ASCOFERJ • Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro • Rua do Carmo, 9, grupo 501, Centro - Rio de Janeiro/RJ - CEP 20011-020
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Ano 26 · Edição 196 · Janeiro-Fevereiro 2017
Reforço no combate à dengue Legitimadas para vacinar, farmácias e drogarias do Rio poderiam somar esforços às ações governamentais e contribuir para a redução dos casos de contaminação
DIREITO DO CONSUMIDOR
COMUNICAÇÃO
FINANÇAS
Livro de Reclamações é obrigatório no ponto de venda
Propaganda de medicamentos nas redes sociais: você sabe como fazer?
Sim, dono precisa de salário. Saiba como calcular o seu pró-labore
editorial
I
Iniciamos 2017 com a expectativa de que seja um ano menos
uma das muitas injustiças que vivemos, pois,
difícil que o anterior. Porém, ainda estamos sujeitos a muitas incerte-
no Brasil, quem paga mais tributo propor-
zas em razão dos problemas de ordem política e econômica no País.
cionalmente é sempre o menos favorecido.
A cadeia do setor farmacêutico – indústrias, distribuidores e
Certamente, deveria existir um incenti-
varejo – apesar da crise, apresentou números favoráveis em 2016,
vo para os pequenos empreendedores, pois
com indicadores de crescimento acima dos demais setores da eco-
são eles que ocupam as regiões das peri-
nomia, mantendo evolução nas vendas. Entretanto, acredito que
ferias das grandes metrópoles, em cidades
vivemos duas realidades distintas no que diz respeito ao varejo far-
com menor concentração de populações,
macêutico. Há dois lados da moeda.
onde as grandes redes não têm interes-
O varejo é constituído por três categorias de empresas: as gran-
se em se estabelecer. São essas farmácias
des redes (27 atualmente no País), as redes associativistas/franquias
que garantem o abastecimento nos locais
e as farmácias independentes. Por um lado, os números apresen-
de acesso mais precário.
tados pelas grandes redes apresentam balanço com saldos am-
Deixo meu alerta: a falta de sensibilida-
plamente favoráveis, com projeções positivas de crescimento e
de do poder público e a ganância dos órgãos
continuidade no plano de expansão. Já nas redes intermediárias,
fiscalizadores em arrecadar, priorizando a
os números ainda são favoráveis, mas com crescimento não tão
punição no lugar do incentivo ao empreen-
acentuado como nas principais redes nacionais.
dedorismo, estão levando à extinção do pe-
Por outro lado, quando analisamos o mercado das farmácias
queno e médio varejo farmacêutico.
e drogarias independentes, atualmente composto por mais de 50
Reitero aos leitores que continuaremos
mil estabelecimentos que representam quase 70% dos pontos de
nosso trabalho de contribuir com o segmen-
venda no Brasil, a realidade é completamente diferente. As peque-
to farmacêutico por meio de nossa equipe
nas e médias empresas estão sendo asfixiadas pela concorrência,
de profissionais para oferecer os melhores
situação que se agrava em consequência de uma severa carga tri-
benefícios e serviços ao quadro de associa-
butária e por normas regulatórias com alto grau de complexidade
dos. A esses, agradecemos pela confiança,
para os empresários.
que nos torna uma das maiores e principais
A falta de um tratamento diferenciado por parte dos governantes para empresas de pequeno e médio porte – tratamento esse previsto na legislação, mas não aplicado na prática – permanece sendo
entidades regionais do País. Que este ano seja repleto de realizações e bênçãos.
HUMBERTO TESKI
O caminho do varejo nacional
Luis Carlos Marins Presidente da Ascoferj
Quer saber mais?
Mande um e-mail para marins@ascoferj.com.br
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
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carta da editora
Reconhecimento não tem preço
E Viviane Massi
Este editorial é um agradecimento.
béns à entidade pela iniciativa de reconhecer os melhores e por
Nós não vencemos o II Prêmio Abrafarma
estimular a produção e o compartilhamento de informação rele-
de Jornalismo, mas temos muitos motivos
vante para o setor. A Revista da Farmácia se sente prestigiada e
para comemorar. A Revista da Farmácia foi
com mais força para seguir em frente.
a única publicação indicada do setor far-
Este editorial também é o pontapé inicial de 2017. Estamos
macêutico entre os dez finalistas. Concor-
iniciando mais um ano, cheios de gás para produzir mais e mais
remos pela primeira vez. Concorremos com
conteúdo de qualidade para nossos leitores. Este é o ano da vira-
a grande imprensa nacional. E concorremos
da. Em dezembro, a revista chegará à 200ª edição, e vai mudar de
com a reportagem “Consultório farmacêu-
cara. Vamos passar os próximos 12 meses pensando nesse novo
tico pode?”, tema que vem sendo debatido
layout. E você, leitor, irá contribuir. Aguarde!
exaustivamente na academia e fora dela,
Nesta edição, preparamos uma matéria especial sobre a den-
dentro e fora do balcão da farmácia. Isso
gue. Com a chegada da época das chuvas, o mosquito transmissor
significa que a revista está atenta às ques-
tende a se reproduzir de maneira alarmante. O setor pode contri-
tões atuais, focada no desenvolvimento
buir para reduzir os riscos. Além dessa, tem muito mais: propagan-
do setor e criando conteúdo de qualidade.
da de medicamentos nas redes sociais, remuneração do proprie-
revistadafarmacia@ascoferj.com.br
Agradecemos aos leitores que nos pres-
Editora
tigiam e à Abrafarma, pela indicação. Para-
tário, parceria com Hemorio, entre outros temas. Boa leitura!
FUNDADOR
DESDE MAIO DE 1991
Ruy de Campos Marins
4
FALE COM A REDAÇÃO revistadafarmacia@ascoferj.com.br
PRESIDÊNCIA
COLABORAÇÃO
Luis Carlos Marins
Ana Paula Silva
JORNALISTA RESPONSÁVEL E EDITORA
REVISÃO
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Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
(21) 99827-2867
sumário
22 assuntos regulatórios Licença sanitária volta à pauta e Ascoferj se mobiliza
26 direito do consumidor Já possui o Livro de Reclamações? É obrigatório por lei
30 capa Dengue: em dez anos, vacina poderia reduzir 920 mil casos no Estado do Rio
6 7 8 10 14 15 16 18 28 38 40 44 46 48 50 58
agenda lançamentos boa leitura entrevista pequeno varejo jurídico panorama responsabilidade social marketing farmacêutico consultora farmacêutica comunicação eu faço a diferença recursos humanos práticas corporativas assistência farmacêutica gestão financeira
54 finanças Especialistas ensinam a calcular o pró-labore do proprietário da empresa
Visite o site da Ascoferj Nele, você encontra os benefícios e os serviços oferecidos pela entidade, além de informações sobre cursos, palestras e eventos de sua área. Acesse: www.ascoferj.com.br
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agenda
Eventos e cursos do setor Carioca Digital A farmacêutica e especialista em Assuntos Regulatórios, Betânia Alhan, vai ministrar o treinamento “Carioca Digital, Sisvisa e Autodeclaração Online: tire todas as suas dúvidas sobre o novo procedimento para emissão da licença sanitária” no dia 18 de janeiro, na sede da Ascoferj, localizada na Rua do Carmo, nº 9, Grupo 501, Centro, Rio de Janeiro. Mais informações: www.ascoferj.com.br.
Aplicação de injetáveis Nos dias 25 e 26 de janeiro, acontecerá mais um curso de Aplicação de Injetáveis, das 14h às 20h, na sede da Ascoferj. O investimento é de R$ 250 para associados e R$ 375 para não associados. Mais informações: www.ascoferj.com.br.
Abradilan Farma Nos dias 21, 22 e 23 de março, será realizada a 13ª edição da Abradilan Farma, em São Paulo. A programação do evento enfoca três áreas de abordagem: Desenvolvimento e Gestão, Farma em Destaque e Atividades Sociais de Relacionamento. A palestra de encerramento será ministrada pelo filósofo, escritor e educador Mario Sergio Cortella, com o tema “Da oportunidade ao êxito: mudar é complicado? Acomodar é perecer”. Mais informações: www.abradilanconexaofarma.com.br.
Conbrafarma 2017 O Congresso Brasileiro do Varejo Farmacêutico (Conbrafarma) é um dos eventos de referência do setor, voltado para profissionais do canal farma. Fique de olho no site www.conbrafarma. com.br e acompanhe todas as informações do congresso que acontecerá este ano.
Congresso farmacêutico em SP O XIX Congresso Farmacêutico de São Paulo, o XI Seminário Internacional de Ciências Farmacêuticas e a Expofar 2017, promovidos pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), serão realizados entre os dias 6 e 8 de outubro, no Centro de Convenções Frei Caneca. O tema central será “Farmacêutico: profissional de valor, construindo o sucesso”. Mais informações: portal.crfsp.org.br.
Inscrições em cursos, palestras e eventos da Ascoferj: www.ascoferj.com.br Informações e inscrições de grupos: treinamentos@ascoferj.com.br Pague sua inscrição com PagSeguro.
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lançamentos
Gôndolas atualizadas Coppertone Tattoo A Coppertone anuncia o lançamento da Coppertone Tattoo no mercado brasileiro. Desenvolvido para proteger as tatuagens contra a incidência dos raios solares, a fórmula do produto associa barreiras físicas e químicas, protegendo e hidratando a pele para minimizar os efeitos do sol. A nova linha está disponível nas versões loção e spray. SAC: 0800 723 1010
Protetor solar facial A Eucerin inova e traz ao mercado o Eucerin SUN Creme Tinted CC Cream, o primeiro protetor solar facial com alta cobertura combinada com toque seco e proteção solar avançada. Disponível em duas tonalidades – com pigmentos selecionados nas cores clara e média – o produto proporciona um tom uniforme à pele e naturalmente bronzeado, com leve textura. SAC: 0800 776 4832
Hidratação da pele A Nivea oferece o Hidratante Firmador NIVEA Q10 Energy+ para uma pele firme e hidratada. Com o avançado complexo Q10 Energy+ ou energy complex, o produto oferece dupla ação – hidratante e firmador – e ajuda a reduzir a flacidez e a gordura localizada ao melhorar a elasticidade da pele. SAC: 0800 776 4832
Coloração A Garnier apresenta o Nutrisse Creme Cachos Poderosos, a primeira coloração exclusiva para cabelos cacheados com poder de definir e recriar cachos ao mesmo tempo em que garante cores duradouras e brilho intenso. O produto tem uma rotina diferente das colorações tradicionais, com quatro passos que trazem soluções para cada um dos grandes problemas na hora da aplicação: sérum protetor antiquebra dos cachos, tintura umectante, tratamento blindagem nutritiva e leave in recriador de cachos. SAC: 0800 701 0114
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boa leitura Rápido e devagar – duas formas de pensar Daniel Kahneman – Editora Objetiva Estudos conduzidos durante anos pelo autor colocam em xeque a ideia de que a tomada de decisão é essencialmente racional. No livro, Kahneman leva o leitor a uma viagem pela mente humana, explicando as duas formas de pensar: uma é rápida, intuitiva e emocional; a outra, mais lenta, deliberativa e lógica. De forma envolvente, o autor revela quando se pode ou não confiar na intuição.
A magia do Império Disney Ginha Nader – Editora Senac Muitas empresas, assim como as pessoas de um modo geral, buscam o caminho da excelência pelas histórias de sucesso. Walt Disney, que criou um mundo de fantasia, é um caso de sucesso contado, neste livro, em cinco temas emocionantes: a fascinante caminhada do homem Walter Elias Disney, a gestão empresarial de sua companhia, a empresa Walt Disney Company, os segredos de seu modelo de excelência e qualidade e, finalmente, a descrição completa dos parques do Walt Disney World Resort de Orlando, na Flórida.
Demografia: a ameaça invisível
O dilema previdenciário que o Brasil se recusa a encarar Fabio Giambiagi e Paulo Tafner – Editora Elsevier Previdência social é o assunto do momento e o objetivo declarado pelos autores é convencer a sociedade que a reforma do sistema previdenciário é necessária e urgente. Para tanto, discorrem sobre as reformas promovidas por FHC e Lula e avaliam, didaticamente, as consequências diante das projeções demográficas do IBGE, dissecando os argumentos a favor e contra a reforma.
Contos orientais Leonardo Fróes – Editora Rocco Esses contos orientais são ricas parábolas para o dia a dia e para diversas situações de liderança no ambiente corporativo de uma empresa. O autor traz à luz da língua portuguesa 40 histórias tradicionais do Japão, China, Coreia e Índia, cujos primeiros registros escritos datam desde o século IV a.C. até o século XVIII d.C. Os contos e as fábulas não apenas encantam como literatura, mas também revelam detalhes curiosos e surpreendentes da história cultural, social e política do Oriente.
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entrevista
Giberto Braga DIVULGAÇÃO
Professor de Finanças do Ibmec
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Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
entrevista
Num beco sem saída Professor de Finanças do Ibmec/RJ diz que Governo do Estado vive crise sem precedentes e que não há solução em curto prazo
O
O Estado do Rio está doente e parece não haver pílula milagrosa para curá-lo. De acordo com o professor de
Finanças do Ibmec/RJ, Gilberto Braga, uma crise semelhante só ocorreu no governo municipal de Saturnino Braga, que decretou falência em 1988. Para o especialista, não se vislumbram, no momento, soluções que combinem medidas políticas, administrativas e econômicas que sejam consensuais. Por isso, o Estado pode entrar em colapso. E como ficam as empresas no meio disso? Aquelas que dependem da segurança pública e da regularidade do pagamento dos salários do funcionalismo estadual precisam ficar atentas. Por sorte, o varejo farmacêutico ainda se mantém ileso à crise, mas não pode baixar a guarda. Nesta entrevista, Braga fala dessas e de outras questões, como o futuro governo de Marcelo Crivella, na prefeitura da capital. Leia a seguir.
