Revista da Farmácia

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ASCOFERJ · Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro · Rua México, 3 · 14º andar · Centro · Rio de Janeiro · RJ · 20.031-144

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Ano 24 · Edição 185 · Março-Abril 2015

Burocracia faminta Ela devora seu tempo, sua paciência, sua produtividade e seu dinheiro. E o pior é que não há soluções imediatas para isso

Evento

Estratégia

Finanças

Em maio, Rio terá feira de negócios e congresso durante mais uma edição da Expo Pharma

Escolher o local para seu novo negócio é uma decisão arriscada. Saiba que cuidados tomar

Conheça os sete erros que te levam para o colo das instituições financeiras



opinião

Reforma econômica ou arrocho fiscal empresa ou Estado a ocorrência de ciclos

mentos nos tributos e nos preço dos serviços de concessionárias de transporte, energia, água, etc.

econômicos, que podem ser de prosperi-

O setor do varejo farmacêutico teve os produtos do segmento

dade ou escassez. Qual de nós, cidadãos,

de HPC (higiene, perfumaria e cosméticos) afetados com aumen-

já não passou por uma situação inespera-

tos expressivos de impostos, que, consequentemente, acarretam

da de desemprego, enfermidade ou outra

subida nos preços ao consumidor. Já os medicamentos continuam

situação na qual fomos obrigados a “aper-

a ter uma das maiores cargas tributários do mundo. A inflação está

tar o cinto” até que as coisas se normalizas-

fora das metas estabelecidas, e os juros cresceram ainda mais nesse

sem e voltassem a melhorar?

início de ano para os comerciantes e empresários que precisam de

Este ano, iniciou-se o novo mandato

capital para investir, enquanto as regalias ficam para corporações

da atual presidente do Brasil, que, em sua

parceiras ligadas aos partidos do governo. Até mesmo os recursos

campanha, divulgou, entre tantas coisas,

oriundos da arrecadação do contribuinte atravessam as fronteiras

que seria necessária uma reforma econô-

para “países amigos”, que possuem afinidade com o atual governo.

mica no País diante da grave situação em

De quem é a responsabilidade por toda essa situação que estamos

que a nação se encontrava. Em seu discur-

vivendo? Se recordarmos bem, há menos de um ano – motivados

so de posse, a presidente anunciou o lema

inicialmente pelo aumento de R$ 0,20 nas passagens de transpor-

do novo governo: “Brasil, Pátria Educado-

te público – os brasileiros deram uma demonstração de sua indig-

ra”. A promessa é de que teremos um am-

nação, o que culminou em manifestações de Norte a Sul, claman-

plo investimento, principalmente na edu-

do por mudanças. Vimos os governantes acuados e retrocedendo

cação, mas também nas áreas da saúde e

em suas arbitrariedades. Nesse momento, chegamos a acreditar em

moradia, com maior justiça social. Foram

grandes mudanças com as eleições e que novos nomes iriam sur-

convocados novos nomes para os minis-

gir das urnas como uma forma de dizer basta à velha politicagem.

térios com a missão de equilibrar as contas

Todavia, infelizmente, nosso povo tem memória muito curta

brasileiras, que vivem uma situação crítica.

e, por voto da maioria, foram mantidos os mesmos nomes; e, em

Iniciamos o ano e, na realidade, a marca

alguns postos, as mesmas quadrilhas. Consequentemente, a pre-

deste governo continua sendo os inesgotá-

visão é de que viveremos mais um ciclo de injustiças sociais, des-

veis escândalos de corrupção, em que bilhões

casos e impunidades.

de dólares são desviados dos investimentos

Sinceramente, desejo um dia poder ver nosso País ser dirigido

básicos, que deveriam ser destinados para o

por líderes com temor a Deus e com compromisso de investir na

bem-estar do povo, para favorecer os abutres

educação do povo, pois somente o ensino capacita o homem para

que se agarram aos cargos no Poder Público.

discernir entre o bem e o mal. Como afirmam as Escrituras Sagra-

Por enquanto, não vislumbramos ne-

das, em Provérbios 29.4: “Quando o governo é justo, o país tem se-

nhuma reforma econômica, mas sim, no-

gurança; mas, quando o governo cobra impostos demais, a nação

vamente, um arrocho fiscal, com novos au-

acaba na desgraça” (NTLH). Que Deus tenha misericórdia do povo.

HUMBERTO TESKI

F

Faz parte da vida de qualquer cidadão,

Luis Carlos Marins Presidente da Ascoferj

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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carta da editora

Cuidado, que a burocracia te pega

E Viviane Massi

Em se tratando de burocracias, todo

vidade, nosso dinheiro. Tudo no Brasil é muito difícil e demorado.

mundo gostaria de conhecer o “caminho

Tanto controle deveria servir para garantir o uso correto e honesto

das pedras”. Nesse caso, ele é o nosso fa-

de todos os recursos do contribuinte, mas é o contrário: um con-

moso “jeitinho brasileiro”, quando a gente,

trole descontrolado. De que serve dedicar 2,6 mil horas do nosso

por sorte ou azar, conhece alguém ali, ou-

ano para cumprir regras tributárias se os recursos da nossa contri-

tro alguém acolá, que pode nos ajudar a

buição são mal administrados e mal empregados? O Brasil preci-

conseguir um documento, uma assinatura,

sa repensar o Brasil.

um carimbo. Sorte, porque vamos resolver

Também vamos falar de estratégia, carreira, finanças e integra-

nosso problema em curto prazo. Azar por-

lidade do cuidado em saúde, um conceito novo no setor farmacêu-

que estamos, indiretamente, contribuindo

tico, mas que vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões.

para que o sistema permaneça do mesmo

Será tema do 7º Congresso Científico do Mercado Farmacêutico.

jeito, sem mudanças.

O Rio de Janeiro é carente de eventos na área farmacêutica. Tudo

Nossa matéria de capa fala justamente

revistadafarmacia@ascoferj.com.br

do monstro da burocracia, que engole nos-

Editora

so tempo, nossa paciência, nossa produti-

acontece, em grande parte, em São Paulo. Então, aproveitem. Depois dessa oportunidade, só em 2016. Boa leitura.

FUNDADOR

FALE COM A REDAÇÃO

Ruy de Campos Marins

DESDE MAIO DE 1991

revistadafarmacia@ascoferj.com.br

PRESIDÊNCIA

4

Luis Carlos Marins

COLABORAÇÃO

Rua México, 3 · 14° andar

JORNALISTA RESPONSÁVEL

Ana Paula Silva

Centro · Rio de Janeiro · RJ

E EDITORA

REVISÃO

CEP 20.031-144

Viviane Massi MTB 7149/MG

Agnes Rissardo

COMISSÃO EDITORIAL

ARTE

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Quadratta Comunicação & Design

21 2220-9530

Fernando Gaspar | Henrique Tavares

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21 2220-9390

Mauro Pacanowski | Marcos Assumpção

Bimestral

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sumário

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36

Estratégia

Gestão Veja dicas de especialistas para reduzir os índices de perdas na sua loja.

Pense bem antes de escolher o local da sua nova loja. Leia nossa reportagem antes.

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42 Carreira

Capa O monstro da burocracia atormenta a vida dos empresários, e ainda não criaram uma arma eficaz contra ele.

6 7 8 14 16 17 18 20 22 41 44 46 48 52

agenda lançamentos entrevista panorama mural do associado farmácia legal jurídico boa leitura evento atendimento meio ambiente ponto de venda finanças ponto de vista

Selecionamos seis dicas para você se reinventar em 2015. Ainda dá tempo.

Visite o site da Ascoferj Em nosso site, você encontra os benefícios e serviços oferecidos pela entidade. Também publicamos notícias sobre o setor farmacêutico diariamente. Acesse e acompanhe:

www.ascoferj.com.br Envie cartas e sugestões de pauta para a Revista da Farmácia. Fale com a gente pelo e-mail:

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agenda

Programe-se Aplicação de Injetáveis Nos dias 23, 24 e 25 de março, acontece mais um Curso de Aplicação de Injetáveis na sede da Ascoferj, das 16h às 20h. Para associados, o investimento é de R$ 170,00; não SHUTTERSTOCK

associados pagam R$ 300,00. Informações: (21) 2220-9390.

Expo Pharma 2015 Entre os dias 13 e 15 de maio, será realizada a Expo Pharma Brasil 2015 no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro. Nessas datas, também ocorre o 7º Congresso Científico do Mercado Farmacêutico, com o tema Habilidades clínicas: a integralidade do cuidado farmacêutico. Informações: (21) 2561-3389, www.expopharma.com.br e www.cetefarma.com.br.

FCE Pharma 2015 A 20ª edição da FCE Pharma, feira voltada para toda a cadeia produtiva da indústria farmacêutica, acontece nos dias 12, 13 e 14 de maio, das 13h às 20h, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Mais de 500 marcas nacionais e internacionais apresentarão as principais tecnologias, novidades e lançamentos de toda a cadeia produtiva nos pavilhões de exposição, que também receberão a FCE Cosmetique. Informações: www.fcepharma.com.br.

Fórum Nacional Pharmanager O Fórum Nacional Pharmanager – Mercado Farma e HPC será realizado nos dias 16 e 17 de junho, na Expo Center Norte, em São Paulo. Informações: www.pharmanager.com.br.

Inscrições em eventos da Ascoferj: www.ascoferj.com.br/eventos Informações e inscrições de grupos: inscricao@ascoferj.com.br Pague sua inscrição com PagSeguro.

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lançamentos Pés protegidos A Mercurochrome traz ao mercado o Esparadrapo Protetor para os pés. O produto é indicado para prevenção de bolhas, com formato grande e fácil de cortar, dispensando o uso de tesoura. O curativo consegue se ajustar em cada tipo de machucado, pois conta com alta aderência à pele, sem atrapalhar os movimentos. SAC: (12) 3202-1300

Proteção solar A Mustela reformulou toda a sua linha Solares e inovou com o Protetor Solar Infantil – Loção FPS 50+, indicado para proteger rosto e corpo de bebês e crianças desde o nascimento. A loção apresenta elevada tolerância e alta proteção contra os efeitos nocivos do sol. O produto também é resistente à água e ao suor. SAC: (11) 3331-4640

Suplemento vitamínico O Grupo Natulab colocou no mercado, por meio da Naturelife Suplementos Alimentares, o Protowin, suplemento vitamínico sabor laranja, que contém vitaminas adequadas para crianças a partir de um ano de idade até a fase adulta. O suplemento é composto pelas vitaminas do complexo B, e também A, C, D e E, micronutrientes importantes para o desenvolvimento físico e mental saudável das crianças. SAC: (75) 3311-5555

Lábios hidratados A Bayer HealthCare lança o Bepantol Derma Regenerador Labial. Sua fórmula contém vitamina E, que protege os lábios contra os radicais livres que envelhecem a pele, promovendo a sensação de conforto e de lábios nutridos após o uso. E também, o Dexpantenol, ingrediente que reforça a estrutura labial por meio da ativação do processo de regeneração natural. SAC: 0800 723 1010

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entrevista

Mirian Lindolpho

HUMBERTO TESKI

Enfermeira, professora e pesquisadora na UFF: “A ação interdisciplinar em saúde visa à assistência integral ao paciente”

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2015


entrevista

Todos são importantes, e o trabalho deve ser horizontal Enfermeira e pesquisadora, Mirian Lindolpho defende uma prática profissional solidária, afetiva e com responsabilidade compartilhada

T

Tema do 7º Congresso Científico do Mercado Farmacêutico, que acontece em maio, durante a Expo Pharma

2015, o conceito de integralidade do cuidado farmacêutico tem aparecido com cada vez mais frequência em seminários, fóruns e debates em geral. No entanto, esse conceito ainda é um enigma para profissionais do segmento, até mesmo para farmacêuticos. Ele vem ganhando vulto aos poucos, conforme sua compreensão se torna mais democrática. Nesta entrevista, a enfermeira e professora adjunta da Escola de Enfermagem Aurora de Affonso Costa (EEAAC), da Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em Enfermagem e Sociedade e doutoranda da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mirian Lindolpho, enfrenta o desafio de traduzir a integralidade. Sua experiência vem do Programa de Extensão A Enfermagem na Atenção à Saúde do Idoso e seu Cuidador, da EEAAC/UFF, onde, como vice-coordenadora, pesquisa e pratica a integralidade do cuidado em parceria com profissionais de outras áreas, inclusive farmacêuticos. Leia a seguir.

Revista da Farmácia: Como a senhora percebe, no seu dia a dia, a

o objetivo é cuidar do idoso. Mas sua prática

interdisciplinaridade dos profissionais de saúde?

requer maturidade e compreensão de que

Mirian Lindolpho: A palavra interdisciplinaridade possui como sig-

não existe um detentor do conhecimento,

nificado “entre disciplinas”, por sua etimologia, significando, en-

mas que esse conhecimento é construído,

tão, estar entre disciplinas. Sua história se originou na França e

adquirindo consistência quando existe a

Itália, em um momento de movimentos estudantis, na década de

participação de todos os profissionais. Onde

1960, quando se reivindicava que questões de ordem social, polí-

existe a interdisciplinaridade, todos os pro-

tica e econômica deveriam estar em concordância com o ensino.

fissionais de saúde crescem, pois ela permi-

Quando dirigimos o olhar à interdisciplinaridade dos profissionais

te que as trocas, as discussões e as decisões

de saúde, em sua lógica, entende-se que um saber complementa

sejam tomadas em conjunto.

o outro e essa reflexão evidencia-se mais facilmente na atenção à saúde do idoso, que, por sua complexidade, requer uma atenção

RF: A senhora enxerga essa questão como

interdisciplinar. A interdisciplinaridade, então, propicia uma troca

uma tendência? Quais os ganhos?

de conhecimento entre as disciplinas, o que é necessário quando

Mirian: O exercício da interdisciplinarida-

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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entrevista de começou há muitos anos, mas ela ain-

nistrativamente falando, isso é integralidade. Mas, ao contemplar

da não é parte integrante do cotidiano. É

o contexto do usuário de saúde que possui muitas demandas, per-

um exercício que avança e retrocede con-

cebemos o quanto ele ainda está exposto a um sistema de atenção

forme o grupo que a realiza e possui o en-

fragmentado, o qual depende de um tempo administrativo com

tendimento de sua importância. Ela é ne-

vistas à resolução de sua necessidade. Para que a população en-

cessária, mas nem sempre compreendida,

tenda essa complexidade, ela precisa compreender como todo o

pois interfere nas relações de poder. É uma

processo ocorre no cotidiano do profissional de saúde ao atender

mudança paradigmática e uma tendência

ao paciente, por meio das interações que se estabelecem na prá-

que oferece ganho para os profissionais pela

tica entre esses profissionais e os setores para consolidar essa in-

troca de saberes e para os usuários dos ser-

tegralidade. Por outro lado, percebe-se que a ideologia desse mo-

viços de saúde.

vimento já está presente na lei, e a trajetória que se sucede é a da compreensão e aplicação. RF: Quais as principais dificuldades para colocar em prática o conceito da integralidade em saúde?

