que foi para se distrair, mas isso não é verdade, Deus criou os espíritos por amor. Para quê? Para distribuir entre outros seres a felicidade incondicional. Deus não é egoísta. Ele quis dividir essa felicidade com outros iguais a Ele. Sim, iguais, pois o espírito é igual a Deus. “Agora, façamos o homem, que será igual a nós”. É assim que está na Bíblia. Então, Deus criou os espíritos porque quis dividir a felicidade, a grandeza que é a vida nesta riqueza espiritual com outros seres. Participante: Por favor, me explique a seguinte passagem da Bíblia: “Porque
todo pecado e blasfêmia serão perdoados, porém, a blasfêmia sobre o espírito santo não será perdoada”. Sim, todo pecado e blasfêmia que for executado contra o Pai ou o Filho (Cristo), será perdoado, mas o pecado e a blasfêmia contra o Espírito Santo não será. Deixeme explicar isso. O “Espírito Santo” representa os espíritos em processo de evolução. Isso porque todo espírito é santo, mesmo aqueles que ainda não alcançaram a “santidade”, ou seja, não estão sintonizados com Deus. Se você blasfemar contra Deus, Ele, por viver o amor incondicional, não vai se preocupar em lhe penalizar. Ele vivencia a igualdade perfeita que falamos e por isso compreenderá que esse é o caminho para você chegar ao amor incondicional. Se você blasfemar contra o Cristo, a mesma coisa. Ele também não se perturbará com isso porque já vive o amor incondicional. Agora, se você blasfemar, ou seja, falar mal – blasfemar é falar mal de uma outra pessoa – de alguém que não tenha a
Dessa forma, posso afirmar que a reforma íntima sempre consistirá no espírito libertar-se das sensações geradas pelo ego, e jamais será alcançada enquanto o espírito apegar-se a elas, por mais sublimes ou “boas” que pareçam ser. Como já conversamos, o ego gera sensações que chegam ao consciente do espírito; ele deve reagir não se apegando a elas, não acreditando que sejam verdades, aí esta o trabalho da reforma íntima. Mas por que o padrão humano de sensações
“AS REALIDADES CRIADAS PELO EGO SÃO SEMPRE EGOÍSTAS. NÃO IMPORTA SE APARENTEMENTE O QUE O SER HUMANO PRATICA É CONSIDERADO “ERRADO” OU “CERTO”, ESSA AÇÃO É EGOÍSTA PORQUE É FUNDAMENTADA EM VALORES INDIVIDUAIS, EXECUTADA E CONDICIONADA A INTERESSES INDIVIDUAIS” capacidade de lhe responder com esse amor, você estará criando uma oportunidade para essa pessoa usar o individualismo. Isso Deus não perdoa, pois você está “atacando” alguém que não sabe se defender universalmente. Você pode fazer contra Deus, porque Ele está pronto para não se ferir com o que você fizer. Pode fazer o mesmo com Cristo, que ele tem a mesma capacidade, mas outro espírito ainda não evoluído não está pronto para amá-lo universalmente, pois ainda acredita nas razões do ego como reais. É isso que quer dizer a passagem que Cristo ensinou. Faz parte do amar ao próximo como a você mesmo. Então, a reforma íntima consiste no espírito mudar o seu interior. Mas será que o ego humano pode ajudar o espírito a realizá-la? Ou seja, será que o ego humano pode gerar o amor incondicional e levar o espírito a senti-lo? Não. Existe um padrão de sentir para o ego de provas no planeta Terra e esse padrão não contempla a existência do amor universal. A personalidade humana é incapaz de amar universalmente.
não pode dar ao espírito o amor universal como elemento sentimental? Porque o fundamento de tudo que a personalidade humana cria é egoísta. Mesmo o amor pelo próximo que a personalidade humana sente é egoísta, porque não ama indiscriminadamente, mas somente àqueles que quer amar, ou seja, condiciona o amor. Esta é uma verdade universal, ou seja, é eterna e serve para todos. Toda a personalidade humana, por mais que você considere como “boa”, é assim, porque as sensações que os egos criam são padronizadas para o planeta Terra, fazem parte da provação de um espírito.
Quem pode deixar de ver uma criancinha que está passando fome e não sofrer? Quem pode ver uma casa sendo assaltada sem ficar com raiva do ladrão e ter pena do dono da casa? Quem pode ver uma onda gigante (tsunami), como a que ocorreu nesse planeta há pouco tempo, e não sofrer com aquele desencarne coletivo? Quem pode ver o outro dizer que ele está errado, que não sabe de nada ou que não vale nada sem ter raiva deste? Ninguém pode, são os padrões, as sensações da personalidade humana à qual o espírito se liga para aquilo que foi convencionado chamar de mundo de provas e expiações. As sensações padrões do ego para provas no mundo humano são essas, e o trabalho da reforma íntima consiste em o espírito libertar-se delas, não vivenciálas como reais, mesmo que aparentemente sejam “certas” ou “boas”. O espírito, em vez de sofrer com a raiva ou com a dor, deve manter a sua felicidade; em vez de ter pena dos outros, ter dó do próximo, deve sentir a verdadeira compaixão, ter a consciência de que eles estão sofrendo, mas não sofrer com eles. Deve ainda usar da igualdade, ou seja, dar o direito de outro sofrer neste momento. Ele deve agir assim, mesmo que tudo lhe diga que sofrer nestes momentos é “certo”. Aí está a reforma íntima, aí está o caminho que deve ser percorrido pelo espírito para alcançar o pico da aventura espiritual. A reforma íntima não significa doar dinheiro, não é fazer caridade material sem alterar o padrão vibracional, é viver o acontecimento por amor, e não por pena ou dó. Fazer a caridade com igualdade, compaixão e felicidade, e não mais por pena: aí está a verdadeira reforma íntima. O problema é que o espírito não se reconhece como ser universal, ele se imagina uma personalidade a qual está ligado para a aventura espiritual. Ele não vê a ação do ego lhe transmitindo sensações, por isso não se vê como espírito que é, mas acha que o ego é ele mesmo. Quando isso ocorre, o que acontece? O espírito se subordina ao ego, ou seja, sente pena dos outros e exige que se faça a caridade material. Com isso ele se prende à necessidade de uma reforma externa, e acha que fazendo isso vai sair da carne e ir direto para o céu. Pobre ser humanizado, vai continuar vivendo a en-carnação no que vocês chamam de mundos inferiores, porque não promoveu a reforma de dentro, a reforma do coração, a reforma do sentimento, e então ele precisa continuar em provação porque ainda vibra, se sintoniza com as sensações geradas pelo ego em vez de sintonizar-se com Deus e
amar a tudo e a todos como Deus ama. Aliás, sobre esse tema, Cristo disse assim: “Deus quer que nós amemos a todos como Ele nos ama”. E não é dessa forma que eu falei (com felicidade, compaixão e igualdade) que Ele nos ama? Participante: Gostaria que o senhor falasse sobre o pedir, buscar e achar... “Peça, busques e acharás”. Este é um ensinamento do Cristo, portanto, é perfeito. Mas pedir, buscar e encontrar o quê? Aí está a diferença entre o ensinamento de Cristo e a compreensão que você tem sobre ele. O que você pede? O que você busca? O que espera achar? A maioria dos seres humanos busca e pede bens materiais, satisfação para o ego, satisfação de desejos. Portanto, só isso poderá encontrar. Quando encontram, acham que essa satisfação irá acompanhálos pela eternidade. Mas essa satisfação é um bem material, acaba com o desencarne. Cristo ensinou que você deve pedir,
“A
Lembre-se de que não se serve a dois senhores ao mesmo tempo. Se você, ser humano, compreendeu o que Cristo quis dizer e acha que deve pedir para encontrar apenas o bem espi-ritual, saiba que tem de abrir mão da felicidade material, do prazer material. Se você compreendeu, mas ainda acha mais importante conseguir bens materiais – e olha que não estou falando de objetos, mas de elementos como saúde ou paz material, esqueça esta história de elevação espiritual, porque ela não é para você. O problema é que a maioria quer o bem espiritual, mas não abre mão do bem material; quer alcançar a elevação espiritual, mas não abre mão da felicidade material. Isso é impossível. Na verdade, quem vive assim é hipócrita, pois diz que busca o Céu, mas ainda quer para si o bem material. Aliás, esse é com certeza o grande problema do ser humano: a hipocrisia. Ele diz que quer uma coisa, mas na verdade está de olho em outra.
REFORMA ÍNTIMA NÃO SIGNIFICA DOAR DINHEIRO,
NÃO É FAZER CARIDADE MATERIAL SEM ALTERAR O
PADRÃO VIBRACIONAL, É VIVER O ACONTECIMENTO POR AMOR, E NÃO POR PENA OU DÓ.
CARIDADE COM IGUALDADE, COMPAIXÃO E FELICIDADE: AÍ ESTÁ A VERDADEIRA REFORMA ÍNTIMA”
buscar e que achará o que quer, mas também disse que você colherá exatamente o que plantar. Se você buscar, pedir o bem espiritual, o amor o qual conversamos, é isso que vai encontrar. Mas se buscar prazer humano, ou seja, uma felicidade condicionada a ganhos, a valores materiais, é isso que encontrará. Você pode entender o que Cristo quis dizer com peça, busque e encontrará, mas tudo depende do que você pedir. Se você sonha em realizar a sua reforma íntima, peça coisas do Céu, e não da Terra, para que possa receber algo que seja eterno. Mas, se apesar de saber o que deve pedir, você continuar pedindo bens materiais, qual o problema? Nenhum. Se eu disse que todo acontecimento humano é apenas prova para o espírito, tanto o pedir como o receber bens materiais não é errado, apenas provação para um espírito. Qual o problema, então, em possuir bens materiais ou, como Cristo disse: “Não amealhe bens materiais?” O problema é que você precisa se conscientizar de que, quando opta por um dos lados da moeda, é preciso abandonar outro.
Por isso Cristo ensina: “Muitos buscam, mas poucos entrarão no Reino dos Céus”. Participante: A passagem do Evangelho que diz “...o escândalo é necessário, mas ai daquele que provocar o escândalo!” seria um complemento dessa passagem que o senhor citou? Sim, mas para a perfeita compreensão precisamos deixar bem claro o que é escândalo. Isso porque os seres humanos se baseiam nos elementos materiais para afirmar se algo é um escândalo ou não. Vou dar um exemplo: Matar alguém é um escândalo? Não. Em O Livro dos Espíritos, está escrito assim: “Ninguém morre antes da hora”. Se isso é verdade, não há escândalo em matar. Nenhum ato, na verdade, é escandaloso, pois toda ação nada mais é do que a criação ilusória de uma personalidade temporária a qual o espírito está ligado para realizar a sua provação. Tudo é uma representação teatral que cria uma oportunidade de elevação para o espírito. Mas se o ato em si não é um escândalo, e este existe como o Cristo afir-
“O ESPÍRITO NÃO SE RECONHECE COMO SER UNIVERSAL, SE IMAGINA UMA PERSONALIDADE A QUAL ESTÁ LIGADO PARA A AVENTURA ESPIRITUAL; NÃO VÊ A AÇÃO DO EGO LHE TRANSMITINDO SENSAÇÕES, NÃO SE VÊ COMO O ESPÍRITO QUE É, ACHA QUE O EGO É ELE MESMO”
mou, o que é o escandaloso? O espírito escandaliza o seu mundo quando vive em uma sintonia diferente de Deus, ou seja, quando não vivencia com o amor universal os acontecimentos da vida carnal. Então, o ser humano ter ganância não é escândalo, mas o espírito vivenciar como real esta sensação escandaliza todo o Universo. O mundo espiritual, liberto do egoísmo, se escandaliza: “Meu Deus, como aquele ser está apegado às coisas materiais! Será que ele não sabe que isso não vai durar”? Quando um ser humano critica o outro e o espírito aceita esta sensação como real, o mundo espiritual pensa: “Meu Deus, será que ele não ouviu o Cristo dizer que devemos amar ao próximo com a nós mesmos?”. Se deixar levar pelas sensações que o ego cria: esse é o grande escândalo para o mundo espiritual. Agora podemos voltar ao ensinamento de Cristo: “... o escândalo é necessário, mas ai daquele que escandalizar!”. A sensação de crítica é necessária, mas ai daquele que a vive como real, ai daquele que se apegue a essa sensação de crítica. Participante: É certo pedir ajuda do Pai para passar pelas vicissitudes de baixa e agradecer pelas vicissitudes de alta? Pedir ajuda a Deus para passar pelas vicissitudes de baixa: Isso é “certo” ou “errado”? Não sei. Eu diria que é desnecessário. Veja, se você precisa pedir ajuda a Deus, é sinal de que imagina que Ele não lhe ajuda e, por isso, é sinal de que você se sente desamparado. Mas Deus não abandona o seu filho em momento algum. Sendo assim, Ele está lhe ajudando, mas você não está “vendo” a ajuda Dele. Por isso eu disse que é desnecessário. Conhece a
parábola “Pegadas na Areia”? Nela está bem clara a afir-mação de que no momento de sua vicis-situde de baixa, você está sendo carregado no colo. Por isso eu digo que é desnecessário. Mais do que isso, eu digo que é falta de fé. Agradecer a vicissitude positiva. Por que você agradeceria a Deus por alguma coisa? Porque gostou do que aconteceu? Porque achou bom aquilo que ocorreu? Frente a tudo que ensinei até hoje, será que devemos agradecer a Deus quando nós gostamos do que ocorreu? Agradecer quando se gosta ou pedir a Deus que afaste
resposta para tudo que denota sintonia com Deus. É preciso viver as supostas ondas contrárias que o ego cria de uma forma reta, sem ver “bom” ou “ruim”. Nada temos a agradecer, porque nada é “bom”, e nem precisamos pedir ajuda, porque Deus está sempre nos ajudando. Participante: Eis um comentário de Sai Baba: “Em vez de encher a sua cabaça com erudição e conhecimento livresco, é muito melhor encher o seu coração com
“O ESPÍRITO, EM VEZ DE SOFRER COM A RAIVA OU COM A DOR, DEVE MANTER A SUA FELICIDADE; EM VEZ DE TER PENA DOS OUTROS, TER DÓ DO PRÓXIMO, DEVE SENTIR A VERDADEIRA COMPAIXÃO, TER A CONSCIÊNCIA DE QUE ELES ESTÃO SOFRENDO, MAS NÃO SOFRER COM ELES. DEVE, AINDA, USAR DA IGUALDADE, DAR O DIREITO AO OUTRO DE SOFRER NESSE MOMENTO” de si o cálice da vida não são provas de fé, são provas de que você está julgando o que Deus faz. Aliás, só em você ter uma vicissitude que julga ser positiva e outra que afirma ser negativa, já mostra a falta de sintonia com Deus. A crença na existência de um acontecimento que lhe agrade, já denota uma conivência com o ego, pois é ele que diz que tal coisa é “boa” e que você deve ficar feliz com isso. Fundamentado nesta premissa, o ego cria a ideia de que o espírito deve dizer “obrigado, meu Deus”. Obrigado por quê? Por que se exaltar quando a vicissitude é considerada positiva? Equanimidade – capacidade de experimentar de maneira estável as diferentes situações do mundo físico –, esta é a
amor”. Frase que vem de encontro ao que vem sendo dito aqui. O conhecimento adquirido através do estudo não leva a lugar nenhum, mas continuo ensinando coisas, para ser fiel ao que ensino. Se eu dissesse: “Ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, ame a tudo e a todos”, já teria dito tudo o que tenho para dizer. Infelizmente, vocês não sabem o que é amor, por isso continuo vindo aqui e falando. Continua na próxima edição... INSTITUTO DE ANIMAGOGIA – Centro de Estudos e Difusão de Saber Espiritualista e Universalista mantido pela ONG Círculo de São Francisco. Extraído da versão on-line no site www.meeu.org
Fé – Definição: A firme opinião de que algo é verdadeiro. Não existe dúvidas quando se tem a verdadeira fé, pois é impossível duvidar e ter fé ao mesmo tempo. Podemos ter fé em uma pessoa, em um objeto, em uma ideologia, em um pensamento filosófico, em um conjunto de sistemas e regras, em um paradigma, em um dogma.
•Fé vem do latim Fides = Fidelidade •Crer vem do latim Credere = Ter como verdadeiro •Fé é uma atitude de consciência •Crer é um ato de boa vontade Ter fé exige conduta coerente com seus valores morais. Quem apenas acredita, age de acordo com suas conveniências. Quem não está sintonizado com o Espírito de Deus, seu Criador, não tem fé, apenas acredita Nele.
Fé cega é aquela sem conhecimento, sem experiência e sem vivência. É uma fé emocional. Estamos em uma caminhada pela nossa evolução, mas para que esse crescimento aconteça, temos que estudar, saber como as coisas funcionam e também procurar viver aquilo que aprendemos. Só vivendo esse aprendizado é que teremos condições de abrir os olhos aos
detalhes que se apresentam à nossa frente. Quem tem fé cega, em um momento de desespero corre ao encontro de uma solução, acreditando em tudo que lhe dizem sem questionamentos. É aquele indivíduo que apenas repete fórmulas superficiais, ditadas por esta ou aquela religião, pois não tem a base do aprendizado para discenir o
certo do errado e, assim, vive desorientado e confuso diante dos problemas e situações mais difíceis. Muitos são os que se aproveitam da boa fé dessas pessoas nesses momentos de fragilidade para as ludibriarem, para tirarem delas tudo o que podem usando o dom da palavra, cerimoniais, rituais, antes que elas possam parar para pensar ou que outras pessoas possam alertá-las.
A fé raciocinada é quando a criatura entende as leis do universo, que são as leis que as dirigem, não há dúvidas, para tudo existe uma explicação. Quando racionalmente se entende que Deus é bom e dá aos seus filhos inúmeras oportunidades, que os permite aprender com seus erros e com suas escolhas, chega-se a conclusão de que Deus não tem mistérios, ele permite que as pessoas compreendam através de sua própria responsabilidade. “Escolhemos segundo desejamos e colhemos segundo escolhemos” Deus não tem preferências, não pune e nem premia a ninguém. Ele garante a todos nós a igualdade. Temos que raciocinar sobre as coisas que vemos e ouvimos, ou que alguém ouviu falar. Kardec já dizia que temos de ter uma fé baseada no conhecimento. A fé representa segurança, pois conhecendo os fundamentos, a base daquilo em que se acredita, adotamos um comportamento de acordo com os princípios morais. Com a fé raciocinada, a criatura não permite que os problemas da vida a derrubem, pois fundamenta sua fé não nas manifestações; não nas aparências, mas no cumprimento fiel daquilo em que crê.
Fé não é o que se fala, não está em uma vestimenta ou em um corportamento. Não é cerimônia, não é evento, não é ritual, não é repetir palavras, não são sinais. É algo muito mais profundo, é a essência da escolha que se faz nos princípios que devem ser vividos. Quem tem fé raciocinada, coloca seu comportamento de acordo com aquilo que diz acreditar e, pelo simples fato da coerência entre fé e atitude, encontra as raízes que lhe sustentam em qualquer dificuldade. Enquanto que aquela pessoa que só acredita, não faz nada além de se desesperar, pois sempre está movida pela dúvida, o que a faz pular de um lugar para o outro.
