Revista Fadesp / 5 ed. - 2022

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REVISTA Publicação da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa

Ano 2 | n° 5 | Fevereiro / Março / Abril 2022

Renato Janine Ribeiro

À frente da SBPC, o professor e ex-ministro renova o compromisso com a Ciência e o progresso da sociedade brasileira

PORTO DE BARCARENA

HANSENÍASE TEM CURA

SEQUELAS COVID-19

Estudos para ampliação são iniciados

Projeto busca alertar para o diagnóstico precoce

Grupo de estudo da UFPA investiga síndrome


ÍNDICE

EXPEDIENTE

DIRETORIA Roberto Ferraz Barreto Diretor Executivo Alcebíades Negrão Macêdo Diretor Adjunto Renato Janine Ribeiro Foto: JR Duran

Fellipe Pereira Assessoria Jurídica

Editorial

PG 03

Socorro Souza Executiva de Negócios

Saúde

PG 04

Tecnologia

PG 06

Raquel Lima Compras e Importação

Porto Barcarena

PG 08

Entrevista/Capa

PG 10

Opinião

PG 14

Marcelo Moraes Financeiro e Contábil

Telecomunicações

PG 15

Cultura

PG 17

Natália Raiol Gestão de Projetos

Memória Interiorização

PG 18

Memória FADESP

PG 19

Institucional

PG 20

Por dentro da FADESP PG 22

Leila Figueiredo Lamarão Concursos e Seleções João Carlos Oliveira Pena Consultoria e Desenvolvimento Institucional

Cláudia Coelho Recursos Humanos Davi Frazão Tecnologia da Informação Elilian Carvalho Nancy Fernandes Secretaria Geral Lorena Filgueiras Comunicação

CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Doriedson do Socorro Rodrigues - CUNTINS/UFPA Prof. Dr. Marcos Monteiro Diniz - ICEN/UFPA Profa. Dra. Maria Ataíde Malcher - NITAE2/UFPA Prof. Dr. Roberto Ferraz Barreto - FADESP/UFPA Lorena Filgueiras - ASCOM/FADESP

EXPEDIENTE REVISTA

Editora-chefe Lorena Filgueiras (Ascom/FADESP) MTb/DRT-PA 1505 Reportagens Brena Marques - Ascom/FADESP MTb/DRT-PA 3371 Lorena Filgueiras - Ascom/FADESP Thamyris Assunção

A Revista FADESP é uma publicação trimestral institucional da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa/Editora FADESP. Sua distribuição é gratuita. É proibida a reprodução parcial ou total sem prévia acordância da FADESP e sem citação da fonte. Os artigos publicados na Revista FADESP são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião editorial da Instituição.

Projeto gráfico e diagramação André de Loreto Melo

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Revisão Fabrício Ferreira

Sugestões, elogios, reclamações: revistafadesp@fadesp.org.br

Analista de TI Raphael Pena

Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa Rua Augusto Correa s/n • Cidade Universitária Professor José da Silveira Netto / UFPA Guamá - Belém/PA | Cep 66075-110 Telefone geral: (91) 4005.7440 / E-mail geral: centraldeatendimento@fadesp.org.br

Tiragem 1.500 exemplares


EDITORAL

Apesar de tudo, novos dias! Foto: Dudu Maroja

Desde nosso último encontro, alguns meses se passaram e um novo ano começou. Gostaria, portanto, de desejar a todos um 2022 de muita força! É com grande satisfação que prefacio o primeiro exemplar do ano II da Revista FADESP, que chega à quinta edição trazendo o professor, ex-ministro e atual presidente da SBPC Renato Janine Ribeiro. À frente da maior e uma das mais importantes Instituições de Ciência do país, Ribeiro revive, resguardadas as diferenças históricas, os desafios que a SBPC enfrentou durante o período da Ditadura brasileira, quando o conhecimento científico foi considerado inimigo do Estado. Apesar das contínuas tentativas de desmonte, nosso entrevistado afirma que devemos ao Brasil a luta incansável e combate aos recuos que insistem em prevalecer. Esperançoso em dias melhores, Janine Ribeiro diz ainda que precisaremos, no futuro, consolidar as melhoras e evitar o “efeito gangorra”. Palavras muito lúcidas e necessárias aos tempos que temos vivido e esperamos que apreciem a leitura. Também nesta edição mostramos como um projeto sobre a telefonia celular comunitária revolucionou (e nos mostra ser possível uma maior democratização) o acesso às conexões no campo. Um pouco mais à frente, como o projeto de ampliação do porto e calado de Barcarena serão decisivos ao comércio no Norte do Brasil. Temos ainda o Jambu live, o supercomputador Apollo e um grupo de estudos dedicado a investigar as sequelas advindas da contaminação por Covid-19, entre outros conteúdos. Importante registrar que este ano, em que a FADESP caminha para seus 45 anos de atuação, iniciou trazendo uma conquista – ou melhor, duas: a Revista FADESP foi premiada duas vezes (segundo e terceiro lugares, respectivamente) pelo prêmio Simineral; um reconhecimento ao trabalho sério, compromissado com o registro científico de tudo pelo qual trabalhamos cotidianamente. Sigamos! Um abraço e boa leitura! Roberto Ferraz Barreto Diretor executivo da FADESP

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SAÚDE

Por Thamyris Assunção Fotos: Dudu Maroja/divulgação

Milenar, estigmatizada, mas com cura! A hanseníase, doença presente em relatos bíblicos é, há muito negligenciada, e precisa incorporar os avanços científicos do século XXI – desde seu diagnóstico ao tratamento, porque há cura.

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início pode ser caracterizado por pequenas manchas, com alterações na sensibilidade da pele. Em casos mais graves, há lesões severas e até incapacidade física, por conta de deformidades nos membros superiores e inferiores e na face. Estamos falando da Hanseníase, doença infecciosa, transmissível, de caráter crônico e lenta evolução, causada pelo agente Mycobacterium leprae, bacilo que afeta a pele, os olhos e os nervos periféricos humanos. Identificada na Noruega, no ano de 1873, pelo pesquisador Amauer Hansen, a doença possui relatos de casos desde os anos 400 a.C na Índia e se tornou mundialmente conhecida após ser amplamente relatada nos livros bíblicos. Antigamente, chamada de “lepra” ou “mal de Lázaro”, a Hanseníase acomete pessoas de todas as idades e, em geral, surge nas camadas mais pobres da população. Com o objetivo de pesquisar a Hanseníase de maneira aprofundada no Brasil – mais especificamente na Amazônia - e prestar suporte adequado, possibilitando à população acesso ao que há de mais atualizado em diagnóstico e tratamento da doença, foi criado, no ano de 2001, o Laboratório de Dermato-Imunologia (LDI), pelo médico e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Claudio Salgado. A iniciativa que, entre 2001 e 2009,

funcionou inicialmente no município de Marituba, região metropolitana de Belém, atua em suporte laboratorial e de pesquisa à Unidade de Referência Especializada em Dermatologia Sanitária “Dr. Marcello Candia” e também em parceria com entidades nacionais e internacionais, dentre elas a Colorado State University, nos Estados Unidos, e o Laboratório de Genética Humana e Médica da UFPA, coordenado pela professora Andrea Santos. Desenvolvendo pesquisas de campo desde 2009, o LDI iniciou seu trabalho após concorrer e vencer um edital público do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), conforme conta o idealizador e coordenador do projeto. “A proposta era ir a municípios do interior do estado, para coletar material biológico de crianças nas escolas, e de pacientes e contatos de hanseníase. Desde lá, não paramos mais de ir ao interior, sempre com alguma novidade. Iniciamos com a detecção de anticorpos contra o bacilo da hanseníase, o Mycobacterium leprae, e hoje fazemos desde a detecção destes anticorpos até o PCR (detecção do DNA do bacilo) nos lóbulos das orelhas das pessoas destes grupos, além de examinarmos detalhadamente os pacientes em suas residências, em conjunto com o pessoal local, que recebe treinamento em serviço”, explica o médico Claudio Salgado.

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No Brasil, segundo dados do mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, entre os anos de 2016 e 2020, foram diagnosticados 155.359 novos casos de Hanseníase. Predominante entre homens (eles correspondem a 55,5% do total de diagnósticos confirmados), a doença apresenta, historicamente, maiores ocorrências nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Essa é a principal justificativa para a existência e o fomento ao projeto de combate à Hanseníase, que já atendeu aproximadamente 16 mil pessoas, em 32 municípios do Pará, e se tornou uma grande oportunidade de aprendizado e crescimento para pesquisadores locais. “Temos a participação de muitos alunos da graduação e da pós-graduação de várias universidades e faculdades. Nossas viagens ao interior do estado sempre são de grande aprendizado e temos também o pessoal local, que participa intensamente conosco, auxiliando especialmente na chegada às casas das pessoas, com formatação de mapas e inserção de dados, por exemplo. Usualmente, viajamos com um grupo de 8 a 10 pessoas, que se dividem em 2 grupos, formados por um médico, uma enfermeira, uma fisioterapeuta e uma pessoa da tecnologia da informação, para gerenciar toda a inserção de dados no nosso sistema. Já chegamos a formar um grupo com 25 pessoas, quando estivemos


