Revista da Farmácia

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Ano 24 · Edição 189 · Novembro-Dezembro 2015

Crise afeta o programa Aqui Tem Farmácia Popular Governo anuncia corte de R$ 578 milhões, colocando em risco o sistema de cofinanciamento que concede descontos de 90% a alguns medicamentos

Carreira

Premiação

Pesquisa

Balconistas falam sobre os desafios da profissão e contam como prosperaram

Ascoferj promove evento no Dia Internacional do Farmacêutico e homenageia Ruy Marins

População está mais esclarecida sobre a função do farmacêutico na farmácia



opinião

Preparado para o próximo ano? Alerto para o fato de que nosso parlamento está prestes a tomar

2015, que, com certeza, foi um dos anos

decisões que poderão mudar completamente o modelo comercial

mais difíceis para o setor farmacêutico. Ví-

do varejo farmacêutico no Brasil, como a ADIn 2.435, no qual o Su-

nhamos navegando, nas últimas décadas,

premo Tribunal Federal irá decidir sobre a constitucionalidade – ou

apesar de todas as dificuldades do País, em

não – da Lei Estadual 3.542/01, que obrigou farmácias e drogarias

direção a um crescimento linear e constan-

a concederem descontos a idosos na compra de medicamentos.

te, acima da maioria das demais atividades

Dezenas de projetos de leis que interferem na administração dos

econômicas. Entretanto, infelizmente, a cri-

estabelecimentos farmacêuticos tramitam no Congresso Nacional.

se atingiu a nossa cadeia produtiva.

A Ascoferj e demais entidades coirmãs têm acompanhado o

A política governamental já dava sinais

andamento desses projetos, mas, infelizmente, uma grande maio-

de que seria desastrosa para a economia

ria de parlamentares e juristas não compreende o quão difícil é ser

brasileira antes mesmo das eleições do ano

um empresário neste País e continua a praticar a velha “politicagem”

passado, fato que se concretizou da forma

em defesa de seus interesses pessoais em detrimento da nação.

como os analistas previam. Estamos dian-

Para enfrentarmos todas essas adversidades, é necessário que

te de um completo desgoverno, com uma

as empresas tenham excelência em seu desempenho, assim como

imensa sensação de impotência e deses-

uma equipe altamente qualificada. Não existe mais margem de erro

perança por parte da população, dos em-

para o gestor, pois a rentabilidade da empresa, cada vez mais, se

preendedores e das sociedades organizadas

torna menor. Investir em qualificação e capacitação é sinônimo de

por conta de tanta corrupção e impunidade.

sobrevivência e progresso.

É imperdoável o loteamento dos minis-

A Ascoferj está completamente comprometida em apoiar seu

térios para políticos sem o mínimo de pre-

quadro associativo e parceiros comerciais, para que, no próximo

paro para ocuparem cargos de direção, que

ano, possa continuar a defender os interesses de seus afiliados.

deveriam ser dirigidos por profissionais alta-

Com atuação em âmbito jurídico e político, iremos levar capacita-

mente qualificados. Cargos esses que deve-

ção a todas as regiões de nosso estado, a fim de que sua equipe

riam contribuir para uma gestão que transfor-

fique preparada para uma gestão eficiente.

masse o Brasil em uma nação desenvolvida.

Quero agradecer a Deus por nos permitir caminhar ao lado Dele.

É importante estarmos preparados para

Também aos nossos associados, colaboradores, sócios honorários,

os desafios e as oportunidades nas esferas

entidades do setor, profissionais do segmento e parceiros comer-

individual e profissional, tanto os que po-

ciais. Desejamos que, em 2016, consigamos superar os desafios que

demos monitorar como aqueles que estão

nos esperam com muita saúde, coragem, ânimo, sabedoria e fé.

além de nosso alcance, pois, na arte do com-

Desejo um ano novo repleto de bênçãos. E que, no Natal, pos-

bate, é preciso conhecer as próprias forças

samos nos lembrar de estar com o aniversariante do dia 25 de de-

e as estratégias do adversário.

zembro, Jesus Cristo, presente em nossos lares e vidas.

HUMBERTO TESKI

E

Estamos prestes a encerrar o ano de

Luis Carlos Marins Presidente da Ascoferj

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

3


carta da editora

Na crise, trabalhe em dobro

E

Em meio à crise econômica e política,

Apesar de ainda ser uma proposta a ser votada, é provável que

nosso desejo era que esta última edição de

passe no Congresso Nacional. Como consequência, todos os me-

2015 fosse portadora apenas de boas no-

dicamentos com 90% de desconto no Aqui Tem Farmácia Popular

tícias. Infelizmente, a pauta tomou outro

perderão o subsídio do governo e voltarão a custar, para a popula-

rumo. O anúncio de um possível corte de

ção, o preço de mercado. A matéria de capa desta edição mostra

R$ 578 milhões no conceituado programa

como o programa avançou nos últimos anos e como o setor ava-

Aqui Tem Farmácia Popular surpreendeu e

lia esse possível corte.

deixou o setor farmacêutico ainda mais cé-

Apesar das dificuldades e dos grandes desafios anunciados para

tico em relação ao futuro da saúde no Brasil.

2016, as pessoas continuam seguindo em frente, dando o melhor

A nota oficial do Ministério da Saúde é

de si. Por isso, esta edição traz duas pautas sobre conquistas na vida

taxativa quando diz: “Apesar de o orçamento

pessoal e profissional. Uma delas conta como foi o evento Dia In-

da saúde ter triplicado em uma década, os

ternacional do Farmacêutico, que premiou farmacêuticos que vêm

recursos são finitos e não permitem ampliar

se destacando na profissão. A outra destaca a importância dos bal-

mais a assistência para atender à demanda

conistas para o ponto de venda, mostrando como alguns deram

da população que vive cada vez mais e que

uma guinada na vida ao estudar Farmácia.

enfrenta desafios como a obesidade e a vio-

Portanto, mesmo com tantas incertezas, é importante man-

lência no trânsito. Por isso, é essencial e ur-

ter o otimismo e não parar de trabalhar. Na crise, trabalhe mais,

revistadafarmacia@ascoferj.com.br

gente discutirmos com toda a sociedade no-

trabalhe em dobro.

Editora

vas fontes de financiamento para a saúde”.

Boa leitura.

Viviane Massi

FUNDADOR

FALE COM A REDAÇÃO

Ruy de Campos Marins

DESDE MAIO DE 1991

revistadafarmacia@ascoferj.com.br

PRESIDÊNCIA

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Luis Carlos Marins

COLABORAÇÃO

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JORNALISTA RESPONSÁVEL

Ana Paula Silva

Centro · Rio de Janeiro · RJ

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sumário

8 Entrevista

24 Capa

A especialista em RH, Lucia Gadelha, fala sobre como montar equipes de alta performance

Governo anuncia possível corte no Aqui Tem Farmácia Popular, dando fim ao cofinanciamento

32 Carreira O balconista de farmácia: histórias e conquistas de quem vive o dia a dia do balcão

6 7 14 16 17 18 20 22 36 46 48 50 52 54 55 56

agenda lançamentos panorama boa leitura jurídico ascoferj em foco práticas corporativas recursos humanos pequeno varejo nosso negócio treinamento consultor tributário pesquisa indústria consultora farmacêutica evento

38 Premiação Ascoferj premia farmacêuticos com o troféu Ruy de Campos Marins

Visite o site da Ascoferj Nele, você encontra os benefícios e os serviços oferecidos pela entidade, além de informações sobre cursos, palestras e eventos de sua área. Acesse: www.ascoferj.com.br

Envie cartas e sugestões de pauta para a Revista da Farmácia. Fale com a gente pelo e-mail:

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agenda

Programe-se X Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar Entre os dias 12 e 14 de novembro, será realizado o X Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde, em Curitiba. O evento reunirá profissionais de destaque nacional e internacional apresentando assuntos e tendências para a atualização profissional dos farmacêuticos hospitalares e em serviços de saúde. Mais informações: www.sbrafh. org.br/congresso2015.

Formando equipes Nos dias 17 e 18 de novembro, respectivamente em Cabo Frio e Rio de Janeiro, a pedagoHUMBERTO TESKI

ga graduada na UERJ, com especialização em Gestão de Recursos Humanos e MBA em Marketing pela FGV, Lucia Gadelha, ministrará o curso Como formar equipes de alto desempenho, das 14h às 16h. O curso é gratuito. Inscrições: treinamentos@ascoferj.com.br.

Treinamento Vult O maquiador Edvan Rabelo vai estar na Ascoferj no dia 25 de novembro para ministrar ISTOCKPHOTO

um treinamento gratuito sobre maquiagens da Vult. O curso será das 14h às 17h. Inscrições: treinamentos@ascoferj.com.br.

Curso de Injetáveis Nos dias 3, 4 e 5 de dezembro, acontecerá mais um curso de Aplicação de injetáveis, na sede da Ascoferj, das 14h às 18h. O valor do investimento é de R$ 170 para associados e SXC

R$ 300 para não associados. Inscrições: treinamentos@ascoferj.com.br.

Inscrições em cursos, palestras e eventos da Ascoferj: www.ascoferj.com.br Informações e inscrições de grupos: inscricao@ascoferj.com.br Pague sua inscrição com PagSeguro.

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lançamentos 360º Interdental A Colgate traz para o mercado de higiene oral a 360º Interdental, escova que promove uma limpeza completa da boca por meio de cerdas ultrafinas e macias. A linha apresenta um alcance quatro vezes mais profundo, até nos espaços mais estreitos entre os dentes. O design moderno e inovador ainda possui limpador de língua e bochechas, além do cabo ergonômico para facilitar a escovação. SAC: 0800 703 7722

Escova com óleo de argan A Marco Boni lança a escova com óleo de argan nas cerdas. O produto pode ser um grande aliado no tratamento de cabelos ressecados e sem brilho enquanto desembaraça os fios. Está disponível nos formatos raquete, oval e retangular, nas cores preta, azul e vermelha. O preço sugerido varia de R$ 27 a R$ 33. SAC: 0800 772 4433

Conforto para o bebê A Huggies renovou a linha de fraldas com a Supreme Care. A fralda está com um novo visual, com ajuste duplo, dois velcros adicionais que garantem maior fixação e a sensação de fralda recém-colocada. Além disso, a cintura está elástica. SAC: 0800 709 5599

BCAA com novo sabor A Integralmédica acaba de apresentar ao mercado brasileiro mais uma novidade que amplia o portfólio da linha Darkness, suplemento indicado para pessoas que possuem necessidade de uma elevada ingestão de aminoácidos essenciais, o BCAA FIX, que agora tem mais uma opção de sabor, melancia. O produto é livre de açúcar e glúten. O preço sugerido é R$ 128,69, na versão em pó e embalagem de 300g. SAC: (11) 3003 7887

Ômega 3 em cápsulas A Neo Química traz ao mercado o Ommax, alimento em cápsulas mastigáveis com ômega 3. O produto é o primeiro do País com sabor de tutti-frutti e não deixa gosto residual de peixe. O Ommax auxilia na manutenção dos níveis de gordura no sangue, prevenindo doenças cardiovasculares. SAC: 0800 979 9900

Prevenção da mucosite oral O Vitalbalance é a novidade no auxílio à prevenção e ao tratamento da mucosite oral. O concentrado em pó é proveniente de alga marinha. SAC: (21) 2221 3060

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entrevista

Lucia Gadelha

HUMBERTO TESKI

Consultora em Recursos Humanos

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Revista da Farm谩cia 路 Novembro-Dezembro 2015


entrevista

Equipe de alta performance Lucia Gadelha, especialista em RH, chega à Ascoferj com o desafio de auxiliar associados na estruturação do setor de recursos humanos, de forma que acertem mais em seus processos seletivos

P

Pedagoga graduada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com especialização em Gestão

de Recursos Humanos e MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Lucia Gadelha tornou-se especialista em dinâmica de grupo e há 20 anos vem desenvolvendo consultoria e programas de treinamento nas áreas de Gestão de Recursos Humanos, Marketing e Vendas para diferentes segmentos do mercado, com foco no setor farmacêutico. Agora, Lucia vai trazer para a Ascoferj todo esse know how. O objetivo é assessorar as empresas nos processos de RH, que vão desde assessoria em recrutamento e seleção, passando pelo desenvolvimento de equipes, ações de endomarketing e pesquisas de ambiente organizacional, até a difícil tarefa de descrever um cargo. Na entrevista a seguir, Lucia fala sobre atendimento, consumidor, qualificação e muito mais. Leia a seguir.

Revista da Farmácia: Quais são os pré-requisitos do mercado para

evolução nesses últimos 15 anos, principal-

um bom atendimento?

mente nos processos éticos relacionados à

Lucia Gadelha: Os pré-requisitos básicos estão relacionados ao co-

venda de medicamentos, de forma que os

nhecimento que a equipe demonstra ter dos produtos e/ou servi-

atendentes passaram a ter mais equilíbrio

ços oferecidos, postura correta ao falar e agir, apresentação pessoal

entre a venda e a ética, respeitando as ne-

condizente com a marca e/ou empresa que representa e real inte-

cessidades dos clientes.

resse nas necessidades dos clientes. Por isso, são tão importantes a contratação assertiva de acordo com o perfil do cargo e a inte-

RF: E quais são as principais dificuldades

gração do novo funcionário, para que ele compreenda a identida-

e desafios nesse atendimento?

de da empresa e se comunique com clareza e comprometimento.

Lucia: As principais dificuldades são relacionadas à rotatividade de funcionários e

RF: Como você avalia o atendimento no varejo farmacêutico, mais

à retenção da equipe, para que se consiga

especificamente aqui no Rio de Janeiro?

construir gradativamente um relacionamen-

Lucia: Tenho observado que todo o processo de construção das

to de parceria e confiança com os clientes.

empresas que investem na qualificação de seus colaboradores co-

E o grande desafio é manter essa mesma

meça no planejamento estratégico. Atualmente, as ações de recur-

equipe motivada. O consumidor, em geral,

sos humanos, sejam elas relacionadas ao endomarketing, sejam à

deseja que seus interesses de preço justo e

capacitação da equipe com palestras e treinamentos, são implan-

atendimento acolhedor sejam atendidos, e o

tadas por drogarias que têm essa percepção de desenvolvimento.

não cumprimento dessas expectativas pode

Independentemente de serem drogarias de bairro, de médio por-

gerar prejuízos financeiros para as empre-

te ou grandes redes, o que diferencia o padrão de atendimento é a

sas. Quando um valor ou um conjunto de

visão do empresário em preparar seus colaboradores. Percebo uma

valores de um grupo de consumidores está

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entrevista distante dos valores organizacionais de uma

presa competitiva, pois o atendimento deve ser reciclado e evoluir

drogaria, seus produtos ou serviços podem

com a mesma velocidade e frequência com que mudam os dese-

não ser comprados por esse grupo, que vai

jos, as exigências e as vontades dos consumidores.

buscar outra marca que lhe atenda. RF: De que forma uma empresa consegue montar um time com RF: O que é uma equipe de

esse perfil? Que ferramentas estão ao alcance dela?

alta performance?