PapoEntrelinhas / João Júlio da Silva
O
s dias são difíceis e obscuros, de grande cegueira intelectual e espiritual, por isso mesmo, neste tempo singular, cinzento e triste por tanta ignorância, violência e agressividade descomunais, considero o momento propício para uma pausa oportuna para reflexões. Já disse e repito que acredito que o grande problema existencial da humanidade esteja interligado aos conflitos nos relacionamentos. É o tipo de relacionamento que uma pessoa tem com outras pessoas que indica quem ela realmente é e em quem poderá um dia se tornar. Os conflitos são inevitáveis, as pessoas são diferentes umas das outras, pois no relacionamento entram em cena fatores intelectuais e emocionais, que sofrem influências e revelam a complexidade de cada um. Juntando a tudo isso o posicionamento religioso, aí a situação se complica ainda mais. E não existe nada pior para o ser humano do que o fanatismo religioso, uma desgraça em qualquer relacionamento. O mundo rasteja entorpecido por esse ópio devastador.
Uma comunidade ou uma sociedade tem a sua origem na família, seja ela qual for. Ali está a explicação para o que ocorre dentro de um cenário social. Sendo assim, vejo hoje uma inversão de valores. As pessoas que põem a religiosidade à frente do convívio familiar estão invertendo até a ordem natural das prioridades divinas. Esse tipo de radicalismo machuca, desagrega, separa e mata. Duvido que Deus se agrade de pessoas que deixam a família de lado para seguir aos comandos de uma religião. A responsabilidade pela família deveria ser um grande serviço a prestar em nome de Deus, mas muitas pessoas impregnadas de religiosidade não conseguem sequer perceber isso. O mundo precisa mais de amor fa-
miliar e fraternal do que dedicação irracional em nome da fé e de uma religiosidade cega. O mais desalentador no fanatismo religioso é não admitir o estado miserável de cego conduzindo cego, pois religião não salva ninguém. A fé não é, por nenhum mérito, próprio de ninguém, pois é dom gratuito de Deus. Por isso mesmo não se permite a alguém ter a arrogância de se achar melhor que qualquer outro ser humano. Não se deve fazer acepção de pessoas em nome da fé. Ela também não deve ser motivo para separação das pessoas que não comungam crença alguma. Estamos todos num mesmo mar que nos levará até o outro lado de suas águas, com ou sem fé. Todo ser humano é livre para seguir o seu caminho, a sua rota no seu barco, navegar do seu jeito, mas cada um é responsável pela escolha que fizer e deve responder por ela. Mas não se deve ignorar que juntos vamos remando até a outra margem, onde cada um seguirá seu caminho conforme sua fé ou a total ausência dela. Mas é preciso navegar sem fanatismo religioso, pois a fé cega põe o barco à deriva e pode levá-lo a naufragar em alto-mar.
Embora inevitáveis, os conflitos dessa vida devem ser solucionados de maneira racional, sem intransigência de qualquer parte envolvida. O fundamento para um caminho pacífico está baseado no autoconhecimento e na paciência com o outro. Isso se tornará realidade através do amor e do perdão, ingredientes poderosos em qualquer relacionamento. O mundo jamais será melhor sem que haja relacionamentos melhores; é fundamental valorizar o relacionamento com os outros. Do contrário, a vida tende a sucumbir no gigantismo da arrogância e do orgulho. A falta de afeto entre as pessoas é criadouro inesgotável de relacionamentos conturbados e doentios. As dificuldades e desafios da vida provocam desequilíbrio emocional, mental e insegurança naqueles que se sentem mutilados em seus próprios passos.
“... VEJO HOJE UMA INVERSÃO DE VALORES. AS PESSOAS QUE PÕEM A RELIGIOSIDADE À FRENTE DO CONVÍVIO FAMILIAR ESTÃO INVERTENDO ATÉ A ORDEM NATURAL DAS PRIORIDADES DIVINAS.
ESSE TIPO DE
RADICALISMO MACHUCA,
DESAGREGA, SEPARA E MATA”
Apesar de gerarem loucuras, os conflitos são oportunidades para o aprendizado e para crescermos com eles. Diante dos obstáculos, se faz necessária uma atitude de coragem, um posicionamento para uma nova rota, uma mentalidade aberta que traga mudanças para o bem de todos. No mundo conturbado em que vivemos, é necessário que cada pessoa seja uma ponte para as demais. Com uma postura assim, se torna possível a construção de um mundo melhor.
Mais do que nunca, precisamos de paz. Para isso, se faz necessária a sua semeadura neste mundo hostil. A vida se torna melhor com paz emocional, relacional e comunitária. A verdadeira paz só tem aquele que realmente conhece o seu poder e a deseja de coração. E fica o alerta de que toda pessoa tem liberdade para fazer suas escolhas na vida e ninguém tem condições ou prerrogativas para questionar o livre-arbítrio de cada um.
Por Sacerdote Marcel Oliveira
O sentido da Fé vai muito além de nosso campo de entendimento acerca do que ela realmente traz em nossas vidas. A Fé realmente move montanhas! Sem a Fé em nossas vidas, não teríamos a menor possibilidade de evolução em nenhum campo.
P
ara você deixar seu filho ir à escola, também se deve ter muita fé de que tudo correrá bem, não é mesmo? No sentido religioso também ocorre o mesmo, com a diferença de que na religião é onde estimulamos nossa Fé maior, que é na vida e em Deus. Quando nossa suprema Fé no Criador e em nossas vidas se torna plena, levamos esse sentido para todas as situações em nossas vidas e nos tornamos seres livres de medos e aflições de que algo possa dar errado a qualquer momento.
“... PARA QUE A FÉ NÃO SEJA DETURPADA OU INVERTIDA DE SEUS REAIS
VALORES, DEVEMOS SEGUIR, RESPEITAR E ENTENDER A FÉ DO PRÓXIMO...”
A Fé transforma, ilumina, fortalece o ser em todos os sentidos. Mas a Fé nunca pode ser cega, ou seja, não podemos transformar nossa Fé em objeto de ego e ignorância, achando que ela é o caminho que salva os outros também. A Fé é a nossa força na caminhada e nossa verdade diante da vida e de Deus. Mas devemos ter consciência de que, apesar de vivermos em sociedade e no coletivo, somos indivíduos e, como indivíduos, enxergamos e professamos nossa fé de forma individualizada, mesmo que pertençamos a um grupo de doutrina que expressa um caminho e uma verdade no campo da Fé.
“A FÉ TRANSFORMA, ILUMINA, FORTALECE O SER EM TODOS OS SENTIDOS. MAS A FÉ NUNCA PODE SER CEGA, OU SEJA, NÃO PODEMOS TRANSFORMAR A NOSSA FÉ EM OBJETO DE EGO E IGNORÂNCIA, ACHANDO QUE ELA É O CAMINHO QUE SALVA OS OUTROS TAMBÉM” Sim, só nós sabemos, no íntimo, como lidar com o sentido da Fé em nossas vidas. E para que a fé não seja deturpada ou invertida de seus reais significados e valores, devemos seguir, respeitar e entender a fé do próximo, nos tornando uno e parceiros na crença de que tudo dará sempre certo quando caminhamos com a certeza e a confiança de que nosso caminho é pleno de amor e fé. Podemos dizer que Fé sem razão não é fé, podemos dizer que Fé sem doutrina é caos, mas, na verdade, a fé plena tem duas companheiras inseparáveis e, sem elas, nunca será plena dos mistérios de Deus, que são a Sabedoria e o Amor. Sabedoria não é conhecimento, é um sentido que temos em nosso ser imortal e que só brota quando realmente seguimos um caminho de luz e harmonia com o Todo. Conhecimento todos podem comprar, mas sabedoria não tem preço. Amor é o néctar do criador que faz com que sua Criação crie vida e cor, portanto, Fé com Sabedoria e Amor são os principais ingredientes contra a inversão dos seus reais valores, que são a ignorância, a ilusão, o fanatismo e a cegueira da alma e da mente.
“
Comecei a aprender os toques de Umbanda em 1979 na Escola Félix Nascentes Pinto, há exatos 35 anos. Me formei em 1984 e fiquei durante quatro anos dando aulas de atabaques para crianças nessa escola. Toquei durante 35 anos na Tenda de Umbanda Cacique pena Vermelha e Ogum Iara, de Mãe Sebastiana, minha mãe carnal. Durante um ano toquei no Balé Popular do Recife, onde aprendi outros ritmos, trazendo essa experiência cultural para a Umbanda”
Quando você montou sua primeira Escola de Corimba? Zezinho de Oxalá: Em 1995, abri a Escola de Curimba, Arte e Cultura Nilton Fernandes. Hoje a escola permanece com os Filhos do Cacique e eu montei a Escola de Curimba, Arte e Cultura Pilão de Prata. Hoje você está partindo para esse lado mais cultural, que é uma das forças que nós temos na Umbanda... Zezinho de Oxalá: Nós temos um grupo de Afoxé e também montamos instrumentos de percussão, como Xequerê, Djembé, etc., tudo isso para movimentar um pouco mais esse lado cultural. Sabemos que a Corimba e o corimbeiro, principalmente, têm um papel muito importante no ritual de Umbanda. Zezinho de Oxalá: O que o pessoal precisa começar a entender e aprender a separar é que ponto de terreiro é uma coisa e música para tocar em festival é outra. Pode funcionar em uma festa, uma homenagem, mas para uma Gira, seja de atendimento ou desenvolvimento mediúnico, já não serve. Os pontos têm de ser tocados no momento certo e a pessoa que está ali tocando, que é responsável por esses pontos, deve ter conhecimento para saber onde devem ser aplicados, porque são pontos de energia. O que falta no corimbeiro é essa responsabilidade, essa consciência. Muitas vezes, o bonito
nem sempre dá certo... Muitas vezes, aquele jeito arrastado de se cantar um ponto é que dá a vibração correta, necessária para aquele momento. Na escola Pilão de Prata os alunos também aprendem a liturgia de Umbanda, ou seja, como se desenvolve uma Gira e quais os toques que devem ser usados. Há certas giras que são carentes de pontos. É comum ver, em Gira de Cigano, a casa tocando CDs de músicas ciganas. Também são poucos os que conhecem e tocam pontos para Marinheiro, e nós precisamos chamar a atenção para isso. Existe na Umbanda a possibilidade de um corimbeiro também ser um médium de incorporação? Zezinho: Em alguns casos, sim. Existem alguns corimbeiros que, por necessidade, deixam o atabaque e, se não tiver ninguém para tocar no lugar, cobrem o instrumento e vão para a Gira participar como médiuns de incorporação. Você falou em cobrir o atabaque. Por que existe essa tradição dos atabaques serem cobertos? Zezinho de Oxalá: É por respeito. A partir do momento em que aquele instrumento foi destinado ao uso sagrado, nos rituais, não pode mais ser usado para qualquer outro fim. Então, no terreiro ele é coberto para que haja o respeito.
JOSÉ APARECIDO
OGAN ZEZINHO NASCIDO
DE
DE
SOUZA
OXALÁ
EM FAMÍLIA UMBANDISTA,
COMEÇOU CEDO A TOMAR GOSTO PELO SOM DOS ATABAQUES.
Também não serve para ter banco de ferro, deve ser de madeira. Hoje em dia todo mundo usa tumbadora, conga, mas tem de ser sobre a madeira. Isso porque o pessoal busca muito a qualidade do som. Independente de qual seja o instrumento que está sendo usado no terreiro, ele é sagrado e deve ser coberto quando não estiver em uso.
CONTATO:
Rua Euclides Pacheco, 1975 – Tatuapé – SP (11) 98183-3120 / 98627-6777
[ A Perua]
“ESSA ‘BIGA’ NÃO FOI
DESMONTADA E NEM VENDIDA, ESTÁ UMA CIDADE POUCO
Do livro “Casos Reais Acontecidos na Umbanda” Autor: Sílvio da Costa Mattos – Editora Portais de Libertação
E
m 1994, Genil, um dos muitos médiuns da APEU, tal qual era sua esposa Maria, passou por momentos difíceis quando teve o seu veículo furtado do pátio do estacionamento de um famoso e gigantesco supermercado. Foi uma parada muito breve, pois seu intuito era pegar uma única mercadoria que estava em oferta num stand, localizado mais ou menos na parte central do estabelecimento. Até o pagamento seria rápido, porque poderia passar pelo caixa destinado ao atendimento de clientes com poucos volumes a serem registrados. Apesar de toda essa facilidade que lhe ocupou pouquíssimo tempo, ao chegar ao local onde deixara sua Perua Kombi, não mais a encontrou e, inconformado com o acontecimento, dirigiu-se à Delegacia de polícia daquela circunscrição para registrar o Boletim de Ocorrência de Furto de Veículo. De acordo com o modelo do carro, a autoridade de plantão, depois de cumprir as exigências de praxe, baseada em sua experiência em casos semelhantes, conversando informalmente com Genil, disselhe que dificilmente conseguiriam encontrar sua perua, porque os ladrões de carros que agiam naquela área já estavam tão treinados que, em curto espaço de tempo, desmontavam qualquer carro e sumiam com as partes que lhes poderiam incriminar, ou então as distribuíam em lotes separados, pelos diversos desmanches, inclusive aqueles localizados na própria região. Desanimado com a informação, Genil voltou de ônibus para casa e, muito preocupado, uma vez que não possuía um seguro da perua, lembrou-se de quanto lhe havia sido difícil comprá-la e das privações pelas quais teve de passar para juntar o suficiente a ponto de adquiri-la, ou seja, ao menos para completar sua entrada, e que ainda tinha um carnê com muitas prestações para que ela fosse quitada. No dia da sessão posterior ao fato, o casal contou ao Exu das Sete Portas o que lhes havia acontecido e, aquela entidade espiritual sorriu e lhes falou, sem titubear: “Essa ‘biga’ (nome que dá aos veículos automotores) não foi desmontada e nem vendida, está em uma cidade um pouco distante daqui. O lugar em que se encontra é um terreno grande, com elevados muros e um portão muito alto,
semelhante a uma fábrica, de modo a não levantar suspeitas. E digo mais: ela está praticamente na parte central da cidade; mas não fique triste, porque até o dia da próxima gira neste terreiro você já a terá recuperado”. – Espero que seja assim, disse-lhe Genil, – afinal, é com ela que eu tenho trabalhado para reforçar o orçamento e ajudar meus familiares. Na semana seguinte, em uma segundafeira logo pela manhã, Genil recebeu um telefonema em que o convocaram a comparecer à Delegacia de Polícia de Itatiba para tratar de assunto de seu interesse. Rapidamente, foi para sua residência avisar que iria viajar. Correu à Estação Rodoviária, apanhou o ônibus e dirigiu-se àquela cidade do interior de São Paulo, localizada na região de Campinas, próxima a Vinhedo e Valinhos. Seu coração estava acelerado e recordouse da conversa que havia tido com o Seu Sete Portas; de pronto, associou-a ao incrível chamamento. Chegando ao Distrito Policial, um investigador levou-o a uma ala contígua ao setor de expediente do plantão e, aconselhando-o a sentar-se em um sofá que ali existia, narroulhe o seguinte: – Você deve ter alguma proteção especial. Seu carro foi recuperado e até o guarda rodoviário que o apreendeu ficou sem entender o que o levou a pará-lo para uma averiguação. Disse-nos o militar que, na tarde de ontem (domingo), a estrada estava tranquila, sem notas de acidentes ou de qualquer outra espécie de ocorrência que pudesse levar preocupação para ele e para a sua equipe. Porém, entediados com o marasmo, já que o sossego reinava ali no momento, ocupavam-se assistindo a um programa de televisão num canto da cabine e que, notando que não havia nenhuma anormalidade, resolveu dar mais uma verificada na estrada. Olhou para um lado, depois para o outro e, de repente, viu surgir ao longe uma perua que não vinha com muita velocidade, mas que, ao se aproximar de onde se encontrava, embora tenha alegado que não intencionasse fazê-lo, movido por uma força estranha, deu sinal para que o seu motorista parasse, direcionando-a ao acostamento. Seria mais uma inspeção corriqueira, não fosse o fato de o seu condutor descer gaguejando e tremendo quando lhe foi solicitada a apresentação dos documentos, seus e do carro. Sentindo que não iria conseguir convencêlo se arranjasse uma desculpa qualquer por não portá-los, acabou confessando que se tratava do produto de um furto acontecido
DISTANTE DAQUI.
O LUGAR
EM QUE SE ENCONTRA É
UM TERRENO GRANDE... NÃO FIQUE TRISTE, ATÉ O DIA DA PRÓXIMA GIRA VOCÊ JÁ A TERÁ RECUPERADO”
em São Paulo. Ao ser interrogado a respeito do esquema utilizado para passar pelos vários postos policiais existentes ao longo do caminho até chegar àquele município, o fora da lei declarou: – Roubamos dois veículos de forma simultânea e, antes de entrarmos na rodovia, na altura do Pico do Jaraguá, trocamos suas placas e isso facilitou. Quem estava à procura de uma Kombi Clipper branca com a placa de determinado número, ao verificar que este não correspondia ao registrado na queixa e no rádio de “caráter geral”, franqueava-nos a passagem e, usando a mesma tática, trouxemos para cá um Passat também. O investigador continuou. – Sua perua vinha sendo guardada em um desmanche (ferrovelho) clandestino na zona central, bem perto daqui, em um lugar que supúnhamos ser uma garagem de uma empresa que tem enormes muros e um portão azul que lhe acompanha a altura. Seu carro está aqui; vamos até os fundos da Delegacia para que você possa fazer o seu reconhecimento de modo a antecipar o trabalho do delegado no momento de devolvêlo. Não sei se você está sabendo, mas o trâmite correto é levar o veículo para o Departamento de Trânsito a fim de ser vistoriado e, só então, mediante um laudo que deverão emitir, voltará a esta delegacia para que o doutor assine a documentação e autorize sua liberação. Mas estamos cuidando de facilitar esse trabalho, pois sabemos que você é de longe e isso poderia levar alguns dias para acontecer. Na verdade, o policial estava usando de artimanhas para tirar-lhe algum dinheiro e, entendendo bem o seu recado, discretamente, Genil deixou em suas mãos uma boa gratificação que, a princípio, não foi o bastante para satisfazê-lo, tendo que aumentá-la, já que o homem lhe pressionou dizendo que teria de dividi-la com mais pessoas, inclusive com o guarda rodoviário que deu origem à apreensão. Durante o exame que fez, Genil constatou que, com exceção do banco do motorista que haviam trocado, tudo no veículo estava intacto Na cela do plantão, já estavam recolhidos três membros da quadrilha e, assim, conforme lhe prenunciara o Exu das Sete Portas, em outra cidade ele pôde reaver a perua que lhe havia sido surrupiada.
