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Ano 25 · Edição 193 · Julho-Agosto 2016
O segredo da fidelização Especialistas contam como é possível captar e fidelizar novos clientes mesmo na crise. Saiba como
ENTREVISTA
ASSUNTOS REGULATÓRIOS
DIA NACIONAL DA FARMÁCIA
Conversamos com o farmacêutico português João Pedro Matos sobre as farmácias portuguesas
Eduardo Paes sanciona lei complementar que autoriza farmácia em posto de gasolina
Medalha de ouro para quê? No clima olímpico, selecionamos importantes avanços do setor
opinião
E
Estamos diante de uma grande polêmica entre duas impor-
Portanto, os consultórios farmacêuticos,
tantes categorias profissionais de saúde do País: o Conselho Fe-
devido à capilaridade de farmácias e droga-
deral de Medicina (CFM) e o Conselho Federal de Farmácia (CFF),
rias que funcionam com a presença do far-
que estão discutindo publicamente os limites das atribuições des-
macêutico responsável técnico, certamente
sas duas profissões.
podem e devem auxiliar na atenção farma-
O CFM recorre aos tribunais na tentativa de impedir o avanço
cêutica. Eles podem complementar a con-
dos consultórios farmacêuticos, sob a alegação de ser um gravís-
sulta médica e orientar o cliente/paciente
simo problema de saúde pública e que coloca em risco a saúde da
na busca pelo atendimento médico quando
população por se tratar do exercício ilegal da medicina, destacan-
necessário, pois a farmácia é o local de maior
do ainda que os farmacêuticos não possuem habilidades técnicas,
e mais fácil acesso por parte da população.
científicas e legais para diagnosticar doenças e prescrever tratamen-
Além disso, podem evitar o agravamento da
tos. Afirmam que o uso incorreto de medicamentos pode acarretar
doença. Em diversos países, a farmácia atua
o agravamento da doença, colocando em risco a vida do paciente.
na prestação dos mais diversos serviços far-
Já o CFF, ao publicar as Resoluções nº 585 e 586, de 2013, es-
macêuticos, contribuindo na prevenção, no
tabelece os direitos e os deveres do farmacêutico ao prestar cui-
monitoramento e no auxílio à terapêutica.
HUMBERTO TESKI
Consultório farmacêutico: viável ou impossível de concretizar?
dado individual ou coletivo e de forma colaborativa, sempre que
Acreditamos ser necessário haver um
necessário, proporcionando cuidado ao paciente, à família e à co-
equilíbrio nos interesses dos respectivos
Luis Carlos Marins
munidade, com o objetivo de promover o uso seguro e racional
Conselhos no que diz respeito às atribui-
Presidente da Ascoferj
de medicamentos, aperfeiçoar a farmacoterapia, prevenir doen-
ções dos profissionais farmacêuticos, pois
ças e promover a saúde.
o conhecimento científico de ambos são
É evidente e notória a precariedade do acesso ao médico e à prescrição. Inegavelmente, o médico tem competência e legiti-
complementares em diferentes funções e, absolutamente, não são conflitantes.
midade para diagnosticar e prescrever o medicamento para o pa-
Precisamos avançar de forma aliada, in-
ciente. No entanto, é muito difícil se dirigir a um posto médico e
tegrando todos os profissionais que com-
sair de lá com a receita de um medicamento em mãos, para iniciar
põem a cadeia multidisciplinar de saúde, in-
imediatamente o tratamento e não agravar a doença.
clusive os estabelecimentos farmacêuticos,
Infelizmente, estamos muito longe dessa realidade, pois a
e criando uma base legal para o funciona-
maioria da população não tem um serviço de saúde eficiente dis-
mento do consultório farmacêutico. Temos
ponível. Até mesmo as classes sociais mais privilegiadas que uti-
de conduzir as questões políticas com bom
lizam os planos de saúde da rede privada, na maioria das vezes,
senso, diálogo e equilíbrio, a fim de garantir
enfrentam dificuldades para agendar uma consulta com rapidez.
o bem-estar do cidadão.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para marins@ascoferj.com.br
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
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carta da editora
Um setor resiliente
O Viviane Massi
O assunto ainda é crise política e eco-
das, tentamos identificar avanços importantes no setor, que fazem
nômica. E como não ser? Apesar de o vare-
a farmácia merecer medalha de ouro. O uso de novas tecnologias,
jo farmacêutico ser um segmento resiliente,
como o WhatsApp, a melhora no atendimento ao cliente e a mo-
é preciso ter cautela, segundo especialistas
dernização do layout são alguns deles.
da CLOSE-UP International e do Ibmec/RJ.
E por falar em WhatsApp, o aplicativo é o queridinho do mo-
A dúvida é: em tempos turbulentos como
mento. Cresceu tanto que já está sendo usado para fins comerciais.
os de agora, é mais acertado pôr freio nos
Preparamos uma matéria inédita, com dicas de como utilizar cor-
projetos ou seguir em frente? Conversa-
retamente essa ferramenta na relação com os clientes da farmá-
mos com dois especialistas dessas institui-
cia. Fiquem atentos a regras básicas, que sinalizam como engajar os
ções e reunimos dicas importantes para o
clientes com conteúdos relevantes e ser objetivo nas mensagens.
empresário tomar uma decisão acertada. E
Por fim, destacamos uma entrevista exclusiva com o farma-
há quem pense que, na crise, é impossível
cêutico e especialista em Estratégia e Gestão de Marketing Far-
captar e fidelizar novos clientes. Pois nos-
macêutico, João Pedro Matos, de Portugal. Ele nos contou em
sos entrevistados dizem o contrário e ain-
que momento se encontra a farmácia portuguesa e falou dos
da explicam o por quê.
principais desafios.
revistadafarmacia@ascoferj.com.br
Dia 5 de agosto, celebramos o Dia Na-
Editora
cional da Farmácia. No clima pré-Olimpía-
Vale muito a pena ler!
FUNDADOR
DESDE MAIO DE 1991
Ruy de Campos Marins
4
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
sumário
10 entrevista Como vai o setor em Portugal? Veja entrevista com João Pedro Matos
22 assuntos regulatórios PL do vereador Kessler, que autoriza farmácia em posto de gasolina, é sancionado
28 capa Saiba como captar e fidelizar novos clientes mesmo em momentos de crise
8 16 17 18 27 36 40 43 44 46 48 51 52 55 56
boa leitura pequeno varejo evento panorama consultora farmacêutica gestão do negócio dia da farmácia recursos humanos marketing farmacêutico mercado tecnologia práticas corporativas saúde carreria gestão de pessoas
38 pingue-pongue Conversamos com Deusmar, da Pague Menos, novo presidente da Abrafarma
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agenda
Programe-se Gestão de farmácias e Merchandising A doutoranda e mestre em Administração de Empresas, Tatiana Ferrara, ministrará os cursos “Gestão de farmácias e drogarias”, no dia 22 de julho, e “Merchandising”, no dia 23 de julho. Ambos acontecerão na Associação Brasileira de Farmacêuticos (ABF), das 8h30 às 18h. Os associados da Ascoferj têm 20% de desconto, pagando R$ 144, em cada curso, se a inscrição for feita até 30 de junho. Confira todas as informações entrando em contato com o farmacêutico Adriano Santos pelo telefone (21) 3092-0355 ou pelo e-mail silva.adry@hotmail.com.
Curso para balconistas A farmacêutica e consultora Michele Barbosa ministrará o curso “Capacitação para balconistas do varejo farmacêutico”. O encontro é gratuito e já tem datas previstas até o fim do ano. SHUTTERSTOCK
Confira: 27 de julho - Macaé; 24 de agosto - Volta Redonda; 28 de setembro - Nova Friburgo; 26 de outubro – Nova Iguaçu. Inscrições: www.ascoferj.com.br, no link Cursos e Palestras.
Atuação do farmacêutico em pacientes idosos No dia 25 de agosto, a farmacêutica Ana Caldas ministrará o curso “Atuação clínica do farmacêutico em pacientes idosos”, na sede da Ascoferj, na Rua do Carmo nº 9, grupo 501, SHUTTERSTOCK
Centro, Rio de Janeiro. O investimento é de R$ 90. Inscrições: www.ascoferj.com.br, no link Cursos e Palestras.
Conbrafarma 2016 A sexta edição do Congresso Brasileiro do Varejo Farmacêutico (Conbrafarma) acontece entre os dias 2 e 3 de agosto, na Expocenter Norte, em São Paulo. O evento é referência por ser voltado, principalmente, aos profissionais do canal farma que lidam diariamente com produtos e consumidores nos pontos de vendas. Mais informações: www.conbrafarma.com.br.
Inscrições em cursos, palestras e eventos da Ascoferj: www.ascoferj.com.br Informações e inscrições de grupos: inscricao@ascoferj.com.br Pague sua inscrição com PagSeguro.
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lançamentos Diabetes tipo 2 A AstraZeneca lança, no mercado, o XigDuo XR, tratamento seguro e eficaz contra o diabetes tipo 2. A combinação em dose fixa de XigDuo XR associa Dapagliflozina, que age diretamente nos rins, inibindo uma proteína que é responsável pela reabsorção de glicose para o sangue, e Metformina XR, que reduz a produção de glicose pelo fígado, diminui a absorção intestinal de glicose e aumenta a utilização de glicose pelo músculo, permitindo ao paciente um melhor controle da doença. SAC: 0800 014 55 78
Bepantol Baby A Bayer apresenta o Bepantol Baby Extra Proteção, produto desenvolvido para proteger a pele do bumbum do bebê contra assaduras no primeiro ano de vida, pois, nesse período, a região é particularmente mais sensível. O creme forma uma barreira que isola a pele do bebê das irritações causadas pela urina, pelas fezes e pelo atrito, oferecendo uma proteção extra para os pequenos. SAC: 0800 723 1010
Shampoo suave A Eucerin relança o DermoCapillaire pH5 Shampoo Suave, específico para o couro cabeludo sensível. Sua fórmula com citrato pH5 e agentes suaves que preservam as enzimas de defesa natural, restaurando e mantendo a saúde do couro cabeludo. O shampoo estabiliza o pH da pele, reforça o manto ácido e preserva as defesas naturais, mantendo um nível de pH saudável e proporcionando brilho e leveza aos cabelos. SAC: 0800 77 64832
Linha Fit Me A Maybelline apresenta a nova linha para face desenvolvida especialmente para a brasileira, a Fit Me. Com 19 tons de base, 12 de pó facial, 6 de blush e 3 de corretivos, a Fit Me cobre 96% dos tons de pele brasileira. A linha controla o brilho por 12 horas. SAC: 0800 701 0114
Nova embalagem Está à venda, nas farmácias de todo o País, a nova embalagem de Profenid gotas, medicamento antiinflamatório, analgésico e antitérmico, da Sanofi, indicado para o tratamento de processos inflamatórios em geral. A nova versão gota a gota de Profenid possui uma embalagem com sistema inteligente, que permite maior controle e aproveitamento do produto, evitando erros na administração de doses. SAC: 0800 703 00 14
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boa leitura Sérgio Moro
A história do homem por trás da operação que mudou o Brasil Joice Hasselmann – Universo dos Livros Neste livro, a autora imerge no passado e na trajetória do juiz de primeira instância que atuou contra famosos casos de corrupção até liderar a investigação da Operação Lava Jato com o Ministério Público e a Polícia Federal. A ideia é entender o “fenômeno Moro” e, por meio de conexões, conhecer a carreira do magistrado. Para além do espírito verde e amarelo dos protestos, o livro mostra quem é o homem por trás do mito.
Liderança para todos Silvia Osso – Contento Atualmente, o mundo corporativo, com suas rápidas mudanças, exige líderes com visão e dedicação para dirigir organizações e pessoas na realização de objetivos. A liderança é uma responsabilidade com muitas faces e uma habilidade que pode ser aprendida por qualquer um que tenha o objetivo de desenvolver conhecimento e especialização. Este livro foi pensado para inspirar pessoas a reciclar ou a iniciar o desenvolvimento da liderança: são textos, anotações e citações que servem, de forma prática, para a otimização do desempenho dos profissionais.
A Menina do Vale
Como o empreendedorismo pode mudar sua vida Bel Pesce – Enkla Em seu primeiro livro, Bel Pesce compartilha aprendizados e mostra como atitudes empreendedoras podem mudar vidas. Neste livro, Bel conta o que tem aprendido em sua jornada empreendedora e cita casos de sucesso. São histórias que visam mostrar que tudo é possível quando há uma boa ideia e muita dedicação.
Geração de Valor
Compartilhando inspiração Flávio Augusto da Silva – Sextante Flávio Augusto da Silva, de uma família simples da periferia do Rio de Janeiro, aos 23 anos, escolheu o caminho do empreendedorismo, criou uma escola de inglês que deu origem à bem-sucedida rede Wise Up e logo se tornou um dos mais jovens bilionários brasileiros. Para difundir sua mentalidade vitoriosa, criou o projeto Geração de Valor e começou a compartilhar seus conhecimentos no Facebook, no YouTube, no Twitter e em um blog, inspirando milhões de pessoas. O livro traz uma seleção dos textos mais afiados e das charges mais provocadoras do Geração de Valor e é uma oportunidade de enxergar o mundo de outra forma.
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entrevista
João Pedro Matos DIVULGAÇÃO
Farmacêutico e especialista em Estratégia e Gestão de Marketing Farmacêutico
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
entrevista
A nova fase da farmácia portuguesa Passados os momentos de desinvestimento e redução de custos e já fortalecidas, farmácias buscam atitude mais centrada nos ganhos para a saúde da população
A
As farmácias portuguesas enfrentaram momentos difíceis desde o Decreto-Lei nº 307/2006 de 30 de agos-
to, que promoveu diversas mudanças no setor, juntamente com um conjunto de medidas políticas aplicadas ao setor do medicamento na mesma época. No entanto, para o farmacêutico consultor, especialista em Estratégia e Gestão de Marketing Farmacêutico, João Pedro Matos, essa fase foi superada e deu lugar a outra, em que as empresas estão mais centradas nos ganhos que os serviços farmacêuticos produzem para a saúde da população. Com vinda prevista ao Brasil em agosto, João Pedro Matos concedeu esta entrevista exclusiva à Revista da Farmácia, antecipando parte do que tem a dizer aos profissionais brasileiros. Leia a seguir.
Revista da Farmácia: Dentro do sistema de saúde português, qual
cia portuguesa substitui a sua designação de
a importância da farmácia comunitária?
farmácia de oficina para dar lugar à farmácia
João Pedro Matos: A farmácia comunitária, em Portugal, é, desde
comunitária: um alinhamento mais veicu-
sempre, um ponto de acesso ao medicamento e à saúde, enquan-
lado ao papel do farmacêutico atualmente.
to unidade de saúde pertencente ao Serviço Nacional de Saúde
Sobretudo no período pós-2007, quando o
(SNS), correspondente ao SUS no Brasil. De 60 a 80% dos produ-
Decreto-Lei nº 307/2006 de 30 de agosto
tos vendidos numa farmácia comunitária, em Portugal, têm o seu
introduziu mudanças no setor, uma delas a
preço regulado pelo Estado, que intervém também nos regimes de
possibilidade de farmácia pertencer a não
comparticipação, subsidiando os medicamentos. A palavra de or-
farmacêutico, facilmente concluímos que
dem para o posicionamento das farmácias perante a comunidade
as farmácias passaram por fortes desafios,
e a população é proximidade, com garantia de qualidade no aten-
entre eles, a compra de farmácias existen-
dimento e aconselhamento, fomentando sempre o uso racional do
tes com vista à possibilidade de mudança
medicamento. Na maioria das vezes, a farmácia é o primeiro local
geográfica por preços nunca antes vistos, a
para onde população e pacientes se deslocam, no sentido de obter
entrada de medicamentos genéricos pro-
aconselhamento farmacêutico e potencialmente a solução para os
vocando queda no faturamento das far-
seus problemas. São vários os casos em que o farmacêutico, pelo
mácias, o começo da “era” dos serviços far-
nível de conhecimento sobre os pacientes, detecta duplicação/tri-
macêuticos e a aposta em outras categorias
plicação de medicação para a mesma finalidade, sobretudo em pa-
de produtos até então subvalorizadas, como
cientes mais idosos. Posteriormente à industrialização e ao acesso
puericultura, suplementação, fitoterápicos e
aos medicamentos já embalados de forma generalizada, a farmá-
produtos veterinários.
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entrevista RF: O Decreto-Lei n.º 307/2006 de 30 de
e ao ativo fixo (loja/espaço comercial), caso seja da propriedade
agosto apresenta-se como um divisor de
do detentor do alvará da farmácia e ele o queira vender. Quanto
águas para o setor em Portugal. Quais as
a exigências regulamentares, a autoridade reguladora nacional, o
principais mudanças introduzidas por ele?
Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (INFARMED IP)
JPM: Acredito que o ponto alto do Decreto
estabelece critérios base de elegibilidade para candidatos a con-
-Lei 307 seja a liberalização da propriedade
curso em formato de sorteio. Tal procedimento decorre quando
de farmácia, passando a deixar de ser exclu-
se pretendem contrabalançar os critérios da população no acesso
sividade do farmacêutico, embora se man-
a farmácias e assistência, tendo por base critérios demográficos.
tenha a obrigatoriedade e exclusividade na
Existe, em Portugal, uma farmácia por cada 3,5 mil habitantes e
existência de direção técnica de farmacêu-
sempre que houver um desvio nessa proporção que seja justificá-
tico. Com isso, passa a existir uma dissocia-
vel, haverá lugar para concursos. Por seu lado, as farmácias deve-
ção entre propriedade e direção técnica nas
rão distar, pelo menos, 350 metros de distância entre si, em linha
farmácias, no entender da classe sem va-
reta, e 150 metros de hospitais ou centros de saúde, nesse último
lor agregado para a prática farmacêutica em
caso, se a vila ou pequena cidade tem mais de 4 mil habitantes.
farmácia e para a manutenção da qualidade do serviço prestado, que passam agora pelo
RF: Portugal tem menos de três mil farmácias, e a maioria é pro-
escrutínio de proprietário não farmacêutico
priedade de farmacêuticos. Como eles estão se saindo na gestão
e potencialmente mais interessado na lucra-
de seus negócios?
tividade em detrimento da saúde da popu-
JPM: Em decorrência de todas as rápidas e inesperadas mudanças
lação e dos doentes. Passa a ser permitida
que se fizeram sentir nos últimos anos, as farmácias, em Portugal,
a propriedade de até quatro farmácias por
passaram por momentos muito difíceis, em que o ajustamento à
empresa, a venda de medicamentos à dis-
nova realidade foi a palavra de ordem: algumas farmácias chega-
tância, a possibilidade de transferência físi-
ram mesmo a fechar. De uma forma ou de outra, os colegas pro-
ca de farmácia e a venda de medicamentos
curaram se adaptar a essa nova realidade, fundamentando as de-
não sujeitos à receita médica em espaços
cisões estratégicas em comprar mais barato – por intermédio de
designados de parafarmácias.
grupos de compras que foram surgindo – e em reduzir os custos. Começa agora a surgir o momento de se pensar em agregar valor,
RF: Atualmente, quais são as exigências re-
com sinais que passam por fazer acreditar que começamos a sa-
gulatórias para se abrir uma nova farmá-
ber distinguir custo de investimento, fazendo-se sentir, de forma
cia em Portugal ou adquirir uma farmácia
generalizada, que os momentos mais difíceis já passaram e que há
já existente?
uma nova era de desafios pela frente, que requerem mais do que
JPM: A aquisição de uma farmácia já exis-
desinvestimento e redução de custos, mas uma atitude centrada,
tente e detentora de alvará para o seu fun-
enquanto profissionais, nos ganhos para a saúde por via da parti-
cionamento rege-se pelas leis de mercado:
cipação do farmacêutico nos serviços centrados no doente, razão
quem quer comprar apresenta uma propos-
pela qual existimos.
ta a quem potencialmente pretenda ven-
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der. Em geral, os critérios base prendem-
RF: Os currículos da graduação dos cursos de farmácia contemplam
se com a imputação de um fator (1.0 - 1.5,
todas as atividades que o profissional farmacêutico pode exercer?
entre 2007 e 2010, chegou a ser de 3 ou
JPM: Os currículos estão adaptados, sobretudo, para as vertentes
mais) multiplicado sobre o valor da fatura-
de farmácia comunitária, análises clínicas, farmácia hospitalar e in-
mento anual. Poderá ser acrescentado al-
dústria farmacêutica. Um pouco mais de 10% dos farmacêuticos
gum valor referente ao estoque existente
exerce a sua atividade em outras áreas de trabalho para além das
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
entrevista referidas. O aumento no número de farmacêuticos como conse-
na farmácia. E serviços diferenciados: meios
quência da abertura de faculdades de farmácia públicas, na Covi-
auxiliares de diagnóstico e terapêutica, entre
lhã e no Algarve, e privadas no Porto e em Lisboa, além das pree-
eles, audiologia, cardiopneumologia, higie-
xistentes faculdades públicas de Coimbra, Porto e Lisboa, faze com
ne oral, nutrição, optometria, podologia, te-
que a classe seja hoje em dia, majoritariamente, de jovens farma-
rapia da fala, terapia ocupacional e análises
cêuticos, com menos de 45 anos. A transposição para Portugal de
clínicas; primeiros socorros para pequenas
diversas diretivas comunitárias foi, na sua generalidade, decisiva
feridas e emergência médica; administração
para a modernização do exercício da profissão. Boas práticas de
de medicamentos, como vacinas não incluí-
exercício e normas relacionadas à qualidade, eficácia e segurança
das no plano nacional de vacinação; progra-
dos medicamentos e, consequentemente, do exercício profissio-
mas de toma assistida para medicamentos
nal tornaram-se prática comum.
como metadona, naltrexona, buprenorfina
RF: Eventualmente, você cita a perda de rentabilidade, o fechamento de farmácias e a aparentemente baixa atratividade do setor em Portugal. Atualmente, qual é a realidade das empresas? JPM: A realidade atual das farmácias portuguesas é a de passarem por uma fase pós-ajustamento, que decorre do fechamento de alguns estabelecimentos. As que prevaleceram tornaram-se mais fortes por via da quota de mercado que adquiriram diretamente pelo fechamento das farmácias vizinhas. Grupos mais profissionalizados, inclusive familiares e não só, aproveitaram o contexto de crise para se fortalecerem com a compra de farmácias, aumentando
O lucro deve ser uma consequência derivada do foco que se impõe à farmácia e aos farmacêuticos na satisfação genuína das necessidades dos pacientes/clientes.
presença no mercado. Observamos também, e de forma generalizada, a realização de aquisições em conjunto, em que várias farmácias se juntaram, constituindo hoje em dia grupos de compras
e tuberculostáticos; cuidados farmacêuticos
junto aos laboratórios. O futuro dirá se é esse o caminho. Em ge-
para doenças como asma, doença pulmo-
ral, podemos afirmar que os momentos mais difíceis foram já ul-
nar obstrutiva crônica, diabetes, hiperten-
trapassados e corresponderam a um processo que obrigou ou ao
são, entre outras.
fechamento de algumas farmácias ou à profissionalização de um conjunto de matérias correspondentes à gestão da farmácia co-
RF: Nas suas atividades como consultor,
munitária atual em um contexto de novos paradigmas de merca-
você prega a prática da excelência na far-
do, de saúde e da população em geral.
mácia. O que é excelência no seu ponto de vista?
RF: A população reconhece a farmácia como um local de saúde?
JPM: Excelência trata de ser um compro-
Quais serviços são ofertados?
misso de profissionais e empresas de dar
JPM: Sim, com certeza. Um local de saúde e também de acesso a
mais e melhor, sempre! As farmácias e seus
cuidados farmacêuticos, também designados serviços farmacêuti-
profissionais têm um longo e entusiasmante
cos, conceito com maior extensão e abrangência. Deles fazem parte
caminho a trilhar, que deve estar suportado
serviços essenciais, como dispensação, aconselhamento com dis-
por uma cultura orientada para o pacien-
positivos terapêuticos e autovigilância, risco cardiovascular, campa-
te/cliente e comunidade, fundamentada
nhas em geral, cessação do tabagismo, troca de seringas, devolu-
no serviço enquanto valor agregado ao ato
ção de medicamentos não utilizados ou fora de prazo diretamente
farmacêutico, mas também como unidade
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entrevista estratégica de negócio, em que o farmacêu-
cessariamente esse, surgem algumas sobreposições e situações de
tico tem a oportunidade de contribuir para
desagrado potencialmente geradoras de conflito. Nos últimos anos,
ganhos na saúde dos doentes e da popu-
observou-se uma reorientação da atenção dos laboratórios de me-
lação, reforçando também o seu poder in-
dicamentos genéricos do médico para o farmacêutico. Esse fenô-
terventivo e o da sua classe enquanto pro-
meno surge na sequência da aprovação da legislação que obriga a
fissional de saúde.
prescrição médica por Denominação Comum Internacional (DCI) ou princípio ativo. Nenhuma classe ou profissional gosta de perder
RF: Como se dá a relação do farmacêutico
o protagonismo ou a atenção a que sempre esteve acostumado.
com outros profissionais de saúde (médicos, dentistas, etc.) em Portugal?
RF: Segundo suas referências, o que realmente conta é a expe-
JPM: O farmacêutico, em Portugal, tem o
riência que o paciente leva da farmácia. Se a qualidade, em sua
seu posicionamento e espaço próprios en-
opinião, deve ser um critério intrínseco à atividade farmacêutica
quanto profissional de saúde pertencente
no estabelecimento, o que fideliza o cliente?
ao SNS, conquistados com muito esforço,
JPM: A experiência é determinante para a construção de uma percepção que o paciente/cliente leva da empresa, dos funcionários, dos produtos, serviços, merchandising. O ser humano está continuamente a gerar percepções sobre tudo o que existe à sua volta,
A realidade atual das farmácias portuguesas é a de passarem por uma fase pós-ajustamento, que decorre do fechamento de alguns estabelecimentos. As que prevaleceram tornaramse mais fortes.
e a nossa memória sobre o passado não tem a capacidade de definir com exatidão o que sucedeu, mas apenas qual foi a percepção que tivemos. A árdua tarefa que as empresas têm pela frente, digo fidelização efetiva, sem falsas fidelizações, fundamentadas na promoção ou desconto, deve fundamentar-se nos princípios de excelência antes referidos, tendo a inovação como uma constante. No componente comercial, recomenda-se uma abordagem centrada nos princípios de uma entrevista, em substituição à mera apresentação de produtos, promoções e tentativas puramente de cross ou up selling. RF: Qual o futuro da farmácia portuguesa?
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dedicação e serviço à comunidade e popula-
JPM: O futuro da farmácia portuguesa já é uma realidade hoje, no
ção, contribuindo para ganhos na saúde. Em
presente: uma unidade de saúde prestadora de serviços ao pa-
contexto atual de mudança de paradigmas,
ciente e à população. Será necessário um reforço do seu posicio-
procura-se, em Portugal, à semelhança do
namento enquanto tal, por via da sua diversificação e integração
seguido um pouco por toda a União Euro-
de mais e melhores serviços, consoante à evolução da sociedade
peia, centrar a atenção de todos os profis-
e às necessidades da população. Haverá lugar ao pagamento pe-
sionais de saúde para os ganhos de saúde
los serviços inerentes à prestação do ato farmacêutico, talvez um
no doente. Se todos os profissionais man-
fee, diretamente pelo SNS e à semelhança do que ocorre com os
tiverem esse foco e uma responsabilidade
demais profissionais de saúde. Com o tempo, é possível e espe-
assertiva quanto às suas áreas de atuação,
rado que a rentabilidade das farmácias se fundamente nos resul-
as relações manter-se-ão, como de habitual,
tados, na prática, dos serviços farmacêuticos centrados no doen-
cordiais e afáveis. Contudo, o que é um fato
te, afastando-se da necessidade de venda de produtos para sua
quase universal, quando o foco não é ne-
subsistência, per se.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
pequeno varejo
Você se sente sobrecarregado? Sobrecarga de trabalho faz mal ao empresário e à empresa
C
Caso você responda sim à maioria das
santes, que acabam se tornando urgentes ou simplesmen-
situações a seguir, é bem provável que você
te deixando de ser feitas, com isso comprometendo a qua-
esteja sobrecarregado: Você tem a sensação
lidade da gestão;
de estar trabalhando mais do que a sua equipe? Você percebe que vem atuando mais no operacional do que no tático e no estratégico? Você cumpre uma jornada de trabalho além daquela que você pensa ser a mais adequada
• Não organizar tarefas e tempo, classificando as tarefas entre importantes, urgentes e delegáveis; • Vício ou insegurança que fazem com que dedique tempo excessivo ao trabalho; • Excesso de preciosismo.
e eficiente? Sua família já vem cobrando a sua presença? Não tem tido tempo para cuidar da
A seguir, apresentamos algumas recomendações úteis a serem
saúde? O cansaço vem impedindo momen-
seguidas, que podem tornar a vida do empresário do pequeno va-
tos de leitura, cinema, teatro e outras ativida-
rejo menos sobrecarregada:
des culturais? Você não consegue tirar férias?
• Avalie se a equipe está adequadamente treinada. Promova treinamentos para viabilizar a delegação;
HUMBERTO TESKI
Saiba que você não está sozinho, pois esse é um mal que afeta a maioria dos em-
• Tenha a tecnologia instalada e a utilize plenamente. De nada
presários do pequeno varejo. Algumas cau-
adianta ter um sistema de gestão integrada, com vários mó-
sas comuns da sobrecarga de trabalho do
dulos, e utilizar apenas os módulos de PDV e Estoque.
empresário do pequeno varejo são:
Marcos Assumpção Consultor em planejamento, gestão por processos e gerenciamento de projetos.
• Delegue e supervisione na medida correta;
• Organize o seu tempo. As atividades planejadas para o dia
• Perfil operacional – prefere atuar nas
devem caber no dia. Reserve um tempo para os imprevistos;
atividades operacionais por ter desem-
• Diga não sempre que considerar que uma suposta demanda
penhado essas funções antes de se
“urgente” não seja realmente urgente.
tornar empresário ou por inseguran-
Quer saber mais?
Mande um e-mail para marcosconsultor@globo.com
16
ça em relação à competência de ter-
A sobrecarga do empresário, além de fazer mal a ele mesmo,
ceiros, empregados ou empresas con-
em geral, compromete a saúde da empresa. É comum encontrar
tratadas, que julga não serem capazes
empresários sobrecarregados que utilizam o argumento da sobre-
de atender suas expectativas;
carga para não realizar a correta gestão financeira da empresa, para
• Perfil centralizador – imagina ter o con-
não pensar a empresa estrategicamente, para não viajar para co-
trole de tudo somente se ele próprio
nhecer inovações do setor, para não conduzir a liderança da equi-
estiver realizando as atividades;
pe de forma correta. Além do esforço individual de mudanças, fica
• Perfil procrastinador – vive adiando atividades, em geral menos interes-
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
a sugestão para, sempre que necessário, buscar auxílio em consultoria especializada. Sobrecarga de trabalho tem jeito!
evento
Antiga diretoria celebra 90 anos de Ruy Marins
HUMBERTO TESKI
Empresário se emociona com a surpresa e confraterniza com colegas de profissão
Familiares e amigos prestigiam os 90 anos do empresário, ainda cheio de vigor
F
Familiares e amigos, em parceria com a Ascoferj, promo-
veram um almoço para comemorar os 90 anos do empresário
da hoje, aos 90 anos, se dedica a cuidar das pessoas.
e fundador da Ascoferj, Ruy de Campos Marins. A confraterni-
Seu Ruy sempre foi muito envolvido
zação aconteceu no dia 3 de junho, no Rio de Janeiro, e reuniu
com a profissão farmacêutica e, por isso, fez
membros da antiga diretoria da entidade. Os presidentes da AB-
parte da história de importantes entidades
CFARMA, Pedro Zidoi, e do Sincofarma-RJ, Felipe Terrezo, pres-
e órgãos do setor, como Conselho Regio-
tigiaram o evento, assim como o presidente-executivo da ABC-
nal de Farmácia do Estado do Rio de Janei-
FARMA, Renato Tamarozzi.
ro (CRF-RJ), Sindicato do Comércio Varejista
Ruy de Campos Marins é prático de farmácia, empresário
de Produtos Farmacêuticos do Município do
e responsável técnico por seu estabelecimento, localizado em
Rio de Janeiro (Sincofarma/RJ), Associação
Bonsucesso. Seu Ruy, como é conhecido, não é formado em
Brasileira do Comércio Farmacêutico (AB-
Farmácia, mas tem o sentimento e a alma de um farmacêuti-
CFARMA), Ascoferj e CityFarma.
co. Sua trajetória profissional mostra que ser farmacêutico está
“Um exemplo para todos nós, uma re-
além do diploma, pois igualmente importantes são a postura, a
ferência nacional”, disse Luis Carlos Marins,
integridade e o caráter de um profissional exemplar, que, ain-
presidente da Ascoferj.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
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panorama Grandes redes já representam mais da metade do segmento
A categoria de não medicamentos é a que tem apresentado o
As grandes redes de farmácias e drogarias já são predominantes
maior crescimento nas vendas dentro das farmácias e droga-
no varejo farmacêutico nacional. A representatividade desse seg-
rias, puxando para cima a receita do setor. A margem de lucro
mento em relação ao volume de vendas cresceu de 42% para 56%,
maior, em comparação com os medicamentos, é um dos atra-
entre 2007 e 2015. Enquanto isso, as farmácias independentes
tivos para vender esses itens, estimulando o investimento das
encolheram de 55% para 30%. Os indicadores são do IMS Distri-
lojas no segmento. Segundo dados da Associação Brasileira de
bution Services. A inserção de grupos estrangeiros, como a CVS, e
Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) referentes ao pri-
o movimento de fusões e aquisições colaboraram para impulsio-
meiro quadrimestre, de 2011 até 2016, o crescimento acumu-
nar o grande varejo farmacêutico. O Brasil possui atualmente cer-
lado do faturamento desse grupo, que engloba principalmente
ca de 70.400 farmácias, das quais 72% são representadas pelas
artigos de perfumaria e higiene pessoal, foi de 132,61%. A título
independentes e 14% são ocupadas pelas grandes redes. As asso-
de comparação, nesse mesmo período, os medicamentos ti-
ciadas à Abrafarma detêm 7% desse percentual. Porém, represen-
veram alta acumulada de 92,15%.
tam cerca de 44,5% das vendas de medicamentos.