Lucia: O considerável aumento dos problemas sociais e ambientais

Lucia: Uma equipe de alta performance tra-

decorrentes do crescimento populacional e do desenvolvimento ur-

balha integrada desde os setores que dão su-

bano e geográfico em um país como o Brasil, repleto de desigualda-

porte, como Compras, Financeiro e RH, até

des sociais e históricas, possibilitou às empresas uma reflexão sobre

os setores da loja, da entrega à assistência

a importância de preparar seus colaboradores, formando um time

farmacêutica. Todos devem saber claramen-

de sucesso. Para montá-lo com esse perfil, é necessário que o RH

te os resultados individuais de desempenho

interno, ou em parceria com consultorias externas, desenvolva um

que devem apresentar às suas respectivas

manual de ética e políticas empresariais alinhadas com a missão e

empresas. A informação é compartilhada, e

os valores organizacionais, definindo essa identidade. Outra ferra-

a liderança acompanha e desenvolve con-

menta imprescindível é o descritivo de todos os cargos, para que os

tinuamente seus liderados. Além do perfil

colaboradores, principalmente os líderes, tenham clareza do propósito da sua função, sensibilizando e comprometendo a equipe com as metas da empresa. Segundo matéria da revista Melhor Gestão de Pessoas, editada pela Associação Brasileira de Recursos Huma-

O atendimento deve ser reciclado e evoluir com a mesma velocidade e frequência com que mudam os desejos, as exigências e as vontades dos consumidores.

nos (ABRH), empresas estão apostando na gestão de talentos para enfrentar os novos desafios. Edward Cone, editor-chefe de Thought Leadership, da Oxford Economics, comenta que os resultados demonstram uma clara divisão entre aqueles que estão posicionando suas empresas para o futuro do trabalho e aqueles que não estão. “Esperamos que essas descobertas destaquem que o talento realmente importa – e as empresas que não estão acompanhando as mudanças até o momento não podem mais ficar para trás”, comentou ele.

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técnico relacionado às atribuições do car-

RF: Os conhecimentos que podem ser adquiridos acerca do com-

go, as habilidades comportamentais, como

portamento do consumidor fazem diferença na hora de montar

ética, iniciativa, foco, autodesenvolvimento,

uma equipe de tal nível?

relacionamento e comunicação, são avalia-

Lucia: O consumidor, hoje em dia, detém uma posição diferenciada:

das nos processos seletivos. Mais que qua-

de simples comprador, ele passou a uma posição de destaque na

lificadas tecnicamente, as empresas em-

nova economia, mais consciente de seus direitos, com novos pa-

preendedoras e de visão querem pessoas

drões de exigência e querendo valor agregado nos produtos. Está

com comportamentos e atitudes adequa-

cada vez mais difícil mapear o comportamento dos consumidores

dos à missão e aos objetivos corporativos.

e prever suas ações, devido principalmente à evolução nos meios

Por isso, é estrategicamente inteligente ca-

de produção e a novos componentes tecnológicos que caracteri-

pacitar esses profissionais adequadamente,

zam a passagem de período industrial para uma nova economia,

para que possam atender bem e superar as

com novos métodos de se fazer negócios. Porém, o que diferencia

expectativas dos clientes, mantendo a em-

o cliente de drogaria dos outros segmentos é a necessidade que ele

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entrevista apresenta de validar informações ali mesmo no ponto de venda,

Lucia: O impacto é que, muitas vezes, essas

pois, muitas vezes, saem de um hospital ou consultório com muitas

contratações são realizadas pela intuição do

dúvidas relacionadas ao seu diagnóstico e tratamento. Uma equipe

gestor e/ou indicação, desconsiderando as

integrada e acolhedora vai esclarecer dúvidas por meio da assis-

etapas técnicas do processo seletivo. Geral-

tência farmacêutica e fidelizar esse cliente pelo acolhimento, pela

mente, há pressa em preencher a vaga, ge-

ética nas informações e pelo conhecimento demonstrado, cons-

rando muitos ruídos de comunicação. Pro-

truindo assim uma relação de confiança. O homem, sendo um ser

cessos seletivos devem ser conduzidos por

social, necessita relacionar-se com o seu semelhante. Dentro desse

profissionais de RH, que conheçam as eta-

relacionamento, é possível perceber as influências que eles sofrem

pas técnicas de contratação, evitando rota-

e quão importantes são para diferenciar um grupo do outro, o qual,

tividade e custos para a empresa.

em linguagem mais técnica, costuma-se chamar de grupo de referência. Os principais estudiosos de marketing de relacionamento e técnicas de vendas têm verificado que as motivações, percepções e atitudes do consumidor seguem uma lógica, muito embora essa seja insuficiente para analisar o seu comportamento. Isso porque são vários os fatores que podem afetá-lo, como, por exemplo, o meio que determina as preferências e as intenções, mas não necessariamente o comportamento que ele terá ao preferir determinado produto ou serviço em detrimento a outro. Pensando nesse comportamento, e diante da sua intenção de compra e/ou até mesmo na questão da sua escolha, muitas empresas entendem que é necessário fazer todo o esforço para conseguir um alto nível de satisfação por parte de seus clientes, pois ele, quando está apenas satisfeito, é possível que não se mantenha fiel à marca, enquanto que o plenamente satisfeito indicará uma pequena possibilidade de mudança. Essa relação de satisfação manterá o cliente fidelizado porque ele estará intimamente conectado à marca.

Tudo indica que, nos próximos 20 anos, as empresas irão se defrontar com muito mais mudanças no perfil de consumo. Devemos levar em conta alguns fatores, como o envelhecimento da população, a busca por qualidade de vida, o consumo infantil e o aumento do poder de compra das classes ditas emergentes.

RF: Você diria que é muito difícil escolher as pessoas certas para os lugares certos? O que ajuda nesse desafio? Lucia: Escolher as pessoas certas para os lugares certos é possível

RF: Qual é a definição e o entendimen-

quando se investe tempo e profissionalismo nos processos sele-

to de bom atendimento para o consumi-

tivos. É necessária clareza na definição do perfil, divulgação ade-

dor moderno?

quada para obter candidatos condizentes com o perfil da vaga,

Lucia: Tudo indica que, nos próximos 20

triagem dos currículos e entrevistas planejadas e agendadas previa-

anos, as empresas irão se defrontar com

mente. O maior desafio é entender o processo seletivo como uma

muito mais mudanças no perfil de consu-

importante ferramenta de gestão, contribuindo para a redução da

mo. Devemos levar em conta alguns fato-

rotatividade, que gera custo e uma imagem negativa da empresa.

res, como o envelhecimento da população, a busca por qualidade de vida, o consumo

RF: Em geral, os processos seletivos nas pequenas e médias em-

infantil e o aumento do poder de compra

presas são feitos pelos gestores, não por um setor ou um profis-

das classes ditas emergentes, que serão de-

sional de recursos humanos. Quais são os impactos disso?

cisivas no aumento do número de novos

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entrevista consumidores e, em contrapartida, cada

to um trabalho que pode, inclusive, servir de benchmarking para

vez mais exigentes e atentas ao processo

os varejistas do Canal Farma?

de compra. Essas variáveis no comporta-

Lucia: Destaco a Distribuidora Emefarma Rio, pois o RH está ali-

mento do consumidor confirmam a neces-

nhado com o planejamento estratégico da empresa e atento aos

sidade de maior segmentação de mercado

processos, utilizando ferramentas constantes de melhoria e desen-

e novos produtos e serviços. O envelheci-

volvimento do setor. Trabalham com indicadores para mensurar o

mento da população e a melhoria da qua-

tempo médio de contratação e retenção de funcionários, entre ou-

lidade de vida têm trazido para o mercado

tras ações de capacitação técnica e comportamental dos colabo-

consumidor um público com faixa etária

radores, que se estendem desde os setores operacionais aos ges-

maior e bom potencial de consumo. Den-

tores. Também possuem ações de endomarketing em várias datas

tro desse contexto, o varejo farmacêutico

importantes ao longo do ano, promovendo informação e integra-

tem desenvolvido cada vez mais estratégias

ção entre os funcionários, contribuindo assim para um ambiente organizacional produtivo e acolhedor. RF: Você acabou de ser contratada pela Ascoferj como consulto-

Escolher as pessoas certas para os lugares certos é possível quando se investe tempo e profissionalismo nos processos seletivos.

ra em Recursos Humanos. Qual será o seu papel? Lucia: Será o de implantar o Setor de Recursos Humanos na Ascoferj para atendimento aos associados. Vamos estruturar processos que irão desde assessoria em recrutamento e seleção, passando pelo desenvolvimento de equipes, ações de endomarketing e pesquisas de ambiente organizacional, até a descrição do cargo. Iremos desenvolver uma abordagem diferenciada para associados de drogarias independentes, médio porte e redes, respeitan-

para atrair esse segmento, visando à reten-

do as peculiaridades de cada um e oferecendo serviços que pos-

ção desse cliente pelo atendimento ético e

sibilitem uma gestão de pessoas condizente com a identidade de

acolhedor. Dessa forma, é preciso levantar

cada associado. As empresas que mais crescem são as melhores

as características desse público-alvo, entre

quando se trata de atrair talentos de qualidade. O RH é um setor

elas, identificação do perfil da melhor idade

estratégico, que geralmente tem um bom ambiente organizacio-

quanto a dados socioeconômicos; levanta-

nal, retém talentos e realiza promoções internas com os candida-

mento do estilo de vida predominante; iden-

tos recrutados para a maioria das posições. Em empresas de me-

tificação dos hábitos de vida em relação ao

nor rendimento, a falta de talentos impacta de forma negativa no

uso do computador; identificação de hábi-

alcance dos resultados.

tos comportamentais em relação ao uso do tempo para lazer, esporte e entretenimen-

RF: Que tipo de trabalho você vai desenvolver com gestores, ven-

to; obtenção de um descritivo do perfil para

dedores e farmacêuticos? Serão ações diferenciadas?

analisar o comportamento desse segmen-

Lucia: Após a estruturação do setor nesse último trimestre de 2015,

to de acordo com as peculiaridades apre-

vamos disponibilizar assessoria em todos os processos de RH, ca-

sentadas, criando diferenciais para fidelizá-

pacitando os gestores que já atuam em suas respectivas empresas.

los, entre outros.

Serão ações diferenciadas de gestão de pessoas para proprietários e workshops com temas comportamentais para farmacêuticos, con-

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RF: No varejo em geral, você destacaria al-

tribuindo para que eles interajam com atendentes e clientes, im-

gum grupo, rede ou empresa que tem fei-

pactando de forma positiva nos resultados.

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panorama Movimento Compre do Pequeno Negócio O Sebrae lançou o Movimento Compre do Pequeno Negócio, cujo objetivo é usar a força dos pequenos negócios – mais de 10 milhões de empresas no Brasil, que faturam no máximo R$ 3,6 milhões por ano – para fortalecer a economia. As micro e pequenas empresas são mais de 95% do total de empresas brasileiras, respondem por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) e por 52% do total de empregos com carteira assinada, mais de 17 milhões de vagas. A ação do Sebrae enumera cinco razões para comprar dessas empresas: (1) É perto da sua casa; (2) É responsável por 52% dos empregos formais; (3) O dinheiro fica no seu bairro; (4) O pequeno negócio desenvolve a comunidade; e (5) Comprar do pequeno negócio é um ato transformador. A iniciativa inclui um site: www.compredopequeno.com.br. SEBRAE

No dia 2 de setembro, foi publicada a Portaria Interministe-

Sindusfarma propõe que taxas da Anvisa tenham correção menor

rial nº 701/2015, que reajusta os valores das taxas de fiscali-

Na audiência pública da comissão mista da Câmara dos Deputados

zação de vigilância sanitária. Desde o surgimento da Agência

e do Senado Federal que discutiu, em setembro, a Medida Provisó-

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 1999, essa é a pri-

ria (MP) 685/2015, que cria um programa para facilitar o pagamento

meira vez que a taxa é atualizada monetariamente. Com esse

de débitos com a Receita Federal, o presidente-executivo do Sin-

reajuste, farmácias e drogarias passam a pagar R$ 1.280,23. O

dusfarma, Nelson Mussolini, criticou o aumento das taxas de fisca-

valor de alteração ou acréscimo na autorização de funciona-

lização da Anvisa e sugeriu que elas passem a vigorar em dezembro

mento passou de R$ 4 mil para R$ 11.619,80. A Portaria en-

de 2016, sendo corrigidas com base no IPCA dos últimos 12 me-

trou em vigência em setembro, e os valores foram reajustados

ses. As taxas chegaram a subir até 193,55%. Para se ter uma ideia,

em 193,55%, com base no Índice Nacional de Preços ao Con-

a taxa de inspeção internacional passará de R$ 37 mil para R$ 108

sumidor Amplo (IPCA). As orientações sobre procedimentos

mil com a MP. “Propusemos que as taxas sejam reajustadas anual-

ou dúvidas em relação à Portaria 701/2015 você encontra no

mente, em 1º de janeiro, com base na variação do IPCA dos últimos

site www.anvisa.gov.br.

12 meses, sem o nefasto efeito da retroatividade”, disse Mussolini.

ANVISA

SINDUSFARMA

Reajuste nas taxas da Anvisa

Medicamento da Novartis recebe recomendação da União Europeia A Novartis anunciou que o Comitê para Produtos Medicinais de Uso Humano (CHMP) concedeu parecer positivo em relação ao Entresto, indicado para insuficiência cardíaca (IC). A decisão marca importante passo em direção à disponibilização do medicamento na Europa. A partir da aprovação final pela Comissão Europeia, o Entresto (marca que será utilizada na Europa), anteriormente de e morbidade cardiovascular em doentes adultos com IC. NOVARTIS

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SHUTTERSTOCK

conhecido como LCZ696, estará disponível para reduzir o risco de mortalida-


panorama Brasil está na rota dos medicamentos falsificados Um relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)

Anvisa aprova medicamentos inéditos para asma, hipertensão pulmonar e tumor cerebral

emitiu mais um ruidoso sinal de alerta sobre a debilitada saúde do

A Anvisa aprovou mais um genérico inédito no País: o dipro-

País. Segundo o documento, 19% dos medicamentos comerciali-

pionato de beclometasona. O medicamento, cuja substância

zados aqui são ilegais. A estimativa é que se vendam 20 medica-

ainda não tinha concorrente no mercado, é indicado para o

mentos falsos em cada lote de 100. Eles são vendidos em feiras,

tratamento de asma. Esse é o primeiro registro de genérico

bancas de ambulantes, pela internet e, inclusive, nas farmácias.

concedido para inalatórios orais. Com isso, pacientes e mé-

E chegam ao Brasil vindos do Paraguai, China e Índia. Podem vir

dicos terão uma nova opção de tratamento a um custo mais

prontos para o consumo ou ainda na matéria-prima, que é mani-

acessível, uma vez que os genéricos chegam ao mercado com

pulada em estabelecimentos clandestinos, sem a menor condição

um preço menor que o valor de tabela dos medicamentos de

de higiene e, geralmente, na dose errada.

referência. O dipropionato de beclometasona será comercia-

ISTOÉ

lizado como solução aerossol para inalação oral (solução MDI oral), atuando exclusivamente sobre as estruturas da árvore respiratória. Além do dipropionato de beclometasona, a An-

Exportações de medicamentos recuam 16%

visa aprovou, também, o pedido de registro de dois medi-

A desvalorização de 22,6% do real em relação ao dólar registrada nos

camentos novos: o Adempas (riociguate) e o Becenun (car-

sete primeiros meses deste ano não conseguiu impulsionar as expor-

mustina). O primeiro é indicado para Hipertensão Pulmonar

tações da indústria farmacêutica brasileira, que recuaram 15,99% no

Tromboembólica Crônica (HPTEC) em adultos, grupo 4, con-

período. A queda das vendas para outros países foi mais acentuada do

forme classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

que a das compras. A retração das importações, decorrente da debi-

O segundo é voltado para o tratamento de pacientes adultos

lidade do mercado interno, ficou em 8,44%, segundo o Sindicato da

com tumores cerebrais (glioblastoma, glioma do tronco ce-

Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sin-

rebral, astrocitoma e oligodendroglioma), mieloma múltiplo,

dusfarma). O déficit da balança comercial do setor passou dos US$

linfoma de Hodgkin e linfomas não-Hodgkin (linfoma de cé-

3,4 bilhões dos primeiros sete meses de 2014 para US$ 3,2 bilhões

lulas do manto). Estará disponível como pó liofilizado para so-

no mesmo período deste ano, o que representa um recuo de 6,43%.

lução injetável de 10mg.