(1ª parte)
A Umbanda reconhece as derivações oriundas de seu cruzamento com outras religiões, ocasionadas pela diversidade religiosa no Brasil, e se posiciona totalmente contra qualquer forma de discriminação a elas, em conformidade com a lei 7.716 de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei nº 9.459, de 15 de maio de 1997. É importante ressaltar que estamos tratando de Umbanda, defendendo claramente uma base fundamentada nos ensinamentos do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
A
Umbanda é uma religião que crê na existência de um Deus único, Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as Suas perfeições. Celebramos a vida, respeitamos a natureza e todos os seres existentes na face da Terra. Cremos na existência dos Sagrados Orixás, responsáveis diretos por toda a criação do universo e sustentação do Planeta Terra. Acreditamos na existência e comunicação mediúnica através de medianeiros preparados para tal tarefa, em trabalhos caritativos e atendimentos fraternos dos Guias Espirituais, Espíritos Tutelares que buscam nas águas, nas ervas e demais elementos da natureza, a fonte para as energias necessárias à liturgia da Umbanda, beneficiando seus seguidores sem a necessidade do sacrifício animal, entendendo que esse tipo de trabalho não cabe a esta religião. Dando por verdade que a Umbanda teve contribuições positivas das religiões e/ou filosofias Espírita, Indígena, Africana e do Catolicismo popular, aceitando tudo o que é bom e rejeitando tudo o que não coaduna com as necessidades espirituais religiosas do conceito umbandista, entendemos que a Umbanda não se submete a nenhum dogma relacionado às religiões ou filosofias citadas, sendo livre de interferências. Afirmamos que a prática do uso animal (sacrifício) citada no Velho Testamento, ou mesmo a realizada em cultos milenares de outras religiões, não são citadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas como fundamento de Umbanda. Cremos em Jesus (Oxalá), sendo Ele o pilar central da Umbanda e nos ensinamentos dos Espíritos Crísticos como via evolutiva para se chegar à Espiritualidade Superior. A Umbanda é uma religião de “Culto à Caridade”. Dá ênfase à simplicidade dos rituais, que permite a dedicação integral do tempo das sessões em atendimento fraterno aos que a ela recorrem. Nos atendimentos fraternos está o assistencialismo da Umbanda, sempre de forma caritativa.
Cremos na existência de sítios vibratórios da Natureza (praias, matas, cachoeiras, pedreiras, montanhas, campos, lagoas, fontes, jardins, etc.), onde os Sagrados Orixás manifestam-se com mais intensidade, emanando magnetismos necessários à nossa sobrevivência, onde vamos constantemente, promovendo concentrações para refazimento energético, harmonizações e captação de energias sublimes, nos reequilibrando com as forças da Mãe Natureza. A Umbanda reverencia a Mãe Natureza por ser nela que se encontra a mais pura manifestação Divina, onde buscamos nos harmonizar com as forças ali reinantes, sustentadoras de toda a forma de vida planetária, atraindo forças do universo para complementar tais vibrações já existentes em nosso planeta, unindo, assim, poderosas forças divinizadas existentes nos Planos Espirituais. Os ritos da Umbanda são realizados por meio de orações e pontos cantados, que podem ser ritmados através de instrumentos musicais. Realizamos descarregos, utilizamos ervas em defumações, banhos, amacis e fazemos uso ritualístico do tabaco, tendo ainda nos elementos minerais, formas condensadas de energias que são aproveitadas nesses ritos, tais como pedras, cristais e metais, incluindo a energia essencial dos quatro elementos da natureza. A Umbanda atua na elevação, educação religiosa e evolução dos espíritos, praticando trabalhos que visam este progresso do ser humano, direcionando a reforma íntima através dos postulados de Jesus, que são ensinados pelos Guias Espirituais que se manifestam nos templos.
NÃO
OFERENDAMOS ANIMAIS
A Umbanda é uma religião preocupada com o respeito à natureza e baseada nos ensinamentos do Cristianismo revivido na prática da caridade, na elevação do espírito e na preservação da família e, sobretudo, com a evolução espiritual das crianças e dos jovens.
A Umbanda não pratica o sacrifício de animais para assentamentos magísticos, quer para homenagear Orixás, Guias Espirituais, Exus e Pombas-Giras, quer para fortificar mediunidades ou mesmo em processos ofertatórios ou demandatórios para obtenção de favores de qualquer ordem, pois recorre às orações, descarregos (desobsessões) ou, se preciso, oferendas votivas de flores, bebidas, frutos, sucos, chás, alimentos, incensos, velas, ou seja, produtos naturais e de elevada vibração em manipulações magísticas, isentas de materiais de energia vibratória densa, uma vez que um dos objetivos da Umbanda é elevar e sublimar o Espírito dos seus iniciados e assistidos, levando-os a compreender e interiorizar a Verdade de que o Espírito é superior à matéria. A reforma íntima, fé, amor, orações são os principais fundamentos religiosos da Umbanda e suas práticas ofertatórias são isentas de materiais de densa frequência vibratória (sangue, ossos, carnes, etc.). A oferenda votiva, além de operação magística, é também uma reverência espontânea aos Sagrados Orixás e sua prática é recomendada aos seus fiéis.
TRABALHAMOS
COM O SANGUE VIVO QUE CORRE NAS VEIAS DE NOSSOS MÉDIUNS
Ervas, flores, velas, pedras, colares e águas são elementos fabulosos e mágicos nas mãos de religiosos de Umbanda, mas vamos além desses elementos. Sem sermos apenas ritualistas, somos contempladores da Luz de Oxalá, utilizando elementos da natureza e preservando a fauna e a flora. O altruísmo é virtude nata de um médium de Umbanda, que se entrega na tarefa edificante sem jamais colocar valores monetários na contraparte do atendimento religioso e sem utilizar de artifícios como o sacrifício animal. O que se ganha sempre será a elevação espiritual pelo ato de servir, onde o médium se coloca apenas como um instrumento das forças da Espiritualidade. Este religioso tem como missão servir e respeitar todas as religiões existentes, mas deve se posicionar sobre o que crê e pratica. Defendemos a vida em todos os sentidos e a educação de seus seguidores. Damos de graça o que de graça recebemos. Vivemos para a Umbanda e não da Umbanda, somos soldados da Luz e vibramos o amor para todos os seres existentes. Não realizamos o sacrifício animal.
Texto de José Alvares Pessoa –1960 / Foto: Marques Rebelo
A magia é um tema que me fascina e sobre o qual resolvi tecer algumas considerações. Antes de mais nada, o que é a Magia? Para os letrados, é superstição grosseira, ignorância e exploração da credulidade humana. Mas nós, que lidamos com a magia, que a realizamos, que vemos seus milagres diários, sabemos que magia é a Ciência da vida e da morte, ciência do Bem e do Mal, é a arte magna que nivela o homem aos deuses.
S
egundo o sábio Adolfo Weiss, que estudou a Magia à luz das Ciências oficiais, esta revela-se a irmã maior da moderna física dos raios e seu domínio é aquele mundo intermediário entre o conhecido ou material e o do éter, sobre o qual apenas se pode fazer conjecturas. E acrescenta aquele ilustre sábio: “A magia é, portanto, uma ciência dos fluidos, que constitui um ramo conhecidíssimo das Ciências Naturais”. E o que fazemos nós na Umbanda? Aproveitamos, por processos de magia, os fluidos que a ciência reconhece e que enchem o espaço que nos rodeia, para aplicá-los em benefício da humanidade sofredora. Todos nós, que frequentamos as Tendas de Umbanda, sabemos como se realizam as suas sessões de magia e como chamamos os nossos Guias, que outra coisa não fazem senão manejar esses fluidos com a sua incomparável maestria. Realizando a difícil tarefa de impor-se num meio em que uma certa maioria lhe é hostil, a Umbanda revive os milagres da magia eterna, que durante quase 2 mil anos o poder da Igreja de Roma procurou esmagar e que, apesar da luta sem tréguas, floresceu sempre sob o mais rigoroso sigilo, em meio fechado e só acessível a iniciados. Hoje a grande magia é feita às claras e o reconhecimento dos direitos do homem e a liberdade que a este é assegurada pelo domínio da democracia dão à Umbanda a oportunidade de aparecer, realizando, em sua humildade incomparável, a missão de defender os que a buscam dos temíveis efeitos da magia negra que, pelos mesmos motivos, também é hoje praticada às claras. A magia é quem move o mundo. É a grande força invencível que pode ser manejada para o Bem ou para o Mal. É uma força viva, como a eletricidade ou a energia atômica, da
qual só duvidam os que não querem ter o trabalho de raciocinar um pouco. Diz Eliphas Levy: “A magia encerra, numa mesma essência, o que a filosofia pode ter de mais certo e o que tem a religião de infalível e eterno. Ela concilia perfeita e incontestavelmente dois termos que, à primeira vista, podem parecer tão opostos: fé e razão, ciência e crença, autoridade e liberdade. Ela dá ao Espírito humano um instrumento de certeza filosófica e religiosa exato como as matemáticas e corroborando a infalibilidade das próprias matemáticas. A Alta Ciência, a Ciência Absoluta, é a Magia”. E é essa força viva, essa “Ciência Absoluta”, que a Umbanda maneja magistralmente com seus poderosos Guias, por intermédio dos humildes instrumentos dos terreiros, os nossos irmãos médiuns, que com o mais abnegado espírito de sacrifício, tudo deixam para prestar o auxílio que lhes é pedido. Mas não há sacrifício sem compensação; a infinita misericórdia divina se derrama sobre os que, chamados, acorrem aos apelos sem restrições, proporcionando o bem aos que humildemente procuram os terreiros de Umbanda. A bondade divina aplica as dificuldades e remove os obstáculos do caminho dos que ajudam aos seus semelhantes. E àquele que de coração se dedica ao serviço do bem, nada falta, porque Deus é opulência, Deus é o Dono de tudo, das riquezas, da saúde, da felicidade e da alegria, que fartamente distribui aos que O servem com dedicação e sem um instante duvidar de sua magnanimidade. A Umbanda, como magia, não se acolhe em templos sublimes cobertos de ouro e pedrarias para a realização de seus ritos simples e algumas vezes altamente complexos. Ela promove o bem-estar e a feli-
“A Mãe Terra é o primeiro, o melhor, o único templo”, diz Roso de Luna, o grande teósofo espanhol. E acrescenta: “De suas entranhas imortais saímos antes mesmo de existirmos para a vida física como simples gérmen, e a seu casto regaço voltaremos quando ressoar, ao nosso ouvido, já cerrado às grosseiras vibrações do mundo exterior, a chamada para a eternidade – Oh! Fiel discípulo, a recolher o fruto de tuas dores e de teus anelos!” cidade dos que a buscam. O “terreiro” é seu humilde templo. Significa “espaço de terra”, “largo ao ar livre” e, mais simplesmente, “terra”. Na humildade dos terreiros acolhedores, vai-se realizando a obra maravilhosa de bondade cristã que cura os enfermos do corpo e da alma, alivia dores, cicatriza feridas, arranca do abismo os que, dominados por forças cegas, se rebelam contra a determinação do destino e tentam destruir as suas vidas. Lemos ainda, em Adolfo Weiss: “No Universo existem forças encarregadas por Deus que se chamam anjos ou demônios, gênios ou espíritos. São inteligências imateriais. Esses gênios possuem faculdades peculiares com as quais podem exercer, sob certas condições, uma influência sobre a Natureza. Cada um dos gênios tem nome, número e signo determinados. Estas três características servem para chamar o gênio respectivo a fim de que cumpra algum encargo na esfera dos fenômenos naturais que lhe são adequados”. Ninguém disse tanto em tão pouco, que melhor pudesse caracterizar a verdadeira natureza dos admiráveis Guias que, sob a denominação de Caboclos e PretosVelhos, vêm fazer a caridade nos terreiros de Umbanda aos orgulhosos senhores da
Terra. São os nossos Guias, Gênios ou Inteligências Imateriais, como os qualifica o sábio alemão, os Mestres da Magia Natural, os manipuladores dos fluidos que curam as moléstias físicas ou psíquicas, os trabalhadores do labratório do Astral, esse mundo intermediário a que já aludimos, que na Umbanda chamamos de “Linha das Almas”. E a manipulação desses fluidos, boa ou má, com o objetivo de curar, de fazer a felicidade ou a desgraça de alguém se chama “magia” – que é tão velha quanto o mundo, que tem tido seus períodos de fastígio e decadência, mas tem imperado sobranceira e vivido ocultamente sob mil disfarces em terríveis épocas de perseguição. Mas nunca deixou de ser exercida, fosse qual fosse a sorte reservada aos seus adeptos, ora chamados de alquimistas, ora de bruxos, feiticeiros, etc. Não sendo religião, todas as religiões a praticam mesmo inconscientemente, ou ignorando que a fazem os seus sacerdotes (como os da Igreja Católica, que perdeu a chave dos mistérios) quando realizam as suas cerimônias, que outra coisa não são senão operações de Alta Magia. Na Igreja Católica, já citada, são atos mágicos a missa celebrada diariamente em seus altares, os batizados, os casamentos e todos os “sacramentos”. O padre, ao realizar qualquer cerimônia litúrgica, invoca os seus santos, para nós Espíritos, Gênios ou Inteligência Imateriais, que têm nome, número e signo determinado. Reparemos os símbolos usados nas Igrejas, os objetos de culto, as imagens, a roupa ritualística bordada com signos misteriosos que os sacerdotes vestem, as palavras que pronunciam ou cantam, absolutamente cabalísticas, as essências olorosas que queimam, a água com que se aspergem, os mil e um passos ritmados (a dança sagrada) que dão ao realizar a cerimônia, os gestos mágicos que fazem, etc. Tudo isso é magia. Os Guias da Umbanda, que acorrem ao nosso chamado, feito com a mais pura e sincera fé, realizam, sob os olhos atônitos dos que os invocam, os milagres diários que dão vida aos condenados à morte pela Ciência, que proporcionam felicidade aos desesperados da vida, que confortam o coração dos aflitos com as palavras de amor e esperança que sabem dizer quando necessário é, que levantam os espíritos abatidos pela dor e que nos mostram a cada passo como é vã e tola a vaidade dos que se julgam alguma coisa. Nossos irmãos, tocados por uma centelha que os ilumina, movidos pela dor que os atormenta, aflitos pela falta de consolação que inutilmente buscam em outros templos e que lhes é negada, viram, com olhos abertos pelo espanto
que, entre os humildes da Umbanda lhes é reservado um lugar onde encontram alívio para os seus sofrimentos, consolo para as suas dores, esperança para a realização de uma vida melhor e onde sôfregos alimentam-se espiritualmente na fé dos Pretos-Velhos e dos Caboclos, que, sem alarde, lhes vão distribuindo bênçãos. É a vitória da Umbanda! É a nossa vitória! E, no entanto, quão poucos são os que sabem o que é a Umbanda, quão pequeno é o número dos que se detém para meditar nos mistérios em que ela se envolve para realizar, com simplicidade que não desperta a atenção, os milagres que diariamente dão saúde aos enfermos e desoprimem o fraco. O que a Umbanda faz é reviver para uma multidão aquilo que sempre se praticou no mistério dos santuários e para um pequeno número de privilegiados. Adoramos um Deus único e supremo e veneramos as grandes figuras de todas as religiões que se impuseram à devoção da massa pelos benefícios que fizeram. Não nos deixamos fanatizar por criaturas de carne e osso que se pretendem fazer passar por deuses ou coisa semelhante, mas que são tão pecadores na sua vida terrena como o mais ínfimo dos mortais. Nem tampouco ficamos escravizados à palavra de espíritos que incorporam em nossos médiuns. Fazemos, ao contrário, uma severa análise das manifestações das Entidades que se apresentam para trabalhar antes de permitir que realizem qualquer missão junto ao povo sofredor. Como vimos, a magia é tão velha quanto o Cosmos e a humanidade, que nesses últimos séculos tem se envolvido num materialismo que a cada dia se torna mais grosseiro, está demasiadamente afastada da prática da Arte Magna que equipara o homem a um deus. Combatida no ocidente pelo poder da Igreja, cujos primeiros sacerdotes mal podiam pressentir a sua grandeza e que imaginaram que poderiam destruí-la com os castigos que impunham aos que ousavam praticála, vem a magia através dos tempos realizando suas maravilhas. A divina magia dos Pretos-Velhos e dos Caboclos se irradia por toda a parte, levando seus milagres aos lares aflitos, curando enfermos, solucio-
nando velhas questões de família... Leva às casas onde não há pão, o emprego para seus chefes e, consequentemente, o conforto às famílias desesperadas pelo sofrimento. A magia de Umbanda socorre até mesmo os que se julgam poderosos pelas posições que ocupam, e que são, apesar de tudo, humildes para a ela recorrerem em suas aflições. Extraordinária é a obra que se realiza nos terreiros de Umbanda! Incomensurável a caridade que os bondosos Guias realizam em suas tarefas diárias, por intermédio da boa vontade e abnegação de nossos médiuns. Temos orgulho em repetir que somos uma religião de magos. Somos umbandistas e nossa missão é fazer a Boa Magia, a Magia Divina, com o único objetivo de praticar a caridade. Quem realiza essas magias são Espí-ritos, Entidades de sabedoria profunda que se escondem sob a roupagem de humildes Pretos-Velhos e Caboclos das matas para ensinar que de nada valem nomes pomposos ou indumentárias ricas. O que há entre nós é a humildade, e o que se vê em nossos terreiros é a caridade. Atendemos a todos sem qualquer preocupação de fazer concorrência a quem quer que seja, católico, protestante ou qualquer outra religião a que pertença, pois nosso objetivo é fazer o bem sem olhar a quem, como manda o Evangelho de Cristo, que é a nossa doutrina.
SÃO OS NOSSOS GUIAS, GÊNIOS OU INTELIGÊNCIAS IMATERIAIS, COMO OS QUALIFICA O SÁBIO ALEMÃO
ADOLFO WEISS, OS MESTRES DA MAGIA NATURAL, MANIPULADORES DOS FLUIDOS QUE CURAM AS MOLÉSTIAS FÍSICAS OU PSÍQUICAS, OS TRABALHADORES DO LABORATÓRIO DO
ASTRAL
QUEM REALIZA ESSAS MAGIAS SÃO ESPÍRITOS, ENTIDADES DE SABEDORIA PROFUNDA QUE SE ESCONDEM EM ROUPAGENS DE PRETOS-VELHOS E
CABOCLOS DAS MATAS PARA NOS ENSINAR QUE NADA VALEM NOMES POMPOSOS OU INDUMENTÁRIAS RICAS
Dia 14 de abril, o Movimento Político Umbandista oficializou seu Congresso Nacional de Umbanda pela Renovação. Em agosto, na Câmara Municipal de São Paulo, foi realizada Sessão Solene com a presença de representantes das principais federações de São Paulo e de outros estados. Nos dois eventos, foram apresentados os temas da “Carta Magna da Umbanda”.
No Nordeste, federações trabalhando em prol da Carta Magna
No Paraná, com o apoio da Federação Umbandista do Estado
O Congresso Nacional de Umbanda, buscando oficializar o documento “Carta Magna de Umbanda”, percorreu vários Estados – Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina e Piauí. Federações, templos, sacerdotes, médiuns, autoridades civis e políticas, apoiaram o projeto necessário e indispensável para a religião. O Superior Órgão Internacional de Umbanda – SOI, com sede em Santa Catarina, junto aos diretores do Congresso Nacional de Umbanda, realizarão encontros nacionais e internacionais, um deles na Europa, em novembro – para a deliberação da Carta Magna de Umbanda. Em 2015 será oficializado um encontro a ser realizado no Uruguai, com a mesma finalidade.
