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Editorial A poucos dias da publicação desta segunda edição, paramos tudo para participar do 13º Simpósio Internacional sobre Consciência e Autoconhecimento e qual não foi a nossa surpresa, ao ouvir o “Sim!” de Francisco Di Biasi, ao nosso pedido para uma entrevista exclusiva. Único Grand PhD da América do Sul, nosso entrevistado é médico neurocirurgião e vem se destacando no mundo pela autoria e coautoria de centenas de artigos científicos e culturais publicados no Brasil, Europa e EUA. O desafio de promover novas impressões capazes de nortear escolhas e vivências saudáveis para a integralidade do ser humano, continua sendo a tônica dos nossos diálogos. Todas as seções e conteúdos, compartilhados pelos nossos colaboradores. Nesta edição, a coluna Relações Comunitárias traz um bom exemplo de como grupos unidos com a finalidade de buscar melhorias para o coletivo podem realmente promover mudanças. O artigo explica qual caminho e o que se pode fazer enquanto Fórum de Entidades Comunitárias, para possibilitar soluções de problemas locais, seja de cunho público, de alternativas sustentáveis ou por meio de parcerias e apoios privados. Entender o homem a partir de sua relação com o meio ambiente, incluindo as condições naturais, as interações e os aspectos econômicos, psicológicos, sociais e culturais é a finalidade da Ecologia Humana. A ciência em questão, apresentada na seção Sustentabilidade, é mesmo transdisciplinar e inclui conceitos da biologia, sociologia, geografia humana e antropologia. Mas como atuar pensando globalmente sem antes conhecer a si mesmo? A Ano 1 | agosto 2018
coluna Autoconhecimento & Espiritualidade deixa uma provocação para você, leitor: Quem mora dentro de nós? Será um anjo? Um demônio? Saiba como identificar, reconhecer e lidar com as versões do “eu” para ter uma vida mais leve e harmoniosa. Leveza e harmonia na vida também são metas para os detentos atendidos pelo programa Prison SMART, que tem o objetivo de reduzir a violência no ambiente altamente estressante do presídio, utilizando técnicas de yoga, respiração e meditação com a ajuda de voluntários. A utilização de práticas de meditação para pessoas em situação de prisão pode promover a transformação social a partir do autoconhecimento, sendo uma importante ferramenta de Tecnologia Social, confira! Nas próximas páginas você vai conhecer o Coaching Sistêmico. A ferramenta incentiva pessoas a acreditarem em seus sonhos, projetos e em suas possibilidades de transformação para fazer acontecer o que desejam. Já pensou no que você quer pra sua vida? Se ainda não sabe, o artigo de Mecânica Quântica pode te ajuda a despertar. Para quem já despertou e vive consciente, não é novidade dizer que a sexualidade tem uma força importante nas relações humanas. Na seção Eroticamente, você vai descobrir como esse artifício foi construído e opera historicamente no mundo desde o século XVI. Bom, o convite continua de pé: entre e fique à vontade! A Estimuladamente é uma revista feita para todos e qualquer um que queira viver e pensar além do óbvio, com um compromisso particular com sua própria realização plena e ilimitada, buscando CONSCIÊNCIA e AUTOCONHECIMENTO. 03
Expediente Ano 01 | nº 02 | Agosto 2018 Bimestral Diretoria: Marcelo Conceição Reis Amanda Reis Argolo de Almeida Jornalismo: Lais do Nascimento Souza MTB 0005347/BA Revisão de Texto: Vania Conceição Rocha Diagramação: Cristiano Stavola Prado Rua Professor Sabino Silva, nº 179, Chame-Chame, Salvador - Bahia. CEP 40157-250 revistaestimuladamente.com.br https://issuu.com/ revistaestimuladamente Tel.: (71) 99998-2877 (71) 98629-2192 Para anunciar: revista@estimuladamente.com.br Para colaborar: jornalismo@estimuladamente.com.br *As opiniões emitidas nas matérias e artigos são de total responsabilidade de seus autores. Imagens: www.istockphoto.com/br
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Índice Toda edição Pág. 05 - Minha Onda: Um sonho de vida pode ser a vida dos sonhos - Por José Alves
Pág. 40 - Construções Sustentáveis: O tempo e a sustentabilidade da construção - Por João Dias
Pág. 06 - Sustentabilidade: Porque Ecologia Humana - Por Carla Visi
Pág. 42 - Relações Comunitárias: Fórum de Entidades Comunitárias possibilita transformações sociais - Por Vania Rocha
Pág. 08 - Capitalismo Consciente: Propósito: A base de um negócio transformador - Por Kiko Kislansky
Pág. 46 - Terceiro Setor: Organização global premia escola comunitária no bairro do Uruguai com o título de Escola Transformadora - Por Simaia Barreto
Pág. 09 - Coaching: Coaching Sistêmico: Um caminho de conquistas através do SER - Por Leda Regis
Pág. 48 - O que vamos organizar hoje: O que vamos organizar hoje? Gavetas!!! - Por Tais Reis
Pág. 10 - Tecnologias Sociais: Arte de Viver leva ações de respiração, meditação e yoga para o sistema prisional - Por Simaia Barreto
Pág. 50 - Educação: Educar para reconhecer e honrar nossas cicatrizes como parte de nossa História - Por Rosemary Ramos
Pág. 14 - Erotica...Mente: A importância das preliminares… - Por Micheli Cruz
Pág. 52 - Contos de Família: Do propósito de vida ao negócio com propósito - Por Laís Nascimento
Pág. 16 - Empresas Conscientes: Autoconhecimento: a chave do seu sucesso - Por Eduardo Almeida
Pág. 54 - Planejamento Consciente: Um caminho para mudanças sustentáveis - Por Marcelo Reis
Pág. 18 - Curiosamente: Neurociência: Uma celebração à curiosidade - Por Miguel Dourado
Pág. 55 - Sessão Registro: 13º Simpósio Internacional sobre Consciência e Autoconhecimento - Por Amanda Reis Pág. 24 - Estimuladamente Abraça: Casa de Sossego Vó Tereza Pág. 56 - Ponto de Vista: Quero falar delas - Por Laís Nascimento Pág. 26 - Mecânica Quântica: O mundo é dos despertos - Por Jean Savedra Pág. 58 - Autoconhecimento & Espiritualidade: Quem mora dentro de nós? - Por Conça Pág. 36 - Alimentação: Brotos e germinados - Por Cedraz Nancy Oliveira Pág. 60 - Minha Estimuladamente: Aprendendo a Pág. 38 - Alterne: Casa da Mãe Cultura - Por me curar de mim - Por Andrea Bispo Raimon Alves Pág. 20 - Fotos: Barqueiros - Por Patrícia Luce
Pág. 39 - Vida no trabalho: O trabalho - Por Sandra Pág. 65 - Mensagem - As três peneiras Rego
Neste exemplar Pág. 22 - Você pode mais: Estratégias para uma vida extraordinária - Por Neylon Barboza Pág. 28 - Capa: A origem da consciência - Por Amanda Reis Pág. 35 - Nós, a Estimuladamente Pág. 57 - Ponto de Vista: Quero falar delas - Por Laís Nascimento revistaestimuladamente.com.br
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Minha Onda Por: José Alves
Um sonho de vida pode ser a vida dos sonhos Nessa nova coluna da revista, teremos casos de pessoas que resolveram dar realidade a seus sonhos, que foram em busca de uma vida com significado e comandada pelo simples desejo de serem felizes. Pessoas que mudaram o rumo de suas vidas ao descobrirem que viviam uma vida sem rumo, sem propósito, buscando sempre fora algo que nunca as preenchiam por dentro. Histórias que poderão servir de inspiração, para que mais pessoas possam rever seus sonhos, acreditar que eles não são utópicos e perceberem que colocá-los em prática é só uma questão de planejamento, vontade e, acima de tudo, consciência
de que não são as condições, e sim as decisões que promovem as mudanças. Ao buscar um sentido, um caminho pra realizar seus sonhos, você começará a trilhar novos rumos e, assim, terá motivos para acordar todas as manhãs, energia para entender e administrar as adversidades e a certeza de estar em busca de algo verdadeiro e com significado. E esse caminho começa quando você acredita que seu sonho pode se tornar real, que você se sente merecedor e que vale a pena todo sacrifício para transformar um sonho de vida na vida dos sonhos.
Fotos: José Alves
José Alves. Coach Sistêmico
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Sustentabilidade Por: Carla Visi
Por que ecologia humana?
Depois de alguns obstáculos, desde a dificuldade em preencher os dados no site da Universidade até a transferência do valor em Euros pelo câmbio do banco que utilizo, fui aprovada para o Mestrado na Universidade Nova de Lisboa. Quanto mais pesquiso, viajo e falo sobre Cultura e Sustentabilidade, mais fica claro que sei muito pouco. Isso nutriu a minha persistência. E assim, só assim, o meu anteprojeto "A canção da Natureza e a Natureza da Canção" chegou à FCSH (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas) e foi aceito no Mestrado de Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos. Como? Ecologia Humana? Problemas Sociais Contemporâneos, a gente sabe muito bem o que é. Principalmente aqui no Brasil. Mas Ecologia Humana... Essa foi a reação da maioria das pessoas que recebia minha notícia diante do meu semblante eufórico que rapidamente caía na real e tentava revistaestimuladamente.com.br
explicar um mundo até então pouco conhecido. A palavra Ecologia tem origem no grego "oikos" que significa CASA e "logos" estudo. Então seria o estudo da casa, ou o estudo do lugar onde se vive. O cientista alemão Ernst Haeckel usou pela primeira vez o termo em 1866 para designar o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente. Essa ciência estuda também a distribuição e a abundância dos organismos e as condições que determinam essa distribuição. Podemos concluir que a Ecologia Humana privilegia estudar uma espécie específica que se encontra no topo da cadeia alimentar. E que por ser dotada de inteligência, também é a espécie que mais altera o ambiente em que vive. O meio ambiente ou ambiente está em constante interação evolucionária, pois nele agem fatores bióticos (fauna e flora), fatores abióticos (solo, água, ar, energia, etc) e a Cultura Humana (com seus paradigmas e valores). A criação da Ecologia Humana 06
como ciência é atribuída à Escola de Chicago que produziu entre 1915 e 1940 um vasto e variado conjunto de pesquisas sociais para investigar os fenômenos resultantes da urbanização e crescimento demográfico dessa grande metrópole. Chicago presenciou o surgimento de fenômenos sociais denominados "problemas sociais", como o crescimento da criminalidade, delinquência juvenil, aparecimento de gangues, bolsões de pobreza e desemprego e a formação de comunidades segregadas (guetos). Os estudos dos problemas sociais estimularam a elaboração de novas teorias e conceitos sociológicos, além de novos procedimentos metodológicos. Assim, elaboraram o conceito de Ecologia Humana para sustentar teoricamente os estudos de sociologia urbana, considerando a cidade como um "laboratório social". Então, a Ecologia Humana surge como um estudo científico das relações entre os homens e o meio ambiente, Ano 1 | agosto 2018
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incluindo as condições naturais, as interações e os aspectos econômicos, psicológicos, sociais e culturais. O ambiente é percebido como um ecossistema. Um ecossistema é tudo em uma área específica – o ar, o solo, a água, os organismos vivos e as estruturas físicas, incluindo as alterações provocadas pelos humanos. No entanto, mesmo fazendo parte da comunidade biológica, os estudos de ecossistemas, geralmente consideram relações entre todas as espécies e a natureza, menos as pessoas que são propositadamente deixadas fora do escopo. A ecologia humana, por outro lado, promove a ideia de que os seres humanos não devem ser excluídos como uma parte não natural de um ecossistema natural. Talvez por reconhecer que os seres humanos têm a maior influência sobre as mudanças nos ecossistemas, principalmente pós revolução industrial, este tipo de ecologia ensina que humanos são seres complexos que expressam objetivos conscientes através do mundo natural. O comportamento de uma pessoa é influenciado pelo conhecimento mais valores, crenças e objetivos conscientes. As culturas em desenvolvimento e as sociedades emergentes podem construir seus valores e objetivos em relação à natureza a partir de novos valores como solidariedade, sustentabilidade e resiliência. Nesse ponto do texto, já entendemos qual o principal objeto de estudo da Ecologia Humana, entretanto tamanha dimensão de aspectos analisados dificulta delinear a qual ciência pertencemos. Várias ciências reivindicariam propriedade sobre a ecologia humana.
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A biologia, a partir do estudo das cadeias tróficas e o ser humano, por exemplo. Já a geografia humana, com as dispersões populacionais e os estudos migratórios. A sociologia, através da pesquisa social-metabólica das comunidades humanas. A antropologia, com os estudos adaptativosculturais da raça humana. E a psicologia, através das pesquisas que relacionam o meio ambiente e o comportamento humano. Dessa maneira, chegamos à conclusão de que ecologia humana é uma ciência transdisciplinar, que toca todos esses campos e exige, para uma pesquisa séria, uma cuidadosa escolha do objeto de estudo, das metodologias e das disciplinas mais adequadas. Uma premissa básica de uma teoria ecológica humana é a da interdependência de todos os povos do mundo dos recursos do planeta. O fato é que muitos danos ambientais foram e ainda são causados, por decisões políticas e econômicas equivocadas. Todavia, a sustentabilidade ecológica do mundo depende de decisões e ações tomadas não só pelas nações, mas também por indivíduos, famílias, comunidades. E por ser uma ciência nova, a Ecologia Humana tem ainda muito a oferecer para evolução da ciência humana, contribuindo com bases teóricas para o desenvolvimento sustentável, para as novas economias (regenerativa, circular, solidária, criativa), apontando limites e perspectivas que o homem precisa ter no seu processo evolutivo na nossa casa comum.
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Capitalismo Consciente Por: Kiko Kislansky
Propósito: A base de um negócio transformador Existem, basicamente, dois tipos de empresas: as que deixam o mundo melhor quando nascem, e as que deixam o mundo melhor quando deixam de existir. As que deixam o mundo melhor quando nascem são aquelas que desejam servir ao mundo por meio da sua existência como organização. Por outro lado, existem empresas que apenas desejam extrair valor do mundo, ao invés de gerar valor para o mundo. Estas, são empresas tóxicas e muitas vezes desumanas, aonde o foco exclusivo é na geração de resultado financeiro. Mas o que aquelas empresas têm de tão especial? Definitivamente, o que todos os negócios transformadores, que deixam o mundo melhor através da sua existência, têm em comum é um forte senso de propósito. Estes negócios têm uma visão clara do mundo que desejam ajudar a construir e estão absolutamente conectados com uma razão de ser além do lucro. O propósito organizacional é a diferença que o negócio deseja fazer na humanidade por meio da sua trajetória. Empresas com propósito são criadas de dentro para fora e manifestam os valores e crenças das pessoas envolvidas no negócio. Negócios com propósito são percebidos como uma cura para alguma dor que o mundo vive. Estas empresas são verdadeiras ferramentas de transformação. A Euzaria, empresa baiana de moda consciente que tive a honra de fundar com Zé Pimenta, por exemplo, nasceu com o propósito muito bem definido: “tornar o mundo mais humano e dar esperança às pessoas.” Assim, a empresa transforma compras em atos de solidariedade – a cada peça vendida, o negócio contribui diretamente para a educação de jovens na comunidade em parceria com o Instituto Aliança. Já a Whole Foods Market, rede de supermercados americana, recém comprada pela Amazon, tem o forte propósito de “transformar a forma com que nos alimentamos”, assim, é uma das empresas que mais crescem no mundo. Outras empresas como: Insecta Shoes, Meu Móvel de Madeira, Editora Vôo, Patagonia, REI, TOMS e Warby Parker vêm dando exemplo ao redor do mundo, mostrando que é possível ser consciente dentro do sistema capitalista e ainda assim ter resultados extraordinários. Raj Sisodja, em seu livro “Empresas Humanizadas” revistaestimuladamente.com.br
evidencia através de uma extensa pesquisa, que as empresas Humanizadas têm crescimento muito mais elevado que aquelas que focam apenas no lucro. Mas como começar a empreender com propósito? Para empreender com propósito, é preciso de autoconhecimento. Muito além de entender as tendências do mercado, é preciso olhar para a essência do empreendedor, que deve se perguntar: qual é minha principal inquietação em relação ao mundo? O que eu gostaria de ajudar a mudar por meio do meu negócio? Assim, o negócio se torna uma manifestação da diferença que o empreendedor quer fazer na humanidade. O negócio se torna uma verdadeira extensão das crenças e valores das pessoas que o compõe. O propósito é a ferramenta base nesta construção. Com propósito nos afastamos dos antigos e ultrapassados paradigmas e construímos uma nova abordagem para o mundo dos negócios - que eleva a humanidade para um patamar mais consciente. Agora, imagine um mundo repleto de empresas conscientes, que não negam o lucro, mas existem por uma razão muito maior. Empresas que realmente deixam o mundo melhor através das suas ações. Esta realidade está cada vez mais próxima, e cabe a você se perguntar: neste contexto, eu serei vítima ou protagonista? 08
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Coaching Por: Leda Regis
Coaching Sistêmico: Um caminho de conquistas através do SER Sintonizado com as transformações e as disrupturas que estão cada vez mais clamando por mudanças de bases, o Coaching Sistêmico chega para compor esse campo. Uma palavra chave para que a “nova ordem” da humanidade esteja sendo instalada, é a “Ampliação de Consciência”. Através dela, podemos experimentar um novo olhar, ver o que estava encoberto, ver o que nem sabíamos que existia, e com essa nova visão, ter a inspiração e incentivo para um novo fazer. Nesse caminho, o Coaching Sistêmico propõe que além da escuta do nosso lado Humano, padronizado pelos padrões da nossa família e cultura da sociedade que vivemos, seja escutado também o nosso Ser, nossa inteligência Maior, nossa Consciência Divina, através da nossa intuição, a linguagem da Dimensão Espiritual. Na visão do Coaching Sistêmico o caminho de desenvolvimento, quer seja pessoal, profissional, organizacional e social, incentiva as pessoas a acreditarem em seus sonhos, projetos e em suas possibilidades de transformação para fazer acontecer o que desejam, a partir do reconhecimento do poder de criar e recriar do Ser Multidimensional que habita em nós. Esse caminho tem 3 pistas, que conduzem ao Propósito pessoal e ancora esse caminhar. A primeira delas é ajudar pessoas a acreditarem e acontecerem em seus sonhos, projetos e nas melhores soluções. Um pilar essencial, que implica Ano 1 | agosto 2018
transpor o grande paradigma que nos orienta a buscar solução fora e no outro, é adquirir a consciência de que a solução está dentro e em nós. O grande passo é aprender a buscar dentro de si e manifestar fora, fazendo acontecer. A segunda é empoderar o Poder Pessoal Real, inspirando as pessoas a exercitarem seus dons, talentos e competências genuínas que seu Ser expressa, e não o que a cultura vigente aponta como o melhor caminho. Além de empoderar o DNA real de cada um de nós, também nos incentiva a confiarmos na abundancia de possibilidades que a vida nos oferece. Para isso é preciso, estar aberto e ter olhos para ver, ouvidos para ouvir, pernas e braços para fazer acontecer. Um novo fazer começa a partir de um novo olhar. A terceira é transformar crenças limitantes, a forma de pensamento distorcida, que nos imobiliza e nos faz ficar na mesmice, patinando, sofrendo... sem encontrar a saída do seu próprio labirinto. E aí vem uma boa notícia, a saída está no centro do próprio labirinto; é lá que está a solução, no nosso centro, só nos esperando. E ao encontrá-la ativamos a força e o projeto para a construção da mudança Na nossa visão do Coaching Sistêmico, assim como na semente de manga já contém a mangueira, acreditamos que em nossa primeira célula já existe um Ser Inteiro e dentro desse Ser as informações estão inconscientes esperando serem despertadas, e a proposta do Coaching Sistêmico 09
é despertar os dons, talentos e competências que existem em nós, proporcionando espaços de reflexão e experimentação que permitam trazer a consciência do “quem somos em nosso DNA”. Essa visão vem sendo construída pela integração de diversas abordagens, entre elas o Grupo Operativo, Terapia Organizacional, Dinâmica Energética do Psiquismo, Colocações Sistêmicas e Pathwork®, todas elas com suas raízes embasadas na visão sistêmica. Todas essas formas de pensar nos ensinam a olhar o todo e suas relações em constante movimento e conversa. E esse todo se encontra dentro e fora de nós completamente sincronizado, mesmo sem estarmos conscientes. Por isso a “Ampliação da Consciência” tem sido o nosso convite para contribuir com uma nova forma de viver com paz e plenitude. Leda Régis é Coach, acreditada como Profesional Coach Certified pela International Coach Federation (ICF). Facilitadora da Formação em Coaching Sistêmico, programa reconhecido pela ICF, como Approved Coaching Specific Training Hours.