Revista da Farmácia: Como o senhor analisa a atual crise política
comece a jorrar royalties no cofre estadual.
e financeira vivida pelo Estado do Rio de Janeiro?
As propostas do governo para a Assem-
Gilberto Braga: Uma crise sem precedentes, semelhante à que o
bleia Legislativa do Estado do Rio de Janei-
município do Rio sofreu no governo do prefeito Saturnino Braga,
ro (Alerj) são de curto prazo e se prestam a
que, em 1988, chegou a decretar falência. O governo estadual não
uma tentativa de fechar as contas, de com-
consegue pagar a folha de salários regular, tendo que realizar par-
patibilizar o que seria comparável a equili-
celamentos, nem fazer o custeio das demais rubricas necessárias
brar o capital de giro, mas estão longe de
ao seu funcionamento básico. A situação é crítica porque não há
se constituírem em uma solução definitiva.
perspectivas de curto prazo e não se vislumbram, no momento,
Além disso, as propostas foram todas desfi-
soluções que combinem medidas políticas, administrativas e eco-
guradas pelas votações dos deputados es-
nômicas que sejam consensuais. As discussões sobre a crise do Rio
taduais e por liminares judiciais, o que tor-
lembram a cena de um cabo de guerra, só que a corda tem três
na até mesmo a capacidade de gestão do
pontas e cada grupo puxa para um lado.
curto prazo totalmente incerta.
RF: O Estado tem capacidade de se recuperar? Como o senhor
RF: De que forma essa crise do Estado im-
avalia as propostas do atual governador, entre elas, o aumento
pacta a economia, em geral, e os empre-
do desconto previdenciário de 11% para 14%; o reajuste da tari-
sários, em específico?
fa do Bilhete Único de R$ 6,50 para R$ 7,50; o desconto de 30%
Braga: Estávamos vivendo em lua de mel
do salário de aposentados; e a redução de 20 para 12 secretarias?
até o fim dos Jogos Olímpicos, em que a cri-
Braga: Sem uma mudança estrutural que busque novas formas de
se, apesar de presente, não causava estra-
desenvolvimento e de geração de receitas, o Estado não sobrevive-
gos generalizados, apenas setorialmente.
rá, exceto se houver alguma mudança no cenário internacional que
Com o fim da Rio 2016, caiu a ficha: a crise
faça o preço do petróleo disparar para perto de US$ 100 o barril e
se alastrou pelo Estado e trouxe junto o re-
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entrevista crudescimento da violência, principalmente
RF: Ainda vale a pena empreender no Rio de Janeiro? O que o
na capital. Não há como descolar o funcio-
senhor diria para alguém que deseja abrir um negócio por aqui?
namento da economia da crise do gover-
Braga: Como se sabe, toda crise também abre oportunidades, mas
no. O consumo agregado é afetado pelos
é preciso ter perspicácia para identificá-las e iniciativa e coragem
problemas estaduais e pela crise geral po-
para aproveitar o momento. Por exemplo, uma conhecida minha
lítica e econômica. Os empresários perce-
largou um emprego formal para abrir um negócio de food truck. Está
bem a deterioração ao verem os resultados
trabalhando o dobro do que trabalhava como empregada com car-
dos seus negócios despencarem de forma
teira assinada, porque além de servir no caminhão à noite, duran-
quase que generalizada. Muitos já quebra-
te o dia, tem que providenciar e organizar os ingredientes que se-
ram e outros estão pessimistas com rela-
rão usados no preparo da comida e buscar cerveja artesanal. Mas,
ção ao futuro. A crise, no Rio, afeta a todos.
ao mesmo tempo, está muito mais feliz e ganhando mais dinheiro como dona do seu próprio negócio. RF: A partir de 2017, o município do Rio terá uma prefeitura com perfil
O município do Rio tem, atualmente, uma situação econômica bem melhor do que a do Estado, concentrada na prestação de serviços em geral, no turismo, no entretenimento e na tecnologia.
totalmente diferente do atual. O que esperar do governo do Crivella? Braga: Um governo que vai querer imprimir um estilo próprio e diferente do governo Eduardo Paes. Trata-se da primeira experiência executiva associada à Igreja Universal e tudo indica que vai se tentar fazer do Rio uma vitrine para projetos políticos maiores. Por isso tudo, há uma expectativa relativamente positiva, de uma gestão técnica e sem interferência direta das questões religiosas. No entanto, ainda será uma aposta e ninguém tem convicção firme sobre a eficácia da equipe e do sucesso da gestão. RF: Quais as projeções para a economia da cidade do Rio sob o
RF: Como é administrar um negócio em
novo governo?
um Estado falido? Quais os desafios para
Braga: O município do Rio tem, atualmente, uma situação econô-
as empresas?
mica bem melhor do que a do Estado, concentrada na prestação de
Braga: Encontrar um nicho para trabalhar
serviços em geral, no turismo, no entretenimento e na tecnologia.
que seja menos suscetível à crise. Buscar
Os efeitos do legado deixado pelos Jogos Olímpicos, em termos de
fidelizar a clientela com ações criativas que
avanços, ainda não ocorreram e é possível que ocorram no próximo
façam com que percebam que o produto
governo, basta a questão da violência ser encaminhada de melhor
vendido ou serviço prestado é diferenciado
forma e não destruir tudo o que foi construído nos últimos anos.
e tem mais atrativos que o da concorrên-
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cia. Não basta mais ter preço baixo, porque
RF: Como o varejo pode se blindar, considerando que ainda não
a crise força a uma redução generalizada e
se sabe como será o futuro governo de fato?
a competição acaba vulgarizando tudo. Por
Braga: É difícil fazer uma recomendação que não seja especula-
isso, ter preço é fundamental, mas não pre-
tiva, mas arriscaria dizer que aspectos como segurança pública e
cisa ser o menor preço, mas ter aquele pro-
regularidade do pagamento dos salários do funcionalismo esta-
duto ou serviço que ofereça ao cliente uma
dual devem merecer atenção. Se o negócio sofrer influência dire-
sensação de que ele está pagando menos
ta desses fatores, é melhor se precaver. Fora isso, a receita de pre-
ou pouco e levando mais ou muito.
caução é a de sempre: cortar custos e melhorar a produtividade.
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pequeno varejo
Níveis de serviço Chegue ao nível três e obtenha bons resultados operacionais e financeiros
A
A sua empresa realiza controle estatísti-
• Existência de algumas tecnologias de apoio aos processos da em-
co dos processos com base em indicadores
presa, como cadastro de clientes, controle de estoque, registros de
previamente definidos? Utiliza ferramentas
indicadores, controle e tramitação de documentos.
básicas da qualidade, como Pareto, Ishika-
• Algumas ações de melhoria da organização e da produtividade
wa, Ciclo PDC, para identificação, prioriza-
implantadas, como o Programa 5S.
ção e solução de problemas? Há integração com a cadeia produtiva? Faz uso de ferra-
Nível 2 – Prestação de serviços de forma controlada
mentas de apoio à tomada de decisão, com
• Alguns indicadores de processos estabelecidos.
base em simulação integrada a processos
• Grande parte dos processos em execução.
automatizados? Possui ampla integração de
• Parte dos processos automatizados.
equipamentos e processos automatizados?
• Existência de algumas tecnologias integradas aos processos.
ANDRÉ LIMA
Considerando a evolução do nível de
Marcos Assumpção Consultor em planejamento, gestão por processos e gerenciamento de projetos.
serviços de 1.0 a 4.0, com base em modelos
Nível 3 – Serviços melhorando continuamente
de maturidade reconhecidos pelo mercado,
• Realização de controle estatístico dos processos da organização
utilizamos a escala de evidências concretas
com base nos indicadores definidos.
para enquadramento de nível de serviços
• Utilização de ferramentas da qualidade – Pareto, Ishikawa etc.
de sua empresa. As boas práticas de ges-
• Metodologia de aprendizado contínuo implantada.
tão utilizam a seguinte escala de referência:
• Processos automatizados com todas as tecnologias integradas. • Integração da empresa à cadeia produtiva.
Nível 0 – Estágio inicial • Processos não implantados. A empresa
Nível 4 – Serviços inteligentes
ainda não atinge seu propósito pleno.
• Uso de ferramentas de apoio à tomada de decisão de simulação
• Tecnologia de apoio aos processos inexis-
e em tempo real, com base em inteligência artificial. Essas ferra-
tentes, subutilizada ou de pouco impacto
mentas são integradas aos processos automatizados para sugerir
nos resultados do negócio.
mudanças em função de movimentações no mercado detectadas a partir do fornecimento de informações dentro da empresa, em
Nível 1 – Criando a personalidade da em-
sua cadeia e pela internet.
presa nos serviços prestados
• Ampla integração de equipamentos e processos automatizados.
• A empresa possui alguns processos defi-
Quer saber mais?
Mande um e-mail para marcosconsultor@globo.com
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nidos e detalhados, que já são executados.
Sua empresa não precisa ser necessariamente uma empresa
• Os processos são melhorados por obser-
4.0. Contudo, deve ter como meta a utilização de indicadores de
vações superficiais dos colaboradores, como
desempenho e processos que possam classificá-la como 3.0, o
identificação de gargalos, necessidade de rea-
que, certamente, contribuirá para promover bons resultados ope-
locação de pessoas e/ou aquisição de sistemas.
racionais e financeiros para o negócio.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
jurídico
Vitória da Ascoferj favorece associados Irregularidade no Farmácia Popular não descredencia todas as filiais, somente a loja irregular
O
O Departamento Jurídico da Ascoferj obteve mais uma vitória
automático do Programa Farmácia Popular
em favor de seus associados. Agora, as empresas associadas que
do Brasil de toda uma pessoa jurídica, ape-
possuem mais de uma filial não serão prejudicadas caso uma das
nas por ter sido constatada alguma irregu-
lojas apresente irregularidades junto ao Programa Farmácia Po-
laridade de 1 (um) de seus estabelecimentos
pular do Brasil.
farmacêuticos (filial).
Nesse caso, as demais unidades da empresa não poderão ser
Sendo assim, a decisão protege os asso-
descredenciadas, ou seja, apenas aquela que estiver fora dos pa-
ciados da Ascoferj que estiverem ou poderão
drões exigidos pelo governo. A decisão foi possível porque, em maio
ainda passar por uma situação com essa.
de 2016, o Departamento Jurídico da entidade impetrou Mandado de Segurança Coletivo junto à 20ª Vara Federal do Distrito Federal no parágrafo 1º do artigo 43, da Portaria MS nº 111/16, que determi-
Nova identificação visual para o programa
nava o descredenciamento de todas as filiais: § 1º O descredencia-
Todas as ações de comunicação do
mento de qualquer filial, por motivo de irregularidades, enseja a pu-
Programa Farmácia Popular deverão
nição de toda a pessoa jurídica, matriz e filiais, nos termos do “caput”.
ser veiculadas ou distribuídas com
O advogado e consultor jurídico da Ascoferj, Gustavo Sembla-
a utilização da nova marca do Go-
no, explica que a Portaria prejudica as lojas que estão regulares com
verno Federal. Para cumprir a de-
o Programa. “Essa punição não é justa com os empresários, uma
terminação, as farmácias e droga-
vez que as filiais não podem arcar com as irregularidades de ape-
rias credenciadas deverão atualizar
nas uma loja que apresente algum problema”, defendeu.
suas peças publicitárias. As novas
com objetivo de reconhecer a ilegalidade de uma exigência contida
Semblano ressaltou ainda que o pedido do mandado foi no
peças estão disponíveis no site da
sentido de o juiz reconhecer a falha do que previa a norma e tam-
Ascoferj, no Painel do Associado,
bém conscientizar de que a lei que trata do Programa não prevê
no link Farmácia Popular.
