Revista Dasartes 117

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Capa: , Allegiance with Wakefulness, 1994. © Shirin Neshat. Courtesy the artist and Gladstone Gallery.


UGO RONDINONE 10

SHIRIN NESHAT 6

Agenda

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De Arte a Z

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Livros

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AMÍLCAR DE CASTRO 42

TUNGA

COLUNA DO MEIO 71

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AGEnda

Santídio Pereira traz agora para a Galeria Estação algumas das suas maiores xilogravuras. Os trabalhos são muito recentes. Neles, vemos a figuração de trevos, flores, bromélias. Em relação ao que produzia anteriormente, o artista mudou sua relação com a técnica e com as cores. O colorido está mais variado, contrastado, vívido. Há pelo menos duas paletas nas gravuras: uma mais brilhante, a outra mais sombreada. O artista imprime tais cores em matrizes recortadas, com formatos diferentes. As estampas finais são, muitas vezes, a 6

composição, por encaixe, de uma ou mais matrizes em um jogo modular de formas chapadas. Em intenção e no seu repertório formal, estes trabalhos parecem opostos às aspirações cientificistas do positivismo dos naturalistas do passado. Frequentemente, Santídio diz que a sua procura por formas e cores na natureza é movida pelo afeto.

SANTIDIO PEREIRA: BOTÂNICA • GALERIA ESTAÇÃO • SÃO PAULO • 31/3 A 30/4/2022



de arte

,

AZ

CURIOSIDADES • Luiz Zerbini ganha sua primeira mostra individual em São Paulo: , que ocupa o 2º subsolo do MASP. A exposição traz um conjunto de cerca de 50 trabalhos, entre pinturas, monotipias, gravuras e desenhos, em sua grande maioria inéditos, distribuídos em uma expografia-obra projetada em diálogo com a arquitetura do espaço. De 1/4 a 5/6.

PELO MUNDO • Um estudo da pintura pré-histórica chegou a uma conclusão surpreendente: muitos artistas antigos eram crianças. As novas pesquisas estão sacudindo nossa imagem do fazer artístico nos tempos paleolíticos, argumentando que crianças ou até bebês podem estar por trás de algumas das primeiras artes conhecidas do mundo. As descobertas sugerem que a pintura rupestre antiga era na verdade uma atividade de grupo orientada para a família, não uma atividade masculina solitária.

GIRO NA CENA • IMS Paulista inaugura primeira grande retrospectiva do fotógrafo japonês Daido Moriyama na América Latina. A exposição acompanha a extensa carreira de um dos nomes mais influentes da fotografia mundial, com cerca de 250 obras e dezenas de publicações produzidas desde a década de 1960. De 9/4 a 14/8. 8


PELO MUNDO • Dorothea Tanning é conhecida como uma das grandes surrealistas, mas uma nova exposição, na Kasmin Gallery Nova York, revela um lado bem diferente da artista. Na maior exposição nos EUA em décadas, a galeria apresenta um notável acervo do trabalho de Tanning. Muitas das telas oníricas, em lavagens de cor e luz, borram os limites da figuração e da abstração com imagens fragmentadas. Figuras misteriosas parecem brilhar dentro e fora de foco na pintura.

VISTO POR AÍ • Cervejaria Colorado dá origem a uma edição comemorativa que carrega a brasilidade em sua essência e homenageia um dos maiores expoentes da nossa cultura. , uma Catharina Sour com aroma e sabor de abacaxi e coco, tem como inspiração a tela (1925) da iconica pintora Tarsila do Amaral. Destaca-se também o centenário da Semana de Arte Moderna, comemorado este mês, sua história e as premissas desse importante movimento artístico do Brasil. Disponível em todos os Bares do Urso, em São Paulo, e em breve online no Empório da Cerveja com entrega para todo o Brasil.

• DISSE A MINISTRA DA CULTURA

“ ”

Roselyne Bachelot-Narquin, depois da França lançar fundo de ajuda emergencial de US$ 1,1 milhão para artistas ucranianos e artistas russos 'dissidentes' que fogem da repressão do país à liberdade de expressão. 9


PELO mundo

UGO

nude (xxx), 2010; Courtesy Marc J. Leder.


rondione

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POR AXEL KÖHNE

On Fire at 80. © Judy Chicago

As exposições de Ugo Rondinone criam novas realidades e, dependendo do respectivo local, parecem seguir uma partitura ou dramaturgia cênica especificamente coordenada de suas esculturas, que leva em conta aspectos de simultaneidade, polifonia e “holismo”. Há temas recorrentes que se desenvolveram a partir do trabalho extremamente rigoroso de Rondinone nos últimos trinta anos, variações do mesmo e por vezes fortes contrastes que levam a uma atmosfera polifônica, a qual o espectador não pode resistir facilmente. Esferas de significado cercam suas obras e conjuntos de obras, que parecem simples à primeira vista, mas na verdade são muito complexos. o título da exposição, que soa descritivo, pode inicialmente ser tomado como uma referência clara a dois gêneros clássicos ou mesmo ser o nome de uma pintura de paisagem clássica. 12

nude (xxxxxxxxxxx), 2011; Courtesy Ugo Rondinone & Galerie Eva Presenhuber.