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proposta em relação a um Congresso sempre se fez importante no tocante a assuntos de alta relevância para a religião. Porém, é hora de realizarmos um trabalho voltado a normatizações, o que não quer dizer codificação, temos que ter um posicionamento único em relação à própria religião. É necessário que haja o comprometimento de todos para realizarmos uma plataforma de compreensão dentro do conceito religioso. O Congresso Nacional de Umbanda, proposto pelo MPU, segue respeitando todas as vertentes e linhas de estudo, sendo assim, não segrega ou discrimina nenhum tipo de opinião que não seja para enaltecer o meio. Não será colocado em pauta nenhum assunto de cunho litúrgico ou que faça parte de qualquer ritual. Entende-se assim que existe, dentro da religião, colocações que servem a todos, e estas devem ser enaltecidas por todos como fonte básica de onde parte a própria religião. Propõe-se uma “Carta Magna de Umbanda” e, através desta, todos poderão assinar dando uma referência única, um documento nacional por meio do qual poderemos nos diferenciar de trabalhos que não condizem com a realidade da Umbanda. Sabemos que muitos que não comungam de nossa fé acabam por interpretá-la de maneira errônea, dando conotações equivocadas que influenciam a opinião pública e a mídia. A partir do momento que realizarmos este trabalho, estaremos protegendo nosso conceito básico, dando força a todas as casas que professam a fé religiosa de Umbanda. Através desta Carta Magna de Umbanda, podemos cobrar de órgãos governamentais e não governamentais, que respeitem os direitos existentes na Constituição Brasileira, colocando este documento como referência para a interpretação de nossa religião. A Carta Magna teve, no decorrer deste um ano e meio, manifestações de apoio em vários Estados. Em São Paulo, muitas federações e templos uniram-se em reu-
“A CARTA MA G N A
TEVE, N O DECORRER D E U M A N O E MEIO,MANIFESTAÇÕES D E APOIO E M VÁRIOS ESTADOS. C IDADES D A GR A N D E SÃ O
P A U L O C O M O LIMEIRA, P IRACICABA, GU A R U L H O S, O S A S C O, VINHEDO E GR A N D E ABC JUNTARAM-S E A ESSE G R A N D E TRABALHO” nião no dia 14 de abril de 2013, no Ipiranga, onde foi apresentada a proposta inicial. Várias cidades da grande São Paulo como Campinas, Limeira, Piracicaba, Guarulhos, Osasco, Vinhedo e Grande ABC juntaram-se a esse grande trabalho. No início de março de 2014, o Movimento Político Umbandista esteve no Rio de Janeiro junto ao Primado de Umbanda e seu Presidente e Comandante, Primaz Ricardo, representante desse órgão histórico, estará apoiando e ajudando na propagação deste importante documento para a religião. Ainda nos Estados de Minas Gerais, Bahia, Amazonas e Rio Grande do Sul, seus diversos templos e federações manifestaram apoio ao projeto apresentado através do site. Contudo, se faz necessário discutirmos todos os tópicos apresentados na Carta Magna de Umbanda. Por isso, convidamos a todas as federações, pensadores da religião, escritores, baluartes e médiuns, para que se manifestem neste momento histórico da Religião de Umbanda.
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Autor Bandeira da Umbanda: Saul de Medeiros – Ilustração: Cláudio Gianfardoni
entenas de pessoas acompanharam o lançamento do selo especial “Umbanda – Sincretismo Religioso Brasileiro”, na Assembleia Legislativa de São Paulo, na capital paulista. A sessão solene foi presidida pelo deputado estadual Gerson Bittencourt e contou com a presença do presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, deputados estaduais Luiz Cláudio Marcolino e Leci Brandão e diretores regionais dos Correios de São Paulo e do interior. “O lançamento desse selo pelos Correios, dentro de uma casa de leis como a Assembleia Legislativa, não deixa de ser uma vitória contra o preconceito”, disse Vicentinho.
Depoimento de Pai Ronaldo Linares: “Fui informado que o deputado federal Vicentinho havia aprovado o lançamento de um selo em homenagem à Umbanda. Uma reunião foi realizada aqui, no Santuário Nacional da Umbanda, com o deputado, Sandra Santos e Cássio Ribeiro, para decidirmos como seria o selo que, a princípio, era um pouco diferente, mas acho sensacional que
Deputado federal Vicentinho, autor do projeto junto aos Correios
A deputada estadual Leci Brandão, também presente
Presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, Sandra Santos, da AUUESP, e o deputado federal Vicentinho
Deputado federal Vicentinho carimba o Selo da Umbanda
Ortiz Belo de Souza e Sílvia Correia, do MPU
Rodolfo Linares e Babá Dirce, da Federação do Grande ABC
Alexandre Cumino e Dr. Basílio
tenhamos conseguido o selo com a imagem do Senhor Zélio de Moraes. Fui informado que 600 mil selos foram impressos e distribuídos pelas agências dos Correios em todo o Brasil, que também pode ser comprado pela Internet, no site dos Correios”.
Em discurso, o deputado Vicentinho defendeu a liberdade religiosa e a Umbanda, como essencialmente brasileira Vicentinho ao lado do presidente e diretores dos Correios
Pai Ronaldo, representando a Federação Umbandista do Grande ABC, discursa durante sessão solene
Cássio Ribeiro presidente da FUCABRAD, Diadema/SP
Colégio de Umbanda Sagrada Pena Branca, presente à sessão que oficializou o selo em homenagem à Umbanda
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oi precisamente no século XVI que os primeiros navios negreiros aportaram no nordeste do Estado da Bahia, trazendo-nos os primeiros negros que, na qualidade de escravos, vinham destinados a trabalhar na lavoura.
Esses pobres negros, oriundos de diversas regiões africanas, ao se sentirem isolados, enxovalhados e obrigados a trabalhar unicamente para o “senhor” branco sob o látego dos chicotes, lamentavam os seus sofrimentos por meio de preces e pedidos aos seus deuses, para que minorassem as agonias e as dores, entregando-se a rituais próprios, oriundos das civilizações passadas, dos povos que cultuavam seus “Orixás” cantando suas vitórias, enfim, evocando as Entidades Superiores do Astral. Foi assim que, na primitiva história de nossa civilização na colonização de nossas terras, na catequização de nossos índios que, junto aos jesuítas, aqui apareceram os negros: Nagôs ou Iorubás, Jejes, Bantu, Barbadianos, Luandas, Guinés, Malés, Angolas, etc., e com eles seus cultos religiosos. Do culto Jeje, então surgiu o “Ambequerê-Kibanda” que, com a designação de grandes feiticeiros
evocavam os poderes da alta magia na incorporação das seguintes Entidades: – Ambequerê: Por analogia, traduzido como Deus do Bem, ou As Forças do Bem. – Kibanda: Pela junção de duas palavras: Kim, com a denominação de Demônio e Banda, significando lado, lugar, etc., traduzido como Deus do Mal ou As Forças do Mal, lado oposto ao bem.
No termo “Kibanda”, foi suprimido o “m” da palavra “Kim” (demônio) ao juntar-se à palavra “Banda” (lado), pelo fato da má interpretação dada pelos índios, que, nada conhe-cendo dos dialetos africanos, sentiam dificuldade em pronunciá-la devido à sua linguagem simples. Com a fusão, ou melhor, com a mistura entre as culturas de caboclos e negros, surgiu mais tarde o culto Bantu-ameríndio, misturando-se
COM A MISTURA ENTRE CABOCLOS E NEGROS, SURGIU MAIS TARDE O CULTO BANTU-AMERÍNDIO, MISTURANDO-SE À CRENÇA ENTRE OS DOIS POVOS, FORMANDO-SE UM COMPLEXO PERFEITO ENTRE CATOLICISMO, NAGÔ, BANTU, JEJE, TUPI, GUARANI, MALÉ, AMERÍNDIO, ETC. Conclui-se, então, que os negros praticavam duas modalidades na interpretação de seus rituais. Uma, na prática do bem, quando desejavam os benefícios e as honras de seus chefes; a outra, quando pretendiam castigar aqueles que contra eles se manifestavam, impondo-lhes castigo, sofrimentos, etc.; ou quando desejavam que as “forças do mal” destruíssem seus inimigos, quer em guerras ou em demandas espirituais.
dessa forma a crença entre os dois povos. Com a união dessas falanges negras, misturadas aos habitantes da nossa terra e, ainda, em comunhão com os portugueses colonizadores que viviam em contato direto com caboclos e negros, deu-se finalmente o sincretismo ou mistura de todas essas crenças religiosas, formandose um complexo perfeito entre Catolicismo, Nagô, Bantu, Jeje, Tupi, Guarani, Malé, Ameríndio, etc.
O CANDOMBLÉ CULTUA O SEU CONJUNTO DE DIVINDADES, BASEANDO-SE NAS LENDAS QUE CONHECERAM ATRAVÉS DE UM PASSADO DE SOFRIMENTOS E SUPLÍCIOS, DOS QUAIS FORAM PROTAGONISTAS
Por sua vez, com o desaparecimento da maioria dos escravos e pelo fato de não terem deixado nada escrito com relação aos seus cultos, a não ser o que legaram aos seus descendentes no que diz respeito aos cultos praticados, suas lendas e rituais, esses trabalhos foram aos poucos sendo modificados e, assim, surgiu dessa fusão de práticas o que hoje se conhece com o nome de Candomblé. Com a expansão dessa gente pelos diversos estados do Brasil, alguns procuraram manter as antigas tradições desses cultos, ao passo que outros tomaram novos rumos. Assim, na Bahia, permaneceu e permanece o Candomblé, que procura manter, quase que integralmente, os rituais de seus antepassados escravos, tornando-se, na realidade, uma religião inteiramente fetichista, embora nada tenha a ver com o que se denomina “Umbanda”. O Candomblé cultua o seu conjunto de divindades baseando-se nas lendas que conheceram através de um passado de sofrimentos e suplícios, dos quais foram protagonistas os seus próprios ancestrais. Por outro lado, os negros que se mudaram para outros estados, principalmente o Rio de Janeiro e adjacências, procuraram dar outro cunho aos seus cultos religiosos.
Surgido primeiramente no estado da Bahia, oriundo da mistura de rituais praticados pelos escravos que ali aportaram, ramificando-se através dos estados circunvizinhos foi, pelo próprio povo, erroneamente denominado de Umbanda e, pelo fato da pluralidade desses cultos, o termo também se pluralizou, infelizmente denominando-se “UMBANDAS”, todos os cultos fetichistas que são praticados no Brasil. O Candomblé não deixa de ser uma religião, ou seja, é uma religião, pois se assemelha às outras que praticam rituais evocativos das Entidades dos planos astrais superiores e inferiores, nas quais se acredita na existência de seres sagrados e onde se encara o fundamento da fé. Aproveitando apenas a segunda parte do nome AMBEQUERÊKIBANDA, isto é, o nome Kibanda, este foi deturpado para “Quimbanda”, e procuraram desenvolver o ritual apenas na prática da maldade, dando origem ao que atualmente é conhecido também com o nome de Magia Negra. Surgiu, dessa forma, uma nova religião no Brasil, na qual os seus praticantes, a maioria composta de elementos incultos e maus, procurou criar em torno dessa nova seita um mito de que suas práticas eram dedicadas exclusivamente à evocação das falanges de Exus, Entidades essas dirigidas pelo Agente Mágico Universal.
Em virtude do aparecimento no Brasil da doutrina surgida na França, baseada na concepção filosófica de Allan Kardec e que se denominava Espiritismo, na qual se confirmava a presença dos espíritos dos mortos nas reuniões realizadas com o fim de evocá-los, alastrou-se pelo Brasil inteiro a crença no sobrenatural e, por fim, inconscientemente deno-
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se encontra o Espiritismo de Kardec, os cultos Nagôs, Bantu, Jejes, Malés, Luandas, Ameríndios, etc., inclusive o próprio Catolicismo, criou-se tal confusão que se torna sumamente difícil retirar-se esse nome dessa religião, que se alastrou de tal modo pelo Brasil inteiro que seria preferível continuar como está, a fim de que não surjam maiores
SURGIRÁ NO FUTURO UMA NOVA RELIGIÃO QUE, BASEADA VERDADEIRAMENTE NOS
PRINCÍPIOS E ENSINAMENTOS DO
MESTRE,
DEDICANDO-SE AO CULTO DAS EVOCAÇÕES COM O MUNDO ASTRAL SUPERIOR, TERÁ A DENOMINAÇÃO DE minou-se de Espiritismo a todos os rituais e crenças trazidos pelos negros africanos. Passaram-se os anos... O homem branco, procurando interferir e intrometer-se com os negros, aproveita grande parte dos rituais praticados nos Candomblés, nos Cangerês e mesmo na Quimbanda e, com o advento da Lei Áurea, busca melhores desígnios nessas crenças, concebendo o que hoje, erroneamente, conhecemos com o nome de UMBANDA, que alguns escritores querem fazer crer, também oriunda dos povos africanos. Ao ser dado o nome de Umbanda a essa reunião de credos, nos quais
Autor do livro “A Umbanda através dos Séculos”, publicado pela Editora Aurora na década de 50, do qual foi extraído este trecho que aqui apresentamos. Abaixo, o autor apresenta sua obra: “A razão de ser deste livro: Pelo muito que tenho ouvido falar, pelas observações feitas durante longos anos de trabalho como praticante e, sobretudo, pelo que tenho lido sobre a Umbanda e seus propósitos, querendo combater de uma maneira, podese dizer, acintosa, as inverdades que não só
ESPIRITUALISMO
complicações e maiores embaraços aos seus praticantes e adeptos. É preciso, entretanto, que se separe o joio do trigo, pois, surgirá no futuro uma nova religião que, baseada verdadeiramente nos princípios e ensinamentos do Mestre, dedicando-se ao culto das evocações com o mundo astral superior, terá a denominação de Espiritualismo. Essa será a verdadeira Umbanda, aquela que Jesus Cristo praticou e a única que permanecerá sobre a face da Terra, de vez que todas as demais religiões desaparecerão e se fundirão nela.
se praticam, mas que também se espalham através de livros que tratam dessa intrincada matéria, foi o que me levou a publicar esta obra, para demonstrar, em face à Teogonia Religiosa, que a Umbanda é a única religião que tem autoridade suficiente para falar e tratar das coisas divinas”. Aluízio Fontenelle nasceu em 23 de maio de 1913 e desencarnou em 3 de janeiro de 1952. Além de “A Umbanda através dos Séculos”, publicou outros livros, entre eles “O Espiritismo no Conceito das Religiões e a Lei de Umbanda” e “Exu”.
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ez anos após a primeira manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, em 1908, por ordem do astral, a partir de 1918 foram fundadas sete tendas para a propagação da Umbanda: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge e Tenda Espírita São Jerônimo. João Severino Ramos, médium que atuava na Tenda Nossa Senhora da Piedade, em 18 de fevereiro de 1936 funda a Tenda Espírita São Jorge. O atual dirigente da tenda é o Sr. Pedro Miranda. Além de dirigir os trabalhos da tenda, também é o presidente da União Espiritista de Umbanda do Brasil, fundada em 26 de agosto de 1939 para abrigar as tendas que foram surgindo a partir das sete iniciais. Hoje, a União Espiritista de Umbanda possui mais de 600 tendas filiadas no Estado do Rio de Janeiro e em diversas regiões do país. Dando continuidade ao trabalho iniciado pelo médium João Severino, Pedro Miranda nos conta a trajetória de vida que o levou ao encontro da Umbanda, com muito amor, humildade e respeito.
Sr. Pedro Miranda, atual dirigente da Tenda Espírita São Jorge
“ QUANDO INGRESSEI NA TENDA SÃO JORGE, O SEVERINO RAMOS
NÃO A ESTAVA DIRIGINDO.
ELE
GUERRA MUNDIAL, SERVINDO COMO ENFERMEIRO NA AERONÁUTICA. QUANDO VOLTOU, FOI AFASTADO DA TENDA... NA MINHA VISÃO, FOI UMA GRANDE PROVAÇÃO, PARA ESSE IRMÃO, QUE SOUBE EXPERIMENTÁ-LA SEM NUNCA TER DITO UMA ESTEVE NA SEGUNDA
SÓ PALAVRA CONTRA QUEM QUER QUE SEJA
”
Pedro Miranda
Chegando à Tenda São Jorge, com quem o senhor se deparou? Quem era o chefe da casa? Pedro Miranda: Naquele dia, cheguei à tenda, me sentei e fiquei aguardando. Ali atendia-se mais de 800 pessoas por segunda-feira, havia uma fila enorme e fiquei esperando. Quando começaram a cantar os pontos, eu rolei no chão, da assistência fui parar dentro do terreiro. O interessante é que eu não tinha o controle da parte física, mas via e escutava tudo, só não conse-guia ficar sentado. Vieram os cambo-nes, Sr. Eduardo, Sr. Luís e o Nelsinho, e me levantaram. No primeiro dia, quebrei quatro cadeiras, eu rolava pe-lo chão, e de terno e gravata, pois ha-via saído do banco direto para lá. Quando fui levado à presença da en-tidade que estava dirigindo os tra-balhos, o Caboclo Caribá, ele virou-se para mim e disse: “Meu filho, você está saindo de uma provação, tem um compromisso espiritual, é mé-dium e deverá cumprir sua missão”. Eu não entendia nada, mas continuei frequentando a tenda. Coloquei a roupa branca em um dia 13 de maio, numa festa de Preto-Velho. Nesse dia, aconteceu um fenômeno interessante; o dirigente da tenda na época era o Feliciano, que recebia uma Preta-Velha, Tia Chica da Bahia. Essa entidade vinha apenas uma vez por ano, exatamente no dia 13 de maio. Achei muita graça, aquele senhor gordo, português, com saiote, pano na
cabeça, e comecei a rir. Mal sabia eu que, mais tarde, também viria a trabalhar com uma Preta-Velha, a Vovó Joana da Bahia, que pediu sua saia e o pano na cabeça. Então, as coisas foram se encaixando paulatinamente. Quando ingressei na tenda, o João Severino Ramos não a estava dirigindo, e esse é um ponto que eu gostaria de ressaltar, porque o Severino veio de uma safra de homens bons, foi o fundador da tenda e um exemplo de humildade e simplicidade. Esteve na Segunda Guerra Mundial como enfer-meiro, servia a aeronáutica. Quando retornou, a tenda sofreu um processo político, teve eleição para presidente e, numa dessas eleições, ele foi afastado. Severino ficou dez anos sem poder ingressar na tenda que havia criado. Eu o conheci na União Espiritista de Umbanda do Brasil, numa assembleia geral. Quando me identifiquei como sendo da Tenda Espírita São Jorge, ele veio e me cumprimentou. Não sabia que ele era o Severino, fui saber depois, mas logo de início tivemos uma relação de afinidade muito grande. Mas nunca ouvi daquele irmão uma palavra de mágoa, de revolta, de crítica, nada. A primeira vez que con-versei com Pai Felipe, vibrado no Severino, ele disse: “Meu filho, algum dia este meu médium retornará à casa de Ogum, mas com paz, harmonia e muito amor”. Essa foi uma grande lição, na minha visão, foi uma grande provação para aquele irmão, que soube experimentá-la sem nunca ter dito
uma só palavra contra quem quer que seja. Outro fenômeno muito interessante ocorreu quando foram realizadas eleições na tenda e, com a mudança de diretoria, nosso irmão Severino retornou e nos deu um segundo exemplo de humildade que sempre comento, para ensinar a cada médium de Umbanda o que significa, efetivamente, ser médium. Aquele homem, médium do Guia-chefe da casa, chega perto da entidade que está dirigindo os trabalhos, se ajoelha e pede autorização para vestir a roupa branca. Nesse momento, aconteceu um fato que até hoje é uma interrogação: A entidade respondeu não. Eu era novo na tenda, mas entendi o porquê de tudo aquilo.
