ASCOFERJ · Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro · Rua México, 3 · 14º andar · Centro · Rio de Janeiro · RJ · 20.031-144
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Ano 24 · Edição 187 · Julho-Agosto 2015
Valores empresariais Eles garantem a identidade corporativa da sua empresa e motivam sua equipe para o alcance das metas
Entrevista
Carreira
Mobilização
Professor Glauco Cavalcanti, da FGV, fala sobre o método Harvard de negociar
Dia Internacional do Farmacêutico: reflexões sobre os rumos da profissão
Ascoferj participa de encontro sobre empreendedorismo
opinião
P
Provavelmente, a maioria dos profissio-
empregos diretos e indiretos, gerando força de trabalho e rique-
nais de nosso segmento desconhece que
zas para a nação. Dentro da atividade do comércio farmacêutico,
no dia 5 de agosto comemora-se o Dia Na-
estão inseridos profissionais das mais diversas atividades: farma-
cional da Farmácia. A data faz homenagem
cêutica, administrativa, financeira, jurídica, regulatória, contábil, de
ao nascimento de Oswaldo Cruz, um dos
tecnologia, entre outras.
principais médicos da história do Brasil. No
Diante da importância e da expressão do comércio farmacêu-
mesmo dia, celebra-se também o Dia Na-
tico, é fundamental criarmos um fórum para discutir o modelo de
cional da Saúde. Este ano, a Ascoferj está
farmácia no Brasil. Muito se fala que copiamos o formato americano
preparando um grande evento para o dia
de drugstore e que o europeu seria o mais indicado. Contudo, antes
5 de agosto, que acontecerá no Centro do
de criticar o sistema adotado pelo setor farmacêutico, é necessária
Rio de Janeiro, com o objetivo de repercu-
uma análise mais profunda, abrangendo todo o sistema de saúde.
tir para a sociedade e a imprensa a impor-
Percebo que ainda precisamos caminhar para um modelo pro-
tância da farmácia.
HUMBERTO TESKI
Dia Nacional da Farmácia: qual o modelo ideal de farmácia para o Brasil?
Luis Carlos Marins Presidente da Ascoferj
fissional. De um lado, temos o corporativismo capitalista e impie-
A farmácia é parte integrante da cadeia
doso; e, do outro, uma total falta de interesse de capacitação por
de saúde do País. Sua capilaridade atinge
parte do profissional, que, muitas vezes, fica à espera de benesses
os rincões mais longínquos do Brasil, onde
legais que reduzam horas de trabalho e garantam uma remunera-
não se encontra nenhum tipo de assistên-
ção incompatível com a produtividade oferecida.
cia médica. É ainda no balcão da farmácia
Creio que seja o momento de as lideranças dialogarem para
que, muitas vezes, o paciente vai buscar o
buscarmos um modelo da farmácia brasileira, a fim de que seja um
primeiro atendimento, consequência do
estabelecimento de saúde que atue na prática da assistência far-
nosso precário sistema de saúde pública.
macêutica, mas que obtenha lucros como qualquer atividade em-
Além do papel de estabelecimento de
presarial. Sabemos que o modelo de concessão pública, defendi-
saúde, a farmácia se destaca por sua im-
do por uma minoria desconhecedora da responsabilidade de um
portância socioeconômica, sendo um dos
empreendedor, certamente iria implicar prejuízo para os clientes,
setores do varejo mais pungentes de nos-
porque vivemos em um país que, a todo o momento, demonstra
sa economia. É responsável por milhares de
a incapacidade de gestão por parte do poder público.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
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carta da editora
De ouvidos bem abertos
É
É sempre bom ouvir quem tem boas
desistimos e estamos iniciando uma série chamada Empreende-
histórias para contar. A Revista da Farmá-
dorismo. Nela, vamos (tentar) contar histórias de sucesso. O ob-
cia vem tentando, ao longo dos anos, am-
jetivo é trazer o empresário para o centro das atenções, mostran-
pliar a participação dos pequenos e médios
do sua coragem em empreender e em mudar (quando preciso),
empresários em seus editoriais. Tentamos
mesmo vivendo em um país burocrático e faminto por impostos,
viabilizar pautas que sejam um meio de ex-
como o Brasil.
pressão, de comunicação e de troca de ex-
O primeiro empresário é Danilo Teixeira, um jovem de 27 anos,
periências. Queremos saber o que as pes-
de São Fidélis, que começou a conduzir sua farmácia com apenas
soas têm feito e o que tem dado certo. Mas
23. Um começo difícil, um meio cheio de desafios e um fim, tudo
é uma escolha difícil, porque, na maioria das
indica, de muito sucesso. Leia a reportagem e entenderá do que
vezes, os empresários não gostam de ex-
estamos falando.
por vitórias e derrotas. A insegurança de ser
Veja também a reportagem de capa, Identidade corporativa,
notado pela concorrência também influen-
que faz uma reflexão sobre a importância de se ter valores orga-
revistadafarmacia@ascoferj.com.br
cia a decisão de falar ou não com a revista.
nizacionais bem definidos e internalizados pelos funcionários. A
Editora
“Água mole em pedra dura tanto bate
Viviane Massi
até que fura” cai muito bem nesse caso. Não
seguir, mais uma edição. Esperamos que goste. Boa leitura.
FUNDADOR
FALE COM A REDAÇÃO
Ruy de Campos Marins
DESDE MAIO DE 1991
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PRESIDÊNCIA
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Bimestral
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
sumário
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20 Saúde SXC
Entrevista Conversamos com o professor Glauco Cavalcanti, da Fundação Getúlio Vargas, sobre negociação e metodologia Harvard, nos Estados Unidos.
Dia Mundial sem Tabaco: apesar das cinco milhões de mortes ao ano, índice de fumantes está em queda.
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Capa Valores empresariais e meritocracia: entenda como eles podem ajudar sua empresa a alcançar bons resultados.
6 7 14 16 18 22 38 40 46
Empreendedorismo Conheça a história de Danilo Teixeira, um jovem empresário que já tem muito o que contar.
agenda
Visite o novo site da Ascoferj
lançamentos
Nele, você encontra os benefícios e
panorama
os serviços oferecidos pela entidade,
boa leitura
além de informações sobre cursos,
mural do associado
palestras e eventos de sua área. Acesse: www.ascoferj.com.br
carreira mobilização evento ponto de vista
Envie cartas e sugestões de pauta para a Revista da Farmácia. Fale com a gente pelo e-mail:
revistadafarmacia@ascoferj.com.br Curta nossa fanpage: facebook.com/ascoferj Siga-nos: twitter.com/ascoferj Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
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agenda
Programe-se Curso de injetáveis Nos meses de julho e agosto, acontecerá mais um curso de Aplicação de injetáveis na sede Ascoferj. O valor do investimento é de R$ 170 para associados e R$ 300 para não associados. Datas: 21 a 23 de julho; 19 a 21 de agosto. Inscrições pelo site da Ascoferj.
Dia Nacional da Farmácia Para celebrar o Dia Nacional da Farmácia, a Ascoferj promoverá um evento de amplo alcance no dia 5 de agosto, no Largo da Carioca. A ação será dividida em duas áreas: saúde e beleza. Quem passar pelo local poderá aferir a pressão, medir os níveis de glicose e receber orientações sobre saúde e beleza. Acompanhe todas as informações nas mídias da entidade.
Legislação sanitária No dia 15 de agosto, o advogado e consultor jurídico da Ascoferj, Gustavo Semblano, ministrará a palestra Legislação sanitária básica no varejo farmacêutico, na sede da Ascoferj, das 8h às 17h. O valor do investimento é de R$ 130. Inscrições pelo site da Ascoferj.
Congresso Brasileiro de Farmácia Homeopática Entre os dias 24 e 25 de agosto, será realizado o 10º Congresso Brasileiro de Farmácia Homeopática, na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. Mais informações: www.xcbfh.com.br.
Habilidades clínicas A farmacêutica Ana Caldas conduzirá o curso Condutas e habilidades clínicas na farmácia comunitária, no dia 7 de novembro, das 8h às 17h, na Ascoferj. O valor do investimento é de R$ 128. Inscrições pelo site da entidade.
Congresso Riopharma 2015 Entre os dias 15 e 17 de outubro, o Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ) realiza o 8º Congresso Riopharma de Ciências Farmacêuticas, cujo tema é A prescrição farmacêutica e os novos paradigmas da profissão, no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro. Informações: www.oitavoriopharma.com.br.
Inscrições em eventos da Ascoferj: www.ascoferj.com.br Informações e inscrições de grupos: inscricao@ascoferj.com.br Pague sua inscrição com PagSeguro.
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
lançamentos Dermocosmético para bebês A Mustela traz ao Brasil o Stelatopia Bálsamo Hidratante, um produto da linha dermopediatria que combate o ressecamento excessivo do rosto e do corpo dos bebês desde o nascimento. O bálsamo contribui para a nutrição intensa, suavidade e maciez, além do alívio de coceiras e irritações provenientes da secura excessiva, inclusive nos tempos mais frios. SAC: (11) 3331-4640
Antitranspirante para peles sensíveis A Ada Tina lança o desodorante antitranspirante Doppia, formulado especialmente para peles sensíveis. À prova de manchas, o produto é livre de álcool, fragrâncias ou conservantes. Foi aprovado em testes de aceitabilidade por peles sensíveis e em testes alergênicos. O Doppia está disponível em duas versões: Doppia Roll-On e Doppia Crema. Ambos possuem secagem rápida. SAC: 0800-774-2404
Linha infantil A Neopan apresenta novidades em sua linha de produtos licenciados da Galinha Pintadinha. A personagem favorita das crianças estampa, entre outros produtos, conjuntos de alimentação e de pentear, tudo para deixar a rotina dos bebês mais alegre e divertida. SAC: (11) 3386-5555
Suplemento mineral à base de zinco A Aché lança o BioZinc, suplemento mineral de zinco na forma de gliconato de zinco (2mg/0,5ml). O zinco influencia mais de 300 enzimas do corpo humano, sendo necessário para o crescimento e o desenvolvimento do organismo. O produto tem ação antioxidante, é fundamental para o sistema imunológico e importante também para a saúde intestinal. O Biozinc está disponível em solução oral sabor guaraná. SAC: 0800-7016900
Tratamento da enxaqueca Para auxiliar no tratamento da enxaqueca, a Libbs Farmacêutica lança o Sumaxpro, primeira combinação de dois princípios ativos em um único comprimido para os momentos de crise. O medicamento associa a sumatriptana, responsável pelo alívio rápido da dor, e o naproxeno, substância anti-inflamatória. SAC: 0800-013-5044
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
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Glauco Cavalcanti Professor da Fundação Getúlio Vargas
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
DIVULGAÇÃO
entrevista
entrevista
Harvard para brasileiros Metodologia de uma das universidades mais renomadas do mundo, importada por Glauco Cavalcanti, auxilia executivos daqui a negociar
G
Glauco Cavalcanti, professor da Fundação Getúlio Vargas, palestrante e escritor, costuma utilizar a expressão
“cede-cede” para definir uma negociação. Para ele, é preciso abrir mão para alcançar resultados inteligentes. “As pessoas se julgam mais espertas do que as outras, mas, na verdade, no mundo dos negócios, todos são espertos. Portanto, é mais inteligente aprender a ceder”, disse nesta entrevista para a Revista da Farmácia. Os ensinamentos de Glauco se baseiam em uma metodologia desenvolvida pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a partir do Program on Negotiation (PON). Leia a seguir.
Revista da Farmácia: O que o senhor quer dizer com “afinal, a pri-
festações de ordem estética e comunicativa.
meira negociação começa dentro da sua mente”?
