Revista Dasartes 127

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© Francisco Nuk.

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Liege Gonzalez Jung

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12 MADALENA SANTOS REINBOLT PAMELLA ANDERSON 42 MARC CHAGALL 6 8 24 Agenda De Arte a Z 58 EVELYN E WILLIAM DE MORGAN FRANCISCO NUK 78 10 Livros

Com curadoria de Isabella Rjeille, exposição é a primeira panorâmica dedicada à obra da artista Cinthia Marcelle no Brasil e traz um conjunto de 49 trabalhos, sendo 10 deles realizados especialmente para essa mostra. O conjunto de obras selecionadas cobre quase duas décadas da produção da artista, considerada uma figura central no cenário da arte contemporânea brasileira. A exposição também conta com trabalhos produzidos em parceria com o cineasta Tiago Mata Machado e o artista sul-africano Jean Meeran, importantes colaboradores de Marcelle. Por meio de instalações, fotografias, vídeos, pinturas, colagens e desenhos

que fazem uso de elementos do cotidiano, Cinthia Marcelle (1974 – Belo Horizonte, MG) estuda a maneira como os objetos, as ideias e os conceitos são ordenados no mundo, bem como as estruturas de poder e as hierarquias que sustentam esses sistemas de organização – sejam eles políticos, sociais ou culturais.

CINTHIA MARCELLE: POR VIA DAS DÚVIDAS • MASP • SAO PAULO • DE 14/12/2022 A 26/2/2023

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AGENDA,

de arte

CURIOSIDADES • Guerreiro do Divino Amor, jovem artista suíço-brasileiro, foi escolhidoparaexpornoPavilhãoSuíçona Bienal de Veneza 2024. O projeto será intitulado e explorará os diversos emaranhados de nossa existência globalizada que foram impactados por aspectos como a distorção pós-colonial.

PELO MUNDO • é a primeira mostra de Tunga na galeria Luhring Augustine, em Nova York, desde sua morte em 2016. Com mais de 60 trabalhos, muitos deles inéditos, a exposiçãoéumasínteseretrospectivaque apresenta as relações e os desdobramentos que se metamorfoseiam desde a década de 1970 – Tunga realizou sua primeiraindividualem1974,noMuseude Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) –, até pouco antes de falecer. Até 23/2/2023.

DESCOBERTA

Os restos do que os arqueólogos acreditam ser o templo de Poseidon foram descobertos em Kleidi, pertodeSamikon,naGrécia.Alocalização corresponde à área mencionada nos escritos do antigo historiador grego Estrabão, que descreveu o santuário há maisdedoismilanos.Localizadapertoda costa do Peloponeso, a área é conhecida por ter sido atingida por vários tsunâmis em tempos pré-históricos e históricos.

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GIRO NA CENA I • Nova campanha da Faber-Castell explora diversidade de tons depeleparapromoverrepresentatividade racial. Criada pela agência David, a campanhatrazumcastingdeseiscrianças de diferentes etnias, cores e idades para perguntar sobre as cores dos lápis que mais as representam. Com o mote "Sua cor como você quiser", a ação terá divulgação multiplataforma com foco maior nas plataformas digitais.

GIRO NA CENA II • O minidoc (2022, 25 min), que aborda vida e obra de Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976) e seu legado para a arte brasileira, foi realizado por ocasião da exposição ,realizadapelaDanielianGaleria, no Rio de Janeiro, entre setembro e outubro de 2022, e exibiu pela primeira vez duas obras-primas recentemente descobertas em Paris. Para assistir, acesse .

• DISSE A EQUIPE do Museu do Senado e dos serviços de conservação e reparação, após o cenário de guerra causados pelos ataques antidemocráticos no domingo, 8/01/2023, em Brasília.

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A pesquisadora e professora Alessandra Simões garante haver uma revolução em curso no campo das artes. E os fatos e tendências que apresenta em seu livro não deixam dúvida – em dez artigos, a autora nos ajuda a compreender o fenômeno da decolonialidade, destacando obras e artistas de grupos sociais historicamente minorizados que estão se tornando

A VIRADA DECOLONIAL NA ARTE BRASILEIRA

Aut. Alessandra Simões Paiva • Editora Mireveja • 240 páginas • R$ 60

A galeria de design ETEL e a galeria de arte Almeida & Dale lançam o livro-tributo "entre(tempos): casa zalszupin", com coautoria da CEO da ETEL Lissa Carmona e do fotógrafo Ruy Teixeira. A publicação, em edição limitada, é uma homenagem ao primeiro ciclo de vida da Casa Museu, dedicada à memória e ao legado do arquiteto e designer Jorge Zalszupin. O livro pode ser encontrado em pré-venda na loja da ETEL e nas principais livrarias do país a partir do primeiro semestre de 2023.

ENTRE(TEMPOS): CASA ZALSZUPIN • Editora Act • 168 páginas • R$ 250,00

Dos três grandes artistas visuais que vieram para o Brasil no início do século 19, dois são bastante conhecidos –Rugendas e Debret – mas o terceiro, o artista Ender, só será realmente descoberto agora. O livro reune toda a produção de Ender em sua passagem pelo país, em que atuou como verdadeiro correspondente de viagem para a corte austríaca, além de óleos inéditos, técnica que ele raramente usava.

ENDER E O BRASIL • Aut. Julio Bandeira Capivara Editora • 728 páginas • R$ 195,00

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LIVROS,

MADALENAsantos reinbolt,

DESTAQIE

Sem título, 19691977. Foto: © Daniel Cabrel. Cortesia MASP.

DE SEU ESPAÇO, CIRCUNSCRITO AOS SEUS TRAJETOS E TRAJETÓRIAS, MARIA MADALENA SANTOS REINBOLT EXPRESSOU SUBJETIVIDADE IMAGINADA EM UM VASTO MUNDO DE PERSONAGENS, PAISAGENS E SITUAÇÕES DO COTIDIANO. A PINTURA (E, DEPOIS, OS BORDADOS E TAPEÇARIAS – QUE A ARTISTA INTITULOU QUADROS DE LÃ) FOI SUA MANEIRA DE EXISTIR

Ainda que sem o reconhecimento devido, Madalena Santos Reinbolt inovou e foi pioneira, produzindo uma obra passível de diálogo com grandes movimentos artísticos. Não que as comparações sejam necessárias para afirmar sua produção, antes para apontar que não cumpre tratar sua singularidade de maneira isolada, negando-lhe relações com outros artistas e movimentos. No entanto, há uma série de enredos próprios ao conjunto de sua obra que merecem maior atenção.

