Revista Condomínio. Edição 50

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Todo síndico lê!

50 JUL AGO SET 2011

ANO 14

Orçamento equilibrado

Brinquedo é coisa séria Manutenção correta dos parquinhos evita acidentes

Saiba como otimizar os recursos do condomínio, reduzir as despesas e combater o desperdício

Fechamento de varandas: aspectos técnicos




NEWTON MENDONÇA

Presidente da CIPA

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Paulo Rodrigues

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[capa] Orçamento equilibrado: Saiba como otimizar os recursos do condomínio, reduzir as despesas e combater o desperdício

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Administrar um condomínio não é tarefa fácil. São muitas as questões com as quais o síndico deve se preocupar: orientação dos funcionários, relacionamento entre os moradores, manutenção do edifício e, claro, o equilíbrio orçamentário. Mesmo com o auxílio da administradora, cuidar do caixa está sempre entre os maiores desafios. Leia nossa matéria de capa e veja como melhorar ainda mais sua administração.

Uma publicação:

manutenção

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manutenção

Neste momento em que atravessamos um período promissor e nosso país está sendo reconhecido pelo mundo inteiro, começam a aparecer sinais de inflação. É absolutamente indispensável que medidas sejam tomadas para que não corramos o risco de sua volta. O Brasil, por muito tempo, conviveu com a alta substancial e continuada no nível geral dos preços. Esse período foi traumático – as novas gerações desconhecem essa dificuldade e, por isso, não podem entender como foi difícil –, e levamos 17 anos para debelar a inflação. Finalmente, conseguimos uma estabilidade que vem sendo mantida até os dias atuais. Uma coisa é importante e já faz parte da realidade do povo brasileiro: não admitir mais que exista inflação no Brasil. Sim, porque sem essa consciência do povo, não é possível ter uma moeda forte. Só para ilustrar, até chegarmos ao real, tivemos dois calotes externos e um interno, 16 ministros da Fazenda, 18 presidentes do Banco Central, cinco moedas diferentes, uma enorme dívida externa, congelamento de preços e a perda de nove zeros na moeda, enfim, total descontrole das bases do país. Não queremos que essa situação ocorra de novo, porém, é sempre bom relembrar esses fatos, porque uma grande parcela de responsabilidade é nossa. O governo, estou certo, também sabe que dele dependem medidas firmes, e até impopulares, para manter a inflação sob controle. Novos parâmetros foram criados para o equilíbrio da moeda, que independem de posição política ou demagógica. Temos metas inflacionárias, metas de déficit fiscal, o governo não pode gastar demais, igualzinho a uma família que vive de acordo com seu orçamento doméstico. O Banco Central deve exercer suas funções com a autoridade e a autonomia necessárias e tem de defender a moeda a qualquer custo político ou pressões de mercado. Antes as crises mundiais, como a da Ásia e da Argentina, nos abalavam diretamente, porém, a recente crise de 2008, comparável à Depressão de 1930, foi absorvida por nós com tranquilidade e até melhor do que pelos países da União Europeia e pelos Estados Unidos. O Brasil hoje tem reservas monetárias que garantem nossa estabilidade, e o real tem se valorizado bastante em relação às outras moedas. Evoluímos muito durante esses 17 anos e não podemos deixar que a inflação volte. Nossos bancos foram saneados e hoje estão sólidos; as privatizações necessárias foram feitas e têm que prosseguir, como é o caso dos aeroportos; outras grandes obras de infraestrutura precisam ser realizadas. O governo tem que focar a educação, a saúde, a segurança e, principalmente, a erradicação da pobreza absoluta, que, com certeza, é fruto de anos sem investimento na educação. Acredito que vamos conseguir manter a inflação sob controle, porém, não podemos abusar do crédito. É imprescindível também procurar os melhores preços para mostrar à concorrência que não aceitamos aumentos abusivos. O mundo está acreditando no Brasil, grandes investimentos estão vindo para ficar. Nosso futuro é promissor.

ENTREVISTA

O povo brasileiro não quer mais inflação

DIRETORIA Presidente NEWTON MENDONÇA

2011 - 57 anos

Vice-presidente MÁRIO MENDONÇA

Rua México, 41 - 2o andar CEP 20031-905 Centro - Rio de Janeiro Tel.: [21] 2196-5000 Fax: [21] 2533-2449

Diretora de Condomínio, Administração e Finanças DEBORAH O’DENA MENDONÇA Diretora de Locação, Seguros e Novos Negócios MARIA TERESA MENDONÇA DIAS


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[Conservação] Sobe e desce com estilo

Fechar a varanda do apartamento é sempre uma opção tentadora. Mas há mais questões que precisam ser levadas em conta. Você sabia que um fechamento de varanda pode afetar a estrutura do prédio? Leia o texto e fique por dentro das questões inerentes a essa opção.

Não são apenas fachadas impecáveis, portarias bacanas e jardins bem cuidados que contam: elevadores bonitos e com ar moderno também contribuem para que mesmo prédios antigos fiquem mais atraentes e confortáveis. E o melhor é que a reforma estética em elevadores é um processo simples, que toma pouco tempo e, planejado, não pesa tanto no orçamento.

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[Manutenção] Brinquedo é coisa séria

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[Atualidade] Fechamento de varandas: aspectos técnicos

[tecnologia] Chuveiro híbrido: banho barato e mais eficiente

Playgrounds e parquinhos quase sempre são sinônimos de diversão. Mas nem sempre a garotada sai ilesa da brincadeira, seja por falta de supervisão de uma pessoa adulta ou em razão da má conservação dos brinquedos. Nesta matéria, você vai saber quais os cuidados para garantir que o lazer dos pimpolhos tenha apenas bons momentos.

Recentemente, o Governo Federal, em uma iniciativa de R$ 4,5 bilhões, criou o programa de incentivo ao sistema do chuveiro híbrido, uma espécie de flex que funciona, ao mesmo tempo, como aquecimento solar e chuveiro elétrico tradicional. Entenda o assunto nessa matéria.

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[CONDOMÍNIO] A união faz a força

Uma das alternativas para reduzir os gastos dos condôminos nos edifícios residenciais e comerciais do Rio é a prestação de serviços para grupos, ou seja, quando uma determinada empresa oferece descontos ou condições especiais em caso de adesão coletiva. Fique por dentro do assunto e comece a economizar agora mesmo!

Revisão ANDREA BIVAR Fotografia Ariel Subirá Marketing e Publicidade SAMY GRUBMAN (marketing@cipa.com.br)

Colaboraram neste número MILTON DE MENDONÇA TEIXEIRA Paulo Ferreira Raquel Pinheiro Loureiro renata Fernandes STELLA MARIS C. MENDONÇA wanja Antunes

Com as atuais obras de revitalização do Porto do Rio de Janeiro, alavancadas pela realização da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, dois anos depois, o velho porto carioca será convertido na principal porta de entrada da cidade no século XXI, assim como o foi cem anos antes. A previsão de que o porto abrigará 60 mil turistas só no primeiro evento dá a dimensão de sua importância para o turismo no Rio de Janeiro.

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50 ANO 14

Orçamento equilibrado

BRINQUEDO É COISA SÉRIA Manutenção correta dos parquinhos evita acidentes

PARA ANUNCIAR LIGUE

2196-5176

TODO SÍNDICO LÊ!

JUL AGO SET 2011

Redação e Edição VIVIEN BEZERRA DE MELLO (MTb: 18731)

[História] O parto do Porto do Rio de Janeiro

Saiba como otimizar os recursos do condomínio, reduzir as despesas e combater o desperdício

FECHAMENTO DE VARANDAS: ASPECTOS TÉCNICOS

18 mil exemplares

www.condominioetc.com.br revista@condominioetc.com.br Conceitos e opiniões em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. A reprodução parcial ou total de qualquer parte desta publicação é permitida desde que seja citada a fonte e previamente autorizada, por escrito, pela editora. A empresa reserva-se ao direito de não aceitar publicidade sem fundamentar motivação de recusa. Esta publicação está em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e em vigor desde 1º de janeiro de 2009.

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capa

Orçamento equilibrado Saiba como otimizar os recursos do condomínio, reduzir as despesas e combater o desperdício Administrar um condomínio não é tarefa fácil. São muitas as questões com as quais o síndico deve se preocupar: orientação dos funcionários, relacionamento entre os moradores, manutenção do edifício e, claro, o equilíbrio orçamentário. Mesmo com o auxílio da administradora, cuidar do caixa está sempre entre os maiores desafios. Pesquisas do segmento revelam que a folha de pagamento é o item que consome a maior parte da renda obtida com a cota condominial. A conta de água e as obras completam a lista dos grandes vilões do orçamento. A inadimplência é outro fantasma que insiste em assustar os gestores prediais. Mas é possível lidar com os gastos de forma equilibrada e, com um pouco de jogo de cintura, deixar o condomínio sempre com saldo positivo. O síndico deve seguir a mesma lógica do orçamento doméstico: anotar tudo em planilhas, especificando receitas e despesas. O advogado e diretor jurídico da Associação Brasileira dos Advogados do Mercado Imobiliário (Abami), Sérgio Simões, confirma o que as pesquisas apontam: a folha de pagamento é fonte de muita preocupação. A primeira dica é: combata o excesso de horas extras. “Ficar de olho no trabalho dos funcionários é muito importante, o síndico não pode descuidar desse ponto. Ele deve evitar, por exemplo, que dois empregados exerçam as mesmas funções no mesmo período do dia. Se isso ocorrer, deve haver um remanejamento”, alerta Simões, lembrando que a mudança de

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função deve ser feita de acordo com a lei. “É proibida uma alteração contratual unilateral que, direta ou indiretamente, cause prejuízo ao empregado, conforme o que está definido no artigo 468 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).” Você deve estar se perguntando: afinal, qual a quantidade ideal de funcionários em um condomínio? Essa pergunta é difícil de responder, porque cada edifício tem suas necessidades. Mas os que possuem empregados para cuidar da vigilância durante 24 horas, por exemplo, podem estar na desvantagem se comparados aos que pagam por um serviço de vigilância terceirizado. “A terceirização reduz um pouco o custo, mas é preciso bastante atenção porque o condomínio pode ser responsabilizado caso a empresa prestadora do serviço não recolha os encargos sociais corretamente”, orienta.


Terceirizar compensa? Há cinco anos no mercado, a Terservice, especializada na locação de mão de obra para condomínios, shopping centers, escolas e prédios comerciais, atende, principalmente, aos síndicos do Rio de Janeiro. O diretor da empresa, André Luiz Souza Moreira, revela que 70% dos clientes são condomínios. Os números comprovam: cada vez mais, a terceirização vem ganhando espaço nos edifícios cariocas. As funções mais requisitadas, de acordo com o executivo, são nas áreas de limpeza, conservação, jardinagem e segurança. “Ao adotar a terceirização, o síndico pode concentrar recursos e esforços em áreas menos técnicas e cuidar da administração do condomínio mais de perto. Com isso, pretende-se uma redução de custos, principalmente dos fixos, transformando-os em variáveis, e um incremento no caixa, gerando ainda eficiência e eficácia, além de economia de escala com a eliminação de desperdícios”, enumera Moreira. Antes de optar pelo modelo, po-

rém, o gestor predial deve estar ciente da necessidade de se tomarem certas precauções. “É preciso elaborar um contrato de prestação de serviço, estabelecendo regras de relacionamento e dando base juridicamente adequada à relação. Com isso, alguns pontos básicos deverão ser observados na caracterização desse documento, entre eles definir bem as obrigações e os direitos de ambos (contratante e contratado), bem como as atividades fins”. “Além disso”, orienta o diretor da Terservice, “deve haver, entre as partes, um posicionamento equilibrado para que não exista subordinação de uma ou outra. O tomador deve estar ciente de que pode vir a ser interpelado judicialmente por uma obrigação trabalhista não cumprida pelo prestador. Sendo assim, o contrato deve conter uma cláusula que defina que o contratante poderá interpelar judicialmente o prestador para que haja ressarcimento de prováveis prejuízos nessa área”, conclui o empresário.

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ELIANA ESTEFAN, SÍNDICA DO CONDomínio RESidencial IBITURUNA e sua equipe: josé eduardo resende, gerson alves moreira e vladir lage

Vilã nº 2: a conta de água Dados do Panorama do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro 2010, publicação lançada neste ano pelo Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio), com informações estatísticas sobre o segmento, apontam: a conta de água consome, em média, nos prédios cariocas, 21% de todo o dinheiro arrecadado com a cota condominial. Os gastos com esse recurso natural tão importante é um dos itens que mais tiram o sono dos síndicos. Eliana Elias Estefan de Almeida, que comanda pelo sexto ano consecutivo o Condomínio Residencial Ibituruna, Maracanã, é uma delas. A conta enviada mensalmente pela Cedae oscila entre R$ 19 mil e R$ 22 mil. “É alta, mas já consegui reduzir em 20% com medidas simples, como a contratação de uma empresa que faz

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revisões periódicas em todas as 119 unidades, a fim de identificar possíveis vazamentos. As trocas de peças são feitas sem ônus para os moradores. Além disso, enviamos circulares que explicam a importância de economizar água. O clima aqui é de muita cooperação, as pessoas são bastante conscientes”, orgulha-se a síndica, acrescentando que no condomínio administrado pela CIPA – com dois blocos de dez andares cada um – a água representa de 30% a 40% dos gastos mensais. Em seguida, vêm os itens energia elétrica, manutenção e folha de pagamento (14 funcionários). A desenvoltura da gestora não se traduz apenas no monitoramento do desperdício. Formada em matemática, ela sabe como poucos evitar o endivi-

damento. Mas Eliana não trabalha sozinha: um bem preparado conselho fiscal, composto por um engenheiro, um biólogo e um contador, dá solidez a sua gestão. “Como boa libanesa que sou, estou sempre buscando economizar”, brinca. “Assumi o cargo com o orçamento no vermelho. Enxugamos a folha, demitimos alguns funcionários, pagando devidamente os encargos trabalhistas, e encerramos contratos com fornecedores que não ofereciam bons preços.” Quando existe a necessidade de fazer obras, a síndica solicita orçamentos a, pelo menos, três fornecedores. “Em seis anos, tivemos cota extra apenas recentemente, em razão de uma obra para a impermeabilização do playground, que deverá custar R$ 60 mil. São oito parcelas que variam de R$ 60 a R$ 120, de acordo com o tamanho do apartamento”, revela Eliana, que, no período de sua gestão, aumentou a taxa condominial em somente 15% – os valores atuais vão de R$ 450 a R$ 600. Com o orçamento equilibrado, o Condomínio Ibituruna vem se tornando um local cada vez mais agradável para seus habitantes. Afinal, inúmeras melhorias já foram feitas sem que os moradores precisassem mexer no bolso. Reforma do salão de festas, das saunas e dos jardins, instalação de quatro exaustores no terraço para controle térmico, troca de peças dos elevadores (polias e cabos), pintura de fachada, reconstrução de muro com infiltração, impermeabilização das coberturas, aquisição de mobiliário etc.


Abaixo o desperdício Não basta o síndico ter habilidade com as contas, é preciso também lutar contra o desperdício. A conta de luz está entre os cinco itens que mais pesam nos condomínios. Portanto, algumas atitudes simples são recomendáveis. Nos corredores externos e nas escadas, utilize sensores de presença: eles acenderão as lâmpadas somente quando houver a circulação de pessoas. Elevadores também são fonte de eterna preocupação. Se houver, pelo menos, dois em seu prédio, estude a possibilidade de desligar, diariamente, de maneira alternada, um deles, no horário de menor movimento (por exemplo, das 22h às 6h, nos domingos e feriados). Embora o gasto excessivo de água e energia elétrica seja comum nos edifícios cariocas, há exceções. É o caso do Condomínio Madressilva, na Gávea, administrado pela CIPA. A síndica Sônia Bacil, há dois anos no cargo, orienta o único funcionário a ficar de olho no hidrômetro e no relógio de luz para monitorar qualquer anormalidade. Com quatro andares e nove unidades, o prédio ficou no vermelho por muitos anos por causa de um apartamento inadimplente. E

foi justamente nesse período delicado que surgiu a necessidade de fazer obras importantes. “Por ter mais de 50 anos, o prédio começou a apresentar problemas sérios de infiltração no telhado e desprendimento de material da fachada. Nós não tínhamos dinheiro em caixa, mas os consertos não podiam esperar, eram urgentes. Os moradores foram compreensivos e concordaram em pagar cotas extras”, conta a síndica, que conseguiu quitar as dívidas e tirar o condomínio do vermelho, porém trabalha com um orçamento superapertado. “Vamos fazendo as coisas devagar, na medida em que o caixa vai engordando”, diz a gestora, revelando que a próxima obra terá como objetivo incrementar o sistema de segurança da portaria.

Atenção às obras e reformas Não existe uma gestão que passe incólume à necessidade de realizar obras. Afinal, os edifícios são como seres vivos: eles envelhecem e precisam de cuidados constantes. Isso sem falar nos imprevistos: infiltração, queda de reboco, dano causado por veículos... Tomando emprestada uma expressão do futebol, “um condomínio é uma caixinha de surpresas”, por isso, é fundamental saber lidar com o inesperado. “O primeiro passo”, afirma o diretor da Constat Engenharia, João Carlos Pinto Júnior, “é pedir a ajuda de um morador que tenha desenvoltura com obras.” “Antes de contatar os fornecedores, é importante que o síndico peça a ajuda de um engenheiro ou arqui-

teto para elaborar um escopo, com os mínimos detalhes, se possível com as marcas do material necessário, os prazos e os fornecedores de preferência, entre outros itens, para que o orçamento elaborado pelas empresas fique JUL_AGO_SET 2011

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mais preciso. Quando isso não é feito, as propostas à disposição são muito diversificadas, o que dificulta a comparação e compromete a análise de custos”, explica João Carlos, lembrando que é importante contratar empresas devidamente registradas no Crea-RJ, com solidez no mercado e bem recomendadas por outros síndicos. O empresário ensina ainda: “O ideal é solicitar, pelo menos, quatro orçamentos e descartar os valores extremos.” Quanto à qualidade do produto, dá a dica: “Uma tinta para a fachada, por exemplo, normalmente tem garantia de dois anos. Mas um produto de qualidade, com preço mais elevado, mantém as características por um tempo maior, de quatro a cinco anos. É uma questão de analisar a relação custo-benefício e o quanto se tem em caixa no momento da intervenção”, arremata.

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O fantasma da inadimplência Ele insiste em assustar os condomínios: o fantasma da inadimplência da cota condominial impede que síndicos honrem os compromissos com prestadores de serviços, fornecedores e concessionárias de serviços públicos. E todo mundo sai perdendo. Segundo levantamento do Secovi Rio, tradicionalmente, os meses de janeiro, novembro e dezembro – quando aumentam os gastos dos moradores com férias, material escolar, IPTU, IPVA e décimo terceiro de funcionários, entre outras despesas – apresentam os índices de inadimplência mais elevados: entre 9% e 10%. Segundo o advogado Sérgio Simões, para os síndicos que sofrem com o problema, a sensibilização dos condôminos é o melhor caminho. Agora quando o diálogo não surte efeito, ele sugere o protesto das cotas condominiais atrasadas, previsto na Lei Estadual nº 5.373/2009. “Se um morador deixa de pagar, o síndico não pode impedi-lo de usufruir os benefícios do condomínio. Por outro lado, o protesto acarreta restrição ao crédito, o que, certamente, vai gerar uma grande preocupação”, diz, reforçando que o enfrentamento deve ser a última alternativa. “Quando existe animosidade, a pessoa deixa de pagar só para chatear o síndico. Conversar numa boa e propor acordos que beneficiem as duas partes é o mais inteligente a se fazer.” A síndica Cristina Lacerda Freitag, do Condomínio Ravenna, Recreio, é expert em dialogar. “Trabalhamos com um orçamento muito justo e, para comple-

CRISTINA FREITAG, do condomínio Ravenna: "o diálogo ajuda a reduzir a inadimplência"

tar, ainda temos problemas com atraso no pagamento do condomínio. Procuro conversar, digo que se as pessoas não pagam as taxas, deixamos de quitar as contas e todos saem perdendo”, diz a gestora de 63 anos, que conta com o auxílio da CIPA para administrar o edifício de três andares e dez apartamentos. Além da impontualidade no pagamento da taxa, a conta de água preocupa a síndica. “A média mensal é de R$ 1,2 mil. Quando chega perto de R$ 2 mil já ficamos alertas”, revela.