No entanto, as pessoas geralmente pensam
Glauco Cavalcanti: A nossa mente, como o próprio nome diz, men-
em arte com uma visão ligada à intuição,
te. Isso porque vemos o mundo a partir das nossas percepções e
emoção e sentimento. O próprio conceito
falsas verdades. Pautamos nossas decisões e escolhas com base
de arte se transformou ao longo da história
em crenças, valores, religião, cultura e experiências passadas. Por
da humanidade, mas existe um senso co-
isso, quando estamos diante de uma negociação ou gestão de con-
mum de que a arte está ligada à criativida-
flito, o nosso maior inimigo somos nós mesmos. A primeira nego-
de e à intuição. A questão é complexa por-
ciação começa dentro da nossa mente. Pense bem, por um ins-
que a negociação transita entre a emoção
tante, o que é a negociação senão um duelo de percepções entre
e a racionalidade, envolvendo pessoas com
as partes? A ZAP ou Zona de Acordo Possível será definida pela
sentimentos, expectativas, medos e frustra-
distância dessas percepções dos negociadores. O renomado pro-
ções, mas, ao mesmo tempo, envolve tam-
fessor William Ury, que é um dos fundadores do programa de ne-
bém dados, fatos e o processo decisório
gociação de Harvard e autor do best-seller Como chegar ao sim, re-
em si, que exige racionalidade e objetivida-
centemente lançou um novo livro chamado Como chegar ao sim
de. A boa notícia é que podemos aprender
com você mesmo. Nesse livro, o professor ensina que é preciso es-
as técnicas e desenvolver habilidades para
tar preparado para entrar em uma negociação, e o primeiro passo
tornar o processo menos empírico e intui-
requer estar atento aos seus próprios pensamentos. Negociamos
tivo, transformando-o em algo fundamen-
o tempo todo com os outros, mas devemos estar conscientes de
tado na teoria e com um passo a passo es-
que também negociamos com nós mesmos.
truturado, que permita alcançar resultados superiores. Para tanto, utilizo a metodologia
RF: É comum ouvir que “negociar é uma arte”. O senhor concor-
desenvolvida pela Universidade de Harvard
da com isso?
a partir do Program on Negotiation (PON).
Cavalcanti: Arte vem do latim ars, que significa técnica ou habilidade. Pode ser entendida como a atividade humana ligada às mani-
RF: Quais são as quatro etapas da negociação?
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
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entrevista Cavalcanti: Segundo o professor Lawren-
RF: Que expressões e atitudes devem ser evitadas durante uma
ce Sisskind, criador da Matriz das Negocia-
negociação?
ções Complexas, as quatro etapas da ne-
Cavalcanti: Existe um conto do qual gosto muito. Trata-se da his-
gociação são preparação, criação de valor,
tória de João, Maria e a laranja. Certo dia, o pai encontrou seus fi-
distribuição de valor e implantação. A pre-
lhos, João e Maria, brigando por uma laranja. Só havia uma fruta e
paração é o que se faz antes de se sentar à
ninguém queria ceder. O pai então pensou em uma forma de re-
mesa ou interagir com a outra parte, isto é,
solver aquele conflito e falou: “João, corte a laranja; Maria, escolha
o planejamento. No entanto, o que vemos
o primeiro pedaço”. João não queria que Maria levasse um milíme-
são negociadores que improvisam e usam
tro a mais, por isso mediu o local exato do corte, partindo bem ao
as informações disponíveis naquele instan-
meio. Maria, olhando os dois pedaços tão iguais, escolheu um. João
te para tomar as decisões. A etapa seguinte,
ficou com a outra metade. A princípio, parece ser uma solução in-
de criação de valor, exige que o negociador
teligente e a melhor possível com o recurso disponível. Mas o pai, desconfiado, seguiu João até o quintal da casa, onde viu o filho espremendo a laranja, tomando o suco e jogando a casca fora. Na sequência, o pai encontrou Maria na cozinha, raspando a casca da
Negociamos o tempo todo com os outros, mas devemos estar conscientes de que também negociamos com nós mesmos.
laranja, enfeitando o bolo de aniversário da avó e jogando o restante fora. No dia a dia, a maior parte das pessoas faz uma série de exigências e demandas em vez de buscar entender o interesse das partes. Posição é aquilo que dizemos que queremos. Nesse caso, a posição de João e Maria era “queremos a laranja”. Sempre que alguém nos fala o preço de um produto ou serviço trata-se de uma posição. No caso de João e Maria, a posição era “quero a laranja”, mas
seja capaz de fazer uma boa abertura, crian-
não era disso que de fato eles realmente precisavam para atender
do relacionamento respeitoso e mapeando
às suas necessidades. João precisava do suco, e Maria, da casca. O
os interesses da outra parte. Aqui vale a fra-
verdadeiro interesse de João era matar sua sede. Já Maria tinha o
se: “andar devagar para andar rápido”. An-
interesse de agradar a avó. Muitas vezes nos agarramos às nossas
dar devagar significa construir confiança, ser
posições e nos desgastamos muito nesse processo, que vira uma
transparente, gerar credibilidade e ter coe-
queda de braço. Por isso, devemos mudar nossa atitude, passan-
rência nas suas ações. A terceira etapa é a
do a ser caçadores de interesses e solucionadores de problemas.
distribuição de valor. Uma vez que o bolo foi crescido, é hora de reparti-lo com justi-
RF: Por que as pessoas não se preparam para uma negociação?
ça e equidade, ou seja, escolher as melho-
Cavalcanti: Segundo o professor Danny Ertel, autor do artigo A fase
res opções que foram desenhadas na etapa
da preparação, as pessoas não se preparam para uma negociação,
de criação de valor. Por fim, a fase da im-
basicamente, por três motivos: não acreditam suficientemente na
plantação, que acompanha os resultados
eficácia da preparação, confiando mais na intuição, estão ocupa-
acordados e deve servir para a manuten-
das demais para investir tempo nisso ou simplesmente não sabem
ção do relacionamento entre as partes. Se
como se preparar de maneira produtiva.
os resultados estiverem a contento, ambas
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as partes estarão bem; caso haja dificulda-
RF: Se o senhor tivesse de resumir a arte de negociar em uma só
des, a identificação do problema e a busca
palavra, qual seria ela?
de soluções conjuntas proporcionarão uma
Cavalcanti: Resumo em duas palavras: “cede-cede”. Muitas pessoas
aliança mais forte entre as partes.
falam do “ganha-ganha”, mas eu prefiro o “cede-cede”. Precisamos
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
entrevista saber ceder se queremos alcançar resultados
então eu mato o seu”. Casais que se separam repetem este mes-
mais inteligentes. As pessoas se julgam mais
mo erro: “já que você me desrespeitou (no passado), então eu vou
espertas do que as outras, mas, na verdade,
te desrespeitar (no presente)”. O problema de tomar uma decisão
no mundo dos negócios, todos são esper-
no presente com base em histórico passado é que esse proces-
tos. Portanto, é mais inteligente aprender
so nunca acaba.
a ceder. Crescer o bolo para depois dividir. RF: O senhor já pesquisou as características do segmento de farRF: Qual a relação entre negociação e ges-
mácia e drogaria no que diz respeito às habilidades para nego-
tão de conflitos?
ciar e gerenciar conflitos?
Cavalcanti: Toda negociação pressupõe al-
Cavalcanti: Já realizei treinamentos e palestras para o segmento
gum tipo de conflito, seja de valor, crença,
farmacêutico, assim como para procuradores da República, audi-
ideias, percepção ou posição. Se você acre-
tores da Fazenda e tantas outras instituições do setor público e
dita que o produto vale R$ 1.000 e eu, na
privado. O mais interessante é notar que existem alguns elemen-
outra ponta, penso que ele vale R$ 3.000,
tos que estão presentes em todas as negociações, independen-
vamos então iniciar um processo de nego-
temente do segmento. Quem nos ensina isso é um dos funda-
ciação. O termo “gestão de conflito” tende
dores do Programa de Harvard, professor Roger Fisher. É o que
a ser utilizado quando as partes possuem
chamamos dos sete elementos-chave em uma negociação: comunicação, relacionamento, interesse, opções, justiça, alternativas e compromisso.
A boa notícia é que podemos aprender as técnicas e desenvolver habilidades para tornar o processo menos empírico ou intuitivo.
RF: O senhor trouxe para o Brasil a metodologia e as ferramentas de negociação da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. O que os negociadores brasileiros podem aprender com elas? Cavalcanti: Em 2010, fui a Harvard estudar negociação. Confesso que fiquei encantado com os professores, com o material de alto nível, com as instalações, com o campus universitário e, principalmente, com a metodologia que eles utilizam. Conversei com a di-
posições conflitantes, geralmente impac-
retora do PON, a professora Susan Heckley, e disse que queria fa-
tando o relacionamento. Em alguns casos,
zer uma parceria com a universidade. Meu objetivo, juntamente
pode haver afastamento por falta de con-
com o professor Murillo Dias (FGV), era levar executivos e empre-
fiança, respeito ou mesmo interrupção da
sários, anualmente, para cursar o programa. Desde então, tenho
comunicação. Alguns conflitos extremados
retornado todos os anos. Hoje em dia, minha aula é uma mistura
são frutos de uma escalada irracional. Isso
do que ensinam professores como Robert Bordone, Guhan Subra-
ocorre quando tomamos decisões presen-
manian, Lawrence Suskind e Bruce Patton. Meus alunos da FGV e
tes baseadas em histórico passado, repli-
clientes corporativos têm acesso às mesmas dinâmicas aplicadas
cando um padrão de comportamento. É o
no PON. As ferramentas de preparação são idênticas às utilizadas
caso de grandes confrontos entre pessoas,
no curso, apenas traduzidas para o português.
empresas ou nações. Um dos lados pensa:
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“já que você matou meu povo (no passa-
RF: Como fazer para contratar o curso?
do), então eu mato o seu (no presente)”. E
Cavalcanti: Basta entrar no site: www.glaucocavalcanti.com.br. Na
a outra parte responde com ação retalia-
seção Harvard, as pessoas interessadas podem, inclusive, fazer a pré-
tória: “mas já que você matou meu povo,
inscrição para a turma de outubro de 2015. Boas negociações!
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
panorama Ascoferj se reúne com secretário de Governo Com o objetivo de traçar estratégias a favor das demandas do varejo farmacêutico, a Ascoferj esteve no gabinete do secretário executivo de Coordenação de Governo do Rio de Janeiro, Pedro Paulo, no dia 22 de maio. Na ocasião, o secretário se mostrou interessado nas causas do setor. “Encontros como estes são relevantes para que eu possa conhecer as demandas e trabalhar em prol delas. Podem ASCOFERJ
contar com o meu apoio”, disse o secretário. Presidente da Ascoferj, Luis Carlos Marins; secretário executivo do governo do Rio, Pedro Paulo; e os empresários José Urias e Vera Gonçalves
COMUNICAÇÃO ASCOFERJ
As 10 farmacêuticas que mais venderam genéricos até março
Aumenta em 161% o consumo de medicamentos controlados no País
De janeiro a março deste ano, as vendas de medicamentos
O registro nacional de fornecimento de medicamentos controla-
genéricos no País somaram 1,5 bilhão de dólares, algo em tor-
dos aos usuários saltou de pouco mais de 113 mil caixas, em 2009,
no de 4,5 bilhões de reais, valor 0,43% maior do que o apre-
para quase 295 mil no ano passado. O aumento foi de 161%. O Es-
sentado no mesmo período de 2014. Os dados são de um
tado de São Paulo responde pelo maior volume, mas Goiás, Dis-
levantamento feito pela IMS Health sob encomenda da As-
trito Federal e Espírito Santo lideram o ranking quando se compa-
sociação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos
ra a quantidade de produtos fornecidos ao tamanho da população
(PróGenéricos). No trimestre, foram comercializadas 227,3 mi-
de cada uma dessas unidades federativas. Os dados do Sistema
lhões de caixas desse tipo de remédio. A participação da ca-
Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC),
tegoria no varejo chegou a 28% no período, segundo a insti-
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram divul-
tuição. As farmacêuticas que mais faturaram com os genéricos
gados durante audiência pública na Comissão de Educação, Cul-
no mercado brasileiro durante os três primeiros meses do ano
tura e Esporte (CE), no final de maio. Com início de operação em
foram: EMS, Sanofi, Hypermarcas, Eurofarma, Novartis, Aché,
2009, o sistema integra por rede online todas as farmácias do
Teuto Brasileiro, Nova Química, Prati-Donaduzzi, e Merck.
País, inclusive as dos hospitais públicos e privados.
