Edição março/abril 2016

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ASCOFERJ • Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro • Rua do Carmo, 9, grupo 501, Centro - Rio de Janeiro/RJ - CEP 20011-020

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www.ascoferj.com.br

Ano 25 · Edição 191 · Março-Abril 2016

Estabelecimentos aguardam pela licença Ascoferj se mobiliza junto ao vereador Eliseu Kessler e secretário de Saúde diz que prepara norma para resolver o problema

Entrevista

POLÊMICA

novos NEGÓCIOS

Conversamos com o novo presidente executivo da ABCFARMA, Renato Tamarozzi

Farmácias e drogarias estão preparadas para a venda do autoteste de HIV?

Vantagens e desvantagens em adquirir uma empresa já constituída na opinião de especialistas



opinião

N

No mundo corporativo, são normais os

O setor varejista farmacêutico está dentro dessa perspectiva.

ciclos econômicos – sejam eles de fartura

Porém, a verdade é que estamos diante de duas realidades com-

e equilíbrio, sejam de escassez – e, como

pletamente distintas: de um lado, as grandes redes de drogarias; de

em nossa vida, as empresas também pre-

outro, as empresas de pequeno porte independentes. Na última

cisam se adequar a essas fases. Aprende-

edição da Revista da Farmácia, as lideranças entrevistadas afirma-

mos, na graduação de Administração, uma

ram que o segmento farmacêutico vai continuar crescendo, mes-

lição básica: o que destaca um exímio admi-

mo diante da grave crise econômica que o Brasil atravessa. Junta-

nistrador não é gerir a empresa em tempos

mente com o segmento de tecnologia da informação, estaremos

de ventos favoráveis, mar tranquilo ou céu

atravessando a atual conjuntura com danos menores em compa-

de brigadeiro. Também o bom advogado é

ração aos demais setores da economia.

aquele que consegue reverter situações em

As grandes empresas do setor, mesmo com margens aperta-

que as provas do processo são desfavorá-

das de rentabilidade diante do aumento nos custos, ainda conse-

veis à sua causa. Igualmente, o economis-

guem obter lucros significativos, que permitem continuar com um

ta que se destaca é o que rege com poucos

plano agressivo de expansão devido ao amplo volume de negó-

recursos financeiros.

cios. Já as farmácias de porte menor, com faturamento reduzido

É preciso minimizar os riscos de situa-

diante da crise e com suas despesas cada vez maiores, estão sen-

ções imprevistas por meio de um bom pla-

do sufocadas pelas circunstâncias econômicas do País, concorrên-

nejamento. Por outro lado, faz parte do jogo

cia acirrada e encargos tributários, que são, em boa parte, respon-

estar preparado para os imprevistos inespe-

sáveis pelos resultados negativos.

rados. As situações adversas podem ocor-

Ao percorrer as ruas, não identificamos mais, nos grandes cen-

rer devido a variáveis internas ou externas.

tros populacionais, quase nenhuma farmácia ou drogaria indepen-

As internas são menos complicadas de re-

dente. Elas estão, cada vez mais, na periferia, em comunidades e

verter, pois elas dependem diretamente

cidades de menor população.

da direção em rever os erros, identificar os

Atualmente, presenciamos o crescimento vertiginoso, nos cen-

problemas e agir em uma nova direção. Já

tros urbanos, das placas de “vende-se” ou “aluga-se”. Esse é o mer-

as variáveis externas, na maioria das vezes,

cado de maior crescimento nos dois últimos anos. Portanto, reitero

independem de uma boa gestão, pois po-

que é necessário o máximo de profissionalismo por parte dos ges-

dem ocorrer devido a catástrofes, falta de

tores das empresas, de maneira que estejam aptos a identificar as

segurança, intervenção econômica no País

oportunidades de mercado. Nosso desejo é que esse atual ciclo de

ou crises globais. Enfim, há uma gama infi-

penúria termine no menor tempo possível. Para isso, é preciso olhar

nita de possibilidades.

“fora da janela” e estar preparado para as mudanças necessárias.

Humberto teski

Minimizar os riscos, mas se preparar para os imprevistos

Luis Carlos Marins Presidente da Ascoferj

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

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carta da editora

Polêmica em dose dupla

V

Você é a favor ou contra a comerciali-

21,6 casos por 100 mil habitantes, em 2003, para 19,7 por 100 mil

zação de autoteste para HIV em farmácia

habitantes em 2014. A maior preocupação agora é com os jovens.

e drogaria? Desde que foi autorizada pela

Nesta edição, você encontra uma reportagem completa sobre o as-

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

sunto, inclusive o depoimento exclusivo de um jovem soropositivo.

(Anvisa), a pedido do Ministério da Saúde, a

Outra pauta que merece destaque é a demora na emissão de

possibilidade de venda do produto tem cau-

licença sanitária no município do Rio de Janeiro. O setor pressio-

sado discussões acaloradas no setor. Há os

nou, e a Secretaria de Saúde prometeu uma solução para fim de

que defendem, concordando com o pres-

fevereiro, início de março. Atualmente, mais de 220 estabeleci-

suposto de que os fins justificam os meios.

mentos localizados no Rio e associados à Ascoferj aguardam a li-

Quanto mais cedo se souber da presença

beração da licença sanitária inicial. Desses, mais de 50 estão com

do vírus no organismo melhor, pois menos

processos indeferidos na Anvisa por falta do documento. Mas esse

pessoas serão infectadas. De outro lado, há

número pode ser muito maior. Um problema crônico, que foi ape-

aqueles que se posicionam contra, alegan-

nas amenizado com a extensão do prazo de validade da licença

do diversos motivos, entre eles, o fato de

de um para cinco anos.

que um teste desse tipo requer orientação profissional e apoio psicológico.

Viviane Massi

revistadafarmacia@ascoferj.com.br Editora

Esta edição também traz um passo a passo sobre como escolher o seu próximo funcionário. Recrutar novos profissionais é

De uma forma ou de outra, com essa me-

um desafio complexo, mas a matéria que produzimos pode aju-

dida, o Brasil dá sinais de que está avançando

dar. Pesquisas já mostraram que as empresas chegam a reduzir em

no controle da epidemia. Segundo o Minis-

90% os custos com as contratações profissionais quando fazem

tério da Saúde, ela está estabilizada, ten-

um processo seletivo estratégico.

do registrado a maior queda dos últimos 12

Além dessas pautas, vamos falar também de novos negócios, lo-

anos na taxa de detecção: 9%, passando de

gística reversa, hipertensão. Uma edição feita na medida. Boa leitura!

Fundador

Fale com a redação

Ruy de Campos Marins

Desde maio de 1991

revistadafarmacia@ascoferj.com.br

Presidência

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Luis Carlos Marins

Colaboração

Rua do Carmo, 9, grupo 501

jornalista responsável e editora

Ana Paula Silva

Centro - Rio de Janeiro/RJ

Viviane Massi MTB 7149/MG

REVISÃO

CEP 20011-020

COMISSÃO EDITORIAL

Agnes Rissardo

Ana Lucia Caldas | Fernanda Ramos

Arte

TELEFAX

Fernando Gaspar | Henrique Tavares

Quadratta Comunicação & Design

(21) 2220-9530

Lucia Gadelha | Mauro Pacanowski

Periodicidade

(21) 2220-9390

Marcos Assumpção

Bimestral

ascoferj.com.br

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


sumário

10 Entrevista

26 Polêmica

Renato Tamarozzi é o novo presidente executivo da ABCFARMA

Especialistas discutem prós e contras da venda do autoteste de HIV em farmácia

20 Capa Licença: Ascoferj pede apoio ao vereador Kessler e pressiona Secretaria de Saúde

6 agenda 7 lançamentos 14 panorama 16 boa leitura 17 farmácia legal 18 recursos humanos 24 jurídico 34 consultor tributário 38 logística reversa 41 consultora farmacêutica 42 recrutamento e seleção 46 nosso negócio 47 indústria farmacêutica 48 saúde 50 práticas corporativas 52 evento 54 pequeno varejo

30 Novos Negócios Vantagens e desvantagens na aquisição de uma empresa já constituída

Visite o site da Ascoferj Nele, você encontra os benefícios e os serviços oferecidos pela entidade, além de informações sobre cursos, palestras e eventos de sua área. Acesse: www.ascoferj.com.br

Siga a Ascoferj nas redes sociais Saiba todas as novidades do setor em tempo real.

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agenda

Programe-se Dicas de beleza A Ascoferj, em parceria com a Embelleze, realizará o curso Embelleze Ensina como Vender Mais no Segmento de Beleza, no dia 16 de março, em Cabo Frio. O mesmo curso tamistockphoto

bém acontecerá em Nova Friburgo, no dia 13 de abril. Fique de olho nas redes sociais da entidade. Mais informações: www.ascoferj.com.br.

Abradilan Farma 2016 A Abradilan convida empresários da indústria farmacêutica, distribuidoras de medicamentos, proprietários de farmácia e representantes de segmentos de higiene e beleza para a 12ª edição da Abradilan Farma. O encontro será realizado em Curitiba, nos dias 16, 17 e 18 de março. Mais informações: abradilan.com.br/farma2016.

Simpósio sobre resíduos de serviços de saúde Nos dias 11, 12 e 13 de abril, será realizado o Simpósio Internacional de Resíduos de Serviços de Saúde (SIRSS), em São Paulo. O encontro visa apresentar os conceitos e as restrições sobre os resíduos de serviços de saúde, atualizando e integrando normas e procedimentos. Na ocasião, será lançada a nova norma da ABNT sobre o assunto. Informações: www.sirss.com.br.

Capacitação para balconistas No dia 14 de abril, a farmacêutica e pós-graduanda em Farmácia Clínica, Michele Barbosa, ministrará o encontro Capacitação para Balconistas do Varejo Farmacêutico, na Assoistockphoto

ciação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), localizada na Rua da Candelária, 9, mezanino, Centro do Rio de Janeiro, das 14h às 18h. O investimento é de R$ 90. Mais informações: www.ascoferj.com.br.

Aplicação de Injetáveis Nos dias 15, 16 e 17 de março, será realizado mais um curso de Aplicação de Injetáveis, das 14h às 18h, na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), localizada na Rua da Canshutterstock

delária, 9, mezanino, Centro do Rio de Janeiro. O investimento é de R$ 190 para associados e R$ 336 para não associados. O curso também já tem data prevista para abril: 26, 27 e 28. Mais informações: www.ascoferj.com.br.

Inscrições em cursos, palestras e eventos da Ascoferj: www.ascoferj.com.br Informações e inscrições de grupos: inscricao@ascoferj.com.br Pague sua inscrição com PagSeguro.

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


lançamentos

Funcionamento intestinal A Neo Química ampliou o portfólio da linha Plantacil com o lançamento do Plantacil Fibras: alimento funcional com 30 ou 60 cápsulas, cada uma contendo 500 mg de Psyllium (Plantago ovata), laxante natural que auxilia na redução da absorção de gordura pelo organismo. A novidade se junta à tradicional família de Plantacil, também disponível como medicamento fitoterápico indicado para regularização intestinal por reposição de fibras, disponível em apresentações com 20 ou 50 sachês, contendo 5 g de granulado (3,25 mg de Plantago ovata Forsk) cada. SAC: 0800 97 99 900

Redução da próstata O Aché lançou Dastene (dutasterida), que reduz o volume da próstata promovendo o alívio dos sintomas, além de melhorar o fluxo urinário e reduzir o risco de retenção urinária aguda e a necessidade de cirurgia. Dastene está disponível em embalagens com 30 cápsulas moles de 0,5 mg para administração oral. SAC: 0800 701 6900

Prevenção contra assaduras A Sanofi anunciou o lançamento de Confiare Prevent, creme com extrato de camomila que pode ser utilizado por crianças para a prevenção de assaduras. O creme possui uma textura que o torna fácil de aplicar e remover e possui em sua formulação mais dois ativos: óxido de zinco e lanolina. SAC: 0800 703 0014

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

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entrevista

Renato Tamarozzi

Arquivo ABCFARMA

Presidente executivo da ABCFARMA

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


entrevista

ABCFARMA em novo momento Renato Tamarozzi assume cargo de presidente executivo e fala sobre a nova fase da entidade

O

O novo presidente executivo da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFARMA), Renato Ta-

marozzi, assume o cargo com a responsabilidade de modernizar a associação. O advogado começou a carreira como estagiário no Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de São Paulo (Sincofarma/SP). Os atendimentos jurídicos ao longo da carreira muniram o executivo de informações e dados que, atualmente, o auxiliam no comando da ABCFARMA. “Esses atendimentos me trouxeram muitos aprendizados, não só profissionais, mas também para a vida. A pior parte é ver pessoas fracassando na atividade; a melhor é poder ajudar de alguma forma”, declarou em entrevista concedida à Revista da Farmácia. Leia a seguir.

Revista da Farmácia: Depois de dois anos no cargo, o senhor pas-

Tamarozzi: Se dizemos, em nossos canais

sou de diretor executivo a presidente executivo da ABCFARMA.

de comunicação, que os empresários do

O que isso significa na prática?

setor devem ser eficientes e ter uma ges-

Renato Tamarozzi: É uma grande honra ser nomeado presidente

tão profissionalizada e atitude para vencer

executivo pelo simbolismo que isso representa. Com essa mudan-

os desafios, não podemos fazer diferente.

ça, há uma clara intenção de maior profissionalização da entidade.

A entidade também precisa demonstrar

A ABCFARMA ainda precisa de muitos ajustes, mas estamos no ca-

essas virtudes. É uma preocupação nossa

minho certo. Mesmo nesse ano de crise, não estamos esperando

e temos muito que melhorar nesse sen-

que ela passe. Iniciamos 2016 trabalhando duro para levar espe-

tido. Essa nota é exatamente sobre esse

rança ao setor, principalmente para as farmácias independentes.

aspecto. Todas as entidades sem fins lucrativos com características semelhantes

RF: Em nota, a ABCFAMA disse que sua promoção representa

à ABCFARMA estão passando por trans-

uma modernização na entidade, que deve se adequar às exigên-

formações. Quando digo com caracterís-

cias do segmento. Quais são essas exigências?

ticas iguais, refiro-me às entidades que

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

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entrevista se prestam a representar quem faz parte

Esperamos aumentar nossa capacidade de atendimento, migran-

de categoria, sem segmentações por ta-

do para plataformas eletrônicas. Este ano, iniciamos o projeto de

manho ou especificidades. Entendo que

atendimento eletrônico em massa. Optamos por uma rede social

essa generalidade acaba tornando a mis-

corporativa. Esperamos que, em médio prazo, a qualidade de co-

são mais difícil, pois nossas atividades não

municação melhore e nossos associados continuem identifican-

são para beneficiar parte do varejo farma-

do a associação como um canal de informação confiável. Hoje, so-

cêutico ou uma parcela específica. Elas

mos bombardeados por notícias em diversos canais, muitas delas

são voltadas para beneficiar ou defender

não passam de boatos, mas com o tempo só ficarão os canais que,

os direitos da maioria, que, em nosso se-

de fato, têm algo importante para informar. Esperamos continuar

tor, são as farmácias independentes, for-

sendo uma referência, não por divulgar informações privilegiadas

madas por microempresas e empresas de

que beneficiam poucos, mas pelo fato de participar ativamente

pequeno porte. Esse interesse da maioria

das discussões relevantes do setor.

representa, em regra, melhorias para a totalidade do setor.

