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Todo síndico lê!
PARA QUE A SUA OBRA SEJA BEM SUCEDIDA, É PRECISO QUE A IMPERMEABILIZAÇÃO ESTEJA EM DIA
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Impermeabilização é o ponto de partida
Síndica CIPA ganha Prêmio Secovi Rio 2014 Segurança à prova
Legislação: O prazo acabou, mas as autovistorias não
Muitos novos empreendimentos foram entregues nos últimos anos. A alegria do novo apartamento pode estar custando bem mais caro que o necessário. O custo da manutenção do elevador é rateado por todos os moradores na taxa condominial. Sem dúvida o elevador é a razão de existir do edifício e necessita de um investimento mensal para pagar o serviço de uma empresa especializada na conservação e manutenção dos elevadores. Porém, é preciso uma grande atenção aos contratos firmados especialmente nos novos edifícios, pois valores podem estar muito acima da média razoável do mercado. Isto ocorre já na primeira assembleia de formação de condomínios, quando os novos são informados que a partir daquela data os condôminos vão poder eleger todos os seus prestadores de serviços. Exceto a manutenção dos elevadores cujo contrato já foi assinado pela construtora (devido a ser imprescindível para a liberação do habite-se da prefeitura). É comum que a construtora tenha um grande interesse em negociar o valor de aquisição dos elevadores e podem até usar como contrapartida aceitar um valor para o contrato de manutenção, muito favorável ao fabricante, afinal esta despesa vai ficar para os condôminos. Recomendei a um parente que se mudou recentemente para um prédio novo, que pesquisasse com outras empresas para ver se o valor da manutenção pago estava coerente. Num prédio novo normalmente os vizinhos não se conhecem o que acaba dificultando mais ainda a mobilização em defesa dos bens comuns. Na primeira reunião quando ele citou que os valores de outras empresas de manutenção eram menos que um terço do valor que estavam pagando, quase foi tachado de “louco”, porém na reunião seguinte já com propostas escritas comprovando que o valor que estava sendo pago era abusivo, quiseram elegê-lo síndico. Não tem sentido por exemplo o condômino estar pagando um contrato de manutenção completa que inclua a reposição de peças, portanto bem mais caro que o só de conservação, sendo que as peças já estão cobertas pelo fabricante devido a garantia do produto novo. Além disso, muitas vezes os contratos de manutenção de elevadores, que não foram firmados pelos moradores, podem conter cláusulas abusivas, tais como período de duração muito longo (4 -5 anos) e multas abusivas no caso de rescisão (por exemplo 50% das mensalidades a vencer). Estas cláusulas são consideradas leoninas pela justiça, mas infelizmente é preciso trabalho e disposição dos síndicos para fazer valer os direitos dos condôminos.
Havendo dúvidas consulte o SECMIERJ pelos tels. (021) 2223-2713 / 2263-2182
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A corrupção em valores surpreendentes choca os brasileiros Durante alguns anos, uma quadrilha, composta por diretores da Petrobras, mancomunados com doleiros e empreiteiras, desviou mais de R$ 1 bilhão, mandados para o exterior e retornados ao Brasil de forma a se tornarem oficiais. Essas operações eram feitas por meio de câmbio com bancos e corretoras, com o uso de laranjas e firmas fictícias, mas sempre dentro dos parâmetros exigidos pelo Banco Central. Descoberta pela operação Lava a Jato, da Polícia Federal, verificou-se que há vários anos estavam sendo feitos esses desvios, pelo superfaturamento da obra da refinaria Abreu Lima, de Pernambuco. Felizmente, a maioria dos envolvidos está presa e as investigações estão no encalço de pessoas importantes, incluindo deputados, senadores e até governador de estado. Surge a esperança de que os envolvidos sejam identificados e punidos, pois alguns familiares dos acusados foram implicados, principalmente na retirada de documentos e no empréstimo de nomes para a criação de firmas para onde se transferiam os recursos desviados. Por meio de um acordo previsto em lei e conhecido como delação premiada, esses familiares poderão ficar de fora de processos criminais, que os envolveriam. A delação premiada é um instrumento de lei muito importante, pois facilita a conclusão das investigações que formam o processo, esclarecendo as formas como foram feitos os desvios e identificando todos os autores dos delitos. Mais um avanço importante aconteceu em agosto deste ano, pois foi sancionada uma nova lei, que passou a criminalizar também as pessoas jurídicas. Os diretores das firmas corruptoras, como pessoas físicas, serão responsabilizados criminalmente. Temos aí o fechamento do círculo punitivo, que inclui o corruptor, que se achava de fora do processo. Também nesses casos passou a existir o benefício da delação premiada, que aparece na figura de acordos de leniência, que poderão reduzir as penas dos diretores da empresa envolvida. Na verdade, são tantos os casos de corrupção que a mídia trouxe à tona que se criou um 4
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clima de descrença quanto à punição dos culpados. O processo do Mensalão sacudiu essa indiferença e criou uma nova esperança, pois prendeu figuras importantes (embora a maioria já esteja solta). Quem sabe se o processo da Petrobras não será um novo “mensalão”? Não podemos nos acomodar em relação às bandalheiras e aos roubos em nossas instituições, sempre feitos por pessoas indicadas por partidos políticos ou diretamente por políticos influentes por apoiarem o governo. Felizmente, os órgãos da mídia estão livres para descobrir e mostrar todos esses casos vergonhosos. Também podemos ficar orgulhosos da nova geração que vem surgindo, mais limpa, tanto no foco moral quanto cívico, nas áreas da Justiça, Polícia Federal e outras. Um bom exemplo é um juiz do Paraná, Sérgio Moro, que atua no processo dos desvios da Petrobras. Esse juiz manteve presos os réus, que teriam sido soltos se ele não tivesse questionado a ordem do Supremo, que voltou atrás no despacho da soltura. Se os réus tivessem sido soltos, o doleiro Yuoussef não estaria agora, depois de 70 dias, na cadeia pensando em colaborar com informações importantíssimas para reduzir sua pena. Estamos num momento muito importante para o futuro do Brasil. As eleições para presidente e para o Congresso estão aí e, se quisermos realmente mudanças, essa é a hora! Está provado que o poder não deve se perpetuar e que a alternância e as mudanças sempre são a melhor posição na democracia. Porém, cada um tem o direito de entender e escolher a transformação que deseja. As pessoas têm medo de perder benefícios gratuitos, dados num primeiro momento, em que eram necessários, mas que tinham o objetivo de ajudar no caminho da autossuficiência. Enfim, tudo isso é muito subjetivo, e somos um país em formação que precisa de muitas etapas para se tornar viável. Vamos votar com consciência e esperar que os resultados sejam os melhores para o Brasil. NEWTON MENDONÇA
Presidente da CIPA
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[capa] Impermeabilização é o ponto de partida A impermeabilização tem a função de proteger as estruturas de uma construção e a infiltração é o grande vilão dessa história, pois acaba causando umidade, goteira, mancha e bolor nas paredes. Saiba tudo sobre esse assunto lendo nossa matéria de capa.
Uma publicação:
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[Condomínio] TV da nova era
[Condomínio] Apartamento no térreo é uma boa opção?
As antenas coletivas digitais vêm ganhando espaço nos condomínios. O negócio é não ter chuvisco na tela. Aliás, você sabe o que é TV coletiva digital? Não? Esta é a oportunidade para ficar por dentro do assunto.
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Conheça as vantagens e desvantagens de viver nessas unidades. O sonho dourado de uns pode ser o terror de outros. Leia mais para entender...
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[COMPORTAMENTO] Animais em casa
[Especial] Condomínio da CIPA é o grande vencedor do Prêmio Secovi Rio 2014
O que dizem as regras sobre ter animais domésticos em condomínios? É possível ter animais em apartamentos e não gerar problemas de relacionamento, tanto no condomínio quanto entre vizinhos? Leia esta matéria e forme sua opinião.
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A síndica Maria Auxiliadora busca – e consegue – soluções para economizar em tudo, sempre. O prêmio foi muito merecido por sinal. Leia o texto para saber os motivos!
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[SAÚDE] Limpeza de caixas-d’água
[Legislação] O prazo acabou, mas as autovistorias não
A manutenção deve ser periódica para que os reservatórios fiquem sempre limpos e garantam a saúde dos moradores. Leia esta reportagem e veja dicas importantes.
Presidente NEWTON MENDONÇA Vice-presidente MÁRIO MENDONÇA Diretora da Unidade de Negócio e Condomínio DEBORAH O’DENA MENDONÇA Diretora de Locação, Seguros e Novos Negócios MARIA TERESA MENDONÇA DIAS Redação e Edição VIVIEN BEZERRA DE MELLO (MTb: 18731) redacao@cipa.com.br
Revisão ANDREA BIVAR Fotografia Ariel Subirá Marketing e Publicidade SAMY GRUBMAN marketing@cipa.com.br Colaboraram neste número Fernanda Cubiaco Jeniffer Martins Lia Rangel paulo ferreira renata Fernandes STELLA MARIS C. MENDONÇA
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TODO SÍNDICO LÊ!
IMPERMEABILIZAÇÃO É O PONTO DE PARTIDA PARA QUE QUALQUER OBRA SEJA BEM SUCEDIDA, É PRECISO QUE A IMPERMEABILIZAÇÃO ESTEJA EM DIA
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DIRETORIA
Muitos síndicos ainda não fizeram o procedimento. Você fez? Nesta matéria você encontra algumas orientações importantes.
SÍNDICA CIPA GANHA PRÊMIO SECOVI RIO 2014 SEGURANÇA À PROVA
LEGISLAÇÃO: O PRAZO ACABOU, MAS AS AUTOVISTORIAS NÃO
16 mil exemplares PARA ANUNCIAR LIGUE
2196-5176
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Conceitos e opiniões em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. A reprodução parcial ou total de qualquer parte desta publicação é permitida desde que seja citada a fonte e previamente autorizada, por escrito, pela editora. A empresa reserva-se ao direito de não aceitar publicidade sem fundamentar motivação de recusa. A Revista Condomínio etc. esclarece que: - Não se responsabiliza por qualquer dano, direto ou indireto, sofrido por usuários ou terceiros, advindos da exibição e/ ou conteúdo dos anúncios publicados pelos anunciantes, incluindo a divulgação de dados, preços e imagens. - Não atesta, verifica ou inspeciona os serviços e produtos dos anunciantes, nem é responsável por qualquer dano, direto ou indireto, que o contratante possa sofrer ao realizar uma negociação com os anunciantes. Esta publicação está em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e em vigor desde 1º de janeiro de 2009.
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informe
Bairros do Rio ganham 9 linhas alimentadoras do BRT Nove linhas alimentadoras do serviço do BRT começaram a funcionar na última semana de agosto. A mudança faz parte de uma das iniciativas para racionalizar o sistema do transporte público dessas áreas. Com as mudanças, algumas linhas de ônibus foram extintas e integradas ao serviço do BRT. A concessionária informou que as alterações vão diminuir o tempo de deslocamento dos passageiros até o destino final. Aqueles que têm cartões RioCard, vale-transporte ou Bilhete Único podem fazer até três viagens, pagando apenas uma passagem. Os bairros beneficiados são Madureira, Recreio e Méier e a Região de Jacarepaguá.
No Rio, só 21% dos novos prédios têm itens sustentáveis Dos 356 empreendimentos lançados no Rio entre janeiro de 2012 e abril de 2014, só 76, ou 21%, previam a instalação de algum item sustentável. Ainda é pouco, mas mostra que, pelo menos nos novos edifícios, a sustentabilidade já começa a entrar pela porta da frente, mesmo que por razões meramente econômicas. E, muitas vezes, por causa de exigências legais. Isso fica claro com a análise dos equipamentos mais comumente instalados pelas construtoras. Um levantamento feito pelo Sindicato da Habitação (Secovi Rio) nos 76 empreendimentos com itens sustentáveis mostra que o mais comum é o medidor individual de água. Presente em 60% desses edifícios, o hi-
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drômetro individual em novas edificações é uma obrigação legal na cidade desde março de 2011, em seguida, vêm os sensores de presença, instalados em 56% dos 76 prédios, e os sistemas para reaproveitamento de água da chuva, em 40%, soluções que visam diminuir dois dos maiores gastos de condomínios: luz e água. Ou seja, o peso no bolso ainda é o que mais conta. “O importante é que algo vem sendo feito. E o que a gente percebeu é que os condomínios com esses itens têm maior liquidez. Ou seja, as pessoas já estão cobrando a sustentabilidade e é isso que vai fazer a indústria investir cada vez mais nesses itens”, afirma Ronaldo Coelho Netto, vice-presidente administrativo do Secovi Rio.
Sancionada lei que estabelece autovistoria para instalação de gás O governador Luiz Fernando Pezão sancionou, no dia 19 de setembro, a Lei 6.890/2014, que estabelece a obrigatoriedade da autovistoria em instalações de gás residenciais e comerciais a cada cinco anos. O projeto, de autoria do deputado estadual Alessandro Molon, foi aprovado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro no fim de agosto, ocasião em que o Secovi Rio encaminhou parecer fundamentando os motivos pelos quais deveria ser integralmente vetado. Pelo texto, condomínios, proprietários e locatários deverão providenciar a inspeção periódica, e caberá às concessionárias e distribuidoras informar, divulgar e fazer campanhas de segurança sobre a prática, além de divulgar a relação de empresas credenciadas para o serviço. No caso de imóveis novos, as empresas deverão realizar uma vistoria prévia para a futura obtenção do habite-se. A obrigatoriedade começará a vigorar em maio de 2015.
Abadi alerta para casos de fraude com código de boleto bancário O nome da empresa e os dados do cliente estão corretos, mas basta a alteração de alguns números no código de barras para que o consumidor, apesar de ter pago a conta, seja considerado inadimplente pela empresa credora. O golpe, da chamada gangue do boleto, se multiplica. Mudam-se os números do código de barras e o pagamento feito é redirecionado para a conta da quadrilha. A fraude levou a Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis do Rio de Janeiro (Abadi Rio) a enviar comunicado a todas as suas associadas para que alertem condôminos e inquilinos sobre a fraude, mesmo procedimento que tem sido adotado por instituições de ensino, como a PUC-Rio. A maioria dos casos identificados até o momento aconteceu quando o
consumidor baixava da internet a segunda via do boleto, mas há registros de interceptação de correspondência e troca da fatura. “Tivemos relatos de algumas administradoras e, na CIPA, houve, há alguns meses, um golpe que envolveu um número significativo de inquilinos. Por isso, achamos melhor alertar os clientes, pois, sem ter como identificar a fraude, eles só descobrem que o dinheiro não foi para a conta do credor quando recebem a notificação de inadimplência. Com essas informações, vão poder conferir antes de pagar. E também estamos vendo como a tecnologia pode evitar a fraude e rastreá-la quando acontece”, diz Deborah Mendonça, presidente da Abadi e diretora da CIPA.
Autorizado fechamento de varandas em edifícios do Rio Alvo de polêmica nos condomínios do município do Rio de Janeiro, especialmente naqueles situados à beira-mar, onde a incidência de vento é maior, o fechamento de varandas foi finalmente autorizado pelo Projeto de Lei Complementar 0010/2005, que havia sido vetado integralmente pelo prefeito Eduardo Paes em julho deste ano, mas foi promulgado em 23 de setembro, quando a Comissão de Mérito da Câmara Municipal do Rio rejeitou o veto. De acordo com o artigo 2º do PLC 0010, elaborado em 2005 por uma comissão de vereadores, é permitido o fechamento de varandas desde que por sistema retrátil e com utilização de material incolor e translúcido. O projeto deverá ser realizado por empresas ou profissionais devidamente registrados no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da 5ª Região (Crea-RJ). Estão excluídos da norma os edifícios da Zona Sul. Comum em edifícios da Barra da Tijuca, o fechamento de varandas com “cortinas de vidro” ainda é alvo de discussão em reuniões de assembleia, já que muitas
convenções proíbem intervenções que possam configurar alteração de fachada. Do outro lado estão os moradores, que sofrem com a ação das intempéries. No veto do prefeito, a justificativa apresentada foi de que “do ponto de vista urbanístico, o projeto não é oportuno nem conveniente, pois o fechamento das varandas, além de trazer prejuízo às condições de iluminação e ventilação dos compartimentos, poderá gerar adensamento construtivo e trazer prejuízo à paisagem urbana”. O PLC 0010/2005 determina ainda que caberá aos condomínios, na forma prevista na respectiva convenção, decidirem sobre o fechamento das varandas, observadas as disposições dessa lei complementar e de sua regulamentação. Conforme especifica o artigo 5º, o Poder Executivo regulamentará o PLC no prazo de 120 dias, em especial quanto aos materiais que poderão ser empregados no fechamento de varandas, assim como em relação às formas de preservar a iluminação e a ventilação dos compartimentos que utilizarem a varanda para tal finalidade. OUT_NOV_DEZ 2014
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capa por Lia Rangel
Impermeabilização é o ponto de partida
PARA QUE A SUA OBRA SEJA BEM SUCEDIDA, É PRECISO QUE A IMPERMEABILIZAÇÃO ESTEJA EM DIA A infiltração é um dos grandes vilões dos imóveis, sejam casas ou apartamentos, e, em geral, acaba causando umidade, goteira, mancha e bolor nas paredes, além de estragar a pintura e, muitas vezes, estufar pisos e azulejos. Em casos mais graves, a água pode comprometer até as estruturas de concreto e de ferro do imóvel. Mas se engana quem acredita que esse é um problema apenas das construções antigas. Há muitas ocorrências em novas edificações também, e isso ocorre, na maioria das vezes, por conta da falta de impermeabilização. A impermeabilização tem a função de proteger as estruturas de uma construção e impedir a passagem de líquidos e vapores através delas. Essa técnica 8
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consiste, basicamente, na aplicação de produtos desenvolvidos para proteger o esqueleto da edificação contra a ação da água, seja ela vinda através da chuva, de lavagens, banhos etc. A grande maioria dos profissionais recomenda que esse serviço seja realizado ainda no início da construção, pois se estima que seu valor fique entre 2% e 3% do preço total da obra, caso seja feito de maneira preventiva. Se for necessária uma intervenção depois de a obra estar pronta, de maneira corretiva, pode custar até 20% do valor do imóvel, já que, muitas vezes, é preciso quebrar partes da casa, retirar pisos e azulejos para fazer a aplicação dos produtos e depois refazer tudo para ter a casa em ordem novamente.
O síndico Afonso Celso já contratou a empresa que fará a impermeabilização do playground
Causas das infiltrações De acordo com José Luiz Pólvora André, engenheiro técnico responsável do Grupo Vértice e Engepoli Engenharia, a causa mais frequente de infiltração e outras ocorrências, como trincas, rachaduras e mofo, é a falta de impermeabilização adequada e de tratamento das anomalias encontradas nas edificações, provenientes do desgaste natural dos revestimentos. “Podemos citar alguns causadores de infiltração: telhas quebradas; telhados sem manutenção; calhas com impermeabilização deficiente ou inexistente; áreas descobertas como terraço e lajes de cobertura de casas de máquinas que apresentam falência na impermeabilização. Para áreas verticais, citamos as trincas no emboço e/ou em algum tipo de revestimento, como pastilha, cerâmica, granito e mármore, que permitem a passagem de água em fachadas, áreas de ventilação, prismas e empenas”, conta. Daize da Silva Santos conta que está tendo problemas de infiltração no Condomínio Míriam, localizado no Rio Comprido, onde é síndica desde 2011. “Nós temos um terraço onde ficam a
caixa-d’água e uma antena de telefonia celular. Abaixo desse terraço temos um apartamento, que seria o do porteiro, um banheiro e uma cozinha, para pequenas festas e eventos dos moradores, e a casa de bombas. Toda essa área está com infiltração, e percebemos que isso aconteceu depois que alugamos uma parte do terraço para a instalação da antena de telefonia celular. Acredito que, quando eles quebraram para acomodar a antena, tiraram a impermeabilização da laje, o que ocasionou toda essa infiltração. Agora estamos cotando orçamentos para darmos início às obras”, conta. Para Solange Filippo, sócia da Filippo Construções Ltda., a edificação, assim como o corpo humano, apresenta sinais ou sintomas, e um profissional habilitado, engenheiro ou arquiteto, assim como um médico, é quem pode identificar as principais causas da infiltração corretamente. “Eu gosto muito dessa comparação e queria passar para os leitores que a edificação é como um corpo humano, em que o engenheiro é o médico; o esqueleto, OUT_NOV_DEZ 2014
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as estruturas; os músculos, a alvenaria; a pele, o revestimento; e as artérias, as instalações. As infiltrações têm duas causas principais: vazamento em algum ponto da rede hidráulica e deficiência de impermeabilização na laje do teto. Qualquer construção, por seu peso, tende a provocar pequenos movimentos no solo em que se apoia. Esses movimentos de acomodação podem causar rachaduras nas paredes, no sentido horizontal ou vertical. Esse defeito pode se dar também pela simples rachadura do revestimento em virtude de alterações climáticas; no entanto, rachaduras em diagonal, em grande quantidade ou de rápido desenvolvimento indicam que algo grave pode estar acontecendo e que é necessário providenciar uma vistoria em caráter de emergência pela Defesa Civil Municipal”, afirma. O síndico Afonso Celso Fayad de Paula, responsável pelo Condomínio do Edifício Nina Rodrigues, no Jardim Botânico, conta que precisará fazer a impermeabilização de um espaço. “Pretendemos fazer a imperme-
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“Sempre fazemos a impermeabilização das jardineiras”, diz o síndico Afonso Celso
abilização de toda a área do playground, que é a mesma do térreo. O fato é que essa área, por ser aberta e revestida de pedras portuguesas, está causando seriíssimas infiltrações na garagem, que fica logo embaixo. A obra ainda não foi iniciada, mas
estamos com o suporte de um engenheiro especialista, que, no momento, prepara um memorial descritivo, escopo da obra, a ser observado pelas empresas que participarão da licitação, e a empresa será eleita com base no binômio preço/técnica”, conta.
A síndica Daize já está fazendo orçamentos para contratar a empresa que realizará a obra em seu condomínio
Vantagens da impermeabilização Só quem já passou por problemas com infiltração e todos os inconvenientes que a acompanham é que sabe a importância da impermeabilização. Além do prejuízo financeiro, os desgastes físico e emocional vêm de brinde, pois é preciso solucionar o problema antes que ele se torne ainda maior e afete a saúde dos moradores. A associação de um ambiente úmido com poeira, por menor que seja, provoca a proliferação de fungos e ácaros, e esses micro-organismos podem desencadear várias doenças respiratórias, como alergia, asma e rinite. Tendo em vista todos esses problemas, fica clara a necessidade desse processo em todos os imóveis. Para o engenheiro técnico José Luiz Pólvora André, as principais vantagens da impermeabilização estão em “proteger o patrimônio e, dependendo da área
prejudicada, o patrimônio alheio, e prolongar a vida útil do bem, já que a água é uma das piores ‘doenças’ que ataca as edificações”. Segundo ele, a técnica não é indicada apenas para as áreas molhadas, que são banheiros, cozinhas, lajes de cobertura e áreas descobertas, mas também para as áreas verticais, geralmente fachadas, empenas, prismas de ventilação e juntas de dilatação, e áreas enterradas, que são fundações, subsolos e garagens. “É importante fazer a impermeabilização de todas as áreas que tenham incidência de umidade, seja vertical ou horizontal. As áreas molhadas geralmente são as áreas horizontais, mas devemos ter cuidado com as áreas verticais, principalmente para evitar queda de revestimentos, proveniente das infiltrações, que atinjam um transeunte”, alerta o especialista.
Lei e norma estimulam a impermeabilização de imóveis Os sinais de uma infiltração são facilmente percebidos, mas ainda assim é preciso que todos estejam atentos aos primeiros indícios para que as providências cabíveis sejam tomadas o mais rapidamente possível. Segundo Pólvora, é importante fazer o acompanhamento e a revisão do serviço de três em três
anos, no mínimo. “Para as áreas verticais, existe legislação municipal que obriga que todos os edifícios façam a revisão dessas áreas a cada três anos. Já para as áreas horizontais, como telhado, cobertura e calha, o acompanhamento de revisão deve ser anual”, explica. A lei a que o engenheiro se refere
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é a Lei Complementar nº 126/2013, mais conhecida com Lei da Autovistoria, que institui a obrigatoriedade de realização de vistorias técnicas periódicas, com intervalo máximo de cinco anos, nas edificações existentes no município do Rio de Janeiro, para verificar as condições de conservação, estabilidade e segurança e garantir, quando necessário, a execução das medidas reparadoras. Segundo a lei, essa vistoria deverá ser realizada por um profissional legalmente habilitado, engenheiro ou arquiteto, com registro nos respectivos conselhos profissionais, CREA/RJ ou CAU/ RJ, que deverá elaborar laudo técnico que ateste as condições da edificação. A finalidade da realização periódica de autovistoria, de cinco em cinco anos, é prevenir quaisquer ocorrências que venham a com-
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prometer a segurança e o bem-estar dos moradores na edificação vistoriada. Além dessa lei, existe uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a nova versão da NBR 15.575, Edificações Habitacionais – Desempenho, que exige que todos os sistemas que compõem os edifícios habitacionais (estrutura, cobertura, parede de vedação, instalação prediais etc.) atendam a um nível mínimo de desempenho ao longo de vida útil determinada em projeto, e isso afeta diretamente a parte da impermeabilização da edificação, já que passará, obrigatoriamente, a ser considerada desde o projeto do edifício, pois a norma explicita as exigências relativas à necessidade de garantia da estanqueidade da obra. Na prática, a ela pretende garantir que o imóvel seja planejado e construído para as-
segurar durabilidade e condições adequadas de uso e ocupação. Por ser capaz de proteger as estruturas do imóvel contra a ação prejudicial da água e da umidade e, assim, impedir sua deterioração, a impermeabilização é considerada técnica fundamental para assegurar a resistência da edificação, mas, para atender às exigências dessa norma, o síndico precisa estar atento, pois, ao constatar a necessidade de intervenção em determinada área, é necessário acompanhar de perto todas as etapas que envolvem o projeto, desde a seleção do material e a escolha dos fornecedores até a execução da obra. Cuidados na escolha de material e mão de obra são fundamentais para que tudo aconteça da maneira como foi planejado, sem surpresas e gastos extras.