em Mosqueiro, no ano de 2014 e diagnosticamos quase 100 casos novos em uma semana de trabalho. Uma das nossas maiores ações durante todo o tempo do projeto”, relata Salgado. Para se manter firme em sua atuação, o LDI conta com parcerias fundamentais que entendem a importância de se investir em pesquisa científica na região e na formação de profissionais qualificados e humanizados. O CNPQ, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), o Ministério da Saúde, a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA) e entidades internacionais são algumas das apoiadoras do projeto. A Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) também integra essa lista. “A parceria com a FADESP é importante para o projeto, pois agiliza e simplifica os procedimentos necessários para o bom andamento das pesquisas, desde a aquisição de insumos básicos, a equipamentos importados, até a contratação de pessoal e de serviços”. Ao todo, já foram investidos mais de 4 milhões de reais no combate à Hanseníase. “Contabilizando todos os projetos que tivemos e incluindo desde bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado, até equipamentos de laboratório, seguramente (foram investidos) mais de 4 milhões de reais. Durante os mais de 20 anos de existência do LDI, formamos mais de 20 mestres e 10 doutores, além das centenas de iniciações científicas, com ou sem bolsa. Contribuímos com cerca de 50 trabalhos científicos com hanseníase e outras doenças negligenciadas, e auxiliamos o Ministério da Saúde na tomada de decisões, como a recente aprovação da incorporação de testes complementares para auxiliar no diagnóstico da hanseníase, o que deve acontecer no SUS dentro dos próximos 6 meses”, afirma o criador do projeto. Embora a medicina avance em estudos voltados aos diagnósticos e tratamentos, a Hanseníase ainda carrega inúmeros estigmas. Muitas vezes, por não terem acesso à in-

formação correta e em tempo hábil, pacientes perdem a oportunidade de tratar a doença de maneira mais eficaz e sofrem com sequelas irreversíveis que despertam preconceito e isolamento social. “O estigma da hanseníase é multifatorial, e decorre de uma doença que chama a atenção por conta de importantes lesões na pele do paciente e pelas deformidades que provoca nos pés, mãos e face, levando a pessoa atingida pela hanseníase à incapacidade física. Tais deformidades são decorrentes da invasão dos nervos periféricos do nosso corpo pela bactéria, que possui essa capacidade ímpar de invadir e destruir os nervos periféricos. A possibilidade de contágio de uma doença bíblica, que pode incapacitar a pessoa e causar repulsa até nos próprios familiares gera medo nas pessoas. O único modo de revertermos isso é esclarecendo sobre a doença, mostrando que avançamos de modo significativo no nosso entendimento da hanseníase; que o tratamento interrompe a cadeia de transmissão e que podemos não somente conviver com pessoas atingidas pela hanseníase, mas fazer o acolhimento delas para o tratamento e a cura completa, tanto do ponto de vista clínico, quanto em relação a todo o preconceito que cerca a doença”, esclarece Claudio Salgado. Se em tempos “normais” o trabalho de prevenção, detecção e tratamento da hanseníase já despertava preocupação em médicos e pesquisadores, com a pandemia o cenário ficou ainda pior. De acordo com o Ministério da Saúde, o número total de detecções da doença foi o menor dos últimos anos, o que pode estar relacionado aos efeitos da queda nos diagnósticos que foi ocasionada, por sua vez, pela sobrecarga dos serviços de saúde e pelas restrições impostas pela pandemia da Covid-19. E para quem precisa de esclarecimentos sobre a hanseníase, é válido ressaltar: esta é uma doença que, embora seja transmissível pelo ar (pode ser passada de uma pessoa doente, que ainda não esteja em tratamento, para outra), é tratável e curável se for diagnosticada com precisão e rapidez.

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E para tirar dúvidas sobre sintomas, diagnósticos e tratamentos, hoje existem meios informativos, como o site do Ministério da Saúde (veja no fim da matéria) que podem orientar corretamente a população. Procurar ajuda ao menor sintoma é fundamental para o sucesso do tratamento. “Atualmente, a maioria das pessoas atingidas pela hanseníase podem ser tratadas e curadas da doença. Infelizmente, muitos casos ainda são diagnosticados tardiamente, quando as incapacidades físicas já estão instaladas, mesmo em crianças. A nossa luta incessante é pelo diagnóstico precoce e tratamento imediato, que quebre a cadeia de transmissão e evite novos casos. Para isso, é fundamental que todos os contatos de uma pessoa diagnosticada com hanseníase sejam examinados e, quando necessário, tratados. É importante deixarmos claro que sempre há alguma coisa para se fazer pela pessoa atingida pela hanseníase, desde o tratamento padronizado com antibióticos, até o uso de órteses e próteses para corrigir problemas mais graves, que podem comprometer significativamente a qualidade de vida dos pacientes”, conclui Claudio Salgado.

Claudio Salgado

Para acessar o site do MS com informações sobre a Hanseníase, acesse o QR Code.


TECNOLOGIA

Por Brena Marques Fotos: Dudu Maroja/Divulgação

Supercomputador no Olimpo Quando os primeiros deles começaram a surgir, décadas atrás, os computadores ocupavam salas inteiras para processar dados bem simples. Atualmente, essas gigantescas estruturas – popularmente reconhecidas como “computadores da NASA” – são largamente utilizadas em diversas áreas do meio acadêmico, tornando pesquisas ainda mais sofisticadas, de alta qualidade e com alta precisão, alcançando reconhecimento nacional e internacional.

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ara finalidades científicas, os primeiros modelos dos supercomputadores foram criados na década de 60 do século passado e, desde então, as otimizações e aperfeiçoamentos para aumentar o desemprenho não pararam. Tais máquinas possuem uma alta capacidade de processamento de memória e dados – milhares de vezes superior ao de um computador convencional, sendo assim, capazes de resolver algoritmos mais complexos, tornando-os poderosas ferramentas, utilizadas em diferentes ramos de pesquisas, como meteorologia, medicina, química, biologia, engenharias, física quântica, modelagem molecular, entre tantos outros. Visando qualificar pesquisas acadêmicas e o desenvolvimento regional, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) elaboraram projetos para aquisição de um supercomputador e a construção de um prédio adequado para atender as demandas de instalação da máquina. Ambas propostas foram submetidas ao Edital da

Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). A obtenção do supercomputador denominado ‘Apollo 2000’ se deu em 2020, e a conclusão das obras do prédio do Centro de Computação de Alto Desempenho (CCAD) em 2021, com inauguração prevista para o ano de 2022. O professor e doutor em Engenharia Elétrica e Telecomunicações da UFPA João Weyl, coordenador do projeto, explica as vantagens de adquirir um supercomputador. “Muitas das pesquisas que são desenvolvidas hoje na UFPA necessitam de grande poder computacional, o que não tínhamos. Esses processamentos em supercomputadores eram realizados em parcerias com outras instituições de ensino e pesquisa, ou mesmo com a compra de serviços de nuvem. Com a aquisição do Apollo 2000, nossos pesquisadores poderão processar suas pesquisas na nossa própria Instituição, como exemplo: montagem de genomas, desenho de novos fármacos, aplicações de Inteligência Artificial, segurança cibernéti-

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ca, mudanças climáticas, nanomateriais, dentre outras”, afirma. Os ganhos para a comunidade acadêmica Com a estrutura computacional instalada, a UFPA tem como meta dar suporte à comunidade científica e tecnológica local, de modo que seja possível ampliar a pesquisa e a inovação em diferentes áreas científicas, promovendo formação de qualidade para estudantes, professores e pesquisadores de diversos cursos, por meio de recursos de hardware e software que atendem às necessidades de alto desempenho. A expectativa é de colocar a UFPA em posição de destaque, como uma Instituição amazônida que produz conhecimento científico por meio de resultados obtidos em um centro de computação de grande funcionamento. “O processamento da informação de forma rápida e eficiente, é, hoje, peça fundamental para a aceleração de pesquisas. Para que o supercomputador seja utilizado com máxima eficiência,


Poderoso e versátil: são variados os campos de atuação do supercomputador

Professor Dr. João Weyl

será elaborado um sistema de gerenciamento de usuários e processos, que garantirá que vários pesquisadores possam utilizar a máquina simultaneamente, executando seus programas, rotinas e processos referentes às tarefas de seus respectivos projetos de pesquisa e de acordo com a necessidade de cada um. Também será possível armazenar os resultados oriundos de experimentos computacionais no próprio supercomputador, pois o mesmo conta com um nó de armazenamento com 156 TB [1TB equivale a 1.000 GB dados]”, ressalta professor João Weyl. Rede de apoio Para aquisição do supercomputador, foram investidos mais de 2 milhões de reais, por meio do apoio e colaboração de parcerias essenciais como a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP). “A FADESP vem cumprindo com destaque positivo a missão de apoiar os pesquisadores nas diversas fases do projeto, desde a captação, passando pela gestão e gerência. Sem um apoio profissional e sistematizado da Fundação, fica difícil imaginar como se daria a execução técnica e financeira dos projetos. O acompanhamento foi muito importante para garantir a contratação e entrega da estrutura e da máquina. Agora passamos a execução do projeto, do uso das máquinas, do treinamento, das parcerias, e da busca por manutenção,

atualização e expansão da estrutura e certamente iremos executar novos projetos”, comenta o coordenador do projeto. O futuro já está presente Como o Centro de Computação de Alto Desemprenho (CCAD) ainda será inaugurado, uma parceria foi feita com o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação da UFPA (CTIC), para que a máquina fique temporariamente em suas instalações, possibilitando o funcionamento antes mesmo de estar na casa nova. Atualmente, o supercomputador se encontra em fase final de testes de desempenho e gerência de usuários. O Apollo 2000 já está sendo utilizado por uma parcela reduzida de pesquisadores e a expectativa é que em breve todos os recursos computacionais estejam liberados para a comunidade científica da universidade. Hoje em dia, a UFPA possui grupos de pesquisas que fazem uso de estruturas de computação de alto desemprenho em suas redes de colaborações; cerca de 30 pesquisadores associados a Programas de Pós-Graduação do Instituto de Tecnologia (ITEC), Instituto de Geociências (IG), Instituto de Ciências Exatas e Naturais (ICEN) e Instituto de Ciências Biológicas (ICB), a maioria participantes do projeto. O professor João Weyl reforça o quanto o supercomputador fortalecerá ainda mais pesquisas de ponta, colaborando com a ciência nacional e internacional:

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• Varejo: análise de grandes volumes de dados de clientes para a construção de sistemas de recomendação de produtos direcionados e com melhor atendimento. • Aeroespacial: criação de simulações complexas para melhorar a aerodinâmica de foguetes e módulos. • Petróleo e gás: testes de modelos de reservatório para prever onde os recursos de petróleo e gás estão localizados. • Meteorologia: previsões complexas de desastres naturais por meio de simulações computacionais. • Finanças: execução de análises de risco complexas, modelagem financeira e detecção de fraudes. • Genômica: sequenciamento de DNA e estudo sobre cura de doenças raras. • Medicina: pesquisa de medicamentos, criação de vacinas e desenvolvimento de tratamentos inovadores para doenças raras e comuns. • Mídia: criação de animações, renderização de vídeos e efeitos especiais para filmes. Informações da máquina: O supercomputador adquirido, denominado de ‘APOLO 2000’ é da empresa HPE (Hewlett Packard Enterprise) e é composto de 31 nós computacionais (cada nó com 2 processadores Intel Xeon 6132 14-cores), 868 cores, 3.392 GB de memória, 156 TB de armazenamento e 1 GPU NVIDIA (Tesla V100 com 512 GB de memória), tendo capacidade de aproximadamente 8,0 TFlops com 90% de sua eficiência.

“Espera-se que o CCAD contribua para a ampliação do número de pesquisadores que trabalham com computação de alto desempenho no Estado do Pará e UFPA, com a oportunidade do uso de ferramentas para computação intensiva e pesquisas que antes eram inviáveis devido à falta de um equipamento como o Apollo 2000. Desta forma, a UFPA, que já é reconhecida mundialmente, será uma referência de grandes conquistas científicas, tecnológicas e inovadoras”, finaliza.


PORTO BARCARENA

Foto: Flickr/Programa de Aceleração do Crescimento

Por Thamyris Assunção Foto: Divulgação/Dudu Maroja

Potencial aprofundado O Pará integra, há décadas, um grupo de estados brasileiros com alto potencial econômico, tendo como forças motrizes a atuação dos setores agropecuário e industrial. Ao longo dos anos e diante das exigentes demandas do mercado nacional e também internacional, investir em infraestrutura de transportes, bem como em armazenamento de produtos têm se tornado prioridades para aumentar a capacidade de exportação e fazer girar a economia de modo mais eficaz. Por esse motivo, Barcarena, município do nordeste do estado (e principal polo industrial da região), receberá, nos próximos 2 anos, um necessário incremento de eficiência operacional que visa atender ao crescente aumento de demanda de transporte de granéis sólidos de origem vegetal (grãos de soja e milho) por meio hidroviário. Em 24 meses, o Complexo Portuário de Barcarena será ampliado, em um projeto que prevê o aumento da profundidade do canal de acesso ao porto, com o objetivo de facilitar o tráfego de navios do tipo Capesize (que possuem 180 mil toneladas de capacidade). Atualmente, os maiores navios que frequentam o complexo portuário de Barcarena comportam apenas 60 mil toneladas de capacidade. Ou seja, o transporte de grãos feito por Barcarena poderá triplicar em quantidade nos próximos anos.

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rata-se, portanto, de uma iniciativa de grande relevância comercial que terá, dentre outras vantagens, o menor custo de transporte com o aumento da capacidade de carga dos navios, como explica o engenheiro responsável pelo projeto, o diretor adjunto do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará, professor Hito Moraes. “Por volta da década de 50, o Brasil investiu amplamente no transporte rodoviário e, como consequência, hoje mais de 65% do transporte de cargas dentro do território nacional passam por estradas, em especial, das regiões Sul e Sudeste. Como tentativa de reverter o sentido do fluxo do transporte de grãos em direção a mercados internacionais, que tinha como rota preferen-

cial portos das regiões Sul e Sudeste, observa-se que nos últimos anos, foi implantado um sistema de transporte hidroviário de cargas que tem contribuído enormemente para a economia nacional e, particularmente, da região norte do país. Nesta ótica, o transporte aquaviário adquire uma importância inquestionável e de destaque nas relações comerciais mundiais, haja vista que constitui uma alternativa mais viável e de menor custo, quando comparado com os modais ferroviário e rodoviário. O estado do Pará possui papel importante como elemento do corredor logístico aquaviário para escoamento dos principais produtos nacionais, gerando uma abrangência de atuação direta até os estados do Centro-Oeste do país. Os portos que

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estão localizados acima do paralelo 16º S, englobando os terminais das regiões Norte e Nordeste, constituem o chamado Arco Norte, que representam a segunda maior opção de saída

Quanto maior a ampliação, mais cargas os navios podem transportar durante as escalas para embarque de grãos.”


Professor Hito Moraes

e da região norte. “Eu não considero um desafio e sim uma oportunidade de se criar competência no Estado do Pará, pois existe uma imensa competência na Universidade Federal do Pará e, particularmente, na Faculdade de Engenharia Naval, que já possui larga experiência com projetos dessa natureza. Como principal vantagem, eu vejo a colocação do Pará como um dos principais entrepostos logísticos do Brasil, potencializando sua localização com a economia de escala dos grandes navios. Vejo que, com a ampliação da profundidade do canal de acesso ao porto, serão permitidos navios com maior economia de transporte e isso vai possibilitar a saída de novas cargas pelo Estado do Pará com maior competitividade no comércio internacional, uma vez que o custo do frete será mais barato. O impacto socioeconômico para a região será imenso, pois isso viabiliza a implantação de novas indústrias e o escoamento de novas cargas, gerando muitos empregos para a região”, afirma o professor.

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Foto: Flickr/Programa de Aceleração do Crescimento

de grãos de soja e milho exportados do Brasil para o exterior. O aumento da profundidade e, assim, do calado operacional representa ganho de eficiência e produtividade. Quanto maior a ampliação, mais cargas os navios podem transportar durante as escalas para embarque de grãos.”, explica o professor. Em estágio inicial, o projeto que pretende expandir a navegação no chamado canal do Quiriri e também no canal do Espadarte, principais rotas de circulação (entrada e saída de embarcações que aportam nos terminais) até o Porto de Barcarena, está em fase de avaliação técnica de viabilidade, e ainda passará, dentre outras etapas, por estudos geomorfológicos, hidrológicos, maregráficos e operacionais, relacionados à navegação e à dragagem. Financiado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (SECTET) com o apoio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (SEDEME), o projeto contará com um investimento total de 13 milhões de reais e tem na Fundação de Amparo e Desenvolvimento de Pesquisa (FADESP) uma parceira na organização do trabalho. “A FADESP proporciona a nós, professores, o desenvolvimento de pesquisas aplicadas às necessidades reais do setor público, envolvendo a Universidade, com seus professores e alunos, em atividades importantes para o Estado, possibilitando, com isso, um grande legado ao Pará, cumprindo sua função de fomentar a pesquisa”, afirma Hito Maraes. Neste momento, estão sendo montadas as equipes que atuarão conjuntamente no projeto e seguem em elaboração os termos de referência para as licitações dos levantamentos do trabalho de campo. Para o professor Hito Moraes, profissional que possui vasto conhecimento em engenharia civil e naval, além de possuir ampla expertise em iniciativas dessa magnitude, o projeto de ampliação do Porto de Barcarena é mais um importante e promissor investimento para o futuro socioeconômico do Pará


ENTREVISTA/CAPA

Por Lorena Filgueiras Fotos: JR Duran / Divulgação

“Devemos lutar contra os recuos!” Eleito com 63% dos votos, o professor, filósofo e ex-Ministro da Educação Renato Janine Ribeiro assumiu, em junho de 2021, a presidência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, a maior e mais representativa Instituição de Ciência no país: são aproximadamente 4 mil associados, além de quase 200 entidades afiliadas. Fundada em 1948, em um momento especialmente delicado para a produção científica nacional, a SBPC reuniu 60 cientistas e uma enorme vontade de angariar mais nomes e, desta forma, ecoar o pleito por respeito e valorização deste saber dentro da sociedade. Após a Segunda Guerra, ficou evidente a necessidade de investir cada vez mais na pesquisa em prol do desenvolvimento do mundo. Foi neste cenário que Anísio Teixeira, que presidiu a sociedade entre 1955 e 1959, criou a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Com a instalação do regime ditatorial no Brasil, a SBPC atuou como resistência às violências compulsórias sofridas por homens e mulheres empenhados no desenvolvimento científico-tecnológico do Brasil – muitos dos quais foram impedidos de exercer a docência, pesquisa e direitos políticos. Ao longo de seus 74 anos de existência, a SBPC viveu grandes desafios, e nosso entrevistado especial desta edição da Revista FADESP tem uma missão tão desafiadora quanto a de seus sucessores nos períodos mais difíceis da democracia brasileira: seguir firme, em face da dilapidação e do desmonte das Instituições compromissadas com o desenvolvimento científico, além do combate às fake news, uma ameaça tão perigosa quanto o próprio vírus da Covid-19. Revista FADESP: Professor, gostaria de começar falando de sua eleição – realizamos essa entrevista na mesma semana em que acompanhamos mais um corte nos orçamentos de pesquisa, combate aos incêndios florestais e da saúde pública. Mas ouvi uma frase, proferida por um político, sobre “manter a esperança até o fim deste governo”. Então gostaria de começar pelo começo de seu programa de gestão para esses dois anos. Renato Janine Ribeiro: Estamos em

uma situação muito difícil, não é? Especialmente no que diz respeito aos cortes e também às medidas não-econômicas que impactam severamente em nosso universo, como por exemplo, a indicação sistemática de reitores que não foram os mais votados. Isso é uma coisa que prejudicou muito a comunidade acadêmica. Quanto às medidas no tocante à saúde, meio ambiente, que contradizem as evidências científicas… Então nós temos toda uma sistemática que é muito preocupante