nenhum tipo de punição nesse sentido. “Se a lei não descredencia as outras filiais da empresa, a Portaria não pode fazer isso. Entendemos que uma lei é superior a uma portaria”, frisou. O juiz federal Renato C. Borelli acolheu o argumento do Departamento Jurídico e declarou ilegalidade da exigência: CONCEDO A SEGURANÇA para reconhecer a ilegalidade do disposto no § 1º do art. 43 da Portaria MS nº 111/16, ficando proibido o descredenciamento
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panorama
HUMBERTO TESKI
Ascoferj promove duas palestras internacionais A Ascoferj, em parceria com a Sociedade Brasileira de Farmacêuticos e Farmácias Comunitárias (SBFFC), trouxe para o Rio e Volta Redonda, nos dias 26 e 27 de outubro de 2016, a palestra internacional do farmacêutico especialista em Estratégia e Gestão de Marketing Farmacêutico, João Pedro Matos, intitulada “Lucratividade do varejo farmacêutico na nova era de serviços farmacêuticos”. Durante os dois dias, profissionais de farmácias e drogarias tiveram o privilégio de conhecer como funciona o modelo das farmácias de Portugal, que cobram pelos serviços farmacêuticos. Matos dividiu com o público a visão dele sobre o modelo brasileiro: “Percebo avanços, principalmente nos serviços farmacêuticos, o que é positivo para os profissionais e a população brasileira. Devemos potencializar as vantagens dos últimos tempos e fortalecer o nosso trabalho”, afirmou em uma de suas apresentações. João Pedro Matos durante palestra na ACRJ
Mercado de suplementos supera crescimento médio anual do setor O crescimento médio anual registrado pelo setor de suplementos é de 25% nos últimos cinco anos. Esse número é um reflexo direto da procura por mais qualidade de vida e a inclusão de uma alimentação saudável no dia a dia, fortalecendo ainda mais a presença de suplementos nutricionais na rotina dos brasileiros. Isso impulsiona um mercado cada vez mais promissor, com movimentação de mais de R$ 1,5 bilhão, algo como US$ 400 milhões, segundo dados divulgados pelo Instituto de pesquisa Nielsen. O ritmo de crescimento supera o mercado farmacêutico, o principal no campo da saúde. Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), o faturamento das empresas pesquisadas cresceu apenas 12% de 2014 a 2015. O foco do consumidor se volta cada vez mais à prevenção e à qualidade de vida, justamente para conter a necessidade de medicamentos por conta de doenças e do sedentarismo, o que pode ser observado especialmente na valorização das atividades físicas e no cuidado com a dieta e alimentação. MAXPRESS
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ASCOFERJ
Corpo de Bombeiros do Rio simplifica concessão de licença O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) simplificou a concessão dos documentos necessários para a regularização das edificações para abertura de empresas. Agora é tudo feito por meio da autodeclaração online. Integrada à Rede Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (REGIN), a corporação adequou as normas vigentes de acordo com Decreto nº 45.456, de 19 de novembro de 2015. A ação é uma parceria com a Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerja), cujo objetivo é tornar mais ágil o processo de abertura, legalização e registro de empresas. O empreendedor precisa ter o negócio classificado como de baixo risco, o que é feito na primeira etapa de inscrição. A partir daí, preenche um cadastro online em que obedece a critérios definidos relacionados a medidas de prevenção contra incêndio e pânico. O processo possibilita obter o documento pela internet, sem precisar ir a uma sede física. CORPO DE BOMBEIROS
panorama
HUMBERTO TESKI
Encontro com lideranças para apresentar novos projetos Em dezembro, a Ascoferj esteve reunida com diretores, sócios honorários e parceiros para apresentar os projetos que serão iniciados em 2017. Na ocasião, o presidente da entidade, Luis Carlos Marins, pontuou todas as propostas, entre elas, o desenvolvimento de um programa de doação de sangue e medula óssea para dar apoio ao Hemorio. Além disso, Marins também reforçou que a Ascoferj vai investir no ensino a distância para profissionais que não podem vir à capital fazer os cursos presenciais e anunciou a 13ª edição do Prêmio Destaque Ascoferj, agendada para novembro. O presidente do Instituto Vital Brazil, Edimilson Migowski, esteve no encontro e reiterou a parceria com a Ascoferj na capacitação de profissionais para aplicação de vacina nas farmácias. ASCOFERJ Marins apresenta os projetos deste ano para diretores e parceiros
Anvisa pretende mudar regra dos suplementos alimentares
Queda nas vendas de genéricos preocupa o setor
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deverá liberar a
A desaceleração do crescimento do mercado de me-
venda de suplementos para nutrição cosmética e esportiva para se-
dicamentos genéricos começa a preocupar a indústria,
rem comercializados como alimentos ainda este ano. Pela lei atual,
que registrou a segunda retração mensal consecutiva
considerada restritiva pela própria agência, produtos como cápsu-
em outubro do ano passado, segundo a Progenéricos.
las com substâncias concentradas são enquadrados como medica-
Em outubro, o faturamento caiu 5,8% em relação a se-
mentos e têm que enfrentar um processo longo para ser vendidos
tembro, mês em que também houve queda de 2,8%,
no Brasil. Em 2016, começou a vigorar um acordo com a Associa-
apontam dados do IMS Health. Apesar das oscilações
ção Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri) em
nos resultados mensais, a receita de 2016 até outubro
que a associação notifica as lojas que vendem suplementos proi-
seguiu 8,3% maior que no mesmo período de 2015. A
bidos pela Anvisa. Se o comerciante não retirar o produto da pra-
desaceleração é um reflexo da economia fragilizada e
teleira, a Abenutri avisa a agência. Foram 32 casos em 2016, afir-
não de um esgotamento das migrações ao setor, avalia
ma o presidente da entidade, Marcelo Bella.
a presidente da associação, Telma Salles.
FOLHA DE SP
EPHARMA
Aché investe R$ 500 milhões em expansão O Aché acaba de anunciar a expansão das operações industriais e de distribuição para Pernambuco. O laboratório vai investir mais de R$ 500 milhões na construção de uma fábrica de medicamentos em uma área de 250 mil m², além de um centro de distribuição na região metropolitana de Recife. O projeto será desenvolvido em fases. A expectativa é de que a nova unidade, prevista para ser inaugurada em 2021, aumente a capacidade produtiva instalada do Aché em, aproximadamente, 50%, suportando o crescimento projetado para os próximos 15 anos. A previsão é de que as novas operações gerem cerca de 500 empregos diretos, além de cerca de 2,5 mil postos de trabalho indiretos. PORTAL REVISTA INFRA
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
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responsabilidade social
Ascoferj firma parceria com Hemorio Objetivo é multiplicar informações sobre a importância da doação de medula óssea
C
Com o intuito de ajudar a salvar vidas,
pela área de Captação de Doadores de Sangue do Hemorio, Simo-
seja pela doação de sangue, seja pela de
ne Maia, as campanhas de sensibilização ajudam muito, como as
medula óssea, a Ascoferj acabou de firmar
que são realizadas no Dia Nacional do Doador – 25 de novembro
parceria com o Instituto Estadual de Hema-
– e no Carnaval, mas não são suficientes para atender à demanda.
tologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (He-
“A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que, pelo me-
morio). O presidente da Ascoferj, Luis Carlos
nos, 3% a 5% da sociedade doem sangue regularmente. Isso quer
Marins, afirma que o objetivo da entidade é
dizer que precisamos triplicar esse percentual, porque ainda não
o de propagar informações sobre a impor-
alcançamos esse número”, destaca Simone.
tância desses dois tipos de doação. “Como
O Ministério da Saúde (MS) também trabalha para aumentar
parceiros, queremos incentivar as farmá-
esse índice. Por isso, reduziu a idade mínima de 18 para 16 anos –
cias e drogarias a realizarem campanhas
com autorização do responsável – e aumentou de 67 para 69 anos
informativas para seus clientes e também
a idade máxima para doação de sangue no País.
estimular as entidades do setor a fazerem o mesmo”, disse.
Existem períodos em que o número de doadores diminui consideravelmente, o que afeta milhares de vidas. De acordo com o
Atualmente, no Brasil, cerca de 3,6 mi-
Hemorio, as férias escolares, no mês de janeiro, costumam deixar
lhões de bolsas são coletadas por ano, o que
as cidades mais vazias e, consequentemente, com poucas pessoas
corresponde ao índice de 1,8% da popula-
disponíveis para a doação.
ção doando sangue. Segundo a responsável
Importante ressaltar algumas exigências básicas para a doação, como pesar mais de 50kg, estar em boas condições de saúde e bem alimentado, não ter ingerido bebidas alcoólicas 12 horas antes da doação nem comidas gordurosas quatro horas antes e ter dormido, pelo menos, seis horas na noite anterior. Em breve, a Ascoferj vai divulgar mais detalhes sobre essa nova
FONTE: HEMORIO
parceria no site e mídias sociais da entidade. Para mais informa-
Quer falar com o
Hemorio?
ções e esclarecimentos sobre como doar, entre em contato com o Disque-Sangue pelo 0800 282 0708. Além disso, o Hemorio está presente no Facebook, Twitter e Instagram.
ENDEREÇO: Rua Frei Caneca, nº 8, Centro, Rio de Janeiro. FUNCIONAMENTO: Todos os dias, incluindo feriados e fins de semana, das 7h às 18h. O salão de doadores fecha apenas no dia 1º de janeiro. DISQUE-SANGUE: 0800 282 0708, de segunda a sexta, das 8h às 16h.
18
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
assuntos regulatórios
Ano novo, nova postura profissional Quem entender a importância de fazer o melhor trabalho e dar, cada vez mais, o melhor de si só terá a ganhar
HUMBERTO TESKI
M
Mais um ano se inicia. Precisamos de
cífica; prestar assistência farmacêutica necessária ao consumidor;
fôlego para mais 365 dias de muito traba-
promover treinamento inicial e contínuo dos funcionários para a
lho e para vencer os desafios de conciliar
adequação da execução de suas atividades.
legislação sanitária e interesses comercias
São inerentes ao proprietário do estabelecimento as seguin-
em farmácias e drogarias. Para superar essa
tes atribuições: prever e prover os recursos financeiros, humanos e
barreira, é preciso que o farmacêutico e o
materiais necessários ao funcionamento do estabelecimento; estar
proprietário estejam cientes de que a res-
comprometido com as Boas Práticas de Dispensação, assim como
ponsabilidade técnica e legal pela farmácia
com as demais normas sanitárias federais, estaduais e municipais
deve se complementar e viabilizar a migra-
vigentes e aplicáveis às farmácias e drogarias; assegurar as condi-
ção do estabelecimento comercial para o
ções necessárias à promoção do uso racional de medicamentos
estabelecimento de saúde.
no estabelecimento; e favorecer e incentivar programas de edu-
São inerentes ao profissional farmacêutico as seguintes atribuições: conhecer,
Betânia Alhan Farmacêutica, especialista em assuntos regulatórios e consultora da Ascoferj.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para farmaceutica@ascoferj.com.br
20
cação continuada para todos os profissionais envolvidos nas atividades da drogaria.
interpretar e estabelecer condições para o
Ética e profissionalismo são as palavras de ordem quando o
cumprimento da legislação pertinente; es-
assunto é postura profissional. Juntos, proprietários e farmacêuti-
tabelecer critérios e supervisionar o proces-
cos devem estabelecer normas e condutas que estabeleçam uma
so de aquisição de medicamentos e demais
rotina de trabalho em que todos os funcionários tenham o seu
produtos; avaliar a prescrição médica; asse-
desempenho uniformizado e registrado, que sejam orientados e
gurar condições adequadas de conservação
treinados para o cumprimento dessas rotinas e que entendam a
e dispensação dos produtos; manter arqui-
importância da função que desempenham para manter a loja den-
vos que podem ser informatizados, com a
tro das condições sanitárias essenciais ao seu funcionamento, mi-
documentação correspondente aos pro-
nimizando os problemas junto à fiscalização sanitária e evitando
dutos sujeitos a controle especial; partici-
multas e interdições.
par de estudos de farmacovigilância com
Mudar dá trabalho, na verdade dá o maior trabalhão! Mas mu-
base em análise de reações adversas e in-
danças precisam ser bem-vindas sempre, porque o setor farma-
terações medicamentosas, informando a
cêutico se transforma constantemente. Se não nos adequarmos,
autoridade sanitária local; organizar e ope-
ficamos vulneráveis perante os órgãos regulamentadores.
racionalizar as áreas e atividades da droga-
A postura do profissional é um fator decisivo em sua carreira.
ria; manter atualizada a escrituração; man-
Se ele tiver atitude e souber entender a importância de fazer o me-
ter a guarda dos produtos sujeitos a controle
lhor trabalho, dando cada vez mais o melhor de si, sem se acomo-
especial de acordo com a legislação espe-
dar com o que já conquistou, só terá a ganhar.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
assuntos regulatórios
Licença sanitária volta à pauta
ASCOFERJ
Sem o documento, farmácias podem ficar impedidas de comprar medicamentos controlados junto às distribuidoras
Empresários convocados acompanham as orientações da equipe da Ascoferj
C
Com o intuito de alertar os associados
As reuniões, que aconteceram em novembro de 2016, no Rio
sobre a importância de estar com a licen-
de Janeiro e em Cabo Frio, inclusive com a participação do setor
ça sanitária em dia, a Ascoferj realizou três
de distribuição, tiveram a presença da farmacêutica e especialista
encontros com empresários do setor. En-
em Assuntos Regulatórios, Betânia Alhan, e do advogado e con-
tre os riscos apontados está a suspensão da
sultor jurídico da Ascoferj, Gustavo Semblano, esclarecendo todas
venda de medicamentos controlados pe-
as questões que envolvem a licença sanitária.
las distribuidoras. Sem a licença, o fornecimento poderá cessar.