UMA CALMA E DESACELERADA ATMOSFERA ENVOLVE AS MISTERIOSAS ESCULTURAS DO SUECO UGO RONDINONE. HÁ QUASE TRINTA ANOS, O ARTISTA VEM ENCANTANDO O MUNDO DA ARTE E TAMBÉM O ESPAÇO PÚBLICO COM SUAS VERSÁTEIS OBRAS. SUA PRIMEIRA EXPOSIÇÃO NA ÁUSTRIA ACONTECE AGORA NO MUSEU BELVEDERE 21



Com os termos de gênero “nu” e “paisagem”, Rondinone abre conceitualmente um espaço de significado histórico-artístico e históricocultural quase imensurável que se estende por diferentes níveis de tempo até os dias atuais. O ato, ou seja, a representação de um corpo humano nu (pintado, desenhado ou como uma escultura), é um dos motivos mais antigos e talvez mais “clássicos” da história da arte e da cultura, que começa com as representações da Idade da Pedra de Vênus. E a “paisagem” é um tema igualmente amplo e interminável na história da arte, especialmente na pintura de paisagens, que já pode ser encontrada em afrescos antigos. No que diz respeito às questões culturais e ecológicas e face à atual crise climática, o conceito de paisagem assume novamente um significado completamente diferente e explosivo.

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AKT, NACKT: NUDE (NU, NU: NU) As 14 figuras de cera posicionadas no espaço expositivo são moldes de , 2010/2011), não dançarinos nus ( no momento de movimento, tensão ou concentração, mas, ao fazer uma pausa, as figuras parecem estar em repouso. Seu estado fixo não pode ser nomeado muito claramente, eles parecem exaustos, não envolvidos, silenciosos, como se tivessem caído fora do tempo ou fossem indiferentes. Sua linguagem corporal transmite cansaço, relaxamento e reflexão. Não menos importante, devido à nudez, as figuras parecem vulneráveis ​e indefesas em suas poses naturais e não artificiais. Etimologicamente, a palavra “agir” para deriva do substantivo latino “movimento, ação, representação”, ou , para “pôr em movimento, de agir, ser ativo”. O termo originalmente se referia ao estudo do movimento de

nude (xx), 2010; Courtesy Ugo Rondinone & Gladstone Gallery. 29 15


nude (xxxxxx), 2010; Courtesy Ugo Rondinone & Gladstone Gallery.

uma pessoa nua passando de uma pose para outra. Se nos ativermos estritamente ao significado original da palavra, os nus de Rondinone são o oposto: uma representação sem movimento (como dança). As figuras não são moldadas em uma única peça, mas moldes muito precisos de certos membros e partes do corpo (uma figura consiste em até vinte segmentos) são feitos individualmente, depois fundidos em cera e posteriormente montados. Os elementos de ligação e as distâncias entre as peças unidas são parcialmente visíveis, quebrando a ilusão de que as figuras estão vivas, ou melhor, enfatiza sua artificialidade e natureza construída. A cera usada para a fundição é ligeiramente transparente, vários pigmentos de terra dos diferentes continentes do mundo foram adicionados a ela em textura e cor. Isso resulta em gradações de cores de marrom avermelhado a cinza chumbo para os membros individuais. Por um lado, os corpos reais foram inscritos na cera em grande detalhe, por outro lado, eles representam literalmente diferentes partes do mundo e, dessa forma, simbolizam individualidade e diversidade ao mesmo tempo. O gênero das figuras é irrelevante: sua nudez pode ser entendida como um estado neutro e enfatiza o aspecto da igualdade e não o erotismo ou a sexualidade. Rondinone nunca compõe suas exposições sem considerar o papel do espectador. A calma meditativa, quase sacral, que emana das figuras de cera, sua aparente indiferença e o fato de suas posturas geralmente não permitirem o “contato visual” direto evocam uma estranha atmosfera. Por um lado, as figuras de cera de Rondinone parecem serenas e calmas, mas, por outro lado, são bastante misteriosas e fantasmagóricas em sua quietude e composição.


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vocabulary of solitude, 2014.



winter cloud, 2019. Courtesy Ugo Rondinone & kamel mennour.