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Tecnologias Sociais Por: Simaia Barreto
Arte de Viver leva ações de respiração, meditação e yoga para o sistema prisional Lúcio Pinto de Oliveira, tem 27 anos, estudante de ciência da computação na Universidade Federal da Bahia, professor de yoga, licenciado pela Yoga Aliance, terapeuta Ayurveda e voluntário da organização Arte de Viver. Quem já conhece ou ouviu falar dela em Salvador? Alguns devem ter ouvido falar que é um lugar de meditação, práticas de yoga e outros podem imaginar que é uma organização religiosa. Vamos entender?
Qualquer pesquisa na internet vai apresentar Sri Sri Ravi Shankar como um líder humanitário, espiritual, então pergunto: espiritualidade e religião tem diferença? Nas palavras de Gabriel “A religião tem um papel importante na sociedade. Entretanto, a religião está normalmente atrelada à cultura; nós deveríamos ir além, ir para a espiritualidade – esse é o caminho natural da consciência. Quando você se move da religião para espiritualidade, percebe que tudo neste mundo te pertence, fazemos parte de um todo. Você não apenas
percebe que pode existir união na religião, como também ir além da religião. Sri Sri Ravi Shankar e a Arte de Viver têm como objetivo unir as pessoas de todas as religiões na espiritualidade, reforçando os valores humanos universais. No dia em que a Arte de Viver se tornar uma organização religiosa, ela não será mais a Arte de Viver.” A Arte de Viver desenvolve inúmeras ações, vamos destacar aqui uma considerada por Gabriel como uma tecnologia social. Estamos falando do PRISON SMART, uma ação, que, segundo o entrevistado, possui objetivo de
Segundo nosso entrevistado, há vinte anos, o empresário baiano José Rosalvo Peixinho que estava nos EUA a trabalho, resolveu assistir a palestra de Sri Sri Ravi Shankar, fundador da Art of Living Foundation. Após a experiência de meditação que teve durante o evento, Peixinho convidou Sri Sri para vir ao Brasil e ele aceitou. Assim, em 1998, a Arte de Viver começou seus primeiros passos em Salvador.
Fotos: Gabriel Lúcio
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Querido leitor, como visto na primeira edição, a proposta da nossa revista é apresentar abordagens inovadoras que proporcionem uma reflexão sobre nossas vidas a partir de perspectivas diferenciadas. Então, nesta edição vamos falar de amor, espiritualidade e como uma ação voltada para meditação tem sido utilizada na vida de pessoas que estão no sistema prisional em Salvador. Nosso entrevistado é Gabriel
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reduzir a violência no ambiente altamente estressante do presídio, utilizando técnicas de yoga, respiração e meditação com a ajuda de voluntários. O trabalho não demanda muito material e as técnicas milenares vêm sendo aplicadas há séculos. Por isso mesmo é considerado uma tecnologia social. Para quem não lembra, “produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social” são consideradas tecnologia Ano 1 | agosto 2018
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as pessoas para que elas aprendam a ir para dentro delas mesmas e voltar desse lugar com sua verdadeira natureza, que é o amor. Isso é a verdadeira reabilitação: trazer sua mente e seus pensamentos na direção certa.” O primeiro curso Prison SMART foi feito em Salvador em 2002, mas não houve continuidade. Só em 2015 a ideia do programa foi retomado e possui como intuito fazer com que as pessoas adquiram mais consciência. Afinal, de qual consciência Gabriel fala? “a consciência, o amor, é um só. Algo que permeia todo o universo. Somos expressões dessa consciência, portanto, no
espiritualidade oportunizou a ele uma mudança de pensamento. Desse modo, nosso entrevistado deixa claro que “a justiça entende que, quando alguém comete um erro, deve ser punido; a espiritualidade busca entender o porquê de a pessoa ter cometido esse erro (...). A Justiça foca apenas na ação do indivíduo; a espiritualidade, no processo mental (mentalidade) que o levou a praticar a ação. E a solução para ambos, para a ação e a causa da ação de alguém, é o isolamento, é a meditação. Isso é o que a prisão supostamente deveria fazer: isolar
final, somos todos iguais, uma única coisa. A ideia é trazer esse pertencimento para essas pessoas que, muitas vezes, não tiveram contato com o amor. É isso que elas descobrem no programa. Quando você ama algo, você quer proteger, cuidar, respeitar. (...) E, inevitavelmente, a sociedade é constituída desses indivíduos. Portanto, se melhores indivíduos, consequentemente, uma sociedade melhor.” Para funcionar, o PRISON SMART, conta com um termo de cooperação técnica com a Secretaria de Administração e
Ressocialização Penitenciária (SEAP – BA). Esse termo concede autorização do governo para que o trabalho seja realizado nas unidades penitenciárias. A empresa Cia do Seguro ajuda na manutenção do projeto com donativos como material de impressão, comida e transporte. E você, também pode ajudar seja com a divulgação do projeto, organização de palestras, donativos financeiros e de material, ajuda na organização do programa etc. Procure a Arte de Viver! Essa ação realizada pela Arte de Viver e o conjunto de seus voluntários é realmente uma provocação a toda sociedade
Fotos: Gabriel Lúcio
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social, como destaca Dagnino (2011). Vamos combinar que a utilização de práticas de meditação para pessoas em situação de prisão é uma metodologia que pensa a transformação social a partir do autoconhecimento. O Prison Smart nos traz uma visão diferente daquela que geralmente pensamos. Como Gabriel coloca que, honestamente, ele nunca havia se imaginado trabalhando com detentos, criminosos ou pessoas inocentes que estivessem no sistema prisional. Antes Gabriel pensava que essas pessoas eram marginalizadas e não mereciam viver em sociedade. Mas, a
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porque nos convida a pensar uma sociedade mais humana onde cuidamos uns dos outros. Percebi com o entrevistado que o ato de autoconhecimento através da meditação permite a todos uma consciência da sua individualidade e das emoções. Pergunto a vocês leitores: se a meditação pode ser utilizada na recuperação de pessoas em situação de prisão porque não a usar na prevenção da violência? Já imaginou um programa de meditação nas escolas públicas e privadas? Acho que seria interessante, e vocês o que acham? revistaestimuladamente.com.br
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Erotica... Mente Por: Micheli Cruz
A importância das preliminares... Em nossa última edição, convidei-lhes a estimular as nossas mentes quanto à sexualidade, lembra? Se você está lendo esse texto, suponho ter aceitado o desafio... Então, passemos agora a uma das fases mais importantes do processo: as preliminares! Não há como garantir prazer extremo, se o estímulo não for intenso. Então, vamos à exploração!
É importante compreender a força que a sexualidade tem nas relações humanas e como esse artifício se constrói e opera historicamente. A excitação sexual nos tira o fôlego e nos transporta para zonas extremamente delirantes. Quem tem sua sexualidade resolvida certamente já se perdeu entre fluídos, suspiros, sorrisos e lágrimas... Porém, se a experiência sexual na atitude prática hoje em dia está posta de forma mais livre e autorizada, nem sempre foi assim. Foi no século XVI que se deu o marco de investigações sobre a discursividade sexual. Porém, a Era Vitoriana (século XIX) ficou conhecida como o período em que se inauguram as interdições desse discurso. O contato da humanidade com as mais ardentes obscenidades não é marca exclusiva do tempo atual. Beijos, abraços, toques, mãos, gostos e cheiros são os elementos que se sobressaem na excitação sexual preliminar. A história do sexo na sociedade brasileira também começa como revistaestimuladamente.com.br
carícias que antecedem uma relação sexual de sucesso. Desde o fim dos anos de 1500 havia livre trânsito do assunto. Óbvio que a tecnologia nos possibilita intensos tremores e sussurros resultantes de uma excitação sexual exageradamente intensa. Hoje em dia, através da experiência de outrem ou vasto acervo de objetos, livros e filmes é possível vivenciar episódios sexuais superlativamente enlouquecedores, em arranjos variados de participação. Diferente de alguns territórios da atualidade, não se considerava pecaminoso nem indecente debater a questão. Entre adultos, jovens e crianças não havia qualquer desconforto diante de gestos, anatomias ou discursos ligados à libido. A insígnia do segredo só vem marcar o discurso sobre a sexualidade a partir da pastoral cristã, em meados do século XVII, cuja confissão se conformaria no único dispositivo autorizado para a enunciação desta natureza. Do século XVIII em diante, abrem-se importantes espaços para o tratamento do tema, apesar de certas restrições na dicção. Começa a fermentação discursiva sobre o assunto, principalmente devido ao crescimento do ritmo do sacramento da confissão, instaurado pelo Concílio de Trento durante a Contrarreforma da Igreja Católica, como alternativa para a remissão dos pecados e alcance da salvação eterna. Assim, a elevação da atmosfera de culpa e castigo ao que se refere à carne, desloca o 14
erotismo à condição de perversão. Como havia relação direta entre corpo e espírito para compor o argumento do pecado, forçava-se a construção de discursos sobre a própria sexualidade apenas em confidência consagrada como método de correção de possíveis posturas infratoras, para a manutenção da decência e da moralidade – princípios manipulados para assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica, no contexto da reação à divisão, então vivida na Europa, devido à Reforma Protestante. Com a ascensão da burguesia, no século XIX, resultado da primeira revolução industrial na Europa, surgem as primeiras manifestações de interdição ao discurso sobre as sexualidades, promovendo a migração dessas enunciações para os casais legalmente autorizados pelo signo matrimonial. Assim, desde que salvaguardados com máxima discrição, reservados à intimidade, alguns diálogos acerca do sexo eram autorizados. Nesse contexto, para os indivíduos, que optassem pela transgressão ao impedimento instituído, havia duras sanções, variando entre a exclusão do convívio social, ao rótulo de anormalidade associado a patologias, cujos internamentos em clínicas médicas especializadas seriam o único recurso para a adequação de tais sujeitos à convivência coletiva. Dessa forma, os indivíduos “rebeldes”, criam espaços reservados para tais discussões e vivências. Os meretrícios, Ano 1 | agosto 2018
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portanto, se distanciam dos circuitos da produção e do lucro, a fim de garantir a estes ciclos certa ordem e polimento necessários às transações comerciais. Aos ambientes logrados ao progresso econômico da sociedade, traçam-se, refinados métodos de inibição baseados no silêncio, que reverberam no mutismo e no apagamento que se pretende desdobrar em inexistência do tema sexual nos grupos privilegiados. Contudo, quanto maior a proibição, mais refinadas são as estratégias de subversão. O humano nunca deixa de atender ao instinto carnal, ele cria mecanismos de aproveitamento da sexualidade até seu esgotamento limite, no ápice do orgasmo. A permanência dos discursos sexuais ficava, portanto, restrita às zonas de desprestígio, que serviam de alternativa para aqueles que porventura quisessem
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experimentar momentos de contravenção. Surgem desta maneira, nichos de mercado ocupados em vender e comprar todo e qualquer produto relacionado ao sexo. Note-se que a relação entre sexualidade e consumo está nos primórdios históricos de sua existência enquanto possibilidade de interação humana. Gerir o proibido produz lucros exorbitantes. Dessa forma, a interdição não passa de uma manobra socialmente construída para multiplicar capital, vez que afronta determinadas ideias de moral, disciplina e ordem: elementos essenciais às sociedades ocidentais “respeitáveis”. Essa relação se traduz no vocabulário direcionado às vivências sexuais, em termos como: “comprar, pagar, comer, sorver, ter posse sobre, trocar, vender...”. Como se nota,
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a diversidade de discursos que amplia a visão da sexualidade para um espectro político de demarcação de vozes é marca da contemporaneidade. Em contraponto, naturalizar a discussão geraria prejuízo. Ter clareza sobre este repertório nos tira a confortável ignorância de atuar desavisadamente a serviço de uma construção discursiva que toma o exercício de poder de forma perversa, controlada e violenta. A partir de agora, não há como recuar, estamos todxs comprometidxs! Descortinar dogmas e valores morais nos desloca para a clareza. Essa não é uma posição confortável! Nem sempre as explorações realizadas nas preliminares atendem às nossas expectativas... E aí? Como foi pra você?
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Empresas Conscientes Por: Eduardo Almeida
Autoconhecimento: A chave do seu sucesso
Atuando como palestrante e consultor da área de desenvolvimento humano para mais de duzentas grandes empresas nos últimos quinze anos, sempre me deparo com a mesma questão: onde existem pessoas reunidas, existe igualmente um grande potencial para mal-entendidos e problemas de relacionamento. Como um “médico” do desenvolvimento humano, sempre me deparo com o mesmo diagnóstico:
E, por experiência própria, é muito provável que quem ouve este comentário se sinta inclinado a concordar com este fato que parece bastante óbvio. Mas, a grande verdade é que as pessoas não são, em suas essências, complicadas. Elas apenas se mostram complicadas ou difíceis pelo simples fato de não terem tido a oportunidade de desenvolver AUTOCONHECIMENTO, elemento que tem o potencial para simplificar nossa relação com a vida, pessoas e o trabalho. • “As pessoas em nossa empresa criam muitos Muito do meu trabalho nasce para ensinar pessoas problemas”; a lidarem melhor umas com as outras, sendo aptas • “Os líderes não sabem conviver entre si”; a não apenas criar menos problemas, mas sabendo • “As lideranças não sabem se comunicar com tirar o melhor deste rico relacionamento, algo que seus liderados”; sempre traz resultados realmente significativos • “Os colaboradores estão desmotivados”; quando levado a sério. • “Os clientes são difíceis”. O que é o autoconhecimento? A definição do que é autoconhecimento pode variar Por conta disso, não paro de ouvir dos muitos um pouco de escola para escola, podendo ser entendida clientes que atendo aquela velha e desgastada de maneira diferente segundo a abordagem escolhida. sentença que afirma que “as pessoas são Para a psicologia, significa o conhecimento que um complicadas”. indivíduo tem sobre si mesmo. revistaestimuladamente.com.br
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Empresas Conscientes
A prática de se conhecer melhor faz com que uma pessoa tenha controle sobre suas emoções, independentemente de serem positivas ou não, algo que está na base do conceito de Inteligência emocional. Tal controle emocional provocado pelo autoconhecimento pode evitar sentimentos de baixa autoestima, inquietude, frustração, ansiedade, instabilidade emocional, entre outros, atuando como importante exercício de bem-estar e ocasionando resoluções produtivas e conscientes acerca de seus variados problemas. Para a filosofia, o autoconhecimento vai além das emoções, permeando nosso sentido de percepção do nosso propósito existencial (chamado de relação ontológica) e da maneira como codificamos nossa relação com o meio e os seres que fazem parte de nossa própria história.
esperando que soluções simplistas e rápidas possam mudar o cenário. Porém, tentar resolver problemas associados com o baixo autoconhecimento com “palestras de motivação” é o mesmo que tentar esvaziar um grande rio com uma caneca. Sem trabalhar a causa raiz e sem mobilizar para a mudança profunda, não existe palestrante no mundo que consiga mudar o quadro, pois a mudança é uma porta que só abre por dentro. E o pior é que têm alguns destes que ganham muito dinheiro prometendo as ditas soluções fáceis! Se eles existem é unicamente porque as vezes tomar um remédio para dor de cabeça pode parecer mais fácil do que investigar por que a cabeça dói. Então como mudar esta realidade? Responder a esta pergunta será o objetivo desta série de matérias que serão publicadas em nossos encontros. Vamos, em cada um deles, promover a descoberta de mais um ponto sobre o autoconhecimento e seus impactos em nossas vidas e carreiras. Meu desejo é que o tema e a abordagem sejam divertidos e instigantes, pois é exatamente assim que a jornada para o autoconhecimento deve ser.
