Revista Dasartes 140

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Foto: Thiago Barros. Cortesia © Thix.

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Thix, Pintosa (Detalhe), 2024. Cortesia © Thix.
DE ARTE A Z DAN FLAVIN
JOAN JONAS
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12 Agenda Livros
MILAN 68
Coluna do meio
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50 THIX DENISE
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A diversidade cultural do nordeste brasileiro é abordada sob uma ótica contemporânea em mostra coletiva na Casa Gabriel. A exposição conta com trabalhos de treze artistas de diferentes estados do nordeste.

Representatividade, gênero, ancestralidade, ecologia e deslocamentos, são os temas que fazem parte da experiência visual e sonora, cujas trinta obras integrantes confrontam estereótipos. O curador aponta que o nomadismofísicoe criativodesse grupo de artistas nos conduz a novos territórios e perspectivas visuais, onde a deriva não se limita apenas uma movimentação, mas uma expansão de horizontes. Participam da mostra as

Notari (Recife, Pernambuco), Lara Perl (Salvador, Bahia), Lyz Vedra (Maracanaú, Ceará), Milena Oliveira (Salvador, Bahia), Renata Vale (Fortaleza, Ceará) e Virginia de Medeiros (Feira de Santana, Bahia).

6 O NORDETE NÃO É SÓ UM LUGAR • CASA GABRIEL • SÃO PAULO • 3/4 A 5/5/2024

de arte ,AZ

PELO MUNDO • Kim Kardashian está enfrentando um processo depois de alegar falsamente que suas mesas eram obras autênticas do falecido artista minimalista Donald Judd. A Fundação Judd entrou com a ação em um tribunal federaldaCalifórniacontraKardashiane a empresa Clements Design, que fabricou e vendeu o que a fundação chamou de móveis Judd “inautênticos” para a celebridade.

CURIOSIDADES • Uma gravura de Andy Warhol de Mao Zedong foi dada como desaparecida do cofre da galeria de arte do Orange Coast College. A equipe do FrankM.DoyleArtPavilionpercebeuque a impressão estava faltando enquanto conduzia uma verificação de inventário de rotina. O diretor executivo, Doug Bennett,liderouentãoumabuscainterna para descobrir se a impressão havia sido movida, porém, sem sucesso.

GIRO NA CENA I • Documentário Arquitetura da Cor, sobre Beatriz Milhazes, um dos principais nomes da arte brasileira no cenário internacional contemporâneo, estreia no Canal Curta!. Ao lançar olhares intimistas à artista, seu universo e personagens que a cercam, o filme contempla temas ligados à sua carreira, personalidade e processo criativo.

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GIRO NA CENA II • O artista Eduardo

Srur realizará, entre os meses de março e outubro deste ano, uma série de oficinas que culminarão em exposições coletivas de suas pinturas de plásticos combinadas aos trabalhos realizados por mais de 2.400 alunos e professores nos Centros Educacionais Unificados (CEUs) Campo Limpo, Butantã e Paraisópolis, na cidade de São Paulo.

NOVOS ESPAÇOS

• Nonada abre sua quarta localização no Brasil, situada no coração de São Paulo. A exposição inaugural é Cola como leite, do artista Matheus Rocha-Pitta. Localizada no centro histórico da cidade, o novo espaçoampliaráe aprofundaráamissão dagaleriadepromovereexibirarteque é negligenciada pelos circuitos artísticos convencionais.

Praça da Bandeira, 61, São Paulo.

• DISSE RICHARD SERRA, artista californiano, cujas obras monumentais e confrontacionais redefiniram a escultura, que morreu aos 85 anos.

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Livros,

O livro reúne trabalhos produzidos ao longo da trajetória de trinta anos de carreira do artista Camille Kachani, acompanhadas de um ensaio do curador e crítico Paulo Herkenhoff. Mesclando escultura, colagem e desenho, a prática artística de Kachani investiga a transformação da natureza ao conferir novas leituras a elementos cotidianos, que perdem suas funções previamente estabelecidas ao se tornaremnovos e singulares artefatos híbridos.

CAMILLE KACHANI: O EXÍLIO COMO MOTOR DA OBRA • 200 páginas • Cobogó • R$ 160,00

Durante a pandemia, a artista Marina Perez Simão começou a pintar mares e horizontes – recriando e dando vida a tudo o que não era possível ver ou ter naquele momento. Um recorte dessa produção artística recente está compilada neste livro. São obras em cores vibrantes que, inspiradas nas paisagens do Brasil, levaram Simão a ser convidada a realizar sua primeira exposição individual em Nova York, na galeria Pace.

MARINA PEREZ SIMÃO • Aut. Diana Campbell e Osman Can Yerebakan • Cobogó • 144 páginas • R$ 140,00

O livro reúne 103 obras criadas por Cristina Canale desde 2006, além de detalhes que destacam as pinceladas com texturas das tintas, colagens de tecidos e o seu caderno de anotações, que dá muitas pistas sobre seu processo criativo. As obras são majoritariamente de faces de mulheres e a artista conta que começou a fazer esses retratos há mais de dez anos, mas que só há sete passou a mostrá-los.