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Ecologia versus economia A conscientização dos moradores, além de resultar em economia, gera um benefício ainda maior: a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Para Regina Laginestra, coordenadora da ONG Reviverde – que presta consultoria para condomínios desde 1999 –, o síndico deve usar os canais de comunicação disponíveis para alertar as pessoas. “Uma torneira aberta enquanto se lava a louça ou na hora de escovar os dentes, por exemplo, desperdiça de 10 a 20 litros por minuto. Uma torneira que goteja lentamente perde 50 litros de água por dia. Se multiplicarmos esses números por um total de 200 ou 500 apartamentos, dá para ter uma noção do volume assustador desperdiçado e do dinheiro que está indo literalmente pelo ralo”, alerta Regina. Para combater o desperdício e aliviar o bolso dos moradores de condomínios, novas tecnologias, como a medição individualizada de água, vêm ganhando força. A economia é expressiva, e o investimento com a adaptação é de rápido retorno. O poder público está colaborando: em março deste ano, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, sancionou a Lei Complementar nº 112, que dispõe sobre a obrigatoriedade de individualização do medidor de consumo de água em edificações multifamiliares, comerciais e mistas a serem licenciadas no município. De acordo com o artigo 2º da lei, a concessão do Habite-se estará condicionada à adaptação. Os condomínios

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já existentes poderão requerer ao órgão municipal competente licença para a execução de obra que os adapte às disposições dessa Lei Complementar, que entrou em vigor no final de junho. O movimento pró-individualização da medição de água nos edifícios está gerando também uma transformação no mercado. Atualmente, há inúmeras opções de empresas especializadas nesse serviço. A Fortekk é uma delas. Segundo o diretor José Lima, com essa tecnologia, é possível aferir o gasto de cada unidade, bem como o da área comum, sem que haja a necessidade da presença de um técnico no condomínio. Além de uma economia média de 40% na conta de água, o sistema garante mais segurança e conforto para todos. O gasto com a instalação é relativamente baixo, se considerados os benefícios. “Nos prédios novos configurados para receber hidrômetros individuais, o custo é de R$ 500 por apartamento. Nos antigos, onde é necessário fazer adequações, o condômino pode gastar de R$ 750 a R$ 4,5 mil”, explica Lima, acrescentando que o retorno do investimento é proporcional à quantidade de hidrômetros ou ao porte da obra a ser realizada, mas varia de seis a 24 meses. “É importante frisar que esse tipo de serviço deve ser encarado como investimento, e não como despesa, pois o resultado financeiro acarreta também a valorização dos imóveis”, complementa o empresário. Ele pondera: “Para saber

Regina Laginestra, coordenadora da ONG Reviverde: “Uma torneira que goteja lentamente perde 50 litros de água por dia”

se existe viabilidade de instalação do equipamento, é necessária a análise técnica por profissional especializado, uma vez que cada condomínio possui configurações específicas. Portanto, pesquise firmas conceituadas e com experiência no mercado antes de optar pela modificação.” Serviço Constat Engenharia – (21) 2567-5941 Fortekk – 0800-773-6026 ONG Reviverde – (21) 2431-2050 Terservice – (21) 3231-9041


Dicas para enxugar o orçamento e incrementar o caixa do condomínio 1. Se você optou pela terceirização, lembre-se: é fundamental cobrar mensalmente da contratada, além da nota fiscal, cópia autenticada do Guia de Previdência Social (GPS) e do Guia de Recolhimento do FGTS (GFIP). 2. A conta de água é um dos itens que mais pesam no orçamento. Portanto, atenção aos vazamentos. Visitas periódicas de técnicos nos apartamentos podem minimizar o custo. 3. A medição individualizada de água pode gerar uma economia de 40%, em curto prazo, na conta de água. Outra medida que surte efeito é a captação de água da chuva, que pode ser usada para lavar carros, calçadas e garagens e molhar plantas. 4. Para reduzir a conta de luz, prefira, sempre que possível, a iluminação natural, abrindo janelas, cortinas e persianas em ambientes como o hall social, a sala de visitas, o salão de festas, o salão de jogos etc. 5. Nas escadas do condomínio, opte por lâmpadas fluorescentes compactas de 9 Watts, que iluminam como as incandescentes de 60 Watts. Instale também sensores de presença. 6. Para reduzir as despesas com a folha de pagamento, você pode escolher o modelo 12 x 36 horas, que torna dispensável o pagamento em dobro tanto dos feriados quanto dos domingos trabalhados. 7. Na luta contra a inadimplência, a melhor arma é o diálogo. Pesquisas apontam que a conversa e os acordos personalizados surtem mais efeito que os processos judiciais.

8. Se o condomínio oferece o valetransporte, mas o empregado vai trabalhar de bicicleta todos os dias, o síndico deve conversar e verificar se ele realmente necessita do benefício. Caso ele admita que não precisa, o ideal é coletar uma declaração de próprio punho que ateste isso. O uso indevido do vale-transporte é motivo de rescisão trabalhista por justa causa, conforme determina a legislação. 9. O barato pode sair caro, diz o velho ditado. Não realizar manutenção preventiva pode aliviar as contas momentaneamente, mas um grande reparo arrasa de vez com as finanças do condomínio. 10. Há que se analisar mensalmente um relatório que compare as receitas e as despesas entre o mês anterior e o atual, para identificar a variação nos custos do condomínio ou o aumento expressivo da inadimplência. 11. Alugar as empenas laterais ou o terraço para empresas de telefonia ou merchandising pode render bons dividendos. Pense nisso.

Despesas dos condomínios

De acordo com o Panorama do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro 2010, do Secovi Rio, o item que representa o maior gasto percentual, dentro das rubricas pesquisadas, é a folha de pagamento: ela compõe 37% do total da cota condominial. Em segundo lugar, vem a conta de água, com 21%. Os gastos com manutenção (17%), energia elétrica (11%), elevadores (9%) e outros (5%) completam a lista.

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Atualidade por Renata Fernandes

Fechamento de varandas: aspectos técnicos Fechar a varanda do apartamento é sempre uma opção tentadora. Salas e quartos ficam ampliados com a incorporação da varanda e o ambiente ganha muito mais uso, já que não há mais chuva ou vento que atrapalhe. Quando a proposta chega às mãos dos síndicos, a primeira coisa na qual se pensa, antes mesmo de convocar uma assembleia para decidir o assunto, são as questões legais. Mas há mais questões que precisam ser levadas em conta. Você sabia que um fechamento de varanda pode afetar a estrutura do prédio? A síndica Rosimar de Almeida Silva, do condomínio Rainha, no Recreio dos Bandeirantes, sabia. A ideia de mudar a convenção do prédio e permitir o fechamento de varandas partiu da própria síndica. “Fiz uma reforma no apartamento e senti necessidade dessa mudança. Agora, por exemplo, está muito frio no Recreio e você quase não pode usar a varanda. Senti vontade, como moradora, de fechar e levei a questão para a assembleia”, conta. Antes de tudo, porém, ela foi consultar um profissional, que fez um estudo da estrutura do prédio. Só depois de saber que o prédio suportava a mudança, ela foi conversar com os outros condôminos. O processo começou no ano passado e, há três meses, os moradores chegaram a um acordo, atendendo à vontade da maioria. O período longo de negociações se justifica. A alteração deve ser cuidadosamente planejada. A convenção foi alterada, mas uma série de cláusulas foi estipulada para, segundo a síndica, conter abusos. As varandas poderão, por exemplo, apenas ser 14

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fechadas com vidro, e o uso de cortinas ficou proibido. “Você não vai poder fazer da varanda outro ambiente, uma continuação da sala, por exemplo. Ela precisa continuar sendo uma varanda. Todos esses detalhes constam da convenção”, explica. No condomínio Flamboyant, no Jardim Botânico, a síndica Maria Tereza Vieira Manier está passando pelo mesmo processo. “Se a varanda for fechada, você pode aproveitar o ambiente mesmo se chover e, com essas ventanias que têm atingido a cidade, a água da chuva chega até a sala. O fechamento da varanda nos pareceu mais como uma espécie de defesa”, conta a síndica. Um passeio pela principal rua do bairro, a Jardim Botânico, mostra que muita gente pensa da mesma forma. Muitos prédios da via exibem varandas fechadas. O mesmo pode ser visto em grande parte dos bairros da cidade. No Flamboyant, a maioria dos moradores apoia a decisão, mas eles querem deixar tudo estipulado na convenção do condomínio: do material aprovado para o fechamento ao uso que esse ambiente pode ter. “Queremos deixar o regulamento bem preso, senão vira bagunça, a pessoa transforma a varanda em outro cômodo”, argumenta a síndica. Por lá, as varandas só vão poder ser fechadas com vidro, nada de esquadrias de alumínio, e as cortinas também estão proibidas de decorar as janelas. “Assim, se você quiser, abre todos os vidros e a varanda continua aberta, como sempre foi. Você não descaracteriza o espaço nem muda a fachada”, defende Maria Tereza.


O engenheiro Luiz Otávio Gomes Ribeiro, responsável pela Ricel Ribeiro Construtora, especializada em manutenção predial, acredita que esses detalhes são importantes, mas aconselha que, antes de tudo, seja feito um estudo estrutural para avaliar a quantidade de peso suportado pela varanda. “É preciso consultar um calculista e ter em mente que uso esse ambiente vai ter depois do fechamento”, diz. Ribeiro lembra que as varandas internas, com apenas uma abertura, são menos problemáticas do que as em balanço, com abertura dos três lados. Já para acabar com problemas na fachada, o engenheiro aconselha que o síndico defina na convenção que tipo de material pode ser usado na obra. “Hoje há uma infinidade: madeira, alumínio, vidro... Definir o padrão não descaracteriza o prédio”, afirma. Outro conselho é, caso a maioria dos moradores opte pelo fechamento, contratar a mesma empresa para todo o serviço. Dessa forma, há a certeza de que todos os apartamentos seguirão a mesma linha, mesmo depois da reforma.

Rosimar de Almeida Silva: “Fiz uma reforma no apartamento e senti necessidade dessa mudança”

O engenheiro Antero Parahyba, especialista em danos em construções, aconselha consultar o próprio engenheiro responsável pelo projeto estrutural do edifício, caso este seja recente. Se o prédio tem anos de existência e não é mais possível entrar em contato com o engenheiro que o projetou, o síndico deve consultar qualquer profissional especializado em estrutura. Por que tanto cuidado? “Não dá para misturar as vontades dos homens com a lei da física. Na lei da física, não há jeitinho que dê conta”, afirma. Parahyba explica o porquê da afirmação: “Quando coloco essa questão, não estou falando de peso. Em relação ao peso, não tenho com que me

preocupar. O problema é que o fechamento consolida as extremidades de duas lajes de balanço, que deveriam vibrar livremente. Se isso não acontece, pode haver dano na estrutura, uma laje forçando o movimento da outra”, diz. Algumas estruturas são desfavoráveis ao fechamento, outras nem tanto. Outro grande problema, segundo o profissional, é fazer da varanda uma continuação da sala e, com a intenção de compor um ambiente harmônico, nivelar o piso dos dois ambientes. “Na hora que você nivela o piso, está criando carga. Nesse caso, o peso é uma preocupação. Cinco centímetros, por exemplo, dão cerca de 100 quilos por metro quadrado. A carga útil de uma varanda

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Com o fechamento da varanda de Rinaldo Cardoso, a sala ficou mais espaçosa

é de 150 quilos por metro quadrado, de pessoas e móveis. Se você rouba 100 quilos para elevar o piso, sobra pouco. Dá uma festa nesse ambiente para você ver o que acontece”, aconselha. As varandas embutidas, porém, sem balanço, não apresentam, segundo o especialista, problemas físicos. Só depois de obter essa confirmação de um engenheiro especializado é possível dar os próximos passos: analisar a legislação vigente e a vontade de todos os moradores. “A gente tem que seguir três leis: da natureza, municipal e federal. Quando falo em natureza, me refiro à lei da gravidade. A lei municipal é a lei definida pelas prefeituras, que regulam o uso da cidade. Lei federal é o Código Civil, o direito das pessoas. Você pode ter comprado um imóvel pela fachada. Seu vizinho altera a fachada e acaba com seu investimento. Você tem direito sobre essa fachada. Esses três setores devem, então, ser observados com cuidado”, defende. Parahyba aconselha ainda que se chame um arquiteto para garantir que a interferência seja feita de forma harmoniosa. Se o prédio for novo, existe a opção ainda de consultar o próprio arquiteto responsável pelo projeto. 16

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E o que acontece quando um engenheiro civil resolve fechar a varanda da própria casa? O engenheiro Rinaldo Cardoso é um exemplo. A suíte de seu apartamento tinha uma varanda pequena que não podia ser usada. Além de muito devassada, o vento que atingia os andares mais altos atrapalhava. Cardoso optou por fechar tudo com vidro e defende que a estrutura é muito frágil e que quebraria antes de qualquer dano. “Na teoria, sei que há cuidados e cálculos, mas na prática não vejo muito perigo, quando o fechamento é feito com vidro. Antes de qualquer dano maior, a estrutura quebraria”, acredita. Cardoso não nivelou o piso dos ambientes, mas afirma que é possível fazêlo de forma mais segura, com o uso de material mais leve e apropriado. Uma opção, por exemplo, seria usar concreto leve, que pesa muito menos que o tradicional, e reutilizar o mesmo piso, evitando um revestimento mais pesado. O conselho dos profissionais é claro: a cautela deve vir antes de qualquer desejo por ambientes mais amplos. A legislação de seu município não é a única que pode atrapalhar a concretização do sonho dos moradores, há que avaliar com cuidado cada situação. É preciso analisar se a estrutura necessita sofrer reforço ou se itens mais leves e apropriados devem fazer parte da reforma. Serviço:

Ricel Ribeiro Construtora tel.: 2262-3688 Engenheiro Antero Parahyba www.danosnasconstrucoes.com.br


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BEM DITA! - a coluna de boas notícias

por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

CRESCE O USO DE MADEIRA PLÁSTICA Vale a pena divulgar a nota de Marcia Peltier no Jornal do Commercio de 26 de maio. O uso de madeira plástica na construção civil está ganhando terreno em dois bairros da capital fluminense, Botafogo e Leblon. Segundo a Ecowood Rio, o volume desse material instalado nas duas regiões corresponde à preservação de cerca de 18 árvores de médio porte por mês. No Leblon, são os arquitetos que recomendam o uso do produto aos consumidores. Já em Botafogo, a iniciativa parte de jovens casais mais sensíveis ao apelo ecológico. Juntos, os dois bairros reciclam uma média de 38 toneladas de resíduos por mês.

KÁTIA PINO, ESCRITORA PREMIADA

LIMPANDO A CASA COM VINAGRE O vinagre branco pode ser aplicado na faxina da casa para eliminar odores, desinfetar, lustrar e nos livrar de produtos perigosos e caros. A seguir, algumas dicas. Paredes: aplique uma solução de vinagre e água morna em partes iguais sobre riscos de lápis e marcas espalhadas pelas paredes. Esfregue o local com um pano macio até que as manchas desapareçam. Armários: para eliminar o odor de mofo, esvazie o compartimento e deixe pernoitar, dentro do móvel, uma bacia ou assadeira com vinagre branco puro. Em seguida, passe um pano embebido nesse líquido. Animais: para eliminar o cheiro de urina e fezes dos bichos de estimação, aplique uma solução de dois terços de água morna e um terço de vinagre branco sobre o local e deixe secar naturalmente. Banheiro: remova o mofo do rejunte dos azulejos aplicando uma boa quantidade

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de vinagre branco puro com uma escova de dente velha. Deixe-o agir por duas horas e, depois, lave a superfície com água e sabão. Para esfregar os registros e as peças de louça, use uma esponja macia embebida numa solução (meio a meio) de água e vinagre. Lavanderia: coloque num borrifador a mesma quantidade de água e vinagre branco. Aplique sobre manchas nas roupas antes de colocá-las na máquina. Para aumentar o poder de limpeza de seu sabão em pó, espere a máquina de lavar encher e adicione à água uma xícara de chá de vinagre puro. Depois deixe lavar normalmente. Cozinha: esqueceu a panela no fogo? Para retirar o resíduo de queimado do fundo de panelas e frigideiras, encha-as de água e adicione quatro colheres (sopa) de vinagre branco. Leve ao fogo e deixe ferver. Espere esfriar e lave normalmente. Para deixar os copos de vidro brilhantes, deixe-os de molho numa bacia com água e gotas de vinagre branco. Depois lave-os com detergente.

A Bem Dita! tem mostrado artistas para cujo valor a grande mídia não dá espaço. Quantos invisíveis maravilhosos há neste país. O livro Lili, a estrela do mar, de Kátia Pino, ganhador do Prêmio Adolfo Aizen 2008 da União Brasileira de Escritores, recebeu também o Prêmio Melhores de 2010 do Congresso da Sociedade de Cultura Latina, seção Brasil, de Mogi das Cruzes, na categoria Livro Infantojuvenil. A escritora, psicóloga e professora Kátia Pino é membro da Associação Profissional de Poetas do Estado do Rio de Janeiro, da Associação dos Tradutores e Ilustradores de Literatura Infantojuvenil e uma das fundadoras da Academia de Artes, Ciências e Letras da Ilha de Paquetá. Mais informações no blog da autora, www.katiapino.blogspot.com, no Orkut, Kátia Pino, na comunidade do livro Lili, a estrela do mar: “Eu me amarro na LILI” e contatos pelo e-mail oficinaseditores@ oficinasediores.com.br. Quantas flores no caminho e quanto espinho, também Mas, se eu tiver teu carinho tudo irá muito bem.


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PATRÍCIA MELLODI LANÇA DO OUTRO LADO DA RUA e sorteia disco entre os leitores

Em formato acústico, a cantora e compositora piauiense Patrícia Mellodi lançou seu quarto disco, Do outro lado da lua, o mais autoral de sua carreira. O show de lançamento teve direção geral de Márcio Trigo – diretor da TV Globo –, com Patrícia passeando teatralmente por suas canções num clima de cinema noir. Influenciada por diferentes ritmos, a artista mostra que conhece o rico cenário musical brasileiro. Restringir Patrícia Mellodi a “mais uma cantora de MPB” é não reconhecer a grandiosidade de sua música e de seu talento. A artista assimilou a pluralidade de todas as influências recebidas e fez um CD que une tango, bossa nova, samba, rock e blues em 11 canções inéditas cuja produção e arranjos são assinados por Felipe Eyer.

Patrícia também contou com a participação do maranhense Zeca Baleiro recitando um poema do poeta Mário Faustino na canção “Múltiplo amor”, de autoria da cantora; de Marcelo Caldi que toca, magistralmente, seu acordeom na música “Motivos”, outra parceria de Patrícia com Alexandre Lemos; e Henrique Cazes com seu cavaquinho na faixa “Últimas palavras”, também de autoria da artista. A música que dá nome ao disco é uma parceria de Patrícia com sua filha, Clara Mello. A canção embalada pelo rock’n’roll nasceu de uma poesia escrita por Clara que retrata a impossibilidade da paixão diante da rotina do cotidiano. “Motivos” conta com a participação do acordeom de Marcelo Caldi e tem uma levada espanhola misturada com o tango argentino. Letras densas e tons menores fazem desse álbum um trabalho mais dramático e bem diferente dos outros discos lançados por Patrícia Mellodi. O/a leitor/a que nos enviar uma boa (e verídica) notícia ganhará o disco Do outro lado da rua, de Patrícia Mellodi.

LANÇADO NÓS NA FITA, DE MARCIUS MELHEM Dizem que tudo começou com uma pergunta: “Você conhece o Leandro Hassum?” Marcius Melhem ouviu essa frase diversas vezes antes de conhecê-lo, e o encontro da dupla, que hoje interpreta “Os caras de pau”, aos domingos, na TV Globo, estava predestinado. E foi com a peça Nós na fita, escrita por Marcius e lançada agora em livro pela Editora Mirabolante, que os humoristas se consagraram como grandes nomes da comédia brasileira atual. Ao seguir sua vocação de transformar filmes em livros, séries de TV em livros, livros em peças etc., a Editora Mirabolante trouxe o texto do consagrado espetáculo para o universo do livro. Desde 2004 rodando os palcos do país, realizaram quase mil apresentações para milhares de espectadores. O diálogo entre os dois personagens em 11 “cenas” (capítulos) é recheado de causos, piadas e histórias do cotidiano. O autor, Marcius

Melhem, é capaz de tirar de simples fatos – que, muitas vezes, passam despercebidos – um olhar peculiar que leva a uma identificação imediata do leitor. Inteligente e sarcástico. Um petisco da dupla: “Sabia que se você pegar um periquito e colocar o periquito numa sala que tem espelho o periquito voa, voa e bate no espelho? Sabe por quê? Ele pensa que tem outra sala do outro lado. Mas por que ele não desvia do periquito que vem na direção dele?!” JUL_AGO_SET 2011

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TÍTULOS DE PROPRIEDADE NO CANTAGALO – BOASNOVAS DO PROJETO DE SEGURANÇA DE IPANEMA (PSI)

ESTREIA OS COLEGAS, BASEADO NA OBRA DE LYGIA BOJUNGA

Todos devem ter acompanhado, pela mídia, a cerimônia de entrega dos 44 primeiros títulos de propriedade no Cantagalo. A ideia da regularização do Cantagalo surgiu com as obras do PAC (no valor de R$ 35 milhões), que deixarão a favela completamente urbanizada. O Projeto de Segurança de Ipanema – ao perceber a importância dessa benfeitoria para o Cantagalo e por temer uma explosão populacional caso a urbanização não viesse acompanhada de uma regularização que desse aos moradores títulos definitivos de propriedade, e não uma concessão de uso – se uniu a outras instituições, como o Instituto Atlântico, a Associação dos Moradores do Cantagalo e os escritórios de advocacia Souza, Cescom e Goyareb & Mitchell, e começou a trabalhar para propor ao governo do estado uma solução factível. Pesou muito para os moradores do bairro de Ipanema o fato de que só poderão, efetivamente, ter segurança se o Cantagalo regularizado passar a fazer parte integrante do bairro.

Alice Reis, coordenadora do Núcleo de Teatro e TV para Adolescentes e Jovens da Casa das Artes de Laranjeiras e uma das fundadoras da escola, acaba de realizar um velho sonho – o de adaptar e dirigir um musical infantil baseado na obra Os colegas, de Lygia Bojunga. “Escolhi essa história terna e divertida sobre a amizade e as peripécias por que atravessam cinco grandes amigos, animais humanizados, em sua luta para continuarem juntos, por acreditar na força e atualidade de sua temática – o companheirismo e o trabalho realizado em equipe”, diz Alice. A direção musical do espetáculo é de Guilherme Miranda; a cenografia e o figurino são de Filomena Mancuzo; e no elenco, entre outros, estão Laura Nielsen, Andrea Bacellar, Chris Mello e Conrado Cavalcante. O musical está até o dia 10 de julho no Teatro Maria Clara Machado e, depois, é só acompanhar o itinerário nos jornais. As crianças (e as nossas internas também) agradecem. Um momento teatral lindo, divertido, poético!

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A regularização do Cantagalo, da forma que está sendo feita, é fato inédito no país. Até a constituição estadual teve de receber uma emenda para que o governo pudesse fazer essa doação. Até o dia 31 de agosto deste ano, 300 títulos serão dados. “Há três anos, estamos trabalhando nesse projeto, que foi levado ao governador e teve decisivo apoio do vicegovernador Pezão e do chefe da Casa Civil do governo do estado, dr. Regis Fichtner. Foi um trabalho muito bonito que partiu de dentro da sociedade. Tivemos a sensibilidade e a vontade política do governo estadual de perceber a grandeza e o alcance social de tal iniciativa. É com orgulho que o PSI vê o resultado de um trabalho sério, apartidário e objetivo que vai proporcionar segurança e melhoria de vida para tantas pessoas, tanto da comunidade quanto do bairro de Ipanema. Espero que esse esforço aconteça em outras comunidades não só do Rio de Janeiro, mas de todo o país”, afirma Ignez Barreto, coordenadora do PSI.


responsabilidade social

Grupo Girassol oferece oportunidade de ajudar o próximo É hora de doar agasalhos! O inverno já bateu à porta e quem pode não o deixa entrar em casa. É hora de pensar nos menos favorecidos e doar cobertores e agasalhos. Se você não tem tempo de procurar um lugar para fazer sua doação, conte com o Grupo Girassol, instituição fundada por Cátia Correia que dispõe de postos de recolhimento em vários bairros da cidade. Cátia auxilia diversas instituições carentes e faz pessoalmente as doações. Quem quiser conhecer um pouco mais o trabalho dela deve visitar o site www.grupogirassol.org ou entrar em contato pelo celular (21) 9933-7068. Não deixe de assistir quem precisa por falta de opção. O Grupo Girassol nos oferece a oportunidade de exercer nossa responsabilidade social de forma prática. Ajude crianças carentes, idosos e outros necessitados e veja como pode ser gratificante fazer um pequeno gesto de amor ao próximo.