NATUREZA E PAISAGEM Em obras como os nus, podemos examinar a nossa relação conosco mesmo, que constitui a base da nossa relação com o outro, mas também da nossa relação com o mundo: com a sociedade, a política, a economia ou mesmo a natureza. Ao reagir aos nus, podemos ser jogados de volta em nós mesmos, especialmente no contexto da poderosa paisagem, como especificamente concebida para a exposição no Belvedere 21: as paisagens expansivas especialmente criadas, feitas de terra real, são complementadas por obras da , e – à imagem (tridimensional) de uma ordem espaço-temporal composta por Rondinone, na qual também têm lugar pessoas e palavras ou poesia, bem como dia e noite. As 14 figuras de cera dos nus estão relacionadas à paisagem abstrata de duas paredes que Rondinone chama de (2021) – e ao mesmo tempo fazem parte de uma estrutura paisagística maior. As gigantescas obras murais, com mais de 4 metros de altura, 17 metros de largura e pesando várias toneladas, elevam-se diante dos visitantes e podem ser lidas tanto como imagens quanto como esculturas. Colocam-se em ângulo reto com a arquitetura do pavilhão e reestruturam o espaço expositivo. Em uma estrutura de suporte, a terra aglutinada com cola foi aplicada em grandes


Seven Magic Mountains, Las Vegas, Nevada, 2016. Foto: John Salangsang.



small yellow blue pink mountain, 2018.

quantidades em todos os lados da obra e endureceu. A terra, que na forma de pigmentos também pode ser encontrada nos nus e assim forma um elo sutil entre as obras dos diferentes grupos, é o material natural elementar por excelência: o húmus fértil traz toda a vida. Aqui, ele é usado para criar uma textura marrom irritantemente áspera, de aparência arcaica e quase monocromática. Recortes circulares de cerca de um metro de raio permitem que a luz e o ar passem e nas bordas superior e inferior da paisagem denotam o nascer e o pôr do sol. As grandes paisagens de Rondinone alcançam o espaço, mudam a direção do nosso olhar e obstruem a perspectiva central, de modo que os espectadores que entram no espaço precisam encontrar seu ponto de vista novamente.

Axel Köhne é curador da Coleção Século 20 do museu Belvedere 21.

UGO RONDINONE: NUDE IN THE LANSCAPE • BELVEDERE 21 • VIENNA • 12/12/2021 A 1/5/2022 20



CAPA

SHIRIN


Offered Eyes poster, 2015.

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neshat


POR JUDITH CSIKI O trabalho da artista sediada nos EUA é agora o tema de sua primeira exposição em Munique e também em Toronto. Suas obras são definidas por uma fusão e ampliação das ricas tradições visuais da arte persa e ocidental. Sua série de trabalhos mais recente, (2019), gira em torno da caligrafia tradicional de seu país de origem, bem como do cânone ocidental do retrato, e combina pela primeira vez os meios de fotografia e vídeo em um único trabalho. A artista persa mais importante da atualidade usa escrita, expressão gestual e variedade formal para criar um compasso lírico e rítmico, com cada obra contando a própria história de experiência humana universal. 28

Allegiance with Wakefulness, 1994. © Shirin Neshat. Courtesy the artist and Gladstone Gallery.

AS OBRAS DA ARTISTA, FOTÓGRAFA E CINEASTA IRANIANA SHIRIN NESHAT EXALAM AUTOCONFIANÇA E UMA PRESENÇA PODEROSA, MAS TAMBÉM UM AR DE VULNERABILIDADE. TEMAS CENTRAIS NA ARTE DE NESHAT SÃO IDENTIDADE, ORIGEM E ESTRUTURAS DE PODER




Possessed, 2001. © Shirin Neshat. Courtesy the artist and Gladstone Gallery.

MULHERES DE ALÁ, 1993-1997 Entre 1993 e 1997, após o primeiro retorno de Neshat ao Irã desde a Revolução Islâmica de 1979, ela criou a série de fotografias intitulada . Mínimas e cruas, as fotografias apresentam repetidamente quatro elementos simbólicos em primeiro plano: o véu, a arma, o texto e o olhar. Apesar da representação ocidental do véu como símbolo da opressão das mulheres parecem muçulmanas, os temas em fortes e impressionantes; o véu preto é apresentado como um uniforme transformando o corpo feminino no corpo de um guerreiro – concentrado e heroico. POSSESSED, 2001 Em seus trabalhos, Shirin Neshat abordou repetidamente a supressão da liberdade individual nas sociedades islâmicas. Isso também pode ser visto na obra em vídeo , em que uma mulher mentalmente confusa e desvelada serpenteia pelas ruas de uma cidade. A princípio, ela é ignorada pelo povo, mas quando sobe em uma espécie de palco em praça pública e levanta a voz em lamento, surge um tumulto. A multidão discute sua loucura, que aparentemente transborda para os presentes. Eles perdem de vista a mulher protagonista, sem perceber que ela momentaneamente parece flutuar para longe do mundo antes de desaparecer nos becos apertados. justapõe autonomia individual e heteronomia social, bem como privacidade e esfera pública, e ao mesmo tempo levanta a questão perpetuamente atual e altamente explosiva das origens do poder religioso. 31