CRISTINA CANALE: FACES • Nara Roesler Livros e Act. Editora • 224 páginas • R$ 100,00

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Alto Relevo
Untitled (to Barnett Newman) one, 1971. © Stephen Flavin / 2024, ProLitteris, Zurich. Foto: 2023 Stephen Flavin/Artists Rights Society (ARS).

UM DOS PIONEIROS DA ARTE MINIMALISTA, O ARTISTA AMERICANO DAN FLAVIN GANHOU FAMA NO INÍCIO DOS ANOS 1960 COM SEUS TRABALHOS FEITOS DE TUBOS FLUORESCENTES FABRICADOS INDUSTRIALMENTE

POR REDAÇÃO

Dan Flavin (1933-1996) fez história ao criar uma nova forma de arte. Suas obras feitas de luz extraíam a cor do contexto da pintura e a transpunham para o espaço tridimensional. Usando luminárias comerciais disponíveis no mercado, ele desafiava ideias convencionais sobre autoria e processos de produção na arte: sua decisão de fazer arte a partir de um objeto utilitário mundano, radical até mesmo pelos padrões atuais, causou sensação entre seus contemporâneos. As primeiras exposições das peças de luz de Flavin, em Nova York, deixaram artistas e críticos empolgados com seu purismo, a fascinação de suas “pinturas gasosas” (um termo que o próprio artista gostava de usar) e a imediatez física de sua presença luminosa.

Pink out of a corner (to Jasper Johns), 1963. © Stephen Flavin / 2024, ProLitteris, Zurich.

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Os tubos fluorescentes de Flavin evocam de fábrica, restaurantes de ou estacionamentos. O artista aproveitou esse efeito e a paleta limitada de cores predeterminadas pela tecnologia subjacente das lâmpadas e pelas escolhas dos fabricantes: azul, verde, rosa, amarelo, ultravioleta e quatro tons diferentes de branco. Ao longo de sua carreira, tubos individuais e arranjos geométricos simples evoluíram para obras arquitetônicas complexas e séries multipartes elaboradas. Flavin rejeitou insistentemente a designação “escultura” ou “pintura” para suas obras, que ele preferia caracterizar como “situações”. Em seus escritos e outras declarações, ele enfatizou ainda a qualidade factual de sua arte. No catálogo que acompanha sua primeira grande obra para uma instituição, instalada no Van Abbemuseum, em 1966, ele escreveu: “A luz elétrica é apenas mais um instrumento. Não tenho desejo de inventar fantasias mediúnicas ou sociológicas sobre ela ou além dela. (...) Faço o que posso, quando posso, com o que tenho, onde quer que esteja.”

A autolimitação intransigente de Flavin para trabalhar com um único objeto industrialmente fabricado e a qualidade serial de suas criações argumentavelmente alinham seu corpo de trabalho com a arte minimalista. Além de Flavin, Carl Andre, Donald Judd, Sol LeWitt e Robert Morris são amplamente considerados os principais protagonistas do movimento, embora cada um deles tenha mais ou menos repudiado o rótulo.

Untitled (to Don Judd, colorist) 1-5, 1987.

© Stephen Flavin / 2024, ProLitteris, Zurich.

Foto: Alessandro Zambianchi, Milano

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17 ” “
© Stephen Flavin / 2024, ProLitteris, Zurich

AS DEDICATÓRIAS

Flavin defendeu uma arte que não busca qualquer impacto psicológico ou espiritual profundo e, em vez disso, pretende ser percebida de passagem. O próprio artista negou o teor simbólico de seu trabalho e ignorou seu efeito às vezes sublime. No entanto, como muitos críticos de arte apontaram, o trabalho de Flavin ainda pode ser conectado a motivos cristãos e metafísicos, sugerindo alusões a espaços de oração e meditação ou velas votivas. Ele rejeitou tais visões com o ditado irônico“Éoqueéenãoénadaalémdisso.”

No entanto, o que é marcante é que Flavin habitualmente dedicava suas obras ao longo de sua carreira, associando-as, muitas vezes de maneira sentimental e solene,aindivíduosoueventos.Muitasdas instalações de luz fluorescente que ele produziu a partir de 1963 são dedicadas a amigos artistas como Jasper Johns, Sol LeWittouDonaldJudd.Modernistascomo Henri Matisse, Vladimir Tatlin ou Otto Freundlich também aparecem nos títulos de Flavin. Essas dedicações contrastam deliberadamente com o anonimato do material. Ao integrá-las em seus títulos, Flavin ancorava as obras não narrativas e impessoais em um contexto estético, político e social específico.