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mercado

IX Encontro Nacional de Inquilinos e Locadores O que de fato mudou com a Lei nº 12.112/2009, que aperfeiçoou a Lei do Inquilinato (nº 8.245/91)? Apesar de suas modificações terem sido, na maioria, apenas ajustes ao entendimento doutrinário e jurisprudencial, a exoneração do fiador e o novo prazo para ações de despejo foram alterações bastante relevantes. Para o diretor jurídico da Abadi, Rômulo Mota, a Lei nº 12.112/2009 veio, acima de tudo, para equilibrar ainda mais a relação entre as partes e também dar celeridade aos processos. A fim de responder aos questionamentos de locadores e locatários, será realizada, no dia 19 de agosto de 2011, a nona edição do Encontro Nacional de Inquilinos e Locadores. O evento, que contará com a presença de grandes nomes do mercado imobiliário, ocorrerá no Auditório do Centro de Convenções da Bolsa do Rio (Praça XV de Novembro, 20 – Centro). Poderão participar inquilinos e proprietários de imóveis, administradores e corretores de imóveis, advogados, estudantes de direito e demais interessados. Confira os temas abordados e os palestrantes confirmados para o evento:

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Repercussão da Lei nº 12.112/2009

Sylvio Capanema de Souza Direitos e Deveres de Locadores e Locatários

Guilherme Barbalho Benfeitorias e Danos ao Imóvel

Cristiane Cantisano Locação Built to Suit

Luís Fernando Marin Aspectos Processuais da Lei do Inquilinato

Alexandre Mesquita Garantias Locatícias

Manoel da Silveira Maia O Locador e o Locatário no Condomínio

Marcelo Borges Workshop: Perguntas e Respostas sobre Locação

Rômulo Cavalcante Mota, Carlos Samuel de Oliveira Freitas, Manoel da Silveira Maia Marcelo Borges, Sérgio Simões e Geraldo Beire Simões. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo telefone (21) 2217-6950 ou pelo site www.abadi.com.br. Serão concedidas oito horas de estágio pela OAB/RJ.

Secovi Rio promove evento comemorativo do Dia da Habitação Comemorado em 21 de agosto, o Dia da Habitação já faz parte do calendário de eventos do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio). Neste ano, o Secovi Rio preparou, para o dia 25 de agosto, no Hotel Windsor Atlântica, Copacabana, uma programação especial para síndicos e empresários do segmento, com palestras, exposição de fotos sobre a evolução da habitação no Rio de Janeiro e um debate para tirar as dúvidas jurídicas. O evento gratuito terá ainda a entrega do Prêmio Destaque Secovi Rio, na categoria Personalidade, ao secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. Inscrições e informações: pelo site www.secovirio.com.br ou pelo telefone (21) 2272-8000.


Vem aí Enacon 2011 O Secovi São Paulo (Sindicato da Habitação de São Paulo) vai realizar, nos dias 11 e 12 de agosto de 2011, das 9h às 18h30, no Milenium Centro de Convenções, o Encontro das Administradoras de Condomínios (Enacon), com o tema Desafios da Globalização para o Setor. O evento pretende reunir as principais lideranças das empresas especializadas em administração de condomínios para discutir os desafios da globalização, a autorregulamentação e a tributação, entre outros assuntos. Destinado a proprietários, diretores e gerentes de empresas especializadas na

administração de condomínios, o Enacon será desenvolvido por meio de palestras, mesas-redondas e workshops com sessões interativas. Para mais informações e inscrições, ligue (11) 3062-1722 ou acesse www.secovi.com.br/enacon

Curso a distância do Secovi Rio terá 12ª turma O curso a distância do Centro de Capacitação do Secovi Rio, com o tema Direito Civil Aplicado ao Condomínio – Condomínio Edilício e Responsabilidade Civil, iniciará uma nova turma em 10 de agosto de 2011. De acordo com a gerente do Centro de Capacitação do Secovi Rio, Dayse Pissurno, a metodologia é dinâmica, desafiadora e estimulante: “Realizamos estudos de casos, simulação de situações reais, atividades criativas e lúdicas, sem falar dos exercícios de autoavaliação. Fó-

runs de discussão possibilitam a interação e a troca entre os participantes.” A gestora acrescenta que os alunos contam com a tutoria de um advogado especialista em direito imobiliário, responsável por dinamizar a aprendizagem e acompanhar ativamente todo o processo. As inscrições para a 12ª turma podem ser feitas diretamente no portal www.secovirio. com.br, pelo telefone (21) 2272-8000 ou através do e-mail capacitacao@ secovirio.com.br.

Firmada a convenção coletiva para condomínios da região de Nova Friburgo O Secovi Rio e o sindicato representante dos empregados de condomínios de Nova Friburgo e região celebraram, nesta semana, uma convenção coletiva de trabalho, com vigência no período de 1º de março de 2011 a 28 de fevereiro de 2012 e a data-base da categoria em 1º de março. De acordo com o documento, o piso salarial está fixado, para uma jornada semanal legal ou de 180 horas mensais, para a escala unificada de 12 x 36, a partir de 1º de março de 2011, em R$ 640. Para jornadas inferiores, o piso salarial será proporcional às horas trabalhadas. A correção salarial está estabelecida em

8%, incidentes sobre o salário de 1º de março de 2010, com vigência a partir de 1º de março de 2011. As diferenças salariais decorrentes da presente convenção poderão ser pagas em duas parcelas mensais. A convenção coletiva alcança a categoria de empregados dos condomínios residenciais, comerciais e mistos, com abrangência territorial em Aperibé, Bom Jardim, Cantagalo, Carmo, Cordeiro, Duas Barras, Itaocara, Macuco, Miracema, Nova Friburgo, Santa Maria Madalena, Santo Antônio de Pádua, São Sebastião do Alto, Sumidouro e Trajano de Moraes. JUL_AGO_SET 2011

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Corretora ESPECIALISTAS EM SEGUROS IMOBILIÁRIOS

Seguros obrigatórios para funcionários de condomínios O síndico deve orientar a família dos funcionários em caso de sinistro Entre as obrigações dos síndicos está uma que não pode passar despercebida: contratar os seguros obrigatórios dos funcionários de condomínios. Os clientes da CIPA não se preocupam com isso, pois com o apoio da CIPA Seguros Corretora, todas as providências legais sempre são tomadas. De acordo com o gerente da CIPA Seguros Corretora, Marlon Rosalvos, os seguros obrigatórios estão previstos no dissídio das categorias profissionais, e com os funcionários de condomínios funciona da mesma forma. “São três seguros obrigatórios: seguro de vida e/ou invalidez, assistência funeral e complementação salarial. Cada município tem dissídio distinto com garantias diferentes. Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, o seguro de vida somente pode ser contratado em apólice específica, e não como cobertura acessória ao seguro de condomínio”, esclarece. A finalidade principal do seguro obrigatório dos funcionários de condomínios é restabelecer o equilíbrio financeiro afetado, ou seja, fazer com que tudo, ou quase tudo, volte a ser como era no momento anterior ao sinistro. No caso do seguro de vida, como diz Rosalvos, “não há como restituir a vida, mas, sim, restabelecer, total

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ou parcialmente, as condições de sustento familiar em decorrência da falta de quem o mantinha”, explica. Sandro Rodrigues Diniz, 32 anos, sabe bem disso. Ele acaba de passar pela dolorosa experiência da morte de seu pai, Francisco de Assis Diniz, que era funcionário do Condomínio Summer Ville, administrado pela CIPA e que fica em Copacabana. Sandro ficou muito agradecido e surpreendido com a assistência recebida nesse momento. “Eu nem sabia do seguro. Meu pai nunca tinha falado nada sobre isso. Quando ele faleceu, resolvi ligar para a CIPA e a funcionária me deu total assistência. Ela soube me orientar muito bem num momento extremamente difícil. Em 40 minutos já estava tudo resolvido em relação ao funeral”, lembra. Passada a etapa do funeral, a família de Francisco de Assis Diniz também pode contar com o seguro de vida a que ele tinha direito. Como disse o gerente da CIPA Seguros Corretora, esse seguro ajuda a família a restabelecer o equilíbrio financeiro, o que é sempre muito útil. Quando o síndico avisou à família do falecido sobre o seguro, Sandro já estava ciente do assunto, e as providências necessárias já haviam sido tomadas pela CIPA. Entretanto,

é sempre bom lembrar que os síndicos não podem se esquecer de avisar aos familiares sobre o seguro a que têm direito. Até porque, como no caso de Francisco de Assis, os familiares nem sabiam da existência da apólice.

Invalidez

No caso de invalidez, são de conhecimento geral as dificuldades enfrentadas pelo inválido e seus familiares. Além das consequências físicas e emocionais, a nova realidade agrava a situação financeira da família, pois a despesa com longos e, muitas vezes, perenes tratamentos costuma ser devastadora. No seguro de complementação salarial, repõe-se a perda da renda do segurado quando caracterizada a impossibilidade contínua e ininterrupta de ele exercer sua profissão ou ocupação, sendo flagrantes os benefícios que tal cobertura propicia, na ocorrência do infortúnio, ao segurado e a seus dependentes. Em qualquer das situações citadas, é bom lembrar que a CIPA está sempre pronta para prestar a assistência necessária ao condomínio e aos familiares dos segurados. A CIPA trabalha dia a dia em função do bem-estar de seus clientes.


tecnologia por Renata Fernandes

Chuveiro híbrido:

banho barato e mais eficiente Tomar banho nem sempre é uma atividade relaxante. Seja de que forma for – se seu sistema de aquecimento é elétrico ou a gás –, sempre paira a preocupação em economizar energia e, claro, água. O estresse é garantido. No entanto, a novidade que está chegando ao mercado brasileiro pode garantir mais tranquilidade na hora de desfrutar uma necessária chuveirada: recentemente, o Governo Federal, em uma iniciativa de R$ 4,5 bilhões, criou o programa de incentivo ao sistema do chuveiro híbrido, uma espécie de flex que funciona, ao mesmo tempo, como aquecimento solar e chuveiro elétrico tradicional. No total, 2.660 milhões de casas, sobretudo de baixa renda, poderão ter esse sistema a partir do próximo ano até 2014. O sistema híbrido é um avanço: combina o melhor de cada tecnologia, tornando o banho mais barato e eficiente. A medida terá, nos anos que virão, forte impacto econômico, energético e ambiental. Por enquanto, essa tecnologia ainda está começando a ser instalada – e sua eficiência testada – em algumas residências de baixa renda. Talvez ainda demore a chegar aos condomínios, mas esse investimento pode – e deve – in-

Carlos Cella, diretor da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica: a junção das duas tecnologias presentes no chuveiro híbrido colabora com a redução do consumo de energia e de água

centivar moradores e síndicos a pensar em implantar, num futuro próximo, esse sistema no prédio. O investimento inicial é alto, uma vez que se deve adaptar a distribuição de energia e o abastecimento de água do prédio ao novo sistema, incluindo a instalação de painéis de energia solar na parte externa. Mas o resultado a longo prazo compensa o investimento. “O chuveiro híbrido colabora com a redução do consumo de energia elétrica e de água. Na verdade, é a junção de JUL_AGO_SET 2011

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duas tecnologias que promove essa dupla economia: o aquecedor solar economiza energia e o chuveiro elétrico não desperdiça água, diferentemente do aquecedor central a gás. Neste, o consumo é elevado, de oito a dez litros por minuto; com o uso do chuveiro elétrico, o gasto cai para três a quatro litros por minuto”, explica Carlos Alexandre Cella, diretor do Grupo de Chuveiros Elétricos da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e gerente industrial da Cardal, empresa especializada no assunto. Mas antes de falar das vantagens, é melhor entender como um chuveiro desses funciona. Orlando Sodré, consultor do Secovi Rio e engenheiro especializado em manutenção predial, explica: “Esse sistema faz uso da energia solar. Mas nos dias em que o sol não aparece, podemos usar a energia elétrica; essa alternância faz uma grande economia de energia elétrica”, explica. “Essa é uma invenção que deve ser mais do que comemorada, pois, além da economia para o consumidor, que pode tirar o valor do custo da instalação do equipamento em pouco tempo com a redução

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do gasto com a energia elétrica, ainda há que se festejar a diminuição do consumo de energia em âmbito nacional, o que evita a construção de mais hidrelétricas e diminui o tempo de funcionamento delas, reduzindo a poluição.” O chuveiro flex, assim como o híbrido, funciona, ao mesmo tempo, com eletricidade, gás ou aquecimento solar. Ele começa o banho com a água aquecida pela eletricidade e, assim que a água aquecida pelo gás ou pela energia solar chega ao chuveiro, ele desliga automaticamente a energia elétrica e passa a funcionar de

acordo com a nova fonte de calor. Isso evita o desperdício, pois quem usa apenas o aquecimento solar ou a gás só entra no banho quando a água que vem do boiler ou do aquecedor percorre toda a tubulação até chegar ao banheiro. E isso pode demorar, dependendo da distância entre a ducha e o aquecedor. “São as duas tecnologias unidas, a do chuveiro elétrico e a do aquecedor solar, que garantem a economia de energia e água”, reitera Cella. Um estudo elaborado em 2009 pelo Centro Internacional de Referência em Reuso de Água (Cirra), entidade veiculada


à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), destacou as vantagens do uso do chuveiro híbrido. A pesquisa testou, durante três meses, banhos em chuveiros a gás, elétricos e híbridos, com aquecedor solar e boiler elétrico. O estudo revelou que os dois sistemas de aquecimento de água que menos consomem e menos pesam no bolso do consumidor são o chuveiro híbrido solar (composto por aquecedor solar e chuveiro elétrico) e o chuveiro elétrico. E concluiu ainda que um banho de oito minutos custa, em média, R$ 0,27 (entre consumo de água e energia elétrica) no chuveiro híbrido solar e R$ 0,30 no chuveiro elétrico. Esse mesmo banho sai por R$ 0,46 nos aquecedores solares tradicionais, R$ 0,59 nos aquecedores a gás e R$ 1,08 no boiler elétrico (53,3%, 96,6% e 246,6% a mais do que no chuveiro elétrico, respectivamente). O estudo comprovou também que a média anual do consumo de água no chuveiro elétrico foi de 4,2 l/min; o chuveiro híbrido solar obteve a média anual de 4,1 l/ min, ou seja, 2,3% menor que o consumo do chuveiro elétrico; com o aquecedor a gás, a média foi de 8,7 l/min, que é 207% maior que o consumo do chuveiro elétrico; já o aquecedor solar obteve a média de 8,4 l/min, que significam 200% a mais de consumo do que o chuveiro elétrico; e o boiler elétrico obteve a média de 8,5 l/min, ou seja, 202% maior que o consumo do chuveiro elétrico. De maneira geral, as duchas instaladas no aquecedor a gás, no aquecedor solar e no boiler elétrico necessitaram de maior consumo de água. Esse fato se deve à própria característica desse equipamento e à disponibilidade de vazão de água na quantidade e na temperatura desejada. O uso do sistema híbrido cresce no país

à medida que vem sendo empregado em projetos habitacionais populares. É o caso da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). Seis mil unidades habitacionais serão beneficiadas com a instalação do sistema pela CPFL, concessionária de energia elétrica paulista. Serão investidos no projeto R$ 2,35 milhões, por meio do Programa de Eficiência Energética da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), em que as concessionárias devem direcionar 0,5% de sua receita para investimentos para a população de baixa renda. No mercado, fabricantes já estão de olho nos futuros consumidores do sistema híbrido. Alguns chuveiros estão adaptados para uso em conjunto com sistemas de aquecimento solar. É o caso da Ducha Corona Flex, da Corona, e da Ducha Potenza Digital, da Cardal. O aparelho faz controle de temperatura da água e, no caso da conexão com o sistema de aquecimento solar, proporciona economia de água e energia em dias nublados, possibilitando o desligamento permanente do sistema auxiliar elétrico do aquecedor central. Cella avisa, porém, que, antes de promover a instalação do sistema híbrido em uma casa ou condomínio, é necessário que a residência e o prédio passem por um estudo de viabilidade. “É preciso que o síndico tenha contato com um projetista especializado em instalação de medidores solares no prédio. E se o edifício for muito antigo, é provável que seja necessário trocar a tubulação por outra mais moderna, que tenha canos de água quente e água fria”, explica. “É uma obra cara, mas que, a longo prazo, reverte em muitos benefícios em termos de economia para os moradores e para o condomínio."

COMO FUNCIONA O CHUVEIRO HÍBRIDO Em projetos habitacionais populares de São Paulo e Minas Gerais, o aquecedor e o chuveiro elétrico são instalados na residência, e o usuário só precisa acionar o segundo quando o dia estiver chuvoso ou frio. Esses chuveiros também podem ser utilizados por meio de um dimmer para regular o aquecimento. O princípio do acessório, que acompanha alguns modelos de chuveiro elétrico ou pode ser comprado separadamente, é o mesmo daquele utilizado em lâmpadas. Uma terceira possibilidade, bem mais cara, é o chuveiro eletrônico, que vem com um sensor de calor e um dimmer automático. Basta o consumidor ou o fabricante programar a temperatura e a vazão e o chuveiro faz o resto do serviço, ou seja, quando necessário, complementa o aquecimento da água que chega ao equipamento solar com a resistência elétrica.

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condomínio papel fundamental na hora de pechinchar. “É assim que tem que ser mesmo. Os síndicos que fazem o corpo a corpo, explicando a importância da dedetização para a saúde de todos, são os que conseguem maiores adesões e, consequentemente, descontos mais vultosos. E eles não podem deixar de zelar, claro, pela qualidade do serviço, além de considerar o histórico da empresa no mercado”, reforça.

“Nem doeu no bolso”

A união faz a força Economia é sempre bem-vinda. Para os síndicos, então, essa é praticamente uma regra na gestão do condomínio. Afinal, ninguém gosta de pagar cota extra salgada por muito tempo, não é mesmo? Mas estão surgindo alternativas para reduzir os gastos dos condôminos nos edifícios residenciais e comerciais do Rio. Uma delas é a prestação de serviços para grupos, ou seja, quando uma determinada empresa oferece descontos ou condições especiais em caso de adesão coletiva. A Imuniservice, uma das líderes no ramo de dedetização, se encaixa nesse perfil. O diretor da empresa, Marcus Pires, conta que quase sempre realiza o serviço apenas nas partes comuns no condomínio, em locais onde as baratas se reproduzem facilmente: lixeiras, corredores, compactador de lixo, hall de entrada, rede de esgoto e caixa de gordura. “Normalmente, a adesão dos moradores é muito baixa, não chega a 50%. Dedetizar todas as unidades, então, é quase impossível”, comenta Pires. O executivo acrescenta que, para estimular a participação, oferece descontos

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que variam de acordo com o número de apartamentos solicitantes. Os valores de R$ 155, para os de dois quartos, e R$ 175, para os de três, considerando-se apenas uma praga urbana, ficam pelo menos 20% mais baixos, dependendo do volume de adesão. “Na verdade, seria interessante que todos os moradores contratassem o serviço. Muitas vezes, as áreas comuns estão livres de insetos, mas os corredores estão cheios deles, o que indica a infestação nos apartamentos”, alerta. Marcus é mais um adepto da máxima “a união faz a força”. Para ele, o síndico tem

A frase é de Benedito Carlos Cabral, síndico do condomínio Serra Dourada, com cinco andares, na Freguesia. Ele se refere ao preço da dedetização realizada pela Imuniservice no começo do ano. Fora a eliminação das temidas baratas, outro fato animou o gestor: o alto índice de participação. “Mais de 70% dos moradores das 30 unidades concordaram com a dedetização, o que me deixou muito satisfeito. Além da conscientização, o desconto oferecido pesou na decisão do grupo”, conta. Síndico de primeira viagem, Cabral concorda que, para o bom andamento das atividades do condomínio, o diálogo é tudo. “Quando estávamos montando orçamentos, conversávamos sobre a importância do senso de coletividade em um momento como esse. Não adianta termos nossos corredores livres de baratas se os apartamentos estão infestados”, diz o síndico, que iniciou na função com grandes desafios: a individualização da medição de água e a reforma de toda a parte estrutural. “Acredito que o entra e sai de material de construção durante muitos meses pode ter agravado o problema com os insetos”, arremata o gestor.


Um cinema em casa Quem não quer ter aquela imagem de cinema na sala de casa? De uns tempos para cá, com o advento da TV digital, isso já é uma realidade em muitos condomínios cariocas. A ABC Telecom, uma das líderes no ramo de instalação de antenas coletivas digitais, confirma a tendência, principalmente em bairros como Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, onde o sinal analógico tem deixado a desejar. Esse é mais um tipo de benefício cujo custo se dilui quando existe adesão maciça. Para um condomínio que já possua um sistema de antena coletiva analógica ou parabólica, com uma rede de distribuição adequada, o preço médio para obter apenas a Globo Digital é de R$ 1.900, já com a instalação. Num prédio de 20 unidades, onde todos adiram, o custo é de módicos R$ 95 por apartamento. Considerando-se a instalação completa do sistema com seis canais digitais, em um prédio com 100 unidades, o custo médio por apartamento é de somente R$ 100, podendo variar de acordo com o tamanho do

condomínio e com o local por onde o cabo deverá passar. A diretora comercial da ABC, Aline Sartório, reforça: “A aceitação está muito boa. Muitas pessoas que pagavam o serviço de TV a cabo somente para ver uma boa imagem agora podem fazê-lo sem ter de arcar com uma mensalidade. Basta aderir à TV digital.” Ela ressalta como principais vantagens qualidade do sinal (imagem e som), interatividade, menor risco de interferência etc. No condomínio Residencial Tindiba, no bairro do Pechincha, Zona Oeste do Rio, o síndico Francisco Chagas, há pouco mais de um ano no mandato, conseguiu aprovar em uma reunião da assembleia a instalação da Globo Digital pela ABC. “O processo foi muito rápido. Não demoramos a decidir porque o custo de R$ 1.900 seria dividido pelos 60 apartamentos. Além disso, os moradores andavam reclamando da imagem há algum tempo. Com a união de todos conseguimos um ótimo preço e, o melhor, com instalação ágil e sem incômodo para ninguém”, alegra-se Chagas.