Ao contemplar o contexto do usuário de saúde que possui muitas demandas, percebemos o quanto ele ainda está exposto a um sistema de atenção fragmentado.

Mirian: A principal dificuldade é o estabelecimento de uma linha de trabalho na horizontalidade, ou seja, todos os profissionais estando no mesmo nível. E isso interfere com a relação de poder. Assim, uma forma de amenizar as dificuldades de implantação da interdisciplinaridade na prática é por meio da pesquisa. É necessário entender que os profissionais devem trabalhar com solidariedade, afetividade e responsabilidade compartilhada, o que leva a uma transformação da prática assistencial. A ação interdisciplinar em saúde visa à assistência integral aos pacientes. Para que a inter-

RF: Cada vez mais se fala em integralida-

disciplinaridade ocorra, portanto, é essencial o uso de elementos

de do cuidado. Como se pode definir esse

como comunicação autêntica, diálogo, respeito e reconhecimento

conceito de forma que a maioria da popu-

do saber e do fazer de cada um dos profissionais, como ação con-

lação entenda sua complexidade?

gruente para a tomada de decisões.

Mirian: A integralidade dos cuidados é definida como um dos princípios do Sistema

RF: E quais os ganhos da integralidade para o paciente?

Único de Saúde (SUS), sendo, portanto, uma

Mirian: Os ganhos são a resolutividade de suas necessidades e a

orientação da política de saúde para respon-

segurança em um sistema de saúde que contempla sua proposta,

der às demandas da população relativas às

não existindo arestas. Quando o usuário de saúde é atendido em

redes de cuidados de saúde. Ou seja, exis-

suas demandas, a saúde pública é fortificada, e os gastos públicos

te uma mudança paradigmática na lei, mas

podem ser reduzidos.

toda mudança paradigmática não ocorre de

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modo estanque. Trata-se de um processo. E

RF: Como se daria a aplicabilidade do conceito de integralidade

até que ponto a política da atenção à saúde

nas atividades farmacêuticas?

compreende essa integralidade? Será que

Mirian: A partir do momento em que o farmacêutico compõe a

essa integralidade se dá apenas por meio

equipe de saúde e a atenção é interdisciplinar, sua ação estará pre-

das “interconsultas” entre os serviços que

sente no contexto do atendimento ao usuário, em suas sugestões

oferecem uma atenção específica? Admi-

relativas às prescrições medicamentosas, na facilitação das dispen-

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



entrevista sações, no ensino deste fazer, na pesqui-

do para o avanço dessa prática em clínicas, hospitais e demais

sa e no acompanhamento de como o uso

centros de saúde?

e acondicionamento dos medicamentos

Mirian: O objetivo geral consiste em desenvolver práticas sociais

podem e devem ser realizados pelo pa-

de atenção primária em saúde, priorizando a prática de educação

ciente, pelo comércio e pelo próprio ser-

em saúde junto aos idosos e seus familiares. A atenção ao idoso

viço de saúde.

não pode ser restrita a um profissional devido à complexidade da atenção que esse tipo de paciente requer. Desse modo, torna-se necessária a presença de profissionais de outras áreas. Articular um grupo de modo interdisciplinar é um exercício gratificante, quando o pensamento dos líderes e dos participantes é comum. No nos-

Entendo que a farmácia seja um lugar onde é possível trabalhar com educação e saúde, haja vista a grande demanda e a confiança que a população possui no farmacêutico.

so dia a dia, o conhecimento é partilhado nos atendimentos. Cada profissional apresenta sua contribuição, colaborando para o crescimento do grupo no conhecimento, no atendimento e na confiança. Um apoia o outro. Outro modo de exercer a interdisciplinaridade é por meio do planejamento da atenção do programa, em que cada profissional projeta o seu fazer e contribui com sugestões que facilitem o trabalho dos outros colegas e na atenção aos idosos e seus cuidadores. Outra maneira de manter a interdisciplinaridade é por meio das pesquisas. Todos os profissionais são estimulados a realizarem e publicarem suas experiências e achados, assim como a se aperfeiçoarem nos cursos de pós-graduação.

RF: Qual a sua opinião sobre a extensão dessa prática para o ambiente das farmá-

RF: Como os idosos chegam ao programa?

cias e drogarias?

Mirian: Por demanda espontânea, encaminhados por alguns mé-

Mirian: Se pensamos em interdisciplinari-

dicos do Hospital Universitário Antônio Pedro e por médicos par-

dade, as outras disciplinas precisariam es-

ticulares que conhecem o nosso trabalho. São atendidos pelos

tar presentes nesse espaço, e isso seria um

enfermeiros, que, ao realizarem a consulta de enfermagem, iden-

projeto desafiador, pois partilhar o conhe-

tificam as demandas e déficits de cada um e encaminham para os

cimento não significa autonomia para sua

outros profissionais, entre eles, farmacêuticos. As consultas com o

aplicação. É necessário refletir acerca dos

farmacêutico foram normatizadas como rotina: idosos com mais

reflexos desse custo financeiro para ser-

de cinco medicamentos em uso passam pelos cuidados desse pro-

viços que visam ao lucro. No entanto, en-

fissional. As consultas podem ser individuais, e as complexidades

tendo que a farmácia seja um lugar onde é

são abordadas na reunião interdisciplinar do grupo. Os idosos que

possível trabalhar com educação e saúde,

não podem se locomover recebem a visita domiciliar, inclusive de

haja vista a grande demanda e a confiança

alunos de graduação. Desse modo, o atendimento interdisciplinar

que a população possui no farmacêutico.

é ensinado desde a universidade. RF: Qual o grande desafio a ser vencido na área de saúde no Brasil?

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RF: A senhora é vice-coordenadora de

Mirian: Fazer a mudança de paradigma e estabelecer uma horizon-

um programa de extensão na UFF, cujo

talidade entre os profissionais de saúde. A visualização da interdis-

foco é a interdisciplinaridade dos profis-

ciplinaridade ainda é um objetivo a ser alcançado, uma proposta,

sionais de saúde. Como é o trabalho do

pois, na prática, os profissionais ainda não conseguiram visualizar

grupo e de que forma ele tem contribuí-

seu fazer de modo integral.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



panorama Abril é mês de combate à hipertensão Dia 26 de abril, comemora-se o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Responsável por 9,4 milhões de mortes no mundo, segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), a hipertensão arterial atinge cerca de 30% da população brasileira. Além disso, a doença é responsável por 40% dos infartos, 80% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC) e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. Farmácias e drogarias estão autorizadas pela Resolução RDC nº 44/2009 a aferir ISTOCKPHOTO

pressão arterial em seus estabelecimentos, mas é importante treinar os farmacêuticos e calibrar os equipamentos. SBH

Vigilância Sanitária também ganha data comemorativa A Vigilância Sanitária ganhou um dia especial de comemorações: 5 de agosto. A data está definida pela Lei 13.098, de 27 de janeiro de 2015, e já publicada no Diário Oficial da União. A norma prevê que o dia seja marcado por atividades que promovam a conscientização da população, proporcionando esclarecimentos sobre temas relacionados ISTOCKPHOTO

à vigilância sanitária para estudantes, profissionais de saúde e demais cidadãos. Segundo a Lei, essas ações devem envolver o Sistema Único de Saúde (SUS), o Sistema de Vigilância Sanitária, em todas as esferas de

FREEPIK

governo, além de estabelecimentos de en-

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Brasileiros já pagaram R$ 100 bi em impostos em 2015

sino. O Dia Nacional da Vigi-

Somente em janeiro de 2015, os brasileiros pagaram R$ 100 bi-

lância Sanitária coincide com

lhões em impostos, de acordo com a medição do Impostômetro

a data do nascimento de Os-

da Associação Comercial de São Paulo, criada em parceria com o

waldo Cruz, maior nome da

Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O valor foi

história da vigilância sanitária

alcançando na sexta-feira 16 de janeiro. O valor foi alcançado em

no Brasil, e com o Dia Nacio-

16 de janeiro, mesmo dia em que a marca foi atingida em 2014.

nal da Farmácia, comemora-

No site do Impostômetro (www.impostometro.com.br), é possí-

do também no dia 5.

vel calcular o que dá para fazer com todo o dinheiro arrecadado.

ANVISA

UOL

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015


panorama Anvisa registra cinco novos genéricos inéditos no mercado Cinco novos genéricos, ainda inéditos no País, obtiveram registro

Mudanças na tributação impactam preços da categoria HPC

da Anvisa. Os produtos são cloridrato de moxifloxacino (antibióti-

A partir de maio, as empresas atacadistas e

co), ciclesonida (tratamento contra rinite alérgica), baclofeno (re-

distribuidores de cosméticos controlados ou

laxante muscular), dienogeste (tratamento de lesões da endome-

ligados às indústrias do segmento de higie-

triose) e pitavastatina (combate ao colesterol). A Anvisa tem dado

ne pessoal, perfumaria e cosméticos deve-

prioridade ao registro de genéricos inéditos, pois a entrada desses

rão seguir um novo modelo de tributação.

produtos no mercado significa um aumento real na oferta de op-

No modelo anterior, a indústria “vendia” o

ções e na queda de preços provocada pela concorrência.

produto para a sua operação de distribui-

ANVISA

ção com uma alíquota inferior de IPI. Com a mudança, essa vantagem tributária deixa de

Canabidiol é reclassificado como substância controlada

existir. Agora, esses distribuidores (ligados à

A Anvisa decidiu, em janeiro, pela retirada do Canabidiol (CBD) da

diferença entre o preço de compra e venda

lista de substâncias proibidas no Brasil. Com isso, ele passa a ser

dos produtos impactados pela nova medida.

uma substância controlada e enquadrada na lista C1 da Portaria

O Decreto Presidencial 8.393 também terá

344/98, que regula e define os controles e proibições de substân-

impacto sobre as empresas de cosméticos

cias no País. A decisão foi tomada em reunião pública da Diretoria

que operam legalmente apenas como dis-

Colegiada por unanimidade. Segundo a Anvisa, a substância, isolada-

tribuidores, mas terceirizam a fabricação dos

mente, não está associada a evidências de dependência, ao mesmo

produtos das suas marcas. A mudança pode-

tempo em que diversos estudos científicos recentes têm apontado

rá aumentar em 12% os preços dos produ-

para a possibilidade de uso terapêutico do CBD. Como não existe

tos de empresas afetadas. Com a medida, o

produto com CBD registrado no Brasil, os pacientes que necessi-

governo federal espera arrecadar R$ 381 mi-

tam dessa substância continuarão tendo que importar o produto.

lhões neste ano e R$ 653 milhões em 2016.

ANVISA

COSMÉTICA NEWS

indústria) vão precisar recolher o IPI sobre a

J&J testa vacina contra ebola A Johnson & Johnson (J&J) vai iniciar os testes clínicos em humanos de uma vacina contra o ebola. Foram produzidas 400 mil unidades, que deverão ser aplicadas até o fim de abril. Em 2015, serão, pelo menos, dois milhões de unidades. A fase de testes vai avaliar a segurança e a tolerância do tratamento, que consiste em uma dose para preparar o sistema imunológico e outra que serve para melhorar o tempo de resposta do corpo do paciente ao longo do tempo. Estudos pré-clínicos mostraram que aplicações com SHUTTERSTOCK

dois meses de diferença protegiam totalmente da morte. VALOR

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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mural do associado

Ponto à venda Vende-se drogaria próxima à estação de Bangu.

Consultoria para POP

O ponto está há mais de 40 anos no ramo do varejo farmacêutico. Interessados podem entrar

Oferecemos assessoria na elaboração

em contato com o proprietário da loja pelo

de Procedimentos Operacionais

telefone: (21) 99164-4860, Waldemar de Souza.

Padrão (POPs), obrigatórios nas farmácias e drogarias de acordo com o artigo nº 86, da RDC 44/2009. Entre em contato conosco e saiba mais detalhes: assuntosregulatorios@ ascoferj.com.br

Convênios com universidades A Ascoferj possui convênio com as universidades Estácio de Sá, Universidade Iguaçu (Unig) e o Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam) para possibilitar que os funcionários das empresas associadas, assim como seus dependentes, estudem pagando menos na mensalidade. Veja todas as informações em nosso site e aproveite: www.ascoferj.com.br/convenios.

Eventos do setor Acompanhe a nossa agenda de eventos no site da Ascoferj e fique por dentro dos encontros que estão previstos para celebrar datas comemorativas do

Banco de currículos

setor, como o Dia Nacional da Farmácia, Dia Internacional do

Disponibilizamos aos associados um Banco de

Farmacêutico e Ação Farma, que

Currículos onde é possível encontrar gerentes,

continuará este ano.

supervisores, farmacêuticos e outros profissionais do varejo farmacêutico. Quem está em busca de uma oportunidade também pode cadastrar o currículo no site da Ascoferj. O acesso é gratuito. Mais informações: www.ascoferj.com.br/beneficios.