22
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
Durante os três encontros, Betânia detalhou como usar o portal Carioca Digital, já que toda a documentação da farmácia rela-
assuntos regulatórios cionada à vigilância sanitária foi arquivada, e os procedimentos passaram a ser feitos no ambiente online. Ela também lembrou a importância do preenchimento correto da autodeclaração, que é a primeira etapa do processo de licenciamento sanitário. “Em se-
Fique atento • Você vai precisar do CPF
guida, a farmácia precisa organizar toda a documentação do es-
do representante legal da
tabelecimento; realizar a manutenção da estrutura física do local,
empresa para acessar o portal
caso seja necessário, pois deverá estar de acordo com os requisi-
Carioca Digital.
tos preenchidos no portal; e aguardar a visita do fiscal para emissão da licença”, enumerou. Betânia destacou ainda que, se as farmácias não tiverem a li-
• Durante o preenchimento da autodeclaração, você
cença, estarão impedidas de comprar medicamentos junto às dis-
deverá anexar o Certificado de
tribuidoras, o que será um grave problema. “Os estabelecimentos
Regularidade e a identificação
ficarão seriamente prejudicados, assim como os clientes, que não
do responsável técnico,
encontrarão os medicamentos nas gôndolas. Por isso, a necessi-
digitalizados separadamente.
dade de prevenção do problema seguindo, passo a passo, os procedimentos previstos pela Vigilância”, alerta a especialista. O advogado e consultor jurídico da Ascoferj, Gustavo Sembla-
• Você poderá ser punido se o preenchimento da
no, frisou que o protocolo não substitui a licença sanitária. “O se-
autodeclaração estiver em
tor precisa entender que são documentos distintos e que somente
desacordo com o Termo de
com a licença sanitária o estabelecimento estará apto pela Vigilân-
Compromisso. Essas punições
cia Sanitária para exercer suas atividades de acordo com as nor-
vão desde o fechamento do
mas vigentes”, destacou.
estabelecimento até a acusação
Semblano também deixou claro que as empresas que não são
por estelionato.
fiscalizadas após percorrerem todas as etapas do licenciamento podem e devem acionar a justiça. “É um direito que todos têm, pois
• Por meio do Carioca Digital, você
estão de acordo com as normas, mas, por falta de fiscalização, po-
poderá fazer todos os serviços,
dem ser prejudicadas, perdendo até vendas”, frisou.
de processos administrativos,
Para o farmacêutico Jonas Martinelli, que esteve presente
como licenciamento, recursos e
na reunião, felizmente, a Ascoferj desempenha um importan-
revalidações, até atualização de
te papel junto ao setor, uma vez que ela se preocupa em infor-
banco de dados.
mar e esclarecer questões fundamentais para a sustentabilidade do negócio. “O uso do Carioca Digital e os demais procedimentos ainda não estão claros para a maioria das pessoas. Por isso,
ber a visita do fiscal após 60 dias da solici-
as explicações fornecidas pela Ascoferj foram úteis no sentido de
tação da licença no portal. Agora que já sei,
nos ajudar a executar os processos e nos alertar sobre as conse-
vou compartilhar a informação com meus
quências negativas, caso não façamos da maneira correta”, de-
superiores para ficarmos atentos e procu-
clarou o profissional.
rarmos nossos direitos quando necessitar-
O farmacêutico Fábio Barcellos da Costa, que também partici-
mos”, disse Barcellos.
pou de um dos encontros, disse que tem dificuldades para usar o
Em caso de dúvidas, os associados po-
Carioca Digital e que as orientações da Ascoferj foram fundamen-
dem entrar em contato com os Departa-
tais para que as farmácias não sejam prejudicadas. “Eu não sabia,
mentos Jurídico e de Assuntos Regulatórios
por exemplo, que a empresa pode acionar a justiça se não rece-
pelo telefone (21) 2220-9390.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
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assuntos regulatórios
Não perca os prazos Preparamos um resumo de todos os documentos que precisam ser renovados nos três primeiros meses do ano
LICENÇA SANITÁRIA Confira na lista abaixo quando vence a licença sanitária da sua farmácia. Se a sua cidade não estiver na lista, entre em contato com o Departamento de Assuntos Regulatórios da Ascoferj para obter mais informações sobre o vencimento da licença no seu município. Você tem 120 dias para fazer a renovação. Cada município tem uma taxa específica.
Belford Roxo, Nova Iguaçu,
No município do RJ
Miguel Pereira e Duque de Caxias.
Todas as empresas localizadas no município do Rio deverão se cadastrar no Carioca Digital. Todos os processos anteriores
Angra dos Reis, Araruama, Barra do Piraí,
foram arquivados. O procedimento será todo feito pelo novo
Campos dos Goytacazes, Cantagalo,
sistema, onde serão solicitados os documentos a serem ane-
Itaboraí, Itaperuna, Itatiaia, Macaé, Magé,
xados. O andamento do processo também será acompanha-
Mesquita, Nilópolis, Niterói, Paraíba do
do por lá. Vale ressaltar que o processo vai para a fila. Assim,
Sul, Queimados, Resende, São Francisco
quanto mais cedo for o cadastro, mais rápido ele será analisado.
de Itabapoana, São Gonçalo, São João de Meriti, Volta Redonda.
Fora do município do RJ Nesse caso, permanece tudo igual. As lojas deverão apresentar
Cardoso Moreira e Petrópolis.
a cópia do contrato social, documento dos sócios e farmacêuticos, CNPJ, entre outros, solicitados pela Vigilância Municipal.
RENOVAÇÃO DA CERTIDÃO DE REGULARIDADE DO CRF A empresa deverá renovar a CERTIDÃO DE REGULARIDADE perante o Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ). Caso a empresa não cumpra as exigências do CRF-RJ, entre elas a apresentação do Sistema Nacional de Registro Mercantil (SINREM) e farmacêutico por todo o horário de funcionamento, o Conselho não liberará a certidão.
COMPROVAÇÃO DE PORTE JUNTO À ANVISA Ainda no primeiro trimestre do ano, as empresas devem enviar para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o Sistema Nacional de Registro Mercantil (SINREM) para comprovação de porte. Esse documento é muito importante, caso a empresa futuramente queira fazer alguma alteração junto à Anvisa, principalmente sendo microempresa e empresa de pequeno porte. Envie um e-mail para regularizacao@ascoferj.com.br e peça o endereço completo para envio da documentação.
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RR
AP
AM
AC
MA
PA
PI
CE
PB
RN PE SE
RO
BA
MT GO
DF MG ES
MS
SP
PR
SC
RS
RJ
AL
direito do consumidor
Livro de reclamação é obrigatório Saiba como obter o livro, fazer o registro corretamente e evitar as principais queixas dos clientes
A
A Lei Estadual nº 6.613, de 2013, obri-
Para obter o livro, os estabelecimentos farmacêuticos devem
ga a existência do Livro de Reclamações em
acessar o modelo gratuito que está disponível no site do Procon/RJ,
todos os estabelecimentos de bens e servi-
www.procon.rj.gov.br, clicar no link Livro de Reclamações, imprimir
ços do Estado do Rio de Janeiro, entre eles,
o arquivo e encadernar. Além disso, é preciso imprimir o formulário
farmácias e drogarias, para uso do consumi-
Cadastro do Fornecedor, em uma via única, e apresentar ao Pro-
dor. A regra vale inclusive para as empresas
con/RJ juntamente com o Livro, para autenticação.
que possuem o Serviço de Atendimento ao
Outra opção é a compra do livro em papelarias ou gráficas,
Consumidor (SAC). Quem descumprir está
mas é preciso verificar se o arquivo vendido está de acordo com
sujeito a diversas penalidades, entre elas,
o modelo estabelecido no Decreto Estadual nº 44.810, de 2014,
encerramento temporário das instalações
que regulamenta o modelo do Livro de Reclamações de que tra-
ou estabelecimentos e interdição do exer-
ta a Lei nº 6.613.
cício da atividade.
Vale destacar que o livro deve ser confeccionado em papel autocopiativo, de forma que a reclamação escrita pelo consumidor na primeira via seja transferida para a segunda e terceira vias. Caso não seja, é necessário inserir papel carbono entre elas. De acordo com o órgão, o estabelecimento deverá preencher e assinar o formulário Cadastro do Fornecedor e o termo de abertura do livro. Em seguida, fazer a autenticação no Departamento Cartorário, na sede do Procon/RJ, na Av. Rio Branco, nº 25, Centro/RJ, ou no posto do órgão, em Niterói, na Rua Visconde de Sepetiba, nº 519, das 9h às 17h. Outros municípios que têm Procons e/ou prefeituras conveniadas para autenticação do Livro de Reclamações são Armação dos Búzios, Barra do Piraí, Macaé, Magé, Maricá, Mesquita, Nova Friburgo, Petrópolis, Piraí, Porto Real, Quatis, Rio Claro, Rio das Ostras, São Pedro da Aldeia, Vassouras, Câmara Municipal de Três Rios e Câmara Municipal de Pinheiral.
Reclamação registrada no livro Nesse caso, a farmácia deverá preencher os dados do estabelecimento e o rodapé da reclamação, onde constam os cam-
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Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
direito do consumidor pos para preenchimento do código do fornecedor, que é gerado no momento da autenticação, e do número do livro. Em seguida,
ANOTE ESTAS DICAS
o consumidor preenche os dados referentes a ele.
• A impressão deve ser feita em tamanho A5
Após o preenchimento, a farmácia deve entregar a primeira via ao consumidor e levar a segunda ao Procon/RJ em até 30 dias a partir da data da reclamação, podendo apresentá-la acompanhada de esclarecimentos. A terceira via de cada reclamação não deve ser destacada do livro. “As reclamações são analisadas e podemos
(14,8cmx21cm). Quando imprimir, escolher a opção de tamanho real. • Colocar carbono entre as três vias ou usar papel autocopiativo.
enviar notificação aos estabelecimentos, solicitando esclareci-
• A via do consumidor deve ser destacada
mentos adicionais. Se for o caso, autuamos por meio de fiscaliza-
e entregue a ele na hora em que efetuar a
ção ou instauramos processo administrativo sancionatório contra
reclamação.
o estabelecimento, que ficará sujeito às sanções previstas em lei”,
• Tentar solucionar o problema antes que o
esclarece o Procon.
consumidor registre a reclamação.
Mesmo que o livro não tenha queixas, o estabelecimento deve fazer o envio da comunicação de ausência de reclamação a cada 30 dias, a contar da data de autenticação do livro junto ao Procon. A comunicação pode ser apresentada pessoalmente no Departa-
• O cartaz do livro de reclamações deve ser afixado em local visível e deve ser impresso no mesmo tamanho do livro.
mento Cartorário, em duas vias, conforme modelo de formulário
• Junto com o primeiro livro, o fornecedor
disponibilizado no site do órgão.
deve levar ao Procon uma via do formulário
Em casos de reclamações, a próxima comunicação de ausên-
Cadastro de Fornecedor totalmente preen-
cia de reclamações deverá ser enviada somente 30 dias após a úl-
chida até a linha da assinatura e uma via do
tima reclamação recebida. “A comunicação de ausência de recla-
Comprovante e Situação cadastral do CNPJ
mações também pode ser encaminhada ao órgão, em uma via,
(site da Receita Federal).
por carta com Aviso de Recebimento ou pelo e-mail: ausenciadereclamacao@procon.rj.gov.br. Em caso de indisponibilidade do e-mail anterior, enviar para ausenciadereclamacao@gmail.com”, orienta o Procon-RJ.
Causas de reclamações A farmacêutica e consultora do Departamento de Assuntos Regulatórios da Ascoferj, Betânia Alhan, comenta a importância
• Quando inexistir reclamações no mês, o estabelecimento deve preencher o formulário de Comunicação de Ausência de Reclamação e enviá-lo por e-mail para ausenciadereclamacao@procon.rj.gov.br ou via postal para a sede do Procon-RJ. Fonte: Procon
de as farmácias e drogarias ficarem atentas ao que pode gerar reclamações. “O varejo farmacêutico deve, sempre que puder, evitar
ta de produtos, duplicidade na cobrança
que seus clientes façam queixas no livro, mas, para isso, é essen-
do cartão de crédito, não emitir o cupom
cial oferecer um atendimento de qualidade e uma estrutura física
fiscal, venda de produto errado, ausência
adequada ao serviço de venda e assistência farmacêutica”, pontua.
do farmacêutico, caixa de medicamento
A especialista cita as principais situações que podem desen-
danificada, produtos fora da validade ou
cadear reclamações de clientes nas farmácias: falta de rampa de
empoeirados e dificuldades para a troca
acesso, sala de aplicação sem higiene adequada, atendimento
de produtos.
precário, demora nas entregas das compras feitas por telefone
A Ascoferj comercializa o Livro de Recla-
ou site, preço maior que o dos concorrentes, prática de valores
mações. Para saber mais, mande um e-mail
diferenciados para o mesmo produto dentro da mesma loja, fal-
para dac@ascoferj.com.br.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
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marketing farmacêutico
A importância da indústria A visita do propagandista ao estabelecimento deve ter como prioridade não a venda, mas a interação com o farmacêutico
A
As farmácias e drogarias desempenham
rece essa situação quando busca soluções rápidas para os proble-
um papel importante entre a cadeia de pro-
mas e por pensar que os medicamentos são a cura de todos os
dução e a dispensação de medicamentos,
males, sem levar em consideração que essa atitude pode trazer
algumas vezes, substituindo a consulta mé-
prejuízos para a saúde.
dica e a própria unidade de saúde. Em nos-
Atualmente, com a introdução do novo modelo de assistência
so País, a presença integral do farmacêutico
e atenção farmacêutica, a necessidade da presença do farmacêu-
é obrigatória, o que configura a importância
tico é ainda mais evidente. Considerando-se que nenhum fárma-
desse profissional quando ele é proativo e
co é totalmente inócuo ao organismo humano, é permitido supor
participativo, apresentando-se ao pacien-
que deva existir uma fiscalização constante e persistente, para se
te e solicitando a receita.
conhecer e identificar quais as práticas positivas desenvolvidas pelo farmacêutico e, de que forma, as pessoas atendidas percebem se
HUMBERTO TESKI
a conduta está atendendo às suas necessidades.
Mauro Pacanowski Professor e consultor da FGV.
A indústria tem uma enorme responsabilidade, pois a visita de um propagandista ao estabelecimento deve ter como prioridade não a venda, mas a interação com o farmacêutico, dando total apoio e prestando informações sobre medicamentos, lançamentos e programas de fidelidade.
Nem sempre os primeiros sintomas são indícios seguros de determinada patologia. Além disso, a busca por assistência médica pode ser protelada ou mesmo evitada pelo paciente, por comodidade ou praticidade, confiando a farmacêuticos ou atendentes de farmácia o diagnóstico da possível enfermidade. E, nesse ponto, a indústria passa a ter uma enorme responsabilidade, pois a visita de um propagandista ao estabelecimento deve ter como prioridade não a venda, mas a interação com o farmacêutico, dando total apoio e prestando informações sobre medicamentos, lançamentos e programas de fidelidade, bem como estimulando e intensificando o relacionamento técnico. Porém, o que acontece, na prática, é a discussão em torno das vendas. Independentemente de a farmácia ser um local de atividade empresarial, cujo negócio é a comercialização de medicamentos, a forte regulação do setor deve ser entendida como um parâmetro de responsabilidade ética e em conformidade com as boas práticas de conduta. Por outro lado, a indústria deve ser solidária e
Quer saber mais?