Benedito Cabral, síndico de um condomínio na Freguesia: “Com a união dos moradores, conseguimos um ótimo desconto na dedetização dos apartamentos”

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Segurança que cabe no orçamento Com segurança não se brinca. Mas apesar da importância de se instalar equipamento eletrônico, o preço ainda é um limitador para muitos condomínios, já sacrificados pelo baixo orçamento. Existem, porém, alternativas no mercado. A Betel Telecom, por exemplo, pode oferecer descontos dependendo da adesão coletiva. Nos prédios comerciais ou nos condomínios de casas é comum cada unidade cuidar de sua segurança. Para isso existem pacotes mais simples, com poucos itens, entre eles portão/porta automáticos, fechadura eletrônica e circuito fechado de TV (CFTV) com apenas uma câmera e um monitor. Em uma sala comercial onde sejam instalados uma câmera e um monitor, o custo é de R$ 1 mil, segundo o diretor da empresa, Natanael Monteiro Sousa. Já nas partes comuns, os preços são mais altos: um sistema com oito câmeras custa R$ 7 mil e, com quatro, R$ 4 mil. “Não é comum acontecer na Betel, mas um síndico pode, por exemplo, reunir um determinado número de salas que estejam interessadas em adquirir o equipamento básico, aí nós avaliamos a possibilidade de descontos de acordo com a adesão”, afirma Sousa. Nos condomínios residenciais, a coletividade também faz diferença quando o assunto é redução de custos. Quando a Betel faz a automatização do portão para entrada de veículos, o preço do serviço inclui dois controles remotos. Cada morador pode ter o seu, a R$ 35 a unidade. Entretanto, quanto maior a adesão, maior o desconto. Assim, o valor de cada controle pode baixar para R$ 25. “O serviço mais solicitado, no momento, é a mudança de

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central de portaria analógica para a digital, que proporciona mais conforto e segurança”, informa o executivo.

Não basta pagar pouco O advogado especializado em direito imobiliário Marcelo Borges pondera que, quando o síndico se envolve com diminuição de custos na prestação de um serviço regular, é necessário estar atento à eventual falta de pagamento por moradores que tenham aderido. “Se o pagamento da fatura global recai sobre o condomínio, que, através da cobrança, efetua o repasse/reembolso aos moradores que se beneficiam dos serviços, caso haja inadimplência, os condôminos de fora do grupo arcarão injustamente com o ônus”, pondera Borges. Por isso, ele recomenda que o gestor do condomínio estabeleça uma regra que disponha o seguinte: “Caso haja falta de pagamento, a operadora ou o fornecedor deverá ser comunicado a fim de promover a suspensão do serviço até a efetiva honradez, podendo o condomínio, se for viável tecnicamente, realizar o corte no fornecimento.”

Como aderir à antena coletiva digital? O supervisor técnico da ABC Telecom, Vinícius Cardozo, explica como funciona: “Se o condomínio não possuir nenhum sistema de antena coletiva, será necessária a instalação de uma antena UHF (toda banda), um amplificador de potência com, no mínimo, 860 MHz, uma rede de distribuição com cabo RG-06 (mínimo de 67% de malha) e um rack montado com a quantidade de canais disponíveis na área.” Nessa situação, os moradores não precisam

necessariamente ter o receptor/conversor digital ou um televisor com conversor integrado. O serviço pode ser feito também sem a instalação do rack, mas aí cada morador deverá adquirir um dos dois equipamentos citados anteriormente. “Caso o condomínio já possua um sistema de antena coletiva analógica ou parabólica, é preciso realizar uma avaliação no local para identificar se a rede de distribuição é apropriada. O mais recomendado é a utilização do rack montado”, explica Cardozo. A ABC Telecom coloca à disposição técnicos treinados para realizar a instalação e a manutenção preventiva e corretiva do sistema digital. Os síndicos deverão estar atentos ao contratar uma empresa para executar o serviço. O ideal é que a firma tenha registro no Crea-RJ e referências de outros clientes. Para manter o equipamento em bom estado, o ideal é reservar um local apropriado para ele, ao qual terceiros não tenham acesso. O espaço deve ser arejado, ventilado ou refrigerado, a fim de se manter o equilíbrio da temperatura nos aparelhos. Serviço ABC Telecom – tel.: (21) 3342-6000 Betel Telecom – tel.: (21) 2290-2660 Imuniservice – tel.: (21) 2502-5252


Vendas Imóveis ESPECIALISTAS EM NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

Imóveis no Rio: um ótimo investimento ter uma ideia, quem investiu em ouro conseguiu uma rentabilidade de 32%, muito abaixo da obtida com imóveis. O dado leva em conta valores de venda e aluguel. Em algumas regiões do Rio, a rentabilidade pode chegar a 90%, como no Centro, que atingiu uma valorização média de 70%. Outros bairros, principalmente os beneficiados pelas UPPs, também tiveram uma grande lucratividade. “Investir em imóveis sempre foi um bom negócio. E cada vez mais investidores estão entrando nesse segmento. E não estamos falando apenas de pessoas físicas, mas empresas e também estrangeiros”, afirma Maria Teresa Mendonça Dias, vicepresidente financeira do Secovi Rio e diretora de locações da CIPA.

CJ - 1372/RJ

O analista de redes Vinícius Alves comprou um imóvel de um quarto na Tijuca em setembro de 2010 por R$ 125 mil. Apenas nove meses depois, ele vendeu o mesmo apartamento por R$ 230 mil. Isso representa 84% a mais do que o valor aplicado na época. Casos como esse são comuns e não se limitam apenas às vendas. Quem pode investir na compra de um imóvel pode aproveitar também a valorização dos aluguéis. O aquecimento do mercado imobiliário já não é novidade para ninguém, mas talvez muitos não saibam que aplicar capital em imóveis pode ser um excelente negócio. No Rio de Janeiro, esse tipo de investimento obteve um ganho médio de, aproximadamente, 50% em 2010, segundo o Secovi Rio, o Sindicato da Habitação. Para se

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conservação

por Raquel Pinheiro Loureiro

O síndico Sérgio Pitanga acredita que uma boa apresentação conta pontos a favor do prédio: “Elevadores modernos e bonitos valorizam o condomínio”

Síndico do Vitrines do Leblon, Jorge Manuel defende o embelezamento: “A segurança é o fundamental, mas, com certeza, um elevador moderno é importante para um ponto comercial privilegiado como o nosso”

Sobe e desce com estilo Embelezamento de elevadores valoriza condomínios e propicia maior conforto a moradores e visitantes

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A primeira impressão é, geralmente, a que fica. Não é à toa que síndicos e administradores se preocupam com o visual de condomínios por toda a cidade. Afinal, a boa aparência de um edifício ajuda a valorizar o patrimônio, além de trazer uma sensação de bem-estar a moradores e visitantes. Mas não são apenas fachadas impecáveis, portarias bacanas e jardins bem cuidados que contam: elevadores bonitos e com ar moderno também contribuem para que mesmo prédios antigos fiquem mais atraentes e confortáveis. E o melhor é que a reforma estética em elevadores, o chamado embele-

zamento de cabines, é um processo simples, que toma pouco tempo e, planejado, não pesa tanto no orçamento – vantagens de sobra para todos os envolvidos. “Não tenho dúvidas de que todo processo de embelezamento de elevadores é importante, porque causa melhor impressão em possíveis compradores ou locatórios de um imóvel e aumenta sua liquidez. É um estímulo vital”, afirma Manoel Maia, vice-presidente do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio), lembrando da atenção que deve ser dedicada à parte técnica. “A casa de máquinas é o coração


do elevador. Estando atualizada, com equipamento moderno, também é fator que conta e muito para a liquidez da propriedade”, avisa Maia. Há dois tipos de reforma de elevadores, a estética e a tecnológica. Mais demorada e cara, a última visa à modernização de toda a parte mecânica ou eletromecânica do elevador. As mudanças podem ser feitas simultaneamente, de acordo com a necessidade de cada condomínio, como foi o caso do Edifício Victor, no Flamengo. “Trocamos o sistema antigo por um novo, eletrônico, e optamos por quadros eletrônicos em busca da automatização, porque a preocupação principal era com a segurança e o bom funcionamento dos elevadores”, conta o síndico Júlio Aranciba, ressaltando que a beleza dos quatro elevadores – dois para cada bloco –, que atendem a 96 apartamentos, não foi esquecida. As paredes ganharam chapas de aço escovado e a iluminação foi renovada. “Os elevadores são como portas de entrada, e as melhorias, implicitamente, valorizam o prédio”, acrescenta ele, que aconselha os colegas que estão pensando em reforma a estabelecer uma relação mais estreita com as firmas de manutenção. “Passamos pela experiência de ter o elevador social parado por conta das mudanças e o de serviço quebrar. O transtorno para os moradores é grande e, nessas horas, o ideal é que o técnico chegue rápido para consertar o equipamento danificado”, avisa. No embelezamento não se altera a estrutura original da cabine, mas paredes, teto e piso são substituídos por itens mais modernos. Acessórios como corrimão, espelho e ventilador podem ser adicionados, para transmitir uma sensação de equipamento novo. O custo é baseado na capacidade de passageiros, e a mudança estética pode ser feita em qualquer marca ou tipo de elevador. Reformar um elevador de seis passageiros com revestimento de aço, piso de granito, espelho, corrimão e ventilador com sensor de presença fica em torno de R$ 7 mil – parcelados em até dez vezes. “Sabemos que os condomínios trabalham com receitas mensais, então entendemos a necessidade de oferecer formas de pagamento acessíveis”, explica Márcio Cordeiro, diretor comercial da Embelezart Elevadores.

“O processo de embelezamento de elevadores é importante, porque causa melhor impressão em possíveis compradores ou locatórios de um imóvel e aumenta sua liquidez”, Manoel Maia, vice-presidente do Secovi Rio

O prazo para a reforma estética é curto, ou seja, atrapalha por pouco tempo a vida de moradores, funcionários e visitantes: em média, três dias, segundo o profissional, que ressalta a importância da escolha do material correto para cada tipo de embelezamento, adequado ao estilo do edifício e à época de sua construção. “Para elevadores bem antigos, com portas pantográficas, em prédios com aspecto mais conservador, sugerimos um revestimento em laminado melamínico, que imita madeira. Já para condomínios com aspecto mais moderno e recente, a indicação é um redesign de aço escovado, com piso de granito e espelho”, orienta Márcio. A preocupação com a coerência estética levou Sérgio Pitanga, síndico do Sunshine Residence, na Barra da Tijuca, a contratar uma empresa de soluções visuais para sinalização para cuidar da mudança do painel de controle dos dez elevadores do condomínio de 120 unidades. Como os apartamentos são duplex, a numeração dos botões não correspondia à realidade – o quarto andar, por exemplo, equivalia ao sétimo no painel, gerando confusão. Para atender às exigências do Corpo de Bombeiros, o novo painel contém as duas numerações. “Nosso prédio é de 2006, ou seja, razoavelmente novo. Mas é importante cuidar para que os elevadores continuem sendo um dos itens que valorizem nosso condomínio”, afirma Sérgio, que já lidou com lâmpadas quebradas, câmeras danificas e capa de proteção de elevador rasgada. Já em edifícios mais antigos, a renovação periódica pode ser necessária. No Vitrine do Leblon, conhecido centro coJUL_AGO_SET 2011

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mercial da Zona Sul carioca com cem salas e 71 lojas, os três elevadores, que há oito anos sofreram intervenções, devem passar por nova reforma, estética e técnica. O síndico Jorge Manuel procurou uma consultoria para avaliar as mudanças necessárias, tendo em vista que o prédio de 40 anos recebe centenas de pessoas por dia. “Estamos em um ponto comercial privilegiado e recebemos visitantes como médicos, advogados e dentistas. O uso de granito no piso do elevador, espelho, aço, tudo contribui para uma aparência mais agradável dentro das cabines e agrega ainda mais valor a nosso condomínio”, garante Jorge, salientando outro aspecto da modernização: “Em oito

anos, material e técnicas foram aperfeiçoados. Por exemplo, a transição de um andar para outro é, ao mesmo tempo, mais rápida e suave. Temos de nos adaptar.” Embelezamento concluído, é hora de cuidar da conservação dos novos elevadores. As empresas normalmente oferecem garantia de um ano sobre seus serviços, e cada material utilizado tem vida útil própria. Pequenos arranhões podem ser corrigidos, muitas vezes sem custo extra, pelas firmas que fazem a remodelação. A limpeza também não é complicada e, feita corretamente, ajuda a preservar paredes e pisos novos. “Paredes de melamínico devem ser limpas com um pano seco, porque a água

pode, com o tempo, infiltrar na parede”, explica Márcio Cordeiro da Embelezart, que trabalha tanto com condomínios residenciais quanto com comerciais. As temidas manchas de gordura no aço escovado também são fáceis de resolver. “Muitos clientes reclamam da impressão de dedos nas paredes, que é o resultado do excesso de vaselina usado no aço com as camadas do produto que se acumulam umas em cima das outras. O certo é usar a vaselina na primeira e na segunda aplicação e, daí por diante, tirar o excesso com um pano. Depois, se necessário, reaplicar a vaselina. Não é para encerar toda semana”, ensina o profissional.

Fique de olho Preços muito abaixo do mercado não existem. É possível que as empresas especializadas ofereçam descontos em pacotes de reforma para mais de um elevador, mas desconfie de ofertas extremamente tentadoras. Como em qualquer outro ramo, referências são sempre importantes. Vale a pena checar se a firma procurada cumpriu os prazos acordados com outros clientes e se os serviços foram executados de forma satisfatória. Beleza é importante, mas a segurança é prioridade. A reforma estética sempre pode esperar. Já a manutenção técnica deve ser periódica e realizada por empresas especializadas e de competência reconhecida. Além de prevenir acidentes, a revisão regular permite identifi-

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car pequenos problemas antes que eles se tornem grandes dores de cabeça para o condomínio. Nada de jeitinhos: se o elevador parou, apresenta desnível entre os andares ou qualquer outro problema, a pessoa indicada para resolver a situação é o profissional da empresa de manutenção, que possui o treinamento apropriado. Porteiros, outros funcionários e até mesmo moradores, por mais que pareçam saber o que fazem, não devem mexer na casa de máquinas, ter as chaves reservas ou ser designados responsáveis para solucionar pequenos contratempos. Vale lembrar que, em caso de pessoas presas no elevador, o correto é chamar o Corpo de Bombeiros, que tem a expertise para lidar com situações de

emergência de maneira segura. Nunca é demais reforçar, para os moradores, as normas de segurança básicas. Crianças não devem nunca estar sozinhas nos elevadores, regras de conduta devem estar afixadas nas paredes e o limite de passageiros deve ser respeitado. A casa de máquinas, que deve ficar sempre fechada, não é depósito. Além de atrapalhar a entrada de técnicos, o acúmulo de determinados produtos pode acarretar acidentes e até incêndios. Água no poço dos elevadores é sinal de problemas. Os funcionários devem ser orientados a nunca deixar a água escorrer pelas soleiras, o que pode causar curtos-circuitos. Também não se deve varrer poeira por baixo das portas.


crônica

por vivien bezerra de mello

Quem você pensa que é? Tem gente que viaja. Tem gente que acha que pode ser uma pessoa em sua frente e por trás, outra. E no frigir nos ovos, é assim que funciona mesmo... Não sou nenhuma socióloga frustrada, mas uma coisa que me faz parar para refletir é o comportamento humano. E eu ainda fico apavorada com as coisas que vejo por aí. Recentemente, estava trabalhando como voluntária na barraca da pescaria da festa junina da escola de minhas filhas e vi cada coisa que até Deus duvida. E estamos falando de uma escola religiosa, ok? Onde, teoricamente, os pais têm pretensões morais sérias. Muitas crianças querendo brincar, poucos voluntários dispostos a ajudar. Uma confusão só. Mas faz parte, as crianças se divertem e pessoas carentes são ajudadas com a festa beneficente. E isso alimenta a alma de alguns pobres mortais que ficam quebrados no fim da festa. A cada jogada, que custava R$ 3, o “pescador” tinha direito a um brinde. Percebi um movimento estranho de uma senhora, acompanhada por uma criança, mas que parecia incomodada. Perguntei se ela queria pescar, ela falou que não precisava, que ela só queria o brinde. “Mas como assim?”, perguntei. “Para ganhar tem que pescar!”, tentei explicar. Ela disse que já havia pescado, que só queria o brinde. Eu acreditei nela e entreguei o brinde. Ela foi embora. A encarregada da barraca veio até mim e disse que viu o que a senhora fez e me explicou. Antes de me enganar, ela passou a perna na encarregada também. Com uma só ficha já tinha pego dois brindes. Comigo, o terceiro. Devo esclarecer que são brin-

des baratinhos. Compram-se três por R$ 5 no Centro do Rio. Uau! Ela se deu bem! Deve estar até agora soltando fogos. E a criança que estava com ela aprendeu a lição de como enganar os outros. Fora dali ela deve ser uma pessoa cheia de bons princípios. Mas não deu pra segurar, ela precisava se dar bem naquele momento! Daqui a pouco, uma presença tímida no cantinho: uma mulher, cujo filho estudava com minha filha menor, ajudava seu pequeno na pescaria. Quando ela percebeu que eu a vi, tratou de sair de fininho. Essa mulher e seu comparsa, digo, seu marido simplesmente deram um calote em meu marido! Compraram um apartamento com ele (que é assessor imobiliário) e na hora de pagar a comissão devida por lei não pagaram. Assim mesmo, na cara dura. Nem o fato de nossos filhos serem colegas de turma impediu que eles “se dessem bem”. Claro que o fato está na Justiça, mas que é um absurdo, é. Meu Deus! Como diria minha mãe, onde nós estamos? E não adianta nem reclamar com o bispo. Que tipo de filhos essas pessoas estão criando??? O futuro a Deus pertence, mas todos nós vamos colher os frutos desses pais insanos, que ainda têm coragem de posar de pessoas de bem, que pagam seus impostos, que querem ver seus direitos garantidos por lei etc. A verdade é que a oportunidade faz o ladrão. Só se vê quem é quem quando uma oportunidade de se dar bem aparece. É nesse momento que as pessoas se revelam, mostram o lado negro da força. Ou não. E você? Já teve a oportunidade de mostrar quem você é?! JUL_AGO_SET 2011

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ecodicas

Onde você põe seu lixo? A grande justificativa das pessoas que dizem que “precisam” de sacolinhas plásticas é a embalagem do lixo. Tudo bem, não dá mesmo para não colocar lixo em saco plástico, mas e em sacos de lixo biodegradáveis, que são feitos de material orgânico e fibras vegetais e que levam bem menos tempo para se degradarem no solo? Estes sim, causam menos impacto na natureza. Mas pensando bem, será que não dá para diminuir a quantidade de plástico no lixo? Melhor do que encher diversos saquinhos plásticos ao longo de uma semana é usar um único saco plástico dentro de uma lixeira grande na área de serviço, por exemplo, e ir enchendo-o por alguns dias com os pequenos lixinhos da casa (da pia, do banheiro, do escritório). Se o lixo é limpo, como de escritório (papel de fax, pedaços de durex etc.), pode ir direto para a lixeira sem proteção. No caso dos lixinhos da pia e do banheiro, o melhor substituto da sacolinha é o saquinho de jornal. Ele mantém a lixeira limpa, facilita na hora de retirar o lixo e é facílimo de fazer. Leva 20 segundos. A ideia veio do origami, que ensina essa dobradura como um copo. Em tamanho aumentado, feito de folhas de jornal, o copo cabe perfeitamente na maioria dos lixinhos de pia e banheiro que existem por aí.

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1 Você pode usar uma, duas ou até três folhas de jornal juntas, para que o saquinho fique mais resistente. Tudo no origami começa com um quadrado, então, faça uma dobra para marcar, no sentido vertical, a metade da página da direita e dobre a beirada dessa página para dentro, até a marca. Você terá dobrado uma aba equivalente a um quarto da página da direita e assim terá um quadrado.

2 Dobre a ponta inferior direita sobre a ponta superior esquerda, formando um triângulo, e mantenha sua base para baixo.

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Vire a dobradura “de barriga para baixo”, escondendo a aba que você acabou de dobrar.

Dobre a ponta inferior direita do triângulo até a lateral esquerda.

5 Novamente, dobre a ponta da direita até a lateral esquerda e você terá a seguinte figura:

6 Para fazer a boca do saquinho, pegue uma parte da ponta de cima do jornal e a enfie dentro da aba que você dobrou por último, fazendo-a desaparecer lá dentro.


7 Sobrará a ponta de cima, que deve ser colocada dentro da aba do outro lado; então vire a dobradura para o outro lado e repita a operação.

8 Abrindo a parte de cima, eis o saquinho!

Agora é só encaixar dentro de seu cestinho e parar para sempre de jogar mais plástico no lixo! Que tal? Pode parecer complicado vendo as fotos e lendo as instruções, mas faça uma vez seguindo o passo a passo e você vai ver que depois de fazer um ou dois você pega o jeito e a coisa fica muito, muito simples. Daí é só deixar vários preparados depois de ler o jornal de domingo.