RF: Para o senhor, qual o maior desafio em comandar uma entidade de classe, no Brasil, do porte da ABCFARMA, com representatividade nacional? Tamarozzi: O maior desafio, sem dúvida, é o financeiro. Não temos um grupo de empresas associadas que injetam recursos conti-

Nossas atividades não são para beneficiar parte do varejo farmacêutico ou uma parcela específica. Elas são voltadas para beneficiar ou defender os direitos da maioria, que, em nosso setor, são as farmácias independentes, formadas por microempresas e empresas de pequeno porte.

nuamente para cobrir os custos de nossas operações ou atividades em defesa do setor. Dependemos da colaboração de parceiros da indústria, associações regionais, como a Ascoferj, sindicatos, entre outros, para ter a amplitude que temos. Por isso, desde o ano passado, estamos investindo em alguns projetos, aos quais, em breve, o associado terá acesso. RF: Quais serão os pleitos prioritários da ABCFARMA, em Brasília, nos próximos anos, junto a deputados e senadores? Tamarozzi: Essas definições não são minhas, mas das assembleias gerais da entidade. A profissionalização da entidade deve, inclusive, respeitar essa característica de praticamente todas as associações sem fins lucrativos. Quando deixamos uma entidade ser direcionada pela opinião pessoal de apenas uma pessoa ou de um pequeno grupo, essa entidade acaba perdendo sua característica

RF: Quais mudanças já foram implanta-

principal de representar todos os seus associados. Sabemos as difi-

das na ABCFARMA durante sua gestão

culdades de comunicação em razão de vários fatores do cotidiano,

como diretor executivo e quais resulta-

mas tentamos ter posições que preservem o interesse da maioria,

dos são esperados?

por isso destaco a importância das assembleias gerais nesse pro-

Tamarozzi: A maioria das mudanças é im-

cesso. A novidade é que devemos migrar as votações para dentro

perceptível ao público, pois foram internas

do ambiente eletrônico.

e estruturais. Ano passado, iniciamos pro-

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jetos para ampliar a eficiência na presta-

RF: O comércio farmacêutico tem poucos ou nenhum represen-

ção de serviços para farmácias e drogarias.

tante político no Congresso Nacional. De que forma a ABCFAR-

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


entrevista MA consegue se articular e garantir a vitória em alguns pleitos

em andamento sobre essa questão, mas

em Brasília?

queremos o apoio da indústria farmacêu-

Tamarozzi: Essa articulação, na prática, é difícil, até por impedi-

tica para trazer equilíbrio ao setor e evi-

mentos legais. Mas não deixamos de monitorar e dar subsídios,

tar a continuidade desse movimento de

dentro de nossas limitações e sem descumprir a lei, às lideranças

concentração que atualmente percebe-

do setor de cada estado, com o objetivo de se relacionarem com

mos no segmento.

os políticos da região. Temos também uma assessoria legislativa em Brasília, que acompanha os projetos de lei que interessam ao comércio farmacêutico. RF: Na sua gestão, como a ABCFARMA pretende se posicionar perante temas polêmicos como tributação, logística reversa de medicamentos, prescrição farmacêutica, entre outros? Tamarozzi: Como disse anteriormente, respeitaremos as decisões das assembleias gerais da entidade para a definição de posicionamento. Sobre os assuntos especificamente questionados, posso dizer que a tributação é uma pauta que já vem sendo tratada há alguns anos, e o principal trabalho está em participar de pesquisas para se estabelecer a base de cálculo do Imposto sobre Circu-

Quando deixamos uma entidade ser direcionada pela opinião pessoal de apenas uma pessoa ou de um pequeno grupo, essa entidade acaba perdendo sua característica principal de representar todos os seus associados.

lação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no formato da Substituição Tributária. Também acompanhamos todos os movimentos de desoneração tributária do setor, incluindo a defesa do retorno dos benefícios para as micro e pequenas empresas. Sobre a logística

RF: Apesar da crise, o varejo farmacêutico

reversa, demonstramos que o varejo farmacêutico está disposto a

tem tido um bom desempenho. A que o

participar, mas, claro, dentro da sua responsabilidade de atender ao

senhor atribui essa performance?

consumidor ou usuário de medicamentos. Prescrição farmacêutica

Tamarozzi: Tenho visto que os países emer-

é um tema polêmico, juridicamente vejo como algo sem sentido

gentes possuem taxas de crescimento

prescrever medicamento de venda livre assumindo riscos até então

maiores do que as dos países com econo-

não assumidos, mas, por outro lado, entendo o que isso representa

mias mais consolidadas. Vejo também que

para o profissional farmacêutico. Só não concordo que isso seja por

fatores como envelhecimento da popula-

meio de normas do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que não

ção, aumento do acesso ao atendimento

tem competência normativa para obrigar ou resguardar a farmá-

médico, avanços e conquistas do público

cia ou drogaria, que devem seguir as normas da vigilância sanitária.

feminino e a melhoria da renda são constantemente lembrados para justificar esse

RF: Em pleno século XXI, quais são os desafios da farmácia brasileira?

bom desempenho. Não observo outras ló-

Tamarozzi: Creio que o maior desafio ainda está por vir, princi-

gicas para explicar essa performance, mas,

palmente com o avanço do comércio eletrônico e de todas as

como disse, não sou especialista e lem-

tecnologias envolvidas nas transações comerciais. Esse é um as-

bro que essas avaliações são macroeco-

sunto muito discutido dentro da ABCFARMA. Nesse caso, nossa

nômicas. Para cada região, há variáveis a

preocupação com as empresas independentes é muito grande,

considerar. O varejista deve se atentar e

pois todas as grandes empresas já possuem plataformas de ven-

avaliar também as proximidades do seu

das pela internet. Temos algumas propostas e projetos que estão

ponto comercial.

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panorama Agora é lei: similares devem passar pelos mesmos testes dos genéricos No fim de 2015, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei Federal 13.235/2015, que obriga a indústria farmacêutica a verificar a equivalência dos medicamentos similares, fabricados ou não no País, aos genéricos. Com isso, medicamentos similares e genéricos deverão passar pelos messhutterstock

mos controles de qualidade. Na prática, essa lei não muda muita coisa, pois, desde 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vem tratando a questão. As Resoluções RDC 133 e 134, desse mesmo ano, determinam que os medicamentos similares devem apresentar os testes de

Drogamax Hiperfarma é a primeira farmácia com etiquetas eletrônicas do Brasil

biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica para

A primeira farmácia do Brasil a utilizar etiquetas eletrônicas de

similar possui o mesmo comportamento no organismo (in

preços é a Drogamax Hiperfarma, localizada em Araçatuba, in-

vivo), como possui as mesmas características de qualidade

terior de São Paulo. “Existiam muitos desafios e, devido à falta

(in vitro) do medicamento de referência.

de comunicação entre funcionários e as dificuldades da remar-

Conjur e Anvisa

obtenção do registro para comprovar que o medicamento

cação manual, alguns produtos não tinham o valor alterado, gerando diferenças entre gôndolas e check out”, contou Luis Ferexplica que agora a empresa buscou a alternativa da etiqueta

Medicamento infantil com rótulo diferenciado

eletrônica para resolver a questão dos preços e afirma que fo-

Publicada no fim de 2015, a Lei 13.236/2015 determina que as

ram instaladas 1.500 etiquetas nos produtos de maior valor e

embalagens de medicamentos para uso infantil sejam diferen-

de alto giro, principalmente no setor de perfumaria. As etique-

tes das de uso adulto. A lei é resultado do Projeto de Lei do Sena-

tas eletrônicas comunicam, diretamente na prateleira, o preço,

do 461/2011, do senador Humberto Costa (PT-PE). Além disso, as

dados sobre promoções, informações técnicas sobre o produ-

embalagens de soros, injeções e remédios deverão ter identifica-

to e também gerenciais. Seu principal benefício é a não diver-

ção específica e mais detalhada. Tudo para evitar erros de admi-

gência dos preços das mercadorias.

nistração e de uso de medicamentos.

Drogamax Hiperfarma

Conjur

nando Simionato, gerente de TI da Drogamax Hiperfarma. Ele

Hypermarcas anuncia venda do negócio de preservativos A Hypermarcas deu mais um passo na direção de se tornar uma empresa focada exclusivamente no mercado farmacêutico, com o anúncio da venda de seu negócio de Preservativos para a Reckitt Benckiser. Tal negócio, composto pelas marcas Jontex, Olla e Lovetex, gerou receita líquida de R$ 100,2 milhões em 2014, correspondentes a 2,1% da receita líquida total da companhia no período. O fechamento da operação está sujeito à aprovação dos órgãos de defesa da concorrência e a uma reorganização societária da Hypermarcas para a transferência do negócio de preservativos, dentre outras condições. Essa nova estrutura de capital fortalecerá a capacidade de investimento da companhia em seu negócio farmacêutico, que registrou ganhos contínuos de participação de mercado nos últimos quatro anos e atingiu a liderança do setor em unidades em 2015, segundo o IMS Health. Hypermarcas

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


panorama Dólar deve impactar descontos em medicamentos Este ano, a pressão do dólar valorizado deve continuar impactando o varejo nacional por meio da elevação dos custos de produção, com possível redução dos descontos oferecidos, avalia a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). A explicação é que, mesmo com a desvalorização do real em relação ao dólar, as exportações de medicamentos sofreram queda de 17% em 2015, passando de R$ 1,35 bilhão em 2014 para R$ 1,12 bilhão. No ano passado, as imR$ 5,92 bilhões, o que representa uma retração de 13,7% no comparativo anual. No Varejo

shutterstock

portações desses produtos também tiveram diminuição e alcançaram um total de

ABCFARMA quer tratamento diferenciado para microempresas

Gigantes farmacêuticos pedem luta contra superbactérias Mais de 800 grandes grupos farmacêuticos e médicos pediram, no início do ano, que se coordenem os esforços para lutar contra

A Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico

a resistência das superbactérias, um tema de crescente preocupa-

(ABCFARMA) realizou uma Assembleia Geral Extraor-

ção no mundo. A declaração, emitida durante o Fórum Econômico

dinária no dia 17 de fevereiro, em São Paulo. Na pauta,

Mundial de Davos, foi assinada pelas grandes empresas do setor,

a nova Portaria 111/2016, que regulamenta o Programa

como a francesa Sanofi, as suíças Novartis e Roche e as norte-a-

Farmácia Popular do Brasil. A reunião discutiu os impac-

mericanas Pfizer e Merck. Os grupos farmacêuticos signatários da

tos e possíveis ilegalidades que a Portaria contém, entre

petição também pedem aos governos que apoiem financeiramen-

elas, a de exigir documentos não previstos em lei. O se-

te o desenvolvimento de novos antibióticos. Os autores da car-

gundo tema em destaque foi o tratamento diferenciado

ta, que incluem igualmente os gigantes britânicos AstraZeneca e

que microempresas deveriam receber dos órgãos regu-

GlaxoSmithKline ou a empresa francesa de diagnósticos Biomérieux,

ladores do setor no que diz respeito a diversas situações,

garantiram também que apoiam o plano de ação da Organização

entre elas, a assistência farmacêutica. Em algumas regiões

Mundial de Saúde (OMS) para preservar a eficácia dos antibióticos.

do País, não há farmacêuticos em número suficiente.

IstoÉ Dinheiro

ABCFARMA

Receitas de remédios valerão por mais tempo Os usuários do programa Farmácia Popular do Brasil que compram medicamentos em unidades próprias do governo federal ou em redes privadas credenciadas poderão usar prescrições (receitas), laudos ou atestados médicos por um prazo maior. Desde o dia 12 de fevereiro, o prazo de validade desses documentos, usados para a obtenção de remédios gratuitos ou para a compra com descontos dias. No caso de contraceptivos (anticoncepcionais), a validade do receituário continuará sendo de 365 dias. Além disso, passarão a incluir obrigatoriamente o endereço da residência do paciente. Extra online

Arquivo ABCFARMA

de até 90%, terão o prazo de validade estendido de 120 para 180

Associados e representantes de entidades regionais reunidos na sede da ABCFARMA

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

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boa leitura Dilmês

O idioma da mulher sapiens Celso Arnaldo Araujo – Editora Record A partir dos discursos presidenciais transcritos na íntegra pelo Portal do Planalto, Celso Arnaldo Araujo, pioneiro na análise sintática e política da língua falada pela presidente da República, destrincha e documenta os verdadeiros espetáculos de comédia bufa protagonizados pela dramática inaptidão da oratória de Dilma.

Alianças estratégicas: cooperar para competir Fernanda Matos e Reinaldo Dias – Editora Alínea Este é um livro que trata de parcerias empresariais e alianças estratégicas. É um texto de fácil compreensão para um público iniciante. O principal objetivo é esclarecer sobre a importância das parcerias no mundo empresarial e o aumento da competição interempresarial em escala, o que obriga as empresas a adotarem práticas até então não aceitas, como a cooperação até com concorrentes.

A arte de fazer acontecer David Allen – Editora Sextante Segundo a obra, somente quando as mentes estão claras e os pensamentos organizados é que as pessoas podem atingir a produtividade sem estresse e liberar o potencial criativo. O autor defende, neste livro, a teoria de manter “a mente clara como água”, abordando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Ele também insere as novas tecnologias na gestão do fluxo de trabalho e inclui as descobertas mais recentes da ciência cognitiva.

Plano de negócios com o modelo Canvas

Guia prático de avaliação de ideias de negócios a partir de exemplos José Dornelas, Adriana Bim, Gustavo Freitas e Rafaela Ushikubo – Editora LTC Trata-se de um guia prático de avaliação de ideias a partir de exemplos, que inova ao integrar o modelo de negócio Canvas com o plano de negócios. O material complementar inclui 36 vídeos explicativos e planilhas financeiras. É útil para quem ainda não teve contato com a metodologia Canvas, que se aplica tanto para um novo negócio quanto para mudanças e inovações que se pretende realizar em um negócio existente. Presta-se para análise e aplicação em vários segmentos, inclusive no pequeno varejo.