Mande um e-mail para mauro@pacanowski.com.br
28
Por outro lado, na ausência dele, é co-
dedicar cada vez mais tempo à orientação farmacêutica no ponto
mum que balconistas exerçam o papel de
de venda. Afinal, o que se espera é a satisfação do paciente, clien-
prescritores, pois o próprio paciente favo-
te ou consumidor.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
SHUTTERSTOCK
capa
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Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
capa
Brasil está entre os mais afetados pela dengue Mais de um milhão de pessoas são infectadas pelo vírus anualmente, mas vacina pode ajudar a reduzir os casos da doença
O
O verão é sempre bem-vindo. Sol, calor, mar e vida ao ar li-
Ainda segundo a OMS, cerca de quatro
vre. Mas nem tudo são flores. Juntamente com a estação, vêm as
bilhões de pessoas vivem em áreas com ris-
chuvas e a água parada, combinação que favorece a proliferação
co de infecção pela doença e, anualmen-
do mosquito da dengue, o Aedes aegypti. A população precisa fi-
te, 3,2 milhões de casos são registrados no
car alerta desde já, pois os números de contágio estão crescen-
mundo, sendo que 500 mil são conside-
do. O Brasil, por exemplo, está entre os países mais afetados pela
rados graves e 21 mil resultam em morte.
dengue no mundo.
A dengue afeta mais de 120 países e ainda
Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), divulgados no
é considerada uma doença negligenciada.
fim de 2016, no Estado do Rio de Janeiro, em 2015, foram regis-
No Brasil, de acordo com o estudo
trados mais de 70 mil casos prováveis de dengue, o que contri-
Economic Impact of Dengue: multicenter study
buiu para posicionar o Sudeste como a região com o maior núme-
across four Brazilian regions, estima-se que
ro de casos prováveis da doença (1.026.226; 62,2%) em relação
o gasto com a doença tenha sido de 1,2 bi-
ao total do País. Em seguida, estão as regiões Nordeste (311.519;
lhão de dólares em 2013, uma média de 448
18,9%), Centro-Oeste (220.966; 13,4%), Sul (56.187; 3,4%) e Nor-
dólares para cada caso de hospitalização e
te (34.110; 2,1%).
173 dólares para cada caso ambulatorial.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as estimativas contabilizam que 390 milhões de pessoas são infecta-
Vacina auxilia no combate
das pelo vírus da dengue anualmente. Em 2015, o Brasil foi o país
Em julho de 2016, a empresa Sanofi
com o maior número de ocorrências notificadas: 1,6 milhão de ca-
Pasteur lançou a vacina tetravalente, que
sos de dengue.
oferece proteção para os quatro soroti-
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
31
capa O mapa da dengue no Brasil, por região (dados referentes a 2015)
13,4% 3,4% 2,1% Sudeste: 1.026.226 casos Nordeste: 311.519 casos Centro-Oeste: 220.966 casos FREEPIK
Sul: 56.187 casos
18,9% 62,2%
Norte: 34.110 casos FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE
pos existentes da doença (tipos 1, 2, 3 e 4):
A vacina, que foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância
a Dengvaxia. Ela possui a estrutura do vírus
Sanitária (Anvisa) em setembro de 2015, também possui chancela
vacinal da febre amarela, o que lhe dá mais
da OMS e recebeu, em setembro de 2016, a indicação da Socie-
estabilidade e segurança, sendo a primeira
dade Brasileira de Imunizações (SBIM), da Sociedade Brasileira de
aprovada no mundo.
Pediatria (SBP), da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e da
O imunizante é indicado para pessoas
Sociedade Latino-Americana de Infecto Pediatria (SLIPE).
entre 9 e 45 anos, sendo necessárias três
A diretora médica da Sanofi Pasteur, Sheila Homsani, explica
doses com intervalos de seis meses entre
que as pessoas que já tiveram a doença podem e devem tomar
cada uma delas. A partir da primeira dose,
a vacina, frisando a importância da imunização para desafogar os
a vacina já oferece alguma proteção, mas,
atendimentos no sistema de saúde. “Para quem já teve a doen-
para uma imunização duradoura e equilibra-
ça e se vacinar, a eficácia é de 82%. Esse percentual cai para 52%
da, é preciso que as três doses sejam apli-
quando se tratar de um paciente que nunca foi infectado pela
cadas no paciente.
dengue. Esse tipo de prevenção visa a contribuir com os esfor-
Os números da doença
FREEPIK
4 bilhões de pessoas vivem em áreas com risco 3,2 milhões de casos são registrados no mundo
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Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
500 mil são considerados graves 21 mil resultam em morte A dengue afeta mais de 120 países FONTE: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
capa ços governamentais em termos de educação e controle do mos-
mento da saúde e avaliação do médico, a
quito transmissor, bem como na redução dos gastos com inter-
vacinação pode ser boa opção.
nações”, frisa Sheila.
Especialistas alertam que, mesmo depois
O valor da vacina da Sanofi Pasteur, para clínicas e farmácias,
de tomar a vacina, os pacientes devem rece-
fica entre R$ 132 e R$ 138, mas o preço para o consumidor final
ber orientações de continuidade em relação
varia de acordo com o estabelecimento. O cliente deve gastar, em
à prevenção da doença, como usar repelen-
média, R$ 750, o equivalente a R$ 250 cada dose, pois a farmácia
tes, roupas adequadas e redes de proteção
terá gastos com armazenamento e aplicação.
contra os mosquitos. O paciente também
Segundo o MS, não se tem uma previsão da chegada do imu-
não pode tomar outras vacinas ou produ-
nizante no serviço público de saúde, pois ainda serão feitos estu-
to farmacêutico injetável juntamente com
dos de custo para a distribuição nacional.
a vacina contra a dengue, pois nenhum es-
Segundo o estudo Modelagem do Impacto da Vacinação contra
tudo específico foi realizado sobre a admi-
a Dengue no Estado do Rio de Janeiro, divulgado em 2016 e realizado
nistração simultânea de ambas as vacinas.
pelo coordenador de um grupo de estudos econômicos e financeiros da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Denizar Vianna, a vacina contra a doença pode, em dez anos, reduzir em quase um terço, ou seja, 921 mil, os casos de dengue no Rio de Janeiro. O estudo ainda revelou que a vacinação evitaria 392 mortes e 27 mil hospitalizações, correspondendo a uma redução na ocupação de 105 mil dias de leitos hospitalares por dengue. “Se a pessoa já teve dengue e foi picada novamente pelo mosquito transmissor, ela tende a ter uma dengue em nível mais grave. Por isso, a
Para quem já teve a doença e se vacinar, a eficácia é de 82%. Esse percentual cai para 52% quando se tratar de um paciente que nunca foi infectado pela dengue.
importância da prevenção, o que assegura contra a doença e também auxilia o SUS”, alerta Vianna. O Instituto Butantan está testando uma nova vacina feita no Brasil. O antídoto também é derivado de vírus atenuados e está
Sheila Homsani Diretora médica da Sanofi Pasteur
na terceira fase de testes, em que mais de 17 mil voluntários serão observados, dois terços deles receberão a vacina verdadeira e um terço receberá um placebo. Antes, a vacina passou por testes clíni-
“O reforço da imunização não é neces-
cos nos Estados Unidos, em 600 pessoas, e depois em São Paulo,
sário em até cinco anos, segundo estudos,
em mais 300. O plano de fazer os testes agora em todo o Brasil é
mas outras pesquisas serão feitas para con-
garantir que as pessoas estudadas tenham contato com todos os
firmar a necessidade ou não de outras dosa-
sorotipos da doença.
gens após esse período”, acrescenta Isabella.
Efeitos do imunizante
Farmácias: aliadas no controle da doença
A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Isabella Ballalai, orienta que a vacina contra a dengue não deve ser
Desde outubro de 2016, as farmácias
aplicada em pessoas imunossuprimidas, grávidas, lactantes e com
e drogarias do município do Rio de Janei-
doença aguda ou febril moderada ou grave em curso. Quem estiver
ro passaram a ter permissão para realizar o
com dengue também não deve tomar a vacina, pois o imunizante
serviço de vacinas em seus estabelecimen-
somente previne e não trata a doença. Depois, com o restabeleci-
tos, o que foi possível a partir da Lei Com-
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
33
capa Benefícios da vacinação no Estado do Rio de Janeiro de acordo com estudo divulgado em 2016
392 mortes 27 mil hospitalizações Redução na ocupação de 105 mil dias de leitos hospitalares Evitaria
FREEPIK
FONTE: DENIZAR VIANNA (OPAS)
plementar 167, que regulamenta a vacina-
resíduos perfurocortantes, que seja cadastrada junto ao Instituto
ção no varejo farmacêutico, de autoria do
Estadual do Ambiente (INEA) e na Companhia Municipal de Lim-
vereador Eliseu Kessler.
peza Urbana (Comlurb).
Com isso, a farmácia se torna uma for-
De acordo com a Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro, as far-
te aliada no combate à dengue e pode aju-
mácias e drogarias que desejam oferecer a vacinação devem soli-
dar na redução dos casos de contaminação
citar o licenciamento sanitário por meio do portal Carioca Digital.
por meio de duas frentes de trabalho: cam-
“O solicitante precisa informar, no requerimento de licenciamen-
panhas educativas e vacinação. Trata-se de
to, que pretende realizar a atividade de prestação de serviços far-
uma estratégia também de fidelização, pois
macêuticos/administração de medicamentos”, orienta a Vigilância.
reforça, junto ao paciente, o posicionamen-
O órgão sanitário também faz um alerta: os serviços de arma-
to da farmácia como um ponto de saúde,
zenamento e administração de vacinas devem atender, além das
que preza pelo bem-estar da população.
normas relacionadas às Boas Práticas Farmacêuticas, às normas
Empresários do varejo farmacêutico que desejarem investir em uma sala de vacina-
de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI).
ção para oferecer o serviço de maneira ade-
No que se refere ao prazo para obtenção da licença para esse
quada e de acordo com as normas vigentes
tipo de serviço, segundo a Vigilância, é feito um agendamento
vão gastar, em média, R$ 7 mil. “Esse custo
das inspeções conforme demanda e disponibilidade de recursos.
abrange lavatório com água corrente, maca,
Sendo assim, atualmente, não é possível prever em quanto tem-
mesa, mobiliário com escada e cadeira, itens
po, após requerimento no Carioca Digital, a farmácia terá a licen-
indispensáveis para o atendimento”, enume-
ça atualizada em mãos.
ra a farmacêutica e consultora de Vendas do Grupo Buzatto’s, Marília Mol.
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referentes à vacinação e adotar as práticas do Programa Nacional
Para o empresário e farmacêutico Ricardo Valdetaro, ainda é cedo para afirmar quais serão os retornos para o setor, se ele,
Além disso, a sala precisa dispor de toa-
de fato, decidir ampliar os serviços e oferecer a vacinação. A Far-
lha de uso individual e descartável, sabone-
mácia do Leme nunca havia oferecido a vacina contra a dengue
te líquido, gel bactericida e lixeira com pe-
antes, mas decidiu testar comprando poucos lotes. “No fim de
dal. E, para fazer o descarte dos resíduos
2016, recebi os primeiros lotes da vacina na minha farmácia e,
sólidos de saúde, as lojas devem dispor de
naquela época, a procura por parte da população foi baixa. Acre-
contrato com uma empresa de coleta de
dito que cresça quando os consumidores entenderem a impor-
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
capa
BUZATTOS
Modelo de sala para atendimento, com os mobiliários adequados: mesa, cadeira, maca, escada de três degraus
tância de se prevenir contra a doença”, avalia Valdetaro.
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Isabella também cita a necessidade de acompanhar o paciente após a aplicação da vacina. “Nas clínicas, em caso de reação ad-
A empresa responsável pela vacina con-
versa, a pessoa pode procurar, imediatamente, pelo médico para
tra a dengue, a Sanofi Pasteur, vem acom-
saber como proceder. Como será esse acompanhamento nas far-
panhando a questão da vacinação nas far-
mácias? A população precisa ter um amparo do profissional de
mácias e drogarias e, para a companhia,
saúde, mesmo após as aplicações”, defende a presidente da SBIM.
essa medida só é possível se os estabele-
De acordo com Ricardo Valdetaro, da Farmácia do Leme, é raro
cimentos estiverem aptos a cumprirem as
ocorrerem casos de pacientes que retornam à farmácia com algu-
leis de controle sanitário no que se refere
ma reação adversa após ter tomado uma vacina. “Se isso acontecer,
ao armazenamento adequado e também à
o farmacêutico verifica se a reação está descrita na bula da vacina.
aplicação das vacinas.