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2015


Farmácia Legal Fim da renovação da AFE/AE

Renovação no Farmácia Popular

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – vale lembrar – pôs fim, em 2014, à obrigatoriedade de as empresas do varejo farmacêutico renovarem a Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) e Autorização Espe-

Fim de abril termina prazo para atualização de cadastro no programa do governo federal

O

cial (AE). Segundo o Departamento de Assuntos Regulatórios, alguns associados continuam ligando para solicitar o

O Ministério da Saúde divulgou nota informando que a farmácia que teve o

serviço de renovação. A renovação não

deferimento do credenciamento no Programa Farmácia Popular do Brasil - Aqui

é mais necessária. Em caso de fiscali-

Tem Farmácia Popular publicado no Diário Oficial da União até o dia 31 de dezem-

zação, basta apresentar o documento

bro de 2014 precisa fazer a renovação do cadastro até o dia 30 de abril de 2015.

inicial, obtido na abertura da empresa.

Para tanto, o responsável legal do estabelecimento ou usuários autorizados

deverão acessar o portal no endereço www.caixa.gov.br/farmaciapopular, encial (NIS) e a senha do Cartão do Cidadão cadastrada na Agência Caixa e pro-

Isenção de anuidade no Conselho de Farmácia

videnciar a atualização do cadastro no referido portal, tanto da matriz quanto

Empresas associadas à Ascoferj es-

da filial, se for o caso, utilizando a opção “Credenciamento/Renovar Cadastro”.

tão isentas do pagamento de anuida-

Quem não possuir o NIS ou não estiver conseguindo acessar o SIFAP deve

de ao Conselho Regional de Farmácia

trar no Sistema Farmácia Popular (SIFAP) com o Número de Identificação So-

se dirigir até a Agência Caixa, para rever os procedimentos para acesso.

do Estado do Rio de Janeiro. Esse di-

O Ministério alerta as empresas para que fiquem atentas à atualização dos

reito foi obtido na Justiça pelo Depar-

dados do cadastro da farmácia, principalmente quanto à validade da Certidão Ne-

tamento Jurídico da Ascoferj e está em

gativa de Débito (CND), do Alvará/Licença Sanitária (SES/SMS) e do Certificado

pleno vigor. Anualmente, as empresas

de Regularidade Técnica do farmacêutico responsável, tanto matriz como filiais.

precisam preencher um documento e

Posteriormente, a farmácia receberá uma mensagem eletrônica informan-

apresentar ao CRF-RJ para formalizar a

do sobre a documentação que deverá ser apresentada na Agência Caixa onde

isenção. Esse pedido está disponível no

estão os documentos apresentados anteriormente, no primeiro credenciamen-

site da Ascoferj, em um botão do lado

to e/ou renovação.

direito da página. Baixe o documento,

Em caso de dúvidas, o contato deverá ser feito pelos seguintes telefones:

preencha e protocole no Conselho até

3004-1104, opções 9-2 (capitais), e 0800-7260104, opções 9-2 (demais lo-

o fim de março. Se o associado prefe-

calidades), ou por intermédio da agência de relacionamento da empresa.

rir, a Ascoferj pode conduzir o processo por meio de seu despachante.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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jurídico

Governo pode ter que devolver 10% do FGTS TRF julga procedente o direito à suspensão do pagamento do adicional

O

O Departamento Jurídico da Ascoferj de-

MORGUEFILE

cidiu ingressar com uma demanda judicial a

interposto pela União contra a referida decisão ainda se encontra pendente de julgamento.

favor dos associados da entidade para afastar

Entidades representativas também ingressaram com ADI’s pe-

a cobrança do adicional de 10% sobre o valor

rante o Supremo Tribunal Federal por entenderem que a cobran-

da multa do FGTS em rescisões contratuais.

ça é ilegal. O principal argumento é o de que há um nítido desvio

Essa decisão foi motivada por outra re-

da destinação dos valores obtidos com a arrecadação da contri-

cente, do Tribunal Regional Federal (TRF) da

buição social, uma vez que passou a ser usada pelo governo para

1ª Região, que julgou procedente a ação ju-

o reforço do superávit primário – desde 2011 a União retém os va-

dicial distribuída perante a 4ª Vara da Se-

lores de recursos que deveriam ser destinados ao FGTS para uti-

ção Judiciária do Distrito Federal,

lizar em programas como “Minha Casa, Minha Vida”, entre outros.

declarando o direito à sus-

Como a finalidade para a qual a contribuição foi instituída se

pensão do pagamento do

esgotou – obter recursos para cobrir o rombo dos expurgos infla-

adicional de 10% sobre a

cionários dos planos Verão e Collor I e manter o equilíbrio finan-

multa do FGTS e conde-

ceiro do FGTS – e os recursos arrecadados estão sendo utilizados

nando a União a ressarcir

para outros fins, não há mais fundamento jurídico para a manu-

os valores pagos indevida-

tenção da exigência da contribuição social.

mente nos últimos cinco

Até que a situação seja resolvida em definitivo, para evitar mais

anos pelas empresas,

prejuízos econômicos aos contribuintes, as empresas poderão, por

em razão do esgota-

meio de ações judiciais, ter reconhecido o direito de não mais pa-

mento da finalidade

gar o adicional de 10% sobre a multa do FGTS e passar a recolher

da contribuição so-

apenas os 40%, além de recuperar todos os valores pagos, nas de-

cial. Porém, o recurso

missões sem justa causa, nos últimos cinco anos.

INSS: pagamento por afastamento no mês será feito integralmente No dia 30 de dezembro de 2014, foi publicada a Medida Provisória nº 664, que altera e acrescenta alguns artigos e parágrafos da Lei 8.213/91, sobre Planos de Benefícios da Previdência Social. Entre tantas alterações, uma das que mais importam para o segmento empresarial diz respeito à alteração do § 3º do art. 60 da Lei 8.213/91. A partir de 1º de março de 2015, caberá à empresa pagar ao empregado o salário integral durante os primeiros 30 dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, acidente de trabalho ou de qualquer natureza. Com isso, as empresas passam a ter a obrigação legal de pagar não apenas os 15 dias vigentes atualmente, mas os 30 dias. Dessa forma, o Departamento Jurídico da Ascoferj faz um alerta às áreas de Recursos Humanos das empresas para que somente encaminhem o empregado ao INSS após o 30º dia de afastamento.

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2015


jurídico

Rampas de acesso são obrigatórias No entanto, entidade privada não pode multar, apenas denunciar

R

Recentemente, dois associados da Ascoferj receberam a visita FREEPIK

de um representante da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos Humanos. Essa entidade não tem o poder de multar, mas pode denunciar ao Ministério Público a ausência de rampas de acesso. Por lei, os estabelecimentos comerciais são obrigados a dispo-

nibilizar meios de acessibilidade aos portadores de deficiência. É o que determina o Decreto Federal nº 5.296/2004, que regulamenta as Leis Federais 10.048 e 10.098, ambas de 2000. A primeira dá prioridade de atendimento e a segunda estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou mobilidade reduzida. “Esta entidade privada nada pode fazer, apenas denunciar ao Ministério Público ou à Defensoria Pública, que, se for o caso, poderão instaurar um Inquérito Civil Público ou mesmo uma Ação Civil Pública”, orienta o consultor jurídico da Ascoferj, Gustavo Semblano. A advogada da Ascoferj, Natasha Cohen, lembra ainda que qualquer pessoa e não apenas essa entidade privada pode apresentar esse tipo de denúncia. “A questão da acessibilidade, embora de indiscutível relevo social, deve ser cumprida primeiramente pela gestão pública, que nada faz em relação às calçadas e ruas”, acrescenta.

Atenção a duas leis de 2014 Farmácias e drogarias devem ficar atentas a duas leis municipais em vigor desde 2014. São as Leis nº 5.693 e nº 5.737. A primeira diz que é obrigatório colocar cartaz nas dependências dos estabelecimentos comerciais, em locais visíveis ao consumidor, informando quando o sistema de pagamento por meio de cartão de crédito e/ou débito estiver inoperante. A segunda (Lei nº 5.737) determina que os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços mantenham ao alcance do consumidor a Lei Federal nº 11.126, de 27 de junho de 2005, que dispõe sobre o direito de o portador de deficiência visual ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão guia.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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boa leitura Coaching Project Model Canvas Gerenciamento de projetos sem burocracia José Luiz Finocchio Junior – Editora Campus O Project Model Canvas é baseado no método Canvas, originalmente concebido para modelagem de negócios, que introduz uma nova metodologia para o efetivo controle de projetos em apenas uma única folha e um bloquinho de post-it, sem burocracias.

Pessoas inteligentes sabem o que querem Steve Pavlina – Editora Academia Pessoas inteligentes sabem o que querem é uma nova abordagem sobre desenvolvimento pessoal. O autor identifica os princípios que estão por trás dos resultados bem-sucedidos e que fazem a vida dar certo. Pessoas inteligentes não são as que dominam um assunto específico ou falam várias línguas; são aquelas que têm consciência que suas atitudes devem estar alinhadas com a verdade, o amor e o poder.

O monge e o executivo Uma história sobre a essência da liderança James C. Hunter – Editora Sextante O livro narra a história de John Daily, que decide participar de um retiro sobre liderança. O monge que comanda o mosteiro, o ex-empresário Leonard Hoffman, defende que a base da liderança é a autoridade conquistada com amor, dedicação e sacrifício. O autor apresenta no livro conceitos fundamentais para melhorar a capacidade de liderança e o convívio com as pessoas.

As leis secretas da economia Revisitando Roberto Campos e as leis de Kafka Gustavo Franco – Editora Zahar É verdade que a economia brasileira não obedece a nenhuma das leis conhecidas? Gustavo Franco partiu dessa pergunta para investigar as práticas que envolvem as políticas financeiras no País. O resultado dessa trajetória é um livro bem-humorado, que recorre a personalidades da cultura e da política.

Tratado das plantas medicinais mineiras Telma Sueli Mesquita Grandi – edição digital Especializada em plantas medicinais e precursora do herbário da Universidade Federal de Minas Gerais, a farmacêutica Telma Sueli Mesquita Grandi reuniu mais de 380 espécies de plantas medicinais nesse livro digital. A obra colabora para desmistificar a ideia de que as plantas podem ser consumidas à vontade.

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



evento

Expo Pharma acontece em maio Negócios, novo formato e dois congressos marcam edição de 2015

FOTOS: HUMBERTO TESKI

Área de exposição da feira, em 2014

22

E

Entre os dias 13 e 15 de maio, empresá-

O perfil empresarial do Rio de Janeiro está cada vez mais evi-

rios, farmacêuticos e gestores do varejo far-

dente na realização de grandes eventos, entre eles, a Expo Pharma

ma nacional estarão reunidos no Centro de

2015 e seus congressos paralelos. Segundo o Ministério do Turis-

Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro,

mo, o Rio de Janeiro, com 23,9%, aparece como o segundo desti-

para mais uma edição da Expo Pharma, este

no de negócios do País. Em 2012, ano da pesquisa, o Brasil recebeu

ano acompanhada também do Congresso

5,67 milhões de turistas, 25,3% deles para eventos de negócios.

do Varejo Farmacêutico e do 7 Congresso o

Científico do Mercado Farmacêutico.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

E é a partir da capital fluminense que, este ano, a Expo Pharma volta sua atenção para o mercado nacional. O foco serão todas


evento as realidades do setor brasileiro, suas diferenças, seus problemas e

dão. E é nesse cenário que acontecerá o 7o

soluções próprias. Dentro desse contexto está uma adequação às

Congresso Científico do Mercado Farma-

necessidades particulares do consumidor brasileiro e a legislação

cêutico, com o tema Habilidades Clínicas

que rege o segmento, tão exigente quanto o cliente e mais exten-

– A Integralidade do Cuidado Farmacêutico.

sa que em qualquer outro lugar do mundo.

Segundo Luis Carlos Marins, diretor do Cetefarma, organizador do Congresso, o

Um novo foco no aperfeiçoamento do varejo Toda a logística da feira atenderá a essas nuances para proporcionar uma identidade aos expositores e público. Uma das grandes mudanças desta edição será o congresso, que estará totalmente voltado para o varejo, com abordagens que provoquem reflexão e mudanças na forma de gerir o negócio. O Congresso do Varejo Farmacêutico será formatado de acordo com pesquisas que apontam as reais necessidades do segmento varejista para se adequar ao panorama que se desenha na economia nacional. Ele está sendo elaborado com base no NRF Big Show, o principal evento internacional de tendências no setor, realizado em Nova Iorque. Outro ponto incentivador de mudanças foi a transformação do público-alvo, que, ao longo da última

É um privilégio vivenciar a relevância do varejo farmacêutico brasileiro e, muito especialmente, testemunhar a importância que a profissão do farmacêutico vem conquistando nos últimos anos.

década, tornou-se cada vez mais segmentado e profissionalizado. Segundo Fátima Facuri, diretora da Open Brasil, organizadora do evento, a Expo Pharma 2015 será setorizada, projetada para facilitar

Rossine Cosendey Diretor da Tamoio

a realização de bons negócios, a circulação dos visitantes e o relacionamento. “Vamos criar setores de suplementação, cosméticos, nutricosméticos, fitoterápicos, higiene, medicamentos, equipamentos,

encontro já ocupa espaço tradicional no

serviços e muito mais. Como resultado para os expositores, teremos

calendário da classe farmacêutica e, nesta

uma maior possibilidade de negócios novos e consistentes, uma va-

7ª edição, cumpre o desafio de trazer uma

lorização da marca no segmento, um melhor networking e o fortaleci-

programação técnico-científica ainda mais

mento da imagem das empresas junto aos clientes”, relacionou Fátima.

completa, renovada pelos avanços da ciência, com olhar crítico de desenvolvimento e

Congresso Científico do Mercado Farmacêutico

evolução profissional, em todos os aspectos.