“A TENDA ESPÍRITA NOSSA SENHORA DA PIEDADE, QUE CHAMO DE TENDA-MÃE, NUNCA FEZ GIRA DE EXU, E ATÉ HOJE NÃO FAZ. SEVERINO VEIO DA TENDA-MÃE E, DESDE O INÍCIO DOS TRABALHOS DA TENDA SÃO JORGE, SEMPRE FEZ GIRA DE EXU” A mediunidade, dita de incorporação, em grande parte não nos tira toda a consciência. E, naquele instante, hoje posso analisar com mais tranquilidade, acredito que a mente do médium tenha interferido, porque, jamais poderia imaginar que um espírito, um Caboclo como é o Senhor Caribá, que nos demonstrou tanta luminosidade espiritual, pudesse dizer ao fundador da tenda, para aquele com quem se desenvolveu, que estendeu suas mãos para que ele, como entidade pudesse cumprir sua missão, que o mesmo não poderia vestir a roupa branca. O tempo passou e Severino nada disse, nada comentou. Segunda grande lição que ele me deu e que me vale até hoje em minha vida particular, como médium e em meu caminhar. Há momentos em que devemos saber silenciar, e essa lição ele me deu, sem nada dizer. Como o senhor explica a opção da Tenda São Jorge em fazer a Gira de Exu? Pedro Miranda: Entendo que tenha sido pela personalidade do médium, que carrega um grupo de espíritos consigo. Se no grupo de espíritos que vai agir através desse médium, estiver uma entidade com a face em Exu, ele terá a necessidade de trabalhar com a gira de Exu. Outros, por esse ou aquele motivo, não tem em sua caminhada um espírito com vibração em Exu. Esse não fará gira de Exu, porque não está em sua origem.
Verídica ou não, conta a história que, em torno do século III d.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge de Anicii. Filho de pais cristãos, converteu-se a Cristo ainda na infância, quando passou a temer a Deus e a crer em Jesus como seu único e suficiente salvador pessoal.
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ascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudouse para a Palestina com sua mãe, após a morte de seu pai. Tendo ingressado para o serviço militar, distinguiu-se por sua inteligência, coragem, capacidade organizativa, força física e porte nobre. Foi promovido a capitão do exército romano devido à sua dedicação e habilidade. Tantas qualidades chamaram a atenção do próprio Imperador, que decidiu lhe conferir o título de Conde. Com a idade de 23 anos, passou a residir na corte imperial, em Roma, exercendo altas funções. Nessa mesma época, o Imperador Diocleciano traçou planos para exterminar os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião, declarando-se espantado com aquela decisão e afirmou que os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses. Todos ficaram atônitos ao ouvirem essas palavras de um membro
da suprema corte romana, defendendo com grande coragem sua fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens. Indagado por um cônsul sobre a origem dessa ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: “O que é a Verdade?”. Jorge respondeu: “A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nEle confiado, me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade”. Como Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. Após cada tortura, era levado perante o Imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Porém, jamais abriu mão de suas convicções e de seu amor ao Senhor Jesus. Todas as vezes em que foi interrogado, sempre declarou-se servo do Deus Vivo, mantendo seu firme posicionamento de somente a Ele temer e adorar. Em seu coração, Jorge de Capadócia discernia claramente o própósito de tudo o que lhe ocorria:
“... SOU
SERVO DE MEU REDENTOR JESUS CRISTO, E ME PUS NO MEIO DE VÓS PARA DAR TESTEMUNHO DA VERDADE”
“... vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso vos acontecerá para que deis testemunho”. (Lucas 21.12:13). A fé deste servo de Deus era tamanha, que muitas pessoas passaram a crer em Jesus e confessá-lo como SENHOR por intermédio da pregação do jovem soldado romano. Durante seu martírio, Jorge mostrou-se tão confiante em Cristo Jesus e na obra redentora da cruz, que a própria Imperatriz alcançou a Graça da salvação eterna, ao crer no SENHOR. Seu testemunho de fidelidade e amor a DEUS arrebatou uma geração de incrédulos e idólatras romanos.
“COMO JORGE MANTINHA-SE FIEL A JESUS, O IMPERADOR TENTOU FAZÊ-LO DESISTIR DA FÉ TORTURANDO-O DE VÁRIOS MODOS...PORÉM, JAMAIS ABRIU MÃO DE SUAS CONVICÇÕES E DE SEU AMOR AO
SENHOR JESUS”
Papa Zacarias transferiu para essa igreja de Roma a cabeça de São Jorge.
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O REI INGLÊS EDUARDO III INSTITUIU A ORDEM DOS CAVALEIROS DE JORGE
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A LENDA DE JORGE E O DRAGÃO
As Cruzadas Medievais tornaram popular no Ocidente a devoção a São Jorge como padroeiro dos Baladas medievais contam que Jorge era DIOCLESIANO MANDOU DEGOLAR Cavaleiros da Cruz e filho de Lorde Albert de Coventry. Sua mãe O JOVEM E FIEL DISCÍPULO DE das Ordens de Camorreu e o recém-nascido foi roubado pela d.C. JESUS EM 23 DE ABRIL DE 303. valaria, para libertar Dama do Bosque para que mais tarde todo o país domifizesse proezas com suas armas. Ao crescer, Depois de tentar, de todas as maneiras, nado e converter o povo ao cristianismo. primeiro lutou contra os sarracenos e, deEmbora muitos considerem que sua pois de viajar durante meses por terra e colocar fim à vida de Jorge por meio de toda a sorte de torturas, percebendo que história não passe de um mito e outros até mar, foi para Sylén, uma cidade da Líbia, nada mais era possível fazer para calar a mesmo acreditem que o santo tenha sido onde encontrou um pobre eremita que lhe voz do mártir que falava em nome de seu cassado pela Igreja Católica, o martírio de contou que a cidade estava em sofrimento, senhor, o imperador não vê outra forma a São Jorge e o seu culto continuam sendo pois lá existia um dragão que todos os dias não ser mandar degolar o jovem e fiel reconhecidos pelo catolicismo. A lenda do exigia o sacrifício de uma bela donzela e guerreiro que matou o dragão havia sido que todas as meninas haviam sido mortas, discípulo de Jesus. rejeitada no século V só restando a filha do rei, Sabra, que seria A IGREJA CATÓLICA CANONIZA por um con-cílio, mas sacrificada no dia seguinte ou dada em persistiu e ganhou casamento ao campeão que matasse o JORGE, COM CULTOS E RITUAIS d.C. enorme po- dragão. Jorge foi até o dragão determinado PRESTADOS EM SUA MEMÓRIA pularidade no tempo a salvar a princesa; ao chegar, viu um cortejo de mulheres que levava a princesa até o Assim, confirmou-se a devoção a Jorge, das Cruzadas. “A imagem atual é fruto de uma len- dragão que, ao ver Jorge, sai da caverna até hoje largamente difundida, inclusive em grandes centros urbanos, como a cidade da. Isso não quer dizer, no entanto, que rosnando. Mas Jorge não se amedronta, do Rio de Janeiro, onde desde 2002 faz-se esse santo não existiu e que o martírio enterrando sua lança na garganta do monstro e matando-o. feriado municipal na data comemorativa de dele não foi significativo”, diz o monsenhor Arnaldo Beltrami, vigário de cosua morte. Pelo século V, já havia cinco igrejas municação da Arquidiocese de São Paulo. em Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após O DIA DE SÃO JORGE sua morte, construíram-se quatro igrejas TORNOU-SE OPCIONAL COM A REFORMA DO e quarenta conventos dedicados ao mártir. CALENDÁRIO LITÚRGICO Na Armênia, em Bizâncio, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito No dia 9 de maio de 1969, a obentre os maiores santos da Igreja Católica servância do Dia de São Jorge tornou-se Romana. Desde o século VI, havia peregrinações opcional, com a reforma do calendário ao túmulo de São Jorge em Lídia. Esse litúrgico realizada pelo papa Paulo VI. A reforma retirou do calendário santuário foi destruído e reconstruído litúrgico as comemorações dos santos dos várias vezes durante a história. Estevão, rei da Hungria, reconstruiu quais não havia documentação histórica, esse santuário no século XI. Foram mas apenas relatos tradicionais. Daí ter-se dedicadas numerosas igrejas a São Jorge na falado, naquele tempo, em “cassação Síria. A devoção a São Jorge chegou à Sicília de santos”. Mas o fato da celebração na Itália no século VI. No séc. VII, o siciliano do Dia de São Jorge tornar-se Papa Leão II construiu em Roma uma igreja opcional não significa o não para S. Sebastião e S. Jorge. No séc. VIII, o reconhecimento do santo.
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Jorge de Capadócia obteve um testemunho reto e santo, que causou impacto e ganhou muitas almas para o Senhor. Por amor ao Evangelho, ele não se preocupou em preservar a sua própria vida; em seu íntimo, guardava a Palavra:
“ ...Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Filipenses 1.20).
Deste modo, cumpriu integralmente o propósito eterno para o qual havia nascido: manifestou o caráter do Senhor e atraiu homens e mulheres para o amor ao Cristo, estendendo a salvação a muitos perdidos.
No contexto da reconquista cristã da península Ibérica, após a conquista de Santarém, as forças de D. Afonso Henriques (1112-1185), com o auxílio de cruzados normandos, flamengos, alemães e ingleses que se dirigiam à Terra Santa, investiu contra esta fortificação muçulmana, que capitulou após um duro cerco de três meses. Como preito de gratidão, o castelo, agora cristão, foi colocado sob a invocação do mártir São Jorge, a quem muitos cruzados dedicavam devoção. No dia da conquista, 25 de outubro, comemora-se hoje o “Dia do Exército”, instituição que, no país, tem São Jorge como padroeiro. Acredita-se que os Cruzados Ingleses, que ajudaram Dom Afonso Henriques a conquistar Lisboa, teriam sido os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para Portugal. No entanto, somente no reinado de Dom Afonso IV que o uso de “São Jorge!” como grito de Batalha se tornou regra, substituindo o anterior, “Sant’Iago!”.
Seu nome era conhecido pelos ingleses e irlandeses muito antes da conquista normanda, o que leva a crer que os soldados que retornavam das cruzadas disseminaram sua popularidade. Acreditase que o santo tenha sido escolhido o padroeiro do reino quando o rei Eduardo III fundou a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge. Em 1415, a data de sua comemoração tornou-se um dos feriados mais importantes do país.
A presença documental da devoção a São Jorge em terras catalãs remonta ao século VIII. Os reis e a Generalidade da Catalunha impulsionaram a celebração da festa de São Jorge por todas as regiões catalãs. Em Valência, em 1343, já era uma festa popular. Em 1407, Mallorca celebrava-a publicamente. Em 1436, a Generalidade da Catalunha propôs, nas cortes reunidas em Montsó, a celebração oficial e obrigatória
de São Jorge. Em 1456, as cortes reunidas na Catedral de Barcelona ditaram uma cons-tituição que ordenava a festa, inclusa no código das Constituições da Catalunha. As remodelações do Palácio da Generalidade feitas durante o século XV são a prova mais clara da devoção impulsionada por esse órgão público, ao colocar um medalhão do santo na fachada gótica e ao construir no interior a capela de São Jorge.
A Lei nº 5198, de 5 de março de 2008, do Rio de Janeiro, instituiu feriado estadual, dia 23 de abril, “Dia de São Jotge”. O Governador do Estado do Rio de Janeiro: “Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - Fica instituído como feriado estadual o dia 23 de abril, "Dia de São Jorge".
Art. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data da sua publicação, revogandose as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 5 de março de 2008. Sérgio Cabral, Governador. Ficha Técnica: Projeto de Lei nº 339/2007, Autoria: Jorge Babu.
Por toda a cidade, há missas, salvas de canhão, banda de música, bar-raquinhas e batucada. Nos bairros de Campo Grande e Bangu, por exemplo, os fiéis saem em cavalgada pelas ruas. No Centro, mais 160 mil fiéis foram à Igreja de Irmandade de São Gonçalo Garcia e São Jorge, na Praça da República. Um dos fiéis na missa das 5h era o cantor e compositor Jorge Ben Jor:
“Eu venho aqui desde os 5 anos de idade. São Jorge é meu guia e protetor ”.
Vão para a rua, que eu estarei à frente na proteção”. Essas foram as palavras do Senhor Ogum, no ano de 1957, quando era realizada a 1ª Festa de São Jorge pelos diretores da União de Tendas. O local era um porão, onde estavam cerca de 50 médiuns. O primeiro local público onde se realizou a festa foi a Marquise do Ibirapuera. Quando assumiu a presidência da União de Tendas, Pai Jamil prometeu realizar a festividade por 50 anos, que encerraram-se em
Data de publicação: 3/6/2008.
Seja para agradecer graças alcançadas ou pedir bênçãos, socorro para curas ou soluções de problemas, devotos de São Jorge deram demonstrações de fé por toda a cidade.
2007. Em 2008, ano do centenário da Umbanda, apesar de não estar mais à frente da organização, Pai Jamil e a União de Tendas participaram das homenagens a São Jorge no Ginásio do Ibirapuera. Em 2009, deu-se início à festa no Vale dos Orixás, atendendo a um pedido de pai Demétrius Domingues, com um público aproximado de 3.500 pessoas, que puderam mais uma vez render suas homenagens ao grande Orixá Ogum.
Pai Demétrius Domingues foi homenageado na primeira festa de São Jorge realizada no Vale dos Orixás, em Juquitiba, um de seus últimos pedidos antes de fazer a passagem, em julho de 2007. Integrantes da Associação
Paulista de Umbanda, da qual foi fundador, fizeram questão de exibir o retrato de seu “eterno” presidente, homem de luta, trabalho e muita dedicação à causa umbandista.
O fenômeno do sincretismo religioso no Brasil pode ser explicado e entendido através do estudo de nossa formação cultural e social, que sofreu influências de três correntes: A nativa, indígena, a do europeu, através do catolicismo (principalmente dos portugueses, pela catequese executada pelos padres jesuítas), e a do africano.
C
om o tempo, outros povos europeus aqui chegaram (holandeses, franceses, etc.), e veio ainda somarse a tudo isso influências básicas do judaísmo e islamismo. O africano que aqui chegou já tinha também influência de vários povos do Oriente, invasores de seu continente como, por exemplo, os árabes. Nesse caldeirão de influências, nasceu a nossa raiz sociocultural. A Umbanda é uma religião de cunho espiritualista, com contato de espíritos e práticas de cura. Agrega elementos de base africana (culto aos Orixás e ancestrais), indígenas, filosofia oriental e elementos do cristianismo, como caridade e auxílio ao próximo. Após a anunciação da Umbanda em 1908, através do Caboclo das Sete Encru-zilhadas, em Niterói, Rio de Janeiro, teve início a organização ritualística do culto, com a fundação da primeira tenda de Umbanda, a Tenda Nossa Senhora da Piedade, em 1917, onde Zélio Fernandino de Moraes, através de seu Guias Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai Antônio, iniciou o atendimento aos necessitados, levando adiante a mensagem que sintetiza a missão da Umbanda: “A manifestação do Espírito para a caridade”. Zélio deu início ao trabalho básico do culto umbandista, que é a prática da caridade assistencial sem nenhuma cobrança. O culto sempre foi muito simples; não eram utilizados atabaques, somente o canto acompanhado de palmas, tradição mantida até hoje
na Tenda Nossa Senhora da Piedade. A essa primeira forma básica de culto foram se juntando o ocultismo e o esote-rismo, gerando a Umbanda Esotérica. Essas influências geraram diversas correntes com suas próprias doutrinas e rituais. Um dos acontecimentos mais importantes dessa fase foi a manifestação do Caboclo Mirim, ordenando a fundação da Tenda Espírita Mirim em 1924, e, em 1952, através de seu médium Sr. Benjamim Figuei-redo, idealizou a primeira Escola de Formação Iniciática do 1º ao 7º Grau, utilizando a terminologia da língua Nheêngatú de nossa Raça Raiz, a Raça Tupy, para identificar os respectivos graus de evolução espiritual, resgatando os fundamentos esotéricos da Grande Lei de Umbanda. Hoje, a Umbanda possui diversas ramificações, mas tem suas raízes originais; absorveu elementos de outras religiões, mas manteve a essência de sua prática: A prestação da caridade com fé e humildade. EXEMPLOS DE RAMIFICAÇÕES DA UMBANDA Umbanda Tradicional: Anunciada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, através de Zélio de Moraes. Umbanda Popular: Antes de Zélio, as chamadas Macumbas ou Candomblés de Caboclo.
Samaritana com Jesus de Nazaré
Umbanda Branca ou de Mesa: Com influência espírita. Não se encontram elementos africanos (Orixás) nem o trabalho de Exus e Pombas-Giras, ata-baques, fumo, imagens ou bebidas. Seu trabalho se concentra na atuação dos Guias: Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças. Umbanda de Caboclos: Influência da cultura indígena, com atuação principal dos Guias conhecidos como “Caboclos”. Umbanda de Pretos-Velhos: Onde se encontram elementos sincréticos e culto aos Orixás, sob o comando dos Pretos-Velhos. A Umbanda pode ser considerada hoje a junção de elementos africanos (Orixás, culto aos Ancestrais, utilização dos atabaques), indígenas (culto aos Ancestrais e às Forças da Natureza), brancos (colonizador europeu que trouxe seus santos e a doutrina de Cristo, que foram sincretizados com os Orixás afri-canos) e a doutrina espírita da reen-carnação, associada às três raças que se fundiram: Negro, branco e índio.
Navio com os primeiros escravos africanos que chegaram ao Brasil
Nossa Senhora é sincretizada com Oxum
São Jerônimo é sincretizado com Xangô
O SINCRETISMO SÃO JORGE – OGUM Em seus sonhos de liberdade, o negro africano via em Ogum, o Orixá da Guerra, a força de que necessitava para conseguir sua liberdade. Um dia, empunharia a lança e a espada de Ogum e vingaria seus parentes e amigos mortos e voltaria à sua terra natal. Portanto, cultuar Ogum era vital, pois ele os ajudaria em suas batalhas dando forças e emprestando a coragem que tanto necessitavam. A figura de São Jorge mostra um homem com armadura que fere com uma lança o dragão, símbolo do mal. As imagens de santos da época eram esculpidas em madeira; assim, o negro, habilmente
escavava a ima-gem do santo católico e in-troduzia o “Otá” – pedra de uma obrigação. Dessa for-ma, poderia voltar-se para a imagem do santo católico e reverenciar o seu Orixá . Às vezes, o senhor das terras tinha um santo de devoção pessoal e obrigava o negro a cultuá-lo. Isso justifica o fato de, em Salvador, Ogum ser sincretizado com Santo Antônio e não com São Jorge.
•Iansã ............................................. Santa Bárbara •Iemanjá ........................................ Nossa Senhora dos Navegantes •Nanã ............................................ Nossa Senhora de Santana •Obá ............................................... Joana D’arc •Obaluaiê ....................................... São Roque •Ogum ............................................ São Jorge / São Sebastião •Oxalá ............................................ Jesus Cristo •Oxossi .......................................... São Sebastião •Oxum ........................................... Nossa Senhora •Xangô .......................................... São Jerônimo
A ligação de São Jorge com a Lua é puramente brasileira, com forte influência da cultura africana. O santo é associado a Ogum e a tradição diz que as manchas na Lua representam o milagroso santo, seu cavalo e sua espada, pronto para defender aqueles que buscam a sua ajuda.