A metodologia Ikigai soma estas duas visões, incluindo nela o conceito que o autoconhecimento liberta o potencial realizador humano, permitindo que possamos entender quem nos tornamos, quem de fato somos e quem queremos ser, elementos que denominamos como as “três perguntas que libertam potencial”. Mas, atenção: autoconhecimento é diferente da tão popular “autoajuda”! A diferença está no nível de profundidade que o estudo real de si mesmo demanda, sendo a autoajuda muito mais centrada em fórmulas simplificadas e definitivas que prometem resultados fáceis e rápidos. Você reconhece que está em frente de uma clássica literatura ou material de autoajuda quando se depara com as famosas listinhas definitivas. Ex: 10 maneiras infalíveis para ser feliz; 11 dicas poderosas para manter seu controle emocional; e tantas outras que são tão familiares nos periódicos pelo mundo. Naturalmente, ler livros de autoajuda pode demonstrar uma propensão e desejo de se autoconhecer. Porém, sem um estudo mais profundo, fatalmente estas trazem benefícios muito mais para quem escreveu o livro do que para quem os lê, uma vez que criar listas é o caminho mais rápido para produzir best sellers. Nas empresas não é diferente. Ao contrário, é comum gestores e RH’s pedirem “palestras motivacionais” para corrigir os problemas comportamentais que são recorrentes e profundos, Ano 1 | agosto 2018
“Conhece a ti mesmo”, a famosa máxima inscrita no pronaos (pátio) do Templo de Apolo em Delfos, nunca foi tão atual e importante. E, lamentavelmente, até hoje recebeu muito menos atenção do que deveria de nossa parte. Mas agora chegou a sua vez! 17
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Curiosa... Mente Por: Miguel Dourado
Neurociência: Uma celebração à curiosidade Curiosamente, sempre que penso no cérebro humano sou tomado por uma série de questões. Por exemplo: neste momento, estou intrigado, refletindo sobre como um órgão que “muda” tão pouco de aspecto ao longo do tempo pode se transformar quase que totalmente com o passar das décadas e assumir, em função de nossas vivências, uma identidade que favorece a alegria ou o estresse. Caso você esteja lendo com atenção, deve ter percebido a aparente contradição destas primeiras linhas e começado a duvidar deste texto, questionando como é possível dizer que algo que muda pouco se transforma totalmente. Pois bem, você sabia que o seu cérebro, quando você era criança, tinha uma quantidade muito maior de ligações entre os neurônios do que tem hoje? Saber disso é fascinante, mas, vamos admitir, também é um pouco estranho, pois significa dizer que desde nosso nascimento até a fase adulta nosso cérebro mais que dobra de tamanho, mas o número de conexões era maior quando ele era menor! Então, por que existe uma diferença tão grande entre o pensamento infantil e o pensamento adulto? Por hora, posso adiantar que a mielinização e a poda sináptica estão envolvidas na explicação que, a partir do conceito de plasticidade cerebral, desfaz a contradição, mas, sem dúvida, a coisa mais importante é saber que o nosso cérebro não nasce pronto e acabado, como sugere o senso comum. Ele vai se desenvolvendo ao longo dos anos e aprendendo a ser o que é a partir de algo que podemos, neste momento, chamar de identidade cerebral. Você já ouviu falar neste tipo de identidade antes? Ela é fundamental para entendermos quem somos e mudar hábitos e comportamentos, pois nos possibilita, de certa forma, “reprogramar” nosso cérebro. Dentre outras maneiras, isto se dá através do manejo das emoções. Caso você não saiba, tudo que sentimos quando experimentamos uma emoção está diretamente ligado à proporção de certas substâncias químicas que circulam em nosso cérebro. Por conta desse delicado equilíbrio, não dá para melhorar o humor apenas olhando para o espelho e dizendo: “Cérebro, fique bem!”. Ele não sabe o que significa “bem-estar”, mas sabe o que é serotonina, comumente apelidada de revistaestimuladamente.com.br
neurotransmissor da felicidade. Então, se você quer se sentir bem, o mais correto seria ter pensamentos e vivências que disparassem a produção de serotonina em sua cabeça. A questão da identidade aqui é a seguinte: quanto mais contato você tiver com este neurotransmissor, mais sensível o cérebro tende a ficar à substância e mais fácil será sentir bem-estar. Com as técnicas certas, é possível ensinar nosso cérebro a ser como gostaríamos que ele fosse, usando o “idioma” que ele entende! Sei que fiz diversas provocações e deixei algumas perguntas sem respostas, mas o meu objetivo com este texto é convidá-lo para estabelecermos um diálogo a partir desta coluna que, bimestralmente, vai trazer informações relacionadas às Neurociências que podem ajudá-lo em sua vida profissional, assim como em sua vida pessoal. Espero ter aguçado sua curiosa-mente para nosso próximo contato! Até breve! Miguel Dourado é pedagogo, mestre em Educação, foi co-fundador do Laboratório de Epistemologia Genética FACED/UFBA. Atualmente é gestor escolar vinculada à Secretaria Municipal de Educação de Salvador, palestrante, orientador acadêmico e professor das áreas de Neurociência, Neuroeducação e Metodologia Científica. 18
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Fotos Por: Patrícia Luce
Barqueiros Nesta série, procurei registrar, partindo de uma perspectiva estética que transita entre o documental e o pop art na fotografia, a participação masculina na festa presente na figura dos barqueiros. Eles fazem o papel na festa de "mensageiros" entre as pessoas e Yemanjá, já que levam em seus barcos os presentes e/ou as pessoas que querem entregar pessoalmente seus presentes para a rainha do mar em sua morada (o 'alto-mar'). No encontro do barqueiro - que em alto-mar torna-se também o barco - com o mar (que é morada de Yemanjá) é celebrado o encontro do aspecto masculino com o feminino presente no rito de entrega dos presentes durante a festa.
Com o intuito de destacar a profunda intimidade existente entre esses homens e a rainha do mar pois são eles exímios conhecedores das marés e outras propriedades e comportamentos marinhos -, apresento esta série fotográfica. A perspectiva estética escolhida (entre o documental e o pop art) pretendeu aludir ao aspecto profano cada vez mais marcante na festa de Yemanjá no Rio Vermelho em Salvador, bem como destacar a diversidade de cores presentes nas cenas documentadas. Instagram: @patricialuce Blog: http://aguadebebercamara.blogspot.com Fotos: Patrícia Luce
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Fotos: PatrĂcia Luce
Fotos: PatrĂcia Luce
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Você pode mais Por: Neylon Barboza
Estratégias para uma vida extraordinária
Um dia um amigo querido de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, me disse num tom firme e suave ao mesmo tempo: “se a chama que arde em seu coração se apagar, as almas que estão ao seu redor morrerão de revistaestimuladamente.com.br
frio”. A frase nunca saiu da minha cabeça. Houve momentos difíceis ao longo do caminho, enfrentei noites escuras, sobrevivi. Não faltou nem a vontade extrema de desistir da “performance”. Vi diante de mim o desafio de 22
continuar ou desistir. De repente, aquela voz: “se a chama que arde em seu coração se apagar...” A conclusão você já sabe. Decidi assumir a vida do jeito que ela viesse e eu pudesse. O primeiro passo foi dado, decidi Ano 1 | agosto 2018
Você pode mais
viver. Mas o exercício da liberdade nos habilita a girar a chave ora do prazer e ora da dor. Por vezes nossas escolhas custam nossa paz, nossa alegria, nossa energia, o brilho do olhar. Lembro de minha querida mãe me dizendo: “meu filho, você ainda vai ser feliz” (doces palavras). Quando a gente se machuca muito, passa a desacreditar do futuro, imagina que determinada cena será a tônica do espetáculo inteiro. Vivemos hoje uma “sociedade do cansaço”, onde buscamos a liberdade sem limites, o que acaba por nos prender a um eu ideal inatingível que, contrastado com o nosso eu preponderante, nossa versão mais claramente nossa, causa em nós o burnout, o sobreaquecimento interior que nos queima e deprime. Haveria uma forma de recobrar o ânimo? O que poderia reacender a chama? Parece que a velha máxima: “decifra-me ou devorote” não perdeu a validade. “Conhece-te a ti mesmo!” Resolvi olhar no espelho e me ver. Tive vergonha do que vi. Havia desistido de ser eu mesmo, “vesti uma roupa que já não condizia comigo”. Tomei coragem e rasguei a roupa como quem sai do casulo para ousar o vôo. Acelerei sem medo e me projetei à frente.
O vento no rosto me devolveu o prazer de voar, os novos ares me devolveram a alegria de viver. Assim, descobri que é possível viver uma vida extraordinária a partir de duas atitudes muito simples: a gratidão e o ato de fé. A gratidão me inspira a agradecer pelo que tenho e a não reclamar pelo que não tenho. Ano 1 | agosto 2018
Muitas vezes, colocamos mais o foco no que nos falta do que naquilo que dispomos. Somos ágeis para reclamar e lentos para agradecer à vida, a quem nos ajuda de alguma maneira, a Deus, por que não? A percepção seletiva pode nos alçar ao próximo nível ou nos derrubar. Agradecendo e focando na positividade, damos mais qualidade aos nossos pensamentos, aos nossos sentimentos e, consequentemente, às nossas ações. Agradeço, mas reconheço que desejo alcançar algo mais. Aqui tem lugar a segunda atitude: o ato de fé. Creio que tenho como conquistar o que almejo. Grato pela vida do jeito que ela se apresentar, firme na confiança de que posso mudar de nível, sigo o fluxo da existência e construo o extraordinário a partir do meu olhar confiante e agradecido. “O extraordinário está dentro de você”, depende do seu olhar e da sua interpretação. Da sua leitura de mundo, emerge a simbologia, o significado para cada movimento seu. Coloquei para mim a seguinte questão: “qual é a sua?” “qual é a minha?” Afinal de contas, o que me move? Qual é a minha paixão? Qual o meu propósito? Sri Prem Baba nos fala de dois propósitos: o Karma e o Dharma. O primeiro é a lei da ação e reação, tem a ver com o cuidado que cada um deve ter consigo, o amor próprio, o cuidado com sua própria pessoa, afinal, ninguém pode dar o que não tem. O segundo propósito é o dharma, a ordem cósmica. Nada no universo existe e está somente a serviço de si mesma. 23
Tudo o que existe está a serviço do outro, a serviço da vida. Desse modo, fica evidenciado que a chama que arde em meu peito existe para acolher e aquecer os que estão à minha volta. Quando saio de mim e me coloco a serviço do outro, a serviço da vida, entro na harmonia do universo e experimento a verdadeira felicidade: ser o máximo que eu puder para servir a tantos quantos estiverem ao meu lado. Uma vida extraordinária depende da decisão de viver a vida que sonhou alinhada com o propósito cósmico. “Você deve decidir o que quer” (Tony Robbins) e exprimir o seu objetivo em termos positivos, ser o mais específico possível, ter um procedimento evidente, assumir o controle de sua vida e não depender de ninguém para realizá-lo. Robbins nos lembra que você não deve depender da mudança do outro para que você seja feliz. Certifique-se, por fim, que seu objetivo seja ecologicamente sadio e desejável. O autor de Poder sem Limites chama a atenção sobre o fato de que você tem que decidir, com critério, o que quer, porque o conhecimento do que almeja determina o que conseguirá. Seja a gratidão e a fé a sua força! Você pode mais!
Neylon Barboza é bacharel e licenciado em Filosofia, bacharel em Teologia, bacharel em Direito, radialista, apresentador do programa Café com Sofia na rede Excelsior de Comunicação, músico, cantor e compositor, palestrante motivacional, líder coach e analista de perfil comportamental. Desenvolveu o programa Você pode mais. revistaestimuladamente.com.br
Estimuladamente abraรงa
Casa de sossego Vรณ Tereza
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Estimuladamente abraรงa
Mecânica Quântica Por: Jean Savedra
O mundo é dos despertos A espiritualidade não é mais novidade para ninguém. Cada vez mais o mundo e as pessoas se vêem na busca da espiritualização como uma necessidade, até então não fundamental, infelizmente, mas providencial para todo ser pensante morador desta dimensão. A transição de um estado mental cartesiano à um novo mindset vital é lenta e gradativa. A palavra fé está abrindo novas semânticas para novas percepções no que tange ao sentido da vida. Este século vindouro promete transformações que permitirão às pessoas uma compreensão natural sobre como alcançar suas metas sem se traumatizar por consciências coletivas, familiares e culturais. O ascendente projeto “vida autêntica e feliz” parte do princípio de uma busca individual por seus próprios anseios inerentes a todo ser humano. A história ensina e ela é indelével. Cabe a mim e a todos aprendermos com ela. Um olhar analítico para o tempo passado mostra como grandes mestres da filosofia, vide Platão e Aristóteles, despertaram o mundo, porém, apenas tiveram alcance eficaz de maior contundência nesse tempo recente. Os despertos despertaram por uma aplicação aos estudos das histórias passadas que lhe permitem entender os livros bíblicos de sabedoria, outrora não assimilados por incompetência energética, e, as quais, limitam manifestações de evolução mais evidente. O ceticismo atrapalha o desenvolvimento pessoal. revistaestimuladamente.com.br
A despeito da incredulidade densa da humanidade, na qual tem obstruído a mecânica quântica esclarecida, a sede por se autoconhecer está mais eminente. A corrida pelo segredo do sucesso é hoje uma obsessão mundial, visto que, mediante suas ansiedades, abriram novos preceitos para a ciência química, bióloga e física. Os paradoxos da mecânica quântica invertem as concepções apressadas como se a vida fosse curta e finita. Aqueles que acessarem o real entendimento do ensino filosófico grego e bíblico, seguindo provérbios de Salomão e as parábolas do Cristo, estarão satisfeitos e passarão a descansar no cume do bom conceito. Em tese, dentro da física quântica, quanto mais você fica parado, mais sua vida evolui, e quanto menos você ora ou faz suas preces mais suas orações são respondidas. O paradigma mundano ensina a disputa entre semelhantes e rapidamente enreda a alma frágil em redomas competitivas religiosas ou dogmáticas. Esses seres subjulgados a tal sacrifício ainda dormem. Se o contingente torna-se essencial não se abre caminho para um avivamento despertar no mundo. Quem está disposto a receber o aprendizado? Quem quer se debruçar nos livros de despertamento? A mecânica quântica é um sentimento, não deve ser imposta ou outorgada. Sentir-se enquadrado nas leis quânticas é o verdadeiro despertar. Tudo é energia, tudo emite frequência e todo estado real materializado é manipulado por uma consciência. 26
O filme americano Matrix retrata o mundo imaginário que está dentro da subconsciência humana. Um mundo paralelo é vislumbrado formado por quantuns como feito por holografia e que tudo que há e existe passa pelo imaginário humano. Já se postula no mundo da ciência que a realidade não existe se não estivermos olhando. Basicamente se não houver um observador nada pode existir. Portanto, no nível quântico a partícula é decidida e não decisória, ou, ainda, diria que toda matéria é mensurada por aquele que o observou. Um experimento realizado na Austrália e publicado pela revista Nature Physics, chamado Escolha retardada, originalmente criado por John Wheeler em1978, confirmaram que a realidade não existe até que seja interagida por proporcionalidade e concepção humana. No experimento científico, com base em espelhamento, átomos são ejetados por raio laser em direção às fendas duplas e sob interferência de uma segunda fenda, colocada pelos estudiosos, é que houve uma decisão do comportamento do átomo, ora onda, ora partícula. Vejam só, o átomo (energia) é obediente e fiel. Em suma, a vida é feita daquilo que pensamos sobre ela. O mundo será transformado em um lugar melhor por essas pessoas que assumem seus lugares de co-criadores e líderes do seu próprio destino. “Se você não está profundamente chocado com a mecânica quântica, você ainda não a entendeu”. Niels Bohr Ano 1 | agosto 2018
Mecânica Quântica
“Se você não está profundamente chocado com a mecânica quântica, você ainda não a entendeu”.
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Capa Por: Amanda Reis
A Origem da Consciência: concedida pelo Dr. Di Biase à nossa equipe. Registramos a nossa gratidão e honra por sua disponibilidade, sua leveza e encantamento, que nos convocam a todo o instante a mergulhar nesse universo da expansão da consciência.
Fotos: Marcelo Reis
A teoria holoinformacional da consciência, trouxe vários prêmios para o professor, porque essa teoria é tão premiada no mundo dessa forma? Tudo começou com a minha preocupação de tentar explicar Quem sou eu? O que eu estou fazendo aqui? Essas perguntas filosóficas que vão surgindo na Nos últimos dias 13 e 14 do pela World Information cabeça da gente com o tempo, me mês de setembro, tivemos a Distributed University. Em fizeram começar essa busca. Eu alegria de participar do 13º sua palestra ele apresentou de comecei a ver que o paradigma Simpósio Internacional sobre forma brilhante e didática o da visão de mundo que eu Consciência e Autoconhecimento arcabouço epistemológico de havia aprendido na minha vida “Nada Ocorre”, promovido sua teoria, nos proporcionando escolar, na universidade, na pós pela Fundação Ocidemnte , um passeio pelo paradigma graduação, havia me mostrado onde apresentamos a Revista cartesiano/newtoniano, até um caminho que não me pareceu EstimuladaMente uma ferramenta o desenvolvimento da física o suficiente para tentar entender de desenvolvimento humano para quântica e suas implicações para o cérebro e o que eu sou nesse autoconhecimento e o despertar os estudos da consciência. universo. Isso me levou então, da consciência. A trajetória apresentada pelo a questionar algumas bases O evento focalizou-se na professor nos fez arrepiar! A científicas e filosóficas do meu divulgação e promoção de cada palavra dita, cada aspecto aprendizado. O aprendizado atividades científicas acerca apresentado, estávamos mais nas universidades geralmente dos temas consciência e convictos de que avançamos é baseado no paradigma autoconhecimento, a partir para a construção de uma nova cartesiano newtoniano. Que é das polifonias de renomados humanidade, ancorada no um paradigma que usa a filosofia pesquisadores mundialmente processo evolutivo da consciência. do francês Renè Descartes, de reconhecidos. Claro, que diante de todo esse uns 300 anos atrás, que separou mente, corpo e o homem do Na ocasião, dentre os frenesi, não perderíamos a universo. Descartes dizia que principais palestrantes do oportunidade de aproximar tinha sonhado com Deus e que evento, estava o Dr. Francisco o conhecimento dessa mente o mesmo lhe disse que tinha Di Biase, neurocirurgião, diferenciada, de você, querido que separar: o pensamento – o pesquisador da consciência e leitor. Sim! ele aceitou nosso espírito - o corpo. E aí criou Único Grand PhD da América convite! O que você lerá, a do Sul, título concedido seguir, é uma entrevista exclusiva aquela frase famosa: Cogito ergo revistaestimuladamente.com.br
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Capa
sum (traduzida para o português como “penso logo existo”). O que de uma forma insidiosa, sub-reptícia, foi penetrando nas universidades ocidentais, na filosofia e na cultura do mundo ocidental, e hoje persiste. Se você analisar as teses de mestrado, doutorado, você vai ver que tais estudos são todos de base materialista, no sentido de que nos separam do universo. Mostra como no nosso universo, a estrutura é quântico holográfica.
da internet, nos anos 90, quando evolui para uso público. Talvez por ser neurocirurgião, neurologista, eletroencelografista, o que me põe em contato com a ressonância computadorizada, passei a considerar que era necessário fazer uma síntese dessas observações. Assim, nasce o meu primeiro livro O homem holístico, escrito em 1995. A obra defende a associação das investigações no campo da ciência, tradição, espiritualidade, parapsicologia, paranormalidade, que antes não eram agregadas como possibilidade de análise dos fenômenos que nos circundam. Quando me interessei em ser neurocirurgião, neurologista, estava preocupado em entender o cérebro, porque achava que entendendo o cérebro, entenderia tudo. Depois de trabalhar com as técnicas cirúrgicas, comecei a entender que é como uma carpintaria, pois exige o entendimento de toda a técnica, para ter sucesso, mas que, a atividade médica por si só, não explica nada. Não vai além do materialismo. Quando publiquei esse livro, coloquei no prefácio a minha preocupação quanto à interferência da publicação em minha profissão. Mas assumi o risco e esse livro é um sucesso, está na 5ª edição. Comecei a receber pedidos para falar disso, comecei a dar aula sobre o tema na UNIPAZ, conheci o Dr. Pierre Weil, que, aliás, foi quem escreveu o prefácio do referido livro. Eu comecei a ver que havia uma tribo que era muito interessada nessa nova visão, isso me fez ter uma empolgação maior para continuar levando tudo isso adiante, o que me levou a uma grande questão com a ciência moderna, na área de neurociência, que é o problema da consciência.