FOLHA ONLINE

ANVISA

Pesquisas apontam que 55% da população não conseguem pagar pelos medicamentos Grande parte da população brasileira tem dificuldade ou simplesmente não consegue comprar os medicamentos de que precisa. Isso foi constatado em diversas pesquisas recentes e prova que o País ainda enfrenta desafios nas questões mais básicas de saúde. Agora, com a crise econômica fazendo o desemprego avançar para 8,3% no semestre, o risco de mais brasileiros interromperem seus tratamentos fica cada vez maior. Diante desse cenário, a Frente Parlamentar Mista para Desoneração dos Medicamentos retoma seus trabalhos no Congresso Nacional, propondo medidas para desonerar a carga tributária do setor. No Brasil, os consumidores são responsáveis por quase 80% dos gastos totais de medicamentos, ou seja, eles comSHUTTERSTOCK

pram remédios sem nenhuma ajuda do governo. Estudos mostram que 84% da população consideram os medicamentos caros demais, sendo que 39% acreditam serem os impostos responsáveis pelo alto preço. MAXPRESS NET

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

15


boa leitura Estratégia de empresas Editora FGV – 9ª edição, 2011 O objetivo desse livro é oferecer um referencial teórico e prático que proporcione uma visão estruturada de estratégia empresarial e contribua para o aperfeiçoamento dessa temática no ambiente de negócios. Para planejar e pensar estrategicamente, é necessário um trabalho que harmonize persistência, desenvolvimento do estilo estratégico e capacidade inspiradora, conceitos que irão contribuir para o crescimento profissional.

Ah! Eu não acredito!

Como cativar o cliente através de um fantástico atendimento Sérgio Almeida – Editora Casa da Qualidade O autor sugere, de forma clara e objetiva, maneiras para atingir a satisfação dos clientes com ações às vezes simples e comuns, que permitirão um relacionamento promissor. O livro está dividido em dois blocos principais. O primeiro trata dos conceitos básicos com a fundamentação teórica e o segundo traz orientações práticas relacionadas ao operacional do atendimento. O livro apresenta linguagem simples e objetiva e é praticamente um livro de bolso, muito prático para o cotidiano tanto do empresário como de gerentes e equipe de trabalho.

Vida organizada

Como definir prioridades e transformar seus sonhos em objetivo Thais Godinho – Gente editora Muitas empresas enfrentam problemas com a desorganização. Com uma quantidade muito grande de atribuições, muitos gestores não conseguem realizar nem a metade das tarefas durante o horário de trabalho, sendo que alguns ainda levam as pendências para casa, deixando a família em segundo plano. Logo, a organização é um fator primordial para que a empresa consiga concretizar seus objetivos. Uma leitura agradável e simples, que poderá ajudar aqueles que querem melhorar os resultados do negócio.

Drive

A surpreendente verdade sobre aquilo que nos motiva Daniel H.Pink – Editora Estrela Polar Daniel H. Pink salienta, nesse livro, que o segredo dos bons desempenhos e da satisfação com o trabalho é a própria necessidade humana de criar algo novo, bem como de melhorarmos a nós mesmos e o mundo. O autor examina os três elementos da verdadeira motivação — autonomia, orientação e propósito — e sugere técnicas criativas para os colocarmos em ação. Cita também empresas, cientistas e empresários que têm apontado novos caminhos.

Ética e vergonha na cara Mario Sergio Cortella Clóvis de Barros Filho – Papirus 7 Mares Jogar lixo no chão, colar na prova, oferecer dinheiro em troca de algum benefício: esses comportamentos podem ser facilmente percebidos em nosso dia a dia, quase como se fossem situações corriqueiras e típicas da cultura brasileira. Os autores lançam aqui uma importante reflexão sobre o modo como orientamos nossas escolhas, mostrando de que forma a vergonha encontra seu lugar na ética, a fim de que possamos pensar e agir para além do comodismo e dos prazeres individuais.

16

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015


jurídico

Nota de Correção Afinal, qual é a definição e a utilidade desse documento, também chamado de Carta de Correção Eletrônica?

C

Como se sabe, atualmente, nas transações comerciais, são emi-

Assim, as distribuidoras de medicamen-

tidas notas fiscais eletrônicas, instrumentos de maior controle por

tos e correlatos são impedidas pela legisla-

parte das Secretarias de Fazenda, cujo objetivo é diminuir a sone-

ção tributária de emitir a CC-e após 30 dias

gação e a elisão fiscal.

da emissão da nota fiscal original. É preci-

No entanto, ante a elevada quantidade de notas fiscais eletrô-

so fazer isso antes de vencer esse prazo li-

nicas emitidas, por vezes, um ou outro medicamento ou correlato

mite, devendo as empresas estar atentas à

é enviado por uma distribuidora para uma drogaria contendo um

conferência dos lotes dos medicamentos e

número de lote divergente daquele contido na nota fiscal eletrô-

correlatos no ato do recebimento da mer-

nica. Nesse caso, a drogaria deve solicitar que a distribuidora emita

cadoria, não deixando o tempo passar nem

um documento denominado Nota de Correção ou Carta de Cor-

contando com a sorte. HUMBERTO TESKI

relação Eletrônica (CC-e), a fim de que, em caso de eventual fiscalização por parte da vigilância sanitária, o estabelecimento farmacêutico não seja autuado. Todavia, tanto a drogaria como a distribuidora possuem determinados prazos para seguir, sob pena de serem punidas pelo Poder Público. As drogarias não têm a opção, mas a obrigação de conferir todos os lotes dos medicamentos que lhe são entregues pelas distribuidoras quando do recebimento, obrigação essa prevista desde o ano de 1998, no parágrafo 2º do artigo 3º da Portaria SVS/MS nº 802/98: “§ 2º Os estabelecimentos de distribuição e de dispensação não poderão aceitar a entrada de produtos farmacêuticos com especificações incompatíveis com as constantes do caput deste artigo”. Na prática, entretanto, as drogarias não fazem essa conferência, assumindo o risco de serem sancionadas pela vigilância sanitária. Depois, ao serem fiscalizadas, buscam desesperadamente a obtenção de uma Nota de Correção, mas as distribuidoras sequer podem emiti-las. Isso acontece porque a Carta de Correção Eletrônica é regulamentada pelo Ajuste SINIEF nº 7/05 e pela Nota Técnica 2011/004, que definem como limite para a emissão de tal documento o prazo de 720 horas, isto é, 30 dias.

Gustavo Semblano semblano@ascoferj.com.br

Consultor jurídico da Ascoferj e especialista em Legislação Sanitária.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

17


ascoferj em foco

Atendimento personalizado

HUMBERTO TESKI

Tablet é a nova ferramenta de trabalho dos consultores dos núcleos da Ascoferj

Jorge Caspary, supervisor dos consultores da Ascoferj; Guilherme Ribeiro, consultor da Região Norte-Noroeste Fluminense; e Marcus Vinicius, consultor do Grande Rio

A

A Ascoferj é uma associação que atua

não somente no Grande Rio, com sede

18

lham percorrendo farmácias e drogarias localizadas nos municípios dessas regiões.

no Rio de Janeiro, mas também nas re-

O objetivo desse trabalho é que os associados recebam as in-

giões Centro-Sul Fluminense, Norte-No-

formações sem precisar se deslocar até a capital, e a experiência

roeste Fluminense, dos Lagos e Serrana.

tem sido bem-sucedida. A entidade tem percorrido as regiões le-

Para que as informações sobre cursos,

vando cursos, palestras, treinamentos e informações para estrei-

serviços e benefícios cheguem aos as-

tar a relação com os associados.

sociados, quem coordena as atividades

Atualmente, três consultores são responsáveis pelas respec-

são consultores treinados, que traba-

tivas regiões. São eles: Amanda Carvalho, pela Região dos Lagos;

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015


ascoferj em foco Guilherme Ribeiro, na Região Norte-Noroeste Fluminense; e Mar-

presas; terão que manter o relacionamento

cus Vinicius, no Grande Rio. A equipe é coordenada por Jorge Cas-

com as empresas associadas, ouvindo-as,

pary, que já foi consultor da Região dos Lagos, mas hoje é super-

entendendo suas necessidades, informan-

visor do grupo.

do sobre cursos e eventos e demais bene-

Com o intuito de melhorar ainda mais o atendimento e aper-

fícios. Quando necessário, aplicarão uma

feiçoar a troca entre o que o associado precisa e o que a Ascoferj

pesquisa de conhecimento e expectati-

pode fazer por ele, a Associação investirá em um novo acolhimen-

vas em relação à Ascoferj. E também irão

to, mais personalizado e direcionado, o que será possível por meio

elaborar relatórios semanais das visitas e

do uso de uma nova tecnologia: o tablet. Esse equipamento facili-

abordagens realizadas por telefone junto

tará ainda mais o processo de troca de informações, atualizações

às empresas.

cadastrais e adesão de novos associados.

O projeto-piloto com todo o sistema integrado, incluindo o uso do tablet, terá início na região Norte-Noroeste Fluminense

O novo atendimento prestado pelos consultores vai resultar em uma padronização do serviço, que será prestado com mais clareza e mais eficiência, além de tudo ser digitalizado. A metodologia tornará o nosso trabalho mais produtivo, e acreditamos que os resultados também serão. Marcos Assunção Consultor em gestão

pelo consultor Guilherme Ribeiro. Em seguida, será implantado nas demais regiões. “Chegar à loja e conseguir esclarecer algum assunto de imediato para o empresário será um grande facilitador. E acredito que isso irá aproximar ainda mais o associado dos nossos serviços”, disse Ribeiro. Marcus Vinicius, consultor do Grande Rio, concorda e afirma que a entidade busca o melhor para o associado. “A Ascoferj procura sempre atender às demandas de farmácias e drogarias que são sócias. Antes, quando não existiam os núcleos, eles

“O novo atendimento prestado pelos consultores vai resul-

questionavam sobre o deslocamento. Ago-

tar em uma padronização do serviço, que será prestado com mais

ra, trabalhamos indo até eles, levando to-

clareza e mais eficiência, além de tudo ser digitalizado. A metodo-

das as informações de maneira muito mais

logia tornará o nosso trabalho mais produtivo, e acreditamos que

precisa”, garantiu.

os resultados também serão”, explica Marcos Assunção, consultor

O supervisor dos consultores, Jorge Cas-

em gestão e responsável pelo trabalho de implantação do novo

pary, acredita que consultor e associado

atendimento na Ascoferj.

sairão ganhando com a nova proposta de atendimento. “O uso do tablet facilitará o

Planejamento e mais clareza nas informações

trabalho da equipe, que não precisará mais

Dessa forma, novas tarefas passarão a fazer parte de todo o

fazer contato com a sede a todo o momen-

processo de trabalho que é realizado nas regiões atendidas pela

to quando precisa esclarecer dúvidas. Po-

Ascoferj. O supervisor consolidará relatórios dos últimos quatro

derão acessar a internet e resolver de for-

meses, referentes ao desempenho dos consultores, para que se

ma imediata. Já os associados continuarão

possa alinhar e fazer correções, se for o caso.

recebendo a visita dos consultores, mas a

Quanto aos consultores, eles terão que planejar as visitas a serem realizadas a cada mês, considerando o histórico das em-

partir de agora com mais clareza nas informações”, acrescentou Caspary.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

19


práticas corporativas

Luzes e sombras Pode o mal se sobrepor ao bem em uma empresa?

E

Era meu primeiro ano na empresa. Por-

funcionário que não bebia era ‘bundão’ (nesses termos, literalmente).

tanto, minha relação de trabalho com meu

A partir dali, minha relação de confiança com esse gerente foi seria-

gerente era recente. Haveria, num fim de se-

mente abalada e, com o tempo, percebi que a ‘panela do álcool’ real-

mana próximo, uma convenção de vendas,

mente recebia um tratamento diferenciado desse gerente. Foi o pior

em que as equipes estariam reunidas. Esta-

emprego da minha vida, ainda bem que consegui sair de lá.

vam programadas palestras, apresentação de metas e resultados e todas aquelas atividades típicas desse tipo de evento. Encarei-o como uma oportunidade de formar uma boa imagem frente às minhas lideranças e meus pares, e fui preparado para a maratona. Para minha surpresa, descobri um lado do meu chefe que até então desconhecia. Nas duas noites em que ficamos no hotel, de sexta para sábado e sábado para domingo, ele bebeu todas que podia e fazia questão de con-

A distorção de valores dentro de um grupo social pode ser tão arraigada que passa a fazer parte do normal e aceitável. Essa situação se torna ainda mais dramática se a empresa não possuir mecanismos de prevenção e amortecimento dessas más práticas, o que, aliás, é muito comum em empresas pequenas e/ou familiares.

DIVULGAÇÃO

vidar todo mundo de sua equipe para acom-

Fernando Gaspar fgaspar00@gmail.com

Consultor especializado na construção de indicadores gerenciais para varejo e serviços, instrutor de liderança e palestrante.

panhá-lo. Como nunca fui bom de copo, e a programação de atividades da convenção era

O relato acima, que mais parece um teatro do absurdo, é ve-

intensa e começava cedo, preferi ficar de fora

rídico e foi trazido a mim por um colega de mestrado durante um

dessa orgia alcoólica. Nas manhãs de sába-

debate sobre práticas abusivas no ambiente do trabalho. Sabe-se

do e domingo, ele apareceu na sala com uma

que a distorção de valores dentro de um grupo social pode ser tão

cara péssima, totalmente de ressaca junto

arraigada que passa a fazer parte do normal e aceitável. Essa situa-

com os colegas de copo, todos com uma ex-

ção se torna ainda mais dramática se a empresa não possuir me-

pressão típica de quem havia dormido muito

canismos de prevenção e amortecimento dessas más práticas, o

tarde e altamente alcoolizado. Obviamente,

que, aliás, é muito comum em empresas pequenas e/ou familiares.

ele e seus colegas de copo pareciam zumbis

Conselhos de ética ou de governança corporativa são quase um

ao longo do evento.