DCI
MONITOR DIGITAL
FREEPHOTO
SHUTTERSTOCK
Margem de lucro maior faz farmácias subirem oferta de não medicamentos
Rastreamento de medicamentos deve ser adiado e ficar para 2021 Previsto inicialmente para ser implantado neste ano, o Sistema Nacional de Rastreabilidade de Medicamentos, que vai monitorar o caminho dos medicamentos da indústria até o consumidor, deve ficar mais tempo no papel. Até então, uma resolução anterior da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definia que o sistema, conhecido como “RG dos remédios”, começasse a funcionar em dezembro deste ano. Agora, a Agência prepara uma nova regulamentação sobre o tema. Criado por meio de uma lei federal de 2009, a rastreabilidade prevê que cada embalagem do medicamento contenha um código bidimensional e um número único de identificação, próximos à data de fabricação e do número do lote, o que permite obter FREEPHOTO
o monitoramento dos produtos. FOLHA DE SÃO PAULO
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
panorama Relatório da OMS sobre diabetes apresenta cenário mundial O mais recente relatório mundial sobre diabetes divulgado, em abril deste ano, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com números de 2014, revela um crescimento alarmante da doença em todo o mundo. São 422 milhões de adultos convivendo com o diabetes. O número, em 1980, era de 108 milhões de pessoas. Comparando os dois períodos, a incidência na população adulta quase duplicou, passando de 4,7% para 8,5%. No Brasil, passou de 5% para 8,1% no mesmo período. No documento, a OMS estima que, em FREEPHOTO
2030, o diabetes seja a sétima causa de óbitos no mundo. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA
Aché Laboratórios compra a Nortis Farmacêutica
A Millipharma é uma empresa farmacêuti-
O Aché Laboratórios anunciou a aquisição da Nortis Farmacêuti-
ca subsidiária do grupo alemão STADA, que
ca, empresa fabricante de medicamentos de Londrina (PR). Com
chega ao Brasil lançando a linha Eunova de
a incorporação, o Aché passa a ampliar sua plataforma industrial e
polivitamínicos. A Eunova é a primeira mar-
tecnológica. A unidade adquirida possui cerca de 1.800 m², com
ca desse segmento a ser lançada no mundo.
capacidade de produção mensal de 1,2 milhão de blísteres e 400
A estratégia de apresentação da empresa e
mil frascos. A Nortis Farmacêutica é reconhecida no mercado pela
da sua marca prevê uma série de ações de
produção de antibióticos cefalosporínicos, além de possuir uma li-
divulgação e ações com seus distribuidores
nha de medicamentos isentos de prescrição (MIP) e nutracêuticos.
e varejistas farmacêuticos, com a presença
A companhia é responsável por cerca de 50% do segmento de an-
do embaixador da marca Eunova.
tibióticos cefalosporínicos no Brasil, com 20 milhões de unidades
SNIF BRASIL
Millipharma chega ao Brasil
produzidas anualmente.
INSTAGRAM.COM/EUNOVAVITAMINAS
ACHÉ LABORATORIOS
INVESTIMENTOS E NOTÍCIAS
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
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assuntos regulatórios
Manual de Boas Práticas é obrigatório Saiba qual a importância desse documento para farmácias e drogarias
1
O QUE É?
O Manual de Boas Práticas é o conjunto de normas descritas na Resolução RDC nº 44/2009, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que engloba todas as atividades de uma farmácia, desde a aquisição, armazenamento, conservação e dispensação dos produtos comercializados e serviços prestados pelo estabelecimento, a fim de manter a qualidade e a integridade deles até o consumidor final.
2
QUAL A SUA IMPORTÂNCIA?
E SE A FARMÁCIA NÃO TIVER?
4
O objetivo do Manual é minimizar os erros na
Poderá ser punida. O descumprimento das disposições con-
execução das tarefas da farmácia ou da drogaria
tidas no artigo 99, da RDC nº 44/2009 constitui infração
por parte dos profissionais que atuam no
sanitária de acordo com a Lei nº 6.437/1977, que descreve
estabelecimento. Por isso, ele é útil para todos os
os tipos de infrações à legislação sanitária federal e estabe-
setores da loja.
lece as respectivas sanções. Podem ocorrer advertências, pagamento de multas – cujo valor varia de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão –, apreensão ou interdição de mercadorias, poden-
É OBRIGATÓRIO?
3
O Manual faz parte dos documentos obrigatórios de uma farmácia ou drogaria,
do chegar ao cancelamento do alvará de funcionamento do estabelecimento comercial, sem prejuízo das responsabilidades civil e penal cabíveis.
conforme determina a RDC nº 44/2009.
COMO ELABORAR UM?
5
O Manual pode ser elaborado pelos farmacêuticos da empresa e/ou gestores. Ou ainda ser encomendado a um profissional que tenha experiência em varejo farmacêutico e faça o Manual personalizado para o estabelecimento. É preciso seguir as orientações da RDC nº 44/2009, que regulamenta as Boas Práticas de Dispensação em Farmácias e Drogarias.
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
assuntos regulatórios QUAIS OS BENEFÍCIOS DE TER O MANUAL?
6
QUAIS INFORMAÇÕES DEVEM CONSTAR NO MANUAL?
7
As normas do Manual são elaboradas de acordo com
Informações relacionadas à identificação do estabele-
a rotina de funcionamento do estabelecimento. Isso
cimento. São elas: objetivo do Manual; estrutura física;
permite que o trabalho seja realizado de maneira pa-
instalações; área administrativa; área de dispensação;
drão por todos os funcionários.
área de atenção farmacêutica; sanitário; equipamentos, utensílios e acessórios; limpeza e sanitização; programa
QUAIS REGRAS DEVEM SER SEGUIDAS?
8
Para a elaboração dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP), deverá ser considerado o disposto nos artigos 86 e 87, da RDC nº 44/2009. O artigo 86 determina que o estabelecimento deve manter Procedimentos
de controle de praga; estrutura organizacional; organograma; responsabilidades e atribuições; treinamentos; saúde, segurança, higiene, vestuário e conduta; fluxograma; aquisição; recepção; armazenamento e estocagem; dispensação; classificação de resíduos da farmácia e drogaria; documentação envolvida nas atividades e referências bibliográficas.
Operacionais Padrão (POP) de acordo com o previsto no Manual de Boas Práticas Farmacêuticas, no mínimo, para
9
as atividades relacionadas à manutenção das condições
O QUE NÃO DEVE SER ESQUECIDO?
higiênicas e sanitárias adequadas a cada ambiente da far-
Técnicas e medidas que visem assegurar a manutenção
mácia ou drogaria; à aquisição, recebimento e armaze-
da qualidade e segurança dos produtos disponibilizados
namento dos produtos de comercialização permitida; à
e dos serviços prestados em farmácias e drogarias, com
exposição e organização dos produtos para comerciali-
o fim de contribuir para o uso racional desses produtos
zação; à dispensação de medicamentos; ao destino dos
e a melhoria da qualidade de vida dos usuários.
produtos com prazos de validade vencidos; à destinação dos produtos próximos ao vencimento; à prestação de serviços farmacêuticos permitidos, quando houver; à utilização de materiais descartáveis e sua destinação após o uso; e outros já exigidos pela RDC 44. O artigo 87, por sua vez, determina que os Procedimentos Operacio-
O MANUAL DEVE SER ATUALIZADO? 10 Ele deve revisado semestralmente ou de acordo com a necessidade de adequação de novas atividades.
nais Padrão (POP) devem ser aprovados, assinados e datados pelo farmacêutico responsável técnico. Qualquer seu conteúdo original e, conforme o caso, ser justificado
QUAIS SÃO AS RESPONSABILIDADES 11 DO FARMACÊUTICO COM O MANUAL?
o motivo da alteração. Além disso, devem estar previs-
Atualização, correção, validação e treinamento.
alteração introduzida deve permitir o conhecimento de
tas as formas de divulgação aos funcionários envolvidos com as atividades por eles realizadas e a revisão periódica desses POP para fins de atualização ou correção.
E DOS OUTROS PROFISSIONAIS DA FARMÁCIA?
12
Todos os colaboradores têm o compromisso de seguir e O Departamento de Assuntos Regulatórios da
cumprir as normas do manual de boas práticas para ga-
Ascoferj disponibiliza esse serviço a farmácias
rantir a manutenção da qualidade e segurança dos produ-
e drogarias. Para mais informações, envie um
tos disponibilizados e dos serviços prestados, atendendo
e-mail para regularizacao@ascoferj.com.br.
ao que dispõe a legislação sanitária vigente.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
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assuntos regulatórios
Lei autoriza farmácia em posto de gasolina Prefeito Eduardo Paes sanciona projeto de lei de autoria do vereador Eliseu Kessler, beneficiando o varejo farmacêutico
N
No fim de abril e começo de maio, um
projeto de lei de autoria do vereador Eliseu Kessler foi aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito Eduardo Paes. Trata-se da Lei Complementar nº 164, instituída com base no Projeto de Lei nº 114/2015. Com ela, passa a ser permitida a instalação de farmácias e drogarias em postos de serviços e revenda de combustíveis e lubrificantes, desde que possuam CNPJ, instalações distintas dos postos, farmacêutico em horário integral e que sejam respeitadas todas as normas sanitárias vigentes. De acordo com o vereador, os postos já possuem lojas de conveniência que comercializam os mais variados produtos, de alimentos a bebidas. “Considerando que farmácias e drogarias fornecem aos consumidores não apenas artigos de primeira necessidade, como os medicamentos, mas também produtos correlatos, como artigos de higiene, perfumes, etc., não há razão para impedir que sejam instalados estabedos postos de combustíveis. Além disso, em muitos bairros da cidade, é raro encontrar uma farmácia ou drogaria funcionando 24
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
Vereador Eliseu Kessler
HUMBERTO TESKI
lecimentos farmacêuticos no espaço físico
assuntos regulatórios horas. O fato de esses estabelecimentos estarem nesses locais au-
lidade, etc. As farmácias com manipulação
menta a segurança da população”, justificou Kessler.
devem seguir também o disposto na Reso-
Para o setor, é uma vitória, pois amplia mercado, incrementa as
lução RDC nº 67/2007, quanto aos requi-
vendas e gera maior comodidade para os consumidores. Segun-
sitos para manipulação de medicamentos
do o presidente da Ascoferj, Luis Carlos Marins, que vinha acom-
para uso humano. E quanto à documentação
panhando a tramitação desse projeto, a lei coloca o Rio de Janeiro
necessária para instruir processo de licencia-
no mesmo nível de outros estados, onde já é permitida a instala-
mento junto à Vigilância Sanitária, seguir o
ção de farmácias e drogarias em postos de gasolina. “Essa medida
disposto na Resolução SMS nº 2.721/2015.
facilita o acesso da população, principalmente à noite, reduzindo os riscos de assalto, por exemplo. Agradecemos ao vereador por ter compreendido essa situação e nos ajudado”, declarou Marins. O consultor jurídico da Ascoferj, Gustavo Semblano, que acompanhou de perto a elaboração do PL e a votação da matéria na Câmara Municipal, não vê qualquer risco sanitário distinto ao usualmente aplicado às farmácias sem manipulação e às drogarias, pois o texto legal se baseia na legislação sanitária vigente, que exige a presença física de farmacêutico responsável técnico em horário integral.
Não há razão para impedir que sejam instalados estabelecimentos farmacêuticos no espaço físico dos postos de combustíveis.
“Entendo como sendo um grande benefício para os usuários de medicamentos acessarem as drogarias em postos de gasolina, pois
Eliseu Kessler
normalmente há espaços físicos que permitem a livre parada dos con-
Vereador
sumidores. Ademais, diversos postos funcionam por 24 horas e, por isso, facilitarão o funcionamento de estabelecimentos farmacêuticos ali instalados, permitindo que a população encontre de madrugada
Vacinação em farmácia vetada
os medicamentos e correlatos de que necessita”, avalia Semblano.
O prefeito Eduardo Paes vetou o Proje-
Segundo a farmacêutica Betânia Alhan, que presta consulto-
to de Lei Complementar nº 115/2015, que
ria aos associados da Ascoferj por intermédio do Departamen-
estabelece normas para vacinação em far-
to de Assuntos Regulatórios, a autorização para o funcionamento
mácias e drogarias privadas. O PL havia sido
de farmácia e drogaria em postos de gasolina, além de facilitar o
aprovado pela Câmara Municipal. De acor-
acesso dos usuários com segurança e comodidade para estacionar,
do com o texto, para prestar o serviço, os
inibe a venda ilegal dos famosos rebites, anfetaminas consumidas
estabelecimentos deveriam estar devida-
por caminheiros que querem conter o sono e prolongar a jornada
mente licenciados pela Vigilância Sanitária,
de trabalho. Por outro lado, essa prática traz risco à saúde do pro-
e somente vacinas registradas no Ministé-
fissional e à segurança de todos os usuários das rodovias do País.
rio da Saúde poderiam ser comercializadas.
Procurado pela Revista da Farmácia, para que comentasse o as-
“A população sente, cada vez mais, ne-
sunto, o Setor de Saúde da Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização
cessidade de ter acesso às vacinas, seja no
Sanitária e Controle de Zoonoses, da Prefeitura do Rio, limitou-se
programa de vacinação ou em decorrência
a informar que, para a abertura de estabelecimentos farmacêuti-
de tratamento médico. Considerando a ca-
cos em postos de gasolina, as farmácias e drogarias devem aten-
pacidade que as farmácias possuem, com
der às Boas Práticas Farmacêuticas conforme disposto na Resolu-
profissionais qualificados, essa lei iria benefi-
ção RDC nº 44/2009, bem como na Lei Federal nº 5.991/1973 e
ciar muitos cariocas, que conseguiriam com-
Lei Federal nº 13.021/2014, quanto a instalações, documentos do
prar as vacinas com mais facilidade”, justifi-
estabelecimento e responsabilidade técnica, documentos da qua-
cou o autor do PL, vereador Eliseu Kessler.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
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assuntos regulatórios Farmácias em postos de gasolina Saiba quais são as exigências obrigatórias para o funcionamento de acordo com a legislação vigente: 1. Respeitar metragem mínima de 25m²;
Atualmente, o artigo 7º da Lei Federal nº 13.021/2014 apenas permite a disponibilização de vacinas à população, não especificando como isso será feito: se devem ser seguidas as regras para a aplicação dos medicamentos injetáveis em geral ou se existem regras mais específicas. Para o consultor jurídico da Ascoferj, Gustavo Semblano, “a so-
2. Dispor de instalações independentes livres
ciedade, como um todo, seria muito beneficiada com essa nova
de rachaduras e trincas, compatíveis com
norma, na medida em que deixaria de ser ‘refém’ das poucas clí-
as atividades requeridas;
nicas de vacinas vinculadas à Sociedade Brasileira de Imunizações
3. Apresentar condições higiênicas sanitárias satisfatórias; 4. Manter o controle de prevenção e combate contra vetores e roedores; 5. Dispor de Contrato Social, Alvará, CNPJ e Inscrição Estadual;
(SBIM) e que vendem e aplicam vacinas a preços estratosféricos, inacessíveis à grande parte da população. Além disso, acabaria permitindo a utilização da capilaridade das redes de farmácias e drogarias já instaladas, chegando a locais onde inexistem clínicas de vacinação”, declarou. “A iniciativa do vereador Eliseu Kessler de tentar normatizar o serviço de vacinação ressalta a importância e a urgência da am-
6. Ter protocolo junto à vigilância sanitária mu-
pliação da farmácia na provisão de diferentes serviços e procedi-
nicipal e posterior licenciamento sanitário;
mentos. Entre os serviços, podem ser citados educação em saúde,
7. Possuir registro junto ao Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro e disponibilizar a presença de farmacêutico responsável técnico ou seu substituto durante todo o horário de funcionamento; 8. Ter Manual de Boas Práticas e Procedimento Operacional Padrão;
rastreamento em saúde, acompanhamento farmacoterapêutico e revisão da farmacoterapia. Entre os procedimentos, estão aferição de pressão arterial, dosagem de glicemia e vacinação”, pontuou Betânia Alhan.