Ogum é principalmente conhecido por ser um exímio ferreiro, feitor de suas armas, pois ele próprio forja suas ferramentas de guerra, caça e agricultura. Seu culto na África era restrito aos homens; mas o quadro muda no Brasil, principalmente na Umbanda. Ogum é um Orixá de definição mais simples que a dos seus irmãos, tendo uma representação objetiva. Companheiro de Exu, tem como cor o vermelho sangue, sendo dono dos caminhos. Diz a lenda que foi o primeiro Orixá a descer à Terra. Seus filhos têm um comportamento extremamente coerente; não toleram traições e são obstinados e criativos. Abrem seus próprios caminhos para o que desejam, são conquistadores e agem de forma bastante artística. A curiosidade os leva a desvendar mistérios e descobrir novos caminhos.
Sempre que necessitamos tomar uma decisão ou realizar algo de concreto em nossas vidas, é preciso que haja um “pontapé inicial”, algo que dê força para iniciarmos nosso intento. Todo movimento é realizado a partir da geração de energia, e, para que essa ara tudo que é gerado na energia seja gerada, Natureza existe um elemento que propicia essa precisamos da “Força da geração; no caso dessa força Transformação”.
P
FALANGES DE OGUM 1. – OGUM BEIRA-MAR 2. – OGUM ROMPE-MATO
transformadora, o elemento é o “ígneo”, o Fogo. A origem etimológica de OGUM vem da palavra “agaum”: salvação, glória, inovação. A salvação que vem de Deus, a glória das vitórias nas batalhas e a inovação, que é a própria força transformadora. Ogum significa, então, a luta que se inicia para que se chegue à transformação. Ele é o ponto de partida, o que vai na frente. Na Linha Espiritual de Ogum na Umbanda trabalham muitos Espíritos que controlam essas lutas, que são uma consequência direta da Lei de Causa e Efeito, reajustando tudo dentro da Grande Lei. Por isso Ogum se manifesta como um soldado, um cumpridor da Lei.
OGUM BEIRA-MAR Na areia do mar é conhecido como Beira-Mar e nas ondas é Ogum Sete Ondas. Suas cores são vermelha e branca. Atua na ronda da Calunga Grande (mar, oceano) e no reino de lemanjá. As oferendas são feitas na areia molhada, sobre um pano branco com bordas vermelhas.
Em linhas gerais, o médium, quando incorporado de um falan-geiro de Ogum, costuma se apresentar como um soldado, com capa vermelha, capacete, escudo e espada, simbolizando a luta e a defesa. Sua guia é de cor branca e vermelha.
OGUM ROMPE-MATO Esta falange costuma trabalhar cruzada com Oxossi, nas matas e nas pedreiras, onde também é conhecido como Ogum das Pedreiras, trabalhando cruzado com Xangô. Suas cores são branca e vermelha, algumas vezes verde e vermelho, combinando com o
3. – OGUM MEGÊ 4. – OGUM NARUÊ 5. – OGUM MATINATA 6. – OGUM IARA 7. – OGUM DE LEI
OGUM REPRESENTA A ENERGIA PRIMÁRIA, CAUSADORA DAS TRANSFROMAÇÕES. NA UMBANDA, MANIFESTA-SE COMO UM GUERREIRO. É UMA DAS DIVINDADES QUE TRABALHA DENTRO DAS SETE LINHAS DE UMBANDA. A ESTAS LINHAS ESTÃO SUBORDINADOS TODOS OS GUIAS FALANGEIROS QUE TRABALHAM DE ACORDO COM SUA VIBRAÇÃO ORIGINAL, ATENDENDO AO POSTULADO MAIOR CONCLAMADO PELO CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS:
“A MANIFESTAÇÃO
DO
ESPÍRITO
branco. As oferendas para Ogum Rompe-Mato devem ser feitas na entrada da mata; Ogum das Pedreiras recebe suas ofe-rendas em volta de uma pedreira. OGUM MEGÊ Sua falange trabalha na Calunga Pequena (cemitério), na calçada que o cerca, diretamente com as almas. Suas cores são branca e vermelha e suas oferendas devem ser feitas em volta do cemitério. OGUM NARUÊ Trabalha basicamente no desmanche da magia negra, dentro da Linha das Almas, exercendo seu domínio sobre as almas quimbandeiras. Suas cores são branca e vermelha e aceita suas oferendas dentro do cemitério ou na mata, em locais consa-grados para esses rituais. OGUM MATINATA Defende os campos onde são feitas as oferendas para Oxalá, bastante comuns em colinas floridas. Não há muitos médiuns que conseguem tê-lo como Guia, pois é bastante difícil de incorporar. Suas cores são branca e vermelha, predominando mais o branco. Suas oferendas devem ser
Na umbanda, é utilizada em banhos, amacis e rituais de bate-folha para afastar energias densas, podendo tam-bém ser usada como protetora de am-bientes, quando em vasos. É a principal folha de Ogum, Orixá guerreiro do ferro e do fogo. Assim como o Orixá, a espada de São Jorge é uma protetora por excelência.
PARA A
CARIDADE”
entregues em campos com muitas flores. Apesar de guardar as oferendas de Oxalá, não vibra diretamente com o mesmo. OGUM IARA Esta é a falange que trabalha nos rios, lagos e cachoeiras. É um grande colaborador de Oxum. Suas cores são branca e vermelha e, também, algumas vezes, verde e vermelho, simbolizando a mata. Suas oferendas devem ser feitas em rios, lagos e cachoeiras.
Cozinhe um inhame com casca e tudo. Coloque em uma gamela de madeira ou em um alguidar. Espete palitos de Mariwó por toda a superfície. Caso não encontre Mariwó, pode utilizar palitos de churrasco. Regue com azeite de dendê e mel.
OGUM DE LEI Traz consigo a vibração pura de Ogum e trabalha para todo o planeta. É a própria Lei regendo os reajustes cármicos. Suas oferendas podem ser feitas em qualquer lugar do mundo, acrescidas de uma vela, que deve ser oferecida ao Tempo. ERVAS DE OGUM Várias são as ervas utilizadas nos trabalhos para a vibração de Ogum: •Espada de Ogum •Losna, •Jurubeba •Romã •Aguapé, •Mariô •Comigoninguém-po-de, entre outras.
Por ser uma erva de limpeza poderosa, o banho deve ser restrito a limpezas profundas. Quando usadas repetidamente, removem energias densas e também as sutis, enfraquecendo aquele que faz seu uso.
O dia do Orixá Ogum é terça-feira; a cor das velas acesas para este Orixá pode ser vermelha ou azul royal. Senhor das contendas, vencedor de demanda, possui vibração muito forte. Velas vermelhas, acesas durante ritual para Ogum, vibram na mesma frequência, atingindo os resultados esperados.
Frutas oferecidas a Ogum:
Graviola, banana (exceto d'água), ameixa, pitomba, ciriguela, abacate, abiu, limada-pérsia, morango.
N
o dia 27 de abril a Federação de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros de Diadema realizou mais uma grande homenagem a São Jorge – Orixá Ogum, com a presença dos associados e convidados, entre eles o deputado federal Vicentinho e o Vereador em Diadema, Josa Queiroz, vicepresidente da entidade. Cássio Ribeiro, presidente da Fucabrad, foi quem comandou a procissão que saiu da Praça Castelo Branco, no centro de Diadema, e seguiu pelas ruas levando a imagem de São Jorge Guerreiro para o Ginásio Poliesportivo Ayrton Senna, onde realizou-se uma grande confraternização. “São 23 anos de festa, e o que nos levou a realizar essa homenagem é a importância que tem Ogum para o povo umbandista e para mostrar à população a nossa fé, que ela merece ser respeitada, trazendo para as ruas a crença que demonstramos dentro dos nossos templos e barracões”.
Zélio de Moraes
Mãe Maria Aparecida
DO LIVRO “UMBANDA NA UMBANDA” AUTOR: ORTIZ BELO DE SOUZA|EDITORA PORTAIS DE LIBERTAÇÃO
Médium com Erê
Ser médium, uma função nobre! Na verdade, todas as pessoas possuem esse magnetismo fantástico que nos possibilita mediar forças. Tudo na Criação é fantástico; o ser humano foi gerado como uma verdadeira engrenagem para o universo. Não estamos soltos, estamos interligados a esferas das mais variadas. O corpo físico humano possibilita isso, pois ele é feito de pura energia aglutinada, gerando um campo eletromagnético que forma a aura humana que, por sua vez, está intrinsecamente ligada ao campo mediúnico espiritual.
C
ada átomo do nosso corpo forma um campo gerador de eletricidade; este, por sua vez, faz interagir uns com os outros, formando possibilidades interessantes em que o campo mental é o grande dire-cionador, atuando através da glândula hipófise e da glândula pineal. Somos o que pensamos, portanto, a formação do médium é puramente pautada em seu conceito de vida, na maneira como ele reage em relação aos acontecimentos, em relação ao seu conhecimento. Esse tema abordaremos mais adiante, quando enfa-tizaremos a mediunidade. Por enquanto, vamos buscar compreender o médium. Embora já colocado que todos somos médiuns, ser médium de trabalho, atuante, é uma ação diferenciada. Um médium de trabalho tem de estar pre-parado para os vários choques que seu campo mediúnico vai receber. Existe uma diversidade de impactos que o medianeiro poderá receber do plano espiritual, bem como de seus contrários em relação ao trabalho edificante que realiza. Sendo assim, os choques não significam sofri-mento, apenas uma oportunidade de evoluir a cada momento em sua jornada espiritual. E, como já bem colocado pelos guias espirituais, quando servimos às pessoas com nossa mediunidade, pas-samos a iluminar nosso espírito. Tudo o que projetamos aos nossos irmãos assistidos, recebemos em dobro, e isso é glorioso. Além do que, estamos nesta encarnação para proporcionar resgates; muitas vezes, em um trabalho espiritual em que beneficiamos alguém, estamos resgatando algo de nosso passado. A formação de um médium depende de informações, de estudo, de com-preender a si mesmo. É preciso ser um religioso contemplativo, pois só assim gera-se o
Poder da Fé. Procurarei explicar do meu ponto de vista, para que o amigo leitor interaja com o que está sendo colocado. Não existe trabalho espiritual se não houver fé – creio que com isto todos concordarão. Porém, para sentirmos o poder de Deus, a força dos Orixás e a essência dos guias espirituais, temos de exercitar esse ato por meio da contemplação. Busquemos ir além da chama da vela, além das ferramentas e paramentos, comuns em nossos rituais. Vamos além do próprio rito, e o que encontraremos será a essência divina da Criação. Fechemos nossos olhos e nos entreguemos à nossa devoção, sentindo e ouvindo nossos batimentos cardíacos. Assim, nos enchemos de felicidade, evocamos, oramos e declaramos a força do Criador em nossa existência. Busquemos sentir nossos guias, nossos Orixás, nosso anjo protetor. Imantemos nossos fami-liares com essa vibração pura e serena, nos alegrando por sentir nossos antepassados agradecidos pela lembrança. Essa entrega, pela qual vamos além e passamos a sentir Deus, isso é contemplação. Um religioso, um médium, só será completo quando sentir isso em seu coração, que é algo além do material, do palpável, além da pequenez humana, que é tão limitante. Somos pequenos diante da grandeza do Criador, mas quando essa
Preta-Velha
Zé Pelintra
“UM RELIGIOSO, UM MÉDIUM, SÓ SERÁ COMPLETO QUANDO SENTIR EM SEU CORAÇÃO QUE HÁ ALGO ALÉM DO
MATERIAL, DO PALPÁVEL, DA PEQUENEZ HUMANA, QUE É TÃO LIMITANTE”
entrega existe, deixamos de ser peque-ninos e nos tornamos parte do mistério de Deus. Sem esses sentidos, passamos a correr riscos pela falta do limite, entramos em um estado material e egoísta, e essa indisciplina religiosa causa danos a muitos medianeiros. Procurei, por meio do conhecimento, da intuição e da orientação das divindades, enfatizar sobre a formação do médium com o apontamento de seus atributos. Dediquei um capítulo para que haja, em cada um de nós, a reflexão e a meditação necessária para que o campo mental e espiritual do médium seja lapidado. Independente do tempo que já praticamos nossa fé, temos de buscar incessantemente a melhoria de nosso espírito, dedicando momentos de nosso dia para essa reflexão, vigiando nossos sentimentos, nossa conduta e, sobretudo, nos ligando ao Criador. Existem médiuns fantásticos que se perdem ou se perderam por falta de disciplina, de humildade, por ganância, por serem apenas místicos e pela falta dessa busca em relação à sua lapidação. Muitos não desenvolvem sua religiosidade, não sentem em seus corações o Amor Fraternal. Esse tema é importante e uma explanação nos eleva e ajuda em nosso desenvolvimento espiritual.
Médiuns em atendimento, durante Gira de Preto-Velho
Alecrim (Rosmarinus officinalis) Partes utilizadas: Folhas dos ramos jovens. Princípios ativos: Borneol, pineno,canfeno, tanino, colina. Propriedades terapêuticas: Estimulante geral, emenagogo (facilita a menstruação), contra afecções hepáticas e biliares, gota e reumatismo. Modo de usar: Interno: Infusão com as folhas (3 vezes ao dia). Alho (Allium sativum) Partes utilizadas: Bulbo. Princípios ativos: Óleo essencial, glicosídeos, alicina e garlicina, vitaminas B e C, sais minerais. Propriedades terapêuticas: Diminui a pressão arterial, facilita a digestão, combate gases intestinais e diarreias, expectorante. Modo de usar: Interno: Usa-se cru, pois o calor tende a destruir seus princípios ativos. Amasse dois dentes e deixe macerando em um copo de água durante a noite (tomar 2 vezes ao dia). Não é aconselhado para quem sofre de dermatite ou tem irritação no estômago ou nos intestinos. Mulheres amamentando devem evitar seu uso para não causar cólicas no bebê. O uso prolongado pode deixar a pessoa com hálito forte.
Modo de usar: Externo: Macerado em álcool, massagear as áreas afetadas. Cuidado com o uso em áreas sensíveis como olhos e boca. Nunca passe sobre feridas.
Azaleia (Rhododendron ferrugineum) Propriedades terapêuticas: reumatismo e artrite. (uso externo)
Arruda (Ruta graveolens)
Partes utilizadas: Folhas frescas, sem fungos. Princípios ativos: Vitamina C, ácido oxálico. Propriedades terapêuticas: Diurético. É utilizada contra resfriado, escorbuto, desidratação, inflamações na garganta, febre de origem hepáticobiliar, depurativo do sangue.
Partes utilizadas: Folhas e flores. Princípios ativos: Rutina, tanino, resina, óleo essencial. Propriedades terapêuticas: Estimula a menstruação, alivia dores intestinais e desinflama os olhos. Modo de usar: Interno: Infusão por I0 minutos (2 vezes ao dia). Externo: Macerado, passe em volta dos olhos. A planta é abortiva e não deve ser utilizada durante a gravidez.
Azedinha (Oxalis acettosella)
Modo de usar: Interno: Crua, como salada ou infusão (3 vezes ao dia). Pessoas com pedras de oxalato nos rins não devem consumir a planta.
Aspargo (Asparagus officinalis)
Babosa (Aloe Vera)
Partes utilizadas: Raízes. O outono é a melhor época para a colheita. Princípios ativos: Saponinas, asparagina, sais de potássio. Propriedades terapêuticas: Diurético, antianêmico e ação remineralizante.
Partes utilizadas: Folhas frescas, de onde se extrai o sumo. Princípios ativos: Mucilagem, tanino, aloína, resinas e óleo essencial. Propriedades terapêuticas: Tônico capilar, regenerador da pele.
Modo de usar: Interno: Ferver a raiz por 10 minutos e deixar em infusão por mais 10. Tomar 3 vezes ao dia, sem açúcar, Ionge das refeições. Os frutos não devem ser ingeridos.
Arnica (Arnico Montana)
Assa-peixe (Vernonia polyanthes)
Partes utilizadas: Flores e rizomas. Princípios ativos: Arnicina, taninos, ácido cafeico. Propriedades terapêuticas: Contusões, dores musculares, reumatismo.
Propriedades terapêuticas: Expectorante, gripes pulmonares, bronquite e tosse.
Modo de usar: Externo: Aplicar o suco no couro cabeludo com leves massagens. Enxaguar com água morna. Bálsamo (Balsanina hortensis) Propriedades terapêuticas: Cicatrizante. Boldo (Vernonia condensata e coleus barbatus) Partes utilizadas: Folhas. Principios ativos: Óleo essencial, boldina, boldoglicina.
Propriedades terapêuticas: Desintoxicante do fígado, diurético, antidiarreico e estimulante do apetite. Modo de usar: Interno: chá com as folhas (3 vezes ao dia, antes das refeições) Calêndula (Calendula oficinalis) Partes utilizadas: Flores secas. Princípios ativos: Óleo essencial, caroteno, calendulina, mucilagem. Propriedades terapêuticas: Cicatrizante, reguladora da menstruação, tonificante da pele (acne). Modo de usar: Interno: chá (3 vezes ao dia) Externo: Na forma de pomada, 3 vezes ao dia. Mulheres com menstruações difíceis devem começar o tratamento l0 dias antes de cada menstruação. Camomila (Anthemis nobilis) Partes utilizadas: Flores secas. Princípios ativos: Óleo essencial, Glicosídeos, cumarina. Propriedades terapêuticas: Calmante, combate a insônia, cólicas e dores de estômago; cicatrizante, anti-inflamatório, contra reumatismo e nevralgias. Modo de usar: Interno: infusão (3 vezes ao dia) Externo: macerado, massagear a área dolorida.
de contusões ou reumatismo. Acalma a tos-se e desbloqueia as vias respiratórias. Modo de usar: Externo: Macerado em álcool, fazer massagem nas áreas doloridas ou no peito. Evitar o uso em pessoas de pele sensível ou em crianças. Capim-limão (Cymbopogon citratus) Partes utilizadas: Folhas frescas ou secas. Princípios ativos: Óleo essencial, sapo-nina, cimbopogona. Propriedades terapêuticas: Digestivo, antirreumático, calmante, sudorífero, febrífugo, contra dores musculares e gases intestinais. Modo de usar: Interno: infusão (3 vezes ao dia). Em algumas regiões é chamada também de erva-cidreira. Capuchinha (Tropaeolum majus) Partes utilizadas: Folhas e flores. Princípios ativos: Sais minerais e vitamina C. Propriedades terapêuticas: contra bronquite, expectorante, anticatarral, queda de cabelo. Modo de usar: Interno: Como salada ou infusão (3 vezes ao dia). Externo: Usar o chá como loção capilar.
Cânfora (Laurus canphora)
Carqueja (Baccharis trimera)
Partes utilizadas: Folhas (ou na forma de pequenos cubos). Princípios ativos: Óleo essencial. Propriedades terapêuticas: Diminue ardência de picadas de insetos, dores
Partes utilizadas: Ramos. Princípios ativos: Óleo essencial, flavonoides, saponinas e resinas.