O profissional farmacêutico ganha, a cada dia, mais importân-

“O objetivo é proporcionar oportuni-

cia na vida de farmácias e drogarias e, por consequência, do cida-

dades para troca de experiências que pos-

Incentivo à pesquisa Este ano, o 7o Congresso Científico do Mercado Farmacêutico também terá a apresentação de trabalhos científicos com os temas Serviços Farmacêuticos, Prescrição Farmacêutica e Gestão na Farmácia Comunitária. Poderão participar acadêmicos e profissionais da área. Os trabalhos serão avaliados por uma comissão específica, e os melhores de cada área serão premiados. Os vencedores serão conhecidos no dia 15 de maio, às 16h. Mais informações podem ser obtidas no site www.congressofarma.com.br.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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evento Congresso vai discutir o conceito de integralidade do cuidado farmacêutico

sibilitem ampliar as ações inovadoras sig-

humanos empresarial afirmando que o profissional de farmácia

nificativas para a valorização e o progresso

tem atualmente opções na sua atuação profissional”, comentou.

da profissão farmacêutica no cenário na-

O apoio da empresa ao evento é fundamentado. Segundo Ros-

cional. Nesse contexto, teremos palestras

sine, a Rede Tamoio foi uma das pioneiras no desenvolvimento e

e debates com temas pertinentes à reali-

na formação profissional do farmacêutico enquanto gestor técnico

dade atual da integralidade do cuidado far-

de varejo. “O que estamos vivenciando neste momento é a con-

macêutico, portanto um momento ímpar

solidação deste profissional que passa a ter a opção de qualifica-

para atualização profissional, que irá am-

ção não só em gestão, mas também no atendimento da prescri-

pliar a rede de contatos e também come-

ção clínica. Agora, mais do que nunca, caberá aos empresários do

morar encontros e reencontros com ami-

setor apoiar e com muita responsabilidade gerir a qualificação do

gos”, completou.

profissional de Farmácia para que possa desenvolver suas ativida-

Opinião semelhante tem Rossine Cosen-

24

des com toda a qualificação técnica necessária”, afirmou.

dey, diretor da Rede Tamoio, patrocinadora

A palestra de abertura, no dia 13 de maio, às 17h, mostrará ao

do Congresso: “É um privilégio vivenciar a

público o perfil do evento. O médico Luiz Fernando Correia falará

relevância do varejo farmacêutico brasilei-

sobre “A Integralidade do Cuidado Farmacêutico”. Ele é comenta-

ro e, muito especialmente, testemunhar a

rista de Saúde da GloboNews, no programa Estúdio i, e do RJTV 1ª

importância que a profissão do farmacêu-

edição, da TV Globo. Além de participações em outros jornais, como

tico vem conquistando nos últimos anos.

Bom Dia Brasil, Jornal da GloboNews e Globo Esporte. É o respon-

Podemos analisar o cenário de recursos

sável pelo programa Saúde em Foco, da rádio CBN.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



gestão

Prevenção contra perdas ACERVO/GUNNEBO

Conheça as novidades do mercado de segurança contra furtos e roubos no ponto de venda

Produtos com etiquetas antifurto, que disparam o alarme ao passarem pelas antenas nas portas dos estabelecimentos

C

Com a mudança de posicionamento

fume, mas, pela natureza dos produtos e sua forma de comercia-

comercial do varejo farmacêutico, em que

lização, o furto de medicamentos tende a ser menor que o da área

cosméticos dermocosméticos e outros pro-

de higiene e beleza, que, além do uso pessoal, encontra fácil reco-

dutos de beleza têm cada vez mais espaço

locação no mercado paralelo”, afirma o especialista em Prevenção

na área de vendas de farmácias e drogarias,

de Perdas, Luiz Fernando Sambugaro, diretor de Comunicação da

cresceu a preocupação com perdas de es-

Gunnebo, empresa fornecedora de soluções antifurto para o varejo.

toque e, principalmente, de inventário. Os

Pesquisa realizada pelo Ibevar, em parceria com a Nielsen e o

chamados Produtos de Alto Risco, como

Sebrae, mostra que quem mais sofre prejuízos com os furtos são

protetores e bloqueadores solares, lâminas

o pequeno e médio varejista. De acordo com o estudo, as PMEs

e aparelhos de barbear, complexos multivi-

perdem de três a dez vezes mais que o grande varejo, de acordo

tamínicos, entre outros, são os mais visados.

com o segmento. O índice de perdas sobre o faturamento líquido

“Quanto maior for a atratividade, maior

das empresas chega a 0,53%, com distribuição de 0,33% nos mé-

a possibilidade de aumento dos índices de

26

dios e grandes varejistas, e 4,6% nos pequenos.

furto. A motivação pode ser a mesma para

Tanto as lojas de rua quanto as de shopping centers são as mais

quem furta um medicamento ou um per-

afetadas, pela resistência dos proprietários em investir em preven-

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015


gestão ção de perdas. Tecnologias como câmeras (CFTV), etiquetas ou an-

Além disso, está chegando ao Brasil uma

tenas antifurto, entre outras soluções, não devem ser consideradas

tendência mundial, que é o “reconhecimen-

custo e, sim, uma forma estratégica de manter a rentabilidade da

to facial”. Por meio de um software, a câme-

empresa e conseguir enxergar claramente seus lucros. Priorizar a

ra capta o rosto das pessoas e identifica seu

segurança de forma inteligente, com o auxílio da tecnologia, é um

humor e atitudes, levando a uma decisão

dos requisitos fundamentais para o sucesso do varejo.

mais assertiva sobre o possível furtante. “O

Portanto, é necessário planejar e investir na eficiência opera-

investimento ainda é alto. Outros segmen-

cional e na prevenção de perdas desde a abertura da loja, para evi-

tos, como varejo de lojas de departamento,

tar grandes prejuízos e sobreviver às dificuldades. “De cada 100

iniciaram sua utilização, com o conceito de

empresas consultadas, apenas 28 possuem uma área específica

‘loja do futuro’. Para o varejo farmacêutico,

de prevenção de perdas, ou seja, a maioria não planeja ações para

deve tornar-se viável em futuro próximo”,

reduzir as consequências de uma das principais causas de prejuí-

aponta o diretor geral da AOzawa Consul-

zo para o negócio. Nem sequer realizam medições do que perdem

toria, Anderson Ozawa.

com furtos internos e externos”, alerta Sambugaro.

Outra novidade é o uso de hot zones, em que é possível identificar visualmente quais

Reconhecimento facial e hot zones são as novidades

são as áreas quentes da loja, ou seja, as que

O uso da tecnologia é um dos principais elementos para con-

apresentam maior risco de furtos. “Para se

trole e inibição das perdas, com destaque para a proteção eletrô-

chegar a esse resultado, é necessário cru-

nica dos produtos, por meio de etiquetas eletrônicas e antenas

zar o planograma do ponto de venda com

antifurto. As conhecidas câmeras de vídeo também são um ele-

os indicadores de perdas de inventário. Não

mento importante. “Mas elas evoluíram. Hoje, o Circuito Fechado

é uma tecnologia muito cara, porém pou-

de TV (CFTV) utiliza câmeras com tecnologia IP, em que as ima-

co difundida no Brasil”, completa Ozawa.

gens podem ser acessadas por meio de laptops, tablets e celulares.

Outro fator de prevenção, que indepen-

No entanto, mesmo com essa evolução, a sensação de que as câ-

de do tamanho da farmácia, são os aspec-

meras já não inibem mais vem da ousadia do ladrão e da impunidade.

tos de gestão operacional, conceito de pre-

O que tem ocorrido com frequência é a baixa qualidade dos equipa-

venção, atenção especial aos funcionários

mentos, de baixo custo, cujas imagens são ruins. “Quando a relação

na contratação, treinamento e tratamen-

custo-benefício é favorável ao investidor, não existe solução cara. E,

to pessoal, pois eles estão relacionados a

no caso das farmácias, mesmo as pequenas, com o elevado índice

50% das perdas.

de furtos e criminalidade, essa relação sempre será positiva, pois o

As tecnologias disponíveis atualmente

custo de reposição dos itens furtados, dependendo da margem de

atendem a, pelo menos, 90% das neces-

lucro, pode ser muito elevado. Por exemplo: para um item que te-

sidades dos varejistas do segmento de far-

nha margem de 2%, serão necessários 50 novos itens vendidos do

mácia, segundo a Gunnebo, mas, além de

mesmo produto para recompor o estoque, fora o que a loja deixou

equipar, é preciso treinar, controlar e pre-

de vender por ter sua prateleira incompleta”, acrescenta Sambugaro.

miar o resultado positivo.

Soluções contra perdas no varejo • Antenas nas entradas da loja: a quantidade depende do vão da porta e do número de portas; • Etiquetas adesivas: cuidado para não esconder informações importantes sobre o produto; • Estojos acrílicos para proteção de itens como lâminas, pilhas, aparelhos de barbear; • Boa iluminação do ponto de venda, sem áreas escuras; • Uso de câmeras no ambiente e sobre o caixa, a perfumaria, na entrada e até um monitor mostrando que o sistema está ativo.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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ISTOCKPHOTO

capa

28

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015


capa

A burocracia quer engolir você Ela faz de tudo para sorver a sua vida e o seu negócio, atrapalhando a produtividade da sua equipe e o desempenho da sua empresa

U

Um estudo de 2014 da Confederação Nacional da Indústria

do varejo nos últimos cinco anos. As despe-

(CNI), divulgado este ano, mostrou que o Brasil segue em penúl-

sas totais do setor cresceram 112%, enquan-

timo lugar no ranking de competitividade ao ser comparado com

to os gastos das empresas com impostos e

países considerados concorrentes diretos da economia brasileira,

taxas como IPTU, IPVA, CPMF e alvarás su-

entre eles: Argentina, Colômbia, México, Polônia, Turquia, Índia,

biram 114%. Os demais impostos e contri-

Rússia, África do Sul, Chile, China, Espanha, Austrália, Coreia do Sul

buições, como ICMS, PIS, IPI, ISS, Simples,

e Canadá. De acordo com o trabalho, o Brasil está à frente apenas

Cofins, entre outros respondem por mais de

da Argentina em relação aos fatores que influenciam a capacidade

20% das despesas anuais do varejo.

de competição no mercado, que são: qualidade da infraestrutura e

O peso dos impostos é um componen-

da educação, custo e disponibilidade de mão de obra doméstica,

te do Custo Brasil, assim como o excesso

peso dos impostos, custo do capital, ambiente macro e microeco-

de burocracia, o déficit de infraestrutura, a

nômico, tecnologia e inovação.

carência de mão de obra especializada e o

A elevada carga tributária, cerca de 35% do PIB, é um fator

baixo nível de investimentos. Custo Brasil é

relevante no estudo da CNI, colocando o Brasil na 13ª posição. E

um termo genérico utilizado para descrever

mais: de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Pla-

um conjunto de dificuldades que encarecem

nejamento Tributário (IBPT), em solo brasileiro, são criadas 46 no-

os investimentos, emperram o desenvol-

vas regras tributárias a cada dia útil e são necessárias 2,6 mil horas

vimento nacional e aumentam o desem-

por ano para lidar com o cumprimento de obrigações do complexo

prego, a sonegação e a evasão de divisas.

sistema tributário. Nos últimos 25 anos, foram, aproximadamente, 4,7 milhões de normas editadas, sendo mais de 300 mil em matéria tributária. Ou seja, um desafio e tanto para o empresário.

Impostos e burocracia: os grandes vilões

Segundo Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional

A elevada carga tributária caminha de

do Comércio (CNC), não houve avanço na redução da carga tributária

mãos dadas com a burocracia brasileira

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

29




capa quando se trata de atrapalhar o desempe-

com 127 empresas mostra que, para 29% dos entrevistados, a atual

nho das empresas em todos os setores da

tributação cobrada no País interfere no aumento da produtividade.

economia. “A burocracia atinge o varejo de

A burocracia vem em segundo lugar, com 14%.

diversas formas. Por exemplo, a pesada má-

Outra pesquisa, também da FNQ, realizada em junho de 2014

quina burocrática do governo. Muitos órgãos

com 33 dos principais dirigentes das organizações filiadas, revela

poderiam ser substituídos por bons asses-

que, quando questionados sobre o que mais dificulta a produtivi-

sores, com secretarias eficientes. O cipoal

dade, as principais queixas são: elevada carga tributária, burocra-

de 2.496 dispositivos que regem o merca-

cia governamental e altos encargos trabalhistas.

do de trabalho no País, inclusive 67 artigos

“Se a empresa precisa de mais tempo para fazer alguma coisa,

da Constituição e 922 da CLT, além de 746

ela fica menos produtiva. É importante acrescentar na discussão a

normas e súmulas do Tribunal Superior do

questão da infraestrutura, mais especificamente da logística. Nossas

Trabalho, também são exemplos da barreira

estradas são muito ruins, esburacadas. As empresas de transporte

burocrática que precisa ser corrigida”, acres-

têm um alto custo com manutenção de veículos e segurança. Isso

centa Fabio Bentes.

vai para o valor final dos produtos distribuídos pelo varejo, afetando

Tributos e burocracia ocupam o topo da maioria dos rankings. Uma pesquisa realizada pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ)

a competitividade e a produtividade das empresas varejistas”, observa o superintendente geral da FNQ, Jairo Martins. Segundo Martins, o Custo Brasil é alto por uma série de fatores, os quais são responsabilidade do governo. “Até mesmo a edu-

Veja como é difícil empreender no Brasil

cação afeta a produtividade. Pense no quanto as empresas precisam investir em treinamento para suprir lacunas do aprendizado.