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


Farmácia Legal CRF-RJ divulga novos valores de anuidade

Outros prazos importantes • No primeiro trimestre, as empresas deverão enviar o SINREM

O Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ) já publicou os

(Sistema Nacional de Registro

novos valores para a anuidade das empresas inscritas no órgão, que vão de R$ 656,45 a

Mercantil) para a Anvisa, a fim

R$ 5.251,66, dependendo do capital social. A taxa para o pagamento de alteração na Cer-

de comprovar o porte empre-

tidão de Regularidade terá o valor fixo de R$ 71,21.

sarial. O endereço é SIA Trecho

No entanto, a boa notícia é que empresas associadas à Ascoferj estão isentas do pa-

5 – Área Especial, 57 – Brasília/

gamento dessa anuidade, conforme sentença judicial em vigor proferida a favor da en-

DF, CEP: 71.205-050.

tidade. Para obter o benefício, os associados devem baixar o Formulário de Isenção de

• Até o dia 30 de abril, a Certidão

Anuidade, disponível no site da Ascoferj, e encaminhar, em duas vias originais, pelo cor-

de Regularidade Técnica poderá

reio ou entregar pessoalmente na sede, aos cuidados do Departamento de Assuntos Re-

ser renovada no CRF-RJ.

gulatórios. As duas vias devem ser assinadas pelo representante legal e carimbadas com

• Também até 30 de abril, far-

o CNPJ, além de informar razão social e endereço do estabelecimento. O prazo para dar

mácias e drogarias, inclusive

entrada no pedido de isenção é 30 de março.

aquelas que possuem apenas

Vale lembrar que a Ascoferj está em novo endereço: Rua do Carmo, 9, grupo 501, Cen-

protocolos de anos anteriores,

tro, Rio de Janeiro. Depois que receber o documento, a Ascoferj dará entrada ao proces-

deverão pedir a revalidação da

so de pedido de isenção.

licença sanitária nas Vigilâncias locais, apresentando requerimento emitido pela própria Vi-

Valores de anuidade para pessoa jurídica

gilância, em duas vias assinadas

Capital social

Valor da anuidade

pelo representante legal da em-

Até R$ 50 mil

R$ 656,45

presa. Em alguns municípios, é

Acima de R$ 50 mil até R$ 500 mil

R$ 1.312,92

necessário apresentar também

Acima de R$ 200 mil até R$ 1 milhão

R$ 1.969,37

cópia do contrato social, do do-

Acima de R$ 500 mil até R$ 2 milhões

R$ 2.625,82

Acima de R$ 1 milhão até R$ 10 milhões

R$ 3.282,30

Acima de R$ 2 milhões

R$ 3.938,75

Acima de R$ 10 milhões

R$ 5.251,66

cumento dos sócios e farmacêuticos e do CNPJ. Cada município tem a sua própria taxa de renovação.

Fonte: CRF-RJ

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

17


recursos humanos

Posicionamento do RH nesse cenário de crise humberto teski

Em tempos difíceis, o setor deve ocupar sua posição estratégica

Lucia Gadelha

luciagadelha@terra.com.br

Consultora especialista em gestão em recursos humanos e capacitação de líderes.

A

A crise política e econômica no Bra-

olhar mais atento e inserindo o setor no planejamento estratégico

sil está entre os dez maiores riscos para o

da empresa, é possível antever situações e se diferenciar da con-

cenário internacional em 2016. O alerta é

corrência. Esse momento nos induz a perceber a gestão de pes-

da consultoria Eurasia Group, que publica

soas com ousadia, buscando inovação.

seu ranking dos elementos de maior risco

Para conquistar essa diferenciação, é preciso acelerar o desen-

para o mundo no ano. O Brasil está na oi-

volvimento das pessoas, investir em capacitação e treinar os fun-

tava posição.

cionários, ajudando-os no aperfeiçoamento de suas habilidades,

Essa crise vem demonstrando ter um

já que o desempenho humano é o principal diferencial para os

impacto muito menor no segmento far-

negócios. Empresas que vêm conseguindo driblar a crise mantêm

macêutico do que em outros segmentos

seus programas de desenvolvimento. Este é o momento de todos

da economia nacional. Para o economista e

compartilharem os conhecimentos e de entenderem as necessi-

professor do Centro de Pesquisa, Desenvol-

dades dos clientes por meio de treinamentos comportamentais e

vimento e Educação Continuada (CPDEC),

coaching dos gestores.

da Universidade Estadual de Campinas

Essas empresas compreenderam que, quando a crise acabar,

(Unicamp), Rodnei Domingues, os empre-

elas terão os melhores colaboradores do mercado e os mais fide-

sários optam por trilhar o caminho mais ób-

lizados à empresa onde trabalham. Isso porque o investimento é

vio e fácil para se protegerem do atual mo-

reconhecido pelos funcionários, gerando assim vínculo de con-

mento econômico.

fiança e lealdade. Empresas inovadoras percebem que investindo

“A solução para enfrentar as dificuldades atuais é não se intimidar e não deixar

concorrência, com a economia estagnada ou não.

de investir. Em 2009, diante da crise que

Em tempos difíceis, o RH cresce em importância. Não pode

abalou os Estados Unidos e a Europa, mui-

omitir-se como player fundamental ao encaminhamento das ques-

tas empresas do ramo de medicamentos

tões e deve ocupar sua posição estratégica na gestão da crise. É

– indústria e comércio – não se intimida-

necessário inovar, criar alternativas, adaptar-se às novas situações.

ram e foram elas que ganharam mais par-

E quem faz isso são as pessoas. Esse é o momento de aprimorar

ticipação de mercado e aumentaram seus

a comunicação interna entre os setores, promover ações de endo-

lucros. Vejo agora que a situação se repete”,

marketing e preparar a equipe para que todos contribuam com suas

afirma Domingues.

competências técnicas e de comportamento.

Qual o papel do setor de RH diante desse cenário político e econômico? Com um

18

constantemente em recursos humanos estarão muito à frente da

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

Certamente será possível passar por esse período de turbulência com profissionalismo, análise, estratégia e ação.



Humberto Teski

capa

Vereador Eliseu Kessler; presidente da Ascoferj, Luis Carlos Marins; e fundador da entidade e empresário Ruy Marins

Humberto Teski

Ascoferj quer apoio do vereador para resolver o problema junto à Prefeitura

20

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


capa

Licença sanitária na berlinda Secretário de Saúde diz que vai desburocratizar o setor, mas não adianta nenhuma medida

E

Em meados de fevereiro, no fechamento desta edição, o se-

O problema tornou-se crônico. A Vi-

cretário de Saúde da cidade do Rio de Janeiro, Daniel Sonraz, con-

gilância Sanitária do Rio já se manifestou

tou à Revista da Farmácia, por telefone, que publicaria em breve

publicamente, pelo menos, duas vezes,

uma regulamentação para desburocratizar o licenciamento de no-

explicando que não há fiscais em número

vos estabelecimentos farmacêuticos e resolver, definitivamente, o

suficiente para atender à grande demanda.

problema de farmácias e drogarias que aguardam há três, quatro,

No interior do estado, o quadro não é tão

cinco anos pela licença sanitária inicial.

grave, mas empresários de cidades como prefeitura do rio de janeiro

O secretário afirmou que tem ciência da gravidade da questão e que o Setor de Vigilância Sanitária está revisando e reformulando todos os códigos sanitários, inclusive do comércio farmacêutico. “Em breve, publicaremos uma nova norma para regularizar a situação desses estabelecimentos e desburocratizar o setor, mas devo lembrar também que o objetivo da Secretaria Municipal de Saúde é garantir a segurança da população, de forma que ela não corra riscos. Nosso desafio é equacionar os dois lados”, disse Sonraz. Atualmente, mais de 220 estabelecimentos localizados no Rio e associados à Ascoferj aguardam a liberação da licença sanitária inicial. Desses, mais de 50 estão com processos indeferidos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que exige o documento para emitir a Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) e a Autorização Especial (AE), esta última para venda de medicamentos controlados. No entanto, esse número pode ser muito maior, segundo Daiana Ramos, responsável pelo Departamento de Assuntos Regulatórios da Ascoferj, que possui mais de 1,8 mil empresas associadas. Secretário de Saúde Daniel Sonraz

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

21


capa vereiro, com o vereador Eliseu Kessler, para que ele pudesse entender, de forma mais abrangente, os impactos da falta da licença. Esses processos estão indeferidos porque a Anvisa se recusa a emitir as concessões de AFE e AE. Sem elas, farmácias e drogarias tornam-se irregulares e limitadas para comercializar certos tipos de medicamentos, como controlados, por exemplo. De acordo com Daiana, 99% dos problemas relacionados aos processos na Anvisa são decorrentes da ausência da licença. “A maioria das empresas nunca foi fiscalizada e, por falta de opção, envia o protocolo. Esse é o único documento que elas possuem Humberto Teski

da vigilância sanitária, mas, quando esses processos são analisados em Brasília, acabam indeferidos”, explica. Grupo de empresários aguarda há cerca de cinco anos pela licença inicial

“O varejo farmacêutico tem feito o que cabe a ele fazer, mas a Anvisa não entende que o problema não é da farmácia, mas da Vigilância Sanitária. O que esses empresários querem é regularizar

Cabo Frio e Duque de Caixas passam pela

suas empresas, pois estão em dia com o que os órgãos fiscalizado-

mesma situação. A municipalização defini-

res impõem, mas acabam sendo impedidos por um problema cuja

tiva dos órgãos de vigilância sanitária, que

solução não depende deles”, acrescenta Daiana.

se deu em 2014, ajudou, mas não resolveu o problema.

Durante o encontro, o vereador disse que a farmácia é um estabelecimento de saúde, gerador de empregos, portanto, nada mais justo que ela funcione dentro da legalidade. “Estamos diante de

Kessler se reúne com empresários

um quadro crítico e crônico no que se refere à falta dessas licen-

Em mais uma tentativa de colocar pon-

ças”, afirmou Kessler, que está se articulando com a Secretaria de

to final nessa situação, a Ascoferj convocou

Saúde em busca de uma solução.

os mais de 50 empresários com processos indeferidos para um encontro, em 3 de fe-

Licença com prazo de cinco anos Em 2015, o setor comemorou a extensão do prazo de validade da licença de um para cinco anos. A resolução foi publica-

Em breve, publicaremos uma nova norma para regularizar a situação desses estabelecimentos e desburocratizar o setor, mas devo lembrar também que o objetivo da Secretaria Municipal de Saúde é garantir a segurança da população.

da pela Secretaria de Saúde depois que as lideranças da Ascoferj, com apoio do vereador Kessler, sensibilizaram o secretário de Saúde Daniel Sonraz. Além dessa conquista, o fim da obrigatoriedade para renovação de AFE reduziu a burocracia no setor, mas ambos não foram suficientes para resolver a questão por completo, pois beneficiam apenas estabelecimentos que já possuem a licença sanitária e a AFE iniciais. “Reconhecemos as vitórias alcançadas por Kessler e ficamos gratos por ele estar conosco em mais essa questão, mas precisamos ir além e evitar, de alguma forma, que inúmeras farmácias e drogarias continuem sendo penalizadas. Os estabele-

Daniel Sonraz

cimentos estão prontos, falta a Vigilância Sanitária aparecer por

Secretário de Saúde do Rio

lá e fazer o trabalho dela”, manifestou Luis Carlos Marins, presidente da Ascoferj.

22

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016



jurídico

Direito de vender conveniência Corte entende que os Conselhos Regionais de Farmácia não têm poder de impedir a venda desses produtos

D

24

Depois do Supremo Tribunal Federal, o

Para Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da Associação

Superior Tribunal de Justiça (STJ) também

Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), a decisão

reconheceu o direito das redes de farmá-

é justa e emblemática. “A exigência arbitrária do Conselho Regio-

cias de vender produtos de conveniência

nal de Farmácia viola a liberdade de mercado e, principalmente, o

em seus estabelecimentos. A Associação

direito do consumidor. Essa vitória reflete a tendência, no Brasil,

Brasileira de Redes de Farmácias e Droga-

de seguir o modelo adotado nos países desenvolvidos, que privi-

rias (Abrafarma) venceu uma disputa contra

legia não só a saúde, mas também o livre arbítrio e a conveniência

o Conselho Regional de Farmácia do Esta-

do consumidor”, declarou Mena Barreto.

do de São Paulo (CRF-SP), que havia con-

A comercialização de artigos diversos por estabelecimentos far-

dicionado a emissão e renovação do Certifi-

macêuticos em todo o estado de São Paulo tem respaldo na Lei Es-

cado de Regularidade Técnica à declaração

tadual 12.623/2007. O próprio Supremo Tribunal Federal, no julga-

de não comercialização de artigos de con-

mento da ADI 4.093/SP, também havia declarado como legítima esta

veniência e bem-estar, hoje uma realidade

lei e as de outros estados, que regulam a venda de outros produtos,

em todos os estados brasileiros.

isentando as farmácias de atender à Resolução RDC nº 44 da Agência

O relator do processo, ministro Napo-

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No Rio de Janeiro, a Lei Esta-

leão Nunes Maia Filho, negou o seguimento

dual que trata do assunto é a 4.663/2005, de autoria do deputado

de recurso especial impetrado pelo CRF-SP,

estadual Edison Albertassi. Ela autoriza a venda de diversos produtos

argumentando que o órgão não detém com-

de conveniência e está disponível no site da Ascoferj para consulta.

petência para exigir que farmácias e droga-

Em abril de 2015, antes da decisão do STJ sobre a venda de

rias declarem não comercializar tais produ-

produtos de conveniência, o Tribunal Regional da 1ª Região, em

tos, uma vez que tal exigência não encontra

Brasília, emitiu uma decisão que também vai beneficiar o comér-

previsão legal. O relator declarou ainda que a

cio farmacêutico em 21 estados. O acórdão determina que os Con-

atribuição do CRF-SP é fiscalizar o exercício

selhos de Farmácia deixem de impor barreiras para a liberação do

profissional dos farmacêuticos e punir even-

Certificado de Regularidade quando discordarem do objeto social

tuais infrações dessa alçada, sendo de compe-

que consta no contrato social da empresa.

tência exclusiva dos órgãos sanitários vistoriar

“Ambas as decisões são fantásticas, pois demonstram que o

condições de licenciamento e funcionamento

Poder Judiciário brasileiro está delimitando, pela jurisprudência, os

das farmácias. Além disso, reconheceu que o

campos de atuação dos Conselhos Regionais de Farmácia e mos-

próprio STF já dirimiu a questão, pois aquele

trando a eles que não podem se imiscuir em matérias para as quais

tribunal declarou a constitucionalidade de to-

não possuem fundamento legal para agir”, comentou o consultor

das as leis estaduais que tratam do assunto.

jurídico da Ascoferj, Gustavo Semblano.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


jurídico

Falta transparência nos conselhos Auditoria do TCU mostra que 80% deles não divulgam as despesas de forma detalhada

O

O nível de transparência nos conselhos profissionais do País é

nunciada em definitivo pelo Supremo Tri-

muito baixo, revela auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União

bunal Federal. Eles sujeitam-se, assim, às

(TCU), que avaliou a transparência e a divulgação de informações em

normas e princípios constitucionais apli-

relação à gestão, aos serviços prestados, às ações que desenvolvem

cáveis à administração pública, à regra do

e à aplicação das anuidades pagas pelos profissionais representados.

concurso público para a admissão de pes-

A auditoria verificou que a maioria dos conselhos, tanto os fede-

rais quanto os regionais, não disponibiliza informações primárias, íntegras e atuais em suas páginas na internet. Além disso, também não possibilita a utilização dos dados, não divulga o conteúdo mínimo exigido na Lei de Acesso à Informação (LAI), conhecida como Lei da Transparência, e não criou o Serviço de Informação ao Cidadão (SIC). Para se ter uma ideia, 80% deles não divulgam as despesas de forma detalhada. Além disso, 83% dos conselhos não publicam os pagamentos feitos a conselheiros, como auxílios, ajudas de custo ou outra vantagem pecuniária. A publicação nominal da remuneração dos empregados, como determina a lei, é feita somente por pouco mais de 30% dessas entidades. Existem mais de 535 conselhos profissionais no Brasil. “A Lei Federal 12.257/11 trata da transparência de informações por parte do poder público, mas os conselhos profissionais sem-

A Lei Federal 12.257/11 trata da transparência de informações por parte do poder público, mas os conselhos profissionais sempre a descumpriram, alegando que, por não receberem recursos da União, não se subordinariam à lei. Gustavo Semblano Ascoferj

pre a descumpriram, alegando que, por não receberem recursos da União, não se subordinariam à lei. No entanto, o TCU, de forma acertada, discordou desse entendimento, uma vez que esses

soal, à Lei de Licitações e ao controle ju-

órgãos são autarquias e suas anuidades são consideradas tributos.