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no Brasil inteiro sobre essas coisas. O que nos cabe, então? Cabem duas coisas, que são pontos que coloquei no meu programa para a SBPC: a primeira é a defesa de tudo isso que o Brasil construiu, ao longo de, pelo menos, décadas, e não séculos: falo das universidades públicas, dos institutos de pesquisa – tanto políticas, em relação às minorias, sobretudo, quilombolas e indígenas, e também da defesa do meio ambiente, que é algo mais recente e na qual o Brasil avançou muito e que está


sendo questionado: o primeiro ponto nosso é a defesa dessas conquistas. O segundo ponto é nos prepararmos para a Economia e a Sociedade do conhecimento, que tem sido alvo de um descaso muito grande por parte do governo e, infelizmente, não só dele. Vou dar um exemplo: veja a questão do carro elétrico, que está emplacando direto na Europa, porque ele polui menos as cidades, mas não temos uma única discussão sobre carro elétrico, no Brasil. O tema não faz parte do nosso debate público – nem o governo tem investido nessa discussão e tampouco a mídia tem debatido. O carro elétrico também não é uma benção, porque reduz a poluição nas cidades europeias, mas é extremamente cruel com a Nova Caledônia, possessão francesa no Oceano Pacífico, de onde é extraído um mineral indispensável à produção dos carros elétricos, e cuja extração tem um impacto ambiental e sobre a vida das populações originárias daquela região, que é muito negativo. Precisamos ter uma discussão muito abrangente neste sentido. O Brasil foi extremamente inovador na substituição do combustível fóssil pelo combustível renovável, mas depois do Proálcool, não fizemos nada de muito notável com a mobilidade urbana e interurbana. São questões que temos de discutir.

Revista FADESP: Quais outras discussões o senhor gostaria de ver em pauta? Renato Janine Ribeiro: Outro exemplo é recuperar a malha ferroviária e valorizar a hidroviária, ampliar o transporte coletivo, reduzir o transporte individual… Há um número muito grande de questões que têm de estar na agenda, porque mundialmente a questão do aquecimento global tornou-se uma questão prioritária e, neste ponto, o Brasil caminha contra a corrente, quando baixa as metas de redução no desmatamento da Amazônia, libera madeira ilegalmente cortada e que estava apreendida. Todos esses pontos precisam ser revistos e temos, sobretudo, de entender como a biodiversidade enorme que o Brasil tem, especialmente na Amazônia, pode ser um fator, longe de ser algo a depredar, de exploração científica e para o desenvolvimento, inclusive, econômico. Esses são alguns pontos principais de uma nova plataforma para o Brasil, um projeto nacional.

Tudo isso vem sendo derrubado e é difícil até saber o que é feito com objetivo de destruição ou por incompetência da gestão.”

Revista FADESP: Como seria esse novo projeto nacional, professor? Renato Janine Ribeiro: Ele deve ser construído com a colaboração de cientistas, acadêmicos e toda a sociedade. Ele não precisa ser um projeto

Revista FADESP: Professor, conversamos após a divulgação de mais cortes no orçamento da Fiocruz, CNPQ, Capes e um dia depois da divulgação de uma nota técnica do Ministério da Saúde, afirmando que a vacina não possui eficácia, ao ponto em que medicamentos, comprovadamente sem qualquer eficiência, teriam – uma enorme inversão a confundir a população (a nota foi modificada, dias depois, após enorme pressão da comunidade científica e médica)… Renato Janine Ribeiro: Vamos por partes. Essas ações, contrárias às boas práticas científicas, como a nota do Ministério da Saúde, favorável à cloroquina e contrária à Ciência, têm consequências, mas as pressões da sociedade fizeram o governo recuar no conteúdo da nota, como também no decreto que liberava a destruição das cavernas e mesmo no corte de verbas do MCTI. Tais recuos só foram possíveis pela pressão e vigilância da sociedade e da comunidade científica. É muito importante que as pessoas compreendam a importância de gestos como “vamos soltar uma nota”. “Vai soltar uma nota e não vai acontecer nada!”. Vai acontecer, sim! Quando recebemos a notícia do corte no orçamento do CNPQ, no começo >>>

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partidário – mas há que se envolver toda a nação, em busca de uma solução melhor para seus problemas, ao mesmo tempo em que a gente lute por um protagonismo científico e tecnológico, que nós temos condições de ter, sobretudo quando pensamos na biodiversidade Amazônia. E seu ponto principal deve ser a retomada da inclusão social, para termos realmente uma democracia, que inclui a igualdade de oportunidades para todos.


CAPA

de outubro do ano passado, fizemos quatro mobilizações que resultaram em parte do dinheiro ser recomposto – não foi tudo, mas uma parte foi devolvida. Veja a CAPES: nossa mobilização, no dia 29 de novembro, fazendo uma programação de um dia inteiro de discussões em defesa dos cursos de pós-graduação e em defesa da própria CAPES, também nos trouxe um resultado positivo. Penso que a primeira lição é que não podemos perder o ânimo! Temos que lutar, em defesa desses pontos todos. Esses cortes todos são muito curiosos, porque veja só: foi aprovado um orçamento de 4 trilhões de reais, enquanto os cortes correspondem a um milésimo disso. E veja que o governo sancionou um orçamento de 4 trilhões, com déficit primário de R$ 178 bilhões e apenas vetou R$4 bilhões – que nos incluem, INSS, Saúde/Fiocruz, etc. Revista FADESP: Um milésimo que nos fará muita falta. Renato Janine Ribeiro: É preocupante, porque parece uma sinalização de que você, ou melhor, nós não somos importantes; de que o que é feito nessas áreas não é importante. Temos que acrescentar que esses cortes se somam a cortes anteriores. Vivemos, há alguns anos, uma situação em que nossos pós-graduandos dificilmente conseguem bolsa. O Brasil havia chegado a uma expansão notável do número de defesas de teses de doutorado e dissertações de mestrado, graças à avaliação da pós-graduação, que foi suspensa ano passado e, passando para outro ponto,

ao fomento disso tudo. Esse é o orçamento que está sendo cortado e sendo cortado num ponto em que não é mais “gordura”. Aliás, faz tempo que não se corta na gordura. Corta-se na própria carne, chegando no osso. Vivemos uma situação crítica e, mesmo assim, os pesquisadores têm dado o máximo de si para pesquisar. Nossa Ciência continua uma Ciência boa, mas está cada vez mais difícil obter os insumos para que ela possa se fortalecer. Isso vai exigir, a partir do ano que vem, uma recomposição que não será fácil. Revista FADESP: Gostaria de falar do macro: da pandemia e seus reflexos em nossos comportamentos. Muito se comentou, lá em março de 2020, que tínhamos a oportunidade de sair melhores, como nação e indivíduos. Como filósofo e, por conseguinte, atento observador do comportamento humano, qual sua avaliação sobre o resultado, em nós, dessa grande crise humanitária? Renato Janine Ribeiro: Na verdade, a pandemia foi mais um revelador, do que um agente de mudança. Muita gente esperou isso, que você disse: que diante desse grande mal, todos se unissem e mostrassem suas qualidades éticas e morais – não foi o que aconteceu. Nesses anos, o que tivemos foi uma redução de tudo: do melhor e do pior. Houve quem se dedicasse, entre pessoas e entidades, a alimentar quem sentia fome, mas quem tenha ficado completamente indiferente aos mais de 600 mil mortos só no Brasil, ao fato

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de que o país voltou ao mapa da fome, de que metade da população brasileira está em situação de insegurança alimentar, de ter o que comer hoje, mas não saber se terá amanhã. Revelaram-se essas duas características e o mais grave é que as políticas sociais públicas, destinadas a minimizar os sofrimentos dos mais pobres, foram detonadas. E eram políticas muito bem organizadas. Para citar uma: a alimentação nas escolas, quando alunos das escolas públicas tiveram uma melhora na qualidade de sua alimentação, graças a um programa do Governo Federal. E muito dessa alimentação passava pela produção da agricultura familiar. Ou seja: ao mesmo tempo em que se melhorava a alimentação escolar das escolas básicas públicas, estabelecia-se um fomento a milhões de pequenos agricultores do Brasil. Tudo isso vem sendo derrubado e é difícil até saber o que é feito com objetivo de destruição ou por incompetência da gestão. Eis um ponto muito complexo do momento atual. Revista FADESP: A professora Margareth Dalcolmo, em entrevista para nós, disse que a pandemia, ao mesmo tempo em que aprofundou esse abismo social, também promoveu a discussão sobre a importância de investir na Ciência – e para além dos