Untitled from Rapture, 1999. © Shirin Neshat. Courtesy the artist and Gladstone Gallery.


Há revoltas políticas e lutas por poder e influência em todas as épocas. Inspirada no Movimento Verde do Irã (2009) e na Primavera Árabe (2010), Neshat criou a série , em 2012. O título se fotográfica (trad. ) refere ao épico persa do poeta Abu l-Qasem-e Ferdowsi (ca. 940-1020), em que descreve em versos as guerras dos tempos préislâmicos e a gênese do Império Persa. Neshat, que divide seus retratos em preto e branco em três grupos , e –, transfere as descrições – históricas de para corpos dos retratados. Ao mesmo tempo, há escrita caligráfica em seus rostos e mãos, baseada em textos de escritores e poetas iranianos contemporâneos. Ao colocar a mitologia tradicional em justaposição com a poesia contemporânea, Neshat alude à supra temporalidade e repetição cíclica das convulsões políticas e questiona mais uma vez a posição do indivíduo dentro do coletivo. THE HOME OF MY EYES, 2015 “O que significa casa para você?” Shirin Neshat fez essa pergunta às pessoas em sua série de retratos . A obra foi criada no estado multiétnico de Azerbaijão, cuja história foi escrita na sociedade como parte do império Persa até o início do século 19 e como parte da União Soviética no século 20. O Azerbaijão de hoje representa um “caldeirão” de diversas influências culturais, etnias, línguas, religiões e tradições, onde a influência formativa da cultura persa ainda é palpável e levou Neshat a estabelecer conexões com sua própria terra natal, o Irã. E ela fez isso em (2012). Nesta obra fotográfica em preto e branco, a artista também se refere a um grande histórico e literário, o erudito persa Nezami (ca. 1141-1209), que viveu no que hoje é o Azerbaijão e cujos textos Neshat escreveu em escrita caligráfica nos corpos dos retratados. Com linguagem formal estrita e encenação minimalista, Neshat une esse espectro de diversidade cultural e individual em uma tapeçaria do país. 34

Rebellious Silence from Women of Allah, 1995. © Shirin Neshat. Courtesy the artist and Gladstone Gallery.

THE BOOK OF KINGS, 2012



Self-portrait, 1990.


Stories of Martyrdom, 1994. © Shirin Neshat. Courtesy the artist and Gladstone Gallery.


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ROJA, 2016 em um de seus sonhos. Shirin Neshat baseou a obra em vídeo Roja, a protagonista, está em um teatro e assiste, emocionada, à apresentação da música , que trata de uma história de amor infeliz. Esse momento de profunda emoção é seguido por uma experiência perturbadora. Roja se sente agressivamente desafiada pela cantora em confessar publicamente que ela é uma mentirosa. Assustada, ela sai do salão e se encontra em uma paisagem árida e desértica. Uma mulher mais velha, aparentemente a própria mãe, vestida com um véu preto, aproxima-se dela de longe, mas, quando ela chega a Roja, seu rosto fica embaçado e monstruoso. De repente, ela empurra Roja, que perde o controle da realidade e lentamente levanta do chão. Esse sonho é um reflexo claro dos próprios medos de Neshat de perder sua mãe e pátria, de deslocamento e exílio. Além do desenraizamento e da solidão, o papel da arte também é tema central nessa obra de vídeo de 2016, na qual Neshat aborda seu anseio de reunificação com sua terra natal e, ao mesmo tempo, a impossibilidade disso.

From Roja Series, 2016. © Shirin Neshat. Courtesy the artist and Gladstone Gallery. 39


LAND OF DREAMS, 2019 A série representa um marco na obra de Neshat, pois é a primeira vez que ela se dirige ao Ocidente, nomeadamente à sua pátria adotiva no exílio, os EUA, e combina diferentes suportes: em composições preto e branco compostas por 111 fotografias e uma videoinstalação de dois canais, a protagonista Simin – o da artista – retrata a população de uma pequena cidade americana cujos sonhos ela coleciona em um caderno. Estes ​são então catalogados para fins de espionagem dentro de uma distópica colônia iraniana escondida dentro de uma montanha. À medida que essa sátira política e essa narrativa absurda se desenrolam,

Land of dreams, 2019. (Still) © Shirin Neshat. Courtesy the artist and Gladstone Gallery.

