Revista Espírita de Umbanda 17

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1. Umbanda é uma religião espiritualista de doutrina afroindígena-euro-brasileira.

atrasados ensinaremos e a nenhum negaremos uma oportunidade de comunicação”.

2 . É uma religião monoteísta, que crê na existência de um Deus único, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, eterno onipotente, onipresente, soberanamente bom e justo.

6. A Umbanda considera a natureza com tudo que ela encerra como a obra máxima do Criador, sendo o altar de Deus – o lugar onde se pode com Ele conversar, porquanto, preservar a natureza é obrigação de fé de cada umbandista.

3. A Umbanda crê e cultua de forma própria os Orixás Africanos sincretizados com os Santos Católicos, g uias e Mentores Espirituais que, como ministros de Deus, zelam e O auxiliam na realização de Sua obra. 4. A Umbanda crê na reencarnação e na incorporação das entidades espirituais, em vidas sucessivas, no aprimoramento espiritual e aperfeiçoamento do ser humano para conduzi-lo a Deus. 5. O espírito denominado Caboclo das Sete Encruzilhadas, incorporado no médium Zélio Fernandino de Moraes, dia15 de novembro de 1908, em São gonçalo das Neves/RJ, data que reconhecemos como sendo o nascimento da Umbanda, anunciou: “Com os espíritos evoluídos e adiantados aprenderemos; aos 04

7. A Umbanda é uma religião sincrética, fruto da cultura religiosa de três segmentos: branco do elemento europeu, colonizador; negro – escravizado na África para laborar na terra e o indígena que já ocupava esta terra, portanto, não admite qualquer forma de preconceito, discriminação ou intolerância. 8. A Umbanda tem liturgia e ritos próprios derivados da diversidade de raças e culturas que a fundamentam. São práticas litúrgicas umbandistas: 8.1 - A preparação e formação mediúnica e sacerdotal; 8.2 – O Batismo; 8.3 – O Casamento; 8.4 – Os Ritos Fúnebres. 9. Constituem símbolos da Umbanda: 9.1 Hino a Umbanda; 9.2 Bandeira da Umbanda; 9.3 Juramento Umbandista.

10. Sendo a Umbanda a manifestação do espírito para a prática da caridade, deverá sempre ser exercida sem remuneração, salvaguardada a sustentação financeira da organização religiosa. 11. O adepto da religião de Umbanda deve sempre seguir a ética religiosa e a lei dos homens. 12. Todo irmão umbandista que desejar fazer parte do corpo mediúnico de um Templo deverá prestar o “Juramento Umbandista”. 13. A Umbanda defende uma sociedade em que todas as religiões sejam igualmente respeitadas, a promoção da tolerância como princípio republicano e a preservação da educação pública laica. 14. A Umbanda será sempre uma casa de portas abertas para todos. Justos e perfeitos, os subscritores desta, a qual estará aberta a adesões, reafirmam o compromisso permanente com o engrandecimento da Umbanda e seus valores magnos. São Paulo 13 de novembro de 2015


Fotos/Entrevista: Marques Rebelo

Umbanda é uma religião espiritualista de doutrina afro-indígenaeuro-brasileira. É uma religião monoteísta, que crê na existência de um Deus único, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, eterno onipotente, onipresente, soberanamente bom e justo. Pai Ronaldo, como chegou até suas mãos o projeto da Carta Magna de Umbanda? Pai Ronaldo Linares: Gostaria de lembrar, quando o Superior Órgão de Umbanda do Estado de São Paulo era dirigido pelo General Nélson Braga Moreira, esse assunto surgiu e chegamos a conversar várias vezes, isso ainda na década de 1980. Tentamos aprovar por meio de vários canais, mas encontramos alguns obstáculos. A ideia era criar uma constituição básica que dissesse o que viria a ser a religião de Umbanda. Algum tempo depois, quando criaram o Conselho Nacional Deliberativo da Umbanda, no Rio de Janeiro, levamos a ideia, mas também não prosperou. Não quero, de forma alguma, negar o mérito do nosso irmão Ortiz, que fez um excelente trabalho de pesquisa. Mas quando me apresentou sua proposta, me deu carta branca para que eu fizesse o possível para aprová-la. Diante dessas circunstâncias, reuni algumas organizações federativas e tivemos apoio do Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. O que pudemos perceber é que quanto mais extenso o texto, quanto mais detalhado, maior é a chance de as pessoas divergirem de seu conteúdo. Depois de termos nos reunido e discutido várias vezes, tentei formatar o texto de uma maneira mais prática e cito um exemplo: em vez de mencionar que a Umbanda não tem preconceito de gênero ou de cor, simplifiquei o tema desta maneira: “A Umbanda, fruto da união de três raças distintas, não poderia ter, de nenhuma maneira, qualquer forma de preconceito”. Redigi esse novo docu-

mento e submeti à apreciação desse conselho, constituído especialmente para discutir o assunto. Fizemos duas reuniões até chegarmos a um consenso e, com o auxílio de dois advogados, Dr. Hédio da Silva Junior e Dra. Juliana Ogawa, reunimos todas as opiniões e redigimos um novo documento. Então, que fique bem claro: Não quero desmerecer o Ortiz nem os seus antecessores, mas dessa forma, com o apoio desse Conselho, conseguimos aprovar um documento mais compacto. E gostaria de lembrar a todos que a Constituição da mais poderosa nação do mundo, os Estados Unidos, cabe em uma única folha de papel, o que prova que o importante é que se diga tudo, com poucas palavras. E a questão de a Carta Magna ser oficializada na Câmara de Vereadores do Município de São Paulo? Pai Ronaldo Linares: A verdade é que a Umbanda está ganhando seu lugar ao sol. Quando se imaginaria que um dia faríamos isso em uma sessão solene, com toda a pompa e circunstância necessárias aos momentos mais importantes? No dia 15 de novembro, no Santuário Nacional da Umbanda, oficializamos a Carta Magna para mais de 2 mil pessoas. Foi uma grande emoção para todos e especialmente para mim, pois tudo que tenho feito até hoje é aquilo que um dia Pai Zélio de Moraes adiantou que eu faria: “Este é o homem que vai tornar conhecido o meu trabalho”. Me sinto feliz e satisfeito por ter contribuído mais uma vez. A Carta Magna não é do Pai Ronaldo, é da Umbanda como um todo.

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REVISTA ESPÍRITA DE UMBANDA

LEIA E COLECIONE Página 14: O Casamento na Antiga Grécia – Uma Instituição Jurídica. Sobretudo social, o casamento era considerado necessário para perpetuar a espécie e a linhagem paterna, prolongando rituais e festejos familiares. Na parte jurídica, surge a importância de Sólon, com suas leis que estabeleceram as funções do casamento e de seus respectivos interessados na união. Página 08: Casamento e Batismo realizados na Umbanda. O Casamento é realizado pelo Guia-chefe da casa ou pelo sacerdote responsável pelo Templo. Não apenas os médiuns, mas qualquer casal que deseje pode se casar na Umbanda. Já o batismo é sempre feito pelo Guia-chefe e pode ser realizado para crianças ou adultos. Também não se restringe apenas aos médiuns. Página 61: 7º Festival de Corimba e Dança – UDU. Em sua sétima edição, o festival da União dos Divulgadores de Umbanda realizou-se na quadra da Escola de Samba X-9 Paulistana, tendo como grande homenageada a eterna cantora dos Orixás Clara Nunes e como campeão a Corimba estreante Filhos de Yabá. O evento contou ainda com um show especial do grupo Samba de Jorge. Página 28: Mensagem do Espírito Veludo pela mediunidade de Robson Pinheiro. Nesta mensagem, passada em uma palestra disponível no Canal Youtube, a entidade Exu Veludo passa orientações sobre como relizar uma reforma interior de forma a conseguir harmonização e equilíbrio psicoemocional, de acordo com nossas atitudes e comportamento no dia a dia.

Página 40: Cosme e Damião e a Linha das Crianças na Umbanda. A história dos santos gêmeos católicos, o sincretismo na Umbanda e no Candomblé e a Linha das Crianças, que representa para o ser humano o terceiro raio cósmico, a inteligência ativa. É a força dos anjos do Criador Supremo, potência divina manifestando-se e formando a coroa dos inocentes do espaço. 07


colocada no dedo anular esquerdo da noiva. O noivo, então, repete com o celebrante: “Com este anel, em nome de Zambi e de Oxalá, selo minha união contigo enquanto vida eu tiver”. Repete-se o mesmo procedimento com a noiva, que recita os mesmos dizeres. segundo os ensinamentos de Oxalá e seus enviados. O amor resume toda a doutrina de Jesus, por ser o sentimento por excelência; e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado.

O

casamento, de acordo com os preceitos de cada religião em que ocorre, tem as suas particularidades. Cada uma tem a sua forma particular de celebrar o amor e a união entre duas pessoas que se amam. A religião de Umbanda, implantada em nossa terra, reuniu as práticas de crenças do índio, do branco e do negro e, como não poderia deixar de ser, o intenso processo de miscigenação ocorrido no Brasil, especialmente após a libertação dos escravos, certamente foi acompanhado por muitas uniões originadas nos moldes da cultura africana, sob a doutrina espírita. O casamento, realizado sob os preceitos da Umbanda, a despeito do que muitos imaginam é um ritual muito bonito. Após a abertura da Sessão, convidase os padrinhos do noivo e da noiva a assumirem seus lugares; em seguida, chamase o noivo e logo depois a noiva. Nesse momento é feita uma prece pedindo ao Nosso Pai Criador que abençoe a sessão; em seguida, canta-se um ponto. Logo depois é feita a seguinte leitura: “Segundo as normas da religião, da nossa casa e de acordo com as palavras de Xangô, que nos ordena leal obediência às leis e às autoridades constituídas como suficientes para satisfazer a instituição divina do Matrimônio, celebro esta cerimônia

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Em sua origem, o homem só tinha instintos; mais adiantado e corrompido, só tem sensações. Quando, porém, instruído e purificado, tem sentimentos e o ponto extremo do sentimento é o amor. Não o amor no sentido vulgar da palavra, mas esse sol interno que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e aniquila os desvios sociais. Feliz aquele que, elevando-se acima da humanidade, quer com grande amor a seus irmãos sofredores. Feliz aquele que ama, porque não se atém aos desvios da alma e do corpo. Seus pés são ligeiros e vive como que transportado para fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa linda palavra – amor – fez estremecer os povos e, ébrios de esperança, os mártires desceram ao circo. Por sua vez, o Espiritismo vem pronunciar a segunda palavra do alfabeto divino: – atenção! Essa palavra levanta a pedra dos sepulcros vazios e, triunfando sobre a morte, a reencarnação revela ao homem ofuscado o seu patrimônio intelectual. E já não o conduz aos suplícios, mas à conquista de seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito deve hoje resgatar o homem da matéria”. Canta-se mais um ponto. Ato das alianças – O celebrante pede as alianças e as unge com azeite doce, dizendo: “Que o vosso amor seja puro como o ouro que essas alianças contêm e intérmino como o círculo que elas representam”. Nesse momento, o dirigente entrega a aliança da noiva ao noivo para que seja

Um pouco da história dos noivos, Jefferson Almeida e Adriana Silva – Antes de se conhecerem, não era costume de Jefferson frequentar Terreiro de Umbanda; mas, segundo o próprio, seu coração sempre bateu mais forte ao ouvir os tambores, pois essa é uma tradição em sua família. Por outro lado, a noiva, Adriana, sempre frequentou cultos evangélicos, religião que sua família segue. Sempre foi comum entre os dois a discussão sobre religião; até o dia em que Jefferson convidou Adriana para conhecer uma “Gira de Umbanda”. E foi no Templo de Umbanda Vó Benedita da Bahia que Adriana teve seu primeiro contato com a religião; apesar do receio inicial, ela sentiu que algo a prendia àquele lugar e, ao ouvir o som dos atabaques, sentiu seu corpo tremer e começou a suar. Depois de algum tempo frequentando o terreiro, o noivo já participava ativamente do Terreiro Família de Fé, cujo dirigente é seu primo, Ronaldo Almeida, e passou a se aprofundar e a estudar a origem de tudo o que acontecia dentro de um Templo de Umbanda. Em um trabalho de cachoeira, em que Adriana acompanhou seu noivo Jefferson, esta teve o privilégio de ter ali sua primeira incorporação, posteriormente identificada como “Cabocla Iracema”. E assim, a religião de Umbanda ganhava mais uma filha. Quando decidiram se casar, a Umbanda já fazia parte de suas vidas: foram batizados, fizeram firmezas e trabalhos espirituais e toda a preparação necessária para concretizar os votos em uma cerimônia umbandista. Os padrinhos espirituais foram Cabocla Iracema e Cabloco Flecha Dourada, bem como Caboclo Pena Verde, que é também o Guia-chefe do Terreiro. E com as bênçãos de Pai Oxalá, dos Guias, Mestre e Mentores, do Dirigente do Terreiro – Ronaldo Almeida, padrinho e cerimonialista do casamento, tudo transcorreu na mais perfeita paz, com uma linda união, abençoada e guiada pelo Astral e pela Umbanda.


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O

batismo é um rito de passagem, feito normalmente com água sagrada sobre o iniciado através da imersão, efusão ou aspersão. Este rito de iniciação está presente em vários grupos, religiosos ou não, onde destacam-se os Cristãos.