Temos de entender como a biodiversidade enorme que o Brasil tem, especialmente na Amazônia, pode ser um fator, longe de ser algo a depredar, de exploração científica e para o desenvolvimento, inclusive, econômico”.


nichos acadêmicos, tocando a sociedade. Como a Academia pode tornar essa discussão ainda mais democrática/ acessível? Renato Janine Ribeiro: Penso que Margareth tem razão, claro, como grande médica e cientista que é. Devemos estimular que as pessoas compreendam os aspectos positivos em suas vidas e que dependem diretamente da Ciência & Tecnologia – e da maneira mais simples. Se uma pessoa acredita que a Terra é plana, mostrar-lhe que o GPS do celular, que é tão útil para nos orientar nas cidades, no trânsito, depende de a Terra ser redonda. Precisamos mostrar que muita coisa que utilizamos no dia a dia tem Ciência embutida: celulares, smartphones são exemplos de instrumentos com funcionalidades gigantescas – cada uma das quais exigiram enorme pesquisa. Podemos falar das roupas, de como a produção delas tem alcançado mais tecnologias. Exploremos essa curiosidade. Aproveito sua pergunta para falar dos movimentos anti-vacinas, que começaram antes mesmo da pandemia. Lá pelo final de 2018, o The New York Times publicou uma matéria enorme mostrando um fenômeno que estava ocorrendo no Nordeste brasileiro: a difusão de vídeos, pelo WhatsApp, que questionavam a eficácia de vacinas contra sarampo, além de outras, que são dadas às crianças e que levaram quase à supressão dessas doenças1. Cinquenta anos atrás, era rotineiro ver casos de sarampo, catapora, caxumba. Todos acreditavam que, em algum momento, teriam uma doença dessas. Isso tinha acabado, mas voltou! O jornal levantou a atuação desses grupos anti-vacinas. O que a gente, até agora, não entendeu é por que algumas pessoas, de propósito, disseminam informação que causa doença e morte. Isso não dá para entender: por que há pessoas que querem adoecer crianças e matar pessoas, combatendo a vacina? Na realidade, é ignorância ou maldade. Mas é difícil conceber que haja pessoas tão fortes, em nossa sociedade, e com tanto poder, dedicadas a fazer campanhas contra vacinas. É difícil conceber que haja pessoas, com poder, tão ignorantes ou maldosas. Revista FADESP: Como permaneceremos esperançosos em dias melhores?

É difícil conceber que haja pessoas tão fortes, em nossa sociedade, e com tanto poder, dedicadas a fazer campanhas contra vacinas. É difícil conceber que haja pessoas, com poder, tão ignorantes ou maldosas”.

Correndo o risco de parecer pessoal, como o senhor faz para se manter esperançoso, professor? Renato Janine Ribeiro: Vou evocar a História. Neste primeiro momento, a História do mundo. No ano 1200, ou seja, ainda na Idade Média, há o desenvolvimento de órgãos que representam o império da lei, por um lado e o surgimento do voto popular. As cidades-Estados da Itália vão se emancipando dos senhores feudais. E, a partir daí, ao longo dos últimos 800 anos, você tem um movimento, em que, primeiramente constitui-se o Estado de Direito; mais tarde, a Democracia se fortalece e, na década de 1980, a queda das ditaduras comunistas, na Europa Oriental e a queda de ditaduras de extrema-direita, na América Latina – umas mantidas pela União Soviética, outras pelos Estados Unidos. Com esse cenário, tivemos boa parte da população mundial vivendo um regime democrático pela primeira vez na História. Isso foi crescendo, até que na década de 2010 tivemos um recuo, inclusive com a eleição de líderes antidemocráticos, dos quais o mais importante foi Donald Trump. Neste período tivemos vários recuos, mas de todos eles, a sociedade conseguiu sair mais livre e, talvez, até mais feliz. No caso do Brasil, se considero o período desde 1960, temos Juscelino Kubitschek, que institui uma memória

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otimista, seguido de João Goulart, com uma grande inflação. Aqui temos otimismo seguido de pessimismo, que continua na ditatura militar, salvo um intervalo do “milagre brasileiro” e da conquista do tricampeonato na Copa Mundial de futebol de 1970. Ou seja, na ditadura, houve um momento de otimismo, precedido e seguido por anos e anos de pessimismo. O primeiro governo democrático, após a ditadura, foi marcado por enorme inflação – seguido pelo plano Real, com um primeiro mandato de Fernando Henrique, marcado por otimismo, seguido de um segundo mandato com a população muito insatisfeita. Seguimos com 10 anos de otimismo e lá pela metade do governo Dilma, começamos a ter, de novo, pessimismo. O que quero dizer é que a história do Brasil é uma “gangorra”. Nestes 60 anos não tivemos meio termo: ou estávamos otimistas, eufóricos, ou pessimistas, depressivos. O que devemos, então, no próximo período histórico, é não ficar apenas contentes porque “as coisas melhoraram”, mas lutar para consolidar essas melhoras e evitar o “efeito gangorra”. Devemos ao Brasil lutar para evitar esses recuos, tão recorrentes em nossa história recente. Temos elementos para isso: não é ser otimistas, mas ser esperançosos. Veja: apesar de não haver estímulo às vacinas, o Brasil é um dos casos de maior sucesso de vacinação. E por quê? Porque os governos estaduais, municipais e o próprio povo foram atrás das vacinas. Graças a isso, o número de mortos, de Covid por dia, que já foi 4 mil pessoas, caiu para 300 – embora esteja aumentando, em razão da ômicron, mas ainda bem menos do que se não houvesse a grande vacinação. Penso que deveríamos ver nessa busca da sociedade brasileira pela vacina a consciência e um elemento de adesão da sociedade brasileira aos valores éticos e morais do conhecimento e do respeito ao outro.

Acesse o QR Code ao lado para ler a matéria do The New York Times

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OPINIÃO

Foto: divulgação

UFPA investiga síndrome pós-Covid-19 na população da região metropolitana de Belém. Por Profa. Dra. Luisa Caricio Martins* A doença do Coronavírus 2019 (Covid-19), causada pelo Novo Coronavírus, denominado SARS-CoV-2, é uma doença viral sistêmica, que afeta o organismo como um todo, que pode se apresentar de forma leve, moderada, grave ou crítica1. Foi identificada, pela primeira vez, na China, em dezembro de 2019. Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a epidemia da Covid-19 constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Em 11 de março de 2020, a Covid-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia2. Ao longo desse tempo, a Ciência busca ampliar o conhecimento sobre a Covid-19. Inicialmente, os pontos principais de estudo eram: conhecer a biologia do vírus, a doença, as manifestações clínicas e o tratamento. Atualmente, se somam a esses, a identificação de novas variantes virais e as repercussões tardias da doença. Encontramos um número crescente de pacientes que continuam necessitando dos serviços de saúde, mesmo após o fim da doença, devido à manutenção ou aparecimento de novas manifestações clínicas3. A Síndrome Pós-Covid-19 corresponde aos sintomas que, mesmo após a resolutividade do quadro agudo da doença, podem persistir por semanas, meses e/ ou anos. E não está relacionada à gravidade clínica, podendo acometer, inclusive, os indivíduos que apresentaram a forma leve da doença. A manutenção, por um longo período desses sintomas, além de causar o mal-estar físico, também impacta diversos setores da vida dos pacientes. Assim, o Laboratório de Patologia Clínica das Doenças Tropicais (LPCDT), do Núcleo de Medicina Tropical (NMT), da Universidade Federal do Pará (UFPA),

por meio do Projeto “Avaliação Epidemiológica, Clínica e Laboratorial de Pacientes Pós Infecção pelo SARS-CoV-2 na Região Metropolitana de Belém”, em convênio com a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e com o Laboratório de Avaliação e Reabilitação das Disfunções Cardiovascular, Oncológico e Respiratório (LACOR), passou a realizar o acompanhamento clínico e laboratorial de pessoas da região metropolitana de Belém, que desenvolveram a Síndrome Pós-Covid-19. O objetivo do estudo é mapear os principais sintomas persistentes na síndrome Pós-Covid-19, bem como, disponibilizar o acompanhamento, desses pacientes, por meio de uma equipe multiprofissional. A equipe de profissionais, que integram o projeto, é composta por diversas áreas: infectologistas, endocrinologistas, dermatologistas, otorrinolaringologistas, nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos, farmacêuticos, biomédicos, dentre outros. Adicionalmente, vários discentes da Universidade Federal do Pará participam do estudo, sendo fonte para a realização de trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. Inicialmente os pacientes passam por uma triagem com o clínico e também realizam uma série de exames laboratoriais, para avaliar o estado de saúde, identificando marcadores renais, hepáticos, hematológicos entre outros. Depois de diagnosticadas as alterações clínicas, os pacientes são encaminhados ao especialista, para um acompanhamento qualificado. Os principais sintomas identificados na população estudada, até aqui são: • fadiga intensa; • dores crônicas, desenvolvimento de doenças reumáticas;

• fraqueza muscular; • déficits cognitivos, como alterações na memória; • sintomas neurológicos, como perda de olfato, tonturas e dores de cabeça; • perda de cabelo e alterações dermatológicas. • transtornos de ansiedade e estresse pós-traumático. • sintomas cardiológicos, como dor torácica e palpitações. Os pacientes que foram diagnosticados com comprometimento da função cárdio-respiratória e motora são encaminhados para a reabilitação do Pós-Covid-19, com a equipe especializada do Laboratório de Avaliação e Reabilitação das Disfunções Cardiovascular, Oncológico e Respiratório (LACOR – UFPA). Ainda não existem medidas oficiais para a prevenção da Síndrome Pós-Covid-19. Porém, a melhor estratégia para conter os sintomas e promover a recuperação mais rápida, é o acompanhamento multidisciplinar. O acompanhamento dos indivíduos portadores de síndrome pós-Covid-19 é essencial, não apenas para monitorar e tratá-los, mas também para compreender melhor o impacto, a longo prazo, da infecção pelo SARS-CoV-2. A Profa Dra Luisa Caricio Martins é coordenadora do projeto, e diretora geral do NMT-UFPA.