risdicional do TCU. Dessa forma, concluiu

Sendo assim, devem submeter-se à transparência da lei federal”,

o tribunal, os conselhos também se su-

comentou o consultor jurídico da Ascoferj, Gustavo Semblano.

jeitam à LAI, que abrange as autarquias,

A auditoria do TCU abrangeu 510 dos 535 conselhos de fisca-

sem exceções.

lização, tanto federais quanto regionais. Apesar de não integrarem

O TCU determinou aos conselhos que

o Orçamento Geral da União e serem regidos por leis próprias de

instituam procedimentos para que seus sites

criação, os conselhos de fiscalização profissional arrecadam con-

publiquem conteúdos mínimos determinados

tribuições parafiscais e têm natureza autárquica, a qual foi pro-

pela LAI e que sejam divulgados ativamente.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

25


polêmica

Estamos preparados? Autorização da Anvisa para que farmácias comercializem o autoteste de HIV vem gerando dúvidas quanto à reação do indivíduo e ao papel do estabelecimento farmacêutico

E

Em dezembro de 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sani-

tária (Anvisa) publicou uma resolução autorizando a comercialização de autotestes de HIV em farmácias e drogarias com o objetivo de incentivar o diagnóstico e o início precoce do tratamento, antes mesmo de surgirem os primeiros sintomas da doença. De acordo com o novo Boletim Epidemiológico de HIV e Aids de

2015, lançado pelo Ministério da Saúde (MS) no fim do ano passado, a epidemia no Brasil está estabilizada, tendo registrado a maior queda dos últimos 12 anos na taxa de detecção: 9%, passando de 21,6 casos por 100 mil habitantes, em 2003, para 19,7 por 100 mil habitantes, em 2014. Isso representa cerca de 40 mil casos novos ao ano. Desde o início da epidemia, em 1980, até junho de 2015, foram registrados mais de 798 mil casos. Pesquisas indicam que o Brasil foi o país que mais derrubou a taxa de detecção no mundo. O quadro epidemiológico varia entre os estados. No Amazonas, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a epidemia é maior do que no restante do País. Nas capitais, ela também prevalece, em parte por concentrarem os serviços de atendimento a portadores do vírus HIV. E a tendência de “feminização” da epidemia não aconteceu: a relação é de dois homens para uma mulher infectada. Isso se deve ao crescimento do número de homens que fazem sexo entre si sem usar preservativos.

Epidemia cresce entre jovens O maior desafio do MS agora é conter a epidemia entre jovens, shutterstock

que estão se expondo mais ao vírus porque se recusam a usar camisinha. Em 2004, a taxa de detecção em pessoas de 15 a 24 anos era de 9,5 casos a cada 100 mil habitantes, o que equivale a 3,4 mil casos. Já em 2014, esse número foi de 4,6 mil, representando um taxa de detecção de 13,4 casos por 100 mil habitantes, um aumento de 41%. “Esse é um fenômeno geracional que tem nos preocupado. Vários podem ser os fatores que levam a esse crescimento. Trata-

26

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


polêmica se de uma geração muito mais liberal do que a anterior em rela-

cia e do farmacêutico nesse novo contexto

ção às questões sexuais. Além disso, é uma geração que não viveu

de controle da epidemia de Aids no Brasil.

o auge da epidemia de Aids nos anos 1980, quando muitos ído-

Entre as preocupações estão a tentativa de

los da juventude morreram de forma dramática”, avaliou o diretor

suicídio depois de um resultado positivo ou

do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do MS, Fábio

a possibilidade de a pessoa infectar outras

Mesquita, que esteve no Rio de Janeiro, em um evento promovi-

propositalmente, numa atitude de protesto

do pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Ja-

e revolta. O MS informou que não existem,

neiro (CRF-RJ), com o apoio da Associação Brasileira de Farmacêu-

em nenhum lugar do mundo, indicadores

ticos (ABF), em janeiro.

dramáticos, como o suicídio, relacionados

Atualmente, 90% das pessoas em tratamento pelo Sistema

ao autoteste de HIV.

Único de Saúde (SUS), no Brasil, estão com a carga viral suprimi-

Segundo a psicanalista carioca Mada-

da, ou seja, próxima de zero. Isso significa dizer que não é possível

lena Sapucaia, a estrutura psíquica de uma

detectar ou determinar a quantidade de vírus presente no plasma

pessoa e a maneira com que ela lida com o

sanguíneo, apesar de a pessoa ainda permanecer infectada.

que acontece em sua vida é anterior a qual-

Por outro lado, 25% das pessoas têm diagnóstico tardio, com

quer doença contagiosa. “O suicídio tem a

alto comprometimento da imunidade. Segundo pesquisas, um

ver com isso e não com o que de grave pode

a cada cinco indivíduos desconhece que tem o HIV. É esse dado

acontecer com alguém. Também acho pre-

que o MS quer atacar com o autoteste vendido em farmácia, úni-

conceituoso pensar que um paciente con-

ca possibilidade que ainda não era permitida no Brasil. “O auto-

taminado se torne um perverso e passe a

teste é uma opção para pessoas que não querem fazer o exame

contaminar outras pessoas. Se há um su-

na frente de estranhos e mais uma opção possível para que elas

jeito perverso, como disse, isso é anterior a

conheçam seu estado sorológico”, disse o diretor do MS. Segun-

qualquer contaminação e acontece com in-

do ele, o autoteste promove o empoderamento individual nas de-

finitas outras situações sociais. Não se deve

cisões de saúde, permitindo que o indivíduo decida onde, quan-

achar que só quem tem HIV pode ter um

do e como testar.

comportamento perverso. Além disso, o uso de preservativo é responsabilidade de

Os riscos do autoteste

cada um e não de quem está com o vírus

Desde que a RDC 52/15 foi publicada, autorizando a comer-

apenas. O portador de HIV nunca deve ser

cialização do autoteste, representantes de entidades farmacêuti-

estigmatizado como agente de contamina-

cas e profissionais de saúde em geral passaram a apontar diver-

ção”, analisou Madalena.

sas questões associadas à venda, ao comportamento emocional

Alexandre Nabor Mathias França, psi-

do paciente, ao acesso às estatísticas e à contribuição da farmá-

cólogo e membro do Conselho Regional de

Vantagens e preocupações da RDC 52/15, que autoriza a venda de autoteste de HIV em farmácias e drogarias PREOCUPAÇÕES

• Alta aceitabilidade

• Janela imunológica estendida

• Acesso ampliado ao diagnóstico

• Resultados falso-negativos durante fase aguda da infecção

• Facilidade de repetição do teste

• Resultados falso-positivos e suas consequências

• Confidencialidade e privacidade

• Monitoramento

• Testagem mútua entre parceiros

• Uso adequado do produto

• Desestigmatização da doença

• Claro entendimento dos resultados obtidos

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

Fonte: Anvisa

VANTAGENS

27


polêmica A opinião de um soroposito O autor do blog Diário de um Jovem Soropositivo, que descobriu ser portador do vírus num exame de rotina, em 2010, é a favor do autoteste por duas razões. A primeira é a possibilidade que o autoteste oferece de ampliar o número de diagnosticados. “Uma vez que o tratamento antirretroviral ajuda na redução do risco de transmissão do HIV, o autoteste acaba sendo fundamental no controle da epidemia no mundo”, disse, em entrevista por e-mail, mantendo o anonimato. A segunda razão seria desmistificar o HIV e o autoteste. Com o tratamento antirretroviral atual, disponível gratuitamente em todo o Brasil, ter HIV não é, nem de longe, o que foi no começo da epidemia. “Ainda assim, a imagem dos anos 1980 é a que permanece no imaginário da maioria das pessoas. É importante mudar isso porque, com menos receio do HIV, as pessoas costumam ter mais coragem para fazer o autoteste e, com diagnóstico positivo, começar o tratamento antirretroviral mais cedo, o que ajuda a manter esse indivíduo saudável e, como disse antes, a controlar a epidemia no mundo”, defende o autor do blog.

vírus HIV com depressão. “Hoje em dia, vive-se mais, mas o doente precisa ter orientação sobre como viver bem com a doença. No entanto, permanece a escassez de programas voltados à informação. Os hospitais e as UPAs, por exemplo, precisam de mais psicólogos dando suporte, para que os pacientes possam enfrentar melhor a questão”, salientou. Luiz Fernando Barcelos, diretor executivo da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), é categórico: “Não achamos que o autoteste vá agregar qualidade ao atendimento de saúde”, disse. Na opinião da entidade, testes para detectar HIV devem ser feitos em ambientes de saúde e sob a supervisão de profissionais treinados. Dessa forma, é possível reunir estatísticas, controlar resultados errados, como um falso-negativo ou um falso-positivo, e dar suporte adequado ao paciente. A infectologista Cydia Alves Pereira de Souza é a favor do autoteste porque quanto mais pessoas tratadas, menor será a taxa de infecção. Mas, em contrapartida, diz que precisa haver um serviço de acolhimento às pessoas que tiverem um resultado positivo. “No Brasil, onde o acesso aos serviços de saúde é muito precário, particularmente em algumas regiões, me preocupa que farmácias e drogarias vendam esses testes”, alertou.

O papel da farmácia Os autotestes têm uma sensibilidade de 99,8% na detecção do vírus, contra 99,9% dos testes realizados em laboratório. Em geral, o que se espera é que a pessoa entre na farmácia, peça o autoteste, pague e vá embora. A intenção do MS é que o procedimento seja realizado em casa, com privacidade, conforto e segurança. A resolução da Anvisa não prevê que o autoteste seja feito na farmácia com acompanhamento farmacêutico. É provável que o constrangimento impeça o indivíduo até mesmo de pedir orientação sobre o uso do produto. No entanto, a farmácia deve se preparar para situações imprevistas. E se a pessoa pedir ajuda para fazer o autoteste? E se quiser aconselhamento farmacêutico? E se voltar ao estabelecimento com um resultado positivo em mãos? São muitas as perguntas ainda sem resposta definitiva, mas há quem já defenda um ponto

28

Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), parti-

de vista. “Se houver demanda, farmácias e drogarias terão de ca-

cipou do evento do CRF-RJ e também co-

pacitar os profissionais e remodelar o espaço, criando, por exem-

mentou o assunto. Segundo ele, apesar de

plo, salas privativas para atender às pessoas que quiserem fazer o

menos gente morrendo de Aids, houve au-

autoteste na farmácia e com o auxílio de um farmacêutico. Manter

mento no índice de pessoas portadoras do

uma lista com os locais de atendimento a pacientes soropositivos

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


polêmica também pode ser útil”, pontuou Ricardo Lahora, farmacêutico e

truções de uso devem ser bastante claras

proprietário de farmácia. Vale citar que os fabricantes são obriga-

e em linguagem acessível. Nesse ponto, a

dos pela RDC 52 a disponibilizarem um número de telefone gra-

farmácia deve tomar cuidado para não dar

tuito para atendimento.

instruções equivocadas, pois pode ser pro-

Segundo Ricardo, o sigilo deve ser garantido, por isso a neces-

cessada como corresponsável, juntamen-

sidade de existir um local específico para orientar a pessoa sobre

te com o fabricante, por resultados erra-

como fazer o teste em casa. “Penso que o atendimento deverá

dos. Para minimizar esses riscos, CRF-RJ e

ser realizado exclusivamente pelo farmacêutico. Muitos colegas

a ABF defendem a criação de Procedimen-

são especializados em Farmácia Clínica, o que vai ajudar bastante.

tos Operacionais Padrão (POPs).

Porém, entendo que precisamos nos capacitar também em ou-

Estados Unidos, Reino Unido e França

tras áreas do conhecimento, como direito, para nos precaver em

são alguns dos países que já vendem auto-

relação a processos contra a farmácia; psicologia, para entender o

testes em farmácias. No Brasil, não se sabe

paciente quanto à insegurança diante de um resultado positivo; e

dizer quando estarão disponíveis as primeiras

semiologia, para compreender melhor as manifestações clínicas

unidades. Até o fechamento desta edição, a

da Aids e esclarecer as possíveis dúvidas do paciente”, acrescen-

Anvisa ainda não havia recebido nenhuma

tou o farmacêutico.

solicitação de registro. O preço do produto também não foi definido, mas pode custar

janela imunológica estendida do autoteste. As pessoas precisam

entre 100 e 120 reais. Nos Estados Uni-

ser informadas dos riscos de um falso-negativo. Por isso, as ins-

dos, é vendido por cerca de 60 dólares.

freepik

Uma das grandes preocupações do MS e da Anvisa é quanto à

O mapa do autoteste no mundo Inglaterra: 2014 EUA: 2012

Holanda: 2013 China: 2005

(disponível somente em Macau e Hong Kong)

França: 2015

Quênia: 2011

Austrália: 2014

África do Sul: 2015

Fonte: Ministério da Saúde

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

29


novos negócios

Por onde eu começo? Especialistas apontam prós e contras na aquisição de uma empresa já constituída no mercado

D

Durante a Feira do Empreendedor, realizada pelo

SEBRAE no fim do ano passado, uma das palestras, ministrada

pelo consultor Marcos Assumpção, tratou do tema “Aquisição

de empresas – benefícios e cuidados”. Uma vez tomada a de-

cisão de caminhar com as próprias pernas, sendo dono de uma

farmácia ou rede, bate aquela dúvida: devo começar uma empresa

do zero ou comprar uma já constituída, com CNPJ, estoque e equipe prontos para funcionar? A escolha não é simples e merece certos cuidados, como levantar os benefícios e riscos, analisar o ponto comercial, checar a empatia dos clientes com a marca, entre outros. “Procure esqueletos no armário”, diz o consultor do SEBRAE. A expressão quer dizer que se deve ter atenção a tudo o que não está dito, possivelmente camuflado: negócio ou ponto ruim, problemas financeiros, segmento decadente (o que não é o caso do setor farmacêutico, que vai muito bem, obrigado!). Se não há esqueletos, os benefícios em comprar uma empresa já constituída podem valer a pena. Entre eles, as possibilidades de analisar o negócio funcionando antes de assumir, avaliar o mercado real e testar a equipe, selecionando os melhores profissionais. Para Jorge Wilson Alves, contador, advogado e sócio na Arkhos Negócios, empresa especializada em corretagem de empresas e imóveis comerciais, certamente é mais fácil começar do zero, “porque existe um histórico das vendas realizadas, o que possibilita o empreendedor avaliar melhor o risco do negócio e economizar o tempo que seria gasto na montagem da estrutura física e na obshutterstock

tenção das autorizações de funcionamento. Porém, existem riscos específicos que

30

devem ser considerados”, alerta o especialista. O comprador deve desconfiar se não conseguir ter acesso a informações como histórico de vendas, demonstrações financeiras, movimentação bancária da empre-

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


novos negócios sa, contas a pagar, fluxo de caixa, demanda de capital de giro, ní-

quida o assunto. Por exemplo, se algum re-

vel de inadimplência, entre outras. Isso pode significar desorgani-

colhimento foi realizado incorretamente, ele

zação financeira ou tentativa de esconder dados importantes para

poderá ser notificado e cobrado com mul-

a decisão de compra. A mesma dica vale para as situações fiscal,

tas e correções, inclusive reclamações tra-

jurídica e trabalhista. “O comprador não pode se descuidar de ne-

balhistas de antigos funcionários. Se a em-

nhum aspecto, sendo recomendável a assessoria de um contador

presa utiliza serviços terceirizados, avalie

ou advogado. É indispensável o exame das certidões de regulari-

com muita cautela para saber se não há in-

dade fiscal e trabalhista, livros contábeis, registros de empregados

dícios de vínculos trabalhistas”, orienta Kelly.

e contrato de locação”, ressalta Alves.

