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Ano 25 · Edição 194 · Setembro-Outubro 2016
Consultório farmacêutico A legalidade, as opiniões e os conflitos que estão em torno do tema mais debatido atualmente pelo setor
ENTREVISTA
JURÍDICO
GESTÃO
Camila Porto, maior especialista no assunto, fala da presença da farmácia no Facebook
Você, de fato, sabe o que representa a tão citada responsabilidade civil do farmacêutico?
Especialistas dão dicas para blindar o negócio contra a concorrência
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opinião
Terceirizando a responsabilidade
vel administrar a vida e a empresa. O ver-
mica e política após a profunda crise em que mergulhou nos úl-
dadeiro líder tem, entre suas habilidades, a
timos anos em função do desgoverno e da corrupção endêmica.
característica de descentralizar as decisões,
Quase todas as atividades empresariais e categorias profissionais
compartilhando com sua equipe funções
foram atingidas pela alta da inflação, juros abusivos e desemprego.
operacionais, cuidados estratégicos e mo-
Essa crise de origem nacional, consequentemente, atingiu os
nitoramento dos resultados.
estados da federação e a grande maioria dos municípios da na-
Simultaneamente é impossível deixar
ção com a queda acentuada de arrecadação, agravada por uma
de inovar, ficando atento às ferramentas do
gestão pública ineficiente. O impacto causado pela recessão não
mundo virtual como aliadas da sua empre-
poupou nem mesmo as grandes empresas, mas atingiu, princi-
sa. Lembre-se de que, numa competição, é
palmente, as empresas de pequeno e médio porte, que foram as
fundamental para o competidor estar bem
mais penalizadas.
preparado para o combate, desenvolver
Diante desse cenário, o que devemos aproveitar como aprendi-
sua capacidade e conhecer o regulamento
zado? Se observarmos a história política e econômica das nações,
do jogo. Essa regra também é aplicada no
certamente constataremos que existem ciclos de riqueza e carên-
mundo corporativo, pois o sucesso só será
cia. De fato, não se pode ignorar as dificuldades advindas da con-
obtido se essa norma for seguida.
juntura. Entretanto, o que ainda percebemos é uma apatia gene-
Dificuldades sempre houve e certa-
ralizada por parte dos empreendedores, atribuindo a crise do País
mente haverá, pois todo e qualquer negó-
à responsabilidade pelas dificuldades enfrentadas pelos diversos
cio envolve risco. Entretanto, é necessário
setores da economia.
minimizar o risco e não terceirizar a res-
Portanto, é imprescindível, para atravessar os momentos de cri-
ponsabilidade do líder, pois todo privilégio
se, uma administração eficiente e ajustada, provisionando reservas
atribuído a um líder traz proporcionalmen-
para os tempos de carência. Profissionalismo e inovação nas em-
te responsabilidade.
presas são ferramentas indispensáveis para superar as dificuldades.
Em tempos de crise, o melhor lema é
Profissionalismo requer investimento e tempo, num mun-
decidir não participar dela, parar de recla-
do onde as mudanças acontecem numa velocidade intensa. Mas
mar e trabalhar com inteligência, pois ha-
observamos comerciantes afirmando que não possuem tempo
veremos de encontrar, no próximo ciclo,
para se atualizar e estudar o mercado e o próprio negócio. Se o
períodos de prosperidade para os que es-
empreendedor não souber administrar seu tempo, será impossí-
tiverem preparados.
HUMBERTO TESKI
O
O País começa a dar pequenos sinais de estabilização econô-
Luis Carlos Marins Presidente da Ascoferj
Quer saber mais?
Mande um e-mail para marins@ascoferj.com.br
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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carta da editora
Destaques da edição
S Viviane Massi
revistadafarmacia@ascoferj.com.br Editora
Só dá ele: consultório farmacêutico. O
Também acompanhamos os debates sobre o tema na sexta
tema tem sido debatido em todos os círcu-
edição do Congresso Brasileiro do Varejo Farmacêutico (Conbrafar-
los profissionais, entre amigos e nos even-
ma), que aconteceu em São Paulo no início de agosto. Produzimos
tos do setor. Qual a sua legalidade? É per-
uma matéria com a cobertura completa do evento, que também
mitido abrir um consultório farmacêutico
tratou de tecnologias, redes sociais, novo perfil do consumidor, etc.
na drogaria? Fomos atrás de respostas para
E, por falar em redes sociais, conseguimos uma entrevis-
essas dúvidas e descobrimos que a ques-
ta exclusiva com a maior especialista em Facebook no momen-
tão ainda não está plenamente resolvida. As
to, Camila Porto. Ela conversou conosco, por e-mail, sobre a im-
principais leis que regem o setor proíbem.
portância de se ter uma página de negócios na maior rede social
No entanto, o Conselho Federal de Farmá-
do mundo. No Brasil, 90 milhões de pessoas estão na rede de
cia (CFF) diz que não vai abrir mão dessa
Mark Zuckerberg.
prerrogativa, tanto que já enviou à Agên-
Como tudo, hoje em dia, gira em torno do mundo digital, tra-
cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi-
zemos ainda uma matéria explicando detalhadamente o Carioca
sa) uma proposta de alteração na RDC 44,
Digital. A partir de agora, os pedidos junto à Vigilância Sanitária de-
prevendo a regulamentação do consultó-
vem ser online, feitos nesse portal. A Ascoferj está, inclusive, pro-
rio farmacêutico para a realização dos ser-
movendo cursos para preparar os gestores para esse novo desafio.
viços farmacêuticos.
Boa leitura!
FUNDADOR Ruy de Campos Marins
DESDE MAIO DE 1991
PRESIDÊNCIA
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Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
revistadafarmacia@ascoferj.com.br (21) 99827-2867
sumário
10 entrevista Camila Porto: como marcar presença no Facebook
24 jurídico Conheça casos de responsabilidade civil do farmacêutico
28 capa Consultório farmacêutico pode?
6 7 8 14 16 18 22 23 42 44 46 50 54 56 58
agenda lançamentos boa leitura pequeno varejo panorama assuntos regulatórios marketing farmacêutico consultora farmacêutica crise no estado práticas corporativas ponto de venda evento pingue-pongue regulação recursos humanos
36 gestão Veja dicas para blindar o seu negócio
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Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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agenda
Programe-se Feirão de Negócios A distribuidora Rio Drog’s vai promover mais uma edição do Feirão de Negócios, desta vez no dia 21 de setembro, na Quadra do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, que fica na Rua Silva Téles, 104, Andaraí, Rio de Janeiro. As inscrições podem ser feitas pelo televendas da empresa ou pelo site: www.riodrogs.com.br.
ExpoPharma 2016 Nos dias 21 e 22 de setembro, será realizada a ExpoPharma 2016, com o tema Incluindo tecnologia para o varejo farmacêutico, no Hotel Windsor Barra, no Rio. O evento é uma feira de negócios que reúne indústrias, distribuidores, prestadores de serviços, proprietários e gestores de farmácias para o lançamento de produtos e serviços direcionados ao crescimento do setor. Mais informações: www.expopharma.com.br.
Curso para balconistas A farmacêutica e consultora Michele Barbosa ministrará o curso Capacitação para balcoSHUTTERSTOCK
nistas do varejo farmacêutico. O encontro é gratuito e já tem datas previstas até o fim do ano. Confira: 28 de setembro, em Nova Friburgo; e 26 de outubro, em Nova Iguaçu. Inscrições: www.ascoferj.com.br, no link Cursos e Palestras.
Congresso de Ciências Farmacêuticas Com o tema Cuidados Farmacêuticos: direito da sociedade, dever do farmacêutico, o Conselho Regional de Farmácia do Estado do Pará e a Associação dos Farmacêuticos do Pará (AFEPA) realizam o VI Congresso Norte e Nordeste de Ciências Farmacêuticas, nos dias 23, 24 e 25 de novembro, no Hotel Sagres, em Belém. O objetivo é promover um intercâmbio sociocultural e técnico-científico entre os farmacêuticos e estudantes das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Mais informações: www.crfpa.org.br.
Inscrições em cursos, palestras e eventos da Ascoferj: www.ascoferj.com.br Informações e inscrições de grupos: inscricao@ascoferj.com.br Pague sua inscrição com PagSeguro.
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Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
lançamentos Elseve Light Poo A L’Oréal Paris acaba de lançar uma novidade no mercado capilar: o Elseve Light-Poo Tudo em 1, creme que limpa, condiciona e modela em um só passo. Ele lava sem ressecar e não deixa resíduos no couro cabeludo. O produto está disponível em quatro versões: cabelos lisos com escova, cacheados e crespos, danificados ou com coloração e cabelos ondulados. SAC: 0800 701 6992
Equilíbrio da flora A Merck apresenta o Floratil AT 250 para prevenir e tratar a diarreia associada ao uso de antibióticos. O medicamento é composto pelo probiótico Saccharamyces boulardii, que auxilia no equilíbrio da flora intestinal. Além disso, tem rápido início de ação, permitindo que o tratamento completo seja realizado pelo tempo que durar a terapia com antibióticos. SAC: 0800 727 7293
Vitamina D A Sanofi apresenta a família DePura, uma linha atualizada de produtos à base de vitamina D, importante componente para a saúde óssea. A novidade são as opções em dosagens mais altas, na versão comprimidos: DePURA 1.000 UI, 2.000 UI e 7.000 UI, indicados para pacientes que apresentam insuficiência e deficiência de vitamina D. O medicamento também pode prevenir o risco de quedas e fraturas. SAC: 0800 703 0014
Alívio de dores A Medley lançou o Proleptol, indicado para o tratamento de diversos tipos de dor, incluindo a fibromialgia e a dor neuropática. O medicamento também alivia a ansiedade e ajuda a melhorar o sono. O Proleptol está disponível na apresentação de 75 mg, com 30 cápsulas. SAC: 0800 729 8000
Pele renovada A Eucerin acaba de lançar o Aquaphor Healing Ointment, um reparador intensivo que hidrata e estimula o processo de renovação natural da pele. O novo produto ajuda a melhorar a aparência de cicatrizes e proporciona uma hidratação intensiva, sendo indicado principalmente para uso pós-procedimentos estéticos. SAC: 0800 776 4832
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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boa leitura Gestão da emoção Augusto Cury – Editora Benvirá Do psiquiatra, psicoterapeuta e pesquisador Augusto Cury, o livro aborda a questão da gestão da emoção, do desgaste mental pelas exigências que impomos às pessoas com as quais nos relacionamos e a nós mesmos. Discute o desperdício de energias e o mau uso da emoção.
Gestão estratégica do franchising Como construir redes de franquia de sucesso
Adir Ribeiro, Maurício Galhardo, Leonardo Marchi e Luis Gustavo Imperatore – DVS Editora Apesar do título, que, inicialmente, parece apontar para uma obra com foco específico em franchising, o livro traz uma ótima organização didática dos vários fundamentos de gestão das empresas. O que é fundamental para a organização de uma empresa para franquiar também é importante para uma empresa na sua trajetória de evolução continuada.
Varejo competitivo Claudio Felisoni de Angelo - Editora Atlas O Prêmio Excelência em Varejo Folha/Provar é uma iniciativa pioneira que estimula a produção científica relativa a esse importante setor da atividade econômica, atualmente responsável por aproximadamente 10% do PIB brasileiro. O projeto tornou-se realidade a partir de parceria do programa com o jornal Folha de S. Paulo e a Editora Atlas.
Henry Ford – Os princípios da prosperidade Freitas Bastos Editora Uma coletânea das principais obras do maior industrial da história, Henry Ford. Textos que falam da sua visão de mundo, dos seus revolucionários processos de produção e sobre o futuro do capitalismo. Um homem à frente do seu tempo, o maior industrial do mundo e autor de livros de administração. Referência tanto para empresários quanto para acadêmicos que o têm como o grande pioneiro da administração moderna.
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Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
entrevista
Camila Porto DIVULGAÇÃO
Maior especialista em Facebook
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Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
entrevista
Você já está no Facebook? No Brasil, 90 milhões de pessoas estão na maior rede social do mundo. Camila Porto ensina como fazer parte e promover a sua marca, gerando retorno financeiro
C
Camila Porto é considerada a maior especialista em Facebook nos dias atuais. Autora do livro Facebook
Marketing: como gerar negócios na maior rede social do mundo, Camila já treinou mais de cinco mil empreendedores, profissionais e pessoas com vontade de ir além com ideias e projetos. Atualmente, o Facebook Essencial é seu treinamento mais completo, com mais de três mil alunos em quatro continentes e em todo o Brasil. Nesta entrevista, Camila dá dicas preciosas para farmácias e drogarias que querem transformar fãs em clientes no Facebook.
Revista da Farmácia: Como você define marketing digital?
Camila: São várias particularidades. A pri-
Camila Porto: O marketing digital é uma estratégia para comercia-
meira é audiência. A cada dia, mais e mais
lizar produtos, conquistar novos clientes e melhorar a rede de re-
pessoas usam a internet para tudo e ao
lacionamentos por meio de ferramentas online, como blogs, redes
longo do dia. Isso abre um canal impor-
sociais, e-mail marketing, entre outros.
tante, pois é preciso estar onde o cliente está, e ele está na internet. A segunda são
RF: Qualquer empresa, de qualquer ramo, pode fazer
as possibilidades de comunicação com es-
marketing digital?
sas pessoas, via conteúdo, informações ou
Camila: Poder, até pode, mas é imprescindível que, antes de entrar
anúncios. Hoje há formas de impactar esse
no marketing digital, a empresa saiba se o público final consome
público, envolvê-lo e fazer a venda: tudo
esse tipo de comunicação. Por isso, antes de começar a usar uma
online. Por fim, a possibilidade de mensura-
estratégia, é necessário estudá-la e avaliar todos os prós e contras.
ção de resultados e avaliação do desempenho de uma ação praticamente em tempo
RF: Quais são as principais ferramentas de marketing digital
real são pontos importantes para as empre-
atualmente e qual é a mais eficiente?
sas, ainda mais em tempos de economia.
Camila: Existem diversas ferramentas para se trabalhar com
Se algo não está funcionando, basta mudar
marketing digital. Vai depender exclusivamente da estratégia utili-
o rumo, rever a estratégia ou simplesmente
zada e para qual tipo de público será destinada. Blogs, redes sociais,
parar uma campanha.
newsletter, e-mail marketing, página de captura, enfim, as possibilidades são inúmeras para se chegar até o cliente e esse mercado
RF: O Facebook se tornou o “queridinho” de
só tende a crescer.
todo mundo. No universo das redes sociais, trata-se, atualmente, do aplicativo mais
RF: Em se tratando de varejo, quais são as particularidades em
utilizado para relacionamento e para ne-
marketing digital?
gócios. A que você atribui esse fenômeno?
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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entrevista Camila: O Facebook, atualmente, é o que
zer as perguntas certas para descobrir quais páginas o público-al-
é por conta de como aproveita todas as
vo da farmácia pode curtir.
oportunidades que o mercado de marketing digital traz. Ele disponibiliza ferramentas
RF: Você criou 22 táticas comprovadas para aumentar o engaja-
para que pessoas e marcas consigam se
mento no Facebook. Você poderia citar, pelo menos, uma delas
aproximar dos usuários, criando um mar-
que sirva bem para farmácia e drogaria?
keting de relacionamento.
Camila: Acredito que todas as táticas possam ajudar, só devem ser ajustadas a cada caso. Cito a seguir três dicas simples que po-
RF: Por que você afirma que o Facebook
dem ser seguidas:
é a ferramenta mais poderosa para ser fa-
1- Responder aos comentários
zer negócios?
Embora muitas marcas insistam em deixar os comentários sem res-
Camila: Praticamente metade da popula-
postas, é muito importante a todos que comentam. Isso aumenta a
ção brasileira está no Facebook. São cerca
percepção da marca como preocupada em atender aos consumidores.
de 90 milhões de pessoas, só no País, com
2- Incentivar a criatividade e a curiosidade
uma conta na maior rede social do mundo.
No ambiente descontraído em que as redes sociais se inserem,
Se você precisa estar onde seu público está,
é sempre importante estimular o público a sugerir legendas para
então você precisa estar lá. Ao contrário do
imagens ou outras brincadeiras, e ainda fazer perguntas ou desa-
que muitos pensam, essa não é uma plata-
fios que despertem a curiosidade.
forma para vender produtos gratuitamente.
3- Oferecer exclusividade
Por ser uma rede social, o Facebook é fei-
Criar ofertas exclusivas para os usuários do Facebook. Além de au-
to para interagir com as pessoas e produzir
mentar as vendas de um produto, isso faz com que o fã se sinta
conteúdo que seja relevante ao seu públi-
especial. É uma das melhores formas de valorizar a sua audiência.
co. Ainda assim, é possível fazer anúncios e atingir quem pode comprar um produto
RF:As farmácias vendem praticamente as mesmas coisas, os mes-
ou serviço. Para alcançar o público que você
mos produtos. Em quase todas as lojas que você entrar, você vai
deseja, é preciso investir, mas a vantagem
encontrar os mesmos itens, com preços bem similares. Como,
do Facebook é que dá para conseguir óti-
então, se diferenciar no Facebook? Como fazer um cliente esco-
mos resultados investindo pouco.
lher a farmácia do João e não a do Antonio? Camila: O analista de redes sociais ou a pessoa que for cuidar da
RF: Como é possível definir o público-al-
página do Facebook deve conhecer a fundo o público-alvo: saber
vo de uma farmácia no Facebook? Parece
do que gosta, outras coisas que consome, as dores, as dúvidas. Isso
tarefa impossível, não?
se tornará um diferencial, pois o conteúdo será totalmente seg-
Camila: Em uma das aulas do Curso Facebook
mentado e certeiro.