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Untitled
(to
Barnett Newman) one,
1971. Foto: © Stephen Flavin / 2024, ProLitteris, Zurich/Artists Rights Society (ARS), New York Courtesy David Zwirner.
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Untitled (to you, Heiner, with admiration and affection), 1973. © Stephen

O papel constitutivo dos títulos também é saliente quando Flavin fazia referência a eventos políticos. Algumas obras comemoram atrocidades da guerra e devem ser lidas em conexão com a franca oposição de Flavin à Guerra do Vietnã: veja, por exemplo, o

, que ele mostrou na exposição : , no Museu Judaico, Nova York, em 1966, uma das primeiras apresentações institucionais da produção do crescente movimento minimalista.

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Não menos notáveis são as peças que Flavin dedicou às pessoas com quem trabalhou. Um exemplo proeminente é dedicado ao lendário negociante de arte alemão Heiner Friedrich. Depois de imigrar para os EUA, Friedrich fundou, em 1974, a influente Fundação de Arte Dia, que apoia a instalação permanente e acessível ao público de obras de um grupo de artistas das décadas de 1960 e 1970. Tomando muitas formas diferentes, as dedicações introduzem uma dimensão emocional e destacam a teia de referências artísticas e literárias e relacionamentos pessoais que informaram o trabalho de Flavin.

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Stephen Flavin / 2024, ProLitteris, Zurich. Foto Credit: Florian Holzherr.
/
Untitled. In memory of Urs Graf, 1972 Concept
1975
Execution. © Stephen Flavin / 2024, ProLitteris, Zurich.
© Stephen Flavin / 2024, ProLitteris, Zurich.

VIDA E OBRA

Dan Flavin nasceu de pais imigrantes irlandeses, em 1933, e cresceu no Queens, Nova York. Seus pais o criaram na tradição católica irlandesa e esperavam que ele seguisse o sacerdócio. Aos 20 anos, alistouse na Força Aérea dos EUA, onde foi treinado como técnico em meteorologia aéreaeserviunaCoreiadoSul,em1954-55.

Em 1956, retornou a Nova York, matriculando-seemumasériedeprogramas de graduação, inclusive em História da Arte, na Universidade de Columbia. Durante três anos, ele ganhou a vida trabalhando como balconista de correspondência no Museu Guggenheim e como guarda no Museu de Arte Moderna e no Museu Americano de História Natural.

Autodidata, Flavin produziu muitos desenhosecopiouarte,inclusivedosVelhos Mestres. Suas primeiras pinturas a óleo, montagens e construções revelam a influência dos expressionistas abstratos e Jean Tinguely, Jasper Johns e Robert Rauschenberg. Seus estudos em história da arte russa, e especialmente do Construtivismo,foramumaimportantefonte de inspiração para seu próprio trabalho. Em 1961,Flavincomeçouatrabalharnos , objetosquadradosdemadeiraqueeleesua parceira, Sonja Severdija, pintavam e complementavam com lâmpadas comuns e fluorescentes. Em 1963, ele criou o primeiro consistindo apenas de um tubo fluorescente pronto para uso:

. Uma nova forma de arte nasceu.

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Em 1964, duas exposições em galerias de Nova York – a Kaymar Gallery e a Green Galeria — apresentaram Flavin a um público mais amplo. A partir desse momento, ele trabalhou exclusivamente com o característico tubo fluorescente cilíndrico fabricado industrialmente, que chegou ao mercado em 1938. A partir de meados da década de 1960,o interesse de Flavin mudou para a interação de seus objetos leves com a arquitetura dos respectivos espaços expositivos, e trabalhou cada vez mais em série. Ele concebeu obras que influenciaram ou restringiram os movimentos dos espectadores. As “peças de canto” produzem efeitos visuais que confundem a distinção entre objeto e espaço. Nas chamadas “peças de barreira”, Flavin criou construções expansivas demarcando zonas dentro da galeria de exposições onde os visitantes não deveriam entrar.

Na década de 1960, a arte de Flavin foi apresentada no Museu de Arte Contemporânea de Chicago (1967), na documenta, Kassel (1968), e na National Gallery of Canada, Ottawa (1969), para citar apenas algumas de suas exposições mais importantes.

Continuou trabalhando com luz fluorescente até sua morte, em 1996, sempre buscando reimaginar sua arte e variar seus efeitos.

DAN FLAVIN: DEDICATÓRIAS FEITAS DE LUZ • KUNSTMUSEUM BASEL • SUIÇA

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18/8/2024
2/3 A
Untitled (for John Heartfield) 3c, 1990. © Stephen Flavin / 2024, ProLitteris, Zurich. David Zwirner/The Estate of Dan Flavin. Courtesy David Zwirner

JO AN

Do Mundo

Mirage,1976. Performance at Anthology Film Archives, New York, NY, 1976. Foto: Babette Mangolte © Joan Jonas.