Vale destacar que o patrimônio pes-

Existem duas alternativas para a compra de uma empresa: ad-

soal do sócio não se confunde com o patri-

quirir a pessoa jurídica ou o estabelecimento. A pessoa jurídica é

mônio da sociedade ou pessoa jurídica que

uma sociedade formalmente constituída, enquanto o estabeleci-

constitui a empresa. “Isso quer dizer que as

mento é um conjunto de bens organizados para o funcionamento

dívidas da empresa devem ser pagas por

do negócio. Em regra, o estabelecimento pertence à pessoa jurídi-

ela, não pelo sócio. Muito embora, as dívi-

ca. Ao comprá-la, o CNPJ é mantido, juntamente com todas as au-

das trabalhistas e fiscais, por serem créditos

torizações de funcionamento, mais ativos e passivos. “Se o objeto

com privilégios, possam vir a onerar o sócio

da compra for o estabelecimento, será necessário um novo CNPJ

se a empresa não dispuser de recursos para

e novas autorizações de funcionamento”, explica Alves.

saldá-las”, observa Alves.

Quem fica com as dívidas?

Direito de explorar o ponto comercial

A compra de uma empresa implica assumir os ativos e passivos. Todas as dívidas da empresa são transmitidas com ela. “Por

Muitas questões jurídicas devem ser

isso, o principal risco na compra de um negócio já constituído é o

consideradas durante a negociação. Por

financeiro, ou seja, as dívidas que são transferidas com ele. Aten-

exemplo, em relação à patente. “Se a em-

ção maior deve se ter com os passivos ocultos, sendo o principal

presa a ser adquirida possui uma patente,

deles o passivo trabalhista. Melhor explicando: ex-empregados

é preciso verificar se está devidamente re-

têm o prazo de até dois anos após a rescisão para acionar a justiça

gistrada e quanto tempo ainda resta de ex-

trabalhista e pedir eventual reparação pelos últimos cinco anos de

ploração. O mesmo deve ocorrer com uma

trabalho na empresa”, detalha Alves.

marca”, lembra Kelly, que também chama a

“Quando se compra uma empresa, ocorre o que chamamos de

atenção para os créditos “podres”, ou seja,

sucessão empresarial. Isso significa que o adquirente será respon-

aqueles que a empresa tem, mas nunca

sável pelos direitos e obrigações do negócio que está assumindo:

chegará a receber.

o passivo fiscal – impostos, taxas e contribuições – e trabalhista –

A consultora destaca ainda que é im-

FGTS, INSS, indenizações – da empresa anterior, mesmo que o ad-

portante verificar se os imóveis são real-

quirente constitua outra pessoa jurídica e novo CNPJ”, alerta Kelly

mente de titularidade da empresa ou se os

Santoro, advogada e consultora de micro e pequenas empresas.

contratos de locação permitem que ocorra

Segundo ela, de acordo com a lei, se o adquirente continuar com a

a cessão do controle acionário sem ocasio-

mesma atividade, clientela, móveis, máquinas, organização e em-

nar a perda do direito de exploração do pon-

pregados, estará com todos os elementos que integram a atividade

to comercial. “Muitos empresários são sur-

empresarial da empresa anterior, tornando-se assim sucessora dela.

preendidos com problemas no contrato

Para minimizar esse tipo de problema, recomenda-se solicitar

do aluguel. Então renegocie com o locador

certidões negativas dos últimos cinco anos. “Contudo isso não li-

as condições e refaça o respectivo contra-

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

31


novos negócios Riscos inerentes à aquisição de uma empresa já existente

to tão logo a empresa seja adquirida, procurando negociar novos ajustes, prazos, valores e vencimentos dos aluguéis”, pontua Kelly. Analisar o cenário econômico também é aconselhável, uma vez que o local onde a empresa se encontra pode ter perspecti-

1

Passivo tributário e trabalhista (dívidas)

2

Debilidade financeira da empresa (dívidas com fornecedores)

vas baixas de crescimento. Além disso, é importante olhar os concorrentes e o grau de rivalidade entre eles. E aumento ou redução brusca na quantidade de clientes pode ser sinal de algum movimento externo à empresa.

Regulação em dobro O segmento farmacêutico é altamente regulado, sofrendo inter-

3

Dificuldades em alavancar a empresa (R$ necessários para tornar a empresa rentável)

ferência direta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Vigilância Sanitária local, dos Conselhos de Farmácia e do Procon. “A atividade é muito regulamentada. Em destaque, podem ser citadas as autorizações da Anvisa e dos órgãos sanitários locais, as normas de comercialização de medicamentos controlados e a presença obrigatória

4

Localização ruim

de farmacêutico no estabelecimento por todo o horário de funcionamento. Por isso, recomenda-se que o empreendedor estude profundamente a legislação pertinente antes de se decidir”, acrescenta Alves.

5

Se a empresa fizer parte de uma franquia, é imprescindível Dimensões inadequadas

analisar a Circular de Oferta de Franquia (COF) e anexos, de preferência com o auxílio de advogado e contador, principalmente no tocante à situação financeira da franqueadora. Os últimos balan-

6

Não avaliar de forma correta os aspectos definidos pelos órgãos reguladores

7

Não dimensionar de forma correta a demanda de capital de giro necessário para operar o negócio

queado, limites de atuação por território e condições de repasse e sucessão da franquia. E não se esqueça de analisar o pré-contrato e o contrato de franquia, que, normalmente, é mais rígido com o franqueado do que com a franqueadora, que precisa de mais proteção, já que o know-how e a marca dela estão em jogo”, cita Marcos.

Obras na região com impacto no funcionamento do negócio

Pronto. Decisão tomada. Você vai comprar a empresa! Agora é a hora de pensar no último passo: o contrato de compra e venda para conclusão do negócio. “Nele, além de constar as condições acordadas, devem ser relacionados, como parte integrante

9 freepik

elas devem estar descritas. “Outras informações a serem analisadas são dedicação do fran-

8

Insegurança pública na região

do documento, os exames que foram realizados, os documentos e certidões que foram apresentados para demonstrar a existência de ativos e passivos da empresa e os bens que pertencem à em-

10

presa”, conclui Alves, da Arkhos Negócios. Concorrência predatória

Fonte: Marcos Assumpção (SEBRAE)

32

ços devem ser apresentados, e, se existirem pendências judiciais,

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

Empreender é uma aventura. Aventure-se se é isso que lhe motiva, mas tome todas as precauções para que seu barco não afunde em mar aberto.



consultor tributário

ICMS passa de 19% para 20% Conheça essa e outras mudanças tributárias neste início de ano

Humberto Teski

C Henrique Tavares

Começamos o ano de 2016 com muitas

tratamento especial no cadastro fiscal de compra e venda. Como

mudanças tributárias e obrigações acessó-

serão tributados na saída, o fornecedor não pode aplicar a substi-

rias, entre elas, alterações nos produtos su-

tuição tributária nesses itens, pois ocasionará aumento de custo.

jeitos ao regime de substituição tributária a

O CEST servirá para identificar a mercadoria passível de subs-

partir de 1º de janeiro; criação do Código Es-

tituição tributária. A partir de 1º de abril de 2016, todas as Danfes

pecificador da Subscrição Tributária (CEST)

emitidas com mercadorias sujeitas ao CEST deverão conter esse

a partir de 1º de abril; aumento do Imposto

código, que está vinculado à Nomenclatura Comum do Mercosul

sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

(NCM) de cada produto. Em se tratando de medicamento, além da

(ICMS) de 19% para 20%, em 28 de março;

NCM, o código vai depender da classificação do produto, ou seja,

instituição da Taxa Única de Serviço, a ser

se é de referência, genérico ou similar, sendo também necessário

paga em 31 de março; inclusão do repelente

saber em qual lista está incluído: positiva, negativa ou neutra. Na

como item da cesta básica; e instituição da

hora de emitir uma nota de venda, devolução, compra, baixa de

Declaração de Substituição Tributária, Dife-

estoque ou transferência, será necessário informar esse código.

rencial de Alíquotas e Antecipação (DeST-

A alíquota geral do ICMS passará de 19% para 20%, pois o adi-

DA), para empresas no Simples Nacional.

cional referente ao Fundo de Combate à Pobreza e às Desigualda-

Vamos entender cada uma delas.

des Sociais (FECP) passou de 1% para 2%. Isso, certamente, acar-

Quanto às alterações nos produtos su-

retará aumento de preços.

henriqueavant@hotmail.com

jeitos à substituição tributária, a lista com-

A Taxa Única de Serviço a ser paga em 31 de março é um im-

Consultor em varejo farmacêutico.

pleta pode ser obtida gratuitamente no Li-

posto trimestral, com cobrança antecipada. Empresas do Simples

vro II, do Anexo I do regulamento do ICMS

Nacional terão desconto de 70% no valor cobrado, que vai de-

no Rio de Janeiro. Observe atentamente,

pender do enquadramento da empresa em uma das cinco faixas.

pois muitos produtos saíram da substitui-

Para efeito de definição de valores, serão adotados como parâ-

ção tributária, como os complementos ali-

metros o total de saída, ou seja, o faturamento dos 12 meses an-

mentares, as vitaminas, os adoçantes, as pi-

teriores ao mês que antecede o início do trimestre base a serem

lhas, entre outros. Por isso, deverão receber

considerados para definição da faixa em que o contribuinte esta-

Taxa Única de Serviço: verifique em qual faixa sua empresa se enquadra

34

Total de saídas

Total de documentos

Taxa Única de Serviços

1

De R$ 0,00 a R$ 3,6 milhões

Até 6 mil

R$ 2.101,61

2

De R$ 3.600.000,01 a R$ 5 milhões

De 6.001 a 24 mil

R$ 4.503,45

3

De 5.000.000,01 a R$ 10 milhões

24.001 a 120 mil

R$ 9.006,90

4

De 10.000.000,01 a R$ 50 milhões

120.001 a 780 mil

R$ 15.011,50

5

Acima de 780 mil

R$ 30.023,00

Acima de 50 milhões

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


consultor tributário rá enquadrado para fins de recolhimento da Taxa Única de Serviços; e o total de documentos, isto é, o total de documentos fiscais

Recomendações importantes

eletrônicos emitidos referentes aos 12 meses anteriores ao último

• substituição tributária - Verifique em seu ca-

mês que antecede o início do trimestre base. Prevalecerá o maior

dastro se os produtos que saíram ou entraram na subs-

total. Consulte na tabela.

tituição tributária já estão atualizados e se os distribui-

Os repelentes de insetos com, ao menos, um dos componen-

dores já estão vendendo esses itens corretamente, a

tes a seguir em sua composição foram classificados como itens da

fim de não aumentar a carga tributária da sua empresa.

cesta básica: icaridina, DEET ou IR 3535.

• CEST - Entre em contato com sua softhouse para sa-

A DeSTDA deverá ser apresentada mensalmente pelos optan-

ber se o campo do CEST já está disponível e inicie o ca-

tes do Simples Nacional, exceto os impedidos de recolher o ICMS

dastramento do código por produto e por NCM, pois,

no regime por terem ultrapassado o sublimite estadual, e pelos mi-

a partir de 1º de abril, você não mais conseguirá emitir

croempreendedores individuais.

nota sem o campo preenchido.

Por meio da DeSTDA, serão declarados o ICMS retido como substituto tributário (operações antecedentes, concomitantes e subsequentes); o ICMS devido em operações com bens ou mercadorias sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento do imposto, nas aquisições em outros estados e Distrito Federal; o ICMS devido em aquisições em outros estados e no Distrito Federal de bens ou mercadorias não sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento do imposto, relativo à diferença entre a alíquota interna e a interestadual; e o ICMS devido nas operações e prestações interestaduais que destinem bens e serviços a consumidor final não contribuinte do imposto. O arquivo digital da DeSTDA deverá ser enviado até o dia 20 do mês subsequente

• FECP 2% - Programe a intervenção técnica nas impressoras fiscais para adequá-las às novas alíquotas, aumentando-as em 1% e evitando problemas fiscais e multas. • Taxa Única de Serviço - Verifique em qual faixa sua empresa se enquadra e provisione esse novo imposto no fluxo de caixa da empresa. • Repelentes - Mude a tributação de “substituição tributária” para “isento” no cadastro fiscal dos repelentes. Para ser da cesta básica, é necessário ter, ao menos, um dos componentes a seguir em sua composição: icaridina, DEET ou IR 3535.

ao encerramento do período de apuração ou, quando for o caso,

• DeSTDA - Entre em contato com a contabilidade

até o primeiro dia útil imediatamente seguinte.

para confirmar se o contador está ciente dessa nova obrigação acessória que terá de ser entregue todo dia 20 de cada mês.

