ASCOFERJ • Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro • Rua do Carmo, 9, grupo 501, Centro - Rio de Janeiro/RJ - CEP 20011-020
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Ano 26 · Edição 197 · Março-Abril 2017
Quer pagar como? Possibilidade de oferecer descontos de acordo com a forma de pagamento muda as relações comerciais, mas lojista deve tomar cuidado para não minar o lucro com as taxas de antecipação cobradas pelas administradoras de cartão. Veja nossas dicas
ENTREVISTA
LICENÇA SANITÁRIA
JURÍDICO
José Luiz Lordello, da EaDucativa, fala sobre as vantagens do ensino a distância para as empresas
Subvisa faz mutirão para colocar todas as demandas em dia
Exigência da Certidão de Regularidade Técnica é ilegal, pois não está prevista em nenhuma lei
editorial
Ultrapassando fronteiras meio de uma equipe de renomados con-
mento da associação ao transferir a sede do bairro da Penha para o
sultores, com larga experiência no merca-
Centro da cidade. Certamente, sem a ousadia e a coragem dos dire-
do varejista farmacêutico nacional.
tores e o apoio dos associados, a entidade hoje não teria tamanha
Certamente, os parceiros da indústria
importância no cenário nacional, ou até mesmo poderia nem existir.
e da distribuição estarão envolvidos nessa
Portanto, atenta à necessidade do setor, a Ascoferj se prepara
empreitada, atendendo às demandas de
para mais um ousado passo em direção à missão de assistir, qualificar e instruir as empresas e profissionais no que diz respeito às atividades e aos interesses do segmento farmacêutico.
comunicação com o varejo. Dessa forma, a Ascoferj acompanha a evolução do mundo corporativo. A meta do
Após criteriosos estudos apresentados aos associados na As-
instituto será sempre ultrapassar as frontei-
sembleia Geral Ordinária, no fim de 2016, e aprovados recente-
ras de nosso território, levando às farmácias
mente pelo Conselho Administrativo, vamos, em breve, lançar um
e drogarias dos mais longínquos recantos do
instituto de educação a distância (EaD), para capacitar as empresas
País o que houver de informação e conhe-
e os profissionais do varejo farmacêutico nacional.
cimento disponíveis.
Atualmente, a atualização profissional é absolutamente neces-
Esse é o desafio que nos move para
sária para enfrentar um mercado altamente competitivo. Portan-
continuar a busca por ser reconhecida na-
to, as empresas precisam de ferramentas que aprimorem recur-
cionalmente como associação que promo-
sos de toda ordem, facilitando a mobilidade da equipe, reduzindo
ve o desenvolvimento técnico, científico e
o tempo de aprendizagem, ampliando o acesso à informação e
empresarial do segmento farmacêutico. Fa-
reduzindo os custos. Esse conjunto de fatores faz com que a EaD
zemos isso sempre cientes do papel das far-
seja uma realidade contemporânea, com um aumento significati-
mácias e drogarias como estabelecimentos
vo de usuários pela web.
comerciais e de saúde.
O instituto irá atender a gestores, farmacêuticos, atendentes de
É a Ascoferj impulsionando o setor da
medicamentos e perfumaria e demais colaboradores. O objetivo
educação corporativa no Brasil para for-
é levar instrumentos para uma administração mais eficiente, por
talecer o varejo farmacêutico nacional.
HUMBERTO TESKI
E
Em 2002, a Ascoferj tomou uma decisão vital para o cresci-
Luis Carlos Marins Presidente da Ascoferj
Quer saber mais?
Mande um e-mail para marins@ascoferj.com.br
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
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carta da editora
Indispensáveis, é o que somos
HUMBERTO TESKI
F Viviane Massi
Jornalista e editora responsável viviane@massicomunicacao.com.br
Foi uma delícia preparar esta edição por
é de R$ 6.590, enquanto a de uma mulher branca é de R$ 3.915.
uma razão especial: março é o mês da mu-
Homens negros ganham, em média, R$ 4.730, enquanto mulhe-
lher. Nosso mês! Parece clichê demais falar
res negras têm rendimentos aproximados de R$ 2.870.
sobre isso, porque todos os anos celebra-se
O preconceito no mercado de trabalho vai muito além da de-
o Dia Internacional da Mulher e já faz muito
sigualdade salarial. Três em cada dez trabalhadoras brasileiras afir-
tempo que os sutiãs foram queimados por
mam que já foram assediadas por um superior. São 16 milhões que
trabalhadoras que lutavam por igualdade e
já sofreram pessoalmente algum tipo de preconceito ou violência
respeito. Parece clichê, mas não é, principal-
no ambiente de trabalho. Por isso, parece clichê, mas não é.
mente quando se constata, em pesquisas e
Os resultados dessa pesquisa e de muitas outras mostram o
estudos, que a desigualdade no mercado de
quão relevante é esse assunto. As empresas, sejam elas de que ta-
trabalho ainda é perturbadora. Não se trata
manho forem, não devem ignorar que as mulheres são tão compe-
de ser igual. Homens e mulheres não são
tentes quanto os homens e indispensáveis às corporações. Carac-
iguais, mas desempenham, não raro, car-
terísticas femininas como empatia, flexibilidade, intuição e espírito
gos e funções semelhantes nas empresas
de equipe têm sido consideradas como traços importantes na ges-
brasileiras. Então, por que ganhar menos?
tão de pessoas. Empresas que empregam mulheres e que promo-
Esta edição traz uma pesquisa, produzida
vem a equidade de gênero saem na frente e obtêm retorno finan-
pelo jornal El País em parceria com o Institu-
ceiro acima da média.
to Locomotiva, sobre quem são, como tra-
Por isso, não deixem de ler a reportagem que produzimos so-
balham e quanto ganham as mulheres bra-
bre esse tema, inclusive com a contribuição de mulheres que es-
sileiras. Importante notar que o preconceito
tão fazendo história no setor: Cristiane Feijó, Dulcilea Alves, Eliane
não é apenas de gênero, mas também de
Brenner, Ilana Braun, entre muitas outras. A todas elas, nossa mais
raça. A média salarial de um homem branco
expressiva homenagem. Parabéns e boa leitura!
FUNDADOR Ruy de Campos Marins
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DESDE MAIO DE 1991
FALE COM A REDAÇÃO revistadafarmacia@ascoferj.com.br
PRESIDÊNCIA
COLABORAÇÃO
Luis Carlos Marins
Ana Paula Silva
JORNALISTA RESPONSÁVEL E EDITORA
REVISÃO
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Agnes Rissardo
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COMISSÃO EDITORIAL
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Bimestral
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Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
(21) 99827-2867
sumário
20 licença sanitária Mutirão de fiscais já está visitando farmácias para colocar licença em dia
26 jurídico Certidão de Regularidade Técnica é ilegal e não pode ser exigida pelos Conselhos de Farmácia
28 capa Com medida em vigor, empresas já podem oferecer descontos para quem vai pagar em dinheiro
6 8 10 15 16 18 22 34 36 43 44 46 48 50 52 58
agenda boa leitura entrevista mais seguro panorama assuntos regulatórios balanço consultor financeiro dia internacional da mulher práticas corporativas gestão de pessoas recursos humanos saúde marketing farmacêutico pequeno varejo consultora farmacêutica
54 empreendedorismo Especialistas analisam o mercado e falam sobre deixar de ser empregado e abrir a própria farmácia
Visite o site da Ascoferj Nele, você encontra os benefícios e os serviços oferecidos pela entidade, além de informações sobre cursos, palestras e eventos de sua área. Acesse: www.ascoferj.com.br
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agenda
Eventos e cursos do setor Carioca Digital A farmacêutica especialista em Assuntos Regulatórios, Betânia Alhan, vai ministrar o treinamento “Carioca Digital, Sisvisa e Autodeclaração Online” no dia 14 de março, na sede da Ascoferj. Mais informações: www.ascoferj.com.br.
Abradilan Farma Nos dias 21, 22 e 23 de março, será realizada a 13ª edição da Abradilan Farma, em São Paulo. A programação do evento dará destaque a três áreas: Desenvolvimento e Gestão, Farma em Destaque e Atividades Sociais de Relacionamento. A palestra de encerramento será ministrada pelo filósofo, escritor e educador Mario Sergio Cortella, intitulada Da oportunidade ao êxito: mudar é complicado? Acomodar é perecer. Mais informações: www.abradilanconexaofarma.com.br.
Aplicação de Injetáveis Nos dias 29 e 30 de março, acontecerá mais um curso de Aplicação de Injetáveis, das 14h às 20h, na sede da Ascoferj. O investimento é de R$ 375, mas associados ganham desconto, pagando apenas R$ 250. Mais informações: www.ascoferj.com.br.
FCE Pharma 2017 Em maio, nos dias 23, 24 e 25, acontecerá a Exposição Internacional de Tecnologia para a Indústria Farmacêutica, a FCE Pharma, em São Paulo. O espaço é ideal para contatar compradores da indústria farmacêutica, estreitar relacionamento com os clientes, gerar perspectivas de vendas e conhecer os lançamentos e tendências. Mais informações: www.fcepharma.com.br.
Conbrafarma será em agosto O Congresso Brasileiro do Varejo Farmacêutico (Conbrafarma) vai ser realizado nos dias 8 e 9 de agosto, no Centro de Convenções Expo Center Norte, em São Paulo. O encontro é um dos eventos de referência do setor, voltado para profissionais do canal farma. Mais informações: http://conbrafarma.com.br/.
Inscrições em cursos, palestras e eventos da Ascoferj: www.ascoferj.com.br Informações e inscrições de grupos: treinamentos@ascoferj.com.br Pague sua inscrição com PagSeguro.
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boa leitura Ansiedade
Como enfrentar o mal do século Augusto Cury – Editora Saraiva Se você sofre por antecipação, acorda cansado, não tolera trabalhar com pessoas lentas e tem dores de cabeça, é provável que sofra da Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). E, para o escritor, esse é o pior mal que a humanidade enfrenta atualmente. No livro, o leitor entenderá como funciona a mente humana para ser capaz de desacelerar o pensamento, gerindo a emoção de forma eficaz e resgatando a qualidade de vida.
BenchMarking John G. Fisher – Editora Clio Se o objetivo é melhorar o desempenho da empresa, essa é uma boa dica de leitura, pois o autor demonstra como fazer isso adotando técnicas de benchmarking, o que tem ajudado a transformar as organizações. A obra é fundamental para quem pretende incrementar os resultados da empresa, chegando ao sucesso.
Em busca do tesouro direto
Um guia para investir em títulos públicos Samy Dana e Miguel Longuini - Editora Saraiva Esse livro é recomendado para aqueles que planejam diversificar as aplicações do caixa da empresa ou suas próprias reservas pessoais. Os autores explicam como funciona o Tesouro Direto; detalham quais as taxas e impostos incidentes e as regras de funcionamento de cada título (LFT, LTN, NTN); mostram como calcular a rentabilidade da aplicação; e chamam a atenção para o fato de que a rentabilidade pode variar em função de mudanças na taxa de juros de mercado.
A magia dos grandes negociadores Carlos Alberto Júlio – Editora Campus Fruto de anos de experiência, estudos, observação e interações, o livro ajudará o leitor a se desenvolver de forma que se torne um bom negociador. O autor usa uma linguagem simples e descreve ensinamentos que compõem uma aula de como negociar, apresentando diferentes técnicas e abordagens. O conhecimento é válido para profissionais de qualquer organização.
Vendedor de sonhos O chamado
Augusto Cury – Editora Planeta A obra conta a história de um homem de identidade desconhecida que considera o mundo moderno um hospício global. Ele chama pessoas incomuns para, juntos, libertarem a mente dos caminhantes. Ele mesmo se autodeclarou um vendedor de sonhos ao ser questionado pelas pessoas sobre a origem e a identidade dele. Apesar de ser um romance, o livro também é considerado literatura de autoajuda.
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entrevista
José Luiz Lordello DIVULGAÇÃO
Professor, palestrante, coach e diretor de Novos Negócios na EaDucativa
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entrevista
Ensino a distância Dificuldade na mobilidade urbana, falta de segurança e redução de custos são os principais fatores que estimulam a busca por essa modalidade de treinamento nas empresas
P
Presente em todo o País, a educação a distância (EaD) vem crescendo ano após ano. Atualmente, 42% das
instituições que ofertam cursos regulares em EaD estão concentradas na região Sudeste. Somente em São Paulo, estão 22% delas. A previsão é de que, em 2017, haja dois milhões de matriculados nessa modalidade para cursar um ensino superior. Em 2015, os cursos livres corporativos e não corporativos somavam cerca de quatro milhões de alunos matriculados, sendo 53% mulheres com idade entre 31 e 40 anos. Em geral, os alunos são pessoas que trabalham para custear os estudos. No entanto, o segmento apresenta desafios para reter os estudantes. Dados da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), de 2015, reportam taxas de evasão entre 26% a 50% em cerca de 40% das instituições de ensino que oferecem cursos totalmente a distância. Nesta entrevista, José Luiz Lordello, professor, palestrante, coach e diretor de Novos Negócios na EaDucativa, com 25 anos
de experiência no segmento de ensino superior, fala sobre as vantagens do ensino a distância para a empresas.
Revista da Farmácia: A educação a distância (EaD) vem ganhando
Lordello: Sim. Na educação a distância ofe-
cada vez mais espaço. A que fatores você atribui esse crescimento?
recida por instituições formadoras creden-
José Luiz Lordello: A EaD é uma realidade que vem se consolidando
ciadas pelo Ministério da Educação (MEC),
no Brasil, mas ainda há muito espaço para crescer. Existem fatores
o valor do certificado para o mercado de
socioeconômicos que propiciam esse crescimento. O principal fator
trabalho é rigorosamente o mesmo. Há um
econômico é a redução no custo de aquisição de educação para o
processo regulatório rígido para a oferta de
público. Isso só foi possível com os avanços tecnológicos que ge-
cursos a distância, que está submetido à
raram outros estímulos econômicos, como redução do custo com
avaliação do órgão regulador, assim como
ferramentas de produção de conteúdos virtuais, utilização da inter-
às instituições que os oferecem.
net como canal de distribuição desses conteúdos e drástica redução nos custos de conexão entre a oferta e a demanda, fazendo com
RF: Quais os desafios para o aluno, já que
que as indicações, os grupos de referência, as conexões em rede e
não há uma sala de aula física?
os mecanismos de busca facilitem o encontro entre o comprador
Lordello: O principal desafio a ser enfrenta-
e o vendedor. Do ponto de vista social, temos questões de mobi-
do pelo aluno é a autodisciplina para os es-
lidade urbana, especialmente nos grandes centros, e ainda ques-
tudos. A questão da sala de aula física tem
tões relacionadas à segurança. O estudante a distância perde me-
sido superada por modernos ambientes
nos tempo, economiza dinheiro e tem mais sensação de segurança
virtuais de aprendizagem, em que o aluno
ao estudar no tempo que tiver disponível e no local onde desejar.
pode ter praticamente tudo o que necessita para realizar o curso com sucesso. Manter-
RF: Como se dá a certificação na EaD? Ela tem a mesma garantia
se estimulado para continuar os estudos é
que a certificação de um ensino presencial?
outro desafio que tem sido observado tan-
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
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entrevista to pelos fornecedores de conteúdos quan-
mundo real. Fazemos isso usando, ao mesmo tempo, gestos, co-
to pelos de plataformas.
res, sons e imagens. E quando conseguimos trazer uma experiência sensorial completa para o processo de aprendizagem numa plata-
RF: Qual o papel do MEC? Há alguma in-
forma com realidade aumentada, por exemplo, nos identificamos
gerência ou controle?
muito mais com os conteúdos explorados, e o aprendizado acon-
Lordello: O papel do MEC é exatamente o
tece de forma mais rica.
mesmo que no ensino presencial. Há um controle de qualidade rígido sobre o proje-
RF: E quais as vantagens?
to pedagógico e currículo dos cursos, sobre
Lordello: As principais vantagens do uso da tecnologia em educação
o corpo docente e tutores, sobre a oferta de
têm a ver com o conteúdo multimídia interativo, com a farta dispo-
cursos e abertura de núcleos presenciais e
nibilidade de cursos online úteis para qualquer tipo de aprendizado
sobre a infraestrutura física e tecnológica
e saber e com ferramentas de apoio ao ensino, como robôs, holo-
das instituições que estão aptas a oferecer
gramas e impressoras 3D. As tecnologias móveis criam oportunida-
os cursos a distância.
des de aprendizagem aos alunos além dos muros da escola e todas essas tecnologias permitem aos estudantes participar de diversos eventos educacionais em qualquer parte do mundo sem sair de casa.