Opinião do setor Para Marly Rocha, do Jurídico da rede A Nossa Drogaria, essas novas leis que estão surgindo aumentam o acesso da população às
9. Estocar medicamentos, perfumaria e correla-
informações necessárias para uma melhor qualidade de vida. “To-
tos em local protegido da ação direta da luz,
dos serão beneficiados, em especial, o consumidor. As duas normas
umidade, temperatura e produtos inflamáveis;
são importantes, porém a imunização me chama bastante atenção
10. Disponibilizar local seguro e segregado
num momento em que enfrentamos algumas epidemias, como a
para produtos controlados; 11. Ter contrato com empresa específica para o recolhimento de resíduos sólidos.
gripe H1N1, que vem assustando a população brasileira. A acessibilidade do profissional farmacêutico e a disponibilidade de imunobiológicos em drogarias para prevenção e proteção contra doenças iriam facilitar a vida das pessoas”, comentou Marly. O empresário Josué Firmino, da Farma Hall, também vê benefícios. “A população terá facilidade no acesso aos produtos de primeira necessidade com a abertura de drogarias em postos de gasolina. Além disso, é mais seguro, e o cliente resolve muitas demandas em um só lugar. Quanto à tentativa de normatizar a vacinação, é importantíssima, haja vista que nosso sistema de saúde não supre plenamente a necessidade da população”, avaliou o gestor da rede.
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assuntos regulatórios
Vigilância Sanitária no Brasil Conheça um pouco mais sobre a complexidade do sistema brasileiro e as responsabilidades de cada um
O
Os assuntos a serem tratados nesta co-
acordo com os princípios do SUS, objetiva a melhoria da qualida-
luna serão sobre a área regulatória. Vamos
de de vida da população brasileira por meio da regulamentação,
abordar temas de grande relevância para
controle e fiscalização de produtos e serviços que envolvam risco
todos os setores envolvidos na produção,
à saúde pública, além de ser responsável pela vigilância de portos,
transporte, distribuição, armazenamento e
aeroportos e fronteiras.
comercialização de medicamentos de acor-
A Vigilância Sanitária e seus agentes públicos são detentores
do com a legislação vigente e suas atuali-
do chamado “Poder de Polícia”, que lhes permite realizar deter-
zações. Comecemos pelo assunto de maior
minados atos administrativos, como a fiscalização, a autuação e a
complexidade: a vigilância sanitária no Brasil.
interdição de estabelecimentos irregulares, de modo a garantir a
O Sistema Nacional de Vigilância Sa-
segurança adequada da população, com base em um conjunto de
ANDERSON CHRISTIAN
nitária (SNVS) é organizado e estruturado nos três níveis de governo – federal, esta-
Os órgãos de Vigilância Sanitária estaduais regulam e executam
dual e municipal – com responsabilidades
as ações conforme as necessidades e a realidade do Estado. Os ór-
compartilhadas.
gãos de Vigilância municipais coordenam e executam ações locais.
Na estrutura da administração pública
Os estabelecimentos vistoriados para fins de licenciamento
federal, temos a Agência Nacional de Vigi-
sanitário, nos quais forem encontradas inadequações físicas e/ou
Betânia Alhan
lância Sanitária (Anvisa), criada em 1999. Ela
documentais que interfiram em seu funcionamento segundo as
Farmacêutica, especialista em assuntos regulatórios e consultora da Ascoferj.
é responsável por toda a vigilância sanitária
normas sanitárias, ficam sujeitos a indeferimento, multas, inter-
em nosso País, de forma integrada com ou-
dição parcial ou total e suspensão do alvará. Vale ressaltar que os
tros órgãos públicos, relacionados direta ou
estabelecimentos já licenciados e mesmo com a licença sanitária
indiretamente ao setor de saúde. Encontra-
dentro da validade também são responsáveis em manter as con-
se vinculada ao Ministério da Saúde e inte-
dições sanitárias satisfatórias diariamente, para não colocarem em
gra o Sistema Único de Saúde (SUS), além
risco a autorização adquirida.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para farmaceutica@ascoferj.com.br
26
normas legais estabelecidas pela Anvisa.
de coordenar o SNVS, cria normas e regu-
Se analisarmos ao longo do tempo, são nítidas as atualizações
lamentos e dá suporte técnico e financeiro
legislativas no setor farmacêutico e estas têm ocorrido com certa
a todos os serviços de vigilância do Brasil.
frequência, tornando-se mais rígidas, ou seja, os estabelecimen-
A Anvisa, em ação coordenada entre os estados, municípios e o Distrito Federal, de
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
tos que rapidamente se adequarem às mudanças terão um diferencial competitivo para permanecerem no varejo farmacêutico.
consultora farmacêutica
Envelhecimento da pele
N
No processo de envelhecimento, é preciso entender que exis-
nal, frequentemente usados como parte do
tem dois fatores que levam à perda de vitalidade cutânea: o pro-
tratamento contra doenças de origem infla-
cesso natural, intrínseco, que decorre de fatores biológicos durante
matória, alérgica, imunológica e alguns tipos
o passar dos anos e que altera o funcionamento do nosso corpo; e
de câncer. Os corticoides apresentam vá-
o extrínseco, que é mais intenso, sendo a consequência dos danos
rios efeitos colaterais, alguns esteticamente
causados basicamente pelo fotoenvelhecimento, problema que pode
indesejáveis, como ganho de peso, estrias
ser evitado com o uso de cosméticos e tratamentos específicos.
e acne. Os efeitos colaterais estão direta-
Maior órgão do corpo humano, a pele é diariamente expos-
mente relacionados à dose e ao tempo de
ta aos raios solares e à poluição, fatores que, quando associados
uso. Entre os que mais incomodam estão
ao envelhecimento, provocam perda de vitalidade. Porém, o en-
os relacionados à estética, como a equimo-
velhecimento é considerado natural e inevitável. O que pode ser
se e a púrpura, pequenas hemorragias que
feito é amenizar as rugas de expressão, o ressecamento e a perda
ocorrem embaixo da pele, normalmente em
de substâncias primordiais.
áreas expostas ao sol, como mãos e ante-
Contudo, soma-se a esse inevitável envelhecimento cutâneo
braços. Estrias arroxeadas no abdome, cal-
a agressão provocada pelo uso de diversos medicamentos sim-
vície e crescimento de pelos em mulheres
ples, que podem afetar a saúde da pele na terceira idade, como os
também podem ocorrer em tratamentos
usuais que diminuem a gordura ou aqueles utilizados no tratamen-
crônicos de corticoides por via oral.
to da Hanseníase, como a clofazimina, por exemplo, um antimico-
O uso de corticoides tópicos por lon-
bacteriano que tem como reação adversa o ressecamento da pele.
go tempo também pode provocar atrofia,
Existem alguns remédios que favorecem a ação da luz solar e
estrias, teleangectasias e manchas roxas. A
desencadeiam reações de fotossensibilidade, como diuréticos e an-
toxicidade resultante dos corticoides pode
ti-inflamatórios. Os sabonetes antibacterianos, que eliminam par-
levar à síndrome de Cushing, caracterizada
cialmente as bactérias, podem favorecer o aparecimento de fun-
por face arredondada, acúmulo de gordura
gos, além de provocarem ressecamento. Por vezes, causam reações
na região posterior do pescoço e das costas
como coceira nas lesões localizadas nas áreas expostas à luz solar.
– corcova ou giba de búfalo – e pela gordu-
Geralmente, idosos usam vários medicamentos diariamente,
ra corporal de localização irregular, princi-
sendo importante conhecer quais são e quais podem afetar a saú-
Algumas medidas simples contribuem
do acetilsalicílico) e os anticoagulantes facilitam ainda mais o san-
para desacelerar o envelhecimento cutâneo
gramento de hematomas que surgem no dorso, nos punhos, nos
e proporcionar uma pele mais viçosa, como
antebraços ou nas mãos, decorrentes do envelhecimento cutâneo
limpar, tonificar e hidratar; usar protetor so-
(púrpura senil). Os vasos sanguíneos dos idosos têm flexibilidade
lar diariamente e produtos que contenham
reduzida, e o tecido conjuntivo ao seu redor está diminuído. Por
em sua formulação vitamina C; evitar banhos
isso, qualquer hematoma corre o risco de sangrar.
muito quentes, esfoliar ou fazer séries de pee-
derivadas do hormônio cortisol, produzido pela glândula suprarre-
Ana Lucia Caldas Farmacêutica, gerontóloga e especialista em atenção farmacêutica.
palmente na região abdominal e tronco.
de da pele nessa fase da vida. Medicamentos como a aspirina (áci-
Os corticoides, corticosteroides ou glicocorticoides são drogas
HUMBERTO TESKI
Certos medicamentos agridem o tecido cutâneo, principalmente na terceira idade
ling; ter uma alimentação adequada; beber muita água; e estar de bem com a vida.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para analulcaldas@gmail.com
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FREEPIK
capa
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
capa
Como captar e fidelizar clientes com a crise Preço baixo atrai, já que o consumidor quer pagar menos. No entanto, a fidelização depende da capacidade da empresa de entregar o que foi prometido POR VIVIANE MASSI
P
Parece fora de contexto falar em captação e fidelização de no-
vos clientes quando o clima geral é de preocupação e revisão de
trante, consultora de empresas e especialista em varejo, Silvia Osso.
gastos. A recessão econômica caiu no colo da maioria dos brasileiros, que estão tendo que aprender a esticar o orçamento do-
Para todos os gostos
méstico. De acordo com o Banco Central, em maio deste ano, os
Como existem diferentes tipos de clien-
saques superaram os depósitos em R$ 6,59 bilhões. Por causa da
tes, a empresa precisa saber em quais cate-
crise, as pessoas têm menos dinheiro e precisam sacar recursos da
gorias cumprirá o papel de oferecer preço
poupança para quitar dívidas.
baixo, pois não é possível ser competitivo
No entanto, a maioria dos especialistas garante que o vare-
em todas elas. “Na luta por novos compra-
jo farmacêutico tem as ferramentas de que precisa para captar e
dores, algumas farmácias atrairão quem está
fidelizar novos compradores, mesmo neste momento de turbu-
apenas em busca de pechincha e promoção,
lência política e econômica. O preço é uma importante estratégia
ou seja, clientes temporários; mas também
de captação, mas não fideliza. O preço atrai, mas o cliente analisa
aqueles que querem, além de preço justo,
outros fatores antes de decidir voltar à loja.
serviço e conveniência, contribuindo para a
Geralmente, num mercado de concorrência brutal, o maior fator
sustentabilidade do negócio. Portanto, de-
de atratividade é, de fato, o preço, que ganha ainda mais relevância
vem ser feitas escolhas para competir nesse
no cenário atual. “Com a crise, as pessoas passaram a repensar o
cenário e ter lucratividade”, acrescenta Ole-
estilo de vida consumista como um todo e a adotar novos limites
gario Araujo, managing director na empre-
para definir o que é essencial e o que é supérfluo”, analisa a pales-
sa Inteligência de Varejo.
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capa Confira 10 dicas da palestrante, consultora de empresas e especialista em varejo Silvia Osso, para captar e fidelizar os clientes. Silvia é autora dos livros Atender bem dá lucro, Programa prático de marketing para farmácias, Administração de recursos humanos e Liderança para Todos.
CHAMARIZ Promova ações de relacionamento e
DIMINUA A OSTENTAÇÃO
entretenimento, como eventos de lançamento
O uso de materiais sustentáveis e
de produtos e aulas de maquiagem.
de custo relativamente baixo é m muito bem-vindo neste momento.
O HUMOR SEMPRE VENCE Um projeto de comunicação bem-humorado vende mais e “oxigena” o local. O mundo vive um m momento de grande instabilidade, portanto, nada mais atual do que levantar o astral do consumidor.
PODE PEGAR Quanto mais o produto puder ser tocado, maior será a chance de venda. Mais do que nunca, é hora de colocarmos o aviso: pode pegar, no lugar do tradicional não toque.
MANEQUINS DINÂMICOS
COMUNICAÇÃO DIRETA
Em ocasiões especiais, dão uma graça à loja.
A loja deve usar a linguagem e os ícones
Utilize os manequins que fazem performances.
de identificação e sinalização visual dos
Sem criatividade, não há como chamar a
p produtos e categorias de acordo com o
atenção do consumidor.
perfil dos clientes que atende.
VISUAL LIMPO LUGAR INCOMUM
Lojas lotadas de cartazes não
Uma forma de realçar o caráter
funcionam mais. O segredo é destacar
de novidade de uma loja é mudar
apenas a informação relevante.
a posição dos produtos da ponta da gôndola, principalmente as mais visíveis, toda semana. PROMOÇÃO INTELIGENTE Faça promoções diferentes, como criar EXPOSIÇÃO EFICAZ As gôndolas e prateleiras não podem mais parecer simples expositores de produtos. Devem se transformar em um espaço de experiência visual.
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
um u m área de ponta de estoque. Pratique uma prrre único, ora para uma linha de p preço m modelos, ora para uma determinada cor, ou ainda dando descontos para produtos fora da estação. A promoção deve ter dia e hora para começar e acabar.
capa Compartilhando opinião semelhante, o presidente do Institu-
identificar produtos adquiridos e 59% para
to de Desenvolvimento do Varejo Farmacêutico (IDVF), Vinícius
descobrir dados demográficos dos consu-
Pedroso, diz que a recessão econômica torna as pessoas mais se-
midores que frequentam suas lojas. A pes-
letivas e propensas a pesquisar preços, mas sempre haverá con-
quisa entrevistou tanto profissionais de TI
sumidores que querem também praticidade, qualidade no aten-
quanto de marketing em empresas de va-
dimento e prestação de serviço diferenciada. “Para não estar em
rejo e foi divulgada pelo portal Supermer-
uma concorrência baseada, exclusivamente, em preços e descon-
cado Moderno.
tos, sugerimos ao varejista que invista em outros fatores, como atendimento, sofisticação da loja e sortimento variado de produtos”, pontua Pedroso.
Nem caro nem barato Na visão do sócio-diretor da Cherto Atco Educação Corporativa, Américo José da Silva Filho, o preço tem sempre relação com a aparência, a forma de entrega, a localização. “Tudo isso ajuda na formação da percepção do consumidor em relação ao preço. Temos que pensar que preço não é caro nem barato. O que vale é a forma e o ambiente em que o varejista está entregando o medica-
Com a crise, as pessoas passaram a repensar o estilo de vida consumista como um todo e a adotar novos limites para definir o que é essencial e o que é supérfluo.
mento, já que todos são iguais em todas as lojas. Temos que ven-
Silvia Osso
der valor. Enquanto vendermos apenas preço, o consumidor sem-
Consultora em varejo
pre vai preferir o mais barato”, analisa Américo José. A gestora de Marketing e Negociações da Farma Hall, Alexandra Potente, costuma dizer que saúde não tem preço, e sim valor. “O cliente acaba pagando para ter o problema dele resolvido,
Processo contínuo
pois o serviço prestado com excelência e no momento em que o
A fidelização de um cliente deve ser
cliente necessita o faz enxergar que o preço pode ser um fator se-
um processo contínuo, com ou sem cri-
cundário”, defende ela.
se. Fidelizar significa conquistar e manter uma parcela relevante das vendas, a co-
Estratégias de fidelização
meçar por entregar o básico, o que muitas
De acordo com pesquisa realizada pela Zebra Technologies
empresas ainda não conseguem. “A fideli-
Corporation, na América Latina, 82% dos varejistas utilizam tecno-
zação ocorrerá se o varejista possuir uma
logias que criam experiências de compra diferenciadas e capazes
estratégia bem definida para garantir que
de gerar fidelização do consumidor, mas apenas 46% fazem um
a empresa vá cumprir o que foi prometido.
uso inteligente dos dados para melhorar a experiência do cliente,
Se o discurso estiver diferente da prática, o
aumentar os níveis de satisfação com o atendimento e realizar o
cliente vai embora e não volta mais”, frisa
monitoramento dos pontos de venda.
Olegario Araujo.