Em caso afirmativo, explica ao paciente que é normal e que logo o
A presidente da Sociedade Brasileira de
problema irá cessar, pois essa é uma das reações previstas no imu-
Imunizações (SBIM), Isabella Ballalai, res-
nizante”, observa. Se for uma reação não descrita na bula, a farmá-
salta que a entidade não é contra a vacina-
cia preenche um formulário de reação adversa informando o caso,
ção em farmácias e drogarias, desde que as
entra em contato com o fabricante da vacina, relata a situação e en-
boas práticas sejam respeitadas. “O pacien-
via o formulário via fax para registro do problema. “Quanto ao pa-
te não pode ficar exposto aos riscos e, por
ciente, procedemos de acordo com o que o fabricante nos orienta.
isso, é importante a adequação do estabe-
É muito difícil não recebermos retorno imediato dele, mas, se isso
lecimento para esse tipo de serviço, respei-
acontecer, a farmácia não deixa de acolher o paciente e encami-
tando todas as normas”, frisa.
nhá-lo à unidade de saúde mais próxima, se necessário”, conclui.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
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consultora farmacêutica
Doenças respiratórias Oriente seus clientes sobre prevenção e redução de risco na transmissão
D
Doenças respiratórias são frequente-
Os sintomas da gripe comum (influenza humana) são seme-
mente confundidas. Em geral, as pessoas
lhantes aos da influenza tipo A H1N1, como febre, tosse, inflama-
não conseguem distinguir o resfriado de
ção da garganta, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fadiga.
uma gripe. Apesar de serem causados por
O tratamento também deve ser sintomático, e o paciente, obser-
vírus diferentes, os sintomas são seme-
vado, pois pode apresentar diarreia e vômitos. Existem relatos de
lhantes. Contudo, o resfriado atua de for-
formas mais graves da doença com evolução para a pneumonia,
ma mais leve e mais breve, com duração
falência respiratória e óbitos. Quando o paciente não apresentar
de dois a quatro dias. Geralmente, há tos-
complicações, o tratamento deve ser com medicamentos apenas
se, coriza, congestão nasal, dor no corpo,
para os sintomas apresentados, como antitérmico, alimentos le-
dor de garganta e febre em baixas tempe-
ves, hidratação e muito repouso. Caso o estado se agrave ou apre-
raturas, quando há.
sente complicações, o farmacêutico deve orientar para a necessi-
HUMBERTO TESKI
A influenza, comumente conhecida
Ana Lucia Caldas Farmacêutica, gerontóloga e especialista em atenção farmacêutica.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para analulcaldas@gmail.com
38
dade de um local de saúde com suporte intensivo.
como gripe, é uma doença viral, febril, aguda,
Com sintomas parecidos, a rinite é outra doença que também
geralmente benigna e autolimitada. Costuma
pode ser confundida com a gripe, pois os principais sintomas são
iniciar-se com o aparecimento de sintomas
espirros, coriza, congestão nasal e garganta irritada. Para evitar as
predominantemente sistêmicos, como febre,
crises, os pacientes alérgicos precisam eliminar as substâncias que
dor de cabeça, calafrios, tremores, mialgia e
causam alergia: os alérgenos. A orientação do farmacêutico deve
anorexia, além de coriza, tosse, dor de gar-
ser para que evitem o uso de tapetes e cortinas, devido ao acúmu-
ganta. Pode durar em torno de uma semana
lo de poeira; para que mantenham os ambientes arejados e para
e persistir com os sintomas por alguns dias,
que deem preferência a produtos antialérgicos. Quando não trata-
sendo a febre o mais importante.
da, a rinite aumenta as chances de ocorrência de sinusites e otites.
Atualmente, são conhecidos três tipos
Dessa forma, as orientações farmacêuticas contribuem para a
de vírus influenza: A, B e C. O vírus C cau-
adoção de medidas gerais de prevenção para redução do risco de
sa apenas infecções respiratórias brandas,
transmissão de doenças respiratórias, como, por exemplo, lavar e
não estando relacionado às epidemias. Já
higienizar frequentemente as mãos, principalmente antes de con-
os vírus A e B são responsáveis por epide-
sumir algum alimento; utilizar lenço descartável; cobrir nariz e boca
mias, sendo o vírus da influenza A o respon-
quando espirrar ou tossir; não compartilhar objetos de uso pessoal,
sável pelas grandes pandemias, entre eles,
como copos ou talheres; evitar ambientes fechados e a proximi-
os subtipos H1N1 e H3N2, que atualmente
dade com pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe e
acometem humanos.
outras doenças respiratórias.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
comunicação
Propaganda de medicamentos na internet e nas redes sociais São muitos os erros cometidos quando se trata desse assunto, e o cuidado deve ser redobrado para evitar penalidades
U
Uma pesquisa divulgada em abril de
2016, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), denominada Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), aponta que mais da metade dos domicílios brasileiros passou a ter acesso à internet em 2014. Esses dados indicam que 36,8 milhões de casas estavam conectadas nesse ano, o que representa 54,9% do total. Em 2013, esse índice era de 48%. Ainda de acordo com o IBGE, são 95,4 milhões de brasileiros com acesso à rede mundial de computadores. Os números representam a crescente demanda de internautas conectados. Por esse motivo, é urgente que o varejo farmacêutico desenvolva estratégias voltadas a esse público, principalmente no que diz respeito à propaganda de produtos na internet e, mais do que nunca, nas redes sociais. No entanto, quando o assunto é medicamento, é preciso ter cautela, pois existem restrições para esse tipo de divulgação.
FREEPIK
O que tem sido visto na internet e nas redes sociais, principalmente no Facebook, são propagandas de medicamentos tarjados com os dizeres “Pague 2 e leve 3”, propagandas de medicamentos genéricos sem
40
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
comunicação informação sobre qual é o produto de referência, medicamentos
os consumidores à automedicação. Também
para impotência com a frase “Compre 2 e a terceira unidade é gra-
aconselhamos que elas consultem o depar-
tuita”, divulgação de medicamentos tarjados com a foto do produ-
tamento jurídico para tomarem as melhores
to, entre outros casos.
decisões sobre o assunto”, alerta o diretor.
Todos esses exemplos, na verdade, são formatos proibidos pela
A gerente de Assuntos Regulatórios do
legislação vigente. São exemplos daquilo que não se pode fazer. A
Sindicato da Indústria de Produtos Farma-
advogada especialista em Direito Sanitário, Cláudia Mano, explica
cêuticos (Sindusfarma), de São Paulo, Rosana
que a Lei 9.292, de 1996, define que, se o produto for de prescri-
Mastellaro, explica que o Sindusfarma man-
ção médica, com tarja vermelha e preta, é proibida a propaganda
tém um Grupo de Trabalho (GT) que orien-
nos canais de comunicação, inclusive internet e redes sociais, ao
ta os laboratórios farmacêuticos associados
contrário dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs), que po-
sobre o atendimento aos usuários e pacien-
dem ser divulgados diretamente ao consumidor final.
tes de medicamentos no âmbito dos Servi-
Em 2008, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
ços de Atendimento ao Consumidor (SAC).
publicou a Resolução RDC 96, por meio da qual se aprofundou um pouco mais no assunto, apresentando, inclusive, como deve ser a divulgação dos MIPs na internet, nas redes sociais e em outros veículos de comunicação. A RDC 96 restringiu ainda mais as formas de promoção e reduziu as possibilidades para o setor farmacêutico propagar esse tipo de medicamento. “É aí que começa o impasse, pois, numa hierarquia de normas, a Lei 9.292 deveria prevalecer, sem todas as exigências descritas na RDC da Anvisa. Então, fica a critério da empresa decidir que norma vai seguir, lembrando que ela corre risco de ser penalizada pela agência reguladora”, observa Cláudia. O consultor Jurídico da Ascoferj, Gustavo Semblano, orienta
Para evitar problemas com os órgãos fiscalizadores, as farmácias e drogarias podem levar a comunicação para o lado da conscientização de hábitos saudáveis como forma de prevenção de doenças.
que, diante dessa situação, o melhor é seguir o que está na RDC 96. “Para evitar problemas posteriores, aconselho que as empresas do setor farmacêutico respeitem o que está detalhado na re-
De acordo com Rosana, o GT discute e
solução da Anvisa, fazendo a propaganda dos MIPs conforme a re-
analisa os procedimentos das empresas e as
gulamentação”, frisa Semblano.
normas determinadas pela Anvisa. E que o
De acordo com a Anvisa, quem não seguir a RDC está sujeito
serviço prestado pelo SAC da indústria farma-
às infrações sanitárias existentes na Lei 6.437/77. Ela completa in-
cêutica vai além das orientações genéricas for-
formando que o monitoramento da propaganda irregular de me-
necidas pelo serviço de telemarketing comum.
dicamentos é uma atividade de rotina da agência.
“Como parte desse trabalho, o Sindusfarma lançou um manual sobre o atendimento
Entidades aconselham respeitar Anvisa
ao consumidor aplicado à indústria farmacêu-
O diretor da Federação Brasileira das Redes Associativistas e In-
tica, que aborda, entre outros itens, a propa-
dependentes de Farmácias (Febrafar), Ney Henrique Arruda San-
ganda de medicamentos. Esse manual se-
tos, afirma que a recomendação da Febrafar às farmácias associa-
gue as normas previstas na RDC 96”, sinaliza.
das, no que se refere à propaganda de medicamentos na internet e
A Glaxosmithkline Brasil (GSK), por meio
nas redes sociais, é que elas sigam as regras propostas pela Anvisa.
do gerente de Marketing Digital, Vinicius
“É importante ter esse cuidado para que as redes não induzam
Castro, afirma que também não realiza a
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
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comunicação Restrições da RDC 96 • Propagandas de medicamentos de venda sob prescrição médica só devem ser dirigidas aos profissionais de saúde habilitados a prescreverem ou dispensarem. Na internet, é preciso um sistema de cadastramento eletrônico para identificação dos profissionais. • Não é permitido anunciar promoções como “Leve 3, pague 2” para medicamentos, pois induzem à automedicação, proporcionando riscos à saúde dos usuários. • A propaganda de medicamentos isentos de prescrição ou não somente pode informar o sabor do produto textualmente, por exemplo, “sabor morango”, mas não pode incluir imagens que remetam ao sabor, pois elas podem sugerir que o produto tenha a fruta em sua composição, quando, na verdade, tem apenas o sabor. • A propaganda não pode associar ao produto propriedades que impressionam os sentidos, tais como “saboroso” ou “gostoso”. • No caso de medicamentos isentos de prescrição, não se devem inserir expressões do tipo: “Para dores de cabeça, tenha sempre à mão o medicamento x” ou “Em casos de cólicas menstruais, use y”. • Na propaganda de medicamentos, é proibida a exibição de pessoas se passando por profissionais de saúde, usando jaleco e explicando as características do medicamento. • As pessoas leigas em medicina ou farmácia e que possuam características que sejam facilmente reconhecidas pelo público em razão de sua celebridade, ou seja, notabilidade, reputação, fama, podem aparecer em propaganda de medicamentos. Entretanto, não podem afirmar que usam determinado medicamento ou mesmo recomendar o seu uso. Sua participação deve se limitar a informar as indicações e demais características do produto e pronunciar uma das advertências previstas na RDC 96/2008. Fonte: RDC 96/Anvisa
propaganda de medicamentos para o pú-
esse gancho, mostrando como os consumidores podem prevenir
blico final, seja na internet, seja em redes
certas doenças por meio de hábitos saudáveis.
sociais, como Facebook e Twitter, mas ape-
De acordo com a gestora da carteira de Farmácias do Sebrae,
nas para a classe médica. “Até para os mé-
Ana Carolina Toledo, para evitar problemas com os órgãos fisca-
dicos acessarem essas informações é pre-
lizadores no que se refere à propaganda de medicamentos na in-
ciso que eles tenham uma senha. E a única
ternet, as farmácias e drogarias podem levar a comunicação para
informação que a GSK disponibiliza ao pú-
o lado da conscientização de hábitos saudáveis como forma de
blico em geral são as bulas, que têm atuali-
prevenção de doenças e, indiretamente, incentivar o consumo de
zação constante e possuem um rígido con-
itens vendidos na loja.
trole das indústrias”, acrescenta.
Ana Carolina lembra que, para gerar engajamento nas redes sociais, é necessário possuir um conteúdo relevante direcionado ao pú-
Dicas para fazer o certo
42
blico-alvo, fazer postagens frequentes em horário de pico (os horários
É cada vez mais forte a tendência de
são diferentes, de acordo com cada rede social escolhida), monitorar
busca por um estilo de vida mais saudável,
a mídia e responder rapidamente às perguntas dos clientes. “Tudo
amplamente difundido pelos profissionais
isso ajudará a empresa a propagar sua marca e seus produtos, sem
de saúde. As farmácias devem aproveitar
a necessidade de divulgação direta dos medicamentos”, finaliza.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
eu faço a diferença
De vendedor de picolé a farmacêutico Paulo César segue os ensinamentos dos patrões, forma-se em Farmácia e hoje tem seu próprio negócio
P
Paulo César de Barros começou a tra-
reira com patrões que compartilharam com ele todo o aprendizado
balhar no varejo farmacêutico quando ti-
de uma farmácia. “Eles foram excelentes professores, com os quais
nha apenas 13 anos, na Drogaria Regional,
iniciei minha carreira. Agora, para dar continuidade, busco sem-
em Cordeiro. Naquela época, suas ativida-
pre me capacitar, participando de palestras, cursos e lendo livros
des eram ajudar o atendimento no balcão
da área. E percebo que ainda tenho muito a aprender”, diz Paulo.
e fazer a limpeza dos medicamentos e da
Em 1987, Paulo comprou a Drogaria Cecile, em Duas Barras,
loja. Antes ele só havia trabalhado como
em sociedade com o irmão, que trabalhava em uma fábrica de ci-
vendedor de picolé e balconista de um bar.
mento. A partir daí, ele já era um empresário do setor, mas sem
Após essa longa experiência, conhecen-
formação na área. Com o passar dos anos, e após a conclusão do
do o dia a dia de uma drogaria, Paulo de-
curso de Farmácia, Paulo comprou outra farmácia, em 2013, que
cidiu aprofundar seus conhecimentos e se
se tornara a segunda loja da Drogaria Cecile, em Banquete, distri-
formou no curso de Farmácia, em 2004,
to da cidade de Bom Jardim.
com 37 anos, pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio), em Duque de Caxias. Ao centro, Paulo César de Barros ao lado dos filhos Paulo César de Barros Júnior e Letícia Torres Pinheiro
Paulo tem dois filhos, Paulo César de Barros Júnior, que se formou no curso de Farmácia, em 2012, e hoje, além de farmacêutico,
Hoje, com 50 anos, o farmacêutico as-
tem sua própria farmácia e faz questão de seguir os ensinamentos
segura que teve a sorte de ter iniciado a car-
do pai. E Letícia Torres Pinheiro, que trabalha como balconista na drogaria do pai há um ano. Ela pretende também seguir o mesmo caminho, ingressando no curso de Farmácia neste ano, 2017. O empresário e farmacêutico se diz muito feliz e realizado com a escolha dos filhos e por ver os funcionários seguindo sua filosofia de trabalho. “Ser farmacêutico é estar à disposição dos clientes, promovendo saúde e bem-estar”, comenta Paulo César. As duas drogarias administradas por Paulo possuem uma sala de atenção farmacêutica cada uma, onde ele oferece serviços como aferição de pressão arterial, colocação de brincos, prescrição farmacêutica e orientação sobre o uso de medicamentos. “Meu sonho é poder ampliar ainda mais meus negócios, formando uma verdadeira rede de farmácias, onde eu possa abrigar meus filhos,
DIVULGAÇÃO
minha esposa e sócios. Espero que juntos consigamos nos tornar empresários modelos e com lojas em vários municípios da região”, sacramenta Paulo.