Referencias bibliográficas. 1. National Institute of Health (NIH). COVID-19 treatment guidelines. https://www.covid19treatmentguidelines.nih.gov/overview/clinical-spectrum/ 2. Beeching, N. J.; Fletcher, T. E.; Fowler, R. B. J. M. BMJ Best Practice. Doença do coronavírus 2019 (COVID-19). Disponível em: https://bestpractice.bmj.com/ topics/pt-br/3000201; Acesso em 16 de fevereiro de 2022. 3. Nalbandian, A., Sehgal, K., Gupta, A. et al. Post-acute COVID-19 syndrome. Nat Med 27, 601–615 (2021). https://doi.org/10.1038/s41591-021-01283-z.

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TELECOMUNICAÇÕES

Por Thamyris Assunção Foto: Dudu Maroja / Divulgação

Conectividade que transforma o futuro da Amazônia

Sem conectividade não há progresso. Se a máxima faz sentido para um mundo inteiro, na Amazônia a afirmação tem um peso especial, se pensarmos em seu território continental, entrecortado por veias de rio.

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oje, já não dá para pensar em infraestrutura básica para as populações da região sem considerar o investimento em desenvolvimento tecnológico – e quando falamos em tecnologia, falamos também das telecomunicações. Telefonia é conexão, troca de informação, integração, meio fundamental para a promoção da educação, da saúde, da expansão da economia local. E foi justamente pensando em possibilitar a redução das distâncias e do abismo social das populações da região, quando o assunto é conectividade, que nasceu, em 2005, o projeto “Telefonia Celular Comunitária” (CELCOM). Iniciado a partir de pesquisas que buscavam identificar possíveis tecnologias facilmente adaptáveis ao dia a dia das comunidades amazônicas, o projeto CELCOM atuou para levar inclusão digital e acesso à telefonia de qualidade aos moradores das comunidades mais vulneráveis e afastadas dos grandes centros urbanos. “A premissa fundamental do CELCOM é que as comunidades carentes e isoladas, em termos dos serviços básicos de telefonia e internet, requerem tecnologias

inovadoras e ações sociais desenvolvidas para a situação específica que vivenciam, mas a quase totalidade dos investimentos globais de pesquisa em redes de comunicações tem como alvo os usuários das regiões com alta concentração populacional e poder aquisitivo. E assim, o Brasil acompanha o mundo ao encontrar imensos desafios para conectar comunidades rurais e pobres, em regiões como a Amazônia. O projeto CELCOM se contrapõe ao fato de a maioria dos programas de inclusão dependerem exclusivamente de tecnologias que foram e estão sendo desenvolvidas para realidades opostas às de suas comunidades-alvo”, explica o coordenador do projeto e professor da Universidade Federal do Pará, Aldebaro Klautau Junior. Envolvendo aproximadamente 30 estudantes e professores da graduação e da pós-graduação da UFPA, o CELCOM atuou com a missão de prover tecnologia para que as próprias comunidades selecionadas pelo projeto tivessem uma rede de telefonia. Após realizar pesquisas, estudos - alguns, inclusive, premiados - e utilizar como referências

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outros projetos semelhantes desenvolvidos na Amazônia, em 2015, o CELCOM transformou os dados obtidos em ação e promoveu duas etapas “piloto” nas comunidades de Boa Vista do Acará e Campo Verde, em Concórdia do Pará. A intenção era desenvolver alternativas “open source” (programas de código aberto que são sempre adaptáveis), que possibilitassem a chegada da rede GSM que, por sua vez, possibilita sinal de transmissão de dados, conversação por meio de chamadas e mensagens SMS. “Isso é semelhante à comunidade instalar uma rede Wi-Fi. A diferença é que o CELCOM usa frequências mais baixas, mais adequadas à Amazônia, que usar o Wi-Fi. Com essas frequências mais baixas, o sinal se propaga por uma distância maior. Outro aspecto é que a própria comunidade gerencia a rede. Esse é o conceito básico de rede comunitária. Mas deve-se notar que para conectar a comunidade ao resto do mundo, ainda é necessário um enlace de “backhaul”, que pode ser por satélite ou por rádio ou ainda por fibra óptica. No CELCOM, este backhaul é fornecido por parceiros externos, como a UFPA (no caso da >>>


TELECOMUNICAÇÕES

Professor Aldebaro Klautau Junior

comunidade de Boa Vista do Acará) ou a Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Pará (PRODEPA) (no caso da comunidade Campo Verde, em Concórdia do Pará)”, explana o coordenador. O desejo humanitário e audacioso de interconectar e impactar positivamente a vida na região, não poderia ser executado sem parcerias. Ao longo do tempo, o CELCOM contou com parceiros e financiadores, públicos e privados, como a UFPA e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (SECTET), somando investimentos que chegaram a 180 mil reais. A Fundação Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) também teve papel importante no desenvolvimento da proposta. “A FADESP é parceira essencial nos projetos que executamos, pois é quem se responsabiliza por questões importantes como as finanças, contratação de recursos humanos e aspectos legais. Alguns dos equipamentos que usamos são importados, e o knowhow da FADESP nesta importação também é essencial para o sucesso do projeto, pois atrasos comprometem as datas dos entregáveis”, afirma Aldebaro. Tanto investimento rendeu bons frutos. O reconhecimento veio sob a forma de prêmios, artigos científicos

publicados e chegou à Organização das Nações Unidas (ONU), onde o CELCOM foi apresentado na União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência reguladora especializada em tecnologias de telecomunicação e informação de nível mundial. “O mais importante é que os dois projetos-pilotos provaram ser possível termos redes comunitárias usando frequências de telefonia, as quais são mais adequadas do que as usadas por Wi-Fi. Principalmente por isso consideramos o projeto um sucesso”, diz o coordenador. É impossível falar de integração e inclusão digital no Brasil sem considerar a Amazônia e seu povo, suas peculiaridades. O sistema de telefonia móvel e internet só tem sentido se for interligado a uma rede nacional onde a circulação e o acesso à informação sejam facilitados, amplos e irrestritos. Há décadas a região enfrenta sérios entraves infraestruturais, por uma série de fatores ambientais e, nesse sentido, projetos como o CELCOM se mostram como estratégias viáveis para suprir as carências e aproximar as populações da tecnologia, do desenvolvimento que ela proporciona e, consequentemente, do futuro. “Receio que a Amazônia só irá alcançar melhor uso da tecnologia quando seu povo e seus governantes souberem como

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encontrar soluções inovadoras e de impacto social. E isso só se atinge com educação. Um atalho seria termos governos que se posicionassem de forma bem mais competente do que a própria população. Nesse contexto, gestores empreendedores e com visão futurista nos permitiriam darmos saltos tecnológicos e melhorar a qualidade de vida da população. Há inúmeras possibilidades em temas como conectividade rural, cidades inteligentes e outras, mas os governos tipicamente estão soterrados em gerenciar o cotidiano e atender suas agendas políticas. Caso sigamos o caminho evolutivo que adotamos, as transformações acontecerão, mas, além de lentas, continuarão a privilegiar os com mais recursos e localizados em centros urbanos. Há muitas oportunidades: dominamos a tecnologia e o leilão 5G deu dinheiro ao governo federal. Os governos estaduais e municipais precisariam investir pouco e estariam obtendo diversas vantagens na articulação em prol de maior conectividade. O projeto CELCOM atualmente não tem financiamento. Mas não o consideramos parado, pois continuamos a estudar o problema e desenvolver soluções, em especial que tenham escala e possam atender da melhor forma as comunidades. À medida que países, como México, fornecem conectividade a suas comunidades indígenas e outras localizadas em locais remotos, aumentamos o otimismo de que os brasileiros que detém poder perceberão que poderíamos estar fazendo mais. E o mundo está também se movendo em prol de conectar os desconectados, com ações da ONU e diversos governos. Temos no Brasil a competência e os recursos para não ficarmos a reboque, aguardando que empresas multinacionais conectem nossas áreas rurais e florestas por satélite com alto custo aos mais pobres.”, conclui Klautau Junior.


CULTURA

Foto: Dudu Maroja

Por Brena Marques Foto: Dudu Maroja / Divulgação

Genuinamente paraense Festival Jambu Live reuniu diversos artistas paraenses em uma programação on-line, com objetivos de valorizar e ampliar a produção cultural regional.