JO NAS
,

DURANTE

MAIS DE CINCO DÉCADAS, O TRABALHO MULTIDISCIPLINAR DA ARTISTA JOAN JONAS UNIU E REDEFINIU AS FRONTEIRAS ENTRE PERFORMANCE, VÍDEO, DESENHO, SOM, ESCULTURA E INSTALAÇÃO. ELAMISTURA SONS, MOVIMENTOS E IMAGENS PARA CRIAR OBJETOS MULTIFORMES, E MUITAS VEZES COMPARA SEUS MÉTODOS AOS DE UMA “BRUXA ELETRÔNICA”

“Não vejo grande diferença entre um poema, uma escultura, um filme ou uma dança. Um gesto tem para mim o mesmo peso que um desenho: desenhar, apagar, apagar, desenhar –memória apagada.”

A exposição traça a amplitude da carreira da artista americana – desde seus primeiros experimentos como uma das primeiras no cenário artístico do centro de Nova York a adotar performance e vídeo nas décadas de 1960 e 1970, até instalações recentes que refletem sobre ecologia e a paisagem.

A prática de Jonas atrai o passado para o presente, muitas vezes incorporando imagens, filmagens, cenários de performance e elementos de adereços coletados de performances anteriores em novas instalações que evoluem ao longo do tempo.

Ao fazê-lo, a artista confere a esses componentes um novo significado, ao mesmo tempo que traduz uma determinada obra de um meio para outro. Os temas e as questões que têm sustentadosuacarreirasão:aspossibilidadestécnicasdovídeo e sua relação com o ; as maneiras pelas quais a literatura, os mitos e os contos históricos podem iluminar o presente; a percepção e a alteração do espaço; os truques visuais e a ilusão de fragmentação, duplicação e reflexão; o processogeradordecolaboraçãoeanaturezacíclicadotempo. Artista decididamente contemporânea, Joan Jonas continua a produzir obras urgentes por meio de instalações multimídias imersivas que abordam as alterações climáticas e o parentesco entre espécies. “Apesar do meu interesse pela história”, disse ela, “meu trabalho sempre acontece no presente”.

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Mirror Piece I performance view, Bard College, Annandale-on-Hudson, New York, 1969. Courtesy the artist and Gladstone Gallery. © Joan Jonas.
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Mirror Piece I performance view, Bard College, Annandale-on-Hudson, New York, 1969. Courtesy the artist and Gladstone Gallery. © Joan Jonas.

PRIMEIRAS PERFORMANCES

“Para mim, a atração na performance é o prazer imediato de trabalhar para um público ao vivo. Estou totalmente concentrada”, explica Jonas. Após estudos em escultura e História da Arte nas décadas de 1950 e 1960, ela voltou seu foco para o movimento, tornando-se mais tarde uma das artistas proeminentes da arte performática. Seu trabalho nesse período inicial“bebeu” de diversas influências,que vão desde a literatura experimental até as oficinas de dança e happenings que ela se inseriu como participante ativa na rica cena artística do centro da cidade de Nova York. Inspirada por seus estudos da História da Arte, Jonas se interessou em alterar a percepção do espaço pelo público. (1968-1971) utiliza o espelho como um dispositivo de visualização, suporte e ferramenta para fragmentar o espaço e refletir sobre a identidade e a autopercepção. Em trabalhos ao ar livre, começando com (1970), a artista utilizou paisagens de cidades e praias como palco para intervenções que abordam como a distância impacta a percepção de ações e sons.

MIRROR PIECES, 1969

Em 1969, Jonas apresentou uma de suas primeiras obras ao vivo , em que os carregavam espelhos emsequências coreografadas diante de umpúblico. Os espelhos, por vezes, refletiam os espectadores, incorporando-os ao espaço da ação. A segunda iteração da performance, , introduziu espelhos mais pesados com painéis de vidro mais grossos. O peso adicional produziu coreografias mais lentas e deliberadas e um sentimento de desconforto entre os artistas e os espectadores. Juntos, esses trabalhos estabeleceriam Jonas como uma das primeiras defensoras da arte performática na virada da década de 1970.

Já em , Jonas usou um pequeno espelho de mão para inspecionar seu corpo nu na frente de uma plateia. Embora seus movimentos fossem visíveis aos espectadores, Jonas não permitiu que vissem a imagem fragmentada refletida no espelho. Como lembra a artista, “ foi inspirado pela situação do final dosanos1960e iníciodosanos1970domovimentofeminista e pelaideiade umamulherinvertendooolhare reivindicando seu corpo como seu.”

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The Juniper Tree, 1979. Performance at Whitechapel Art Gallery, London, UK, 1979. © Joan Jonas.