Ads, eu cito várias formas de encontrar o pú-
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blico-alvo e uma das que mais surpreendem
RF: Hoje em dia, quase todas as redes de farmácias e drogarias, até
as pessoas é o Graph Search, a busca social
mesmo as farmácias pequenas, de bairro, têm Facebook. Como
do Facebook, que podemos chamar de bus-
você avalia o que essas redes andam postando?
ca interna. A partir das informações cole-
Camila: Acredito que, pela quantidade de fãs em cada página que
tadas nele, é possível definir quais páginas
consegui olhar, o engajamento esteja baixo. É necessário estudar
ou interesses podemos usar nos “Interes-
quais estratégias usar para aumentar isso, pensando também em
ses”, durante a segmentação dos anúncios
anúncios e em formas de impactar o público-alvo, para que ele se
no Facebook. A grande sacada é saber fa-
torne realmente um fã e fique engajado.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
entrevista RF: Quais os principais desafios para engajar clientes e trazê-los
tas em função do anúncio, por isso é preci-
do online (Facebook) para o offline (lojas)?
so medir os resultados em tempo real. Fa-
Camila: Principalmente criar relacionamento e atrair o usuário
zer testes, inovar e ter sempre um modelo
para conhecer o produto/serviço. Ter as páginas sempre atualiza-
de anúncio padrão para determinar quais
das, responder sempre as dúvidas, apresentar conteúdo relevan-
as diferenças de cada anúncio que foram
te com pouca publicidade são algumas das dicas que sempre dou
determinantes para o bom resultado, as-
para ter uma página exemplar.
sim, em pouco tempo, se descobre o jeito de anunciar.
RF: Um dos principais desafios é conseguir converter um simples
5 - Não se iludir
fã em cliente, usando o marketing de conteúdo e relacionamen-
É preciso estudar, testar e estar focado em
to. Quais as suas três dicas fundamentais para usar o Facebook
vencer os concorrentes ou conquistar o
como uma ferramenta de marketing para farmácias?
público da melhor maneira. Qualquer pes-
Camila: Aproveito para deixar minhas cinco dicas. Elas podem ser
soa pode fazer um anúncio, mas somente
usadas tanto por farmácias quanto por outros nichos.
pessoas focadas conseguem obter gran-
1 - Segmentar a audiência
des resultados.
Quanto mais segmentado for um anúncio no Facebook, mais o dinheiro será valorizado. Por mais que seu produto possa ser com-
RF: Como gerar engajamento com o públi-
prado por qualquer um, cada campanha deve ser focada em um
co da farmácia? Que dicas você daria e que
público específico.
tipo de conteúdo poderia ser trabalhado?
2 - Não fugir do planejamento ou fugir de vez
Camila: Todas as pessoas buscam infor-
Toda campanha de anúncio deve ter um planejamento que defi-
mação, entretenimento e algo relevante
na público, linguagem e objetivo. No caso do Facebook, é possí-
no Facebook. Por isso, as farmácias podem
vel fazer anúncios para conseguir novas curtidas, vender algo es-
usar desde tutoriais de maquiagem, dicas
pecífico ou conseguir leads para a base de contatos. É necessário
para produtos de higiene até dicas de primei-
estabelecer um plano e segui-lo sem desistir, mas se não hou-
ros socorros, entrevistas com médicos ou es-
ver nenhum sucesso, deve-se mudar, pois a grande vantagem de
pecialistas sobre temas em discussão, como
anunciar nas redes é que é possível parar o anúncio se ele não der
a zika, por exemplo. Tudo o que as pessoas
o resultado esperado.
querem é informação, por isso elas entram no
3 - Oferecer conteúdo (e engajar)
Facebook. Investir nisso pode ser uma forma
Sempre deixo claro que não se deve usar as redes sociais como
de atrair os clientes para a página e, o mais
uma “vitrine online”. Ninguém entra na rede social para comprar,
importante: dar ao cliente um bom motivo
mas para se relacionar. As pessoas querem se conectar com ou-
para querer compartilhar aquela informação.
tras pessoas, por isso é importante oferecer conteúdo de qualidade. O principal ponto a ser considerado na hora de produzir con-
RF: De que forma o Facebook pode ajudar
teúdo é considerar que toda marca oferece um serviço. No fim
e/ou potencializar o negócio “farmácia”?
das contas, toda empresa é uma prestadora de serviços, e com-
Camila: Aumentando a visibilidade de uma
preender isso é o primeiro passo para conseguir produzir o me-
marca, a fidelização do cliente, com a di-
lhor conteúdo possível.
vulgação espontânea, com as possibilida-
4 - Mensurar sempre
des de anunciar produtos, serviços ou con-
Também é importante aproveitar a melhor ferramenta dos anún-
teúdo. São apenas algumas formas com as
cios na web: a mensuração de resultados. Sempre será possível
quais o Facebook pode ajudar a potenciali-
acompanhar quantos cliques, curtidas ou vendas estão sendo fei-
zar o negócio.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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pequeno varejo
Educação continuada Há quanto tempo você não participa de um treinamento?
HUMBERTO TESKI
A Marcos Assumpção Consultor em planejamento, gestão por processos e gerenciamento de projetos.
A educação, após o período formal de
trabalho. Assim, educação é uma experiência consciente ou incons-
escolarização, vinculada ou não ao traba-
ciente exercida ou experimentada de forma constante durante toda
lho, ou mesmo durante o período do tra-
a existência do indivíduo, onde quer que ele esteja e com quem
balho, vem se tornando cada vez mais um
quer que ele conviva, independentemente da atividade que exerça.
evento normal e necessário, constituin-
Porém, sob o ponto de vista institucional, seja na escola, seja
do-se no que se convencionou chamar de
na empresa, a educação deixou de ser experimentada somente em
educação continuada. Ela não mais termi-
uma parte da vida, que poderíamos chamar do tempo de apren-
na quando o indivíduo se forma na escola
der em contraponto ao tempo de trabalhar. Hoje, as mudanças nos
tradicional. Na antiga economia, a vida era
impõem a necessidade de conviver de forma intensa e institucio-
dividida em dois períodos: aquele em que
nalizada com a educação durante toda a vida.
ele ia para a escola e o posterior à sua for-
Essas mudanças, que devem ser acompanhadas pela empre-
matura, em que ele começava a trabalhar.
sa, trazem consigo a necessidade constante e cada vez mais ace-
Atualmente, espera-se que os trabalhado-
lerada da implantação de esforços de capacitação de colaborado-
res construam sua base de conhecimento
res. Em muitos casos, eles mesmos, segundo iniciativas próprias,
ao longo da vida.
buscam um processo de formação continuada, seja para comple-
As mudanças da nova economia fazem
tar estudos interrompidos, promover aprofundamento em deter-
com que os trabalhadores tenham que se
minadas áreas do saber ou adequação às mudanças no mundo ou
atualizar profissionalmente a cada nova
próprio ambiente de trabalho, como iniciativas que são buscadas
onda de transformações, quer sejam tec-
junto às escolas ou entidades de educação formal ou junto às em-
nológicas, quer sejam estruturais ou de prá-
presas ou consultorias.
ticas de trabalho. No segmento de comér-
Dessa forma, novas competências exigidas pelo mercado de
cio farmacêutico, ainda temos fortemente
trabalho, tais como aprender a aprender, comunicação e colabora-
os aspectos regulatórios, que carecem de
ção, conhecimento tecnológico, raciocínio criativo e resolução de
constantes atualizações. Sem contar que
problemas, conhecimento de negócios globais e desenvolvimento
alguns profissionais mal conhecem o que
de lideranças e autogerenciamento da carreira, fazem com que o
já deveriam conhecer, ou seja, em vez de
trabalhador desta nova economia seja um eterno aprendiz, retor-
dúvidas, têm dívidas de conhecimento e
nando à escola tradicional ou em busca de cursos de especializa-
aprendizado no tema.
ção, aperfeiçoamento e atualização profissional, com treinamento
A educação permanente ou continua-
Quer saber mais?
Mande um e-mail para marcosconsultor@globo.com
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no próprio local de trabalho ou como autodidata.
da é a expressão de uma tendência funda-
O empresário da pequena empresa, em geral, tem dificulda-
mental das sociedades modernas. Seus prin-
des de se organizar para buscar atualização profissional. Contudo,
cípios residem na visão do homem como
é fundamental que consiga tempo, seja para participar de treina-
um processo em andamento, em constante
mento presencial, seja para fazer cursos a distância, uma moda-
movimento de adaptação à mudança pro-
lidade que vem crescendo em diversos níveis de educação, tanto
vocada pela técnica, pelas ciências e pelo
formal como no âmbito da educação continuada profissional.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
panorama Ascoferj realiza AGE No dia 28 de julho, a Ascoferj realizou uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE). Na ocasião, assuntos de interesses do setor foram apresentados e discutidos pelo presidente da Ascoferj, Luis Carlos Marins, e associados. Entre os temas da pauta estavam: autorização para a propositura de demanda judicial contra a Resolução RDC 96/08 da Anvisa, que restringe a propaganda e a publicidade de medicamentos; autorização para a propositura de demanda judicial contra a cobrança da “Taxa da Anvisa” por estabelecimento, a fim de somente poder cobrar por empresa; e atualização do Estatuto Social da Ascoferj. O presidente da entidade destacou a importância de o varejo farmacêutico estar capacitado para atender às demandas do mercado e disse que a Ascoferj prepara um novo projeto na ASCOFERJ
área, que será apresentado em breve ao setor. Associados em reunião na nova sede
COMUNICAÇÃO ASCOFERJ
Aché vence Valor Inovação 2016 como a empresa farmacêutica mais inovadora do Brasil O Aché Laboratórios é o primeiro colocado na categoria “Farmacêutica e Ciências da Vida” do prêmio Valor Inovação Brasil 2016, promovido pelo jornal Valor Econômico, em parceria com a consultoria Strategy&amp, da PwC. A companhia também conquistou o 17º lugar na lista das 100 empresas mais inovadoras do País. A cerimônia de premiação foi realizada em julho, em São Paulo. A pesquisa promovida pelo anuário Valor Inovação tem o objetivo de contemplar o esforço de companhias que investem continuamente e de forma estruturada em inovação e utiliza como principais critérios o percentual da receita direcionada para inovação, a criação de novos produtos, processos e estruturas, o número de lançamentos bem-sucedidos, a maturidade dos processos de inovação e a implantação de culturas voltadas para essa área. ACHÉ
Anvisa ganha novo portal Este ano, a Anvisa lançou a sua nova página para o público externo. No novo portal, os usuários encontram uma estrutura planejada para uma navegação mais fácil e mais rápida dos internautas. A nova ferramenta traz recursos importantes, que têm como objetivo melhorar o acesso à informação e aos serviços da Anvisa. Uma dessas novidades é a página de legislação que reúne todas as resoluções normativas já editadas pela
Brasnutri participa de Reunião Setorial da Anvisa Em julho, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri) participou de reunião setorial na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com objetivo de contribuir com a nova RDC de suplementos alimentares. O encontro, realizado na sede da instituição, em Brasília (DF), foi conduzido pelo diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, que recebeu um documento com os apontamentos da associação. A nova RDC será elaborada com o objetivo de normatizar os produtos fabricados e comercializados no País, regulamentando o setor de sports nutrition, que cresce no varejo farmacêutico. BRASNUTRI
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Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
Agência. A área de legislação conta, por exemplo, com uma busca específica e filtros para a localização das normas editadas pela Anvisa. O novo portal também reúne as publicações em uma central única de conteúdo e com uma ferramenta de busca específica, para que o usuário possa encontrar a publicação de seu interesse. ANVISA
panorama Fabricantes de creme dental se adaptam a mudanças no consumo
Farmácias magistrais resistem à crise
Os reflexos da crise econômica já impactam a produção de creme dental no País. Além
O Panorama Setorial sobre as Farmá-
de uma demanda menor, a indústria de higiene vem notando maior interesse por emba-
cias de Manipulação Brasileiras no biênio
lagens mais econômicas, dizem especialistas do setor. Um levantamento da consultoria
2015/2016 foi divulgado pela Associa-
Kantar Worldpanel mostra que, nos últimos 12 meses até março, a frequência de compras
ção Nacional de Farmacêuticos Magis-
do brasileiro teve queda de 11 vezes por ano para 10,5 vezes. Além disso, os consumido-
trais (Anfarmag) no primeiro dia do Con-
res buscam versões cada vez mais econômicas das pastas de dente, afirma a analista da
gresso Consulfarma, o maior evento do
Kantar, Marina Albuquerque. Na visão dela, a tendência é que o brasileiro opte por produ-
setor magistral do mundo. O levanta-
tos mais básicos, como aqueles que oferecem apenas proteção contra cáries.
mento revela que o setor é formado por
DCI
microempresas e empresas de pequeno porte lideradas por mulheres multitarefa e com formação superior. As mulheres estão à frente de 71% dos empreendimentos, têm, em média, 43 anos e, 84% graduaram-se em Farmácia. A pesquisa identificou também o humor do em-
FREEIMAGES
presariado do setor magistral diante da crise econômica. Entre os entrevistados, 72% declararam estar investindo em melhorias e 87% afirmaram que pretendiam
Vendas de redes de farmácias crescem 12,74% em abril
investir na farmácia nos meses seguin-
As vendas das grandes redes de farmácias no Brasil cresceram 12,74% em abril de 2016
tes. Além disso, 73% disseram que o fa-
na comparação com igual período do ano anterior. O faturamento atingiu R$ 3,26 bilhões
turamento cresceu ou se manteve está-
no mês, ante R$ 2,89 bilhões no mesmo período de 2015. Com o resultado, as vendas
vel nos 12 meses anteriores à pesquisa.
acumuladas no primeiro quadrimestre do ano atingiram R$ 12,6 bilhões, um crescimen-
O mercado de farmácia de manipulação
to de 13,16% na comparação anual. As vendas em quantidade de unidades comercializa-
no Brasil, que concentra cerca de 7.200
das cresceram em ritmo menos acelerado do que a receita. Foram comercializados 720
estabelecimentos, movimenta em tor-
milhões de produtos entre janeiro e abril, crescimento de 3,55% na comparação anual.
no de R$ 5 bilhões ao ano.
ABRAFARMA
CONSULFARMA
Apoio às famílias com bebês com microcefalia UNICEF e Johnson & Johnson anunciam iniciativa de apoio às famílias com bebês com microcefalia e outras deficiências. A estratégia será realizada em Recife e Campina Grande, municípios com alto risco para a infecção pelo vírus zika e entre os mais críticos em relação aos números de casos de microcefalia. O projeto será realizado em três eixos estratégicos: apoio às gestantes, às famílias e aos cuidadores; capacitação de profissionais de saúde, educação e assistência social; e atenção integral, integrada e atuação em rede. O projeto também atuará para o fortalecimento das redes de atendimento a AGÊNCIA BRASIL
essas crianças. Serão criadas linhas de cuidado para atuação conjunta entre instituições e serviços municipais e estadual das áreas de saúde, educação e de proteção social. UNICEF
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assuntos regulatórios
Descentralização da Vigilância Sanitária Visas já estão municipalizadas, mas ainda não estão estruturadas. Siga este passo a passo para obter o que precisa junto ao órgão regulador
ANDERSON CHRISTIAN
D
Devido à descentralização estadual da
do fiscal farmacêutico para avaliar se o estabelecimento está apto
Vigilância Sanitária, a maioria dos municí-
para exercer as atividades requeridas. Ao solicitar a autorização de
pios do Estado do Rio de Janeiro está em
funcionamento junto à vigilância local, farmácias e drogarias de-
fase de organização, estruturação e ade-
vem estar atentas aos documentos que deverão apresentar ao fis-
quação da municipalização.
cal no ato da vistoria: manual de boas práticas, POP (Procedimento
As farmácias, drogarias e todos os es-
Operacional Padrão), controle de temperatura, AFE, AE (farmácia
tabelecimentos que comercializam me-
magistral), certificado de escrituração digital e transmissão regular
dicamentos e estão sujeitos à fiscalização
dos arquivos do SNGPC, certificado de limpeza da caixa de água,
sanitária devem ficar atentos às legislações
certificado de limpeza do ar condicionado, certificado de dedeti-
vigentes que estabelecem as normas para
zação e desratização, contrato de coleta de resíduos e perfuro cor-
o seu funcionamento.
tante, PGRSS, PCMSO e PPRA.