Como escolher o material e os profissionais para esse serviço Na hora de contratar qualquer tipo de serviço, o síndico deve estar atento a alguns detalhes que podem fazer a diferença e evitar possíveis transtornos. Conhecer o histórico da empresa ou dos profissionais pode evitar, inclusive, ações judiciais. Procurar uma empresa especializada em impermeabilização, com registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), e que seja sócia do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI) também garante um pouco mais de segurança ao síndico. Outros detalhes são muito importantes e podem ser fundamentais na hora de escolher a empresa que prestará o serviço, como a qualidade do material que eles costumam utilizar. Caso a empresa apresente um orçamento com material de baixa qualidade, procure outra que trabalhe com produtos de qualidade reconhecida no mercado. O síndico também deve estar atento às empresas que cobram um valor muito abaixo do que as outras empresas; geralmente, além de não utilizarem bons produtos, elas fazem valer aquela máxima “o barato sai caro”, pois o trabalho pode não sair como o esperado e exigir que seja refeito, o que implicará outros gastos, tornando a obra muito mais cara. “Para a escolha da empresa, é necessário que ela tenha registro no CREA e engenheiro responsável com conhecimento técnico adequado a esse tipo de trabalho. Também é importante que tenha um histórico/currículo de execução desse tipo de serviço. O síndico deverá, de preferência, visitar a sede da empresa, para conhecer suas instalações e estrutura”, aconselha José Luiz Pólvora André. Atualmente, no país, existem muitos produtos impermeabilizantes, de marca, origem, modo de aplicação e qualidade diferentes. Todos têm a mesma finalidade – garantir condições mínimas de proteção à construção contra a passagem de líquidos e vapores para sua estrutura –, mas é importante lembrar que, para cada área do imóvel, existem soluções e produtos específicos, por isso, é tão importante a contratação de mão de obra especializada para evitar falhas de aplicação e uso incorreto do produto.
As normas classificam os tipos de impermeabilização de acordo com o principal material que constitui a camada impermeável, que pode ser argamassa com aditivo impermeabilizante; argamassa modificada com polímero; argamassa polimérica e cimento modificado com polímero. O asfáltico inclui: membrana de asfalto modificado sem adição de polímero; membrana de asfalto elastomérico; membrana de emulsão asfáltica; membrana de asfalto elastomérico em solução e manta asfáltica. O síndico Afonso Celso Fayad de Paula conta que já fez, anteriormente, a impermeabilização das lajes superiores e que costuma fazer, periodicamente, de maneira preventiva, a impermeabilização do rejunte das pedras portuguesas e das jardineiras. Ele aconselha que esse serviço seja realizado por profissionais. “Pela experiência adquirida no decorrer dos anos, considerando que a impermeabilização envolve técnica e material complexo, vejo como recomendável o acompanhamento de um engenheiro especialista, pois, do contrário, não há como avaliar se os métodos e materiais foram realmente corretos. Deve-se considerar também o aspecto da responsabilidade atribuída ao síndico em atestar o recebimento da obra. Na quase totalidade dessas obras, os síndicos não têm conhecimento técnico específico para atestar se o que foi contratado foi realmente executado e com a eficácia esperada.” Após a escolha da empresa que realizará a obra, o síndico deve exigir que o contrato discrimine todas as etapas do serviço, os custos e o tipo de material que será utilizado, o valor da mão de obra, os encargos sociais, os impostos, o cronograma, o prazo de execução e, principalmente, o termo de garantia, pois é fundamental que a empresa garanta o serviço por determinado período. Visitar uma obra que a empresa esteja executando no momento e contatar outros síndicos e/ou clientes que já trabalharam com a empresa ou profissional também são formas de assegurar a qualidade dos serviços que a contratante presta. OUT_NOV_DEZ 2014
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Condomínio por lia rangel
Varanda gourmet A nova queridinha dos apartamentos As varandas dos apartamentos começaram a ganhar destaque recentemente. Antes, meio esquecidas, reuniam alguns poucos móveis e serviam para descanso, leitura e observação da paisagem, mas agora viraram o novo point dos apartamentos e, ao receberem equipamentos como geladeira, churrasqueira e cooktop, passaram a se chamar varandas gourmet. Elas se tornaram o melhor lugar para receber amigos e familiares para pequenas reuniões regadas a doses de boas bebidas, diversão, deliciosas comidas e o clima intimista, que torna tudo isso muito aconchegante. Esses ambientes são lindos, mas o síndico precisa tomar alguns cuidados e estar atento às regras para a utilização e instalação de equipamento nesse espaço, já que, muitas vezes, a adaptação de um espaço gourmet às varandas pode demandar mudanças estruturais, além do incômodo que pode ser causado aos demais moradores. A síndica de um condomínio localizado na Tijuca, que prefere não se identificar pra evitar problemas, afirma que, embora os apartamentos possuam varandas grandes, com cerca de 13 metros quadrados, não é permitida a utilização de churrasqueira nesses espaços. “Nós não temos problema com pequenas reuniões na varanda, elas podem ser feitas, mas não permitimos o uso de churrasqueira por conta de todos os incômodos que a fumaça pode causar aos demais moradores. Recentemente, tivemos um problema com um dos moradores, que queria instalar uma churrasqueira a gás em sua varanda. Em assembleia, os conselheiros o proibiram de fazer isso, mas ele disse que iria fazer, pois o aparta14
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mento era dele. Ele chegou a fazer uma parte da instalação pela sala, o que nos preocupou muito, pois pode ser perigoso. Felizmente, ele desistiu de levar a obra adiante e, por enquanto, não estamos tendo problemas”. Álvaro Pinho, síndico do Condomínio Engenho Life 3 há cinco meses, localizado no Engenho da Rainha, conta que quase todos os apartamentos têm varanda, com exceção de duas unidades de um dos blocos, mas que não é permitido o uso de churrasqueira nesse espaço. “O condomínio é composto por seis prédios e um total de 197 unidades; apenas o bloco 6, que foi elaborado para deficientes, possui duas unidades sem varanda, todos os outros têm, mas são pequenas, cerca de 1 x 2 metros quadrados, por isso não é possível fazer muita coisa ali. Além disso, como os prédios são novos – foram entregues há cerca de sete meses –, ainda utilizamos a minuta de convenção entregue pela construtora, e ela proíbe o uso de churrasqueira. Eu apoio essa decisão, de os moradores não poderem utilizar churrasqueira nas varandas, pois presenciei o transtorno que isso causa. Certa vez, um dos moradores resolveu fazer churrasco na varanda, mas não deu certo, pois a fumaça foi toda para o apartamento de cima e o cheiro, além de empestear a unidade, ficou nas cortinas, nas roupas que secavam na varanda e impregnou o ambiente do morador, que nada tinha a ver com a festa do apartamento de baixo. Eu, como síndico, para manter um convívio de respeito mútuo, fui até o apartamento que estava realizando o churrasco e conversei, conseguindo resolver a situação de forma amigável. Até o final do ano, faremos
No condomínio onde Nívea mora, é possível aproveitar tudo o que uma varanda gourmet pode oferecer
Mais opções
uma assembleia para aprovar a convenção específica para nosso condomínio e com certeza esse assunto entrará na pauta.” Para evitar esse tipo de problema, é importante que todos os moradores sejam informados sobre o que pode ou não ser feito nas varandas. Caso ainda não tenha entrado em pauta, o assunto deve ser discutido em assembleia e o resultado, incorporado à convenção do condomínio. Geralmente, quando a varanda da unidade não pode ser utilizada como um espaço gourmet, o condomínio disponibiliza outro espaço para a eventos desse tipo, como o salão de festas e a área da piscina.
Outras medidas podem ser tomadas para evitar problemas, como a instalação de uma coifa acima da churrasqueira, para eliminar a fumaça e o cheiro da gordura. Terezinha Marinatto, auxiliar administrativa da empresa Engenox, especializada em sistema de exaustão residencial e industrial para fogão, forno e churrasqueira, diz que é preciso analisar cada caso individualmente para indicar o melhor sistema. “A exaustão das churrasqueiras costuma ser um processo natural. Caso haja necessidade, indicamos os desvios com tubulação, mas, nesse caso, é importante instalar um motor para forçar a exaustão. As coifas, além de cumprirem seu papel, também contribuem para a decoração do ambiente. Com relação ao peso, que é um fator importante para varandas e sacadas, a coifa de aço com vidro fica 70%
mais leve do que a coifa de tijolinho.” Um kit com coifa, duto, chapéu chinês, vidro lateral e suporte para espeto, com a instalação, custa em torno de R$ 4.800 e, segundo Marinatto, a procura por churrasqueiras e coifas para esses espaços aumentou 40% no último ano. Alguns prédios, principalmente os construídos mais recentemente, já possuem churrasqueira nas varandas e, geralmente, elas são projetadas para expelir a fumaça por um duto, que impede que ela se espalhe pelos andares superiores. No caso de o condomínio não oferecer a churrasqueira, mas ainda assim permitir seu uso, existem várias opções que vão variar de acordo com o estilo e o bolso de quem a deseja. Quem tem espaço pode se dar ao luxo de escolher entre as muitas opções de churrasqueira à disposição no mercado. As de alvenaria e as pré-moldadas são as
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mais procuradas nesses casos. Elas precisam ser fixadas em determinado lugar e, quase sempre, necessitam de exaustores e coifas para que a fumaça não se espalhe por todo o condomínio. Para quem não dispõe de muito espaço, a churrasqueira elétrica é ideal, pois pode ser colocada até mesmo em cima de uma mesa. Ela é portátil e, portanto, muito prática; sua principal vantagem é não fazer fumaça, mas o gasto com energia elétrica pode aumentar bastante, de acordo com a utilização. A churrasqueira a gás é outra excelente opção para quem não dispõe de muito espaço. Seu custo é elevado, mas, em compensação, não tem gasto com energia elétrica.
É preciso equipar sua varanda gourmet Mas nem só de churrasqueira e coifa é feita uma varanda gourmet. Para que o espaço seja verdadeiramente útil, precisa ter bancada para a manipulação dos alimentos, geladeira ou frigobar para a refrigeração das bebidas e fogão ou cooktop para preparar os acompanhamentos, além dos móveis que tornam o ambiente ainda mais acolhedor. “Se a área gourmet for grande, o ideal é que seja uma cozinha independente. Por isso, vale a pena incluir no projeto todos esses itens, além de armários para armazenar os utensílios exclusivos desse espaço. Mas se não tiver churrasqueira, nem espaço, uma chapa elétrica pode suprir essa necessidade. A pia para limpeza é indispensável e uma boa mesa com cadeiras ou bancos para saborear o churrasco complementam o espaço”, indica a arquiteta Camila Fleck. “Nas varan-
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O síndico Álvaro teme que a fumaça incomode os outros moradores, como já aconteceu anteriormente
das grandes, que comportam dois ou mais ambientes, é possível delimitar as áreas de estar e refeição. Deque de madeira e tapete de fibra são peças de fácil manutenção e grande efeito decorativo. O uso de espelhos na área da bancada ajuda a ampliar o espaço. Ladrilhos hidráulicos e pastilhas artesanais também são elementos decorativos que fazem bonito nessa área. Como esse espaço é uma extensão natural da área de estar, o ideal é apostar em uma decoração que tenha a mesma linguagem do living”, complementa a arquiteta. A médica Nívea Bordin Chacur, moradora da Barra da Tijuca, contratou os serviços da arquiteta Camila Fleck recentemente para a reforma de sua varanda gourmet e conta que toda a família está
muito satisfeita com o resultado. “Sou gaúcha e sempre gostei muito de churrasco e de reunir os amigos, e como a varanda é grande, foi possível criar esse espaço. A maior vantagem dessa varanda é receber os amigos em uma área mais aberta, com ventilação natural, acomodar todos, e, depois que o almoço, jantar ou chá da tarde terminou, as visitas se despedem e dentro de casa está tudo organizado”, conta. Para Leila Leme, diretora de projetos da empresa Maloca Querida, que atende todo o Rio de Janeiro, plantas e temperos podem trazer ainda mais charme para as varandas gourmet. “Nossa dica é utilizar vasos pendurados com temperos para serem usados na culinária. Se a varanda for mais ensolarada, vale optar por temperos como
pimenta e manjericão; até mesmo tomate pode ser plantado. Se a varanda pegar mais sombra, é melhor optar por hortelã ou menta. Outra dica para otimizar o espaço é usar nas paredes os quadros verdes, ficam supercharmosos. Para dar aconchego, são muito utilizados os deques de madeira e também pedriscos no piso. Podem formar desenhos e compor muito bem com os vasos”, aconselha. Carla Vianna, diretora comercial da Milênio Móveis, conta que a empresa é especializada na fabricação de móveis e, com o passar dos anos, seguindo as tendências do mercado, vem se dedicando a criar móveis para área externa, espaço gourmet e varanda. “A varanda gourmet vem se tornando uma paixão entre os proprietários que buscam projetos cada vez mais bonitos e funcionais para esse espaço. Atualmente, elas estão muito valorizadas, pois se tornaram o melhor lugar da casa. Em apartamentos, elas têm a mesma função do quintal e do jardim. São ideais para descansar ou conversar, mas a proposta atual é que seja utilizada como um espaço gourmet, com a inclusão da churrasquei-
ra, e de entretenimento, com a instalação de home theater. Esse crescimento vem acontecendo pelo menos há uns dois anos e a porcentagem de vendas aumentou em 50%”, conta. Segundo Carla Vianna, os móveis mais procurados para a decoração desses espaços são bancos, espreguiçadeiras, poltronas, cadeiras e mesas. “Independentemente do tamanho do apartamento, o ideal é apostar em móveis multifuncionais para garantir que todo o espaço seja muito bem posicionado e aproveitado”, diz. Mas a diretora comercial da empresa alerta para a luminosidade natural à qual os móveis são expostos. “Apesar da cobertura, é impossível escapar da luz solar, por isso, é importante investir em móveis indicados para áreas externas e, assim, garantir maior longevidade a eles. Um produto de excelente qualidade, com estrutura de alumínio que garante ao móvel durabilidade e leveza, são os revestidos de fibra sintética com tratamento contra raios UV e intempéries climáticas, o que evita o desbotamento. Outra excelente opção são os móveis de Tela Sling, que possuem design e agregam
estilo e bom gosto ao ambiente de lazer. Se optar por madeira, temos ainda a linha de cumaru, usada para a fabricação de móveis que permanecem em constante exposição à iluminação natural”, afirma. Para quem pensa em transformar sua varanda em um espaço gourmet, é importante ter em mente não apenas o conceito estético, mas a praticidade e a estrutura necessária para fazer com que o espaço fique funcional, além de confortável e bonito. E por último, mas não menos importante: o respeito à tranquilidade dos vizinhos deve ser sempre o principal convidado.
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Condomínio
TV da nova era Antena coletiva digital vem ganhando espaço nos condomínios das grandes cidades Lembra aquele chuvisco na televisão ou as imagens duplicadas que deixavam seu ator preferido da novela das nove parecendo um fantasma? Se esses inconvenientes fazem parte de seu passado, parabéns, você adentrou na era da TV digital. Além de o sinal digital estar amplamente difundido no Brasil, alcançando mais de 100 milhões de pessoas, ou seja, 62% da população, a venda de televisores de alta definição (HD) cresce cerca de 18% ao ano, taxa bem superior à registrada na Europa. Mas antes de continuarmos esta conversa, você sabe o que é TV digital? A Con-
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domínio etc. explica: é a tecnologia usada para levar o sinal digital de televisão da emissora até nossa casa. É um método moderno que sofre muito menos com as interferências. Em termos técnicos, na TV digital, a transmissão do áudio e do vídeo passa a ser feita através de sinais digitais que, codificados, permitem um uso mais eficiente do espectro eletromagnético, por causa do aumento da taxa de transmissão de dados na banda de frequência disponível. Parece difícil, mas é bem simples. Quem dá a explicação é Aline Sartório, diretora comercial da ABC Telecom, especializada
na implantação e manutenção de sistemas de recepção de sinal para a TV coletiva: analógica (VHF), digital (UHF) e parabólica (via satélite). Ela esclarece ainda que, para assistir à TV digital em alta definição, ou seja, com imagens ricas em detalhes e de qualidade superior em comparação com a tradicional transmissão analógica, os aparelhos de TV precisam, obviamente, ser de alta definição (HD). Além de HD, os aparelhos de TV precisam receber o sinal digital das emissoras. Essa recepção é feita por meio de um aparelho chamado conversor digital ou simplesmen-
te conversor, que pode estar dentro ou fora do televisor. Se o conversor estiver embutido no eletrodoméstico (televisor com conversor integrado), você já tem tudo de que precisa para assistir à TV digital. A maioria dos aparelhos disponíveis no mercado hoje já possui conversor integrado. Se seu televisor não tiver essa tecnologia, é necessário comprar um aparelho parecido com um DVD player, chamado conversor digital, que fica fora do aparelho. Esse produto capta o sinal digital das emissoras, enviando-o para a TV. Ele pode ser conectado tanto em TVs de LCD e plasma quanto
nas de tubo, e alguns modelos encontrados nas lojas já permitem interatividade. Conforme esclarece Aline, com a introdução da tecnologia digital, o usuário poderá optar por uma das seguintes situações: continuar a receber a TV aberta da forma atual utilizando sua TV analógica; adquirir um conversor (set top box), que permitirá receber o sinal digital e convertê-lo em um formato de vídeo e áudio disponível em seu receptor de TV; adquirir uma TV nova que já incorpore o conversor; ou contratar uma empresa especializada para acoplar o sinal digital no sistema coletivo do prédio.
Como instalar um sistema coletivo digital? O engenheiro civil Orlando Sodré, consultor do Secovi Rio, afirma que, para os moradores obterem o sinal digital terrestre, os condomínios residenciais devem optar pela instalação de um sistema coletivo de UHF. Segundo ele, a vantagem em escolher essa alternativa é que a frequência dos canais é consideravelmente mais alta. Se o sistema coletivo anterior for de VHF, será necessário recalcular essa nova implantação etapa por etapa a fim de evitar perdas. Quais são os elementos necessários? Primeiro, uma antena para a faixa de UHF (canais 14 a 69), a mesma usada para TV analógica. Não será possível usar uma antena na faixa de VHF (canais 2 a 13). É preciso ainda adquirir um conversor, que fará a recepção do sinal digital, a seleção dos canais e a conversão do sinal para uso em televisores convencionais, compatíveis com a TV analógica atual.
O modulador, os misturadores e os amplificadores de potência completam a lista de itens necessários. Uma vez instalada, a antena garante a recepção de programação em alta definição de todos os canais abertos disponíveis nos municípios onde há sinal de TV digital. “A medida também pode ser um complemento para edifícios que já contam com a recepção de TV a cabo, já que pode representar a oportunidade de ter a TV aberta digital com imagem em alta definição em outros cômodos do apartamento”, explica Sodré. No Condomínio Joia de Ouro, em Jacarepaguá, o síndico Samuel Moreschi, que exerce a função há menos de um ano, entrou recentemente na era digital. Ela conta que precisou fazer, no início de setembro, uma revisão geral do sistema de antena coletiva, que se deteriorou por falta de manutenção. “Aproveitamos e adaptamos
Síndico de um condomínio em Jacarepaguá, Samel Moreschi precisou fazer uma revisão geral do sistema de antena coletiva; aproveitou e fez a adaptação à transmissão digital
para a transmissão digital”, resume o gestor de apenas 32 anos, que conta com a ajuda da CIPA na administração do condomínio com 16 andares e 128 apartamentos. “Os que não tinham TV a cabo estavam reclamando da transmissão da antena coletiva analógica, que deixava a desejar.”
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A TV digital no Brasil Existem em todo o mundo três sistemas de TV digital: o americano (ATSC), o europeu (DVB) e o japonês (ISDB). Em junho de 2006, o Decreto nº 5.820, assinado pelo então presidente Lula, determinou que o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T) adotasse, como base, o padrão de sinais japonês (ISDB), que possibilita a transmissão digital em alta definição (HDTV) e em definição padrão (SDTV); a transmissão digital simultânea para recepção fixa, móvel e portátil; e interatividade. As emissoras de TV passaram a rece-
ber um canal de radiofrequência com largura de banda de 6 MHz para cada canal analógico que possuíam. Inicialmente, a transmissão analógica continuaria ocorrendo simultaneamente à digital até junho de 2016. Mas o Decreto nº 8.061/13, publicado em 30 de julho de 2013, determinou que o Ministério das Comunicações estabelecesse um cronograma de transição com início em 1º de janeiro de 2015 e encerramento em 31 de dezembro de 2018. A primeira transmissão oficial de sinal de TV digital no Brasil ocorreu em 2 de dezembro de 2007, em São Paulo.
TV digital e TV de alta definição são a mesma coisa? TV digital e TV de alta definição (marcadas pelas siglas DTV e HDTV, respectivamente) são tecnologias que andam juntas, mas não são a mesma coisa. Se você não sabia, não se preocupe. Esse é um engano muito comum. A TV digital é a tecnologia usada pra levar o sinal de televisão da emissora até nossa casa. É um método moderno e que sofre muito menos com as interferências. Mas a TV digital pode transmitir tanto programas
de baixa definição quanto de alta. Já a alta definição é outra coisa. Definição é a quantidade de detalhes que a imagem mostra. Se você olhar de perto uma imagem de baixa definição, não vai conseguir enxergar os contornos dos objetos menores ou mais distantes. Já na imagem de alta definição, detalhes como a maquiagem de sua atriz preferida ou a pele de seu galã mais querido são perfeitamente visíveis.
Dicas para condomínios na instalação da antena coletiva • O síndico deve buscar informações sobre a empresa que prestará o serviço, verificando outros trabalhos já realizados e o tempo de garantia oferecido. • Deve-se solicitar um projeto de instalação e a documentação de tudo o que for instalado. Confira o contrato de prestação de serviços, verificando se está claro, objetivo e de acordo com o que foi combinado. • Uma antena mal instalada pode começar a se movimentar em virtude de ventos mais fortes, o que causa a alteração
na qualidade do sinal nos apartamentos. • Se o material utilizado na instalação não for de boa qualidade, em menos de seis meses, começarão a aparecer os primeiros problemas. O mais comum é que os apartamentos mais baixos, que estão mais distantes do ponto de instalação da antena, tenham dificuldades para captar o sinal Serviço ABC Telecom: (21) 3342-6000 OUT_NOV_DEZ 2014
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COMPORTAMENTO por Jeniffer Martins
Animais em casa O que dizem as regras sobre ter animais domésticos em condomínios?
Quem tem animais de estimação sabe muito bem o quanto eles são importantes. Nossos amiguinhos, que, na maioria das vezes, são considerados como filhos, dão todo o seu afeto, carinho e amor de valor incalculável a seus cuidadores. Entretanto, tê-los dentro de um apartamento pode gerar problemas de relacionamento, tanto nos condomínios quanto entre vizinhos. E, em boa parte dos casos, a presença desses indefesos bichinhos e a incompreensão de pessoas que não entendem a importância desses animais na vida das pessoas acabam sendo alvo de acusações e conflitos. Se o cachorro é o melhor amigo do homem, algumas vezes, ele pode gerar uma relação de inimizade no dia a dia de um condomínio. Afinal, quando se trata de viver em coletividade, lidar com as particularidades de animais e donos não é tarefa das mais fáceis. Por isso, todos os condôminos que tenham animais de estimação devem seguir normas de bom senso para conviver sem constrangimentos num ambiente de harmonia. Possuir um cão, gato ou qualquer outro animal de estimação é um direito de propriedade amparado pela Constituição Federal, no seu artigo 5°. Portanto, ter um companheiro dentro de casa é um direi-
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to sagrado de todo indivíduo detentor de cidadania. As convenções de condomínios não podem ser superiores às leis federais, ou seja, você pode ter seu cachorro ou qualquer outro pet que esteja legalizado sem que o síndico o impeça. De acordo com Andréa Muller, advogada da Abadi, a Lei Municipal nº 4.785/2008
garante a habitação de animais domésticos pertencentes ao proprietário de imóvel ou inquilino residente nas unidades residenciais e em apartamentos de condomínios no âmbito do município do Rio de Janeiro. Contudo, a doutrina e a jurisprudência dominantes já entendiam e entendem que, se o animal não perturba o sossego, tampouco oferece perigo aos moradores ou mesmo situação insalubre e seja de pequeno porte, sua permanência é cabível à luz dos direitos de propriedade e vizinhança (cf. artigo 5º, inciso XXIII da CF/88 e artigos 1.228, 1.277 e 1.336 do Código Civil). Segundo a advogada, o artigo 936 do Código Civil fala que as regras para o trânsito dos animais em condomínio deverão constar da convenção ou do regulamento interno. Todavia, esses instrumentos coíbem a permanência dos animais nas áreas comuns do condomínio. “Em regra, as convenções proíbem a permanência dos animais nas áreas comuns dos condomínios, pois são utilizadas por todos os moradores e para fins diversos que não comportam o trânsito dos animais.” Na hipótese de utilização indevida da área comum, o condômino que se sujeitará às sanções previstas na convenção ou no regulamento interno pode ser punido. “A convenção
condominial deverá dispor sobre as penalidades impostas aos condôminos que infringirem as regras ali impostas. O dono, ou detentor do animal, ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior”, esclarece Andréa. Diante de determinados conflitos que a guarda dos “mimos” em casa possa oferecer, respeitar certas regras do condomínio evita que síndicos queiram proibir a presença de animais nos edifícios. Sendo assim, lembramos alguns pontos essenciais para que a presença de seu bichinho não incomode os vizinhos: • Sujar as áreas comuns - recolha cocôs e limpe xixis em qualquer área comum. Alguns prédios obrigam a carregar o bicho, mas essa exigência é ilegal: nem todos aguentam fazer isso, como é o caso de crianças e idosos. • Latir e uivar - vez ou outra, tudo bem, mas se ele bota a boca no mundo sempre que você sai de casa, os vizinhos têm direito, sim, de reclamar. • Deixar o bichano sair - mesmo que more no primeiro andar, coloque tela nas janelas. Isso evita que o gato caia por acidente ou vá parar no vizinho. • Barulho da unha no piso - para não incomodar o vizinho do apartamento de baixo, mantenha as unhas do totó aparadas ou coloque tapetes para abafar o som.
