Revista Global Expedition #48

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JAN./FEV. 2023 EDIÇÃO #48 EDIÇÃO GLOBAL EXPEDITION Jeep Wrangler 4Xe Um Wrangler de outro mundo pelas minas de S. Domingos Toyota Hilux A força tranquila e Invencível por castelos alentejanos Toyota Corolla Cross Corolla cresce para SUV quem sai aos seus... Nemésio tem razão Motards da Ilha Terceira pelas pistas de Marrocos FMM-Festival Músicas do Mundo Viajar através da música
SUMÁRIO
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ISTO, NÃO TEM NADA A VER COM REDES SOCIAIS, TEM A VER COMIGO.

FORÇA TRANQUILA

EDITORIAL TOYOTA HILUX INVINCIBLE TOYOTA COROLLA CROSS

QUEM SAI AOS SEUS...

JEEP WRANGLER 4XE 2.0 TG PLUGIN 380 CV

UM WRANGLER DE OUTRO MUNDO!

FMM FESTIVAL MÚSICAS DO MUNDO

VIAJAR ATRAVÉS DA MÚSICA

AVENTURA SOBRE DUAS RODAS

NEMÉSIO TEM RAZÃO

SUMÁRIO
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ISTO, NÃO TEM NADA A VER COM REDES SOCIAIS, TEM A VER COMIGO.

Frequentemente os meus amigos incitam-me a criar um canal no Youtube e estar com mais assiduidade nas redes sociais. “O teu trabalho merecia mais visibilidade, fazes coisas que ninguém faz”. Defendo-me com alguns números: em 1918, tínhamos cerca de 40.000 leitores em média por edição. Atualmente, a média é de 110.000 leitores, já para não falar da edição Especial Motul-Dakar que, já por duas vezes, ultrapassou os 130.000 leitores. “Mas podias ter muitos mais!”. Provavelmente.

Se calhar nem tinha tanto trabalho, limitava-me apresentar os carros de forma sucinta de modo agradar a gregos e a troianos e a coisa até ia.

Não há muito tempo, chamaram-me à atenção para o que escreveu no Instagram, uma influencer famosa da nossa praça, embaixadora de uma marca de automóveis: “Estou maravilhada com o... híbrido plug-in 100% elétrico...” Não me surpreendeu. Nove em cada dez “influencers” não sabem do que estão a falar, revela um estudo que foi publicado na imprensa internacional e, que por cá, foi esmiuçado pela revista Visão.

É óbvio que para as Marcas é irrelevante. Vivemos num tempo de ruído permanente e de superfície. E, não é por acaso, que a industria do marketing de influência está a crescer a olhos vistos. Por outro lado, também é sabido que a fraude nesta área tem

vindo a aumentar. Transacionam-se likes, como figos da Turquia ou chips da China.

Mas, isto não tem nada a ver com redes sociais, tem a ver comigo. Para mim, a palavra escrita representa a liberdade de pensamento, seja para um escritor, professor, ensaísta, jornalista, entre outros. Reconheço, que os valores da leitura, os valores da escrita também são contrários ao deste tempo. O comércio é a essência e nessa essência predomina o que é imediato e fácil. A leitura leva tempo e é difícil, dá que pensar, é uma chatice; a dificuldade tem uma conotação negativa.

Para o mercado, o consumidor não pode ser uma pessoa que reflete, tem que ser distraído e a nossa cultura é cada vez mais isso: de distração.

Há dias, estava a jantar no “O Templo” em Évora, e alguém me reconheceu (do saudoso Grândola Aventura”), cumprimentou-me e disse: “Gosto muito do seu trabalho. Tenho uma pasta no computador onde guardo todas suas ...revistas digitais. Muito bom. Muito obrigado". O jantar estava ótimo, como sempre.

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EDITORIAL
7 TOYOTA

FORÇA TRANQUILA

Imagine-se na Península Ibérica há 1000 anos: conflitos religiosos, reinos construídos a ferro e fogo, traição, intrigas, conquistas, reis e rainhas, amores e desamores. Enfim, um verdadeiro Game of Thrones em território Ibérico. Não era fácil manter os territórios conquistados, por isso foi necessário a construção de um baluarte essencial: o castelo

Este tipo de construção foi salpicando o país durante a época da ocupação muçulmana e durante a Reconquista, enquanto se forjavam, entre batalhas e devoções, os reinos cristãos.

Hoje, os castelos são um legado. Uns, mais emblemáticos, outros, sofrem a erosão do tempo e do esquecimento, mas todos guardam nas suas pedras segredos e histórias apaixonantes de invencibilidade.

A oportunidade de ensaiar a pickup Toyota Hilux na renovada versão topo de gama Invincible foi o pretexto para fazermos o périplo por cinco castelos alentejanos que não constam do Top dos mais conhecidos e recomendados

pelos habituais guias turísticos: Castelo de Valongo, Castelo de Terena, Fortaleza da Juromenha e os castelos do Alandroal e Evoramonte.

Ao volante da Toyota Hilux Invincible, com a nova motorização 2.8 D e equipamento exclusivo, a primeira paragem deste dia de visita ao Alentejo menos explorado é na aldeia de Nossa Senhora de Machede, onde chegamos vindos de Évora, seguindo a N254 e virando à direita para a M526.

Machede é a alatinação do termo árabe “madchas”, que significa Terra do Senhor ou Lugar Santo. A influência do azul árabe, está bem patente no tom cobalto e poderoso que ostenta a igreja paroquial de Santa Maria de Machede, a Casa do Povo e outros edifícios.

Consta que a data da fundação da povoação, vem de épocas remotas mais precisamente do ano 672 período governado pelo o Rei Godo Wambo. É também sabido que, no inicio da nacionalidade, a povoação era administrada pela igreja Eborense, pelo

que se pode afirmar, quer a povoação quer a freguesia, são das mais antigas do concelho de Évora. Foi neste “lugar santo” que, desde muito cedo, o Homem se começou a fixar. Podemos encontrar algumas antas nesta freguesia. Há diversos vestígios da ocupação romana, nomeadamente,

TOYOTA HILUX INVINCIBLE

na Herdade da Fonte Coberta, na Herdade de Bencafêde e na Herdade da Parede, sem esquecer a Anta da Herdade do Montinho (Nº38 33,725’ /W 007º 41,432’)

De novo ao volante da Toyota Hilux Invincible seguimos pela CM1095

direção a sudeste como quem vai a caminho do Redondo, ali num pequeno troço de pouco mais ou menos 500 metros um enorme campo de girassóis convida-nos a parar. Estas flores tão fotogénicas só vestem os campos de verão. Por isso, temos mesmo que as ver de perto, é uma oportunidade,

evidentemente, respeitando sem estragar o trabalho e a dedicação do agricultor, reforçando a ideia que as paisagens alentejanas são idílicas e fazem as delicias de muitos, em diferentes momentos do ano.

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TOYOTA HILUX

Há mais de 50 anos que a fiabilidade lendária Hilux, comprovada em todos os continentes e em condições de extrema dificuldade, faz dela um veiculo à parte no mundo automóvel.

A primeira geração da Hilux foi lançada em 1968, curiosamente, no mesmo ano do marcante maio de 68 que mudou o mundo ocidental tornando-se ícone de uma época onde a renovação dos valores veio acompanhada pela proeminente força de uma cultura jovem. Naturalmente, não tem nada a ver uma coisa com a outra, assim como a primeira Hilux não tem nada a ver com a última geração. Ou será que tem?

O modelo foi atualizado regularmente, sobretudo, em termos conforto de condução e acolhimento de passageiros, para permitir que a menina-dos-olhos do fabricante japonês enfrentasse os seus concorrentes com tranquilidade. Mas, o ADN da robustez, fiabilidade e longevidade, esse, manteve-se.

A VERSÃO INVENCIBLE

A versão topo de gama da nova Hilux está disponível em Cabine Dupla, com as melhores capacidades de uma pickup, com um estilo mais aventureiro que nos agrada bastante. A começar pelos detalhes exteriores: proteção frontal e traseira; degraus laterais, jantes de liga leve de 18”; roll-bar e puxadores das portas de cor preta. No interior, a versão Invencible apresenta um grafismo especifico do

ecrã TFT, detalhes em preto metálico e acabamento cromado preto e até uma chave inteligente. A iluminação azul claro nas portas dianteiras e traseiras e bancos em pele de dois tons, compõem o visual dinâmico. Destaque para a simpática lista de equipamentos que, naturalmente, inclui a navegação, o ar condicionado automático, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro devido ao tamanho da "Fera"

e um sistema de som JBL Premium de 9 altifalantes que incorpora um amplificador de 800 W de 8 canais e tecnologia CLARi-Fi. Neste périplo pelos castelos do Alentejo, por cada castelo “conquistado” ouvíamos alto e bom som “ “The First Wave” de Jon Björk, numa sensação – abstracta - de invencibilidade. Foi divertido.

A Igreja de Machede é um belo exemplo da influência do azul árabe.

CASTELO DE VALONGO

Logo ali, mais à frente, paramos novamente à direita, no inicio de um caminho de terra batida. O breve caminho pelo monte acima, rodeado de campos de vinhas como companhia, leva-nos até ao castelo medieval de Valongo. Resistente e orgulhoso resiste à erosão do tempo e do esquecimento. E é lamentável, porque o castelo de Valongo é um dos raros castelos portugueses com traça tipicamente medieval.

Este castelo encontra-se no cimo de uma colina tipicamente alentejana, rodeado de grandes vinhedos, e com uma represa bem perto, o que dá ao local uma atmosfera deslumbrante e cria as condições perfeitas para os eventuais amantes da fotografia. Infelizmente, o castelo encontra-se em propriedade privada e fechado a sete chaves. Apesar de termos pedido para o visitar só foi possível faze-lo por fora

porque, normalmente, a área exterior também está vedada. Consta que no seu interior se podem encontrar inscrições árabes. Não existe muita informação oficial acerca do castelo, e, por isso, a sua história está envolta numa “neblina” cultural. Consta que teria havido uma fortaleza anterior, construída pelos mouros e tomada por Geraldo Sem Pavor, após a conquista de Évora.

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Castelo de Valongo.

Não deixa de ser interessante visitálo por fora. Leva-nos a imaginar como será o seu interior e talvez até questionar o que mudaria se o castelo fosse propriedade pública. O que é certo é que recuperar um castelo não é tarefa fácil para um privado, mas mesmo assim, seria possível e de todo conveniente, encontrar uma solução para manter preservado este pedaço de história, sendo que uma solução ideal implicaria também a abertura deste espaço ao publico. Todos beneficiariam com esta solução, inclusivamente, os proprietários. Não tenho dúvidas.

Meia dúzia de quilómetros mais à frente, pela mesma estrada, chegamos a Montoito, uma pequena vila do concelho

do Redondo, Nesta povoação fundada no século XIII também domina o azul, desde o céu até aos ínfimos detalhes que descobrimos. A Igreja do Espírito Santo e o coreto são exemplos disso. O forte calor que se faz sentir explica as ruas vazias. Não se vê ninguém.

Dali à barragem de Lucefécit, no concelho de Alandroal, faz-se tranquilamente em cerca de 30 minutos, aquela meia-horinha para aproveitar o ar-condicionado da Toyota Hilux Invincible.

À beira da água uma cegonha meia assarapantada (como se diz por estas bandas), observa-nos desconfiada.

Em Portugal, temos poucos lugares com uma dispersão tão grande de

locais sagrados e durante um período tão longo como na ribeira de Lucefécit. Desde a fase pré-romana até aos tempos medievais. Na fase pré-romana, os lusitanos teriam uma divindade indígena alvo de um culto com algum relevo, o Deus Endovélico, que foi massificado com os romanos.