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ARTE

mário Mendonça

Kerhor bay, Finistère, 1872

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Eugène Boudin Louis-Eugène Boudin nasceu em 1824 na pequena Honfleur, no estuário do Rio Sena, cidade que, mais tarde, atrairia grandes nomes do Impressionismo, como Monet, Turner e Vuillard. Não é à toa que, ao estudar o Impressionismo, ouvimos falar da “Escola de Honfleur”, nome dado a essa reunião de mestres que “pintavam a cidade”. De uma família de marinheiros – o pai havia lutado nas guerras napoleônicas –, Boudin seguiu a carreira paterna como ajudante de bordo em viagens pelo Rio Sena. Quando seu pai abandonou esse trabalho, Boudin também o fez, já que não tinha vocação. Sua família passou a viver, então, em Le Havre, onde seu pai abriu uma pequena loja de material de arte. Ao trabalhar nessa loja, teve contato com importantes artistas, como Jean-François Millet que, com Eugene Isabey, incentivou o jovem Boudin a seguir a carreira artística. Começou, então, a aprender a pintar nas horas vagas. Ao alcançar algum reconhecimento por esses trabalhos iniciais, resolveu abandonar Le Havre e seguir para Paris. O jovem Boudin recebeu da Câmara Municipal de Havre uma bolsa de estudos, por três anos, para estudar pintura

em Paris, onde começou como assistente no atelier de Isabey. Percorreu a Europa pintando cenas do mar ou portos. Depois de um período nos Países Baixos, foi profundamente influenciado pelos mestres holandeses do século XVII. Na Holanda, aprendeu a pintar ao ar livre, en plein air, como dizem os franceses. Participou do Salão de Paris, em 1859, onde se tornou amigo dos pintores Camille Corot, que o chamava afetuosamente de “Rei dos Céus”, e Gustave Colbert, que lhe apresentou o crítico e poeta Charles Baudelaire, primeiro a atrair a atenção do público sobre sua obra e que teceu sobre Boudin frases que, mais tarde, se aplicariam aos impressionistas. Boudin foi ainda amigo e incentivador do jovem Claude Monet (os dois trabalharam juntos no atelier de Boudin). Foram amigos por toda a vida e, mais tarde, Monet renderia homenagem a essa amizade. Participou da primeira exposição impressionista e, a partir de então, passou a ser considerado um dos precursores do movimento, embora não se julgasse um inovador. Foi sempre respeitado pelos jovens impressionistas por sua arte livre, isenta da rigidez acadêmica, em voga até então.

Continuou a exibir suas obras, inclusive na grande exposição impressionista de Nova York, organizada pelo marchand Durand-Ruel, e no ano de 1889, recebeu a medalha de ouro na Exposição Universal de Paris. Foi feito cavalheiro da Legion D’Honneur em 1892, quando, já doente, resolveu se estabelecer no sul da França. Em 1898, em uma visita à capital francesa, sentiu-se fraco e, ao pressentir o fim, pediu que o levasse para morrer “de frente para o mar”. Em 8 de agosto do mesmo ano, Boudin faleceu na cidade de Deauville, região da Normandia, onde nasceu e aprendeu a pintar. Para nós, brasileiros, o mais interessante a respeito de Boudin é que no Brasil, mais precisamente no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, há uma das maiores coleções de seus quadros fora da França. A coleção do MNBA é composta de 20 óleos e foi adquirida pelos barões de São Joaquim e doada por eles, em 1922, ao acervo do museu. Só é inferior à coleção do Museu Boudin e do Museu de Le Havre. Destaca-se na coleção a pintura Lavadeiras nas margens do Rio Touques, considerada um de seus melhores trabalhos, verdadeira obra-prima.

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notas

Segunda fase do Minha Casa, Minha Vida pode receber R$ 140 milhões A segunda fase do Programa Minha Casa, Minha Vida vai ter recursos de R$ 120 milhões a R$ 140 milhões para financiar a construção de moradias para famílias com renda de até dez salários mínimos, foi o que informou em junho, o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda. Segundo ele, o volume de recursos é mais que o dobro do investido no ano passado somente pela Caixa Econômica, que foi de R$ 53 milhões para os imóveis destinados a todas as faixas de renda. De acordo com Hereda, a segunda fase do Minha Casa, Minha Vida deverá ser anunciada no dia 14 de junho pela presidenta Dilma Rousseff. O presidente da Caixa esclareceu que ainda não houve desembolso no primeiro semestre de 2011

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para as famílias com renda na faixa de até três salários mínimos porque o governo estava aperfeiçoando o programa. “Não houve ações no primeiro semestre para essas famílias. O governo estava revendo as especificações, melhorando a qualidade e as condições das unidades habitacionais e também revendo os custos”, disse.

O presidente da Caixa Econômica Federal adiantou, ainda, que, a partir de junho, foram programadas contratações já com preços e especificações novos e com toda a experiência adquirida na primeira fase do programa, quando foram contratadas 1 milhão de moradias. Na avaliação de Hereda, do total a ser usado no programa, cerca de 80%, deverá ser de responsabilidade da Caixa Econômica e que mais de R$ 70 milhões se destinarão para a faixa de até três salários mínimos. O presidente da Caixa afirmou que o governo está finalizando os ajustes para a melhoria do programa e dos valores dos imóveis. “As mudanças dizem respeito basicamente às especificações e aos preços das unidades, que passarão a ter limite por município.”


TJ-RJ, Cima e Abami unidos pela mediação no direito imobiliário A mediação no direito imobiliário é, hoje, uma das mais importantes ferramentas na resolução de conflitos. A relevância da Câmara Imobiliária de Mediação e Arbitragem (Cima) tem sido referendada, inclusive, pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), que está organizando cursos de habilitação para que profissionais atuem na área de mediação de conflitos. A Associação Brasileira dos Advogados do Mercado Imobiliário (Abami) completa a trinca em defesa da mediação. Em contrapartida, a Cima oferecerá, para os mediadores do TJ-RJ, curso especializado em negociação e mediação de conflitos em direito imobiliário. Os mediadores atuarão como voluntários nos Centros de Mediação do Tribunal de Justiça, em processos da área Cível. O TJ-

RJ incluirá a Cima no site do Tribunal, na pasta “Mediação”, reconhecendo a entidade como parceira. O presidente da Cima, Hamilton Quirino, reforça que a parceria entre as duas instituições tem vistas ao cumprimento do futuro Código de Processo Civil, que institucionalizará as funções de mediação e conciliação como formas de solução de conflitos já instauradas ou em vias de serem ajuizadas. “Essa parceria visa trazer a paz social entre os litigantes sob o princípio do ganha-ganha, ao contrário do que ocorre nos processos judiciais, em que um ganha e o outro perde. E o que ganha, muitas vezes, não consegue a paz social, seja pela demora, seja pelo desgaste ocorrido após longos anos de litígio”, afirma Quirino.

Projetos habitacionais do estado do Rio terão que usar madeira legal A madeira utilizada em projetos habitacionais construídos pelo estado deverá ter sua legalidade certificada. Assim determina o Projeto de Lei nº 1.985/09, que a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou no dia 9 de junho, em discussão única. O projeto é assinado pelo deputado Marcelo Simão (PSB) e a comprovação será feita através da apresentação do Documento de Origem Florestal (DOF), fornecido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com Simão, a proposta segue a norma da Caixa Econômica, “que, a partir de 2009, passou a só liberar verba para obras de financiamento habitacional para construtoras que comprem madeira legal”, informou. “Esse projeto traz para o estado do Rio uma garantia atual e necessária para a preservação ambiental”, aponta.

Reciclagem ganha força em condomínios da Zona Sul Com o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, da Empresa Recicladora BrasilPET e da Empresa de Treinamento Ambiental Verônica Castro, as comunidades Chapéu Mangueira e Babilônia estão levando aos condomínios do Leme e de Copacabana informações sobre a importância da coleta seletiva. Os agentes estão atuando em condomínios, hotéis e estabelecimentos comerciais. Um dos pontos mais importantes da campanha é o descarte correto de embalagens PET, cuja decomposição demora em torno de 400 anos. Latinhas de alumínio e vidro também estão sendo coletados. De outubro de 2010, quando do início do programa, até junho, 12 hotéis e 126 condomínios aderiram à ideia. Os idealizadores do projeto instalaram, numa área situada entre as duas comunidades, um contêiner com capacidade de armazenamento de 600 quilos e doaram triciclos para a coleta. Os agentes ambientais realizam visitas agendadas, falam da importância da coleta seletiva e deixam um material didático sobre PET. Mensalmente, são coletadas 1,8 tonelada de PET. JUL_AGO_SET 2011

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Condomínio Opinião Por Wanja Antunes

Como seu condomínio consegue manter as contas equilibradas? Sou síndica há quatro anos e mantenho o equilíbrio das contas, sobretudo, monitorando a inadimplência e tomando as providências cabíveis pela lei e pela convenção do condomínio, de forma ágil. Estou sempre atenta às contas, ao saldo... Tudo tem que ser compatível. Fazendo uma analogia com uma pessoa física, se a pessoa gasta mais do que tem no cartão de crédito, ela vai se endividar. Agora, por exemplo, temos obras a fazer, mas estou esperando ter saldo suficiente para realizá-las. Se fossem urgentes, levaria o assunto para a assembleia para definir uma cota extra. E sempre faço três ou quatro orçamentos. Escolho a empresa que oferece boa qualidade e peço que caiba no bolso. Quase todos os dias, entro no site da CIPA para ver nosso saldo e assegurar de estar com tudo em dia. Só coloco a mão onde o braço alcança. Leimar Oliveira de Azevedo, síndica do Condomínio Orizzonte di Barra

Com planejamento. Gastamos apenas o necessário para manter o condomínio atraente a novos investidores e, sobretudo, em dia com suas obrigações, evitando multas e desperdícios, sejam de qualquer natureza. Não há milagres. Há transparência na receita e na despesa, controle de tudo, parceria com fornecedor e prestador de serviço, conselho atuante, equipe de funcionários comprometidos e uma gestora que acredita no trabalho que realiza. Gabriele Santos, síndica do Condomínio Comercial Park Palace

Mantemos um rigoroso controle de despesas e receita. O orçamento mensal é elaborado de forma minuciosa, para atender os gastos mensais. Estamos sempre atentos ao saldo e só gastamos quando há dinheiro em caixa, como em nossa casa. Para que o orçamento não sofra alteração, ficamos de olho no desperdício de água, o maior vilão de nosso condomínio, ou seja, se percebermos qualquer alteração na conta, acionamos logo a manutenção do condomínio para sanar qualquer vazamento, evitando, assim, jogar dinheiro fora. Só realizamos gastos extras de acordo com o saldo existente, para atender às necessidades do condomínio, respeitando o orçamento e a receita do mês. José Roberto Francalacci, síndico do Condomínio Conjunto Costa Verde

As contas equilibradas são decorrentes dos gastos bem controlados. Tenho por prática renegociar e pesquisar sempre a melhor opção financeira e operacional com os fornecedores, de forma a reduzir os custos e manter a qualidade, permitindo que, com a economia, seja possível a realização de melhorias e obras, sem a necessidade de gerar cotas extras. A gestão das horas extras dos funcionários é outro ponto fundamental, já que, além de manter o condomínio aderente às leis, reduz custos indiretos com o FGTS e o INSS. As contas das concessionárias públicas (água e luz) também devem ser acompanhadas de perto, principalmente a água, que, além de ser um bem precioso, representa, aproximadamente, 20% do custo mensal. Adriano Martins, síndico dos Condomínios Iquitos e Missouri

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Atualidade

Brincar pode. Soltar balões é crime. Uma das festas mais animadas e que muitas pessoas adoram se reunir para organizar é a festa junina, que, no Brasil, costuma ocorrer até o final de julho. Essa comemoração é regada, entre outras coisas, por comidas e músicas típicas, brincadeiras, fogueira e quadrilha. Além da parte boa, das comemorações, existe também a parte perigosa, a de soltar balões e fogos de artifícios. O hábito de soltar balões e fogos de artifício e construir fogueiras durante esse período, infelizmente, é muito comum. São ações muito difundidas, pois estão ligadas aos efeitos visuais que proporcionam. Mas o perigo mora justamente aí. Incêndios florestais e urbanos também são muito comuns.

Os fogos de artifícios devem ser manuseados por quem entende do assunto, do contrário, inocentes podem se machucar. Além disso, é preciso verificar bem o

local em que se pretende soltá-los – que seja, de preferência, ao ar livre e a uma distância adequada de pessoas e moradias. Já os balões, são proibidos, o que não é novidade para ninguém. Mas nunca é demais lembrar: essa prática é punida por lei (artigo 42 da Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98). Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios em florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano, é passível de pena de detenção, de um a três anos, multa ou ambas cumulativamente. Para a festa continuar animada e sem ocorrências desagradáveis, não permita que soltem balões. Proteja o meio ambiente e a segurança da população.

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Manutenção

Brinquedo é coisa séria Saiba como fazer corretamente a manutenção dos parquinhos e evitar acidentes

Divulgação

Playgrounds e parquinhos de condomínios quase sempre são sinônimos de diversão. Quase. Nem sempre a garotada sai ilesa da brincadeira, seja por falta de supervisão de uma pessoa adulta ou em razão da má conservação dos brinquedos. Por isso, síndicos, todo cuidado é pouco! Não basta comprar belos e coloridos itens, é preciso estar atento à manutenção deles. Nesta matéria, você vai saber quais os cuidados para garantir que o lazer dos pimpolhos tenha apenas bons momentos, e não problemas.

"A ONG Criança Segura apresenta um dado alarmante: as quedas acidentais de menores de 15 anos são responsáveis, anualmente, por mais de 50% das internações hospitalares" afirma ANA BEATRIZ BONTORIM, COORDENADORA DE PROJETOS DA ONG

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A ONG Criança Segura, dedicada à promoção da prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de até 14 anos, sediada em São Paulo, revela um dado alarmante: as quedas acidentais de menores de 15 anos são responsáveis, anualmente, por mais de 50% das internações nos hospitais cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os números só confirmam: nos parquinhos dos condomínios, é preciso atenção redobrada. Conforme explica Ana Beatriz Bontorim, coordenadora de projetos da organização, a principal recomendação para a conservação de playgrounds é seguir

as diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – NBR 14350-1 e NBR 14350-2. Elas estabelecem requisitos mínimos de segurança para evitar os perigos apresentados por equipamento para brincar, projetado para instalação permanente ao ar livre. Os textos dessas normas, na íntegra, podem ser adquiridos no site da ABNT: www.abnt.org.br. Uma recomendação importante é estabelecer, com marcações visuais (placas ou cartazes), a separação dos espaços no play de acordo com a faixa etária. A maioria dos especialistas sugere locais diferenciados para menores e maiores de 3 anos. “Muitas


O síndico Anselmo Coutinho, do Campinho, Zona Norte, incrementou o play com novos brinquedos de plástico, de fácil manutenção

vezes, os garotos maiores acabam machucando os pequenos, que são mais frágeis. É importante que eles brinquem a certa distância”, sugere Ana Beatriz, lembrando que cercadinhos de plástico podem ajudar nessa delimitação. O síndico deve deixar bem claro aos pais: é fundamental acompanharem seus filhos, principalmente nos brinquedos mais altos. A menos que o problema seja falta de manutenção, um eventual incidente não será culpa do condomínio. O monitoramento é imprescindível, afinal, o “bicho carpinteiro” sempre dá as caras, não é mesmo? É comum as crianças saírem do parquinho e irem brincar próximo a piscinas, garagem e sacadas sem proteção. Fique ligado!

Manutenção é essencial Não é preciso ser um expert no assunto para saber: parafusos aparentes e peças enferrujadas ou soltas precisam ser consertados com urgência. Portanto, esse é um item que deve estar no check-list do síndico. Há que se observar se os brinquedos possuem selo de certificação e identificação de faixa etária, cuidando para que sejam instalados nos locais correspondentes. Evitar objetos com bordas pontiagudas e instalar pisos antiderrapantes e macios também são ações recomendáveis. De acordo com Eônio Campello, diretor da Renove Brasil, uma das empresas líderes no mercado de brinquedos para parquinhos, ao montar ou incrementar a área de lazer para as crianças, o síndico deve evitar peças de madeira ou ferro, dando preferência ao plástico rotomoldado. “Além de a manutenção da madeira ser mais cara e trabalhosa, o material tem baixa durabilidade, pode apresentar farpas e rachaduras.” Se o parquinho de seu condomínio se enquadra na descrição anterior, não se desespere. Você não precisa gastar uma fortuna para a substituição, basta redobrar a atenção com a manutenção. “Os brinquedos de plástico rotomoldado têm formas arredondadas, alta resistência às intempéries, absorvem bem o impacto e, para completar, são muito fáceis de limpar. Basta um pano úmido ou aplicação de sabão neutro e eles estarão novos”, garante o empresário. Ele indica os brinquedos modulares, que podem ser adquiridos aos poucos, de acordo com o orçamento do condomínio. Os preços vão de R$ 2 mil a R$ 40 mil. O tempo de vida útil do material é outro trunfo: pode chegar a 10 anos. Para o chão, o preço do metro quadrado da grama sintética fica em torno de R$ 45. Com durabilidade maior, o piso de borracha ecológica é outra opção: R$ 190 o metro quadrado. JUL_AGO_SET 2011

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Incrementando o play

Segundo o diretor da Renove, 90% dos condomínios que adquirem os produtos comercializados pela empresa optam por um multiplay de plástico colorido, que contém escorrega e escadinha para as crianças menores de 9 anos e um módulo maior com plataforma, rampa de escalada e escorregador curvo, que pode ser usado pelos mais crescidinhos. Eles acrescentam ainda uma casinha, um gira-gira e uma gangorra, que os baixinhos de 0 a 3 anos amam. O custo total do conjunto fica em torno de R$ 8 mil. Por ser compacto, esse playground requer uma área de apenas 12 metros quadrados para a instalação. “Uma boa dica para o síndico que está pensando em comprar os brinquedos é evitar os importados em razão da dificuldade de encontrar peças de reposição, apesar de as empresas oferecerem garantia. O mesmo serve para os itens comprados pela internet em outros estados, que pode dificultar a assistência técnica”, sugere Eônio. Há 30 anos no mercado, a Vale Home, que trabalha com os melhores fabricantes de brinquedos para playground e equipamento de fitness do país, confirma: cada vez mais os síndicos têm preferido os itens de plástico. O gerente geral da empresa, Sérgio Passos, explica por quê: “Quase não necessita de manutenção e são muito fáceis de instalar.” Para garantir a segurança dos pequenos, o executivo considera obrigatória a

aplicação de grama sintética no piso. É importante separar as áreas por faixa etária. “Os maiores de 12 já não brincam mais nos parquinhos, gostam de salões de jogos ou quadras de esporte”, comenta Passos, acrescentando que, para os grandinhos, as mesas de totó e sinuca exercem grande fascinação. Quanto aos preços dos produtos, chamam a atenção os valores acessíveis. “Um parquinho com itens como uma casinha, uma gangorra e um multiplay, com grama sintética, custa entre R$ 6 mil e R$ 10 mil”, comenta Passos. Outra vantagem oferecida pela Vale Home aos síndicos são a assistência técnica e a reposição de peças sempre que houver necessidade. Para o síndico Anselmo Coutinho, que comanda, há dois anos, o Condomínio Campobelo, em Campinho, o lazer da garotada é uma das prioridades na administração. Há oito meses, ele resolveu incrementar o play, situado entre os dois blocos de oito andares cada um, atrás dos prédios, com diversos brinquedos de plástico. Para garantir a segurança, o gestor criou duas áreas devidamente identificadas com placas: uma para crianças de 1 a 3 anos e outra para os que estão na faixa de 3 a 10. A segurança também é um ponto importante para Anselmo: “Dos dez funcionários do condomínio, dois foram recrutados para fazer rondas periódicas ao longo do dia e verificar se está tudo em ordem no play. Além

disso, temos câmeras de segurança que garantem monitoramento em tempo integral. Nós orientamos os pais para que tomem conta dos filhos pequenos, mas esse procedimento dá mais segurança”, diz. No Condomínio Campobelo, em Campinho, administrado pela CIPA, o espaço para os menores de 3 anos, de 25 metros quadrados, tem casinha de plástico, gangorras e escorregador acoplado a um balancinho. A criançada acima dessa faixa conta com um parquinho de madeira composto de nove brinquedos – em 50 metros quadrados –, entre eles escorrega, gangorra, dois tipos de balanço e uma casinha com dois andares, estilo casamata. A grama sintética do chão garante ainda mais segurança contra possíveis quedas. Todos os brinquedos são vistoriados semanalmente: “Verificamos os parafusos e se existe alguma farpa ou imperfeição. Para os de plástico, seguimos a recomendação do fabricante e vistoriamos uma vez ao ano. A limpeza é feita todos os dias”, conclui Anselmo, que, para agradar ainda mais a garotada, construiu recentemente uma quadra poliesportiva com grama sintética. “Foi bom para os pequenos, que ganharam um espaço de lazer, e para os moradores, porque acabou a bagunça em outras áreas comuns”, brinca o síndico, que mantém um kit de primeiros socorros para eventuais emergências.

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Entendimento jurídico Entre os advogados especializados no mercado imobiliário, existe um consenso: a responsabilidade pelos menores é dos pais. O simples fato de haver um playground em área interna, cercada e monitorada, não quer dizer que a responsabilidade por incidentes seja do condomínio. O assunto poderá ser levado a uma assembleia para que se insira no Regimento Interno o item que especifique essa isenção de responsabilidade, com a instalação de placas de orientação e alerta aos pais. O condômino pode convocar uma assembleia para discutir e propor que esse item passe a fazer parte do regulamento. Nesse caso, é importante deixar claro no edital que será votada a inclusão do tema no regulamento e, se possível, explicar os motivos. Para as partes de uso comum do condomínio, como piscina e parquinho, o ideal é que o síndico oriente um dos funcionários a estar sempre por perto ou, pelo menos, fazendo vistorias periódicas, se houver disponibilidade de tal empregado. A piscina, por exemplo, deve ter guardião, segundo lei específica, o que facilita o controle. Nos plays, é importante deixar avisos para que os maiores responsáveis acompanhem os menores dentro do horário de funcionamento, sob pena de serem responsabilizados. Quando o síndico contribui, por omissão, para que um acidente ocorra, isso acarreta responsabilização do condomínio. Agora se ele toma todas as cautelas e, ainda assim, um incidente ocorre, não tem responsabilidade. O ideal é ter esse funcionário do condomínio fiscalizando, a pessoa não precisa ficar o tempo todo, mas pode dar uma olhada de vez em quando. Se o brinquedo estiver malconservado, o condomínio pode ser responsabilizado. Mas se estiver em bom estado e houver mau uso, isso afasta a responsabilização. Se ocorrer um acidente, quem responde é o condomínio. É o que se chama culpa in eligendo, porque se

entende que os condôminos elegeram mal o síndico. Nesse caso, o condomínio é responsabilizado civilmente e pode ter que arcar com danos materiais e morais.