A EaD é para qualquer tipo de empresa, porque o conhecimento é a chave para o aumento da competitividade e produtividade dos negócios, independentemente do porte empresarial.
RF: Como são desenvolvidas as plataformas de ensino online? Lordello: As plataformas são softwares que visam criar um ambiente de aprendizagem que não deve se restringir a uma sala de aula. O objetivo é que o estudante tenha à sua disposição os recursos de vários sítios, como os de sala de aula, bibliotecas, laboratórios, atividades extraclasse etc., tudo num mesmo ambiente, com a possibilidade de uma gestão da evolução do aluno. O principal desafio é o de conseguir gerar o mesmo estímulo ou até maior do que aquele gerado na interação do professor com o aluno no ensino presencial. Daí as inserções de jogos, games, quizes e outras for-
RF: Do ponto de vista tecnológico, a EaD
mas de entretenimento vinculado ao processo de aprendizagem.
está na terceira geração, com o uso de ambientes virtuais interativos. Como você de-
RF: Quais as tendências?
fine e descreve a tecnologia utilizada atual-
Lordello: Atualmente, as plataformas vêm se modernizando e ofe-
mente para o ensino a distância?
recendo funcionalidades relevantes para a gestão do conhecimen-
Lordello: Acredito que ainda há muita coi-
to e intervenções nos problemas de aprendizagem dos alunos. É o
sa por vir, mas hoje o uso de ambientes vir-
caso das plataformas adaptativas, que interpretam as dificuldades
tuais interativos e multimodais, que, juntos,
dos estudantes por meio de algoritmos próprios, permitindo que
trazem entretenimento e educação, já são
se conheçam as lacunas individuais para implantação de melhorias.
uma realidade adaptada à cultura hedonis-
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ta da geração millenials, e a tendência é que
RF: Na era do smartphone e da mobilidade, a EaD já se adaptou?
isso evolua muito ainda. Do ponto de vis-
Hoje é possível fazer as aulas, assistir aos vídeos e interagir com
ta da tecnologia, estamos trazendo para a
professores pelo celular?
educação, no mundo web, muito da forma
Lordello: Totalmente. Daqui a pouco, faremos isso por smartwatch,
como nos comunicamos e aprendemos no
que é um dos muitos wearables tech de que o mercado já dispõe.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
entrevista Praticamente, todas as plataformas já fun-
colaboradores na plataforma, a velocidade na obtenção de conhe-
cionam de forma responsiva em qualquer
cimentos e competências e o mapeamento e o inventário físico do
dispositivo e já existe uma tendência ao de-
capital intelectual instalado na organização. Do ponto de vista mais
senvolvimento de aplicativos para que os
intangível, a organização que se atualiza e investe em aprendiza-
conteúdos educacionais sejam baixados e
do e conhecimento mantém um ambiente de inovação e criativi-
consumidos offline.
dade. A coisa mais certa, neste século, é que as organizações vão mudar e se reinventar muitas vezes ao longo de seu ciclo de exis-
RF: Como as empresas estão utilizando a
tência. A educação a distância ajuda para que essas mudanças se-
EaD atualmente?
jam mais rápidas e, por conseguinte, tenham melhores resultados.
Lordello: Para treinar e capacitar colaboradores em atividades educacionais em que
RF: De que forma, os recursos virtuais podem melhorar a ade-
há predominância de conteúdos teóricos e
rência e o engajamento dos colaboradores?
comportamentais. A capacitação presen-
Lordello: Os recursos virtuais são exatamente para isso. Ainda hoje,
cial ainda é a mais utilizada em treinamen-
existe a prática de se colocar em plataformas virtuais de aprendiza-
tos que requerem interação física do aluno
gem recursos digitais utilizados no mundo presencial, o que é ape-
ou quando são oficinas, em que a conexão
nas digitalização e não aprendizagem virtual. Imagine você digitalizar
presencial e o “fazer junto” é importante. O
um código de ética e conduta com 20 páginas e querer que alguém
treinamento presencial requer uma mobili-
o estude! Agora, se você cria uma história com um vídeo animado
zação muito grande de tempo e de recursos
e um personagem que dá sentido àquele código, as pessoas se co-
por parte das organizações. Por isso, com
nectam com a essência da história, aderem e se engajam com mui-
os avanços das plataformas atuais, muito do
to mais facilidade. Como disse antes, a comunicação é multimodal
que se faz fisicamente pode ser realizado
e multissensorial. A aprendizagem, por sua vez, deriva da necessi-
virtualmente por simuladores e realidade
dade inerente ao ser humano de se comunicar. As pessoas querem
virtual aumentada. A tendência moderna
aprender com prazer, como as crianças fazem. Elas têm a necessi-
é que a plataforma LMS, ou ambiente de
dade de colaborar e, ao mesmo tempo, competir. O engajamento
aprendizagem virtual, integre-se com ou-
se dá quando você consegue resposta a esses estímulos, utilizando
tras funções de RH das empresas, como re-
os recursos tecnológicos e pedagógicos de que dispõe. Os recursos
crutamento e seleção e avaliação e desen-
virtuais por si só não fazem milagres. O importante aqui é a peda-
volvimento, gerando uma plataforma mais
gogia que está por trás da estratégia de aprendizagem.
ampla, que já tem sido denominada Talent Management System (TMS).
RF: A educação a distância para ambientes corporativos também é útil e adaptável para pequenas empresas?
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RF: Quais os benefícios do ensino a distân-
Lordello: A EaD é para qualquer tipo de empresa, porque o conhe-
cia para as empresas?
cimento é a chave para o aumento da competitividade e produti-
Lordello: Os benefícios que mais se desta-
vidade dos negócios, independentemente do porte empresarial. A
cam são a redução drástica de custos com
vantagem da EaD é que os custos são infinitamente inferiores e o
especialistas, palestrantes, infraestrutura
pequeno empresário não vai precisar tirar o funcionário do posto
física e deslocamento – quando se opera
de trabalho para capacitá-lo. De acordo com a Confederação Na-
em unidades geograficamente dispersas –,
cional do Comércio (CNC), 93% das empresas do País são micro e
a economia de tempo e o aumento da pro-
pequenas. A forma mais rápida e viável de elas sobreviverem e se
dutividade e do nível de aprendizagem, com
manterem competitivas é a capacitação para o crescimento, e a
destaque para o controle da evolução dos
EaD faz isso ser rápido e escalar.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
mais seguro
Previdência complementar Quanto mais cedo se começar a contribuir, melhor, pois os valores serão menores
A
As alterações na Previdência Social e as incertezas quanto à apo-
Antes de contratar qualquer plano é re-
sentadoria têm levado as pessoas a buscarem outras opções, ele-
comendável comparar as opções entre as
vando substancialmente o interesse pela previdência complemen-
seguradoras, não se esquecendo de veri-
tar. Apesar disso, em artigo publicado em 10 de janeiro de 2017, a
ficar as exclusões e carências. A Conquis-
Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados e de Res-
te, parceira da Ascoferj em benefícios para
seguros, de Capitalização, de Previdência Privada, das Empresas
os associados e com expertise em seguros
Corretoras de Seguros e de Resseguros (Fenacor) mostra que, de
para farmácias, está preparada para ajudar
acordo com estudo do Banco Mundial, apenas 4% dos brasileiros
nessa escolha.
poupam recursos para a velhice, colocando o Brasil na 132ª posição entre os 143 países avaliados. A previdência complementar pode ser contratada tanto por
Uma injustiça
pessoas físicas quanto jurídicas. No segundo caso, elas podem ou
No Brasil, fala-se que mulheres
não participar do custeio, funcionando, nessa última situação, ape-
dirigem mal, por isso o seguro do
nas como averbadoras. Essa possibilidade pode interessar a colabo-
carro delas é mais caro. Mas isso é
radores de empresas associadas à Ascoferj que estejam em busca
um mito! Segundo os especialistas
de uma oportunidade para adquirir um plano de previdência que
da Conquiste, as mulheres têm
traga garantias concretas para o futuro.
seis vezes menos acidentes que os
Os planos mais comuns são o PGBL – o mais comercializado –
homens, o que é um risco menor
e o VGBL. A principal diferença, definitiva para a escolha entre eles,
para as seguradoras. Por isso, o
é a situação tributária. O PGBL é preferível para quem faz a decla-
seguro de carro para mulheres
ração completa do Imposto de Renda, pois permite uma dedução
costuma ser mais barato do que
da base de cálculo do imposto em até 12% da renda bruta anual.
para homens.
Em comparação, o VGBL é preferível para quem faz a declaração Quanto mais cedo se começar a contribuir para um plano de previdência complementar, melhor, pois os valores serão menores para o capital total que se planeja ter para a aposentadoria. É
SHUTTERSTOCK
simplificada, já que não há permissão para dedução do imposto.
possível contratar um plano de previdência complementar desde o nascimento. Trata-se de um investimento em longo prazo, podendo ser utilizado a qualquer momento na vida de um filho, por exemplo, pagar a faculdade ou montar um consultório médico. Ao estimar o valor que se quer obter, deve-se levar em consideração que, ao envelhecer, algumas despesas se reduzirão ou desaparecerão, enquanto outras aumentarão.
Contribuiu com este artigo a Conquiste Seguros. Quer saber mais?
Mande um e-mail para
contato@conquisteseguros.com.br
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
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panorama
MARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL
Boletos vencidos poderão ser pagos em qualquer banco A partir de março, quem perder o prazo para pagar algum boleto poderá procurar qualquer banco ou correspondente bancário que tiver aderido à nova plataforma de pagamentos a ser implantada, segundo previsão da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Com a mudança, a nova plataforma permitirá também a identificação do CPF do pagador. Quando o consumidor efetuar o pagamento, será feita uma consulta à nova plataforma para checar as informações. Se os dados do boleto coincidirem com aqueles que constam no sistema a ser implantado, a operação será validada. “Se houver divergência de informações, o pagamento do boleto não será autorizado e o consumidor poderá realizá-lo exclusivamente no banco que emitiu a cobrança, uma vez que essa instituição terá condições de fazer as checagens necessárias”, afirma a Febraban. G1
Farmácia à venda em Bonsucesso
Venda de genéricos impulsiona faturamento
Uma farmácia de manipulação (alopática e
De janeiro a novembro de 2016, os associados da Asso-
homeopática), localizada em ponto nobre
ciação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos
de Bonsucesso, está à venda ou com pas-
Farmacêuticos (Abradilan) foram responsáveis pela co-
sagem do ponto. A loja é a mais tradicional
mercialização de 859 milhões de unidades de medica-
do bairro, fundada em 1938 e com AFE e
mentos, segundo pesquisa realizada pelo IMS Health.
AE em dia e sem passivo. O motivo é que
No mesmo período de 2015, foram 797 milhões de uni-
o proprietário está com 90 anos e dese-
dades comercializadas. Isso representa um aumento de
ja descansar. Para mais informações, en-
7,7%. Em relação ao faturamento, de janeiro a novembro
tre em contato com o Sr. Ruy Marins, pe-
de 2016, o valor foi de R$ 14.450 bilhões, sendo que, no
los telefones (21) 2560-3634, 2573-5178
mesmo período de 2015, o montante chegou a R$ 12.900
ou 2270-0015.
bilhões. Isso representa um aumento de 12% no fatura-
ASCOFERJ
mento. Segundo o assessor Jurídico e de Relações Institucionais da Abradilan, José Carlos Nogueira, com a crise econômica e orçamento mais enxuto, muitas famílias optaram por medicamentos com valores mais acessíveis e,
FREEIMAGES
por isso, os genéricos tiveram destaque nas vendas, im-
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Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
pulsionando o setor. AGÊNCIA IN
panorama Eurofarma está entre as empresas mais amadas do Brasil A Eurofarma está entre as 50 Empresas Mais Amadas do Brasil, de acordo com o ranking anual do Love Mondays. O levantamento se baseou exclusivamente nas avaliações dos colaboradores feitas de maneira espontânea e sigilosa. Foram avaliados os prós e os contras de trabalhar nas empresas, incluindo critérios como qualidade de ELZA FIÚZA/AGÊNCIA BRASIL
vida, cultura da companhia, remuneração e benefícios, oportunidade de carreira e satisfação geral no trabalho. Com base em mais de 76 mil avaliações de profissionais de 80 mil empresas de todo o País, esta foi a primeira vez que o Love Mondays criou dois rankings separados, as 50 Empresas Mais Amadas – mais de 500 colabo-
MS restringe acesso a medicamentos do Farmácia Popular
radores – e as 30 PMEs Mais Amadas – menos de 500 colaboradores e startups. A posição de cada empresa foi
O Ministério da Saúde (MS) restringiu o acesso a alguns
determinada pela nota de satisfação geral de seus colabo-
medicamentos do programa Farmácia Popular. A partir
radores. As companhias da lista 50 Empresas Mais Ama-
de agora, somente pessoas de determinadas faixas etá-
das tiveram, pelo menos, 50 avaliações, e as da lista 30
rias poderão retirar remédios para doenças como dislipi-
PMEs Mais Amadas receberam, no mínimo, 15 avaliações.
demia (colesterol alto), osteoporose, mal de Parkinson e
EUROFARMA
hipertensão. Além disso, idosos serão impedidos de comprar contraceptivos nos estabelecimentos credenciados. dislipidemia, só a partir dos 35 anos será possível retirar
Semina adquire marca K-Y no Brasil
os medicamentos. No caso da osteoporose, a idade mí-
A Semina, referência no setor de saúde re-
nima é de 40 anos. Mal de Parkinson só depois dos 50.
produtiva, bem-estar sexual e amamenta-
Para hipertensão, é necessário ter completado 20 anos.
ção no Brasil, anuncia a aquisição da marca
No caso de contraceptivos, a idade vai de 10 a 59 anos.
K-Y® no mercado brasileiro. Pelo acordo, a
Se uma pessoa for portadora de uma das doenças e es-
Semina adquire da multinacional britânica
tiver fora da faixa etária permitida, ela poderá ter acesso
Reckitt Benckiser (RB) os direitos, no Brasil,
a tratamento e medicamentos nas unidades do Sistema
sobre a marca líder e sinônimo da categoria
Único de Saúde (SUS), mas não por meio do programa
de lubrificantes íntimos. As linhas de pro-
Farmácia Popular. Segundo o MS, há 34.616 farmácias no
dutos acompanharão as tendências globais
País conveniadas ao programa, distribuídas por 80% dos
do setor com lançamentos ainda este ano.
municípios. São disponibilizados 25 produtos, dos quais
Fundada em 1986, a Semina é reconhecida
14 são gratuitos e o restante tem descontos que chegam
por ser a empresa que desenvolveu o dia-
a 90%. Para retirar o medicamento, é preciso apresentar
fragma de silicone – método contracepti-
o documento de identidade, CPF e receita médica.
vo de barreira –, trazendo inúmeros bene-
O GLOBO (SITE)
fícios às mulheres.