EXAME
PARAÍBA ONLINE
ASCOFERJ
Vereador Eliseu Kessler também ouve demandas do setor Ascoferj, Anfarmag Rio e associados reuniram-se, no dia 18 de maio, com o vereador Eliseu Kessler. O objetivo do encontro foi informá-lo sobre o cenário atual do varejo farmacêutico carioca, tendo em vista melhorias futuras. O político colocouse à disposição para ajudar no que estiver ao seu alcance. “Este é um tipo de encontro que me permite entender como caminha o segmento de vocês. Estou aqui exatamente para auxiliálos no que for preciso”, declarou. COMUNICAÇÃO ASCOFERJ
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
Gustavo Semblano, consultor jurídico da Ascoferj; Eliseu Kessler, vereador; Luis Carlos Marins, presidente da Ascoferj; e Aline Napp, da Anfarmag Rio
panorama Vendas de medicamentos sobem 19,35% no 1º trimestre de 2015
Ascoferj sedia encontro da ABCFARMA
As vendas dos distribuidores de medicamentos no Brasil subiram 19,35% no primeiro trimestre de 2015, ante o mesmo período do
A ABCFARMA promoveu uma reunião de diretoria na
ano anterior, segundo dados do IMS Health, divulgados pela As-
sede da Ascoferj, no dia 13 de maio, com o objetivo de
sociação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais
discutir assuntos relevantes para o setor. Entre os par-
(Abradilan). De janeiro a março, o faturamento do setor alcançou
ticipantes, o presidente da Ascoferj, Luis Carlos Marins,
R$ 3,12 bilhões. Considerando as vendas em volume, houve cres-
e alguns empresários do Rio de Janeiro.
cimento de 14,48% no mesmo período. Foram comercializadas ao
COMUNICAÇÃO ASCOFERJ
todo 196,07 milhões de unidades nos três primeiros meses do ano. ABRADILAN
Assembleia reúne associados A Ascoferj realizou, no dia 29 de abril, uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE), na sede da entidade. Fizeram parte da mesa o presidente da associação, Luis Carlos Marins; o vice-presidente Ricardo Valdetaro; e o gerente executivo AnASCOFERJ
dré Claudio. O encontro teve como objetivo discutir assuntos de grande importância para os associados. Em seguida,
A partir da esquerda, o gestor Executivo da ABCFARMA, Renato Tamarozzi; o presidente da entidade, Pedro Zidoi; o presidente da Ascoferj, Luis Carlos Marins; e o vice-presidente Ricardo Valdetaro
o presidente da Ascoferj e os consultores do Departamento Jurídico, Gustavo Semblano e Natasha Cohen, aproveitaram a ocasião para fazer uma reunião com os diretores da inconstitucional pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio
OMS busca plano global contra resistência crescente a antibióticos
de Janeiro, e o fato de o Conselho Regional de Farmácia do
Os antibióticos foram uma das maiores invenções da medi-
Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ) não ter atribuição para in-
cina e salvam milhares de vidas, mas há um temor crescente
terferir em questões salariais, exigindo o piso estadual e/ou
quanto ao seu uso excessivo, o que está fazendo com que eles
aquele estabelecido por meio de acordo ou convenção co-
se tornem menos efetivos na medida em que as bactérias se
letiva, conforme Ordem de Serviço nº 153/2015.
tornam mais resistentes. A preocupação é que infecções que
COMUNICAÇÃO ASCOFERJ
eram facilmente tratáveis com antibióticos voltem a ser uma
entidade e tratar de assuntos como a Lei do Idoso, julgada
grande ameaça à saúde. Em maio, a Organização Mundial da Associados acompanham AGE
Saúde (OMS) iniciou um encontro que tem entre seus objetivos criar um plano global para a contenção da resistência antimicrobiana. Em abril, o órgão lançou um relatório alertando que 75% dos países não tinham um plano para evitar que vírus e bactérias resistam a medicamentos. A entidade tem alertado que o mundo está se dirigindo a uma era pós-antibiótico, em que a maior parte da medicina moderna perde sua utilização. Se os medicamentos pararem de funcionar, infecções co-
ASCOFERJ
muns como tuberculose podem voltar a matar. Cirurgias e tratamentos de câncer também dependem de antibióticos. UOL
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
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boa leitura Saia da crise Edwards Deming - Editora Futura O livro apresenta a teoria de Deming, baseada nos 14 pontos de administração. Os administradores não devem ser avaliados apenas em função dos balanços, mas em função dos planos que são capazes de conceber para manter a viabilidade das empresas, proteger os investimentos, garantir a geração de dividendos no futuro e aumentar a oferta de empregos mediante o aperfeiçoamento de produtos e serviços.
Pesquisa criativa
Como utilizar a pesquisa para inovar nos negócios Eduardo Pucu - Editora Campus Com o objetivo de inspirar profissionais e empreendedores a descobrirem as oportunidades de novos produtos e serviços, o livro, fundamentado em pesquisas de comportamento do consumidor, apresenta processos e métodos para alimentar ideias de inovações.
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Loja viva
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
saúde
Cigarro mata mais de cinco milhões ao ano Mas índice de fumantes está em declínio, segundo pesquisa do Ministério da Saúde
O
O Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio,
das mortes por câncer de boca, 90% das mortes por câncer de pul-
foi criado com o objetivo de conscientizar
mão, 25% das mortes por doença do coração, 85% das mortes por
a população sobre os riscos gerados pelo
bronquite e enfisema e 25% das mortes por derrame cerebral são
fumo. A epidemia mata, anualmente, de
decorrentes do uso prolongado da nicotina.
acordo com a Organização Mundial da Saú-
Apesar de o cigarro ser o primeiro da lista quando se pensa em
de (OMS), mais de cinco milhões de pes-
tabaco, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), to-
soas, entre elas os fumantes passivos, que
dos os derivados dessa planta, que podem ser usados nas formas
apenas respiram a fumaça.
de inalação – cigarro, charuto, cachimbo, narguilé, cigarro de palha
Reconhecido pela OMS como uma
–, aspiração (rapé) e mastigação (fumo-de-rolo), são nocivos à saú-
doença epidêmica que leva à dependên-
de. Além disso, o consumo desses produtos provoca a absorção de
cia física, psicológica e, também, compor-
4.720 substâncias tóxicas pelo organismo. Monóxido de carbono
tamental, o tabagismo se assemelha ao uso
– também liberado pelo escapamento de automóveis –, nicotina
de drogas como a cocaína. Além disso, 30%
– que causa dependência química – e alcatrão – que é composto por cerca de 60 substâncias cancerígenas – também fazem parte da composição desses produtos.
Para lembrar seu cliente
Para reduzir o número de usuários, governos e instituições de todo o mundo têm se esforçado para combater o tabagismo por
• Cada cigarro contém mais de quatro
meio de restrições na publicidade de produtos que possuem esse
mil substâncias nocivas, sendo 40 de-
composto, sobretaxando-os de impostos e investindo em cam-
las comprovadamente cancerígenas.
panhas publicitárias antitabaco e leis antifumo. O resultado dessas medidas se mostra eficaz no Brasil. O índice, que em 2008 era
• A nicotina aumenta a frequência car-
de 18,5% de fumantes, caiu para 14,7% em 2014, representando
díaca e a pressão arterial.
uma redução de 20,5%, aponta uma pesquisa inédita do Ministério da Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
• As células que protegem as artérias coronárias são prejudicadas.
Portanto, existe uma saída para quem deseja parar de usar a substância, segundo Amândio Soares, oncologista da Oncomed BH. “Muitos dos riscos impostos à saúde pelo tabaco são reverti-
• Fumar causa impotência, além de
dos após se abster do vício. Por exemplo, fumantes que interrom-
prejudicar a saúde de outras pessoas.
pem o hábito antes dos 50 anos têm redução de até 50% no risco
FREEPIK
de morte em relação àqueles que continuam fumando”, afirma.
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
carreira
O avanço da farmácia clínica
SHUTTERSTOCK
Dia Internacional do Farmacêutico inspira reflexões e debates sobre os rumos da profissão no Brasil
22
A
A cada ano que passa, o Dia Internacio-
Conceitualmente, a farmácia clínica é uma área da farmácia
nal do Farmacêutico ganha mais força no
voltada à ciência e prática do uso racional de medicamentos, na
Brasil. Comemorado em 25 de setembro,
qual os farmacêuticos prestam cuidado ao paciente, de forma a
a data inspira reflexões acerca dos rumos
melhorar a farmacoterapia, promover saúde e bem-estar e preve-
que a profissão vem tomando nos últimos
nir doenças. Ela teve início no âmbito hospitalar, nos Estados Uni-
anos, com destaque para o avanço das prá-
dos, a partir da década de 1960. Atualmente, incorpora a filosofia
ticas de farmácia clínica.
do pharmaceutical care e, como tal, expande-se a todos os níveis
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
carreira de atenção à saúde. Essa prática pode ser desenvolvida em hospi-
Sistema Único de Saúde (SUS) e no pro-
tais, ambulatórios, unidades de atenção primária à saúde, farmá-
cesso de trabalho da equipe multidiscipli-
cias comunitárias, instituições de longa permanência e domicílios
nar de saúde do município.
de pacientes, entre outros.
O projeto Cuidado Farmacêutico na
De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a ex-
Atenção Básica faz parte do Programa Na-
pansão das atividades clínicas do farmacêutico ocorreu, em parte,
cional de Qualificação da Assistência Far-
como resposta ao fenômeno da transição demográfica e epide-
macêutica no âmbito do SUS (QualifarSUS),
miológica observado na sociedade. A crescente morbimortalida-
do Governo Federal, e recebeu investimen-
de relativa às doenças e agravos não transmissíveis e à farmaco-
tos em torno de R$ 400 mil. A experiência
terapia repercutiu nos sistemas de saúde e exigiu um novo perfil
foi financiada por meio do projeto Qualisus
do farmacêutico.
Rede, cooperação entre o Banco Mundial e
Segundo o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São
o Ministério da Saúde, que tem como pro-
Paulo (CRF-SP), o farmacêutico clínico está apto a identificar si-
posta de intervenção apoiar a organização
nais e sintomas; implantar e monitorar a terapia medicamentosa;
de redes de atenção à saúde no Brasil.
e orientar o paciente, atuando em conjunto com outros profissionais de saúde, visando à efetividade do tratamento.
“O processo todo começou em 2013, quando a equipe do Departamento de As-
A Resolução n° 585 do CFF regulamenta as atribuições clíni-
sistência Farmacêutica do MS nos apre-
cas do farmacêutico, que, por definição, constituem os direitos e
sentou as linhas que seriam adotadas para
responsabilidades desse profissional no que concerne à sua área
uma construção conjunta do serviço para
de atuação. É necessário diferenciar o significado de “atribuições”,
melhoria do cuidado na atenção primária
escopo dessa resolução, de “atividades” e “serviços”. As atividades
em Curitiba. O marco inicial das atividades
correspondem às ações do processo de trabalho. O conjunto de
é 2 de abril de 2014, quando duas unida-
atividades será identificado no plano institucional, pelo paciente
des de saúde passaram a oferecer as con-
ou pela sociedade, como “serviços”.
sultas”, conta Beatriz Patriota, coordenadora
Os diferentes serviços clínicos farmacêuticos, por exemplo, o
de Atenção Farmacêutica do Departamento
acompanhamento farmacoterapêutico, a conciliação terapêutica
de Redes de Atenção à Saúde, da Secretaria
ou a revisão da farmacoterapia, caracterizam-se por um conjunto
Municipal de Saúde de Curitiba.
de atividades específicas de natureza técnica. A realização dessas
Curitiba tem 110 unidades de saúde.
atividades encontra embasamento legal na definição de atribui-
Dessas, 60 delas já oferecem o serviço.