Como sucede com quase todos os cultos proto-históricos, não há grandes certezas. Linguistas, historiadores, arqueólogos procuram explicações e, simultaneamente, fundamentar algumas das teses que consideram mais corretas. A própria designação da ribeira de Lucefécit está envolta em mistério porque terá origem em Lúcifer.

TOYOTA HILUX INVINCIBLE
Barragem do Lucefécit

INVINCIBLE, O CAVALO DE TRAÇÃO

Com um facelift feliz, um motor mais potente e um chassis mais confortável, o “cavalo de tração” (Leia-se: Hilux) enobreceu! Mundialmente conhecida pela robustez e fiabilidade, a Hilux é um dos pilares-mestres da casa de Aichi. No entanto, nem toda a gente precisa de uma pickup para reparar um poste elétrico na Serra da Estrela ou participar numa investigação científica ao Polo Norte. Não, a Toyota (que raramente se engana) acredita que o utilitário revelase cada vez mais uma alternativa aos SUVs e aproveita para melhorar a sua Hilux aqui e ali.

Como promover a sua robusta utilidade multifuncional para um publico que que procura mais lazer que trabalho? A receita é a mesma dos compactos e outros crossovers da marca mas, no sentido inverso. Nos compactos e crossovers imprime-se um ar mais aventureiro, no cavalo de tração, melhora-se o conforto e desenha-se atmosfera mais gentrificada, ou seja, criam-se condições cada vez mais próximas de um SUV. Ao mesmo tempo a Hilux recebe uma nova face frontal, equipada com uma grelha trapezoidal e design dos faróis renovada.

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O “NOVO” MOTOR

Diretamente do Land Cruiser esta unidade de 2,8 litros oferece de mãobeijada uma potência de 204 cv e 500 Nm de torque. O suficiente para levar a 2,1 toneladas de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos, dois segundos as menos que o “velho” 2.4 litros. Em Portugal, a Hilux Invencible vem de série, exclusivamente, com transmissão automática.

CASTELO DE TERENA

Subimos as íngremes ruas até darmos de caras com as muralhas do Castelo de Terena, com as quais já tínhamos namorado ao longe desde a barragem.

A maior parte da construção desta estrutura fortificada deverá ter sido feita no reinado de D. Afonso IV (de 1325 a 1357). Era, nesta altura, crucial que houvesse uma forte fronteira no Alto Guadiana para proteção da Coroa portuguesa perante possíveis avanços desde terras de Espanha. Por isso, para além desta estrutura em Terena, a linha de defesa incluía os castelos de Juromenha, Alandroal, Monsaraz e Mourão.

Do alto do castelo pareceu-me impossível de conquistar, sobretudo, devido à imponente entrada em cotovelo. No entanto, consta que a decisão da Coroa de gastar todos os recursos financeiros (onde é que já ouvi isto?) e de engenharia na Praça de Elvas durante as Guerras da Restauração, no século XVII, viria a resultar na queda desta fortificação em 1652 perante as tropas castelhanas. Tal como eu, os nossos amigos castelhanos apreciaram

a vista do horizonte... ainda que não fosse por muito tempo.

A partir do Castelo de Terena tem uma das melhores vistas da região, sobre a povoação, a barragem de Lucefécit e a planície alentejana a perder de vista. Deixando as muralhas para trás, as ruas de Terena estendem-se tranquilas por entre uma paisagem que evoca muito do Alentejo plasmado na literatura ou nos guias de viagem. A serenidade de cada recanto, o casario alvo de faixas coloridas e o domínio de um castelo altaneiro, fazem desta pequena freguesia um regalo para todos os que a visitam. Calcorrear as suas ruas e ruelas, descobrir segredos mal-guardados, inspirar-se e se quiser aumentar a emoção divertindo-se à aventura da

descoberta: descobrir gatos, sim, gatos. Sejam ou não de carne e osso.

Talvez a um quilómetro do castelo, “já ali” existe um local de culto muito peculiar: o Santuário da nossa Senhora da Boa Nova (que eu conhecia por Capela da Boa Nova) e remonta ao tempo da cristianização dos cultos pagãos, já que bem perto foram encontradas ruinas de um templo Endovélico (divindade céltica da Idade do Ferro venerada na Lusitânia pré-romana). No período Proto-histórico, este era o deus da cura, da medicina, da terra, do mundo subterrâneo, protetor da vida após a morte.

Provavelmente, foi construído durante o século XII mas, o mais curioso disto tudo, é que tem características de

igreja-fortaleza, um tipo de edifício que, normalmente, as guerras não poupavam. Quero acreditar que os poderes protetores de Endovélico deram uma mãozinha.

Na altura do dia em que está mais quente no Alentejo, seguimos por estradas rurais sem nome que nos levam atravessar a aldeia do Rosário a partir da qual convergimos para norte. A seguir ao Monte do Outeiro viramos à direita e repetimos a manobra depois da Mina do Bugalho. Já na EN 373, são necessários apenas 11 km para chegar a Juromenha.

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Castelo de Terena

AO VOLANTE

Confesso que sou suspeito quando escrevo sobre pickups. Sou fã incondicional deste modelo por muitas e diversas razões, inclusivamente, emocionais.

Um vez ao volante, é impossível ignorar que o 2.8 está a trabalhar. As vibrações são normais para um carro deste calibre mas pedia-se mais da insonorização do motor.

A Hilux apresenta suspensões de longo curso para garantir um bom desempenho off-road, bem como molas traseiras para suportar a carga útil da

HÁ MAIS DE 50 ANOS QUE A FIABILIDADE LENDÁRIA HILUX, ... FAZ DELA UM VEICULO À PARTE NO MUNDO AUTOMÓVEL.

caixa, que chega quase a uma tonelada. No último restyling, as alterações que foram feitas na suspensão trouxeram melhorias acrescidas mas em estrada a Invincible comporta-se com uma pickup com alguns movimentos da carroçaria e solavancos do eixo traseiro nas irregularidades da estrada: um fenómeno ainda mais sensível quando vai com a caixa de carga vazia. Nada de mais. Pessoalmente, gosto muito

do comportamento da Invincible em estrada.

A caixa automática, pela sua facilidade de utilização, é uma verdadeira mais valia e permite explorar – e gozar –facilmente os 204 cv, que dão para tudo e mais alguma coisa. Do lado do consumo, apuramos 9,8 litros/100 km no nosso ensaio, realizado em caminhos rurais e estradas nacionais.

O interior mudou ligeiramente mas mantém o ar classicizante da marca. Inclui entre outras coisas um novo sistema multimédia, ecrã touch-screen de 8 polegadas que é compatível com CarPlay e Android Auto.
TOYOTA HILUX INVINCIBLE

FORTALEZA DA JUROMENHA

É sempre um prazer regressar à Juromenha. Atravessando a povoação lentamente, seguimos para a fortaleza que é considerada a “Sentinela do Guadiana”. As muralhas impõem respeito mas, desta vez, estão cobertas de andaimes e painéis e está fechada, para obras. Aqui, os nossos olhos ficam tristes mas, ao mesmo tempo, contentes por saber que a fortaleza está a ser recuperada. Parece um contrasenso. Há coisas que são incomuns e ao mesmo tempo universais. É o que nos acontece naqueles momentos em que ficamos tristes e, em simultâneo, não

conseguimos evitar uma certa sensação de felicidade.

Acredito que as obras de requalificação da Fortaleza de Juromenha, vão dar outra dimensão à suposta rota dos Castelos Alentejanos. Quedo-me em frente aos andaimes e às redes a imaginar o que já conheço: a bonita praça-forte e o rio Guadiana que esta tão orgulhosamente defende. A Leica não sai da mochila.

Espero que as obras de requalificação se estendam ao interior que estava em ruinas, a acusar a erosão do tempo

e até do esquecimento. Não admira. As referências a este lugar remontam ao século XI. Impressionante! Por trás destas muralhas – ou que as antecederam – foram quartel de mouros e cristãos, portugueses e espanhóis e finalmente portugueses. Viu as suas construções medievais adaptar-se à artilharia seiscentista. Sobreviveu com bastantes danos ao terramoto de 1755. Em pleno século XXI é possível ver os escombros de duas igrejas, os antigos Paços do Concelho e a cadeia.

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Interior da Fortaleza da Juromenha. “A sentinela do Guadiana” Crédito: Turismo do Alentejo

Mesmo em frente à fortaleza, encontramos a Tasca d’Juromenha. Parece-nos ser uma casa relativamente recente. “Aproveitamos e almoçamos por aqui”. Confesso que não há como não recomendar esta "tasca". Local muito agradável, ótima comida

alentejana com uma abordagem diferente: de entrada, as bolinhas de alheira com puré de maçã estavam divinais. De seguida, as bochechas com esmagada de batata e por fim a mousse de chocolate e as migas doces que culminaram esta notável

experiência gastronómica, sem esquecer a simpatia e a arte de bemservir de Luís Grave, o proprietário. Hot Spot de Bom Ambiente e Boa Gastronomia.

ACIMA DE TUDO UM 4X4

A Hilux é acima de tudo um 4x4 que beneficia de muitos anos de experiencia da Toyota nesta área. Possui tração permanente às quatro rodas (com notáveis “curtas”) além do bloqueio do diferencial traseiro. Naturalmente, assume todos os seus pergaminhos de excelentes performances fora de estrada.

A solidez do seu chassis-escada capaz de resistir aos golpes mais duros, mas também capaz de se “deformar” o que reforça as capacidades de progressão em condições extremas.

Além destes equipamentos mecânicos, a Hilux conta com um bom pacote de sistemas electrónicos, como assistência em descidas ou assistência nas partidas

em subidas íngremes. E, novamente, voltamos a destacar a caixa automática que é uma vantagem real e inegável. Ao longo do tempo e das gerações, o Toyota Hilux conseguiu permanecer um crossover de alto desempenho, capaz de chegar a todos os lados, vazio ou carregado.

CASTELO DO ALANDROAL

Pela mesma estrada que nos trouxe à Juromenha, a N373, chegamos ao Alandroal. A origem do nome está embebido em arte: nestas terras crescem aloendros, ou alandros, cuja madeira se transforma em belas peças de artesanato local (tal como a cortiça e o xisto que também são matériasprimas da região).

Já passamos pelos castelos de Valongo, Terena e Juromenha, tão importantes na contribuição do Alentejo, com a ajuda indispensável do rio Guadiana, na defesa do território nacional, tantas e tantas vezes, cobiçado pelos espanhóis. Naturalmente, Alandroal também tem o seu castelo! E é igualmente claro que a vida submarina das ribeiras de Lucefécit, de Alcalate e do Alandroal e do rio Guadiana, inspiram a conhecida

Mostra Gastronómica de Peixe de Rio do Alandroal que, normalmente, decorre no mês de março.

O castelo do Alandroal foi construído no século XIII, já sofreu muitas investidas e exércitos inimigos e intempéries mas, é uma inspiração para a gestão do nosso património histórico e cultural. Excecionalmente bem conservado, graças à C.M. do Alandroal que em boa hora assumiu a responsabilidade da sua manutenção.

Nas palavras de Siza Vieira, “Manutenção (...) é não deixar uma construção degradar-se. A princípio é só pouca coisa e, portanto, vai-se deixando andar até que se transforma numa degradação total. E depois já não se trata de manutenção mas de

recuperação. E a recuperação é cara. Fazer uma constante manutenção é também uma medida de economia.” (Siza, 2017).

Não é a primeira vez que fotografo um automóvel no interior deste castelo. Oferece um ambiente cénico fabuloso e uma generosidade que me fascina. É o que testemunhamos quando entramos com a Toyota Hilux Invincible pela Porta Legal desta fortificação gótica tendencialmente oval, na Torre de Menagem e restantes torres, no próprio chão e na Igreja Matriz do Alandroal.