DELAY, DELAY, 1972

Para este trabalho, encenado à beira de um rio em Lower Manhattan, 14 artistas juntarampedaçosde madeira,desenharamformasnochãocomadereçose usaram espelhos para refratar a luz do sol enquanto o público assistia de longe. A discrepância entre essas ações visíveis e os sons que chegavamao público expressa a profundidade da paisagem. Isso foi ainda ampliado pelo uso de grandes lentes angulares e telefoto pela artista – esta última permitindo – no filme final. O atraso da música demonstra o interesse de Jonas pelo espaço e, em suas palavras, “as formas de deslocá-lo, atenuá-lo, achatá-lo, virá-lo do avesso, sempre tentando explorá-lo”.

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Delay Delay performance views, Lower West Side, New York, 1972. © Gianfranco Gorgoni © Joan Jonas.

foi apresentado em Lower Manhattan, dentro de uma grade de dez quarteirões delimitados por terrenos baldios e edifícios nivelados e com vista para a West Side Highway e o rio Hudson. Vestidos de branco, os se dispersaram pelo perímetro do espaço. Eles então se configuraram em vários arranjos e juntaram blocos de madeira em arcos dramáticos. Empoleirado em um telhado próximo, o público podia ver as coreografias à medida que aconteciam, enquanto os sons das ações da performance eram atrasados pela distância – um efeito denominado “dessincronização”. “Baseava-se na ideia de como a nossa percepção da imagem e do movimento é alterada pela distância”, lembra Jonas.

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ORGANIC HONEY E NOVAS

TECNOLOGIAS, 1972

Durante uma viagem ao Japão, em 1970, Jonas comprou uma câmera de vídeo que usaria em 1972 para seu primeiro trabalho em vídeo, . Desde então, ela continuou a incorporar tecnologia em seus trabalhos enquanto explora a relação entre vídeo e performance.“Aideiado ”, explica ela, “era a simultaneidade de um público assistindo a alguém atuar para a câmera e ver o que a câmera vê, e a discrepância entre os dois”. A personagem setornariaum recurso recorrente nos futuros vídeos e performances de Jonas. Batizado com o nome de um pote de mel e vestido com roupas de segunda mão associadas a noções convencionais de feminilidade, o alter ego permitiu à artista experimentar ideias de gênero, representação e tecnologia. A personalidade fez sua primeira aparição em um vídeo filmado na 112 Greene Street, em Nova York. Vestida com uma máscara comprada em uma loja erótica e um capacete barato, Jonas se filmou atuando como a personagem com uma coleção de adereços, incluindo um espelho, uma boneca, uma jarra de água e um quadro negro. Suas ações variam de lúdicas a um tantas ameaçadoras – a certa altura, usa uma colher de metal para atingir repetidamente seu próprio reflexo.Essetrabalhoétambémaprimeira performance de Jonas a incluir desenho ao vivo para a câmera, gesto que se repetiria ao longo da carreira da artista.

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Richard Serra, Joan Jonas posing for an unrealized poster for a performance of Organic Honey’s Visual Telepathy at LoGiudice Gallery, New York, 1972. Courtesy of the artist. © Joan Jonas. Joan Jonas at her home and studio in Cape Breton, Nova Scotia, 2022. Courtesy the artist. © Joan Jonas.

começou em 1976 como uma performance no Anthology Film Archives de Nova York, na qual Jonas explorou o movimento em relação à mudança de tamanho e formato da tela do filme. Em 1994, ela reimaginou a obra como uma instalação, incorporando elementos escultóricos, desenhos em quadro-negro e vídeos que apareceram na performance de 1976. A preocupação da artista com a transformação fica evidente nas formas repetidas da obra – como seus cones imponentes, que lembram um vulcão em erupção e podem se tornar um dispositivo de projeção de voz quando assumidos por Jonas ou pelos . Esse jogo com imagens e objetos reflete o interesse constante de Jonas pela repetição e recorrência.

NARRAÇÃO DE HISTÓRIAS E PROTAGONISTAS FEMININAS

Inspirando-se em fábulas, mitos antigos, folclore e poesia, Jonas frequentemente fragmenta e remonta fontes textuais como estrutura para vídeos, performances e instalações. A artista explica: “Eu estava muito interessada em saber como um mito ou uma história poderia informar uma imagem ou mesmo um personagem. Os fragmentos do texto se tornam parte da estrutura de toda a peça, carregando igual peso para uma imagem, um movimento ou um som.” Jonas tem se concentrado principalmente nas representações de protagonistas femininas. Ela elabora: “Eu exploro o lugar das mulheres na história como estranhas – curandeiras, bruxas, contadoras de histórias. Procuro como as histórias refletem a psicologia e o comportamentohumanosbásicos,aomesmo tempo que expõem os tabus ocultos.”

MIRAGE, 1976
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Mirage, 1976. Courtesy the artist. © Joan Jonas.

” “
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Moving off the land, 2016. Courtesy the artist. © Joan Jonas.