Até muito recentemente, apenas a crítica e curadora de arte Lélia Coelho Frota (1938-2010) havia dedicado uma leitura atenta ao trabalho da artista, a exemplo de seu seminal artigo “Madalena Santos Reinbolt escreve o mundo nos seus quadros de lã”, publicado em 1975.A circulação restrita e sua inserção na categoria de arte popular a relegou majoritariamente a coleções privadas: poucos museus têm seu trabalho em acervo, sendo o Museu Afro Brasil a instituição com o maior número deles. No Museu de Arte de São Paulo “Assis Chateaubriand”, antes de adentrar a coleção, Santos Reinbolt figurava no restaurante do museu que exibe uma pequena mostra dos nomeados artistas populares. É certo que tal privação da apreciação pública restringiu a valorização e a análise de sua produção, faltando-lhe olhares críticos plurais e presença em livro e exposições de arte que, espera-se, essa mostra monográfica seja capaz de apoiar e promover.

Nazaré, 1950–60. Foto: © Daniel Cabrel. Cortesia MASP.

POR AMANDA CARNEIRO O FIO DA VIDA . Madalena Santos Reinbolt
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” “

Árvore do Pai Bié, 1974.

Foto: © Antônio Caetano. Cortesia MASP.

A biografia de Santos Reinbolt é lacunar, pouco se sabe sobre essa artista nascida no município baiano de Vitória da Conquista, em 1919, e viveu em Salvador e na cidade do Rio de Janeiro antes de se fixar em Petrópolis, quando trabalhou na casa de Lota Macedo Soares e Elizabeth Bishop. A poeta registrou emsuas anotações pessoais eventos da vida da artista. Tais relatos, não raros carregados de preconceitos e parcialidades, constituem uma das poucas fontes de informação para uma genealogia de sua produção.

Embora conectada desde muito cedo ao exercício criativo, incentivada pela mãe Ana Maria de Souza Pereira, foi somente nos anos 1950 que Santos Reinbolt passou a se dedicar à produção de pinturas, período a que se deu menor atenção e que se estendeu até o final dos anos 1960, quando a tinta óleo, empregada de maneira figurativa e gestual, deu lugar aos mais valorizados, lineares e, às vezes, abstratos “quadros de lã”. Em ambos, há em comum a expressão de cenas amplas, criadas em grandes massas, com motivos esquemáticos e de onde pouco a pouco se conformam os limites que ensejam as personagens, a fauna e a flora, além das cidades, dos parques, igrejas e lagoas –ambientes de sociabilidade que integram humanidade e natureza e de onde surgem seus enredos em narrativas reimaginadas. Se há uma lacuna na biografia da artista e seus trabalhos são criados mais a partir da memória que da observação, é lícito apreender sua história a partir de sua obra.

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Seus quadros sugerem um movimento que ultrapassa os elementos que o constituem individualmente como se, em conjunto, fossem animados, vibrando em lampejos a invenção de uma memória que opera a construção do fio de sua vida. Tais reminiscências refletem domínios de sua experiência e deflagram um balanço de forças sociais envolvendo diferentes pertencimentos e trânsitos que não deixam de estar integrados e serem interdependentes ao que a artista reconhece e representa não apenas como o mundo externo, mas como a si mesma. Dessa perspectiva, a noção de memória aqui evocada opera como um instrumento de ação e um método de reflexão que cruza experiências e expectativas, temporalidades, vigília e sonho, apontando a relação entre a posição da artista no mundo e a possibilidade de ultrapassá-la. Santos Reinbolt não representa as coisas contingenciadas à escala não que esteja faltando impressão de volume e tridimensionalidade, ao tais qualidades são obtidas por uma abundância de ritmo que constrói certa ilusão de cinesia e de recordação. O sistema cromático de seus trabalhos tampouco é rígido, a impressão da cor é também a impressão da forma. A abundância e complexidade de linhas exige distância, quando se observa diferentes escalas de apreensão da cena. Os elementos de suas composições são repetidos de maneira agrupada e podem ser esquemáticos, não raro transbordando um único ponto focal em favor das variadas situações e texturas que compõem o quadro geral.

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Sem título, 1969-1977.

Foto: © Eduardo Ortega. Cortesia MASP.

Remetendo à infância e parte da juventude de Santos Reinbolt em Vitória da Conquista, representações de lagoas constituem seu tema mais constante e são apresentadas de diferentes maneiras, criando paisagens dinâmicas e servindo a representação de fauna e flora variadas. Às vezes, elas aparecem como espaço de sociabilidade e realização de festejos públicos, às vezes, exclusivamente dedicadas à representação do incrível imaginário que pode advir da observação da natureza. Constituem-se de organismos vivos que retornam consistentemente representações enraizadas na memória. Fora de um tempo definido, as mais figurativas parecem remeter ao passado, e, as que caminham rumo à abstração, prenunciam seu devir.

Representações geradas pela observação são distintas daquelas geradas pela memória, mas elas não se distinguem por pretensa objetividade. De fato, criar um trabalho que tenha sua origem na memória é algo fundamentalmente singular, como um mapa da alma, revela a expressão de um mundo interior e a agência da artista de recuperar justiça a sua própria experiência.

Não seria leviano, portanto, celebrar a produção de Santos Reinbolt como uma artista de paisagens, exímia no retrato de grandes sóis e céus, de muitas distintas plantas e de vidas aquáticas complexas e intrincadas como vivenciou nas suas duas primeiras décadas de vida, mas seu entusiasmo pelas cidades também ocorreu em sua arte de forma pouco reconhecida.

Três obras da artista representam sua memória de Salvador, em que se destaca o Elevador Lacerda. Em tese, esse ponto turístico forneceu à artista uma imagem precisa da sua localização e de sua aparência no fluxo da paisagem, mas ela saiu dos limites do mapa para representar a paisagem nos termos que ressoavam com sua sensibilidade. Para a pintura (1950-60), a composição foi planejada, haja vista as marcas que evidenciam o esboço anterior. A construção turística é simples e sintética em que cada ponto sugere um andar, ela também marca centralmente a divisão de dois espaços quase simétricos. A cidade se projeta maior que a natureza, e se sobrepõe tanto ao mar quanto ao céu de uma noite estrelada de lua cheia que, em seu peso, desloca a linha do horizonte. Dada a faixa de azul mais claro e pontos de cores em tons de amarela, é possível imaginar que a lua acaba de despontar no céu.

1950-1960.

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Sem título, Foto: © Eduardo Ortega. Cortesia MASP.
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Horizontalmente, a tela pode ser observada considerando a composição em três terços. No primeiro, abaixo, está a baía de Todos os Santos, com duas embarcações à vela que se confundem com patos n’água. Duas construções avançam na linha do mar, sugerindo um píer e, quiçá, o mercado-modelo. Todas as edificações são bastante esquemáticas, diferenciadas por linhas demarcadas em contraposição aos inúmeros pontilhados que aludem às janelas. Entre os prédios emerge uma vegetação que valoriza o acidente geográfico a que o elevador corresponde, dividindo a cidade baixa da cidade alta. A paleta cromática é majoritariamente

criada com cores análogas em escalas de tons azuis e verdes, com pontos de luz criados a partir de áreas brancas e o uso de tons quentes de maneira mais sutil, corroborando a sensação de crepúsculo. Ainda que este seja um ponto turístico e central, há a sensação de movimento, mas não há qualquer figura humana.