ções clínicas do farmacêutico. Assim, uma lista de atribuições não
Ao todo, são 30 farmacêuticos envolvi-
corresponde, por definição, a uma lista de serviços.
dos. Para que eles pudessem disponibilizar tempo para as consultas sem negligenciar
O berço da farmácia clínica no SUS
o serviço ligado à logística, houve a neces-
Um exemplo dessa evolução na profissão é a experiência
sidade de pactuar ações que seriam dele-
bem-sucedida de Curitiba, que oferece o serviço de farmácia clí-
gadas à equipe de auxiliares. “A estratégia
nica em algumas unidades de saúde. O Ministério da Saúde (MS)
foi capacitar os auxiliares de Enfermagem,
identificou no município um parceiro estratégico para o desenvol-
a fim de manter e garantir a qualidade no
vimento de um projeto piloto que deverá ser ampliado para ou-
armazenamento e na entrega dos medica-
tras cidades brasileiras. Os curitibanos que fazem uso de mais de
mentos”, lembra Beatriz. Com esse apoio,
cinco medicamentos por dia, acostumados apenas às consultas
os farmacêuticos passaram a dedicar-se
com médicos, foram convidados a se consultar também com far-
também, dentro das seis horas diárias de
macêuticos. Uma mudança significativa na rotina dos usuários do
trabalho, à qualificação para as atividades
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
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carreira lhorias nas condições de saúde de alguns pacientes, mas ainda é
Ascoferj promove evento para marcar a data
cedo para mensurarmos melhoras nas condições gerais da saúde
Para reforçar a importância do pro-
mas os resultados vão aparecer ao longo do tempo. O que pos-
fissional farmacêutico e discutir as
so dizer é que, hoje, temos certeza da importância do serviço im-
mudanças pelas quais a profissão
plantado, pois já identificamos que 99% dos pacientes atendidos
vem passando nos últimos anos, a
tinham algum problema na farmacoterapia. Não eram um ou dois
Ascoferj vai promover um evento
problemas, mas mais de seis por paciente, dos mais diferentes as-
no dia 25 de setembro de 2015. Na
pectos”, contabiliza Beatriz.
da população. Estamos trabalhando na captação de indicadores,
programação, um painel com es-
Além da expansão para outras unidades de saúde, Curitiba tam-
pecialistas e uma homenagem aos
bém está reestruturando os serviços farmacêuticos nas Unidades
farmacêuticos que estão se desta-
de Pronto Atendimento (UPAs). Para Beatriz, “a conquista desse es-
cando nas seguintes áreas de atua-
paço na equipe de saúde, com olhar voltado para a clínica, é diária,
ção: industrial, comunitária, magis-
pois todos estavam acostumados a enxergar o farmacêutico ape-
tral, hospitalar, pesquisa e inovação.
nas como aquele que sempre fora cuidador do medicamento no
Será o segundo ano que a entidade
aspecto do produto e não de seu uso e eficácia terapêutica. Isso,
comemora a data. Em 2014, foi rea-
agora, está mudando”, diz. Entre os desafios estão a consolidação
lizada uma série de palestras na sede
da conquista desse espaço, o compartilhamento dos consultórios
da entidade. Em breve, mais infor-
e a divulgação do serviço de farmácia clínica junto à população.
mações no site da Ascoferj
Evolução no ensino farmacêutico A criação dos cursos de Farmácia no Brasil foi consequência da Lei nº 520, de 3 de outubro de 1832, durante regência do impe-
24
do atendimento clínico ao paciente e às
rador D. Pedro II, que os instalou junto às faculdades de Medicina
consultas farmacêuticas.
da Bahia e do Rio de Janeiro. Somente em 1839 surgiu a primei-
Além do treinamento, os farmacêuticos
ra escola para o ensino exclusivo da profissão farmacêutica, quan-
receberam materiais de apoio para pesqui-
do o governo provincial de Minas Gerais criou a Escola de Farmá-
sa, entre eles, protocolos validados nacio-
cia de Ouro Preto.
nais e internacionais para subsidiar a análi-
Desde a fundação das primeiras faculdades de Farmácia, en-
se e o acompanhamento da farmacoterapia
tre 1839 e 1898, a formação do profissional farmacêutico e a in-
dos pacientes. “Porém, a real capacitação
dústria de medicamentos no Brasil sofreram grandes mudanças.
de cada farmacêutico se deu em serviço,
A botica foi substituída pela farmácia e pelo laboratório industrial.
quando aconteceram as consultas com-
A indústria nacional de medicamentos, presente até a década de
partilhadas com os apoiadores do projeto,
1930, foi substituída pelo capital estrangeiro, que passou a dominar
que possuem larga experiência”, acrescen-
o mercado, representando, atualmente, 90% da produção nacio-
ta a coordenadora farmacêutica de Curitiba.
nal. Esses fatos acabaram por interferir na formação do profissional
Atualmente, o projeto já deixou de ser
farmacêutico, que passou a reproduzir medicamentos gerados no
piloto e caminha com as próprias pernas.
exterior e consumir matérias-primas e equipamentos importados.
De acordo com Beatriz, a inserção do ser-
Em 1962, o Conselho Federal de Educação instituiu o primeiro
viço de clínica na carteira de serviços far-
currículo de farmácia, por meio do Parecer 268/62, deslocando o
macêuticos é um avanço de vanguarda na
eixo principal da formação do farmacêutico, ou seja, o medicamen-
atenção primária. “Temos presenciado me-
to, para outras áreas de atuação. O segundo currículo mínimo de
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
carreira
Farmácia, instituído pelo Parecer 287/69,
Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ), ela apontou para a
consolidou a orientação do anterior, assim
extinção dos currículos mínimos, das grades fechadas de discipli-
como o termo Farmácia Bioquímica para as
nas e da ênfase na transmissão de conteúdos. “As novas diretrizes
atividades de análises clínicas e alimentos.
abrem às instituições de ensino a possibilidade de construírem pro-
Além disso, incluiu o termo Farmácia Indus-
postas pedagógicas inovadoras, que respondam às necessidades
trial para as atividades relativas às indús-
sociais em relação à formação profissional”, ressalta Chiavegatto.
trias de medicamentos e cosméticos. Esse
De acordo com o professor, essa nova diretriz aponta para a formação de um profissional generalista, sem as habilitações, mas garantindo ampla liberdade às instituições de ensino para a formulação de um currículo que contemple as necessidades regionais de
As novas diretrizes abrem às instituições de ensino a possibilidade de construírem propostas pedagógicas inovadoras, que respondam às necessidades sociais em relação à formação profissional.
saúde pública e também a formação de um profissional que favoreça a assistência farmacêutica plena. Esse novo profissional está apto ao exercício de todas as atividades profissionais, desde que sejam observadas as resoluções específicas do CFF. Uma exceção é a responsabilidade técnica em Homeopatia, regida pela Resolução 335, de 17 de novembro de 1998, em que fica assegurada a atividade profissional somente àquele que tiver cursado na graduação a disciplina de Farmacotécnica Homeopática, complementada por estágio supervisionado na área. “No momento, estamos discutindo possíveis modificações no
Luiz Fernando Chiavegatto Farmacêutico e professor
currículo mínimo para melhor atender aos desafios que se apresentam para a profissão, especialmente em relação à prescrição farmacêutica. Este mês, vamos realizar um Congresso em Salvador para aprofundarmos essa discussão. Essas são algumas das saídas que vemos, entre outras, para melhorar o desempenho profissio-
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é o modelo que vem norteando os cursos
nal frente aos novos desafios e, principalmente, o mais importante:
de Farmácia no Brasil.
a definitiva presença do farmacêutico junto da população e o re-
A Lei de Diretrizes e Bases, de 1996, rom-
conhecimento dela pela atividade que desempenhamos”, finaliza.
peu com o ensino em que prevalecia a for-
Com a complexidade do arsenal terapêutico e com os enor-
mação acadêmica baseada no ensino tecni-
mes riscos da automedicação, a população começa a experimen-
cista. Segundo Luiz Fernando Chiavegatto,
tar maior segurança com a presença de um profissional habilitado
farmacêutico, professor e presidente da Co-
e, por consequência, apto a oferecer orientações para a utilização
missão de Ensino do Conselho Regional de
correta do medicamento.
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capa
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Revista da Farm谩cia 路 Julho-Agosto 2015
capa
Identidade corporativa Valores organizacionais orientam comportamento de colaboradores e determinam o grau de comprometimento com a empresa
A
Assim como os indivíduos, as organizações empresariais tam-
clamar que o atendimento ao cliente é o seu
bém têm os seus próprios valores. Mesmo que não estejam for-
valor máximo, aquele que orienta a vida e o
malizados, eles existem. “Muitos proprietários nem sabem disso,
comportamento da organização. Contudo,
mas os valores organizacionais estão lá. Em uma pequena em-
na percepção dos empregados, esse pode
presa, conseguimos identificá-los mais fortemente devido à pro-
ser um valor pouco praticado na empresa”,
ximidade com o líder ou o dono, principais defensores dos valo-
analisa Tamayo em artigo publicado na Re-
res em um negócio de pequeno e médio porte”, explica Marcelle
vista de Administração, em 1998, intitulado
Rossi Brandão, professora e pesquisadora da Universidade Santa
Valores organizacionais: sua relação com sa-
Úrsula (USU), no Rio de Janeiro, com 15 anos de experiência pro-
tisfação no trabalho, cidadania organizacio-
fissional nas áreas de planejamento, gestão, comunicação e enga-
nal e comprometimento afetivo.
jamento de stakeholders.
Em geral, existem duas abordagens
Em conjunto com outros dois professores da USU, Marcelle
para identificar os valores de uma empresa.
vem desenvolvendo uma pesquisa em empresas de diversos seg-
A primeira consiste em estudá-los a partir
mentos do comércio da Zona Sul do Rio, entre eles, o de farmácias
de documentos oficiais, e a segunda, sob a
e drogarias. “Nesse momento, estamos investigando os valores or-
perspectiva dos empregados. “Os valores
ganizacionais dos restaurantes. Futuramente, vamos incluir pada-
percebidos pelos funcionários são aqueles
rias, salões de beleza, bares e farmácias”, acrescenta a pesquisadora.
realmente praticados na organização. Tra-
O objetivo do estudo é entender como esses valores interferem
ta-se, portanto, de princípios ou crenças
no desempenho das empresas. “Como as pequenas, geralmente,
compartilhados pelo grupo, que orientam
não possuem os valores organizacionais declarados, estamos tra-
o funcionamento e a vida da organização”,
balhando com a perspectiva de percepção do grupo, o que é mui-
explica Tamayo.
to interessante, pois é a realidade que mostra o valor presente em cada segmento de negócio”, detalha Marcelle.
Segundo o especialista, os valores organizacionais são componentes importantes na construção da identidade social da em-
Encontre os valores da sua farmácia
presa, pois determinam parcialmente o que
Que tipos de valores são utilizados para expressar as prioridades
ela é e a forma como ela se percebe. “Por
organizacionais? De acordo com Alvaro Tamayo, doutor em Psico-
exemplo, uma empresa que enfatiza os va-
logia e professor na Universidade de Brasília, “a empresa pode pro-
lores de hierarquia e tradição diferencia-se
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capa facilmente daquelas que priorizam os valo-
comportamento dos indivíduos”, destaca. Portanto, uma função
res de autonomia e criatividade ou de com-
dos valores organizacionais compartilhados entre os membros da
petição e domínio de mercado”, cita Tamayo.
empresa é criar modelos mentais semelhantes relacionados ao
De acordo com Marina Fernandes de
funcionamento da empresa.
Oliveira, administradora e mestre em Ad-
Segundo Tamayo, os valores organizacionais influenciam os
ministração de Empresas, os valores mol-
comportamentos de “comprometimento afetivo”, “cidadania or-
dam a cultura organizacional e orientam
ganizacional” e “satisfação no trabalho”. Dessa forma, é possível
o comportamento dos empregados. “São
garantir que a equipe trabalhe coesa e voltada para os mesmos
os valores que norteiam a tomada de de-
fins. O comprometimento afetivo compreende a identificação do
cisão, desde o planejamento estratégico à
empregado com a empresa, o envolvimento com a função que ele
conversa nos corredores. Eles orientam o
desempenha e a lealdade à organização. Já o comportamento de
EFICÁCIA E EFIC EFICIÊNCIA CIÊNCIA Eficácia Eficiência Qualidade Produtividade Comprometimento Planejamento Pontualidade Competência cia Dedicação o
Os valores organizacionais mais conhecidos e praticados pelas organizações
EMPREGADO RESPEITO AO EM Respeito Reconhecimento do mérito Qualificação dos recursos humanos Q Polidez Honestidade Plano de carreira Harmonia Justiça
GESTÃO G Tradição Tr Hierarquia H Obediência O Fiscalização F Supervisão S Postura profissional P Organização O
FREEPIK
INOVAÇÃO Ã Incentivo à pesquisa Integração interorganizacional Modernização de recursos materiais Probidade
INTERAÇÃO NO TRABALHO IN Abertura A Coleguismo C Amizade A Cooperação C Criatividade C Democracia D Benefícios B Flexibilidade Competitividade Competitivid Sociabilidade
Fonte: Artigo publicado na Revista de Administração, em 1998, intitulado Valores organizacionais: sua relação com satisfação no trabalho, cidadania organizacional e comprometimento afetivo, de autoria de Alvaro Tamayo.