Alguns produtos sujeitos ao CEST (A tabela completa pode ser acessada no Convênio ICMS 146/15.) CEST

NCM/SH

Descrição

13.001.00

3003 3004

Medicamentos de referência – positiva, exceto para uso veterinário

13.001.01

3003 3004

Medicamentos de referência – negativa, exceto para uso veterinário

13.001.02

3003 3004

Medicamentos de referência – neutra, exceto para uso veterinário

13.002.00

3003 3004

Medicamentos genéricos – positiva, exceto para uso veterinário

13.002.01

3003 3004

Medicamentos genéricos – negativa, exceto para uso veterinário

13.002.02

3003 3004

Medicamentos genéricos – neutra, exceto para uso veterinário

13.003.00

3003 3004

Medicamentos similares – positiva, exceto para uso veterinário

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

35


consultor tributário 13.003.01

3003 3004

Medicamentos similares – negativa, exceto para uso veterinário

13.003.02

3003 3004

Medicamentos similares – neutra, exceto para uso veterinário

13.004.00

3003 3004

Outros tipos de medicamentos – positiva, exceto para uso veterinário

13.004.01

3003 3004

Outros tipos de medicamentos – negativa, exceto para uso veterinário

13.004.02

3003 3004

Outros tipos de medicamentos – neutra, exceto para uso veterinário

13.005.00

3006.60.00

Preparações químicas contraceptivas à base de hormônios, de outros produtos da posição 29.37 ou de espermicidas – positiva

13.005.01

3006.60.00

Preparações químicas contraceptivas à base de hormônios, de outros produtos da posição 29.37 ou de espermicidas – negativa

13.006.00

2936

Provitaminas e vitaminas, naturais ou reproduzidas por síntese (incluídos os concentrados naturais), bem como os seus derivados utilizados principalmente como vitaminas, misturados ou não entre si, mesmo em quaisquer soluções – neutra

13.007.00

3006.30

Preparações opacificantes (contrastantes) para exames radiográficos e reagentes de diagnóstico concebidos para serem administrados ao paciente – positiva

13.007.01

3006.30

Preparações opacificantes (contrastantes) para exames radiográficos e reagentes de diagnóstico concebidos para serem administrados ao paciente – negativa

13.008.00

3002

Antissoro, outras frações do sangue, produtos imunológicos modificados, mesmo obtidos por via biotecnológica, exceto para uso veterinário – positiva

13.008.01

3002

Antissoro, outras frações do sangue, produtos imunológicos modificados, mesmo obtidos por via biotecnológica, exceto para uso veterinário – negativa

13.009.00

3002

Vacinas e produtos semelhantes, exceto para uso veterinário – positiva

13.009.01

3002

Vacinas e produtos semelhantes, exceto para uso veterinário – negativa

3005

Algodão, atadura, esparadrapo, haste flexível ou não, com uma ou ambas extremidades de algodão, gazes, pensos, sinapismos e outros, impregnados ou recobertos de substâncias farmacêuticas ou acondicionados para venda a retalho para usos medicinais, cirúrgicos ou dentários – positiva

13.010.01

3005

Algodão, atadura, esparadrapo, haste flexível ou não, com uma ou ambas extremidades de algodão, gazes, pensos, sinapismos e outros, impregnados ou recobertos de substâncias farmacêuticas ou acondicionados para venda a retalho para usos medicinais, cirúrgicos ou dentários – negativa

13.011.00

3005.10.90

Algodão, atadura, esparadrapo, haste flexível ou não, com uma ou ambas extremidades de algodão, gazes, pensos, sinapismos e outros, não impregnados ou recobertos de substâncias farmacêuticas

13.011.01

3005.10.90

Algodão, atadura, esparadrapo, haste flexível ou não, com uma ou ambas extremidades de algodão, gazes, pensos, sinapismos, e outros, não impregnados ou recobertos de substâncias farmacêuticas ou acondicionados para venda a retalho para usos medicinais, cirúrgicos ou dentários

13.012.00

4015.11.00 4015.19.00

Luvas cirúrgicas e luvas de procedimento – neutra

13.013.00

4014.10.00

Preservativo – neutra

13.014.00

9018.31

13.015.00

9018.32.1

13.016.00

3926.90.90 9018.90.99

13.010.00

36

Seringas, mesmo com agulhas – neutra Agulhas para seringas – neutra Contraceptivos (dispositivos intrauterinos – DIU) – neutra

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016



logística reversa

Um acordo em desacordo Enquanto setor e MMA não chegam a um consenso, ABNT vai lançar norma com os procedimentos corretos para o descarte seguro do medicamento pelo consumidor

Q

Quem, ao menos uma vez na vida, não

logística reversa de medicamentos vencidos, mas o País avançou

se viu diante da dúvida sobre o que fazer

muito pouco até agora. A proposta de um acordo setorial não saiu

com o remédio que passou da validade?

do papel por diversas razões. Foram inúmeras reuniões, encontros

Há cerca de, pelo menos, seis anos, com a

e debates promovidos pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA),

publicação da Política Nacional de Resíduos

que envolveram toda a cadeira setorial.

Sólidos, o Brasil começou a discutir cami-

O primeiro Edital de Chamamento de Propostas para Elabora-

nhos para implantar um modelo eficaz de

ção do Sistema de Logística Reversa de Medicamentos foi lançado em 2013. O MMA recebeu três propostas: da indústria, do comércio farmacêutico e da distribuição. “No entanto, elas não possuíam o encadeamento necessário para propiciar o gerenciamento dos resíduos desde o ponto de descarte até a disposição final dos rejeitos. Um dos principais problemas a ser destacado é a ausência de um sistema de governança que permita o gerenciamento dos resíduos de forma segura”, diz uma nota do MMA encaminhada à Revista da Farmácia. Depois disso, o MMA conduziu mais duas reuniões sem êxito. Em abril de 2015, o Ministério encaminhou corres-

istockphoto

pondência a todos os representantes do setor farmacêutico, solicitando uma proposta única. A distribuição mandou proposta semelhante, o comércio pediu mais prazo e a indústria apenas fez reunião com o MMA reafirmando os pleitos iniciais. “Importante destacar que membros da cadeia produtiva de medicamentos atribuíram uns aos outros as principais

38

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


logística reversa responsabilidades pelo gerenciamento dos medicamentos venci-

nicas, elas pouco contribuem com os pro-

dos. Nesse contexto, as propostas tornaram-se divergentes. Ne-

gramas criados pelas iniciativas privadas.

nhuma delas forneceu dados sobre a forma como deverá ser feito

“Além disso, quando uma lei é publicada,

o recolhimento dos medicamentos. Há também uma série de exi-

o ônus, geralmente, cai no colo do vare-

gências relacionadas a isenções fiscais e tributárias, o que dificulta

jo, que é multado se não cumprir”, destaca

ainda mais as negociações com o setor, já que o cumprimento da

o diretor geral da BHS Brasil Service, José

Política Nacional de Resíduos Sólidos não pode ficar condiciona-

Francisco Roxo.

do a outros normativos legais”, argumenta o MMA. Segundo o Ministério, o setor de medicamentos está adiando a apresentação da proposta, fazendo exigências para o cumprimento da lei e alegando que não vê necessidade no recolhimento de todos os medicamentos adquiridos pelos consumidores, deixando, atualmente, o ônus de recolhimento desses resíduos para as prefeituras. Caso o setor não apresente nenhuma proposta consistente, o governo federal terá que baixar um decreto regulamentando o recolhimento dos medicamentos descartados pelos consumidores.

Membros da cadeia produtiva de medicamentos atribuíram uns aos outros as principais responsabilidades pelo gerenciamento dos medicamentos vencidos.

ABNT vai lançar norma Ministério do Meio Ambiente

Enquanto o acordo setorial não sai, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) colocou em consulta pública a NBR 16457,

a primeira norma da ABNT sobre logística reversa de medicamentos no varejo, direcionada principalmente aos consumidores. A previsão é de que seja lançada no 1º Simpósio Internacio-

Pesquisas realizadas pela BHS Brasil,

nal de Resíduos de Serviços de Saúde, nos dias 11, 12 e 13 de abril.

empresa que gerencia programas de logís-

A minuta para consulta pública foi elaborada pela Comissão de

tica reversa no País, mostraram que os con-

Estudo Especial de Resíduos de Serviço de Saúde da ABNT. A nor-

sumidores são desconfiados quando se tra-

ma prevê os requisitos aplicáveis às atividades de logística reversa

ta de devolver à farmácia o medicamento

de medicamentos, assim como estabelece os critérios para prote-

vencido. “Eles têm receio, por exemplo, de

ção e prevenção aos riscos associados ao descarte. O documento

que esses produtos sejam revendidos. Co-

não trata, em nenhum momento, do resíduo produzido pela far-

letar medicamentos é diferente de cole-

mácia, mas apenas daquele que é descartado pelo consumidor.

tar qualquer outro produto. Exige mais se-

De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira

gurança, mais controle. Nesse contexto, a

de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradi-

nova norma da ABNT vai contribuir bastan-

lan), Geraldo Monteiro, a entidade participou de algumas reuniões

te para garantir que as coletas e o manejo

para a definição da proposta de uma norma técnica. “Precisamos

sejam seguros e corretos. Isso vai, inclusi-

destacar que ela não tem força de lei. É como um guia orientador,

ve, aumentar a confiança do consumidor”,

que traz alguns conceitos e sistemáticas de recolhimento. Sendo

acrescenta Roxo.

assim, um acordo setorial ainda é indispensável”, disse Geraldo. Alguns municípios e estados, percebendo que o acordo se-

Iniciativa privada

torial ainda é uma proposta distante, criaram leis regionais sobre

A BHS Brasil é gestora do programa Des-

a questão. No entanto, por serem pouco específicas e nada téc-

carte Consciente, que conta com 600 es-

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

39


logística reversa cia-se com a implantação de coletores apropriados nos estabele-

A norma da ABNT não terá força de lei. É como um guia orientador, que traz alguns conceitos e sistemáticas de recolhimento. Geraldo Monteiro Abradilan

cimentos conveniados. Estudos recentes demonstraram que os anti-inflamatórios e os produtos reumáticos, além dos anti-histamínicos de uso sistêmico, são os mais descartados pela população no lixo comum. Já se pode, inclusive, medir a presença de anti-inflamatórios em amostras de efluentes e rios no Estado do Rio de Janeiro. A média, por dia, de geração de lixo por pessoa é de um quilo, sendo que 3% desse lixo gerado são medicamentos. Isso significa dizer que uma pessoa produz, em média, 300 gramas por mês de resíduo medicamentoso. “A educação da sociedade sobre os riscos do descarte no lixo

tações de coleta em 13 estados brasileiros.

comum é, praticamente, zero. Não aprendemos isso na escola, não

Desde 2011, mais de 130 toneladas foram

há meio de veiculação em massa falando do assunto. Por causa dis-

coletadas e seis bilhões de litros de água,

so, as farmácias podem contribuir aderindo ao Descartar Faz Bem.

preservados. Se você não sabe, cada qui-

Ao manter contato com os clientes, podem informar e orientar so-

lo de medicamento contamina 450 mil li-

bre o projeto e as razões para levar os medicamentos até a farmá-

tros de água.

cia para destinação correta”, defende Leonardo Coelho do Amaral,

No programa gerido pela BHS Brasil, o

diretor da Giga Ambiental. No Descartar Faz Bem, o varejista re-

varejo é quem paga a maior parte da conta:

cebe o coletor, e o único custo é o peso/kg do medicamento des-

80% dos custos. O restante é diluído para

cartado. Cerca de 100 estabelecimentos já aderiram.

outros setores da cadeia. No Rio de Janeiro,

Existem outros exemplos. Na Bahia, a indústria também não

a Droga Raia é quem se destaca com pontos

participa. O jeito encontrado pelo Ministério Público foi reverter

de coleta na capital, em Ni-

os recursos obtidos com multas por danos ao meio ambiente em

terói e Duque de Caxias.

subsídio aos 50 pontos de coleta que existem no estado. No Pa-

Em Volta Redonda,

raná, por pouco, o programa “Medicamento não é lixo: descarte no

além da Raia, as re-

lugar certo” não acabou. Tudo porque, depois que o projeto pilo-

des Pague Menos e

to chegou ao fim, o setor industrial não quis assumir os custos. As

Carrefour compra-

autoridades locais ainda tentam um acordo.

ram a ideia e aderiGiga Ambiental

ram ao programa.

Coletor do projeto Descartar Faz Bem

40

É muito importante que a população seja educada a descartar corretamente os medicamentos, mas também que seja orienta-

A Giga Ambiental,

da sobre a melhor forma de guardá-los em casa. Para se ter uma

empresa que faz cole-

ideia, nos últimos quatro anos, segundo dados do Ministério da

ta de resíduos, lançou,

Saúde, a mortalidade infantil por toxicidade tem na sua lista o

em 2015, um progra-

medicamento como responsável número um. Isso significa que

ma para coleta de me-

as crianças estão tendo acesso a medicamentos dentro de casa

dicamentos vencidos em

com mais facilidade.

farmácias e drogarias no

A farmácia pode muito bem cumprir o papel de informar e

Rio de Janeiro. O Descar-

orientar, mas não pode fazer tudo sozinha. A logística reversa de

tar Faz Bem é uma ação

medicamentos é um projeto para ser pensado, estruturado e de-

voltada à educação am-

senvolvido em conjunto por toda a cadeia. Nesse caso, “o cada um

biental, cujo processo ini-

por si” é o “reverso” do que se precisa agora.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


consultora farmacêutica

Aconselhamento na farmácia

N

Na área da saúde, o aconselhamento é uma prática utilizada

possível e, quando for necessário, encami-

no intuito de suprir as necessidades dos clientes/pacientes em

nhar as pessoas para os serviços de referência.

vários contextos, possibilitando um maior entendimento da sua

Na farmácia comunitária, esse proces-

realidade e capacidade de prevenção, adaptação ou mudança em

so precisa estar bem definido e ser baseado

seus hábitos de vida.

numa constante troca de confiança e infor-

O aconselhamento tem como principais objetivos oferecer

mações entre cliente/paciente e farmacêu-

apoio emocional, esclarecer informações e dúvidas acerca de pos-

tico, pois esse aconselhamento deve criar

síveis alterações e, principalmente, ajudar na avaliação dos riscos

condições para que se estabeleça uma in-

e das melhores maneiras disponíveis para prevenção sobre os vá-

teração satisfatória em que não apenas se-

rios aspectos da saúde.

jam oferecidas informações, mas que tam-

Dessa forma, o aconselhamento também busca fortalecer o

bém seja contemplado um espaço onde os

cliente/paciente para as habilidades necessárias para solucionar

clientes/pacientes falem de suas dúvidas,

problemas relacionados aos seus medicamentos, proporcionando

dificuldades e necessidades.

a adesão e a manutenção do tratamento, principalmente aqueles

Nas doenças sexualmente transmissí-

de longos períodos ou de doenças crônicas em que o uso de me-

veis (DST), o aconselhamento deve seguir a

dicamentos é contínuo.

mesma linha de informação e escuta, mas o

humberto teski

É preciso respeitar o direito individual à autonomia e ao livre consentimento para realização dos autotestes

Dependendo do tipo de serviço a ser realizado, o aconselha-

respeito pelas crenças deve ter um cuidado

mento pode ser individual, quando o paciente solicita o atendi-

adicional, afinal, ao realizar o teste específi-

analulcaldas@gmail.com

mento por consulta ou testes ou coletivo, direcionado para gru-

co, a questão está relacionada a estar ou não

pos de autoajuda, turmas de alunos, associação de moradores ou

infectado pelo vírus HIV. Mais do que estar

Farmacêutica, gerontóloga e especialista em atenção farmacêutica.

grupos de portadores de doenças específicas, como diabetes e hi-

apto para vender ou realizar um teste, será

pertensão. Vale citar que agora, com a chegada dos autotestes de

preciso que o farmacêutico esteja prepara-

HIV em farmácias, mais do que nunca, o farmacêutico deve pro-

do também para encaminhar o paciente a

curar se capacitar para essa habilidade.

um médico ou a um centro de saúde. Caso

Sendo individual, o aconselhamento deve se manter intei-

a doença seja confirmada, deve estar pron-

ramente sigiloso e oferecer a quem realiza uma consulta ou um

to para aconselhar o paciente, entenden-

teste a possibilidade de ser acompanhado pelo profissional na

do que ele pode estar despreparado ou não

farmácia ou, dependendo do caso, por uma equipe de profissio-

ter condições de assumir a doença. Ou ain-

nais de saúde.

da ter dificuldades para adotar atitudes que

Nos testes realizados em farmácias, o farmacêutico assume a res-

alterem seus hábitos ou mesmo não querer

ponsabilidade de informar aos clientes/pacientes todos os procedi-

aderir à farmacoterapia proposta pelo mé-

mentos anteriores e posteriores a serem realizados, bem como infor-

dico. É preciso respeitar o direito individual

mar sobre os resultados, independentemente de estarem dentro de

à autonomia e ao livre consentimento para

padrões normais ou não. Deve também disponibilizar todo o apoio

realização dos autotestes.