Para regularizar as farmácias e drogarias,
Para a autorização da venda dos medicamentos controlados, o
é necessário ter todos os documentos exi-
estabelecimento deve apresentar aos fiscais, no momento da fis-
gidos para fazer o requerimento junto à Vi-
calização, o armário fechado com chave para a guarda dos medi-
gilância Sanitária. Entre eles, podemos citar:
camentos da Portaria 344/98.
formulário de licenciamento inicial, contra-
Em relação ao licenciamento dos serviços farmacêuticos, o
Betânia Alhan
to social, cópia do CPF e RG dos proprietá-
estabelecimento deve dispor de cabine para aplicação de injetá-
Farmacêutica, especialista em assuntos regulatórios e consultora da Ascoferj.
rios, inscrição estadual, CNPJ, cópia do IPTU,
veis com metragem mínima de 2m², revestimento de piso, pare-
contrato de locação, certificado de aprova-
des e teto de material liso, impermeável e de fácil limpeza, dotada
ção dos bombeiros, planta arquitetônica,
de lavatório com papel toalha e sabão líquido em suportes, lixeira
alvará, certificado de regularidade emitido
com tampa acionada sem contato manual e recipiente de descar-
pelo CRF-RJ, cópia da carteira profissional
te para perfurocortante, certificação dos aplicadores de injetáveis,
e anuidade dos farmacêuticos. A apresen-
livro com abertura na vigilância sanitária para registro das aplica-
tação desses documentos e de outros po-
ções e declaração dos serviços farmacêuticos.
dem variar de acordo com os procedimenQuer saber mais?
Mande um e-mail para farmaceutica@ascoferj.com.br
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tos de cada município. Após protocolar o pedido de licença inicial, o estabelecimento irá receber a vistoria
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
Seguir o passo a passo acima é fundamental para a obtenção da licença sanitária, deixando sua farmácia apta para funcionar, cadastrar-se junto aos fornecedores e ampliar o sortimento de produtos.
assuntos regulatórios
Setor já deve usar o Carioca Digital A partir de agora, todos os procedimentos ligados à Vigilância Sanitária são realizados por meio do portal, inclusive o pedido para emissão da licença sanitária
D
Desde o início do ano, a Prefeitura do Rio de Janeiro inovou os
processos referentes à Vigilância Sanitária e, agora, todos os serviços são realizados de maneira online e não mais por meio de atendimento presencial em diversos setores da economia. Para o varejo farmacêutico, a mudança passou a valer no dia 1º de junho. Sendo assim, os estabelecimentos sujeitos à fiscalização sani-
tária devem solicitar todos os serviços – licença inicial, revalidação de licença, defesa de auto, cumprimento de termo de visita sanitária, entre outros – acessando o Sistema de Informação da Vigilância Sanitária (SISVISA), por meio do portal Carioca Digital. Para a licença inicial ou renovação, é necessário preencher a autodeclaração, ou seja, um roteiro com diversas perguntas que devem ser obrigatoriamente respondidas no momento da solicitação. Vale lembrar que a Vigilância Sanitária trabalha, desde 2009, com a emissão online do licenciamento sanitário, mas somente para estabelecimentos de baixo risco. Os estabelecimentos de médio e alto risco, como é o caso do varejo farmacêutico, passaram a fazer o processo virtual recentemente. No entanto, a licença não é emitida na hora. Depois de preencher a autodeclaração, as empresas ainda precisam aguardar a visita do fiscal. Importante destacar que o preenchimento da autodeclaração deve ser realizado por pessoas que conheçam a realidade da farmácia, para que as informações prestadas não estejam divergentes no momento da inspeção realizada pelo fiscal. Para realizar os procedimentos, o empresário deve acessar o portal Carioca Digital munido do Cadastro de Pessoa Física (CPF) e se cadastrar. Ao digitar o CPF, automaticamente, o sistema buscará o CNPJ que está vinculado a ele. Caso haja divergência nas informações durante o preenchimento com o CPF do requerente, o
FREEPIK
sistema não concluirá o cadastro.
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Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
assuntos regulatórios Obrigatoriamente, o preenchimento das solicitações deve ser
trouxe muitas dúvidas, principalmente no
feito pelo responsável legal da farmácia/drogaria ou por um repre-
preenchimento da autodeclaração. “Tudo
sentante, desde que tenha uma procuração eletrônica, documen-
é muito novo e precisamos de tempo para
to digital que possibilita o emissor autorizar outra pessoa a admi-
nos familiarizarmos com a nova ferramen-
nistrar interesses em seu nome.
ta”, comenta.
Para que o Carioca Digital funcione bem, a recomendação é
Amanda conta que chegou a dar en-
habilitar, no computador, o JavaScript, bem como usar uma tela
trada na licença sanitária pelo novo por-
com resolução mínima de 1024 x 768 pixels.
tal, mas, mesmo depois de um mês, não recebeu nenhuma resposta da Vigilância.
Visa promete mais agilidade
“Antes, quando isso acontecia, eu ia até a
De acordo com a coordenadora do SISVISA, Flávia Mello, os
sede da Visa para saber como está o an-
pedidos e protocolos já começaram a chegar, e o resultado tem
damento do processo, mas, com a mu-
sido positivo. “Todo o corpo técnico da Vigilância Sanitária rece-
dança, as pessoas não nos recebem mais,
beu treinamento para atender às demandas virtualmente, e a ex-
o que acaba sendo uma dificuldade para
pectativa é de mais aprimoramento no processo de trabalho, para
nós, que ficamos aguardando somente
que o resultado seja ainda mais eficiente”, afirma. Para Flávia, os
com um número de protocolo”, critica a
serviços realizados de maneira online possibilitam mais agilidade
farmacêutica. A partir de agora, o acom-
nos processos, o fim da burocracia e um maior controle das ins-
panhamento dos processos se dará so-
peções e tentativas de fraudes. “A licença sanitária poderá sair em
mente pelo portal, por meio do número
dez dias, por exemplo”, diz.
de protocolo.
Os estabelecimentos que não estiverem regularizados podem
A farmacêutica Patrícia Vasconcelos diz
ser penalizados, de acordo com a Lei Federal 6.937/77, recebendo
que a expectativa maior é em relação ao an-
multas e interdições. Além disso, todas as informações declaradas
damento dos processos, depois que as far-
nas solicitações devem ser verdadeiras para evitar penalidades.
mácias já deram entrada nas solicitações.
A consultora farmacêutica da Ascoferj e especialista em As-
“O setor não foi informado sobre o prazo
suntos Regulatórios, Betânia Alhan, concorda que a mudança é
em que irá receber as respostas após as far-
um avanço para o setor. “Digo isso porque, ao solicitar o licencia-
mácias terem realizado os procedimentos
mento, é gerado um número de protocolo que entrará no sistema
de forma online. Esperamos que seja real-
por ordem cronológica para avaliação e atendimento. A mudança
mente mais eficiente, mas percebo que os
evita que o processo fique parado, se tornando mais ágil”, pontua.
próprios profissionais da Vigilância têm di-
Betânia também ressalta outros pontos fortes, como a redu-
ficuldades e ainda não sabem como nos
ção de papéis, o fim do preenchimento manual de documentos, a
orientar”, acrescenta.
otimização dos procedimentos fiscalizatórios e mais agilidade no
Segundo orientações da coordena-
que se refere à identificação dos riscos sanitários. “Ao preencher a
dora do SISVISA, Flávia Mello, quando o
autodeclaração, os proprietários passam a conhecer em detalhes
portal estiver fora do ar ou apresentar er-
as normas higiênico-sanitárias, o que possibilita a diminuição de
ros, as empresas devem enviar um e-mail
infrações, já que a maioria dos incidentes acontece por desconhe-
para o endereço portalcarioca@rio.rj.gov.br.
cimento dessas informações”, acrescenta a especialista.
Em caso de dúvidas ou para saber sobre o andamento dos processos, o empresário
Acompanhamento apenas online Para a farmacêutica Amanda Almeida Coutinho, que realiza todas essas atividades em uma empresa de correlatos, a mudança
também pode curtir a página da Vigilância Sanitária no Facebook e enviar uma mensagem inbox.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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marketing farmacêutico
Ensinamentos de Ford A farmácia precisa entregar da melhor forma e condições possíveis aquilo que dela se espera
T
Todo setor de uma atividade importante
calcular os custos e, então, determinar o preço. Ele fazia exatamen-
já foi, em alguma ocasião, chamado de “se-
te o contrário: reduzia o preço e forçava os custos a se adaptarem.
tor em rápida expansão”. No caso do varejo
O empresário não acreditava em setores em expansão, mas em
farmacêutico, podemos nos situar em pro-
empresas organizadas e dirigidas de forma a aproveitar as opor-
cesso de maturidade. Aí está um grande nó
tunidades para expandir.
a ser combatido, porque nessa fase é preci-
Henry Ford é um exemplo de quebra de paradigmas, derruban-
so ter muito cuidado com as falhas adminis-
do crenças como a de que o desenvolvimento do negócio está as-
trativas ou, se preferirem, “posicionamento”.
segurado pela expansão da população em crescimento e com maior
HUMBERTO TESKI
Os atrativos em matéria de lucro ofere-
renda – vide aposentadorias melhores, por exemplo.
cidos pelo setor têm, evidentemente, seu
O varejo farmacêutico também possui crenças que atrapa-
lugar nos planos e na estratégia da admi-
lham o seu desenvolvimento, como a de que os medicamentos
nistração de negócios, mas devem sempre
são itens obrigatórios e de primeira necessidade, assim como fé
ter o foco exclusivamente na fidelidade e no
exagerada no contínuo crescimento de dois dígitos. Fato é que o
atendimento perfeito ao cliente.
segmento está em busca de um novo sortimento de produtos e
Essa é uma das importantes lições que podemos tirar do comportamento contra-
serviços, residindo aí uma dúvida sobre quem de fato pode concorrer com esse novo mercado.
Mauro Pacanowski
ditório de Henry Ford. De certa maneira,
Obviamente que a farmácia precisa se adaptar à exigência do
Professor e consultor da FGV.
Ford foi, ao mesmo tempo, o mais brilhan-
mercado e rapidamente entregar da melhor forma e condições
te e o mais insensato negociante da histó-
possíveis aquilo que dela se espera. Mas vamos pensar melhor: o
ria dos Estados Unidos. Insensato porque
que um consumidor espera de uma farmácia? Aí está a verdade do
se recusou a dar aos clientes qualquer op-
negócio. Se existirem muitas diferenças entre o que comerciante
ção que não fosse um carro preto. Brilhan-
deseja e o que o consumidor espera, o posicionamento do negó-
te porque idealizou um sistema de produ-
cio estará equivocado.
ção destinado a atender às necessidades
Devem existir pequenas diferenças ou então teremos o ciclo
do mercado. Diferentemente do que pen-
“tostines”. Imagine que exista uma diferença entre o que a farmá-
samos, ele era um gênio de marketing não
cia deseja, que é vender mais com lucro maior, ou o que o cliente
porque reduziu o preço do carro e vendeu
deseja, que é comprar o mínimo possível com o menor preço. É
centenas de milhares, mas porque con-
possível equacionar essa diferença para que você continue a man-
seguiu desenvolver uma linha de produ-
ter o cliente feliz.
ção em massa.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para mauro@pacanowski.com.br
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Lembre-se de Henry Ford na hora de pensar seu negócio, por-
Ford nunca considerou nenhum custo
que a administração precisa aprender a considerar sua função, ou
como fixo, pois, para ele, era o preço baixo
seja, não a comercialização de produtos, mas sim a aquisição de
que forçava a redução de custos. O proce-
clientes. A responsabilidade pela criação desse ambiente é do exe-
dimento padrão de todos os fabricantes era
cutivo, por meio de orientação à equipe. Pense fora da caixa!
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consultora farmacêutica
Prescrição ampliada
D
De acordo com as novas regras aprovadas pela Agência Nacional
sobre medicamentos e prestar os serviços
de Vigilância Sanitária (Anvisa), o portfólio de medicamentos que
de orientação e acompanhamento da
podem ser adquiridos pela população sem a apresentação da receita
farmacoterapia, de acordo com o perfil de
poderá ser ampliado com a inclusão de medicamentos anteriormente
cada paciente, para garantir o uso racional
identificados com a tarja vermelha, ou seja, sujeitos à prescrição
desses medicamentos.
médica. Para que isso ocorra, é necessário que esses produtos
Com a Resolução 586/2013, do Conselho
atendam a alguns critérios, entre eles, tempo de comercialização,
Federal de Farmácia, que regulamenta
perfil de segurança, sintomas identificáveis, tempo de utilização, ser
a prescrição farmacêutica no artigo 5º,
manejável pelo paciente, não apresentar dependência e apresentar
onde se lê “o farmacêutico poderá realizar
baixo potencial de risco.
a prescrição de medicamentos e outros
Dessa forma, com o acesso facilitado, a população tende a
produtos com a finalidade terapêutica, cuja
aumentar o seu poder de compra de medicamentos considerados
dispensação não exija prescrição médica”,
seguros para o consumo, tendo em vista que não dependerão mais
torna-se clara a contribuição do profissional
da prescrição médica para adquiri-los. Apesar da não exigência da
para a promoção, a proteção e a recuperação
prescrição médica para a dispensação e de serem medicamentos
da saúde e a prevenção de doenças.
considerados seguros, se a dose não for adequada ou o tempo de
Dessa forma, o farmacêutico, ao
uso ultrapassar o determinado pelos estudos, o paciente poderá
realizar a prescrição de um MIP com as
se intoxicar devido ao uso inadequado.
orientações adequadas sobre posologia e
Contudo, a autonomia que facilita o acesso da população a um
tempo de uso necessário para o completo
número maior de medicamentos pode ser positiva se bem indicada,
tratamento, contribui significativamente
mas, caso não contemple uma orientação adequada, pode significar
para diminuir os danos provocados pelos
o uso irracional de medicamentos e aumentar os agravos à saúde.
eventos adversos e colabora para o uso
Diante da atual situação precária em que se encontra a maioria
racional dos medicamentos e para a
dos hospitais, das dificuldades da população para ter acesso a
segurança do paciente. Quando os sintomas
uma consulta médica e, consequentemente, do aumento da
persistirem, o farmacêutico deve indicar a
automedicação, não é difícil entender os motivos que levam grande
assistência médica ou de outro profissional
parte da população às farmácias em busca de ajuda para amenizar
de saúde que seja mais indicado. Nos casos
seus males ou mesmo de uma cura para suas doenças.
mais complexos ou emergenciais, deverá
Por isso, tenho visto esse cenário como uma grande oportunidade para o farmacêutico pôr em prática todo o seu conhecimento
encaminhar o paciente para um hospital ou serviço de emergência.
HUMBERTO TESKI
Novas regras da Anvisa são uma oportunidade para o profissional farmacêutico ampliar atuação na farmácia
Ana Lucia Caldas Farmacêutica, gerontóloga e especialista em atenção farmacêutica.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para analulcaldas@gmail.com
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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jurídico
Previna-se de possíveis processos
SHUTTERSTOCK
Casos de responsabilidade civil do farmacêutico são frequentes na rotina das farmácias e drogarias
24
U
Uma mãe entrou com um processo
nado com hemorragia digestiva, passando 24 horas na UTI de um
contra uma farmácia de manipulação por-
hospital. O estabelecimento afirma que não houve erro e que irá
que, segundo ela, o medicamento prescrito
se defender contra a acusação. O fato ocorreu na Região dos La-
pela pediatra teria sido manipulado erronea-
gos, em março deste ano.
mente, contendo alta dosagem de álcool.
Esse é mais um dos diversos casos de responsabilidade civil do
Após o bebê ter ingerido parte da primei-
farmacêutico que acontecem com muita frequência nas farmá-
ra dose, começou a passar mal e foi inter-
cias e drogarias. A advogada pós-graduada em Direito e Processo
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
jurídico do Trabalho, Vanessa Vieira Lisboa de Almeida, sinaliza o artigo nº
prescrições médicas, atendendo adequa-
186, da Lei nº 10.406/2002, que institui o Código Civil. O artigo
damente aos consumidores e esclarecen-
afirma que aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligên-
do sobre os medicamentos dispensados.
cia ou imprudência, violar direito e causar dano a outro, ainda que
O Conselho Federal de Farmácia (CFF)
exclusivamente moral, comete ato ilícito. “Ou seja, caso o farma-
editou uma resolução, em 2001, que inclui
cêutico cause algum dano a alguém dentro da farmácia, ele vai ar-
esse assunto. O artigo 10 diz que “o farma-
car com os prejuízos desse dano”, alerta a advogada.
cêutico que exerce a direção técnica é o prin-
Vanessa detalha que, assim como qualquer profissional, o far-
cipal responsável pelo funcionamento do
macêutico pode responder em quatro esferas: criminal, civil, ad-
estabelecimento farmacêutico de que trata
ministrativa e pública. “A esfera criminal visa à prisão como puni-
a Lei nº 5.991/73 e terá, obrigatoriamente,
ção; a civil, indenização pelo dano causado; a administrativa, que
sob sua responsabilidade a supervisão e a
está na esfera do Conselho de Farmácia, ficando o farmacêutico
coordenação de todos os serviços técnicos
sujeito a advertência e até mesmo cassação do diploma; e esfe-
do estabelecimento que a ele ficam subor-
ra do funcionalismo público, em que ele pode ser exonerado do
dinados hierarquicamente”.
cargo”, detalha.