Segundo o Ministério, o objetivo é evitar fraudes. Para
SEMINA
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
17
assuntos regulatórios
Sua farmácia está apta para funcionar? Faça um levantamento dos documentos necessários para manter o estabelecimento aberto em conformidade com a legislação vigente
HUMBERTO TESKI
O
O alvará autoriza o funcionamento de
e estaduais de meio ambiente e no Ibama; vistoria de cumprimen-
uma empresa e somente tem valor para o
to das normas de segurança, realizada pelo Corpo de Bombeiros.
endereço e para a atividade para os quais
Na maioria dos municípios, o alvará de localização é exigido no
foi emitido. É um documento de extrema
início das atividades da empresa e renovado anualmente, podendo
importância, concedido pela Prefeitura mu-
depender da emissão atualizada da licença sanitária, que deve ser
nicipal. Só com ele e com os documentos
providenciada 120 dias antes do vencimento. Esteja sempre aten-
emitidos pelos órgãos reguladores é possível
to quanto ao pagamento das taxas e aos prazos de vencimento.
o funcionamento da farmácia. Para adquiri
Qualquer alteração – atividade, endereço, sócios ou razão so-
-lo, é preciso respeitar as seguintes normas:
cial – feita na empresa deve ser requerida junto à Prefeitura no
horário de funcionamento, higiene sanitá-
prazo de 30 dias.
ria, edificação, zoneamento e seguranças pública, do trabalho e do meio ambiente.
Betânia Alhan Farmacêutica, especialista em assuntos regulatórios e consultora da Ascoferj.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para farmaceutica@ascoferj.com.br
18
Os seguintes documentos devem ficar sempre em local visível: alvará de funcionamento, Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
As condições para a emissão do alvará
(CNPJ), certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros, licença
podem variar de um município para outro,
sanitária municipal, Autorização de Funcionamento Especial (AFE),
podendo estar condicionada às autorizações
Certidão de Regularidade Técnica do CRF-RJ, quadro de horários dos
dos órgãos de vistoria que utilizam critérios
farmacêuticos, certificado digital do SNGPC e telefones atualizados
de acordo com o ramo de atividade, local de
do CRF-RJ, da Subvisa e dos estabelecimentos públicos de saúde.
instalação e, até mesmo, porte da empresa.
Há ainda os cartazes de avisos aos consumidores, exigidos pe-
Podemos citar, por exemplo, as atividades
las prefeituras e pelo Estado, além do cartaz com o número do te-
que utilizam produtos químicos controlados,
lefone e endereço do Procon. Também é necessária a afixação do
realizadas em indústrias e farmácias de ma-
quadro de horário de trabalho dos funcionários, em alguns casos.
nipulação, que precisam obrigatoriamente da
As empresas optantes pelo Simples Nacional estão dispensadas
autorização da Polícia Federal, assim como
dessa obrigação.
os produtos de uso veterinário, que devem
Muitas farmácias estão trabalhando de forma irregular, pois
ser registrados no Ministério da Agricultura,
estão com o alvará provisório vencido ou trocaram de endereço e
Pecuária e Abastecimento (MAPA).
não fizeram a notificação e alteração junto à Prefeitura, que, nes-
As licenças e exigência usualmente soli-
ses casos, pode emitir notificação proibindo o funcionamento do
citadas para a emissão do alvará são: licença
estabelecimento, multa ou promover a interdição total ou defini-
sanitária, obtida em órgãos municipais, esta-
tiva do estabelecimento.
duais e federais de vigilância sanitária; licença ambiental, obtida em órgãos municipais
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
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licença sanitária
Subvisa cria mutirão para fiscalizar farmácias HUMBERTO TESKI
Associados começam a colher os frutos de uma intensa atuação da entidade junto à Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro
Na Secretaria de Saúde, Carlos Eduardo, secretário; vereador Eliseu Kessler; Luis Carlos Marins, presidente da Ascoferj; e Betânia Alhan, especialista em Assuntos Regulatórios.
D
20
Depois de inúmeras tentativas da As-
que vai durar 90 dias. A previsão é de que sejam feitas 100 inspe-
coferj, os resultados começam a aparecer.
ções por semana, o que dá 1,2 mil no fim de três meses. Até o fe-
Se tudo correr conforme anunciado recen-
chamento desta edição, em dez dias de trabalho, 130 farmácias e
temente pela Vigilância, Fiscalização Sani-
drogarias já haviam sido fiscalizadas.
tária e Controle de Zoonoses (Subvisa), em
“Constatamos uma grande demanda reprimida de estabele-
breve, os mais de 780 associados, no mu-
cimentos requerendo o licenciamento no Sistema de Informação
nicípio do Rio de Janeiro, sem licença sani-
da Vigilância Sanitária (Sisvisa). Por isso, decidimos criar o mutirão”,
tária, serão fiscalizados e, estando de acordo
explica Márcia Rolim, subsecretária da Subvisa. Segunda ela, essa
com a legislação vigente, serão licenciados
decisão também é fruto de uma reunião com a Presidência da As-
ou terão a licença renovada.
coferj, que está mobilizada para resolver a questão.
No dia 8 de fevereiro, a Subvisa publi-
Em geral, os fiscais saem em dupla, sendo, pelo menos, um
cou a Portaria 47/17, criando um mutirão de
deles farmacêutico. De acordo com as orientações da farmacêu-
fiscalização no setor varejista farmacêutico,
tica, especialista em Assuntos Regulatórios e consultora da Asco-
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
ferj, Betânia Alhan, para que a farmácia esteja preparada para esse momento, ela deve manter, ao alcance do fiscal, os documentos
HUMBERTO TESKI
licença sanitária Na Subvisa, Ricardo Valdetaro, vice-presidente da Ascoferj; Betânia Alhan, farmacêutica; Márcia Rolim, subsecretária da Subvisa; e Marins.
listados na RDC 44/09 e na autodeclaração online; garantir a presença do farmacêutico durante todo o horário de funcionamento; corrigir problemas na estrutura física, como rachaduras e infiltrações; manter o local sempre muito limpo; e ter em mãos o Manual de Boas Práticas e os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) atualizados de acordo com as atividades exercidas. Para Betânia, que convive de perto com a angústia dos empresários, o mutirão é uma medida positiva. “Após a fiscalização, as licenças costumam ser publicadas no Diário Oficial em até 15 dias. Isso é bom porque libera as farmácias para pedirem Autorização de Funcionamento (AFE) junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para atualizarem o cadastro junto aos fornecedores e para ampliarem o mix de produtos com autorização para comercialização de medicamentos controlados pela Portaria 344/98. Um alerta da Subvisa: “Notamos que muitos estabelecimen-
Desde o primeiro momento, fomos ouvi-
tos ainda não se cadastraram no Sisvisa. Precisamos alertá-los de
dos e compreendidos. O resultado é a Por-
que essa ausência no cadastro será considerada infração. Por isso,
taria 47 e o mutirão. Esta nova gestão tem
pedimos que se cadastrem o mais rápido possível. Basta acessar o
se mostrado parceira do setor. Penso que,
portal Carioca Digital”, alerta Márcia.
finalmente, estamos avançando”, declara o presidente da Ascoferj.
Reuniões com a nova gestão
Importante destacar que, ano passado,
A proximidade com a Subvisa é consequência de um primeiro
ainda na gestão anterior à atual, a Ascoferj já
encontro da Ascoferj com o secretário Municipal de Saúde, Carlos
havia se mobilizado juridicamente em bus-
Eduardo, no dia 19 de janeiro, intermediado pelo vereador Eliseu
ca de uma solução para o problema. “Com
Kessler. Na ocasião, o presidente da entidade, Luis Carlos Marins,
a Portaria da Subvisa, há uma expectativa
expôs o problema e pediu ajuda à nova gestão. Carlos Eduardo
real e efetiva de que as licenças sanitárias
mostrou-se receptivo e abriu caminho para que Ascoferj e Subvisa
que estão represadas há anos sejam, de fato,
pudessem conversar e buscar alternativas para um problema que
emitidas”, comenta o consultor jurídico da
se tornou crônico no município do Rio de Janeiro.
Ascoferj, Gustavo Semblano.
No dia 1º de fevereiro, sete dias antes da publicação da Portaria
A licença sanitária será expedida so-
47, a Ascoferj esteve com Márcia Rolim, na sede da Subvisa. O ob-
mente para quem não tiver pendência. “Se
jetivo do encontro foi apresentar à subsecretária os principais desa-
a farmácia deu entrada na licença em 2016,
fios do segmento, entre eles, a dificuldade para obtenção do licen-
funciona de 8h à meia-noite e tem apenas
ciamento frente à demora na fiscalização. “Essa aproximação entre
um farmacêutico, não vai conseguir ser li-
a Subvisa e a Ascoferj é muito positiva, pois o setor de farmácias
cenciada, porque está em desacordo com
tomará conhecimento das diretrizes da nova gestão pública, dan-
a legislação vigente, que determina a pre-
do ainda mais transparência à nossa proposta”, acrescenta Márcia.
sença de um farmacêutico em todo o ho-
“Eu gostaria de destacar a postura democrática e proativa do
rário de funcionamento”, alerta o consul-
secretário de Saúde, Carlos Eduardo, e da subsecretária, Márcia.
tor jurídico.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
21
balanço
Departamentos apresentam resultados de 2016 A Ascoferj possui três departamentos com papéis estratégicos no atendimento ao associado: Assuntos Regulatórios, Jurídico e de Cursos e Treinamentos. Cada um deles, a seu modo, assessora e contribui com o fortalecimento das empresas associadas. Nesta matéria, os setores apresentam um balanço sobre o desempenho de 2016 e as metas para 2017. DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS REGULATÓRIOS O departamento fechou o ano com 37,39% das empresas associadas utilizando os serviços e benefícios oferecidos pela entidade. Entre as diversas ações realizadas, destacam-se:
As reuniões junto à vigilância sa-
Divulgação e orientação para a
Inclusão de 15 novos benefícios
nitária para reivindicar maior agili-
adequação das farmácias do mu-
para auxiliar as farmácias e dro-
dade nas fiscalizações das farmá-
nicípio do Rio de Janeiro junto à vi-
garias associadas a manterem
cias e drogarias, o que resultou na
gilância sanitária por meio do ca-
a documentação atualizada
emissão da licença sanitária de 118
dastramento no Carioca Digital e a
junto aos órgãos reguladores.
farmácias associadas;
solicitação do licenciamento sanitário por meio da autodeclaração;
Em 2017, estamos focados em orientar os associados
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Foram
de todos os municípios
atendimentos, entre eles, concessão, aditamento,
sobre como solicitar e
recurso administrativo, ampliação de atividades,
receber a fiscalização
alteração de endereço e alteração de razão social.
da vigilância de maneira correta para agilizar o
O departamento cadastrou
processo de emissão
O número de farmácias
da licença sanitária e
que teve a Autorização
viabilizar a regularização
de Funcionamento de
das farmácias e drogarias junto à Anvisa, por meio do
farmácias no Sistema Nacional
peticionamento da AFE.
de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).
22
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
Empresas (AFE) publicada foi
balanço DEPARTAMENTO JURÍDICO Em 2016, o Departamento Jurídico realizou 299 audiências. O valor de economia para os associados, em processos judiciais, chegou a R$ 3.120,721, ou seja, um percentual de economia de 85,56% sobre os valores iniciais das causas. De acordo com Angela Maria Oliveira, assistente Administrativo, 2016 foi um ano em que o departamento recebeu muitas demandas judiciais, sendo grande parte na área trabalhista. Os advogados obtiveram êxito para os associados na maioria dos processos. “Este ano, não será diferente. Nosso objetivo é oferecer, cada vez mais, um trabalho satisfatório, até mesmo por meio de novos serviços”, adianta Angela.
Em 2016, os associados da Ascoferj economizaram
sobre os valores pedidos nas petições iniciais.
em processos judiciais, o que representa uma economia de
Meses
Nº Audiências
Causa (R$)
Acordos (R$)
Economia (R$)
Economia (%)
Janeiro
18
183.624,12
30.600,00
153.024,12
83,34
Fevereiro
18
208.400,00
30.000,00
178.400,00
85,60
Março
28
213.000,00
50.200,00
162.800,00
76,43
Abril
26
290.200,00
37.500,00
252.700,00
87,08
Maio
25
275.661,80
36.800,00
238.861,80
86,65
Junho
32
308.789,40
45.364,00
263.425,40
85,31
Julho
31
365.723,25
46.985,50
318.737,75
87,15
Agosto
25
544.086,06
18.721,27
525.364,79
96,56
Setembro
26
199.871,47
36.650,00
163.221,47
81,66
Outubro
27
447.737,11
55.200,00
392.537,11
87,67
Novembro
31
469.068,60
104.800,00
364.268,60
77,66
Dezembro
12
124.440,00
17.060,00
107.380,00
86,29
299
3.630.601,81
509.880,77
3.120.721,04
85,96
TOTAL
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
23
balanço DEPARTAMENTO DE CURSOS E TREINAMENTOS No decorrer de 2016, o departamento ofereceu 25 cursos aos profissionais do varejo farmacêutico. Foram 1.373 profissionais inscritos e 926 com participação efetiva. Vale citar também o painel Desafios do Varejo Farmacêutico. A responsável pelo departamento, Tatiane Oliveira, destaca que, este ano, a Ascoferj manterá o curso de Aplicação de Injetáveis, na sede da entidade, e avaliará a viabilidade de promover um circuito de cursos em Cabo Frio, Volta Redonda e Nova Friburgo. “Também vamos oferecer treinamentos voltados à capacitação de balconistas e perfumistas. No segundo semestre, o objetivo é ampliar a agenda, atendendo também a outras regiões do Estado”.
CURSO DE INJETÁVEIS
7 215
turmas
profissionais
APRENDA A MANTER A DOCUMENTAÇÃO DA FARMÁCIA ORGANIZADA
3 97
turmas
profissionais
CARIOCA DIGITAL
2 44 24
turmas
profissionais
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
TREINAMENTO COM A EMBELLEZE
2 64
turmas
profissionais
ATUAÇÃO FARMACÊUTICA E ÉTICA PROFISSIONAL
1 30
turma
profissionais
LUCRATIVIDADE DO VAREJO FARMACÊUTICO
2 148
turmas
profissionais
CAPACITAÇÃO PARA BALCONISTAS DO VAREJO FARMACÊUTICO
4 220
turmas
profissionais
ATUAÇÃO CLÍNICA DO FARMACÊUTICO EM PACIENTES IDOSOS
3 74
turmas
profissionais
CONSULTA FARMACÊUTICA
1 19
turma
profissionais
jurídico
Certidão de Regularidade Técnica é ilegal Além de nenhuma lei citá-la, a 5ª Vara Federal do Distrito Federal já isentou estabelecimentos associados à Ascoferj de apresentarem o documento
P
Para quem ainda desconhece o fato,
Art. 21 - O comércio, a dispensação, a representação ou distribui-
a Certidão de Regularidade Técnica emi-
ção e a importação ou exportação de drogas, medicamentos, insu-
tida pelos Conselhos Regionais de Farmá-
mos farmacêuticos e correlatos serão exercidos somente por empre-
cia é ilegal, assim como é ilegal a exigência
sas e estabelecimentos licenciados pelo órgão sanitário competente
dela pelos órgãos de vigilância sanitária de
dos Estados, do Distrito Federal e dos territórios, em conformidade
todo o País.
com a legislação supletiva a ser baixada pelos mesmos, respeitadas
HUMBERTO TESKI
A Lei Federal nº 5.991/73 estabelece os documentos obrigatórios a serem apresen-
Art. 22 - O pedido da licença será instruído com:
tados por farmácias, drogarias e distribui-
a) prova de constituição da empresa;
doras de medicamentos e correlatos à vi-
b) prova de relação contratual entre a empresa e seu responsável
gilância sanitária, a fim de se obter a licença sanitária ou sua revalidação:
26
c) prova de habilitação legal do responsável técnico, expedida Art. 23 - São condições para a licença:
Consultor jurídico da Ascoferj e especialista em Legislação Sanitária.
Mande um e-mail para semblano@ascoferj.com.br
técnico, quando for o caso; pelo Conselho Regional de Farmácia.