119 111

O que dizer então da corrupção? O diagnóstico é claro, mas faldias para abrir uma empresa

Lei Anticorrupção tem sido apontada como um instrumento para amenizar a vocação corrupta do Brasil. dias para encerrar o negócio

Morosidade pública O varejo farmacêutico enfrenta tudo isso e mais um pouco no

46

novas regras tributárias a cada dia útil

2,6

mil horas por ano para cumprir regras tributárias

4,7 300

tam atitudes de quem governa o País”, sentencia o especialista. A

desafio diário de se manter competitivo e produtivo. Além de toda a burocracia comum a todos os segmentos, o setor de farmácia é altamente regulado pelos órgãos públicos, tendo de atender a uma série de exigências burocráticas da Anvisa, das secretarias municipais de saúde e dos conselhos de Farmácia. “O setor farmacêutico, certamente, é um dos mais afetados pelo aparato burocrático.

milhões de normas editadas nos últimos 25 anos

As características dos produtos comercializados potencializam os impactos negativos da burocracia, como pagamento de taxas, alvarás e licenças”, acrescenta o economista da CNC, Fabio Bentes.

mil normas tributárias

Alguns avanços já foram dados no sentido de reduzir o processo burocrático. Ano passado, a Anvisa editou uma norma que suspende a obrigatoriedade de farmácias e drogarias renovarem a

2496 32

dispositivos sobre relações trabalhistas

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) e a Autorização Especial (AE). Essa renovação se dava anualmente, mediante o pagamento de uma taxa de 500 reais. Nos últimos anos, a agência


capa implantou outras duas medidas para apressar os trâmites: peticio-

A Vigilância Sanitária informou que o

namento eletrônico e revalidação automática, já caduca em fun-

órgão ainda não avançou na renovação

ção da norma mais recente.

automática da licença, mas que o projeto

A Prefeitura do Rio de Janeiro criou a licença sanitária simplifi-

está em estudo.

cada, em que todo o processo de licenciamento sanitário pode ser

Recentemente, o setor passou a ter que

realizado de forma eletrônica, desde o requerimento inicial até a

lidar com mais uma burocracia: a fiscaliza-

emissão da licença, incluída a impressão da guia para pagamento da

ção sanitária deixou de conceder licencia-

Taxa de Inspeção Sanitária, sem necessidade de comparecimento à

mento ou revalidação sem a prévia libera-

Vigilância Sanitária. Foi abolida também a necessidade de inspeção

ção da Secretaria Municipal de Urbanismo

prévia. No entanto, a licença simplificada não é aceita pela Anvisa.

em caso de lojas com jirau. O Código de

Se os sistemas fossem unificados, esse problema não existiria. A

Obras e Edificações do Município do Rio

unificação é, inclusive, um dos caminhos apontados por especia-

de Janeiro estabelece restrições em relação

listas para reduzir a burocracia na abertura de uma nova empresa.

aos jiraus do comércio em geral, incluindo

Além da dissonância entre os agentes reguladores, há o longo

farmácias e drogarias. “A exigência é corre-

tempo que as farmácias e drogarias precisam esperar para conseguir

ta e legal, mas nunca foi regra. É realmente

licenças e alvarás. “A Anvisa tem, por lei, 90 dias para dar uma res-

uma burocracia, haja vista que a adminis-

posta positiva ou negativa aos pedidos de autorização de funciona-

tração pública tolerou o não cumprimento

mento e demais solicitações, mas dificilmente cumpre esse prazo.

dessa norma por 45 anos e agora, repen-

Há empresas que aguardam 12 meses”, destaca Daiana Laura, res-

tinamente, passa a exigir o cumprimento”,

ponsável pelo Departamento de Assuntos Regulatórios da Ascoferj.

comenta o consultor jurídico da Ascoferj,

Quanto à licença sanitária, não há um prazo específico, pois

Gustavo Semblano. A Secretaria de Urba-

as empresas dependem da vistoria dos fiscais. Há farmácias que

nismo tem demorado quase dois anos para

aguardam mais de cinco anos. “A maior burocracia é a exigência

atender aos requerimentos.

da Anvisa quanto à falta da licença sanitária em empresas do Rio de Janeiro, o que causa 99,9% dos indeferimentos dos processos. O problema é que essa falta é reflexo de uma incapacidade das vigilâncias municipais em atender à demanda, pois não há fiscais em número suficiente para fiscalizar as lojas”, acrescenta Daiana.

Burocracia: presente no setor público e privado Não é de hoje que o País debate e aponta as mazelas da máquina burocrática. Mas

“A burocracia continua a mesma no setor de farmácias, e só di-

mudar comportamentos arraigados é mui-

ficulta a vida dos empresários que pagam seus impostos em dia.

to difícil. Historicamente, a burocracia é um

O ano começa e termina, e as empresas continuam funcionando

modelo de organização administrativa fun-

com protocolos e documentos provisórios”, critica a farmacêutica

dada na hierarquia e que deve funcionar se-

Analista em Assuntos Regulatórios, Betânia Alhan.

gundo regulamentos, normas e padrões.

Para iniciar as atividades, a farmácia precisa solicitar um regis-

“As falhas e os abusos na utilização des-

tro no órgão municipal. Esse procedimento gera um número de

se modelo, sobretudo no Brasil, decorren-

protocolo para que o estabelecimento passe pelo crivo das auto-

tes do gigantismo da administração públi-

ridades sanitárias e obtenha o relatório de inspeção, com a poste-

ca, deram origem a um novo significado

rior publicação da licença. “Mas o que acontece na prática é mui-

para a palavra ‘burocracia’, um neologismo

to diferente da teoria, pois a maioria abre as portas apenas com

para definir uma administração improfícua,

protocolo e fica aguardando anos sem ter a publicação definitiva”,

morosa, geradora de procedimentos des-

acrescenta Betânia, que viu no fim da renovação da AFE e da AE

necessários, inoportunos ou repetitivos. As

uma grande conquista.

filas, as licenças e autorizações, os prazos

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

33


capa Medidas para combater a burocracia

2007

2008

2009

Lei Federal nº 11.598

Decreto Federal nº 6.932

Lei Federal nº 12.527

Cria a Rede Nacional para a Simpli-

Regulamenta a simplificação do aten-

Conhecida como Lei do Acesso à In-

ficação do Registro e da Legalização

dimento prestado pelos órgãos do Po-

formação, foi criada com o objetivo

de Empresas e Negócios (Redesim),

der Executivo. Cria a Carta de Servi-

de permitir acesso a informações

com o objetivo de reunir todas as jun-

ços ao Cidadão, meio que informa os

públicas. Dispõe sobre os procedi-

tas comerciais do Brasil para promo-

serviços prestados pelo órgão, a for-

mentos que deverão ser adotados

ver a integração dos procedimentos.

ma de acesso e o prazo para cumpri-

pelos órgãos e entidades, em níveis

Em 2014, o Governo Federal visitou

mento. A maioria dos órgãos públicos

federal, estadual e municipal, para

alguns estados e municípios apresen-

tem a sua. No setor, um exemplo é a

dar ampla divulgação das informa-

tando o projeto.

carta da Anvisa.

ções públicas.

longos ou indeterminados são caracterís-

redução da burocracia”, acrescenta o advogado. Segundo ele, obje-

ticas desse modelo negativo. A burocracia

tivando, especificamente, o ataque à burocracia, o Governo Fede-

consagra a prevalência da forma sobre a fi-

ral, até o presente, só desenvolveu uma única ação de real enver-

nalidade”, analisa o advogado e ex-procu-

gadura: o Programa Nacional de Desburocratização, instituído pelo

rador-geral da Fazenda Nacional, Cid Herá-

Decreto nº 83.740/79, do presidente João Figueiredo.

clito de Queiroz, que publicou uma palestra sobre o assunto.

34

Em 18 de setembro de 1979, o economista Hélio Beltrão assumiu o cargo de ministro extraordinário para a Desburocratização.

No Brasil, essas características conju-

Beltrão tinha como missão tirar da gaveta a reforma administra-

garam-se com algumas características dos

tiva proposta pelos militares e colocar em prática o decreto assi-

brasileiros em geral, como criatividade, indi-

nado por Figueiredo. De acordo com o texto, o governo pretendia

vidualismo, senso crítico e senso de humor.

reduzir sua interferência “na atividade do cidadão e do empresá-

Da conjugação desses fatores, a burocracia

rio, e abreviar a solução dos casos em que essa interferência seja

cresceu vertiginosamente e domina as ati-

necessária, mediante a descentralização das decisões, a simplifi-

vidades administrativas dos três Poderes

cação do trabalho administrativo e a eliminação de formalidades

da União, dos estados e também dos mu-

e exigências cujo custo econômico ou social seja superior ao risco”.

nicípios. E ainda em numerosas entidades

Esse Programa não foi mantido em governos posteriores, e a bu-

e empresas privadas, como companhias

rocracia voltou a crescer nos setores público e privado.

telefônicas, seguradoras de planos de saú-

As ações contra a burocracia são numerosas, mas exigem de-

de, estabelecimentos bancários e conces-

terminação e persistência. Para o ex-procurador-geral da Fazen-

sionárias de serviços públicos.

da Nacional, é fundamental reduzir o número de autoridades ou

“Quando um ente público ou uma em-

dirigentes com competência para expedir atos normativos, que

presa privada revelar maior produtividade,

são as fontes da burocracia. “Esses atos geram exigências demais,

certamente essa melhoria terá decorrido da

como autorizações, alvarás e classificações”, finaliza Queiroz.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



estratégia

Em que ponto eu fico?

FREEPIK

Escolher o local para a abertura de um novo empreendimento é uma das decisões estratégicas de maior risco do negócio

E 36

Empreender corresponde, basicamen-

A localização de uma nova loja é uma decisão estratégica para

te, a dois tipos de decisões: as estratégicas

a atividade varejista, pois ela é difícil de ser modificada. Um erro

e as operacionais ou táticas. Na primeira si-

na seleção de um ponto significa uma enorme desvantagem com-

tuação, o grau de irreversibilidade é muito

petitiva para o negócio, exigindo esforços mercadológicos e, algu-

maior, e os custos de decisões equivocadas

mas vezes, sacrifícios de margem que levam a prejuízos operacio-

são mais elevados. O gestor lida com um vo-

nais. “O varejo não é para amadores. A competição é grande, e o

lume extra de informações e, geralmente,

mercado está totalmente profissionalizado”, alerta o economista,

leva mais tempo para decidir.

professor e presidente do Provar/Fia, Claudio Felisoni de Angelo.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015


estratégia A boa rentabilidade de uma farmácia é resultado de uma conjunção de fatores que envolvem, principalmente, o local em que ela foi ou será instalada. Por isso, o empresário precisa levantar uma série de informações antes de se decidir definitivamente pelo

Mais algumas dicas do Sebrae para serem usadas na hora de avaliar a localização:

ponto comercial. “As pesquisas de mercado encomendadas, classificadas como fontes primárias, costumam custar caro, mas tudo depende do tamanho do negócio. Em algumas situações, não há como fugir delas. Em outras, no entanto, é viável utilizar fontes se-

• Verifique as condições de higiene e de segurança; • Atente para a facilidade de aquisição de

cundárias, que fornecem informações já prontas”, sugere Felisoni.

matéria-prima e recrutamento de mão de

Um exemplo são os dados disponibilizados por instituições de pes-

obra, ou seja, verifique a existência de pessoas

quisa, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma primeira consulta a essas informações é gratuita.

especializadas nas imediações do local; • Observe o movimento dos locais escolhidos durante vários dias e em horas alternadas;

Observação in loco O empresário americano Sam Walton, o legendário fundador do Walmart, com seu bimotor, sobrevoava o território americano em busca de áreas para instalar futuras lojas de sua rede. O paulistano Michel Klein, 50 anos, das Casas Bahia, fica de olho em novas avenidas a bordo de um helicóptero. Depois de selecionar

• Verifique a infraestrutura oferecida – luz, água, telefone – e as facilidades de acesso; • Prefira pontos que tenham estacionamento próprio ou nas proximidades; • Escolha o lado da rua onde faz sombra à tarde, quando o movimento é maior;

pontos à primeira vista (aérea), Klein verifica se a região tem po-

• Dê preferência para lojas no nível da rua e

tencial para crescer. Só depois disso, ele coloca em campo corre-

sem recuo, para aumentar a visibilidade;

tores com a missão de buscar um imóvel, de preferência próximo a locais de grande circulação. Cada um se vira como pode. Se você não tem condições de ir voando, vá a pé mesmo. “Observe, veja e escute as pessoas. Descubra se elas moram ou apenas trabalham no local. Repare se a rua é tráfego de passagem ou destino final”, orienta o professor do Provar. Segundo ele, o fator conveniência, hoje em dia, é defi-

• Procure pontos próximos à entrada principal, às escadas rolantes, à praça de alimentação ou junto às lojas-âncora dos shoppings; • Evite lojas em frente a pontos de ônibus, porque a aglomeração compromete a visibilidade; • Fique longe de locais que transmitam

nitivo. As pessoas vivem correndo, não têm tempo para nada, fi-

sensação de insegurança, como praças mal

cam presas no trânsito e querem chegar logo em casa. Portanto,

iluminadas (no caso de lojas de rua);

tempo é dinheiro. Em marketing, vários autores defendem o gerenciamento dos

• Evite os últimos andares e corredores sem saída dos shoppings;

famosos 4 Ps: Produto, Preço, Promoção e Ponto de Distribuição.

• Não limite, por preconceito ou comodidade,

Entretanto, diversos especialistas em varejo chegam a afirmar que

sua atenção às áreas consideradas nobres. É

o ponto é tão mais importante que, se o empresário acertar na lo-

preciso aprender a olhar o mapa das cidades

calização, o preço e a comunicação deixam de ser tão relevantes

em toda a sua amplitude e detectar as

assim. “Isso faz sentido porque quantas vezes nós, consumidores,

principais necessidades locais;

dizemos que não gostamos muito da farmácia aqui ao lado da nos-

• Verifique se há legislação específica em seu

sa casa, mas vamos porque é aqui ao lado”, lembra a professora de

município sobre localização de negócios da

Administração da Estácio de Sá, pesquisadora do Centro de Estu-

natureza que você pretende abrir.

dos em Gestão de Serviços de Saúde do Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

37


estratégia Saiba como os estudos de trade area podem ajudar na sua decisão Esses estudos levantam dados sobre tamanho da área de influência; números de pessoas que serão clientes em potencial; concorrentes diretos e indiretos, como supermercados e lojas de conveniência; e outros dados importantes, como renda média das pessoas da área de influência de sua farmácia. Esses dados são transformados em informação por meio de algoritmos que usam técnicas estatísticas e dados de outras séries históricas para definir: Entre dois pontos disponíveis, qual dará melhor retorno; Onde existe muita superposição com o comércio existente; Onde, mesmo com a existência de vários competidores, ainda é um bom ponto, pois a área suporta mais um competidor porque tem renda disponível; Em uma mesma rua, qual o lado mais atraente; Qual o raio de atração da sua loja (você pode atrair pessoas de outra cidade se for uma farmácia especializada ou de manipulação); Informações que indicarão a melhor localização em potencial de um determinado bairro.

ex-funcionária da Amil, onde ajudou a criar a Farmalife, Cecília Queirós Mattoso.