O termo é a transliteração do grego “Βατισµο” – Batismo, para o latim Batismus. Esse substantivo também se apresenta como “Βατισµα” (batisma) e “Βατισµοσ” (batismos), sendo derivado do verbo “Βατιζο” (batizo), que pode ser traduzido por “batizar”, “imergir ”, “banhar ”, “lavar ”, “derramar”, “cobrir” ou “tingir”, conforme utilizado no Novo Testamento e na Septuaginta – a mais antiga tradução em grego do texto hebreu do Antigo Testamento, feito para a comunidade judaica do Egito no final do Século III a.C. Em Marcos 7:4, onde o termo não representa o Batismo Cristão, o verbo é traduzido como lavar, limpar, aspergir ou, literalmente, batizar. A transliteração – representação dos caracteres de uma escrita por outra –, portanto, se justifica diante do universo semântico apresentado. Para os Cristãos, o Batismo é um ritual de iniciação, o portal pelo qual o Espírito faz sua passagem na direção de Deus e dos outros sacramentos. Dessa forma o homem encontra o caminho da regeneração através do ato de imersão na água, o elemento purificador, aspergido com ela ou o sacerdote responsável pela cerimônia verte o líquido sobre sua cabeça. 12

Na Igreja Católica, o batismo é o sacramento através do qual o Sacrifício Pascal de Jesus Cristo se aplica às almas, tornando-as, em primeiro lugar, filhas de Deus Pai, mas também membros da Santa Igreja de Cristo e abrindo o caminho para a salvação eterna. Islamismo – Para os muçulmanos a palavra de Deus deve ser a primeira coisa ouvida por alguém. Após o nascimento, o pai deve dizer no ouvido do bebê o Azan, uma recitação com os fundamentos da religião; na primeira semana o cabelo do bebê deve ser raspado e o valor correspondente ao seu peso, em prata, dado aos pobres. O nome também deve ser escolhido durante a cerimônia. Judaísmo – Quando nasce uma menina em uma família de origem judaica, o pai a nomeia em uma Sinagoga, perante a Torá – o Livro Sagrado dos judeus. No caso de um menino, ele deve ser circuncidado perante dez homens e, nessa cerimônia, receber um nome. Budismo – A iniciação à prática budista formal se dá em um ritual chamado Ordenação Leiga, quase sempre desenvolvido na fase adulta. Depois de um período preparatório de cerca de um ano, a pessoa passa por uma cerimônia em que recebe, de um Mestre ou de um superior de um templo, um novo nome e sua ordem na Linhagem de Buda. Não existe a ideia de conversão, pois os budistas acreditam que a natureza de Buda (capacidade de atingir a iluminação) já existe dentro de todas as pessoas desde o nascimento.

O Batismo se tornou a marca do Cristianismo; uma vez batizado, você declara que segue a Cristo e é automaticamente redimido de seus “pecados”, pelo fato de que o sacrifício de Jesus, crucificado, serve como “oferenda” coletiva a Deus por todos os pecados daqueles que seguem ao Cristo, e este é o conceito de “o ultimo cordeiro” e do poder que se atribui ao “sangue de Cristo”, derramado por nós. No Judaísmo havia o “bode expiatório”, um animal que era sacrificado para espiar nossos erros, falhas e pecados. No Cristianismo não há sacrifício animal, exatamente porque o Cristo é considerado o “ultimo cordeiro”, aquele que espia os pecados de seus seguidores. O fato de a Umbanda realizar o ritual de batismo endossa e enfatiza o fato de ser uma religião cristã ou que, no mínimo, tem o Cristianismo como base de construção de sua doutrina, ritualística e liturgia. Não apenas o Cristianismo, mas também o Catolicismo, que foi durante séculos a religião oficial do Brasil. Levando tudo isso em consideração, o Batismo na Umbanda chegou por influência católica, mas ganhou um novo significado. Por conta de a Umbanda não acreditar ou utilizar o dogma do “pecado original”, temos o Batismo como um ritual de iniciação à religião de Umbanda.


O Batizado é um dos rituais mais simples e mais cheio de significados, por se tratar de uma marca do Cristianismo é também uma iniciação aos mistérios de Oxalá. Geralmente, no batismo, o futuro adepto recebe a guia de Oxalá; como diria Pai Ronaldo Linares: “a mais simples e mais importante guia de Umbanda”. O Sacramento do Batismo é ministrado por meio dos seguintes elementos: Água: representando o astral (sentimentos); Sal: representando o aspecto material (físico); Óleo: representando o princípio espiritual (divino); Fogo: a luz da vela, o princípio mental (inteligência). Com esses elementos, é realizado o Batizado na Umbanda.

QUEM

TEM OUTORGA OU AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAR O BATISMO?

Teoricamente, qualquer outra pessoa que já foi batizada, pode batizar, isso é um fato. Não precisa ser sacerdote, basta já ter sido batizado. Na Umbanda, esse ritual fica a cargo do Sacerdote (dirigente espiritual). Em alguns templos vemos Guias incorporados realizando o batismo; isso se dá pelo fato de alguns sacerdotes não se acharem preparados para fazer tal ritual e entregam nas mãos de seus Guias a responsabilidade. Todo Sacerdote pode e deve batizar crianças e adultos na Umbanda. A falta de preparo ou mesmo de conhecimento deste, e de outros fundamentos da religião, foi o que motivou a criação dos Cursos de Sacerdócio de Umbanda, ministrados por federações e outros segmentos da Umbanda. 13


O

casamento na Grécia Antiga era uma instituição jurídica e, sobretudo, social. Era considerado algo necessário, pois permitia a perpetuação da espécie e da linhagem paterna, bem como o prolongamento dos rituais e festejos familiares. Sob o aspecto jurídico, não podemos deixar de ressaltar a importância de Sólon e suas inúmeras leis, nas quais se estabeleceram as funções do casamento e de seus respectivos interessados na união. Ao homem cabia ser o chefe da família, provendo o sustento da esposa, filhos e escravos, ao passo que para a mulher ficava a concepção, além de algumas atividades domésticas, dentre elas a arte do tear, bem como obediência e respeito ao marido. Desse modo, fica claro que, na sociedade ateniense, um cidadão casava-se não por amor, mas por convenção social, já que as normas da época exerciam um poder coercitivo sobre os seus participantes, obrigando-os a adquirirem um matrimônio no intuito de gerar filhos, não porque fosse de bom tom tê-los – posto que a existência destes gerava obrigações por parte do chefe da família de sustentálos até a fase em que estes, sendo meninos, iriam exercer o status do pai não só na família, mas principalmente perante a sociedade. Este filho – que no caso é o primogênito varão – viria lhe prestar auxílio durante a velhice. As mulheres não tinham uma idade mínima legal para casar, contudo, casavamse logo que atingissem a puberdade, por volta dos 13 anos. Já o homem podia se

casar após o serviço militar – entre os 18 a 20 anos de idade. Era relativamente comum o casamento entre primos, entre um tio e sua sobrinha ou até mesmo entre meios-irmãos, desde que estes não tivessem o mesmo pai. As uniões eram monogâmicas, visto que a poligamia era proibida em Atenas pelo fato de seus habitantes considerarem tal prática uma atitude “bárbara”. Normalmente, as meninas eram prometidas mediante a Engiesis – que corresponde hoje à festa de noivado. Essa promessa criava laços entre o pretendente e a prometida. O compromisso entre o pai

lizado em frente ao altar doméstico, onde se processavam os seguintes juramentos: “Eu te dou esta filha para que ela ponha no mundo filhos legítimos – eu lhe recebo, junto a um dote de três talentos, com prazer”. A partir daí, o negócio estava concluído e o casamento poderia desenvolver-se sem prejuízo patrimonial maior. A maioria dos casamentos era celebrada especialmente em janeiro, período que permitia uma maior proteção à mulher, já que este mês era dedicado às festividades da deusa Hera, mulher de Zeus e defensora das mulheres e dos matrimônios; era também considerado o mês da fertilidade.

“NA SOCIEDADE ATENIENSE, UM CIDADÃO CASAVA-SE NÃO POR AMOR, MAS POR CONVENÇÃO SOCIAL, JÁ QUE AS NORMAS DA ÉPOCA EXERCIAM UM PODER COERCITIVO SOBRE OS

SEUS PARTICIPANTES, OBRIGANDO-OS A ADQUIRIREM UM MATRIMÔNIO NO INTUITO DE GERAR FILHOS...

HAVIA UM CONTRATO ENTRE O PAI DA NOIVA E O NOIVO, QUE SE CARACTERIZAVA POR SER ORAL...”

e o futuro marido era realizado mediante um ritual, o que dava veracidade ao ato de ambos, visto que a quebra do acordo seria acompanhada por severas sanções por parte dos deuses. A partir daí, o casamento começava a ter existência legal. Além disso, havia um contrato estabelecido entre o noivo e o pai da futura esposa que se caracterizava por ser oral, seguido por um aperto de mão. Algumas frases eram pronunciadas e correspondiam ao ritual que consagrava o casamento como válido. Tal acordo era rea-

O casamento, assim como todos os aspectos da vida dos atenienses, era acompanhado de inúmeros rituais que legitimavam a união entre as duas pessoas. As cerimônias religiosas começavam no dia em que a noiva deveria mudar para a casa do noivo; ela entregava os seus brinquedos e todos os objetos que se referissem a sua infância à deusa Ártemis, simbolizando o fim desse período e a entrada numa nova fase da sua vida – a fase adulta. Logo após, a família dos noivos realizava sacrifícios a diversas divindades, tais como Hera e Zeus (deuses do casamento), à Ártemis (deusa da virgindade) e à Ilítia (protetora dos partos) e adornavam a casa com algumas plantas, como a oliveira e o louro. Em seguida, a prometida tomava o banho da noiva, vestia a sua melhor roupa e enfeitava-se com uma coroa. Já o futuro esposo também tomava um banho especial, chamado de lustral; estes eram banhos rituais de purificação com água da fonte Calírroe, transportada em vasos especiais – lutróforos – por mulheres em cortejo.


Na mitologia grega, Hera representa a divindade do casamento, protetora das mulheres e dos nascimentos. Esposa e irmã de Zeus (deus dos deuses), possuía uma personalidade forte, marcada pela agressividade, pelo orgulho e pelo ciúme. Esse comportamento fazia com que ficasse perseguindo as amantes de Zeus. Num dos mitos, Hera tenta matar o herói grego Heracles (Hércules), quando este ainda era apenas um bebê. De acordo com os mitos, Hera mostrava apenas os olhos para os mortais e apresentava-se sempre com uma coroa de ouro na cabeça. Ela marcava os locais que protegia com penas de pavão (seu pássaro favorito). Possuía sete templos na Grécia que, de acordo com a mitologia, foram destruídos pelo herói Heracles que a aprisionou num jarro de barro. Tinha como principal rival a deusa Afrodite (do amor). Muito vaidosa, tinha raiva de Afrodite, pois queria ser mais bonita do que a deusa do amor.

O Dia de São Valentim – 14 de fevereiro é o dia em que se comemora este santo em várias denominações cristãs, como, por exemplo, na Comunhão Anglicana; além disso, o dia da festa de São Valentim também é determinado no calendário de santos da Igreja Luterana. Para a grande maioria, São Valentim é sempre lembrado como o patrono dos namorados. É uma data especial na qual se celebra a união amorosa entre casais e namorados, sendo comum a troca de cartões e presentes com símbolo de coração. No Brasil a data é comemorada no dia 12 de junho, véspera do dia de Santo Antônio, conhecido pela fama de “Santo Casamenteiro”.


Fotos: Marques Rebelo

O espetáculo conta a história do nascimento da cultura africana, que se mistura com a própria origem da humanidade. Mostra com requinte e total fidelidade seus rituais, danças e costumes, trazendo à tona a essência de seus fundamentos. Conta a trajetória e a evolução da raça negra, desde os seus primórdios no Continente Africano até sua chegada ao Brasil, originando forte influência por meio de suas tradições religiosas, de sua música e de suas danças, mostrando que as matrizes culturais africanas exerceram grande preponderância na miscigenação do povo brasileiro e em toda a sua formação étnica e cultural.

N

ão podemos negar a existência da escravidão no Brasil, constituindo por anos a base de nossa economia e influenciando a nossa formação cultural. A miscigenação entre africanos, indígenas e europeus foi a base da formação do povo brasileiro, indo além do vocabulário. O povo africano, por meio de tradições como a dança, os ritmos musicais, a religião e outras, contribuiu diretamente para a formação da nossa cultura. O objetivo do musical é exaltar nossas raízes e valorizar a cultura afrobrasileira, assim como o reconhecimento de nossa identidade, que consolidou o processo de miscigenção do nosso povo.

Direção Artística: Rita de Cássia Mesquita|Som e Luz: Jordan Benasse|Cenografia: Roberto Mafra Figurinos: Cláudio Cavalcante (Cebolla), Rita de Cássia Mesquita, Roberto Mafra e Valter No|Produção: Robson Ramos, Enthony Junior e Marcos Andrade Texto e Direção Geral: Roberto Mafra Teatro Paiol Cultural Rua Amaral Gurgel, 164|Vila Buarque|São Paulo/SP

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Roberto Mafra é ator, coreógrafo e empresário. É idealizador da Banda do Fuxico, hoje uma ONG, que abre o Carnaval Paulistano há 16 anos. É autor e diretor geral do espetáculo “MÁFRICA”.


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Pai Varela, quais os pontos que o senhor destacaria nessa sua trajetória de 50 anos? Pai Varela: A forma como desempenhei minha missão espiritual foi a prática da caridade, sempre buscando o equilíbrio mediante o conhecimento que me é passado pelas Entidades. Uma das coisas que mais me motiva é ajudar aos que mais precisam, o que fazemos por meio das festas e eventos que realizamos, como a Homenagem ao Exu Tiriri, que nos leva a arrecadar mantimentos e roupas que são doados às entidades assistencialistas. Em todos esses anos, tive a grata satisfação de receber milhares de pessoas e ajudar outras tantas aqui em nossa casa, o “Templo Espírita de Umbanda Mestre Tupinambá”, e também tive a oportunidade de conhecer essa “vastidão” que é nossa Umbanda por todo o Brasil, pois participei e ainda participo de muitas festividades, congressos, etc. O senhor é reconhecido por ser um dos representantes brasileiros no Parlamento Mundial da Paz. Fale um pouco disso... O Parlamento Mundial da Paz é uma instituição criada pelo Reverendo Moon, que teve aprovação da ONU. Nesse parlamento temos o “Movimento pelo Bem-Estar da Família”, que valoriza o ser humano na sociedade; é um movimento cristão que fala da unificação da família. Isso me tornou um dos embaixadores do Parlamento Mundial da Paz. Com tudo isso, já chegamos a condecorar quase 650 líderes em nossa Umbanda no Estado de São Paulo, alguns de fora do Estado e outros até do exterior. O senhor então homenageia aqueles que trabalham ou trabalharam pela Umbanda? Pai Varela: O “Tributo aos Grandes Líderes” é um reconhecimento cultural, educativo e artístico a todos aqueles que

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se destacam na religião de Umbanda. É importante que se reconheça tais valores como exemplo para tantos outros líderes que trabalham na religião e para o bemestar da humanidade em geral. De onde partiu a ideia da Consagração de 50 anos de seu templo? Pai Varela: Ela começou na Câmara Municipal de São Paulo por iniciativa do Vereador Benko; depois, foi aprovada pela Deputada Clélia e também, porque não dizer, pelo incentivo de várias pessoas que me conhecem. Isso tudo para mim é motivo de muito orgulho, e tenho muita gratidão por todos que me concederam essa honra. Todavia, não me envaidece tanto quanto o reconhecimento dos

médiuns que formei em minha casa, que por sua vez formaram a minha personalidade espiritual, e os guardo em minha memória com muito carinho, pois fazem parte dessa bandeira branca, a bandeira da Umbanda que carrego em meu coração.