O morador do Edifício Weekend, Márcio Flávio de Carvalho, se preocupa em não sujar as áreas comuns do condomínio com os dejetos de seus animais
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fernanda seixas, moradora e síndica do Condomínio Santo Inácio conta que, de modo geral, a convivência dos animais com os moradores no edifício é boa
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A moradora e síndica do Condomínio do Edifício Santo Inácio, em Botafogo, Fernanda Gomes, mora no prédio há mais de 13 anos e há quatro tem o Zico, um adorável cachorrinho da raça west highland white terrier. Ela explica que, de modo geral, a aceitação de animais domésticos no condomínio é boa, já que o prédio tem cerca de 30 animais de estimação. Ela diz que as reclamações só ocorrem quando algum morador extrapola as regras mínimas de convivência. Na convenção do Santo Inácio, que é muito antiga, é proibido manter animais domésticos nos apartamentos. Entretanto, essa regra não pode mais ser aplicada porque nem a Constituição Federal, a lei maior do Brasil, nem o Código Civil proíbem a permanência de animais dentro de apartamento. “Quando assumi a administração, imperava apenas o bom senso de cada um. Mas acredito que isso seja pouco, porque o que para uns é aceitável, para outros pode não ser. Em razão de algumas poucas reclamações que venho recebendo ultimamente, pretendo promover uma assembleia para discutir o assunto e regulamentar oficialmente o trânsito e a permanência dos animais, de comum acordo com a maioria”, diz a moradora do condomínio de dois blocos e 132 apartamentos. A moradora relata que, quando o Zico era pequeno, recebia reclamação de vizinhos, de que ele chorava/latia e criava, portanto, incômodo. “Procurei os moradores que reclamaram, conversamos e me comprometi a fazer o que fosse possível
para controlar o bichinho. O Zico cresceu, ficamos todos mais atentos a isso e as reclamações cessaram”, diz ela, que acredita não haver nada melhor do que uma boa conversa para resolver conflitos. “Cada parte cede um pouquinho e as coisas ficam melhores para todos.” A “mãe” do Zico ressalta ainda outro aspecto importante: há pessoas que não gostam, têm medo ou são alérgicas a animais. “Os donos dos bichinhos deveriam entender tais situações, mas, infelizmente, nem todos entendem. Alguns chegam a achar que seus animais podem até transitar livres, sem coleiras, pelas áreas comuns, sem se importar se isso pode afetar alguém que não gosta de cachorro ou tenha medo dele. O dono do animal tende a achar que seu bichinho é sempre inofensivo”, finaliza Fernanda. Mas o que reza a lei sobre quando o morador receber visitas que tragam animais? A advogada Andréa Muller diz que, nesse caso, os condôminos serão responsáveis pelos atos de seus visitantes, uma vez que estes estão sob a vigília daqueles, de modo que, qualquer ato praticado por eles que viole a convenção será passível de aplicação de multa, pelo condomínio, ao proprietário da unidade, que tem o dever de cumprir as regras ali existentes e respeitar o direito dos vizinhos. Devemos saber que é ilegal impedir a entrada de outro cão ou gato tanto no edifício quanto em sua casa. Sempre que o morador receber esse tipo de visita, é bom alertar os amigos de que as regras para bichos “moradores” também valem para bichos “visitantes”.
Sabemos que os cães são os animais domésticos mais comuns nas unidades autônomas, mas nada impede que se criem gatos, pássaros e tartarugas em apartamentos. Entretanto, a adaptação de cães em apartamentos pode gerar dúvidas, principalmente quando o bichinho já viveu parte da vida em uma casa com quintal e depois tem que acompanhar o dono no novo lar. Geralmente, cães menores precisam de menos espaço, mas as características individuais e da raça influenciam mais do que o tamanho. Um animal grande e tranquilo vive tão bem quanto um cão menor. Para amenizar a falta de espaço, o cão precisa de atividade e deve sair, pelo menos, uma vez ao dia. Ao passear, ele entra em contato com o mundo e sente odores diferentes, que são importantes para ele. É fundamental que seu responsável transite com o cachorro pelo elevador de serviço com a guia bem curta, para evitar que o animal se aproxime das pessoas. Quanto a passear no jardim do prédio, o dono não deve
deixar que o animal estrague as plantas nem cave buracos. Márcio Flávio de Carvalho, morador e subsíndico há mais de seis meses do Condomínio Weekend Bandeirantes, em Jacarepaguá, que tem 336 apartamentos, alega que é fundamental que cada dono limpe a eventual sujeira que seus animais possam fazer, para preservar a limpeza das áreas comuns. “Ter animais de estimação é uma higienização mental para nossa família, mas não podemos nos esquecer da higiene de nossos bichinhos, que dependem de nós totalmente.” O subsíndico tem dois cachorros, o Fred e o Bolota, e os leva para passear e fazer as necessidades em um lugar que não atrapalhe os moradores. Ele sempre recolhe as fezes dos animais e se preocupa com o próximo. “Ando com meus cães dentro do condomínio e os levo na rua para fazer suas necessidades”, explica Márcio. Outro assunto tão relevante quanto as regras com animais de estimação em condomínios é a segurança. Apesar de fofos e carinhosos, os bichinhos de
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estimação podem agredir os humanos por simples brincadeira ou instinto. Na maioria das vezes, os pequenos, tanto os bichos quanto as crianças, são curiosos e não têm noção do perigo que os animais podem oferecer, por isso é importante que os pais fiquem atentos ao tratamento dos filhos com os pets, impondo limites a eles. Quando o assunto é prevenção, usar redes de proteção em janelas e varandas é uma das formas de evitar que acidentes aconteçam com seus “filhos”. Os cães não têm o impulso de saltar por janelas, como os felinos fazem, mas o cuidado é necessário para que não ocorram sinistros. Então, os animais de estimação são parceiros de seus donos, além de trazer benefícios à saúde humana. E se você está pensando em ter um animalzinho de estimação, que tal adotá-lo? Existem milhares de bichinhos esperando um lar onde morar, seja em casa ou apartamento. A ONG Paraíso dos Focinhos faz um lindo trabalho de adoção e bons tratos aos animais.
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Sobre a ONG Paraíso dos Focinhos A Paraíso dos Focinhos nasceu da necessidade de criar um local com condição de receber, tratar, recuperar e colocar para adoção animais que viviam precariamente na casa de uma acumuladora de animais. A presidente Regina Jordão conta que esse ambiente não oferecia estrutura nem suporte para cuidar dos animais. O projeto de ter um espaço adequado para abrigá-los só aconteceu porque uma amiga cedeu um sítio capaz de acolher os 50 cães e 40 gatos em questão. Com o apoio de voluntários e protetores autônomos, o sítio se tornou numa ONG, que, para se manter, recebe ajuda de várias formas. Regina conta que, com o passar do tempo, as pessoas envolvidas foram conhecendo outro mundo. Um mundo cruel de abandono e maus-tratos a esses seres indefesos. “Hoje nós acolhemos cães e gatos que se encontram nas ruas em estado de risco. Pegamos para cuidar aqueles que estão doentes, debi-
litados e machucados.” Entretanto, o trabalho realizado pela ONG não consegue acolher todos os cães abandonados. “Existem muitos que sobrevivem nas ruas, que não estão doentes ou machucados, mas não há como salvar todos. Mesmo aqueles que estão bem nas ruas, sofrem porque passam necessidade ou são maltratados”, lamenta Regina. Infelizmente, algumas pessoas acreditam que, ao abandonar seus cães doentes ou sadios, eles encontrarão pessoas boas que cuidarão deles, mas isso não acontece simplesmente assim. Regina explica que a demanda é grande e as ONGs não recebem ajuda do governo. “O que acontece é que o cão abandonado fica nas ruas tentando sobreviver até cair doente ou ser atropelado. Geralmente, uma protetora independente, no caso uma ONG, toma conhecimento do sofrimento dele e o resgata. Mas, muitas vezes, essa ajuda chega tarde demais para aquele animalzinho”, desabafa.
O projeto esbarra em algumas dificuldades, como abrir vagas e acolher mais animais necessitados, pois, somente quando se consegue adoção dos animais já recuperados é possível liberar espaço para acolher outros que precisam. Agora que você já sabe que pode adotar um animal de estimação sem ter problemas com o condomínio, procure a ONG e dê um novo lar a um companheiro que fará sua vida mais alegre.
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informe
Estatísticas de Imóveis Ofertados Por Tipo Imóvel Aluguel
Por Tipo Imóvel Venda
9% 9% 17%
29%
36%
22%
20% 9% 9% 11%
29% sala
1.246
Apartamento (3 quartos)
1.390
Apartamento (2 quartos)
1.003
Apartamento (2 quartos)
1.279
Apartamento (3 quartos)
568
Apartamento (4 quartos)
687
Apartamento (1 quarto)
307
cobertura
592
loja
294
casa
OUTROS
1.209
569 1.851
outros
total 6.368
TOTAL 4.627
Por Bairro Imóvel Aluguel
Por Bairro Imóvel Venda
Por Finalidade 1% 0%
44%
4%
33%
5%
1.571 657
copacabana recreio dos bandeirantes leblon outros
51% 9% 5%
barra da tijuca
IPANEMA
25%
444 343 332 3.014
total 6.361
11% 7%
39% 60%
6% 5% 1.283
barra da tijuca copacabana
687
venda
6.435
recreio dos bandeirantes
456
aluguel
4.119
IPANEMA
369
temporada
leblon
349
LANÇAMENTO
outros
3.288
138 35 total 10.727
total 6.432
fonte: abadi
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notas
Maricá, no RJ, vive boom imobiliário
No Rio, só 21% dos novos prédios têm itens sustentáveis Dos 356 empreendimentos lançados no Rio entre janeiro de 2012 e abril de 2014, só 76, ou 21%, previam a instalação de algum item sustentável. Ainda é pouco, mas mostra que, pelo menos nos novos edifícios, a sustentabilidade já começa a entrar pela porta da frente, mesmo que por razões meramente econômicas. E, muitas vezes, devido a exigências legais. Isso fica claro com a análise dos equipamentos mais comumente instalados pelas construtoras. Um levantamento feito pelo Sindicato da Habitação (Secovi-Rio) nos 76 empreendimentos com itens sustentáveis mostra que o mais comum é o medidor individual de água. Presente em 60% desses edifícios, o hi-
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drômetro individual em novas edificações é uma obrigação legal na cidade desde março de 2011. Em seguida, vêm os sensores de presença, instalados em 56% dos 76 prédios, e os sistemas para reaproveitamento de água da chuva, em 40%. Soluções que visam a diminuir dois dos maiores gastos de condomínios: luz e água. Ou seja, o peso no bolso ainda é o que mais conta. “O importante é que algo vem sendo feito. E o que a gente percebeu é que os condomínios com esses itens têm maior liquidez. Ou seja, as pessoas já estão cobrando a sustentabilidade e é isso que vai fazer a indústria investir cada vez mais nesses itens” afirma Ronaldo Coelho Netto, vice-presidente administrativo do Secovi-Rio.
A apenas 50 quilômetros do Rio, Maricá, na Região dos Lagos, vive uma grande expansão imobiliária com a chegada cada vez maior de pessoas atraídas pelo Comperj e também por melhor qualidade de vida. A cidade já conta com oito grandes empreendimentos imobiliários. Com população estimada em 143.111 habitantes, a expectativa é de que, em cinco anos, 400 mil pessoas residam no município, que tem uma área total de 362 quilômetros quadrados, enquanto Niterói e São Gonçalo, juntas, contam com 363 quilômetros quadrados e 700 mil moradores. Com unidade de atendimento em Maricá, o Secovi Rio estende a oferta de serviços para as cidades próximas: Itaboraí, Rio Bonito, Saquarema e Tanguá. A vizinha de Niterói está se tornando uma das opções mais procuradas, principalmente por conta do Comperj, em Itaboraí. O município atrai também compradores em busca de casas de veraneio interessados em fugir do caos da cidade grande. Apesar da demanda, os preços das casas em Maricá ainda são inferiores aos praticados em Saquarema, tradicionalmente mais procurada por quem deseja comprar uma residência de praia. Na primeira, os valores vão de R$ 150.408 (2 quartos) a R$ 246.480 (4 quartos). Já na segunda, os preços são mais altos: R$ 156.923 (2 quartos) e R$ 252.727 (4 dormitórios). Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Secovi Rio em 2012.
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Legislação por Renata Fernandes
João Gualberto fez uma pesquisa antes de contratar um profissional para realizar a autovistoria
O prazo acabou, mas as autovistorias não Um passeio por qualquer bairro da cidade já serve como prova de como os condomínios estão empenhados em cumprir a exigência da autovistoria. Na frente de uma série de prédios está a placa de uma empresa indicando que a norma ali, naquele condomínio, está sendo cumprida. O prazo estipulado terminou no dia 1º de julho, mas muitos síndicos ainda não fizeram o procedimento. Engenheiros e arquitetos chamam atenção para a importância da medida (além da segurança de saber que o prédio não sofre riscos, laudos positivos começam a valorizar os imóveis), mas alertam que os síndicos devem ter cuidado na hora de escolher a empresa que vai realizar o procedimento. Essa é a opinião também do síndico André Castelo Branco, do Condomínio 32
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Porto Seguro, em Ipanema, com cinco andares e 20 apartamentos. Em 2012, quando três prédios caíram no Centro do Rio de Janeiro e a principal suspeita foi a de que a reforma em um dos apartamentos teria ocasionado a tragédia, uma luz vermelha acendeu para o síndico. Logo após o incidente, ele contratou uma empresa para vistoriar todo o edifício, das áreas comuns ao interior das unidades. “Eles fizeram um trabalho bem minucioso de toda a parte estrutural, entraram em todas as unidades e apresentaram um relatório. Tivemos pouca coisa para fazer, mas fiquei com a consciência tranquila”, conta o síndico. Pouco tempo depois, a lei da autovistoria entrou em vigor e ele contratou outra empresa, só para cumprir a exigência, que inspecionou apenas as áreas comuns.
O que mais impressionou o síndico foi notar a quantidade de empresas que surgiram no mercado para atender à nova demanda. “Muitas aproveitaram a oportunidade e visaram apenas ao lucro. É preciso ter cuidado com a empresa que você escolhe, porque algumas nem são especializadas em engenharia. Eu fiquei tranquilo porque tinha acabado de fazer uma vistoria muito minuciosa”, opina o síndico. O arquiteto Marcello Magdaleno, da Autovistoria Técnica, especializada em autovistorias, revela que o síndico tem algumas alternativas para verificar a qualidade da empresa que pretende contratar. A primeira providência é pedir referência, outra possibilidade é perguntar qual o quadro técnico. Na Autovistoria Técnica, por exemplo, há dois engenheiros civis, um arquiteto, um engenheiro elétrico e um mecânico. Além disso, é possível consultar o acervo técnico da empresa, uma espécie de currículo com o que ela já fez, que costuma estar registrado no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) ou no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).
O síndico João Gualberto, do Condomínio Alphard, no Leblon, também já cumpriu com a exigência antes do término do prazo. Ele fez uma pesquisa antes de selecionar uma empresa para realizar a vistoria. “A presidente da associação de moradores da Selva de Pedra, com quem tenho boa relação, me enviou uma lista com o contato das empresas que eles tinham consultado. Além disso, ainda fui trocando ideia com os síndicos da localidade e pedi sugestões também dos moradores. Acabei optando por contratar um engenheiro indicado por uma das moradoras”, revela o síndico, que administra um prédio de 15 andares, com quatro apartamentos por andar. Por lá, são feitas manutenções periódicas, então, não houve grandes surpresas quando o profissional entregou o laudo pronto. Não havia nenhum grande restauro a ser feito, apenas detalhes de exigências de equipamentos contra incêndio, como a pintura vermelha das portas corta-fogo. “Achei que fiz uma boa escolha, e o valor foi bem compatível. Para desencargo de consciência, ainda fizemos uma visita em cada uma das unidades”, conta. Segundo a Secretaria Municipal da Casa Civil, apenas 6% dos edifícios apresentaram o laudo obrigatório dentro do prazo estipulado. Quem ainda não o fez, corre o risco de ser multado, caso receba alguma visita de um técnico da Prefeitura. O engenheiro civil Tércio Queiroz, da TQF Engenheiros Associados, esclarece que o tempo gasto entre o início da vistoria e a confecção do laudo depende da metragem do prédio a ser vistoriado e de sua complexidade. “De posse do laudo, a comunicação é imediata no site da Prefeitura”, afirma, lembrando que, mesmo sendo uma medida obrigatória, muitos síndicos ainda não tomaram providências. “Os edifícios estão em ritmo lento, mesmo sendo orientados pelas administradoras de imóveis da necessidade de atender à legislação”, diz. Para Tércio, o procedimento acabou indo ao encontro de uma necessidade de segurança que já existia entre os moradores de edifícios. “Observamos que a maioria dos síndicos e administradores que nos contratam deseja OUT_NOV_DEZ 2014
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A taxa é de cinco vezes o valor de referência do IPTU. O prédio notificado que não mostrar o laudo técnico será multado mês a mês até que apresente o documento. A exigência acaba por trazer benefícios para os proprietários dos imóveis também, já que os laudos poderão ser consultados por futuros compradores. O que mais alguém pode querer do que a certeza de que o prédio onde pretende morar está em perfeitas condições e livre de riscos? É o lado positivo da história.
Como é uma autovistoria?
O síndico André Castelo Branco realizou uma autovistoria antes de o procedimento virar lei.
atender à norma, mas quer ter uma radiografia do que realmente o prédio precisa e das condições em que ele se encontra. No final, o importante é formatar um plano de ação para sanar as patologias e recolocar o edifício em boas condições”, afirma. Segundo o engenheiro Pedro Borba Neves, da empresa PBN Engenharia, a vistoria deve ser encarada como a oportunidade de acabar com possíveis perigos existentes na construção. “O mais importante em todo esse procedimento não deve ser a preocupação com a punição, e sim e a necessidade de diagnosticar os problemas que possam existir na edificação que coloquem em ris-
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co os usuários.” Apesar disso, o engenheiro lamenta que a procura pelo serviço diminuiu muito após o término do prazo. “Aparentemente, os 94% dos condomínios que não realizaram o procedimento não estão muito preocupados com a obediência à lei”, afirma. A data-limite para fazer a autovistoria predial obrigatória foi o dia 1º de julho. Mas os síndicos podem realizar o procedimento e apresentar o laudo pela internet (www.rio.rj.gov.br/web/autovistoria) a qualquer momento. Quem não cumpriu com a norma corre o risco de sofrer multa, que já pode ser aplicada, caso o imóvel receba a visita de algum fiscal da Prefeitura.
Segundo cartilha divulgada pela Prefeitura, a autovistoria é uma inspeção do prédio realizada por um profissional habilitado, engenheiro ou arquiteto, com registro no CREA ou CAU, para avaliar o estado geral da construção, em relação a sua conservação, estabilidade e segurança. O profissional faz a inspeção e produz um laudo, que pode exigir a realização de alguma intervenção, caso haja algo fora do padrão exigido. A última etapa é a comunicação à Prefeitura, que é on-line. O procedimento é obrigatório e deve ocorrer em um intervalo máximo de cinco anos. As empresas apresentam diferentes vistorias, algumas se limitam às áreas comuns dos edifícios e outras também englobam uma visita às unidades. Os moradores, porém, não são obrigados a abrir a porta de sua residência ao profissional. Caso isso ocorra, constará do laudo preparado pela empresa. Os valores da autovistoria variam de acordo com o tipo e o tamanho do imóvel.
O arquiteto Marcello Magdaleno exemplifica: “Estamos fazendo uma vistoria em um prédio na Urca com três andares e apenas três apartamentos, mas no térreo funciona um supermercado. Isso complica muito, pela quantidade de equipamentos que o estabelecimento possui e que necessitam de averiguação. Um fato como esse faz o valor subir.” Estão isentos do procedimento unidades residenciais unifamiliares ou bifamiliares. Estão livres da autovistoria também imóveis de dois pavimentos e área total construída de menos de mil metros quadrados. Os edifícios que obtiveram o habite-se nos últimos cinco anos não necessitarão fazer a inspeção este ano. Serviço
PBN Engenharia tel.: 2240-7340 Autovistoria Técnica tels.: 2523-1573/99351-0437 TQF Engenheiros Associados tel.: 3344-4558
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NOTAS
Imóveis à venda no Vidigal chegam a custar mais de R$ 2,5 milhões Três quartos, incluindo uma suíte, distribuídos em 120 metros quadrados de um prédio com playground. O valor? Quase R$ 1 milhão. Três quartos, dois banheiros e uma varanda de 112 metros quadrados. O preço? R$ 1,4 milhão. Tem até um bar, num terreno de 450 metros quadrados, com dois salões. Para adquiri-lo, é preciso pagar um pouco mais: R$ 2,5 milhões. A localização? Vidigal. Esses são apenas três exemplos de imóveis localizados na comunidade da Zona Sul do Rio – onde a vista é deslumbrante –, que está cada dia mais valorizada. Para os especialistas, é bem provável que esses bens sejam vendidos pelos valo-
res cobrados pelos proprietários. Segundo eles, ao contrário do restante da cidade, em que os preços estão estagnados, a comunidade vive um fenômeno imobiliário. Para Leonardo Schneider, vice-presidente do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio), o Vidigal é a favela que mais despertou o interesse de pessoas de fora: “É uma comunidade que foi pacificada, tem uma vista sensacional e não é tão grande como a Rocinha. Alguns investidores e estrangeiros compraram casas, o que provocou essa pujança.” Laudimiro Cavalcanti, diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Rio (Creci-RJ), concorda: “O local tem vários problemas: falta infraestrutu-
ra, as ruas são estreitas... Mas é perto das praias e tem um visual que é um dos mais bonitos do Rio. O valor está justo, considerando o boom imobiliário local.” Marcelo da Silva, presidente da Associação de Moradores da Vila do Vidigal, entende as razões dos moradores que vendem imóveis por propostas irrecusáveis, mas se preocupa: “Muitas pessoas saem e não têm mais como voltar, por causa dos altos valores (quem vende não consegue comprar outro imóvel pelo mesmo preço). Os aluguéis aumentaram e o comércio elevou os preços. Isso acaba mudando a identidade do lugar. Esperamos que os novos moradores tragam melhorias à comunidade.” (O Globo)
Sala Cecília Meirelles será reinaugurada em novembro Fechada há três anos e meio para reforma, a sala Cecília Meirelles finalmente será entregue aos cariocas. A sala, localizada em um dos bairros mais charmosos e boêmios da cidade, a Lapa, teve sua cor original restaurada. Antes rosa, o local ganhou a pintura em tons de amarelo suave, como era na época de sua construção, no século 19. O espaço tem data de reinauguração para meados de novembro. Outra modificação feita foi no frontão do prédio, que, antes coberto, agora terá espaço para que a luz do sol possa entrar. Além da apresentação de concertos, o local terá restaurante e um hall acessível para que pessoas sem ingresso possam passear pelo local.
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Governo amplia programa Minha Casa, Minha Vida em 350 mil unidades O governo anunciou uma ampliação do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com a inclusão de 350 mil novas unidades habitacionais no programa. A meta do MCMV era a contratação de 2,75 milhões de imóveis até o fim de 2014. Agora, o número total subiu para 3,1 milhões, e as 350 mil novas unidades só poderão ser contratadas no primeiro semestre de 2015. O anúncio foi feito pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, depois de uma reunião com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL
CIPA apoia Pro Criança Cardíaca e incentiva doações O Pro Criança Cardíaca nasceu em 1996, do sonho da cardiologista pediátrica Rosa Celia Barbosa em ver crianças carentes recebendo atendimento cardiológico de primeira qualidade, algo que a rede pública até hoje não consegue oferecer. No início ela atendia no próprio consultório. Logo o projeto já teria sede própria, mas não bastava o atendimento oferecido, havia a necessidade de exames e cirurgias. Nesse momento, foi feito um convênio com o Hospital Pró-Cardíaco. Mas a alegria durou pouco: em 2007, o Pro Criança Cardíaca foi informado de que o convênio estava com os
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dias contados. Mas a persistência da médica e de sua equipe não os deixou desanimar. Nascia ali outro sonho mais ambicioso: construir um hospital próprio, sem fins lucrativos. O hospital foi erguido com a ajuda de muitas pessoas, artistas, entre eles Roberto Carlos e Caetano Veloso, que soltaram a voz e pegaram no violão; estilistas que fizeram desfiles beneficentes; socialites que doaram quadros e joias; dezenas de empresários e políticos que abriram carteiras e portas. Dessa forma, Rosa Celia conseguiu arrecadar os R$ 64 milhões necessários para a construção do prédio e a insta-
lação de todos os móveis e equipamentos do Hospital Pro Criança – Jutta Batista. O edifício tem sete andares, com 7.031 metros quadrados, fica na Rua Dona Mariana, em Botafogo, tem 69 leitos (13 de UTI), 46 apartamentos e centro cirúrgico com equipamentos de última geração (todos importados). “Comecei isso aqui sem um tostão. Não tínhamos dinheiro nem para o terreno. Mas com a ajuda de muita gente construímos esse hospital lindo, com os melhores equipamentos, o que vai tornar possível o atendimento a crianças pobres com doenças cardíacas”, lembra a médica.