Como o senhor mergulhou nessa abordagem para o desenvolvimento da sua teoria? Começou quando eu tive contato com o livro O Tao da Física de Fritjof Capra. Esse livro me impactou muito por demonstrar os paralelos que existem entre essas filosofias espirituais da história da humanidade (budismo, hinduísmo, cristianismo, zen-budismo taoísmo). Como é que tudo isso tem paralelos com a ciência moderna, a física quântica e a física relativista? E eu comecei a ver então, que eu estava olhando só para um lado das coisas, tinha um outro lado, uma sabedoria antiga, ancestral, da história da humanidade, que eu não conhecia. Utilizando a própria bibliografia dos capítulos desse livro, fui me inteirando de tudo, como se tivesse fazendo um outro doutorado na história das tradições espirituais, e isso foi muito importante, porque começou a me mostrar que muitas abordagens que a ciência moderna apresenta tem a ver com essas tradições. Em todas as áreas, principalmente, na física quântica, termodinâmica, psicologia transpessoal, neurociências, revelavam anomalias dentro do paradigma vigente, que é o cartesiano-newtoniano. Daí, comecei a estudar isso mais a fundo, fazer anotações, durante mais de 10 anos. Depois, vi que esse estudo dava para montar um livro, cuja abordagem estaria centrada em uma nova visão de mundo: o paradigma holístico - um dispositivo integrador, que articula à ciência moderna (produzida nos séculos XX e XXI) com espiritualidade, com artes, mitologia e filosofia, tanto ocidental quanto oriental, numa visão muito mais abrangente do que essa visão materialista, cientificista dos últimos 400 anos. A nossa civilização ocidental foi desenvolvida com base cartesiana, principalmente depois da revolução industrial, afirmando-se preemente a partir da revolução da informação, nos anos 1960/70, e entrou num estado anti-entrópico, de aumento de ordem cada vez mais acelerado, com o surgimento Ano 1 | agosto 2018
Então, por favor, nos explique melhor esse “problema”. A consciência foi deixada como algo um pouco a parte desde que Descartes fez a divisão. As universidades que estavam surgindo na época, no mundo ocidental ficaram com a parte das ciências, dedicando-se ao exame das exatas, humanas, técnicas. Por sua vez, a teologia e a religião ficaram com a Igreja, que entende a consciência como sendo o espírito, afastando, então, a consciência das pautas acadêmicas. Durante os últimos 300 anos, até o meio do século passado (século XX), não havia muitos registros de estudos profundos sobre a consciência. Sempre me intrigou, a dificuldade de compreender a razão pela qual os estudos acadêmicos desconsideram as bases da física quântica, para a investigação da neurociência, no 29
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Fotos: Marcelo Reis
séc XX/XXI. O que se estuda até hoje na universidade é o mesmo que há 100 anos foi descrito pelos pesquisadores, o que vem sendo estudado há anos como sendo o fundamento da neuroanatomia e neurofisiologia. Essa situação começou a mudar com as máquinas de neuroimagem que permitiam ver o cérebro funcionando (antes se estudava o cérebro morto), isso me instigou ainda mais para tentar entender a consciência. Só nos anos 80, com alguns estudos, e depois nos anos 90, com a ressonância funcional, o mapeamento cerebral computadorizado, percebi que havia algo que não se concluía e isso me inquietou. Então, questionei: será que tem alguém estudando o cérebro com base na Quântica? A coisa vem com sincronicidade, as coincidências significativas que vem na vida… Eu estava no segundo ano da pós graduação, com Dr. Paulo Niemeyer, no Rio de Janeiro e me caiu na mão uma revista, onde tinha um artigo falando do Prêmio Nobel de Medicina. Segundo a informação contida no texto, tal prêmio tinha sido dado a um médico pesquisador revistaestimuladamente.com.br
inglês, John Eccles, que se juntou com um físico, e conseguiu demonstrar que as conexões entre os neurônios, chamadas sinapses (onde são liberados neurotransmissores, relacionados ao humor), seguem os padrões de probabilidade quântica. A física quântica é probabilística, não é exata como a física relativista. A equação de Schrödinger, que mostra as probabilidades de ocorrer um evento, funciona para entender a liberação dos neurotransmissores nas sinapses, mostrando o paradoxo dessa interpretação probabilística da realidade em que a mente influencia o resultado do experimento quando medido. É um paradoxo se explicando no mundo do dia a dia. Por isso o Schrödinger inventou uma experiência mental de um gato dentro de uma caixa que tem um emissor de radiação, ao acaso. Quando a radiação é emitida, conecta-se a um detector, estimula um martelo, quebra um vidro, onde está um veneno, e aí o gato morre. Ou não morre. Segundo a teoria quântica, que dá infinitas probabilidades de ocorrer um evento, o evento só vai 30
ocorrer na hora que você observa, quando a consciência entra na jogada. Então, quando você abre a caixa, que a consciência entra na jogada, é que você vai saber se o gato está vivo ou morto. O Schrödinger movimentou o termo entrelaçamento quântico, que hoje é muito usado em computação quântica, que depende desse entrelaçamento entre várias partículas para criar uma infinidade de possibilidade de cálculos, muito maior que os computadores digitais, permitindo fazer cálculos infinitos. Quando descubro o John Eccles falando depois de ganhar o Prêmio Nobel nos anos 70, desconhecido nas universidades, então investiguei os motivos pelos quais ninguém ouvia falar dele e então descubro que a teoria dele é dualista, não é materialista. Ele explica que existe o lado físico do cérebro e conexões que ele chama de dendritos. Entre esses dendritos estão fibras muito finas que saem das pontas dos axônios, chamados de telodendros. Ele chama esse conjunto de rede de dendritos, que é o que dá os potenciais elétricos oscilatórios, detectáveis Ano 1 | agosto 2018
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no eletro encefalograma. No eletro encefalograma não se detecta a transmissão do axônio, que é a mais evidente, chamamos de “tudo ou nada”. Ele dá um disparo, depois tem um tempo que fica sem poder ser estimulado, na sequência há um outro disparo. Não é isso que aparece nos eletro encefalogramas. No eletro encefalograma detectamos ondas, que são oscilações dessas redes. Segundo o professor, esse era o lado físico, e que se conectaria com o lado da mente, que seria os psicons, ele tentou dar explicações para esses psicons, porém infelizmente faleceu antes de finalizar o trabalho. Como era um argumento dualista, não era exclusivamente físico, descartaram a pesquisa. Essa manutenção do Establishment, dos círculos de poder, das associações médicas e de especialização dos centros, valorizam o que pertence ao paradigma antigo, materialista, o que está fora disso ainda é radicalmente ignorado. Algumas vezes que eu tentei abordar tal possibilidade em congressos de neurocirurgia, tinha a maior dificuldade em apresentar o trabalho e fazer com ele fosse aceito. Para garantir a abordagem, tinha que colocar uns ganchos neurocirúrgicos, para começar a falar e depois conduzir para onde eu queria.
alguns neurônios que formam faixas horizontais, que são neurônios que não tem esses axônios prolongados, os quais permitem esses impulsos e funcionam no modo ondulatório. Nesses neurônios no modo ondulatório, a mistura das ondas, os padrões de interferência, permite a criação de um armazenamento de informações de caráter holográfico. O Dr. Pribram demonstrou isso em laboratório e ele evidenciou então, a possibilidade de que a nossa consciência, a nossa memória, está distribuída no córtex inteiro, a informação está distribuída no cérebro todo. Nós não conseguimos localizar a memória de longo prazo, a memória consolidada, em uma parte específica do cérebro. Só localizamos no cérebro a memória em curto prazo que está por dentro da lateral do cérebro, nos lobos temporais, numa estrutura chamada hipocampo, que é a primeira estrutura que começa a atrofiar na doença de Alzheimer, que perdendo a memória em curto prazo, começamos a esquecer onde estão as coisas, não reconhecer algumas pessoas, mas lembramos de coisas antigas. É essa memória de longo prazo que não localizamos em lugar nenhum do cérebro. Em cirurgias para retirada de tumores muito grandes benignos, que deixando um buraco no cérebro, percebemos que a memória em longo prazo não é afetada, os automatismos são conservados, como por exemplo, de entrar no carro e saber passar a marcha e como dirige. Só vai ser afetado se for em um local relacionado a uma função muito específica, por exemplo a área motora, que quando afetada pode gerar uma paralisia. A memória é diferente porque ela está distribuída. Eu tomei conhecimento de que existia uma teoria quântica holográfica, que explica a natureza do universo, que revela que a informação é distribuída, ou seja, que cada parte do universo, cada parte da nossa mente holográfica, contém a informação do todo. Ao ler o Umesawa, David Bohm, estudando essa história do universo ser quântico, holográfico, tive um insight. Estava estudando física quântica para entender essa mudança que estava havendo no mundo, vendo que tinham pessoas falando do cérebro reptiliano sendo mal compreendida, cheguei a um filósofo das ciências chamado David Chamelrs, que nos anos 90 começou a fazer uma crítica a essa visão de que a consciência seria isso que a gente está vendo nas nossas máquinas de neuro imagens. Então, ele falou o seguinte: existem o “easy problems” e o “hard problem”. O easy problems são substratos neurais da consciência, que são vistos nas cores das ressonâncias funcionais,
E, diante dessas questões, como o senhor inicia as conexões entre a física quântica e a neurociência para explicar a consciência? A partir dessa visão toda, de que a física quântica poderia ser aplicada, eu também entrei em contato com o Dr. Karl Pribram, neurocirurgião como eu, neurocientista, um grande pesquisador da consciência, que morreu há pouco tempo, aos 95 anos, e criou a teoria holográfica do funcionamento cerebral. Holográfica porque depende da interação da frequência de ondas, formando padrões de interferência que podem criar imagens holográficas, do tipo que se vê nos filmes, a exemplo do Guerra nas Estrelas, na cena da reunião do conselho Jedi, com um deles no centro com um aparelho de holografia, que transmitia a imagem dele em outro planeta. Hoje essa tecnologia está tão avançada que tem pessoas que fazem palestras pelo mundo holograficamente, com um sistema de holografia. A televisão do futuro será holográfica. A visão holográfica é quântica, porque a base do funcionamento é quântico. A importância do sistema holográfico é que nele a informação está distribuída, não está localizada em um ponto. A parte superior do cérebro, o córtex cerebral tem Ano 1 | agosto 2018
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tratam de como é que o cérebro está funcionando. Mas isso não é a consciência. A consciência é um “hard problem”. É fenomenológico, ou seja, não é física. Ele dá um exemplo: quando pegamos uma rosa e sentimos a textura dela, o odor da rosa, tudo isso provoca um processo interno seu, que é a sua experiência da consciência da rosa. Isso não é o que está aparecendo na máquina, ali é o substrato neural disso. Essa compreensão de que a consciência é mais fenomenológica do que fisica, deixou todo mundo inquieto. Comecei a ver que a compreensão dessa diferença decorria também do fato de que a gente olhava para o universo como algo separado de nós. Como se a nossa consciência, nosso próprio corpo, acabasse aqui e nós não tivéssemos conexão com nada. Juntei essa ideia ao insight advindo dos meus estudos de física quântica, cuja prerrogativa é de que existe um tipo de informação quântica que conecta tudo instantaneamente no universo, hoje comprovada experimentalmente. Essa descoberta separou o Einstein da Física Quântica, porque na teoria da relatividade a constante fundamental é a velocidade da luz, que são de 300mil km/s, então na visão do Eisnten não poderia existir uma informação instantânea que por exemplo conectasse um pesquisador aqui em um lado da galaxia a outro do outro lado da galaxia que tem 100 mil anos luz de distância, e que se você mudar aqui um spin (giro do elétron), o outro vai mudar no mesmo instante lá, porque eles estão sempre contrários. Einsten deu até um nome engraçado: “ação fantasmagórica a distância”. Essa informação foi trazida pela física quântica, pós Einsten, e que realmente o Einsten não acompanhou, se afastou e morreu nos anos 50 tentando criar uma teoria do campo unificado. Tudo isso só passa a fazer sentido depois dos anos 80, quando começaram a surgir experimentos comprovando que essa não localidade existe. Nos anos 90, comprovou-se tal possibilidade a partir da grande distância na Suíça, e agora a alguns meses, os chineses mandaram um laser da lua pra Terra, mostrando que existe esse entrelaçamento quântico, que é a informação não local, que conecta todas as coisas. Passei a considerar que essa informação não local dos sistemas quânticos, enquanto instantânea e que conecta tudo no universo, tem que estar conectando o processamento quântico -holografico do cérebro com a estrutura quântico holográfico da estrutura atômica do universo, senão não faria sentido. Então pensando nisso, juntei uma equações e mostrei que era possível que nós fôssemos revistaestimuladamente.com.br
conectados com o universo inteiro. E eu chamei isso de Teoria Holoinformacional da Consciência.
Por que Teoria Holoinformacional da Consciencia? Porque holoinformacional? Porque ela é ao mesmo tempo informacional quântica, instantânea, fazendo a conexão, mas também é informacional local dentro das redes neurais clássicas do cérebro. Então, essas conexões do estudo do neurônio, considerando que o ser humano tem 100 bilhões de neurônios, e cada um deles fazem aproximadamente 10 mil conexões, perfazendo uma quantidade de conexões clássicas enorme. Há esse tipo de informação que vem se estudando há 100 anos, mas existe também essa informação quântica que sai do cérebro e que depende não do interior do neurônio, mas sim dos campos eletromagnéticos em torno dos neurônios que formam um padrão de interferência de onda. É mais ou menos como funciona o piano. O piano tem oito teclas, oito martelos vão bater em oito cordas, cada corda tem um tamanho diferente que produz uma nota diferente, uma vibração sonora diferente, elas se misturam e formam uma resultante, que é a harmonia que se ouve, a música que você ouve não está no piano, ela está no campo ressonante em torno do piano. O Pribram aplicou isso no cérebro para ondas eletromagnéticas e mostrou que temos uma resultante que é distribuída pelo cérebro inteiro. Um bom exemplo é sobre essa realidade que estou vendo aqui dessa sala tem um monte de formas e cores. As formas e as cores entram como freqüência de ondas diferentes. É como se cada mirada que eu tivesse dando, em que mudam completamente as informações assimiladas, tivesse que ser calculada cada uma delas, pelos neurônios da retina. Não haveria neurônio suficiente. Então, os neurônios fazem o cálculo de Furrier, rapidamente eles captam todas as freqüências e dão uma resultante. Assim, o que é transmitido pelo nervo óptico é uma resultante que é um pulso digital que vai pras áreas posteriores do cérebro que são as áreas da divisão. Nós já fazemos isso. Em 1949, um sujeito chamado Denes Gábor deduziu que se ele fizesse o cálculo inverso da resultante, se saísse pro espaço/tempo, que é a nossa realidade do dia-a-dia, poderíamos retornar a uma visão do espaço/tempo, criando um holograma, que é um objeto tridimensional, mas virtual. Essa é a base do holograma,uma inversão do cálculo de Furrier, que ganhou um prêmio Nobel por isso. 32
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Sobre essas informações não locais, nós podemos fazer uma referência aos registros akásticos?
Todos comentaram durante o simpósio sobre sua memória, o sr. lembra os nomes de todos, as datas, como neurocientista, qual é o segredo para tanta memória?