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á era de se esperar o sucesso deste encontro que virou tradição. O prêmio Atabaque de Ouro foi criado no ano de 2005 para premiar os destaques dos festivais de melodias de terreiros em 12 categorias: Campeão de Títulos, Voz Veterana, Melhor Curimbeiro, Melhor Intérprete, Melhor Letra, Figurino, Diretor do Melhor Festival, Padrinho, Revelação, Melhor Torcida, Coreografia e Campeão dos Campeões. Nesta edição, também novo local: a quadra da Escola de Samba Grande Rio, em Duque de Caxias. Caravanas de São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso, entre outras localidades, fizeram-se presentes abrilhantando o evento. A abertura foi feita pela Curimba do Terreiro Tio Antônio, ganhadora do título de 2014, relembrando as músicas campeãs dos anos anteriores e levando o público ao delírio. Na sequência, Victinho abriu as apresentações sem concorrer, pois havia vencido um festival juvenil. As coreografias, figurinos, melodias e shows de interpretação não deixaram o público desviar a atenção do palco. Esta edição teve o maior número de participantes desde a criação do prêmio: Dezessete grupos disputaram as 12 categorias e o evento superou seis horas de espetáculo, com um elenco que ultrapassou 300 integrantes e diversos profissionais envolvidos.

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Foram mais de 30 parceiros apoiando a iniciativa que incentiva a musicalidade de terreiros, que participam com cantigas que narram o cotidiano, as lendas e as histórias deste importante segmento de nossa cultura e religiosidade. “A prefeitura de Duque de Caxias, a COMPPIRD e a Superintendência de Igualdade Racial do Estado do Rio de Janeiro ajudaram, mas o evento foi realizado no peito, na raça e com a coragem de dezenas de parceiros, que formaram uma grande corrente. Ao fechar parceria com a Grande Rio tive apenas 40 dias para tudo, foi um milagre...”, concluiu o idealizador e produtor do evento, Marcelo Fritz. Os Ganhadores: Revelação ficou com o grupo representando o Festival da União Espiritualista de Umbanda e Afro/RJ; Figurino com o grupo Emoriô/SP; Melhor Festival, Aldeia de Caboclos/SP; Melhor Intérprete, Tufoy/PR; Melhor Letra, Tambores do Paraná/PR; Melhor Curimbeiro foi para Márcio Barravento; Voz Veterana foi para Pai Élcio de Oxalá/SP; Campeão de Títulos foi para Braguinha; Padrinho do Evento foi o Grupo Balacobaco; Melhor Torcida foi para o Grupo Zoatabaque; Melhor Coreografia ficou com a Curimba JPA e o Campeão dos Campeões foi Edvander Oliveira. O Grupo Ojú Obá Axé ganhou um prêmio especial pelos 30 anos de existência e resistência e pelas ações ao longo desses anos.


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lá meus irmãos, aqui é Norberto Peixoto, do Grupo de Umbanda Triângulo da Fraternidade. Exu não é só Guardião! Nós vemos, em muitos locais por aí que respeitamos, denominarem nossos amigos Exus de “Guardiões”; não está incorreta essa denominação, porém, Exu não é só Guardião. Muitas vezes as pessoas utilizam o termo guardião justificando que Exu foi depreciado e caiu no imaginário popular como associado ao demônio, que é o diabo na religião católica, o que é verdade, mas nós não podemos, ao menos no meu modo de ver, deixar de atribuir a Exu o que realmente são suas características como vibração, então, tentaremos fazer uma reflexão e dividir isto com vocês. De onde vem a denominação Exu? Se nós olharmos, a grande maioria das casas de Umbanda no Brasil têm na porta de entrada uma tronqueira

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Quando é que nós vamos rever isso aí? Essas imagens só causam temor e incompreensão das pessoas, mas nós estamos na Umbanda do século XXI e é preciso mais aprofundamento nessas questões para reintrepretá-las adequadamente no momento da consciência coletiva atual. O ponto de força “Exu” é concentrado nos locais de passagem: portão de entrada da porta do terreiro, por exemplo. Nesse local de passagem é onde muitos espíritos se movimentam, entram e saem dessas portas. O elemento catalisador de Exu, que é álcool com água, um

de Exu, uma acomodação de um “ponto vibratório”. De onde surgiu isso? Não veio do Xamanismo, não veio do catolicismo e nem do Espiritismo. Isso veio realmente da origem africana de Exu, que está inserida na cosmogonia “nagô-yorubana”. O processo de aculturação dos negros que vieram para o Brasil, uma aculturação catequizadora dentro da religião dos Orixás, en“A RELIGIÃO DOS ORIXÁS AO controu símiles nos santos NÃO ENCONTRAR REFERÊNCIAS católicos e, ao não encontrar referência a Exu, PARA EXU TEVE ESTE este foi então comparado COMPARADO AO DIABO” ao diabo, que vem do imaginário do clero sacerdotal da igreja católica. Desde a África já era elemento adequado, pois a volaassim; os religiosos, quando che- tilização é lenta e a água é um bom gavam lá acompanhando os explo- elemento para que esse álcool fique radores na busca de mão de obra ba- ali, “volatilizando” lentamente, e Exu rata pra ser escravizada já ficavam usa essa volatilização para limpeza, estarrecidos ao ver o totem fálico na para socorro, para desintegração de entrada das tribos, que significava miasmas (formas-pensamento) e, em abundância, prosperidade e ferti- alguns casos, é necessário se fazer um lidade, isto por serem comunidades padê para Exu que é nada mais que que não eram nômades, mas sim uma farinha de mandioca misturada agrícolas, e precisavam realmente de com azeite de dendê e pimenta verbastantes braços e pernas para melha. O azeite de dendê, misturado trabalhar na terra. E ali já ficava um com a farinha de mandioca, forma um processo de “demonização”, asso- “plasma”, uma energia quente que ciando o símbolo a um processo, di- serve de catalisador para Exu usar com gamos assim, pejorativo. Isso está espíritos que estão em zonas infeescrito em obras de teólogos e riores do plano astral, conhecidas etnógrafos e é bastante conhecido. como “umbral inferior”. E essas são Mas qual seria o sentido original de zonas “frias”, distantes da luz do sol, Exu e porque ainda hoje nós utili- e essa mistura de azeite com mandioca zamos essas denominações, essas cria algo como um “cataplasma”, que imagens associados aos diabos é necessário para socorrer esses “ircatólicos? Exu com chifres, entre mãos” na porta de entrada, segulabaredas, com pé de bode e etc. rando-os como uma barreira de con-


tenção, não permitindo que espíritos zombeteiros venham atrapalhar ou que tenham cargas negativas adentrem o interior do templo. Isso seria um condensador energético, e muitas pessoas se assustam quando a gente fala sobre isso, mas não abre mão de comer sua “farofinha” na churrascaria com a “pimentinha”. Mas a pimenta de Exu não é utilizada para machucar ninguém, mas sim como elemento de assepsia, de recomposição de corpos astrais que estão enfraquecidos pela falência fluidica desses espíritos mais perdidos nessas zonas de sofrimento, de dor ou muitas vezes perambulando pelas ruas com fome e com sede, que não sabem ainda que desencarnaram. Então, infelizmente nós ainda somos muito hipócritas, julgamos as coisas, apontamos, nos sentimos superiores, mas não olhamos para nós mesmos, para as nossas atitudes. É muito fácil usar de preconceito para com os nossos amigos Exus, mas não abrimos mão de nossos hábitos do dia a dia, como as já faladas churrascarias. Os amigos espirituais já nos orientam há mais de 50 anos de que tais ambientes, assim como os frigoríficos, são “adversos”; vamos pensar e refletir um pouco sobre isso aí. Falando do elemento catalisador de Exu produzindo plasma etérico, vamos tentar rapidamente refletir sobre o sentido original, mais profundo, dentro da cosmogonia nagô que veio pro Brasil. Por exemplo, Exu é o senhor dos caminhos, mas esses caminhos não são as encruzilhadas urbanas. E quais são os nossos caminhos? Para nós, que estamos enfeixados na Lei Universal da reencarnação e vimos, ao longo do tempo seguindo esse caminho das reencarnações sucessivas, Exu é o senhor desses caminhos e é como um guardião dos nossos passos dentro do programa que foi traçado para vivenciarmos no corpo físico atual que estamos habitando. Obviamente que a vibração sagrada divina ESHU, que é um aspecto do Criador que anda passo a passo com os Orixás, é o movimento, é o que leva e traz, é o poder de concretização do Orixá. Por isso temos de aprender a separar isso

dos Espíritos, que são considerados consciências em evolução como nós, e que atuam na vibração de Exu. Então, reduzindo todas as tarefas para o plano terreno, nós todos temos um anjo “guardião” que zela e olha pela gente para que não haja corte, para que não haja distorção do nosso livre-arbítrio, para que ela nos impulsione em nossa caminhada para a evolução. Exu é o mensageiro divino, decanta nossas negatividades e é aí que ele se aproxima de Obaluiaiê/Omolu, que é o “senhor do carma”, ou seja, é o poder de concretização do nosso carma, pois decanta as negatividades e nos impulsiona para a evolução e concretização de nossos destinos, porque todo o manancial cármico negativo que trazemos dentro do processo de reencarnações sucessivas vai se decantando por meio do nosso caminhar, no exercício do nosso livre-arbítrio para que possamos evoluir e chegar ao ponto de não reencarnar num plano tão denso como o que nos encontramos. É claro que, por meio de nossas atitudes, podemos complicar nossa vida e evolução, dentro da lei da causalidade. Isso é tão verdadeiro que muitos espíritos que estão na psicoesfera da Terra estão sendo encaminhados para planos inferiores mais densos para recomeçarem sua caminhada evolutiva, pois não têm mais condições de ficarem neste planeta. Todos temos um guardião, um poder volitivo que busca a concretização do nosso destino, dos nossos caminhos.

Por que Exu é senhor da felicidade? Porque no momento do encontro do nosso destino, no momento em que encontramos nossa missão, em que concretizamos isso na atual existência, isso nos traz bem-estar, uma sensação de integração espiritual, de consciência tranquila. Assim consegue alcançar uma felicidade mais plena neste momento existencial. A pior coisa que pode existir para um ser reencarnado é ele estar fora da sua missão, do seu destino e, inevitavelmente, ele será infeliz. E aí vemos pessoas infelizes nas profissões, infelizes com suas famílias, em seus relacionamentos, com sua sexualidade e com elas mesmas porque não conseguiram enxergar a sua missão, o seu destino ou, se enxergaram, não estão exercendo seu poder de concretização, de realização, e aí é Exu quem vem acompanhando os atributos dos Orixás, que influenciam no nosso psiquismo, no nosso mental. Porém, a concretização é Exu que nos dá por meio de seu poder de volatização, que é do Sagrado, que vem do Alto, de Olorun ou de Zambi, que vem de Deus.

Exu é o vigia, o executor de nossos destinos dentro do que está programado para nós. Cada um de tem de encontrar dentro de si a sua missão, o seu Eu, o que somos nesta encarnação, nosso Eu Divino, nossa missão e, a partir daí caminhar, seguir isso. Só assim conseguiremos nos integrar a um programa reencarnatório dentro de nossos destinos e sermos felizes. 256


Eles são orientados por Guias (Caboclos e Pretos-Velhos). Trabalham como intermediários entre os Orixás e os homens em missão do Bem para a humanidade. Formam numerosas Falanges, todas lideradas por grandes chefes agindo no nosso mundo.