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aracterístico do Pará, o jambu intriga, encanta e delicia turistas e papa-chibés, por suas propriedades “anestésicas” – advindas da presença do espilantol, substância encontrada na erva. Se na gastronomia, ela é a rainha (dividindo atenções com o tucupi), para as erveiras do Ver-o-Peso, maior feira a céu aberto da América Latina e cartão-postal da capital paraense, o jambu tem propriedades, por assim dizer, afrodisíacas. Mas esta não é uma matéria sobre botânica ou sobre a milenar cultura alimentar dos amazônidas paraenses: o jambu que nos delicia emprestou seu nome (e sabor) a um festival, que é parte de um projeto maior e que conta com apoio e incentivo da FADESP. O evento, que foi realizado entre os dias 2 e 10 de dezembro de 2021, reuniu 27 espetáculos de música, dança e teatro em diferentes estilos, ritmos e expressões da cultura da Amazônia e foi transmitido ao vivo e gratuitamente pela internet. O Jambu Live está em sua segunda edição e faz parte do projeto de extensão da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, Jambu Festival: Conexões Periferia, coordenado pela Prof a. Dra. Regina Lima. Durante o evento, o público pôde desfrutar da pluralidade de ritmos nortistas, como: brega, rap, carimbó, punk rock, guitarrada (e

outros gêneros), durante seis dias de programação, totalizando mais de 17 horas ao vivo e ultrapassando 4 mil visualizações simultâneas. Para a seleção dos artistas, bandas e grupos, foram convidadas duas consultoras: a cantora e técnica vocal, Dayse Addario, para seleção musical, e a Prof a. Dra. Mayrla Andrade, que participou na etapa de Artes Cênicas. Dentre os critérios para seleção, foram consideradas as produções autorais, pluralidade cultural, mistura de ritmos, além de diversidade de gênero e raça. O projeto não tem fins lucrativos e busca dar apoio e visibilidade aos fazedores de cultura na Amazônia. A professora e coordenadora do projeto, Regina Lima, conta que esta edição foi “pensada principalmente para ampliar a visibilidade do trabalho de fazedores e fazedoras da região que muitas vezes não conseguem espaço na mídia ou no próprio circuito cultural da cidade”. Em um momento delicado, os espaços culturais retornam com todo cuidado necessário, em meio às transições das normas de combate à COVID-19. Mesmo com as dificuldades, muitos artistas e grupos não conseguem ter agendas suficientes para manter seus custos. Pensando neste cenário, o Festival Jambu Live promoveu uma estrutura com palco, câmeras de alta resolução, iluminação e som, para que os artistas transmitissem seus trabalhos

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Profa. Dra. Regina Lima

de forma segura e com qualidade, tendo um maior alcance na internet, grande palco do espetáculo. O Jambu Live foi acompanhado por pessoas de diferentes estados e mesmo de fora do país. A cantora e compositora Zara acompanhou a primeira edição do Festival, em 2020, e se sentiu honrada em ser convidada para participar da line-up de 2021. “Festivais como Jambu Live são de extrema importância para artistas da Amazônia. Sabemos que, por todas condições históricas, culturais e sociais, o Norte do país não tem ocupado o lugar que lhe é de direito e merecido. Então, quando temos um festival que possibilita levar os artistas amazônidas para todo o mundo! Isso não tem preço, é fantástico! ”, enfatizou. Zara lançou seu primeiro álbum em 2021 e teve a oportunidade de cantar sua música no festival. “A gente se sente feliz em poder mostrar nosso trabalho autoral. Iniciativas como essas, são essenciais. Cantar nossas músicas para um público muito maior, por meio da internet, que possibilita um grande alcance de visualizações foi muito bom, me sinto realizada”, finaliza.

Para conferir os shows e espetáculos do festival na íntegra, acesse o canal do Youtube Jambu Live. Ou acesse o QR Code.


Foto: periodicos.ufpa.br

MEMÓRIA INTERIORIZAÇÃO

A revolução da educação – parte II

Continuamos nossa jornada pela ousada história da interiorização da Educação Superior, que possibilitou a inclusão de milhares de pessoas, alterando completamente os cursos de suas vidas.

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a edição #4 da Revista FADESP (novembro/dezembro 21 e janeiro/22), iniciamos um resgate da narrativa da interiorização da Educação Superior em nosso estado – “ato de coragem, ousadia, mas também, de extrema teimosia”, como definiu a professora Leila Mourão que, nome essencial ao projeto empreendido pela Universidade Federal do Pará. Mais de 40 anos se passaram, desde que o Anuário Estatístico Brasileiro escancarou um cenário, posteriormente confirmado por um amplo estudo realizado pelo MEC: de que dos 25.000 professores atuantes nas escolas públicas estaduais e municipais, apenas 150 possuíam formação superior. Narrando, com enorme precisão, Leila Mourão relembrou todas as dificuldades do processo. “Chegávamos aos locais, de rabeta, barquinho e até de avião da FAB. Tivemos uma preocupação bem grande com os parâmetros fundamentais que nos orientavam: legitimidade da oferta e sua legalidade, além da participação da comunidade universitária nesse grande projeto!”, ela narrou à Revista FADESP, em setembro do ano passado. Do chão da fábrica à vice-reitoria da UFPA Tamanho esforço vicejou, frutificou e tem um sabor todo especial ao professor e atual vice-reitor da UFPA Gilmar Pereira. O maranhense de nascimento (e paraense apaixonadíssimo pelo chão que chama de lar) foi aluno da interiorização. Pergunto a ele como é olhar, em perspectiva, toda sua trajetória. “Não imaginei nem que concluiria o curso, porque àquela altura, não havia professores para suprir a demanda”,

conta. Pereira era operário, quando decidiu “tentar” a Universidade, revela. Com passagens pela hidrelétrica de Tucuruí e por uma empresa de mineração em Barcarena, ele acreditava realmente que seu destino seria no “chão de fábrica”, como refere-se a este período. “Minha realidade era de trabalhar. Talvez se eu tivesse nascido em uma família de classe média, a história fosse diferente e, talvez, tivesse cursado Engenharia, até porque era com isso que eu trabalhava, mas, naquele momento, eu tinha de ganhar meu sustento. A Universidade, pra mim, foi um ‘acidente’, porque se ela não estivesse presente em Abaetetuba, eu não teria tentado”, diz. O vestibular, portanto, foi uma aposta não muito segura, conforme ele nos conta. “Eu não achava que passaria”, afirma. “Você não imagina como foi difícil, porque os cursos eram intervalares e as aulas, duravam dias inteiros! Imagine que as empresas não liberam [para assistir aulas] e foi graças a professores muito, muito queridos e sensíveis, que decidiram dar aulas à tarde e à noite, que o curso era possível para mim e para tantos outros que viviam a mesma situação”, revela. E assim foi feito: aulas noturnas. Ele fica reflexivo por um momento e prossegue falando que, quando olha, em retrospectiva, imagina tantos filhos de famílias sem tantas condições ou trabalhadores com orçamentos apertados que não podem contar com bolsas de estudo, auxílios para transporte alimentação. “A Universidade não proporcionou só estudo. A Universidade, por meio da interiorização, tornou-se sinônimo de dignidade. Avalie você que, até então, a Universidade era branca. Ser negro e

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Por Lorena Filgueiras Fotos: ASCOM/FADESP

cursar o ensino superior era exceção! Hoje, por conta das cotas, o cenário é mais colorido, diverso, inclusivo. A cada ano, receber os meninos e meninas no [Centro] Benedito Nunes, é algo simplesmente formidável!”, comemora. O papel da FADESP Gilmar Pereira relembra que o atual diretor executivo da Fundação, Professor Roberto Ferraz Barreto, foi um dos professores, do campus de Belém, que abraçaram a honrada missão de levar o Ensino Superior aos 4 cantos do Pará. “Quando as primeiras turmas da interiorização se formaram, em 1992, a UFPA celebrou um convênio com o Estado para absorver esses primeiros/novos/recém-formados 1.500 professores e a FADESP tem um papel importantíssimo porque foi a Fundação quem recebeu os recursos, tornando possível contratar os novos docentes. E esse primeiro contrato teve a validade de 4 anos. Até que, em 1996, começaram a surgir as primeiras vagas pela União, para professores universitários e uma parte destes, tornou-se docente substituto. Uma quantidade menor tornou-se efetivo”. Quando peço que ele avalie sua própria trajetória, Pereira não pensa duas vezes. “Me sinto honrado, feliz, mas a conquista maior é da interiorização. Muita coisa ainda precisa ser feita. Nosso projeto se reúne a duas coisas: excelência acadêmica e inclusão social, parafraseando o reitor Emmanuel Tourinho. O fato de ir para a reitoria é uma homenagem à interiorização”, finaliza.

Professor Gilmar Pereira da Silva, vice-reitor da UFPA.

Na próxima edição da Revista FADESP, que circulará a partir de Abril de 2022, acompanhe a terceira parte dessa viagem que levou educação superior pública e de qualidade aos quatro cantos do Estado.


MEMÓRIA FADESP

Por Lorena Filgueiras Foto: ASCOM FADESP/DIVULGAÇÃO

Terreno sólido

Em nossa última edição, que coincidiu com o aniversário de 44 anos da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa, contamos um pouco do começo da FADESP e apresentamos sua nova identidade visual – uma atualização da icônica mandala amazônica, criada por Mayr Fortuna. Nas linhas a seguir, você conhecerá um pouco da rotina dos primeiros colaboradores da entidade, bem como um dos mais importantes patrimônios da Fundação: sua prestação de contas/projetos executados.