Isso quer dizer que os farmacêuticos
Portanto, na condição de responsável técnico pelo estabeleci-
respondem solidariamente pelas ativida-
mento, o farmacêutico deve ficar atento a todas as atividades que
des que estão sob sua supervisão, entre
estão sob sua responsabilidade, promovendo a fiel execução das
elas, manter os medicamentos e substân-
Seguro Empresarial para Farmácias e Drogarias
NÃO COBRE* Danos causados ao segurado, ascendentes, descendentes e cônjuge, bem como parentes que com ele residam ou dele
COBRE* Qualquer dano involuntário (material ou corporal) causado ao cliente dentro da farmácia envolvendo ou não funcionários da loja.
dependam economicamente. Danos morais. Venda ou utilização de produtos além do prazo de validade ou sem receita médica. Venda ou utilização de produtos falsificados.
Falhas cometidas pelo farmacêutico, como erros na
Uso de técnicas experimentais e produtos
leitura de receitas, troca de medicamentos e falhas
não aprovados pelos órgãos competentes.
na aplicação de curativos ou injeção.
Danos causados a terceiros devido à ação lenta de temperatura, umidade, infiltração e vibração, bem
FREEPIK
como por poluição, contaminação e vazamento sobre *As descrições apresentadas fazem referência à cobertura de Responsabilidade Civil do Farmacêutico, que está inclusa no Seguro Empresarial para Farmácias e Drogarias, da SulAmérica. Esse seguro oferece outros benefícios, dependendo do plano escolhido, que fica a critério da farmácia.
medicamentos e/ou produtos vendidos.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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jurídico cias medicamentosas em bom estado de conservação, de modo
Situações reais que exemplificam os problemas que podem ocorrer no estabelecimento
a serem fornecidos nas devidas condições de pureza e eficiência, e garantir a seleção de produtos farmacêuticos na intercambialidade do medicamento de referência pelo genérico. Vale destacar que mesmo quando o balconista comete algum erro, em geral, o farmacêutico e a empresa serão responsabiliza-
• Um cliente chegou à farmácia com uma
dos perante a lei.
prescrição para aplicação de injetáveis no ombro. Dias depois, voltou à loja alegan-
Conheça a legislação
do que o ombro ainda doía e que o proce-
De acordo com a consultora farmacêutica da Ascoferj e espe-
dimento havia sido malfeito. O cliente che-
cialista em assuntos regulatórios, Betânia Alhan, uma dica para ga-
gou a ameaçar a farmácia de que entraria na
rantir a conservação e a qualidade de todos os produtos dispensa-
justiça, mas ele não concretizou a ameaça.
dos na farmácia é registrar os processos de trabalho no Manual de Boas Práticas e Procedimentos Operacionais Padrão (POP), desde
• Uma cliente solicitou ao balconista três me-
a aquisição até a dispensação.
dicamentos para sua filha, que tinha cerca de
Outra forma de evitar problemas relacionados à responsabili-
cinco meses. Um deles era o Flagass. O bal-
dade civil do farmacêutico é buscar atualização sobre a legislação
conista ofereceu um genérico. Dias depois,
vigente. “Isso poderá garantir ao farmacêutico as condições neces-
a mãe voltou à farmácia e disse que a crian-
sárias para o cumprimento das leis, evitando erros na dispensação
ça havia passado mal após ingerir o produto.
e na prestação dos serviços dentro de uma farmácia ou drogaria”,
Ela relatou que o médico pediu para olhar o
acrescenta Betânia.
medicamento e constatou que o produto
Segundo a especialista, o farmacêutico responsável técnico
entregue pelo balconista era o genérico do
deve acompanhar e supervisionar diversas atividades realizadas
Cataflam e não o correspondente ao que ele
dentro do estabelecimento, pois elas possuem alto risco sanitário,
havia receitado. A cliente entrou com proces-
deixando o profissional ainda mais vulnerável a processos na justi-
so judicial e, em comum acordo, a farmácia
ça. Entre elas, destacam-se o descarte correto dos medicamentos
arcará com os custos do plano de saúde da
vencidos e demais produtos; a garantia de conservação, validade
criança por cinco anos.
e condicionamento apropriado dos produtos; e a avaliação correta da prescrição médica.
• Um paciente comprou um medicamento
“O farmacêutico deve exercer somente as atividades que es-
manipulado duas vezes, mas não obteve êxi-
tão licenciadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-
to no tratamento. Por causa disso, acionou a
visa), o que garante a legalidade do seu trabalho dentro da farmá-
justiça contra a farmácia, alegando que o me-
cia. Além disso, deve manter a documentação do estabelecimento
dicamento havia sido manipulado incorreta-
atualizada, bem como a loja registrada no Conselho Regional de
mente e, por isso, não fez o efeito esperado.
Farmácia”, alerta Betânia. A farmacêutica destaca ainda a necessidade de toda a equipe da farmácia se manter atualizada sobre os serviços prestados aos pacientes, pois isso ajuda a diminuir os casos de responsabilidade civil contra o farmacêutico. “É essencial que todos os profissionais recebam treinamento contínuo para a execução das atividades corretamente, que participem de estudos sobre far-
FREEPIK
macovigilância com base na análise de reações adversas e inte-
26
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
jurídico rações medicamentosas e que registrem os procedimentos refe-
Os associados da Ascoferj podem con-
rentes à aferição de pressão, dosagem de glicose e aplicação de
tratar o Seguro Empresarial para Farmácias
brincos”, sugere a especialista.
e Drogarias a baixo custo, com preços estabelecidos de acordo com a região do es-
Formas de prevenção
tado. “O pacote é exclusivo às empresas
Os casos de responsabilidade civil do farmacêutico ganharam
associadas, e os valores reduzidos serão
tanta repercussão que a SulAmérica Seguros desenvolveu um se-
encontrados somente conosco. Essa é mais
guro direcionado especificamente ao setor: o Seguro Empresarial
uma vantagem da nossa parceria com a As-
para Farmácias e Drogarias.
coferj”, afirma o diretor Comercial da Con-
A diretora da SulAmérica, regional Rio de Janeiro e Espírito San-
quiste, Joseph Danon.
to, Solange Zaquem, explica que o seguro referente à responsabilidade civil do farmacêutico cobre qualquer tipo de dano involuntário, material ou corporal, causado ao cliente dentro da empresa segurada, envolvendo ou não funcionários do estabelecimento. “Também estão cobertos erros que o farmacêutico possa cometer na leitura de receitas, como a troca de medicamentos, e falhas na aplicação de curativos ou de injeção. Exceto tais erros cometidos pelos balconistas”, detalha a diretora. Solange ressalta que os casos mais comuns referentes à responsabilidade civil do farmacêutico são a dispensação de medicamentos errados, que causam efeitos colaterais inesperados
Também estão cobertos erros que o farmacêutico possa cometer na leitura de receitas, como a troca de medicamentos, e falhas na aplicação de curativos ou injeção.
nos pacientes, e acidentes físicos ocorridos no interior do estabelecimento, como quedas. “O cliente de hoje é mais bem infor-
Solange Zaquem
mado sobre direitos. Por isso, ele não hesita em recorrer à justiça
SulAmérica
por qualquer dano que sofra dentro da farmácia, tendo grandes chances de ser indenizado. E, dependendo do caso, o valor a ser pago pelo empresário como indenização pode prejudicar o negócio”, alerta.
Ele acrescenta que, dependendo da co-
Desde o lançamento do seguro, a SulAmérica teve altos ín-
bertura, o preço normal chega a ser 300%
dices de contratação e, nos primeiros cinco meses deste ano,
mais caro, e que a adesão ao plano ofere-
o crescimento foi de 22% nas vendas, frente ao mesmo perío-
cido pela Conquiste resulta em economia
do em 2015.
para o bolso do empresário. “A vantagem
O seguro está sendo comercializado para associados da As-
é que ele pode escolher o plano que mais
coferj por intermédio da Conquiste Assessoria e Corretagem, em-
se adequa à sua loja, saber o valor que irá
presa parceira da associação. “É uma excelente oportunidade que
pagar e ainda parcelar em quatro vezes”,
está sendo oferecida aos associados, que poderão contratar um
completa Danon.
seguro específico para esse tipo de risco. Todo ser humano está
Para mais informações sobre as van-
sujeito a erros. E é mais econômico pagar por um seguro que ga-
tagens do convênio da Ascoferj com a
ranta a proteção do patrimônio do que correr o risco de assumir
Conquiste e sobre a forma de adesão ao
o pagamento de uma indenização provocada por um erro invo-
seguro, entre em contato pelo telefone
luntário de algum funcionário”, avalia Sérgio Danon, diretor téc-
(21) 2220-9390 ou envie um e-mail para
nico da seguradora.
dac@ascoferj.com.br.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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SHUTTERSTOCK
capa
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Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
capa
Afinal, consultório farmacêutico pode? Entidades farmacêuticas são a favor, mas as leis em vigor ainda proíbem esse tipo de ambiente na farmácia POR VIVIANE MASSI
A
A existência do consultório farmacêutico dentro da farmácia
mentos dentro da farmácia. No Rio de Ja-
é um assunto que gera muita polêmica e dúvidas entre os profis-
neiro, esse índice chega a 89%. Brasília ficou
sionais de saúde. Alguns aprovam a ideia, outros não concordam
em segundo lugar nesse estudo, com 59%,
e ainda existem aqueles que já tomaram a iniciativa de montar o
e, em seguida, empatados com 56%, fica-
próprio consultório e estão realizando o atendimento farmacêuti-
ram São Paulo e Goiânia. Para esse levan-
co em espaços privativos. Estima-se que já existam mais de 600
tamento, foram entrevistadas 2.548 pes-
consultórios em atuação e a previsão é de que esse número che-
soas em 16 capitais brasileiras de todas as
gue a mil unidades em janeiro de 2017, segundo o Conselho Fe-
regiões do País.
deral de Farmácia (CFF). Independentemente da interpretação de cada profissional ou setor, quando a farmácia oferece um consultório com servi-
Farmácia: estabelecimento de saúde
ços farmacêuticos, a principal beneficiada é a população, que ca-
A partir da publicação da Lei Federal
rece de assistência quando o assunto é saúde. Uma pesquisa feita
13.021, de 8 de agosto de 2014, relaciona-
pelo Instituto Datafolha, em 2014, apontou que 93% dos brasilei-
da ao exercício e à fiscalização das ativida-
ros avaliam os serviços públicos e privados de saúde como péssi-
des farmacêuticas, novos serviços foram
mos, ruins ou regulares. Entre usuários do Sistema Único de Saú-
liberados para serem prestados por farmá-
de (SUS), 87% dos entrevistados declararam insatisfação com os
cias e drogarias, entre eles, rastreamento de
serviços oferecidos.
saúde, revisão da farmacoterapia e análise
Outro ponto destacado na pesquisa foi o tempo de espera para
dos resultados de vários exames. Antes, os
o atendimento no SUS. Mais de 725 pessoas (30%) disseram es-
serviços autorizados pela RDC 44/2009
tar esperando a marcação ou realização de algum serviço no SUS
eram aferição de pressão arterial, dosagem
ou tinham alguém da família nessa situação. Desses 725, 24% fa-
de glicemia, aplicação de injetáveis e colo-
laram que estavam na fila de espera há um mês; 47% aguardavam
cação de brinco.
há seis meses; e 29% há mais de seis meses.
Fato é que a lei 13.021 coloca o farma-
Um estudo realizado pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e
cêutico em evidência, dando-lhe mais au-
Qualidade (ICTQ), também em 2014, mostrou que 43,5% da po-
tonomia para o exercício da função. Além
pulação brasileira deixam de ir ao médico para consumir medica-
disso, também define a farmácia como es-
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
29
capa tabelecimento prestador de serviços, desti-
cas que oferecem atendimento básico de saúde e, quando neces-
nado a promover assistência farmacêutica
sário, encaminhamento a médicos especializados.
e orientação em saúde. Porém, não prevê a existência dos consultórios. Procurada pela Revista da Farmácia,
alguns desses serviços, como acompanhamento do tratamento
a Agência Nacional de Vigilância Sanitá-
prescrito pelo médico, revisão da medicação, esclarecimento de
ria (Anvisa) não entrou em detalhes, mas
dúvidas, assistência aos portadores de diabetes, hipertensão arte-
disse, por meio da assessoria de impren-
rial, entre outros. O trabalho está presente em mais de 350 dro-
sa, que não há leis ou normas prevendo a
garias, e a ideia da rede é expandir cada vez mais.
existência dos consultórios dentro de farmácias e drogarias.
De acordo com a coordenadora técnica farmacêutica da Pague Menos, Cristiane Feijó, o objetivo é promover uma melhora
Respaldada pela lei 13.021, a Associação
na qualidade de vida de todos que buscam atendimento. “O cui-
Brasileira de Redes de Farmácias e Droga-
dado farmacêutico na Clinic Farma também inclui combate à au-
rias (Abrafarma) criou o projeto “Assistên-
tomedicação e a educação do paciente para o uso correto e racio-
cia Farmacêutica Avançada”, com o objeti-
nal dos medicamentos”, acrescenta Cristiane, que palestrou na 6ª
vo de construir, para as redes associadas,
edição do Congresso Brasileiro do Varejo Farmacêutico (Conbra-
um modelo de serviços farmacêuticos. O
farma), em agosto, sobre a experiência da Pague Menos com os
projeto contempla oito serviços que visam
consultórios farmacêuticos.
atender a uma ampla gama de necessida-
O presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas
des de saúde dos pacientes. São eles: Hiper-
e Independentes de Farmácia (Febrafar), Edison Tamascia, tem uma
tensão em Dia, Diabetes em Dia, Colesterol
visão diferente sobre o assunto. “Farmacêuticos, no Brasil, em ge-
em Dia, Revisão da Medicação, Autocuidado,
ral, não cobram pelo serviço e, quando se monta um consultório,
Imunização, Parar de Fumar e Perder Peso.
o resultado acaba sendo um aumento nas despesas da farmácia.
Esses serviços são oferecidos em um
Sem cobrar pelo serviço, não há como se gerar lucro com a ativi-
espaço privativo dentro da farmácia, cha-
dade”, argumenta. Para Tamascia, os brasileiros valorizam muito pouco os serviços
cêutico. O modelo se baseia nas drugstores
farmacêuticos, por isso o retorno financeiro esperado não vem. “No
norte-americanas, que contam com clíni-
Canadá, um atendimento do farmacêutico custa cerca de US$ 11.
DIVULGAÇÃO/PAGUE MENOS
mado Care Center e não consultório farma-
Consultório farmacêutico da Pague Menos
32
Uma das associadas da Abrafarma, a rede Pague Menos, apoiada nesse projeto, criou a Clinic Farma, que, atualmente, oferece
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
capa Lá, os profissionais cobram, e a população paga. Aqui, os farma-
seguiu para análise da Anvisa. Agora, esta-
cêuticos ficariam prestando os serviços em ambientes privativos
mos aguardando o posicionamento dela”,
e não aumentariam o tíquete-médio do negócio, porque o cliente,
conta Carmen.
na hora de comprar, escolheria o estabelecimento que vende produtos com preços mais em conta”, pontua Tamascia. Tem opinião contrária o presidente do CFF, Walter Jorge João. Segundo ele, ao comentar o assunto durante a 6ª edição do Congresso Brasileiro do Varejo Farmacêutico (Conbrafarma), realizado em São Paulo, nos dias 2 e 3 de agosto, o investimento no consultório farmacêutico traz rentabilidade para a farmácia. “A possibilidade é real, mas depende da visão estratégica da empresa, depende de planejamento e de definição clara de processos”, defende. Para Walter Jorge, as vantagens de se ter um consultório são: segmentação de público, customização do atendimento, criação de diferenciais para a marca e melhoria na relação com os clientes. “As pessoas buscam soluções para seus problemas de saúde. O consultório representa a farmácia trabalhando de forma suplementar ao sistema público de saúde”, pontua.
Existe uma verdadeira manifestação de outras classes contra o consultório farmacêutico, mas nós achamos que é um grande passo, uma verdadeira revolução no varejo farmacêutico, que caminha para diversificar suas atividades. Walter Jorge João Presidente do CFF
Alterações na RDC 44 preveem consultório Este ano, o CFF, juntamente com outras entidades do setor, ini-
A versão legal
ciou um trabalho que pede mudanças na Resolução RDC 44/2009,
O advogado e consultor jurídico da As-
que dispõe sobre as boas práticas farmacêuticas. Entre as mudan-
coferj, Gustavo Semblano, destaca que a
ças sugeridas pelo grupo de trabalho está a existência do consul-
Lei Federal 5.991, de 1973, é clara quan-
tório farmacêutico privativo nas dependências de farmácias e dro-
do diz que o consultório não é permitido.
garias e a inclusão de testes rápidos, como colesterol e triglicérides,
“O artigo 55 afirma: é vedado utilizar qual-
não previstos na RDC 44.
quer dependência da farmácia ou drogaria
A presidente da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos e Far-
como consultório ou para outro fim diver-
mácia Comunitária (SBFFC), Carmen Iris Tolentino, esteve envol-
so do licenciamento. E o artigo 90, da RDC
vida nas discussões sobre as mudanças na RDC 44. Segundo ela,
44/2009, também cita essa informação”,
as propostas descritas foram baseadas no ProFar – Cuidado Far-
ressalta Semblano.
macêutico, um modelo de cuidados farmacêuticos proposto pelo CFF, lançado este ano.