Gustavo Semblano
Quer saber mais?
as disposições desta Lei.
a) localização conveniente, sob o aspecto sanitário;
A propósito, a própria Certidão de Regularidade Técnica não possui qualquer fundamento legal, pois a Lei Federal nº 3.8260/60, que criou o Conselho Federal de Farmácia e os Conselhos Regionais de Farmácia, não fala dela em nenhum de seus artigos.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
b) instalações independentes e equipamentos que satisfaçam aos requisitos técnicos adequados à manipulação e comercialização pretendidas; c) assistência de técnico responsável de que trata o Art. 15 e seus parágrafos, ressalvadas as exceções previstas nesta Lei. Parágrafo único. A legislação supletiva dos Estados, do Distrito Federal e dos territórios poderá reduzir as exigências sobre a instalação e equipamentos, para o licenciamento de estabelecimentos destinados à assistência farmacêutica no perímetro suburbano e zona rural. Art. 24 - A licença, para funcionamento do estabelecimento, será expedida após verificação da observância das condições fixadas nesta Lei e na legislação supletiva.
jurídico Como se vê, nenhum, absolutamente nenhum artigo da Lei
... para que fosse exigido às farmácias
Federal nº 5.991/73 cita a apresentação de Certidão de Regulari-
que, ao contratar um profissional como res-
dade Técnica expedida pelo CRF.
ponsável técnico ou toda vez que houvesse
Também não se trata de exigência da Resolução RDC nº 44/09
alteração na situação deste profissional, fos-
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pois uma re-
se necessária uma certidão de regularidade
solução não pode criar uma obrigação não criada pela lei.
emitida pelo Conselho Regional de Farmácia,
Aliás, o entendimento é pacífico até mesmo no Superior Tribunal de Justiça, conforme decisão abaixo transcrita:
essa exigência teria que vir prevista em lei. (...). Assim, os Conselhos de Farmácia
ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO
só poderiam exigir das empresas que pedis-
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA CO-
sem uma certidão de regularidade dos seus
LETIVO. FARMÁCIAS E DROGARIAS. ALVARÁ SANITÁRIO. EXIGÊN-
farmacêuticos responsáveis se houvesse lei
CIA DE CERTIDÃO DE REGULARIDADE TÉCNICA. AUSÊNCIA DE
nesse sentido.
PREVISÃO LEGAL.
(...) a exigência da certidão de regulari-
1. “A Lei n. 5.991/1973 condiciona a licença sanitária à comprova-
dade técnica é ilegal e a cobrança de taxa
ção da habilitação legal do responsável técnico que assistirá ao esta-
pela sua emissão representa uma segun-
belecimento comercial. Porém, seu art. 15 estabelece que “a responsa-
da ilegalidade.
bilidade técnica do estabelecimento será comprovada por declaração
(...). Ante o exposto, DEFIRO A ANTE-
de firma individual, pelos estatutos ou contrato social, ou pelo con-
CIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA para
trato de trabalho do profissional responsável” (art. 16), enquanto que
desobrigar todos os estabelecimentos as-
a Lei nº 3.820/1960, em seu artigo 19, dispõe que é a carteira profis-
sociados de um ou mais dos autores de re-
sional o documento que habilita o farmacêutico ao exercício da sua
quererem/possuírem a Certidão de Regu-
profissão” (Resp. 1.397.251/RR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Pri-
laridade Técnica criada (...).
meira Turma, julgado em 10/9/2013, DJe 17/9/2013).
(JFDJ – 5ª Vara Federal do Distrito Fe-
2. Ausência de previsão na Lei 5.991/1973, que autorize o Con-
deral – Juiz federal PAULO RICARDO DE
selho Regional de Farmácia a exigir Certidão de Regularidade Técni-
SOUZA CRUZ – Processo nº 0.017.898-
ca dos farmacêuticos.
55.2014.4.01.3400)
Agravo regimental improvido. (STJ – 2ª Turma - Rel. Min. HUMBERTO MARTINS - AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 707.848 - MS (2015/0114206-1) A propósito, a própria Certidão de Regularidade Técnica não possui qualquer fundamento legal, pois a Lei Federal nº 3.8260/60, que criou o Conselho Federal de Farmácia e os Conselhos Regionais de Farmácia, não fala dela em nenhum de seus artigos. Não se pode sequer cogitar a alegação de que ela estaria prevista na Resolução CFF nº 600, ou em qualquer outra, pois, como já dito, uma resolução não pode criar uma obrigação não criada pela lei. A 5ª Vara Federal do Distrito Federal, por sua vez, concedeu liminar para uma demanda coletiva movida por Ascoferj, ABCFARMA e outras entidades de classe, declarando a ilegalidade da Certidão de Regularidade Técnica do CRF, como se lê em partes da decisão judicial:
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
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SHUTTERSTOCK
capa
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Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
capa
Dinheiro, cheque ou cartão? Possibilidade de oferecer descontos de acordo com a forma de pagamento muda as relações comerciais entre lojista e consumidor, mas o cartão de crédito ainda continua sendo o “queridinho” da maioria
S
Sempre é hora de repensar as relações comerciais com clientes,
“Acredito que esses argumentos desarmam
fornecedores e parceiros para manter as estratégias atualizadas e
aqueles que, ao longo dos anos, têm sido
em consonância com as metas do negócio. Recentemente, a Me-
contrários à diferenciação de preços e, sem
dida Provisória 764, que entrou em vigor no dia 27 de dezembro
se dar conta, acabam defendendo a buro-
de 2016, trouxe à tona a questão do preço diferenciado em decor-
cracia, os bancos e os segmentos de maior
rência do instrumento de pagamento escolhido pelo cliente. Com a
renda”, opina Alves.
nova medida, que anulou a Portaria 118/94, o lojista pode oferecer
Para o consultor, diferenciar preço é uma
descontos se o consumidor optar por pagar em dinheiro ou cheque.
decisão que vai depender da estratégia co-
Durante muito tempo, os Procons defendiam preços idênti-
mercial de cada empresário. “Porém, gene-
cos, com uma visão respaldada na interpretação dos incisos I, V e
ralizando, preços mais baixos tendem a au-
X, do artigo 39, do Código de Defesa do Consumidor, e do inciso
mentar a demanda do consumidor. Então,
I, do parágrafo único do artigo 1º da Portaria 118, do Ministério da
diferenciar os valores em função dos pra-
Fazenda, que diz: “não pode haver diferença de preços entre tran-
zos e instrumentos de pagamento pode
sações efetuadas com o uso do cartão de crédito e as que são em
ser uma estratégia interessante para não
cheque ou dinheiro”. Com a edição da MP 764, essa determinação
perder vendas, deixando ao consumidor a
da portaria perde eficácia.
escolha da opção que melhor se adequa à
Especialistas não veem risco de a MP não ser aprovada pelo Congresso, pois os argumentos a seu favor são lógicos e óbvios.
sua disponibilidade financeira”, acrescenta o especialista.
“Entre os motivos para se fazer diferenciação nos preços está a
“Sou totalmente a favor”, diz o econo-
necessidade de liberdade e eficiência na precificação, de equilí-
mista, mestre em Finanças e um dos au-
brio entre o lojista e a administradora de cartões e de eliminação
tores do blog Educando seu Bolso, Frede-
do subsídio cruzado”, enumera o consultor em Finanças, Jorge Wil-
rico Torres. “Faz sentido econômico, pois
son Alves. Entende-se por subsídio cruzado aquele em que os mais
respeita o princípio de que o preço de algo
pobres, que nem sempre têm cartão de crédito, arcam com parte
deve manter relação direta com o seu custo.
do custo de quem usa o cartão quando pagam preços idênticos.
Como há um custo adicional para se aceitar
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
29
capa os cartões, nada mais justo que se permita
sumidor, ou seja, não é uma boa ideia oferecer muitas opções dife-
cobrar mais por esse meio de pagamento
rentes. “Acredito ser melhor usar apenas dois preços: o cheio, para
ou oferecer desconto para compras em di-
pagamento no cartão de crédito, e preço com desconto, para pa-
nheiro”, completa Torres.
gamento em espécie. Se o lojista adota a prática do parcelamento, deve calcular um preço com desconto já considerando o prazo
Comunicação e desconto
médio de recebimento”, completa.
A melhor maneira de divulgar isso para
O percentual do desconto deverá ser determinado pelo lojis-
os clientes é ser explícito, por meio de sina-
ta, mas, em geral, se leva em consideração as taxas cobradas pelas
lização visual dentro da loja. “Utilizando-se
operadoras de cartão de crédito, também chamadas de creden-
de uma boa estratégia de marketing, é pos-
ciadoras. Suponha uma venda à vista no cartão de crédito no valor
sível mostrar as vantagens de se pagar em
de R$ 100, em que o lojista pagasse comissão de 3%, antecipação
dinheiro, em uma situação de ganho mú-
de 2% ao mês e alíquota do Simples de 10% sobre o faturamento,
tuo”, avalia o economista.
o que incorreria em um custo de R$ 5,50, decorrente do uso do cartão. Para o consumidor, supondo um ganho financeiro de 1,5% ao mês devido à postergação do pagamento, haveria uma econo-
Diferenciar os valores em função dos prazos e instrumentos de pagamento pode ser uma estratégia interessante para não perder vendas. Jorge Wilson Alves
Consultor Financeiro
mia de R$ 1,50. Então, oferecer um desconto entre 2% e 5% para pagamento à vista em dinheiro poderia ser interessante para ambos. No caso de parcelamento no cartão, a faixa de desconto seria outra, pois as taxas cobradas pelas credenciadoras são mais altas. Como a precificação é uma das atividades mais críticas para qualquer empresário, é importante considerar que, no caso de farmácias e drogarias, costuma haver duas categorias básicas de produto: medicamentos e perfumaria. “O consumidor tem comportamentos diferentes em relação aos preços praticados em cada categoria. A demanda por medicamentos tende a ser inelástica, ou seja, o consumidor compra porque precisa do remédio, inde-
Outra dica importante é diferenciar os
pendentemente do quanto vai pagar. Já a demanda por produtos
preços concedendo descontos, nunca “au-
de perfumaria é mais elástica, pois o shopper responde ao preço,
mentando” o preço em razão do instrumen-
comprando mais quando o valor baixa”, explica Jorge Alves.
to de pagamento, mas sempre “diminuin-
Outro aspecto crítico do setor de farmácias é que há pouco
do” se o cliente preferir pagar em dinheiro
espaço para diferenciação de preços entre os concorrentes, porque
ou cheque. Não se esqueça de comunicar
os produtos que vendem são iguais. Então, é importante monitorar
as vantagens nesse tipo de operação co-
como a concorrência está praticando a diferenciação de preços.
mercial. “É uma questão de percepção po-
Do ponto de vista tributário, Alves ressalta que o desconto ofe-
sitiva pelo consumidor. Em finanças com-
recido deve ser incondicional, ou seja, o preço final diferenciado
portamentais, confirma-se cientificamente
deve constar na nota fiscal.
o que já é do conhecimento prático do comerciante: as pessoas, em geral, são mais sensíveis às perdas do que aos ganhos”, observa o consultor Jorge Alves.
30
Modalidade em ascensão Cada vez mais, os consumidores optam pelo uso dos cartões de crédito e débito por causa do ganho financeiro com a poster-
Segundo ele, a comunicação deve ser
gação do desembolso e da comodidade de não portar dinheiro em
clara e objetiva para ser percebida pelo con-
espécie, uma questão de segurança nas grandes cidades. Segun-
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
capa Você sabe quanto está pagando? No débito, a taxa mínima anunciada publicamente – algumas empresas conseguem negociar taxas diferenciadas – é de 2% ao mês e a máxima de 4,99%, em igual período. No crédito à vista, a mais barata fica por 2,50% ao mês e a mais cara, 6,99%. No parcelado, a temperatura esquenta ainda mais e o custo cresce juntamente com o número de parcelas. Um parcelamento em três vezes sem juros para o cliente implica uma taxa de desconto para o lojista de, no míSHUTTERSTOCK
nimo, 3,90% ao mês e máxima de 12,77%. FONTE: BLOG EDUCANDO SEU BOLSO
do projeção da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de
que representou 54,5% de todo o volume
Crédito e Serviços (Abecs), as compras com cartões de crédito e
de crédito concedido à pessoa física para
débito devem crescer em torno de 6,5% em 2017, chegando a um
financiar o consumo de bens e serviços no
patamar recorde de R$ 1,22 trilhão em volume transacionado. “O
Brasil, segundo dados do Banco Central. Se
cartão permanecerá em ritmo de crescimento nos próximos anos
não houvesse essa opção de parcelamento,
e continuará ampliando a sua importância para a inclusão finan-
74% das pessoas fariam menos compras no
ceira e para a modernização das relações de consumo no Brasil”,
período, de acordo com pesquisa mensal da
afirma Marcelo Noronha, presidente da Abecs.
Abecs, realizada pelo Instituto Datafolha.
Em relação ao balanço do 3º trimestre de 2016, dados da
Enquanto o valor transacionado com
Abecs mostram que os brasileiros movimentaram R$ 283 bilhões
cartões cresceu 5,7% no 3º trimestre, no
por meio de cartões de crédito e débito, o que representa um cres-
comparativo anual, o volume movimen-
cimento de 5,7% em comparação com o mesmo período de 2015.
tado com cheques caiu -10,2% (de R$ 237
As compras com cartões de crédito somaram R$ 175 bilhões (alta
bilhões para R$ 213 bilhões). O aumento de
de 4%) e as com cartões de débito, R$ 108 bilhões (alta de 8,4%).
participação ocorre devido ao processo de
Juntos, os cartões registraram 3,1 bilhões de transações no perío-
substituição de meios de pagamento, já que
do, alta de 8,3%. O crescimento em cada modalidade foi de 6,4%
o brasileiro tem adotado cada vez mais os
em cartões de crédito e 10% em cartões de débito, totalizando,
cartões em detrimento de dinheiro e cheque.
respectivamente, 1,4 bilhão e 1,7 bilhão de transações. O cartão de débito cresceu mais que o de crédito em todas as
Mal necessário
regiões do País, com destaque para o Nordeste, com alta de 12,4%.
Atualmente, é praticamente impossível
O maior crescimento do cartão de crédito foi na região Sul, com
manter um negócio sem oferecer a possi-
5,9%. Os cartões, em geral, representaram 27,8% do consumo das
blidade de pagamento via cartão de débito
famílias no período.
ou crédito. A penetração dos cartões é al-
Os emissores de cartão de crédito concederam aos brasilei-
tíssima no País e não aceitar esse meio de
ros a quantia de R$ 89 bilhões por meio do parcelado sem juros, o
pagamento significa perder vendas. Trata-
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
31
capa se, portanto, de um mal necessário, porque,
se a disponibilidade da rede para validar as transações é boa; se há
por outro lado, as taxas reduzem a lucrativi-
facilidade tanto no manuseio na hora da venda quanto no acesso
dade da empresa. Outra vantagem dos car-
ao sistema da operadora para conseguir um extrato do saldo a re-
tões é a diminuição da inadimplência, que
ceber; e, finalmente, antes de adquirir, pesquisar o grau de satisfa-
ocorre com frequência no uso do cheque.
ção dos clientes com o atendimento das operadoras. Do ponto de vista financeiro, é indispensável comparar custos entre as diferentes opções de máquinas. São tantas combinações
Infelizmente, (o cartão de crédito) trata-se de produto não padronizado tanto em suas características técnicas quanto nas variáveis financeiras associadas. Frederico Torres Economista
possíveis, que é comum o gestor se perder no processo: algumas têm mensalidades, outras não; há as que cobram taxas de instalação e as que apenas instalam o equipamento sem nenhum custo; existem aquelas que vendem as máquinas para atender ao público que não quer pagar aluguel; praticamente todas cobram taxas por transação efetuada e por antecipação. As taxas por transação variam entre as credenciadoras e também de acordo com o tipo de venda. O débito possui os menores percentuais de desconto, enquanto as mordidas para vendas a crédito, tanto à vista quanto parceladas, são maiores. Vale ressaltar que há tabelas distintas de preços dependendo do setor econômico e do nível de faturamento da empresa.