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capa cidadania é aquele que engloba atividades de cooperação, ações
Outro exemplo citado pela especialista
protetoras do sistema, sugestões criativas, entre outras. Por fim, a
é o de uma empresa familiar atacadista, que
satisfação com o trabalho, relacionada a salário, promoções e con-
espontaneamente fazia doações a organi-
dições em que ele é realizado.
zações sem fins lucrativos e apoiava projetos sociais e funcionários com alguma di-
O papel da liderança
ficuldade de saúde na família. No entanto,
No processo de desenvolvimento organizacional, a lideran-
essas iniciativas não eram formalizadas. No
ça tem papel fundamental na criação de processos, planos e pro-
processo de transição, a segunda geração se
gramas que estejam alinhados com os valores organizacionais. “O
mostrou preocupada em definir os valores
próprio exemplo da liderança e o diálogo transparente, em que se
a fim de garantir que essa postura histórica
evidencie como os valores norteiam a tomada de decisão da em-
do fundador não se perdesse. Assim, sur-
presa, são boas contribuições para que os funcionários desenvol-
giu a necessidade de formalizar uma Política
vam uma identidade coletiva”, pontua Marina.
de Responsabilidade Socioambiental e um
Para Marcelle, os valores devem estar vivos no dia a dia da em-
Código de Ética. “Todos esses instrumen-
presa, visíveis para todos em ações internas de comunicação. “Por
tos foram construídos de forma participa-
exemplo, em uma reunião, é sempre bom repassar os valores, lem-
tiva, levando em consideração a percepção
brando os compromissos assumidos em termos de comportamen-
de diferentes áreas e níveis organizacionais.
to e entregas ao cliente. Despertar cada colaborador para sua au-
Esse processo levou a empresa a um apro-
toliderança e seus compromissos com os grupos de stakeholders é
fundamento e uma reflexão dos valores or-
uma ótima forma de ressaltar os valores priorizados pela empre-
ganizacionais, que certamente contribuíram
sa”, ressalta Marcelle.
para sua assimilação por parte dos funcio-
Comunicar aos funcionários e partes interessadas os valores or-
nários”, acrescenta.
ganizacionais é uma forma de a empresa explicitar os critérios que
Apesar de parecer simples, é difícil co-
norteiam sua tomada de decisão. “Caso contrário, abre-se espaço
locar em prática. Hoje em dia, há ferramen-
para a vivência de valores diversos e possivelmente antagônicos.
tas que contribuem para o processo de in-
Uma possível consequência negativa são conflitos ou até mesmo
ternalização de valores pelos empregados,
falta de identidade da empresa. Assim, a percepção dos clientes
esclarecendo seu significado e garantindo
fica confusa”, acrescenta Marina.
um entendimento comum que permita uma
Em negócios familiares, como é o caso de grande parte das
prática coerente e alinhada. Também são
pequenas empresas, os valores vêm da própria família. As lideran-
bem-vindas as contribuições de consultores
ças são grandes inspiradores do comportamento organizacional,
externos, cujo olhar ainda não está viciado.
da cultura e dos valores. “O que tenho notado são duas tendên-
Quem está de fora consegue enxergar de
cias. A primeira é a de traduzir os valores de forma mais prática e
forma mais clara a dinâmica empresarial.
clara. Por exemplo, uma empresa de especialidades químicas lis-
“É importante destacar o seguinte: os
tou seus valores em seu site, visando comunicá-los às partes inte-
valores organizacionais sozinhos não fa-
ressadas. Um deles é ‘Fazer sempre o correto e o mais justo’. Em
zem nada. São as pessoas quem fazem. Va-
conversa com a copeira, o presidente da empresa ficou ciente dos
lores compartilhados por todos favorecem
seus custos de vida e chegou à conclusão de que o salário que ela
o senso de grupo, direção, cumplicidade e
recebia não era suficiente. Então estipulou um ‘salário mínimo’ da
companheirismo. Mas isso só será possível
empresa. De certa forma, pode-se dizer que essa atitude está ali-
se as atitudes das pessoas forem condizen-
nhada com exigências de relatórios e indicadores de transparência
tes com o que estão declarando. Coerência,
e responsabilidade social para grandes empresas”, conta Marina.
portanto, é fundamental”, finaliza Marcelle.
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capa
Motivação pelo reconhecimento Meritocracia valoriza aqueles que mais contribuem para os resultados da empresa
P
Pode ser um valor para a sua empresa reconhecer o mérito
O segmento de varejo utiliza a estratégia
dos funcionários que cumpriram objetivos e metas. A meritocra-
de comissões sobre vendas mensais e bo-
cia é um critério-chave no que diz respeito à motivação dos cola-
nificações usualmente semestrais e anuais,
boradores. Grande parte da responsabilidade pelo engajamento
tendo como base metas bem definidas so-
dos profissionais vem da própria empresa. Eles crescem confor-
bre indicadores, tais como margem, lucro
me atingem suas metas e apresentam comportamentos dentro
operacional, receita, tíquete médio, volu-
ou acima do esperado.
me e prazo médio de recebimento.
“O ponto fundamental é que haja mecanismos bem definidos
No entanto, existem outros modelos
e confiáveis de acompanhamento da performance e de avaliação
de meritocracia. De acordo com Chaves, os
da aderência à cultura da organização. A ideia é valorizar os que
funcionários podem ser promovidos pelo
mais contribuíram para o resultado que se queria alcançar. A me-
mérito e de forma aderente aos planos de
ritocracia pode ser aplicada inclusive no nosso lar com os nossos
cargos e salários da empresa, bem como re-
filhos”, destaca Maurício Pedrosa Chaves, diretor interino de Pes-
ceberem remuneração variável. A evolução
soas e sócio do Instituto Aquila.
pode ocorrer vertical e horizontalmente. É
A meritocracia é um sistema que permite diferenciar funcio-
importante ressaltar que incentivos podem
nários com base no seu mérito, tanto pelos resultados entregues
ser dados de diferentes formas: bonifica-
como pelo nível de aderência dos funcionários à cultura e aos va-
ções, comissões, gratificações e distribui-
lores da organização. Os empregados com desempenho diferen-
ção de participação em lucros e resultados.
ciado são reconhecidos de forma adequada ao seu desempenho,
Para que tudo dê certo, a empresa de-
podendo alcançar posições ou maior remuneração.
ver estabelecer bem os seus indicadores de
“Esse tipo de reconhecimento melhora os níveis de produtivi-
desempenho e alinhar as responsabilidades,
dade e competitividade, pois as pessoas são desafiadas a buscar a
visto que existem metas que são de esforço
excelência continuamente. Além disso, um segundo benefício é a
próprio, de equipe e de influência. “Dessa
retenção de talentos, visto que eles passam a ser valorizados e re-
forma, as metas são distribuídas de forma
conhecidos”, acrescenta Chaves.
mais justa e equilibrada, de acordo com a
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
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capa Confira três modelos meritocráticos de grande eficácia garimpados no site da revista Exame 1. PLANOS DE CARGOS Tratam da evolução vertical que é possível ter dentro da empresa. No entanto, é preciso estabelecer claramente os critérios para a promoção de um funcionário, definindo os cargos disponíveis e as hierarquias. Um auxiliar administrativo poderia se tornar um administrador júnior, por exemplo, caso abrissem novas vagas e ele atendesse às exigências mínimas da função. 2. PLANOS DE SALÁRIOS Ao contrário dos planos de cargos, o deslocamento ocorre de maneira horizontal. Um administrador júnior, por exemplo, pode aumentar a sua remuneração ao ser promovido para administrador pleno. Sua função e responsabilidades não seriam alteradas, mas, para reter o profissional, o estímulo se dá diretamente no salário e no reconhecimento. 3. REMUNERAÇÃO VARIÁVEL Por fim, a empresa pode estabelecer ainda sistemas de recompensas ligadas diretamente à produtividade. Exemplo clássico são as comissões nas áreas comerciais, quando os vendedores conseguem atingir as diferentes metas estabelecidas pela empresa, caso do varejo farmacêutico. Além disso, há modelos como bônus, divisão de lucros ou compra de participação na empresa. É importante deixar claro que FREEPIK
é fundamental que todas as metas e objetivos devem ser realizáveis, já que é a expectativa de conquista que manterá o funcionário motivado. Metas irreais dificilmente serão perseguidas.
oportunidade que de fato existe para cada
verá ser enquadrado considerando os estepes das tabelas salariais
indicador”, explica Chaves.
de acordo com o cargo de cada um.
Para a avaliação dos resultados, é funda-
“Para efeito de crescimento salarial, o primeiro passo é veri-
mental que se estabeleçam rituais de ges-
ficar a existência prévia de orçamento. O segundo passo é a aná-
tão. E, para cada meta estabelecida, devem
lise da avaliação dos cinco indicadores que compõem o Placar
estar claramente definidos a fórmula de cál-
de Carreira: Tempo de Sistema Sebrae, Escolaridade Adicional,
culo dos indicadores, o escopo (o que é e o
Ações de Desenvolvimento/Certificação, Competências e De-
que não deve ser computado), a fonte de
sempenho”, conta Marcia Bontorim, da área de Gestão de Pes-
coleta e os critérios de avaliação.
soas do Sebrae/RJ. Além desses dois, há o terceiro e o quarto passos: elaboração
Meritocracia no Sebrae
34
do ranking do Placar Individual de Carreira (PIC), por cargo, a fim
O Sebrae/RJ tem uma experiência in-
de verificar os elegíveis ao processo de meritocracia, consideran-
teressante para compartilhar. O processo é
do o limite orçamentário estabelecido previamente; e deliberação
realizado anualmente, podendo ocorrer no
da diretoria em relação aos resultados do processo.
primeiro semestre, após o estabelecimento
A meritocracia deve ser percebida por todos como parte efe-
do ranking do Placar de Carreira, por cargo.
tiva da cultura da empresa e não apenas como um jargão proferi-
A análise do processo de meritocracia não
do para legitimar escolhas já realizadas ou privilégios. O reconhe-
deve ultrapassar três estepes da tabela sa-
cimento não deve ser restrito à questão financeira, podendo incluir
larial da empresa. Dessa forma, o salário de-
outros aspectos, entre eles, acesso a cursos.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
empreendedorismo
“Na crise, preferimos vender lenço para quem chora”
HUMBERTO TESKI
Insatisfação e inquietude são as marcas do empresário Danilo Teixeira, que transforma esses sentimentos em ações e resultados
36
O jovem empresário Danilo Teixeira
N
Não existe conforto na gestão. Pelo me-
binson Shiba, do China in Box; Alexandre Costa, da Cacau Show;
nos, não naquela que prioriza resultados
Flávio Augusto, da Wise-Up; Luiza Helena, da Magazine Luiza; Ro-
cada vez melhores. A inquietude é marca
mero Rodrigues, do Buscapé; Zica e Leila Velez, do Beleza Natu-
registrada. É só pesquisar a biografia de em-
ral; e muitos outros, inclusive não tão conhecidos, mas totalmen-
preendedores brasileiros de sucesso: Jorge
te dedicados à sustentabilidade do negócio.
Paulo Lemann, da Ambev; Abílio Diniz, do
O desconforto é uma característica do empresário Danilo Tei-
Pão de Açúcar; Luiz Seabra, da Natura; Ro-
xeira, que se autodefine como um “eterno insatisfeito”. Ele é pro-
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
empreendedorismo prietário da rede de drogarias Personal Farma, com seis lojas – cinco
radamente, passei a liderar uma equipe de
em São Fidélis e uma em Campos dos Goytacazes, no Norte Flu-
dez pessoas. Na época, eu não tinha conhe-
minense do Rio de Janeiro. “Quando me perguntam se estou feliz
cimento e competência para isso. Então, ao
com os resultados, a resposta é sim e não. Os nossos resultados
longo desse caminho, eu cometi muitos er-
são bons, mas podemos ir além. Temos um plano de expansão e
ros, mas sempre busquei conhecimento para
vamos abrir novas lojas”, adianta, acrescentando que seu planeja-
reverter tudo”, lembra Danilo.
mento estratégico vai até 2020.