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s Exus são criaturas como nós, já tendo encarnado e desencarnado na Terra por muitas vezes. Muitos até exerceram aqui no mundo os mais altos postos e posições, por seu saber e inteligência, onde cometeram grandes males e provocaram guerras. Mas hoje, no espaço, esses sofredores buscam se regenerar. Por suas condições, os Exus são usados, digamos assim, pelos Orixás e pelos Guias, para levar a justiça aonde for preciso; daí atuarem também no terreno do mal, no sentido exato da palavra, pois é a justiça do Alto em ação, funcionando contra os perversos, os injustos, os desonestos, enfim. Quando são bem recebidos, amados e respeitados, eles realizam trabalhos maravilhosos de cura, dão conselhos edificantes e praticam o bem, semeando o eterno amor. O clima que eles criam, de puras e sadias vibrações, beneficia a todos os presentes, proporcionando-lhes alegria e contentamento. Devido à cobiça ou à ignorância de muita gente que os conhece mal, os consideram interesseiros e vingativos. Exu é quem orienta os trabalhos práticos, abrindo as cerimônias como guardião, sentinela e protetor de um terreiro. Os trabalhos dos Compadres, suas provas assombrosas de força e poder, suas curas maravilhosas nas enfermidades dadas como incuráveis, nos mostra sua beleza de intenções. Toda pessoa tem seu Exu particular, responsável pela força necessária ao seu desenvolvimento. Os Exus são tidos, pelos que não conhecem suas origens e

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atribuições, como a personificação individualizada do mal, o diabo incorporado. Tal imagem é fruto de más interpretações dadas por pessoas que, não tendo a devida cautela em avaliar fatos e objetos de culto, passaram a conferir aos Exus o título de mensageiros das trevas. Na África, em cultos nativos, o Exu, então Orixá mensageiro, era ligado ao elemento fogo, o que, para as doutrinas judaico-cristãs, é a ferramenta do diabo para fazer arder as almas pecadoras no inferno, sendo por isso associado a Lúcifer. Suas representações eram em formas de falos, significando a energia, a reprodução, o nascer de novo, a continuidade. Viajantes que por aquele continente passaram, deparando-se com tal quadro vincularam os Exus a divindades da perdição sexual e da orgia, atributos conferidos a satanás. Esta imagem pejorativa de Exu-Orixá foi erroneamente absorvida e difundida, o que fez com que uma gama de espíritos de certa evolução, que vieram à Umbanda desempenhar funções mais

terra a terra, fossem equiparados a falangeiros do mal. Em realidade, os Exus constituemse em uma notável falange de abnegados espíritos combatentes de nossa Umbanda. São hierarquicamente organizados e realizam tarefas atinentes à sua faixa vibratória. São os elementos de execução e auxiliares dos Orixás, Guias e Protetores, tendo, entre outras tarefas, a de serem as sentinelas das casas de Umbanda, de policiarem o baixo astral e anularem trabalhos de baixa magia. Ao contrário do que pensam alguns, têm noção exata de bem e mal. São justos, ajudando a cada um segundo ordens superiores e merecimento daqueles que lhes pedem auxílio. São os Exus que freiam as ações malévolas dos obsessores que atormentam os humanos no dia a dia. São vigilantes ostensivos, a tropa de choque que está alerta contra os quiumbas, prendendoos e encaminhando-os à Colônias de Regeneração ou Prisões Astrais.

Os Exus são espíritos que, como nós, buscam a evolução, a elevação, empenhando-se o mais que podem para aplicarem as diretrizes traçadas pelo Mestre Jesus. É bem verdade que, em seu estágio hierárquico inicial, os Exus ainda têm um comportamento às vezes instável, cabendo aos verdadeiros umbandistas o dever de não deixar que se desvirtuem de seu avanço espiritual. Porém, nada que justifique serem rotulados de criaturas fantasmagóricas, horrendas e repugnantes. As pessoas que andam certas na vida não devem temê-los, porque eles nada têm a ver com elas, só com os

mal-intencionados, os corruptos, os perversos, os interesseiros. Outras pessoas, como retorno dos males que os mandaram praticar em troca de presentes ou agrados, sofrem a lei do retorno. O “Povo da Rua”, como são comumente chamados, se apresentam como combatentes das forças das trevas; cabe a eles a luta direta contra as energias que circulam no astral inferior, pois conhecem profundamente os caminhos e trilhas desse ambiente energético. É a sua função primeira, assim como a dos Caboclos e Pretos-Velhos é a de orientar e aconselhar.


Meus caros, recebam os meus mais sinceros votos de Luz, Amor e Paz. Antes de começarmos a escrever a pesquisa sobre os “Chifres”, é interessante falarmos um pouco sobre Livre-Arbítrio, que nada mais é que a capacidade que o ser humano tem de escolher seu próprio caminho; portanto, é muito importante você respeitar os diferentes, você não deve tentar manipular ou interferir no livre-arbítrio dos outros. Além de muitas outras interpretações que conheceremos logo abaixo, não podemos deixar de mencionar que até hoje, nas Consagrações dos “Templos”, em várias Religiões e Sociedades, o chifre é usado… Algumas colocam sementes dentro dele, que simbolicamente são interpretadas como fonte de Abundância e Prosperidade.

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a Grécia Antiga, conta-se que Zeus, quando nasceu, foi alimentado pelas abelhas, que lhe davam mel, e pela cabra Almateia que lhe deu o leite. O carneiro era consagrado a Zeus e era de seu chifre a famosa “Cornucópia” que derrama os tesouros sobre a Terra, símbolo da prosperidade e da abundância. O Sagrado Masculino existe também sob muitos nomes, entre eles Pan, Dionísio (Baco), Quíron, Moisés, Baphomet, Amon-Rá, Mitra, Odin, Wotan e Cernunnos. Ele é uma representação masculina da divindade e é mais conhecido como o Deus Chifrudo. Calma! Não é nenhum diabo. Nas civilizações antigas, os chifres eram uma representação de poder e masculinidade. Os chifres sempre foram sinal de algo divino. Na Babilônia, por exemplo, o grau de importância dos deuses era identificado pelo número de chifres atribuídos a eles. Os chifres foram incorporados pelo homem quando perceberam que se vestir como animal facilitava a sua aproximação durante a caça. Inicialmente, era um deus da caça; depois, vieram novas atribuições, como a de deus protetor das florestas, dos animais, da chuva, do vinho, entre muitos outros. O deus Cornífero foi transformado no diabo pelos cristãos, ou melhor, pela Igreja Católica, com o objetivo de acabar com o culto das bruxas na Europa Ocidental. Não havia outra razão. Mesmo muito antes disso, os egípcios já adoravam o deus do Oculto, do escuro – Amon, que também possuía chifres. Antes da aparição do Cristianismo, o deus de Chifres era tido como símbolo de vida, sexualidade, êxtase e liberdade. Muitas deidades pagãs foram adaptadas pelo Cristianismo. O deus apresentado com chifres significa tudo que é livre; ele é o caçador que representa inovação, vitalidade, força e fertilidade, aspectos da vida relacionados ao deus Cornífero: atrair coragem, garra e vigor, trazer fertilidade e gravidez, livrar-se do estresse, atrair o vigor sexual, aumentar a percepção e os instintos, resolver pro-

blemas difíceis, estabilizar situações, atrair prosperidade e riqueza e buscar a razão, assim como invocar os poderes da fartura e da prosperidade. Hoje em dia, os chifres são vistos como símbolos da traição e ninguém sabe o motivo. Aliás, a grande variedade de teorias já levantadas a respeito só vem confirmar o mistério dessa modificação no significado atribuído aos chifres a partir da Idade Média europeia. Antes disso, os cornos não eram o símbolo da pessoa que é traída pelo parceiro, mas representavam energia, comando e potência sexual. Todos os sátiros da mitologia tinham chifres; os guerreiros vikings, os gauleses da aldeia de Asterix, os portavam orgulhosamente em seus capacetes. Ovídio, no Canto XV das Metamorfoses, descreve, sem a menor ironia, o episódio em que Cipus, o famoso pretor romano, acorda certo dia com um par de cornos na cabeça simbolizando o glorioso papel que desempenharia no futuro de Roma – história que não poderia ter sido narrada por um escritor medieval ou renascentista sem um inevitável sentido burlesco (fico só imaginando o efeito que esta passagem de Ovídio teria no meu tempo de ginásio, em que desatávamos a rir só porque mencionavam a Cornuália na Inglaterra ou as famosas joias de Cornélia). Além de símbolo de força, os chifres eram – e são, até hoje – considerados uma poderosa defesa contra o mau-olhado e a feitiçaria, seja em sua forma natural ou pelo conhecido sinal que se faz com a mão fechada, deixando o indicador e o mindinho estendidos. O certo é que, num dado momento, estabeleceu-se uma associação entre traição e chifres. Todas as hipóteses conhecidas são fantasiosas, vagas demais ou localizadas demais para justificar a difusão desse símbolo pelo Ocidente, pois mesmo na Inglaterra e na França – em que o marido traído é associado aos chifres –, por razões também obscuras a traição é associada ao pássaro cuco. E os chifres estão lá, na testa dos infelizes que foram “minotaurizados”.

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DEUS CORNÍFERO FOI

TRANSFORMADO NO DIABO

PELOS CRISTÃOS, OU MELHOR, PELA IGREJA

CATÓLICA,

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O OBJETIVO DE ACABAR COM O CULTO DAS BRUXAS

EUROPA OCIDENTAL, NÃO HAVIA OUTRA RAZÃO. MUITO ANTES DISSO, OS EGÍPCIOS JÁ ADORAVAM O DEUS DO OCULTO, DO ESCURO – AMON, QUE TAMBÉM POSSUÍA CHIFRES” NA

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M

inha função é trabalhar com EQUILÍBRIO – ESTAR BEM INTERNAMENTE vocês aqui no terra a terra, auxiliando quando é possível Não adianta nenhum tipo de atitude auxiliar, e hoje, já que estamos falando externa – você saber riscar ponto, cantar de autodefesa psicoenergética, convém ponto, evocar espírito, ter o melhor falarmos um pouco do que eu sei a guardião, que você julga ser o melhor ao respeito – e o que eu sei não é muita seu lado – se você não tem um sistema coisa, mas é algo que pode auxiliar vocês interno de equilíbrio. E quando eu falo em demais. equilíbrio, falo de você ser bem resolvido Quando a gente fala dos sistemas de consigo mesmo. Nós, para ascendermos defesa, nos remetemos ao que se diz na do lado de cá à condição de guardiões, medicina sobre Sistema Humano de estudamos, no mínimo, 40 anos. Nesses Defesa Interna ou Defesa Imunológica. 40 anos, existe um pressuposto, uma No entanto, com o passar do tempo, a própria medicina refez esta fala e, de sistema de “NÃO ADIANTA NENHUM TIPO defesa passou a chamar de DE ATITUDE EXTERNA SE “Sistema de Equilíbrio Humano”. Veja bem, que é VOCÊ NÃO TEM UM SISTEMA diferente: sistema de defesa INTERNO DE EQUÍLIBRIO” dá a impressão de que tem um monte de soldados prontos para atacar; sistema de equilíbrio é um sistema de harmonização interna para necessidade de submissão a algo que que as partes contrárias possam conviver nesse lado de vocês é conhe-cido como terapia, ou seja, precisamos enfrentar de maneira tranquila, sem que uma afete nossos medos, nossas sombras, prea outra indevidamente. Então, falarei cisamos saber conviver com elas e admitir, agora desse sistema de equilíbrio, que muitas vezes, que não somos tão bons, não significa apenas aquela ideia que não tão bons quanto externamos, não vocês têm de perfeição – não, longe tanto quanto os outros acreditam, ou seja, disso. O equilíbrio interno ao qual me conviver conosco da forma como nós refiro é uma atitude coerente com a somos. vida, com o que você fala, com o seu Sem nenhuma pretensão de santidade, discurso. A sua atitude no dia a dia, no sem nenhuma pretensão de supeque se refere ao comportamento, deve rioridade: “eu sei mais que o outro, vou ser coerente com o discurso, e é por ganhar mais que o outro”. Isso significa isso que vou falar desse sistema de que deve haver equilíbrio em suas emoções, em seus pensamentos. equilíbrio interno com vocês.

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Agora vou destrinchar isto um

pouco mais... Falar em equilíbrio é algo muito difícil para quem está encarnado: O que é equilíbrio? E o que é desequilíbrio? Contudo, se eu disser a vocês que é necessário sermos coerentes com as nossas palavras, coerentes com aquilo que defendemos, coerentes com aquilo que pregamos, que a atitude deve ser coerente com aquilo que se discursa, aí, então, falar de coerência fica mais fácil.

SER

DECIDIDO

SER COERENTE

É necessário que você pare de querer fazer viagens para fora do corpo e tenha a coragem de fazer uma viagem para dentro de si. Quando se estabelece isso, essa harmonia, essa aceitação interna tanto quanto o conhecimento que passa dentro de você, aí sim, nós, os guardiões, conseguimos fazer algo em seu benefício. Nos chame de Guardião ou de Exu, tanto faz; nos chame pelo nome que lhe faça sentir-se bem. Para nós, as palavras pouco importam, o que importa é o sentido por detrás da coisa. Então, falar de segurança, de você sair na rua no dia a dia e ser assaltado, ou não, de ter segurança de ordem espiritual ou ter um ataque extrafísico... ou ter a segurança energética. Ter qualquer desses tipos de segurança depende de você estar bem, de se enfrentar e se conhecer. Acredito que o objetivo de vocês estudarem o que estão estudando agora é fazer esse mergulho, muito mais para se conhecer do que para se defender, porque, uma vez que vocês se conheçam, todos os sistemas de autodefesa serão imediatamente ativados.

AUTOCONHECIMENTO + = SUA DEFESA

PERSEVERANÇA

Vou exemplificar: o ser humano tem um sistema de defesa natural que vocês conhecem como aura, em um campo de cerca de 5 metros a partir do centro do corpo físico, que é de onde se estende com relativa facilidade o cordão de prata. A partir daí ele também se estende, mas não com a mesma naturalidade e facilidade. Dentro desse perímetro se estabelece um campo de força individual com os duros problemas internos, externos, dificuldades do dia a dia. Tudo isso, interpretado pela pessoa, faz com que se rompa a estrutura eletromagnética desse substrato que vocês chamam de aura. Eu uso esse termo, pois é com ele que vocês estão acostumados. Ora, se a sua aura está rompida, você corre o risco de sair no seu quintal e o seu cachorro te pegar, te morder. Se a aura está rompida, é sinal de que existe algum trauma por trás disso: medo. O medo faz com que o ser humano exale um determinado tipo de cheiro, ou seja: quem tem medo, exala um cheiro, um odor apropriado; quem ama exala um odor apropriado; quem tem segurança energética, segurança em si próprio, também exala um tipo de odor em uma frequência vibratória facilmente perceptível. Daí, em alguns lugares no seu mundo, aí no seu lado, costuma-se dizer que a pessoa atrai ladrão e não que o ladrão procura a pessoa... Ela atrai o ladrão, ela atrai o cachorro para mordêla, atrai uma série de dificuldades, pois está com a aura rompida, o que faz com que exale elementos psicofísicos que são percebidos pelos outros seres em deter29


minadas situações. Ora, nós não temos como reverter esse processo se você não fizer um mergulho para conhecer seus sistemas de equilíbrio e de defesa internos. E acredito que esta é a proposta de se estudar autodefesa psíquica, sobretudo, estudar sobre si, fazer um mergulho sem medo ao seu interior. A partir daí então você não terá que resolver os problemas, você terá que enfrentá-los e se conscientizar de como você é e quais são as possibilidades que estão aí dentro. Uma vez que você faz esse mergulho, qualquer presença espiritual de um Guardião ou de um Mentor poderá beneficiá-lo. Mas se você transferir tudo isso para o outro fazer, para o desencarnado fazer, para nós fazermos, não teremos, absolutamente, nenhuma condição de ajudar àquele que não se ajuda. Isso significa que, um comportamento antiético, feito de maneira consciente, já é um impedimento para que a pessoa seja auxiliada. Não é que nós não queiramos ajudar, é que nós não podemos. Como espíritos, nós não podemos fazer tudo, por isso existe a parceria entre os dois lados da vida.