20

luxo quando pensamos no universo de pequenas e médias em-

Qual não foi minha surpresa, ao término

presas que povoa o varejo farmacêutico. E, como a gigante Petro-

da convenção, quando soube que o gerente

brás nos ensina, sua existência nem sempre garante as melhores

beberrão avaliou os colaboradores pela sua

práticas. Portanto, o que fazer?

participação no evento, dando uma nota me-

Fique alerta aos comportamentos de suas lideranças, certifi-

lhor para seus companheiros de copo. Ainda

que-se de que você não está estimulando que a “turma do mal”

disse, com todas as letras, que a turma boa

prevaleça e que os funcionários mais disciplinados não estejam

era a que caía na bebedeira com ele e que

sendo preteridos, jogados para escanteio como ovelhas negras.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015



recursos humanos

Inteligência emocional na liderança HUMBERTO TESKI

Líderes emocionalmente equilibrados desenvolvem relacionamentos mais éticos e inspiram confiança

A

Atualmente, percebemos uma tendên-

Podemos resumir, livremente, algumas dessas dimensões em

cia em se trabalhar os conceitos de auto-

autoconsciência ou se eu me conheço; autocontrole ou como eu ge-

conhecimento e inteligência emocional no

rencio minhas emoções; automotivação ou como eu me mobilizo e

ambiente corporativo, para que sejam de-

incentivo os outros; empatia/consciência dos outros ou se eu real-

senvolvidos líderes capacitados emocional-

mente considero as necessidades de outras pessoas; e habilidades

mente, capazes de alcançar os resultados

sociais, isto é, se eu gerencio e me relaciono bem com os colegas.

solicitados por suas respectivas empresas.

Líderes excepcionais costumam ter uma coisa em comum, se-

O debate atual não é mais direcionado

gundo Goleman. Além das tradicionais competências para o su-

somente ao conhecimento técnico e às ha-

cesso, como talento, ética e ambição, eles possuem um alto grau

bilidades gerenciais. O foco principal ago-

de inteligência emocional. Em sua pesquisa, comparando os que

ra é o que devemos fazer ou como inves-

se saíram extremamente bem em papéis de liderança com aque-

tir, contribuindo para que esse potencial de

les que eram simplesmente medianos, ele descobriu que cerca de

liderança se desenvolva nos colaboradores

90% da diferença em seus perfis se deviam à inteligência emo-

das organizações, com base nos seus prin-

cional e não à capacidade cognitiva.

cípios éticos e na visão de mundo.

Lucia Gadelha

luciagadelha@terra.com.br

Consultora especialista em Gestão de Recursos Humanos e capacitação de Líderes.

22

Outro fator primordial da inteligência emocional é conhecer

Como consequência, gradativamente

suas forças e suas fraquezas. Um líder emocionalmente inteligente

consolidam-se as competências necessá-

aprende a identificar suas áreas de força e fraqueza e analisa como

rias para que o líder efetive suas ações em

pode trabalhar com maior eficácia, potencializando os pontos for-

contribuições significativas, de acordo com

tes e desenvolvendo as competências a serem melhoradas. Essa

o planejamento estratégico das empresas

consciência gera a autoconfiança, que é um dos principais fatores

onde atuam.

da inteligência emocional.

O psicólogo americano Daniel Goleman

Nesse processo de autodesenvolvimento e gerenciamento das

é uma referência na abordagem da impor-

emoções, acredito e tenho vivenciado isso nas empresas que pes-

tância da Inteligência Emocional (IE), numa

soas emocionalmente equilibradas atuam com mais clareza de pro-

definição que pode ser conceituada como

pósitos pessoais e de carreira, lidando melhor com as frustrações.

“a habilidade de gerenciar nossas próprias

Esse alinhamento de objetivos e visões – da empresa e do líder –

emoções para lidarmos com as situações

são a base para o exercício de uma liderança ética e transparente,

da vida, tanto profissional quanto pessoal”.

consolidando uma real parceria nos relacionamentos e contribuin-

Em seu livro Trabalhando com a Inteligên-

do para um ambiente organizacional produtivo, em que todos os

cia Emocional, Goleman relaciona 24 com-

colaboradores, líderes e liderados têm a capacidade de aprender,

petências, agrupadas em cinco dimensões.

renovar e inovar continuamente.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015



SHUTTERSTOCK

capa

24

Revista da Farm谩cia 路 Novembro-Dezembro 2015


capa

O começo do fim? Proposta de corte de R$ 578 milhões no Aqui Tem Farmácia Popular acende o alerta vermelho, e área da saúde dá sinais de que vai sangrar ainda mais

O

O varejo farmacêutico levou um susto quando leu, na impren-

e não permitem ampliar mais a assistência

sa, no fim de setembro, que o orçamento do Ministério da Saúde

para atender à demanda de uma popula-

para 2016 está propondo um corte de R$ 578 milhões no Progra-

ção que vive cada vez mais e que enfren-

ma Aqui Tem Farmácia Popular. Se for aprovado, impactará dire-

ta desafios como a obesidade e a violência

tamente na oferta dos medicamentos com desconto para a po-

no trânsito. “Por isso, é essencial e urgen-

pulação, que deixará de existir e deverá sobrecarregar as redes

te se discutir com toda a sociedade novas

municipais e estaduais de saúde.

fontes de financiamento para a saúde, que

Neste momento de crise, a notícia não caiu nada bem, sinali-

assegurem a manutenção de um sistema

zando que a área da saúde vai pagar um preço alto pelos erros do

que realiza 4,1 bilhões de procedimentos

atual governo. Se a Câmara dos Deputados e o Senado aprovarem

ambulatoriais, 1,4 bilhão de consultas mé-

a proposta de corte, em 2016, somente os medicamentos contra

dicas e 11,4 milhões de internações; é pre-

hipertensão, diabetes e asma, que são gratuitos, permanecerão

ciso mais”, diz a nota.

no programa. Já aqueles destinados à contracepção, rinite alérgica,

O Ministério da Saúde esclarece ainda

doença de Parkinson, osteoporose e glaucoma, além das fraldas

que trabalha, neste momento, para a re-

geriátricas, perderão o desconto de 90%, subsidiado pelo governo.

composição de seu orçamento para 2016

A situação é ainda mais preocupante em relação aos procedi-

com a apresentação de propostas como a

mentos de média e alta complexidade, que deixarão de receber R$

utilização de recursos do DPVAT para ga-

5,3 bilhões. Soma-se a isso a redução de R$ 3,8 bilhões em gastos

rantir um aporte adicional de recursos. Para

com saúde, que deverão ser recompostos com emendas parlamen-

isso, vem atuando de maneira transparente

tares. No entanto, essa recomposição dependerá da sensibilidade

em busca de soluções para a situação que

dos parlamentares em devolver ao orçamento esses recursos de

preocupa e traz riscos à manutenção do Sis-

que dispõe livremente. Sendo assim, a situação que se coloca é de

tema Único de Saúde (SUS).

um lastro de R$ 9,1 bilhões, o que representa quase 10% do orçamento previsto para ser executado, neste ano, em ações e serviços

Desempenho do programa

públicos de saúde. O financiamento de serviços como hemodiálise

Hoje, o Programa Farmácia Popular do

e cirurgias eletivas está entre as ações que deverão ser afetadas e

Brasil conta com 34.382 estabelecimen-

a previsão é de que o orçamento deixe de atender à necessidade

tos, distribuídos em 4.431 municípios, sen-

dos últimos três meses de 2016.

do 528 unidades da rede própria, em 419

Em nota, o Ministério da Saúde lembra que, apesar de o orçamento da saúde ter triplicado em uma década, os recursos são finitos

municípios, e 33.854 farmácias e drogarias credenciadas em 4.411 cidades brasileiras.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

25


capa “O Aqui Tem Farmácia Popular é um dos programas governa-

Balanço dos últimos oito anos do Aqui Tem Farmácia Popular

mentais com maior credibilidade entre a população. E a parceria do poder público com a iniciativa privada só corroborou essa aceitação ao facilitar o acesso a medicamentos e impedir que a população interrompa seus tratamentos de saúde, especialmente para

UNIDADES VENDIDAS U 2007 2

R$

8.895.031

2014 20 2

R$

58.800.635

variação

combater doenças crônicas como diabetes e hipertensão”, observa Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da Abrafarma. Na comparação entre 2007 e 2014, a venda de medicamentos subsidiados passou de R$ 94,92 milhões para R$ 584,19 milhões, um aumento de 515,44%. E, em 2015, mesmo no cenário

561,05 5

%

adverso da economia, os indicadores seguem em curva ascendente. Segundo cálculos de janeiro a maio, a média mensal de faturamento chega a R$ 50,04 milhões, contra uma média de R$ 48,64 milhões de todo o ano passado. “A julgar por esses números e pela

CLIENTES ATENDIDOS

tendência de resultados superiores no segundo semestre, que te-

2007 0

R$

4.024.841

mos observado nos últimos anos, podemos terminar 2015 com

20 01114 0

R$

22.866.098

mácia Popular”, ressalta Barreto.

quase 25 milhões de brasileiros contemplados pelo Aqui Tem FarAtualmente, o programa representa 1,80% na participação to-

% 468,12 4 46 6

tal das vendas de medicamentos no País. Embora tímido, o índice confirma o crescimento permanente desde o início. Para a presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária (SBFC), Carmen Iris Tolentino, sem dúvida, o cofinanciamento agregou valor ao comércio farmacêutico e aumentou o acesso

VENDAS V R$

2014 2

dos pacientes aos medicamentos. “Sendo assim, considero um retrocesso, uma vez que o programa foi um grande avanço no se-

94.922.405 R$

tor. No entanto, parece que o governo quer transferir novamen-

584.193.981

te, para estados e municípios, a responsabilidade pela distribuição desses medicamentos, mas o sistema é precário. Não adianta di-

vvariação aria

zer que tem o programa gratuito se o medicamento não é dispoFREEPIK

515,44% FONTE: ABRAFARMA

26

nibilizado, se todas as vezes em que a gente chega em uma unidade de saúde esse medicamento está em falta. É preferível que ele seja subsidiado”, avalia Carmen.

Segundo a Associação Brasileira de Re-

Segundo a presidente da SBFC, é o momento de o comércio

des de Farmácias e Drogarias (Abrafarma),

farmacêutico começar a prestar mais atenção à fidelização dos

de 2007 a 2015, a média de clientes aten-

seus clientes, porque atualmente todo mundo tem Farmácia Po-

didos mensalmente passou de 335 mil para

pular. “Na verdade, não faz diferença entrar em uma farmácia ou

1,9 milhão. Em todo o ano passado, mais de

outra. É aproveitar que esses clientes ainda estão com eles para

22 milhões de brasileiros foram beneficia-

criar novas estratégias de fidelização, que não seja apenas o des-

dos e o número de unidades comercializa-

conto. Costumo dizer que é aquilo que construímos no momen-

das foi de 58,8 milhões, contra 8 milhões

to de crise, quando somos obrigados a descobrir uma saída, uma

do primeiro ano do programa.

alternativa”, acrescenta.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015



capa Do acerto ao erro

e demonstra a falta de gestão do Governo Federal”, assinala o di-

“Diminuir os recursos orçamentários do Programa Farmácia Popular é um retroces-

retor executivo da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico, Renato Tamarozzi.

so à política de acesso aos medicamentos.

O diretor de Assuntos Regulatórios da rede Big Ben, Salomão

Deveríamos estar discutindo a ampliação

Kahwage, acompanha de perto o assunto. Para ele, o maior impacto

do programa, que é um exemplo de eco-

será na vida dos pacientes usuários dos medicamentos atualmen-

nomia de recursos públicos, pois o governo

te subsidiados pelo programa. “Financeiramente, estamos falando

só paga após a dispensação, sem nenhu-

de um impacto de 14% para o comércio, que é substancial, mas o

ma responsabilidade ou custo sobre a ges-

volume maior do nosso atendimento vem dos medicamentos dis-

tão do estoque, exceto os da rede própria.

tribuídos gratuitamente e subsidiados pelo Saúde Não Tem Preço,

Portanto, reduzir o programa é lamentável

que são os para asma, hipertensão e diabetes”, explica.

Participação do Farmácia Popular/Total VENDAS

2,0 1,88% 1,69%

1,5 1,0

1,79%

1,80%

1,76%

1,53% 1,15%

1,03% 0,82%

0,5 0

UNIDADES U UN N

3,0 2,5

2,79%

2,93%

2,53%

2,57%

2.69%

2,75%

2,81%

2,79%

2013

2014

2015

2,0 1,88%

1,5 1,0

1,61% 1,05%

1,01%

0,5

0,85%

0

CLIENTES C

3,0 2,5 2,0 1,5 1,0

2.13%

1.95%

1.22%

1.34% 1.11%

0,5 2007 FONTE: ABRAFARMA

28

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

2008 2009

2010

2011

2012

FREEPIK

0


capa Na opinião dele, o fim do cofinanciamento é, sem dúvida, um

Congresso e sancionado pela presidente

retrocesso, pois significa que o governo vai abrir mão da capila-

Dilma Rousseff. Caso isso de fato venha a

ridade das farmácias para distribuir medicamento a baixo custo.

ocorrer, as farmácias podem perder parte

“As farmácias chegam a muitos locais onde o governo não con-

dos clientes, mas ele alerta que muitos pa-

segue estar presente. Por isso, a parceria com a iniciativa privada

cientes continuarão dependendo dos me-

deu muito certo. Os pacientes das regiões mais distantes vão fi-

dicamentos e não deixarão de comprá-los.

car desassistidos. A partir do momento em que as farmácias dei-

“Os gestores de farmácia precisarão de in-

xam de oferecer esses medicamentos com 90% de desconto,

teligência e estratégia para lidar com a pos-

essas pessoas irão procurar novamente a rede pública de saúde”,

sível queda nas vendas. Eu, por exemplo,

alerta Salomão.

vou baixar o preço e fazer uma campanha

“Costumo dizer que o Aqui Tem Farmácia Popular foi uma estratégia inteligente do governo do PT. Entre tanto erros, ampliar o

dizendo: o governo não te dá mais desconto, mas eu dou”, afirma Tamascia.

acesso de pacientes que precisam de tratamento contínuo foi um

Ainda que essa proposta seja aprovada

grande acerto. Isso reduziu as internações e o custo dos hospitais e,

sem nenhuma alteração, é importante es-

o principal, trouxe qualidade de vida para muita gente”, avalia Adria-

tarmos cientes de que o programa Saúde

no Oliveira, sócio diretor da Drogaria Retiro, em Volta Redonda.