A Personal Farma foi criada pelo pai de
Desde julho de 2010, Danilo vem implantando mudanças na
Danilo há 30 anos. Com um empréstimo, ele
rede. Aliás, mudança, para ele, é um processo contínuo. “Adotamos
fundou a empresa, passou por dificuldades
uma filosofia baseada na gestão japonesa, que privilegia uma séria
financeiras e se estabilizou. Danilo fez Far-
de atitudes e práticas. Duas delas são muito fortes na Personal Far-
mácia, mas se apaixonou por gestão. E hoje
ma: qualidade total e melhoria contínua. Por isso, buscamos diaria-
está à frente do negócio. “Por ser novo de-
mente melhorar nossos processos internos e nossa qualidade, para
mais, eu não tinha muito conhecimento so-
satisfazer plenamente às necessidades dos nossos clientes”, conta.
bre gestão de pessoas, liderança de equipe,
A empresa mudou sistema, processo de controle, método de
gerenciamento de projetos, gestão de mu-
compra, contratação. Foi a insatisfação com os resultados que mo-
dança, solução de conflitos. São dificuldades
tivou uma revisão na gestão da Personal Farma. “Se você procurar
enfrentadas pela grande maioria dos em-
gaps, você os encontra em tudo: na margem Ebtida, na necessi-
preendedores. Mas isso faz parte do apren-
dade de capital de giro, no prazo máximo de recebimento conce-
dizado, porque ninguém nasce sabendo”.
dido a clientes, no prazo médio de estocagem, ou seja, em todos
O atual momento econômico, de incer-
os indicadores”. Danilo entende que um indicador é resultado de
tezas, não abala a confiança do empresá-
todos os outros. “Quando analisamos, encontramos lacunas, que,
rio. “Não me preocupo com isso. Quem está
para mim, são oportunidade de novos ganhos. Temos que trabalhar
preparado cresce muito na crise. Quem não
isso constantemente, fazendo benchmarking no mercado e preen-
está, por outro lado, quebra. Encaro os mo-
chendo essas lacunas. Nunca podemos estar satisfeitos com o re-
mentos de crise como divisores de água para
sultado atual”, acrescenta.
quem é profissional e para quem é amador.
Os desafios foram e continuam sendo muitos, mas o principal
Na crise, enquanto uns choram, outros ven-
deles são as pessoas. “Quem trabalha conosco define se estamos
dem lenço. Preferimos vender lenço para
bem ou mal. As pessoas estão diretamente ligadas à cultura orga-
quem chora”, desafia o empresário.
nizacional, à liderança. São os líderes que vão executar as mudan-
Por fim, pedimos para Danilo algumas
ças propostas, por isso eles têm que dominar os métodos e pro-
dicas. “Conclua tudo o que foi planejado”, diz
cessos, mas também envolver as pessoas, engajar todo mundo no
ele. “Execute todas as ações do plano. Faça
projeto”, explica Danilo.
o que deve ser feito. Seja sempre sincero
Como é uma empresa de apenas 44 funcionários, a Personal
e justo. Não carregue ninguém nas costas”.
Farma não tem um departamento de recursos humanos, mas a li-
Essas atitudes podem realmente conduzir
derança não deixa por menos. “Todo mês colocamos as pessoas
a Personal Farma para sua visão de futuro:
na zona do desconforto, com novas metas. Mas também procura-
“Elas estão relacionadas ao nosso sonho
mos dar a elas novas habilidades e novas competências. Contratar
grande, que é ser a melhor rede de farmá-
profissionais no perfil certo é importante, porque não é qualquer
cias do Brasil, com os melhores resultados
pessoa que se enquadra na nossa cultura. Ou seja, temos que co-
e com atendimento diferenciado, por meio
locar as pessoas certas nos lugares certos”, defende o empresário,
de pessoas e produtos”, conclui. É muito pro-
que começou a comandar a rede com apenas 23 anos. “Inespe-
vável que ele consiga.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
37
mobilização
Ascoferj acompanha reunião na ACRJ Em pauta, mudanças no enquadramento das empresas no Simples Nacional
A
a capacitação técnica para o negócio, mas não sabe gerenciar. “O
contro sobre empreendedorismo, realizado
desafio de hoje é a qualificação. Esse é o primeiro ponto a ser ana-
na Associação Comercial do Rio de Janei-
lisado. Por isso, a importância de empresas como o Sebrae”, falou.
ro (ACRJ), no dia 8 de junho. Na ocasião, o
Sobre o Projeto de Lei, Afif explicou que a ideia é a redução de
coordenador da Frente Parlamentar da Mi-
sete para quatro tabelas de alíquotas: uma para atividades do co-
cro e Pequena Empresa do Rio de Janeiro
mércio, uma para indústria e duas para serviço; e a ampliação do
e também deputado federal, Otavio Leite,
teto da receita bruta anual para os optantes do Simples Nacional
recebeu o ministro da Secretaria da Micro
para R$ 14,4 milhões, para indústria, comércio e serviços, por meio
e Pequena Empresa (SMPE), Guilherme Afif
da criação de faixas de transição entre os regimes do Simples e do
Domingos, para falar sobre as demandas das
Lucro Presumido.
MPEs, a revisão nos cálculos da tributação
Ainda de acordo com ele, outra proposta do Projeto é o novo
para incluir uma faixa maior de pequenas
teto das microempresas, que passará de R$ 360 mil para R$ 900
empresas no regime do Simples Nacional
mil, e o das pequenas empresas, para R$ 14,4 milhões. Além disso,
e a votação do Projeto de Lei Complemen-
o texto aumenta para R$ 120 mil o limite da receita anual para en-
tar 448/14, sobre o tema, no Congresso.
quadramento na figura jurídica do Microempreendedor Individual
Otavio Leite abriu o encontro destacan-
(MEI). A proposta também reduz de R$ 45,65 para R$ 36,20 a con-
do que existe a intenção de se desenvolve-
tribuição para a Seguridade Social devida pelo microempreende-
rem boas propostas para as MPEs. “Apoiarei
dor com faturamento de até R$ 60 mil; e fixa em R$ 79,64 o valor
todas as possíveis ações que fortaleçam es-
desse tributo para quem fatura entre R$ 60 e R$ 120 mil.
sas empresas, para que os empreendedores
O texto do Projeto é de autoria de diversos parlamentares, e a vo-
aprendam como dar continuidade aos seus
tação acontecerá no fim de junho. Se for aprovada, a proposta entra-
negócios de maneira positiva e com quali-
rá em vigor no próximo ano, afirmou o ministro. No fim do encontro,
dade”, disse o deputado federal.
o presidente da ACRJ, Antenor Barros Leal, Otavio Leite e Guilherme
Já o ministro Afif iniciou sua fala ressaltando que o jovem empreendedor tem
Afif realizaram a inauguração da placa que declara de utilidade pública a ACRJ, conforme a Lei Estadual nº 4.361, de junho de 2004.
ASCOFERJ
Gustavo Semblano, da Ascoferj; Otavio Leite, coordenador da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa do Rio de Janeiro; e Luis Carlos Marins, presidente da Ascoferj
A Ascoferj marcou presença em um en-
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Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
evento
Congresso Científico do Mercado Farmacêutico é realizado no RJ Profissionais de Farmácia marcam presença na sétima edição em busca de novos conhecimentos
Cerimônia de abertura contou com autoridades nacionais
C
Com o tema central Habilidades Clínicas
Além das palestras e painéis, este ano, a novidade ficou por
– a integralidade do cuidado farmacêutico, o
conta da premiação dos trabalhos científicos. “O objetivo foi o in-
Congresso Científico do Mercado Farmacêu-
centivo à pesquisa, pois ela é fundamental para se aprofundar o co-
tico teve a sua sétima edição realizada nos
nhecimento e se destacar no mercado, que é cada vez mais com-
dias 13, 14 e 15 de maio, no Rio de Janeiro.
petitivo e cheio de desafios. Por isso, decidimos inovar ao oferecer
O evento reuniu profissionais e estudantes
um prêmio àqueles que mais se destacaram”, explicou o presiden-
de Farmácia para debater temas relevantes
te do congresso, Luis Carlos Marins.
da profissão, como habilidades do farmaFOTOS: HUMBERTO TESKI
40
cêutico, prescrição e ética.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
Sobre o evento como um todo, Marins destaca que a troca de experiências serve também para atualizar os profissionais. “Para
evento esta edição, preparamos uma programação ainda mais completa e de acordo com os avanços da profissão nos dias atuais”, acrescentou Marins.
Homenagem no primeiro dia A solenidade de abertura contou com a presença de autoridades do setor, entre elas, a farmacêutica e presidente da Comissão Científica do Congresso, Ana Lucia Caldas; a conselheira do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Ana Paula Queiroz; o presidente da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), Ademir Valério; a presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária (SBFC), Carmen Íris Tolentino; o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ), Marcus Áthila; o presidente do CRF-SP, Pedro Eduardo Menegasso; o presidente da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFARMA), Pedro Zidoi; e o presidente de honra do congresso, farmacêutico e assessor da presidência do CFF, Tarcísio Palhano. “Agradeço a todos aqui presentes o privilégio de poder compartilhar essa homenagem com pessoas que estiveram comigo durante toda a minha caminhada. O sentimento maior é o de emoção, gratidão e compartilhamento. Só conseguimos chegar ao sucesso
Tarcísio Palhano durante homenagem
com muito trabalho, esforço e dedicação”, disse Palhano. rista de saúde da GloboNews, Luis Fernando Correa, cujo tema foi
Serviços e prescrição farmacêutica são destaques
A integralidade do cuidado farmacêutico. O médico destacou a im-
O presidente da rede de farmácias Far-
portância de o farmacêutico atuar em conjunto com outros profis-
ma & Farma, Rinaldo Ferreira, abriu o segun-
sionais na cadeia de saúde, inclusive hospitais. “A missão do médi-
do dia do congresso com a palestra Habi-
co é diagnosticar e prescrever; a do farmacêutico, atuar no sentido
lidades na gestão farmacêutica, explicando
A palestra de abertura foi ministrada pelo médico e comenta-
de evitar incompatibilidades e interações medicamentosas que possam ocorrer durante a farmacoterapia e comprometer o tratamento”, declarou Correa. Além disso, o convidado especial citou também os serviços farmacêuticos oferecidos por algumas farmácias e drogarias, os quais, segundo ele, podem contribuir para salvar muitas vidas. “O Brasil é o país com o maior número de pessoas amputadas devido à diabetes. A farmácia pode ser um centro de observação, onde os pacientes controlam as suas taxas de glicemia com a supervisão do farmacêutico”, lembrou. No fim de sua palestra, o médico acrescentou que o farmacêutico precisa lutar por seu lugar de destaque na sociedade. “A integração entre os profissionais é o que falta para que a gente proporcione tratamentos mais eficazes e contínuos a quem precisa”. Luis Fernando Correa falou sobre cuidados farmacêuticos
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
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evento císio Palhano. O farmacêutico detalhou a história da farmácia no Brasil e frisou que o profissional precisa estar em locais onde pacientes necessitem de seus serviços, fazendo assim toda a diferença na saúde deles. “O medicamento é um produto de grande consumo, muitas vezes, utilizado de maneira incorreta. Daí vem o nosso papel: o de promotores da consciência sanitária”, disse Palhano. Após as palestras, a atenção do público se voltou para o painel Aspectos regulatórios do cuidado farmacêutico, do qual participaram a conselheira do CFF, Ana Paula Queiroz; a subgerente da Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses (Subvisa), Willenes Souza; o consultor jurídico da Ascoferj, Gustavo Semblano; e o diretor de Farmácia da Agência Municipal de Vigilância Sanitária (Amvisa), de Macaé, Gilvan Sodré. Rinaldo Ferreira abordou o tema gestão farmacêutica
A prescrição farmacêutica esteve entre os assuntos discutidos no painel. Semblano destacou a necessidade de os farmacêuticos conhecerem as normas estabelecidas pela Resolução nº 586, que regula a atividade. “É de suma importância que todos estejam atentos ao que determina a norma, para que tenham conhecimen-
C
to pleno da prescrição farmacêutica”, frisou.