ADEREÇOS, ENSINO E APRENDIZAGEM, 2016

No roteiro de trabalho do vídeo (2016), são fornecidas informações sobre a maneira de Jonas envolver os textos existentes, bem como notas de ensino e colaborações em vídeo com alunos que atestam a importância de seu papel como educadora. Os adereços performáticos expostos, usados e reutilizados em muitas de suas obras desde a década de 1970, foram comprados principalmente em uma loja de antiguidades em Cape Breton, Nova Escócia, Canadá – onde a artista passava os verões anuais e cujo cenário natural despertou seu fascínio pela paisagem e pela ecologia. Para Jonas, o aprendizado vem tanto de ensinar quanto de ser aluno do mundo: “Você nunca para de aprender e tem que continuar estudando. Você só precisa continuar procurando, continuar explorando... e continuar curioso.”

ENTRE TERRA E OCEANO

Omeioambienteédeextremaimportância para Jonas, e seu trabalho, desde a década de 1960, tem o mundo natural como protagonista. Refletindo uma visão de mundo não hierárquica onde o ambiente, os animais e as pessoas estão todos interligados, suas performances e instalações dissolvem frequentemente as relações convencionais entre espécies que consideram uma forma de vida mais valiosa do que outra. Jonas também destaca a urgência das mudanças climáticas na sua colaboração com as crianças. “A razão pela qual envolvo crianças nas minhas performances é porque elas herdarão essa situação e quero que estejamfamiliarizadas com a beleza do nosso mundo natural.”

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MOVINGOFFTHELAND, 2016-2019

Expostos em diversas alturas, muitos desses desenhos de criaturas marinhas foram criados no ateliê da artista a partir de suas pesquisas sobre aquários, enquantooutrosforamfinalizadosdurante a performance (2019). Esses últimos esboços são representativos dos “desenhos corporais” de Jonas, trabalhos gerados diante de um público pressionando um grande pedaço de papel contra seu corpo e traçando seus contornos. Em um exemplo próximo, ela evoca um polvo adicionando contornos circulares de ventosas às pernas de seu desenho, transformando a figura em uma forma de vida aquática híbrida. Esses trabalhos, explica Jonas, são “diferentes do desenho no meu ateliê quando estou sozinha, onde não há testemunhas. A performance afeta o desenho.”

Instalado dentro de uma das esculturas

“caixa de teatro”, esse componente de vídeo do

apresenta imagens subaquáticas gravadas na Jamaica, juntamente com o áudio de uma conversa entre Jonas e o pescador jamaicano George Williams. No vídeo, Williams compara as práticas de pesca comercialnaJamaicacomosmétodosdos pescadores mais velhos da sua juventude, que prestavam atenção aos perigos da pesca excessiva e podiam discernir os padrões de migração dos peixes pela leitura das estrelas. Enquanto a câmera flutua entre cardumes de peixes, plantas aquáticas ondulantes e formações de corais ornamentadas, Williams oferece ao espectador um apelo de advertência: “Proteja o meio ambiente e nossa indústria pesqueira”.

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JOAN JONAS: GOOG MORNING GOOD NIGHT • THE MUSEUM OF MODERN ART • NOVA YORK • 17/3 A 6/7/2024 Ana Janevski é curadora do Departamento de Mídia e Performance no Museu de Arte ModernadeNovaYork-MoMA.
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Moving off the land II, 2016. Courtesy the artist. © Joan Jonas.

THIX

Garimpo
Espada Invertida. (Detalhe), 2024. Foto: Thiago Barros. Cortesia © Thix.
THIX

THIX VENCE O PRÊMIO GARIMPO DASARTES

2024, PELO VOTO POPULAR. SUAS PINTURAS TRAZEM ALGO NOVO PARA AQUELE UNIVERSO DA PINTURA CLÁSSICA: ABORDA

QUESTÕES DA CONTEMPORANEIDADE COMO AS PAUTAS IDENTITÁRIAS, MAS AS DESLOCANDO TEMPORALMENTE

POR LEANDRO FAZOLLA

De costas, com um vestido de babados rosa, um grande brinco dourado e uma trança presa por um laço preto, Thix vira levemente o rosto para o lado, em um clima de mistério e solenidade. O autorretrato tem ares clássicos, não apenas por aspectos formais de sua pintura como também pela austeridade impressa em sua fisionomia. Seu título, , propõe um sutil jogo de palavras. Ao mesmo tempo que pode se referir aos adornos da vestimenta, remete diretamente a uma gíria bastante comum ao universo LGBTQIAPN+. No vocabulário informal, “babado” pode significar fofoca e, mais do que isso, novidade.

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Babado 2023. Foto: Cortesia © Thix.