Estudos dessa magnitude são muitos caros, mas a diferença de um ponto para outro pode significar faturar metade do que se

A localização é tão importante que exis-

espera ou ter o potencial de faturar três vezes mais. “É claro que,

tem empresas especializadas em estudar

dependendo do porte de farmácia, um estudo desse tipo não é

onde é o melhor local para se abrir determi-

viável, pois não se deve fazer a cerca mais cara do que a casa”,

nado negócio: são os estudos de trade area,

acrescenta Cecília.

localizações geográficas onde uma empresa faz transações comerciais. Essa área re-

Fuja das “caveiras de burro”

presenta o local onde pode haver volumes

Independentemente de se fazer um estudo sofisticado ou não,

significativos de venda. Também costuma

levar a escolha da localização a sério é imprescindível, pois quem

ser chamada de market area.

não conhece as famosas “caveiras de burro”? Pontos que não vão para frente, onde todo o tipo de varejo é tentado e nada dá certo. “Não há lugar para amadorismo num ramo como o de farmácia, onde existem redes fortes que atuam com profissionalismo e

A existência de uma loja ao lado não representa, necessariamente, um impeditivo. Pelo contrário, o empreendedor pode ver ali uma forma de criar diferenciais.

larga experiência”, reforça a pesquisadora do Instituto COPPEAD. Na Internet, há um vasto material de apoio ao empresário. O Sebrae, por exemplo, em seu site, sugere que o varejista busque definir a área ideal para sua loja em metros quadrados, fachada livre sem postes e árvores que escondam a loja, evitar área perigosa no período noturno, verificar o fluxo de pessoas em frente ao ponto, enfim, não é uma decisão para se tomar rapidamente ou porque o ponto está barato.

Paulo Paiva Close Up International

Na opinião do diretor Regional Latam da Close Up International, Paulo Paiva, o principal quesito na definição do local da farmácia é o trânsito de pessoas. “Um ponto de varejo necessita de

38

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



estratégia circulação. Assim, um local que não conte

o que a farmácia ao lado oferece e se propor a melhorar ou até

minimamente com essa característica terá

acrescentar produtos ao mix ou criar serviços que agreguem valor

dificuldade em atingir sucesso”, comenta

ao negócio. “A existência de uma loja ao lado não representa, ne-

Paiva. Mas ele vai além e lembra que é pre-

cessariamente, um impeditivo. Pelo contrário, o empreendedor

ciso avaliar se as pessoas terão condições

pode ver ali uma forma de criar diferenciais. Há delivery? A farmá-

de parar na loja. “Um ponto de grande flu-

cia acompanha o tratamento de seus pacientes? Enfim, sempre é

xo tem que permitir também que o prová-

possível agregar”, avalia Paiva.

vel cliente pare e entre na farmácia. Se ele

O segmento de beleza, cosméticos e dermocosméticos vem

não puder fazer isso, não é um bom ponto

crescendo consideravelmente no varejo farmacêutico. Empresas que

comercial”, ressalta o executivo.

desejam focar nesse nicho também precisam ter cautela na avalia-

Faz parte desse pacote observar a con-

ção do local para a abertura de novas lojas. “Estudar esse mercado

corrência, e isso todo mundo já sabe. A di-

sob a ótica do perfil do cliente é vital, pois de nada adianta ofertar

ferença está no que se vai fazer com as in-

tipos ou segmentos de produtos dessas categorias se não são eles

formações obtidas. A dica é se perguntar

os mais procurados pelo potencial cliente da área”, alerta Paiva.

Principais pontos a serem analisados no processo de localização de lojas Características do local (formato do imóvel, arquitetura, condições de locação ou de compra, transporte público, estacionamento, acesso à loja, vizinhança); Características da população (tamanho, distribuição etária e de renda, nível educacional); Características econômicas (quantidade e concentração de empresas na região, tipo de empreendimentos, tendência de crescimento); Concorrência (tipo de concorrência presente, nível de saturação, área de influência dos concorrentes, tendência de crescimento);

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Legislação (impostos, licença de operação, zoneamento, leis municipais).

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2015


atendimento

Coloque um sorriso no rosto Especialista comenta por que nosso atendimento é tão ruim e destaca o treinamento como solução

N

Não é de hoje que se discute a qualidade do atendimento nos SXC

estabelecimentos comerciais e de serviços no Rio de Janeiro, e nisso estão incluídas as farmácias e drogarias. Em 2013, o jornalista Gilberto Scofield Jr., em sua coluna Panorama Carioca, do jornal O Globo, chamou a atenção com a publicação do artigo “Um Rio

Portanto, diante dessas transformações,

de serviços ruins”. Nele, Scofield compara o Rio a São Paulo, Pe-

o básico bem-feito tornou-se obrigatório,

quim e Washington. Ele se pergunta: “por que diabos os serviços

mas nele não surpreende. O cliente conti-

são tão ruins no Rio?”.

nua com a expectativa de se sentir único,

A situação não mudou muito de lá para cá, e a pergunta se-

especial. Quer ser percebido e valorizado,

gue sem resposta. Tudo é muito caro. Claro que junto disso vem o

com atendimento singular. “Os piores er-

atendimento, que compõe o pacote. Os profissionais não demons-

ros que uma farmácia ou drogaria poderia

tram nem um pouco de satisfação em atender. Conversamos com

cometer são o amadorismo, o descaso, a

a professora, consultora e especialista em Varejo Farmacêutico, Lu-

falta de atenção, as informações contradi-

cia Gadelha, sobre as alternativas que o empresário tem para mu-

tórias sobre um produto e, principalmen-

dar esse quadro tão negativo.

te, o atendimento impessoal”, alerta Lucia.

“Muitos empresários não investem em uma contratação asser-

Na opinião da especialista, os estabele-

tiva. Sendo assim, se os atendentes não possuem um perfil com

cimentos farmacêuticos são uma extensão

as competências necessárias ao cargo, também não comunicam

do hospital e do consultório médico. “Muitas

bem aos clientes a identidade da empresa. Se há falha na contra-

vezes, o médico não esclarece as dúvidas

tação e na qualificação da equipe, mesmo com boa remuneração

dos clientes, que buscam nos farmacêuti-

e incentivos, o atendimento fica comprometido”, comenta Lucia.

cos e atendentes informações de forma cla-

A especialista lembra as mudanças dos últimos anos no com-

ra e objetiva”, pontua. Por isso, Lucia desta-

portamento do consumidor. “Surgiram o Procon e o Código de De-

ca que o treinamento é indispensável. “Ele

fesa do Consumidor. Com um ambiente político favorável e maior

estimula o autodesenvolvimento, reforça

organização da sociedade civil, os meios de comunicação ganha-

a autoestima e conscientiza o colaborador

ram força. As empresas tiveram de reavaliar o seu modo de tra-

para que mantenha sua empregabilidade.

tar o cliente, melhorando a comunicação e prestando contas”, co-

Isso tem impacto no comprometimento

menta. “Foram implantados os SACs e ouvidorias, uma revolução

da equipe e é percebido pelos clientes no

no mercado”, acrescenta.

atendimento”, finaliza.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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carreira

Seis dicas para se reinventar Atitudes que melhoram a produtividade e ajudam a conquistar bons resultados

O

O futuro não parece muito promissor.

Especialistas das mais diversas áreas alertam que 2015 será um ano delicado em termos econômicos. Mas, Alexandre Prates, coach de líderes e autor de A reinvenção do profissional - tendências comportamentais do profissional do futuro (Editora Novo Século), é uma voz dissonante. “As empresas aceita-

FAÇA-O IMEDIATAMENTE Não deixe para segunda-feira. Comece hoje! Dê o primeiro passo, resolvendo tudo o que estiver em suas mãos e que depender exclusivamente de você. Tem uma dívida? Vá ao banco e informe-se sobre como quitá-la. O chefe exige que fale outro idioma? Vá hoje a uma escola e matricule-se.

ram o baixo desempenho em 2014 porque tivemos eventos como Copa do Mundo e

DESAFIE SUA ZONA DE INCOMPETÊNCIA

eleições. Para mim, 2015 é o ano do resul-

Atreva-se a fazer sempre algo que você sabe que

tado e da produtividade. É preciso fazer as

não tem competência para fazer. Isso o estimulará

coisas acontecerem agora, sem esperar o

a conhecer novas saídas e o incentivará a ir além do que

futuro”. Veja as dicas de Prates.

pensa que poderia. As pessoas só se desenvolvem quando se desafiam. Mas, isso não significa ter de viver em

DESENVOLVA NOVAS COMPETÊNCIAS

constante alerta ou estado de estresse.

Aprender coisas novas e realizá-las – sejam elas relacionadas ou não diretamente com seu trabalho –, assumindo a responsabilidade total por seus

MANTENHA A DISCIPLINA

sucessos e fracassos, sem colocar a culpa em nenhum

Disciplina é uma prática, algo que se consegue

agente externo, é um começo promissor.

com o tempo. Ainda que seja necessário agir com rapidez e eficiência, não se pode ter pressa para atingir o resultado final.

PLANEJE-SE E ESQUEÇA-SE DO RESULTADO Como conseguir tempo para reinventar-se, com o objetivo de alcançar melhores resultados? A palavra-chave é planejamento. Para começar, anote tudo o que precisa ser feito em um caderno ou em uma planilha. Inclua objetivos profissionais, pessoais, afetivos, emocionais, financeiros e familiares. O segredo é distribuir o desempenho e a evolução pretendida em

DIVIRTA-SE O caminho para se alcançar um resultado deve ser prazeroso. Por isso, cada pessoa terá sua própria “receita” e fará o que precisa ser feito de uma maneira diferente. Se você achar um jeito mais gostoso de desempenhar suas ações, as fará com mais facilidade.

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pequenos passos diários, semanais ou mensais.

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



meio ambiente

Novo PL para a logística reversa de medicamentos Definição de um acordo setorial caminha a passos curtos. Apenas Paraná avança no processo

M

Mais um projeto de lei foi apresenta-

ainda não chegou a nenhuma conclusão. Estamos aguardando um

do ao Congresso Nacional sobre logística

novo contato neste início de ano”, comentou o diretor executivo da

reversa de medicamentos. Trata-se do PL

Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Far-

8.278/14, do deputado federal Heuler Cru-

macêuticos (Abradilan), Geraldo Monteiro.

vinel (PSD/GO), que propõe que todas as

Para Monteiro, o PL não tem condições de ser aprovado. “A ca-

unidades de saúde, farmácias, drogarias e

deia farmacêutica não vai aceitar. De quem será o custo do trans-

farmácias de manipulação instalem pon-

porte? O veículo que leva o medicamento não poderia ser o mes-

tos de coleta, em local de fácil visualiza-

mo da coleta. E de quem é a obrigação de recolher? Quem vai pagar

ção, para recolhimento de medicamentos

a conta? Essas são algumas perguntas ainda sem resposta”, apon-

impróprios para o consumo ou com data

tou o diretor executivo.

IMAGEM: ISTOCKPHOTO

de validade vencida.

44

Na opinião do farmacêutico e professor da Universidade Federal

O PL é simplista demais porque não ex-

Fluminense (UFF), André Pontes, integrante do grupo de trabalho

plica como essa logística se daria na prática,

regional no Rio de Janeiro, o PL deixa de considerar pontos impor-

apenas determina o papel de cada um no

tantes. “As distribuidoras não podem transportar resíduos, embora

processo: farmácias coletariam; distribuido-

isso ocorra em alguns países, como Espanha. Além disso, é mais ba-

ras seriam responsáveis pelo transporte; e

rato enviar diretamente para o descarte final sem antes passar pe-

indústrias dariam a destinação ambiental-

los laboratórios, e a separação dos produtos por laboratório é uma

mente correta aos produtos recolhidos nos

tarefa inviável”, analisou Pontes. “E ainda tem todo o problema de

pontos de venda. O setor precisa de uma

gerenciamento desses resíduos dentro das indústrias”, acrescentou.

proposta de logística reversa muito mais

“Buscar um medicamento na farmácia e conduzi-lo até o des-

elaborada e efetiva, e é o que vem sen-

tino final não são atividades tão fáceis como parecem. Temos inú-

do discutido há, pelo menos, quatro anos.

meras normas, etapas de manuseio e armazenamento. Além das

A última iniciativa do Ministério do Meio

boas práticas no transporte e do cumprimento de prazos de coleta,

Ambiente (MMA) foi a publicação de um Edi-

ainda existe toda a parte legal e jurídica que envolve essas ques-

tal de Chamamento, em 2013, para que o

tões”, pontua Leonardo Coelho do Amaral, diretor da Giga Ambien-

setor farmacêutico enviasse suas propostas

tal, empresa que coleta e transporta resíduos no Rio de Janeiro.

de acordo setorial. “Todos os setores da ca-

Os especialistas acreditam na retomada do assunto em breve,

deia apresentaram propostas, mas o MMA

após a reorganização dos ministérios pelo governo federal, nesse

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015


meio ambiente momento pós-eleição. “Se o acordo setorial não sair, a Política Nacional de Re-

Entenda a questão

síduos Sólidos (PNRS) prevê a publicação

A Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Polí-

de um decreto”, diz Pontes. Algo muito

tica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),

parecido com o que aconteceu no Pa-

trouxe o conceito de responsabilidade com-

raná, onde a Lei Estadual nº 17.211/12 e

partilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

o Decreto nº 9.213/13 obrigaram o setor

A logística reversa é apresentada como um

a sentar, conversar e chegar a um acordo.

dos instrumentos da política.