Sim. Há uns 5 mil anos, os vedas, nos livros filosóficos espirituais dos hindus, vêm falando que quando você entra em estado de meditação profunda, você acessa o que eles chamam de arquivos ou registros akásticos, que é o registro de toda história do universo, de todo conhecimento que já existiu, e que é atraído pela meditação. Hoje com essa nossa informação computadorizada, matemática, quântico-holográfica, é possível entender que essa conexão existe na maneira de informação não local, essa informação quântica, instantânea, que conecta o teu cérebro com o todo, como nos sistemas holográficos cada parte tem a informação do todo, então o universo está dentro de mim. E isso está nas reflexões. Quando você reza o Pai Nosso, você diz “assim na Terra, como no Céu”, você está dizendo que o Pai está dentro de nós. Parecido com o que diziam os Alquimistas, na idade média: “tudo que está em cima, está embaixo”. Como na Metáfora da Rede de Indra. Por cima do castelo do Deus Indra vestia uma rede infinita de gemas preciosas, essas gemas estariam nos vértices da rede, elas eram tão polidas que cada uma refletia todas as outras ao mesmo tempo. Se você olhasse em uma das jóias, você veria todas as outras refletidas nela. Essa metáfora tem relação com um holograma em que cada uma das partes tem a informação do todo. Eu costumo dizer que essa visão quântico holográfica, metaforicamente foi descrita pela primeira vez na história da humanidade 500 a.C, pelo budismo mahayano que criou essa metáfora da Rede de Indra. Ano 1 | agosto 2018
Quando eu comecei a me interessar por essas tradições espirituais, por relacionar alguns paralelos que tinha com a ciência, percebi claramente que todas elas diziam que era preciso ter uma prática espiritual, se não você não consegue penetrar a fundo nas coisas. Então, resolvi entrar nessa e nos anos 90 aprendi meditação transcendental e tai chi chuan, e desde essa época eu pratico diariamente. Eu dou uma caminhada, pratico tai chi chuan e depois medito, com mantras. Hoje está comprovado cientificamente, quando você faz isso você aumenta sua capacidade de neuroplasticidade, que é a capacidade de formar novas redes neurais. Antigamente, até os anos 90, acreditava-se que o cérebro não se regenerava, que ao passo que a pessoa envelhecia, os neurônios iam morrendo, até a pessoa demenciar, caducar. Ficou provado que isso era balela. Hoje se reproduzem neurônios em laboratórios. E quando você estimula seu cérebro com novidades, o tempo todo você cria redes neurais novas. Ou seja, a cada 90, 120 minutos são produzidas redes neurais novas. Nossa capacidade de aprender é infinita. Hoje acompanhando pessoas que utilizam técnicas de relaxamento, como a meditação, prática de exercícios físicos, além de atividades e novidades que enriquecem o ser, constatam-se nesse indivíduos o registro de memória boa até o final da vida, evitando escleroses, doenças como Alzheimer. E mais, nessas pessoas, quando há algum evento que lesa o cérebro, como o AVC, a probabilidade de boa recuperação é muito maior. 33
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Fotos: Marcelo Reis
Fotos: Marcelo Reis Fotos: Lais Nascimento
Alimentação Por: Nancy Oliveira
Brotos e germinados são fontes potenciais e alternativas de proteínas e vitaminas
Já pensou reunir em um só prato alimentos que são econômicos, saudáveis e frescos? A alimentação com base na germinação de sementes e brotos agrega todas essas vantagens, nos possibilitando uma vida longa e cheia de saúde. Embora ainda não tenha espaço suficiente na mídia que garanta o modismo a este tipo de refeição, os chineses já praticam com regularidade a ingestão destes alimentos desde o ano 3000.a.C., promovendo, inclusive, curas. Quem faz a escolha não se arrepende. Dentre os benefícios da alimentação viva, como também é conhecida esta prática, é possível eliminar compostos inibidores de enzimas; aumentar o número de enzimas digestivas e de lignanas, que são compostos fitoquímicos similares ao estrogênio, com propriedades anticancerígenas, principalmente em relação ao câncer de mama e cólon; além de melhorar a qualidade do sono e a pressão arterial, entre outras propriedades. revistaestimuladamente.com.br
Proteínas, vitaminas A, dos complexos B, C, D e E, enzimas, ferro, potássio, magnésio, cálcio, fósforo, microelementos como zinco e cromo, aminoácidos, e ácidos graxos essenciais, enfim, todas essas substâncias estão contidas no prato de quem é adepto do crudivorismo - outra definição para a opção. Quando as sementes germinam, uma incrível quantidade de energia vital é liberada e o consumidor passa a ter acesso a uma grande fonte de nutrientes. Saber aproveitar o incomparável poder nutricional e a energia viva dos brotos colocará você no caminho certo para uma vida longa e cheia de saúde. Os pães produzidos pelos essênios têm se popularizado pela ausência de farinha branca e fermento no seu preparo. Os pães são feitos com grãos germinados, tonando-se ideais para o consumo, pois são naturalmente doces, justamente porque quando o trigo ou outro grão é germinado, o amido dos grãos 36
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Alimentação
Receita Almôndegas sem carne
se transforma em açúcares. Tanto durante o período da Primeira Guerra Mundial, quanto em uma grave crise de escassez de alimentos na Índia, na década de 1940, e ainda na Segunda Guerra, os brotos e sementes foram importantes fontes alternativas de proteínas e vitaminas, capazes de nutrir batalhões. Dominar a arte da germinação de sementes e o cultivo caseiro de germinados e brotos é o segredo da pratica da Culinária Viva cotidiana. Inicialmente germinar sementes pode parecer uma atividade complicada, mas, com o tempo, esta se incorpora à rotina e a duração da tarefa se torna irrelevante. Acredite: é mais simples do que parece! Concluo que ao incluir os germinados e brotos no nosso dia a dia iremos perceber a mudança tanto no corpo físico quanto no emocional e espiritual. Convido você, caro leitor, a fazer uma experiência de uma semana incluindo germinados e brotos nas saladas e suco verde e depois escrever para a Estimuladamente contando sua experiência. A receitinha de hoje é com uma semente que encontra fácil em lojas de produtos naturais, além de ser barata. A semente de girassol contém as vitaminas: complexo B, D, E; Minerais: cálcio, ferro, fósforo, potássio, magnésio. Contém ácidos graxos instaurados, entre eles, o ômega 6.
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Ingredientes • 1/4 de xícara(chá) de sementes de girassol inteiras • 2 colheres de sopa de azeite de oliva • 2 colheres de sopa de vinagre de maçã • 1 colher de chá de molho tamari sem trigo • 1/3 de xícara chá de cenoura ralada • 1/4 de xícara chá de salsinha picada • 1/2 colher (chá) de sal marinho • 1/2 colher (chá) pimenta do reino moída • 6 colheres (sopa) de sementes de girassol moída • Pode usar cebola e alho. (não uso nas minhas receitas). Preparo Deixe as sementes de girassol inteiras de molho por 8 horas. Escorra e descarte a água da demolha. No processador, misture as sementes de girassol hidratadas, óleo, o vinagre e o molho tamari até obter uma pasta. Reserve. Rale a cenoura. Em um bowl coloque a pasta de girassol e os demais ingredientes, e misture até ficar uniforme. Faça pequenas almôndegas. Espalhe as almôndegas em uma grelha e desidrate a 40 °C. Por 12 horas. (Quem não tem desidratador pode colocar no forno na temperatura baixa).
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Por: Raimon Alves
Casa da Mãe Cultura No bairro do Rio Vermelho em Salvador/Ba, a casa é da mãe, da mãe Iemanjá que fica vigilante da sua morada, protegendo a todos que circulam pelo bairro e, especialmente, na Casa da Mãe Cultura. Bar, restaurante e casa de cultura, oferta shows musicais da melhor qualidade. A casa é da mãe Stella Maris, cantora, vencedora do conceituado Troféu Caymmi, hoje Chef de Gastronomia, conhecida internacionalmente. Os pratos oferecidos atendem uma demanda de um público que confirma sua excelência. A famosa maniçoba é um dos pratos mais pedidos, uma especialidade que Stella traz da sua morada ancestral: a cidade de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano. A própria Stella cuida de cada detalhe do ambiente. Elegantemente homenageada nas paredes, Iemanjá, sua mãe de cabeça - numa referência ao culto dos orixás, garante ainda uma simbologia do acolhimento e bom trato, tão calorosos e próprios de mãe. A casa acolhe diversos artistas locais renomados e o público atende ao chamado, lotando sempre o local. Nomes como Carlos Barros, Sandra Simões, Lia Chaves, Márcia Short, Cilene Tinaut, Pedro de Rosa Morais, Roberto Mendes encantam as pessoas e fazem do recinto uma casa singular. Toda noite temos um ritmo musical sendo contemplado. Na segunda-feira, rola o Jazz, com a conhecida ‘Segundas de Jazz’, com grandes nomes. A terça-feira é o dia de maior diversificação do local, quando artistas amadores e profissionais circulam livremente, revistaestimuladamente.com.br
a partir das 22h, pois o microfone é aberto, no ‘Sarau Arte Cultura’, que costuma varar até a próxima alvorada. Na quarta, tem Blues de alta qualidade, alternado com o Chorinho. Quinta-feira é dia de ‘Casa do Balanço’, que com muito samba e dança, reúne personalidades como Clécia Queiroz e Jonga Lima que fazem um carnaval ou melhor, o bom samba. E assim segue a mãe em dias luminosos de arte e cultura. A casa é conhecida por turistas do Brasil e do Mundo, já tendo sido recomendada por revistas como a Veja Brasil, ressaltando a boa gastronomia, cerveja gelada e suas atrações musicais. Um grande apoiador do local e amigo escudeiro de Stella é o fotógrafo e produtor Ed Ferrer, que sempre contribuiu e contribui com projetos artísticos e belas imagens, vindas de seu olhar sensível. Stella retomou sua agenda de shows neste semestre, e em grande estilo, a cantora de voz afinada e linda, lançou a composição Dona Fia de Roque Ferreira, com produção de Roberto Mendes, seu conterrâneo, com a participação de outros músicos santoamarenses. Durante a apresentação foram exibidas imagens de Viva Varjão, em plena feira da sua cidade natal: Santo Amaro. Chegue mais e venha pra Casa que ela vai ser sua mãe em alegria, bem-estar e diversão! Onde fica a Casa da Mãe: Rua Guedes Cabral 81, Rio Vermelho, Salvador-Bahia. Tel: (71) 99926-2101 38
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Vida no trabalho Por: Sandra Rêgo
O trabalho
É com muita alegria que iniciamos nesta edição a coluna Vida no trabalho. A proposta é refletirmos sobre este universo que tanto nos inquieta. Por que existem pessoas que trabalham que nem sentem o tempo passar e outras que não querem que o domingo termine para não terem que trabalhar na segunda-feira? Mas, o que é trabalho? Na Filosofia, o trabalho tem concepções simples. Para Aristóteles, por exemplo, o trabalho fazia com que os homens se tornassem independentes. Na Economia, em linhas gerais, o conceito de trabalho consiste no esforço humano que tem como objetivo satisfazer as necessidades de uma pessoa ou de um grupo. Dessa forma, o trabalho faz parte de um binômio muito utilizado até hoje – capital e trabalho, onde um indivíduo realiza um conjunto de atividades e recebe um salário por isso, ou seja, o trabalho tem um preço. Na Administração, o trabalho é visto como um conjunto de atividades realizadas, é o esforço feito por indivíduos com o objetivo de atingir uma meta. O trabalho também possibilita ao homem concretizar seus sonhos, atingir seus objetivos de vida. O trabalho propicia que o indivíduo demonstre atitudes e desenvolva habilidades, e é com o trabalho que ele também pode aperfeiçoá-las. Na Sociologia, o estudo sobre o tema perpassa pelas transformações nas relações de trabalho, na luta de classes, na vida do trabalhador e nas relações sociais compreendidas nesse universo, principalmente
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quando se discute a alienação do trabalhador em relação à sua atividade. Na Psicologia, o trabalho é considerado como uma das formas de expressão do homem, é a manifestação de algo interno que se apresenta na concretização do esforço despendido, expondo crenças, atitudes e valores. De acordo com Walderley Codo, o trabalho é o ato de depositar significado humano à natureza. Ao produzir, o homem transforma a natureza e é por ela transformado. Seu produto o representa e o reapresenta. Mas por que, como, para quê e para quem trabalhamos? Você tem respostas para todas essas perguntas? Não se limite às respostas simplistas, como: trabalho para sustentar minha família, para ter uma vida confortável, trabalho para o dono da empresa etc. Pare, reflita e defina: qual o significado que o trabalho tem para você? Faz sentido? É certo que o trabalho pode ser fonte de prazer ou sofrimento. Qual dessas lentes você usa? Se o trabalho é fonte de prazer, aprendemos com a convivência com outras pessoas, com as diferenças, fortalecemos a nossa autoestima, a satisfação pessoal e nos sentimos realizados profissionalmente. Mas, se a lente é a do sofrimento, o caminho, muitas vezes, é o do adoecimento. Vamos falar mais sobre isso? Acompanhe a nossa coluna na próxima edição. Sandra Rêgo - Psicóloga, Coach, Professora e Sócia da Sandra Rêgo HumanChange.
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Construções Sustentáveis Por: João Dias
O tempo e a sustentabilidade da construção Tic, tac, tic, tac…a cada segundo, a quantidade de seres humanos aumenta, gerando demandas de recursos naturais para suprir suas carências, das quais se destaca a habitação que, por ser um problema que integra em simultâneo as questões sociais, ambientais e econômicas, é alvo de preocupação de entidades públicas e de empresas de construção. A indústria da construção civil gera grande impacto sobre o planeta, através do emprego de matérias-primas não renováveis, emissões de gases poluentes para a atmosfera, consumo de água doce e produção de resíduos sólidos. O consumo de energia pelos sistemas de climatização é um dos resultados
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diretos das decisões tomadas durante a fase de concepção da edificação. Tic, tac, tic, tac… o tempo passa e urge a necessidade de mudanças na construção civil. São necessárias estratégias que incluam materiais de construção provenientes de fontes renováveis e que dispensem o consumo de água doce, além de possuírem uma cadeia produtiva caracterizada por baixas emissões de gases poluentes. A escolha por materiais com ciclo de vida prolongado, com possibilidade de reutilização, reciclagem ou reúso também são fatores determinantes que deverão ser considerados. É também necessário incorporar as filosofias de Construção
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Enxuta e Produção Mais Limpa. A Construção Enxuta é a produção estritamente necessária em um ritmo imposto pela demanda, com a menor quantidade de recursos possíveis, sem gerar desperdícios (mão-de-obra, materiais ou tempo), atribuindo relevância ao planejamento. A Produção Mais Limpa é a melhoria contínua de processos e de produtos de forma a aumentar sua eficiência, priorizando a não geração de resíduos ao invés da sua reciclagem ou minimização. Tic, tac, tic, tac… há algum tempo que o ser humano encontrou uma opção válida para este problema: a madeira. É um dos materiais de construção mais antigos, sendo prova disso
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Construções Sustentáveis
os templos budistas dos séculos VII e VIII no Japão e na China... não é por acaso. Considerando sua resistência à corrosão atmosférica, durabilidade natural de cada espécie e os tratamentos preservativos disponíveis, é possível ter construções duráveis. Este material apresenta excelente relação peso próprio/resistência mecânica. Sua condução de calor é baixa e, atendendo ao fato do carvão possuir bom isolamento térmico, faz com que a madeira tenha excelente desempenho estrutural em situação de incêndio, conservando suas propriedades mecânicas durante mais tempo. Além disso, é fácil encontrar madeira e, no caso de espécies de reflorestamento, pode ser considerada uma matériaprima renovável, reduzindo a pressão sobre as matas nativas. A madeira pode ser facilmente Ano 1 | agosto 2018
trabalhada e sua composição química é resultado da absorção do carbono proveniente da atmosfera. Por outro lado, sua cadeia produtiva apresenta baixas emissões para a atmosfera. Geralmente, o grau de industrialização das construções com madeira é mais elevado, possibilitando canteiros de obras com área reduzida, conferindo rapidez de execução em obras com padrões repetitivos. Estas construções dispensam a necessidade de água, sendo os resíduos gerados passíveis de destinação para outras finalidades (por ex: palletes; painéis de madeira de OSB e MDF). Edificações de madeira podem ser desmontadas e reerguidas em locais diferentes, sendo possível encontrar empresas deste ramo nas regiões sul e sudeste do Brasil. Tic, tac, tic, tac… o tempo 41
está se esgotando e são necessárias mudanças. Já existe conhecimento devidamente consolidado que permite afirmar que a madeira é uma opção válida como material de construção para revestimentos, paredes, ornamentos e estruturas de edificações. Diversos países do hemisfério norte consideram a madeira como o material de construção do futuro. No Brasil, é fundamental investir na formação de engenheiros e arquitetos, autoridades públicas, fornecedores e produtores de madeira e, além disso, na educação das pessoas… para que o tic, tac, tic, tac nunca acabe. João Miguel Dias é Mestre em Engenharia Ambiental Urbana pela Universidade Federal da Bahia. Engenheiro Civil com especialização em Construções pela Universidade de Coimbra. revistaestimuladamente.com.br
Relações comunitárias Por: Vania Rocha
Fórum de Entidades Comunitárias possibilita transformações sociais Olá caros leitores da EstimuladaMente, bom estarmos juntos de novo! Nesta edição convido-os a conhecer um destes caminhos e possibilidades de, em conjunto com nossos pares e unidos pela relação e senso de comunidade, fazermos a diferença através de ações e ferramentas sociocomunitárias. Vamos lá? Sabemos que no mundo em que vivemos cada vez mais as relações vêm sendo vistas a partir do prisma da competição, individualismo e individualidade, valores materiais, alienação do consumo, sobreposição do mais forte sobre o mais fraco, superposição do mais rico sobre o mais pobre etc. Angustiante eu sei, mas nem tudo está perdido, pois por outro lado também temos visto relações de solidariedade, de sustentabilidade social, comunitárias, de união cooperativa, de associação entre os grupos. Esqueçamos, portanto, a parte negativa e foquemos nestes processos de ver o mundo e pensar as possibilidades partindo do princípio da cooperação, solidariedade, união, associação.