Quando, em 2017, Thix foi estudar pintura na Itália e, de lá, seguiu para a Espanha, deparou-secomagrandepresençadaarte clássica.Entretanto,essa presença massiva revelava também uma ausência: corpos como o seu não estavam representados nas paredes do museu. Com gênero identificadocomopessoa nãobinário,Thix optou por transferir suas (e de tantos outros) vivências para sua produção, tensionando exatamente aquela estética que parecia lhe excluir. Em sua produção, Thix insere os mais diversos corpos com recortes de gênero, raça e sexualidade, nas paredes dos museus, provocando no espectador uma sensação de estranheza, pois, ao mesmo tempo em que se depara com uma estética com a qual estamos bastante familiarizados, uma vez que, devido a tantos processos colonizadores, apinturaclássicaeuropeiaaindaéumadas principais referências no que diz respeito ao nosso contato com a História da Arte, a exclusão histórica de determinados corpos nesta representação é um dado bastante presente.

54 ” “
Ana, a tranvênus, 2022. Cortesia © Thix.
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Peito aberto, rasgado, 2022. (Detalhe) Cortesia © Thix.

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Comsua obra,Thix provoca uma espécie de revisionismo histórico. Usando o clássico termo de Walter Benjamin, parece escovar a história a contrapelo, buscando em suas frestas quem ficou de fora. As diversas lutas e enfrentamentos travados nas últimas décadas contra esse trouxeram à tona uma série de questões identitárias, expondo o quanto esse sistema é excludente. A partir desse processo histórico, as mais diversas identidades emergiram e questões como gênero e representatividade ganharam uma força jamais vista antes. Entretanto, isso não significa que esses corpos passaram a existir só agora. Nas próprias palavras de Thix, “pessoas trans e não binários existemdesde os primórdios da humanidade. Ainda que por séculos, nossa presença tenha sido apenas percebida através de códigos ou insinuações – como escavadores, procuramos aqui e ali evidências da nossa existência, brechas onde nossa humanidade pudesse ser reconhecida”.

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Nuda Veritas - A verdade nua, 2024. Cortesia © Thix. Heaven Virgin, 2022. À esquerda: Drag is punk, 2022. Cortesia © Thix.

Assim,aliandorepresentaçãoerepresentatividade, a partir de sua obra, Thix não apenas insere as identidades não normativas em um sistema hegemônico que sempre as excluiu, como também usa sua arte para fazer referência (e reverência) a figuras fundamentais que têm sido pioneiras em um verdadeiro enfrentamento ao cis-tema vigente.

Em suas telas estão nomes fundamentais das lutas políticas e da cultura LGBTQIAPN+ recente, como apioneira IsabelitadosPatins,aativista transgênero Indianara e Siqueira e o artista Rafael Bqueer, entre diversos – muito diversos – outros.

Rainha da Banda - Ode a Isabelita, 2023.

À direita: Rafael Bqueer, 2023 e O tempo fechou - Retrato de Indianarae, 2023. Cortesia © Thix.

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Jamila, 2024. Cortesia © Thix.

Ao expor esses retratos, por vezes, Thix ignora o modelo expositivo mais comumnas últimas décadas, em que cada tela tem que “respirar”, mantendo distância entre si para que o espectador as contemple isoladamente. Ao contrário, reforça, aqui também, o modelo clássico de séculos anteriores, com obras colocadas lado a lado preenchendo quase na totalidade as paredes do espaço expositivo. Assim, Thix causa um duplo processo: ao mesmo tempo em que desloca o espectador para outro tempo, remetendo a uma História da Arte que não foi, mas poderia e deveria ter sido (quem seriam as personalidades que estariam nessas paredes séculos atrás, caso não houvesse esse violento processo de apagamento histórico?), também apresenta essas personalidades juntas, em coletivo, quase em forma de protesto, como se bradassem: “Enfim, nossos corpos estão aqui, e estarão cada vez mais!”

Leandro Fazolla é ator, historiador e crítico de arte. Doutorando em Artes Cênicas. Mestre em Arte e Cultura Contemporânea, na linha de pesquisa de História, Teoria e Crítica de Arte. Diretor Geral do Instituto Cultural Cerne.

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PRÊMIO GARIMPO DASARTES PARA NOVOS ARTISTAS • REVISTA DASARTES • 10/10/2023 A 15/2/2024
14º
Olhar-se de frente, 2022. Cortesia © Thix.

DENISE MILAN, QUARTZOTEKA

POR THALES GUARACY

O trabalho da artista brasileira Denise Milan é feito sem palavras, não só pela sua matéria-prima, que é a imagem, e, dentro da imagem, em especial a criada com a pedra, como pelo fato de que sua obra nos remete a algo que não podemos alcançar pela simples razão. Ela fala de um tempo que começou quando não existíamos – nós, inventores da razão, e da palavra, como seu instrumento – e seguirá em um futuro em que provavelmente não existiremos mais. E não pode simplesmente ser expresso com palavras, descrito, explicado. Denise mostra a vida em seus bilhões de anos já vividos e com um destino interminável. E vida, para ela, é a transformação de tudo, e não apenas a vida humana, que é, talvez, uma pequena parte do processo fenomenal para o qual ela nos transporta agora com sua . Uma biblioteca sem palavras, que traz todo o conhecimento que justamente uma biblioteca não tem, agora em exposição,justamente,emuma das maiores e mais importantes biblioteca do Brasil – a Brasiliana, de Guita e José Mindlin, no câmpus da Cidade Universitária –, onde fica até 16 de maio.