O presidente executivo da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (Abc-
O objetivo do ProFar é disseminar conhecimentos e desenvol-
farma), Renato Tamarozzi, também abor-
ver competências para a realização de serviços farmacêuticos que
dou o tema durante o Conbrafarma, em São
proporcionem cuidado ao paciente, à família e à comunidade, de
Paulo. Segundo ele, há duas leis sobre o se-
forma a contribuir com o uso seguro e racional de medicamentos,
tor – a 5.991, de 1973, e a 13.021, de 2014 –
com a otimização da farmacoterapia, com a prevenção de doen-
e nenhuma das duas autoriza o consultório
ças e com a promoção e a recuperação da saúde.
farmacêutico. “A questão não está resolvida
“O documento final com todas as mudanças previstas pelas
legalmente, havendo um confronto entre o
entidades foi apresentado em uma Plenária do CFF. Na ocasião,
que se propõe e o que diz a legislação em
os conselheiros federais contribuíram. Em seguida, o documento
vigor”, alerta Tamarozzi.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
33
capa No entendimento da presidente da SBF-
O presidente do CFF, Walter Jorge João, defendeu com vee-
FC, Carmen Iris Tolentino, o “consultório” em
mência os consultórios. “Existe uma verdadeira manifestação de
questão na lei federal é o consultório médi-
outras classes contra o consultório farmacêutico, mas nós acha-
co, pois, naquela época, não existia nenhum
mos que é um grande passo, uma verdadeira revolução no varejo
movimento para a implantação de consul-
farmacêutico, que caminha para diversificar suas atividades”, de-
tórios farmacêuticos. Ela ainda defende que
clarou para a plateia de congressistas.
as farmácias e drogarias que possuem am-
Segundo ele, a Resolução 585/2013 já prevê o consultó-
bientes privativos para atendimentos aos
rio quando diz, no artigo 7º, parágrafo VII, que o farmacêutico
pacientes não devem sofrer penalidades.
deve “prover a consulta farmacêutica em consultório farmacêu-
“A Anvisa não pode autuar nesses casos,
tico ou em outro ambiente adequado que garanta a privacidade
pois não existem legislações sanitárias es-
do atendimento”.
pecíficas afirmando que o consultório farmacêutico é proibido”, reafirma.
Questionado pela editora da Revista da Farmácia, Viviane Massi, durante o congresso, sobre o jogo de palavras e a questão semântica que as envolve, Walter Jorge diz que não existe diferença entre consultório farmacêutico e sala de atendimento farmacêutico.
Onde vamos realizar todos os serviços farmacêuticos previstos em lei senão em um consultório farmacêutico? Carmen Iris Tolentino Presidente da SBFFC
“A única diferença está na força da palavra”, frisou.
Visão médica Em junho deste ano, o Conselho Regional de Medicina do Es-
M
tado do Rio de Janeiro (Cremerj) divulgou uma nota contra as Re-
Y
soluções 585 e 586/2013, do CFF, que regulamenta as atribuições
CM
clínicas do farmacêutico e regula a prescrição farmacêutica, respec-
MY
tivamente. De acordo com o Cremerj, as resoluções afrontam a Lei
CY
Federal 12.8842/2012, legislação referente à profissão médica, que
CMY
determina como atribuições restritas aos médicos o diagnóstico de
K
doenças e a prescrição dos respectivos tratamentos. Carmen lembra ainda que a Lei Federal
Existem três tipos de prescrição farmacêutica: para os medica-
13.021 transforma as farmácias em estabe-
mentos isentos de prescrição; para as medidas não farmacológi-
lecimentos de saúde e amplia a realização
cas, por exemplo, quando um paciente hipertenso é aconselhado
dos serviços. Por isso, é necessário que exis-
a fazer atividade física e reduzir o consumo de sal; e a prescrição
tam espaços privativos, já que o balcão da
de encaminhamento, ou seja, quando o cliente é encaminhado ao
farmácia não oferece nenhum tipo de pri-
médico com todo o relato já levantado pelo farmacêutico.
vacidade ao paciente. “Onde vamos realizar
Para o presidente do CFF, não existe exercício ilegal da profis-
todos esses serviços previstos em lei senão
são na realização dos testes previstos em lei. “Desde quando usar
em um consultório farmacêutico?”, questio-
estetoscópio no pescoço é privativo do médico”, provocou o far-
na a farmacêutica.
macêutico em sua palestra no Conbrafarma. Em oposição à afirmação do Cremerj, a presidente da SBFFC,
Tema do Conbrafarma Os debates sobre a legalidade do con-
34
Carmen Iris, diz que os farmacêuticos não realizam diagnósticos, somente prestam serviços farmacêuticos previstos em lei.
sultório farmacêutico dominaram as pales-
Procurado pela reportagem da Revista da Farmácia, o Conse-
tras de abertura da 6ª edição do Conbrafar-
lho Federal de Medicina não retornou os contatos da redação até
ma, em São Paulo, nos dias 2 e 3 de agosto.
o fechamento desta edição.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
C
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gestão
Proteja o que você conquistou Especialistas dão dicas de ouro para empresários blindarem os negócios ameaçados pela concorrência e pela crise econômica
O
POR VIVIANE MASSI
O movimento não está lá essas coisas, as contas não fecham e
você não consegue respirar com alívio no fim do mês. Se você se identificou com essa frase, é sinal de que sua empresa precisa de uma ajudinha extra para se reestruturar e blindar o negócio, principalmente, contra ameaças externas. As pessoas estão mais otimistas e passaram a acreditar no fim
da crise, mas a economia ainda não melhorou. Pelo contrário, os números mostram que a situação ainda é crítica. Segundo dados do Ministério do Trabalho, divulgados no fim de julho, mais de 500 mil vagas de emprego formais foram fechadas no 1º semestre de 2016. Somente em junho, 91.032 empregos com carteira assinada foram eliminados. Já em doze meses até junho, foram fechadas mais de 1,7 milhão de vagas. O varejo farmacêutico continua resistindo à crise, com saldo positivo: entre abril e maio de 2016, segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), houve
FREEPIK
aumento de 3,56% no faturamento total de medicamentos e não
36
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
gestão medicamentos, atingindo o valor de R$ 3,38 bilhões. No entanto,
cro dele, mede os resultados obtidos e es-
o setor sentiu uma leve retração de -1,52%, no mesmo período,
tabelece a blindagem dos seus resultados,
no faturamento de não medicamentos, atingindo R$ 1,05 bilhão.
objetivando garantir o sucesso e a prosperi-
Na comparação com maio de 2015, houve acréscimo de 9,07%. E
dade do negócio”, acrescenta o especialista.
no acumulado do ano, a alta é de 12,36%.
O bom empreendedor precisa estar
A instabilidade do cenário econômico expõe ainda mais as fra-
sempre atento ao peso que as despesas
gilidades do negócio, principalmente das pequenas e médias em-
podem representar de sua venda e atuar
presas. Ao contrário das grandes redes, o varejo independente, em
permanentemente para que elas estejam
especial as farmácias que não têm uma gestão profissional, preci-
sempre no menor nível possível. É neces-
sa dar mais atenção a diversos fatores que interferem diretamen-
sário estipular o limite das comissões em
te na sustentabilidade do negócio. Se sobreviver à concorrência
relação às vendas, do aluguel e da folha de
já é difícil, imagine em momentos turbulentos como os de agora.
pagamento, bem como estabelecer um pla-
Para o diretor de Cursos do Instituto Bulla, Cadri Awad, farma-
no de contas com as despesas padroniza-
cêutico com MBA em Gestão Avançada de Varejo Farmacêutico e
das em categorias. Uma dica interessante
Liderança e Gestão Empresarial, o primeiro passo para blindar o
é estabelecer dotação orçamentária para as
lucro do negócio é estruturar os dados de vendas e despesas da
principais categorias de despesas.
farmácia dos últimos três meses e elaborar os Demonstrativos de
Os descontos praticados na venda são
Lucros e Perdas (DLP) e Demonstrativos de Fluxo de Caixa (DFC).
como a dose de um medicamento. “Como
De posse do Demonstrativo de Lucros e Perdas, a farmácia deve
gestores, estamos sempre em busca da me-
avaliar o lucro líquido obtido no dia. “Em seguida, é olhar no espe-
lhor dose. O ideal seria não ter que praticar
lho e se perguntar se esse lucro é compatível com o seu negócio,
descontos, mas sabemos que quem defi-
se ele é bom em relação aos padrões de mercado e se atende às
ne esse detalhe é a concorrência. Sendo as-
suas necessidades como empreendedor. A melhor forma de ava-
sim, o objetivo é não praticar desconto tão
liar o quanto o lucro líquido é interessante como forma de resul-
alto que comprometa o lucro planejado e
tado para o negócio é compará-lo com o rendimento em aplica-
nem tampouco estabelecer um desconto
ção financeira caso a farmácia fosse vendida hoje e o empresário
baixo demais e comprometer a longevida-
aplicasse todo o dinheiro. Incluindo estoque, equipamentos e mó-
de do negócio. Existe um desconto médio
veis, é necessário avaliar e simular quanto o dinheiro da venda ren-
para cada perfil de farmácia. A média ideal
deria numa aplicação financeira de boa rentabilidade e baixo risco.
de descontos é obtida por meio de técni-
Caso a rentabilidade seja maior do que o lucro líquido produzido
cas de precificação alicerçadas na correta
pela farmácia, concluímos que o empresário não está blindando o
distribuição de descontos entre os grupos
lucro do negócio dele”, alerta Cadri Awad.
de produtos, visando estabelecer uma boa percepção de preços perante o consumi-
O que fazer neste caso?
dor”, ensina Cadri.
Três variáveis impactam o tamanho do lucro: despesas opera-
Finalmente, para o especialista, não me-
cionais fixas e variáveis; descontos obtidos concedidos na venda;
nos importante é o CMV, que depende dos
e Custo da Mercadoria Vendida (CMV). O caminho, segundo o di-
descontos obtidos na compra e do perfil de
retor do Instituto Bulla, é adequar o tamanho das despesas, dos
vendas por grupo de produtos. Um bom ges-
descontos e o CMV, visando à obtenção do lucro ideal.
tor compra bem, mas, acima de tudo, traba-
Segundo Cadri, é importante, todos os meses, fechar os de-
lha sempre a melhoria do perfil de vendas.
monstrativos financeiros e ajustar sempre todos os parâmetros
Quanto melhor o perfil de vendas, menor
que impactam o lucro. “Um bom gestor planeja o tamanho do lu-
o CMV. “A correta aplicação de tais técnicas
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
37
gestão leva a farmácia ao lucro e propicia resulta-
de cada empresa. A primeira delas diz respeito ao estoque, maior
dos cada vez melhores”, garante Cadri, que
investimento que uma empresa varejista faz. O excesso de produtos
ministra um curso prático de gestão farma-
estocados compromete o capital de giro e pode levar a perdas com
cêutica para os empresários aprenderem a
produtos vencidos, por exemplo. A falta, por outro lado, além de
blindar o lucro da farmácia. Esse curso tem
perda de vendas imediatas, deixará o consumidor frustrado e, caso
como base a consagrada Metodologia Bul-
o problema ocorra com frequência, poderá levá-lo a mudar de loja.
la de Gestão Farmacêutica.
“Gerir o estoque significa ir muito além do giro médio total das
Quando se é empreendedor e se as-
mercadorias no mês. Implica uma revisão total dos processos, que
sume o risco de uma atividade, a sensatez
se inicia com o pedido e termina no caixa. Nesse momento, o ideal
e a razão sempre ensinam a buscar o me-
é estabelecer políticas para a entrada e saída de itens do sortimen-
lhor resultado de tudo o que é produzido.
to. A gôndola não é de elástico e, quando a empresa vai reduzindo
“A partir do momento em que o empresá-
o espaço dos produtos comercializados para incluir novos, pode-
rio se depara com um negócio que entrega
rá criar sérios problemas no ponto de venda. O importante é ter
um lucro inferior ao resultado de uma apli-
sempre um estoque de segurança para evitar rupturas, mas deve-
cação financeira, isso leva a crer que esse
se buscar um equilíbrio entre essas variáveis para ele não ficar su-
negócio não está justificando o destino do
bestocado ou superestocado. As duas situações comprometem o
investimento do dinheiro dele. Essa é a ra-
negócio”, alerta Olegario.
zão pela qual utilizamos o termo ‘blindagem do lucro’”, diz Cadri.
Fuja da guerra de preços
A farmácia é um negócio de altíssima
Muitos varejistas entendem que precisam acompanhar a con-
competitividade e complexa gestão, por-
corrência nos mesmos preços e itens. Entretanto, no geral, as em-
tanto exige qualificação e profissionalismo.
presas fazem esse movimento sem critério e sem planejamento.
Momentos de crise como os que o Brasil está
Além de não venderem mais, comprometem a margem bruta do
vivenciando só aceleram a falência de em-
negócio. “O tabloide costuma ser o principal instrumento de co-
presas que, mais cedo ou mais tarde, que-
municação com os clientes. Entretanto, muitas vezes, ele refle-
brariam. Para Cadri, a crise só atua como ca-
te muito mais uma visão do departamento comercial do que um
talisador para a falência de empresas sem
posicionamento estratégico para atrair clientes. Assim, é comum
gestão. “O amadorismo não tem vez nos
constatar o mesmo produto sendo promovido repetidas vezes”,
mercados de hoje”, frisa ele.
acrescenta o especialista em varejo. De acordo com Olegario, um tabloide deve refletir, da melhor
38
Não tenha pressa, mas seja rápido
forma possível, o sortimento da loja como um todo, consideran-
“Momentos de crise são, na realidade,
do os diferentes papéis das categorias, tanto as geradoras de flu-
aceleradores de transformações. A questão
xo quanto de lucro, por exemplo. “Promover os mesmos itens faz
central é que não se pode improvisar por-
com que a loja tenha um novo preço regular, o que, com o tem-
que os riscos podem ser maiores. Entretan-
po, deixa de ser uma novidade para o cliente”, pontua Olegario.
to, vale uma máxima que escutei há alguns
Hoje, os consumidores buscam saúde e praticidade com bom
anos: ‘não tenha pressa, mas seja rápido’”,
atendimento. São pessoas apressadas, conectadas e precisam de
afirma o managing director na empresa In-
soluções. O tabloide deve oferecer uma resposta às necessidades
teligência de Varejo, Olegario Araujo.
e aos desejos dos consumidores e não apenas ao interesse comer-
Olegario tem uma série de sugestões
cial. Esse interesse puramente comercial é uma vantagem no cur-
importantes para a blindagem do negócio,
to prazo, mas, no longo prazo, cairá na mesmice e não fará a mí-
mas diz que depende muito do momento
nima diferença para os clientes.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
gestão
Estruture os dados de vendas e despesas da farmácia dos últimos três meses e elabore os Demonstrativos de Lucros e Perdas (DLP) e Demonstrativos de Fluxo de Caixa (DFC).
Engaje funcionários criando recompensas com base na meritocracia.
Avalie se o lucro líquido é maior que os rendimentos de uma aplicação financeira, caso a farmácia fosse vendida.
10 dicas de ouro para
Crie uma cultura empresarial que persiga controles mais eficazes, modelos de gerenciamentos organizacionais práticos e entendimento de mercado.
Pratique descontos que não comprometam o lucro planejado nem a longevidade do negócio.
blindar da dar ar
o seu
negócio gócio
Seja rigoroso no controle de entradas e saídas de recursos, registrando todos os recebimentos e pagamentos efetuados.
Faça um controle rigoroso do estoque, de forma que não existam rupturas nem perdas com produtos vencidos.
Dedique especial atenção ao regime tributário no qual sua empresa foi enquadrada, pois alguns detalhes a mais ou a menos podem fazer você pagar mais imposto do que devia.
FREEPIK
Crie tabloides que reflitam as necessidades e desejos dos consumidores e não apenas o interesse comercial da empresa.
Use e abuse da tecnologia e do marketing digital para atender a um cliente cada vez mais conectado.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
39
gestão Engaje os funcionários Superar os momentos difíceis exige talento, transpiração e criatividade. Esse é um
-la na hora da verdade, que é o momento no qual o cliente inicia a jornada de compras, ou seja, quando identifica uma necessidade ou desejo, em casa ou no trabalho”, analisa Olegario.
bom momento para engajar os funcioná-
Colocar o cliente no centro das decisões é o que há de mais
rios e inspirá-los na superação dos proble-
moderno, provocando impactos no planejamento, nas decisões
mas. Sem uma equipe preparada e alinha-
de sortimento, na precificação, na exposição dos produtos e na
da com os objetivos gerais, nada acontece.
comunicação. Em meio a tudo isso, surge o aparato tecnológico,
Por isso, segundo Olegario, uma práti-
que vem transformando os negócios em todo o mundo. “Temos,
ca que precisa aumentar para blindar o ne-
hoje, um cliente mais conectado, que deseja ser tratado de forma
gócio é a recompensa com base na merito-
individualizada. A tecnologia já permite estabelecer esse tipo de
cracia. Esse reconhecimento deve ser feito
contato, facilitando o envio de promoções únicas com benefícios
com transparência e por meio de metas,
mais instantâneos, além de ajudar na gestão da empresa”, acres-
cuja origem é o planejamento estratégico
centa Olegario.
da empresa. Os objetivos de cada área e de
Ser tudo para todos é a mesma coisa que não ser nada para
cada pessoa devem ser o desdobramento
ninguém, porque não cria vínculos com o cliente. O mercado
do objetivo geral da empresa. Todos preci-
de massa foi desenvolvido no século passado, mas se transfor-
sam falar a mesma linguagem, saber onde
ma com a tecnologia e a análise de dados para construir solu-
estão e onde querem chegar. O mais im-
ções mais personalizadas e, consequentemente, blindar o ne-
portante é serem reconhecidos e recom-
gócio da concorrência.
pensados por isso.