M
“O farmacêutico que deseja realizar a prescrição precisa se atualizar, buscar conhecimentos, ler as normas e, principalmente,
CM
estar na farmácia cumprindo o seu papel, que é, antes de tudo, fa-
MY
zer a dispensação com qualidade e segurança”, acrescentou Ana Paula, do CFF. Sobre a fiscalização da atividade, Willenes, da Subvisa, destacou que, atualmente, a avaliação dos fiscais é feita com base na legislação vigente. “O serviço farmacêutico deve seguir as normas do que é exigido pelos órgãos do setor, ou seja, ele preciLudmar Serrão fez palestra sobre prescrição farmacêutica
sa trabalhar de maneira correta para não ser autuado pelos fiscais”, acrescentou.
que o farmacêutico precisa se apresentar à sociedade como um profissional de saú-
42
Reconhecimento do profissional farmacêutico
de. Na visão dele, os serviços, por exem-
No último dia de congresso, o farmacêutico e empresário Lud-
plo, pode ser cobrados. “Quanto maior for
mar Serrão, dono da Farma Cura, em São Paulo, também falou so-
a qualidade do serviço prestado, melhor é
bre prescrição farmacêutica durante sua palestra, intitulada MIP:
a remuneração. Preço e qualidade devem
prescrição segura e consciente. “É nessa hora que o farmacêutico
caminhar sempre juntos. Logo, torna-se
faz a diferença na farmácia, pois é ele quem vai prescrever, orien-
mais fácil fidelizar o cliente à loja”, explicou
tar e informar o paciente sobre a utilização correta dos medica-
o farmacêutico.
mentos isentos de prescrição, além de ser o profissional de saúde
Logo em seguida, os profissionais assis-
mais acessível à população”, destacou Serrão.
tiram à apresentação Fronteiras da integrali-
O painel Café com Saúde, que teve como tema A multidisci-
dade dos cuidados farmacêuticos, com Tar-
plinaridade dos cuidados em saúde, contou com a participação do
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
Y
CY
CMY
K
III Workshop Internacional de Homeopatia da UFRJ
24 e 25 de Agosto de 2015
Tema: Farmácia Homeopática sem Fronteiras
Horário:
9:00h às 17:30h
Farmacêuticos Internacionais Experientes em Prescrição Homeopática Pesquisadores e Homeopatas Renomados Pesquisas Clínicas, Modelos In Vivo e In Vitro da Atividade dos Medicamentos Homeopáticos
Local: Auditório Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão)
TRADUÇÃO SIMULTÂNEA
Centro de Ciências da Saúde (CCS), Bloco K Cidade Universitária, Ilha do Fundão - Rio de Janeiro/ RJ
Palestrantes Brasileiros:
Palestrantes Internacionais:
Leandro Machado Rocha, D.Sc
Peter Fisher, D.Sc
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES:
Rinaldo Ferreira, D.Sc
Martien Brands, D.Sc
Acesse o site: www.xcbfh.com.br
Carla Holandino, D.Sc
Stephan Baumgartner, D.Sc
Email: abfh@openbrasileventos.com.br
Leoni Villano Bonamin, D.Sc
Paolo Bellavite, MD, D.Sc
Tel: 21- 2561-3389
Dorly de Freitas Buchi, D.Sc
Gema Pons, D.Sc
Denise Aleixo, D.Sc
Steven B. Kayne, D.Sc
Carolina de Oliveira, D.Sc
Jack Hendrickx , D.Sc
INSCREVA-SE ANTECIPADAMENTE E PAGUE MENOS! PREÇOS ESPECIAIS PARA GRUPOS DE ESTUDANTES!
Jose Carlos Tavares, D.Sc
Participe também das atividades sociais: Comemoração dos 25 anos da ABFH (Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas)
Atividades Paralelas: FÓRUM DE ENSINO DE HOMEOPATIA PROVA DE TÍTULO DE ESPECIALISTA EM FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Confraternização de Encerramento
Realização
Apoio
Organização
evento Saiba quais foram os trabalhos premiados 1º LUGAR
ELLEN THAMYRES MENEZES SOUZA LEÃO
Tema: Inserção do farmacêutico no desenvolvimento da assistência farmacêutica clínica na atenção básica à saúde: avanços e obstáculos
2º LUGAR
BIANCA AUGUSTA PEREIRA DE PAULA
Tema: Perfil farmacoterapêutico de pacientes colostomizados e lieostomizados de um município de médio porte mineiro
3º LUGAR
ELIAS FLÁVIO QUINTINO DE ARAÚJO
Tema: Acompanhamento farmacêutico na pesquisa clínica de Premiação dos trabalhos científicos
novos medicamentos
médico Edmilson Migowski; do professor de Educação Física, João Carlos Bolzas Marins; da nutricionista Vangelina Lins; da enfermeira Selma Petra. Todos concordam com a necessidade de um trabalho multidisciplinar em prol da saúde do cidadão, mas acreditam que o caminho a ser percorrido para atingir a plenitude de um atendimento com qualidade é longo e repleto de barreiras. “Se não trabalharmos em conjunto, não teremos profissionais capazes de atender à demanda dos pacientes. Como médico, penso que a saúde é feita com ele, mas não somente, ou seja, é preciso que Ana Caldas explicou as questões da ética profissional
outros profissionais estejam envolvidos, entre eles, o farmacêutico”, avaliou Migowski. Segundo a nutricionista Vangelina, a integração dos profissionais de saúde irá acontecer a partir do momento em que um buscar o auxílio do outro. “Um serviço complementa os demais. Somos parte de um todo e, se cada um fizer a sua parte, a certeza é de bons resultados para a saúde da população”, completou. Para João Carlos, professor de Educação Física, é durante a carreira acadêmica que se tem a chance de entender a importância do outro. “Esse entendimento precisa estar inserido no ambiente da faculdade. Dessa maneira, os alunos já saem de lá com a noção de que uma equipe multiprofissional consegue obter melhores resultados no tratamento do paciente”, garantiu.
Painel reuniu convidados para promover uma reflexão sobre a multidisciplinaridade dos cuidados farmacêuticos
44
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
ponto de vista
Convença-me a ser seu gerente Ônus e bônus em assumir a gerência devem estar claros para o farmacêutico
DIVULGAÇÃO
M Fernando Gaspar fgaspar00@gmail.com
Consultor especializado na construção de indicadores gerenciais para varejo e serviços, instrutor de liderança e palestrante.
46
Maquiavel, em seu livro O príncipe, já
um farmacêutico para treinar ou desempenhar as funções geren-
dizia que, para certas pessoas, assumir um
ciais, esteja preparado para lidar com o risco do fracasso, ou seja,
cargo de liderança é um fato natural. Elas já
de perder um ótimo farmacêutico e ganhar um gerente medíocre.
trazem em si o DNA do comando e basta-
Pior que isso: ficar sem ambos. Todo processo tem sua margem de
lhes apenas a oportunidade. Para essas pes-
erro e acerto, que você, em geral, só saberá no fim.
soas, as aporrinhações e os compromissos de
Outro ponto é a relação entre bônus e ônus que o farmacêuti-
tempo e energia, decorrentes do comando
co terá ao assumir um cargo de gerência. Se essa relação não está
de pessoas, são apenas a consequência de
clara ou se o ônus parece muito maior do que o bônus gerado pelo
uma atividade maior: a de pegar um grupo
cargo de gerência, é natural que surjam poucos candidatos interes-
de pessoas e transformá-las numa máqui-
sados em segurar o rojão.
na produtiva de alto desempenho em certa
Quando se fala em bônus, não se trata apenas de salário e ga-
atividade. Como sabemos e como o próprio
nhos financeiros, mas também de recompensas não materiais,
Maquiavel assinalava na Itália renascentista,
como reconhecimento informal e algum grau de prestígio e res-
essa tarefa não é para todos. Haverá sem-
peitabilidade dentro da empresa por assumir a função gerencial.
pre mais liderados do que líderes.
Como se sabe, o dinheiro é uma fonte de motivação até certo li-
Trazendo isso para a realidade do varejo
mite, a partir do qual as compensações informais passam a con-
farmacêutico, muitos empresários sentem
tar de modo que o ganho material tem que ser contrabalanceado
na pele a dificuldade de convencerem far-
com ganhos imateriais.
macêuticos a se tornarem gerentes de loja.
Nesse processo, ter um caso de sucesso que possa servir de
Ficam decepcionados por terem uma mão
exemplo para possíveis novos candidatos à função de gerência
de obra de alto valor agregado em suas equi-
farmacêutica é fundamental. Ter um exemplo e um multiplicador
pes, mas que não conseguem utilizar em
no grupo servirá como inspiração para novos entrantes que quei-
sua plenitude o potencial desse profissio-
ram se aventurar na tarefa de comandar pessoas.
nal, afinal ter um gerente e farmacêutico na
Cabe ressaltar que contribui decisivamente para a motivação de
mesma pessoa é uma ótima combinação.
se tornar gerente a percepção de que a empresa goza de um bom
Essa migração para a gerência não é
nível de consistência em seus processos organizacionais, de modo
um fato banal. Façamos algumas conside-
que o gerente não passe a maior parte do tempo resolvendo proble-
rações. Primeiro, é um caminho sem volta.
mas gerados por outras áreas, comprometendo seu tempo produti-
A partir do momento em que você colocar
vo. Afinal, o local de pepinos e abacaxis é no hortifrúti da esquina.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
ponto de vista
Sua empresa está preparada para o e-Social? Novo sistema vai exigir organização e centralização das informações em um único departamento
e mais complexa parte do Sistema Público de Escrituração Digital
transparente e efetiva entre todos os departamentos da empresa.
(Sped), referente às informações trabalhistas e previdenciárias das
O e-Social objetiva, principalmente, au-
empresas de todo o País. Com o novo sistema, os empregadores
mentar a arrecadação de tributos; simplificar
deverão enviar ao Fisco, em um único documento digital, todas as
o cumprimento das obrigações trabalhistas,
informações trabalhistas, previdenciárias, fundiárias e tributárias
previdenciárias e fundiárias; facilitar a fiscali-
relativas aos seus trabalhadores, desde o momento da contrata-
zação por parte dos diversos órgãos públicos
ção até a rescisão contratual.
(Receita, MTE e Caixa) acerca do cumprimen-
Entre as informações a serem enviadas por meio do e-Social
to das obrigações principais e acessórias por
estão o registro de empregados, concessão de férias, 13º salário,
parte das empresas; promover maior con-
pagamento de remunerações e demais verbas não integrantes des-
trole das informações; diminuir a sonega-
ta, estabilidades concedidas, afastamentos do trabalho, acidentes
ção; e eliminar informações em duplicidade.
sofridos, recolhimento de contribuições previdenciárias, depósitos
As empresas que não estiverem prepa-
fundiários, retenções, exames médicos, etc.
radas para cumprir as obrigações determi-
A adequação ao e-Social exige que as empresas implantem
nadas pelo e-Social correm o risco de se-
sistemas para o cumprimento das obrigações, além de capacita-
rem impedidas de expedir a Certidão de
rem seus colaboradores para fornecer informações precisas e de
Prova de Regularidade Fiscal, perante a Fa-
acordo com o prazo determinado pelo Fisco.
zenda Nacional, e o Certificado de Regula-
Em 2015, o e-Social substituirá diversos documentos, como Relação Anual de Informações Sociais (Rais); Cadastro Geral de Em-
HUMBERTO TESKI
O
O ano de 2014 marca o início do programa e-Social, a maior
Henrique Tavares henriqueavant@hotmail.com
Consultor em varejo farmacêutico.
ridade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (CRF).
pregados e Desempregados (Caged); inscrição do trabalhador no
A maior dificuldade relatada pelas em-
PIS/Pasep; Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tem-
presas tem sido a adaptação do sistema de
po de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP); registro
folha de pagamento, uma vez que muitas
do empregado em livros ou fichas de registro; e comunicação de
não dispõem de todas as informações dos
férias coletivas ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
empregados que deverão ser transmitidas
O novo sistema exigirá a organização e a centralização das in-
via e-Social. O procedimento significa uma
formações no departamento responsável pela inserção dos dados
mudança radical nos processos internos,
no sistema. Portanto, para que os dados sejam captados de for-
porque envolve profissionais de diversas
ma correta e em tempo hábil, é imprescindível uma comunicação
áreas e cria novas rotinas.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
47
ponto de vista
Cuidados em domicílio Profissional precisa estar preparado para que suas intervenções possam apresentar resultados efetivos
HUMBERTO TESKI
Q Ana Lucia Caldas
analulcaldas@gmail.com
Farmacêutica, gerontóloga e especialista em atenção farmacêutica.
Quando falamos sobre cuidados em
(motivo pela procura do profissional), história de doença atual e
saúde, precisamos pensar no cuidado in-
pregressa, história medicamentosa, medicamentos em uso, aler-
tegral; no cuidado que atenda com quali-
gias, hábitos de vida e outras informações que possam colaborar
dade às necessidades e os anseios da po-
para o registro de saúde do paciente. Assim, é muito importante
pulação. Para o farmacêutico, esse cuidado
coletar dados significativos em relação à medicação do paciente e
está representado pela atenção farmacêu-
à identificação de possíveis sinais e sintomas que possam colabo-
tica, pois o coloca em contato direto com
rar para a qualidade da terapia.
o paciente, uma posição privilegiada para
Diante disso, vale lembrar que sinal é uma característica física
orientar e educar acerca de medicamen-
que podemos detectar, ou mensurar, como, por exemplo, a pres-
tos, realizar procedimentos clínicos e, con-
são alta por meio da aferição da pressão arterial. Já um sintoma é
sequentemente, contribuir para a adesão e
uma característica subjetiva, algo relatado pelo paciente, mas que
a manutenção do tratamento.
não podemos mensurar, como a dor de cabeça ou enjoo.