COOPERAÇÃO Junte a isso as necessidades sócioevolutivas reencarnatórias. Muita gente reencarna com necessidade de aprendizado, de passar por determinadas situações, com determinados desafios e obstáculos a superar para que possa fazer emergir delas os valores que foram dilapidados nas experiências passadas. Contra isso, que é da Lei, nenhum espírito pode fazer nada. Ora, nos resta, então, quando um caso assim ocorrer, que procuremos entender qual mensagem que a vida está trazendo para cada um de nós nos momentos de desafio. Não significa que nós não mereçamos, e a questão aqui não é o merecimento, é a necessidade de aprendizado. Muitas vezes precisamos 30

mesmo passar pela dor, não é questão de seu esforço. Eu e os Guardiões estaremos mérito ou demérito, mas necessidade, lá para dar a mão, para lhe puxar, mas você para que possamos fazer uma lapidação tem de se esforçar. Espírito não vem interna e reeducar nossa maneira de ver eliminar provas nem obstáculos de a vida. A crise, por exemplo, da qual todos ninguém, pelo menos não os espíritos da falam o tempo inteiro, não é nada mais minha categoria. E vejam que a minha nada menos que a força e a voz do categoria não é diferente da de vocês não. Universo, a voz da vida te chamando para Eu não sou nenhum “mentor”, sou um assumir uma postura mais digna, mais espírito que lido no dia a dia com as sihonesta e mais simplificada diante das tuações humanas. Desconheço qualquer circunstâncias. Aquilo que você não espírito Mentor que aja de maneira aprendeu nos tempos de bonança, a crise ignorante e se jogue no poço para ficar lá, vem para ensinar: Crise pessoal, chorando com seu pupilo. De maneira emocional, profissional, a crise do país [...]. alguma! Esse mentor continuará os seus São formas que a vida encontra para nos trabalhos enquanto o pupilo fica lá. No conduzir, para que acordemos. Me perguntam muitas vezes: “Por que os espíritos não me ÃO SUBSTITUÍMOS O ajudaram? Por que os Guardiões não me ajudam?”. Primeiro: nós TRABALHO QUE VOCÊ não estamos aqui para ajudá-lo, somos seres humanos. No meu TEM DE FAZER NÃO caso, trabalho como ser humano com todas as limitações huSUBSTITUÍMOS O ESFORÇO manas. E não somos escravos dos encarnados para ficar tirando QUE COMPETE A VOCÊ vocês do poço toda hora que voluntariamente se jogam lá. Não NÃO SUBSTITUÍMOS A somos nem escravos, nem empregados, então isso tem de SUA NECESSIDADE DE ser retirado da cabeça imediatamente: espírito não é emAPRENDIZADO NÃO pregado de médium nem de ninguém. Se você caiu, problema ÓS SOMOS PARCEIROS seu. Se quiser levantar, dê-nos a mão que nós o ajudaremos. Mas você tem de nos dar a mão e fazer o momento em que ele quiser sair, fizer uma esforço. Nós não somos solidários na oração, o Mentor volta, dá a mão, coloca desgraça, somos solidários no momento o recurso, mostra ao seu pupilo que existe de erguimento do ser humano para tal recurso, mas ele precisa ter coragem. recuperar os seus valores morais, espi- Coragem e o mínimo de inteligência para rituais e de dignidade humana. Se fôs- dar um passo de cada vez a fim de sair da semos solidários nas desgraças, nós situação. Nós somos parceiros e não substitutos iríamos cair no poço com vocês e ficar lamentando também, do mesmo jeito. Isso do trabalho. Não substituímos o trabalho é solidariedade na desgraça. Você cai, mas que você tem de fazer, não substituímos se você caiu, não temos de pular no poço, o esforço que compete a você, não subspodemos colocar a escada. No entanto, tituímos a sua necessidade de aprenvocê terá de subir cada degrau, fazendo o dizado, não! Nós somos parceiros.

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Nós falamos para você: “olhe, vire as costas porque ali tem uma escada...”. E aí então a pessoa diz: “mas eu não quero esta escada...”. “Sinto muito, mas a que a vida te deu é esta.” Por outro lado, também falamos: “vire as costas porque ao seu lado tem uma corda” e o outro retruca: “eu quero uma escada, não uma corda!”. “Sinto muito, para você o que tem é isso, e eu seguro a corda do lado de cá pra você não cair, mas você tem de se amarrar na corda, fazer o esforço”. Então, vejam: parceria é diferente de substituição. Espírito, principalmente Guardião, não substitui o esforço de ninguém, Mentor não substitui o esforço de ninguém, senão estará fazendo apologia à preguiça. E do lado de cá nós temos muita coisa para fazer, muita gente querendo ser ajudada. E a esses nós ajudamos, mas tem de haver uma consciência, pois a ajuda nem sempre é aquilo que você espera. Tem de haver o mínimo de intuição, e a intuição só vai funcionar se encontrar você trabalhando, a intuição não vai a ninguém que está de braços cruzados. A intuição, num momento de necessidade por ajuda, de necessidade de auxílio extrafísico e energético, só funciona se você estiver operoso, fazendo alguma coisa. Se estiver com os braços cruzados pedindo aos exus guardiões e aos mentores e mestres, de braços cruzados, ajoelhado no seu cantinho, a intuição passa e acende o fogo da fé no outro que está trabalhando. E você fica, infelizmente ou felizmente. Não fui eu, não foram os Guardiões, não foram os espíritos que criaram o sistema. Esse sistema foi concebido pelo Criador, mente diretora do Universo. Nós não fazemos a Lei, nós fazemos com que ela se cumpra. Somos agentes da Lei, mas não somos nós que criamos as situações. Se você achar ruim, questione com o Criador. Sempre foi assim e sempre será. Nós nos inserimos nesse contexto como agentes da Justiça para fazer a Lei se cumprir. Porém, a Lei não se cumpre em benefício de A ou de B, para livrar você desse problema ou do outro. A Lei não é isso, a Lei se cumpre em função da harmonia do Todo, e não do benefício das partes. Se só uma parte quer ser beneficiada, a isto damos o nome de egoísmo, pois a Lei não funciona dessa forma. Podemos auxiliar você desde que esteja no contexto geral da harmonia do Universo. Muita gente quer ajuda para questões materiais, para questões profissionais, emocionais [...]. O que se tem de ver é se

não se está querendo beneficiar a própria vontade, independente da situação geral. Se for assim, cuidado com o que for pedir, pois pode ser que algum louco do lado de cá da vida te conceda, e aí não demorará três meses e você se arrependerá do que pediu e do que tem em suas mãos. Portanto, até para pedir ajuda e proteção espiritual tem de se ter o mínimo de inteligência, para fazer uma avaliação mínima da situação. É aquilo que o Evangelho fala, e que para nós é um código de conduta, um código de psicoterapia. O Evangelho fala para orar, para ter fé, mas é preciso ter, sobretudo, inteligência para pedir. Você poderá receber o que pediu e depois amargar com os resultados. Ajuda espiritual vem, está ao nosso lado, uma ajuda genuína, de quem tem responsabilidade com a Lei Universal da harmonia, da disciplina e do bem. Existe tal ajuda, ela está presente, perto de todos. Mas o esforço é seu! Faça uma análise: se as suas atitudes estão sendo éticas ou antiéticas. Na antiética você pode até se beneficiar, pode ignorar o outro, pode abusar do outro, pode, inclusive, ganhar em cima do trabalho do outro e que não lhe pertence. Mas existe a Lei do Retorno, e, hoje em dia, no século XXI, eu posso

“SAIBA QUE O SER HUMANO EXALA LUZ! MAS EXALA TAMBÉM ODORES, AROMAS, EM SUA AURA TUDO É PERCEPTÍVEL, VAMOS INVESTIR NESTE MERGULHO INTERIOR!”

afirmar para vocês (risos): até do lado de cá existe computador, não se espera mais por uma próxima encarnação não, vem nesta mesma a resposta e os dividendos, com juros e correção monetária, para quem age de maneira antiética. Portanto, fazer o bem é uma questão de inteligência, ser ético é uma questão de ser inteligente, de encarar o mundo extrafísico, o invisível e nós, os habitantes deste mundo invisível, como parceiros. Isso é inteligente. Nós não temos varinha de condão para fazer os milagres que muitos esperam, mas temos a capacidade de estar ao seu lado, de te ajudar se você der o primeiro passo, se quiser um parceiro, se estabelecer em si mesmo, dentro do seu interior, uma atitude minimamente condizente com a sua fala. Coerência é isso: ter uma atitude condizente com aquilo que se prega, com aquilo que se fala. Não se espera perfeição, mas se deseja um mínimo de coerência. Com isso você já atrai as forças sublimes da vida, as energias positivas e afasta imediatamente aquelas energias discordantes. Então, fique atento a isso para que você entenda um pouco mais sobre a segurança energética espiritual e até sobre a segurança física. Saiba que o ser humano exala luz, mas exala também odores, aromas. Em sua aura tudo é perceptível, inclusive pelos animais. Vamos investir nesse mergulho interior. E não pense você que fica só nisso, porque quando desencarnar, você verá que o sistema de aprendizado é eterno, ninguém ascende a nenhuma posição do lado de cá se não for através do suor e do trabalho.

Ninguém chega ao pódio sem ter suado e sem ter deixado pedaços de si pela caminhada. Mérito: esse é o discurso dos religiosos, porque ninguém o tem; temos trabalho, investimento. Quem não investe no próprio conhecimento, quem não abre mão dos “pieguismos” religiosos, da miserabilidade humana de querer tudo para si e nada para o outro, quem não investe poderosamente em seu aprimoramento espiritual, intelectual, profissional, social, emocional qualquer coisa que seja, não chegará ao pódio da vitória, pois a coroa da vitória é daqueles que estudam, que trabalham e que investem, sem medo e com ousadia. Fica aqui a palavra de Veludo para quem gosta e para quem não gosta. Boa noite para vocês, e que o Grande lhes abençoe! 31


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uitas pessoas já receberam graças por meio dessa Entidade, o Sr. Exu Rei Tiriri, e é esse um dos motivos principais para que Pai Varela realize essa bela homenagem há 28 anos.

Tudo começou com uma festa para o Mestre Tupinambá, quando Pai Varela completou sete anos de coroação. Nessa festa, a Entidade ganhou um boi de um filho da casa que havia se curado e, no outro ano, Mestre Tupinambá disse que ganharia dois bois, mas que um seria para o Mestre Exu Rei Tiriri, e assim foi. A cada ano ele ganhava mais bois, como agradecimento por alguma graça alcançada. A festa já é realizada há 42 anos, só que antes ficava restrita apenas ao templo. Na encruzilhada completou 28 anos de realização, com essa grande queima de fogos todos os anos. No início, compareciam cerca de 300 pessoas; era difícil porque havia muita discriminação, mas sempre confiando na segurança das Entidades que comandam a Falange do Sr. Tiriri, nunca houve nenhum problema. Neste evento cerca de 1.500 pessoas estiveram presentes. A cada ano, sempre é feita uma festa diferente, melhor, sempre à altura do merecimento do Sr. Exu Rei Tiriri.

“Neste momento, em que estamos oferecendo, aqui na Encruzilhada, é que nós devemos pedir proteção e fartura, nunca esquecendo o respeito por aquilo que já ganhamos. Nesta mesa do Exu Sr. Tiriri, estamos fazendo esta grande oferenda para toda a sua Falange [...]. Nesta hora, em que invocamos a presença de todos os Guardiões, pedimos ao Senhor, Pai Oxalá, ao nosso Pai Ogum e a todas as falanges de Umbanda que intercedam por nós, pois estamos hoje aqui reunidos, acima de tudo, 32

Exu Tiriri, chefe das Falanges das Encruzilhadas. Sua energia se concentra nas interseções de estradas e caminhos em áreas rurais; tem acesso a todos os lugares. Apresenta-se com vários nomes, como Sr. Tiriri Lonan, Sr. Tiriri das Encruzilhadas, Sr. Tiriri das Matas, Sr. Tiriri Menino, Sr. Tiriri da Figueira, Sr. Tiriri da Kalunga, Sr. Tiriri das Almas, Sr. Tiriri do Cruzeiro, entre outros tantos, agindo nas Encruzilhadas. Correspondência na Linha das Crianças Exu Tiriri: Tupãnzinho, representa a Vibração Espiritual Exu Mirim: Yariri, intermediário para Iemanjá Exu Toquinho: Ori, intermediário para Oxalá Exu Ganga: Yari, intermediário para Ogum Exu Manguinho: Damião, intermediário para Oxossi Exu Lalu: Doum, intermediário para Xangô Exu Veludinho: Cosme, intermediário para Yorimá

em nome do Criador, em nome da Força Maior. Em nome dos Guardiões, que têm respeito e obediência pela Lei Suprema, neste momento invoco a Força Superior do Astral e os Espíritos Iluminados da Seara Umbandista. E o Senhor Exu Tiriri se fez presente e nos disse: ‘Que a minha Banda ajude todos vocês a conquistarem tudo o que desejam e merecem... Desse modo vou me retirando...

A mesma paz que me trouxe é a mesma paz que desejo esteja com vocês todos. Quando precisarem de mim, batam no portão das suas casas e me chamem; se eu não puder vir, peço aos meus companheiros virem lhes ajudar...’ Laroyê, Exu!”


Além do culto no templo, as oferendas e os fogos de artifício na Encruzilhada, a festa anual em homenagem ao Exu Sr. Tiriri oferece também uma bela recepção com jantar em um clube, para todos os convidados.