O desafio é escolher a melhor operado-
Além de tudo isso, há a questão das bandeiras – Visa, Master,
ra de cartões ou a de menos impacto finan-
Elo, Amex, HiperCard, Diners, Discover, Cabal, Sorocred, Cooper
ceiro. “Não é difícil recomendar a adoção de
Card, Sicredi, UnionPay, Mais!; Avista – aceitas pelas máquinas.
maquininhas para a maioria dos negócios. Já
Quanto maior a cobertura, melhor para o lojista. Portanto, mais
a escolha da administradora não é nada tri-
um fator a ser analisado na hora da contratação.
vial. Infelizmente, trata-se de produto não padronizado tanto em suas características
32
Múltiplas opções
técnicas quanto nas variáveis financeiras as-
A concorrência tem feito o preço cair, o que é bom para o lojis-
sociadas”, destaca o economista Frederico
ta. Mas é preciso ser cuidadoso para não comprar o mais em conta
Torres. Atualmente, existem dois tipos: as
e descobrir que cometeu um erro. Muitas vezes, o barato sai caro.
credenciadoras associadas a conglomera-
Por isso, é tão importante considerar todas as variáveis antes de
dos bancários, como Cielo e Rede, e as in-
tomar qualquer decisão.
dependentes, como PagSeguro, Payleven,
As credenciadoras independentes, como PagSeguro, Payleven,
Izettle, Sumup, PaggCerto, Moviu, FazCres-
Izettle, Sumup, PaggCerto, já citadas anteriormente, estão ganhan-
cer, Mercado Pago, entre outras.
do cada vez mais espaço no mercado de cartões de crédito. Elas
Do ponto de vista técnico, é preciso
distribuem os produtos pela internet ou por rede de vendedores
avaliar, por exemplo, se a máquina funcio-
ainda limitada se comparada à capilaridade das agências, gerentes
na de forma independente ou se deve estar
e correspondentes bancários. Desconhecidas para muitos, são im-
acoplada a um celular; se emite recibo im-
prescindíveis para os pequenos negócios, pois ofertam praticamen-
presso ou via mensagem de SMS; se acessa
te a mesma solução a custos bem mais baixos. “Essa é a principal
rede wireless ou não; se é com ou sem fio;
vantagem dessas operadoras. Como elas têm que roubar merca-
se permite uso compartilhado – múltiplos
do das duas maiores, acabam tendo que fazer um preço melhor
CPFs; se tem garantia e qual a duração dela;
ou menos pior”, avalia Torres.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
capa Fato é que o brasileiro está a cada dia mais informado. Sabe que uma só instituição. “A quantidade de relacionamentos com empre-
Curiosidades sobre o uso do cartão de crédito
sas financeiras cresce muito. Não é raro hoje encontrar pessoas que
• Um em cada dez usuários de cartão de cré-
têm conta em um banco, aplicações financeiras em uma correto-
dito usa o rotativo como crédito emergencial.
ra, fazem seu planejamento de aposentadoria com outra segura-
• 85% das pessoas pagam o valor integral
dora, contratam cartões de crédito de uma fintech e máquinas de
da fatura.
cartão de uma credenciadora independente, como a maioria das
• 88% têm a intenção de fazer o mesmo no
citadas pela reportagem”, acrescenta o economista.
próximo vencimento.
não precisa comprar todos os produtos e serviços financeiros em
A boa notícia é que o Banco Central está tentando criar um sis-
• Apenas 4% pagam o valor mínimo, 3%
tema de pagamentos mais eficiente. Uma das principais questões
pagam outro valor e 7% optam por fazer o
é a abertura do sistema para que, por exemplo, todas as máquinas
parcelamento da fatura.
aceitem todas as bandeiras. Atualmente, é comum uma farmácia
• O consumidor que entra no crédito rotati-
ter de dois a três equipamentos para conseguir receber todas as
vo do cartão fica, em média, apenas 16 dias.
bandeiras de cartão, onerando o caixa em função dos aluguéis. Se o ponto de venda puder ter uma máquina só, os custos vão cair. cessário para não ter que usar a antecipação
Antecipação de recebíveis
dos fluxos futuros”, alerta Torres.
Esse é um assunto que merece atenção redobrada do empre-
As credenciadoras não costumam ser
sário. Antecipação é a possibilidade de antecipar recursos que se-
claras quanto às taxas de antecipação. Para
riam pagos pelas credenciadoras somente a partir de 30 dias após
o economista, elas deveriam vir em letras
a venda no crédito rotativo ou em parcelas. Funciona assim: além
garrafais e não em fontes miúdas, como apa-
da taxa por transação comercial, paga-se uma taxa adicional para
recem nos contratos. “Acho que a contrata-
receber a antecipação. Os percentuais variam de uma credencia-
ção da antecipação deveria ser dificultada e
dora para outra, mas são sempre altos, podendo oscilar entre 3%
não semiautomática, como é hoje em mui-
a 6%. Então, se uma venda de R$ 100 for antecipada, o empresá-
tos casos. Juntam-se a isso a disponibilidade
rio receberá R$ 90,33. Se aguardasse 30 dias para receber, o valor
da antecipação e a dificuldade ainda gran-
seria maior: R$ 96,33, uma diferença de R$ 6. Amplie isso para uma
de que o brasileiro tem de fazer as contas
farmácia com faturamento de R$ 360 mil e o rombo será grande.
corretamente e se planejar. O que ocorre é
Em geral, as empresas de pequeno porte antecipam recebimen-
um susto perigoso para cardíacos, como é o
tos por uma necessidade de ter capital de giro para pagar contas,
caso de um leitor do blog, que esperava re-
salários, aluguel, entre outras despesas. Mas essa prática é um pe-
ceber R$ 21 mil e recebeu R$ 17 mil devido
rigo para o negócio, pois as taxas são altas e podem corroer todo
às antecipações”, acrescenta o economista.
o lucro que o lojista trabalha para ter.
Se você ainda tem dúvidas, pode con-
“Infelizmente, é cada vez mais comum que empresários se uti-
tar com a ajuda da Calculadora de Máquinas
lizem da antecipação para receber hoje os recursos que a eles se-
de Cartão, desenvolvida pela equipe do blog
riam repassados no futuro, quando o cliente paga a fatura do cartão.
Educando seu Bolso. O usuário entra com
Apesar dos efeitos da crise econômica, considero que a principal
o faturamento por modalidade – débito,
razão para essa epidemia de antecipação é a falta de planejamen-
crédito à vista, parcelado e, em média, em
to financeiro e de previsão de necessidade de capital de giro. Te-
quantas parcelas – e calcula a opção mais
mos assessorado algumas empresas nesse sentido e é muito fácil
em conta entre dezenas de possibilidades
mostrar os benefícios financeiros de constituir o capital de giro ne-
existentes no mercado.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
33
consultor financeiro
Capital de giro Como calcular o quanto sua farmácia precisa para custear o ciclo operacional do negócio
ANDRÉ LIMA
D
Devemos começar falando dos inves-
do se tornam emprestáveis, as mercadorias expostas sobre elas
timentos realizados, aquilo que é compra-
são ativos de giro, compondo o estoque de mercadorias vendidas
do para a empresa funcionar, denominados
durante o clico operacional, que se estende da compra até o re-
ativos do negócio. Eles são de dois tipos: ati-
cebimento da venda.
vos de giro e ativos fixos. Os ativos de giro
A forma de financiamento dos ativos também difere. Os ati-
são compostos, essencialmente, por rece-
vos fixos necessários ao negócio não precisam ser adquiridos, po-
bíveis e estoques, podendo incluir também
dendo ser alugados. Por exemplo, a loja, que talvez seja o ativo de
o disponível mínimo necessário para aten-
maior valor da empresa, quase sempre é alugada de um investi-
der às flutuações de curtíssimo prazo no
dor. Quando muito, pagam-se luvas, quando o ponto já existe e
fluxo de caixa. Os ativos fixos são aqueles
está trabalhado. Por outro lado, os ativos de giro contam com fi-
que permanecem em uso na empresa por
nanciamento natural de parte do valor, concedido por fornecedo-
um longo tempo, por exemplo, as instala-
res e outros credores operacionais, como os trabalhadores, cujos
ções, os equipamentos etc.
salários são pagos no mês seguinte ao trabalhado.
Cada tipo genérico de ativo cumpre uma
Chama-se de capital de giro líquido (CGL) ou necessidades lí-
função específica. Os ativos fixos têm por
quidas de capital de giro (NLCG) a diferença entre saldos de ativos
função básica conferir capacidade produ-
e financiamentos de giro, ou seja, entre contas a receber mais es-
Jorge Wilson Alves
tiva ao negócio, elevando a produtividade.
toques e contas a pagar. O valor da NLCG depende do prazo de-
Consultor financeiro
Por exemplo, numa visão muito simplifi-
corrido entre pagar e receber as contas, multiplicado pelo valor dos
cada, as estantes de uma loja aumentam a
negócios diários realizados em média. Demonstrando, o prazo do
produtividade do espaço porque ampliam
ciclo financeiro é contado da data do pagamento do fornecedor
a área de exposição de produtos por me-
até a data do recebimento da venda. Por exemplo, se as compras
tro quadrado de imóvel disponível. Outra
são pagas a 30 dias da entrega, se os estoques cobrem dois me-
característica que diferencia os ativos fixos
ses de vendas e se as vendas são recebidas após 60 dias, o ciclo
dos ativos de giro é que o ativo fixo vai sen-
financeiro é 60 + 60 – 30 = 90 dias para cada unidade de mer-
do consumido ao longo do tempo, enquan-
cadoria transacionada. Supondo R$ 100 o custo de aquisição de
to que o de giro se realiza integralmente no
cada unidade de mercadoria, a NLCG é de 90 dias x R$ 100 / unid
curto prazo, durante o ciclo operacional do
x 1 unid/dia = R$ 9.000. A esse montante devem ser adicionadas
negócio. Exemplificando: se as estantes ou
despesas mensais, tais como aluguéis, salários e tributos, relativas
gôndolas são ativos fixos, porque são utili-
ao acumulado por três meses ou 90 dias, além do saldo mínimo
zadas por anos, sendo descartadas quan-
de disponibilidades praticado.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para jwluizalves@gmail.com
34
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
dia internacional da mulher
Brasileiras no comando
SHUTTERSTOCK
Quem são elas, como trabalham e quanto ganham: pesquisa do jornal El País e do Instituto Locomotiva traça o perfil da mulher no mercado de trabalho
36
N
No Brasil, as mulheres já são reais pro-
a ambição das mulheres e dos homens praticamente se equivale:
tagonistas. Segundo dados do Movimento
66% delas e 72% deles desejam chegar a líderes de negócios de
Mulher 360, associação sem fins lucrativos,
nível sênior. E, no mercado consumidor, as mulheres controlam
elas chefiam quatro em cada dez famílias e
70% do consumo nacional.
são responsáveis por 42% da renda familiar.
Por outro lado, no ambiente corporativo, elas estão distantes
Nas universidades, em 2011, pela primeira
dos cargos de liderança, ganham menos do que os homens em
vez desde 1985, o número de mulheres com
cargos iguais e sofrem com preconceito e estereótipos. “Reduzir
diploma superior se tornou maior que o dos
essas desigualdades é papel de setores da economia, que, juntos,
homens. No mercado formal de trabalho,
devem estimular e contribuir com o empoderamento econômico
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
dia internacional da mulher feminino”, defende Margareth Goldenberg, gestora executiva da associação Movimento Mulher 360. De acordo com o Relatório Progresso das Mulheres do Mun-
Nove barreiras que impedem o avanço da equidade de gênero
do-2015/16-ONU-Mulher, globalmente, a disparidade salarial
• Cultura corporativa masculina.
de gênero é de 24%, isto é, as mulheres ganham 76% do que ga-
• Falta de políticas e programas de igualda-
nham os homens, sendo que esse percentual aumenta quando
de na empresa.
se trata de mulheres com filhos. Com as tendências atuais, serão
• Os estereótipos contra as mulheres.
necessários mais 70 anos para eliminar as disparidades salariais
• Falta de treinamento de liderança para
de gênero. A região com a maior disparidade é a Ásia Meridional (33%) e com a menor, Oriente Médio e Norte da África (14%). Na América Latina, essa diferença é de 19%. No Brasil, as mulheres ganham 30% a menos que os homens, mesmo tendo o mesmo nível de instrução. Segundo Margareth, a equidade de gênero é um diferencial competitivo para melhorar o desempenho financeiro das empresas. “Evidências mostram que diversidade e equidade geram novos negócios. Mais diversidade de pensamento gera inovação e proporciona melhor entendimento do mercado. Características consideradas ‘femininas’ são vistas como traços importantes para
mulheres. • Falta de soluções de trabalho flexíveis. • Falta de estratégia para a retenção de mulheres qualificadas. • Ausência de modelos e referências de mulheres líderes. • Preconceito de gênero inerente ao processo de recrutamento e promoção. • As mulheres têm mais responsabilidades familiares do que os homens.
a nova liderança, entre elas, empatia, flexibilidade, intuição e espírito de equipe. Portanto, as empresas com esse perfil são mais
As últimas décadas foram de transfor-
propensas a ter retorno financeiro acima das médias de mercado
mação: menos filhos, mais estudo e mais
em seus países”, afirma Margareth.
renda própria. O tempo de escolaridade
Pesquisas indicam que, se até 2025, todos os países progredi-
subiu para 8,1 anos e o número de filhos
rem rapidamente em direção à paridade de gênero nas empresas,
por mulher caiu para 1,7. O emprego for-
o PIB mundial aumentaria em até US$ 12 trilhões.
mal feminino expandiu e mais 9,3 milhões de mulheres passaram a integrar o mercado
Seminário Brasileiras
de trabalho, o que equivale a quase toda a
O jornal El País, em parceria com o Instituto Locomotiva Pesqui-
população de Portugal. Em 20 anos, dobrou
sa e Estratégia, apresentou, em dezembro de 2016, em São Paulo,
o número de lares chefiados por mulheres.
o Seminário Brasileiras: como elas estão mudando o rumo do País. O
Em 2015, 40% dos núcleos familiares de-
evento reuniu representantes de empresas, governo e terceiro se-
pendiam delas para sobreviver.
tor para debater sobre a atuação das mulheres em cargos de poder.