Os varejistas também ainda estão se adaptando à nova rea-
Além disso, é importante saber que o
lidade digital: cerca de 80% ainda enviam catálogos impressos e
consumidor tem um repertório de lojas e
18% se conectam aos clientes e aos seus smartphones oferecen-
que a conveniência faz parte do proces-
do conexão wi-fi gratuita.
so de escolha. Portanto, uma estratégia de
Segundo o estudo, 62% dos varejistas usam informações obti-
fidelização deve levar em conta o conhe-
das de sistemas de fidelidade, cartões de crédito e de débito para
cimento sobre o perfil do principal clien-
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SHUTTERSTOCK
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Temos que vender valor. Enquanto vendermos apenas preço, o consumidor sempre vai preferir o mais barato. Américo José Sócio-diretor da Cherto Atco
A Internet, além da acessibilidade, proporciona mais velocidade nas respostas e uma individualização na comunicação. O custo também cai muito, sendo possível mapear os principais clientes: o que compram, quando compram, os produtos relacionados à compra, etc. Em última instância, é isso o que os clientes querem. Outra dica é lembrar que os consumidores não são idênticos. Assim, a rede com várias lojas deve ter uma estratégia geral, mas adequá-la ao perfil de cada ponto de venda.
Programas de fidelidade
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te da loja, desenvolvendo, a partir de en-
Se bem implantado, um programa de fidelidade contribuirá para
tão, ações mais individualizadas, inclusive
conhecer o cliente, saber quanto representa a área de influência
na comunicação.
da loja, monitorar a frequência de visita, acompanhar o que clien-
“Ao vender medicamentos, normal-
te coloca na cesta de compras, entre outras informações relevan-
mente, a briga é por preço e desconto, mas,
tes. “Além disso, em um cenário de concorrência acirrada, é mais
quando se vende também perfumaria, cos-
econômico e efetivo aumentar o tíquete médio do cliente do que
méticos, dermocosméticos e serviço, há que
trazer novos compradores”, sugere Olegario Araujo, da Inteligên-
se preocupar com o consumidor e entender
cia de Varejo, consultoria que firmou, recentemente, parceria com
o que ele busca na farmácia. Tenho a per-
o GS Group, empresa que oferece soluções para incrementar a re-
cepção de que os funcionários até conhe-
ceita das companhias. Entre os produtos disponíveis destacam-se
cem os clientes, mas nada é registrado ofi-
os programas de fidelidade, o clube de vantagens e as ações pro-
cialmente”, avalia o diretor da Cherto Atco.
mocionais inovadoras.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
gestão do negócio
Com cautela, mas sem imobilização Especialistas avaliam se o momento é de interromper projetos ou seguir em frente mesmo em cenário de instabilidade política e econômica
E
Em momentos de instabilidade política
O passo inicial para superar a fase de incertezas políticas e
e econômica, como o que o País vive atual-
econômicas, mesmo num setor resiliente como o farmacêutico, é
mente, muitos empresários se perguntam
avaliar custos e investimentos de forma mais cuidadosa. “No caso
se devem puxar o freio de mão ou seguir
dos custos, o empresário deve rever todos aqueles que possam ser
em frente com novos projetos. A resposta
melhor equalizados, de maneira a manter a rentabilidade da em-
para o dilema pressupõe a análise de uma
presa diante de uma possível perda de receita. No caso da recei-
série de variáveis, mas uma premissa é certa:
ta, examinar não somente como mantê-la, mas como aumentá-la
decidir com base apenas no “humor atual”
por meio do incremento das vendas”, orienta o diretor da América
da economia não é a melhor alternativa. É
Latina da CLOSE-UP International, Paulo Paiva. No entanto, é preciso tomar muito cuidado se a empresa de-
to para projetos internos quanto externos.
cidir reduzir custos cortando pessoal. “Nesse momento, não é o
SHUTTERSTOCK
preciso avaliar oportunidades e riscos, tan-
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
gestão do negócio mais indicado. O empresário deve ter em mente as perdas que vi-
dólar e mais gastos com mão de obra. To-
rão com essa decisão. Treinamento, capacitação e outros inves-
dos esses fatores podem pesar na rentabili-
timentos que ele tenha feito se perderão muito rapidamente no
dade final da empresa”, alerta o especialista.
caso de um corte de pessoal. Além disso, mal efetuado, esse corte
Além disso, mesmo mantendo suas ex-
trará impactos muito negativos devido à perda de performance, e o
pectativas de crescimento, nem todos os ni-
custo reduzido não será suficiente para repor a queda nas vendas
chos de produtos estão na mesma direção.
a partir da insatisfação dos clientes”, explica Paiva.
Assim, é importante cuidar para que um mix
A palavra de ordem é cautela, mas sem imobilização. Segundo
que tinha grande apelo há 12 meses não se
o coordenador de pós-graduação em Gestão Estratégica do Vare-
torne um peso neste momento. “Então, a
jo e professor de Finanças do Ibmec/RJ, Haroldo Monteiro, muitas
cautela deve se basear em adequar o ne-
vezes, aparecem grandes oportunidades de negócio em épocas de
gócio, o mais rapidamente possível, ao que
instabilidade, e o Brasil não ficará nesta situação para sempre. “Os
o mercado efetivamente demanda, evitan-
empresários, de forma geral, devem aguardar para investir em no-
do com isso perdas por baixa performance
vos projetos. Porém, devem estar sempre procurando novas opor-
em algum nicho específico”, pontua Paiva,
tunidades de lupa na mão. Aqueles que estão capitalizados levam
da CLOSE-UP International.
vantagem, pois novos projetos que necessitem de grandes alavancagens, ou seja, capital de terceiros, devem aguardar um cenário menos instável”, orienta Monteiro.
Hora de fazer ajustes Internamente, a empresa deve aproveitar o momento atual para fazer ajustes, ar-
Evite planos agressivos de expansão
rumar a casa, melhorar a rentabilidade das
De acordo com o diretor da CLOSE-UP International, todo pro-
operações existentes, estancar sangrias, fe-
jeto deve ser avaliado em relação a benefícios, custos adicionais,
char estabelecimentos que não deem lucro,
tempo de maturação e retorno e, por fim, riscos. “Se os riscos não
procurar oportunidade de investimentos de
puderem ser geridos de forma a manter o projeto dentro das esti-
ocasião, manter-se líquida e evitar investi-
mativas de gastos e ganhos, ele deverá ser revisto ou mesmo adia-
mentos de maior risco. “Por isso, os pro-
do. Se, no entanto, o projeto mantiver atratividade dentro de uma
jetos mais internos para reduzir custos de
visão de riscos mais conservadora, o ideal é seguir com ele, já que
operação e melhorar os processos devem
os ganhos estimados e esperados certamente superarão as dúvi-
ser mantidos, já que, num ambiente de in-
das e incertezas”, explica Paiva.
certezas, os benefícios se mantêm e até au-
Abrir uma nova loja, por exemplo, significa um grande investi-
mentam diante de uma queda nas vendas,
mento. “Mas se as pesquisas e análises do empresário para os ga-
pois propiciam crescimento de margem e
nhos esperados com o novo ponto de venda se mantiverem nos
ganhos”, finaliza Paiva.
momentos de incerteza, nada impedirá essa nova loja de ser aber-
O mercado financeiro recebeu com oti-
ta, já que tudo o que se espera dela está baseado em uma análise
mismo a nova equipe econômica do gover-
profunda de oportunidades de negócio em curto, médio e longo
no interino de Michel Temer, mas isso não
prazo”, acrescenta Paiva.
basta. Os setores econômicos esperam por
Por outro lado, planos agressivos de expansão, na opinião de
ações e proposições que realmente redu-
Monteiro, do Ibmec/RJ, devem ser evitados. “O setor farmacêutico
zam a exposição do País a crises geradas por
é mais resiliente em tempos de crise, porém o empresário não deve
gastos excessivos sem o respectivo retor-
descuidar, pois, mesmo resistindo bem a toda essa instabilidade po-
no esperado. Para isso, será preciso apoio
lítica e econômica, existem riscos externos, como queda de renda
do Congresso. É esperar pra ver. Com cau-
da população, aumento nos custos com insumos devido à alta do
tela, mas, lembre-se, sem imobilização.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
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pingue-pongue
Deusmar Queirós na presidência da Abrafarma Conversamos por telefone com o empresário e dono de uma das maiores redes de drogarias do País, a Pague Menos. Deusmar Queirós reassumiu a presidência da Abrafarma. Nesta rápida entrevista, ele fala de suas motivações e dos principais desafios do setor.
Qual o foco da sua gestão? O trabalho a ser desenvolvido será sempre em defesa dos interesses dos associados. Um dos nossos principais focos é a elevada carga tributária que incide sobre os medicamentos, por volta de 34%. Para nós, deve existir uma redução desse índice em benefício do consumidor. Portanto, vamos trabalhar nisso. Qual sua opinião sobre os serviços farmacêuticos nas farmácias e drogarias? DIVULGAÇÃO
O resgate das funções do farmacêutico está na pauta da Abrafar-
Deusmar Queirós
ma. A ideia é estimular a criação de espaços dentro das farmácias onde o profissional possa fazer atendimentos individuais. Pretendemos desafogar o Sistema Único de Saúde (SUS) fazendo com que
Após 14 anos, o senhor reassume a presidên-
a farmácia seja um ponto de saúde e de orientação sobre diabetes,
cia da Abrafarma. Quais são suas motivações?
colesterol, hipertensão, continuidade ao tratamento proposto pelo
Reassumir a presidência da Abrafarma é
médico e adesão correta ao uso do medicamento.
desafio que me tira da zona de conforto e me coloca diante de novas situações. Vale
Quais são, atualmente, os principais desafios do setor e as tendências?
destacar que a Abrafarma vinha sendo mui-
O Programa Farmácia Popular, que ainda não sabemos qual será
to bem conduzida por seus executivos, en-
o seu destino. A Abrafarma vai trabalhar para que o programa não
tre eles, Sergio Mena Barreto, que continua
acabe. Em relação a tendências, temos o envelhecimento da po-
no posto de presidente-executivo. Assu-
pulação, que vai contribuir com o crescimento do setor.
mi a presidência da entidade por meio de
38
um consenso entre os associados, que me
De que forma o setor pode se tornar ainda mais forte?
elegeram. Em 2018, o atual vice-presiden-
Sabendo atender com qualidade, prestando um bom atendimen-
te, Eugênio De Zagottis, será meu sucessor.
to, treinando as equipes e evitando as rupturas. Ficamos mais for-
Decidimos por processo de sucessão sem
tes quando o varejo farmacêutico consegue entregar para o con-
renovação de candidatura.
sumidor um ambiente acolhedor.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
dia nacional da farmácia
Medalha de ouro para... Para celebrar o Dia Nacional da Farmácia, comemorado em 5 de agosto, buscamos inspiração nas Olimpíadas e listamos uma série de melhorias e avanços no Canal Farma para as quais a Ascoferj dá medalha de ouro. É a nossa homenagem à farmácia brasileira.
CAPILARIDADE
COMUNICAÇÃO VISUAL
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS
O Brasil tem mais de 65 mil farmácias
Quer coisa melhor que entrar em uma far-
A Resolução RDC 44/2009 é um marco na
e drogarias. No Estado do Rio de Janei-
mácia ampla, clara, iluminada, com corre-
história do setor varejista farmacêutico. Ela
ro, são mais de 6,8 mil estabelecimen-
dores espaçosos e uma área para deixar os
chegou fazendo barulho e enfrentou muitas
tos. Por estarem em todos os lugares,
filhos enquanto se faz as compras? Pois essa
resistências, mas hoje em dia só faz agregar
até mesmo onde não há atendimento
realidade tem sido mais comum do que se
valor à farmácia. A maioria dos empresários
médico, os estabelecimentos farmacêu-
possa imaginar. Inspirados nas drugstores
já entendeu que essa Resolução veio para
ticos ocupam, cada vez mais, um lugar
americanas, os estabelecimentos brasilei-
ficar e que pode ser uma aliada ao negócio,
de destaque na sociedade brasileira e na
ros estão se tornando cada vez melhores
principalmente por autorizar a prática dos
saúde pública. Com farmacêuticos pre-
nos quesitos layout de loja e organização do
serviços farmacêuticos. Por causa dela, as
sentes em todo o horário de atendimen-
ponto de venda. A mudança começou com
pessoas podem aferir pressão e medir gli-
to e com a prática crescente da orienta-
as grandes redes, mas já chegou ao peque-
cose na farmácia, serviços que antes eram
ção farmacêutica, farmácias e drogarias,
no varejista. Então, medalha de ouro para
possíveis somente em clínicas, consultórios
em sua maioria, merecem medalha de
as farmácias brasileiras, cada vez mais bo-
e hospitais. Uma conquista que, sem dúvi-
ouro por serem acessíveis e receptivas
nitas e elegantes.
da, merece medalha de ouro.
aos clientes. Em geral, as portas estão sempre abertas.
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
dia nacional da farmácia
NOVAS TECNOLOGIAS
SINALIZAÇÃO EXTERNA
COMUNICAÇÃO COM O CLIENTE
É preciso se adaptar para não morrer. E é
O setor está promovendo uma revolução
Uma importante revolução no segmen-
isso que o Canal Farma tem feito nos últi-
em letreiros e fachadas, que estão fican-
to foi a compreensão de que o cliente
mos anos ao incorporar novas tecnologias
do mais modernos e de fácil identificação
precisa ser ouvido. Se antes, a farmácia
que alteraram completamente a forma como
para brasileiros e turistas. As marcas es-
preocupava-se em colocar o produto na
se faz as coisas dentro da loja, desde o in-
tão se modernizando, acompanhando a
gôndola e fazer ofertas, hoje, ela escuta
ventário de mercadorias até o pagamento
tendência de um layout mais harmônico
o cliente antes de tomar qualquer de-
no caixa. Cada vez mais, farmácias e dro-
e contemporâneo.
cisão estratégia. Senão todas, pelo me-
garias apostam as fichas em planogramas,
nos, grande parte delas. Por isso, os ca-
QR code, código de barras, etiquetas digi-
nais de relacionamento se multiplicaram
tais, sensores antifurto, quiosques de intera-
e passaram a competir com os tradicio-
tividade, atendimento multicanal, softwares
nais SAC. Site, Facebook, Twitter, SMS,
completos de gestão e, principalmente, e-
e-mail e, mais recentemente, WhatsA-
commerce. Mais recentemente, as lojas co-
pp tornaram-se ferramentas indispen-
meçaram a vender pelo aplicativo mais fa-
sáveis de comunicação, já aplicadas por
moso do mundo atualmente, o WhatsApp,
muitas farmácias e drogarias.
e passaram a avisar ao cliente, por SMS, que o medicamento está chegando ao fim. Hoje, o consumidor compra onde e do jeito que quiser. Medalha de ouro para um setor que
IMAGENS: FREEPIK
está conseguindo se reinventar dia após dia.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
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dia nacional da farmácia VELHA GUARDA
MEDICAMENTO GENÉRICO
MIX DE PRODUTOS
Medalha de ouro para um grupo de em-
Ao completar 17 anos em 2016, o medica-
A partir da Lei Estadual 4.663/2005, que
presários que acompanhou a evolução da
mento genérico merece medalha de ouro
permite a comercialização de correlatos nas
farmácia ao longo dos últimos 50 anos.
por ter inaugurado uma nova era na assis-
farmácias e drogarias, o setor pôde incre-
Cada um a seu modo, Rodolfo Roth, Ruy
tência farmacêutica, sendo mais baratos e
mentar o sortimento de produtos no pon-
de Campos Marins, Carlos José da Silva,
mais acessíveis aos consumidores de me-
to de venda. Hoje, oferecem uma gama de
Ricardo Valdetaro, Aluízio Monttechia-
nor poder aquisitivo.
itens segmentos por categoria, valor agre-
ri, Paulo Afonso e Joaquim Fernandes,
gado e público-alvo. Além dos tradicionais
fundadores da Ascoferj, em 1984, fo-
medicamentos, os estabelecimentos ven-
ram capazes de resistir às dificuldades
dem HPC, cosméticos, dermocosméticos,
e se adaptar às mudanças.
suplementos e alimentos nutricionais em geral. Para o consumidor que busca facilidade e agilidade nas tarefas do dia a dia, é uma vantagem e tanto poder comprar tudo num mesmo lugar, com preços competitivos.
ÉTICA NO ATENDIMENTO
ACESSIBILIDADE
CAPACITAÇÃO
O segmento, que antes gerava muita
As farmácias com rampas de acesso para
Medalha de ouro para as empresas que in-
desconfiança no cliente pela “empur-
deficientes e cadeirantes merecem me-
vestem na capacitação de seus funcioná-
roterapia”, hoje demonstra uma preocu-
dalha de ouro. É um cenário cada vez mais
rios. Isso é cada vez mais comum. O setor
pação muito maior em orientar os aten-
comum. Hoje em dia, a maioria dos novos
deu um salto de qualidade, e isso se deve
dentes para que façam suas vendas com
projetos contempla estruturas acessíveis a
ao entendimento de que a profissionaliza-
ética e atenção às reais necessidades dos
todos os públicos. Vale citar também as lo-
ção passa obrigatoriamente pela capacita-
clientes. São atendentes mais qualifica-
jas com estacionamento próprio, que reser-
ção de toda a equipe. Basta olhar em volta
dos, mais informados e mais preparados
vam vagas para portadores de deficiência.
e ver a quantidade de consultorias e cur-
para atender aos consumidores.
sos oferecidos ao segmento em diversas áreas: vendas, finanças, tributos, recursos humanos, atenção farmacêutica, entre outros. Em 2015, a Ascoferj capacitou mais de 740 profissionais.