O castelo do Alandroal, peça integrante das Fortalezas da Raia, é um testemunho importante da arquitectura militar dionisina e também para o reconhecimento do grande investimento efetuado nessa época

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Castelo do Alandroal

em castelos no Alentejo. Uma terceira inscrição, identificando um homem oriundo da comunidade muçulmana (autointitulado "Eu, Mouro Galvo") como responsável pela condução dos trabalhos, é ainda considerada uma das mais importantes marcas mudéjares no nosso país.

É uma sensação estranha, intrínseca, estar num local que viveu tanta tortura, tanta luta sangrenta e, agora, transmite tanta paz e serenidade. É um exemplo de esperança renovada, como diria Torga: “Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é

preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração não hesite...”. Para mim, o castelo do Alandroal é um ponto de recarregamento da alma.

CASTELO DE EVORAMONTE

A partir do Alandroal, escolher a direção Estremoz ou Redondo vai dar ao mesmo. Cerca de quarenta quilómetros chegam para chegar a Evoramonte e ao seu castelo, o mais altaneiro deste nosso périplo.

Evoramonte tem uma riquíssima e longa história para contar. No século XII foi tomada aos mouros por “Geraldo Geraldes, o Sem Pavor”, sim, esse mesmo que dá nome à Praça do Giraldo, em Évora, em agradecimento

pela conquista aos mouros em 1167. “Geraldo, o Sem Pavor”, é um personagem semi-lendária, “exímio cavaleiro, e homem letrado, Geraldo torna-se num herói invejado e capaz de liderar vastos exércitos. Ao longo dos anos seguintes, «o cão do Giraldo», como era tratado pelos muçulmanos, conquista territórios, desafiando sempre o poder dos almóadas com os seus homens que, de um simples bando de ladrões, se viriam a transformar num verdadeiro

“SUBIR A BORDO”

A expressão “subir a bordo” faz todo o sentido nas pickups. A Hilux não foge à regra e as pegas nos pilares do parabrisas ou nos estribos são muito úteis para aceder ao habitáculo, assim como os degraus laterais, embora reconheça a utilidade, nunca gostei de ver. O interior mudou ligeiramente mas mantém o ar classicizante da marca. Inclui entre outras coisas um novo sistema multimédia, ecrã touch-screen de 8 polegadas que é compatível com CarPlay e Android Auto.

exército organizado de cavaleirosvilãos” lê-se na sinopse do livro “O Sem Pavor” de António da costa Neves (Prémio Literário Cidade de Almada 2020).

Em 1531, um terramoto deitou por terra o castelo original, o que resultou na reconstrução de um fortificado de inspiração italiana. É diferente de todos os outros castelos e é considerado uma das joias da arquitectura militar portuguesa.

TOYOTA HILUX INVINCIBLE

Uma vez no castelo, podemo-nos deixar encantar pela paisagem 360º. Do cimo destas fortes paredes que parecem intransponíveis também miramos as ruas que a acompanham no interior.

No dia 26 de maio de 1834, os comandantes dos exércitos Liberal e Miguelista reuniram-se aqui em Evoramonte, para negociar a paz. De um lado estavam o Duque da Terceira e o Duque de Saldanha, em representação de D. Pedro, e do outro, o general Azevedo Lemos, do lado de D. Miguel. Chamou-se “Convenção” ou “Concessão” ao acordo assinado entre as duas partes, porque nele os vencedores anunciavam aos vencidos as suas condições.

A rua central, a principal das três que existem, exibe a placa com o nome Rua da Convenção, outra placa, assinala a casa onde a mesma foi assinada. A calçada está salpicada de pedras

A calçada está salpicada de pedras pintadas com casinhas castiças da autoria de “Sensa”.

pintadas com casinhas castiças. Um mimo que põe miúdos e graúdos à descoberta. A feliz ideia partiu da talentosa “Sensa”, artista plástica que podemos encontrar, ali mesmo ao pé, na sua simpática loja, o Celeiro Comum.

O sol já vai baixo e prepara-se para renascer noutro lado. A planície ondula assobiada pela brisa fresca do

fim de tarde. A terra exalta pequenos suspiros e a luz ténue realça a beleza da paisagem: a expressão clara da harmonia que ainda existe entre o homem e a mãe-terra.

Final do dia. Está na hora de abalar, de regressar a casa. O dia foi inesquecível e a experiência com a pickup Toyota Hilux Invincible foi fantástica.

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Castelo de Evoramonte

PERCURSO (KMS):

Ericeira > Évora >170 km

Évora > Castelo de Valongo > 30 Km

Castelo de Valongo > Castelo de Terena > 31 km

Castelo de Terena > Fortaleza de Juromenha > 26 km

Fortaleza de Juromenha > Castelo do Alandroal > 17 km

Castelo do Alandroal > Evoramonte > 40 km

Evoramonte > Ericeira > 193 Km

TOYOTA SAFETY SENSE. FAZ TODO O SENTIDO

O “Toyota Safety Sense” é o magnifico conjunto de sistemas concebidos do fabricante japonês para apoiar e tornar a condução mais segura, não só para o condutor e passageiros, mas também os outros utilizadores da estrada. Inclui “Sistema de PréColisão”, “Reconhecimento de Sinais de Trânsito”, “Cruise Control Adaptativo”, “Aviso de Saída de Faixa de Rodagem” , “Luzes Máximas Automáticas”, “Sistema Inteligente de

Ajuda ao Estacionamento”, Câmara Panorâmica 360º”, “Deteção Traseira de Aproximação de Veículos com Assistência à Travagem”, “Sensores de Estacionamento Inteligentes”, “Alerta de ângulo Morto “...

Enquanto algumas marcas baseiam o seu marketing na segurança, a Toyota, encarna naturalmente essa preocupação com o excelente Toyota Safety Sense. Faz todo o sentido.

A NOSSA OPINIÃO

Esta nova versão topo de gama recebe de braços abertos os 204 cv do novo motor diesel, no entanto, já estávamos à espera que o “ conforto de um SUV” não está ao nível do que a equipa de marketing da Toyota nos quer fazer crer. É verdade, que o amortecimento desta Hilux melhorou substancialmente mas, não disfarça o seu ADN de pickup.

A Hilux está mais agradável de conduzir sem perder nada daquilo que lhe construiu a reputação: robustez lendária (de que este novo motor também

deve beneficiar) e a sua capacidade de trabalhar em condições extremas. Claro que alguns concorrentes são mais acessíveis ou oferecem um pouco mais de conforto mas, com certeza que a Hilux continua a ser a referencia no segmento das pickup.

Na nossa opinião, sobretudo, nesta versão Invincible estamos perante um charme rústico que deriva das suas origens utilitárias e excelentes capacidades off-road. A sedução da força... tranquila. Quem resiste?

MAIS

• Performances do potente motor 2.8

• Design exterior

• Robustez inegável

• Comportamento em estrada

• Inegáveis capacidade 4x4

• Toyota Safety Sense

MENOS

• Insonorização do motor

• Alguns acabamento interiores

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS

Motor: 2.8 litros diesel turbo, 4 cilindros Potência: 204 cv Binário: 500 Nm Transmissão: automática de 6 velocidades

Velocidade máxima: 175 km/h Consumo: 9,4/9,5/100 km (WLTP)

CO2: 247 g/km (WLTP)

Preço Hilux 4x4 2.8: a partir 64.700,00 Euros.

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TOYOTA

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QUEM SAI AOS SEUS...

Depois do Aygo e do Yaris, é a vez do emblemático Corolla receber a sua versão “Cross”, entenda-se por SUV. Tal como na variante elevada do citadino japonês, não há necessidade nenhuma de encontrar uma relação entre o visual do SUV e o clássico Corolla. Não

partilham de nenhum elemento de design exterior. Foi a percepção que tive no primeiro encontro visual com o carro. As linhas do compacto são dinâmicas e apetecíveis, a versão desta carroçaria Cross é muito mais versátil...e com 1,62m de altura, concordo com a marca

quando afirma que o seu novo SUV está de facto entre o RAV4 e o C-HR mas, com um pouco mais de boa vontade, também o situo entre o Corolla break e o 5 portas.

TOYOTA COROLLA CROSS

À primeira vista o estilo chama atenção e é agradável de se ver. Confesso, que me agradou. As proporções são estéticas e o design generoso. Além disso, há um facto curioso na construção deste modelo: a Toyota instalou 24 logótipos ocultos Corolla Cross em todo o veiculo, que representam 24 horas por dia, 7 dias por semana, da dedicação da equipa que projetou e desenvolveu este modelo. Portanto, as expectativas eram grandes...

Mas é no interior que se consegue ver as semelhanças entre todos os Corolla. O painel superior é idêntico em todos

os modelos mas, é o primeiro modelo a receber o ecrã TFT de 12,3” que promete espaço para conteúdos e a possibilidade de personalizar o estilo, assim como o ecrã multimédia de 10,5”. Ambos de série em todos os níveis de equipamento e, obviamente, compatível com Apple ou Android.

Sobressaem os materiais da moda como o acabamento em pesponto. A presença de certos plásticos deixa-nos sempre desconfiados mas, como se trata da Toyota, vamos apostar que vão ficar no lugar por muito tempo!

MOTOR

O motor vem da caixa de ferramentas da Toyota. É um quatro cilindros 2.0 HEV, com um motor a gasolina de de 152 cv de potência, aliado a um motor elétrico de 113 cv (83 kW) que oferecem um potencia combinada de 197 cv. O Corolla Cross é o primeiro modelo com esta motorização. A Toyota argumenta menor consumo de combustível e consequentemente menos emissões de CO2; melhoria na condução – mais consistente, previsível e aceleração mais controlável. Segundo a Toyota é um veículo racional e os seus argumentos são conhecidos: um motor híbrido mais eficiente que nunca, aliado à proverbial fiabilidade do fabricante japonês. Era de esperar.

Na curta experiência que tive ao volante do Toyota Cross, o desempenho pareceu-me salutar; o motor a dar bem conta de si e a caixa de velocidades (CVT) a corresponder. Não é o Best of Both Worlds mas é honesto e conta com os pergaminhos de uma história de sucesso com mais de 50 anos..

Outro dado curioso: no primeiro contacto que tivemos com o Corolla Cross, fomos até ao Monte da Oliveira Velha, em Courelas da Azaruja, no Alentejo. Na viagem de regresso, apanhamos uma daquelas tardes cor-de-chumbo, de chuva intensa, visibilidade reduzida e risco de hidroplanagem (aquaplaning) que, como o leitor sabe, retira, literalmente, a tração dos pneus à estrada. É um fenómeno que depende, principalmente, do tipo de condução, estado de conservação da estrada (neste caso, a autoestrada) e, sobretudo, o estado dos pneus, Pneus em bom estado garantem a capacidade de escoar a água através dos sulcos desenhados no piso do pneu. Mas não é tudo. De facto, o Corolla Cross revelou uma direção firme e um bom equilibro da massa na dinâmica de condução, transmitindo um sensação de confiança real, tendo em conta que o Corolla Cross é um dos modelos mais volumosos no segmento de SUVs compactos, com os seus 4,46m de comprimento.