Com o mesmo motivo, mas criados a partir de escalas de observação distintas, esta pintura e outros trabalhos foram retomados detidamente porque sugerem a reconstrução de uma memória declarativa, anunciando elementos da percepção e da experiência da artista na cidade, mesmo que de forma indiciária. Perseguir e expressar essa memória a partir de uma particular combinação entre recordação e projeção, sublinha o caráter sensível e afetivo da faceta voluntária de Santos Reinbolt de se apropriar de seu passado para se inscrever na história. Se tomarmos seus trabalhos como um projeto que se articula para dar significado não apenas às suas ações e aos seus deslocamentos, mas, sobretudo a sua vida ou, em outros termos, sua própria identidade, sua obra é uma amarra fundamental porque apresenta tanto visões retrospectivas como prospectivas. É certo que Santos Reinbolt perseguiu o desejo de se tornar artista combinando sua habilidade com a paixão que sentia em dar vida às memórias únicas da sua individualidade.

Amanda Carneiro é curadora assistente do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e co-editora do Afterall Journal da Central Saint Martins.

MADALENA
SANTOS REINBOLD: UMA CABEÇA CHEIA DE PLANETAS
MASP • SÃO PAULO • 25/11/2022 A 26/2/2023
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Sem título, 1969-1977. Foto: © Daniel Cabrel. Cortesia MASP.
GARIMPO

anderson

PAMELLA
,
Quadro muito profundo. © Pamella Anderson.

PAMELLA ANDERSON É A VENCEDORA DO PRÊMIO GARIMPO DASARTES 2023 PELA ESCOLHA DO JÚRI. COM UM HUMOR ÁCIDO E CERTEIRO, SUA OBRA TRATA DO ABSURDO DA VIDA CONTEMPORÂNEA A PARTIR DA LINGUAGEM DA INTERNET E DOS MEMES

POR LEANDRO FAZOLLA

Tudo em todo lugar ao mesmo tempo. Além de ser o título de um dos maiores fenômenos cinematográficos de 2022, essa frase sintetiza um pouco do que se tornou o nosso dia a dia a partir dos avanços tecnológicos das últimas décadas. Com a inclusão da internet no nosso cotidiano e o domínio das redes sociais sobre nossas vidas, somos, o tempo todo, bombardeados por uma quantidade expressiva de informaçõesimagenscoresformasalgoritmosemojisetudotu doTUDO!!!

Nessa seara, um dos maiores aspectos da cultura pop atual são os chamados memes. Oficialmente, são vídeos, imagens, frases, músicas e tudo o mais que possa viralizar, ou seja, espalhar-se entre vários usuários rapidamente, alcançando muita popularidade. Principalmente associados ao humor, os memes rapidamente se proliferaram para além das redes sociais e chegaram a programas de televisão, ao cinema e, mais recentemente, aos museus e espaços culturais. Um exemplo é o newmemeseum, perfil do Instagram criado em 2020 que se autointitula um museu, acumula 300 mil seguidores e, no ano de 2021, compôs a mostra “Combater ficção com ficção”, em cartaz no ambiente digital do Sesc Pompeia. Tá passada?

Essa festa virou um enterro. © Pamella Anderson.

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Abaixo: Sonhos molhados com Zé Gotinha. À direita: Pergunta lá no Zapiranga. Fotos: © Pamella Anderson.

É claro que os artistas contemporâneos não deixariam passar a deliciosa energia caótica que ronda a criação de memes e em algum momento eles deflagariam instigantes produções. Uma das grandes apostas do atual circuito vem de Brasília (Força, guerreira!): Pamella Anderson foi a artista mais votada pelo júri do Prêmio Dasartes 2023. Se isso é estar na pior, pourran, o que quer dizer estar bem né? Hein?! Não, miga, sua loka, ninguém votou na modelo e atriz do antigo seriado . Com apenas uma letra “L” diferenciando as duas, esta PameLLa Anderson é uma jovem artista que vem chamando atenção por suas pinturas irônicas, bem humoradas e muitas vezes ácidas, que conjugam o melhor e o pior de nossos tempos.

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A origem do nome pitoresco é uma incógnita. Nome de batismo dado pelos pais da artista, possíveis fãs da loira siliconada? Nome artístico ironicamente apropriado por ela mesma? Não sou capaz de opinar. Quando perguntada, Pamella prefere deixar o mistério no ar: “Gosto da curiosidade que meu nome acaba instigando, porque as pessoas imediatamente o relacionam com a atriz, mas também surge o estranhamento de ‘ué, ela pinta meme, como assim?’. E aí vem a surpresa de quem acaba me conhecendo pessoalmente ao se deparar com uma sapatão baixinha que, em comum com a atriz, só o cabelo descolorido e o branco do olho”.

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Bem vindo ao ZapVerso. © Pamella Anderson.

Formada em Bacharelado e Licenciatura em Artes Plásticas pela UnB (Universidade de Brasília) – seu TCC foi sobre memes, apropriação e pintura –, a artista começou a produzir em 2016, quando pintava memes de celebridades. Uma coisa levou a outra e logo estava pintando memes relacionados a figuras e acontecimentos políticos. Por meio do gesto da artista, imagens corriqueiras e amplamente disseminadas pelas redes são elevadas ao de obra de arte (ou será que sempre foram?) e penduradas nas paredes de museus. E tudo isso se apropriando de um dos suportes mais clássicos da História da Arte: a pintura.

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Revolução da Poc. © Pamella Anderson.

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Idoso fudendo gostoso um país inteiro. © Pamella Anderson.

Um desses exemplos é (2017), pintura em acrílica sobre tela que reproduz um de um vídeo de discurso do ex-presidente Michel Temer, publicado com esse sugestivo título no de conteúdo adulto Xvideos e mostrava o quanto o Brasil tá lascado. E daí pra frente foi só pra trás: outros “mementos” (que, em se tratando da obra da artista, têm muito mais a ver com a junção das palavras “momento” e “meme” do que com qualquer conceito em latim) peculiares que ganharam as mídias e as redes nos últimos tempos também foram “eternizados” nas telas da artista, como um compilado de diversas quedas do jogador Neymar em jogos da Copa do Mundo (sob o jocoso título ) ou a inusitada ação de um torcedor francês que, nu, subiu em um poste com a bandeira de seu país enfiada no ânus (hehehelp) para celebrar a vitória na Copa da Rússia. As pinturas de Anderson são puro dedo no cool e gritaria (às vezes, quase literalmente).

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Kama Sutra. © Pamella Anderson.
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Liberté egalité dedé no cur i gritarrié. © Pamella Anderson.