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
recursos humanos
Equipe de alto desempenho Saiba por que as pessoas se envolvem com mais entusiasmo em certas atividades do que em outras
contam pontos cruciais. As pessoas sentem
jo de alcançar algum objetivo. A unidade básica de comportamento
que, mais do que colegas, têm parceiros e
é a atividade. Como seres humanos, realizamos várias atividades ao
amigos ao lado, em quem todos confiam e
mesmo tempo: estudamos, trocamos informações, trabalhamos,
com quem colaboram, na busca do mesmo
dirigimos. Muitas vezes, realizamos mais de uma atividade simul-
objetivo. Todos evoluem e aprendem conti-
taneamente. O que leva as pessoas a se envolverem com determi-
nuamente uns com os outros, gerando mo-
nado tipo de atividade é a vontade de realizar, ou seja, motivação.
tivação e entusiasmo na realização das ta-
Portanto, a motivação depende da intensidade dos motivos, que
refas, mesmo as mais desgastantes.
podem ser definidos como necessidades ou desejos.
Dar significado as tarefas: É fundamen-
O psicólogo americano Abraham Maslow desenvolveu uma
tal que as pessoas percebam a importância
teoria conhecida como Hierarquia de Necessidades, ou seja, todo
e o propósito na realização das suas ativida-
ser humano tem desejos e necessidades. Maslow concebe as ne-
des. Isso dá segurança e uma imensa satis-
cessidades organizadas por categorias em uma hierarquia de pre-
fação pessoal. Manter-se motivado é saber
domínio relativo, na qual as necessidades fisiológicas são primor-
que o trabalho realizado faz toda a diferença.
diais, seguidas das necessidades de segurança, relacionamento e
Estimular os funcionários a perceberem os
estima e autorrealização.
resultados e elogiar continuamente geram
Para manter a sua equipe motivada, sugerimos algumas di-
motivação e autoestima elevada.
cas a serem praticadas na liderança, como estratégia de incentivo:
Feedback: Um dos fatores mais motiva-
Oferecer desafios: Responsabilizar funcionários pela implan-
dores que um Líder pode utilizar com suas
tação de um projeto ou desenvolver uma nova estratégia. Todo
respectivas equipes é dar feedback sobre o
processo de conhecimento gera motivação por meio do estudo,
andamento do trabalho, pois a ferramen-
das mudanças e do estímulo a novas ideias. Sair do convencional
ta sinaliza os pontos fortes e diferenciais e
e dos padrões ajuda a nos tornarmos mais criativos;
também os pontos a serem melhorados,
Perspectiva de crescimento: Investir no funcionário e oferecer
contribuindo para que possam aprimorar
oportunidades de crescimento são atitudes que geram um crédito
as habilidades. Em nossa cultura, feedback
de confiança no relacionamento entre colaboradores e liderados.
ainda é interpretado como crítica e tem
Manter os funcionários realizando, durante anos, o mesmo traba-
implicações emocionais (afetivas) e sociais
lho diariamente não é nem um pouco estimulante e gera acomo-
muito fortes, em termos de amizade, sta-
dação. Mas, quando são estimulados e incentivados a desenvol-
tus, competência e reconhecimento social.
ver diferentes habilidades técnicas ou comportamentais, os mais
A prática do feedback contribui para cons-
motivados se destacam.
truir uma equipe mais madura e consciente
Integração da equipe: O clima organizacional da empresa e o relacionamento ético e humanizado no ambiente do trabalho
do desempenho pessoal e profissional, que busca constantemente o aprimoramento.
HUMBERTO TESKI
N
Nossos comportamentos são, geralmente, motivados pelo dese-
Lucia Gadelha Consultora especialista em gestão em recursos humanos e capacitação de líderes.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para luciagadelha@terra.com.br
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
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marketing farmacêutico
Menor porte tem vantagem competitiva Ainda valem o atendimento pessoal, o carinho e o respeito transmitido pelo dono ao cliente
O
O que significa, no mercado farmacêu-
Outro fator importante é que se pode controlar o negócio de
tico, ser uma empresa de menor porte? De
forma pessoal, sabendo exatamente qual o estoque, o que comprar,
modo geral, aquela que possui poucos ou
quando e de que distribuidora receber as melhores condições, ou
nenhum empregado, tendo o proprietário
seja, o trabalho percorre a vida profissional e pessoal. Neste mer-
a incumbência de abrir e fechar as portas,
cado, ainda existe o fator relacionamento como mola propulsora
atender, receber, arrumar e manter o esta-
para melhores e maiores oportunidades de negócio. O distribui-
belecimento dentro das normas e dos pa-
dor gosta e quer ter uma aproximação mais forte com o proprietá-
drões exigidos para funcionamento.
rio e não medirá esforços para encantá-lo e oferecer as mais van-
Esse formato de negócio, muitas vezes,
tajosas promoções. Entretanto, alguns empresários de pequeno porte ainda in-
dele se retira o sustento de todos. Interes-
sistem em copiar os concorrentes de maior envergadura, seja no
sante notar que são comerciantes sem base
layout da loja, seja no sortimento e nas promoções. Tentar pare-
teórica sobre administração, finanças e re-
cer com um concorrente de maior porte não resulta em benefi-
lações humanas, porém de forte intuição
cio aparente. Ao contrário: ser único e especial é o fator que faz
empresarial, sabendo comprar e vender, e
a diferença. Quem tem mais chances de ouvir o cliente? Quem
tendo como uma de suas armas mais po-
está mais perto para conhecer e rapidamente atender aos pedi-
Mauro Pacanowski
tentes o acesso direto ao consumidor. Esse
dos? Quem tem agilidade para reconhecer o erro e se desculpar?
Professor e consultor da FGV
tipo de varejo não morre e está mais vivo
O pequeno varejista.
HUMBERTO TESKI
representa o único patrimônio da família e
do que nunca.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para mauro@pacanowski.com.br
44
É claro que as redes têm poderosos sistemas de informação,
Um dos motivos é a forma acolhedo-
mas ainda não vi nenhum fazendo bom uso deles, com raríssimas
ra, simplista e mais próxima de lidar com
exceções. Olhe as diferenças e veja quantas vantagens existem
o cliente. Outro ponto é que o consumi-
em ser uma farmácia de menor porte. Em um mercado altamen-
dor pode comprar e ter maior flexibilida-
te competitivo, ainda valem o atendimento pessoal, o carinho e o
de para pagar com mais prazo, participar
respeito transmitido pelo dono ao cliente. Estar junto, saber rece-
de uma carteira de clientes especiais, pa-
ber e cultivar amizades são atitudes que fazem do negócio uma
gar com cheque pré-datado, levar e pagar
atividade prazerosa. Para que crescer se é possível, com um pe-
no fim do mês ou mesmo pagar com cen-
queno comércio, oferecer à família conforto, tranquilidade e estu-
tavos a menos. Alguns desses artifícios são
do? Crescer significa, muitas vezes, abrir mão do controle pessoal
completamente impossíveis de se praticar
e ter que repartir e compartilhar perdas e lucros. Pense no que é
numa farmácia de rede.
melhor para você.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
mercado
Genéricos inéditos aquecem o setor Novas moléculas lançadas em 2015 podem incrementar as vendas do segmento em até R$ 615,7 milhões
A
Apesar de um ano difícil por conta da
crise, um mercado avaliado em R$ 615,7
va da entidade. Entendem-se por genéricos inéditos apenas novas moléculas.
milhões pode ser incrementado ao seg-
Entre os produtos que poderão ser encontrados em versões ge-
mento de medicamentos genéricos, apon-
néricas estão o antidepressivo Donaren (Apsen), uma das drogas mais
ta levantamento da Associação Brasileira
importantes do ponto de vista de faturamento: R$ 50,6 milhões ao
das Indústrias de Medicamentos Genéri-
ano. Já o Ritmonorm (Abbott), indicado para arritmia, movimenta R$
cos, a PróGenéricos.
49,5 milhões. Completa o ranking o Utrogestan (Besins Health), hor-
Os 35 genéricos inéditos autorizados
mônio feminino (progesterona), que movimenta R$ 47,6 milhões.
pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
O levantamento foi realizado com base nos indicadores do
tária (Anvisa), no ano passado, devem che-
IMS Health, que engloba a movimentação de todos os produtos
gar às prateleiras das farmácias e aos hos-
no passado (janeiro a dezembro).
pitais ainda este ano. Segundo a Anvisa, o prazo para autorização do registro e a chegada do produto no varejo é de até um ano.
As indústrias de genéricos estão otimistas quanto ao desem-
Dos 35 produtos, sete, porém, são de uso
penho do mercado. A EMS, em breve, lançará o genérico inédi-
predominantemente hospitalar, portanto,
to cloridrato de trazodona, genérico do Donaren, indicado contra
não serão encontrados nas far-
depressão. Esse medicamento, segundo a Pró-Genéricos, está en-
mácias comuns.
DIVULGAÇÃO
“Trata-se do maior volume
46
EMS vai lançar o cloridrato de trazodona
tre as drogas mais importantes do ponto de vista de faturamento, movimentando mais de R$ 50 milhões.
de genéricos inéditos lançados
Segundo o diretor-comercial da unidade de Genéricos da EMS,
nos últimos cinco anos. Com
Aramis Domont, a molécula possui um mercado promissor, com
eles, a PróGenéricos calcula
isso, contribuirá muito para o negócio de genéricos da EMS. “O pro-
uma economia direta aproxi-
duto, quando lançado, será no mínimo 35% mais acessível para a
mada de R$ 215 milhões aos
população. Haja vista que a média de preço do produto de refe-
consumidores, montante que
rência é de R$ 51, teremos uma economia expressiva para os con-
teria que ser gasto caso não
sumidores, que poderão ter maior acesso ao tratamento da de-
houvesse essa prerrogativa
pressão”, compara.
de descontos “, avalia Telma
A EMS encerrou o ano de 2015 como líder em genéricos, com
Salles, presidente-executi-
aproximadamente 18% de market share em reais e em unidades.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
mercado Desde 2013, a empresa ocupa a liderança desse segmento no Bra-
do acesso a medicamentos no Brasil, per-
sil, segundo o IMS Health. Os medicamentos que mais se desta-
mitindo que os consumidores consigam dar
cam em unidades vendidas são: hidroclorotiazida, losartana e di-
continuidade a seus tratamentos de forma
pirona. Em relação a faturamento em reais, os que se destacam
econômica, segura e eficaz”, avalia Aramis
são losartana, pantoprazol e atorvastatina.
Domont, da EMS. Segundo ele, essa consolidação se deve
Medley e AstraZeneca
à seriedade da produção dos genéricos, que
A Medley lançou, este ano, três genéricos: o ciprofloxacino,
obedece rigorosos padrões de controle de
o metoprolol e o montelucaste, sendo o succinato de metopro-
qualidade. Por lei, só podem chegar ao
lol um genérico inédito, lançado em parceria com a AstraZene-
consumidor depois de passarem por tes-
ca, biofarmacêutica voltada à inovação. O medicamento é indi-
tes de bioequivalência realizados em seres
cado para hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, tratamento
humanos, o que garante que serão absor-
de manutenção após infarto do miocárdio, angina, palpitações e
vidos na mesma concentração e velocida-
profilaxia da enxaqueca.
de que os medicamentos de referência, e
A Medley é uma empresa do Grupo Sanofi e uma das líderes
testes de equivalência farmacêutica, que
brasileiras na produção de medicamentos genéricos, tanto em vo-
garantem que a composição do produto é
lume quanto em reais. Por questões estratégicas, não fornece infor-
idêntica ao do medicamento inovador que
mações sobre participação de mercado, mas destaca-se em cardio-
lhe deu origem.
logia, sistema nervoso central, gastrenterologia e saúde feminina.
Desempenho do setor Vendas crescem no 1º tri
O mercado farmacêutico total, que in-
As vendas de medicamentos genéricos cresceram 18,7% em
clui todas as categorias de medicamentos,
unidades comercializadas no primeiro trimestre de 2016, em re-
também apresentou desempenho positivo,
lação ao mesmo período do ano passado. Trata-se do maior sal-
acima da média esperada pelo setor no pe-
to em volume registrado pela categoria nos três primeiros meses
ríodo. As vendas totais de medicamentos no
do ano, desde 2012.
Brasil cresceram 9,6% em unidades em re-
Foram comercializadas 270 milhões de unidades entre janeiro e março deste ano, contra 227,4 milhões em igual intervalo de
lação aos três primeiros meses de 2015, somando 890,1 milhões de unidades.
2015. O resultado só foi possível graças ao desempenho das ven-
Da mesma forma que os genéricos, o
das em março (107,5 milhões), que ficaram muito acima da mé-
bom resultado do trimestre foi reflexo das
dia registrada em janeiro (81,5 milhões) e fevereiro (81 milhões).
vendas registradas em março. Em valores, o
Os genéricos ainda são muito recentes no Brasil, mas já ganha-
setor movimentou R$11,3 bilhões em ven-
ram confiança e respeito, tanto que dados da PróGenéricos mos-
das, contra R$10,2 bilhões registrados nos
tram que, entre os dez produtos mais prescritos em consultórios,
três primeiros meses de 2015.
sete são genéricos. Os genéricos surgiram, no mundo, há mais de
Para Telma Salles, o fato de os gené-
40 anos. A indústria teve origem nos Estados Unidos, na década
ricos apresentarem crescimento acima da
de 1960, por iniciativa do governo americano. No Brasil, a Lei dos
média geral do mercado demonstra que o
Genéricos, que institui a indústria nacional do segmento, data de
segmento segue impulsionando o cresci-
10 de fevereiro de 1999.
mento da indústria farmacêutica brasilei-
“Hoje, a maioria da população já confia nos genéricos, que, com
ra no País. “Ao excluirmos os genéricos do
preços no mínimo 35% menores que os dos medicamentos de
resultado total da indústria, o crescimento
marca, se converteram num poderoso instrumento de ampliação
fica na casa dos 6%”, analisa.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
47
tecnologia
WhatsApp tem cerca de 100 milhões de usuários brasileiros O aplicativo é o mais usado em todo o mundo, tanto para a conexão entre amigos e familiares como no mundo dos negócios
O
O WhatsApp, serviço de mensagens ins-
Ainda segundo a pesquisa, 39% das empresas de pequeno
tantâneas, alcançou a marca de um bilhão
porte que atuam no comércio eletrônico usam o app tanto no pré
de usuários em todo o mundo, segundo
como no pós-venda, percentual esse que era de apenas 19%, em
uma publicação do presidente-executivo e
2014. O estudo que revelou o crescimento do aplicativo como ca-
cofundador do Facebook, empresa a qual o
nal de atendimento também confirmou a redução do uso do te-
WhatsApp pertence, Mark Zuckerberg, rea-
lefone, que caiu de 64% para 55%.
lizada no início deste ano. No Brasil, o apli-
Os dados mostram que quanto menor o porte da empresa maior
cativo já atinge a marca de 100 milhões de
a utilização do aplicativo. Em se tratando dos microempreendedo-
usuários e hoje é a principal forma de con-
res individuais (MEI), quase metade usa a ferramenta para se co-
tato entre familiares e amigos.
municar com os clientes, 41% nas microempresas e 26% nas em-
Por isso, quando a imprensa anuncia que a ferramenta vai ficar fora do ar por al-
presas de pequeno porte. Nas médias e grandes empresas, apenas 17% usam o app para se relacionar com os clientes.
gumas horas, ninguém curte a notícia. Mas será que a suspensão do aplicativo tira o
48
Aprenda a usar a ferramenta
sono também dos empresários? De acordo
Entre as principais vantagens do WhatsApp estão a facilidade
com a 2ª Pesquisa Nacional do Varejo Onli-
de acesso à ferramenta, bastando estar conectado à internet do
ne, feita pelo Sebrae, em parceria com o E-
celular ou wi-fi, o baixo custo e a possibilidade de envio de men-
commerce Brasil, realizada em 2015, qua-
sagens de textos, fotos e vídeos para uma pessoa ou para um gru-
tro em cada dez donos de e-commerce de
po de forma instantânea. Em meio a essas facilidades, usar o app
pequeno porte do País usam o WhatsApp
para os negócios requer atenção, e a comunicação entre a farmá-
para atender ao cliente.