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COROLLA CROSS 2.0 HYBRID. 3 VERSÕES

PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS VERSÃO COMFORT

EXTERIOR

• Jantes de liga leve de 17”

• Sensor de chuva

• Faróis de nevoeiro dianteiros

• Luzes de circulação diurna LED

• Espelhos retrovisores elétricos, aquecidos e retráteis

• Pneu suplente temporário

INTERIOR

• Volante em pele

• Bancos em tecido

• Ecrã multimedia 12,3”

• Ar condicionado automático dual

• Câmara auxiliar traseira

SEGURANÇA

• Sistema de chamada de emergência (E-Call)

• Deteção Traseira de Aproximação de Veículos (RCTA)

• Reconhecimento de sinais de trânsito (RSA)

• Cruise control adaptativo (ACC)

• Assistência de condução inteligente (LTA)

• Preço: 38.190,00 Euros

VERSÃO EXCLUSIVE (Adiciona ao Comfort):

EXTERIOR

• Jantes de liga leve de 18”

• Faróis LED

• Rails no tejadilho

• Vidros traseiros escurecidos

• Teto panorâmico

INTERIOR

• Sistema “Smart Entry & Start”

• Preço: 39.990,00 Euros

VERSÃO LUXURY (Adiciona ao Exclusive):

EXTERIOR

• Porta da Bagageira elétrica

INTERIOR

• Bancos frontais aquecidos

• Carregador sem fios para smartphone

• Bancos em pele

• Banco condutor deslizamento elétrico

• Banco condutor reclinável eletricamente

• Banco condutor ajuste vertical elétrico

SEGURANÇA

• Sensores de estacionamento

• Alerta de ângulo morto (BSM)

O Toyota Corolla Cross beneficia de mais avançadas tecnologias de segurança. O Sistema Toyota T-MATE & Toyota Safety Sense 3, apresentam novidades e melhorias nos sistemas já existentes.

• Preço: 43.390,00 Euros

SISTEMA DE PRÉ COLISÃO

Assistência na curva de interseção ...para travagem em cruzamento ...para veículos que se aproximam Supressão de aceleração em baixa velocidade

Melhoria

Novidade

Novidade

Novidade - é ativado no caso de ser detetada uma aceleração repentina durante a condução lenta que pode causar uma colisão (no centro da cidade, por exemplo)

Cruise Control Adaptativo (ACC)

Assistência de Condução Inteligente (LTA)

Reconhecimento de Sinais de Trânsito (RSA)

Sistema de travagem de emergência à condução (EDSS)

Over The Air Updates (OTA)

Melhoria - Resposta mais rápida e natural Melhoria - Resposta mais rápida e natural Melhoria - Reconhecimento de mais sinais Novidade - Ajuda a reduzir risco de acidente, no caso do condutor não ter capacidade de reação durante a condução (no caso de doença súbita, por exemplo)

Novidade - Permite que os clientes atualizem o sistema via Wi-Fi

A NOSSA PRIMEIRA IMPRESSÃO

Com esta curta e simpática experiência ao volante do Corolla Cross não vamos, para já, tirar grandes conclusões opinativas. Gostamos de o conduzir, reconhecemos algumas qualidades mas vamos ter que esperar pelo nosso ensaio - exclusivo e com alma - para opinar de consciência tranquila, como sempre o fizemos. Mas, promete. Quem

sai aos seus... Embora não tenha sido planeado à partida, a chegada do Corolla Cross à Europa parece-me ser de uma lógica implacável. Quer pelo formato, quer pela silhueta, este SUV responde na perfeição a quem achou que o C-HR era demasiado estreito ou arrojado (ouvi muitas vezes os dois argumentos).

“AMOR É CEGO”

Esta experiência de condução ao volante do novo Corolla Cross, levounos até ao Monte da Oliveira Velha para visitar um produtor de azeite com uma história de família e de amor à terra que

conta e reconta com um brilhozinho nos olhos.

João Miguel Rosado é um professor de matemática que cresceu e fez-se

Além disso, beneficia dos pergaminhos do Corolla, surge como um SUV, veiculo familiar, uma eletrificação de 5ª Geração com um motor híbrido 2.0 HEV, com os mais modernos sistemas de segurança, prático e confortável. Características muito interessantes no crescente e sedutor mercado do segmento C.

homem a ver o pai e o avô a tratarem do olival da família. À medida que ia crescendo, o olival parecia-lhe cada vez mais pequeno mas, tal como raízes das oliveiras crescem poderosas, o

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amor cego por aquele pedaço de terra plantada há mais de 60 anos pelo seu avô, criou-lhe “raízes” irreversíveis no seu coração.

O provérbio “O amor é cego” é muitas vezes atribuído a Platão (427-348 aC) porque em “As Leis” o filósofo grego escreveu “Aquele que ama é cego para o que ama”. Mais tarde, William Shakespeare deu ao seu soneto 137 o titulo de “Amor é cego”. Já no século XIX a ceramista Sabina Santos criou uma boneca de barro com os olhos vendados a que chamou “O Amor é Cego”. Uma tradição artística com mais de três séculos que faz parte da identidade cultural do concelho de Estremoz.

De facto, o azeite “Amor é cego” representa a paixão que têm por aquele pedaço de terra transformado em

olival e conservado na família há três gerações. O nome não podia ser outro.

Em 2015, iniciaram o sonho de produzir azeite a partir e só daquele pequeno olival, aproveitando um património oleico com um valor sentimental enorme.

“Amor é cego” é um azeite virgem 100% de azeitona galega, também conhecida por “azeitona portuguesa”, com 0,1 de acidez, extraído a frio (a fim de evitar alterações nos atributos positivos do azeite e no sabor. A extração a quente proporciona maior quantidade mas com menos qualidade) conservando a matriz da galega: frutado maduro, com notas de tomate e frutos secos e final ligeiramente picante.

As azeitonas são apanhadas manualmente, colocadas em caixas de 20 Kg e processadas no mesmo

dia, de modo a conservar todas as propriedades do azeite. São tratadas de forma cuidada e sem pressas das velhas oliveiras, respeitando as melhores práticas agrícolas e, por isso, apesar de terem uma baixa produção (7 litros de azeite por cada 100 kg de azeitona), produzem um azeite exclusivo da mais alta qualidade.

É no Monte da Oliveira Velha que nascem as azeitonas que dão origem ao azeite Amor é Cego. Está situado a 17 Km de Évora e a 25 Km de Estremoz. Para além de uma vista privilegiada para o Castelo de Evoramonte e para a Serra D´Ossa podemos observar zambujeiros milenares que encantam o visitante por serem árvores cheias de vida e de história, que resistiram à passagem do tempo.

TOYOTA COROLLA CROSS

A PROVA

No Monte da Oliveira Velha a prova ou degustação de azeite é um momento muito especial. É preciso seguir as regras e o uso das ferramentas certas. O famoso copo de prova de azul cobalto é uma delas. É de cor escura para que o provador não possa avaliar o conteúdo pela cor pois esta não é um critério relevante de avaliação (o azeite mais amarelo provém de azeitonas mais maduras enquanto que o azeite mais verde provem de azeitonas mais verdes).

O formato do copo facilmente se deixa embalar pela mão, para que o azeite mantenha a temperatura ideal de 28ºC (entre 26-30º C),já que os componentes que conferem o aroma e o sabor do azeite são voláteis e deste modo libertarse-ão mais depressa. Com a outra mão tapamos a boca do copo (também ficamos a saber que se pode tapar com o chamado vidro de relógio). Agitamos com suavidade o azeite, retiramos a mão que tapa a boca estreita do copo que orienta os aromas, e, quando inspiramos

lentamente, como o João aconselha, um perfume de erva fresca invadenos, como se estivéssemos num prado luxuriante. Que experiência sensitiva fantástica!

Volta-se a tapar e por fim remove-se de novo a mão que tapa o copo. Engole-se uma pequena porção de azeite. O João dirige o ritual e diz-nos que a pequena porção de azeite deve percorrer tranquilamente toda a cavidade bucal e descer até à garganta.

Quando o azeite se encontra perto da garganta é bastante importante inspirar algum ar para que se tenha a perceção das sensações retro nasais. Para mim, as notas do “Amor é cego” confundem-me, deixam-me fora de mim mas, como no amor, aquele final picante é extasiante. Que experiência!

Uma nota curiosa, uma prova de azeite não dever ser feita com pão. Claro que um bom pão alentejano, com um excelente azeite é muito saboroso, mas não é uma prova de azeite. Não teremos a mesma perceção de todas as caraterísticas do azeite mas também pode ser divertido.

O João Rosado, ainda nos deu a oportunidade de conhecer mais dois produtos biológicos das redondezas que não queria deixar de destacar.

O primeiro, um nome a fixar: BAIO, mel silvestre de flores nativas, como a alfazema, esteva, silva, entre outras, embalado e produzido no Monte Vale de Baio (A regenerative organic farm).

O segundo, um vinho branco fabuloso de uvas de vinhas velhas, com cerca de noventa anos da Serra de S. Mamede, produzido carinhosamente pela enóloga galega Susana Esteban. “Tira o véu” é um vinho com curtimento em ânfora e estágio sob um véu de flor (daí o nome), durante nove meses. Um vinho cujo nariz é intenso com nuances de casca de laranja que lhe confere uma complexidade única que se transmite na boca de forma muito elegante e subtil.

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João Miguel Rosado, um professor de matemática que não esconde o amor cego que tem pela sua produção de azeite.
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JEEP WRANGLER 4Xe 2.0 TG PLUG-IN 380 CV

UM WRANGLER DE OUTRO MUNDO!

O Wrangler, provavelmente, o veículo mais carismático da Jeep, converteuse à mobilidade elétrica. Pela primeira vez o 4x4 born in USA recebe uma motorização elétrica na vertente híbrida Plug-in, tornando-se assim um todoo-terreno que podemos chamar de “Verde”, graças à tecnologia híbrida recarregável.

Puro marketing, uma forma de contornar as penalizações ecológicas ou progresso virtuoso real? Neste ensaio, tentamos revelar tudo sobre este icónico veículo, muito longe das ideias concebidas.

Mas, antes de tudo, para que não haja suspeitas, quero dizer que sou fã da marca, gosto de praticar todo-o-terreno, não tenho qualquer

preconceito em dizê-lo e de me assumir como um defensor da natureza. Além disso, o Wrangler é um dos meus 4x4 preferidos. Percorri a Amazónia ao volante de um Wrangler, deambulei nas dunas do norte de África e fiquei vidrado com as performances deste icónico 4x4. Suspeitas esclarecidas...

Quando um ícone como o Wrangler, um puro e duro 4x4, decide converterse à eletrificação é como um crente se tornar ateu, ou vice-versa, é certo que o automóvel passará para outro mundo.

Um mundo em busca de um futuro maisque-perfeito onde o motor térmico será cada vez menos associado ao presente pois, com ou sem razão, é considerado ecologicamente imperfeito.

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Recordar! Em 6 de junho de 1944, há quase 80 anos atrás, o Exército de Libertação desembarcou na costa da Normandia. Mais de 130.000 homens chegavam por mar para iniciar a ofensiva aliada contra o exército de ocupação. Soldados canadianos, americanos, franceses, entre outros, participam numa batalha sangrenta que causará mais de 10.000 mortes num só dia. O Dia D.

Entre os cerca de 60.000 americanos que desembarcaram na costa da Normandia, estava o jovem “soldado” Willys, um novo recruta que se tornará um herói ao longo do conflito. Compacto e leve, pesava apenas 900 quilos e vinha equipado com tração integral. Jeep era o seu apelido e na época estava longe de saber que se tornaria num verdadeiro ícone do mundo automóvel.

PARA OLHAR PARA O FUTURO, NÃO DEVEMOS ESQUECER O PASSADO MINAS DE S. DOMINGOS

Perante a história da Jeep que surge numa época tão importante para a democracia e para o mundo livre, quisemos colar este ensaio à história das Minas de S. Domingos, no concelho de Mértola que, para o bem ou para o mal, durante um século e num pais rural, totalmente dependente dos ciclos da

natureza, teve um impacto tão profundo nas gerações de portugueses, cujas ondas de choque se fizeram sentir em todo o país e concretamente na história política.