Antenada e acompanhando a onda pop do momento, atualmente a artista está empenhada na criação de seu multiverso particular, o “zapverso”, um universo fictício baseado em fatos reais que vem sendo construído a partir de memes e elementos surreais retirados diretamente do aplicativo de bate papo WhatsApp. “Personagens” da nossa cultura recente como o Zé Gotinha, o Smile, o Pato da FIESP, o Posto Ipiranga e até mesmo a cloroquina protagonizam composições que aludem a escândalos políticos e disseminados pelo , “em uma atmosfera de sonho ou pesadelo: o que vai depender da sua perspectiva da terra plana”, segundo a artista. Com cores fortes e sobreposição de elementos, a artista oferece aos espectadores o “puro suco” de um Brasil onde a realidade parece mais absurda do que qualquer quadro de Salvador Dalí. E se esse texto pareceu confuso para você, leitor, que não está habituado ao universo dos memes, bem, qualquer coisa me bota no paredaum.

Leandro Fazolla é ator, historiador e crítico de arte. Doutorando em Artes Cênicas. Mestre em Arte e Cultura Contemporânea, na linha de pesquisa de História, Teoria e Crítica de Arte. Diretor Geral do Instituto Cultural Cerne.

Correntes, entrei no Zap e veja no que deu. © Pamella Anderson.

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MARC chagal,

Sem título, 1983. Foto: © Chico da Silva.

relevo
ALTO

Le rêve, 1980. © Chagall, Marc/AUTVIS, Brasil, 2022.

CONHECIDO POR SEU REPERTÓRIO CHEIO DE CORES E CRIATURAS FABULOSAS, MARC CHAGALL TRANSFORMOU SUAS VIVÊNCIAS COM IMAGINAÇÃO E CRIATIVIDADE. SUAS OBRAS APRESENTAM A BELEZA DO COTIDIANO, CONTAM HISTÓRIAS COM POESIA E UNEM REALIDADE E FANTASIA

CHAGALL: EXÍLIO E GUERRA

Os motivos que foram tão caros para o artista russofrancês Marc Chagall (1889-1985) – a vida no campo, os animais, a mulher, a religião, as festas, os espetáculos, a música e o amor – o tornaram único e, principalmente, reconhecido do grande público. Porém, houve um tempo de sombras: cerca de dez anos difíceis para o pintor, nos quais sua paleta escureceu e suas imagens ficaram perturbadoras. Esse período inquieto, vivido entre os anos 1930 e 1940, agora está sendo exibido, a partir de 100 obras, fotografias e documentos presentes em , com curadoria de Ilka Voermann, no Schirn Kunsthalle Frankfurt (Alemanha) em cooperação com Henie Onstad Kunstsenter (Noruega). Nessa exposição, temas, tais como, a guerra, o exílio e a identidade surgem em suas obras. Chagall é, sobretudo, um homem atingido pelas políticas nacionaissocialistas, pela guerra e pela perseguição nazista.

Krieg, 1943. © VG Bild-Kunst, Bonn 2021, Foto: bpk /

POR ALECSANDRA MATIAS DE OLIVEIRA
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CNAC-MNAM / Jacqueline Hyde.

De família judaica, Chagall nunca abandonou Vitebsk (Belarus); ele não cravou raízes na terra natal; foi forçado a partir, mas sempre levou na alma e nas pinturas a pequena aldeia onde nasceu. Estudou na Academia de São Petersburgo (19061910), alguns anos em Paris (1910-1914) e, com o início da I Guerra Mundial, Chagall foi convocado para servir nas trincheiras, mas permaneceu em São Petersburgo. Após a Revolução de 1917, ressurgiu como professor associado à Escola de Arte do Povo de Vitebsk. Ele se entusiasmou com o movimento bolchevista; era uma alegria ver a população pobre, jovem e de origem operária interessada em artes. Mas lutas internas (revolucionárias e estéticas) minaram suas forças. Kasimir Malevich, por exemplo, criou o suprematismo, acreditando que este seria a “arte bolchevista” – ideia oposta à de Chagall e motivo de sua saída de Vitebsk. Nesse ponto, nem Chagall e nem Malevich tiveram êxito. Pouco a pouco, os suprematistas também perderam espaço para o realismo social, ou seja, para uma linguagem figurativa destinada à propaganda do governo socialista.

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Premiere Maskerade. Foto: © Tetyana Luxa. © VG Bild-Kunst, Bonn 2022.

De fato, Chagall se tornava mais um expatriado em Paris, tal como dois dos seus amigos próximos Amedeo Modigliani e Pablo Picasso – com esse último, nutriu uma relação de amor e ódio. Há depoimentos célebres que mostram essa amizade: “

De qualquer modo, Chagall, nesse período, já era bastante respeitado nos círculos da arte moderna. Ele iniciou seu percurso estético pelo impressionismo, fauvismo e pelo cubismo, porém, suas últimas telas têm caráter inegavelmente surrealista –e essa é sua fase mais conhecida. “ ” é frase atribuída ao nosso pintor. Seus temas giravam em torno de suas memórias: eram cenas pastorais de vilas, casamentos, violinistas brincando nos telhados e figuras que flutuavam nos céus – lembranças líricas e melancólicas de sua casa distante.

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Foto: © Martin P. Bühler. © VG Bild-Kunst, Bonn 2022.
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Die Lichter der Hochzeit, 1945. Foto: © VG Bild-Kunst, Bonn 2022.

No decênio de 1930, suas cenas religiosas do Antigo Testamento, inspiradas pela Bíblia cristã e com intensa mística russojudaica se multiplicaram no trabalho diário. Foram anos intensos: em 1931, por exemplo, ele visitou a Palestina, a Síria e publicou ( ) autobiografia ilustrada por gravuras – algumas feitas em Berlim, em 1923. Em 1933, fez uma grande retrospectiva no Kunstmuseum, de Basileia. Com a ascensão de Hitler ao poder, em 1933, as obras de Chagall foram consideradas uma afronta à estética nazista. Para eles, o modernismo era mais uma das conspirações dos judeus e comunistas –aliados no plano de destruição do corpo e dos espíritos dos alemães. Consideradas aberrações, as obras modernas sofreram um processo de perseguição e difamação, assim como seus expoentes perderam seus cargos em museus e universidades e foram proibidos de exibir ou vender sua arte. Em 1937, um acréscimo de crueldade nesse processo: o confisco de pinturas modernistas de coleções públicas e privadas – entre elas, obras mestras. Foram cerca de cinco mil obras e, parte delas, foram exibidas na – , de julho a novembro de 1937. Nessa mostra, as obras de Chagall, Paul Klee, Lasar Segall, entre outros modernos, foram comparadas às obras de doentes mentais e crianças.