Duros na queda Pesquisa elaborada pelo Datasus/ Ministério da Saúde, com dados de 2007, e apresentada na página da ONG Criança Segura, revela: anualmente, no Brasil, as quedas (mais de 53%) entre crianças menores de 15 anos são as principais causadoras de internações nas redes hospitalares cobertas pelo SUS. Em seguida vêm as lesões decorrentes de acidentes de trânsito ou acidentes que levam a queimaduras. Ainda segundo o relatório, os menores de 15 anos totalizam, no Brasil, cerca de 50 milhões de habitantes, ou seja, 28% do total da população. “A partir do pressuposto de que eles representam nosso amanhã, é importante, entre outros aspectos, a preservação de sua saúde e integridade física para que possam crescer livres de doenças e das sequelas resultantes de acidentes e violência”, diz um trecho do texto de apresentação.

Estatística dos tombos As quedas acidentais com menores de 15 anos são responsáveis por mais de 50% das internações (53,4%, em 2006, e 53,9%, em 2007), evidenciando que a situação verificada entre 2000 e 2005 praticamente não se alterou. O sexo masculino prepondera sobre o feminino (cerca de 70% de meninos e 30% de meninas). Quanto às idades, 5 a 9 e 10 a 14 são as de frequência mais elevada. Serviço ONG Criança Segura www.criancasegura.org.br Renove Brasil www.renovebrasil.com ou tel.: (21) 2437-0772 Vale Home www.valehome.com.br ou tel.: (21) 2493-2063 JUL_AGO_SET 2011

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Música no Trem do Corcovado Grupo Bom de Samba leva alegria para quem faz o trajeto de trem até o cristo redentor Cada lugar do Rio de Janeiro merece uma trilha sonora. Quem chega ao Rio pelo ar se lembra do “Samba do Avião”, de Tom Jobim; quem anda por Copacabana pensa na música de João de Barro, que deu origem ao apelido do bairro, Princesinha do Mar. E Quem corta a Floresta da Tijuca de trem para visitar o Cristo ouve o som do Música no Trem do Corcovado. O Música no Trem do Corcovado é um projeto composto por sete músicos de origem simples que formam o grupo Bom de Samba, todos residentes da Ladeira do Ascurra (situada ao longo da linha do trem da centenária Estrada de Ferro do Corcovado, no Cosme Velho). Com um repertório de samba, sambaenredo e pagode, apresentam-se diariamente nos vagões do trenzinho e já foram vistos por, pelo menos, 4 milhões de turistas desde 2003, entre eles diversas celebridades nacionais e internacionais, como Lenny Kravitz, Manuel Zelaya, Luciano Huck, o coreógrafo Carlinhos de Jesus, o jogador Emerson e a banda de rock Cachorro Grande.

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A novidade deste ano é o patrocínio da Klabin S.A. O projeto tem incentivo da Lei Rouanet. A Klabin e outros futuros apoiadores permitirão que o grupo compre novos instrumentos e uniformes e tenha remuneração fixa. Até o momento, os músicos dependiam exclusivamente da colaboração dos turistas. Antes de darem início ao atual projeto, Rafael (voz, banjo e cavaquinho), Júlio “Julinho” (voz e banjo), Delso “Bingo” (reco-reco e tam-tam), Gabriel “Buzunga” (percussão), Felipe “Tico” (pandeiro), Wellington “Miltinho” (tam-tam) e Marcos (banjo e cavaquinho) fizeram diversas participações, em todo o estado do Rio de Janeiro, com músicos e cantores de grande prestígio no samba e na música popular brasileira, como Belo, Neguinho

da Beija-Flor e Monarco. Nos Jogos PanAmericanos de 2007, os jovens animaram o vagão, que transportou a Tocha Olímpica até a estátua do Cristo Redentor. A popularidade desses moços veio mesmo a partir de 2003, quando o grupo foi convidado, no carnaval, para animar os vagões do Trem do Corcovado. Em razão do grande sucesso, os rapazes foram convidados a fazer shows diariamente nos vagões do trem, proporcionando muita alegria, diversão e integração. Serviço:

Música no Trem Corcovado com o grupo Bom de Samba Horário: diariamente, das 10h às 16h Realização: Delphos Produções


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condomínio por Renata Fernandes

Decoração sem traumas Bom senso é fundamental na hora de embelezar a portaria e outros espaços do condomínio Um morador de um prédio de oito andares localizado na Glória, que não quis se identificar, viveu uma situação inusitada no começo deste ano. Ao conferir a tinta comprada pelo síndico para a pintura da fachada principal – intervenção devidamente aprovada em assembleia –, veio o susto: ele havia escolhido a cor rosa choque! A notícia se espalhou e o pânico tomou conta dos moradores. Imagine só residir em um prédio apelidado de “chicletão”! A situação, que parece piada, ilustra bem a realidade de muitos edifícios em que a de-

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coração mal planejada de portarias e halls pode acabar gerando descontentamento em vez de render elogios. No caso do morador da Glória, a escolha malsucedida do síndico foi vista a tempo. Pressionado pelos condôminos, o gestor resolveu optar por um tom mais neutro: o creme. Quando o assunto é decoração de espaços comuns, o dissenso é costumeiro, afinal, as pessoas têm gostos bastante diferentes. Mas existem certas regras que podem minimizar esse risco. A designer de interiores Vera Carvalho Costha, membro


Para valorizar a espaçosa portaria do prédio do condomínio Santo Afonso, a síndica Anaiara Barbosa e a moradora Ana Maria Garro fizeram mudanças singelas, de baixíssimo custo, mas que agradaram a todos

da Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD), dá uma dica ótima: “É muito importante que o projeto tenha coerência com o perfil do edifício, a arquitetura e seu tipo de utilização. Prédios residenciais são diferentes dos comerciais, e o tipo de condômino também tem que ser avaliado”, acredita a especialista. Se o síndico não se sentir seguro, pode pedir ajuda de moradores que trabalhem com arquitetura ou decoração, eles estão qualificados para tal missão. Mas Vera alerta: “Funciona quando as pessoas têm a mesma preocupação, são imparciais e não querem impor seus gostos pessoais.” Para ajudar o síndico, a pessoa deve ter uma visão do padrão do edifício e dos condôminos e levar em conta uma votação entre todos os moradores do tipo da decoração que se quer fazer. “É importante considerar o valor que se tem em caixa para a realização desse tipo de intervenção estética”, reforça Vera, lembrando que, embora a comissão seja facultativa, não se pode abrir mão de um profissional dessa área para a execução do projeto.

A síndica Anaiara Barbosa, que comanda, há quatro meses, o Condomínio Santo Afonso, na Tijuca, sabe bem o significado da expressão “dar uma mãozinha” quando o assunto é decoração. Para valorizar a espaçosa portaria do prédio de sete andares administrado pela CIPA, ela recebeu a prestimosa ajuda da moradora Ana Maria Garro, que tem desenvoltura com design de interiores. As mudanças foram singelas, de baixíssimo custo, mas o resultado agradou a todos. “A estrutura da portaria, com mármores nas cores rosa e branca, já era bem bonita, mas precisávamos dar uma renovada. Na área próxima à escada, trocamos o espelho, colocamos uma mesinha linda com duas cadeiras de palhinha e incrementamos o aparador com toalha de crochê e um arranjo de vidro novo”, conta a síndica. Parece pouco, mas o efeito foi imediato: “Todo mundo elogiou. Além de valorizar o condomínio, proporcionamos mais conforto para as pessoas que esperavam o elevador, principalmente os idosos”, alegra-se Anaiara. JUL_AGO_SET 2011

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Sérgio Simões, diretor jurídico da Abami: “Antes de qualquer mudança, o síndico deve convocar a assembleia”

Faça a escolha certa Uma vez aprovada a intervenção na portaria em reunião de assembleia, é hora de começar a rabiscar o projeto. Se couber no orçamento, a contratação de um designer é recomendável. Não conhece ninguém do ramo? Não se aflija, você pode fazer uma pesquisa no site da ABD, www.abd.org.br, e encontrar um profissional no Rio de Janeiro que atenda a suas necessidades. Vera Carvalho Costha ensina: “Quanto ao material para piso, existem inúmeras opções. Porcelanatos, mármore ou granito estão em alta.” Ela afirma que os porcelanatos de cores claras, nude ou acinzentados proporcionam harmonia. Existem diferentes tipos de acabamento (polido, natural ou acetinado) e diversos tamanhos para esse material. Se houver intensa circulação de pessoas, deve-se optar por itens mais resistentes. A cor das paredes é outro fator importante. “Mesclar revestimentos e cores imprime modernidade e personalidade, mas a combinação de todos os elementos do espaço tem que ser bem estudada”, diz. A iluminação também é um ponto com o qual o síndico deve se preocupar. “Ela valoriza a decoração, mas, se mal-utilizada, pode surtir efeito contrário”, alerta. No quesito mobiliário, a tendência é de linhas e cores discretas. Com móveis menos rebuscados, crescem as 58

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chances de agradar um número maior de moradores. “É dificílimo satisfazer 100%, por isso, o síndico deve tomar cuidado para que a decoração fique neutra. O custo do mobiliário tem que ser coerente com o padrão dos moradores e da imagem que se quer passar aos visitantes, ao entrarem no ambiente”, pondera Vera Carvalho Costha. Se a intenção é escolher obras de arte, cuidado: o tiro pode sair pela culatra. “É comum o condomínio gastar muito dinheiro e a peça não agradar a todos”, diz a designer. Dica: fotos em preto e branco e telas de artistas não conhecidos podem compor lindamente e, o melhor, com custo bem mais reduzido. Espelhos ampliam espaços e substituem quadros, imprimindo sofisticação. No quesito iluminação, a designer recomenda criar forros de gesso com sancas e detalhes iluminados com lâmpadas fluorescentes amareladas com 3.000 k – que têm tonalidade semelhante à das incandescentes – para uma iluminação geral. “Nunca usar fluorescentes brancas. Em alguns pontos, podem ser instalados focos de luz para valorizar um objeto ou a passagem”, diz, lembrando que existem lâmpadas Led com o mesmo efeito das dicroicas, que, apesar de custarem mais, oferecem grande benefício por gastarem menos energia e terem alta durabilidade.


Dentro dos conformes

Hall da discórdia Em muitos condomínios, a preocupação com a decoração não fica restrita à portaria. Nos halls dos andares, é comum os moradores realizarem intervenções estéticas, como instalação de espelhos, quadros, portões, aparadores ou outros objetos. Mas nem sempre as mudanças são aceitas. Foi o caso da psicóloga Lúcia Antunes da Costa, atualmente moradora do Jardim Botânico. Ela conta a história: “Há mais ou menos oito anos, quando residia em um apartamento em Botafogo, dividia o hall com outros quatro vizinhos. Um dia, resolvi colocar um espelho na parede, lindo. Mas a empolgação durou pouco. Uma das vizinhas com a qual já tínhamos uma relação tensa, por conta das sucessivas reclamações em razão do barulho e do mau cheiro oriundo dos vários cachorros que ela criava, procurou o síndico alegando estar incomodada com a peça e solicitando sua retirada”, conta Lúcia, que foi obrigada a ceder. Embora o objeto não prejudicasse ninguém, juridicamente, ele não poderia estar ali. É o que esclarecem os especialistas em direito imobiliário. De acordo com o advogado e diretor jurídico da Associação Brasileira dos Advogados do Mercado Imobiliário (Abami), Sérgio Simões, os moradores não podem alterar partes comuns, mesmo que de uso privativo. “O assunto deve ser discutido em reunião de assembleia, que pode aprovar a modificação por quórum simples ou qualificado, dependendo da natureza da obra”, esclarece.

De acordo com o Departamento Jurídico do Secovi Rio, o síndico precisa ficar atento ao pensar em reformas. Qualquer intervenção estética na portaria deve ser comunicada em reunião, ainda que a pretensão seja fazer alterações mínimas. A lógica é simples: o condomínio é como se fosse a casa de todos. Portanto, mesmo pequenas modificações precisam ser aprovadas, sob o risco de o síndico ser responsabilizado civilmente. A natureza da obra também tem ser considerada. Se tiver como objetivo a conservação, basta que a maioria simples aprove, ou seja, 50% mais um dos presentes na reunião. Agora se o assunto passa pela questão estética, há que se

Entenda a natureza das obras Se as obras são voluptuárias, ou seja, para fins estéticos ou de recreação, dependem do voto de 2/3 dos condôminos. Como exemplos, podemos citar a implantação de churrasqueira ou a reforma do hall de entrada. Se as obras são úteis, ou seja, aumentam ou facilitam os serviços do condomínio, dependem de voto da maioria dos condôminos. A reforma da guarita e a implantação de piso antiderrapante, por exemplo, se enquadram nessa categoria. O Código Civil determina que obras urgentes (chamadas de "necessárias" no artigo 1.341) podem ser feitas sem a autorização de assembleia. Se uma obra urgente envolver grande despesa, a assembleia deve ser imediatamente convocada e comunicada.

analisar com cautela. Quando os elementos a serem adquiridos não representam custo vultoso, pode-se classificar a obra como útil: requer aprovação da maioria absoluta, 50% mais um de todos os moradores. Porém, se o síndico quiser aprovar o gasto com peças de decoração caras, a intervenção ficaria caracterizada como voluptuária – nesse caso, um número maior de condôminos deve dar o aval: 2/3 entre todos. Caso a modificação desagrade aos moradores, um deles (ou mais) pode convocar uma reunião para deliberar sobre o tema. Nesse caso, o solicitante deve recolher 1/4 das assinaturas de todos os condôminos e levá-las ao síndico.

Como evitar problemas Observe as votações mínimas previstas por lei. Exija sempre que a empresa contratada tenha seguro contra acidentes e seguro de vida para os funcionários alocados na obra. Ao contratar, verifique se a empresa tem porte e condições necessárias para concluir a obra, sem abandoná-la pela metade, o que, infelizmente, não é incomum. Serviço Associação Brasileira de Designers de Interiores tel.: (11) 3035-4890 ou http://www.abd.org.br/

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ecodicas

por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Vegetarianismo – uma opção pelo coração bo, a Infraero e a Receita Federal. Ele ministra, regularmente, cursos de meditação raja yoga e qualidade de vida em diversos espaços culturais da cidade, como a Organização Brahma Kumaris, sempre abordando a aprendizagem do pensamento positivo, a administração do tempo, a conquista da autoestima e a vitória sobre o estresse. Ficam como sugestão para as famosas churrasqueiras dos condomínios os assados de cebola, alho, batata, queijo e pimentão (os vermelhos tornam-se iguarias). Uma boa ideia também é promover conversas, palestras de médicos e nutricionistas para a troca de experiências e aquisição de novos conhecimentos. Naturalmente, recomendamos que os momentos sejam sempre acompanhados de petiscos gostosos e saudáveis.

Muita gente duvida que é possível viver bem sem comer carne. Posso dizer que quem é vegetariana, como eu, vive muito bem e alegre por não contribuir para a matança de animais nem para o desmatamento das florestas que se tornam pastos para os animais de corte. Uma síntese vegetariana é que podemos comer aquilo que não foge da gente

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para ser consumido. Mas muitas pessoas também precisam de dados científicos que comprovem a ideia, como se não bastasse o respeito à vida dos animais. Por isso fomos conversar com o cardiologista Ricardo Dreux, também formado em ciências biológicas, que, além do trabalho em consultório e hospitais públicos, tem promovido workshops em empresas como a Rede Glo-

Condomínio etc. – O tema da alimentação vegetariana é polêmico. Como pode orientar nossos leitores a respeito do assunto? Ricardo Dreux - Muito tem sido falado sobre uma alimentação destituída de qualquer tipo de carne como sendo benéfica para a saúde dos seres humanos. Por outro lado, o tema tem provocado polêmica e discussão, pessoas a favor e outras contra. Mais recentemente, tal assunto ganhou destaque nos meios de comunicação e na comunidade científica em razão do fato


de que muitos especialistas nas áreas da cardiologia e da oncologia têm orientado seus pacientes a reduzirem a ingestão de carne vermelha e aumentarem o consumo de frutas, verduras e legumes. Na área da cardiologia, os defensores de tal prática afirmam que pessoas em tratamento para hipertensão arterial e doenças isquêmicas do músculo cardíaco se beneficiariam de uma dieta com menor teor de gordura, menos sal e uma quantidade menor de carne, que contém toxinas responsáveis pela liberação e produção de radicais livres, lesivos às células dos seres humanos. Cetc. - O vegetarianismo garante níveis benéficos de colesterol? RD - Existem fortes evidências de que os vegetarianos são menos propensos a obesidade, constipação intestinal, câncer de pulmão e alcoolismo. Ainda há indícios a favor de um risco menor de doença da artéria coronária, diabetes tipo II e cálculos biliares. E, também, algumas indicações para uma incidência menor de câncer de mama, doença diverticular do cólon, câncer de cólon, cálculos renais, osteoporose e cáries. O colesterol não é encontrado no reino vegetal. Sua fonte é de origem animal. Na dieta vegetariana, isenta de alimentos de origem animal, não há colesterol, portanto, há maior chance de o colesterol ficar em níveis adequados. Ainda assim haverá o colesterol produzido pelo corpo como resultado do metabolismo. Cetc. - Qual a relação entre alimentação e saúde? RD - Os hábitos alimentares dos seres humanos contribuem muito para o surgimento da

maioria das principais causas de morte nos países desenvolvidos. Na área da oncologia, os benefícios do consumo de frutas, verduras e legumes se dariam pelo aumento das defesas imunológicas através de vitaminas e minerais contidos nesses alimentos. As pesquisas científicas nessa área não param, somando-se a evidências que corroboram com a máxima de que não há justificativa para que mantenhamos um padrão de alimentação em que a carne é vista como indispensável para a manutenção da saúde e do desenvolvimento do organismo. Pelo contrário, os malefícios de tal alimentação superam em muito os possíveis benefícios defendidos por aqueles que veem na carne um alimento nutritivo, saboroso e energizante. Existem fortes indícios de que hábitos alimentares podem influenciar a incidência e a severidade de muitas doenças potencialmente fatais e incapacitantes. Não há nenhuma justificativa que suporte a ideia de que a modificação na dieta seja desnecessária. Surge a questão de como fazer, se é exequível e o que é necessário para efetuar tal mudança. Cetc. - O que sugere para as pessoas que querem mudar de hábitos alimentares, deixando de consumir carne? RD - Hábitos alimentares fortemente arraigados quando questionados geram reações fortes, portanto, precisamos de argumentos que sustentem tais questionamentos. Uma primeira orientação para uma pessoa que deseja se tornar vegetariana é que procure obter o máximo de informação com relação a essa dieta alimentar e que conheça todas as opções existentes para preparar um cardápio

variado. Essa falta de informação leva as pessoas a pensarem em uma alimentação monótona, sem sabor, repetitiva e sem opções. O lactovegetariano alimenta-se de tudo que tem sua origem na terra (raízes, tubérculos, folhas, flores, caules, legumes, frutas, cereais, leguminosas, sementes), além do mel, do leite e de seus derivados. Como se vê, a variedade é enorme, e as possíveis combinações desses alimentos, praticamente infinitas nas mais variadas apresentações. Conhecimento e criatividade no preparo da comida estão longe da tradicional imagem de quem só come tomate e alface crus. Com tanta variedade no reino vegetal, é perfeitamente possível e viável excluirmos de nosso cardápio todas as carnes, ou seja, aves, peixes, bovinos, suínos, caprinos, répteis etc. e ovos. Cetc. - E o que faz a pessoa querer mudar? RD - Buscar uma alimentação mais saudável é dever de todos nós. Como seres espirituais em essência, o cuidado com o corpo é fundamental, pois é através dele que desempenhamos nossas ações e vivemos uma vida que tem tudo para ser plena, cheia de paz, amor, felicidade e pureza. A alimentação lactovegetariana preenche esses anseios porque traz de volta o equilíbrio entre a mente e o corpo. As pesquisas científicas mais recentes demonstram, de forma cada vez mais veemente, essa relação entre alimentação e saúde. Cetc. - Qual o sentido simbólico do alimento? RD - Comemos para garantir os mais variados nutrientes a essa maravilhosa máquina que é o corpo humano. O alimento

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também representa, para nós, algo mais que uma simples fonte de energia, é uma fonte de prazer muito grande – pratos benfeitos e bonitos fazem surgir em nossas mentes um sem-número de desejos. A comida também serve, em muitas situações, como uma válvula de escape para angústias e tensões, uma forma de desviar a atenção de situações desagradáveis com que temos que lidar durante o dia. Tal uso da alimentação fez com que ela perdesse, através dos séculos, seu cunho básico de mantenedora da vida e assumisse um lugar importante em nossa psique, no campo das emoções e do imaginário. Isso fez com que fôssemos incorporando hábitos alimentares desnecessários e nocivos a nossa saúde, não mais baseados nos princípios de um corpo saudável, mas ditados por uma mente doente à procura de saciar desejos de gula, ganância, luxúria e avareza. Cetc. - E o coração, como fica, doutor? RD - É no aparelho cardiovascular que tais desvios alimentares produzem os efeitos mais devastadores, levando à morte milhões de pessoas em todo o mundo. A dieta exerce papel fundamental na determinação do aparecimento e do aumento no risco de doença cardiovascular. Sabe-se extensivamente, através de inúmeros estudos, que uma dieta rica em gordura faz aumentar os níveis sanguíneos de colesterol, e isso se torna fator de risco para o desenvolvimento de doenças obstrutivas das artérias coronárias, as chamadas síndromes isquêmicas (angina e infarto do miocárdio). A mortalidade por doença cardíaca isquêmica foi significativamente menor nos vegetarianos que nos não vegetarianos, em um trabalho feito na Grã-Bretanha

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com 10.896 pessoas. A diferença foi especialmente marcante entre os homens. Em um subgrupo de 300 sujeitos, o colesterol sérico e o índice de massa corporal foram menores nos vegetarianos que nos não vegetarianos. O vegetarianismo parece conferir alguma proteção contra a doença cardíaca isquêmica. Cetc. - A mudança alimentar pode trazer benefícios para a vivência espiritual do indivíduo? RD - Quando observamos um animal, seja ele invertebrado, como os insetos, ou vertebrado, como os animais domésticos, de imediato podemos traçar certas características que, mantidas as devidas proporções, se assemelham em muito aos seres humanos. As emoções, os sentimentos e até os desejos são pontos em comum entre os animais. Ao observarmos um cachorro, percebemos que ele é capaz de reconhecer seu dono, aproximar-se para receber carinho, fugir de alguma ameaça, sentir dor. Naquele corpo há uma entidade viva, uma consciência que está tendo todas as

experiências. Não podemos negar tal fato com base nessas observações. No animal, há a manifestação do ser que está além dos limites do corpo. Ele é uma entidade metafísica na forma de energia concentrada, como um ponto de luz radiante. Chamamos tal energia de alma. Pelo tempo que aquele corpo existir, a alma receberá, através dos órgãos dos sentidos, inúmeros estímulos que serão processados para responder às exigências do meio em que vive. Essa breve explicação sobre a interação corpo e alma serve para explicar o principal fundamento da dieta vegetariana, que é a não violência. Esse princípio nos acorda para o fato de que, ao comermos o corpo de um animal, antes houve uma grande violência. Quando aquele animal foi morto, nós, direta ou indiretamente, obrigamos a alma dele a sair daquele corpo. A morte daquele ser foi precipitada para satisfazer um desejo dos seres humanos. Associado a isso existe o fato de essa morte ser acompanhada de grande sofrimento. O animal antes de ser abatido nos grandes frigoríficos passa por um processo interno de reação diante da morte iminente, em que libera inúmeras substâncias químicas na corrente sanguínea (adrenalina, por exemplo) como resposta ao estresse. Não é preciso ir muito longe na argumentação para ver que uma dieta baseada nessa prática é nociva para nossa saúde física e mental. Cetc. - Como a questão pode ser tratada nos condomínios? RD - O melhor é informar os condôminos sobre os benefícios que a dieta vegetariana traz para a saúde, seja na forma de informativos ou workshops sobre o tema. Isso poderá despertar o interesse e a troca de informações.