Decoração do prédio tem homenagem a doadores A origem dos recursos que ergueram o hospital é lembrada em detalhes na decoração: na recepção, há placas com nomes de patrocinadores, apoiadores e colaboradores; e na cafeteria uma árvore de doadores tem como “frutos” corações com os nomes de alguns dos artistas, intelectuais, empresários e empresas que ajudaram com dinheiro ou trabalho. A lista de indústrias, grifes e pessoas físicas que participaram da rede de filantropia montada pela cardiologista tem cerca de cem nomes. Um dos empresários, no entanto, mereceu deferência especial. O nome do hospital, conta a cardiologista, é homenagem à mãe do empresário Eike Batista, que em 2011, numa fase em que as obras quase pararam por falta de dinheiro, doou R$ 30 milhões à ONG Pro Criança Cardíaca. No momento o desafio é outro, fazer com que o hospital continue a atender efetivamente: “Agora estamos numa nova fase, em que precisamos arrecadar doações para ter capital de giro para o hospital continuar a funcionar”, diz a médica Rosa
Celia. “Sabemos que nesses primeiros seis meses o hospital não terá nenhum retorno financeiro, por isso, precisamos de verba para fazer um bom trabalho”, avalia. Para que isso aconteça é necessário ajuda. E a CIPA, movida por sua responsabilidade social, está investindo nesta divulgação e incentivando doações. É muito gratificante ajudar o trabalho de um projeto médico social tão sério e sem segundas intenções. Ajude você também, seja um doador! Mesmo com o hospital já funcionando, o Pro Criança Cardíaca continua atendendo cerca de 40 crianças por semana. Em 18 anos de projeto, já foram realizados mais de 20 mil atendimentos e 1.200 cirurgias cardíacas. Para ter condições de se sustentar, a instituição oferece 30% das vagas para tratamento gratuito de crianças carentes (já cadastradas no projeto) e 70% são direcionadas a pacientes particulares, que vão ajudar a manter o hospital. Faça parte dessa história. Um pouco de muitas pessoas pode fazer esse sonho respeitável continuar sendo uma bela realidade.
Seja um doador! PRO CRIANÇA CARDÍACA Banco Bradesco (237) Agência: 0227-5 Conta-corrente: 115.400-1 CNPJ: 10.489.487/0001-71
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Jurisprudências 0012709-23.2004.8.19.0002 (2007.001.68570) - APELAÇÃO - DES. ELTON LEME - Julgamento: 5/3/2008 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Apelação cível. Anulação de assembleia geral extraordinária que autorizou a realização de bicicletário. Inexistência de vício. Ausência de prejuízo. Ratificação dos atos em assembleias posteriores. Sentença de improcedência. Desprovimento do recurso. 1) Prova oral produzida a demonstrar que o bicicletário não embaraçou o uso de área comum do condomínio, pois não está localizado em ponto de passagem; a área já era comumente utilizada pelos moradores para colocar suas bicicletas, trazendo facilidades em vários aspectos da rotina do edifício, a afastar a apontada violação ao inciso IV do art. 10 da Lei nº 4.591/64. 2) Não comprovou o autor o alegado prejuízo, destacando-se que seu inconformismo foi externado tardiamente, quando a obra já se encontrava concluída e ratificada em assembleias posteriores. 3) Ausência de justa causa para o desfazimento da obra; providência esta que poderia, sim, causar prejuízo ao condomínio e a seus moradores. 4) Desprovimento do recurso. 0014241-45.2009.8.19.0038 - APELAÇÃO - DES. EDUARDO DE AZEVEDO PAIVA Julgamento: 13/6/2013 - DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL Agravo interno na apelação cível. CEG. Condomínio. Obras de canalização de gás. Rompimento de tubulação de esgoto. Contaminação da cisterna. Falha do serviço. Dano moral in re ipsa. Redução do quantum compensatório. Prestadora de serviço
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público. Responsabilidade objetiva (art. 37, § 6º, CF). Incidência da Lei 8.078/90. Comprovação do nexo de causalidade entre a contaminação da água da cisterna causada por rompimento de tubulação de esgoto e a realização das obras para canalização de gás. Dano moral in re ipsa ínsito à situação fática de ingerir e utilizar, por interregno temporal considerável, água contaminada, inclusive pelo fundado temor de contrair doenças. Quantum compensatório que merece redução, em consonância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, ao patamar de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada autor. Precedentes do TJ/RJ. Incidência de juros moratórios a partir da citação por se tratar de responsabilidade contratual (art. 405, CC). Alteração de ofício autorizada pela Súmula 161, do TJ/RJ. Recorrente que não logrou trazer qualquer elemento diverso daqueles alegados na apelação cível. Desprovimento do recurso. 0226984-49.2011.8.19.0001 - APELAÇÃO DES. MALDONADO DE CARVALHO - Julgamento: 5/11/2013 - PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL Responsabilidade civil. Ação indenizatória. Imóvel. Locação. Condomínio. Incêndio. Falta de funcionamento das mangueiras. Ausência de prova dos fatos constitutivos do direito alegado. Art. 333, I, do CPC. 1) Analisando a prova documental que instrui a inicial, verifica-se apenas que ocorreu o incêndio e que a autora teve grande parte de seu imóvel destruído por chamas. 2) Já o documento de fls. 14 não comprova a falta de licença do Corpo de Bombeiros ou a omissão do réu em manter o equipamento
contra incêndio em perfeito estado de conservação. Indica, apenas, que a aparelhagem preventiva estava em bom estado de conservação. 3) Decisão correta, na forma e no conteúdo, que integralmente se mantém. Desprovimento do recurso. 0350461-17.2008.8.19.0001 - APELAÇÃO 1ª Ementa - DES. MÁRCIA ALVARENGA - Julgamento: 28/11/2012 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL AGRAVO INOMINADO. CONDOMÍNIO QUE ALUGOU TOPO DO EDIFÍCIO PARA A INSTALAÇÃO DE ESTAÇÃO RÁDIO BASE (ERB) DE TELEFONIA CELULAR (ANTENA). ALEGAÇÃO DE CONDÔMINOS DE RISCOS À SUA SAÚDE. AUSÊNCIA DE PROVAS. EM QUE PESE A RELEVÂNCIA DAS ALEGAÇÕES COM BASE NO PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO E PROTEÇÃO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, NÃO HÁ QUALQUER ELEMENTO QUE JUSTIFIQUE A PROVIDÊNCIA DRÁSTICA DE PROIBIÇÃO DA UTILIZAÇÃO DO EQUIPAMENTO. PRECEDENTES. AGRAVO INOMINADO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 0005639-73.2011.8.19.0045 - APELAÇÃO - 1ª Ementa - DES. CEZAR AUGUSTO R. COSTA - Julgamento: 18/7/2014 - OITAVA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE ENTRE VEÍCULO E PORTÃO AUTOMÁTICO EM GARAGEM DE CONDOMÍNIO EDILÍCIO. PEDIDO DO CONDÔMINO PARCIALMENTE PROCEDENTE QUANTO À REPARAÇÃO PELO DANO PATRIMONIAL. IRRESIGNAÇÃO DO CONDOMÍNIO. Trata-se de demanda indenizatória de condômino em face do condomínio-réu, em virtude de
abalroamento entre seu automóvel e o portão automático de acesso à garagem do edifício. Não merece prosperar o argumento trazido pelo recorrente de nulidade da sentença por violação ao princípio da identidade física do juiz, previsto no artigo 132 do Código de Processo Civil. Disciplina das nulidades pas de nullité sans grief. A matéria de que trata esses autos se sujeita às normas do Código Civil, em seus artigos 186 e 927. O acervo probatório comprova o dano, a conduta da ré e o nexo de causalidade entre ambos, inexistindo comprovação da alegada culpa exclusiva do apelado. A indenização pecuniária por danos materiais emergentes da colisão possui lastro nas provas produzidas, não merecendo qualquer reparo a decisão proferida pelo magistrado a quo. DECISÃO MONOCRÁTICA. ARTIGO 557, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. NEGA-SE PROVIMENTO AO RECURSO. 0453371-83.2012.8.19.0001 - APELAÇÃO - 1ª Ementa - DES. ADOLPHO ANDRADE MELLO - Julgamento: 13/5/2014 - NONA CÂMARA CÍVEL DIREITO CIVIL. Condomínio em edifício. Obrigação de fazer. Permissão de utilização de portão de garagem. Argumento. Restrição ilegal e não aprovada por 2/3 dos condôminos. Sentença de improcedência. Recurso. Devolução total. Contrarrazões. Prestígio da sentença. Decisão sem eiva de ilegalidade, nem na forma, AGO, nem quanto ao quórum, maioria dos presentes. Restrição devidamente motivada por razões de segurança. Nunca houvera proibição de utilização do portão objeto da discórdia. Orientação para que os condôminos utilizassem o portão automático. Apelante não precisa, necessariamente, passar pelo portão manual para alcançar sua vaga de garagem. Acesso possível pelo portão automático. Com a devida vênia, pretende a apelante, de forma singular, fazer prevalecer um capricho em desfavor dos condôminos. Desprovimento do recurso. 0469689-44.2012.8.19.0001 - APELAÇÃO - 1ª Ementa - DES. CELSO PERES - Julgamento: 14/2/2014 - DÉCIMA CÂMARA CÍVEL Apelação cível. Ação ordinária objetivando a manutenção das grades externas do tipo denominado “peito de pombo”, que foram apostas na janela da unidade condominial de propriedade dos autores, bem como a anulação das multas impostas pelo condomínio-réu, por alegada infração à convenção condominial e indenização por danos morais. Suposta nulidade da convenção que deve ser arguida na via própria. Inteligência dos artigos 1.314 § único e 1.333, ambos do Código Civil, os quais impõem aos condôminos a submissão às regras expostas na sua convenção e ao regimento interno. Matéria exclusivamente de direito. Manutenção da decisão. Apelo improvido. 0013188-07.2009.8.19.0207 - APELAÇÃO - 1ª Ementa - DES. ANTÔNIO ILOÍZIO B. BASTOS - Julgamento: 1/8/2012 - DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. OBSTÁCULOS NÃO PREVISTOS NA CONVENÇÃO QUE IMPEDEM O USO DE PARTES COMUNS, EM ESPECIAL ESTACIONAMENTO DE CONDOMÍNIO. PROCEDÊNCIA QUE SE MANTÉM. MULTA CORRETAMENTE ARBITRADA. 1) Ação ajuizada contra condomínio em razão de colocação de obstáculos, como grades, correntes e pequenos telhados, que impedem a utilização, por todos os condôminos, das partes comuns, especialmente do estacionamento, que é descrito em convenção também como parte comum. 2) Correta a sentença que determina a desobstrução do local em dez dias, a contar do trânsito em julgado, sob pena de multa diária. 3) A astreinte deve demonstrar à parte que o cumprimento da determinação não é voluntário, mas um dever fundado no próprio poder coercitivo do Estado. Fixação em observância ao princípio da proporcionalidade e razoabilidade. 4) Honorários advocatícios corretamente arbitrados. 5) Sentença que merece ser mantida, descabendo qualquer reforma. 6) Recurso a que se nega seguimento na forma do art. 557, caput, do CPC.
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Condomínio por Lia Rangel
Apartamento no térreo é uma boa opção? Conheça as vantagens e desvantagens de viver nessas unidades As regras da boa convivência, que aprendemos desde muito cedo, condenam o ato de jogar lixo em qualquer lugar que não seja a lixeira, mas os brasileiros têm demonstrado muita falta de educação, não só nas ruas, mas em vários condomínios espalhados pelo país. Muitos moradores de apartamentos que ficam nos andares superiores acham que podem descartar tudo pela janela, e verdadeiros absurdos são cometidos, pois são arremessados copos, guimbas de cigarro, papéis, fraldas descartáveis, absorventes higiênicos e até camisinha, entre outras coisas, que podem atingir as áreas comuns dos prédios ou os
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apartamentos que ficam no térreo. É evidente que existem muitas vantagens em morar num apartamento localizado no térreo, como a área externa, que pode ser aproveitada de muitas maneiras, e a proximidade com o estacionamento e o hall de entrada, mas também há desvantagens. Conviver com o que cai dos andares superiores pode ser perigoso, além de dar prejuízo e ser cansativo. Guimbas de cigarro, por exemplo, podem queimar roupas, almofadas, capas de sofá e de máquina de lavar. Se a ponta do cigarro cair acesa em uma lixeira com papel e plástico, pode, inclusive, causar incêndio. Objetos pesados,
como vasos de planta, pedras decorativas, pesos de porta ou sapatos, podem até machucar alguém que esteja passando por aquele lugar no momento da queda. Merilandy Gomes, moradora de um apartamento localizado no térreo de um condomínio na Praça da Bandeira, conta que na hora de escolher seu imóvel analisou cuidadosamente as vantagens e desvantagens. “Comprei este apartamento pensando que não terei que subir escadas quando ficar velha, nem quando faltar luz, se o elevador não funcionar. Também pensei no aconchego, pois parece que moro em uma casa. A janela fica de frente para uma
Gabriel Collares diz que a área externa do apartamento térreo é bonita e todos tentam mantê-la limpa
árvore frondosa onde passarinhos cantam. Acho tudo isso um charme. Também tem a praticidade – ao abrir a porta do apartamento já deparo com a entrada principal do prédio e quando quero fazer um churrasco, faço na área que é descoberta e a fumaça não entra no apartamento”, diz. Mas como nem tudo são flores, Merilandy também enfrenta alguns problemas por conta de sua escolha. “Entre as desvantagens, tem o vizinho que lava o tapete e o coloca para secar na parede que dá para minha área. Quando quebra alguma janela, geralmente cai tudo na área descoberta e eu é que tenho que limpar. Por falar em limpeza, as folhas da árvore caem nessa área externa e é preciso varrer todos os dias e, além disso, os vizinhos pensam que vivemos num grande Big Brother e sempre enfiam a cara em meu apartamento. Isso é chato”, conta. Para Gabriel Collares Barbosa, que há quatro anos é síndico do Condomínio Edifício Ipê, localizado em Copaca-
bana, a grande vantagem de morar em um apartamento localizado no térreo é usufruir da área comum do condomínio sem pagar mais por isso. “Assim é possível dispor de uma metragem maior do que comumente encontramos em um bairro muito adensado, como Copacabana, onde parte significativa dos imóveis não ultrapassa os 80 metros quadrados. Em nosso condomínio, por exemplo, os dois apartamentos térreos dos fundos realizaram intervenção de paisagismo, que deu não apenas beleza às unidades, mas trouxe uma vista mais agradável dos apartamentos superiores, pois, ao olharem para baixo, se deparam com jardins e móveis rústicos, além de iluminação apropriada. Os imóveis dispõem ainda de churrasqueira, árvores frutíferas e chuveirão. Isso tudo só acrescenta valor à propriedade de todos nós do condomínio”, diz. Mas o síndico concorda que também existem desvantagens em morar nesse tipo de imóvel. “Como em qualquer condomínio, exisOUT_NOV_DEZ 2014
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tem pessoas que atiram pontas de cigarro e lixo pela janela. Isso acaba sujando a área dos moradores. A administração se compromete a realizar limpeza mensal nessas áreas, além de fazer campanhas para esclarecer os demais moradores sobre as regras de convivência e até sobre multas a que estão sujeitos os infratores. Os proprietários dos apartamentos térreos se encarregam da limpeza de suas áreas semanalmente. E como os imóveis são muito arrumados, acredito que isso traga remorso àqueles que ousam atirar lixo pela janela. Mas, além disso, existe um problema muito complicado para quem mora no térreo, que é o retorno do barbará pelo encanamento do imóvel, já que um simples entupimento na rede coletora da rua fará com que o esgoto retorne, por exemplo, para a pia desses apartamentos. Da parte do condomínio, é necessário realizar, pelo menos semestralmente, a limpeza da caixa de gordura e, anualmente, das caixas coletoras no térreo que, por sua vez, têm ligação com as da rua”, conta.
A vida sob o lixo alheio Objetos caem dos andares superiores por dois motivos: são arremessados ou por acidente e, nesse último caso, o morador ou ocupante do imóvel assume o risco dessa ação. Intencionalmente ou não, caso isso aconteça, o ato pode ser punido por meio de advertência ou multa, que precisa estar prevista na convenção ou no regimento interno do condomínio e deve ser aplicada pelo síndico, que é o responsável legal pelo condomínio. Uma moradora que não quis se identificar para evitar qualquer tipo de represália
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conta que mora há 22 anos no apartamento térreo de um condomínio localizado em Botafogo e que a grande vantagem é que ela parece morar em uma casa, por conta da área externa associada a seu apartamento e, por isso, sempre recebe amigos, familiares e faz ótimas reuniões em sua área, o que incomoda os outros moradores do condomínio. Mas se ela os incomoda por usufruir da área externa, os outros a incomodam com tudo que deixam cair de suas janelas. A moradora diz que chegou a ir a cada apartamento para pedir a colaboração de todos. “No meu caso, a grande desvantagem de morar em apartamento térreo é que as caixas de esgoto e gordura ficam em minha área externa, e isso me incomoda, pois, todas as vezes em que as caixas precisam ser limpas, os profissionais têm que entrar em meu apartamento.
Também preciso fazer desratização a cada três meses, senão os roedores invadem meu espaço, como quando vim morar aqui e cheguei a matar 106 ratos em uma noite. Mas a principal desvantagem é, sem dúvida, ter que aturar a falta de educação dos outros moradores, que jogam lixo e outras coisas pela janela. Já caiu muita coisa aqui na área: flanela, osso de galinha e papel de bala, por exemplo. Certa vez, um morador lavou uma pedra usada para segurar livros, colocou-a para secar e caiu bem na minha área, por pouco não aconteceu um acidente com vítima. Em outra ocasião, estavam lavando um espaço com sabão e água sanitária, e essa mistura caiu sobre as roupas que estavam estendidas na área. Guimba de cigarro é o mais comum, inclusive já troquei os toldos duas vezes porque viraram peneira por causa dos furos que os ci-
garros ainda acesos faziam. No caso das roupas, o morador pagou as despesas, e no caso dos toldos, o condomínio foi o responsável pelo pagamento”, conta.
Soluções Viver sob o lixo dos outros moradores e a constante preocupação com os objetos que podem cair no espaço que pertence a sua casa não deve ser fácil, realmente, mas os síndicos podem adotar algumas atitudes para diminuir esses incômodos. Comunicados espalhados pelas áreas comuns e circulares enviadas às unidades podem ser o início de uma campanha de conscientização para alertar os moradores dos riscos e do mal-estar que essas atitudes ou a falta de atenção podem causar. A identificação da unidade que comete a infração é fundamental para a aplicação das sanções administrativas, e isso pode ser feito até mesmo por meio de câmeras de segurança do condomínio. Caso não se saiba quem são ao culpados, os comunicados devem ser intensificados e um pedido de colaboração dos funcionários e dos demais moradores também é opção. O síndico Gabriel Collares fala sobre a importância da advertência ao morador que insiste em jogar lixo e objetos pela janela. “Procuramos identificar, chamar os moradores e conversar pessoalmente. Caso persista o problema, enviamos notificação por escrito e, posteriormente, levamos para a assembleia deliberar, em caso de reincidência. Só fazemos uso da aplicação de multa depois de esgotadas todas as possibilidades de negociação. Nossa ideia é instalar câmeras de segurança, mas a negociação compartilhada, com muito diálogo, é o melhor caminho para a resolução de problemas”, afirma. Além de comunicados, advertências e multas, outras opções podem solucionar o problema e evitar mais confusão entre os vizinhos, como a instalação de redes de proteção na horizontal, com a intenção de impedir a passagem de objetos vindos dos andares superiores. Segundo Luís Cláudio dos Santos Terra, sócio da empresa Acquaredes Comércio e Serviços de Redes de Proteção Ltda., muitos con-
domínios já utilizam redes de proteção, principalmente nas áreas de ventilação, para conter a queda de pequenos objetos em dias de ventania e tempestade. “Por se tratar de uma rede, ela não abafa o ambiente, permitindo a ventilação, e não faz sombra, mantendo a luz natural. Quando a convenção permite, fazemos um teto falso com redes na malha 3 x 3 centímetros. Ela não retém líquido e lixo muito pequeno, como guimba de cigarro e objetos menores, mas suporta até 600 quilos, evitando acidentes e situações desagradáveis”, explica. Sebastião Abreu, diretor da Telas Guaratiba, empresa especializada na fabricação de equipamentos esportivos, alambrados para campos de futebol e telas de proteção, dá outra dica: “Antigamente não existia polietileno, que é esse material do qual são fabricadas as redes de proteção atualmente, então, as pessoas costumavam utilizar a tela aramada, feita de aço e coberta com PVC. Esse material é impossível de cortar com a tesoura, por isso, era utilizado tanto para evitar roubo nos apartamentos do térreo quanto para impedir a queda de objetos, e muitas pessoas ainda preferem esse tipo de material às redes de proteção. A malha das redes é produzida, normalmente, com 50 milímetros, mas, caso seja para a rede horizontal, a ser colocada nos prismas e vãos dos prédios, a confeccionamos com 30 milímetros, para dificultar ainda mais a passagem de qualquer artefato.” O síndico precisa redobrar a atenção caso esses acidentes estejam acontecendo com frequência, pois, se ficar provado que ele foi informado sobre o ocorrido e não tomou as atitudes cabíveis, ele pode ser acionado judicialmente. Além de estar atento para os danos que os moradores dos andares superiores podem causar, o síndico deve orientar os ocupantes do térreo a não cometerem erros e o problema se virar contra eles. No caso da instalação de redes, toldos, telhados, tudo deve estar previsto em convenção para evitar problemas ainda maiores, e, caso não esteja, o síndico deve impedir a instalação e orientar sobre as possibilidades disponíveis para aquele espaço, visando sempre ao bem-estar de todos os moradores do condomínio. OUT_NOV_DEZ 2014
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Condomínio por FERNANDA CUBIACO
Portões automáticos. Você já tem um pra chamar de seu? Por questões de segurança, os portões automáticos são acessórios que vêm sendo incorporados cada vez mais aos prédios da cidade O processo de incorporação das grades dos edifícios à arquitetura urbana, antes de ser criticado, pode ser mais bem compreendido com a reflexão do autor italiano Aldo Rossi, em sua Arquitetura da Cidade, obra publicada em 1966. Depois de analisar cidades de todo o mundo, ele percebeu, entre outros aspectos, que os “processos de conformação das cidades” são diferentes. “A forma da cidade é sempre a de um tempo da cidade, e existem muitos tempos na forma da cidade. No próprio decorrer da vida de um homem, a cidade muda de fisionomia em volta dele; as referências não são as mesmas”, comenta Aldo, e é o caso da incorporação das grades nos edifícios à arquitetura. Em 1980 quase não tínhamos prédios com grades. Hoje, principalmente nos novos condomínios na Barra da Tijuca e em outros bairros em expansão, o gradil 50
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já consta da planta. O principal motivo do recurso, entre outros, é proteção. Em Copacabana, o Condomínio Majestic, edificado em 1950 e, desde então, sem grades, em breve estará “engradado”. Com um investimento de R$ 42 mil, parcelados em seis vezes, ele terá 54 metros de grade em seu entorno. A decisão, aprovada em assembleia, levou em consideração, principalmente, a segurança dos moradores residentes no primeiro andar do prédio, que, de certa forma, ficam desprotegidos. As grades também resolveram a questão de estacionamento irregular na calçada do prédio. Com licença já concedida pela Prefeitura, o gradil, que será instalado a três metros de distância da fachada, promove, aos moradores, uma área protegida, na qual já se cogitou colocar jardins. Pretende-se também eliminar os seguranças, pois muitos consideram
as câmeras e as grades um par perfeito para garantir a segurança. Já para os síndicos da CIPA Ana Maria Ferreira da Silva e Sérgio Pitanga, o processo foi diferente. O gradil já era uma realidade e sempre gerou a sensação de segurança. No caso do Condomínio Sunshine, sob a batuta do síndico Sérgio Pitanga, na Barra da Tijuca, o gradil é oriundo da época de construção. No caso do Condomínio Bellatrix, na Tijuca, o gradil veio no movimento de transformação da cidade. Ana Maria, à frente do Condomínio Bellatrix, primeiro como subsíndica e já há dois mandatos como síndica, acredita que as grades foram incorporadas às edificações por uma questão de necessidade. E a alta demanda impulsionou as inovações, permitindo o embelezamento do condomínio. “Trocamos recentemente os portões em frente ao prédio, que faz conjunto com a garagem e com a entrada principal, por um modelo mais moderno, de alumínio branco e vidros. E essa mudança foi aprovada em assembleia geral, com a concordância dos condôminos dos
Sérgio Pitanga, síndico do Condomínio Sunshine, constata: “Os empreendimentos na Barra da Tijuca, em sua maioria, foram entregues com grade, portão eletrônico e cancela. Para mais segurança, os condomínios incorporaram ao sistema monitores em pontos estratégicos. Mas não podemos nos esquecer da equipe de funcionários do condomínio, que precisa ser orientada e treinada”
seis apartamentos. O investimento no portão eletrônico com controles e chaves novas foi de R$ 16 mil, que serão pagos em seis vezes.” Já para Sérgio Pitanga, do Condomínio Sunshine, a única preocupação é com a manutenção. Grades, portões eletrônicos e cancela foram entregues com o condo-
mínio pela construtora (Gafisa). Com 120 apartamentos e 20 funcionários, segundo Sérgio, para manter a segurança, “além dos portões e das grades, há câmeras que monitoram pontos estratégicos e um sistema de controle de acesso, além de uma equipe de funcionários bem treinados, fundamental para a proteção”.
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Mais sobre portões e grades
Ana Maria Ferreira da Silva, síndica do Condomínio Bellatrix: “Portões automáticos e grades são acessórios indispensáveis em uma cidade do século 21. Portões e grades são para segurança, modernidade, valorização e embelezamento dos condomínios”
Recentemente, o IBGE divulgou o tamanho da população brasileira: 202.768.562. E o Rio de Janeiro está em terceiro lugar em população, com 16,3 milhões de habitantes. Além de populoso, é povoado, visto que sua densidade demográfica (população relativa) é de 365,2 habitantes por quilômetro quadrado, bem acima da média nacional, de 22,4 habitantes pela mesma metragem. É, também, segundo o site Onde Fui Roubado, a terceira cidade mais violenta do Brasil. Logo, com um sistema de segurança pública que deixa a desejar, portões, sistemas de vídeo, uma equipe de porteiros treinados e seguranças para o período da noite são investimentos que estão no foco dos síndicos no que tange à melhoria, na percepção de segurança dos moradores desse Rio de Janeiro que se transforma.