Mudança cultural e estratégica Ao longo dos anos e com a formalização fiscal do setor, percebe-se uma mudança de comportamento na gestão das farmá-
Temos, hoje, um cliente mais conectado, que deseja ser tratado de forma individualizada.
cias. Contudo, ainda é uma mudança tímida, que está aquém da necessidade real que o mercado vem apresentando nos últimos anos. “A mudança de comportamento do empresário, bem como de seus funcionários, é a chave para a melhora efetiva dos resultados, dando a clareza de que se a mudança não persistir, os re-
Olegario Araujo
sultados tenderão a ser cada vez menos eficazes”, destaca Adriano
Inteligência em Varejo
Schinetz, diretor na Gestão Farma, empresa especializada em gestão de varejo farmacêutico. Segundo ele, a blindagem do negócio está diretamente ligada a uma cultura que persiga, por exemplo,
Após definidas as questões relacionadas ao cliente interno – o funcionário –, é
40
controles mais eficazes, modelos de gerenciamentos organizacionais práticos e entendimento de mercado.
fundamental estabelecer uma estratégia
Assim como é necessário mudar, é fundamental estabelecer
para a construção de um relacionamen-
estratégias. Estratégia é uma palavra de origem grega – strategia –,
to duradouro com o cliente externo. “Não
que significa obter um plano, método ou manobra para alcançar
é possível ser tudo para todos. Por isso, é
determinado resultado. Nos dias atuais, ainda mais num mercado
fundamental definir um posicionamento
de extrema concorrência, é fundamental que as decisões e as ações
de marca para a loja. Lembre-se de que a
do dia a dia reflitam a estratégia da empresa. “É preciso estar aten-
empresa, direta ou indiretamente, faz uma
to à concorrência, ao cliente e até mesmo à equipe, para planejar
promessa para o cliente e precisa entregá
e definir uma estratégia eficiente”, decreta Adriano.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
gestão Gestão financeira e tributária
dutos também precisa estar correto. Nes-
Fundamental para a blindagem do negócio é ter uma vida fi-
se caso, considerando as características de
nanceira saudável. Para muitos, trata-se de uma gestão complica-
vendas do varejo farmacêutico, uma far-
da, por se tratar de muitos números, seja no controle dos recebi-
mácia que está ultrapassando uma venda
mentos ou dos pagamentos. Contudo, a gestão financeira, quando
de R$ 230 mil/mês e já possui um acú-
se trata de varejo, é muito mais voltada a processos e rotinas e me-
mulo de 12 meses com valores próximos
nos a cálculos.
a isso pode ter mais vantagens com o re-
“A base de controle é saber efetivamente o quanto entra de
gime presumido. Mesmo levando em con-
recurso financeiro e o quanto se desembolsa na quitação das obri-
sideração que os impostos inseridos sobre
gações. É necessário, diariamente, anotar todas as entradas de re-
a folha de pagamento são bem mais ele-
ceitas financeiras e todos os pagamentos efetuados, sejam pro-
vados do que aqueles do regime simples,
venientes de despesas ou fornecedores. A partir do momento em
na maioria das vezes, o regime presumido
que se cria uma rotina, fica mais fácil tomar as decisões de como
leva vantagem, considerando a proporção
e quando pagar, bem como controlar de forma eficaz o real índice
de venda citada acima.
de recebimento”, ensina Adriano.
Outra situação considerada padrão é o
A partir do momento em que se tem o controle de tudo o
valor de PIS e Cofins que as farmácias pa-
que é pago e o que é recebido, num parâmetro correto e efi-
gam. Normalmente, somando esses dois
caz, a gestão financeira da farmácia começa a melhorar, tra-
impostos, o valor não deve ultrapassar
zendo resultados mais positivos e reduzindo os riscos nas to-
0,40% do faturamento líquido. “Se o per-
madas de decisão.
centual estiver acima disso, pode ser que,
Tão importante quanto a gestão financeira é a gestão tributá-
na venda, haja uma grande representativi-
ria, afinal deixar de pagar ou pagar imposto de forma errada pode
dade de produtos sobre os quais incidam
ser um “tiro no pé”. Por se tratar de um assunto complexo, é fun-
PIS e Cofins ou a apuração está sendo fei-
damental que a empresa esteja atenta ao regime tributário no qual
ta de forma equivocada. A nossa intenção
está enquadrada e se o total de imposto pago está dentro de um
é mostrar que existe um padrão tributário
patamar considerado padrão para o varejo farmacêutico. Depen-
estabelecido pela característica de determi-
dendo do faturamento da farmácia, ela pode estar inserida em um
nados produtos e que é fundamental en-
dos três regimes: simples, presumido ou real. Isso vai depender da
tender qual se encaixa em cada farmácia,
estrutura e organização que a farmácia possui sobre o cadastro de
para se conseguir pagar menos impostos”,
produtos e controle financeiro.
explica o consultor.
“Em geral, o regime de lucro real é o mais adequado para as
Por fim, a empresa deve criar indicado-
farmácias. Porém, ele esbarra na falta de controle e organização fi-
res que mostrem o quanto os resultados da
nanceira. Ao optar por esse regime sem que haja um controle efe-
empresa têm sido melhorados. A função
tivo dos gastos, as chances de se pagar impostos sem necessida-
desses indicadores é mostrar, ao longo de
de é grande, pois o cálculo é feito sobre a lucratividade atingida. A
determinado período, a eficácia das ações
partir do momento em que não há um real controle de gastos, o
e dos controles que estão sendo colocados
lucro contábil aumenta, elevando também o total de imposto a ser
em prática no dia a dia da farmácia. Eles da-
pago. Portanto a dica é: se optar pelo regime de lucro real, esteja
rão a clara noção dos pontos a serem corri-
extremamente organizado nos controles internos, bem como no
gidos quando algum resultado fugir ao pa-
cadastro de produtos”, alerta Adriano, da Gestão Farma.
drão. Dessa forma, o empresário garante um
Nos regimes de lucro presumido e simples, a base de cálculo é efetivamente a venda realizada. Porém, o cadastro de pro-
negócio muito mais sustentável e blindado contra os desafios do mercado.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
41
crise no estado
No olho do furacão Sem dinheiro, Estado do Rio contribui para aumentar insegurança financeira e deixa empresários do varejo preocupados
F
Foi com um grande susto que a popula-
incapacidade de oferecer respostas mínimas necessárias à popu-
ção fluminense recebeu a notícia de que o
lação”, critica o professor de Finanças do Ibmec/RJ, Nelson Sousa.
governador em exercício do Rio de Janeiro,
A crise no estado preocupa o varejo e aumenta a insegurança
Francisco Dornelles, havia decretado esta-
financeira das pessoas, que já têm que lidar com a crise econômica
do de calamidade pública por causa da cri-
nacional. Com medo de não poderem quitar as dívidas, os consu-
se financeira em meados de junho. Soma-
midores estão comprando menos. Dados divulgados pelo IBGE em
ram-se a isso os atrasos nos pagamentos
julho apontaram queda de 9% no volume de vendas do comércio
dos salários de servidores ativos, inativos e
varejista em maio deste ano, em comparação com o mesmo mês
pensionistas. “O governo não está conse-
no ano passado, com variações negativas em todas as atividades
guindo gerenciar as tarefas que estão ao seu
pesquisadas. Com esse resultado, o volume de vendas no comér-
encargo. A decretação do estado de cala-
cio já acumula, nas séries sem ajustes sazonais, retração de 7,3%
midade pública é uma confissão pública da
nos cinco primeiros meses de 2016, refletindo a instabilidade política e econômica que o País atravessa.
Varejo em queda No Rio de Janeiro, a retração nas vendas foi ainda pior, devido à crise financeira pela qual passa o estado e ao aumento do desemprego. A pesquisa Termômetro de Vendas do Centro de Estudos do CDLRio, em maio, que ouviu 500 estabelecimentos comerciais, mostrou que todos os setores de bens duráveis e não duráveis apresentaram resultado negativo. A mesma pesquisa apontou que o faturamento das lojas, conforme a localização, também foi negativo. A inadimplência no comércio do Rio de Janeiro cresceu 1,4% em maio, em comparação com o mesmo mês do ano passado, sendo o pior resultado para o mês de maio desde 2013. Segundo o presidente do SindilojasRio, que reúne mais de 13 mil empresários lojistas de todos os portes, e do CDLRio, Aldo Gonçalves, o resultado de maio “continua refletindo a situação crítica que o País atravessa com a economia ainda em desaceleração, a inflação alta que corrói o saFREEPIK
lário do trabalhador e o desemprego. Esse clima de insegurança
42
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
crise no estado afasta o consumidor das compras e o empresário de fazer investimentos”, afirmou Gonçalves.
No mais, o professor sugere poupar e buscar investimentos que ofereçam ganhos reais, ou seja, acima da inflação, até
Inchaço e gastos elevadíssimos
que o furacão passe.
Uma série de equívocos, na opinião do professor de Finanças do Ibmec/RJ, Nelson de Sousa, levou o Estado do Rio de Janeiro a chegar
Farmácia é pouco afetada
a esse ponto. “Os estados, de modo geral, estão inchados, com gas-
O varejo farmacêutico é um dos últi-
tos elevadíssimos. Os governadores, em final de mandato, tendem a
mos que sentem os efeitos da crise, porque
ampliar compromissos e até assumir novos, sem uma contrapartida
as pessoas não podem deixar de comprar
de receitas. No caso do Estado do Rio, o problema é mais delicado,
medicamentos, mas os atrasos nos salários
pois o estado recebeu royalties antecipados, com a previsão de recei-
não passaram em branco. Segundo o far-
tas baseadas em cotações futuras estimadas para o preço do petró-
macêutico e empresário Ricardo Valdetaro,
leo, mas ele tem tido os preços reduzidos no mercado internacional.
da Farmácia do Leme, localizada em Copa-
Além disso, a redução das atividades das empresas ligadas à área pe-
cabana, Zona Sul do Rio, vários clientes es-
trolífera provocou uma forte retração na arrecadação”, analisa Sousa.
tão passando por dificuldades financeiras e
Para a economia do Rio e para os negócios, em geral, esse qua-
reduziram as compras, até mesmo de me-
dro é muito ruim, pois tem efeito cascata. “Muitas decisões de in-
dicamentos. “Registramos uma queda de
vestimento são movidas por expectativas e uma redução da ativi-
13% comparando com o mesmo período
dade econômica ou a percepção dessa redução leva ao adiamento
do ano passado”, diz Ricardo. O movimen-
ou abandono de investimentos, que, por sua vez, pioram o qua-
to da madrugada também teve queda, pro-
dro de expectativas. Some-se a isso um quadro de carga tributária
vavelmente devido à insegurança nas ruas.
elevadíssima e uma percepção de que há uma liberdade econô-
Para o também farmacêutico e empre-
mica reduzida e uma burocracia cara, pesada e lerda”, acrescenta
sário Ricardo Lahora, proprietário de uma
o professor do Ibmec/RJ.
farmácia em Duque de Caxias, a crise finan-
Segundo Souza, se os atrasos nos pagamentos voltarem a ocor-
ceira instalada e a concorrência desenfrea-
rer, os impactos no consumo podem ser grandes, porque o Estado
da no segmento de farmácias comunitárias
do Rio ainda mantém, por razões históricas e por ter sido a capi-
está gerando, em qualquer empreende-
tal federal, uma grande dependência do setor público. Os salários,
dor, a reavaliação na tomada das decisões
portanto, têm um peso relevante sobre a economia, percentual-
quanto aos processos de gestão da empre-
mente maior que em outros estados. “Atrasos de salários do setor
sa. “Apesar de eu ter percebido ligeira que-
público têm impacto negativo na economia e nos índices de ina-
da nas vendas no sortimento de perfumaria
dimplência”, confirma o especialista.
e medicamentos como um todo, recupe-
Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Fazenda do Es-
rei essas perdas por meio do atendimento
tado do Rio informou que todos os salários atrasados foram pagos
aos pacientes aposentados atendidos pelo
e que os pagamentos futuros estão previstos para acontecerem
programa Farmácia Popular. Esses clientes,
até o décimo dia útil de cada mês, sem atrasos. No entanto, para
embora reclamem muito da instabilidade fi-
o professor de Finanças do Ibmec/RJ, tudo dependerá da gestão
nanceira e do atraso nos pagamentos, ain-
da economia nos próximos meses. Num primeiro momento, tal-
da não estão sendo totalmente atingidos,
vez ocorra uma piora na economia, mas, com políticas fiscais mais
pois integram o grupo de indivíduos porta-
austeras, a tendência é de recuperação. Para isso, o estado teria de
dores de doenças crônicas não transmis-
readequar os gastos às receitas, calculadas realisticamente, sem
síveis de maior incidência na população”,
onerar os contribuintes com novos impostos.
avalia Lahora.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
43
práticas corporativas
Investimento estratégico Educar os funcionários para gerenciar o tempo deles pode ser mais importante do que treiná-los para vender
O
O investimento em cursos e treinamentos, seja para funcioná-
seus funcionários para gerenciar o tempo
rios, seja para donos de um negócio, é considerado um tipo de in-
deles pode ser mais importante do que,
vestimento estratégico na sobrevivência empresarial. Na realidade
acredite, treiná-los para vender. A gestão
do varejo farmacêutico, além dos cursos técnicos, mais voltados
de tempo impacta de tal forma a produti-
para farmacêuticos e balconistas e que são uma decisão óbvia de
vidade do indivíduo que acaba repercutin-
investimento em qualificação, há também as demandas ligadas a
do nas vendas.
áreas como marketing, vendas, liderança, etc. Pois bem, tomarei a liberdade de fazer algumas sugestões incomuns de investimento em treinamentos. Primeiro, vamos definir o público-alvo: todos os funcionários que precisam planejar e acompanhar a implantação de algum processo. Isso inclui os donos
DIVULGAÇÃO
da empresa, herdeiros e todos os cargos de confiança, tais como encarregados, gerentes e supervisores e aqueles funcionários que você pretende desenvolver.
Invista em treinamento em duas áreas específicas: gerenciamento de tempo e de projetos.
Segundo passo: o que se deseja obter com o treinamento?
Fernando Gaspar
Bem, pretendo que você aborde diretamente algumas das maio-
Já a sugestão de fazer um curso básico
Consultor especializado na construção de indicadores gerenciais para varejo e serviços, instrutor de liderança e palestrante.
res deficiências de comportamento na cultura brasileira. Se, por
de gestão de projetos vem de uma expe-
um lado, somos valorizados por nossa criatividade e capacidade
riência pessoal. Tive a oportunidade de fa-
de improvisação, por outro, somos péssimos na parte de plane-
zer um curso introdutório de uma semana.
jamento de tempo e prioridades. Somos, na média, implantado-
Confesso que, ao me deparar com a meto-
res medíocres de processos e temos verdadeiro bloqueio no que
dologia de gestão de projetos, me dei con-
se refere a prazos e monitoramento de desempenho. Na práti-
ta de que uma quantidade crucial de pro-
ca, erramos feio ao estabelecer prazos, os quais nunca são cum-
cessos e ações que eu havia desenvolvido
pridos. E isso está tão disseminado que não nos incomoda, já faz
ou participado no varejo poderiam ter sido
parte da nossa cultura.
infinitamente mais bem executados se eu
Quer saber mais?