cia e cliente só será eficiente se ela for feita de maneira correta. A
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
tecnologia dica inicial é ter um número de celular somente para esse fim, evi-
Confira 14 dicas importantes para uso do aplicativo
tando usar telefones pessoais dos empregados. Outro cuidado é treinar quem irá manusear o aplicativo. De acordo com o consultor de Marketing Digital, Anderson Gomes, é fundamental que o funcionário seja capacitado para tal atividade. “Costumo dizer que a tecnologia é fria e o que esquenta é a comunicação. Portanto, o funcionário precisa entender de técnicas de
1 2
vendas e atendimento ao público, que deve ser feito com presteza, mas sem ser invasivo”, orienta Gomes. O passo seguinte é mostrar ao público que a farmácia se co-
da loja, chamadas na vitrine e redes sociais, como Instagram, Fa-
3
Após a divulgação, é hora de entender como funciona o envio
4 5 6 7
pos”, orienta o especialista. Uma estratégia de comunicação rápida é criar um grupo que
8
chega a comportar 256 pessoas e fazer a divulgação de promoções de produtos – exceto medicamentos – e conteúdos relevantes so-
9
bre saúde, bem-estar e beleza, como os benefícios da vitamina C, as maneiras de prevenção contra diabetes, a importância de afe-
10
rir a pressão arterial, entre outras dicas. Outro exemplo é divulgar, em primeira mão, que determinado produto será ofertado com descontado em tal dia. “Recursos como esses ajudam na fidelização do cliente, fortalecem a marca e engajam as pessoas, pois elas entendem que aquela loja tem credibilidade e se preocupa com o
11 12
bem-estar do consumidor, não somente com a venda”, diz Gomes. “A regra é divulgar 20% de ofertas e 80% de conteúdo”, aconselha a consultora de Marketing, Ana Tex, referência em redes so-
13
quando existe uma via de mão dupla, ou seja, perguntas instantâ-
atendimento ao cliente, evitando erros
Varie as ferramentas de comunicação com os clientes da farmácia. Evite enviar mensagens a todo o momento. Engaje os clientes com conteúdos relevantes. Seja objetivo nas mensagens. Não use a ferramenta para vender. Vender é consequência. Ofereça serviços, como tirar dúvidas e atendimento. Não compartilhe informações pessoais de clientes em grupos.
usuário a usar a ferramenta durante o ho-
Não use a ferramenta para fazer marketing. Uma das políticas do WhatsApp é que você
lhor horário é o comercial, mas a decisão fica por conta do empre-
Uma comunicação feita pelo aplicativo só consegue ser eficiente
das mensagens.
rário comercial.
fazer uma comunicação semanal de envio de mensagens. “O me-
municação da empresa”, acrescenta Ana.
Peça autorização do cliente para o envio
Responda rapidamente e tente educar o
ciais atualmente. Outra dica dela para não incomodar o cliente é
sário, que deve manter os clientes avisados sobre a política de co-
loja, nos detalhes dos produtos e e-mail
gramaticais e de digitação.
no app da farmácia. Em seguida, é fundamental deixar claro para os funcionários quais são as regras, principalmente no caso de gru-
para este fim.
Utilize boas práticas de comunicação e
de mensagens, para que não se caracterizem como spam. “A princípio, é preciso que o cliente autorize a inclusão do número dele
Tenha um número de telefone somente
marketing.
cebook e Twitter. Vale lembrar que o WhatsApp deve ser um dos meios de comunicação com os clientes, não o único.
pelo uso do aplicativo.
Divulgue o número na página principal da
munica com seus clientes por meio do aplicativo. A maneira mais apropriada de fazer isso é divulgar no site ou por meio de panfletos
Treine as pessoas que serão responsáveis
14
não pode enviar mensagens não solicitadas. Uma vez que você começar a enviar spam pelo WhatsApp, será uma questão de tempo para o app bloquear a sua conta.
neas precisam de respostas instantâneas. “Jamais espere dois dias
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
49
tecnologia Curiosidades sobre o WhatsApp • Em 2014, a empresa de produtos de consumo Procter & Gamble promoveu sua linha de shampoos Head & Shoulders por meio de vídeos curtos distribuídos pelo WhatsApp, nos quais o técnico de futebol Joel Santana era apresentado utilizando o produto. • A marca de maionese Hellmann’s, da Univeler, foi divulgada por uma campanha publicitária promovida por WhatsApp, em maio de 2014, na qual usuários poderiam pedir sugestões de receitas e tirar dúvidas sobre o modo de preparo.
queio do app, como aconteceu no último dia 2 de maio, utilize as outras ferramentas de comunicação da farmácia, como redes sociais, telefone, site e e-mail. Para o cliente, esteja sempre online. A consultora Ana Tex tem vários cursos, entre eles, WhatsApp para Negócios. Saiba mais em http://marketex.com.br.
Plataforma para WhatsApp Startups já estão desenvolvendo tecnologias específicas para otimizar o uso do aplicativo. Um exemplo é o ComTodos, ferramenta de atendimento via WhatsApp, desenvolvida para melhorar a utilização do app na comunicação das empresas com clientes, colaboradores e parceiros. De acordo com o diretor de Operações do ComTodos, Eduardo de Souza, uma das vantagens da plataforma é que as conversas ficam gravadas no sistema, o que facilita o detalhamento e o controle das informações. A qualquer momento, elas podem ser visualizadas no computador, permitindo que mais de uma pessoa
para dar um retorno. Uma hora ou duas es-
realize o atendimento.
tão dentro do prazo. Melhor ainda dar uma
Funciona desta forma: os clientes enviam as mensagens para o
resposta no tempo médio de 10 minutos,
número do WhatsApp da farmácia. Em vez de irem somente para
agradecendo o contato e informando que
o smartphone, elas chegam também nos computadores que pos-
as demandas serão analisadas para um re-
suem a plataforma instalada. O ComTodos coleta as mensagens do
torno breve. Nunca deixe o cliente sem res-
celular e as organiza de forma que todos possam ter acesso. Dessa
posta”, alerta Anderson Gomes.
forma, o atendimento não fica concentrado no gestor ou em ape-
Em caso de reclamações dentro do
nas um funcionário, pois poderá existir uma equipe destinada a fa-
grupo do WhatsApp da farmácia, a dica é
zer o atendimento, algo muito parecido com um SAC ou um call
orientar que a conversa tenha continuação
center. Para grandes empresas, pode ser uma boa solução. Imagine
no modo privado para que tudo se resol-
uma única pessoa respondendo centenas de mensagens por dia?
va o mais rápido possível. Em caso de blo-
Outro benefício da plataforma é o WebService, serviços automatizados que podem ser configurados para melhorar o aten-
Tela do ComTodos, plataforma para atendimento via WhatsApp.
dimento. “No caso da farmácia, uma das funcionalidades que podem ser usadas é em relação aos pedidos feitos a domicílio. Nesse caso, o sistema envia uma mensagem para o WhatsApp do cliente informando o horário de entrega dos produtos”, detalha o diretor. As pequenas empresas estão apostando bastante no uso do Whatsapp, mas umas das dificuldades é o manuseio pelo celular. “Criamos a plataforma com o intuito de ajudar na comunicação entre empresa e consumidor, deixando-a ainda mais eficiente e não somente restrita ao celular. E ainda com possibilidades de acompanhamento das conversas, o que ajuda também na qualificação
COMTODOS
do atendimento posterior”, finaliza. Mais informações: www.com-
50
todos.com.br.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
práticas corporativas
Vale um cibazol? Em tempos de inversão de valores, é hora de reforçar os corretos
P
Perplexos, assistimos a uma sucessão de diálogos grampeados
todos os pagamentos de “acarajés” e que
de políticos, em que a inversão de valores que tomou conta do País
estava há anos sem tirar férias. Desagradá-
se mostra desnuda. “Fulano não vale um Cibazol”, em referência
vel falar nisso, mas necessário: perdas em
a um antigo medicamento muito popular no Nordeste e bem ba-
varejo fazem parte do negócio e, se ocor-
ratinho. Noutro diálogo, uma velha raposa comenta que “Sicrano
rem de forma sistêmica, é porque têm um
estará dificultando o trabalho”.
esquema minimamente estruturado. Pro-
Numa empresa privada, esses diálogos certamente se referi-
cure o elo frágil para puxar o fio da meada.
riam aos profissionais de baixo desempenho, porém, na kafkaniana realidade em que se encontra o país, tais manifestações se dirigiam contrariando os interesses dos políticos gravados. É oportuno, portanto, lembrar como seus funcionários são avaliados e como é importante que, nesse momento histórico que o País vive, sejam passados a eles alguns dos valores éticos
Não custa nada pegar uma carona no atual momento e reforçar os valores da empresa
DIVULGAÇÃO
a funcionários públicos que cumpriam seu trabalho republicano,
que a “República de Curitiba” está mostrando para todo o Brasil. Lembrá-los de que todos são iguais diante da lei ou diante das
Podemos utilizar a tragicômica situação
normas da empresa e que fontes de privilégios injustificados ser-
que estamos vivendo como uma oportuni-
Fernando Gaspar
vem apenas para criar muros e segregacionismo entre os funcio-
dade de valorizar os valores corretos numa
nários, além de gerar insatisfação e impactar o clima organizacio-
sociedade em que tantas vezes o errado é
nal negativamente.
o certo. Não é necessário ser um gênio da
Consultor especializado na construção de indicadores gerenciais para varejo e serviços, instrutor de liderança e palestrante.
As avaliações e as justificativas se dão em cima de bases con-
intuição para perceber que a operação Lava
cretas. Acusações ou afirmações que não podem ser respaldadas
Jato tem óbvios efeitos educativos no ima-
por dados concretos terão seu valor questionado mais cedo ou
ginário da população, quebrando paradig-
mais tarde. “Achismos” e neologismos da vez são meros exercí-
mas profundamente entranhados, como a
cios de imaginação e podem se mostrar desastrosos para os pro-
crença na impunidade dos poderosos e a
cessos decisórios.
antiga ineficácia da justiça diante do topo
A punição exemplar tem efeito simbólico sobre toda a organi-
da pirâmide social.
zação, seja criminosa, como a que está sendo desmantelada, seja
Não custa nada pegar uma carona nesse
numa microempresa. Porém, tome cuidado para não eleger ape-
momento histórico pelo qual estamos pas-
nas um boi de piranha e deixar o resto do rebanho solto, como é
sando e reforçar os valores que fazem a di-
sugerido numa das antológicas gravações de um senador.
ferença numa empresa: ética do trabalho,
Todo esquema tem um elo fraco da cadeia, tendo sido personificado na Lava Jato sob a forma de uma secretária que cuidava de
valorização do desempenho e igualdade de todos diante das normas estabelecidas.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para fgaspar00@gmail.com
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
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saúde
Disfagia na terceira idade
E
Envelhecer com saúde é o desejo da
maioria das pessoas e, graças aos avanços
52
SHUTTERSTOCK
Mais comum em idosos, a doença provoca uma série de problemas, como engasgos frequentes durante a refeição, pigarros, tosse, dificuldade de mastigação e lentidão na hora de engolir
gem mais ampla dos desafios dessa etapa da vida que, por natureza, inspira mais cuidados.
da medicina e da ciência, isso já é uma rea-
Com o passar dos anos, o corpo vai dando sinais próprios do
lidade. Segundo dados do Instituto Brasi-
envelhecimento: enfraquecimento da visão e audição, movimen-
leiro de Geografia e Estatística (IBGE), es-
tos mais lentos e dificuldades na hora de se alimentar são conse-
tamos vivendo mais: somente no Brasil,
quências comuns do avanço da idade. Porém, a atenção aos sinais
estima-se que a população idosa triplique
do corpo deve ser redobrada nessa fase da vida. Engasgos frequen-
até 2050. Se por um lado isso representa
tes durante a refeição, pigarros, tosse, dificuldade de mastigação,
um avanço a ser comemorado, por outro
lentidão na hora de engolir, recusa do alimento e falta de apetite
evidencia a necessidade de uma aborda-
podem ser sinais de disfagia.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
saúde O processo de envelhecimento não é o causador da disfagia,
Outras causas comuns e mais delicadas
porém há evidências de que o mecanismo da deglutição tem um
da disfagia envolvem processos automáticos,
desempenho diferente em idosos, se comparado a pacientes ain-
que são executados pelo organismo sem o
da jovens. “A deglutição é um processo complexo que envolve ór-
nosso controle. A partir do momento em que
gãos, músculos e nervos. Portanto, as alterações decorrentes do
o alimento é engolido, as etapas subsequen-
envelhecimento podem comprometer o bom funcionamento da
tes, que passam pela laringe e esôfago, são
fase oral, faríngea ou esofágica. As alterações em qualquer dessas
comandadas pelo cérebro de maneira autô-
três fases podem contribuir para o surgimento de disfagias”, expli-
noma, sem que se possa interferir. Quando
ca a farmacêutica e gerontóloga, Ana Lucia Caldas.
qualquer anormalidade se dá a partir desse
Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
ponto, pode ocorrer a sensação de engas-
(SBGG), idosos com 75 anos ou mais convivem, em média, com
go, sufocamento e dor ao engolir, levando
3,5 doenças crônicas, e a maior prevalência dessas doenças pode
a pessoa a tossir e/ou regurgitar o alimento.
ser vista como um fator de risco para a disfagia. Além da avaliação funcional da deglutição, a realização de alguns exames comple-
Cuidados na alimentação
mentares pode ser útil para fechar o diagnóstico de disfagia, que
Para os idosos que sofrem de disfagia, é
se dá por exclusão. “Como alternativa à falta de dados padroniza-
importante oferecer uma alimentação com
dos para estimar a prevalência de disfagia na população, os instru-
formas variadas de apresentação e sabor. A
mentos de triagem e anamnese nos serviços de atenção primária
consistência é a primeira a ser modificada,
deveriam sempre conter uma pergunta relacionada com a dificul-
pois é a que oferece maior risco de aspiração.
dade de deglutição”, acrescenta Ana Lucia.
Deve-se ter atenção, também, com os líquidos, sendo aconselhável utilizar como recur-
Causas da disfagia
so o espessamento do líquido com produ-
O processo normal de deglutição envolve diversas etapas neu-
tos industrializados ou adaptações naturais.
romotoras que visam a transportar o alimento da boca até o estô-
É comum os idosos que sofrem de disfa-
mago de forma segura, evitando que pedaços da refeição sejam
gia reduzir sua ingestão calórica, o que pode
aspirados e entrem nas vias respiratórias. Anormalidades em qual-
levar a deficiências nutricionais. Segundo a
quer uma das etapas desse processo podem caracterizar a disfa-
nutricionista Thais Bessa, da Universidade
gia, ou seja, a dificuldade de engolir alimentos sólidos ou líquidos.
Federal Fluminense (UFF), recomendam-
É importante esclarecer que ela não é uma alteração exclusiva da
se refeições pequenas e frequentes de ali-
terceira idade, podendo ocorrer em qualquer etapa da vida. Mas sua
mentos que são ricos em calorias e proteí-
incidência é mais comum em pessoas na terceira idade.
nas, como ovos, leite, caçarolas e shakes
A perda da dentição, do tônus muscular das estruturas faciais
nutricionais. Além disso, preferir os alimen-
(maxilar, bochechas, língua) e o uso de próteses dentárias mal
tos lisos e macios, como iogurte, pudim ou
adaptadas são problemas comuns aos idosos que podem dificul-
sorvete, gelatina, papa de frutas, tapioca. Po-
tar sua alimentação e reduzir seu apetite. De acordo com a nutri-
de-se ainda misturar os alimentos ou ume-
cionista da Nova Nutrii, especializada em nutrição clínica, Jéssica
decer alimentos secos com caldo de carne,
Freitas, “o maior risco, nesses casos, é a subnutrição e a desnutri-
molho, manteiga ou leite. “Estudos confir-
ção, comprometendo a saúde do idoso, especialmente se ele já
mam que, se balanceada e bem preparada,
convive com alguma doença crônica. Além disso, a disfagia cau-
a dieta adaptada à disfagia pode substituir
sada por esses transtornos pode levar ao isolamento, uma vez
a dieta usual sem impacto no estado nutri-
que a refeição também é um ato social, que, muitas vezes, reúne
cional, proporcionando refeições seguras e
familiares e amigos.
prazerosas”, diz a nutricionista.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2016
53
saúde Campanhas de promoção da saúde Nos dias 8 e 29 de agosto, respectivamente, comemoram-se o Dia Nacional do Comba-
pacientes, uma vez que realiza a adequação das necessidades calóricas à ingestão e à consistência adequada a cada caso.