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A Empresa Guerra & Gaspar Portões Automáticos, fundada por Arlindo Guerra, começou com a venda de portões em 1986. Hoje, além da venda, presta serviços de manutenção, conserto e instalação de toda a linha de segurança eletrônica, como CFTV digital com acesso remoto, cerca elétrica, alarmes, PABX, luzes emergenciais e de presença, portões e cancelas automáticas. Especificamente sobre os portões eletrônicos, a empresa diz que podem ser fabricados com diferentes matérias-primas, como madeira, alumínio e ferro. Atualmente, os mais vendidos são os de alumínio, visto que são mais duráveis quanto ao impacto da chuva, do sol, da maresia (oxidação causada pela aproximação do mar), do xixi de cachorros etc. Eles podem ser anodizados nas cores champanhe, bronze preto ou alumínio ou ter pintura eletrostática nas cores branca, verde, azul, vermelho etc. E podem ser do tipo basculante (abre e fecha como uma janela basculante), o mais usado; deslizante (com roldanas que deslizam sobre
Para a instalação de portões, desde que estejam dentro de limites, não há necessidade de licença da Prefeitura, mas, no caso de colocação de gradil, as licenças de obras são emitidas pelas Coordenadorias e Gerências de Licenciamento e Fiscalização da Secretaria Municipal de Urbanismo e são gratuitas.
um trilho); pivotante simples, com uma folha, ou pivotante duplo (que abre como uma porta fixada com dobradiças ou pivores), com duas folhas. Dica do Guerra: todo portão eletrônico pode ter longa vida útil, desde que seja usada a máquina correspondente a seu peso, dimensão e fluxo de abertura e fechamento diário, mais a manutenção preventiva e a corretiva mensal. A empresa EDM Service Conservadora, fundada há 15 anos por Pedro Manede e Edmilson do Santos, é responsável pela automatização de portões e instalação de interfones, entre outros serviços. Manede se lembra de que, com o aumento na demanda por portões eletrônicos, desde 1990, a empresa já chegou a fazer mais de 20 instalações em um mês. O investimento, com mão de obra incluída, para a instalação de portões eletrônicos e sistema de interfones, é calculado de acordo com o tamanho, as necessidades de adaptação e o motor escolhido; portanto, o valor pode variar bastante. Serviço Guerra e Gaspar: www.ggportoes.com.br tel.: 2564-0252 EDM Service: www.edmconservadora.com.br tel.: 2205-0299 Prefeitura: www.rio.rj.gov.br/web/smu/ exibeconteudo?id=4262749
NOTAS
Inmetro abre consulta pública sobre a regulamentação de playgrounds O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) abriu consulta pública sobre a regulamentação de playgrounds. Durante 60 dias, o instituto receberá as contribuições da população e poderá propor a criação de um regulamento técnico sobre os requisitos de segurança para uso desses equipamentos infantis. A proposta do Inmetro é elaborar cartilhas de orientação e campanhas educativas, assim como fornecer recomendação técnica, aplicada às prefeituras, que
é quem fiscaliza esses equipamentos, sobre como fazer a manutenção e instalação, com placas orientadoras sobre o uso para os pais. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) apoia a medida. Segundo o presidente da entidade, Synésio Batista da Costa, quando se produz uma norma, é preciso olhar os detalhes, e quando ela é submetida à consulta, sempre se encontram ótimas sugestões, algumas nas quais nem mesmo os engenheiros tinham pensado.
IGP-M avança na segunda prévia de setembro O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), utilizado para reajustar a maioria dos contratos de locação, ganhou força na segunda prévia de setembro, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador ficou em 0,31%, depois de mostrar deflação de 0,35% no mesmo período de agosto. No ano, o IGP-M teve alta de 1,87% e, em 12 meses, de 3,66%. Usado no cálculo do IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede os preços no atacado, apresentou variação de 0,32%, depois de recuar 0,57% no mesmo período do mês anterior. O Índice de Preços ao Consumidor
(IPC), que mede os preços no varejo e também entra no cálculo do IGP-M, também mostrou alta de 0,32%, após apresentar variação negativa de 0,02%, no mesmo período do mês anterior. Todas as classes de despesa componentes do índice registraram acréscimo em suas taxas de variação, com destaque para os preços dos alimentos (de -0,15% para 0,20%). O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que também é usado no cálculo do IGP-M, mas com um peso menor do que o dos outros indicadores, desacelerou, de 0,23% para 0,20%, influenciado pela variação de preços de mão de obra.
Lançamentos na Zona Norte crescem 245% em cinco anos A Zona Norte do Rio ganha cada vez mais status e se consolida no mercado imobiliário. Entre 2008 e 2013, a região registrou alta expressiva de 245% no total de unidades lançadas. Ficou atrás somente da Zona Oeste, de acordo com a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ). Em 2013, foram 6.629 novas unidades, 23% a mais do que em 2012. No primeiro semestre deste ano, segundo a Ademi, a Zona Norte se destacou com 2.211 unidades lançadas, com expectativa de receber ainda mais empreendimentos até o fim do ano. A região ficou mais atraente para lançamentos residenciais e comerciais devido à implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), às obras de revitalização, investimentos em infraestrutura e à implantação dos novos modais de transporte.
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Especial por Lia Rangel
Condomínio da CIPA é o grande vencedor do Prêmio Secovi Rio 2014 A síndica Maria Auxiliadora busca – e consegue – soluções para economizar em tudo, sempre O Condomínio do Edifício Bandeirante Capitão Domingos, localizado em Todos os Santos e administrado pela CIPA, foi o grande vencedor do Prêmio Secovi Rio 2014 na categoria “Condomínio Sustentável”. O prêmio foi criado para homenagear personalidades e condomínios que se destacam no segmento imobiliário, contribuindo com seus exemplos para promover o desenvolvimento do setor. Maria Auxiliadora é moradora do condomínio há 33 anos. Foi conselheira de 2005 até 2009, quando foi eleita síndica, cargo que ocupa com afinco e dedicação até hoje. Maria não mede esforços para manter seu condomínio dentro das normas e, além disso, está sempre em busca de melhorias, redução de despesas e ações que possam beneficiar o condomínio, os moradores e os funcionários de modo geral. A síndica já chegou buscando melhorias, e sua primeira grande obra foi a revitalização do para-raios, com a instalação da Gaiola de Faraday no condomínio, o que conferiu mais segurança aos moradores e aos equipamentos eletrônicos. A conta de energia elétrica sempre chamou a atenção da síndica, que começou a pesquisar soluções que pudessem ajudar o condomínio a economizar mais. Foi aí que Maria descobriu que as bombas de água eram as grandes vilãs do consumo. O condomínio utilizava três bombas de 15 cv e, segundo pesquisas e orçamentos que realizou, duas bombas de 7,5 cv atenderiam muito bem ao condomínio e reduziriam o consumo de energia elétrica. A síndica então abriu licitação, pediu cota extra e realizou mais essa obra. “Já nos primeiros meses conseguimos perceber a economia”, comemora Maria Auxiliadora. Em 2010, a síndica encarou outro desafio visando, mais uma vez, à economia, dessa vez de água. Maria Auxiliadora 54
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Parceira da Maria Auxiliadora há quatro anos, a assessora da CIPA Maria Bernardo é só elogios à síndica
"Só de estar entre os três condomínios finalistas já foi uma vitória imensa; ganhar, então, foi maravilhoso." Maria Auxiliadora, síndica do Edifício Bandeirante Capitão Domingos
pesquisou, leu, se informou e optou pela individualização dos hidrômetros antes mesmo que isso virasse lei para os novos condomínios. O sistema de medição individual é justo, pois cada um paga apenas o que consome, e também beneficia o condomínio, já que diminui os gastos com energia elétrica, por conta das bombas, e com água, pois pagando apenas o que se consome, as pessoas tendem a economizar e o condomínio não precisa pagar a parte dos inadimplentes, que é impossível de separar em uma cota única, o que causa mais prejuízos ainda ao condomínio. Essa obra levou cerca de oito meses para ser concluída, mas a economia foi muito grande. A síndica conta que foram dois meses de teste, para os moradores se adaptarem às novas mudanças, e a economia, já no primeiro mês, chegou a quase 50%. “Os condôminos começaram a investigar vazamentos e goteiras para consertar e também passaram a controlar o uso da máquina de lavar roupa e o tempo de torneiras e chuveiros abertos. No primeiro mês de teste, a conta, que costumava ser de R$ 25 mil, passou para R$ 13 mil. Inclusive, no mês seguinte, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) veio trocar nosso hidrômetro por conta dessa diferença na conta, eles acharam que estava com defeito. Essa economia nos ajudou a ficar bastante tempo sem aumentar a taxa condominial”, conta a síndica. Mas a curiosidade e a vontade de fazer mais pelo condomínio não pararam por aí e, logo em seguida, a síndica engatou mais duas obras, brigando mais uma vez para reduzir a conta de energia elétrica. Maria Auxiliadora substituiu os painéis dos exaustores por painéis mais modernos, classificados pelo Inmetro, e fez a modernização das partes elétrica e eletrônica dos elevadores. Mais uma vez ela venceu
essa briga e reduziu muito o consumo de energia do condomínio. “As empresas que faziam a manutenção dos elevadores, ao longo dos anos, foram sucateando o equipamento, substituindo peças erradas e fazendo com que o consumo de energia aumentasse. Com a modernização, o consumo foi de 12 mil kWh para 7 mil kWh”, diz nossa supersíndica. Em busca de mais economia na conta de água, Maria Auxiliadora também instalou um bloqueador de ar depois do hidrômetro, para evitar que o aparelho contabilize ar em vez de água. A síndica ainda trocou todas as luzes de emergência por luzes de LED, que, segundo suas pesquisas, iluminam mais e consomem menos. “Coloquei essas luzes em todos os vãos das escadas. Tudo reflete no consumo de energia. Quando falta energia no
condomínio, ainda temos seis horas de iluminação extra”, diz. Mas a síndica conta que é preciso estar envolvido com o trabalho e por dentro de tudo o que precisa ser feito, e isso não é fácil. “Tudo isto foi muito trabalhoso – pesquisar e encontrar firmas idôneas, agendar visitas técnicas, fazer orçamentos, acompanhar as obras –, mas valeu a pena. Nós moramos aqui e temos que fazer o melhor por nosso condomínio e o melhor é sempre evitar o desperdício, evitar mais despesas. Eu observo outros condomínios e fico surpresa com os síndicos que não fazem nada com relação à questão da água. É preciso a mobilização maior deles, eles precisam trabalhar, fazer as coisas acontecerem e, além disso, devem estar por dentro de tudo o que acontece em seus condomínios e de tudo o que precisa ser feito”, dispara a síndica.
Reconhecimento
A síndica da CIPA, Maria Auxiliadora, recebendo o prêmio do presidente do Secovi, Pedro Wahmann
Obras de amor – fazer o bem sem olhar a quem! Além das obras que visam diminuir os gastos de água e energia elétrica no condomínio em que é síndica, Maria Auxiliadora também investe em projetos para ajudar o próximo. Ela já fez várias campanhas de arrecadação e sempre tem um resultado positivo. A primeira delas foi para ajudar uma conhecida que trabalhava em um hospital a recolher potes de vidro com tampa de plástico, pois esse tipo de recipiente é ideal para o armazenamento de leite materno, doado por mães de todo o Rio de Janeiro e distribuído para os recém-nascidos que dependem disso para sobreviver. “Como o número de mamães que amamentava no condomínio era pequeno, eles não vinham recolher o leite aqui, então, as que podiam, iam fazer a doação diretamente no hospital. Mas conseguimos muitos recipientes com essa campanha”, conta. Outras campanhas vieram em seguida, como a realizada para arrecadar sapatos, casacos, cobertores e água mineral para as vítimas do desastre da Região Serrana do Rio de Janeiro, em 2011, e a que recebeu alimentos não perecíveis paras as vítimas do ainda recente terremoto no Haiti. A síndica também conseguiu arrecadar 90 pacotes de fraldas descartáveis e montar quatro enxovais completos para bebês e entregar para uma ONG, em Copacabana.
Além dessas iniciativas, Maria Auxiliadora ainda faz reciclagem. O condomínio recolhe, de seus moradores, garrafas PET, latas e óleo de cozinha usado, entre outras coisas, e a renda é destinada a pequenas ações no condomínio, como a compra de cestas básicas para incentivar ainda mais seus funcionários. Outra preocupação da síndica é com a saúde dos moradores, por isso, ela está sempre por dentro de todas as campanhas que o posto de saúde onde ela se trata promove e as leva para o condomínio. “Já tivemos palestras sobre colesterol, diabetes, pressão alta e a última foi sobre escovação dos dentes. É muito produtivo”, conta. A síndica garante que a alegria de ter vencido esse prêmio é enorme. “Só de estar entre os três condomínios finalistas já foi uma vitória imensa; ganhar, então, foi maravilhoso. Nós tínhamos o projeto de comprar um brinquedo novo para o play e inaugurá-lo com uma grande festa no Dia das Crianças, mas, este mês, tivemos um aumento na inadimplência da taxa condominial e, por isso, o dinheiro do prêmio será direcionado para a conta do condomínio, para a manutenção e para o fundo de reserva. Mas como não pudemos comprar o brinquedo nesse momento, já estou vendo os valores para reformar algumas partes do brinquedo que temos atualmente”, diz.
Parceira da Maria Auxiliadora há quatro anos, a assessora da CIPA Maria Bernardo é só elogios à síndica. “Há alguns anos assessorando-a, pude observar nela características que, com certeza, conferiram a seu condomínio o prêmio ‘Condomínio Sustentável’ em 2014. Ela é uma administradora nata. Está sempre inteirada de todos os assuntos e, quando lhe falta conhecimento técnico para alcançar os objetivos comuns ao seu condomínio, busca opinião daqueles que podem efetivamente somar, faz pesquisa na internet, observa as rotinas diárias, questiona e ouve muito. Enfim, só posso afirmar que sua tenacidade e dedicação fazem dela uma síndica diferenciada e, por isso, merecidamente premiada.” Esse resultado foi o primeiro reconhecimento público da excelente gestão da síndica Maria Auxiliadora. Competência, garra, força de vontade, curiosidade e determinação não faltaram e não faltam a essa síndica, que não pretende parar por aí. “Eu já estou pensando em outras obras que precisam ser feitas”, diz empolgada. Parabéns, Maria Auxiliadora, por tantos projetos incríveis que beneficiam seus moradores! Parabéns, moradores do Condomínio do Edifício Bandeirante Capitão Domingos, pela síndica e pela colaboração nos projetos que ela propõe! OUT_NOV_DEZ 2014
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notas
e assinam convênio As imobiliárias associadas ao Secovi Rio vão utilizar uma ferramenta de informática oferecida pela CEG para facilitar os processos de transferência de titularidade na conta de gás natural canalizado de seus clientes e desburocratizar o envio de documentação. Antes de ser oferecida a todos os associados, a ferramenta foi testada em algumas imobiliárias voluntárias, com grande sucesso. O acordo de cooperação técnica entre as imobiliárias e a CEG não acarretará custo para as empresas, que passarão a ter acesso ao cadastro parcial da companhia caso queiram aderir. A parceria com o Secovi Rio foi formalizada na
abertura da cerimônia do Prêmio Secovi Rio 2014, em 24 de setembro, na Feira Secovi Rio (Centro de Convenções SulAmerica), com a presença da diretora de serviços ao cliente da CEG, Daniela Napolitano. Os associados que assinarem o termo de cooperação técnica com a CEG poderão realizar algumas solicitações de serviço diretamente à concessionária, que, além de disponibilizar a ferramenta de informática, oferecerá um canal de comunicação para que a imobiliária associada ao Secovi Rio possa, com maior agilidade, resolver dúvidas e atender às demandas dos parceiros com prioridade.
O que a imobiliária poderá oferecer? As imobiliárias que assinarem o termo de cooperação terão acesso parcial e restrito à ferramenta de trabalho da CEG, denominada Sistema de Gestão Comercial (SGC), por meio da qual poderão consultar se os imóveis que administram estão com fornecimento de gás contratado ou não, bem como solicitar alguns serviços referentes ao ponto de fornecimento: • transferência de titularidade da conta de gás natural canalizado; inclusão da conta de gás natural canalizado em débito automático; • emissão de segunda via de fatura mensal de fornecimento de gás; • contratação de fornecimento de gás natural canalizado para determinado imóvel, sob sua administração; • cancelamento do fornecimento de gás natural canalizado para determinado imóvel, sob sua administração; • recontratação de fornecimento de gás natural canalizado para determinado imóvel, sob sua administração.
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Funcionários qualificados para o seu condomínio Estar à frente de um condomínio é uma tarefa que exige certos cuidados. E entre eles podemos citar, sem sombra de dúvida, a necessidade de contratar funcionários de forma certeira. Para que o condomínio possa funcionar como o planejado, é preciso ter profissionais qualificados e treinados, mão de obra especializada, para operacionalizar cada segmento dentro do condomínio. Se o síndico estiver assessorado por uma boa administradora, já é meio caminho andado, mas o calo, para muitos, continua sendo a contratação de funcionários. A falta de cautela para decidir o melhor perfil do colaborador e definir as funções adequadas para cada um, antes mesmo de iniciar a busca pelo profissional ideal, aliada ao corre-corre da vida moderna, pode, muitas vezes, ocasionar perda de qualidade na contratação e, consequentemente, problemas na gestão do condomínio. Realizar uma triagem de profissionais com atenção às entrevistas, analisar currículos, exigir e checar referências confiáveis, oferecer salários compatíveis com o mercado ou acima são alguns exemplos de atitudes que podem contribuir para a contratação de funcionários e garantir serviços prestados com qualidade, evitando desempenho fora do esperado e alta rota-
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tividade, entre outros fatores. Pensando em auxiliar os síndicos nessa árdua tarefa, a CIPA oferece o Contrate Certo, um serviço de recrutamento e seleção de funcionários para condomínios exclusivo para seus clientes. Segundo Samy Grubman, gerente comercial e de marketing da CIPA, “A cada dia que passa, aumenta a exigência dos moradores por bem-estar em serviços prestados pelos funcionários que trabalham em condomínios. E essa cobrança não é somente por melhores resultados. Para os condôminos, a qualificação técnica é importante, mas deve vir aliada a com-
portamento e atitude que tragam segurança no dia a dia do condomínio. Por isso, o Contrate Certo CIPA é um serviço profissional, de qualidade, acessível e seguro para as contratações de funcionários.” O Contrate Certo nasceu para facilitar a vida dos síndicos, proporcionando a eles um serviço especializado de recrutamento e seleção que realiza um trabalho minucioso, atingindo a necessidade de cada condomínio na busca por profissionais que se encaixem no perfil desejado. Dessa forma, aumentam as chances de a contratação ser assertiva e de sucesso. Entre os diferenciais desse serviço CIPA estão a aplicação de modernas técnicas de seleção (buscando perfil técnico e comportamental qualificado); o envio de três candidatos selecionados e qualificados para a vaga solicitada; o envio de mais três candidatos caso nenhum tenha sido aproveitado, desde que mantido o mesmo perfil solicitado; e a execução da sindicância do candidato escolhido caso seja de seu interesse, validando sua escolha com total segurança. E o detalhe: a palavra final é sempre do síndico. Se você anda às voltas com alguma contratação, invista numa solução eficiente: Contrate Certo.
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Condomínio antenado Aluguel do terraço para antenas de celular gera receita, mas deve seguir uma série de regras Já pensou em ganhar uma renda extra para o condomínio alugando o terraço para a instalação de antenas de telefonia? Se você anda com dificuldade para incrementar o caixa, essa pode ser uma boa alternativa, já que o valor pago pelas empresas pode bater a casa dos R$ 5 mil mensais. Mas, atenção: além da aprovação da assembleia por quórum específico, é importante se certificar de que a obra seguirá critérios técnicos e que, dependendo do valor arrecadado ao longo do ano, será necessário que os condôminos declarem os ganhos no Imposto de Renda. Mas qualquer edifício pode servir para essa finalidade? Infelizmente, não. A procura por espaços é feita por empresas especializadas, uma vez que os locais devem ser criteriosamente escolhidos. Mas nada impede que os condomínios tentem fazer esse contato diretamente. Uma vez que a busca surta algum efeito, é necessário enfrentar mais uma etapa: a aprovação dos moradores. Para o Departamento Jurídico do Sindicato da Habitação, o Secovi Rio, é importante entender que o terraço, salvo disposição contrária na convenção, constitui parte comum do condomínio.
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Quando falamos em locar ou ceder esse espaço, estamos propondo uma alteração de destinação de parte comum, que, como tal, deverá ser amparada pela unanimidade dos condôminos. Entretanto, conforme esclarecem as advogadas Waleska Coelho e Andrea Muller, da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), caso
a convenção seja omissa, a jurisprudência tem adotado o quórum de dois terços ou a maioria simples. No Conjunto Residencial Cavalcante, no bairro Cavalcante, Zona Norte, a aprovação da instalação de uma antena da Claro, em 2010, se deu por unanimidade, embora alguns moradores tenham demonstrado preocupação por causa dos possíveis efeitos negativos para a saúde. Síndica há um ano do condomínio, que possui 13 blocos de dois andares e 252 apartamentos, Alessandra Carpinetti Saraiva conta que a aproximação com a empresa ocorreu de forma inusitada: “Um funcionário viu um carro da Claro passando perto do condomínio e teve a ideia de abordar o técnico para perguntar se o condomínio estaria apto a receber uma antena deles. O contato rendeu, os técnicos foram avaliar a área e, cerca de três meses depois, já estávamos com a antena instalada.” Alessandra acrescenta que o contrato vence em 2025 e o condomínio arrecada, mensalmente, R$ 3 mil pagos pela empresa pelo aluguel do espaço. Ela explica que o equipamento foi fixado no solo porque as edificações ficam num declive. “Os prédios são baixos, mas, como o terreno é
inclui um contêiner de 8 metros quadrados onde ficam os equipamentos usados para a utilização da antena”, explica Rodney, lembrando que os moradores das coberturas ofereceram certa resistência na época da assinatura do primeiro contrato. “Precisamos fazer mais de uma reunião para aprovar, eles ficaram preocupados de a antena oferecer algum risco para a saúde.”
Riscos para a saúde?
inclinado, a empresa achou um bom local para instalar a antena”, diz a gestora, que pretende pedir revisão do valor pago pela Claro. “Acho que está um pouco defasado, não queremos esperar até a renovação do contrato para aumentar”, conta ela, que já está em contato com a Nextel para oferecer outra parte do terreno. “Ouvi dizer que eles estão pagando R$ 18 mil.” Síndico do Condomínio Morristown, em Laranjeiras, com nove andares e 36 apartamentos, Rodney Silveira não revela o valor exato pago pela Nextel pelo aluguel do es-
paço acima da casa de máquinas, mas afirma que passa de R$ 10 mil mensais, valor que fica num fundo de obras. Com a verba, o condomínio já fez obras importantes, como impermeabilização de toda a parte superior do edifício, pintura de corredores e garagens e compra de lâmpadas eficientes. Na função há menos de um ano, Rodney conta que o contrato foi assinado em 2000 e já teve renovação automática. “A própria empresa nos procurou; eles fizeram um estudo e avaliaram que era um bom local para montar todo o aparato, que
A análise técnica dos eventuais riscos que representa a radiação dessas antenas compete às agências governamentais Anatel e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Ainda não existem estudos que comprovem que essas instalações fazem mal à saúde ou causem interferência em aparelhos domésticos. Mas há uma corrente de profissionais ligados à área da saúde que andam desconfiados. Fátima Cardoso, clínica médica e nutróloga clínica, é enfática: “Se meu prédio quisesse reunir uma assembleia para discutir a instalação de antena de celular, eu votaria contra.” Para ela, embora não existam pesquisas conclusivas, acredita-se que a incidência de ondas eletromagnéticas possa desestruturar o funcionamento das células, causando doenças degenerativas. Segundo a médica, que acompanha reportagens e estudos relacionados à influência da tecnologia para a saúde humana, a grande questão da medicina moderna é descobrir se a alta incidência de doenças autoimunes e degenerativas, principalmente nos países mais desenvolvidos, é fruto dos avanços da tecnologia de diagnóstico ou se tem a ver com a carga de
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De olho na segurança
radiação que as pessoas vêm recebendo. “Muito se discute se as doenças que afetam as áreas do pescoço para cima, como Alzheimer, a tão comentada esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou tumores cerebrais e de tireoide, não são fruto dessa carga excessiva de ondas eletromagnéticas. Se quando a gente fala no celular nossa orelha aquece, imagina o que esse tipo de radiação pode causar nas células”, especula Fátima.
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Quanto à segurança, as advogadas da Abadi recomendam que o condomínio solicite à empresa a relação de empregados que trabalharão na instalação da antena e institua um controle de entrada e saída de funcionários, a fim de se resguardar contra a presença de pessoas estranhas na edificação. Além disso, pode incluir no contrato algumas regras do regulamento interno para facilitar a conduta dos profissionais envolvidos no trabalho. Sugere-se ainda que os técnicos utilizem uniforme, apresentem crachá e documento de identificação. Caso seja possível, vale pedir a um funcionário do condomínio para acompanhar o serviço. Também seria recomendável que as visitas fossem pré-agendadas. Quanto ao contrato, alguns cuidados são fundamentais, de acordo com as advogadas da Abadi. O síndico deve exigir a
prévia apresentação de declaração assinada pelo engenheiro ou responsável técnico, na qual conste que a obra não afeta a estrutura e as instalações da edificação, acompanhada da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) com os devidos recolhimentos. O tema é regulamentado pela Anatel e as normas constam também do Decreto Municipal nº 36.454/2012. É importante que haja um projeto e documento que ateste que a instalação da antena estará de acordo com as posturas municipais e os órgãos de telecomunicação, para que o condomínio não seja multado. Também deve ser contratado um seguro de responsabilidade civil para cobrir eventuais acidentes. Preocupe-se também com a impermeabilização do local, guarda de equipamento e recuperação de tudo após o final do contrato.