Entre os anos 60 do século XIX e os anos 30 do século XX a mina de São Domingos, hoje em ruínas, foi a maior mina de Portugal e durante muito tempo a maior produtora de cobre da Europa.

Após o encerramento da mina percebeu-se que a mina já não tinha viabilidade económica. Mas nos anos 70 percebeu-se que havia aqui dentro outra “mina” que era a quantidade de ferro existente, acumulado durante 100 anos de exploração. Material utilizado nos caminhos de ferros, nas estruturas, material circulante, vagões e vagonetas, enfim tudo o que era ferro foi vendido como sucata e o que hoje se vê é um conjunto de ruínas precoces capazes de invocar um certo romantismo industrial. Foi com este pano de fundo que decorreu o nosso ensaio com o novo Wrangler plug-in 4Xe.

Na Idade do Ferro explorava-se minério neste território. Os romanos exploraram minério neste território. Séculos depois, a revolução industrial criou a procura do cobre quer para fins navais, quer para a eletricidade. Devido a uma utilização maciça do cobre e do ferro, levou os ingleses a especializarem-se em minas e vir à procura das matérias-primas.

LOCALIZAÇÃO DA MINA DE S. DOMINGOS

Este território insere-se na faixa piritosa Ibérica que é uma enorme faixa que vai desde Portugal até Espanha. Ou seja, desde a Mina do Lousal, incluindo Caveira e Aljustrel, passando por São Domingos até à mina de Rio Tinto em Espanha, assim como à mina de Tarsis. O desenvolvimento mineiro em São Domingos foi altamente tributário quer em homens quer em tecnologia do desenvolvimento inicial em Espanha.

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A original aldeia de S. Domingos foi engolida pelos trabalhos da abertura da mina, a céu aberto.

Dois “olhos” enormes como berlindes, para-brisas vertical, tão vertical quanto as sete barras da grelha, guardalamas dianteiro dissociado do capô e formas desenhadas a prumo: o Jeep Wrangler é um dos vestígios da indústria automóvel. Enquanto que o mais recente Mercedes G-class e o Land Rover Defender misturam água no vinho com arquitetura moderna, o descendente direto do Jeep Willys torna-se o único 4x4 puro e duro com chassis em escada, tração integral (redutoras), e molas de lâmina.

Para perpetuar a formidável carreira do Wrangler (desde 1987), o fabricante norte-americano teve de reagir à investida das restrições cada vez mais

dolorosas e difíceis para uma marca que é alvo de legisladores, tecnocratas e pseudo-ambiantalistas.

A reposta da Jeep veio tarde mas, mais vale tarde que nunca, resumindo-se tudo à sua nova nomenclatura “4xe” que significa 4x4 eletrificado”

Para combater a sua intransigência, o híbrido recarregável continua a ser a única solução para fazer boa figura em termos de emissões, já que os inexistentes benefícios fiscais ecológicos, não o tornam muito sedutor em termos de preço.

Oferecido unicamente em 5 portas, o Wrangler mais acessível, como já o referimos, não é elegível para os benefícios fiscais (redução do IA, IVA,

É em condições mais difíceis de passagem de obstáculos que se percebe todas as vantagens da eletrificação que proporciona uma potência combinada de 380 cv. O Wrangler mais potente de todos.

isenção do IUC e imposto de selo), já que ultrapassa PVP de 62.500 Euros. O nosso modelo de ensaio tem um PVP inicial de 78.100 Euros, acrescido do seguinte equipamento opcional (Pintura Metalizada, bancos dianteiros aquecidos, Safety Pack: Cruise Control Adaptativo, Alerta de colisão frontal e travagem de emergência), Auto High Beam – regulação automática de máximos e Trail rali management system, perfazendo um PVP de 82.504,81 Euros.

O 2.0 turbo a gasolina de 272 cv é, portanto, auxiliado por um motor elétrico de 145 cv para fornecer uma potência combinada de 380 cv e 637 Nm de binário máximo. O suficiente

JEEP
PLUG-IN
WRANGLER
JEEP WRANGLER 4Xe 2.0 TG PLUG-IN 380 CV

para fazer entre 40 a 50 km em modo totalmente elétrico, sem qualquer assistência térmica e rolar em silencio beneficiando da mesma transmissão comutável dos seus antecessores, ou então, baixar substancialmente o consumo em modo híbrido, que é o nosso preferido.

Convém referir que este Wrangler com a eletrificação nas suas entranhas é o mais poderoso, potente e tecnicamente avançado já lançado na Europa. Sem ofensa para os mais céticos, a

eletrificação

cai muito bem neste 4xe.

A bateria de 17,3 kWh que alimenta o motor elétrico foi posicionada sob o banco traseiro, o que tem a vantagem de manter a capacidade da bagageira (ainda com 533 litros) e permitir que o Wrangler atravesse a vau de até 76 cm de profundidade. A única desvantagem é que a versão Plug-in Hybrid está disponível apenas na variante Unlimited (chassis longo), dado que a bateria é muito volumosa para encaixar na versão

curta (2 portas).

Estamos a falar de um gigante de 2,4 toneladas, longe dos 900 quilos do avô Willys. O mesmo acontece com as dimensões. O Jeep Plug-in tem 4,88m de comprimento e 1,9m de altura...o nosso militar trocou declaradamente o uniforme por uma roupa informal, mais desportiva e familiar.

O MAIOR INVESTIMENTO...

Em 1930, trabalhavam neste complexo mais de 3500 homens vindos do distrito de Beja e de muitas outras partes do país. A exploração mineira é planeada pelos empresários ingleses James Mason e Francis Barry (Mason & Barry, Ltd.) mudando radicalmente este território. Foi o maior investimento privado em Portugal, talvez, de sempre.

Para lá das infraestruturas de exploração mineira constroem-se de raiz estradas, túneis, pontes, barragens, um caminho de ferro e um porto fluvial em rede com o porto de Vila real de Santo António e com outros portos da Europa, nomeadamente, do Reino Unido, para onde a maioria do minério tinha como destino.

Criam-se aldeias, escolas, um hospital, um cineteatro e instala-se a eletricidade publica. Em poucas décadas os mineiros fundam um sindicato.

Hoje pode-se observar os antigos bairros de mineiros da aldeia da Mina de São Domingos

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Uma vez ao volante dá para perceber rapidamente que com esta variação elétrica, não se perdeu pitada do espírito inicial.

A posição de condução verdadeiramente dominante relembranos (caso nos dê uma branca) que estamos num veículo com ADN de aventura. Uma vez ao volante dá para perceber rapidamente que esta variação não perdeu pitada do espírito inicial. Como todos os Wrangler, o 4xe possui as mesmas qualidades forade-estrada. Altura elevada ao solo, suspensões específicas, sistema de tração às quatro rodas com desconexão electrónica da barra estabilizadora dianteira. As qualidades do “velho” Wrangler a diesel ou a gasolina estão todas lá. Resumindo, o melhor! Mas o mais incrível acontece quando nos lançamos contra um obstáculo, em

modo 100% elétrico. Com a bateria carregada (2h30/3h numa tomada de 7,4 Kw) podemos partir para a floresta (com 50 km de autonomia em 100% elétrico que pode significar um pouco mais), sem medo de acordar os 4 cilindros do 2.0 Turbo, a vizinhança e a fauna local. Francamente, é uma experiencia surreal que nos convida a viver.

É em condições mais extremas de passagem de obstáculos que se percebe todas as vantagens da eletrificação de um Wrangler. A perfeita proporcionalidade do torque do motor elétrico faz milagres em situações consideradas complicadas.

o Wrangler 4xe permite 4 opções de condução: combustão convencional, Hybrid (a nossa preferida), 100% elétrico (para um máximo de 50 km) e E-Save (combustão convencional que recarrega a bateria, aumentando naturalmente o consumo de gasolina).

Claro que este Jeep Wrangler foi projetado acima de tudo para caminhar na lama, na areia (onde é um dos melhores) e outros caminhos mais agrestes, mas também na estrada onde, obviamente, não é onde se sente mais confortável, embora tenha dado um salto qualitativo em comparação com as gerações anteriores. O atrito de rolamento da carroçaria continua muito importante quer pela flexibilidade do amortecimento quer pela altura da carroçaria. Se a direção muito flexível é obviamente um trunfo na condução off-road, mesmo assim, na estrada apresenta uma estabilidade surpreendente.

AO
VOLANTE DO JEEP WRANGLER 4XE

O DIA-A-DIA DO MINEIRO

O mineiro trabalhava por turnos, muitas vezes fazia o turno da noite, dormia durante o dia e vice-versa. Alguns tinham filhos e na verdade chegavam a dormir naquele pequeno espaço oito e nove pessoas, em 16 metros que era tipologia daquelas pequenas casas. Obviamente os quadros técnicos tinham outro tipo de casas e, inclusivamente, não moravam na aldeia.

A maior parte da vida não se fazia dentro de casa. O mineiro ia trabalhar mais

de doze horas por dia, a mulher saía para lavar a roupa, cozer o pão nos formos comunitários, não havia a dinâmica que as famílias atuais têm nas suas casas.

A base da alimentação dos mineiros era o pão, azeitonas, queijo, sardinhas e pouco mais. Os mineiros trabalhavam no duro com um défice calórico que, inclusivamente, foi documentado pela República.

Os gasómetros levavam o carbureto e curiosamente, o carbureto era pago pelos mineiros, ou seja, o gasómetro que o mineiro usava para se iluminar nas galerias não era uma ferramenta da empresa era considerado um utensílio pessoal e, portanto, tinha que pagar o combustível para se iluminar no escuro como breu das minas. O carbureto era adquirido à empresa e deduzido no salário.

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A tomada permite carregar em terminais com um caudal máximo de 7,4 kWh

A NOSSA OPINIÃO

Adicionar tecnologia híbrida plug-in a um puro e duro como o Wrangler acaba por ser uma boa ideia. Primeiro, permite que a saga do Jeep continue, apesar dos obstáculos restritivos cada vez maiores. Segundo, a travessia de uma floresta em modo 100% elétrico é realmente uma experiência que merece ser vivida. Dá a pura sensação de uma ligação ainda mais estreita à natureza.

MAIS

• Design

• Conforto

• Performances offroad (continuam intactas)

• Estabilidade impressionante em estrada

• Sistema híbrido (se bem que não lhe ficava mal mais 20 km de autonomia)

• Torque em baixo regime

• Equipamento de série

MENOS

• Preço e consumo

JEEP WRANGLER 4Xe 2.0 TG PLUG-IN 380 CV
A única diferença visual é a sua nova nomenclatura “4xe” que significa 4x4 eletrificado”

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS EQUIPAMENTO DE SÉRIE

• Painel de instrumentos específico Híbrido Plug-In, Visor TFT a Cores de 7”.

• Sistema de Infoentretenimento UconnectTM com ecrã tátil de 8,4’’ NAV com funcionalidades Híbrido Plug-In específicas e compatibilidade com Apple CarPlay e Android Auto.

• Sistema de som Wifi Alpine Premium de 552 W de 9 altifalantes com subwoofer.

• Visor de monitorização da pressão dos pneus e alerta de pressão dos pneus selecionável.

• Câmara de Marcha Atrás com Linhas em Grelha Dinâmicas e Câmara frontal off road.

• Sistema de diminuição de ruídos no interior do habitáculo.

• Cruise Control & Cruise Control em todo-o-terreno Selec Speed.