A proposta de um plano de setorial de

O Decreto nº 7.404/2010, por sua vez, re-

logística reversa de medicamentos para o es-

gulamentou a PNRS e instituiu o Comitê

tado foi elaborada pelo Sindicato das Indústrias

Orientador para Implementação de Siste-

Químicas e Farmacêuticas do Estado do Paraná (Sin-

mas de Logística Reversa, com a compo-

qfar), com apoio do Senai, e entregue no final do ano pas-

sição dos seguintes ministérios: Meio Am-

sado à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema). A coordenadora de Logística Reversa do Sinqfar, Jovita Leona,

biente; Saúde; Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Agricultura, Pecuária e

não quis dar detalhes, mas disse que a proposta seguiu a legisla-

Abastecimento; e Fazenda.

ção e que todas as empresas do setor, 50 no total, se envolveram

O Comitê deliberou pela criação de grupos

no projeto. “As indústrias do Paraná aderiram bem à discussão.

de trabalho temáticos. O GTT de Descartes

Foi difícil mobilizar, mas depois o engajamento foi bom”, contou.

de Medicamentos teve como responsabili-

No Rio de Janeiro, o processo não está tão avançado como no

dade apresentar para o Comitê um estudo

Paraná, até porque não existe lei estadual tratando do assunto.

de viabilidade técnica e econômica da logís-

A Secretaria de Estado do Ambiente limitou-se a informar que a

tica reversa de resíduos de medicamentos,

“modelagem a ser definida pelo acordo setorial, em nível nacional,

além de uma proposta de Edital de Chama-

deverá ser incorporada dentro do Plano Estadual de Resíduos Só-

mento para os acordos setoriais. Alguns es-

lidos do Rio de Janeiro, concluído em 2013, o qual considera as di-

tados, à época, iniciaram discussões regio-

ferentes características e fluxos de cada tipo de resíduo sólido ge-

nais nos moldes do GTT Nacional.

rado. Finalmente, a posição do governo tem sido a de observar a

Em 2013, o Ministério do Meio Ambiente

modelagem definida no acordo e de cobrar e fiscalizar o setor no

(MMA) publicou o Edital de Chamamen-

cumprimento das metas a serem definidas no estado do Rio de Ja-

to para o setor de medicamentos, pedindo

neiro”. A assessoria de comunicação informou também que a Se-

que apresentasse propostas para o acor-

cretaria e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) participaram do

do setorial. Três foram entregues pelo se-

GTT de Medicamentos, sob a coordenação do Ministério da Saúde.

tor. Após parecer e ajustes eventual-

“Precisamos tratar a logística reversa com responsabilidade e

mente necessários, a proposta

coerência. O modelo está predefinido. Atualmente, cada um cui-

final de acordo setorial será

da de seus resíduos, sem planejamento, e isso não é bom para o

enviada para apreciação

País”, sentencia Amaral.

do Comitê.

A Revista da Farmácia também tentou falar com Ministério

O acordo setorial deve ser assinado em nível nacional

que somente o MMA fala sobre esse assunto. Em contato com o

e adaptado às característi-

MMA, a assessoria de imprensa informou que o Ministério “está

cas de cada região pela ca-

aguardando o setor enviar uma proposta conjunta para fechar o

deia farmacêutica.

acordo setorial”.

FREEPIK

da Saúde e Anvisa, mas as assessorias de comunicação disseram

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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ponto de venda

Consumidor ou shopper? Termos costumam ser empregados como sinônimos, mas possuem significados diferentes

É

É muito comum ouvir “consumidor” ou “shopper”, mas as duas

palavras não possuem o mesmo significado. Segundo a Kantar Worldpanel, empresa que audita, semanalmente, 11,3 mil domicílios em todo o Brasil, o shopper é quem de fato vai comprar no estabelecimento farmacêutico e interagir com o vendedor. Já o consumidor é o usuário final do produto. Cerca de 20% dos compradores são shoppers observadores

e analíticos. A outra parcela significativa são aqueles ávidos por informação, dispostos a conhecer novos produtos. O grande desafio da empresa é entender quem compra e quem usa. Não se pode deixar de focar no usuário final, mas é preciso identificar e atuar sobre o shopper, pois a decisão final cabe a ele. Convencê-lo é o grande desafio. Saber que existe essa diferença é muito importante para criar a estratégia de comunicação na loja. O shopper é influenciado por todas as variáveis do ponto de venda e sempre analisa o custo -benefício dos produtos escolhidos para cada situação. O trabalho deve começar com a análise do comportamento do shopper, em diferentes ocasiões de compra, além dos canais de distribuição e trade. A partir desse conhecimento, há recursos para se criar uma comunicação dirigida, em que o shopper terá um ambiente de compra mais adequado. É necessário que o shopper, no local das compras, conheça os benefícios das marcas e dos produtos de forma clara e rápida. Com ISTOCKPHOTO

isso, poderá ser influenciado a comprar uma marca diferente da que decidiu quando ainda estava em sua casa ou levar um produto que nem sequer necessitava. Enfim, o shopper é influenciado desde a embalagem até a exposição, o posicionamento da mercadoria, o preço do produto e as ações pontuais no ponto de venda. Fique atento!

46

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



finanças

Os sete erros que te levam ao banco Especialistas comentam atitudes equivocadas de gestores e empresários na condução dos negócios

Não separar as despesas pessoais das despesas da empresa Esse é um erro muito comum entre os empresários. Na maioria das vezes, esse equívoco ocorre por desconhecimento e inexperiência. Misturar as despesas pessoais com os custos da empresa, além de ser incorreto, acaba dando a falsa impressão de que o negócio não dá lucro. Trata-se de um conflito de interesses, fazendo a empresa, algumas vezes, recorrer a empréstimos bancários para bancar o custo de vida pessoal dos sócios. Essa prática é o que acaba causando prejuízo financeiro.

Ter o pró-labore maior que o valor que a empresa produz de lucro Pró-labore e lucro são itens completamente diferentes. O pró-labore nada mais é que o salário ou a remuneração que o empresário recebe por exercer uma atividade na empresa, seja ela operacional ou de gerenciamento, sendo, portanto, parte integrante dos custos. Já o lucro é o resultado positivo da operação. O grande desafio, nesse caso, é reconhecer que os sócios possuem dois papéis: de investidor e de trabalhador. Como investidor, deve ser remunerado pelas distribuições do lucro; como trabalhador, deve possuir um pró-labore compatível com a capacidade financeira da empresa.

Não saber o valor do capital de giro necessário para manter a empresa Isso é resultado da falta de planejamento, pois calcular o capital de giro não é nenhum bicho de sete cabeças, sendo essencial para o desenvolvimento, crescimento e sustentação da empresa. Capital de giro é uma reserva de recursos para ser utilizada conforme as necessidades financeiras da empresa ao longo do tempo.

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



finanças

A empresa não ter o fluxo de caixa realizado e previsto Esse fator também é resultado da falta de planejamento e controle administrativo. A previsão é essencial para a tomada de decisões, e o realizado, para corrigir a rota, por exemplo. Em geral, os gestores cometem alguns equívocos pensando acertar. Exemplo: se no fluxo de caixa previsto havia uma projeção de pagamento de fornecedores em 60 dias e o gestor decidiu aproveitar uma oportunidade e comprar à vista com desconto, pode ser que falte dinheiro em caixa para as operações diárias, o que pode levar a empresa a ter que recorrer a empréstimos que podem sair mais caros que o desconto obtido.

Falta de controle do estoque Perda de dinheiro. É impossível para uma empresa comercial não controlar o estoque, principalmente porque, hoje em dia, há sistemas avançados que calculam a média de saída de determinado produto, auxiliando o comprador na reposição.

Desconhecer o ponto de equilíbrio da empresa O Sebrae define ponto de equilíbrio como o valor que a empresa precisa faturar para pagar todas as suas despesas em determinado período. Portanto, conhecer o ponto de equilíbrio é saber qual o faturamento mensal mínimo para cobrir os custos fixos mensais. Essa informação é vital para o gerenciamento da empresa.

Não conhecer o ciclo financeiro da empresa Ciclo financeiro é o período entre o prazo médio de pagamento aos fornecedores e o prazo médio de recebimento das vendas. Desconhecer o ciclo da sua empresa pode trazer sérias dificuldades, afetando a tomada de decisões e o planejamento empresarial.

Contribuíram com esse conteúdo Dora Ramos, educadora financeira, especialista em contabilidade e controladoria e diretora da Fharos Contabilidade & Gestão Empresarial; e André Machado Caldeira, especialista em Finanças Corporativas, Fusões e Aquisições e sócio da Fuzzy Consultoria.

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



ponto de vista

Pagando muito imposto? Veja o quão importante é sua empresa classificar corretamente os produtos

O

O requisito básico para um cadastro cor-

reto é a NCM (Nomenclatura Comum do

O tipo de operação também tem impactos na definição da regra

Mercosul), pois, por meio desses códigos,

tributária. Enquanto uma operação de venda está sujeita ao ICMS,

é feita a classificação fiscal dos produtos.

a operação de transferência da mercadoria para uma filial não es-

Ela é obrigatória em documentos fiscais,

tará. Se essa filial estiver em outro estado, no entanto, já teremos

bem como fundamental para a identifica-

mudança na forma de tributação.

ção de diversos tributos, tais como: IPI, PIS, Cofins e ICMS. A adoção de códigos incorretos da NCM

HUMBERTO TESKI

pode ocasionar diversos problemas, desde

Henrique Tavares

evidencia que só o controle por NCM nem sempre é suficiente.

E se a operação de saída possui tantos reflexos, igualmente terão as operações de entrada. A condição do remetente da mercadoria, bem como sua localização geográfica, possuem reflexos imediatos no custo da aquisição dos produtos.

o pagamento a mais de impostos, passan-

Aliados a isso, ainda há os regimes e programas especiais, que

do por sanções impostas pela Secretaria de

podem estar atrelados ao produto, ao remetente ou ao destinatá-

Fazenda, até a geração incorreta de arquivos

rio da mercadoria. É importante considerar também se o produto

do Sistema Público de Escrituração Digital

adquirido é para uso e consumo ou para revenda, pois terá impac-

(SPED). Com o avanço do uso de novas tec-

to na regra tributária e no custo. Até mesmo o município de desti-

nologias pelo Fisco, principalmente o SPED,

no da mercadoria ou a forma em que ela será empregada impacta

as possibilidades de os erros de classifica-

na regra tributária e, consequentemente, no seu custo.

henriqueavant@hotmail.com

ção serem constatados pela administração

As condições citadas demonstram que um único parâmetro não

Consultor em varejo farmacêutico.

pública tendem a crescer, o que exige mais

é suficiente para a definição da regra tributária. É necessária a jun-

atenção por parte das empresas, para evi-

ção de diversos elementos para se chegar à regra tributária aplicá-

tar problemas fiscais.

vel em cada situação, o que, em muitos casos, foge à capacidade

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A NCM é muito importante na defini-

de entendimento de muitos empresários, podendo ocasionar um

ção de regras tributárias, sendo necessária

pagamento indevido de impostos e um custo de aquisição mais

para o não pagamento do ICMS, PIS e Co-

elevado, diminuindo a rentabilidade da empresa.

fins na venda de produtos em que o nosso

Essa complexidade tributária, atrelada à inconstância da le-

setor possui benefícios fiscais. A Margem de

gislação, acaba trazendo reflexos nocivos ao contribuinte. Como

Valor Agregado (MVA) utilizada no cálculo

evidenciou uma pesquisa realizada pela FISCOsoft, com mais de

da substituição tributária também se alte-

400 empresas, é representativo o número de contribuintes que

ra face à característica do produto. O pro-

recolhem tributos a maior ou que sofrem autuações pelo recolhi-

tetor solar F.P.S. acima de 30, classificado

mento a menor.

na NCM pelo código 3304.99.90, passa a

Diante de tal cenário, se faz necessário que as empresas repen-

integrar a cesta básica, enquanto o mesmo

sem seus processos e avaliem alternativas para se manter atualiza-

produto com F.P.S. menor que 30 continua

das, o que, consequentemente, lhes permitirá correr menos riscos

no regime de substituição tributária, o que

fiscais ou mesmo identificar oportunidades tributárias.

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ponto de vista

Cliente oculto Uma boa maneira de saber como realmente é o atendimento na sua loja

A

A distância entre teoria e prática é um dos maiores desafios na

prestação de serviço ao cliente final. As experiências diárias demons-

Brasil e que acabam detonando iniciativas bem intencionadas.

tram que não basta um cartaz lembrando que o cliente é a pes-

Para que o cliente oculto gere o máximo

soa mais importante da empresa. Nem mesmo os investimentos

de retorno, atrele um bônus ou reconheci-

em treinamento e palestras motivacionais são suficientes para fa-

mento simbólico às equipes de loja que ob-

zer com que na hora da verdade do atendimento as atitudes ocor-

tiverem os melhores resultados, e expresse

ram conforme o script desejado. Tão pouco um gerente sargentão é capaz de garantir que, na ausência dele, os funcionários agirão Mas como assim? Simples, só conhecemos o funcionário quando ele se sente livre das amarras e da observação de seus superiores, portanto dono exclusivo de suas decisões e atitudes na empresa. Pena que quando isso acontece não estamos por perto para saber o que de fato ocorre, a não ser que você tenha instalado um sofisticado sistema de filmagem e escuta nas suas lojas, o que, acredito, não seja o seu caso. Empresas comprometidas com atendimento separam uma parte de sua verba de marketing para clientes ocultos, ou seja, pessoas que se passarão por clientes e frequentarão sua loja com um check list na cabeça, verificando, anonimamente, todos os aspectos re-

Empresas comprometidas com atendimento separam uma parte de sua verba de marketing para clientes ocultos, ou seja, pessoas que se passarão por clientes e frequentarão sua loja com um check list na cabeça.

levantes para um atendimento com excelência. No rol de empresas que usam esses recursos estão as lojas de departamento, companhias aéreas, restaurantes, franquias de fast

seu desagravo aos piores. Caso adote per-

food e hotéis. A certeza de que, a qualquer momento, aquele clien-

manentemente esse recurso, criará uma

te pode ser um cliente oculto, “espionando” o atendimento, gera

cultura de constante alerta nos profissio-

uma tensão positiva nos funcionários, os quais vão se esforçar para

nais, os quais saberão que sua remunera-

manter uma boa impressão.