Engordando o cofre Na contratação ou análise da proposta, recomenda-se que o condomínio seja assessorado por um especialista, que pode ser um engenheiro de telecomunicação. Os valores de locação atuais não são tão elevados quanto foram anos atrás na corrida pelo mercado de celular. De qualquer forma, partem de cerca de R$ 5 mil por mês, dependendo do local, da área, do equipamento etc. Os contratos têm prazo médio de 10 anos e a renovação pode ser uma boa oportunidade para negociar os valores, já que, depois de tudo instalado, dificilmente a operadora abrirá mão do espaço conquistado. A taxa é geralmente acordada pelo uso do espaço, e os custos de instalação correm por conta da empresa, não do condomínio. Alguns condomínios locam os espaços para mais de uma empresa, aumentado sua receita.
Antena e IR Conforme esclarecimentos do Departamento Jurídico da Abadi, a Lei nº 12.973/2014, publicada no Diário Oficial da União em 14 de maio de 2014, determina que os rendimentos recebidos pelos condomínios residenciais, constituídos nos termos da Lei nº 4.591/1964 e com valor de até R$ 24 mil por ano-calendário, passaram a ser isentos do recolhimento do Imposto de Renda
Pessoa Física (IRPF), conforme o artigo 3º da citada legislação. Tais rendimentos deverão decorrer de uso, aluguel ou locação de partes comuns do condomínio; de multas e penalidades aplicadas por quebra de regras previstas na convenção condominial; ou de venda de ativos do condomínio. A utilização dos referidos rendimentos também precisa estar prevista e autorizada pela convenção condominial e os valores não poderão ser distribuídos aos condôminos. Como regra geral, os rendimentos recebidos pelo condomínio e repassados aos condôminos, na proporção da parcela que for atribuída a cada um, serão tributados pelo Imposto de Renda, ainda que sejam utilizados na composição do fundo de receita do condomínio, na redução da contribuição condominial ou para qualquer outro fim. O valor recebido pelo condômino deverá ser tributado pelo carnê-leão e estará sujeito à tabela progressiva no mês do recebimento. O condômino, por sua vez, deverá cumprir todas as exigências tributárias cabíveis no que se refere aos tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, especialmente no que diz respeito às normas contidas na legislação do Imposto de Renda. Caso excedam o valor de R$ 24 mil, os rendimentos do condomínio continuam tributados pelo Imposto de Renda de Pessoa Física, independentemente de serem ou não distribuídos aos condôminos.
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Segurança
Segurança à prova Em tempos de férias e festas, é preciso redobrar a atenção à segurança do condomínio Não adianta. Final do ano é tempo de movimentação no condomínio. A criançada sai de férias, o playground vira point da galera, o entra e sai de pessoas indo aproveitar o verão na rua aumenta, as visitas de parentes e amigos ficam mais frequentes com as festas de Natal e ano-novo, as entregas de produtos comprados com os bônus salariais de novembro e dezembro se tornam uma constante. Apesar do clima de descontração típico dos cariocas, os síndicos precisam ficar atentos: é justamente nessa época que o condomínio se torna mais vulnerável à ação de bandidos. Embora não existam dados oficiais, esse é um período em que se percebe uma
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movimentação maior em frente às portarias, já que as pessoas costumam sair mais de casa. E no meio da multidão não tem como saber quem é mocinho e quem é bandido. Assim, cuidar de todos os as-
pectos da segurança deve ser a principal diretriz dos gestores condominiais. Para um dos maiores especialistas no assunto, Raimundo Castro, consultor do Secovi Rio, o mais importante é aliar tecnologia a recursos humanos bem preparados. “Não existe uma receita pronta para se ter um bom sistema de segurança. Consultar especialistas confiáveis e ficar atento às particularidades do condomínio são atitudes fundamentais para o sucesso”, afirma Castro, reforçando que um bom sistema de segurança é formado com a adequação das instalações, o uso de equipamentos eficientes e a presença de funcionários treinados, o que ela chama de “trinômio da segurança”.
Começando pelo começo Se houvesse um beabá da segurança, a primeira lição seria orientar os porteiros a prestar mais atenção nos visitantes. Faça o teste você mesmo. Quantas vezes já abriram o portão num prédio em que tenha ido como visitante sem que você fosse sequer anunciado? Castro ensina: “O condomínio não precisa gastar rios de dinheiro comprando vários equipamentos se os funcionários estiverem devidamente orientados. Antes de tudo, os porteiros devem prestar atenção em uma regra simples: só abrir o portão depois que o morador autorizar a subida do visitante.” Mas os bandidos não dão mole, muitas vezes chegam disfarçados de entregador, de policial ou oficial de justiça. “É comum um suposto entregador de flores dizer que não precisa ser anunciado porque estragaria a surpresa do morador. O porteiro acaba caindo e deixa subir”, conta Castro. Sobre os funcionários do Judiciário ou até mesmo falsos policiais, ele recomenda: “Mesmo que tentem intimidar mostrando distintivos ou mandados de busca, o porteiro deve se manter firme e dizer que são ordens do patrão só deixar entrar pessoas devidamente identificadas.” Muitos se confundem também com bandidos de uniforme de concessionária de serviço público. “Nesse caso, o porteiro deve pedir para a pessoa esperar do lado de fora enquanto entra em contato com o síndico ou com a concessionária para verificar se o serviço foi realmente solicitado”, ensina o especialista.
No condomínio do síndico Rodney Soares da Silveira, em Laranjeiras, o Circuito Fechado de Televisão conta com 20 câmeras espalhadas pelas partes comuns
Quando uma inocente ida ao banheiro vira pesadelo Outro golpe bem comum é a pessoa que pede ao porteiro para usar o banheiro do condomínio, especialmente em prédios situados próximos a áreas de grandes eventos, como a Praia de Copacabana. “No réveillon acontece bastante. Normalmente, os bandidos usam como iscas mulheres de boa aparência e bem vestidas ou que fingem uma gravidez, para sensibilizar o funcionário da portaria”, conta Castro, que alerta: “Nunca permita que pessoas estranhas usem o banheiro do condomínio. Muitos assaltos foram praticados com essa
desculpa. Oriente a pessoa a procurar um banheiro público.” Os empregados da portaria precisam ter os olhos treinados no que diz respeito aos visitantes. Importante observar bem as pessoas, ficar atento para algum volume suspeito no corpo do indivíduo. Geralmente, o porte de arma se faz na cintura: o equipamento poderá estar na frente, junto à barriga, ou atrás, nas costas, ou ainda do lado direito ou esquerdo da cintura. Para disfarçar, o suspeito poderá estar com a camisa um pouco mais frouxa, de jaqueta, paletó ou terno.
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Arquitetura e tecnologia a serviço da segurança Quando se fala em segurança, aliar soluções de arquitetura com equipamentos modernos pode ser uma solução inteligente. O intertravamento, um sistema de controle de acesso simples e fácil de operar – ideal para entradas de condomínios (garagem ou sociais) nos quais dois portões formam uma clausura –, afasta os marginais. “Nesse sistema, o funcionário da portaria deve garantir que uma porta só abra quando a outra já estiver fechada. Os assaltantes evitam lugares que dificultam a fuga”, reforça Raimundo Castro. No Condomínio Morristown, com nove andares e 36 apartamentos, em Laranjeiras, esse tipo de artifício já impediu que houvesse um assalto. “Uma moradora estava na calçada conversando com o portão aberto, apesar de ter recebido orientação do porteiro para não fazê-lo. Aí, um bandido acabou entrando, mas felizmente não conseguiu ter acesso ao prédio porque a porta do hall permaneceu fechada”, conta Rodney Soares da Silveira, síndico há um ano do condomínio administrado pela CIPA.
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Ele garante que a segurança é uma das principais preocupações de sua gestão. Além do Circuito Fechado de Televisão (CFTV), com 20 câmeras espalhadas pelas partes comuns, a preparação dos quatro funcionários da portaria é outro ponto considerado importante por Rodney. “Eles não estão autorizados a abrir o portão sem que o morador libere a subida do entregador ou do visitante”, comenta o síndico, que reclama do alto índice de roubo de bicicletas na rua onde está situado o edifício.
A importância do CFTV O CFTV é o sistema mais utilizado atualmente pelos condomínios para garantir a segurança. “Mas muitos não conhecem bem os recursos do sistema, portanto, não o exploram como deveriam”, pondera Castro, afirmando que um CFTV bem utilizado é o mais eficiente processo preventivo e inibitório de um sistema de segurança. “Deve estar com as câmeras posicionadas na entrada do prédio para monitorar a entrada social, a entrada da garagem, o interior da portaria, da garagem e dos elevadores”, diz. Recomenda-se ao síndico dar preferência ao sistema de gravação do tipo digital. Ele é mais confiável, grava quantidade muito maior de horas, trabalha com um número superior de câmeras simultâneas e tem boa qualidade de imagem, facilitando uma eventual necessidade de identificação. De acordo com Ricardo Coelho Vianna, engenheiro eletrônico e diretor técnico da Digiseg, empresa especializada no ramo, com mais de 35 anos de atuação no Rio, é fundamental investir num sistema de gravação. Ele esclarece que o Digital Video Recorder (DVR), sistema
responsável por gerenciar e armazenar as imagens das câmeras, pode ser de dois tipos: standalone ou por computador (base PC), sendo o primeiro mais acessível financeiramente. Para um condomínio de pequeno porte, indica um DVR standalone com oito câmeras, que pode custar em torno de R$ 6 mil. Se for de médio porte, são recomendadas 16 câmeras, ao custo médio de R$ 9 mil (standalone), ou R$ 10,5 mil (por computador). Já o de grande porte deve investir em um aparato com 32 câmeras, ao custo médio de R$ 16 mil (standalone). “O monitoramento por câmeras começou a surgir na década de 1980 e o Condomínio Barramares, na Barra, foi um dos primeiros a usarem o sistema, mas as câmeras eram grandes e os equipamentos, bem menos modernos. Hoje existem câmeras IP, que podem ser acessadas e controladas pela internet, com movimento horizontal e vertical (pan/tilt) e zoom com infravermelho, entre outras tecnologias”, comenta Vianna. Se seu condomínio ou prédio é comercial, há que se pensar em investir num sistema de controle de acesso, utilizado para limitar e controlar os acessos e a circulação nas instalações. Ele conta com um gerenciador com software específico, dispositivos como catracas, cancelas, portas e portões com abertura eletrônica, interface remota com coletores para leitura de cartões e liberação de acesso, além de terminal de cadastramento de visitantes.
Atuando em três frentes No Edifício Miguel Pereira, no Humaitá, o síndico Eduardo Eugênio de Gomensoro, que está no cargo há dois anos e conta com a ajuda da CIPA na administração, considera a segurança um dos itens mais importantes. O prédio, que faz parte de um conjunto de 20 pequenos edifícios e cerca de 30 casas, situados em quatro ruas, tem a vantagem de contar com uma guarita e uma cancela, o que já ajuda a controlar melhor a entrada de visitantes. Dos três funcionários da portaria, um exerce a função de vigia noturno e todos eles são orientados a manter contato frequente com a guarita, principalmente quando aparecem visitantes. “No fim do ano, então, cuidado redobrado. Mas nós temos uma vantagem porque existe uma primeira checagem antes mesmo de as pessoas chegarem ao prédio. O funcionário que fica na cancela avisa aos porteiros, e só depois da confirmação com o morador o visitante pode entrar.” Fora a vantagem do espaço físico, o sín-
dico adota outras medidas para afugentar possíveis invasores. Com sete pavimentos e 20 apartamentos, o prédio conta com um CFTV de oito câmeras instaladas nas partes comuns: portaria, entrada de garagem, playground e casa de máquinas do elevador. O diálogo com os empregados é outro fator que garante o sucesso do síndico no quesito segurança. “Estou sempre orientando. Explico, por exemplo, que é fundamental os visitantes e entregadores se identificarem e serem anunciados antes de abrirem o portão. Também converso com os moradores sobre a importância desse cuidado, que é tão simples, mas que pode fazer toda a diferença”, conta o síndico, que já teve problemas porque um morador, professor de música, se recusou a passar para a portaria os horários e nomes dos alunos que frequentavam o apartamento. “Como eram vários, esse controle seria importante. Mas o morador alegou invasão de privacidade. Registrei tudo e pedi para ele assinar”, arremata.
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Um guia para os síndicos O Sindicato da Habitação (Secovi Rio) lançou, na Feira Secovi Rio 2014, em setembro, no Centro de Convenções SulAmerica, o Guia do Condomínio, publicação que reúne orientação geral sobre temas estratégicos para a vida condominial. Um dos capítulos explorou o assunto “segurança”. Selecionamos para esta reportagem o trecho que fala dos disfarces mais comuns de invasores nos condomínios. Para adquirir um exemplar da cartilha, o interessado pode buscar mais informações no site www.secovirio.com.br
Disfarces mais comuns Instalador/entregador Chega ao condomínio informando ter de fazer um serviço ou entrega em determinada unidade, muitas vezes até uniformizado.
mariza lima
Banhista Usando roupa de praia e uma mochila, invade o condomínio para furtar. Um tempo depois, sai tranquilamente levando os produtos do roubo na bolsa.
Serviço Digiseg tels.: (21) 3624-9505/99767-0709 Secovi Rio www.secovirio.com.br | tel.: (21) 2272-8000
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Bem vestido Para não levantar suspeitas, chega à portaria vestindo terno ou roupa social. Pode se identificar como oficial de justiça, advogado ou corretor de imóveis, por exemplo. “Amigo” do morador Geralmente, aproveita a entrada de uma pessoa do condomínio para passar pelo portão. Em outros casos, diz aos porteiros nomes comuns, como Maria ou João, para se referir a supostos moradores e tentar entrar. Motorista Posiciona o carro na entrada da garagem e buzina ou acende o farol alto. Pensando se tratar de um morador, muitos porteiros abrem a garagem nessas circunstâncias, mesmo não conhecendo o veículo.
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cidade
Obras da Estação Jardim Oceânico avançam para a fase concretagem Com o fim da fase de escavações, a futura estação Jardim Oceânico do metrô começa a tomar forma, graças ao andamento da etapa de armação e concretagem, que conclui a obra bruta. Em seguida, começam as fases de acabamento e ladrilhagem, as últimas antes do início dos testes com os novos trens, previstos para abril de 2016, tornando mais próximo o sonho da chegada à Barra da Tijuca pelos trilhos. Cerca de 850 operários trabalham em três turnos para entregar a obra pronta a tempo para a disputa dos Jogos Olímpicos, que terão a maior parte de suas competições concentrada na região. A previsão é que as seis paradas da Linha 4 entrem em operação simultaneamente. Neste momento, os operários trabalham na construção das duas plataformas da estação e no revestimento das paredes erguidas em meio ao areal. O projeto de extensão do BRT Transoeste até o Jardim Oceânico, para integração ao metrô, incluía a construção de um terminal rodoviário, mas os moradores do Jardim Oceânico rejeitaram a ideia e o plano foi modificado. Ficou decidido que o corredor expresso terá apenas uma estação integrada ao me-
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trô e um retorno na área, para acesso ao Terminal Alvorada. O presidente da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca (CCBT), Delair Dumbrosck, celebra a alteração. - Esta mudança foi uma revindicação da CCBT, porque os moradores do Jardim Oceânico não queriam esse terminal por lá. Mas uma estação do BRT vai facilitar a vida de todos - afirma. Presidente da Associação de Moradores do Jardim Oceânico e Tijucamar (Amar-Jardim Oceânico), Luiz Igrejas também está satisfeito: - O metrô precisa chegar até o Terminal Rodoviário Alvorada, porque é de lá que partem os ônibus para as demais regiões da Barra da Tijuca e do Recreio. Aliás, o ideal será que ele chegue até o Recreio o quanto antes. Para que as obras avancem por baixo da terra, o Consórcio Construtor Rio Barra (CCRB) precisa superar um obstáculo que se acumula no subsolo: a água. O lençol freático da região está localizado a apenas dois metros de profundidade, o que obriga os operários a utilizarem 400 bombas de sucção, ligadas 24 horas por dia. A água retirada do solo é reaproveitada na própria obra. A RioTrilhos prevê que o trecho bene-
ficie cerca de 300 mil pessoas por dia. Cerca de 91 mil delas devem circular diariamente pela estação terminal Jardim Oceânico, em um projeto que contempla planos de expansão, com a construção um rabicho de 350 metros. A medida permitirá futuras ampliações do traçado sem que a estação precise ser fechada, como aconteceu com a Estação General Osório, em Ipanema, que ficou dez meses fora de operações por causa das obras da Linha 4.
DOIS ACESSOS E INTEGRAÇÃO COM O BRT A estação Jardim Oceânico ficará no subsolo da Avenida Armando Lombardi e terá dois acessos, já construídos e interligados às plataformas de embarque e desembarque. Um deles fica na pista sentido Recreio, entre a Unimed e a antiga loja da Drogasmil, enquanto o outro está no sentido Zona Sul, próximo à Rua Fernando de Matos. Há ainda um acesso próprio para usuários do BRT, com escadas rolantes e elevador que vão levar diretamente ao mezanino.
A área externa da estação está integrada ao projeto paisagístico da via, com um telhado verde que permitirá a entrada de luz natural e aberturas que facilitarão a circulação de ar, destaca o arquiteto Heitor Lopes de Souza Júnior, diretor de engenharia da RioTrilhos: - A localização foi o primeiro aspecto no qual pensamos para o projeto da estação. Com ele, vamos poder economizar energia elétrica durante o dia, quando teremos menor quantidade de luzes acesas. Para atender aos dois sentidos do novo trecho do metrô, foram encomendados 15 novos trens, fabricados na China. O primeiro ficou pronto em agosto e chegará ao Rio em novembro. Em dezembro, ele começará a ser testado nas linhas 1 e 2. A previsão é que as demais composições sejam testadas até o meio do ano que vem. Todos os veículos têm câmeras no interior de cada vagão. Elas vão transmitir imagens para a cabine do maquinista e para o centro de
controle de tráfego da concessionária Metrô Rio, com o objetivo de garantir a segurança dos passageiros. O início dos testes finais, nos trilhos da Linha 4, está previsto para abril de 2016. Com o novo serviço, o governo do estado estima que serão retirados das ruas até dois mil veículos por hora, nos horários de pico. O projeto prevê que será possível ir da Barra à Ipanema em 15 minutos, e, até o Centro, em 34.
Para chegar até a Barra, os trens sairão da General Osório e passarão pelas estações Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental, Gávea e São Conrado. Ao todo, serão 16km de percurso. Cinco deles, em rocha, separam Barra e São Conrado. Neste trecho, aberto por detanação de explosivos, foi construído o maior bitúnel do mundo, com 5km, que liga as duas estações. No sentido Barra, já foram instalados 3,9km de trilhos. O Globo online, 08/out
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BEM DITA! – a coluna de boas notícias por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)
Babel – o amor entre Nûria e Hammurabi, de Martha Sutter Babel é um romance histórico ambientado na Mesopotâmia há 4 mil anos. Tem como personagens principais: Hammurabi, conhecido mundialmente por seu código de leis, e Nûria, uma jovem viúva. Babel foi, um dia, a cidade mais admirável da Antiguidade, o verdadeiro coração da Mesopotâmia. A região entre os Rios Tigre e Eufrates, que corresponde hoje ao Iraque, revelou-se de suma importância para a humanidade. Lá surgiram a escrita, o arado, a irrigação artificial, a roda e as cidades-estados. Babel foi uma delas, chegando a se tornar a capital da Mesopotâmia sob o reinado de Hammurabi. Nesse livro, per-
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corremos as ruas da antiga Mesopotâmia como se fôssemos um de seus moradores. Com uma narrativa que associa, de forma criativa, fatos históricos com elementos ficcionais, a leitura é convidativa e envolvente, despertando o interesse por uma época tão singular e pouco conhecida do grande público. O famoso rei Hammurabi teve sob seu domínio milhares de súditos e inúmeras esposas, conquistou diversos reinos e deixou para a posteridade um exemplo de integridade e regência registrado em documentos legais encontrados nos sítios arqueológicos. Mas como era a personalidade
desse homem tão influente em sua época e citado como exemplo ainda nos dias de hoje? O livro de Martha Sutter reconstrói não só sua personalidade, como o modo de vida de uma sociedade tão distante e, ao mesmo tempo, tão parecida com a nossa. A trama do romance tem início quando Hammurabi retorna vitorioso da guerra contra os elamitas e conhece, em Babel, a jovem que iria arrebatar seu coração, tornando-se sua favorita. Sob a ótica dessa intrigante princesa – que veio de uma tribo nômade e conquistou o famoso rei de Babel – a obra analisa, de forma crítica, o papel da mulher naquela sociedade e a dinâ-
mica entre as classes sociais e questiona a eterna relação do homem com o poder e a natureza. Babel nos traz, sobretudo, a grande paixão entre um homem e uma mulher pertencentes a reinos inimigos e que, nas planícies do jardim do Éden, viveram aventuras e emoções inesquecíveis, tendo como pano de fundo a Mesopotâmia. Martha Sutter, de ascendência suíça, nasceu no Rio de Janeiro em 1960. Trabalhou na Amazônia, na Inglaterra e na Suíça, onde concluiu a pós-graduação em sistemas de informação pela Universidade de Genebra. Com licenciatura na área de engenharia civil pela Universidade Federal do Ceará (UFCE), é sócia de um escritório de consultoria, a Comsut, sediado no Rio de Janeiro. Livros publicados: Ideias – trilhas para o jovem empreendedor (coautora), ed. Senai, 2008; Babel – o amor entre Nûria e Hammurabi, ed. Comsut/Caravana de Livros, 2006; E o homem voou – vida e obra de Alberto Santos Dumont, ed. Comsut, 2004; Contos de presente, ed. Comsut, 2002; e Educar para transformar (coautora), ed. Loyola, 2001. Para assegurar a veracidade histórica sobre a antiga Mesopotâmia, a autora pesquisou o assunto durante dez anos, quando adquiriu inúmeras obras sobre o tema, realizou visitas a museus internacionais e entrevistou renomados especialistas no antigo Oriente Médio, como o professor doutor Emanuel Bouzon (historiador, orientalista e teólogo), um dos fundadores do Departamento de Teologia da PUC/Rio de Janeiro, autor de vários livros sobre o antigo Oriente Médio e tradutor do Código e das Cartas de Hammurabi diretamente dos originais cuneiformes para o português; o
professor doutor Jean Bottéro (arqueólogo e historiador), um dos grandes especialistas internacionais sobre a Mesopotâmia, diretor da Escola de Estudos Orientais, Paris/França, autor de vários livros sobre o antigo Oriente Médio, pesquisador em sítios arqueológicos no Iraque e na Turquia e tradutor do Código de Hammurabi diretamente dos originais cuneiformes para o francês. A terceira especialista consultada foi Patrícia Kalensky, pesquisadora do Departamento de Antiguidades Orientais do Museu do Louvre, Paris/França. Quem tiver interesse em promover uma palestra multimídia sobre a história da Mesopotâmia e os principais personagens do romance pode mandar e-mail para esta coluna. A autora já realizou encontros no SESC Copacabana, na Biblioteca Pública Popular de Botafogo, no Midrash Centro Cultural, na Livraria Cultura, na Leonardo da Vinci e na Argumento, no Espaço Rio Carioca, na Universidade de Fortaleza (Unifor) e no Centro Cultural Mordechai Anielewicz e no Instituto Gaya. "Dentre as cinco grandes civilizações da Antiguidade, amesopotâmica é: a mais antiga, a mais longa, a mais importante e a menos conhecida de todos nós.” George Roux
O(a) autor(a) da melhor frase sobre a importância da leitura vai ganhar um exemplar de Babel – o amor entre Nûria e Hammurabi, de Martha Sutter. As frases deverão ser enviadas para o e-mail desta coluna – smarismendonca@gmail.com
O valor das cotas raciais De acordo com o IBGE, o percentual de negros no ensino superior passou de 10,2%, em 2001, para 35,8%, em 2011. No entanto, esse aumento na frequência entre jovens pardos ou pretos não foi suficiente para alcançar a mesma proporção apresentada pelos jovens brancos dez anos antes, que era de 39,6%. Hoje o número de brancos entre 18 e 24 anos que está na universidade atinge 65,7% do total. Segundo a revista Raça: “...a partir de 1822, após a Proclamação da Independência, o direito à educação primária gratuita foi incorporado à Constituição: ‘A instrução primária é gratuita a todos os cidadãos.’ Porém, ela permaneceu proibida aos negros pelo fato de que estes não eram considerados cidadãos. No Império, os escravos e seus descendentes não podiam estudar e, mesmo que fosse um liberto, estava fadado a ser cidadão de segunda categoria. Um ano após a Abolição, a maioria dos ex-escravos era analfabeta, excluída de poder votar e ser votada. Tornou-se cidadã de terceira categoria. A falta de um sistema educacional público gratuito com acesso aos ex-escravos manteve-se até o Estado Novo, em 1930. As mudanças aconteceram a partir daí... lentamente...” Mais informações sobre as cotas: http://www.pragmatismopolitico.com. br/2013/11/por-que-tornei-favor-das-cotas-para-negros.html
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Natação no mar de Copacabana O Projeto Natação no Mar, sob a coordenação do atleta olímpico Luiz Lima, proporciona aos amantes do mar aulas de natação perto da Colônia de Pescadores, no Posto 6, em Copacabana, nas manhãs de terça e quinta, das 7h às 8h e das 8h30 às 9h30. Os três professores e o guardião são salva-vidas e a secretária Tata Tacelli é nadadora de mar aberto. Assim, os alunos se sentem seguros e a aula pode ser muito prazerosa. Num país como o nosso, banhado pelo Oceano Atlântico desde o Cabo Orange até o Arroio Chuí, numa extensão de 7.408 quilômetros, que aumenta para 9.198 quilômetros se considerarmos as saliências e as reentrâncias do litoral, os esportes aquáticos são ótima opção. De todas as atividades esportivas, a natação é a que exige esforço físico mais completo, porque movimenta todas as cadeias musculares. Além disso, nadar aumenta a capacidade circulatória e cardiorrespiratória e estimula a liberação de oxigênio pelo pulmão, retardando o envelhecimento das células. Quem também se beneficia são as articulações, que ganham flexibilidade. Trocar a tradicional piscina pelo oceano torna ainda maiores esses benefícios. A técnica para nadar no mar é diferente. Na água salgada, flutuamos mais. Por outro lado, correnteza e maré são fatores que exigem muito esforço físico para vencer as distâncias, além de termos de respirar pelos dois lados e levantar mais a cabeça na hora da braçada para não engolir a água, que se movimenta. Se respirarmos por um só lado, podemos perder o senso de direção. Outra vantagem é o
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trabalho reforçado – dos membros superiores, uma vez que as braçadas são ainda mais essenciais no oceano, do senso de direção e orientação e da coordenação motora. Em consequência, há maior gasto calórico, cerca de 550 em uma hora de exercício. Como não há raias no mar, temos que achar um ponto de referência, como torres de energia, prédios ou uma parte descampada em um morro para não nadar em zigue-zague. Na braçada, é bom olhar para a frente para procurar esse ponto de referência sempre. Além disso, o contato com a natureza proporciona benefícios à saúde, ao humor, ao espírito. É bom sempre entrar no mar com um companheiro de treino, para aju-
dar em caso de câimbra ou hipotermia. Óculos (se eles embaçarem vale a velha técnica de lamber bem a lente), touca de natação, protetor solar e labial são aliados nessa saudável atividade. O projeto Natação no Mar nasceu da necessidade de atender a crianças, jovens, adultos e pessoas na terceira idade. Os circuitos são sinalizados por boias, os nados solitários não são aconselhados. As aulas de natação no mar vão além do exercício físico. Há muito tempo se conhece a importância do mar para a vida das pessoas e para o desenvolvimento da civilização. O mar está presente na vida cotidiana de muita gente, mesmo de quem se encontra longe dele.