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Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
recursos humanos
Atendimento telefônico Dez dicas para preparar os profissionais para essa tarefa em drogarias
O
O perfil do profissional para atuar em telemarketing nas droga-
• Atenção – Compreender com exatidão
rias, seja no call center receptivo para entrega de medicamentos,
a questão trazida pelo cliente e fazer per-
seja para atendimento nos setores internos da empresa ou SAC,
guntas específicas para esclarecê-la, bus-
exige competências técnicas e comportamentais que devem ser
cando a solução e a plena satisfação das
avaliadas no processo seletivo.
expectativas dele;
Usando flexibilidade e bom senso, o profissional pode reverter
• Colaboração – É preciso atenção ao
situações difíceis. Manter a postura e o interesse real em auxiliar o
transferir ligações para outros setores. O
cliente é um ponto de importância para o sucesso em agradá-lo e
cliente tem sempre a visão da drogaria como
despertar a confiança dele, contribuindo para uma imagem pro-
um todo. Se um profissional é ríspido, com-
fissional da drogaria e de atendimento acolhedor, com agilidade,
promete a imagem da drogaria;
atenção e clareza nas informações. HUMBERTO TESKI
O perfil do profissional de telemarketing é o de um colaborador
Lucia Gadelha Consultora especialista em gestão em recursos humanos e capacitação de líderes.
otimista, que demonstra respeito pelas necessidades e dúvidas do
• Comprometimento – Ter responsabilidade e clareza sobre as informações prestadas;
cliente e conhecimento prévio dos processos da empresa. O equi-
• Cortesia – Ser gentil. Não se esquecer
líbrio emocional contribui para a excelência no atendimento, prin-
de pequenas palavras que tornem a con-
cipalmente aos clientes da terceira idade, que necessitam de aten-
versação mais acolhedora, evitando o tom
ção redobrada, pois muitos têm problemas de audição.
mecânico no atendimento;
As competências necessárias são boa fluência verbal, desen-
• Domínio das emoções – Semelhante
voltura e desinibição ao se expressar, capacidade de concentra-
à autoconfiança, sabendo que, no recepti-
ção, sensibilidade para ouvir e agilidade de raciocínio para reter
vo, os clientes podem ser ainda mais emo-
as informações.
cionais. Muitas vezes, querem somente ser
Seguem algumas dicas de comportamento para avaliar e acom-
ouvidos e esclarecer as dúvidas.
panhar a qualidade do atendimento em sua drogaria, que devem ser repassadas para os colaboradores:
Todo esse processo de atendimento visa a manter saudável a relação da dro-
Quer saber mais?
Mande um e-mail para luciagadelha@terra.com.br
46
• Autoconfiança – Não se deixar envolver pelas possíveis pro-
garia com seus clientes, com o objetivo de
vocações que o cliente possa fazer. Não se intimidar. Ser conscien-
informar, ajudar, reativar e toda ação que
te das atribuições e do nível de informações que deve fornecer;
resulte na prestação de serviços com ex-
• Motivação – Não esmorecer diante da rotina. Perseverar no
celência. Um atendimento padronizado,
autodesenvolvimento e na atualização constante sobre laborató-
com uma equipe treinada, contribui para
rios, medicamentos e processos internos da drogaria;
o fortalecimento da imagem da empresa
• Criatividade – Não se limitar ao que está escrito no script. Sa-
perante seus clientes, auxiliando no forta-
ber interpretar e reagir a perguntas incomuns feitas pelos clientes;
lecimento e na consolidação dessa relação
• Postura ética – Ouvir atentamente as necessidades do cliente.
e contribuindo para reforçar a missão e va-
Cumprir prazos de entrega, tanto de informação quanto de produtos;
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
lores da drogaria.
práticas corporativas
O que a vitória de Trump nos ensina? O modelo de comunicação entre Trump e eleitorado pode ser um bom exemplo para o seu negócio
A
A eleição de Donald Trump foi a grande surpresa do fim de
2017. Será mesmo? Bem, inicialmente cabe observar que, se você
DIVULGAÇÃO
Consultor especializado na construção de indicadores gerenciais para varejo e serviços, instrutor de liderança e palestrante.
Esse site, dedicado a divulgar e defender
um aumento do protecionismo americano, é pouco provável que
a causa Trump, chegou a registrar a quarta
você sinta muitos impactos da era Trump no seu dia a dia de va-
maior interação de comentários no mun-
rejista farmacêutico.
do, enquanto no Twitter se mostrava uma
Talvez algumas questões afetem os grandes laboratórios, as
consistente trajetória das interações entre o
quebras de patentes, a variação do dólar, etc., mas ainda assim as
eleitorado republicano e os tweets enviados
questões se darão no olimpo da cadeia produtiva farmacêutica.
por Trump ao longo da campanha. para você a lição. O mundo está mudando.
podemos explorar nesse breve artigo. Primeiro, pôs à prova a ca-
A internet permite que você tenha uma co-
pacidade de formação de opinião das maiores cadeias de mídia dos
municação direta com seu cliente. Drible a
EUA, as quais deliberadamente apostaram na sua derrota e per-
grande mídia e forme a opinião do seu pú-
deram a aposta. Um exemplo é o que ocorreu no Brexit. As pes-
blico. Desperte para esse novo mundo. Te-
quisas dos maiores institutos erraram no resultado e não se mos-
nha uma conta no Twitter da sua loja e uma
traram capazes de formar opinião ou de mostrar a realidade: uma
página no Facebook. Aprenda a usar as ferra-
acachapante vitória trumpiana.
mentas digitais e a monitorar o desempenho
Como se não bastasse isso, outra turma mostrou-se absoluta-
delas, pois poderão ampliar a proximidade
mente derrotada: os artistas formadores de opinião. Uma lista de
com seus clientes, criando um diferencial
famosos e celebridades de todos os perfis declarou apoio a Hil-
competitivo para a sua sobrevivência.
os burros n’água”, como se diria nas terras tupiniquins.
Mande um e-mail para fgaspar00@gmail.com
48
O resultado final nós já sabemos, e fica
Bem, a eleição de Trump estabeleceu diversas novidades que
lary Clinton, demonizando Trump e pedindo votos. “Deram com
Quer saber mais?
ovo da serpente.
não é exportador de commodities e, portanto, potencial vítima de
Então, por que estou abordando o tema Trump?
Fernando Gaspar
torado de Trump, que estavam os sinais do
Caso esteja curioso a respeito da minha opinião sobre o Trump, aqui vai ela: não acho
Mas, então, não havia mesmo sinais de que a vitória de Trump
que ele será esse bicho-papão que estão pre-
se avizinhava? Sim, havia e é aí que entra a parte que interessa
vendo. Como presidente, ele não tem tanta
a você, varejista. A escalada de Trump se deu fora dos grandes
liberdade assim, pois depende do Congres-
meios de mídia, abertamente contrários a ele, como a CNN e o
so para pôr em prática as promessas que fez
New York Times. Era no Twitter e num site sem grande expressão,
na campanha. Portanto, ele tem limites. Ou
fora do radar da grande mídia, mas muito sintonizado com o elei-
não? Enfim, o tempo dirá.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
assistência farmacêutica
Lista de MIP vai crescer
SHUTTERSTOCK
Retirada da tarja de mais de 30 medicamentos configura-se oportunidade para farmacêuticos atuarem na orientação e na prescrição
50
A
A Agência Nacional de Vigilância Sa-
res de cabeça, acidez estomacal, febre, tosse, prisão de ventre, af-
nitária (Anvisa) aprovou, no final de 2016,
tas, dores de garganta, assaduras, hemorroidas e congestão nasal.
novas regras para a retirada da tarja de me-
Profissionais da área de farmácia têm encarado essa reorgani-
dicamentos que atendem ao perfil de Medi-
zação de mercado como uma oportunidade para o farmacêutico
camentos Isentos de Prescrição (MIPs). Isso
reforçar, junto à população, sua imagem de profissional de saúde.
significa que, ao longo do ano, mais de 30
Com o crescimento da lista de MIPs, um número maior de medi-
produtos estarão disponíveis ao consumi-
camentos estará sujeito à venda sem receita, portanto, sem orien-
dor para aquisição sem receita médica nas
tação médica. O papel do farmacêutico, nesse caso, é ocupar esse
farmácias e drogarias de todo o País. Todos
lugar, orientar sobre o uso correto dos produtos que deixaram de
para tratar sintomas menores, facilmente
ser tarjados e, em alguns casos, prescrever o MIP mais adequado
reconhecidos pelo consumidor, como do-
aos sintomas do paciente.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
assistência farmacêutica A orientação farmacêutica tem se tornado, cada vez mais, uma
trou que a maioria das informações fun-
prática comum em farmácias e drogarias. As grandes redes já cria-
damentais do fármaco não era conhecida
ram seus consultórios e o setor, em geral, está empenhado em am-
pela população.
pliar e regulamentar os serviços farmacêuticos, o que é bom para a
“Foi aí que constatei ser realmente pre-
população na medida em que o serviço público de saúde demons-
ciso que o paciente receba orientações far-
tra ser incapaz de suprir toda a demanda da sociedade.
macêuticas sobre o uso do paracetamol. Os participantes da pesquisa desconheciam as
População desconhece interações
interações provocadas por esse fármaco
A farmacêutica e empresária Fernanda Ramos, em 2006, fez
quando consumido juntamente com outro
um estudo de conclusão de curso intitulado “Avaliação do uso de
medicamento ou álcool. Quase ninguém
paracetamol 750mg comprimido em estabelecimento comercial
sabe que o paracetamol não deve ser usado
farmacêutico como indicador de automedicação responsável”.
para amenizar uma dor de cabeça causada
Fernanda pesquisou como o consumidor avaliava a compra de
pelo excesso de álcool, pois pode provocar
um dos analgésicos mais vendidos no mundo e o resultado mos-
hepatotoxicidade, ou seja, dano ao fígado
Buscar educação continuada sobre esse tipo de medicamento.
Se os sintomas forem frequentes, alertar o paciente para que procure um médico.
Fazer a leitura dos rótulos e bulas dos medicamentos para uma orientação adequada.
Explicar ao paciente sobre dosagens e posologia indicadas na bula.
FREEPIK
Atentar sobre o uso de outros medicamentos para verificar a existência de alguma interação medicamentosa.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
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assistência farmacêutica motivado por substâncias químicas ”, desta-
chance de aprimorar a sua atuação na farmácia por meio da con-
ca Fernanda. Outra informação importan-
sulta farmacêutica e da prescrição de MIP”, defende.
te é que a dose diária de paracetamol para
Para a vice-presidente executiva da Associação Brasileira da In-
um adulto não deve ultrapassar 400mg.
dústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Marli Sileci,
Por esses e outros motivos, a orientação
o farmacêutico é uma peça-chave para a dispensação e distribui-
farmacêutica é indispensável ao paciente
ção de medicamentos para o consumidor. Ela cita uma passagem
que faz uso de um MIP.
do acordo de colaboração entre o Grupo Farmacêutico da Comunidade Europeia (PGEC) e da Associação Europeia de Produtores de Medicamentos Industrializados (AESCP), de 1993, que fala sobre o assunto. “O farmacêutico, na sua qualidade de profissional
O farmacêutico deverá aconselhar a ler o rótulo e a bula do medicamento, assim como auxiliar o paciente quanto à posologia, duração do tratamento, modo de ação do fármaco, possíveis reações adversas, contraindicações e interações com outros medicamentos ou alimentos.
e no contato direto com pacientes, é capaz de administrar acon-
Marli Sileci
estão autorizadas a manter os medicamentos isentos de prescri-
Abimip
selhamentos necessários sobre os medicamentos que ele fornece”, diz o acordo. Marli explica que cabe a esse profissional a responsabilidade de promover informações sobre esses medicamentos e também orientar sobre como usá-los corretamente, promovendo então o conceito da atenção farmacêutica. “Em caso de dúvidas do consumidor, o farmacêutico deverá aconselhar a ler o rótulo e a bula do medicamento e também auxiliá-lo quanto à posologia, duração do tratamento, modo de ação do fármaco, possíveis reações adversas, contraindicações e interações com outros medicamentos ou alimentos”, acrescenta a executiva. Nos casos em que os sintomas persistirem, Marli diz que o farmacêutico deverá orientar o paciente a procurar um médico. De acordo com a Resolução RDC 44/09, farmácias e drogarias ção ao alcance do consumidor. No Estado do Rio de Janeiro, existe ainda a Lei Estadual nº 5.726/10, que permite o autosserviço para MIP, que são os analgésicos, antitérmicos, complementos vitamí-
Farmacêutico: peça-chave na dispensação do MIP Quanto aos novos critérios da Anvisa,
52
nicos e antiácidos. Mesmo assim, a interferência do farmacêutico para a orientação continua sendo fundamental para garantir a qualidade e a eficácia do tratamento.