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Pai Marcelo, gostaria que você nos falasse um pouco sobre essa sua ligação tão especial com a Linha Cigana e com o Cigano Fabrício. Pai Marcelo: Comecei a trabalhar com o Cigano Fabrício aos 14 anos; ele se manifestou pela primeira vez no terreiro de Umbanda da minha avó – Terreiro de Umbanda Caboclo Sete Montanhas – e, dali para frente, decidimos iniciar um trabalho com a Linha Cigana para atender à necessidade daqueles espíritos dentro de um rito de Umbanda. Para isso começamos a buscar informações, pois era preciso fazer um trabalho com coerência, trabalhar com esses espíritos dentro da cultura deles, daquilo que eles conhecem. Nossa preocupação principal sempre foi criar um ambiente em que eles pudessem se manifestar, com fundamento junto à cultura cigana. Apesar de eles incorporarem e trabalharem no terreiro de Umbanda, não se enquadram nas 7 Linhas de Umbanda, fazem parte de uma Linha que podemos chamar de complementar.

Nesse início, quando você recebeu a primeira manifestação, além do Cigano Fabrício, quais as outras entidades que se manifestaram? Pai Marcelo: Cigana Ramirez, Cigana Ruby, Cigana Soledade, Cigano Malaquias... Foram alguns dos ciganos que se apresentaram naquela época para dar início a esse trabalho da Linha Cigana no terreiro de Umbanda. E esses ciganos fazem parte de um mesmo Clã, de uma mesma família? Pai Marcelo: Eles fazem parte de uma mesma comunidade, melhor dizendo, uma mesma caravana. Saindo do terreiro da minha avó, onde me iniciei, fui continuar meus trabalhos na casa de Candomblé Angola do meu Pai de Santo, Tata Mavile Vango, que também realiza uma festa cigana muito grande em maio, por conta da data de comemoração do dia de Santa Sara Kali, padroeira do povo cigano. Eu faço em outubro por causa de Nossa Senhora Aparecida, de quem o Cigano Fabrício é devoto. E todo esse povo cigano que se manifesta, tanto aqui, quanto na casa de meu Pai, pertence a uma mesma caravana, a “Caravana do Sol”. Hoje, no Terreiro, quais as entidades ciganas que se manifestam? Pai Marcelo: Procuramos desenvolver a Linha Cigana em todos os médiuns, mas não da mesma maneira

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como trabalhamos o desenvolvimento de um Caboclo ou de um Boiadeiro... Nem todos os médiuns incorporam, mas tem a sua entidade cigana. Não adianta o médium chegar e dizer: “agora vou incorporar um cigano”, não é assim. Precisa se preparar, entrar em contato com ele... No meu caso, quando fazemos a festa, começo uma semana antes ouvindo músicas ciganas, acendendo incenso, incorporando essa energia. É preciso ir se envolvendo no encantamento cigano para que a entidade chegue e se manifeste. Hoje temos cerca de 40 mé-diuns trabalhando com ciganos perten-centes à Caravana do Sol. Os principais são os ciganos dos dois Pais Pequenos da Casa: do Pai Rodrigo, que é o Cigano Ramirez, e do Pai Herbert, que é o Cigano Pietro. Ainda temos o Cigano Miguel e as Ciganas Salamandra, Salete, Ametista, Esmeralda, Dara e Carmem. Cada um traz o seu mistério; o do meu cigano é a leitura de cartas, a Cigana Salamandra gosta de ler o futuro nos cristais, alguns trabalham com a leitura de mãos, e a Cigana Luna trabalha com as Runas. E também foram oferecidas comidas típicas... Pai Marcelo: Sim, foi oferecido pernil, arroz com passas, grão de bico, lentilha e uma salada de legumes. Além do vinho, que é tradicional da festa. Nós oferecemos um barril de vinho e fizemos também a sangria, que é tradicional do povo cigano, com a infusão de ervas no vinho. Tivemos também a partilha do pão à meia-noite, que representa a comunhão dos ciganos. É o momento em que eles comungam daquela

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energia para eternizar a festa e mostrar a união do povo cigano. E o ritual do Pão da Aliança que, segundo eles, aquele que pega o pedaço de pão com a aliança será o próximo da caravana que se casará. São costumes que nós temos aqui na casa e que fazem toda a diferença. Nesta 5ª Festa Cigana houve também o atendimento ao público. As pessoas buscam muito esse atendimento com a Linha Cigana? Pai Marcelo: Os ciganos encantam muito e, além da necessidade do atendimento, existe também a curiosidade sobre o que os ciganos vão falar, sobre o esotérico. No


dia da festa, nós tínhamos na casa pessoas de todos os segmentos: da Umbanda, do Candomblé, do Espiritismo, Astrólogos... E nós nos preocupamos muito com esse aten-dimento. É cansativo, porque come-çamos a festa às oito da noite e acabamos às seis da manhã, ao redor da fogueira para receber o sol, que é o símbolo maior para o povo cigano. O Cigano Fabrício trabalha muito com a Linha de Cura, e nós realizamos, toda segunda segunda-feira do mês, um trabalho com a energia da cura. Nessa Gira de Cura nós trabalhamos com a energização dos ciganos nas pessoas por meio dos cristais, das pedras, das conchas, da areia, da água e do fogo. São os elementos da natu-reza que os ciganos utilizam para a cura. E o Fabrício sempre deixa uma coisa bem clara: doe para receber. Nesse atendimento, cada cigano traz o seu mistério para a energização e o equilíbrio, para que a pessoa possa conquistar aquilo que mais necessita. Informações sobre atendimento com o Cigano Fabrício: (11) 94764-3870




Os Santos Cosme e Damião, irmãos gêmeos, morreram por volta de 300 d.C. Crê-se que foram médicos, e sua santidade é atribuída pelo motivo de terem exercido a Medicina sem cobrar por isso, devotados à fé.

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s gêmeos Acta e Passio (os nomes reais de Cosme e Damião) nasceram na Síria, no século III, onde estudaram Medicina. Mais tarde, exerceram a profissão na Egeia e na Ásia Menor. Por recusarem receber qualquer tipo de pagamento, eram chamados anargiros, ou seja, “desafeitos ao dinheiro”. A riqueza que mais os atraía era fazer de sua arte médica também o seu apostolado para a conversão dos pagãos, o que conseguiam a cada dia mais. Isso, obviamente, despertou a ira do então imperador, Diocleciano, implacável perseguidor dos cristãos. Os irmãos Cosme e Damião foram presos e acusados de feitiçaria, sendo forçados a negar sua fé. Negando a aceitação dos deuses pagãos, foram condenados à morte, em Ciro (Síria), onde foram sepultados. Muitos esforços foram feitos para demonstrar que Cosme e Damião não existiram de fato, na tentativa de serem considerados apenas a versão cristã dos filhos gêmeos pagãos de Zeus (Castor e Pólux). Segundo o mito dos filhos de Zeus, após a morte de Castor, Pólux teria recusado sua imortalidade enquanto permanecesse separado de seu irmão. Zeus não pôde convencer Hades, o deus dos mortos, a trazer Castor novamente à vida, ficando então acertado que os irmãos Castor e Pólux passariam metade do ano nos infernos e a outra metade, no Olimpo. (Uma outra versão mitológica nos diz que Zeus teria transformado Castor e Pólux na constelação de Gêmeos). Durante a perseguição aos Cristãos, os irmãos foram presos e levados à frente de Lysias, governador da Cilícia, provícia romana na costa mediterrânea da Anatólia, região da moderna Turquia. Eles foram torturados e, por fim, decapitados. Diz a

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tradição que, milagrosamente, eles não sentiam as torturas a que foram submetidos com fogo, água e óleo ferventes, por isso foram finalmente decapitados. As relíquias de Cosme e Damião foram levadas mais tarde para Roma. Na Idade Média, as mais lindas lendas sempre os envolveram. Na arte litúrgica da Igreja, são mostrados como médicos segurando instrumentos cirúrgicos. São muito venerados na Grécia, Rússia e na Igreja Ortodoxa. São Cosme e São Damião são considerados os padroeiros dos Farmacêuticos, das Faculdades de Medicina, dos barbeiros e cabeleireiros. São também os protetores dos orfanatos, creches e das doceiras. O culto aos dois irmãos é muito antigo, havendo registros sobre eles desde o século V, que relatam a existência, em certas igrejas, de um óleo santo que lhes levava o nome e que tinha o poder de curar doenças e dar filhos às mulheres estéreis.Também reza uma crença na Umbanda de que, para cada dois gêmeos nascidos, um terceiro não encarna neste mundo. Mas, embora não apareça em forma física, também é venerado e respeitado como parte da família, considerado “aquele que não veio”. Na tradição católica, a festa de Cosme e Damião é celebrada em 26 de setembro; já na tradição afro-brasileira, a comemoração é no dia 27. Durante a festa em comemoração aos santos gêmeos, as igrejas e os templos das religiões afrobrasileiras são enfeitados com bandeirolas e alegres desenhos. Caruru de Cosme e Damião: Homenageia os santos gêmeos – Ibeji no Candomblé – e também as crianças. Tudo deve ser feito no mesmo dia: caruru, xinxim de galinha, vatapá, arroz, milho branco, feijão fradinho, feijão preto, farofa, acarajé, abará, banana-da-terra frita e os roletes de

cana. A dimensão da oferenda é medida pela quantidade de quiabos. Quando a comida fica pronta, coloca-se uma pequena porção nas vasilhas de barro aos pés das imagens dos santos, ao lado de velas, balas e água. Depois, serve-se o caruru a sete meninos com, no máximo, 7 anos cada. Eles comem juntos, com as mãos, numa grande gamela de barro. Só então são chamados os con-vidados para participarem da celebração.

Oração a São Cosme e São Damião Amados São Cosme e São Damião, Em nome do Todo-Poderoso Eu busco em vós a bênção e o amor Com a capacidade de renovar e regenerar, com o poder de aniquilar qualquer efeito negativo de causas decorrentes do passado e do presente Imploro pela perfeita reparação Do meu corpo, dos meus filhos (nome dos filhos) e de minha família Agora e sempre, desejando que a luz dos santos gêmeos esteja em meu coração Vitalize meu lar a cada dia Trazendo-me paz, saúde e tranquilidade Amados São Cosme e São Damião Eu prometo que, alcançando a graça Não os esquecerei jamais Assim Seja, Salve São Cosme e São Damião, amém!


Na Umbanda, Cosme e Damião foram crianças que desenvolveram a vocação para medicina desde muito cedo, colocando em prática seus conhe-cimentos na área. Eles teriam morrido com cerca de 40 anos e a oferenda de balas serviria para que os doadores protegessem os espíritos de seus filhos, preservando-os contra doenças. A Linha das Crianças ou “Yori” representa para o ser humano o terceiro raio cósmico, a inteligência ativa. É a força dos anjos do Criador Supremo, a po-tência divina manifestando-se e formando a coroa dos inocentes do espaço. Essa Linha traz a manifestação da Criação em toda a sua pureza (da potência criadora do pai e da mãe nasce o filho),

Na Umbanda, há uma terceira imagem menor entre os dois santos que re-presenta “Doum”, o terceiro irmão que teria morrido. Após a morte de Doum, os outros dois irmãos se tornaram determinados a aprender e praticar a Medicina para curar todas as crianças, sempre de forma gratuita. Doum personifica as crianças com idade até sete anos, sendo seu protetor. Em outras histórias conta-se que Doum seria o filho nascido após o parto de gêmeos, e que veio para fazer companhia aos irmãos; ou que na imagem original havia uma criança entre os dois médicos gêmeos e que acabou sendo incorporada.

sendo considerada a Linha que consegue dominar a magia como um todo. Todas as forças, para entrar ou sair de Aruanda, tem de passar pela vibração de criança. Uma criança do espaço brincando com um carrinho, uma bola ou uma boneca está em trabalho de descarrego fluidico. A Linha das Crianças é a grande força que irradia a alegria que ronda as matas, os rios, as praias, as pedreiras, os campos floridos, os jardins e todos os lugares em que se fizer necessária a sua ajuda de força. As Crianças que se manifestam na Umbanda tem, normalmente, nomes comuns: Rosinha, Mariazinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho, Cosminho, etc.

No Brasil, em 1530, a igreja de Igarassu, em Pernambuco, consagrou os irmãos Cosme e Damião como padroeiros. Foi nesse período que o então Rei de Portugal, D. João III, organizou a primeira expedição com objetivos de colonização, comandada por Martin Afonso de Souza. O principal objetivo era povoar o território brasileiro, expulsando os invasores e iniciando o cultivo de cana de açúcar. Entre as divindades africanas, Ibeji indica a contradição, os opostos que caminham juntos, a dualidade. Ibeji mostra que todas as coisas, em todas as circunstâncias têm dois lados, e que a justiça só pode ser feita se as duas medidas forem pesadas. No culto africano, Ibeji é indispensável em todos os rituais e seu poder jamais pode ser negligenciado, pois o que um Orixá faz, Ibeji pode desfazer; porém, o que Ibeji faz, nenhum outro Orixá desfaz. No Candomblé, o Erê tem uma função muito importante; como o Orixá não fala, é ele que vem para dar os recados do Orixá. É normalmente irrequieto, barulhento e às vezes até brigão. Os Erês recebem, normalmente, nomes ligados à coroa do iniciado: para os filhos de Obaluaiê, Pipocão ou Formigão; para os de Oxossi, Pingo Verde ou Folhinha Verde; para os de Oxum, Rosinha; para os de Iemanjá Conchinha Dourada, e assim sucessivamente.

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om direito a muitos doces, bolo e guaraná, foi celebrada a Festa de Cosme e Damião no Terreiro Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra. Os trabalhos começaram com a louvação aos Caboclos e Pretos-Velhos e a tarde de domingo foi ficando cada vez mais feliz e encantada com os pontos que louvavam a pureza da energia da Linha das Crianças. Aos poucos, a alegria dessas Entidades foi tomando conta do ambiente; e as Crianças foram chegando: Cosme, Mariazinha, Doum, Zezinho, Pedrinho, Aninha, Clarinha, entre tantos outros, encheram o terreiro com suas brincadeiras e gritos de satisfação por estarem diante de tão bela homenagem. E todas queriam aproveitar, brincando com carrinhos e bonecas, chupando suas chupetas, comendo doces e tomando guaraná, sua bebida predileta.