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Le rêve, 1980. Coleção Particular. © Chagall, Marc/AUTVIS, Brasil, 2022.

socialistas e odiado pelos nazistas. O fiel compromisso com a sua visão de mundo e com a sua identidade está presente nos trabalhos desta fase. Distante de sua aldeia natal, perseguido e sob o estigma do “judeu errante”, ele reagiu às circunstâncias em sua pintura. Foi uma reação brutal contra a discriminação dos judeus e, posteriormente, ao Holocausto. Suas cores refletem o escuro daqueles dias.

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E surgiram imagens novas, tais como, (1933) – uma óbvia oposição à alegria de tempos anteriores. Nessa pintura, um judeu, vestido com seu escuro hábito de orações, coberto por um manto branco, sentado no gramado, ao lado de um boi, com os olhos voltados para o chão. O homem parece ser a metáfora de Asvero, o judeu errante, que vaga pelo mundo com destino incerto. À esquerda, uma vaca branca deitada no chão, trazendo também um olhar tristonho. Ao fundo, o anjo vestido de branco, perseguido por tempestades e

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Einsamkeit, 1933. Foto: © Tel Aviv Museum of Art.

o cenário das casas e sinagogas. Nessa tela, tudo remete à perseguição e àquele tempo de dor – essa pintura é o ponto inicial da exposição em Frankfurt.

Na sequência da mostra, estão os desenhos e as pinturas que Chagall fez, quando da viagem à Palestina. Nesse material, o tema central são os locais sagrados judaicos, tais como, o Muro das Lamentações e os interiores de sinagogas –junte-se ainda os desenhos das sinagogas de Vilnius, quando da visita àquela aldeia. Contando assim, os percursos trilhados em sua vida-obra parecem uma constante fuga.

Vivendo na França, o artista não terminou suas gravuras sobre temas bíblicos – nas quais apareciam culpa e expiação, vingança e maldição. Ele teve que fugir, definitivamente, dos nazistas em 1944 e notícias dos campos de extermínio chegaram aos seus ouvidos. Nesse mesmo ano, sua esposa Bella Rosenfeld, morreu de uma infecção, não tratada devido à falta de remédios durante a guerra. Foi um episódio de grande depressão. O destino, desta vez, era os EUA –onde muitos artistas, escritores e intelectuais buscaram refúgio.

No exílio, Chagall realmente mergulhou em um mundo de evocações e terminou a tela ( ), que se tornou a síntese de sua temática. Por fim, os anos entre 1930 e 1940, mostram-nos um Chagall melancólico e atingido pelas dores do mundo. Ele só concluiu a série de suas gravuras religiosas (interrompida pela fuga), nos anos de 1950, quando do seu retorno dos Estados Unidos.

Alecsandra Matias de Oliveira é pós-doutorado em Artes Visuais (Unesp). Doutora em Artes Visuais (ECA-USP). Mestrado em Comunicação (ECA-USP). Professora do CELACC (ECA-USP). Pesquisadora do Centro Mario Schenberg de Documentação e Pesquisa em Artes (ECA-USP). Membro da Associação Brasileira de Crítica de Arte (ABCA). Curadora independente e colaboradora da revista Dasartes, Jornal da USP e Revista USP.

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KUNSTHALLE
A
Un sie herum,
Centre
© VG Bild-Kunst,
2022. © BPK/CNAC-MNAM/Philippe Migeat.
MARC CHAGALL: SONHO DE AMOR • CCBB SÃO PAULO • 1/2/2023 A 10/4/2023 MARC CHAGALL: WORLD IN TURMOIL
SCHIRN
FRANKFURT
4/11/2022
19/2/2023
1945.
Pompidou.
Bonn
FLASHBACK

EVELYN WILLIAM & de morgan,

POR EDVALDO CARVALHO

Aquele que vos escreve, crê em destino, tendo certa fé em que a vida, o cosmos, ou algo assim, tece propositadamente teias, entrelaça linhas e cose fios que vêm a compor as “coisas que devem inevitavelmente existir”. Espero não os ter entediado com esta conversa cósmico-mítica pouco embasada, mas quero dizer é que acredito que certos acontecimentos não são fruto do acaso. Eis que a história da arte teve a honra de contar com um desses entrelaçamentos de destinos que lhe acrescentaram um belo (literalmente belo) capítulo. Refiro-me ao poderoso casal Evelyn (1855-1919) e William De Morgan (1839-1917), duas almas artísticas apaixonadas, tanto uma pela outra quanto pela arte, pela estética, pelo design e pela poesia visual. Ele, um ceramista do , ela, uma pintora pré-rafaelita que viveram em harmonia na Inglaterra vitoriana, encorajando mutuamente suas atividades e se envolvendo nas questões sociais de sua época, influenciando vários movimentos artísticos significativos na Grã-Bretanha do século 19 (ainda que, em opinião pessoal, seu impacto tenha relativamente sido negligenciado em comparação com seus contemporâneos mais conhecidos). Evelyn De Morgan reciclou Botticelli para os tempos modernos, criando pinturas ricamente simbólicas. William De Morgan criou exuberantes azulejos, potes e chamativos pratos de cores brilhantes com superfícies distintas. Conheçamos, portanto, a seguir, alguns detalhes deste casamento artístico vitoriano e do legado estético deixado pelos De Morgan.

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O CERAMISTA WILLIAM DE MORGAN E A PINTORA PRÉ-RAFAELITA EVELYN DE MORGAN VIVERAM COMO UM HARMONIOSO CASAL NA INGLATERRA VITORIANA. ENCORAJARAM AS ATIVIDADES CRIATIVAS UM DO OUTRO E SE ENVOLVERAM NAS QUESTÕES SOCIAIS DE SUA ÉPOCA. WILLIAM DE MORGAN CRIOU AZULEJOS, POTES E PRATOS DE CORES BRILHANTES E EVELYN INSPIROU-SE EM BOTTICELLI PARA CRIAR PINTURAS RICAMENTE SIMBÓLICAS DE TEMAS MODERNOS Evelyn De Morgan, Helen of Troy, 1898. © De Morgan Collection, courtesy of the De Morgan Foundation.

Resting Spells, 2018.