Propriedades terapêuticas: Digestivo, contra diabetes, diurético, estimulante do fígado. Modo de usar: Interno: infusão (3 vezes ao dia, antes das refeições) Cavalinha (Equisetum arvensis) Partes utilizadas: Toda a planta (melhor época para colher: verão) Princípios ativos: alcaloides, tanino, sílica, sais minerais. Propriedades terapêuticas: Diurético, contra hemorragias, anemia, fraqueza, auxilia na recuperação de fraturas. Modo de usar: Interno: Ferver por 30 minutos e deixar em infusão por mais 10 (tomar 2 vezes ao dia). Externo: Usar a planta fresca ou o pó da planta seca contra hemorragia. Dente-de-Ieão (Taraxacum officinale) Partes utilizadas: Folhas e raízes. Princípios ativos: sais minerais, carotenoides, colina, tanino. Propriedades terapêuticas: Digestivo, diurético, depurativo e tônico. Modo de usar: Interno: Folhas, na salada; raízes em forma de chá (2 vezes ao dia).
Autor: Adílson Marques / ONG Círculo de São Francisco / Cadernos de Animagogia
Sabemos que Deus não cria nada sem utilidade, e isso vale também para as plantas. No passado, as sociedades classificadas preconceituosamente como “primitivas” aprenderam, empiricamente, a identificar o valor medicinal de infinitas plantas. Hoje, a ciência moderna já conseguiu comprovar o poder curativo de várias delas, detendo-se no estudo de seus princípios ativos. A ciência ortodoxa ainda não foi capaz de revelar a dimensão energética das plantas, sua dimensão sutil e etérea, daí sua desconfiança até hoje em relação à homeopatia e as diferentes terapias florais.
E
ste texto reúne uma série de informações sobre algumas plantas muito comuns nos quintais até algumas décadas atrás e usadas, rotineiramente, para tratar os mais diferentes problemas: tosse, dificuldade digestiva, problemas de pele, etc. No dito mundo “civilizado”, o avanço da indústria farmacêutica através de massiva campanha publicitária e da urbanização sem preocupação ecológica praticamente extinguiram os quintais e o uso saudável destas plantas, como faziam nossos ancestrais até algumas gerações atrás. Este estudo ajuda a resgatar esse conhecimento e procura estimular no leitor o prazer em cultivar e manipular as plantas medicinais e aromáticas, pois essa dimensão alquímica também é importante. Ela desperta nossa sensibilidade e permite que nos tornemos mais propícios à cura. E, em um mundo que se orgulha de ser (des)envolvido, ou seja, sem envolvimento, nada melhor do que a possibilidade de descansar a mente e se envolver com a natureza e seus segredos, pelo menos por alguns minutos diários.
REPRODUÇÃO DOS VEGETAIS As plantas medicinais e aromáticas são facilmente multiplicadas e reproduzidas. Entre os processos mais comuns temos a semeadura direta, a “mergulhia” e a “estaquia”. O primeiro caso ocorre quando as sementes são espalhadas no solo, em seu lugar definitivo ou em um viveiro. Algumas plantas se reproduzem por “mergulhia”, ou seja, quando um galho ou ramo da planta cria raízes em contato com o solo. Esse processo pode ser provocado envergando um ramo ou enterrando até que haja o surgimento de raízes. Quando isso ocorrer, a nova muda poderá ser retirada da terra e plantada em outro local, evitando que o torrão em volta das raízes se desfaça. Esse processo, no caso das hortaliças, é mais conhecido como “touceira”. Em relação às “estacas”, o processo também é muito simples. De acordo com as plantas, as estacas podem ser feitas a partir dos galhos, das folhas e até das raízes. Algumas podem ser colocadas em um copo de água até criarem raízes, outras podem ser
colocadas diretamente na terra, evitando-se o excesso de vento e a falta de umidade enquanto ocorre o enraizamento da nova muda. Nos dois últimos casos é importante trabalharmos sempre com plantas adultas e sadias. A melhor hora para regar suas plantas é no fim da tarde, quando os poros da planta (estômatos) já se encontram abertos. Durante o dia, nas horas mais quentes, eles se fecham para que a planta não perca muita água. Além disso, o ataque de fungos se intensifica quando a terra é molhada nas horas mais quentes do dia. Porém, para o uso medicinal, não se esqueça de colhê-las pela manhã.
CONTROLE DE PRAGAS O canteiro deve ser mantido sempre limpo. O melhor é tentar acompanhar diariamente o crescimento das plantas e retirar as invasoras para que não haja competição por nutrientes, água e sol. Em canteiros pequenos, as invasoras podem ser retiradas manualmente. Uma forma eficiente de se evitar as ervas invasoras é a forração de toda a su-perfície do canteiro com casca de arroz ou outra cobertura morta, inclusive com o material resultante das podas, pois este contém os nutrientes que a planta necessita. Além disso, esta cobertura di-ficulta a proliferação das ervas invasoras, protege o solo da ação solar e ajuda a reter a umidade. Fora dos canteiros, porém, é aconselhável deixar um pouco de “mato” que
servirá de alimento aos insetos. Tendo onde se alimentar, os insetos deixarão de atacar as plantas cultivadas. Felizmente, as plantas medicinais e aromáticas não exigem muita preocupação em relação às pragas e doenças. Várias possuem aromas que repelem insetos. E o caso da salsa, do tomilho, da segurelha, entre outras. Mas como todo cuidado é pouco, outra maneira de evitar a proliferação de pragas é jamais cultivar uma única espécie. O consórcio de várias espécies no mesmo espaço costuma atrair sempre alguns inimigos naturais das pragas dominantes. Nor-malmente, as pragas mais comuns nas plantas medicinais são os pulgões e os ácaros. Quando apenas algumas folhas foram atacadas, o melhor a fazer é retirá-las e queimá-las. Mas se a praga já se alastrou, um inseticida natural pode ser utilizado: a calda de fumo ou o macerado de alho.
ESTE
ESTUDO AJUDA A RESGATAR ESSE
CONHECIMENTO E PROCURA ESTIMULAR NO LEITOR O PRAZER DE CULTIVAR E MANIPULAR AS PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS, POIS ESSA DIMENSÃO ALQUÍMICA DESPERTA NOSSA SENSIBILIDADE E PERMITE QUE NOS TORNEMOS PROPÍCIOS À CURA
COMO UTILIZAR AS ERVAS As propriedades terapêuticas das plantas são mais concentradas nas ervas secas do que nas frescas. Assim, ao usar ervas secas, utilize-as em menor quantidade. O uso das mesmas é variado, sendo que o chá é o mais comum. Procure, se possível, utilizar água filtrada ou mineral, pois a água tratada possui muitas substâncias químicas. Se for possível, procure, também, utilizar chaleiras esmaltadas, de cerâmica, pedra ou vidro. Os recipientes de alumínio soltam substâncias químicas que alteram o princípio ativo das plantas. As três formas habituais de preparar chá são: infusão, decocção e maceração. A infusão consiste em ferver a água e, em seguida, apagar o fogo e jogar a erva na água, deixando a mistura descansar de 10 a 15 minutos com a chaleira tampada. Em seguida, é só coar e beber. A decocção costuma ser utilizada para chás preparados a partir de cascas, frutos secos ou raízes. Aqui as plantas devem ser picadas e colocadas em uma
chaleira com água fria. Leve a chaleira ao fogo e, após ferver, deixe mais 5 ou I0 minutos no fogo. Normalmente, o chá preparado através deste processo deve ser tomado quente. Na maceração, qualquer parte da planta pode ser utilizada. Após ser picada e amassada no pilão, mergulhar em água, álcool de cereais, óleo, vinagre ou vinho, de acordo com a finalidade. Normalmente, as partes tenras da planta ficam em maceração por l2 horas. Já as partes duras costumam ficar por períodos de um ou mais dias. Antes do uso é recomendável coar a mistura em um tecido, retirando os resíduos. Além do chá, pode-se fazer suco, cataplasma, compressa, pomada, xarope, etc. com as plantas.
A função do banho de ervas é de ser condensador de energias solares e cósmicas. Há ervas que recebem influxos mais diretos de certos planetas. Um corpo celeste con- centra certas linhas de força ou for-ças sutis que determinado Orixá comanda. Assim, temos ervas para determinados Orixás, que devem ser colhidas na quinzena positiva nas Luas Nova e Crescente.
Para os banhos, as ervas deverão ser colhidas e logo depois usadas. Devem estar verdes. Para os chás, os mais eficientes serão os colhidos e usados logo, mas se as folhas estiverem secas, podem se prestar à sua função, pois ainda mantêm em sua composição física certas substâncias que serão úteis. Mas é importante que tenham sido colhidas nas Luas Nova ou Crescente.
Lua Crescente: Nessa fase ainda há uma corrente prânica nas folhas; após o quarto dia, a corrente se desloca para os galhos menores, e até o sétimo dia passa para os galhos maiores.
BANHO PARA ELIMINAÇÃO DE CARGAS NEGATIVAS
Lua Cheia: A corrente prânica desce mais ainda, alcançando o caule primário. Desce até o sétimo dia da Lua Cheia, quando o prana já está praticamente acumulado na raiz. Lua minguante: Força prânica concentrada na raiz, vitalizando-a e permitindo que ela tire do solo nutrientes físicos e hiperfísicos. Esta fase da lua dura sete dias para ser completada.
Lua Nova: O éter vital ou prana se concentra nas folhas, flores e frutos. Não se deve colher ervas nas Luas Cheia e Minguante, pois a força vital, o prana (fluido universal) e as energias eletromagnéticas estão na raiz, e é claro que ninguém vai tomar banho de raiz.
Elimina as cargas negativas que ficam na aura dos indivíduos. • As ervas deverão ser colhidas verdes na Lua Crescente, na quantidade de uma, três, cinco ou sete qualidades, mas sempre da mesma Vibração ou Linha. • Após lavar as ervas, colocar numa vasilha de louça branca sobre uma mesa, onde se acende uma vela branca. Tudo isso deve ser preparado com orações. • A seguir, acrescentar na vasilha, onde já estão as ervas, água fervente ou água de cachoeira, rio, mar, etc. Se for água dessas procedências, triturar as ervas com as mãos, previamente lavadas e depois limpas com álcool, e, antes de banhar-se, retirar os restos, coando o sumo. • Se for água quente, espera-se o tempo suficiente para que haja as transmutações vibratórias e para que a água se esfrie até a temperatura que permita ser usada sem lesar ou trazer queimaduras. • Após o banho de higienização, o indivíduo volta-se para o ponto Sul e toma o banho de ervas, deixando o mesmo, junto às ervas, passar pelo corpo todo, mas do pescoço para baixo. • Ao tomar o banho de descarga, colocar sob os pés pequenos pedaços de carvão, que, devido ao elemento carbono, fixarão as cargas que as ervas
deslocarem. • O mecanismo básico deste banho é o de que a água, com as ervas, desloca cargas ou formas-pensamento que se tenham agregado ao Corpo Astral ou Corpo Etérico do indivíduo, liberando tensões, bloqueios e doenças, e também limpando o corpo Astral. • Após o banho, os detritos de ervas devem ser retirados do corpo um a dois minutos depois e colocados em algum recipiente de vidro. Por ser isolante, junto ao carvão, devem ser despachados em água corrente. O resto das ervas, no caso de maceradas, pode ser despachado em rio ou mata. BANHO DE FIXAÇÃO OU RITUALÍSTICO Uma das mais importantes práticas para o bem-estar físico e espiritual são os banhos ritualísticos. São de caráter essencialmente mediúnico e visam precipitar em maior abundância os fluidos dos médiuns, o que facilita a ligação fluídico-vibratória entre o médium e seu mentor espiritual. É também uma espécie de catalisador ou facilitador da assimilação fluídica entre o complexo astropsíquico médium-Entidade atuante, isto é, além dos fluidos próprios da tônica vibratória do médium, há uma produção de fluidos da própria tônica vibracional da Entidade. Para que isso possa ocorrer, há uma transformação dos fluidos do médium nos fluidos da Entidade atuante através de processos complexos, que são faci-litados e ativados com ervas que vibrem na mesma sintonia do Mentor atuante. Os chamados “Banhos de Descarga” ou “de Descarrego” tem como finalidade deslocar ou eliminar as cargas negativas que ficam agregadas na aura ou Corpo Etérico. Esse tipo de banho não deve ser aplicado na cabeça. Os “Banhos de Elevação” ou “Litúrgicos” são utilizados por médiuns já
mediunicamente ou que estejam prestes a sê-los. Este tipo de banho movimenta certas energias de ordem psíquica, podendo trazer vários distúrbios se a pessoa que for usá-lo não estiver nessas condições. BANHOS DE ESSÊNCIAS Estes banhos tem como finalidade harmonizar o indivíduo consigo mesmo e com seu grupo vibratório, para predispô-lo a níveis de consciência mais elevados. Podem ser usados em qualquer fase da lua e em qualquer horário, devendo obrigatoriamente passar pela cabeça. Para que cada banho tenha o efeito desejado, é necessário observar alguns pontos importantes. Antes de mais nada, saber qual Orixá rege a pessoa. Para isso partimos do signo de nascimento, que está diretamente relacionado com sua Vibração Original. Na tabela abaixo podemos verificar a relação entre os signos e sua vibração original. Identificada a Vibração Original, devemos escolher as ervas dessa
Vibração. Toda erva a ser usada em qualquer banho deve ser colhida apenas nas Luas Nova ou Crescente (Luas positivas) e nunca nas Luas Cheia e Minguante (Luas Negativas). Devem ser amassadas com as mãos e nunca fervidas, sendo a sua quantidade sempre em número de um, três, cinco ou sete ervas, que devem ser colhidas e preparadas preferencialmente no horário vibratório do Orixá correspondente. BANHO PARA MÉDIUNS JÁ INICIADOS BANHOS DE ELEVAÇÃO • Escolher 3, 5 ou 7 qualidades de ervas de Oxalá. Sim, pois nesse banho só são utilizadas ervas de Oxalá. • Após colhidas e lavadas, as ervas são colocadas numa vasilha de louça branca ou de ágata. Após isso, adicionar água de cachoeira ou água de mina, ou seja, uma água pura. A seguir, acender uma lamparina sobre uma mesa. • Inicia-se a trituração das ervas com as mãos bem limpas (de preferência lavadas e depois limpas com álcool) e
com a corrente mental de pensamentos mais puros possíveis, de acordo com a finalidade do banho. Assim as vibrações serão mais bem catalisadas na água, tornando o banho um possante agente de elevação vibracional. Após a trituração, côa-se as ervas deixando o sumo pronto para ser usado, se possível dentro ainda do horário favorável do Sol. • Toma-se primeiro o banho de higienização física. Logo a seguir, tomase esse banho, passando-o pela cabeça, fato primordial. Se possível, deve-se ficar voltado para os pontos Oeste ou Leste (de costas para os mesmos), respirandose lenta e profundamente. Enxugar-se apenas após três minutos, para que possa haver plena transfusão de elementos de ordem mental, astral e física. Repetir esse banho sempre que sentir necessidade ou quando for para a sessão. Caso seja difícil utilizar o melhor horário, é importante que se faça no horário vibratório de Oxalá, das 9 às 12h. Fonte consultada: Guia do Médium Curador/Os Sacramentos da Umbanda www.ogumhorusra.com.br/www.tefl.com.br
OXALÁ – Signo de Leão
Arruda, Levante, Erva-Cidreira, Alecrim, Girassol, Hortelã, Laranja (folhas), Arnica e Poejo.
9 às 12h
IEMANJÁ – Signo de Câncer
Unha de Vaca, Picão do Mato, Folhas de Lágrima de Nossa Senhora, Erva Quaresma, Abóbora D’anta, Mastruço e Chapéu de Couro.
18 às 21h
Amoreira, Anil, Abre-Caminho, Alfazema, Suma-roxa, Capim Pé-de-Galinha, Salsaparrilha, Arranha-Gato e Manjericão.
12 às 15h
Maria-Nera, Limoeiro, Erva Moura, Aperta-Ruã, Erva Lírio, Maria Preta, Café (folhas), Mangueira (folhas) e Erva de Xangô.
15 às 18h
OGUM – Signo de Áries
Losna, Comigo-ninguém-pode, Romã (folhas), Espada de Ogum, Erva de Coelho, Cinco Folhas, Macaé, Erva de Bicho e Jurubeba.
3 às 6h
OXOSSI – Signo de Libra
Malva Rosa, Malvisco, Mil Folhas, Sabugueiro, Funcho, Sete Sangrias, Azedinho, Gervão Roxo, Grana Pernambuco e Grama Barbante.
6 às 9h
YORIMÁ / ALMAS – Signo de Aquário
Mal-com-tudo, Guiné-pipi, Negramina, Erva Grossa, Tamarindo, Eucalipto, Cipó Caboclo, Cambará, Vassoura Preta e Vassoura Branca.
21 às 24h
YORI / IBEJI – Signo de Gêmeos
XANGÔ – Signo de Sagitário
De sua casca e raízes é preparada uma bebida sagrada que possibilita ao homem encarnado o contato com “seres do outro mundo” – o Mundo Espiritual. A árvore em si é um símbolo sagrado; foi, e ainda é, o centro de práticas religiosas de épocas longínquas. No Nordeste brasileiro, de ontem e de hoje, se fazia e se faz uso da bebida da “Jurema Sagrada” em práticas de rituais religiosos.