ção variável poderá ser impactada por um

Há empresas especializadas em oferecer esse tipo de serviço.

resultado ruim no relatório do cliente oculto.

Eles selecionam observadores com o perfil de sua empresa, acertam

Aproveitando que 2015 apenas come-

contigo os fatores que entrarão no check list e negociam a quan-

çou, avalie a possibilidade de ter uma par-

tidade e frequência de visitas que ocorrerão nas lojas. É claro que,

te de seu orçamento direcionado para a vi-

se você quiser apostar em uma solução caseira, pode ser que você,

sita periódica e regular de clientes ocultos

com o auxílio de seus profissionais, consiga montar uma equipe de

em suas lojas. Essa iniciativa pode trazer

clientes ocultos, mas fuja à tentação da improvisação e da falta de

tamanho resultado nas suas vendas, o que

planejamento, hábitos que prejudicam a gestão das empresas no

compensará, com folga, o investimento.

DIVULGAÇÃO

da forma preconizada nos manuais de atendimento da empresa.

Fernando Gaspar fgaspar00@gmail.com

Consultor especializado na construção de indicadores gerenciais para varejo e serviços, instrutor de liderança e palestrante.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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ponto de vista

Integralidade do cuidado Atenção integral pode ser ao mesmo tempo individual e coletiva, demonstrando a necessidade de articulação entre equipes multiprofissionais

A

A Organização Mundial da Saúde (OMS)

HUMBERTO TESKI

define saúde como sendo o estado de com-

Ana Lucia Caldas analulcaldas@gmail.com

Farmacêutica, gerontóloga e especialista em atenção farmacêutica.

54

tempo individual e coletiva, demonstrando a necessidade de articulação entre equipes multiprofissionais.

pleto bem-estar físico, mental e social, e não

Com o cuidado farmacêutico não é diferente. É necessário am-

apenas a ausência de doenças. Mas obser-

pliar a atenção dispensada aos pacientes de forma a atender todas

vamos que a saúde deve ser considerada

ou a maior parte das suas necessidades, nas diferentes fases da vida.

um constructo de acordo com as marcas

O cuidado farmacêutico deve estar pautado nos princípios éticos da

de seu tempo.

profissão e da Atenção Farmacêutica para desenvolver ações que

Do latim Salus, esse termo designava o

proporcionem um cuidado com mais qualidade e maior satisfação

atributo principal dos inteiros, intactos, ín-

principalmente para o paciente. Assim, na prática da integralidade

tegros. Em grego, significa inteiro, real, in-

do cuidado, o farmacêutico colabora na produção do conhecimento

tegridade. A visão de saúde integral sugere

junto a grupos de pesquisas, interage com os demais profissionais

que para alcançar um estado de saúde na

de saúde no seu dia a dia e contribui com o planejamento de ações

sua totalidade é preciso pensar na integra-

e protocolos específicos para a prevenção de doenças, manutenção

lidade de saberes e de atitudes e não em

e recuperação da saúde. Independentemente do local de atuação

fragmentação, como a saúde física, men-

do farmacêutico, esse é o grande desafio dos profissionais ao assu-

tal ou social. Precisamos pensar na intera-

mirem a farmacoterapia clínica dos seus pacientes.

ção das interfaces entre as diversidades das várias disciplinas.

Devido às últimas mudanças, como a Lei 13.021 de agosto de 2014, que determina a responsabilidade do poder público e a ga-

A concretização da integralidade em

rantia da assistência farmacêutica de acordo com os princípios do

saúde tem início na prática da integração

Sistema Único de Saúde (SUS), de universalidade, equidade e inte-

dos diversos saberes das diferentes áreas,

gralidade, precisamos estruturar, o mais rápido possível, ações que

em que o sujeito deve ser olhado como um

garantam a melhor forma de organização dos serviços farmacêu-

todo, um ser único, com suas característi-

ticos, da produção do conhecimento e da boa prática profissional.

cas singulares, qualidades e defeitos que o

Este é o momento dos farmacêuticos, principalmente os atuantes

diferenciam dos demais e fazem com que

em farmácias comunitárias, pois estão ou deveriam estar direta-

cada um tenha necessidades e prioridades

mente ligados aos seus pacientes, reformularem suas prioridades

pessoais. A integralidade considera o con-

como profissionais de saúde e buscarem capacitações adequadas

texto histórico, social, político, familiar e

à nova realidade da profissão, que definitivamente se humanizou

ambiental em que o indivíduo está inseri-

e clama por profissionais que estejam preparados para assumir no-

do. A atenção integral pode ser ao mesmo

vos desafios e responsabilidades.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015



ponto de vista

Dissertando sobre escolhas E mais: saúde, integralidade e interdisciplinaridade

A

Alguns cientistas tentam provar que

te, uma profissão diferente, gosta de uma cor diferente, um sabor

nosso cérebro já tem todas as escolhas pré

diferente, uma roupa ou um estilo de filme diferente, e por aí vai.

-programadas, ou seja, quando achamos

O preconceito e a intolerância geram coisas horríveis: terroris-

que decidimos por algo é ilusão, pois já es-

mo, assassinatos, violência, rancor, raiva. Vimos recentemente o

tava tudo decidido lá no nosso subconscien-

ataque terrorista ao jornal satírico Charles Hebdo, em Paris. Vimos

te, contradizendo a crença do livre-arbítrio.

o assassinato de um estudante em uma tentativa de assalto ao sair

HUMBERTO TESKI

Mas como não sabemos ao certo como

da universidade, no Rio de Janeiro.

realmente ocorre nosso processo decisório

Então, que as escolhas sejam por respeito, tolerância e amor.

e que influências são exercidas, como o am-

Que elas sejam a transformação de ações, pensamentos e senti-

biente em que se vive e a codificação gené-

mentos negativos em positivos. E sejam também o desenvolvi-

tica de cada um, uma coisa é certa: a de que

mento de práticas que deem significado ao cuidado, qualidade de

devemos ter respeito às escolhas, às nos-

vida e humanização nas relações.

sas e às do próximo. Respeitar quem vota

Na área da saúde, o respeito e o amor estão ligados ao cuida-

no candidato diferente, quem tem uma op-

do. Algumas das tendências dessa área direcionam para a medici-

ção sexual diferente, uma religião diferen-

na preventiva e medicamentos adaptados geneticamente a cada indivíduo. Os profissionais de saúde provavelmente deverão se adaptar a essa tendência. A integralidade do cuidado farmacêutico nos postos de saúde,

Fernanda Ramos nandaramos8@gmail.com

Farmacêutica, empresária e diretora da Ascoferj

hospitais, farmácias deverá acompanhar esse caminho, assim como

Na área da saúde, o respeito e o amor estão ligados ao cuidado. Algumas das tendências dessa área direcionam para a medicina preventiva e medicamentos adaptados geneticamente a cada indivíduo.

deverá ocorrer com a interdisciplinaridade, por meio de múltiplos conhecimentos que implicam uma consciência dos limites e das potencialidades de cada área, para que possa haver uma abertura em direção a um fazer coletivo. Então, a integralidade e a interdisciplinaridade apontam para o trabalho do conhecimento por intermédio de interdependência e conexões recíprocas, criando zonas de fronteira entre “saberes em saúde”. Sendo assim, não será uma profissão que se sobressairá e sim o trabalho e a educação em equipe, sem preconceito. Como disse Paulinho da Viola em “Filosofia do Samba”, “A razão está sempre dos dois lados” e “Cego é quem vê só até onde a vista alcança”.

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Revista da Farmácia · Março-Abril 2015


ponto de vista

Gestão de mudança empresarial

E

Em artigos anteriores, tratamos dos te-

O próprio gestor ou uma consultoria empresarial deve seguir

mas Planejamento Estratégico, Plano de

um roteiro que envolva fundamentos de comunicação, liderança,

Ações e Produtividade. Em geral, quando

capacitação da equipe impactada pelas mudanças e redesenho de

se decide realizar e implantar ações de-

processos a serem realinhados.

correntes de um plano elaborado com o

A comunicação é importante e deve ser iniciada bem antes

objetivo, entre outros, de aumentar a pro-

do início das mudanças, para esclarecer tudo o que deverá ou não

dutividade da empresa ou modernizar as

mudar, evitando assim a chamada “rádio corredor”. A comunicação

suas práticas de gestão, estamos inexora-

deve ser trabalhada durante todo o período de mudanças. O papel

velmente diante da necessidade de geren-

de liderança do gestor certamente será importante durante toda a

ciar mudanças.

travessia da situação atual para uma situação futura.

Ocorre que a maioria dos gestores, tanto

Cada mudança deve ser avaliada para a definição do plano de

das pequenas quanto das grandes empre-

capacitação necessário que poderá conter aspectos comporta-

sas, diante da empreitada das mudanças a

mentais e técnicos. Essa etapa de capacitação deve ser cuidado-

serem implantadas, esquecem-se dos fato-

samente planejada e implantada, lembrando que a plena capa-

res humanos e dos processos que em geral

citação, normalmente, não é atingida em um único treinamento.

necessitam ser realinhados e redesenhados.

Assim, é importante prever e implantar um período de ambien-

Como as empresas são compostas de

tação nas mudanças, tanto em novos sistemas como em proces-

pessoas e as pessoas têm uma tendência

sos de atendimento. A ambientação deve ser supervisionada pelo

natural de ficarem confortáveis na situação

gestor ou por um colega mais experiente.

em que se encontram nas suas práticas e rotinas, sempre que mudanças são anun-

O redesenho de processos é fundamental para a adequação da

Marcos Assumpção marcosconsultor@globo.com Consultor em planejamento, gestão por processos e gerenciamento de projetos.

empresa e das pessoas às mudanças a serem realizadas.

ciadas geram expectativas, ansiedade e,

Certamente, o empresário não consegue dar conta de tudo

em muitos casos, desconforto nas pessoas.

sem buscar ajuda especializada. Assim, tanto a Ascoferj como o

Considerando a importância que as pes-

SEBRAE e outras entidades possuem assessoria que podem con-

soas representam na implantação de mu-

HUMBERTO TESKI

Um tema pouco conhecido e geralmente esquecido pelos gestores

tribuir para a correta Gestão de Mudança.

danças, seja de um novo software de gestão,

Quando os fundamentos de Gestão de Mudança não são cor-

seja na mudança do modelo de atendimen-

retamente trabalhados nas empresas, percebe-se que aflora na

to ou ainda na simples mudança de rotinas

equipe um conjunto de sentimentos que podem dificultar as mu-

ou processos específicos de trabalho, é ne-

danças. Concluindo, ao implantar mudanças na sua empresa, não

cessário planejar e realizar o correto geren-

se esqueça de sua gestão. E lembre-se de que, nos tempos atuais,

ciamento delas.

a única certeza é que as coisas mudam.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015

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ponto de vista

Além da venda Farmácias têm importante papel no combate à automedicação e na promoção da saúde

DIVULGAÇÃO

A

As farmácias e drogarias desempe-

Pelo menos 76% dos medicamentos são adquiridos por auto-

nham um importante papel na ligação en-

medicação, prática que tem sido combatida, pois evidências mos-

tre a cadeia de produção e a utilização dos

tram que é a forma mais comum de resposta aos primeiros sinto-

medicamentos. Os consumidores, quando

mas, podendo retardar o diagnóstico e a cura, além de contribuir

encontram dificuldades na morosidade do

para a manutenção da cadeia de transmissão de doenças.

atendimento em postos de saúde, hospitais e

Ao analisar o mercado varejista farmacêutico, buscando inves-

médicos especialistas em determinadas pa-

tigar as ocorrências da automedicação e suas motivações, a pes-

tologias, procuram frequentemente os es-

quisa indicou ser ela frequente e motivada pela insatisfação com a

tabelecimentos farmacêuticos como locais

demora e a baixa qualidade do atendimento nos serviços de saú-

de orientação e indicação de condutas tera-

de, além da experiência prévia com medicamentos e do aconse-

pêuticas e minimização de seus problemas.

lhamento com amigos e familiares. Por outro lado, deve-se notar a

Algumas vezes, é comum balconistas

insatisfação com a qualidade do atendimento nas farmácias, pois,

desempenharem o papel de orientadores,

algumas vezes, o fácil acesso a determinados medicamentos, por

pois o próprio consumidor favorece essa si-

não se solicitar a prescrição médica como manda a legislação, po-

tuação devido ao interesse por soluções rá-

de causar problemas indesejáveis.

pidas, sem levar em consideração que essa

Mauro Pacanowski

mauro@pacanowski.com.br

Professor e consultor da FGV

58

atitude pode trazer prejuízos à sua saúde.

A automedicação pode estar favorecendo o agravamento de diversas patologias, causadas por interações medicamentosas, do-

No Brasil, a presença do farmacêutico

sagens fora do padrão, informações inadequadas pelo hábito de

na farmácia ou drogaria é obrigatória, deter-

não se ler a bula, além de uma sobrecarga na quantidade de me-

minada por lei. Esse profissional deve estar

dicamentos indicados, já que existem casos de usuários que se

em atividade durante todo o horário de fun-

automedicam sem receber a orientação e o tratamento corretos.

cionamento do estabelecimento, o que evi-

Os resultados da pesquisa do ICTQ sugerem ao setor priva-

dencia a importância da dispensação e das

do, que é o principal responsável pelo fornecimento e comerciali-

boas práticas farmacêuticas. A presença do

zação de medicamentos nas farmácias e drogarias, que faça uma

farmacêutico é reconhecida por quase 80

ampla divulgação dos malefícios da automedicação e das práticas

% das pessoas que necessitam de algum ti-

educativas para uso racional de medicamentos, além de resgatar

po de informação e a ele se dirigem quando

a humanização do atendimento.

notam sua presença, segundo uma pesqui-

Nesse cenário, é fundamental que o empresariado foque sua

sa do Instituto de Pesquisa e Pós-Gradua-

atividade empresarial no equilíbrio de três pilares: sustentabilida-

ção para Farmacêuticos (ICTQ).

de, rentabilidade do negócio e promoção da saúde.

Revista da Farmácia · Março-Abril 2015




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