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É exatamente deste espaço que buscaremos compreender o tema deste nosso bate papo: Fórum de Entidades Comunitárias – FEC - ou fórum de Entidades Sociais Comunitárias - FESC. É primaz começarmos relembrando que a relação comunitária se dá na relação indivíduo-grupo e comunidade-sociedade . Na perspectiva de comunidade-sociedade podemos presenciar as lutas e ações empreendidas entre os diferentes grupos formados pelos diversos sujeitos que, enquanto “corpo” de ação, se unem para buscar melhorias, alternativas, ferramentas, parceiros, que possibilitem mudanças quanto às dificuldades enfrentadas cotidianamente pela comunidade. A estes grupos, unidos com a finalidade de buscar melhorias para o coletivo, damos o nome de Entidades Comunitárias (associações, cooperativas, comunidades de classe, centros comunitários etc). Uma vez que estes grupos entendem que unidos entre si eles têm mais forças para buscar melhorias para sua comunidade, modificando as tristes realidades e mudando o contexto de forma significativa, trazendo o bem viver para os membros da comunidade, eles podem e devem formar o Fórum de Entidades Comunitárias - FEC - ou Fórum de Entidades Sociais Comunitárias - FESC. E por quê? Simples, porque o FEC/FESC consiste no espaço em que as entidades da comunidade se unem para buscar soluções para os problemas locais, seja de cunho público, seja de alternativas sustentáveis, seja de parcerias e apoios privados. A finalidade ao buscar os setores e órgãos do poder público, tanto na esfera municipal, estadual quanto na federal, é fazer valer seus direitos constitucionais, isto é, garantir que direitos de acesso a serviços básicos de obrigação dos governos sejam garantidos, como por exemplo, educação pública universal de qualidade, saneamento básico, saúde, segurança pública etc. As alternativas sustentáveis podem acontecer a partir de modelos e experiências exitosas de tecnologias experimentadas por outras comunidades, como também por meio da criação de alternativas viáveis para aumentar a qualidade de vida pelos membros da comunidade. 42
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Relações Comunitárias
Já as parcerias e apoios de instituições do setor privado, precisam ser buscadas sob o prisma da “via de duas mãos”, ou seja, precisam se dar no campo das relações em que ambos se beneficiem, seja a partir de produtos e serviços, seja a partir de mão de obra. Mas, não nos esqueçamos que algumas empresas já trazem em seu Planejamento Estratégico ações voltadas para a assistência à sociedade em troca de compensação fiscal e/ou tributária ou porque são empresas que têm obrigação sobre a comunidade de seu entorno devidos aos impactos socioambientais que sua atividade causa, tendo, portanto, a obrigação da Responsabilidade Social. Tais ações são discutidas e priorizadas pelos diversos entes da comunidade que compõem o FEC, cujo espaço deve ter como característica a participação democrática, num espaço aberto de formulação das propostas e reflexão das necessidades da comunidade. Assim, as propostas advindas das decisões dos representantes do FEC precisam ser decididas no Fórum, porém apresentada e acatada pela comunidade em questão. Deve beneficiar o coletivo, ainda que cada qual a seu momento, mas nunca um grupo específico. Tampouco o FEC pode ter cunho partidário, confessional, governamental e de classe. Logo, deve se constituir em espaço diversificado e plural (considerando a diversidade étnica, cultural,
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geracional, de crença, de gênero etc) e abranger todas as entidades engajadas nos diferentes movimentos da comunidade que tenham interesse de agregar e trabalhar em ações concretas em prol do bem comum. Em suma, o Fórum de Entidades Sociais precisa ser pensado, construído e consolidado enquanto ferramenta eficaz, mas acima de tudo como alternativa viável na busca por melhorias, de forma: • participativa entre as entidades representativas e a população em geral; democrática, atendendo diferentes demandas dos diversos setores e entes; • igualitária e solidária de modo a contemplar os mais diversos sujeitos (homens, mulheres, crianças, jovens, adultos, anciãos, etnias, religiões, condições físicas etc); • articuladora, de modo a fortalecer as relações econômicas e estruturais e • resistente e resiliente, lutando pela igualdade e equidade de direitos, reivindicando suas garantias constitucionalizadas, mas sem se desumanizar, logo, de forma não violenta. Como se vê os FESCs precisam se ancorar na perspectiva humanizadora de garantir de fato o desenvolvimento do ser-humano-humanizado através das instâncias que nos cercam.
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Terceiro Setor Por: Simaia Barreto
Organização global premia escola comunitária no bairro do Uruguai com o título de Escola Transformadora
Você sabia que Salvador abriga a única escola comunitária considerada transformadora no mundo? Na nossa seção sobre terceiro setor vamos apresentar o trabalho da Escola Comunitária e transformadora Luiza Mahin, que fica no bairro do Uruguai e nasceu da iniciativa da Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia. Nossas entrevistadas para a matéria foram Luciene do Nascimento Trindade, Valmira Ribeiro e Jandayra Neuza Bonfim, são todas coordenadoras na escola. Você que acha que transformadora é só um adjetivo, fique por dentro e entenda melhor com essa matéria! Primeira pergunta, todo mundo sabe o que é uma escola comunitária? Nossas entrevistadas dão uma aula sobre o tema. Segundo elas, no final da década de 70 três situações contribuíram revistaestimuladamente.com.br
para o surgimento das escolas comunitárias, sendo elas: a carência de estrutura física das escolas públicas, as poucas vagas e a falta de segurança. “Para as crianças que viviam nos bairros mais populares, a quantidade de vagas era insuficiente, além de não ter nenhum tipo de segurança quanto à vida escolar social e pedagógica do aluno. Por estes motivos, em algumas associações de bairro surge a ideia de fazer uma “escolinha de associação”, mantida por ela e gratuita. Esta foi a primeira situação que levou à organização de escolas comunitárias nos bairros populares. Mais tarde, passou, então, a ser reconhecida como “escola comunitária.” Não foi diferente com a Escola Comunitária Luiza Mahin, pois ela surgiu da ideia de moradores, que, reunidos numa associação, decidiram direcionar o seu 46
trabalho para a Saúde e Educação, fundando-a em 09 de março de 1990 com o objetivo de atender crianças de 0 a 06 anos, filhos de trabalhadores que não eram contemplados pelo ensino público da comunidade. A atividade da escola começou a ser desenvolvida num espaço ocupado pelos moradores onde, anteriormente, funcionava a AMESA – Alagados e Melhoramentos S.A., com finalidade de promover a elaboração do plano de melhoramento dos Alagados - o que a tornava inadequada e sem mobiliário necessário. Alunos e educadores sentavam-se no chão, escreviam em jornal e em papel contínuo usados, que eram doados pelos próprios moradores. Ao longo da história a escola cresceu, realizou parcerias, ampliou-se, mas ainda há muito por fazer. Atualmente, a escola funciona nos turnos matutino e vespertino, atendendo 300 alunos no ano letivo de 2018, nos segmentos da creche ao 2º ano do ensino fundamental e é mantida pela Associação de Moradores que facilita a parceria com diversas instituições, dentro dessas parcerias tem-se: parceria com a José Silveira na área de saúde e com diversas organizações para formação social. A Escola Comunitária Luiza Mahin, traz um recorte diferenciado no município de Salvador que abriga a maior população negra do Brasil. A metodologia da escola valoriza Ano 1 | agosto 2018
Terceiro Setor
a cultura afro-brasileira e a ancestralidade. Dessa forma, a escola consegue desenvolver em cada criança o sentimento de pertencimento ao território, garantir o desejo de não querer habitar outro local e, assim, transformar o local em que ela está naquele local que foi construído por seus avós. Alguém sabe quem foi Luiza Mahin? Ela foi uma escrava que, na época da escravidão, vendia quitutes para comprar a liberdade dos escravos. A escola realiza esse resgate de referência às heroínas e heróis negros e negras que não conhecemos. Mas, por que a palavra transformadora é tão central para essa escola? Existe no mundo o programa Escolas Transformadora que é uma iniciativa da Ashoka, organização global que reúne várias experiências de diversos lugares. Essa organização, segundo seu site, “acredita que todos podem ser transformadores da sociedade. Assim, a escola é vista como espaço capaz de formar sujeitos com senso de responsabilidade pelo mundo”. Para quem não sabe a iniciativa teve início nos EUA, em 2009, e hoje se encontra em 34 países. A rede global conta com 280 escolas, sendo 21 brasileiras e duas baianas. A Escola Rural Dendê da Serra, que fica em Uruçuca, e a Escola Comunitária Luiza Mahin. Nas palavras das entrevistadas o papel da escola transformadora Luiza Mahin “é ser uma escola diferente, mais adequada às necessidades e à valorização da cultura das camadas populares, em especial, da comunidade do bairro Uruguai. Fazer parte da Rede de Escolas Transformadoras nos proporciona e amplia os nossos objetivos que é buscar dialeticamente a função de uma agência educacional formadora de cidadãos produtores de conhecimento que, certamente, exercerão um papel fundamental na sociedade futura.” Todas acreditam que “não existe local transformado se as pessoas não estiverem transformadas.” Numa escola comunitária a gestão também possui uma perspectiva diferenciada, nossas entrevistadas apontam que o princípio praticado é o da gestão compartilhada em que todos os agentes são partes importantes na tomada de decisões. Alguns dos desafios para 2018, as entrevistadas apontam: a sustentabilidade econômica da nossa instituição; a integração da Proposta da Escola com a realidade da comunidade; estimular a formação permanente dos professores. Quer fazer parte? Ajudar ou contribuir com essa história incrível de educação? A escola recebe Ano 1 | agosto 2018
voluntários das mais diversas áreas e de vários países. A contribuição pode ser nas oficinas, palestras e seminários promovidos pela organização, mas também com melhorias na estrutura física, ou contribuição financeira para compra de alimentação, material didático, etc.
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Escola Comunitária Luiza Mahin End.: Conjunto Santa Luzia, Q 05 Nº. 18 – Uruguai, Salvador - BA CNPJ: 32.700.502/0001-11 71 3314-2148 | luizamahin@gmail.com http://luizamahin.sites.uol.com.br Utilidade Pública Federal Decreto Nº 50.517/61 Utilidade Pública Municipal Nº. 6.535/2004 C.N.S.S – Nº. 2301300468/92-61
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O que vamos organizar hoje? Por: Tais Reis
O que vamos organizar hoje? Gavetas!!! Desde que deixamos a vida de nômades no passado, não paramos de acumular, juntar, agregar e colecionar objetos. E com essa nova necessidade veio o advento dos móveis, e seu uso em muito se ampliou com o passar do tempo. Existem registros de prateleiras de pedras datadas de 3100 A.C. Desde então os tipos e usos destinados aos móveis só se multiplicam, e durante esse processo surgiram as gavetas. Ah... as gavetas!!! Essas caixinhas, com abertura superior de variados tamanhos, atendem à inúmeras necessidades, especialmente a de ocultar o que nelas contem, o que não é nada ruim se considerarmos a sua utilidade em guardar documentos, joias, pertences valiosos e segredos... Sim!! Quantas vezes nos filmes de suspense o que está dentro da gaveta é que resolve a situação?
Tem armas, testamentos, chaves e uma infinidade de outras coisas. As gavetas nos trazem também a possibilidade de fazer desaparecer instantaneamente a bagunça nela depositada, pois como em um passe de mágica ela vai se fechando e eclipsando tudo que está fora do lugar e que não queremos que seja visto. Por isso mesmo, não raro, esse é o último território a ser domado pela organização, e esse é o ponto que vamos abordar neste número. O tema é extenso e existe de um tudo nas gavetas, são verdadeiros mundos paralelos, elos perdidos. Então vamos por partes: hoje vamos organizar uma gaveta com material de papelaria, para uso escolar, residencial ou escritório. Para começar vamos registrar a foto de como está a gaveta, esse passo é importante para avaliarmos o resultado do nosso trabalho
quando findada a organização. (Vide figura 1) Em seguida vamos esvaziar a gaveta e com ajuda de um jornal tirar a medida da gaveta. Esse será o nosso gabarito. (Vide figura 2) Feito isso, vamos colocar o nosso gabarito em um local onde possamos experimentar as possibilidades de encaixe das caixas, latas e outros recursos de organização. (Vide figura 3) Há alguns anos assisti a uma chamada para um programa em um canal de TV por assinatura que falava que quando olhamos para a natureza vemos como as coisas fluem de forma natural, que na natureza as coisas funcionam em um ciclo, o da água, da comida, as aves fazem o ninho em um círculo, o planeta é circular, mas o mundo moderno é quadrado e retangular. Dormimos e acordamos em uma cama retangular (pelo menos
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Fotos: Tais Reis
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O que vamos organizar hoje?
a maioria de nós! Rs), trabalhamos em prédios retangulares e passamos horas olhando para uma tela que é um retângulo, digitando em um teclado retangular. E para fazer coro com esse mundo a organização também é retangular. Isso porque essa é a forma geométrica que nos permite o maior aproveitamento do espaço. Pois bem, esse fato é confirmado pela figura 4, onde utilizamos caixas de sapatos, e outras caixas, além de latas e cestas que já tínhamos à mão. Lembrando que o objetivo é utilizar recursos que já possuímos, então deixa a imaginação fluir, mas neste caso em particular não saia do quadrado.
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Após experimentar as possibilidades no nosso gabarito, podemos arrumar as caixas, cestas e latas na gaveta. (Vide figura 5) E por fim organizaremos os objetos nos espaços disponíveis, lembrando de setorizar para que possamos otimizar o tempo quando necessitarmos de algum recurso da gaveta. (Vide figuras 6 e 7) Vamos comparar a figura 1 com a figura 7 para avaliar o resultado do nosso trabalho. Espero que essas dicas sejam úteis e facilitem o seu dia a dia.
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Educação Por: Rosemary Ramos
Educar para reconhecer e honrar nossas cicatrizes como parte de nossa história
Este ano conheci no instagram o trabalho da fotógrafa Sophie Mayenne e seu projeto chamado de “Behind the Scars”, que pode ser traduzido como “Por trás das Cicatrizes”. Algumas fotos são bastante fortes, distinguindo-se da cultura imagética instalada em nossa sociedade contemporânea, fortemente disseminada nas redes sociais, com sua panaceia de fotografias de locais, situações e pessoas sempre jovens, belas e iluminadas, cheias de alegria. Não me oponho às fotos “felizes”, mas o projeto da Sophie Mayenne se destacou em minha timeline pois subverte a ordem claramente estabelecida do que seja belo ou bom. O que o torna especialmente educativo. Com seu projeto a Sophie resolveu ajudar pessoas cujos corpos são marcados por cicatrizes, motivando-as a impactarem revistaestimuladamente.com.br
positivamente e se tornarem inspirações para outros que vivem a mesma situação. Ao partilharem suas histórias de vidas e marcas, contribuem com a autoaceitação destas marcas impressas pelo “viver” em seus corpos. As imagens que vi me levaram a uma profunda reflexão sobre o quanto “educamos e ensinamos aos nossos meninos e meninas, e a nós mesmos, a acolher e honrar as nossas cicatrizes”. A acolher as diferenças, aprofundando seu olhar sobre o que seja “belo” e “bom”. Reconhecer que os tropeços e quedas fazem parte do processo educativo da escola chamada “vida”, acreditando que somos capazes de nos superar e ir adiante. Em nossa sociedade atual, adoecida por comportamentos narcísicos, hedonistas e conduta pouco empática, são alimentadas formas distorcidas 50
do “EU”, resultando em profunda dissociação entre a imagem que projeto e quem verdadeiramente sou, minha história e minhas marcas. O que gera muito sofrimento. As experiências pelas quais passamos constituem o nosso tecido emocional, deixando cicatrizes diversas. Algumas “físicas” outras “emocionais”, estas, subjetivas, permanecem “invisibilizadas”, quase impossíveis de identificar. As cicatrizes oriundas de experiências positivas deixam boas e felizes lembranças, âncoras, pequenos refúgios para regeneração emocional, nutrição saudável para aceitarmos e enfrentarmos os obstáculos cotidianos, seguindo adiante. Aquelas oriundas de experiências difíceis parecem indeléveis, marcam Ano 1 | agosto 2018
Educação
profundamente nossa alma, nos deixa em conflito, paralisados. Estas são escondidas: não são “belas” de se ver, dizem alguns. Faz parte do passado, dizem outros. Isto não me pertence, dizem ainda outros. Independe de serem (re) conhecidas ou não, de modo nem sempre sutil, criam e alimentam formas peculiares e pouco positivas de pensar e lidar com o mundo, exercendo força preponderante na construção do nosso mindset, ou seja, nossas crenças, programação mental, interferindo em nosso ser e estar no mundo. Você já se percebeu paralisado diante de uma atividade, acreditando não ser capaz de realizá-la? Ou que não é merecedor de coisas boas? De achar que um determinado curso não é para você? Quer uma graduação, uma especialização ou mestrado, é muito difícil e desiste antes mesmo de tentar? Não é capaz de aprender uma nova língua? Diante de um sorteio sempre afirma... “Eu sou azarado mesmo, nunca ganho nada”?. Ao receber um elogio sempre acha que não é merecedor? Pois então...
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Sobre estas e outras crenças, pergunte-se: quais experiências me constituem e me impulsionam a fazer do jeito que faço? E quais cicatrizes determinaram estas crenças? E ainda, enquanto educadores, como contribuir para que crianças, jovens e/ou adultos identifiquem e reconheçam suas cicatrizes acreditando que é possível ir adiante, positiva e propositivamente? Quais as possibilidades de educarmo-nos para reconhecê-las, acolhêlas e deixar ir? O consultório psicológico? Um curso de Thetahealing? Ou seria de meditação? Aspirar coragem e inscrever-me naquela seleção que tanto adio? A mudança é possível, mas requer um intenso trabalho educativo de autoconhecimento. Inicia-se no seio da família, depois na escola, quando esta se encontra comprometida com o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e autoconhecimento. Mais tarde, nos diversos grupos sociais dos quais faremos parte. Aprender a identificar, acolher e honrar as nossas cicatrizes
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significa aceitar, conscientiza-se e assumir a nossa história, o nosso passado. Identificar as que precisam de cuidado para ficarem cada vez menos marcantes, transformando-se em uma leve lembrança. Reconhecer nossa fragilidade e suscetibilidade aos erros. Aceitar nossa luz e nossas sombras e retornar de forma salutar para o momento presente, compreendendo o que e quem nós somos através de um exercício constante de autoconhecimento e autoaceitação. Desenvolver uma mentalidade de (auto)transformação requer atuação educativa contínua sobre nós mesmos e precisa ser ensinado. E a Educação, quer escolarizada ou não, tem essencial importância. Do mesmo modo que a Sophie Mayenne, buscando coragem para olhar para nossa história de vida, nossas marcas, cicatrizes, identificando os diversos ecossistemas que nos compõem, em estado de autoacolhimento e aceitação, nutrindo-nos para ir adiante e inspirando a outros. Afinal, só se educa pelo exemplo. Um dos mais significativos processos educativos.