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Tudo isso é a preparação para que, após sua chegada em Terra, possam prestar a caridade em seus atendimentos ao público, que esteve presente e pode aproveitar toda essa energia e pureza que o Astral nos proporciona. Embora brinquem, cantem e dancem, os Espíritos que se apresentam sob essa vibração infantil possuem extraordinários conhecimentos que repassam através de seus atendimentos. São Entidades detentoras da mais pura magia e, por isso, são extremamente respeitadas pelos Caboclos e Pretos-Velhos.

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omecei na Umbanda aos seis meses, em um terreiro chamado Tenda de Umbanda Nossa Senhora Aparecida, na Vila Miriam, em São Paulo. Minha mãe trabalhava e minha avó, a saudosa dona Tereza, que era cambone da casa, me levava para os cultos. Fui crescendo e aprendendo nesse terreiro, que tocava a Umbanda de raiz. Quando eu já era maior, ia direto da escola para os trabalhos, até estar mais crescido. Fiquei

frequentando essa casa durante um bom tempo da minha vida, até que o terreiro acabou fechando e eu procurei outro lugar para continuar frequentando a Umbanda. Nessas andanças que eu tive, aos 12 anos tive minha primeira incor-poração, de Exu Cruzeiro, que é o meu guardião, e me tornei Pai Pequeno de uma casa aos 21 anos. Em 1999, por ser filho de Oxalá e a Umbanda não cultuar esse Orixá, me iniciei no Candomblé, mas nunca abandonei a Umbanda. Hoje, na minha casa, eu toco Candomblé e Umbanda, em cultos separados”. E quando você se tornou o Fabinho de Oxalá? Fabinho: Uma Entidade, chamada Baiano Zé Pelintra, me chamou e disse: “meu filho, até aqui foi tudo muito bem para você, mas é preciso agregar algumas coisas à

sua caminhada espiritual; mas me prometa que você nunca irá esquecer o seu início. Está na hora de você ir para o Candomblé e aprender algumas coisas”. E assim eu me iniciei com Pai Zezinho de Oxum, em 1999, para Oxaguian. Daí para frente nunca parei, continuo até hoje tocando o Candomblé. Com 10 anos de iniciação, abri a minha casa, em 2009, mesmo ano em que Maria Mulambo chegou em minha vida. Como é essa experiência em receber uma Entidade feminina?


Fabinho: Nessa época, em 2009, eu já tinha uma mente aberta, mas ainda havia certo preconceito sim, porque eu vinha de uma Umbanda muito tradicional, onde homem não incorporava Entidade femi-nina, não era permitido. Quando ela chegou e incorporou, já veio muito forte, muito autêntica, dizendo que vinha para mudar a minha vida, para me trazer novos caminhos, e realmente trouxe. Maria Mulambo surgiu como uma renovação, somando àquilo tudo que eu já tinha, agregando novas experiências. Hoje, em minha casa, ela é muito importante; nos dias em que trabalho com ela, forma-se grande fila para consultas. Fale um pouco das outras Entidades com as quais você trabalha. Fabinho: Trabalho com Exu Cruzeiro, que é um Guardião muito respeitado na minha casa; há pessoas que se consultam com ele há anos. Como esse Exu foi a minha primeira incorporação, sempre me orientou muito na vida, mostrando que nunca me deixaria desviar do caminho. Trabalho com Baiano Sete Cocos, Caboclo Ubirajara, Boiadeiro Punhal de aço, PretoVelho Pai João de Aruanda, que é um mentor maravilhoso e nos incentivou a fazer um trabalho de doação de ali-mentos na rua. Trabalho com uma legião de Entidades, que sempre chegaram para somar à minha caminhada.

Gosto de apresentar, de ser jurado e apoio sempre. Quais são os seus projetos futuros? Fabinho: Eu hoje estou investindo muito nas crianças, tenho alguns projetos que vou colocar em andamento em breve na minha casa. A religiosidade começa desde que o bebê está ali, no ventre da mãe, e segue até que se torne um adulto, membro do culto. Acre-dito que a criança deva ser o foco principal den-tro de um terreiro, e eu acredito que graças aos Orixás e as Entidades, isso já está acontecendo. Acredito que nós vamos conseguir fortalecer a nossa religião investindo em nossas crianças.

Gostaria de saber mais sobre o seu trabalho cultural... Fabinho: Eu gosto muito dessa parte festiva da religião, essa parte cultural. Só que, às vezes, sinto que no palco a rivalidade acaba sendo maior do que o amor à religião. Hoje, prefiro os En-contros de Corimba do que os festivais por conta disso, que acaba sempre acon-tecendo. Mas eu adoro festivais e, sempre que posso, participo.

Pomba-Gira Maria Mulambo apresentase quase sempre muito bela, feminina, amável, deslumbrante e sedutora. Gosta de bebidas suaves como vinhos doces, licores, cidra, champanhe, anis, etc. Gosta também de cigarros e cigarrilhas de boa qualidade. Maria Mulambo casou-se aos15 anos, com o filho de um rei, de 40 anos. Foi um casamento para que as famílias se unissem e a fortuna aumentasse. Os anos se passaram e ela não engravidava; naquela época, toda mulher que não tinha filhos era tida como amaldiçoada. Maria era

uma mulher que praticava a caridade, visitava os po-voados pobres do reino e ajudava aos doentes e mais necessitados. Em uma dessas visitas, conheceu um jovem viúvo, com três filhos pequenos, que passou a cuidar com todo o amor. Após algum tempo, o rei morreu, o príncipe foi coroado e Maria Mulambo tornou-se rainha. O príncipe, agora rei, ao descobrir a traição mandou os guardas amarrarem duas pedras em suas pernas e jogá-la no rio. Mesmo depois de dias enterrada no rio, seu corpo foi encontrado intacto, não com os “mulambos” que vestia, mas com vestes de rainha e muitas joias. Seu amado velou seu corpo inerte e passou a

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Fotos: Marques Rebelo

Zé Pelintra, Zé do Norte, Zezinho ou algumas vezes Zinho, foi em vida um nordestino, natural de Pernambuco, outros da Paraíba e alguns mais de Alagoas. Uma coisa é certa, Zé veio do catimbó, conhecida prática descendente de rituais bantos e indígenas mesclados com a magia trazida pelos colonizadores portugueses. Segundo contam, Zé trabalhava no Catimbó do Mestre Carlos em Caruaru, onde se formou nas artes da magia. Difícil precisar o surgimento da sua figura na Umbanda, bem como a época em que se tornou o símbolo do malandro carioca com o seu terno branco, chapéu panamá, cravo vermelho na lapela, sapato bico fino com duas cores, sempre segurando uma bengala. Fotos: Fernando Nonato

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á sete anos, a Federação de Umbanda e Cultos Afrobrasileiros de Diadema – FUCABRAD realiza em novembro, mês da fundação da Umbanda, junto a seus filiados, não-filiados e admiradores, a festa em homenagem aos Caboclos, Boiadeiros e Encantados, reunindo anualmente um público estimado em 1.500 pessoas. Esse evento já conta com a ajuda do poder público local, sempre disponibilizando de meios físicos e de estrutura na realização das festas. Em agosto de 2015, graças à iniciativa do vereador umbandista de Diadema, Josa Queiroz, que apresentou Projeto de Lei à Câmara Municipal de Diadema, o evento passou a integrar o Calendário Oficial do Município.


Conforme trecho do Projeto: “O evento tem como objetivo, além de prestar uma legítima homenagem a essas Entidades, difundir e resgatar nossa cultura afro-brasileira, muitas vezes pouco divulgada pelos poderes públicos municipais. Incluir esse evento no Calendário Oficial da Cidade, além de grande importância para toda a comunidade de terreiros tradicionais de nossa cidade, fará justiça e dará tratamento igualitário muito defen-dido e garantido pela nossa Consti-tuição Federal, em especial em seu artigo 5º, caput e inciso VI: ‘Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garan-tindo-se a todos os residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...) – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma de lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias’”.

E mais uma vez a FUCABRAD reuniu seus filiados, adeptos da religião de Umbanda e admiradores no Ginásio Poliesportivo Ayrton Senna, Centro de Diadema, para mais uma homenagem aos Caboclos e Encantados. A festa realizou-se no dia 15 de novembro, dia nacional da Umbanda, e reuniu terreiros de diversas correntes umbandistas, Catimbó e Nações do Candomblé para render suas homenagens a esses Espíritos que se manifestam como nossos amados Caboclos, legítimos representantes da Umbanda que se dividem em diversas Falanges, tra-balhando nos terreiros por meio de passes e do conhecimento que possuem das ervas, curando males espirituais e materiais, auxiliando na caridade do dia a dia aos nossos irmãos enfermos. Pais e Mães de Santo, Ogans, médiuns, dirigentes de federações e convidados estiveram presentes participando dessa grande festa e louvando a essas Entidades de Luz, sempre prontas a prestar o auxílio ao próximo.






Alguns anos atrás, li um texto psicografado por Rubens Saraceni que afirmava que o desenvolvimento mediúnico é o período mais delicado da vida de um médium, que deveria ser bem recebido por um grupo preparado para tal e que qualquer conflito emocional mal resolvido durante esse momento poderia criar traumas e afastar o novo adepto da religião, de tal forma que poderia, inclusive, passar a ter aversão por tudo o que se refira a trabalho mediúnico ou Umbanda em geral.

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uanto mais os anos passam, mais convicto vou me sentindo com relação a essa afirmação. Mais e mais vou verificando o quanto estamos ainda despre-parados para receber, doutrinar e desen-volver aqueles que desejam iniciar-se nos mistérios da Umbanda, conhecer melhor seus Guias Espirituais e ter a oportunidade de trabalhar a mediunidade de incor-poração. Nesse campo, é inevitável uma comparação com o Espiritismo de Allan Kardec no Brasil que, há décadas, por meio de seus líderes criou os tão conhe-cidos cursos de mediunidade nos quais se leva anos estudando teoricamente antes de pensar em qualquer prática mediúnica. Já em boa parte dos terreiros de Um-banda, o novo médium, logo que é con-vidado ou aceito para desenvolver-se, já é colocado para concentrar-se ou girar, com o intuito de incorporar “de cara” seus Guias Espirituais sem nenhum preparo emocional ou embasamento teórico. Para a religião de Umbanda, o ideal seria um meio-termo entre essas duas realidades. Somos muitos que, há vários anos, falamos da necessidade de criar ambiente e disponibilidade para dar o devido esteio e suporte aos seus médiuns. Ainda assim, deparamo-nos com as limitações humanas que, por alguma razão, parecem impossibilitar muitos templos de Umbanda de criar espaço e ambiente dedicados aos novos mé-diuns que gostariam de adentrar à corrente espiritual. Por anos acompanhei o trabalho de Rubens Saraceni incentivando a criação de “Escolas de Desenvolvimento Mediúnico Umbandista” para ajudar, tantos aos médiuns que desejam conhecer melhor os seus Guias, quanto os que desejam trabalhar com a Espiritualidade e receber o amparo neces56

sário para um desenvolvimento me-diúnico tranquilo e o menos traumático possível. Desenvolver a mediunidade sempre traz à tona conflitos emocionais e exis-tenciais que podem atravancar o desa-brochar do dom mediúnico de incor-poração. Participar de um grupo de desenvolvimento em uma Escola ou Colégio de Umbanda é, antes de mais nada, chegar a um ambiente adequado e propício para aflorar os dons mediúnicos em geral e a mediunidade de incor-poração, em específico. Antes mesmo que seja incentivada a prática da incorporação, o novo médium precisa receber uma carga de informações que venha a ambientá-lo. É preciso saber como se comportar nesse novo ambiente, como reagir nesse con-texto, ter um preparo emocional para lidar com as dificuldades internas e ex-ternas relacionadas a um dom de trans-cendência que nos torna um meio de li-gação entre dois mundos. É preciso, durante o processo, aprender a lidar não apenas com suas emoções, mas também com as diversas energias que passamos a sentir; como se limpar, se descarregar, se proteger e identificar o que vem de dentro e o que vem de fora. Não apenas eu, mas muitos de nós, há anos estamos nos empenhando para compreender as necessidades da religião nesse sentido. A espiritualidade sempre nos revela novos métodos e técnicas para o aperfeiçoamento mediúnico e, em todos os sentidos, vemos que não basta apenas incorporar espíritos, é necessário uma “educação mediúnica”. Aqueles que desejam trabalhar com espíritos, com seus Guias, devem seguir seu ritual, doutrina, teologia e liturgia. Ao mesmo tempo em que cada grupo tem seus “fundamentos” particulares, eles não devem conflitar com os fundamento básicos e maiores da Umbanda. Para uma vida mediúnica saudável, é fundamental quebrar certos dogmas, tabus, preconceitos e libertar-se da opres-são

“A MAIORIA DE NÓS TEM MEDIUNIDADE SEMICONSCIENTE.

ASSIM, NECESSITAMOS DE UM PROCESSO CONHECIDO COMO

‘DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO’. É NESSE DESENVOLVIMENTO QUE APRENDEMOS A DAR A PASSIVIDADE NECESSÁRIA PARA QUE OS ESPÍRITOS POSSAM SE COMUNICAR”

de determinados paradigmas e con-ceitos que mais atrapalham e nada ajudam àqueles que querem saúde mediúnica. O desenvolvimento mediúnico está diretamente relacionado à qualidade de vida. Trabalhar mediunicamente de forma saudável deve, sempre, tornar o médium uma pessoa melhor, mais tranquila, ponderada e controlada sob o aspecto racional, emocional e, claro, mediúnico. Somos corpo, mente, espírito e emoções, muitas emoções. Tudo isso, junto e misturado às nossas expectativas existenciais, crises, angústias e mais um campo aberto às influências do mundo espiritual. Muitas vezes ficamos à mercê de situações e circunstâncias, sentimos como se perdêssemos as rédeas de nossas vidas, ficamos desamparados, com um sentimento de solidão existencial sem saber que existe, sempre, uma família espiritual que nos ampara, e que desenvolver a mediunidade é, também, abrir um campo de comunicação com essa nossa família maior e eterna. Há muitos anos venho recebendo médiuns que desejam desenvolver sua mediunidade e os tenho preparado em ambiente interno como em muitos outros terreiros, formando grupos para os cursos de “Educação e Desenvolvimento Mediúnico”. Em todos os grupos, para evitar conflitos, aceitava apenas médiuns que não estivessem frequentando nenhum ter-reiro. Conversando com meu amigo, mestre e Pai, Rubens Saraceni, entendi a importância de receber no desenvolvi-mento mediúnico também médiuns que já fazem parte de outras casas, pois existem várias dificuldades que impedem alguns dirigentes de conseguir dedicar-se ou criar o


ANTES

MESMO QUE SEJA INCENTIVADA A PRÁTICA DA INCORPORAÇÃO,

O NOVO MÉDIUM PRECISA RECEBER UMA CARGA DE INFORMAÇÕES

QUE VENHA A AMBIENTÁ-LO.