Fotos: © Anri Sala. Evelyn De Morgan, Night & Sleep, 1878. © De Morgan Collection, courtesy of the De Morgan Foundation

Evelyn De Morgan foi uma artista que desafiou as expectativas de seu gênero e sua classe social (sabemos a relevância da posição social na era vitoriana) para se tornar uma das pintoras mais impressionantes de sua geração. Autora de pinturas profusamente coloridas, protagonizadas por figuras com lindos drapeados que transmitem fortes mensagens de espiritualidade, riqueza material (ou a contestação desta) e até mesmo do feminismo, mensagens estas relevantes ainda na atualidade. Nascida em 1855, na capital inglesa, filha de pais pertencentes à classe alta, que contava com uma linhagem de políticos e proprietários de terras, por parte de pai, e da nobreza, por parte de mãe, sendo, portanto, uma notável família, segundo os valores da época. O interstício entre 1875 e 1883 marca o promissor início de sua carreira artística. Matriculada na , Evelyn foi aluna de Sir Edward Poynter, que mais tarde viria a ser presidente da . A filosofia artística de Poynter era a de criar artes plásticas e decorativas que buscavam impor a beleza em prejuízo do significado, ou criar, em outras palavras: “arte pela arte”, por meio do movimento , que oscilava entre o estilo clássico e o renascentista, portanto, colocando em evidência a arte de Sandro Botticelli. Foi no auge da popularidade desse movimento que Evelyn começou a expor seus primeiros trabalhos, como a bela obra exposta na , em Londres, no ano de 1876, quadro que, apesar da temática religiosa, já revelava sua luta contra as atitudes sexistas do mundo da arte. Ela queria ser reconhecida como artista e não como mulher artista, vide a notável diferença. Evelyn usava desde já suas obras para externar suas preocupações sociopolíticas a um público amplo, empregando crítica e subjetividade mesmo em um estilo reconhecido mais por sua estética. Ao se observar superficialmente, por exemplo,

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Evelyn De Morgan, The Love Potion, 1903. © De Morgan Collection, courtesy of the De Morgan Foundation.

, de 1877, certamente tem-se a impressão de se apreciar uma obra de arte puramente estética. A bela personagem, trajando um chamativo vestido vermelho e uma manta que parece convergir a mesma cor de seus cabelos e do terreno da praia, é o solitário destaque em uma paisagem litorânea desolada. A poesia acaba aqui? Não, pois o próprio título da obra dá pistas de uma narrativa. A mitológica personagem Ariadne, sozinha, com uma expressão melancólica e abandonada, está inconsolável, deixada na ilha de Naxos pelo seu amado Teseu. Quem conhece essa tradição pictórica sabe que não é difícil

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encontrar na história da arte obras em que ele é o destaque, tradicionalmente representado navegando para longe da praia da Ilha. Evelyn inverte o protagonismo: aqui a personagem feminina se torna o centro da história, destacando o sofrimento feminino e o abandono por um homem. Fácil é estabelecer uma conexão com a pudica sociedade patriarcal da qual ela foi contemporânea. Há ainda a sutil referência à religião cristã, na cor da vestimenta da personagem (a mesma cor escarlate que veste os martirizados santos da Igreja).

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Evelyn De Morgan, Ariadne in Naxos, de 1877. © De Morgan Collection, courtesy of the De Morgan Foundation.

Anos mais a frente, em 1883, Evelyn veio a conhecer o designer ceramista do , William De Morgan. William, sem dúvidas, tinha interesse não apenas na beleza, inteligência e sensibilidade de Evelyn, mas também em sua arte, pois o amor vem a se tornar imediatamente tema importante (na obra de ambos, cada um a seu modo, diga-se) após esse encontro. Na belíssima e espiritual alegoria de 1834, já se pode sentir um forte impacto sentimental na obra da artista. Os amantes, personagens principais da obra (dividida entre um lado sensível e puro em contraste a um lado sombrio e mórbido) apreciam a melodia de uma música angelical, ao mesmo tempo inebriados pelo amor e preocupados com o fim de tudo, já que, aos seus pés, há um escrito onde consta um trecho poético do grego , onde se lê acerca da tristeza que o autor sente ao pensar na morte futura de sua amada. A morte, presente, porém, a certa distância, de frente para o Rio da vida, em um segundo plano estabelece certo equilíbrio na distribuição da cena na obra. A artista com certeza relacionou a si mesma com essa dramática e poética narrativa após perceber que havia encontrado seu amor verdadeiro, que era, no entanto, quase duas décadas mais velho que ela.

William De Morgan foi um criativo designer, de caráter artístico inovador e dedicado à arte, filho mais velho de Sophia Frend e Augustus De Morgan, pais liberais e progressistas, relacionados às lutas pela abolição da escravatura. Ele começou sua formação formal como artista plástico, agregando constantemente investigações matemáticas (influência do pai, notável matemático, que protestou pela inclinação à carreira artística do filho) e científicas às artes decorativas, desenvolvendo vitrais, realizando pesquisas químicas para criar esmaltes de brilho diferente e criando até mesmo os seus próprios fornos. Não obstante, e apesar de ser uma faceta sua menos conhecida, obteve relativo

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William De Morgan, Seahorse Tile Panel, c. 1880. © De Morgan Collection, courtesy of the De Morgan Foundation
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William De Morgan, Two Handled Persian Vase, c. 1890. Bear and Hare Dish, c. 1890. © De Morgan Collection, courtesy of the De Morgan Foundation.

reconhecimento em sua segunda carreira como autor de ficção popular no fim da vida. William sempre se concentrou em fazer cerâmicas belas e tecnicamente perfeitas, muito envolvido na emoção do trabalho com fornos e esmaltes brilhantes, dedicando-se à arte e nunca de fato ligando para modismos nem em busca de fortuna financeira.

Ele foi aluno de Stephen Francis Cary em sua academia de arte em Bloomsbury, onde aprendeu desenho da antiguidade, em uma oficina focada em formar aspirantes a acadêmicos reais. Daí vêm os estudos de William sobre antiguidades clássicas, donde se têm desenhos tão bem executados que, a certo tempo, chegaram a ser atribuídos erroneamente à sua esposa, Evelyn. William foi tão bom desenhista que veio a conseguir um disputado lugar na , em Londres, onde estudou Belas Artes, de 1859 a 1863.

Em 1863, William De Morgan conheceu William Morris (de quem, às vezes, é preconceituosamente conhecido como sombra) em seu estúdio, tendo sido apresentado a ele por um camarada em comum, encontro este tão impactante que William abandonou a para seguir a carreira de designer. Foi, possivelmente por indicação, de Morris que, na década de 1860, William começou suas investigações científicas sobre método e fabricação, vindo a projetar vitrais e móveis, os quais, obviamente, fez uso de seus conhecimentos obtidos na formação clássica para criar belas cenas mitológicas e bíblicas, harmonizando-as com elaborados padrões florais, obras essas que chegaram aos nossos tempos e se encontram principalmente sob o domínio da Fundação De Morgan. As primeiras instalações de suas obras de design foram em uma casa em Chelsea, onde o próprio morava com sua mãe e irmã. Suas primeiras produções de cerâmica foram inclusive ditadas de acordo com o espaço disponível para produzi-las. Essas obras exploram as formas geométricas, dentre design de ladrilhos instalados na horizontal e vertical, criando uma variedade de padrões. Esse design e outros do “Período Chelsea” se inspiravam em técnicas de design medieval, que estavam em voga na época devido à ascensão dos movimentos vitorianos e .