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Contos de família Por: Lais Nascimento
Do propósito de vida ao negócio com propósito
Após ser mãe, Naira Jatobá se prepara para inaugurar o primeiro estabelecimento de educação infantil com Abordagem Pikler na Bahia.
sonho por você. Sou ‘pãe’ e sou feliz!”, diz sobre a certeza de que ser mãe é sua maior realização. Em 2016, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgou que dos 37 mil pretendentes inscritos no Aos 43 anos, a então Gerente Cadastro Nacional de Adoção, Regional de uma multinacional dirigido pela Corregedoria americana, que atuou por quase Nacional de Justiça, órgão do 30 anos com venda de produtos CNJ, 5.019 são pessoas solteiras. e equipamentos da área de saúde, Ainda em 2010, quando entrou já havia sofrido três abortos para a fila de adoção, após desistir espontâneos, mas persistiu no de uma inseminação artificial, sonho da maternidade e fez da Naira foi parte dessa estatística. Só adoção seu maior propósito de vida. em 2013 recebeu em seus braços, - Na realidade, o meu sonho como em um reencontro, o filho sempre foi ser mãe! tão esperado. Era hora de amar! “Ninguém vai sonhar o seu Davi já carregava em seu nome revistaestimuladamente.com.br
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de batismo o mesmo sobrenome de sua agora ‘mãe de coração’, o que só fortaleceu o sentimento genuíno que experimentou ao ter seu filho nos braços pela primeira vez. “Foi um momento em que não tive nenhuma dúvida de que aquele era o ‘meu menino´”. Durante a entrevista, muitas pausas aconteceram e a cena não podia ser de maior cumplicidade. Por diversas vezes, Davi pulou no colo de Naira e a encheu de beijos e carinhos e declarações de afeto, sempre correspondidos. Nos momentos de maior emoção, em que as lágrimas preenchiam as lembranças, o filho, cuidadoso e curioso, perguntava: Ano 1 | agosto 2018
Contos de família
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- As pessoas é que me lembram das diferenças entre mim e meu filho. Três anos após a adoção de Davi, hoje com seis anos de idade, um novo desafio profissional se torna propósito de vida para essa mãe dedicada e preocupada em nutrir o filho emocionalmente. Em outubro, Naira inaugura a Pitchuco, uma casa que tem como proposta cuidar, educar e desenvolver crianças de 0 a 6 anos. Na Pitchuco, o maior desafio é que os bebês sejam vistos como autores diretos de suas conquistas e tenham a convicção de sua autonomia, desde o nascimento. Com uma metodologia inovadora no Brasil e pioneira na Bahia, a Pitchuco segue a Abordagem Pikler, que foi desenvolvida na Hungria, pela pediatra Emmi Pikler, para acolher crianças que perderam seus pais na II Guerra Mundial. “Com a chegada de Davi, percebi o quanto Salvador era carente na área de entretenimento infantil. O que acabou me levando a pesquisar e conhecer lugares no Brasil que oferecessem segurança e cuidado aos pequenos, mas que tivesse uma proposta consistente para o desenvolvimento pleno da criança”, conta. Quando descobriu a Pikler numa reportagem, Naira decidiu que queria compartilhar esse espaço com outras mães e pais, que, assim como ela, necessitavam de um olhar diferente que pudesse guiar seus filhos para o mundo de descobertas que têm pela frente. A partir daí ficou claro, que seu propósito de vida poderia ceder espaço para um negócio com propósito. Era o instinto maternal emprestando força e coragem para a empreendedora. Após um preparo intensivo que 53
envolveu sessões de coaching e seminários em que pode ampliar e aprimorar habilidades para gerir seu próprio empreendimento, Naira estava pronta para assumir seu negócio. E hoje pode conciliar sua rotina de trabalho com os cuidados com Davi. Na bagagem além de todo know how da área de vendas e saúde, hoje acumula importantes conhecimentos sobre Educação Infantil. “Meu trabalho e todo aprendizado que vem dele só tem me acrescentado. Hoje tenho muito mais segurança e entendimento para me relacionar e educar meu filho”. A Pithuco já é uma realidade que em breve estará a serviço de outros pais que desejam um lugar diferenciado onde seus filhos poderão brincar e estar em atividades dirigidas para desenvolvê-los pedagogicamente. É mais um sonho de mãe sendo realizado. Para ter sua experiência em autoconhecimento contada na revista Estimuladamente basta escrever para revista@estimuladamente.com.br com o assunto: “Minha Estimuladamente” Queremos muito lhe ouvir!
Fotos: Lais Nascimento
- Você está triste? Porque está chorando, mãe? - É choro de felicidade, meu amor! Mamãe se emociona toda vez que lembra de quando você chegou. - Então pega aquele álbum com nossas fotos! - sugere Davi, se referindo ao registro fotográfico guardado por Naira, com lembranças desde os primeiros momentos juntos, entre familiares e amigos. Das angústias da maternidade, a única sombra que permanece é a ausência de informações de como e em que condições Davi foi gestado, além de detalhes dos seus primeiros meses de vida, quando esteve no convívio turbulento e abusivo com sua progenitora, antes de ser entregue à instituição de acolhimento na cidade de Simões Filho. Quando encontrou o aconchego do lar, aos 3 anos, a criança tinha um sono agitado, dificuldades de socialização e um atraso acentuado na fala. - Quando a criança chega, além do desafio de ser mãe - e não tem manual pra isso - você não conhece nada do seu filho: os gostos, quando engatinhou, se falou, porque não falou. Você vive de hipóteses. Davi sabe que não nasceu da barriga da mãe adotiva e que por isso, tem características físicas bem distintas dela e tem aprendido com ela a se defender dos olhares alheios, quase sempre cheios de dúvidas e preconceitos. “Entre os coleguinhas da escola, sempre tem um que pergunta porque ele é negro e eu sou branca ou porque nossos cabelos não são iguais”, exemplifica. A regra básica e fundamental adotada por Naira para tratar da adoção do filho é sempre falar a verdade, que foi revelada desde o princípio.
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Planejamento Consciente Por: Marcelo Reis
Um caminho para mudanças sustentáveis Consciência diz respeito a conhecer a situação atual com clareza. E a clareza da meta/objetivo a ser alcançado é essencial para alcançar uma Consciência Focada. Dessa forma podemos concluir que o fator “desejo” e o conhecimento de métodos de planejamento não são suficientes para se alcançar êxito nos objetivos traçados, não só para este novo ano, como para toda meta traçada. Faz-se necessário enxergar com clareza em que ponto se encontra em termos de consciência do que se deseja alcançar. Importante reconhecer suas fraquezas, suas virtudes, qualidades e saber o que te Muito se fala em planejamento sempre que um novo fortalece. A clareza reforça o senso de prioridade e ano se aproxima ou se inicia. Somos bombardeados por consequência o seu poder de manter-se focado com formas e métodos que nos dizem o que fazer e na realização das suas metas. como fazer para ter um novo ano próspero. Proponho então uma Planejamento Consciente Até aí tudo bem. Mas, as pessoas não se questionam se de suas metas e objetivos. Através de perguntas elas estão realmente preparadas para dar estes passos pontuais, você será conduzindo a uma maior clareza rumo ao tão sonhado estado desejado (ponto B). sobre o tema ao qual busca formular seus objetivos Devemos iniciar entendendo primeiro o que é o Planejamento, que, de forma sucinta, pode ser definido de forma sustentável. como: o ato de planejar; criar um plano para otimizar o Como já dizia o gato risonho de Alice no país das maravilhas: “para quem não sabe onde vai, qualquer alcance de um objetivo ou resultado específico. O planejamento serve justamente para identificar ações caminho serve”. Portanto, tenha uma direção. Iniciarei com um guia de perguntas para planejar necessárias ao atingimento de um objetivo, de forma a o seu “Eu”. Este traz perguntas focados no seu aumentar a racionalidade e eficácia do processo. autoconhecimento e reforçam pontos importantes A busca de qualquer objetivo exige conhecimentos e habilidades necessárias ao cumprimento de toda a para que você esteja “inteiro” e fortalecido para os etapa do planejamento. E durante a fase de execução desafios diários. das ações que o levarão ao objetivo final é exigido • Qual a sua fonte de alegria ilimitada? disciplina para fazer o que tem que ser feito e • Você está renunciando a algo para ser feliz? quando tem que ser feito, além de FOCO. • Como descrever a sua agenda diária? Foco é o ingrediente fundamental de uma • Como aproveita seu tempo de lazer? performance superior em todas as atividades, não • O que faz você desperdiçar seu tempo? importando o nível de habilidade de quem a realiza. • Você tem adiado algo constantemente? Com a perda de foco vem a perda de produtividade. Timothy Gallwey, em seu livro o Jogo Interior do • Como descrever a sua saúde hoje? Tênis, diz: “somente quando estamos dando nossa • Sua saúde, hoje, lhe ajuda na conquista dos seus completa atenção ao que nós estamos fazendo, que objetivos amanhã? nós podemos trazer todos os nossos recursos para • O que vai fazer pela sua saúde? usar efetivamente.” • O que propõe para sua vida espiritual? O mesmo autor diz que o elemento crítico é a clareza • Quantos lugares novos vai conhecer? do desejo por trás do foco. • Quais ações práticas poderá adotar hoje? Quanto mais claras as prioridades, mais fácil será manter o foco.
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Tenha um bom Planejamento Consciente.
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Registro Por: Amanda Reis
XIII Seminário Intenacional sobre Consciência e Autoconhecimento
Nessa edição comunicaremos nossas andanças, onde encontramos gente como a gente dialogando, refletindo e produzindo acerca de temas que nos convidam a pensar sobre a tríade condutora de nossa Revista: desenvolvimento humano, sustentabilidade e autoconhecimento. Assim, esse espaço é aberto e amplo na direção de articular saberes e experiências advindas de diferentes histórias, vividas em contextos diversos, científicas ou cotidianas, que nos encaminham para uma apropriação da nossa ideia de serhumanohumanidade. Recentemente, fomos convidados a desenrolar o fio de Ariadne a partir do mergulho nas camadas mais profundas de nossa consciência. O que é a consciência? Como reflexões acerca da consciência podem ajudar no processo de autoconhecimento? Qual a relação de tudo isso com a minha vida, com a vida do outro e com o planeta? Esses foram apenas alguns questionamentos que floresceram a partir das contribuições advindas do 13º Simpósio Internacional sobre Consciência e Autoconhecimento: Nada Ocorre, promovido pela Ano 1 | agosto 2018
Fundação Ocidemnte e pelo Instituto Superior de Educação Ocidemnte (ISEO), nos dias 14 e 15 de setembro, em Salvador - Bahia. Nada Ocorre... Totalmente inquietante pensar nesse espaço da consciência como o silêncio revelador de nossa condição de existir e respirar. Esse foi o convite implícito na temática do Simpósio, desnudado ao longo de cada conferência, palestra, vivência e apresentação realizada. Iniciado pela provocação feita pelo PHD Jean Yves Leloup, a partir da “Odisseia da Consciência”, cujas bases se ancoram na reconexão com nossa essência que é ao mesmo tempo divina e humana, mobilizando a reflexão acerca do religare enquanto (re) construção de nossa integralidade, nos encaminhando à superação da dualidade corpo e espírito. A programação contou com a presença de renomados pesquisadores no campo da consciência Prof. Jean Yves Leloup (França), Prof. Francisco Di Biase (RJ), Prof. Francisco Fialho (SC), Prof. Paulo Zabeu (SP), Profa. Maribel Barrero (BA) e Prof. Claudio Naranjo (Chilhe), além de convidados que agregaram à discussão, temáticas concernentes (Kiko Kislanky (BA) e Prof Ney Campello (BA). Cada contribuição foi altamente valiosa, nos posicionando quanto à perspectiva holística e integrativa de saberes, a partir de uma ótica transdisciplinar, como uma proposta vivencial de mergulho interior para reencontro com sua essência. Um diálogo para além das ciências, onde nos encontramos com a Consciência enquanto Senhora Tempo, como cantou e nos encantou a PHD 57
Maribel Barreto, anfitriã do evento. Fizemos uma viagem histórica desde os primórdios do paradigma newtonianocartesiano, até uma compreensão bem didática da física quântica enquanto probabilística, para compreender as bases da Teoria Holoinformacional da Consciência, matéria de capa dessa edição. Viajamos pelos conceitos fundamentais da Heulosofia, a partir da Cosmovisão que permite aos sujeitos uma aproximação de suas coordenadas cósmicas, eliminando o vácuo que existe entre sua consciência e sua mente. Sentimo-nos leves, na medida em que fomos convidados a pensar aspectos da consciência na perspectiva do cotidiano, nos percebendo como seres individuais e ao mesmo tempo sociais, construídos a partir dessas relações que estabelecemos com o outro e com o mundo. Além de todos esses saberes entrelaçados, ainda pudemos ampliar os horizontes com uma exposição de conteúdo científico, apresentado em pôsteres, por pesquisadores de diversas instituições, cujos temas centravam-se na perspectiva da consciência como eixo transversalizante de diferentes pesquisas. Uma grande contribuição de relevância acadêmica, profissional e de vida. Diante de tudo isso não existe ra palavra que defina o evento senão SUCESSO! Por toda a organização, pela rede de saberes produzidos e pela contribuição social de alta relevância. E que venha o 14º Simpósio, certamente estaremos lá novamente! revistaestimuladamente.com.br
Ponto de vista Por: Laís Nascimento
Sou mulher, baiana, cria de uma cultura patriarcal, e até poucos dias não me sentia à vontade para me juntar aos movimentos de luta pelo empoderamento feminino. Uma posição difícil para uma jornalista assumir nos dias atuais, em que todo mundo busca ter uma opinião pra tudo. Fugi da batalha até aqui, por um só motivo: na minha visão “Pollyanna”, todos esses direitos adquiridos às vezes com sangue nas mãos, deveriam vir a nós com naturalidade, sem precisar empunhar armas, por um movimento sutil e comum à natureza. Mas não dá mais pra fazer o “jogo da contente”, com o aumento vertiginoso dos índices de feminicídios. Mesmo sem querer entrar no conflito, minha alma já admitia a necessidade de reparar algumas crenças sobre o tema, revistaestimuladamente.com.br
fundamentais para reconhecer meu feminino sagrado. Precisei sair do meu lugar e ir até Cachoeira, município reconhecido pelas suas lutas pela independência da Bahia e do Brasil, para ver de perto a Festa da Boa Morte, e perceber que: sim! eu quero falar delas. Preciso falar de nós, mulheres, numa tentativa amorosa de resgatar em mim, o que está escondido: (a/o) “fêmea-matriz, eu força-motriz, eu-mulher, abrigo da semente, moto-contínuo do mundo”, como poetizou Conceição Evaristo. Vinda de família pobre, a mineira Maria da Conceição Evaristo de Brito, é hoje uma premiada escritora, candidata à cadeira de número 7 da Academia Brasileira de Letras, originalmente ocupada por Castro Alves, poeta baiano e abolicionista. Se sua indicação for aceita, será a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na ABL. Tomar partido de uma batalha
que contesta e se rebela contra uma realidade desequilibrada para a sustentação da mulher no Brasil é dar seguimento a uma história de revoltas que fazem parte do processo de conquistas sociais, travado desde a tão conhecida colonização por exploração a que nós brasileiros fomos submetidos pelos europeus, desde 1500. Assim, como quem quer apenas garantir o direito à vida e à morte, em um ato de coragem e fé, surgiu a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte. Essa associação de mulheres negras, que traz em sua mais profunda essência o amor aos seus iguais, surgiu no decorrer de 1800, antes mesmo da princesa Isabel contribuir para a abolição da escravatura. Uma confraria de mulheres já libertas da escravidão, a maioria entre a faixa dos 50 e 70 anos, ganhou a proteção da Igreja Católica para proferir sua fé. Às escondidas, essas distintas senhoras se juntaram e Fotos: Lais Nascimento
Fotos: Patrícia Luce
Quero falar delas
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começaram a arrecadar fundos sob o pretexto de organizar festas em homenagem à Nossa Senhora, no entanto, uma das missões secretas, comuns às confrarias, era garantir a própria sobrevivência e dignidade do povo de África exilado no Brasil. Dentre as obrigações daquelas que formaram a primeira e única associação restrita a mulheres negras sob a batuta eclesiástica, estavam a compra de alforria de africanos que ainda se encontravam em situação de escravidão pela Bahia e o provimento do funeral dos membros da irmandade. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Barroquinha, em Salvador, foi o primeiro endereço da Irmandade, que tempos depois, se estabeleceu em uma sede em Cachoeira, mantendo viva a tradição, que atualmente reúne 22 mulheres organizadas sob uma estrutura e hierarquia que honram a ancestralidade do povo africano. É de se esperar que a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte tenha a admiração daqueles milhares de pessoas que se juntam às imensas procissões por Cachoeira, todos os meses de agosto, há pelo menos 200 Ano 1 | agosto 2018
anos. Entre locais e turistas, todos se misturam em três dias de rituais religiosos e profanos em celebração à vida, através do culto à morte, velório e assunção de Nossa Senhora, exemplo de mulher aos olhos dos católicos e comungado pelo Candomblé, que pelo sincretismo religioso mantém acesa a chama de coragem e força das irmãs. O cheiro de azeite de dendê enebriava os amantes da culinária africana que passavam pelos arredores da construção toda pintada de rosa, no n° 41 da Rua Treze de Maio (uma referência à Lei Áurea) – a casa-sede da Irmandade. O Caruru, comida baiana herdada da cultura afro que seria servida ao povo, já estava no fogo, quando subi ansiosa a ladeira de pedras, sem saber ao certo o que ia encontrar lá em cima. No Largo d'Ajuda, pude avistar, sentadas nas escadarias de um dos monumentos, algumas das irmãs, que se distraiam em um papo animado, enquanto outras tantas concluíam os preparativos da festa na cozinha. Ao observá-las fortes, alegres, serenas e vestidas primorosamente para o último 59
dia de festa, pude sentir a intimidade e cumplicidade de quem compartilha segredos, lutas e conquistas. Naquele momento senti que posso ser como aquelas mulheres, que compartilham há três séculos seus propósitos de vida, sem precisar pegar em armas ou agredir seus algozes – apenas com amor e fé experimentam o sabor da vitória. Aprendi a lição deixada por Tia Ciata, como era carinhosamente chamada Hilária Batista de Almeida, e tantas Anas, Marias e Franciscas que com sabedoria ajudou na formação da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte. E no meio do samba, dançado por alguns de pés descalços, juntos em uma roda, homens e mulheres, nos despedimos com alegria de mais um ano dos festejos da Boa Morte. E como essa luta pelo empoderamento feminino não pode ser individual, deixo aqui meu convite a você – homem ou mulher: falem delas! Mas falem com amor, respeito e honrando o ventre que perpetua a nossa espécie, possibilitando a expansão do planeta e o progresso da vida. Fotos: Lais Nascimento
Fotos: Lais Nascimento
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Autoconhecimento & Espiritualidade Por: Conça Cedraz
Quem mora dentro de nós?