Não Tem Preço, com gratuidade de medica-

Além disso, o empresário chama a atenção para um fator tam-

mentos para asma, hipertensão e diabetes,

bém relevante: a logística. “O governo já se mostrou incompeten-

não sofrerá nenhuma alteração. A gratuida-

te para administrar estoques. Cansamos de ver, na imprensa, notí-

de dos medicamentos representa 70% do

cias sobre produtos vencidos. Nesse programa, o governo trabalha

Aqui Tem Farmácia Popular. Portanto, o pro-

com o nosso estoque, não com o dele. Isso acaba trazendo retor-

grama continuará sendo importante para a

no financeiro na medida em que ele não precisa gerenciar nada e

rentabilidade das farmácias.

ainda não tem custo com espaço físico, funcionários e outras des-

É importante lembrar que o cenário

pesas. Foi uma decisão inteligente, porque transferiu essa respon-

que se desenha para 2016 não é definiti-

sabilidade para a iniciativa privada, que sabe trabalhar”, acrescenta.

vo. A proposta orçamentária é um projeto

O farmacêutico e empresário Ricardo Lahora Soares, que pro-

de lei que ainda será discutido no âmbito

move campanhas contra hipertensão e diabetes em sua farmácia,

do Congresso Nacional.

diz que esse corte, se ocorrer, será desastroso. “Se com a peque-

De uma forma ou de outra, o setor já

na parcela que tinha de pagar para a obtenção do medicamento

está se movimentando para tentar reverter

o paciente já deixava de fazê-lo devido a problemas financeiros,

a situação. O diretor da Associação Brasilei-

imagine agora sem o subsídio do governo”, declara o farmacêuti-

ra de Distribuição e Logística de Produtos

co, que prevê uma onda crescente do número de atendimento

Farmacêuticos (Abradilan), Geraldo Montei-

no SUS, agravando o caos em que a saúde pública já se encontra.

ro, solicitou uma reunião com o Ministério

O provável fim de parte do programa traz uma preocupação

da Saúde para tratar do assunto. Ainda sem

também comercial. “Receio haver impacto nos empregos, já que

data, participarão do encontro as principais

esse programa, em alguns estabelecimentos, responde por até

entidades nacionais, entre elas, Associação

25% do faturamento da farmácia”, pontua.

Brasileira do Comércio Farmacêutico (Abcfarma), Associação Brasileira do Atacado Far-

Setor já se mobiliza O presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia, acredita que existe grande chance de o projeto ser aprovado pelo

macêutico (Abafarma), Abrafarma e Febrafar, além da própria Abradilan. Acompanhe novas informações no site da Ascoferj: www.ascoferj.com.br.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

29




carreira

Dia do Balconista: um exército de milhares

SHUTTERSTOCK

Presente em todos os ramos, ele é um tipo de relações públicas entre cliente e empresa

32

N

No dia 30 de outubro, foi comemorado o

mil no comércio farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro, incluin-

Dia do Balconista. Não há um número oficial,

do os segmentos de manipulação e homeopatia. De 2010 a 2014,

mas estima-se que existam mais de 250 mil

no comércio varejista de produtos farmacêuticos sem manipulação

balconistas trabalhando em farmácias e dro-

de fórmulas, a atividade cresceu 35,5%, enquanto nos estabeleci-

garias no Brasil. Segundo dados do Relatório

mentos com manipulação esse crescimento foi de apenas 8,9%. O

Anual de Informações (RAIS), do Ministério

segmento de homeopatia, por sua vez, vem empregando cada vez

do Trabalho e Emprego (MTE), são mais de 12

menos, apresentando um declínio de 50% nos últimos quatro anos.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015


HUMBERTO TESKI

carreira De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), o balconista é aquele que vende mercadorias em estabelecimentos de comércio varejista, apresentando, demonstrando e embalando os produtos, para atender às solicitações dos clientes. Essa é uma definição simplificada e restrita para uma função que é muito mais complexa. Em geral, o balconista fica muitas horas em pé, enfrenta grandes cobranças por resultados e ainda precisa lidar com todo tipo de cliente, até mesmo aquele disposto a descarregar seus problemas e frustrações em cima dele. No comércio farmacêutico, há um desafio ainda maior: lidar com pessoas doentes e parentes sensibilizados, com nervos à flor da pele. É por essas e outras que o balconista é uma peça-chave no balcão da farmácia. O primeiro contato do cliente é com ele, portanto, sua simpatia pode fidelizar ou colocar tudo a perder.

Aparecida Aldeia, farmacêutica e ex-balconista com muito orgulho

“No passado, as empresas eram feitas de instalações, bons pontos e produtos. Observe do que são feitas as grandes empresas de hoje: não de instalações, mas de pessoas com ideias. Observe os lugares que você gosta de frequentar: são feitos de pessoas que

A experiência de cada um

lhe tratam bem. Estamos na era das pessoas. Quem inova? Pes-

Assim como os demais profissionais da

soas. Quem atende no balcão? Pessoas. Quem compra? Pessoas”,

farmácia, o balconista tem anseios, expec-

pontua Silvia Osso, especialista em varejo e autora dos livros Aten-

tativas e muitas histórias para contar. Afi-

der bem dá lucro, Administração de recursos humanos em farmácia

nal, a rotina deles é baseada na troca diá-

e Programa prático de marketing em farmácias.

ria com os consumidores. A balconista de

Segundo ela, boa aparência, educação, empatia e otimismo são

farmácia Sandra de Fátima Coelho Martins,

o básico para quem trata diretamente com o público. “Costumo

que tem 46 anos e atua mais de metade de-

chamar esses requisitos de imagem profissional. Ter conhecimento

les na profissão, garante que, para trabalhar

sobre o que se vende, ouvir os clientes e comunicar-se adequada-

com o público, é necessário ter bom hu-

mente são capacidades que chamo de competência profissional.

mor sempre. “Você precisa amar o que faz

Com esses dois atributos – imagem e competência – é possível fa-

e, a partir daí, superar qualquer dificuldade

zer um excelente atendimento e fidelizar clientes”, garante Silvia.

na farmácia. A troca com o cliente é sem-

O relacionamento interpessoal no trabalho pode definir o su-

pre enriquecedora. Aprendo todos os dias

cesso e o fracasso de um profissional. É cada vez mais importante

e chego a fazer amizades”, diz.

trabalhar em equipe e considerar que sozinho não se realiza nada.

Para Sandra, a relação, às vezes, é tão

“Na escola, no esporte e no trabalho, somos encorajados a com-

intensa que o balconista acaba se envol-

petir em vez de colaborar. Os problemas são apresentados para

vendo muito mais do que devia. “Certa vez

indivíduos e não para equipes. Os heróis que temos são apresen-

fiz a reserva de um medicamento para um

tados individualmente. Este é o desafio: o de entender que traba-

paciente, mas curiosamente ele não voltou

lhar em equipe, que olhar a farmácia como um todo é o melhor

para buscá-lo. Fiquei com aquilo na cabeça

para todos”, decreta a consultora. Dessa forma, ser colega de tra-

e então decidi ligar para a residência dele.

balho é ser educado e companheiro, mas não invasivo e íntimo. É

Para a minha surpresa, ele havia falecido. In-

preciso preservar a individualidade, evitando brincadeiras e mui-

felizmente, passamos por momentos como

tas conversas paralelas durante o expediente.

esse atrás do balcão”, conta.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

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carreira Quem também gosta de levar o trabalho

balconista e a importância do trabalho que ele realiza. “Isso me

com bom humor é o balconista Alex Cabral,

desmotiva em alguns momentos. Porém, sempre busco me re-

de 55 anos. Segundo ele, grande parte das

lacionar de maneira cordial, prestando um atendimento humani-

reclamações refere-se ao preço dos medi-

zado. Creio que o meu papel seja esse, para que ele saia satisfeito

camentos. “Os clientes desabafam com a

da farmácia”, defende.

gente, e o nosso trabalho é reverter a situação. Supero esses momentos com uma boa

Assumindo novos desafios

dose de alegria e, claro, solidariedade. Afi-

A carreira de balconista pode ser mais um degrau para aqueles

nal, eles já chegam na farmácia com a au-

profissionais que almejam ascensão profissional. As dificuldades e

toestima baixa”, diz Cabral.

os desafios, se superados com uma boa dose de coragem, podem

A profissão tem desafios diários, sendo

levá-los à gerência ou à faculdade de Farmácia, como é o caso da

preciso um bom jogo de cintura para lidar

farmacêutica Aparecida Aldeia, que trabalha há quase 30 anos na

com determinados acontecimentos na opi-

Farmácia Modelo de Bonsucesso.

nião da balconista de uma farmácia de ma-

Formada em Farmácia em 2006 pela Unigranrio, Aparecida

nipulação, Adriana Alvim, que tem 40 anos

conta que venceu muitas barreiras, entre elas o fato de que sua

e cinco de profissão. “Em nosso dia a dia, re-

formação em Magistério não ofereceu nenhuma base em Quími-

cebemos receitas médicas incompletas ou

ca. Somou-se a isso o fato de que trabalhava o dia todo e ainda

ilegíveis. O consumidor quer saber, pergun-

dependia de transporte público. Mas ela superou os obstáculos e

ta muitas coisas sobre os medicamentos e

conseguiu se formar. “Conhecer o balcão da farmácia me ajudou

fórmulas. Quando comecei a trabalhar na

muito. Hoje, consigo lidar bem com os balconistas da loja por-

farmácia, essas foram as minhas maiores di-

que entendo como eles pensam e quais são as suas principais di-

ficuldades. Naquele momento, a ajuda dos

ficuldades”, diz.

meus colegas foi essencial para eu não desistir da profissão”, compartilha.

Aparecida nunca enfrentou preconceitos por ter sido balconista. “Pelo contrário, sempre tive segurança no meu trabalho porque

A balconista Daiane Souza da Silva, de

procurava me aprimorar sempre. Mesmo antes de começar a fazer

24 anos, conta que existem casos em que

Farmácia, ensinei muitos farmacêuticos a manipular, pois trabalhei

o próprio cliente desvaloriza a profissão de

com isso a vida inteira”, relembra. Hoje, Aparecida já conta com um MBA em gestão no currícu-

Carlos Rodrigo: primeiro o balcão, depois a faculdade de Farmácia e agora o próprio negócio

lo dela e segue em frente participando da maioria dos cursos aos quais tem acesso. “Por um lado, penso que é ruim não ter tido outras experiências, mas, por outro, domino todo o mecanismo da farmácia onde trabalho. Conheço os clientes pelo nome e eles me levam presentes. Trazem os filhos e os netos para eu conhecer. E ainda me chamam de ‘a menina da farmácia’. Isso não tem preço”, acrescenta. Carlos Rodrigo da Silva Galvão iniciou a carreira como fiscal de loja, passou pelas funções de balconista e farmacêutico e chegou ao cargo de farmacêutico gerente. “Assimilei muito bem a transi-

DIVULGAÇÃO

ção da função de balconista para a de farmacêutico, pois, no balcão da farmácia, eu já procurava desenvolver a postura de farmacêutico, atendendo aos clientes e tentando sanar todas as dúvidas deles com relação aos medicamentos. Nos momentos vagos, es-

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Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015


carreira tava sempre lendo e buscando conhecimento com os farmacêuticos que estavam próximos a mim”, conta.

Seis dicas para você se destacar como balconista

Para Carlos Rodrigo, uma das principais vantagens em ter sido balconista é que você já conhece grande parte dos medicamentos. “Na faculdade, a gente não estuda nem 50% deles. Alguns farmacêuticos chegam à farmácia sem experiência de balcão, totalmente

1. Cuide da aparência.

perdidos e, se não se esforçarem, ficam à mercê do conhecimento dos balconistas. Eu mesmo já treinei muitos farmacêuticos quando era um deles”, lembra. Carlos Rodrigo acredita que o balconista é muito importante

2. Seja educado e gentil.

para a farmácia e que todo farmacêutico deve interagir com ele, com respeito e espírito de equipe, pois cada um, em sua função, é extremamente relevante para o sucesso do atendimento ao pacien-

as tarefas com o máximo 3. Execute de agilidade que conseguir.

te. “Hoje me considero um farmacêutico bem mais completo pelo simples fato de ter sido um balconista de medicamento”, afirma. Atualmente, Carlos Rodrigo tem sua própria farmácia, em Duque de Caxias, e conversa com seus pacientes pelo Whats’App, sa-

o trabalho em equipe, mas 4. Valorize preserve sua intimidade.

nando dúvidas e orientando sobre o uso correto de medicamentos. Por caminho semelhante está seguindo Ribamar Sousa. Ele já foi balconista e gerente, cursou faculdade de Farmácia e, atualmente, especializa-se em Farmácia Clínica. O balcão não foi suficiente,

os compromissos que assumir. 5. Cumpra

resolvendo apostar novas fichas na carreira. “Optei pela faculdade melhorar profissionalmente. Adoro estar próximo ao cliente e orientá-lo sobre os medicamentos”, declara.

Quem tem conhecimento 6. Estude. tem poder. FREEPIK

de devido às mudanças do mercado de trabalho e à necessidade

Para ele, a passagem pelo balcão foi uma escola. “A faculdade ensina a teoria, mas a prática para solucionar os problemas que surgem no dia a dia é adquirida na vivência com os clientes. O bal-

aulas de farmacologia, jogos e gincanas so-

cão ensina como as dificuldades são superadas. Se já temos esse

bre conhecimentos, provas e testes para

conhecimento, fica mais fácil assumir os desafios da profissão far-

aprendizagem, uso de fascículos de educa-

macêutica”, diz.