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Simin descobre que os sonhos, medos e desejos das outras pessoas dificilmente diferem dos seus. Por meio das experiências oníricas, revela-se uma profundidade existencial que, para ela, desordena os contrastes culturais e políticos percebidos.

Judith Csiki é curadora da BayerischeStaatsgemäldesamm lungen e da Pinakothek der Moderne, em Munique.

SHIRIN NESHAT: LIVING IN ONE LAND • PINAKOTHEK DER MODERNE • MUNIQUE • 26/11/2021 A 24/4/2022

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DESTAQUE

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AMILCAR de castro

Universidade de Uberaba-MG, 1999. Foto: Instituto Amílcar de Castro.



MOSTRA O JARDIM DE AMÍLCAR DE CASTRO: NEOCONCRETO SOB O CÉU DE BRASÍLIA TEM COMO PROPOSTA DESTACAR JUSTAMENTE O QUE PODERIA TER SIDO O ENCONTRO DA ARTE CONSTRUTIVISTA DE AMÍLCAR DE CASTRO COM A ARQUITETURA E URBANISMO DE BRASÍLIA

POR MARILIA PANITZ

A história deste jardim está ligada a duas cidades: uma no interior de Minas, outra a “cidade nova”, capital do país, instalada no centro do Brasil profundo. Está também profundamente alicerçada na amizade entre o artista e o maior colecionador particular de suas obras... e à “invenção” de um museu a céu aberto no meio das montanhas de Minas Gerais. Brasília é contemporânea das pesquisas neoconcretas; a decisão de sua criação convive com o nascimento das obras do mestre do corte e da dobra. Mas as grandes esculturas em aço de Amílcar, curiosamente, não pousaram na capital. Foram exibidas pela primeira vez na capital, em 2000, na abertura do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Agora voltam para formar um jardim em diálogo com os vastos espaços abertos do Centro e com a arquitetura de Oscar Niemeyer. Esse é um belo e necessário encontro. O jardim é, então, o lugar onde se pode vivenciar a experiência estética do embate entre as grandes obras tridimensionais criadas pelo artista, encontradas em tantos 44

O Jardim de Amilcar de Castro, CCBB Brasília. Fotos: Vicente de Mello.

“Amílcar esteve em Dom Silvério três vezes, uma delas com o amigo comum e arquiteto Álvaro “Veveco” Hardy. Com seu vigor e entusiasmo cativantes, escolhemos aqui o sítio do museu e de uma capela, que essas montanhas encantadas de nossa cidade darão guarida para sempre. Brincando, eu dizia ao Amílcar, que quem quisesse ver os bons “Amílcar” teria de vir a Dom Silvério. Ele achou tudo isso muito bom.” Marcio Teixeira




O Jardim de Amilcar de Castro, CCBB Brasília. Fotos: Vicente de Mello.

espaços públicos do país e do exterior, e o corpo do observador. Aqui, ele se transforma em um caminhante que passeia pelos gramados e se encontra com a bela cor de ferrugem das superfícies, que ganham o espaço por recortes e dobraduras em um desafio ao peso do material do qual são feitas. Elas estão entre as árvores, os prédios sinuosos de concreto e o céu de Brasília. Para nós, olhadores, é proposto o percurso entre elas. Márcio Teixeira (1947-2021) foi colecionador e amigo Amílcar de Castro. Foi também um dos criadores desse projeto, que ele não poderá ver finalizado. Antes deste jardim pousado na cidade modernista – localizado em um espaço que é obra de Oscar Niemeyer –, as esculturas ocupavam outro lugar: a pequena cidade mineira de Dom Silvério, terra natal de Márcio. Sua malha urbana recebeu, a partir do início deste século, grande quantidade das peças monumentais em corte e dobra, da cor do ferro oxidado. No caminho que acompanhava o rio do Peixe, nas praças, em frente à igreja ou a outros prédios públicos, podia-se encontrar a forma neoconcreta em diálogo com a arquitetura de matriz barroca. Esse era o princípio do sonho do museu de Amílcar de Castro... que não foi realizado. Assim, por alguns anos, e em homenagem a Teixeira, o museu de Dom Silvério é aqui. DO CAMINHO DO RIO ÀS VEREDAS DO JARDIM “Faço esculturas para participar do espaço público”. Amílcar de Castro Certo espelhamento do percurso proposto na urbe de filiação colonial agora é trazido para a outra, modernista. Somos convidados a ver um conjunto de obras que dialogam com a natureza e com o desenho urbano proposto. Diferentemente de suas versões monumentais em praças, parques e prédios públicos, onde oferecem sua visão solitária, elas agora podem ser vistas em conjunto. E o que esta visão nos propõe? Talvez o jogo das formas que se complementam, ou as diferentes possibilidades do embate entre artista e material, infinitas... Toda cidade é um possível palco para a arte. Abrigando um conjunto significativo de obras, ela democratiza a percepção da articulação de pensamento do artista. 47


Acervo Cabra, Coleção Márcio Teixeira. Foto: Vicente de Mello.