• Controlo de Estabilidade Eletrónico (ESC) e Controlo de Estabilidade de

Dimensões 4,88m de comprimento; 1,89m de largura e 1,90m de altura Distância entre-eixos 3 metros Volume da bagageira mínimo/máximo 533/1910 litros Peso 2409 kg Motor 4 cilindros em linha Turbo – 1995 cm3 + motor elétrico Potência dos motores combustão + elétrico (272 cv + 145 cv) numa potencia combinada de 380 cv às 5250 rpm Binário 637 Nm às 3000 rpm Aceleração 0-100 6,4 s

Velocidade máxima em modo elétrico 130 km/h

Velocidade máxima em modo gasolina 180 km/h

Autonomia elétrica 50 km em circuito urbano (WLTP)

Capacidade da bateria 17,3 kWh Emissões de CO2 94 g/Km Consumo misto 10 l/100 km/WLTP) Tração eAWD Command-Trac Pneus do veículo de ensaio Bridgestone Dueler H/T 255/70 R18

Atrelado (TSC)

• Assistência ao Arranque em Subidas (HSA) e Sistema Anti-capotamento (ERM)

• Pack de baterias de 96 células, 400 Volts, 17 kWh c/ Modos VE: Híbrido, Elétrico, eSave.

• Monitorização da carga da bateria com LED no painel de instrumentos.

• Sistema Automático de Nivelação dos Faróis.

• Botão de ignição, sem chave.

• Retrovisor electrocromático com sensor de luminosidade.

• Sensores de Estacionamento Traseiros e dianteiros.

• Retrovisores exteriores de comando elétrico com desembaciamento.

• Sistema 4x4 Command-Trac® 2,72:1 & Eixos Dana® 30/44.

• Caixa de transferência com sistema de seleção de utilização temporária.

• Relação de transmissão ao eixo traseiro 3,45.

• Diferencial traseiro autoblocante TracLok.

• Sistema de Iluminação Full Led.

• Exclusivas jantes de alumínio de 18” com pneus A/T.

• Ar condicionado automático de duas zonas.

• Estofos em pele 80th Anniversary.

• Revestimento da roda suplente em material rígido.

• Capota rígida de 3 peças da cor da carroçaria

• Garantia: 48 meses sem limite de quilometragem

• Garantia da bateria: 8 Anos ou 160.000 Kms

• Manutenção: 15.000 em 15.000 Kms a tomada permite carregar em terminais públicos com um caudal máximo de 7,4 kWh.

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Em 1930, cerca de 80% da população portuguesa era analfabeta e no distrito de Beja, essa taxa de analfabetismo ultrapassava os 90%.

James Mason teve a iniciativa de criar escolas para que, sobretudo, os filhos dos mineiros tivessem acesso a uma educação básica, coisa que gerações e gerações dos seus antecedentes nunca tinham tido. Além disso havia a necessidade de criar alguma ordem social e a construção de escolas foi fundamental, assim como a igreja as bandas de música e já no século XX o futebol, onde a equipa local chegou à segunda divisão do Nacional.

DESENVOLVIMENTO SOCIAL A MINA

O cineteatro trouxe a cultura, o hospital cuidou da saúde e os mercados, o abastecimento de outro tipo de alimentos. Mias tarde, teve o seu próprio corpo de polícia. As pessoas namoravam e casavam na aldeia da Mina. Acabou por criar uma forte comunidade concentracionária e até endogomia. E isto também se devia ao facto de ser uma concessão e ter um estatuto privado. Não se podia entrar numa concessão sem autorização. Depois as próprias habitações existiam enquanto as pessoas trabalhavam nas minas. O senhorio era o patrão. O patrocínio da mina, explícito ou implícito estava sempre presente.

Dois “olhos” como berlindes, para-brisas vertical, tão vertical quanto as sete barras da grelha, guarda-lamas dianteiro dissociado do capô e formas desenhadas a prumo: o Jeep Wrangler é um dos vestígios da indústria automóvel.

A mina era composta por dois túneis que funcionavam desde o século XIX. Foi aberto em 1864 e os mineiros entravam por escada. As vagonetas transportavam o minério. O túnel ia até à exploração subterrânea que chegou a uma profundidade de 400 metros. Numa fase naturalmente mais difícil. A produção foi de 180.000 toneladas anuais o que era um volume extraordinário para a época. Só para se ter uma ideia nos anos de expansão a mina de São Domingos satisfazia cerca de 50% das necessidades de pirites de todo o Reino Unido. Era quase tudo exportado para o Reino Unido.

No início o transporte era feito com cerca de 1500 mulas que eram utilizadas diariamente para transportar

o minério mais rico até ao porto naval. A partir do momento em que se começou a exportar em grande escala, o caminho de ferro foi instalado, ainda puxado por animais. E logo a seguir com o Caminho de Ferro a vapor. Diga-se, um Caminho de Ferro exclusivo. O porto do Pomarão no rio Guadiana não existia, foi uma construção da empresa.

A mina ainda ficava longe do porto de escoamento. Foi preciso fazer um porto e todas estas operações exigiam avultados investimentos, enorme capacidade de planeamento, de gestão e fundamentalmente conhecimentos tecnológicos, que tiveram de ser desenvolvidos.

JAMES MASON

James Mason, já tinha estado ligado à exploração de minas em Bilbao. Portanto, quando vem para a direção desta mina já é um especialista em minas e na sua gestão. Mas quem desenvolve a concessão é uma empresa chamada La Sabina (com empreendedores franceses) que depois de ter a concessão na sua posse arrenda a Mason. Este paga 5 francos por tonelada extraída ao concessionário. O Estado português recebia dois impostos: um, o imposto fixo que tinha a ver com a área da concessão, uma espécie de IMI, o outro, era o imposto proporcional que tinha a ver com uma parte dos lucros sobre a produção mineira.

A partir de 1864 James Mason decide mudar o sistema de exploração, começa

a fazer a exploração a céu aberto, aproveitado toda a massa mineral que ali se encontrava, mas, ao mesmo tempo, continuar com a exploração em profundidade. E, portanto, o que vamos ter é a exploração de uma mina a céu aberto que muda completamente a escala das operações, mas exige um sacrifício que foi mudar a aldeia que foi engolida pelos trabalhos da abertura da mina.

A mina encerrou em 1965

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O que hoje se vê é um conjunto de ruínas precoces capazes de invocar um certo romantismo industrial.
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VIAJAR ATRAVÉS DA MÚSICA

O que nos faz rumar a Sines, em julho, para o Festival Músicas do Mundo? O trabalho? Demasiado óbvio. As causas? O FMM é um festival de música humanista e inclusivo que não cede no que diz respeito aos princípios da liberdade e da justiça. Não é um festival

político mas também não o deixa de ser. Paira no ar a utopia de um mundo melhor, mais justo. E. isso, agrada-nos imenso. Partilhamos desta utopia? Partilhamos, porque é isso mesmo: uma utopia. As utopias são necessárias porque temos a necessidade de imaginar como salvar o mundo e eliminar as injustiças.

Os motivos para rumar a Sines podem

FMM FESTIVAL MÚSICAS DO MUNDO

ser muitos e até controversos mas, o que “religiosamente” nos atrai, como crentes que se genuflectem em Meca para cumprir o Hajj, é a música, é a melodia das palavras, são as palavras da música. É a “viagem” que o FMM, generosamente, nos oferece.

A “VIAGEM” ATRAVÉS DE 47 CONCERTOS DE ARTISTAS PROVENIENTES DE 4 CONTINENTES (27 PAÍSES E REGIÕES) COMEÇA EM PORTO COVO.

O Festival Músicas do Mundo regressou após dois anos de sofrido silêncio, devido à pandemia. Dois anos para esquecer que não devem ser esquecidos.

Dois anos depois da interrupção a 22ª edição do Festival Músicas do Mundo regressou alinhado com os princípios de representatividade geográfica, estética e cultural que o orientam desde a sua origem.

A “viagem” através de 47 concertos de artistas provenientes de 4 continentes (27 países e regiões) começa em Porto Covo. A simpática Praça Marquês de Pombal, repleta de cafés, restaurantes e lojinhas, sem esquecer a igreja de Porto Covo (também conhecida popularmente por Igreja de Nossa Senhora da Soledade, em virtude de albergar a imagem da santa padroeira da localidade), transforma-se no recinto

do festival, de portas abertas, para todos os que desejem respirar o ar da diversidade. E, Porto Covo merece.

A pequena e pitoresca aldeia feita de mar, é em si uma “viagem” pelo Alentejo do adobe e magrebino. Foi através deste mar que os mediterrânicos chegaram, dos fenícios aos árabes, dos romanos ao gregos e, com estes, as primeiras presenças negras no nosso país. Povos que deixaram as suas marcas, as suas sabedorias e o seu sangue.

Porto Covo viu subir ao palco músicos de um brilho constelar. Lina, vencedora do 1º Prémio Carlos do Carmo, trouxenos o casamento improvável entre o fado e a música electrónica do catalão Raül Reffree. Uma abordagem e uma interpretação muito próprias de um fado diferente, misterioso e atmosférico.

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Marina Satti, nasceu em Atenas, filha de pai sudanês e mãe cretense, trouxe a Porto Covo todo o seu talento musical, uma pop com alma, que combina elementos da música tradicional grega com sons contemporâneos. O seu single “Mantissa” inspirado na música tradicional do Épiro, tornou-se viral através do Youtube com mais de 50 milhões de visualizações.

Pascuala Ilabaca y Fauna. Com uma fortíssima presença em palco, agarrada ao seu acordeão, a cantora chilena, Pascuala Ilabaca, abanou o palco Inatel com a sua música exótica, inspirada nas raízes étnicas e indígenas mas com uma deliciosa integração jazz, do pop e de muito rock. Uma agradável surpresa para quem não conhecia esta “bomba” musical.

Outra “bomba” de ritmo e vitalidade foi o quinteto 100% feminino Maruja Limón. As meninas catalães apresentam uma variedade de influencias musicais que transitam entre os ritmos latinos, a música mediterrânica e a pop, todas elas articuladas em torno do flamengo. São compositoras e produtoras dos seus próprios temas, que refletem as suas personalidades e a sua cumplicidade. O seu álbum “Vidas” é precioso, recomenda-se vivamente e conta história de vida – de mulheres –com foco na capacidade de superação. Fabuloso!.

Outros nomes passaram pelo palco de Porto Covo que merecem o nosso destaque como Aline Frazão, cantautora de Luanda, a talentosa Daymé Arocena, cantora afro-cubana com uma voz notável que mistura deliciosamente a música cubana com o jazz, soul e a música clássica, Dominique FilsAimé, cantora e compositora, uma voz sensual, nascida em Montreal e cujas raízes inspiradoras são Etta James e Nina Simone.

Na sua chegada a Sines, o FMM fez um retiro espiritual, no auditório do encantador Centro de Artes de Sines, com 4 concertos, no mínimo, notáveis. No primeiro dia, Paulo Bragança, o “fadista” que desafia a leis da física ao viver permanentemente na corda bamba e, Angélica Salvi, a harpista espanhola que levou o som do seu instrumento a outros patamares, quase celestiais.

Imagem de Cima

Maya Kamaty, um “furacão” em palco, com origem no Indico. Usa os instrumentos tradicionais maloya para escrever a canção crioula do amanhã. Ninguém ficou indiferente.

Imagem de Baixo Maruja Limón

No dia seguinte, Zaur Nagoy que se viu na circunstância de atuar a solo quando o visto foi recusado aos músicos que o acompanhariam. Músico, cantor e declamador, Nagoy, leva-nos numa “viagem” até à Circássia, nas terras geladas do Cáucaso, para nos cantar canções antigas da sua cultura, lendas musicadas e músicas para curar feridos de guerra. Um concerto intimista, ao mesmos tempo, desconcertante e encantador. No final, Nagoy deixounos uma mensagem, no mínimo, enigmática: “Cuidem-se, estejam atentos aos sinais”.