ção continuada, em que o profissional ad-

Portanto, quem quer crescer profissionalmente deve considerar a competência e a vontade de progredir, dois aspectos im-

quire conhecimento estudando no horário livre, pesquisas na internet, entre outras.

portantes. “A competência é o resultado da aplicação do conhe-

“Existem coisas das quais não gosta-

cimento, da habilidade e da atitude. Além de realizar muito bem

mos mesmo, mas temos que pagar o preço.

o seu próprio trabalho, é indispensável ter boa vontade e dispo-

Quanto ao tempo, vai uma pergunta: como

nibilidade para aprender novas funções ou tarefas dentro da far-

seremos profissionais competentes se não

mácia”, decreta Silvia.

tivermos tempo de investir em nós? A única

Algumas empresas do ramo desenvolveram suas próprias es-

coisa que sabemos é que o mercado e suas

tratégias para atualizar a equipe, como assinatura de revistas espe-

exigências são reais. Quem não tem tempo

cializadas, reuniões semanais em que cada funcionário é responsá-

para se desenvolver não tem tempo para o

vel por estudar e apresentar aos colegas um determinado assunto,

sucesso”, finaliza Silvia.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

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pequeno varejo

Na crise, seja essencialista A disciplinada busca por menos pode contribuir para se conseguir maximizar a produtividade

E

Em tempos de crise, mais do que em

Implantar mudanças de comportamento e processos é sem-

qualquer outro momento, devemos ser

pre mais fácil nas pequenas empresas do que nas grandes corpo-

essencialistas. Segundo o que preconiza o

rações. Nesse caso, o gestor da pequena empresa deve se valer da

recente best-seller Essencialismo: a discipli-

leveza e agilidade que um pequeno negócio possibilita para se li-

nada busca por menos, o gestor essencia-

vrar das tarefas e dos processos irrelevantes, a começar pelo pró-

lista é aquele que percebe mais claramen-

prio comportamento, ampliando para toda a equipe.

te a diferença entre o desnecessário do indispensável. Busca mapear o irrelevante, aquilo que não agrega valor ao negócio. Na crise, essa percepção, mais ainda a disciplina e, em certos casos, a coragem para

HUMBERTO TESKI

pôr em prática mudanças comportamentais, de processos e até estruturais podem fazer toda a diferença. A capacidade de se concentrar no essencial é parte do segredo do sucesso em

Marcos Assumpção marcosconsultor@globo.com

Consultor em planejamento, gestão por processos e gerenciamento de projetos.

um mundo hiperconectado e abarrotado de informações, opiniões, tarefas e estímulos. Nesse contexto, muitos empresários se sen-

No comportamento individual, o essencialismo passa pela se-

tem, ao mesmo tempo, sobrecarregados e

letividade, priorização, foco e disciplina para eliminar o desneces-

com baixa produtividade. Esse mal acaba

sário e concentrar no essencial.

por afetar toda a equipe e a percepção do gestor sobre ela.

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A capacidade de se concentrar no essencial é parte do segredo do sucesso em um mundo hiperconectado e abarrotado de informações, opiniões, tarefas e estímulos. Nesse contexto, muitos empresários se sentem, ao mesmo tempo, sobrecarregados e com baixa produtividade.

Sob o ponto de vista empresarial, não é muito diferente, mas algumas ferramentas ajudam na seletividade, análise, priorização e defini-

A sensação é que sempre estamos tra-

ção de foco, tais como a análise e melhoria de processos, eliminando

balhando demais e em atraso ou em débi-

atividades desnecessárias, automatizando o que for possível e libe-

to com algo ou alguém, seja no trabalho,

rando recursos outrora operacionais para focar o tático e o estratégico.

na família ou consigo mesmo. O problema

Na crise, decisões, ações e práticas essenciais podem fazer a di-

não é a falta de tempo, mas a dificuldade

ferença entre o sucesso e o fracasso. A disciplinada busca por me-

de se fazer escolhas, de sermos seletivos,

nos pode contribuir para se conseguir maximizar a produtividade

haja vista que existem recursos finitos para

por meio da essencialidade. Pode parecer paradoxal, mas buscar

possibilidades infinitas.

o menos significa fazer mais com menos.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015



premiação

Ascoferj celebra o Dia Internacional do Farmacêutico Prêmio reconhece profissionais que estão se destacando em várias áreas de atuação, entre elas, comunitária e magistral

FOTOS HUMBERTO TESKI

“A profissão requer sacrifícios e apren-

dizados permanentes, já que a ciência não para. Quem escolheu ser farmacêutico deve abraçar a causa com amor”, disse o prático em farmácia, empresário e responsável técnico de seu próprio estabelecimento, Ruy de Campos Marins, que é também um dos fundadores da Ascoferj. Pela trajetória de vida dedicada à farmácia e à assistência farmacêutica e pela carreira profissional traçada com zelo, dedicação e disciplina, Ruy de Campos Marins cedeu seu nome ao troféu entregue aos farmacêuticos premiados durante o evento em comemoração ao Dia Internacional do Farmacêutico, promovido pela Ascoferj, em 25 de setembro, no Rio de Janeiro. Este ano, a entidade inovou e quis reconhecer a contribuição que os farmacêuticos têm dado ao varejo. O objetivo da celebração foi reafirmar a crença de que não deve existir farmácia sem farmacêutico, cujo papel é indispensável à população que tanto precisa de seus cuidados.

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Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

Troféu idealizado para preservar a história de Ruy de Campos Marins


premiação “A Ascoferj entende que as empresas são feitas de pessoas. Portanto, a presença do farmacêutico é relevante no contexto da atenção à saúde do paciente, além de agregar valor ao negócio. Nos dias atuais, uma farmácia com farmacêutico presente durante todo o seu horário de funcionamento tem muito mais credibilidade, principalmente se ele realizar os serviços farmacêuticos”, defendeu o presidente da entidade, Luis Carlos Marins.

Conheça os premiados Nas áreas comunitária e magistral, quem ganhou o Troféu Ruy de Campos Marins foram os farmacêuticos e empresários Ricardo Lahora Soares e José Urias Gonçalves. Eles representam a classe farmacêutica que ousa empreender e abrir o próprio negócio. Ambos têm se destacado no que se propuseram a realizar. Ricardo tem chamado a atenção dos colegas e da população com as campanhas que realiza em sua farmácia, em Duque de Caxias, contra

Ruy de Campos Marins: agradecimento e emoção durante homenagem

hipertensão e diabetes. José Urias comanda uma farmácia de manipulação há 25 anos, fazendo da Analítica Farmácia de Manipulação um exemplo de empresa bem-sucedida no ramo. O farmacêutico e empresário Ricardo Lahora Soares ficou surpreso e afirmou não imaginar que um dia receberia um prêmio em reconhecimento ao trabalho dele. “Essa hora chegou, o que me deixa muito feliz. Precisamos buscar nossas origens e aperfeiçoar as atividades que realizamos com a sociedade. A profissão está em evolução e procuro sempre conhecimentos para oferecer o meu melhor”, declarou depois da cerimônia de premiação. “Estou há 41 anos nessa caminhada, e o prêmio me motiva. Acredito que motiva também meus colegas, para que continuem buscando melhorias na profissão e no segmento como um todo. Agradeço à Ascoferj por esse reconhecimento”, comentou José Urias. Além dessas duas áreas mais ligadas à Ascoferj, a entidade também reconheceu o trabalho do farmacêutico e empresário Ludmar

Público aplaude de pé o prático de farmácia que está fazendo história na profissão

Rodrigo Serrão, na categoria inovação. Ludmar vem se destacando nacionalmente pelo projeto inovador implantado na Farma Cura, farmácia localizada em Cerquilho, São Paulo. Lá, Ludmar desenhou

tema de pressão positiva em que o oxigê-

um modelo inovador, focado na farmácia clínica. Os clientes con-

nio passa por um filtro chamado Hepa, de

tam com uma equipe altamente treinada, com farmacêuticos dis-

espessura de 0,01 micra, garantindo a total

poníveis 24h por dia.

purificação e renovação do oxigênio, preve-

Além dos serviços farmacêuticos mais conhecidos, a Farma

nindo contra todos os tipos de micro-orga-

Cura tem soroterapia, revisão de medicamentos e atendimento

nismos e sem riscos de contaminação”, des-

domiciliar. “Em nossa área de injetáveis, desenvolvemos um sis-

taca o empresário.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

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premiação Conheça os ganhadores de cada categoria

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Maria Eline Matheus, representando o presidente do CRF-RJ, Marcus Athila; Ricardo Lahora Soares, vencedor na categoria farmacêutico comunitário; e Ruy de Campos Marins

Adriano Oliveira, diretor da Ascoferj; Márcia Gisele da Costa, vencedora na categoria hospitalar e clínica; e Ana Paula Queiroz, presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e conselheira federal pelo Estado do Rio de Janeiro

Jorge Luiz Coelho Mattos, vencedor na categoria farmacêutico industrial; Elisabete Valverde, da ABF; e Ricardo Valdetaro, vice-presidente da Ascoferj

André Teixeira Pontes, professor na Faculdade de Farmácia da UFF; Selma Rodrigues de Castilho, vencedora na categoria de docência e pesquisa; e Danilo Teixeira, diretor da Ascoferj

Ademir Valério, presidente da Anfarmag Nacional; José Urias Gonçalves, vencedor na categoria farmacêutico magistral; e Márcio Amaral, diretor da Ascoferj

Paulo Vicente, presidente da SBFC Regional Rio de Janeiro; Ludmar Rodrigo Serrão, vencedor na categoria inovação; e Fernanda Ramos, diretora da Ascoferj

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015


premiação Na área industrial, quem ganhou o Troféu Ruy de Campos Marins foi o farmacêutico Jorge Luiz Coelho Mattos. Para ele, todo profissional que recebe uma homenagem pelas atividades que exerce deve ficar muito satisfeito, pois é a prova de que o trabalho está sendo bem-feito. “Tenho orgulho em trabalhar na saúde pública e estar aqui hoje é uma honra”. Jorge Luiz é diretor industrial e farmacêutico responsável técnico pelo Instituto Vital Brasil, onde atua há 35 anos. Já passou por várias divisões da instituição e contribuiu com a ampliação da fitoterapia no SUS. Selma Rodrigues de Castilho foi a mais indicada na área de docência e pesquisa. Segundo ela, é muito gratificante juntar duas grandes paixões: sala de aula e farmácia. “É ótimo ver que a academia e a profissão caminham lado a lado com um único objetivo, construir um sistema de saúde melhor para a população brasileira. Só o farmacêutico é capaz de fazer com que a farmácia chegue aonde ela precisa, levando saúde a todos”, reconheceu Selma, professora universitária na Universidade Federal Fluminense

Grupo de teatro provoca gargalhadas no público durante esquete sobre a profissão farmacêutica

(UFF), coordenadora do programa Farmácia Universitária e pósdoutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos. Por fim, a farmacêutica Márcia Gisele da Costa ganhou com o profissional de destaque na área hospitalar e clínica. Todos os farmacêuticos premiados foram indicados pelas seguintes entidades: Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF -RJ), Associação Brasileira de Farmacêuticos (ABF), Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (Sbrafh), Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária (SBFC) e faculdades de Farmácia do Rio de Janeiro. Uma comissão criada pela Ascoferj avaliou os currículos e escolheu os vencedores.

Painel discute evolução da profissão farmacêutica Após a cerimônia de entrega dos troféus, os convidados assistiram ao painel A evolução do profissional farmacêutico, com a presença do farmacêutico e sócio diretor do Instituto Bulla, Cadri

Cadri Awad, sócio diretor do Instituto Bulla; Carmen Iris Tolentino, presidente da SBFC; e Beatriz Patriota, coordenadora de Atenção Farmacêutica da Secretaria de Saúde de Curitiba, no Paraná: painel sobre a evolução da profissão farmacêutica

Awad; da presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária (SBFC), Carmen Iris Tolentino, que tem viajado pelo país trei-

As perguntas direcionadas a Cadri Awad

nando farmacêuticos para a prática da farmácia clínica; e da coor-

mantiveram o foco em gestão empresa-

denadora de Atenção Farmacêutica da Secretaria de Saúde de

rial. Segundo ele, cada vez mais, os farma-

Curitiba, no Paraná, Beatriz Patriota. Ela coordenou a implantação

cêuticos estão interessados em desenvol-

do serviço de clínica farmacêutica na atenção básica do município,

ver habilidades de gestão e liderança. No

em parceria com o Ministério da Saúde.

entanto, é preciso somar a esses conhe-

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

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premiação cimentos a organização, a disciplina e a

periência e os desafios dessa empreitada, que, segundo ela, tem

motivação, para que o processo de ges-

chances de ser expandida para outros estados brasileiros. A ação

tão seja realmente bem-sucedido. Res-

faz parte de um programa federal para qualificar o serviço farma-

saltou também que os profissionais que

cêutico no sistema público de saúde. Iniciado em abril de 2014, o

decidirem trabalhar na gestão da farmá-

objetivo é identificar pacientes que tenham dificuldades no uso

cia deverão entender de outros assuntos,

correto de medicamentos, acompanhando e orientando-os de

principalmente, tributação.

forma que não abandonem o tratamento.

A presidente da SBFC, Carmen Iris, falou

“No início, os médicos estranharam o que estávamos fazen-

sobre a farmácia clínica e as principais difi-

do. Então, tivemos que fazer um trabalho com eles também, ex-

culdades para implantação dela na farmá-

plicando nossos objetivos e o motivo de estarmos ali, prestando

cia comunitária. “A farmácia clínica é uma

aquele tipo de assistência aos pacientes”, recordou. A farmacêuti-

grande conquista para o farmacêutico e ele

ca afirmou ainda que a expectativa é de que, até o fim do ano, a

precisa saber investir nisso. Hoje, existem

equipe tenha feito mais de cinco mil consultas. “Meu sonho é che-

diversos cursos que qualificam bem o pro-

gar o dia em que haverá uma fila de pacientes solicitando nosso

fissional”, comentou. Sobre as principais

atendimento, o que comprovará definitivamente a relevância do

dificuldades, Carmen disse que elas estão,

nosso trabalho”, concluiu.

principalmente, relacionadas à estrutura dos espaços físicos onde os serviços serão ofe-

O que eles pensam da iniciativa

recidos aos clientes. “Os colegas reclamam

Empresários e farmacêuticos que celebraram com a Ascoferj

da falta de espaço nas farmácias para reali-

o Dia Internacional do Farmacêutico comemoraram o sucesso do

zar o atendimento”, pontuou.

evento. “Foi uma iniciativa inovadora da Ascoferj, já que é uma en-

Curitiba foi o primeiro município do Brasil

tidade patronal. Vimos o quanto ela está ao nosso lado, reconhe-

a implantar a farmácia clínica no SUS. Du-

cendo que nossa presença é indispensável nas farmácias e droga-

rante o painel, Beatriz compartilhou a ex-

rias”, comentou o presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária Regional Rio de Janeiro, Paulo Vicente. A presidente da Associação Brasileira de Farmacêuticos (ABF), Elizabete Valverde, disse que o evento colocou em evidência o trabalho do farmacêutico. “Vivemos em um mundo globalizado e mostrar a importância desse profissional é muito importante”. Quem também se sentiu honrada em comemorar o Dia Internacional do Farmacêutico foi a consultora farmacêutica da Ascoferj e integrante da comissão do evento, Ana Lucia Caldas. “Agradeço a Ascoferj e a toda a diretoria pela oportunidade e confiança no meu trabalho. Diante de tantos que me alertavam que a proximidade com o comércio farmacêutico seria negativo para minha carreira, agradeço a Deus por fechar meus ouvidos nesse momento e abrir meus olhos para a possibilidade de contribuir com a educação farmacêutica, principalmente com todos os farmacêuticos que trabalham nas farmácias comunitárias, pois penso que eles são o profissional de saúde que, atual-

Evento termina com um bolo e um brinde ao Dia Internacional do Farmacêutico

42

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

mente, tem mais oportunidade de estar próximo ao paciente”, declarou Ana Lucia.



premiação

Homenagem a Ruy de Campos Marins Troféu recebe o nome de um dos fundadores da Ascoferj