As esculturas de Amílcar de Castro não têm títulos nem numeração. O que tal anonimato das formas pode nos dizer? Talvez possamos tracejar o caminho de sua concepção. O escultor-poeta joga com as configurações. Ele nos diz: “Eu não tenho plano, sou improvisador do momento”; porém, há o rigor da figura geométrica. Sem qualquer rastro de narrativa, o foco é a apreensão sensível da obra. Não há nada além da experiência de desdobramento da matéria original. O que a peça nos desafia a perceber é a relatividade entre a massa, o peso e a luz que atravessa a forma, deformando-a, transformando-a. Daí que todo o embate com a obra se dá entre a decodificação e a suposição. Geometria da invenção. Uma proposição simples pode demandar enorme complexidade. A transformação da chapa metálica plana em volume, operada pelo artista, o corte diagonal, perpendicular ou paralelo na superfície – e o aquecimento do aço para torná-lo dobrável – exige uma operação precisa e extremamente delicada (apesar da matéria-prima). E recria o exercício de ateliê com o papel – do desenho ao recorte e à dobradura, na execução da maquete – em matéria muito mais resistente. Seguindo o mesmo princípio, na escultura não há solda nem parafusos ou arrebites. Não há necessidade da base. A imensa chapa recortada e dobrada toma o espaço; sustenta-se em seu próprio equilíbrio. Pura leveza. O artista afirma: “Tenho fé na forma que não deixa resto”. 48


Observando o jardim de esculturas, é possível depreender o repertório do artista marcado por quadriláteros e círculos, de onde parte a subversão dos planos de sua conformação original. Nos círculos, as incisões e dobraduras se dão predominantemente em linha reta. Já nas formas ortogonais, o corte introduz a incisão em linhas paralelas, diagonais ou curvas. Algumas dessas obras trazem também outro experimento: nos quadriláteros originais, há recortes obtidos por um desenho geométrico, onde Amílcar traça linhas possíveis entre duas formas primordiais (por exemplo, um círculo e um quadrado) obtendo, assim, novas configurações irregulares, recortadas e dobradas a seguir. Há um conjunto específico de esculturas feitas em aço de 12 polegadas que parecem propor um contraponto às demais. São uma volta ao pensamento a partir dos blocos de madeira, que experimentara previamente, e aos quais voltará mais tarde. Se a matéria trabalhada pelas mãos do artista, de forma geral, subverte seu peso em um leve pouso sobre o chão, no caso dos blocos de aço, é pura confirmação da imobilidade de um monolito. Elas desafiam nosso olhar com recortes, pequenos deslocamentos de suas partes e espaços negativos. Quando pequenas, elas se oferecem a diferentes configurações. Quando em grande escala, o olhar terá que traçar as possibilidades. Assombrosamente. 49



O Jardim de Amilcar de Castro, CCBB Brasília. Fotos: Vicente de Mello.


Cobre, 1952. Foto: Instituto Amílcar de Castro.



Aço Inox, Década 1960. Foto: Instituto Amílcar de Castro.


O ARTISTA E SUA OBRA

Amílcar de Castro Amílcar de Castro (1920-2002), um dos artistas maiores do Brasil, foi escultor, gravador, pintor, desenhista, diagramador, cenógrafo e professor. Depois de estudar pintura e escultura figurativa, encontrouse, nos anos 1950, com as formas concretas de Max Bill e passou a pesquisar geometria e abstração. O resultado seria exposto na Bienal de São Paulo, em 1953, assim como em outras bienais, posteriormente. Formou, com Ferreira Gullar e artistas fundamentais como Lygia Clark, Hélio Oiticica e Franz Weissmann, o Movimento Neoconcreto, que propunha a ênfase no caráter sensível da abstração geométrica. É autor . Viveu alguns anos nos da histórica reforma gráfica do Estados Unidos, onde desenvolveu sua proposta artística. Voltou ao Brasil e começou a ensinar arte, em Belo Horizonte. Sua escultura passou a compor a paisagem urbana de várias cidades brasileiras e no exterior. Dessa época, touxe a predominância de sua matéria-prima: um tipo de aço que propicia certa ferrugem superficial, marca de seu trabalho (e que o artista sempre associou ao ferro que, em conjunto com o carbono, produz o metal e “... parte do solo e da alma do mineiro”). Desenvolveu seu projeto de transformação do plano em volumetria espacial até o final da vida, com formas de dimensões monumentais e leveza incomparável.