Cabe ressaltar que a atenção farmacêu-
Assim, o farmacêutico deve entender que o atendimento em
tica, idealizada como o modo pelo qual o
domicílio nada mais é do que levar esse cuidado à residência de
paciente recebe o melhor tratamento me-
pacientes, que, por diversos motivos, estão impossibilitados ou não
dicamentoso possível, deve ser aplicável em
querem sair de suas casas. Para isso, o profissional precisa estar dis-
todos os níveis de atuação do profissional,
posto e fundamentado nas Ciências Humanas e Sociais, para que
independentemente de sua especialização.
suas intervenções técnicas junto aos pacientes possam apresen-
Para tal, ele precisa estar bem capacitado
tar um resultado efetivo.
e seguro para superar alguns desafios, por exemplo, realizar uma anamnese.
48
A consulta farmacêutica domiciliar pode ser um bom momento para o farmacêutico evidenciar os hábitos diários do paciente,
Parte essencial de um exame clínico, a
detectar problemas relacionados com medicamentos (PRM), dis-
anamnese consiste na entrevista feita pelo
ponibilizar procedimentos que contribuam para a prevenção e o
profissional, no momento da consulta. Em
acompanhamento de doenças, entre eles, teste de glicemia, afe-
um questionário, são registradas informa-
rição da pressão arterial, nebulização, aplicação de medicamentos
ções importantes sobre a história atual e
injetáveis, entre outros. Para aqueles que pretendem se especiali-
pregressa do paciente. Basicamente, de-
zar nessa área, esse momento da visita domiciliar pode ser exce-
vem constar nesse documento a identifi-
lente para desenvolver e colocar em prática estratégias que facili-
cação do paciente (nome, idade, gênero,
tem a administração, a armazenagem correta dos medicamentos
endereço, estado civil, profissão), a queixa
e que se adaptem à realidade do paciente.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
flexside.com.br grupobuzattos
ponto de vista
As raízes da farmácia
DIVULGAÇÃO
Área possui uma das bagagens históricas mais antigas da humanidade
Fernanda Ramos nandaramos8@gmail.com
Farmacêutica, empresária e diretora da Ascoferj
A
A Farmácia é uma das ciências mais anti-
A aplicação dos medicamentos na terapêutica galênica depen-
gas. Seu nome deriva do termo pharmakon,
dia de vários fatores, como a personalidade do doente, a sua idade,
que significa remédio ou veneno, dependen-
a raça e o clima, que afetavam a própria natureza da mistura dos
do apenas da dose administrada. Essa ciên-
humores no corpo humano. Foi na forma de galenismo que a me-
cia surgiu antes mesmo do seu nome, pois
dicina greco-romana passou para o Ocidente cristão, dominando
desde épocas remotas o homem já sentia
a Medicina e a Farmácia até o Século XVII e mantendo ainda uma
a necessidade de aliviar suas dores. Com
grande influência mesmo no século XVIII.
erros e acertos, foi se adquirindo o poder de misturar substâncias e alcançar a cura.
ra corrente médica europeia oposta à Teoria dos Humores, a qual
O Egito e a Mesopotâmia são as civili-
não negou a existência dos quatro humores e dos quatro elemen-
zações que possuem a maior importância
tos clássicos (fogo, ar, água e terra), mas deu-lhes um papel intei-
para a historiografia da Farmácia ocidental,
ramente acessório, passivo, em relação a três outros elementos ou
adquirindo grande desenvolvimento na es-
substâncias primárias: o sal, o enxofre e o mercúrio.
crita. Um dos tratados médicos mais antigos
Os estabelecimentos farmacêuticos surgiram na Espanha e na
e importantes de que se tem conhecimen-
França, no século X, como boticas ou apotecas, e o boticário, que
to é o papiro Ebers (o nome corresponde ao
nelas trabalhava, tinha a responsabilidade de conhecer e curar as
primeiro comprador, George Ebers, que o
doenças, além de preparar, armazenar e dispensar os medicamen-
adquiriu em 1872). Ele foi escrito em torno
tos. A Medicina e a Farmácia eram uma só profissão.
de 1550 a.C., no Antigo Egito, tem mais de
Em Portugal, no ano de 1497, foi criado o Regimento dos Boti-
20 metros de comprimento e inclui refe-
cários, o qual estabelecia que a venda de medicamentos somen-
rências a mais de sete mil substâncias me-
te poderia ser feita por supervisão deles. O primeiro boticário, no
dicinais incluídas em mais de 800 fórmu-
Brasil, foi Diogo de Castro, trazido de Portugal pelo governador ge-
las. Esse papiro encontra-se na Universidade
ral Thomé de Souza.
de Leipzig, na Alemanha. Foi na Grécia e em Roma que se deu o início da explicação científica da área mé-
50
No século XVI, Paracelso (1493-1541) desenvolveu a primei-
No século XX, na década de 50, a botica, onde o boticário pesquisava e manipulava fórmulas extemporâneas, passou a se chamar farmácia, e o seu profissional, o farmacêutico.
dica e farmacêutica. Hipócrates (460-370
A farmácia possui uma das bagagens históricas mais antigas
a.C.) inaugurou uma nova era para a cura
da humanidade e tem passado por várias transformações para se
ao sistematizar os grupos de medicamen-
adaptar às novas situações. Hoje a atenção está caminhando para
tos em narcóticos, febrífugos e purgantes.
as relações entre o medicamento e o paciente, com o consequen-
Já Galeno (129-199) é considerado o pai da
te aumento do interesse pelos aspectos sociais da farmácia e do
Farmácia e precursor da alopatia.
medicamento, como em suas raízes.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
ponto de vista
Diagnóstico empresarial Entenda por que essa ferramenta é importante para melhorar áreas como atendimento, recursos humanos, gestão financeira
O
O empresário, mergulhado na roti-
na do cotidiano, em geral, não consegue,
HUMBERTO TESKI
marcosconsultor@globo.com
Consultor em planejamento, gestão por processos e gerenciamento de projetos.
52
gestão financeira, etc.
sem ajuda externa, realizar uma completa
A entrevista é feita em cerca de 90 minutos por um consultor
reflexão sobre o status dos fundamentos de
com o empresário, podendo contar com a participação de algum
gestão da empresa. Assim, existem alterna-
colaborador de nível gerencial, como também o farmacêutico, que,
tivas que podem ser contratadas como uma
cada vez mais, precisa ter a visão gerencial do negócio.
pré-consultoria focada na identificação das
Após a reunião de diagnóstico empresarial, é elaborado um do-
necessidades de melhoria da empresa. Tra-
cumento denominado Devolutiva de Diagnóstico Empresarial, que
ta-se do diagnóstico de gestão empresarial,
contém as informações coletadas e as percepções do consultor com
que pode ser contratado junto a várias em-
base nas respostas e na análise das informações disponibilizadas.
presas, entre elas, o Sebrae.
Marcos Assumpção
no atendimento, qualidade e produtividade, gestão de pessoas,
De posse da Devolutiva do Diagnóstico, o empresário pode
O diagnóstico empresarial deve ser rea-
tomar as providências para a contratação da consultoria indicada.
lizado, necessariamente, na empresa con-
Entre os benefícios do diagnóstico empresarial, vale a pena citar:
tratante do serviço, tendo em vista que é
reflexão do empresário, provocada pela entrevista roteirizada, so-
fundamental obter evidências das respos-
bre o próprio negócio com base em dados disponibilizados e fatos
tas dadas pelo empresário.
narrados; definição do tema prioritário a ser trabalhado para a me-
Para a realização do diagnóstico, é uti-
lhoria da gestão da empresa; acesso a consultorias especializadas
lizada a metodologia de entrevista roteiri-
para suprir as necessidades que emergiram no diagnóstico, repre-
zada, complementada por um instrumen-
sentando a calibragem da demanda; possibilidade de o empresário
to que relativiza todos os temas de gestão
sair da inércia na busca pela melhoria do seu negócio.
e gera, de forma automática, um gráfico in-
Quais empresas necessitam de um diagnóstico empresarial?
dicativo do tema prioritário a ser trabalha-
Todas, em vários momentos da sua trajetória, precisam desse tipo
do na consultoria empresarial.
de análise, considerando que, mesmo aquelas que foram criadas
O instrumento de diagnóstico procura
com planejamento e organização, podem e devem buscar melho-
averiguar o status dos vários temas da ges-
rias na gestão, atualizações frente aos concorrentes e inovação para
tão empresarial, entre os quais, planejamen-
surpreender os clientes, sempre com foco na fidelização, cada vez
to estratégico, gestão comercial, qualidade
mais difícil de ser sustentada.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
Clube de Vantagens
ponto de vista
Corpo e alma nos negócios Mergulhe de cabeça para transformar aquilo que você faz em inovação e lucro
DIVULGAÇÃO
E Mauro Pacanowski mauro@pacanowski.com.br
Professor e consultor da FGV
54
Em um cenário de disputa mercadológi-
logias das empresas conveniadas, oferecendo promoções espe-
ca cada vez mais acirrada, as farmácias têm
ciais e beneficiando-as pelo volume de negócios ou pelo tíquete
que apostar em estratégias para alavancar
médio de cada funcionário.
suas vendas, captar novos clientes e reduzir
Por outro lado, a farmácia deve viabilizar promoções que só
custos. Os estabelecimentos independentes
acontecem pelos canais virtuais, fazendo o consumidor se conec-
podem agir de forma mais personalizada e
tar à internet para receber os benefícios. Porém, o produto deve
com baixo custo, fomentando uma política
ser retirado no ponto de venda, para que a empresa possa manter
de melhor atendimento; utilizando técnicas
um canal de comunicação direto e pessoal.
de abordagem por faixa etária, assiduidade,
No que tange à revolução eletrônica, a loja física ainda é fator
frequência ou volume de compras; e capa-
fundamental de diferenciação, atendimento e inovação, haja vista
citando profissionais para análise de dados.
os grandes investimentos realizados não só em nosso País como ao
Além de treinamento constante de toda
redor do mundo, onde as farmácias estão se reformulando, apre-
a equipe, é importante contar com a supervi-
sentando aos consumidores um modelo mais moderno, mais prá-
são de um farmacêutico pelo período de 24
tico, utilizando ferramentas de arquitetura e layout mais próximos
horas, em todos os dias da semana, pois ele
do “novo” consumidor e realçando a compra por impulso no setor
é o profissional que conhece profundamen-
de higiene, perfumaria e beleza.
te os medicamentos, as contraindicações, as
Por esses motivos, é preciso cuidar de diversos aspectos e de-
interações medicamentosas e a posologia.
talhes, que passam por letreiro e vitrine, higiene e limpeza, aparên-
A farmácia também deve estabele-
cia dos funcionários, uniformização adequada e prática, posiciona-
cer um relacionamento permanente com
mento das gôndolas, espaço de circulação, sinalização, precificação
a indústria, conhecendo lançamentos, vi-
e agilidade do caixa.
sitando fábricas, discutindo tecnicamen-
Em todos os argumentos apresentados, as pessoas estão pre-
te as estratégias utilizadas para a classe
sentes tanto na essência quanto na conceituação de inovação, que
médica e estudando sua área geográfica
se presume ser a materialização das ideias para atender às neces-
de convergência e movimentação, espe-
sidades dos consumidores e ao conceito de sustentabilidade. Po-
cialmente, a capacidade econômico-fi-
rém, é importante frisar que certas inovações requerem não apenas
nanceira da circunvizinhança e suas prin-
olhar, perceber e entender o comportamento humano, mas tam-
cipais clínicas, hospitais ou consultórios. É
bém envolver o corpo e a alma, que são os alicerces fundamentais
fundamental conhecer as principais pato-
para que um negócio se transforme em algo inovador e criativo.
Revista da Farmácia · Julho-Agosto 2015
Em 2015: tendências, perspectivas e oportunidades para alavancar as vendas de sua farmácia. Não perca a próxima edição,
dia 29/07,
em Nova Iguaçu.
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