N

No Dia Internacional do Farmacêutico,

cesso. Seu Ruy, como é conhecido, não é formado em Farmácia,

25 de setembro, os farmacêuticos indicados

mas tem o sentimento e a alma de um farmacêutico. Sua trajetória

foram premiados com o Troféu Ruy de Cam-

profissional mostra que ser farmacêutico está além do diploma, pois

pos Marins. O nome prestigia um dos fun-

igualmente importantes são a postura, a integridade e o caráter de

dadores da Ascoferj, que tem sua trajetória

um profissional exemplar, que, ainda hoje, aos 89 anos, se dedica

profissional voltada à profissão farmacêutica.

a cuidar das pessoas. “É muito gratificante ser lembrado no Dia In-

Ruy de Campos Marins é prático de far-

ternacional do Farmacêutico, uma data especial, que, tenho certe-

mácia, empresário e responsável técnico por

za, marcará a história da Ascoferj e desses profissionais”, declarou.

seu estabelecimento, localizado em Bonsu-

O registro de número 53 no Conselho Regional de Farmácia do

HUMBERTO TESKI

Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ) é uma prova de que o empresário começou cedo. Com 17 anos, veio para o Rio de Janeiro e se formou em Prático de Farmácia, com a chancela do Ministério de Educação e Saúde, que, na época, eram um só. Nesse período, já era sócio da Farmácia Vitória, em Bonsucesso. Alguns anos depois, abriu uma filial em Del Castilho, a Santa Rita de Kassia, e a Farmácia Muciano, em Ramos. Entre idas e vindas, retornou à Farmácia Vitória como sócio em 1964 e, posteriormente, adquiriu a Farmácia Modelo, em funcionamento até hoje, onde comanda uma equipe de 13 profissionais. Seu Ruy sempre foi muito envolvido com a profissão farmacêutica e, por isso, fez parte da história de importantes entidades e órgãos do setor, como Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ), Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Município do Rio de Janeiro (Sincofarma/RJ), Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFARMA), Ascoferj e CityFarma. “A ABCFARMA nasceu de um sonho, pois nosso desejo era criar uma entidade que pudesse defender nacionalmente nossos interesses, que pudesse brigar em nosso nome no Congresso Nacional”, lembrou. Já a sua participação na fundação da Ascoferj se deu pelo interesse em ajudar nas causas do varejo farmacêutico e auxiliar os proprietários de farmácia. Ruy de Campos Marins no balcão da farmácia, em Bonsucesso: um lugar onde se sente em casa

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Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015



nosso negócio

Planos, planejamento e ação O único lugar em que “sucesso” vem antes de “trabalho” é no dicionário. Na prática, ele vem depois de muito esforço e dedicação ao negócio

F

Fim de ano geralmente é assim: refleti-

DIVULGAÇÃO

mos sobre os 12 meses transcorridos e ava-

mos executar e agir em prol desses quereres cria todo um movimento para que eles, de fato, se concretizem.

liamos o que podemos e queremos melho-

Provavelmente, você já ouviu falar que o único lugar em que

rar no ano vindouro. É como se fosse uma

“sucesso” vem antes de “trabalho” é no dicionário. O empresário

mudança de ciclo. E é importante esse pro-

precisa conhecer a situação do seu setor, levando em conta os fa-

cesso de pensarmos no que vamos melho-

tores econômico, jurídico, estrutural, de entrada de produtos subs-

rar no que vem a seguir.

titutos e tudo o mais que afete o negócio diretamente.

As empresas necessitam disto: plane-

O planejamento estratégico e orçamentário da empresa deve

jamento. Planejamento orçamentário, de

ser contínuo e dinâmico. Um erro muito comum é criar um ótimo

metas, de crescimento. Planejamento para

plano e depois engavetá-lo, perdendo de vista o que está acon-

melhorar performances, como na percepção

tecendo no mercado.

de qualidade pelo cliente, na agilidade e na

Importante também é fazer o acompanhamento e a avaliação

confiabilidade em algum serviço prestado.

desse planejamento por meio de indicadores no decorrer do pro-

Planejamento para dar foco, delineando, des-

cesso, para que se mensurem e otimizem as ações de forma a se

sa forma, um caminho com mais precisão.

atingir o resultado esperado.

Temos também o nosso planejamento

Quer uma forma simples de fazer seu planejamento pessoal?

pessoal, que é tão importante quanto. En-

Pegue um pedaço de papel e escreva os seus projetos para o ano

tender o que queremos, decretar que va-

vindouro. Depois, é só guardar. Seus projetos estarão determinados em sua mente, como seus quereres. No fim do ano seguinte, abra esse papel e avalie o que realizou. E o que não realizou.

Fernanda Ramos

Dará um gosto enorme de vitória ao ver o que conseguiu concre-

nandaramos8@gmail.com

Farmacêutica, empresária e diretora da Ascoferj

Entender o que queremos, decretar que vamos executar e agir em prol desses quereres cria todo um movimento para que eles, de fato, se concretizem.

tizar durante o ano. Quanto ao que não conseguiu realizar, avalie até onde a falta de êxito foi por causa de um esforço mal dimensionado ou direcionado de sua parte, circunstâncias externas que inviabilizaram ou se esse não seria um êxito apropriado e que, então, não era para acontecer. Tenha fé. Desejo a todos um feliz Natal e que, em 2016, todos os bons e apropriados planos sejam concretizados. Que Deus os abençoe.

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Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015



treinamento

Mônica Lenzi palestra na Ascoferj Educadora em diabetes qualifica profissionais para o atendimento ao paciente diabético

A

A diabetes é uma doença silenciosa que

Essas e outras informações foram apresentadas no workshop

afeta milhares de brasileiros. A cada sete se-

Aumente seu faturamento fidelizando o paciente diabético, minis-

gundos, morre uma pessoa com complica-

trado pela farmacêutica e educadora em diabetes Mônica Len-

ções devido à enfermidade. O Brasil está em

zi, no dia 8 de outubro, na Ascoferj. No dia anterior, ela esteve

quarto lugar na escala mundial dos países

em Cabo Frio.

com o maior número de diabéticos. Em pri-

Durante o workshop, Mônica citou exemplos de como a farmá-

meiro está a China, que vem seguida da Ín-

cia pode contribuir com a educação do paciente diabético. De acor-

dia e dos Estados Unidos.

do com ela, o farmacêutico é o profissional de saúde mais próximo à população, o que contribui bastante para o controle da doença. “Pessoas com diabetes visitam uma farmácia, no mínimo, uma vez ao mês, para adquirir medicamentos e outros assessórios. Por que não oferecer um atendimento diferenciado?”, pontuou. Segundo o gerente regional da Sanofi, Sérgio Alves, empresa patrocinadora do workshop, o maior desafio do ponto de venda é capacitar a equipe. “As pessoas que lidam diretamente com o paciente diabético precisam buscar informações que as ajudem durante o atendimento. Quando se tem informação, consegue-se sair na frente da concorrência”, acrescentou. A farmacêutica Analícia Gomes da Silva, que assistiu ao workshop, disse que o conteúdo apresentado foi atual e relevante, e que vai aplicar as dicas no dia a dia da farmácia onde trabalha. “Aprendi, por exemplo, que devemos manter os produtos para portadores de diabetes em uma mesma gôndola, facilitando a compra”, comentou. “Não sabia como utilizar a caneta para aplicação de insulina. Participando do workshop, tive a oportunidade de aprender na prá-

ASCOFERJ

tica. E agora terei base suficiente para auxiliar o paciente que che-

Mônica Lenzi, educadora em diabetes

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Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

gar à farmácia precisando de ajuda. A atualização de conhecimento é fundamental para quem deseja sair na frente”, afirmou o farmacêutico Ronald Santana.



consultor tributário

Administração financeira Quanto mais consolidada for uma empresa, maior será sua capacidade de superar a crise

HUMBERTO TESKI

U Henrique Tavares

henriqueavant@hotmail.com

Consultor em varejo farmacêutico.

Uma das grandes preocupações da administração é a con-

empréstimos de curto prazo costumam ser

solidação financeira das empresas. Em finanças, dizemos que

os recursos mais caros de que dispõe a em-

a empresa A está mais consolidada do que empresa B quan-

presa para �nanciar seu capital de giro. Por-

do possui maior capacidade de atravessar uma crise financeira

tanto, não é inteligente �nanciar-se com ele.

sem se desestruturar. Assim, quanto maior for sua capacidade

As disponibilidades devem ser conso-

de enfrentar um período de prejuízos sem quebrar, mais con-

lidadas antes do imobilizado, e o motivo

solidada ela estará.

é simples: o que quebra uma empresa é a

Fazendo uma analogia, ninguém vive para ficar doente. No en-

falta de caixa (ou seja, de disponibilidades)

tanto, as doenças acontecem. Quanto mais saudável for um indi-

e não a de imobilizado. O imobilizado não

víduo, maior será sua capacidade de enfrentar e superar a enfer-

paga contas. Já as disponibilidades são uma

midade e voltar a ter uma vida normal. O mesmo acontece com

conta tão importante que existe um depar-

as empresas. Nenhuma empresa foi feita para perder dinheiro. No

tamento só para cuidar delas – a tesouraria

entanto, fatos adversos acontecem, muitas vezes fora da esfera da

– e um relatório de apresentação obrigató-

ingerência dela, provocando prejuízos. Quanto mais consolidada

ria somente para acompanhar a evolução

for, maior será sua capacidade de enfrentar e superar uma crise fi-

do seu saldo – a Demonstração do Fluxo

nanceira e voltar a ter uma vida normal.

de Caixa (DFC).

Em uma empresa fragilizada, o prejuízo é predatório a partir do

A função da DFC é compreender como

primeiro momento. Da mesma forma que o médico, para avaliar

o caixa está sendo gerado ou destruído na

a saúde de um paciente, divide organismo dele em sistemas – di-

empresa. Administrar financeiramente é ter

gestivo, respiratório, etc. –, o analista financeiro, para avaliar o grau

um olho no Demonstrativo de Resultado do

de consolidação de uma empresa, analisa seus principais ativos: as

Exercício (DRE) e outro na DFC, porque não

disponibilidades, os recebíveis, os estoques e o imobilizado, veri-

basta a empresa gerar lucro. É preciso que

ficando se esses sistemas estão funcionando satisfatoriamente.

gere caixa também. Uma empresa pode dar

Dizemos que as disponibilidades de uma empresa estão consolidadas quando ela é capaz de liquidar seus compromissos sem

50

lucro e quebrar por falta de caixa, pois nem todo lucro vira caixa.

recorrer a empréstimos de curto prazo. Quanto mais dependente

Dessa forma, valorize as análises finan-

uma empresa for desse tipo de empréstimo, mais fragilizado estará

ceiras da sua empresa e monitore os indi-

seu “disponível”, exceto se o custo dos empréstimos de curto pra-

cadores financeiros para manter a sua em-

zo for inferior ao custo do capital próprio. Isso acontece porque os

presa saudável.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015



pesquisa

Cresce conhecimento da população sobre o papel do farmacêutico Pesquisa mostra que 61% das pessoas entrevistadas entendem que ele é o profissional responsável pela dispensação do medicamento

A

A Ascoferj encomendou uma pesquisa

De acordo com os dados obtidos, 61% das pessoas entrevis-

à Fórmula Consultoria, empresa júnior de

tadas entendem que o farmacêutico é o profissional responsável

pesquisa da Universidade Federal do Rio

pela dispensação do medicamento no balcão. Além disso, 67% das

de Janeiro (UFRJ), com o objetivo de en-

respostas mostram que os consumidores sabem que o farmacêu-

tender o quanto as pessoas sabem sobre o

tico pode fazer a verificação da pressão arterial.

papel do farmacêutico dentro de uma dro-

Também chama a atenção o fato de que 60% dos entrevista-

garia. No dia 5 de agosto, durante o even-

dos atribuem ao farmacêutico a indicação do melhor medicamento

to que comemorou o Dia Nacional da Far-

para o paciente. De acordo com a lei, a indicação só pode ser feita

mácia, no Largo da Carioca, 450 pessoas,

quando o medicamento for isento de prescrição.

entre 20 e 60 anos, foram entrevistadas.

Um dado preocupante obtido é que 31% dos entrevistados

Desse total, 89% responderam que “o far-

acreditam que o farmacêutico pode alterar e/ou corrigir a prescri-

macêutico é responsável pela dispensação

ção médica. No entanto, apenas quem pode prescrever e alterar o

e pela atenção farmacêutica, voltada para

tratamento é o médico. Nesse caso, o farmacêutico é responsável

a maior proximidade entre o paciente e o

pelo acompanhamento do tratamento farmacoterapêutico, pela

profissional, visando à potencialização dos

conciliação terapêutica e pela revisão da farmacoterapia. Apenas

resultados clínicos do paciente”. Já os 11%

32% das pessoas responderam estar cientes disso.

restantes optaram por dizer que “o farma-

Mesmo não sendo uma prática ainda muito comum em dro-

cêutico é responsável pelo atendimento no

garias, 55% dos entrevistados disseram saber que o farmacêutico

balcão com o objetivo apenas de dispensar

pode realizar teste de glicemia sanguínea capilar e 67% afirmaram

o medicamento”.

que sabem que ele pode aferir a pressão arterial. Esses dois servi-

A segunda pergunta do questionário foi mais detalhada, com 14 alternativas,

52

ços estavam sendo disponibilizados ao público de rua no evento da Ascoferj, no Dia Nacional da Farmácia.

podendo o entrevistado assinalar mais de

Mais de 40% das pessoas responderam ter ciência de que o

uma opção. Entre elas estavam atribui-

farmacêutico pode realizar serviços como verificação da tempe-

ções do farmacêutico citadas pela Reso-

ratura corporal, aplicação de medicamentos injetáveis, realização

lução nº 499/2008, do Conselho Federal

de curativos de pequeno porte, execução de procedimentos de

de Farmácia.

inalação e nebulização.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015


pesquisa De 450 entrevistados, 336 pessoas deram sua opinião sobre qual serviço gostariam de encontrar nas drogarias. Entre as respostas, 25% afirmaram que gostariam que o farmacêutico fosse mais atuante, no sentido de dar mais orientação sobre os medicamen-

Papel do Farmacêutico na drogaria Atendimento no caixa

14%

tos e acompanhar o tratamento dos pacientes.

Dispensação do medicamento no balcão

Dificuldade em reconhecer o farmacêutico dentro da farmácia

Verificação da temperatura corporal

As pessoas entrevistadas afirmaram também não conseguir reconhecer o profissional farmacêutico dentro das drogarias, por falta de uma devida identificação. Ainda que grande parte dos entrevistados esteja ciente das atribuições dele, muitos não encon-

61%

45%

Registro do estoque da farmácia

48%

Aplicação de medicamentos injetáveis

tram esses serviços com facilidade nas farmácias que costumam frequentar, como é o caso da aplicação de injetáveis e a aferição

Alteração e a correção de prescrição médica

31%

de pressão arterial. O perfil das farmácias e drogarias no Brasil está mudando, nes-

Realização de curativos de pequeno porte

43%

se sentido, as atribuições do farmacêutico também estão se alterando. O farmacêutico contemporâneo atua no cuidado direto ao

Execução de procedimentos de inalação e nebulização

45%

paciente, promove o uso racional de medicamentos e de outras tecnologias em saúde, redefinindo sua prática a partir das necessidades dos pacientes, família, cuidadores e sociedade. Pelos dados obtidos e pela análise realizada, foi possível perceber que as atribuições do farmacêutico mais conhecidas pela população são

59%

Colocação de brincos

27%

Verificação da pressão arterial

67%

aquelas que realizam a interface farmácia-paciente, mesmo o profissional de farmácia não sendo facilmente identificado.