C
onhecida popularmente como Jurema, essa espé-cie de Acácia, classificada cientificamente como Mimosa Hostilis, é uma árvore que em tempos remotos foi utilizada para caçar e guerrear entre os índios do Nordeste. Hoje, continua sendo utilizada em práticas magísticas. A Jurema é a “Acácia dos Mistérios” e sempre foi, desde a Antiguidade, considerada uma árvore sagrada por muitos povos, que tinham por ela verdadeira adoração – Hindus, Indo-Iranianos, antigas tribos árabes, pré-povos islâmicos e também as antigas tribos de Israel. Também é considerada sagrada por Maçons e Rosacruzes; estes últimos creem que a madeira utilizada na confecção da cruz de Jesus Cristo era de uma acácia. Existem dezenas de espécies de Acácia que contêm em suas raízes e casca as substâncias chamadas de “triptaminas”, por isso sempre foram utilizadas em rituais mágico-religiosos no preparo da bebida que levasse ao “êxtase religioso”. O Culto à Jurema – Difundido no sertão nordestino, chegou às cidades do litoral encontrando-se com elementos étnicos diversos, incorporando e dando um outro significado ao culto: a ligação entre o mundo material e o espiritual, permitindo com isso a aquisição da sa-bedoria, criando uma mitologia com in-fluências cristãs. Segundo o pesquisador Câmara Cascudo, a árvore Jurema foi capaz de esconder a “Sagrada Família” dos soldados do Rei Herodes, quando esta fugia para o Egito. Dentro da religiosidade popular, a tradição antiga foi ganhando influência de elementos africanos e europeus. “Abrindo a mesa, com luz e amor Abrindo as portas do Juremá Chamando os Guias para trabalhar”
A árvore da Jurema – Mimosa Hostilis
A bebida Jurema Sagrada
A casca, com a qual, juntando-se a raiz, é elaborada a bebida ritual
Esse cântico dá início a uma Sessão de Jurema, chamando os “Mestres do Mundo Espiritual” para virem até o mundo dos vivos. Para os Juremeiros, esse Mundo Espiritual se chama “Juremá”, e é composto
de reinos, cidades e aldeias, onde residem Mestres e Caboclos. No Culto à Jurema, os Caboclos são Entidades de origem indígena e trabalham principalmente na Cura; eles receitam ervas para banhos e defumações, que fazem parte de um conhecimento milenar. Também dão passes e benzem com ervas e folhas. Nas Mesas de Jurema, os Caboclos costumam ser identificados como “Príncipes”. Outras Entidades que trabalham no Culto à Jurema são os chamados “Mestres”, termo que, segundo alguns pesquisadores, tem origem portuguesa, no sentido tradicional de médico ou curandeiro. São Espíritos que descendem da miscigenação entre índios, negros e brancos, que vêm ao mundo dos vivos co-mo curadores das mazelas físicas e espi-rituais do homem encarnado. Se dizem ini-ciados na “Ciência da Jurema”, outros aprenderam a curar no momento da morte, por esta ter ocorrido próximo à árvore sagrada. Existem muitos Mestres e Mestras, cada um com uma responsa-bilidade dentro dos diversos campos da existência material. Nas Mesas, essas Entidades são representadas de acordo com sua categoria de trabalho. Pelos adeptos do culto, são carinhosamente chamados de “Padrinhos”. Oferendas – Os Mestres costumam receber bebidas, que nunca devem faltar nos cultos, o fumo – em charutos ou cachimbos – e alguns alimentos preparados com frutos do mar. Essas ofertas agradam e fortificam a firmeza e a vibração dos Mestres Juremeiros. Durante o transe mediúnico, os Mestres costumam se apresentar com o corpo ligeiramente voltado para frente e com os joelhos flexionados. As Mestras são facilmente reconhecidas por seus assentamentos – onde figuram leques, bijuterias, cigarros e cigarrilhas. Existe uma
grande quantidade de Entidades femininas na categoria de Mestras, que possuem atributos e personalidades ligadas ao Mundo Espiritual e material. Algumas, por terem morrido virgens, receberam o status de “Princesas”. Algumas Mestras e Princesas – Mestra Marianinha, Princesa Catarina e Princesa Rosa Vermelha. “Sou Princesa da Rosa Vermelha Sou Princesa que vem ajudar Sou Princesa dos campos de Anadir Meu ponto venho firmar”
“Vinde, vinde, vinde minhas irmãs Vinde, vinde, vinde me ajudar Eu sou a Princesa Elisa Meu ponto venho firmar” As Mestras costumam ser muito vaidosas; quando incorporam, fazem com que suas médiuns se vistam de forma que as possibilitem se aclimatar na “matéria”, com performances femininas. Outras Entidades que se manifestam no Culto – Além dos Mestres e Caboclos costumam descer na Jurema, mas com menos frequência, os Pretos e Pretas-Velhas. Aí entra a influência africana dos Espíritos que são ótimos benzedores e conselheiros. Juntando-se a esse Panteão, temos os santos católicos, muito respeitados e reverenciados pelos Mestres e Caboclos, como podemos verificar em alguns de seus cânticos: “Minha Santa Terezinha Vós queira me ajudar Os trabalhos que eu fizer Outros não possam desmanchar Sou Caboclo da Jurema Só faço o bem, não faço o mal” Os rituais – Juremação e Tombo da Jurema
Dentro do culto são realizados alguns rituais para a fortificação da corrente dos Mestres e passar conhecimento aos discípulos – os Juremeiros. Um dos rituais, bastante simples, mas que contém grande sabedoria, é a Juremação ou Implantação da Semente – planta-se no corpo do discípulo, por baixo da pele, uma semente da árvore sagrada. Para se chegar à Juremação dos discípulos, são necessários três procedimentos: – O Mestre Espiritual se responsabiliza pela implantação da semente; – O Líder Religioso – Juremeiro – inicia um ritual especial, dando a seus afilhados a semente e o vinho de Jurema para beber. Após esse ritual, o iniciante não deverá manter relações sexuais durante sete dias. Nesse período, durante todas as noites será levado em sonho por seus Guias Espirituais, para conhecer as cidades e aldeias onde residem. Ao fim dos sete dias, a semente ingerida pelo discípulo deverá aparecer em outra parte do corpo, embaixo da pele. – Por fim, o Juremeiro implanta a semente da Jurema, por meio de um corte, sob a pele do braço. Junto a esse ritual há a “Ciência do Cachimbo”, que dará força ao iniciante em suas cachimbadas. É realizado o ritual pelo invertido do cachimbo – a fumaça é jogada pelo tubo sobre a pele do braço, até que o calor queime o local. Tombo da Jurema – Muitos Mestres que hoje estão no Mundo Espiritual passaram por esse ritual para ganhar “ciência”. Eles tombaram ao pé da Jurema, e quando acordaram, estavam prontos para o trabalho. Foi assim com Mestre Carlos, famoso por seu dom de curar na Mesa de Jurema. “Cada Jurema é uma Jurema” – Há muitas formas de se trabalhar dentro da
“Ciência Espiritual”. Alguns trabalham na Jurema de Mesa, em que os discípulos sentam ao redor e, em cima delas, assentados, alguns príncipes e princesas. Louva-se o nome de Jesus Cristo e exaltase o poder da Jurema Sagrada; geralmente recita-se a oração católica “Prece de Cáritas”, abrindo a sessão. A Mesa pode ser aberta pela direita ou pela esquerda; pela direita, só Entidades elevadas se fazem presentes – Caboclos, Príncipes, Princesas e Mestres – todos Entidades de muita luz. Dão passes, receitam banhos e defumações, cantam seus pontos e afirmam sua força na Jurema Sagrada. Quando se abre uma Mesa “pela esquerda”, todo tipo de Entidade Espiritual pode vir. Não se visa necessariamente o mal de ninguém, mas todos os males podem ser devolvidos aos inimigos em trabalhos feitos por esse lado da “Ciência Juremeira”. Alguns terreiros não realizam sessões em torno da Mesa, mas próximo da Mesa/Altar onde estão assentadas as Entidades da casa. As Entidades são chamadas, são feitas orações e saudações e canta-se para abrir a sessão e chamar os Guias. Canta-se para Malunguinho (também co nhecido como “Exu da Jurema”); depois, canta-se para todos os Caboclos do Juremá: Cabocla Aurora, Índio Tupi, Sete Flechas, Caboclo Guaraci, os Tapuias e os Canindés e para a própria Cabocla Jurema. Os discípulos pedem bênção aos Juremeiros mais velhos e saúdam a Mesa de Jurema e os Mestres. Está aberta a “Sessão de Jurema” – Os Mestres começaram a chegar.
“M
eu pai e minha mãe sempre foram da religião de Umbanda e minha avó paterna tem um terreiro aberto até hoje – Terreiro de Umbanda Caboclo Sete Mon-tanhas, em Interlagos, São Paulo. Foi lá que dei início à minha vida espiritual aos sete anos, uma Umbanda praticada com tradicionalismo e muito amor. Ao me tornar adolescente, decidi sair e busquei minha iniciação no Candomblé de Angola. Depois desse período de iniciação no Culto de Nação, decidi então abrir o meu próprio templo de Umbanda, baseado em tudo que aprendi com meus pais”. Por que você tomou essa decisão de deixar a Umbanda e se iniciar no Candomblé? Marcelo: Foi por causa de um problema de saúde. Eu tenho um problema de coração e meu Pai de Santo me orientou a cuidar da minha Espiritualidade dentro do Candomblé e, desde que me iniciei, nunca mais tive desmaios nem nada relacionado a esse meu problema. Que idade você tinha ao se iniciar e em qual terreiro isso se deu? Marcelo: O terreiro é o Abassá de Nzila e o meu Pai de Santo é o Tata Mavile Vango. Fui iniciado para o Nkisi Lemba Dilê aos 17 anos. Hoje estou tocando a Umbanda, mas ainda pertenço à Casa, onde já estou há sete anos. Depois dessa iniciação, você então decidiu continuar com a Umbanda, pois é o que a Espiritualidade te leva a fazer até hoje... Marcelo: Isso. Faz quatro anos que meu Exu, o Sr. Gato Preto, se manifestou e disse que precisava ter a casa dele aberta. Aí eu pensei: “Se ele quer, se ele precisa, vai me abrir caminho para isso”. E foi o que aconteceu, ele me abriu as portas para alugar um salão bem pequeno e iniciar os trabalhos; depois disso, a frequência começou a aumentar, o lugar ficou pequeno e consegui outro espaço onde estamos até hoje, junto à Natureza, com árvores, do jeito que a Espiritualidade gosta. Continuo trabalhando o Candomblé, paralelo à Umbanda. Gosto de prestar a caridade, de dar atendimento às pessoas que vêm em busca de uma palavra de conforto das Entidades e de equilíbrio espiritual. Hoje você está com quantos médiuns e como é a hierarquia da casa? Marcelo: Hoje estamos com 50 médiuns. A hierarquia começa comigo, Pai Marcelo Kasulembami, o Ogan Plinske, as Ekédes Ana, Ciuci, Marisa e Juliana, a Mãe Pequena Rosana e o Pai Pequeno Rodrigo.
Você realiza também um trabalho de cura, à parte do atendimento habitual com as Entidades... Marcelo: Na segunda 2ª feira do mês, nós fazemos esse trabalho. O que nós buscamos é o equilíbrio, porque o corpo reflete no espírito e vice-versa. Equili-brando a energia do ser humano, o espí-rito entra em harmonia com o corpo e, assim, consegue-se ter uma vida mais sau-dável. Por exemplo: imantar o coração de uma pessoa com mágoas mal resolvidas para que ela não venha a ter problemas de coração, sua cabeça, para que ela tenha mais discernimento, fazendo assim com que tenha uma vida saudável, tanto física quanto espiritualmente. Nesse trabalho de cura só você trabalha ou os médiuns também? Marcelo: Todos os médiuns trabalham; nós temos médiuns específicos para esse trabalho de cura. Nós utilizamos cânticos, ervas, pedras, água, fogo. Quando a pessoa passa por essa gira de cura, a entidadechefe da casa se manifesta e receita uma
garrafada, e é sempre dado continuidade nas outras sessões que serão realizadas. Os médiuns trabalham com suas entidades, mas alguns utilizam o seu próprio magnetismo, isso porque às vezes é necessário a manifestação de uma entidade da Linha das Águas, para a parte emocional, uma entidade da Linha do Fogo, que é para purificar, por exemplo, algum vício que o consulente possa ter, trabalhamos com uma entidade das Matas para trazer mais vivacidade e energia ao consulente e assim por diante.
“CONTINUO TRABALHANDO O CANDOMBLÉ, PARALELO À UMBANDA. GOSTO DE PRESTAR A CARIDADE, DE ATENDER AS PESSOAS QUE VÊM EM BUSCA DE UMA PALAVRA DE CONFORTO DAS ENTIDADES
E DE EQUILÍBRIO ESPIRITUAL”
Você é formado em Psicologia e utiliza sua formação em seus trabalhos... Marcelo: Como psicólogo, consigo entender um pouco mais o ser humano e direcionar as pes-soas, principalmente os médiuns, para o cuidado com a chamada “fé cega”, para que evitemos o fanatismo e também incentivando o “acreditar em si mesmo”, expli-cando o porquê de cada ato reli-gioso, trazendo uma fé mais cons-ciente e de resultados. Não fazer por fazer, mas com consciência. Quando você entende o que está fazendo, o trabalho traz mais resultados. Já passou aquela fase de fazer por que “mandaram fazer”. Isso era, de certa forma, opressor. Hoje nós precisamos de médiuns que saibam e entendam o que estão fazendo e que possam nos representar e ter orgulho de fazer parte da nossa casa.
Você também ministra um curso de desenvolvimento para os médiuns... Marcelo: A cada 15 dias nós temos o curso de desenvolvimento, que é só para os médiuns, não é aberto ao público, para que eles também possam ser ajudados. Geralmente, as casas só se preocupam em ajudar ao próximo, aos consulentes, mas aqui em casa fazemos esse trabalho de desenvolvimento para que os médiuns possam receber ajuda espiritual, se fortalecendo e podendo praticar ainda melhor o seu trabalho de caridade. Nesse momento, o médium aprende, passa por consulta com a Entidade-chefe da casa, adquirindo mais informações e também tirando suas dúvidas. Nesse desenvolvimento, o médium vai ser um multiplicador de informações. Ele vai chegar e perguntar: “Pai, estou com esta dúvida”. Eu vou explicar e, com isso, ele levará esse conhecimento aos consulentes, às pessoas que conhece, mostrando que a Umbanda, apesar de não ter uma Bíblia ou um livro sagrado, tem um grande fundamento, que deve ser passado por meio do estudo, de pai para filho, de geração em geração.
Nos fale sobre a utilização da bebida Jurema, se é só em ocasiões especiais, como na festa de Boiadeiro, ou se é utilizada nas giras de atendimento. Marcelo: A Jurema é uma bebida sagrada, existe o seu Culto, mas nós não praticamos esse culto. Nós a utilizamos por ser uma bebida indígena, uma bebida brasileira. Nós queremos resgatar essa pluralidade religiosa brasileira, esse lado do Catimbó, que é o tradicionalismo da Umbanda. A Jurema tem o dom de despertar o mé-
dium. Além do que, beber a Jurema é uma festa e as Entidades se manifestam mais facilmente em Terra, se sentem mais à vontade. A Jurema induz ao transe, facilitando a incorporação do médium. É claro que nós a utilizamos com muito respeito ao culto e à bebida, que é sagrada. Usando com respeito, sua Entidade, seu Mestre, vai se manifestar.
Falando agora sobre a Festa de Boiadeiro, há quanto tempo é realizada? Marcelo: Esta foi a segunda festa para o Caboclo Boiadeiro Laço de Ouro. Ela é feita em sua homenagem e para que possamos abrir o ano com muita fartura e prosperidade. Se as coisas estão difíceis, vamos trazer alegria e o que tem de melhor para se quebrar uma demanda, um mau olhado é a alegria. Nós festejamos logo no início do ano para que a vida possa ser melhor, e tem dado resultado. Tivemos alguns convidados presentes: meu Pai, Tata Mavile Vango e toda a sua família, o Babalorixá Fábio de Logun-Edé e Pai João Vitor. Além do Laço de Ouro, outros Caboclos e Boiadeiros se manifestaram... Marcelo: Sim. Os Caboclos de pena Sr. Pena Verde e Sr. Tupinambá, Cabocla Jurema e o Caboclo Boiadeiro do meu Pai de Santo, o Sr. Mina de Ouro. Entidades da casa: O Terreiro é de Ogum-Megê, meu Caboclo de Ogum, e as Entidades que mais se manifestam são o Caboclo Boiadeiro Laço de Ouro e o Exu Gato Preto, que é quem está realmente à frente da casa, nos trazendo conhecimento, conselhos espirituais e am-pliando nossa visão para o que é a Umbanda de verdade. Ele sempre me norteia sobre o que é certo e errado, a ter cuidado com a luxúria, que devemos sempre praticar a caridade. O Sr. Gato Preto é a Entidade que traz o Norte para as nossas vidas. Na Linha Cigana eu trabalho com o Cigano Fabrício, que trouxe toda a sua caravana para trabalhar com os médiuns. Atendimentos: De 15 em 15 dias, aos sábados, com início às 18 horas e término às 22 horas. Eu também jogo cartas e, através do jogo, vou orientando as pessoas que buscam uma vida melhor. Informações
Rua Chico Pontes, 317 – Vila Guilherme São Paulo/SP – marcelobenitos@yahoo.com.br (11) 99244-1771
Ogan Shynna, 51 anos, batizado na Corimba por Sr. Zé Pelintra, completando 37 anos de trabalhos na Umbanda. Como foi seu início? Você já praticava a Umbanda e começou a tomar gosto pela musicalidade? Ogan Shynna: Aos 7 anos, comecei tocando na Capoeira, no Grupo Volta do Mundo, do Mestre Laerte, e, aos 14, comecei a frequentar a Umbanda, onde permaneço até hoje. Da minha família, fui o único a ficar, porque todos acabaram se desligando por algum motivo. Esse seu nome, Shynna, veio por causa da sua origem, dos seus antepassados... Ogan Shynna: O meu avô era cigano, minha avó bugre, meu pai é paraguaio e eu nasci em Corumbá, no Mato Grosso. Esse olho puxado vem da descendência indígena da minha avó. Pelo fato de tocar atabaque na Capoeira, começou a se interessar pelos toques da Umbanda... Ogan Shynna: Eu sempre gostei muito do batuque; no terreiro, sempre ficava observando o pessoal tocar. Com o passar do tempo, fiquei como reserva de uma cambone da casa e, quando ela estava trabalhando, eu ia para o atabaque e começava a tocar e assim foi indo. Quando você começou a dominar o toque dos atabaques e a dar aulas? Ogan Shynna: O pessoal percebeu que eu tinha facilidade e conhecimento dos toques e começou a pedir para eu dar aulas aos iniciantes. Geralmente, aquele que toca não canta, acaba se atrapalhando, e aí eu comecei a orientar o pessoal até que isso foi se tornando mais sério. Os templos me chamavam e eu ia dar aulas, até que surgiu a oportunidade de eu ter o meu próprio espaço para as aulas. Fale então sobre essa conquista, de ter seu próprio espaço para dar aulas... Ogan Shynna: A Escola de Corimba Ogum Beira-Mar fica em Guarulhos, na sede o Templo Sultão das Matas e Vovó Cambinda. O curso dura cerca de seis meses; depois desse tempo eu avalio e, se considerar que o aluno já está apto a se formar, ele recebe certificado e diploma. Claro que alguns dependem de mais tempo de estudo e dedicação para assumirem a posição de Ogan em um templo de Umbanda. Nós sabemos que um Ogan de Umbanda, o Corimbeiro, tem uma responsabilidade
muito grande no templo, pois é através dos seus toques que é feita a chamada dos Guias Espirituais que atuarão nas sessões. Como você vê essa questão da conduta de um Ogan dentro do templo? Ogan Shynna: O Ogan deve estar muito bem preparado, até mais firme do que o Pai da Casa, pois ele é o esteio de um templo de Umbanda. Portanto, deve estar com sua matéria limpa antes de iniciar os trabalhos, pois é ele quem leva a mensagem, através dos toques, aos Guias Espirituais que irão se manifestar e também levando segurança aos Pais e Mães para que possam realizar seus trabalhos. Além disso, o Ogan também precisa ter um bom repertório, conhecer muito bem os toques, dentro daquilo que popularmente o povo de Umbanda já está acostumado a trabalhar. Eu, além disso, possuo também um repertório próprio. Vamos falar agora do seu trabalho como compositor de cânticos de Umbanda. Você já lançou quantos CDs? Ogan Shynna: O primeiro CD que gravei chama-se “Mensageiros de Tupã”. Foi feito em parceria com o Pai Zezinho, com pontos que recebi por meio de mensagens dos Guias Espirituais e que tive a oportunidade de gravar e agora posso passar ao povo de Umbanda. E agora acabei de lançar um novo trabalho chamado “Os Guardiões 7”, em que trago somente pontos dedicados aos Exus Guardiões da Umbanda. O número 7 da capa do CD foi um pedido do Sr. Sete Encruzilhadas, para que isso pudesse se reverter em energia e força para mim. Gravei pontos em homenagem ao Sr. Tranca-Ruas, às Pombas-Giras, ao Tranca-Ruas de Embaré, Exu Mirim, Pomba-Gira Pequenina, Sete Estradas e tantos outros Guardiões da nossa Umbanda.