Ao escutar Fafá de Belém cantando a música "Dentro de Mim Mora um Anjo" (Cacaso), um trecho me chamou a atenção: "quem me vê assim cantando não sabe nada de mim, dentro de mim mora um anjo..." então me pergunto: o que sabemos sobre nós? Será que dentro de nós mora um anjo? O cotidiano tende a nos engolir, nos levando para longe de nós mesmos, restando pouco tempo para nos conhecermos e, sem saber realmente quem somos, como traçar caminhos por onde queiramos e possamos caminhar? Nossa conversa de hoje é sobre o que existe por dentro... ou será por fora? Pelo verso? Pelo reverso? No entorno? de nós. Quem mora dentro de nós? Será um anjo? Um demônio? Ambos? Eva Pierrakos, criadora da metodologia Pathwork®, no livro O Caminho da Autotransformação, cita que revistaestimuladamente.com.br
dentro de nós existem muitos “eus” e, por ela inspirada, destaco aqui alguns deles. Existe um “Eu Criança”, para o qual o mundo ou é 100% prazer ou 100% dor. Para ele não existe meio termo, tudo é absoluto. O “Eu Criança” é semelhante à criança que um dia fomos: parte dele é positividade, alegria, confiança na vida, aberto às novidades que aparecem, descontraída, confia no futuro, acredita nas pessoas, puro encantamento e prazer; mas... nele existe outra parte, conectada à negatividade, uma criança birrenta, encrenqueira, que quer tudo no seu tempo e hora, do seu jeito e não quer consequência nenhuma pelos seus atos. Enquanto adultos, guardamos em nós esse “Eu Criança”, que às vezes nos surpreende, nos fazendo reagir aos acontecimentos da forma mais inesperada, com atitudes que provocam resultados 60
desagradáveis, sendo que algumas pessoas chegam a dizer: “Ao agir assim eu me desconheci!” Dentro de nós também habita um outo eu, que Eva Pierrakos chamou de “Eu Superior”, onde coabitam nossas mais belas qualidades. Ele é a nossa centelha divina. É nele que mora a nossa sabedoria, a nossa capacidade de amar, a nossa força, a nossa coragem, enfim, a nossa luz. É o “Eu Superior” quem nos indica a direção a tomar quando estamos perdidos, nos encoraja a superar obstáculos e nos empurra com firmeza em direção à vida e ao desenvolvimento. Quando estamos em sintonia com ele, o amor pode se expressar em plenitude, a sabedoria é o nosso guia e o poder real se desenvolve para o bem de todos os envolvidos. É ele quem nos ajuda a acreditar em nós mesmos, a amar e a perdoar. Segundo Guimarães Rosa, Ano 1 | agosto 2018
Autoconhecimento & Espiritualidade
“qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura” e nesse mundo de loucuras em que vivemos, esse eu pode ser a nossa salvação, um caminho para a reconexão interior entretanto, esse amor de verdade, essa centelha divina, pode ficar obstruído, encoberto por um outro eu: o “Eu Inferior”! Esse eu é o responsável pelos nossos sentimentos mais humanos, aqueles que se pudéssemos não os teríamos, os nossos defeitos mais comuns, nossas fraquezas: orgulho, ciúme, inveja, raiva, ignorância, medo, preguiça, ressentimento etc., ele nos convida a fazer coisas das quais poderemos nos arrepender, obstruindo nossa capacidade de amar. Quantas vezes nos deparamos em situações nas quais nos sentimos os “todo-poderosos” em relação ao outros, ou antagonicamente, “O Cocô do Cavalo do Bandido”, sem forças para lidar com a vida e os revezes que ela nos traz? O “Eu Inferior” é o responsável por nos sentirmos assim, nesse lugar em que nos distanciamos dos outros e criamos o isolamento e a separação. Como diz uma história de
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autor desconhecido: dentro do homem habitam dois lobos (que no Pathwork® chamamos de “Eu Superior” e “Eu Inferior”), eles vivem constantemente a disputar espaço dentro de nós e o que ganhará mais espaço será aquele que estimularmos, que alimentarmos. Como geralmente não gostamos desse eu, tentamos utilizar disfarces, na tentativa de que todos pensem como somos pura beleza e harmonia. Então surge... a Máscara! Ela surge para tentar encobrir nosso “Eu Inferior”, pois ao reconhecê-lo, tememos que os outros não nos aprovem como somos; surge na tentativa de enganar aos outros e até a nós mesmos, fingir que somos apenas nossas qualidades positivas e que não temos nenhum defeito, nenhum ponto a melhorar. Quando estamos na máscara, temos a tendência a mostrar que tudo está sempre bem, que somos pura confiança e tranquilidade. Isso porque tememos a possibilidade de que nosso lado obscuro apareça, tememos que os outros não nos aceitem e não nos amem como gostaríamos de ser amados.
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A essa altura, você pode estar se perguntando: como fazer para identificar esses eus? Como, além de reconhecê-los, lidar com eles para que nossa vida transcorra de forma mais leve e harmoniosa? Aí entra em cena um grande amigo nosso: O “Eu Observador”! Sabe aquele amigo de verdade, que nos sinaliza o que precisamos ver? Assim é o “Eu Observador”; só que ao invés de estar ao nosso lado, ele está dentro de nós e precisamos convidá-lo a estar cada vez mais ativo em nossas vidas. O “Eu Observador” é uma parte de nós que ativamos, que precisamos desenvolver para identificar o que está acontecendo em nossas vidas, e como o próprio nome diz... ele não julga, não condena nem absolve, simplesmente OBSERVA! Ele é quem identifica o que quer que se apresente em nosso interior, com objetividade e imparcialidade, amor e compaixão. Exercitando-o você descobre como lidar com os vários Eus e... passa a criar mais harmonia em sua vida. Então... boa descoberta e convivência com os seus eus, e até a próxima!
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Minha Estimuladamente Por: Andréa Bispo
Aprendendo a me curar de mim
Sou Andréa Veríssimo Bispo, hoje com 42 anos, formada em Marketing, mas atuando como massoterapeuta e dermomicropigmentadora, muito realizada no meio profissional. Sou mãe de duas meninas maravilhosas, e uma delas já me presenteou com uma neta. Tenho um marido incrível e uma família cheia de amor. Sou feliz! Chegar até aqui não foi fácil. Há quem diga que tenho sorte. Sempre digo: “Sorte nada! Merecimento!”, pois sempre enfrentei tudo de cara aberta, sorrindo aos ventos. Contarei parte do que me lembro resumidamente. Em um dos meus cursos de massoterapia, descobri a massagem Ayurveda, e em uma das trocas de massagens, tive um flash de imagem... visualizava uma revistaestimuladamente.com.br
cena... era eu e minha mãe em uma briga que tivemos quando estava grávida. Ela não queria que tivesse aquela filha por que não queria que eu sofresse o que ela sofreu com minha irmã pela mesma situação, mas eu não entendia isso e brigávamos como loucas, e o pai da minha bebe também não a queria. Sentia-me uma criança assistindo uma peça de teatro, chocada. Aquela lembrança me fez chorar muito, pois era uma dor terrível que guardava há anos. Esse foi o primeiro despertar. Depois de algum tempo, durante outras massagens que recebia, me lembrei que fui abusada aos 8 anos por um pai de uma amiga quando brincávamos de esconde-esconde, e isso explicava o porquê de não ter lembranças da minha infância. Meu cérebro 62
bloqueou a dor. A minha criança interior havia sido molestada e despertada cedo demais. Daí o despertar de uma sexualidade inconscientemente aflorada. Vários namorados. Uma busca incansável para preencher um vazio que não sabia o que era. E assim, anos se passaram e fui abusada/estuprada aos 14 anos quando ganhei uma premiação de 2º lugar em um desfile e fui premiada com um book. O fotógrafo se aproveitou de uma garota que chegou ao estúdio dele sozinha... e onde estavam os pais desta criança??? Eles trabalhavam, saíam cedo e a vida se encarregava do resto. A cada ano que se passava me culpava mais. Achava que isso acontecia pelas roupas que usava ou pelo jeito de abraçar as Ano 1 | agosto 2018
Minha Estimuladamente
pessoas, mas não mudava meu comportamento. Meu sorriso era minha marca desde que nasci. Na escola, não era boa com os estudos, mas me superava nos esportes (fazia todos pra não ter que voltar pra casa e ver meus pais brigando) passava o dia na escola. Sempre tive sérios problemas de entendimento com minha mãe, então quando tive minha filha e comecei a trabalhar, conheci uma pessoa e saí da casa dela. Trabalhei muito e em vários locais para manter minha filha. Queria dar a ela um lar, uma família... mas não passava de uma adolescente querendo viver e saía, e bebia muito, e perdia noção da vida. Descobri que a pessoa que estava não era tão boa companhia assim e me separei. Tempos depois estava grávida de um ex namorado que reencontrei, mas não ficamos juntos. (longa história). Segui em frente com duas filhas e precisava me encontrar. Descobri um local de caridade, através de uma amiga, onde tinha palestras maravilhosas e segui com uns tratamentos e melhorei com a bebida e o cigarro. (Pois é... eu também fumava quando bebia). Entrei na faculdade e conheci meu atual marido que, coitado, já enfrentou cada uma comigo... Quando começamos a namorar minha vida estava uma bagunça. A empresa onde trabalhava já não estava me pagando direito e estava cheia de contas atrasadas, as filhas que não me ajudavam (Claro! Uma criança de 13 e outra de 7). Não via saída para meu desespero e tentei suicídio. Meu marido que era o namorado na ocasião foi quem me socorreu. Pois bem, não preciso explicar mais sobre como era destrambelhada não é? Casei-me, fiquei bem, mas Ano 1 | agosto 2018
nem tanto. Minha TPM sempre foi aquela dos hormônios mais enfurecidos, rsrs. Após alguns anos de casada e com minha estrutura profissional organizada e feliz, descobri que tinha desenvolvido um câncer de mama. Desespero??? De jeito nenhum. Chorei no dia, mas no outro já aproveitei para cortar os cabelos mais curtos, pois já queria mudar fazia tempo. Comecei meu tratamento feliz da vida, pois tinha uma oportunidade de cura que muitas pessoas às vezes não têm. Então brincava muito em todos os momentos. Minha família ficou mais reunida e amorosa. Todos queriam ir comigo ao tratamento. Quando os cabelos começaram a cair, tratei logo de cortar mais um pouco e decidi fazer um “chá do lenço” e pedi para cada uma das minhas amigas trazerem lenços e bolos para depois rasparem, cada uma, um pedaço do que restava do meu cabelo. Transformei um momento que seria doloroso em alegria compartilhada. Meu marido, tio, pai, primos e sobrinho resolveram me seguir. Foi lindo ver todos carecas. Perguntei ao meu médico se poderia continuar minhas atividades e ele disse: “Tudo que lhe fizer feliz, faça!” Então continuei indo para academia, dançando, atendendo alguns serviços mais leves, pois têm dias que ficamos cansadas mesmo, mas sempre me mantive no positivo.
Sempre que estava tomando minha medicação me lembrava de um amigo que imaginava o medicamento como soldados entrando em combate com as células cancerígenas. 63
E assim, superei todo meu tratamento de câncer junto com outros amigos terapeutas que me ajudaram com outros tratamentos, como a acupuntura e o reiki que fazia antes das sessões de quimio. E assim, acabei me interessando por mais estudos além dos que já fazia. Virei reikiana para poder cuidar de mim. Fiz curso de dermomicropigmentação para ajudar as meninas na reconstrução da mama... Daí, com meus grupos de estudo, descobri a mecânica quântica. Entrei em um dos grupos do Jeam R.Savedra e mudei ainda mais a minha vida. Aprendi a trabalhar a minha fé. Descobri a força que tenho dentro de mim. Já colapsei R$ 1.000,00; R$ 5.000,00, minha casa, viagens, consegui tudo! É maravilhoso! Fora as descobertas que houve quando fiz a minha primeira constelação sistêmica. Minha vida se alinhou toda. Tudo agora faz sentido. Eu sou o “EU SOU”. Sou um ser humano muito melhor hoje. Minha voz e meu andar é tranquilo, não bebo, não fumo e ainda ajudo outras pessoas a encontrarem o seu caminho. Então o que fazer? Só posso agradecer pelo câncer, pois foi por ter passado por tudo isso, que sou o que sou hoje! Somos o que somos e tudo foi como tinha que ser! Para ter sua experiência em autoconhecimento contada na revista Estimuladamente basta escrever para revista@estimuladamente.com.br com o assunto: “Minha Estimuladamente” Queremos muito lhe ouvir! revistaestimuladamente.com.br
Estimuladamente indica Por: Lais Nascimento
Ser + Com Saúde Emocional | 2013 - Editora Ser Mais Um livro recheado de dicas capazes de transformar o ser na busca pelo equilíbrio pessoal. Ser + Com Saúde Emocional, de Bob Hirsch e Maurício Sita, vai te ensinar a lidar com as emoções e problemas, evitando ansiedade, estresse e depressão. Um convite irrecusável para quem quer ter uma saúde melhor e mais qualidade de vida.
Era o Hotel Cambridge Defendido por alguns críticos como um marco do cinema brasileiro, o filme dirigido por Eliane Caffé é uma criação coletiva, que pode parecer ficção. Misturados não atores e profissionais confundem o espectador pela realidade do discurso que envolve a questão dos refugiados no Brasil. Na trama, expatriados ocupam um prédio abandonado da capital paulista, que já abrigava moradores sem-teto, o que faz do longa-metragem um instrumento de luta, em defesa da causa dos desabrigados, como considera a própria diretora. Um prato cheio para quem busca o extraordinário.
Show Trova Nova – Igor Reis e Banda Finalista da última edição do Festival de Música da Rádio Educadora da Bahia, com a música ‘I love eu’ o compositor, cantor, multi-instrumentista e artista plástico, Igor Reis apresenta o show Trova Nova. O mais novo trabalho do artista baiano tem em sua essência e formato uma fusão das vertentes e inclinações culturais de Igor Reis. Para os bons ouvidos, um repertório híbrido de canções autorais e releituras, em um mix de rock, cantoria e ritmos da cultura popular brasileira.
No caminho da vitória – Eduardo Almeida Publicitário, palestrante, especialista em treinamentos corporativos e mestre em artes marciais. Com esse currículo recheado de lutas e conquistas, Eduardo Almeida compartilha princípios que oferecem os elementos para a vitória do Guerreiro Moderno nos diversos papéis de sua vida: estudos, trabalho e aprimoramento pessoal. No livro “No Caminho da Vitória” (2014), o leitor encontra novos pensamentos sobre como enfrentar esse ‘imenso tatame que é o mundo corporativo’, com a ajuda das raízes filosóficas das artes marciais.
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Estimuladamente indica
Formação em Coaching - Método IKIGAI (Salvador, BA) Para quem está em busca de uma atuação profissional com plena capacitação e certificação, a dica é a formação em Coaching Ikigai. Com foco em propósito, performance e protagonismo, o Ikigai Brasil inicia mais uma turma para coaches. O curso é uma oportunidade de redescobrir sua razão de ser e com força, significado e motivação, alcançar o que se deseja para a vida e para a carreira.
Futurando O programa traz notícias de ciência, meio ambiente e tecnologia que estão mudando o mundo. Uma parceria entre a TV Brasil e o Deutsche Welle (DW), serviço alemão de exibição e distribuição internacional de notícias e programas, Futurando traz a cada semana participações em estúdio e reportagens sobre projetos inovadores, com imagens de alta qualidade, em uma linguagem que todo mundo entende. No Brasil, pode ser assistido no Canal Futura, pela TV Brasil e TV Cultura. Na página da DW Brasil na internet têm ainda matérias que aprofundam os temas do programa.
Mostra Duas Vezes Canduras e Artes De 4 a 14 de outubro, sempre de quinta à domingo, o Teatro Martim Gonçalves abre as portas para dois espetáculos imperdíveis: A menina que queria ter asas e O Encantado. Com linguagem poética e lúdica, Cilene Canda, Ricardo Stewart e Vinícius Caires, trazem uma programação especial para crianças e adultos. Uma crítica à escola tradicional, a história acontece na sala de aula, lugar certo para questionar e ressignificar o espaço educativo. Já para quem deseja refletir sobre aspectos que tiveram grande importância para a formação da consciência cultural e política do Brasil, a dica é O Encantado – Ano 1 | agosto 2018
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Uma saga nordestina em busca de Dom Sebastião. A peça, que tem classificação para maiores de 14 anos, é baseada em fatos reais pouco conhecidos e apresenta o movimento sebastianista da Pedra do Reino. No palco, sob a direção de Edinilson Motta Pará, Igor Reis e Ricardo Stewart encantam. classificação para maiores de 14 anos, é baseada em fatos reais pouco conhecidos e apresenta o movimento sebastianista da Pedra do Reino. No palco, sob a direção de Edinilson Motta Pará, Igor Reis e Ricardo Stewart encantam. Onde: Teatro Martim Gonçalves (Avenida Araújo Pinho, 292, Canela - SSA) Quando: 4 à 14 de Outubro, sempre de quinta à domingo. “A menina que queria voar” às 15h e “O Encantado” às 19h. Quanto: R$30 inteira e R$15 meia revistaestimuladamente.com.br
Mensagem
As três peneiras
Meia-noite em ponto! Mais uma jornada na construção do Templo terminara. Cansado por mais um dia, Mestre Hiram recostou-se sob o frescor do Ébano para o tão merecido descanso. Eis que, subindo em sua direção, aproxima-se seu Mestre Construtor predileto, que lhe diz: – Mestre Hiram... Vou lhe contar o que disseram do segundo Mestre Construtor... Hiram com sua infinita sabedoria responde: – Calma, meu Mestre predileto... Antes de me contares algo que possa ter relevância, já fizeste passar a informação pelas "Três Peneiras da Sabedoria?". – Peneiras da Sabedoria??? Não me foram mostradas, respondeu o predileto! – Sim... Meu Mestre! Só não te revistaestimuladamente.com.br
ensinei, porque não era chegado o momento; porém, escuta-me com atenção: tudo quanto te disserem de outrem, passe antes pelas peneiras da sabedoria e na primeira, que é a da VERDADE, eu te pergunto: – Tens certeza de que o que te contaram é realmente a verdade? Meio sem jeito o Mestre respondeu: – Bom, não tenho certeza realmente, só sei que me contaram... Hiram continua: – Então, se não tens certeza, a informação vazou pelos furos da primeira peneira e repousa na segunda, que é a peneira da BONDADE. E eu te pergunto: – É alguma coisa que gostarias que dissessem de ti? – De maneira alguma Mestre Hiram... Claro que não! 66
– Então a tua estória acaba de passar pelos furos da segunda peneira e caiu nas cruzetas da terceira e última; e te faço a derradeira pergunta: – Achas mesmo necessário passar adiante essa estória sobre teu Irmão e Companheiro? – Realmente Mestre Hiram, pensando com a luz da razão, não há NECESSIDADE... – Então ela acaba de vazar os furos da terceira peneira, perdendo-se na imensa terra. Não sobrou nada para contar. – Entendi poderoso Mestre Hiram. Doravante somente e boas palavras terão caminho em minha boca. – És agora um Mestre completo. Volta a teu povo e constrói teus Templos, pois terminaste teu aprendizado. Ano 1 | agosto 2018
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