Mande um e-mail para fgaspar00@gmail.com
44
Quer testar minha teoria? Pergunte a seus funcionários de
tivesse usado o modelo de gestão de pro-
confiança, sócio ou outros agregados se eles possuem uma agen-
jetos. Foi um insight perturbador, na medida
da onde anotam compromissos diários. Aposto como a respos-
em que percebi que oportunidades foram
ta mais comum será: “não tenho agenda, guardo tudo de cabeça”.
perdidas por não usar essa poderosa me-
Não acredita? Pois tente.
todologia. Siga meu conselho, desenvolva
Feitas essas considerações, invista em treinamento em duas áreas específicas: gerenciamento de tempo e de projetos. Educar
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
a capacidade de gestão de projetos na sua empresa antes que seja tarde demais.
ponto de venda
A hora e a vez da boa forma
SHUTTERSTOCK
Planejamento e arrumação por categorias são essenciais para alavancar a lucratividade desse segmento de mercado
46
U
Um estudo divulgado pelo Ministério da
2014, também divulgado pelo Ministério da Saúde, mostrou que os
Saúde, em 2015, identificou que 52,5% da
brasileiros querem ter uma vida mais saudável. Foram entrevistadas
população brasileira estão acima do peso.
mais de 63 mil pessoas que praticam atividade física regularmente
Desse percentual, 17,9% são obesos. Outro
e, desse total, 22% afirmam que fazem 30 minutos de exercícios to-
estudo, a Pesquisa Nacional de Saúde, rea-
dos os dias, durante cinco dias na semana. O estudo também reve-
lizado entre agosto de 2013 e fevereiro de
lou que os homens se exercitam mais que as mulheres.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
ponto de venda O fato de os brasileiros desejarem uma vida saudável não quer
mam-se para aproveitar o período em boa
dizer que a tenham. Esse desejo está relacionado a uma série de fa-
forma física”, observa Lucas Frias, gerente de
tores, tais como vontade de manter a boa forma, cuidados com a
Trade Marketing do Grupo Cimed, distribui-
saúde e alimentação equilibrada. É aí que surgem as oportunida-
dora composta por diversas empresas bra-
des para o varejo farmacêutico, uma vez que, cada vez mais, produ-
sileiras, entre elas a Nutracom, voltada para
tos inovadores estão sendo desenvolvidos com o intuito de ajudar a
produtos com foco em gerenciamento de
população a levar um estilo de vida considerado fitness e a priorizar
peso, suplementos alimentares e vitaminas. “Alguns produtos sazonais acompanham
uma alimentação balanceada. Por isso, é importante começar a pensar na preparação das gôn-
as estações do ano, outros se antecipam a elas,
dolas para as próximas estações, primavera e verão, períodos em que
como os produtos relacionados a emagreci-
as pessoas estão mais comprometidas em criar novos hábitos sau-
mento, a exemplo dos shakes substitutos de
dáveis e ingerir produtos específicos para uma dieta balanceada, que
refeição. Eles têm alta demanda no inverno,
emagreça e faça bem ao organismo simultaneamente.
período de preparação para o verão, porém,
Segundo o Grupo Cimed, a demanda por produtos para geren-
na estação mais quente do ano, mantêm o
ciamento de peso, como o Redubio, por exemplo, no verão, au-
posicionamento nas vendas, porque as pes-
menta cerca de 65% em comparação ao restante do ano. “Essas
soas querem manter o peso que conquista-
categorias têm uma sazonalidade que se inicia no fim do inverno,
ram”, analisa Wilton Oliveira, gerente de Trade
atingindo o pico durante a estação mais quente do ano. Isso ocorre
Marketing da Linea Alimentos, empresa vol-
devido ao famoso ‘projeto verão’, quando muitas pessoas progra-
tada para o mercado de adoçantes. A com-
Simulação de planograma para exposição de produtos para gerenciamento de peso, suplementos alimentares e vitaminas
Sucralose 55,9%
Aspartame 20,8%
VITAMINAS
Stevia 11,6%
Complemento Alimentar para Consumo no lar
SAUDABILIDADE
Sacarina 11,8%
NUTRICIONAIS
Complexo vitamínico com foco em gêneros (homem, mulher)
Complemento Alimentar pronto para beber
Alimentos Zero Açúcar, Zero Glúten e Zero Lactose
Complexo vitamínico generalista
Suplemento repositor
Shakes substitutos de refeição
Vitamina C
Suplemento de proteína
Cápsulas para auxilio de emagrecimento
Energéticos
PLANOGRAMA PRODUZIDO PELA LINEA A PEDIDO DA REVISTA DA FARMÁCIA.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
47
ponto de venda Dicas infalíveis para valorizar a categoria de suplementos alimentares e produtos para emagrecimento no ponto de venda Qualifique os profissionais para atendimento ao cliente que necessita comprar produtos voltados para uma vida saudável. Quem entra na farmácia confia na informação passada pelo farmacêutico ou balconista. Faça parcerias com indústrias desse segmento para desenvolver iniciativas que atraiam o cliente que se interessa por esse tipo de produto. Cada vez mais, as pessoas estão apresentando restrições alimentares. Então, organize as gôndolas por categoria, aprendendo a tornar visíveis as características desses alimentos aos olhos dos clientes. Sinalize as seções como nos exemplos a seguir: PRODUTOS SEM LACTOSE, PRODUTOS SEM GLÚTEN, INDICADO PARA DIABETES, PRODUTOS SEM RESTRIÇÃO ALIMENTAR, entre outros. Use o display da farmácia para inserir as informações da dica acima, facilitando a leitura do cliente. Importante lembrar que a maioria das pessoas não consegue ler as informações das embalagens, que são pequenas. Coloque um totem interativo no espaço da loja. Nele, os clientes podem responder algumas perguntas relacionadas a bem-estar e vida saudável e, no fim, receber a indicação dos produtos mais indicados para tais necessidades. Ambiente a farmácia com temas relacionados ao esporte, à atividade física e à academia, pois ajuda a chamar a atenção do shopper para esse tipo de produto quando ele entra no estabelecimento. Conheça o público que frequenta a loja. Se ela for perto da praia, em que muitas pessoas passam para fazer atividade física, invista em produtos para esse tipo de público. Ofereça programas de avaliação de dieta e acompanhamento na prática de atividade física, mas, para isso, é preciso envolver o trabalho de outros profissionais de saúde, como nutricionistas. O comércio eletrônico também deve ser pensado estrategicamente, pois é um canal de informação importante. Estruture de forma que o cliente possa identificar corretamente os produtos e comprar com facilidade e agilidade. Oriente o cliente sobre a importância de seguir um estilo de vida saudável com bons hábitos alimentares e consumindo os produtos corretos.
ABERTO
FREEPIK
FONTE: CLÁUDIO CZAPSKI, SUPERINTENDENTE DA ECR BRASIL
48
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
ponto de venda panhia espera um crescimento de 15% a 20% na venda de shakes
ça pelo gerenciamento de categorias, uma atividade realizada pelo
Dez produtos que não podem faltar nas prateleiras das farmácias
varejo em parceria com a indústria com o objetivo de gerenciá-las
• Achocolatado zero
como se fossem unidades estratégicas de negócios, aumentando as
• Adoçantes
vendas e a lucratividade por meio de esforços para agregar maior va-
• Barras de cereais
lor à experiência do consumidor final.
• Chocolate zero
durante o verão. O fomento à venda de produtos ligados à boa forma física come-
As vantagens são diversas, desde o aumento do faturamen-
• Cookies integrais/sem açúcar
to, decorrente de ações mais assertivas com o portfólio, até uma
• Emagrecedores
maior satisfação do shopper, que passa a adquirir produtos de for-
• Pastilhas sem açúcar
ma mais rápida e prazerosa. Vale ressaltar que gerenciamento de
• Shakes
categoria difere-se de gerenciamento de espaços, que é apenas a
• Suplementos vitamínicos
entrega do planograma, ou seja, o produto final do gerenciamen-
• Suplementação para atletas
to por categoria. “Em geral, no canal farma, os suplementos alimentares devem ficar dispostos nas gôndolas próximas às vitaminas e medicamen-
tanto, é a melhor parceira para comparti-
tos isentos de prescrição (MIP). Os produtos para emagrecimento
lhar as melhores práticas dentro da loja. A
também acompanham essa exposição. Já os produtos zero açúcar
nossa empresa tem adotado uma postu-
possuem basicamente dois lugares: próximos ao check out, para es-
ra colaborativa com o varejo farmacêutico,
timular a compra por impulso, como chocolates, cookies e barrinhas
principalmente na categoria de adoçantes,
de cereais com zero açúcar; ou em gôndolas próximas a produtos
devido à nossa liderança na substância su-
para tratamento de diabetes, como agulhas e seringas de insulina,
cralose, a de maior representatividade den-
aparelhos e tiras de glicemia”, explica Oliveira, da Linea.
tro do canal farma. Tivemos a oportunida-
Os alimentos com algum tipo de apelo funcional, como zero
de de apoiar, por exemplo, desde redes da
açúcar, zero glúten, orgânicos, fitoterápicos, no canal farma, têm
Abrafarma até farmácias independentes,
sido agrupados como “Nutrição”. No entanto, cada farmácia pode
que tinham a intenção de ampliar o sor-
adotar sua própria nomenclatura. As lojas que possuem um port-
timento com produtos zero açúcar e não
fólio mais extenso têm chamado essa categoria de “Saudáveis”, por
tinham clareza de como agir”, conta Oli-
exemplo. “A maior dificuldade da organização, nesse caso, é no ta-
veira, da Linea.
manho das embalagens. Em muitas situações, é preciso organizar
Já o Grupo Cimed investe em treina-
a gôndola pelo tamanho dos produtos e não pela lógica de con-
mento e capacitação dos farmacêuticos e
sumo”, acrescenta Frias, da Cimed.
balconistas para que possam prestar o que
Apesar do potencial, as categorias e subcategorias de suple-
chamam de venda consultiva aos clientes
mentos alimentares e produtos para emagrecimento e sem açúcar
que entram nas lojas. “Iniciativas assim aju-
ainda não ganharam a devida atenção dentro do ponto de venda,
dam a evitar erros cometidos no PDV, como
ocupando pequenos espaços e tendo pouca visibilidade. É preci-
deixar de adequar a realidade de cada loja
so capacitar profissionais para a função, se possível, envolvendo a
ao público-alvo. Um exemplo são aquelas
indústria em parcerias que visem à promoção do produto e ao au-
drogarias que estão ao lado de uma acade-
mento dos lucros do negócio.
mia. Seria importante pensar numa exposi-
“É a indústria que tem os dados do mercado e as especificações detalhadas sobre as características desses produtos. Por-
ção mais focada no público fitness”, sugere o gerente de Trade da Cimed.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
49
evento
IDVF promove 6º Conbrafarma
FÁBIO FRANCI
Palestras abordam diversos temas, mas consultório farmacêutico e perfil do novo consumidor predominam nos debates
50
S
Evento aconteceu no Expo Center Norte, maior centro de convenções da América Latina
São Paulo sediou a 6ª edição do Con-
A abertura oficial do evento teve convidados como o deputa-
gresso Brasileiro de Varejo Farmacêutico
do Walter Ihoshi, criador da Frente Parlamentar para Desonera-
(Conbrafarma) nos dias 2 e 3 de agosto, rea-
ção dos Medicamentos, que continua ativa e atuante em Brasília;
lizado pelo Instituto de Desenvolvimento do
o presidente da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico
Varejo Farmacêutico (IDVF). O evento reu-
(ABCFARMA), Pedro Zidoi; e o presidente do Sindicato da Indústria
niu empresários, gestores, farmacêuticos e
de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma),
demais profissionais do setor para dois dias
Nelson Mussolini, cujo discurso destacou a falta de atenção do go-
de debates sobre temas diversos, como far-
verno para as questões de saúde que afetam o Brasil. “A carga tri-
mácia clínica, tecnologia, comportamento
butária é uma delas. Pagamos 34% de imposto pelo medicamen-
do consumidor, decisão de compra, novas
to adquirido, enquanto em países como Estados Unidos, Chile e
mídias, entre outros.
em alguns da Europa, a incidência de imposto é zero”, destacou.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
evento O presidente da Ascoferj, Luis Carlos Marins, participou da abertura do congresso durante o Encontro com Lideranças, ao lado do presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Walter Jorge
Características dos consumidores millenials
João, e do presidente executivo da Associação Brasileira do Comér-
• Nascidos a partir de 1980
cio Farmacêutico (ABCFARMA), Renato Tamarozzi. A legalidade do
• Cresceram num mundo digital
consultório farmacêutico foi o tema predominante.
• São criativos, instantâneos e protagonistas
“Para nós, é um grande avanço, uma verdadeira revolução para
• Consumidores exigentes e informados
a farmácia, que vem diversificando suas atividades”, disse o pre-
• 90% deles estão nas redes sociais
sidente do CFF em defesa do consultório farmacêutico, previsto,
• Mania de checar seus smartphones mais
segundo ele, pela Resolução 585/2013. Em seguida, reafirmou a
de 150 vezes ao dia
viabilidade econômica do consultório, destacando que existem possibilidades reais de retorno financeiro para a farmácia, desde que haja planejamento, investimento e definição clara dos processos. Na sequência, o presidente executivo da ABCFARMA discordou e disse, categoricamente, que a questão do consultório farmacêutico não está resolvida legalmente. Segundo ele, a legislação em vigor, tanto a Lei 5.991/1973 quanto a Lei 13.021/2014, não permite utilizar as dependências de uma farmácia como consultório farmacêutico. Ainda no dia 2 de agosto, o tema consultório farmacêutico voltou ao centro das atenções com as palestras de Amouni Mourad, do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP); Rei (UFSJ) na área de Farmácia Clínica, onde ministra aulas sobre
FREEPIK
Angelita Melo, docente da Universidade Federal de São João Del FONTE: LINX
cuidados farmacêuticos; Solange Bricola, coordenadora da Farmácia Clínica do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Pau-
Maykot. Segundo ele, o big data, cada vez
lo (USP); e Cristiane Feijó, coordenadora técnica farmacêutica da
mais realidade, fornece informações que
Rede Pague Menos e gerente do SAC Farma.
podem ser utilizadas em benefício de far-
Para saber mais sobre a legalidade do “consultório farmacêutico”, leia reportagem completa nesta edição.
mácias e drogarias, principalmente no caso de clientes que compram medicamentos contínuos. “A informação vem customiza-
Inovação e tecnologia
da e digerida, o que facilita a vida dos ges-
As soluções tecnológicas advindas com a telefonia e a inter-
tores de bancos de dados”, explicou Maykot.
net estão revolucionando a forma como as empresas captam e fi-
Na prática, o big data oferece informa-
delizam clientes. O big data é um exemplo. O termo representa o
ções detalhadas e assertivas sobre prefe-
volume de dados que impactam negócios no dia a dia. No entan-
rências e comportamentos do cliente, o que
to, o mais importante não é a quantidade de informações que se
ajuda em ofertas, campanhas e promoções.
tem sobre o cliente, mas o uso que se faz delas. Muitas empresas
Também auxilia na definição correta do pú-
têm um banco de dados, mas poucas utilizam de forma estraté-
blico-alvo. Uma rede de farmácias enviou
gica as informações. Para a maioria delas, o cadastro é decorati-
uma mala direta para um executivo divul-
vo. Não sabem o que fazer com o volume de dados que reuniram.
gando a promoção de fraldas descartáveis.
O assunto predominou na palestra do diretor Comercial, de
A princípio, ele achou que a empresa tinha
Serviços e Inovação & Produtos Estabelecidos da Novartis, Ricardo
cometido um grande equívoco, mas desco-
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
51
evento Palavra de farmacêutica
Leia o resumo das palestras que tiveram como foco a farmácia clínica e o consultório farmacêutico. Amouni Mourad | CRF/SP Amouni deteve-se no atual papel do farmacêutico e na importância da atuação multiprofissional, com conhecimento técnico-jurídico e postura ética. A farmacêutica frisou a necessidade de orientação no uso de medicamentos e detalhou a prescrição farmacêutica, regulamentada pela Resolução 586/2013, do CFF. “A prescrição é uma prerrogativa, não é uma obrigação. Só vai fazer quem souber e quiser”, frisou. Angelita Melo | UFSJ/MG Angelita desenvolve pesquisas na área de farmácia clínica há 20 anos. Em sua palestra, ela detalhou os passos e processos para se montar o consultório farmacêutico, incluindo comportamentos, atitudes e estrutura necessários: tudo com base em sua prática diária. “Temos que começar a pensar na remuneração pelos serviços farmacêuticos”, disse, ao falar sobre o futuro da atuação clínica na farmácia comunitária. Solange Bricola | USP No consultório de farmácia clínica do Hospital das Clínicas, são mais de 40 consultas semanais. “Essa experiência nos ensinou que o acesso ao medicamento não garante o sucesso de nenhum tratamento”, declarou Solange ao compartilhar o trabalho desenvolvido pela instituição de saúde. Segunda ela, é fundamental orientar o paciente, para que ele não volte descompensado, principalmente o idoso. “Em 2050, teremos mais pessoas acima de 80 anos, carentes de orientação”. Cristiane Feijó | Pague Menos A Pague Menos inovou para chamar a atenção dos clientes. Segundo Cristiane, quando iniciaram o atendimento no consultório farmacêutico, não havia interesse. Foi então que colocaram o consultório no meio da loja, para que todos vissem o farmacêutico prestando atendimento. Depois disso, a procura aumentou.
briu, em seguida, que seria avô. Isso porque
O executivo ministrou uma palestra sobre atendimento e ven-
sua filha já havia ido à farmácia para com-
da de alta performance. Segundo ele, é preciso se colocar na expe-
prar produtos infantis. Esse é um exemplo
riência de compra que se está oferecendo. “O preço fica pequeno
de comunicação com contexto, ou seja, de
perto do valor construído na relação”, disse Cavalcante. “É preciso
acordo com o momento de vida pelo qual
saber lidar com todos os públicos, dos millenials aos idosos, cuja
passa o cliente.
ida à farmácia vira um passeio. São modelos de atendimento di-
Para o presidente da Recycle Consulto-
52
ferentes para públicos diferentes”, acrescentou.