Ato neuromuscular A deglutição é um ato neuromuscular complexo, que envol-
te ao Colesterol e o Dia Nacional de Com-
ve as estruturas da cavidade oral, faringe, laringe e esôfago. Essas
bate ao Fumo. São oportunidades para far-
estruturas são controladas por componentes voluntários e invo-
mácias e drogarias promoverem campanhas
luntários, que desempenham suas funções com precisão e rapi-
de saúde, com orientação, distribuição de
dez, transportando o material da cavidade oral para o estômago.
panfletos e esclarecimento de dúvidas. Es-
“Por trás desse ato aparentemente simples e pouco percep-
sas ações aproximam a farmácia da co-
tível – a deglutição –, existe um importante e complexo sistema
munidade e, além de contribuírem com a
neuromuscular para que essa ação possa ocorrer sem alteração”,
qualidade de vida da população, atraem e
afirma a fonoaudióloga pós-graduada em Motricidade Oral, com
fidelizam clientes.
ênfase em ambiente hospitalar e mais 20 anos de experiência na área, Ana Paula Dias Guagliardi.
Quanto aos líquidos, algumas ressalvas
Após a avaliação e a classificação do tipo de disfagia, o fo-
devem ser feitas em relação ao espessa-
noaudiólogo estabelece um plano de trabalho baseado em téc-
mento. Para as preparações lácteas: a tem-
nicas de reabilitação, denominadas terapias indireta e direta. No
peratura influencia na diluição, devendo-se
primeiro caso, o objetivo é melhorar as condições de força, mo-
liquidificar as resfriadas (10°C) para homo-
bilidade e sensibilidade geral do paciente sem a apresentação do
geneização; os sucos ácidos dificilmente
alimento. Já a terapia direta tem o mesmo objetivo anterior, mas
formam grumos, ao contrário dos alcalinos,
com a apresentação do alimento. Somam-se a essas técnicas as
que, por vezes, precisam ser liquidificados.
estratégias compensatórias, as técnicas de estimulação, as ma-
Para uma boa digestão dos alimentos, de-
nobras de deglutição, as técnicas de posicionamento e os exercí-
ve-se usar um canudo para beber líquidos
cios de fortalecimento.
e alimentos moles, realizar pequenas mor-
“Portanto, a relação da fala ou da linguagem com a disfagia é
didas, mastigar devagar e cuidadosamen-
total, haja vista que o indivíduo fica na dependência da gravidade
te e sentar ereto quando comer ou beber.
do seu estado físico e mental para conseguir se comunicar ade-
A disfagia em idosos pode levar à des-
quadamente”, acrescenta Ana Paula.
nutrição e à desidratação por inadequação dietética e em razão da consistência dos ali-
“O farmacêutico, na sua atuação clínica junto ao paciente, pode
toma, o paciente altera a consistência dos
contribuir para identificar alguns sintomas, como a dificuldade de
alimentos e/ou das preparações, acrescen-
deglutir alimentos e medicamentos, reconhecendo possíveis situa-
tando maior quantidade de água e reduzin-
ções de risco para a disfagia por meio da checagem de alguns cri-
do, assim, o valor calórico total. Com a difi-
térios de risco, como acidente vascular encefálico, doença de Par-
culdade para deglutir líquidos finos, inclusive
kinson, demências, diminuição do nível de consciência, delírios,
saliva, que requerem coordenação e con-
entre outros”, pontua Ana Lucia Caldas.
trole, ocorre o aumento do risco de pneumonia aspirativa. O profissional nutricionista tem importante papel no acompanhamento desses
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Contribuições do farmacêutico
mentos. Na tentativa de se adaptar ao sin-
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Nessas situações, o farmacêutico deve atuar em conjunto com o médico e outros profissionais de saúde envolvidos, sugerindo formas alternativas da farmacoterapia e traçando metas adequadas para garantir ao paciente uma nutrição e um tratamento efetivos.
carreira
Caminhando com as próprias pernas CRF-RJ cria Câmara Técnica de Empreendedorismo
C
Com o País vive momentos de crise econômica e política, mui-
aqueles praticados no mercado e via cartão
tos brasileiros estão optando por abrir suas próprias empresas para
do Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-
fugir do desemprego ou aumentar a renda. É o que confirma os
nômico e Social (BNDES)”, detalha Lahora.
números da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), de
O coordenador está otimista com o pro-
2015, patrocinada pelo Sebrae no Brasil.
jeto e entende que a profissão precisa de ini-
Segundo o estudo, de cada dez brasileiros adultos, quatro já
ciativas como a do CRF-RJ, ainda mais em
possuem ou estão envolvidos com a criação de uma empresa. Em
períodos em que profissionais precisam se
2015, a taxa de empreendedorismo no País foi de 39,3%, o maior
reinventar. “Sou empresário há 17 anos e um
índice dos últimos 14 anos e quase o dobro do registrado em 2002,
sobrevivente de grandes turbulências que
quando a taxa foi de 20,9%. Se comparado internacionalmente,
afetam o setor farmacêutico. Acredito que
o Brasil se destaca com a maior taxa de empreendedorismo, qua-
os momentos de dificuldade são essenciais
se oito pontos percentuais à frente da China, em segundo lugar,
para a criação de oportunidades”, garante.
com taxa de 26,7%. Ainda de acordo com a pesquisa, ter o próprio
Um dos membros da Câmara Técnica de
negócio é o terceiro maior sonho do brasileiro, atrás de comprar
Empreendedorismo é o farmacêutico, em-
a casa própria e viajar pelo País. O número de pessoas que almeja
presário e diretor da Ascoferj, Danilo Aguiar
se tornar o próprio chefe é de 31%, praticamente o dobro das que
Teixeira, que possui farmácia e conhece bem
desejam fazer carreira em uma empresa, 16%.
os desafios de empreender no País. Segundo
O Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro
ele, o trabalho do grupo também visa a ajudar
(CRF-RJ) criou, no início deste ano, a Câmara Técnica de Empreende-
farmacêuticos recém-formados que buscam
dorismo, coordenada pelo farmacêutico e empresário Ricardo Lahora
informações sobre como funciona a monta-
Soares. “A ideia de montar essa Câmara Técnica veio da farmacêuti-
gem do próprio negócio. “Muitos profissionais
ca Adriany Marquês, que também pertence à equipe. A missão é fo-
concluem a faculdade ainda despreparados
mentar atitudes empreendedoras nos colegas farmacêuticos, auxi-
e têm dificuldades de gerir uma equipe, por
liando-os na gestão das próprias empresas”, afirmou o coordenador.
exemplo. Por isso, um dos nossos objetivos
O grupo promove encontros abertos uma vez ao mês, com a par-
é capacitá-los para que possam desenvolver
ticipação de farmacêuticos interessados no assunto e com a presença
visão empreendedora, contribuindo assim
de convidados que possam contribuir. Um dos avanços já conquista-
com o crescimento da profissão”, acrescenta
dos pela Câmara foi a parceria com o Sebrae/RJ, que está dando des-
Danilo. Para ele, é fundamental que um far-
contos nos cursos de gestão para farmacêuticos que se inscreverem.
macêutico aprenda, na prática, a administrar
Outra vitória da Câmara Técnica se deu junto à Caixa Econômica
e gerir um estabelecimento, assim como de-
Federal (CEF). “O farmacêutico pode financiar o capital necessário
senvolver pessoas. Mais informações, no site
para a abertura do próprio negócio, com juros mais baixos do que
do CRF-RJ: www.crf-rj.org.br.
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gestão de pessoas
Como obter um clima organizacional positivo
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SHUTTERSTOCK
Endomarketing não só torna as pessoas mais felizes no trabalho, como também mais engajadas na qualidade de produtos e serviços
Endomarketing é um processo capaz
das suas unidades distribuídas em mais de 30 países, pois queria
de alinhar o pensamento e a atitude dos
que os seus colaboradores fossem os primeiros a conhecerem e a
empregados à estratégia da empresa por
comprarem a marca. Isso é endomarketing. Quando a Renner lança
meio de canais de comunicação interna, de
uma campanha interna dizendo ‘Sorriso: a melhor coisa que você
campanhas de endomarketing e de ações
pode vestir’, dentro do seu esforço de melhoria do atendimento
de celebração e comunicação entre líder e
ao cliente num período caracterizado pela crise, está fazendo en-
equipe. É quando a empresa aplica técnicas
domarketing”, exemplifica a diretora-presidente da HappyHouse
e estratégias de marketing para ‘vender’ sua
Brasil Agência de Endomarketing e autora de sete livros sobre Co-
marca para o público interno ou para pro-
municação Interna e Endomarketing, Analisa de Medeiros Brum.
mover o engajamento desse público em
De acordo com a vice-presidente da Associação Brasileira de
programas, projetos e processos internos.
Recursos Humanos (ABRH-RJ), Renata Filardi, o endomarketing é
“Quando a Vale mudou a sua marca, em
uma área diretamente ligada à comunicação interna, aliando téc-
2007, o fez primeiro para o público interno
nicas de marketing a conceitos de recursos humanos. Tem foco no
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gestão de pessoas público interno, com o objetivo principal de fomentar um clima
isso, é importante que cada ação seja de-
organizacional positivo dentro da empresa, que incentive a qua-
senhada especificamente com uma inten-
lidade dos produtos e serviços e que produza o alinhamento das
ção e para um contexto específico, porque
informações da empresa.
cada negócio, seja uma grande corporação
“Normalmente, as ações de endomarketing são implantadas imediatamente antes de uma forte campanha de vendas e/ou me-
ou um microempresa, tem necessidades distintas”, diz Renata, da ABRH-RJ.
tas agressivas, tanto qualitativas quanto quantitativas, que foram
De acordo com Concitta, da Roadmap
estabelecidas para os funcionários. É similar ao que empresas fa-
Brasil, não importa o tamanho da empresa.
zem para o mercado externo por meio de campanhas publicitárias,
“Inclusive, o endomarketing, que não deve
mas, nesse caso, o público-alvo são os empregados”, acrescenta o
ser entendido como festas caras e premia-
sócio-diretor da Roadmap Brasil, Rodrigo Concitta.
ções, é fundamental em micro e pequenas, onde o esforço de cada profissional é
Por que investir em endomarketing As empresas fazem endomarketing pelos mais diversos motivos,
vital para o crescimento do negócio”, destaca o especialista.
mas essencialmente para envolver os colaboradores nos objetivos, estratégias e resultados da companhia. Pode-se dizer também que
Dicas para o pequeno negócio
as empresas fazem endomarketing para atrair, engajar e reter fun-
Em empresas pequenas, com poucos
cionários, pois é uma estratégia que deve estar presente em todos
empregados, a comunicação interna pode
os momentos do ciclo de vida do empregado dentro da empresa.
acontecer por meio de poucos canais e, prin-
Segundo a vice-presidente da ABRH-RJ, investir em endomar-
cipalmente, pelo líder. Um bom líder, cons-
keting é estratégico em vários aspectos, principalmente porque a
ciente do papel estratégico que possui no
valorização da imagem da empresa junto ao público interno é es-
processo da informação dentro da empresa,
sencial na motivação e no sentimento de valorização dos cola-
é capaz de manter sua equipe informada e,
boradores. “Essas ações se refletem no aumento da produtivida-
consequentemente, integrada e motivada.
de de equipes e também na retenção e atração de talentos para
O importante, segundo Analisa Brum,
os quadros funcionais da organização, podendo ainda ter impac-
é comunicar objetivos – aonde se deseja
to externo por meio de amigos e familiares de empregados, que
chegar –, estratégias – o que todos devem
são indiretamente afetados por suas percepções”, analisa Renata.
fazer para chegar ao objetivo desejado – e
Todas as empresas, de alguma forma, já fazem endomarketing.
resultados, que devem ser comemorados e
O que mudam são a forma (mais caseira ou mais profissional) e o
compartilhados. Isso deve e pode ser feito
investimento, que, obviamente, é maior em grandes empresas, es-
por meio de mensagens, cartões, cartazes,
pecialmente as que possuem muitas unidades e milhares de em-
reuniões e outros instrumentos. “Mais im-
pregados. “Eu diria que, nas pequenas empresas, o endomarketing
portante que a campanha ou o instrumento
acontece de forma mais intuitiva e mais por meio das lideranças.
é o conteúdo, pois, sem informação, as pes-
Nas médias, os investimentos se dão em canais e campanhas. E
soas não se engajam. Afinal, ninguém gos-
as grandes realizam movimentos mais arrojados e mais sofistica-
ta daquilo que não conhece, ninguém luta
dos”, detalha Analisa, da HappyHouse.
por aquilo que não sabe o que é e ninguém
Hoje em dia, todas as empresas estão preocupadas em se co-
informa sobre o que desconhece”, ilustra.
municar mais e melhor com o público interno e o fazem para au-
Além disso, é importante conhecer o in-
mentar seus níveis de qualidade e seus índices de produtividade.
teresse comum dos colaboradores. Eventos
Portanto, o marketing interno pode ser desenvolvido em atividades
simples como aniversariante do mês, Dia do
do dia a dia, independentemente do tamanho da empresa. “Para
Farmacêutico, um quiz sobre os produtos,
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gestão de pessoas mural físico ou eletrônico e perfil dos fun-
As empresas desenvolvem o endomarketing levando em con-
cionários são ações simples que envolvem
ta muitas variáveis, como tipo, tamanho, objetivo e cultura da em-
e aproximam as pessoas. Porém, é funda-
presa. Outro erro muito comum, segundo a ABRH-RJ, costuma ser
mental começar perguntando: fazer uma
não avaliar corretamente, além dessas variáveis, as necessidades e
pesquisa simples sobre quais assuntos ou
preferências dos colaboradores, acabando por desenvolver ações
ações os empregados têm interesse facili-
que não fazem sentido para a organização.
ta bastante o desenvolvimento e a asserti-
“Em endomarketing, não existe o certo e o errado. Existe o que
vidade das campanhas de endomarketing.
é mais adequado a uma determinada empresa, ao segmento em
Para Concitta, o impacto do endomar-
que atua, ao seu porte, ao momento que vive, ao tipo de gestão
keting nas pequenas empresas é maior do
que possui, às características do seu público interno. Por isso, não
que nas grandes, pois os funcionários co-
costumamos sugerir nenhum instrumento ou ação sem conhe-
nhecem mais profundamente o cliente e
cer a empresa e entender o seu momento”, observa Analisa Brum.
podem fidelizar cada um deles com interações personalizadas, que são perdidas em companhias de grande porte.
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Benefícios do endomarketing Uma boa – e correta – ação de endomarketing é aquela que in-
Um instrumento de endomarketing
forma e integra. Os resultados são o aumento do estoque de boa
vai de um simples cartaz até um jogo de
vontade das pessoas em relação à empresa e o consequente au-
web. Não é o valor que define a eficácia de
mento de produtividade. Pessoas engajadas produzem mais e me-
um instrumento e, sim, a sua adequação
lhor. E é disso que as empresas precisam no atual momento. Mais
ao público interno que precisa atingir e a
do que pessoas felizes, as empresas precisam de pessoas engaja-
percepção/sentimento que objetiva des-
das a programas, processos e projetos internos. As empresas pre-
pertar. Por isso, instrumentos simples po-
cisam também de pessoas abertas à mudança e dispostas a inovar.
dem gerar o mesmo resultado que os mais
“O impacto imediato é a maior motivação dos colaboradores
sofisticados. “Mas é importante lembrar
para atividades diárias, passando a produzir mais e a cultivar um clima
que, atualmente, o endomarketing deve
organizacional saudável e positivo. Em médio prazo, o aumento da
ser feito com qualidade e profissionalismo,
produtividade passa a afetar os processos organizacionais, que são
pois as pessoas estão muito exigentes em
otimizados com a maior participação dos colaboradores. E, em lon-
função do nível de informação a que têm
go prazo, a empresa ganha em quantidade e qualidade de produtos
acesso fora da empresa”, observa Analisa,
e serviços prestados, retendo e atraindo profissionais compromissa-
da HappyHouse.
dos com os objetivos da corporação”, reforça Renata, da ABRH-RJ.
Erros mais comuns
Quanto custa investir?
Um dos erros é achar que o endomar-
É possível promover ações de endomarketing com poucos re-
keting deve ser usado apenas para celebrar
cursos, principalmente em tempos de crise política, juros altos e re-
datas comemorativas e realizar festas. “As
cessão econômica. Um exemplo são as pequenas premiações para
empresas ainda possuem uma visão muito
quem atingir bons resultados de conquista, manutenção e satisfa-
lúdica sobre endomarketing. O acerto está
ção de clientes. Reuniões fora do local de trabalho para alinhamen-
em usá-lo para alinhamento dos funcioná-
to e reuniões semanais de acompanhamento também podem ser
rios à estratégia empresarial e para incen-
alternativas de baixo custo e eficientes. Segundo Concitta, o va-
tivar as pessoas a produzirem mais, a tra-
lor de cada projeto depende muito do escopo. “Não acredito em
balharem com mais qualidade”, analisa a
preços definidos antes de entender a necessidade do cliente. Se-
diretora da HappyHouse.
ria como receitar um remédio sem saber os sintomas”, finaliza.
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