Mais detalhes na fanpage: www.facebook.com/pages/Nata%C3%A7%C3%A3o-no-Mar-Copacabana/150554615061758
saúde por Jeniffer Martins
Limpeza de caixas-d’água Manutenção deve ser periódica para que reservatório fique sempre limpo e garanta a saúde dos moradores Sabemos que a vida humana, assim como a de todos os seres vivos, depende da água. Entretanto, nossa dependência vai além das necessidades biológicas: precisamos dela para limpar a casa, preparar refeições, lavar a roupa e nosso corpo. E para que a qualidade da água não fique comprometida e prejudique a saúde, ela deve ser bem limpa, mesmo quando vem diretamente da rua. Mas você já parou para pensar onde fica armazenada a água quando o fornecimento do serviço é interrompido? Acertou se disse nas caixas-d’água. Por mais que a resposta pareça óbvia, a importância das caixas-d’água não é, pois elas são fundamentais para reservar uma boa quantidade de água capaz de abastecer um condomínio inteiro por determinado período. Contudo, esse reservatório necessita de cuidados essenciais que garantam a qualidade da água consumida pelos moradores e, consequentemente, a preservação da saúde. É que, com o passar do tempo, a própria água fornecida pela concessionária gera no fundo dos reservatórios acúmulo de material orgânico e mineral; esse material altera o pH do meio, possibilitando o crescimento de algas, bactérias e vírus. Esse processo pode ser acelerado por infiltrações, tampas quebradas, queda de animais (pombos, ratos e até gatos), obras e enchentes. Daí a necessidade da manutenção e da vedação das caixas.
A síndica Maria Teresa Monteiro, se preocupa em, periodicamente, contratar uma boa empresa para fazer a limpeza das caixas-d’água do condomínio
Sendo assim, a higienização correta do sistema de abastecimento de água – forma certa de chamar a limpeza quando inclui as caixasd´água superiores e as cisternas – evita que a água seja contaminada por fezes humanas ou de animais e ofereça risco ao consumidor. A boa manutenção das caixas-d’água é de extrema importância, porque previne que os micro-organismos presentes nesses reservatórios sejam transmitidos ao ser humano, por meio da ingestão da água, do contato da pele durante o banho, do preparo de refeições ou do consumo de alimentos lavados previamente com água contaminada.
Esse serviço deve ser realizado em todas as caixas-d’água de condomínios, sejam eles residenciais ou comerciais. No caso dos residenciais, por uma questão de bom senso e boa administração, os moradores devem ser avisados com antecedência de pelo menos sete dias que a limpeza vai ocorrer, pois precisam se preparar para o período de limpeza. Seja por meio de circular, comunicado nos quadros de aviso, lembretes em locais de fácil visualização ou pessoalmente, é importante que os síndicos comuniquem a todos. Assim é feito no Condomínio do Conjunto Residencial Cavalcanti, em Cavalcante, que tem 13 blocos. Quando a síndica Alessandra Carpinetti Saraiva realiza a limpeza da caixa-d’água de 35 mil litros, sempre de seis em seis meses, ela manda uma circular aos moradores para avisar sobre o processo. Ela ressalta: “Faremos uma limpeza da caixa ainda este ano, pois haverá uma reforma no condomínio, e todos os condôminos serão previamente orientados sobre a manutenção”, explica a síndica do Cavalcanti. Marcus Pires, gerente do Departamento Técnico da empresa Imuni Service, diz que, no estado do Rio de Janeiro, a higienização das caixas-d’água é regida pela Lei n.º 1.893, de 20 de novembro de 1991, e estabelece a obrigatoriedade da limpeza e higienização dos reservatórios de água
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para fins de manutenção dos padrões de potabilidade. Os reservatórios precisam ser submetidos à limpeza e higienização semestral e também à realização de uma análise bacteriológica da água logo depois da limpeza. Esse serviço só pode ser feito por empresas registradas no Instituto Estadual do Ambiente (INEA), cujo certificado esteja dentro do prazo de validade, de um ano. “A legislação fala em seis meses e acreditamos que esse prazo seja realmente adequado, desde que não ocorram fatores que contaminem a água com bactérias e vírus”, declara o gerente. As caixas-d’água devem ser fiscalizadas pelo INEA em vistorias de rotina, durante campanhas de saúde, ou simplesmente em função de alguma denúncia que tenha sido recebida. Caso alguma irregularidade seja encontrada nas vistorias, a penalidade pode ir desde multas simples até diárias, se as circunstâncias forem graves, e mesmo a interdição da caixa-d’água, se for constatado risco grave à saúde pública. Essa interdição durará até que o INEA declare que as alterações foram resolvidas. É o caso do Condomínio Presidente Rodrigues Alves, em Copacabana. A síndica Maria Teresa Monteiro, que há dois anos está à frente do condomínio de apenas um bloco de 20 apartamentos, conta que a limpeza das duas caixas-d’água, cada uma com capacidade de até 26 mil litros, é feita regularmente, de acordo com a prestadora de serviços. No entanto, a síndica relata que houve contaminação no recipiente através da parede de esgoto, que necessitou de reparos. “Tivemos que isolar as caixas até finalizar o serviço, que, segundo a empresa contratada, deve demorar um mês.” Maria Teresa explica que, por enquanto, a situação não é precária e que sempre preza pela limpeza dos reservatórios para o bem-estar dos condôminos. A síndica afirma que contratou a empresa através de concorrência e está muito satisfeita com a escolha. “O serviço está sendo feito cuidadosamente e eles são ótimos.” Ela relata que os técnicos retiraram todo o reboco antigo da caixa-d’água e passaram o produto adequado para não haver mais contaminação. Depois da análise da qualidade da água, 78
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os cuidados adequados serão tomados. “Toda vez que fazem a limpeza, o resultado da análise é enviada para nós, e a fixamos no quadro de avisos do condomínio”. O gerente da Imuni Service, que há oito anos oferece essa modalidade de serviço para condomínios residenciais e comerciais, explica como é feita a higienização das caixas-d’água: 1. Interrompe-se o abastecimento do reservatório fechando o registro do hidrômetro ou o limitador de consumo e desliga-se o circuito do automático da boia que comanda a bomba da instalação elevatória. 2. Com o reservatório vazio, procede-se à escovação das paredes e do fundo do reservatório, com escova de cerda de náilon ou piaçava (exceto superfícies de amianto), para retirar o material desprendido. Pode ser usado esguicho de água nas paredes e no fundo, para remover a água da lavagem para a galeria de águas pluviais. 3. Com a água da rede de abastecimento, enxagua-se todo o reservatório, lançando os resíduos na galeria de águas pluviais. 4. Ao término do procedimento de limpeza, pincelam-se as paredes e o fundo do reservatório com uma solução de hipoclorito de sódio concentrado em 10% para desinfetá-lo. 5. É restabelecido o abastecimento do reservatório até que complete sua capacidade. 6. Mede-se o residual de cloro, que não deverá ser superior a 3 mg/l. 7. Num prazo não superior a sete dias, são recolhidas amostras da água, que são submetidas a análises bacteriológicas realizadas em laboratórios credenciados pelo INEA. Marcus Pires explica que determinar o tempo necessário para realizar o trabalho exige o conhecimento dos parâmetros do sistema em questão. Ele sinaliza que os moradores devem deixar a água correr nas torneiras após a limpeza. “É recomendável esse processo, pois os resíduos da limpeza estarão presentes no encanamento. Também é normal perceber a cor turva ou amarelada nos primeiros momentos após a abertura das torneiras”, finaliza.
Eva Margarita, síndica do Condomínio Mozart, conta que no prédio a manutenção das caixasd’água é realizada de seis em seis meses
No pequeno prédio de três andares com quatro apartamentos e uma cobertura, o Condomínio Mozart, localizado no Recreio dos Bandeirantes, a síndica Eva Margarita Oliveira, que está há dois anos na gestão do condomínio, realiza de seis em seis meses a higienização da caixa-d’água. Ela conta que o serviço
Alessandra Carpinetti, síndica do Cavalcanti, sempre que vai fazer a manutenção da caixad’água encaminha uma circular para informar os moradores do fato
foi concretizado em junho deste ano por uma empresa especializada e que demorou apenas um dia. “Primeiro, a empresa contratada veio para fazer a avaliação; outro dia voltou para realizar a limpeza.” Eva diz que os técnicos recomendaram não usar a água 24 horas após o procedimento de limpeza.
Dicas de contratação Ao contratar uma empresa para esse tipo de serviço, é necessário escolher aquelas que tenham licença ambiental concedida pelo INEA e que ofereçam técnicos capacitados e cientes das normas exigidas pelo Ministério do Trabalho. “Alguns indivíduos usam de má-fé e danificam propositalmente o reboco e a impermeabilização para oferecer o ‘conserto’ desses serviços”, revela Marcus. A impermeabilização é outro ponto crítico e deve ser feita por firma devidamente habilitada e com a supervisão de um engenheiro. Em geral, especialistas em controle de pragas oferecem pacotes que incluem esse serviço e a limpeza da caixa-d’água. É importante que o síndico cheque se os funcionários receberam treinamento específico para tanto e se a empresa tem alvará da Vigilância Sanitária. Os técnicos que fazem esse trabalho devem usar equipamento de proteção individual, como luva, galocha e máscara de proteção simples, já que ficam em contato com produtos químicos, além de respeitar as exigências das Normas Trabalhistas NR33 e NR35, que
falam sobre trabalho em altura e trabalho confinado, pois alguns reservatórios apresentam condições insalubres e/ou perigosas para os especialistas. O zelador ou síndico deve acompanhar o trabalho da empresa contratada e verificar os procedimentos necessários para a limpeza, como teste de potabilidade e análise físico-química laboratorial, que visa identificar a presença de bactérias e germes, entre outros organismos nocivos aos seres humanos. Por fim, é sempre bom lembrar que devemos economizar o máximo possível de água. Água com pressão exagerada, varrer a calçada com a mangueira, chuveiros com muita vazão ou hábitos condenáveis, como lavar o carro diariamente, aumentam o consumo e exigem mais investimentos na construção por conta de caixas maiores e mais caras. Logo, evite o consumo exagerado e economize na conta e no bolso! Serviço
Imuni Sevice www.imuniservice.com.br
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Ecodicas POR Fernanda Cubiaco
Coleta seletiva nos condomínios Síndico, você é parte crucial para a coleta seletiva dar certo!
Autor do livro Lixo: Cenários e Desafios, o geógrafo Maurício Waldmann, em entrevista recente ao Instituto Humanitas Unisono (IHU), com base em dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), fez a seguinte equação: “Nos últimos dez anos, a população do Brasil expandiu 9,65%. Contudo, no mesmo decênio, a geração de lixo cresceu mais do que o dobro desse percentual, batendo a casa dos 21%. As cidades brasileiras ampliaram seus descartes no biênio 2012-2013, de 201.058 toneladas de lixo por dia para 209.280 toneladas. Uma expansão assombrosa de 4,1% em apenas 12 meses. Uma calamidade se pensarmos as formas de gestão de resíduos em curso no país, a começar pelas 20 mil toneladas diárias que sequer são coletadas, dos mais de 3.500 lixões ativos...” Deu para ter uma noção da responsabilidade do condomínio na cadeia de gestão dos resíduos? A CIPA há muito incentiva seus clientes a práticas sustentáveis. No caso da coleta seletiva, no site da administradora, as dicas começam orientando para o consumo consciente, passando por reciclagem, reutilização e descarte correto de resíduos.
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E na sessão Ecodicas do site, a CIPA ainda promove a troca de experiências, publicando práticas ecológicas bem interessantes. Mas apenas informação não funciona. Recentemente, por meio de pesquisa, constatei que, em um período de três anos, apenas 20% de 60 condomínios investigados em uma rua de Copacabana reciclam. Porém, a qualidade dos recicláveis não é boa – muitos estão sujos de restos de alimentos e líquidos. Nesse caso, a coleta é feita para cumprir protocolo, apesar de todos os esforços dos responsáveis pela limpeza. A falta de comprometimento coloca a perder muita matéria-prima que poderia, inclusive, ser doada para cooperativas de catadores. Mas não são todos os condomínios que agem assim. Tem muita gente fazendo correto e servindo como exemplo. É o caso de Regina Laginestra, da ONG Reviverde, que presta assessoria para coleta seletiva. Atuando na Barra da Tijuca, onde mora, Regina, nos últimos 12 anos, auxiliou 54 condomínios residenciais, 8 comerciais e uma escola na implantação do sistema de coleta seletiva de lixo. Ela enfatiza: “Cada caso é um caso; condomínio e escola têm características próprias. Para
cada um, o projeto é implantado de acordo com os espaços e a logística. Daí os bons resultados alcançados.” E essa habilidade Regina conquistou com o tempo, depois de dar o primeiro passo no próprio condomínio. Publicitária e muito bem informada, sempre se interessou pelas questões ambientais. “Tudo começou ao ‘acaso’, mas sei que o acaso não existe. Procurei saber, em meu condomínio, como era a logística do lixo que era descartado pelos moradores pelo tubo coletor e fiquei assustada ao visitar o depósito do lixo e encontrar um antro de ratos e baratas e todo o lixo misturado. Decidi encontrar uma solução para esse grave problema.” Hoje o trabalho de consultoria de Regina prevê muita informação para engajar. “Falar sobre embalagens pós-consumo, que, se não forem recicladas, demoram centenas e até milhares de anos para se decompor, é um argumento forte. Orientar sobre a importância da limpeza delas é fundamental, pois, uma vez limpas e separadas para reciclagem, podem se transformar em novos produtos ou matéria-prima. Ao reciclar diminui-se o volume dos resíduos enviados aos aterros e aumenta-se a vida útil dessas áreas.”
investimento do Condomínio Grand Life
A síndica MARIA CRISTINA, do Condomínio Grand Life, de 72 apartamentos distribuídos em dois blocos com 15 empregados e uma média de 220 moradores, está satisfeita com o sucesso do sistema de coleta seletiva implantado há cinco anos e com a prática de transformar resíduo em renda
No condomínio administrado pela CIPA, o Grand Life, em Botafogo, a implantação do sistema de coleta também vingou. Maria Cristina Mariano Linhares, eleita síndica este ano, fala com satisfação sobre a inserção do processo, que começou quase junto com o prédio – tem sete anos de vida e a coleta foi implantada há cinco anos –, e o desafio de engajar mais de 200 moradores e 15 empregados do condomínio.
• R$ 5 mil com contêineres para os reciclados. • A propaganda é feita em computador, não precisa de algo tão elaborado, que requeira uma gráfica. • A coleta é feita por empresa particular, que revende para a empresa que faz a reciclagem, porque, para vender diretamente, teriam que dispor de caminhão/ camionete para levar os resíduos até eles. • A arrecadação gira em torno de R$ 150 por mês, e, com as latas, de três em três meses, gira em torno de R$ 140. • Um total aproximado de R$ 2.500 por ano é o saldo apurado com a venda, que financia o churrasco de fim de ano dos funcionários e de seus familiares.
Relembrando o processo, Cristina diz que contou com moradores dispostos a colaborar, como Patrícia G. Leal e Helena Cavalcante. A primeira auxiliou na campanha de educação e ainda ajuda na conscientização ambiental. Já Helena contribui com a conscientização para evitar o desperdício de água. “Sempre que percebemos alguma mudança com relação a esses fatos, voltamos à campanha nos elevadores.”
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Regina Laginestra, que iniciou seu trabalho de consultoria para a implantação do sistema de coleta seletiva de lixo no próprio condomínio, nos últimos 12 anos, contribuiu para inserir o processo de separação do lixo em 60 condomínios residenciais, 8 comerciais e uma escola
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No caso desse condomínio, os trâmites para a inserção do processo foram discutidos em assembleia geral, quando foi decidida a colocação de dois contêineres nos andares, um para resíduo orgânico e outro para os recicláveis. Foi decidido também que a triagem seria feita pelos funcionários da limpeza – o lixo é coletado duas vezes ao dia, de forma manual, e levado para área específica, na parte térrea do prédio – e que o valor obtido na venda de matérias-primas seria revertido para a festa de confraternização de final de ano dos funcionários. Sobre a logística, Maria Cristina explica: os moradores foram orientados a separar em casa seus resíduos e acondicioná-los nos contêineres nos andares. Os funcionários encarregados, após a coleta nos andares, fazem a separação dos recicláveis em cinco categorias: papel, jornal e papelão, vidro, óleo usado, plástico e garrafa pet, metal, bateria e pilha usada. Depois de separados, são amarrados – papelão e jornais – ou acondicionados em sacos deixados pela empresa responsável pela coleta.
O lixo orgânico e os vidros são colocados em contêineres e recolhidos pela Comlurb três vezes na semana. O óleo usado é recolhido por uma empresa terceirizada que dá em troca, a cada quatro meses, material de limpeza. Os demais recicláveis são vendidos para outra terceirizada. Cristina atribui o sucesso do processo a um grupo de fatores, mas em especial à paciência e persistência, pois, para qualquer coisa virar hábito, requer dedicação ao tema e repetição. “Toda vez que colocamos um lembrete nos elevadores, percebe-se alguma mudança. Os esquecidos voltam a participar e os relutantes deixam-se vencer por nossa insistência no assunto.” E foi também insistindo no assunto sobre a importância da coleta seletiva para a qualidade de vida que Leandro Neres Abrantes e Nivaldo Cavalcante, da Associação Favela Mais (Asfam), iniciaram o Projeto Favela Mais Limpa, com um ecoponto no Complexo Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O projeto, que já tem mais de mil moradores cadastrados para o sistema de troca de produtos de limpeza por matéria-prima reciclável, já contribuiu para a remoção de mais de 70 toneladas de resíduos dessa área. E com planos de aumentar esse volume e transformar a coleta seletiva em um negócio social, com promoção de emprego e renda para os moradores da comunidade, a Asfam já está se articulando para melhorar sua infraestrutura e estender o braço de captação do projeto Favela Mais Limpa à cidade baixa. Condomínios, escolas – como o colégio São Paulo –, restaurantes e clubes do perímetro, localizados em Ipanema e Copacabana, já são parceiros na doação
Nivaldo Cavalcante e Leandro Abrantes: A dupla criou o projeto depois de ouvir no noticiário que o complexo de comunidades onde moravam era o mais sujo do Rio de Janeiro. Agora, depois de três anos, o Ecoponto Favela Mais Limpa está recebendo doações de condomínios, escolas e empresas do perímetro onde se encontram – trecho de Copacabana e Ipanema
de todos os tipos de resíduo reciclável para o ecoponto, que está dentro das conformidades da Comlurb. Como constata Leandro, “se conseguirmos fazer o gerenciamento de coleta da nossa localidade contribuiremos para a redução de CO2 emitido por caminhões de coleta que vêm de longe. E seremos fortalecidos pelo nosso perímetro”.
A CIPA; Regina Laginestra, da Reviverde; Maria Cristina, do Grand Life; Leandro e Nivaldo, do Favela Mais Limpa, são exemplos de pessoas que tomaram para si o desafio de engajar o coletivo na mudança de hábito, visando à coleta seletiva em prol da proteção ao meio ambiente. E você, está disposto a fazer sua parte?
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Comlurb Para envolver as pessoas na causa da coleta seletiva, funcionários da Prefeitura e da Comlurb estão visitando condomínios. Orientam sobre a separação dos resíduos sólidos recicláveis secos (papel/papelão, plástico, metal e vidro) e que não é necessário separar por tipo, ou seja, basta juntar tais resíduos recicláveis secos em sacos transparentes e ofertá-los para a Comlurb, conforme a programação de dia e horário previamente divulgada às residências. Quanto à doação para cooperativas, os instrutores deixam bem claro que é de suma importância que os moradores não ofertem seus resíduos sólidos recicláveis secos a pessoas não autorizadas pela Comlurb, para evitar a aplicação de penalidades aos infratores. De acordo com a Lei nº 3.273/01, Lei de Limpeza Urbana, no § 4º do art. 1º, “os resíduos sólidos gerados por qualquer pessoa física ou jurídica são considerados propriedade privada, permanecendo, portanto, sob sua inteira responsabilidade até a disposição final.” O mesmo diploma legal proíbe a realização de remoção e transporte de resíduos sólidos sem a devida autorização da Comlurb, sujeitando os infratores à aplicação de sanções cabíveis pelo descumprimento.
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Que essa história seja uma inspiração para todos! Aconteceu em 3 de maio de 2008 um dos maiores movimentos voluntários dos tempos modernos. O Let´s Do It, ou, traduzido para o estoniano, TeemeArâ, que significa Vamos Fazer Acontecer, foi um dos mais ousados movimentos, pois se prontificou a reunir, em um único dia, 40 mil pessoas para remover das florestas da Estônia 10 mil toneladas de lixo. E como implementaram essa ação sem precedentes? 1. Reuniram os 20 melhores profissionais de diferentes áreas. Em duas semanas, o número subiu para 620. 2. Envolveram empresas e comunidades para apoiar a ideia e conquistar mais parceiros. 3. Buscaram o apoio de formadores de opinião, líderes em tecnologia, grandes
empresas, ONGs, mídias, políticos. Conquistaram mais de 500 parceiros oficiais. 4. Com tecnologia, criaram um aplicativo para celular para localizar e estimar o tipo e a quantidade do lixo. Voluntários participaram do processo de mapeamento. Bastava caminhar pela floresta e registrar o local com lixo pelo aplicativo que a imagem era enviada para o mapa virtual do website do movimento; 10.655 pontos foram mapeados por 720 voluntários. 5. O maior desafio: engajar 40 mil pessoas. Com total apoio dos veículos de comunicação e de figuras públicas, foram criadas campanhas publicitárias e propagandas. Foram informados o volume de lixo no país e seu impacto, que eram desconhecidos da população.
6. Organizar a ação. Convocaram as pessoas a formarem grupos e se inscreverem no website. Duas semanas antes do dia do evento, havia 10 mil voluntários. O movimento tinha feito o possível para informar e engajar, o resto era com a população. 7. No dia 3 de maio de 2008, 50 mil pessoas participaram da ação, ou seja, 4% de uma população de 1,3 milhão, fora os que acompanharam pela televisão e internet. Em circunstâncias normais, o trabalho demoraria mais de três anos e custaria 22 bilhões de euros, mas, por 500 mil euros e em cinco horas de um dia de trabalho, o país ficou limpo.
Curiosidade Você conhece o Mercado de Créditos de Logística Reversa (CLR) da Bolsa Verde do Rio? Por meio de informações coletadas no mercado de CLRs, foi possível desenvolver índices de preços médios de venda de material reciclável no Brasil. Todos podem acessar os índices na plataforma de negociação BVTrade e verificar, por exemplo, o preço médio de venda do quilograma de latinhas de alumínio na Região Sudeste. www.facebook.com/notes/bvrio/bolsa-de-valores-ambientais-cria-%C3%ADndice-com-pre%C3%A7os-de-materiais-recicl%C3%A1veis-nego/776982172344402
Serviço www.ihu.unisinos.br/entrevistas/534722-decifrar-o-lixo-decifrar-perspectivas-entrevista-especial-com-mauricio-waldman
www.reviverde.org.br/
www.cipa.com.br/ecodicas/programa.shtml
www.abrelpe.org.br/noticias_detalhe.cfm?NoticiasID=1299
www.botaparagirar.com.br/wp14/projetos/ favela-limpa-2/
www.rio.rj.gov.br/web/comlurb/ exibeconteudo?id=4380174
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HISTÓRIA por MILTON TEIXEIRA
Alguns recantos e segredos de Copacabana
Nosso bairro praiano que, neste ano, completa seu 122º aniversário Bairro do Peixoto, Copacabana O comendador Paulo Felisberto Peixoto da Fonseca nasceu em 14 de dezembro de 1864, em Portugal, vindo para o Rio de Janeiro com 11 anos. Dedicou-se ao comércio de secos e molhados, em que prosperou muito. Após alguns anos, adquiriu uma mercearia. Depois de 1898, passou também a administrar bens imobiliários de lusitanos no Brasil, quando, então, obteve imensa chácara no areal de Copacabana, entre as Ruas Figueiredo Magalhães e Santa Clara. Viúvo em 1929 de dona Orminda Cunha, brasileira, e sem filhos, passou a se dedicar a obras de caridade. Ainda em vida, doou todos os seus principais bens para instituições beneficentes lusitanas, e os terrenos de Copacabana foram repartidos entre várias entidades 86
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de assistência social e hospitalar de Portugal e do Brasil, principalmente a Caixa de Socorros D. Pedro V. Esta solicitou à Prefeitura, em 1939, o loteamento das terras de Copacabana. Com o projeto do engenheiro José de Oliveira Reis das Ruas Henrique Oswald, Maestro Francisco Braga, Décio Vilares e Praça Edmundo Bittencourt, surgiu então o que se chamou Bairro do Peixoto. Ao contrário do resto de Copacabana, lá somente foram autorizadas construções de poucos pavimentos ou unifamiliares, evitando, assim, a verticalização do bairro. A única exceção, o edifício São Luiz Rei, desabou fragorosamente em 1951, poucos dias antes de sua inauguração. O comendador Peixoto faleceu no Brasil em 3 de novembro de 1947. Hoje seu bairro é denominado “oásis de Copacabana”, pela tranquilidade que
apresenta em relação às barulhentas ruas vizinhas. O jornalista Arthur Xexéo, morador do bairro, sempre que pode, o elogia por sua familiaridade em sua coluna no jornal O Globo.