Fernanda avalia as mudanças como positi-
Há alguns anos, a Abimip começou a promover o conceito
vas. “Possivelmente, teremos mais medica-
de autocuidado, que nada tem a ver com automedicação. Se-
mentos se enquadrando como MIP, mas é
gundo a entidade, a automedicação refere-se ao ato de inge-
preciso lembrar a importância do uso ade-
rir por conta própria medicamentos que exigem prescrição. Já o
quado desses produtos, de maneira respon-
termo autocuidado está ligado a um tratamento multidisciplinar
sável e com a orientação do farmacêutico”,
adotado para manter a saúde e prevenir doenças, envolvendo o
acrescenta. Ele é o profissional de saúde que
uso consciente de um MIP. “Por esses motivos, definimos a utili-
mais conhece sobre os medicamentos, sen-
zação responsável do MIP como sendo uma prática de autocui-
do o mais acessível à população. “Com to-
dado, alinhada à classificação da Organização Mundial da Saúde
das essas mudanças, o farmacêutico terá a
(OMS)”, explica Marli.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
finanças
Dono precisa de salário?
SHUTTERSTOCK
Especialistas em finanças explicam por que é arriscado fazer retiradas aleatórias do caixa sem definir um pró-labore mensal
54
M
Mesmo com tanta informação disponí-
riamente pago pela empresa. A definição desse pró-labore é im-
vel atualmente – internet, jornais, revistas,
portante para delimitar a remuneração do trabalho do empresá-
consultoria especializada – ainda é muito
rio, distinguindo do lucro, que é a remuneração do capital que ele
comum que pequenas e médias empresas
investiu na empresa.
cometam o erro de fazer retiradas aleatórias
Ao contrário do pró-labore, o lucro é variável e depende da os-
do caixa, o que pode levar o negócio à ban-
cilação dos negócios. Boa parte dele deve ser reinvestida na própria
carrota. O correto é definir um salário men-
empresa para mantê-la saudável e em constante crescimento. Ao
sal para o proprietário – ou sócios – e respei-
empresário, no papel de sócio, cabe receber da empresa a parcela
tar esse valor até em tempos de bonança.
do lucro não reinvestida, chamada de dividendo.
Pró-labore vem do latim pro labore,
Outra questão importante é que, quando o dono não define um
que significa “pelo trabalho”, ou seja, é sa-
pró-labore, a empresa é enganada pela falta de custos nos proje-
lário, remuneração por serviço prestado. Ele
tos em que ele participa. Se o empresário trabalhou, ele é um cus-
deve ser um valor fixo, mensal e obrigato-
to e deve ser remunerado por isso.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
finanças Como definir o valor do salário
tento nessa fase, pois não compensa capi-
O valor do pró-labore deve ser estabelecido já no plano de ne-
talizar a empresa só para pagar pró-labore,
gócios, por meio do qual é possível projetar as receitas e despesas
e ainda gerar custos tributários desneces-
de uma futura farmácia por 12 ou até 24 meses, prevendo também
sários”, analisa o consultor financeiro Jorge
o investimento a ser feito e o tamanho do capital de giro necessá-
Wilson Alves.
rio para suportar os resultados negativos da empresa nos primei-
De acordo com Adriano Schinetz, diretor
ros meses de funcionamento. Com esse planejamento, o empre-
na Gestão Farma, empresa especializada em
sário consegue antever em quanto tempo será possível fazer uma
gestão de varejo farmacêutico, mesmo com
retirada mensal de pró-labore.
planejamento de vendas e despesas, reco-
Em geral, não há caixa suficiente para o pagamento do salário
menda-se que os sócios não retirem nenhum
do proprietário nos primeiros seis meses de operação comercial.
valor nos primeiros seis meses de operação.
“O problema é que o empresário necessita pagar as contas duran-
“Caso haja realmente necessidade de uma
te esse período de estabilização da empresa. Para isso, sugerimos
retirada logo no segundo mês de funciona-
a formação prévia de uma poupança pessoal para o próprio sus-
mento, o valor do pró-labore deve ser com-
10 dicas para organizar o fluxo de caixa 1. Determine um período para o seu fluxo de caixa. Pode ser por dia, semana, quinzena ou mês. Não escolha um período muito longo, senão você corre mais risco de perder o controle.
2. Defina uma maneira de identificar receitas e despesas. Pode ser por cores e/ou por um sinal de subtração em frente ao valor. O importante é que seja fácil identificá-las no fluxo de caixa.
3. Identifique movimentações financeiras periódicas, separando as receitas e despesas que são periódicas daquelas que não são. Assim, você pode registrá-las nos fluxos de caixa de períodos futuros e fazer previsões de pagamentos ou recebimentos.
4. Registre as contas a pagar. Assim, você terá o saldo atual consolidado do seu caixa e o saldo futuro provisionado, ou seja, já considerando as contas que você vai ter que pagar.
5. Registre as contas a receber, inclusive as parceladas. Assim, seu saldo futuro provisionado já irá contemplar o dinheiro que irá entrar no caixa da empresa.
6. Crie categorias para classificar suas receitas e despesas. Exemplo: material de escritório, internet, manutenção predial, etc.
7. Determine quais são os departamentos da sua empresa (Administração, Recursos Humanos, Comercial, Produção, etc) e crie centro de custos para agrupar as respectivas despesas. Assim, você saberá onde está gastando seu dinheiro de forma mais estruturada.
8. Crie centros de lucros para agrupar suas receitas. Eles podem ser projetos, produtos, serviços ou qualquer outra forma de agrupar receitas.
9. Visualize seu fluxo de caixa por categorias de receitas e despesas. Isso pode ser feito tanto em planilhas do Excel como em softwares de controle financeiro.
10. Visualize seu fluxo de caixa por centros de custo/lucro. Isso te dará uma visão de onde vem e para onde vai o dinheiro. Fonte: Blog Controle Financeiro para Empresas
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
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finanças patível com a realidade da empresa. Portan-
Assim como no pró-labore, a distribuição de lucros é feita de
to, se não é possível retirar o que se havia
maneira proporcional à participação de cotas no contrato social
planejado, não o faça”, alerta o especialista.
da empresa. A grande questão aqui é que, não havendo lucros,
Definir o pró-labore requer planejamen-
não haverá dividendos. Apesar disso, muitos investidores prefe-
to e preparação. Por isso, na opinião do di-
rem participação nos lucros a salários, pois sobre o lucro não inci-
retor do Instituto Bulla e farmacêutico com
de Imposto de Renda.
MBA em Gestão Avançada do Varejo Far-
O valor do pró-labore para cada sócio e os percentuais para divi-
macêutico, Cadri Awad, é necessário fazer
são de lucros devem ser negociados e registrados no contrato social.
o Demonstrativo de Resultado Financeiro da empresa e definir qual o lucro ideal
Metendo a mão no caixa
a ser garantido nas operações comerciais.
Retiradas aleatórias de valores, sem planejamento e controle,
“Como o pró-labore é um dos componen-
trazem sérios riscos para o negócio. A primeira e mais grave das
tes das despesas fixas, seu valor não pode
consequências é a perda de controle do caixa da empresa. Quan-
prejudicar a meta de despesas definida para
do o faturamento cresce, aparece mais dinheiro em caixa. No en-
garantir o resultado pretendido no final do
tanto, a necessidade de capital de giro é proporcional, pois o volu-
exercício”, alerta Cadri.
me de mercadorias a ser comprado também é maior. Se o dinheiro
Mas qual o valor, afinal de contas? “O
que brotou no caixa for, aleatoriamente, retirado pelo empresário,
pró-labore do proprietário ou sócio deve
vai fazer muita falta logo adiante e acabará sendo coberto por em-
ser compatível com a função exercida e
préstimos bancários.
com o faturamento da empresa”, reforça o
“É preciso entender que o montante sacado em um dia para
consultor Alves. “Boas práticas de gestão fi-
fins pessoais poderá fazer falta em outro para pagamento de con-
nanceira recomendam adotar como parâ-
tas. Sem dinheiro para quitar obrigações financeiras, o empresário
metro para definição do pró-labore o valor
vai buscar financiamento junto a bancos para pagar salários, for-
que seria pago a um administrador ou di-
necedores, tributos, etc. Com isso, a margem de lucro vai sendo
retor profissional. Existem várias consulto-
consumida, descontroladamente, pelos juros”, explica Cadri Awad.
rias que realizam e divulgam pesquisas pe-
Outra consequência negativa é o empresário perder também o
riódicas sobre as remunerações praticadas
controle de seus próprios gastos pessoais. Uma vez bancados pela
por empresas de vários portes e diferentes
empresa, eles tendem a crescer até se tornarem inviáveis assim que
ramos de atividade”, sugere.
o caixa da empresa sofrer as oscilações de faturamento. “Essa situação é juridicamente caracterizada como confusão patrimonial
E quando for uma sociedade? Existem duas formas de se remunerar os sócios de uma empresa: por meio de
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no artigo 50 do Código Civil, podendo levar à desconsideração da personalidade jurídica, fazendo o empresário pagar com seus bens pessoais as dívidas da empresa”, previne Awad.
pró-labore ou distribuição de lucros. O pró
Segundo o consultor Jorge Alves, retiradas acima do que a em-
-labore, como já foi dito, é o salário que o
presa suporta ameaçarão a capacidade de investimento ou a de-
sócio recebe por trabalhar na empresa e a
gradação do capital de giro. “O grande problema é que sabemos
distribuição de lucros é a remuneração do
que boa parte das farmácias do varejo independente sequer man-
investidor, quer ele trabalhe ou não. O rece-
tém capital de giro em níveis adequados. Nesse caso, o principal
bimento dessa remuneração é, na verdade,
afetado é diretamente o fluxo de caixa, que acaba por ficar nega-
uma forma de compensar o investidor por
tivo e forçar a empresa a se endividar, entrando em um ciclo vi-
ter o capital dele empatado na farmácia e
cioso de dívidas, que, em curto prazo, comprometerão o futuro do
por ter assumido os riscos do investimento.
negócio”, acrescenta.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017
gestão financeira
Quanto vale uma empresa? Fator crítico de sucesso e geração de valor nas organizações empresariais
ANDRÉ LIMA
O
O grande ativo de um empresário é a
fator mais relevante costuma ser o índice de vendas por metro
empresa. Quando chega a hora de se apo-
quadrado. A escolha desse indicador é justificada por relacionar
sentar, o empresário recorre à venda desse
dois elementos fundamentais e característicos do comércio va-
ativo para resgatar o trabalho de uma vida.
rejista: volume de vendas e ponto comercial. Ele permite com-
Mas, o que determina o valor de uma em-
parar o desempenho de diferentes estabelecimentos. Aquele que
presa? Primeiramente, é preciso distinguir
apresentar maior índice de vendas por metro quadrado tende a
entre os termos valor e preço. Preço é a
ser percebido como o de maior valor, porque tem maior “força”
quantidade de moeda trocada por um ati-
para concretizar vendas e, consequentemente, maior probabi-
vo; tem objetividade, ou seja, é determina-
lidade de geração de lucros.
do por um fato, a troca do ativo por moeda,
Um ponto comercial com maior potencial de vendas é mais
não cabendo interpretações pessoais. En-
valorizado. Por essa razão, o valor de locação de espaços em
quanto que valor é a quantidade de moeda
shopping centers costuma ser mais caro, porque se espera que, de-
pela qual se espera que um ativo venha a
vido ao maior fluxo concentrado de pessoas, o volume de ven-
ser trocado, portanto é subjetivo, pois ainda
das por metro quadrado seja maior numa loja de shopping do que
não existe um fato, apenas interpretações
em uma de rua. Por sua vez, a administração de um shopping tem
ou avaliações pessoais a respeito.
como principal FCS o fluxo de pessoas por custo de marketing,
Jorge Wilson Alves
Entretanto, quando a maioria das pes-
Consultor financeiro
soas converge suas avaliações sobre um
Quer saber mais?
Mande um e-mail para jwluizalves@gmail.com
58
que representa a eficiência do gasto realizado para atrair pessoas ao shopping.
dado ativo para o entorno de um mesmo
No ramo de farmácias, os preços dos medicamentos, já de-
valor, é muito provável que, quando tran-
duzidos os descontos, convergem para valores próximos entre os
sacionado, seu preço seja próximo desse
concorrentes de uma mesma região da cidade ou praça e depen-
valor. Essa convergência é facilitada quan-
dem do poder aquisitivo da população local. Os fornecedores cos-
do fatores importantes na geração de valor
tumam ser os mesmos para qualquer estabelecimento, tornando
na empresa, os Fatores Críticos de Sucesso
também próximos os custos de aquisição. Então, o lucro passa a
(FCS), são claramente percebidos por todos.
depender, basicamente, do volume de vendas e do custo do pon-
Cada tipo de negócio tem um con-
to, sugerindo um novo indicador. Trata-se do Índice de Eficiência
junto próprio de FCS, mas costuma ha-
do Ponto (IEP), ou seja, índice de vendas por metro quadrado (V/
ver um fator preponderante, que deve
m2), dividido por custo do metro quadrado do ponto (C/m2). Então,
concentrar o foco das atenções do em-
IEP = V/C, representando quantos reais em vendas são gerados por
presário. Não significa que os demais fa-
cada real gasto para ocupar e usar o ponto comercial.
tores não sejam importantes, mas aque-
O IEP não deve ser o único indicador considerado na avalia-
le é mais crítico, crucial. No caso de lojas
ção de uma farmácia, mas ajuda a identificar aquelas que geram
físicas do comércio varejista em geral, o
mais valor.
Revista da Farmácia · Janeiro-Fevereiro 2017