Imagem de Cima

Zaur Nagoy. As canções antigas da Circássia

Imagem de Baixo

Lakha Khan. O Mestre do Rajastão

Por último, a música misteriosa do Rajastão, um dos lugares mais incríveis da India. O Mestre Lakha Khan, levounos numa “viagem” através do seu sindhi saranghi (instrumento com 27 cordas), às profundezas das vivências indianas de centenas de séculos, num concerto tão fascinante quanto comovedor. Um privilégio ouvir o som mágico de Lakha Khan.

As ruas do centro histórico de Sines enchem-se de gente, de músicos, saltimbancos, artesões, encantadores, poetas, artistas, vendedores, de cor, num ambiente mágico que nos transporta de tempos medievais para os contemporâneos e vice-versa, com a vertigem de um ápice. Finalmente, abrem-se as enormes portas do Castelo de Sines para ouvir Sara Correia, Letrux,

Mdou Moctar, Fabia Coelho e Dubioza Kolektiv, banda poderosa oriunda da Bósnia-Herzegovina, que sobe pela terceira vez ao palco do Castelo de Sines, para extasiar um castelo a rebentar pelas costuras, com a sua música ska, punk, reggae, electrónica,

,hip-pop, provocante e explosiva. A banda revelou ainda a música com a qual vai ganhar o Festival Eurovisão da Canção em 2035, um momento hilariante e surreal. Grande noite.

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No segundo dia de concertos no Castelo, destacamos Albert Pla, um dos artistas mais polifacetados, transgressores e surpreendentes da Europa, James BKS, músico francês (hip hop, ritmos africanos e pop) que passou por um processo de religação às suas origens camaronesas, sobretudo, depois de ter conhecido o seu pai biológico, o lendário saxofonista Manu Dibango, Ana Tijoux, filha de exilados da ditadura de Pinochet, foi considerada a melhor rapper em língua espanhola e Steam Down, um movimento coletivo que produz um som híbrido com elementos de jazz, grime, funk e R&B.

“Fado Bicha” abriu o terceiro dia de concertos e, Dulce Pontes, uma das vozes portuguesas mais reconhecidas no mundo, estreava-se no FMM, Niño de Elche subiu ao placo: um dos mais livres recontextualizadores do flamenco, um espírito livre que se move entre o flamenco, o rock e a música erudita, com o eco de uma voz portentosa. Seguiu-se Crystal Murray, a estrela em ascensão da pop alternativa francesa

e, por fim, Queen Ifrica, a cantora jamaicana com presença assídua nos charts de reggae da Biliboard que se inspira no jazz, na música Nyabinghi da religião rastafariana que professa. A par da música, prossegue um intenso trabalho social, especialmente, junto das crianças e de jovens raparigas. Club Makumba, esteve ao rubro, pela madrugada, no palco da Av. Vasco da Gama, na belíssima baía de Sines.

No quarto dia de concertos, Pedro Mafama subiu ao palco. O cantor alfacinha da multiculturalidade musical com influências da música electrónica e urbana mistura a música tradicional portuguesa com tempero africano, e pitadas de influências árabes e ciganas. Um bom concerto.

Albert Pla, um dos artistas mais polifacetados, transgressores e surpreendentes da Europa.
FMM FESTIVAL MÚSICAS DO MUNDO

Após atuação da brasileira Ava Rocha, assistimos a um momento absolutamente superlativo na história do Festival Músicas do Mundo. O Castelo pôs-se em bicos de pé para receber Omara Portuondo, a Diva da música cubana, a Rainha dos Boleros, a virtuosa dançarina do grupo Mulatas de Fuego. Cantou com Nat King Cole, Maria Bethânia, Edith Piaf e muitos outros. É figura incontornável do projeto Buena Vista Social Club, fez cinema, dançou, sonhou, deitou muros a baixo e em toda a sua vida teve a coragem de defender as causas em que acredita. Tive o privilégio de a ver atuar no Piano Bar Delírio Habanero, há cerca de vinte anos. Quando Omara surgiu no palco, estremeci de emoção e inundei os olhos de mar.

Aos 91 anos, a Diva passou por Sines, naquela que foi anunciada como a ultima digressão mundial da cantora. De ar franzino, voz vibrante e agridoce, Omara encantou o Castelo de Sines que pulsou de emoção. Omara, muito obrigado.

Dezasseis anos depois, o vocalista, saxofonista e percussionista Seun Anikulapo Kuti regressou ao FMM para encerrar o FMM no Castelo. Como é tradição do FMM, nesta ultima atuação, o fogo de artifício estala no ar. É um momento de grande expectativa. De cabeças voltadas para o céu aguardase o início do espetáculo e, a certo momento, o céu enche-se de luzes, de cores, de explosões variadas, efeitos pendulares, numa mistura de alegria e emoção.

Milhares de smartphones captam o momento, para mais tarde recordar, talvez, para matar saudades num daqueles dias de inverno, com uma caneca enorme de chocolate quente na mão para aliviar a melancolia, enquanto aguardamos ansiosamente que sejam anunciadas as datas do FMM 2023. Inshalah!

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Queen Ifrica. A voz vibrante e poderosa do reggae. Omara Portuondo. O “adeus” à Diva da música cubana. Coube a Seun Kuti e à sua banda Egypt 80, encerrarem o FMM no Castelo, sob o tradicional fogo de artifício e o som do melhor afrobeat contemporâneo. Não fosse, Seun Kuti ser filho de Fela Kuti, o fundador do movimento afrobeat.

EIRA NOVA DA COLMEIA

Embora o nosso plano editorial não se enquadre na filosofia de uma revista de turismo ou para turistas, nem tem pretensões a tal, não nos inibimos de falar dos sítios onde somos bem recebidos e que nos deu muito prazer.

Como qualquer cidadão, pesquisamos e marcamos as estadias consoante o nosso orçamento - sempre limitado

– e segundo os nossos critérios: custos razoáveis, espírito informal, preocupações ambientais e que nos transmita uma sensação de liberdade. Não nos identificamos como jornalistas; somos turistas que estamos ali para dar uns mergulhos e assistir ao FMM. Às vezes o nosso trabalho tem destas coisas...

Porto Covo continua a ser a simpática povoação de pescadores, de pequenas casas brancas, que foi recuperada pelo marquês de Pombal depois do terramoto de 1755. A visita vale bem a pena pelas belas praias escarpadas e escondidas que se encontram ao longo da costa.

Dispõe de uma oferta de alojamentos turísticos muito simpática, embora em julho e, sobretudo, na semana do FMM sejam insuficientes para albergar o fluxo de visitantes. A nossa escolha recaiu no Monte da Eira Nova da Colmeia que fica sensivelmente a 3 km de Porto Covo.

Da Estrada Nacional à propriedade são cerca de 300 metros, não mais, por uma estrada regional asfaltada. Daí à casa, são cerca de 150 metros por um caminho em terra-batida largo e bem conservado. Em julho, a paisagem é seca, quase desértica, a terra é dura e pobre. A paisagem oferece uma beleza inóspita. Da pequena estrada secundaria avista-se a casa, ou melhor, o telhado da casa, dado que esta está vedada por vegetação alta de um verde luxuriante. As nossas expectativas aumentam.

É o fim de tarde. A terra arrefece e suspira. Para quem é fã da luz do fim do

dia, está no ponto. Abrimos o pequeno portão, entramos e deparamos –surpresa - com um...oásis! A descrição não pode ser outra. Em 14 hectares de terra dura e morena, adaptada à secura, ao vento quente e à salsugem, o monte da Eira Nova da Colmeia, é um oásis. Verdejante, com um jardim de arbustos floridos e árvores autóctones como medronheiros, amendoeiras, limoeiros, figueiras, pinheiro-manso, entre outras espécies. Um espaço amplo, com muito verde e onde toda a família, incluindo os animais de estimação, poderão aproveitar para se divertir e descansar. Ficamos maravilhados.

A casa é simples, castiça, muito confortável, bem decorada, com dois quartos, uma grande sala, cozinha bem equipada (microondas, máquina de café...), casa de banho, tudo muito simples, limpo e funcional e luz natural por todos os lados. Excelente sinal de internet Hi-fi sem fios (disponível em toda a casa) e smart TV. Os proprietários são extremamente simpáticos e “invisíveis”. É o espaço ideal para descansar e desfrutar de uma paisagem fantástica tendo a nascente s Serra do Cercal e a poete o horizonte do mar.

Está perto de tudo, de Porto Covo, da praia e do campo. O casamento perfeito

para quem quer desfrutar de longas tardes ensolaradas na praia da Ilha do Pessegueiro ou na praia dos Buizinhos que fica aqui tão perto, ou até mesmo com passeios pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

A casa de campo (ou o monte, como preferirem) da Eira Nova da Colmeia é um excelente spot para viver o litoral do Alentejo, em pleno. Recomenda-se.

eiranovadacolmeia@gmail.com 915 118 69

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NEMÉSIO TEM RAZÃO

Dois irredutíveis aventureiros bem nossos conhecidos, oriundos da “Ilha Festiva” dos Açores, a incontornável Terceira, há muito tempo que congeminavam uma aventura de moto pelos planaltos desérticos, palmeirais e dunas de areia pelo sul de Marrocos, para transitar alguns dos terrenos mais difíceis do mundo.

Das várias vezes que tive o privilégio de conviver, em Marrocos, com o Ricardo Costa e com o Nuno Rosado, voltanão-volta, os terceirenses puxavam o assunto. Havia uma força intrínseca, uma motivação interior para cumprir um sonho partilhado pelos dois grandes amigos. O sonho é um sinónimo de vida e agigantava-se à medida que o tempo

passava. Quando surgiu a proposta da “África Star”, foi irrecusável, como um oásis no meio do deserto escaldante.

Aventura é aventura, e o projeto não tardou a entusiasmar outros motards da Ilha Terceira. A esta aventura juntaramse Francisco Santos, Pedro Baldaya e os irmãos João e José Ávila, todos

AVENTURA SOBRE DUAS RODAS
Esq/Dir: Francisco Santos, João Ávila, Ricardo Costa, José Ávila, Pedro Baldaya e Nuno Rosado.

com o estatuto de Rookies, prontos para enfrentar um périplo de cerca de 1000 km, sobre duas rodas, ou melhor, montados em KTM 500.

A aventura começou da melhor maneira. Não há sitio melhor para começar uma grande aventura em Marrocos senão na cidade de Fez, a primeira Âsima (capital) de Marrocos, muito antes de Meknès, Marraquexe ou Rabat. Por isso, é a “Eterna Cidade Imperial”, uma cidade de eleição, no que diz respeito ao património cultural e espiritual de Marrocos.

E a aventura começa de imediato –mesmo antes de montar as KTM 500 - por percorrer a Medina de Fez, a maior do mundo e por sua vez a mais labiríntica. Aqui, a antiguidade e a modernidade unem-se para comunicar ao visitante o fascínio de Fez. Calcorrear as suas ruas

e vielas estreitas, descobrir fondouks, mesquitas, museus, palácios, é beber um néctar precioso de uma cultura fascinante. Foi em Fez que vi a maior e mais bonita coleção de astrolábios.

Existem dois portões muito conhecidos na Medina. E, neste sentido, gosto de lançar o desafio: partir a pé do portão Bab Bou Djeloud (o portão principal) e tentar alcançar o portão Bab Dekakène, o outro portão principal, curiosamente, o portão onde os malfeitores eram julgados e castigados nos tempos medievais. Um desafio fascinante. É óbvio que um dia não chega para conhecer a imponência de Fez mas foi o suficiente para os nossos Rookies terceirenses se entronizarem no espírito de uma cultura tão diferente e, ao mesmo tempo, tão enigmática.