Beco do Joga-aChave-Meu-Amor, Rua Carvalho de Mendonça, Copacabana Em verdade, esse beco nem chega a ser beco, e sim uma pequena rua, a Carvalho de Mendonça, que liga as Ruas Duvivier e Rodolfo Dantas. Ela é ladeada por dois edifícios apenas, ambos com muitos e minúsculos apartamentos, autênticas cabeças de porco modernas. Nos anos 1950, tais apartamentos eram alugados por respeitáveis figuras para abrigar seus encontros amorosos ou alguma amante de plantão. O apelido surgiu de uma história dessa época. Conta-se que, numa noite, um rapaz bêbado, bem apessoado, se esqueceu da chave da portaria e cometeu a temeridade de ir para o meio da rua e gritar para o alto: “Joga a chave, meu amor.” A
mulherada chegou à janela e jogou tantas chaves que um molhe mais pesado lhe bateu na cabeça, nocauteando-o, forçando sua ida ao hospital para levar uns pontos. A notícia se espalhou, e o compositor popular João Roberto Kelly compôs uma alegre marchinha carnavalesca que foi um grande sucesso no carnaval de 1965. No Beco do Joga-a-Chave-Meu-Amor os problemas foram muitos. Ali alguns bares tiveram a pretensão a reviver a velha Lapa, abrigando mulheres de trottoir e traficantes de entorpecentes. Foram fechados pela polícia, reabertos por novos proprietários e, mais cedo ou mais tarde, considerados ilegais. E assim foram vivendo. Outros bares do mesmo local permaneceram alheios a esses problemas, como acontecia com o Manhattan, de vida mais calma, ou o Kilt Club, o único bar da Zona Sul que exigia o uso de paletó para seus frequentadores. E como é raro se andar por Copacabana de paletó, o porteiro se incumbia de arranjar algum para quem quisesse entrar. O bar era elegante, mas os fregueses nem sempre. Ali nunca houve o caso de um freguês pagar
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a conta, botar a carteira no bolso do paletó e depois devolvê-lo à saída, com a carteira dentro. Donde se conclui que os bêbados do Kilt Club não eram tão bêbados assim. Hoje nada mais disso existe. Desde os anos 1980 a rua é só de pedestres, os bares viraram brechós, os cubículos, lares familiares e as prostitutas foram substituídas por homossexuais e travestis, que passaram a reinar de noite.
Beco das Garrafas, Rua Duvivier, Copacabana Famoso logradouro de Copacabana, sito na Rua Duvivier, entre as Avenidas Atlântica e Copacabana, que não consta de nenhum catálogo de indicação, pois é
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alcunha de origem popular. Tem seu nome desde os anos 1950, pelo fato de ser localizado num agrupamento de pequenos bares, boates e “inferninhos”, cujos frequentadores provocavam tanta algazarra de madrugada que os moradores da vizinhança protestavam jogando garrafas sem a menor cerimônia que, vez por outra, atingiam um dos perturbadores da ordem. Não é só a boemia que frequenta esse beco; a ambulância de vez em quando entra ali para socorrer os que falam alto sem se valerem da proteção que lhes dão as marquises dos edifícios. No Beco das Garrafas enfileiravam-se vários bares: Ma Griffe, Bottle`s, Baccará e Little Club. Eles tinham características diferentes: o primeiro é meio “inferninho”; o se-
gundo é a catedral da Bossa Nova; o terceiro é o responsável pelo lançamento de muitos cantores (dali saíram para o sucesso a falecida Dolores Duran, Helena de Lima etc.) e o quarto foi um dos pioneiros do show de bolso, tendo apresentado bailarinos, cantores, músicos e cômicos, sempre com êxito. O mais famoso produtor de shows no Beco das Garrafas foi Luís Carlos Miele, que promoveu ali, entre outros, notáveis espetáculos de Luís Carlos Vinhas, Marisa Gata Mansa (Baccará) e Tito Madi (Little Club). O beco foi berço da cantora Nara Leão, ícone da Bossa Nova. Desde fins da década de 1960 o local entrou em decadência e hoje não apresenta nada de notável, abrigando bares e boates vulgares.
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Atualidades
Laura Santiago
Graça Paes
por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)
Capa do livro Aqui estamos nós - Identidade em recente edição pela Editora Chiado
Identidade, de Marco Antonio Simas, um livro a serviço das mulheres Na década de 1970, fui militante feminista. Motivada pela história de minha mãe e pelo contato com brilhantes feministas brasileiras que retornavam ao Brasil com a Anistia, editei o Geração, o primeiro jornal feminista do Nordeste, e ajudei a fundar o Coletivo de Mulheres do Rio de Janeiro, cuja comissão de violência contra a mulher refletia sobre a questão, sob marcos teórico-filosóficos, e oferecia serviços jurídicos através da Delegacia da Mulher,
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também criada pelo coletivo. Recebíamos denúncias e pedidos de ajuda, até que o caso Kristel, mulher ameaçada pelo marido, nos desesperou – ela foi assassinada. Nessa ocasião, eu estava grávida e resolvi interromper a militância. O tempo passa e a realidade parece que continua a mesma. No prédio ao lado do meu, em Copacabana, há poucos meses, escutávamos regularmente gritos de uma mulher sendo espancada por um homem.
Depois de denúncias, os gritos pararam. Mulheres, crianças e jovens sofrem abusos cotidianos neste país. Marco Antônio Simas nasceu em Nepomuceno, sul de Minas Gerais, e vive há mais de 30 anos no Rio de Janeiro. O escritor é roteirista e diretor de vários filmes de curta-metragem, entre eles os premiados Um dia, Maria; Solo do coração e Com o andar de Robert Taylor. Foi diretor assistente de Jorge, um brasileiro e Villa-Lobos,
uma vida de paixão. Trabalhou em televisão como roteirista e diretor e hoje dá consultoria a produtoras de audiovisual, escrevendo roteiros institucionais, documentários e filmes. Professor de roteiro e direção cinematográfica em cursos universitários, promove também oficinas de roteiro e de escrita criativa. Em 2007, Marco Simas publicou seu primeiro romance policial, Bárbara não quer perdão, com o pseudônimo Antonio Más. Em 2010, outro romance: Último trem. Nesta entrevista, conversamos com Simas sobre a trágica situação da violência contra as mulheres, sobre a qual ele aborda no livro Identidade, o primeiro livro da trilogia “Aqui estamos nós”. A obra, terceira incursão pela literatura ficcional do cineasta, se debruça sobre a construção e apresentação da personagem Aniella Shimura, uma heroína dos tempos modernos. Aniella, ou simplesmente Ane, é violentada, prostituída, desrespeitada e marcada para sempre em uma vida de infortúnios e desilusões. No livro, tenta se agarrar à possiblidade de outra forma de existência que não a da dor, ao lado do matador de aluguel Joe, personagem que serve a uma poderosa estrutura de crime organizado e ganha importância de protagonista. É Joe quem resgata e “salva” Ane e a conduz para a sequência de episódios que ganharão força e novos desdobramentos nos próximos livros da série, Resistência e Confirmação. Identidade passeia pela cidade do Rio de Janeiro, cenário do encontro e de boa parte dos conflitos vividos pelos protagonistas. O livro faz referências às artes em citações de músicas, filmes e grandes obras
literárias, ora na fala dos heróis, ora na de seus antagonistas. Mais uma vez Marco Simas se apropria de elementos da narrativa cinematográfica para alimentar a tensão de sua história – o texto é ágil, direto, com a montagem desfragmentada da estrutura de tempo; as cenas não se dão de forma linear, são encaixadas e se juntam no raciocínio lógico do leitor, oferecidas com base nas pistas de marcação como anos, meses, dias e horas antes de um grande dia na vida de Joe e Ane. O livro – o próprio Marco Simas revela ter partido da ideia original de um roteiro – é quase um filme de ação. Ou um romance policial pautado na história de amor impossível entre Joe e Ane, que se encontram em um amargurado presente cheio de lembranças e referências ao passado. Identidade, por fim, é a identidade não apenas de uma mulher, mas de várias outras. Na trama, o problema da violência contra a mulher é apontado como motivação de toda a história de Ane, que vira o jogo, ganha poder e planeja uma nova vida. O autor trabalha na criação do projeto “Aqui estamos nós”, uma rede de proteção à mulher baseada na troca de informações e divulgação ostensiva pela cidade de números de telefone para denúncias, endereços e mapas de DEAMs, delegacias de polícia, clínicas especializadas e hospitais. Condomínio etc. – O que o motivou a escrever sobre a violência contra as mulheres? Marco Antonio Simas – Como para a maioria das pessoas, a violência contra a mulher me causava repúdio sempre que
ouvia algum relato ou assistia a uma cena real. Nossa educação nos ensinou a não meter a colher, a ouvir piadas machistas e rir delas como se não passasse de algo corriqueiro, que sempre existiu. Em quase todas as famílias há uma história ou quase todo mundo conhece alguém que vive ou viveu tal situação e continuamos a considerar isso “normal”. Em 2011, fui contratado para escrever o primeiro tratamento do roteiro para o filme sobre a vida da Maria da Penha, que está em captação e produção. Comecei a pesquisar o assunto e li o livro sobre sua trágica relação com o marido, que a levou à cadeira de rodas e a graves problemas emocionais. Entrevistei também várias mulheres que sofreram os mais variados tipos de violência e vi como famílias foram destruídas e vidas, arrasadas. O pior é que ainda é tudo meio escondido, pouco se fala, apesar dos muitos avanços das leis e dos meios de proteção criados mais recentemente. Fiquei profundamente impressionado com os números epidêmicos que somam os estupros, os ataques psicológicos, as surras e os assassinatos. É inacreditável! Intolerável! Quando pude voltar ao texto que escrevia, não tive dúvidas em inverter o protagonismo da história. Após a pesquisa específica para o roteiro, sistematizei encontros com mulheres que sofreram violência. Procurei aquelas com o perfil da personagem. Aniella é a amálgama de todas elas, o que a torna crível, ficcional, fabulosa. O resultado da “descoberta” desse submundo que sempre esteve perto, mas escamoteado pelo preconceito e pela milenar cultura
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machista, provocou a reviravolta do texto. Originalmente, Joe seria o protagonista, o mote do enredo. Ane, a prostituta, apareceria em sua vida como um alívio dramático, uma personagem secundária que trazia as referências femininas tão marcantes na vida dos homens: mãe-esposa-família. A partir do retorno ao texto, impregnado por tudo que li, vi e ouvi, a transformação foi natural. Passei a trabalhar com dois protagonistas, jovens marginalizados pelas circunstâncias e unidos pela vontade de viver, juntos e plenamente, uma vida normal. O que parece simples, mas, infelizmente, para muitas pessoas, é um sonho quase impossível. Cetc. – O que você deseja que este livro alcance? MS – Conto um pequeno caso, verdadeiro e testemunhado por mim: um professor de história brilhante passou uma semana ensinando sobre a Revolução Francesa, com dados precisos, datas, nomes, os grandes personagens etc. A seguir, aplicou a prova. O resultado foi básico, notas razoáveis, mas nitidamente percebeu a quase nenhuma fixação dos dados mais relevantes, como a influência da revolução para o resto do mundo. Na sequência, exibiu o filme Danton e a revolução e relatou o impressionante interesse dos alunos e como tudo pareceu mais claro. Então, acredito que criar uma história com subsídios reais, lançando mão dos truques oferecidos pela dramaturgia, acaba por ser mais efetivo e marcante. Assim, espero que o livro, ou melhor, os livros, por se tratar de uma trilogia, cumpram o objetivo de aguçar o interesse pelo assunto de maneira diferente do
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que se vê na mídia, como espetáculo, mas provocando reflexões e atitudes. Quero lembrar ainda que, como qualquer ficção, a primeira função do livro é proporcionar momentos agradáveis, mexer com a emoção e os sentimentos. Cetc. – Como tem sido o retorno do público leitor? MS – A literatura é diferente dos outros suportes que também têm o objetivo de contar histórias. Para o cinema, o teatro e a televisão, o tiro é curto. É preciso atingir os objetivos: público e receita no menor tempo possível. O livro tem vida longa, vai aos poucos encontrando seus leitores, fazendo parte de bibliotecas; aos poucos se torna referência e, assim, permeia o tempo, atravessa gerações. Identidade foi pré-lançado na Bienal do Rio em 2013 e logo depois para mulheres que atuam na área de segurança, como a chefe de polícia naquele momento, a delegada Marta Rocha. Agora mudamos para a Editora Chiado e um lançamento está programado para novembro deste ano, com nova capa, divulgação mais agressiva e distribuição para todo o país. Será também lançado em Portugal e países lusófonos. Até aqui tenho recebido manifestações muito favoráveis, e um caso me deixou orgulhoso: uma leitora do interior de São Paulo pediu o livro e, depois de lê-lo, reportou a criação de um grupo de estudos sobre a violência, do qual participam cerca de 20 mulheres das mais variadas condições sociais. Cetc. – Do que falam os outros dois livros da trilogia “Aqui estamos nós”?
MS – Os outros dois livros, que serão lançados em breve, são Resistência e Confirmação. No segundo livro, Aniella volta ao Brasil e se associa, como uma espécie de “agente infiltrada”, a uma agência que trabalha para o fim da violência contra a mulher. No terceiro e último livro da série, a heroína conclui seu projeto de desbaratar a rede criminosa que combate, com a ajuda de uma policial e um jornalista. Cetc. – Que medidas os condomínios podem adotar para educar/conter/denunciar casos de violência doméstica? MS – O mais importante é a informação. É fundamental que a mulher conheça seus direitos, saiba a quem recorrer e onde encontrar proteção. Se cada condomínio colocar painéis informativos, estimular reuniões e palestras sobre o assunto com psicólogos e agentes disseminadores, será uma contribuição inestimável. É preciso perder a vergonha e encarar a questão com a mesma relevância que se dá à segurança, treinando porteiros, por exemplo. Cetc. – A situação tem melhorado no Brasil? MS – Os números são cada vez mais impressionantes. Pesquisas mostram que, a cada hora e meia, uma mulher é morta no Brasil por causa desse tipo de violência, em geral violência doméstica. Só no Rio de Janeiro são centenas de registros por dia. Mas aí é que vem o curioso – de alguma forma vem melhorando, sim. É que foram criados canais mais diretos e descomplicados para denúncias
e, as novas leis, como a Maria da Penha, fizeram aumentar as denúncias, as investigações e as punições aos agressores. Ou seja, o aumento dos casos é proporcional à segurança da mulher em denunciar com menos constrangimento. Cetc. – A que conclusões você chegou quanto à trágica questão? MS – É uma questão que vem de longe. Da passagem do matriarcado para o patriarcado. Ao longo dos séculos, a relação de poder se enraizou nas sociedades e gera crenças sobre propriedade e força. Mais recentemente, dos anos 1960 pra cá, a mulher vem se libertando, dividindo espaço no mercado de trabalho, tornando-se chefe de família. Isso mexe com o machismo que ainda existe em todos nós. Muitos jovens
carregam os mesmos conceitos dos pais e avós – acreditam, por exemplo, que o homem tem uma necessidade de sexo diferente da mulher. Recusam-se a entender que isso é apenas fruto da repressão, do modo como fomos criados. Não é biológico. A solução, a meu ver, passa pela educação, informação e formação, desde a primeira infância. O menino precisa saber que não é mais forte do que a menina. Elas, as meninas, precisam acreditar que seu poder é igual ao do amigo. E as crianças necessitam de uma educação livre de preconceitos, qualquer que seja ele. Sem dúvida um grande desafio que pode começar em casa, na escola, no condomínio. A melhor contribuição que cada um de nós pode dar para que cada vez menos ca-
sos aconteçam é não se calar diante de um ato de violência. Cetc. – Para você: cinema ou literatura? MS – Os dois. A fonte do cinema é a literatura, assim como a do teatro e da televisão (no caso de novelas, por exemplo). Tudo começa com um bom texto. No meu caso específico venho transformando meus roteiros em romances ou fazendo filmes no papel. Disque 180 – A Central de Atendimento às Mulheres, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, funciona 24 horas todos os dias, inclusive domingos e feriados.
“Considero-me um contador de histórias, como os aedos medievais que espalhavam as aventuras de heróis distantes e populares. Escrevo para ler o que gosto e, de certa forma, realizo os filmes no papel e na imaginação do leitor.” Marco Simas
Marcos Malta
“Disseram que mulheres nasceram predestinadas a estar no espaço privado, subjugadas e sem direitos. Resolvemos sobreviver, lutar e virar o jogo. Muitas conseguimos, mas a maioria ainda é vítima de violência em todos os níveis em muitos países.” Márcia Noeli, delegada, diretora da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher no Rio de Janeiro; assina a orelha do livro Identidade.
Para escrever esta matéria, tentei incluir declareções de síndicos que tivessem presenciado cenas de violência doméstica. Ninguém quis dar depoimento.
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Segurança por Renata Fernandes
Um gás nesse assunto Em se tratando do uso do gás, segurança e economia precisam andar de mãos dadas
O síndico também pode (e deve) instruir os moradores de seu prédio sobre a forma mais segura de utilizar os equipamentos que permitem banhos quentinhos e comida pronta. Isso significa ficar de olho nas grandes alterações na conta de gás, um alerta de vazamentos. E prezar pela segurança dos condôminos quando aquele cheiro característico começa a invadir os corredores do edifício. O assunto parece dizer respeito apenas aos moradores, já que a conta de gás é baseada no medidor de cada apartamento e cada pessoa deve cuidar do equipamento de sua casa. Mas o tratamento precisa mudar quando o assunto visa à segurança de todos os que vivem e trabalham por ali. Uma alternativa é fazer campanha em elevadores e instruir funcionários e condôminos. Afinal de contas, acabar com vaza-
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mentos não faz apenas bem ao bolso, mas pode evitar grandes acidentes. Especialista em gás, Gilson Rodrigues, da empresa Tecméier, acredita que cuidar da forma como as instalações de gás são feitas no edifício é uma tarefa importante do
síndico e não deve ser desprezada. “Cabe ao síndico velar pela segurança, exigindo que os moradores façam uma revisão anual das instalações de gás. A CEG deveria fazer isso, já que fornece o produto, mas é responsabilidade do usuário”, afirma Rodrigues. O sinal de que alguma coisa não está certa pode vir na conta de gás. Se o valor aumentar muito de uma hora para outra, pode ser sinal de vazamento. A primeira providência é chamar um profissional rapidamente para verificar o problema. Em alguns casos, o vazamento pode ser facilmente consertado, mas quando a edificação é antiga, algumas vezes, é preciso trocar a tubulação. “A troca de canos só se dá quando ela apresenta defeito. Geralmente, eles foram instalados na construção do prédio. Com o tempo, a estrutura acaba dando problema”, explica o especia-
lista. “Quando é necessária a troca, a instalação da tubulação é feita por fora do prédio, substituindo o encanamento. Mas ninguém faz a troca sem defeitos. É uma obra cara”, conta. O preço varia de acordo com a extensão e o material utilizado. A vantagem da tubulação externa é a maior facilidade em cuidar de problemas futuros. Foi exatamente isso o que aconteceu com a síndica Maria das Dores de Brito, do Condomínio Capri, em Copacabana. A instalação do edifício estava para lá de antiga e um grande vazamento de gás obrigou a troca de todo o encanamento. “Dois apartamentos reclamaram do aumento excessivo na conta. Chamamos a CEG e foi constatado o problema. Havia sempre vazamento, mas agora a questão foi resolvida”, conta a síndica. No edifício, a tubulação passou a ser externa, o que facilitará a observação de qualquer problema futuro. Maria das Dores ainda aproveitou a obra para mudar o local dos medidores. “Estavam na entrada do prédio, ao lado de onde ficam os funcionários, e o cheiro de gás era constante. Foram para o terraço”, afirma. Para Rodrigues, da Tecméier, o ponto de inspeção do gás costuma ficar na saída ou entrada do prédio. Outra opção é a garagem. Isso porque são locais de fácil acesso, o que agiliza a leitura do técnico, que precisa medir o consumo de cada unidade mensalmente. A opção, porém, depende de cada caso. No Capri, por exemplo, a síndica queria que o PI ficasse longe do acesso de moradores e funcionários. O objetivo visava à segurança acima de tudo. Os moradores comemoraram a reforma e estão certos de que o investimento foi compensador. “Valeu a pena. A conta diminuiu muito para todo mundo. O que
No Condomínio Capri, um grande vazamento obrigou a síndica Maria das Dores de Brito a trocar todo o encanamento. Agora a tubulação é toda externa, o que facilita a observação de qualquer problema futuro.
se perdia de gás agora não ocorre mais”, comemora a síndica. Seja pela segurança ou pela economia, cuidar de equipamentos, tubulação e instalações é a melhor forma de evitar vazamentos. A CEG recomenda que uma vistoria nas instalações de gás seja feita em intervalos de, no máximo, dois anos. Quando detectados de forma precoce, escapes de gás e desgastes podem ser reparados sem grandes estragos na saúde ou no orçamento. O usuário também deve ficar atento aos equipamentos que têm em casa, como aquecedores e fogões. A regulagem dos aquecedores deve ser feita de modo que não seja preciso dosar a água quente com a fria, evitando, assim, o desperdício.
Se o aquecedor não for elétrico, o piloto não deve permanecer ligado se não estiver sendo utilizado. O aparelho também deve ser instalado onde não ocorra corrente de ar, para que a chama não se apague e o gás fique escapando livremente. A mesma medida deve ser levada em conta no caso dos fogões. São atitudes simples que podem ser adotadas tanto nas unidades quanto nas áreas comuns (no caso de playground ou instalações para funcionários do edifício). Além de gerar economia, trazem segurança para todos. O síndico ainda pode fazer campanhas para conscientizar os moradores. Uma lista com medidas básicas pode ser fixada nas áreas comuns, como elevadores e corre-
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dores de grande acesso, estimulando as inspeções periódicas e a adoção de bons hábitos. Bruno Azevedo, assessor de condomínio da CIPA, acredita que tais atitudes ajudam a diminuir o consumo de gás pelos condôminos. “Por que os edifícios gastam uma quantidade considerável de gás, os síndicos podem realizar campanhas de conscientização, para demonstrar a importância do uso adequado de gás nos equipamentos dos apartamentos, como aquecedores e fogões, bem como nas áreas comuns, como espaço gourmet, salão de festas, sauna e gerador de energia. O objetivo é proporcionar mais conforto, segurança e economia, beneficiando todos os moradores.” Para uma administração mais eficiente, o síndico pode contar com a ajuda de funcionários mais experientes, já acostumados a lidar com a rotina do edifício. Conselho precioso principalmente para quem está assumindo o cargo pela primeira vez. É o que acontece, por exemplo, no Condomínio Praia de Nazaré, em Niterói, com um total de 44 apartamentos. Quando assumiu o cargo, José Menezes Neto já encontrou uma rotina de manutenção e economia do sistema de gás nas áreas comuns e, com a ajuda do zelador, resolveu mantê-la. “Tendo assumido o cargo há pouco mais de um ano, mantive a rotina existente no que diz
respeito à instalação de gás no prédio e, juntamente com o zelador, realizo a necessária fiscalização para fins de segurança”, conta. “Havendo medidores individuais, mensalmente, é realizada a leitura, e o valor correspondente ao consumo de cada unidade é incluído no boleto de cobrança da cota condominial”, afirma, reforçando que é imprescindível ter um braço direito para dar conta de tantas tarefas. A situação muda um pouco quando, em vez do gás natural encanado, o condomínio utiliza cilindros. “Em localidades onde o gás ainda não chegou, eles são muito utilizados. O uso não visa economia. Um não é mais barato do que o outro. É uma questão de comodidade. Você não precisa comprar o gás de rua. Ele não vai acabar. Nos dois casos, o papel do síndico é zelar pela manutenção periódica de aquecedores e fogões nos quais o gás é instalado”, explica Rodrigues. Independentemente do sistema utilizado, manutenção preventiva é a ideia-chave para quem não quer saber de dor de cabeça com o uso de gás no condomínio. Para dar o exemplo vale providenciar vistorias regulares dos equipamentos das áreas comuns e divulgar o procedimento em locais de grande acesso no edifício. Segurança e economia precisam andar de mãos dadas.
Providencie uma lista para orientar os moradores • Para garantir a segurança, os ambientes onde funcionam aparelhos a gás devem ser bem ventilados, por isso, janelas e basculantes precisam permanecer abertos no local. • Feche o registro de gás após a utilização dos aparelhos. • Feche a válvula do medidor de gás caso se ausente da residência por vários dias. • A chama de gás não deve ser amarela ou oscilante, o que indica falha na combustão. O tom deve ser azulado. • Caso exista cheiro de gás permanente, uma assistência técnica autorizada deve ser chamada o mais rapidamente possível. • Em caso de cheiro de vazamento, mantenha portas e janelas bem abertas. Feche os registros dos aparelhos a gás e do medidor e não os abra até que o problema tenha sido solucionado. 96
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• Aquecedores necessitam de uma chaminé para a condução do gás natural ao exterior. • O usuário deve solicitar uma vistoria técnica dos aparelhos, pelo menos, a cada dois anos. • Colocar o aquecedor no máximo e misturar água fria é sinônimo de desperdício e conta alta no fim do mês • O piloto do aquecedor não deve ser mantido aceso, o que evita desperdício e possíveis vazamentos. • No local em que o aquecedor será instalado, não deve haver correntes de ar. A mesma medida serve para os fogões. Serviço
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