Ana Lucia Caldas

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

41


recrutamento e seleção

O passo a passo do processo seletivo

shutterstock

Dicas e orientações de especialistas para que as empresas sejam mais assertivas na hora da contratação

A

As empresas chegam a reduzir em 90%

os custos com as contratações profissionais quando fazem um processo seletivo estratégico. Mas o que seria isso? Nada mais do que algo integrado ao planejamento da empresa e realizado de forma correta, obedecendo aos comandos de quem entende do assunto e envolvendo o gestor desde o início. De acordo com a psicóloga pós-graduada em Psicologia Organizacional e só-

42

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


recrutamento e seleção cia fundadora da Alliage Consultoria em Recursos Humanos, Ana

Desafios para quem contrata

Claudia Castro Rodrigues, um processo seletivo tem, basicamen-

Na teoria, parece tudo muito simples,

te, três etapas: levantamento do perfil, recrutamento e seleção.

mas a prática exige muito mais das empre-

O levantamento do perfil é a coleta de informações sobre a fun-

sas, principalmente daquelas de pequeno

ção. Nessa fase, é muito importante envolver o líder da área, pois

porte, que, em geral, não contam com pro-

ele é a pessoa que mais conhece as necessidades do cargo que

fissionais especializados em RH na hora de

se vai ocupar.

fazer o processo seletivo. “Escolher o profis-

O recrutamento é o momento de divulgar a oportunidade e

sional mais adequado e que atenda às ex-

fazer a triagem dos currículos. Em geral, os anúncios são publica-

pectativas da farmácia pode ser uma tarefa

dos com a descrição do perfil desejado para a vaga em questão,

árdua, pois requer tempo, dedicação, pon-

visando atrair os melhores talentos. Oferecer informação consis-

deração na avaliação e um bom olhar crí-

tente sobre a empresa facilita outra questão extremamente rele-

tico”, comenta Juliana, da Catho. Portanto,

vante na busca pela eficiência no recrutamento: o alinhamento dos

para garantir um processo seletivo eficaz,

candidatos aos valores da empresa.

é preciso analisar as atitudes e reações dos

As companhias, hoje em dia, utilizam vários recursos para

candidatos às situações críticas do trabalho,

anunciar uma vaga, que vão desde o jornal até sites de classifica-

além de elaborar perguntas mais estraté-

dos online, que oferecem agilidade tanto para o recrutador quan-

gicas, estimulando o candidato a demons-

to para o candidato. Nessa fase, a triagem é realizada a partir das

trar diversas reações durante a fase da en-

análises dos currículos, com recrutadores avaliando os melhores

trevista, mostrando-se quem realmente é.

perfis, inclusive formação acadêmica, atuações anteriores e identificação das habilidades necessárias. Por fim, a seleção, que consiste na avaliação dos candidatos pré-selecionados por meio de testes de conhecimentos específicos, testes psicológicos, dinâmicas de grupo e entrevista por competência. A empresa não é obrigada a aplicar todas essas ferramentas, mas, segundo especialistas, a entrevista é indispensável. Ela é realizada com quem passou pelo processo de triagem, servindo para obter mais informações e entender as aspirações do candidato. A etapa da entrevista pode ser única ou dividida em duas ou mais partes. Por exemplo: primeira parte, entrevista com o RH; e,

Em todas as relações humanas, a intuição está presente. Porém, é importante não utilizála com o pretexto de justificar preconceitos. Ana Claudia Rodrigues Alliage

segunda parte, entrevista com o gestor da vaga. A assessora de Carreiras da Catho, Juliana Pereira, acrescenta mais duas etapas ao processo seletivo: feedback e contratação. O

O preparo do entrevistador também é

feedback não é uma prática muito comum. “As empresas não cos-

muito importante. Juliana, da Catho, dá al-

tumam dar um retorno negativo quando o candidato foi reprova-

gumas dicas. “Avalie bem os currículos, iden-

do. No entanto, como esse é um desejo de 100% dos profissio-

tificando se as informações vão ao encon-

nais, está crescendo o número de organizações que enviam, pelo

tro dos requisitos da vaga. Na recepção do

menos, um e-mail informando que a vaga foi preenchida”, diz ela.

candidato, crie um ambiente descontraído

A contratação, por sua vez, consiste na etapa final, em que a em-

para ajudá-lo, pois a tensão é natural. Em

presa pede ao profissional que entregue a documentação neces-

relação à entrevista, minha dica é que o re-

sária para os trâmites de contratação, além de solicitar que o can-

crutador estruture-a de acordo com as com-

didato realize um exame admissional.

petências e os comportamentos esperados

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

43


recrutamento e seleção

4. VALORIZE O CANDIDATO

1. QUEBRE O GELO Logo de início, fazer perguntas que tirem a pressão do candidato é muito importante. Questionar sobre o trânsito, o clima ou, até mesmo, sobre o tempo em que está procurando emprego faz o candidato relaxar.

S ICpA 5a D ffazer um roocessso para elettiivvo effiiccieente sel

2. FAÇA PERGUNTAS ABERTAS

Cada pessoa é única e merece a devida atenção. Demonstre interesse pela história e performance de cada profissional na seleção. Faça com que cada um deles esteja completamente seguro em relação à apresentação de suas competências e habilidades.

5. OUÇA MAIS, FALE MENOS

Evite questões nas quais o candidato responderá somente “sim” ou “não”. Perguntas como ”fale mais sobre você?”, “o que você espera da vaga?” ou “o que você conhece sobre a empresa?” dão oportunidade ao candidato de se expressar abertamente, já transparecendo algumas qualidades e/ou defeitos.

3. CORRIJA, SE NECESSÁRIO

freepik

Inevitavelmente, recrutadores se deparam com candidatos que se sentem à vontade até demais no processo seletivo. Seja na questão do vocabulário, seja na vestimenta ou postura, é importante corrigir os pretendentes à vaga para que, caso sejam contratados, não repitam os mesmos erros.

O objetivo de um processo seletivo é conhecer o candidato. Questione e seja paciente para escutar. Porém, não confunda objetividade com frieza – o recrutador não deve ser frio e rígido com o candidato, mas também não pode transmitir intimidade.

44

do candidato. No entanto, deve evitar per-

se observe o candidato nos cenários pré, durante e pós-entrevis-

guntas que induzam à reposta. O melhor é

ta”, acrescenta Juliana.

fazer questionamentos mais abertos e dar

Algumas empresas, no momento da contratação, valorizam

liberdade ao candidato para construir livre-

mais os aspectos técnicos dos candidatos do que os comporta-

mente seu pensamento”, orienta.

mentais, ou seja, normalmente admitem pelos excelentes conhe-

No processo de escolha de um can-

cimentos técnicos e demitem pelo mau comportamento. A falta de

didato, os recrutadores devem evitar fa-

critérios e instrumentos adequados é apontada como uma segunda

zer julgamentos precocemente. “É mui-

razão para o fracasso na contratação de perfis adequados à função,

to comum que um profissional comece

podendo gerar, na maioria das vezes, grandes perdas financeiras.

uma entrevista com nervosismo e termi-

As dinâmicas e a entrevista servem, justamente, para evitar

ne autoconfiante. Por isso, aconselho que

que isso aconteça. Se conduzidas por psicólogos e profissionais

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


recrutamento e seleção especializados, podem aumentar as chances de se contratar bons

Espiada nas redes sociais

profissionais. Por isso, especialistas aconselham a não pular essa

Hoje em dia, a tecnologia deve ser usada

etapa do processo seletivo. O currículo é importante, mas a en-

a favor da empresa e do candidato no recru-

trevista é mais ainda.

tamento e na seleção de perfis profissionais.

Outro erro comum é a condução de um processo seletivo en-

O Skype, por exemplo, serve para entrevis-

gessado e automático, que causa a impressão de ser mais um in-

tar profissionais que, apesar de residirem

terrogatório do que uma entrevista de emprego, inibindo o candi-

em outras cidades, se mostram talentosos

dato. Quando isso acontece, a empresa pode perder bons talentos

e interessados no preenchimento da vaga.

devido à falta de preparo do selecionador.

Delegando a terceiros Tanto o processo seletivo interno quanto o terceirizado exigem planejamento e dedicação. A diferença é que, no processo seletivo interno, a empresa necessita de equipe apta para desenvolver o trabalho e nem sempre o RH dela tem um staff disponível para isso. Portanto, para muitas companhias, terceirizar o processo de recrutamento e seleção tornou-se uma solução. “Apesar de o recrutamento interno trazer algumas vantagens, como economia

Avalie bem os currículos, identificando se as informações vão ao encontro dos requisitos da vaga. Juliana Pereira Catho

e rapidez, a terceirização desafoga a área de RH e aumenta a assertividade na escolha dos candidatos, uma vez que o processo é realizado por uma consultoria especializada”, pondera a assessora de Carreiras da Catho.

As redes sociais, por sua vez, revolucionaram a eficiência dos processos, trazendo

O emprego das técnicas e ferramentas garante profissiona-

mais agilidade e reduzindo custos. Cada vez

lismo e assertividade no processo seletivo. Quando as empre-

mais, as empresas estão dando uma “espia-

sas não contam com profissionais capacitados para recrutar e

dinha” no Facebook dos candidatos. Segun-

selecionar, geralmente, lançam mão da intuição para contratar.

do o Linkedin, quase 50% das companhias

Ela pode ser tanto positiva quanto negativa. O principal fator

brasileiras já utilizam redes sociais profissio-

que define se a intuição pode ser levada em consideração ou

nais para contratar pessoas.

não é o tempo de experiência que o recrutador possui na rea-

Outra possibilidade que pode aumentar

lização de entrevistas. “Um profissional mais experiente tem

a eficiência do recrutamento é a divulgação

uma gama maior de dados reais e experiências passadas que

das vagas nas mídias sociais das empresas,

podem respaldar se a intuição deve ou não ser levada em con-

que acabam recebendo compartilhamen-

sideração na condução de um processo seletivo em questão”,

tos espontâneos de seus fãs.

explica Juliana, da Catho.

Chegou à etapa final de contratação?

Sabendo que a intuição pode falhar, vale a pena correr o ris-

Espere um minuto! Não assine o contrato

co? “Entendo que, em todas as relações humanas, a intuição está

de trabalho antes de fazer uma extensa ve-

presente. Porém, é importante não utilizá-la com o pretexto de

rificação das referências do candidato. Seja

justificar preconceitos, percepções seletivas, favoritismos. Deve

por meio de cartas de recomendação, seja

ser levada em conta juntamente com a técnica e a metodologia a

por meio de telefonemas a ex-empregado-

serem utilizadas para minimizar a subjetividade, apoiando a deci-

res, essa verificação evita surpresas em mo-

são de contratação ou não em evidências consistentes”, completa

mentos posteriores à contratação, além de

Ana Claudia, da Alliage.

acarretar maior segurança para a empresa.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

45


nosso negócio

O que vale a pena?

divulgação

O processo decisório na gestão de uma empresa nem sempre é fácil, mas muito necessário

T

Todo gestor se depara com decisões

gens e desvantagens, avaliando os pontos positivos e negativos de

diárias a serem tomadas com o objetivo

cada alternativa. Também pode ser utilizada uma análise do pon-

de evoluir o negócio e não existe decisão

to de equilíbrio para gerar informações sobre os diferentes cami-

perfeita. Ele terá que pesar as vantagens

nhos que os gestores podem seguir no processo decisório em que

e desvantagens de cada alternativa para

os custos e despesas são fatores em jogo;

escolher a melhor, visando ao desempe-

• Verificação da eficácia da decisão: aqui, faz-se uma análi-

nho econômico e à satisfação da empre-

se se a decisão foi a mais apropriada para resolver o problema ou

sa e dos colaboradores.

explorar uma oportunidade. Novas decisões podem ser tomadas

No processo de tomada de decisão, constam as seguintes etapas:

nandaramos8@gmail.com

Farmacêutica, empresária e diretora da Ascoferj

tomadas, pois existem perdas e ganhos, como também conflitos

térios: pode-se ter uma frustração e um

de valores. E isso tudo é necessário. Por isso, é importante criar

momento indesejável a ser corrigido, assim

um cenário próximo da realidade, em que as possibilidades pos-

como uma percepção de uma oportunida-

sam ser analisadas sob vários aspectos. Essas decisões serão mais

de que deve ser aproveitada;

bem direcionadas caso haja um equilíbrio racional e emocional e uma boa dose de entusiasmo.

diagnóstico é a do Princípio de Pareto, para

Entusiasmo significa “Deus em mim” e “divinamente inspirado”.

se selecionar as causas mais críticas quan-

O entusiasmo é importante não só nos processos decisórios, mas

do se tem um grande número de proble-

em tudo na vida. Seguem algumas dicas do professor Luiz Marins,

mas, utilizando a proporção 80-20, em que

consultor de empresas, palestrante, escritor e antropólogo, para

uma grande quantidade de efeitos é resulta-

se viver com entusiasmo:

do de uma quantidade pequena de causas; • Criação de alternativas: envolve a ge-

• Afaste-se de pessoas e fatos negativos; • Valorize suas ideias e intuições, acreditando em você;

ração de ideias, podendo aí ser aplicado o

• Não reclame e não fale mal dos outros;

brainstorming, que é a geração de ideias em

• Cultive o bom humor, o sorriso e a alegria;

cadeia sem nenhum tipo de crítica ou julga-

• Ouça e dê atenção às pessoas;

mento, para, em seguida, serem agrupadas

• Estenda a mão aos outros, coopere e participe;

em categorias e avaliadas na etapa seguinte;

• Comprometa-se. Faça mais do que esperam de você;

• Análise de alternativas: nessa fase, o

46

Esse processo implica decisões nem sempre fáceis de serem

• Identificação do problema e dos cri-

• Diagnóstico: uma técnica que ajuda no

Fernanda Ramos

nessa etapa.

• Faça tudo com atenção aos detalhes;

pensamento crítico é fundamental. Aqui,

• Cuide-se, vista-se bem, goste de sua imagem;

podem ajudar técnicas de análise de vanta-

• Não chore. Decida-se a mudar a realidade. Aja!

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


indústria farmacêutica

O melhor cenário

A

A nova realidade das prateleiras impeliu a indústria farmacêu-

periências e conhecimentos sobre substân-

tica a buscar auxílio no marketing para levar o medicamento cer-

cias, indicações, contraindicações, interações

to ao público-alvo perfeito. A responsabilidade começa quando o

medicamentosas e efeitos adversos dos vá-

uso do marketing farmacêutico joga pesado para influenciar suas

rios medicamentos expostos à comerciali-

marcas, devido à competição dos medicamentos genéricos, e pre-

zação. Dessa forma, ficam mais prepara-

cisa buscar/reconhecer no varejo farmacêutico os especialistas que

dos para atuar, maximizando a aceitação

conhecem a dinâmica de um medicamento para que possam in-

e a venda dos medicamentos em parceria

fluenciar no aumento do portfólio da indústria nas prateleiras e,

com a indústria.

divulgação

Conquistar a fidelidade do cliente e da indústria se tornou uma tarefa muito mais complexa para o varejo

consequentemente, reduzir as rupturas. Encontrar uma solução eficiente para compreender essa interação entre indústria e varejo é importante. Por isso, a necessidade de conhecer o que urologistas, oncologistas, reumatologistas, dermatologistas, gastroenterologistas e, principalmente, prescritores estão prescrevendo, e o que os clientes, na ponta do varejo, estão percebendo do medicamento prescrito. É responsabilidade conjunta descobrir e comunicar esses estudos para os players envolvidos, inclusive os distribuidores, para que, de forma rápida, possam se preparar adequadamente, permitindo que os avanços tecnológicos cheguem mais rápido ao ponto de venda e ajudando no lançamento de medicamentos, bem

O desafio é identificar quais as parcerias que realmente fazem a diferença na conquista do cliente e, consequentemente, trazem melhores resultados operacionais e mais rentabilidade.