O JARDIM DE AMÍLCAR DE CASTRO: NEOCONCRETO SOB O CEÚ DE BRASÍLIA • CCBB BRASÍLIA • 02/2022 A 01/2023

Marília Panitz é mestre em Teoria e História da Arte pela UnB, é professora do Instituto de Artes da mesma Universidade. Desde 1991, atua como pesquisadora e coordenadora dos programas educativos de grandes exposições. 55


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ALTO relevo


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TUNGA


O CORPO EM OBRAS

Nada de didatismo ou politização atinge a exposição de Tunga. Ser didático aqui significaria desenrolar toda a produção do artista na frente do espectador e revelar os elos que ligam uma coisa a outra. Pois a percepção da obra de Tunga se dá por acúmulo. Quanto mais o espectador penetra no seu universo, mais percebe a relação entre seus trabalhos. Um texto sugere imagens e elementos que se materializam em desenhos e esculturas, que se recombinam em várias obras e, em cada uma delas, a matéria ganha novas potências e percepções. O espectador em geral é pego no meio desse caminho, e o que parece muito estranho em um primeiro momento vai pouco a pouco se revelando, à medida que ganhamos intimidade com a multiplicidade da obra do artista. Tampouco a politização veste bem o trabalho de Tunga. A investigação que faz do corpo e da sexualidade não carrega as marcas discursivas dos movimentos sociais. O corpo na obra de Tunga é forma, sensualidade e transfiguração. Dedos viram falos, que viram dentes. Bocas viram bundas, pernas viram línguas. O corpo tenta achar para si uma nova configuração e uma nova harmonia. Atração e repulsa, confusão e limpidez, brutalidade e delicadeza inervam as obras de Tunga. Tais contrapontos servem mal a qualquer discurso unívoco. Tunga não é um artista que se compreenda rapidamente. Ou, talvez, Tunga não é um artista que se compreenda, ponto. Suas obras, esteticamente sedutoras, parecem partes de um todo inacessível ao espectador. Como um ímã, atraem outras obras de seu próprio universo, além de atrair referências externas dos mais variados campos. Ao espectador fica a sensação de incompletude, como se algo faltasse para a compreensão total do trabalho. Uma incompletude motivadora, que a cada obra vista parece diminuir, porém, sem jamais ser extinguida. Mas não é essa uma das características da grande arte? Apreciar o trabalho de Tunga é tarefa lenta e exigente. Demorada. Seu tempo não é o das visitas às exposições. Seu tempo é o da convivência. 58

Sem Titulo, 2014-. Foto: Gabi Carrera. Pág. Anteriores: Escalpo, 1981. Foto: Malu Teodoro e Vinicius Assencio.

POR CAHONI CHUFALO



TUNGA É DONO DE UM UNIVERSO IMAGINATIVO ÚNICO, DE UMA PRODUÇÃO REFINADA E FIGURA EMBLEMÁTICA DAS ARTES VISUAIS NO BRASIL

POR TUNGA

“Tunga não sou eu, Tunga é como se chama o meu nome. A procura de 'quem a gente é' é muito mais intensa do que a procura de identidade. Não se trata da procura da identidade, trata-se da procura de quem você é, dinamicamente. A identidade tem um quê de estático, como se você colocasse o nome e a coisa. A coisa se revela diferentemente a cada fenômeno, então nós somos outro, como na frase de Rimbaud, continuamente, o tempo todo, e isso é uma coisa que me interessa, essa revelação de quem você é, o lado que você vive, o momento que você vive" (trecho da entrevista Rafael Vogt Maia vs. Tunga, 2014).


Gravitação Magnética, 1987. Foto: Divulgação

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Resgate, 2001. Foto: Divulgação

“Acho que a obra carrega em si uma indicação de que a partir da radicalidade de uma experiência, da abordagem da radicalidade de uma experiência, é que se constrói uma poética” (trecho do livro “Assalto”, p. 120).


Cooking Crystals, 2009. Foto: Divulgação.

“Estando diante da obra ’Cooking Crystals’, em vez de se perguntar o que pode ser, significar ou representar, nós devemos ... ADIVINHAR. Como resultado, o trabalho se abrirá para a confirmar o palpite, coincidindo com sua própria premissa através da posição dos atributos do trabalho” (catálogo Bienal de Moscou, 2009). “ 64


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Sem Título, 2014. Foto: Divulgação.