ria, Messias Cavalcante, que também falou
Millenials são as pessoas nascidas a partir de 1980, uma nova
sobre big data em sua palestra, em geral,
geração de consumidores, que representa 44% da população eco-
as farmácias e drogarias só criam cadastro
nomicamente ativa. Foi sobre essa geração que falou Jean Carlo
para dar desconto, deixando de aproveitar
Klaumann, vice-presidente da Linx, empresa de softwares de ges-
os dados para outras ações de marketing.
tão. De acordo com ele, os millennials estão redefinindo as relações
“O pulo do gato é saber aplicar os dados a
de consumo. Totalmente conectados digitalmente, esses consumi-
favor da loja”, frisou.
dores privilegiam relacionamentos de longo prazo e experiências
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
FÁBIO FRANCI
evento em vez de posse. Os consumidores millennials estão provocando uma verdadeira revolução ao estabelecerem seus próprios valores e prioridades, buscando marcas que os compreendam. Os millenials são uma das dez tendências do varejo para os próximos anos. Globalização, produtividade, no friction, colaboração, mundo digital, nova loja física, big data, IOT e conteúdo são as outras nove. Hoje em dia, o consumidor busca informação no mundo digital e vai à loja física com a certeza do que quer comprar. Cada vez mais, ele colabora na produção de conteúdo sobre as marcas que usa. E, cada vez mais, esse conteúdo interfere na decisão de compra do consumidor. Talvez a tendência que mais chame a atenção seja a do no friction, ou seja, a experiência sem atrito, o que muitos estão chamando de “uberização”, conceito inspirado no sucesso do Uber, aplicativo que oferece serviços semelhantes ao táxi, com a diferença de que
A partir da esquerda, Walter Jorge João (CFF), Renato Tamarozzi (ABCFARMA); Vinicius Pedroso (IDVF); e Luis Carlos Marins (presidente Ascoferj)
o usuário faz tudo com muito mais facilidade, da chamada pela internet ao pagamento automático via cartão de crédito. Trazendo
quisa realizada, pela primeira vez, em 2010.
para o varejo, seria uma experiência com facilidade para localizar o
Os resultados foram reavaliados no primei-
produto e sem filas para pagamento. Quer vender mais? Reduza os
ro semestre de 2016 e apontam os fatores
atritos ou as barreiras que possam fazer o cliente desistir e ir embora.
que os consumidores levam em conta na
O conteúdo também se destaca como tendência. “As pessoas
hora de escolher a farmácia onde comprar.
acessam o site das empresas em busca de conteúdo novo e rele-
O IFEPEC utilizou a mesma base amostral
vante, de forma colaborativa. Por que não ajudar os consumidores
e a mesma tecnologia aplicadas em 2010:
a entender melhor o uso de determinado produto, por exemplo?”,
1.287 consumidores foram ouvidos, sendo
sugere o vice-presidente da Linx.
46% mulheres e 54% homens. Na comparação entre 2010 e 2016, a
Influência na decisão de compra
pesquisa mostrou que o fator “preço” ain-
Durante o congresso, o Instituto Febrafar de Pesquisa e Educa-
da é o principal critério de escolha, seguido
ção Continuada (IFEPEC) divulgou dados atualizados de uma pes-
de “localização” e “atendimento”, respectivamente em segundo e terceiro lugares. A
Como o consumidor escolhe a farmácia
Critérios apontados na pesquisa feita pelo IFEPEC no primeiro semestre de 2016 em comparação ao mesmo estudo realizado em 2010
boa aparência não aparece como critério, mas os pesquisadores identificaram que ela tem um grau de influência na preferência
FATOR
% em 2010
% em 2016
Preço
93
94
Devido à crise econômica, o consumidor
do consumidor.
Localização
87
84
passou a comparar mais os preços. No entan-
Atendimento
82
80
to, essa comparação não é de uma loja para
Estacionamento
47
49
Meios de pagamento
37
32
Aceitar PBM
39
21
Entregar o produto
12
11
outra, mas dentro de uma mesma drogaria, com produtos semelhantes de diferentes marcas. Por isso, tornou-se relevante ter um sortimento variado, a ponto de dar opções ao consumidor que deseja pagar menos.
FONTE: IFEPEC
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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pingue-pongue
Em nova fase Com novo presidente, ABIMIP quer se aproximar mais dos usuários de MIP
O
O novo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (ABIMIP), Fábio Barone, concedeu uma rápida entrevista para a Revista da Farmácia e falou sobre os desafios e projetos para essa nova fase da sua carreira profissional. Barone já era membro da Diretoria da Associação há seis anos e tem vasta experiência na área de consumer health care, atuando em farmacêuticas como Johnson & Johnson, Reckitt Benckiser e Sanofi Aventis. RF: Quais são os projetos da ABIMIP em desenvolvimento? Barone: Paralelamente à aproximação com o consumidor, renovamos nosso código de conduta, que agora se volta para as questões éticas e comportamentais que permeiam a relação das indústrias de medicamentos sem prescrição com diversos públicos. Além disso, vamos reforçar um dos principais pilares da entidade: o autocuidado, ou seja, a forma como as pessoas mantêm a própria saúde e como se previnem de doenças. RF: Quais os benefícios do uso de MIP? Barone: Entre os benefícios do uso responsável está a diminuição substancial dos custos para o sistema de saúde e para os usuários.
DIVULGAÇÃO
Segundo dados da associação americana Consumer Healthcare
54
Fábio Barone, novo presidente da ABIMIP
Products Association (CHPA), de 2012, para cada US$ 1 gasto com medicamentos sem prescrição nos Estados Unidos, o sistema de saúde economiza de US$ 6 a US$ 7 em custos evitados. Outros
Revista da Farmácia: Que desafios o espe-
benefícios são o conforto do usuário, já que não há necessidade
ram à frente da ABIMIP?
de ir a um serviço de saúde para tratar de um sintoma conheci-
Fábio Barone: Uma maior aproximação com
do, a melhoria da qualidade de vida, haja vista que os MIP tam-
o consumidor, ouvindo e orientando sobre
bém englobam produtos de caráter preventivo, como vitaminas e
temas relacionados ao uso consciente dos
antioxidantes, e, por fim, o direito assegurado ao usuário de atuar
Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP).
sobre a própria saúde.
RF: De que forma a sua experiência poderá
RF: A crise que o país enfrenta atualmente chegou a esse setor?
contribuir com essa nova gestão?
Barone: O segmento de MIP vem crescendo com bastante re-
Barone: O conhecimento da área em que se
presentatividade. É possível ter uma dimensão desse crescimen-
atua é primordial para qualquer gestor. Mi-
to considerando que dados do IMS Health dão conta de que tive-
nha experiência, acredito, será determinante
mos aumento de 10% em 2015 em faturamento, 1% a mais que
na identificação e no atendimento das ne-
em 2014. Também crescemos cerca de 9% em vendas unitárias
cessidades de nossas empresas associadas.
no ano passado, contra 7% em 2014.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
regulação
Novas regras para MIP Critérios que permitem a reclassificação de medicamentos como isentos de prescrição podem beneficiar cerca de 30 substâncias aptas para a mudança
N
Novas regras para a mudança que permite
que medicamentos que tivessem perfil de segurança e uso com-
que medicamentos de prescrição sejam ven-
patíveis com a venda sem prescrição fossem incorporados a essa
didos sem tarja foram aprovadas pela Agên-
categoria de venda, o que, em última instância, pode ter dificulta-
cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
do o acesso da população à obtenção de tratamento adequado”.
no dia 19 de julho. A discussão sobre os cri-
Há quase 12 anos, a Associação Brasileira da Indústria de Me-
térios que permitem a reclassificação de me-
dicamentos Isentos de Prescrição (Abimip) vem lutando para que
dicamentos para isentos de prescrição vinha
as regras de switch sejam mais claras e permitam o acesso a esses
acontecendo desde o fim do ano passado.
medicamentos por um maior número de pessoas. Em 2003, a en-
Entre os novos critérios aprovados para
tidade promoveu, junto à Agência, o switch de 18 classes terapêu-
enquadramento dos medicamentos como
ticas, entre anti-inflamatórios, relaxantes musculares e antitabá-
isentos de prescrição (MIP) estão o tempo
gicos, o que resultou em um crescimento significativo no número
de comercialização, a segurança do medi-
de medicamentos isentos de prescrição.
camento e os sintomas identificáveis (veja
“Em contrapartida às novas regras, a Abimip acredita que deva
box). Hoje, existem cerca de 30 substân-
haver educação e orientação para especialistas e leigos, a fim de
cias aptas a serem MIP, destinadas a tratar
que tenham condições de exercer plenamente seu direito de de-
males e doenças menores, como dores de
cisão em relação à própria qualidade de vida e bem-estar”, acredita
cabeça e resfriados.
Marli Sileci, vice-presidente executiva da Associação.
A própria Anvisa reconheceu a urgên-
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de me-
cia da revisão ao justificar, na proposta da
dicamentos disponíveis sem receita médica é hoje aceito como par-
nova regra, que “a ausência de atualização
te importante dos cuidados de saúde, ou autocuidado, prática que
da lista nos últimos 12 anos impossibilitou
envolve, além de hábitos saudáveis, relacionados à atividade física, à alimentação e ao lazer, por exemplo, à correta utilização do MIP.
Menos gasto Além dos benefícios para a população, o uso do MIP diminui substancialmente os custos e as demandas para o sistema. Segundo dados da associação americana CHPA – Consumer Healthcare Products Association – de 2012, para cada US$ 1 gasto com medicamentos sem prescrição nos Estados Unidos, o sistema de saúde economiza de US$ 6 a US$ 7 em custos evitados. De acordo com o órgão, sem MIP, 60 milhões de americanos ficariam sem tratamento para males menores. Oito em cada dez americanos usam medicamentos sem prescrição para aliviar pequenos sintomas sem SHUTTERSTOCK
ter de recorrer ao médico.
56
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
regulação No Brasil, há o agravante do inchaço do sistema de saúde. Os
das (GITE). Além disso, a toxicidade, as le-
recursos públicos que seriam usados no tratamento de doenças
gislações internacionais e a lista de medica-
menores precisam ser dirigidos para doenças mais graves, que têm
mentos essenciais compunham as regras da
um grande impacto sobre a população e a saúde pública. Atual-
Anvisa”, detalha o diretor da farmacêutica.
mente, não há como os cerca de 350 mil médicos que receitam,
Para Santos, a partir do momento em
aproximadamente, 64% dos medicamentos vendidos, darem vazão
que o medicamento é vendido sem prescri-
também ao atendimento de males menores. Se todos os medica-
ção médica, o fabricante passa a se comu-
mentos precisassem de receita, demandaria um aumento de 56%
nicar diretamente com a população. Assim,
no volume de médicos, ou seja, cerca de 196 mil a mais.
são disseminadas mais informações sobre posologia, contraindicações e advertên-
Opinião de uma farmacêutica
cias sobre o uso do produto. “Os usuários
Para a professora, consultora e especialista em Gerontologia,
do medicamento precisam ter todas as in-
Ana Lucia Caldas, essa autonomia para adquirir MIP, sem orienta-
formações à sua disposição para utilizar o
ção adequada, pode significar, por outro lado, agravos à saúde. Ela
produto corretamente”, acrescenta.
destacou a situação precária dos hospitais públicos e a dificuldade
O mercado de MIP vem crescendo a
de acesso a uma consulta médica, cujas consequências acabam
cada ano, registrando alta de 9% entre 2014
sendo a automedicação. “Vejo como uma grande oportunidade
e 2015. Com a mudança na regulamentação
para o farmacêutico pôr em prática os serviços de orientação e
da Anvisa, é natural que a oferta de produ-
acompanhamento da terapia, buscando garantir o uso racional do
tos cresça e, consequentemente, a venda
medicamento de acordo com o perfil do paciente. Dessa forma,
desses produtos aumente, pois o consumi-
ao prescrever o MIP com as orientações adequadas, o farmacêuti-
dor terá mais autonomia decisória e acesso
co contribui para a segurança do paciente. No entanto, persistindo
facilitado a medicamentos utilizados para
os sintomas, deverá encaminhá-lo ao médico”, observa Ana Lucia.
tratar sintomas simples como congestão nasal e azia, sempre seguindo as informa-
Mais informação
ções divulgadas pelo fabricante.
Para a farmacêutica Boehringer Ingelheim, fabricante de MIP
A Revista da Farmácia também procu-
procurada pela Revista da Farmácia, a nova regulamentação segue
rou as farmacêuticas GSK e Aché. A primeira
padrões internacionais que são referência no setor e funcionam
não se pronuncia sobre o assunto, e a Aché
em países como Estados Unidos. “É importante deixar claro que
estava com o porta-voz em viagem até fe-
as novas regras incentivam o autocuidado, quando o paciente es-
chamento desta edição.
colhe um medicamento seguro para tratar sintomas conhecidos, e repudiam a automedicação e autoprescrição de medicamentos
agora esse número aumentou para sete. “As novas regras se ba-
Conheça os sete critérios aprovados para enquadramento dos medicamentos como isentos de prescrição (MIP)
seiam em fatores práticos, como facilidade de manejo e sintomas
• Tempo de comercialização
identificáveis, enquanto a regulação antiga delimitava os medica-
• Segurança do medicamento
mentos com base em uma lista de componentes permitidos ou
• Sintomas identificáveis
não. Os critérios utilizados anteriormente incluíam o índice tera-
• Utilização por curto período de tempo
pêutico, ou seja, medicamentos cujos grupos e indicações estão
• Ser manejável pelo paciente
descritos na Lista de Grupos e Indicações Terapêuticas Especifica-
• Apresentar baixo potencial de risco
tarjados, que precisariam de recomendação médica”, pontua o diretor de CHC da Boehringer Ingelheim, Vinicius Santos. Segundo Santos, antes, a Anvisa tinha apenas quatro regras, e
• Não apresentar dependência
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016
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recursos humanos
Conhecendo o perfil do consumidor As informações são uma ferramenta estratégica a ser aplicada a qualquer nicho ou tendência para reter clientes e gerar a fidelização
HUMBERTO TESKI
A Lucia Gadelha Consultora especialista em gestão em recursos humanos e capacitação de líderes.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para luciagadelha@terra.com.br
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A definição do perfil do consumidor utilizada para segmentar
do à maturidade e à experiência de vida,
mercado-alvo pode ser realizada por meio de diversas fontes de
predominam nesse perfil de consumidor
informação. Entretanto, o uso de dados demográficos (idade, sexo,
um alto grau de exigência e a capacidade
renda e grau de instrução) em conjunto com dados psicográficos
de negociação.
(características individuais relacionadas ao estilo de vida) é reco-
Em geral, a pesquisa sobre as caracte-
mendado, tendo em vista a abrangência e a adequação contex-
rísticas do público-alvo da farmácia englo-
tual de análises que irão permitir, nessas condições, atender, reter
ba a identificação do perfil da terceira idade
e superar as expectativas dos clientes.
quanto a dados socioeconômicos, tais como
Esses procedimentos objetivam obter um embasamento com
renda e idade; levantamento do estilo de
maior sensibilidade às influências e aos contextos. Dessa forma,
vida predominante; identificação dos hábi-
essas informações poderão e serão efetivamente mais bem utili-
tos de vida em relação ao uso do compu-
zadas para compor o perfil do consumidor.
tador; identificação de hábitos comporta-
O conhecimento sobre as necessidades do cliente é uma po-
mentais em relação ao uso do tempo com
derosa ferramenta para o direcionamento de forças e está intrinse-
lazer, esporte e entretenimento; e obtenção
camente relacionada à competitividade. Esse conhecimento pode
de uma descrição completa do perfil para
ser a respeito de características externas – ambiente –, e/ou espe-
analisar o comportamento desse segmento.
cíficas, como motivação e idade.
O crescimento da população idosa em
Também é necessário considerar e compreender o consumi-
números absolutos e relativos é um fenô-
dor como inserido no processo que valida sua posição, como tal
meno mundial e está ocorrendo a um nível
é o poder de decisão de compra. Vamos tomar como exemplo o
sem precedentes. Como vimos, a identifica-
segmento da terceira idade, que tem sido alvo de investimentos
ção dos perfis de consumo é extremamente
tanto do setor público quanto – e principalmente – do privado. O
necessária, pois se mostra como uma fer-
envelhecimento da população e a melhoria da qualidade de vida
ramenta estratégica que pode ser aplica-
têm trazido para o mercado um público com faixa etária maior
da a qualquer nicho ou tendência para re-
e com um bom potencial de consumo. Dentro desse contexto,
ter clientes satisfeitos e gerar a fidelização.
o ramo empresarial tem aplicado cada vez mais estratégias para
Vemos que, tanto no Brasil como no
atrair esse segmento de mercado, visando, obviamente, a remu-
resto do mundo, o crescimento da popu-
nerações crescentes para seus investimentos.
lação de idosos está ocorrendo a níveis im-
Essa predominância da população idosa economicamente ati-
pressionantes. As empresas, por sua vez,
va, com novos sonhos e comportamento de consumo constan-
estão atentas, e várias modalidades de pro-
te e inteligente, exige um novo olhar e preparo das equipes de
dutos e serviços estão surgindo para esses
farmacêuticos e atendentes de farmácias e drogarias, pois, devi-
novos consumidores.
Revista da Farmácia · Setembro-Outubro 2016