Quando William se casou com Evelyn, em 1887, eles passaram a viajar com frequência para a Itália, em Florença. A partir de 1890, o casal adquiriu seu próprio apartamento na cidade-berço do Renascimento e eles passavam os invernos lá, fugindo do frio inglês, causa de muitas moléstias

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à saúde de William. Lá William trabalhava com o ceramista florentino Cantagalli, produzindo maravilhosas e originais peças de prataria e cerâmica, moldadas em formatos de seres mitológicos, animais e outros formatos de figuras míticas e fantásticas.

Entre 1888 e 1907, na região londrina de Fulham, William desenvolveu seus últimos (e, potencialmente, mais criativos) trabalhos de cerâmica até que o seu negócio acabasse fechando. Foi uma época marcada por mais estudos, experimentos e dedicação. William, que agora liderava e treinava uma equipe e trabalhava em cooperação com o arquiteto Halsey Ricardo, procurou aperfeiçoar seus esmaltes de brilho e suas ideias revolucionárias de design. A criava e produzia em escala industrial elegantes esquemas de azulejos pictóricos para interiores. São dessa época os belos e elaborados painéis de azulejo , projetados para que ambientes internos inteiros pudessem ser revestidos por eles. Em 1904, a carreira de ceramista de William De Morgan declinava, porém com excelência artística. Sua cerâmica sobreviveu por trinta anos, mas, eventualmente, o negócio teve dificuldades administrativas, e, claro, houve a mudança de gosto estético do público na virada do século. Fechar foi a única opção.

A distância do trabalho tornou William De Morgan depressivo, pois foi uma mudança de vida radical para quem sempre teve um altíssimo potencial criativo e empresarial durante boa parte da vida. Aposentar-se compulsoriamente não fazia parte dos planos dele. Mas ele podia sempre contar com o amor de sua esposa, Evelyn, que sempre o apoiou e conseguiu contornar a situação de modo bastante criativo. Graças ao incentivo dela, ele começou a escrever ficção, publicando alguns romances.

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William De Morgan, Sands Ends Pottery, c. 1890. © De Morgan Collection, courtesy of the De Morgan Foundation. Evelyn De Morgan, The Gilded Cage, c. 1900. © De Morgan Collection, courtesy of the De Morgan Foundation.

William faleceu em 1917, após contrair uma febre, sendo sepultado no Brookwood Cemetery, em Surrey, em uma sepultura desenhada e projetada por Evelyn De Morgan, que até o fim dedicou seu amor e sua arte pelo esposo. Ela, por sua vez, morreu em 4 de maio de 1919, e foi sepultada junto dele. Em cinquenta anos de carreira artística profissional, Evelyn produziu cerca de cem pinturas a óleo, metade delas preservadas na coleção da Fundação De Morgan, obras que revelam seu talento, produção e dedicação ao trabalho. Esta, aliás, é uma característica permanente da carreira artística de ambos: uma dedicação quase religiosa aos seus trabalhos e produções, sempre inovando e sempre com um alto potencial criativo.

Quem deseja ter o privilégio de apreciar de perto o trabalho desse casal, poderá visitar o Museu de Arte de Delaware. Desde 22 de outubro de 2022, permanecendo até 23 de fevereiro de 2023, esse museu norte-americano estará expondo ao público um conjunto de pinturas e peças de Evelyn e William De Morgan, que mostram a trajetória artística e criativa dessas duas almas inovadoras, que, eu insisto, não se uniram por acaso.

Edvaldo Carvalho é professor de arte na rede estadual de ensino do Estado do Amapá e MBA em História da Arte.

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A MARRIAGE OF ARTS & CRAFTS: EVELYN & WILLIAM DE MORGAN • DELAWARE ART MUSEUM • EUA • 22/10/2022 A 19/2/2023
Evelyn De Morgan, Angel of Death, c. 1881. © De Morgan Collection, courtesy of the De Morgan Foundation.

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R ANCI C O

REFLEXO
F

© Francisco Nuk.

Foto: Gustavo Andrade.

NUK,

CONVIDAMOS O ARTISTA FRANCISCO NUK PARA NOS CONTAR OS SEGREDOS E CURIOSIDADES POR TRÁS DE SUAS FANTÁSTICAS ESCULTURAS COM TOQUE DE SURREALISMO. A FORMA NÃO CUMPRE A FUNÇÃO É A NOVA EXPOSIÇÃO ITINERANTE PELO CCBB EM QUE O ESCULTOR MINEIRO APRESENTA OBRAS QUE DESAFIAM AS FORMAS CONVENCIONAIS DE MÓVEIS FEITOS DE MADEIRA COM CURVAS INUSITADAS

POR FRANCISCO NUK

Meu trabalho surge de um rompimento com o ofício tradicional da marcenaria. Cresci dentro de uma oficina, no ateliê de meu pai, Sérgio Machado, e, durante toda minha infância e adolescência, fui estimulado pelas diversas áreas das artes visuais. Na fase adulta, procurando meus próprios caminhos, cruzei com a marcenaria e me apaixonei profundamente por ela. Comecei a estudar o ofício por conta própria e eventualmente arrumei um emprego em uma oficina, possibilitando uma maior experiência e tutela. O trabalho formal possibilitava um enorme convívio com o material, mas era no ateliê que conseguia fazer todos os experimentos com a madeira. A marcenaria é um ofício muito amplo com inúmeras técnicas e formas distintas de chegar a um resultado e a minha sina era aprender todas elas. Por cerca de quatro anos, trabalhei e estudei esse ofício ao ponto que me tocou um limite. Embora já estivesse produzindo algumas esculturas, toda essa pesquisa voltava predominantemente a uma marcenaria tradicional, na realização de mesas, cadeiras, bancadas... e isso já não me satisfazia mais. Parecia que chegava ao máximo que poderia fazer e experimentar, e, se eu continuasse nesse ofício, estaria fadado a construir coisas que sempre deveriam ter medidas padronizadas, ergonomicamente confortáveis com finalidades definidas. Esse pensamento produzia um forte incômodo interno e foi assim que surgiu a ideia dessa série que trabalha o mobiliário tradicional, mais especificamente os que exercem a função de guardar, conservar, como armários, gaveteiros e cristaleiras.

© Francisco Nuk.

Foto: Ana Pigosso.

“Essa foi a primeira obra dessa série. A ideia no papel consistia em entortar um gaveteiro que tem uma memória afetiva próxima de minha infância. Transformar um móvel em uma escultura era o objetivo principal. O primeiro projeto de execução não tinha a possibilidade de abrir e fechar as gavetas, já era um desafio enorme construir um gaveteiro torto por si só, fazer cada gaveta abrir e fechar seria algo quase impossível. Uma gaveta precisa de esquadro, de uma engenharia interna que permite um abrir e fechar fluido. Também não era do meu agrado ter esse elemento na obra. Havia paz até então, mas a solução para essa engenharia das gavetas surgiu um dia, e, mesmo se não quisesse que abrissem, não existia mais essa opção. Isso causou uma grande confusão no que seria a ideia inicial do trabalho, afinal, o que era aquilo, um móvel ou uma escultura? Foi a partir desse incômodo que a pesquisa tomou um rumo inesperado.”