“ ”

“RVMR: Mas, afinal, esses dedos estão apontando para o quê? T: Para o amor, não? O outro nome dessa exposição é “Eros” Vejo como uma história de amor com personagens frutos de uma conjunção de amor. O amor no sentido da força da energia da conjunção, capaz de construir a continuidade, que é o Eros. O Eros como aquele que transforma um em três. Acho que, aqui, essas obras, são a presença do Eros, são um, dois, são o três em um (trecho da entrevista Rafael Vogt Maia vs. Tunga, 2014).”

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Vênus de Ambar, 2014. Foto: Gabi Carrera.

“Vou ‘forçar a barra’ no argumento, mas é para onde ela me remete: a palavra cantada é a encarnação do mistério. O sentido da palavra só se dava plenamente nos textos arcaicos sagrados quando ela era cantada. Quando você lê os papiros ou os textos arcaicos da Caldeia ou da primeira alquimia grega dos séculos I e II, já eram frutos da conjunção do saber que nasce no Egito migrando para a Grécia. Quando essas duas culturas se encontram, sendo a cultura egípcia maciçamente mais poderosa que a grega, ocorre uma espécie de adaptação, de simbiose. Em inúmeros textos, já nessa época, a tradução para o grego da palavra dita sagrada que forma a escritura é criticada, porque eles não tinham a capacidade de emitir o som que fazia com que, uma vez enunciada, presentificasse aquilo que enuncia. Seria como se a palavra se transformasse em signo e não no símbolo enquanto totalidade que lhe dá a presença.”

TUNGA: CONJUNÇÕES MAGNÉTICAS • ITAÚ CULTURAL • SÃO PAULO • 11/12/2021 A 10/4/2022 68


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LIVros

Reunindo doze ensaios inéditos produzidos por especialistas em design e arte, infográficos detalhados e uma extensa pesquisa iconográfica, o livro, organizado por Livia Debbane e com coordenação geral de Fernando Ticoulat e João Paulo Siqueira Lopes, lança nova luz sobre as origens do design brasileiro, nos anos 1950 e 1960, ligando-as ao movimento de arte concreta e às ideias defendidas pela Escola de Ulm, na Alemanha, herdeira da Bauhaus. BOA FORMA GUTE FORM: DESIGN NO BRASIL 19471968 • Org. Livia Debbane • EDITORA ACT • R$ 169,00 • 224 páginas

O livro conta a história completa - desde os avanços que as artistas mulheres fizeram na luta pela igualdade de gênero, às importantes contribuições registradas em movimentos artísticos dominados até então por homens, e às artistas esquecidas e ofuscadas que agora estão sendo redescobertas e reavaliadas. Acessível, conciso e ricamente ilustrado, o texto de Susie Hodge revela as conexões entre diferentes períodos, artistas e estilos, dando aos leitores uma compreensão completa e ampla apreciação das realizações das artistas mulheres. BREVE HISTÓRIA DAS ARTISTAS MULHERES • Susie Hodge • EDITORA OLHARES • R$ 99,00 • 224 páginas

Foi do romance , de Italo Calvino, que o fotógrafo Tom Lisboa tirou inspiração para seu novo livro. A relação com o livro de Calvino encontra-se no título. Maurília, na obra do escritor italiano, é uma cidade que oferecia aos seus visitantes, uma certa quantia de cartões-postais para que estes pudessem comparar a cidade atual com imagens que mostravam como ela havia sido. NOVAS MAURÍLIAS • Tom Lisboa • R$ 70,00 • 180 páginas • tom.lisboa@hotmail.com 70


Fotos: Sonia Balady

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COLUNA do meio

Emanuelle Araujo e Fernando Diniz

Art Lab Foto 2021 Art Lab Gallery

Stefano Viola e Diana Bouchardet

Fábio Martins

Fotos: Gabi Carrera

Juliana Monaco e Eduardo Monaco

Carolina Kasting

Antonio Bokel Espaço Cultural Correios Niterói

Kaiene Reis

Luiz Zerbini

Saulo

Paula Villoria

Antonio Bokel

O Real Resiste Mul.ti.plo Rio de Janeiro

Vanda Klabin

Carolina Kasting e Antonio Bokel


Lançada em 2008, a Dasartes é a primeira revista de artes visuais do Brasil desde os anos 1990. Em 2015, passou a ser digital, disponível mensalmente para tablets e celulares no site dasartes.com.br, o portal de artes visuais mais visitado do Brasil. Para ficar por dentro do mundo da arte, siga a Dasartes.

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