Apesar dos avanços e de homens e mu-
A pesquisa apresentou dados inéditos sobre a posição e a con-
lheres concordarem que ambos são igual-
dição da mulher no mercado de trabalho. Atualmente, são 105
mente capazes de desempenhar diversos
milhões de mulheres no Brasil, o que coloca o País na 12ª posição
papéis sociais, três em cada dez homens
mundial, com uma população feminina duas vezes maior que a da
acham que “é justo mulheres assumirem
Espanha. De acordo com o levantamento, gênero e raça ainda in-
menos cargos de chefia, já que podem en-
fluenciam a renda. A média salarial de um homem branco é de R$
gravidar e sair de licença maternidade”. E
6.590, enquanto a de uma mulher branca é de R$ 3.915. Homens
15,4 milhões de homens, de acordo com a
negros ganham, em média, R$ 4.730, enquanto mulheres negras
pesquisa, concordam que “o marido sem-
têm rendimentos aproximados de R$ 2.870.
pre deve ganhar mais que a esposa”.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
37
dia internacional da mulher O tempo dedicado à vida familiar tam-
empreender é comum a homens e mulheres, mas as razões para
bém é desigual. Em geral, as mulheres de-
isso são diferentes. Eles querem ganhar mais dinheiro, elas querem
dicam 55% do tempo à profissão e 45% à
um horário flexível. Por isso, 68% das mulheres concordam que,
família. Os homens, por sua vez, empre-
para uma mãe, é melhor ter o próprio negócio do que trabalhar em
gam 69% do tempo no trabalho e ape-
uma empresa, obtendo mais flexibilidade para cuidar dos filhos.
nas 31% à vida familiar. Segundo o estudo, A Revista da Farmácia não encontrou nenhuma pesquisa espe-
ter mais tempo com a família, contra 17%
cífica sobre a ocupação da mulher no setor varejista farmacêutico.
dos homens. São, aproximadamente, nove
De fato, parece não existir, até o momento, um estudo dedicado a
milhões de trabalhadoras que já tomaram
esse aspecto. A exceção fica por conta do Censo Demográfico Far-
uma atitude como essa.
macêutico 2014, realizado pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Gra-
O preconceito no mercado de traba-
duação do Mercado Farmacêutico (ICTQ), de São Paulo. O objetivo
lho vai muito além da desigualdade sala-
do estudo foi mapear a presença e distribuição do profissional far-
rial. Três em cada dez trabalhadoras brasi-
macêutico, da produção de medicamentos à assistência básica de
leiras afirmam que já foram assediadas por
saúde, em todo o País. Foram entrevistados 2.331 farmacêuticos.
um superior. São 16 milhões que já sofre-
Entre os dados apurados, a pesquisa descobriu que o gênero
ram pessoalmente algum tipo de precon-
feminino predomina na profissão: 72,2% são mulheres e 27,8%
ceito ou violência no ambiente de trabalho.
são homens. Elas lideram as principais chefias da área farmacêu-
Tendo que se dividir entre trabalho e
tica nos estados e munícipios. De fato, a realidade se mostra des-
família, muitas mulheres pedem demissão
sa forma. Basta visitar as farmácias e drogarias do País para perce-
para abrir o próprio negócio. O desejo de
ber que as mulheres predominam.
Farmacêuticas da Rede Pague Menos: ao centro, de óculos, Cristiane Feijó.
38
Mulheres no varejo farmacêutico
ram de emprego alguma vez na vida para
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
DIVULGAÇÃO/PAGUE MENOS
24% das mulheres que trabalham já troca-
dia internacional da mulher A Rede Pague Menos abriu alguns números e informou que, dos 21.254 funcio-
pervisoras e gerentes, assim como mulheres gerenciando diferentes áreas da diretoria financeira”, compartilha Cristiane.
nários, 12.570 são mulheres, ou seja, mais
Por outro lado, a coordenadora destaca que não existe um sexo
da metade. Por cargo, são 2.090 farmacêu-
mais preparado que outro para trabalhar na atenção farmacêuti-
ticas, 3.499 vendedoras, 3.783 operadoras
ca. A demanda é por profissionais capacitados, porque o serviço
de caixa e 2.180 em outras funções. Des-
exige sensibilidade e dedicação. “Não posso deixar de destacar
de 1999, Cristiane Feijó é coordenadora técni-
que as mulheres são mais atenciosas e delicadas no cuidado com
ca farmacêutica da Pague Menos e gerente do
o paciente, porém já existem homens com esse carisma”, finaliza.
SACFarma, serviço de atendimento ao consumidor, além de coordenar o CLINICFARMA, serviço de atenção farmacêutica, que foi implantado em julho de 2014.
Mulheres agem como mulheres Ao longo da história, a Dermatus foi marcada pela presença feminina nas mais variadas funções. Apesar de se definir com
“As farmacêuticas são detalhistas, cui-
uma empresa sem viés de gênero, 65% dos cargos são ocupados
dadosas e persistentes. Penso também que
por mulheres e 35%, por homens. A liderança das áreas técnica e
a sensibilidade feminina e a dedicação são
comercial está com as mulheres, enquanto as áreas contábeis, de
diferenciais importantes para os negócios
tecnologia e produção estão nas mãos de homens.
de forma geral. Nós, mulheres, somos pés
“As mulheres têm uma grande presença na empresa, o que tal-
no chão e, ao mesmo tempo, otimistas. Na
vez seja reflexo dos primeiros anos de trabalho da marca, quando
Pague Menos, temos mulheres diretoras, su-
cosméticos eram produtos extremamente femininos, de ‘mulher para mulher’. Mas hoje o público da marca é muito diversificado.
Eliane Brenner, diretora presidente da Dermatus
Além das mulheres, os produtos são muito utilizados por homens, adolescentes e crianças. A Loção Beatriz, produto campeão de vendas, é um grande sucesso na rotina de tratamento masculino”, ilustra Eliane Brenner, diretora presidente da Dermatus Para a empresária, a contribuição feminina é interessante e traz ao mundo dos negócios possibilidades de se fazer diferente. “Mulheres agem, nos negócios, como mulheres e isso fascina. Acho que o grande número de mulheres à frente das farmácias de manipulação trouxe contribuições fantásticas na instalação de um saber específico, com destaques na assistência farmacêutica e na área de pesquisa”, constata Eliane, há 39 anos conduzindo a Dermatus.
Entre mulheres A Dermage é conduzida por Ilana Braun, CEO da companhia, economista e advogada, com MBA em Gestão pela PUC-RJ. Ilana, que já trabalhou em bancos de investimentos, como Itaú BBA e Modal, é filha de Lisabeth Braun, fundadora da Dermage, primeira empresa brasileira conduzida por uma mulher a lançar produ-
DIVULGAÇÃO
tos hoje consolidados no mercado de beleza. Atualmente, são 60
40
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
lojas em diversos pontos do Brasil, mais de 1,2 mil pontos de venda e 300 funcionários, sendo 90% mulheres, ocupando os mais variados cargos: vendedoras, analistas, farmacêuticas, diretoras.
dia internacional da mulher Veja como promover a equidade no ambiente corporativo, com base nos sete princípios do empoderamento feminino
Liderança
Estabelecer uma liderança corporativa de alto nível para a igualdade entre gêneros.
Desenvolvimento empresarial e práticas da cadeia de fornecedores Implantar o desenvolvimento empresarial e as práticas da cadeia de abastecimento e de marketing que empoderem as mulheres.
Igualdade de oportunidade, inclusão e não discriminação
Tratar todos os homens e mulheres de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não discriminação.
Assegurar a saúde, a segurança
Liderança comunitária e engajamento
e o bem-estar de todos os
Promover a igualdade por meio de
trabalhadores e trabalhadoras.
iniciativas comunitárias e de defesa.
Acompanhamento, medição e resultado
Educação e formação
Medir e publicar relatórios
Promover a educação, a formação e o
dos progressos para alcançar
desenvolvimento profissional das mulheres.
a igualdade entre gêneros.
“No universo de cosméticos e beleza feminina, trabalhar com
cebemos e entendemos que o maior nú-
mulheres é muito importante. Afinal, ninguém melhor do que elas,
mero de mulheres é uma demanda natural
usuárias desses produtos, para saber e entender quais são suas ne-
do nosso mercado. É quase instintiva para
cessidades, que são as mesmas das consumidoras. Também pre-
a mulher a capacidade de se comunicar e
veem novas oportunidades para a marca, inclusive temos vários
entender a necessidade das consumidoras
exemplos de produtos desenvolvidos a partir da necessidade e
de dermocosméticos. Afinal, é o universo
opinião de nossas colaboradoras e clientes, como o Photoage Max
delas”, acrescenta.
FPS 99”, pontua Ilana.
FREEPIK
Saúde, segurança e fim da violência
Segundo a CEO da Dermage, as mu-
Na Dermage, as gestoras das lojas são mulheres, em sua maio-
lheres costumam ter habilidades multi-
ria, farmacêuticas. A maior parte das vendedoras também. “Apesar
disciplinares muito versáteis, o que é bom
de existirem excelentes profissionais homens em nosso time, per-
para os negócios. Outros pontos que me-
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
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dia internacional da mulher Mulher na gerência Dulcilea Alves foi a primeira gerente mulher no ramo de supermercados no Rio de Janeiro. É uma desbravadora, com muitas histórias para contar. No início de 1970, assumiu a gerência na rede Casas da Banha, fundada em 1955. “Pensei que meu maior desafio seriam os homens, mas me surpreendi, pois a principal dificuldade de aceitação veio das próprias mulheres. Eu tinha apenas 18 anos”, conta. No início de 1990, deixou o ramo de supermercados e se aventurou no segmento farmacêutico, assumindo a gerência nas Drogarias Pacheco. “Cheguei à rede trazendo perseverança, motivação e autoconfiança do emprego anterior, mas ainda assim tive de enfrentar grandes desafios. Ao contrário das Casas da Banha, encontrei duas resistências na Pacheco: a primeira, dos gerentes, que não aceitavam que se contratasse alguém de fora do ramo; a segunda, dos balconistas homens de meia idade, que não lidaram muito bem com o fato de haver uma mulher no comando sem conhecimento técnico dos produtos. A realidade hoje é outra, com elevado nível de equidade de gênero em quase 100% das empresas do setor”, conta Dulcilea. A profissional, atualmente no ramo imobiliário, acredita que as empresas saem gaÃO
nhando quando empregam mulheres, pois elas são sutis, pacientes e antecipam as
DIVULGAÇ
necessidades do consumidor. Os homens, por sua vez, são objetivos. “Cada um, a seu modo, faz muito bem o seu papel”, finaliza.
recem destaque são: alto grau de criatividade, detalhismo extremo e elevada capacidade de comunicação. “Considerando que a Dermage atua em um mercado de inovação, essas características são extremamente importantes. Sinto também que o setor farmacêutico tem se beneficiado dessas características em diversos momentos: desenvolvimento, marketing de produtos e equipe de vendas”, especifica Ilana. À frente da companhia, Ilana enfrentou muitos desafios, alguns deles por ser mulher. “O preconceito não é direto. Ocorre que, como mulher empresária, você costuma ser ‘minoria’ em muitas reuniões e encontros. Acredito que a melhor forma de lidar com isso é demonstrar sua capacidade e liderança, sem se intimidar com essas situações. Sinto que estamos melhorando e torço para que a sociedade continue evoluindo nesse sentido”, avalia a CEO, que herdou da mãe, Lisa Braun, a resiliência. “Eu, como empreendedora, DIVULGAÇÃO
mãe e mulher, muitas vezes, encaro situações delicadas, mas minha mãe me ensinou que precisamos lutar e enfrentar as barreiras Ilana Braun, CEO da Dermage.
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Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
da vida. Jamais desistir de nossos sonhos e ideais”, finaliza Ilana.
práticas corporativas
Mostre-me seu vendedor e direi quem tu és O preparo dele diz muito sobre a empresa e o mercado onde atua
Pois bem, peguei o contrato para ler e
biliária, a queda dos preços, o alto estoque das construtoras e a cri-
marquei com ele no primeiro dia útil se-
se. Lidar com um vendedor quando se tem um grau avançado de
guinte, para que ele me esclarecesse todas
formação técnica em negociação é interessante, pois te permite
as dúvidas. Qual não foi minha surpresa ao
ser bastante crítico. Aqui cabe lembrar um binômio básico de toda
descobrir que o tal coordenador de Vendas
negociação: o relacionamento entre as partes e a substância da ne-
jamais tinha lido o contrato? Pior que isso,
gociação, ou seja, o que está sendo negociado.
não sabia me explicar o que era um índice
Como era de se esperar, no que tange ao relacionamento, o corretor era um primor. Juras de amizade eterna e declarações de
mencionado no contrato, o ICC-RJ. Acredite, eu tive que explicar a ele.
afinidade imediata e admiração pela minha pessoa, além de pro-
Para piorar, ainda fiz por conta própria
messas de prósperos negócios, em que eu poderia indicar clientes
uma pesquisa em relação ao “habite-se” do
e ganhar comissões, fizeram parte de um previsível roteiro.
imóvel, ponto-chave na negociação e que
Tive que ouvir toda essa ladainha, sabendo que, na medida em
seria a garantia de fechamento de venda.
que a negociação avançasse, eu colocaria a substância da negocia-
Nenhuma proatividade do sempre simpá-
ção à prova. E quando essa hora chegou, foi uma sucessão de sus-
tico corretor, que só sabia repetir o mantra
tos, que me levou a acreditar que eu estava lidando com um es-
“vai acabar, vai vender”.
telionatário, tamanho o grau de despreparo. Cabe ressaltar que o
Concluí, ao final do processo, que, se o
corretor tinha também o cargo de coordenador de Vendas, ou seja,
coordenador de Vendas é assim, provavel-
liderava uma equipe de corretores.
mente, o diretor de Vendas não deve ser
Diversas passagens hilárias pontificaram a negociação. Primeiro,
muito diferente, e que o mercado imobiliá-
o corretor teve uma enorme dificuldade para explicar quais seriam
rio deve ter um perfil de cliente que acaba
as etapas do processo de venda, a ponto de eu tê-lo orientado na
moldando e tornando viável esse enorme
montagem de um roteiro para facilitar o trabalho.
despreparo que vivenciei. Isso se confir-
Dias depois, o corretor me trouxe o contrato para assinatura.
mou nas palavras da advogada que analisou
Coisa pouca, segundo ele, uma bobagem, que eu deveria assinar
meus contratos e que revelou ser comum
imediatamente, numa lanchonete, pois ele levaria no dia seguinte
receber clientes enrascados, que assina-
para a construtora. Eis que o sujeito me aparece com quatro volu-
ram calhamaços de papel sem ler e, por-
mes de papelada, cheio de pressão para que eu assinasse, usando
tanto, sem noção da furada em que esta-
aquele velho argumento de que “vai acabar, vai vender”.
vam se metendo.
DIVULGAÇÃO
D
Decidi comprar um imóvel, aproveitando o fim da bolha imo-
Fernando Gaspar Consultor especializado na construção de indicadores gerenciais para varejo e serviços, instrutor de liderança e palestrante.
Quer saber mais?
Mande um e-mail para fgaspar00@gmail.com
gestão de pessoas
Conheça técnicas que ajudam a reter bons talentos
SHUTTERSTOCK
Profissionais devem trabalhar em conjunto para garantir a eficiência no atendimento ao cliente
E
Empresas pequenas também podem
apostar em estratégias de atração e retenção para competir em pé de igualdade
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que buscar, no mercado, um colaborador à altura, o que pode não ser tarefa muito fácil. No caso de farmácias e drogarias, a rotatividade em excesso, além
A atração e a retenção de bons pro-
de gerar custos e retrabalho, compromete a identidade da loja, princi-
fissionais em uma empresa ainda é uma
palmente as farmácias de bairro, que já têm clientela fidelizada. Por-
questão de sobrevivência para algumas or-
tanto, a saída de um profissional pode afetar o padrão de atendimen-
ganizações. O que acontece é que, para a
to, já que os consumidores se identificam com alguns atendentes.
prática dessas duas ações, é preciso estra-
Para minimizar esses riscos, existem técnicas de recursos hu-
tégias que possibilitem um bom clima or-
manos eficazes, que podem ser aplicadas não somente às gran-
ganizacional e perspectivas de carreira para
des redes, mas também ao pequeno negócio, cujo resultado é a
os funcionários, caso contrário, a saída de
atração e a retenção de bons talentos.
um profissional comprometido pode afe-
A especialista em Recursos Humanos, Lucia Gadelha, dá dicas
tar os resultados da empresa. Isso porque,
para a hora da contratação. “É importante definir, previamente, o
além de perder o funcionário, o gestor terá
perfil do candidato para a vaga em questão, descrever quais habi-
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
gestão de pessoas lidades técnicas e comportamentais são essenciais ao cargo e fazer um alinhamento para definir o salário, que deve estar de acordo com a função descrita”, pontua. Lucia destaca que, para um processo seletivo eficaz, é fundamental que o planejamento e as etapas sejam conduzidos por um especialista em RH, seja ele efetivo da farmácia ou terceirizado, e sempre em parceria com o setor solicitante da vaga. Uma vez encerrado o processo de contratação do novo funcionário, a pequena farmácia tem outro desafio pela frente: saber o que fazer para manter a equipe motivada e engajada com os objetivos da empresa.