No dia seguinte, os nossos heróis foram de Minibus (transfer da organização)

até à base da organização, em Midelt, a centenária cidade mineira, onde se pode comer um excelente Tagine de carne de cabra com maçãs verdes cristalizadas bastante ácidas e abundantes na região ou o divinal Tagine de truta acompanhado com batatas, pimentos, tomates, azeitonas, rodelas de limão, cebola, passas, frutos secos e ligeiramente adoçado com mel, acompanhado com o maravilhoso pão Abadir, um pão que é feito com um metro de diâmetro sem fermento.

Já nas instalações da organização, os nossos heróis têm o primeiro contacto com as máquinas e com todo o equipamento correspondente: capacetes, fatos, luvas, óculos, coletes com airbag, GPS, road-book digital...

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“ QUANDO É A PRÓXIMA?“ NUNO

ROSADO

“MARROCOS É PARA VOLTAR. FIQUEI FASCINADO” JOSÉ ÁVILA

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DINÂMICA

Normalmente, os grupos dividemse em subgrupos de 2 participantes agrupados pelo nível de pilotagem de modo que cada subgrupo seja independente e escolha o seu ritmo. Apesar do nível de experiência ser diferente, o grupo da Terceira cumpriu todos os percursos agrupado.

A Assistência faz o mesmo percurso que as motos e tem capacidade de

carga para transportar moto e piloto se for necessário. Uma outra carrinha segue por estrada, “picando” os pontos de controlo, transporta as malas dos participantes e trata de fazer o checkin para evitar que os participantes percam tempo com a “chatice” de fazer o respetivo check-in.

“TINHA TUDO PLANEADO E PESQUISEI MUITO NA NET. AFINAL, VIVER IN LOCO FOI COMPLETAMENTE DIFERENTE. FOI FANTÁSTICO” – FERNANDO SANTOS

“AÇORIANIDADE”

Há cerca de cem anos, Vitorino Nemésio criou a palavra “açorianidade” para denominar a personalidade especifica dos ilhéus. E escreveu: “Os açorianos viveram mais de 500 anos de isolamento do resto do mundo, assolados por tempestades, vulcões, terramotos. Inevitavelmente, tudo isso teria de deixar uma marca nestes ilhéus quase perdidos, ou meio abandonados, no meio do grande e selvagem oceano Atlântico...”.

Permita-me o leitor fazer esta pequena consideração: já tive o privilégio de conhecer muitos açorianos, sobretudo,

da Ilha Terceira e, não só, que participaram em provas de navegação, precisamente, em Marrocos, nas quais eu fazia parte da organização. Convivi com todos eles e fiz amigos de coração.

Nemésio tem razão. Nesta privilegiada convivência, apercebi-me rapidamente que a coragem e a resiliência fazem parte da personalidade deste nobre povo. Uma maneira muito própria de enfrentar os desafios.

Habituados a praticar todo-o-terreno nas canadas (leia-se: trilhos), em cenários verdejantes e exuberantes,

paisagens inesquecíveis que guardo na memória, como por exemplo, a sensação de estarmos no topo da Serra do Cume, na Terceira e, deslumbramonos com um conjunto de campos que visto de cima parece uma manta de retalhos com tantos verdes que faz corar de vergonha o catálogo da Pantone.

E de repente - e pela primeira vezseja pela ousadia ou pela sedução da aventura, enfrentam com toda a intrepidez um maciço gigantesco de dunas de areia, como se partissem destimidamente para o desconhecido

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AVENTURA SOBRE DUAS RODAS

e para a imprevisibilidade. Uma coisa é ir num passeio de jipe até Marrocos e ensaiar progredir na areia. Outra, é não ter experiência de areia e ter de conquistar, em competição um waypoint, que fica na “crista” de uma duna, no meio do maciço e bem perto do céu.

Uma vez, um navegador terceirense perante aquele oceano de areia

perguntou-me: “É para ali que vamos?” Assenti. Esboçou um grande sorrido e disse “Ai meu Deus, onde eu me vim meter”. E, foi.

Vi outros companheiros com para-brisas partidos, “perdidos” à noite no deserto à volta das avarias, outros, a protagonizar um capotanço artístico: o Patrol ficou na vertical com o focinho enterrado na areia e outras adversidades mas, sempre com uma resiliência e com um

sentido de grupo notável. Além disso, com uma generosidade e sentido de humor contagiante. Nemésio tem razão. No fundo, esta pequena consideração, também é uma homenagem a todos os meus amigos açorianos que participaram comigo em algumas das mais bonitas aventuras no norte de África. Shoukran!

“PENSAVA QUE ME IA ABORRECER COM AREIA TODO O DIA. AFINAL, FOI UM SONHO...TUDO DIFERENTE TODOS OS DIAS” PEDRO BALDAYA

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6 ETAPAS, 1000KM

A primeira etapa ligou Midelt a Errachidia, através das sinuosas pistas de montanha, acima dos 2000 metros de altitude, revelando um país montanhoso com os relevos das montanhas do Médio Atlas. Era também daqui que partiam as caravanas, carregadas de alimentos para Tombuctu, no Mali, e regressavam. Uma etapa longa de quase 300 km para adaptar homens às máquinas e vice-versa. Planuras de argila vermelha, trilhos de montanha, zonas rurais, entre os quais a região de Toulal conhecida pelos seus vinhedos e pelo tinto dos Domaines do Toulal (talvez seja uma

surpresa para alguns), passagens a vau e desfiladeiros. O grupo alcançou Errachidia pelo norte através dos leitos secos, alguns, sem água desde os tempos bíblicos.

Na ligação de Errachidia a Merzouga que perfaz a segunda etapa, o grupo terceirense experimenta as difíceis pistas do saudoso “Dakar” em terras africanas. E, talvez por isso, o experiente Nuno Rosado protagoniza a primeira queda, sem consequências de maior. Os trilhos de Boudnib indicam que se aproxima o deserto. Surgem no horizonte as primeiras dunas,

as primeiras planuras de areia, a temperatura sobe, de vez em quando, aliviada pela paragem num oásis, enquanto, a linha de fronteira da Argélia surge à distância do que os olhos alcançam.

A terceira etapa é em “laço”, ou seja, a partida e a chegada são no mesmo sitio, no conhecido Kasbah Hotel Tombouctu, um dos primeiros a engalanar o Erg Chebi (que saudades do tempo que o Tombouctu era um simples albergue e dormíamos no terraço sob os holofotes de milhões de estrelas).

Uma etapa com o rótulo de durinha, com os elementos da natureza a mudar de “tática” constantemente e a trocar as voltas aos nossos motards: pedra, areia, dunas, com a passagem pelo ouadi (leia-se leito do rio) Ghéris que é conhecido por ser difícil de atravessar, não pela água, que ali corre raramente, mas pela areia e pelo “fesh-fesh” (pó de areia, uma espécie de areias movediças secas) que atravanca o seu leito. Mais de 1000 metros de suores frios, apesar do calor. Toda a atenção é pouca. Que o diga o Ricardo Costa que deu uma queda com uma consequente luxação do ombro direito “ Com fisioterapia e ginásio ficou tudo bem”. A passagem pelo inevitável Oásis Mharech, a emoção de “abrir” num lago seco, navegar entre dunas e até desafiar um pequeno desfiladeiro labiríntico, foi a cereja no topo do bolo, de uma jornada repleta de muitas emoções e outros sentimentos.

Ao cabo de três etapas, o cansaço acumula-se mitigado apenas pela emoção de uma experiência única. E, se dúvidas houvessem, a quarta etapa dissipa qualquer dúvida: um loop pelo Erg Chebi. Progredir através de “oceano” de dunas, com “ondas” enormes. Aliar a condução à navegação. Dosear o esforço físico em função das adversidades e fazer uma leitura correta do terreno, tendo em conta os contornos, os declives, e até as próprias sombras das dunas. Com uma progressão gradual o grupo experienciou em pleno, sobretudo, os Rookies, uma das experiências, na minha opinião, mais sublimes de quem pratica todo-o-terreno: a condução, em areia.

Neste momento, é difícil contabilizar as quedas porque todos sem exceção já experimentaram a sensação do que é cair em terrenos duros ou mais macios. É inevitável que aconteça, felizmente, sem consequências graves. Faz parte. Até porque as motos são um constante desafio à gravidade: um qualquer descuido e o que ocorre é a inevitável tendência para o desequilíbrio, seja

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à esquerda, seja à direita, acabando a moto por cair mais ou menos desamparada no chão. Na areia, após uma queda surge de imediato outro problema: levantar a moto. Na areia, o 130 kg de peso da moto ganham outra dimensão.

A penúltima etapa, levou o grupo a percorrer os trilhos desde Merzouga até Erfoud. Uma etapa feita em ritmo descontraído para descomprimir e estabilizar os fluxos de adrenalina, como se impõe. A passagem pelo Jebel Gara Medouar, conhecido por “forte do português” ou “prisão portuguesa”, embora não passe de um mito, alimentado pelos vendedores locais para vender umas bugigangas

marroquinas “Made in China”, oferece uma panorâmica deslumbrante sobre o planalto e o palmeiral. Imperdível.

Erfoud, é uma vila encantadora na estrada dos mil Kasbahs. Foram os franceses que primeiro se estabeleceram em Erfoud (com a Legião Francesa) a fim de controlar as tribos rebeldes de Tafilalet. A vila prosperou então graças ao florescente comércio de mármore e de tâmaras. Também é conhecida pelos fosseis marinhos com 360 milhões de anos.

Imagine...

A cerca de 20 km a sudeste vale a pena visitar as pedreiras de Goniatites, um mármore preto muito precioso cravejado de fosseis. Foi desde aqui

FANTÁSTICA! TUDO TOP. AMIGOS, EXPERIÊNCIA E ORGANIZAÇÃO” JOÃO ÁVILA

que, uma vez, reboquei o Patrol do Luís “Catalão”, proprietário maioritário da redes de hotéis Xaluca, onde a equipa terceirense pernoitou para enfrentar, no dia seguinte, a derradeira etapa de mais de 300 km.

A jornada de regresso a Midelt, ao longo das sinuosas mas rolantes pistas do “Dakar”, passa num instante. É sempre um período de reflexão intrínseco, de autocritica pessoal, um balanço dos nossos próprio atos, considerando principalmente os erros que eventualmente tenhamos cometido. Mas, também é um exercício de empatia por nós próprios, porque merecemos, porque conseguimos. Às vezes ficamos apreensivos, outras, rimo-nos que nem perdidos, mas há um sentimento que inevitavelmente nos invade: as saudades do presente! “Quem me dera que houvesse um comando para controlar o tempo”.

Por último, um destaque para a organização, equipa experiente e competente que foi eximia, a merecer dos participantes a nota máxima. “Tudo é feito ao pormenor. Paragens obrigatórias para repor energias, com lanche, águas, bebidas energéticas e abastecimento de combustível, hotéis com jantar e pequeno-almoço, assistência em viagem, mecânico no final das etapas...nota máxima”Ricardo Costa.

AVENTURA SOBRE DUAS RODAS
“EXPERIÊNCIA
Edição Glória Oliveira Textos e fotos Manolo Consultores Alberto Pascual Ricardo Costa Design Patrícia Machado Patrocínios Apoios ADN de aventura Uma edição de: A Global Expedition S.L.U. Calle Vallehermoso, 32 Bj B 28015 Madrid +34 628 208 944 manoloexpedition@icloud.com Edição #48 Uma edição de:

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