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primeira “casa” da FADESP foi o pavilhão do curso de Geociências da Universidade Federal do Pará – Instituição que deu à luz (e que segue, até os dias atuais, sendo a entidade-mãe) à Fundação. A lembrança, evocada por João Carlos Pena, coordenador de Consultoria e Desenvolvimento Institucional da FADESP, ainda é-lhe bem nítida e confirmada por Albertina Fortuna, professora aposentada da UFPA, que atuou como diretora da Área de Projetos, quando o cargo ainda existia (atualmente, são “Coordenações”). “Havia muita empolgação entre nós”, diz. “Abraçamos, com enorme empolgação, a missão de trazer projetos e fazer a FADESP ser conhecida”, complementa. À época, professores e técnicos da própria Universidade Federal dividiam-se entre a Fundação e a sala de aula, como fazia a própria Albertina. “Uma parte da minha carga horária, eu cumpria para a FADESP, mas mantive minhas atividades docentes na UFPA”, detalha, “e, por essa razão, foi muito menos difícil chegar nos colegas”, complementa. Foi aí que surgiu a ideia de compilar informações essenciais sobre as ações da FADESP, bem como apresentar a Fundação formalmente aos docentes/ pesquisadores em um relatório e, em 1979, o primeiro Relatório de Gestão, mesclando a prestação de contas (obrigatória desde seu nascimento)

Albertina Fortuna

Mayr Fortuna

com resumo de projetos e atividades, nascia. Elaborado por Albertina Fortuna e Norma Solano, a publicação trazia uma singela imagem amazônica: uma pequena canoa repousava no centro de um rio de águas tranquilas. O autor da foto foi Aluízio Leal e, neste mesmo documento, aparecia, pela primeira vez o logotipo da FADESP. “Coloquei o relatório debaixo do braço e fui conversar com inúmeros pesquisadores. Era um trabalho de formiguinha e foi essencial ter um documento que pudesse auxiliar nessa tratativa; que demonstrasse o potencial, seriedade, compromisso e versatilidade da FADESP”, finaliza. Desde então, o relatório de gestão passa por criteriosas análises e, em final instância, precisa ser apresentado e aprovado pelo Conselho Universitário da UFPA.

Você pode acessar os relatórios digitalizados: basta ler o QR Code.

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Relatório FADESP 1979

Relatório FADESP 2020

Na próxima edição, o crescimento da FADESP, que há duas décadas realiza concursos públicos, sendo uma das bancas mais respeitadas do Norte do Brasil e sua atuação como Fundação de apoio de demais entidades de Ensino, Pesquisa e Extensão. Entenda também o papel estratégico que a FADESP cumpre na concretização de projetos de extrema importância para a Amazônia.


INSTITUCIONAL

Expectativa para o concurso da SEFA A Secretaria de Estado de Planejamento e Administração (Seplad) tornou público, no dia 22 de dezembro de 2021, o edital para concurso da Secretaria de Estado da Fazenda do Pará (SEFA), um dos certames mais aguardados do ano. São 48 vagas imediatas (além de 152 vagas de cadastros reserva) para os cargos de Auditor fiscal de receitas estaduais e Fiscal de receitas estaduais. Os candidatos serão submetidos a uma prova objetiva com 100 questões de conhecimentos gerais e 80 com conhecimentos específicos, nos dias 20 e 27 de março de 2022. Para o cargo de Auditor Fiscal de Receitas, a remuneração é de R$ 15.076,58, e para Fiscal de Receitas Estaduais, é de R$ 11.910,51, além de gratificações, e com a jornada de trabalho de 30h semanais para ambos. A FADESP é a banca realizadora do concurso público da SEFA.

Forma Pará 2021 Dentre os mais de dez mil candidatos, 1,8 mil alunos foram aprovados no Processo Seletivo para o preenchimento de vagas do Programa Forma Pará 2021. O resultado definitivo foi divulgado no dia 5 de janeiro de 2022. O Forma Pará tem como objetivo reduzir o déficit da educação superior no Pará, oferecendo cursos em diversos municípios da região, e a FADESP foi a responsável pela execução do certame de todas a IES públicas participantes do programa: Universidade Federal do Pará (UFPA); Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra); Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa); Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa); Universidade do Estado do Pará (Uepa); e Instituto Federal do Pará (IFPA).

Processo Seletivo Público da Prefeitura Municipal de Igarapé-Açu A FADESP realizou o Processo Seletivo Público da Prefeitura Municipal de Igarapé-Açu por meio de duas etapas: a primeira, no dia 09 de janeiro de 2022, e a segunda, no dia 13 de fevereiro de 2022. O certame ofertou 18 vagas imediatas para o cargo de Agente Comunitário e Saúde (ACS), além de 119 vagas para cadastro reserva. O processo seletivo teve mais de mil candidatos aptos para a primeira etapa.

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Para saber todas as informações, acesse: www.portalfadesp.org.br

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Processo Seletivo Público da Prefeitura Municipal de Afuá A Prefeitura Municipal de Afuá ofertou 33 vagas imediatas, além das 43 vagas para cadastro reserva, por meio do Processo Seletivo Público para o Cargo de Agente Comunitário de Saúde (ACS). Mais de 1.100 candidatos disputam as vagas e esperam ansiosos pelo resultado final previsto para o fim de fevereiro/22. Equipe FADESP e fiscais do Processo Seletivo Público de Afuá

Processo Seletivo da Prefeitura de Altamira No dia 19 de dezembro de 2021, FADESP e Secretaria Municipal de Saúde de Altamira realizaram a prova do processo seletivo daquele município, para o preenchimento de 187 vagas imediatas para o cargo de Agente Comunitário de Saúde (ACS), além dos 293 cadastros reserva. O certame registrou apenas um candidato faltoso. O resultado definitivo, liberado em janeiro, está disponível em: www.portalfadesp.org.br

Processo Seletivo Simplificado da Prefeitura Municipal de Novo Progresso

Edital da Polícia Militar A FADESP também é a banca do Processo de Seleção Interna para admissão de Oficiais para Academia de Polícia Militar “Coronel Fontoura”, em Marituba/PA, e cujo edital foi divulgado em dezembro. Foram mais de 1.700 inscritos para concorrer às 110 vagas. Ainda há etapas a serem realizadas e o acompanhamento pode ser feito em nosso portal.

O Processo Seletivo Simplificado da Prefeitura de Novo Progresso recebeu mais de 1.300 candidatos. Os preenchimentos são para 731 cargos temporários na esfera municipal, nos níveis: Fundamental (incompleto e completo), Médio e Superior. O resultado definitivo consta no portal FADESP.

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POR DENTRO DA FADESP

Newsletter

Gestão de concursos tem nova coordenadora

A Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa agora tem mais um canal de comunicação: a newsletter eletrônica mensal “Projeta”, com informações e novidades da Fundação. Além disso, você acessa todo o conteúdo da Revista FADESP.

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Para se inscrever e recebê-la, envie e-mail para comunicacao@fadesp.org.br

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Revista FADESP conquista premiação

A Revista FADESP conquistou o 2º e 3º lugares do Prêmio Simineral de Comunicação 2021, realizado no dia 10 de fevereiro de 2022. As matérias premiadas foram “Cidade Inteligente” e “Produtivo e Competitivo”, que foram publicadas na edição n°2, na categoria “Jornalismo Impresso”, do prêmio Hamilton Pinheiro de Jornalismo, do Simineral.

Para conferir as matérias ou ler a edição na íntegra, acesse o QR acima.

Passaporte vacinal

De maneira a prevenir e cumprir com as determinações estabelecidas pela Administração Superior da Universidade Federal do Pará, a FADESP também passou a exigir a apresentação da carteira de vacinação contra a Covid-19. Além do passaporte vacinal, a Fundação tem reforçado a obrigatoriedade do uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento. No começo de fevereiro, foram instalados painéis de acrílico nas salas em que a distância entre mesas seja menor que 2 metros.

Natal Solidário FADESP A FADESP promoveu uma campanha interna solidária de Natal chamada “Dar e Multiplicar”, com objetivo de arrecadar alimentos não-perecíveis, destinados às famílias em situação de vulnerabilidade alimentar. No dia 22 de dezembro de 2021, foi realizada a entrega de aproximadamente 600 quilos de alimentos às instituições escolhidas: Casa de Acolhimento Luz da Fraternidade (CALF), na Cabanagem, e CASA RUA, no bairro da Campina. A analista de compras Michelly Baía, uma das idealizadoras da campanha interna, foi pessoalmente entregar as cestas básicas.

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A pedagoga Leila Figueiredo Lamarão é a nova coordenadora do Setor de Concursos e Seleções da FADESP, área em que a profissional atua há quase 20 anos. A nova coordenadora volta a chefiar o setor pelo qual foi responsável no período de 2006 a 2018. “Agradeço a confiança em mim depositada pela diretoria executiva da FADESP. Esse novo ciclo que se inicia é mais um desafio”, falou. “De coração, estou muito agradecida. Vamos trabalhar incansavelmente para que a FADESP seja cada vez mais reconhecida por sua transparência, eficiência e bons resultados”, finalizou. Na ocasião da transmissão do cargo, o diretor executivo da Fundação, Roberto Ferraz Barreto agradeceu ao ex-coordenador Moisés Martins, que passa a ser responsável pela implantação de um núcleo de TI exclusivo para o setor de Concursos.


Projetos • Consultorias • Serviços

Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa Rua Augusto Correa s/n. Campus Belém/UFPA – Guamá • Belém-PA Cep: 66075-110 Telefones: (91) 98839.0607 4005.7480 / 4005.7493

ASCOM/FADESP

Projetos de sucesso têm a mão da FADESP.


ASCOM/FADESP

REVISTA Os 2º e 3º lugares, na categoria “Jornalismo Impresso” são nossos!


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