10 dicas para atrair e reter bons talentos 1. Defina o perfil do candidato para a vaga. 2. Descreva as habilidades necessárias para ocupar o cargo.
3. Se o candidato não for aprovado, dê um feedback.
4. Engaje os profissionais nos projetos da empresa.
Treine e desafie seu funcionário Segundo a vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ), Renata Filardi, o maior problema para a
5. Ofereça treinamentos. 6. Ouça o que ele tem a dizer.
área de RH é a capacidade da organização em oferecer oportuni-
7. Proporcione um ambiente produtivo.
dades para que o funcionário se desenvolva profissionalmente.
8. Possibilite chances de crescimento.
“Se o colaborador não enxergar novos horizontes e não se sentir
9. Troque experiências.
desafiado, possivelmente, buscará outras oportunidades. Por isso, a necessidade de engajá-lo nos processos de decisão da empresa
10. Aposte na equipe.
e nos projetos em andamento, escutando suas sugestões de maneira apreciativa”, frisa Renata.
As possibilidades são muitas, entre elas,
A vice-presidente da ABRH-RJ ressalta que o grande diferen-
avaliação do clima organizacional, demons-
cial das farmácias é que elas podem aproveitar as parcerias com
trando para o funcionário que a empresa
fornecedores para oferecer treinamentos técnicos, comportamen-
quer saber a opinião dele; criação de canais
tais e de produtos. “Ações desse tipo motivam os colaboradores,
específicos de comunicação, seja um mu-
que poderão conhecer mais sobre as ferramentas de trabalhos e
ral informativo, seja um jornal institucional,
se manterem engajados com as metas e os resultados”, acrescenta.
pois isso revela a preocupação da gestão
Outra particularidade destacada é que a pequena farmácia tem
em manter o colaborador bem informado
a chance de ter o gestor mais próximo da equipe, permitindo que
sobre a empresa; e divulgação abrangente
ele conheça melhor os funcionários e incentive relações profissio-
das oportunidades internas de promoção.
nais mais transparentes. Em geral, os colaboradores tendem a de-
Quando as empresas não utilizam as
senvolver um forte sentimento de pertencimento à empresa por
ferramentas adequadas, os riscos são muito
causa disso. Soma-se a isso a vantagem que a pequena empresa
maiores. “Definitivamente, nenhum empre-
tem de traçar planos de carreira de acordo com o perfil de cada co-
sário quer empregar funcionários insatisfei-
laborador em alinhamento às metas da organização.
tos e com baixa autoestima, que reclamam
Para Renata, ainda existem empresas de pequeno porte que
o tempo todo e acionam a justiça do traba-
não desenvolvem o RH de maneira estruturada, tendo gestores
lho por qualquer questão. Nem arcar com
agindo com a intuição e desconsiderando as ferramentas e práti-
as consequências dos erros operacionais,
cas existentes no mercado. “Por outro lado, quando elas aplicam
que tendem a crescer, comprometendo o
as técnicas para atrair e reter bons talentos, observamos que con-
atendimento aos clientes e, consequente-
seguem ter um diferencial competitivo responsável pelo sucesso
mente, a sustentabilidade do negócio”, fi-
do negócio”, defende.
naliza Lucia Gadelha.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
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recursos humanos
RH estratégico Envolva todos os colaboradores, pois, ao contribuírem com a empresa, estarão promovendo o próprio desenvolvimento
O
O setor de Recursos Humanos evoluiu,
O modelo de gestão estratégica de pessoas é aquele em que
ao longo dos anos, de um modelo de gestão
a área de RH busca fazer um elo entre os colaboradores e o pla-
burocrática de pessoal, com foco apenas em
nejamento da organização. É o alinhamento do planejamento de
gerir a folha de pagamento e as contrata-
RH com o planejamento estratégico da empresa. A vantagem de
ções, para um modelo de gestão estratégi-
se elaborar um planejamento estratégico em RH é que, por meio
ca de pessoas, em que elas são vistas como
dessa ação, a empresa poderá garantir e consolidar essa parceria,
ativos da organização e fundamentais para
tendo como consequência o alcance dos resultados.
HUMBERTO TESKI
o sucesso do negócio.
Lucia Gadelha Consultora especialista em gestão em recursos humanos e capacitação de líderes.
Toda a oscilação do cenário econômico
tratégica de pessoas na farmácia ou drogaria. Abaixo, destacamos
dos últimos anos fez com que as organiza-
algumas que contribuem para uma relação de compromisso mú-
ções se voltassem para estruturas mais en-
tuo, na qual o empregador percebe o funcionário não como um
xutas, processos aprimorados e profissionais
custo a ser monitorado, mas como um ativo a ser desenvolvido:
extremamente qualificados, com o objeti-
- Dedique tempo para integrar o novo funcionário, de forma que
vo de alavancar resultados no menor pra-
ele assimile a identidade da drogaria, favorecendo a adaptação às atri-
zo possível. Para permanecer no mercado,
buições do cargo e a proposta de valor que a empresa quer comunicar;
é preciso mudar rapidamente. O RH estratégico busca o envolvimento de todos no alcance dos objetivos organi-
46
desenvolvendo ferramentas de avaliação ao longo desse processo inicial, de acordo com as atribuições do cargo; - Promova ações de treinamento e desenvolvimento relacio-
mulando a manutenção da empregabilida-
nados às habilidades técnicas e comportamentais, aprimorando as
de e conscientizando os profissionais sobre
competências e contribuindo para o plano de carreira;
a autopercepção de suas forças e fraquezas.
- Realize, a cada semestre, a Avaliação de Desempenho, pois as
É uma via de mão dupla, em que as pessoas
pessoas sentem necessidades de ser avaliadas, de receber feedback
contribuem para que a organização prospe-
e de saber em que processos podem melhorar.
desenvolvimento das pessoas.
Mande um e-mail para luciagadelha@terra.com.br
- Acompanhe o novo funcionário no período de experiência,
zacionais e no autodesenvolvimento, esti-
re e a organização, por sua vez, promove o
Quer saber mais?
Diversas ações podem ser desenvolvidas por uma gestão es-
Além dessas ações, o setor de RH da atualidade deve estimular a construção de relacionamentos confiáveis e éticos; certificar-
A gestão estratégica de RH também de-
se de que o sistema operacional básico de cada setor esteja dese-
fine os processos de desenvolvimento con-
nhado corretamente; participar dos processos, tanto de elaboração
tínuo e estruturado de interação das pes-
como de execução das estratégias, e preparar os líderes para iden-
soas com os setores internos, contribuindo
tificar as ferramentas necessárias para incentivar sua equipe. Dessa
para a excelência no ambiente organizacio-
forma, o setor assume o papel de agente de mudanças, com um
nal e, como consequência, retendo os me-
posicionamento sistêmico e coerente, de modo a potencializar os
lhores profissionais.
resultados da empresa.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
saúde
Cresce consumo de antidepressivos e estabilizadores do humor Fatores como desemprego, endividamento e perda do plano de saúde contribuem para o avanço do estresse e da depressão
O
O varejo farmacêutico brasileiro cresceu 13,1% em 2016, pas-
sando de R$ 75,49 bilhões para R$ 85,35 bilhões, segundo levantamento realizado pela Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), com dados da IMS Health. Os mesmos índices foram verificados para medicamentos que requerem prescrição médica – mercado ético – e os demais produtos – medicamentos populares. Os genéricos tiveram crescimento ligeiramente maior, de 14,7% – eles representam 26,6% do mercado. Os dez principais grupos farmacêuticos faturaram juntos R$ 48,59 bilhões em 2016, correspondendo a 56,9% do mercado varejista. As dez principais classes terapêuticas foram responsáveis pelo faturamento de R$ 27,49 bilhões, correspondendo a 32,2% do mercado varejista. Em primeiro lugar aparece a classe dos “analgésicos não narcóticos e antipiréticos”, com faturamento de R$ 3,82 bilhões (4,5%). No entanto, o que mais tem chamado a atenção é a colocação da classe “antidepressivos e estabilizadores do humor”, que aparece em segundo lugar, com vendas de R$ 3,45 bilhões. De acordo com dados da IMS Health, desde 2012, essa classe de medicamentos vem em curva crescente. Há cinco anos, o setor vendeu mais de 42 milhões de unidades. Em 2016, em volume passou para 60 milhões. O faturamento saltou de R$ 1,9 bi-
SHUTTERSTOCK
lhão para 3,4 bilhões no mesmo período.
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Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
saúde Classe terapêutica de antidepressivos e estabilizadores de humor Evolução do faturamento e do volume FONTE: IMS HEALTH
2012
2013
2014
2015
2016
Valores R$
1.872.056.569
2.169.371.586
2.474.165.079
2.921.916.753
3.453.818.626
Unidades
42.615.324
45.204.012
49.210.091
54.894.712
60.426.341
Empobrecimento e estresse Uma avaliação superficial dos dados poderia levar à conclusão de que as pessoas estão mais deprimidas, porém, segundo o psi-
líder que congregue. Essas questões têm impactos profundos na mente do indivíduo”, pontua Antônio Geraldo, da ABP.
quiatra e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, é preciso correlacionar esse cenário de
Uso do canabidiol
crescimento no consumo de antidepressivos e estabilizadores do
E por falar em medicamentos contro-
humor a outros fatores, como aumento da renda, mais acesso ao
lados, a Resolução 130, publicada em 2 de
tratamento, avanço dos genéricos com a queda de patentes, dimi-
dezembro de 2016, passou a permitir a
nuição do estigma e mais acesso à informação sobre a depressão.
prescrição de medicamentos registrados
Com exceção do período recente de crise, as pessoas passa-
na Agência Nacional de Vigilância Sanitá-
ram a ter mais dinheiro para cuidar da saúde e isso inclui a compra
ria (Anvisa) à base de derivados de Cannabis
de medicamentos. Além disso, com mais informação circulando, a
sativa, exclusivamente por médicos, desti-
população passou a conhecer mais sobre a doença, identificando
nados, portanto, ao uso humano.
sintomas e buscando ajuda profissional. Hoje, sabe-se que a de-
Além disso, altera a Portaria 344, pois in-
pressão é uma das principais causas de afastamento do trabalho.
clui o canabidiol na lista das substâncias re-
Mas isso não vai mudar por enquanto. A previsão é que, em 2020,
guladas pela Portaria. O canabidiol é encon-
ela seja a maior causa no mundo.
trado na Cannabis sativa e será utilizado na
De acordo com o presidente da ABP, além do fator genético,
produção do Mevatyl, da GWPharma, indi-
as condições do meio ambiente também contribuem para o de-
cado para tratamento da esclerose múltipla.
senvolvimento de um quadro depressivo, como diagnóstico de
Essas mudanças no mercado e na legis-
câncer, pós-parto, filhos, desemprego, endividamento e outras
lação devem ser observadas por farmácias
perdas importantes, como plano de saúde. Em todo o País, hou-
e drogarias, segundo a especialista em As-
ve uma perda de 1,4 milhão de beneficiários de planos de assis-
suntos Regulatórios, Betânia Alhan. “Com
tência médica, com retração de 2,8%, entre dezembro de 2015 e
a maior incidência de depressão, o cresci-
dezembro de 2016, segundo dados da Agência Nacional de Saú-
mento nas vendas de antidepressivos e a
de Suplementar (ANS).
inclusão do canabidiol na lista dos contro-
“Atualmente, a migração de uma classe social para outra tem
lados, os estabelecimentos precisam es-
deixado as pessoas em situações extremas de estresse. Dorme-
tar totalmente legalizados e em dia com a
se menos de tanta preocupação. O empobrecimento é algo terrí-
Anvisa para a venda desse tipo de produ-
vel, difícil de lidar. Soma-se a isso toda essa situação de corrupção
to. Dispensar esses medicamentos indis-
e descrença na política brasileira. As pessoas perderam a fé e não
criminadamente pode caracterizar tráfico
acreditam mais no Estado, que deveria zelar por elas. Não há um
de drogas”, alerta Betânia.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
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marketing farmacêutico
Pequena empresa resiste Mesmo com o avanço da tecnologia, relações comerciais mais complexas e consumidores cada vez mais exigentes, pequeno varejo se mantém firme
O
O que significa, no mercado farmacêu-
Esse pequeno varejo não morre e está mais vivo do que nunca,
tico, ser uma empresa de pequeno porte?
um fenômeno que acontece em pleno século XXI, mesmo com o
De modo geral, é aquela que possui pou-
avanço da tecnologia, relações comerciais mais complexas e con-
cos ou nenhum empregado, tendo o pro-
sumidores cada vez mais exigentes. Uma das razões para isso é a
prietário a incumbência de abrir e fechar as
forma acolhedora, simplista e próxima ao cliente com que a pe-
portas, atender, receber, arrumar e manter
quena empresa trabalha.
seu estabelecimento dentro das normas e padrões exigidos para o funcionamento.
Controlar o negócio, nesse caso, é saber exatamente qual o estoque, o que comprar, quando e de que distribuidora receber as melhores condições. Controlar também significa ter um olhar mais apurado e detalhista na hora de contratar o farmacêutico,
HUMBERTO TESKI
pois, dependendo do perfil requisitado, ele pode se transformar
Mauro Pacanowski Professor e consultor da FGV.
Controlar o negócio, nesse caso, é saber exatamente qual o estoque, o que comprar, quando e de que distribuidora receber as melhores condições.
numa poderosa ferramenta de relacionamento entre indústria, medicamento e cliente. Transformar o que se denominou de custo em investimento é aproveitar a competência de anos de estudos em prol do negócio. À pequena empresa, o distribuidor oferece mais flexibilidade e a indústria costuma oferecer serviços, atuando como propulsora de um trabalho diferenciado e com maiores oportunidades junto aos clientes. Ambos prezam uma aproximação maior com o proprietário e não costumam medir esforços para encantá-lo e ofe-
Essa pequena empresa, muitas vezes,
Quer saber mais?
Mande um e-mail para mauro@pacanowski.com.br
50
recer as melhores promoções.
representa o único patrimônio da família,
A indústria observa e preza quem tem mais chances de ouvir o
de onde se retira o sustento de todos. Inte-
cliente, quem está mais perto de conhecer e rapidamente atender
ressante notar que são comerciantes sem
aos pedidos dos consumidores, quem é mais conhecido e referên-
base teórica sobre administração, finanças
cia no bairro, quem pode utilizar de forma inteligente um cadastro
e relações humanas, porém com uma forte
de clientes e contatá-lo com frequência.
intuição empresarial, sabendo comprar e
Portanto, é fundamental que a farmácia independente saiba
vender e tendo o acesso direto ao consu-
colher, entender e identificar as informações, utilizando-as como
midor como uma das armas mais potentes.
fonte de negociação junto à indústria e ao distribuidor.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
pequeno varejo
Inovação e benchmarking Observar o que outras empresas estão fazendo pode ser inspirador para a pequena empresa
ANDRÉ LIMA
A
A criatividade, o insight, a invenção, a in-
sam contribuir para a melhoria dos processos e da produtividade
tuição, a inspiração, a iluminação e a origi-
da empresa. Trata-se de um processo por meio do qual se obser-
nalidade, apesar de serem palavras, muitas
va, se aprende e se melhora, podendo ser aplicado a qualquer área
vezes, consideradas sinônimo de inovação,
de atividade organizacional, desde o desenvolvimento estratégico
sem uma ação efetiva, não levam a lugar al-
até o serviço prestado ao cliente.
gum. No ambiente empresarial, a inovação
Recentemente, viajando pelo Sul do Brasil, sempre com o olhar
certamente deve contar com a criatividade
de praticante contínuo de benchmarking, pela força do ofício, me
não somente do gestor, mas também da
deparei com uma rede de comércio farmacêutico que desenvolveu
equipe, de forma articulada pela liderança.
e implantou um processo diferenciado e inovador de atendimento
Um bom exemplo são os Círculos de Con-
aos clientes, por meio do qual o atendimento e a cobrança ocorrem
trole de Qualidade (CCQ), técnica utilizada
de forma simultânea. Todos os terminais de atendimento, aqueles
nos Programas de Qualidade Total, notada-
que em muitas redes ficam no fundo da loja, sobre o balcão, são
mente em empresas japonesas.
também terminais de caixa e cobrança. Dessa forma, o cliente ex-
O CCQ é formado por um grupo de pes-
perimenta apenas um momento de espera. Ao ser atendido pelo
soas que pertencem ao nível operacional,
balconista, o cliente solicita o medicamento e paga ali mesmo, sem
que possuem a função de propor modifica-
precisar passar no caixa, como conhecemos na maioria das farmácias.