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integração por Renata Fernandes

Atividades para a terceira idade em condomínios Fazer atividades recreativas e esportivas dentro do próprio condomínio pode garantir a integração entre os vizinhos, além do conforto de apenas ter que descer de elevador. Mas para a terceira idade o benefício é ainda maior. O condomínio Portal da Barra, na Barra da Tijuca, é um exemplo de como esse tipo de ação pode mudar a vida dos moradores de melhor idade. Por lá há uma sala especialmente reservada para eles, onde ocorrem aulas de tapeçaria, artesanato, bingo e jogos de cartas. Todo dia tem alguma coisa para fazer. Há cerca de seis anos, Claudete Marquese é a professora de tapeçaria dessa turma, que começou com quase 25 alunas e hoje está com dez integrantes, com ida-

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des entre 60 e 90 anos. O número variou com o tempo porque algumas participantes acabaram se mudando e deixaram de frequentar as aulas. Mas a turma não se desfez. “Fui convidada por uma moradora para dar aulas de tapeçaria para o grupo. Virou uma espécie de clube da terceira idade, uma sociedade. É uma atividade de integração muita boa”, conta. Claudete tem razão. Afinal, as alunas não descem apenas para aprender as técnicas da tapeçaria – muitas já sabem todos os pontos possíveis para a confecção de um tapete mas continuam indo aos encontros, que se tornaram um momento para se reunirem, praticarem artesanato e conversarem sobre a vida. No fim da aula,

há um lanche. Cada aluna leva uma comida diferente, quitutes feitos e comprados especialmente para a ocasião, e a sala conta com todo o aparato para que o cafezinho seja feito na hora. Para Claudete, a atividade acabou se tornando terapêutica, principalmente para as idosas com problema de locomoção, que não faziam nada antes da criação da “salinha” (apelido que a turma deu para o espaço destinado à terceira idade). “É muito bom. Já teve caso de pessoas deprimidas que deixaram o medicamento porque passaram a praticar atividades. Afinal, há senhoras que nem podem buscar nada fora do condomínio”, garante. É por esse motivo que o espaço é cuidado com zelo pelas


próprias moradoras, como se fosse uma extensão de suas casas. Elas chegaram a comprar flores para decorar o local e uma delas levou uma televisão, para que continuem acompanhando os capítulos da novela durante os jogos de cartas. Zenaide Ferreira, de 84 anos, é aluna de tapeçaria e uma das frequentadoras mais assíduas do espaço, não falta a um jogo de cartas e está sempre presente nos bingos. Para ela, a criação da salinha mudou a vida de muitas moradoras “mais experientes” do condomínio. “Criou uma amizade entre as pessoas. Foi uma forma de a gente conhecer nossos vizinhos. Quem não participa, por exemplo, a gente nem sabe quem é”, opina. Além de reforçar a amizade entre as moradoras e proporcionar um passatempo prazeroso, as atividades destinadas à terceira idade ainda têm a vantagem de trabalhar itens como memória e raciocínio. “Não tenho como provar que as aulas e tudo o que elas organizam aqui ajudam, mas estão todas muito bem e lúcidas. De certa forma, é um modo de não deixar os neurônios ‘dormindo’”, atesta a professora. Allan Coutinho, da empresa Excellence, especializada em promover atividades esportivas e recreativas dentro de clubes e condomínios, concorda. Ele trabalha com aulas de alongamento e dança de salão para a terceira idade, além de promover passeios em parques, clubes e lugares turísticos. “Acho que os maiores benefícios para quem faz são saúde e integração entre os moradores. Além disso, pode ser o único contato que os condôminos têm com seus vizinhos. Com a correria do dia a dia, muitas vezes, não temos tempo de conhecer quem vive a nosso lado”, afirma Coutinho. Para participar, o interessado precisa apresentar um atestado médico, alegando que está apto a realizar uma atividade física. Afinal, para aproveitar sem preocupações é essencial o aval do médico, mesmo quando o passeio exige apenas uma caminhada leve. Coutinho explica, porém, que os professores são especialmente treinados para atender turmas de diversos níveis. No caso da terceira idade, se a preferência for pelos exercícios, o condômino não precisa ser um atleta para começar a praticar. É só respeitar o condicionamento físico de cada um.

As atividades são desenvolvidas também de acordo com o gosto e as necessidades dos moradores. Antes de atuar no local, a empresa faz uma pesquisa com todos os apartamentos. É uma forma de os moradores escolherem o que gostariam de praticar. Só depois desse primeiro contato são elaboradas as opções. A escola de dança de salão Cláudio Affonso Cia. de Dança trabalha de forma parecida, por meio do desenvolvimento de atividades dentro de empresas e condomínios. Há 15 anos, promove aulas especializadas para a terceira idade, estimulando a prática de exercícios de maneira prazerosa e lúdica. A lista de benefícios é enorme. “Além de estimular a integração, a atividade física é sempre saudável. Quanto mais alongada a pessoa, por exemplo, menos possibilidade ela tem de sofrer lesões. Além disso, a dança trabalha o equilíbrio de forma muito satisfatória, ensina a conviver com o outro, com as limitações de cada um, e ainda ativa o raciocínio, já que é preciso decorar os passos”, afirma. As aulas são bastante dinâmicas. Os alunos praticam exercícios com música e brincadeiras com bolas. Tudo focado na dança. Dessa forma, vão aprendendo os passos de samba, forró, tango, salsa... E o melhor é que não há limite de idade. “Nossa faixa etária é acima dos 60 anos. A grande maioria é de mulheres. Estimulamos os homens também a participar, mas as mulheres são mais ligadas à dança”, afirma Affonso. Por isso, os profissionais já estão acostumados a criar alternativas para que a falta de par não atrapalhe a aula. “Temos dinâmicas para que os alunos possam treinar os passos sozinhos. O professor também dança com as alunas e, se a turma for muito grande, há ainda assistentes”, conta. A única recomendação é que a pessoa procure orientação médica antes de iniciar a prática. “Se o médico não recomendou, o exercício não deve ser feito. Mas, em geral, é exatamente o oposto. Há, normalmente, a indicação de algum exercício. Cada um deve fazer apenas de acordo com suas limitações, e os professores são treinados para dar esse tipo de orientação”, conta. Além de todos os benefícios para o corpo, Affonso ressalta a amizade que JUL_AGO_SET 2011

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Os idosos são o futuro do Brasil O Brasil está envelhecendo, e a cada dia aumenta o número de cidadãos preocupados com a saúde física, mental e cultural do idoso surge entre os integrantes da turma. Para reforçar essa relação, todos os meses, os alunos fazem uma festa para os aniversariantes daquele período. Uma vez por mês, há também um baile, no qual todos dançam e se divertem e ainda combinam saídas esporádicas para salões de dança pela cidade. “Acaba formando um grupo grande, em que todos ficam amigos. São indiscutíveis os benefícios que a prática da dança pode trazer, principalmente, para as pessoas de terceira idade”, afirma. Os síndicos podem ajudar, estimulando essas reuniões e reservando um espaço no condomínio para que elas ocorram. No Portal da Barra, por exemplo, a sala destinada para os idosos, uma iniciativa aprovada pelo conselho consultivo do condomínio, já existia quando o síndico atual, Tupasin Medeiros, assumiu. Mas ele faz questão de incentivar os encontros e manter vivas as práticas desenvolvidas no local. “As pessoas fazem tantas atividades diariamente, e dentro de seu prédio há um espaço onde podem trocar experiência e aprender coisas novas. O aprendizado não tem idade. Acho iniciativas como essa muito importantes”, opina. Os moradores concordam com ele e agradecem.

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O Brasil está envelhecendo. A cada dia, aumenta o número de cidadãos preocupados com a saúde física, mental e cultural do idoso, que reivindicam mais espaço na sociedade para essa faixa etária. Por outro lado, as transformações advindas do avanço tecnológico trouxeram uma expectativa de vida superior àquela esperada por muitos. Desse modo, cada vez mais, os idosos passam a somar uma porcentagem ainda maior, representando uma parcela significativa da população que necessita manter seu espaço. A população assiste a essas transformações, porém, as autoridades não se preocupam com a defesa e o bem-estar das pessoas com mais idade. Surgem legislações que buscam modificar a base da sociedade e, entre estas, o Estatuto do Idoso, resultado das mudanças históricas, políticas e sociais que o Brasil vem atravessando e que exalta as conquistas almejadas e, por muitos, esquecidas. É necessário ter em mente que devemos possuir a capacidade de integrar essa camada da sociedade, ou seja, o idoso, ao sistema social, não só valorizando a conquista de direitos e, sim, elaborando mecanismos de controle que garantam sua aplicação. O processo de envelhecimento ocorre de maneira diferente para cada pessoa, pois depende de fatores como ritmo e época da vida, não se caracterizando como um período só de perdas e limitações, e, sim, um estado de espírito decorrente da maneira como a sociedade e o próprio indivíduo concebem essa etapa da vida. Leia mais em www.portalterceiraidade.org.br por Lionete Lima (advogada e consultora de direitos da terceira idade)


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Entrevista

por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Noca da Portela

o comendador do samba Noca da Portela acaba de lançar o CD Cor da minha raça, que registra o encontro com outro grande nome do samba – Rildo Hora. O resultado é um trabalho muito alegre como ele. O disco, com o selo do Instituto Cultural Cravo Alvin, tem na abertura “Ilumina”, já gravada por Maria Bethânia; “Mil réis”, um samba romântico feito em parceria com Candeia e gravado por ele e Marquinho Sathan; e, seguindo um caminho de diversidade, chega à sexta faixa com “Peregrino”, sucesso na voz de Paulinho da Viola. Segundo o amigo e produtor Rafael Massoto, “o disco mostra um Noca muito bem vestido pelos arranjos do Rildo. Um Noca porta-voz de si e de seus parceiros Toninho Nascimento, Tranka, Mauro Duarte, Riko Dorileo e Darcy Maravilha, que fecha o disco com a faixa ‘Anjo da guarda’. Esse é o Noca que, com a cor da sua raça, abraça seus parceiros e o povo brasileiro.” Nascido no dia 12 de dezembro de 1932, em Leopoldina, Minas Gerais, mas carioca desde os cinco anos, Osvaldo Alves Pereira, o Noca da Portela, que também adora a Mangueira, começou a tocar violão cedo com o pai, Ernesto Domingos de Araújo, professor do instrumento. Aos 14 anos, compôs “O Grito do Ipiranga”, samba-enredo da Escola de Samba Irmãos Unidos do Catete, que lhe rendeu a primeira nota dez, tendo permanecido

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na ala dos compositores dessa escola durante três anos. Em 1958, atuou, ao lado de uma irmã e um irmão, no Trio Tropical – juntos, viajaram por Minas Gerais, Pernambuco e Bahia. Nessa mesma época, participou da fundação da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, de São Cristóvão, para a qual compôs diversos sambas-enredo vencedores, e no bairro também conheceu sua esposa, Conceição, musa de diversas músicas românticas, como ele próprio faz questão de ressaltar.

Noca compôs sambas para diversos blocos e escolas de samba (como o “Simpatia é quase amor”, “Barbas” e o “Cacique de Ramos”) antes de ingressar na ala de compositores e no Trio ABC da Portela, em 1967, levado por Paulinho da Viola, que conhecera em uma festa na Igreja da Penha. Paulinho também o convidou para atuar como violonista no show Carnaval para principiantes, no Teatro Opinião. Nesse mesmo ano, o Trio inscreveu duas composições no II Concurso de Música de Carnaval: “Portela querida” (em parceria com Picolino e Colombo e defendida por Elza Soares, que a gravou na Odeon) e “É bom assim”, cantada por Gasolina. Em 1969, classificou-se em primeiro lugar no Concurso de Carnaval do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com “Chorei, sofri, penei” (em parceria com Picolino). Em 1976, compôs, com Colombo e Edir, “O homem do Tacoval”, primeiro samba que venceu na Portela. Sucessos não faltam na carreira de Noca: os sambas-enredo da Portela campeã de 1985, “Recordar é viver” (em parceria com Edir, J. Rocha e Poli), e de 1998, “Os olhos da noite” (com Colombo, J. Rocha, Darcy Maravilha e Celino Dias), assim como “Capital do samba”, “Isto tem que acabar” (com Mauro Duarte), “Aos pés do altar” (com Nélson Gonçalves),


“Festa no arraiá” (com Jackson do Pandeiro), “Nem a lua” (com Martinho da Vila), “É preciso muito amor” (em parceria com Tião de Miracema; essa música ganhou o mundo em uma versão em francês de Paul Mauriat), “Caciqueando”, “Nossas senhoras meninas” (com Toninho Nascimento) e “Minha missão” (com Adauto Megalha). Em 1995, voltou a ganhar a disputa do samba-enredo da Portela com “Gosto que me enrosco” (com Colombo e Gelson). Noca tem músicas gravadas por Nara Leão, Eliana Pittman, Paulinho da Viola (“Peregrino”, em parceria com Toninho Nascimento), MPB-4 (“Condição”), Alcione (“Vendaval da vida”, em parceria com Délcio Carvalho), Maria Bethânia e outros grandes nomes da MPB, totalizando 360 composições. Vale destacar “Virada” (em parceria com Gilper e gravado por Beth Carvalho), que se tornou um símbolo da luta pela democratização do país. Ex-militante do PCB, ex-feirante, ex-diretor musical da gravadora RCA Victor, o Comendador do Samba estudou violão e teoria musical na Ordem dos

Músicos do Rio de Janeiro. Em 2004, apresentou um programa de samba na Rádio Viva Rio, no Rio de Janeiro, e, dois anos depois, assumiu a Secretaria de Estado de Cultura, tendo como um de seus assessores o parceiro e também músico Riko Dorileo. Em 2006, recebeu do ex-presidente Lula a Comenda do Barão do Rio Branco e, em 2009, a Ordem do Mérito Cultural. Ele continua compondo para a Portela, apresentandose com a Velha Guarda da escola e seu filho, Noquinha da Caprichosos, segue os passos do pai como compositor de sucesso. Filho de peixe... Vamos a ele: Noca da Portela. Cetc. – Noca, fale sobre o disco recémlançado, Cor da minha raça. Noca da Portela – Está maravilhoso e muito elogiado aqui e no exterior. Rildo Hora diz que esse é um dos melhores discos que já fez. Quero me dedicar a esse trabalho que também é o melhor que fiz na vida. Vou aproveitar o momento de escassez de boa música – o disco tem melodia apurada, poesia e letras inteligentes. Gosto muito da faixa “Eterno

presidente”, um samba em homenagem ao Lula. Vamos viajar durante dois anos para fazer o lançamento por todo o Brasil. Cetc. – O que representa a Portela na sua vida? NP – Um pedaço de minha vida, minha segunda família. Minha mulher tem até ciúme – quando ela pergunta ou eu ou ela, eu digo as duas. Nosso eterno presidente, com quem ganhamos 19 campeonatos, Sr. Natal, um dos fundadores da escola, foi quem me batizou. Noca é um apelido que tenho desde o nascimento. Um ano depois de integrar a escola fiz “Portela querida”, gravada por Elza Soares, que fez sucesso e rendeu tanto dinheiro que nem sabia contar. Cetc. – E Paulinho da Viola, esse príncipe de nosso samba? NP – Além de ser meu ídolo, foi Paulinho quem me indicou o caminho da Portela. Cetc. – Quais suas influências musicais? NP – A influência maior é de minha casa. Meu pai era compositor e professor de violão. A primeira coisa que nós,

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que ele não deu sorte porque nunca conseguiu gravar nada nem como compositor nem como cantor. Ele achava que eu também não ia conseguir – queria que eu fosse aviador. Gravei a primeira música aos 22 anos, “Marlene, meu bem”, um samba dedicado à cantora e a Emilinha Borba, então rainhas do rádio. Concluído o ensino médio, segui “a escola da vida”: fui tipógrafo e feirante. Eu me alimento da minha poesia. Ela é tudo para mim. Minha profissão é compositor: faço letra e música, graças a Deus. Hoje tenho 55 anos de samba.

mineiros, fizemos ao chegar ao Rio foi aprender a fazer samba. E aprendemos rapidinho porque vínhamos do calango. Além disso, desde menino, escuto boa música – óperas, Bach, Villa-Lobos... Cetc. – Seu pai não o incentivou a seguir a carreira de músico. Como foi viver esse conflito entre o desejo de fazer música e a falta de estímulo da família? NP – Foi terrível. Aprendi violão por conta própria, lendo os dedos de meu pai quando tocava. Na ausência dele, pegava o violão e exercitava. Um dia veio o flagrante – levei uma surra de correia. Nasci com o dom de compor. Imagine um garoto de 14 anos fazendo um samba-enredo numa época quando era obrigatório falar do Brasil? E ainda tirei nota dez! Então, o pessoal da escola foi lá em casa para pedir que meu pai me incentivasse para a música... Acontece

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Cetc. – Seu filho, Noquinha da Caprichosos, segue seus passos como compositor de sucesso. O que aconselha a quem quer seguir a carreira? NP – Noquinha foi campeão de samba na Caprichosos em 1995 e campeão, em parceria comigo, na Portela em 2005. Tenho uma neta que é porta-bandeira e um neto que está no grupo DNA do Samba, formado por descendentes de sambistas. Sempre aconselho que levem a sério a carreira como levei a minha. A música é um dom, mas temos que ter responsabilidade, estudar bastante, ler muito, saber bem a língua portuguesa porque a gente não pode escrever mal, fazer boi com abóbora, de má qualidade, sem melodia, sem letra, criando coisas que são tocadas, mas que viram chuva passageira. O povo sabe o que é bom. Temos que gostar muito do trabalho e caprichar. Aprendi com Cartola a ter cuidado para chegar a uma letra benfeita, à melodia apurada. Ele foi um exemplo para mim e para muitos outros. O importante é o que

vai ficar. Como Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho. Luiz Gonzaga, Noel Rosa, Ary Barroso, Ataulfo Alves. Eles estão vivos, o que morre é o corpo. O que é bom é imortal. Cetc. – Como anda a formação musical nas escolas e faculdades? NP – Em minha época, nos anos 1970/80, fazíamos recitais nas faculdades – eu, Candeia, Cartola, Nelson Cavaquinho e Paulinho da Viola dávamos aula sobre a história do samba nas faculdades e nos colégios. Infelizmente, hoje não se faz mais isso. Hoje é só funk... Cetc. – É possível viver de música no Brasil? NP – Não posso me queixar porque tenho 360 músicas gravadas e mais de 500 inéditas. Tudo que conquistei foi com meus sambas – a primeira casa, o primeiro telefone, o primeiro carro. Sobrevivo de direitos autorais e dos muitos shows que faço e farei. Como já disse, com Cor da minha raça faremos muitos shows pelo Brasil. Cetc. – São muitos seus sambas-enredos vencedores... NP – Na década de 1950, participei da fundação da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, do bairro de São Cristóvão, para a qual compus diversos sambas-enredo vencedores em concursos da escola, entre os quais “Apoteose da Academia Militar de Agulhas Negras”, “Os imortais da MPB”, gravado por mim mesmo na RCA Victor, “Rio, carnaval e batucada” e “Vida e obra de Cecília Meireles” (com Poliba, gravado por Jamelão, na Continental). Na Portela,


Ilumina, Noca, ilumina Este CD do meu querido Noca da Portela não é apenas delicioso de ouvir. É prova de que ele se insere na restrita galeria de notáveis da MPB, independentemente de rótulos que, por vezes, assinalam apenas preconceitos e confinamentos. As 12 músicas do álbum são refinadamente produzidas pela maestria de Rildo Hora (outro gênio) e fluem como pequenas flores auditivas que desabrocham e se entregam docemente ao ouvinte. Do antológico “Ilumina” (gravado por Bethânia, há dez anos) ao irresistível “Mil réis” (registrado por Candeia, há 15), Noca exibe forma invejável ao perfilar ainda outras pepitas mais antigas, como “Alegria continua” e “Peregrino”, imortalizadas, respectivamente, pelo MPB-4, há 30 anos, e Paulinho da Viola, há dez. Além de contemplar o ouvinte com vibrante safra mais recente ao lado de Toninho Nascimento ou Rico Doriléo. Em todas as faixas deste disco – a que o Instituto Cravo Albin tem a honra de dar seu “apoio cultural” – perpassa a cuidadosa trama melódico-harmônica do compositor, sempre a serviço de belas letras infladas por ideais de solidariedade, de apreço pelas fontes, de reverência a um Brasil verdadeiro. Ilumina, Noca, ilumina... Ricardo Cravo Albin Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin

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Cetc. – Dilson Santana, sambista e ascensorista do Centro Cultural do Banco do Brasil, pede que você compare os sambistas de ontem com os de hoje. NP – Os de ontem foram professores, como a Velha Guarda da Portela, Cartola, Lupicínio Rodrigues, Ataulfo Alves. Hoje há poucos sambistas como Arlindo Cruz e Diogo Nogueira. O fato de não ter mais samba nas escolas e nas faculdades enfraquece o samba. Infelizmente, hoje as escolas de samba colocam até funk nas quadras. O funk é muito mais fácil porque não precisa de letra, de musicalidade... O samba dá trabalho.

disputei 12 e ganhei seis vezes, depois fiquei dez anos sem fazer samba porque briguei com o presidente da época. Cetc. – Em São Cristóvão, conheceu Conceição, sua esposa e musa inspiradora. O que estimula mais o poeta, a felicidade no amor ou a decepção, o abandono, o amor infeliz? NP – A música faz a gente sorrir e sonhar. O samba é um mensageiro da alegria e da dor. A liberdade de amar é uma das coisas mais lindas do mundo. O samba diz tudo. Através do samba, consegui conhecer meu país e fiz grandes amizades. Cetc. – Você, que já foi diretor musical da gravadora RCA Victor, como vê a situação do jabá (pagamento das gravadoras às rádios) no país?