Teste de glicemia sanguínea capilar

“Foi uma surpresa a quantidade de pessoas que demonstrou conhecer o papel do farmacêutico. No geral, mais da metade dos respondentes entendem esse papel. No entanto, as maiores reclamações se concentraram nos seguintes aspectos: baixa atuação do

Sutura de ferimentos profundos

15%

Indicação do melhor medicamento para o paciente

60%

farmacêutico nos estabelecimentos comerciais, falta de orientação profissional sobre os medicamentos e falta de esclarecimentos sobre os tipos de serviços que podem ser prestados pelo farma-

Acompanhamento do tratamento do paciente

32%

cêutico nas drogarias. Outro ponto percebido na pesquisa ressalta que muitos clientes confundem o farmacêutico com o balconista,

55%

FÓRMULA CONSULTORIA

e por isso sentem falta de sua atuação”, comentou Ana Luiza Ramos Costa, Assessora de Projetos da Fórmula Consultoria.

tico, tais como: uniformização inadequada,

Para a farmacêutica e diretora da Ascoferj, Fernanda Ramos,

postura, insegurança do farmacêutico, entre

os resultados da pesquisa foram bastante satisfatórios, pois mos-

outros. “Para um profissional ter visibilida-

traram que está claro para o consumidor o papel do farmacêutico

de e segurança em sua atuação, ele preci-

como um profissional cuidador da saúde dentro do estabelecimento.

sa ser treinado e ter acesso a informações

Fernanda acrescenta que vários fatores podem estar contribuindo

e conhecimentos pertinentes à sua área

para que as pessoas tenham dificuldade em identificar o farmacêu-

de atuação. Isso é fundamental”, disse.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

53


indústria

A ruptura e o novo mercado Medicamento equivalente (EQ) introduz uma nova dinâmica no setor e exige que varejo reavalie modelo de negócio

C

Cada vez mais, a competitividade do

macêutica para a comprovação de sua eficácia. Não basta serem

setor exige uma nova postura empresarial,

cópias fiéis dos medicamentos de referência, precisam passar por

pois condições macroeconômicas, mudan-

análises comprobatórias para receberem a chancela do registro de

ças estratégicas comerciais da indústria e do

aptos à comercialização.

distribuidor, mudanças na legislação, alte-

À primeira vista, somente a indústria precisa se preparar, aten-

rações no comportamento do consumidor

der às novas normas e investir para que seu produto chegue ao

e mais concorrência são fatores externos

mercado. Porém, as farmácias estão sendo postas à prova porque

ao negócio que parecem fugir ao controle.

essa estratégia afeta o modelo de negócios utilizado há anos pelas

DIVULGAÇÃO

O empresário aprende muito desde que

Mauro Pacanowski mauro@pacanowski.com.br

Professor e consultor da FGV

o negócio começa. Ele precisa ter uma vi-

Interessante notar que a estratégia adotada pelas redes sem-

são macro da empresa no que diz respeito

pre foi a de privilegiar os medicamentos de referência, atender ao

a controle financeiro, elementos operacio-

receituário de forma positiva para serem indicadas pela classe mé-

nais, compreensão do mercado e entendi-

dica. Com a consolidação dos genéricos, elas passaram também

mento das leis. Trabalhar num segmento

a atuar fortemente nesse nicho, tendo como prêmio o aumento

altamente regulado demanda uma obser-

da rentabilidade.

vação constante. E uma das formas de aten-

Por outro lado, as farmácias independentes sempre privilegia-

der ao “novo” mercado é ser mais partici-

ram a indústria de similares, aquela que ainda não havendo con-

pativo e atuante.

quistado a confiança da classe médica tinha no varejo seu ponto

Uma decisão fundamental para a maioria das farmácias independentes está relacio-

forte de comercialização e fidelização. Dentro desse cenário, ficaram claras as diferenças estratégicas adotadas.

nada ao modelo de negócio que veio com

A atuação dos similares atendeu a um modelo de negócio que

a implantação de uma nova categoria de

fortificou a lucratividade do varejo independente. Entretanto, ago-

medicamentos: os equivalentes (EQ), que

ra, essa prática de gestão deverá ser revista para que o negócio se

se juntaram à categoria de medicamentos

mantenha sustentável.

genéricos e de referência (marca), suprimindo a nomenclatura similar.

54

pequenas e médias empresas do setor farmacêutico.

Com a nova dinâmica regulatória, a política do varejo será reavaliada, pois os fabricantes de medicamentos equivalentes terão

Em primeiro lugar, parece uma simples

maiores custos com o controle de qualidade, com a certificação

movimentação administrativa e fiscalizató-

de fornecedores e com as atividades de marketing, porque a con-

ria à qual a indústria deve se adequar, ofe-

corrência se dará muito mais nos atributos de cada medicamento,

recendo maior transparência na qualidade

na disputa por mais espaço nas gôndolas e estoques, no conhe-

e credibilidade de seus medicamentos, que

cimento técnico dos farmacêuticos e no estreitamento das rela-

agora passam também por testes de bio-

ções comerciais, o que resultará em uma completa reestruturação

disponibilidade relativa e equivalência far-

administrativo-financeira e mercadológica.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015


consultora farmacêutica

Reconciliação de medicamentos

P

Prevenir erros de medicação tem sido um grande desafio a to-

tas; e a reconciliação, com a identificação

dos os que atuam na área de saúde. A prevenção deve ser pautada

das discrepâncias entre os medicamentos

na aplicação de medidas que não apenas previnam os erros, mas

prescritos em cada ponto de transição e a

que identifiquem os possíveis eventos a tempo de evitar que atin-

correção das prescrições juntamente com

jam os usuários e que também reduzam as suas consequências.

o médico.

No Brasil, alguns hospitais desenvolvem protocolos para elabo-

Importante ressaltar que, nas farmácias

ração de listas completas de medicamentos, mas ainda são pou-

comunitárias, também seria interessante ter

cos os estudos sobre reconciliação de medicamentos nos serviços

protocolos de implantação de reconciliação

de saúde. Faz-se necessário adequar esse importante processo

de medicamentos, de forma que os pacien-

à realidade das nossas instituições para que efetivamente possa

tes passassem por um atendimento farma-

contribuir para a prevenção de erros de medicação. A intenção da

cêutico em que a reconciliação estivesse

reconciliação é evitar ou minimizar erros de transcrição, omissão,

programada, tendo em vista que, mesmo

duplicidade da terapia e interações medicamentosas.

sem alteração de nível de assistência, é na

A reconciliação de medicamentos tem se mostrado uma ferramenta muito importante para a segurança de pacientes nos diver-

HUMBERTO TESKI

Importante ferramenta para a segurança de pacientes nos diversos setores e níveis da assistência à saúde

farmácia que os medicamentos prescritos são dispensados.

sos setores e níveis da assistência à saúde e deve ser colocada em

Atualmente, cada vez mais os pacientes

prática, principalmente, para pacientes ambulatoriais e internados.

são atendidos por vários médicos, de diver-

Sendo parte integrante da atenção farmacêutica, a reconci-

sas especialidades, e todos prescrevem vá-

liação de medicamentos é um cuidado direcionado ao paciente

rios medicamentos, sem uma comunicação

e consiste na obtenção de uma lista completa, precisa e atualiza-

entre eles acerca dos medicamentos já uti-

da de todos os medicamentos que os pacientes utilizam em casa,

lizados. Nesse contexto, a atuação do far-

incluindo nome, dosagem, frequência e via de administração do

macêutico é de extrema importância para

medicamento. Essa lista deve ser comparada com as prescrições

identificar problemas relacionados a me-

médicas feitas na admissão, transferência, consultas ambulato-

dicamentos, pois é por meio da conversa

riais e altas hospitalares, visando garantir a farmacoterapia de for-

com o paciente e com a família que se tor-

ma individualizada.

na possível conferir os medicamentos uti-

A entrevista com os pacientes ou seus responsáveis é funda-

lizados em casa, orientar sobre o uso ade-

mental nesse processo. O Institute of Health Improvement (IHI)

quado e identificar possíveis discrepâncias

recomenda que a reconciliação de medicamentos contemple três

entre eles. Na detecção de erros, o farma-

etapas: a verificação, com a coleta de informações sobre os medi-

cêutico deve comunicar oficialmente ao

camentos; a confirmação de medicamentos e dosagens prescri-

médico prescritor.

Ana Lucia Caldas analulcaldas@gmail.com

Farmacêutica, gerontóloga e especialista em atenção farmacêutica.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

55


evento

Inovação e criatividade alavancam vendas no setor

FOTOS HUMBERTO TESKI

Feirão de Negócios da Rio Drog’s confirma que segmento caminha bem, mesmo em período de crise no País

56

A

Tijuca Tênis Clube, no Rio: Feirão da Rio Drog’s lota o espaço

A atual situação econômica do Bra-

seus empregos. Assim, não conseguiram dar continuidade aos

sil não tem sido nada favorável para a

objetivos, passando a diminuir os gastos mensais, comprando

população, empresários e empregados.

apenas o essencial.

Neste ano de 2015, o cenário é de mui-

Mesmo com toda a situação negativa que o País vive e as altas

ta preocupação, pois diversos empreen-

taxas de desemprego e inflação, alguns setores conseguiram es-

dedores deixaram de investir e, conse-

capar da crise, já que são considerados essenciais para a socieda-

quentemente, trabalhadores perderam

de, como é o caso do setor de medicamentos.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015


evento O diretor executivo da Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan), Geraldo Monteiro, afirma que o segmento de distribuição se manteve estável, mesmo o cenário não sendo de muitos investimentos. “É lógico que, se compararmos os nossos resultados com os anos anteriores, este ano não foi de lucros altos. Porém, se a comparação for feita com outros segmentos, o nosso teve um crescimento favorável em um período de crise”, avalia.

Rio Drog’s alavanca com Feirão A distribuidora de produtos farmacêuticos e perfumaria Rio Drog’s mostrou que está superando muito bem a crise com a segunda edição bem-sucedida do Feirão de Negócios. O encontro aconteceu no dia 23 de setembro, no Tijuca Tênis Clube. Além da feira, o público assistiu ao stand up comedy do humorista Sérgio Mallandro e participou de promoções e do sorteio de três carros.

Luis Carlos Marins, presidente da Ascoferj; Ricardo Scaroni, gestor da Rio Drog’s; Graziele Cristina Lucato, gerente de Marketing e Comercial da ABCFARMA; e Bruno Freire, diretor da Rio Drog’s

Mais uma vez, o clube ficou lotado com a presença de proprietários, gestores e compradores de farmácias e drogarias, que foram ao local para aproveitar as ofertas oferecidas pelos parceiros comerciais da distribuidora. Mesmo o Brasil passando por um momento de crise econômica, o sócio diretor da Rio Drog’s, Bruno Freire, afirmou que os resultados superaram as expectativas de 2014, com vendas bastante significativas. “O balanço e os números são confidenciais, mas posso garantir que o Feirão de 2015 foi histórico”, disse. O diretor comentou ainda que recebeu muitos feedbacks positivos de pessoas que compareceram ao Feirão e acrescentou que a oportunidade é excelente tanto para os negócios como para o relacionamento entre indústria e varejo. “Estamos caminhando para nos tornarmos referência em evento no canal farma. Por ser a segunda edição, esperávamos resultados maiores que no ano passado e foi o que aconteceu. O crescimento das vendas e também a presença dos clientes foram bastante expressivos nesta segun-

Alexandre Rodrigues, da Drogaria Maxfarma Cabuçu, é o vencedor do sorteio do carro

da edição, o que me deixou bastante feliz”, comemorou Bruno. “Em 2014, tudo foi novidade. Viemos preparados para atender

guiu captar três vezes mais do que em 2014.

à demanda de vendas e o que alcançamos nos surpreendeu. Des-

E ainda temos muitas vendas pela frente, o

ta vez, já tínhamos uma noção de como seria e nos preparamos

que é compensador para a empresa”, reve-

ainda mais para que tudo desse certo. E deu. O resultado foi mais

lou a gerente no decorrer da feira.

motivador ainda”, disse a gerente regional da empresa farmacêutica EMS, Bruna Suelen dos Santos.

Quem também contabilizou as vendas ainda quando acontecia o evento e se sur-

Segundo ela, a empresa investiu massivamente nessa segunda

preendeu foi o gerente regional do labora-

edição. “Foi uma tarde muito produtiva para a EMS, que já conse-

tório Neo Química, Carlos Coutinho. Esta-

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015

57


evento

Humorista Sérgio Mallandro interage com o público em momento de descontração

Para o representante do Rio de Janeiro da Geolab, Rodrigo Kohatsu, que participou pela primeira vez, a expectativa estava sendo correspondida. “Até agora, os resultados estão dentro do que imaginávamos. Vendemos bem, mas ainda não atingimos nossas metas. No próximo ano, teremos uma base mais sólida e mais experiência sobre o que é participar de um evento como esse”, declarou durante a feira. O representante comercial da Multilab, do Rio de Janeiro, Daniel Salvador, conta que participou pela segunda vez e que foi gratificante. Ele também reconheceu o esforço da Rio Drog’s para que todos tivessem bons resultados nas negociações com o varejo. “A mos caminhando bem e tudo indica que

Rio Drog’s é um grande parceiro. Estar aqui prestigiando e partici-

nossa meta será alcançada até o fim do

pando ativamente é recompensador. A empresa fez de tudo para

Feirão”, contabilizou.

oferecer o melhor e espero que, no próximo ano, o sucesso se re-

De acordo com o gerente distrital da Sandoz, Flávio Santos, 2015 realmente compen-

58

pita. A Multilab ficará muito feliz em participar novamente com a mesma garra e força de vontade de sempre”, adiantou Salvador.

sou. “Em 2014, a demanda foi baixa. Ao con-

“Devido ao sucesso do evento, a terceira edição já está confir-

trário do que está acontecendo nessa segunda

mada. Será algo muito maior e mais estruturado. Alcançamos um

edição. Estamos contentes, e os resultados

resultado fantástico, mas, apesar disso, o nosso slogan é ‘Vencer

estão se apresentando acima do esperado.

desafios e superar expectativas’. Para nós, o que é ótimo hoje, ama-

Apesar da crise na economia brasileira, esta-

nhã é bom, sendo o nosso dever reinventar e apresentar algo novo

mos confiantes”, comentou Santos.

e melhor todos os dias”, concluiu Bruno Freire.

Revista da Farmácia · Novembro-Dezembro 2015




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