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Sem título. © Francisco Nuk. Foto: Gustavo Andrade.

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© Francisco Nuk. Foto: Ana Pigosso.

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Tronco.

Foto: © Francisco Nuk.

“Essa obra é uma ode ao principal material de meu trabalho, a madeira.

Quando eu tinha cinco anos, meus pais se mudaram para uma casa na região central de Belo Horizonte, o Bonfim. Esse bairro surgiu antes mesmo que a cidade, pois era lá o reduto dos operários que construíram a cidade. Um lugar que, embora muito rico em conhecimento dos seus mestres de ofícios, era também muita cinza de suas edificações.

Antes mesmo d'eu nascer, meus pais já tinham se instalado por lá e construído um ateliê junto com outros colegas artistas da Escola Guignard. Em seguida, compraram uma casa na mesma rua, reformaram, e se mudaram. Para trazer mais vida e cor para aquele lugar, decidiram plantar diversas árvores, todas da mesma espécie: acácia rosa. Fiz parte desse ritual de plantio que tenho recordações até hoje.

As mudas cresceram, transformaram-se em grandes árvores, começaram a florir e, assim, a incomodar os vizinhos. As raízes de uma estavam abalando a construção da rampa da garagem de um, as flores "sujavam" muito o pátio do outro, o vizinho da esquina dizia que era perigosa demais nas épocas de chuva... de pouco em pouco, foram cortando uma por uma.

Esse tronco foi "roubado" da última acácia cortada da rua. Da árvore que ajudei a plantar e que vi crescer. A madeira é um material que carrego como sagrado. Principal fonte de meu trabalho e também uma grande paixão. Observar os desenhos de seus veios, sua cor, seu cheiro, é algo que me traz enorme prazer. Eu poderia ser ousado o bastante e dizer que cada pedaço de madeira seria uma obra de arte.”

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© Francisco Nuk.

Foto: Gustavo Andrade.

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vez mais esses objetos. Costumo dizer que o surrealismo surgiu por acidente em minha obra. No âmbito de tentar chegar à inutilidade, fui explorando essas formas de diversas maneiras. Do que serve uma gaveta se ela está na vertical ou de cabeça para baixo? Do que serve uma gaveta se não conseguimos alcançá-la? Essa obra foi a primeira de grande escala que produzi. Seu feitio foi um baita desafio, pois precisava ser construído em módulos. Todas as conexões e a sustentação de cada módulo, assim como ela completa, foram temas de muito estudo.

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Quando pensei nessa obra, não detinha recursos suficientes para realizá-la. Então levei toda a pesquisa para uma colecionadora, com quem tenho muito contato, apresentei todos os desenhos, maquetes e estudos de como seria a produção. Ao final, ela topou entrar nessa empreitada e participar do desafio, que, por fim, deu certo e a obra se fez exatamente como previsto nos estudos. Essa obra foi muito importante para a construção das próximas peças e a idealização de futuras exposições como a do CCBB, por exemplo. A partir dela, abriu-se uma janela de infinitas possibilidades de novas formas.”

Sem título. Fotos: © Francisco Nuk
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© Francisco Nuk. Foto: Gustavo Andrade.

“Essa instalação consiste em 150 gavetaspenduradasemfiosde nylon em colunas variadas. Durante a pesquisa deste trabalho, questionando a interdependência das utilidades, comecei a prestar maior atenção nesse elemento da gaveta, e como surgedeumaformaintrigante.

Um gaveteiro é criado para conservar o que encontramos de precioso no mundo, o que identificamos como importante e necessário. Ele também evidencia nossa constante necessidade de acúmulo, trazendo profundos questionamentos sobre o tema. Uma gaveta só existe a partir da influência de um segundo ser. Alguém puxa, ela abre, e, por um momento, se mostra ao mundo, suas preciosidades, suas vulnerabilidades, mas em seguida alguém a empurra e ela se fecha, na escuridão, guardada, a salvo e protegendo o que carrega. Nessa instalação, reflito sobre o papel desse elemento e as analogias que ele pode ter, ao mesmo tempo tentando buscar um lugar de transgressão, pois uma gaveta fora de um armário continua sendo uma gaveta? Eu, fora de certo ambiente, continuo sendo quem sou?”

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Instalação de gavetas. Foto: © Francisco Nuk.

© Francisco Nuk. Foto: Gustavo Andrade.

Cristaleiras em dominó.

Foto: © Francisco Nuk.

"Durante a realização desse trabalho, questionei muito o tema de como as utilidades são definidas pelo sistema de sociedade em que vivemos. Como as utilidades possuem e como isso cresce em estruturas de poder, embora todas elas sejam dependentes entre si, tornando-se necessárias em todas as escalas. Nessa obra, busquei representar essa conexão entre utilidades e suas fragilidades. Como o desmoronamento de um corpo influencia no próximo, como eles se estruturam, equilibram-se, e o sonho do que seria se tudo fosse ao chão, para que assim houvesse a criação de um novo ser.”

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• CCBB
• 14/12/2022 A 13/2/2023
FRANCISCO NUK: A FORMA NÃO CUMPRE A FUNÇÃO
BELO HORIZONTE

Gustavo Speridião Centro Cultural Justiça Federal Rio de Janeiro

Denise Araripe Centro Cultural Candido Mendes Rio de Janeiro

Gustavo Speridião entre Rodrigo Andrade e Evandro Salles Bruno Miguel, Gustavo Speridião e Alexandre Murucci Evandro Salles, Inês de Araújo, Regina de Paula e Maria Moreira Sergio Felipe Coutinho e Mari Vidal Rosa Tavares, Denise Araripe e Caco Borges Alexandre, Denise, Dulce Araripe e Napoleao Veloso Fotos: Denise Andrade. Gringo Cardia e Marisa Orth Fabio Garcia e Jorge Feitosa Andre Lima e Graça Bueno Cida Santana e Rodrigo Bueno Genaro de Carvalho Galeria Passado Composto Séc. XX São Paulo Adelaide Zanotteli, Dulce e Denise Araripe e Isabel Lago
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Fotos: Erbs Jr. (Casa da Foto).
, COLUNA do meio
Rayssa Ruiz e Isabelly Ruiz

Lançada em 2008, a Dasartes é a primeira revista de artes visuais do Brasildesdeosanos1990.Em2015, passou a ser digital, disponível mensalmente para tablets e celulares no site dasartes.com.br, o portal de artesvisuaismaisvisitado doBrasil. Paraficarpordentrodomundoda arte,sigaaDasartes. facebook.com/dasartes @revistadasartes @revistadasartes

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