Marcos Assumpção
ções no que precisa ser melhorado ou so-
Para viabilizar esse processo, as lojas dessa rede tiveram o layout
Consultor em planejamento, gestão por processos e gerenciamento de projetos.
lucionado. É uma atividade de grupos vo-
redesenhado com a inclusão de cerca de oito a dez terminais de
luntários, composta preferencialmente por,
atendimento, que também são terminais de caixa. Foi introduzido
no mínimo, três participantes e, no máxi-
ainda um sistema de senhas para ordenamento da chegada e do
mo, sete, de um mesmo setor.
atendimento, bem como criado um espaço com cadeiras de espe-
Quer saber mais?
Mande um e-mail para marcosconsultor@globo.com
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Em geral, a solução dos problemas ana-
ra. Em uma das lojas da mesma rede, em São Paulo observei que
lisados no CCQ está ao alcance dos próprios
o sistema de senha foi substituído pela fila única de atendimento,
colaboradores participantes do grupo, mas
porém com a cobrança simultânea.
não somente. Dessa forma, os CCQ possi-
Não foi possível verificar diretamente com os gestores da rede
bilitam aos colaboradores a oportunidade
o que motivou a implantação dessa modalidade operacional, mas,
de contribuir com a melhoria da organiza-
analisando o comportamento dos clientes e atendentes, observei
ção por meio da inovação.
ótima aceitação e fácil operação.
Outra ferramenta que pode gerar inova-
Sobre o tema criatividade e inovação, temos aqui um exemplo
ção é o benchmarking, nome dado à prática
de inovação por fusão de dois processos já existentes na empresa.
de se observar as melhores técnicas ou téc-
Observar e analisar esse exemplo caracteriza, portanto, uma expe-
nicas inovadoras de concorrentes, que pos-
riência de benchmarking.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
empreendedorismo
Vale a pena abrir uma farmácia?
SHUTTERSTOCK
Especialistas concordam que sair do formato de carteira assinada requer conhecimento e entendimento do mercado
O
O mercado continua retraído devido
à crise que o País enfrenta, mas cada um
54
em cada dez brasileiros adultos já possuem um negócio ou estão envolvidos com a criação de uma empresa.
tenta se reinventar da maneira que pode.
Segundo o estudo, em 2015, a taxa de empreendedorismo,
Os números mostram que os brasileiros
no País, foi de 39,3%, o maior índice dos últimos 14 anos e qua-
estão deixando de lado o medo de en-
se o dobro do registrado em 2002, quando era de 20,9%. A pes-
frentar diferentes experiências, como abrir
quisa ainda revela que, devido à crise, aumentou a quantidade de
o próprio negócio, em busca de dias me-
empreendedores que abrem empresas porque não têm renda ou
lhores para a vida profissional. Pesquisa
porque faltam oportunidades, o que, na prática, pode resultar em
da Global Entrepreneurship Monitor (GEM),
empresas pouco inovadoras e menos preparadas.
realizada em 2015 e patrocinada pelo Ser-
Levando em consideração que, enquanto a maioria dos setores
viço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-
da economia anda para trás, o segmento de farmácias e drogarias
nas Empresas (Sebrae), mostrou que quatro
continua em crescimento, pode sim ser um bom negócio investir,
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
empreendedorismo mas é preciso cautela em todo o processo para que os resultados
ferramenta que controla a movimentação
não sejam arruinados.
financeira de uma empresa em um perío-
Na atual situação de mercado, as vendas do setor farmacêutico
do determinado.
somaram R$ 39,46 bilhões no País em 2016, alta de 11% na com-
Por fim, Moreira menciona a impor-
paração com o ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Re-
tância de dominar os conceitos da Curva
des de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). O crescimento é inferior
ABC para estoques, ferramenta gerencial
ao avanço de 12% em 2015. O setor vem desacelerando nos últi-
que auxilia na identificação dos itens mais
mos anos devido à recessão econômica, que, em 2016, provocou
vendidos, que não podem faltar nunca no
algo inédito em mais de uma década: a queda da venda de “não
estoque da loja.
medicamentos”, como cosméticos, perfumaria e itens de conveniência. A comercialização de medicamentos cresceu 10,93% em 2016, passando para R$ 26,61 bilhões. O segmento de não me-
Coragem, criatividade, determinação
dicamentos subiu 7,41%, para R$ 12,85 bilhões. Pela primeira vez
Essas são três características citadas
desde 2011, a alta é menor que 10%, mas ainda assim os resulta-
como importantes pelos especialistas para
dos são positivos se comparados com outros ramos da economia.
quem desejar abrir a própria farmácia, mas devem andar de mãos dadas com alterna-
Fatores de sucesso
tivas que minimizem os riscos aos quais os
O consultor especializado em Varejo Farmacêutico e sócio pro-
novos empreendedores estão sujeitos, entre
prietário da Avant Fiscal, Giovane Moreira, prevê um investimen-
eles, não vender, vender pouco com mar-
to inicial de R$ 300 mil a R$ 400 mil, para aquisição de mobiliá-
gem reduzida e vender com prazos muito
rio, estoque e equipamentos. Parte desses recursos também será
longos, sacrificando o capital de giro.
utilizada para a formação de capital de giro, que deve ser suficien-
Quanto ao investimento inicial, uma as-
te para sustentar um negócio por seis meses, aproximadamen-
sessoria de profissionais especializados aju-
te. Dessa forma, o empresário evita fazer empréstimos bancários
da a estimar o valor do negócio e dimensio-
para pagar as contas.
nar o retorno dos investimentos adicionais
Para o consultor, vale muito a pena investir no ramo, mas so-
que serão necessários. “Em se tratando da
mente se o novo empreendedor estiver atento aos quatro princi-
aquisição de uma farmácia já existente, por
pais fatores para o sucesso do negócio: escolha do melhor ponto
exemplo, recomendo uma auditoria, princi-
comercial; compras em escala para gerar preço baixo ao consumi-
palmente trabalhista e fiscal, para conhecer a
dor; presença em todas as plataformas de atendimento ao cliente,
real situação da empresa, evitando surpresas
tanto física como digital; e capital de giro para os seis meses iniciais.
desagradáveis depois da compra”, completa
“Se o profissional desconhece esses fatores, aconselho não
o consultor Financeiro, Jorge Wilson Alves.
arriscar e continuar trabalhando como funcionário, até que esteja
Na visão do presidente do Sindicato do
mais preparado para abrir a própria farmácia. Ou então, nesse caso,
Comércio Varejista dos Produtos Farmacêu-
montar uma sociedade com quem entenda do assunto pode ser
ticos (Sincofarma), de São Paulo, e também
uma alternativa para minimizar os riscos”, orienta Giovane Moreira.
empresário do varejo farmacêutico, Nata-
Dominar alguns conceitos de gestão financeira também é in-
nael Aguiar Costa, para um farmacêutico, é
dispensável. “É essencial que o empreendedor entenda um pouco
mais fácil encarar o desafio de abrir a pró-
de contabilidade, mesmo que contrate um contador, pois, devida-
pria farmácia, uma vez que ele tem a van-
mente informado sobre impostos a recolher, conseguirá se planejar
tagem da formação na área. “Quanto ao
financeiramente e pagar as taxas em dia”, orienta. O consultor cita
balconista, ele deverá pensar bem antes
ainda a necessidade de se fazer continuamente um fluxo de caixa,
de fazer um investimento dessa magnitu-
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
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empreendedorismo Os dez maiores desafios do empreendedor brasileiro A Endeavor divulgou, em 2016, a pesquisa Desafios dos Empreendedores Brasileiros, com apoio da Neoway e coleta do Datafolha, em que são apresentadas as principais dificuldades dos empreendedores brasileiros. O estudo apresentou os dez maiores desafios e adivinhe o que vem em primeiro lugar: a gestão de pessoas. De acordo com o estudo, esse é o desafio mais doloroso apontado pelos empreendedores, que têm muita dificuldade na formação de lideranças. Em segundo, aparece a gestão financeira, pois os custos das empresas estão aumentando e superando a receita, consequência da inflação dos últimos anos. E, em terceiro, a burocracia brasileira. A partir da quarta posição, aparecem marketing e vendas, operações e processos, estratégia, infraestrutura, acesso a crédito e investimentos e governança corporativa. Para superar esses desafios, os empreendedores buscam apoio em instituições, grupos de trabalho, funcionários, amigos e familiares; mantém contato direto com mentores, pessoas com mais experiência e que já passaram por desafios parecidos; e participam de eventos de capacitação.
de, pois, sem a formação farmacêutica, terá
ra não permite a licença naquele local, o que coloca todo o investi-
que custear a contratação de um responsá-
mento por água abaixo”, alerta a analista. A dica, nesse caso, é fazer
vel técnico”, destaca.
uma consulta de viabilidade no site da Prefeitura ou ir diretamente ao departamento responsável para questionar se naquele en-
Dicas do Sebrae/RJ A analista de Políticas Públicas do Se-
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dereço é permitida a abertura de um estabelecimento farmacêutico. Essa medida preventiva evita problemas com a fiscalização.
brae/RJ, Juliana Lohmann, afirma que a ques-
Uma ferramenta útil aos novos empreendedores é o site Em-
tão fundamental para esse novo empreen-
presômetro. Por meio dela, o profissional consegue identificar por
dedor é buscar informação de mercado, de
munícipio e por tipo de atividade quantos estabelecimentos exis-
forma que consiga identificar concorrentes,
tem em uma determinada região.
calcular investimento inicial, relacionar os tri-
A mão de obra a ser contratada é outro fator importante e que
butos a serem pagos e fazer o levantamen-
precisa ser pensado estrategicamente. Ela pode ser especializada,
to dos custos fixos e variáveis. Ajuda nes-
quando o gestor contrata do mercado com experiência nas fun-
se desafio o aclamado plano de negócios,
ções exigidas, ou treinada pela empresa. Juliana afirma que quanto
pois, por meio dele, o empreendedor orga-
mais especializada, mais cara ela será e tudo dependerá do tipo de
niza as informações para a melhor tomada
investimento proposto pelo novo empreendedor. “Se a farmácia
de decisão. O plano contribui para identifi-
for uma franquia, deverá obedecer a determinadas regras, mas se
car a viabilidade do negócio e, futuramente,
for independente, terá mais liberdade para fazer escolhas”, lembra.
auxilia na gestão da empresa. “Montar um
A analista cita os pontos que devem receber atenção redobrada
plano de negócios é o primeiro passo para
na hora de decidir abrir um negócio, como estar com toda a docu-
quem deseja empreender com segurança
mentação em dia para facilitar o processo de licenciamento; ficar
e eficácia”, garante Juliana.
de olho nas legislações específicas dos órgãos reguladores; enten-
Outro ponto destacado pela analista é o
der sobre as questões tributárias, de preferência contratar um pro-
conhecimento da região onde se pretende
fissional de contabilidade para cuidar dessa parte; ficar atento às
abrir a farmácia. “É muito comum o empre-
linhas de crédito e saber identificar qual a melhor para o negócio;
sário alugar um espaço, investir na abertu-
aprender a formar preços e negociar prazos para pagamentos; co-
ra do estabelecimento e, quando vai tentar
nhecer bem os fornecedores; e buscar sempre ser inovador, para
conseguir o alvará, constata que a Prefeitu-
se destacar em relação aos concorrentes.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017
consultora farmacêutica
Controle da asma Atuação do farmacêutico pode ser um diferencial para a adesão e o sucesso do tratamento
HUMBERTO TESKI
A Ana Lucia Caldas Farmacêutica, gerontóloga e especialista em atenção farmacêutica.
A asma é uma doença respiratória crô-
atópica, rinite alérgica, urticária, etc. Na maioria dos casos, os fatores
nica, muito comum, provocada por uma in-
que predispõem à asma são substâncias aspiradas pelo ar, como
flamação das vias aéreas, podendo ser re-
ácaros, fumaça de cigarros, poluição do ar, pólen, infecções virais
versível espontaneamente ou por meio de
ou bacterianas das vias respiratórias, cheiro forte de tinta, perfume,
tratamento. O broncoespasmo é caracteri-
querosene, entre outros. A alergia a alimentos, tais como ovos, lei-
zado pelo aumento da produção de muco,
te, amendoim, frutos do mar e corantes, também é um fator de-
edema e redução do calibre das vias aéreas,
sencadeante, assim como alguns medicamentos, como aspirina,
dificultando a circulação do ar nos pulmões.
anti-inflamatórios e betabloqueadores.
Sibilo (chiado), dispneia, tosse e sensação de
O farmacêutico deve acompanhar os pacientes com suspeita
pressão no peito são algumas das manifes-
de asma, investigar os sintomas e, quando necessário, orientar à
tações clínicas recorrentes dos episódios de
consulta médica para diagnóstico. A terapia farmacológica conta
asma, tendo como característica o agrava-
com algumas drogas. Os broncodilatadores beta-2 agonistas, ad-
mento dos sintomas ao anoitecer. Duran-
ministrados por via inalatória, são ótimas opções para reverter os
te o dia, as queixas estão relacionadas com
sintomas da asma. Apesar de uma rápida ação e de serem efetivos
algum tipo de esforço.
no combate aos sintomas, eles não agem diretamente na inflama-
Esse é um processo reversível, que, em
ção das vias aéreas. Existem os broncodilatadores de ação curta (4
alguns casos, pode melhorar na adolescên-
a 6 horas), como o salbutamol e o fenoterol, e os de longa duração
cia, retornar na vida adulta ou mesmo desa-
(12 a 24 horas), como o salmeterol e formoterol.
parecer, característica que diferencia a asma
Por apresentarem um grande efeito anti-inflamatório, os corti-
da bronquite crônica e do enfisema pulmo-
coides são frequentemente utilizados por via inalatória no tratamen-
nar. Na maioria dos casos, a asma se mani-
to da asma. Entre os inalatórios mais utilizados, temos: budesonida,
festa antes dos sete anos de idade. Apesar
beclometasona, ciclesonida, fluticasona, flunisolida, mometasona
de não sabermos precisamente o que pro-
e triancinolona. Muito utilizada no passado, teofilina é uma dro-
voca o desenvolvimento dela, sabemos que
ga oral, de efeito broncodilatador, utilizada atualmente de forma
há um forte fator genético, já que a doen-
complementar ao tratamento. Relativamente novo, o omalizumab
ça geralmente acomete vários membros
é um medicamento administrado por via subcutânea a cada duas
de uma mesma família. Caso um dos pais
ou quatro semanas, indicado no tratamento da asma alérgica que
tenha asma, o risco de o filho ter a doença
não se consegue controlar com os corticoides.
é de 25% e, se ambos são asmáticos, esse risco aumenta para 50%. Quer saber mais?
Mande um e-mail para analulcaldas@gmail.com
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A asma é uma doença crônica. Nos casos persistentes, o tratamento deve ser contínuo, mesmo que não apresente sintomas. A
Os processos alérgicos também são re-
irregularidade no uso dos medicamentos é uma das causas mais
lacionados com as crises de asma, sendo
comuns das crises. A atuação do farmacêutico, portanto, pode ser
muito comum a associação com dermatite
um diferencial para a adesão e o sucesso do tratamento.
Revista da Farmácia · Março-Abril 2017