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Resenhas
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Fotos: Thomas Susemihl.

São livros de cristal de quartzo, nos quais ela coloca formas que, cada uma a seu modo, representam todo o universo, ou o conhecimento que não caberia em todos os livros do mundo, mas pode ser adquirido pelo simples olhar. Há ainda pergaminhosdepedraazul,papirosdemetaldourado(queelachama,comoironia, de da terra) e outras peças que, pelas suas mãos, adquirem significado. Em silêncio, os livros da biblioteca particular de Denise narram uma história muda, naqualoprotagonista,queétodoouniverso,navegaemumatrajetóriaquenossos olhos mal captam, porque não temos tempo de ver sua transformação. A intervenção da arte na pedra cria uma linguagem possível para o entendimento de algo que não pode ser explicado com palavras, limitadoras das dimensões incalculáveis.

Comoseuacervosensorial,a nãoapenascontaahistóriadouniverso, mas reflete o próprio universo artístico de Denise, com uma linguagem que ela teve de inventar, para explicar como vê o mundo. É feita de símbolos, que representavam as combinações atômicas de tudo o que existe, material ou orgânico, seguindo as mesmas leis e organização. Trata-se da unidade em comum entre a vida humana e a pedra, com sua existência de bilhões de anos, na sua evolução invisível ao olho humano. Há, nessa essência, também para nós, uma forma de perenidade.

tem a curadoria de Luiz Armando Bagolin, professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), que proporcionou o desafio de colocar essa “biblioteca do imaginário da Terra”, como a define Denise, no mesmo lugar onde está a obra escrita dos principais pensadores e artistas brasileiros. Entrar no mundo artístico de Denise é uma epifania, que se apresenta em tudo o que ela faz,incluindo suas obras públicas,expostas emcidades que vão de Chicago a Assis, na Itália. Ela é, arrisco dizer, a mais universal das artistas brasileiras em todos os tempos – e sua obra, certamente, está entre as que vão durar.

Thales Guaracy é formado em Ciências Sociais e em Comunicação Social, com especialização em Jornalismo, pela Universidade de São Paulo (USP). Foi editor de veículos de imprensa como Veja, Exame, Forbes e O Estado de S. Paulo e editor de ficção e não ficção da Editora Saraiva. Publicou livros de reportagem, história, romances e poesia. Hoje é editor no Brasil da editora portuguesa Assírio & Alvim.

DENISE MILAN: QUARTZOTEKA

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E
BIBLIOTECA BRASILIANA GUITA
JOSÉ MINDLIN
SÃO PAULO
16/5/2024
16/3/2023 A

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, Coluna do meio

Knopp Ferro Dan Galeria São Paulo

Simões de Assis São Paulo

Sator e Senk Ricardo Ferraço, Vivian Coser e Knopp Ferro Matheus Garcia e Joao Mansur Paula Zarth, Luiz Baltar, Évlen Joice Lauer Bispo, Dante Gastaldoni e Marcia Mello Débora Oliver e Luiz Baltar Aercio Barbosa Oliveira e Luiz Baltar Diego Revollo Luis Fronterotta e Renato Tomasi Flavio Serqueira e Jean-Michel Othoniel Diego Matos e Nino Cais Ricard Akagawa, Jean-Michel Othoniel e Waldir Simões de Assis Fernanda Cajado e Flavio Cohn Jean-Michel Othoniel Marcia Mello e Luiz Baltar
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Luiz Baltar Sesc Nova Iguaçu Rio de Janeiro Fotos: Everson Verdião Fotos: Denise Andrade Fotos: Renan Otto

Whitebox

Rosewood São Paulo

Conversa

Ana Holck e Felipe Scovino

Paço Imperial

Rio de Janeiro

Luiz

Galeria

Patrícia Costa

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Jane, Pedro, Gabriel e Glória Wickbold Jorge Da Hora e Ludmila Veiga Renato Mendonça e Cláudio Nogueira Antonia Bergamin Enzo Celulari e Allan Weber Udi Lagallina e Benoit Pierrang Fotos:João Mario Nunes Marisa Abate e Marcia Barbosa Ana Holck, Felipe Scovino e Amalia Giacomini Ana Costa Ribeiro e Elizabeth Jobim Paulo Venancio Filho, Felipe Scovino e Ana Costa Ribeiro Jady Tofoli, Eduardo Caíres e Rhelden Gabriel Wickbold Mariana Ximenes Aquila
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Fotos: Midori de Lucca Fotos: Denise Andrade

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