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NP – É a pior coisa de nossa musicalidade – o jabá impõe músicas que você é obrigado a escutar. Quando dirigia a RCA, eu era impotente. O jabá continua acontecendo – é o capitalismo. Nossas riquezas são o petróleo, os minerais e os direitos autorais. Se houvesse educação musical no Brasil esse tal de jabá ia dançar. Cetc. – O que era a Casa de Noca? NP – Era uma casa noturna no Baixo Gávea, um espaço que abri para os companheiros trabalharem e que durou três ou quatro anos. Infelizmente, o incentivo à cultura sempre foi negado, e para o samba é ainda mais difícil – só querem saber dele na Sapucaí. Mas hoje está sendo construída a Casa do Samba, na Praça da República, um local que receberá sambistas de todo o Brasil.

Cetc. – Fale sobre sua atuação política – da militância no PCB à atuação como secretário de Estado de Cultura. NP – Meu pai também era do Partidão e eu sempre tive posicionamento político. Na época da ditadura, cedi, sem nenhum ônus, minha música “Virada” para a campanha das Diretas Já. “Vamos lá rapaziada, tá na hora da virada, vamos dar o troco” foi cantado por um milhão de pessoas no comício da Candelária. Fui amigo de Prestes, de Ulisses, de Tancredo; cantei a volta da democracia, a livre expressão da imprensa, a defesa da natureza. Na Secretaria de Cultura, em dez meses, acabei as obras do Museu da Imagem e do Som, do Museu do Futebol e do Imperator; fiz obras em teatros, resgatei o samba de terreiro que esquenta os ensaios. Infelizmente, a política virou um negócio esquisito para as pessoas tirarem vantagens. A música pode mudar uma nação, manda a tristeza passear, levanta o astral, pode ajudar a conseguir um grande amor, faz bem ao corpo e à alma. Gostaria de fazer um álbum com meus sambas de humor, tenho muitos.


jurisprudências

0118664-75.2006.8.19.0001 (2008.001.64466) - APELAÇÃO 1ª Ementa - DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 29/9/2009 PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL PIZZARIA - REGRAS DE FUNCIONAMENTO - CONDOMÍNIO MISTO: RESIDENCIAL E COMERCIAL - C. CIVIL DE 2002 CONVENÇÃO CONDOMINIAL PREVALÊNCIA Ação de obrigação de fazer e não fazer. Condomínio misto, comercial e residencial. Pretensão de compelir a empresa ré, pizzaria, locatária de loja situada na lateral do condomínio autor, a retirar mesas, cadeiras e guarda-sóis da área que não esteja diretamente à frente de seu comércio; a cumprir o horário de fechamento do portão, às 22 horas; a se abster de instalar qualquer equipamento em área comum do edifício e a manter regularizado o sistema de segurança contra incêndio e pânico. Pedido contraposto da ré no sentido de ser autorizada a funcionar até 1 hora, bem como indenização por perdas e danos. Tratando-se de condomínio edilício, devem ser observadas as regras da convenção do condomínio e do regulamento interno do edifício. Código Civil, artigos 1.333 e 1.334. A lei municipal que estabelece as regras gerais sobre o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais não prepondera sobre as regras do Código Civil e da convenção do condomínio. Reforma da sentença. Provimento da apelação e desprovimento do recurso adesivo. Ementário: 1/2010 - N. 15 - 07/01/2010.

0003180-83.2006.8.19.0042 (2009.001.48505) - APELAÇÃO 2ª Ementa DES. GILBERTO DUTRA MOREIRA Julgamento: 22/10/2009 DÉCIMA CÂMARA CÍVEL Embargos de declaração. Apelação cível. Ação de indenização. Utilização de espaço em garagem de condomínio para a guarda de motocicleta. Perda total do bem em razão de incêndio doloso causado por terceiros. Ata da assembleia condominial que autorizou a uso precário de espaço ocioso no estacionamento para a guarda de motocicletas, restando acordado entre os condôminos a ausência de responsabilidade quanto a eventuais danos em tais veículos. Existência de cláusula expressa de exclusão de responsabilidade que, por si só, já deságua na improcedência do pedido. Obrigação de indenizar eventual perda do bem em razão da utilização precária do espaço na garagem, que só seria devida se comprovado que o incêndio decorrera de conduta dolosa do condomínio ou de seu preposto, o que não restou demonstrado nestes autos. Condôminos que aquiesceram com a guarda de motocicletas desde que o usuário suportasse eventuais danos, furto ou roubo. Observância do princípio pacta sunt servanda que se impõe. Provimento do recurso, para julgar improcedente o pedido, invertidos os ônus sucumbenciais, observado o disposto no art. 12 da Lei nº 1.060/50. Embargos de declaração. Matéria devidamente tratada no Acórdão. Inexistência de omissão, contradição, obs-

curidade ou erro material. Pretensão do embargante ao reexame da matéria e da fundamentação da decisão. Impossibilidade. Rejeição dos embargos. 0011310-93.2008.8.19.0203 (2009.001.47635) - APELAÇÃO 1ª Ementa DES. ODETE KNAACK DE SOUZA Julgamento: 4/11/2009 VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL Apelação cível. Ação de dano infecto. Rito sumário. O caso dos autos trata de ação de dano infecto, fulcrada no artigo 1.277, do CC. Essa ação versa sobre o direito de vizinhança e tem como base o uso anormal da propriedade, de forma que prejudique a segurança, o sossego ou a saúde de um vizinho. Insegurança do autor baseada na alegação de que a árvore do terreno vizinho está morta, com risco de queda sobre sua casa. Boletim de ocorrência emitido pela Defesa Civil no sentido de que a árvore não está morta e que, apesar de velha e de possuir muitos galhos secos e deteriorados, não há risco de queda. Interesses do autor, após o laudo, baseados apenas no fato de a árvore ser velha, o que esbarra na questão ambiental. Enunciado 319, da IV Jornada de Direito Civil realizada pelo Conselho de Justiça Federal/STJ, referente ao artigo 1.277 do CC: “A condução e a solução das causas envolvendo conflitos de vizinhança devem guardar estreita sintonia com os princípios constitucionais da intimidade, da inviolabilidade da vida privada e da proteção do meio ambiente.” Recurso desprovido.

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história

por milton teixeira

O parto do Porto do Rio de Janeiro

Com as atuais obras de revitalização do Porto do Rio de Janeiro, alavancadas pela realização da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, dois anos depois, o velho porto carioca será convertido na principal porta de entrada da cidade no século XXI, assim como o foi cem anos antes. A previsão de que o porto abrigará 60 mil turistas só no primeiro evento dá a dimensão de sua importância para o turismo no Rio de Janeiro. Entretanto, poucos conhecem sua tumultuada história e a quase inexequibilidade de sua construção, haja vista os recursos que precisou movimentar, o que gerou uma dívida que levou décadas para ser paga. Durante a década de 1870, foram apresentados sete projetos de obras portuárias no Rio de Janeiro. Todos eles ainda propu-

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nham a instalação do porto entre o Arsenal da Marinha e o Arsenal de Guerra, mas nenhum foi levado adiante, até porque todos estavam fora da realidade da cidade e do orçamento do Império. Em 1875, ano em que foi constituída a Comissão de Melhoramentos da Cidade, nomeada pelo Ministério do Império para definir e procurar resolver os principais problemas urbanos da capital do país, a questão portuária foi incluída entre as 11 pendências consideradas prioritárias. As Docas da Alfândega e as Docas de Pedro II, ambas erguidas na década de 1880, não tinham resolvido o problema da inexistência de um porto adequado às necessidades do comércio internacional e sequer às do de cabotagem.


Os trapiches e os pequenos cais ainda constituíam o verdadeiro elo entre o Rio de Janeiro, grande centro importador e exportador – e, na época, um dos 15 maiores portos do mundo –, e os mercados nacional e internacional. Não é por acaso que as mais importantes casas comerciais de café estavam localizadas na área da Saúde e da Gamboa, justamente onde se encontrava a maioria dos 31 trapiches existentes na Corte, em 1885. Segundo a expressão do historiador Sérgio Lamarão, o processo de “portuarização” da Saúde e da Gamboa, através da proliferação de trapiches e cais, acabou por definir essa área como a mais indicada para abrigar o futuro porto do Rio de Janeiro, em detrimento do litoral compreendido entre os dois arsenais. Antes, porém, da efetiva construção do porto, na qual o Estado teria um papel fundamental, o jogo de influências permitiu que uma grande empresa particular se beneficiasse das vantagens advindas do ganho de uma concessão do porte que representava a construção do porto do Rio. Em 1890, o governo federal concedeu autorização à Empresa Industrial de Melhoramentos do Brasil, do engenheiro Paulo de Frontin, para construir um cais de atracação para grandes navios na Saúde e na Gamboa que dispusesse de armazéns próprios, modernos aparelhos de carga e descarga e linhas férreas para o serviço de guindastes, que chegasse até a estação ferroviária terminal. A Melhoramentos estava autorizada a prolongar o aterro até a linha do cais a ser traçada, com terras provenientes do desmonte do Morro do

Senado. O prazo de concessão estabelecido era de 90 anos, e as obras deveriam ser concluídas em até oito anos. Em razão de problemas financeiros e da pressão de outros grupos interessados na construção do porto, a Companhia Docas Pedro II, denominada Docas Nacionais a partir da República, acabou sendo adquirida, em 1891, pela Melhoramentos. Desse modo, os 160 metros de cais e o armazém número 5 das Docas Nacionais foram considerados partes integrantes das obras do porto. Imersa em problemas financeiros e técnicos – em 1897, os projetos técnicos do porto ainda não tinham sido aprovados definitivamente pelo governo –, a empresa de Frontin foi gradativamente liquidando seus negócios. Ainda em 1897, iniciaram-se os contatos para a venda da concessão das obras portuárias a capitalistas estrangeiros, o que, contudo, acabou não se realizando. Em 1903, o governo comprou a Melhoramentos e a partir daí empreendeu a construção do porto, por meio de um contrato firmado com a empresa inglesa C. H. Walker & Company Limited. Ao assumir a Presidência da República, em 1902, Rodrigues Alves anunciou, no discurso de posse, que daria prioridade às questões ligadas à construção do Porto do Rio de Janeiro. Assim, na determinação do orçamento federal de 1903, o porto foi contemplado com a verba necessária para a execução do trabalho de melhoramento. A notícia de que o porto seria finalmente construído repercutiu fortemente na imprensa, em sua grande maioria favorável às obras. O malho, uma das revistas mais críticas da época, publicou, em junho

de 1903, um artigo extremamente elogioso à decisão de Rodrigues Alves: “... o Porto, as Avenidas, o Cais... tudo isso ainda parece um sonho!” Para retomar a execução do trabalho de melhoramento iniciado pela empresa de Frontin, o ministro da Viação Lauro Müller formou, em janeiro de 1903, uma comissão técnica para elaborar um projeto definitivo para as obras do porto. Presidida pelo próprio ministro, a comissão era composta pelos engenheiros Francisco de Paula Bicalho, Gabriel Osório de Almeida, J. F. Parreiras Horta, Domingos de S. e Silva, M. M. Carvalho e, como não poderia deixar de ser, Paulo de Frontin. Baseado no plano anterior de Frontin, embora com algumas modificações, o projeto da Comissão de Obras do Porto previa a ocupação de todo o trecho do litoral da cidade, entre o Arsenal de Marinha e a embocadura do Canal do Mangue. Aí seria construído um cais corrido de 3.500 metros de extensão para atracação de navios de grande calado. Os 2 mil metros restantes, entre o Mangue e a ponta do Caju, seriam objeto de concessão posterior. As principais modificações em relação ao projeto anterior diziam respeito à profundidade e ao alinhamento do cais. Para acabar com a sinuosidade do litoral, seria aterrada uma superfície de 175 mil metros quadrados, na qual se previa, além da instalação da faixa do cais, com 100 metros de largura, a abertura de uma ampla avenida de trânsito público – a Avenida do Cais, depois Rodrigues Alves, com 40 metros de largura, sete a mais que a tão propalada Avenida Central.

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Para não atrapalhar as operações comerciais das Docas de D. Pedro II e dos trapiches, determinou-se que o primeiro trecho do cais deveria ser construído entre a Ilha das Moças e o Trapiche da Gamboa, numa extensão de 600 metros. Coincidindo praticamente com o início de obras do porto, entraram também em execução as obras do Canal do Mangue (Avenida Francisco Bicalho) e da Avenida Central (Avenida Rio Branco). A construção dessas duas vias, que complementavam o melhoramento portuário, era de fundamental importância, uma vez que redefinia toda a circulação entre a área portuária e o núcleo central da cidade. Em novembro de 1906, foi inaugurado o primeiro trecho do cais do porto, com 50 metros de extensão. Em 1908, já estavam

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concluídos 1.900 metros. Em 1910, ano da inauguração oficial do porto, estavam prontos 2.500 metros de cais. Mesmo depois de inaugurado, apenas uma pequena parcela do porto foi efetivamente utilizada. Só no ano seguinte, as obras foram definitivamente terminadas. Nessa ocasião, entraram em funcionamento 18 armazéns internos e 96 armazéns voltados para importação e exportação, além de 90 guindastes elétricos. Ao se aproximar o término do contrato da firma C. H. Walker & Co. Limited, novas obras de ampliação foram planejadas. Pelo Decreto Federal nº 9.703, de 3 de novembro de 1911, foram criadas a Inspetoria Federal de Portos, Rios e Canais e a Fiscalização do Porto, órgão a ela subordinado, que tinha como tarefa presidir a realização das obras

complementares. Na época, o vulto dessas obras – conforme se lê em diversos jornais – foi considerado “ousado e extraordinário”. Nelas estava incluída a construção de uma avenida ao longo do cais (a atual Rodrigues Alves), com 100 metros de largura, que compreendia o trecho entre o Arsenal de Marinha e o prolongamento da Rua São Cristóvão (Canal do Mangue), e de armazéns internos. Desde sua inauguração, as novas instalações portuárias – administração e exploração – foram entregues a duas empresas constituídas de capital estrangeiro. Inicialmente, os arrendatários foram o senhor Daniel Henninger e os banqueiros Damart, depois, a partir de 7 de janeiro de 1911, passou a ser a Compagnie du Port de Rio de Janeiro, que manteve a concessão até o ano de 1921. Em 1922, feita nova concorrência, ganhou-a o engenheiro Manuel Buarque de Macedo, cujo prazo de arrendamento, embora fixado por dez anos, só durou alguns meses, sendo a concessão transferida para a Companhia Brasileira de Exploração de Portos, através do Decreto 16.034, de 9 de maio de 1923. Novas obras de ampliação do Porto do Rio de Janeiro, inclusive o prolongamento do cais – mais 1.428 metros –, foram realizadas no governo do presidente Artur Bernardes, em contrato assinado com as firmas Societé du Construction du Port da Bahia e Companhia Nacional de Construção Civil. O novo trecho, do Canal do Mangue à Ponte do Caju, ficou conhecido como Cais de São Cristóvão. O término das obras e o início das operações do porto não foram suficientes para que o Rio recuperasse a condição de maior porto exportador do país, perdida para


Santos desde a década de 1890. Em contrapartida, sua posição de principal porto importador e distribuidor havia sido plenamente confirmada. A reurbanização de todo o velho litoral do Rio de Janeiro, em função das obras portuárias e da consolidação do perfil da cidade como um centro distribuidor, iria marcar fortemente a nova urbe que nascia das picaretas de Pereira Passos, principalmente aqueles bairros – Saúde, Gamboa e Santo Cristo –, profundamente transformados, em sua parte plana, pela ação do prefeito demolidor. Cinquenta anos depois, o Porto do Rio de Janeiro ainda era o segundo do país, pelo tráfego marítimo que nele existia. Em 1962, entraram nesse porto 3.529 navios. Ele é composto de quatro trechos: Cais da Gamboa, Cais de São Cristóvão, Cais do Caju e o “píer” da Praça Mauá, este o mais importante para o turismo, sendo o local de atracação dos grandes navios de cruzeiro. A extensão total de cais acostável é de 6.909 metros e, em 1910, a profundidade em alguns trechos chegava a 20 metros (hoje, por conta do assoreamento, foi re-

duzida a quase a metade). Possui 217 guindastes elétricos, os mais antigos datam de 1974, comprados na antiga Alemanha Oriental, e 194 pontes rolantes. O antigo terminal ferroviário da Gamboa, inaugurado em 1879, foi desativado na década de 1990 e hoje dele restam apenas ruínas. Em parte de seu terreno, foram instaladas, em 2006, a Cidade do Samba e uma vila olímpica para as comunidades vizinhas. Em 2010, essas comunidades foram ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), que libertou milhares de trabalhadores honestos do jugo do tráfico. Com as novas obras contratadas para a remodelação da área portuária, o porto do Rio ganhará o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio (MAR), instalados respectivamente no Píer Oscar Weinschenk e no palacete Príncipe D. João. Diversos armazéns serão recuperados e convertidos em museus, restaurantes e shoppings. Na altura do armazém 18, serão construídos quatro píeres gigantes capazes de receber os maiores transatlânticos do mundo. A retirada da Avenida Perimetral e a passagem do trânsito por enorme mergulhão,

que começará na Praça XV de Novembro e irá até São Cristóvão, são desejosamente esperadas. Ao redor da Avenida Francisco Bicalho, está prevista a construção de hotéis e prédios de escritórios, estes com o apoio da iniciativa privada. Os prédios antigos serão restaurados e reabilitados para novos usos. O trânsito da cidade será todo reorganizado em função do porto. Enfim, em 2015, a área portuária do Rio de Janeiro ressurgirá renovada, como jamais a imaginaram Frontin e Bicalho, devendo se converter em um dos grandes atrativos da área central da cidade.

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Imóveis ESPECIALISTAS EM NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

Índice que reajusta aluguéis registra queda Queda é a 1ª desde 2009. Especialistas alertam que valorização de imóveis dificulta redução de preço na locação O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP–M) registrou queda de 0,18% em junho, fruto da primeira deflação desde dezembro de 2009. O recuo da taxa, a mais utilizada no reajuste dos contratos de aluguel, foi impulsionado, sobretudo, pela baixa dos preços agrícolas e do etanol. No acumulado do ano, o IGP–M acumula alta de 3,15%. No acumulado de 12 meses, saiu de 9,77% para 8,65%. Mas a Fundação Getulio Vargas (FGV), responsável pelo indicador, avalia que o movimento é pontual e não deve se repetir nos próximos meses. Além disso, especialistas alertam que, com o mercado aquecido e a valorização dos imóveis, dificilmente o inquilino conseguirá a redução de preços, mas a orientação é negociar. “Os fatores que mais contribuíram para a queda (do IGP–M) começam a ter uma

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reversão. É o caso do álcool, que voltou a subir nos últimos 15 dias e não terá outra queda tão grande quanto a de junho (-30,31%). Além disso, voltaremos a enxergar a pressão dos serviços, agora escondida por quedas acentuadas em outros itens”, diz o coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros. O economista projeta que a taxa voltará a ser positiva nos próximos meses, embora em níveis inferiores aos do segundo semestre do ano passado, quando houve escalada dos preços das commodities agrícolas.

Dos três índices que compõem o IGP–M, dois recuaram. Com peso de 30% na composição do indicador, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) saiu de 0,90%, em maio, para -0,12%. Já o IPA, que pesa 60%, saiu de 0,03% para -0,45%. Os preços de produtos agropecuários recuaram 2,10%. Os industriais subiram apenas 0,15%. A maior contribuição para o recuo do IPA foi do álcool anidro, que caiu 30,31%, em resposta ao início da safra e à acomodação após as fortes altas em meses anteriores. O INCC, que mede os custos da construção, teve variação positiva de 1,43%.


Estatísticas de Imóveis Ofertados Por Tipo Imóvel Aluguel 9% 10% 33% 12% 15% 21%

outros

670

Apart. (2 quartos)

427

Apart. (3 quartos)

305

sala

240

Apart. (1 quarto)

209

casa

180 total 2.031

Por Bairro Imóvel Aluguel

Por Tipo Imóvel Venda 7% 12% 29% 14% 20% 18%

outros

730

Apart. (3 quartos)

514

Apart. (2 quartos)

472

COBERTURA

348

casa

315

Apart. (4 quartos)

5% 4% 5%

barra da tijuca 675

6%

copacabana

33%

47%

186

107

centro

101

campinho

1%

barra da tijuca

977

copacabana

361

venda

2.571

281

aluguel

2.032

recreio

3% 3% 11%14%

72

total 2.031

Por Finalidade

Por Bairro Imóvel Venda

38%

119

Recreio

total 1.835

31%

957

outros

tijuca flamengo outros

88 68 789

43%

55%

TEMPORADA

35

lançamento

27

total 4.665

total 1.587 fonte: abadi

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