É

PRECISO SABER COMO SE COMPORTAR

NESSE NOVO AMBIENTE, COMO REAGIR NESSE CONTEXTO, TER UM

PREPARO EMOCIONAL PARA LIDAR COM AS DIFICULDADES INTERNAS

E EXTERNAS RELACIONADAS A UM DOM DE TRANSCENDÊNCIA

QUE NOS TORNA UM MEIO DE LIGAÇÃO ENTRE DOIS MUNDOS

ambiente para esse desenvol-vimento. Da mesmo forma, veio do Astral a ordem para assim proceder, criando a possibilidade de ajudar muitos terreiros que podem encaminhar ou recomendá-lo a seus médiuns. Com esse enfoque, podemos observar a importância de bons cursos de desenvolvimento mediúnico, que venham ajudar a sanar as neces-sidades mais urgentes dentro da religião de Umbanda e que não substituem os anos de aprendizado e dedicação que vão fazer ou já fazem parte da vida de todos os que pretendem trabalhar como mé-diuns de Umbanda. Por algumas vezes, citei o Mestre Rubens Saraceni neste texto e agora lhe faço ainda um agradecimento, que não é apenas meu,

DESENVOLVIMENTO DO VEÍCULO MEDIÚNICO mas de milhares de médiuns que receberam sua orientação e direcionamento, por sua incansável dedicação a esta religião, sua vontade inquebrantável de colaborar para que no futuro a Umbanda seja uma religião mais bem preparada e mais respeitada na matéria, assim como é no astral. A maioria de nós tem mediunidade semiconsciente. Assim, necessitamos de um processo conhecido como “desenvolvimento mediúnico”. É nesse desenvolvimento que aprendemos a dar a passividade necessária para que os espíritos possam se comunicar por meio de nossa matéria. O desevolvimento lembra muito uma autoescola, em que o veículo é nosso corpo, nossa matéria. Aqui, neste caso, não iremos aprender a dirigir um carro, vamos aprender a emprestar “nosso carro” para que outro dirija. Pense o quanto lhe é difícil emprestar seu carro para seu irmão, sua irmã, seu pai, aquele carro que você passou todo o fim de semana limpando e dando brilho. Não é difícil? Até carro com seguro é difícil emprestar, e muito mais difícil é emprestar seu corpo físico. Nascemos dentro desse “carro”, vemos a vida por sua janela, locomovemo-nos com esse carro por facul-

dades e órgãos que esse veículo nos proporciona... Mais do que isso, não acreditamos que outra pessoa possa dirigir esse carro, e essa é a primeira barreira a ser vencida: acreditar que outra pessoa possa dirigir esse carro, esse veículo mediúnico. Ao chegar em um terreiro de Umbanda, muitos de nós ouvimos esta afirmação: — “Filho, você é cavalo!” Eu, quando ouvi isso em minha pri-meira consulta com um Preto-Velho, pensei: “cavalo?”. Ao perceber meu estranhamento, o Preto-Velho chamou o cambone, que me explicou: “Ele quer dizer que você é médium!” Ah... Cavalo é médium... Cavalo é um veículo, não precisei de mais explicações; se ele é o Guia e eu o cavalo, quer dizer que incorporar é deixar que a entidade me guie. Muito simples de explicar. Difícil de realizar, pois somos “cavalos selvagens”, precisamos ser “domados”, educados, doutrinados para nos tornarmos um cavalo que sirva bem ao seu condutor/guia. Como mencionamos, uma das formas de pensar essa educação, esse desenvolvimento mediúnico é comparar nossa matéria, nosso aparelho a um carro, um veículo automotor. A primeira lição que aprendemos é que outra pessoa pode dirigir esse carro, mas como isso funciona? Pense naquele carro de autoescola (americana) que tem dois volantes e pedais dos dois lados. Agora, lembre-se do desenvolvimento quando começamos a sentir aqueles “trancos” e “tremeli-ques”... Lembrou? É aí que o Guia está mostrando que mais alguém pode dirigir seu veículo. Podemos dizer: “ele está sentado no banco ao lado, pisando no freio”, para mostrar que, a um convite seu e com a sua passividade, ele poderá dirigir esse carro. Daí para frente, é começar a soltar o “volante” para que ele possa dirigir. E, conforme você vai se soltando, ele vai assumindo a condução. Enquanto vai por uma rua tranquila, tudo bem, mas, chegando a uma curva, a uma lombada ou mesmo uma ladeira, nos assutamos e

retomamos a condução, fazendo questão de pegar o volante, pois ainda não temos segurança, não confiamos completamente na entidade/guia, por não sabermos que ele dirige muito melhor do que nós. Esse é o período de desenvolvimento em que o médium não sabe se é ele ou se é o Guia quem está dirigindo. Se não for bem orientado, pode até acreditar estar mistificando, o que não é verdade. Ali, no desenvolvimento, estão dois “mentais” presentes na condução do veículo; em um momento, é o Guia/Entidade quem con-duz e, em outro, o médium. Desen-volver-se mediunicamente é aprender a entregar a condução e, para a grande maioria de nós, essa entrega é consciente. O que o médium precisa aprender é a dar passividade para a entidade trabalhar. Temos aqui duas palavras-chaves para o desenvolvimento da mediunidade: Con-fiança na Entidade que está se manifes-tando e muita Humildade para não se iludir em estar adquirindo poderes sobre-naturais para não pensar que seu Guia é o melhor de todos, não achar que seu Caboclo é o Grande Cacique e Pajé Faz-Tudo das Sete Linhas, cabeça de Legião ao qual todos devem se subordinar, por “não saberem com quem estão falando”. Incorporação mediúnica é parceria e depende de confiança de ambas as partes para acontecer; saiba que receberá Entidades que têm o mesmo valor que todas as outras e que seu guia, com certeza, acatará e aceitará as normas da Casa de Luz que o recebeu de bra-ços abertos, não indo contra a corrente dentro daquela casa. Tomando esses cuidados e confiando, o médium está pronto para deixar o carro ser conduzido pela Entidade. Esse processo lembra ainda o período em que um adestrador e guia leva para domar seu cavalo que, por nunca ter sido montado, é chamado de selvagem. Domado, o cavalo está pronto. Muitos se referem ao médium como aparelho manipulado pela Entidade. Importante é darmos a passividade; chega um ponto em que deixamos até de prestar muita atenção ao que acontece, relaxando e desligando um pouco da paisagem, simplesmente deixando que o Guia nos leve.

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“Quinteto em Branco e Preto”. Com este título, muitos podem pensar que iremos falar de algum grupo de Samba de um dos bairros boêmios de São Paulo – o Bixiga, por exemplo – , que tem o costume de se apresentar com sua madrinha, a sambista Beth Carvalho. Mas não, hoje é dia de Rock, bebê!

F

aith no More é uma banda de Rock Experimental, formada em São Francisco, Califórnia, Estados Unidos, em 1981. Tornou-se nacionalmente conhecida nos anos 1990, devido à grande exposição pela Rádio 89 FM e, posteriormente, na MTV Brasil. O sucesso “Epic” é considerado por alguns especialistas e fãs de Rock como a primeira encarnação do “Nu Metal”, que viria a influenciar bandas como “Korn”. Os membros do Faith no More possuem interesses em outras idiomas e certo domínio de português, espanhol e italiano; talvez seja por isso que Mike Patton, o vocalista que tomaria o microfone para si em 1988, mandou a seguinte resposta quando indagado se haviam virado hippies pelo fato de a banda se apresentar toda vestida de branco, com colares de miçanga e o palco repleto de flores, quando na fila para entrar no show só se via camisetas pretas. “ Viramos macumbeiros”, disse Patton. “Não, esta é uma homenagem à Umbanda”, concluiu o vocalista. Essa turnê, que passou pelo tradicional Madison Square Garden em Nova Iorque, Espaço das Amé-ricas em São Paulo, Rock in

Rio e pelo evento com pegada ambiental SWU, causou polêmica entre fãs e certo crítico de rock em 2011, despertando em muitos a curio-sidade entre formadores de opi-nião, como citado acima, em entrevista feita por um repórter do G1. Para Milton Martinez, 50, médium umbandista entrevistado pelo site Umbanda EAD News, foi uma postura fantástica da banda. “Eu achei fantástico, embora não saiba se foi intencional, engajado ou se teve qualquer referência à cultura. Enfim, uma homenagem desse porte, com visibilidade mundial e midiática, respeitando toda a família umbandista e elevando o nome da religião, só tenho lembrança de ter visto no show de celebração ao desencarne da cantora Clara Nunes

nos anos 1980, no Estádio do Morumbi, em São Paulo”. Infelizmente, grande parte da mídia parece não ter compreendido o recado que o Quinteto passou, mudando o visual das camisetas pretas do universo do Rock para a sutileza do figurino branco, dando um grito de alerta à intolerância religiosa que o mundo vive atualmente. Esses momentos elevaram a função social da banda, ultrapassando as fronteiras do show business e escancarando para o mundo o grito de uma religião incompreendida pela sociedade, que muitas vezes leva o devoto a mentir e a ocultar sua fé. Saravá, Faith no More! Link do show SWU – Brasil/2011 https://www.youtube.com/watch?v=m-WvTieSyEI

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Revista Espírita de Umbanda, com o apoio da União dos Divulgadores de Umbanda – U.D.U, realizou seu 7º Festival de Corimba e Dança na Quadra da Escola de Samba X-9 Paulistana, em São Paulo. Entre as atrações, tivemos a apresentação da Corimba campeã do 6º Festival, o Grupo Emoriô, com a música “África, Raiz do meu Axé”, e também pontos de Iansã para saudar a grande homenageada,

A

Clara Nunes. Também se apresentaram Sandro Bernardes, Pai Armando de Ogum, Severino Sena e Instituto Tambor de Orixá e Aldeia de Caboclos. Para fechar, Samba de Jorge realizou grande show em homenagem à Clara Nunes.

Categoria Corimba 1º Colocado .............. Pilão de Prata 2º Colocado .............. Grupo Ojuobá 3º Colocado .............. Filhos de Yabá 4º Colocado .............. Ogan Daniel/ Bambas do Axé 5º Colocado .............. Terreiro Iansã e Zé Pilintra 6º Colocado .............. Kambui Tumbensi Categoria Intérprete 1º Colocado .............. Ogan Daniel 2º Colocado .............. Iansã Guerreira e Zé Pilintra 3º Colocado .............. Grupo Ojuobá 4º Colocado .............. Filhos de Yabá 5º Colocado .............. Pilão de Prata 6º Colocado .............. Kambui Tumbensi

Categoria Letra 1º Colocado .............. Filhos de Yabá 2º Colocado .............. Pilão de Prata 3º Colocado .............. Grupo Ojuobá 4º Colocado .............. Ogan Daniel/ Bambas do Axé 5º Colocado .............. Iansã Guerreira e Zé Pilintra 6º ColocadoCoreografia .............. Kambui Tumbensi Categoria 1º Colocado .............. Filhos de Yabá 2º Colocado .............. Iansã Guerreira e Zé Pilintra 3º Colocado .............. Grupo Ojuobá 4º Colocado .............. Pilão de Prata 5º Colocado .............. Kambuí Tumbensi 6º Colocado .............. Ogan Daniel/Bambas do Axé

Classificação Geral 1º Colocado ................................ Filhos de Yabá Participação Atabaque de Ouro 2016

2º Colocado ............................... Pilão de Prata 3º Colocado ............................... Grupo Ojuobá

Sérgio Bretas (Poeta do Samba)|Mãe Cidinha (Primado do Brasil)|Grupo Emoriô| Sandro Bernardes|Eduardo (Vinha de Luz)| Ogan Juvenal (União de Tendas)|Engels de Xangô (Aldeia de Caboclos)|Ogan Tambores de Palmares|Armando de Ogum (Umbanda Brasil) Ogan Paulinho (Tambores de Palmares)|Marcus Moraes (Tribunow)|Renato de Xangô

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Aquela voz era do mais puro gutural Modulava do grave ao agudo com facilidade excepcional Aquela mulher espontânea, bela Chegou a ser a voz da Portela

Dói muito a falta dela Chamada, cedo, pelo mistério Não coube em nenhum cemitério Transita indiferente pela morte

Com seu sorriso superior Qual uma emissária do Criador Espírito acima de qualquer “macumba” Nem é preciso ir ao terreiro Para sentir seus perfumes

Diante da sua tumba Onde só existem fluidos do seu samba Não há lágrimas, nem queixumes Ali somente se vela

Um sincero e eterno obrigado! Clara Nunes

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C

om show preparado especialmente para homenagear a cantora Clara Nunes – a Guerreira, filha de Ogum e Iansã, o Grupo Samba de Jorge trouxe as músicas que todos amam e cantam. Fechando o festival com toda a energia que Orixás e Entidades proporcionaram durante todo o decorrer do evento, o grupo de samba, tradicional em homenagear a cultura e a musicalidade afro-brasileira emocionou o público com uma apresentação impecável, fazendo todos cantarem,

louvarem, dançarem e pedirem bis. Um encerramento de evento inesquecível e à altura de sua grande homenageada.


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