Mauro Pacanowski mauro@pacanowski.com.br

Professor e consultor da FGV

como obrigando a indústria a repensar sua estratégia de marketing e sua forma de atuação no varejo.

Nesse contexto, o desafio é identificar

Conquistar a fidelidade do cliente e da indústria se tornou uma

quais as parcerias que realmente fazem a

tarefa muito mais complexa para o varejista. Diferenciais como

diferença na conquista do cliente e, conse-

qualidade do produto e atendimento são atividades subvaloriza-

quentemente, trazem melhores resultados

das. Os clientes se utilizam de critérios mais abrangentes e subje-

operacionais e mais rentabilidade. Quanto

tivos para escolher os medicamentos que vão consumir. Isso sem

mais preparado estiver o varejo para falar a

falar na restrição à propaganda e à promoção de medicamentos e

linguagem do cliente, mais fácil será para se

na atuação do farmacêutico com uma abordagem prática e técnica.

diferenciar as ações de marketing da indús-

O grande desafio para o varejo é manter um relacionamento

tria, oferecendo suporte ao balconista e ao

cada vez mais próximo com o cliente, de forma que sua farmácia

farmacêutico, agregando valor à prática diária,

e serviços sejam percebidos como algo único. Os profissionais de

enriquecendo a relação e gerando melhores

marketing da indústria e o pessoal do varejo precisam trocar ex-

resultados em termos de competitividade.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

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saúde

Pressão alta atinge milhares de brasileiros Humberto Teski

No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão 26 de abril, clientes devem ser alertados sobre os riscos da doença Ação social da Ascoferj para controle da doença, realizada em 2015

A 48

A pressão alta, na maioria dos indivíduos,

dos rins e alterações na visão, que podem levar à cegueira. Silencio-

é uma doença que não causa sintomas. As

sa e sem cura, a hipertensão pode resultar até na morte do paciente.

manifestações mais comuns são dores de ca-

A gravidade é tanta que só no Brasil, anualmente, morrem qua-

beça, cansaço, tonturas e sangramento pelo

se 300 mil pessoas de doenças cardiovasculares e mais da metade

nariz. Além disso, a hipertensão não discrimi-

decorre da pressão alta, segundo estatísticas da Sociedade Brasi-

na sexo, faixa social ou idade. Se não tratada,

leira de Hipertensão (SBH). Ainda de acordo com a SBH, 30% da

pode ocasionar derrames cerebrais, doenças

população adulta brasileira já sofrem com o problema, chegando

do coração, insuficiência renal ou paralisação

a mais de 50% na terceira idade.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016


saúde E não para por aí. No Brasil, 5% das crianças e adolescentes já

no Dia Nacional de Prevenção e Combate à

possuem pressão alta. A enfermidade é responsável por 40% dos

Hipertensão Arterial, em 26 de abril, em di-

infartos, 80% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) e 25% dos

versas cidades, entre elas, o Rio de Janeiro.

casos de insuficiência renal terminal.

Em breve, confira no site mais informações sobre o evento deste ano: www.sbh.org.br.

Fatores que agravam a doença O excesso de peso e a falta de atividade física são dois fatores que podem elevar o número de hipertensos. No ano passado, dados do Ministério da Saúde (MS) revelaram o aumento no número de pessoas acima do peso no Brasil: mais de 52,5% de brasileiros. Os jovens registraram a menor prevalência no aumento de peso, enquanto a população entre 35 e 64 anos apresentou prevalência maior, sendo 58,6%, de 35 a 44 anos; 61,6%, de 45 a 54 anos; e

Farmácia como aliada no controle da doença • Segundo a SBH, apenas 23% dos hipertensos realizam o controle correto da doença, 36% não tomam nenhum tipo de cuidado e 41% abandonam o tratamento, após melhora inicial.

61,8 %, de 55 a 64. Em 2006, o índice de brasileiros com excesso de peso era de 43%, ou seja, de lá para cá esse número aumentou significativamente.

Alerte seu cliente sobre a importância de um tratamento contínuo. A doença não tem

Nessa mesma pesquisa, realizada pela Vigilância de Fatores de

cura e pode levar ao óbito.

Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), o MS divulgou que a prática de atividade física no Brasil está

• As graves consequências da hipertensão podem

crescendo, apesar de dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)

ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam

revelarem que cerca de 3,2 milhões de mortes, por ano, no mundo,

sua condição.

são atribuídas à falta de exercícios. O sedentarismo ainda é o quarto maior fator de risco de mortalidade global. Números divulgados pelo

O farmacêutico pode e deve orientar o paciente

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 46%

sobre os possíveis sintomas da pressão alta.

dos adultos são sedentários, ou seja, aproximadamente 67,2 milhões. Para a SBH, o sedentarismo, somado a estresse, maus hábitos

• No Brasil, de acordo com a SBH, em apenas 29% das

alimentares e excesso de peso e idade, é um fator que contribui

consultas médicas realiza-se a aferição da pressão.

para desenvolver a hipertensão. O nefrologista membro da SBH, Fernando Almeida, alerta que não fazer atividade física realmente

Ofereça o serviço na sua farmácia.

é um dos grandes fatores de risco para a hipertensão. “Diante dessa realidade, o nosso objetivo é conscientizar a população da importância da prática da atividade física e também de uma alimentação saudável, para que exista mais controle das doenças crônicas e cardiovasculares”, comentou.

Prevalência da hipertensão na população por faixa etária

Outro ponto fundamental é a continuidade do tratamento, já que a maior parte das pessoas começa tratando a doença, tem

35 a 44 anos

58,6%

45 a 54 anos

61,6%

55 a 64 anos

61,8%

uma melhora inicial nos resultados, mas, por algum motivo, acaba deixando de lado os cuidados que têm com a saúde, seja não tomando os medicamentos, seja por desleixo na alimentação, fato que ajuda a agravar ainda mais a doença. Com o intuito de alertar a população sobre esses riscos e necessidade do tratamento contínuo, a SBH realiza, todo ano, ações

Fonte: Ministério da Saúde (2015)

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

49


práticas corporativas

Seu funcionário pode tirar férias? Disseminar conhecimento prático e formar substitutos é fundamental para que sua equipe descanse

T

Todo ano, quando chega o verão, é a

divulgação

mesma coisa: todos querem tirar férias

Fernando Gaspar fgaspar00@gmail.com

Consultor especializado na construção de indicadores gerenciais para varejo e serviços, instrutor de liderança e palestrante.

veis danos colaterais.

para aproveitar os dias longos, o tempo

Férias bem planejadas podem servir como uma grande opor-

das crianças em casa e tudo o mais que a

tunidade para que funcionários que estejam em desenvolvimen-

estação mais quente do ano propicia. Sur-

to tenham sua chance de ouro. Além disso, com planejamento, é

gem, em paralelo, alguns dramas corpo-

possível se distinguir gargalos de conhecimento, ou seja, descobrir

rativos. “Quem vai substituir meu geren-

que um funcionário detém um conhecimento prático que precisa

te e meu farmacêutico?” ou ainda “Como

urgentemente ser repassado para algum colaborador para que o

ficará a operação dos caixas?”. No papel

processo não pare durante as férias.

de consultor, presenciei soluções criati-

Quer um exemplo? Uma vez atendi a um cliente que estava

vas que envolviam a capacitação de fun-

com um problemão: só depois de dar férias a um funcionário é que

cionários sobressalentes, uma espécie de

ele se deu conta de que esse funcionário era o único que sabia ope-

“faz tudo”, que jogava em várias posições

rar o sistema de PBM da loja e, portanto, as vendas estavam em-

operacionais e que cobria férias. Claro que

pacadas. Ninguém, nem mesmo o dono, sabia manuseá-lo ade-

tal solução não se aplica aos farmacêuti-

quadamente. Esse relato soa muito distante, muito improvável de

cos, um caso à parte.

acontecer na sua loja? Pois, então, examine com cuidado sua ope-

Por outro lado, já presenciei soluções

ração, tanto a frente de loja como a retaguarda.

que mais pareciam inspirados nos tempos

Áreas como tesouraria, contas a pagar e contas a receber cos-

da “Casa Grande e Senzala”, onde o funcio-

tumam ser muito centralizadas em indivíduos de confiança e são

nário era convencido a dobrar todos os dias

sensíveis para serem delegadas nas férias. Como resolver? Usan-

do mês até que o colega retornasse das fé-

do uma metáfora do futebol: vai matar a bola no peito e chutar

rias. Em todas as ocasiões que acompanhei,

para frente? Para acrescentar um pouco de drama ao enredo, cabe

essa oferta foi feita ao gerente, essa figura

lembrar que empresas de segurança costumam ver com descon-

tão essencial a qualquer varejo.

fiança funcionários que dispensam sair de férias. Será que estão

Por trás dessas soluções e problemas,

50

luções operacionais para viabilizá-las, menores serão os possí-

escondendo algo?

está sempre o mesmo fator: planejamen-

Enfim, a necessária rotatividade de pessoal para cobrir férias pla-

to. Quanto mais tempo e energia forem

nejadas pode ser uma rica oportunidade de aprendizado para os fun-

investidos no planejamento das férias

cionários na medida em que a equipe é colocada sob novos arran-

dos funcionários e na elaboração das so-

jos, gerando maior tônus motivacional e crescimento profissional.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016



evento

Novidades Expo Pharma 2016 Evento passará a ser realizado no mês de setembro

A

As mudanças da edição 2016 da Expo

rá nos estandes. Além de medicamentos, higiene e beleza, nutri-

Pharma começaram pela logomarca, que

cosméticos, equipamentos e serviços, serão integrados expositores

ganhou mais curvas e leveza, conquistan-

de nutrição esportiva, suplementação e tecnologia. Nos corredo-

do a modernidade que o mercado exige.

res, buscando os melhores negócios, estarão empresários, gesto-

Também a data de realização foi reavaliada

res, compradores, grandes redes e farmacêuticos.

pelos organizadores e a segunda quinzena

Fátima Facuri, diretora da Open Brasil, organizadora da Expo

de setembro – dias 21 e 22 – foi determi-

Pharma, acredita que as mudanças melhorarão ainda mais os re-

nada como o melhor período para a feira.

sultados do evento. “O mercado farmacêutico passa por uma gran-

E, por último, o local: o evento acontecerá

de transição, muito está em transformação. Ao mesmo tempo, o

no Hotel Windsor Barra, na Barra da Tiju-

País vive uma reviravolta política e econômica. Mesmo assim, o se-

ca, Zona Oeste do Rio, que oferece todos

tor não para de crescer, adequando-se aos novos tempos. A Expo

os elementos essenciais à logística neces-

Pharma, como um dos eventos mais representativos desse mer-

sária para atender expositores e visitantes.

cado, também está se adaptando às exigências da atualidade. As

As novidades passam ainda pelas cate-

inovações chegarão também ao Congresso do Varejo Farmacêu-

gorias de produtos que o público encontra-

tico. Nossa expectativa é de superar com sucesso todas as edições anteriores, tanto em negócios quanto em visitação”, comentou Fátima.

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A última edição da Expo Pharma gerou um crescimento de 20% em seus números e, pelo menos, uma centena de marcas participou do evento, proporcio-

Expo Pharma 2016 Dias 21 e 22 de setembro Hotel Windsor Barra, Rio de Janeiro

nando ao público a oportunidade de fazer grandes negócios e, acima de tudo, conhecer de perto

Mais informações em openbrasil@openbrasileventos.com.br

parceiros e fornecedores. Para os

www.expopharma.com.br

expositores, foi a ocasião perfeita para apresentar ao varejo seus

freepik

produtos, lançamentos, serviços,

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tecnologia e inovação, além de prospectar e fortalecer marcas.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016



pequeno varejo

Conheça o Canvas Metodologia de modelagem de negócio e de produtos e serviços

A

A metodologia Canvas de modelagem

Segmentos de clientes: busca mapear para quem se está crian-

de negócio é uma representação esquemá-

do valor e quem são os potenciais clientes para os objetivos pre-

tica visual, em blocos, que resume os nove

tendidos;

principais componentes do modelo de ne-

Proposta de valor: são criadas propostas ou novos processos que

gócio de uma empresa ou um novo produ-

atendam a determinadas necessidades dos potenciais clientes-alvo;

to ou serviço a ser lançado ou implantado.

Canais de distribuição: como entrega em domicílio, site de con-

Trata-se de uma metodologia prática que

teúdo, newsletter, atendimento presencial, entre outros, por meio

permite ao empreendedor ou ao empresá-

dos quais será possível distribuir e entregar as propostas de valor

rio “desenhar” um modelo de negócio por

ou implantar os novos processos;

meio de um esquema que cabe em uma

Humberto Teski

única folha de papel.

Marcos Assumpção marcosconsultor@globo.com

Consultor em planejamento, gestão por processos e gerenciamento de projetos.

Com o esquema pronto, o empresário poderá testar o conceito, amadurecer a ideia e discutir com outros membros da equipe,

os novos processos; Linhas de receita: define como a solução em construção pretende gerar ou ampliar as receitas;

parceiros e até com clientes. Como o preen-

Recursos-chave: são os recursos ligados diretamente à operação

chimento do Canvas é feito por meio de

do modelo de negócio ou a novos processos. Podem ser equipes,

post it, fica fácil promover a evolução e os

equipamentos, investimentos, plataformas de tecnologia, entre outros;

ajustes na ideia e modelagem inicial. Des-

Atividades-chave: são todas aquelas sem as quais não seria

sa forma, realiza-se a evolução do modelo,

possível atender às propostas de valor e executar os novos pro-

com novas versões do Canvas.

cessos, construir os canais necessários e manter os relacionamen-

A metodologia Canvas foi desenvol-

tos. Podem ser atividades-chave desde o acompanhamento das

vida originalmente para a modelagem

redes sociais – uma atividade interessante para contribuir no rela-

de startups, dentro do conceito de que

cionamento com os clientes –, passando pelo conjunto de etapas

startups estão sempre em busca de um mo-

dos novos processos, até a construção de uma loja;

delo de negócio sustentável e replicável e, por isso, precisam criar protótipos, testar

Parceiros-chave: são todos aqueles que podem contribuir tanto com as atividades-chave quanto com os recursos-chave;

hipóteses, “dar a cara para bater”, para, en-

Estrutura de custos: indica a necessidade de se pagar a manu-

tão, começar a crescer. Ocorre que a me-

tenção dos equipamentos previstos, os parceiros contratados, os

todologia Canvas foi bem aceita pelo mer-

custos recorrentes com infraestrutura e equipe envolvida, os cus-

cado, passando a ser aplicada na análise e

tos operacionais gerais, entre outros.

modelagem de empresas em geral, inclusive no pequeno varejo. As nove etapas do Canvas são:

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Relacionamentos com os clientes: tem o propósito de fomentar e fortalecer o envolvimento do cliente com o negócio ou com

Revista da Farmácia · Março-Abril 2016

Finalmente, vale destacar que a metodologia Canvas não substitui o plano de negócio. São metodologias complementares, podendo ser utilizadas em qualquer setor ou segmento de negócio.




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